Rock Meeting Nº 123

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words of editor

RECAPITULAR

. PEI FON @peifon jornalista formada pela ufal (2010), fotógrafa e editora chefe da rock meeting

Sentar hoje e começar a pensar como foi 2019 não é fácil, mas também não é para ser. O que você planejou foi concretizado? Impossível chegar dezembro e deixar de refletir sobre o que passou. Muitas coisas aconteceram, outras nem tanto como queríamos. Porém, a verdade é que estamos aqui para alimentar, mais uma vez, as ideias que possam se tornar reais ou que devem ser arquivadas no campo das indecisões. Para a Rock Meeting, algumas coisas maravilhosas aconteceram e tornam a acontecer. A começar pelos nossos 10 anos de existência. Lançamos uma edição especial e uma coletânea muito importante que dá destaque ao Metal que é feito no Nordeste. Não somos um mar de maravilhas, tampouco somos

os melhores e tudo cai do céu para nós. Não! Trabalhamos, e não é pouco. Dedicação e amor explicam muita coisa. Traçamos metas, mas nem todas foram realizadas. Muitas ideias até chegaram a ser reais, mas não foi bem do jeito que foram pensadas. Tudo é aprendizado e não dá para lamentar apenas. Continuar sempre, desistir só se não houver como fazer.

Escrevendo essas pala-

vras, me faz pensar nas coisas loucas que essa revista passou. Estamos lutando para estarmos no patamar dos melhores, sermos reconhecidos e levar a informação para mais gente.

Que assim seja para

o novo ano que inicia. Mais produção, mais shows, mais textos, mais fotografias, mais de tudo.


sumĂĄrio xxxx

62 24 50

06. Estressadas detox emocional 10. evergrey voltou ao brasil 16. rage in my eyes reformulado 24. dream festival evento grandioso

10

46. stratovarius ‘hunting high and low’ 50. sacred reich retorna a barcelona 56. The koven heavy metal restaurant 62. bullet for my valentine metalcore de qualidade

16 4 // rock meeting // novembro . 2019

68. the sisters of mercy obscuro 74. badalona calling 11th anniversary estrapelo club


DIREÇÃO GERAL PEI FON CAPA Alcides Burn Canuto Jonathan projeto gráfico @_canuto

40 behemoth apresentação épica em são paulo

COLABORADORES Augusto Hunter Bárbara Lopes Bruno Sessa Edi Fortini Luiz Ribeiro Marta Ayora Mauricio Melo Rafael Andrade Renata Pen Samantha Feehily CONTATO contato@rockmeeting.net

www.rockmeeting.net


estressadas

PASSOS PARA FAZER UM DETOX EMOCIONAL por Samantha feehily

A palavra que melhor traduz os tempos atuais talvez seja esta: esgotamento. Estar na vida não é missão fácil, requer os canais abertos para aprender, ensinar, produzir, interagir com o outro e com o ambiente. Como essas demandas só crescem, temos que nos desdobrar na tentativa de responder a todas, com a atenção migrando de foco o tempo inteiro. No final de um dia típico – com dinheiro curto, problemas no trânsito e no trabalho, nas relações com os filhos e com o parceiro –, a sensação é a de ter abrigado doses de ansiedade, impotência e frustração muito maiores 6 // rock meeting // novembro . 2019

do que podemos administrar. O stress deixa de ser normal e avança, diminuindo a capacidade de exercer a empatia. Por não vermos as situações com clareza, nos achamos injustiçados. Esses sentimentos acumulados intoxicam. Produzem o que chamamos de frio na barriga, nó na garganta, aperto no peito, cabeça pesada, além do desânimo, que mina a energia para começar a rotina na manhã seguinte. Não é exagero comparar os estragos provocados pelos sentimentos envenenados aos prejuízos causados à saúde pela alimentação cheia de açúcares, carboidratos e gorduras. A analogia também pode ser empregada no detox. Assim como precisamos cortar o cardápio inadequado para limpar o organismo, devemos fazer um reset no comportamento, afastando as emoções negativas. É possível descarregá-las, criando novos hábitos sentimentais. Reduza a vida digital Segundo um estudo da Univer-



estressadas

sidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, publicado em março, acessar Facebook e Snapchat por mais de duas horas diárias dobra o risco de isolamento social. Some-se às evidências o que se vê na prática: amigos rompendo por divergências, casais brigando por ciúmes de likes. As redes sociais potencializam a competitividade e as emoções humanas. Neutralize as Notícias - A realidade alarmante, mesmo que longe, aumenta a percepção de ameaça, o que gera maior secreção de cortisol e adrenalina, hormônios do stress. O tempo todo ligados à notícia leva ao pânico. Fim da relação negativa Se o parceiro inibe suas atitudes e impede seu crescimento, tente encerrar a história. Mas, se é você quem se move pelo ciúme, cuide-se: isso não é amor; trata-se de obsessão, insegurança, autoestima baixa. Para a desintoxicação: deixe de pensar que não é boa o suficiente para ele e acredite que pode lutar contra o modelo de amor que aprendeu. Amar, lembra, é diferente de precisar de alguém. Quando se sentir segura, busque um novo par. Não se deixe influenciar - Tendemos a assimilar comportamentos negativos dos que nos rodeiam. Isso desencadeia um ciclo de repetições destrutivas, do qual temos dificuldade de nos livrar. O bom humor pode mudar, ao longo do dia, pela contaminação das queixas de colegas, por exemplo. 8 // rock meeting // novembro . 2019



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live

EVERGREY aPÓS OITO ANOS, A BANDA SUECA EVERGREY RETORNOU AO BRASIL APRESENTANDO O NOVO ÁLBUM “tHE aTLANTIC” tEXTO E FOTO PEI FON

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live . evergrey

A

pós oito anos sem pisar no Brasil, o grupo sueco Evergrey atravessou o Atlântico e mostrou seu novo álbum em três cidades: Rio de Janeiro, São Paulo e Limeira. Acompanhamos a apresentação que aconteceu na capital paulistana, num sábado, entre garoa e início de frio, num Carioca Club aque-

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cido pela expectativa de vê-los. Falar de Evergrey e não mencionar emoção é deixar para traz o principal motivo que faz as músicas deles ser tão tocantes. Podendo dizer que seria a ‘sofrência’ do metal, mas com conteúdo e muita música envolvida. O grupo, com toda cer-

teza, levou muitos às lágrimas. Afinal, são quase dez anos sem pisar em solo brasileiro e muita gente aguardava por esse momento. Mesmo aqueles que já os viram noutros festivais pelo mundo, tinham esse desejo guardado dentro de si. Ver em casa é outra sensação. Evergrey iniciou a sua apre-


sentação com “A Silent Arc”, música que inicia o álbum “The Atlantic” e a primeira divulgada. A música encanta no CD e ao vivo. É forte, envolvente e mostra toda qualidade técnica dos rapazes. Tão logo vieram “Weightless” (também do novo play), “Distance”, “Passion Through”, “The Fire”, “Leave it Behind Us”, “As I

