livro CICS Canoas

Page 1

CICS Canoas

História, Ideais & Inovação



CICS Canoas

História, Ideais & Inovação Cleusa Maria Gomes Graebin Rodrigo Lemos Simões Tatiana Vargas Maia Tamára Cecilia Karawejczk Telles Judite Sanson de Bem Moisés Waismann Margarete Panerai Araujo

Canoas 2019


Sandra Simone Graciano Pesquisadora (Licenciada em História-Unilasalle) Museu Histórico La Salle (Unilasalle - Canoas)

Guilherme dos Santos Fernandes Pesquisador Estagiário Curso de História (Unilasalle)

Jamily Veit Scheffer Pesquisadora Estagiária Mestrado Profissional em Memória Social e Bens Culturais (Unilasalle)

Edison Barcellos da Rosa Pesquisador (Licenciado em História-Unilasalle) Assessor de Gestão - Equipamento Cultural Casa dos Rosa Secretaria Municipal da Cultura e do Turismo de Canoas

Imagens: acervos do Museu Histórico La Salle, Arquivo Histórico Dr. Sezefredo Azambuja Vieira, CICS, Timóteo Farias, Sandro Müller e João Castro. Projeto gráfico e diagramação: Imagine Design

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) C568

CICS Canoas: história, ideais & inovação / organização de Cleusa Maria Gomes Graebin [et al.]; ilustração de Douglas Carvalho – Canoas : Quatro Estações, 2019. 220 p.; il. ISBN: 978-85-63989-09-3 1. História: Canoas. 2. Desenvolvimento econômico: Canoas 3. Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Canoas I. Graebin, Cleusa Maria Gomes II. Carvalho, Douglas III. Título. CDU: 94(816.5CAN) (Biblioteca Pública Municipal João Palma da Silva – Canoas, RS, Brasil) Bibliotecária Responsável: Andréia Marilei Knob Pereira, CRB10/1835


CÂMARA DE INDÚSTRIA, COMÉRCIO E SERVIÇOS DE CANOAS GESTÃO 2018-2019 PRESIDENTE

DIRETORIA DO COMÉRCIO

Gildo Viegas Tavares

Antônio Odir Rapach

VICE-PRESIDENTE ADMINISTRATIVO-FINANCEIRO

DIRETORIA COMUNITÁRIA

André Broch Guindani VICE-PRESIDENTE DA INDÚSTRIA

Fabíola Eggers VICE-PRESIDENTE DO COMÉRCIO

Marcos Negrini Gonçalves

Miriam Rosa Moschetta DIRETORIA DE INDÚSTRIA

Marcos da Silva Netto DIRETORIA JURÍDICA

VICE-PRESIDENTE DE SERVIÇOS

Shirley Dilecta Panizzi Fernandes

Jerri Bertoni Macedo

DIRETORIA DE COMUNICAÇÃO

VICE-PRESIDENTE DE COMUNICAÇÃO E MARKETING

Arno Engel

Henrique Ferrite Viviane Carvalho

VICE-PRESIDENTE DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS

DIRETORIA DE PATRIMÔNIO

Eltamar Salvadori

Cézar Orlandi

VICE-PRESIDENTE JURÍDICO

Maria Isabel Bodini Viegas VICE-PRESIDENTE DE PATRIMÔNIO

Paulo Ricardo Bortoncello VICE-PRESIDENTE COMUNITÁRIA

Maria da Graça Galinatti Flach VICE-PRESIDENTE DE OPORTUNIDADES E NEGÓCIOS

Felipe Doré VICE-PRESIDENTE DE INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

Rodrigo Koch Brandalise PRIMEIRO SECRETÁRIO

Vanessa Caio da Costa Klein

DIRETORIA DE NÚCLEOS

Têise Colares da Silva DIRETORIA DE EVENTOS

Diara Tavares Cáren Rosane Araújo Cleonice da Silva Pereira Gerusa Schmit Mariel Paiva Paula Hagel Tanise Remus Kreibich Juliana Guterres

SEGUNDO SECRETÁRIO

Gerson Untertriefallner Costa PRIMEIRO TESOUREIRO

Claita Magnani SEGUNDO TESOUREIRO

Leandro Cobalchini CONSELHO FISCAL

Luiz Ricardo Böttcher Tarso Ughini Zanata Cleonice da Silva Pereira SUPLENTE

Maria Delurdes Andrade Antônio Benin

DIRETORIA AMPLIADA

Cristiane Tietze Erivaldo de Brito Haidêe Maria Carret Höfs Jessee Crenhilde Siqueira Walter Manoel Renê Cardoso de Mesquita Marcelo da Silva Mario Antônio Viezzer Nelson Casagrande Regina Mesquita Garrafiel Renaldo Vieira de Souza Roberto Ferreira Pansera Vilson Fachi


CICS Canoas Uma jovem, mas experiente entidade preparando-se para uma nova década

A CICS é motivo de orgulho para os empreendedores canoenses, assim como para os munícipes. Consolidada por sua cintilante história, mantém-se jovem e atual, participante nos mais diversos assuntos relevantes para a cidade, estado e país. Sua credibilidade foi forjada pela participação e atuação de seus associados e diretores ao longo de sua existência. Associativismo é o pilar de sustentação da entidade e a essência da sua natureza. A CICS, congregando todos os segmentos empresariais, possui uma riqueza intelectual diversificada e ampla, o que a diferencia no cenário municipal. Contando com associados e diretores das áreas de serviços, comércio e indústria, forma um conjunto abrangente na sua atuação, permitindo uma salutar e frutífera gama de ações que se complementam. Assim, tornou-se um forte elo entre os segmentos, estimulando negócios e iniciativas de desenvolvimento. Além de incentivar a geração de negócios e capacitações para as empresas, a CICS Canoas tem um importante papel decorrente de sua representatividade. A entidade é o referencial representativo dos empreendedores diante do Poder Público, sendo ouvida em todos os âmbitos governamentais. Isso se deve à postura proativa de suas diretorias em todas as gestões de sua história. Desde sua fundação, vem participando ativamente da criação do município de Canoas, sendo atuante em favor do desenvolvimento da cidade,

quando se rebela contra iniciativas desfavoráveis ou quando se alia àquelas que são benéficas. Lamentavelmente, estamos em meio a uma duradoura crise no país, tanto econômica como moral, em razão das práticas de corrupção desenfreada. Essa crise atrasa o desenvolvimento e dificulta as ações, mas ao mesmo tempo, torna-se clara para ser atacada. Mesmo assim, a CICS supera esses obstáculos e se mantém lutadora com iniciativas que buscam a superação da crise econômica e o favorecimento do ambiente de negócios, assim como está vigilante em relação à corrupção e às más práticas de gestão pública. A reedição atualizada desse livro, com a incorporação da década de 2011-2019, impõe-se para a preservação e atualização dessa importante história. Trata-se de um belo trabalho de seus autores, que mostra as mais remotas passagens e trilha o longo e marcante caminho seguido pela entidade. Fico extremamente feliz em ter contribuído na gestão da CICS Canoas em prol do associativismo, acompanhado por identificada e empenhada diretoria, nucleados e equipe de colaboradores, que pode ajudar a construir parte da história dessa importante, jovem, mas experiente entidade que se prepara para novos tempos. Gildo Viegas Tavares Presidente da Gestão 2018-2019


CICS CANOAS Inspirando reinvenção, criatividade e desenvolvimento

Este livro dos 80 anos de história da CICS traz novas páginas. Aqui se encontra a atualização dos dez anos que se passaram desde o lançamento da obra que surgiu para comemorar os 70 anos da entidade. Durante nossa gestão, primeiro surgiu a ideia e, logo após, a concretização de reconstruir e registrar para a posteridade, a história da entidade e, porque não dizer, da própria cidade, já que a diferença de idade entre ambas é de apenas seis meses. Os mesmos líderes empreendedores que ajudaram a emancipar a cidade em 1939, tornaram-se os fundadores da associação empresarial. Quando olhávamos a galeria de ex-presidentes, imaginávamos como teriam sido suas gestões, seus debates, seus sentimentos de pertencimento aos movimentos de transformação da sociedade, suas frustrações e suas conquistas. Percebemos que a entidade possuía alta credibilidade perante os demais agentes de desenvolvimento, da classe política e da comunidade e que devia tudo isso ao trabalho de muitas gerações de dirigentes. Diante desse painel, sentimos o peso da responsabilidade da reconstrução histórica sobre a constituição do modelo de associativismo da cidade e, com isto, entender o seu processo de desenvolvimento durante aquelas sete

décadas, projetando e antecipando as necessidades de Canoas e região. Criado o desafio do livro, buscamos a parceria da Unilasalle, sendo acolhidos com muito entusiasmo, pelo seu Reitor, Irmão Paulo Fossatti. Este designou os professores Cleusa Maria Gomes Graebin e Rodrigo Lemos Simões para a execução do projeto. O resultado foi um rico acervo de imagens e história da importância do associativismo, que agora é atualizado, reforçando seus valores, força, independência e crença de que juntos somos mais fortes. A Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Canoas e a própria cidade podem se orgulhar de sua “História, Ideais & Inovação”, na certeza de que o legado está registrado e apresentado às gerações futuras, na expectativa de que a tradição se propague, inspirando-os a caminharem na direção do bem-estar da sociedade, neste mundo de mudanças e transformações aceleradas, que exige um processo contínuo e permanente de reinvenção e adaptação. Paulo Ricardo Fritzen Presidente da Gestão 2007-2011 Responsável pela Edição do Livro CICS: História & Ideais


CICS Canoas Pertencimento

Homens visionários criaram, há 80 anos, a Câmara de Indústria e Comércio de Canoas. Antes, no entanto, eles identificaram que juntos seriam mais fortes e adicionaram ingredientes como inspiração, coragem e determinação como as principais ferramentas da entidade, mantidas até hoje, com a intenção de preservar a essência do empreendedorismo. Agregaram ao trabalho, como garantia de melhores resultados coletivos, a paciência, a perseverança e a união. O mundo era diferente naquela época. Precisamos fazer um exercício para imaginar a relação de trabalho, o desafio da matéria-prima, a logística, o consumo, as transações financeiras... de lá pra cá muita coisa evoluiu, mas as dificuldades só se modificaram, porque elas continuam nos desafiando. Nossos líderes, que criaram a CICS Canoas, deixaram o legado da integração e do compartilhamento, exercendo a representatividade, da melhor forma possível. Muitos homens e algumas mulheres se juntaram ao longo dos anos e permanecem até hoje, construindo essa história de lutas e de conquistas. Lembremo-nos sempre que o caráter associativista da entidade, garante a sua independência e retira qualquer hipótese de constrangimento na defesa de nossos princípios, quando eles estão em jogo. Temos liberdade para elogiar ou para criticar governos e sistemas, e o fazemos sempre orientados por valores que visam ao bem comum. A representação empresarial é antecipada por um rito que inicia com a liderança, passa pela ética, conjuga-se com a informação, reprisa a seriedade e encerra com a determinação de representar um segmento e seguir em frente, em nome de muitos nomes anônimos.

Os últimos anos foram marcados pela mais grave crise econômica e a maior recessão da história do nosso país, motivadas por políticas públicas populistas, corrupção e descaso com o bem comum. O silêncio e a omissão da classe produtiva trouxe-nos até aqui. Vivemos, em 2019, uma conjuntura singular em nossas entidades, quando os próprios empreendedores vivem num tempo especial, escolhendo novos caminhos para serem mais atuantes em suas comunidades. Nós, da Federasul, defendemos o engajamento cívico de trabalhadores e empresários, na busca de soluções nas políticas públicas, ocupando espaços de decisão com os valores de quem produz. Não é mais possível e nem correto, terceirizarmos a responsabilidade. É fundamental participar mais, ajudar nas decisões, aceitar os desafios, saindo da zona de conforto para integrar um projeto em favor do futuro. Por esta razão, ao celebrarmos 80 anos da CICS Canoas, a mensagem é a de que precisamos seguir ativos e trabalhando em prol dos nossos ideais, se quisermos um ambiente mais empreendedor e com mais qualidade de vida para todos. Celebramos o passado de realizações associativistas, conscientes da responsabilidade que o presente nos trouxe: a hora é agora! Precisamos, com fé, coragem e determinação, resgatar um futuro para nossos filhos e nossas atividades econômicas, tendo como lastro a integração e o espírito de pertencimento à entidade que tanto nos orgulha. Vida longa a nossa CICS! Simone Leite Presidente da Federasul Presidente da CICS Canoas, gestões 2011-13/2013-15


Canoas: novo polo de desenvolvimento da Região Sul do Brasil

Nas últimas décadas, as Regiões Metropolitanas se consolidaram como áreas de apoio às capitais ou cidades maiores. No Rio Grande do Sul, a situação de Canoas, ao lado de Porto Alegre, tem chamado a atenção, pois passamos há algum tempo, de simples cidade dormitório para uma cidade pujante e economicamente forte, o que levou o município a ser considerado um novo polo de investimentos e desenvolvimento da Região Sul do Brasil. Canoas possui uma indústria diversificada e conta com nomes fortes em diferentes segmentos. O diferencial da cidade é o de oferecer uma ampla estrutura para as indústrias e empresas que aqui se instalam. Possuímos diferentes incentivos tributários e contamos com o Escritório do Empreendedor, que tem a finalidade de desburocratizar o processo de abertura de empresas e a formalização de pequenos negócios. Canoas ainda oferece ampla infraestrutura no transporte, com acesso facilitado a diferentes rodovias, possui amplo mercado consumidor com alto poder aquisitivo e mão de obra qualificada, com o segundo maior polo universitário do Estado. O desenvolvimento econômico é crucial para a vitalidade de qualquer cidade. Por isso, desde o início da gestão, eu e a Vice-Prefeita, Gisele Uequed, estamos dando um olhar especial para essa área. Entretanto, não basta gerar empregos e atrair empresas se não qualificarmos os canoen-

ses. Assim, estamos investindo também, na profissionalização, capacitação e educação, por meio de diferentes projetos. O desenvolvimento que almejamos para a nossa cidade não é construído apenas pelo poder público, contamos com a atuação da iniciativa privada, da sociedade civil e de inúmeras entidades representativas. Entre elas, a Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Canoas (CICS), que faz parte da evolução da cidade e isso está comprovado nesses 80 anos de história. Nas diversas fases do crescimento do município, a entidade conseguiu ter um olhar peculiar para o contexto de cada época, projetando a cidade para o futuro e demonstrando sua preocupação com o melhor para Canoas e sua população. E é por isso que a CICS possui uma representatividade ímpar, concretizando sua credibilidade por apoiar entidades e pessoas que exercem atividade socioeconômica e por realizar um trabalho sério e comprometido com cada associado. Mais do que parabenizar a CICS pelos 80 anos, é importante deixar registrado nesta obra, os nossos mais sinceros agradecimentos pelo exímio trabalho que a entidade realiza em prol de Canoas e da população canoense. Luiz Carlos Busato Prefeito de Canoas (2016-2019)


CICS Canoas Coragem e colaboração

Há dois traços marcantes na história econômica do Rio Grande do Sul que julgo importante sempre ressaltar: a capacidade de empreender e a disposição ao associativismo. Esses impulsionam a nossa trajetória de produção de riquezas. O primeiro, pela energia individual do empreendedor vocacionado para desbravar, criar e correr riscos; o segundo, pelo potencial de colaboração e soma de esforços. Muitos dos resultados, que atingimos em termos de desenvolvimento econômico, carregam características da soma virtuosa entre ímpeto e solidariedade. Estamos trabalhando para diminuir o peso do Estado e livrar a economia gaúcha das amarras impostas por uma máquina estatal que sofre com o esgotamento financeiro. Trabalhamos para criar um espírito de retomada que, além de uma nova gestão fiscal, também signifique a construção de um novo ambiente produtivo, com uma percepção revigorada para investimentos e estímulo à geração de emprego e renda. O motivo é óbvio: a solução para o esgotamento financeiro do Estado passa pela movimentação da nossa economia. Engana-se quem acredita que apenas duras medidas de arrocho sobre a despesa serão capazes de equalizar as finanças. É papel do setor público garantir, de maneira complementar, as bases para a retomada do dinamismo econômico, para que, também pelo lado da receita, se conquiste algum fôlego para investir. Existe uma questão psicológica, de ânimo produtivo, que nos cabe enfrentar como gestores. Hoje, o setor público gaúcho emite um sinal desestimulador para os agentes econômicos.

Recuperar as nossas finanças públicas também faz parte, portanto, de uma agenda de reconciliação do Estado com o seu espírito. Trata-se de um fator ambiental: nossa mensagem deve ser de otimismo, de colaboração e de parceria. Não vamos refazer a nossa capacidade de atrair investimentos se continuarmos transmitindo a imagem de um lugar hostil, onde um setor público quebrado sequer tem condições de se aliar a projetos que ampliem as nossas perspectivas de gerar, sempre mais, renda e trabalho. Ao longo da história, sucessivos governos encontraram em entidades como a Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Canoas, que chega aos 80 anos, parceiros de ideias, sempre em benefício de ganhos de competitividade e de projetos de desenvolvimento. Não é diferente neste momento de inúmeros desafios, em que colocamos em prática medidas de redução de custo da máquina, eliminação da burocracia e ampliação das condições de logística. Queremos um Rio Grande do Sul mais leve, focado, que restaure sua capacidade de empreender e compartilhar, marcas com as quais atingimos resultados expressivos. A grande revolução em curso é a de mentalidade e vamos preparar o nosso Estado para nela embarcar com as suas melhores inspirações.

Eduardo Leite Governador do Estado do Rio Grande do Sul (2019-2022)


Vista de Canoas. Década de 1910.


1940-1950 • Criação da Associação Comercial de Canoas (ACC). • A Associação transformou-se em interlocutora dos empresários e moradores, junto aos poderes públicos locais e regionais.

1961-1978 • Reativação da ACC em 1961. • Planejamento da construção da sede própria. • Instalação de importantes indústrias no Município. • A ACC passou a assumir o papel de promover a expansão e fortalecimento do comércio e da indústria da região. • Colaboração com os poderes públicos em atos pertinentes às atividades empresariais. • Ações para aprimoramento das técnicas comerciais e industriais. • Crescimento da urbanização. • Lutas pela BR-116 e Estrada Tabaí-Canoas. • Demandas junto aos poderes instituídos em relação aos problemas locais. • Defesa dos interesses dos empresários. • Reivindicação para instalação de Distrito Industrial em Canoas.

1950-1960 • Desenvolvimento industrial de Canoas. • Membros da Associação presentes em todos os atos cívicos da cidade. • Busca da consolidação da Associação em prol do município de Canoas. • Necessidade de buscar maior número de associados. • A Associação ficou inativa de 1955 a 1960.

12


2011-2019

1978-1991 • Demandas sobre energia e transporte. • Discussões sobre a poluição dos rios dos Sinos,Gravataí e Caí. • Debates sobre o início das obras da Rodovia Porto AlegreNovo Hamburgo e interligação com a BR-386 e BR-116 (Trevo-Canoas). • Discussões sobre o Trensurb e definição de áreas industriais para Canoas. • Em 22/11/1978, a entidade passa a se chamar Câmara da Indústria e Comércio de Canoas (CIC). • Início da Construção do prédio da CIC em 1981. • Aproximação da entidade com as universidades de Canoas. • Serviços diversos para os associados. • Criação de Grupo de Trabalho para discutir o Plano Diretor de Canoas. • Apoio à FIERGS e FEDERASUL. • Presidências compartilhadas (1985-1987). • Crise econômica no Brasil. • Movimento pela liberdade empresarial. • Discussões sobre a nova Constituição do Brasil. • Preocupações com as ocupações na Vila Santo Operário e no Conjunto Habitacional Guajuviras. • Construção do prédio da entidade. • Ações de responsabilidade social. • Apoio à implantação do Distrito Industrial de Canoas. • Integração com FIERGS, FEDERASUL E CIERGS.

• Revisão do Plano Diretor de Canoas. • Demandas sobre: segurança, reforma tributária, notas fiscais eletrônicas, aumento do número de cartórios e queda do Imposto de Fronteira. • Campanha de rebaixamento do Trensurb. • Ocupação das margens da BR-448. • Distrito Industrial Guajuviras. • Núcleos: NME, NJE, NMI, NS, NG. • Representatividade consolidada em conselhos municipais e em entidades de classe. • Nesta década, assume a primeira mulher como presidente da CICS. • Envolvimento no Projeto Vila de Passagem (BR-448). • Canoas na Copa do Mundo de 2014. • Campanha sobre a valorização do voto nas eleições. • Discussões sobre Parcerias PúblicoPrivadas. • Demandas pelo Parque Canoas de Inovação. • Envolvimento no sancionamento da Lei da Liberdade Econômica em Canoas.

1991-2010

• Busca de solução dos problemas viários de Canoas. • Em 24/05/1993, entrega da sede própria da entidade. • Implantação da Qualidade Total no Município. • Discussões sobre Incubadora Tecnológica, Distrito Industrial e viaduto da Avenida Boqueirão. • Transforma-se em Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Canoas (CICS). • Passa a expedir os Certificados de Origem em 1999. • Criação do Conselho da Mulher Empresária e Executiva. • Lançamento, em 1999, do Programa Parceiros Voluntários. • Discussões sobre o Distrito Industrial do Município na Fazenda Guajuviras. • Projeto Pró-Polo Tecnológico de Canoas. • Ações em prol da construção da Rodovia do Parque. • Movimento BR Livre. • Apoio à criação do Banco de Alimentos em Canoas. • Incentivo a pequenos empreendedores e microempresários.

13


Sumário

Introdução | 17 1 Primeiros passos: fundação e instalação da Associação Comercial de Canoas-ACC (1940-1950) | 21 A fundação da ACC | 22 As Diretorias da Associação Comercial (1941-1950) | 24 O atendimento aos associados | 28 A Associação Comercial e o agenciamento sociopolítico em Canoas | 30 A Associação Comercial e o desenvolvimento de Canoas | 34 2 A Associação Comercial de Canoas buscando firmar-se em meio ao crescimento industrial (1950-1961) | 41 Brasil: crescimento econômico e urbanístico | 42 Canoas: industrialização e população em crescimento ascendente | 43 A Associação Comercial de Canoas na década de 1950 | 46 3 Associação do Comércio e da Indústria de Canoas: uma nova entidade para um novo cenário econômico (1961-1978) | 53 Brasil: país emergente | 54 Canoas como cenário para a criação da Associação do Comércio e da Indústria de Canoas-ACIC | 55 Para novos tempos uma nova Associação | 57 Representatividade junto aos empresários e à comunidade | 58 4 Câmara da Indústria e do Comércio de Canoas: busca da maturidade durante novo período de crescimento da cidade (1978-1991) | 71 Canoas: uma cidade de muitos cenários | 72 Uma entidade em busca da maturidade: Câmara da Indústria e do Comércio de Canoas | 73 A responsabilidade social e o compromisso com os associados | 78 A CIC em meio à crise do final da década de 1970 e anos 1980 | 80 As gestões compartilhadas da CIC | 81 A CIC ao final dos anos 1980 | 85

14


5 Do sonho à realização da sede própria: unindo escritas, memórias e imagens (1950-1993) | 95 6 Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Canoas: transformando experiência local em ações regionais (1991-2010) | 115 CICS: ampliando sua atuação local e regional | 118 CICS: qualidade, tecnologia e desenvolvimento | 122 CICS em tempos de início do terceiro milênio | 125 7 Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Canoas: diversidade de visões, unidade no associativismo (2011-2019) | 153 CICS: pertencimento e mobilização | 156 CICS: associativismo, PPP e participação de todos para seguir em frente | 165 CICS: ética e associativismo em defesa dos interesses do empresariado e da sociedade | 171 CICS: associativismo, integração, criatividade e inovação em meio a tempos de crise | 180 Galeria de Ex-presidentes | 203 Coclusão | 207 Sobre autores | 210

15


16


Introdução

17


A história da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Canoas (CICS) iniciou em 17 de janeiro de 1940 e passou a se confundir com a história do Município, instalado em 15 de janeiro de 1940. A CICS foi fundada como Associação Comercial de Canoas pela iniciativa de um grupo de empresários que, desde 1933, participavam da Comissão Pró-Melhoramentos de Canoas, buscando melhorias para o então Distrito e sua emancipação do município de Gravataí. De 1940 até 2019, a CICS tem congregado setores da economia e atuado como canal de comunicação entre a comunidade, outras entidades e as autoridades constituídas no Município. Nessa trajetória, passou por momentos difíceis, chegando a ser desativada, mas novo grupo de empresários, fiéis aos ideais dos fundadores, reorganizou-a, dando-lhe características que lhe permitiu chegar aos oitenta anos, reconhecida por seus associados, comunidade local, regional e nacional. Reconstituir esta história foi uma tarefa complexa e de responsabilidade, tendo em vista a dimensão que a CICS possui. Para a concretização do trabalho, foram utilizados documentos e imagens coletadas em diversas instituições de memória: Museu Histórico La Salle, Arquivo Histórico Dr. Sezefredo Azambuja Vieira, Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa, Museu Joaquim Felizardo e Arquivo da CICS. Também, foi possível contar com arquivos pessoais, cujos produtores

1

nos cederam documentos escritos e imagéticos. É importante recordar que a documentação produzida de 1940 a 1952, pela então Associação Comercial de Canoas, foi destruída pelo incêndio da “Casa Vargas”, onde a Entidade alugava uma sala que funcionava como sua sede. Fizemos, também, um trabalho de memória com diretores e associados da entidade, de diferentes gerações. Registramos narrativas de pessoas que dedicaram e dedicam parte de seu tempo para auxiliar outros a concretizarem seus sonhos. São pontos de vista, versões para os acontecimentos e para suas experiências. Trata-se daquilo que foi escolhido ser dito para que se perpetuasse nas páginas de um livro sobre uma entidade de classe. Observamos uma “comunidade de destino” em sua plena formação; do humano no seu próprio acontecer. No fluxo das vozes, acompanhamos o aflorar de lembranças e pacientes reconstituições de vida. Mais tempo tivéssemos, mais ouviríamos, pois, como bem ensinou Ecléa Bosi, “lembrança puxa lembrança e seria preciso um escutador infinito”1. Foram fundamentais, para esse trabalho, as obras da Série Documentos – “História de nossos Prefeitos”, pelo competente levantamento documental realizado por seus autores e as que foram geradas a partir do Projeto “Canoas - Para lembrar quem somos”. Recebemos auxílio de estagiários, pesquisadores de equipamentos culturais do município de Canoas e de Porto Alegre,

BOSI, Ecléa. memória e sociedade: lembranças de velhos. São Paulo: T. A. Queiroz, 1979, p. 3.

18


colaboradores e diretores da CICS. Destacamos a gentileza de fotógrafos que nos disponibilizaram sua criações para ilustrar as páginas dessa obra, constituindo-se elas próprias, em sociotransmissores que ativam recordações. Uma vez levantados os dados, procedemos à sua análise, tendo o cuidado de comparar as diferentes versões dos narradores, buscando elementos comuns que nos permitissem tratar de temas recorrentes. A partir daí, identificamos as fases da trajetória histórica da CICS, as quais fundamentaram a organização do trabalho. A primeira inicia em 1940, quando da sua fundação e finaliza em 1950. Foi o período em que a Entidade, além de atuar na defesa dos interesses do comércio e pequena indústria local, buscou expandir o setor produtivo, bem como conquistar e garantir melhores condições para viver na cidade. A segunda, de 1950 a 1961, foi aquela em que a então Associação Comercial perdeu forças, chegando a ser desativada. A terceira, de 1961 a 1978, foi a do ressurgimento da Associação, dessa vez, passando a congregar a indústria e tendo sua denominação transformada para Associação do Comércio e da Indústria de Canoas. Nesse período, foram dados os primeiros passos para a construção da sede própria, bem como a Entidade acompanhou o crescimento e consolidação do comércio e da indústria e trabalhou ativamente na resolução dos problemas de infraestrutura do Município. A quarta fase compreende o período de 1978 a

1991, quando a Associação passa a se denominar Câmara da Indústria e Comércio de Canoas, certificando produtos para exportação. Durante esse período, foram retomados esforços para a construção da sede própria e deu-se a consolidação na liderança de inúmeras lutas da comunidade local, para resolver os problemas do Município, que apresentava rápido desenvolvimento. Na quinta fase, de 1991 até 2019, ocorreu, entre outros fatos notáveis, a inauguração da sede própria em maio de 1993 e a ampliação da Entidade, abrangendo o setor de Serviços, passando a constituir-se como Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Canoas. Fiel aos seus propósitos, ela buscou nesse tempo, cada vez mais, aproximar-se dos associados, não deixando a perspectiva do envolvimento local e regional. Apostando mais ainda no associativismo, fortaleceu vínculos com outras entidades de classe e organizações patronais, unindo forças para enfrentar os desafios dos novos tempos, no contexto da globalização, da competitividade, da velocidade das comunicações, das chamadas ao empreendedorismo e à inovação. Esperamos ter contribuído para as comemorações dos oitenta anos da CICS e com a produção de fonte para estudiosos e pesquisadores sobre a história empresarial de Canoas. Cleusa Maria Gomes Graebin Rodrigo Lemos Simões

19


20


1

Primeiros passos: Fundação e instalação da Associação Comercial de Canoas-ACC

1940-1950

Melhorar o viver, residir e trabalhar em Canoas – o objetivo que norteou a criação da ACC. 21


A Fundação da ACC Canoas tornara-se município em 27 de junho de 1939, com instalação e posse do primeiro Prefeito, Edgar Braga da Fontoura, em 15 de janeiro de 1940, no contexto dos distúrbios provocados pela Segunda Guerra. Tratava-se de uma povoação com aprazíveis capões; várzeas; colinas de onde se avistavam belos panoramas; com pequenas propriedades que produziam arroz, cana de açúcar, batata, uvas, ervilhas, favas, mandioca, milho, laranjas, verduras e legumes, criação de animais (aves, caprinos, suínos, bovinos), leite, manteiga e queijo; com núcleos de famílias de imigrantes estabelecidas desde as primeiras décadas do século XX; loteamentos que recebiam operários da crescente industrialização de Porto Alegre; com comércio em crescimento; algumas indústrias e cinema1. O crescimento e industrialização de Porto Alegre, a inauguração da faixa de cimento, ligando Vista Geral de Canoas em 1939.

22

Canoas à capital em 1934, a criação dos Frigoríficos Nacionais Sul - Brasileiros Ltda. em 1939 e a presença de outras indústrias atraíram famílias que passaram a residir no Município. Porto Alegre não conseguia alojar os contingentes populacionais que vinham do interior do Estado em busca de melhores condições de vida e trabalho e, assim, Canoas foi a melhor opção para operários, os quais ficariam próximos de conglomerados industriais. Além de migrantes, o Município recebeu também imigrantes de diversas nacionalidades vindos para o Brasil entre as décadas de 1930 e 1940. De grande importância foi a instalação, no povoado, a partir de 1934, do 3º Regimento de Aviação. O comando do Regimento e lideranças locais iniciaram processo para a municipalização de Canoas. Um jornal da época dizia que em Canoas, “tudo está ainda por fazer [...]”2, uma vez que carecia de estradas, força e luz para áreas fora do centro, praças, escolas, serviços de saúde e sa-


neamento para as Vilas Niterói e outras que sur-

to pelo desenvolvimento econômico e social do

giam a partir de loteamentos de terrenos, alguns

Município. Alguns, já em 30 de julho de 1933, ha-

em espaços alagadiços, pois faziam parte de ter-

viam participado da Comissão Pró-Melhoramentos

ras onde se cultivava arroz, na várzea dos Rios

de Canoas, a qual reivindicava, entre outros, boas

Gravataí e Sinos.

estradas, policiamento, praça pública e cemitério.

Nesse contexto, Antônio Cândido da Silvei-

Foi dessas experiências em enfrentar desafios que

ra, Vicente Cláudio Porcello, Ulysses Gomes Fer-

se fortaleceram como forças políticas na comu-

reira, Waldomiro Correia dos Santos, João Aloysio

nidade e, com a Associação Comercial, buscavam

Both, Guilherme Armindo Kieling, João Nicolau

tanto defender seus interesses no Município recém

Schimitz, Elesbão Correia dos Reis, João Kessler

criado em 27 de junho de 1939, como continuar

Coelho de Souza e Telmo Rovera Martins, em

a dialogar com as autoridades constituídas sobre

17 de janeiro de 1940, reunidos na Casa Vargas,

questões de cunho local e regional.

grande armazém de secos, molhados, ferragens,

Foi organizada, então, uma Comissão que

fazendas e louças, decidiram criar a Associação

atuaria como Junta Governativa, elaboraria a pro-

Comercial de Canoas. Seu objetivo: melhorar o

posta de Estatutos e providenciaria a eleição da pri-

viver, o residir e o trabalhar em Canoas.

meira Diretoria da Associação Comercial. Em 6 de

Era mais uma iniciativa daqueles comer-

março de 1940, realizou-se uma Assembleia Geral

ciantes, industriais e alguns profissionais liberais,

quando os Estatutos foram aprovados e eleita a pri-

conhecedores dos principais problemas locais e

meira Diretoria. A data da fundação, 17 de janeiro

regionais que, desde a década de 1930, uniram for-

de 1940, foi estabelecida no Artigo 1º dos Estatu-

ças para trabalhar, tanto pela emancipação, quan-

tos3. A primeira Diretoria ficou assim constituída:

23

Comissão de Moradores: entre outros, João Cândido Machado, Ulisses Machado, Antônio Cândido da Silveira, Júlio Araújo, Miguel Fraga, Irmão Pedro e Irmão Floriano. Visita ao Interventor Federal no RS, Cordeiro de Farias. 1939.


Gestão 1940-1941 Eleição em 06/03/1940 Presidente

Arthur Pereira de Vargas

Primeiro Vice-Presidente

Antônio Cândido da Silveira

Segundo Vice-Presidente

João Aloysio Both

Primeiro Secretário

Vicente Cláudio Porcello

Segundo Secretário

Pedro Buchrieser

Primeiro Tesoureiro

Ulysses Gomes Ferreira

Segundo Tesoureiro

Ely Dias

Conselho Fiscal

Reinaldo Borá Olegário J. Dias Alcides Xavier Franklin Luís da Silva Waldemar S. Lima.

Consultor Jurídico

João Kessler Coelho de Souza

Fonte: HISTÓRIA de nossos Prefeitos.4

Pelos Estatutos, a Associação foi criada para congregar pessoas e firmas que exercessem atividades comerciais no Município e representá-las perante os poderes públicos municipais, estaduais e federais5, seguindo o modelo das Associações de Porto Alegre (1858), São Paulo (1894) e Caxias do Sul (1901). Logo após a posse da Diretoria, em 6 de março de 1940, seus membros se dirigiram à Prefeitura para saudar o Prefeito Edgar Braga da Fontoura e comunicar-lhe sobre a criação da Entidade. A Prefeitura estava instalada na Rua Santos Ferreira, e foi em frente a esse prédio que a visita ficou gravada em instantâneo fotográfico.6 A primeira sede da Associação Comercial de Canoas foi instalada no segundo pavimento da Casa Vargas na esquina da atual Rua Guilherme Schell com Praça da Bandeira. Originalmente, a

24

Casa Vargas havia sido loja de fazenda e ferragens aberta por Idalino Pereira de Vargas em 1910, na Rua Santos Ferreira, transferida depois de dois anos a seu filho Arthur Pereira de Vargas e a seu genro, Afonso Dias Sobrinho.7

As Diretorias da Associação Comercial de Canoas (1941-1950) Acompanhar a trajetória da Associação Comercial de Canoas se constitui, como explica Pesavento, em verdadeiro trabalho de montagem: “recolhe-se os traços e registros do passado, para realizar com eles um trabalho de construção, verdadeiro quebra-cabeça ou puzzle de peças, capazes de produzir sentido [...]”8. Algumas lacunas


Da esquerda para a direita (entre outros): Antônio Cândido da Silveira (Primeiro Vice-Presidente); João Kessler Coelho de Souza (Consultor Jurídico); o Prefeito Edgar Braga da Fontoura; João Aloysio Both (Segundo VicePresidente); Vicente Cláudio Porcello (Primeiro Secretário); Ulysses Gomes Ferreira (Primeiro Tesoureiro); Antonio Fonseca Barcellos. Fora da calçada: Arthur Pereira de Vargas (Presidente); Telmo Rovera Martins.

Vista da Casa Vargas.

25


Diretorias entre 1941-1950 Gestão 1941-1942 Presidente

Arthur Pereira de Vargas

Gestão 1942-1943 Eleição: março de 1942 Local: Vila Maryland Presidente

Arthur Pereira de Vargas

Gestão 1943-1944 Eleição: 4/3/1943 Presidente

Vicente Cláudio Porcello

Vice-Presidente

José Blume

Primeiro Secretário

Willy Regner

Segundo Secretário

Bertholdo Streit

Primeiro Tesoureiro

João Eduardo Schneider Filho

Segundo Tesoureiro

Pedro Floriano Buchrieser

Primeiro Diretor

Beno José Etges

Segundo Diretor

Theno A. Ellwanger

Conselho Fiscal

Olegário Dias Homero Damiani Eugênio Spohr Noé Farias Alvalino Tavares Gestão 1944-1945

Presidente

Ulysses Gomes Ferreira

Gestão 1945-1946 Presidente

Willy Regner

Vice-Presidente

João Eduardo Schneider

Primeiro Secretario

Melton Ignácio Both

Segundo Secretário

Pedro Floriano Buchrieser

Primeiro Tesoureiro

Jardelino Souza Lemos

Segundo Tesoureiro

João Darey Gentz

26


Conselho Fiscal

Vicente Cláudio Porcello Wlademar Fernandes de Lima Arthur Pereira de Vargas Homero Damiani Oscar Selse

Gestão 1946-1947 Presidente

Arthur Pereira de Vargas Gestão 1947-1948 Eleição: 28/03/1947

Presidente

Arthur Pereira de Vargas

Vice-Presidente

Oscar Selce

Primeiro Tesoureiro

Ulysses Gomes Ferreira

Segundo Tesoureiro

Atílio Samarani

Conselho Fiscal

Carlos Fridolino Droescher Fioravante Milanez

Gestão 1948-1949 Presidente

Homero Damiani

Gestão 1949-1950 Eleição: 27/03/1949 Local: Clube Bolão Gaúcho Presidente

Homero Damiani

Vice-Presidente

Osvaldo Port

Primeiro Secretario

Melton Ignácio Both

Segundo Secretário

Pedro Floriano Buchrieser

Primeiro Tesoureiro

Marcílio Schiavon

Segundo Tesoureiro

Oscar Selce

Conselho Fiscal

Alfredo Ivo Fernandes Eudoro Cidade Pfeil Jardelino de Souza Lemos José Rive (Suplentes) Umberto Pavin (Suplentes)

Fonte: Diversas9

27


hão de se fazer presentes, uma vez que nem sempre os vestígios estão disponíveis e a realidade passada não é transparente. Dessa maneira, é que se tem conseguido resolver o problema de reconstrução histórica das sucessões de Diretorias da Associação ao longo do período 1940-1950, recorrendo a matérias jornalísticas e testemunhos orais. É importante ressaltar que documentação da Associação, como os Livros de Atas do período citado, foi destruída em incêndio em 1952. Portanto, a reconstituição da composição das Diretorias que estiveram à frente da Associação entre 1941 e 1950 conterá vazios que ora não se teve possibilidade de preencher.

O atendimento aos associados Pode-se acompanhar o trabalho da Associação junto aos seus associados a partir das Circulares que eram emitidas. Em março de 1942, uma Circular Armazém de Ulisses Ferreira. Canoas. 1948.

28

conclamava-os para Assembleia Geral extraordinária com o objetivo de eleger nova Diretoria. Como a Associação não possuía sede para tal evento, as reuniões que congregavam maior número de pessoas eram realizadas em locais cedidos por seus membros ou da comunidade, bem como em outras entidades. Essa Assembleia ocorreu na Vila Maryland, Chácara do Dr. Fernando Pereira. Segundo o documento, após a reunião, iniciada às 10 horas, os associados e convidados foram “obsequiados com suculento churrasco regado a chopp”10. Os associados eram orientados quanto à arrecadação de impostos como os de Indústria e Profissões e imposto municipal sobre veículos, Declaração de rendimentos e Patente de Registro para comerciantes e industrialistas que negociavam ou produziam produtos sujeitos ao imposto de consumo.11 A carga tributária para o setor produtivo era pesada. Ainda em março de 1942, outra Circular da Associação alertava para o pagamento de


Impostos de Licença para comerciantes, industrialistas, comerciantes ambulantes e outros, bem como Taxas Rodoviárias. Lembrava, também, que era necessário enviar para o Ministério do Trabalho a Relação de Menores Empregados de 14 a 18 anos incompletos12. Embora houvesse sucessões de Diretorias, os objetivos e metas da Associação tinham continuidade. Em nove de outubro de 1944, matéria jornalística informava que Canoas possuía, entre outras indústrias, frigoríficos, fábricas de óleo e graxas, de garrafas, de esquadrias, de caixas impermeabilizadas, de bebidas, nas quais trabalhavam cerca de 1.600 operários. Canoas era, também, a principal abastecedo-

ra de hortaliças e flores para Porto Alegre.13 O Município não tributava os estabelecimentos, mas os proprietários se viam envolvidos com outros tipos de contribuições. Para atender aos associados, a Associação Comercial oferecia serviços contábeis e jurídicos. Segundo os Estatutos, era fim da entidade, de acordo com o Artigo 2o, item (d), manter, “bureau destinado a dar a seus associados, assistência jurídica, trabalhista e fiscal”14. Em 1945, o “Correio do Povo” noticiava que o Dr. Sezefredo Azambuja Vieira era consultor jurídico da Associação e essa mantinha escritório junto ao estabelecimento do citado advogado na Rua Victor Barreto, 1179.15 Casa Central. Canoas. 1940.

29


Vista de Canoas. Década de 1940.

A Associação Comercial e o agenciamento sociopolítico em Canoas

Um dos primeiros problemas urbanos cuja resolução teve forte presença dos membros da Associação foi o da constituição do Centro da cidade. Quando da instalação do Município em 15

Os membros da Associação, mesmo antes da

de janeiro de 1940, o primeiro Prefeito, Edgar

sua criação, já haviam se constituído como agen-

Braga da Fontoura, tentou, a partir da instalação

tes sociais e políticos tendo em vista sua inserção

da Prefeitura na Rua Santos Ferreira, em prédio

e influência entre os diferentes segmentos sociais

alugado à família Ludwig, direcionar a constitui-

na cidade. Por sua atuação, transformaram-se em

ção do centro urbano para aquele local. Ali, co-

interlocutores dos moradores junto aos poderes

meçaria a construir um Centro Cívico afastado da

públicos locais e regionais e por eles, eram re-

linha férrea e da estrada de rodagem, alegando

vestidos de poder para reivindicar e, interferir em

evitar, assim, as zonas alagadiças. Para se compreender a complexidade da

processos decisórios. Uma vez associados, passaram a liderar o pro-

situação, é preciso ressaltar que o Prefeito fora

cesso de desenvolvimento do Município, com seus

nomeado pelo então Interventor Federal no Rio

membros atuando em diversas instâncias. Armando

Grande do Sul, Osvaldo Cordeiro de Farias (1938-

Würth informa que: “Então já havia a preocupação

1943). A nomeação de Interventores para os Es-

de se agregar e de diversas maneiras, para, digamos,

tados e Municípios se deu quando o Brasil se en-

16

enfrentar a situação do novo município [...]” .

30

contrava em pleno Estado Novo.


[...] Vargas procurou diminuir a autonomia dos estados, exercendo assim maior controle sobre as tradicionais oligarquias regionais. [...] Esse esforço de centralização e concentração do poder na esfera nacional, que teve na criação do sistema de interventorias um de seus suportes, teria implicações profundas do ponto de vista das relações entre os diferentes grupos dominantes e o Estado. Em primeiro lugar, resultou na subordinação ao comando do governo central dos executivos estaduais mediante sua inserção numa complexa engrenagem, envolvendo as interventorias, as elites locais e os representantes do governo federal ”17.

É importante esclarecer também, que Canoas, inicialmente, tivera dois núcleos de formação. Um originara-se do loteamento das terras do Major Vicente Ferrer da Silva Freire próximas à Estação da ferrovia (inaugurada em 1884) que ligava Porto Alegre a São Leopoldo. O outro núcleo nascera em 1985, nos altos da atual Rua Santos Ferreira, com loteamento das terras pertencentes à Maria Luísa Ferreira (irmã do Major Vicente). No entanto, fora em torno da Estação da estrada de ferro que se construíram casas de veraneio, armazéns, lojas, oficinas, pequenas indús-

Edgar Braga da Fontoura era nascido em Pelotas, cidadão rio-grandino por sua própria escolha e, antes da nomeação para assumir o Município de Canoas, exercia o cargo de Diretor da Administração da Prefeitura de Rio Grande. Segundo rememoram antigas lideranças canoenses, esse fato desagradava à população que ansiava ter como prefeito um dos líderes locais.

trias e uma grande instituição escolar, o Instituto São José (1907). Criou-se, assim, identidade com o lugar, possibilitando a organização dos grupos, cujas lideranças passam a atuar pelo desenvolvimento do povoado. Um centro bucólico com poucas casas de madeira, “onde os poucos moradores misturavam-se ao perfume das flores, barro nas ruas incipientes e arvoredo à vontade”18.

Sr. Chico. Entregador de lenha.

31


Praça da Bandeira. Década de 1940.

