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cotidiano

Caos no trânsito reduz produtividade do país em 5%, diz Citigroup SÍLVIO CRESPO DO UOL ECONOMIA

Os problemas de congestionamento de automóveis devem limitar o potencial de crescimento econômico do Brasil e de outros países latino-americanos nos próximos anos, segundo estudo realizado pelo Citigroup. A pesquisa levou em consideração o tempo que se gasta em viagens urbanas e concluiu que o trânsito gera uma perda de 5% na produtividade do Brasil. Entre os países da América Latina, apenas no México os gargalos de tráfego provocam uma perda semelhante à brasileira (veja gráfico). Venda de veículos dispara; emprego em montadoras, não.

A produtividade corresponde à relação entre quanto se produz e quanto se gasta na produção, incluindo o pagamento de funcionários. Se um entregador, por exemplo, é capaz de fazer um serviço em 20 minutos quando não há trânsito, mas leva 40 minutos em momento de tráfego intenso, diz-se que, nesse caso, a produtividade cai à metade devido ao congestionamento. O documento, obtido por UOL Economia, não foi divulgado para a imprensa. É a primeira edição de um estudo que será anual e se propõe a tratar de temas que, apesar de influenciarem a atividade econômica, são pouco analisados pela instituição financeira. O próprio nome do relatório —”Fora do caminho batido” (em inglês, “Off the Beaten Path”) — indica a intenção de arejar o mundo das análises econômicas. A pesquisa reúne dados da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), da UITP (associação internacional na área de transporte público), de instituições estatais dos países analisados e do próprio Citigroup.

RODRIGO LIMA DE ANDRADE DATA: 09/06/2008 DIBA3N

FOLHA DE S.PAULO

SEGUNDA, 09 DE JUNHO DE 2008 - 07h00

Extensas filas de veículos se formam na Marginal Tietê, nas proximidades do Terminal Rodoviário

Locomoção lenta Cada viagem urbana de um morador da cidade de São Paulo levava 44 minutos em média no ano de 2001, quando a UITP fez um levantamento sobre o tempo de deslocamento nas grandes cidades do mundo. A capital paulista fica em situação pior que a Cidade do México (onde a viagem leva cerca de 40 minutos, em média), Santiago, no Chile (pouco mais de 30 minutos), e Rio de Janeiro (perto de 25 minutos). Em Nova York e Londres, segundo a mesma pesquisa, gastam-se entre 20 e 25 minutos por viagem. Em Paris e Berlim, o tempo despendido fica entre 15 e 20 minutos, de acordo com o levantamento. Considerando só as viagens para o trabalho, esse tempo aumenta ainda mais. A média que se gasta para ir ao escritório e voltar nas grandes cidades é de 2 horas e 36 minutos no Brasil, 2 horas na Argentina e 3 horas no México, diz a pesquisa. Em países desenvolvidos, esse trajeto costuma levar cerca de uma hora. A velocidade média de locomoção dos veículos nas ruas, ainda segundo o estudo da UITP, de 2001, era de aproximadamente 24 quilômetros por hora em São Paulo, 30 no Rio de Janeiro, 22 no México e 25 em Santiago. Entre as metrópoles de países desenvolvidos, a média de velocidade era de 29 km/h em Londres, 31 km/h em Berlim, 36 km/h em Paris e 38 km/h em Nova York. Perspectiva ruim Alguns indicadores mostram que “a situação só piorou desde 2001” na América Latina, afirma o relatório do Citigroup, citando especificamente a cidade de São Paulo. “Temos razões para acreditar que o futuro não vai ser melhor”, diz o documento. O aumento do número de carros em circulação, a mudança da população de classes média e alta para o subúrbio e as más condições do transporte público são os fatores que o Citigroup vê como responsáveis pela recente piora no trânsito das grandes cidades latino-americanas

Excesso de veículos afeta produtividade do país, afirma Citigroup SÍLVIO CRESPO DO UOL ECONOMIA

O aumento do número de veículos em circulação nas grandes cidades latino-americanas, junto com os problemas de transporte público, contribui para a piora das condições do trânsito e acaba sendo um fator limitador do crescimento econômico, segundo estudo do Citigroup. Em 2005, cerca de 22,1 milhões de carros circulavam no Brasil; em 2007, eram 24,4 milhões, afirma a pesquisa, com base em dados da Thomson and Bull.

No México, o número passou de 14,6 milhões para 15,9 milhões. Na Argentina, de 5,2 milhões para 5,6 milhões, sempre na comparação entre 2005 e 2007. O crescimento econômico é afetado pelos problemas de trânsito porque, segundo cálculos do Citigroup, o país tem uma perda de produtividade de 5% devido aos congestionamentos. Além do aumento do número de veículos, os problemas de transporte público também contribuem para a dificuldade de deslocamento da população, segundo a pesquisa. A mudança das famílias de classe média e alta para o subúrbio é outro fator que ajuda a aumentar o tempo médio que se gasta para percorrer as ruas da cidade, diz o estudo do Citi.

FACULDADE PAULISTA DE ARTES METODOLOGIA DO PROJETO PROFª. SANDRA SECCO


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