Lie Here Bleeding”, “Monday Morning Apocalypse”, “Words Mean Nothing”, “I’m Sorry” (cantada em bom tom), “My Allied Ocean”, “All I Have” e “The Grand Collapse”. Já a parte final do show ficou reservada uma sequência daquelas músicas que se espera o show inteiro, muito embora, a noite foi tão mági-

ca que cada canção tocada era aproveitada de modo único e particular. “When the Walls Go Down”, “Recreation Day”, “King of Errors” e “A Touch of Blessing”, esta última fez com que cada pessoa conhecesse o som do Evergrey. Não estar no setlist seria um dos maiores erros, mas não foi o caso, é claro.


live . evergrey

É óbvio que cada um tem o seu setlist particular e sempre fica algo faltando. Para esta que vos escreve, não ter “Wrong”, do álbum “Glorious Collision”, é estar incompleta. No dia que houver um ‘by request’, estarei lá pedindo essa música. O vocalista Tom Englund merece algumas palavras. Ele foi bastante comunicativo com a galera. Brincou várias vezes, fez a galera sorrir e a ele mesmo também. 14 // rock meeting // novembro . 2019

Fez seus registros pessoais, cantou emocionado (como as músicas pedem) e, com certeza, demonstra muito bem o sentimento da canção. Por vezes, parece uma choradeira sem fim, mas isso não é ruim. Demonstra o quanto ele se entrega. Definitivamente, eu sinto essa emoção que ele transmite cantando. Em 2018, o entrevistei no 70000 Tons of Metal e fiz questão de destacar essa emoção. Tom ficou um pouco sem

saber a resposta. Na verdade, só cheguei com pedradas nesse dia, e ele e os demais ficaram um pouco sem saber como me responder (risos), o que é bom, não soa mais do mesmo, nem foram respostas automáticas. Por fim, voltem. Esse é um desejo recorrente de cada fã que esteve presente nas cidades em que eles estiveram. E esperamos que não precise de mais oito anos para retornar ao país.



INTERVIEW

RAGE IN MY EYES Das cinzas do Scelerata temos a Rage In My Eyes

por rENATO SANSON // foto Mariana Mantovan

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interview . rage in MY EYES

Das cinzas do Scelerata temos a Rage In My Eyes e o Début “Ice Cell” mostrando todo o poder deste novo momento. Como foi esta transição e a produção e gravação do álbum, já que foi dividido entre Los Angeles e Porto Alegre, certo? Francis Cassol – Quando gravamos o disco, em 2017/2018, a intenção era lançar como Scelerata. Porém conversamos internamente no início de 2018 e chegamos à conclusão que havia se esgotado toda a energia que havia no Scelerata. Achamos que seria melhor iniciar algo novo, mas sem romper totalmente com o que já havíamos feito e conquistado no passado. A transição se deu no melhor momento, na verdade, porque foi antes de lançarmos o álbum e apresentar todo esse trabalho mais recente, como o clipe de “Death Sleepers” e a 18 // rock meeting // novembro . 2019

abertura para o Iron Maiden. Foi a primeira vez que trabalhei com o produtor Adair Daufembach, o que foi uma grande experiência. Após essa gravação, já trabalhamos juntos diversas outras vezes. Magnus Wichmann – O processo de produção e gravação de “Ice Cell” foi dividido entre gravação da bateria em LA e o restante em POA. A distância não foi um problema, pois, já havíamos definido praticamente todos os arranjos em pré-produção. Diferente do que ocorreu em outros álbuns do tempo do Scelerata, dessa vez tivemos mais tempo para trabalhar nos arranjos das músicas. Mudanças sempre são bem-vindas, mas também em time que está ganhando não se mexe. O porquê desta decisão de não seguir com o Scelerata que já tinha um nome consofoto Liny Oliveira


Magnus Wichmann (guitarra) e Pedro Fauth (baixo) durante apresentação na abertura do Iron Maiden em Porto Alegre


interview . RAGE IN MY EYES

lidado no cenário nacional? Francis Cassol – O Scelerata iniciou no ano de 2002, e desde então passou por muitas mudanças de formação. Confesso que isso me incomodava porque a banda acabou perdendo um pouco da sua identidade. Eu sempre quis uma banda fixa, com membros absolutamente comprometidos e com quem os fãs pudessem se identificar. O Scelerata perdeu muita força também em função das longas pausas a que éramos forçados para encontrar novos membros. E, desde que cheguei nos Estados Unidos, em meados de 2017, percebi que as pessoas aqui simplesmente não conseguem ler corretamente o nome Scelerata, tampouco pronunciar e lembrar. Como nós miramos o mercado internacional, percebemos que esse nome estava nos impedindo de chegar mais longe. Desde que fizemos a mudança para Rage In My Eyes, muitas 20 // rock meeting // novembro . 2019

foto Liny Oliveira


muitas coisas boas têm acontecido, o que nos dá a certeza de termos tomado a decisão certa

coisas boas têm acontecido, o fora de série que ele é, e tamque nos dá a certeza de termos bém pela força criativa que o tomado a decisão certa. mesmo traz. O baixista Pedro Fauth, com quem Magnus e Como Rage In My Eyes eu já tocávamos juntos desde marca a volta do talen- 2007 em uma banda de rock tosíssimo Magnus Wi- chamada Street Flash, entrou chmann (guitarra) que em 2015. O Pedro é uma mámantém em seu pilar o quina no baixo, dono de uma monstruoso Francis Cas- pegada e precisão monstruosol (bateria). Como foi re- sas, o que faz com que tire um formular a formação e o som absolutamente incrível que pode nos falar desses do instrumento. O Pedro tam“novos”/”velhos” talen- bém tem um papel importante tos da cena gaúcha? no gerenciamento da banda. Francis Cassol – Por mais E por fim, o menino virtuoso clichê que possa soar, essa é Léo Nunes, também ingresa melhor formação da banda sado em 2015, na época com por algumas razões. A primei- apenas 19 anos de idade, mas ra é que todos somos muito já maduro e extremamente amigos. Os ensaios e encon- criativo, foi responsável por tros têm uma energia muito trazer, além de muitas ideias boa e isso é muito importan- musicais brilhantes, a energia te. Musicalmente estamos nova de que tanto precisávamuito conectados e temos os mos. mesmos objetivos. O vocalista Jonathas Pozo está na “Ice Cell” se distancia banda desde 2013, porém é o do Power Metal pratiprimeiro disco dele conosco. cado pelos músicos em A presença dele é absoluta- outrora. A musicalidade mente fundamental, primei- transcende entre o Hearamente pelo músico e cantor vy Metal moderno e boas


