Zé Caré - Em Busca do Rabo Perdido - Carlos Gentil Vasconcelos

Page 1

CARLOS GENTIL VASCONCELOS

ZÉ CARÉ

EM BUSCADO

RABO PERDIDO ILUSTRAÇÓES JÔ OLNMIRA

RG6 EDITORA LTDA


,a(e cn:

-+\


I '?s -端


E

Copyright @ 1996 Vasconcelos, Carlos Gentil - Aquidauana, MS Oliveira,

Jo

-

1953

Tëxto

- Itamaraca, PE

- 1944

IlustraçÕes

Todos os direitos desta edição estão reservados à

RG Editora Ltda Rua Eduardo Santos Pereira, 1725 -Fax. (067)751-5410 - CEp j9020-Ij0 Campo Grande - Mato Grosso do Sul - República Federativa do Brasil Printed in Brazil / Impresso no Brasil

AGRADE,CIMENTOS ESPECIAIS Celso Vitório Pierezan

Fernando Paiva

Zito Ferrari Rosa Beatriz Vargas Vasconcelos Felix Maciel dos Santos Mauro Martins da Silveira Mirian Estela Vargas Maciel dos Santos

Projeto Gráfico: Jô Oliveira Produção e Editoração Eletrônica: Art & Tiaço Revisão: José Pedro Frazão e Moacir S. Lacerda Fotolito, Impressão e Acabamento: Gráfica e Editora Ruy Barbosa Tiragem: 5.000 exemplares

FICHA CATALOGRAFICA Vasconcelos, Carlos Gentil - texto OÏveira, Jô - ilustrações ZE CARE - Em Busca do Rabo Perdido la Edição - Campo Grande, MS - março/96

MANDE SUA CARTINHA PARA O ZÉ CARÉ. Se você tem alguma coisa a perguntar ao

ZÉ CARÉ,

ou deseja apresentar contribuições e idéias para a preservação do meio ambiente, escreva para:

-zÉ, ctnÉ, Rua Eduardo Santos Pereira, 1725 -Bairro Vila Gomes Campo Grande, MS - CEP 79020-170

-

Fax. (067) 75I-541.0


CARLOS GENTIL VASCONCELOS

ZE CARE

EM BUSCA DO

RABO PERDIDO ILUSTRA莽ons .r么 olrvnrRA

RG6 EDITORA LTDA


INDICE APRESENTAÇAO zÉ

cptptE E

ATTNGTDo

NEGRO DEIXANDO O PANTANAL TURISTAS NO RIO

zÉ cnpÉ cHpca À crpapp............ zÉ cnp':E coNTA suA

nrsrónrA..........

AQUIDAUANA PERTGO DA POLUrÇAO NO RESTAURANTE......... VISITA AO RIO

zÉ clptE vrsrrA ESCoLA púeuca

5

j 8

......... 10 ....... 10

..............rz ................ 15 ............... 16 ............. 19

.....20

ADAPTAÇAO PIQUENIQUE NA LAGOA........ A NATUREZA... zÉ cnrlE ATACA UMA MULHER ........... O DESESPERO DE UM JACARE

................25

rÉ canE E pRESo

................29

......... zÉ clptE No zooLocrco ........... FESTA oo zÉ cARE LIBERDADE

PANTANAL A DESPEDIDA SAUDADE DO

....20

...22 ..............26 ...............29

.......30 ..........32 .......32 ..........34 .................36

REGTAo Do pANTANAL - MApA E cARACrpnÍsucAS................38

ATIVIDADES.......... I I

I I

I

I I

I

t,

........... 40


APRESENTAçAO Revoltado com a ação criminosa do homem, QUe, com a sua racionalidade, emvez de proteger destrói anatureza. ergue-se um pacato e esquisito animal dos pantanais, para alertar o mundo sobre a periculosidade humana em relação ao meio ambiente. Nesta interessante narrativa, o protagonista Zé Carê vira cidadão aquidauanense e busca nas crianças o apoio para encontrar o rabo que perdera numa emboscada de coureiro. Mas a sua aventura acaba virando uma verdadeira aula de cidadania e de ensinamento ecológico, no Portal do Pantanal, onde, curiosamente, o bicho é que ensina o homem.

