Revista Reação - ED 82

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editorial A Revista Nacional de Reabilitação é uma publicação bimestral da C & G 12 - Comunicação e Marketing S/C Ltda. Telefone (PABX): (11) 3873-1525 Fax: (11) 3801-2195 www.revistareacao.com www.revistareabilitacao.com.br cg12@cg12.com.br

Rodrigo Antonio Rosso Diretor/Editor

A caminho das férias, das festas, das compras, dos presentes...

Diretor Responsável - Editor Rodrigo Antonio Rosso Reportagem: Maria Luiza de Araujo Consultores Técnicos: Romeu Kazumi Sassaki Carlos Roberto Perl Colaboradores: Suely Carvalho de Sá Yañez Neivaldo Augusto Zovico Hermes Oliveira Fabiano Puhlmann Geraldo Nogueira Mara Di Maio Márcia Gori Alex Garcia Silvia de Castro Luciano Santos Joice Laki Vera Garcia Marcelo Borges Rodrigues Jorge Amaro de Souza Borges Ricardo Shimosakai Tatiana Rolim Luiz Antônio de A. Botelho Erika Mendonça Tamarindo Maria Aparecida Gugel Marketing: Fábio Prates Depto. Comercial: Nataliane Paiva Paulo Brandão Administração: Cissa de Carvalho Circulação: Jairo Prates José Faustino Maria das Graças Santos Jackeline Oliveira Assinaturas: Cissa de Carvalho - Coordenação

Fone: 0800-772-6612 Tiragem: 20 mil exemplares Redação, Comercial e Assinaturas: Caixa Postal: 60.113 CEP 05033-970 São Paulo - SP É permitida a reprodução de qualquer artigo ou matéria publicada na Revista Nacional de Reabilitação, desde que seja citada a fonte.

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O mercado de PcD já sente o aquecimento e a chegada das festas de final de ano !!!

arece cedo ainda para tocar neste assunto, mas se prestarmos mais atenção à nossa volta, vamos ver que o final do ano está sim se aproximando, e rápido ! Nos supermercados já vemos os “panetones” tomarem conta das prateleiras... Bonequinhos de “Papai Noel” já enfeitam as lojas. As bolinhas de Natal e os pisca-piscas já vão logo, logo, tomar conta das ruas das cidades, anunciando que mais um ano já está chegando ao fim. Tudo fica mais bonito, mais brilhante... as pessoas ficam mais gentis, mais solícitas... O espírito de Natal vai se aproximando e tomando conta do coração de todos e movimentando o comércio, tanto do lado de quem vende, quanto do lado do consumidor, seja ele com ou sem deficiência. Isso é muito bom para todos nós... Bom para quem compra e para quem vende. As promoções começam a aparecer. O volume de negócios aumenta, e a oferta de produtos e serviços gera volume de negócios, fazendo com que os preços abaixem e as condições de compra melhorem para os consumidores. Isso traz giro, faturamento... gera empregos, faz crescer a economia. Segundo especialistas e “gurus” da economia brasileira, este não será um ano tão bom quanto os dois últimos em volume de negócios em finais de ano. Porém, haverá um aumento natural e um aquecimento no comércio em função da data. Mas é assim desde que o mundo é mundo, e desde que estipulamos que o Natal é momento de dar e receber presentes. Infelizmente, poucos comemoram nessa data o seu verdadeiro sentido, que é o nascimento de Jesus... ofuscado pela mídia capitalista e pela inversão de valores que nós mesmos acabamos colaborando para existir nesta data tão importante para a humanidade. Tudo ficará sim, ainda mais bonito e com um sentido ainda maior, se dermos o valor real para o Natal. De uma forma ou de outra, é momento de aproveitarmos o que o mercado nos oferece neste momento. Fiquem atentos às promoções, aos lançamentos, às condições de pagamento... é momento de aproveitar o décimo terceiro que está chegando e trocar a cadeira de rodas, o carro, o computador... Investir em nós mesmos e na nossa felicidade, na nossa qualidade de vida, no nosso conforto, é sempre saudável, e até prazeroso. Nesta edição, alguns de nossos parceiros/anunciantes já começaram a destacar suas promoções e lançamentos de final de ano. Estamos também falando aqui de turismo, para aqueles que estão programando tirar umas férias, viajar... Estamos apresentando produtos e serviços, novidades na legislação e benefícios, enfim... como sempre, essa edição está recheada de muita coisa boa e útil para sua vida e de seus familiares. Aproveitem !!!

Começa a votação para a eleição do “Carro do Ano para Pessoas com Deficiência” !!!

Como já é tradição há 14 anos, iniciamos nesta edição a votação para eleição do melhor carro para pessoas com deficiência do Brasil, referência ao ano de 2011. O nosso leitor é quem escolhe. Quem vota para eleger o “Carro do Ano para Pessoa com Deficiência”. A votação já começou através do nosso site (www.revistareacao.com.br) e também através do cupom “Carta-Resposta” encartado nesta edição e na edição do Anuário (nov/dez). Votem, participem !!!

MELHOR CARRO PARA PESSOA COM DEFICIÊNCIA

2011

“Regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, regozijai- vos... Tudo posso Naquele que me fortalece...” twitter.com/revistareacao

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entrevista

Ricardo Ferraz

Desenhista e cartunista reconhecido internacionalmente, é dele o Selo Comemorativo que marca as três décadas do “Ano Internacional das Pessoas Com Deficiência”, instituído em 1981 pela Organização das Nações Unidas (ONU)

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le é baiano de Lajedão, onde nasceu em 1952, mas praticamente toda sua vida profissional se desenvolveu na cidade de Cachoeiro do Itapemirim/ES, para onde se mudou em 1967 em busca de oportunidades de trabalho. A poliomielite, que contraiu aos 5 anos de idade o deixou por longos períodos acamado: nasceu aí o gosto por desenhar para passar o tempo. Hoje com sequelas e usando muletas, é divorciado e tem uma filha. Como cartunista, venceu quatro concursos na Rede Globo para as famosas vinhetas do “Plim-Plim”, e levou ao grande público o tema das pessoas com deficiência. É palestrante com temas motivacionais e foco na inclusão, tem uma exposição itinerante de desenhos e lançou o livro de cartuns “Visão e Revisão. Conceito e Pré-Conceito”, obra que, com humor, denuncia o que para ele é a “maior violência do ser humano, o preconceito”. Militou em movimentos populares e hoje desenvolve projetos sociais com a arte de desenho. Presente na imprensa brasileira e internacional, continua na luta por uma sociedade mais justa. Seus desenhos ilustram as palestras das diversas agências da ONU pelo mundo, quando o assunto é inclusão. Além disso, ele mantém ainda uma página na internet: www. cadetudo.com.br/ricardoferraz. Vamos conhecer um pouco mais deste querido brasileiro tão especial e talentoso, que nos enche de orgulho com seu trabalho inclusivo, reconhecido e diferenciado.

REVISTA REAÇÃO - Sua primeira ação pública em relação às pessoas com deficiência foi em 1981, ao ser convidado para articular uma associação em Cachoeiro de Itapemirim. Qual era a situação que você encontrou na cidade na ocasião ? RICARDO FERRAZ - Quando fui convidado para articular o movimento de pessoas com deficiência em Cachoeiro de Itapemirim, sul do Espírito Santo, foi um grande desafio. Em primeiro lugar, eu não tinha uma consciência política sobre o tema, além disso, não assumia minha deficiência e tinha muito complexo, evitava frequentar piscinas ou praia com medo de expor minhas sequelas de pólio. Não tinha nenhuma convivência com outras pessoas com deficiência, numa época em que a cultura da sociedade nos via como inválidos (não válido). Quando falávamos em cidadania e dignidade, era apenas utopia. A visão errônea da sociedade nos conhecia como pedintes, aleijados, entrevados, paralíticos, entre outros adjetivos pejorativos, numa cidade que tem uma topografia bastante acidentada, que dificulta o acesso ao espaço urbano, só encontrava alguns mendigos com alguma deficiência nas calçadas. Tive vontade de recusar essa missão quase impossível, mas depois de uma semana refletindo sobre o assunto, resolvi aceitar o desafio. Como na época não existia na cidade meios de comunicação, como TV, apenas uma rádio AM, e telefone era um artigo de luxo para poucos, não restou alternativa a não ser procurar essas pessoas, subindo os morros íngremes a pé, numa cidade bastante quente. O tema central da ONU naquele ano era “Participação Plena e Igualdade de Direitos”, palavras que não passavam de utopia, diante da visão paternalista da “invalidez”. Nos deparávamos com a ignorância e muito preconceito. De bairro em bairro e de casa em casa, saia perguntando se conheciam alguém com deficiência, mas o que me deparei foi com um quadro dantesco, o extremo da segregação, ao presenciar jovens amarrados em uma cama, com o seguinte argumento de algumas famílias: “ele é muito nervoso, então fica amarrado para eu trabalhar em paz”. Encontrei pessoas que não conheciam a luz do sol, como se fosse um animal preso a uma jaula, sem nome, invisível perante o olhar da sociedade. Fiquei chocado com aquele quadro extremo, associado à pobreza social e cultural ! Deparei com dois extremos, o abandono e a superproteção. Perplexo pelo impacto, me vi impotente diante daquele absurdo e do silêncio da sociedade.


entrevista RR - O que mudou do início de sua militância na área até agora ? RF - Trinta anos depois, refletindo sobre a realidade descrita anteriormente, houve mudanças significativas. Primeiro foi a missão de “arrancar” aquelas pessoas de suas jaulas, prisões e falar: você é gente, tem direitos e deveres! Depois de várias reuniões com aquelas pessoas, na maioria sem noção do que se tratava, criamos um grupo que deu origem à fundação de uma associação, com estatuto registrado etc. Como a maioria não tinha escolaridade ou condições físicas para executar algumas tarefas, tive que atuar como o “faz tudo”, dei a minha vida, me entreguei de corpo e alma e à paixão pela causa, me tornei um “Quixote”. Participei de vários eventos na formação da organização no Estado do ES e em nível nacional, que no início era conhecido como “Coalização”, “ONEDEF” até chegar ao “CONADE”, “CORDE” e por ai vai. Viajei muito, conheci muitas lideranças, foi uma escola de vida para mim e, esse aprendizado, colocava em prática na minha cidade. Acho que a conquista maior foi quebrar a cultura do inválido para a pessoa humana, com deficiência, que aprendeu na luta que tem direitos e deveres, limites e possibilidades. Surgiram novas lideranças e aos poucos fui deixando o movimento andar com suas próprias pernas. Mesmo com a omissão dos políticos locais na época, hoje podemos contabilizar muitas conquistas e muitas barreiras a serem vencidas, a mesma realidade de algumas regiões brasileiras ! RR - Quando você começou a desenhar sobre o tema, já era cartunista da Prefeitura de Cachoeiro. Como foi essa especialização em cartuns sobre PcD ? RF - Sou servidor público municipal há mais de 35 anos e na época eu trabalhava em um jornal, informativo oficial da prefeitura, bastante rudimentar, utilizando “tipos” - para quem não conheceu esse processo tipográfico, eram várias letrinhas de chumbo e para usar uma foto, ou ilustração, era utilizado o “clichê” de madeira... E olhe que isso foi há 30 anos ! Nessa engenhoca criada pelo alemão “Gutenberg”, eu tinha várias tarefas. Fazia revisão de texto, coluna de cinema, arriscava poesias, escrevia alguns contos e também fazia cartuns sobre temas diversos, menos fazer crítica ao prefeito e aos seus patrocinadores de campanha ! Mas me tornei talvez o primeiro cartunista a abordar de forma crítica e humorada a problemática das pessoas com deficiências através dos cartuns que passei a publicar no jornal da prefeitura, conhecido como “O Momento”. Era a única alternativa como canal de comunicação para denunciar aquele flagelo humano que, para mim, foi uma fonte de inspiração. E levar ao conhecimento da sociedade. RR - O que você procura enfatizar em seus desenhos? Como tem sido a receptividade ? RF - Encontrei uma grande lacuna nas artes gráficas. Quando via um cartum sobre PcD, era recheado de preconceitos e as conhecidas piadas de salão, como aquelas: “você conhece a piada do ceguinho ? Do aleijadinho ? Do mudinho... E muitos rs, rs, rs... Como já dizia o saudoso jornalista Paulo Francis, “um cartum vale milhares de palavras para um povo a quem se nega

as primeiras letras”. E, acreditando na força da imagem, comecei abordar as barreiras físicas e humanas enfrentadas pelas pessoas com deficiência no seu dia a dia e seus conflitos com a sociedade. Queria denunciar essas barreiras, mas sem dramalhão mexicano, e encontrei no humor uma forma de falar sério. Quis mostrar que a deficiência não estava nas limitações físicas e sim na sociedade, no preconceito, na ignorância. Fiz “piada de brasileiro” contada por português, mas com bastante critério para não ficar vulgar. Não tive dificuldade de criar os cartuns, apenas retratava com fidelidade e até o humor não era minha criação, já estava “embutido” na desinformação da comunidade por não saber lidar com o assunto nas abordagens, transformavam em situações constrangedoras e humilhantes. Cito algumas passagens reais: uma pessoa com deficiência, ao aproximar de outra, sem deficiência, esta, precipitadamente, já tirava alguns centavos do bolso e jogava no colo do cadeirante como esmola mas, na realidade, ele queria apenas uma informação. Em outra passagem, uma moça paraplégica dirigia seu carro e, no cruzamento do semáforo, entre olhares, surgiu uma paquera e o conquistador chegou até a porta do carro, cheio de romantismo e elogios. Mas, quando percebeu que a sua musa usava muletas, saiu pedindo desculpas: “não vi a muleta da senhora, mil perdões!”. Foi uma iniciativa plausível em relação à receptividade e ao carinho dos leitores, pois todos entenderam o objetivo e a sua contribuição para a autocrítica e as mudanças de conceito. RR - Um grande marco em sua carreira foi a participação com vinhetas animadas na Rede Globo, no chamado “Plim-Plim”. Como analisa essa experiência de falar sobre o assunto para um público tão numeroso e heterogêneo? RF - Na década de 90, a sociedade já tinha outra visão, graças à nossa luta e ao apoio das ONGs, entre outros movimentos sociais. Os livros didáticos passaram a abordar o tema na grade curricular e meus desenhos eram uma referência para ilustrar obras de importantes editoras do país, sempre brinco, tema que posso falar de cadeira, ou melhor, de muletas ! Em 2001, a Rede Globo promoveu em nível nacional o primeiro concurso de desenho aberto a profissionais e amadores, mais conhecido como “Plim-Plim”, aquelas vinhetinhas animadas para anunciar o intervalo comercial. Pensei: “como amador, não custa nada sonhar...”. Peguei um desenho que tinha criado em 1981, que retrata dois cadeirantes, um tentando subir e o outro descer uma escada. De forma utópica, fui para a mesa de cozinha e comecei a rascunhar em forma de um history board, ou uma sequência de quadros. Imaginei dois cadeirantes em um espaço urbano... De repente, encontram uma escada e daí

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entrevista vem a indignação, mas também a solução. Os dois pegam a ponta da escada, sacodem como se fosse uma linha, puxam e transformam em uma rampa. Logo, quem usufrui desse direito é uma mãe, com seu carro baby, uma criança, um idoso... Finalmente, quando os dois cadeirantes comemoram e se abraçam, as rodas ficam juntas, aí forma a logomarca da Globo. Como estava numa mesa, entre utensílios domésticos, peguei um copo, risquei um círculo e virou o logo da Globo. Era um sonho quase impossível, passei a limpo e enviei por correio para o Rio de Janeiro e, para minha surpresa, entre tantos concorrentes do Brasil, a emissora selecionou 20 desenhos e o meu estava lá !!! Fui o primeiro capixaba a ter um desenho na Globo e a primeira vinheta temática na TV, numa época em que não se falava em acessibilidade. O concurso durou 7 anos. Dos sete concursos, venci quatro com outros temas ! A emissora parou com o concurso, para mim foi uma das maiores conquistas pelo reconhecimento em todo o país ! RR - Sua exposição itinerante sobre o tema está há vários anos em cartaz. Como tem sido a aceitação do público? RF - Na década de 80, a proposta era denunciar e ao mesmo tempo sensibilizar a sociedade sobre a nossa luta, que, na época, era pela reintegração social. Além dos cartuns que comecei a publicar no jornalzinho da prefeitura, como foi dito, também era divulgado pelos boletins informativos de várias associações de pessoas com deficiência do país. Também levei o tema para uma exposição itinerante, com o título, “Visão e Revisão. Conceito e Pré-Conceito”, que completou 30 anos. Percorri o Brasil e exterior. Fui o primeiro artista a levar esse tema para as galerias de arte e espaços alternativos e, onde passei, deixei a semente da consciência e da reflexão da sociedade. A exposição foi vista por milhares de pessoas e, no livro de

assinaturas, as pessoas deixavam mensagens de carinho pela causa. As escolas levavam seus alunos e eles deixavam suas impressões numa pequena urna de papelão, o resultado era sempre positivo. Essa exposição contribuiu positivamente na quebra de paradigmas numa época que não se falava em inclusão e outros valores. A arte foi fundamental nesse processo. Tocar na ferida da sociedade, mostrando a realidade desses milhões de brasileiros excluídos. RR - Como foi sua aproximação com a ONU, e qual a relação que você mantém com a organização ? RF - Meus desenhos são utilizados em palestras através das agencias da ONU em todo mundo. A iniciativa de divulgação em nível internacional, com o tema da inclusão, partiu da brasileira e militante do movimento nacional e internacional das pessoas com deficiência, Rosangela Berman Bieler. Pela nossa amizade, companheirismo, história de luta, carinhosamente a chamo de “embaixadora” do movimento, no qual atua com as organizações vinculadas à ONU. Hoje ela reside em Nova Iorque e desenvolve projetos junto à UNICEF. O desenho utilizado nas palestras questiona dois conceitos, o “modelo médico” e o “modelo social”. Outro desenho emblemático que criei recentemente virou Selo Comemorativo aos 30 anos do Ano Internacional, criado pela ONU em 1981. O convite para criar o desenho foi da Secretaria de Estado da Pessoa com Deficiência e do “Memorial da Inclusão” de São Paulo. O lançamento do selo em nível nacional foi realizado no dia 27 de agosto último, em solenidade bastante representativa na capital paulista. RR - Seus desenhos já correram o mundo, publicados em várias revistas. Isso indica que em outros países a situação das pessoas com deficiência é similar à brasileira ? RF - Não posso afirmar, pois não sou estudioso no assunto e não conheço a realidade de cada país, sou apenas um cartunista que “cantei a minha aldeia” e o desenho ganhou visibilidade em todo o mundo. Como leigo, acho que a realidade de cada país está na sua cultura e sua responsabilidade em promover políticas públicas no foco da inclusão social, diferenças geográficas, desnível de desenvolvimento, tipo



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entrevista de deficiência, posição social e a capacidade de organização dos movimentos populares e sociais, entre outros fatores. Cada fator citado reflete uma posição positiva ou negativa. Mesmo com avanços nesses 30 anos, o mundo globalizado está longe desse tão sonhado “mundo inclusivo”. Os desenhos refletem universalmente as barreiras ambientais e atitudinais. A exclusão social ainda está presente em países ricos e miseráveis. Meu desenho é porta voz dos excluídos, talvez por isso as imagens falem por si, numa “língua” universal !

meu foco, abordo a inclusão, o convívio com as diferenças, acompanhando as mudanças e os novos paradigmas. Meu próximo desafio agora é lançar um livro sobre o bullying, que acho um retrocesso em tempos de inclusão social, conviver com a diversidade, educação inclusiva. O livro, com o título “Bullying - Vamos Combater Esse Mal pela Raiz?”, é o resultado de 2 anos de pesquisa, numa época em que quase não se falava sobre o tema. A proposta é provocar reflexões e resgatar os valores da família.

RR - Você também realiza palestras motivacionais. O que destaca nelas? RF - Tenho orgulho da minha história de superação e falo da minha infância onde descobri a arte através da dor quando contraí pólio aos 5 anos de idade, morando numa fazenda, sem nenhum recurso. De tanto levar agulhadas das injeções que meu pai aplicava sem nenhuma experiência, meus braços e “bum-bum” viraram uma ferida só. Mas até que um dia encontrei minha salvação, num pedaço de papel de embrulho e um carvão de lenha, rabiscava de forma lúdica para aliviar a dor, mas minha infelicidade era quando não tinha mais espaço para o rabisco, e para conseguir mais papel, eu chorava e dizia que queria comer pão. Desesperada pelos berros, minha mãe saia a galope em um cavalo para comprar na única venda da fazenda e, ao retornar com os pães, eu esperava ela sair do quarto e jogava os pães fora para ficar apenas com o papel. Assim começou o meu amor pela arte. Falo para os jovens e crianças: “acredite no seu sonho, mas precisa ser determinado, persistente, ser humilde e saber ouvir”. Falo basicamente dos valores e mostro a eles: é possível realizar sonhos. Eu quero ser um espelho positivo para esses jovens que não tem perspectiva, reflexo dos problemas sociais e do ambiente hostil das famílias desestruturadas. Deixo meu exemplo e cito: se o Ricardo, que sofreu tanto, transformou o limão em limonada, por que eles também não conseguem ? Trabalho como arte-educador com jovens em risco social e idosos de dois asilos da cidade, através de um projeto de minha autoria - “Desenhando o Amanhã” - o poder da arte como instrumento de superação e socialização. Tema que posso falar com experiência própria, sou uma pessoa conhecida e reconhecida, graças à arte.

RR - O que você tem a dizer diretamente às pessoas com deficiência e à sociedade de maneira geral ? RF - O maior investimento de uma nação, sociedade, empresa... é investir no ser humano ! É mais barato incluir, pois estamos pagando um preço muito alto em todos os sentidos por essa sociedade excludente. A inclusão social não pode ficar somente no discurso, é preciso ação e o primeiro paço é remover a cultura do pré-conceito e valorizar e respeitar as diferenças. Eu, como cidadão, fiz apenas a minha parte. Nessa história, fui um herói, pois lutei com unhas e dentes para mostrar à sociedade - “penso, logo existo” - mas não quero ser mais um Dom Quixote, não quero ser mais um super-herói. Na época, tinha que fazer praticamente sozinho, mas os heróis um dia cansam, envelhecem, morrem e não deixam substituto. Hoje, cada um deve fazer a sua parte, pois a pior das deficiências é a omissão. Deixo uma frase para reflexão: “Grandes são os seres humanos que, conhecedores de seus limites, tornam infinitas as suas possibilidades”. Um mundo inclusivo é possível só depende de você !

RR - Seu livro de cartuns “Visão & Revisão Conceito Pré-Conceito” já está na terceira edição. Quais são seus planos? RF - Além da exposição itinerante, tive a ideia de lançar um livro, uma coletânea dos cartuns da mostra com o mesmo título. Lancei a 1ª edição no ano 2000, durante a realização do “XIX Congresso Mundial da Reabilitação Internacional”, realizado no Rio de Janeiro. E, graças à representatividade de congressistas do mundo inteiro, tive a oportunidade de divulgar o livro pelos cinco continentes representados. Os desenhos estão também na internet e são bastante utilizados em palestras por profissionais de diversas áreas, em livros didáticos, cartilhas educativas, jornais e outros. Com essa terceira e última edição, encerro um ciclo de 20 anos, não pretendo mais abordar a “problemática e sim a solucionática”. Há bastante tempo mudei

CAPA DA REVISTA – ANIVERSÁRIO DE 1º ANO ! Ricardo Ferraz nos deu a honra de ilustrar a capa da edição e aniversário de 1º ano da Revista Nacional de Reabilitação – REVISTA REAÇÃO, em 1998. No ano 2000, outra ilustração do cartunista ilustrou a capa da edição de set/outubro daquele ano. Em 2007, quando esta publicação completou 10 anos, Ferraz nos homenageou com um lindo desenho, publicado em comemoração ao nosso aniversário... E nestes praticamente 15 anos desta revista, as ilustrações do artista se fizeram presentes em várias edições, enchendo as nossas páginas de arte, informação e de mensagens positivas e inclusivas. No ano que vem, a REVISTA REAÇÃO completa 15 anos de vida... E desde já fica aqui o convite para que este grande amigo e parceiro, Ricardo Ferraz, possa mais uma vez, nos dar a honra de termos uma ilustração em nossa capa comemorativa. O convite público está feito !!!


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coluna especial

por Romeu Kazumi Sassaki

Palavras Incluídas na CDPD - PARTE 1

A

Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (CDPD) foi adotada pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em 2006. O nosso Congresso Nacional ratificou a CDPD com valor de emenda constitucional em 2008 e a promulgou em 2009. Além de receber essas aprovações oficiais, a CDPD se apresenta como o primeiro tratado internacional de direitos humanos do século 21 e, melhor ainda, como um produto meticulosamente elaborado e discutido ao longo de cinco anos com a participação majoritária de pessoas com deficiência. Ativistas, pesquisadores, escritores, profissionais e muitas outras pessoas, com ou sem deficiência, já começaram a citar a CDPD para fundamentar seus projetos, programas, ideias, teorias e demais produções. Porém, a tarefa de localizar certas palavras nos 50 artigos da CDPD tem sido cansativa, além de consumir muito tempo. Assim, para facilitar essa busca, elaborei um índice remissivo da CDPD. Organizei as palavras em ordem alfabética e, na frente de cada uma delas, criei um código que remete o leitor à localização dessa palavra no texto da CDPD. Os critérios dos códigos são os seguintes: O código que começa com a letra P (maiúscula) se refere ao texto do Preâmbulo da CDPD. Seguem uma barra e uma letra minúscula que corresponde a uma das letras de “a” a “y” do Preâmbulo (ex., P/q). Nos códigos que não começam com a letra P, o primeiro número é de um dos 50 Artigos da CDPD, seguido de uma barra e um número que se refere a um dos parágrafos (ex., 30/3). Alguns códigos contêm apenas o número (em negrito) de algum Artigo (ex., 16). Dado que, em alguns Artigos, a CDPD não atribuiu um número ao primeiro parágrafo, acrescentei nos códigos o termo latino “caput” logo após o número do Artigo (ex., 21/caput). Em havendo subparágrafo dentro do “caput”, acrescentei um hífen e a letra desse parágrafo (ex., 20/caput-c). Outros códigos trazem um número do Artigo seguido de barra e de outro número e uma letra, correspondendo ao respectivo trecho dentro do Artigo (ex., 30/1-b). Todos os códigos do Artigo 2 trazem, não um número, mas uma expressão (ex., 2/“desenho universal”) que identifica a localização deles naquele artigo. Nos casos em que uma palavra ou frase é antecedida por outras, estas aparecem entre parênteses. O recurso das reticências foi utilizado para encurtar frases longas. Quando foi necessário acrescentar informações minhas, acomodei-as entre colchetes. A sigla “PcD” significa “pessoa com deficiência” (no singular ou plural).

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abuso: P/q. 16. 16/1. 16/2. 16/3. 16/4. 16/5. ação afirmativa: 27/1-h. aceitação das PcD: 3/caput-d. acessibilidade: 3/caput-f. 9. 9/2-a. acessibilidade aos meios físico, social, econômico e cultural: P/v. acessibilidade [normas e diretrizes]: 9/2-a. acessibilidade para PcD: 9/2-b. acessíveis (Programas ... de desenvolvimento sejam): 32/1-a. acesso ... à assistência ... gastos ocasionados pela deficiência: 28/2-c. acesso a bens culturais: 30/1-a. 30/3. acesso a conhecimentos científicos e técnicos: 32/1-c.

acesso a ... eventos esportivos, recreativos e turísticos: 30/5-c. acesso à informação: 21. 21/caput. acesso à justiça: 13. 13/1. 13/2. acesso a locais [serviços ou eventos culturais]: 30/1-c. acesso a monumentos: 30/1-c. acesso ao ensino superior: 24/5. acesso ao meio físico... transporte ... informação e comunicação ... sistemas e tecnologias da informação e comunicação ... abertos ao público ou de uso público, nas zonas urbana e rural: 9/1. acesso aos edifícios e outras instalações abertas ao público ou de uso público: 9/2-d. 9/2-e. acesso aos serviços, dispositivos e outros atendimentos: 28/2-a. acesso a programas de orientação técnica e profissional e a serviços de colocação no trabalho e de treinamento profissional: 27/1-d. acesso ... a programas de proteção social: 28/2-b. acesso ... a programas de redução da pobreza: 28/2-b. acesso ... a programas e benefícios de aposentadoria: 28/2-e. acesso ... a programas habitacionais públicos: 28/2-d. acesso ... a outros serviços comunitários de apoio: 19/caput-b. acesso a ... saneamento básico: 28/2-a. acesso a ... serviços de apoio em domicílio ou em instituições residenciais: 19/caput-b. acesso a ... serviços de atendentes pessoais: 19/caput-b. acesso a ... serviços de reabilitação: 25/caput. acesso a serviços de saúde: 25/caput. acesso a ... sistemas e tecnologias da informação e comunicação ... internet: 9/2-g. acesso a tecnologias assistivas e acessíveis: 32/1-d. acesso a ... televisão, cinema, teatro e outras atividades culturais: 30/1-b. aconselhamento [como forma de proteção social]: 28/2-c. aconselhamento de pares: 24/3-a. adaptação: 4/1-f. adaptação ou projeto específico: 2/“desenho universal”. adaptação razoável: 2/“discriminação por motivo de deficiência”. 5/3. 14/2. adaptações processuais adequadas à idade: 13/1. adaptações razoáveis: 24/2-c. 24/5. 27/1-i. adoção de crianças: 23/2. agências especializadas [da ONU]: 38/caput-a. ajuda financeira [como forma de proteção social]: 28/2-c. ajudas técnicas: 2/“desenho universal”. 4/1-g. 4/1-h. 20/caput-b. 20/caput-d. alimentação: 28/1. alimentos sólidos ou líquidos: 25/f. ambiente [barreiras do]: P-e. P-k. 1. ambiente de trabalho ... aberto, inclusivo e acessível. 27/1. ambientes [favoráveis]: 24/2-e. 24/3-c. âmbitos político, econômico, social, cultural, civil: 2/“discriminação por motivo de deficiência”. apoio: 19/caput-b. 24/2-d. 24/3-a. apoio a PcD: P/j. 9/2-f. 24/4. apoio dos pares: 26/1. apoio individualizado: 24/2-e. aposentadoria: 28/2-e. aprendizado ao longo de toda a vida: 24/1. aprendizado do Braille: 24/3-a. ascensão profissional: 27/1-a. 27/1-e. assédio no trabalho: 27/1-b.


coluna especial Assembleia Geral [da ONU]: 34/12. 39/caput. 47/1. assistência: 4/1-h. assistência humana ou animal: 9/2-e. 20/caput-b. assistência [procura, obtenção, manutenção do emprego]: 27/1-e. ataques ilícitos à sua honra e reputação: 22/1. atendentes [das PcD] : 16/2. atendentes pessoais: 19/caput-b. atendimento e apoio [gênero e idade das PcD]: 16/2. atitude de respeito: 8/2-b. atitude receptiva: 8/2-a-i. atitudes [barreiras de]: P/e. P-k. 1/caput. atividades de formação: 25/d. atividades esportivas, recreativas e de lazer: 30/5. 30/5-a. 30/5-b. 30/5-c. 30/5-d. 30/5-e. atividades turísticas: 30/5-c. 30/5-e. autonomia: P/n. 3/caput-a. 16/4. 25/d. 26/1. [para ser coerente com o que a CDPD entende por “independência” e “autonomia”, o termo correto no Artigo 20-caput deveria ser “autonomia” em vez de “independência”]. autoridades independentes: 16/3. autoridades públicas e instituições: 4/1-d. autorrespeito: 16/4. avaliação multidisciplinar: 26/1-a.

B

barreiras de atitudes e do ambiente: P/e. P/k. 1/caput. bem-estar: P/m. 16/4. bens culturais em formatos acessíveis: 30/1-a. bibliotecas: 30/1-c.

Braille: 2/“comunicação”. 21/caput-b. 24/3-a. 24/4. Braille (Sinalização em): 9/2-d.

C

capacidade física, mental, social e profissional: 26/1. capacidade legal: 12/2. 12/3. 12/4. capacitação ... de professores: 24/4. capacitação ... de profissionais e equipes ... habilitação e reabilitação: 26/2. capacitação ... dos profissionais de administração da justiça ... polícia ... funcionários do sistema penitenciário: 13/2. capacitação ... dos profissionais e equipes ... PcD: 4/1-i. capacitação em técnicas de mobilidade: 20/caput-c. capacitação [sobre cooperação internacional]: 32/1-b. caracteres ampliados: 2/“comunicação”. Carta das Nações Unidas: P/a. P/u. Carta Internacional dos Direitos Humanos: P/w. casamento: 23/1. centro das preocupações da sociedade: P/g. cinema: 30/1-b. 30/1-c. civilização: 34/4. coleta de dados: 31. 31/1. 31/1-a. 31/1-b. 31/2. colocação no trabalho e de treinamento profissional: 27/1-d. Comitê sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência: 34. 34/1. 34/2. 34/3. 34/4. 34/5. 34/6. 34/7. 34/8. 34/9. 34/10. 34/11. 34/12. 34/13. 35/2. 35/3. 35/4. 36/1. 36/2. 36/5. 37. 37/1. 37/2. 38. 38/caput-a. 38/caput-b. 39. competência [documento comprovante de sua nacionalidade ou identidade]: 18/1-b.

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18

coluna especial competência [processos ... imigração]: 18/1-b. competências práticas e sociais: 24/3. compreensão (Fácil leitura e): 9/2-d. comunicação aumentativa e alternativa: 21/caput-b. 24/3-a. 24/4. comunicação, comunicações: 2/“comunicação”. 9/1-b. comunicação (Formas de): 21/caput. comunicação (Formatos aumentativos e alternativos de): 2/“comunicação”. comunicação (Informação e): P/v. comunicação (Modos e meios de): 24/3-c. comunicação não-falada: 2/“língua”. comunicação tátil: 2/“comunicação”. comunidade, comunidades: P/w. 25/c. 26/1-b. comunidade e ... vida social: 26/1-b. comunidade surda: 24/3-b. comunidade (Vida em): 24/3. condições de cuidar da criança: 23/5. condições de vida: P/l. condições seguras e salubres de trabalho: 27/1-a. 27/1-b. Conferência dos Estados Partes: 47/1. 47/3. confidencialidade ... das PcD: 31/1-a. conflitos armados: P/u. consciência social: 8/2-a-ii. conscientização: 8. 8/1-c. 8/2-a. conscientização (Campanhas de): 8/2-a. conscientização da deficiência: 24/4. conscientização de profissionais de saúde: 25/d. conscientização de toda a sociedade ... as famílias: 8/1-a. Conselho Econômico e Social [da ONU]: 39/caput.

consentimento dos pretendentes: 23/a. consentimento livre e esclarecido: 25/caput-d. consultas estreitas: 4/3. contratação e admissão: 27/1-a. Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes: P/d. convenção internacional geral e integral para promover e proteger os direitos e a dignidade das pessoas com deficiência: P/y. Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial: P/d. Convenção Internacional sobre a Proteção dos Direitos de Todos os Trabalhadores Migrantes e Membros de Suas Famílias: P/d. Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher: P/d. Convenção sobre os Direitos da Criança: P/d. P/r. Convenção sobre Privilégios e Imunidades das Nações Unidas: 34/13. cooperação em pesquisa e acesso a conhecimentos científicos e técnicos: 32/1-c. cooperação internacional: P/l. 4/2. 32. 32/1. 32/1-a. 32/1-c. cooperativas: 27/1-f. cor: P/p. crianças cegas: 24/3-c. crianças com deficiência: P/r. 3/caput-h. 4/3. 7. 7/1. 7/2. 7/3. 18/2. 23/1-c. 23/3. 23/4. 23/5. 24/2-a. 25/caput-b. 28/2-b. 30/5-d. crianças [leis e políticas para casos de exploração, violência e abuso contra PcD]: 16/5. crianças surdocegas e surdas: 24/3-c. criatividade das PcD: 24/1-b. cuidados de repouso [como forma de proteção social]: 28/2-c. cultura surda: 30/4. curatela: 23/2. custo acessível (Assistência humana ou animal e... mediadores a): 20/caput-b. custo acessível (Tecnologias de): 4/1-g. 20/caput-b. custo adicional: 21/caput-a. custódia: 23/2. custo [produtos, serviços, equipamentos e instalações]: 4/1-f. 20/ caput-a. custos acessíveis (Programas e atenção à saúde a): 25/caput-a.

