O Pampa e o Gado
2 -
Editorial uma legião de conspiradores, que agora tem por missão continuar sua luta em prol da manutenção das características originais do Pampa, mostrando que é possível produzir em total harmonia com o meio ambiente. Além das homenagens prestadas a Fernando Adauto, trazemos uma grande reportagem mostrando todos os atrativos da ExpoLavras, que todos os anos oportuniza bons negócios e valoriza também os artistas locais, oferecendo uma variada gama de apresentações artísticas e culturais voltadas para toda a comunidade. A grande novidade, porém, fica por conta da carne certificada pela Alianza del Pastizal, que deixou de ser
apenas um sonho e hoje encontra-se disponível nos hipermercados da rede Carrefour em Porto Alegre, Santa Maria, Caxias do Sul e Canoas. Outra excelente notícia é o registro feito, em duas expedições diferentes, de um cardeal amarelo em ambiente natural na região da Serra do Sudeste, onde a espécie já era considerada extinta há mais de uma década. E, com muita satisfação, anunciamos ainda a retomada da Ovinofest, que retorna ao calendário oficial do Sindicato Rural cheio de novidades, agregando à sua programação outros eventos já consagrados, como o Concurso de Churrasco de Cordeiro, Feira de Ovinos e Concurso de Carcaças.
Foto: Marcelo Fett Pinto
O Pampa perdeu este ano um dos seus principais conspiradores. Uma perda irreparável para a pecuária, sem sombra de dúvidas, especialmente no que diz respeito à produção aliada à conservação. Fernando Adauto Loureiro de Souza fará muita falta na luta pelo desenvolvimento de uma pecuária sustentável com base nos campos nativos, mas deixou iniciativas que garantem a esperança de um futuro melhor para a atividade, entre elas o Seminário O Pampa e o Gado, cujo principal avanço em 2016 foi iniciar a discussão a respeito da criação de políticas públicas de uso racional e eficiente do bioma. Felizmente, o engenheiro agrônomo deixou também
- 3
Foto: Nina Boeira
Foto: Felipe Ulbrich
Foto: Felipe Ulbrich
6
20
Avanços na conservação do Pampa 06 Muito além de bons negócios 20 Excelência em qualidade genética 30 Exemplo da evolução de uma propriedade Citeana 36 Oferta qualificada nas feiras de outono e primavera 40 Carne produzida no Pampa ganha selo de qualidade 44 Provas da raça Crioula são atração em Lavras 50 Uma festa para a ovinocultura 54 Dedicação total à produção animal 58 Mudança de rumo em busca da realização pessoal 60 A força da juventude 62 Valorizando a cultura nativista 64 Dirigente atuante, entidade forte 72 Renasce a esperança para o cardeal-amarelo na Serra do Sudeste 74 Social 80 AGENDA 2017 82
44
Foto: Felipe Ulbrich
Revista Oficial do Sindicato Rural de Lavras do Sul Novembro de 2016
Secretária Executiva
Foto: Nina Boeira
Ana Medora Brasil de Souza MB
64
facebook.com/ sindicatoruraldelavrasdosulrs srural@farrapo.com.br Fone: (55) 3282.1256
EXPEDIENTE Diretor Executivo Henrique Borges Edição e Reportagem Jairo Nether Contato com a Redação redacao@futurars.com.br
54
Projeto Gráfico Adelino Bilhalva Diagramação Romano Chacon Fotografia Felipe Ulbrich, Nina Boeira e divulgação Foto Capa Felipe Ulbrich Produção
Porto Alegre/RS - (51) 3084 4717
O Pampa e o Gado
Foto: Felipe Ulbrich
Avanços na conservação do Pampa
6 -
Proposta de elaborar uma política pública de uso racional e eficiente do bioma foi o grande avanço do Seminário O Pampa e o Gado, evento que este ano prestou homenagem em memória ao seu idealizador, Fernando Adauto Loureiro de Souza
- 7
O Pampa e o Gado
A
muito grande para manter vivo o evento e fazer com que ele cumpra um dos seus principais objetivos, que é motivar mais pessoas a perceber a importância do Pampa e valorizar as estratégias de trabalhar uma pecuária com base em campo nativo buscando a valorização da carne gerada nesse sistema de produção”, ressalta a chefe adjunta de transferência de tecnologias da Embrapa Pecuária Sul, Estefania Damboriarena. “Um grande diferencial do Pampa e o Gado é a participação conjunta de setores ligados à produção e à conservação ambiental, dialogando e debatendo ideias para o desenvolvimento de uma produção sustentável no Pampa. Essa interação é muito benéfica, mostrando para todos que hoje, mais do que nunca, não se pode pensar em produção agropecuária sem considerar a manutenção dos recursos naturais”, pondera o diretor executivo da BirdLife/SAVE Brasil, Pedro Ferreira Develey, citando a presença de muito produtores jovens discutindo métodos sustentáveis de produção. “O engajamento das novas gerações é fundamental para a conservação do Pampa a longo prazo”, afirma. Pesquisadora da Fundação Zoobotânica do RS, Luiza Chomenko lembra que O Pampa e o Gado foi concebido justamente com a perspectiva de construir uma parceria entre o setor produtivo e o setor
Fotos: Nina Boeira
oitava edição do Seminário O Pampa e o Gado, realizada entre os dias 07 e 08 de julho em Lavras do Sul, reuniu cerca de 250 estudantes, técnicos e produtores de 25 municípios gaúchos, atraindo participantes de outros estados brasileiros e até mesmo da Argentina e Uruguai. Durante o encontro, que tem por objetivo valorizar a pecuária sustentável, o ambiente natural do Pampa e sua biodiversidade, foram discutidos temas de grande relevância para os pecuaristas, como ordenação territorial, recuperação de áreas degradadas e intensificação sustentável do campo nativo. Outro destaque da programação foi a homenagem prestada em memória do idealizador do evento, o engenheiro agrônomo Fernando Adauto Loureiro de Souza, entusiasta e conhecedor das características do bioma Pampa. Expresidente e diretor do Sindicato Rural de Lavras do Sul, foi ele o grande responsável pelo sucesso do Seminário, que hoje ocupa lugar de destaque na agenda de eventos técnicos e congrega universidades, produtores e demais entidades do setor agropecuário na busca da evolução dos sistemas produtivos, buscando resultados econômicos sem descuidar da sustentabilidade e do equilíbrio ambiental. “Foi um desafio fazer o seminário acontecer sem o Adauto, fizemos um esforço coletivo
Seminário O Pampa e o Gado reuniu mais de 250 produtores, técnicos e estudantes em Lavras do Sul
8 -
ambiental, sendo que o Sindicato Rural de Lavras do Sul teve papel fundamental nesse processo a partir da orientação inicial do entusiasta Fernando Adauto. “Esse papel vem sendo desenvolvido e intensificado a cada ano. Nos últimos anos houve uma participação muito intensa de troca de informações entre os produtores presentes e os pesquisadores das mais diferentes áreas de atuação”, acrescenta a bióloga.
Luiza Chomenko
Estefania Damboriarena
Está na época de reproduzir seus Período de transição. resultados. O próprio nome diz: EstáAltana hora de adotar a estratégia tecnologia em suplementação nutricional faz você aumentar ® nutricional sua lucratividade.da nova linha Bovigold Na época de acasalamento, é o momento de fazer a produtividade do rebanho aumentar. É por isso que a DSM oferece produtos com sua exclusiva tecnologia dos Minerais Tortuga®, que melhora os índices de reprodução, terneiros mais pesados e precoces, além de vacas e bois mais pesados e saudáveis. Converse conosco e confira as condições especiais DSM Produtos Nutricionais | Rio Grande do Sul tel 51 3478 - 7314
- 9
Fotos: Nina Boeira
O Pampa e o Gado
ORDENAMENTO TERRITORIAL
Álvaro Heidrich
10 -
Em sua palestra, “Mudanças Técnicas e Culturais e a Organização do Espaço Agrário”, o geógrafo Álvaro Heidrich discorreu sobre a tradição da atividade pecuária bovina na região do Pampa, suas mudanças técnicas e a necessidade de uma nova relação entre o campo e a cidade. O professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) demonstrou preocupação com a expansão de outras atividades dentro do bioma, como a agricultura, que vem apresentando crescimento maior do que a pecuária nos últimos anos, e a silvicultura, que serve a uma indústria multinacional, gera poucos empregos e deixa pouco retorno econômico. “Os recursos não
ficam nos municípios na maior parte das vezes”, lamenta. Segundo ele, apesar de estar associado à Metade Sul, considerada uma região pobre e em crise, o Pampa tem alto índice de geração de valor agropecuário se comparado à outras regiões do Estado, mas, contraditoriamente, as três regiões que integram o bioma têm os piores índices de desenvolvimento econômico e social. “Então, existe algum problema que precisa ser pensado do ponto de vista da distribuição do que se faz aqui”, emenda, reforçando que é preciso pensar em alternativas de renda que sejam do lugar afim de evitar o êxodo rural, especialmente, dos mais jovens.
Melhoramento de Campo Nativo O painel Melhoramento de Campo Nativo apresentou o potencial produtivo que é possível alcançar com base em campos nativos, abordando ainda problemas registrados no Pampa, em especial a degradação dos campos. Como recuperar e conservar essas áreas foi o tema da palestra proferida por Gerhard Overbeck, do departamento de Botânica da Ufrgs, que citou como exemplo a parceria selada entre o Ibama e o Exército Brasileiro com a
intenção de recuperar áreas do Campo de Instrução Barão de São Borja, em Rosário do Sul, através de um projeto pioneiro que leva em conta o uso de técnicas de diferimento de campo nativo, colheita de sementes de espécies nativas em áreas vizinhas e uso controlado do pastejo bovino como forma de possibilitar maior competitividade das espécies campestres frente às arbustivas e de atuar como vetor de disseminação de sementes. “O gado é uma das principais
ferramentas de restauração, pois o pastejo mantém o campo com toda sua biodiversidade, ou seja, ele é essencial em qualquer processo de recuperação”, afirma o biólogo, explicando que o manejo da vegetação é a chave na restauração de campos. “Porém, no Brasil não existem sementes de plantas nativas disponíveis no mercado. Na Alemanha, por exemplo, um produtor comercializa mais de 400 espécies nativas”, compara.
- 11
Foto: Nina Boeira
O Pampa e o Gado
José Carlos Paiva Severo, Gerhard Overbeck, Danilo Santana e José Acélio Fontoura Júnior
Já o médico veterinário Danilo Santana mostrou como aproveitar melhor as pastagens naturais utilizando técnicas como a fertilização e a introdução de espécies. “O objetivo é intensificar a produção de forragem dos pastos desse ambiente, acrescentando algumas espécies, principalmente as de inverno, como aveia, azevém e leguminosas, introduzindo também fertilizantes, melhorando a nutrição do solo como a agricultura faz. Aumentar a produção de forragem ao longo do ano numa determinada área ocasiona um aumento de produção da propriedade inteira, pois permite realizar uma terminação melhor, dispondo de pastagens de inverno sem remover a vegetação nativa. Conciliando isso, estamos mais próximos de uma produção sustentável sem fazer grandes alterações no meio ambiente”, observa o pesquisador da Embrapa Pecuária Sul. Segundo ele, a base forrageira nativa do Sul do Brasil é a melhor opção para produzir comida todos os dias do ano, durante todos os anos, mesmo com a variabilidade climática registrada no Estado. “Essa 12 -
vegetação está adaptada, então, com planejamento e um pouco de investimento é perfeitamente possível ter comida o ano inteiro, afinal, a constância na entrega de animais depende da constância da oferta de comida”, acrescenta Santana, revelando que que outra forma de potencializar os campos naturais é investir em sistemas de irrigação. “O retorno é muito bom, mesmo com gado de cria, ou seja, produzir terneiros embaixo de pivô central com uma matriz de campo nativo melhorado é absolutamente competitivo com qualquer outra atividade agrícola de alto investimento”, emenda o pesquisador. Logo em seguida, José Carlos Paiva Severo falou sobre a aplicação prática da intensificação sustentável do campo nativo na produção pecuária, mostrando como faz para produzir bovinos de alta qualidade na Fazenda Querência da Pedreira, em Lavras do Sul, onde mantém 13% da área formada por campos nativos melhorados. O médico veterinário ressalta que o sucesso da implantação do sistema inicia pela definição da área, por isso, recomenda a escolha dos melhores campos, de preferência aqueles
que ainda não foram mexidos. “O ideal é começar o trabalho de intensificação numa pequena área e ir expandindo aos poucos, conforme se vai aprendendo o processo”, aconselha, elencando os principais impactos do procedimento no sistema de produção: melhor oferta de forragens no inverno, duplicação da carga animal e, consequentemente, elevação da renda do produtor. De acordo com o zootecnista José Acélio Fontoura Júnior, responsável pela mediação do painel, o melhoramento de campo nativo é uma maneira de potencializar a lucratividade e a produtividade dos sistemas sem deixar de preservar o ambiente natural do Pampa. “É preciso um equilíbrio, por isso é necessário haver bom senso de ambos os lados, de quem defende a preservação e de quem defende exclusivamente a produtividade. Essa é a proposta que o seminário O Campo e o Gado vem trazendo, ou seja, mostrar que é possível produzir sem deixar de lado o meio ambiente”, emenda o professor adjunto da Universidade Federal do Pampa (Unipampa).
- 13
O Pampa e o Gado
A primeira apresentação do painel Análise Econômica de Sistemas de Produção Pecuária foi da professora do Instituto Federal Catarinense (IFC), Juliana Thurrow, que mostrou dados comparativos de produção com base em resultados de pesquisa com a metodologia de avaliação da Ufrgs. A engenheira agrônoma, que fez seu estágio final na Estância São Crispim, em Lavras do Sul, apresentou resultados obtidos a partir de um sistema de manejos integrados implantado pela Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro) entre 2003 e 2008, em Hulha Negra, onde foram testados quatro modelos de oferta de pastagem (4%, 8%, 12%, 16%). “O estudo nos mostra que é possível integrar um aumento da receita desde que utilizados os manejos conservacionistas adequados. Isso potencializa a produção em campo nativo porque permite manter um manejo sustentável através da oferta adequada”, destaca Juliana, informando que o sistema que apresentou melhor resultado foi o que disponibilizou 12% de oferta de pastagens aos animais. A parte prática ficou a cargo do especialista em produção animal e consultor da Assessoria Agropecuária Marcon, Fabrício Nogueira de Souza, que apresentou o case de uma propriedade que trabalha
Fabrício Nogueira de Souza
14 -
Fotos: Nina Boeira
Análise Econômica de Sistemas de Produção Pecuária
Juliana Thurrow
com agricultura e pecuária, atividade introduzida com a finalidade de diversificar a produção. Segundo ele, os resultados do trabalho, que contou com ajustes de lotação e melhoramento dos campos nativos, mostram que aproveitando bem os recursos disponíveis se consegue ter uma atividade viável economicamente. “Esse exemplo nos mostra que não é a pecuária que está sendo inviável, mas sim os nossos sistemas produtivos. Por isso, é necessário analisar os modelos utilizados e adequá-los à pecuária praticada atualmente”, sugere o médico veterinário. De acordo com o coordenador estadual de projetos de pecuária de corte do Sebrae/ RS, Roberto Grecellé, o principal pecado capital da pecuária gaúcha é produzir apenas o que queremos ou conseguimos, não o que é possível explorando todo o potencial do Pampa. “O primeiro passo é definir para quem será produzida essa carne, para então definir o sistema a ser adotado. Maciez hoje não é mais fator
de diferenciação no mercado brasileiro e mundial, é pré-requisito. E isso tem a ver com idade de abate do animal, não apenas com a raça utilizada, ou seja, o desafio posto para a nossa pecuária se chama eficiência produtiva, para entregar um novilho jovem e bem terminado”, observa o médico veterinário. Grecellé destaca ainda que o Rio Grande do Sul não é mais o único estado que produz carne marmorizada. “São Paulo descobriu o Angus e o Hereford, não são mais raças exclusivas nossas. Então, não se trata mais de vender uma raça, mas sim um conceito, temos que vender sensações, trabalhar os desejos dos consumidores”, prossegue, afirmando que a carne produzida no Pampa tem alma, pois, além de maciez, suculência e sabor diferenciado, traz consigo uma carga de vivências que soma mais de três séculos de produção em perfeita sintonia com o meio ambiente. “Esse é um nicho de mercado que a nossa carne pode ocupar, pois o consumidor estará comprando
num produto final chamado carne muita responsabilidade ambiental embutida”, completa. Responsável pela mediação do debate, Estefania Damboriarena observa que as três apresentações foram complementares, pois foi possível conhecer métodos de análise e comparação de resultados econômicos de distintos sistemas e ver a aplicação prática de resultados de sistemas de produção reais. “Existem sistemas comprovados pela pesquisa e exercitados pelos produtores, esse foi o grande recado, então, é viável economicamente manejar o campo e produzir carnes diferenciadas com base no resultado econômico já demonstrado tanto pela pesquisa quanto pelos assessores técnicos que estão acompanhando os produtores”, destaca a chefe adjunta de transferência de tecnologias da Embrapa Pecuária Sul.