interview . RAGE IN MY EYES

inserções melódicas, mas mos assumir de vez. Sempre rem naturais aqui do sul. com um toque de regiona- ouvi música regionalista meslidade da música gaúcha, mo sem querer, pois, é muito 09/10/19 não ficará maro que se torna um grande forte dentro da minha famí- cado apenas pelos fãs gaúdestaque e diferencial do lia. Cresci ouvindo e aprendi chos de Iron Maiden, mas trabalho. Como surgiram a gostar e respeitar este tipo também ficará eternizado estas ideias? música. Os outros componen- na alma da Rage In My Magnus Wichmann – Um tes da banda, mesmo que não Eyes já que tiveram a honpouco por coisas novas que escutem (o que não é o caso, ra de abrir este grande estamos ouvindo e um pou- por este tipo de música fazer show. Contem-nos como co pela influência natural dos parte de toda uma tradição surgiu o convite e a emonovos componentes. A ver- forte daqui), a influência se ção de abrir para a maior tente da regionalidade decidi- torna espontânea por eles se- banda de Heavy Metal do 22 // rock meeting // novembro . 2019


planeta.

Iron Maiden. Após analisar o seguira? Ou teriam algu-

Francis Cassol – A emoção material das bandas, o mana- ma ideia de regravá-las é indescritível, ainda custa um gement do Maiden escolheu o como Rage In My Eyes? pouco a acreditar que tocamos Rage In My Eyes como banda Magnus Wichmann – A no palco do Maiden. Fomos

procurados por uma produtora local, com a qual mantemos excelente relação, para saber do nosso interesse em fazer esse show. A produtora

local de abertura. Ao receber tendência é darmos mais lua notícia, a reação foi de cho- gar às músicas do R.I.M.E. que. Certamente um dos ápi- Quanto a regravar alguma ces das nossas carreiras.

música, conversamos a respeito e temos planos sim de

então enviou o nosso nome e Em seus shows algumas regravar uma ou duas múside mais algumas bandas lo- músicas do Scelerata ain- cas do Scelerata, apenas não cais para o management do da se fazem presente. Isto decidimos quais ainda.


DREAM FESTIVAL LEVOU EMOÇÃO, PONTUALIDADE E QUALIDADE MUSICAL PARA A ARENA ANHEMBI por Rafael ANDRADE // foto mARTA aYORA

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live

DREAM FESTIVAL


live . dream festival

TURILLI / LIONE RHAPSODY

S

e este festival tivesse que ser resumido em duas palvras, seria pontualidade e grandiosidade. Às 16h30 em ponto, o Rhapsody de Luca Turilli e Fabio Lione subia ao palco trazendo seu Symphonic Power Metal para uma Arena Anhembi que derretia de calor. Iniciando o setlist com “Phoenix Rising”, do novo álbum “Zero Gravity”, o grupo apresenta uma versão reformulada (e até mais moderna) do Power Metal que são pioneiros há 25 anos. Mas foi na segunda música que conseguiram agarrar a atenção do público com “Dawn of Victory”, e a partir daí não largaram mais. Os refrões melódicos cantados por todos os fãs chamavam a atenção até dos que estavam no festival apenas pela atração principal. O restante do setlist reuniu clássicos como “Land of Immortals” do primeiro álbum, “Lamento Eroico”, e “Riding the Wings of Eternity”, enquanto o comentário geral 26 // rock meeting // novembro . 2019

18h00, e com seus uniformes militares, calças camufladas, e performances coreografadas, o Sabaton foi responsável pela apresentação mais animada do dia. Como o próprio vocalista Joakim Brodén costuma dizer, foi uma aula de história muito divertida enquanto você canta e bebe com SABATON seus amigos. Após a faixa de abertu Sob um pôr do sol de ti- rar o fôlego pontualmente às ra “Ghost Division”, o setlist era: “Mas canta esse Fabio Lione, hein?”. Conversando com o público em português durante toda a apresentação o Turilli / Lione Rhapsody fez uma apresentação curta, mas muito bem aproveitada para o Dream Festival.


contou com várias músicas em sequência do novo álbum “The Great War”, lançado em julho deste ano. Sendo meu primeiro show do Sabaton, devo dizer que fiquei impressionado com a performance e presença de palco de todos os integrantes da banda. Não foi preciso avançar muito no setlist pra entender porque a banda é headliner em diversos festivais da Europa. “The Attack of the Dead Man” é uma daquelas músicas que você precisa ouvir ao vivo pelo menos uma vez na vida. Ainda no início do setlist, o vocalista conversou brevemente com o público: “Só temos uma hora para tocar hoje, e meus colegas de banda reclamam que eu falo demais. É verdade, eu falo mesmo. Então hoje eu farei o sacrifício supremo e calar a


live . dream festival

boca pra que possamos tocar participação do público, e

KILLSWITCH ENGAGE

mais músicas. Que tal?”. Mes- emendaram com a música E foi nesse momento mo com a promessa, a banda “Smoking Snakes” (em portu- parecia não se conter de ale- guês, Cobras Fumantes), em que o calor infernal que fez a tarde toda deu lugar a vengria de tocar para o público homenagem Força Expediciotos gelados que faziam todo brasileiro, e especialmente, nária Brasileira, cujo símbolo mundo se perguntar: “mas é de estar longe da neve que é uma cobra fumando. O Sadezembro! O que está aconestá tomando conta da Sué- baton não conseguia conter a tecendo?”. Infelizmente, a cia nesta época do ano. Para felicidade de poder encerrar mesma dúvida em relação finalizar o show, mesclaram sua turnê atual aqui no Brasil, ao clima aconteceu quando a história sueca de “Swedish e prometeram voltar o mais o Killswitch Engage subiu ao palco às 19h30. A banda fez Pagans”, que teve a melhor cedo possível.