D

dados pessoais e dados relativos à saúde e à reabilitação das PcD: 22/2. Declaração Universal dos Direitos Humanos: P/b. deficiência: P/e. P/g. P/h. 7/3. 25/caput-b. 28/2-a. 28/2-c. deficiência auditiva [decorrente de impedimento de natureza auditiva. Na CDPD, o termo “natureza auditiva” está implícito na expressão “impedimento de natureza sensorial”. Ver “impedimento de natureza sensorial”]: 1/caput. deficiência física [decorrente de impedimento de natureza física]: 1/caput. deficiência intelectual [decorrente de impedimento de natureza intelectual. Na CDPD, o termo “natureza intelectual” se refere ao déficit cognitivo, fenômeno presente nas pessoas com deficiência intelectual. O termo “deficiência intelectual” substitui a antiga expressão “deficiência mental”]: 1/caput. deficiência múltipla [decorrente de impedimento de natureza múltipla; este termo não é citado na CDPD, mas está implícito]: 1/caput. deficiência psicossocial [decorrente de impedimento de natureza mental. Na CDPD, a palavra “mental” se refere ao termo “saúde mental”


coluna especial e não ao termo “deficiência mental”]: 1/caput. deficiências adicionais: 25/caput-b. deficiência sensorial [decorrente de impedimento de natureza sensorial. Na CDPD, a palavra “sensorial” abrange o sentido da visão e o da audição]: 1/caput. deficiência [sob alegação de / em razão de sua / por causa de sua / por motivo de]: 2/“discriminação por motivo de deficiência”. 16/2. 18/1-a. 18/1-b. 18/1-d. 23/4. 24/2-a. 25/caput-f. deficiência visual [decorrente de impedimento de natureza visual. Na CDPD, o termo “natureza visual” está implícito na expressão “impedimento de natureza sensorial”. Ver “impedimento de natureza sensorial”]: 1/caput. denúncia [CDPD]: 48/caput. derrogação de... direitos humanos e liberdades fundamentais: 4/4. desastres naturais: 11/caput. descaso ou tratamento negligente: P/q. desenho universal: 2/“desenho universal”. 4/1-f. desenvolvimento acadêmico e social: 24/2-e. 24/3-c. desenvolvimento das capacidades: 3/caput-h. desenvolvimento de cooperativas: 27/1-f. desenvolvimento de produtos, serviços, equipamentos e instalações com desenho universal: 4/1-f. desenvolvimento do potencial humano e do senso de dignidade e autoestima: 24/1-a. desenvolvimento humano, social e econômico da sociedade: P/m. desenvolvimento sustentável: P/g. desvantagens das PcD: P/y. diagnóstico e intervenção precoces: 25/caput-b. diferença (Respeito pela): 3/caput-d. diferenciação, exclusão ou restrição baseada em deficiência: 2/“discriminação por motivo de deficiência”. dignidade inerente: P/a. P/h. 3/caput-a. 16/4. direito: 24/4. direito à educação: 24/1. 24/e. 24/4. direito à liberdade de escolher sua residência: 18/1. direito à liberdade de expressão e opinião: 21/caput. direito à liberdade de movimentação: 18/1. 18/1-b. direito à nacionalidade: 18/1. 18/1-a. 18/2. direito à oportunidade de se manter com um trabalho: 27/1. direito à proteção da lei contra ... interferências ou ataques: 22/1. direito a um nome: 18/2. direito à vida: 10. 10/caput. direito das PcD à melhoria contínua de suas condições de vida: 28/1. direito das PcD ao trabalho: 27/1. direito das PcD à proteção social: 28/2. direito das PcD a um padrão adequado de vida: 28/1. direito de adquirir nacionalidade e mudar de nacionalidade: 18/1-a. 18/2. direito de conhecer seus pais e de ser cuidadas por eles: 18/2. direito de contrair matrimônio, de casar-se e estabelecer família: 23/a. direito de decidir ... sobre o número de filhos: 23/b. direito de entrar no próprio país: 18/1-d. direito de gozar o melhor estado de saúde possível: 25/caput. direito de preservar a identidade: 3/caput-h. direito de receber a proteção da sociedade e do Estado: P/x. direito de ter acesso a informações adequadas à idade e a educação em matéria de reprodução e de planejamento familiar: 23/b. direito de viver na comunidade: 19/caput. direito e oportunidade de votarem e serem votadas: 29/caput-a. direito humanitário internacional: 11/caput. direito inerente à vida: 10/caput.

direito internacional: 4/2. 4/3. 11/caput. 30/3. direito internacional dos direitos humanos: 11/caput. 12/4. 14/2. direitos (Assistência e serviços garantidos por): 4/1-i. direitos ... à vida familiar [sem ocultação, abandono, negligência e segregação de crianças com deficiência]: 23/3. direitos das PcD: P/x. 4/4. direitos das PcD ... às condições justas e favoráveis ao trabalho: 27/1-b. direitos de propriedade intelectual: 30/3. direitos econômicos, sociais e culturais: 4/2. direitos e liberdades: P/b. direitos em relação à vida familiar [crianças com deficiência]: 23/3. direitos e responsabilidades das PcD [guarda, custódia, curatela e adoção de crianças ou instituições semelhantes]: 23/2. direitos humanos: P/j. 25/caput-d. 31/1-b. direitos humanos das PcD: 4/1-c. direitos humanos e liberdades fundamentais: P/c. P/m. P/r. P/s. 1/caput. 2/“discriminação por motivo de deficiência”. 2/“adaptação razoável”. 4/1. 4/4. 6/1. 6/2. 7/1. 31/1-b. direitos humanos e liberdades fundamentais: P/v. direitos humanos e liberdades fundamentais (Universalidade, indivisibilidade, interdependência e inter-relação dos): P/c. direitos humanos (Instrumentos de): P/u. direitos humanos (Respeito pelos): 24/1-a. direitos humanos (Tratados internacionais de): 38/caput-b. direitos humanos (Violações de): P/k. direitos iguais e inalienáveis: P/a. direitos políticos: 29/caput. direitos reconhecidos: 4/1-a. direitos trabalhistas e sindicais: 27/1-c. diretrizes e normas mínimas para a acessibilidade: 9/2-a. discriminação: P/h. 5/1. 5/2. 5/3. 24/5. discriminação baseada na deficiência: 4/1-e. 5/2. 25/caput. 27/1. 28/1. 28/2. discriminação contra PcD: 4/1-b. 23/1. 25/caput-e. discriminação (Eliminar a): 5/3. discriminação (Formas múltiplas ou agravadas de): P/p. 6/1. discriminação (Medidas apropriadas para eliminar a): 4/1-e. discriminação por causa de sua deficiência: 4/1. discriminação por motivo de deficiência: 2/“discriminação por motivo de deficiência”. discriminação por qualquer motivo: 5/2. discriminação (Todas as formas de): 2/“discriminação por motivo de deficiência”. discriminatória (Maneira): 25/caput-f. discriminatórias (As medidas específicas ... não serão consideradas): 5/4. dispositivos de multimídia acessível: 2/“comunicação”. distribuição geográfica equitativa: 34/4. diversidade das PcD: P/i. diversidade de suas comunidades: P/m. diversidade humana e da humanidade: 3/caput-d. diversidade humana (Respeito pela): 24/1-a.

E

edifícios: 9/1-a. edifícios ... instalações abertas ao público ou de uso público: 9/2-d. 9/2-e. educação: P/v. 24. 24/2-d. 24/3-c. 26/1. educação para adultos: 24/5. eleições e plebiscitos: 29/caput-a-ii.

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coluna especial eleitores: 29/caput-a-iii. eliminação ... de obstáculos e barreiras à acessibilidade: 9/1. emergências humanitárias (situações de risco e): 11. 11/caput. empoderamento das mulheres: 6/2. empreendedorismo: 27/1-f. emprego de PcD no setor público: 27/1-g. emprego de professores: 24/4. emprego: 26/1. 27. emprego (Deficiência adquirida no): 27/1. emprego de PcD no setor privado: 27/1-h. emprego e ascensão profissional: 27/1-e. emprego (Formas de): 27/1-a. empresa privada (Qualquer pessoa, organização ou): 4/1-e. ensino (Níveis de): 24/4. ensino primário inclusivo: 24/2-b. ensino secundário: 24/2-b. ensino superior (Acesso ao): 24/5. entidades privadas: 9/2-b. equipamentos e instalações com desenho universal: 4/1-f. erradicação da pobreza: P/m. escolas: 9/1-a. escolha das PcD: 21/caput-b. escolha de local de residência e onde e com quem morar: 19/caput-a. escravidão ou servidão: 27/2. Estado (Assistência do): 28/2-c. Estado Parte, Estados Partes: 4/1. 4/2. 4/3. 4/4. 5/1. 5/2. 5/3. 6/1. 6/2. 7. 7/3. 8/1. 9/1. 9/2. 10/caput. 11/caput. 12/1. 12/2. 12/3. 12/4. 12/5. 13/1. 13/2. 14/1. 14/2. 15/2. 16/1. 16/2. 16/3. 16/4. 16/5. 18/1. 20/caput. 21/caput. 22/2. 23/1. 23/2. 23/3. 23/4. 23/5. 24/1. 24/2. 24/3. 24/4. 24/5. 25/caput. 25/caput-d. 26/1. 26/2. 26/3. 27/1. 27/2. 28/1. 28/2. 29/caput. 30/1. 30/2. 30/3. 30/5. 31/1. 31/2. 31/3. 32/1. 32/2. 33/1. 33/2. 34/3. 34/4. 34/5. 34/6. 34/9. 35. 35/1. 35/2. 35/4. 36/1. 36/2. 36/3. 36/4. 36/5. 37. 37/1. 37/2. 42/ caput. 43/caput. 44/1. 44/2. 44/4. 45/2. 47/1. 47/2. 47/3. 48/caput. Estados federativos: 4/5. estatísticas e coleta de dados: 31. 31/1. 31/1-b. 31/3. estereótipos: 8/1-b. excluídas do ensino primário gratuito e compulsório ou do ensino secundário: 24/2-a. excluídas do sistema educacional geral: 24/2-a. exclusão, diferenciação ou restrição baseada em deficiência: 2/“discriminação por motivo de deficiência”. experiência de trabalho... no mercado aberto de trabalho: 27/1-j. experimentos médicos ou científicos sem seu livre consentimento: 15/1. exploração, violência e abuso: P/q. 16. 16/1. 16/2. 16/3. 16/4. 16/5.

F

família: P/x. 23/1. familiares (PcD e seus): P/x. 16/2. famílias capazes de contribuir: P/x. fertilidade (PcD conservem sua): 23/1-c. formação continuada: 24/5. formas de emprego: 27/1-a. formatos acessíveis (Bens culturais em): 30/1-a. 30/1-b. formatos acessíveis de comunicação (Meios, modos e): 21/caput-b. 21/caput-c. formatos acessíveis [texto da CDPD em]: 49. 49/caput.

formatos aumentativos e alternativos de comunicação: 2/”comunicação”. 21/caput-b. formatos de fácil leitura e compreensão (sinalização em): 9/2-d.

G

gastos ocasionados pela deficiência: 28/2-c. gênero: P/s. 16/1. 16/2. 16/4. gênero (Especificidades de): 25/caput. gênero (Representação ... de): 34/4. gratuitos (Programas e atenção à saúde): 25/caput-a. guarda [direitos e responsabilidades das PcD]: 23/2.

H

habilidades físicas e intelectuais das PcD: 24/1-b. habilitação e reabilitação: 26. 26/1. 26/2. 26/3. homem [e mulher]: 3/caput-g. honra e reputação (Ataques ilícitos à): 22/1. * Este artigo será concluído com a Parte 2 na próxima edição. Para este trabalho, utilizei a 3ª edição revista e atualizada da CDPD, publicada em 2010 pela Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Texto disponível no site: http://www.direitoshumanos.gov.br. Encontram-se na internet inúmeras traduções da CDPD, mas esta é a tradução oficial do Governo do Brasil e é a única realizada com terminologias brasileiras corretas e sem eliminar nenhuma palavra do texto escrito nos seis idiomas oficiais da ONU.

Romeu Kazumi Sassaki é consultor e autor de livros de inclusão social E-mail: romeukf@uol.com.br

DIA INTERNACIONAL DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA Tema central de 2011: “Juntos por um mundo melhor para todos: Incluindo pessoas com deficiência no desenvolvimento”. A ONU sugere os seguintes subtemas para comemorar este Dia Internacional em 3/12/2011: 1) A deficiência na corrente principal da sociedade: incluindo a temática da deficiência em todos os processos de desenvolvimento. 2) Gênero: incluindo mulheres e meninas com deficiência no desenvolvimento. 3) Incluindo crianças e jovens com deficiência no desenvolvimento. 4) Acessibilidade: removendo barreiras e promovendo o desenvolvimento que inclua a deficiência. 5) Promovendo a coleta de dados e estatísticas sobre deficiência. Mais informações: romeukf@uol.com.br



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pesquisa

Células-Tronco

Tratamento apresenta resultados e traz esperança...

O

hospital São Rafael de Salvador/ BA e a Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) firmaram um convênio de cooperação técnico-científica para pesquisas na área de terapia celular. Os resultados têm sido bastante promissores para pacientes com paraplegia, lesão completa não-perfurante (por trauma ou acidente). “Existem pesquisas similares em outros países, mas não com o mesmo protocolo”, explica Milena Botelho Pereira Soares, coordenadora do Laboratório de Biotecnologia e Terapia Celular do HSR. O estudo clínico do projeto baiano foi aprovado para incluir 20 pacientes. Deve ter a duração de dois anos, com conclusão prevista para o fim de 2012. Até agora, quatro já passaram pelo procedimento, que consiste na coleta de células-tronco da medula óssea, retiradas do osso da bacia. Essas células são cultivadas em labo-

ratório por três a quatro semanas, para que se multipliquem. Posteriormente é feita uma pequena cirurgia na coluna para que as células sejam administradas na área de lesão. Os pacientes devem ter de 18 a 50 anos, lesionados há pelo menos seis meses. “O estudo está sendo realizado para determinar a segurança do método, portanto não sabemos ainda se há efeitos adversos embora, até o momento, não tenhamos observado nenhum problema”, explica a bióloga. “Não podemos afirmar se os pacientes irão andar e, provavelmente, o grau de melhora não será o mesmo para todos. Porém acreditamos, com base em estudos prévios, que a terapia possa trazer melhoras na qualidade de vida deles”, afirma. O transplante é, na verdade, o primeiro passo. Depois é preciso fisioterapia intensiva por seis meses. Aí entra o trabalho da fisioterapeuta Cláudia Bahia, que tem 37 anos de experiência na área. Ela está bastante animada com os resultados obtidos até agora: “nem em artigos científicos, até o momento, encontrei os resultados que estamos conseguindo com pacientes com lesão de tanto tempo”, garante. Dos quatro que passaram pelo procedimento, segundo a fisioterapeuta, o primeiro, depois de três meses, já deu os primeiros passos com auxílio do


pesquisa

andador e teraband. “Foram nove anos pós-trauma em cadeira de rodas, e agora ele já faz treino em esteira, na velocidade mais baixa. É muito pouco tempo para um resultado tão expressivo”, conta. Outros dois pacientes já estão em pé e o outro é um caso mais complexo porque, além da paraplegia, teve um AVC. Mesmo assim, consegue ficar de joelhos. O primeiro paciente, que teve a melhor resposta até agora, é um policial militar de 47 anos que não quer ter o nome divulgado. Ele teve uma queda, em 2002, que o deixou em cadeira de rodas. Em 2005 tomou conhecimento de pesquisas com células-tronco em animais e ficou à espera de que o procedimento fosse feito em

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humanos. Em 2009 começou a seleção de voluntários no São Rafael e ele iniciou uma série de exames, avaliações e entrevistas. “Cada dia é um dia. Já recuperei a sensibilidade nas pernas, estou caminhando e minha bexiga também melhorou”, conta o policial. “O que posso dizer a outras pessoas na mesma situação é que nunca desistam. Nesses 9 anos nunca deixei de fazer fisioterapia, mesmo em casa, sempre procurando me cuidar, me preservar, não engordar. Isso implica em diferencial na reabilitação. As pessoas que vivem uma situação dessas, que eu sei que é difícil, têm que manter a fé e buscar trabalhar, fazer a parte que lhes cabe e buscar os caminhos”. Para as pessoas interessadas em mais informações: www.cbtc-hsr.org

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empregabilidade

por Mara Di Maio

Agora Sim !!!

N

o dia 21 de setembro comemoramos o Dia Nacional Da Luta da Pessoa com Deficiência, e tivemos, realmente, um bom motivo para essa comemoração: a possibilidade da pessoa com deficiência ingressar no mercado de trabalho sem a o risco de perder o beneficio. A notícia foi dada no encontro Panorama Atual da Empregabilidade da Pessoa com Deficiência, realizado no Centro Público de Economia Solidária, em Osasco/SP. Por meio da Lei Nº 12.470, publicada no Diário Oficial da União, em 1 de setembro, os

beneficiários do BPC que ingressarem no mercado de trabalho ficam com o beneficio “suspenso”. E, se extinta a relação trabalhista, poderá ser requerida a continuidade do benefício que foi suspenso, sem necessidade de realização de perícia médica ou da reavaliação da deficiência e do grau de incapacidade. Se os beneficiários forem contratados como aprendizes, acumulam o salário e o benefício, limitado ao período de dois anos. Com toda certeza, a partir de agora, derrubamos um dos entraves para a inclusão, levando tranquilidade ao candidato com deficiência de que não ficará desamparado, no caso de uma demissão, uma vez que muitas dessas pessoas têm como única renda segura, o benefício. Conforme informação do “Espaço

Mudança na lei beneficia quem recebe o Benefício de Prestação Continuada !!! A presidenta Dilma Rousseff sancionou, em início de setembro, alteração na Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS), modificando a concessão do BPC: as pessoas que recebem o benefício agora podem entrar para o mercado de trabalho formal sem perdê-lo, desde que seja na condição de aprendiz. A contratação nessa modalidade é para quem tem idade entre 16 e 24 anos mas, no caso de pessoas com deficiência, esse limite de idade não existe. A outra mudança é que, antes, no momento em que se conseguisse um emprego formal, a perda era definitiva. Agora haverá apenas uma suspensão do benefício, podendo ser retomado, caso termine o vínculo empregatício, sem precisar de reavaliação médica. O período de suspensão não é determinado pela lei, mas o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), responsável pela gestão do BPC, proporá ao Legislativo que seja de dois anos. Operacionalizado pelo INSS, o BPC não é pensão vitalícia nem aposentadoria, a revisão é feita a cada dois anos. O benefício é mensal, no valor de um salário mínimo, concedido a idosos acima de 65 anos e a pessoas com deficiência, de qualquer idade, que comprovem não possuir meios de se manter ou

cuja família não tenha recursos para mantê-los. Nos dois casos, é preciso que a renda familiar per capita seja inferior a um quarto do salário mínimo. O recurso para pagamento do BPC sai do Fundo Nacional de Assistência Social, sendo que a previsão orçamentária para este ano é de R$ 23,1 bilhões. São 3,5 milhões de beneficiários em todo o País, dos quais 1,8 milhão de pessoas com deficiência.

BPC Trabalho

O MDS realiza um projeto piloto para promover a inserção no mercado de trabalho de pessoas com deficiência, entre 16 e 45 anos de idade, em parceria com a Federação Nacional das Associações para Valorização de Pessoas com Deficiência (FENAPAVE) e os ministérios da Educação e do Trabalho e Emprego. O BPC Trabalho prevê visitas domiciliares, diagnóstico social e encaminhamento aos serviços da assistência social para futura colocação. São Paulo/SP e Santo André/SP já participam desde 2010 e, a partir do último mês de setembro, houve a ampliação para João Pessoa/PB, Porto Alegre/RS, Recife/PE, Belém/PA, Campo Grande/MS, Teresina/PI, Fortaleza/CE e Curitiba/PR.


empregabilidade da Cidadania” - que aqui peço licença para divulgar suas informações - apenas 25% das vagas da Lei de Cotas são respeitadas no país. Vejam:

atitudinais existentes nas organizações e na sociedade, aliado à frouxidão do sistema de fiscalização trabalhista frente à essa questão.

- Apesar de existirem 17 milhões de pessoas com deficiência em idade de trabalhar com carteira registrada, apenas 306 mil estão nessa condição, representando apenas 0,7% dos trabalhadores formais. - O baixo percentual de contratação reflete o alto nível de preconceito cultural e barreiras

Agora, você empresa que precisa cumprir a sua cota não tem mais a desculpa de que as PCDs se escondem atrás do benefício, e por isso, não localiza os profissionais. E você, profissional com deficiência, que temia ficar sem o salário e sem o benefício, no caso de uma demissão, é a sua vez de investir. Faça cursos de capacitação e se jogue no mundo do trabalho ! Há muitas empresas precisando de você e da sua contribuição !

VISÃO MONOCULAR

O Ministério do Trabalho está orientando seus auditores fiscais a aceitarem a VISÃO MONOCULAR para fins de cumprimento da Lei de Cotas. A orientação é para todas as unidades do território nacional, através da divulgação do parecer em anexo, pela assessoria técnica do Departamento de Fiscalização do Trabalho, da Secretaria de Inspeção do Trabalho daquele Ministério. O parecer é de 13 de setembro último, e sua circulação ocorreu em 21 de setembro de 2011.

Vamos lá, mãos à obra e boa sorte a todos !!!

Mara Di Maio é Bacharel em Letras e em Direito, palestrante e colaboradora da Revista Reação para assuntos de empregabilidade de PcD e superintendente da Abridef . Mande seu currículo para: mara_dim11@yahoo.com.br

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empregabilidade Atuação do Ministério Público abre vagas em São Paulo O Ministério Público do Trabalho – 2ª Região – apresentou em 10 de agosto último, dados de sua atuação para fazer valer o respeito à Lei de Cotas. No evento foi feito um balanço do seminário organizado pelo Espaço da Cidadania e parceiros, em 22/07, que reuniu 571 participantes, na comemoração dos 20 anos de promulgação da legislação. De 2000, ano de regulamentação da lei, até a data da reunião, o Ministério Público abriu 1.211 procedimentos em relação a empresas com sede na capital que descumpriam as determinações. Somente em 2011, até a data do evento, foram 229. Em todo 2010, o saldo chegou a 92. As procuradoras Denise Lapolla de Paula Aguiar Andrade e Adélia Augusta Domingues explicaram que um procedimento pode dar origem a um Termo de Ajuste de Conduta (TAC), já que as empresas alegam ter dificuldades para o cumprimento da lei. Elas são chamadas para explicações, é feito um levantamento do número de empregados e estabelecido um prazo para o cumprimento, que pode ser estendido. Se, mesmo assim, o acordo não for cumprido, é iniciada uma ação que pode resultar em punição, como multas. As empresas que cumpriram o TAC, de 2009 até junho de 2011, criaram 8.351 postos de trabalho para PcD. Atualmente, procedimentos em 64 empresas em que não foram abertos TACs, mas estão em negociação, podem gerar mais 5.788 vagas. Outras 136 já firmaram TACs e estão sendo acompanhadas, podendo resultar em mais 32.607 vagas. Há 16 processos judiciais em andamento com reserva prevista de 7.713 vagas ao término. Neste ano, até julho, já foram recebidos mais de R$ 2,6 milhões em multas e doações, já que as multas podem ser convertidas em contribuições. “A primeira alegação das empresas para não contratar é a questão da falta de capacitação”, explicou a procuradora Denise. A outra questão que a procuradora destaca é a adequação do meio ambiente de trabalho, uma obrigação da empresa. “Nós não temos no Brasil nem 30% das pessoas com deficiência em idade de trabalhar colocadas no mercado. Então é uma questão de atuar, de continuar cobrando, de fiscalizar, porque mão de obra existe, a qualificação é possível, a adaptação do meio ambiente do trabalho é uma obrigação e a lei está aí e tem que ser cumprida”, concluiu.

notas Táxis acessíveis começam a circular em São Caetano/SP

São Caetano do Sul é a primeira cidade do ABC paulista a contar com esse serviço, autorizado pela Prefeitura. Dois veículos adaptados para o transporte de cadeiras de rodas já estão em circulação desde setembro. Os condutores dos automóveis modelo Fiat Doblò, Cintia e José Eduardo Soares, pretendem ampliar a frota: “Estamos investindo para proporcionar ainda mais conforto aos nossos clientes. Além disso, procuramos constante treinamento para poder atender aos mais diversos casos de deficiência”, destacou José Eduardo, ao enfatizar que o veículo não será exclusivo para pessoas com mobilidade reduzida – caso o táxi esteja livre, será utilizado para atender qualquer usuário. Os taxis ficam em pontos, mas podem ser acionados por telefone ou pelo site. Cada taxista terá um número, pelo qual o cidadão deverá solicitar o serviço, podendo inclusive realizar o agendamento com antecedência sem acréscimo no valor da tarifa, que é a mesma praticada no mercado. O táxi acessível, além do motorista e da pessoa com deficiência, transporta mais dois passageiros, e as pessoas que utilizarem o táxi acessível receberão um formulário de avaliação do serviço.

Brasília terá Salão de Negócios para PcD O 1º Salão de Negócios de Acessibilidade, Reabilitação e Inclusão Social está marcado para o período de 14 a 16 de novembro próximo, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília/DF. A organização é da ECOSOL Base Brasília, uma cooperativa social que tem o propósito de fomentar as atividades de geração, promoção social e fortalecimento das práticas e princípios do cooperativismo e da economia solidária. O evento, que será anual, tem o perfil de uma feira de negócios inclusivos para promover oportunidades de trabalho e renda voltados para as demandas das pessoas com deficiência. O projeto pretende ainda promover um debate com a sociedade, grupos organizados e os interessados na acessibilidade e inclusão social, além de divulgar as conquistas recentes em reabilitação. Promoverá também o empreendedorismo, a geração de renda para PcD, a identificação e a exposição de produtos e serviços sociais inclusivos.


Nova marca e o mesmo compromisso: melhorar a sua qualidade de vida. Como você já deve saber, a Rea Team se renovou. Agora, somos uma loja multimarcas com um amplo mix de produtos. Com essa novidade, a identidade visual da Rea Team também precisou se renovar. O conceito da assinatura evoca a evolução do ser, com sua liberdade recuperada. A proposta é comunicar valores e o resultado do nosso empenho em melhorar a qualidade de vida dos deficientes. O pássaro em origami contempla essas características, pois o ato de dobrar o papel representa a transformação da vida e a sua evolução. As formas e as linhas foram inspiradas no cubismo, e as cores e a combinação de tons seguem o conceito de tecnologia (cinza quente), inovação e vida (vermelhos). A Rea Team tem consciência que a busca pela liberdade de ir e vir, a qualidade de vida, a independência e a inclusão social são temas cada vez mais reais no cotidiano das pessoas com deficiência. Aliás, é justamente para isso que investimos todo nosso potencial, para garantir conforto, durabilidade e segurança aos clientes. E essa reformulação da empresa vem para ratificar essa afirmação. Caxias do Sul - 54 3211.4132 | Porto Alegre - 51 3235.2408 | São Paulo - 11 2308.9010 | www.reateam.com.br


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trabalho

por Maria Aparecida Gugel

Benefício da prestação continuada e trabalho

A

Mudanças da Lei N° 12.470, de 31 de agosto de 2011...

pessoa com deficiência não é mais aquela incapacitada para a vida independente e para o trabalho.

COMO ERA:

Lei n° 8.742/93, Art. 20, § 2º - Para efeito de concessão deste benefício, a pessoa portadora de deficiência é aquela incapacitada para a vida independente e para o trabalho.

COMO É AGORA:

Lei n° 8.742/93 - Art. 20, § 2° - Para efeito de concessão deste benefício, considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. É necessário que a norma incorpore e identifique a pessoa a quem o direito ao benefício é dirigido porque assim o faz a Constituição da República (art. 203, V), não mais podendo ser diverso do conceito da CDPD. A pessoa com deficiência que não tem condições de manter a sua própria subsistência ou tê-la mantida por sua família é o sujeito central do direito à assistência social, é dela que aqui se trata. A falta de meios para se manter está sempre associada às barreiras existentes na sociedade (exemplo da falta de acesso à educação, acesso físico às cidades, acesso à qualificação profissional, e tantas outras formas) que a impedem de usufruir, em igualdade de condições, de todos os direitos, bens e serviços existentes. Daí decorre a necessidade de mensuração de todos esses elementos, por meio de equipes multiprofissionais (§ 6°), com a utilização de mecanismos eficientes e com prazo razoável de vigência (§ 10) para ao final conceder o benefício da prestação continuada.

COMO É AGORA:

Lei n° 8.742/93 - Art. 20, § 6° - A concessão do benefício ficará sujeita à avaliação da deficiência e do grau de impedimento de que trata o § 2°, composta por avaliação médica e avaliação social realizadas por médicos peritos e por assistentes sociais do Instituto Nacional de Seguro Social - INSS. [...] § 10 - Considera-se impedimento de longo prazo, para os fins do § 2° deste artigo, aquele que produza efeitos pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos. O fato de a pessoa ter uma deficiência e necessitar dos benefícios concedidos pela assistência social não pode impedir a busca por sua formação e qualificação profissional para o ingresso no mundo do trabalho remunerado. Esse trabalho pode ser por conta própria ou autônomo, pelo sistema cooperativado, como microempreendedor ou por meio do emprego formal, com registro em carteira de trabalho. A conquista mais significativa e, talvez, a mais esperada está na abertura definitiva de oportunidades para os jovens com deficiência poderem obter a sua formação profissional por meio da aprendizagem, sem alterar a sua condição de beneficiário da assistência social.

O objetivo da nova lei é transparente: fazer com que jovens com deficiência que estejam sob a proteção da assistência social possam alcançar iguais oportunidades aos dos demais jovens sem deficiência. A nova previsão coloca-nos à frente de uma medida de ação afirmativa contundente, pois, ao mesmo tempo em que reconhece a realidade do país de existência de muitos jovens com deficiência completamente à margem do aprendizado do ensino metódico e da formação profissional, cria e disciplina a possibilidade de o jovem aprendiz poder acumular os valores recebidos da remuneração do contrato de aprendizagem e do benefício da prestação continuada (salário + BPC) pelo prazo máximo de dois anos, que é o prazo legal para a vigência do contrato de aprendizagem na regra geral. E mais, determina que o valor da remuneração recebido no contrato de aprendizagem não será considerado para o cálculo da renda per capita da família, que é inferior a 1/4 do salário mínimo (condição para o beneficio da assistência social). Estima-se que essa circunstancial previsão modificará o agir do grupo familiar no sentido de se ver estimulado, diante da manutenção do benefício da prestação continuada acrescido do salário decorrente do contrato de aprendizagem, a direcionar o jovem com deficiência para o aprendizado e para a convivência em sociedade. Lembre-se que a lei da aprendizagem (Lei n° 10.097/2000, complementada pela Lei nº 11.180 2005) já contém regras importantes para o contrato de aprendizagem da pessoa com deficiência e que potencializam positivamente as atuais inovações da lei de concessão do benefício da prestação continuada. São elas: • não se considera a idade máxima de 24 anos para o termo do contrato de aprendizagem (art. 428, § 5°, CLT). Essa medida é essencial para as pessoas com deficiência, pois ainda temos que vencer uma prática contumaz que é a sua falta de permanência na escola regular para a conclusão do ensino obrigatório e ascensão para outras etapas de formação; • para o contrato de aprendizagem não se exige a comprovação da escolaridade do aprendiz com deficiência intelectual, devendo ser consideradas as habilidades e competências relacionadas com a profissionalização (art. 428, § 6°, CLT).

COMO É AGORA:

Lei n° 8.742/93 - Art. 20, § 9° - A remuneração da pessoa com deficiência na condição de aprendiz não será considerada para fins do cálculo a que se refere o § 3° deste artigo. Art. 21-A, § 2° - A contratação de pessoa com deficiência como aprendiz não acarreta a suspensão do benefício de prestação continuada, limitado a 2 (dois) anos o recebimento concomitante da remuneração e do benefício.” Ao ser contratado por uma empresa na condição de aprendiz, o jovem com deficiência não terá seu benefício da prestação continuada suspenso, desde que limitado a dois anos. Significa que, durante os dois anos de aprendizagem, poderá acumular o salário e o benefício da prestação continuada, além de gozar de todos direitos


trabalho e obrigações decorrentes do contrato de aprendizagem. Reafirma-se o argumento de que para a pessoa com deficiência poder saltar do patamar assistencial para o patamar de independência e autonomia, são necessárias medidas contundentes e adequadas para permitir a transição assistencial rumo ao trabalho. Com a nova previsão da lei n° 12.470/2011 é permitido o trânsito da pessoa com deficiência da assistência social para o trabalho, e vice-versa. No momento em que o beneficiário assinar um contrato de trabalho, ou tiver uma atividade empreendedora, autônoma ou cooperativada, será suspenso o benefício da prestação continuada. Poderá retornar ao benefício da prestação continuada se atender ao requisito constitucional que é a falta de meios para manter a própria subsistência ou tê-la provida pela família, cuja renda per capita seja inferior a ¼ do salário mínimo. Este retorno pode ocorrer a qualquer tempo. Porém, para ser dispensado da realização da perícia multiprofissional o período não deve ultrapassar dois anos, que é o prazo para a avaliação da continuidade das condições que deram origem ao benefício assistencial. Para o caso de trabalhador com deficiência que tiver direito ao seguro desemprego, só poderá retornar ao benefício da prestação continuada decorridos os cinco meses da concessão do seguro. Lembre-se que o seguro desemprego é devido ao trabalhador que for dispensado sem justa causa; receber salários por seis meses consecutivos nos últimos 36 meses e não possuir renda própria para o seu sustento e de sua família. Se o trabalhador com deficiência adquirir o direito ao benefício da previdência social não poderá retornar ao benefício da prestação continuada.

COMO É AGORA:

Lei n° 8.742/93 - Art. 21 [...] § 4° - A cessação do benefício de prestação continuada concedido à pessoa com deficiência não impede nova concessão do benefício, desde que atendidos os requisitos definidos em regulamento. Art. 21-A - O benefício de prestação continuada será suspenso pelo órgão concedente quando a pessoa com deficiência exercer atividade remunerada, inclusive na condição de microempreendedor individual. § 1° - Extinta a relação trabalhista ou a atividade empreendedora de que trata o caput deste artigo e, quando for o caso, encerrado o prazo de pagamento do seguro-desemprego e não tendo o beneficiário adquirido direito a qualquer benefício previdenciário, poderá ser requerida a continuidade do pagamento do benefício suspenso, sem necessidade de realização de perícia médica ou reavaliação da deficiência e do grau de incapacidade para esse fim, respeitado o período de revisão previsto no caput do art. 21.

Maria Aparecida Gugel é Subprocuradora Geral do Trabalho, Conselheira do Conselho Nacional de Combate à Discriminação – CNCD, Procuradora Jurídica da APAE-DF, Presidente da Associação Nacional de Membros do Ministério Público de Defesa dos Direitos dos Idosos e Pessoas com Deficiência – AMPID e autora dos livros.

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associações

Ritinha Prates

Hospital Neurológico completa 34 anos de atendimento especializado

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dia 23 de outubro ficou marcado na história de Araçatuba/SP. Nele foi fundada a Associação de Amparo ao Excepcional Ritinha Prates, obra de um grupo de moradores preocupados com as pessoas com deficiências neurológicas crônicas, fora de possibilidade terapêutica. Iniciativa de um vereador, José Américo do Nascimento, e de Elpídio Pedroso, os dois pais de garotos com lesão cerebral. A associação recebeu o nome em homenagem à mãe da professora aposentada Alice Prates, que prometeu doar seus bens à instituição. O trabalho cresceu e hoje, classificado como hospital desde 1996, o Ritinha Prates atende 43 municípios da região e mantém 60 pacientes em regime de internato, todos com deficiências neurológicas de grau severo e profundo, com comprometimentos psicomotores. O objetivo do trabalho é garantir a eles qualidade de vida, com atendimentos na área médica especializada, fisioterapia, psicologia, fonoaudiologia, nutrição, odontologia, enfermagem e terapia ocupacional. Em fevereiro de 2010 foi lançado o Ambulatório de Saúde Auditiva Ritinha Prates, que atende em média 30 pacientes por dia, já somando 2 mil pacientes que apresentam alguma deficiência auditiva. Na região não existia nenhum serviço administrativo sendo oferecido, mas havia grande demanda. “A pessoa com deficiência auditiva sofre com a segregação social, perdendo o convívio”, explica a presidente da entidade, Maria Aparecida Nascimento Xavier. O próximo passo é requerer junto ao Ministério da Saúde ampliação da cota de atendimento, já que ainda é insuficiente.

Padrão de qualidade

Todo serviço oferecido pela entidade é gratuito e segue os padrões exigidos pelo Ministério da Saúde e pelo projeto de Revitalização dos Hospitais Filantrópicos, recebendo certificação

Ouro pela qualidade de gestão e atendimento. Manter toda essa estrutura em funcionamento demanda muitos recursos: “O convênio com o Ministério da Saúde consegue suprir apenas 50% dos gastos da unidade, o restante vem de contribuições da sociedade, eventos, campanhas de captação, Nota Fiscal Paulista, entre outras ações”, informa a presidente. Atualmente, 43 dos internados são cadeirantes e 11 se alimentam apenas por sonda, com custos exclusivos do hospital, já que o SUS não arca com essa alimentação. O hospital recebe ajuda de 20 mil associados da região. Há pacientes que estão lá desde a fundação, sendo que 85% deles sofrem com o abandono familiar, ou foram destituídos de suas famílias por maus tratos. A situação gera demora para abertura de novas vagas, liberadas apenas quando ocorrem óbitos. “Existe uma demanda reprimida de atendimento, porém não é possível precisar quantas pessoas aguardam, pois nem todos que nos procuram se cadastram junto aos órgãos competentes”, explica a presidente. Em 2009 começou uma campanha de ampliação para 80 leitos e, em novembro de 2010, foi entregue um prédio de 600 m², com parte do investimento do governo do Estado e o restante de recursos próprios angariados junto à comunidade. O hospital aguarda a liberação e credenciamento para a recepção dos 20 novos pacientes. O controle de vagas é feito pela Direção Regional de Saúde. Mesmo sem leitos disponíveis, é oferecida assistência externa, com atendimentos de fisioterapia, enfermagem, terapia ocupacional, fonoaudiologia, nutrição, empréstimos e doações de cadeiras de rodas e banho, camas hospitalares, auxílio para intervenções cirúrgicas, além do atendimento médico. O corpo de voluntários é de extrema importância para a organização das campanhas, bazares, jantares, leilões, além de expansão e conscientização da colaboração por meio da Nota Fiscal Paulista. Hoje, já são mais de 100 colaboradores. O próximo evento será a 22ª Noite Italiana (Jantar Dançante), em 05 de novembro, em Araçatuba/SP. Para conhecer melhor o trabalho, www.ritinhaprates.org.br.