Roberto Grecellé
Há 23 anos a lidando comais raça que m a: n o i c o m e s no na. a m u h a ç a r a Abascal e Borges Remates. Sempre na lida com os amigos.
Rua Dr. João Bulcão, 308 CEP 97390-000 - Lavras do Sul/RS Fones: (55) 3282.1089 - 3282.2199 - 9964.7350 abascaleborges@farrapo.com.br
- 15
O Pampa e o Gado
Desafios para o Pampa e o Gado
16 -
agrícolas de modo a dar o devido lugar ao campo nativo e diminuir o nível de substituição que tem ocorrido por outras culturas sem uma adequada avaliação dos impactos ambientais dessa mudança de panorama em nível de território. “Essa abordagem ainda não havia sido feita, agora se avança um pouco mais na tentativa de propor uma política pública ou ao menos começar a discutir uma proposta de política nesse sentido, que é a única forma da gente conseguir conservar alguma coisa desse bioma”, completa o professor adjunto da Ufrgs. Fotos: Nina Boeira
O painel de encerramento do VIII Seminário O Pampa e o Gado foi destinado a ouvir os anseios dos produtores e a visão dos técnicos que os assessoram, promovendo a interação destes com os mediadores, estabelecendo um momento de construção conjunta. “Esta edição marca alguns avanços na questão da utilização do Pampa no aspecto entre produção e conservação, pois conseguimos estabelecer o início de uma discussão em torno do ordenamento territorial do bioma uma vez que algumas áreas já foram intensificadas e outras obrigatoriamente por lei precisam ser preservadas. Talvez este seja o grande legado do Fernando Adauto, que sempre trabalhou pela conservação do Pampa, mas sempre trabalhou pela produção pecuária, ou seja, nunca defendeu que o bioma ficasse fechado, muito pelo contrário”, ressalta o zootecnista Davi Teixeira. O diretor executivo do Serviço de Tecnologia em Agronegócios (SIA) observa que a agricultura já avançou em quase todas as áreas mais nobres do Estado e agora passa a avançar também nas áreas mais marginais, razão pela qual defende uma proposta equilibrada no sentido de alcançar a evolução econômica e o desenvolvimento necessário, conservando tudo aquilo que o patrimônio do bioma Pampa é capaz de sustentar. “Lançamos o desafio de desenhar uma proposta de uso racional e ao mesmo tempo eficiente do bioma que possa ser levada às representações de classe e órgãos governamentais. Precisamos dar um passo mais firme nesse caminho sob pena de efetivamente a cada ano ir perdendo um pouquinho do Pampa por não haver esse tipo de ordenamento”, acrescenta Teixeira. Carlos Nabinger, um dos organizadores do evento, reforça que a principal novidade desta edição foi o avanço na perspectiva de entender o Pampa como um território que precisa de uma ordenação das atividades
Davi Teixeira
Carlos Nabinger
RUA FERNANDO ADAUTO LOUREIRO DE SOUZA O grande destaque do VIII Seminário O Pampa e O Gado foi a justa homenagem prestada a Fernando Adauto Loureiro de Souza, ex-presidente do Sindicato Rural de Lavras do Sul e idealizador do evento, falecido em 10 de fevereiro. Na ocasião, os filhos Alessandra e Adauto - que no ato representaram também sua mãe Marília, juntamente com a irmã de Fernando Adauto, Ana Maria Delabary - descerraram a placa de uma nova rua interna do Parque de Exposições de Lavras do Sul, que recebeu o nome do produtor rural. “Tudo o que eu sei e sou hoje, devo a ele. Trabalhei com ele desde os três anos de idade e vou seguir todos os ensinamentos que ele me passou durante sua vida”, afirmou Adauto Loiácono Loureiro de Souza, garantindo que a Estância São Crispim estará sempre à disposição das universidades e da pesquisa. “Nada vai mudar, será sempre uma estação experimental.” Em nome da família, Alessandra Loiácono
Loureiro de Souza agradeceu ao Sindicato Rural pela homenagem e destacou a presença de vários “conspiradores do Pampa”, forma como o pai costumava chamar antigos parceiros de luta pela conservação das pastagens naturais, como Carlos Nabinger, José Fernando Piva Lobato, Luiza Chomenko e Aino Jacques.
“Não tenho nenhuma dúvida em dizer que a maior paixão da vida dele era o Pampa”, disse, lembrando que o pai andou a cavalo até vinte dias antes de falecer. “Esse ambiente era a vida dele, nos últimos tempos só quem podia competir com a natureza eram os dois netos, a Manuela e o Antônio”, completa.
Familiares e parentes de Fernando Adauto Loureiro de Souza
- 17
O Pampa e o Gado
Foto: Nina Boeira
Perda irreparável para a pecuária O Fernando Adauto, com suas ideias e
Apesar de ter frequentado universidades,
O Fernando Adauto sempre teve uma
atitudes, colaborou para a mudança da
de certa maneira, era um autodidata, e
contribuição muito forte no setor pecuário
pecuária no Rio Grande do Sul criando
um grande leitor. Escrevia seus textos
e foi um grande defensor do bioma Pampa,
condições diferenciadas na indústria
com muita naturalidade e felicidade,
um defensor dos produtores rurais e de
para o novilho jovem, através de melhor
tanto que escreveu livros, e na maneira
suas demandas, tendo uma trajetória
valorização da carne destes animais,
de se expressar em relação à natureza
muito intensa nesse setor desde os tempos
contribuindo para o fim da entressafra de
era um poeta. Há trechos deles que
da indústria frigorífica, onde também
gado gordo no Estado.
se enquadrariam muito bem como
participou ativamente.
Lindonor Peruzzo
verdadeiras poesias.
Gedeão Pereira
ex-colega de trabalho na Cicade
Blau Souza, médico e escritor
vice-presidente da Farsul
Conheci o Fernando Adauto em uma saída de campo de uma turma de pós-graduação
Ao longo dos meus 35 anos de carreira
do professor Nabinger, desde então virei um discípulo desse “mártir” da causa
profissional trabalhei com muitas
pampeana. Após assumir como professor da Unipampa, fiz algumas visitas em sua
pessoas especiais com as quais
propriedade, com meus alunos. Numa dessas ouvi dele: “Eu sou engenheiro agrônomo,
aprendi sempre. Encontrei muita gente
aliás um agrônomo fajuto, pois nunca usei um arado”. Eu, hoje, lhe diria: O Sr. foi
brilhante em todos os sentidos, o
um grande engenheiro agrônomo, pois soube ouvir a voz do campo e da terra e dela
Fernando foi sem dúvida uma delas.
interpretar os ensinamentos que a natureza nos passa, todos os dias, conseguindo
Miguel Goulart, ex-colega de
produzir, conservando. Sem arado. Daqui seguimos seu legado com “o Pampa e o Gado”.
trabalho na Cicade
José Acélio Fontoura Júnior, professor da Unipampa São uns incompetentes! Esta frase foi cunhada pelo Fernando Adauto não Era um apaixonado pela história
como uma desconsideração àqueles
do Rio Grande. Um profissional que
que não pensavam como ele, mas
conhecia a vida do campo como
por não o convencerem sobre o que
poucos, dentro e fora da porteira.
discutiam. Defendia com fervor seu
Francisco Lineu Schardong, diretor
ponto de vista, principalmente sobre
administrativo da Farsul
o campo, ambiente que dominava como se fosse o quintal da estância. José Alcindo de Souza Ávila, superintendente da Casa Rural
Falar de Fernando Adauto é complicado, pois era uma pessoa muito especial; foi uma daquelas referências que deixam como legado a forma de agir, de ser, e que conseguia conciliar temas e interesses muitas vezes bastante distintos. A partir de muitas reuniões que se fizeram, inclusive em vários momentos dentro da Fundação Zoobotânica, conseguia construir elos entre temas e interesses bastante distintos. Idealizou e ajudou a criar ações fundamentais que hoje são exemplo de união entre produtores rurais, ambientalistas e pesquisadores. Poucas pessoas congregam estas características e por isto mesmo seu nome será sempre lembrado por todos aqueles que labutam no tema de campo nativo. Luiza Chomenko, pesquisadora da Fundação Zoobotânica do RS
18 -
O Fernando foi o grande responsável pela
O Fernando Adauto tinha a sabedoria
Dificílima tarefa sintetizar a pessoa de
implantação do projeto Rede de Referências,
do homem do campo e muita cultura,
Fernando Adauto e sua contribuição ao
isso fez com que nos voltássemos mais
pois leu tudo que interessava e
Pampa: diria que ele se confundia com o
para as questões técnicas com o objetivo de
entendeu as coisas que leu. Era um
campo como uma estrutura muito forte e
melhorar a qualidade dos nossos rebanhos,
homem sábio, inteligente, perspicaz,
diversa com atributos de qualidade como
processo que culminou com a criação
com tiradas e filosofias espetaculares.
a resistência e a resiliência. Um homem
do Seminário o Pampa e o Gado, outra
Sinto a falta desse líder inspirador.
de posição, sensibilidade e movido pela
importante iniciativa dele.
Nestor Hein
paixão de produzir conservando. Deixou
Jozé Angelo Etchichury, presidente do
assessor jurídico da Farsul
Sindicato Rural de Lavras do Sul
um legado e um compromisso com o Pampa, com gente especial, com seu gado e
Não havia problemas para o Fernando
passarinhos!
Adauto, ele sempre apresentava
Estefania Damboriarena, chefe adjunta da Embrapa Pecuária Sul
Defino o Fernando Adauto como um
soluções. O problema surgia e ele ia
grande pensador e um dos grandes amigos
em frente e resolvia.
da minha vida. De uma importância
Marcelo Fett Pinto, coordenador da
fundamental para o Pampa, foi das pessoas
Alianza del Pastizal no Brasil
que mais lutou pela conservação do bioma. Foi uma perda irrecuperável.
Não conheci sujeito neste mundo que amasse tão genuinamente o Pampa como o
Gaspar Itajara da Silveira, chefe da
Fernando Adauto. Quando se punha a falar das coisas de nossa terra, não podia haver
Inspetoria Veterinária Lavras do Sul
prosa mais agradável. Calávamo-nos, eu e os tantos colegas que conviveram com ele na Farsul e em outras lides, e apenas escutávamos. Contava histórias como ninguém, nosso amigo! Misturava saber erudito com cultura popular. Embaralhava tensão e pilhéria num mesmo causo. Fazia-nos pensar, enquanto nos fazia sorrir. Tinha o dom de, com a palavra,
Conheci o Fernando em 2005, quando ainda
levar o vento minuano a um gabinete ou mesa de bar. Menos mal que nos deixou uns
estávamos idealizando o projeto da Alianza
escritos para matarmos a saudade. Se quero escutá-lo e sentir o cheiro do campo, me
del Pastizal. Percorrendo os campos da São
ponho a ler uma edição do Tropeando 1 ou Tropeando 2, livros com as crônicas publicadas
Crispim ele me ensinou, na prática, como
originalmente no jornal Sul Rural e que com honra ajudei a editar. Porque, se os homens
desenvolver uma pecuária sustentável,
não são eternos, algumas histórias são. As do Adauto, com certeza!
integrando a produção com a conservação
Sebastião Ribeiro, jornalista
da biodiversidade. Sua contribuição foi fundamental para a conservação do Pampa. Seu conhecimento técnico, visão
Fernando Adauto era antes de tudo um amigo fiel. Desses que dizem "na lata" o que
estratégica e, principalmente, capacidade de
devemos ouvir e às vezes não queremos. Esse mesmo comportamento ele tinha com
articulação eram enormes. Muito mais do
o campo. Por isso se tornou o grande defensor desse Pampa que poucos conheciam
que um companheiro de trabalho, se tornou
e amaram como ele. Nos conhecemos e fomos alicerçando nossa amizade através
um grande amigo. Pensar na Alianza e na
desse respeito e admiração comum pelo campo e as coisas do campo. Com ele perdi
conservação dos pampas é lembrar com
um companheiro de luta por esse ideal comum, mas sobretudo um grande amigo. Mas
muitas saudades, do meu grande amigo
o Pampa terá sempre sua figura a nos inquietar positivamente sobre como estamos
gaúcho Fernando Adauto.
tratando essa natureza sem igual. Sua mensagem fica para nós e as gerações futuras.
Pedro Ferreira Develey, diretor executivo
Carlos Nabinger, professor adjunto da Ufrgs
BirdLife/SAVE Brasil
Fernando era um homem com visão, atento às oportunidades, criativo e tenaz na obtenção dos resultados que queria alcançar. Abraçou a ideia da Alianza del Pastizal como poucos e devo admitir que seu estímulo foi fundamental para a obtenção de certas realizações, como a certificação da carne produzida em campos nativos. Foi também membro destacado da mesa diretiva da organização e contribuiu para fundar suas bases. Anibal Parera, ex-coordenador da Alianza del Pastizal
- 19
ExpoLavras
Muito além de bons negócios ExpoLavras oferece diversos atrativos, desde eventos comerciais voltados para o agronegócio a apresentações artísticas e culturais para toda a comunidade
20 -
- 21 Foto: Nina Boeira
A
ExpoLavras 2015 registrou faturamento de R$ 5,4 milhões com a venda de 3.194 animais em cinco remates de terneiros, ventres, touros e cavalos crioulos, obtendo resultado similar à edição do ano anterior apesar do momento de incertezas financeiras pelo qual atravessa o país. Os principais destaques da exposição realizada entre 29 de outubro a 03 de novembro foram o Remate de Ventres Bovinos, com 1448 animais comercializados por R$ 2,2 milhões, e a segunda etapa da Feira de Primavera de Terneiros de Corte, que somou outros R$ 1,8 milhão com a venda de 1507 exemplares. Além da qualidade e genética e uniformidade dos lotes ofertados, outro fator que contribui para o sucesso dos eventos realizados pelo Sindicato Rural é o investimento constante em melhorias no Parque Olavo de Almeida Macedo, que já é referência também como ponto turístico. “Nos eventos realizados em Lavras pelo Rotary Club os visitantes sempre são levados para conhecer o nosso parque”, revela o segundo tesoureiro do Sindicato Rural, Jorge Afonso Fabrício de Souza,
informando que, além da reforma que está sendo feita nas mangueiras, recentemente foi finalizado o calçamento das ruas internas e substituída toda a rede elétrica, inclusive com a troca dos antigos postes por outros mais modernos. A ExpoLavras tem a cada ano um grupo diferente de apoiadores e patrocinadores, especialmente o Núcleo de Produtores de Terneiros de Corte, Núcleo de Criadores de Cavalos Crioulos, Secretaria de Agricultura do Estado, Inspetoria Veterinária e Zootécnica, Prefeitura Municipal, escritórios de remates e agências bancárias, além de diversos expositores de tratores e implementos agrícolas, revendas de carros e motos, correarias, tecelagem e muitos outros que ajudam a abrilhantar ainda mais o evento. “O principal objetivo é incrementar a comercialização dentro do agronegócio, mas procuramos criar atrativos para toda a comunidade, queremos que ela participe dessa grande festa da classe produtora”, resume o presidente do Sindicato Rural, Jozé Angelo Etchichury, referindo-se à vasta programação artística e cultural que incentiva e valorizar os artistas locais.
