Jornal Laboratório - Edição 02 - Faculdade Sul Brasil - Fasul - Distribuição Gratuita - Maio/Junho de 2015.
Leitura: Uma construção positiva Foto: Jean Michel Laureth
A leitura traz diversos benefícios para aqueles que desejam ou estão cursando o Ensino Superior. Os livros, revistas, jornais são fontes de pesquisas e de coleta de informações que agrupadas e bem articuladas ajudam na formação da opinião do leitor. Seus resultados vão além da recepção de conhecimento. A leitura enriquece o vocabulário, aperfeiçoa a escrita, desenvolve a concentração e promove o pensamento crítico. Página 9
CULTURA, VOCÊ QUER? MAIS ESPORTE A cultura do município de Toledo tem sido muito comentada ultimamente. Uma pesquisa realizada pela equipe do Jornal Livre Expressão revelou, de forma qualitativa e quantitativa, que o fornecimento na cidade agrada a maioria dos cidadãos. De todos os requisitos, apenas um atingiu pontuaçõs de forma negativa. A pesquisa foi realizada por meio de um formulário on-line. Página 4 e 5
Município amplia estrutura para a prática de esporte e conta com profissionais gabaritados por meio do curso de Educação Física ofertado pela Universidade Paranaense além disso firma parcerias com a Secretaria de Esporte que desenvolve projetos de inclusão dos moradores na pratica de atividade esportivas.
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CUIDE-SE
Ao contrário do que muitos pensam, o Método de Ovulação Billings (MOB) é um fórmula natural de planejamento familiar e difere dos métodos contraceptivos. A contracepção é totalmente dirigida para a prevenção da gravidez. O MOB por sua vez, estabelece a opção do casal escolher entre praticar ou não ato conjugal durante a fase fértil.
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(IN)SEGURANÇA
O medo está nas ruas. O problema é quando o medo deixa de ser medo e passa a ser um trauma. Como a mente do ser humano opera em momentos de grande tensão, como sequestros ou assaltos à mão armada? O psicólogo Alfredo Bischoff explica todos os estágios que uma vítima atravessa em um único momento: o crime.
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02 EDITORIAL
Opinião
Após sua primeira edição, o jornal laboratório Livre Expressão está de volta, com uma roupagem nova, mas com o mesmo objetivo: levar conteúdo diversificado e de qualidade para uma geração híbrida que está em constante mudança. O periódico elaborado por meio dos estudantes do curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo da Faculdade Sul Brasil (Fasul) tem seus princípios regidos pelo código de ética nacional dos jornalistas, no qual diz que as pessoas e os indivíduos têm o direito de adquirir um quadro objetivo da realidade por meio de informação precisa e compreensiva como também de se expressar livremente pelas mídias. O noticiário bimestral organizado em seis editorias traz publicações escritas por acadêmicos voltadas para o público discente e comunidade em geral. Na editoria opinião, encontramos mediadores tecendo suas opiniões e articulando teorias sobre o mundo da comunicação, como ela tem interferido no mundo atual, seu papel e principalmente como alcançar um publico cada vez mais diversificado dos receptores. Uma das melhores maneiras de expressar essa miscigenação de culturas é a própria cultura. Com este intuito, o Jornal garimpa talentos de alternadas áreas, demonstrando que por trás de cada arte, CHARGE
Geração Online
Maio/Junho de 2015 Texto: Douglas Alves
seja ela falada, escrita, visual ou auditiva existem histórias, hábitos, valores simbólicos e reais que agregam para a socialização do indivíduo. Voltamo-nos também para um dos instrumentos que mais identifica o ser humano, seu próprio corpo, uma ferramenta poderosa de cultura. Este instrumento precisa de cuidados, por isso enfatizamos temas que interferem diretamente e outros que interferem indiretamente na saúde das pessoas. Uma boa dica para a saúde é movimentar-se, criar hábitos saudáveis e nesse intuito focamos em exemplos e dicas a serem seguidas, como no mundo esportivo, que só trazem benefícios ao corpo e para a mente, aliás, uma das melhores maneiras de exercitar a mente é com conhecimento ao qual nos direciona para o crescimento, este conhecimento não passa despercebido neste jornal, com a editoria educação, e para finalizar nosso conteúdo contamos uma editoria que se dedica a dar uma visão social diferente à uma ação social que faz parte do nosso cotidiano, a segurança, sobretudo a nossa grande meta nesta segunda edição é trabalhar com o gênero reportagem, porquê acreditamos que a busca da verdade depende da boa reportagem. Desejamos uma ótima leitura e uma boa reflexão.
LEITOR ESCREVE
O mimimi de final de semestre, quem merece? Quem pensa que o professor está aguardando este período para se sobressair sobre os alunos, mostrando que o conteúdo ministrado realmente é para acabar com a vida do aluno, está redondamente enganado. A angústia e a preocupação sobre se realmente os alunos entenderam o conteúdo, se eles aprenderam e se eles conseguem aplicar é um dos pontos que mais se destaca no universo caótico da mente do professor. Provas, trabalhos, exames, descontentamento, felicidade, raiva, alegria, entre outros, são sentimentos que afloram quando esta época do semestre se aproxima. E eu ainda estou falando dos professores! Quantas vezes as provas enchem as mesas, caixas e mais caixas de trabalhos, alunos chamando em redes sociais, pedindo nota, ao invés de esclarecer conhecimento. Que atire a primeira pedra quem nunca se preocupou com nota. A avaliação serve para mensurar, de uma maneira questionável, o quanto o aluno sabe. Não deve ser um fim, mas um meio de se saber o quanto tem aprendido e como aplica este conhecimento. Isso é um pouco frustrante mesmo. É época de choro e de lágrimas, o professor passa a ser responsável pelo meio ponto que colocou o aluno naquela situação, ou pela única falta que reprovou o acadêmico. Como se fôssemos juízes irredutíveis de causas perdidas. Quem nos colocou nesta situação? E o empenho? E a responsabilidade de vir às aulas e esclarecer as dúvidas durantes as aulas? E as horas de sono em sala (a gente entende quem trabalha em horários alternativos, mas tem quem esteja sempre dormindo)? E os trabalhos feitos de última hora? Alguém acha que um professor quer um resumo de um livro por bonito? Não, o objetivo
Texto: Leonardo Pereira Menezes
é que o acadêmico saiba buscar informações, que o aluno cresça a aprenda a discutir sobre determinado tema de forma consciente. É que haja um debate e que a turma produza com excelência. Interpretando o conteúdo para o professor? Não, interpretando para a vida. Mas o que dizer? A educação é um processo, somos parte de um todo. E as influências determinam nossas respostas. Somos fruto de um meio pernicioso que não quer que pessoas críticas saiam das graduações, não precisa interpretar, vai do jeito mais fácil mesmo. Eu quero saber da nota, não quero ter conhecimento. Trabalho? Faço de fachada enquanto me preocupo com quem está no bar da esquina, ou como faço para pegar o número de fulan@. Penso que os filmes americanos da “Sessão da Tarde” influenciam ainda muitos alunos no sentido de entender que a graduação é apenas um momento da vida e não sua formação profissional. Que profissionais estão saindo daqui? Que profissionais alguns acadêmicos desejam ser? Todos entram na graduação pensando na glória da profissão, pensando no status e até mesmo no salário que poderá conseguir, mas somente os melhores atingirão o nível tão sonhado. Os demais estarão na média (medíocres), esperando ordens de quem estudou mais, ou mudando de ares, pois o mercado é muito duro (ironia). Preparamos todos para um mercado competitivo, mas quem está a fim mesmo, está se preparando, e eles provavelmente não terão competidores entre os que buscam o mais fácil. Leonardo é graduado em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo (UNIVEL - 2011). Especialista em assessoria de Comunicação e Marketing (FAG - 2013) e em Políticas Públicas (IFPR - 2013).
Expediente
Jornal laboratório produzido pelos estudantes do curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo do 5º período sob supervisão da professora Rosselane Giordani, da Faculdade Sul Brasil (Fasul).
Coordenação: Lougan Manzke. Tiragem: 500 Exemplares.
Os artigos assinados não refletem necessáriamente a opinião desse jornal.
Garimpo Cultural
Maio/Junho de 2015
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MÚSICA
Mercado musical com novos desafios e oportunidades Um setor em expansão que oferece oportunidades, mas também carece de compreensão O mercado musical brasileiro passa por período de expansão, principalmente na área de shows e quem pega carona são as bandas independentes. Um segmento que movimentou R$ 357 milhões em 2013 e projeta um crescimento de 39% até 2018. O cenário de shows e eventos internacionais de grande porte é o carro chefe, mas também é o momento de oportunidades para as bandas menores. Mas os grandes atores que levam adiante o trabalho são os veículos de comunicação e os empresários. O jornalista, mestre em história e apresentador do programa de rádio Garagem 95, Cristiano Viteck, descreve a profissão de músico como um desafio para o profissional, principalmente para o rock. “Todo mundo sabe que no Brasil o rock é um estilo musical que tem baixíssimo apelo popular, em comparação com outros estilos musicais”, explicou. Ele ainda ressaltou que as dificuldades não são apenas para os músicos, o programa Garagem 95 já está no ar há mais de onze anos e precisou quebrar o preconceito dentro da própria rádio com relação ao rock. “Hoje acho que já existe uma compreensão maior sobre a importância de ter um programa como Garagem 95, com qualidade musical que tem, e com o respeito que recebe de músicos de dentro e fora do Paraná”, destacou. Dificuldades de mercado também apontadas pelo músico Claudio Vipych, da banda Bacon Bomb and the Magic Spices, que descreve com um segmento com poucas oportunidades. Mas em sentido oposto está a relação com os empresários e público, que segundo ele, é muito boa. “Um pouco dessa relação boa vem, é claro, do público, que sempre nos recebeu muito bem em todas as casas em que nos apresentamos. Metade da noite, da festa, da alegria e do som, quem faz é o público. A gente só está lá trabalhando e tentando garantindo a bagunça”, relatou. Claudio acrescenta que uns dos desafios para as bandas de rock é o tempo, uma vez que grande
maioria dos músicos não sobrevive com o dinheiro doa shows e precisa conciliar outras profissões. PORTAS ABERTAS Cristiano ressalta que o programa tem as portas abertas para os músicos da região ligados ao rock, um local onde eles podem mostrar o seu trabalho. “Acho que é um estímulo muito grande para o artista poder ouvir a própria música ser executada no rádio, sem jabá e com todo o respeito e atenção que os músicos merecem”, ressaltou. Esse mesmo espírito de contribuir para os artistas locais é apresentado pelo empresário Alexandre Scherer, ele é sócio proprietário de um bar conceitual que também abre as portas para shows. “Tem muita gente boa, muito músico bom e de qualidade que não tem tanta oportunidade, o pessoal compra a ideia por ser de fora e não valoriza quando é local, temos bandas da nossa região que são muito boas”, relatou.
ça, no seu computador ou celular. O lado ruim disso é que existe um excesso de músicas à disposição das pessoas, que não têm mais tempo de ouvir com atenção um trabalho artístico. O disco novo de hoje já é velho amanhã, literalmente”, concluiu. O empresário Alexandre também observa apreço o envolvimento digital. “Internet ajuda, por exemplo, quando uma banda vai tocar no Bunker, o pessoal fica curioso, pesquisa e gosta, então vem para ver ao vivo. Eu acho que ajuda se bem utilizado, é uma ferramenta que auxilia”, apontou. Foto: Jean Michel Laureth
Texto: Jean Michel Laureth
O mesmo pensamento do empresário e do radialista, e recebe um “like” do músico Claudio, para ele a principal arma das redes sociais é a divulgação massiva, tanto de shows quanto das atividades em que a banda acaba desenvolvendo extra palco, além das inúmeras ferramentas online. “Hoje em dia, nas redes sociais todos tem filtros de assuntos relacionados ao que te interessa. Hoje você pode ter Bacon Bomb no computador, tablet ou celular. É o caso da banda O Terno, com um trabalho bem elaborado, que acertaram na fórmula com mídias sociais, youtube, soundcloud entre outros. É o caminho que a Bacon Bomb e não só ela, mas também outras bandas de Toledo e região estão tentando trilhar”, explicou ao falar do lançamento do primeiro EP da banda, o que deve acontecer em breve. Esse caminho de interatividade não é mais apenas uma opção, trata-se de uma ferramenta de sobrevivência e disseminação, nada melhor para concluir, do que as palavras do músico Claudio, “sorte para todos nós”.
MÍDIA DIGITAL Alexandre Scherer investiu em um estabelecimento com proposta diferenciada, com um ambiente onde não faltaram elogios para a acústica, confirmou ele.
As mídias digitais ganham espaço no mercado musical e são responsáveis pela alteração na forma de consumo da música. Nos últimos anos os serviços de streaming, um formato de distribuição de informação multimídia que dispensa o armazenamento de arquivos, alavancaram esse segmento. O modelo foi assimilado pelo mercado da música e diversos serviços do gênero surgiram, produto de grandes empresas. A mudança da plataforma da música, do disco físico para o formato digital, tem seu lado positivo e negativo, destaca o apresentador Cristiano. “Positivo é que qualquer um pode ter acesso fácil a qualquer música gravada, com rapidez. Hoje basta uma busca rápida na internet para ter o “disco”, de gra-
Foto: Bacon Bomb
Imagens: Garagem 95
O Programa Garagem 95 lança mão dos elementos gráficos para divulgar o trabalho nas redes sociais, criatividade é o elemento.
A banda Bacon Bomb and the Magic Spices usa as redes sociais para levar a agenda e apresentar a banda ao público, as atualizações são periódicas e também usam de simbolismo para evidenciar a marca.