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um excelente trabalho como era de se esperar, mas em um festival com line-up de Symphonic Power Metal, Heavy Metal, e Prog Metal, o aclamado Metalcore da banda parecia não se comunicar muito bem com o público. Reunidos com o vocalista original Jesse Leach desde 2012, o Killswitch Engage apresentou um setlist com foco mais uma vez no álbum de estúdio mais recente, “Atonement”, mas também deixou espaço para todas as fases da banda desde “Alive or Just Breathing”, com “My Last Serenade”, incorporando faixas conhecidas por todos como “My Curse”, presente no sau-


live . dream festival

doso Guitar Hero III, “The End of Heartache”, todos os singles já nomeados para um Grammy, e até um momento de conscientização sobre doenças mentais com “I Am Broken Too”. Nesta passagem pelo Brasil, o KSE fez questão de dedicar uma música ao Derrick Green, do Sepultura, com a faixa “The Signal Fire”. A música escolhida para fechar a noite é provavelmente um dos melhores covers já feitos na atualidade. Estamos falan30 // rock meeting // novembro . 2019

Killswitch Engage fez um passeio por sua discografia e terminou com um cover do clássico “Holy Diver” do Dio.


do de “Holy Diver”, do Dio, em uma performance fantástica da banda. Como não há uma única pessoa que não saiba a letra dessa música, o público fez a sua parte neste último momento do show. Uma grande performance, talvez prejudicada por um posicionamento inesperado no line-up da noite. DREAM THEATER Se eu bati tanto na tecla da pontualidade deste festival, não foi à toa... começando às 21h15 em ponto, o Dream Theater fez uma apresentação de mais de 3 horas de duração, inclusive tocando o

álbum “Scenes From a Memory” na íntegra. Mas estou me adiantando um pouco. A primeira parte do show foi focada em faixas do novo álbum, “Distance Over Time”, e mais duas outras faixas de outros trabalhos, “A Nightmare to Remember” e “In The Presence Of Enemies – Part I”. Mas é obvio que eu não posso resumir este espetáculo apenas comentando sobre as músicas... todos os elementos do palco contribuíam para a performance, com uma escadaria atrás da bateria gigantesca do Mike Mangini, uma plataforma giratória para o tecladista Jordan Rudess, que o tempo todo ele saía para andar pelo palco, e uma iluminação de cair o queixo. Durante o intervalo entre uma música e outra, podia-se ouvir as pessoas comentando sobre a qualidade do som, como todos os instrumentos estavam com um som impecável, podia-se ou-


live . dream festival

vir cada nota tocada pelo baixista John Myung, e o timbre da guitarra de John Petrucci era algo sem precedentes no gênero. Sei que estou focando muito no aspecto técnico do show, mas é de Dream Theater que estamos falando... não dá pra deixar o lado técnico da música de fora. Após cerca de 55 minutos, o Dream Theater encerrou a primeira etapa do show, para um intervalo de 20 minutos até iniciar a performance na íntegra do álbum “Scenes From a Memory”. Pausa intencional pra causa suspense aqui. Sabe aquela sensa32 // rock meeting // novembro . 2019

ção quando você está subindo numa montanha-russa, aquele frio na barriga de emoção e ansiedade? Era exatamente essa a sensação do público (e minha), quando o tique-taque de “Regression” começou. Era pra ser apenas uma faixa de introdução, tocada em playback no PA enquanto o ouvinte fecha os olhos para iniciar a viagem proposta pelo conceito do álbum... mas a galera já estava cantando, fazendo a contagem regressiva junto com o PA... até que uma luz se acendeu sobre um John Petrucci segurando um violão, James LaBrie calmamen-


te cantando como se não percebesse a emoção que tomava conta da Arena Anhembi. E assim como numa montanha-russa, após a longa subida vem a queda... em forma de “Overture 1928”. Essa analogia é valida porque era possível ver pessoas com as mãos pra cima, curtindo ao máximo essa viagem. O telão apresentava imagens dos personagens que fazem parte da trama apresentada no álbum, ilustrando a história cantada pela banda. Se você já ouviu esse álbum, sabe que grande parte das músicas se emendam umas às outras, sem qualquer tipo de intervalo entre elas. E durante a execução ao vivo não foi diferente. Uma


live . dream festival

após a outra, a banda encaixava todas as músicas com uma precisão cirúrgica, exatamente como o fã mais exigente esperaria. O único momento onde a banda deu uma pausa para falar com o público foi após a faixa “Through Her Eyes”, quando a banda aproveitou para agradecer todos os técnicos que trabalhavam para fazer o show acontecer, desde a montagem do palco até as luzes e instrumentos. Sob uma 34 // rock meeting // novembro . 2019

salva de palmas do público, convidaram a todos para cantar parabéns para o técnico do tecladista Jordan Rudess. Após cantar em inglês (com a banda acompanhando no instrumental), as pessoas presentes na Arena Anhembi cantaram “parabéns pra você” em português, que deixou a banda comovida. “Ah vocês gostam de cantar”, perguntava James LaBrie, “então me ajudem a cantar essa próxima música...

acho que vocês vão gostar, é a música mais Metal desse álbum”, iniciando mais uma sequência de músicas com “Home” até “Finally Free”, encerrando este capítulo na história que foi uma esta apresentação. A última faixa ficou com “At Wit’s End”, também do álbum mais recente, antes de despedir-se de um público que, mesmo após as 3 horas de show, aceitaria de bom grado uma horinha ou duas a mais de apresentação.



live . dream theater poa

por Renato Sanson // foto mARTA aYORA

A

pós cnco anos de sua última passagem pela capital gaúcha, o Dream Theater retorna, mas desta vez para uma tour especial a “The Distance Over Time Tour – Celebrating 20 Years of Scenes From A Memory”, onde comemoram os 20 anos do clássico “Scenes From A Memory” (lançado em 99) executando-o na íntegra e encerrando a turnê nacional em solo gaúcho. Ainda que fosse um show especial não tivemos um grande público, porém o que chama a atenção é a quantidade de jovens que compareceram ao evento, mesclando duas gerações: os que estavam ali para presenciar o épico “Scenes From A Memory” e os que estavam pela fase atual da banda, mostrando que seus fãs se renovam ao meio da velha guarda. Pontualmente as 21h30min as luzes se apagam e o gigantesco telão ao fun36 // rock meeting // novembro . 2019

do se ilumina, com uma bela animação e uma produção de palco grandiosa (infelizmente a qualidade sonora não contribuiu muito para a genialidade que estávamos presenciando, o Pepsi On Stage segue com grandes problemas em sua acústica) os músicos vão subindo de um a um para

sentir a euforia da galera e explodir junto aos presentes com a pesadíssima “Untethered Angel” (“Distance over Time” – 19). O show foi dividido em dois atos, a primeira parte permeou a fase mais atual dos americanos tendo como destaque “A Nightmare to Remember” (do álbum