Foto: Nina Boeira
ExpoLavras
Jozé Angelo Etchichury
REMATES EXPOLAVRAS 2015 Remate Seleção Brangus 2015 Condomínio Rural Weiler 147 bovinos e 3 cavalos crioulos R$ 771.900,00 Remate de Ventres Bovinos 1448 animais R$ 2.269.430,00 Remate Doma e Laço (Cabanhas Macanudo e Don Marcelino) 34 cavalos crioulos R$ 160.650,00 Remate de Touros 55 animais R$ 369.000,00
Foto: Felipe Ulbrich
32ª Feira de Primavera de Terneiros de Corte – II Etapa 1507 animais R$ 1.879.300,00 Mangueiras do parque de exposições estão sendo reformadas
22 -
- 23
ExpoLavras
Foto: Nina Boeira
A ExpoLavras tem total apoio das três instituições financeiras locais, que inclusive são patrocinadoras oficiais do evento. Conforme Nedson Morais Mello, gerente da agência Banrisul, o volume de recursos destinados à agropecuária lavrense vem crescendo ano a ano. “Dentro de nossa dotação para as feiras oficiais, a Expolavras só perde em valores para a Expointer, existe uma procura muito grande por crédito”,
24 -
revela, explicando que a parceria mantida com o Sindicato Rural é benéfica para toda a cidade uma vez que faz girar o capital dentro do próprio município. Segundo ele, mais de R$ 4 milhões já estão garantidos para a edição deste ano, montante superior ao disponibilizado em 2015. Fábio Heck, gerente Banco do Brasil, destaca que a instituição sempre esteve ao lado da entidade que congrega os
Fotos: Felipe Ulbrich
Crédito financeiro ao acesso de todos
Nedson Morais Mello
produtores rurais do município. “Somos responsáveis por quase 78% de todo o financiamento agropecuário de Lavras do Sul, estamos sempre juntos com o Sindicato, com quem temos uma relação muito boa”, revela, informando que a carteira total de crédito rural chega a R$ 68 milhões. “Somente nas feiras oficiais de abril e maio liberamos R$ 4,2 milhões, um volume muito expressivo tendo em vista que outros setores da economia brasileira vêm se retraindo”, emenda, reforçando que a expectativa para a Expolavras 2016 é conseguir manter o mesmo volume de crédito desembolsado nos últimos anos, que tem sido bastante significativo, segundo ele. “A ExpoLavras é uma das poucas feiras que o banco patrocina por ser considerada uma das mais importantes dentro do agronegócio gaúcho”, emenda. O gerente do banco Sicredi ressalta que
a parceria mantida com o Sindicato Rural tem como principal objetivo fomentar o agronegócio da região, razão pela qual a cooperativa de crédito se faz presente em todos os eventos comerciais promovidos pela entidade, especialmente naquele que fecha o calendário do agronegócio local. “Aproveitamos para fazer durante a exposição uma festa com nossos associados, uma confraternização de encerramento do ano, fomentando negócios através do bom relacionamento, afinal, ninguém faz nada sozinho”, acrescenta Gilmar de Azambuja Silva, reforçando que os valores financiados durante a exposição têm aumentado cerca de 25% a cada ano. “A ExpoLavras é um marco de fechamento do ano aonde são feitos bons negócios, especialmente na feira de terneiros, e vem premiar o trabalho que é feito ao longo do ano pelos produtores locais”, completa Silva.
Fábio Heck
Gilmar de Azambuja Silva
- 25
ExpoLavras
Fotos: Nina Boeira
Atrativos para todos os gostos e públicos
Prosa Musicada reuniu Gujo Teixeira, Fernando Saccol, Ângelo Franco e Juca Moraes
Além de oportunizar bons negócios, a ExpoLavras procura incentivar e valorizar os artistas da terra, sendo que uma das atrações da última edição foi o projeto Prosa Musicada, dos gaúchos Gujo Teixeira, Ângelo Franco e Juca Moraes, que visa difundir a arte nativista apresentando canções em um formato mais poético. O projeto já existe há quase dois anos e desde então excursiona por diversas cidades
gaúchas apresentando as composições desses três artistas e de algum convidado especial, que nesta edição foi o jovem Fernando Saccol, vencedor do programa Desafio Farroupilha – O Musical, da RBS TV. Já a exposição Tons e Sons de Primavera, realizada pelo Rotary Terra do Ouro em parceria com a Casa de Cultura, reuniu diversos escritores, compositores, pintores, músicos e artistas plásticos
Estudantes da rede municipal assistiram o show Piá durante a ExpoLavras 2015
26 -
num momento de descontração e de valorização cultural. Houve também a participação de intérpretes e compositores lavrenses, apresentações de danças e desfile com peças de vestuário feitas com lã de ovelha pela tecelagem lavrense, além do apoio de entidades como Apae, Brigada Mirim, Escoteiros Pedra Amarela, Panorama Lavrense, Emater e Sindicato dos Trabalhadores Rurais.
Os atrativos da ExpoLavras vêm sendo prestigiados também pelos estudantes da rede municipal de ensino, numa parceria com a Secretaria de Educação local, quando todas as escolas são levadas, durante um dos dias do evento, para conhecer o parque do Sindicato Rural e assistir uma apresentação que valoriza a cultura local. Em 2015, a atração foi o show Piá, onde o grupo Sonido Del Alma Gaucha mistura música e artes cênicas para contar a história de um guri de Campanha que vai estudar na cidade e no caminho vive aventuras e momentos de reflexão.
- 27
ExpoLavras
Embaixador do esporte visita Lavras do Sul motivou todo mundo”, ressalta o gerente do Banco do Brasil de Lavras do Sul, Fábio Heck, reforçando que o mérito não é só do
Fotos: Nina Boeira
Outro destaque da ExpoLavras 2015 foi a presença do ex-jogador da seleção brasileira de voleibol Gustavo Endres, um dos embaixadores do esporte patrocinados pelo Banco do Brasil com o objetivo de difundir a cultura esportiva Brasil afora. A presença do atleta foi garantida graças ao esforço de Antonio Ricardo Soares Machado, funcionário da instituição financeira e presidente da Sociedade Esportiva Independente, que trouxe o campeão mundial e olímpico para mostrar aos jovens lavrenses sua história de vida e os caminhos que o esporte lhe abriu. “Foi um evento muito importante, pois envolveu toda a comunidade. Mais de 300 jovens e estudantes foram prestigiar a palestra, que
Campeão olímpico passou dicas a equipe de voleibol de Lavras do Sul
28 -
banco. “Conseguimos trazer o Gustavo graças à parceria com o Sindicato Rural, não fizemos isso sozinhos”, emenda.
Gustavo Endres difundiu a cultura do esporte em Lavras do Sul
faleconosco@grupodb.com.br (55) 3281.0123 /DagobertoBarcellos www.grupodb.com.br
Onde tem
TERRA PRODUTIVA, tem calcário DB
O calcário DB possui alto índice de pureza e alto grau de finura facilitando a sua absorção e garantindo maior força no PRNT. Um produto que atende as necessidades da agricultura de precisão.
Produzindo com a natureza! - 29
Mercado
Excelência em qualidade genética
Foto: Nina Boeira
Remates realizados pelo Sindicato Rural nos meses de abril e maio se destacam principalmente pela uniformidade e padronização racial dos lotes ofertados
30 -
inclusive superaram o resultado do ano anterior, como o do Cite 27, por exemplo”
observa o tesoureiro do Sindicato Rural, José Antônio Fabrício de Souza.
Foto: Felipe Ulbrich
O
s eventos comerciais realizados pelo Sindicato Rural de Lavras do Sul nos meses de abril e maio, dentro da programação denominada Outono de Ouro, superaram a cifra de R$ 11,4 milhões, com destaque para a terceira edição do remate de gado certificado pela Alianza del Pastizal, através do ICP - Índice de Conservação de Campos Naturais, que comercializou 1.308 fêmeas por R$ 2,3 milhões, o Remate de Ventres, com 1.201 fêmeas vendidas por R$ 1,8 milhão, o Remate do Cite 27, que obteve faturamento superior a R$ 1,5 milhão com a venda de 908 animais e a Feira Alternativa de Outono de Terneiros e Terneiras, que somou R$ 1,3 milhão para os 1.500 exemplares ofertados. “Todos os eventos se destacaram pela qualidade genética dos animais ofertados, especialmente o da Alianza del Pastizal, sendo que alguns
Jorge Afonso Fabrício de Souza, Jozé Angelo Etchichury e José Antônio Fabrício de Souza
- 31
Foto: Nina Boeira
Mercado
Segundo ele, foi observada uma maior valorização dos animais em função da oferta qualificada e padronizada. “Somadas as vendas de janeiro a julho deste ano, o faturamento e o número de animais comercializados são praticamente iguais aos do mesmo período de 2015. Então, se considerarmos a situação pela qual atravessa o país, que assola todos os segmentos do agronegócio, consideramos um bom resultado”, prossegue Zeca, reforçando que o Sindicato Rural cumpre sua função ao proporcionar aos associados e demais produtores da região a possibilidade de comercializar seus animais na época que mais lhe convêm. “Por isso, continuamos mantendo os leilões em todos os finais de semana, atendemos principalmente o 32 -
pequeno e o médio produtor, que fazem nestes eventos o seu fluxo de caixa”, observa, destacando ainda a presença cada vez maior de produtores de outros municípios, que se dirigem à Lavras não só para comprar, mas para vender também sua produção. O presidente do Sindicato Rural, Jozé Angelo Etchichury revela que havia certa expectativa em relação a uma menor oferta em função da diminuição das áreas de pecuária com a entrada da soja, o que, segundo ele, acabou não se confirmando, afinal, muitos produtores estão usando justamente estas áreas para recriar e terminar os animais através da implantação pastagens cultivadas. De acordo com Jorge Afonso Fabrício de Souza, a expectativa é de que
a comercialização total atinja os mesmos patamares de 2015, quando o faturamento chegou a R$ 39,8 milhões com a venda de mais de 25 mil bovinos. “Talvez esse ano ainda não tenhamos sentido um reflexo tão significativo dessa crise, porém, não sabemos como irá se portar o mercado, já que este ano temos uma previsão de queda de preços antes do normal”, pondera o tesoureiro do Sindicato Rural. Mas, apesar do cenário de incertezas, ele acredita que muitos bons negócios ainda irão ocorrer no moderno recinto de remates do Parque Olavo de Almeida Macedo. “Isso, porque a praça de Lavras se consolidou como polo de negócios, tendo hoje uma expressão muito importante dentro da região, principalmente pela oferta diferenciada que proporciona.”
A UNIÃO DOS HOMENS FAZ A FORÇA DO CAMPO! CRESCER APENAS NÃO BASTA. É PRECISO CRESCERMOS JUNTOS! POR QUE AS CERCAS DIVIDEM AS PROPRIEDADES, MAS NÃO OS HOMENS.
(55) 3282.1142
- 33 eventosnucleos@gmail.com
Mercado
A força dos pequenos e médios produtores
34 -
Vicente Leomar de Camargo Munhoz
Fotos: Felipe Ulbrich
A praça de Lavras do Sul é conhecida por garantir a oportunidade bons negócios principalmente aos pequenos e médios produtores, afinal, são eles que dão sustentabilidade ao agronegócio local. Entre eles está Vicente Leomar de Camargo Munhoz, que mantém aproximadamente 230 cabeças de gado na chácara Rodeio da Coxilha, situada na localidade Mantiqueira. Nascido e criado nos campos de Lavras do Sul, o produtor conta que se utiliza dos remates realizados aos sábados à tarde no município para fazer o fluxo de caixa do estabelecimento rural, comercializando aproximadamente 100 animais/ano em até dez eventos diferentes. “É uma boa alternativa para estes tempos difíceis”, resume, citando como principal vantagem o pagamento à vista garantido por uma das empresas leiloeiras do município. Munhoz revela que, por vezes, é também comprador, adquirindo lotes que se assemelham ao gado que produz, para recriá-los e depois vendê-los nas feiras de terneiros realizadas no outono e na primavera. “Nesses casos, faço pastagens tanto de inverno como de verão. É preciso dar uma caprichada, para que o gado chegue bem nas feiras, pois quanto melhor a apresentação, melhor será o preço”, acrescenta o pecuarista, que também investe em touros com sangue Hereford para melhorar a qualidade do rebanho. Para Edson Pantaleão Munhoz Martins, o fato de Lavras do Sul ser o único município gaúcho a realizar leilões de gado geral em todos os finais de semana serve de estímulo para o produtor melhorar a qualidade do seu rebanho. “É um alicerce para nós, pois temos a segurança de produzir e ter como comercializar nossa produção”, define o pecuarista, que produz terneiros na localidade de Cerro do Tigre para vender nas feiras realizadas pelo Sindicato Rural. “Vivemos exclusivamente disso, é a nossa única renda. Me orgulho muito de poder
Edson Pantaleão Munhoz Martins
tirar o sustento da família fazendo o que eu gosto”, emenda o proprietário da Fazenda do Sol, que trabalha junto com a esposa e os dois filhos. O produtor conta que nos últimos anos vem usando touros com sangue Angus sobre os aproximadamente 200 ventres
em cria, obtendo cerca de 80% de prenhez. No entanto, nem todos os animais são comercializados. “Retenho sempre 20% das fêmeas, para ir melhorando a base genética do criatório”, ensina Martins, que começou a trabalhar com gado geral e apostou na raça de origem britânica
buscando maior agregar maior valor aos seus produtos. “Tento produzir aquilo que o mercado quer”, justifica, lembrando que numa das feiras realizadas no outono seus terneiros foram valorizados em mais de R$ 6,00 o quilo, bem acima da média praticada à época.
Presença certa nos remates de sábado Celina Teixeira Gomes gosta tanto da atividade pecuária que prestigia praticamente todos os remates realizados aos sábados em Lavras do Sul, dos quais participava sempre ao lado do esposo Nilzo Gomes, falecido há pouco mais de um ano. Agora, frequenta os eventos em companhia de parentes ou da vizinha Neuza e, sentada sempre no mesmo local, anota informações referentes a cada lote comercializado, como número de animais, comprador e valor pago, rotina que segue há mais de quatro décadas, quando começou a frequentar dos remates
realizados no município. “Volta e meia vem alguém na minha casa para saber o preço ou quem comprou determinando lote”, conta a produtora, que guarda um verdadeiro arquivo sobre a venda de bovinos no município. Elogiando a estrutura do Sindicato Rural, em especial o recinto de leilões, Celina lembra que em agosto, durante o remate comemorativo aos trinta anos da Clínica Veterinária, foi surpreendida quando o leiloeiro Aluizio Azevedo usou a palavra para agradecer sua presença no evento e pediu uma salva de palmas para ela.
“Gostei muito da homenagem”, confessa, emocionada, prestes a completar 91 anos. Sempre que precisa, a produtora vende alguns animais, mas é também compradora nos eventos realizados no local, onde nos últimos tempos adquiriu terneiros, vaquilhonas e também reprodutores Aberdeen Angus para repovoar os campos da chácara Nossa Senhora da Conceição. “Sempre fui apaixonada pelo gado de cria”, revela, explicando que escolheu touros de pelagem preta por questões de mercado. “Nos remates, os pretos têm mais saída”, completa.