Garimpo Cultural
A A u r l t u C C
Texto: Rodrigo Mateus Hansen
! o r e u q u e , á p
omo c e o d m Tole izado foi e a r u t l u a cu método util o i l a v a essão usuários. O r p x E e do os al Livr O Jorn ulgada, segun v sicionamento em relação à Cultura, meios pelos ela é di stragem. quais tem acesso à Cultura, qualidade das polítio cas de Cultura com objetivo de saber se a cultura o de am
Se
da busca pela cultura está na cultura do toledano.
A gíria “se pá, eu quero” tornou-se muito utilizada nos dias atuais pelos jovens e traz consigo muita significação. O novo vocábulo utilizado significa “talvez eu quero”, em uma entrevista, o surgimento da gíria apontou para o questionamento: será que as pessoas procuram por cultura? De geração para geração, cultura é classificada como o complexo que inclui o conhecimento, a arte, a moral, as crenças, hábitos e costumes de uma população. A cultura de cada indivíduo está estampada nele mesmo. Todos a possuem e a maioria demostra traços em sua personalidade. No município de Toledo, a difusão das políticas de cultura acontece de forma descentralizada e é de extrema importância ser enfático na questão de que é difundida e amplamente divulgada. O que se questiona é: Será que as pessoas procuram pela cultura ou é só a cultura que procura as pessoas? O Jornal Livre Expressão realizou uma pesquisa utilizando dados de amostragem e perguntou a 52 pessoas do município qual era o seu po-
SECRETARIA DE CULTURA O município de Toledo é conhecido na região como um dos municípios que mais se produz cultura, visualizando do ponto de vista das manifestações artístico-culturais, as questões de políticas para cultura voltadas a eventos, fomento, formação dos artistas, equipamentos e espaços públicos para formação de artistas são amplamente difundidas. Segundo a Secretária de Cultura, Rosselane Giordani, a estimativa é de que, aproximadamente, 100 mil pessoas por mês sejam beneficiadas com as políticas culturais e eventos que o município oferece. “O público da 5ª edição da Virada Cultural foi estimado em aproximadamente 30 mil pessoas. De forma descentralizada, o evento foi dividido em cinco palcos diferentes incluindo o Teatro Municipal e Biblioteca Pública”, explica. Com a soma de pessoas que frequentam os eventos culturais, a secretaria atinge o público em um âmbito regional. “A Secretaria de Cultura
divulga suas ações pelo site oficial do município por meio de textos jornalísticos e enviados para os mais diversos veículos – Jornais, TVs, Emissoras de Rádio, Sites – Utilizados pelas mais diversas mídias, cada veículo tem a sua autonomia para o que será publicado em cada veículo com base na agenda cultural. A agenda Cultural organizada e distribuída pelo município conta com aproximadamente 15 eventos por mês”, classifica. Nos últimos dois anos, a secretaria investiu nas redes sociais como o Facebook. “Recentemente, criamos fanpages para o Teatro, para o Museu e uma da Secretaria de Cultura. Esses três equipamentos estão funcionando de forma sintonizada com a fan page oficial do município, com aproximadamente 24 mil seguidores recebendo as informações diariamente”, conclui a secretária. Além das redes sociais, a secretaria ainda trabalha com o sistema de envio de e-mails que envia, a cada novo mês a agenda cultural via News Letter. O investimento na divulgação ainda conta com a impressão mensal, cartazes e panfletos são distribuídos de acordo com o investimento que está disponível de acordo com o orçamento da secretaria. ESPAÇOS FÍSICOS O município possui o primeiro Centro de Artes e Esportes Unificados (CEU) do Brasil, inaugurado e o espaço foi especificamente criado para atender crianças, jovens e adolescentes que se encontram em situação de risco e vulnerabilidade social. Os jovens são atendidos na área esportiva, na área cultura e de assistência social. No CEU, mais de 500 crianças são atendidas por mês. As opções de cultura podem ser as mais diversas. O Teatro Municipal foi inaugurado em 26 de novembro de 1999, e é considerado o terceiro maior teatro do Paraná, com 1.022 poltronas distribuídas em dois andares – superior com 777 poltronas e inferior com 245. A Casa da Cultura foi a primeira criada no Paraná por meio da Lei Municipal nº. 732, em 4 de dezembro 1976, e são oferecidos mais de 15 cursos e atendem mais de 800 jovens e crianças. Totalizando, as políticas de cultura descentralizada atendem mais de duas mil crianças. O museu histórico Willy Barth, criado na década de 70, faz a preservação do patrimônio histórico, memorial conservando as raízes histórias de muitos anos. Segundo o estudante José Carlos Trento, a cultura do município recebe a devida atenção. “Comparando com a cultura do município onde eu morava, em Toledo, os eventos são organizados e a agenda cultural é muito rica e a divulgação, em minha opinião é uma das melhores, na maioria dos eventos que participo, a casa está cheia”, explica o estudante.
Foto: Arquivo Pessoal.
VOCÊ QUER?
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José Carlos Trento atualmente mora em Toledo e classifica a cultura como excelente. PESQUISA O sistema de amostragem utilizado para coletar dados recolheu 52 respostas durante o período de uma semana por meio de um formulário on-line disponível e compartilhado em diversas redes sociais. Perguntas como idade, sexo, opiniões sobre divulgação de eventos pelo município, teatro municipal, casa da cultura, musicais, livros e filmes foram abordadas no questionário. Dentre as pessoas que responderam o questionário on-line, a pergunta referente à idade mostrou que 18 pessoas (34,6%) possuem entre 15 e 25, outras 18 pessoas responderam que tem entre 20 e
Além de Secretária da Cultura, Rosselane Giordani é Secretária de Comunicação.
Foto: Facebook Toledo PR
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Garimpo Cultural Você acha que a divulgação da Cultura recebe a devida atenção no município?
A questão sobre a divulgação dos eventos culturais e se essa divulgação era feita de forma efetiva obteve, das 52 respostas, 30 pessoas (57,7%) classificam que não é suficientemente divulgada e 22 pessoas (42,3%) responderam positivamente.
Você acha que o município de Toledo oferece Cultura de qualidade aos cidadãos?
Uma das perguntas do questionário abordava sobre a qualidade da cultura em Toledo, do total de 52 respostas, 40 pessoas (76,9%) responderam que a cultura, de forma positiva conta 12 respostas (23,1%) de forma negativa.
NÃO 57,7%
NÃO 23,1%
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DANÇA DO VENTRE
A contagiosa Dança Árabe Provavelmente você conhece a dança do ventre, ou belly dance, como sensual e feita especialmente para agradar os homens, mas a realidade não é bem assim. A dançarina Kathleen Hartkopf e a professora de dança Yael Amani - integrantes do grupo de dança oriental Khalidah -, explicam que, ao contrário do que acreditamos, a dança é muito mais para a mulher do que para o homem. A dançarina explica que a dança do ventre, hoje mais presente na cultura árabe, tem a origem controversa. Por possuir elementos sensuais como ondulações abdominais, muitos acreditam que a dança tem o objetivo apenas de sensualizar, mas na realidade, a dança surgiu com o intuito de ensinar as mulheres os movimentos das contrações do parto, em locais onde as mulheres se reuniam e dançavam entre si. Para ela, a dança do ventre é vulgarizada no Brasil porque as pessoas não procuram informações a respeito. “Não se dão ao trabalho de se informarem sobre o assunto e, por isso, julgam erroneamente a atividade em questão”, lamentou. Porém, ela ressalta que a dança é muito procurada. “Tirando a parcela da população que julga errado, a maioria das pessoas tem muita admiração pela cultura ára-
Texto: Susy Fontenele
be, o que leva a se interessarem pela dança”, explica. Ela conta que se interessou por gostar da cultura árabe e porque, em sua opinião, é uma dança bonita e alegre. “Dançamos com roupas próprias e coloridas, mas quando usamos o véu em algumas apresentações, a dança fica mais bonita e colorida ainda”, enfatiza. Já a professora Yael, conta que o interesse surgiu com o intuito de cuidar da saúde física e mental. “Com o tempo, surgiu a vontade em estudar esta arte que me trouxe tantos benefícios”, relatou ao acrescentar sobre a motivação para começar a dar aulas e criar o próprio estilo dentro da dança. Hoje em dia, existem alguns homens que praticam a dança do ventre, mas segundo Yael, os homens nunca procuram, principalmente por preconceito. “A dança do ventre é específica para o corpo da mulher, mas qualquer um pode dançar, incluindo homens,” acrescentou. A professora finaliza incentivando todas as mulheres a participarem da dança. “Seria interessante se todas as mulheres fizessem e conhecessem esta arte, para cuidar da saúde mental e física, levando aos seus lares, pois a mulher que está bem com ela mesma passa a se tornar melhor parceira, mãe, esposa e amiga”, conclui Yael. Foto: Reprodução.
SIM 42,3% 25 anos (34,6%). As demais respostas abrangeram as idades entre 25 e 30 anos (15,4%), 30 e 35 anos (7,7%), 35 e 40 anos (3,8%) e 45 e 50 anos (3,8%). A maioria que respondeu à pesquisa pertencia ao sexo masculino, com 51,9% das repostas. As mulheres conquistaram 48,1% da pesquisa. Quando questionados sobre o conhecimento da existência da Casa da Cultura, a maioria das respostas foi positiva (88,5%). Ainda no mesmo sentido, a questão sobre o conhecimento dos cursos oferecidos pela casa da cultura obteve quesito positivo (63,5%). No decorrer da pesquisa, o questionado pôde opinar se tem acesso à agenda cultural impressa e distribuída pela secretaria e de acordo com a pesquisa, 39 pessoas (75%) acham o método eficaz. Anda seguindo a mesma linha, a questão sobre a programação do teatro municipal também recebeu quesito positivo (61,5%). Os veículos de divulgação utilizados pela cultura também foram tema de uma questão. Com 33 respostas (63,5%), o Facebook foi o líder. As opções abrangiam
SIM 76,9% a agenda impressa distribuída pela prefeitura (9,6%), a News Leter enviada por e-mail (7,7%), divulgação em sites na internet (5,8%), divulgação por amigos (3,8%), cartazes (3,8%), TV (1,9%), outras opções (3,8%). Na questão referente à quantas peças teatrais cada pessoa assiste mensalmente, da quantidade total de respostas, 32 pessoas assistem um espetáculo por mês (61,5%), 8 pessoas prestigiam duas vezes por mês (15,4%), uma pessoa respondeu que assiste 3 e outra 5 apresentações por mês (1,9% cada) e nenhuma assistiu a quatro espetáculos ou mais de cinco. O resultado de pessoas que não assistiram a nenhuma apresentação foi de 10 pessoas (19,2%). As pessoas convidadas a responder tinham a opção de dar uma nota à Cultura em Toledo. O resultado da pesquisa foi positivo. Do número total de respostas, 10 pessoas classificaram com notas de 0 a 5 (19,1%) e 42 pessoas elencaram notas de 6 à 10 (80,8%) mostrando que sim, a cultura é de qualidade, segundo a maioria das respostas da pesquisa.
A dança do ventre é dividida entre moderna, clássica e tradicional
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Garimpo Cultural
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AMIGOS DO SORRISO
Levando alegria a quem mais precisa Com o objetivo de despertar a solidariedade e o bem estar social por meio da cultura, surgiu o Grupo Amigos do Sorriso, de Marechal Cândido Rondon. Voluntários com muito esforço dedicam o seu tempo a levar alegria e descontração para as pessoas hospitalizadas e moradores de asilos. De acordo com a participante Nice Tischer, o grupo surgiu a partir de uma conversa com um amigo de outra cidade que faz um trabalho semelhante. O desejo de sentir-se útil fazendo o bem à alguém - essa foi a inspiração para a criação do grupo. “O mundo está carente, muitas doenças são psicossomáticas, ajudamos nesses casos, mas também com certeza é muito gratificante”, relata. Segundo Nice, o grupo não é apoiado diretamente por instituições, porém há voluntários com vida ativa em grupos religiosos e que esse fator ajuda na hora de levar uma palavra de conforto, ou uma oração. “Vamos fazer visitas em hospitais, asilos e casa lar. Estamos ganhando convites na região também pra ir às casas de apoio. Nas visitas, nós fazemos um rodízio, entramos em contato e marcamos o melhor horário de acordo com o local”, explica. Durante as visitas o grupo procura interagir por meio da cultura com as pessoas do local visitado. “Nós chegamos fazendo uma brincadeira, interagindo e conversando e principalmente ouvindo o que eles têm a falar. Apresentamos o grupo e entregamos sempre alguma lembrancinha, por
Texto: Gisela Cristina Stern
exemplo, na Páscoa entregamos algo simbolizando a data. As pessoas que permitem tiramos uma foto com eles a qual é postada somente na página do grupo”, revela Nice. De acordo com Nice é muito gratificante participar do grupo por saber que por meio da Cultura é possível levar alegria a quem mais precisa. “É maravilhoso e gratificante, porque a cada visita aprendemos muito, sem contar o quanto nos forta-
As integrantes do grupo: Helena Endler, Claudete Lagemann e Micheli Mombach.
A felicidade em ajudar é o que motiva o grupo a manter as suas atividades Culturais.