“Black Clouds and Silver Linings” – 09) e “In the Presence of Enemies, Part I” (“Systematic Chaos” – 07). Não teria como não perceber um certo cansaço nos músicos, que interagiam na medida do possível, mas mais contidos, onde o vocalista James LaBrie interagiu

somente ao final da primeira parte do show com os presentes, mostrando mais preocupação em executarem corretamente o setlist extenso (um pouco mais de 3h) já que uma de suas marcas registradas ao vivo é todo o perfeccionismo que os rondam. Após um intervalo de 20 minutos era chegada a hora mais esperada da noite, e não podia ser por menos, pois estaríamos presenciando a execução de um dos melhores álbuns da história do Heavy Metal Progressivo. Impossível não se emocionar com o começo de “Regression” e seu violão simples comandada pela voz suave de LaBrie, com o público cantando cada nota! Assim como no disco, não houve tempo para respirar e tivemos uma faixa atrás da outra, e é impressionante o quanto os músicos são donos de tamanha habilidade e técnica, Petrucci fazia a galera vibrar com seus solos altamente potentes e técnicos, como em “Beyond This Life”, assim como a monstruosidade alienígena de John Myung em seu baixo, que era acompanhada do gênio dos teclados Jordan Rudess. Ainda que Mike Mangini seja um baterista fora do


live . dream theater POA

normal – até porque assumir tal cargo não seria para qualquer um – a sua falta de feeling incomoda de certo modo, tecnicamente impecável, mas falta um “punch” a mais, porém no que se propõe é mais que acima da média, e obviamente não decepcionou em nenhuma nota tocada do trabalho criado por Portnoy. Em meio a todo o arsenal técnico, o momento mais emocionante da noite certamente foi “Through Her Eyes” com sua simplicidade e carga emocional, levando muitos 38 // rock meeting // novembro . 2019

fãs às lágrimas. Chegando na caótica “Home” LaBrie parou para conversar com a plateia reverenciando os gaúchos e deixando claro que sempre retornarão à cidade em suas turnês, levando todos aos gritos e aplausos. Também mencionou o quanto era importante estarem ali para este show e o quanto estavam preocupados em executarem da forma mais precisa possível mesmo estando cansados de uma tour tão extensa. Chegando ao final ti-

vemos a grudenta “The Spirit Carries On” seguida da dramática “Finally Free”, que ao seu fim as luzes apagaram por alguns segundos com os músicos retornando para encerrarem com “At Wit’s End” do mais recente lançamento, o que não me agradou muito, pois não seria nada mal encerrar a noite com algum outro clássico de seus primórdios.

Grandiosidade aliado a

muita técnica! Saldo positivo e mais uma grande noite de Metal em Porto Alegre!



CAPA

BEHEMOTH 40 // rock meeting // novembro . 2019


aPÓS CINCO ANOS, A BANDA POLONESA BEHEMOTH RETORNOU AO BRASIL EM ÚNICO SHOW EM SÃO PAULO tEXTO RAFAEL ANDRADE Foto Fernando Pires

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CAPA . BEHEMOTH

A

pós 5 anos desde sua última passagem pelo Brasil, o gigante polonês Behemoth retorna com a divulgação do novo álbum “I Loved You At Your Darkest”, trazendo mais um capítulo na evolução da banda de maior destaque na cena Black Metal neste momento. Desde 1 hora antes do show começar, as cortinas já estavam levantadas enquanto a introdução “Solve” tocava em loop ao fundo. Por mais que o show ainda não tivesse 42 // rock meeting // novembro . 2019

Nergal e sua trupe em ação no show em São Paulo. Foto: Rafael Andrade


começado de fato, o clima de missa satânica já infestava o local, enquanto um Tropical Butantã se preparava para um dos shows mais brutais do ano. O show iniciou-se com a destruidora “Wolves Ov Siberia”, num momento em que a banda se apresentou com máscaras e vestimentas que cobriam todas as suas feições. Quase como uma marca registrada da produtora Liberation, o som de todos os instrumentos estava perfeitamente nítido de qualquer ponto da casa, o que foi essencial para que esta cerimônia herege tivesse um ar ainda mais macabro, com todas as camadas instrumentais que a banda

vem incorporado ao seu estilo musical desde o álbum “Evangelion”, de 2011. Após encerrar a primeira música, a banda se retirou brevemente para voltar sem as máscaras, já usando seus corpse paints tradicionais e prontos para se comunicar com o público. “E aí seus filhos da p%$#!”, esbravejou Nergal – que claramente fez seu dever de casa e aprendeu como se comunicar em português da melhor forma possível. Como se não bastasse uma qualidade musical e técnica impecável, a performance da banda ao longo da noite foi de arrepiar a espinha. É até difícil comentar faixa por faixa o restante do show, pois o Behemoth levou São Paulo a um estado de transe, seja com a energia e presença de palco de todos os


CAPA . behemoth

membros, com o palco decorado com bandeiras de cruzes invertidas, trocas de figurino divididas por atos, a bateria incansável de Zbigniew “Inferno” Promiński, ou simplesmente por presenciar um dos melhores shows do ano. Os destaques ficam com as faixas “Bartzabel”,

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“God = Dog”, e “Blow Your Trumpets Gabriel”, que além de serem singles extremamente poderosos, fazem parte das músicas que elevaram o Behemoth a um status quase Mainstream nos últimos anos, sendo chamado até de “o Black Metal do momento” por diversos fãs do gênero.

Ao término do show, as faixas “We Are The Next 1000 Years” e “Coagvla” conseguiram elevar o status do espetáculo através de uma sessão onde todos os integrantes da banda trocavam seus instrumentos por percussões, enquanto uma trilha apocalíptica permeava o ambiente.



live

STRATOVARIUS

Para a alegria de muitos fãs da banda, o show do quinteto finlandês Stratovarius passou por São Paulo Texto e Fotos pei fon

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live . stratovarius

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ara a alegria de muitos fãs da banda, o show do quinteto finlandês Stratovarius passou por São Paulo. Uma sexta-feira bastante convidativa para receber um show enérgico, cheio de clássicos e lembrar que a banda ainda excursiona por aí. A apresentação da trupe de Timo Kotipelto aconteceu no Carioca Club, local já conhecido da galera que curte metal. Sem esperar muito, seguindo a pontualidade, a banda iniciou o show com “Eagleheart” para aquecer o coração deu seus abnegados fãs. Tão logo, chegaram 48 // rock meeting // novembro . 2019

“Phoenix”, “Oblivion”, “Shine in the Dark”, “SOS”, “Enigma” e “4000 Rainy Lights”. O ponto, talvez, intrigante é ter solos específicos de cada integrante da banda no setlist. Aliás, Matias Kupiainen deu sua palhinha antes de 4000. Logo após foi o solo do baixista Lauri Porra, que merece ser falafo um pouco mais. Porra não é um palavrão a la Brasil, é o sobrenome do cara mesmo. A parte solo de Lauri foi muito engraçada e divertida. Devem ter falado algo sobre o significado de seu sobrenome e ele ficou repetindo a cada parte de sua


apresentação. Lauri foi muito carismático e a galera já distribuía esse carinho desde o início do show do Stratovarius. Voltando. O show continuou com “Vision (Southern Cross)”. Logo após, mais um solo, desta vez do tecladista Jens Johansson, que foi bastante aplaudido. Ele abriu margem para a música “Black Diamond”. Na parte final do show, vieram “Forever”, “The Kiss of Judas”, “Unbreakable” e a famosíssima “Hunting High and Low”. O cara pode nunca ter escutado Stratovarius, mas, com certeza, conhece essa música. Casa cheia, show pra cima, Timo interagindo bem com o público. Fórmula vencedora.


