Paisagens FLuidas

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de Renato Chalu

Paisagens Fluidas

Retratando a fluidez da Amazônia, a fluidez entre linguagens artísticas e aflui dez do tempo, a partir de dezenas de obras, o nosso público pôde contemplar mais uma produção de um artista e fotojornalista genuinamente amazônida.

Há 80 anos, acreditamos e investimos na arte amazônica. Este tempo passou com muitas ações que convergem para o fortalecimento da cultura regional em seus mais diversos formatos. De modo digital e presencial, lançamos no nosso Espaço Cultural, o trabalho do fotógrafo Renato Chalu que apresentou o projeto da exposição Paisagens Fluidas e foi contemplado com o Prêmio Banco da Amazônia de Artes Visuais 2022.

FLUIDEZ DA ARTE AMAZÔNICA

BANCO DA AMAZÔNIA

Acreditamos assim, na expansão da arte amazônica que corre pela exuberância da natureza, dos rios, da fauna, da floresta, das pessoas, da visão artística, ou seja, somos o único Banco de desenvolvimento regional que fomenta a sustentabilidade da região Amazônica em todas as suas nuances.

Portraying the fluidity of the Amazon, the fluidity between artistic languages, and the fluidity of time from dozens of works, our audience was able to contemplate another production by a genuinely Amazonian artist and photojournalist.

We believe in expanding Amazonian art that flows through the exuberance of nature, rivers, fauna, forest, people, and artistic vision. In other words, we are the only Regional Development Bank that promotes the sustainability of the Amazon region in all its nuances.

BANCO DA AMAZÔNIA

FLUIDITY OF AMAZONIAN ART

For 80 years, we have believed and invested in Amazonian art. This time passed with many actions that strengthened regional culture in its most diverse formats. In a digital and face-to-face way, we launched in our Cultural Space the work of photographer Renato Chalu. He presented the project of the exhibition Fluid Sights and was awarded the Banco da Amazônia Award for Visual Arts 2022.

Olho de Peixe Técnica 80x1,20cmPintura|FotografiaMista

JORGE EIRÓ 2022

entre tamanhas referências da pintura moderna e contemporânea, as Paisagens Fluidas, de Renato Chalu, são mediadas pela instância do tempo e movem-se sob essas recorren tes alusões, instaurando um generoso e profícuo diálogo entre fotografia e pintura: uma fotopintura . De sua experiência como fotojornalista documentando a vastidão da natureza amazônica, Renato explora desse repertório de imagens a pictorialidade la tente dessas paisagens da imensidão. Seu olhar e, naturalmente, sua fotografia são inescapavelmente pictóricos. Daí que, quando ainda discente do curso de Artes Visuais da Unama, em meio aos exercícios da disciplina de Atelier de Pintura, sob a mediação deste professor, Renato tomou algumas de suas fotografias impressas e as adotou como suporte/tela para experimentações pictóricas em tinta acrílica. A imagem fotográfica em sua condi ção espectral, então, generosamente passava a acatar a matéria pictórica, resultando numa pintura sobre a imagem que em se guida é novamente fotografada para ser mais uma vez impressa

e, finalmente, receber mais uma demão de tinta. Nesse procedi mento motocontínuo de interações, a obra converte-se em um híbrido no qual as fronteiras se tornam fluidas e se dissolvem as distinções de técnica/linguagem entre fotografia e pintura. Renato Chalu retoma as lições de Turner para fazer da paisagem amazônica um território sensorial empregando a chuva como protagonista e, ao mesmo tempo, como o agente fluidor/fruidor a dissolver a imagem/pintura, como no tríptico “Antes e depois da tempestade”. Mais adiante, outra cara referência aparece em meio à imagem fotopictórica borrada pela chuva: a gravura de Goeldi mescla-se ao processo, acrescentando novos caminhos ao trabalho. Eis que, dos trajetos de seu olhar entre Bragança e Ajuruteua surgem os azuis da onírica “Palafita no céu”, batizada de forma bela e poética pelo jornalista Ronaldo Brasiliense. De outro lugar, vislumbrase uma Algodoal pictórica com “O pesca dor de sonhos” e o curso de um rio numa perspectiva que leva longe o olhar. A demarcar sutilmente essa série de paisagens fluidas uma linha do tempo que atravessa de forma indelével esses cenários: a sensação de que não mais, talvez nunca mais, nos encontremos em um espaço fixo, imóvel, da representação de um lugar. Mas sim um não-lugar, um espaço transitório, hoje tão próprio da nossa condição pós-moderna, enunciado pela fluidez de uma fotopintura que evoca, refletida sob o olhar de um peixe, a nostalgia de uma paisagem para sempre perdida.