Fotos: Arquivo Pessoal
Grupo Amigos do Sorriso levando muita alegria e música para o Lar das Rosas Unidas. Legenda lece quando vemos no rostinho no olhar das pessoas e elas pedindo para ficar mais um pouco, não tem explicação” ressalta. A voluntária Claudete Lagemann conta que foi convidada pelo grupo porque ela se identificava com a proposta do trabalho de fazer o bem para o próximo. “O sentimento é o melhor, porque você se prepara para levar um sorriso, alegria para pessoas doentes, vovozinhos que precisam demais disso, para mim é gratificante e isso me deixa cada dia mais motivada e feliz”, enaltece. Segundo Nice, todos que sentem vontade de participar desse trabalho cultural serão muito bem vindos. “Muitas pessoas estão curtindo as fotos da nossa página, doando doces e materiais, nós só temos a agradecer, quem tiver o interesse em ajudar pode entrar em contato pela página do grupo Amigos do Sorriso MCR. Para ser um voluntário, é preciso que alguém do grupo indique e seja o responsável pela pessoa. Doações são livres, quem quiser ajudar sempre precisamos de maquiagens, tecidos, EVA, linhas, elásticos e botões” explica. Nice relata o desejo do projeto Amigos do Sorriso de Marechal Cândido Rondon crescer e perdurar por muito tempo. “O que nos mantém é a felicidade em poder ajudar, o nosso grupo é uma bênção de Deus e todos os que participam e são parceiros sabem que a gente se ama e que temos uma facilidade enorme de se entender. Desejo que Deus nos mantém firmes porque com certeza esse projeto deu certo e faremos o que for de nos- Dedicar o tempo para cuidar das pessoas que so alcance” finaliza. necessitam é o principal objetivo.
Educação em Foco
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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
O trabalho mais temido pelos universitários Em muitas instituições, o trabalho de conclusão de curso (TCC) é encarado como um critério de avaliação do aluno e a cada final de curso, os estudantes fazem um trabalho aplicando-o um tema de seu interesse, identificando o que aprenderam durante seu tempo de curso, seja um TCC, uma monografia, dissertações, relatórios, trabalhos científicos entre outros. O aluno também pode apresentar uma marca ou um problema e deverá defendê – lo. Esses trabalhos finais suscitam que o estudante empregue os saberes assimilados ao longo de seu curso e aponte uma contribuição efetiva no avanço científico e tecnológico referente ao curso e a carreira que escolheu. O estudante tem a opção de escolher o assunto que ele mais tem facilidade de desenvolver e também contará com a orientação de um professor de sua escolha, de qual linha de pesquisa ajudará na elaboração do trabalho. Segundo o professor e orientador da Faculdade Sul Brasil (Fasul), Leandro Crestani, para ter um ótimo trabalho de conclusão de curso, o aluno precisa escolher um bom assunto teórico na área do seu curso, disponibilizar seu tempo para escrever, aceitar as dicas do orientador e o principal – o acadêmico tem que gostar do tema escolhido e também expor suas ideias para o orientador. O professor orientador deve sugerir, propor, avaliar e acompanhar a elaboração da proposta do projeto, bem como as etapas de seu desenvolvimento para que atendam aos critérios da pesquisa científica e zele pela correção da língua portuguesa, desde a elaboração do projeto até a apresentação e a defesa do trabalho de conclusão de curso. Conforme está no regulamento geral dos trabalhos de conclusão da Fasul, os critérios de avaliação serão explicitados nos manuais, atendendo as especificidades de cada curso e o Regimento da Instituição. O resultado obtido será comunicado verbalmente quando o acadêmico assinar a ata, logo após a definição da banca. O resultado será lançado no Sistema de Gestão Acadêmica pelo coordenador de TCC. Os Trabalhos de Conclusão de Curso deverão ser encaminhados para o aplicativo “Publicações ONLINE”, da Fasul, conforme critérios previstos para a publicação. Em caso de reprovação, o aluno não poderá obter o diploma e a possibilidade de reapresentação do trabalho fica a critério de cada colegiado, respeitando as características do TCC, explicitadas no manual de orientação do curso. O desenvolvimento do projeto de pesquisa que precede o trabalho de conclusão de curso traz a tona, buscas bibliográficas que irão fundamentar com base em escritores relevantes, o que o tema proposto pode acrescentar. Todo trabalho de conclusão de curso precisa trazer alguma inovação ou uma abordagem sob um novo aspecto com relação ao conhecimento que está posto. O professor da Fasul, Leonardo Pereira Menezes formado em Comunicação
Social, habilitado em Jornalismo explica que o TCC é de extrema importância, uma vez, que ele comprova a capacidade de desenvolvimento intelectual do acadêmico que está em condições de entrar em um mercado de trabalho cada vez mais competitivo. “Este debate entre acadêmico e pensadores carrega em seu bojo um leque de possibilidades que aliam teoria e prática para o mundo profissional. sendo imprescindível a discussão e os enfrentamentos de ideias na construção do saber”, salienta Leonardo. O professor argumenta ainda que enquanto ferramenta de formação o TCC posiciona o acadêmico na teoria e tecnicamente em consonância com o que se reproduz no mercado de trabalho. “Na teoria é fundamentado para explicar o porquê as coisas são e como são, já tecnicamente para explicitar de que forma os processos se dão. Se não houver esta conjunção, não há sentido em se produzir um trabalho de conclusão de curso em que o acadêmico não entenda de onde saiu nem como faz para se chegar ao objetivo da pesquisa”, diz.
“
A dificuldade está no posicionamento do próprio acadêmico em enfrentar o TCC não como um obstáculo e sim como uma possibilidade de crescimento, para aprendizado no mercado de trabalho fora da instituição.
DIFICULDADES
Texto: Claudinéia Carletto
são da melhor maneira possível. Infelizmente ainda se encontra quem ache que não se chega a lugar algum com uma pesquisa. Isso vem de encontro justamente ao que a pesquisa se propõe que é a produção de conhecimento. Este processo dicotômico é empurrado pelo acadêmico até o momento que ele percebe o quanto a pesquisa ajuda não somente a ele, mas como o conhecimento gerado pode servir de base para outras produções. Quando este conceito é percebido, geralmente a pesquisa se torna uma aliada e a falta de pesquisadores sobre o tema um obstáculo para o desenvolvimento do trabalho”, conclui o professor. Para o acadêmico do último ano de Comunicação Social/Jornalismo, Marcos Langaro a principal dificuldade está sendo com o material de pesquisa. “O Brasil não possui muitos estudiosos na área da comunicação. Há pesquisas, mas elas não são tão aprofundadas, o que prejudica e muito a nossa pesquisa para realizar o TCC”, opina Marcos. Em sua opinião a produção e pesquisa acadêmica na área de comunicação precisa ser ampliada. “Acho que nós como acadêmicos da área de comunicação, devemos focar e quem sabe atuar também em pesquisa. É a nossa área, nada melhor que ajudar a desenvolvê-la”.
Foto: Arquivo pessoal
Marcos Langaro, estudante de Jornalismo do último ano. Foto: Arquivo pessoal
”
Muitos alunos encontram dificuldades de elaborar um trabalho de TCC. Segundo o professor Leonardo, “a dificuldade está no posicionamento do próprio acadêmico de enfrentar o TCC não como um obstáculo e sim como uma possibilidade de crescimento”, explica. “Culturalmente, para alguns, não está claro o objetivo de se ter um TCC, que é de preparar o novo profissional para exercer a profis-
Professor Leonardo graduado em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo (UNIVEL - 2011). Especialista em Assessoria de Comunicação e Marketing (FAG - 2013) e em Políticas Públicas (IFPR - 2013). Atualmente é servidor público municipal em Céu Azul - PR. Leciona Teoria de Comunicação, Estética e Teorias da Recepção.
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Educação em Foco
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ESCOLHAS
A escolha da graduação e a dúvida do caminho a seguir Acadêmica da Fasul trocou de curso, mas se manteve na área da comunicação. Diariamente jovens de todo o mundo decidem o futuro profissional a seguir. A escolha da graduação é o primeiro passo para a caminhada. Alguns desde a infância tem em mente o curso que desejam, outros alteram as escolhas conforme o passar dos anos. A influência familiar também é essencial na construção deste projeto de vida. Os jovens optam pelas graduações por gosto e até mesmo interesses econômicos por ganho após a formação. Escolher a carreira certa pode ser um ato simples, testes vocacionais indicam resultados, conhecendo o perfil comportamental e profissional. Diante da escolha feita, durante a graduação alguns destes jovens acabam se decepcionando, as expectativas de anos não são superadas e eles acabam desistindo dos estudos ou trocando o curso. Umas das opções é fazer esta troca dentro da própria instituição, caso haja outra desejada. Foto: Arquivo pessoal
Normalmente os jovens se “enganam” na hora da escolha. Um exemplo é a área de Comunicação Social. Na área existem os cursos de Publicidade e Propaganda e Jornalismo. Na primeira a produção é mais evidenciada, e na outra a produção e a reprodução de informação. É neste ponto em que os acadêmicos “pecam” nas escolhas. Na Faculdade Sul Brasil - Fasul também ocorre esta mudança, dentro da própria instituição há as opções de trocas, caso os cursos sejam semelhantes algumas matérias acabam sendo eliminadas na grade curricular do aluno. A acadêmica Denise Caroline Silva, 19 anos cursa atualmente o terceiro semestre de Publici-
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Entre Jornalismo e Publicidade e Propaganda, acabei optando de cara pelo Jornalismo. Aquela coisa de imaginário de criança, ver os repórteres por aí, escrevendo e lutando por ideais e defesa da população, sempre admirei isso.
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A estudante de Publicidade e Propaganda Denise Silva que após concluir um ano de Jornalismo optou pela alteração da graduação.
dade e Propaganda, na Fasul, anterior a isto a jovem concluiu dois semestres de Jornalismo também na instituição de ensino superior. Denise Caroline revela a dúvida que teve quanto ao caminho a seguir “O momento da escolha de um curso para a graduação é sempre algo muito confuso. Mesmo que você tenha sempre gostado e admirado muito alguma profissão em especial, sempre surgem as dúvidas e curiosidades sobre as mais diversas áreas. Afinal, é a escolha sobre o seu futuro”. A jovem conta como chegou até a área de comunicação social “Ao me ligar a essa área, confesso que, logo de cara, já surgiu certa confusão em mim sobre qual habilitação escolher. Entre Jornalismo e
Publicidade e Propaganda, acabei optando de cara pelo Jornalismo. Aquela coisa de imaginário de criança, ver os repórteres por aí, escrevendo e lutando por ideais e defesa da população, sempre admirei isso. Pela formação que tive no ensino médio, tivemos noções de administração, e consequentemente, marketing estava ligado a isso. Antes mesmo de ingressar na faculdade, tive a oportunidade de me envolver um pouco nessa área, principalmente na parte de construções de marcas”. A estudante de Publicidade explica que no momento da escolha de sua graduação teve receio de como a publicidade pudesse atingir as pessoas, e ela queria evitar a situação. “Tive medo no começo, enxergava a Publicidade apenas como forma de vendas. Pensava que estaria manipulando as pessoas a comprarem compulsivamente e serem consumistas desenfreadas, isso machucava um pouco o meu senso social. Não queria me sentir dessa forma. Acabei não pensando no âmbito das campanhas publicitárias sociais e como a propaganda exerce poder sobre as pessoas e, o quanto isso pode ser usado por boas causas. A mudança de pensamentos de forma a ajudar outras pessoas”, diz a estudante. JORNALISMO “Ingressei no Jornalismo, concluí os dois primeiros períodos lá, e posso afirmar com toda a certeza do mundo de que não me arrependo. Fiz amigos maravilhosos, conheci pessoas e aprendi muito. É bom poder ter consciência sobre os dois lados da moeda. Toda experiência agrega conhecimento, isso é algo que ninguém poderá tirar de você. Ainda admiro profundamente o Jornalismo e, quem sabe não possa me envolver também diretamente nessa área com o passar do tempo”, finaliza Denise Caroline. PUBLICIDADE E PROPAGANDA A estudante afirma a dificuldade que enfrentou sabendo que mudaria seus ares, assim que mudasse de curso “A decisão sobre a mudança de curso foi difícil. Pegar outra turma já em andamento, sair de um ambiente que já havia se tornado confortável, mas segui em frente”. Ela ainda completa “Sempre prezei por minha liberdade de expressão. Aí veio a grande jogada. Em determinado momento, caiu à ficha de que, apesar da liberdade de se expressar que o jornalista possui, sua função primordial é relatar fatos. O publicitário nessa parte torna-se mais livre. Somos instigados a criar, o tempo todo. A partir desse ponto, tomei minha decisão”, explica. Em razão do curso ser similar ao Jornalismo,
Texto: Greciele Marangon
a estudante não precisou cursar todas as matérias que um primeiro período cursaria. “Como os dois cursos dividem-se apenas nas habilitações, tendo os dois a base em Comunicação Social, foi mais fácil mudar. Fui direto para o terceiro período e não precisei começar do zero. Tendo apenas uma matéria a ser vista como dependência, por conta dessa troca”. O DESAFIO DA MUDANÇA “Vem sendo um desafio, mas muito prazeroso. Começo a me integrar mais ao novo ambiente, com o bônus de ter interação com os dois lados. Estou muito satisfeita e feliz pelo rumo que tenho seguido. Consegui ingressar no mercado de trabalho, na área de publicidade e é gratificante sentir-se no lugar certo. Sentir-se bem com o que faz”. Denise ainda aconselha aos jovens que creem estar insatisfeitos “Não tenha medo de seguir em frente, não tenha medo de tomar decisões, de agir, de lutar por aquilo que você deseja e acredita. Muitas vezes, os caminhos tortos vão se cruzando e acabam te levando ao lugar certo. E você ainda pode desfrutar muito durante o caminho”, finaliza a acadêmica de Publicidade e Propaganda da Faculdade Sul Brasil. VISÃO NA TROCA DE CURSO A psicóloga da Faculdade Sul Brasil – Fasul, Romilda Guilland explica que muitos jovens ainda não definiram uma identidade adulta e a escolha pelo futuro pode se tornar um sofrimento “Para tentar esconder a indecisão, muitos optam em cursos sugeridos por um familiar. Também, pode optar em função de buscar agradar um familiar, enfim independente do motivo, este jovem ingressa no ensino superior, mas quando consolida a sua identidade, percebe-se perdido. Alguns buscam ajuda para lidar com a família, já que pode ter decorrido um ano ou dois de faculdade, nestes casos pode haver um investimento de tempo e dinheiro, que também pesam na hora de falar com os pais. Neste contexto, além do sofrimento de não se identificar com o curso que está sendo realizado, pode haver a questão do investimento dispendido”. A psicóloga pontua a normalidade das mudanças na vida dos jovens “A troca de curso é normal e pode ser considerada saudável, desde que todos os envolvidos entendam que se trata de uma escolha que vai refletir para toda a vida profissional deste jovem, podendo torná-lo um profissional competente e realizado ou uma pessoa frustrada”, finaliza Romilda Guilland.