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depoimentos

C

por Deborah Prates

Por um mundo “pior” para todos !!!

oração batendo a mil na manhã do dia 23 de setembro, ainda mais com a previsão de tempo chuvoso no primeiro dia do ROCK IN RIO. Uma honra curtir com minha filhota de 17 anos esse momento que, há tempos atrás, tinha experimentado. Como cega, tratei logo de conferir a acessibilidade para que tudo continuasse encantador. Então foi que tremi nas bases com o que percebi que iríamos enfrentar. O clima mudou para o de enduro. Com base na nossa legislação ante a dificuldade/irregularidade do terreno - foi que tentamos, com vários taxistas, chegar ao portão do evento. Os guardas locais disseram NÃO em quaisquer hipóteses. Desumano, já que o terreno é totalmente irregular para qualquer deficiência. Os organizadores fingem desconhecer a lição do filósofo Aristóteles, que sugere que sejam tratados os desiguais na medida de suas desigualdades. Até o 1º portão tivemos que andar 1,5 km. Sozinha, não conseguiria. Pesquisamos no site e ficamos felizes com a existência de um portão especial. Remetia ao último portão do lado esquerdo extremo, tomando-se a entrada principal da Cidade do Rock. Como saber qual o último portão ? Um cego jamais o encontraria ! Ao encontrar o portão principal, perguntamos pelo especial. Claro que eu poderia entrar pelo principal, mas quis o meu ! Nem os seguranças - com rádio - souberam informar. Diziam: “ACHO que fica lá na frente! Vocês vão andando que, certamente, é para lá”!... Perguntei se havia alguém para caminhar com uma pessoa com deficiência até o local. Óbvio que não ! O fluxo das pessoas terminou no principal, onde todos entraram. Daí por diante fomos na sorte. Loucura !!! Quase desistindo, um novo preposto disse ser “PASSANDO AQUELE VIADUTO”! Que alegria ! Ao entregarmos os ingressos, indagamos pelo banheiro mais próximo. Ouvimos: “NEM IMAGINO! ACHO QUE É ALI DEBAIXO DA RODA GIGANTE”! Minha filha foi quem avistou

um químico. O local para lavar as mãos era fora e com um bom degrau. Naquela pia não havia rampa. Talvez em outras ? Ainda com fôlego, tentamos chegar ao local destinado aos CADEIRANTES, dando direito a um acompanhante. Absurdo ! Será que os outros segmentos não tinham que ter igual direito? Como cega também quis achar esse paraíso ! Mais de 10 prepostos não souberam encontrar o setor. Até nos estandes perguntamos e as respostas pareciam combinadas: “VAMOS CHAMAR UM PROMOTOR DO EVENTO”. Desistíamos de esperar. E a festa rolava... Novamente tivemos que vestir a fantasia de “BOBOS DA CORTE”! Um BOMBEIRO informou que estava no evento desde a sua CONSTRUÇÃO e desconhecia esses locais. Aduziu que vários cadeirantes e PcD já haviam lhe feito a mesma pergunta. Constrangido, disse que FISICAMENTE esses locais não existiam. MUITO GRAVE A INFORMAÇÃO ! As toneladas de som ecoavam. A galera cantava !!! Para minimizar os acidentes geográficos do terreno, rampas revestidas com grama artificial foram feitas sem o menor critério de acessibilidade. Sim. De qualquer maneira ! “EEE, VIDA DE GADO... POVO MARCADO. POVO FELIZ” !!! Algumas permitiam acesso aos cadeirantes, outras nem mesmo para os cegos com suas bengalas... Propaganda feia e enganosa dos organizadores... Constatamos total falta de acessibilidade física, de informação/comunicação e atitudinal. Falso é o slogan: “POR UM MUNDO MELHOR PARA TODOS”. Ao invés de alardearem plantio de árvores, deveriam os organizadores REFLORESTAREM OS PRÓPRIOS CÉREBROS ! Dever-se-ia investir na “SUSTENTABILIDADE HUMANA”! Bem, no tom: “ME ENGANA QUE EU GOSTO”, mais consistente para o Planeta seria repetirmos o antônimo da proposta, qual seja: POR UM MUNDO “PIOR” PARA TODOS ! QUERO MEU CÉREBRO VERDE !

Deborah Prates é advogada, e delegada da Comissão de Direitos da Pessoa com Deficiência da OAB - Ordem dos Advogados do Brasil/RJ.



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evento

1° Congresso Brasileiro de Turismo Acessível Evento foi realizado entre os dias 28 a 30 de setembro de 2011 na Estância de Socorro/SP, cidade considerada referência em acessibilidade...

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iniciativa deste congresso foi da Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Estado de São Paulo, em trabalho conjunto com a Prefeitura de Socorro/SP, e com o apoio da Secretaria de Turismo de Estado de São Paulo e do Ministério do Turismo do Governo Federal. O público-alvo foram os representantes de órgãos públicos, empresas do setor turístico (hotelaria, transportes aéreos e rodoviários, turismólogos, guias turísticos, agentes de viagem e público em geral). Foram 4 mesas de debates: “Políticas Públicas de Inclusão”, “Acessibilidade no Turismo: Exemplos de Sucesso Nacionais”, “Acessibilidade no Turismo: Exemplos de Sucesso Internacionais”, “Normatização, Legislação em Acessibilidade, Desenho Universal e Certificação” e “Acessibilidade em Mega-eventos”, além de uma palestra sobre o Perfil Sócio Econômico das Pessoas com Deficiência. No dia 29 ocorreu a abertura oficial do evento, que foi realizada pelo Governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, acompanhando da Secretária de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Dra. Linamara Rizzo Battistella, além de vários outros Deputados Estaduais e representante do Ministério do Turismo. O Governador Alckimin anunciou a liberação de R$ 1 milhão para a construção de um Centro de Tecnologia e Inclusão Social, ao lado do Centro Administrativo em Socorro/SP, que foi considerada pelo ele a “capital do turismo brasileiro acessível”. No mesmo dia, Dadá Moreira, da Aventura Especial, foi homenageado pela sua importância e participação na concretização da acessibilidade no turismo de aventura especial, realizada na cidade. Ainda houve apresentação de dança em cadeira de rodas dos alunos da APAE e uma exposição de produtos e serviços voltados para PcD e mobilidade reduzida.

Sonhos e Parque dos sonhos, como: quadricículos adaptados, passeio de trator adaptado e de charrete adaptada, espaço de arvorismo e uma tirolesa. Do lado de fora foi exposto o primeiro ônibus de viagem acessível para PcD, da Sunflower turismo, que possui uma plataforma, que é um elevador hidráulico. Este ônibus foi muito elogiado por todos os participantes. E para finalizar o Congresso, houve ainda uma visita técnica ao Hotel Fazenda Campo dos Sonhos. As palestras foram muito enriquecedoras. Muitos casos e exemplos foram expostos, pena não haver espaço suficiente nesta coluna para passar a vocês, mas isto não é problema, pois os interessados podem acessar meu blog: www.viajandosobrerodas.com.br, aonde falo sobre cada palestra, os pontos mais marcantes deste congresso além de muitas fotos.

Márcia Regina Jordão Bueno é Graduada pela Universidade São Judas Tadeu e pós-graduanda em Adm. Financeira pelo Centro Universitário Sant’Anna. Membra pesquisadora do grupo Transmídia – Inovadores ESPM. Pesquisadora em acessibilidade no turismo. Estudante de artes cênicas na Oficina dos Menestréis. E-mail: marciajordao2005@hotmail.com Blog: www.viajandosobrerodas.com.br


nota I Congresso Internacional das APAES aconteceu no Piauí Feito pela FEAPAES-PI, com o apoio da Prefeitura de Teresina/PI, foi realizado entre os dias 28 a 30 de setembro, na cidade de Teresina, capital do Piaui, no Centro de Convenções Atlantic City, o primeiro congresso internacional das APAES, com a presença de representantes de APAES de vários estados brasileiros, profissionais e palestrantes dos mais diversos temas, que marcaram presença passando suas experiências aos centenas de visitantes e participantes durante o evento, que contou ainda, com alguns expositores. A REVI STA R EAÇÃO esteve presente

ao evento, a convite da organização, participando e cobrindo o Congresso. E apesar das muitas reclamações recebidas por esta revista em relação ao evento, vinda de participantes e até de alguns palestrantes, em relação à falta de organização e alguns transtornos passados por muitos deles, fica aqui a ressalva que a iniciativa da realização é o que vale. Os problemas e as críticas podem e devem ser encaradas como construtivas, e servem sempre para que as falhas, no futuro, sejam corrigidas, e para que se possa realizar eventos ainda melhores amanhã. Toda experiência é válida para levar o tema da pessoa com deficiência, a inclusão e a acessibilidade para uma discussão saudável em busca de um objetivo comum.

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religião

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Fotos: Joana Paula/Abert

Rio de Janeiro tem primeira missa com audiodescrição

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Deborah Prates e Jimmy

ma missa com audiodescrição e interpretação em Libras movimentou a Catedral do Rio no final do mês de setembro. A ideia da advogada cega e usuária de cão-guia Deborah Prates foi bem recebida pelo arcebispo Dom Orani João Tempesta, que realizou a cerimônia. Delegada da Comissão dos Direitos das Pessoas com Deficiência/OAB/RJ, Deborah sempre se preocupou com a questão da acessibilidade. Ela afirma que muitos católicos não frequentam as missas porque encontram dificuldades: os cadeirantes não conseguem circular, os cegos não entendem os rituais, os surdos e cegos/surdos não participam e também os disléxicos e os que têm deficiência intelectual se sentem excluídos, assim como os idosos de maneira geral. Na cerimônia, Dom Orani afirmou esperar que a audiodescrição se torne um “bom hábito”. De acordo com a advogada, foi a primeira missa com o recurso no mundo, já que interpretação em Libras costuma ser mais comum. A audiodescrição ficou a cargo de Graciela Pezzobon, especialista no assunto. “Foi uma emoção estar na coordenação dessa cerimônia por-

que vi que estamos caminhando para um mundo melhor, mais acessível para todos. Temos que investir na sustentabilidade humana para, só então, preservarmos o planeta. Restauramos a Campanha da Fraternidade/2006 Deborah Prates, D. Orani e Dep. Otavio Leite que tinha como mote ‘Levante-te e vem para o meio’. Pronto! Viemos para o meio”, disse Deborah. Para ela é preciso que a sociedade em geral saiba recepcionar essas pessoas. Estiveram presentes alguns parlamentares que trabalham pela causa, assim como representantes de entidades de diferentes tipos de deficiência. Jimmy, o cão-guia de Debora, compôs o altar. Depois dessa experiência, Deborah não pretende parar: “Nossa luta é humanitária, não sendo exclusividade da igreja católica”, comenta. Ela pretende levar a prática para todas as outras religiões. No próximo mês de novembro serão realizados eventos do tipo em igrejas evangélicas e depois em todas as que abraçarem essa luta.

Encontro católico discute inclusão

O V Encontro Fraternidade e Pessoas com Deficiência foi realizado pela Pastoral das Pessoas com Deficiência da Arquidiocese de São Paulo. Com o tema “Construindo a Teologia da Inclusão”, o evento, que teve a presença de Dom Odilo Scherer, Cardeal Arcebispo de São Paulo, reuniu teólogos, religiosos e militantes do movimento social com o objetivo de aprofundar e analisar passagens da Bíblia que se referem às pessoas com deficiência, à deficiência em si, às curas e milagres. Foi discutido qual o significado dessas citações bíblicas nos dias de hoje, à luz do que há de mais avançado em termos da inclusão social dessas pessoas, como a Convenção da ONU, por exemplo. Dentre as várias colocações dos palestrantes, destacaram-se as que manifestaram que curas e milagres hoje seriam equivalentes à inclusão social e à afirmação da dignidade de todas as pessoas com deficiência e de suas famílias. Durante o encontro, foi anunciado que a Pastoral deverá lançar um site próprio, na segunda quinzena de outubro: www.pastoraldaspessoascomdeficiencia.org



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mercado

Indústria investe em equipamento acessível

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romover a acessibilidade é uma obrigação legal, mas mais do que isso, é um comprometimento de quem pensa uma sociedade que inclua todas as pessoas, independente de qualquer condição. Tornar os locais acessíveis e desenvolver tecnologias para isso está na base de uma postura cada vez mais adotada hoje em dia. Anteriormente, a situação era outra, mas a IBBL Indústria Brasileira de Bebedouros Ltda, empresa com sede em Itu/SP, resolveu trabalhar nesse segmento antes mesmo que leis específicas entrassem em vigor: “A ideia partiu da necessidade de se atender um público, que até então, era negligenciado pelo mercado. A pessoa com deficiência começou a ganhar espaço na sociedade há pouco tempo”, conta o supervisor técnico da empresa, Walther Gomes. Foi assim que, em 2001, antes mesmo do Decreto Lei 5296 de 2004, que determinou e regulamentou a Lei 10.048 de 2000 e a norma NBR 9050:2004 sobre acessibilidade, a empresa lançou o BDF 300, um bebedouro de pressão com design inovador, projetado para atender essas pessoas. Para seu desenvolvimento, técnicos e especialistas da empresa participaram de diversos grupos de discussão, frequentaram instituições de referência no setor e mantiveram contato com especialistas, levando em conta os princípios do Desenho Universal que assegura fatores como segurança, conforto e autonomia. O modelo permite que a cadeira de rodas encaixe por baixo do bebedouro, garantindo que a pessoa chegue mais perto da saída de água. O produto oferece acionamento por meio de botões que podem ser ativados com diferentes partes do corpo, dependendo do nível de comprometimento do usuário. Além disso, esses botões também possuem sistema Braile, permitindo que pessoas

cegas ou com baixo nível de visão identifiquem as saídas de água gelada e natural. Nos últimos 4 anos já foram vendidas cerca de 8 mil unidades do BDF, não só no Brasil, mas em países como: Austrália, Chile, Colômbia, Emirados Árabes, Estados Unidos, Peru e Suíça. Ele está em uso em diversas empresas, universidades e locais públicos como: Faculdade Cásper Líbero, Terminal Rodoviário Tietê, Universidade Metodista, Laboratórios Delboni Auriemo e os aeroportos de Viracopos, Guarulhos e Congonhas.

Praças acessíveis

Como o bebedouro pode ser usado também ao ar livre, sem necessidade de cobertura ou qualquer outra proteção, tem sido bem aceito em praças, já que diversas prefeituras estão investindo na acessibilidade de suas cidades, como é o caso de Americana/SP e Jundiaí/SP. Em Sorocaba/SP, por exemplo, foram adquiridos, inicialmente, 30 unidades que serão instaladas ainda este ano nos principais parques da cidade, como: Campolim, Águas, Éden, Ipiranga e Formosa. Para Clebson Ribeiro, diretor da Área de Serviços Urbanos da Prefeitura de Sorocaba, acessibilidade e inclusão são preocupações da administração, com vários programas sendo desenvolvidos, em diferentes áreas, como na Educação. Nos parques, por exemplo, já existem rampas e passeios em consonância com a norma 9050:2004. Nos serviços de lazer, explica o diretor, “a ideia é propiciar excelência, particularmente, equipando-se os parques municipais com o mobiliário necessário ao conforto de seus usuários. Nesse sentido, conforme avaliação da eficiência e satisfação com os bebedouros, existe interesse na expansão do serviço”.


esporte

Exemplus/CPB

Brasil se sai bem em campeonatos americanos outro patamar: “Saímos da teoria e agora, de fato, somos uma Seleção com medalha internacional. Esse esporte transforma e dá visibilidade às pessoas com deficiência severa. Rompemos o paradigma para muitos deles e transformamos várias realidades. Mostramos que somos capazes e é um orgulho ser o número um da América Latina no Rugby”, concluiu. Fizeram parte da delegação os jogadores: Alexandre Taniguchi, Alexandre Giuriato, Bruno Damaceno, Fábio Ferreira, Gilson Junior Wirzma, Guilherme Camargo, Helder Júnior, José Raul e Marcílio Nunes Rafael Hoffman.

Vasconcelos continua sua busca no Tênis !

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s esgrimistas Jovane Guissone (RS), Alex Souza (SP), Lauro Braschtvogel (RS) e Maurício Stempniak (RS) bateram os norteamericanos e argentinos, garantindo o Ouro nas disputas por equipes do Regional das Américas de Esgrima em Cadeira de Rodas, que teve a final em 14 de agosto, em Campinas/SP. As disputas foram realizadas na Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e reuniram mais de 30 esgrimistas do Brasil, Chile, Argentina, Canadá e Estados Unidos. O Brasil terminou a competição com nove medalhas: uma de Ouro, duas de Prata e 6 de Bronze. “O grito estava entalado na garganta. Perdemos nas duas finais para norte americanos, mas vencemos por equipes. Foi ótimo para fecharmos com chave de ouro. Para a maioria foi a primeira competição internacional e tivemos um resultado excelente. Foi bom para que eles vissem que os norte americanos e os canadenses, que estão entre os melhores do mundo, não são intocáveis e que podem ser vencidos”, afirmou o técnico da Seleção Brasileira de Esgrima em Cadeira de Rodas, Ivan Schwantes. No geral das medalhas, Estados Unidos ficaram em primeiro lugar, seguido por Canadá, Brasil, Argentina e Chile.

No Rugby, conquista inédita !!!

O Parapanamericano de Rugby em cadeira de rodas foi disputado em Bogotá, na Colômbia, entre 20 e 24 de setembro. A seleção brasileira voltou para casa com o Bronze, a primeira medalha internacional na história da modalidade. O Brasil venceu os donos da casa por 59 a 38, a Argentina por 53 a 41 e o México por 69 a 31 na disputa do Bronze, no último dia. Ficou atrás apenas das potências Estados Unidos (Ouro) e Canadá (Prata), assumindo assim o primeiro lugar do ranking sulamericano. Para o vice-presidente do Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB) e chefe de missão, Luiz Claudio Pereira, a conquista do Bronze eleva o Rugby do Brasil, com menos de 4 anos de história, a

Superando uma lesão na coluna provocada por um tiro durante um assalto que o deixou paraplégico em 1999, o tenista de cadeira de rodas Marcos de Oliveira Vasconcelos começou a praticar tênis em 2003, e desde então vem conquistando títulos. Recentemente em Vitória/ ES levantou o troféu de vice-campeão consolação no Vitória Wheelchair Tennis Open, realizado no Clube Ítalo Brasileiro. O torneio, que é credenciado pela ITF International Tennis Federation, foi realizado entre os dias 22 e 25 de setembro deste ano. Vasconcelos participou das disputas de dupla e simples em busca de pontos para o ranking mundial.

Amputado no Mundial de Atletismo !

O sulafricano Oscar Pistorius, que teve as pernas amputadas aos 11 meses e corre com próteses de fibra de carbono (ver Revista Reação de julho/agosto), conseguiu ser o primeiro atleta nessas condições a disputar a competição, realizada entre 27 de agosto e 04 de setembro, em Daegu, na Coreia do Sul, juntamente com participantes sem deficiência. Aos 24 anos, ele se classificou para a semifinal dos 400 m, mas não teve um bom desempenho, sendo eliminado. À imprensa internacional, ele declarou: “Trabalhei muito duro para chegar até aqui. Estou feliz com a minha performance. Não fui tão rápido quanto eu queria ser, mas é fantástico estar aqui e correr. É uma experiência inacreditável. E eu voltarei”, prometeu. Ele também participou da equipe sulafricana nas eliminatórias do revezamento 4 x 400 m, sendo o primeiro na corrida para evitar que as próteses pudessem machucar outros atletas já que, em outras posições, os atletas se juntam e não há a necessidade de se obedecer os limites das raias na pista. O grupo ficou em terceiro, atrás dos Estados Unidos e da Jamaica. Na final da prova, Pistorius não foi incluído na disputa pela comissão técnica e comentou o fato em seu twitter, dizendo estar “muito decepcionado”. Aproveitou também para agradecer a torcida. A África do Sul conseguiu o segundo lugar, atrás dos Estados Unidos que faturou o ouro pela quarta vez seguida. Mesmo sem ter disputado a final, ele se tornou o primeiro atleta paraolímpico a ganhar uma medalha em um Mundial, já que participou da semifinal da modalidade. Pistorius competiu em Daegu depois de uma decisão favorável do Tribunal Arbitral do Esporte. Agora, ele terá que esperar para saber se poderá participar da Olimpíada de Londres, em 2012.

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parapan

Delegação brasileira está pronta para os Jogos Parapanamericanos !!!

Jerusa dos Santos e seu guia Luís Henrique (SP) – Atletismo

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cidade de Guadalajara, no México, pode se preparar: já está definida a delegação brasileira que disputará a competição entre 12 e 20 de novembro de 2011. São mais de 200 atletas em busca de medalhas. Na competição anterior, em 2007, no Rio de Janeiro, o Brasil ficou em primeiro lugar no quadro geral (228 medalhas - 83 de Ouro, 68 de Prata e 77 de Bronze). Além da competição em si, outra motivação é que, em algumas modalidades, o bom desempenho garante vaga nos Jogos Paraolímpicos de Londres, em 2012. “Não tenho dúvidas que temos a delegação mais bem preparada que já enviamos a uma competição internacional”, afirma o presidente do Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB), Andrew Parsons. Para levar a delegação brasileira ao México serão investidos mais de R$ 2 milhões. Os brasileiros disputarão medalhas no: Atletismo, Basquete em cadeira de rodas (feminino e masculino),

Shirlene Coelho (DF) - Atletismo

Clodoaldo Silva (SP) – Natação

Bocha, Ciclismo, Futebol de 5 (para mesa viaja com 30 representantes. De acordo com Edilson Rocha Tucegos), Goalball (feminino e masculino), Halterofilismo, Judô, Natação, biba, diretor técnico do CPB e chefe Tênis em cadeira de rodas, Tênis de de missão do País nos Jogos, nas moMesa, Tiro com arco e Vôlei sentado. dalidades individuais, algumas provas A expectativa da delegação é de que poderão ser canceladas dependendo vários recordes mundiais sejam que- do número final de atletas inscritos. brados. Afinal, muitos atletas têm se A lista completa com a convocação destacado nas competições, como os pode ser consultada no site: cegos mais rápidos do mundo, Lucas http://www.cpb.org.br/comunicaPrado e Terezinha Guilhermina e o fundista Odair Santos. Na natação, o cao/noticias/convocacao-oficial-paraBrasil leva o ganhador de 9 medalhas -o-parapan-de-guadalajara em Pequim, Daniel Dias e o recordista mundial em quatro provas, André Brasil. No ciclismo, participará o catarinense Soelito Ghor, campeão mundial de estrada. No judô, Antônio Tenório, tetracampeão paraolímpico. A Bruno Carra (SP) – Halterofilismo equipe de tênis de


notas AACD tem duas novas unidades em São Paulo

A zona norte e o extremo da zona sul da capital paulista ganharam duas unidades da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) em setembro. A primeira fica no bairro de Santana, com capacidade de atendimento de 140 pessoas por dia. E a outra em Campo Grande, para 290 atendimentos. Com as inaugurações, a vida dos pacientes será facilitada porque não precisarão mais se locomover até a sede da entidade, na Vila Clementino. Os terrenos, de cerca de 5 mil m², foram doados pela Prefeitura que também assumiu o custeio dos novos centros. As duas unidades permitirão uma redução da atual fila de espera para atendimento de 20%. A AACD realiza 630 mil atendimentos por ano. Segundo o secretário da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida (SMPED), Marcos Belizário, idealizador da parceria, o acordo foi estratégico para a cidade, uma vez que a AACD já recebe, por meio de convênio, parcela importante dos pacientes com algum tipo de deficiência motora e sequelas de acidentes e violência urbana que chegam à rede municipal de saúde.

Associações Pestalozzi realizam XIII Congresso

O evento será realizado entre 23 e 26 de outubro, no Centro de Eventos e Convenções do Grupo Di Roma, na cidade de Caldas Novas/GO. Organizado pela Federação Nacional das Associações Pestalozzi (FENASP), o encontro prevê palestras, mini-cursos, oficinas e exposições, entre outras atividades. O Movimento Pestalozziano completa, em 2011, 85 anos de serviços prestados às pessoas com deficiência no Brasil. Sua história remonta ao século XVIII, com o nascimento, em Zurique (Suíça), de Johann Heinrich Pestalozzi, que revolucionou a história da pedagogia. Em terras brasileiras, primeiro em Canoas/ RS e depois em Belo Horizonte/MG, as instituições pestalozzianas tornaram-se destaques no atendimento às pessoas com deficiência, espalhando-se por várias regiões. Mais informações no site: www.congressopestalozzi.org.br

paraolimpíadas

As esperanças brasileiras nas Paraolimpíadas de Londres !

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Daniel Dias (SP) – Natação

Brasil tem tudo para fazer sua melhor participação em uma Paraolimpíada até agora. Em 2012, a meta é ficar entre os 7 primeiros colocados no quadro geral de medalhas e, em 2016, no Rio de Janeiro, chegar entre os 5 melhores. Para se ter uma ideia do que isso representa, em 2000, nos jogos de Sidney, os brasileiros ficaram em 24º lugar, pulando para 14º em Atenas, em 2004 e chegando ao 9º em Pequim, em 2008. Os jogos serão realizados entre 29 de agosto e 09 de setembro de 2012, e devem reunir o número recorde de 4.200 atletas, de 150 países, que participarão de 20 modalidades. Para o presidente do Comitê Paraolímpico Internacional (IPC), Philip Craven, um dos maiores legados que pode ser esperado da disputa é uma melhor compreensão do Movimento Paraolímpico: “Nossos atletas de elite vão cativar bilhões de pessoas ao redor do mundo. Vão inspirar milhões e, finalmente, conduzir a mudança da sociedade e ajudar a alterar as percepções do que pode ser alcançado por uma pessoa com deficiência”, afirmou. Em 08 se setembro, foi comemorado o Dia Internacional Paraolímpico, com a presença dos melhores atletas mundiais na capital britânica, entre eles, o medalhista paraolímpico brasileiro Daniel Dias. Durante toda a semana foram realizados workshops e seminários com diversas delegações. “A partir de agora começa o grande trabalho. Tivemos várias reuniões individuais com membros do IPC e do Comitê Organizador dos Jogos e escolhemos os nossos apartamentos na vila. Tudo para garantir o conforto dos atletas e boas condições para a participação deles nas competições”, disse o chefe de missão do Brasil, Edilson Rocha Tubiba. As Paraolimpíadas foram realizadas pela primeira vez em 1948, quando Ludwig Guttmann organizou uma competição de arco e flecha em cadeira de rodas no hospital Stoke Mandeville, na Grã-Bretanha, para os soldados da Segunda Guerra Mundial com lesões na medula espinhal. A competição aconteceu no mesmo dia da Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos de Londres. Desde então, o evento só tem crescido a cada edição.

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bem estar

por Erika Mendonça Tamarindo

Tecnologia Assistiva e Adequação Postural

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com grande satisfação que inauguro este espaço de troca com vocês, leitores da REVISTA REAÇÃO. Estarei aqui bimestralmente para dividir conhecimento, informação e orientação sobre os cuidados referentes à pessoa com deficiência e mobilidade reduzida, principalmente no que se refere a cadeira de rodas, acessórios e adaptações. Temos acompanhado um crescimento expressivo do mercado de Tecnologia Assistiva (TA) no Brasil. Entende-se por TA: “uma área de conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social” (CORDE – Comitê de Ajudas Técnicas – ATA VII; Dez/2007). Novos produtos destinados a estes fins são lançados a cada evento. Paralelamente, o acesso a esses recursos e serviços também tem se ampliado para todos. Com tanta diversidade de produtos e possibilidades de acesso aos mesmos, é importante que os usuários de TA busquem auxílio de profissionais adequados para a solução de suas necessidades. Os profissionais, por sua vez, devem buscar a atualização em relação a este mercado e saber indicar, prescrever, orientar e acompanhar adequadamente o uso dos equipamentos pelos seus clientes, evitando erros, iatrogenias e abandono dos mesmos. Escolher um equipamento como a cadeira de rodas, pode ser simples para alguns, porém, não para todos. Muitas vezes apenas a cadeira de rodas não é suficiente para que o indivíduo permaneça sentado, de forma adequada e confortável. São necessários ajustes na estrutura e colocação de recursos como assento, encosto, apoios de tronco e quadril, apoio de cabeça, cintos, entre outros... para atingir o objetivo proposto. Outras vezes, a própria estrutura da cadeira de rodas pode ajudar ou prejudicar o usuário. Para auxiliar neste processo de escolha, existe a adequação postural (ou seating). A adequação postural em cadeira de rodas é uma tecnologia assistiva e consiste na avaliação detalhada do usuário feita por um Terapeuta Ocupacional e/ou Fisioterapeuta, não considerando apenas suas medidas e patologias; seleção e prescrição da cadeira de rodas e adaptações junto ao cliente; confecção de adaptações personalizadas caso não existam

soluções pré-fabricadas no mercado; treino e acompanhamento do uso destes para possíveis intervenções e readaptações, o que garante a efetividade e sucesso no uso do equipamento. Seus objetivos gerais são: ser confortável, oferecer suporte corporal, aliviar pressão, aumentar a funcionalidade do sujeito, permitir alterações e reajustes. Os objetivos específicos variam para cada usuário e o terapeuta ocupacional e/ou fisioterapeuta deve estar atento a estes, principalmente no significado do uso do equipamento na vida da pessoa com deficiência ou mobilidade reduzida. O usuário de cadeira de rodas e seus familiares/cuidadores têm papel fundamental no processo de adequação postural. Sem a participação dos mesmos o terapeuta não consegue atingir resultados satisfatórios. No nosso próximo encontro, falaremos mais sobre a importância do sentar para a atividade humana.

Erika Mendonça Tamarindo é Terapeuta Ocupacional da Loja Cavenaghi em São Paulo/SP.



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lição de vida

Sara Bentes

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uma mulher de muitas atividades !

antora, compositora, escritora, atriz, jornalista, palestrante... tudo isso define Sara, que nasceu e mora em Volta Redonda/RJ, mas circula muito por São Paulo. Ela já cantou nos Estados Unidos, Itália, Argentina, e participou de uma série de reportagens para o Fantástico da Rede Globo, com exposição em nove países da América do Sul. Nascida em 1982, foi a única na família a ter glaucoma. Aos 12 dias de vida, já passou por cirurgia nos olhos, a primeira de uma série de 16. Aos dois anos começou a enxergar com os dois olhos e logo passou a desenhar. Foi alfabetizada em tinta, estudou em colégio regular, mas lembra do trauma quando, aos 10 anos, foi expulsa de um colégio particular e religioso devido às necessidades específicas que sua baixa visão exigia em sala de aula. Com apoio da família foi em frente, mesmo passando a enxergar apenas com o olho esquerdo. No início de 2010, após um procedimento médico considerado simples, teve uma dor aguda e, de repente, sua visão se apagou por completo. “Eu amava minha visão e a aproveitava ao máximo, adorava desenhar, fotografar, filmar, assistir a filmes, contemplar, andar de bicicleta, andar sozinha por aí; cheguei a participar de exposições com meus quadros e tenho na memória cada traço deles, e sinto sim muita saudade de enxergar, principalmente as pessoas”, conta Sara. Um mês depois de perder a visão, comemorou o aniversário e aproveitou para fazer um pacto consigo mesma: “Eu seria uma pessoa feliz, independente de qualquer coisa. Isso é um exercício diário, que depende somente de coisas simples, sucessivas e conscientes escolhas, olhares positivos sobre as situações, e aí vamos naturalmente encontrando alegria em coisas pequenas e perfeitamente ao nosso alcance. Esta filosofia vem ajudando a me adaptar às situações que a cegueira traz. Eu não gostava, por exemplo, da imagem da bengala, e muito menos da ideia de ter de usá-la; aí logo dei um nome para a minha, pintei-a da minha cor preferida e ficamos amigas”, conta. A paixão pela arte sempre esteve presente na vida de Sara, já que o pai canta, compõe, toca e escreve. A família a apoiou e ela passou a cantar de casa

para o coro da escola, as festas de bairro, cidades vizinhas, festivais em outros estados, prêmios e viagens ao exterior. Como compositora, as maiores inspirações são as situações que a afetam. Há cinco anos compôs “Pra Quê”, uma música que chama de “quebra gelo”, extremamente alto astral e que aproxima com carinho o universo da deficiência visual das pessoas que não têm muito contato com essa realidade. A letra traz dicas de como lidar, abordar, propõe novos olhares e até um “pouquinho de sedução”. A música costuma ser usada em congressos, palestras e eventos sobre inclusão e acessibilidade. Ela costuma difundir as músicas pela internet e com CDs artesanais, mas está em busca de apoio para tornar o trabalho mais profissional. O primeiro romance terminou aos 18 anos, enveredando depois também pela poesia. Mantém ainda um blog em que coloca crônicas, poemas e divulgações culturais. Fez faculdade de jornalismo, escreve para o jornal “Volta Cultural”, apresenta e é repórter do Telelibras, um telejornal modelo em acessibilidade, veiculado pela internet no site da ONG Vez da Voz (www.vezdavoz.com.br) e alguns canais fechados. Sua história no teatro merece um capítulo a parte: apenas três meses depois de perder a visão, ela conheceu a Companhia Mix Menestreis, dirigida por Deto Montenegro, em São Paulo, formada basicamente por pessoas com deficiência. “No primeiro dia pensei em nunca mais voltar... Um palco enorme, cadeiras de rodas correndo pra lá e pra cá, muita ação e movimento e eu não tinha me adaptado nem ao espaço da minha própria casa ainda! Talvez fosse cedo demais, a ideia me pareceu uma loucura”, conta Sara. Ela insistiu e 6 me-


lição de vida ses depois de sua chegada participava do musical Filhos do Brasil, de Oswaldo Montenegro, onde canta, dança, atua e até anda sozinha pelo palco em uma das cenas. Já fizeram três temporadas e estão montando mais uma. Mesmo com todas as atividades, ela afirma que não faz a metade das coisas que deseja realizar. Agora enveredou pelo ramo das palestras onde fala sobre inclusão, acessibilidade e sua própria vida: “Sinto que faz parte da minha missão enquanto pessoa com deficiência informar e compartilhar minhas experiências com o mundo, assim minimizamos os preconceitos, multiplicamos os agentes da inclusão e proporcionamos mais avanços”. Sara deixa um recado: convida para que conheçam o livro “Fotografias Poéticas de um Olhar Viajante”, que pode ser adquirido pela internet, em formato impresso ou digital, ou ainda na Livraria Veredas, em Volta Redonda/RJ, e que visitem o “Boca no Mundo” (sarabentes.blogspot.com) e que escrevam para ela: sarabentes@yahoo.com.br.

PRA QUÊ

Se quiser me ajudar, pergunte primeiro se eu preciso; E se for me ajudar, entenda primeiro como; Se quiser que eu te reconheça, então me diga teu nome; Ou se quiser mais poesia, então me cante tua canção. Se for me guiar, não me empurre à tua frente; Seja minha estrela guia, abrindo o caminho pra mim; Se quiser que eu veja algo, não aponte, faça a ponte, Com palavras, descrição, ou então me leve até lá. Se quiser me entender, não precisa esforço, não há nada demais; Assim como você, e todo mundo, sou diferente de todo mundo; Sou única, sou cigana, sou do samba, sou da paz; Se quiser entender meu problema, fecha os olhos e se olha, Veja suas idéias gastas e entenda que eu não tenho problema algum, Tenho apenas uma maneira diferente de ver o mundo. Me Pra Me Pra

dê então um beijo daqueles que só você sabe dar! quê que a gente precisa ver¿ sabe lá... cante aquelas canções que só você sabe cantar! quê que a gente precisa ver¿ sabe lá...

* Letra e música: Sara Bentes A música pode ser conhecida no Yotube, também com interpretação em libras

notas Menina símbolo da ABSW é homenageada O Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos (CIEJA) da área do Butantã, na capital paulista, tem agora o nome de Jéssica Nunes Herculano. A decisão veio por decreto assinado pelo prefeito Gilberto Kassab, pelo secretário Municipal de Educação, Alexandre Alves Schneider e pelo secretário de Governo Nelson Hervey Costa. Eles justificaram a medida pelo empenho dela em prol da igualdade e inclusão social na região. A REVISTA REAÇÃO publicou duas reportagens sobre Jéssica em 2010. A primeira, na edição de julho/agosto, falou sobre a Associação Brasileira da Síndrome de Williams (ABSW) – entidade que nasceu da luta da mãe dela, Jô Nunes, na busca de tratamento para a menina. Na segunda, em setembro/outubro, veio a notícia da morte de Jéssica, aos 19 anos, após um transplante cardíaco. Suas cinzas foram jogadas no lugar favorito dela na cidade, o final da Trilha do Silêncio, no Parque Estadual do Jaraguá. Duas mudas de Pau-Brasil foram plantadas por Jô, uma em homenagem à ela e outra aos 50 anos do parque. A trilha é adaptada e pode ser utilizada por cadeirantes, pessoas com deficiência visual, pouca mobilidade e idosos. Há também um espaço de convivência e banheiros adaptados. O nome de Jéssica também poderá ser dado ao local, conta a mãe, que é presidente da ABSW. A ideia já foi sugerida pela administração do espaço.