A cultura e a educação ambiental de Mato Grosso do Sul ganham um presente valioso: uma obra literâria e ao mesmo tempo didática, nascida orgulhosamente em Aquidauana, da pena ecológica do professor Carlos Gentil Vasconcelos, e sobejamente ilustrada pelo renomado artista gráfico Jô oliveira.

O livro é inédito para o nosso sistema educacional, que pouco produz obra desta natnreza, mormente de carâter educativo. O autor, professor e biólogo Carlos Gentil, mesmo sem ser beletrista busca na arte literária uma forma de aprofundar seus ensinamentos biológicos voltados para a preservação do Pantanal. O ilustrador Jô Oliveira dispensa maiores apresentações, por ter morado em Aquidauana e Anastácio e por ser conhecido no mundo inteiro, fazendo parte do elenco de desenhistas brasileiros internacionalmente famosos, como Ziraldo, Chico e Paulo Caruso, Maurício de Souza, Laerte, Deodato Filho e outros gênios da charge e da arte grâfica, com diversas obras publicadas.

Com certeza, o Zé Caré é uma lição de vida e de escol a para todos nós, adultos e crianças. E como se o mundo verde começasse a ficar vermelho, visto pelos olhos de um jovem jacaré que sente na pele a destruição da natureza pelo homem. Um jacaré que, ao contrário de seus antagonistas, perdeu o rabo mas mantém a cabeça no lugar. .A

JOSÉ PEDRO FRAZÃO professor e jornalista

5


á-Si\ 2<=<-1 " \'\'t . ììr, ' /Á-


22a

ZE CARE E ATINGIDO Numa terra muito distante, no Estado de Mato Grosso do Sul, entre matas, campos e cerrados, numa planície muito linda - existia um lugar maravilhoso cheio de âgta, plantas e animais. Os sábios daquele lugar afirmavam que era por volta de 600 espécies de aves, 280 espécies de peixes, 90 espécies de mamíferos e 50 espécies de répteis.

Era o Pantanal de Mato Grosso do Sul. Um lugar de vida selvagem, intocável pela lei dos homens. Ali viviam cobras, onças, capivaras, jaguatiricas, aves e insetos... Todos em perfeita harmonia. E no meio de tanta vida, um parente dos desaparecidos dinossauros, o terrível, o insaciâvel CaimanYacare. Quero dizer... ELE,! O nosso amigo Zé Caré. Tirdo começou assim...

Era noite de luar. Zé Caré, saiu prá namorar sem saber que algo trágico estava para acontecer. João Tiabuco no meio dos arbustos espreitava, armado de sua arma calibre 22.

Um tiro ouviu-se no Pantanal. A noite tingiu-se de vermelho, manchando as águas do Pantanal. O ronco dos bugios avisa que algo aconteceu. Os aracuãs respondem com seus gritos de alarme, o jaó geme triste. E o lamento do Pantanal. Zé CaÉ, foi atingido e sua vida corre perigo, pois João TLabuco já começava a fazer uso de sua faca.

IJm novo tiro ouve-se no Pantanal.

Zé Caré estava salvo. F,ra a Polícia Florestal. Ou quase salvo! João Tlabuco conseguiu levar a cauda do nosso amigo Zê, Caré. Conta-se, entre os povos da floresta, que durante muitos anos Zé Caré, vagou triste e solitário pelo Pantanal.

Alguns afirmam terem-no visto várias vezes acompanhando o "véio do rio".*

*

O "véio do rio" existe, e é conhecido como pescador Chimburé. Vive na cidade de Aquidauana.

7


TURISTAS NO RIO NEGRO Até que um dia Zé Caré resolve ir à cidade em busca de sua cauda. Mas fica preocupado em sair do Pantanal, pois conhece apenas as leis da natureza. F,le tem consciência de que precisará adaptar-se à nova vida. Um dia chega ao Pantanal do Rio Negro um grupo de turistas. Lâ estavam homens, mulheres e crianças. As crianças logo correm para o banhado, pois queriam aproveitar cada momento daquele lugar maravilhoso.

Ao ouvir os gritos das crianças, zé, caré resolve aproximar-se para ver do que se tratava. Ele ficou de longe abservando a maneira como eles se vestiam, falavam e andavam. Era tudo o que Zé Caré precisava saber pafa tomar a decisão de partir. Ele sabia que, para ir atrás da sua cauda, precisava se identificar de alguma maneira com os humanos.

tem mais dúvidas: toma emprestada a roupa de uma das crianças, pois precisa adaptar-se à vida da cidade Carê, não



F

DEIXANDO O PANTANAL Com novo visual, Zé, Caré deixa o Pantanal do Rio Negro-omaisbelo Pantanal de Mato Grosso do Sul. Sai deixando a vida selvagem.