Testemunhos diversos dão conta do cenário daqueles tempos. Ir. Justo19 recordando como era o Centro de Canoas declara que os únicos edifícios que havia eram a Casa Vargas, a Farmácia Porcello e o Cinema do Mattos. Na antiga Estação Ferroviária terminava o centro da cidade. Existiam mais algumas casas e uma serraria e começava a zona rural. Lagranha20 informa que Vargas, Porcello e outros exigiram que o Centro se localizasse dentro dos limites da Estação da via férrea, Praça da Bandeira e estrada de rodagem que ligava Porto Alegre a São Leopoldo. Como membros da Associação Comercial de Canoas, seguramente21, Vargas e Porcello levaram a questão para as reuniões da Entidade e mesmo que apoiassem diversas realizações do governante, foram firmes nas decisões quanto à localização do chamado Centro Cívico da cidade. Um dos momentos tensos entre a Associação e

32

o Prefeito, deu-se quando das comemorações do primeiro ano da emancipação do Município em 19 de janeiro de 1941. A Associação promoveu um banquete no Clube Bolão Gaúcho em homenagem a Edgar Braga da Fontoura e sessão solene na sede da Entidade, quando esse foi convidado a descerrar quadro do Presidente da República, Getúlio Vargas. Nesses dois momentos, o Prefeito foi confrontado pelos membros da Associação. Em meio aos debates e enfrentamentos, a imprensa local tentava contemporizar: Temos, portanto, o dever de confiar na ação do prefeito, em prol do engrandecimento desta gleba. Sua longa experiência, seu sistema de agir metodicamente, sem alarde — farão com que Canoas, num futuro não remoto, esteja colocada à altura das grandes cidades do Rio Grande.22


Tal a força dos comerciantes e industriais que, mesmo um Prefeito nomeado por Interventor Federal, em pleno Estado Novo, renunciou ao cargo em 8/2/1941.23 Nomeado como novo Prefeito de Canoas em 3 de março de 1941, Aluízio Palmeiro de Escobar24, em um dos primeiros atos de governo (05/03/1941), convidou os dirigentes da Associação Comercial de Canoas para reunião em seu gabinete. A força da Associação se fazia sentir. O “Correio do Povo” noticiou que todos os membros haviam comparecido, conversado longamente com o prefeito e cativados pela atenção com que foram atendidos25. O poder público reconhecia a importância de bem se relacionar com os empresários locais. Porém, os embates entre o governo municipal e os moradores do Centro continuaram, principalmente, após a enchente ocorrida entre abril e maio de 1941. João Palma da Silva relata que as várzeas locais ficaram completamente submersas26. Antonio Canabarro Trois Filho lembra: “[...] até onde ia a água do rio! [...] até a Rua Brasil![...] O Aloysio [Escobar] decretou utilidade pública de uma área enorme que vai da Santos Ferreira até a Boqueirão [...] e ali que-

ria criar uma vila popular! Contratou um urbanista de Porto Alegre que projetasse tudo...”27. O Prefeito Aluízio P. Escobar iniciou em 30 de setembro de 1941, processo de desapropriação de uma área de 100 hectares de terras pertencentes ao Dr. Décio Rosa28 e contratou (15/10/1942) um urbanista, o Engenheiro Rui Viveiros de Leiria, o qual elaborou projeto de urbanização, contemplando a construção do chamado Bairro Mauá ou ainda Vila Popular Mauá29, na Estância Velha, para abrigar os moradores das então Vilas Niterói, Primavera, Rio Branco e Industrial, fortemente atingidas pela enchente.30' Decorrente disso, o poder público retomou a mudança do Centro para a parte mais alta da cidade. O Engenheiro Leiria defendia a ideia de criar ambiente às construções, selecioná-las, grupá-las por finalidades — deve ser preocupação do urbanista e isto se obtém com o estabelecimento de zonas determinadas, — zonas que devem manter ligações diretas entre si, mas que devem ser separadas por suas características. Estabelece-se, assim, a zona administrativa

Enchente de 1941. Base Aérea. Canoas.

33


com seus centros próprios; a comercial e a bancária, ligadas diretamente; a industrial, a residencial, etc31.

O planejador urbano não havia levado em consideração a construção de territorialização pelos atores sociais os quais haviam tomado posse do núcleo originado em torno da Estação Ferroviária. Havia, é claro, interesses econômicos, mas, além disso, naquele espaço estavam inseridas as lembranças. Ali estava a Praça da Bandeira onde ocorriam as festas, as comemorações e os comícios; ao seu redor instalara-se a Igreja, a Casa Vargas e residências; próximos estavam a farmácia de Cláudio Porcello, por muito tempo, o único médico (licenciado) do lugar, o cinema, a escola, enfim, a cultura e a memória. Assim, o Centro de Canoas foi produzido pelas vivências, relações afetivas, práticas sociais através das atividades de trabalho, das políticas, do lazer, das festas, redes construídas ao longo do tempo. Lepetit afirma que “renovem as casas, alinhem as ruas, transformem as praças: as Estação Férrea. Canoas. 1940.

34

pedras e os materiais não lhes oporão resistência. Mas os grupos resistirão, e neles vocês enfrentarão a resistência”32. Assim, o Centro permaneceu instalado próximo à Estação Ferroviária. Ainda, o proprietário das terras na Estância Velha, Dr. Décio Rosa entrou na justiça para sustar a desapropriação e a urbanização de Canoas, proposta pelo Prefeito Aluízio Palmeiro de Escobar, não se realizou. Segundo Mallmann33, o Prefeito não possuía qualidade muito importante nessas situações, ou seja, flexibilidade política. Essa era fundamental para lidar com os diversos interesses e chegar a um consenso que, de alguma maneira, contentasse as diferentes partes.

A Associação Comercial e o desenvolvimento de Canoas Em momentos importantes para a cidade, como atos, cerimônias e eventos organizados pela Prefeitura, membros da Associação sempre estavam presentes e em lugar de distinção.


Como exemplo, tem-se a Sessão Cívica de Sete de Setembro de 1941, quando o Prefeito e o Presidente da Associação Comercial, Arthur Pereira de Vargas, ocuparam a mesa de honra. Toda a programação havia sido organizada por Comissão da qual faziam parte, além de Arthur Pereira de Vargas, outros membros como Vicente Cláudio Porcello e Ulysses Gomes Ferreira34. Na ocasião, ao ser convidado pelo presidente da Associação para fazer uso da palavra, o advogado Telmo Rovira Martins (com escritório na Casa Vargas) incentivava a que se apoiasse o Presidente Getúlio Vargas com “compreensão e disciplina interior”35. Outro momento de integração entre a Associação e os poderes públicos: recepção, em outubro de 1941, pelo Prefeito e membros da Associação (Arthur Pereira de Vargas e Ulysses Gomes Ferreira), no Restaurante Waldhoff (Chácara Barreto), a Moysés Vellinho36, Alberto Pasqualine37 e outros visitantes. Embora houvesse ocasiões de enfrentamento, como já foi referido, Mallmann relata que isso era feito “com lealdade”. Eram embates realizados no campo das ideias, “com uma linha tremenda”38. Mesmo divergindo quanto às ideias sobre urbanização da cidade, os membros da Associação Comercial de Canoas comungavam ideologicamente com o Prefeito. Quando da fundação do Diretório Municipal do Partido Social Democrático, em 8 de junho de 1945, a Associação encontrava-se representada por membros das suas Diretorias (gestões 1940-1943; 1943-1944; 1944-1945). Antônio Cândido da Silveira, Arthur Pereira de Vargas, Ulysses Ferreira e Vicente Cláudio Porcello atuavam diretamente no Diretório e outros no Conselho Consultivo. O Prefeito Aluízio Palmeiro de Escobar39 era o Presidente de Honra do Partido40. A população de Canoas via os membros da Associação como seus representantes perante o poder público. Esses haviam construído uma

história de participação política e de lutas pelo desenvolvimento do Município. Desde 1933, com a Comissão Pró-Melhoramentos, até 1946, era a aqueles homens que se recorria quando se precisava reivindicar alguma melhoria para as Vilas. Canoas, embora emancipada em 1939 e com Município instalado desde 1940, não possuía ainda Câmara de Vereadores. Assim, quando surgia a necessidade de uma nova escola, abertura e manutenção de vias públicas, energia elétrica e serviços de correio, as comissões de moradores procuravam “Seu Arthur, Seu Ulysses ou Seu Porcello, o farmacêutico”. Afinal, Seu Porcello era confiável. Quantas pessoas havia atendido quando Canoas não possuía médicos? Quantas vidas salvara? Conforme Cogo, “[...] quando havia problema simples [de doença] era – vai lá no Porcello que ele resolve o caso [...]”41. E Seu Arthur? Quantas famílias compravam na Casa Vargas? Nos momentos de ocorrência de importantes cerimônias e celebrações lá estava ele, organizando, reunindo os grupos, instituições e moradores. Os membros da Associação eram dedicados à cidade. Estavam sempre presentes aos atos cívicos. Como exemplo, cita-se o fato de percorrerem, juntamente com o Prefeito Nélson Paim Terra, sua esposa e demais autoridades, todos os grupos escolares e escolas de Canoas, nas comemorações da Semana da Pátria de 1946.42 A Associação era um canal de interlocução da população com o executivo municipal e outros órgãos públicos. Foi a Associação Comercial que fez petição ao Diretor dos Correios e Telégrafos, em maio de 1946, solicitando estação telegráfica federal para Canoas. Esse serviço era feito pela Viação Férrea e não atendia às necessidades da cidade em pleno crescimento e a Agência Postal existente estava mal localizada e instalada.

35


Também, naquela mesma data, solicitava ao diretor da Viação Férrea que fosse aproveitada parada de trem recém construída em frente ao 30 Regimento de Aviação, beneficiando passageiros que circulavam pelas linhas Caxias e Santa Maria.43 Da mesma forma, a Associação Comercial se fez presente na reunião com os moradores da Vila Fernandes, em 3 de novembro de 1946, evento que o “Correio do Povo” denominou de Távola Redonda.44 Eram mais de cem pessoas sob a direção do Prefeito, do Contador da Prefeitura, Ernani Freitas e do Presidente da Associação, Arthur Pereira de Vargas. Na ocasião, tratou-se de diversos assuntos referentes às melhorias para a Vila.45 Em 10 de dezembro de 1946, o “Diário de Notícias” veiculou matéria sobre a inauguração dos serviços da barca “Santa Luzia”, construída com verbas municipais para travessia de cargas e passageiros no Rio dos Sinos, com porto no local chamado Passo Real. A fita simbólica foi cortada

Feira Livre no Bairro Rio Branco. Década de 1940.

36

por Arthur Pereira de Vargas, presidente da Associação Comercial na gestão 1946-1947.46 Durante o governo de Nélson Paim Terra, em 15 de novembro de 1947, constituiu-se a primeira Legislatura de Canoas.47 O PSD (Partido Social Democrático) conquistou cinco cadeiras. Entre os vereadores eleitos pelo PSD estavam Arthur Pereira de Vargas (192 votos), Ulysses Machado (128) e Vicente Cláudio Porcello (76 votos). A divulgação da campanha pelo Diretório do Partido dizia o seguinte: Conhecidos por seu passado e sua conduta, pautados sempre por uma linha vertical de honestidade e dignidade moral, conhecedores dos problemas do nosso município e com eles identificados, os componentes da chapa do Partido Social Democrático estão em condições de prestar eficiente colaboração ao Governo Municipal. [...] Homens do trabalho, afeitos à luta de todos os dias, em contato direto com o povo de cujas necessidades, aspirações e anseios são conhecedores, são


Vista Aérea de Canoas. l949.

eles, por isso mesmo, os mais indicados para na Câmara Municipal, propor as medidas e soluções dos problemas que nos afligem.48

rapidez, informativos e circulares. Plínio Damiani diz que na época era um “colosso”52. A cidade, por sua vez, demandava por infraestrutura e boas condições urbanísticas. Em

Também, foi por iniciativa da Associação Comercial que em fevereiro de 1949, iniciaram-se discussões para criação de Feira Livre em Canoas “a fim de favorecer a população a exemplo de outras cidades do interior”49. Em setembro do mesmo ano a Feira Livre da Vila Rio Branco começava a ocorrer de forma permanente. Segundo noticiava o “Correio do Povo”, “soluciona grave problema e suaviza em parte a carestia dos gêneros que dia a dia sobem”50. A Associação chegava ao final da década de 1940 ainda sem sede própria, embora essa conquista estivesse na pauta. Plínio Damiani relata que na gestão de seu pai, Homero Damiani, no período 1949-1950, a sede era nos altos da Casa Vargas e que tudo era muito difícil e modesto. Informa que o pai era comerciante varejista e que os comerciantes e industriais projetavam a cidade de Canoas. Mesmo com recursos reduzidos, a Associação procurava dar o melhor atendimento possível a seus associados. Para tal, recorria-se aos recursos tecnológicos de ponta naquele momento: para viabilizar melhor comunicação com os associados, a Diretoria adquiriu um mimeógrafo51, o qual reproduzia, com mais economia e

discurso por ocasião da promulgação da Primeira Lei Orgânica do Município (1947), o vereador Jacob Longoni, assim se manifestava sobre a cidade: “Temos que dar início às obras, devendo abrir todas as ruas traçadas, e as que se fizerem necessárias no perímetro urbano, obrigando assim, a urbanização e centralização da cidade, sem o que continuaremos como a lesma, só deixando um vestígio viscoso de nossa passagem”53. Com crescimento acelerado na década de 1950, essas condições, já precárias, recrudesceram, o que prejudicava tanto os empresários quanto os trabalhadores. Arthur Pereira de Vargas, neto do primeiro presidente da CICS, lembra da loja, a Casa Vargas, primeira sede da entidade, com seus produtos. O que mais chamava a atenção do pequeno menino eram os baldinhos de praia, pazinhas e enxadinhas (todos de lata), penduradas na loja, em cima da porta de entrada. Muito presente em sua memória era a personalidade e caráter do avô, que segundo ele, era homem de uma palavra só e extremamente correto. Lembra também do avô Arthur brincando com ele, contando histórias e jogando com bolinhas de gude.54

37


Notas 1

NOSSOS Prefeitos. Edgar Braga da Fontoura. Série Documento. V. 1. Canoas: Tecnicópias Gráfica e Editora, 1998. PALMA DA SIVA, João. Pequena História de Canoas. Canoas: Tipografia e Gráfica La Salle, 1978.

2

A Notícia. Canoas, 28/07/1940.

3

PFEIL, Jesus. Canoas: anatomia de uma cidade. Canoas: Ed. Independente, 1995.

4

HISTÓRIA de nossos Prefeitos. Nelson Paim Terra. Canoas: [s/ed.], 2000. HISTÓRIA de nossos Prefeitos. Sady Fontoura Schivitz. Canoas: Fundação Cultural, 2003. HISTÓRIA de nossos Prefeitos. Aluízio Palmeiro Escobar. Canoas: Tecnicópias Gráfica e Editora, 1999, p. 55. Correio do Povo, 09/10/1945; Correio do Povo, 29/03/1947.

11

Associação Comercial de Canoas. Circular 2, de 1/2/1942. Acervo CICS.

12

Associação Comercial de Canoas. Circular de 3 de março de 1942. Acervo CICS.

13

Folha da Tarde, 9/10/1944. Acervo do Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa.

14

Estatutos da Associação Comercial de Canoas. 1940. Acervo da CICS.

15

Correio do Povo, 9/10/1945. HISTÓRIA de nossos Prefeitos. Nelson Paim Terra. Canoas:[s/ed.], 2000, p. 123.

16

PENNA, Rejane Silva et al (Orgs.) Canoas – para lembrar quem somos: Centro. Canoas: La Salle, 2004, p. 115.

17

PANDOLFI, Dulce (Org.). Repensando o Estado Novo. Rio de Janeiro: FGV, 1999, p. 7 e 21.

18

PENNA, Rejane Silva et al (Orgs.) Canoas – para lembrar quem somos: Centro. Canoas: La Salle, 2004, p. 40.

5

Estatutos da Associação Comercial de Canoas. 1940. Acervo CICS.

6

PFEIL, Jesus. Canoas: anatomia de uma cidade. Canoas: Ed. Independente, 1995.

19

Apud PENNA, Rejane (coord.). Canoas – Para lembrar quem somos.- Centro. Canoas: La Salle, 2004.

7

HISTÓRIA de nossos Prefeitos. Edgar Braga da Fontoura. Série Documento. V. 1. Canoas: Tecnicópias Gráfica e Editora, 1998, p. 98.

20

Apud PENNA, Rejane (coord.). Canoas – Para lembrar quem somosCentro. Canoas: La Salle, 2004.

8

PESAVENTO, Sandra Jatahy. História e História Cultural. Belo Horizonte: Autêntica, 2003, p. 64.

21

9

HISTÓRIA de nossos Prefeitos. Edgar Braga da Fontoura. Série Documento. V. 1. Canoas: Tecnicópias Gráfica e Editora, 1998. HISTÓRIA de nossos Prefeitos. Edgar Braga da Fontoura. Série Documento. V. 1. Canoas: Tecnicópias Gráfica e Editora, 1998, p. 98. Associação Comercial de Canoas. Circular de Março de 1942. Acervo CICS. HISTÓRIA de nossos Prefeitos. Aluízio Palmeiro Escobar. Canoas: Tecnicópias Gráfica e Editora, 1999, p. 55. HISTÓRIA de nossos Prefeitos. Aluízio Palmeiro Escobar. Canoas: Tecnicópias Gráfica e Editora, 1999. HISTÓRIA de nossos Prefeitos. Nelson Paim Terra. Canoas: [s/ed.], 2000. HISTÓRIA de nossos Prefeitos. Sady Fontoura Schivitz. Canoas: Fundação Cultural, 2003. HISTÓRIA de nossos Prefeitos. Aluízio Palmeiro Escobar. Canoas: Tecnicópias Gráfica e Editora, 1999, p. 55. Correio do Povo, 09/10/1945; Correio do Povo, 29/03/1947. Diário de Notícias, 21/11/1946. HISTÓRIA de nossos Prefeitos. Nelson Paim Terra. Canoas: [s/ed.], 2000. HISTÓRIA de nossos Prefeitos. Sady Fontoura Schivitz. Canoas: Fundação Cultural, 2003. HISTÓRIA de nossos Prefeitos. Aluízio Palmeiro Escobar. Canoas: Tecnicópias Gráfica e Editora, 1999, p. 55. Correio do Povo, 09/10/1945; Correio do Povo, 29/03/1947. HISTÓRIA de nossos Prefeitos. Nelson Paim Terra. Canoas: [s/ed.], 2000. HISTÓRIA de nossos Prefeitos. Sady Fontoura Schivitz. Canoas: Fundação Cultural, 2003. HISTÓRIA de nossos Prefeitos. Aluízio Palmeiro Escobar. Canoas: Tecnicópias Gráfica e Editora, 1999, p. 55. Correio do Povo, 09/10/1945; Correio do Povo, 29/03/1947. HISTÓRIA de nossos Prefeitos. Nelson Paim Terra. Canoas: [s/ed.], 2000. HISTÓRIA de nossos Prefeitos. Sady Fontoura Schivitz. Canoas: Fundação Cultural, 2003. HISTÓRIA de nossos Prefeitos. Aluízio Palmeiro Escobar. Canoas: Tecnicópias Gráfica e Editora, 1999, p. 55. Correio do Povo, 09/10/1945; Correio do Povo, 29/03/1947.

Tem-se notícias das discussões por testemunhos orais e notícias de jornais da época. Infelizmente, as atas e demais registros da Associação Comercial de Canoas desse período foram destruídos em incêndio ocorrido em 1952.

22

A Notícia. Canoas, 29/07/1940.

23

NOSSOS Prefeitos. Edgar Braga da Fontoura. Série Documento. V. 1. Canoas: Tecnicópias Gráfica e Editora, 1998. PALMA DA SIVA, João. Pequena História de Canoas. Canoas: Tipografia e Gráfica La Salle, 1978. PFEIL, Jesus. Canoas: anatomia de uma cidade. Canoas, Ed. Independente, 1995.

24

Nascido em Itaqui (06/02/1892) e radicado em Pelotas. Governou Canoas de 1941 a 1945.

25

Correio do Povo, 11/03/1941, p. 4. Acervo do Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa.

26

PALMA DA SIVA, João. Pequena História de Canoas. Canoas: Tipografia e Gráfica La Salle, 1978.

27

Antonio Canabarro Trois. Entrevista em 18/01/2010. Acervo da CICS.

28

PREFEITURA Municipal de Canoas. Decreto n. 48, de 30/09/1941.

29

Atualmente loteamento Cidade Nova, segundo o Sr. Ernani F. de Freitas. Ver HISTÓRIA de nossos Prefeitos. Aluízio Palmeiro de Escobar. Série Documentos. V.2. Canoas: Tecnicópias Gráfica e Editora, 1996, p. 142.

30

PREFEITURA Municipal de Canoas. Decreto-Lei n. 21, de 15 de outubro de 1942. O Bairro seria chamado de Vila Popular Mauá ou Bairro Mauá.

31

HISTÓRIA de nossos Prefeitos. Aluízio Palmeiro de Escobar. Série Documentos. V. 2. Canoas: Tecnicópias Gráfica e Editora, 1996, p. 126-127.

32

LEPETIT, Bernard. Por uma nova História Urbana. São Paulo: Ed. da USP, 2001, p. 148.

10

Associação Comercial de Canoas. Circular de Março de 1942. Acervo CICS.

38


33

quem somos - Centro. Canoas: La Salle, 2004, p. 93.

HISTÓRIA NOSSOS Prefeitos. Aluízio Palmeira de Escobar. Canoas: Tecnicópias Gráfica e Editora, 1999, p. 133.

42

34

NOSSOS Prefeitos. Aluízio Palmeiro Escobar. Canoas: Tecnicópias Gráfica e Editora, 1999.

Correio do Povo, 19/9/1946. Acervo do Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa.

43

35

Folha Canoense, 07/09/1941, n. 3, ano 1. Acervo do Arquivo Histórico e Museu Hugo Simões Lagranha.

Correio do Povo, 3/5/1946. Acervo do Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa.

44

36

Moysés de Moraes Vellinho (1901-1980). Advogado, historiador e político. Funcionário do Tribunal de Contas do Estado de 1938 a 1964. Autor de diversos livros, entre eles, dois importantes tratados históricos, Capitania d’El Rey (1964) e Fronteira (1973). Autor de vários artigos no Correio do Povo. Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, onde foi admitido como sócio efetivo em 1949. Editor da revista Província de São Pedro, publicação pioneira e difusora da cultura do Estado. Em 1952, passou a se dedicar a outro empreendimento, presidindo a OSPA – Orquestra Sinfônica de Porto Alegre. Disponível em http://www. pucrs.br/delfos/?p=vellinho. Acessado em 16/5/2010.

Távola Redonda: nas lendas do ciclo arturiano, é uma grande mesa em torno da qual sentavam o Rei Artur e seus Cavaleiros para decidirem assuntos relativos ao reino da Inglaterra.

45

Diário de Notícias, 21/11/1946. Acervo do Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa.

46

Diário de Notícias, 10/12/1946. Acervo do Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa.

47

Primeiros Vereadores: Arthur Pereira de Vargas, Júlio Finkler Primo, Ulysses Machado, Teodoro Bogen, Arthur Oscar Jochims, Jacob Longoni, Max Adolfo Oderich, Hélio Fraga de Moraes Sarmento, Vicente Cláudio Porcello.

48

HISTÓRIA de nossos Prefeitos. Nelson Paim Terra. Canoas: [s/ed.], 2000.

49

Correio do Povo, 3/2/1949. HISTÓRIA de nossos Prefeitos. Nélson Paim Terra. Canoas: [s/ed.], 2000.

50

Correio do Povo, 11/9/1949. Acervo do Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa.

51

A invenção dessa máquina copiadora data de 1887. Seu aperfeiçoamento deu-se nas décadas finais do século XIX. Em 1950 era um recurso dispendioso.

52

Plínio Damiani, filho de Homero Damiani. Entrevista em 18/1/2010. projeto CICS 70 anos.

53

LONGONI, Jacob. Discurso por ocasião da promulgação da Primeira Lei Orgânica do Município. 1947. Acervo do Arquivo Histórico Municipal Dr. Sezefredo Azambuja Vieira.

54

VARGAS, Arthur . Entrevista. Entrevistadores: Gabriel da S. Guimarães e Francisco de P. Brisolara Freitas. 2010.

37

38

39

Alberto Pasqualini (1901-1960). Advogado, político, professor e sociólogo, ideólogo do Partido Trabalhista Brasileiro pelo qual foi senador da República (1950) quando se destacou nos debates sobre a criação da Petrobras, defendendo o monopólio estatal da exploração do petróleo. Autor da obra Diretrizes fundamentais do trabalhismo brasileiro. Em homenagem a ele, a refinaria instalada em 1968 em Canoas foi denominada de Refinaria Alberto Pasqualini (REFAP). Disponível em www.senado.gov.br/.../senadores_biografia.asp?, Acessado em 16/05/2010. HISTÓRIA de nossos Prefeitos. Aluízio Palmeiro Escobar. Canoas: Tecnicópias Gráfica e Editora, 1999, p. 133. Em 08/08/1945, o Prefeito Aluízio Pereira de Escobar foi destituído do cargo, sendo para ele nomeado, Nélson Paim Terra, o qual tomou posse em 15/08/1945.

40

NOSSOS Prefeitos. Aluízio Palmeiro Escobar. Canoas: Tecnicópias Gráfica e Editora, 1999, p. 150-151.

41

Danilo Cogo apud PENNA, Rejane (coord.). Canoas – Para lembrar

39


40


2

A Associação Comercial de Canoas buscando firmar-se em meio ao crescimento industrial

1950-1961

Em meio à acelerada industrialização e urbanização de Canoas, a ACC luta para sobreviver 41


A sesmaria de Francisco Pinto Bandeira, por onde corria Rafael Pinto Bandeira que “possuía o mapa Rio Grande na mente” e seu grupo de “negros e índios valentes”, não existia mais. Aos poucos fora dividida em chácaras e essas em loteamentos os quais fizeram recuar, até quase desaparecer, as plantações de arroz e criação de gado. Estrada de ferro, estradas de rodagem, ruas e calçamento recortaram a cidade. Homens, mulheres, pedra, madeira, tijolos, ferro, cimento, sofrimento, lágrimas, alegrias, coragem, covardia — sensibilidades e materialidades — construíram a cidade que se descortinava, no alvorecer da década de 1950. Canoas acompanhava o cenário brasileiro de industrialização e urbanização.

Brasil: crescimento econômico e urbanístico Os anos que se seguiram foram tempos de grandes modificações no cenário brasileiro. PeVista da Praça da Bandeira. Década de 1950.

42

reira1 informa que se tratou de período em que o Brasil passou por uma “Revolução Industrial”, iniciando no governo de Getúlio Vargas (195054), com planos de desenvolvimento dos setores de infraestrutura, para dar suporte ao crescente processo de industrialização. A política econômica adotada estimulou também, a instalação no país, de indústrias de bens de consumo, de base e de bens de produção. Outro fator que contribuiu para o desenvolvimento econômico brasileiro foi a criação da Petrobras em 1953. Esse processo acelerou-se no governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961) entre outros, com a implantação da indústria automobilística, a criação de indústrias de autopeças, crescimento dos setores de comercialização e oportunidades de emprego e investimentos. O plano econômico que deu sustentação a esse desenvolvimento, chamado Plano de Metas, foi elaborado por equipe de economistas surgido no país, a partir do final da Segunda Guerra Mundial em torno


Praça Emancipação. Canoas. Década de 1950.

da Fundação Getúlio Vargas e com influência do pensamento econômico da CEPAL-Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe2. Mesmo com condições adversas, como processo inflacionário, crise de infraestrutura que não acompanhava o desenvolvimento econômico, quadro preocupante dos meios de transportes, com sistema ferroviário arcaico, sistema de navegação com empresas estatais deficitárias e mal equipadas, portos em condições precárias, setor de energia dominado por empresas estrangeiras que não investiam em reequipamento e expansão, o Brasil teve crescimento econômico acelerado e consolidação da industrialização.

Canoas: industrialização e população em crescimento ascendente Canoas também se beneficiou com o desenvolvimento econômico nacional. A cidade urbani-

zava-se e novos loteamentos surgiam, oferecendo terrenos em “longas e suaves prestações” com calçamento e outros melhoramentos. Em 1952, foram loteados 20 hectares em frente ao então Cinema São Luiz, venda de terrenos no atual Bairro Harmonia e em frente à Estrada Federal (Centro da cidade).3 No entanto, o Município sofria em termos de infraestrutura: a administração pública carecia de equipamentos e veículos para atender à manutenção de estradas (em péssimo estado); faltava calçamento para a zona urbana e suburbana; os moradores da Vila Niterói (atual Bairro do mesmo nome) sofriam com alagamentos; os serviços de comunicações eram precários; e era necessária a construção de novo presídio.4 Canoas não possuía prédio próprio para acomodar a administração municipal. A Prefeitura estava instalada no pavimento superior da Casa Vargas a qual incendiou em 6 de fevereiro de 1952. Houve a transferência para o Edifí-

43


apressava a construção de edifício próprio. Em 30 de novembro de 1953, finalmente, Canoas teve a instalação da administração municipal no seu próprio prédio, o qual foi oficialmente inaugurado em 15 de janeiro de 1954. Em se tratando de indústria e comércio, o Guia de Canoas 1954/55 informava que esses:

Incêndio da Prefeitura Municipal. Canoas. 1953.

cio Silveira, de propriedade de Antônio Cândido da Silveira, o qual também incendiou em 7 de agosto de 1953. Provisoriamente, a Prefeitura foi instalada em outra construção de Antônio Cândido da Silveira, ao lado do prédio sinistrado, enquanto se Novo prédio da Prefeitura. Canoas. Década de 1950.

44

[...] se encontram numa fase de intenso desenvolvimento, de sorte que Canoas conta agora com um grande frigorífico, um dos maiores existentes no gênero, o Frigoríficos Nacionais; inúmeros estabelecimentos fabris, e no setor do comércio existem cerca de 800 estabelecimentos comerciais, segundo recente estatística, entre armazéns, lojas de fazendas, calçados, louças, ferragens, armarinhos, farmácias, bares, etc. Para a receita do município, também contribuem de maneira apreciável, os entrepostos de gasolina,


óleo querosene, de propriedade de diversas companhias estrangeiras. À margem direita do rio Gravataí erguem-se, pois, os vastos depósitos da Standard Oil Company of Brazil, The Atlantic Tefining Co. of Brazil e Shell Mex do Brasil Ltda.5

novo pavilhão em abril de 1958 e lançava no mercado gaúcho, o automóvel DKW-Vemag de 4 portas, fabricado pela Vemag (fábrica em São Paulo). A cerimônia contara com o governador do Estado (Ildo Meneghetti), autoridades municipais, diretores da Vemag e da Minuano. O Pároco Leão

A industrialização do Município continuou em trajetória ascendente, tanto que, ao iniciar o ano de 1958, Sezefredo Azambuja Vieira, Prefeito eleito para o mandato 1956-1959 declarava que:

Hartmann procedeu às bênçãos das novas instalações. A Minuano S.A. deu origem à Maxion Internacional de Motores S.A.7 Realmente, desde 1940, o Município passara por grande transformação como se pode verificar

[...] o destino de nosso município está traçado: é tornar-se num dos maiores centros industriais do Estado. Dentro de algum tempo poucas comunas rio-grandenses poderão rivalizar com Canoas em importância e produção industrial. Agora mesmo verifica-se um surto de industrialização tão vertiginoso que não tem paralelo na história da economia gaúcha.6

Confirmando as palavras do Prefeito, a Minuano S.A. revendedora e montadora de máquinas agrícolas instalada em Canoas, inaugurava

por matéria divulgada pelo jornal “Gazeta de Notícias” de 1959, denominada “Canoas em números”8. Analisando os dados do quadro, verifica-se que, em 18 anos, a população canoense cresceu 500%, as indústrias 400% e o comércio 16%.

Indústrias

Estabelecimentos Comerciais

17.000

53

1.861

40.000

208

486

105.000 (estimada)

262

2.153

Ano

População

1940 1950 1958

Minuano S.A. Canoas. Década de 1950.

45


Modificava-se rapidamente o perfil do Município que se desenvolvia em termos econômicos, mas com problemas sociais e de infraestrutura preocupantes como já apontado.

A Associação Comercial de Canoas na década de 1950 A Associação Comercial de Canoas iniciou os anos 1950, com Diretoria conforme abaixo. Por documentos e testemunhos orais consultados, Marcílio Schiavon continuou à frente da Entidade nos anos que se seguiram. Em 7 de janeiro de 1952, a Associação Comercial sofreu um duro golpe. Às 0h30min, conforme matéria do Diário de Notícias (07/02/1952), um incêndio destruiu a Casa Vargas em cujas dependências funcionavam a administração pública da cidade e a Associação. Essa instalara ali sua sede, em sala no segundo pavimento. Com certeza, o ânimo dos seus diretores sofreu sério abalo, pois muito se perdeu em termos de documentos, como

1950-19519 Eleição: 2/4/1950 Presidente

Marcílio Schiavon

Vice-Presidente

Ricieri Bertoglio

Primeiro Secretário

Pedro Floriano Buchrieser

Segundo Secretário

Alfredo Ivo Fernandes

Primeiro Tesoureiro

Atílio Samarani

Segundo Tesoureiro

Orlando Gomes Vigel

Conselho Fiscal

Umberto Pavin Adalberto Vargas Reinaldo Nestor Sulzbach

46

também, o próprio espaço de atendimento aos associados. Como a Prefeitura funcionava em salas no mesmo local, fora destruído, também, o documento da primeira doação de terreno para a Associação, Lei 138, de 18 de agosto de 1950, assinada pelo prefeito Nelson Paim Terra (1945-1951). Porém, em 23 de abril de 1952, o Prefeito Sady Fontoura Schivitz (1952-1955) expediu novo documento de doação do terreno para a construção10 da sede própria. A partir daí, abre-se uma lacuna de seis anos na história da Associação. Assim que se recorreu à Antônio Canabarro Trois Filho11, amplamente conhecido em Canoas como Tonito, com o intuito de tentar reconstruir a história da entidade nesse período. Segundo Tedesco, “a história local, resgatada pela memória, pode se servir da ‘evidência local’ viva, manifesta oralmente, para possibilitar [...] unir informações dispersas [...].12 Tonito informa que Marcílio Schiavon permaneceu dirigindo a Associação até 1955. Relata que foi contratado para exercer a função de escriturário, fazendo para os associados — pequenos comerciantes e industriais —, o que era denominado de escrita fiscal e que esse atendimento se realizava em seu escritório na Rua Fioravante Milanez.13 Segundo Tonito, [...] na época a indústria pagava um imposto de consumo. Para funcionar, era necessário pagar patente de registro, na Corretoria Federal. Na Prefeitura pagava-se para ter o Alvará, e na Diretoria especial era a inscrição estadual. Era a primeira coisa para poder funcionar. O comércio recolhia o imposto de vendas e consignações. Hoje é o ICMS, ou assemelhado, e a escrita fiscal era composta de um livro de vendas a vista, sobre o qual se colava estampilhas [selos]. Enchia de selos mesmo, extremamente medieval. Recolhia-se o imposto de consumo, na Exatoria


Marcílio Schiavon em visita à indústria engarrafadora de bebidas. Década de 1950.

Alunos do curso do SENAC, 03 de julho de 1950.

47


Estadual, que era aqui na Fioravante. Recolhia o IVC-Imposto de Vendas e Consignações. Tinha o livro de vendas à vista, livro de compras, que era a entrada da mercadoria que [o comerciante] revendia. Depois, nota por nota fiscal. Registrava e guardava para a fiscalização vir e examinar.14

Além da escritura fiscal, Tonito atendia os associados, aconselhando-os sobre impostos, seus valores e pagamento desses. Alega que, aos poucos, a Associação Comercial de Canoas foi ficando inativa, pois Marcílio Schiavon convocava para as reuniões e não

Vista aérea de Canoas. Em primeiro plano, o Instituto São José (atual Colégio La Salle) e prédios do atual Unilasalle. Década de 1960.

48

havia número suficiente de associados (1/3) como determinavam os Estatutos.15 A Associação permaneceu assim até o início do ano de 1961. Fechava período de sua história uma instituição que havia prestado relevantes serviços à comunidade canoense. No entanto, Canoas crescia e se expandia ao recolher contingentes de trabalhadores vindos da zona rural e estrangeiros que fugiam da Europa em meio ao cenário devastado pela Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945). Segundo Viegas, “o elo em comum foi a conquista de uma nova terra que os acolhesse com paz, prosperidade e trabalho”16.


Vista de Canoas na direção Sul. Rua Muck em primeiro plano. Década de 1950.

À esquerda, Adubos Pampa S.A., Canoas, década de 1950. À direita, Frigosul, Canoas. Década de 1950.

49


Vista de Canoas. Década de 1950.

50


Notas 1

2

PREREIRA, Bresser. Desenvolvimento e crise no Brasil: história e economia de Getúlio Vargas a Lula. São Paulo: Ed. 34, 2003. A CEPAL foi criada em 1948 pelo Conselho Econômico e Social da Organização das Nações Unidas (ONU) tendo por objetivo promover a cooperação econômica entre os seus membros.

SIMECAN. Disponível em http://www.waltergalvani.com.br/?703 8

HISTÓRIA de nossos Prefeitos. Sezefredo Azambuja Vieira. Série Documentos. Canoas: Tecnicópias Gráfica e Editora, [s/d], p. 139.

9

HISTÓRIA de nossos Prefeitos. Sady Fontoura Schivitz. Canoas: DMF Gráfica, 2003.

10

Por ser de grande importância para a CICS, a história da construção da sede própria está registrada em capítulo à parte.

11

Jornalista e escritor, ex-proprietário e ex-diretor do Jornal “O Timoneiro”. Chegou com sua família à Canoas em 8 de setembro de 1941.

3

Diário de Notícias, 13/1/1952. Acervo do Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa.

4

HISTÓRIA de Nossos Prefeitos. Série Documentos. Sady Fontoura Schivitz. Canoas: DMF Gráfica, 2003, p. 45-47.

12

Apud HISTÓRIA de Nossos Prefeitos. Série Documentos. Sady Fontoura Schivitz. Canoas: DMF Gráfica, 2003, p. 35-36.

TEDESCO, João Carlos. Nas cercanias da memória: temporalidade, experiência e narração. Passo fundo: UPF Ed./EDUCS, 2004

13

Antonio Canabarro Trois Filho. Entrevista realizada em 18/1/2010, nas dependências da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Canoas.

14

Idem.

15

Idem.

16

VIEGAS, Danielle Heberle. Entre o(s) passado(s) e o(s) futuro(s) da cidade: um estudo sobre a urbanização de Canoas/RS (19291959). Dissertação Mestrado em História, PUCRS: Porto Alegre, 2011. Disponível em http://tede2.pucrs.br/tede2/bitstream/ tede/2376/1/430524.pdf Consultado em 23 ago. 2019.

5

6

HISTÓRIA de nossos Prefeitos. Sezefredo Azambuja Vieira. Série Documentos. Canoas: Tecnicópias Gráfica e Editora, [s/d], p. 56.

7

HISTÓRIA de nossos Prefeitos. Sezefredo Azambuja Vieira. Série Documentos.Canoas: Tecnicópias Gráfica e Editora, [s/d], p. 220221. Correio do Povo, 27/4/1958. Roberto Ferreira Pansera, informações em 17/9/2010. Segundo Walter Galvani a Minuano S.A. teve como um dos diretores, Ernani Behs que veio a tornar-se o primeiro presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Canoas, hoje conhecido como

51


52


3

Associação Comercial de Canoas: uma nova entidade para um novo cenário

1961-1978

Canoas cresce todos os dias e, com ela, as suas indústrias e seu comércio. 53


Brasil: país emergente

O Brasil tornava-se um “país emergente” com crescimento das indústrias de base, de trans-

Entre 1961 e 1978 o Brasil passou por diferentes cenários e, entre esses, o do chamado “Milagre Econômico” (1968 a 1974). Quando assumiram o poder em 1964, os governos militares instituíram e levaram adiante, o Programa de Ação Econômica (PAEG) cujos objetivos eram criar reformas estruturais para promover o desenvolvimento, combater a inflação e estabilizar a economia.1 Houve certa estabilidade política que possibilitou a entrada, no Brasil, de grande volume de capital, a partir de empréstimos internacionais. Em 1967, em meio a sinais de recessão, investiu-se em áreas de petroquímica, siderurgia e geração de energia, entre outras, com criação de empresas estatais. Em 1969, o país passava por intenso processo de industrialização, geração e diversificação de empregos, com a classe média tendo sua renda com aumento considerável, acesso a bens e serviços e à casa própria. Canoas. Década de 1960.

54

formação, equipamentos, bens duráveis e agroindústria de alimentos. Em termos de infraestrutura, eram realizados investimentos consideráveis em ferrovias, rodovias, portos, usinas hidrelétricas, usinas nucleares e telecomunicações. No início dos anos 1970, o PIB foi de 12% e o setor industrial crescia a 18% ao ano. Acompanhou tudo isso o crescimento demográfico, o urbano, o consumo e o crédito. Porém, nem todos se beneficiaram nesse cenário e, nas periferias das cidades de médio e grande porte, se criaram verdadeiros “cinturões” de pobreza. Desde o início dos anos 1970 começaram a surgir dificuldades em relação ao pagamento da dívida externa contraída com os vultosos empréstimos. Sentia-se o peso dos juros e amortizações. Com a crise de 1973, quando a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) aumentou


Enchente. Canoas. Década de 1960.

em cerca de 300% o preço do barril, houve dificuldades em manter o ritmo do desenvolvimento econômico do Brasil, uma vez que 40% da energia básica consumida no país era gerada pelo petróleo. Houve declínio de crescimento e, no final da década de 1970, a inflação chegou a 94,7%. A dívida externa aumentou, a qualidade de vida da maior parte da população estava em queda acelerada e, pelos relatórios do Banco Mundial, 70 milhões de brasileiros (cerca de 70% da população) em 1975, sofriam com desnutrição. Nessa conjuntura, Canoas iniciava a década de 1960 com inúmeros problemas.

Canoas como cenário para a criação da Associação do Comércio e da Indústria de Canoas-ACIC Na cidade, loteamentos se multiplicavam sem infraestrutura condizente. Entre 1950-60, a cidade

teve um acréscimo de 390% de população. Vilas e bairros surgiam sem parar pelo espaço do Município, com todas as exigências de escolas, sistema de saúde, abertura e pavimentação de ruas e avenidas, energia elétrica, água e esgotos, transportes, entre outras. As enchentes continuavam a castigar a cidade, principalmente as vilas mais pobres. As administrações públicas que se sucederam, procuraram de alguma maneira, enfrentar esses desafios. Fatos relevantes entre 1960-63 foram: a inauguração do Hospital Nossa Senhora das Graças em 1962, a instalação de importantes indústrias como a Micheletto, a Coemsa, Springer, Forjasul e a Refinaria Alberto Pasqualini. Vale registrar o investimento da indústria Moinhos Guindani S.A., na cidade em 1963. Além desse, Canoas possuía mais quatro moinhos: Primo Fabris, Trigo Indígena, Cruzeiro do Sul e Popular S.A. Em 1963, o Jornal “O Gaúcho”, noticiava: O progresso que vem alcançando tem chamado a atenção de industrialistas de todo o

55


país que, ao deslocarem suas fábricas para o Rio Grande do Sul, sem exceção, têm dado preferência a Canoas. [...] Canoas cresce todos os dias e com ela as suas indústrias, por ser a sua localização, sem favor, a melhor do Estado.2

Em 1969, Canoas foi considerada pelo governo federal como Área de Segurança Nacional3 por sediar o comando da 5ª Zona Aérea e a Refinaria Alberto Pasqualini (inaugurada em 16 de setembro de 1968). A partir daí, até 15 de abril de 1985 (Lei 7.308), os prefeitos do Município passaram a ser nomeados pelo governador do Estado do Rio Grande do Sul, com o aval do governo federal. Também durante o ano de 1969, a cidade via iniciar trabalhos para a elaboração de planejamento urbanístico. A administração pública recorria ao governo federal para executar obras na BR-116 (pasCanoas, Vista aérea. Década de 1960.

sagens superiores de acesso, pistas paralelas), pois

56

segundo “O Timoneiro”: “dentro da área de âmbito nacional atualmente, é esta a única via de ligação com o Centro e o Norte do País”4. Para melhorar as condições de tráfego, a Avenida Guilherme Schell recebia pavimentação a fim de oferecer “excelentes condições de tráfego, desde as margens do Gravataí à divisa com Esteio”5. Outro fato importante para a cidade foi o início das obras de pavimentação da rodovia Tabaí-Canoas. Acompanhando as matérias veiculadas no jornal “O Timoneiro” ao longo dos anos 1970, percebe-se concentração de reivindicações e de ações em relação à BR-116, à resolução dos problemas de abastecimento de água, habitações populares, transportes coletivos, recolhimento e local para depositar o lixo, educação e escolas, distrito industrial, entre outros. Mayer6 aponta que Canoas enfrentou, nesse período, os “impactos do ‘avassalador progresso’”. A antiga bucólica Canoas, dos muitos capões, que


fora recortada por loteamentos, que recebera intenso fluxo migratório e que se vira alçada à condição de cidade industrial e comercial, precisava dar conta dos efeitos do crescimento econômico e demográfico. Sua população se organizava para a resolução dos problemas locais. Seus moradores na maioria migrantes, ao reconstruírem suas vidas, cotidianos, sociabilidades e vizinhanças, mobilizavam-se em torno de objetivos e estratégias que possibilitassem o viver bem na cidade. Nesse novo cenário, empresários e industriais reorganizaram a Associação Comercial, que passou a congregá-los como Associação do Comércio e da Indústria de Canoas.