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atividade

União e amizade movem grupo “Interação” de cadeirantes

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mais velho tem 67 anos, mas a animação é a mesma dos outros 14 participantes que se reúnem todos os domingos, em geral no Centro Educacional Unificado (CEU) Cidade Dutra, na zona sul da capital paulista, para jogar e fazer fisioterapia leve ou, uma vez por mês, sair em um passeio cultural. O grupo “Interação” nasceu em 2009 de uma ideia de Paulo Scarpelli Cassia, cadeirante desde 1998, quando caiu de um mezanino. Ele fazia fisioterapia na Universidade de Santo Amaro (UNISA) quando, nas férias, para não ficar parado, propôs atividades aos domingos a alguns conhecidos. Novos interessados foram chegando, inclusive voluntários das áreas de fisioterapia e educação física. Além dos animados jogos em quadra, o grupo também gosta de passear: já foi ao Parque da Juventude, Pinacoteca do Estado, teatro do SESI, REATECH e Parque da Independência, sempre levado por carros do Projeto de Atendimento Especial (ATENDE) da Prefeitura de São Paulo/SP. “É uma grande alegria e uma enorme responsabilidade”, afirma Scarpelli, cheio de planos. “Alguns que chegaram aqui nunca tinham feito atividades, nunca tinham ido ao teatro”, conta. É o caso de Jaílson Santiago Firmo, vítima de tiro há 5 anos, que chegou muito tímido e adorou a peça “Avalon” que assistiu, apesar de gostar mais da parte esportiva. Já José Roberto dos Santos Silva, também vítima de tiro há 11 anos, gostou tanto do basquete que está treinando também

na Associação Desportiva para Deficientes (ADD): “é uma maravilha estar no grupo, amizade é bom para toda a vida, não tem como ficar longe desses rapazes”, afirma. Rapazes no caso, não é força de expressão, o grupo tem apenas uma moça até agora, Maria Josefa Barbosa, que teve poliomielite e conheceu o pessoal por intermédio de um amigo. “Achei que tinha mais mulheres, mas estou me dando bem com eles”, conta Maria, que não trabalha fora e cuida dos sobrinhos: “é bom sair, conhecer coisas novas, fazer exercícios. Ficar parada é ruim”, explica.


atividade

notas Inaugurado Departamento em Apoio a PcD

Planos e parcerias

Para aumentar o número de participantes, já que todas as atividades são gratuitas, há necessidade de mais voluntários e de patrocínios, como o da HP Sport Academia, Shopping SP Market e Softtek Informática, que ajudaram na compra de camisetas e equipamentos. Isabel Cristina Nonato é uma das fisioterapeutas voluntárias. Conheceu o grupo na UNISA, já que alguns integrantes são atendidos lá durante a semana. Ela trabalha com eles principalmente alongamento, fortalecimento muscular e equilíbrio: “Participar do grupo ajuda muito nas atividades da vida diária, melhora a autoestima e o convívio”, conta, lembrando que alguns participantes, quando chegaram, não conseguiam nem agarrar uma bola. Já Paulo André da Silva é professor de natação da HP Sport, onde alguns participantes fazem aulas regulares. Ele também se tornou voluntário e diz que as atividades se tornaram seu lazer no domingo, fazendo questão de levar também os filhos nos passeios da turma. No final de 2010, o “Interação” se juntou à ONG Cidade Cidadã, que trabalha com juventude e cidadania. De acordo com a diretora Márcia Martins, que conheceu o grupo em um projeto da Prefeitura, o “São Paulo Inclui”: “é muito gratificante ter o pessoal como parte da organização”. Ela está entusiasmada com a participação deles no projeto de oficina fotográfica “Olhares de uma São Paulo Inclusiva”. Com as noções básicas que tiveram, fotografarão os próximos passeios do ponto de vista da acessibilidade para uma exposição e editarão um guia patrocinado pelo VAI – Valorização de Iniciativas Culturais, da Prefeitura. O grupo tem um blog (http://grupo-interacao.blogspot.com) e, para participar das atividades, é preciso ter mais de 18 anos e tocar a própria cadeira. O contato pode ser feito pelo endereço interacao@comunidadecidada.org.br . Afinal, como garante Severino Idalina da Silva Irmão, o mais velho do grupo, que há 15 anos sofreu um problema na medula: “a vida é muito preciosa para a gente desistir dela”.

A Associação dos Consultores, Assessores e Articuladores Políticos do Estado de São Paulo (ACAAPESP), entidade fundada na capital paulista em fevereiro de 2011, inaugurou em setembro seu Departamento de Apoio Assistencial às Pessoas com Necessidades Especiais (DAAPNE), que tem como missão institucional coordenar ações técnicas, gerenciais e políticas que efetivem a integração social e cidadania desse contingente. Em nota, os diretores da ACAAPESP afirmam: “Acreditamos que este departamento nasceu para estar junto com a sociedade para tornar o mundo um lugar viável para a convivência entre pessoas de todos os tipos e inteligências na realização de seus direitos, necessidades e potencialidades”. O Departamento pretende ainda oferecer oficinas de artes cênicas, como teatro e circo escola, para viabilizar a inclusão social. O presidente de honra empossado é Agnaldo Soares de Campos.

Projeto obriga uso de Lupa Eletrônica em estabelecimentos públicos e privados

O deputado federal Otávio Leite (PSDB-RJ) apresentou, em 06 de julho, o PL-1775/2011, que obriga estabelecimentos públicos e privados a oferecerem Lupa Eletrônica para que as pessoas de baixa visão possam visualizar documentos, contratos, livros, ou outros textos, o que beneficiaria também os idosos. Ele tomou como base o Artigo 5° da Constituição Federal, que garante tratamento igualitário a todos perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. Leite ressaltou a necessidade de criar instrumentos para que todo e qualquer brasileiro tenha a possibilidade de compreensão e entendimento daquilo que lê. “Recursos desenvolvidos pela indústria, em especial a brasileira, e adequados a cada caso conforme avaliação médica, já são facilmente acessíveis à população e permitem ao portador de baixa visão ganhos em qualidade de vida e fundamentalmente, independência”, argumentou. A proposta, de acordo com o deputado, é proveniente de sugestão do presidente da Associação Brasileira das Indústrias e Revendedores de Produtos e Serviços para Pessoas com Deficiência (ABRIDEF), Rodrigo Rosso, e se constituiu numa “digna contribuição para a parcela da população brasileira que sofre com déficit visual”. O projeto, desde agosto, está na Comissão de Seguridade Social e Família para ser analisado. Passará ainda pela Comissão de Constituição e Justiça e, se não tiver nenhum recurso, irá ao Senado. Caso houver, passará antes pelo Plenário da Câmara.

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acessibilidade

Capital baiana terá projeto para centro histórico acessível !

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alvador/BA ganhará um projeto piloto de acessibilidade, dentro do Plano Emergencial para Revitalização do Centro Histórico. Um termo de responsabilidade, ainda em elaboração, será assinado entre o governo do Estado e a Prefeitura, com o objetivo de promover ações conjuntas, voltadas à recuperação da área, prioritariamente na Praça Castro Alves, Pelourinho e Santo Antônio Além do Carmo. Entre as atividades previstas, está a recuperação da pavimentação e calçadas, com definição de acessibilidade universal. O projeto específico de acessibilidade tem como objetivo criar uma rota acessível e envolve vários parceiros, como Secretaria da Justiça, Cidadania Alexandre Carvalho Baroni e Direitos Humanos – (SJCDH), Companhia de Desenvolvimento da Bahia (CONDER), Secretaria Extraordinária para Assuntos da Copa (SECOPA), Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF), Governadoria/Escritório de Referência do Centro Antigo (ERCAS), Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPHAN), Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC) e Secretaria de Desenvolvimento Urbano (SEDUR). A previsão de custos é de R$ 15 milhões, com prazo para conclusão de 18 meses. Como o local é tombado pelo Patrimônio Histórico, todas as questões estão sendo discutidas com os órgãos competentes (IPAC e IPHAN) para que o projeto seja desenvolvido em harmonia com o conjunto arquitetônico conhecido mundialmente pelo seu valor histórico, artístico e cultural. “Pensar a acessibilidade para uma cidade com as condições topográficas de Salvador é um grande desafio. Isto não quer dizer que seja impossível de ser feito”, afirma o superintendente dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Estado da Bahia, Alexandre Carvalho Baroni, tetraplégico devido a um acidente automobilístico em 1992, quando tinha 24 anos. “Como se trata do Centro Histórico, o projeto levará em consideração os detalhes de cada imóvel, a situação de cada trecho de calçada, cada soleira etc. Não é uma missão fácil e, por esse motivo, está sendo feito um esforço conjunto unindo o poder público federal, estadual e municipal com objetivo de garantir a melhor solução para o Patrimônio da nossa cidade”, explica Baroni. Para ele, o acesso de pessoas com deficiência ao Centro Histórico representa mais que uma conquista: “Acreditamos que esta ação, além de garantir direitos, proporcionará melhoria da qualidade de vida e inclusão social”, conclui o superintendente.



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tecnologia

Mãos Biônicas

Tecnologia beneficia amputados dos membros superiores

A

s inovações no campo das próteses têm melhorado a qualidade de vida de muitos amputados. No último mês de agosto, o programa “Fantástico” da Rede Globo trouxe extensa reportagem com experiências no exterior e no Brasil, além de acenar com o futuro, mostrando que cientistas americanos estão aperfeiçoando uma tecnologia que pode revolucionar o modo como elas se conectam com o corpo humano. A pesquisa é sobre mãos biônicas que se movimentam também a partir dos impulsos nervosos do cérebro, com sensores que transmitem os comandos cerebrais através de fibras óticas, até as próteses. Com isso, as mãos biônicas têm movimentos mais complexos e, quem sabe, poderão até transmitir sensações como calor e frio. Todos os avanços são significativos, mas é preciso conhecer bem o que é possível conseguir de resultados e benefícios. Aqui no Brasil, os interessados já podem contar com as modernas opções encontradas no mercado mundial. A Blumenthal Distribuidora Ltda., com sede em Porto Alegre/RS, desde 2009 importa e comercializa os produtos da escocesa Touch Bionics de forma exclusiva para o Brasil. Mais de 40 países importam essas próteses. De acordo com o diretor Jairo Blumenthal, protesista diplomado/USA: “é a primeira mão biônica no mundo que oferece todos os cinco dedos em movimento, cada um com o seu motor, e que permite inclusive que o polegar mude de posição, permitindo agarres e movimentos diferentes da simples pinça de abrir e fechar”. Ele explica

que o acionamento se dá através de sinais musculares do coto do próprio paciente, que são transformados em sinais elétricos através de sensores colocados estrategicamente na prótese. “Outro grande avanço é que podemos personalizar o seu funcionamento de acordo com as necessidades e rotinas de cada um. Podemos escolher quatro funções entre as 10 disponíveis e programar a mão para que acione essas funções escolhidas, como teclar com apenas o indicador em extensão, ou fazer uma pinça de precisão, além do tradicional abrir e fechar da mão. E tudo isso com velocidades e controles proporcionais de movimento”, explica Blumenthal. O tempo de adaptação varia, segundo o nível e o motivo da amputação, em geral de uma semana a um mês. O preço é alto: a prótese completa com a mão biônica Pulse custa entre R$ 130 mil e R$ 160 mil Reais. A manutenção dos dedos se dá localmente, sem a necessidade de se ficar sem a mão. Quando a mão inteira vai para manutenção, o paciente recebe uma mão de serviço, enquanto a sua está na revisão.

Opção inglesa

A Conforpés, com matriz em Sorocaba/SP e filiais em Indaiatuba/SP, Cuiabá/MT e Ciudad del Este no Paraguai, trabalha com próteses e órteses desde 1968. O primeiro contato com a mão biônica é de 2006, inicialmente com a importação da Touch Bionics. Atualmente, representa a inglesa RSL Steeper, que desenvolveu a mão Bebionic, bastante resistente, com muitas funções e força. “As próteses biônicas são todas importadas, a montagem e a reabilitação são feitas aqui em nossa clínica, mas é inviável a fabricação desse


tecnologia tipo de componente, pois não existem incentivos por parte do governo para exploração dessa tecnologia”, explica Anderson Tuzino Nolé, fisioterapeuta e técnico ortoprotésico, especializado em mãos mioelétricas e biônicas, filho do fundador da empresa, Nelson Nolé (na prótese mioelétrica o único movimento da mão é o de pinça fina e na mão biônica são movimentados todos os dedos, independentes. Através de contrações musculares é possível alterar os tipos de pinça). Com nylon extra resistente, alumínio, titânio e fibra de carbono, as próteses apesar de caras, estão caindo de preço, segundo Nolé: “As primeiras próteses biônicas para amputações abaixo do cotovelo saiam em torno de R$ 195 mil, mas hoje em dia, com tecnologia nova e mais moderna, sai em torno de R$ 110 mil”, afirma. “A cada dia que passa, novas tecnologias entram no mercado, se tornando mais acessíveis e atendendo um maior número de pessoas. O que custa caro nessas próteses não são os materiais empregados, mas sim o desenvolvimento e estudo para chegar nesse produto”, conclui.

Novidade alemã

A Otto Bock do Brasil fica em Campinas/SP e é um dos mais de 30 representantes da marca espalhados pelo mundo, sendo que a empresa exporta para 140 países. No Brasil há 36 anos, trabalha há mais de 10 com mão mioelétrica. No final de setembro lançou o modelo Michelangelo que, de acordo com Ricardo Wagner de Oliveira, gerente de Desenvolvimento de Negócios Brasil, “é uma mão revolucionária”, reproduzindo as principais funções da mão biológica, como o agarre com a mão fechada, apreensão como pinça e o agarre com o dedão como opositor, “além da exclusiva função plana que permite segurar um prato por baixo”. Estará à venda em 2012. Com ela, Oliveira diz que é possível desenvolver atividades que exigem habilidade de coordenação motora fina, como escrever. Ele alerta que nem

todos os amputados conseguem resultados satisfatórios porque há pacientes que não possuem um bom sinal mioelétrico (carga elétrica transmitida pelos nervos e que provoca a contração dos músculos). Em caso positivo, entre os inúmeros benefícios, o gerente lembra da melhora do equilíbrio postural, além de recuperar a autoestima, fundamental para a reabilitação.

Bom resultado

Jordão Moreira Pereira é técnico de Segurança do Trabalho em Caxias do Sul/RS e apresentou sua prótese no Fantástico. Perdeu a mão em um acidente de trabalho, há três anos e meio, e a empresa pagou pela mão biônica, que usa há cinco meses. Ele diz que ainda está se adaptando, mas que já consegue fazer quase tudo com ela: “posso cortar o bife, segurar o copo para tomar água, trocar de roupa, movo os dedos e muito mais”, ele garante. “Aconselho que todos que possam usem, melhora muito a vida”, afirma.

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tecnologia

nota

Próteses Mioelétricas de última geração * Luiz Antonio de Arruda Botelho

A avaliação e prescrição dessas próteses devem ser feitas por toda a equipe de reabilitação, incluindo o médico fisiatra, o terapeuta ocupacional, o fisioterapeuta e o técnico ortopédico. É necessário esclarecer ao paciente sobre as características do processo de protetização e as reais possibilidades de recuperação funcional e estática. No início, as próteses do membro superior eram apenas estéticas ou permitiam a recuperação de alguns movimentos das articulações do ombro e do cotovelo. Depois surgiram próteses Mioelétricas (nas quais o sinal de contração voluntária de um músculo do paciente é captado na pele através de eletrodos de superfície, para comandar motores). Inicialmente, os motores acionavam pinças, mas sem controle preciso da força de apreensão dos objetos, podendo até danificar os de material pouco resistente. A seguir, a tecnologia permitiu controlar a intensidade da pressão dessas pinças, permitindo ao usuário segurar objetos mais delicados. Os motores ainda eram muito grandes e todos os dedos flexionavam e estendiam juntos, fazendo a mão abrir e fechar sem individualizar o movimento dos dedos. As próteses Mioelétricas de última geração já oferecem a possibilidade de comandar os dedos individualmente. Apesar do grande avanço tecnológico dessas observado durante as duas últimas décadas, a reabilitação do amputado de membro superior continua sendo uma tarefa extremamente complexa, já que o sucesso do tratamento não depende somente de questões “técnicas”. Além de ser um mecanismo funcional, a mão humana também é um elemento proprioceptivo e de expressão corporal. A reação e o comportamento de um paciente, após a perda parcial ou total do membro superior, são influenciados por inúmeros fatores, tais como: idade, condição física, grau de instrução, atividade profissional, situação econômica, ambiente familiar, interesses pessoais, estado psicológico etc. Esses aspectos influenciam direta ou indiretamente a aceitação de uma nova prótese e, principalmente, do exaustivo programa de treinamento, independentemente da complexidade do aparelho ortopédico a ser utilizado. Portanto, a prescrição ideal não depende apenas do conhecimento do que há de mais moderno no mercado, mas principalmente, do resultado da avaliação física (nível da amputação, estado da cicatriz, aderência da pele, cobertura cutânea, sensibilidade, existência de dor fantasma etc) e psicológica do paciente. Isso não só proporcionará a “melhor prótese” para um determinado paciente (reduzindo o índice de rejeição de próteses de membro superior, ainda bastante alto em todo mundo), como também garantirá a aplicação dos recursos financeiros disponíveis da forma mais eficaz e justa possível. Entretanto, é maravilhoso assistir a essa evolução tecnológica, que vem sempre trazendo maiores chances de adaptação funcional para os amputados. Luiz Antonio de Arruda Botelho é médico fisiatra, titular da Sociedade Brasileira de Medicina Física e Reabilitação (SBMRF); membro da Academia Brasileira de Medicina de Reabilitação; diretor médico da Fundação Selma; fundador do Setor de Bloqueios Neuromusculares Químicos da UNIFESP/LESF, com especialização em Eletromiografia-Biofeedback e Cicloergometria com estimulação elétrica computadorizada na Universidade de Miami - EUA.

Livro traz história dos acidentes de trabalho no Brasil

O Para comemorar seus 48 anos, o Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e Região lançou o livro “Uma história sem heróis – Registros da luta por saúde e segurança dos trabalhadores”, em que resgata um período de três décadas, permitindo uma visão panorâmica do descaso que leva à morte e à mutilação de milhares de trabalhadores a cada ano no país. A publicação traz imagens, textos, artigos de jornais, fotos e ilustrações de cartunistas como Glauco e Laerte. A reunião do material foi possível porque o Sindicato guardou a documentação proveniente de acidentes e doenças ocupacionais e também do acompanhamento prestado pela diretoria às vítimas. A organização é do vice-presidente da entidade, Carlos Aparício Clemente, coordenador também do Espaço da Cidadania, que junto ao diretor do Sindicato e presidente do Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes de Trabalho (Diesat), Gilberto Almazan, idealizou a obra. A redação é da jornalista Cristiane Reimberg. O livro está disponível gratuitamente no site www.sindmetal.org.br e quem quiser receber uma cópia em PDF pode solicitar pelo e-mail ecidadania@ecidadania.org.br.



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surdocegueira

XV Conferência Internacional sobre Surdocegueira De 27 de setembro a 01 de outubro último, aconteceu na capital paulista o maior encontro sobre surdocegueira do mundo...

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correndo a cada 4 anos em um país diferente, desta vez a sede foi o Brasil. Organizado e realizado pela parceria entre Grupo Brasil de Apoio ao Surdocego e ADEFAV, e a DBI – Deaf Blind International (órgão mundial de promoção de serviços para a surdocegueira, reunindo profissionais de todo as partes do planeta), o evento teve ainda a fundamental e efetiva participação do Governo de São Paulo, através da Secretaria Estadual e Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência, e do Governo Federal, com o Ministério da Educação, entre outros apoiadores. Iniciando suas atividades por volta dos anos 60, a DBI já conta com mais de 40 anos de trabalho voltado às pessoas com surdocegueira no mundo. A rede da DBI é formada hoje por profissionais espalhados por diversos países. Ela nasceu, a princípio, como uma entidade de educadores de surdocegos, que cuidavam de crianças que nasciam com surdocegueira devido à Rubéola. Naquele tempo, havia muita dúvida sobre qual metodologia aplicar com essas crianças. “Nas últimas décadas, esses profissionais se reuniram para discutir o tratamento para essa deficiência tão específica”, comenta Gillian Morbey, presidente da DBI, presente ao evento em São Paulo/SP. Hoje são 34 países com membros na DBI. As organizações espalhadas pelo mundo se organizam e participam da DBI. No Brasil, por exemplo, o representante junto ao órgão é o Grupo Brasil. A presidente conta que a entidade não tem sede, cada membro em seu país cuida de suas crianças e seus atendidos. “Seus membros – voluntários - estão espalhados pelo mundo, por exemplo, a presidente fica em Londres, temos vice-presidentes em Nova York, a outra no Canadá, a secretaria na Austrália... somos mesmo internacionais. Nos comunicamos basicamente por e-mails”, conta Gillian. O Brasil tem a maior rede de profissionais de surdocegueira da América Latina, onde existe um trabalho muito bom sendo realizado pelas entidades, segundo a presidente da DBI. “Tenho viajado pelo mundo conhecendo trabalhos e estratégias sobre surdocegueira, mas no Brasil o que fica evidente é o compromisso dos pais e profissionais em torno das pessoas surdocegas. Existe um vínculo. As entidades e o governo realizam um trabalho muito profissional. A população surdocega no Brasil e na América Latina é muito grande e ainda há muito para fazer”, afirma a presidente da DBI, ressaltando o apoio que teve do governo brasileiro para a rea-

lização da XV Conferência em São Paulo/SP, que recebeu 330 delegados de 35 países diferentes. O Gillian Morbey, presidente da DBI, com evento con- Ximena Serpa, representante da Colômbia tou com a participação de espanhóis, indianos, canadenses, holandeses, americanos, noruegueses, russos, croatas, suecos, australianos, africanos, neozelandeses, japoneses, entre outros. Além é claro, de representantes de todos os países latino-americanos. Apesar da dificuldade por conta da grande variedade de línguas e do fato da maioria dos participantes serem surdocegos, vários sistemas de comunicação foram utilizados ao mesmo tempo, e tudo correu perfeitamente bem, fazendo do evento no Brasil um grande sucesso ! Muitas experiências foram trocadas, muita tecnologia apresentada, profissionais ministraram palestras, seminários, discussões e apresentaram programas aplicados em surdocegos com sucesso em todo o mundo. O balanço foi muito positivo. “Foi um evento maravilhoso desde a abertura, com o ballet de pessoas cegas... O nível da conferência e das apresentações foi muito profissional”, encerra Gillian Morbey. A Revista Reação, presente, parabeniza os organizadores pelo brilhante evento!


parte integrante da revista nacional de reabilitação - REAÇÃO - ED. Nº 81

&

CADERNO TÉCNICO CIENTÍFICO

Nº 80 JUL/AGO 2011

VOLUME

SÍNDROME DE APERT Página 5

O PÉ DIABÉTICO Página 4

ESPINHA BÍFIDA E MIELOMENINGOCELE Páginas 2 e 3

VISÃO SUBNORMAL E SUAS CAUSAS Página 6 e 7

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CADERNO TÉCNICO & CIENTÍFICO

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ESPINHA BÍFIDA E MIELOMENINGOCELE ESPINHA BÍFIDA - É uma malformação congênita do Sistema Nervoso Central que se desenvolve no primeiro mês de gestação. Na espinha bífida existe um defeito de fechamento das estruturas que formarão o dorso do embrião e que poderá afetar não somente as vértebras, mas também a medula espinhal, meninges e até mesmo o encéfalo. Esses defeitos são geralmente denominados defeitos do tubo neural. O tubo neural é o início do sistema nervoso do embrião. As formas mais comuns de espinha bífida são a Espinha Bífida Cística e a Espinha Bífida Oculta. Na Espinha Bífida Cística o defeito de fusão das vértebras afeta também o Sistema Nervoso e suas membranas protetoras, chamadas meninges. A malformação se estende à pele que se encontra distendida formando um cisto que contem líquido céfalo-raquidiano (LCR) em seu interior. Os tipos mais comuns são a Mielomeningocele e a Meningocele. Na mielomeningocele, o sistema nervoso está exposto. A porção exposta é chamada de placa neural ou placódio e representa a porção do tubo neural que não se fechou durante o desenvolvimento do embrião. Geralmente existe comprometimento da função neurológica abaixo do nível da lesão, pois a placa neural é muito sensível aos efeitos do líquido amniótico.A meningocele é recoberta por pele íntegra e dentro do cisto não existe tecido nervoso malformado. As raízes nervosas são normais e encontram-se livres no interior do saco. Na Espinha Bífida Oculta, também denominada disrafismo espinhal oculto não há a formação de cistos e a malformação vertebral costuma ser recoberta por pele normal. Freqüentemente existe algum tipo de anomalia na pele que indica a existência da malformação e que são

chamados de estigmas cutâneos Estes podem ser bolas de gordura, pequenas cavidades ou buracos na pele, pequenas veias anormais, tufos de cabelos, etc. As formas mais comuns são os Lipomas ou Lipomeningoceles. As causas que levam à formação da espinha bífida em geral, e da mielomeningocele em particular, ainda não estão totalmente esclarecidas. Na sua origem coexistem fatores genéticos e fatores ligados ao ambiente. O grau de influência de cada um ainda não foi bem estabelecido, mas é sabido que a mielomeningocele com maior freqüência em grupos sociais menos favorecidos e com carência alimentar. Sabe-se também que a exposição materna a determinados medicamentos como a carbamazepina e o ácido valpróico pode induzir a formação do defeito. Sabe-se também que o ácido fólico, uma vitamina do Complexo B, exerce um efeito protetor sobre o sistema nervoso em formação, reduzindo significativamente a incidência de defeitos do tubo neural quando administrado a mulheres em idade fértil antes da concepção.

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico da espinha bífida cística pode ser feito por ultra-sonografia. De uma maneira geral, o defeito pode ser ientificado a partir da 17a semana de gestação. A presença de hidrocefalia também pode ser detectada por este método. Outros métodos diagnósticos consistem na dosagem, no sangue e no líquido amniótico, marcadores como a alfa-fetopreoteína a acetilcolinesterase. Em portadores de meningoceles e de lipomeningoceles, a ultra-sonografia mostra a lesão, mas a dosagem dos marcadores costuma ser negativa. MIELOMENINGOCELE é a forma mais comum de espinha bífida cística e também a mais grave. Além das anomalias espinhais, a porção malformada da medula espinhal se exterioriza pelo defeito e fica exposta ao ambiente. A mielomeningocele é geralmente revestida por um cisto desprovido de pele íntegra, que contem

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líquido céfalo-raquidiano (LCR) em seu interior. Nestes casos, pode haver contaminação do sistema nervoso por bactérias, daí a necessidade de correção cirúrgica. Mais de 80% dos portadores de mielomeningocele têm hidrocefalia associada.  A hidrocefalia deve-se ao acúmulo excessivo de líquido céfalo-raquidiano dentro do encéfalo e, nos casos de mielomeningocele, deve-se à obstrução os fluxo deste líquido em alguns locais do sistema nervoso. Esta obstrução é geralmente provocada por outra anomalia que se associa à mielomeningocele e que é denominada malformação de Arnold-Chiari ou Malformação de Chiari do Tipo II. Nesta malformação, as estruturas que normalmente estariam contidas na porção mais inferior do crânio, encontram-se parcialmente acomodadas dentro da coluna cervical e podem interferir com a circulação do LCR.A malformação de Chiari pode, mais raramente, ser responsável por outros problemas em recém-nascidos, lactentes e crianças mais velhas. Portadores de mielomeningocele podem se apresentar com alterações neurológicas que dependem do nível em que a lesão está localizada. De uma maneira geral, quanto mais baixa a localização da lesão, menor o grau de comprometimento neurológico, pois menor será o número de raízes nervosas acometidas. Assim sendo, pacientes com lesões localizadas na porção mais inferior da coluna vertebral poderão ter movimentos preservados, mas ainda assim terão dificuldade para controlar a emissão de urina (bexiga neurogênica) e de fezes. Por sua vez, as lesões localizadas na porção média da coluna vertebral poderão provocar paralisia completa das pernas. Os portadores de mielomeningocele freqüentemente exibem alterações ortopédicas como pé torto e luxação do quadril. Além dessas, outras malformações da coluna vertebral, medula espinhal, encéfalo e nervos periféricos podem estar presentes, o que faz com que a mielomeningocele seja a mais complexa de todas as malformações congênitas compatível com sobrevida prolongada.

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MEDICINA DE REABILITAÇÃO - VOLUME 70 PREVENÇÃO

Há mais de 10 anos sabe-se que ingestão de uma vitamina chamada ácido fólico protege o bebê contra o aparecimento da espinha bífida.O ácido fólico deve ser ingerido por todas as mulheres em idade fértil. É sabido que uma dose diária de 0,4 mg desta substância é capaz de reduzir acentuadamente a incidência de mielomeningocele e de outros defeitos do tubo neural. Alguns países além de recomendar a suplementação dietética determinaram o enriquecimento de determinados alimentos com ácido fólico. Atualmente a SBNPed empenha-se em propor medidas semelhantes às autoridades sanitárias brasileiras.

TRATAMENTO

O tratamento da mielomeningocele começa pela correção do defeito no dorso. O

são tratadas por ortopedistas e muitas vezes é necessário o uso de aparelhos especializados ou cirurgias corretoras. O acompanhamento por neurologistas e por psicólogos é também muito importante, pois portadores de mielomeningocele muitas vezes têm problemas de desenvolvimento e de adaptação social. O auxílio de fonoaudiólogos e assistentes sociais é indispensável. Desta maneira, a tendência hoje é a de criar centros de atendimento multidisciplinar a portadores de espinha bífida, evitando que estes sejam obrigados a se deslocar exageradamente em busca dos cuidados básicos necessários. É importante que o trabalho de reabilitação seja iniciado precocemente. A fisioterapia pode prevenir deformidades ortopédicas provocadas por posicionamento anormal dos membros inferiores, além de estimular precocemente o sistema nervoso das crianças.

COMPLICAÇÕES

objetivo é restabelecer as barreiras naturais que isolam o tecido nervoso do meio externo e a operação deve ser realizada o mais precocemente possível, para reduzir ao máximo a incidência de infecções. O aumento exagerado do crânio indica a presença de hidrocefalia, para a qual o tratamento cirúrgico é a colocação de uma drenagem (válvula) que envia o excesso de líquido céfalo-raquidiano para o interior do abdome ou do coração.  O tratamento da mielomeningocele envolve diversos outros especialistas além do neurocirurgião e do pediatra. Devido aos problemas causados pela bexiga neurogênica, é fundamental a participação de urologistas. Com freqüência, a urina deverá ser retirada de dentro da bexiga com o auxílio de sondas (cateterismo intermitente limpo), o que pode ser realizado pela própria família ou pelo próprio paciente, inicialmente com a supervisão de enfermeiras. As deformidades dos membros inferiores (luxação do quadril, pé torto)

Portadores de mielomeningocele podem apresentar piora neurológica por diversas causas, ao logo de sua vida. O aumento no tamanho da cabeça (em lactentes), a ocorrência de dores de cabeça, vômitos, sonolência ou perda de habilidades já adquiridas sugerem funcionamento defeituoso da válvula e piora da hidrocefalia. Febre, irritabilidade e vermelhidão sobre o trajeto da válvula geralmente indicam infecção na mesma. Nos dois casos é necessário procurar seu médico, pois uma cirurgia pode ser necessária. A chamada malformação de Arnold-Chiari pode provocar o aparecimento de sintomas que necessitem de tratamento cirúrgico. No primeiro ano de vida, as manifestações mais comuns são a dificuldade para engolir alimentos, chiado (estridor), e perda da respiração (apnéia) durante as quais a criança pode ou não ficar arroxeada. Crianças mais velhas geralmente se queixam de dores na nuca, falta de coordenação e fraqueza nos braços. O entupimento da válvula pode ser responsável pelo quadro. Em algumas situações uma cirurgia pode ser necessária. A piora na marcha, o aparecimento de paralisias, dores na coluna, mudança no tipo de bexiga neurogênica, piora da escoliose e demais deformidades ortopédicas podem se relacionar à medula presa. Nesta situação a parte final da medula fica presa à cicatriz

cirúrgica, estirando-se cada vez mais à medida que a criança cresce e provocando o aparecimento de novos sinais e sintomas. Nestes casos, uma cirurgia também pode ser necessária. Portadores de mielomeningocele são especialmente propensos a alergia ao látex, que é o principal componente da borracha. Assim sendo, o contato com luvas de borracha, bolas de soprar, elásticos, etc. podem levar ao aparecimento de alergias em mais da metade das crianças. Os sintomas variam desde simples corizas até formas mais graves como bronquites e dificuldade respiratória, passando por coceiras e urticárias.Sempre que possível, e principalmente em casos de manifestações alérgicas anteriores, esses produtos deverão ser evitados e substituídos por outros de material inerte.

O FUTURO DOS PORTADORES DE MIELOMENINGOCELE

Portadores de espinha bífida cística irão requerer atenções especiais ao logo de toda a sua vida. Hoje em dia, os cuidados dispensados aos problemas urinários reduziram acentuadamente o número de complicações. Da mesma forma, os cuidados ortopédicos e fisioterápicos permitiram que um grande número de crianças pudesse andar com o auxílio de aparelhos ortopédicos.De modo a facilitar a deambulação, é importante evitar que as crianças se tornem obesas. Embora algumas sejam intelectualmente comprometidas, o desenvolvimento dos portadores de mielomeningocele não é significativamente diferente do restante da população. Algumas crianças apresentam dificuldades de aprendizado em áreas específicas que, em grande número, podem ser contornadas. Uma vez que um número cada vez maior desses pacientes alcança a adolescência e a idade adulta, os problemas relacionados à sexualidade e à constituição de famílias tornaram-se importantes e devem ser discutidos em profundidade. Dentre os vários desafios que se apresentam, um dos mais importantes é a inclusão desses indivíduos em nossa sociedade, iniciando-se pelo livre acesso à educação e continuando-se pela sua inserção no mercado de trabalho. Fonte: SBNPed

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CADERNO TÉCNICO & CIENTÍFICO

O PÉ DIABÉTICO A diabetes afeta aproximadamente 18 milhões de latino-americanos e deve aumentar em 65% nos próximos 20 anos. A diabetes é classificada em dois tipos diferentes: Tipo 1 e Tipo 2. O tipo 1 é geralmente associado a diabetes juvenil ou insulino-dependente e muitas vezes hereditária. O tipo 2, referido como diabetes Mellitus, é caracterizado por elevados níveis de açúcar no sangue. A diabetes Mellitus é geralmente encontrada em pessoas que estão acima do peso ou que não têm uma dieta controlada. Alguns problemas resultantes da diabetes: danos no sistema vascular, afetando áreas do corpo como os olhos, rins, pernas e pés. Pessoas com diabetes devem prestar atenção especial a seus pés.

NEUROPATIA

25% dos diabéticos desenvolverão problemas resultantes da doença. De 5 a 10% dos pacientes diabéticos são portadores de úlceras nos membros inferiores. Complicações no pé diabético se desenvolvem a partir de uma combinação de causas, por exemplo, má circulação e neuropatia. Neuropatia diabética pode causar insensibilidade ou perda da capacidade de sentir dor, calor e frio. Os diabéticos que sofrem de neuropatia podem sofrer pequenos cortes, arranhões, bolhas ou úlceras e nem percebê-los devido à insensibilidade nos pés. Se estas lesões não são tratadas, podem complicar-se e levar a ulcerações e até mesmo a amputação. A neuropatia pode causar deformidades, como joanetes, dedos em martelo, e neuro-osteoartropatia (Pé de Charcot). É importante que diabéticos tomem as precauções necessárias para evitar lesões relacionadas ao pé. Devido às consequências da neuropatia, a observação diária dos pés é fundamental. Quando um paciente diabético toma as medidas preventivas necessárias, há redução dos riscos de lesões graves no pé.

MÁ CIRCULAÇÃO

TRATAMENTO E PREVENÇÃO Calçados e palmilhas desempenham um papel importante na saúde do pé diabético.

PALMILHAS ORTOPÉDICAS

Personalizadas feitas com material macio são recomendadas para proteger o pé insensível do diabético. A palmilha personalizada garante o conforto e a proteção necessários para a saúde do pé diabético. Calçados e palmilhas devem também fornecer os seguintes benefícios de proteção: • Ponta do sapato alta e larga (altura e largura suficientes para os dedos). • Palmilhas removíveis nos sapatos, para ter a opção de inserir uma palmilha personalizada, se necessário.

Cuidados co o pé para Diabéticos:

Cuidado com os pés é especialmente importante para os diabéticos, pois eles são propensos a problemas como: • Perda de sensibilidade nos pés. • Mudanças no formato dos pés. • Úlceras ou feridas no pé que não cicatrizam.

Diabetes pode levar a doença vascular periférica, inibindo a circulação sanguínea de um indivíduo. Neste caso, há um estreitamento das artérias resultando na circulação sanguínea reduzida nos membros inferiores. A má circulação contribui para os problemas do pé diabético, porque reduz a quantidade de oxigênio e nutrientes na pele e em outros tecidos, dificultando a cicatrização das lesões. A má circulação também pode levar ao inchaço e ressecamento dos pés. Prevenir tais problemas é mais crítico para o paciente diabético, pois a má circulação dificulta o processo de cicatrização, podendo provocar úlceras, infecções e outros problemas graves no pé.

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MEDICINA DE REABILITAÇÃO - VOLUME 70

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SÍNDROME DE APERT moles do primeiro, médio e dedo anular e ,freqüentemente, existe fusão de seus ossos. O polegar pode estar em fusão dentro da mão ou pode estar livre. Existem 3 tipos de configurações de mãos associadas com a Síndrome deApert: Classe I - envolve fusão dos dedos 2, 3 e 4 estando os dedos 1 e 5 separados; Classe II - envolve fusão dos dedos 2, 3, 4 e 5 com o dedo 1 separado; Classe III - envolve completa fusão de todos os dedos.