A paisagem vai se modificando... Pantanal, cerrados, matas, campos, lagos, lagoas e salinas já se fazem distantes.

A cidade

se aproxima.

O coração de Zé Caré bate mais forte. Depois de muito tempo Zé Caré volta a sorrir... Carros passam de um lado para outro, e Zé Caré sabe que essa é a decisão mais importante de sua vida.

Ze Caré está em busca de sua cauda. Ele é um jacaré consciente e sabe dos seus direitos como cidadão.

ZE CARE CHEGA A CIDADE Depois de muitos dias de viagem, Zê, Caré chega à cidade de Aquidauana. As crianças foram as primeiras pessoas a encontrar aquela figura estranha.

Um jacaré de tênis, boné, caniiseta, short e, pata completar a surpresa, vejam só! O jacaré não tinha cauda. Era demais! A criança da fazia festa. zé, caré foi muito bem recebido na cidade. Todos queriam saber o que um jacaró sem "tabo" estava fazendo alí.

- Como é o seu nome? - perguntavam alguns. - Meu nome é Zé Caré. Venho da vida selvagem do Pantanal. - O que é Pantanal? - perguntou outro. - O Pantanal é uma explosão de cores, vida e movimentos. É rrm autêntico paraíso povoado por exuberantes espécies da fauna e flora que se espalham por uma imensa planície inundável, formada por baías, colinas, cordilheiras, vazantes e corixos.


11


ZE CARE

coNTA srra HrsTónre Enquanto Zé Caré contava sua história, algumas crianças choravam e outras queriam saber por que Joáo Tiabuco queria o rabo de um jacaré.

Zé Caré explicou que os homens civilizados matam os jacarés para lhes tirar o couro. Esse couro depois de industrializado serve para fazer bolsas, cintos, sapatos e outros acessórios... E a sua carne vai para os restaurantes finos das grandes cidades do nosso país.

As crianças ficaram revoltadas e prometeram ajudá-lo a recuperar sua cauda. O primeiro passo seria localizar João Trabuco.

Zé Caré informa às crianças que João Thabuco é muito conhecido no mundo do crime e protegido por pessoas importantes da cidade, portanto, seria difícil \ocalizâ-Io.

I



VISITA AO RIO ASUIDAUANA Zé, Caré ficou hospedado na casa de seus novos amiguinhos André, Neto, Caroline e luri.

No dia seguinte eles levam Zé, Caré para conhecer o Rio Aquidauana. Quando chegaram ao local, Zé Caré ficou apavorado com o que viu - o rio estava poluído!

- Por que você ficou triste, Zé Caré? - Eu fico triste quando vejo que os homens estão poluindo os rios,

lagos e mares.

- Eu vejo falar tanto em poluição. O que é isso? - Potuição é o ato de poluir, sujar, corromper ou profanar. A água do

planeta está sendo poluída pelos esgotos das cidades, pelos inseticidas com que pulverizam as lavouras e pelo lixo das grandes fábricas. A poluição está aos poucos chegando ao Pantanal, através dos rios e sua bacia contribuinte.

15



lF

PERIGO DA POLUIçAO Zé CaÉ também explicou

às crianças que um

rio poluído mata a

ictiofuuna.

- Ictiofauna? Qte palavra estranha!

- exclamou Janaína.

Ictiofauna é o conjunto de espécies de peixes de uma região. Toda fauna e flora aquática precisam de um habüat limpo para viverem e tirarem dalí sua alimentação. O Pantanal é rico em sua ictiofauna.

- Zé, Caré, que coisa engraçada

é essa que você disse?

- Ah! Habitat? É todo lugar onde vive uma raça,um animal ou uma planta em estado natural. Quando nós preservamos a natlteza, estamos protegendo o habitat de cada espécie. As crianças prometem começar uma campanhapara salvar o Rio Aquidauana. Leiza dá uma sugestão:

- Por que não criamos uma Associação Ecológica e salvamos a fauna e a flora da nossa cidade? Todos, entusiasmados, apoiaram a idéia. E a primeira ação desse movimento seria ajudar Zê, Caré encontrar João Tlabuco.