SACRED REICH traz de volta o melhor do Thrash dos anos 80 e 90 Texto e Fotos Mauricio melo Snap Live Shots

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live

SACRED REICH


live . sacred reich

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Sacred Reich é, até certo ponto, uma das bandas menos reconhecidas como história ou referência no mundo do Thrash Metal. Poucas vezes lemos alguma entrevista de algum outro artista da atualidade na qual o mesmo cita o quarteto de Phoenix como referência ou influência. Ou mesmo quando sai aquela lista dos mais influentes de décadas passadas o nome da banda raramente vem à tona. Não sabemos até que ponto tudo

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Night Demon durante a sua apresentação na abertura para o Sacred Reich


isso pôde influenciar no hiato da banda que durou anos. Pois nunca é tarde para recomeçar e recuperar o tempo perdido, há dois anos eles anunciaram o retorno, turnê norte americana e até mesmo os vimos tocando no Hellfest e lá nos demos conta da dimensão de sua música, seus álbuns tão distintos uns dos outros. Além do Sacred tivemos a presença do Night Demon, uma das bandas mais marcantes do revival do Heavy Metal tradicional na década atual e que igualmente já passou por Barcelona há pouco. Apesar de menos de uma década de estrada, a banda

já possui dois bons discos de estúdio e um duplo ao vivo. Temas como "Welcome to The Night", um fragment de "Overkill” (Motörhead) junto a Dawn Rider" e "Heavy Metal Heat" deixaram os desavisados boquiabertos. Som limpo, carisma e presença de palco. Fecharam o setlist com a música que dá nome à banda e um gostinho de quero mais que foi saciado na sequência após o show junto aos fãs na mesa de merchandise. Foi nesse clima que o Sacred entrou em cena e atacando com música nova, "Manifest Reality", como abertura. De seu segundo e técnico disco, tivemos a mú-


live . sacred reich

sica que dá título ao mesmo, "The American Way" antes de retornar ao lançamento com "Divide & Conquer". A banda foi bastante comunicativa com o público, expressou em mais de uma ocasião a satisfação de poder voltar ao palco e de que um público fiel estivesse ali após tantos anos de espera. Num desses papos aproveitou para apresentar o novo guitarrista Joey Radziwill que já vinha trabalhando com a banda desde a gravação do disco novo e, com a ausência do guitarrista Jason Rainey 54 // rock meeting // novembro . 2019

que deixou a banda por motivos de saúde, foi a opção mais adequada já que o jovem conhecia bem o repertório e confirmamos o acerto na decisão, o rapaz é um monstro e deu um novo fôlego à banda. Como falamos anteriormente, a banda ofereceu um repasso em sua curta (apenas cinco discos de estúdio) e variada discografia. Variada considerando que alguns discos são mais técnicos do que outros ou até mesmo mais sujos do que outros. Do álbum “Independent” tivemos "Free"


e a música título do disco. Do já mencionado “The American Way” executaram "Love... Hate" e "Crimes Against The Humanity", do primeiro escutamos "Death Squad" e "Ignorance" e fecharam em clima de Fest com "Surf Nicarágua". Vida longa ao Sacred Reich e ao resgate de bandas que fizeram história no Thrash Metal.


INTERVIEW

THE KOVEN Em um passeio por ottawa, no Canadá, The Koven é a indicação Heavy metal gastronômica Texto e foto Rafael Andrade

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interview . the koven

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stivemos em Ottawa, no Canadá, para visitar o The Koven, um restaurante completamente voltado para o Heavy Metal, desde as decorações até o menu, que faz referências mais que criativas para diversas bandas e gêneros dentro do Metal. Durante nossa visita, conversamos com Mehdi G., proprietário e fundador do restaurante em uma entrevista exclusiva para a RockMeeting.

te tão único? Quais foram suas motivações? Apaixonado por Metal, não havia nenhum lugar em Ottawa, minha cidade natal, onde eu pudesse comer alguma coisa enquanto ouvia meu gênero musical. Estando na indústria de restaurantes por uma década e no metal por duas, decidi unir metal e comida para que meus companheiros do metal finalmente pudessem ter um lugar para ir!

E como foi ser o primeiEntão a primeira pergun- ro e único restaurante de ta é bem óbvia… Por que metal da capital? As pesvocê criou um restauran- soas ficaram chocadas 58 // rock meeting // novembro . 2019


com a nova abordagem que você trouxe? Ottawa é uma cidade governamental. Portanto, não existem muitos lugares alternativos para começo de conversa. Muitas pessoas ficaram curiosas, algumas até assustadas e, claro, a galera do metal ficou muito empolgada!   E não é apenas a atmosfera metal, mas o menu também faz referência para várias bandas e gêneros. Como você criou o cardápio e como essas bandas se relacionam com os pratos em homenagem a eles?


interview . the koven

// INSTAGRAM Quer conhecer mais sobre o The Koven? Siga o perfil no Instagram clicando AQUI.

A fundação do The Koven são Conte-nos um pouco sobandas de heavy metal. Te- bre o estúdio que você mos toneladas de suporte das tem em cima do restaubandas. Lacuna Coil, Ham- rante. Fazia parte do conmerfall, Eluveitie, Kamelot, junto desde o início? “The Koven Konsignment” é Kataklysm e muitas outras uma loja que eu abri um ano bandas nos deram um salve depois que eu abri o Koven, nas redes sociais, o que é muiela oferece aos artistas locais to emocionante. O cardápio que têm um gosto mais somé repleto de hambúrgueres, brio, uma plataforma para wraps, sanduíches e, claro, o exibir e vender sua arte e progrande Poutine canadense, dutos. todos com nomes de bandas. É comida de pub com um E você também tem alguns presentes que recetwist.