AS PAISAGENS FLUIDAS DE RENATO CHALU

Diálogos entre Fotografia e Pintura

O conceito de fluidez permeia a contemporaneidade como o zeitgeist da nossa era. A partir do início do século XIX até nossos dias, experimentamos a extraordinária aventura da modernida de cuja condição, segundo Karl Marx, expressa a sensação de se viver em um tempo em que “tudo que é sólido se desmancha no ar”. Mais recentemente, Zigmunt Bauman haveria de atua lizar essa percepção ao afirmar que vivemos um segundo tem po da modernidade, que nosso atual estado de coisas é líquido, em que tudo já se desmanchou e, desse modo, vivemos uma modernidade líquida, portanto, fluida. Sob esse arco temporal dos últimos duzentos anos, a arte não passaria incólume a um veloz desmanchamento de mundos provocado pelo avassala dor processo de “destruição criativa e criação destrutiva” que, segundo Nietzsche, caracterizaria a modernidade. Movida por esse processo, a arte haveria de se tornar igualmente moder na. Para ilustrar essa transição recorremos às magníficas pai sagens (fluidas) do inglês William Turner, como um precursor da arte moderna, especialmente a sua magistral tela “Chuva, va por e velocidade”, na qual uma locomotiva em alta velocidade “desmancha-se” em meio a um temporal. Turner buscava em suas paisagens não apenas o registro fiel de um determinado cenário, mas, sobretudo, uma experiência sensorial através da pintura. Por sua vez, o surgimento da fotografia na primeira me tade do século XIX precipitaria esse processo na medida em que, gradualmente, passaria a concorrer com a pintura como meio de representação visual da realidade. Diante disso, os pintores,

notadamente a partir dos impressionistas, sentir-se-iam livres das amarras dos cânones acadêmicos para fazer da pintura um amplo campo de experimentação da luz e da cor, abrindo espa ço para a arte moderna. Desde então, ao longo do século XX, as interfaces entre pintura e fotografia se mostraram um campo de pesquisa profícuo na obra de muitos artistas como Edward Hopper, Francis Bacon, Gerhard Richter e Anselm Kiefer, para citar Transitandoalguns.

Between so many modern and contemporary painting referen ces, the Fluid Sights, by Renato Chalu, are mediated by the ins tance of time and move under these recurring allusions, establishing a generous and fruitful dialogue between photography and painting: a photo-painting. With an extensive experience as a photojournalist documenting the vastness of the Amazonian nature, Renato explores the latent pictoriality of these landsca pes of immensity in his repertoire of images. His gaze and, of course, his photography are inescapably pictorial. While still a student of the Visual Arts course at Unama, during the exercises in the Painting Atelier discipline, under the mediation of this teacher who writes to you, Renato took some of his printed photographs and used them as support/canvas for his pictorial ex periments in acrylic ink. The photographic image in its spectral condition would then generously accept the pictorial material, resulting in a painting over the image that is then photographed again to be printed once more and, finally, receive another coat of paint. In this continuous process of interactions, the work

nists, would feel free from the shackles of academic canons to make painting a broad field of experimentation with light and color, opening space for modern art. Since then, throughout the 20th century, the interfaces between painting and photography have proved to be a fruitful field of research in the work of many artists such as Edward Hopper, Francis Bacon, Gerhard Richter, and Anselm Kiefer, to name a few.

becomes a hybrid in which the borders become fluid and the distinctions of technique/language between photography and painting dissolve. Renato Chalu takes up Turner's lessons to make the Amazon landscape a sensorial territory, employing rain as a protagonist and, simultaneously, as the fluid/enjoying agent dissolving the image/painting, as in the triptych “Before and after the storm.” Further on, another important reference appears amidst the photopictorial image blurred by the rain: Goeldi's engraving blends into the process, adding new paths to the work. From the paths of his gaze between Bragan ça and Ajuruteua emerge the blues of the dreamlike “Palafita no céu,” beautifully and poetically named by journalist Ronaldo Brasiliense. From another place, a pictorial Algodoal with “O Pescador de sonhos” and the course of a river can be glimpsed in a perspective that takes the gaze far away. Subtly demarcating this series of fluid sights is a timeline that indelibly crosses these scenarios: the feeling that we no longer, perhaps never again, find ourselves in a fixed, immobile space of the representation of a place. But rather a non-place, a transitory space, today so typical of our postmodern condition, enunciated by the fluidity of a photo-painting that evokes, reflected under the gaze of a fish, the nostalgia of a landscape forever lost.

JORGE EIRÓ 2022

The concept of fluidity permeates the contemporaneity as the zeitgeist of our era. From the beginning of the 19th century to the present day, we experience the extraordinary adventure of modernity, whose condition, according to Karl Marx, expresses the feeling of living in a time when “everything solid melts into air.” More recently, Zygmunt Bauman would update this percep tion by stating that we live in a second modernity period, that our current state is liquid, in which everything has already been dismantled; thus, we live in a concept of liquid modernity and, therefore, fluid. Under this temporal arc of the last two hundred years, art would not pass unscathed to a rapid dismantling of worlds provoked by the overwhelming process of “creative des truction and destructive creation” that, according to Nietzsche, would characterize modernity. Moved by this process, art would become equally modern. To illustrate this transition, we resort to the magnificent (fluid) sights of the British William Turner as a precursor of modern art, especially his masterful canvas “Rain, steam and speed,” in which a high-speed locomotive “dis mantles” in a storm.