Educação em Foco
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A IMPORTÂNCIA DA LEITURA
A importância da leitura para adquirir conhecimento Com a leitura descobrimos um mundo novo que nos proporciona a capacidade de interpretação
Foto e Texto: Franciely Rocha
Por meio da leitura descobrimos e aprendemos culturas, histórias e hábitos diferentes, compreendemos a realidade, e o sentido real das ideias, vivências e sonhos. Nesse sentido, a leitura pode estar associada ao prazer, ao estudo, ao ato de se informar. A leitura é muito importante, ler com prazer desenvolve a imaginação, enriquece o vocabulário e desenvolve a linguagem e o conhecimento de novas pronuncia de palavras para adquirirmos mais conhecimento. Desde as séries iniciais do ensino fundamental a leitura é requisito obrigatório e cobrado permanentemente pelos professores. Cobrança essa que se repete ao longo da trajetória escolar.
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A sociedade atual nos faz leitores mecânicos, que visualizam a mensagem, mas não compreendem. Precisamos de mais pessoas que construam conhecimentos e não de mera troca de informação.
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Com a presença cada vez mais constante das novas tecnologias no cotidiano dos jovens, a leitura ‘ficou meio de lado’. O resultado são jovens cada vez mais desinteressados por livros, o que afeta a sua formação cultural. Na Biblioteca da Faculdade Sul Brasil instalada no bloco “A”, o acervo está dividido por áreas específicas do conhecimento de cada área e disciplina. A procura por livro é mais pela necessidade de pesquisas em épocas de provas e trabalhos bimestrais. A bibliotecária Mariana Senhorini Caron conta que de um modo geral as bibliotecas tem a missão de atender as necessidades educacionais de ensino e aprendizagem de sua comunidade acadêmica, alunos, professores e
A biblioteca da Fasul, atualmente está instalada no bloco “A”, e possui um acervo com mais de 26.000 volumes e aproximadamente 80 assinaturas de periódicos. funcionários. A biblioteca busca atender as necessidades, renovando seu acervo periodicamente, prestando um atendimento efetivo e promovendo a leitura e pesquisas. Ela conta que a leitura muda conceitos, constroem as ideias, forma cidadãos pensantes e críticos. Mariana argumenta que os alunos buscam mais por leituras informativas para pesquisas acadêmicas. E alunos que não tem o hábito de ler ou não goste tem que começar devagar e aos poucos sentirão necessidade da leitura no cotidiano. “Não importa qual for o conteúdo, leia, compreenda a mensagem, pense sobre o conteúdo, imponha ideias. A sociedade atual nos faz leitores mecânicos, que visualizam a mensagem, mas não compreendem. Precisa de mais pessoas que construam conhecimentos e não de mera troca de informação, por isso leia, pense, discuta e crie novas ideias”, ressalta a bibliotecária. BIBLIOTECA A funcionaria da biblioteca da Fasul, Mari Dal’Maso conta que por mês sai uma média de 2,500 empréstimos de livros. E os cursos que mais procuram por livros são Direito e Contábeis. Ela afirma que o período de mais fluxos em procura de livros é quando tem provas e trabalhos de conclusão de curso (TCC) para pesquisas. “Ler, abre a mente e traz novos conhecimentos”, disse Mari. ALUNO O acadêmico de Jornalismo Daniel Felicio Nogueira, conta que ler é algo essencial para o ser humano se informar e saber formar opiniões
sobre qualquer assunto. Segundo Daniel a leitura é um modo de se atualizar, e sua preferência de livros são clássicos da literatura brasileira. O acadêmico argumenta que o Brasil possui muitos escritores fantásticos que representam muito bem os períodos literários, e acha um pecado alguém dizer que não gosta da leitura por livros. Daniel diz gostar muito da leitura, conta que leu vários livros, mas, o que foi lido inúmeras vezes foi O Auto Da Compadecida, de Ariano Suassuna, e os Miseráveis de Victor Hugo, fora os de Shakespeare, Julio Verner, Machado de Assis e José de Alencar. Daniel relembra que aos oito anos leu uma biografia especializada de Leonardo da Vinci. Para alunos que não gostam de ler, o acadêmico recomenda o livro Dom Quixote, de Miguel de Cervantes. Em sua opinião, a leitura é fácil. “Você imagina e ri dos fatos que acontecem no livro”. E A Megera Domada inclusive, foi inspiração para a novela de O Cravo e a Rosa.
crescimentos, aprendizado, melhorar a criatividade e não como um tempo desperdiçado ou algo chato” , diz.
Foto: Arquivo pessoal.
PROFESSOR O professor Wanderlei Hoffmann conta que livros incentivam a imaginação das pessoas e com isso reforçam a criatividade, e, além disso, ajudam enriquecer o vocabulário. A leitura é um momento de imersão, onde podemos tirar da cabeça os desafios do dia a dia e deixar a mente nos guiar sem limites. Segundo Hoffmann a rotina diária às vezes acaba nos afastando de hábitos simples que poderia auxiliar bastante em nosso crescimento, uma delas a leitura. E a principal dica é começar a ler textos, revistas ou livros de assuntos que a pessoa mais se identifica. Segundo Wanderlei todo início é mais doloroso, até tomar o gosto. E outra dica é colocar um objetivo nessas leituras. “Como
Daniel Felício, estudante de Jornalismo do 3° período da Fasul.
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BADMINTON
Toledo firma parcerias e desenvolve a prática de tiro com arco
Parceria realizada com a Secretaria de Esportes e e Projeto Florir desenvolve a prática entre jovens e esporte ganha adeptos Foto : Repdrodução.
Campeonato de tiro com arco realizado no ginásio Alcides Pan em parceria coma Secretaria de Esportes e Lazer
Dentre diversas modalidades praticadas na cidade de Toledo, uma que vem chamando atenção é o tiro com arco, um esporte que surgiu como atividade de caça e guerra nos primórdios da civilização e que hoje vem ganhando cada vez mais adeptos. Atualmente o esporte já possui em torno de 70 atletas na cidade e conta com a parceria da Secretaria Municipal de Esportes e Lazer de Toledo na divulgação e na estrutura para a realização das competições. André João Muraro, instrutor credenciado pela Confederação Brasileira de Tiro com Arco (CBTARCO) e um dos fundadores da Sociedade Esportiva de Tiro com Arco (SETTA), conta que a faixa etária para começar a prática desse esporte é relativa. “Nós costumamos falar que é um esporte a ser praticado por pessoas dos 8 aos 80 anos, mas cada caso tem de ser avaliado, temos crianças com 6 anos participando de nossas provas”. A SETTA foi fundada há quase dois anos e surgiu através da idéia de um grupo de amigos que viram a necessidade de se criar uma associação para que o esporte fosse levado a sério. “Este ano faz dez anos que eu atiro de arco e sempre acreditei que os grupos de arqueiros só crescem com uma certa organização”, afirma André, que frisou ainda que atualmente o grupo é um dos principais do estado.
Texto: :Deyvyty Willyan
O município já foi palco de várias competições até agora, provas oficias válidas pelo ranking nacional e conta com um quadro de competidores de primeira. Cristian Javier Gallardo de 13 anos é um dos atletas destaque da modalidade no município. Apesar da pouca idade, já possui vitórias significativas em seu currículo. “Fui incentivado pelo meu tio que também é atleta, eu gosto muito desse esporte e estou treinando para um dia competir nas Olimpíadas”, finalizou Cristian. REVELANDO NOVOS TALENTOS Com o objetivo de revelar novos atletas e dar oportunidade a jovens que não possuem condições financeiras, atualmente a SETTA mantém uma parceria com o projeto Florir Toledo que pertence a Secretária de Assistência Social. Segundo André, alguns alunos já começaram a se destacar e vão participar de competições esse ano. O coordenador do projeto, Oséias Soares dos Santos, conta que essa parceria é muito importante, pois permite que os jovens tenham acesso a esse esporte que, segundo ele, era considerado a arte da elite. “Os jovens estão motivados e com foco no futuro, esse esporte cria maiores perspectivas para a vida deles e abre novos horizontes”, relatou o coordenador.
Toledo virou destaque na modalidade Esportiva de Badminton Criado pelos hindus, no século 13, o Badminton (chamado inicialmente de POONA), foi levado para a Inglaterra por oficiais do exército britânico, em 1850. No Brasil, o badminton ganhou sua primeira competição oficial com a realização da I Taça São Paulo, nove anos depois, tornando-se um passo decisivo para o desenvolvimento da modalidade no país. DESTAQUE O badminton é uma das modalidades esportivas que mais cresce no mundo. Nos Jogos Escolares do Paraná (JEPs) não é diferente. A modalidade que no ano passado teve pouco mais de 60 inscritos na fase final A (15 a 17 anos), neste ano, superou os 90 inscritos e marcou um crescimento de 50 %. Com isso, os jogos tornam-se cada vez mais atrativos. Alto índice técnico e muita emoção. No masculino, superioridade dos colégios estaduais de Toledo que faturaram os três primeiros lugares na classificação geral. Os atletas dos colégios toledanos tiveram supremacia por duplas e foram bicampeões geral nos JEPs ‘A’. Na disputa por duplas, Matheus Henrique Marchi e Leonardo Eberhard Teixeira, do Colégio Es-
Texto: Deyvyty Willyan
tadual Senador Atilio Fontana, foram os campeões do ensino Senhor Bom Jesus, vencendo de virada por dois sets a um. O bronze ficou com Evandro Vicente, do Colégio Estadual Unidade Polo, de Arapongas.
Foto : Reprodução.
CRESCIMENTO Na classificação final masculina, o Colégio Estadual Senador Atilio Fontana foi o campeão, com o Colégio Estadual Presidente Castelo Branco em segundo e o Colégio Estadual Antonio José Reis em terceiro. Valdecir Anacleto Barbosa é o coordenador do projeto social responsável por fomentar o badminton em Toledo. “Esse crescimento acontece por vários motivos um deles é o apoio do Governo do Estado que introduziu o badminton nos oficiais do Paraná, que serviu de motivação para que a modalidade tivesse esse crescimento, pois temos competições para participar com nossos atletas”, avalia. “Em Toledo, graças aos Jogos Escolares, a gente consegue agregar o social com o esporte escolar e fazer este trabalho com ótimos resultados nos últimos três anos, nos jogos oficiais do Paraná”, finaliza o treinador.
Jogos Escolares (JEPs) realizados em Curitiba onde Toledo foi destaque em varias categorias
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ESPORTES RADICAIS
Skatistas rompem barreira do preconceito e elevam número de simpatizantes
Jovens comentam sobre os principais obstáculos que por muitas vezes encontram fora das pistas e de onde buscam o ponto de referência para a prática do esporte Fotos: Reprodução.
A pista de skate no Jardim Porto Alegre foi inaugurada em 2007 e está aberta à população. É considerada ponto de encontro para a pratica do esporte. Entre uma manobra e outra, surgem novos obstáculos e mais adeptos que andam de skate na cidade de Toledo. O maior desafio dos skatistas ainda é romper o preconceito existente em relação ao esporte. Taxados muitas vezes de marginais, maconheiros e demais adjetivos que demonificam não só a modalidade como também os atletas. O preconceito parece ter causado um efeito contrário, elevando assim o número de simpatizantes, do público jovem e adulto. Os tênis volumosos envoltos muitas vezes por fitas, as camisetas compridas, calças largas, cadarços fazem o papel de cinto e os fones de ouvidos são os principais adereços que identificam essa tribo urbana tão singular. SURGIMENTO O surgimento aconteceu nos anos 60, no Rio de Janeiro, onde provavelmente foi trazido por filhos de norte americanos e por poucos brasileiros que viajavam para os Estados Unidos naquela épo-
ca, principalmente, por quem estava começando a surfar no Brasil. Incentivados pelos anúncios da revista norte americana Surfer, o Surfinho (como era chamado na época) era feito de eixos de patins com rodas de borracha ou ferro pregados numa madeira qualquer. CULTURA Mesmo após tantos anos, essa cultura ainda não conseguiu alcançar a aceitação de toda a sociedade e em Toledo, não poderia ser diferente. É o que relata o estudante e skatista de 21 anos, Maicon Carpenedo que há três anos pratica a modalidade. "Sempre tem uma exceção, mas a maior parte do preconceito vem das pessoas com mais idade. Já ouvi muitos xingamentos enquanto andava pelas ruas da cidade, mas eu não ligo mais pra isso, já estou acostumado. Os fones de ouvido e a música alta também me protegem", diz ele em tom animado. Ele comenta que devido à fama atribuída pela sociedade aos skatistas, já passou por várias revis-
O estudante Lucas Cruz disse que é preciso respeitar os limites e que o Skate traz muitos benefícios.