Para novos tempos uma nova Associação Em 17 de abril de 1961, vários comerciantes e industrialistas canoenses, liderados por Moysés Machado, reuniram-se para discutir questões relativas à organização de entidade que congregasse comerciantes e industriais de Canoas.7 Machado8 relata que como já existia a Associação Comercial, essa foi reativada e reestruturada. Em 1º de maio de 1961, convocou-se Assembleia Extraordinária para eleição de nova Diretoria e reforma de Estatutos. A imprensa escrita deu cobertura ao evento e a “Folha da Tarde” divulgou a seguinte matéria: Sofreu transformações a entidade das classes conservadoras9 de canoas. A associação comercial de Canoas, em assembléia geral extraordinária realizada no dia primeiro de maio ultimo, reformou seus estatutos e mudou sua denominação para “Associação do Comercio e Indústria de Canoas”, com a sigla “ACIC”. [...] Tal informação consta do oficio enviado a este jornal, assinado pelo

secretario da entidade, Sr. Artemio [...] Ao finalizar o oficio, o referido dirigente da ACIC pede o apoio da imprensa para a campanha de novos sócios.10

O “Correio do Povo” relatava que a Assembleia, realizada no salão nobre do Foro de Canoas, fora concorrida.11 Sua Diretoria ficou assim constituída:

Diretoria ACIC 1961-1962 1961-1962 Eleição: 1º/5/1961 Presidente

Moysés Machado

Primeiro VicePresidente

Ilso Menta

Segundo VicePresidente

Honório Peres

Primeiro Secretário

Artemio F. Oliveira

Segundo Secretário

Manoel F. Oliveira

Primeiro Tesoureiro

Olímpio Perondi

Segundo Tesoureiro

Luiz P. de Souza

Conselho Fiscal

Victório Paludo Amaro Rodrigues Vitório Broch Vitorino Coronet Plínio Damiani Victor Rycembel

A Associação passava a assumir o papel de promover a expansão e fortalecimento do comércio e indústria da região, colaborar com os poderes públicos em atos pertinentes às atividades empresariais, proporcionar condições de aprimoramento das técnicas comerciais e industriais e promover, no país e no exterior, os produtos da região. A Diretoria teria mandato de dois anos, podendo ser reeleita para mais uma gestão. Fizeram parte da Diretoria, também, pessoas que representassem entidades sindicais patronais e entidades de classe da região, vinculadas à As-

57


sociação. Sua sede se localizava na Rua Cândido Machado, 372, 10 andar, salas 102 e 103.12

locais. O então dirigente municipal, Prefeito José João de Medeiros compareceu à reunião, prestando esclarecimentos sobre diversos assuntos, mas

Representatividade junto aos empresários e à comunidade

o tema central foi a refinaria. Segundo o Jornal

A Diretoria retomou a luta pela construção de sua sede própria e, além dessa agenda e de assuntos próprios da classe empresarial, temas de interesse local e regional eram recorrentes nas reuniões da Associação. Entre esses, destaca-se a instalação de refinaria de petróleo em Canoas.13 Em fevereiro de 1962, em Assembleia Geral extraordinária, no salão nobre do Foro da cidade, a Associação convidou as forças políticas e empresariais de Canoas para discutir os problemas

notas de agradecimento e de felicitações pela

Comício de Leonel Brizola em frente à Prefeitura Municipal de Canoas. 1962.

58

Correio do Povo, “foram enviados telegramas ao Presidente da República, ao Governador do Estado e ao Presidente da Petrobras, transmitindo escolha do município para a instalação da Refinaria da Petrobras”14. Ainda na ocasião, houve a sugestão de enviar oficio ao Banco do Brasil para solicitar maior compreensão e menor rigorismo com respeito a títulos descontados no referido estabelecimento bancário.15 Em agosto de 1962, nova Diretoria foi eleita e empossada, conforme quadro adiante.


Diretoria da ACIC 1962-1963 1962-1963 Eleição: 14/8/196216 Presidente

Victório Paludo

Primeiro VicePresidente

Genuino Sfredo

Segundo VicePresidente

Henrique Stefani

Primeiro Secretario

Ilso Menta

Segundo Secretario

Liberty Conter

Primeiro Tesoureiro

Willy A. Regner

Segundo Tesoureiro

Larry Venhofen

apresentou sugestão de entrosamento entre a ACIC e a APEC de Canoas para que esta montasse escritório modelo de contabilidade, a fim de que fossem ministradas aulas práticas aos associados. O Presidente da ACIC, Victório Paludo, concordou que realmente, poderia ter um entendimento entre as entidades, sendo que os professores deveriam mostrar um plano de aula para ser minuciosamente estudado.17 A partir de setembro de 1963, Henrique Stefani passou a ser o presidente da ACIC.

Diretoria da ACIC 1963-1964

A Associação retomou sua representativida-

1963-1964 Eleição: 20/9/196318

de junto à comunidade canoense, participando de eventos cívicos e cerimônias, como aquelas co-

Presidente

Henrique Stefani

memorativas à instalação do Município e lança-

Primeiro VicePresidente

Cesare Giacobbe

Segundo VicePresidente

Osvaldo Junqueira

Primeiro Secretario

Osmar R. da Gaz

Segundo Secretario

Dr. Frank Wollheim

Primeiro Tesoureiro

Willy Regner

Segundo Tesoureiro

Antonio C. Trois

mento da pedra fundamental dos Moinhos Guindani S.A. (15 de janeiro de 1963). Nesse evento, a Associação foi representada por seu presidente, Victório Paludo. Uma das preocupações dos associados era com a gestão de suas empresas. Em Assembleia Geral de 17 de fevereiro de 1963, Pedro Gallo

59

Vista aérea da REFAP. Dezembro de 1965.


Nessa gestão, Henrique Stefani fundou a Telecasa, sistema que iria atender às necessidades de telefonia de Canoas. Essa empresa foi incorporada pela CRT-Companhia Rio-grandense de Telecomunicações quando da sua instalação em Canoas. Para a gestão 1964-1965 foi eleita nova Diretoria.

Outro motivo de preocupação da Associação era projeto de lei para cobrança do Imposto de Indústrias e Profissões proposto pela administração municipal. Chamada a manifestar-se, a ACIC indicou redução de valores de algumas alíquotas. O Boletim divulgava cursos para funcionários e diretores de estabelecimentos comerciais e industriais da cidade, como Psicologia de Vendas

Diretoria da ACIC 1964-1965 1964-1965 Eleição: 20/7/196419 Presidente

Osvaldo Junqueira

Primeiro VicePresidente

Henrique Sstefani

Segundo VicePresidente

Ernani Reho

Primeiro Secretario

Pedro Gallo

Em janeiro de 1965, com o lema — “A união faz a força” — a Diretoria da Associação lançava seu primeiro boletim informativo, cujo objetivo era facilitar a comunicação com os associados. A partir desse instrumento, buscava esclarecer questões referentes às novas leis e alterações no Imposto do Selo, Imposto de Renda, Imposto de Consumo e Lei do Inquilinato, convidando os associados para procurarem o escritório para dirimir dúvidas.20 Informava, também, sobre promoção de jantar, no qual compareceram o Consultor Jurídico e Superintendente do Departamento de Engenharia da Companhia Riograndense de Telecomunicações (CRT), a fim de se manifestarem sobre possibilidades de melhorar e ampliar os serviços telefônicos em Canoas. Em levantamento feito pela Diretoria, mais de 500 empresários aguardavam, ansiosamente, por instalação de linhas e aparelhos telefônicos na cidade. O assunto se revestia de tal importância que a Associação criara Comissão especial para fazer tratativas junto às autoridades e à CRT.

60

e Relações Humanas no Trabalho. Na sequência, apresentam-se as Diretorias que assumiram os destinos da Associação.

Diretorias da ACIC (1965-1967) 1965-1966 Eleição: 29/09/1965.21 Presidente

Johannes Engel

Primeiro VicePresidente

Carlos Loreno Giacomazzi

Segundo VicePresidente

Pedro Paulo Schneider

1966-1967 Eleição: 12/10/1966.22 Presidente

Carlos Loreno Giacomazzi

Primeiro VicePresidente

Pedro Gallo Sansone

Segundo VicePresidente

Johannes Engel

Johannes Engel foi o idealizador do conjunto Comercial de Canoas, inaugurado em 10 de abril de 1976. De acordo com testemunho de seu filho Arno Engel, “quando presidiu a então Associação de Indústria, Comércio de Canoas, conseguiu atrair muitas empresas que são instaladas no município até hoje”23. Um tema que perpassou a trajetória histórica da ACIC, nas décadas de 1960 e 1970, foi o da BR-116 e o da estrada Tabaí-Canoas. Ao lon-


BR-116. Fevereiro de 1967.

go desses anos, duplicação, retornos, passagens elevadas para pedestres e veículos, laterais, iluminação para a BR e pavimentação para a Tabaí ocuparam reuniões, fomentaram a formação de comissões e foram motivos de inúmeras reivindicações dos associados. Revisando matérias jornalísticas sobre esses assuntos, acompanha-se a cobertura que jornais como “O Timoneiro”, “Folha da Tarde” e “Opinião Pública” deram às demandas locais. Em 4 de julho de 1969, quando da colocação da pedra fundamental das obras da Tabaí-Canoas pelo Presidente Arthur da Costa e Silva, Hugo Simões Lagranha (Prefeito nomeado de Canoas) afirmava que era um “fato histórico para a administração e população canoense. A estrada, desde há 30 anos, era um sonho inatingível, somente agora tornado realidade”.24 Ainda no mês julho de 1969, a ACIC recebia ofício do Departamento Nacional de Estradas de

Rodagem (DNER), informando sobre providências a respeito de estudos para melhorias na BR-116, com prazo de seis meses para encerramento. Enquanto isso, medidas provisórias seriam tomadas para amenizar as dificuldades de quem transitava pela rodovia. A BR-116 era conhecida como Rodovia da Morte, tendo em vista o acúmulo de acidentes fatais que ocorriam no perímetro urbano. Somavam-se às péssimas condições de trafegabilidade que prejudicavam o transporte de mercadorias. A ACIC, no final do ano de 1969, novamente se reportava ao DNER, cobrando as prometidas medidas provisórias enquanto os estudos para as obras de maior vulto não fossem finalizados. A Associação, moradores e entidades canoenses (três Lions, dois Rotary Club e o jornal “O Timoneiro”) se colocaram em movimento de enfrentamento com o órgão responsável pela rodovia.25 “O Timoneiro”

61


noticiava em 28/11/1969: “BR-116: Um assassino dentro de casa”. Os anos 1970 iniciaram com a situação ainda sem solução. Inclusive, o então Prefeito, Hugo Simões Lagranha colocava-se contra a movimentação das entidades, negando-se a participar das reuniões. Mas a força das instituições e da população venceu e Lagranha integrou-se ao movimento, ocupando o cargo de presidente da Comissão “Humanização da BR”.26 A Associação via, também, ser concretizado o sonho de melhoria das comunicações em Canoas, com a inauguração, em 23 de janeiro de 1970, da Central Telefônica de Canoas.27

Temas debatidos em reuniões da ACIC (1970-1971) Data

Pauta

Embora todo o esforço em prol de melhorias para a BR-116, a situação continuava a mesma em julho de 1970. A ACIC oficiava à Prefeitura instando para que essa se dirigisse ao DNER para construção de acostamentos ao longo do trajeto da BR em perímetro urbano. Os acostamentos só haviam sido feitos nos locais onde havia paradas para os ônibus.28 As Diretorias da ACIC envolveram-se diretamente com as necessidades locais e regionais e trabalharam junto com outras entidades, a fim de conseguir que fossem resolvidas as demandas da sociedade canoense. À frente da Associação estiveram os seguintes empresários durante os anos 1967 e 1970.

Presidentes da ACIC 1967-1970 Ano

Presidente

1967 – 1968

Carlos Loreno Giacomazzi

1968 - 1969

Henrique Stefani

14/5/1970

Apreciação sobre a nova taxação de impostos (predial e territorial)

1969 – 1970

Olmiro Guindani

16/6/1970

Problemas locais – convidado: Prefeito Municipal

1970 - 1972

Paulo Benetti

1/9/1970

Convidados: Autoridades Militares em Canoas

1972 - 1975

Olmiro Guindani

24/9/1970

Eleição de nova Diretoria

1975 - 1977

Darwin Luiz Longoni

20/10/1970

Posse da nova Diretoria

17/12/1970

Novas instalações da sede

21/1/1971

Retorno BR-116, Vila Rio Branco

16/11/1971

Reunião com D.O.V. sobre Sistema viário de Canoas e BR116 na Prefeitura Municipal

25/2/1971

Plano Diretor de Canoas

30/3/1971

Imposto de Renda e Mobral

16/6/1971

Atividades do INPS

5/8/1971

Reunião com vereadores da Câmara Municipal de Canoas

17/8/1971

Reunião com Prefeito Municipal

23/8/1971

Reunião com membros do Lions Clube de Canoas

1/9/1971

Homenagem às Forças Armadas

15/9/1971

Prorrogação do mandato da Diretoria atual

62

Acompanhando as atividades da ACIC, a partir do Livro de Presenças nas reuniões realizadas entre 1970 e 1972, recolheram-se as seguintes pautas. Pelo quadro, pode-se verificar o envolvimento da Associação com as questões locais, as quais interessavam diretamente aos seus associados. É importante destacar que a Diretoria da ACIC em 1971 (15/03), tendo em vista as dificuldades enfrentadas pela cidade em diversos setores, depois de recorrer a diferentes autoridades, resolve, juntamente com outras forças representativas, dirigir-se ao Comandante da Quinta Zona Aérea, Brigadeiro-do-Ar Leonardo Teixeira


Colares, expondo o que era considerada como “alarmante e crítica situação” em que Canoas se encontrava. Solicitavam a intervenção daquele para o encaminhamento da resolução dos seguintes problemas: cidade bipartida pela BR116 e a Rede Ferroviária Federal; sistema viário que trazia prejuízos para a população e para a classe empresarial; sistema de iluminação pública precário e dispendioso; serviço de esgoto inexistente e abastecimento de água em péssima situação; serviço de telecomunicações muito caro e ineficiente; sérios problemas de saúde pública; tributação municipal com índices muito altos; condições insalubres nos bairros e vilas e insuficiência de residências para a população.29

Diretoria da ACIC 1971-1972 1971-197230 Presidente

Paulo Benetti

Primeiro VicePresidente

Olmiro Guindani

Segundo VicePresidente

Victor Rycembel

Primeiro Tesoureiro

Renato Koch

Segundo Tesoureiro Diretor

Henrique Stefani

Não se tem notícias do desdobramento dessa solicitação, como foi recebida pelo Brigadeiro e quais as providências tomadas. Em 9 de julho de

63

Praça da Bandeira. Década de 1960/1970.


1971, Canoas recebia seu novo Prefeito nomeado, o Ten. Cel. Daniel Cruz da Costa, o qual teve uma gestão relâmpago (julho/1971-julho/1973). Vinha com a missão de resolver as contendas políticas locais e reestruturar a cidade, mas não foi bem sucedido na empreitada, sendo atacado pelos vereadores de ambos os partidos (MDB e ARENA) e por segmentos da sociedade canoense.31 A crise acabou por envolver a Diretoria da Associação, provocando manifestação de seu Presidente na ocasião, Olmiro Guindani, afirmando que a ACIC ocupava-se com os interesses de seus associados e não se envolvia em questões político-partidárias. Isso fica evidente no Boletim da ACIC de janeiro de 1972, quando a Diretoria informava apenas sobre marcas e patentes, amortização de dívidas com o FGTS, extinção de isenção do ICM para determinadas máquinas, prorrogação de prazo para pagamento de imposto único, declaração de imposto de renda e informações sobre IPI.32 Nos anos 1970, vai, cada vez mais, consolidando-se a industrialização de Canoas. As autoridades e forças empresariais da cidade reivindicavam a instalação de distrito industrial e aventavam a possibilidade de que o III Polo Petroquímico se instalasse no Município. No ano de 1975, o jornal “O Timoneiro”, por diversas vezes veiculou matérias relativas à possibilidade da vinda do Polo: “[...] Se o polo vier, Canoas terá empregos para mais de 50 mil”.33 Mayer34 aponta que a urbanização acelerada da cidade prejudicava a qualidade de vida e que isso era preocupação de diversos setores da sociedade. Percebe-se que a ACIC, também colocava esse tema na mesa de discussões, ao dedicar reuniões para tratar do Plano Diretor para o Município e discutir a formação e a inclusão de Canoas na Região Metropolitana de

64

Porto Alegre (inícios dos anos 1970) com os benefícios que poderiam advir para a cidade, bem como os problemas que poderiam ocorrer. “O Timoneiro” noticiava em 1975 que até o final do ano, “Canoas será parte de uma região de 2 milhões de habitantes”.35 Outro problema do Município era a grande afluência de contingentes populacionais das mais diversas procedências para Canoas entre os anos 1960 e 1970. O ex-prefeito da cidade, Carlos Lourenço Giacomazzi (gestão 1986-1998) e ex-presidente da Associação (1966-1968), em entrevista para o Projeto Canoas-Para lembrar quem somos, afirmava que: [...] Foi aquela fase de migração violenta do homem do campo para os grandes centros. [...] Então a migração para cá foi algo fantástico porque contavam aquelas histórias que Canoas era uma medalha de ouro que tinha um só verso, não tinha dois! Eles mostravam só o bom. O pessoal aqui chegava não encontrava emprego, não tinha moradia. [...] 36

Ao mesmo tempo, como indica Mayer37, havia um sentimento de euforia com o crescimento populacional, industrial e comercial — Canoas, a cidade que mais cresce no Estado —, as lideranças locais e o conjunto da população se preocupavam com essa rápida expansão e a ocupação de áreas em situação de risco pelos migrantes. Para mostrar a pujança industrial e comercial do Município foi organizada a II FEICA-Feira Industrial e Comercial de Canoas, realizada de 25/05 a 2/06/1975. O “Correio do Povo” noticiava que: Toda a história de Canoas em desfile ante nossos olhos nesse momento, desde quando esta parte do Rio Grande do Sul, em fins do século passado, e inícios deste, era apenas um lugar


de veraneio. No evoluir dos acontecimentos, passou mais tarde a ser chamada de ‘cidade-dormitório’ de Porto Alegre, e, hoje, surge com todo o vigor, com centenas de indústrias e milhares de empresas comerciais que formam a força econômica do município.38

O presidente da II FEICA era Olmiro Guindani, também Presidente da ACIC, o que leva a inferir sobre o intenso envolvimento da entidade na sua organização. A II FEICA ocorreu no Conjunto Comercial de Canoas, que estava finalizando a sua construção (inauguração em 10/04/1976). Na época foi considerado o maior conglomerado de estabelecimentos comerciais do Estado — o gigante de Canoas —, “o primeiro shopping center do Sul do Brasil”39. Para estancar o grande afluxo migratório campo-cidade e melhorar as condições de urbanização, “O Timoneiro” noticiava que o governo do Estado iria fazer “obras de infraestrutura e fixar o homem no interior”40. Sabe-se

Conjunto Comercial de Canoas. 1977.

que isso não ocorreu, pois a cidade entrou nos anos 1980 com agravamento de diversos problemas para os quais os governos que se sucederam não apresentaram solução. Politicamente, o Brasil entrava em nova fase e a classe empresarial de Canoas, atenta ao cenário que se desenhava, se preparava também, para outra etapa de sua história.

Rua Tiradentes. Década de 1950/1960.

65


Móveis Esplêndido, Bairro Harmonia. Década de 1960.

Refrigerantes Nevada, Canoas. Década de 1970.

66

Primo Tedesco S.A., Canoas. Década de 1960.

Vidrarias Industrial Figueiras, Canoas. Década de 1960.


Sulbrasa, Canoas. Década de 1960.

Suvesa, Canoas. Década de 1970.

Bianchini. Década de 1970.

CBS. Década de 1970.

67


Notas 1

2

3

4

A inflação chegou a 80% ao ano no início do Regime Militar, herança das administrações anteriores. O Produto Nacional Bruto (PNB) crescia apenas 1,6% ao ano e a taxa de investimentos era quase nula. Diante desse quadro, o governo adotou política recessiva e monetarista, elaborada pelos ministros da Fazenda, Roberto de Oliveira Campos e Octávio Gouvêa de Bulhões. SILVA, Carlos Alberto B. Apogeu e Crise da Regulação Estatal. Da Vigorosa Estatização no Milagre. Novos Estudos Cebrap, N. 34, 1992, p. 215- 227. Apud HISTÓRIA de nossos Prefeitos. Cel. José João de Medeiros. Série Documentos. Canoas: Fundação Cultural de Canoas, 2005, p. 75. A Área de SegurançaNacional é uma região que pode estar sujeita a sabotagens e atos terroristas. Essa é uma definição da Escola Superior de Guerra (criada em agosto de 1949 pela Lei 785/49), a partir da doutrina de Segurança Nacional. Nessa área, em períodos determinados, a legislação civil, princípios constitucionais e liberdades individuais não têm efeito. Canoas foi incluída como Área de Segurança Nacional pelo DECRETO-LEI Nº 435, DE 24 DE JANEIRO DE 1969 que acrescentava nos termos do art. 16, § 1º, alínea ´b´ da Constituição, municípios na alínea VII do art. 1º da Lei nº 5.449, de 4 de junho de 1968. O Timoneiro, 12 a 19/4/1969. Acervo da CICS.

5

O Timoneiro, 6/5/1969. Acervo da CICS.

6

MAYER, Nestor José. Memória ambiental da cidade de Canoas: os impactos do processo de globalização a partir dos anos 60. Canoas: Tecnicópias, 2009, p. 50.

7

Ata de Assembleia Geral Extraordinária, n. 1, de 17/04/1961. Acervo da CICS.

8

Moysés Machado. Entrevista em 18/1/2010.

9

O Correio do Povo escolhera linha editorial crítica em relação do que denominava como burguesia industrial e comercial.

10

em http://www.refap.com.br/imgs/historico/base.html Acessado em 20/1/2010. 14

Correio do Povo, 25/2/1962. Acervo da CICS.

15

Ata de Assembleia Geral extraordinária, de 12 8/2/1962, p. 12. Acervo da CICS.

16

Ata de Assembleia Geral de 14/8/1962, p. 15. Acervo da CICS.

17

Ata de Assembleia Geral extraordinária, de Acervo da CICS.

18

Ata de Assembleia Geral n. 7, de 20/9/1963, p. 18. Acervo da CICS.

19

Ata de Assembleia Geral n. 9 de 20/7/1964, p. 22. Acervo da CICS.

20

Boletim da ACIC, n. 1, janeiro de 1965. Acervo da CICS.

21

Ata de Assembleia Geral n. 11 de 29/9/1965, p. 24. Acervo da CICS.

22

Ata de Assembleia Geral n. 14 de 12/10/66, p. 28. Acervo da CICS.

23

CONJUNTO COMERCIAL DE CANOAS. Histórico. Disponível em https://www.cccanoas.com.br/?page_id=729 Acesso em 10 Ago. 2019.

24

O Timoneiro, 16/7/1969. Acervo da CICS.

25

O Timoneiro, 31/12/1969. Acervo da CICS.

26

O Timoneiro, 30/1/1970. Acervo da CICS.

27

O Timoneiro, 30/1/1970. Acervo da CICS.

28

O Timoneiro, 10/7/1970. Acervo da CICS.

29

PALMA DA SILVA, João. Pequena História de Canoas. Canoas: La Salle, 1978, p. 165-168.

30

PALMA DA SILVA, João. Pequena História de Canoas. Canoas: La Salle, 1978, p. 166.

31

PALMA DA SILVA, João. Pequena História de Canoas. Canoas: La Salle, 1978, p. 174-176.

32

Boletim ACIC, n.85, janeiro de 1972. Acervo da CICS.

33

O Timoneiro, 2/9/1975. Acervo da CICS.

34

MAYER, op. cit., 2009.

35

O Timoneiro, 31/10 a 4/11/1975. Acervo da CICS.

36

PENNA, Rejane Silva; CORBELLINI, Darnis; GAYESKI, Miguel. Canoas para lembrar quem somos: Mathias Velho. Canoas, RS: La Salle, 2000, p. 80.

37

MAYER, op. cit., 2009.

38

Correio do Povo, 26/5/1975. Acervo da CICS.

39

CONJUNTO COMERCIAL DE CANOAS. Histórico. Disponível em https://www.cccanoas.com.br/?page_id=729 Acesso em 10 Ago. 2019.

40

O Timoneiro, 06/1/1978. Acervo da CICS.

Folha da Tarde, 22/5/1961. Acervo CICS.

11

Correio do Povo, 23/5/1961. Acervo do Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa.

12

Estatutos da ACIC. 1961. Acervo da CICS.

13

Em 1960, o Conselho Nacional do Petróleo aprovava a proposta da Petrobras para instalar refinaria no Rio Grande do Sul. Em 4 de maio de 1962, houve o lançamento do início das obras de terraplanagem com missa campal celebrada em área desapropriada para tal – a chamada fazenda da Brigadeira. Em 16 de setembro de 1968 foi inaugurada a Refinaria Alberto Pasqualini. Disponível

68

2/6/1963, p. 17.


Vista de Canoas. Década de 1970.

69


70


4

Câmara de Indústria e Comércio: busca da maturidade durante novo período de crescimento da cidade

1978-1991

Uma entidade para empresários de uma cidade que mais cresce no Rio Grande do Sul. 71


Canoas: uma cidade de muitos cenários Desde o final dos anos 1960, perpassando as décadas de 1970 e 1980, começava a perceber-se continuidade urbana entre Porto Alegre e alguns municípios vizinhos como Guaíba, Canoas, Esteio e Sapucaia. No que concerne à produção industrial, extravasando os limites das cidades, inúmeras indústrias instalaram-se nesses municípios adjacentes.1 Canoas, destacando-se entre esses, não só teve rápido desenvolvimento industrial, comercial e de serviços, como também, foi polo de atração de grande contingente populacional de migrantes. Segundo Nestor Mayer, a população de Canoas que, em 1960 era de 95.401 habitantes, em 1980 alcançou 213.115 pessoas, portanto, um aumento de 125%.2 A euforia em relação a esse crescimento se fazia sentir em manifestações nos jornais locais da época, colocando Canoas como “a cidade que mais cresce no Rio Grande do Sul”3 e obras que mostravam o desenvolvimento do Município como a abertura da “Guilherme Schell, grande avenida para ligar três cidades”.4 O crescimento que lhe valeu o título de “cidade industrial” veio acompanhado da ocupação

Vista parcial de Canoas. Década de 1970.

72

do solo sem normas fixadas pelas autoridades constituídas e de loteamentos que reconfiguraram os antigos bairros, assim como criaram novos conjuntos residenciais. Grande parte dos moradores trabalhava em Porto Alegre ou cidades vizinhas, o que tanto deu para Canoas representações de “cidade-dormitório”, como de “cidade-operária”. Além disso, ocorreram, também, ocupações de áreas em situação irregular que abrigaram famílias em busca de sustento e trabalho. As autoridades não conseguiam estancar os movimentos de ocupação dos espaços canoenses. A cada ano, novos cenários surgiam com realidades diferentes a demandar ações em relação a serviços e infraestrutura. O crescimento industrial implicava em demarcação de áreas específicas para as novas indústrias, procurando separar os espaços residenciais daqueles do setor produtivo. Assim, discutia-se a instalação de distrito industrial e uma das áreas indicadas era a da Fazenda Guajuviras. O Município pleiteava, também, a partir de 1975, a vinda do III Polo Petroquímico que, afinal, foi localizado entre Montenegro e Triunfo. Nos anos 1980, o sistema viário de Canoas, extremamente problemático, ganhou trem metropolitano que trouxe melhorias para o transporte


Obras do Trensurb. Década de 1980.

de massa, mas a cidade continuava a se adaptar e

1978-1979 Eleição: 17/05/19786

estabelecer novas relações com seu meio urbano.5

Uma entidade em busca da maturidade: Câmara da Indústria e Comércio de Canoas Foi nesse contexto histórico que em 17 de maio de 1978, em reunião de Assembleia Geral, realizou-se eleição de diretoria para a CIC, a qual ficou com a composição ao lado. Da mesma maneira que as anteriores, essa diretoria deu prosseguimento às discussões e

Presidente

Osório Victor Biazus

Vice-Presidente

Para assuntos da Indústria – Delfino Nunes de Oliveira Para assuntos do Comércio – Denério Rosales Neumann Para assuntos Comunitários – Djalmo Ângelo Gobbi

Primeiro Secretario

Ilso Pedro Menta

Segundo Secretario

Larry Venhofen

Primeiro Tesoureiro

Francisco Setúbal

Segundo Tesoureiro

Antonio Abrahão Chalita

Conselho Fiscal

encaminhamentos a temas que envolvessem o Município. Assim que, já na primeira Assem-

Efetivos

Darwin Luiz Longoni Francisco Frias Luiz Argeu Costa

Suplentes

Assis Brasil dos Santos Raul Scomazzon Normo Casimiro Chies

bleia Geral, foram debatidas questões relativas à energia e transportes. Estavam presentes o representante da Gerência Regional da CEEE, ressaltando a necessidade de conscientização de todos na contenção de consumo de ener-

73


Vista parcial do centro de Canoas. Década de 1970.

gia elétrica, para evitar o racionamento, e o Prefeito (Geraldo Gilberto Ludwig), prestando esclarecimentos sobre o sistema viário de Canoas. Outro assunto discutido, também, foi o da implementação do novo calçadão. É importante destacar a visita do Presidente Ernesto Geisel a Canoas, entre 10 e 16 de novembro de 1978, quando a Entidade ofereceu-lhe almoço, no Canoas Tênis Clube. Esse viera inaugurar: o Frigorífico construído pela Madef, implantado em Canoas pela Cibrazém, e o Centro Social Urbano Victor Hugo Ludwig, na Vila Mathias Velho (atual Bairro Mathias Velho). O almoço foi elaborado pela banqueteira Maria de Moura Horus, com cardápio indicado pelo Itamaraty. Cerca de 200 convidados passaram pelo crivo do Serviço Nacional de Informações, a fim de serem liberados para estarem presentes no evento. Nessa ocasião, “Osório Biazus levou uma pauta de reivindicações do empresariado local” ao Presidente. Era a se-

74

gunda visita de um presidente do país à Canoas. A primeira foi quando João Goulart inaugurou obra na Vila Rio Branco.7 Em 22 de novembro de 1978, em Assembleia Geral Extraordinária, a entidade aprovou reforma dos Estatutos e passou a se denominar Câmara da Indústria e Comércio de Canoas (CIC).8 Segundo os Estatutos, seria simbolizada por emblema representativo da indústria e do comércio, podendo adotar bandeira própria.9 Entre as justificativas para a mudança, estavam a adaptação a uma nova realidade, tanto local, como nacional, a inserção da Câmara na Região Metropolitana de Porto Alegre10, a unificação de entidades de classe e sua representatividade junto aos poderes públicos.11 Em 16 de maio de 1979, a Diretoria foi reeleita para o biênio 1979-1981. Na posse, o Presidente Osório Biazus prometeu dar continuidade às medidas que visavam à construção da sede


própria e à implantação de serviços assistenciais aos associados. Com o apoio de outras entidades patronais, buscaria a concretização das obras programadas para a implantação de novas unidades do SESI e do SENAI e a continuidade do apoio às ações de caráter social, sobretudo àquelas relacionadas com a assistência hospitalar. Esses temas ficariam sob a coordenação da recém-criada Vice-Presidência para Assuntos Comunitários, a cargo de Djalmo Ângelo Gobbi.12 No decorrer dessa gestão, além dos assuntos elencados na primeira reunião, outros surgiram e foram tratados pela Diretoria. Os encaminhamentos e as soluções evidenciavam, mais uma vez, o papel social da Entidade, seu prestígio e a confiança nela depositada pelos setores produtivos locais e regionais, bem como pelos poderes públicos municipais, estaduais e federais. Conforme decidido na primeira Assembleia Geral, a Diretoria empenhou-se no movimento para dar agilidade à construção da unidade do SESI, em área que havia sido doada pelo Município junto ao Capão do Corvo (Parque Getúlio Vargas), e da se-

gunda Unidade Escolar do SENAI, no loteamento Igara II, o que efetivamente veio a se concretizar. Segundo Osório Biazus, esta unidade do Senai viria a resolver problema de mão-de-obra em solda para os tanques da Refinaria Alberto Pasqualini13. A pauta social da CIC foi constituída pela atenção a alguns problemas cuja solução seria de grande alcance para o Município. Canoas enfrentava a carência de habitações populares, com dois projetos tramitando nos canais competentes: o do Guajuviras, com previsão de construção de 6.236 unidades habitacionais, para atender cerca de 30.000 pessoas e o PROFILURB – Plano de Lotes Urbanizados, loteamento com infraestrutura e cerca de 2.000 terrenos. A entidade colocou-se junto ao poder público municipal, trabalhando para apressar o início das obras.14 A CIC envolveu-se, também, nas discussões sobre a crescente poluição dos rios dos Sinos, Gravataí e Caí. O saneamento desses era vital, uma vez que a população de diversas cidades era servida pela captação das suas águas. Assim, somava sua voz a outras que debatiam sobre a construção de consciência ambiental em Canoas.15

Assinatura da doação das áreas para a construção das sedes do SENAI e SESI. 1979.

75


Em 1979, com uma população que ultrapassava 250.000 habitantes, Canoas contava apenas com um hospital com número de leitos que não atendia às necessidades prementes. A Diretoria da CIC empenhou-se, então, junto ao governo federal para a construção de novo hospital ou a ampliação do Hospital Nossa Senhora das Graças.17

Foi nessa gestão que a CIC foi convidada a ocupar a Vice-Presidência Regional na Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul (FEDERASUL), indicando para o cargo, seu presidente, Osório Biazus. A gestão do biênio 1979-1981 dava continuidade a uma das grandes lutas da entidade desde a sua fundação e de vital importância para o Município: a do sistema viário. Unindo-se às demais entidades de classe e sindicatos patronais, a CIC dedicou-se a tratativas sobre os problemas da BR-116: sinalização, passeios para os pedestres, melhoramento de canalizações e tubulações para evitar a invasão do leito e das ruas laterais pelas águas; construção de elevada e de viaduto rodoviário na altura da Rua Boqueirão com Monte Caseros, a fim de ligar os Bairros Mathias Velho e Harmonia ao Núcleo Guajuviras, Loteamentos Igara I e Igara II, Estrada do Nazário e Campus Universitário. Discutia-se também, o início das obras da Rodovia Porto Alegre-Novo Hamburgo e sua interligação com a BR-386 e BR-116 (Trevo-Canoas). A obra compreenderia a continuidade da Av. Assis Brasil (trevo da BR-290) até alcançar a RS-118 (Sapucaia-Gravataí, estrada estadual pavimentada) e mais a continuidade da BR-386 (trevo da BR116) até a intersecção da projetada Rodovia Porto Alegre-Novo Hamburgo.18

Propaganda da COHAB. Bairro Guajuviras, Canoas. Década de 1980. 16

A ideia era a de desviar o fluxo de veículos dos perímetros urbanos, a fim de evitar os congestionamentos. Ainda sobre o sistema viário, a CIC e demais entidades se manifestavam sobre a abertura da Rua Guilherme Schell e construção de viaduto sobre essa (em frente ao V COMAR), para facilitar o deslocamento de cerca de 45.000 pessoas até o centro da cidade.

Construção do Conjunto Habitacional Guajuviras, Canoas. Década de 1980.

76


Passarela sobre a BR-116, Canoas. Década de 1970.

Outro tema polêmico foi o da construção do Trensurb19. O projeto inicial era de metrô subterrâneo, porém o governo federal modificou-o para que esse fosse de superfície. Isso desagradou sobremaneira à população canoense, a qual teria mais um divisor físico no seu espaço, além da BR-116 e da ferrovia. Posicionando-se sobre o assunto, a CIC e as demais entidades reivindicavam o rebaixamento do leito de tráfego no centro de Canoas, de modo que fosse possível o livre trânsito nas vias e ruas sobrepostas.20 Liberty Conter (ex-presidente) lembrou-se de episódio relacionado à construção do Trensurb: O prefeito, na época, era Oswaldo Guindani [gestão 1979-1983]. Um representante do governo federal, Coronel Weber, veio a Canoas comunicar que o governo ia construir o Trensurb com trecho subterrâneo Porto Alegre-São Leopoldo. Foi uma vibração. Convoquei uma reunião especial da CIC [na época Câmara da Indústria e do Comércio de Canoas] para tratar dessa excelente

notícia. Passado um tempo, o coronel Weber veio com uma segunda opção de que seria parte subterrâneo e parte de superfície. Mais um tempo e o mesmo coronel comunicou que o Trensurb seria apenas de superfície. Reagi, dizendo que a promessa era de trem subterrâneo. O coronel colocou que se quiséssemos seria assim, senão levaria o Trensurb para outro lugar. Eu disse — Então leva! O Prefeito Guindani contemporizou, explicando que eu era apenas o Presidente da CIC, etc. No final de tudo, o trem foi de superfície. De certa forma, mesmo de superfície, trouxe benefícios para a população de Canoas. Porém, não era isso que a CIC projetava.”21

Outras pautas da entidade: definição de áreas industriais para Canoas, discutida no Encontro Regional de Associações Comerciais do RS, em 23 de novembro de 1979, sediado pela CIC; movimento para a construção de Estação Rodoviária; convênio entre a CIC e o Centro de Integração Empresa-Es-

77


Obras do Trensurb, Canoas. 1984.

cola-CIEE; protocolo de Cooperação Mútua com o SENAI; confecção e distribuição de Listas de Preços CIP/SUNAB; consenso sobre feriados de competência municipal na Região Metropolitana de Porto Alegre, entre outros.

A responsabilidade social e o compromisso com os associados Além de ocupar-se com a situação econômica do país e da própria entidade, boa parte do tempo foi despendida com questões legais, projetos e o início da construção da sede, descrita em capítulo específico deste trabalho. Mesmo com esforços concentrados nesse objetivo, a CIC não descuidou dos assuntos comunitários, participando ativamente para a solução dos problemas da comunidade. Assim que, em reunião de 27 de outubro de 1980, trazia para a pauta a necessidade de se reativar os Conselhos Municipais de transporte, de urbanismo e de cultura22. Em se tratando de práticas culturais, a entidade sempre apoiou as ações nesse campo, assim,

78

em reunião de 17 de novembro de 1981, davam-se notícias sobre o concurso Rainha do Comércio e da Indústria, o qual era realizado em nível estadual. A Diretoria programava um concurso interno para escolher a candidata que representasse Canoas.23 Em meio a essas questões, a Diretoria esmerava-se no atendimento e na captação de maior número de associados. Assim, no final de 1981, fazia-se campanha para a CIC chegar a 1000 membros, propondo-se a realizar reuniões com sócios e futuros associados. A entidade buscava maior representatividade e reconhecimento social, embora isto já estivesse explicitado na confiança depositada nas ações desenvolvidas e na relação que a população e outras instituições teciam entre ela e a própria cidade. As trajetórias históricas de ambas se confundiam. Assim, em 17 de janeiro de 1982, o jornal “O Timoneiro” veiculava homenagem da Prefeitura Municipal de Canoas e da Câmara de Vereadores à CIC pela passagem dos seus 42 anos, expressando a história construída em conjunto. A comunidade estava atenta a tudo que ocorria na CIC e o processo de sucessão de Di-


retoria foi acompanhado por alguns jornais que chegaram a noticiar a existência de chapa de oposição para concorrer à eleição.24 Dois empresários colocavam suas opiniões: Gilberto Manfroi dizia: “não sou a favor de uma oposição, sou a favor de inovação dentro da CIC [...] Uma chapa que traga ideias novas e se proponha a reestruturar, deverá ter meu apoio”. Ivan Sandini sentia-se “apto a ocupar cargo na Diretoria da CIC, tendo em vista experiência que tivera na Associação Brasileira de Transportes Frigoríficos em São Paulo”.25 A Diretoria em exercício, no entanto, desmentia a possibilidade de existir chapa de oposição. Osório Biazus recorda aquela época da sua gestão: A diretoria fazia duas reuniões por mês. Tínhamos um secretário muito bom que nos ajudava. Eu também era vice-presidente da Federasul durante dois anos. A rotina de trabalho na época era menor, número de funcionários também. Igualmente o espaço. Quando mudamos para este prédio, só ocupávamos uma sala no térreo. Agora é tudo isso aqui! Todo o mês se debatiam os problemas com a Prefeitura, com a Câmara dos Vereadores. Trabalhávamos juntos. Sempre houve boa relação. Até hoje. Todo o serviço que a gente faz é público.26

Fundamentados no servir aos empresários e à comunidade local e regional, as disputas e conflitos internos foram superados, as eleições ocorreram e a nova Diretoria ficou constituída conforme quadro ao lado. A Diretoria que assumiu em maio de 1982 empenhou-se em continuar o trabalho e ações desenvolvidos pela gestão anterior, inserindo algumas inovações em termos de gestão. A Vice-Presidência para Assuntos de Comércio, a cargo de Antonio Benin e a Vice para Assuntos de Indústria, de Nildo Furini, criaram Conselhos

O Timoneiro. 17/1/1982.

1982-1984 Eleição: 27/5/198227 Presidente

Liberty Conter

Vice-Presidente

Para assuntos da Indústria – Nildo Furini Para assuntos do Comércio – Antonio Benin Para assuntos Comunitários – João Pedro Arduin

Primeiro Secretario

Sergio Luiz Torres Neto

Segundo Secretario

Pedro Vargas de Almeida

Primeiro Tesoureiro

Iraldo Bonatto

Segundo Tesoureiro

Denério Neumann

Conselho Fiscal Efetivos

Norberto Farina Djalmo Ângelo Gobbi Ilso Pedro Menta

Suplentes

Nelson Bertoluci Almiro Eloy Henrique Stefani

para diferentes ramos dos setores produtivos e Comissões de Trabalho específicas dentro de cada Conselho. A meta era a de congregar antigos e novos sócios com o objetivo de fortalecer a entidade. Entre outros planos das Vice-Presidências estava o de aproximar as universidades da CIC e utilizar as pesquisas produzidas nas

79


mesmas. Também, buscava oferecer aos pequenos e médios empresários, serviços de assessoria jurídica.28 Diversos cursos foram oferecidos em 1983 para os associados: Regulamento do ICM; Tributos Municipais, com destaque para o ISQN; Ciclo de Estudos sobre Pequenas e Médias Empresas; Programa de Assistência Gerencial à Microempresa, entre outros. Para tanto, a CIC fez parcerias com a Coordenadoria Regional do ICM, com a Prefeitura Municipal e com as Faculdades Canoenses (atual ULBRA).29 Para ouvir os associados, a Diretoria promoveu encontros para debates, denominados “Pinga Fogo”. O primeiro foi realizado em 14 de agosto de 1983, no Canoas Tênis Clube. Buscava-se realizar um encontro a cada mês.30

A CIC em meio à crise do final da década de 1970 e anos 1980 Desde agosto de 1979, desenhava-se um cenário de crise para o país com dificuldades de ordem política e econômica. Essas questões eram debatidas por diversos segmentos, uma vez que havia ambiente de maior abertura política. Enfrentava-se déficit comercial vultoso, inflação e dificuldade de obtenção de novos empréstimos, contínua perda de reservas e crescente endividamento de curto prazo.31 A CIC não ficou alheia a esse contexto. Em fins de 1979, aderiu à chamada “Ação Empresarial” que visava ao engajamento de todos os empresários, a fim de garantir a sobrevivência da iniciativa privada no contexto da economia nacional, bem como ter oportunidade de se manifestar, junto ao poder público sobre todas as matérias e questões que envolvessem o setor produtivo do país. Segundo afirmava a Diretoria:

80

Realmente, o empresário brasileiro precisa participar ativamente de todas as etapas do processo de desenvolvimento econômico, social e político da nação. Mas, se com seu trabalho e esforço continuados, seu aporte constante de recursos vem ajudando a sustentação da economia nacional é preciso, concomitantemente, que se lhe assegurem, também, condições mínimas para manutenção desta ajuda; possa o homem de negócios fazer seus planos e desenvolver suas atividades, sem as surpresas e porque não dizer frustrações, que o sujeitam a um estado permanente de expectativa e inquietação, pois, amiúde, é intimado a cobrir encargos decorrentes de distorções havidas na economia nacional, para cujo surgimento não tem contribuído.32

Em reuniões e discussões, a CIC e as demais entidades de Classe e Sindicatos Patronais procuravam soluções possíveis para a situação econômica e social gerada na cidade, no contexto da crise nacional. As diretorias que se sucederam estavam atentas para os problemas econômicos enfrentados pelo país. A crise que se desenhava desde o final dos anos 1970, recrudescia em 1983. O governo desenvolvia política de retração da demanda, mas os resultados da balança comercial levaram a uma maxidesvalorização cambial de 30%, abandonando o programa de desvalorização gradual da moeda e aplicando choque agrícola que aumentou o preço dos produtos. Com isso, produziu-se inflação de 211% na economia brasileira. Empresários de todo o país se manifestavam e a CIC conclamava as Associações Comerciais do Estado para apoiar Luis Otávio Vieira e César Rogério Valente, respectivamente, dirigentes da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS) e da Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul (FEDERASUL), quando de suas


manifestações junto aos poderes públicos. A CIC apontava que as posições dos empresários brasileiros vinham sendo ignoradas e ridicularizadas pelas autoridades monetárias e afirmava que os empresários não poderiam assistir “de braços cruzados o total desmantelamento de nossa economia, de nossas estruturas sociais e até da dignidade nacional”.33 Para auxiliar os associados do setor da construção civil a enfrentarem a crise econômica, a CIC se mobilizou para agir34, oferecendo diversos serviços, como orientações para exportações, a partir do Conselho subordinado à Vice-Presidência para Assuntos da Indústria.35 Sobre o crescimento industrial da cidade, em 12 de agosto de 1983, a Entidade criava Grupo de Trabalho para discutir o Plano Diretor de Canoas o qual não previa áreas com infraestrutura e estímulos fiscais para atrair novas indústrias. Junto aos poderes públicos municipais e estaduais, a CIC pleiteava a criação de Plano de Desenvolvimento Industrial a curto, médio e longo prazo.36 Em 2 de dezembro de 1983, lançava a campanha “Canoas está chamando”, incentivando a criação de empresas industriais e comerciais na cidade. Justificava este movimento como uma maneira de enfrentar a crise econômica, buscando soluções específicas para o Município.37 Ao findar o ano de 1983, a CIC, falando em nome dos seus associados, posicionou-se contrária a manutenção de Canoas como Área de Segurança Nacional. Seu presidente, Liberty Conter, afirmava ser “contra uma situação que nos inibe e nos tira a condição de resolvermos os nossos problemas por nossos próprios meios e sairmos de uma situação que é frontalmente contra os interesses comunitários.”38 Efetivamente, em 1985, Canoas deixou de ser Área de Segurança Nacional. Em meio ao retorno do país ao regime democrático, Liberty Conter foi reeleito presidente da CIC, com diretoria conforme quadro ao lado.

1984-1986 Presidente

Liberty Conter

Vice-Presidente

Para assuntos da Indústria – Ricardo Kulpa Para assuntos do Comércio – Denerio Rosales Neumann Para assuntos Comunitários – Osório V. Biazus

Primeiro Secretario

Gilberto Berlitz

Segundo Secretario

Pedro Cesar Arduin

Primeiro Tesoureiro

Eraldo Bonalto

Segundo Tesoureiro

Udir Mognon

Diretor Social

Hugo Dal Farra

Conselho Fiscal Efetivos

Nelson Bertoluci Albino Pansera João Pedro Arduin.