A Síndrome de Apert é uma deformação genética e faz parte das quase 6.000 síndromes genéticas conhecidas. Pode ser herdada de um dos pais ou pode ser uma mutação nova. Ocorre em aproximadamente 1 para 160.000 a 200.000 nascidos vivos. Sua causa se encontra em uma mutação durante o período de gestação, nos fatores de crescimento dos fibroblastos (FGFR2) que ocorre durante o processo de formação dos gametas. Se desconhecem as causas que produzem esta mutação. Ela é caracterizada por má formação específica do crânio, terço médio da face, mãos e pés, além de diversas alterações funcionais que variam muito de um indivíduo a outro. O crânio tem fusão prematura e é incapaz de desenvolver-se normalmente; o terço médio da face ( área da face que vai da órbita do olho até o maxilar superior ) parece retraída ou afundada; os dedos das mãos e dos pés têm fusão em variados graus. A Síndrome de Apert foi nomeada pelo físico francês que primeiro a descreveu, E. Apert, em 1906, e se classifica como uma anomalia craniofacial, denominada Acrocefalosindactilia Tipo I. Em uma criança sem alterações , o crânio é feito de diversas placas, as quais ficam soltas, ligadas umas às outras, desenvolvendo-se juntas, gradualmente para formar o crânio adulto. O crânio da criança com Síndrome de Apert, ao contrário, tem uma fusão prematura dessas placas, restringindo o crescimento do cérebro e causando aumento de pressão no cérebro. Isto é conhecido como craniocinostose. Uma cirurgia, realizada antes de 1 ano de vida, atenua a pressão, permitindo às placas estarem destacadas umas das outras. Durante esta cirurgia podem ser feitas algumas remodelagens cranianas para dar à criança uma aparência menos característica. A fusão dos dedos das mãos e dos pés, simultaneamente com os problemas craniofaciais, são o que realmente caracterizam a Síndrome de Apert e a distingue de outras síndromes similares. Esta condição de fusão é chamada sindactilia. Ela sempre envolve fusão de tecidos

A cirurgia é usada para separar os dedos e obter o mais alto grau de funcionalidade e pode ou não resultar em 5 dedos em cada mão. Isto varia de acordo com o grau de má formação. Os dedos dos pés são afetados de modo igual, mas a cirurgia só é recomendada em casos em que a habilidade de andar esteja prejudicada. O ideal é que o tratamento se inicie logo após o nascimento, através de um diagnóstico correto, identificando as necessidades individuais da criança. Uma aproximação multidisciplinar é adequada envolvendo geneticista, cirurgia buco-maxilo-facial, neurologia, fonoaudiologia, ortodontia, psicólogo, fisioterapia. A equipe é usada pelos médicos para determinar o melhor plano de correção das deficiências da criança.

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CADERNO TÉCNICO & CIENTÍFICO

VISÃO SUBNORMAL E SUAS CAUSAS Visão subnormal ou baixa visão é um comprometimento da função visual que impossibilita uma visão útil para os afazeres habituais, mesmo após tratamento e/ou correção dos erros refrativos comuns como uso de óculos, lentes de contato ou implante de lentes intra-oculares. Considera-se com visão subnormal a pessoa que apresenta 20% ou menos do que chamamos visão normal (AV 20/20) . Este problema pode ser acompanhado de uma alteração do campo visual, ou seja, a pessoa pode enxergar como se estivesse vendo por dentro de um tubo (ausência ou diminuição da visão periférica) ou com uma mancha escura na parte central da visão quando a pessoa tenta fixá-la em um objeto (ausência ou diminuição da visão central). A visão subnormal não deve ser confundida com a cegueira, pois o portador de visão subnormal tem uma visão útil e é capaz de ler tipos impressos ampliados com auxílios ópticos, que são aparelhos especiais que ampliam consideravelmente a visão. Segundo a Sociedade Brasileira de Visão Subnormal, 70 a 80% das crianças diagnosticadas como cegas possuem alguma visão útil. Em países em desenvolvimento a prevalência de cegueira infantil é de 1 a 1,5 para cada mil crianças. A prevalência de visão subnormal é três vezes maior (estimativa da Organização Mundial de Saúde - OMS). As causas mais comuns da visão subnormal em crianças são congênitas (presentes no nascimento) como nos casos de corioretinite macular por toxoplasmose, catarata congênita, glaucoma congênito, atrofia congênita de Leber e outras. A prematuridade também pode gerar deficiência visual e desencadear visão subnormal. A baixa visão também pode ser adquirida por doenças como diabetes, descolamento de retina, glaucoma, catarata, traumas oculares e degeneração sinil de mácula, ou seja, envelhecimento da retina (tecido sensível à luz no fundo do olho). Esta degeneração ocorre apenas em pacientes idosos. É importante salientar que, apesar de ser mais frequente em idosos, a visão subnormal pode acontecer em qualquer idade.

cialmente capaz de utilizar a visão para planejamento e execução de uma tarefa.

ESTIMATIVA DA OMS

· 70 a 80% das crianças diagnosticadas como cegas possuem alguma visão útil. · Prevalência de Cegueira Infantil em países em desenvolvimento: 1,0 a 1,5 / 1000. · Prevalência de Baixa visão é três vezes maior CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE DEFICIÊNCIAS, INABILIDADES E DESVANTAGENS DA OMS

O QUE É VISÃO SUBNORMAL ?

É considerada uma pessoa com Baixa Visão, aquela que possui um comprometimento de seu funcionamento visual, mesmo após tratamento e/ou correção de erros refracionais comuns e tem uma acuidade visual inferior a 20/60 (6/18, 0.3) até percepção de luz ou campo visual inferior a 10 graus do seu ponto de fixação mas que utiliza ou é poten-

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MEDICINA DE REABILITAÇÃO - VOLUME 70

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DISTÚRBIO

DEFICIÊNCIA

INABILIDADE

DESVANTAGEM

Mudanças Anatômicas

Mudanças na função do órgão

Perda de habilidades individuais

Consequências Sociais

Cicatriz corneana, cataAcuidade visual, camrata, retinopatia. po visual, visão de cores.

Habilidade de leitura, mobilidade, vida diária.

Necessidade extra de esforço, perda da independência, perda do emprego.

CATEGORIAS GERAIS DE HABILIDADE ACIMA DO NORMAL

HABILIDADE EXCEPCIONAL

NÃO REQUER AUXÍLIO

NORMAL

DESEMPENHO NORMAL

NÃO REQUER AUXÍLIO

PERDA LEVE

DESEMPENHO PRÓXIMO DO NORMAL

AUXÍLIO DE MELHORA

PERDA MODERADA

DESEMPENHO PRÓXIMO DO NORMAL

AUXÍLIO DE MELHORA

PERDA SEVERA

DESEMPENHO RESTRITO

AUXÍLIO DE MELHORA

PERDA PROFUNDA

DESEMPENHO RESTRITO

AUXÍLIO DE MELHORA

PERDA QUASE TOTAL

DESEMPENHO RESTRITO

AUXÍLIO DE SUBSTITUIÇÃO

CLASSES DE ACUIDADES VISUAL CLASSIFICAÇÃO ICD-9-CM (WHO/ICO) ACUIDADE VISUAL SNELLEN

CLASSIFICAÇÃO VISÃO NORMAL

20/12 a 20/25

ACUIDADE VISUAL DECIMAL 1,5 a 0,8

AUXÍLIOS BIFOCAIS COMUNS BIFOCAIS MAIS FORTES LUPAS DE BAIXO PODER

PRÓXIMA DO NORMAL

20/30 a 20/60

0,6 a 0,3

BAIXA VISÃO MODERADA

20/80 a 20/150

0,25 a 0,12

LENTES ESFEROPRISMÁTICOS LUPAS MAIS FORTES

BAIXA VISÃO SEVERA

20/200 a 20/400

0,10 a 0,05

LENTES ASFÉRICAS LUPAS DE MESA ALTO PODER

0,04 a 0,02

LUPA MONTADA TELESCÓPIO MAGNIFICAÇÃO VÍDEO BENGALA / TREINAMENTO O-M

BAIXA VISÃO PROFUNDA

20/500 a 20/1000

PRÓXIMO À CEGUEIRA

20/1200 a 20/2500

0,015 a 0,008

MAGNIFICAÇÃO VÍDEO LIVROS FALADOS, BRAILLE APARELHOS SAÍDA DE VOZ BENGALA / TREINAMENTO O-M

CEGUEIRA TOTAL

SPL

SPL

APARELHOS SAÍDA DE VOZ BENGALA / TREINAMENTO 0-M

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redes sociais

por Vera Garcia

O poder das Redes Sociais

A

internet passou a ser a maior aliada das pessoas com deficiência. Cada vez mais essa temática ganha visibilidade e espaço no mundo virtual, fazendo com que a sociedade, gradualmente, abra os olhos para essa questão. Redes Sociais, como Twitter e Facebook, disseminam, diariamente, informações com muita rapidez jamais proporcionada por nenhum meio de comunicação e numa escala global surpreendente. As Redes Sociais nasceram para integrar membros com interesses e ideologias conectados pela relevância de um determinado assunto, e também para proporcionar integração e interatividade através de comunicação e compartilhamento de conteúdo. O presidente dos EUA, Barack Obama, é um grande exemplo de pessoa que soube aproveitar inteligentemente a capacidade informativa das Redes Sociais em sua campanha política. Obama conseguiu mudar a forma como as mídias sociais são vistas em todo o mundo. Entretanto, ele e sua equipe não construíram a campanha sozinhos, as pessoas que faziam parte de sua Rede Social o ajudaram na propagação de informações. A campanha foi bem sucedida, pelo fato de Obama e sua equipe, sabiamente, terem utilizado as Redes como uma das formas mais viáveis de atingir as massas, através de um marketing viral. Quando criei meu blog, queria de alguma forma ajudar na facilitação da democratização de informações sobre deficiência. E as Redes Sociais são minhas aliadas na divulgação das postagens. São grandes ferramentas que servem não só para difundir o conteúdo blog, como servem na troca de informações e também, para atrair novos leitores. Todavia é preciso categorizar e filtrar as informações para que estas sejam relevantes e de qualidade para atingir o público alvo. Podemos tirar muitos proveitos das Redes Sociais, a fim de sensibilizar e conscientizar as pessoas para a questão da deficiência, mas esse será um assunto para o próximo artigo. Até breve... Vera Garcia é pedagoga, formada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas e pós-graduada em Gestão Educacional pelo Centro Universitário Claretiano. Foi professora do ensino básico durante quatorze anos e vice-diretora educacional por seis, ambos da Rede Pública de Ensino. Atualmente atua como blogueira no blog Deficiente Ciente (www.deficienteciente.com.br) e é modelo da Agência Kica de Castro Fotografias. Sofreu um acidente aos 11 anos de idade o que a tornou amputada do membro superior direito. E-mail: deficienteciente@yahoo.com.br

nota “Amizade Colorida” A Sony Pictures, em parceria com o Unibanco Arteplex, realiza sessão com audiodescrição do filme “Amizade Colorida” no dia 15 de outubro, em São Paulo/SP. O filme conta a história de uma caça-talentos e um jovem talentoso, que começam a trabalhar juntos e acabam se tornando ótimos amigos. Quando o relacionamento avança e começa a ficar mais íntimo, as coisas se complicam. Eles tentam amenizar a situação impondo uma regra: tudo não passa de atração física e qualquer emoção deverá ser deixada de lado. Vale conferir. Está sujeito a lotação da sala.


RENAULT


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veículos e adaptações

Até que enfim !!! Agora é um direito garantido: PcD pode ter carteira de motorista profissional...

A

que garantem a igualdade de tratamento e exercício pleno de direitos individuais e sociais a essas pessoas, incluindo o direito ao trabalho. O CONTRAN ficou proibido de restaurar, em qualquer hipótese, a Resolução 51/98 que proibia “atividade remunerada ao condutor de veículos adaptados”. Segundo a sentença de Santos, o item é ilegal e deve ser extirpado, definitivamente, do ordenamento jurídico brasileiro. Agora, o direito de exercer a atividade remunerada na condução de veículos é igual para todos, respeitado o mesmo processo de emissão e renovação da CNH profissional pelo qual uma pessoa sem deficiência tem que passar.

Ministério Público

O órgão entrou com uma Ação Civil Pública, com pedido de liminar, que foi concedida parcialmente em 2007, tanto que o Contran publicou a resolução 267/08. “O Ministério Público Federal, por meio da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão, tem atuado de forma sistemática na defesa de direitos humanos, em especial nos casos em que considera que estão ocorrendo discriminações violadoras de tais direitos, como é o caso das restrições que eram impostas pelo Contran”, explicou o procurador Jefferson Aparecido Dias. Segundo ele, as avaliações físicas e mentais são exigidas de todas as pessoas

Jefferson A. Ferreira/ASCOM SP

novela jurídica chegou ao fim: no último mês de julho, o juiz federal Danilo Almasi Vieira dos Santos, da 10ª Vara Cível de São Paulo, proferiu sentença que liberou as pessoas com deficiência física para que obtenham habilitação e possam dirigir veículos destinados a transporte de carga, de passageiros e veículos conjugados - caminhões, vans, micro-ônibus, ônibus, carretas e trailers, por exemplo. Santos julgou ação movida pelo Ministério Público Federal e determinou ao Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) que mantenha a Resolução nº267/08, que revoga expressamente as Resoluções nº51/98 e 80/98. Elas impediam a habilitação de pessoas com deficiência para as categorias profissionais (“C”, “D” e “E”). A REVISTA REAÇÃO, na edição nº 78, contou a luta travada pela liberação do trabalho profissional para PcD, mas constatou que, apesar da legislação favorável, era dificílimo encontrar alguém trabalhando. Agora, com a nova sentença, espera-se que a situação mude. A decisão proíbe o CONTRAN de fazer qualquer restrição às pessoas com deficiência em relação a atividades remuneradas na direção de veículo automotor. O juiz evocou princípios constitucionais


veículos e adaptações que pretendem obter uma carteira de habilitação e/ou trabalhar profissionalmente e não apenas daquelas que necessitam de veículos adaptados. No seu entender, tais avaliações não podem ser previamente impeditivas da obtenção das habilitações. “Antes as pessoas com deficiência eram previamente eliminadas, não tendo sequer a possibilidade de serem submetidas a tais avaliações. O que se espera, agora, é que elas sejam feitas de forma correta e permitam que elas consigam sua habilitação nas categorias profissionais para conduzir veículos adaptados. Com isso, será possível garantir, por um lado, um trânsito seguro e, por outro, a igualdade das pessoas”, afirma Dias. Ele afirma ainda que, caso alguma pessoa com deficiência seja discriminada durante as avaliações, ela poderá apresentar o caso ao Ministério Público, para que sejam adotadas as medidas cabíveis. Para ele, a edição de uma lei e/ou a obtenção de uma sentença favorável não podem ser tidas com um ponto de chegada, pois na verdade, são apenas pontos de partida para novas lutas por direitos humanos. “Espero que a obtenção dessa sentença seja um incentivo para que as PcD continuem a lutar por seus direitos e consigam desenvolver suas potencialidades, capacitando-se para atuar no mercado de trabalho. A garantia de direi-

tos humanos é um processo e não pode ser conseguida da noite para o dia, mas a obtenção da sentença é uma grande conquista e um importante incentivo para novas lutas contra as discriminações que ainda existem. Além disso, também será necessário exigir o cumprimento da legislação que obriga as empresas a contratarem pessoas com deficiência”, explica o procurador. Só para lembrar, na mesma edição Nº 78 desta revista, estava a história de Hermes Oliveira, motorista de carreta que ficou paraplégico devido a um acidente. Ele é corredor de Parakart patrocinado pela REVISTA REAÇÃO e dizia que sua luta era conseguir ser motorista de táxi. Até agora ele não obteve o alvará. Conheça a história dele em http://hermespiloto.blogspot.com/

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teste drive

Citroën C3 Picasso e Air Cross Automáticos: praticidade e eficiência em dose dupla !!!

Em parceria com a fábrica da Citroën, testamos novamente o Air Cross, agora com câmbio automático, e também o mais recente lançamento da montadora francesa, o C3 Picasso, também automático...

V

isualmente os dois modelos são bem parecidos... Só que no estilo, cada um carrega a sua característica bem definida nos detalhes do design. Um é esportivo, o outro, bem família. O que os dois tem em comum, além da beleza e do requinte, é a praticidade e a eficiência para atender as necessidades das pessoas com deficiência e de seus familiares em seu dia-a-dia, desde espaço interno até o conforto para os condutores com deficiência. Enfim, vale à pena conhecer e saber mais dos detalhes de cada um deles.

AIR CROSS - AUTOMÁTICO

Apesar da REVISTA REAÇÃO já ter, há poucos meses, realizado o teste com este modelo em sua edição Nº 79 – março/abril deste ano, aceitamos a solicitação da fábrica, e também buscando atender à curiosidade de nossos leitores, recebemos um modelo do Air Cross Automático em nossa redação e realizamos outro teste, para mostrar novamente o que esse “queridinho” da Citroën e dos consumidores, tem a oferecer para PcD. Como já dissemos

na edição de março/abril, este monovolume tem estilo aventureiro, e mistura a robustez dos traços ao charme do seu estilo e design. Tem linhas delicadas e acessórios que o deixam parrudo. É alto, o que o faz também cair nas graças de grande parte das pessoas com deficiência condutoras. Bonito por dentro e por fora. E agora, com o “plus” do câmbio automático, ficou ainda melhor. Com motor 1.6 Flex de 16V, o desempenho no automático fica devendo um pouco nas retomadas e arrancadas, em relação ao modelo com câmbio manual. E o consumo de combustível também assusta um pouco, principalmente no álcool (etanol). Deve ser por conta da transmissão automática usada num carro com motor 1.6 e cheio de acessórios. Mas de qualquer maneira, esses detalhes não conseguem ofuscar em nada o brilho do Air Cross, que nas ruas da cidade, nas estradas ou fora delas, vem se destacando e conquistando rapidamente seu espaço, sendo hoje um dos modelos mais desejados dos consumidores, com ou sem deficiência. Gostoso de dirigir, confortável e seguro. Isso sem falar no charme do computador de bordo com tela no centro do painel, bem visível e funcional. Assim é o Air Cross...



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teste drive Acessibilidade, transferência, espaço interno e porta-malas

Quando dissemos na edição 79, que este modelo não era assim tão recomendado aos cadeirantes, em função da difícil aproximação da cadeira na lateral do carro para a transferência, em decorrência da existência dos estribos laterais, fomos questionados por alguns usuários cadeirantes, que disseram que este acessório não os atrapalhava em nada. Por isso, fica aqui nossa retratação para este ponto. O espaço interno do modelo é muito bom. Tanto para motorista como para passageiros. E os acessos aos comandos do painel também. Nosso comentário e atenção, mais uma vez vai para a tampa do porta-malas, e sua dificuldade de abertura, principalmente para um cadeirante. Afinal, além de destravar no controle da chave, apertar o botão do porta-malas, puxar o estepe que fica externo num suporte, a tampa ainda abre para cima e fica fora do alcance do cadeirante na hora de fechar o porta-malas. Mais uma vez fica aqui a dica da “cordinha” que precisará ser adaptada na parte interna da tampa, para o usuário de cadeira de rodas poder puxar a tampa para fechar o porta-malas. De qualquer maneira, ele comporta e muito bem qualquer estilo de cadeira de rodas, sobrando também espaço para compras e malas. Confiram !

C3 PICASSO - AUTOMÁTICO

Estilo família... agradável, confortável e muito espaçoso !!! Com trocas de marchas suaves e agradáveis, o desempenho do C3 Picasso é bem parecido com o Air Cross. Aliás, os dois modelos são extremamente semelhantes em tudo. O modelo traz consigo, além do câmbio automático, uma gama de acessórios para o conforto dos usuários, como: retrovisores, travas e vidros elétricos, ar-condicionado, direção hidráulica e computador de bordo, além de faróis de neblina, rodas de liga leve, freios ABS com EBD e rádio CD player MP3 com comando no volante, enfim... completo. Alto, a visibilidade acaba sendo um de seus pontos fortes. Assim como a acessibilidade dos comandos do seu painel. So-

mente a alavanca do freio de mão fica numa posição não muito confortável ao condutor com deficiência. Ela é muito baixa. Tanto no C3 Picasso como no Air Cross também. O desempenho do carro é bom e assim como no Air Cross, o consumo de combustível é alto para o estilo do carro. O visual agradável, por dentro e por fora, conquista os consumidores. O espaço interno é fantástico, e mais uma vez, o destaque fica por conta da família. O C3 Picasso é o típico “carro de mãe”, e se essa mãe for PcD, ele se encaixa melhor ainda, pois tem espaço para tudo e todos dentro do carro, inclusive para cadeira de rodas, criançada, brinquedos, tralhas etc.

Transferência e porta-malas

A abertura das portas dianteiras é ampla e a altura do banco do motorista facilita a transferência da cadeira para o carro e do carro para a cadeira. O que falta mesmo é uma alça de apoio na parte interna superior, na porta do motorista. Isso ajudaria e muito um cadeirante entrar e sair do C3 Picasso. O porta-malas é muito bom e ideal para quem precisa de espaço para compras, malas e principalmente, para acomodar facilmente sua cadeira de rodas. E ele ainda oferece o sistema de rebatimento dos bancos traseiros, deixando ainda maior o espaço caso haja necessidade de transporte de mais bagagens ou uma cadeira de banho, por exemplo. A tampa, assim como do Air Cross, abre para cima, dificultando para o cadeirante fechá-la por não alcançar. Porém é bem mais prática na abertura pelo fato deste modelo não possuir o estepe do lado de fora.

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teste drive

Peugeot 408

Com estilo clássico e linhas modernas, o novo sedan da montadora francesa agrada aos olhos e ao bolso dos consumidores, se mostrando uma ótima opção para pessoas com deficiências...

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s modelos sedans tem a preferência da maioria dos consumidores com deficiência. Isso é inegável. E nessa linha, a Peugeot vem trabalhando junto a esta fatia de público considerável, um de seus mais novos modelos: o 408 !!! Atentos ao interesse dos consumidores com e sem deficiência pelo carro, a REVISTA REAÇÃO, mais uma vez em parceria com a montadora Peugeot, que nos cedeu um modelo 408 completo e com câmbio automático tiptronic para realização dos testes, traz para os leitores uma avaliação completa do modelo que vem, com bom gosto e requinte, conquistando os mais exigentes, e aparecendo cada vez mais nas ruas, se destacando nesta categoria de automóveis, sendo uma referência no tocante à relação custo X benefício, oferecendo uma gama de conforto e acessórios a preço justo e com atendimento especializado a PcD em boa parte de sua rede concessionária espalhada pelo Brasil. Vale à pena conferir de perto as qualidades deste verdadeiro “carrão”, com motor 2.0 Flex, com 4 cilindros e 16 válvulas, câmbio automático , air bag duplo, freios a disco nas quatro rodas, faróis de neblina,vidros e travamento de portas automático, direção hidráu-

lica, ar-condicionado, regulagem de volante, computador de bordo, couro no volante, controle remoto de abertura na chave e toda uma gama de itens de luxo e conforto que se tem direito. Durante mais de 20 dias nossa equipe expos o 408 a testes de uso no dia-a-dia de pessoas com deficiência e familiares, além de nossos técnicos especializados, e a resposta sobre ele não poderia ter sido melhor. Acompanhem:

Conforto, dirigibilidade, visibilidade, desempenho e espaço interno...

Além de todo conforto e riqueza de detalhes nos acabamentos internos e externos, o 408 tem um ótimo desempenho e respostas rápidas aos comandos. Aceleração perfeita. Ótima performance do câmbio automático, extremamente confortável e silencioso. O tamanho do carro também impressiona. Por dentro e por fora. deixando o motorista com deficiência com um bom espaço para sua acomodação. O mesmo ocorre com os passageiros, mesmos os do banco de trás. O banco regulável permite uma ótima acomodação para a posição de dirigir do motorista. A visibilidade é perfeita, com boas noções de distância da frente do carro e da


teste drive

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Acessibilidade e transferência

Tanto o motorista como o passageiro com deficiência, em especial os cadeirantes, não encontram dificuldades para entrar e sair do carro. O Peugeot 408 tem bancos reguláveis para o motorista, deixando-o na altura do assento da cadeira de rodas, facilitando e muito a transferência. O ângulo de abertura de portas também é muito bom, permitindo apoio e conforto na ação. Só ficou mesmo faltando uma alça de apoio no teto sobre a porta do motorista, item que facilitaria e muito para o cadeirante se apoiar na transferência, principalmente para entrar no carro. Fica aqui a dica para a fábrica ! traseira. O acabamento interno também é primoroso. O motor Flex cumpre bem o seu papel, deixando a desejar um pouco no quesito consumo, principalmente quando se usa o álcool (Etanol) como combustível. Tem bom torque e as marchas são bem escalonadas, com boas retomadas e respostas. E sem trancos nas passagens de marcha. A direção é confortável, gostosa, fácil de manobrar e segura na estrada. O modelo é estável nas curvas e bastante seguro nas frenagens. Só a altura do carro é um tanto problemática nas ruas esburacadas das grandes cidades ou em estradas sem asfalto, e lombadas, por exemplo... ele é um tanto baixo, e apesar do ótimo sistema de suspensão, em algumas situações acaba raspando embaixo no bico do carro. PROGRAMA DIREÇÃO LIVRE PEUGEOT

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teste drive controle do CD Player do lado direito do volante, são de fácil manuseio também. O porta-luvas é meio fundo e distante do alcance das mãos, principalmente daqueles que possuem uma certa limitação de controle de tronco. O painel é luxuoso, com detalhes cromados e relativamente simples e limpo. O que dá um ar de sobriedade e beleza, ressaltando as suas linhas arredondadas e modernas.

O porta-malas é um item à parte... merece todo destaque!

Os comandos de painel do carro, assim como os comandos que ficam na porta do motorista (como acionamento elétrico dos vidros e travas) são bem fáceis de manusear. O CD player, o ar-condicionado e outros botões do painel também são bem fáceis de acessar. E as alavancas de seta e limpadores de pára-brisa, mesmo sendo um pouco Daiwa Isenções.pdf 01/06/2011 curtas atrás do volante, e se09:07:34 confundirem às vezes com o

Sensacional !!! É só o que se pode dizer do porta-malas deste sedan... Ele é grande e espaçoso. Cabem tranquilamente a cadeira de rodas, das mais simples e dobráveis, até as mais requintadas e monoblocos. E ainda sobra um bom espaço para malas e objetos. Ideal par viagens ou para casais usuários

de cadeira de rodas, pois comporta o transporte de duas cadeiras tranquilamente. Um carro também apropriado para a família no uso do dia-a-dia e nos finais de semana. Por essas e outras, o Peugeot 408 está conquistando consumidores Brasil afora !!!

AGRADECIMENTO

A adaptação utilizada no modelo Peugeot 408 para realização dos testes para esta matéria especial, foram instaladas e cedidas gentilmente em parceria pela adaptadora de veículos Cavenaghi, com sede no bairro do Jaguaré, na capital paulista.



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movimento

Dia Nacional de Luta tem eventos por todo o País ! Deborah Trevisi do Nascimento

coordenador do Instituto Novo Ser. O documento tem 12 reivindicações é destinado aos setores e órgãos de governos responsáveis, bem como aos Conselhos e Comissões de Defesa de Direitos.

Senado e Câmara

Deborah Trevisi do Nascimento

O

Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, comemorado em 21 de setembro, foi marcado por uma série de iniciativas. Instituído por lei em 2005, foi escolhido pelo movimento social em 1982 pela proximidade com a primavera e o dia da árvore, numa representação das reivindicações de cidadania e participação em igualdade de condições. Entre os eventos realizados, no Rio de Janeiro o destaque foi mais uma passeata do Movimento Superação, em parceria com o Instituto Novo Ser, que animou as ruas do centro pela primeira vez. O percurso anterior era junto à orla de Copacabana. Nesta quarta edição, com o lema “Pelo respeito à diversidade”, aproximadamente 800 pessoas participaram fazendo um “apitaço”, reivindicando o direito der ir (estar) e vir de maneira plena. Outras 300 esperavam na Cinelândia para as apresentações artísticas promovidas pelas instituições parceiras. “O segmento está de parabéns. Mostrou a cara, manifestou seus desejos e anseios tendo em punho uma Carta Manifesto em prol da garantia de direitos na consolidação de uma sociedade mais digna e inclusiva”, avalia Ricardo Prates,

No Senado, uma audiência pública comemorou a data, destacando o progresso na legislação brasileira em defesa dessas pessoas e a reivindicação de medidas que gerem mais qualidade de vida e espaço na sociedade. Organizada em conjunto pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) e a Subcomissão das Pessoas com Deficiência, teve a participação do secretário nacional de Promoção dos Direitos das Pessoas com Deficiência, Antônio José Ferreira. Ele destacou os avanços conquistados pela luta há mais de 30 anos e abriu a exposição itinerante “Memorial da Inclusão: os Caminhos da Pessoa com Deficiência”, promovida pela deputada Rosinha da Adefal (PTdoB/AL), que coordena a Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Na Câmara, foi realizada uma sessão


movimento solene no dia 19, com destaque para o trabalho de sucesso das Organizações Sociais na atenção e atendimento. O deputado Eduardo Barbosa (PSDB/MG) reforçou a necessidade dos investimentos nessas entidades e também na melhoria das políticas públicas. A Frente Parlamentar entregou certificados de honra ao mérito a entidades de destaque na luta por melhoria da qualidade de vida, inserção social e defesa dos direitos. Um dos homenageados foi o Comitê Paraolímpico Brasileiro, representado pelo presidente Andrew Parsons.

INFRAERO

A data costuma ser festejada pela empresa todos os anos. Neste, houve a “Campanha Nacional de Multa Moral” nos estacionamentos dos aeroportos e na sede, uma ação educativa com o objetivo de conscientizar os motoristas sobre a importância de respeitar as vagas destinadas a idosos e pessoas com deficiência, conforme previsto em lei. Durante todo o dia, equipes da INFRAERO colocaram panfletos nos para-brisas dos veículos estacionados indevidamente nos locais reservados com a mensagem: “Prezado(a) Motorista, nosso estacionamento dispõe de vagas comuns, mas você estacionou em uma vaga reservada. Se este não é o seu perfil, sua atitude impediu a acessibilidade de alguém que realmente necessitava. Pense nisso e colabore!” Para Nilce Maria Costa dos Santos, assessora da Diretoria de Aeroportos e presidente do Comitê Nacional de Acessibilidade da INFRAERO (CONACES), além de conscientizar os motoristas, a ideia foi também de sensibilizar empregados, terceirizados, concessionários e comunidade aeroportuária em geral, para que respeitem a acessibilidade dessas pessoas nos aeroportos e também em outros locais como supermercados e shoppings: “Queremos disseminar o exemplo para que as pessoas respeitem os direitos do próximo”, explicou.

Em São Paulo

Entre as ações no Estado, o município de São Caetano do Sul certificou 10 participantes do Programa Agente Superação, que tem por objetivo promover a inserção de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. A cerimônia fez parte das diversas atividades realizadas. Lilian Cristina Fernandes, responsável pela Secretaria Municipal dos Direitos da Pessoa com

Deficiência ou Mobilidade Reduzida (SEDEF), explicou que foi a primeira vez que a cidade celebrou esse dia. “Com a certificação do Agente Superação os participantes trabalharão em diversos setores da Prefeitura e, após um ano, estarão prontos para atuar nas empresas privadas do município”, completou. Também foi aplicada a “multa moral” de conscientização dos motoristas. Na capital, o destaque ficou para performances teatrais em pontos da Avenida Paulista e a entrega do Selo de Acessibilidade na Escola Municipal de Ensino Fundamental Prof. Ricardo Vitiello, em Capão Redondo, que acaba de passar por reforma. Será a primeira de uma lista de mais de 60 escolas municipais que tiveram reformas e adequações, realizadas pela Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras (SIURB), para se tornarem acessíveis e, portanto, em condições de receber o Selo de Acessibilidade.

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parakart

por Hermes Oliveira

Parakart volta acelerar no 3º Campeonato Brasileiro !!!

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o dia 14 de agosto último, um domingo de manhã, fomos ao Kartódromo da Granja Viana em São Paulo/SP, para realizar 2 baterias do Campeonato Brasileiro e uma da Copa Sabesp, que tinha sido adiada no dia 6 de agosto pelo motivo do falecimento do amigo e mecânico Cal. Mas mesmo assim, foi decidido o Campeão Brasileiro da soma de pontos das três baterias ! Isso sem falar que foi um dia cheio de variantes... teve sol, frio e chuva, e mesmo sendo Dia dos Pais, o Kartódromo ficou cheio de espectadores. Rodolfo Cano foi quem somou mais pontos e consagrou-se Campeão da Parakart 2011 !!! O segundo foi Rony Vasconcelo e Stefhanne Malle – dessa vez, ganharam 2 em 1º e outro com a quebra do Kart não concluiu e ficou em 3º lugar. O meu kart tem andado atravessado na pista e este ano ainda não pontuei... Mas é muito bom acelerar junto com essa galera de superadores. No início da noite do dia 27 de agosto, aconteceu mais uma prova da Copa Sabesp, com luz artificial, mas a iluminação do Kartódromo da Granja Vianna é muito boa !

Da até para ver as formigas se abaixando quando o kart passa sobre elas. Rony Vasconcelos venceu essa ! As próximas etapas da Copa Sabesp estão previstas para 22 de outubro e 12 de novembro. Confiram tudo no site: www.parakart.com.br

PARAKART DA FRANÇA !!!

A Parakart, já consolidada e executada com sucesso no Brasil, acaba de desembarcar na Europa durante a Coupe de France Handikart, no último final de semana no circuito de Essay (orne) no Campeonato do Mundo Sub 18. Foram 15 pilotos e os primeiro testes da categoria, refletindo o aumento no esporte aos kartistas com deficiências. A classificação final ficou com a conquista de Pascal Hermes, e terminou com todos os pilotos recebendo a admiração e aplausos pela coragem, andando em um motor 125cc. Um grande moumento para o kartismo e para o Parakart Europeu.

STOCK CAR JR

Dia 17 de setembro o piloto Yves Carbinatt acelerou mais uma vez na Copa Ecpa Stock Car Jr. E conseguiu não ser o último, mas segundo ele, ainda está em fase de teste nas adaptações... Boa garoto !!!

UM MOTORISTA ESPECIAL DE TAXI

Já foram sorteadas mais da metade dos 1.200 alvarás de estacionamento de taxi na cidade de São Paulo, mas infelizmente o meu ainda não saiu... Tenho esperança de conseguir até o fim do sorteio. Torçam por mim !!!

Hermes Oliveira é paraplégico, piloto de Kart adaptado e autor do livro “Um Motorista Especial de Carreta”.


nota Gaúchos unificam eventos de valorização da pessoa com deficiência O mês de agosto de 2011 marcou a unificação das datas de três importantes eventos no Rio Grande do Sul: a I Semana de Valorização da Pessoa com Deficiência de Porto Alegre, proposta pela Assembleia Legislativa, a 14ª Semana Municipal e a 17ª Semana Estadual. Foram mais de 60 eventos, em 30 cidades, entre os dias 21 e 28. A capital gaúcha tornou-se a primeira cidade do país a contar com um Plano Diretor de Acessibilidade. O projeto, aprovado por unanimidade pela Câmara Municipal e sancionado pelo prefeito José Fortunati, foi elaborado pela Prefeitura em parceria com entidades representativas e com o Conselho Municipal das Pessoas com Deficiência. Ele afirmou que o plano será um aliado às ações concretas que o município já realiza para promover a acessibilidade nos espaços públicos e um instrumento para cobrar a aplicação nos espaços privados com circulação de público. No dia anterior, foi apresentada pela Secretaria Municipal de Acessibilidade e Inclusão Social a campanha “Respeitar é legal”, que se refere às vagas de estacionamento destinadas a pessoas com deficiência. Os motoristas flagrados utilizando lugar reservado receberão “multa moral” – um panfleto colocado no para-brisa do carro, informando sobre a ação incorreta.