O estudante Maicon Carpendo disse que não liga para o que os outros pensam a respeito dos Skatistas.
tas feitas pelos órgãos de segurança. "Eu levo tudo isso numa boa e entendo o trabalho deles. Mas deve ser frustrante quando percebem que não somos marginais como muitas pessoas falam". Maicon fala que sempre que possível evita discussões ou algo do gênero com quem não enxerga o skate como esporte. "Na roda de amigos eu já ouvi muitas histórias sobre os males que o preconceito tráz. Mas ao mesmo tempo entendo, pois sempre existem as pessoas de mau caráter que prejudicam o esporte. E isso acontece não só com o skate, é como diz o ditado os bons pagam pelos maus, ás vezes", explicou.
velhos e com mais anos de skate para aprender a evitar qualquer confronto. "Histórias são o que mais tem. Recentemente um amigo meu disse que no passado perdeu seu skate por andar na rua. Outro contou que já acabou até mesmo indo parar na delegacia. Entretanto, essas são histórias antigas, hoje em dia isso só acontece se a pessoa estiver errada. Uma coisa que eu evito é andar nas calçadas ou no meio da rua. Tem skatista folgado e sem noção também. É preciso saber os limites", enalteceu. Apesar da falta de harmonia e da latente existência, o preconceito parece não ter conseguido inibir quem diariamente anda pelas ruas da cidade, basta passar belo Parque Ecológico Diva Paim Barth e observar o número de simpatizantes. "O principio básico do skate é o equilíbrio. Com o preconceito nós também procuramos buscar esse equilíbrio e respeitar quem não gosta ou não aceita a modalidade. O recado que eu gostaria de deixar é que não somos marginais como dizem e estamos sempre abertos ao diálogo em busca da paz", finalizou Maicon.
LUTA CONTRA PRECONCEITOS O estudante Lucas Cruz, de 16 anos, iniciou há pouco tempo na prática do skate enquanto esporte, mas também já pôde presenciar e ser alvo do preconceito. "Infelizmente isso ainda existe, é uma pena porque quem anda de skate só quer se divertir", contou. Lucas diz aproveitar a experiência dos mais
Texto: Felipe Fachini
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TOLEDO RESPIRA ESPORTE
Toledo amplia a prática de esportes com profissionais e curso de Educação Física Com infraestrutura esportiva, o curso de Educação Física e os programas desenvolvidos pela Secretaria de Esportes e Lazer do município incentiva a população para a prática de esportes.
Fotos: Reprodução
A esquerda na foto o Coordenardor do Curso de Educação Física da Unipar Gilberto Carlos Pereira da Silva.
O Professor André Pagliarini (Dindas) dando aula de Ginástica Rítmica, o projeto firmado com a Secretaria de Esporte e Lazer atende 100 crianças do Município.
O município de Toledo tem sido referência no quesito estrutura e desenvolvimento de praticas esportivas. A cidade conta com a Secretaria de Esportes que é composta por profissionais de Educação Física, aplicados em projetos bem elaborados, que atendem às necessidades da população do município. A Secretaria Municipal de Esportes e Lazer (SMEL) conta atualmente com 54 profissionais e quatro estagiários, todos da área, incluindo as diretorias e os seis setores. Com a adoção do lema “Da criança ao Idoso, Esportes e Lazer para Todos”, a Secretaria realiza mais de 32 mil atendimentos mensais, como o programa Idoso em Movimento, Recreação, Academias da Terceira Idade, Verão no Parque, Trilha do Remo, Coração no Ritmo Certo, Dança Circular, Esporte Cidadão, Atleta na Universidade e as competições do Esporte Comunitário são alguns dos destaques.
O curso já formou 482 acadêmicos no decorrer de 14 anos, muitos estão atuando na área. Um destes profissionais é o professor André Pagliarini, mais conhecido como Dindas, profissional que atua na formação e iniciação esportiva das crianças. Ele analisa a importância do incentivo do município não só na estrutura mas também possibilitando acessibilidade aos cidadãos. “Recentemente, firmamos uma parceria entre a universidade e a Secretária de Esportes na qual 100 crianças participam de treinos que são oferecidos de forma gratuita. Nem todas as crianças que por aqui passam irão atuar na ginástica rítmica, mas será um caminho preparatório caso elas venham escolher outra modalidade”, explicou o professor.
PROJETO VERÃO NO PARQUE A SMEL incentiva a participação da população nas atividades esportivas oferecendo diversas atrações como zumba (dança), vôlei, basquete e futsal. O
projeto que está em vigor há dois anos em Toledo tem como objetivo a democratização do esporte e do lazer. Segundo a coordenadora do setor de Lazer e Recreação, Josiane Benvenutti, a cada temporada aumenta o numero de adeptos das praticas esportiva oferecidas pela secretaria. “Tivemos um aumento de participantes, o total de atendimentos chegou a 8.130, divididas em diversas categorias”, informou Josiane. CURSO DE EDUCAÇÃO FISICA Além de uma boa estrutura que agrega piscinas, quadras, academias públicas, a cidade conta com o curso de Educação Física oferecido pela Universidade Paranaense (UNIPAR), o coordenador do curso Gilberto Carlos Pereira da Silva conta que o curso iniciou no ano de 2000 e que seu objetivo era formar professores. “Nossa meta inicial era a licenciatura, onde forneceríamos profissionais para atuarem nas escolas, no ano de 2010, iniciamos o curso de bacharelado onde os acadêmicos formados teriam mais oportunidades para atuar e não apenas o magistério”, comentou Gilberto.
INFRAESTRUTURA No município, os esportistas contam com o Estádio Municipal 14 de Dezembro que possui capacidade para 20 mil espectadores, conta também com pista de Atletismo e centro olímpico, formado por uma piscina pública, um campo de futebol society e um Centro Olímpico de Ginástica Rítmica abrigando parte da
Texto: Douglas Alves
modalidade que hoje dá a maior visibilidade no âmbito esportivo à cidade por meio das participações e conquistas em competições nacionais e internacionais. Atualmente, a técnica Anita Kliemann, que é de Toledo, é a treinadora da Seleção Brasileira de GR. Entre as atletas de maior destaque do projeto da GR em Toledo estão as medalhistas brasileiras Angélica Kvieczynski (6 medalhas de ouro nos Jogos Sul-Americanos de Medellín-Colômbia em 2010; 3 de bronze e 1 de prata nos Jogos Pan-americanos de Guadalajara em 2011), Nicolle Muller (3 medalhas de ouro no conjunto nos Jogos Pan-americanos do Brasil em 2007) e Ana Paula Scheffer (medalha de bronze nos Jogos Panamericanos do Brasil em 2007). No município existem vários ginásios pertencentes à entidades e empresas, bem como canchas cobertas de escolas, que beneficiam 11 mil crianças e adolescentes com atividades em 35 modalidades: Ginásio Jaime Zeni (Basquete), Ginásio Hugo Zeni (Voleibol), Ginásio Euzébio Garcia, Ginásio do CCR, Ginásio Alcides Pan e Ginásio Lauri José Simon. Toledo ainda possui academias ao ar livre distribuidas em diversos Bairros e no Interior, além disso possui também as chamadas “Estação Saude”.
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ATENÇÃO
Da sala de aula para o mundo da lua
O professor está explicando a matéria nova e você precisa prestar atenção, mas começa a cantarolar a música nova que seu cantor preferido acabou de lançar. Seu olhar segue a borboleta que passou dentro da sala de aula e percebe que o tempo está para chuva e a janela do seu quarto ficou aberta. Quando se dá conta, o professor finaliza a aula e você simplesmente, viajou. Sim! Você pode sofrer de Transtorno de Déficit e Atenção e Hiperatividade (TDAH), um transtorno neurobiológico, de causas genéticas que pode aparecer ainda na infância e seguir com o indivíduo por toda sua vida. Seus principais sintomas são a desatenção, inquietude e impulsividade. Estudos científicos mostram que os portadores da TDAH tem o funcionamento dos neurotransmissores alterados. Dessa forma, a capacidade de prestar atenção, a memória, a organização e o comportamento do indivíduo acabam afetados. Na maioria das vezes os sintomas são evidentes desde a infância, mas o diagnóstico pode ser tardio. Como foi o caso da acadêmica de Pedagogia, Vanessa Scherer, 24 anos, que foi diagnosticada com TDAH. “Eu não conseguia me concentrar. Qualquer ruído, por menor que fosse, tirava minha atenção. Foi quando comecei a ter muita dificuldade na faculdade e procurei um neurologista e um psiquiatra, que me diagnosticaram com déficit de atenção”, conta a acadêmica. Para os professores, é difícil conseguir assinalar se um aluno tem ou não o TDAH, principalmente no meio acadêmico. “Olhar para um aluno e dizer que como ele nunca está prestando atenção, Foto: Reprodução
que está sempre no mundo da lua e então ele tem déficit de atenção, jamais. É preciso ter um histórico de vida desse aluno. É muito difícil chegar nesse diagnóstico. Muitas vezes a gente nem chega”, explica a professora e coordenadora do curso de Pedagogia, Doralice Conceição Pizza Diniz. De acordo com a professora, a partir do momento que alguns comportamentos são considerados repetitivos, como a desatenção, por exemplo, esse aluno pode ser encaminhado a outros profissionais para um acompanhamento. “O professor que sinalizou alguns comportamentos encaminha para uma equipe multidisciplinar, formada por psicólogo, psicopedagogo, assistente social, que encaminha por sua vez para o setor médico”, acrescenta. A acadêmica Vanessa submeteu-se a medicamentos para controlar a TDAH diagnosticada. “Eu comecei a fazer o uso de Ritalina, mas percebi que não fazia muito efeito. Passei a tomar um mais forte que eu sentia a diferença. Eu ficava vidrada em sala de aula e não tinha sono durante o dia”, explicou a estudante. Como se o transtorno não fosse o bastante, estima-se que 70% dos portadores do TDAH apresentam outras comorbidades. O mais comum é o Transtorno Opositivo Desafiador (TOD), que englobam os seguintes fatores: 25 à 35% são descritos com transtorno de ansiedade, 25% de conduta, entre 10 à 30% de depressão. Além dos transtornos na leitura. Atividades comuns para os alunos como a realização de trabalhos, a leitura e interpretação de textos e até mesmo a execução de provas, são estratégias utilizadas pelos professores para observar o desempenho no aluno. São essas mesmas ferramentas, que auxiliam na observação das principais carências apresentadas pelos alunos. Disposta a por um fim no uso de medicamentos, Vanessa procurou outras maneiras de estudar. “Comecei a pesquisar formas de estudar sem o uso do remédio, porque os remédios são prejudiciais. Li vários artigos sobre isso. Agora não faço mais uso de medicamento, tenho alguns hábitos de estudos diferentes. Tenho que estudar sempre em lugar com mínimo de barulho possível”, esclarece a aluna. É importante saber: cada caso é um caso. Vanessa conse-
guiu parar de fazer o uso do medicamento e adotar notas técnicas para estudar. O que não significa que outra pessoa consiga fazer o mesmo. Em algum momento da vida, todos nós podemos ter sintomas como a desatenção, hiperatividade e impulsividade. Para distinguir os sintomas do TDAH com a falta de educação ou preguiça basta levar em conta quatro fatores: a frequência, persistência, intensidade e prejuízo. A Academia Americana de Psiquiatria caracteriza o TDAH quando ele persiste por mais de seis meses e impacta negativamente as atividades sociais.
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O diagnóstico é inteiramente clínico, feito na base dos sintomas e das situações retratadas por meio de muitas conversas, perguntas é testes. É dessa maneira que trabalha a psiquiatria. NA MINHA CASA
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Se para os professores é difícil, para os pais a situação requer ainda mais atenção. Isabel Meister é mãe de dois meninos, Gabriel (10) e Artur (8), ambos com TDAH. Ela conta que Gabriel desde recém-nascido era muito agitado. “Comecei a perceber a agitação quando o Gabriel tinha 20 dias. Ele não dormia, era uma agitação contínua, não pegava no sono e o sono era interrompido”, conta ela. Os sintomas tornaram-se mais evidentes na vida escolar. “Ele não conseguia prestar atenção na professora, no conteúdo e não conseguia desenvolver a tarefa”. A inquietude também era evidente e a desorganização na execução de atividades. “Quando dou algum comando, ele precisa ser curto. Eu falei para ele: você guarda suas coisas, escova seus dentes, coloque o pijama e vá
Texto: Sabrina Marques
dormir. Ele registrou apenas o último comando, e foi dormir”, conta Isabel. Diferente de Gabriel, o caçula Artur tem o déficit de atenção, mas sem a hiperatividade. O transtorno também foi identificado na escola. Considerando os sintomas, Isabel levou os meninos ao neuropsiquiatra. O diagnóstico foi por meio de questionamentos, apenas muitas perguntas. “Contei para o médico e ele me disse que o comportamento dos meus meninos era clássico de quem tinha TDAH”, relatou a mãe. A famosa Ritalina foi a primeira medicação receitada. “A Ritalina surtia efeito positivo, mas a hora que acabava o efeito, o “efeito rebote” dela era muito forte. Eles ficavam muito bravos, irritados, cansados e não queriam falar com ninguém, então o médico substituiu por uma nova medicação, o Venvanse. Esse é muito tranquilo e não tem esse efeito rebote. O único efeito colateral é a náusea, mas isso todos os remédios provocam”, explica Isabel. Agora com a medicação, atividades como as tarefas diárias são desenvolvidas com muito mais facilidade e o desempenho escolar melhorou significativamente. A eficácia do uso de medicamentos estimulantes no tratamento do TDAH já foi comprovada em diversos estudos. Pesquisas mostram que, aproximadamente, 70% das pessoas tratadas demonstram maior manutenção de atenção, concentração e foco. Eles têm períodos curtos de duração como 4 horas, por exemplo, ingerido apenas no período em que a pessoa precisa estar na escola ou na faculdade. Dessa forma, ela consegue concentrar-se durante o período de aula. Esse grupo de medicamentos tem por vantagem melhorar, temporariamente, os sintomas de hiperatividade, impulsividade e desatenção. As contra indicações ou os chamados “efeito rebote” variam de paciente para paciente.