Suplentes

Francisco Frias, Henrique Stefani, Arno Augusto Veit

Nesse período, o jornalista José Fontes editou o jornal “Folha da Indústria e Comércio” para a entidade. O jornal, com edição mensal, foi criado pela CIC para ser a voz do empresariado canoense. Segundo edição de junho de 1985, no térreo do prédio da sede em construção, a CIC possuía sala onde atendia os associados e sala do Sindicato das Empresas Metalúrgicas. No primeiro andar havia sido concluído o restaurante, o qual era ocupado quase que diariamente por diversas entidades.39

As gestões compartilhadas da CIC O presidente Liberty Conter foi chamado para ser juiz classista em junho de 1985, precisando afastar-se do cargo, solicitando que os três vice-presidentes compartilhassem a gestão, com

81


período de seis meses para cada um. Segundo Conter, eram “homens trabalhadores sonhando e projetando o futuro da cidade40”. O primeiro a assumir foi Ricardo Kulpa. Junho a dezembro de 1985 Ricardo Kulpa

De acordo com Ricardo Kulpa, esse período foi motivador e, embora a exiguidade do tempo de gestão, foi possível realizar ações importantes. As reuniões ocorriam semanalmente, chegando-se ao número de 17 reuniões de Diretoria. Iniciou-se campanha de captação para novos sócios e, para tanto, Albino Pansera visitava os empresários, conclamando-os a se associarem à entidade.41 Outra campanha realizada foi aquela para dar acabamento externo à parte do prédio que já estaPraça da Bandeira. Final da década de 1970.

Praça da Bandeira. Final da década de 1970.

82


va construída (fundos do prédio atual). Cerca de 20 empresas aderiram e foi possível rebocar e colocar esquadrias nas janelas e construir a churrasqueira.42 Foram realizadas cinco reuniões-almoço, entre elas: a de 21 de agosto de 1985, abordando o tema “A constituinte e os empresários”, tendo como palestrante, Hellen Gracie P. da Fontoura, Procuradora da República. Nessa oportunidade foi introduzida uma inovação na CIC: as esposas passaram a ser convidadas a se fazerem presentes nesses eventos. Em 24 de setembro, César Rogério Valente, presidente da Federasul tratou de tema relativo à indústria e comércio. Em 5 de novembro, os cinco candidatos à Prefeitura Municipal apresentaram seus programas de governo: Hélio Rosa Filho (PDS); Carlos Giacomazzi (PMDB); Jairo Jorge (PT); Francisco Dequi (PDT); Odilon Neto (PFL). Em 28/11/1985, reunião-almoço em homenagem ao Prefeito eleito, Carlos Giacomazzi.43 A entidade, inserida no cenário de crise econômica nacional, passava por problemas financeiros. Era impossível trabalhar com inflação que batia recordes históricos de 200% ao ano, durante o governo Figueiredo, o qual se encerrou em 1985. A situação era crítica e se avizinhava Reforma Tributária, a qual foi repudiada pelo empresariado brasileiro. Acompanhando a Federasul, a CIC assumiu posição contrária à reforma. Ricardo Kulpa, em telex enviado aos Ministros Dilson Funaro (Fazenda) e João Sayad (Planejamento), instava para que fossem evitadas cobranças de novos impostos, afirmando que os empresários não iriam suportar mais essa medida.44 A Diretoria da CIC se esforçava para manter as contas em dia e pelo bom funcionamento da mesma. O próprio presidente relata que, tendo em vista as dificuldades financeiras e para os serviços de secretaria serem realizados de melhor forma, adquiriu máquina de datilografia elétrica,

doando a mesma para a entidade. Também doou verba para a realização do concurso Rainha dos Comerciários de Canoas, uma vez que a CIC, no momento, não possuía condições de colaborar com o mesmo.45 Preparando-se a finalização da gestão, foi sugerido que a entidade estudasse a “possibilidade de para a próxima composição da Diretoria, incluir o nome de uma mulher, a exemplo de outras entidades classistas”46. Em 6 de dezembro de 1985, as atividades de Ricardo Kulpa, na presidência da CIC, no formato de gestão compartilhada, foram encerradas com jantar dançante no Canoas Tênis Clube.47 A sequência da gestão compartilhada deu-se com Osório Biazus. Janeiro a junho de 1986 Osório Biazus

Logo, a Diretoria teve de se posicionar com questão que atingia os comerciantes de Canoas: esses pressionavam pela adoção do “sábado inglês”, isto é, as casas de comércio do centro da cidade deveriam fechar suas portas aos sábados à tarde. A Diretoria entendia que “deveria tomar face ao controvertido problema”.48 Essa questão era discutida em Canoas desde a década de 1950. O contexto em que essa gestão iniciou era de transição do regime militar para o democrático. O país estava imerso em sérios problemas econômicos. Em 28 de fevereiro de 1986, a equipe econômica liderada pelo Ministro da Fazenda, Dilson Funaro, deu início ao Plano Cruzado. Percebe-se o efeito dessa crise na CIC, pois muitos dos associados, tendo de administrar suas empresas naquele contexto, deixavam de pagar sua contribuição para com a Entidade. Em Ata de nº 331, de 1986, encontra-se o registro de que se

83


pensava realizar uma ação entre amigos, pois “o problema das mensalidades continua e [há] ‘sufoco’ de caixa da entidade”.49 A crise econômica impedia que a construção do prédio da entidade continuasse. A preocupação com esse problema se fazia sentir nas reuniões de Diretoria. Os associados se pronunciavam, cobrando ações, mas também oferecendo possíveis soluções. Na Ata nº 340, de 1986, consta: “O associado Liberty Conter fez uso da palavra comentando que o Sindicato do Comércio Varejista de Canoas estava interessado e teria condições de adquirir ou comprar um dos pavimentos do prédio da CIC”.50 Ao final de julho de 1986, Osório Biazus passou a presidência da CIC para Denério Neumann. Julho a dezembro de 1986 Denério Rosales Neumann

Denério Neumann afirma ter assumido a presidência em uma época de muitas dificuldades. A reunião de Diretoria de 16 de julho daquele ano exprimia o sentimento do povo brasileiro: incertezas quanto ao plano e expectativa em relação à primeira etapa dos trabalhos da Constituinte.51 A Entidade estava sem recursos, tanto que, em 21 de julho de 1986, em reunião, buscava-se estratégia para continuar a construção da sede através de lançamento de uma rifa.52 Essa ideia da chamada Ação entre Amigos (rifa) voltou à pauta em reunião de 11 de agosto de 1986.53 Mesmo em meio aos problemas financeiros e às incertezas da situação econômica do país, a Diretoria participava de todos os eventos da cidade e reunia-se com outras entidades de classe para discutir questões sobre o desenvolvimento de Canoas. Questões locais como a localização de ambulantes no Centro foi motivo de debates

84

na entidade. Junto ao executivo municipal, a CIC incentivava a fiscalização do comércio irregular que prejudicava os comerciantes estabelecidos.54 Embora enfrentando muitas dificuldades, a Diretoria era fiel a alguns eventos culturais para cuja realização sempre dera sua contribuição. Assim, o Concurso “A mais bela comerciária de Canoas”, pode contar com o apoio financeiro da CIC. A situação econômica do Brasil se tornava mais preocupante e em 21 de novembro de 1986, o governo federal lançou o Plano Cruzado II. Imediatamente a Diretoria reuniu-se para discutir o assunto. Na reunião de 24 de novembro, os ânimos estavam tensos. Os empresários programavam uma tomada de posição a respeito das decisões tomadas pelo governo. Denério Neumann dizia: “as medidas tomadas nas últimas vinte e quatro horas tornam o governo desacreditado perante o povo brasileiro”.55 Uma grande apreensão cercava não só o empresariado canoense, mas o de todo o país. Em 15 de dezembro de 1986, a reunião de Diretoria tratou do encerramento da gestão e da passagem do cargo para Liberty Conter.56 Janeiro a maio de 1987 Liberty Conter

Essa gestão deu-se em meio à organização do empresariado sul-rio-grandense face à crise e aos planos sem sucesso para combate à inflação (Cruzado II e Plano Bresser). O empresariado intensificava sua posição contrária às conquistas dos trabalhadores no texto preliminar da Constituição, como direito irrestrito de greve, redução da jornada de trabalho para 40 horas, entre outros. A mobilização era liderada pela FIERGS e CIERGS (Centro das Indústrias do Rio Grande do


Sul). Durante o primeiro semestre de 1987, intensificaram-se as discussões e em julho surgiu o Movimento pela Liberdade Empresarial.57 Essas passavam pela CIC e, aliadas à crise econômica do país, eram motivo de preocupação para seus membros. Em Ata de reunião de nº 371, o Presidente em exercício — Liberty Conter — juntamente com um convidado, Cesar Rogério Valente, mencionavam que: “Exemplificando o estado de insolvência da economia brasileira, os reais valores das reservas brasileiras não permitem qualquer possibilidade de crescimento da economia”.58 O mandato de Liberty Conter finalizou o período de gestão compartilhada e preparou as eleições para nova Diretoria.

A CIC ao final dos anos 1980 A gestão 1987-1989 ocorreu em meio a graves problemas econômicos enfrentados pelo país. Os dois planos econômicos — Cruzado I e Cruzado II — haviam fracassado e mais dois foram implantados, o Plano Bresser e o Plano Verão. A Diretoria da CIC se expressava da seguinte maneira sobre a situação do Brasil:

A Diretoria que assumiu teve como presidente, Osório Biazus. Abaixo, quadro com a sua composição.

1987-198960 Presidente

Osório Biazus

Vice-Presidente

Para assuntos da Indústria – Gonçalo Neri de Castro Alves Para assuntos do Comércio – Pedro César Arduin Para assuntos Comunitários – Hugo Dal Farra

Primeiro Secretario

Nelson Bertoluci

Segundo Secretario

Juarez Neumann

Primeiro Tesoureiro

Udir Mognon

Segundo Tesoureiro

Alderico Zanettin

Diretor Social

Nelson Machado Fagundes

Conselho Fiscal Efetivos

Arno Augusto Veit Gilberto Berlitz Ricardo Vasques Kulpa

Suplentes

Denério Rosales Neumann Liberty Conter Antonio Benin

Os temas das reuniões-almoço refletiam a preocupação da classe empresarial com a situação econômica: O empresário e a realidade nacional (Luiz Carlos Mandelli); Planos de Governo

[...] o País tem vivido uma espécie de verdadeiro moto alternativo, em que os planos econômicos se sucedem, cada qual trazendo em seu bojo a promessa governamental de aplicar rígidos controles em seus gastos e ou despesas. [...] Volta-se a repetir: a economia privada, numericamente em substancial inferioridade, a carregar o pesado elefante branco, representado pela economia estatal. E este panorama inacreditável corporifica-se em nosso País, num exemplo solitário tomando-se por referência o concerto das demais Nações do Universo.59

(Carlos Loreno Giacomazzi); As indústrias no Estado (Gilberto Mosmann); a Economia do Estado (Roberto de Assis Souza); Nova visão do sistema financeiro nacional (Ricardo Russowski); O Banco Meridional do Brasil S/A e o sistema financeiro atual (Carlos Tadeu A. Vianna).61 Outra questão era a nova Constituição brasileira. A Constituinte fora instalada em 1º de fevereiro de 1987 com o objetivo de elaborar uma Carta que restabelecesse a democracia no país, garantindo direitos fundamentais

85


de cidadania. Integrada a esse processo, a CIC promoveu debates e esclarecimentos à comunidade, bem como promoveu reuniões-almoço com palestrantes que trataram assuntos pertinentes à relação entre a Constituinte e a classe empresarial: Comissão de Ordem Social (Paulo Macarini) e A Constituinte e a perspectiva empresarial (Nelson Marchezan).62 As reuniões-almoço foram palco, também, para a apresentação de metas de governo, dos candidatos à Prefeitura de Canoas, em setembro e outubro de 1988. Quanto aos assuntos de interesse da cidade, a CIC atuou fortemente para a construção de uma escola do SENAC, pleiteando a doação de área para tal, o que se efetivou através da Lei 2571/87.63 Fazenda Guajuviras. 2009.

86

A grande luta da CIC pelo desenvolvimento industrial de Canoas teve mais uma etapa na gestão Biazus, quando em reunião-almoço de 29 de outubro de 1987, junto com as demais entidades de Classe e Sindicatos Patronais entregaram ao palestrante Gilberto Mosmann, Secretário da Indústria e Comércio do Estado, documento com solicitação de criação de Polo Industrial no Guajuviras, aproveitando 200 hectares pertencentes ao Estado. As entidades justificavam a solicitação, tendo em vista a mão-de-obra disponível com a ocupação do Conjunto Habitacional Guajuviras e Santo Operário (cerca de 70.000 pessoas), que não estavam sendo absorvidas pelas empresas já instaladas no Município e a perda de indústrias


que procuravam se fixar em Canoas, mas que não recebiam liberação de área para tal. O Secretário encaminhou a solicitação à Companhia de Desenvolvimento Industrial e Comercial do Rio Grande do Sul (CEDIC), ocorrendo diversas reuniões para tratar do assunto. O então Prefeito de Canoas, Carlos Loreno Giacomazzi, não mediu esforços junto às autoridades estaduais pela aprovação da solicitação. Em 14 de janeiro de 1988, a CIC solicitou que a área fosse expandida para 500 hectares, uma vez que se chegava ao número de 208 empresas interessadas se mudarem para o Distrito. Todos os esforços foram empregados para que o Legislativo Estadual aprovasse a transferência da área para a CEDIC, a fim de que essa, então, criasse o Distrito Industrial Guajuviras, o que, com efeito, ocorreu com a Lei nº 8.786/88, transferindo área de 558,4580 hectares para a Companhia de Desenvolvimento Industrial e Comercial do Rio Grande do Sul (CEDIC).64 Quanto ao trabalho da CIC junto aos associados, diversas ações foram desenvolvidas: posicionamento contra a adoção do “sábado inglês” em Canoas; tratativas com a CEEE sobre economia de consumo; solicitação junto à Empresa Brasileira de Telecomunicações (EMBRATEL) de liberação e instalação de linhas de Telex para empresas localizadas no Município; movimento pela Liberdade Empresarial, “tendo em vista o desenvolvimento do processo de elaboração da nova Constituição Brasileira”65 e contra a jornada semanal de 40 horas e liberdade irrestrita de greve.66 Embora em meio a essas intensas discussões, a Diretoria não se descuidava das questões sociais da cidade. Na Ata de nº 395, 1987, p. 117, evidenciavamse as dificuldades financeiras do Instituto Pestalozzi quando da comemoração da semana do deficiente físico, em que a CIC aconselhava “aos empresários de Canoas a adotar um aluno excepcional do Instituto

Pestalozzi”. Preocupações sociais da comunidade canoense são abordadas na Ata de nº 406, 1987, p. 129, em que consta: Na opinião da CIC a cidade através da ocupação de dois núcleos habitacionais como o Santo Operário e mais recentemente o Guajuviras, ‘inchou’ em termos populacionais, sem a criação de uma infra-estrutura preparada para enfrentar as necessidades sociais decorrentes, pois somente com os núcleos citados, a cidade aumentou em torno de 70 mil pessoas.

Esse era tema discutido por todos os segmentos e motivo de sérios conflitos sociais na cidade.67 Depois de intensos trabalhos junto à CIC, Biazus preparava-se para encerrar sua gestão e a próxima Diretoria (quadro na próxima página) seria aquela que viria a concretizar o grande sonho da sede própria para cuja construção diversas Diretorias haviam dado significativas contribuições. A grande pauta dessa gestão foi a construção da sede própria. Uma das estratégias para o levantamento de recursos para as obras foi a formação de consórcio a partir do qual eram comercializadas salas do prédio. Rapidamente as salas foram comercializadas e em 6 de agosto de 1990, das 56 salas disponíveis, restavam apenas 9.69 Quanto às obras, Antonio Benin era o presidente da Comissão responsável e preocupava-se com os prazos, pois as condições climáticas e o atraso da entrega dos cálculos e projetos estruturais pelo arquiteto responsável estavam atrasando o início das fundações. Em 10 de outubro de 1990, o prédio da CIC começava a ser levantado.70 Era imprescindível para a Diretoria que as obras fossem entregues na data prometida (quadro da próxima página).

87


1989-199168 Presidente

Carlos Batista da Silva

Vice-Presidente

Para assuntos da Indústria – Zenon Leite Neto Para assuntos do Comércio – Valdemiro Agustini Para assuntos Comunitários – Reinaldo Sbardelotto

Primeiro Secretario

Fernando Krolikowski

Segundo Secretario Paulo Ricardo Fritzen Primeiro Tesoureiro

Albino Pansera

Segundo Tesoureiro

Luis Antonio Gobbo

Diretor Social

Nelson Machado Fagundes

Conselho Fiscal Efetivos

João Geraldo Vogg Arno Augusto Veit Ricardo Vasques Kulpa

Suplentes

Udir Mognon Oscar Amaro Neto Rudy Othmar Peter

Em meio aos trabalhos da construção, a entidade se ocupava com as questões relativas aos seus associados. Uma das grandes dificuldades para o empresariado de Canoas era o sistema de comunicações. Faltavam linhas telefônicas e de telex. A Companhia Rio-grandense de Telecomunicações (CRT) prometera instalar central telefônica na cidade, desde que a Prefeitura doasse terreno para tal. A CIC e a Prefeitura fizeram o seguinte acordo em março de 1990: a CRT garantia central telefônica com abertura de 3.500 linhas telefônicas no bairro Igara se houvesse doação de terreno para a instalação da mesma. O Prefeito

88

doaria um terreno se os empresários interessados nas linhas auxiliassem o Hospital Nossa Senhora das Graças. Assim, a CIC realizou campanha em que associados e outros empresários reservaram linhas telefônicas, doando 3.000,00 cruzeiros, por linha, para o hospital.71 Em maio, a CIC entregava ao Prefeito Hugo Lagranha 1.179.000 cruzeiros, os quais beneficiaram o Hospital Nossa Senhora das Graças e a central foi instalada.72 Além da campanha para o hospital, a entidade auxiliava o projeto “Desafio Jovem” que abrigava dependentes químicos e alcoolistas. Preocupada em atender seus associados, um dos eventos da CIC, a reunião-almoço era espaço para tratar do momento socioeconômico e cultural pelo qual passava o país. Foram 10 reuniões com temas dentro do contexto “Comunidade Empresarial Canoense”. Continuando ações iniciadas em gestões anteriores, o grupo liderado por Carlos Batista apoiou os trabalhos para a implantação do Distrito Industrial Guajuviras e a integração com a FIERGS, CIERGS e FEDERASUL. Batista ocupava o cargo de Vice-Presidente Regional da CIERGS, coordenando o Grupo I – Região Metropolitana. A vantagem dessa representação era a de que os problemas eram apresentados em bloco e recebiam a atenção das autoridades públicas. Entre as reivindicações locais que receberam o apoio da CIC estava, novamente, a eliminação do ‘sábado inglês’; escola do SENAC; escola automotiva do SENAI; transportes e segurança pública. Ao final do mandato, em 1991, Carlos Batista foi reeleito presidente por aclamação.


Vista aérea do Centro de Canoas. Década de 1970.

Vista do Conjunto Comercial de Canoas. Década de 1980.

89


90

Conjunto Habitacional Guajuviras, Canoas. Década de 1980.

Transportadora Primorosa, Canoas. Década de 1970.

Praça do Avião. Década de 1980.

Subestação CEEE. Década de 1970.


Vista de Canoas. Década de 1980.

91


Notas

Timoneiro 2/9/1983; Jornal do Comércio, 30/9/1983. Acervo da CICS. 30

O Timoneiro, 0/9/1983. Acervo da CICS.

31

MACARINI, José Pedro. Crise e política econômica: o Governo Figueiredo (1979-1984). Texto para Discussão. IE/UNICAMP n. 144, junho 2008. Disponível em http://www.eco.unicamp.br/downloads/publicacoes/textosdiscussao/textos144.pdf Acessado em 31/8/2010.

32

Relatório de Diretoria. 1979. Acervo da CICS.

Opinião Pública, dezembro/1968. Acervo do Arquivo Histórico e Museu Hugo Simões Lagranha.

33

Jornal do Comércio, 22/8/1983. Acervo da CICS.

34

Jornal do Comércio do Vale, 3/8/1983. Acervo da CICS.

4

O Timoneiro, 6/5/1969. Acervo da CICS.

35

O Timoneiro, 11/11/1983. Acervo da CICS.

5

MAYER, Nestor José. Memória ambiental da cidade de Canoas: os impactos do processo de globalização a partir dos anos 60. Canoas: Tecnicópias, 2009.

36

O Timoneiro, 12/8/1983. Acervo da CICS.

37

O Timoneiro, 2/12/1983. Acervo da CICS.

38

Radar, 22/12/1983.

39

Folha da Indústria e Comércio, junho/1985. Acervo de José Fontes.

40

CONTER, Liberty. Entrevista em 13/7/2010. Projeto CICS 70 anos.

41

Ricardo Kulpa. Entrevista em 13/7/2010. Ata de reunião de diretoria, nº 309, 1985, p. 07. Acervo da CICS.

42

Radar, 7/11/1985. Acervo da CICS.

43

Radar, Agosto/1985; Radar, 24/9/1985; Jornal do Comércio, 5/11/1985. Acervo da CICS.

44

Radar, 7/11/1985. Acervo da CICS.

45

Ricardo Kulpa. Entrevista em 13/7/2010. Ata de reunião de Diretoria, nº 309, 1985, p. 7. Acervo da CICS.

46

Ata de reunião de diretoria nº 310, 1985, p. 10. Acervo da CICS.

47

O Timoneiro, 13/12/1985. Acervo da CICS.

48

Ata de reunião de Diretoria, nº 325, 1986, p. 22. Acervo da CICS.

49

Ata de reunião de Diretoria, nº 331, 1986, p. 28. Acervo da CICS.

50

Ata de reunião de Diretoria, nº 340,1986, p. 36. Acervo da CICS.

51

Ata de reunião de Diretoria, nº 343, 16 de julho de 1986, p. 38. Acervo da CICS.

52

Ata de reunião de Diretoria, nº 344, 21 de julho de 1986, p. 40. Acervo da CICS.

53

Ata de reunião de Diretoria, nº 347, 11 de agosto de 1986, p. 43. Acervo da CICS.

54

Ata de reunião de Diretoria, nº 354, 29 de setembro de 1986, p. 51. Acervo da CICS.

55

Ata de reunião de Diretoria, nº 361, 24 de novembro de 1986, p. 51. Acervo da CICS.

56

Ata de reunião de Diretoria, nº 363, 15 de dezembro de 1986. Acervo da CICS.

57

GROS, Denise Borba. Os industriais gaúchos e a Constituinte: uma reflexão acerca do “movimento pela liberdade empresarial. , Porto Alegre, 9(2j:130-146), 1988. Disponível em: http://revistas.fee. tche.br/index.php/ensaios/article/viewFile/1227/1583 Acessado em 1º/9/2010.

1

2

3

6 7

WEBER, Regina. A região metropolitana e as “cidades-operárias”. In: GRIJÓ, Luiz Alberto; KUHN, Fábio...[et al.] (Orgs.). Capítulos de história do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Ed. da UFRGS, 2004, p. 369-393. MAYER, Nestor José. Memória ambiental da cidade de Canoas: os impactos do processo de globalização a partir dos anos 60. Canoas: Tecnicópias, 2009.

Ata de Assembleia Geral n. 28 17/05/1978, p. 55. Acervo da CICS. José Fontes. Entrevista em 23/9/2010. Acervo da CICS. Jornal da Cidade, 10 a 16/11/1978. Acervo de José Fontes.

8

Ata nº 29, p. 56. 22/11/1978. Acervo da CICS

9

Estatutos da CIC. 22/11/1978. Acervo da CICS.

10

Criada pela Lei Complementar federal nº 14, de 8/6/1973.

11

Minuta dos Estatutos Sociais da CIC. Agosto/1978. Acervo da CICS

12

Ata de Assembleia Geral n 30 p. 70. 16/5/1979. Acervo da CICS.

13

BIAZUS, Osório. Entrevista a Jamily V. Scheffer, 08/08/2019. Projeto CICS 80 anos.

14

Relatório de Diretoria. 1979. Acervo da CICS.

15

Sobre esse tema ver: MAYER, Nestor José. Memória ambiental da cidade de Canoas: os impactos do processo de globalização a partir dos anos 60. Canoas: Tecnicópias, 2009.

16

Acervo do Projeto “Canoas – Para lembrar quem somos”, Bairro Guajuviras.

17

Relatório de Diretoria. 1979. Acervo da CICS.

18

Relatório de Diretoria. 1979. Acervo da CICS.

19

Início das obras em 1980. Inauguração da Linha Mercado-Sapucaia em 2/3/1985.

20

Relatório de Diretoria. 1979. Acervo da CICS. Ata nº 162, p. 10. 18/07/1979. Acervo da CICS.

21

CONTER, Liberty. Entrevista em 13/7/2010. Projeto CICS 70 anos. Acervo da CICS.

22

Ata nº 187, p. 55. 27/10/1980. Acervo da CICS.

23

Ata nº 208, p. 80. 17/11/1981. Acervo da CICS.

24

Jornal do Comércio. 12/4/1982. O Timoneiro. 20/4/1982. Acervo da CICS

25

Jornal Radar. Abril/1982. Acervo da CICS

26

BIAZUS, Osório. Entrevista a Jamily V. Scheffer, 08/08/2019. Projeto CICS 80 anos.

27

Jornal do Comércio do Vale. 27/5/1982. Acervo da CICS.

28

O Timoneiro. Maio/1982. Acervo da CICS.

58

Ata de reunião de Diretoria, nº 371, 1987, p. 73. Acervo da CICS.

O Timoneiro, 27/08/1982; O Timoneiro, 30/9/1983; 1/10/1982; O

59

Relatório de Diretoria, 1987/1989, p. 5. Acervo CICS.

29

92


60

Relatório de Diretoria. 30/5/1989. Acervo da CICS.

61

Relatório de Diretoria, 1987/1989, p. 5. Acervo CICS.

62

Relatório de Diretoria, 1987/1989, p. 5. Acervo CICS.

67

Sobre isso ver: PENNA, Rejane Silva (org.). Canoas para lembrar quem somos – Guajuviras. Canoas: La Salle, 1998.

68

Relatório de Diretoria. 17/05/1991. Acervo da CICS.

69

Ata de Reunião de Diretoria nº 470, 06/08/90, p. 003. Livro de atas nº 7. Acervo da CICS.

63

Relatório de Diretoria, 1987/1989, p. 5. Acervo CICS.

64

Relatório de Diretoria, 1987/1989, p. 5. Acervo CICS.

70

Ata de reunião de Diretoria, nº 475, 01/10/90, p. 009. Acervo da CICS.

65

Ata nº 385, 1987, p. 96. Acervo CICS.

71

Folha de Canoas, 30/03/1990. Acervo da CICS.

Relatório de Diretoria, 1987/1989, p. 5. Acervo CICS.

72

Folha de Canoas, 15/05/1990. Acervo da CICS.

66

93


94


5

Do Sonho à Realização da Sede Própria: unindo escritas, memórias e imagens

1950-1993

95


A casa abriga o devaneio, a casa protege o sonhador, a casa permite sonhar em paz. Só os pensamentos e as experiências sancionam os valores humanos. Ao devaneio pertencem valores que marcam o homem em sua profundidade. O devaneio tem mesmo um privilégio de autovalorização. Gaston Bachelard

[...] sempre foi nossa vontade termos uma sede, um espaço físico de propriedade da Entidade...todos [os presidentes] até hoje, acredito, tiveram esse mesmo sonho... Osório Biazus

A sede própria da CICS dá muito orgulho para Canoas, talvez o prédio mais bonito da cidade. Albino Pansera

A sede própria significa a consolidação física da CICS. Ricardo Brandalise

Deixamos o início da estrutura e outros companheiros terminaram. Denério Neumann

A sede própria da CICS foi um projeto ambicioso, mas conseguimos! Ricardo Kulpa

A CICS está alicerçada naquele prédio muito bonito. Obra que vai ficar para muito tempo. Carlos Batista da Silva

96


Essa história começa ao rés do chão1, com a doação de um terreno pela Prefeitura Municipal de Canoas à Associação Comercial, a partir da Lei 138, de 18 de agosto de 19502. Era, então, Prefeito do Município, Nelson Paim Terra (1945-1951). O terreno media 12 m de frente à Rua Sady Carnot (atual Rua Ipiranga) por 34 m de frente ao fundo. Desde a sua fundação, a Associação Comercial alugava sala no segundo pavimento da Casa Vargas, a qual se constituía como sua sede provisória. Ali eram feitos os atendimentos aos associados e as reuniões ordinárias de Diretoria. Em 7 de fevereiro de 1952 a Casa Vargas foi destruída por um incêndio e, tanto a Associação Comercial como a Prefeitura Municipal, que também funcionava naquele local, ficaram sem abrigo. Passados os primeiros dias após o incidente, o presidente em exercício da Associação, Marcílio Schiavon, procurou o então Prefeito de Canoas, Sady Fontoura Schivitz (1952-1955), buscando garantir o terreno doado em 1950 e esse assinou a Escritura pública da doação em 23 de abril de 1952. Antonio Canabarro Trois Filho (Tonito), na época funcionário da Associação contratado por Marcílio Schiavon, lembra que atendia os associados em escritório na Rua Fioravante Milanez.3 Em 1955, esse atendimento passou a ser efetuado em escritório na esquina da Rua 15 de Janeiro com Av. João Pessoa (atual Tiradentes).4 Tonito recorda que a Associação ficou inativa de 1955 a 1960. Em 1961 foi reativada pelo grupo liderado por Moysés Machado, com Diretoria eleita em Assembleia Geral extraordinária em 1º de maio de 1961, realizada no Fórum de Canoas. Naquele momento, foram reformados os Estatutos, e a Associação passou a identificar-se como Associação do Comércio e da Indústria de Canoas (ACIC) e sua sede (segundo os Estatutos) se localizava no Ed. Schiavon, Rua Cândido Machado, 372, 10 andar, salas 102 e 103.5

Após a reorganização, da entidade, voltou à pauta de sua direção a construção da sede própria. Moysés Machado relata que alguns vereadores da Legislatura 1960-1963 eram contrários à doação do terreno.6 Argumentavam que “naquele quarteirão só poderia se localizar repartições públicas, o que não era o caso da ACIC”. O argumento da Diretoria foi o de que “as repartições públicas só poderiam se manter com a contribuição econômica do comércio e indústria e com estas junto das repartições, todas as contribuições tributárias seriam mais eficientes”. A Diretoria encaminhou documento ao Registro de Imóveis, em 11 de abril de 1962, informando a mudança de denominação da Associação e solicitando a certificação da doação de terreno feita em 1952, a qual foi expedida em 24 de abril de 1962.

97

1955. Escritório de contabilidade da Associação Comercial de Canoas. Esquina da Rua 15 de Janeiro com Av João Pessoa (atual Tiradentes). Da esquerda para a direita: Wiolson Rodrigues da Cruz, Dr. Sesefredo Azambuja Vieira (?), Antonio Canabarro Tróis Filho (funcionário da ACC) e Nino Pavim.


Passado um tempo, alguns vereadores ”se movimentaram para votar a revogação da doação”. “O vereador Dinarte Araújo nos avisou e resolvemos construir uma casinha muito modesta no local”.7 Para tanto, foi protocolado em 11 de junho de 1962, na Diretoria de Obras e Viação, requerimento solicitando licença para construção de obra de alvenaria no terreno. Esse documento gerou o processo 4883/62, com despacho favorável do Prefeito José João de Medeiros em 27 de junho de 1962. Antes mesmo da finalização do Processo, a diretoria preparou um momento formal para o início das atividades da construção da sede. A Ata de 6 de julho de 1962 relata que a solenidade de lançamento da pedra fundamental havia ocorrido às 10 horas com cooperação do Engenheiro Foppa e do Sr. Genuíno Sfredo. A diretoria da ACIC, autoridades públicas e imprensa escrita e falada haviam comparecido.8

Imagem da sede provisória da ACIC, década de 1960. Documento de 1995, alusivo aos 55 an os da entidade.

98

O “Correio do Povo” noticiava: Festivamente foi colocada a pedra angular, onde será construído o prédio da Associação do Comércio e da Indústria, que conta com elevado número de associados. O terreno que foi doado pela prefeitura municipal está situado na rua Ipiranga, no lugar denominado “Centro Cívico”. [julho/1962].9

Em 17 de julho de 1962, Moysés Machado assinava “Termo de Compromisso” perante o Chefe do Serviço de Obras (Osmar Vigel), da Diretoria de Obras e Viação da Prefeitura, de construção a título precário, de obra de alvenaria destinada à sede provisória da Associação. Recebia licença para tal e comprometia-se a demolir aquela construção no prazo de dois anos, caso não fosse construída a sede definitiva. Moysés Machado lembra:


Contratamos um pedreiro sexta-feira, o qual trabalhou sábado e domingo. Quarta-feira estavam construídos uma pequena sala para reuniões e um banheiro.. [...] aqueles que eram contra a doação nos criticaram muito pela construção tão modesta no meio das imponentes construções das repartições públicas.10

Passaram-se os dois anos e como a Associação não conseguira verbas para construir a sede, seu então presidente, Henrique Stefani, requereu prorrogação para a demolição da sede provisória, no que foi atendido, em 26 de junho de 1964, recebendo mais um ano de prazo. A situação permaneceu inalterada, porém as diretorias que se sucederam após 1964, continuavam lutando para que o sonho da construção da sede própria se tornasse realidade. Em 16 de março de 1966, Carlos Giacomazzi, presidente da Associação, em Assembleia Geral, colocou a necessidade de conseguir junto a FACRGS um empréstimo para dar inicio às obras de construção da nova sede e que só poderia ser feito por decisão da Assembleia, o que foi aprovado.11 Não se tem registro do andamento desse projeto e documentos mostram que a construção da sede própria voltou a ser pauta da Associação a partir de 1976. Em 3 de maio de 1976, a Secretaria Municipal de Obras Públicas elaborou um levantamento topográfico do terreno da ACIC e em 18 de agosto de 1976, na Ata de Reunião de Diretoria no 10, esse assunto foi tratado e as leis expedidas pela Prefeitura relativas à doação do terreno à ACIC e à Exatoria Estadual foram mostradas a Darwin Longoni (presidente), João Pedro Arduin e Darci Passinato. 12 Osório Biazus diz: [...] eu lembro muito bem quando eu assumi a primeira vez [1977]... Iniciamos as

tratativas com o Prefeito, na época Major Ludwig, para obter um outro [terreno] que tinha aqui ao lado que estava vazio. Conseguimos e a Prefeitura fez a doação de mais um terreno [e um outro terreno que se constituía de sobras das outras doações] para a ACIC, onde está o prédio hoje e com a doação deste terreno foi feito um projeto do prédio atual através do arquiteto Moacyr Rosalino Foppa. O prédio que existe hoje aqui [foi projetado segundo modelo de] uma fotografia de um prédio que existe em Caxias do Sul . Eu, na época, levei o Moacyr e disse: Quero um prédio igual a esse aqui. Em seguida foram feitos os projetos e demos início às obras da parte estrutural, da parte dos fundos. Foi feita toda a estrutura de todos os andares de baixo até encima e se instalou lá dentro a sede da ACIC, entrando pela Rua Frei Orlando.13

Em 29 de novembro de 1977, pelo ofício 87/CM/174/77, o Prefeito Geraldo Ludwig encaminhava, para apreciação da Câmara Municipal, Projeto de Lei 42/77 que doava à ACIC dois terrenos. Fora feita solicitação de doação pela Entidade ao poder público e Pedido de Providências de autoria das duas bancadas da Câmara (ARENA E MDB). No ofício citado, era relatado que a direção da Associação alegava que o terreno já de posse da mesma era exíguo para a sede projetada, a qual previa dependências para atividades administrativas, restaurante e auditório, condizentes com o crescente desenvolvimento do Município. Geraldo Ludwig afirmava que a doação das duas áreas não traria prejuízos para as entidades já instaladas no local, pois uma área se constituía de sobras de outras doações e estava encravada entre o terreno original da ACIC, a Exatoria Estadual, o Posto de Saúde e o Fórum. A outra área estava sendo utilizada como estacionamento.

99


O assunto foi discutido na Câmara, os vereadores aprovaram a proposta do Prefeito, acrescentando um artigo que estabelecia o prazo de dois anos para início da construção da sede e sua conclusão dentro de três anos. Assim, pela Lei 1.790, de 29 de dezembro de 1977, a ACIC recebeu, por doação, uma área com 63 m2 e outra com 318,75 m2, as quais se somaram a área já existente. No ano de 1978 fizeram-se estudos, avaliações dos terrenos, discutiu-se o tipo de prédio a ser construído para a entidade que passava a se denominar Câmara da Indústria e Comércio de Canoas-CIC. Em 16 de julho de 1978 foi assinado Contrato para execução de projetos de construção civil com a Construtora Foppa Ltda. A contratada executaria projetos preliminares, anteprojetos e projetos definitivos de construção civil, instalações complementares, projeto estrutural de concreto armado, de acordo com o projeto arquitetônico para a sede na Rua Ipiranga, no 95.14 Em 29 de dezembro de 1978 foi entregue à diretoria da CIC, gestão de Osório Biazus, Laudo de Avaliação dos três terrenos sitos à Rua Ipiranga. Foram contratados para a tarefa: Moacyr Rosalino Foppa (arquiteto), Abrelino Luiz Gallina (economista e corretor de imóveis) e Arno Augusto Veit (economista). A conclusão foi a de que eram três terrenos, havidos por doação, destinados a uma única finalidade, portanto a Diretoria deveria proceder à Escritura definitiva dos imóveis como área única. Por entender que a Entidade prestava serviços à comunidade, os avaliadores declinaram de honorários, executando a avaliação sem ônus para a CIC.15 Nas datas de 17 de janeiro, 7 de março e 28 de março de 1979, procederam-se, respectivamente: à Escritura Pública de Doação dos dois terrenos doados pelo Município de acordo

100

com a Lei 1.790, de 29 de dezembro de 1977, Escritura Pública declaratória corrigindo a denominação do outorgante, de Prefeitura Municipal de Canoas para Município de Canoas e o Registro dos terrenos. O restante do ano de 1979 foi ocupado com a resolução de problemas como a diferença entre as áreas doadas e a superfície existente. O Laudo de Avaliação anteriormente citado já apontava para a invasão de áreas na divisa norte e na divisa oeste (construção da Exatoria Estadual). Houve a discussão e avaliação dos anteprojetos do prédio até se chegar ao projeto definitivo que foi aprovado ao final do ano. Estudaram-se, também, diversas alternativas para levantar recursos para as obras. Decidiu-se pela emissão de títulos especiais a serem subscritos por 60 empresas para as quais seriam oferecidas vantagens como isenção temporária de pagamento de mensalidades (20 anos), outorga de título de Sócio Benfeitor e nome inscrito em placa de bronze no hall de entrada do prédio. Foram enviadas mensagens especiais aos associados no final de 1979, convidando-os a participarem da construção da sede própria da entidade. A ideia era a de iniciar as obras em janeiro de 1980, mês do aniversário de 40 anos da CIC, o que, não foi possível concretizar. 16 Alguns vereadores começaram a se movimentar, durante o ano de 1980, para reaver o imóvel, pois alegavam que o prazo para início das obras havia expirado em 1979, segundo o Art. 3º da Lei 1790/77. A redação, como estava, era dúbia: “As obras da construção do prédio sobre a referida área deverão ter início dentro do prazo máximo de dois anos; a conclusão dentro de três anos, contados a partir da data da escritura de doação, sob pena de reversão da área ao patrimônio municipal”.17 Essas questões foram discutidas amplamente com os edis, uma vez que a Escritu-


ra fora realizada em janeiro de 1979, portanto, o prazo expiraria em 1981. As tratativas com a Câmara Municipal tiveram a seguinte solução: foi promulgada a Lei 2.012, de 26 de janeiro de 1981, alterando a Lei 1.790/77, permitindo que a CIC alienasse parte dos imóveis, desde que para entidades especificadas na Lei; obrigava-se a ceder um pavimento do prédio com todas as instalações para a Câmara; estabelecia o prazo de dois para iniciar a construção e de três para finalizar, a partir da data da escritura definitiva de doação.18 Isso dava fôlego para prover os fundos necessários para a construção. Em 5 de junho de 1981 foi assinado com a Construtora Foppa Ltda., o Contrato de Administração Técnica do prédio a ser construído. Por

esse documento, verifica-se que a CIC registrara o projeto no Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura da 8ª Região pela A.R.T no 196836, de 21 de dezembro de 1979 com área de construção de 5.187,88 m2. Entrara com requerimento de aprovação e licenciamento do projeto de construção na Prefeitura Municipal, pelo Processo no 065, de 03 de janeiro de 1980, o qual fora aprovado em 1º de janeiro de 1981.19 Uma vez resolvidas as questões legais, a obra teve seu início. No entanto, quando iniciaram os trabalhos de escavação para a construção dos alicerces, constatou-se a existência de esgoto público que atravessava o terreno, o que demandou tratativas com o Município. Percebeu-se que não se poderia cumprir o prazo estabelecido na Construção do prédio. 1982

101


Lei 2.012/81. Assim, novas solicitações junto à Câmara levaram à Lei 2.080, de 31 de dezembro de 1981 que alterava para dois anos o início as obras e cinco anos para finalização das mesmas, contando da data de vigência da Lei.20 Assim, podia-se projetar a finalização para 1986. Foi erguida apenas uma parte da obra, constituída pelo bloco dos fundos com área de 1161,49 m2. Em dezembro de 1982 a construção foi interrompida por questões financeiras. Em meio a dificuldades, a CIC iniciou nova tratativa com a Câmara de Vereadores que resultou na Lei 2.192, de 12 de dezembro de 1983, a qual alterava a área do prédio a ser doada para a Câmara, estabelecendo o espaço de 93,6375 m2 de uso privativo, mais 23,2629 m2 de uso comum, correspondendo a três salas no sétimo pavimento (salas 707/708/709). Em 1984, no mês de maio, teve-se a ocorrência das seguintes providências tomadas pela diretoria da CIC, tendo Liberty Conter como presidente:21 a) 27 de abril de 1984 – Requerimento da CIC ao Registro de Imóveis de Canoas, assinado por Liberty Conter, solicitando averbação pelo Registro de Imóveis, da unificação dos três terrenos de sua propriedade. b) 2 de maio de 1984 – Novo requerimento ao Registro de Imóveis de Canoas, solicitando averbação da unificação dos três terrenos, detalhando informações sobre os mesmos, assinado por Liberty Conter. c) 2 de maio de 1984 – Requerimento da CIC ao Registro de Imóveis de Canoas, assinado por Liberty Conter, solicitando o registro das unidades autônomas que constituíam o projeto arquitetônico do prédio, do qual estava construída uma ala de fundos. As unidades eram descritas da seguinte maneira: 74 unidades assim distribuídas: um depósito (subsolo), dez boxes para estacionamento pri-

102

vativo de veículos automotores (subsolo), sete lojas comerciais localizadas no pavimento térreo, dois conjuntos destinados à sede social da CIC (segundo e terceiro pavimento), cinquenta e quatro salas destinadas a escritórios e outras atividades (do quarto ao nono pavimento-nove salas por pavimento). Requeria, também, registro de Minuta de Convenção do Condomínio do Edifício da CIC. d) 9 de maio de 1984 – Certidões de registro e Averbação requeridos. Ricardo Kulpa recorda que ao assumir a presidência da CIC de junho a dezembro de 1985 (no formato de gestão compartilhada já citado anteriormente), a obra estava estagnada. Havia apenas uma parte do prédio construída, sem reboco. Não havia recursos, praticamente, para tocar a obra. Era um projeto ambicioso, mas de difícil realização nas condições em que a CIC estava. No meio período a gente conseguiu fazer arrecadações para poder cobrir o prédio [parte construída até 1982] com reboco, pois ele estava se deteriorando. Nossa preocupação era fazer aquele estágio da obra. Tive a felicidade de concluir essa etapa.22

A Ata de reunião de Diretoria, nº 316/1985 traz comentário sobre a Campanha do Reboco que arrecadava dinheiro para adquirir materiais e pagar as obra de cobertura das paredes.23 Os serviços de revestimento externo custaram para a CICC, 6.384,00 cruzados, pagos em três vezes (10; 24 e 31/7/1986). Denério Neumann, presidente de julho a dezembro de 1986 (no formato de gestão compartilhada já citado anteriormente), informa que: Nossa grande missão como diretores foi a luta para a construção da sede própria. O pensamento inicial era reunir as entidades representativas da economia da cidade no


mesmo local: CDL, Sindilojas, Simecam, Sindigêneros congregados naquele prédio. As outras entidades fizeram suas próprias sedes e essa idéia se esvaziou. Para construir, os recursos eram escassos, muito difícil para as entidades, com altos juros, escassez do crédito e com a inflação. Hoje somos felizes por podermos ter contribuído com parcela modesta para a construção da sede e continuamos ativamente colaborando. Reconhecemos o grande trabalho dos companheiros que vieram depois —as novas diretorias — para concretizar o projeto da CICS. Todos os empresários de Canoas sonhavam com essa estrutura para reunir o empresariado, espaço para discutir as questões e colaborar para o desenvolvimento da população de Canoas.24

A falta de recursos fez com que a construção ficasse paralisada até 1989, quando assumiu diretoria para a gestão 1989-1991, com Carlos Batista da Silva como presidente, reeleito para o biênio 1991-1993. A retomada e finalização da construção da sede foi uma das metas de Batista desde que assumiu a primeira gestão, registrada no Plano de Atividades. Neste constava: conclusão do prédio (1ª parte); conclusão do prédio (2ª parte – escadas/elevadores); estudos para conclusão total do prédio (3ª parte). Para tanto, foi organizada uma Comissão de Obras, assim constituída: Antonio Benin (Presidente), Aimoré de Marco, Alencar Lottici, Ilso Zocolotto, Iraldo Bonato, Johannes Engel, Jorge Luis D. Oliveira, José Barichelo, Odelto Capeletti, Onofre Cadore, Romualdo Vignochi. Albino Pansera lembra que: Tivemos uma reunião, no final da década de 1980. Carlos Batista, Reinaldo Sbardelotto, Antonio Benin, Zenon Leite Neto, Valdomiro Agustini para ver o faríamos com o prédio que estava inacabado. [Carlos Batista] disse

que só aceitaria a presidência se eu estivesse junto e como são pessoas idôneas e queriam tomar uma providência quanto à obra, eu disse: se não for para fazer a obra, eu não quero estar presente. Benin deu a idéia de fazer um condomínio. O prazo para terminar a obra já estava vencido. Alguns vereadores queriam retomar a área.25

Segundo depoimentos de Carlos Batista da Silva, alguns obstáculos deveriam ser transpostos como: atualizar o projeto arquitetônico, negociação com a Construtora Foppa Ltda., a ameaça de perder o imóvel, pois tramitava na Câmara de Vereadores, Projeto de Lei para retomada do mesmo. Iniciaram-se negociações com os vereadores e com o Prefeito Municipal, Hugo Simões Lagranha.26 Pansera afirma que “na Câmara, Jairo Jorge da Silva, vereador na época, e Luis Possebon (Presidente da Câmara) nos deram apoio, bem como o Prefeito Lagranha. Fizemos uma negociação muito grande”.27 Em 7 de julho de 1989, a CIC enviou carta ao Prefeito solicitando que esse enviasse Projeto de Lei à Câmara, alterando as Leis 1970/77, 2012/81 e 2192/83 no que se referia ao prazo para a conclusão das obras da sede, para 5 anos a partir da vigência da lei e reserva de 30% da área construída para a CICC. Em 7 de agosto de 1989, o Prefeito Hugo Simões Lagranha enviou à Câmara de Vereadores, Projeto de Lei 071/89, de acordo com a solicitação constante da carta citada.28 Os debates na Câmara se deram em diferentes sessões. Enquanto isso, ainda em agosto daquele ano, Antônio Benin, Presidente da Comissão de Obras montava sistema de condomínio para o prédio, propondo negociar as unidades a preço de custo. A ideia era oferecer unidades a Sindicatos Patronais, órgãos públicos, associados da CIC,

103


empresas prestadoras de serviços, profissionais liberais, entre outros. Em 11 de setembro de 1989 foi promulgada e sancionada a Lei 2.764 que prorrogava o prazo para a finalização da construção da obra da sede própria. O lançamento do Condomínio Edifício CIC deu-se em janeiro de 1990, quando a Entidade comemorava 50 anos. As vendas das unidades tiveram início em setembro de 1989.