Eventos

Uma intensa programação gratuita para o público reuniu apresentações artísticas, demonstrações de esportes paraolímpicos, seminários, exposições fotográfica e de artes plásticas, entre outras atividades. A abertura foi com a 2ª edição da Passeata organizada pelo Movimento Superação, que reuniu cerca de 500 pessoas e contou com a presença de vários políticos que foram pela primeira vez, como o próprio prefeito, o secretário municipal de Acessibilidade e Inclusão Social Paulo Brum e o secretário estadual de Justiça e Direitos Humanos, Fabiano Pereira, além do presidente do Movimento Superação, Billy Saga, entre outros. No encerramento da semana, um desfile de moda inclusiva primavera/verão da estilista Vitória Cuervo movimentou o vestíbulo da Assembleia, reunindo modelos com e sem deficiência. Entre elas, Giselle Hübbe, Miss Brasil Deficiente Visual e Juliana Carvalho, cadeirante, coordenadora do Projeto Assembleia Inclusiva e uma das idealizadoras da programação.

por Alex Garcia

espaço aberto

O Cotidiano de Nossas Lutas

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elo segundo ano consecutivo, como presidente da AGAPASM, estarei recepcionando diversos colaboradores na 57ª Feira do Livro de Porto Alegre/RS, entre os dias 12 e 13 de novembro de 2011, para juntos debatermos temas relevantes para as Pessoas com Deficiência. Como sempre, o evento ocorrerá na “Casa do Pensamento”, no Armazém “A” do Cais do Porto, em Porto Alegre/RS. O evento de nome: “O Cotidiano de Nossas Lutas”, será aberto ao público a partir das 10h30min. Os participantes receberão certificado e para fazer a inscrição gratuita, é só enviar e-mail para: surdocegueira@gmail.com. Entre os grandes nomes e apresentações, estão Sonia Zanchetta, ACELB, Marcelo Rodrigues da Egalitê, Claudio Silva e Jorge Amaro de Souza Borges (FADERS), Luis Fernando Gutman, o arquiteto Eduardo Cardoso, Carlena Weber, Márcia Gonçalves e Carla Vendramin, Letícia Schwartz e Dr. Luciano Bellini - Médico Oftalmologista, além de Vivian Missaglia. Vale à pena conferir e participar ! Espero por todos lá ! Alex Garcia

é gaúcho e Pessoa Surdocega. Presidente da Agapasm. Especialista em Educação Especial. Autor do livro “Surdocegueira: empírica e científica”. Vencedor do II Prêmio Sentidos. Rotariano Honorário - Rotary Club de São Luiz Gonzaga/RS. Líder Internacional para o Emprego de Pessoas com Deficiência pela Mobility International USA/MIUSA. Membro da Federação Mundial de Surdocegos. Site: www.agapasm.com.br E-mail: contato@agapasm.com.br

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educação

Educação ambiental também deve ser inclusiva

Acervo Secretária do Meio Ambiente

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esenvolvimento sustentável e educação ambiental estão na ordem do dia. É uma discussão de toda a sociedade e as pessoas com deficiência também precisam ser incluídas. “Essa parcela da população deve ter o direito de estar dentro do processo de educação ambiental do país, seja através da comunicação, seja na garantia do acesso físico. O direito ao meio ambiente é de todos e para todos. Nessa perspectiva, precisamos criar condições dessas pessoas terem plena participação”, explica Jorge Amaro Borges, biólogo, assessor técnico da Fundação de Articulação e Desenvolvimento de Políticas Públicas para Pessoas com Deficiência e Pessoas com Altas Habilidades (FADERS), do Rio Grande do Sul. O primeiro debate temático sobre educação ambiental e educação especial foi no VI Fórum Ibero-americano de Educação Ambiental, realizado em Joinville/SC, em 2006. O relatório final trouxe proposta de “inserir o tema Educação Especial, envolvendo as pessoas com deficiência, nas políticas públicas e programas de Educação Ambiental”. O assunto voltou no Fórum Brasileiro de Educação Ambiental, em julho de 2010, no Rio de Janeiro. Na chamada “Carta da Praia Vermelha”, destacou-se “a promoção do diálogo entre a Educação Ambiental e a diversidade”. No caso da FADERS, já em 2001, foi instituída uma oficina de Educação Ambiental no Centro Abrigado Zona Norte (CAZON), unidade voltada ao atendimento de pessoas com deficiência intelectual, sensorial e múltiplas. “Nossos trabalhos buscaram, primeiro, refletir sobre a necessidade de diálogo entre a Política Nacional de Educação Ambiental e a Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva, e atuar na construção de mecanismos que possibilitassem ações práticas, tendo como eixos centrais, atendimento, capacitação e pesquisa”, relembra Borges. Em 2009, foi estabelecido o Laboratório de Educação Ambiental Inclusiva (LEAI), um espaço de interação e produção de medidas pedagógicas que garantam participação de PcD em atividades de educação ambiental. Lá existe uma biblioteca ambiental, a Sala Verde, em parceria com o Ministério do Meio Ambiente. A Fundação tem muitos planos: investir na pesquisa sobre como garantir políticas de educação ambiental na perspectiva da inclusão; promover a formação de educadores ambientais para que possam atender e capacitar PcD; priorizar a confecção de materiais sobre meio ambiente em formato acessível e buscar que as políticas públicas de meio ambiente dialoguem com

Jorge Amaro de Souza Borges

a inclusão. “Pensar uma educação ambiental que garanta a participação das pessoas com deficiência é reinterpretar seu papel na sociedade, entendendo-a como um direito humano de todos”, conclui o assessor. A FADERS é vinculada a Secretaria da Justiça e do Desenvolvimento Social – SJDS, recebeu o V Prêmio Responsabilidade Ambiental, considerado o Oscar do meio ambiente no Estado. O Case Laboratório de Educação Ambiental Inclusiva – LEAI, apresentado pela FADERS é desenvolvido no Centro Abrigado Zona Norte – CAZON. A solenidade de premiação aconteceu no Teatro São Pedro de Porto Alegre, onde pessoas, empresas e instituições comprometidas com a preservação do meio ambiente foram homenageadas. O V Prêmio Responsabilidade Ambiental foi promovido conjuntamente pela Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembléia Legislativa, Associação Rio-grandense de Imprensa e Instituto Latino-Americano de Proteção Ambiental Borboleta Azul. Este evento reuniu exemplos marcantes, de alto significado no respeito à natureza, onde o crescimento pessoal, profissional, empresarial e institucional obedecem padrões de consumo que levem em conta a proteção do meio ambiente.



Fotos: Divulgação - Kica de Castro

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moda e estilo

por Silvia de Castro

Simples detalhes fazem diferença...

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o último dia 22 de setembro, ministrei uma palestra sobre “Moda Inclusiva” na 13ª Semana SENAI Fashion Design, da escola SENAI Bom Retiro, na capital paulista, onde vários temas muito interessantes e relevantes foram abordados. Desde psicologia do consumo, marketing, mercado, estilos e formas de corpos, tipos de modelagens, reciclagem de tecidos, e ainda as diferenciações na moda inclusiva. Esta oportunidade que me foi oferecida pelo SENAI, ratifica o quanto esta idéia já começa a envolver escolas, estudantes e empresas. O resultado foi bastante positivo. As pessoas presentes participaram com várias perguntas, o que comprova que ainda existe muito a ser revelado, mas que muitas pessoas já começam a se interessar pelo tema. Também ocorreu dia 20 de setembro um evento muito importante, o Terceiro Concurso de Moda Inclusiva, promovido pela Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, que aconteceu no Museu da Casa Brasileira, também na capital. Desta forma, com vários movimentos, vem à tona esta nova forma de pensar, ao se falar sobre moda e estilo. Muitos ainda se surpreendem quando comento sobre minhas pesquisas, criações e desenvolvimentos na moda inclusiva. Mas haverá um momento que a universalização na moda, será algo rotineiro e poderá inclusive fazer parte das matérias de faculdades de moda. Quanto antes toda

esta conscientização ocorrer, mais pessoas poderão ser beneficiadas. Por isso, aqui comentarei sobre algumas criações que desenvolvi para Cleonice Terra, ou Cléo como gosta de ser chamada. Cléo é analista de sistemas e modelo fotográfico da Agência de Modelos Kica de Castro e contou-me que utiliza cadeira de rodas para longas distâncias e muletas canadenses para curtas, devido à paralisia cerebral, por falta de oxigênio na hora do parto, o que afetou a coordenação motora de seus membros superiores e inferiores. Então, após observar alguns detalhes da personalidade da Cléo, por exemplo, que adora moda e é vaidosa e, portanto gosta de se vestir bem, busquei também interpretar seus movimentos corporais, para obter um melhor resultado nas criações. Busco sempre que possível, partir do princípio de criar desenhos e desenvolver modelagens universais, para que as roupas além de apresentarem resultados de elegância, funcionalidade e praticidade no vestir e despir, possam ser usadas por pessoas com ou sem deficiência, pois no visual, as técnicas aplicadas nem sempre aparecem, porém as roupas têm “valor” agregado, oferecendo “algo” a mais e que tem a ver com inclusão. E quando se fala em moda, logo se pensa em tendências, então vejam como ficaram os “looks”:

PRIMEIRO LOOK

Corpete - modelo “tomara que caia” - desenvolvido em um tecido que é tendência forte para a nova coleção, chamado “lesie” (tecido leve de algodão, com pequenos orifícios e bordados, que são alternados em forma de flores ou galhos). O detalhe inte-


moda e estilo ressante desta peça está na abertura, na parte frontal, com acabamento em velcro. Cléo ficou feliz com o resultado, pois disse que adora este modelo, porém só encontra com abertura nas costas. E quanto à calça de sarja com elasticidade, ela agrega conforto, com vários detalhes diferenciados: - Os bolsos traseiros são apenas costuras imitando bolsos, pois desta forma, nos momentos que Cléo estiver usando a cadeira de rodas por mais tempo, não sentirá as costuras que prendem os bolsos e que podem machucá-la. - A abertura frontal, onde normalmente tem um zíper, é apenas uma imitação, pois esta calça abre nas duas laterais, conforme a foto, mostrando um dos lados da calça, com fechamento em velcro. E já que estamos falando em praticidade, as cores escolhidas para este “look” foram neutras e clássicas, justamente por serem facilmente combináveis com outras.

SEGUNDO LOOK

Neste verão 2011-2012, este complemento “Klein” para o nome da cor azul, poderá ser usado em homenagem ao pintor francês Yves Klein, que ficou célebre por suas obras neste tom de azul e que eram monocromáticas. O tecido é o tafetá com elasticidade, que agrega conforto, no qual na parte frontal. Apliquei zíper invisível, quase que no recorte todo. Observem que o foco da foto ficou na cadeira de rodas, para que o zíper do vestido pudesse ser aberto em sua totalidade e o resultado mostrado. A ideia é exatamente esta. Muitas vezes pequenas e simples alterações no desenho, na modelagem e nos acabamentos, podem finalizar resultados de roupas que, além de agregarem elegância, praticidade, funcionalidade,

podem também ser usadas por pessoas com ou sem deficiência. INCLUSÃO deve ser como o sangue que corre nas veias, deve percorrer todo o processo da área de moda, desde pesquisas, criações e desenvolvimentos. Este mercado de moda seduz a todos, tanto homens, mulheres e crianças, portanto, MODA INCLUSIVA tem que simplesmente fazer parte da moda como um todo. Vamos divulgar esta idéia, pois é desta forma que juntos podemos fazer tudo isso acontecer. Entrem também em contato comigo, através do meu blog e exteriorizem seus pensamentos. Encontro vocês por aqui, na próxima edição da REAÇÃO e no meu blog.

Silvia de Castro é consultora e estilista de moda, especializada em moda e estilo para pessoas com deficiência. Email: scestiloterapia@gmail.com Blog: www.estiloterapia.com.br

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momento surdo

por Neivaldo Zovico

Para onde irão os professores SURDOS ???

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o século XVIII, Charles-Michel de L’pée encontrou duas jovens irmãs surdas que se comunicavam através da Língua de Sinais. A partir daí, decidiu dedicar o trabalho de Educação para o ensino dos surdos, fundou um abrigo que ele sustentava. O professor L’Épée acreditava que os surdos seriam capazes aprender através da Língua de Sinais Francesa e também acreditava que poderia ensinar-lhes os preceitos religiosos. No ano de 1760, o abrigo tornou a primeira Escola de Surdos no mundo aberta ao público, onde se pensava na Educação dos Surdos. A essa escola foi dada o nome de Instituto Nacional de Surdos Mudos de Paris. Assim como no Instituto, nessa época, se usava os métodos da Educação para surdos em todo o Mundo com base no uso da Língua de Sinais e alfabeto manual. O Professor L’Épée

ensinava os alunos surdos, e esses se formaram professores surdos para trabalhar na Educação de Surdos, são alguns deles: Jean Massieu, Laurent Clerc, Ernest Huet e outros. O professor surdo Laurent Clerc foi convidado pelo professor Thomas Gallaudet para viajar na América do Norte, e fundaram a primeira Escola de Surdos, onde trabalhou como professor de crianças surdas. Hoje onde existe a Universidade Gallaudet, a mais famosa Faculdade para Surdos do Mundo. No ano de 1857, D. Pedro II convidou o professor surdo Ernest Huet a vir ao Brasil para trabalhar com crianças surdas. Então fora fundada a primeira Escola de Surdos - Instituto Imperial de Surdos Mudos - hoje chamado de Instituto Nacional de Educação de Surdos no Rio de Janeiro. Durante o ano de 1880, houve o Congresso Internacional de Educadores de Surdos em Milão, na Itália. Neste evento foi declarado o método ORALISTA, que era superior ao que usava a Língua de Sinais na educação de surdos, então promulgaram uma resolução, proibindo o uso da Língua de Sinais nas Escolas de Surdos. As Escolas de Surdos ao redor do Mundo mudaram por causa da resolução do Congresso de Milão. A imposição pela oralização fez com que professores surdos perdessem seus empregos e quase dissolveram a cultura surda, repeliam o grupo de surdos que usasse a Língua de Sinais. Foram muitos anos com a proibição do uso da Língua de Sinais no meio social e nas escolas, A Língua de sinais era utilizada somente nas as-


momento surdo

sociações de surdos, encontros de amigos e algumas famílias de surdos. Durante década de 1980, os pesquisadores linguísticos afirmaram que a Língua de Sinais é uma língua muito importante, pois ela propicia o desenvolvimento cognitivo das crianças surdas. Algumas escolas de surdos utilizaram a Língua de Sinais em sala de aula. Os surdos que utilizavam a Língua de Sinais nas Associações de Surdos começaram dar aula de Língua de Sinais como instrutores, porque os ouvintes queriam comunicar com surdos por isso queriam a aprender em Língua de Sinais. Durante a década de 1990, no Brasil os surdos fizeram cursos de capacitação de instrutores de Língua de Sinais pela Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos com apoio do Governo Federal. Cada ano a oferta de curso de Língua de Sinais para ouvintes foi aumentando, alguns desses alunos se tornaram interpretes de Língua de Sinais e trabalham em diversos espaços públicos e instituições particulares, abrindo espaço para um novo profissional na Educação de Surdos. Alguns surdos ingressam nas faculdades porque tinha interpretes de LIBRAS por causa da Lei de Acessibilidade, e também da Lei de LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais. A partir desse direito atendido, eles conseguiram compreender as aulas dos conteúdos em diversas instituições superiores. Os alunos surdos se formaram como professores para Educação Infantil de Surdos, Ensino Fundamental I e II, e Ensino Médio, e alguns destes conseguiram os cargos como professores de Escolas de Surdos públicas e ou particulares. A cada ano fora aumentando a demanda por professores surdos.

Durante a Conferência Nacional de Educação, onde diversos professores em todo o Brasil apresentaram diversas propostas para o PNE – Plano Nacional de Educação, as propostas de Educação para Surdos foram rejeitadas, porque a comissão diz que a Educação dos Surdos não pode se diferenciar da Educação Inclusiva. Nós Surdos, queremos uma Educação Bilíngue para Surdos, onde crianças surdas poderão adquirir a linguagem (Língua de Sinais), construindo a sua própria identidade surda e a sua cultura, ensinados pelos professores surdos habilitados em Língua de Sinais. Mas os dirigentes do MEC – Ministério da Educação não valorizam a Língua de Sinais e não reconhece os direitos dos Surdos. A comunidade Surda organizada já participou de várias audiências públicas com autoridades do MEC, entregou propostas para educação de Surdos, algumas conquistas, locais, mas a política nacional ainda não reconhece nosso direito. Neste momento, algumas escolas fecharam por causa da Escola Inclusiva e crianças surdas estão sendo encaminhadas para a Escola Inclusiva ou digo, Escola Regular, a escola em que os professores não estão preparados para receber essas crianças surdas. Esses professores não sabem Língua de Sinais. Os professores surdos estão cada vez mais perdendo espaço, assim como aconteceu depois Congresso de Milão no ano de 1880, deixando os professores surdos desempregados e as crianças sem a possibilidade de adquirir a sua língua materna, a Língua de Sinais. Estamos no mês de setembro, intitulado “Setembro Azul”, campanha organizada por professores Surdos do Brasil e também pela comunidade, queremos mostrar que não seremos massacrados e expulsos da Educação de surdos, nós que fomos desrespeitados pelos Dirigentes do MEC e Autoridades do Governo, que não fomos atendidos, queremos mostrar que essa política de Inclusão não irá dissolver a Cultura dos Surdos, e que não aceitaremos que nossas crianças vivam sem aprender a Língua de Sinais. Se não houver a Escola Bilíngue para Surdos, como será a educação dessas crianças ? E para onde irão os Professores Surdos ??? Neivaldo Augusto Zovico é professor, Consultor de Acessibilidade para Surdos e pessoas com deficiências auditivas, Coordenador Nacional de Acessibilidade para Surdos da FENEIS, Colaborador da equipe do site: www. portaldosurdo.com www.acessibilidadeparasurdos.blogspot.com E-mail : neivaldo.zovico@terra.com.br

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conquista

Audiodescrição avança no Brasil mas tem longo caminho a percorrer

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esde o dia 1º de julho, pela Portaria 188/10 do Ministério das Comunicações, as emissoras de televisão aberta, que operam em sinal digital, estão obrigadas a disponibilizar pelo menos duas horas semanais da programação com audiodescrição, recurso que consiste na descrição clara e objetiva de todas as informações que não estão contidas nos diálogos, como expressões faciais e corporais, informações sobre ambiente, figurinos, efeitos especiais, mudanças de tempo e espaço, além da leitura de créditos, títulos e qualquer informação escrita na tela. O Brasil é o primeiro país da América Latina a fazer esse serviço em TV. De acordo com o diretor de assuntos legais da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT), Rodolfo Machado Moura, na Inglaterra, onde a obrigatoriedade já está mais adiantada, apenas 10% da programação das emissoras terão que ser audiodescritas, patamar que será atingido em 2013. “Hoje, essas duas horas representam 2% da programação das emissoras, e a tendência é que nós vamos chegar daqui a 10 anos, a um patamar de 20%, coisa que nenhum país faz”, afirma o diretor. As emissoras já estão cumprindo com mais do que o exigido, informa Moura. Segundo ele, a Record faz 5 horas semanais, a Globo 3 horas e meia e o SBT faz 2 horas e meia, com programação gerada pelas cabeças de rede de cada uma. Joana Paula Abert

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Ele não tem informações sobre a Bandeirantes porque a emissora não é associada. O processo foi deflagrado depois de muita discussão pró e contra a medida, mas ainda há vários problemas a solucionar. Em seminário realizado na Câmara Federal, após 45 dias da entrada em vigor da portaria, a principal reclamação era de que o período de duas horas semanais não é suficiente. Em geral, estão disponíveis filmes e séries. As emissoras de TV, por seu lado, dizem que enfrentam dificuldades para fazer a audiodescrição, principalmente em programas ao vivo, jornalismo e esportes, pela falta de roteiros definidos. É preciso lembrar ainda que boa parte do país já é atingida pela TV digital, mas não há padronização dos aparelhos, só os mais novos e caros têm a possibilidade de fazer os acessos e ainda de forma difícil. A ABERT já encaminhou ofícios ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio nesse sentido, para que se padronize e se coloque um botão especifico. “O futuro é muito promissor, acho que o recurso vai se ampliar porque isso é uma posição da sociedade, hoje a gente vive cada vez mais numa inclusão”, conclui o diretor, lembrando que para as TVs, economicamente, o contingente de pessoas com deficiência visual não pode ser desprezado.

A profissão

Uma das queixas das TVs é a dificuldade de encontrar profissionais gabaritados para o trabalho mas a formação tem se aprimorado e é um campo em expansão. De acordo com Graciela Pozzobon da Costa, coordenadora de acessibilidade da Lavoro Produções Artísticas e da Cinema Falado Produções, do Rio de Janeiro, já há cursos de extensão na Universidade da Bahia, na Universidade de São Paulo e, em 2012, será aberto na Universidade Federal do Rio de Janeiro, sob sua responsabilidade, além de oficinas e cursos rápidos em diversas cidades. Ela discorda da falta de profissionais e diz que muitas TVs estão contratando dubladores, que usam a entonação errada, com a roteiros


conquista

que não seguem as regras e normatizações internacionais, como os audiodescritores fazem. Graciela informa que a profissão caminha para a regulamentação, assim como também será formada uma associação para fornecer um selo de qualidade do serviço. “O mercado tem crescido gradativamente, a cada ano a gente percebe o interesse não só dos produtores de projetos culturais como do próprio governo”, conta. O Ministério da Cultura, por exemplo, desenvolve a ideia de colocar o recurso como parte dos editais de produção de filmes e peças de teatro. Graciela é uma das responsáveis pelo Festival Internacional de Filmes sobre Deficiência, que está na quinta edição, com todos os recursos de acessibilidade, e já passou pelo Rio de Janeiro/RJ e Brasília/DF, estando no Centro Cultural Branco do Brasil de São Paulo/SP até 16 de outubro. No momento, também faz, no Rio, a peça infantil Leonel Pé de Vento, que ficará no Teatro Oi Futuro do Flamengo até 27 de novembro, com audiodescrição e Libras nas sessões dos sábados. A empresa dela também faz audiodescrição na peça Emilinha e Marlene, na Maison de France, no Rio, na última sexta de cada mês.

DVDs e Cinema

A Sony é pioneira no Brasil no lançamento de DVDs com audiodescrição. O primeiro foi em 2004: “Irmãos de Fé”. A experiência foi retomada no ano passado, com “Chico Xavier”, um grande sucesso do cinema nacional. A partir daí, a empresa resolveu investir no filão e lançou outros títulos: “5 Vezes Favela - Agora por nós mesmos”, dois infantis - “Matilda” e “Annie” - e o brasileiro Bróder.

De acordo com Alessandra Savino, gerente de tráfego e dublagem da empresa, os planos são de relançar vários sucessos nacionais, como: “Cazuza”, “O Auto da Compadecida”, “Meu nome não é Johnny”, “Carandiru”, “O Homem que Copiava”, “Deus é Brasileiro” e “O Menino da Porteira”, entre outros. A Sony também faz sessões de cinema com o recurso, como no caso de “Chico Xavier” e, no último mês de agosto, no lançamento de “Os Smurfs”. “Você vê títulos em eventos especiais, como mostras do Cine Sesc, mas no circuito comercial não tem. A ideia agora é começar a fazer mais vezes e tentar levar isso adiante”, explica Alessandra. “É um mercado em crescimento, mas ainda carente porque muitos PcD não conhecem esse recurso. Acredito que agora, com a aprovação da lei que obriga os canais a exibirem uma cota mínima de programação, teremos mais pessoas conhecendo e, por consequência, haverá um aumento de demanda”, afirma. O Festival SESC Melhores Filmes, em São Paulo, foi o primeiro com sessões utilizando audiodescrição e legendas “open caption” (para surdos). “O SESC desenvolve uma ação de educação informal e permanente com intuito de valorizar as pessoas, ao estimular a autonomia pessoal, a interação e o contato com expressões e modos diversos de pensar, agir e sentir. Por isso, entendemos que é nossa missão proporcionar o acesso à cultura para todo e qualquer público”, afirma o gerente Gilson Packer. O próximo evento do gênero deverá ser uma programação especial para a 2ª Virada Inclusiva – Participação Plena, marcada para 03 e 04 de dezembro. A Iguale Comunicação e Acessibilidade, de São Paulo, começou na área em 2007, também pioneira no gênero. A empresa, entre outros trabalhos, fez a audiodescrição ao vivo para “Os Smurfs”, trabalha nos festivais do SESC e atende a MTV. “Acredito que o mercado está se formando, as empresas e instituições que produzem conteúdo audiovisual estão começando a conhecer o que é a audiodescrição, mas ainda precisam visualizar e entender as possibilidades fantásticas que os recursos de acessibilidade na comunicação proporcionam para o público”, conclui Maurício Santana, responsável pela empresa.

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comemoração

“Amputados Vencedores” completa 10 anos de Site !

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m 1997, Flávio Lúcio Peralta era mais um eletricista realizando seu trabalho rotineiro no reparo de um poste de alta tensão, quando levou um choque de 13.800 volts. Para não perder a vida, teve os braços amputados. Passou por diversas cirurgias, fez implantes e usa próteses. Sua luta para se reinventar depois do acidente incluiu o casamento com Jane, com quem tem um filho, Vinícius. Foi por insistência dela que veio a aproximação com a Internet, em 2001: recém-casado com uma mulher independente, que trabalhava quase o dia todo fora de casa, começou a usar o computador. Como Jane não tinha tempo para ensinar o marido, contrataram um professor. “Foi assim que a ideia surgiu, eu conversava com ele sobre as dificuldades que passei com as próteses após o acidente. Queria ajudar as pessoas a resolverem seus problemas com elas e outros assuntos”, conta Peralta. O projeto evoluiu e hoje traz informações sobre diversos assuntos para pessoas com deficiência, como: legislação, direitos sociais, tipo de próteses, amputações, segurança na trabalho, artigos diversos e depoimentos, entre outros temas. No site é possível trocar experiências e divulgar situações vivenciadas especialmente pela pessoa amputada. Até 2006 o site tratava exclusivamente de deficiências e amputações, mas, a partir de 2007, quando foi chamado para fazer uma palestra sobre segurança do trabalho em uma grande empresa, inaugurando uma nova carreira, Peralta acrescentou também essa vertente. “Tenho agora dois

grupos que acessam: pessoas com deficiência, familiares, profissionais e instituições que lidam com essas questões, e empresas que desejam diminuir acidentes de trabalho através da minha história”, explica. Peralta aprendeu, sozinho, como fazer marketing na internet e hoje tem mais de 60 mil contatos. Fez muitas parcerias com blogs e outros sites, trocando banners e links, e um ajuda o outro na divulgação. “Hoje estamos com 50 mil visitas mensais e muito reconhecimento”. Tem vários patrocínios, como: Castofar Cadeiras de Londrina/PR, Grupo Cipa, Revista Proteção, entre outros. Mais recentemente entrou a empresa Otto Bock, que cedeu duas próteses. Ele já está com a esquerda funcionando perfeitamente e, em breve, colocará a direita, que terá cotovelo. Nesses 10 anos, a maior conquista para ele foi ajudar outras pessoas a entrarem no mundo da internet. “Sempre faço questão de incentivar pessoas com deficiência para que criem blogs e sites e lutem pela causa”, garante. Além de palestrante bastante requisitado, Peralta também lançou um livro: “Amputados Vencedores – Porque a Vida Continua”, da editora Conex - Grupo Nobel, onde conta sua experiência pessoal. “Procurei relatar meu sofrimento e o de meus familiares, as dificuldades, o processo de recuperação e adaptação familiar e, finalmente, a superação, os desafios de me casar e de me tornar Flavio Peralta e família pai e mais tarde de me reinventar profissionalmente”, afirma. “Ficar lastimando e alimentando a dor de si mesmo não leva a lugar nenhum, a pessoa fica somente se atolando na areia movediça do ‘por que eu’ ?”, conclui Peralta. Para conhecer mais sobre o site, acesse: www.amputadosvencedores.com.br



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crônica

por Tatiana Rolim

Uma afronta do transporte coletivo...

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e a moda pega... Há uma década, eu me via num ponto de ônibus sinalizando e eles passando descaradamente, sem parar, alegando que não possuíam elevadores para transportar pessoas com deficiência. Após insistir entre um e outro, algum motorista parava, descia, e com ajuda do cobrador me ajudava acessar o ônibus pela porta traseira, me recomendando mil medidas de segurança para não cair. Um ou outro ainda dizia que um ônibus adaptado apareceria em algum momento daquele dia, se o carro estivesse na escala, se estivesse fora da manutenção, e se tivesse motorista treinado para o equipamento e se tivesse com o cobrador. Mesmo sem sucesso de me convencer a esperar por algo que mais parecia um “elefante branco” perdido na metrópole, eu ainda assim insistia, e com a flexibilidade, competência e profissionalismo, adentrava ao ônibus com ajuda destes profissionais... e não raramente um usuário se dispunha a contribuir com o acesso. De lá para cá, são quase duas décadas de mudanças sociais, legais, morais entre outras. Mas nenhuma que justifique o comportamento abaixo. Antecipadamente, gostaria de saber se existe em algum local, município, bairro, cidade ou país, há alguma lei regulamentada que proíbe o acesso de pessoas com deficiência em algum meio de transporte que não tenha acessibilidade. De repente, o mundo mudou tanto que eu não vi esta nova lei... este procedimento. Por um fato pessoal estou sem carro e regularmente, dada à condição do trânsito mundial que não é diferente em Osasco/ SP – onde moro - por vezes utilizo-me de transporte coletivo: trem, metrô e ônibus (com e sem elevador para cadeirantes). Até então nunca tinha acontecido nada igual. No dia 11 de agosto de 2011, por volta das 16h15, na estação de ônibus de Osasco - que aliás conta com uma plataforma de quase um metro de altura - queixa já documentada no projeto Osasco 50 anos, solicitado pela representatividade das pessoas com deficiência uma adequação para o acesso solicitei ao motorista do ônibus para abrir a porta traseira para entrar, e fui impedida categoricamente e humilhada moralmente ao ser proibida de acessar o carro 593 da linha 002, na praça de embarque de Largo de Osasco/SP.

Ao que me consta, CONSTITUCIONALMENTE falando, não existem leis que impeçam o livre acesso de pessoas como eu, cadeirantes, de embarcar em carros que NÃO tenham elevadores. Até porque, a moda é nova e poucos carros possuem o equipamento. Desta forma tentei argumentar com o motorista que, esnobe, ignorava o meu discurso, tentando acelerar o ônibus na tentativa de esquivar-se de mim e me deixar na plataforma. Acontece que ele não estava falando com nenhuma idiota, e então parti para uma discussão calorosa, clarificando que, independentemente do que é um procedimento interno da empresa - VIAÇÃO OSASCO - existem outros critérios para minimizar este fato e garantir meu direito de ir e vir no transporte coletivo, uma vez que não consta uma plaquinha sinalizando: proibido entrada de cadeirantes !!! Se era impossível para ele descer e contribuir com meu embarque, ao meu lado já tinham voluntários que, contrários ao que o motorista dizia, me apoiavam para eu entrar conforme eu orientava. Dentro do ônibus, um fuá já acontecia, pois alguns clientes não entendiam o que acontecia. Alguns, na maioria, me apoiavam e se indignavam com a conduta do motorista, já outros, desciam e queriam apontar o dedo na minha cara como se eu fosse a errada da história. TUDO o que eu queria, era entrar pela porta de trás com ajudantes à disposição, cumprir meu horário e pegar minha filha de 1 ano e pouquinho na creche, já que o ônibus adaptado não tinha horário para chegar na plataforma. E o fuá, o fervor, só crescia !!! De um lado o motorista, de óculos, sentado reclinado no banco, ignorando meu pedido, do outro o fiscal Aledanio, que em pé tinha a minha altura sentada na cadeira de rodas, mas que se colocava como se tivesse 2 metros de altura, levantando a voz, me proibindo de entrar no ônibus e EXIGINDO que eu esperasse o ônibus com elevador/plataforma, que nem ele mesmo em posse de uma prancheta suja e desorganizada sabia me dizer se o carro com elevador era o próximo ou não, talvez estivesse em manutenção, talvez não estivesse na escala, ou se assim fosse, talvez o motorista ou o cobrador não saberiam operar o equipamento... Nossa !!! Por um flash revivi décadas atrás, com um dissabor inesperado, pois naquelas datas como em outras, pelo menos


crônica na mesma condição do ônibus sem elevador, o motorista descia, abria a porta traseira e me auxiliava entrar e subir no carro - MESMO SEM ELEVADOR - no máximo orientando ou sugerindo por medidas de segurança, que eu aguardasse se pudesse, o próximo carro com elevador. Não bastasse os lados envolvidos, o motorista e o fiscal, ao meio tinha uma multidão que gritava pela janela: motorista, leva ela !!! Noutro tom, outro comando: motorista, vamos embora !!! E assim fervia a confusão. Eu sentada na cadeira de rodas, só queria entrar, embarcar e fazer a viagem até a porta de casa para pegar minha filha, que chegaria da escolinha. Nesta confusão já se passara pelo menos 30 minutos. Eu já tinha ligado para o 190, onde na EMERGÊNCIA o soldado, apesar de registrar a ocorrência, parecia não entender nada pela gritaria generalizada. Eu queria entrar, o motorista não abria a porta, o fiscal se perdia nos papéis, o povo apelava - ora para partir ora para me embarcar. No andamento da coisa, a fila de ônibus no terminal crescia, nenhum outro ônibus acessava as plataformas enquanto o meu

RODAS DE MAMÃE

Os desafios da maternidade e o papel da mulher cadeirante foi o ponto de partida deste livro, da autora Tatiana Rolim, que com a concretização do sonho de ser mãe, decidiu dividir sua experiência com outras mulheres que também tenham esse desejo. Para engrandecer a obra convidou as amigas Flávia Cintra, Carolina Ignarra e Juliana Oliveira para também escreverem suas experiências. A princípio o comum entre elas era apenas o fato de serem cadeirantes, quando dividiram suas histórias descobriram que há muita coisa em comum na maternidade. Este livro reúne emocionantes histórias e importantes dicas que incentivam, motivam e informam mulheres cadeirantes, outras mulheres, casais, profissionais da saúde e pessoas interessadas em experiências e desafios. De forma clara e envolvente as autoras descrevem suas trajetórias, os acontecimentos e as decisões de serem mães e suas relações com suas crianças. Naturalidade, igualdade e motivação são características comuns entre estas 4 mulheres inspiradoras.

ônibus não me embarcasse. Não por culpa minha, mas sim do motorista que não abria a porta traseira para eu entrar, assim eu grudei nele. Até que, dezenas de minutos seguidos neste impasse, um motorista da empresa URUBUPUNGA, aguardando na fila para estacionar na plataforma, veio conferir a confusão. Ao compreender o meu manifesto, a resposta dele simplesmente foi: “motorista, poxa vida, a confusão é esta !?! Abre lá a porta de trás, que eu ajudo embarcar a moça. Por causa disto o acesso às plataformas está todo parado lá na Avenida Primitiva Vianco !!!”... Detalhe: o fiscal abaixou a cabeça, o motorista da Viação Osasco abriu a porta, o motorista da empresa concorrente me embarcou, e tudo se resolveu. Imediatamente o motorista acelerou, o povo aplaudiu e seguimos viagem da forma como sempre fiz neste quase 20 anos que sou cadeirante e embarco independentemente se o carro tem ou não acesso. Porque se criarmos um rótulo de que cadeirante só pode embarcar única e exclusivamente em ônibus adaptados, enquanto não temos os direitos de igualdade de acessibilidade garantidos, estamos na verdade nos EXCLUINDO, ao invés de nos INCLUIRMOS. E assim ainda será necessário termos uma sociedade fragmentada em suas particularidades: um ônibus só para idosos, um sé pra crianças, um só pra afro-descentes e claro, um só para cadeirantes e outros... ônibus para loiras, morenas, obesas e outros para pessoas com mobilidade reduzida... enfim. É obvio que entendo que há cuidados e medidas de seguranças que só um carro com elevador/plataforma para cadeirantes oferece, no entanto, ainda não estamos em condições de igualdade social para sermos expulsos e proibidos de acessar meios de transporte que não gozem plenamente de acessibilidade. Se fosse assim, como embarcaríamos em aviões, navios, ônibus fretados... uma vez que não existe plenitude de acesso ? Meu intuito não foi nunca, e não será, de rebeldia social... apenas quis fazer valer meu DIREITO DE IR E VIR, naquela ocasião, “IR”, pois tinha horário, compromisso e deveres como todo e qualquer cidadão incluído. Que uma experiência como essa não seja vivida por mais ninguém... este sim é meu intuito ao tornar público o evento acontecido comigo.

Tatiana Rolim é cadeirante, e autora dos

livros “Meu Andar Sobre Rodas” e “Rodas de Mamãe”.