Celina Teixeira Gomes registra informações sobre a cada lote comercializado nos remates de sábado
- 35
Cite 27
Exemplo da evolução de uma propriedade Citeana
Fotos: Nina Boeira
Após mudar o sistema de produção e adotar práticas como o diferimento de pastagens e o melhoramento de áreas de campo nativo, Fazenda Volta Grande torna-se uma propriedade viável e moderna
36 -
M
esmo se considerando um veterinário sanitarista, Valdo Marcelo Luchsinger Teixeira foi administrar a propriedade de seu progenitor, que com a morte deste ficou dividida entre quatro herdeiros, cabendo a ele 414 hectares somada a parte adquirida de uma das irmãs. Proprietário da Fazenda Volta Grande, localizada no 1º Distrito de Lavras do Sul, ele conta que tentava criar, recriar e engordar bovinos com as muitas limitações inerentes a uma área agora bem menor, quando, por influência dos demais integrantes do Clube de Integração e Troca de Experiências de Lavras do Sul (Cite 27), buscou “socorro” junto ao Programa Juntos Para Competir, ação desenvolvida pela Farsul, Senar-RS e Sebrae/RS, cujo objetivo é desenvolver as principais cadeias produtivas do agronegócio gaúcho por meio de capacitação, integração e organização dos segmentos agropecuários. Então, sob a orientação do técnico Fábio Brandão, a Volta Grande passa por uma troca no seu sistema de produção, saindo, a partir de 2013, do ciclo completo para a cria, com comercialização de terneiros, ventres excedentes e de vacas gordas e para invernar, tornando-se uma propriedade viável e moderna. “Iniciamos também um trabalho de melhoramento de áreas de campo nativo, através de subdivisões, roçadas, ajuste de lotações, diferimentos estratégicos, correções e fertilização do solo”, explica Teixeira, que na última reunião do Cite 27 realizada em sua fazenda surpreendeu positivamente a os todos os participantes pelas melhorias e pela mudança de rumo adotada aos 70 anos de idade. “Meu mérito foi confiar no trabalho do técnico, que em apenas dois anos me trouxe a satisfação de ver na feira passada os meus terneiros sendo disputados por criadores tradicionais”, prossegue o médico veterinário, elencando as metas projetadas para o futuro: manter as estruturas físicas da propriedade, aumentar o número de subdivisões, prosseguir com o melhoramento do campo nativo, elevar a
Diferimento de pastagens foi uma das práticas adotadas pela Volta Grande
taxa de maturidade e o peso dos terneiros. Fabio Brandão conta que o primeiro passo foi ajustar a lotação animal com o objetivo de melhorar a qualidade e a disponibilidade de forrageiras ao rebanho. Após a troca do sistema produtivo, o trabalho foi direcionado ao melhoramento do campo nativo, através da introdução de espécies de inverno, como o azevém, e de fertilizações. “Além da melhora gradativa em todos os índices produtivos da fazenda, como a taxa de natalidade, que saltou de 50% para 70%, as mudanças trouxeram também maior lucratividade do criatório”, destaca o supervisor técnico da SIA Serviço de Inteligência em Agronegócios, que presta consultoria a produtores rurais em projetos do Juntos Para Competir em Lavras do Sul. Segundo ele, as propriedades que integram o Cite 27 servem de exemplo em muitos aspectos para a grande maioria dos estabelecimentos da região. “São propriedades que evoluíram muito. Apesar de serem produtores já maduros, são afoitos pela tecnologia, estão sempre em busca de novas técnicas e estão abertos a receber essa tecnologia. Esse é grande diferencial dos citeanos”, completa o zootecnista.
Valdo Marcelo Luchsinger Teixeira
- 37
Cite 27
Grupo forte e atuante
38 -
pois temos que nos antecipar ao problema para que ele não se estabeleça”, destaca o chefe da Inspetoria Veterinária de Lavras do Sul, reforçando que o trabalho deve ser preventivo.
Foto: Divulgação/Valério Antônio Teixeira de Souza
também das furnas da região, mas o produtor também deve fazer a sua parte, como efetuar a vacinação do rebanho e, principalmente, denunciar os focos de morcego logo que isso for constatado,
Citeanos participaram de um dia de campo sobre pastagens de inverno
Fotos: Nina Boeira
Em junho, os integrantes do Cite 27 participaram de um dia de campo sobre pastagens de inverno realizado pelo Programas Juntos para Competir na fazenda Santo Antônio, de Eloí de Tarso Teixeira, que se dedica à produção de novilhos em ciclo completo com base em campo nativo e áreas de pastagem cultivada. “Foram mostradas todas as categorias de animais da propriedade, bem como as áreas de pastagem cultivada”, explica o zootecnista Fábio Brandão, informando que uma das novidades implantadas recentemente pelo produtor lavrense foi o uso de uma plantadeira em linha para o cultivo do azevém. “Pudemos comprovar a evolução da propriedade a partir do momento que o produtor aceitou a orientação técnica, respeitando os ajustes de lotação, algo simples, mas muito eficiente no sentido de elevar a produtividade”, ressalta Jacques Brasil de Souza, presidente do Cite 27, informando que os citeanos participaram também de um dia de campo no Condomínio Rural Weiler, em outubro. O dirigente da entidade, que congrega 14 estabelecimentos rurais, destaca ainda uma reunião organizada pela entidade em parceria com a Inspetoria Veterinária de Lavras do Sul que tratou sobre a raiva bovina e suas formas de prevenção. Durante o encontro realizado no Sindicato Rural os produtores participaram de uma palestra proferida pelo médico veterinário Udo Erhardt, da Seapi de Cachoeira do Sul, que vem atuando no combate aos morcegos no Segundo Distrito de Lavras do Sul, onde foi registrada a morte de pelo menos 150 bovinos este ano. De acordo com Gaspar Itajara da Silveira, foram realizadas pelo menos quatro grandes ações de combate na região coordenadas pelo profissional que integra o núcleo de raiva bovina da Secretaria de Agricultura do Estado, especialmente em fazendas abandonadas e nos túneis da viação férrea. “Estamos fazendo a limpeza destes túneis e
Palestra sobre controle da raiva em herbívoros foi realizada no Sindicato Rural
Udo Erhardt e Gaspar Itajara da Silveira
Citeana é destaque em prêmio nacional do Sebrae “Estimulo atividades de lazer e a formação de cidadãos engajados com o agronegócio”, resume Yara, revelando que figurar entre as melhores do País foi completamente inesperado. “Eu escrevi o relato do trabalho despretensiosamente. Ganhar o troféu foi uma surpresa, mas estou muito contente e gostaria que isso pudesse servir de exemplo para outras mulheres empreendedoras”, acrescenta a empresária rural e diretora da Farsul, que em 2015 venceu a categoria
regional do prêmio. Para a gestora do prêmio no Sebrae/ RS, Roseli Martins da Rosa, o feito das empresárias gaúchas merece ser celebrado. “Elas se destacaram entre 13.960 inscritas em todo o Brasil”, comemora. “Além disso, Yara e Thais confirmam o que já é uma tradição no Estado. Desde a primeira edição, há 12 anos, o Rio Grande do Sul sempre garante lugar no pódio do empreendedorismo feminino no País”, ressalta.
Foto: Charles Damasceno/SEBRAE
O Rio Grande do Sul foi destaque mais uma vez no Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, desta vez com Thais Bilhalba, de Gravataí, segunda colocada na categoria Microempreendedora individual, e Yara Bento Pereira Suñé, da Estância Querência, que conquistou o segundo lugar na categoria Produtora Rural. Integrante do Cite 27 e diretora do Sindicato Rural, ela se destacou pelas práticas de gestão de pessoas em sua propriedade em Lavras do Sul.
Yara Suñé durante a premiação em Brasília
Federacite comemora 40 anos durante a Expointer A Federação dos Clubes de Integração e Troca de Experiências (Federacite) realizou um encontro durante a Expointer 2016 para comemorar os 40 anos do Movimento Citeano e para lançar o livro
celebrando o aniversário da instituição. O destaque do encontro, onde foram homenageadas entidades e pessoas que fizeram parte dessa história de quatro décadas, foi o ex-ministro da Agricultura,
Antônio Cabrera, que participou da inauguração do Auditório da Federacite no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, e retornou ao local para falar sobre o agronegócio brasileiro.
- 39
Bovinos
Oferta qualificada nas feiras de outono e primavera Fotos: Felipe Ulbrich
Aproximadamente 25 mil terneiros com alta qualidade genĂŠtica sĂŁo comercializados anualmente nas feiras promovidas pela ANPTC-Sul
40 -
acessou o crédito bancário, pois, antes da renovação do Plano Safra, havia condições especiais de pagamento, com juros acessíveis, o que fez a diferença em todas as nossas feiras.” Já para o circuito desta primavera, o dirigente mostra-se um pouco apreensivo por causa da desvalorização do preço do boi antes do previsto, mas acredita numa recuperação até o final de temporada de remates. “O histórico das feiras mostra que os valores pagos pelos terneiros são entre 10% e 20% superiores ao quilo do boi gordo. Estamos dentro dessa média”, informa Garcia, reforçando que a expectativa é repetir ao menos os valores registrados na primavera de 2015, o que será um excelente resultado, segundo ele, levando-se em conta a situação em se encontra a economia brasileira. Reeleito em agosto para comandar a Associação por mais três anos, o produtor lavrense Jacques Brasil de Souza observa
Foto: Nina Boeira
R
econhecidas pela qualidade da genética ofertada, as feiras de terneiros promovidas pela Associação dos Núcleos de Produtores de Terneiros de Corte (ANPTC-Sul) respondem pela comercialização anual de pelo menos 25 mil animais, somadas as vendas realizadas no outono e na primavera nas praças de Lavras do Sul, Bagé, Cachoeira do Sul, São Sepé, Caçapava do Sul, Santana da Boa Vista e Pinheiro Machado. “As feiras de outono transcorreram dentro das expectativas, inclusive com uma pequena valorização em relação a 2015. Este ano, sentimos um pouco a falta dos grandes compradores, porém, não faltaram os pequenos e médios investidores, que acabaram absorvendo toda a oferta”, observa Max Soares Garcia, vicepresidente da entidade, destacando que um dos diferenciais da temporada foi o aumento no uso dos recursos oficiais disponibilizados pelas instituições financeiras. “Muita gente
Max Soares Garcia
ainda que vem ocorrendo uma mudança no perfil dos eventos realizados pela entidade. “Conforme a soja se expande na região, tem mudado um pouco o perfil das feiras de primavera, já que vários produtores estão recriando seus animais nestas áreas. Com isso, muitos terneiros vendidos em abril e maio têm retornado às pistas nos meses de outubro e novembro com melhor estado nutricional”, acrescenta o presidente da ANPTC-Sul.
Assistência aos pequenos e médios pecuaristas Presidente do Núcleo de Produtores de Terneiros de Corte (NPTC) de Lavras do Sul, Jacques Brasil de Souza observa que a maior parte da oferta nos eventos promovidos no município é oriunda de pequenos e médios produtores, razão pela qual vem sendo buscadas alternativas para o melhoramento genético dos rebanhos. “Aproximadamente 70% dos vendedores das nossas feiras são pequenos e médios produtores, que inclusive estão contemplados em nossa diretoria. Por isso, estamos iniciando um projeto em parceria com o Sebrae/RS e o Sindicato Rural com vistas a contemplar a difusão de tecnologias para melhorar a eficiência dos plantéis”, informa o dirigente. A ideia, segundo ele, é montar uma estrutura similar a do projeto Redes de Referência, implantado anos atrás no município, através do Programa Juntos para Competir, onde uma propriedade servia de modelo aos demais estabelecimentos
rurais no que diz respeito a manejos conservacionistas e técnicas capazes de elevar a eficiência dos rebanhos locais. “Estamos em fase inicial de implantação, sendo que nesse primeiro momento o Sebrae fará contato diretamente com os produtores interessados em participar da iniciativa”, prossegue Souza. Para sensibilizar e motivar os produtores lavrenses neste sentido, o NPTC de Lavras do Sul promoveu, no outono, uma visita técnica à Associação dos Produtores do Rincão do 28, de Alegrete, onde a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e a Fundação Maronna mantém um projeto que visa o desenvolvimento sustentável da região. “Trata-se de um grupo bastante parecido com o nosso, por isso, fomos conhecer o que está sendo feito por lá”, acrescenta Souza, adiantando que o próximo passo será buscar parcerias com outras entidades, como associações de raças, que podem contribuir para o
Jacques Brasil de Souza
melhoramento dos planteis, a exemplo do que faz a Associação Brasileira de Hereford e Braford (ABHB), que todos os anos presenteia os produtores do Rincão do 28 com 150 doses de sêmen de reprodutores de qualidade confirmada através da Prova de Avaliação a Campo de reprodutores HB (PAC), mantida em parceria com Embrapa Pecuária Sul. - 41
Sustentabilidade
Foto: Felipe Ulbrich
Carne produzida no Pampa ganha selo de qualidade Iniciativa da Alianza del Pastizal em parceria com o Marfrig tem como objetivos valorizar e diferenciar a carne gaúcha, promovendo a produção sustentável com base em campos nativos
44 -
do gaúcho”, revela o coordenador da entidade no Brasil, o engenheiro agrônomo Marcelo Fett Pinto, explicando que 117 produtores de 15 municípios gaúchos já estão habilitados a fornecer animais para o programa de certificação, entregando mensalmente 200 animais para o abate. O gerente de sustentabilidade do Marfrig, Mathias Almeida explica que ainda não existe uma tabela de bonificação para os produtores conservacionistas, pois a meta neste primeiro momento é trazer esse
novo conceito para o mercado. “Em algum momento creio que será possível viabilizar um preço diferenciado para os membros da Alianza del Pastizal”, projeta, reforçando que a parceria selada com a entidade tem como principais objetivos valorizar e diferenciar a carne gaúcha, promovendo a produção sustentável no Pampa. “Queremos mostrar que é possível produzir uma carne de alta qualidade ao mesmo tempo que se conserva a biodiversidade do bioma”, completa Almeida.
Foto: Divulgação/Alianza Del Pastizal
O
selo de qualidade lançado durante a Expointer 2015 pela Alianza del Pastizal e o grupo Marfrig já identifica nas gôndolas dos hipermercados Carrefour a carne bovina produzida em fazendas cujo sistema de produção conserva importantes áreas de campos nativos do bioma Pampa. Por enquanto, a linha de cortes certificados pela Alianza del Pastizal é comercializada apenas nas lojas de Porto Alegre, Santa Maria, Caxias do Sul e Canoas, mas em breve estará disponível também aos consumidores do centro país. “Nossa intenção é colocar esse produto na região Sudeste. A ideia é buscar outros mercados, ofertando um produto saboroso e saudável, como toda a carne produzida com base a pasto, de alta qualidade e produzida com sustentabilidade ambiental, valorizando os pecuaristas integrantes da Alianza del Pastizal. Eles devem receber a mais por estar produzindo e conservando os campos nativos, que são considerados a Amazônia
Carne certificada está à venda em Porto Alegre, Santa Maria, Caxias do Sul e Canoas
- 45
Sustentabilidade
Estreia na Vitrine da Carne Gaúcha especialista em cortes de carne Marcelo Conceição, mais conhecido como Marcelo Bolinha, e o chef Marcio Avila deram um show durante a maior exposição agropecuária da América Latina, mostrando toda a qualidade da carne produzida com base a pasto pelos membros da Alianza del Pastizal, que mantêm conservadas importantes áreas de vegetação nativa do Pampa. “Apesar de ser uma carcaça extremamente pesada, apresentou uma carne macia, com bom acabamento de gordura. Normalmente, uma carcaça pesada tem grandes ossos, mas essa tinha volume de carne e ossos pequenos, principalmente na costela. Quem produziu essa carne fez isso com maestria”, elogia Marcelo Bolinha, citando ainda outros diferenciais
Fotos: Fagner Almeida/SEBRAE
Durante a Expointer 2016, em Esteio, a carne certificada Alianza Del Pastizal foi destaque na Vitrine da Carne Gaúcha, atividade promovida pela Federação da Agricultura do Estado do RS (Farsul) que tem como objetivo valorizar a qualidade da carne produzida no Rio Grande do Sul, apresentando técnicas empregadas para o melhor aproveitamento do produto, como métodos de desossa e sugestões de preparo. “Iniciamos a cumprir nossos objetivos, por isso, me sinto realizado com essa estreia na Vitrine da Garne Gaúcha, mais uma iniciativa idealizada pelo saudoso Fernando Adauto”, observa Marcelo Fett Pinto, coordenador da Alianza del Pastizal. Utilizando uma carcaça proveniente da Estância Jaguari, de Lavras do Sul, o
Marcio Avila e Marcelo Bolinha elogiaram muito a carne da Alianza del Pastizal
46 -
da carne produzida em campo nativo, como o marmoreio, aroma agradável e sabor diferenciado. “Dá forma como o chefe de cozinha a preparou, mostrou um sabor que eu sempre digo que é o sabor da infância, que nos remete aos melhores sabores da carne”, completa o especialista.