Turner sought in his creations not only the accurate record of a particular scenario but, above all, a sensory experience through painting. In turn, the emergence of photography in the first half of the 19th century would precipitate this process as it gradually began to compete with painting as a means of visually repre senting reality. Given this, painters, notably after the Impressio

THE FLUID SIGHTS OF RENATO CHALU Dialogues between Photography and Painting

Paisagem Fluida 20x40cmFotografia

Paisagem Fluida 20x40cmFotografia

O Pescador de Sonhos 50x90cmFotografia Algodoal 40x90cmFotografiaPictórica

Antes e Depois da Tempestade 40x90cmFotografiaTríptico

1 48x90cmFotografia

2 39x90Fotografiacm

Azul de Ajuruteua

Azul de Ajuruteua

Azul de Ajuruteua 3 39x90Fotografiacm Palafita no Céu 53x90cmFotografia

Série HorizontaisVerticaisFotografia|Pintura|XilogravuraTécnicaChuvamista50x67cm60x90cm

Sem 60x90cmPintura|FotografiaTécnicatítuloMista

Peixe 1 Técnica 44x90cmPintura|FotografiaMista

Amarelo

Peixe 3 Técnica 44x90cmPintura|FotografiaMista

Peixe 2 28x90cmFotografia

Amarelo

Amarelo

Série 50x1,20cmPintura|FotografiaTécnicaVer-o-PesoMista

Renato Chalu is a visual artist, musician, and di rector of photography. As a photojournalist, he worked for a decade at the newspaper O Liberal, where he won the “Tim Lopes” national award, with special reports on the series “Child prostitution on the northern border of Brazil.” As a visual artist, he won three awards from the Arte Pará salon, the 2nd Grand Prize of Arte Pará in 2010, in addition to being selected for the III Award - Contemporary Photo graphy Diary 2012, contemplated in the Arte Como Respiro 2020 public notice.

Acknowledgements

Renato Chalu é artista visual, músico e diretor de fotografia. Como fotojornalista, trabalhou uma década no Jornal O Liberal, no qual ganhou o prêmio nacional “Tim Lopes” com reportagens especiais da série “Prostituição infantil na fronteira norte do Brasil”. Como artista visual, ganhou três prêmios do salão Arte Pará, venceu o 2º Grande Prêmio do Arte Pará em 2010, selecionado no III PrêmioDiário Contemporâneo de Fotografia 2012, contemplado no edital ArteComo Respiro 2020.

Ao professor Jorge Eiró

A toda nossa equipe

To my grandparents (in memory)

Aos meus filhos João Pedro, Henrique e Renatinho Chalu

To all my family and friends

To Professor Jorge Eiró

A toda minha família e amigos

To all our team

Às pessoas que, de alguma forma, contribuíram para a realização deste projeto: Germana Chalu, Ana Clara Chalu, Márcia Chalu, vovô Renato Chalu, Rosângela Maiorana, Lise Lobato, Dilma Martins.

Agradecimentos

To my children João Pedro, Henrique and Renatinho Chalu

Aos meus avós (em memória)

@renato_chalu

To the people who, in some way, contributed to the realization of this project: Germana Chalu, Ana Clara Chalu, Márcia Chalu, grandpa Renato Chalu, Rosângela Maiorana, Lise Lobato, Dilma Martins.

Comunicação Digital | Isabella Moraes

Tiragem |300 exemplares

Graphic Producer | Rodrigo Cantalício

Curador | Jorge Eiró

CATÁLOGO PAISAGENS FLUIDAS

AVisual Artist | Renato Chalu

Copies | 300

Monitoring | Arielle Galhardo | Gabriel Galate

Realização |Banco da Amazônia Produção | Jambu Filmes

Produção | Luciana Martins

CATALOGUE “FLUID SIGHTS

Curadoria | Jorge Eiró Montagem | Marcelo Lobato

Montage | Marcelo Lobato

Curator | Jorge Eiró

FLUID SIGHTS EXHIBITION

EXPOSIÇÃO PAISAGENS FLUIDAS

Producer | Luciana Martins Printing | Miriti Gráfica

Visual Artist | Renato Chalu

Produção Executiva | Luciana Martins

Sponsoring | Banco da Amazônia Production | Jambu Filmes

FICHA TÉCNICA

Artista Visual | Renato Chalu

Produção Gráfica | Rodrigo Cantalício

Artista Visual | Renato Chalu

Monitoria | Arielle Galhardo| Gabriel Galate

Graphic Design | Rodrigo Cantalício

Curatorship | Jorge Eiró

Digital Communication| Isabella Moraes

Designer Gráfico | Rodrigo Cantalício

Executive Producer | Luciana Martins

TECHNICAL SHEET

Impressão | Miriti Gráfica

Patrocínio Apoio

Belém- Pará 2022

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