T6




NO RESTAURANTE Depois de um dia cansativo

procura de João Tiabuco, Zé Caré resolve ir a um restaurante, pois ficara sabendo que por alí havia um que à

preparava peixes de toda qualidade, inclusive cru.

Convidou seu amigo André e para

foram os dois.

Zê, Caré, estava com uma fome de leão, digo, de jacaré. Comeu,

comeu e ainda quis repetir.

André, preocupado, perguntou:

- Zé Carê,, os peixes não são seus amigos ? Por que você está se

alimentado deles?

- Porque isso faz parte da cadeia alimentar. É necessário

que isso

ocorra para manter o equilíbrio ecológico.

Zé CaÉ ainda explicou que na naÍureza

isso é normal. Os animais comem o suficiente para sobreviver. Isso não traz nenhum prejuízo.

- Os jacarés comem os peixes, principalmente

as piranhas.

Agindo desta forma não haverâuma superpopulação de determinadas espécies.

- Zé, Caré, você poderia me explicar melhor o que é cadeia alimentar?

- Claro. Cadeia alimentar é a relação entre os seres vivos,

na qual um serve de alimento para o outro.

- Puxa, Zé Carél A natureza

é,

fanr"âstica!

T9


ZE CARE VISITA ESCOLA PUBLICA Aconselhado pelas crianças, Zé Caré, resolve ir até a delegaciafazer uma queixa contra João Tiabuco. Afinal, o crime foi contra anatureza!

Zé Caré, ao sair da delegacia, resolve fazer uma visita aos seus amigos na escola. Procurou a escola pública da cidade onde eles estudavam.

Foi um sucesso total. Todos queriam tocar no único jacaré que não tinha rabo. Felizes com a visita, as crianças resolvem convidar Zé Caré para uma partida de basquete. O time doZé Caré era formado pelo André, Caroline, Alex, Neto, Vilfridinho, Diana e Mayara. E ainda prontas para entrar no jogo Leiza e Janaína.

Apesar de ter perdido o jogo, o time do Zé Carê, foi o mais aplaudido.

ADAPTAçAO Zé CaÉ, procura de todas as formas adaptar-se à vida na cidade. Ele sabe que se isso náo ocorrer, sua vida será breve. Enquanto procura João Tiabuco, ele cumprimenta as pessoas, obedece a sinalização de trânsito e conquista a confiança do povo de Aquidauana. Conta-se que o Partido Verde queria lançá-lo candidato a prefeito, pois Zé Caré havia se tornado a figura mais popular daquela cidade. Zê, Caré até que ficou animado, principalmente depois que soube que o prefeito da cidade também se chamavaZé.

Mas lembrou-se de que o seu objetivo não era ser prefeito, e sim, localizar sua cauda.


2I


22

ZE CARE VISITA ESCOLA PUBLICA Aconselhado pelas crianças, Zé Caré resolve ir atê a delegaciafazer uma queixa contra João Tlabuco. Afinal, o crime foi contra anattreza! Zé, Caré, ao sair da delegacia, resolve fazer uma visita aos seus amigos na escola. Procurou a escola pública da cidade onde eles estudavam.

Foi um sucesso total. Todos queriam tocar no único jacaré que não tinha rabo. Felizes com a visita, as crianças resolvem convidar Zé Caré para uma partida de basquete. O time do Zé, Caré, era formado pelo André, Caroline, Alex, Neto, Vilfridinho, Diana e Mayara. E ainda prontas paÍa entrar no jogo Leiza e Janaína.

Apesar de ter perdido o jogo, o time do Zé, Caré, foi o mais aplaudido.

ADAPTAçAO Zê, Carê, procura de todas as formas adaptar-se à vida na cidade. Ele sabe que se isso não ocorrer, sua vida será breve.

Enquanto procura João TLabuco, ele cumprimenta as pessoas, obedece a sinalização de trânsito e conquista a confiança do povo de Aquidauana. Conta-se que o Partido Verde queria lançá-lo candidato a prefeito, poisZê, Carê havia se tornado a figura mais popular daquela cidade. Zê, CaÉ, até que ficou animado, principalmente depois que soube que o prefeito da cidade também se chamavaZé.

Mas lembrou-se de que o seu objetivo não era ser prefeito, e sim, localizat sua cauda.