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beu de bandas que o vi- na noite anterior ao show em Semblant, da cidade de Curisitaram. Quais bandas e Ottawa, em 2018! E voltou no tiba. Queremos trazê-los para artistas já passaram por dia seguinte após o show! Ou o Canadá em breve! aqui? Existe alguma his- até o Max Cavalera, que veio tória interessante para aqui com sua família quando Muito obrigado pela encompartilhar?

estava em turnê com o Soul- trevista. A comida estava

Sim, a maioria das bandas fly!

deliciosa e a atmosfera

nos dá algumas recordações

incrível. Definitivamente

assinadas. Nós geralmente E o Sepultura está tocan- ansioso para voltar! temos pós-festas com as ban- do agora no rádio do res- Incrível! Valeu cara! Espedas! Richie Faulkner, do Ju- taurante. Você conhece ramos vê-lo algum dia novadas Priest, veio ao The Koven outras bandas do Brasil?

mente!


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BULLET FOR MY VALENTINE 62 // rock meeting // novembro . 2019


Bullet For My Valentine retornou a SĂŁo Paulo e fez a alegria de seus fĂŁs Texto e Fotos Rafael andrade

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live . bullet for my valentine

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ntes de falar sobre este show, vamos parar e refletir por um momento... Já pensaram o quão sortudos somos de ter, num mesmo ano, show As I Lay Dying, Bullet for My Valentine, Killswitch Engage, Reckoning Hour, Sea Smile... Na minha última matéria, eu tinha comentado que o Metalcore estava voltando com tudo. Eu estava errado. O Metalcore já voltou, e está bem aqui na nossa cara, nos perguntando quando vamos abrir a próxima roda. No dia 24 de novembro, quem fez as honras de abrir a primeira roda da noite foi a Sea Smile, banda de Metalcore paulistana formada em 2010. Com um set curto, porém objetivo, a banda entrou no palco pontualmente às 19h e não desperdiçou um único minuto sobre o palco. Com o perdão do clichê, realmente às vezes “menos é mais” – o setlist reduzido acabou por despertar a curiosidade do público, que podem encontrar o material completo da banda no Spotify. 64 // rock meeting // novembro . 2019

O Bullet For My Valentine abriu o setlist com a faixa “Don’t Need You”, primeiro single do álbum mais recente do grupo, “Gravity”, lançado em 2018. Para completar a tríade de abertura, emendaram com “Scream Aim Fire”, e “Your Betrayal”. Gosto de dar um destaque para as três primeiras músicas porque elas costumam definir qual é a energia do show como um

todo, e neste caso a recepção foi tão explosiva quanto podemos esperar do público brasileiro. A primeira faixa do clássico álbum de estreia foi “4 Words (To Choke Upon)”. Como era de se esperar, todos cantaram a plenos pulmões enquanto o guitarrista Michael Padge interagia com o público fazendo questão que todos ali se divertissem tan-


to quanto a banda que, claramente, estava se divertindo. Essa energia foi mantida direto para a faixa “You Want a Battle? (Here’s a War)”, onde mais uma vez o público atuava como um quinto integrante da banda, cantando as letras para que a banda pudesse acompanhar na sequência. Em seguida o setlist deu um destaque para os álbuns “Venom”, “Fever” e “Gravity”, e foi o único momento onde algumas pessoas pareciam não cantar todas as músicas. Talvez estivessem guardando um pouco do fôlego para a parte final do show, que merece todo o destaque possível nessa resenha. Sim, estamos falando do momento em que a banda convocou todos para cantarem “Tears Don’t Fall”, provavelmente a música mais conhecida do


live . bullet for my valentine

grupo. Neste momento o público ficou num frenesi tão intenso que puxou um “Olê Bullet”, que a banda fez questão de acompanhar com um instrumental improvisado para o coro. Mal sabiam eles que esta era uma armadilha do público para emendar o coro da faixa “Hand of Blood”, que não faz parte do setlist desta turnê da banda. “Não estávamos planejando tocar essa música...”, disse o vocalista Matt Tuck, “Ok, nós vamos tocar, mas por favor não coloquem o vídeo no YouTube se a gente errar.” Honestamente, esse foi 66 // rock meeting // novembro . 2019

o melhor momento do show. Quebrando todas as barreiras entre artista e público, transformando a noite entre um encontro de amigos que estavam ali pelo amor à música. E para a felicidade de todos, a música foi executada com perfeição. YouTube liberado, meus amigos!

Encerrando com “Wa-

king the Demon”, o Bullet For My Valentine fez dessa uma de suas melhores passagens pelo país, em mais uma noite de Metalcore que será lembrada com muita saudade por todos que estiveram ali.



live

THE SISTERS

OF MERCY depois de três anos, o grupo de andrew eldrich retornou ao brasil para celebrar 30 anos de existência tEXTO barbara lopes foto Roberto Sant’Anna

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live . the sisters of mercy

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epois de três anos, o grupo de Andrew Eldrich, a banda inglesa The Sisters of Mercy, voltou ao Brasil para celebrar 30 anos de existência. O show aconteceu no dia 9 de novembro, no Grupo Tom Brasil, em São Paulo. A abertura ficou pelos curitibanos do The Secret So-

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ciety. A banda se apresentou na Horror Expo, dia 18 de outubro, o que lhes deu ainda mais visibilidade. Formada em 2017, conta com Guto Diaz nos vocais e baixo, Fabiano Cavassin na guitarra e Orlando Custódio na bateria. Com três singles, um lyric vídeo e um vídeo clipe lançados em 2018, o power trio acaba

de lançar seu álbum de estreia, “Rites of Fire”. Muito entrosados e tecnicamente conectados, a banda fez uma apresentação notável mostrando seu trabalho. “Wash Away” foi uma faixa que pode mostrar a potência e versatilidade do vocalista Guto Diaz. Tocaram faixas do novo