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turismo

por Ricardo Shimosakai

Um exemplo de preconceito e discriminação no turismo

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inha primeira viagem internacional após ter adquirido minha deficiência, foi a primeira vez que iria visitar a Europa. Era realmente um sonho a ser realizado. Para isso, pensei em procurar auxílio, por certa insegurança em enfrentar barreiras num local desconhecido e também por uma questão de conforto, pois não tinha tempo suficiente para planejar a viagem sozinho, devido ao meu trabalho. Pensei em procurar uma agência de grande porte, pois pensava que tendo uma estrutura maior, estaria mais preparada para me atender. Ainda tinha dúvidas em qual roteiro escolher, então fui pessoalmente até uma das agências da CVC, no Shopping Santa Cruz, em São Paulo/SP, pedir mais informações e ouvir algumas opiniões do atendente. Algumas horas e diversas perguntas depois, cheguei à uma decisão, escolhendo um roteiro que compreendia Portugal, Espanha, França e Inglaterra num pacote de 27 dias, que se iniciaria no final de julho até meados de agosto. Somente algumas dúvidas por parte do atendente, como por exemplo, em relação à hospedagem, e eu dizia que não haveria problema, se o local tivesse acessibilidade eu saberia me cuidar sozinho sem a ajuda de ninguém. Ele me garantiu que não haveria problema, então foi marcado o dia e o horário do embarque. Ele foi arrumar a documentação, mas após um espaço de tempo veio me informar que estava com um pequeno problema, e que não poderia me fornecer o contrato naquele momento,

e que o mesmo seria enviado à minha residência através de um motoboy. Na minha ingenuidade, não vi nada demais, então retornei à minha casa para já ir pensando nas coisas que iria levar, pensando nos lugares que iria visitar, enquanto aguardava a entrega do contrato. O tempo foi passando, e a uma semana do embarque, resolvi me dirigir novamente à agência para verificar o que estava ocorrendo. Chegando ao local, disse que já estava totalmente preparado para viajar, tanto materialmente como psicologicamente, mas estava preocupado, pois o contrato ainda não tinha sido entregue como prometido, e por isso ainda não tinha pagado pelo serviço. Perguntei se estava tudo bem, pois viajar sem pagar não era o problema, mas queria ter certeza de que tudo estava bem, como acordado inicialmente. Foi quando ouvi uma das respostas mais fortes de minha vida: “Senhor, me desculpe. Infelizmente como você irá dar muito trabalho a nós, então se quiser ir viajar, terá obrigatoriamente que arranjar um acompanhante!”.


turismo

Essas palavras doeram mais que um chute do Anderson Silva... Uma mistura de susto e raiva tomou conta de mim, e então comecei a elevar minha voz, indignado e pedindo explicações, afinal se eles não teriam condições de me levar, isso deveria que ser informado no momento em que fui pedir informações, e não quase às vésperas do embarque. Porém, via uma expressão de “sinto muito” na face desse atendente, que parecia não compreender a gravidade daquilo que estava fazendo. Foi uma desilusão enorme, pois não estava saindo no período de minhas férias inteira, economizando o dinheiro para gastar em minha viagem. Depois de me recuperar desse acontecimento, pensei que teria que fazer algo, pois isso me feria por diversos lados. Pessoalmente, pois estragou a realização de um grande sonho, e profissionalmente, pois já era bem envolvido em trabalhar as questões do turismo acessível na época, então estava decidido a fazer algo para não deixar isso passar em branco. Decidi procurar um advogado, e acabei entrando em contato com Roberto Bolonhini Júnior, um advogado cego que também lutava pelo direito das pessoas com deficiência. Após uma conversa, ele me explicou que, como eu não tinha nenhuma prova, pois me foi dado somente um orçamento da

viagem, e também não tinha uma testemunha, pois todas as etapas estavam sendo vistas pessoalmente por mim, pois iria viajar sem nenhum acompanhante, então seria difícil mover um processo, pois seria minha palavra contra a deles. Mesmo assim não queria desistir. Então resolvi entrar com uma ação no Juizado Especial Cível, onde não teria gastos com as questões de auxílio judicial, e onde geralmente os casos se resolvem em um espaço de tempo mais curto, embora a quantia de dinheiro a ser requerida tenha um limite máximo 40 salários mínimos. Juizado Especial Cível é conhecido popularmente como Juizado de Pequenas Causas, porém considero o fato ocorrido comigo mais um acontecimento especial e não uma pequena causa. Primeiro há uma primeira audiência, onde é tentado um acordo entre as duas partes. Caso não cheguem a nenhum resultado, é marcada uma segunda audiência, onde a decisão cabe ao Juiz. E foi o rumo que meu caso tomou. Nesta segunda audiência, o Juiz olhando rapidamente as informações fornecidas a ele, disse que teria, que precisaria, de mais dados concretos para ter uma base mais sólida e assim tomar uma decisão justa. Então ele nos disse que naquele momento, iria ligar para quatro agências da rede CVC escolhidas por mim, e se passar por um cliente com as mesmas características que eu, paraplégico usuário de cadeira de rodas, um turista sem acompanhante, buscando um pacote para Portugal, Espanha, França e Inglaterra, pedindo informações e principalmente verificando se a agência, que tem procedimentos e atendimentos padrão em toda a rede, confirmaria minha viagem com todas essas minhas características. A atendente da primeira agência ficou em dúvida, e apesar de achar que não haveria problema, disse que precisaria confirmar essa informação com seu gerente. Porém, nas três agências seguintes, as atendentes afirmaram que não haveria nenhum problema apesar das características apresentadas, e o juiz fez questão de repetir tais características mais de uma vez e pedir novamente a confirmação, para que não houvesse a desculpa de uma falha compreensão por parte do atendente. Diante desses fatos, o Juiz concluiu que a empresa não tem cuidado ao atender pessoas com deficiência, gerando expectativas e até confirmando a viabilidade da viagem, mas depois proibindo que esta pessoa a realize. Ou seja, um inaceitável exemplo de danos morais, sem contar outras questões em que esse caso poderia se enquadrar, como: preconceito, discriminação, e outras atitudes condenadas na legislação brasileira e até mesmo em documentos internacionais. Foi dado ganho de causa a mim, porém a maior vitória foi mostrar, representando as pessoas com deficiência que somos pessoas fortes, e exigimos que sejamos tratados com dignidade. O incidente não modificou em nada o pensamento da rede CVC, pois sei que este assunto nem saiu da filial do

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turismo Shopping Santa Cruz, e não chegou aos ouvidos das pessoas de decisão da empresa. Em eventos que encontro a CVC expondo, costumo questionar, como se fosse uma pessoa desinformada, se eles me levariam para viajar numa bela excursão para Europa, e até hoje os atendentes insistem em dizer que estão preparados para me levar. As explicações da gerência da agência, era que eles estavam pensando no meu bem, queriam que eu me sentisse confortável e que não tivesse nenhum tipo de problema na viagem. Mas a agência não tem como dizer o que é bom para mim ou não, pois a única pessoa que conhece minhas dificuldades ou capacidades sou eu, e eles só podem me dar conselhos. Ouvindo essa explicação, tive a certeza que estavam pensando no bem deles, pois preconceituosamente pensavam que minha presença iria trazer desconforto e problemas a eles. Seguindo a linha de pensamento da ONU, referente aos direitos das pessoas com deficiência, o deficiente é o estabelecimento, que não tem capacidade para levar uma pessoa com deficiência através do serviço que oferecem. Hilário ainda, é o slogan que a empresa utiliza: “Sonhe com o mundo. A gente leva você”... Pois o único lugar que me levaram foi ao tribunal. Algum tempo depois, realizei esse sonho sem ajuda de ninguém, pois percebi que agências despreparadas, ao invés de me auxiliar, só iriam me trazer mais complicações. Fiz o mesmo roteiro que havia escolhido na agência, que inclui Portugal, Espanha, França e Inglaterra, e realizei todos os procedimentos de uma empresa no agenciamento de um turista. Pesquisei hospedagens adaptadas, atrativos turísticos acessíveis, transporte, câmbio, seguro, enfim tudo. Foi um grande aprendizado que serviu para minha valorização pessoal e profissional, pois consegui fazer sozinho

o que uma agência desse porte nem teve coragem em tentar. Serviu também para mostrar ao mercado turístico e às próprias pessoas com deficiência, que o prazer de viajar é possível a todos. Hoje, a Turismo Adaptado trabalha para tornar a questão do agenciamento de viagens, acessível a todos. Temos elaborado roteiros de viagens, adequados para pessoas com diferentes tipos de dificuldade. Qualquer um pode viajar sozinho, porém quem quer o conforto de ter uma viagem pronta, sem ter que passar por todas as etapas de organização, como: reservas de passagens e hotéis, pesquisa dos atrativos e outras coisas mais, procura um agente de viagens. Mas quem quer fazer uma viagem com a confiança de que esses hotéis sejam acessíveis, que o transporte o possa conduzir sua cadeira de rodas, e que os atrativos tenham recursos em Braille, Libras, além da acessibilidade arquitetônica, é necessário recorrer a uma agência de turismo acessível, para não passar pela mesma experiência que eu passei. Ricardo Shimosakai é Turismólogo e

diretor da Turismo Adaptado. É agente de viagens e consultor de acessibilidade e inclusão, e membro da SATH e ENAT, organizações internacionais de Turismo Acessível. E-mail: ricardo@turismoadaptado.com.br


INFORME PUBLICITÁRIO

Rea Team se reposiciona no mercado de reabilitação A Rea Team, empresa de produtos de reabilitação, mobilidade e postura, passou por uma reestruturação estratégica visando criar um canal direto de relacionamento com o cliente e usuário de seus produtos. A partir de agora, a Rea Team é uma loja multimarcas, fornecendo produtos para profissionais da área da saúde com foco em reabilitação (fisioterapeutas, por exemplo), hospitais, associações e instituições. A Rea Team segue no seu propósito cujo principal diferencial é o atendimento personalizado, que garante a satisfação do cliente, uma vez que ele terá um produto customizado de acordo com suas necessidades. A empresa já tem o reconhecimento do mercado, que percebeu sua postura inovadora e respondeu favoravelmente com excelentes índices de aceitação, trazendo também fidelidade aos produtos. Produtos, esses, cujo mix foi incrementado por itens como muletas, bengalas, andadores, bolas fisiobol, Thera-bands, corretores posturais, tipóias, órteses, botas imobilizadoras, entre outros. Isso porque, agora, as lojas Rea Team não se configuram tão somente pela comercialização de carrinhos com sistemas posturais, scooters e cadeiras de rodas manuais e motorizadas, além de toda a linha de produtos ortopédicos, mas sim pela excelência no atendimento e na venda de soluções em mobilidade e postura. É válido ressaltar, ainda, que a empresa oferece uma variada linha de acessórios e componentes para cadeiras de rodas como almofadas e encostos Jay, rodas X-Core, sistemas de suspensão e barras de apoio. Com relação à expansão da marca, a Rea Team optou por gerenciar apenas lojas próprias. Neste momento, a empresa abriu mão do plano de abertura de franquias no Brasil. “Em médio prazo, e com o novo posicionamento da empresa estabelecido, a ideia será espalhar a marca Rea Team em filiais pelo país”, adianta o diretor administrativo da empresa, Mário Michelon Júnior. Diante disso, as lojas de Caxias do Sul/RS, Porto Alegre/RS e São Paulo/SP seguem normalmente suas atividades. No entanto, cada Rea Team passa a ter um funcionamento diferenciado em relação às diferentes demandas em cada mercado em que estão inseridas. A loja de Caxias tem foco principal nos produtos de ortopedia com atendimento também voltado aos profissionais que lidam diretamente com reabilitação. Em São Paulo, a Rea Team é referência em cadeiras de rodas, sistemas posturais e acessórios e isso foi levado em conta. A Rea Team de Porto Alegre, por sua vez, oferece as melhores cadeiras de rodas e os principais produtos ortopédicos do mercado.

Para arrematar todas essas novidades da Rea Team, uma loja virtual será integrada ao site da empresa, cujo intuito é estender a atuação da Rea Team também ao meio virtual, atendendo, dessa forma, os quatro cantos do Brasil. “Queremos, com o e-commerce, levar para os Estados que não estavam na nossa alçada, a loja mais completa de produtos de reabilitação, mobilidade e postura do país”, almeja Mário Júnior. A Rea Team tem consciência que a busca pela liberdade de ir e vir, a qualidade de vida, a independência e a inclusão social são temas cada vez mais reais no cotidiano das pessoas com deficiência. Aliás, é justamente para esse público que a empresa investe todo seu potencial, para garantir total conforto, durabilidade e segurança aos usuários. E toda essa reformulação veio para ratificar essa afirmação.

FINANCIAMENTO FÁCIL PARA OS PRODUTOS ADQUIRIDOS Quando você achou que já sabia tudo sobre as novidades da Rea Team, a gente te surpreende com mais essa: você pode adquirir qualquer cadeira de rodas nas lojas Rea Team pelo boleto bancário parcelando em até 24 vezes. Inclusive, a simulação de pré-aprovação de crédito pode ser feita pelo telefone mesmo. Consulte-nos sobre a possibilidade de venda em até 24x no boleto. Sem cheque, sem cartão de crédito e sem burocracia. Aproveite mais essa vantagem da Rea Team. Compra parcelada em até 24x, com acréscimo de juros, pelo boleto bancário sujeito a consulta e aprovação de crédito. A taxa de juros gira em torno de 3,6% a.m.

Mário M. Júnior é Diretor Administrativo da Rea Team - Tecnologias de Mobilidade e Postura www.reateam.com.br


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opinião

por Jorge Amaro de Souza Borges

Rio+20 Acessível !

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o Brasil, a sociedade civil está deflagrando o processo de avaliação dos 20 anos da Eco-92. Mais uma vez, busca-se colocar no centro dos debates o protagonismo social. Conforme o Censo de 2000, 14,5% da população brasileira possui algum tipo de deficiência, totalizando cerca de 24,5 milhões de pessoas. A principal razão para o grande aumento no número de PcD é a alteração dos instrumentos de coleta de dados, incluindo o modelo social. Precisamos avançar na construção da cultura democrática e acessível, fundamentada na efetiva e qualificada participação de todas as pessoas em todos os espaços. A Convenção da ONU para os Direitos das PcD, busca, dentre outros aspectos, garantir a acessibilidade aos meios, físico, social, econômico e cultural, à saúde, à educação, à informação e comunicação, para possibilitar às PcD o pleno exercício dos direitos humanos e liberdades fundamentais. O direito de ir e vir é garantido a todas as pessoas desde a Declaração Universal dos Direitos Humanos, e encontra-se consagrado na Constituição Federal. Por outro lado, o direito de comunicar-se é condição essencial para qualquer ser humano que vive em sociedade e, portanto, básico para o exercício de sua digna cidadania. Há algum tempo as questões relativas ao desenvolvimento sustentado e educação ambiental vem fundindo-se na intenção de gerar uma nova perspectiva na relação Homem-Ambiente. É fundamental a adoção de posturas pessoais e sociais construtivas, colaborando para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa, de ambiente saudável. Partindo destes princípios, propomos o protagonismo do movimento das PcD e de todos aqueles que lutam pela sociedade inclusiva nos espaços do Rio+20. Para que isso aconteça, precisamos que todas as medidas que possibilitem a real participação sejam efetivadas. Acessibilidade e Sustentabilidade, palavras de políticas modernas em Direitos Humanos.

Jorge Amaro de Souza Borges é Biólogo,

mestrando em Educação pela PUCRS e Chefe de Gabinete FADERS.

nota Saem decisões da Justiça para casos com PcD Foi proferida em agosto a sentença do caso ocorrido em janeiro último, em São José dos Campos/SP, quando o delegado da Polícia Civil, Damasio Marino, agrediu o advogado cadeirante Anatole Morandini, por ele protestar pelo fato do delegado ter estacionado o carro em vaga reservada para pessoas com deficiência. A discussão teve ampla repercussão na imprensa, sendo que Morandini acusou o delegado de xingamentos e de tê-lo agredido com a coronha do revólver. A sentença do juiz Carlos Gutemberg de Santis Cunha foi de três meses de detenção em regime aberto, sendo a pena convertida em prestação de serviço comunitário por um ano. Ele absolveu Marino das acusações de injúria e ameaça, entendendo que não houve prova cabal já que, além do agredido, ninguém mais confirmou o xingamento. O juiz também descartou abuso de poder. “Ao decretar essa sentença, o juiz evidencia e assume que endossa a impunidade, deixando claro que em nosso país a justiça não é aplicada de maneira igual, o que evidencia um Estado Democrático de Direito que precisa evoluir e amadurecer suas instituições. Ao não assumir que a autoridade policial pode errar como qualquer outra pessoa, o juiz coloca o réu em uma condição distinta dos demais cidadãos. Com essa sentença o juiz não pune quem deveria dar o exemplo”, analisa Morandini.

Aeroporto

Outro caso que também chamou a atenção teve um desdobramento recente. O Ministério Público de São Paulo denunciou, em agosto, sob acusação de lesão corporal culposa, o motorista do ambulift que transportava o arquiteto Fernando Porto de Vasconcellos, de 72 anos, de um avião da Gol até o saguão do aeroporto de Congonhas, quando ele caiu da cadeira de rodas, em dezembro de 2010. Vasconcellos bateu a cabeça no chão e continua em coma, depois de ficar quatro meses na UTI. O promotor José Cláudio de Melo Costa considerou que o motorista Fabio Araújo Arosio, da INFRAERO, agiu com imprudência e negligência, ao deixar de fixar a cadeira de rodas ao veículo - ela só foi presa pelo próprio freio - e ao trafegar em “velocidade excessiva” com velocímetro quebrado. Como ele é motorista profissional, a pena varia seis meses a três anos de prisão. O ambulift não tem cinto que prenda o cadeirante ao veículo, como é o caso dos ônibus. Por esse motivo e como nem todas as cadeiras conseguem ser fixadas nas presilhas do veículo, o promotor recomendou ao Ministério Público Federal que tome providências para que a Infraero faça uma adequação em seu serviço. A Infraero paga despesas médicas de Vasconcellos desde o acidente.


notas EXPOCRISTÃ 2011 A EXPOCRISTÃ completou na edição 2011, 10 anos de feira, com mais de 120 mil visitantes em todo o período, sendo a maior feira cristã da América latina. O evento, que aconteceu no centro de exposições do Anhembi, foi de 20 a 25 de setembro, contando na abertura com a presença do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, deputados estaduais, federais e representantes do segmento, como também Eduardo Berzin Filho (EBF), idealizador e presidente da feira. Em cada edição é possível encontrar-se de tudo, shows de música gospel, palestras, cursos, produtos do segmento, além de estandes com tudo que há de novo no universo cristão. A REVISTA REAÇÃO esteve presente e conferiu a acessibilidade da feira. Segundo os visitantes, estava com bom acesso, corredores largos, pouca irregularidade no piso, com rampas nos estandes elevados, atendimentos adequados e cadeiras motorizadas na entrada. Parabéns !!!

por Marcelo Borges Rodrigues

artigo

Da acessibilidade humana...

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s obrigações legais referentes a construções mais acessíveis têm popularizado o conceito de acessibilidade na sociedade brasileira. Ainda que seja comum confundir acessibilidade arquitetônica com a instalação de rampas, como se apenas as pessoas cadeirantes necessitassem de acessibilidade sem estender esse direito a pessoas com outros tipos de deficiências, são visíveis os avanços tanto em prédios públicos quanto em alguns outros privados. Entretanto, esses meios de acesso arquitetônico têm revelado outro problema, a (falta de) Acessibilidade Humana. As pessoas não estão preparadas nem adequadamente educadas para lidar com as pessoas com deficiência, que aos poucos estão conseguindo buscar o seu devido espaço na sociedade. Entendendo Acessibilidade Humana como o conjunto de comportamentos corretos para prover o acesso de todos a tudo, de modo respeitoso e inclusivo, é impressionante a quantidade de pessoas que muitas vezes sequer sabe qual comportamento seria o correto. Por falta dessa Acessibilidade Humana, pessoas que trabalham no atendimento ao público e colegas de trabalho de pessoas com deficiência, ainda que bem intencionados, vem cometendo uma série de gafes e gerando constrangimentos que poderiam ser evitados através de rápidas ações educacionais de introdução ao mundo das pessoas com deficiência. São situações cotidianas, como tentar antecipar a vontade de atravessar a rua de uma pessoa cadeirante, que um colega de trabalho começa a empurrar a cadeira de rodas sem perguntar; para evitar o constrangimento de dizer que não sabe LIBRAS, o atendente do balcão tenta não “enxergar” a pessoa surda; ou então uma pessoa grita com a pessoa cega achando que dessa forma ela vai entender melhor. De forma alguma se pretende afirmar que não mais existe preconceito no Brasil, mas mesmo com aquelas pessoas que querem ajudar é preocupante o despreparo da maioria da população em lidar com as pessoas com deficiência. O que é comum e óbvio às pessoas com deficiência, bem como seus amigos e parentes são, muitas vezes, completas novidades para grande parte da população, que já ressente de lacunas de educação globalmente, o que maximiza essa falta de adequação no relacionamento interpessoal com pessoas com deficiência. Complementa essa visão, a falta de uma cultura inclusiva no país, pois muitas pessoas ainda não vêem as pessoas com deficiência como possíveis colegas de trabalho ou consumidores, relegando-os ao assistencialismo. Nos projetos de inclusão que estão sendo construídos pelo país afora são as ações de educação para a inclusão que têm obtido maior sucesso na empreitada de transformar essa em uma nação culturalmente mais acessível. É crucial dar os meios de acesso arquitetônico, mas sozinhos eles serão insuficientes para transformar o Brasil em um país efetivamente acessível a todos. Pouco ajuda uma pessoa com deficiência conseguir um emprego se ela não puder se desenvolver profissionalmente e rampas não implicam atendimento adequado às pessoas com deficiência. Precisamos desde já construir políticas para o desenvolvimento da Acessibilidade Humana no país, e o caminho deve ser o da educação para a inclusão.

Marcelo Borges Rodrigues é fundador da Egalitê Recursos

Humanos Especiais.

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direito

por Geraldo Nogueira

Acessibilidade nos grandes eventos do Rio

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Rio de Janeiro se prepara para a realização de grandes eventos nos próximos anos, como a Rio+20 (Conferência da ONU pela Sustentabilidade) em 2012, a visita do Papa e a Copa das Confederações em 2013, a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas e Paraolimpíadas de 2016. Nossa legislação garantirá acessibilidade nestes eventos ? E a cidade ? Está preparada para receber as pessoas com deficiência, atletas ou visitantes ? Recentemente, ao reiniciar os caminhos da democracia o Brasil alcançou o status de país de direito por ter um ordenamento jurídico organizado, mas só alcançará o status de país de justiça quando conseguir aplicá-lo igualmente a todos os indivíduos. O ordenamento jurídico é um intrincado de normas que visa regrar as relações sociais e o Direito é que garante a igualdade entre os cidadãos, fornecendo os instrumentos para que a Justiça possa intervir nas relações sociais que estão em desequilíbrio. No Brasil, os movimentos de pessoas com deficiência, tanto o de luta por direitos, quanto o de vida independente, ocupam relevante espaço de influência nas organizações políticas e sociais do país, o que permitiu significativa visibilidade do segmento dentro da sociedade brasileira. O coroamento mais emblemático dessa conquista foi a recém-incorporação da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência em nosso ordenamento jurídico com força de norma constitucional, se firmando como o primeiro tratado internacional a assumir esse status na legislação nacional. No Rio, do ponto de vista da acessibilidade com qualidade, infelizmente ainda não estamos preparados para receber as pessoas com deficiência para eventos dessas dimensões. O maior desafio da acessibilidade está no sistema de transportes da cidade que ainda se apresenta com qualidade inferior a de cidades, como Curitiba/PR e Belo Horizonte/MG, por exemplo. Os sistemas públicos de informação, inclusive eletrônicos, são inacessíveis para pessoas cegas ou surdas e as empresas privadas ainda não enxergam nas pessoas com deficiência potenciais consumidores ou usuários dos serviços de uso coletivo ou público. A instituição de políticas pública na área das deficiências ainda é avalizada por primeiras damas e sua implementação se concentra em secretaria especializada que assume o errôneo papel de mini prefeitura da pessoa com deficiência, quando deveria ser articuladora da elaboração e execução das políticas municipais para o segmento, funcionando no monitoramento de informações e dados,

fiscalização e orientação institucional para o aparelhamento municipal. Os operadores do sistema de segurança pública da cidade desconhecem as demandas e necessidades das pessoas com deficiência, fazendo com que o contato com a realidade dos indivíduos com deficiência seja urgente e vital, pois afinal haverá grande numero de atletas paraolímpicos circulando pela cidade, muitos procedendo de países que possuem acessibilidade de qualidade e onde os direitos dos cidadãos são respeitados. Dessa forma, por despreparo de nossos agentes da segurança pública, corremos o risco de que as reclamações por acessibilidade ou direitos humanos venham a ser interpretadas como arrogância ou pretensão descabida. O Poder Público Municipal e Estadual têm estado inerte com relação à promoção de campanhas informativas e educativas dirigidas à população carioca, com a finalidade de conscientizá-la quanto à importância da acessibilidade e sensibilizá-la quanto à necessidade de promoção de inclusão social da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida e o pior é que ainda temos que buscar a Justiça para obrigá-los ao cumprimento das leis. Recentemente uma ONG do Rio, o IBDD, promoveu uma ação civil publica para obrigar o município a fiscalizar a acessibilidade das edificações, através de liberação do “habite-se” somente após verificação das condições de acesso. Também promovemos o mesmo tipo de ação judicial, através da ONG CVI-Brasil, contra o Estado do Rio de Janeiro para garantir interprete da língua de sinais e legendas nas campanhas televisivas de prevenção a doença ou a catástrofes, mesmo havendo lei estadual que garante este direito. A realidade é que as pessoas com deficiência de nosso país ainda terão que enfrentar o pernicioso sentimento do preconceito, pois por mais que uma sociedade avance em novas tecnologias, em reconhecimento de direitos humanos e sociais e na aplicação da justiça através das leis, o que infelizmente não é o caso do Brasil, ainda assim o germe do preconceito estará agarrado à alma das pessoas, como um parasita silencioso pronto para discriminar e dificultar a inclusão social.

Geraldo Nogueira é advogado, cadeirante, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência da OAB/RJ Email: genogue@terra.com.br


por Fabiano Puhlmann

sexualidade

Educação Sexual para Pessoas com Deficiência

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ara a Convenção da ONU, sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, ratificada pelo governo brasileiro em 2008: “Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas”. Tipos de Deficiência: deficiência física, deficiência auditiva, deficiência visual, deficiência Intelectual, deficiência múltipla. A pessoa com deficiência consegue ter uma inclusão afetiva plena quando os programas de saúde e educação onde ela está inserida a classificam segundo sua funcionalidade, levando em consideração seus aspectos físicos individuais e únicos, seu estilo de vida, seus hábitos e principalmente seus estilos de enfrentamento . Para garantir a saúde sexual e reprodutiva de pessoas com deficiência é preciso incluir a Educação Sexual como matéria obrigatória nos Centros de Saúde e Educação abertos para este público. Um bom programa de educação sexual deve seguir os seguintes princípios: • Toda pessoa tem direito a expressão sexual plena e responsável; • O ajustamento sexual é facilitado pela maior comunicação sexual; • A inclusão afetivo sexual é um dos aspectos essenciais da saúde plena; • A expressão sexual é um processo dinâmico, que sofre alterações de acordo com as necessidades físicas, as experiências e o meio social; • A aceitação sexual é secundaria à autoaceitação sexual; • A sexualidade somente pode ser expressa, reprimida ou suprimida. A comunidade científica é unânime em afirmar que a sexualidade é um componente fundamental de todo ser humano, sendo uma modalidade global do ser nos confrontos com os outros e com o mundo, vinculando-se a intimidade à afetividade, a ternura, a um modo de sentir e exprimir-se, vivendo o amor humano e as relações emocionais e afetivo-sexuais. O impulso sexual, o enamoramento e o amor, podem ser vividos plenamente pela pessoa com deficiência. O impulso sexual é o componente psicossomático do comportamento sexual, identificado através do desejo, sendo a paixão seu correspondente emocional; o enamoramento é a fase do relacionamento que precede os sentimentos de amor e paixão, é a fase de absoluta fascinação onde tudo no outro parece encantador e o amor é o suporte de relações duradouras de prazer compartilhado e socialmente aceito. Lembramos ainda que a sexualidade deve ser entendida dentro de suas múltiplas dimensões:

A dimensão biológica Relacionada aos aspectos orgânicos, anatômicos e fisiológicos da sexualidade. Nesta dimensão são estudados os aspectos genéticos, os hormônios sexuais masculino e feminino, as características internas e externas da genitália, as fases orgânicas do ato sexual.

A dimensão psicológica Muito abrangente, vai tratar do desejo sexual, das fantasias, do erotismo e da construção complexa da identidade sexual e da orientação afetivo-sexual. Nesta dimensão a ciên-

cia psicológica se depara com o desafio de explicar as diferentes escolhas sexuais, os fetiches, as variações do objeto do desejo, os bloqueios emocionais que dificultam os relacionamentos afetivos, o estudo do desejo sexual, do erotismo e o papel das fantasias na satisfação sexual, entre outros temas.

A dimensão social Vai estudar como se desenham os papeis sociais de gênero em diferentes culturas e épocas históricas. A dimensão espiritual está preocupada com aqueles aspectos da sexualidade que vão além das explicações dadas pelas dimensões anteriores, está relacionada com a intuição, as percepções alteradas de consciência que experimentamos em relacionamentos de amor. Os programas de educação sexual de pessoas com deficiência devem se preocupar prioritariamente com a acessibilidade dos materiais de apoio: vídeos, revistas e sites educativos, eróticos e pornográficos. Quanto ao conteúdo didático, além de abordar temas tradicionais da sexualidade, tais como: anatomia e fisiologia sexual masculina e feminina; Fases do ato sexual ; Concepção, Gravidez e parto; Métodos de prevenção de DSTs; papeis sexuais; orientação sexual; Masturbação e Erotismo; Desvios sexuais; Tratamentos de disfunções sexuais; Acessórios e recursos sexuais. Deve também abordar temas relacionados às especificidades das diferentes deficiências como: possíveis repercussões da deficiência na função sexual; categorias de acessibilidade: arquitetônica, do mobiliário, do material, de comunicação e atitudinal no lazer sexual adulto; apoios à comunicação, à movimentação e ao aprendizado de limites

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sexualidade sociais no caso específico da deficiência intelectual). Dentro da especificidade de cada deficiência existem algumas atitudes essenciais que devemos implementar quando vamos promover a inclusão afetiva da pessoa com deficiência. Nas deficiências físicas devemos estar atentos a acessibilidade arquitetônica e de mobiliário do lazer sexual adulto, à informação sobre tratamentos e medicações para disfunções sexuais para as “deficiências físicas” que tenham alterações vasculares e neurológicas. O mundo, depois de muitas voltas, finalmente mudou e hoje nenhuma pessoa com deficiência precisa abdicar do prazer sexual. Em poucas palavras, hoje deficiência é um detalhe de um corpo completo e integral. Pessoas com deficiência física, mesmo que se sintam bem com seus corpos diferentes, referem com muita frequência, dificuldade de serem identificados com o padrão estético de beleza adotado pela maioria, A grande maioria das pessoas com deficiências não apresenta disfunções que necessitem tratamento orgânico, porem devido ao contexto de preconceito, super-proteção e isolamento que envolve esta população, existe sempre a necessidade do fortalecimento da estrutura de personalidade para lidar de maneira assertiva com os relacionamentos afetivos. No caso especifico das pessoas com Paralisia Cerebral com sérios problemas motores e de comunicação verbal a inclusão digital é uma porta aberta para a inclusão afetiva, no computador podem mostrar suas capacidades de forma livre, sem as barreiras da comunicação. No mundo real são ainda vistos com preconceito, no mundo virtual, voam como pássaros na velocidade da internet, revelando a sexualidade de homens e mulheres totais, provando que ainda temos muito que aprender. Na “deficiência auditiva”, a Educação e terapia sexual deve ser realizada em LIBRAS, seja através da formação do profissional de educação e saúde nesta segunda língua brasileira seja na contratação de interpretes de LIBRAS e, neste caso, é também recomendada a formação dos intérpretes em educação sexual. Para implementar a comunicação sobre os inúmeros detalhes da vivencia sexual e afetiva é necessária a criação e divulgação de sinais sobre sexualidade em LIBRAS. A pessoa com deficiência auditiva precisa receber informação atualizada sobre sexualidade. As pessoas que adquiram uma deficiência auditiva ou que nasceram surdas enfrentam barreiras na comunicação para viver a sexualidade, na realidade, vivem a sexualidade de modo intenso na comunidade surda, porem sabem pouco sobre a sexualidade fora do gueto protegido, temem se envolver com o desconhecido, todo aquele que não se comunica pela LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) é visto com ressalvas, a sexualidade do surdo esta sendo bombardeada pela inclusão social. Surdos em escolas inclusivas passam a se comunicar de forma mais abrangente, aprendendo sobre relacionamento e sexualidade de um modo novo, exigindo constante adaptação dos seus valores a nova realidade, surdos e ouvintes estão construindo um novo jeito de se envolver, os frutos podem ser doces e alguns muito amargos,

mas esta realidade não tem volta. A pessoa com “deficiência visual” deve ser estimulada a desenvolver suas habilidades perceptivas (olfato, paladar, tato, audição, propriocepção) a serviço da vivencia afetivo sexual. Necessitam de informação impressa em Braille ou em formato digital (usuários de sintetizadores de voz - Jaws, Virtual vision, Dosvox), sobre sexualidade. Edição de Áudio-livros sobre educação sexual e sobre contos eróticos. A deficiência visual em si não altera a sexualidade, nem exacerba sua manifestação, nem impede sua vivencia, a sexualidade do deficiente visual está diretamente ligada à sua abertura para viver o enamoramento, a paixão e o amor. A pessoa com deficiência visual que perdeu a visão como adulta tem mais facilidade para se adaptar a sexualidade sem a visão, sabem utilizar o toque para conhecer os potenciais parceiros, o dialogo e as caricias para embalar e no caso de terem experiências sexuais previas, lidar com o ato sexual com nível de ansiedade adequado. Mesmo casais cegos, que perderam a visão adultos, não relatam dificuldades com a sexualidade, podem ter de lidar com problemas sexuais, como qualquer pessoa, mas sem grandes dificuldades. A criança cega que for bem estimulada para ter autonomia, para ver todo seu corpo como seu patrimônio, sem zonas proibidas e tiver boa informação sobre o funcionamento do mesmo, chegara a adolescência com capacidade para lidar com os desafios afetivo-sexuais da juventude. A pessoa com deficiência visual não tem por causa da deficiência nenhuma alteração em sua fisiologia e anatomia sexuais, durante suas vivencias de enamoramento, paixão e amor ira experimentar as mesmas fases do ato sexual normal, desejo, excitação, orgasmo e resolução, utilizara o recurso das fantasias eróticas que podem ter ou não imagens visuais dependendo do estimulo gerador, estímulos auditivos, olfativos táteis e gustativos podem estar potencializados devido à intensa utilização adaptativa. A pessoa com “deficiência intelectual” necessita que os pais, os educadores e os terapeutas sexuais utilizem mediações pedagógicas para educação sexual, indiquem acessórios e recursos sexuais para masturbação daqueles que não conseguem ter relacionamentos. E principalmente o fomento de uma rede de apoios para o relacionamento afetivo sexual. As pessoas com deficiência intelectual estão sempre sujeitas a suas famílias, se são tratadas de modo natural, aberto e criativo viverão a sexualidade possível de acordo com seus limites, mas sempre superando as dificuldades com apoio e boa vontade dos familiares. Para as famílias serem pro-ativas com a sexualidade dos filhos deficientes intelectuais, é necessário que tenham superado o trauma complexo de ser pais de um filho nesta condição, ter um papel de pai ou de mãe que sabe colocar limites sem rejeitar, que consegue apoiar o filho a enfrentar os relacionamentos mais amplos. São pais inclusivos que sonham para o filho uma vida completa com estudo, trabalho, lazer, amizade, amor e sexo. Casais sexualmente equilibrados conseguem lidar com mais facilidade com os desafios da inclusão afetivo-sexual. As pessoas com “deficiência múltipla” podem receber informa-


sexualidade ções sobre a sexualidade através de um programa de educação sexual inclusivo, que equipare suas oportunidades de aprendizado através da acessibilidade dos materiais, do conteúdo e da comunicação. As maiores dificuldades das pessoas com deficiência múltipla para expressarem sua sexualidade advém do fato de necessitarem de um intermediário para estabelecer contato com as outras pessoas e com o meio. No caso especifico dos surdo-cegos é necessário trabalhar primeiramente com os guias interpretes (aqueles que fazem a intermediação da comunicação do surdo-cego) que devem receber treinamento para lidar com os assuntos sexuais com naturalidade. A pessoa com deficiência múltipla com presença de deficiência intelectual, dependendo do grau de autonomia e independência, tem maiores dificuldades na compreensão das informações sobre a sexualidade, necessitando de auxilio ou supervisão no auto-cuidado e nas atividades de higiene íntima. Podem ter grande dificuldade para se enquadrar nas regras de comportamento afetivo do senso comum, devendo ser protegidos contra o abuso sexual, muito prevalente nesta população. As barreiras milenares de preconceitos sexuais que associavam deficiência com incapacidade para a vida e para a sexualidade, perderam espaço para uma torrente criativa proveniente de um conjunto de fatores: pessoas com deficiência conscientes de seu potencial sexual; profissionais alinhados com a nova ordem de inclusão total do deficiente na comunidade, com respeito a seus

direitos à informação, tratamento e vivência de sua sexualidade; familiares menos controladores e mais abertos, funcionando como equipe informal e facilitando a conquista de uma vida auto-dirigida e independente. A verdade permanecerá latente, eles sentem, eles desejam, eles sonham, eles sofrem, como qualquer ser humano. Precisamos nos libertar de nossos preconceitos milenares frente à sexualidade humana. Somente após a perda de um pouco de nosso falso saber, poderemos parar e perguntar aos pais e as próprias pessoas com deficiência, como eles querem que seja sua vida afetivo-sexual. Fabiano Puhlmann Di Girolamo

é Psicólogo Formado Pela Universidade São Marcos; Psicoterapeuta Especialista Em Psicologia Hospitalar Da Reabilitação Pela Faculdade De Medicina Da USP; Especialista Em Sexualidade Humana Pelo Instituto H. Ellis; Especialista Em Integração De Pessoas Com Deficiências, Pela Universidade Salamanca, Espanha; Especialista Em Reabilitação Pela Secretaria De Saúde Do Estado De São Paulo; Educador Sexual Pela Sociedade Brasileira De Sexualidade Humana E Faculdade De Medicina Do Abc; Membro Do Corpo Docente Do Curso De Pós-Graduação da SBRASH; Membro Do Conselho Científico Das Casas André Luis Da Cidade De Guarulhos; Fundador Do Cepcos (Centro De Estudos E Pesquisa De Comportamento E Sexualidade); Coordenador Do Serviço De Psicologia Da IBNL (Instituição Beneficiente Nosso Lar) Atuação Reconhecida Nas Áreas De Acessibilidade, Ajudas Técnicas e inclusão, Participando Da Formação E Gestão De Serviços Especializados No Setor Público E No Terceiro Setor; Atua Como Psicólogo Clínico Junguiano, Articulista E Palestrante De Assuntos Referentes A Inclusão De Pessoas Com Deficiência. Atualmente É Responsável Pela Área De Acessibilidade/Ajudas Técnicas E Os Programas De Sensibilização Do Instituto Paradigma.