Foto: Felipe Ulbrich
Gado criado no Pampa emite menos metano campo natural fertilizado e campo natural fertilizado e sobressemeado com azevém e trevo-vermelho. Nesse último nível foram registradas as menores emissões de metano por animal, 31,6 kg/ano, enquanto que no campo natural fertilizado a emissão foi de
42,8 kg/ano e no campo natural foi de 46,35 kg/ano. "As estimativas do IPCC são de uma emissão de 56 kg/ano de metano por animal dessa mesma categoria no Brasil. Ou seja, os resultados mostram que a emissão de metano no bioma Pampa é bem inferior por
Foto: Jairo Nether
Um dos destaques da programação da Alianza del Pastizal na Expointer 2016, em Esteio, foi a explanação da pesquisadora Cristina Genro, que apresentou dados de um estudo que avaliou as emissões de metano por bovinos de corte no bioma Pampa comprovando que os níveis são bem inferiores àqueles divulgados por organismos internacionais. Segundo os resultados preliminares do experimento conduzida pela Embrapa Pecuária Sul, as emissões de metano foram até 43% menores do que as estimativas feitas pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) para a pecuária brasileira. A coordenadora do Projeto Pecus no bioma Pampa explica que durante a pesquisa os animais permaneceram em campo nativo com ajuste de carga para 12% PV (12 quilos de pasto seco para cada 100 quilos de peso vivo animal), com três níveis de intensidade de utilização: campo natural,
Cristina Genro
- 47
Sustentabilidade Pastizal no Brasil, Marcelo Fett Pinto, que discorreu sobre oportunidades e agregação de valor a produtos a atividade pecuária em campos nativos, aproveitou a oportunidade
para presentear o secretário de Agricultura do RS, Ernani Polo, com um dos cortes já à venda no mercado gaúcho com o selo de certificação da entidade.
Fotos: Divulgação/Alianza Del Pastizal
animal", ressalta a pesquisadora, explicando que se fosse multiplicada essa diferença por milhões de cabeças de bovinos criados no Pampa o montante de metano emitido pelos animais ficaria extremamente menor que aquele preconizado pelo organismo internacional. O ciclo de palestras contou ainda com as apresentações de Carlos Nabinger, professor adjunto do Departamento de Plantas Forrageiras e Agrometeorologia da Ufrgs, que falou sobre o potencial produtivo e ecossistêmico do Pampa, e Roberto Grecellé, coordenador estadual de projetos de pecuária de corte do Sebrae/RS, que apresentou alternativas para agregar valor à carne bovina produzida dentro do bioma. O coordenador da Alianza del
Marcelo Fett Pinto, Ernani Polo, secretário da Agricultura do RS, e Neri Gheller
Remate da Alianza movimenta R$ 2,3 milhões
Foto: Nina Boeira
O terceiro remate promovido pela Alianza del Pastizal, em abril, movimentou R$ 2,3 milhões com a venda de 1.308 fêmeas, que alcançaram média geral de R$ 1,7 mil, registrando movimentação similar à edição do ano passado apesar do momento de instabilidade
48 -
que atravessa a economia brasileira. “Nosso evento está consolidado como um remate de excelência, os compradores já sabem que serão ofertados lotes de extrema qualidade”, afirma Marcelo Fett Pinto, ressaltando que os produtores membros da Alianza colocam
à venda sempre os melhores exemplares. “Os valores foram condizentes ao excelente padrão zootécnico dos animais ofertados”, emenda, citando ainda a presença cada vez maior de compradores oriundos de outras regiões do Estado.
Oportunidades para agregar valor Em setembro, Marcelo Fett Pinto e Elen Nalério, pesquisadora da Embrapa Pecuária Sul, apresentaram a carne da Alianza del Pastizal no Mercado Público de Pinheiros, na capital paulista, onde o Instituto ATA, do chef Alex Atala, mantém espaços destinados a produtos oriundos dos biomas brasileiros, entre eles o Pampa. O espaço destinado a produtos tipicamente gaúchos, como o mel branco de Cambará do Sul e o charque de Santana do Livramento, entre outros, está sob a responsabilidade do chef Marcos Livi, que promoveu no local a 1ª edição do Pampa no Mercado, oferecendo uma extensa programação com aulas, palestras, shows e apresentações culturais, de dança e de gastronomia, com destaque para o
projeto A Ferro e a Fogo, que, em formato degustação, apresentou um resgate da rústica cozinha do Sul. De acordo com o coordenador da Alianza del Pastizal, o chef gaúcho, responsável por vários empreendimentos gastronômicos, entre eles o Quintana e o Veríssimo, já manifestou interesse em colocar a carne produzida no Pampa gaúcho nos principais restaurantes de São Paulo. Marcelo revela que outra possibilidade de agregar valor à produção dos membros da Alianza del Pastizal pode ser a comercialização do couro dos animais produzidos em harmonia com o meio ambiente para empresas de calçados que investem em conceitos ecológicos e de sustentabilidade. “É uma tendência mundial que veio para ficar”, completa.
- 49
Equinos
Fotos: Nina Boeira
Provas da raça Crioula são atração em Lavras Além de uma exposição morfológica, núcleo de criadores do município promove anualmente uma credenciadora ao Freio de Ouro, bem como rodeios, concentração de animais e revisões coletivas 50 -
E
m janeiro, uma das atrações foi a Credenciadora Mista realizada no Parque de Exposições Olavo de Almeida Macedo, que reuniu 19 animais inéditos e não inéditos na modalidade e garantiu oito vagas às semifinais do Freio de Ouro 2016. A programação do Núcleo de Criadores de Cavalos Crioulos de Lavras do Sul também incluiu disputas de outras modalidades oficiais da raça, como Freio do Proprietário, Freio Jovem e Crioulaço. “Os eventos foram muito bons, especialmente a credenciadora, novamente marcada pelo
alto nível técnico tantos dos animais como dos ginetes”, destaca Gustavo Delabary, explicando que ao longo do ano foram realizados também rodeios, concentrações de animais e revisões coletivas. O presidente do núcleo de criadores reforça que as provas da raça Crioula são destaque também durante a tradicional exposição agropecuária do município, quando são realizados remates, disputas funcionais, exposição morfológica e um Rodeio, atraindo sempre um grande público. Segundo ele, entre as
novidades previstas para a ExpoLavras 2016 estão o remate de cavalos Crioulos promovido pela Cabanha Macanudo, e o lançamento de uma prova agregada ao leilão das cabanhas São Crispim e Serrinha. “Os animais comercializados estão automaticamente aptos a participar da disputa que ocorre em dezembro, dentro da Ovinofest 2016. Nossa prova é voltada à doma de animais para o serviço de campo, diferente do Doma e Laço, que segue os moldes da prova da ABCCC”, explica Delabary.
Leilão de Coberturas arrecada R$ 80 mil Em julho, o NCCC de Lavras do Sul realizou um grande evento alusivo aos seis anos da entidade, ocasião em que foi realizado um leilão de coberturas com o objetivo de angariar fundos para a conclusão das obras do galpão dos equinos no parque de exposições. Segundo Telmo Ferreira, tesoureiro da entidade, foram arrecadados mais de R$ 80 mil com a venda de 16 coberturas dos principais garanhões da raça, entre eles LS Balaqueiro e Harmonia
Temprano, vencedores do Freio de Ouro em 2004 e 2016, respectivamente, Estilhaço da Caçador, Bocal de Ouro 2016, e Pergaminho AA, Grande Campeão e Melhor Exemplar da Raça na Expointer 2003. Ferreira explica que o objetivo de finalizar a obra para este ciclo não foi atingido devido aos transtornos ocorridos em função dos temporais que assolaram a região às vésperas da ExpoLavras 2015 e também em junho deste ano. “Tivemos
que realizar investimentos para corrigir os estragos causados pelas intempéries, por isso estamos concluindo este ano apenas o fechamento das extremidades laterais do galpão. Aí ficará faltando apenas a construção das últimas vintes cocheiras, de um total de 80 previstas”, detalha, explicando que, posteriormente, os próximos investimentos serão direcionados à substituição de toda a rede elétrica e melhorias na iluminação do recinto.
- 51
Equinos
Uma das atrações da ExpoLavras 2015 foi a presença de Vilson Chalart de Souza, proprietário da cabanha Marca Dois, de Bagé, que levou um exemplar de sua criação para a resenha coletiva realizada durante a exposição. “O cavalo Crioulo sempre fez parte da minha profissão e da minha vida, proporcionando muitas alegria e grandes amigos. Tenho muito orgulho de ter acompanhado a evolução da raça e o nascimento do Freio de Ouro, além de ter participado das inúmeras provas que o antecederam”, observa o vencedor da primeira edição da prova máxima da raça com o lendário Itaí Tupambaé, em 1982. Parabenizando a diretoria do Sindicato Rural pela excelente infraestrutura oferecida, o ex-ginete destaca ainda que foi muito
52 -
Fotos: Nina Boeira
Presença ilustre na ExpoLavras 2015
Vilson Chalart de Souza, vencedor do primeiro Freio de Ouro, João Franscisco e Gustavo Delabary
bem recebido pela comunidade lavrense. “Todos vinham falar comigo, queriam saber como eu estava passando após o AVC que
sofri em 2007”, acrescenta Souza, que é um exemplo de vida para todos os crioulistas, especialmente, os mais jovens.
Fotos: Felipe Ulbrich
Telmo Ferreira julga o Freio de Ouro 2016 Atuando em provas da raça Crioula há uma década, Telmo Raimundi Ferreira estreou este ano como jurado da final do Freio de Ouro, a principal prova e maior ferramenta de seleção da raça Crioula. “Iniciei julgando as etapas credenciadoras, dentro do processo que havia na época, onde tínhamos que ser convidados pelos núcleos de criadores. A partir da quarta prova que julguei, passei a fazer parte da Lista 2 da ABCCC e depois, com mais quatro, fui promovido à Lista 1”, explica o criador, que seleciona cavalos crioulos na Cabanha Macanudo, em Lavras do Sul, junto com irmão Mauro. O criador lembra que entrou em pista acompanhado por outros dois estreantes em finais de Freio de Ouro, no entanto, isto não impediu que tivessem toda a tranquilidade necessária para avaliar o desempenho funcional dos animais. “A estrutura montada através da ABCCC é muito boa, estamos sendo constantemente treinados e aferidos, para que todos os jurados da Lista 1 tenham condições de julgar uma final”, observa Ferreira, ressaltando que estavam correndo a final os 48 melhores animais do ciclo. “O Freio de Ouro é um processo extremamente democrático, pois o último cavalo que foi chamado como reserva disputou o Freio de Prata até a etapa final, mesmo com uma
morfologia baixa”, reforça. Em relação aos destaques da prova, o jurado explica que o vencedor é um animal cuja capacidade funcional e beleza morfológica já eram reconhecidas, mas não se apresentou em plenas condições físicas quando venceu o Bocal de Ouro, em 2014, nem em 2015, quando ficou com o Freio de Prata. “Este ano o cavalo estava muito bem fisicamente, com uma qualidade funcional que ele sempre teve. Então isso facilitou, mas ele evoluiu muito na prova, desde a primeira etapa, saltou na frente e foi crescendo até o final”, acrescenta Ferreira, citando ainda a acirrada disputa pelos outros dois lugares no
pódio. “Houve uma alternância de posições, mas todos os que estavam disputando os primeiros lugares tinham plenas condições de ganhar o Freio.” Outro representante de Lavras do Sul no Freio de Ouro 2016 foi o ginete Jonatan Fontoura Teixeira, que novamente classificou um exemplar para grande afinal, repetindo o feito já obtido em 2014. Desta vez, porém, avançou entre os 14 finalistas que correram a última etapa, finalizando a disputa na décima segunda colocação com a fêmea Hortênsia do Ribeirão Bonito, preparada no centro de treinamento que mantém em Lavras do Sul.
Jonatan Fontoura Teixeira, finalista do Freio de Ouro 2016
- 53
Ovinos
Uma festa para a ovinocultura Foto: Felipe Ulbrich
Ovinofest passa a ser realizada em dezembro junto com outros dois tradicionais eventos do Sindicato Rural, a Feira de Ovinos e o Concurso de Carcaรงas
54 -
A
Ovinofest volta a ser realizada em Lavras do Sul, porém, com mudanças em seu formato e muitas novidades. Agora, ocorre durante o mês de dezembro, deixando de ser um evento direcionado apenas à gastronomia. “Serão mantidas as refeições à base de carne de cordeiro, porém, diferente das edições anteriores, que eram voltadas somente à parte gastronômica, faremos uma festa para a ovinocultura envolvendo toda a cadeia produtiva”, salienta João Victor Souza, que faz parte da Ala Jovem do Sindicato Rural, grupo responsável pela organização do evento.
Souza explica ainda que a Ovinofest passa a ser realizada paralelamente a outros dois eventos tradicionais que já ocorriam no mês de dezembro, a Feira de Ovinos e o Concurso de Carcaças, que continua tendo os lotes avaliados e leiloados durante o jantar de entrega de prêmios, com a renda total destinada à Apae de Lavras do Sul. “A Feira de Ovinos, que antes era apenas um remate, passa a ter também um julgamento para a escolha dos melhores lotes. Não uma avaliação racial, mas por categorias, e será feita por integrantes da Ala Jovem formados em zootecnia e medicina veterinária”,
- 55
Ovinos
Feira de Ovinos passa a ter julgamento para a escolha dos melhores lotes
Associação para o Desenvolvimento Sustentável do Alto Camaquã e em parceria com a Emater. As atividades da Ovinfest 2016 ocorrem entre os dias 16 e 17 de dezembro, com programação oficial na sexta-feira, à tarde e à noite, e no sábado durante todo o dia, sendo que no domingo o parque fica liberado para quem quiser fazer o seu churrasco por lá, onde inclusive poderá ser adquirida a carne do assado. Conforme Souza,
Fotos: Nina Boeira
prossegue o jovem que integra a comissão organizadora da Ovinofest 2016. “Temos subcomissões integradas também por membros de outras entidades, como a Emater, a Associação dos Criadores de Ovinos de Lavras e o Sindicato dos Trabalhadores Rurais”, acrescenta, lembrando que outra atração será o Concurso de Churrasco de Cordeiro, que foi um sucesso nas edições realizadas em 2013 e 2014. O médico veterinário destaca ainda a realização de dois eventos didáticos, um voltado para a área da gastronomia, através de uma cozinha temática aonde cozinheiros do município irão preparar pratos locais a base de carne de cordeiro, e outro abordando questões técnicas, com palestras sobre temas relevantes à ovinocultura. “Funcionará mais ou menos como um dia de campo, com diferentes estações dentro do parque, cada uma sobre um tema específico”, acrescenta Souza, informando que outra novidade na programação deste ano será a realização de uma etapa do Concurso de Borregas promovido pela
Concurso de Churrasco de Cordeiro é uma das atrações da Ovinofest
56 -
as expectativas são as melhores possíveis, afinal, foram reunidos três eventos que sempre tiveram uma boa aceitação. “Acreditamos que esse formato ficou mais atrativo, nosso intuito é fazer com que a população de Lavras participe do evento e que as pessoas de fora conheçam a nossa realidade, enfim, o que nós comemos, o que nós criamos e como fazemos isso”, completa o integrante da Ala Jovem do Sindicato Rural.
Rápida e certeira, faz um raio-X da propriedade e aponta soluções para os principais gargalos do sistema de produção. Faz o diagnóstico da propriedade e simula distintos cenários produtivos e resultados financeiros potenciais a partir do sistema atual. Faz o diagnóstico, simula cenários, elabora o projeto completo e faz assessoria técnica continuada por 12 ou 24 meses.