álbum, e cativaram os que estavam ali presentes e que estavam chegando. Fecharam o show com a explosiva “The Architecture of Melancholy”, “Rubicon” e uma versão de “Cry for Love”, do Iggy Pop, influência para a banda. O espetáculo da noite começou com a entrada do Ravey Davey, responsável por

operar o famigerado Doktor Avalanche (caixa de ritmos que faz as vezes do baixo, bateria e eventuais sons utilizados pela banda), seguidos dos guitarristas Ben Christo e Dylan Smith, e o tão aguardado Andrew Eldrich, vocalista da banda. Todos usando óculos escuros. A faixa muito bem escolhida foi “More”, com uma explosão de euforia. Ape-

sar da seriedade de Andrew, os guitarristas compensavam andando e se aproximando bem próximo da grade, com o “Doktor” bem empolgado. Conseguimos ver uma leve descontração em “Doctor Jeep”, com uma dancinha discreta do vocalista. Seguido pelo riff clássico de “No Time to Cry” com uma luz roxa predominando o palco, a dan-


live . the sisters of mercy

çante “Alice”, e “Show Me”, novamente com luzes roxas e pontos vermelhos de luzes. Andrew desaparece na penumbra do palco e volta entre a fumaça, conferindo ar ainda mais melancólico para a música. Um ponto interessante foi a construção da iluminação do palco: com fumaça e sem utilizar as luzes do teto e telão, o show foi todo na “penumbra”, o que, na prática, deixou o ar soturno que a banda costuma transmitir. “Dominion/Mother Russia” foram executadas de maneira indefectível e acom72 // rock meeting // novembro . 2019

panhadas em coro pelo público. Os guitarristas se sincronizam para “Marian”, em uma versão mais intensa que a de estúdio. Depois de um solo dinâmico dos guitarristas, Dylan troca seu instrumento para um violão e começa a emocionante balada “Something Fast”, com iluminação focada para o vocalista, engatando com a melancólica “I Was Wrong”. Há uma pausa na penumbra, que segue com os maiores hits, que foram cantados em coro: “Lucretia, My Reflection”, “Vision Thing”,


“Temple of Love” com uma iluminação verde e em uma versão mais curta com apenas vocais masculinos, finalizando com “This Corrosion”. Um prato cheio de classicões para os fãs, e que certamente, apesar da escuridão, acalentou os coraçõezinhos mais trevosos dos que ali estavam presentes.


live

BADALONA CALLING

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o Badalona Calling agitou o dĂŠcimo primeiro aniversĂĄrio da casa de shows Estraperlo Club del Ritme, em Barcelona Texto e Fotos Mauricio melo Snap Live Shots

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live . badalona calling

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décimo primeiro aniversário do Estraperlo Club del Ritme ainda não chegou, mas parece que a festa, sim. Com o mesmo formato de festival indoor apresentado no Summer Blast, coberto por nós com fotos e vídeos diversos, o Badalona Calling pegou carona no evento Gasteiz Calling e trouxe a nata das bandas que por lá passaram. A sexta-feira foi dedicada ao Punk mais clássico do The Exploited e The Partisans com um ar fresco de Maid of Ace e os locais do Ratpenat. Por motivos pessoais, ou me76 // rock meeting // novembro . 2019

lhor, dizendo, mecânicos, não pudemos conferir as duas primeiras bandas, mas quem o fez, se derreteu de elogios para o Maid of Ace. A partir de nossa “invasão” no Club, vimos uma grande celebração Punk encima e abaixo do palco durante o show do The Partisans. Músicas como “Killing Machine”, “I Never Need You”, “Bastards in Blue”, “Police Story” aumentaram o tom de festa fazendo os Punks cantarem bem alto, erguendo seus punhos e exibindo suas taxas nas jaquetas. E foi nesse clima que o The Exploited, desta vez com


sua formação completa entrou em cena para terminar de estremecer as pilastras do Estraperlo. Wattie em boa forma física após idas e vindas e mais além por conta de sua saúde, exibindo cicatrizes verticais e horizontais (além de seu tradicional moicano). Abriram a noite com o clássico “Let’s Start a War” e o público seguia animado abrindo a primeira roda de pogos e stage divers, alguns copos d’água também foram arremessados para o nítido descontentamento do Wattie, mas o cidadão manteve a calma, possíveis recomendações médicas. Clássicos não faltaram, músicas como “The Massacre”, “UK 82” e “Troops of Tomorrow” não podem faltar. Já para o final as reservadas foram “Fuck The Usa” e


live . badalona Calling

“Sex & Violence” com direito a invasão de palco por parte dos Punks. O sábado ficou reservado para o Hardcore e uma grande expectativa para os headliners da noite, o Shelter. Os locais do Kids of Rage foram os responsáveis por darem o tiro de partida, apresentando músicas de seu excelente segundo disco, “Hurry Up”, demonstraram o porquê de serem habituais em noites como a de sábado. A fluidez, a força e a dedicação do quin78 // rock meeting // novembro . 2019

Kids of Rage (acima), Death by Stereo (abaixo) e Devil in Me (à direita) fizeram a alegria dos fãs


teto deixa claro que estão no caminho certo, caminho este que já chegou a outros países e festivais. Uma das bandas mais esperadas do evento, porém a menos comentada dentro das expectativas, foi o Death By Stereo, por momentos acreditamos que a mesma estaria sobrando no cartaz ou mesmo preenchendo horário. Tudo mudou a partir do momento em que subiram no palco e tocaram clássicos de “If Looks Could Kill”, “I’d Watch You Die” que completou duas décadas por sinal. Punk rock com guitarras de Metal, pedais Wah, escalas infinitas e um entrosamento invejável

fez com que a galera se divertisse à balde, típico show de entretenimento com direito a guitarristas e baixista descendo do palco para tomar um shot no bar ao fundo enquanto tocam. A banda Nocivo veio de Valencia para oferecer um pouco de sua história e encontrou uma boa parte do público verdadeiramente dedicado a eles, cantando e fazendo coro junto ao vocalista em maior parte das suas músicas de “Humor, Amor e Respeito” e mais de três décadas de existência. De Portugal, recebemos a visita do Devil In Me, um dos grandes nomes dentro da cena hardcore na terra do bacalhau e do pastel de nata. Tão saboroso quanto foi a atuação do quinteto, que por certo, poderiam nos visitar com mais frequência. Abri-


live . badalona calling

ram em alta com “The End”, guitarrista voando de um lado a outro e Poli mostrando disposição como um Hardcore frontman deve ser. O público abraçou a banda como esperado, deixando fluir o espírito dos anos noventa como em “Alive”, mas ficou claro que “On My Own” é definitivamente a grande conexão e comunhão entre banda e público. 80 // rock meeting // novembro . 2019

Tudo pronto para o grande nome da noite e, talvez, do evento. O Shelter foi definitivamente o grande responsável por deixar o Estraperlo cheio até as escadas que levam ao segundo andar, quando as mesmas carecem de espaço, podem ter certeza que o local está cheio. O quinteto liderado por Ray Cappo e John Porcelly entrou em cena ao som de “Message of

the Bhagavat” já com a introdução de baixo de “Civilized Man” e seguindo na mesma linha veio “Emphathy” e “Better Way”. Os clássicos já haviam entrado em cena e a festa confirmada. Tivemos um bom repasso da carreira da banda diante de fãs que esperaram uma vida para poderem estar ali, cantando do início ao fim, o mesmo se deu com a música que dá nome à banda, Shelter!




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