PISUENISUE NA LAGOA Era Dia Mundial do Meio Ambiente. Rádios, jornais, televisão e as escolas só falavam em ecologia. Janaínafez um conviïe prâ turma: Vamos passar o dia na Lagoa Comprida? Afinal, hoje é o dia do meio ambiente.

-

Zé Caré topou na hora. Qualquer contato com a natureza era importante para ele. Sentiafalta de casa. Todos se arrumaram rapidamente e foram para o Parque Ecológico da

Lagoa Comprida. As crianças levaram bola, rede, peteca, cordas e "som" paÍa ouvir música. Sem contar o lanche, é claro.

Zé Caré era um jacaré muito discreto, usava o bom-senso. Queria se divertir bastante, mas ao mesmo tempo chamar a atenção para aquele lugar tão lindo. Um pedacinho do Pantanal. Zé Caré, chamou André, o líder do grupo, e lhe fezuma colocação muito importante: - Precisamos transformar parte deste parque em reserva. - Zé Caré, qual a diferença entre parque e reserva? - Parque é uma área que pertence ao governo, onde é proibida a exploração de recursos naturais. Onde as aves, animais e vegetais podem viver tranquilamente e a entrada das pessoas é permitida, só que elas precisam ter muito cuidado.

- E a reserva? Resema biológica é um local que precisa da proteção da lei. E de grande importância para a ciência e precisam ser mantidas exclusivamente para estudos.

-

- Mas aí ninguém pode entrar? - Pode sim, mas somente paru fins educativos. -Ah!... Alí os animais podem viver livremente, protegidos da sanha dos homens.

acasalar-se, reproduzir-se e ser



ì

"' ìi.>-_ li

tl

I

I

,hl

\\\ \\l \ ti--_

\1

i\\\l t\-)\ I \{ \'Y

,"1

l

g,\àN

l\

t

I

{4 \4r

\\\

È,trV,

\\

y'

/

)ìl

Jro

(r /\/ *

l\,' 1

a\

',1

ll


A NATUREZ.A Depois do piquenique, Zé, Carê, resolveu descansar. Retirou-se um pouco das crianças, deitou-se sobre a grama e abriu a boca. O sol era forte e brilhava sobre sua cabeça. As crianças estavam surpresas com aquela cena. Como alguém poderia preferir o calor do sol, ao frescor das sombras das árvores? Marilene, preocupada, aproximou-se e perguntou-lhe se estava havendo algum problema.

Zé Caré explica que ele é um animal que vive natena e na água. E na âgla que ele encontra a maior parte da sua alimentação, pois fica escondido nas folhagens pronto para atacar.

,

Mas, é nesse mesmo local que ele é atacado por uma quantidade muito grande de sanguessugas.

- Elas causam um grande incômodo - comenta Zé Caré. Ele segue contando que, para se livrar delas, é necessário que o sol aqueça sua boca. Isso faz com que as sanguessugas fiquem incomodadas, e, não suportando o calor, abandonam a sua boca, garganta e língua. Marilene balançou a cabeça e saiu exclamando: O homem precisa compreender todos os relacionamentos existentes na natuteza, pois até mesmo uma folha que cai tem o seu valor.

- Como a natuteza é complexa!

\a

25


ZE CARE ATACA UI\[A MULHER Os dias se passavam e a tristeza foi tomando conta do coração de Zé CaÉ. Ele já estava cansado de andar pelas ruas da cidade à procura de João Tiabuco.

Percorria o centro comercial na esperança de encontrar sua cauda. Passava de loja em loja, olhava todos os sapatos, experimentava todos os cintos e cheirava todas as bolsas. Foi quando uma senhora passou perto de Zé, Caré. Ela estava carregando consigo uma bolsa de couro. Zé, Caré não hesitou. Deu um salto e arrancou a bolsa daquela

senhora.

- Minha cauda! O que fizerum com a minha cauda! - ele estava revoltado, pois sua cauda havia se transformado numa bolsa. - Essa bolsa é f.eita de couro bovino - explica a senhora. Zé Caré olha direito

a bolsa e vê que realmente estava enganado.

Pede desculpas e segue caminhando.



L

2B


O DESESFERO DE

UM JACARE De rua em rua, de casa em casa, Zé Caré avistava nas pessoas objetos que se identificavam com sua cauda. Abraçava as pessoas, cheirava os objetos.

Zé Caré, era um jacaré obstinado. Ele queria sua cauda de qualquer jeito.