Conforme Carlos Batista da Silva, mesmo com dificuldades, todas as unidades foram vendidas e foi possível dar início às obras em agosto de 1990.29 As questões com a Construtora Foppa Ltda. foram negociadas e novo contrato foi assinado. Segundo Carlos Batista, o “andamento das obras foi frenético, sem descuidar em momento algum da qualidade prometida aos condôminos”.30 Em Ata de Reunião de Condôminos, realizada na

Empresários e Profissionais Liberais que participaram ativamente da construção do edifício sede, adquirindo unidades autônomas31: Benin Imóveis Ltda.

Fábrica De Esquadrias Progresso Ltda.

Levi Schneider

Seletron Adm. Part. Ltda.

Querodiesel Ltda.

Luiz Antonio Rosa Gobbo

Super Teste Diesel Ltda.

Farmácia Droga Rei Ltda.

Cia. Vale dos Sinos

Laury José Fernandes Da Silva

Construtora Foppa

Janiz Transportes Ltda.

Modular Imobiliária Ltda.

Antonio Affonso Rocha

Dari Antonio C. Lourenci

Airton Frare

José Fritzen & Filhos Ltda.

Agro Territorial Andrade Ltda.

R. Fritzen & Cia. Ltda.

Corretora de Seguros Pansera Ltda.

Mario Domingos Spader

Sergio Augusto Portugal Gomes

Círia Schaeffer

José Avelino Q. de Moraes

Vidraçaria Jb Ltda.

Maria Salete P. Manfroi

Carlos Batista da Silva

Cia. Nacional do Aço

João Fabrício de Moraes

Sbardecar Ltda.

Nelson Telicheveski

Cbs Adm. Part. Ltda.

Carlos Rogério de Souza Negruni

Alderico Zanettin

Sander & Stortz

Osmar da Silva Tentardini

Pinturas Renagi Ltda.

Ana Rita M. de Moraes

Jussara Difini Marques Pereira

Laurindo Juarez Mario

Anelise Arenhart Montagna

Super Teste Diesel Stefani Ltda.

Caetano Carlos Raffa

104


Benin Imóveis, em 4 de dezembro de 1990, foi apresentado relatório do andamento da obra. Albino Pansera informa: Mas o povo acreditou e começamos a obra do prédio ao lado daquilo que já existia. Tudo passava por mim [era o 1º Tesoureiro], eu exigia a qualidade de tudo. Do concreto, exigia as amostras. Estava sempre junto, a cada laje concretada. Eu passava mais tempo na obra do que na Corretora (Corretora de Seguros Pansera]. Teve fases que não foram fáceis. Passamos por crises econômicas, inflação, mas o pessoal ajudou. Eu tenho orgulho, pois quando peço alguma coisa para alguém em Canoas, o pessoal contribui. O sacrifício foi muito árduo para um conjunto de pessoas, o Carlos [Presidente] com os Vice-Presidentes. Outra pessoa que ajudou muito foi o Engenheiro Vítor Dall Onder e o [Antonio] Benin, negociando as cotas. Se esqueci alguma pessoa que me perdoem. Sempre que assumi alguma coisa, eu assumia de verdade.32

A dedicação de Pansera é lembrada por Ricardo Brandalise, 2º Secretário da CIC (gestão

1991-1993): “Albino Pansera é uma pessoa que teve especial envolvimento com a construção da CICS. Quando tinha que concretar uma laje da obra, Albino passava e convidava os companheiros e íamos lá acompanhar a construção. Momento muito importante para a CICS”. 33 Cronologia da concretagem das lajes: Primeira – 28/2/1991 Segunda – 6/4/1991 Terceira – 30/4/1991 Quarta – 15/5/1991 Quinta – 29/5/1991 Sexta – 18/6/1991. A obra foi concluída em maio de 1993, segundo Carlos Batista34. Em 1989 assumimos a presidência com o fim especial de finalizar a construção do prédio da CICS. Tivemos a honra de poder contribuir para essa obra necessária para a comunidade de Canoas e para a comunidade empresarial. Há 21 anos atrás, os acabamentos da CICS eram uma modernidade, ainda hoje muito apreciados.

Reinício das obras da sede própria. 1990.

105


ReinĂ­cio das obras da sede prĂłpria. 1990.

106


Sequência de imagens da construção do prédio da CICS. 1989-1991.

107


Sequência de imagens da construção do prédio da CICS. 1989-1991.

108


109


Sequência de imagens da construção do prédio da CICS. 1989-1991.

110


Prédio concluído em 1993. O prédio foi inaugurado em 24 de maio de 1993.35 Essa se realizou com grande festa, congregando associados, autoridades, convidados especiais, ex-diretores e a diretoria da época.36

111


Imagem atual do prédio.

Da modesta sala nos altos da Casa Vargas ao “prédio majestoso” que era inaugurado, saltava das páginas da história de Canoas, o esforço individual e coletivo dos membros das diversas diretorias que haviam estado e daquela que estava à frente da então Câmara de Indústria e Comércio de Canoas. De Arthur Pereira de Vargas até Carlos Batista, o sonho de construir a sede própria perpassara todas as gestões. A construção do chamado “prédio da CIC” remetia à cidade que nascera como um pequeno vilarejo no meio de aprazíveis capões e se projetava no ano de 1993 com inúmeras indústrias, estabelecimentos comerciais e empresas prestadoras de serviços. Agora, Canoas possuía um espaço condizente para congregar o setor produtivo. A CIC, apoiada em passado e presente de lutas, alicerçada na sua sede, estava pronta para ingressar nos anos 2000, buscando, como sempre, atender às necessidades de seus associados e levantar as bandeiras de luta da comunidade canoense.

112


Notas 1

CERTEAU, Michel. A invenção do cotidiano. 1. Artes do fazer. 7.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994, p. 176.

2

Disponível em http://www.canoas.rs.gov.br/site/publicidade/leisa.asp

3

Antonio Canabarro Tróis Filho. Entrevista em 18/1/2010. Acervo da CICS.

4

PFEIL, Jesus. Anatomia de uma cidade. Canoas: Ed. Independente, 1995.

5 6 7

19

20

Lei 2.080, de 31 de dezembro de 1981. Acervo da CICS.

21

Dossiê composto por Certidões de Registro de Imóveis, Averbação de unificação de terrenos, Requerimentos, Planta de Situação do terreno unificado, Minuta de Convenção de Condomínio. Abril/ Maio de 1984. Acervo da CICS.

22

Ricardo Vasques Kulpa. Entrevista em 13/7 /2010. Acervo da CICS.

23

Ata 316 de 1985, p. 12. Acervo da CICS.

24

Denério Neumann. Entrevista em 9/6/2010. Acervo da CICS.

25

Albino Pansera. Entrevista em 1º/7/2010. Acervo da CICS.

26

Relatório CICS 70 Anos: essa história merece respeito. 2010, p. 5. Acervo de Carlos Batista da Silva.

27

Albino Pansera. Entrevista em 1º/7/2010. Acervo da CICS.

28

Ofício 87/CM/138/89, datado de 7 de agosto de 1989 com Projeto de Lei 071/89 anexo. Acervo da CICS.

Estatutos da ACIC-1961. Acervo da CICS. Moysés Machado. Entrevista em 13/7/2010. Acervo da CICS. Moysés Machado. Entrevista em 13/7/2010. Acervo da CICS.

8

Ata de reunião de diretoria, de 6/6/1962, p. 13. Acervo da CICS.

9

Correio do Povo, 6/6/1962. Acervo da CICS.

10

Moysés Machado. Entrevista em 13/7/2010. Acervo da CICS.

11

Ata de Assembléia Geral n 12, de 16/3/1966, p. 25.

12

Observação escrita no alto de cópia da Lei Municipal 268, de 19 de abril de 1954. Acervo da CICS.

13

Osório Biazus. Entrevista em 23/7/2010. Acervo da CICS.

14

Contrato para execução de projetos de construção civil assinado por Osório Biazus (presidente da CICC e Moacyr Rosalindo Foppa (proprietário da Construtora Foppa Ltda.), datado de 16 de julho de 1978. Acervo da CICS.

15

Carta da Comissão Avaliadora, datada de 29 de Dezembro de 1978 com Laudo anexo. Acervo da CICS.

Contrato de Administração Técnica, datado de 5 de junho de 1981, assinado por Osório Biazus (presidente da CICC) e Moacyr Rosalino Foppa (proprietário da Construtora Foppa Ltda.). Acervo da CICS.

29

Relatório CICS 70 Anos: essa história merece respeito. 2010, p. 14. Acervo de Carlos Batista da Silva. 30

Relatório CICS 70 Anos: essa história merece respeito. 2010, p. 15. Acervo de Carlos Batista da Silva.

31

Relatório CICS 70 Anos: Fatos e Fotos. Acervo de Carlos Batista da Silva.

32

Albino Pansera. Entrevista em 1º/7/2010. Acervo da CICS.

33

Ricardo Brandalise. Entrevista em 22/6/2010. Acervo CICS. Relatório de gestão 1989-1993. Edição comemorativa. Acervo de Carlos Batista da Silva.

16

Relatório de Diretoria. Período administrativo de 1979. Acervo CICS.

34

17

Lei 1790/77, op. cit.

35

Ata de Reunião de Diretoria de 19/5/1993. Acervo CICS.

Lei 2.012, de 26 de janeiro de 1981. Acervo da CICS.

36

Carlos Batista. Entrevista em 14/6/2010. Acervo CICS.

18

113


114


6

Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Canoas: transformando experiência local em ações regionais

1991-2010

CICS acompanhando de forma permanente os principais temas em evidência, tanto em relação aos interesses do quadro de associados, como aqueles ligados à evolução de Canoas enquanto Município. 115


Em 28 de maio de 1991 foi eleita nova Diretoria (ver quadro a seguir), com recondução de alguns dos membros da anterior, tendo novamente, Carlos Batista como Presidente. Essa gestão foi marcada por dois fatos extremamente relevantes para a Entidade: a inauguração da sede própria e o início da ampliação da sua atuação, buscando abranger o setor de Serviços. Eleição e posse foram dois atos que se deram no mesmo momento e espaço, na reunião-almoço no Canoas Parque Hotel (28/5/1991). Em seu discurso, Batista informava que a sexta laje já estava concretada e que o cronograma de execução da obra seguia normalmente.1 Mas, como afirmava Carlos Batista, “nem só de construção de sua sede vive uma enti-

1991-19932 Eleição: 28/5/1991 Presidente

Carlos Batista da Silva

Vice-Presidente

Para assuntos da Indústria – Zenon Leite Neto Para assuntos do Comércio – Valdemiro Agustini Para assuntos Comunitários – Reinaldo Sbardelotto

Primeiro Secretário

Paulo Ricardo Fritzen

Segundo Secretário

Ricardo Brandalise

Primeiro Tesoureiro

Albino Pansera

Segundo Tesoureiro

Luis Antonio Gobbo

Diretor Social

Nelson Machado Fagundes

Conselho Fiscal

Efetivos

João Geraldo Vogg Arno Augusto Veit Ricardo Vasques Kulpa

Suplentes

Udir Mognon Oscar Amaro Neto Rudy Othmar Peter

116

dade”.3 Era preciso dar continuidade às metas consideradas como prioritárias: adesão de maior número de associados, reorganização administrativa, a conquista de Distrito Industrial para Canoas, a participação e ações junto às demais entidades de classe em níveis regional e estadual, os trabalhos para solução dos problemas viários, as questões sociais e comunitárias, enfim uma gama de ações em uma sociedade que se tornava a cada dia mais complexa. O Brasil passava por mais uma crise econômica, dessa vez, por reflexos do Plano adotado no país pelo presidente Collor, logo após a sua posse em 15 de março de 1990. Entre as medidas desse “pacote” estavam: bloqueio de contas e aplicações financeiras nos bancos, confisco de cerca de 80% do dinheiro que circulava no país (incluindo o das cadernetas de poupança), e extinção do cruzado (moeda vigente) restabelecendo o cruzeiro. Após um controle inicial, a inflação passou a crescer em ritmos preocupantes. Além disso, em 1992, o presidente foi denunciado por crime de corrupção, o que veio a decretar seu impeachment. Dias difíceis aqueles para o país, para o Estado do Rio Grande do Sul e consequentemente para Canoas e a CIC. Em meio a esse cenário, Canoas alcançou espaço entre os 20 primeiros Municípios do Estado do Rio Grande do Sul em termos de desenvolvimento social, pois contemplou um índice geral de 0,826 em 2006 e primeiro no bloco de renda, 0,944 neste mesmo ano.4 A colocação de Canoas, entre os demais municípios, deve-se ao desempenho da produção e arrecadação da REFAP, de seu parque metalmecânico, além do comércio atacadista e varejista. Canoas possuía, nos anos 1990, sua base econômica industrial alicerçada em três grandes ramos da


indústria de transformação: química (a Refinaria Alberto Pasqualini e empresas ligadas), produtos alimentares e metalmecânica e eletroeletrônica. Importante, também, são os setores de comércio e o de serviços, o qual compreende a Base Aérea, Educação de Ensino Superior, alimentação, transportes, entre outros. As mudanças do mundo moderno induzidas pelo processo de abertura econômica, após os anos de 1990, e pelo amplo processo de globalização, trouxeram à discussão novos elementos. Trata-se da questão local, que consiste em uma visão sistêmica de desenvolvimento, que vai além do mero crescimento econômico, baseado em indicadores como o PIB, e inclui outros aspectos como: sociais, humanos, ambientais, culturais e éticos, qualificando o processo como socioeconômico. Aquele torna-se efetivo caso se constitua por expansão dos indicadores globais, objetivando a melhoria da vida das pessoas, desenvolvimento social, e projetando-se para o futuro, o desenvolvimento sustentável. Esse “novo desenvolvimento” vem marcado, portanto, de fortes processos competitivos, dificuldades de manutenção no mercado, mas capaz de buscar a melhor qualidade possível de existência do ser humano, dentro das limitações de capital, mão de obra e recursos ambientais. Há um grande esforço de diversos setores para vencer os problemas sociais do Município e, para que este objetivo maior dos agentes da sociedade seja alcançado, surge a necessidade da interação dos diferentes atores e, é nesse contexto, que se destaca a importância da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Canoas, marcadamente pelo diálogo constante com os associados e os demais atores locais, procurando alcançar o desenvolvimento sustentável de Canoas.

Segundo Paulo Fritzen5, o desenvolvimento de Canoas é acompanhado da atuação da Entidade. Pelas próprias características, de reunir em sua diretoria pessoas ligadas a vários ramos de atividades, e dispostas a colaborar com ideias, projetos, dedicação e trabalho, a CICS acompanha de forma permanente os principais temas em evidência, não só com relação aos interesses do quadro de associados, mas também aqueles ligados à evolução de Canoas enquanto Município. Por isto, as reuniões semanais de diretoria apresentam em sua pauta assuntos relevantes, de diversas áreas, desde economia e planejamento, passando por infraestrutura, transportes e política, por exemplo. Além disso, o papel da entidade tem ocorrido em diferentes áreas no desenvolvimento do empresariado: [...] reconhecidamente, um polo de oportunidades e, neste sentido, precisamos estar atentos, concretizando projetos e colaborando para que toda a comunidade possa usufruir destas condições favoráveis apresentadas pela cidade.6 Essa postura tem sido desde há muito tempo, aquela adotada pelas inúmeras diretorias que passaram pela entidade. Embora todos os problemas decorrentes da delicada situação financeira, as obras da nova sede prosseguiram seu curso e no dia 24 de maio de 1993, essa foi entregue aos associados e à comunidade canoense. Desde 1950, quando um dos terrenos onde estava a edificação fora doado, até 1993, o sonho de diversas pessoas que haviam trabalhado tornava-se realidade.

117


Walter Galvani escrevia que “Feliz Ano Novo com a CIC, poderia ser o slogan canoense para 1993”. Dizia ainda que o edifício da Rua Ipiranga, nº 95 era “um destaque e uma distinção para a cidade”.7 Antonio Benin, presidente da Comissão de Obras, informava para os meios de comunicação que o prédio possuía 10 andares, reunindo 56 salas e sete lojas no andar térreo. A maioria das salas era ocupada por associados da entidade. A CIC contava com o oitavo e nono andares. No oitavo andar estava o salão nobre onde poderiam se reunir 400 pessoas e uma ampla cozinha para

penhar [papel preponderante] daqui para frente, principalmente nos assuntos que se referem à integração do Cone Sul”.8 O coquetel de inauguração reuniu mais de 400 pessoas, com representantes de várias entidades municipais e estaduais. Em meio à entrega da obra e os festejos de inauguração do prédio, preparava-se a ampliação do quadro social da entidade com a incorporação do setor de Serviços. Após a inauguração, previa-se a campanha para novos sócios, o que coube à diretoria eleita para o biênio 1993-19959 (conforme quadro ao lado).

atender grandes eventos. Batista afirmava que com aquelas instalações, a CIC poderia “desem-

Diretoria da CICS 1993-1995 Presidente

Reinaldo Sbardelotto

Vice-Presidente

Para assuntos da Indústria – Breno Micheletto Verlangueri Para Assuntos do Comércio - Paulo Ricardo Fritzen Para Assuntos dos Serviços – Ricardo Brandalise Para Assuntos Comunitários – Albino Pansera Para Assuntos de Patrimônio – Carlos Batista da Silva

Primeiro Secretário

José Carlos A. de Almeida

Segundo Secretário

Daniel Juares C. da Silva

Primeiro Tesoureiro

Luiz Antonio R. Gobbo

Segundo Tesoureiro

Alexandre Biazus

Diretor Social

Arley D. da Silva

Conselho Fiscal

Efetivos

Arno Augusto Veidt Nelson Machado Fagundes Zenon Leite Neto

Suplentes

Jorge Luiz de Oliveira Jairo Roni S. dos Santos Luiz Alberto Vargas

118

CICS: ampliando sua atuação local e regional Iniciava-se, nova etapa da história da entidade, a qual passava a denominar-se Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Canoas (CICS). Reinaldo Sbardelotto, seu presidente, relata que a rotina de reuniões semanais continuou, porém, nas novas instalações. Os primeiros meses foram ocupados em dar continuidade aos processos iniciados na gestão anterior, bem como na campanha para agregar mais associados.10 Naquele momento, com a nova sede, eventos que dependiam de espaço de outras entidades poderiam ser realizados no salão nobre. Portanto, a Diretoria, em reunião de 14 de março de 1994, aprovou a realização do baile anual da CICS, cuja organização ficou a cargo do Diretor Social. O objetivo era proporcionar um momento de encontro entre os associados, autoridades municipais e demais convidados.11 Além de eventos sociais, abria-se a possibilidade para utilizar as novas dependências para promoção de seminários, cursos, palestras, encontros e outros que auxiliassem, tanto na for-


mação de recursos humanos, como no esforço empreendido pela entidade em prol do desenvolvimento local e regional. A partir desse posicionamento, a CICS passou a discutir nas reuniões, a partir de março de 1994, a possibilidade de criar publicação que mostrasse o perfil socioeconômico de Canoas, a fim de divulgar as possibilidades do Município para futuros investimentos empresariais. Durante aquele ano e o seguinte, ocorreram contatos com entidades públicas e privadas, bem como com instituições de ensino superior, a fim de constituir grupo para planejar, financiar a pesquisa e a publicação dos dados. Assim que, em Ata de janeiro de 1995, constou que se formara parceria entre a CICS, Prefeitura Municipal de Canoas, SEBRAE e Banco do Brasil, aguardando-se confirmação de que o trabalho seria totalmente patrocinado, sem custos para a CICS.12 A pesquisa foi iniciada e teve seu término e publicação na gestão do biênio seguinte (sob a coordenação de Egídio Dall´Agnol). Sbardelotto relata que, efetivamente, o perfil socioeconômico realizou-se “em convênio com a Prefeitura, Banco do Brasil e Universidade Luterana do Brasil.13

Havia um clima de esperança, tendo em vista o contexto histórico vivido pelo Brasil desde fevereiro de 1994, quando o governo implantara o Plano Real. Além de a CICS preocupar-se em informar seus associados sobre a nova dinâmica da política econômica, a Diretoria buscava propiciar condições para o desenvolvimento, em Canoas, de novos empreendimentos, como também, de capacitar os associados para que suas empresas melhorassem em termos de qualidade, produtividade e competitividade. A CICS, então, colocou em sua agenda a perspectiva de implantar em Canoas a filosofia da Qualidade Total, assumindo trabalhar junto aos associados e treinar gestores de empresas públicas e privadas, bem como funcionários para a criação de programa. As tarefas referentes à essa pauta ficaram a cargo de Ricardo Brandalise. Entre as iniciativas desenvolvidas pela CICS, em 27 de maio de 1994, foi oferecida palestra sobre Qualidade Total para mais de 100 pessoas no salão da Entidade. O público era formado por gerentes e diretores de empresas que ouviram e debateram com o especialista Carlos Wagner Vasconcelos.14 O movimento cresceu e consoli-

119

Seminário Gestão pela Qualidade Total na CICS. Fila do credenciamento dos participantes.


Diário de Canoas. 25/03/1995.

Da esquerda para a direita: Ulbra, Unilasalle, Uniritter.

dou-se, tanto que, segundo Brandalise, criou-se o Comitê de Canoas, trabalhava-se para constituir o Comitê Regional15. Um grande evento foi a palestra realizada no salão nobre com o Prof. Vicente Falconi Campos, um dos mestres na área de Qualidade Total no Brasil. Grandes empresas da Região Metropolitana de Porto Alegre enviaram seus representantes. Ainda no intuito de modernização de processos e desenvolvimento em áreas emergentes, a CICS investiu na criação de polo tecnológico em Canoas. Em abril de 1994, em reunião de Diretoria, Ricardo Brandalise informava sobre criação de Comitê Pró-Polo Tecnológico de Canoas, la-

120

mentando a desistência da Prefeitura Municipal de sua adesão ao projeto e solicitando maior participação da Diretoria.16 Brandalise relata que uma das características de Reinaldo Sbardelotto como presidente era a de delegar funções e diversos projetos como os citados acima iniciaram nessa gestão, tendo continuidade nas demais, inclusive com resultados experimentados nos dias atuais. A CICS buscou aprofundar parcerias com instituições de ensino superior como Ulbra, Centro Educacional La Salle de Ensino Superior (atual Unilasalle) e Faculdades Ritter dos Reis (atual Uniritter)17, assim como realizou convênios com


instituições de Educação Básica com o Projeto Junior Achievement18. Visava à formação de mão de obra qualificada, a pesquisa para novos empreendimentos e produtos, bem como, no caso da Junior Achievement, possibilitar que estudantes de Ensino Médio entrassem em contato com experiências de criação de miniempresas, convertendo-se em empresários. Dentro do contexto das parcerias com instituições de ensino superior, a CICS foi uma das entidades incentivadoras para que o então Centro Educacional La Salle de Ensino Superior (CELES) buscasse se transformar em universidade. Um dos requisitos exigidos pelo Ministério da Educação para tal, era o de a instituição possuir uma Biblioteca com acervos atualizados e abrangentes. Assim, em maio de 1994, iniciou-se movimento para angariar fundos, a fim de que fossem revitalizados os acervos bibliográficos do CELES. Uma das propostas foi a de reali-

zar leilão de obras de arte para arrecadação de fundos, o que de fato ocorreu.19 Quanto ao envolvimento com as questões locais e regionais, a Entidade, com forte inserção econômica e política, em 24 de agosto de 1994, em parceria com as demais entidades de classe e sindicatos patronais lançava a campanha Valorização do Voto do Canoense, buscando expressar apoio aos nove candidatos a deputado estadual do Município. O lema da campanha era “Ponha Canoas na Assembleia”. Foram confeccionados panfletos com o título “Vote num candidato de Canoas”, com lista de seus nomes. A distribuição se deu a partir de eventos organizados nos bairros.20 O objetivo era garantir representantes de Canoas no Legislativo Estadual para que as reivindicações do Município tivessem maior espaço e possibilidade de interlocução mais próxima com os deputados. Ao rememorar esse período, Reinaldo Sbardelotto lembra de temas importantes, que tive-

Formatura de participantes do Programa Junior Achievement. Primeira turma (10/12/1996).

121


ram continuidade ou que foram foco de sua gestão: Incubadora Tecnológica, Distrito Industrial e viaduto da Avenida Boqueirão. Sbardelotto relata ter ido a Brasília com o Prefeito Liberty Conter para tratar de assuntos referentes aos principais problemas viários de Canoas.21 Em junho de 1995, houve eleição para o biênio 1995-1997 para o qual Ricardo Brandalise foi eleito presidente (ver diretoria completa a seguir). Conforme Ricardo Brandalise, o eixo em que se baseou essa diretoria nos seus dois mandatos foi o tripé “qualidade, tecnologia e desenvolvimento”.

Diretoria da CICS 1995-1997 Eleição em 21/6/1995 Presidente

Ricardo Brandalise

Vice-Presidente

Para Assuntos do Comércio - Luiz Carlos Stefani Para Assuntos da Indústria – Antonio Carlos Azevedo Para Assuntos dos Serviços – Egídio Dall´Agnol Para Assuntos Comunitários – Cecília Luiza Broilo Para Assuntos de Patrimônio – Alexandre Biazus Social – Gastão Olavo Schwingel

Primeiro Secretário

Daniel Juarez Coimbra

Segundo Secretário

José Carlos Alves de Almeida

Primeiro Tesoureiro

Luis Ricardo Böttcher

Segundo Tesoureiro

Carlos Eduardo Gusmão

Diretor de Marketing

Luis Alfredo Thomé

Diretor Social

Marcos Netto

Conselho Fiscal Efetivos

Albino Pansera Paulo Ricardo Fritzen Jairo Roni Santos

Suplentes

Arley D. Santos Clóvis Oliveira Jacklandson Oliveira

122

CICS: qualidade, tecnologia e desenvolvimento A gestão Brandalise iniciava com um diferencial, ou seja, ter uma mulher à frente da gestão comunitária. Também, teve o cuidado de dar continuidade a programas iniciados na gestão anterior, como a pesquisa sobre o perfil socioeconômico de Canoas, Programa de Qualidade Total, Comissão Pró-Polo Tecnológico, movimento Pró-Túnel (Sistema Viário de Canoas).22 Uma das primeiras realizações da Diretoria foi em relação ao Programa de Qualidade Total. Formou-se o Comitê Regional da Qualidade de Canoas e Nova Santa Rita e, em 6 de julho de 1995, instalou-se o Conselho Consultivo. Segundo Brandalise, a CICS estava entre as poucas entidades que faziam parte do Comitê Estadual de Qualidade Total, sendo um dos seis, entre 59 de todo o Estado.23 Procurava-se, a partir de pressupostos como o da qualidade, criar uma nova cultura empresarial. Em 12 de julho, o Comitê foi oficialmente lançado no salão da CICS, com palestra de Jorge Gerdau Johannpeter.24 Como primeiro resultado dessa iniciativa, a CEEE lançou na CICS seu Plano de Melhoria da Qualidade dos Serviços da Gerência Regional de Canoas. Em reunião presidida pelo Prefeito Liberty Conter, cerca de 200 funcionários receberam esclarecimentos sobre a questão de bem servir à população usuária dos serviços da empresa.25 Nesse clima, a Prefeitura Municipal de Canoas iniciou a preparação dos funcionários para a implantação do Programa de Qualidade na Administração Pública. Para tanto, a CICS promoveu encontro em que palestrou José Fernando Mattos, secretário Executivo do Programa de Qualidade na Administração Pública do Rio Grande do Sul.26 Em fevereiro de 1996, a Diretoria expedia Carta de Intenção aos sócios, quando solicitava


Perfil Socioeconômico

apoio para a realização das propostas de crescimento e modernização da cidade. Pretendia-se acelerar o desenvolvimento local, em termos de condições tecnológicas. A CICS buscaria dar apoio às microempresas e à legalização das informais, à criação de Conselhos Municipais, aos projetos em andamento como o novo Foro de Canoas, Pronto Socorro Municipal e Centro Municipal de Cultura.27 Na comunidade, a CICS dava prosseguimento às suas ações de inserção social, abrigando o Seminário Lixo e Cidadania, organizado pela Prefeitura Municipal de Canoas, Metroplan e Associação dos Catadores. Desde os anos 1970, a questão do lixo era uma preocupação, para a população e as autoridades públicas. No final da década de 1980 foi inaugurado o primeiro galpão de reciclagem, o que dava à Canoas certa experiência nessa prática. Porém, urgiam outras medidas

e o Seminário, ao reunir diferentes experiências na Região Metropolitana de Porto Alegre, trouxe novas perspectivas para a questão. O Seminário reuniu mais de 250 pessoas no salão da CIC.28 A convicção da importância de Canoas nos cenários estadual e nacional incentivara a gestão anterior a iniciar pesquisa sobre o perfil socioeconômico da cidade a qual foi concluída na gestão de Ricardo Brandalise (primeira revista foi lançada em 5 de dezembro de 1996). O coordenador da Revista foi Egídio Dall´Agnol, Vice-Presidente para Assuntos de Serviços.29 Valorizaram-se artistas plásticos locais, abrindo-se concurso para ilustração da capa, vencido por Carlos Vinícius de Oliveira.30 Em junho de 1997, houve Assembleia Geral e a Diretoria que estava atuando foi reeleita para o biênio 1997-1999.31 Esta, dando continuidade a projetos já existentes, promoveu a segunda edi-

123


ção do perfil socioeconômico em 21 de dezembro de 1998. Brandalise afirmava que “o objetivo é valorizar Canoas como forma de atrair novos investimentos e estimular a identidade da população com a cidade”.32 Com essa posição e materializando proposta da Carta de Intenções, a CICS assinou convênio com o BRDE e lançou programa de apoio a micro e pequenas empresas a fim de melhor atender seus associados, ampliar o quadro social e contribuir para o crescimento empresarial do Município. Ainda, a CICS mantinha representantes no Conselho Municipal de Ciência e Tecnologia (COMCET) e na Comissão Municipal de Defesa Civil (COMDEC). A realização dos cafés da manhã, recebendo personalidades e especialistas em diversas áreas, estava, também, na agenda do programa para o desenvolvimento e modernização de Canoas. De 1997 a 1999, 15 eventos reuniram grandes personalidades dos quais se destacam: 12/08/1997 – Dagoberto Lima Godoy, Presidente da Fiergs. 16/10/1997 – Gilberto Mosmann, secretário Estadual para Assuntos de Implantação do Complexo Automotivo. 28/10/1997 – Nelson Proença, secretário Estadual de Desenvolvimento e Assuntos Internacionais. 19/11/1997 – Cézar Busatto, secretário de Estado da Fazenda. 24/3/1999 – Mauro Knijnik, Presidente da Federasul. 11/5/1999 – Laura Leli, Professora de Marketing da Lewis Univerity, Illinois, EUA. 25/5/1999 – Comitês de Qualidade de Canoas, Esteio, Sapucaia do Sul, Novo Hamburgo, São Leopoldo e Portão.33

124

De igual forma, as reuniões-almoço foram espaço para discussão dos problemas da cidade e de proposição de solução para os mesmos. Entre elas: a realizada em 28 de agosto de 1997, em parceria com o Unilasalle, quando o então Ministro dos Transportes, Eliseu Padilha, respondeu sobre o complexo viário da BR-116 e a de 25 de março de 1998, com os membros do recém criado Fórum das Entidades que reunia as Entidades de Classe de Canoas. Iniciado na gestão de Reinaldo Sbardelotto, o movimento Pró-Polo Tecnológico de Canoas teve continuidade com a assinatura, em 26 de novembro de 1998, de convênio de cooperação para ações integradas entre a Prefeitura Municipal de Canoas, CICS e Centro Educacional La Salle de Ensino Superior (CELES). O espaço para as ações foi a Incubadora Empresarial e Tecnológica de Canoas (IECAN) do CELES, inaugurada em 1996.34 Em 1997, atendendo às solicitações de vários empresários, a CICS passou a abrigar o Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa (SEBRAE) em suas dependências. Inicialmente tratava-se do chamado Balcão Franquia SEBRAE, passando após, ao Balcão SEBRAE. Entre 1997 e maio de 1999 o Balcão SEBRAE havia realizado 22 cursos e atendia, em média, 90 consultas por mês. Além de cursos, foram realizados seminários, teleconferências, venda de publicações e multiatendimentos. Uma iniciativa de sucesso junto aos pequenos empresários foi a instalação da Unidade Móvel no Bairro Rio Branco (Praça Tiradentes), a fim de dar consultoria gratuita em todas as áreas empresariais.35 Na gestão Brandalise, a CICS iniciou a expedir (a partir de 1999) os Certificados de Origem, documento necessário para a obtenção de tratamento preferencial ou cumprimento de exigências do país importador no processo de exportação. As primeiras empresas a solicitarem a certificação foram: Springer Carrier S.A., Alquímica,


Ultrafértil, Implementos Agrícolas Jan S.A., Mendez Piacentini e Eletro Queiroz. Para incentivar os negócios relativos à exportação, foi instalada a Diretoria de Comércio Exterior na CICS. Com o intuito de beneficiar as empresas locais, a CICS passou a abrigar e apoiar atividades da Junta Comercial em Canoas. A entidade criou, também, o Conselho da Mulher Empresária e Executiva, buscando desenvolver lideranças e ampliar a representatividade das mulheres em todos os segmentos sociais e empresariais. A gestão Brandalise 1995-1997 inaugurou a presença das mulheres na Diretoria da CICS com a atuação de Cecília Luiza Broilo na Vice-Presidência para Assuntos Comunitários36, dando, assim, um impulso na participação da mulher numa associação de empresários cuja maioria era composta por homens. Em relação ao sistema viário de Canoas, a CICS discutiu com o governo do Estado a questão do Polo Rodoviário da Região Metropolitana e outras possibilidades de se resolver os problemas da BR-116, bem como a humanização do Centro de Canoas a partir de túnel ligando as duas partes em que a cidade é dividida pela BR-116, linha férrea e leito do Trensurb. De acordo com Ricardo Brandalise, a transmissão da presidência para a nova Diretoria deu-se com inúmeros projetos em andamento, mas com a convicção de se ter feito uma “Canoas melhor e de se ter continuado a inspirar a vontade de progredir e crescer de todos – empresas, empresários e a comunidade organizada”.37

CICS em tempos de início do Terceiro Milênio Egídio Dall’Agnol assumiu a presidência da CICS (ver quadro com nominata da Diretoria na página seguinte) em tempos de preparação para

a entrada no Terceiro Milênio, sem descuidar, no entanto, da continuação ou finalização de projetos e movimentos iniciados pela Diretoria anterior. Entre as tantas iniciativas da CICS, no campo social, uma das grandes conquistas foi o lançamento do Programa Parceiros Voluntários, em 11 de dezembro de 1999, por meio da pasta da Vice-Presidência Comunitária, cargo ocupado por Cecília Luiza Broilo. Houve processo de inscrições para prestação de serviços como voluntários, com grande adesão: em fevereiro de 2000, o programa contava com 120 inscritos e seis organizações

125

Ricardo Brandalise e Bidermann inaugurando o Balcão SEBRAE.


1999-2001 Eleição em junho/1999 Presidente

Egídio Dall’Agnol

Vice-Presidente

Para Assuntos do Comércio – Luiz Roberto Steinmetz Para Assuntos da Indústria – Zenon Leite Neto Para Assuntos dos Serviços – Daniel Coimbra Para Assuntos Comunitários – Cecília Luiza Broilo Para Assuntos de Patrimônio – Antonio Benin Social – Sirlei Dias Gomes

Primeiro secretário

Luiz Carlos Stefani

Segundo secretário

Carlos Eduardo Gusmão

Primeiro Tesoureiro

Arli M. Da Silva

Segundo Tesoureiro

Luiz Ricardo Böttcher

Diretor de Marketing

Marione Machado Leite

Diretor Social

Marcos Neto

Diretor Educação

Carlos V. Flores

Tecnologia

Roberto Hammerle

Relações Industriais

Antônio Almeida

Jurídico

Tarcísio Casa Nova Selbach

Conselho Fiscal Efetivos

Jacklandson de Oliveira Albino Pansera Deomedes R. Tallini

Suplentes

Alderico Zanetin Jairo Roni Santos César Franco de Lima

beneficiadas; em junho de 2000, eram 222 voluntários e 16 entidades atendidas.38 Pensando Canoas na sua totalidade, o grande foco dessa gestão era a instalação, juntamente com as demais entidades de classe, profissionais liberais e sindicatos patronais, de fórum permanente na busca do desenvolvimento econômico e social de Canoas. O Projeto foi lançado em 11 de abril de 2000, chamando-se “Canoas 3º Milênio” e foi coordenado pelo Fórum das Entidades Em-

126

presariais e de Profissionais Liberais de Canoas, sendo composto por 12 diretrizes. A primeira reunião da Comissão deu-se a 12 de maio de 2000, quando se debateu como seria todo o processo. Estabeleceram-se 12 diretrizes e a forma como a comunidade iria participar, a fim de se transformar as suas contribuições em propostas.39 Outro destaque da gestão de Egídio Dall´Agnol constituiu-se na continuação do projeto Pró-Polo Tecnológico de Canoas. Em 28 de setembro de 2000, graduaram-se duas empresas na Incubadora Empresarial Tecnológica de Canoas (Unilasalle), tornando-se aptas a enfrentar o mercado. Diversas empresas canoenses nessa área tiveram seu início na Incubadora. Iniciada na gestão anterior, a parceria com a Junior Achievement se concretizava, atingindo escolas do sistema de ensino público e privado do Município. Em 2000, escolas municipais estavam participando do projeto e cada instituição abrigava miniempresa formada com 20 alunos do segundo ano do Ensino Médio, acompanhados por quatro empresários ou técnicos em marketing, finanças, recursos humanos e produção. Isso auxiliava que os estudantes entrassem em contato direto com o setor produtivo, bem como desenvolvessem o empreendedorismo. Também, as empresas colaboradoras prestavam relevante serviço à comunidade.40 No campo do atendimento aos associados, Egídio Dall’Agnol informava, em 9 de outubro de 2000, que o grande crescimento da CICS se dava na área de prestação de serviços, principalmente em relação ao segmento das pequenas e médias empresas. Assim, a entidade disponibilizou serviço gratuito de assessoria em: Qualidade; Internet; Jurídica Trabalhista; Jurídica Tributária; Marketing; Informática; Contabilidade.41 Quanto às atividades relativas às demandas da comunidade canoense, a CICS, de longa data,


Meio Ambiente (Coordenação Simecan)

Canoas – cidade que defende meio ambiente Incentivar empresas a obterem ISO 14000 Implantar coleta seletiva de lixo e usina de tratamento

Habitação (Coordenação – Seaca)

Segurança (Coordenação – Consepro/OAB)

Política (Coordenação – Fórum das Entidades)

Apoiar atividades dos órgãos de segurança. Manter constante mobilização contra transgressões à lei e à ordem tais como invasões.

Assistência Social (Coordenação Parceiros Voluntários)

Valorizar candidatos locais a cargos federais Ação para e estaduais. problemática dos Discutir definição menores de rua, do Orçamento do dependentes Município. químicos e analfabetos. Reivindicar critérios técnicos para indicação de algumas Secretarias, como desenvolvimento, saúde e educação.

Programa Parceiros Voluntários.

Desporto e Lazer (Coordenação – ULBRA)

Sistema Viário (Coordenação – CICS)

Parque Olímpico

Complexo Rodoviário Metropolitano

Teatro

Adoção de parques e praças

RS010 – Rodovia do Parque

Bibliotecas nos bairros

Prolongamento da BR 386

Incentivar corais, grupos, teatros e dança.

Criação de projetos habitacionais para população de Parque temático de baixa renda Niterói Defesa da Dotas a cidade propriedade de parques privada esportivos Equipe olímpica

Cultura (Coordenação – Unilasalle)

lutava para que fosse resolvido o problema viário de Canoas e da Região Metropolitana de Porto Alegre. Nessa gestão, da mesma forma que as anteriores, assumiram-se ações no sentido de avançar negociações sobre as questões mais premen-

Criação de novas incubadoras (petroquímicas e do setor plástico) e de Parque Empresarial Tecnológico) Ativar Conselho de Ciência e Tecnologia). Buscar incentivos municipais.

Saúde (Coordenação – Somédica)

Otimização do Hospital Nossa Senhora das Graças. Ativar postos de saúde 24 horas. Criar programa de prevenção como médico de família.

Marketing Desenvolvimento (Coordenação – (coordenação – CICS/Conselho Fórum das Entidades) Desenvovimento)

Criar condições de desenvolvimento para as empresas instaladas na cidade.

Sinalização de acesso à Canoas e sinalização interna Promover a literatura e as do município artes. Criar alternativas Museus para o trânsito Trensurb

Tecnologia (Coordenação – Comcet)

Publicação do perfil socioeconômico de Canoas. Projeto Um novo jeito de ver Canoas – adoção de praças e parques, revitalização da BR 116 e valorização das pessoas e entidades locais.

Priorizar desenvolvimento nas áreas de informática, comunicações, plásticos e petroquímica, biotecnologia, educação, cultura, desportos e lazer. Criar Distrito empresarial cultural Desportivo e Ecológico. Possibilitar abertura de comércio 24horas. Criar na CICS um Centro de Oportunidades Empresariais para receber novos empreendedores.

tes e se promoveu debates com o então secretário Estadual dos Transportes, Beto Albuquerque, e o Ministro dos Transportes, Eliseu Padilha. Outra antiga reivindicação do empresariado canoense era a implantação de Distrito In-

127


dustrial no Município. As negociações para que este fosse situado na chamada Fazenda Guajuviras datava da gestão de Osório Biazus (19871989). Em outubro de 2000, Egídio Dall’Agnol informava que o Prefeito Hugo Simões Lagranha, apoiado pelo Conselho de Desenvolvimento, encaminhara, em 27 de setembro, à Câmara de Vereadores, minuta de Projeto de Lei pela qual seria doada para a CICS, a área proposta para o Distrito Industrial, a fim de que a entidade viabilizasse a sua implantação. Era previsto no projeto, que da área de 558 hectares, 80% fosse destinada para parque de lazer para os canoenses e área de preservação ambiental e 20% para o Distrito.42 O projeto tramitou pela Câmara e foi recusado. Em 2001, pela Lei 4541, de 1º de junho de 2001, a área passou a chamar-se oficialmente Parque Municipal Fazenda Guajuviras, de acordo com a Lei Estadual 10.427/95.43 Nos anos que se seguiram, o Distrito Industrial continuou como tema da agenda, tanto das autoridades municipais como do empresariado. Boa parte das discussões sobre os temas de interesse social, empresarial e da comunidade ocorreram em reuniões especiais, em cafés da manhã e nas reuniões-almoço. A entidade realizou diversos desses encontros, dos quais se destacam os que seguem. Café da manhã em 28/3/2000: Palestrantes Jornalistas Marcos Martinelli e Ivani Schütz com o tema MERCOSUL – oportunidades e perspectivas.44 Reuniões–almoço:45 17/3/2000: Palestrante, Deputado Federal Augusto Nardes – O estatuto da Microempresa e o REFIS. 12/4/2000: Fórum de Entidades - Projeto “Canoas 3º Milênio”, visando à política de desenvolvimento econômico social da cidade. Diário de Canoas.

128

8/7/2000: Palestrante Senador Pedro Simon - Instalação dos gasodutos Bolívia-Brasil e Argentina-Brasil. 30/8/2000: Palestrante, Ministro dos Transportes Eliseu Padilha - Complexo Rodoviário da Região Metropolitana de Porto Alegre. 4/12/2000 – Palestrantes, Vice-Presidente Executiva da Parceiros Voluntários, Maria Elena Johannpeter e o Presidente da Puras do Brasil, Hermes Gazzola – Terceiro Setor e Parceiros Voluntários. Evento coordenado pela “Parceiros Voluntários” de Caxias do Sul. Canoas entrava no Terceiro Milênio com muitas pendências em relação ao seu desenvolvimento. A nova Diretoria da CICS para o biênio 2001-2003 teria, ainda, várias pendências para tratar e dar continuidade a projetos importantes. Uma das pautas da nova Diretoria (ver nominata na página ao lado), foi a do Distrito Industrial Guajuviras. Em dezembro de 2001, a Prefeitura Municipal de Canoas havia firmado convênio com a Universidade Luterana do Brasil-ULBRA para a elaboração do Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto ao Meio Ambiente (EIA-RIMA). Previa-se cerca de seis meses para a finalização dos levantamentos, diagnósticos e relatórios finais.46 O então presidente da CICS, Zenon Leite Neto, lembra do intenso trabalho junto a diversos setores públicos e privados para a implantação do Distrito Industrial Guajuviras, com a meta de melhorar condições para as indústrias já existentes e a vinda de novas unidades para Canoas, almejando-se a criação de Polo Metal-Mecânico. A CICS alertava, em maio de 2002 que há 14 anos o Estado havia cedido a área para o Município e há 7 anos se discutia a sua implantação.47 Apesar dos constantes esforços das entidades, a instalação do almejado Distrito ainda avançaria pelas gestões que se seguiram.