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II Congresso Latino Americano e VIII Congresso Brasileiro de Ortopedia Técnica reúne mais de 540 congressistas em 5 dias de evento Evento registrou um aumento de 25% no número de visitantes da feira e 23% de congressistas em comparação com o realizado em Porto de Galinhas /PE

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II Congresso Latino Americano e VIII Congresso Brasileiro de Ortopedia Técnica tornou-se a principal referência na América Latina e está entre os 10 maiores do mundo no setor. O evento reuniu mais de 540 especialistas, 33 palestrantes e mais de 2.700 visitantes da área para discutir técnicas e trocar experiências. Cerca de 30 expositores nacionais e internacionais trouxeram para a feira de produtos ortopédicos as melhores e mais recentes tecnologias em órtese e prótese. Em comparação com o evento realizado em 2009, em Porto de Galinhas (PE), o II Congresso Latino Americano e VIII Congresso Brasileiro de Ortopedia Técnica registrou um aumento de 25% no número de visitantes da feira e 23% de congressistas.

A quantidade de expositores também cresceu, contabilizando um acréscimo de 15%. Entre os expositores esteve a Otto Bock, responsável por trazer para o Brasil a mão biônica apelidada de “Michelangelo”, e a Touch Bionics responsável pela mão biônica “i-LIMB”. Próteses ortopédicas de membro superior como essas possuem design anatômico e detalhes de uma mão natural. Os equipamentos representam uma inovação em reabilitação, uma vez que possibilitam aos usuários movimentos do cotidiano, incluindo atividades que exigem coordenação motora fina, como escrever. “O grande diferencial desta prótese é que ela permite que o usuário carregue um peso de até 90 quilos. Temos mais de 1 mil e 400 usuários em


Além de representantes internacionais, a feira contou com expositores brasileiros que mostraram os melhores e mais acessíveis produtos voltados para a reabilitação de pessoas com deficiência, como foi o caso da Ortho Pauher. Há 16 anos no mercado, a empresa é pioneira na fabricação de produtos ortopédicos de silicone e gel polímero.

todo o mundo. A prótese é registrada na ANVISA desde outubro de 2009. Todos os componentes vem da Escócia para que ela seja montada no Brasil”, afirma o gerente da Touch Bionics – Ronei Quedi.


“Nosso grande lançamento no Congresso foi o anel regulável, um sistema soquete selado a vácuo. O equipamento permite melhor sucção e efeito de alavanca. Com esta novidade, reafirmamos nosso objetivo de proporcionar aos usuários de próteses o acesso a tecnologias de países de primeiro mundo a um custo mais acessível. A Ortho Pauher fornece componentes para cerca de 47 países e possui 600 produtos”, diz o diretor da companhia – Henrique Queiroz. Mais informações: www.abotec.org.br

A Revista Reação marcou presença no evento

Projeto de lei para regulamentar profissão de ortesistas e protesistas

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Associação BrasiSeguridade Social e Família (CSSF) da leira de Ortopedia Câmara dos Deputados, ficou definida Técnica (ABOTEC) a exigência de nível técnico para exercer deu um importante a profissão, além de ter sido acrescenpasso na luta pela tado o termo “ortopédico” ao final da regulamentação da profissão de denominação de protesistas e ortesistas ortesistas e protesistas ortopédiortopédicos. cos. No dia 29 de setembro, em “A aprovação do projeto de lei traz Natal, a deputada federal e inteo reconhecimento para os profissionais grante da Comissão do Trabalho, que resgatam a dignidade das pessoas de Administração e Serviço Púcom deficiência em nosso país, fazenDeputada Flávia Morais e Sr. Nelson Nolé blico (CTASP), Flávia Morais (PDTdo parte do processo de reabilitação dos -GO), anunciou a aprovação do projeto de lei No 5.635-A, pacientes”, explica o presidente da ABOTEC, Joaquim Cunha. de 2005. A proposta, que define o profissional como sendo “Agradecemos o apoio de profissionais como a deputada aquele que desempenha a função de confeccionar sob me- federal Flávia Morais para a regulamentação da profissão, dida órteses, próteses, palmilhas e calçados ortopédicos em que já existe há mais de 100 anos, mas não é reconhecida oficina própria, segue agora para a Comissão de Constituição no Brasil”, afirma. e Justiça da Câmara dos Deputados. Para a deputada federal Flávia Morais, a Associação Brasileira “Ainda ontem conseguimos aprovar o projeto de lei na de Ortopedia Técnica ajuda a diminuir as diferenças no país e Comissão do Trabalho, de Administração e Serviço Público. contribui para o reconhecimento da categoria. “A ABOTEC é um Temos que valorizar o trabalho desses profissionais que con- órgão importante para integração de conhecimento, tecnologia tribuem para a reabilitação dos usuários de órteses e próteses e inovação no que se refere à órteses e próteses ortopédicas ortopédicas. Venho de uma formação em Educação Física e no Brasil”. De acordo com Flávia, a produção nacional de conheço a relevância da regulamentação dos ortesistas e pro- órteses e próteses ortopédicas já possui reconhecimento tesistas ortopédicos para o avanço no tratamento de pessoas internacional, com destaque para a exportação de tecnologias. com deficiência”, ressaltou a deputada federal Flávia Morais A ABOTEC possui cerca de 300 profissionais e empresas durante o II Congresso Latino Americano e VIII Congresso associadas e busca a excelência no desempenho de uma Brasileiro de Ortopedia Técnica. equipe multidisciplinar preocupada em oferecer a melhor e Aos profissionais, ficam atribuídas as seguintes funções: mais avançada assistência de órtese e prótese do Brasil. “A auxiliar na prescrição da prótese e da órtese; avaliação inicial associação atua na defesa dos interesses das pessoas com do paciente e interpretação da prescrição; tomada de medidas deficiência, na luta pela mudança na forma de concessão de e moldes para confecção da prótese ou órtese; confecção e órteses e próteses no Brasil. Além disso, a ABOadaptação das mesmas em pacientes; instrução quanto ao TEC desenvolve um papel importante na caseu uso correto bem como todos os cuidados de higiene e pacitação e aperfeiçoamento dos profissionais manutenção; e acompanhar posteriormente o registro de responsáveis pela produção desses aparelhos todos os dados sobre evolução do paciente. de ortopedia técnica, por meio de cursos e Durante a passagem do projeto de lei pela Comissão de congressos periódicos”, diz Joaquim Cunha.



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mulher

por Márcia Gori

A mulher de hoje... com deficiência !!!

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urante todo o mês de agosto e setembro, estivemos às voltas com as Conferências de Direitos e Políticas para Mulheres no Brasil inteiro, discutindo, fomentando novas diretrizes para todo o segmento MULHER. Contudo, não vi muitas manifestações de mulheres com deficiência em participar e levar as nossas propostas à frente, e mostar que temos as nossas necessidades e especificidades. Poucas foram, pelo que vimos nas redes sociais, então temos o entendimento que ainda é um movimento solitário, timido, todavia legítimo e necessário, visto que não temos nada em estatistícas sobre câncer de mama e útero, planejamento familiar, DST/AIDS, entre outros, mas irão dizer: “todo o segmento da pessoa com deficiência também não tem estatisticas claras”. Porém, todo o segmento tem números nem que sejam por amostragem, mas tem. Temos em conversas isoladas, que existe um alto número de mulheres com deficiências com câncer de mama e útero, entretanto onde elas estavam nesse momento de reivindicação ? Porque esse isolamento e alienação em não participar de um momento ímpar em que o espaço é democrático para as conquistas de novas políticas públicas ? Não se esqueçam que todo o direito atualmente conquistado foi através de muitas lutas, reuniões, discussões, visto que nada se alcança sozinho e no individual, mas oportunidade perdida, embora ainda podem provocar as delegadas eleitas, apesar que as propostas enviadas para a estadual não poderão serem mexidas com novos teores, o que é uma pena. A situação é sempre a mesma, já virou jargão e círculo vicioso para que tudo tenha uma desculpa para não acontecer: “não frequentamos reuniões por falta de acessibilidade, não temos ônibus ou conduções para chegar aos locais”... Mas como mudar uma sociedade senão participamos de nada ? Se deixamos nossas vidas entregues em mãos de outrem ? É mais fácil reclamar do que tá feito ? E construir o correto não é melhor ? Comodismo !!! É dessa doença que atualmente sofremos. Aquele espírito de enfrentamento, o sentimento de mudança está adormecido dentro de nós, não direi morto, porque isso não é possível. Apesar que ainda acredito que haverá mudanças para melhor em nosso mundo, apesar que precisamos da força e perseverança de cada uma de nós. Porque desacreditaram que sonhar é possível e real? Onde está a resiliência do nosso movimento e de nossas mulheres com deficiência em alterar a nossa realidade?

Porque houve esse esfriamento em nosso espirito de luta? Será que todas estão com a vida resolvida ? Ou estamos muito virtuais ? Temos que lembrar que a internet atualmente está em 7% dos lares no Brasil, ainda existe muita gente sem acesso virtual, sem inclusão digital, então temos que ter em mente que cabe a nós, líderes femininas com deficiência a fazer o papel de formar novas líderes como agentes multiplicadoras, injetar sonhos e fazê-las acreditar, lutando com a presença delas em todos os cantos, porque o que não é visto não é lembrado, com a participação efetiva para se obter o respeito de todo o coletivo social. A preocupação da ausência desta mulher na criação de novas diretrizes, é real, pois a todo momento temos contato com reclamações, denúncias de violações de direitos, de constrangimentos, porém não há presença maciça da figura desta mulher em reuniões, em quase nada, com evasão de participação como cobrar ? Por mais chamados que façamos, estas lutam em não participar por acreditar que nada irá mudar ou se transformar, sem questionamentos, sem dificuldades, sem obstáculos não há razão pra nada, nascemos para luta, para modificações, para enfrentamento das adversidades, ainda temos dentro de nós as mulheres nomâdes que faziam tudo, que caçavam, que conquistavam seus espaços, ou será que a mulher moderna está tão resolvida que a zona de conforto é melhor do que o sentimento de dever cumprido ? Nada contra a zona de conforto, mesmo porque também tenho a minha, mas ultimamente ela está cheia de espinhos que estão cravando em toda parte do meu corpo e teima em não me deixar descansar e curtir as minhas conquistas, mesmo porque ainda não são completas... Então ? O que você prefere ? Viver ou morrer ??? Até o nosso próximo encontro !!! Márcia Gori é bacharel em Direito-UNORP, Idealizadora da Assessoria de Direitos Humanos - ADH Orientação e Capacitação LTDA, Ex-presidente do Conselho Estadual para Assuntos da Pessoa com Deficiência - CEAPcD/SP 2007/2009, ex-Conselheira Estadual do CEAPcD/SP 2009/2011, Presidente do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência de São José do Rio Preto/SP, membro do CAD - Clube Amigos dos Deficientes de São José do Rio Preto/SP. Idealizadora do Seminário sobre Sexualidade da Pessoa com Deficiência na REATECH 2010/2011, palestrante sobre Sexualidade, Deficiência e Inclusão Social da Pessoa com Deficiência, modelo fotográfico da Agência Kica de CastroFotografias. E-mail: marcia_gori@yahoo.com.br Blog: http://mrciagori.blogspot.com/


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denúncia

por Joice Laki

Exclusão em escola particular no Rio de Janeiro Escola particular proíbe criança com deficiência de usar o pátio da escola, inviabilizando seu direito de frequentar as aulas...

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o dia 8 de agosto de 2011, Consuelo Machado, mãe do aluno da Associação Escolar de Modelar de Cambauba, no Rio de Janeiro, por meio de um site da Rede Social, publicou um testemunho informando que seu filho Arthur, de 6 anos de idade, foi convidado a se retirar do pátio da escola, que é frequentado por todos os alunos. A luta teve início na matrícula, em 2009, quando a equipe médica de Arthur prescreveu como tratamento o convívio escolar, e sua mãe fez de tudo para matricular seu filho, após visitar uma série de escolas da região. A direção da escola não aceitou a matrícula, impondo uma série de exigências, inclusive a realização de reunião com pais de outros alunos para “autorizar”, o que fere diretamente os direitos fundamentais de Arthur ! A matrícula só foi efetivada após uma notificação, despois de 2 meses de negociações infrutíferas. Entretanto, não satisfeita com a matrícula do menino, a instituição começou a criar uma série de obstáculos para que a mãe

desistisse de manter o filho na escola – de Bullying até a sua proibição do garoto em usar o pátio da escola, com a colocação de um cadeado num portão da educação infantil que dá acesso ao pátio, inviabilizando até a prestação de socorro rápido, motivo pelo qual a equipe médica não tem autorizado a ida da criança à escola: a escola não está cumprindo o que foi acordado pessoalmente com o seu médico em 2009, o que não garante a segurança do Arthur no ambiente escolar. A doença de Arthur não foi diagnosticada. Porém, Arthur apresenta atraso global no seu desenvolvimento neurológico, associado à Síndrome de Disautonomia Severa, provocada por estímulos sensórios neurais abruptos, de causa desconhecidas. Por isso, Arthur não deve se esforçar muito, precisa de períodos de descanso para evitar excesso de estímulos e, no dia em que recebeu notícia de que estava proibido de usar o pátio, ele saia de uma aula de Educação Física, na quadra, pois sentiu-se mal, cansou e começou a fazer esforço respiratórios, precisando ser socorrido no pátio (que dá acesso a quadra) pela avó médica que o acompanha 24 h por dia, enquanto sua mãe se dirigiu ao parquinho para buscar medicação específica e seu carinho para acomodá-lo, enquanto os cuidados eram prestados. Porém, surpreendeu-se com o portão do parquinho para o pátio trancado com cadeado, impedindo o socorro do aluno. No mesmo ano que Arthur entrou


denúncia na escola, sua prima começou a sofrer Bullying. Inicialmente ouvia dos outros que seu irmão era “babão” e que “não fechava a boca”. Depois relatou em casa que uma outra criança, que viria a ser filha da psicóloga da escola, estava proibindo as outras meninas de serem suas amigas - passando a ficar excluída. Após reclamação da família junto à escola, a psicóloga da escola (que deveria ser impedida e suspeita de atuar profissionalmente junto a série de sua própria filha) retirou a menina de apenas 7 anos de idade da sala de aula sozinha e sem a ciência dos pais, para fazer uma acareação com a própria filha, o que configura constrangimento nos termos do ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente. Após tal acontecimento, a menina de apenas 7 anos começou a passar mal na escola, chorar e a sofrer sintomas físicos, precisando de acompanhamento médico. Diante de tal situação, a família notificou a escola por escrito da continuidade do Bullying, solicitando providencias efetivas da escola com relação ao Bullying e à psicóloga, inclusive determinando que a mesma se mantivesse afastada da criança. Em resposta, a escola, ao invés de tomar providências, nega a existência de Bullying, afirma que nem a instituição nem a psicóloga sabiam de seu impedimento e envia documento ao Conselho Tutelar afirmando que se trata de uma família violenta e agressiva, e que precisa de aconselhamento. O Conselho Tutelar chamou a família e, ao receber toda a documentação médica, cópia das notificações escritas entre a família e a escola, além de um vasto arquivo fotográfico, reconhece o absurdo da situação criada pela escola e encaminha ofícios para a Delegacia de Proteção à Criança Vítima, e para a Metropolitana III (órgão da Secretaria de Educação para fiscalização das Escolas Particulares para apurar inclusive o constrangimento da criança pela psicóloga escolar. Vale ressaltar ainda que Arthur precisou trancar a matrícula por 6 meses para tratamento médico e que a escola impôs novos obstáculos para o destrancamento da matrícula em abril de 2011, obrigando a família a propor uma Ação Judicial. A escola voltou atrás e efetuou o destrancamento, e a família desistiu da ação. Entretanto, alguns dias depois da desistência veio a proibição para Arthur usar o pátio e a colocação do cadeado. Desta vez, como até então nenhuma autoridade chegou a tomar nenhuma providência para fazer cessar os constrangimentos sofridos pelas crianças, a família procurou diretamente o Ministério Público, onde iniciou-se um procedimento em maio. Ocorre que, até a presente data, nenhuma medida eficaz foi tomada e, inobstante sua mãe pagar religiosamente a mensalidade escolar, Arthur não pode frequentar a escola para não passar por nenhuma situação de risco.

Joice Laki é graduada em comunicação social e escritora. E é Portadora de Paralisia Cerebral.

notas Pessoas com deficiência visual recebem tecnologias para facilitar a inclusão no mercado de trabalho

Em evento realizado em agosto, na sede do Ministério Público do Trabalho m SP, foram distribuídas 133 máquinas de escrever em Braille, com valor correspondente a R$ 250 mil, como doação para pessoas com deficiência visual assistidos pela Laramara - Associação Brasileira de Assistência ao Deficiente Visual ou indicado por instituições parceiras. A iniciativa faz parte do Programa de Concessão de Acesso às Tecnologias Assistivas, idealizado pela Gerência Executiva INSS SP/Centro e que tem como parceiros o Ministério Público do Trabalho - 2ª Região/ SP e a Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida. Dentro dessa parceria os acordos realizados junto ao Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região/ SP, têm gerado doações de equipamentos tecnológicos que beneficiam e facilitam o acesso das pessoas com deficiência ao mercado de trabalho. O curso de Braille é um dos mais procurados da instituição.

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acontecendo

Campos do Jordão tem “1º Diálogo sobre Inclusão e Acessibilidade”

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ensibilizar e conscientizar as pessoas para que se tornem aliadas na luta pela inclusão e acessibilidade foi o principal objetivo do evento, realizado entre 19 e 21 de agosto, na cidade paulista. Os participantes discutiram temas como desenho universal, turismo acessível, sexualidade da pessoa com deficiência e mídia inclusiva, entre outros. A ideia de realização é da vereadora em primeiro mandato, Maria Joaquina dos Santos, intérprete de Libras, voluntária na Pastoral dos Surdos há 15 anos e ex-conselheira tutelar. Com apoio do Grupo Amigos em Ação, ela visitou o gabinete da deputada federal Mara Gabrilli e concretizou os planos do encontro. A deputada, inclusive, participou da abertura. De acordo com a vereadora, Campos do Jordão ainda dá os primeiros passos para se tornar acessível e inclusivo para as pessoas com deficiência. Um dos motivos do evento, inclusive, foi provocar a aceleração dessas mudanças. “Campos é uma cidade turística, mas as cidades não devem ser acessíveis somente para turistas, se faz necessário pensar nas necessidades dos munícipes”, afirmou. Ela ressaltou que existem algumas melhorias nesse setor, como algumas linhas de ônibus adaptados, em que os motoristas foram treinados, além de uma escola pública totalmente reformada, até com elevador, mas ainda há muito que avançar no município. Na abertura do evento, a Prefeitura Municipal afirmou que as novas obras serão planejadas com total acessibilidade. Foi elaborado um documento com diversas ações, uma delas diretamente ligada a um plano para desenvolver o conceito do turismo acessível e melhorar a acessibilidade. “Quando idealizamos esse evento, já pensamos no próximo. Foi uma experiência muito valiosa, que merece ser repetida, para dar continuidade a esse trabalho de inclusão, que é diário”, concluiu a vereadora. O evento terminou com apresentações artísticas na Praça do Capivari, centro comercial e turístico da cidade, inclusive com a cantora e compositora Sara Bentes.

Aparecida/SP ficará mais acessível !!!

Uma boa notícia para os romeiros de todo o País... No dia 12 de outubro é comemorado mais um dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil. Os visitantes de Aparecida, município a 168 Km da capital paulista, podem se preparar: em breve entrará em funcionamento a “Cidade dos Romeiros” que pretende oferecer melhor estrutura de acolhimento. Só em 2010 foram 10,38 milhões de peregrinos, sendo 2 milhões de pessoas com deficiência. O empreendimento fica em uma área de 177 mil m² (no antigo Magic Park), a 700 m da basílica. Na edição passada da REVISTA REAÇÃO (julho/agosto), mostramos as condições de acessibilidade da cidade, destacando os poucos quartos adaptados nos hotéis. No novo espaço, com construção iniciada em maio do ano passado, serão 330 suítes, sendo 18 especiais para PcD. O custo é de cerca de R$ 60 milhões e conta com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Conforme as exigências legais, todas as áreas - hospedagem, lazer, alimentação e serviço - atendem às questões de acessibilidade, como acessos, sanitários, sinalização, entre outras. A previsão de inauguração é setembro de 2012. A nova “Cidade dos Romeiros” será administrada e operada pelo Santuário Nacional Nossa Senhora Aparecida, instituição ligada à Igreja Católica, que administra a basílica. O projeto prevê uma capela com capacidade para 600 visitantes e um centro de convenções para 1.200 pessoas. A partir de 2013, o local sediará também as assembleias anuais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). As áreas comercial e de convívio já existentes serão readequadas e haverá um novo espaço para o comércio.


por Suely C. de Sá Yanez

ponto de vista

Terapia Ocupacional experiência em grupo (algumas considerações)...

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o setor de Terapia Ocupacional (TO) são desenvolvidas atividades específicas para diferentes faixas etárias, bem como para necessidades distintas, muito úteis no resgaste da autonomia e da qualidade de vida de pessoas que estão sendo assistidas na área da reabilitação, estejam elas com alguma deficiência sensorial, física, intelectual, auditiva, múltipla... em qualquer grau ou natureza. A abordagem individual é muito importante, mas também os atendimentos grupais proporcionam resultados muito significativos. Nos grupos acontecem vivências, com atividades dinâmicas, atividades corporais, plásticas e artísticas, possibilitando as relações interpessoais, bem como o fortalecimento das funções psíquicas e sociais para a conscientização do indivíduo enquanto cidadão. Acontecem jogos adaptados, psico-pedagógicos, cognitivos, que estimulam o tato, coordenação motora, habilidades, com atividades musicais, sociais e artísticas e de lazer, favorecendo a sociabilização, motricidade, comunicação e linguagem, com experiências concretas, trocas técnicas e afetivas. O trabalho em grupo possibilita ao indivíduo a oportunidade (desafio) de se tornar mais tolerante, mais sociável e até menos agressivo. É, portanto, também, um trabalho terapêutico transformador das relações interpessoais. É uma oportunidade de adquirir mais segurança e autoconfiança

por meio de atividades que podem contribuir na superação de emoções que dificultam todo o objetivo da conquista da independência nas Atividades de Vida Diária de cada um. A troca de experiências favorece a percepção das emoções e suas influências no dia a dia. Cada participante é estimulado a se comunicar adequadamente, a lidar com as emoções e a elevar a autoestima. Os grupos na Terapia Ocupacional vêm sendo estudados e utilizados cada vez mais nos serviços de saúde, reabilitação e outros, como uma intervenção terapêutica importante e eficaz. Nessa atividade de se “fazer junto”, o TO analisa todo o processo que se estabelece, considerando a dinâmica no processo de interação entre os integrantes do grupo e a realização da atividade proposta. No grupo existe o “eu” em aspectos de características individuais, mas muito mais forte o “nós” em que a cooperação é exercitada (exercício). Este artigo relata parte de uma história de um grupo de pessoas com deficiência visual, cujos integrantes, estavam unidos por um objetivo comum (a realização de uma refeição), compartilhando o mesmo espaço e tempo, o que possibilitava a cada um construir seu papel em determinadas sub-tarefas. Cada um tinha facilidades e dificuldades distintas entre si. Para alguns, participar de uma atividade desconhecida e vivenciar novas experiências era amedrontador e ao mesmo tempo estimulante. Nesse grupo, a atividade se tornava uma facilitadora para a cooperação entre os participantes, em que um se tornava significativo para o outro. À medida que se estabelecia uma articulação entre os componentes do grupo, na qual assumiam e delega-

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ponto de vista vam papéis uns aos outros, a comunicação passou a ocorrer, com as fantasias dos que julgavam que não conseguiriam fazer (e fizeram) e vice versa, o que possibilitou a aprendizagem e, consequentemente, a apreensão da realidade a ser entendida, modificada ou transformada com atitudes criativas frente a obstáculos... Os que faziam com facilidade alguns itens da tarefa estimulavam os que não sabiam e os ajudavam. O vínculo entre alguns já era estabelecido, com outros foi sendo criado e desenvolvido... Aqueles que tinham mais habilidade em desempenhar determinadas tarefas, como cortar, descascar, uso do fogão, utensílios domésticos, foram assumindo seus papéis, não impedindo o aprendizado dos demais. Aconteceram momentos de trocas, conversas sobre o que estava sendo feito, queixas e busca de soluções. O que tinha pouca iniciativa, dependente, muito medroso e cuidadoso em tudo que fazia acabou, com o tempo, aceitando auxílio, percebendo o que poderia fazer e o que não poderia, ajustando-se no papel que deveria fazer e também se arriscando pelo incentivo dos outros, sentindo-se desafiado, conseguindo realizar além do que se havia proposto, conseguindo expor suas dificuldades, idéias e acreditar no próprio potencial. O vínculo que se estabeleceu entre os integrantes estava, sem dúvida, sendo influenciado pelas experiências individuais de cada um. Alguns precisavam de ajuda para lidarem com o medo que paralisava a criação, a exposição de idéias, a experimentação de diferentes tarefas no grupo, pelo sentimento de incapacidade, de ignorância, de rejeição, de negação da própria capacidade que, de certa forma, reproduzia na sua condição de passividade no dia a dia. Um rapaz, componente do grupo, com muitas dificuldades motoras não tinha a habilidade necessária, no momento, para realizar a maioria das tarefas. Porém, conseguiu, com as mãos, cortar os fios do macarrão (espaguete). Assim como um pedreiro, com sua participação específica, “constrói” um prédio, o rapaz, na sua tarefa de quebrar os fios, “fez o macarrão”!!! O grupo começou a dar seus primeiros passos em direção ao que se chama de “saúde grupal”, na qual os indivíduos foram capazes de vivenciar tarefas e relações mais espontâneas e criativas, transformando a realidade e retomando papéis antes adormecidos ou inexistentes. “… na multidão de conselhos há segurança.” (Provérbios)

Suely Carvalho de Sá Yañez é Terapeuta Ocupacional especializada em Orientação e Mobilidade para pessoas com deficiência visuaL e atua na área de reabilitação.

nota Paraolimpíadas Escolares

Foram 3 dias de muito suor, com demonstrações de força, coragem e determinação. As Paraolimpíadas Escolares 2011 reuniram entre os dias 28 e 30 de agosto, cerca de 1.000 competidores, alunos entre 12 e 19 anos, de 23 estados e o Distrito Federal, em quadras, piscina e tatame de São Paulo/SP, em sua terceira edição, reunindo alunos com deficiência física, visual e intelectual, alunos do ensino médio e fundamental. Com 61 pontos (classificação final) e 160 medalhas (96 ouros, 43 pratas e 21 bronzes), os donos da casa (São Paulo) foram os grandes vencedores da edição de 2011, seguidos pelo Rio de Janeiro (60 pontos, 56 ouros, 44 pratas e 21 bronzes) e Minas Gerais (45,5 pontos, 46 ouros, 31 pratas e 21 bronzes). As provas aconteceram em três locais diferentes: Clube Espéria , Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa e Anhembi. As Paraolimpíadas Escolares são organizadas pelo CPB, Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência e a Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida. Mais uma vez, todos os atletas estão de parabéns, independente das classificações finais !


por Luciano Santos

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dicas

Verão com reação !!! eguem aqui mais uma vez, sugestões em produtos para pessoas com deficiência que, certamente, vão lhe ajudar e trazer muita qualidade de vida, independência e autoestima para curtir esse verão e suas férias. Aproveite !!!

Cadeira de rodas Pool – Aquachair

Com concha plástica anatômica e estrutura totalmente em alumíno, com exclusivo sistema de vedação que permite a imersão em chuveiros, piscinas, saunas, parques aquáticos e termais, entre demais duchas, sem comprometer a funcionalidade da cadeira, assim é a Aquachair. As rodas traseiras são em nylon tornando a mesma totalmente resistente à corrosão, seja por ação das maresias ou reagentes da água. Uma excelente opção para inclusão com a família ou mesmo para hidroterapias.

Hand Bike – Triciclo manual

Ele proporciona excelente opção de condicionamento físico e aeróbico, além de ser uma excelente opção de lazer e para deslocamento em maiores distâncias. Tem estrutura em alumínio e pneus infláveis. Desmontável para transporte, porta objetos sob o assento, rodas com cambagem para maior estabilidade. Muito legal para uso por paraplégicos, idosos ou pessoas com mobilidade reduzida (desde que com força nos dois membros superiores). Ideal para uso em um calçadão de praia, praças, bosques ou centros urbanos.

Recreio 4R

Talvez um dos produtos mais cobiçados por grande parte da população com deficiência. Essa cadeira permite o até então inimaginável: ir para a água. Seus pneus foram desenvolvidos com esse fim específico, seus balões deslizam com maior facilidade pela areia mesmo nos pisos mais fofos, e

tem o diferencial de flutuar sobre a água, vem ainda com o “mimo” do encosto reclinável. Estrutura dobrável e rodas removíveis para transporte. Uma sensação única de contato com o mar, liberdade e mesmo acesso a um ambiente até então não muito acessível para um cadeirante ou mesmo um idoso com dificuldades de locomoção. Mergulhe nessa !

Neo 400 – Quadriciclo motorizado

Uma boa pedida para aqueles que querem ter uma Scooter para uso urbano e tem uma vida mais ativa. O Neo é um quadriciclo, o que é mais indicado para aquele idoso com AVC ou alguma sequela mais moderada. As ruas de seu bairro são pouco (como a maioria) acessíveis, portanto, um carrinho estável, robusto, com comando de aceleração para somente uma das mãos, buzina, luzes, ajuste de profundidade do banco, acaba sendo muito eficaz para uso no entorno do bairro, para ir na Igreja, ao supermercado, e não só na área urbana, como também em cidades litorâneas e de interior. Fica aqui a sugestão.

Amigo MC – Triciclo motorizado

Esse já é um conceito de carrinho misto. Pequeno e compacto para uso doméstico, sem ocupar grandes dimensões, como também tem uma boa estrutura e potência para uso externo. Muito bacana para uso em condomínios, parques, hipermercados, ou mesmo para lhe acompanhar em uma consulta ao médico. É facilmente transportável em veículos por ser desmontável. Marcador de carga das baterias, boa autonomia e tolerância de peso. É um carrinho simples,

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dicas porém muito funcional para quem tem a demanda de sempre ter que transportar o mesmo.

Ágile Beach nobrilidade. Freios e trava de segurança. Ajuste de altura da coluna. Banco e porta objetos inferiores. Indicado também para uso externo em ruas, supermercados, parques como doméstico. Dobrável para transporte. Um modelo muito difundido nas praias do eixo Rio-São Paulo por participar de vários projetos de praia acessível. E a cadeira tem seus grandes valores. Não chega a flutuar como outros modelos com pneus balões, mas tem um comportamento mais “manso”, que é ideal para quem quer desfrutar o contato com o mar de forma não tão radical. Os pneus de menor diâmetro são mais indicados para praias de areia mais batida, e a mesma, ao invés de flutuar, imerge na água e fica em contato com o solo. Gostosa para uso em baías e águas mais calmas. Possui boa ergonomia para o usuário e apoios laterais para maior segurança. Acompanha guarda-sol.

Mirage Vita

Uma boa pedida para aqueles que querem ter uma Scooter, mas tem medo que o carrinho não suba a rampa da garagem, aquela ladeira do bairro, que o sítio do papai tem estrada de terra, é irregular, muito gramado. A cidade tem muita rua de terra, cheia de pedrinhas... Some essas dificuldades e mais algumas e pode comprar esse carrinho. É literalmente um “tanque de guerra” para pessoas com deficiência. A estrutura tem mola de suspensão sobre o banco, banco giratório com ajuste de altura do apoio de braço, reclinável. Coluna do guidão com ajuste de altura, painel com marcador de carga, autonomia acima de 40 km por carga. Para aquele idoso que ainda tem o espírito “off-road”, esse encara os desafios !

Andador Quatro Rodas Com sistema muito interessante, funcional e estético em andador para idosos. Com quatro rodas que facilitam a locomoção sem a necessidade de erguer o equipamento, ele promove maior estabilidade, ergonomia e melhor ma-

Lumina M

Vimos no dia-a-dia uma das maiores dúvidas ou queixas: será que a cadeira de rodas que vai levar a mamãe no médico, ou o papai no mercado, cabe no porta-malas ? E se o carro é pequeno ? Sem dúvidas os modelos mais populares em cadeiras ou precisam abaixar os bancos traseiros, ou o porta-malas vai aberto, ou temos que dar um “jeitinho”. Mas na linha de alumínio esse problema é quase nulo e pegamos esse modelo como exemplo de como esse processo pode ser bem simples. Fazendo a remoção das rodas traseiras, que possuem eixo de retirada rápida, mesmo processo para o garfo dianteiro e também aos pedais. Ficando somente o quadro da cadeira, sendo o mesmo mais curto e baixo. A cadeira fica mais leve e facilita a colocação no porta-malas, indiferente de ser o seu carro um sedã ou mesmo um hatch, ou até popular.

K3 Motorizada

Já conversamos sobre essa cadeira na edição anterior, mas ficam aqui o que ela pode somar nisso que estamos debatendo agora. Unidade de motorização facilmente removível do chassis, que além de deixar a cadeira mais leve para colocar no veículo, a deixa menor para caber mesmo em porta-malas reduzidos. Outro detalhe bacana é que essa cadeira possui garfos com molas dianteiras e os quatro pneus maciços, o que facilita tanto o uso em pisos irregulares, assim como evitam também imprevistos como pneus vazios, furados etc... Opção muito interessante para cadeirantes que por questões posturais ou por sua lesão,


dicas fazem uso de cadeiras de rodas motorizadas e sofrem no momento de acomodar no carro pela questão do peso ou volume, ou temem que a cadeira não tenha estrutura para enfrentar pisos mais irregulares, como em parques, sítios ou locais não pavimentados.

notas “Acessibilidade e Inclusão: Justiça para Todos”

Bambino

É uma cadeira de rodas super leve, estrutura em Cromomolibidênio, é levíssimo para quem toca a cadeira ou no caso de quem a empurra. Inúmeras possibilidades de regulagens de posicionamento dos pedais, centro de gravidade, inclinação do encosto, diâmetro de roda... Temos em si uma cadeira única, mas com múltiplas combinações para atender diversos perfis de idade e tipos de patologia, assim como uma gama bem diversa de componentes extras, como: punho ajustável, contenções laterais, anti-tombo. Tem também um visual bem diferenciado e sem dúvida é uma opção não só para levar o garotão no parque infantil, no shopping e tudo mais, mas é para o dia-a-dia o ano inteiro. Ainda nos veremos esse ano, mas desde já planejem-se. Procure sua loja de confiança mais próxima, debatam em família, enfim... Ficam aqui algumas sugestões que certamente vão dentro dos perfis de idosos e pessoas com deficiências físicas e/ou mobilidade reduzida, para tornar seu final de ano ou férias, ou mesmo para que os próximos anos de sua vida, sejam mais confortáveis e tenham mais autonomia, integração com a família e muito mais... Acredito aqui que em muitos casos onde as PcD não botavam a cara na rua, ou simplesmente deixavam de fazerem e curtirem coisas tão legais, agora isso não é mais desculpa com esses equipamentos que apresentamos. Um grande abraço para vocês que acompanham esta revista e meus artigos. Obrigado pelos e-mails e pelo seu carinho e atenção. Então, com essas dicas, vamos à luta !!!

Luciano Santos é técnico especialista em cadeiras de rodas (manuais e motorizadas) e um dos principais revendedores do produto no País.

A Comissão de Acessibilidade do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, promoveu nos dias 17 e 18 de agosto de 2011, nas instalações do Fórum Trabalhista Ruy Barbosa, em São Paulo/SP, o evento “ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO: JUSTIÇA PARA TODOS”. Com a programação composta por palestras, apresentações artísticas e culturais, depoimentos e um painel sobre as implicações da Lei de Cotas, o evento teve o intuito de sensibilizar e conscientizar magistrados, servidores e público em geral, além de orientar e difundir informações sobre as questões relacionadas às deficiências e pessoas com restrição de mobilidade, idosos, obesos e gestantes. O objetivo foi promover a autonomia e inclusão social dessas pessoas. No ciclo de palestras estiveram representantes renomados da área, alguns como: Ricardo Tadeu Marques da Fonseca, primeiro magistrado cego do Brasil, jornalista Jairo Marques, cadeirante, colunista e chefe de reportagem da Folha de S.Paulo, desembargadora Ana Maria Contrucci Brito Silva, presidente da Comissão de Acessibilidade do TRT-2 e outros. A abertura coube à servidora Daniela Ferrari Kovács, chefe do Setor de Acessibilidade do TRT-2, sempre acompanhada de Basher, seu cão-guia. “O objetivo aqui é trazer um pouquinho de informação, pois o preconceito nada mais é do que a falta de informação”, disse ela, referindo-se ao evento. A REVISTA REAÇÃO esteve presente prestigiando e parabenizando o Evento !

Os Smurfs no cinema !!! No dia 27 de agosto, a Sony Pictures e o Unibanco Arteplex apresentaram uma sessão de “Os Smurfs”, no cine Arteplex Frei Caneca, em São Paulo/SP. Com sala lotada, o Filme dublado e com audiodescrição ao vivo animou todos os presentes, que além de ganharem pipoca e refrigerante antes da sessão, também ganharam após o término, filmes em DVD com audiodescrição e camisetas ! A REVISTA REAÇÃO esteve presente, conferindo, e parabeniza a iniciativa e toda a organização ! A programação vai continuar com mais filmes em outubro e outros meses !!!

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sensualidade

Diego Madeira – 27 anos - modelo com deficiência (Mielo) Francceska Jovito – 20 anos - modelo sem deficiência da HDA “Todas as nossas escolhas pedem responsabilidade. Prevenção sempre”... Márcia Gori

foto: Kica de Castro

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