A cidade estava em pânico. O comentário era um só: "Zé

Caré, está em busca do rabo

perdido".

Um homem ia passando ao seu lado com um cinto de couro; ele imediatamente imaginou ser sua cauda. Ele não pensou duas vezes.

ARRANCOU-LHE O CINTO! Mas dessavez era tarde...

ZE CARE E PRESO ...

A polícia havia chegado.

A MULIIDAO SILENCIOSA assistia a tudo. As crianças não estavam por perto. Não havia ninguém que fizesse pelo menos um protesto.

zÊ cptp.E ESTAVA PERDIDo! A polícia tinha que cumprir a lei. Haviam dado parte na delegacia das atitudes de Zé Caré,.

Zé Caré foi preso, algemado, colocado no camburão e conduzido ao... ZOOLOGTCO! Enquanto isso João Tlabuco continua livre cometendo crimes contra a naÍureza. Que injustiça! - pensava Zé Caré.


a2t

ZE CARE NO Z,OOLOGICO Quando Zé Caré chegou ao zoológico, ficou apavorado com o que viu - animais de todas as espécies estavam enjaulados em um espaço vital insuficiente para cada indivíduo.

Zé Caré começou uma campanha de conscientizaçáo, dizendo que, se eles continuassem aIí, ficariam estressados, não poderiam reproduzir, viveriam machucados e assustados pelos visitantes. São poucos os zoológicos que têm condiçoes para sobrevivência. Muitos daqueles animais nem se lembravam mais da vida selvagem. lr4as Zé CaÉ com toda paciência começou a explicar:

- Vida selvagem é a vida que floresce na terra e nas águas. É a vida da copa e da sombra das árvores. Também do solo, onde todas as espécigg d.

vjda se crvzam, acasalam-Se., reproduzem-se e morrem. E tornam à vida. É a vida que acontece nos rios, lagos, açudes e córregos - da qual vocês fazem parte. Zê, Caré afirmava que o Pantanal precisava deles e que, sem eles,

o equilíbrio ecológico estava correndo perigo. Eles precisavam voltar ao seu habitat natural - eram importantes na cadeia alimentar.

Enquanto Zé Caré conscientizava os animais no zoológico, uma grande movimentação ocorria na cidade. O Movimento Ecológico "SANGUE VERDE", criado pelas crianças, começava a crescer. Um grande número de pessoas se movimentava e caminhava em direção ao zoológico.

-_'


!

'lY ", .].íi al;.::.. 1l

.'.:Bi

w


LIBERDADE ___ 9_udvogado do Movimento Ecológico "sangue verde", Dr. BARBA TIMAO, conseguiu um "habeas-corpLrst', pois zé caréhavia sido preso ilegalmente.

zÉcptp.É psrava LrvRE. O delegado autorizou as crianças Janaína, Leiza e Caroline a soltarem

Zé Caré.

_Plq"?n!o Leiza e caroline pegavam as chaves, Janaínachegou perto de Zé Caré, fez-lhe um carinho emocionado e lhe disse:

- você está livre, meu amigo. vamos prá casa da vó LiIa, ela o está esperando com um belo caldo de piranha.-

FESTA DO ZÉ CARÉ Zé Caré estava livre. Isso era um bom motivo para se comemorar.

Ficou decidido que a festa ia ser na casa do Murilo

e do Maurício.

Na hora da festa a criançada pulava e dançava todos os ritmos: rap, hip hop, funk, rock, pagode e anos 60.

No meio da festa Zé Caré pegou um microfone e cantou:

..ERA

NOITE DE LUAR

SAÍ PRA NAMORAR

TRABUCO ESTAVA LA Ê, Ê, Ê, TRABUCo ESTAVA LÁ Ê, Ê, Ê, TRABUCO ESTAVA LA,'.



SAUDADE DO PAI\ÏTANÏAL Mas nem tudo foi resolvido.

A situação estava começando a ficar difícil paraZé, Carê. A maioria da população achava que um jacaré andando pela cidade poderia "fazer" a cabeça das crianças, prá essa tal de "ECOLOGIA", essas coisas de

proteger a natuÍeza.

ALGUNS COMENTAVAM:

- Ele está ficando

violento, jâ atacou várias pessoas.

Zé Caré estava se tornando o inimigo público número Os únicos que protegiam

Zé CaÉ eram

1 da população.

as crianças.