Zenon Leite Neto, além de presidir a CICS, passou, também, a coordenar o Fórum das Entidades da Região Metropolitana, a partir do final de 2001. O Fórum foi o espaço para a discussão das demandas e problemas dos municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre. A seguir alguns dos temas debatidos nas reuniões entre 2001 e 2002.48 Seguindo o costume das gestões anteriores, as reuniões-almoço eram espaço privilegiado para receber palestrantes especialistas em áreas do interesse do empresariado, personalidades relacionadas a setores de interesse da comunidade e autoridades políticas. Zenon Leite Neto relata que a realização de todos os eventos (reuniões-almoço, palestras, workshop e outros) eram “autossustentáveis”, ou seja, os custos eram cobertos com a venda de ingressos. Dos diversos eventos realizados, foi possível recuperar os que seguem (próxima página).

2001-2003 Eleição: maio/2001 Presidente

Zenon Leite Neto

Vice-Presidente

Para Assuntos do Comércio - Paulo Fritzen Para Assuntos da Indústria – Deomedes Roque Talini Para Assuntos dos Serviços – Luiz Roberto Steinmetz Para Assuntos Comunitários – Ivone Melânia Frare Para Assuntos de Patrimônio – Alexandre Biazus Para Assuntos Sociais – Vicente João Brígido

Primeiro secretário

Luiz Carlos Stefani

Primeiro Tesoureiro

Dautro Rogério Ribeiro Dos Santos

Segundo Tesoureiro

Luiz Ricardo Boettcher

Diretor de Marketing

Ângelo Fernando Da Cruz

Conselho Fiscal Efetivos

Antonio Benin Mara Fernanda Kulpa Amaro Roberto Ferreira Pansera

Suplentes

Jairo Roni Santos Ricardo Tietz

Fazenda Guajuviras

129


Data

Entidade Responsável

Temas

Participantes

Duplicação RS 118, orçamento participativo, segurança publica

CICS, ACISE, ACC CACHOEIRINHA, ACIGRA, ACIAL, PREFEITURA DE ESTEIO

Duplicação RS 118

CIS, ACISE, ACIGRA, ACI NSR, CIC CACHOEIRINHA, ACIAL, SECRETARIA DE PLANEJAMENTO DE ESTEIO, SECRETARIA DE IND. COM. DE SAPUCAIA

Alternativa BR 116, duplicação RS 118

ACIS, ACISE, ACIGRA, ACISE, ACIAL, ACIVI, JORNAL DESTAQUE, FEDERASUL VALE DOS SINOS, BETTANIN, RADIO 1520 AM, CONSELHO MUNICIPAL DESENVOLVIMENTO ECONOMICO DE ESTEIO

04/09/2001 ACIAL

Segurança pública

ACIAL, ACIVI, ACIGRA, CICS, ACIS, ACIGUA, ACC CACHOEIRINHA, ACISE, JORNAL A TRIBUNA (VIAMÃO), CONSEPRO GRAVATAI,

25/09/2001

CICS

Eleição coordenador geral para o Fórum, discussão sobre participação FEDRASUL, via expressa e RS 118

CICS, CIC SAPUCAIA, AICA NSR, ACIVI, ACC CACHOEIRINHA, ARLEI RODRIGUES DA SILVA (ESTEIO)

11/06/2001

ACC CACHOEIRINHA

Pólo rodoviário metropolitano

ACC CACHOEIRINHA, ACISGLO, ACIGRA, CICS, ACIAL, CIC CACHOEIRINHA, FEDERASUL, JORNAL DE CACHOEIRINHA

15/01/2002

ACIS

RS 040, pólo rodoviário da Região Metropolitana

ACIS TRIUNFO, CICS, ACC CACHOEIRINHA, ACIGRA, ACIS

CICS

Sistema rodoviário metropolitano, entidades que compõem o Fórum

CICS, ACIE, ACI TRIUNFO, ACI NSR, ACIGRA

CICS

Complexo rodoviário metropolitano, participação entidades no fórum, segurança pública

CICS, ACIGRA, ACIVI, ACIS, ACIS NSR

ACIVI

Rever a possibilidade para ato publico (protesto)sobre segurança publica; aumento do numero de coordenadores do Fórum

ACIVI, CICS, ACC CACHOEIRINHA, ACIAL

03/02/2001 ACISE

02/02/2001

ACIS

08/07/2001 ACISE

04/04/2002

09/05/2002

17/04/2002

130


A gestão de Zenon Leite Neto inaugurou um dos grandes eventos realizados pela CICS em parceria com outras instituições. — o prêmio “Marcas & Líderes”. Trata-se de projeto desenvolvido em

parceria com o curso de Comunicação Social da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA) e com o jornal “Diário de Canoas”. Consiste em pesquisa científica com o objetivo de mostrar, empresas, entidades e pessoas mais lembradas pelos consumidores de Canoas, inicialmente desenvolvida na disciplina de Estatística e Pesquisa. Segundo o professor Ângelo Fernando da Cruz,

esse evento congrega todos os representantes dos setores produtivos e de serviços do Município.50 De acordo com Zenon, o Marcas & Líderes colaborou para “desenvolver e resgatar a autoestima do canoense, desfazendo aquele conceito de cidade dormitório, buscando as potencialidades da cidade em termos de empresas e personalidades”.51 Momentos importantes dessa gestão foram as “Rodadas de Negócios”, eventos de curta duração quando são criadas oportunidades de negócios entre empresários que demandam e ofertam produtos e serviços. Para Zenon, era a “oportunidade de canoense fazer negócios com canoenses”.52

para as organizações, ter a sua marca como a mais lembrada no mercado em que atua representa não apenas um motivo de orgulho, mas principalmente uma prova de eficiência e aceitação deste mercado, em resposta às ações mercadológicas desenvolvidas, tais como atendimento, qualidade, adequação de preço, distribuição e ações integradas de comunicação, como propaganda, publicidade, relações públicas, merchandising e promoções de vendas.49

1º Marcas & Líderes. 2001.

Em 2002 repetia-se o sucesso da pesquisa, dessa vez com o slogan “Quem está na cabeça e no coração do canoense”. Roberto Pansera informa que

Data 27/09/2001

Tema Novo sistema de pagamentos

Palestrante(s) João Fruet Junior (gerente de negócios na Superintendência Regional de Canoas do Banco do Brasil).

25/09/2002

Paulo Moura, Marcelo Portugal

14/11/2002

Erony Luis Spinelly (Bacharel em Ciências Contábeis, Especialização em Metodologia de Ensino e RH), Wanderley Marcelino (Direito e Processo do Trabalho, Especialização em Direito e Processo Civil e Direito Sindical)

Sinopse do novo Código Civil Brasileiro

131


Reunião almoço sobre PGQP com Jorge Johannpeter

Uma das características das gestões da CICS é a integração entre membros das diferentes diretorias, bem como a continuação de projetos que tiveram início em outros mandatos. Um desses foi o Junior Achievement que com o programa Miniempresa beneficiava centenas de jovens das escolas canoenses. Outro projeto apoiado pela gestão de Zenon foi o Programa Gaúcho da Qualidade e Produtividade (PGQP-RS) cujo objetivo é melhorar produtos e serviços, economizar tempo e otimizar recursos. A CICS sempre se moveu no sentido de trazer novas propostas e incentivar o desenvolvimento do Município. Para tanto, trabalhou pela criação do Comitê Municipal de Ciência e Tecnologia (COMCET), o qual coordenava e auxiliou a criar a 1ª Câmara Setorial de Canoas em 2002, grupo formado por empresários para discutir melhorias tendo em vista o desenvolvimento local. Junto à Federasul, a entidade coordenava o Projeto de Representatividade das Associações Comerciais e Industriais (ACIs) com o objetivo de medir e estimular a sua representatividade no Estado.53 Zenon informa que dirigiu a CICS em mo-

132

mento em que esta passava por dificuldades financeiras e a Diretoria fez esforço para recuperar a entidade. Não conseguiram fazer grandes investimentos, mas afirma que entregou a CICS financeiramente recuperada para Luiz Roberto Steinmetz, seu sucessor.54 A eleição deu-se em maio de 2003 e a Diretoria ficou composta conforme quadro na página ao lado. Um dos temas de relevância nessa gestão foi a luta, durante o mês de setembro de 2003, para reduzir o recesso parlamentar de 90 para 30 dias (em janeiro). A CICS propunha Emenda na Lei Orgânica do Município e caso não fosse apoiada pelos Vereadores, iria fazer campanha para que a proposição se tornasse Emenda Popular. O Partido dos Trabalhadores foi favorável à proposta e a CICS recebeu a adesão do Fórum das Entidades.55 Essa campanha acirrou os ânimos de algumas personalidades contra a CICS, a tal ponto que um vereador, manifestando-se sobre o assunto, solicitou o afastamento de Luiz Roberto Steinmetz da presidência da CICS. Em 30 de setembro de 2003, a entidade emitia declaração no “Diário


de Canoas”, afirmando que não se tratava da posição de um dos seus membros, mas de toda a diretoria e da classe que representava e que não se omitiria em atuar como agente de transformação social, já que Artigo 7º da Lei Orgânica indicava que o Município seria administrado com a cooperação das entidades representativas. A questão do recesso parlamentar, bem como a abertura dos Cartórios às 12 horas (já atendida pelo Poder Judiciário) eram iniciativas que importavam à comunidade canoense.56 O movimento extrapolou as fronteiras do Município e a TV COM promoveu debate sobre o assunto no programa “Conversas Cruzadas” (novembro/2003) com a presença do presidente da CICS e outras personalidades.57 Em meio às discussões sobre o recesso parlamentar, Luiz Roberto Steinmetz representou a CICS na reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico, em Brasília, em 4 de setembro de 2003, a convite do então secretário de Desenvolvimento Econômico e Social, Tarso Genro. Entre outros temas, tratou-se das reformas tributária e previdenciária.58 Naquele momento, Steinmetz convidou Tarso Genro para debater essas questões em reunião-almoço que se concretizou em 3 de outubro de 2003.59 A pré-campanha eleitoral para Prefeito do Município (2004) também foi pauta da CICS, promovendo palestras e debates com possíveis pré-candidatos. Conforme Steinmetz, era importante para a classe empresarial e a comunidade conhecer as suas propostas de governo.60 Outra mobilização foi em relação ao pacote de reajustes tributários proposto pela Prefeitura Municipal. A Diretoria promoveu audiência pública para que o secretário Municipal da Fazenda e sua equipe dessem esclarecimentos. O presidente da CICS, Luiz Roberto Steinmetz, dizia que o pacote prejudicaria o crescimento do Município: “o pacote está na contramão de tudo”.61 Entre os

2003-200562 Eleição: maio/2003 Presidente

Luiz Roberto Steinmetz

Vice-Presidente

Para Assuntos do Comércio – Paulo Fritzen Para Assuntos da Indústria – José Luiz Raymundo Para Assuntos dos Serviços – Roberto Ferreira Pansera Para Assuntos Comunitários – Antonio Paulo Borba Almeida Para Assuntos de Patrimônio – Leandro Cobalchini Comunicação e Marketing – Arli Ernani Martins da Silva

Primeiro secretário

Luiz Ricardo Böttcher

Segundo secretário

Luiz Carlos Stefani

Primeiro Tesoureiro

Sérgio Gazzana

Segundo Tesoureiro

Mara Fernanda Kulpa Amaro

Diretores

Gildo Adolar Oliveira dos Santos Pedro Funcke Fernando Leichtweis Renato Silva Simone Diefenthaeler Leite Vicente João Brígido

Conselho Fiscal

Efetivos

Ricardo Tietz Dautro Rogério Ribeiro dos Santos Jairo Roni Santos

Suplentes

César Franco de Lima Luiz Carlos Cadore Antonio Carlos da Silva Azevedo

membros da CICS sempre houve uma postura política muito clara, no sentido de conhecer, ponderar e depois se posicionar, tendo sempre em vista as necessidades daqueles a quem representam. Na área social, a CICS e a Parceiros Voluntários organizaram o “Primeiro Encontro de Reciprocidade”, quando 24 entidades e 8 empresas trabalharam sobre como captar recursos para projetos sociais.63 Outro Projeto desenvolvido foi

133


o “Trilhas da Cidadania”, envolvendo alunos da Educação Básica. As Trilhas eram: Meio Ambiente, Cultura e Educação para a Paz e era esperado que dez escolas de Canoas aderissem ao projeto.64 Entre as empresas mantenedoras da Parceiros Voluntários está a Refinaria Alberto Pasqualini (REFAP), a qual integra o Conselho de Fundadores e mantenedores desde a sua criação junto à CICS (setembro de 1999). A REFAP investe no “Projeto Parceiros Jovens Voluntários”, apoiando iniciativas juvenis na área social.65 Para as empresas mantenedoras da “Parceiros”, a CICS criou o prêmio “Responsabilidade Empresarial” com certificados.66 A partir de 2004, a Parceiros Voluntários passou a apoiar as ações da “Rede Nós Voluntários”, formada por organizações sociais as quais buscavam, coletivamente, soluções para a resolução de seus problemas. Em junho de 2005, foi criada a “Rede Social Empresarial” formada por empresas, unindo esforços para atender, de forma mais efetiva, às demandas sociais existentes. A missão dessa rede é: “Propiciar e fomentar ações

Primeiro Encontro de Reciprocidade que deu origem ao Reconhecimento Responsabilidade Empresarial.

134

empresariais conjuntas de inserção, voltadas às áreas educativas, recreativas e culturais, com o intuito de promover a transformação econômica e social, visando ao bem comum”67. Entre 2003 e 2004, a CICS promoveu uma série de ações, dando continuidade ao projeto de implantação de Polo Tecnológico em Canoas. Zenon Leite Neto, ex-presidente, coordenava o Conselho Municipal de Ciência e Tecnologia (COMCET) e havia sido criado, também, Núcleo de Tecnologia da Informação, formado por empresas da área. Em 16 de outubro de 2003, era entregue aos secretários Municipais do Desenvolvimento e da Fazenda, proposta de implantação de Polo Tecnológico. Em seguida, a CICS e o COMCET promoviam, no salão da Entidade, o “1º Encontro de Integração das Empresas de Tecnologia” (26/11/2003) com a apresentação de produtos e serviços das mesmas. Em junho de 2004, era criado o Polo de Tecnologia de Canoas, com a coordenação de Júlio César Ferst, com o objetivo de fortalecer as empresas da área de tecnologia da informação.68 O sucesso das


Marcas & Líderes. 2004.

duas primeiras edições do prêmio “Marcas & Líderes” assegurou as terceira e quarta edições (2003 e 2004). Em 2004 outras categorias de empresas foram integradas à pesquisa que teve 675 entrevistados. Steinmetz declarava que o estudo “serve de parâmetro para as ações das empresas”.69 O ano de 2005 iniciou com decisão polêmica, por parte da CICS e do Fórum das Entidades Empresariais e de Profissionais Liberais de Canoas,

o qual congrega entidades de classe e sindicatos patronais. O Legislativo canoense aprovara Lei que permitia a contratação de quarto assessor para cada um dos 15 vereadores do legislativo canoense. Em 25 de janeiro, os membros do Fórum, em torno das 14h30min, foram distribuir panfletos, a fim de alertar a população em relação aos prejuízos para os cofres públicos com a contratação de mais assessores, além de protocolar manifesto na Câmara.70

Campanha do Quarto Assessor

135


Uma das grandes lutas da CICS durante o ano de 2005 foi em relação aos planos para solucionar os problemas da BR-116. O secretário dos Transportes do Estado do Rio Grande do Sul, Alexandre Postal, em reunião-almoço (27/4/2005), defendeu o Polo Rodoviário Metropolitano (Polão).71 Em 23 de maio de 2005, a proposta do Anel Rodoviário Metropolitano foi debatida em reunião-almoço. As duas propostas implicavam em pedágios a serem pagos pelos usuários e em nova divisão da cidade.

2005-2007 Eleição: 31 de maio de 200572 Presidente

Luiz Roberto Steinmetz

Vice-Presidente

Para Assuntos do Comércio – Paulo Fritzen Para Assuntos da Indústria – José Luiz Raymundo Para Assuntos dos Serviços – Roberto Ferreira Pansera Para Assuntos Comunitários – Antonio Paulo Borba Para Assuntos de Patrimônio – Leandro Cobalchini Comunicação e Marketing – Simone Diefenthaeler Leite

Primeiro secretário

Luiz Ricardo Böttcher

Segundo secretário

Luiz Carlos Stefani

Primeiro Tesoureiro

Sérgio Gazzana dos Santos

Segundo Tesoureiro

Mara Fernanda Kulpa Amaro

Diretores

Pedro Funcke Eugênia Reichert Luiz Fernando Sant´Anna da Silva Renato Silva Vicente João Brígido Rinaldo Martins Fraga

Conselho Fiscal

Efetivos

Ricardo Tietz Dautro Rogério Ribeiro dos Santos Jairo Roni Santos

Suplentes

Antonio Carlos da Silva Azevedo César Franco de Lima Eltamar Salvadori

136

Este fato marcava o final do primeiro mandato de Luiz Roberto Steinmetz, o qual foi reconduzido à presidência da CICS para mais um biênio. Ao iniciar o segundo mandato, em seu discurso de posse como presidente, Luiz Roberto Steinmetz destacava o Planejamento Estratégico com diversos objetivos, entre eles, o de oferecer novos serviços aos associados. Entre as pautas para aquele novo biênio, retomava a questão do Distrito Industrial Guajuviras cuja concretização a entidade vinha reivindicando há algum tempo. Steinmetz dizia entender que era necessário dar atenção aos Distritos Jorge Lanner e Berto Círio, mas o Guajuviras era vital para o desenvolvimento industrial de Canoas. Afirmava sobre a necessidade de insistir sobre o sistema viário do Município, priorizando a solução do congestionamento da BR-116. Chamava a atenção, também, que a cidade deveria ter representantes seus na Assembleia Legislativa e Câmara Federal, a fim de agilizar suas demandas. Em junho de 2005, o presidente da CICS, citando o poema de Brecht, “O Analfabeto Político”, comentava sobre o ser humano precisar tomar para si decisões sobre seu próprio futuro. Fazia inferência, a partir de Brecht, que o cidadão canoense deveria eleger representantes em nível estadual e federal próximos da comunidade, a fim de que fossem os interlocutores das suas demandas. Isso daria ao canoense força política para cobrar resultados de seus deputados. A entidade retomava, assim, campanha iniciada na gestão de Reinaldo Sbardelotto para que Canoas tivesse representatividade na Câmara Estadual e na Federal.73 Steinmetz, na abertura do Jornal da CICS, falou sobre buscar a realização dos sonhos, o que remete ao testemunho do ex-presidente Liberty Conter, quando afirmava “serem os diretores da entidade, desde a sua fundação, homens traba-


lhadores que sonham”74. Um dos “sonhos”, não só da CICS, mas também da comunidade canoense e da população da Região Metropolitana de Porto Alegre, era ver o problema da BR-116 resolvido. Em março de 2006, no salão nobre da entidade, o sonho começou a se concretizar com a assinatura, por três Ministros de Estado (Dilma Rousseff, Casa Civil; Alfredo Nascimento, Transportes; Miguel Rossetto, Desenvolvimento Agrário) da autorização para o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT) contratar estudo de viabilidade técnico-econômica e de impactos ambientais (EIA-RIMA), projetos de engenharia e preparação de licitação para construção de estrada – a Rodovia do Parque. Essa contornaria Canoas, saindo no trevo entre a BR-116 e a RS-118, até a BR-386 (o chamado lote 2). A BR-386 passa por trás do Bairro Mathias Velho, margeando os rios dos Sinos, Jacuí e Ilha das Garças, desembocando no Bairro Humaitá (Porto Alegre), na BR290, antes passando por uma nova ponte sobre o Rio Gravataí (o lote 1). Conforme o cronograma, pontes, trevos de acesso, passarelas e ampliações da BR-116 começariam no ano de 2006 e a BR448, em 2007.75 A preocupação com a educação e com qualificação de mão de obra, tendo em vista a meta de dotar Canoas com diferentes polos industriais tem sido uma das pautas da CICS. Assim, a entidade se empenhou na efetivação da instalação, no Município, do Centro Federal de Educação Tecnológica de Canoas (CEFET). A CICS fez parte da Comissão que discutiu a vinda do Centro, bem como disponibilizou suas dependências para reuniões e audiência pública na qual compareceu o secretário-executivo adjunto do Ministério da Educação, Jairo Jorge da Silva, quando se debateu quais cursos seriam instalados em Canoas. Para o CEFET, o poder público municipal destinou área

de quatro hectares no Bairro Igara (Igara III). O Centro poderá abrigar cerca de 3.000 alunos.76 Importantes momentos na CICS são as reuniões-almoço. Entre Junho de 2005 e 2006, pode-se destacar algumas dessas reuniões. Um conjunto das mesmas foi dedicado às discussões sobre o Anel Rodoviário Metropolitano e o Polo Rodoviário Metropolitano. Em 13 de junho de 2005, o presidente da Associação Gaúcha de Concessionárias de Rodovias (AGCR) palestrou, dando explicações sobre o Polo Rodoviário Metropolitano (Polão). A CICS promoveu esse evento para ter um contraponto à proposta do Anel Rodoviário Metropolitano.77 A partir daí, manifestou-se contra essas duas propostas e a favor da Rodovia do Parque. Em 28 de junho de 2005, o então governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, foi o convidado especial de reunião-almoço comemorativa aos 66 anos de

137

Ministra Chefe da Casa-Civil Dilma Rousseff na cerimônia de assinatura de estudos de viabilidade técnica e econômica para a construção da BR-448, Rodovia do Parque, na CICS. 2006.


Sistema Viário de Canoas

emancipação política de Canoas. Cerca de 200 pessoas estavam presentes no salão da Entidade. Naquela ocasião a CICS, a partir de seu presidente, externou a expectativa dos canoenses sobre a resolução para os problemas da BR-116 com a decisão pela Rodovia do Parque, colocando que nem o Polão ou Anel Viário seriam a melhor solução para Canoas.78 Outro momento importante de realização de reunião-almoço (30/05/2006) foi quando o país foi brindado com anúncio de autossuficiência do petróleo e atenta a essa conquista, a CICS convidou o presidente da Refinaria Alberto Pasqualini, Hildo Francisco Henz, para palestra cujo tema foi “A ampliação da Refap e autossuficiência de petróleo no Brasil”79. Reunião concorrida foi a realizada para informar o empresariado e a comunidade canoense sobre os rumos da economia brasileira com Rafael Cusinato, assessor econômico da Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul (FEDERASUL). Em reunião-almoço, Cusinato fez uma retrospec-

138

tiva das políticas econômicas dos governos anteriores, até chegar ao atual, bem como tratou sobre os condicionantes e entraves ao desenvolvimento econômico.80 Ao mesmo tempo em que lutava pelo bem viver em Canoas, a Diretoria buscava atender necessidades dos associados em termos de saúde, firmando parceria com cooperativa de médicos (Unimed Porto Alegre) a qual disponibilizou planos de saúde com descontos especiais. Consciente de seu papel social no Município, a CICS, juntamente com a “Parceiros Voluntários” promoveu a Rede Social Empresarial, realizando Convenção em 13 de junho de 2006, com o objetivo de discutir com as empresas canoenses sobre a questão da responsabilidade social. Ao iniciar o ano de 2007, a CICS alertava a comunidade canoense para a polêmica municipalização dos esgotos81 em sessão extraordinária da Câmara dos Vereadores. Alegava-se que a lei orgânica fora descumprida, no sentido de que não fora dada publicidade ao tema.82


Também nessa gestão, deu-se continuidade ao prêmio “Marcas & Líderes”, com a sua 5ª e 6ª edições. Em 2005 foram 846 consultas com 56 agraciados em 41 categorias e 15 destaques. Na sexta edição, no ano de 2006, a pesquisa passou a ser realizada por alunos da disciplina Comunicação, Marketing e Pesquisa Mercadológica do curso de Comunicação Social da Ulbra, com novo material gráfico. Os alunos trabalharam na construção da marca e no design do troféu, mantendo a ideia de alvo a ser atingido. O questionário foi dividido em duas partes: na primeira, perguntas abertas, nas quais os colaboradores são questionados quanto às marcas mais lembradas; na segunda, foi identificado o perfil socioeconômico do colaborador. Os questionários passam pela auditoria da CICS. Sessenta e sete anos após sua fundação como Associação Comercial, a atual Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Canoas preparava mais uma eleição de Diretoria. Seus ex-diretores haviam deixado uma trajetória histórica de trabalho para a comunidade, envolvimento com as demandas da classe empresarial e posicionamento político econômico forte. Cabia à nova gestão dar continuidade a propostas, projetos já encaminhados e agir no sentido de cada vez mais consolidar a presença da CICS não só no Município como também, extramuros. Aproximava-se uma data marcante, os setenta anos da entidade a serem comemorados em 2010. A nova Diretoria, com a presidência de Paulo Ricardo Fritzen foi eleita para o biênio 2007-2009 Caberia a ela preparar a CICS para uma nova década do Terceiro Milênio. Voltava à pauta da CICS um tema que desde há muito tempo, reportando-se à gestão de Osório Biazus (1987-1999), era debatido, reivindicado e almejado pelos empresários canoenses — o Distrito

2007-2009 Eleição: 29 de maio de 2007 Presidente

Paulo Ricardo Fritzen

Vice-Presidente

Para Assuntos de Indústria: Simone Diefenthaeler Leite Para Assuntos de Comércio: Cristiane Tietze Para Assuntos de Serviços: Roberto Ferreira Pansera Para Assuntos de Patrimônio: Eltamar Salvadori Para Assuntos Comunitários: Maria da Graça Galinatti Flach Comunicações e Marketing: Mara Fernanda Kulpa Amaro

Primeiro secretário

Gildo Viegas Tavares

Segundo secretário

Luis Carlos Stefani

Primeiro Tesoureiro

Luiz Fernando Sant’Anna da Silva

Segundo Tesoureiro

Daniel Lottici

Conselho Fiscal Efetivos

José Raimundo Leandro Cobalchini Tarso Zanatta

Suplentes

Sérgio Mallman Eugênio Carlos Brigzinsky da Cunha Jairo Roni Santos

Industrial Guajuviras. Em agosto de 2007, a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (FEPAM) havia emitido Licença Prévia, autorizando a Prefeitura de Canoas a implantar o complexo industrial, em área de 1.116.900 m². Para implantação de empresas, deveria ser observada a legislação referente à preservação de mata nativa, bem como mantidos e preservados os exemplares arbóreos pertencentes à espécie nativa do gênero Fícus existente na área. O empreendedor teria de apresentar cronograma de implantação das obras, projeto urbanístico que contemplasse atendimento às condições da Licença Prévia, contendo todas as informações referentes ao sistema viário e outros.

139


Apesar disso, as discussões continuaram e, em julho de 2009, o Conselho Municipal de Desenvolvimento preocupava-se com a instabilidade no andamento da instalação do Distrito. Era preciso apressar o processo, pois o custo dos imóveis disponíveis para vinda de novas empresas para Canoas era elevado. Márcio Kauer, coordenador do Conselho, dizia que “Canoas cresceu no entorno das indústrias, misturando áreas industriais e residências. Esta delimitação virá com o distrito.” O presidente da CICS, Paulo Fritzen, declarava que é necessário definir que modelo de Distrito seria implantado, a fim de contribuir para o desenvolvimento da cidade. “É indiscutível o fato de que necessitamos de novas áreas para atrair investimentos”.83 Em 14 de setembro de 2009, em reunião na CICS, o Prefeito Jairo Jorge da Silva, acompanhado de diversos secretários municipais, discutiu e analisou diversas questões sobre o desenvolvimento de Canoas. Entre estas, propôs à classe empresarial implementação de plataforma logística industrial multimodal para o Distrito Industrial. Os empresários presentes, inclusive grupo de ex-presidentes da Entidade, formaram Comissão coordenada pelo presidente Paulo Fritzen para acompanhar a evolução dos trabalhos junto à Prefeitura.84 Em 2010, o Executivo apresentou proposta de construir complexo prisional parque de lazer e o tão esperado Distrito Industrial na área da Fazenda Guajuviras. Para tanto, as terras seriam devolvidas para o governo do Estado, o qual faria o desmembramento, tomando o espaço necessário para a construção do presídio (50 hectares) e devolvendo a área restante ao Município para a implantação do Parque (50%) e do Distrito (50%). O Legislativo canoense, após discutir a questão aprovou a proposta. Detalhes foram debatidos com o empresariado em reunião-almoço na CICS, em 20 de abril

140

de 2010 com as palestras da Secretária Geral de Governo do Rio Grande do Sul, Ana Pellini, e do secretário Municipal de Segurança Pública e Cidadania de Canoas, Alberto Kopittke. Esses explicaram que “os empresários se beneficiarão através de isenções e descontos no ICMS, podendo contratar os detentos pagando um salário mínimo mais 10% para um fundo penitenciário”85. Os problemas da BR-116 continuaram, também, a ser motivo de envolvimento da Diretoria da CICS. Segundo Simone Diefenthaeler Leite, o problema da mobilidade urbana dos Municípios que são atravessados pela BR-116 é complicadíssimo. Nesse contexto, Canoas veio a se tornar polo logístico, pois a circulação de pessoas e produtos vindos das mais diferentes regiões do Rio Grande do Sul e do Brasil passa pelo Município. Isso causa um grande transtorno para a população, e a comunidade empresarial sente, diariamente, o peso dessa situação. Em processo iniciado em 2007, a CICS começou a trabalhar, procurando interagir com os poderes públicos, a fim de auxiliar a pensar soluções para os problemas enfrentados. No entanto, naquele momento, a entidade não teve boa receptividade das autoridades constituídas. Assim, em novembro de 2008, iniciou a preparação do movimento BR LIVRE, cujos objetivos eram: exigir das autoridades o cumprimento de obras no trecho da BR-116 que atravessa a Região Metropolitana, as quais haviam sido prometidas, e buscar apoio da comunidade para estas cobranças. As obras previstas para a rodovia: três viadutos no entroncamento com a BR 386 (Tabaí-Canoas) em Canoas; viaduto de Sapucaia do sul; viaduto da Unisinos (São Leopoldo); viaduto duplo no Km 234 em Novo Hamburgo; viaduto na divisa entre Novo Hamburgo e Estância Velha; alargamento das pontes sobre os rios Gravataí (Canoas) e Sinos (São Leopoldo); construção de


sete passarelas, uma em Novo Hamburgo, três em São Leopoldo, duas em Esteio e uma em Canoas. O movimento BR LIVRE se constituiu das seguintes ações: colocação ao longo da BR-116, de seis painéis mostrando as promessas feitas para sanar os problemas, as quais não estavam sendo cumpridas; panfletagem nos pontos de maior congestionamento da rodovia. A primeira ação foi em 1º de dezembro de 2008, quando foram entregues panfletos e adesivos para os motoristas que trafegavam pelo trecho que passa no Centro de Canoas, próximo à Praça do Avião. Em pontos estratégicos da BR116 já estavam colocados os painéis, alertando para o não cumprimento de prazos para o início das obras prometidas. Em 5 de dezembro, houve a segunda panfletagem, dessa vez em São Leopoldo, em frente à Churrascaria Schneider e próximo

à sinaleira que dá acesso à Unisinos. Outra mobilização foi em 16 de dezembro, nas proximidades (alça de acesso à BR-290) da ponte sobre o Rio Gravataí. Segundo Simone Leite, foi uma campanha alegre e bem humorada com a participação de entidades de classe, sindicatos patronais e diretores e ex-diretores da CICS. 86 Os símbolos da campanha foram o “santo das causas urgentes” e o João Bobo. Os membros das ACIs de Canoas, Nova Santa Rita, Esteio, Sapucaia, São Leopoldo e Portão tiveram atuação importante, participando de todos os eventos programados. A Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul (Federasul) apoiou o movimento BR LIVRE.87 Em 2009, no 7º Congresso das Entidades filiadas à Federasul com o tema “Caminhos para o crescimento”, foi apresentada a BR Livre como Campanha BR LIVRE - Entrega de panfletos na BR-116

141


Campanha BR- LIVRE. Panfletos.

um dos case de sucesso da união das entidades de classe.88 Em maio de 2009, as ACIs foram informadas sobre o andamento das obras e a proximidade da licitação para a rodovia do parque e do viaduto da Unisinos e o início de obras da ponte sobre o rio Gravataí.89 Para os associados e demais empresas, a CICS retomou evento já desenvolvido por outras diretorias — a “Rodada de Negócios” —, reunindo empresários de diferentes setores. Cada participante apresentava sua empresa, produtos e serviços, tendo a oportunidade de fechar negócios ou trocar informações para futuras negociações. A cada edição, participavam 49 empresas. A intenção da Diretoria era a de realizar o evento a cada dois meses, seguindo modelo da Câmara Americana de Comércio.90 Um dos destaques desse período foi a participação da CICS na Regional da Federasul do Vale do Sinos, que reúne entidades dos municípios de Canoas, Nova Santa Rita, Esteio, Sapucaia do Sul, São leopoldo, Portão, Novo Hamburgo, Campo

142

Bom, Estância Velha e Sapiranga. a partir desse espaço, a CICS atua, juntamente com os demais integrantes, na defesa dos interesses dos seus associados e das comunidades do Vale do Sinos. O trabalho com as questões sociais perpassou as duas gestões de Paulo Fritzen como presidente da CICS. A entidade incentivou, juntamente com o Unilasalle, a criação do Banco de Alimentos91 de Canoas, o qual foi lançado, formalmente, em reunião almoço realizada em 28 de Novembro de 2007, com a presença de Paulo Tigre, presidente da Fiergs e apoio da Refinaria Alberto Pasqualini (REFAP). A proposta é a de ser uma extensão da entidade em nível estadual.92 Em seus primeiros tempos, a entidade utilizava como sede, imóvel na Rua Florianópolis, 225, Bairro Mathias Velho e era presidida por Stela Maris Hermann, coordenadora do curso de Nutrição do Unilasalle. Um ano após sua fundação, o Banco já atendia 36 entidades.93 Sua diretoria reuniu-se em sala da CICS até a inauguração de sua sede nova, em junho de 2009, situada na Rua Expedicionário, 182, Bairro


Nossa Senhora das Graças. Vale ressaltar que o diretor Gildo Viegas Tavares foi o primeiro Presidente do Conselho de Administração.94 Ainda, no que tange à responsabilidade social, a “Parceiros Voluntários”, continuou com seus projetos, com voluntários trabalhando dentro de empresas, em programas para jovens, como o “Voluntariado na Escola”, destinado a estudantes de Ensino Médio e o “Tribo nas Trilhas da Cidadania”, buscando desenvolver a cultura do voluntariado. Desde 2004, a “Parceiros” apóia as ações da “Rede Nós Voluntários” e desde 2005, a “Rede Social Empresarial”. Entre as ações desenvolvidas pela “Rede Nós Voluntários” pode-se citar: participação e representação no Fórum de Entidades e o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (COMDICA); realização do projeto “Noite dos Sonhos”, beneficiando meninas da comunidade; realização de cursos para a comunidade; apoio ao projeto “Se Essa Rua Fosse Minha”. A Rede Social Empresarial, composta por cerca de 20 empresas apoia projetos como: “Amigos do Local”, “Levando Sorrisos”, “Construção da Associação de Moradores Santa Isabel”, incluindo

2009-2011 Eleição: 27/5/2009 Presidente

Presidente: Paulo Ricardo Fritzen

Vice-Presidente

Para Assuntos de Indústria: Simone Leite Para Assuntos de Comércio: Cristiane Tietze Para Assuntos de Serviços: Roberto Ferreira Pansera Para Assuntos de Patrimônio: Eltamar Salvadori Para Assuntos Comunitários: Maria da Graça Galinatti Flach Comunicações e Marketing: Mara Fernanda Kulpa Amaro

Primeiro Secretário

Gildo Viegas Tavares

Segundo Secretário

Luis Carlos Stefani

Primeiro Tesoureiro

Luiz Fernando Sant’Anna da Silva

Segundo Tesoureiro

Daniel Lottici

Diretor

Vicente João Brígido

Diretor

Izar Müller Behs

Conselho Fiscal Efetivos

José Raimundo Leandro Cobalchini Tarso Zanatta

Suplentes

Sérgio Mallman Eugênio Carlos Brigzinsky da Cunha Jairo Roni Santos

Banco de Alimentos. Inauguração da Sede.

143


nesse rol as iniciativas das organizações sociais da “Rede Nós Voluntários”. Em outubro de 2007, a partir de dados levantados em pesquisa da ONG “Fórum RS”, o grupo decidiu atuar mais fortemente em relação aos problemas sociais de Canoas. Surgiu, então, o projeto “Se essa rua fosse minha”, em parceria com a Associação Comunitária do Bairro Mato Grande, com o objetivo de trabalhar em conjunto com os moradores da Rua Norte do Dique, na maioria recicladores de lixo, os quais habitam região considerada área invadida, cuja situação de miséria extrema dura a cerca de 30 anos.95 Maria da Graça Galinatti Flach, Vice-Presidente para Assuntos Comunitários informa que a “Parceiros Voluntários é o braço social da CICS”, trabalhando através da “inclusão pela capacitação de pessoas em situação de risco.96 A CICS incentiva, também, pequenos empreendedores, promovendo palestras, cursos e encontros como os realizados para empresários que querem iniciar ou já possuem micro e pequenas empresas. Nos mutirões de empreendedorismo, os empresários podem fazer contato direto com entidades e órgãos governamentais. Os parceiros da CICS, nesses eventos são o Banco do Brasil, SEBRAE, Receita Federal, Fenacon, governos municipal e estadual e órgãos federais. Os participantes recebem informações sobre treinamentos, como aumentar a produção, conquistar novos mercados e ter acesso a recursos mais baratos para linhas de crédito e investimentos financeiros.97 Roberto Pansera relata que desde a gestão de Zenon Leite Neto, as diferentes diretorias têm trabalhado no sentido de integrar o pequeno empresário, abrindo espaço para que o mesmo se reconheça incluído no universo empresarial. As iniciativas da CICS com esse movimento fizeram com que, por exemplo, “o setor de padarias se desenvolvesse em Canoas, tendo a cidade hoje, excelentes esta-

144

belecimentos e representantes seus nas diretorias de entidades de classe”.98 A Diretoria, ao longo dos dois mandatos, promoveu inúmeras oportunidades para o empresariado e interessados em geral tomarem conhecimento de temas de importância social, política, econômica e cultural, bem como possibilidades de desenvolver novos conhecimentos a partir dos seguintes eventos: café da manhã, reunião almoço, workshop e happy hour. Entre outros temas, foram debatidas questões sobre segurança com Enio Bacci, secretário de Segurança Pública do Rio Grande do Sul (2007); apresentação de programa de governo com candidatos à Prefeitura Municipal de Canoas (2008); Reforma Tributária com Germano Rigotto (2008); sobre o sistema de Notas Fiscais Eletrônicas implantado pelo governo estadual (2009); saúde da mama com a Dra. Mara Caleffi; importância da comunicação com a escritora Lya Luft; autoestima do canoense com o Prefeito Jairo Jorge da Silva.99 Importante evento que desde 2001 alcança cada vez maior ressonância na comunidade é o prêmio “Marcas & Líderes”, chegando à sua nona edição consecutiva em 2009, com 95% de grau de confiabilidade. A cada ano novas categorias, além dos segmentos normalmente premiados, têm sido integradas à premiação, entre elas, autoescola, empresa de segurança, floricultura, funerária, gráfica, escola de educação infantil e farmácia de manipulação. Homenageados e convidados especiais, ao longo desse tempo, têm sido recebidos em jantar especial no salão da CICS. A parceria entre a Entidade, a Universidade Luterana do Brasil e o “Diário de Canoas” se coloca como motivador de empresas locais para investirem, a fim de que, cada vez mais, sua marca seja consolidada junto à comunidade.


Reuniões-almoço. 2010.

A CICS tem tido, ao longo das décadas de 1990 e 2000, participação representativa em Conselhos Municipais, lutando pelo desenvolvimento social do Município, tema fundamental para a classe empresarial. Um dos destaques desse período é a participação da CICS na Regional do Vale dos sinos da Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul (Federasul), a qual reúne Entidades dos Municípios de Canoas, Nova Santa Rita, Esteio, Sapucaia do Sul, São Leopoldo, Portão, Novo Hamburgo, Campo Bom, Estância Velha e Sapiranga. A partir desse espaço, a CICS atua, juntamente com os demais integrantes, na defesa dos interesses dos seus associados e das comunidades do Vale dos Sinos. Destacam-se as ações da CICS como membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social de Canoas, também conhecido como Conselhão. Esse é presidido pelo Prefeito Muni-

cipal, com membros da sociedade civil, comunidade, empresariado, representantes da igreja, de sindicatos e de instituições de ensino. Seu projeto foi inspirado no Conselho Nacional de mesmo nome, criado em 2003, pelo Presidente Lula. Nas suas reuniões, realizadas no salão da CICS, são discutidas e avaliadas as mais diversas pautas que dizem respeito ao desenvolvimento e questões gerais do município. Atenta aos interesses da classe empresarial, diante da possibilidade de retorno da cobrança da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), a CICS foi uma das primeiras entidades gaúchas a manifestar o seu descontentamento. Através da Vice-presidência Regional da Federasul, foi organizado um protesto contra o ressurgimento do novo tributo, com a distribuição de panfletos e adesivos junto à BR-116, realizado ao final de novembro de 2010. A manifestação, realizada em parce-

145


Campanha contra retorno da CPMF

ria com a Federasul, recebeu um grande apoio

Jairo Jorge, o Presidente da Federasul, José

da comunidade e mostrou, de forma prática, a

Paulo Dornelles Cairoli, e vários ex-presidentes

inconformidade da classe empresarial contra o

da entidade.

aumento da carga tributária.

Paulo Fritzen lembrou-se da honra em fazer

Em janeiro de 2010, a CICS iniciou as co-

parte da história da CICS, fundada dois dias após

memorações dos 70 anos de sua história. O

o primeiro Prefeito de Canoas tomar posse, quan-

marco inaugural foi um coquetel realizado no

do da instalação do Município em 1940. Desde

Salão Nobre, quando houve o lançamento do

o primeiro presidente, Arthur Pereira de Vargas,

Calendário de Eventos, da pesquisa para a ela-

até 2011, a Entidade sempre esteve envolvida em

boração de livro memorial e do concurso cul-

todos os grandes momentos do Município, par-

tural para criação de nova logomarca. Também,

ticipando de campanhas, de conselhos e se colo-

na ocasião, ocorreu a inauguração da Exposi-

cando à frente na solução de problemas, desta-

ção “CICS - 70 anos de história” e homenagem

cou o presidente. Ainda em seu discurso, Fritzen

aos ex-presidentes. Paulo Fritzen, Presidente

declarou: “minha fala pode ser resumida em três

da CICS em 2011, ressaltava que “estas come-

partes: quem nós somos, o que nos trouxe aqui

morações são justas e merecidas para quem

e para onde vamos. Na primeira parte fazemos

participou de uma história de muita luta, in-

uma reflexão de nosso atual papel, no segundo

cluindo pessoas que doaram seu tempo para

exaltamos o pioneirismo e a coragem de todos

ajudar no desenvolvimento do empresariado e

que fizeram parte desta história. Já na terceira,

100

de Canoas” . Além da comunidade empresa-

novamente nos colocamos à disposição de Canos

rial, estavam presentes o Prefeito de Canoas,

em busca de novos investimentos, de busca pela

146


tecnologia e inovação, participando sempre em busca de melhorar a vida de todos”101. O momento da homenagem aos ex-presidentes foi de grande emoção, pois ali estavam muitos dos que dirigiram a Entidade ao longo dos seus 70 anos e representantes daqueles já falecidos. Foi entregue uma medalha comemorativa exaltando o trabalho de todos que fizeram parte da história da CICS. “Nossa Entidade tem muito para comemorar, com sua atuação consolidada nestes 70 anos vem ajudando muito o desenvolvimento de Canoas. Acredito que neste momento o mais importante é lembrar o trabalho da CICS e das pessoas que fizeram e fazem parte desta bela história”, discursou Zenon Leite, presidente do Conselho dos Ex-presidentes. Presidente da CICS nos anos 1960, Moisés Machado, era o mais antigo mandatário da entidade presente ao coquetel. Ele veio especialmente de Bombinhas, Santa Catarina, para prestigiar o aniversário. “Sou muito grato à CICS e à Canoas, pois vim para cá estudar e aqui construí minha vida, casei, fui Juiz de Direito e presidi esta grande entidade. Desde minha gestão, no ano de 1960, vejo com orgulho aonde a CICS chegou”102. A obra histórica CICS: História & Ideais, reconstruindo as 7 décadas de vida da entidade, foi lançada em 16/03/2011, no Salão Nobre, contando com a presença de diversas autoridades, associados e convidados. Findas as celebrações, temas recorrentes voltaram às pautas das reuniões: rebaixamento do Trensurb, RS-010, RS-118, nota fiscal eletrônica, ocupação das margens da BR-448, Distrito Empresarial Guajuviras e mais cartórios em Canoas. Sobre a questão do rebaixamento, esta foi debatida na reunião do COMUDE e na do Fórum das Entidades, sendo retomada diversas vezes até o fim da gestão de Paulo Fritzen. Em maio de

2011, um Blog iniciava a campanha “O muro tem que cair para Canoas se unir”!103 Para Paulo Fritzen, durante o período 20072009 e 2009-2011: procurou-se estratificar um pouco mais a composição da diretoria com representantes da indústria, comércio e serviços, de empresas grandes, médias e pequenas. Houve um processo de convencimento dos associados, buscando o equilíbrio na diretoria. Hoje compomos a diretoria com empresárias e empresários de diferentes idades. Essa nova composição heterogênea trouxe novas ideias e a partir daí fizemos nosso planejamento estratégico. Além do aspecto político empresarial, resolvemos focar nas questões intramuros. Esta gestão procurou, também, manter as conquistas atingidas por outras diretorias. Começamos a participar mais ativamente da Federasul, sendo que na gestão 2008 tivemos um representante de Canoas e na gestão 2010, temos quatro representantes. Estamos nos relacionando mais com as ACIs da Região, reunindo-nos uma vez por mês, quando elencamos problemas de caráter individual e coletivo das entidades, levando-os à Federasul. Um dos problemas comuns é o da BR-116.104

A gestão de Paulo Fritzen findou em maio de 2011. Algumas das antigas lutas da CICS foram finalizadas durante os seus dois mandatos, outras ainda demandarão esforço e dedicação dos membros da Diretoria, a fim de que empresariado e comunidade continuem a viver cada vez melhor e a valorizarem Canoas. O que o futuro reservava para a entidade é outra história que se começa a contar a partir da década 2011-2019 quando a CICS se encaminha para os seus 80 anos de existência.