ACOMPANHAMENTO A Fasul dispõe do NAE (Núcleo de Apoio ao Estudante), composto por uma psicopedagoga. Essa profissional auxilia no diagnóstico de comportamentos passíveis de TDAH. “O papel da psicopedagoga é acompanhar para ver quais são essas dificuldades desse aluno. Ela vai conversar até chegar próximo a um diagnóstico”. Ela explica ainda que é preciso muita observação, afinal cada aluno tem suas particularidades. A partir do momento que é sinalizado o transtorno, o aluno é motivado a procurar uma ajuda médica”, explica Doralice.
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PREVENÇÃO
Endometriose: A doença do Século XXI Ser mulher não é uma tarefa fácil, principalmente nos dias de hoje, em que a vida profissional e famíliar anda em conjunto, sem dizer na vida fisiológica como menstruação e cólicas, que tanto incomoda na vida cotidiana. Um dos grandes males que vem assombrando a vida das mulheres nos dias atuais, conhecida como doença do século XXI, é a endometriose. Quem nunca ouviu falar nessa doença, através de um parente, amigo, ou até mesmo quem passa na pele por essa situação? A endometriose é uma doença feminina, que atinge mais de 15% das mulheres em idade reprodutiva, ou seja, mais de 60 milhões de brasileiras e 30% dessas mulheres correm o risco de ficarem estéreis. A mulher pode adquirir a doença, desde a primeira menstruação, até a última, no qual ela para de menstruar. Uma mulher que tenha essa patologia, só pode dizer que estar curada, quando ela entrar na menopausa, do contrário, ela deve estar em um tratamento constante. De acordo com ginecologista e obstetra há mais de 22 anos, da cidade de Cascavel, Rogério Rosa, endometriose é uma das doenças mais comuns que aparecem em seu consultório. Uma definição bem simples sobre a patologia, em suas palavras é quan-
“Toda mulher deve procurar uma ajuda médica e não ficar sentindo dor”, explica o médico.
do a célula da endometriose presente na mulher que deveria se eliminar, através da menstruação, faz o inverso, voltando para dentro do corpo, podendo se alojar em outros órgãos, comprometendo assim, o bem estar na vida dessas mulheres. Um dos principais sintomas da doença são fortes cólicas menstruais, dor ao ter relação sexual, dor pélvica crônica há mais de 60 dias e dificuldade para engravidar por mais de um ano. Por isso, salienta o ginecologista, que a mulher tem que se conhecer e não achar que fortes cólicas e esses sintomas seja algo normal. “Toda mulher deve procurar uma ajuda médica e não ficar achando que sentir dor ou qualquer outro sintoma seja algo normal, porque não é”, afirmou dr. Rogério. Segundo ele, um dos grandes fatores que aumentou nos dias atuais é a mulher estar menstruando mais do que as mulheres em tempos passados, ou seja, a doença tem maior probabilidade e causas em mulheres que demoram para engravidar, que tenham poucos filhos e um dos fatores mais comuns é o estresse em função da pressão social que se vive, que comparado com antigamente esta bem diferente, visando que as mulheres em outras épocas, eram mães mais novas, tinham muitos filhos, e a vida não era tão estressante quanto a de hoje. Portanto, para o ginecologista, uma das mais eficazes formas de se prevenir a doença é emendar a cartela de anticoncepcional, para evitar menstruar tanto, e a gravidez precoce. O primeiro passo para se diagnosticar a patologia é a mulher procurar um ginecologista, porque é por meio da primeira conversa entre médico e paciente, que se pode ter uma prévia da doença, afirma doutor Rogério. O segundo passo seria a realização de uma pequena cirurgia de videolaroscopia para detectar onde está alojada as endometrioses para assim, elimina-lás da paciente. Depois desse procedimento, o médico pede para que a paciente emende a cartela para não menstruar mais, e sempre estar monitorando, visando que a doença não tem cura em idade reprodutiva. De acordo com o ginecologista, um dos mais complicados casos de endometriose que ele tratou foi de uma paciente submetida à cirurgia, que ao abrir ele viu que a doença estava toda alojada e envolvida nos tecidos dos órgãos, e aos poucos ele foi descolando um órgão do outro para assim poder retirar os focos de endometriose. “Uma das coisas que deve ficar bem frisado, é que a doença não só se aloja em órgãos da parte pélvica, mas sim pode comprometer em muito os demais órgãos e principalmente a saúde
e o bem estar da paciente”, concluiu o ginecologista que ainda enfatizou a importância da mulher visitar seu ginecologista regularmente, para assim estar evitando vários tipos de transtornos e patologias.
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A endometriose é uma doença feminina, que atinge mais de 15% das mulheres em idade reprodutiva, ou seja, mais de 60 milhões de brasileiras e 30% dessas mulheres correm o risco de ficarem estéreis, explica o médico.
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Fotos e Texto: Daiane Lemos
muito cansada, com sono, exausta e com fortes dores na cabeça, e diante a tanta dor, ela começou a entrar em uma depressão. Foi quando resolveu procurar ajuda médica novamente e descobriu que os focos de endometriose haviam se alojado nas costelas e no diafragma. Selma conta que teve que passar por mais uma cirurgia, e desta vez o pós-operatório foi horrível. “O processo do pós-operatório foi muito dolorido, tomei até morfina”, salientou Selma que depois do procedimento começou a tomar medicamento, no qual faz o uso até hoje, porém se queixa muito dos efeitos colaterais que eles provocam. Hoje Selma tem uma vida mais equilibrada, não livre das dores, mas o que deixa mais animada foi um exame que realizou em Campinas- SP, com um grande especialista da área que mostrou que os focos da doença que ela ainda tem, estão regredindo por conta dos medicamentos, e também porque ela já esta quase entrando na menopausa, pois só assim, sua patologia estará curada. “Tenho dó de meninas que descobrem a doença ainda jovem, porque terão que conviver com esse sofrimento por muito tempo. Por isso é a hora dos pais observarem mais seus filhos, porque sentir fortes dores, não é normal muito menos frescura”, concluiu Selma.
SENTINDO NA PELE Bem sucedida profissionalmente e familiar, mãe de duas filhas, Selma, 47 anos, descobriu que tinha endometriose em dezembro de 2013 e desde essa descoberta, sua vida não foi nada fácil, conta ela. Diferente dos sintomas comuns da doença, Selma não sentia absolutamente nada, porém só foi se dar conta de que estava com a patologia, a partir de um sangramento em seu umbigo, que só ocorria em períodos menstruais. Desde esse transtorno então, Selma procurou um médico, que suspeitou que pudesse ser uma hérnia no umbigo e a partir da cirurgia para a retirada da hérnia é que se descobriu que além da hérnia existente, focos de endometriose foram descobertos, por esse motivo o sangramento no umbigo. Depois desse procedimento, ela começou até ter uma vida normal, porém emendando a cartela de anticoncepcional. Mas em julho de 2014, ela começou a se sentir
“A doença tira a qualidade de vida da mulher. É uma vida de sofrimento”, afirmou Selma.
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SAÚDE FAMILIAR
Método Billings: Uma opção de planejamento familiar
Realizado por muitos casais ao redor do mundo, o método consiste em que a mulher saiba dialogar com o seu próprio corpo, ficando sempre atenta aos sinais de que ele emite e resulta em uma vida de cumplicidade a dois.
Fotos e Texto: Bruna Potrich
O casal Natalino e Eliete destacam que o diálogo e o respeito são fundamentais para a eficácia do método
O ginecologista Dr. Lucas Davi fala que o billings contribui com quem usa a tabelinha.
Ao contrário do pensamento de muitos, o Método de Ovulação Billings (MOB) é um método natural de planejamento familiar e difere dos métodos contraceptivos. Antes de querer entender o Método Billings é necessário que a mulher tenha o conhecimento do seu corpo e do seu ciclo fértil. Todas as mulheres de um modo geral vão apresentar um ciclo fértil, considerado curto de 21 dias ou mais longo de 35 e dentro desses dias existe o período da ovulação, o qual ocorre normalmente 14 dias antes da menstruação. Dentro dessa ovulação existe também um período chamado pré-ovulatório, no qual aproximadamente 48 horas antes da ovulação faz com que o muco do colo do útero, chamado de colo cervical, apresente mudanças em sua textura, indicando assim o período fértil da mulher. De acordo com o ginecologista e obstetra Lucas Davi de Souza é neste momento que se inicia o Billings, a partir daí é necessário que a mulher passe a reconhecer seu próprio muco. O colo do útero libera o muco cervical que deve ser coletado. “Uma vez secretado a mulher vai apalpar e avaliar a filosidade dele, quando o muco se apresentar elástico e transparente, parecido com aspecto de clara de ovo significa que a mulher está ovulando, ou seja, está em seu período fértil, do contrário se o aspecto for parecido com um chiclete e ao apertar e abrir ele arrebenta a mulher está no período pré ou pós ovulatório.”, conta o ginecologista e obstetra Lucas de Souza. O Billings vem simplesmente colaborar com aquelas pessoas que utilizam a tabelinha, que de um modo geral é má utilizada. O objetivo do método é certificar se a ovulação está acontecendo, porque aponta mais a fertilidade do que a infer-
o ovário da mulher exerce uma atividade celular muito grande e isso favorece o câncer de ovário. Por outro lado, Dr. Lucas explica que a pílula apesar de diminuir o índice de câncer no ovário favoreceu o aumento de câncer no colo do útero. “A sociedade hoje é mais promíscua que há 10 anos, a troca de parceiro aumentou e isso favorece as infecções virais especialmente o HPV e com o aumento dele a incidência de câncer do colo uterino também. Temos que criar uma consciência com respeito à vida sexual, nós estamos operando hoje meninas de 18, 19 anos com câncer de colo de útero, fazendo a retirada do útero por causa disso”, ressalta o ginecologista. Dessa forma os métodos contraceptivos também apresentam o seu lado negro. Caso seja realizada uma investigação a respeito da porosidade da camisinha, vamos chegar à conclusão que mesmo usando a camisinha a pessoa pode adquirir algumas doenças sexualmente transmissíveis, porque os poros dela permitem esta passagem, como o vírus da Hepatite B. Em relação ao anticoncepcional, quando a mulher usa a pílula ela fica indiferente, a libido está praticamente abolida. “O parceiro deverá ser desejado pela pessoa que ele é e não pelo sexo que ele oferece”, aponta Dr. Lucas.
tilidade do casal, então muito mais ele é utilizado com o propósito de se conseguir uma concepção do que se evitar uma gravidez. Dessa forma se a mulher acompanhar seu ciclo e no período fértil distinguir o muco cervical, ela saberá que está ovulando e este será o dia propício para ela poder engravidar. Algumas mulheres podem confundir o muco com o corrimento, mas são coisas distintas. “A secreção da vagina é da vagina e o muco é do colo do útero.”, diz Lucas. Porém quando o casal optar por esperar uma gravidez, não ter um bebê, será preciso que no período de ovulação se evite o ato sexual. “Todo esse monitoramento da ovulação não tem como propósito evitar filhos, mas tem como foco a gravidez. Em um ciclo de vinte e oito dias, quatorze dias depois que a mulher menstruar ela estará ovulando, então do sétimo até o vigésimo primeiro dia o casal terá que esperar”, afirma o médico. MOB x CONTRACEPTIVOS Quando a vida sexual se restringe a uma vida conjugal o método de billings exige como qualquer método natural, que o homem conheça o ciclo da mulher tanto quanto ela, pois se ele não for parceiro nesta hora vai fecundar a mulher e isso não tem como evitar. A mulher no período de ovulação, quando não usa o anticoncepcional, recebe toda uma mudança hormonal que a torna mais receptiva ao parceiro e isso a deixa mais sensível, carente, acolhedora, e desejosa. Isso é um ponto contra o método de billings porque exige do casal um maior esforço, no caso de não querer uma gravidez. Outro fator negativo é que não fazendo o uso do remédio
UM ATO DE AMOR Para o casal José Natalino e Eliete Muniz, de Tupãssi, o Método Billings é um amigo de longa data. Casados há 30 anos e pais de três filhos, utilizam o método desde 1988. Foi o Seu Natalino (como é conhecido) quem “descobriu” o método e o apresentou para a esposa. Dona Eliete ficou assustada com a novidade no início, mas aceitou em conhecer
o método pelo simples fato de saber que poderiam planejar a gravidez sem o uso da pílula anticoncepcional. O casal sempre sonhou com os três filhos, mas antes do nascimento de Natália, primeira filha do casal, Eliete fez o uso da pílula, porém devido aos efeitos colaterais desagradáveis ocasionados pelo medicamento parou de tomar. Após um ano e meio o casal engravidou da segunda filha, Vanessa, e nesse mesmo ano optaram por utilizar o MOB. Foram muitos dias de estudo com o auxílio de um casal conhecido o qual praticava o método, que iniciaram o processo de conhecimento e anotações. Ao falar da ovulação Eliete conta como aprendeu há 27 anos, “A fertilidade é do casal, e pode ser comparada a terra. Uma semente plantada em terra seca morre, porém, se a terra estiver molhada, nascerá uma plantinha. O mesmo ocorre com a mulher. Se a semente do homem for “plantada” na mulher em sua fase seca, a semente morre. Porém, se ela estiver na sua fase úmida, a semente, ao encontrar o óvulo, dará origem a uma nova vida. O fator principal a ser observado é o muco cervical, que é uma secreção produzida pelas células do colo do útero da mulher”. Eliete diz que é necessário no mínimo dois anos para que o casal entenda exatamente o funcionamento do ciclo da mulher e Natalino afirma que um grande aliado nesse tempo de conhecimento é o diálogo. “O Billings incentiva o diálogo e o respeito de um para com o outro, é antes de qualquer outra coisa uma vida de cumplicidade e amor”, conta Natalino. E foi assim, com todo o cuidado e amor a doce espera do terceiro filho, João Paulo, que ocorreu de uma forma tão planejada que acertaram até a data em que o caçula veio ao mundo.