Fale com nossa Regional SIA Metade Sul e saiba mais sobre nossas soluções! E-mail: contato@siabrasil.com.br Fone / Whats: (53) 9934 0354 (c/ Lídia)
- 57
Perfil
Dedicação total à produção animal “Vivo 18 horas de pecuária por dia, nas outras seis eu sonho com ela”, diz José Fernando Piva Lobato
P
resença constante nos eventos promovidos pelo Sindicato Rural de Lavras do Sul, José Fernando Piva Lobato possui graduação em agronomia e mestrado em forrageiras e zootecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), além de ser doutor em produção animal pela Universidade de Melbourne, na Austrália. Nascido na capital gaúcha, ele conta que seu lado campeiro é oriundo de Pinheiro Machado, terra natal do avô, e Piratini, onde o pai mantinha campos e uma casa de comércio, na região do Cerro Alegre, para onde rumava nas férias de janeiro e julho, lá pelos idos da década de 1950. “Ali eu peguei o gosto pela pecuária. Até fazer o vestibular, tinha dúvidas sobre qual carreira seguir, agronomia ou veterinária, mas sabia que queria trabalhar com produção animal, com ovelha, cavalo e vaca, já tinha isso definido”, recorda o especialista, que atualmente é professor titular da Ufrgs. Após retornar da Austrália, Lobato passou a desenvolver com mais intensidade linhas de pesquisa em produção e manejo de gado de cria, visando saciar a fome das vacas do Rio Grande do Sul com a oferta de pasto, tornando-se um dos mais fervorosos
58 -
defensores dos campos nativos, que vêm sendo melhorados com a introdução de espécies de inverno e leguminosas. “É preciso melhorar a área gradualmente. Assim, a pastagem natural que tanto nos orgulha, deve ser destinada às vacas de cria, deixando as pastagens de inverno e primavera para as categorias mais jovens, como terneiros e animais de sobreano, visando encurtar a idade do primeiro serviço e também do abate”, defende. Desde o início dos anos 2000, o engenheiro agrônomo mantém uma estreita relação com os produtores lavrenses, participando de jornadas técnicas como o fórum de discussões De Onde Virão os Terneiros, realizado no município em 2015, e ainda do Seminário O Pampa e o Gado, onde tem difundido seus conhecimentos e experiência em produção animal. “São ações de transferência de conhecimentos e de tecnologias que estão ao alcance do produtor. Estas jornadas que tem como objetivo melhorar nossos indicadores produtivos, buscando que o produtor tenha renda também com a pecuária, não só com a soja e o arroz”, destaca. Lobato conta que também já foi pecuarista, mantendo até o ano 2000 uma pequena propriedade no município de São
Jerônimo, na Serra do Sudeste, antes de tentar a vida como invernador de gado em Jaguarão, onde exerceu a atividade até 2013. Hoje, apesar da dedicação integral à vida acadêmica, continua prestando algumas consultorias nas áreas de pecuária de corte e forrageiras. “Tenho rodado o Rio Grande do Sul com ênfase na busca do aumento da produção e da produtividade dos rodeios de cria. Eu costumo dizer que vivo 18 horas de pecuária por dia, nas outras seis eu sonho com ela”, completa. Casado há 42 anos, Lobato possui três filhos e quatro netos, e foi escolhido inúmeras vezes como professor homenageado dos cursos de agronomia e veterinária da Ufrgs, acumulando ainda importantes distinções, como o Prêmio O Melhorista, da Associação Nacional de Criadores - Herd Book Collares (1997) e Destaque em Pesquisa Agropecuária, conferido pelo Jornal Correio do Povo e Unibanco (1999), entre outros tantos. Em 2010, foi agraciado também com o Prêmio O Futuro da Terra - Cadeias de Produção Agrícola, do Jornal do Comércio, de Porto Alegre, e este ano recebeu o Troféu Senar / O Sul, concedido pelo Senar-RS, Fecomércio/RS, Jornal O Sul e Rede Pampa de Comunicações.
- 59 Foto: Nina Boeira
Jovens Empreendedores
Mudança de rumo em busca da realização pessoal Foto: Felipe Ulbrich
Advogada por formação, Renata La-Rocca se descobriu mesmo atuando na cozinha, onde está sempre criando novos atrativos para oferecer aos clientes do restaurante da família
60 -
A
os, 17 anos Renata La-Rocca deixou Lavras para estudar advocacia em Cachoeira do Sul, curso que concluiu em 2009 em Canoas, na região metropolitana da capital gaúcha. Após passar no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e concluir uma pós-graduação em Direito do Trabalho, decidiu que era hora de voltar à terra natal, o que fez em julho de 2014, afinal, queria mesmo era seguir trabalhando ao lado do pai no Bar e Restaurante Telúrica, empreendimento que pertence à família desde 1982 e onde já ensaiava os primeiros passos rumo a sua nova paixão, a gastronomia. “Eu praticamente me criei dentro do Telúrica. Com sete anos de idade já ajudava no serviço, lavando os copos. Agora, atendo o balcão, sirvo os clientes e vou para a cozinha sempre que necessário”, conta a jovem de 29 anos, responsável também por todas as compras do estabelecimento. Renata lembra que durante a pós-graduação, como só tinha aula durante o meio da semana, voltava para Lavras do Sul e seguia ajudando
no restaurante, onde volta e meia acabava criando algum prato diferente ou um novo sabor de pizza, ainda sem muitas pretensões. Seu retorno ao município coincidiu com a realização da Ovinofest, onde descobriu sua verdadeira vocação após participar das palestras e oficinas de gastronomia à base de carne ovina apresentadas por renomados chefes de cozinha. “Ali eu me descobri, percebi que era isso mesmo que eu queria fazer, até porque eu já tinha a intenção de explorar as coisas daqui, especialmente a nossa carne de cordeiro, que, por ser criado em campo nativo, tem um sabor diferenciado”, revela, explicando que a partir de então passou a elaborar os mais diversos pratos com a iguaria, como mocotó, escondidinho, pastéis e, até mesmo, um ceviche utilizando a língua do ovino. Há dois anos, a advogada passou a produzir também doces utilizando antigas receitas que aprendeu com as avós e bisavós. O sucesso foi tão grande que hoje ela os comercializa sob a marca Dona Morena, nome da bisavó que a inspirou.
“Tem uma torta de bolacha que todo mundo adora, que leva na receita o creme da ‘bisa’, o recheio da avó e o merengue da outra avó, além do meu trabalho, que é o de misturar tudo isso”, brinca Renata, que, por não ter tempo livre para dedicar-se a uma faculdade de gastronomia, investe em cursos profissionalizantes para aprimorar ainda mais sua técnica. Nos últimos tempos, Renata passou a se envolver mais também com as atividades do Sindicato Rural, com o qual já mantinha uma boa relação comercial, afinal, o Telúrica se faz presente todos os anos no parque de exposições durante a ExpoLavras. “Hoje, somos parceiros”, destaca a jovem advogada, que agora integra a Ala Jovem da entidade e participa das comissões responsáveis pela programação musical e alimentação da Ovinofest 2016. “Queremos valorizar especialmente o pequeno produtor, por isso, a ideia é utilizar ingredientes produzidos pelas pessoas daqui, visando valorizar as coisas da nossa terra”, completa a jovem empreendedora.
Manlis Mármores e Granitos * Revestimentos para interiores e exteriores, comerciais e residenciais; * Lápides e revestimento para capela; * Vidro temperado; * Trabalho em mármore e granito em geral.
A matriz em Caçapava do Sul, em breve estará em novo endereço, com amplas e modernas instalações, AGUARDE!
Rua Benjamin Constant, 1397 Caçapava do Sul - RS (matriz) Fone: (55) 3281-1987 Av. Pres. Getúlio Vargas, 199 São Sepé - RS (filial) Fone: (55) 3233-2219 Rua Maria Barcelos, 125 Lavras do Sul - RS (filial) Fone: (55) 3282-2212
- 61 e-mail: manlismarmoresegranitos@yahoo.com.br
Ala Jovem
A força da juventude Atuando já nos eventos oficiais da entidade, Ala Jovem do Sindicato Rural assume também o desafio de organizar a Ovinofest, que volta à programação cheia de novidades
A
vice-presidente da entidade, Jacques Brasil de Souza, explicando que foi delegada ao grupo a responsabilidade de organizar a Ovinofest, evento consagrado, que retorna à programação oficial cheio de novidades. A boa notícia é que, por enquanto, não é necessário ser sócio para fazer parte da agremiação. “Temos vários integrantes que não são filhos de produtores nem de associados, nosso objetivo é contar com a colaboração de todos que tem alguma ligação com a agropecuária, integrando-os
Fotos: Nina Boeira
ExpoLavras 2015 marcou o lançamento da Ala Jovem do Sindicato Rural de Lavras do Sul, criada com o objetivo de envolver os jovens do município nas atividades voltadas ao agronegócio, preparandoos para assumir as rédeas da entidade futuramente. “O grupo foi criado com o intuito de renovação, pois precisamos preparar novos dirigentes. A ideia é formar um time forte, mesclando a experiência com a energia da juventude”, destaca o
Integrantes da Ala Jovem do Sindicato Rural de Lavras do Sul
62 -
às atividades organizadas pelo Sindicato”, observa o médico veterinário João Vitor Souza, que integra a Ala Jovem. Jean Machado dos Santos, que cursa medicina veterinária na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), explica que a Ala Jovem é formada por 55 pessoas, sendo que uma comissão formada por dez integrantes é responsável por planejar as reuniões bimestrais, bem como as ações que serão desenvolvidas. “Já nos envolvemos no Seminário O Pampa e O Gado deste ano e
pretendemos seguir apoiando este evento nas próximas edições. Montamos um plano de atividades para as feiras de terneiros onde fizemos uma pesquisa sobre o perfil dos compradores e vendedores e coletamos dados específicos sobre a comercialização - e também para a ExpoLavras 2016, onde levantaremos outros dados relevantes ao Sindicato Rural”, revela o estudante, reforçando que o retorno do trabalho realizado até o momento é muito bom. Santos destaca ainda que o grupo de jovens lavrenses está responsável também pela nova configuração e organização da Ovinofest, que volta a ser realizada no município a partir de 2016. “Para esta edição buscamos incluir algumas atividades que ocorriam em outros eventos, como o Concurso de Carcaça de Cordeiros, por exemplo, direcionando o foco do evento ao produto, ao produtor e à culinária local, buscando uma maior visualização e valorização da nossa produção”, completa o jovem de 22 anos.
CONSTRUINDO UMA EMPRESA BRASILEIRA de FERTILIZANTES
A Águia Fertilizantes é uma empresa de pesquisa e desenvolvimento de projetos para a produção de adubos fosfatados no Brasil. Seu principal foco é o desenvolvimento do Projeto Três Estradas, localizado no município de Lavras do Sul, onde a empresa tem reservas cubadas em torno de 74 milhões de toneladas de minério fosfático com teor de 4,13% de P2O5.
A Águia Fertilizantes concluiu um estudo preliminar de viabilidade econômica do projeto, que prevê a produção anual de 450 mil toneladas de concentrado de rocha fosfática, que é uma das três matérias-primas fundamentais usadas na fabricação de fertilizantes. Além da rocha fosfática o projeto inclui como subproduto a produção anual de 1 milhão e 600 mil toneladas de calcita, que pode ser utilizado como corretivo de solo.
ADUBOS FOSFATADOS
A Águia Fertilizantes está finalizando os estudos de impacto ambientais (EIA) do projeto que será protocolado junto à autoridade ambiental do estado no segundo semestre de 2016.
Entre em nosso site e conheça mais sobre nossos projetos: www.aguiaresources.com.au
- 63
Cultura
Valorizando a cultura nativista Fotos: Nina Boeira
Voltados aos mais variados estilos, especialmente a música folclórica e nativista, grupos de dança de Lavras do Sul vêm se destacando nos principais festivais da região
64 -
A
dança é uma atividade cultural muito expressiva em Lavras do Sul, onde existem diversos grupos, com integrantes de todas as idades, que se dedicam aos mais variados estilos musicais. “Hoje temos nove grupos em atividade. Levando em conta o tamanho da cidade, é um número bastante expressivo”, observa a assessora cultural da prefeitura municipal, Rosa Helena Teixeira Carvalho, lembrando que um deles inclusive já se apresentou na Europa durante um festival mundial de folclore, no final da década de 1990, tendo representado o município também no Carnaval do Rio de Janeiro. “Cinco grupos trabalham exclusivamente com danças folclóricas e nativistas, sendo que os outros contemplam diferentes estilos, como pagode, samba, tango e bolero, por exemplo, realizando ainda coreografias de dança moderna, contemporânea e de rua. E não há limite de idade, as crianças começam
a dançar desde cedo aqui, a partir dos três ou quatro anos elas já estão participando de coreografias”, emenda. A diretora da Casa de Cultura destaca ainda a realização do festival OuroDança, que reúne apresentações de artistas locais e de outros municípios da região, tendo como objetivo a inclusão e a valorização de crianças, jovens, adultos que simpatizem com a arte de dançar. “Mais de 30 grupos chegam a participar do evento, que prioriza um estilo diferente a cada dia”, acrescenta, explicando que a iniciativa do grupo Vem Dançar - que conta com direção geral de Ane Rose Lopes Silva - tem apoio da prefeitura e foi incluída recentemente no calendário oficial de eventos da cidade. “Nossos grupos de dança vêm se destacando e sendo premiados não só no OuroDança, mas também em outros festivais importantes da região, como o Dançarte, de Caçapava do Sul, e o Dança Bagé”, reforça Rosa Helena.
Rosa Helena Teixeira Carvalho
Grupo de Arte Nativa Herdeiros de Bravos
- 65
Fotos: Nina Boeira
Cultura
Grupo Vem Dançar
Foto: Divulgação/Cia de Danças
Um dos expoentes locais é o Grupo de Arte Nativa Herdeiros de Bravos, coordenado por Mariana Duarte e composto por 18 bailarinos, que realizam apresentações e coreografias pautadas na música gaúcha, garantindo premiações tanto no OuroDança como no Dança Bagé. “No início era só música folclórica, mas passamos a trabalhar com temáticas específicas a partir do ano passado, quando contamos a história da
Companhia de Danças de Lavras do Sul
66 -
Revolução Farroupilha”, explica a jovem, informando que a coreografia apresentada este ano durante a abertura da Semana Farroupilha do município é uma releitura de O Tempo e o Vento, obra de Érico Veríssimo adaptada para o cinema em 2012. Destaque ainda para a Companhia de Danças de Lavras do Sul, há mais antiga do município, que completou vinte anos em 2015. “A base de nossas apresentações
sempre é direcionada ao folclore de projeção, com pesquisas sobre determinados povos, suas histórias e costumes. Viajamos por várias cidades do Estado e de Santa Catarina, recebendo inclusive convites para festivais internacionais”, explica Anderson Rodrigues, que coordena o projeto há cinco anos. “Temos aproximadamente 14 dançarinos, com as mais variadas idades, além de uma lista em formação para
novos integrantes e um projeto de grupo infantil”, acrescenta, revelando que o espetáculo preparado exclusivamente para a ExpoLavras 2016 é baseado nas danças paraguaias, altiplanas e argentinas. Já o Grupo de Arte Nativa Tempo Guri, criado em 2012 pela Escola Estadual de Ensino Fundamental Desembargador José Bernardo de Medeiros, é formado por 14 dançarinos, reunindo alunos e membros da comunidade local também sob a coordenação de Anderson Rodrigues, que trabalha também coreografias estilizadas visando o engrandecimento das apresentações, porém, sempre priorizando a manifestação do povo do Rio Grande do Sul. Outros grupos em atividade no município são As Pepitas de Lavras, Bio Ritmo's, Ouro da Terra, Movimento Livre, Os Pequenos da Alegria e Grupo de Dança da Apae, além daqueles que integram entidades tradicionalistas, como o Grupo Mirim do CTG Querência das Lavras.