147


Notas

24

Diário de Canoas, 6/7/1995. Acervo da CICS.

25

Diário de Canoas, 11/8/1995. Acervo da CICS.

1

Folha de Canoas, 4/6/1991. Acervo CICS.

26

O Timoneiro, out./1995.

2

Jornal O Lojista, maio/1991. Acervo da CICS.

27

Diário de Canoas 24/2/1996.

Relatório de gestão, 1989/1993, p. 2. Acervo CICS.

28

Diário de Canoas, 27/8/1995.

FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA – FEE. FEEDADOS. Disponível em: http://www.fee.rs.gov.br/feedados/consulta/menu_consultas.asp?tp_Pesquisa=var_Anual Acessado em: 03/06/2010.

29

Diário de Canoas, 21/11/1996. Acervo da CICS.

30

Diário de Canoas, 29/2/1996. Acervo da CICS.

31

Relatório de Gestão 1995-1997 e 1997-1999. Acervo da CICS.

32

Diário de Canoas, 21/12/1998. Acervo da CICS.

33

Relatório da Gestão 1995/1997 e 1997/1999. Acervo da CICS.

34

Diário de Canoas, 27/11/1998. Relatório da Gestão 1995/97 e 1997/99. Acervo CISCS.

35

BR 116, janeiro/1999. Diário de Canoas, 1º/6/1999. Diário de Canoas, 9/3/1999. Acervo da CICS.

36

Relatório de Gestão 1995/1997 e 1977/1999. Acervo da CICS.

37

Relatório de Gestão 1995/1997 e 1977/1999, p. 3. Acervo da CICS.

38

Diário de Canoas, 16/2/2000. O Timoneiro, 21/7/2000. Acervo da CICS.

39

Diário de Canoas, 10/5/2000. Acervo da CICS.

40

O Timoneiro, 11 a 17/8/2000. Acervo da CICS.

41

Diário de Canoas, 9/8/2000 e 9/10/2000. Acervo da CICS

42

Diário de Canoas, 9/10/2000. Acervo da CICS.

43

Em 1995, a Lei nº 10.427/95 revogou a Lei nº 8.786/88, autorizando o Poder Executivo a doar ao município de Canoas a área de 558,4580 ha. A partir de então, a Prefeitura Municipal de Canoas passou a chamar esta área de Complexo Ambiental Guajuviras. Através do Art. 2º, esta lei instituiu que o referido imóvel deveria ser aproveitado pelo município donatário para a implantação de um Parque de Lazer e Preservação Ambiental em 80% da área (446,7664 ha), permitindo que os 20% restantes (111,6916 ha) fossem destinados à implantação do Distrito Industrial. A partir do surgimento desta legislação, a FEPAM pronunciou-se no sentido de prestar assessoramento à Prefeitura na definição da localização mais adequada para a implantação do Distrito Industrial e do Parque de Lazer e Preservação Ambiental. No ano de 1995, a FEPAM aceitou a instalação do distrito industrial na área, desde que fosse apresentado um EIA-RIMA para o licenciamento ambiental de tal empreendimento e, além disso, que fosse implementado o Parque propriamente dito. Tendo tomado conhecimento da existência de estudos anteriormente realizados na área, a FEPAM apontou a necessidade de atualização de tais informações. Então, em 1996, a Prefeitura Municipal de Canoas promoveu a atualização dos dados ambientais realizados em 1985 referentes à área, encaminhando os resultados à FEPAM. Em 1998, a FEPAM solicitou formalmente à Prefeitura Municipal de Canoas, manifestação quanto ao atendimento do estabelecido na Lei Estadual nº 10.427 de 10/07/95. Neste ano, a Prefeitura Municipal de Canoas comunicou à FEPAM através do ofício nº 119/98/SMPU/GS/AE, que o EIA-RIMA não havia sido executado por falta de verba, embora o edital e o termo de referência para a implantação do Distrito Industrial estivessem prontos e devidamente readequados, conforme apontamentos feitos pela própria FEPAM. Em resposta à soli-

3 4

5

6

Paulo Fritzen. Aspectos da Importância da CICS no Crescimento de Canoas. Entrevista em Junho de 2010. Paulo Fritzen. Aspectos da Importância da CICS no Crescimento de Canoas. Entrevista em Junho de 2010.

7

O Timoneiro, 24 a 30/12/1993. Acervo da CICS.

8

O Timoneiro, Caderno Especial CICC, Canoas, 21/5/1993. Acervo da CICS.

9

O Timoneiro, 7 a 13/5/1993. Acervo da CICS.

10

Reinaldo Sbardelotto. Entrevista em 24/5/2010. Acervo da CICS.

11

Ata de Reunião de Diretoria, 14/3/1994 e 28/3/1994. Acervo da CICS.

12

Ata de Reunião de Diretoria, Jan./1995. Acervo da CICS.

13 14 15

Reinaldo Sbardelotto. Entrevista em 24/5/2010. Acervo da CICS. Folha de Canoas, 27 de maio de 1994. Acervo da CICS. Ata de reunião de Diretoria, janeiro/95. Acervo da CICS.

16

Ata de reunião de Diretoria, 25/4/94. Acervo da CICS.

17

Reinaldo Sbardelotto. Entrevista em 24/5/2010. Acervo da CICS. Ricardo Brandalise. Entrevista em 22/5/2010. Acervo da CICS.

18

A Junior Achievement é a maior e mais antiga organização de educação prática em economia e negócios, registrando o mais rápido crescimento em todo o mundo. Criada nos Estados Unidos, em 1919, por Horace Moses e Theodore Vail, presidentes da Strathmore Paper Company e da AT&T, respectivamente, é uma fundação educativa sem fins lucrativos, mantida pela iniciativa privada. O objetivo da Junior Achievement é despertar o espírito empreendedor nos jovens, ainda na escola, estimular o desenvolvimento pessoal, proporcionar uma visão clara do mundo dos negócios e facilitar o acesso ao mercado de trabalho. Oferece programas de educação econômico-prática e experiências no sistema de livre iniciativa, através da parceria entre escolas e voluntários da classe empresarial que dedicam parte de seu tempo ensinando e compartilhando suas experiências com os alunos. Atualmente, mais de 100 países aplicam seus programas, que beneficia 7 milhões de jovens ao ano. Disponível em http://www.jars.org.br/rs/index. php?option=com_content&id=3507&&task=view&Itemid=76&menu_pai=73

19

Ata de reunião de Diretoria, 9/5/1994. Acervo da CICS.

20

Folha de Canoas, 29 de agosto de 1997.

21

Reinaldo Sbardelotto. Entrevista em 24/5/2010. Acervo da CICS.

22

Diário de Canoas, 26/6/1995. Acervo da CICS.

23

Ricardo Brandalise. Entrevista em 22/5/2010. Acervo da CICS. Relatório de Gestão 1995/1997 e 1997/1999. Acervo da CICS.

148


citação da Prefeitura, quanto aos mecanismos que seriam aceitos nos processos industriais do Distrito, em maio de 1999 a FEPAM novamente informou que o mesmo deveria ser licenciado através do EIA-RIMA, e que as exigências sobre a regulamentação dos processos industriais a serem utilizados neste distrito somente seriam feitas após a avaliação do Estudo de Impacto Ambiental. Tais especificações estariam então, relatadas na futura Licença Prévia, caso a FEPAM julgasse viável a implantação do empreendimento. Em 01/06/2001, através da Lei nº 4.541/01 a área em questão passou a denominar-se oficialmente “Parque Municipal Fazenda Guajuviras”. Disponível em http://www.busatocanoas.com.br/cidades/ fazendaguaju.php 44

Diário de Canoas, 28/3/2000. Acervo da CICS.

45

Diário de Canoas: 17/3; 12/4; 8/7; 30/8/2000. Jornal do Comércio, 4/12/2000. Acervo da CICS.

46

Diário de Canoas, 7/12/2001. Acervo da CICS. Sobre o EIA-RIMA ver: SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO. Estudo de Impacto Ambiental (EIA) “Distrito Industrial Guajuviras”. Canoas: ago. 2003. 1CD ROM

47

Jornal da CICS, maio/2002. Acervo da CICS.

48

Fonte: Planilhas das Pautas de Reuniões do Fórum. Acervo da CICS.

49

Marcas e Líderes. Caderno Especial. Diário de Canoas, 28/08/2002, p. 2. Acervo da CICS.

50

Roberto Ferreira Pansera. Entrevista em 9/9/2010. Acervo da CICS.

51

Zenon Leite Neto. Entrevista em 6/7/2010. Acervo da CICS.

52

Zenon Leite Neto. Entrevista em 6/7/2010. Acervo da CICS.

53

Jornal da CICS, julho /2002. Acervo da CICS.

54

Zenon Leite Neto. Entrevista em 6/7/2010. Acervo da CICS.

55

Correio de Notícias, 19/9/2003. Diário de Canoas, 12/09/2003. Diário de Canoas, 26/9/2003. Diário de Canoas, 30/9/2003. Acervo da CICS.

56

Diário de Canoas, 30/9/2003. Acervo da CICS.

57

Diário de Canoas, 11/11/2003. Acervo da CICS.

58

Diário de Canoas, 8/9/2003. Acervo da CICS.

59

Diário de Canoas, 4/10/2003. Acervo da CICS.

60 61

73

Diário de Canoas, 13/6/2005.

74

Liberty Conter. Entrevista em 19/7/2010. Acervo da CICS.

75

Jornal da CICS, Maio/Junho de 2006. Acervo da CICS.

76

Idem.

77

Diário de Canoas, 7/6/2005.

78

Diário de Canoas, 28/06/2005. Acervo da CICS.

79

Jornal da CICS, Maio/Junho de 2006. Acervo da CICS.

80

Jornal da CICS, Maio/Junho de 2006. Acervo da CICS.

81

O Município e a Corsan assinaram (14/12/2006), a pedido do Ministério Público, um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que prevê a municipalização do sistema de tratamento e coleta de esgoto. Pelo acordo, a Corsan continuará com a distribuição e abastecimento da água tratada, enquanto que a execução e gerenciamento do sistema de esgoto estará totalmente a cargo do município. A assinatura do TAC foi originada a partir do grande número de processos existentes contra a Corsan pelo não cumprimento de cláusulas do contrato de concessão dos serviços de água e esgoto em Canoas. O contrato foi assinado em 1997 e concedia o período de 20 anos na exploração dos serviços pela estatal. Ver www.canoas.rs.gov.br/site/noticias/Noticia.asp?notid=2493

82

Diário de Canoas, 3/1/2007. Acervo da CICS.

83

http://www.diariodecanoas.com.br/site/noticias/geral,canal-8,ed-60,ct-501,cd-208485.htm

84

Informativo Eletrônico da CICS nº 17, 25/09/2009. Disponível em www.cicscanoas.com.br

85

http://www.jornalnh.com.br/site/noticias/policia,canal-8,ed-6,ct-502,cd-255144.htm http://www.athcsm4.com.br/otimoneiro/ principal/ShowSECAO.asp?var_chavereg=2759

86

Jornal De Fato. Ano 12 N° 530- Nova Santa Rita, 13 a 19 de Novembro de 2008. Acervo da CICS. Simone D. Leite. Entrevista em 12/11/2010. Acervo da CICS.

87

Diário de Canoas, 27/11/2008; 3/12/2008; 5/12/2008; 9/12/2008. VS, 17/12/2008 e 19/1/2009. NH, 17/12/2008. Acervo da CICS.

88

NH, 30/6/2009. Acervo da CICS.

89

Diário de Canoas 1º/5/2009. Acervo da CICS.

90

Diário de Canoas, 17/4/2009. Acervo da CICS.

91

O Banco de Alimentos é uma organização da Sociedade Civil de Interesse Público, criado no ano de 2000, no Conselho de Cidadania da FIERGS No Estado do Rio Grande do Sul, já existem Bancos em Porto Alegre, Pelotas, Caxias do Sul, Guaíba, Canoas, Vale do Sinos, Viamão, Camaquã, Santana do Livramento e Imbé. No primeiro semestre de 2009, serão implantados novos Bancos em Rio Grande, Gravataí, Cruz Alta e São Gabriel. Foi inaugurado em 2008, um novo Banco de Alimentos, no Estado do Rio de Janeiro, o primeiro Banco Social criado fora do Rio Grande do Sul. A iniciativa do Banco de Alimentos representa o combate à desnutrição e a obesidade, traduzindo-se em mais saúde, bem-estar, menor evasão e melhor assimilação na escola, diminuição da violência, maior inclusão social, mais respeito, mais dignidade, mais cidadania para o povo. Disponível em http://www.bancodealimentosdecanoas.org.br/index.asp?id_pag=2

92

Diário de Canoas, 26/11/2007. Acervo da CICS.

Diário de Canoas, maio/2004. Acervo da CICS. Diário de Canoas, 21/11/2004. Acervo da CICS.

62

Jornal da CICS, Maio/Junho de 2005. Acervo da CICS.

63

Diário de Canoas, 26/5/2004. Acervo da CICS.

64

Diário de Canoas, 20/5/2004. Acervo da CICS.

65

Diário de Canoas, 29/10/2004. Acervo da CICS.

66

Diário de Canoas, 26/11/2004. Acervo da CICS.

67

Parceiros Voluntários Canoas. Disponível em http://www.parceirosvoluntarioscanoas.org.br/

68

Diário de Canoas, 16/10/2003; 18/11/2003; 15/6/2004. Acervo da CICS.

69

Diário de Canoas, 29/6/2004. Acervo da CICS.

70

Diário de Canoas, 19/1/2005 e 25/1/2005. Acervo da CICS.

71

Diário de Canoas, 27/4/2005. Acervo da CICS.

72

Jornal da CICS, Maio/Junho de 2006. Acervo da CICS.

149


93

Diário de Canoas, 1º/12/2008. Acervo da CICS.

99

94

Diário de Canoas, 5/6/2009. Acervo da CICS.

100

Paulo Fritzen. Entrevista. Janeiro de 2011.

95

Parceiros Voluntários. Disponível em http://www.parceirosvoluntarioscanoas.org.br/

101

Paulo Fritzen. Discurso de lançamento das comemorações pelos 70 anos da CICS. Janeiro de 2011. Acervo da CICS.

96

Maria da Graça Galinatti Flach. Entrevista em 15/9/2010. Acervo da CICS.

102

Moisés Machado. Entrevista. Janeiro de 2011. Acervo da CICS.

103

Disponível em https://omurotemquecairparacanoasseunir.wordpress.com/

104

Paulo Fritzen. Entrevista. 04/07/2019. Acervo da CICS.

97

Diário de Canoas, 20/11/2007. Acervo da CICS.

98

Roberto Pansera. Entrevista em 9/9/2010. Acervo da CICS.

Conjunto Comercial. 2009.

150

Informativos da CICS, 2007/2008/2009. Acervo da CICS


Vista aĂŠrea de Canoas. 2009

151


152


7

Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Canoas: diversidade de visões, unidade no associativismo

2011-2020

CICS: Uma história de liderança, de posicionamento e de participação na vida empresarial, social, política, econômica e cultural, em termos locais e regionais. 153


Ao iniciar a narrativa histórica sobre a oitava década de existência da CICS, cabe trazer uma

associados e afeta a comunidade, não só da cidade, mas também de toda a região.1

palavra de seu Presidente Gildo Viegas Tavares (gestão 2018-2019): [...] a CICS é uma entidade multisetorial e aí reside a sua riqueza. Envolve o serviço, o comércio e a indústria. Temos aqui uma composição de pessoas, dos diversos setores que trazem visões diferentes. O nosso desafio, então, é mesclar essas visões e tentar fazer um trabalho com essa diversidade. É um papel importante da nossa entidade — aglutinar essas forças porque elas se complementam. O que se busca, também, é propiciar negócios entre esses segmentos, entre os associados, entre os membros da Diretoria e da comunidade. O trabalho da entidade ultrapassa os

Simone Leite, presidente da CICS (2011-2013).

154

Desde a sua criação em 1939, a entidade pautou-se pelo ideal de auxiliar a construir em Canoas um bom lugar para se viver, para se trabalhar e criar negócios. Também, ao longo do tempo, suas diretorias se mobilizam pela criatividade e inovação, em meio aos diferentes cenários sociopolíticos e econômicos do Brasil. A CICS nasceu como Associação Comercial em um povoado recém-transformado em município, que chega aos seus oitenta anos de emancipação com 346.616 habitantes (população estimada pelo IBGE), com particularidade importante: Canoas apresenta uma participação superior do segmento industrial frente ao seu PIB. Em 2016, por exemplo, a participação da indústria no PIB de Canoas chega a ser de 25,25pp superiores ao do RS neste mesmo ano. Já o setor serviços, incluindo administração, defesa, educação, saúde pública e seguridade social, apresenta uma notável participação nunca inferior a 40%, chegando a 83% em 2013. Tanto no Brasil quanto no Rio Grande do Sul, estes percentuais não excedem 56%. Naqueles tempos longínquos de 1940, o município contava com um frigorífico, armazéns de secos e molhados, olarias, cultivo de arroz e hortifrutigranjeiros, fábrica de móveis, comércio ambulante, farmácia, fábrica de óleos e graxas, de garrafas, de esquadrias, de caixas impermeabilizadas, de bebidas, que contabilizavam cerca de 1600 operários. Em 2019, os segmentos que compõem o seu perfil econômico são: agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura; indústrias de transformação; comércio; reparação de veículos automotores e motocicletas; alojamento e alimentação; atividades administrativas e serviços


Vista de Canoas. Década de 2010.

complementares. A cidade cresceu e a antiga Associação Comercial também, passando a abranger a indústria e os serviços e reinventando-se ao longo de sete décadas. A CICS chegava aos anos 2010, com mais uma inovação: a primeira mulher em sua presidência. Simone Leite, a então presidente eleita informa que:

dos Sinos. Em 2008, depois que nós fizemos uma grande campanha em relação à construção da BR 448 e não pedagiar a BR 116 — o movimento BR Livre — eu acabei tendo um destaque na comunidade aqui de Canoas e,

Vista de Canoas. Década de 1910.

Quando eu cheguei a Canoas, no ano de 2000, eu me deparei com uma cidade onde não havia vereadora, secretária municipal. Nunca havia tido uma prefeita. Nas entidades de classe eram só os homens. A gente percebia que as mulheres tinham pouco envolvimento com questões políticas e empresariais. Fui Diretora Social da CICS, na gestão do Luiz Roberto Steinmetz (2005-2007). Depois, na gestão do Paulo Fritzen (2007-2009; 2009-2011) eu assumi a Vice-Presidência de Indústria e fui me envolvendo também com questões da FEDERASUL. Entre 2011 e 2013, fui Vice-Presidente da Regional dessa entidade no Vale do Rio

155


2011-2013 Eleição em 25/05/20112 Presidente

Simone Diefenthaeler Leite

Vice-presidente do Comércio

Miriam Rosa Moschetta

Vice-presidente de Serviços

Roberto Pansera

Vice-presidente de Comunicação e Marketing

Cristiane Tietze

Vice-presidente Comunitário

Maria da Graça Galinatti Flach

Vice-presidente de Patrimônio

Eltamar Salvadori

1º Tesoureiro

Vicente João Brígido

2º Tesoureiro

Marcos Negrini Gonçalves

1º Secretário

Gildo Viegas Tavares

2º Secretário

Arno Engel

Conselho Fiscal

Daniel Lottici

Conselho Fiscal

Luiz Fernando Sant’Anna

Conselho Fiscal - suplente

Luiz Carlos Stefani

Conselho Fiscal – suplente

Leandro Cobalchini

Conselho Fiscal – suplente

Tarso Zanatta

Diretor

Alexandre Holz

Diretor

Anderson Klein

Diretor

André Henrich

Diretor

Antônio Benin

Diretor

Carlos Alberto Carvalho

Diretora

Claíta Magnani

Diretor

Eugenio B. da Cunha

Diretora

Fabíola Eggers

Diretor

Francisco Biazus

Diretor

Giovane Martins da Costa

Diretora

Izar Muller Behs

Diretor

Jerri Bertoni

Diretor

José Luis Raymundo

Diretora

Keli Cristina Sangalli

Diretor

Luis Antonio Possebon

Diretor

Luiz Antonio Gobbo

Diretor

Luiz Ricardo Böttcher

Diretor

Manoel Renê Mesquita

Diretora

Mara Fernanda Kulpa Amaro

Diretora

Maria Delurdes Andrade

Diretor

Rafael Campos da Silveira

Diretor

Rodrigo Koch Brandalise

Diretor

Vilson Fachi

Diretor

Ricardo Willy Rieth

156

ao final da eleição de 2008, o então prefeito eleito, Jairo Jorge, me convidou para assumir a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, pela liderança, pela participação. Isso tem muito a ver com a história da CICS. Nesta gestão como Secretária de Desenvolvimento Econômico, conseguimos colocar em prática as crenças dos empresários, que é a redução da carga tributária. Nós reduzimos a carga tributária do ISSQN e ampliamos a arrecadação. Nós criamos o escritório do empreendedor que é um espaço que até hoje existe, centralizando, todas essas demandas de empreendedores. Nós criamos o fundo de desenvolvimento econômico para empresas que querem se instalar na cidade ou aquelas que querem permanecer e estão ampliando suas atividades e faturamentos e um trabalho muito forte que fizemos foi o do Parque Canoas de Inovação – CICS e Prefeitura Municipal trabalhando juntas.

A Diretoria da CICS, por ter um plano estratégico complexo, precisou organizar-se montando uma estrutura com um número maior de membros – uma Diretoria Ampliada – com representantes de diferentes segmentos. Já nos primeiros momentos de sua gestão, Simone desencadeou ações estratégicas para superar os desafios da nova década que se iniciava, quando a entidade se consolidava como agente de mudança, representatividade demarcada desde os anos 1990, estreitando laços com outras associações e federações, ampliando a qualidade dos serviços prestados aos associados e reforçando cada vez mais a responsabilidade social.

CICS: pertencimento e mobilização3 Na segunda reunião de Diretoria de sua primeira gestão como presidente da CICS, Simone


Leite trouxe Paulo Di Vicenzi, da Qualidata, que apresentou resultados da pesquisa Ranking de Atratividade dos Municípios Gaúchos: em primeiro lugar, estava Caxias do Sul, seguido por Porto Alegre (2º), Rio Grande (3º), Canoas (4º) e Bento Gonçalves (5º). No comparativo de crescimento de atratividade Canoas liderava com um crescimento de 43%, comparado ao ano de 2010. Foi nesse cenário que a CICS se posicionou e concentrou esforços, adotando novas propostas de gestão, com a Diretoria organizando-se por comissões de trabalho, conforme segue na próxima página4. A representatividade da CICS se expandia por meio de atuação junto: à FEDERASUL; ao Conselho Regional de Administração; ao Conselho de Desenvolvimento Econômico (Conselhão, instituído pelo Prefeito Jairo Jorge) discutindo os temas Projeto do Parque Empresarial Guajuviras, Parque Canoas de Inovação e Ações para Recuperação da Saúde; ao CDL, com união de esforços da duas entidades; ao COMUDE, cujas próximas reuniões passariam a ser na CICS; ao Instituto Canoas XXI, participando do seu Conselho Superior; aos Conselhos Municipais e regionais, bem como ao Fórum das Entidades, no qual a CICS ficou como vice-coordenadora.5 A CICS envolveu-se em várias demandas do interesse dos associados como a da Cidade Limpa (regramento de mídias externas em Canoas), tendo em vista que isso poderia afetar pequenas empresas que divulgavam produtos e serviços nas suas fachadas. O Projeto de Lei já estava sendo discutido desde 2009 e alguns diretores e associados entendiam que era radical e que as empresas sofreriam prejuízos na adequação às mudanças. A CICS contribuía com ideias, como a de que uma cartilha para esclarecimentos aos associados e população seria uma forma de auxiliar nas adaptações dos anúncios em fachadas.6

Posse da Presidente Simone Leite (2011-2013).

Outro tema recorrente nas reuniões foi o da criação de serventias extrajudiciais na cidade de Canoas. A partir de pesquisa junto aos associados, esses entendiam que a concorrência poderia trazer melhorias no atendimento desses serviços. No Fórum de Entidades, CDL, OAB, SINDIGÊNEROS, e SIMECAN demonstraram interesse em apoiar o projeto, no entanto, responsáveis por serviços cartoriais foram contrários ao Projeto de Lei relativo à ampliação do número de serventias extrajudiciais, com fundamento no aumento das despesas/ custas. Ocorreram, ainda, diante dos convidados, manifestações contra o projeto por parte da ASSOCI e CREA. A CICS promoveu uma conversa com as demais entidades para alinhar o posicionamento de todas junto ao Fórum das Entidades.7 A CICS, a partir de estratégias para concretizar avanços sociais que interessassem à comunidade em geral e aos associados, adotou postura

157


Comissão Escola Empresarial

Marcas & Líderes

Mobilidade Urbana

Novos Associados *produtos e serviços

Qualidade

Reunião Almoço

Reforma Salão Nobre + 9º andar

Site + Expositores

158

Objetivo Atuar de forma ativa e atrativa na qualificação profissional, considerando a falta de mão de obra qualificada na região; ser a entidade canoense de referência na prestação de serviço; criar o selo de qualidade Canoas, qualificando o comércio e os prestadores de serviço com foco na Copa 2014. Definir as bases legais da parceria entre Diário de Canoas, ULBRA e CICS acompanhar a pesquisa; definir as categorias; definir material gráfico do projeto 2011; definir troféu; Analisar evolução das marcas /empresas nos últimos 10 anos; criar programa de capacitação para empresas de pequeno e médio porte classificadas em segundo e terceiro lugar, oportunizando a elas ações de marketing e estratégias de comunicação e vendas. Identificar os principais problemas da cidade; identificar as soluções que estão definidas para o tema; mobilizar a comunidade canoense em torno do assunto; discutir e propor melhorias a curto, médio e longo prazo; criar na CICS fórum permanente para discussão; construir parceria para busca de soluções. Disponibilizar uma série de produtos e serviços agregando valor à relação CICS x associados; ampliar o número de associados da entidade; criar o cartão de descontos, formando uma rede de parceiros; organizar roteiro de visitas a potenciais novos associados. Recriar o Comitê do Programa Gaúcho de Qualidade e Produtividade (PGQP) na CICS; disponibilizar aos associados ferramentas para auxiliar na gestão de suas empresas; tornar a CICS referência no estado. Consolidar o evento como referência no debate de grandes temas econômicos e sociais da cidade e região, contribuindo para difusão de ideias e informações de questões relevantes para o empresariado canoense; definir nome para o evento; escolha de temas e palestrantes; definir estratégia de MKT para o evento; definir estratégia para distribuição de brindes das empresas associadas; criar a VITRINA - espaço na reunião almoço para apresentação institucional das empresas associadas; definir cardápio. Modernizar as dependências da CICS, valorizando a área física; criar elementos sóbrios e discretos que permitam a utilização do salão nobre para eventos empresariais e sociais; utilizar os recursos tecnológicos disponíveis no mercado; ampliar a sala de reuniões do 9º andar; modernizar a sala da presidência; adequar os banheiros do 9º andar; adequar uma copa próxima a sala de reuniões do 9º andar; modernizar a sala de cursos do 9º andar; redefinir os espaços utilizados pela equipe de colaboradores da CICS; criar um setor de atendimento no térreo, aproximando os associados, fortalecendo a MARCA CICS. Reformular o site da entidade, modernizando e desenvolvendo ferramentas de interação com os sócios da CICS para potencializar seus negócios e gerar conhecimento para seus empreendimentos; criar canais de comunicação via web; desenvolver expositores para instalar na entrada do prédio, disponibilizando o espaço para os associados apresentarem seus produtos; instalar TV na entrada do prédio para divulgar os serviços dos associados.


reivindicatória e propositiva junto às diferentes instâncias governamentais. Um tema que já havia sido tratado em outras gestões e retornava foi o da possibilidade de rebaixamento das linhas férrea e Trensurb. Foi criado um abaixo assinado, com o objetivo de buscar 20.000 assinaturas, a ser entregue em 19 de agosto a fim de ser remetido à Brasília. As entidades se mobilizaram para pressionar o governo, enviando representantes à Brasília para entrega do documento durante visita ao Presidente da Câmara, Deputado Marco Maia.8 Também fez parcerias com Secretarias municipais, abrindo canal junto às Comissões de Trabalho, recebendo Secretários e Diretores para que trouxessem informações sobre suas pastas e pudessem ouvir as propostas da entidade. Dessa maneira, projetos como Parque Canoas Inovação, Parque Empresarial Guajuviras, Polígonos na Cidade, capacitação de empreendedores junto ao SEBRAE, melhoramentos de infraestrutura para os distritos industriais já existentes, entre outros, foram amplamente debatidos em diversas reuniões.9 Seguindo a ideia de modernização do Estado, a CICS recebeu o economista da FIERGS, Igor Moraes e o Deputado Jerônimo Goergen, em evento que a presidente Simone Leite entendeu como histórico na cidade, para que explicassem sobre o projeto Cartilha Plano Brasil Maior. Na ocasião, Igor Moraes apontou os seus principais pontos: Estímulo ao investimento e inovação; Comércio Exterior; Defesa da Indústria e do Mercado Interno. A primeira medida do plano tratava sobre extensão das desonerações tributárias até o final de 2012 e a redução de IPI sob os bens de capital, material de construção e caminhões. No que diz respeito ao segundo item, explanou que existem diversas ações previstas por parte do BNDES, sendo uma delas, a extensão do PSI até dezembro

de 2012 e que essas ações poderiam ser permanentes. O terceiro item das desonerações tributárias refere-se ao Financiamento e Marco Legal de Inovação, informando que há uma intenção de ampliar fiscalização de produtos importados e de maior facilidade de parceria com o exterior, porém é preciso que as empresas de lucro presumido tenham capacidade de se beneficiar. Igor Morais tratou sobre a percepção de inovações pelas indústrias que, segundo dados, mostram avanços nos últimos dez anos. No que diz respeito à segunda medida, Comércio Exterior, existe também uma desoneração nas exportações e que irá haver devoluções de 0 a 3% do valor das exportações de produtos manufaturados e que para anular este impacto basta uma valorização da taxa de câmbio. Para acelerar o ressarcimento de crédito aos exportadores entra em operação o SCC-Sistema de Controle de Crédito, em continuação disse também que o crédito é um direito do exportador. Como última medida principal do projeto, Igor Morais falou sobre a Defesa da Indústria e do Mercado Interno, dando ênfase na Desoneração da Folha de Pagamento. Para finalizar, o economista tratou sobre as formas de se ter um país melhor estável com esforços em quatro ações: cumprir a lei e pagar os créditos de exportação; ajuste fiscal com vistas à redução de carga tributária; resolver o problema da tributação interestadual; fazer o PAC “sair do lugar”.10 A preocupação com as questões sociais se fez presente, a partir da atuação da Parceiros Voluntários11 nos eventos Coquetel e Baile Noite dos Sonhos oferecido para meninas de comunidades carentes de Canoas a cada ano.12 O evento é uma oportunidade para as selecionadas, de poderem realizar seu sonho de participar de uma festa de debutantes. Para tanto, a PV conta com parcei-

159


Maria da Graça G. Flach – Vice-presidente Comunitária (2011-2013).

ros para realização do projeto social. Segundo a Coordenadora da Parceiros Voluntários, os padrinhos são empresários que se mostram bastante envolvidos com o trabalho e que tem a vontade de estar acompanhando o avanço das meninas. Outro projeto é o chamado “Tribos na trilha da cidadania”. Este tem como objetivo, auxiliar aos adolescentes a pensarem nos problemas sociais, desenvolvendo também trabalhos de liderança e em equipe. Ação de grande significado foi o projeto Vila de Passagem, no Bairro Fátima (Canoas), que consistiu em assistência às famílias retiradas da Vila Dique, Paquetá e Canil, em área destinada às obras da BR-448. A STE Serviços Técnicos de Engenharia fez convite à CICS para uma parceria no Programa de Reassentamento Populacional BR-448. A presidente Simone Leite apresentou o projeto que visava a promover oficinas de cursos profissionalizantes para a população local. Maria da Graça Galinatti Flach e a coordenadora dos Parceiros Voluntários, senhora Jeane Kich, foram até a Vila para observar e propor algum

160

trabalho voluntário. Ficou definido que a PV iria acompanhar o projeto e o foco principal de trabalho seriam atividades para as crianças. As famílias estavam vivendo em cerca de 300 módulos habitacionais como morada provisória até serem alojadas em suas próprias residências, a partir de políticas de habitação federais. No local, segundo a coordenadora da Parceiros Voluntários, havia 674 crianças e 322 adolescentes. Um dos objetivos do projeto foi o de proporcionar atividades educacionais a todas as crianças e adolescentes, como: horta comunitária; biblioteca e brinquedoteca; reforço escolar; oficina de esportes, canto e expressão; oficina de brincar; momentos ampliando horizontes e contando o que aprendi. Para tanto, necessitava-se de estagiários e técnicos, materiais multimídia, para que tudo funcionasse como esperado. Seu tempo de duração estava estimado para cerca de dez meses.13 O Hospital Nª Srª das Graças recebeu atenção especial da CICS, a partir de encontros de trabalho e parceria na comemoração dos seus 50 anos. Esse tem enfrentado grave crise, com dívidas acumuladas ao longo dos anos. Em 24/04/12, a CICS promoveu Almoço de Ideias para refletir sobre as necessidades do HNSG. Na ocasião, houve a apresentação do histórico da instituição pela superintendente Marlis Bergmann, suas conquistas, lutas e dificuldades. O presidente da Associação Beneficente de Canoas (ABC), Osório Biazus, e a vice-prefeita de Canoas, Beth Colombo, representando o prefeito Jairo Jorge, relataram as ações desenvolvidas e as campanhas que sempre buscaram engrandecer o Hospital Nossa Senhora das Graças, que atua com 858 funcionários, mais de 150 médicos, 180 leitos pelo SUS (Sistema Único de Saúde), 100 de convênios e 23 leitos destinados para pacientes pós-cirúrgicos, aten-


dendo a 64 convênios. Foi enfatizada a campanha “Hospital Com Mais Saúde”, que convida toda a comunidade a colaborar com valores espontâneos e de acordo com a disponibilidade de cada um, por meio da conta de energia elétrica. A presidente da CICS, Simone Leite declarou que “pela importância que o hospital tem junto à nossa comunidade, nada mais justo do que a CICS abrir este espaço para ressaltar o cinquentenário desta instituição de saúde por onde passaram milhares e milhares de canoenses”.14 Tema de relevância discutido na CICS foi o dos preparativos para que Canoas participasse mais ativamente como cidade a receber participantes da Copa do Mundo de 2014, a realizar-se no Brasil. Atendendo aos seus objetivos de realizar parcerias, a Diretoria recebeu a Secretária Especial da Copa, Rita de Cássia, e equipe que mostraram vídeo sobre a estrutura da cidade para recepção de turistas, mobilização política e de instituições de ensino, entidades e serviços. A Secretária apontou a necessidade de fazer não só reuniões de trabalhos, mas também seminários. A CICS passou a sediar reuniões convidando outras entidades, visando à cidade entrar no circuito da Copa do Mundo, como subsede. Formou-se a “Comissão de Trabalho Qualificação para Copa de 2014”, com os objetivos de sensibilizar, mobilizar e qualificar os empreendedores e comunidade Canoense para ações da Copa. A primeira atividade foi a realização de seminário em 18/11/11 que reuniu diretores da CICS e de outras entidades, juntamente com a equipe da SECOPA. Foi discutido o Seminário do Turismo e o que Canoas precisava ofertar para atender aos visitantes. Subcomissões foram organizadas, como a de Gastronomia, Redes de Ensino, entre outras, com o intuito de sensibilizar a comunidade na atração de turistas.15

Manifestando-se sobre a situação política e econômica do país, a CICS recebeu a presença do presidente da FEDERASUL, José Paulo Dornelles Cairoli, e do prefeito de Canoas, Jairo Jorge, que palestrou sobre reforma política e voto distrital, parceria público-privada e gestão na Prefeitura Municipal. Explicou que o voto distrital aproxima o eleitor do seu representante, e em tempos de crise de representação, o eleitor dificilmente sabe em quem votou na última eleição, tendo dificuldades em reconhecer todos os candidatos. Com o voto distrital o Estado se dividiria por áreas e atuação, ou seja, o mais votado por distrito ganharia a vaga na Câmara. O Prefeito entende que o sistema eleitoral vigente aprofunda a crise de legitimidade e de representatividade, bem como a falta de encanto das pessoas com a política. O voto distrital aproximaria o eleitor do seu candidato que acompanharia todos os seus trabalhos. A respeito da Parceria Público-Privada-PPP, Jairo Jorge afirmou ser preciso buscar soluções para as cidades e que Canoas tem a grande oportunidade de colocar em prática a PPP, na construção da rodovia RS-010. O Prefeito tratou ainda, sobre aspectos da gestão da Prefeitura Municipal, apresentando elementos sobre a construção do Centro Administrativo, do rebaixamento da linha do trem e da Praça da Juventude. A segurança, a saúde e a educação são temas que preocupam sua administração. Durante o ano de 2012, a CICS envolveu-se em estudos, debates e proposições sobre diferentes temas sobre questões locais e regionais que afetavam, tanto o empresariado como as comunidades. Um desses foi o da mobilidade urbana, quando em reunião de Diretoria com a presença do Secretário de Transportes e Mobilidade Urbana de Canoas, Luiz Carlos Bertotto, foi apresentado um relatório com a situação de Canoas. O Secretário se reportou à Co-

161


missão da entidade que trata do assunto, colocando sobre a importância da ação dos empresários e da comunidade em relação à mobilidade urbana na cidade. Durante a reunião, foi exibida uma apresentação com propostas de melhorias em curto, médio e longo prazos para que se proponha e desenvolva projetos nesta área. As ações em curto prazo apresentadas pela Diretoria da CICS foram: • Criação da Campanha permanente “Canoas em Harmonia”. • Identificação dos nomes de todas as ruas, ainda que por contratação de empresa. • Placas de número em prédios e terrenos para melhor visualização. • Controlar os tempos nos semáforos através de monitoramentos por câmeras. • Túnel da Domingos Martins (Transposição da BR-116). • Liberação da Victor Barreto afluência com a BR-116. • Melhorias da Rua Cairú entre a Mauá e Bartolomeu de Gusmão. • Rotatória na Rua Santos Ferreira com a Açucena. • Sinaleiras na Rua Liberdade com acesso ao Bourbon. • Colocação de sinaleiras na Av. Inconfidência, sentido Bairro/Centro. • Melhorias na Getúlio Vargas com sinaleiras de contenção. • Avenida 15 de Janeiro. • Colégios Maria Auxiliadora e La Salle. • Reengenharia de trânsito na Avenida Guilherme Schell, junto aos semáforos da Berto Círio e Estação São Luís. • Alargamento da Avenida Araguaia em toda sua extensão.

162

Nesse encontro ficou definido pela Diretoria que a entidade faria um convite formal ao DNIT para colocar em discussão as ações que estão sendo aguardadas para serem colocadas em prática16. Outro problema que afetava Canoas, também em termos de mobilidade, era o do Centro Administrativo Municipal. Ao exemplo do que já havia ocorrido em 1941, quando a construção do chamado Centro Cívico passou pela avaliação da classe empresarial, a CICS buscava em reunião, discutir sobre os valores pagos a título de aluguel pela administração municipal para acomodar os seus diferentes órgãos. De acordo com a presidente Simone Leite, o objetivo é dar início aos debates, já que a CICS representa a classe empresarial e sempre foi protagonista dos grandes projetos no município.17 Em termos de planejamento estratégico, algumas das bandeiras da CICS para 2012 foram: continuação das discussões e proposições sobre o Marco Zero, Parque Canoas de Inovação, Mobilidade Urbana, BR-448, RS-010 e Parcerias Público-Privadas18. A CICS movimentou o empresariado e entidades, tomando posicionamento em relação ao modelo de concessão de rodovias implementado em 1998, com término previsto para 201319. Isto era tema de discussão da Comissão de Segurança e Serviços Públicos da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, subcomissão dos Pedágios.20 A Segurança Pública em Canoas também foi tema de trabalho da Diretoria, a qual recebeu Eduardo Pazinato, Secretário Municipal de Segurança Pública e Cidadania, e Carlos Schuch, Presidente do Conselho Comunitário Pró-Segurança Pública-CONSEPRO Canoas. Os convidados expuseram informações sobre a segurança no município e os diretores da entidade colocaram diversas perguntas, a saber: sobre o aumento de polos de segurança privada em Canoas; sobre os


sequestros-relâmpago que estão ocorrendo; a quantidade de furtos de veículos e a que se deve a estimativa; sobre criminosos que migraram de bairros como o Guajuviras e foram se espalhando para outros, como Rio Branco, Mathias Velho e Niterói, que até então não eram tão violentos. Eduardo Pazinato, em seus relatos finais, colocou que sequestros-relâmpago e latrocínios diminuíram, afirmando que deveríamos ter o dobro ou o triplo de policiais nas ruas, mas que isso dependia de ações no âmbito estadual.21 Ao findar o ano de 2012, a Diretoria da CICS apresentava suas bandeiras para 2013: educação, saneamento básico, ocupação adequada das margens da BR 448, Centro Administrativo e mobilidade urbana. Com referência à Educação, a entidade entendia ser uma das condições necessárias para um bom desenvolvimento econômico. Quanto ao Saneamento Básico, a CICS propunha-se a reivindicar melhores condições de infraestrutura junto à Corsan. A pauta sobre o Centro Administrativo voltava-se para as discussões sobre o local onde este seria construído, apoiado em análises de viabilidade técnica e financeira. Em relação à Mobilidade Urbana, a CICS iria providenciar a retomada dos trabalhos de Comissão própria para estudos e acompanhamento do assunto.22 Em 13/05/2013, a CICS recebia lideranças políticas e empresariais para uma reunião do Comitê de Acompanhamento das Obras de Infraestrutura Viária da Região Metropolitana de Porto Alegre, coordenado pelo deputado Ronaldo Zulke. Na ocasião, foi atualizado o cronograma das principais intervenções dos governos federal e estadual no setor, ocasião em que foi discutida a construção da BR-448, a Rodovia do Parque (e sua extensão até Estância Velha, divisa com Novo Hamburgo), as obras complementares na BR-116,

a duplicação da ERS-118, o projeto para a ERS010, e o Aeroporto Internacional 20 de Setembro. Entre as boas notícias anunciadas, estava a licitação, em 60 dias, do viaduto da Roselândia, na BR-116, em Novo Hamburgo, e melhoramentos para o trevo de acesso ao Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio. A presidente Simone Leite declarou que “é assim que as soluções são construídas, a partir de um debate sério, responsável. Precisamos de ações de Estado, e não de governos. O que presenciamos aqui na CICS é um debate de alto nível, com os agentes públicos assumindo compromissos e entendendo as necessidades da sociedade como um todo”.23 Em busca de boas práticas junto aos entes públicos, a CICS recebia, em 16/05/2013, a reunião do Conselho de Desenvolvimento de Canoas-Conselhão, em seu Salão Nobre. Na ocasião, André Marques, Secretário Adjunto da Casa Civil da Prefeitura do Rio de Janeiro, apresentava experiências exitosas, decorrentes de Parcerias Público Privadas (PPPs). Em meio a restrições orçamentárias, segundo o palestrante, a eficiência do setor privado auxilia em economia de longo prazo. Na área técnico-profissionalizante, a CICS tomou diversas providências para atender a formação de profissionais para diferentes setores de prestadores de serviços. Dessa maneira, acolheu a aula inaugural do Curso Pronatec Copa na Empresa, realizado em parceria entre a Parceiros Voluntários Canoas, braço social da CICS, Prefeitura Municipal de Canoas (SETUR e SECOPA) e o SENAC. Visava-se a qualificação de mão-de-obra e infraestrutura para bem receber turistas durante a Copa do Mundo de 2014 e oportunizar melhores empregos para os trabalhadores.24 Além desse projeto, a CICS, via Parceiros Voluntários de Canoas, apoiou também o projeto “Rumo a 2014: capacitação profissional como

163


Marcas & Líderes. 2012.

bola da vez”, financiado pelo Programa Petrobras Desenvolvimento e Cidadania, para formação de profissionais na área da pintura. Tratou-se de curso de 50 horas/aula desenvolvido na Cia da Construção que, além de qualificação técnica, teve aprendizagens em cidadania, empreendedorismo, preparação para as oportunidades do mundo do trabalho, impermeabilização, escalas, segurança no trabalho, transformação de medidas, cortes, análise de plantas, desenhos de detalhes, cálculo da tinta e segurança em pinturas. A finalização do curso teve como trabalho de conclusão, a pintura do prédio da Associação Comunitária Criança Feliz, localizado no Bairro Mathias Velho. O projeto beneficiará cerca de 280 pessoas com aulas de pintura e para formação de garçons. Os alunos recebem vale-transporte, alimentação, material didático completo e uniforme. A aula inaugural foi em 14/05/2013.25

164

Na primeira gestão de Simone Leite (junho/ 2011-maio/2013), destacam-se os seguintes Almoços de Ideias: • (2011) Empresas jubiladas e Gerenciamento de Stress, com Ana Maria Rossi. • (2012) Senadora Amélia Lemos; Eng° José Rocha Filho, lançamento de Bairro Planejado no Bairro Mal. Rondon; Cleber Prodanov, Secretário Estadual da Ciência, Inovação e Desenvolvimento Tecnológico, com o tema “Parque Tecnológico – Inovando para Crescer”; Nelson Eggers (Fruki), “Qualidade Vale Ouro – O que nos levou ao Troféu Ouro no Prêmio Qualidade RS 2011”; Rosane de Oliveira (RBS), “Da Ideologia ao Pragmatismo da Política”; • (2013) Jorge Avancini, Diretor Executivo de Marketing do Sport Club Internacional, O reflexo de grandes eventos na


2013-2015 Eleição em 27/05/201326

Diretor de Núcleos

Marcos Negrini

Diretor

Anderson Klein

Diretor

André Henrich

Diretor

Antônio Benin

Diretor

Carlos Alberto Carvalho

Diretora

Claíta Magnani

Diretor

Eugenio B. da Cunha

Diretora

Luísa Canella.