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DIABETES
O que você precisa saber sobre diabetes Texto: Francieli Baumgarten
A insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas e possibilita a entrada de glicose nas células para ser transformada em energia. O Diabetes trata-se da deficiência de produção de insulina e/ou ação dela. Pessoas com Diabetes podem precisar de injeções desse hormônio por diferentes motivos, seja pela falta de produção de insulina ou pelo organismo não conseguir usá-la adequadamente, ou ainda, ambos os casos. Existem diferentes tipos de Diabetes e os mais populares classificam-se em: Tipo 1 que ocorre através da destruição autoimune das células produtoras de insulina. E tipo 2, quando o pâncreas produz a insulina, mas é incapaz de absorver as células moleculares e adiposas. No primeiro caso o diagnóstico acontece, geralmente, durante a infância e adolescência, podendo ocorrer em outras faixas etárias. Já o segundo, é mais comum em pessoas com mais de 40 anos, acima do peso, sedentárias, sem hábitos saudáveis de alimentação. Os tipos menos comuns são decorrentes de defeitos genéticos associados a outras doenças ou ao uso de medicamentos. Podem ser por defeito genético na função da célula beta, na ação da insulina, por doenças do pâncreas exócrino, por defeitos induzidos por drogas ou produtos químicos. Existe também o Diabetes gestacional, provocado pelo aumento da resistência à ação da insulina na gestação levando ao aumento dos níveis de glicose no sangue. Segundo a médica endocrinologista Cristina Fernanda Magro Faidiga, formada pela Faculdade Evangélica de Curitiba, se a doença não for diagnosticada rapidamente, o paciente pode sofrer complicações. “O indivíduo pode ter os sintomas clássicos do Diabetes Melittus (DM), como emagrecimento, poliúria (urinar muito), polidipsia (muita sede). E ao longo do tempo pode ter complicações crônicas como: obstrução arterial causando AVC (Acidente Vascular Cerebral), cegueira, amputação de membro” destaca a médica. No caso do DM tipo 2, a causa pode ser he-
reditária, mas a obesidade, sedentarismo, maus hábitos alimentares, também podem levar ao Diabetes tipo 2. De acordo com a recomendação da Dra. Cristina, dieta e exercícios físicos colaboram para evitar a doença. “O Diabetes Melittus não tem cura, mas pode ser tratada. A base do tratamento é dieta e atividade física”, ressalta. Sobre o tratamento a endocrinologista também lembra que há diferenças, conforme o tipo da doença. “Alguns casos se tratam com medica-
Principais sintomas do diabetes tipo 1
Principais sintomas do diabetes tipo 2
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• infecções frequentes • alteração visual (visão embaçada) • dificuldade na cicatrização de feridas • formigamento nos pés e furúnculos.
vontade de urinar diversas vezes fome frequente sede constante perda de peso fraqueza fadiga nervosismo mudanças de humor náusea e vômito.
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O Diabetes não tem cura, mas pode ser tratada. A base do tratamento é dieta e atividade física.
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mentos Via Oral e outros necessitam de uso de insulina, que é injetável”, lembra. A dieta para diabetes deve ser orientada pelo nutricionista ou nutrólogo, respeitando a idade e o estilo de vida do indivíduo. As recomendações gerais da dieta incluem dicas como: comer de 3 em 3 horas; consumir alimentos diet; comer mais fibras e cereais; evitar a gordura saturada e carboidratos simples, como carne vermelha, arroz e batata; beber bastante água; evitar todo tipo de açúcar e adoçante.
Fotos: Reprodução
A insulina pode ser aplicada na região da barriga, coxa, braço ou bumbum. Sempre em local diferente para evitar acúmulo de cordura e pele flácida. A estudante de 19 anos, Maria Vitória Franco, é diabética tipo 1 e contou ao Jornal Livre Expressão como descobriu a doença. “Era carnaval e eu sentia muita sede, bebia muita água e nunca era suficiente. Ia diversas vezes ao banheiro e minha visão ficava turva”, relatou. A jovem decidiu procurar ajuda médica após perder muito peso durante poucos dias e foi diagnosticada imediatamente. “No mesmo dia fui internada com duas bombas de insulina, uma em cada braço. Deveria ter sido encaminhada para a UTI, mas conseguimos estabilizar em poucos dias”. Diariamente Maria Vitória toma dois tipos de insulina, a ‘lanthus’ para evitar que a glicose suba e a ‘humalog’ antes das refeições, que permite a correção da glicose. Além disso, os hábitos saudáveis e a alimentação são controlados. “Sempre tomo cuidado com os alimentos, opto pelos integrais, como muita
fruta e verdura. Recentemente uma nutricionista me passou uma dieta para que eu pudesse fazer a contagem de carboidratos, o que é essencial”, contou. Exercícios que intercalam musculação e aeróbico também a ajudam no controle do nível de glicose. Para ela o diabetes acabou desencadeando outros problemas como imunidade baixa, fungos e bactérias por falta de controle, formigamentos, dificuldades na visão, entre outros. “É uma doença silenciosa e futuramente pode atingir meu rim, causar amputação, cegar. É algo difícil, mas que depende totalmente de mim para que seja controlada”, declarou Maria Vitória. A insulina é fornecida pelo governo do Paraná, junto com fitas para medir glicose, agulhas e o material necessário. Para isso, ela precisou entrar com um processo judicial, que na primeira vez foi negado. “Se eu tivesse que arcar com o tratamento seria muito caro”.
O teste de glicemia é uma das formas de descobrir precocemente a doença e iniciar o tratamento.
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SEQUESTRO RELÂMPAGO
O lado A e o lado B da mente de uma vítima Homens e mulheres, de todas as cores, gêneros e classes sociais, sentem medo. Até o mais corajoso dos seres humanos conhece essa sensação. A pessoa pode ter a capacidade de não demonstrar em seu rosto, mas dentro de si, mais precisamente em seu sistema nervoso, diversas substâncias são ativadas e provocam aquilo que os psicólogos adoram prescrever em seus diagnósticos: reações pautadas. Sequestros-relâmpago são referências quando se fala em manifestação de medo por parte do ser humano. O cérebro e todas as suas funções passam por um verdadeiro turbilhão de reações. A pessoa sai de um estado sublime para o mais crítico em questão de segundos, logo voltando à normalidade quando a polícia age com sucesso. Em Marechal Cândido Rondon, um dos casos mais famosos deste tipo de crime ocorreu em um escritório de contabilidade, com o contador Firmino Peters. Muito conhecido na cidade por ser um pioneiro em sua área e um exemplo de patrão, pai e amigo, Firmino foi feito refém – juntamente com sua esposa e algumas funcionárias. Elementos armados surpreenderam o contador após o horário comercial. A partir daí, abriram-se as cortinas para um festival de emoções. Quem as destrincha, uma a uma, é o psicólogo de Marechal Cândido Rondon, Alfredo Bischoff.
Foto e Texto: Gustavo Vieira.
tender se será morta, roubada, se a polícia chegará a tempo. Isso impede suas ações”, explica Alfredo. A parte do cérebro responsável por essa sensação de dúvida e ambiguidade é a amígdala.
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Traumas fazem com que as pessoas adotem medidas de segurança para suas vidas, disse o psicólogo rondonense Alfredo Bischoff.
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A PREOCUPAÇÃO Ao mencionar o caso Firmino Peters, por se tratar de uma história conhecida por todos na cidade, o psicólogo Bischoff já começa a traçar sua linha cronológica. “Quando se está trabalhando e, de repente, é surpreendido dessa forma, a primeira sensação que vem é a preocupação”. Alfredo explica que os primeiros segundos são utilizados pelo cérebro para o entendimento do que está acontecendo. Quando a pessoa percebe que se trata de um sequestro e ela está à mercê de elementos armados, a primeira sensação possível é a preocupação. Quando se está preocupado, o corpo passa a produzir seretonina de forma exacerbada. A seretonina nada mais é do que um neurotransmissor. Traduzindo: a seretonina percorre os neurônios e leva a informação ao cérebro que, por sua vez, faz sua conclusão por meio da reação humana. “A produção exagerada de seretonina pode acarretar em problemas futuros, como falta de sono e enxaqueca”, alerta o psicólogo. A INCERTEZA O próximo estágio, após o choque inicial, é a dúvida. Ao se deparar com um problema e mostrar preocupação diante disso, a vítima de um sequestro passa a se sentir incerta. “É aqui que a pessoa, geralmente, ‘trava’. A vítima fica sem en-
Nosso cérebro possui duas amígdalas – uma do lado esquerdo, outra do lado direito. Essas amígdalas estão diretamente ligadas às nossas reações de agressividade. Firmino, provavelmente, sentiu vontade de reagir contra os elementos. Porém, o medo de se machucar ou de ver seus relativos serem machucados ‘travou’ o contador, como ponderou o psicólogo. Após o estágio de ambiguidade, a vítima toma sua decisão e entra em uma nova situação. A LINGUAGEM CORPORAL Uma parte determinante da composição humana para a compreensão de seu estado é a sua linguagem corporal. Por exemplo: uma pessoa, quando está com frio, tremula. Por ser uma pessoa experiente, passado da chamada meia idade e um chefe de família, Firmino mostrou relativa tranquilidade enquanto tudo acontecia. O contador entendeu que se tudo corresse da forma esperada, os elementos levariam apenas bens materiais – o que acabou sendo devidamente recuperado ou reconquistado. Mesmo assim, Alfredo listou as possibilidades. “Os gânglios basais e o cerebelo são componentes do cérebro relacionados aos movimentos do cor-
Alfredo Bischoff, psicólogo: “As pessoas se tornam reféns delas mesmas em casos assim”. po. Obviamente, não se trata de uma ligação direta, mas essas partes são os principais responsáveis por esse processo”, explica Bischoff.
rança para que isso não torne a acontecer. Frutos de um forte trauma”, reitera o psicólogo rondonense Alfredo Bischoff.
O DESFECHO
A CONCLUSÃO
Essa parte da história fica em aberto. Os desfechos passeiam por diversas possibilidades. Pode terminar tanto com uma bem sucedida operação policial quanto com mortes ou ferimentos. No escritório de contabilidade, o desfecho foi bom, mas com ressalvas: não houve feridos nem presos, apenas furtos e uma enorme cicatriz, que alterou toda a maneira de Firmino se comportar no seu dia a dia. “Imagino que os primeiros minutos pós-sequestro foram de alívio, mas que os primeiros dias foram de insegurança e medo”, opina o psicólogo. O alívio pode ser explicado de uma forma bem simples: muitos batimentos cardíacos causam desgaste, então, quando uma frequência alta começa a diminuir, o corpo experimenta uma sensação de ‘resfriamento’. O alívio nada mais é do que a próxima sensação depois de um grande estresse. “Uma mudança de comportamento é normal em casos assim. A pessoa passa a adotar medidas de segu-
O psicólogo Alfredo Bischoff lembra que, no meio de todo esse processo natural, existe a interferência de medicamentos. “A ocorrência de traumas pode comprometer a saúde da pessoa. Pode ser que ela nunca mais atinja a plenitude psicológica sem o uso de medicação”, lamenta o psicólogo. Vítimas de sequestro ficam reféns de bandidos. Sequestros, porém, são passageiros. Essas pessoas correm o risco de se tornarem reféns da própria mente. No que diz respeito à segurança pública, as autoridades garantem que existem homens e tempo o suficiente para executar as rondas e evitar que casos do gênero ocorram. Além disso, os próprios policiais precisam passar por testes psicológicos antes de serem integrados às corporações e são enviados a tratamentos terapêuticos em casos de necessidade. A função da polícia, além de garantir a ordem, também é assegurar que as pessoas possam viver em paz – seja na rua ou consigo mesmas.
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SEGURANÇA
Após 11 anos, desarmamento ainda causa polêmica Em dezembro de 2003 entrou em vigor a lei que limita a compra, o porte e o registro de armamento no Brasil (Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003), definindo regras para o registro, posse e comercialização de armas de fogo e munição. Os defensores do desarmamento e os críticos são divergentes sobre os efeitos da lei. De acordo com o presidente do Conselho da Comunidade de Santa Helena, Nelson Dangelo, “o desarmamento, em partes, é a melhor opção contra a violência”, mas segundo Edeval Bueno, advogado criminalista, “o número de homicídios continua alto e o Estatuto não ajudou a reduzir a violência”. Uma consulta pública, que estava prevista para acontecer no Estatuto do Desarmamento, foi realizada em 2005 e 63,9% dos votos da população decidiu contra a proibição da venda de armas e munições no Brasil. AUMENTO DE HOMICÍDIOS Segundo o Mapa da Violência, em 2003, foram vítimas de armas de fogo 39.300 brasileiros. No modelo estabelecido pelo Mapa da Violência, a cada 100 mil habitantes, 22 morrem de forma violenta. Em 2010, ano com dados consolidados, a taxa de mortes por armas de fogo no país caiu para 20 a cada 100 mil pessoas. “O desarmamento não reside em ser contra ou a favor. A atual legislação comete equívocos que não pode mais perdurar. Se foi feito uma consulta pública a vontade da população deveria ser respeitada”, afirma Dangelo. De acordo com um levantamento realizado
pelo Instituto Avante Brasil, com dados atualizados pelo Ministério da Saúde, houve um crescimento de 7,2% no número de homicídios no Brasil entre 2011 e 2012, passando de 27,1 para 29 por grupo de 100 mil habitantes. “Os homicídios que deveriam ter diminuído no passar dos anos só aumentaram”, explica o advogado Edval Bueno. Em 2012, o número de mortes violentas chegou a 56.337. Entre 2002 e 2012 a evolução no número de mortes chegou a 13%.