Um dia quando vó Lila estava voltando do mercado, viu um jornaleiro vendendo jornais que incriminavam Zê, CaÉ,. Olhou mais adiante e viu cartazes pregados nos postes e espalhados pelo chão, acusando Zé CaÉ, de perigoso.

ASSUSTADA, voltou para casa e avisou as crianças. Zé, Caré sentiu-se rejeitado.

SENÏU SAUDADE DO PANTANAL.

Y z;

Zil

.S \\rr.\),


II Í !

*.\,r,r, .. ,ti,


I

A DESPEDIDA Decidido a voltar para o Pantanal,Zé, Caré convoca todos os seus amiguinhos - André, Caroline, Neto, Alex, Marilene, Janaína,Leiza, Murilo, Maurício, Yuri, Mayara, Vilfridinho e Diana. Todos apareceram.

Jâ eratarde. A natureza testemunhava uma cena tão triste, como aquela em que Zé Caré, foi ferido no Pantanal...

Uma coruja piou triste às margens do Rio Aquidauana. Tinha chegado a hora.

- AMIGOS, TENHO QUE IR EMBORA!

Os homens não aceitam

mais minha presença.

Janaína perguntou:

_ZÉ CARÉ, E A SUA CAUDA? VoCÊ VAI EMBoRA SEM ELA? E O JOAO TRABUCO? VAI DESISTIR DE PROCURA-LO? Um longo suspiro ouviu-se às margens do rio. -Talvez um dia eu volte - respondeuZé Caré,. O silêncio embolou-se com o pio dos pássaros.

zÉ CnpÉ eSfnVa EMOCIONADO. Afinal, jacaré também André convidou todos afazerem uma prece em favor de Zé

é gente.

Caré,.

Mayara perguntou:

-Ué, pode faze'l prece prá bicho? Eles mesmos não sabiam a resposta, mas juntaram suas mãos em solidariedade ao amigo que estava partindo. Conta-se uma lenda no Pantanal, que milhares de anjos desceram às margens do Rio Aquidauanapara receber aquela oração.


Na despe dida Zé, Caré fez um pedido aos seus amigos:

* Protejam a natureza

*

Não deixem os animais em perigo de extinçáo.

* Salvem os peixes. * Salvem os animais. * Protejam as fontes de água, rios, córregos, lagos e açudes. * Protejam a vida existente na água. * Salvem as florestas, desde o solo até a copa das árvores, pois é cheia de vida animal.

I

A vida selvagem está em perigo.

* Ajudem a recuperar o mundo... * Não joguem fora as coisas, náo desperdicem.

- AMIGOS, somos gm mundo em transformação. SEJAMOS SOLIDARIOS E FELIZES.

Ao dar

essas

últimas instruçÕes, Zé Caré já dava as primeiras remadas.

Algumas crianças começaram a chorar, outras apenas engoliam a saliva. Os mais durões limpavam os olhos com a manga da camisa. Apenas a canoa deslizava suavemente na curva da Volta Grande.

De longe, uma mancha no Rio Aquidauana. zÉ, cmÉ, TINHA

IDo EMBORA.


ÍÉ5

-,ffi -.#* #dB_ n" N#À m*['4,ï;ï', f#- ^ffjl**r:Ì*' sj

L

:ii'k*.@e

:e:ï:k

jw,

solÍrlta

MATO GROSSO D-

ê-,*#it.ò +stru*M" ï Y;fu t tt)'t -(.

\!

PÁI'A'GUAI

tt* :.

,*r.',.:'\ \

.1,

*

4*%.

4"

rì.

:'a$:t:ftt^

NAEjtE

'',,-ú-,," 1. m"-.ìï I #, ,'' =hS G' ,i"

r

" '€dK

ix

E

ì iÂ-o.

--afrf;;; o*'**'*

t''

I,;1

í'

.t Jír Y1 ^-, i t /. -

'ì"r.l.rì

+q;^

U

a"

..'

r,"*o

!nt-

---*-óJ

c

,ls

ÁMA, GMM,

Êr_ì

-:

o[ r^!Ím ra.. rs

:


o Pantanal ê, apresentado

por fontes oficiais, como uma área de aproximadamente 189.000 kmr, sendo que, desse total, Mato Grosso do Sul

detém 63% da ârea mencionada. A h, a maior área úmida do planeta. Uma região de matas, campos e cerrados. Uma planície cheia de água, plantas e animais.