- 67
Cultura
Esforço para manter vivas as tradições gaúchas
Fotos: Felipe Ulbrich
Com o encerramento das atividades do único Centro de Tradições Gaúchas a comunidade lavrense passou a cobrar que alguém assumisse a tarefa de criar um novo CTG para assumir a missão de abrigar a cultura e as tradições, e promover os festejos farroupilhas em Lavras do Sul. A partir desta carência, um grupo de senhoras, amantes da causa tradicionalista teve a iniciativa de reunir esforços e arregimentar interessados em formar um novo centro capaz de dar continuidade ao trabalho dos seus antecessores. Assim, nasceu o CTG Querência das Lavras, criado em julho de 2012, sob o comando de Maria Regina Azevedo de Souza. “A importância do Centro de Tradições Gaúchas é destacada na formação de crianças e jovens, além de promover o conhecimento e o respeito aos valores mais expressivos da história e da cultura gaúcha”, destaca a Patroa do CTG, reforçando que o mesmo ajuda na socialização e no
Maria Regina Azevedo de Souza
68 -
desenvolvimento artístico, através dos grupos de danças, da declamação de poesias, da execução de instrumentos, musicais, do canto, do artesanato e de outras manifestações artísticas regionais. “Com isso, pereniza o legado das gerações que ocuparam e desenvolveram esta região, projetando um futuro alicerçado no respeito aos nossos valores mais caros”, acrescenta Regina, lembrando que durante a Semana Farroupilha seus integrantes participam ativamente dos concursos de declamação de poesias e demais apresentações artísticas, com destaque para o Grupo de Dança Mirim do CTG Querência das Lavras, formado por 22 meninos e meninas de 7 a 12 anos, que já ganhou diversos troféus. Regina explica que o processo de registro do centro de tradições está em fase de conclusão, sendo que, a partir de sua regularização, será iniciada uma grande campanha junto à comunidade com a finalidade de angariar fundos
para a aquisição de um terreno e futura construção da sua sede. “Assim, teremos condições de acessar recursos públicos de incentivo à cultura, bem como de emendas parlamentares”, prossegue, reforçando que, após a filiação junto ao Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), o Querência das Lavras estará habilitado também a dar credenciamento a todo o tradicionalista que queira participar de eventos oficiais no Estado, como rodeios, concursos e festivais. A Patroa do CTG Querência das Lavras revela ainda que quem a levou para dentro dos Centros de Tradições Gaúchas foi o esposo Jorge Afonso Fabrício de Souza, que na época integrava a patronagem do CTG Cancela da Fronteira, de São Vicente do Sul, cidade onde ela vivia. “Ali fui tomando gosto pelas tradições gaúchas, mas foi em Lavras do Sul que passei a me envolver mais diretamente com isso”, recorda Regina, que reside no município há mais de três décadas.
LENDA A NOIVA DA ESTRADA Dando continuidade à divulgação das lendas lavrenses, que são inúmeras e povoam o imaginário popular, apresentamos desta vez a "A noiva da estrada”, que nos é contada pela diretora da Casa de Cultura José Néri da Silveira. A lenda conta a história de um famoso ginete chamado Carolino, que se apaixona por uma linda moça que morava nas bandas do Passo do Lagoão, que, como todas as moças da Campanha, aos domingos costumava dar uma espiada nos moços da cidade. Carolino, que numa destas tardes de domingo tomava uns tragos num boteco de esquina, avistou a linda moça e no mesmo momento encantou-se pelos seus olhos negros e faceiros. Chamou sua atenção, mas esta, de relance, viroulhe o rosto. Então, já meio floreado, montou em seu cavalo e saiu no costado dela. Convidou-a para montar em sua garupa, mas, assustada e matreira, ela saiu correndo. O ginete não teve dúvidas, arremessou-a, laçando-a firme pela cintura, bicou da rédea e foi trazendo-a para perto. A moça apenas sorria, sem nada falar, mas em seus olhos via-se o gosto pela atitude do ginete. Assim que foi solta, saiu correndo, mas ao dobrar a esquina enviou um olhar provocador para Carolino, que nunca mais afeiçoou-se de outra moça. Por tempos indagou sobre ela e, sem respostas, acabou guardando o laço como lembrança da bela morena. Supersticioso, nunca mais manuseou o tal laço. O tempo passou e correu a notícia do suicídio de uma moça do Passo do Lagoão às vésperas do casamento, pois estaria sendo forçada a casar-se sem amor. A moça maquiou-se e, com o vestido de noiva que pertenceu à mãe, deu fim trágico à sua vida, sendo encontrada caída junto à porteira. Muitos, depois disto, relataram a visão de uma noiva resplandecente
à margem da estrada, com os braços abertos. O local onde era avistada a noiva, ficou conhecido como assombrado, muitos fugiam ou desviavam o caminho. Certa noite, o ginete Carolino, acostumado a beber nos botecos da vida, vinha num trote frouxo no local já mencionado, mas como era uma noite clara de lua cheia não teve receio do baio tropeçar, o que fatalmente aconteceu. O cavalo empinou assustado, derrubando o ginete, que permaneceu desacordado, pois bateu com a cabeça em uma pedra, e no mesmo instante um automóvel acidentalmente o feriu ainda mais, causando-lhe a morte. O fato correu pelas estâncias, criou-se um
mundo fantasioso em torno das mortes, ficou na retentiva popular que a "noiva da estrada", aquela moça laçada com tanta paixão, viera através de uma aparição, com os braços abertos assustar o baio e seguir na garupa do seu ginete para os campos infinitos numa noite de lua cheia. Assim o povo concluiu, porque, desde a morte de Carolino, nunca mais foi avistada a noiva resplandecente de braços abertos a pedir carona na beira da estrada. Hoje, existe uma capelinha construída à beira da estrada, sinalizando o lugar da queda, onde muita gente vai rezar, acender velas e depositar flores em homenagem ao ginete, agradecendo as promessas atendidas.
- 69
Gente de Lavras
Ludovico Meneghello Escritor lavrense escreveu cinco livros contando a saga de Artur Arão, um tropeiro e contrabandista gaúcho que cometeu toda espécie de atrocidade
E
Foto: Felipe Ulbrich
m 1936, com 19 anos de idade, o lavrense Ludovico Meneghello, na época um indisciplinado e rebelde cabo do Exército, encontrava-se recluso no 4º Regimento de Cavalaria Independente, em Santo Ângelo, onde amenizava sua pena escrevendo sonetos que conseguia publicar no jornal Gazeta de São Luiz Gonzaga. Foi nestas condições que teve por companheiro de prisão o temido e sanguinário Artur Arão, que chegara à cidade para prestar contas de pavorosos homicídios, na justiça civil, e do crime de deserção e roubo, da justiça militar. Ao saber que o jovem rebelde era poeta, o fora-da-lei dispôs-se a contar sua vida, o que de pronto foi aceito por Meneghello, que mandou um soldado comprar-lhe 200
70 -
folhas de papel e no mesmo dia começou a escrever a sangrenta odisseia daquele homem, que acabou lhe confessando crimes tenebrosos em narrativas que se arrastavam por várias horas noite adentro. Foi assim que Meneghello conseguiu preservar a saga de Artur Arão, composta por quatro títulos: Eu Sou Artur Arão, Artur Arão o Vingador, Artur Arão na Guerra do Chaco e A Volta de Artur Arão. O quinto livro da série, Artur Arão no Paraíso dos Bandidos, encontra-se inédito, uma vez que o autor faleceu antes de conseguir publicá-lo. Um dos relatos trata de como o bandoleiro executou uma vingança, eliminando um a um os assassinos do pai, chefe maragato que foi emboscado por inimigos políticos, nas margens do rio Uruguai, por milícia
argentina, depois de preso naquele país, para onde fugira. O episódio mais conhecido da saga de Artur Arão, no entanto, foi quando sobreviveu a um fuzilamento e uma execução, e, depois de ter recuperado a condição física, foi atrás de seus algozes e os exterminou. Daí em diante participou de muitas peripécias, uma das principais sendo o seu envolvimento na Guerra do Chaco, no Paraguai, quando recebeu o apelido de “Comandante de Hierro”. Pouco se sabe da vida pessoal de Ludovico Meneghello, apenas que nasceu em Lavras do Sul, em 1917, onde era funcionário da Estação Hidráulica. Depois que deixou o município, foi para Nova Prata, onde veio a falecer, já na condição de gerente da Companhia Riograndense de Saneamento.
Edilberto Teixeira Como Secretário Municipal de Turismo e Cultura, em 1992, idealizou, organizou e fundou a Casa de Cultura José Néri da Silveira e o Museu de Lavras do Sul São Gabriel das Carretas, Dicionário Gaúcho do Cavalo e Lavras do Sul - Na Bateia do Tempo. Participou também de vários festivais de músicas nativistas, com parcerias de todo o Estado, tendo a grande maioria de suas letras premiadas. Edilberto Teixeira foi também pecuarista, tendo assumido, em 1957, a Estância do Capão, hoje no município de Santa Margarida do Sul, onde iniciou suas
atividades agropecuárias e passou a residir em 1960, após a morte do pai. Lá, trabalhou com lavouras de trigo, milho e soja, mas principalmente com pecuária, criando gado Hereford e Polled Hereford, ovinos Corriedale, cavalos Puro Sangue Inglês e cavalos Crioulos. Casado com Elba Teixeira de Teixeira, deixou cinco filhos, que lhe deram onze netos, vindo a falecer em 04 de março de 1998, em São Gabriel. Foto: Divulgação / Arquivo pessoal
A
dvogado, poeta, historiador, pesquisador e produtor rural, Edilberto Teixeira nasceu dia 29 de outubro de 1934, em São Gabriel, mas foi registrado em Lavras do Sul, passando toda sua infância na Estância do Camaquan, arrendada pelo pai, e a adolescência e a juventude na Estância das Cordilheiras, esta adquirida pelo patriarca. Anos mais tarde, já formado em jornalismo, iniciou sua trajetória literária com a publicações de crônicas e poesias em vários jornais do Estado, como Correio do Povo e Diário de Notícias, de Porto Alegre, Correio do Sul, de Bagé, e O Batovi, de Lavras do Sul, entre outros, com o pseudônimo de Vinicius Valério. Posteriormente, passou a colaborar com suas crônicas, poesias, teses sobre tradição e folclore e trabalhos de pesquisas históricas em jornais, assinados com seu próprio nome. Na década de 1950, participou de vários trabalhos de pesquisas históricas, entre eles, trabalhos feitos por Padres Jesuítas em Lavras do Sul. Fundou também o primeiro Centro de Tradições Gaúchas do município e um dos primeiros do Rio Grande do Sul, o CTG Ronda do Pampa, do qual foi Patrão por vários anos e onde criou a cerimônia de “Malmequereação” da Primeira Prenda e o título de “Chinoca Farroupilha”, depois usados em todo o Estado. Como Secretário Municipal de Turismo e Cultura, em 1992, idealizou, organizou e fundou a Casa de Cultura Ministro José Néri da Silveira e o Museu de Lavras do Sul. Como escritor, historiador e poeta deixou uma vasta obra literária e poética, com destaque para os livros Dicionário da Carreta,
- 71
Ex-Presidentes
Dirigente atuante, entidade forte Foto: Divulgação / Arquivo pessoal
Encerrando a série em que foram apresentados os ex-presidentes do Sindicato Rural de Lavras do Sul trazemos os últimos cinco dirigentes da entidade.
ANTÔNIO CARLOS ABASCAL MUNHOZ Eleito em 1988, o advogado Antônio Carlos Abascal Munhoz dirigiu o Sindicato Rural de Lavras do Sul por aproximadamente um ano. Médico veterinário e fazendeiro, tinha também forte atuação política no município, onde veio a falecer em
10 de outubro de 2006, aos 51 anos. "Tinha uma atuação mais destacada em Porto Alegre, representando o Sindicato Rural junto à Farsul, essa era a grande função dele”, explica Valdo Marcelo Luchsinger Teixeira, autor do livro Das Lavras e Nós.
Foto: Felipe Ulbrich
Foto: Nina Boeira
FERNANDO ADAUTO LOUREIRO DE SOUZA
72 -
Fernando Adauto Loureiro de Souza nasceu em 21 de fevereiro de 1947, na Estância do Sobrado, em Lavras do Sul. Engenheiro agrônomo por formação, administrou estâncias, presidiu a extinta Cicade e integrou por vários anos a diretoria da Farsul, onde foi colunista também do Jornal Sul Rural. Casado e pai de dois filhos, o criador faleceu em 10 de fevereiro de 2016, prestes a completar 69 anos. Conhecido pela personalidade forte, lutava intensamente por seus ideais, deixando
grandes legados como a Vitrine da Carne Gaúcha, um dos destaques da Expointer, principal exposição do Estado, e o Seminário O Pampa e o Gado, realizado há oito anos em Lavras do Sul, onde foi presidente do Sindicato Rural, de 1999 a 2002, integrando sua diretoria por inúmeras gestões. Proprietário da Estância São Crispim, onde se dedicava à produção de novilhos, ultimamente dedicava-se à Alianza del Pastizal, entidade que ajudou a fundar e que visa a conservação das pastagens naturais do Pampa.
TELMO RAIMUNDI FERREIRA Eleito vice-presidente em 2003, Telmo Raimundi Ferreira assumiu a presidência do Sindicato Rural no início da gestão liderada por Fernando Adauto, que foi chamado para a diretoria da Farsul. Natural de Passo Fundo, mas vivendo em Lavras desde os três anos de idade, lembra que em sua gestão ocorreu a primeira reforma da sede
urbana do Sindicato, que nesta época tinha uma atuação destacada principalmente nas questões fundiárias. “Nossa entidade está cada vez mais forte e atuante, graças ao trabalho feito pelas gestões que me antecederam”, observa o zootecnista, que seleciona cavalos crioulos na Cabanha Macanudo junto com o irmão Mauro.
Foto: Nina Boeira
Foto: Felipe Ulbrich
FRANCISCO MACHADO ABASCAL Natural de Lavras do Sul, o médico veterinário Francisco de Assis Machado Abascal presidiu o Sindicato Rural durante duas gestões, entre 2008 e 2014, período em que foram criados eventos como o Seminário O Pampa e o Gado, importante fórum de discussões que visa o desenvolvimento de uma pecuária sustentável, e a Ovinofest, que retor-
na este ano ao calendário oficial da entidade com o intuito de promover a ovinocultura lavrense. “Minhas gestões foram marcadas pelo envolvimento de muitas pessoas, cada um fez um pouco e juntos fizemos bastante”, define o produtor, que seguiu os passos do pai e do avô, e hoje produz terneiros e reprodutores jovens na Fazenda Sossego.
JOZÉ ANGELO ETCHICHURY Natural de Dom Pedrito, Jozé Angelo Etchichury chegou à Lavras em 1991, transferido pelo Banco do Brasil, atuando como gerente da agência local por quatro anos antes de se aposentar e dar início ao projeto pecuário que hoje mantém na estância Invernada da Caneleira, focada na produção de terneiros a partir do cruzamento com raças britânicas. “Comecei a criar e fui gostando da atividade”, recorda,
explicando que na época teve um apoio muito grande dos integrantes do Cite 27. A partir dessa relação, acabou se envolvendo também com as atividades do Sindicato Rural, entidade para a qual foi eleito presidente em 1996 e 2006, sendo reconduzido novamente ao cargo em 2014, quando assumiu o desafio de manter Lavras do Sul como polo de referência na produção e comercialização de bovinos de corte.
ELEM MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
MEIO SÉCULO AJUDANDO A CONCRETIZAR SEUS SONHOS.
Desde 1960, você pode contar com a Elem - Materiais de Construção para o que der e vier. Tudo em ferragens, serralheria, madeiras, serviço de terraplanagem, peças elétricas automotivas e peças para caminhão, você encontra aqui. E ainda oferecemos um super serviço de entrega, seja na cidade ou na campanha. Seja qual for o seu sonho, a gente ajuda a realizar.