Foto e Texto: Antônio Alves
BOM EM PARTES Em 2010, 52 mil pessoas foram assassinadas, segundo o Instituto Avante Brasil, sendo que desses 37,1 mil brasileiros foram mortos por arma de fogo. “A meu ver o desarmamento facilitou as investidas dos criminosos”, acredita o advogado. Mas para Dangelo, o desarmamento deve ser analisado em cada situação, porque pode ser bom e ruim, em partes. “A lei do desarmamento precisa ser revista periodicamente. Imagine um cidadão morando a 200 km de uma delegacia. O que ele faria em caso de extrema necessidade e a quem ele recorreria, mas em outros casos imagine uma pessoa de pavio curto que pode fazer coisas inesperadas estando armada”, defende. Pelo menos 637 mil armas foram retiradas de circulação entre janeiro de 2004 e agosto de 2013. O porte ilegal de arma é crime com pena de dois a quatro anos de prisão e multa. Conforme o Estatuto do Desarmamento será inafiançável se o porte for de arma que não está registrada pelo portador.
Segundo o presidente do Conselho da Comunidade de Santa Helena, o desarmamento não reside em ser contra ou a favor. “A atual legislação comete equívocos que não pode mais perdurar,” opina.
ENQUETE
Desarmamento: 75% contra e 25% a favor
Marcio Vitor Santos, 30 anos, estudante: “As coisas pioraram em termos de segurança depois do desarmamento, os bandidos estão a vontade.”
Cleni Terezinha, 35 anos, autônoma: “Não. Conversei com as vizinhas a respeito da segurança e o desarmamento só piorou. Não temos mais sossego.”
Lenecir José Benácchio, 52 anos, industrial: “Sou a favor ao desarmamento. Uma pessoa deve saber usar para ter uma arma. Do contrário não.”
Pedro Lemas Sehn, 78 anos, barbeiro: “Não. No meu tempo tinha menos violência, mas o desarmamento deixou a população desprotegida.”
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CRIMINALIDADE
Furtos aumentam 33,61% em Marechal Rondon Nos primeiros quatro meses do ano o índice de furtos em Marechal Cândido Rondon aumentou 33,61% em relação ao mesmo período de 2014. No sentido contrário, diminuiu o índice de roubos, que são as ações de criminosos com emprego de violência, seja ela física ou psicológica para com a vítima. De janeiro a abril de 2015, a queda foi de 19,23% se comparado ao mesmo período do ano passado. De acordo com o setor da estatística da 2ª Companhia Polícia Militar (PM) de Marechal Cândido Rondon, foram registrado 163 furtos na primeira metade do ano. No mesmo período de 2014, foram 122 ocorrências atendidas pela PM. Já em roubos, 26 em 2014, e 21 em 2015. Questionado sobre o aumento de 33,61% no número de furtos, o capitão da 2ª Companhia da PM, Marco Aurélio de Carvalho, diz não saber sobre as causas desse aumento, mas alerta como a população pode ajudar a diminuir. “Nós dependemos de denúncias, se houverem, nós iremos averiguar,” ressalta. Marco Aurélio comenta que as denúncias não estão sendo feitas pela população de modo geral. “Muitas vezes nem é por medo, só não querem se envolver. E isso não é bom, porque precisamos da população contribuindo conosco,” salienta. As denúncias podem ser feitas pelos números (45) 3254-1151 ou 190. O VÍCIO LEVA AO CRIME O capitão Marco Aurélio relata que na maioria =
dos casos, infratores praticam um crime para alimentar o vício das drogas. “É quase garantido. O crime é cometido por causa das drogas. Ele vende os produtos adquiridos por meio de roubo/furto e troca por dinheiro com os receptores, que pagam pelo produto ilegal e o infrator usa o dinheiro obtido para comprar drogas para o seu consumo,” explica. Marco Aurélio revela que somente acabando com os receptores, que poderá diminuir os números de furtos e roubos. “Existem vários receptores espalhados pela cidade, mas para chegarmos até eles, precisamos achá-los. E contamos com a população, por meio de denúncias para chegarmos até eles. Qualquer suspeita que você tiver, denuncie. Nós estaremos investigando e indo até lá averiguar,” conta. Por serem mais fáceis de tomar posse e depois vendidos, eletrônicos como celular, televisão e notebook são os principais alvos.
Foto e Texto: Luiz Fernando Cerni
COMO EVITAR O sargento Tonelli, que também atua na 2ª Companhia da Polícia Militar de Marechal, recomenda para a população utilizar dos meios de segurança disponíveis, como, por exemplo, manter sempre as portas e janelas fechadas, além de fazer a denúncia assim que achar algo suspeito. “A população deve se prevenir sempre, porque se deixar de utilizar algum desses meios, o furto ou roubo na residência será mais fácil. Porque onde eles veem que é mais fácil para entrar, eles entram,” alerta o sargento.
Para o capitão da PM de Marechal Cândido Rondon, Marco Aurélio de Carvalho, na maioria dos casos, os ladrões não roubam para o seu sustento, e sim, para manterem o vício
MEDO DAS RUAS
O que dizem as vítimas e autoridades policiais? Em uma região com opiniões diferentes, uma coisa é consenso: o oeste do Paraná é perigoso. Muitas pessoas sofrem diariamente com medo da violência, seja ela no trânsito, nas calçadas ou até mesmo dentro de casa. O pavor de ser assaltado, roubado, sequestrado ou atingido por balas ou carros faz o homem viver em constante alerta. Existe um problema, porém, que vai além do ato consumado: viver o amanhã. Após um trauma desse gênero, não é fácil sair de casa e encarar o mundo novamente. A ideia é simples. Basta a Polícia Militar realizar rondas rotineiras em cada bairro da cidade e evitar que movimentações suspeitas ocorram. Novamente: a ideia é simples, mas a execução demanda tempo, muito esforço dos policiais e dinheiro. Os dois primeiros fatores são fáceis de suprir, pois policiais cumprem escalas rigorosas e os batalhões costumam ser suficientes em termos de homens. O dinheiro é o problema. É o que afirma o soldado Fernando Nicoluzzi, do 19º Batalhão de Polícia Militar de Toledo.
O soldado garante que quando as verbas chegam integralmente, não há problemas para realizar a patrulha. “Não há segredo, policial militar tem que realizar patrulhamento preventivo e ostensivo e isso é fácil quando temos condições”, limita o soldado. Essa facilidade anunciada pelos policiais, no entanto, não torna a vida da população mais tranquila. O medo impera e o cidadão tem encontrado maneiras de driblar a insegurança. O caso da corretora de imóveis, que preferiu não se identificar por medo de futuros incidentes, é sintomático. Em 2011, a proprietária de uma corretora imobiliária em Marechal Cândido Rondon foi abordada por elementos armados enquanto abria o portão eletrônico de sua casa. “Estava distraída, jamais imaginaria que isso fosse acontecer”, relata. A resolução do incidente foi a melhor possível. A vítima não se machucou e teve apenas alguns pertences levados – tudo devidamente recuperado. O medo, por outro lado, acompanha desde então. “Mu-
dei alguns hábitos depois do assalto. Quanto menos tempo eu ficar fora de casa, à mercê dos bandidos, melhor”, lamenta a corretora. Ela ainda revelou que adotou algumas medidas particulares de segurança. O soldado Nicoluzzi informou que as pessoas ouvem diariamente recomendações de segurança. Curiosamente, elas passam a dar importância a essas instruções somente após passarem por um momento de dificuldade. “Sempre sugerimos que as pessoas evitem sair de casa em horários sem movimentação nas ruas, que elas tenham cuidado ao entrar em casa ou guardar o carro na garagem”, comenta. Pessoas que levam seu dia a dia com calma e procuram manter um comportamento adequado costumam ter mais facilidade em momentos de tensão como a de um assalto. A personalidade de cada um fica refletida em situações assim. “Apesar do medo, mantive minha calma e procurei não reagir”, lembrou a corretora. O comportamento da vítima é exemplo para o soldado Nicoluzzi. “Em
momentos assim, pedimos para que a vítima não reaja e coopere com os mandos do elemento em questão. A polícia se encarrega em tomar providências”, pondera o soldado. ‘PROFISSIONALIZAÇÃO DOS BANDIDOS’ Promotores de justiça e policiais vêm alertando: os bandidos se tornaram profissionais do crime. Para quebrar a lei, os infratores passaram a arquitetar suas ações antes de executa-las. De acordo com o soldado Nicoluzzi, os assaltantes fazem toda uma ‘pesquisa de campo’: conhecem o perfil psicológico da vítima, prestam atenção nos costumes e hábitos que essa pessoa leva para a vida e, se possível, procuram os melhores mecanismos para invadir a residência e, enfim, abordar as vítimas. “O ideal é que as pessoas se previnam. Uma sociedade prevenida torna o trabalho de qualquer policial mais fácil”, pontua o soldado.
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Oeste Seguro
Maio/Junho de 2015
LEI SECA
Álcool: combustível para a imprudência A Lei Seca foi assinada em 2008 com objetivo de reduzir os acidentes provocados por motoristas embriagados no Brasil, endurecendo as punições contra quem bebe antes de pegar o volante. Uma mistura de equívocos e inconsistências legais, porém, acabou fazendo com que a legislação surtisse o efeito contrário. A principal mudança foi à definição legal do que é embriaguez ao volante e para comprová-la, passou a ser necessário submeter o suspeito a um exame, de sangue ou de bafômetro. No Brasil, porém, não se pode obrigar um suspeito a produzir provas contra si. Uma ação direta de inconstitucionalidade questiona o artigo que fixa o limite de álcool no sangue e a possibilidade de recusa do teste do bafômetro. Segundo o Delegado da Polícia Federal de Cascavel, Celso Rogério Mochi os números dão uma ideia da gravidade do problema. “Nas últimas avaliações, ainda cerca de 20% dos brasileiros declararam ter bebido cinco ou mais doses em uma única noitada no mês anterior. Desses, 10% admitiram ter voltado para casa guiando.” O consumo de bebidas alcoólicas é uma das principais causas de acidentes automobilísticos no país, segundo informações oficiais do site da Polícia Rodoviária Federal. O Brasil ostenta o triste título de detentor de um dos mais altos índices de mortes no trânsito por habitante. Na última década, o número de fatalidades subiu mais de 30%.
Fotos: Divulgação
Texto: Raul Seixas Stanazio
“Atualmente, o Brasil é o quinto país com o maior número de vítimas no trânsito, atrás apenas de Índia, China, Estados Unidos e Rússia”, afirmou o Delegado Celso Rogério Mochi. O Ministério Público (MP) é responsável por promover a acusação contra quem bebe e dirige e acompanha o julgamento, fazendo com que há um debate até o resultado da pena. “As pessoas acabam imaginando que pelos números, ainda tenha pouca fiscalização com bafômetros por parte dos órgãos competentes, mas os maiores números de julgamentos nos dias de hoje por parte do Ministério Público é sobre embriaguez ao volante” afirmou o Promotor de Justiça do município de Toledo, José Roberto Moreira. O promotor José Roberto falou ainda, que a Lei vem se aperfeiçoando a cada dia. “A Lei nos dias de hoje pode ser que não seja tão rigorosa quanto a falta de responsabilidade dos motoristas que ingerem bebidas alcoólicas e dirigem, mas a cada dia, ela vem sendo aperfeiçoada e aumentando a rigorosidade” finalizou. No município de Toledo, segundo o Soldado do 19° Batalhão da Polícia Militar (BPM), Eduardo Barazetti, há bafômetros o suficiente para atender a todas as operações. “A Polícia Militar e toda a corporação que faz parte do 19° BPM, tem a disposição bafômetros para atender as fiscalizações de trânsito, por isso, a PM age com rigorosidade, intensificando as ações nos finais de semana.” destacou.
Blitz realizada na Avenida Senador Atílio Fontana de Toledo no ínicio do mês de Junho Nos finais de festas é aonde o maior índice de prisões por parte de embriaguez acontece no município. “A Polícia, tem monitorado as saídas de casas noturnas, onde acontecem festas e as pessoas
“
Consideram ato criminal quando o motorista é flagrado dirigindo com índice de álcool no sangue superior ao permitido de 0,34 miligrama por litro de ar expelido ou 6 decigramas por litro de sangue.
As principais abordagens policiais acorrem nos finais de festas, durante a noite.
”
acabam ingerindo bebidas alcóolicas e depois saem dirigindo, é aonde acontece à abordagem e a constatação da embriagues” afirma Barazetti. O motorista ao ser submetido ao teste do bafômetro e for constatado ter ingerido bebidas alcóolicas
receberá apenas uma notificação caso o teste der 0.34 mg/L (miligramas de álcool por litro de ar) ou menos. Caso o teste passar de 0.34 mg/L, o motorista é preso em flagrante, tem a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) suspensa. “A multa que o motorista receberá caso for pego embriagado e dirigindo é de R$ 1.980, será detido e terá a CNH suspensa, porém o motorista terá que esperar o prazo de um ano para poder realizar novamente todos os processos iniciais para conseguir tirar uma nova habilitação” disse o Soldado do 19° BPM, Eduardo Barazetti. Para quem for preso por embriagues ao volante, além de receber a multa de R$ 1.980, ter a CNH suspensa, ainda terá que pagar uma fiança de 3.000 R$ para poder sair da prisão, caso contrário terá que cumprir regime prisional. OPERAÇÃO WHATSAPP Muitos motoristas estão participando de grupos no aplicativo “Whatsapp” para tentar “driblar” as blitz, ou seja, uma pessoa ao avistar uma blitz já comunica as demais através do grupo, evitando assim que o motorista infrator passe pelo local onde está acontecendo às fiscalizações. “Decidimos então utilizar também o mesmo mecanismo para flagrar os motoristas embriagados, onde policiais à paisana monitoram determinados locais e repassam as equipes de serviço do Gotran, para que efetuem as abordagens e em caso de estarem alcoolizados, vão responder com o rigor da lei.” comentou o Major Bezerra, comandante do 19° BPM de Toledo.