Ali vivem cerca de 600 espécies de aves, 280 espécies de peixes, 90 espécies de mamíferos e 50 espécies de répteis.

É um lugar onde cobras, onças, capivaras, jaguatiricas, aves e insetos vivem em perfeita harmonia.

Uqu explosão de cores, vida e movimentos. Autêntico paraíso povoado por exuberantes espécies de fauna e flora, que se espalharam por uma imensa planície inundável, formada por baías, colinas, cordilhei Ías, v azantes e corixos.

No Pantanal tudo parece ter sido colocado no lugar certo, cada organismo ocupando um tipo de ambiente, no qual encontram recursos necessários para sua alimentação e reprodução.

PANTANAL

IúATO GROSSO

DO SUL

,r/i

t/;

Ìt

?ffiffi

39


I[I'IVTDA 1.

rl el -ú):

- Fazer uma redação sobre a vida selvagem.

2 - Criar um personagem e uma história. Nela mostrar a visão da natureza, através do personagem criado. 3 - Fazer um texto sobre os relacionamentos existente na natureza. Tendo em mente o equilíbrio ecológico. 4 - Faça um texto sobre o "Complexo do Pantanal". 5 - Faça um debate na sala de aula sobre a importância ou não de um zoológico em sua cidade. 6 - Olhe o mundo com os "olhos de um jacaré". Qual sua nova visão da natureza?

7 - Faça uma redação sobre o tema "Não jogue fora, não desperdice" 8 - Descreva sua opinião pessoal sobre o Zé, Caré. 9 - Segundo Zê, Caré, "somos um mundo em transformaçâo" explique.

40


10 - Você é realmente adaptátvel? Discuta com o grupo essa

posição. 11 - Faça uma pesquisa sobre a vida nos açudes, lagos e córregos. 12 - Faça uma pesquisa sobre as espécies animais e vegetais de sua região. 13 - Realize uma pesquisa sobre a vida dos jacarés e o seu nicho

ecológico. 14 - Qual o seu ponto de visÍa sobre o tema

..RABO DE JACARE E BOM MESMO NA PANELA'. Procurar reportagens em revistas e discutir na sala de aula.

15- Por que Pantanal nao é "pântano"? 16- Faça uma pesquisa sobre os vários pantanais. 17- Relacione

o nome de dez animais e vegetais de nossa região.

18 - Relacione o nome de vários animais que vivem nas águas do

Pantanal.

4I


r ,li

19 - Faça uma pesquisa sobre a avifauna da nossa região.

20 - Escolha uma ârea perto da sua escola e identifique o maior número possível de animais e vegetais.

2I - Faça na sua escola uma pequena amostra, através de figuras e fotografias de animas e vegetais típicos de sua região. 22 - Faça uma visita a um parque, reserva ou área de preservação, identificando os relacionamentos existentes. 23 - Convide uma turma de outra escola para debater a matança dos jacarés, como fonte de alimentação. 24 - Debata com outra turma que pensa diferente de você, sobre a criação de jacaré em cativeiro.

I

i

t.,

42


GráÍica

e

jlf"tïïjâ"rbos

p a Lrda Rua Alexander Flemin ;;;d?:ïita Bandeirantes Fone: (067) 386-4+rr _ campï'õï"ro"'- MS _ CEp: 79006_570


I.E T8



De lá do interior do Pantanal, último santuário ecológico ainda não poluído pelo lromem, da família dos Caiman Yacare, ZE CARE se apresenta nesta aventura, "ZE CARE - Em Busca do Rabo Perdido", dando a todos os leitores uma verdadeira aula de cidadania e de ensinamentos ecológicos, onde, curiosamente, o bicho é que ensina o homem. Por saber que "Deus perdoa Sempre. O homern, 9s veze*, AnaÍtreza, nunca!", e sentir na pele a dèstruição d'a naturezapelo homem, ZÉ CtF{É é uma lição de vida e de conscientizaçâo para que todos, adultos e crianças, se comprometam em preservar e conseryar os ecossistemas e recursos naturais disponíveis. Felizment e, ZE CARE não está só nesta luta. Seu amigo JOAO GRANDÃO, símbolo do Pantanal, avisa que brevemente estará com vocês para unir esforços na luta pela preservação da ecologia pantaneira.

Moacir Saturnino de Lacerda editor

Apoio:

J[nb

trP

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.