Rua Tiradentes 403 Centro - Lavras do Sul
(55) 3282.1108 / 3282.1619 www.redecasanova.com.br
Meio Ambiente
Renasce a esperança para o cardeal-amarelo na Serra do Sudeste Dois machos adultos foram avistados e fotografados não região, onde a espécie vinha sendo considerada extinta há mais de uma década
74 -
que as expedições de campo foram realizadas a partir de um esforço conjunto entre a FZB/RS, o Setor de Fauna Silvestre da Secretaria de Meio Ambiente do RS (Sema), o Laboratório de Ornitologia da PUC/RS e o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio/MMA). De acordo com o biólogo, a captura e o comércio ilegal de cardeais-amarelos para criação em cativeiro são as principais ameaças à espécie e foram responsáveis
pelo desaparecimento do pássaro nessa região nas últimas décadas, bem como ao longo de toda a sua distribuição, que se estende ao território uruguaio e argentino. Considerando que estas ameaças ainda persistem, assim como a destruição de seu hábitat, diversas instituições se uniram em 2011 para trabalhar em prol da conservação dessa e de outras espécies ameaçadas do Pampa, engajando-se no Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Passeriformes Ameaçados dos Campos Sulinos e Espinilho. Foto: Glayson Bencke/FZB-RS
O
resultado de duas expedições realizadas este ano na Serra do Sudeste do Rio Grande do Sul foi extremamente positivo e traz nova esperança para a conservação do cardealamarelo, uma das aves mais ameaçadas do Brasil na atualidade. Em maio, foi confirmada a sua presença na região, quando um macho adulto foi fotografado e filmado no ambiente natural, e capturado para marcação individual, o que possibilitará seu monitoramento ao longo do tempo. Também foram coletadas amostras que permitirão análises genéticas e de saúde da ave, tão rara e especial. Já em outubro, outro macho foi avistado na região, porém, sem que fosse possível sua captura para coleta de material genético. Estes importantes registros, após 15 anos sem ocorrências confirmadas na Serra do Sudeste, mostram que o cardealamarelo não está confinado ao Parque Estadual do Espinilho, onde encontra-se a única população conhecida e monitorada no Brasil, com cerca de 50 indivíduos. “Os registros são muito importantes para a pesquisa e para a conservação da espécie, pois nos dão a esperança de que exista uma segunda população no Estado e não apenas indivíduos”, comemora Glayson Bencke, do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do RS, explicando
Exemplar avistado em outubro na região da Serra do Sudeste
4
O
Remate
Alianza del Pastizal 22 de abril de 2017
- 75 Informações: ABASCAL & CIA. LTDA: (55) 3282.1089 | CLÍNICA VETERINÁRIA: (55) 3282.1170
Em destaque
Mina para produção de fosfato será instalada em Lavras do Sul ano”, explica Fernando Tallarico, diretor técnico do grupo. Segundo ele, foram investidos até o momento cerca de R$ 27 milhões, incluindo todos os estudos que foram feitos e, em particular, a pesquisa geológica que consumiu uma boa porção destes recursos com sondagens. “Temos pela frente pelo menos outros R$ 350 a 400 milhões de investimentos para a conclusão dos estudos, instalação e início das operações”, revela, explicando que o início das operações dependerá fundamentalmente dos resultados obtidos nesses estudos e também da capacidade do grupo em levantar os recursos financeiros necessários, já que se trata de uma empresa de capital aberto com ações negociadas na bolsa da Austrália. “Mas, hoje trabalhamos com uma projeção de operação nos próximos três anos”, revela Tallarico. “Estamos muito satisfeitos com a opção de investimento no Rio Grande do Sul, pois encontramos um ambiente extremamente favorável, com boa logística, uma variedade
Foto: Felipe Ulbrich
O grupo de mineração australiano Aguia Resources confirmou em 2015 a implantação de uma mina para exploração de fosfato em Lavras do Sul com o objetivo de produzir fertilizantes. O projeto contempla a instalação de uma mina a céu aberto na localidade de Três Estradas, onde devem ser produzidas 450 mil toneladas/ano de concentrado de rocha fosfática e outros 1,6 milhões de toneladas de calcita. “Completamos recentemente um estudo preliminar de viabilidade econômica. Os resultados confirmaram nossas expectativas e subsidiaram os próximos investimentos que irão incluir estudos de engenharia tem por finalidade oferecer todo o detalhamento técnico para a instalação e operação do projeto e também uma estimativa muito mais precisa dos custos e tamanho do investimento. Paralelamente estamos finalizando o estudo de impactos ambientais (EIA), sendo que o mesmo será protocolado junto à autoridade ambiental do Estado no segundo semestre deste
Alfredo Rossetto Nunes, gerente de exploração da Águia Metais
76 -
de serviços e disponibilidade de mão de obra qualificada. É prevista qualificação de pessoas da região para a ocupação de 80 a 90% dos postos de trabalho a serem necessários para operação da mina de fosfato, além da captação de mão de obra especializada qualificada pelas instituições de ensino técnico profissionalizante de nível médio e superior da região”, destaca Alfredo Rossetto Nunes, gerente de exploração da Águia Fertilizantes, empresa criada para operar os ativos da Águia Metais no Estado. De acordo com ele, o Projeto Três Estradas tem como objetivo a produção de um concentrado comercial de rocha fosfática, uma das três matérias-primas fundamentais usadas na fabricação de fertilizantes. “Nosso projeto inclui também um subproduto bastante atraente que é a calcita, um carbonato de cálcio que pode ser utilizado como corretivo agrícola”, acrescenta Nunes, reforçando que a expectativa é gerar em torno de 350 empregos diretos.
Foto: Nina Boeira
Seminário o Pampa e o Gado 2015 foi realizado em Santana do Livramento Promoção anual do Sindicato Rural de Lavras do Sul, o Seminário O Pampa e o Gado foi realizado em Santana do Livramento em 2015, junto com o IX Encuentro de Ganaderos de Pastizales Naturales del Cono Sur de Sudamerica, evento organizado pela Alianza del Pastizal, reunindo aproximadamente 450 participantes. O evento foi realizado nos dias 06 e 07 de novembro, após o lançamento da revista Lavras Rural 2015, razão pela qual repercutimos novamente o assunto nesta edição. Todos os países que integram a entidade (Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai) mostraram suas experiências com a pecuária sustentável, bem como os projetos em execução e os resultados já obtidos. A programação contou ainda com a apresentação do especialista Marcelo Bolinha, que mostrou alguns cortes de cordeiro e discorreu sobre a qualidade e o diferencial da carne oriunda de pastagens naturais. Outra atração foi a realização de um Dia de Campo, que reuniu cerca de 200 produtores, técnicos e estudantes.
Coordenador da Alianza del Pastizal no Brasil, Marcelo Fett Pinto observa que os eventos permitiram ampliar as discussões sobre a produção pecuária aliada à conservação dos campos nativos do bioma Pampa. “O seminário O Pampa e o Gado, que é marca registrada de Lavras do Sul, alargou seus horizontes, expondo excelentes perspectiva e oportunidades de integrar a pecuária economicamente sustentável à conservação do Pampa Sul-Americano, reforça o engenheiro agrônomo. Pedro Ferreira Develey, diretor executivo da BirdLife/SAVE Brasil, destaca ainda a internacionalização do evento, pois, além dos representantes do Uruguai, Argentina e Paraguai, o evento recebeu pessoas do Canadá, Estados Unidos e Colômbia, países que também possuem grandes extensões de campo e estão interessados em entender o modelo de pecuária sustentável que vem sendo desenvolvido por aqui. “O projeto da Alianza del Pastizal e todo o trabalho que vem sendo realizado no Rio Grande do Sul é uma grande vitrine para as Américas”, afirma. Segundo Ângelo Aguinaga, do Sebrae/RS,
foi um grande desafio tirar o seminário O Pampa e o Gado de Lavras do Sul, no entanto, garante que o evento atingiu plenamente os objetivos propostos, superando inclusive as expectativas em relação ao público presente. “Após anos de discussões, agora temos uma iniciativa concreta, que é a carne da Alianza del Pastzal nas gôndolas dos supermercados. Todos esses anos de preparação serviram para criar uma base sólida, a partir de agora será mais fácil conscientizar os produtores de que é possível produzir e conservar ao mesmo tempo”, ressalta. Presidente do Sindicato Rural de Santana do Livramento, Luiz Cláudio Pereira, ressalta que a realização do Pampa e o Gado em conjunto com o Sindicato de Lavras do Sul serviu para estreitar ainda mais as relações entre as duas entidades, abrindo portas para outras parcerias no futuro. Conforme o dirigente, o evento foi muito importante, pois muitos produtores da região ainda não conheciam o trabalho da Alianza del Pastizal e agora estão buscando informações sobre como participar do projeto desenvolvido pela entidade. - 77
Em destaque
Asfaltamento da estrada Bagé-Lavras segue paralisado lavrense e que apresenta, constantemente, péssimas condições de trafegabilidade. Conforme Nelson César Carvalho Martins, superintendente regional do Daer em Bagé, o órgão vem fazendo a manutenção constante da estrada, sendo que entre o final de setembro e o início de outubro toda sua extensão foi patrolada, desde o entroncamento da BR-293 até Lavras do Sul. “Este ano, na maior parte do tempo,
a estrada se manteve em boas condições, à exceção dos períodos mais chuvosos”, garante, explicando que no período que compreende a safra de verão os trabalhos de manutenção serão intensificados. Segundo ele, duas máquinas estarão à disposição, sendo que a ideia é deixar uma em cada extremidade da estrada para facilitar e agilizar o trabalho de manutenção.
Foto: Divulgação/Jornal Folha do Sul
A pavimentação da ERS 473, que liga Bagé a Lavras do Sul, se arrasta há mais de três anos e não há qualquer perspectiva sobre sua continuidade. O prazo para a conclusão da primeira etapa, um trecho de 22,7 quilômetros entre Bagé e Torquato Severo, venceu em agosto de 2014, porém, foram feitas apenas intervenções de drenagem (bueiros), terraplenagem em cerca de 5 Km e aplicação de macadame seco em 1,79 Km, a partir do entroncamento com a BR-293. Segundo a assessoria de imprensa do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), a obra está paralisada desde 25 de fevereiro de 2015, sendo que no momento não há previsão de retomada desta obra, pois os recursos da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) destinados para esse fim ainda são insuficientes. Em julho, o governo do Estado autorizou o início de quatro obras de estradas gaúchas, porém, novamente não foi contemplada a estrada pela qual escoa boa parte da produção agropecuária
Sete leiloeiros gaúchos receberam o Martelo de Ouro, homenagem do Sindicato dos Leiloeiros Rurais do Rio Grande do Sul (Sindiler-RS) aos profissionais que completam 25 anos de carreira em 2016. Entres os agraciados na cerimônia realizada durante a Expointer 2016, em Esteio, estão os leiloeiros rurais Sávio Ricardo Barbosa e Alfredo Maurício Borges, de Lavras do Sul.
78 -
Foto: Thiago Franscisco/Farsul
Leiloeiros lavrenses recebem o Martelo de Ouro
O comunicador Sávio Prestes (PDT) foi eleito em outubro para governar Lavras do Sul até 2020, período no qual contará com o apoio do vice-prefeito Sérgio Santos (PMDB). Um dos principais objetivos, segundo ele, é manter o município como polo de referência em comercialização de bovinos, razão pela qual pretende estreitar ainda mais a parceria com o Sindicato Rural. “Nosso objetivo é dar condições para que produtor tenha facilidade em comercializar sua produção, por isso, vamos oferecer ao Sindicato e aos escritórios de remates toda nossa estrutura enquanto ente jurídico, afinal, queremos ser parceiros em todas as necessidades e demandas dos produtores rurais”, adianta, revelando que a prioridade de sua gestão será a manutenção das estradas por onde escoa a produção agropecuária local. “A principal demanda do produtor rural é uma estrada
onde ele possa trafegar com tranquilidade e segurança. Então, nossa primeira meta é reformar o parque rodoviário e encampar as estradas vicinais, oferecendo soluções de trafegabilidade”, prossegue Prestes, que já foi vereador por dois mandatos. O prefeito eleito explica que pretende apoiar especialmente os pequenos produtores, através da Lei 13.515, que institui o Programa Estadual de Desenvolvimento da Pecuária de Corte Familiar, buscando junto à Secretaria de Agricultura do Estado recursos para o melhoramento genético dos rebanhos, a correção dos solos e o melhoramento dos campos nativos. Conforme suas propostas de campanha, a ideia é reestruturar e descentralizar as equipes agrícolas do município, dando condições de atendimento justas e igualitárias a todos os pequenos produtores lavrenses, levando as equipes para
Foto: Nina Boeira
Estradas serão prioridade da nova administração
Sávio Prestes
próximo das comunidades rurais, evitando que as máquinas passem mais tempo nas estradas do que efetivamente trabalhando no campo. Além do apoio à apicultura, Prestes garante que seguirá incentivando também a produção de energia eólica, além de estabelecer parcerias com a Emater e o Sindicato dos Trabalhadores Rurais, incentivando melhorias em todo o setor primário.
CAR tem prazo prorrogado até dezembro de 2017 grande parte dos cadastros terão que ser refeitos, pois não serão validados pelo órgão ambiental responsável”, explica o engenheiro agrônomo que auxiliou muitos produtores da região a realizar o Cadastro. Diante deste cenário, Madeira sugere aos produtores que ainda não fizeram o CAR que busquem profissionais com total conhecimento do assunto e que façam o cadastro o mais breve possível. Da mesma forma, àqueles que já o fizeram, recomenda que o retifiquem logo, a fim de evitar restrições futuras, principalmente em relação ao acesso a crédito, uma vez que será obrigatório o protocolo de entrega do CAR com vistas a obtenção de financiamentos bancários. Segundo ele, o CAR facilita ainda a vida
do proprietário rural que pretende obter licenças ambientais, pois a comprovação da regularidade da propriedade acontecerá por meio da inscrição e aprovação do cadastro e o cumprimento no disposto no Plano de Regularização Ambiental, que será em breve instituído. Foto: Felipe Ulbrich
Prorrogado até dezembro de 2017 e obrigatório para todos os imóveis rurais, o Cadastro Ambiental Rural (CAR) corre o risco de ter que ser refeito pela maioria dos produtores rurais de Lavras do Sul. Conforme Antônio Ricardo Duarte Madeira, aproximadamente 73% dos imóveis de Lavras do Sul já foram cadastrados, no entanto, a maioria foi realizada quando ainda vigorava um decreto estadual que previa regras específicas para propriedades dentro do bioma Pampa, especialmente no que diz respeito às áreas de reserva legal. “Lavras do Sul possui a maior área de campos nativos conservados no Estado, então, a maior parte destas áreas entrou nos cadastros como consolidadas para a atividade pastoril. Assim, se for mantida a suspensão desse decreto,
Antônio Ricardo Duarte Madeira
- 79
Fotos: Nina Boeira
Sociais
80 -
- 81
Foto: Nina Boeira
Foto: Chaleco Lopes
Agenda
AGENDA DE REMATES 2017 OUTONO DE OURO ABRIL 08 - Feira de Outono de Terneiros de Corte - Iª Etapa (37ª Edição)
22 - Remate Alianza Del Pastizal (4ª Edição)
MAIO 06 - Feira de Outono de Terneiros de Corte IIª Etapa (37ª Edição)
13 - Feira Alternativa de Outono de Terneiros e Terneiras (21ª Edição)
20 - Remate do Cite 27 (27ª Edição) 27 - Remate de Ventres (4ª Edição)
JULHO 06 e 07 - IX Seminário O Pampa e o Gado 82 -
OUTUBRO 07 - Feira de Primavera de Terneiros e Terneiras de Corte Iª Etapa (34ª Edição)
21 - Remate de Criadores de Hereford e Braford (3ª Edição)
NOVEMBRO 02 a 07 - EXPOLAVRAS 2017 (73ª Edição) 02 - Seleção Brangus – Weiler 04 - Remate de Ventres 05 - Touros e Crioulos (São Crispim e Primavera) 05 - Crioulos (Doma e Laço: Macanudo e Don Marcelino) 05 - Crioulos (São Crispim e Serrinha) 07 - Feira de Primavera de Terneiros de Corte – IIª Etapa (34ª Edição) 11 - Feira Alternativa de Primavera de Terneiros e Terneiras (18ª Edição)
DEZEMBRO 15 e 16 - Ovinofest (4ª Edição) 16 - Feira de Ovinos (17ª Edição)
Núcleo de Produtores de Terneiros de Corte de Lavras do Sul - RS
TRADIÇÃO, QUALIDADE E GENÉTICA PRODUZINDO BONS TERNEIROS.