Diretor

Francisco Biazus

Diretora

Claíta Magnani

Presidente

Simone Diefenthaeler Leite

Vice-presidente de Indústria

Fabíola Eggers

Vice-presidente do Comércio

Cristiane Tietze

Vice-presidente de Serviços

Roberto Pansera

Vice-presidente de Comunicação e Marketing

Arno Engel

Vice-presidente Comunitário

Maria da Graça Galinatti Flach

Diretor

Jerri Bertoni

Diretor

Luis Antonio Possebon

Vice-presidente de Patrimônio

Eltamar Salvadori

Diretora

Vanessa Klein

1º Tesoureiro

Francisco Valmor Ávila

Diretor

Marcos Neto

2º Tesoureiro

Rafael Silveira

Diretor

Ambrósio Pesce

1º Secretário

Alexandre Holz

Diretor

Luiz Antonio Gobbo

2º Secretário

Luis Carlos Stefani

Diretor

Marcelo da Silva

Conselho Fiscal

Leandro Cobalchini,

Diretora

André Guindani

Luiz Fernando Sant’Anna

Diretor

André Malta Martins

Conselho Fiscal

Diretor

Augusto Niche

Conselho Fiscal suplente

Maria Delurdes Andrade

Diretor

Romeu Forneck

Diretor

Sérgio Almeida Migowski

Conselho Fiscal – suplente

Vilson Fachi,

Conselho Fiscal – suplente

Manoel Renê Mesquita

Diretor

Alexandre Holz

Diretor jurídico

Gildo Viegas Tavares

Diretor de patrimônio

Rodrigo Brandalise

Diretor de marketing

Ismael Geitens

Diretor de eventos

Luciano Garcia

Diretor comunitário:

Miriam Moschetta

Diretor comércio

Tarso Zanatta

Diretor serviços

Eugênio Cunha

Diretor da qualidade

Vicente Brígido

prática – oportunidades da Copa 2014 no seu negócio”. Em 27/05/2013, Simone Leite era eleita para uma nova gestão na Diretoria da CICS (2013-2015).

CICS: associativismo, PPP e participação de todos para seguir em frente Ao iniciar a gestão da Diretoria para 20132015, a CICS, em 4/6/2013, apresentava, em par-

165


ceria com o Diário de Canoas, do Grupo Sinos, representantes de diversos setores da comunidade canoense que receberam o prêmio Cidadão do Ano nas categorias Solidariedade, Indústria, Comércio, Serviços, Educação e Saúde. Essa iniciativa já inaugurava uma das palavras-chave eleita pela presidente Simone Leite para o período – participação de todos.27 O esforço da CICS na representatividade, integração e desenvolvimento regional repercutiu no Encontro Estadual dos Executivos de Entidades realizado durante os dias 21 e 22 de junho de 2013, paralelamente ao Congresso da FEDERASUL. Os exemplos da entidade estiveram em foco no evento que se dedicou a discutir os desafios para o crescimento do Rio Grande do Sul.28 Foi dando sequência a essas metas que a entidade participou, em 13/08/2013, do evento Debates do Rio Grande, que ocorreu no Salão de Atos da Universidade La Salle, promovido pela RBS, mediado pelo jornalista Lasier Martins. A presidente Simone Leite e o vice-presidente Eltamar Salvadori colocaram as seguintes questões, as quais entendem prioritárias para Canoas: a mobilidade urbana, a BR 448, a ocupação das margens opções de acesso e saída de Canoas com a nova rodovia, a construção do túnel da Domingos Martins, a RS-010, que será essencial para o Parque Canoas de Inovação, educação, tratamento do esgoto e segurança pública. O mês de setembro foi bastante movimentado para a Diretoria da CICS que comemorou a aprovação da queda do Imposto de Fronteira, a inauguração de novo Centro de Distribuição da Fruki em Canoas, a formatura da primeira turma do projeto da Parceiros Voluntários, Incubadora de Lideranças, a apresentação pela Multiplan do projeto do novo shopping a ser construído em Canoas.29

166

A partir do Projeto Empreender, desenvolvido pela CICS em parceria com a FEDERASUL, foi lançado o Núcleo da Mulher Empresária-NME em 26 de novembro de 2013. Os objetivos do Núcleo são: contribuir para o aprimoramento das empresas, ampliar a taxa de sobrevivência das organizações empresariais, discutir e buscar soluções para problemas comuns. Contribuindo para as questões referentes à urbanização do município, a CICS entregou relatório de estudos sobre o Plano Diretor Urbano e Ambiental de Canoas. A partir de contribuições de seus associados, foram encaminhadas ao Instituto Canoas XXI, propostas de ampliação de áreas mistas, consolidando Canoas como centro comercial e de prestação de serviços.30 Um importante evento que se realizou em parceria com o Corpo de Bombeiros e a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico de Canoas, foi o I Encontro de Prevenção de Incêndio. Aberto aos empresários, ocorreram palestras sobre os seguintes temas: “Encaminhamento do Alvará de Localização”, com o diretor da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico de Canoas, Marcos Daniel; “Seção de Prevenção de Incêndio de Canoas e os Desafios da Atualidade” com o Major Ney Medeiros; “Implantação do Sistema Integrado de Gestão da Prevenção de Incêndio”, com Cristiano Felippetti; e “NBR 12.693, Sistemas de Proteção por Extintores de Incêndio”, com o 1º Tenente André Cunha Delziovo.31 Ações que marcaram o engajamento social da CICS se materializaram em evento que homenageou empresas comprometidas com a busca de uma sociedade melhor — o Prêmio Reconhecimento Responsabilidade Empresarial. Assim, foram premiados empresários e empresas participantes de programas de voluntariado e sensíveis à responsabilidade social e empresarial.32


Ao chegar ao final do ano de 2013, a CICS viu concretizado um sonho, iniciado em março de 2006 e acalentado por muitos estudos, reuniões, relatórios e reivindicações junto ao poder público: a inauguração da BR-448. Fora no Salão Nobre da CICS que a então Ministra da Casa-Civil, Dilma Rousseff, Alfredo Nascimento, Ministro dos Transportes e Miguel Rossetto, Ministro do Desenvolvimento Agrário assinaram a autorização para o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) contratar estudo de viabilidade técnico-econômica e de impactos ambientais (EIA-RIMA), projetos de engenharia e preparação de licitação para construção de estrada – a Rodovia do Parque — em 2006.33 Segundo a presidente Simone Leite, “foram incontáveis reuniões, telefonemas, audiências com políticos e pressões para que a obra fosse concluída. [...] a atuação da CICS foi determinante e o resultado representa uma conquista de todas as lideranças empresariais que lutaram incansavelmente para que chegássemos à melhor solução para a comunidade”34. Em relação aos Almoços de Ideias de junho a dezembro de 2013, destacam-se: economista Marcelo Portugal, “Participação Política”; homenagem promovida pela Parceiros Voluntários às empresas jubiladas e palestra “Saúde e Destino”, com o Médico Gilberto Schwartsmann. Para 2014, a Diretoria da CICS definiu as seguintes bandeiras: Mobilidade Urbana Regional com ênfase • Túnel da Domingos Martins • Duplicação da RS 118 • Construção RS 010 • Ponte seca BR 386 Consolidação Parque Canoas de Inovação Acompanhamento da Revisão do Plano Diretor de Canoas com ênfase • Ocupação adequada das bordas da BR 448

• Adequação do zoneamento da área noroeste da Rua Curitiba até a divisa com Arroio Sapucaia\Esteio Acompanhamento das ações para solucionar o problema das cheias; Saneamento Básico.35 Procedeu-se à revisão do Planejamento Estratégico da entidade, buscando-se: Ter atuação efetiva com Sistema S - Sebrae, Senac, Sesi, Sesc – para que a CICS possa ter mais contato com as micro e pequenas empresas, parceria para cursos e palestras na entidade, avaliando também o leque de serviços do Sistema S para parceria com a CICS. Buscar maior aproximação com universidades, Sistema S e Câmara Municipal de Canoas. Sistematizar os encontros com a Câmara Municipal, sugerindo a cada 30 dias uma agenda, intensificando a relação, convidando todos os vereadores para reuniões. Priorizar o quadro de associados: ampliar, fidelizar e valorizar. Ampliar número de associados por meio dos Núcleos. Verificar se há projetos de interesse na pauta do legislativo. Ter eventos que fidelizem público e tragam receitas. Evento para apresentar grande empresa para associados, oportunizando negócios. Avaliar o produto Utilcard, porque seu objetivo é fidelizar e gerar benefício para associados. Ter programa consolidado da Escola Empresarial com assuntos complementares e calendário anual; para 2015 ter uma programação apenas. Montar folder institucional: o que é a CICS, serviços, produtos, para apresentar a entidades em visitas. Criar indicador para associação. Cada dirigente deve encaminhar duas empresas para se associar à entidade.

167


Melhorar a comunicação com associados, encaminhando informativo via e-mail com agenda mensal e notícias importantes. Comunicação com associados: Tem utilizado os serviços da CICS? Tem sugestão? Para que a entidade possa entender qual demanda. Criar novos Núcleos para aumentar número de associados, identificando novos Núcleos. Fechar 2015 com 4 núcleos : 2 multisetoriais e 2 setoriais. Diversificar a pauta do Almoço de Ideias Referente à mobilidade: acompanhar dossiê que foi entregue ao Secretário Municipal de Transporte e Mobilidade e como está o Parque Canoas de Inovação. Cobrar as melhorias via imprensa. Elaborar um plano de comunicação. Gestão financeira: Organizar plano de contas e orçamento mensal com acompanhamento. Planejar a captação de recursos anualmente. Organizar mapeamento de processos com equipe e controle geral (associados, desligamentos, motivos etc.).36

Ainda em janeiro de 2014, a Diretoria debatia junto ao Conselhão, o aumento do IPTU para 2015 e como realizar os cálculos desse imposto; a construção do Aeromóvel; o Plano de Metas de Canoas; a licitação para o Parque Canoas de Inovação e para o Centro de Compras do Bairro Mathias Velho; a modernização do Calçadão de Canoas; investimentos da Corsan em Canoas; obras da Rodovia BR-116; Plano Diretor de Canoas.37 Uma questão que envolveu a Diretoria foi a da Lei da Inspeção Predial. Em 26 de janeiro de 2014, o Prefeito Jairo Jorge assinou o decreto que regulamentava a Lei da Inspeção Predial, que prevê um prazo de 180 dias para regularização dos imóveis, passando a valer a partir de junho de 2014. A presidente Simone Leite sugeria, na ocasião, incluir explicações sobre a lei para os

168

associados, discutindo os formulários necessários para as adequações prediais.38 Dando retorno para demandas colocadas pela CICS, a Metroplan e a Prefeitura Municipal, apresentaram, em fevereiro de 2014, estudos para melhoria da contenção das cheias na região, situação que preocupava empresários associados, atingidos por enchentes em 2013. Também, a Comissão de Mobilidade Urbana recebia retorno para suas reivindicações, a saber, obras na Av. Canoas que ligaria o centro da cidade à BR-448.39 Tendo em vista as eleições para governador do Rio Grande do Sul, a CICS preparou-se para receber candidatos para debaterem suas propostas com o empresariado, entidades e comunidade. Para tanto foi elaborado um rol de perguntas a serem abordadas nos eventos: Qual a previsão de aumento do efetivo policial? Quais as previsões de melhorias para as rodovias? Como pretende pressionar o Governo Federal para que haja a reforma tributária a fim de que o estado seja competitivo? Quais as propostas em relação ao imposto de fronteira? Como irá colaborar para o fortalecimento das universidades canoenses? Como irá sanear as contas do Estado sem criar tributos?40 Os Almoços de Ideias de 2014 foram os seguintes: “Canoas em Pauta” com Prefeito Jairo Jorge, Presidente da Corsan, Tarcísio Zimmermann e Superintendente do DNIT, Pedro Luzardo Gomes; “Prática dos Inovadores – Como transformar a inovação em realidade no dia a dia da sua empresa”, com Maximiliano Selistre Carlomagno; “Eleições 2014”, com Ana Amélia Lemos; “Segredos para uma vida longa”, com o Médico Victor Sorrentino. No último ano de sua gestão, Simone Leite retomava, junto com a Diretoria, pautas recorrentes, como a do Plano Diretor de Canoas e a não inclusão nesse, das sugestões da CICS.41


Enchentes em Canoas. 2013.

169


Sobre segurança pública, houve reunião com o Tenente Coronel Otto Amorim que comandava o 15º Batalhão de Polícia Militar, que atende Canoas e Nova Santa Rita. Foram apresentados para a Diretoria, os indicadores de Janeiro a Abril de 2015, referentes às prisões, flagrantes, apreensões, enfim, todas as operações do 15º Batalhão. O Tenente Coronel afirmou que ocorreram melhoras significativas, mas havia fragilidade nas instalações para o efetivo, 400 policiais, com alguns necessitando de alojamento. Nos bairros Guajuviras, Mathias, Rio Branco e Niterói, como não existia espaço para camas, os policiais descansavam em seus veículos ou nas viaturas.42 Em relação ao Aeromóvel, a CICS continuava a defender determinadas questões a respeito do processo de regulamentação e implementação que não recebiam o aceite no Conselhão. No entanto, os diretores se propuseram a insistir nas suas demandas.43 Quanto à questão das cheias na região, havia grande preocupação, pois, mesmo o tema sendo tratado em 2014, com promessa de resolução, o problema persistia, prejudicando moradores e empresários. A CICS convidava o Comitê Sinos, a Metroplan, empresários e representantes das prefeituras das cidades atingidas para tratar de plano de contenção das águas. Canoas, inclusive, já havia previsto soluções em seu Plano Diretor, no entanto, as medidas ainda não haviam sido postas em prática. Outro caso ainda sem solução se referia ao Distrito Industrial de Canoas na Fazenda Guajuviras. Onze presidentes da CICS, em suas gestões, haviam tratado sobre o Distrito, chegando ao final de 2015, sem a ocupação do espaço para aquele fim. A ideia era fazer um histórico das demandas da classe empresarial com o posicionamento da entidade.44 Desde 1998, a partir de convênio com a FEDERASUL, a CICS faz a emissão e fornecimento

170

de Certificados de origem. Este consiste em documento que atesta a origem da mercadoria do país exportador e permite que os importadores tenham vantagens, conforme os acordos comerciais entre países, regrados pela Portaria Interministerial n° 17, de 04 de dezembro de 1997. Porém, a CICS enfrentava concorrência em função de outras entidades terem sistemas emissores que conquistavam clientes. Urgia, então, empreender ações e estratégias para competir com outras emissoras do Certificado.45 Atendendo às bandeiras levantadas em 2014 e 2015, a CICS implementava o Núcleo do Jovem Empreendedor (20 a 35 anos).46 Os almoços de ideias de 2015 foram os que seguem: Daniel Quintana Sperb, com Inovação Estratégica; Matheus Simões Pires Costa, fundador da Mutta Shoes, com Empreendedorismo de Guerrilha; homenagem a empresas jubiladas e palestra com Milton Killing, diretor presidente da Killing S.A. Segundo Simone Leite, que terminou sua gestão à frente da CICS ao final de 2015, Canoas tem grandes desafios para superar ainda. Há a necessidade de se pensar essa questão da atração de investimentos. Canoas precisa ser uma cidade que acolhe mais amigavelmente o empreendedor. Assim, todo o ciclo econômico vai funcionar. Mais postos de trabalho, novas iniciativas, mais pessoas empregadas e consumindo e teremos a região metropolitana também contemplada.47

Destacam-se, entre outros, nesta gestão, a criação do Núcleo da Mulher Empresária e a participação da CICS junto à FEDERASUL ocupando a cadeira da Vice-Presidência do Interior.


CICS: ética e associativismo em defesa dos interesses do empresariado e da sociedade A Diretoria da CICS para o biênio 2016-2017 ficou constituída conforme quadro ao lado. Luiz Carlos Stefani assumiu a presidência da CICS em janeiro de 2016. Informou que: ser presidente da CICS é uma honra. Tenho muito carinho pela entidade e ela representa muito para o município; tem muito prestígio e reconhecimento. Então ser presidente é, também, uma maneira de ser reconhecido. Estando à frente de uma entidade tão importante, faz com que trabalhemos para que a entidade se projete cada vez mais. É a isso que me propus ao assumir a CICS. Nossas palavras-chave foram pertencer, participar e trazer o associado; inovar e agregar para contribuir para os interesses da cidade e da entidade.48

Na primeira reunião de Diretoria, era apresentado relatório sobre a representação da CICS em diferentes Conselhos e Comitês. Era preciso atualizar informações e representantes: Comitê Balada Segura, COMDEC; CONSEPRO; CONDICA; Conselhão, Comitê Sinos. A entidade procurava manter o engajamento com instituições públicas e privadas, tanto de Canoas como da região, construindo novos paradigmas quanto aos conceitos de cidadania e participação política.49 Nesse sentido, o presidente Luiz Stefani comentava a reunião do Conselhão da Prefeitura Municipal de Canoas, que tivera a presença do então governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori. Os temas discutidos foram: Parque Canoas de Inovação; obras do Complexo Prisional; ações

Gestão 2016-2017 Eleição em 30/11/201553 Presidente

Luiz Carlos Stefani

Vice-presidente AdministrativoFinanceiro

Eltamar Salvadori

Vice-presidente indústria

Fabíola Eggers

Vice-presidente Comércio

Marcos Negrini

Vice-presidente Serviços

Roberto Pansera

Vice-presidente Comunicação e Marketing

Arno Engel

Vice-presidente Comunitário

Maria da Graça Galinatti Flach

Vice-presidente Jurídico

Gildo Viegas Tavares

1º Secretário

André Broch Guindani

2º Secretária

Regina Mesquita Garrafiel

1º Tesoureiro

Leandro Cobalchini

2º Tesoureiro

Édson Nunes

Diretor de Serviços

Eugênio Cunha

Diretor de Marketing

Ismael Geitens

Diretora de Núcleos

Janaina Sousa

Diretor de Indústria

Marcos da Silva Netto

Diretor de Patrimônio

Paulo Ricardo Bortoncello

Diretor de Eventos

Ricardo Emilio Lampert

Coordenadora do Núcleo do Jovem Empreendedor

Giovana Stefani

Coordenadora do Núcleo da Mulher Empresária

Têisi Colares

Vice- Coordenadora do Núcleo da Mulher Empresária

Vanessa Caio da Costa Klein Luiz Ricardo Böttcher

Conselho Fiscal

Maria Delurdes Andrade Tarso Ughini Zanatta

de combate aos focos do mosquito Aedes aegypti; Revisão do Código de Obras - Lei 3979/95; e apresentação do Projeto do Sistema Fotovoltaico de Energia Solar.50 Em meio à crise política pela qual o país passava, a CICS, juntamente com outras entida-

171


des, divulgou matéria no Diário de Canoas, em 05/03/2016. Ao mesmo tempo, mais outro manifesto foi redigido, dirigindo-se aos associados.51 MENSAGEM AOS ASSOCIADOS Todos sabemos que estamos vivendo uma crise implacável nas esferas: ética, econômica e política. Aliás, um momento sem precedentes, cujo desfecho e consequências são de difícil previsão, especialmente, diante da vicejante insegurança jurídica que enfrentamos no país, com notícias sobre liminares, revogações, conflitos de competência entre outros. As medidas contra o desemprego e a recessão profunda, abordados por ocasião da nomeação do atual Ministro da Fazenda, encontram-se em stand by. O Governo está inerte, pois o país aguarda pela solução do processo de impeachment. Embora tenham acenado com as necessárias reformas trabalhista e previdenciária, nenhuma mudança está sendo promovida. Mesmo que o Governo quisesse, falta-lhe a imprescindível credibilidade e força política para qualquer medida alentadora da situação que vivenciamos. A manutenção dessa condição serve apenas para deteriorar o patrimônio ético, social e econômico brasileiro. Merecemos que nossos representantes eleitos nos façam suportar essa situação? Assim, SEM ABRIR MÃO DOS MEIOS LEGÍTIMOS E PACÍFICOS, esperamos que os Poderes Legislativo e Judiciário tenham a celeridade necessária para concluir esse processo, retornando à tranquilidade para nossas empresas voltarem a investir e termos segurança para nossas famílias.52

Na primeira reunião de Diretoria ampliada, a CICS recebeu o Major Brigadeiro do Ar, Jeferson Domingues de Freitas, Comandante do V Comando

172

Aéreo Regional, o Coronel Omar, Chefe do Estado Maior do V Comando Aéreo Regional, Coronel Litwinski, Assessor de Relações Institucionais do V Comando Aéreo Regional, Tenente Raphael, Ajudante de Ordens, Tenente Campos, Engenheiro do SERENG 5, Sargento Joice, Coordenadora adjunta do “Projeto Aprendiz do Ar”, e Afrânio Kiling, presidente do SETCERGS. O Major Brigadeiro agradecendo a oportunidade, colocou o objetivo da visita, ou seja, apresentar o projeto social chamado “Projeto Aprendiz do Ar”, já existente em nível de governo federal cujo objetivo é desenvolver, por meio do esporte, jovens de 14-16 anos em vulnerabilidade social. Essa atividade sobrevive financeiramente a partir de parcerias, com a Prefeitura de Canoas e a Vara da Infância de Canoas. O V Comar pretendia fazer parcerias com empresas em outro momento. Outro projeto apresentado pelo Major Brigadeiro foi o da instalação de uma usina de energia solar no V Comar. Engenheiros realizaram estudos, pesquisas, visitas técnicas para conhecer e terem condições de propor um projeto para Canoas. A ideia é construir esta usina sem custos para as Forças Armadas e é provável que tenha aportes da iniciativa privada. A capacidade da usina é de 17MW e o consumo do V Comar, 2MW, considerando também as residências que estão nessa área. O excedente será direcionado à concessionária de energia, AES Sul. Na oportunidade, o presidente Luiz Carlos questionou sobre o fato de o Rio Grande do Sul ser o único estado a possuir duas bases aéreas (Canoas e Santa Maria) e se havia necessidade das duas bases. Também perguntou sobre a possibilidade de otimizar a utilização da pista da base aérea de Canoas para transporte de cargas. A isto, o Brigadeiro sinalizou que este já é um assunto em pauta dentro da Força Aérea. Já existem casos de bases aéreas que estão sendo fechadas. No caso do Rio


Grande do Sul não há, no momento, possibilidade disso acontecer, pois são duas áreas estratégicas de defesa. Quanto a tornar-se um terminal de carga, não é uma pauta pensada pela Força Aérea. É uma situação pouco provável de acontecer, porém não é algo impossível. A Vice-presidente Comunitária, Maria da Graça Flach, colocou a Parceiros Voluntários à disposição, para auxiliar no “Projeto Aprendiz do Ar” e para troca de experiências.54 Mantendo-se atenta para as pautas locais e regionais, a CICS convidou o presidente da ADESCAN, Ernani Daniel, para tratar sobre o andamento da área de alagamento do Rio dos Sinos. Esse relatou que a entidade estava defendendo a proteção sustentável das áreas do oeste de Canoas e Esteio. Explicou que o território fora ocupado quando identificada a necessidade de expansão das cidades, a fim de que ali fossem alocadas algumas empresas. O Comitê Sinos (considerado um comitê de bacia, autarquia estadual) começou a se preocupar com essas áreas, movimentando-se para protege-las por serem de alagamento. A ADESCAN defende que é uma área que já está prometida a grandes empresas, inclusive, sinaliza que a BR-448 foi projetada com a preocupação de ser um dique de contenção das águas. Já existe um estudo, feito pela Metroplan, mapeando aquelas que realmente precisam ser protegidas. Ernani Daniel relatou que estavam enfrentando diversas ações no campo político, promovidas pelo Comitê em relação a essa pauta. O grupo a favor da liberação da área entende que o projeto de garantir a proteção da cidade, determinando áreas de alagamento deve ser feito independente de aprovação. O presidente da ADESCAN defende que a proteção de outras áreas não inviabiliza a utilização dessas que já estão comprometidas para empresas. Informou

também, que existia um documento da Prefeitura Municipal, garantindo que os terrenos não seriam ocupados. Caso os empresários precisassem abrir mão desses espaços, seria necessário ter uma contrapartida.55 A questão da segurança continuava a merecer a atenção especial da entidade e reivindicações de longa data começavam a ser atendidas, como a da necessidade de alojamentos para o efetivo da Brigada Militar no Bairro Rio Branco. Em reunião de Diretoria, o presidente Stefani relatava sobre o alojamento do 15° BPM no Bairro Rio Branco, que havia passado por reformas, recebendo os PMs oriundos de outras cidades do Rio Grande do Sul. A Diretoria fora convidada a fazer visita para conhecer o espaço. Tratava-se de demanda discutida em diversas reuniões, principalmente na de 08/06/15, quando o Cel. Amorim havia feito amplo relatório sobre a situação da segurança no Município.56 Ao longo do ano de 2016, a CICS manteve seu comprometimento na solução dos problemas da comunidade e região, em termos de segurança pública, participando ativamente do Conselho Comunitário Pró-Segurança Pública-CONSEPRO de Canoas. Este colabora com a Polícia Civil e Brigada Militar, bem como com outros órgãos relacionados à questão da segurança. Trata-se de entidade não governamental composta por empresários, cidadãos do Município, entre outros, e recebe recursos doados e repasses da Prefeitura Municipal. Na reunião de 17/06/2016, o presidente do CONSEPRO, Werner Spieweck, solicitava auxílio à Diretoria da CICS, para a manutenção desse Conselho, explicando a sua importância, dando como exemplo a sua atuação no levantamento de verbas para a reforma da sala do 190 da Brigada Militar. Diretores da CICS apontaram para a relevância desse

173


órgão, assim como da possibilidade de se ter em Canoas, um Observatório Social para acompanhar e influenciar na aplicação de recursos públicos, como aqueles destinados à segurança.57 Em se tratando do Observatório Social, o presidente Stefani e o 1º secretário André Guindani estiveram em reunião na ACIST-São Leopoldo, tratando sobre o tema. Nessa foi explicado que se trata de entidade nascida no Paraná, em Maringá, constituindo-se em um movimento nacional. Onde é criado, envolve entidades representativas e tem por objetivo, fiscalizar a utilização dos recursos públicos. Caso detectado alguma inconformidade, notifica o gestor público local; em não sendo atendida, comunica-se o Ministério Público, o Tribunal de Contas e a Câmara de Vereadores. Também, dedica-se a acompanhamento de editais e processos de licitação nas áreas da saúde, educação, serviços terceirizados e engenharia, de compras, pagamentos e realiza a conferência dos produtos efetivamente recebidos pela Administração Pública, para garantir que vieram no padrão solicitado. O Observatório Social apoia-se em mantenedores e funciona com equipe principal de um coordenador responsável e dois estagiários. Aceita o trabalho de voluntários que, normalmente, são profissionais aposentados. Os administradores e coordenadores do projeto não poderão ter ligação partidária, enquanto desempenharem tal papel. O Presidente Luiz Carlos relata que se a CICS desejar participar do projeto, precisa mobilizar as principais entidades da cidade como CDL, Sindilojas, Rotary, Lions, Maçonaria, entre outras. Para a implantação de um Observatório, além da necessária estrutura física (sala e equipamentos), há previsão de despesa mensal com pessoal, da ordem de R$ 8.000,00. Caso a CICS lidere o projeto, será ela quem mobilizará as demais em termos

174

de mantenedores. Na ocasião, a Diretoria decidiu buscar apoio no CDL e demais entidades de Canoas para a criação do Observatório.58 O associativismo é um fator preponderante para que as entidades reforcem sua representatividade. Acreditando nesta premissa, a CICS apoiou a candidatura de Simone Leite à presidência da FEDERASUL. A pressão política foi intensa para que o concorrente fosse eleito, com personalidades empenhando-se pessoalmente em ligações para os conselheiros com direito a voto. A atuação de Simone como vice-presidente de Integração trouxe os votos de conselheiros representantes das entidades do interior do Rio Grande do Sul.59 A cooperação entre entidades também se concretizava na assinatura do Termo de Parceria CICS–CDL, pelo qual, associados de ambas as entidades teriam benefícios em pagamentos de valores diferenciados em eventos. O Termo foi assinado pelos presidentes Luiz Carlos Stefani — CICS e Paulo Fritzen — CDL e foi destacada a sinergia entre as duas entidades, oriunda dessa parceria, que pode ser o começo de ações ainda maiores, realizadas em conjunto. O presidente da CICS lembrou que, no passado, existia a ideia de, inclusive, o espaço físico da entidade (prédio) ser utilizado por ambas as entidades e que isso poderia ser implantado no futuro, a fim de acolher e congregar também, outras entidades. O presidente Luis Carlos lembrou ainda, que em comitiva da CICS, estiveram visitando outras entidades em que a prática é adotada e tem bom funcionamento. Ainda sobre associativismo, a ACISA Rolante e Riozinho promoveu, em 17/06/16, reunião com a presença de representantes de diversas entidades quando foi apresentado o Projeto Movimento Empresarial, da FEDERASUL, liderado pelo Vice-Presidente de Integração Rodrigo Costa, junta-


mente com a Presidente Simone Leite. Estavam presentes, também, diretores, presidente e executivos de outras ACIS da Regional do Vale do Rio dos Sinos. Em seguida a essa reunião a equipe que representava a CICS Canoas dirigiu-se ao Fórum DEL-Desenvolvimento Econômico Local (17 e 18/06/2016). Este se constituiu em parceria entre as entidades e gestão pública, prevendo ações com foco em pautas como Segurança, Saúde, Turismo, a fim de promover o desenvolvimento das cidades e região. As pautas foram tratadas em grupos chamados Câmaras, uma para cada tema. A parceria CICS-CDL tem se mobilizado nesse sentido — o de congregar outras entidades.60 No ano de 2016, com a proximidade das eleições para a Prefeitura de Canoas, a CICS e o CDL organizaram reunião aberta a conselheiros, ex-presidentes e associados, convidando os candidatos para apresentarem suas propostas. As duas entidades também apresentariam suas demandas, recolhidas a partir de pesquisa junto aos associados com sugestões e necessidades. Estavam confirmados os candidatos Luiz Carlos Busato e Beth Colombo para a reunião-almoço de 29/08/16.61 Um tema que interessava aos associados e, principalmente às empresas nucleadas no Núcleo do Mercado Imobiliário, era a aprovação das alterações da Lei Kiss. Essas haviam sido aprovadas na Assembleia Legislativa e aguardavam a sanção do governador. A FEDERASUL também participava desse movimento, uma vez que isso refletia na liberação do PPCI-Plano de Prevenção e Combate a Incêndio. Para o NMI, o tema era muito importante, pois as alterações depois de sancionadas, permitiriam a liberação de Alvará, para imóveis de baixo e médio risco, por meio de documento e liberação online.62 Ainda sobre questões referentes ao PPCI e Corpo de Bombeiros, a CICS recebeu o Major Cris-

tiano, responsável pelo comando do destacamento de Canoas. Esse destacou a relevância do apoio da CICS e de empresas, tratando com o governo municipal sobre providências para reter novos bombeiros que se formem, em Canoas. Explicou as atualizações e retomou as leis e orientações de como realizar a regulamentação da empresa no Plano de Prevenção Contra Incêndios (PPCI). Alguns destaques: é importante que as entidades de classe como a CICS façam pressão junto ao poder público para lutar contra a burocracia nos processos. O presidente Luiz Carlos apresentou aos convidados o Núcleo do Mercado Imobiliário da CICS Canoas e os comandantes colocaram-se à disposição para atender às demandas. Ainda em destaque, foi informado que os Alvarás para risco alto aumentaram o tempo de validade.63 Em novembro de 2016, a CICS recebia informações sobre diversas reivindicações de suas diretorias. Em reunião com o Superintendente do DNIT-RS, Eng. Hiratan Silva, esse trouxe retorno sobre o andamento das obras de infraestrutura da região de Canoas: Revitalização da BR-116 de Porto Alegre a Dois Irmãos Túnel da Rua Domingos Martins em Canoas Extensão da BR-448 até Portão Ponte seca sobre o trem na BR-386 próximo a BR-448 Segunda ponte da travessia do Guaíba Duplicação da BR-116 até Pelotas Duplicação da BR-290 até Pantano Grande Duplicação da BR-386 até Carazinho. O andamento das obras dependia de confirmação de verbas, situação meteorológica, revisão de processos etc. A prioridade máxima era a ponte sobre o Rio dos Sinos e a sobre o Rio Gravataí.64

175


Como eventos que se destacaram, a CICS teve os das empresas jubiladas; a Semana Global do Empreendedorismo, realizado pelo NME-Núcleo da Mulher Empresária, com ações externas em universidades e escolas; e o Café da Manhã promovido pela Parceiros Voluntários, com entrega do troféu Reconhecimento aos mantenedores.65 Nesse ano, a Parceiros Voluntários foi homenageada na categoria Destaque Comunitário do Prêmio Líderes e Vencedores da FEDERASUL.66 Os Almoços de Ideias foram os seguintes: Bruno Perin, empreendedor, consultor, palestrante e autor do livro “A Revolução das Startups”; Liderança Coaching com Tiago Febel; Comunicação para Líderes de Sucesso com Charles Vargas e Leonardo Chaves, sócios fundadores da SCORE; “Contem conosco, nós contamos com vocês”, almoço organizado

Empresas Jubiladas. 2016.

176

pela CICS e CDL, com a presença do Prefeito de Canoas, Luiz Carlos Busato e Vice-prefeita Gisele Uequed. Foram entregues cartas abertas dirigidas ao governo municipal e vereadores. O Prefeito apresentou parte de seu secretariado e metas da sua gestão. Os temas das cartas abertas foram: critérios técnicos para os cargos das secretarias; Observatório Social; Aeromóvel; alvarás de licença; canal aberto entidades-Prefeito; Corsan; certificado de inspeção predial; segurança pública; medidas de apoio ao comércio local. Ao encerrar o ano de 2016, a Diretoria comunicava que fora um ano de mudanças na CICS, desde a nova gestão, à implantação de novos projetos para a melhoria da comunicação e gestão da entidade. Foram criados os eventos Networking Time e Café da Manhã Empreendedor realizados,


respectivamente, pelo Núcleo da Mulher Empresária e Núcleo do Jovem Empreendedor. Também, havia iniciado a publicação Newsletter CICS Canoas, mídia criada visando a informar aos associados e público em geral sobre as atividades que ali ocorriam.67 Novos benefícios já se faziam presentes para os associados no ano de 2017. Em reunião de 06/02/17, representantes do SEBRAE, o Diretor Marcos Copetti e Bia Dauber, apresentaram à Diretoria Executiva o Projeto SEBRAE Especialistas em Pequenos Negócios. Ofertavam serviço de consultoria empresarial gratuitamente aos associados da CICS via convênio entre SEBRAE e CICS. Os consultores do SEBRAE visitariam empresas, gerando diagnóstico da sua situação. As soluções poderiam ser ofertadas em formato de curso, serviços, ou outro, desta vez, com custo para as empresas. A Diretoria aprovou o projeto, deliberando que: o corporativo da CICS, com apoio e treinamento do SEBRAE apresentaria o projeto aos associados; a divulgação do projeto deveria ser em evento que desse visibilidade à CICS e o SEBRAE.68 A CICS e o CDL retomaram o que fora apresentado (dezembro/2016) para o governo municipal e vereadores nas cartas abertas, a partir de encontro com o Prefeito Luiz Carlos Busato e Vice-prefeita Gisele Uequed, os dirigentes Arno Engel, Marcos Negrini, Gildo Viegas Tavares, Eltamar Salvadori, além dos Presidentes Luiz Carlos Stefani e Paulo Fritzen, bem como o Ex-presidente das casas, Luiz Roberto Steinmetz. O presidente Stefani relatou que o Prefeito se comprometeu em criar calendário de encontros a cada 60 dias com representantes das entidades CICS e CDL. Fora solicitada, nessa reunião, a revisão das seguintes leis: Cidade Limpa, Inspeção Predial e Calçada Cidadã. A Vice-prefeita informou que parte das demandas foram encami-

nhadas e algumas já resolvidas nos primeiros 90 dias de trabalho. Sobre o Aeromóvel, os gestores municipais colocaram necessitarem de auxílio das entidades, pois estão com o projeto já encaminhado e deve ser resolvido.69 Ainda retomando pautas das entidades, foi apresentado em reunião ampliada, o Secretário Municipal de Segurança Delegado Ranolfo Vieira Júnior. Este estava cedido ao município de Canoas. Comentou que Canoas já estava com boa estrutura tecnológica e operacional. A Secretaria procurou aumentar a quantidade de policiais na rua e a circulação de viaturas. Anunciou aporte de cerca de R$ 900.000,00 para equipar a cidade com o cercamento eletrônico. Comentou sobre a lotação do presídio de Canoas, com poucas vagas.70 Em outra reunião, continuando as discussões sobre a pauta segurança pública, houve a visita do Cel. Valdeci Antunes dos Santos, comandante do 15º BPM, que apresentou um vídeo sobre a estrutura do batalhão. Realizou exposição sobre os índices de roubos a pedestres, homicídios e roubos a veículos. Explicou sobre as necessidades da BPM, principalmente, 36 viaturas e motos para melhorar a segurança: as motos trariam maior agilidade na captura dos infratores. O Coronel também informou a disponibilização de três viaturas pela Multiplan para melhorar a segurança na região do novo Shopping. Além disso, apresentou a ação que estão propondo junto ao CONSEPRO para arrecadação de verba para suprir estas demandas. Comentou que se cada empresário doasse R$100,00 já seria possível suprir esta falta. Por fim, apresentou o aplicativo SINESP Cidadão que pode ser baixado em celulares. Este app auxilia na identificação de veículos roubados71. A respeito da pauta sobre áreas alagadiças, Ernani Daniel, presidente da ADESCAN, visitou a CICS, tratando sobre o projeto da sua entidade

177


Empresas Jubiladas. 2017.

e sobre legislação nacional a respeito das áreas de alagamento. Explicou que a legislação estadual deixa brechas que permitem ao Comitê Sinos embargar obras nesses espaços. Segundo seu entendimento, as entidades de classe poderiam encaminhar solicitação de revisão da Lei junto à Assembleia Legislativa. O Vice-presidente da CICS, Arno Engels, tem trabalhado junto à essa entidade para defender esses interesses, buscando a adesão de representantes de Canoas, Esteio e Sapucaia. Sugere construções de diques para conter as cheias nesses espaços para viabilizar construções que abriguem empresas. Os prefeitos das cidades envolvidas estão analisando estudos realizados pela Metroplan para deliberar sobre o tema. O Vice-presidente jurídico da CICS é favorável à revisão da legislação, recomendando que a Comissão que atuou para elaborar a sugestão de Projeto de Lei, volte a se envolver no processo.72 Na reunião de 19/06/17, os Núcleos da CICS apresentaram relatórios de atividades. O Núcleo do Jovem Empreendedor-NJE, tem, até esse momento, cerca de 20 nucleados ativos e estão or-

178

ganizando as entradas de novos. Um dos temas desenvolvidos é o de marketing, sobre o qual estavam planejando evento a ser realizado no segundo semestre. Em parceria com CDL Jovem, haviam organizado a campanha do Feirão do Imposto online. O Núcleo da Saúde-NS possui 15 nucleados com primeira capacitação interna com a contadora Pedra Costa e com planejamento estratégico em processo. Um evento que organizaram foi o Café da Manhã Empreendedor, com a temática “O Virtual Já é Real”. Esse abordou aspectos da saúde em relação ao meio virtual, por meio de painéis de profissionais da área. Seguindo as disposições da CICS, já estavam com participação confirmada no evento “Canoas mais Perto” entre 15 e 17 de julho de 2017. O Núcleo da Mulher Empresária-NME estava com cerca de 40 integrantes, várias da área da comunicação. Seu planejamento propunha o levantamento sobre as necessidades de capacitação interna, visitas técnicas em empresas nucleadas e organização de quatro eventos até o final do ano: Networking Time, Vitrine de Negócios, Café


Palestra em reunião do Núcleo da Mulher Empresária. 2014.

da Manhã Empreendedor e Semana Global do Empreendedorismo. Haviam realizado planejamento de relacionamento e comunicação e criado comissão financeira para trabalhar até o final de 2017. Aline Blank Fagundes, coordenadora do NME informa: Nós nos preocupamos muito com a questão pessoal. Entendemos que é importante a empresária estar bem para os negócios andarem de forma consistente. Inclusive nós criamos, foi uma das realizações deste ano, dentro das nossas reuniões, uma vez por mês, nós temos o chamado “NM news” que são as notícias das nucleadas do último mês. Essa notícia é tanto da empresa como da nucleada. “Ah a nucleada se tornou vovó. A nucleada foi dar uma palestra. A nucleada ganhou um prêmio tanto quanto empresa como pessoa física”. A gente traz para esses momentos “a nucleada fez um curso fora” e a gente dá uns trinta segundos para ela comentar um pouquinho daquele momento e, com isso, como a maioria as vezes não tem tempo de acessar a rede social, muitas vezes não fica sabendo.

É um momento também de troca para as pessoas saberem o que está acontecendo na vida de cada uma e poderem compartilhar um pouquinho das suas conquistas.73

O Presidente Luiz Carlos reforça que os Núcleos se constituem em alternativa relevante para captar e reter novos associados. Também retomou que há interesse da FEDERASUL para com esses movimentos de fomento e formação de novas lideranças.74 O visitante Leonardo Rangel, Diretor Comercial da Multiplan, discorreu sobre o lançamento do empreendimento Park Shopping Canoas, seu diferencial em relação a outros shoppings centers da rede e as novidades que irá apresentar. Tratou ainda, sobre o interesse da empresa na cidade e o que tem a oferecer para os seus moradores. Na mesma ocasião esteve presente na CICS, o Vice-presidente da Regional do Vale dos Sinos da FEDERASUL, Fernando de Paula, que apresentou projeto da entidade com objetivo de formar líderes com visão política de qualidade e de associativismo. Lembra que essa formação é impor-

179


tante, em função de que empresários dirigentes da Federação e Associações já haviam concorrido a cargos políticos em outros momentos.75 Fiel ao seu papel social, a CICS recebeu, já quase ao final da gestão do presidente Stefani, Juarez Roy, Presidente da Câmara de Vereadores, o Delegado Sandro Oliveira e a psicóloga Magda Silveira, para tratar sobre projeto desenvolvido pela Câmara, em parceria com+ a Superintendência de Serviços Penitenciários-SUSEPE. Tratava-se de recuperação de ex-presidiários visando à sua recolocação no mercado de trabalho. A psicóloga explicou as ações da equipe técnica na seleção do presidiário, sobre formas de controle e acompanhamento e como aquele era desenvolvido junto às empresas. Solicitavam apoio da CICS para divulgar o projeto aos seus associados.76

CICS: associativismo, integração, criatividade e inovação em meio a tempos de crise Em 2018, Gildo Viegas Tavares assumiu a presidência da CICS. Em seu pronunciamento no ato de sua eleição, já anunciava as marcas de sua gestão, afirmando que “[...] a entidade de quase 80 anos tem um legado formado por diretorias, funcionários e ex-presidentes. A Diretoria que assume tem um grande desafio com a proposta de ideias e atuação em novas áreas do mercado como a tecnologia e a inovação, por exemplo [...] alguns temas deverão ser trabalhados como, por exemplo, o da compliance, em meio a tempos de corrupção que deve ser combatida. Além disso, é importante estimular o associativismo”77. A Diretoria ficou constituída conforme segue quadro na próxima página.

180

A situação da economia não era favorável, dificultando investimentos, assim, foi criado o Programa Empresa Parceira, reunindo organizações de diretores, de nucleados e outros que prestassem serviços para a entidade em permuta por divulgação. Na entrada da sede, um totem divulga as empresas vinculadas desse Programa, que contribuíram para a concretização de diversas iniciativas na gestão.79 Ainda, para os associados e nucleados, a CICS renovou contratos com organizações e instituições de ensino superior, trazendo benefícios para aqueles, como foi o convênio Check-up Mãe de Deus, a partir do qual, seriam feitos exames em período de seis horas e com retorno marcado para médicos especialistas.80 Outra questão que tem demandado atenção da Diretoria é a da emissão de Certificado Digital. Para associados a entidade fornece desconto de 10% na emissão destes, além de horário flexível e atendimento diferenciado.81 A CICS recebeu diversas autoridades de vários níveis e diferentes empresários e especialistas nas reuniões de Diretoria ampliada, nas reuniões executivas e em outros eventos.82 O intuito dos convites é trazer temas atuais e de interesse dos empresários e outros, que possibilitem iniciativas por parte da Diretoria, relacionadas às questões abordadas. Nas reuniões de diretoria ampliadas houve a presença, entre outros, de: Dr. Newton Barros, Diretor do Check-up Mãe de Deus; representantes do 8º Batalhão de Bombeiro Militar, Capitão Mário Teixeira e Soldado Dionis da Rosa Xavier; Secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico de Canoas, Rodrigo Schnitzer; Gerente de Operações do BRDE-Banco Regional de Desenvolvimento Econômico, Alexandre Leitzke; Engenheiro Gustavo e Gilmar da Eneergia; Secretário Municipal de Desenvolvimento


Gestão 2018-2019 Eleição em 30/11/20174 Presidente

Gildo Viegas Tavares

Vice-Presidente Administrativo Financeiro

André Broch Guindani

Vice-Presidente de Indústria

Fabíola Eggers

Vice-Presidente de Comércio

Marcos Negrini Gonçalves

Vice-Presidente de Serviços

Jerri Bertoni Macedo

Vice-Presidente Comunitário

Maria da Graça Galinatti Flach

Vice-Presidente de Comunicação e Marketing

Arno Engel

Vice-Presidente de Relações Institucionais

Eltamar Salvadori

Vice-Presidente Jurídico

Maria Isabel Bodini Viegas

Vice-Presidente de Patrimônio

Paulo Ricardo Bortoncello

Vice-Presidente de Oportunidades e Negócios

Felipe Doré

Vice-Presidente de Inovação e Tecnologia

Rodrigo Koch Brandalise

1º Secretário

Vanessa Caio da Costa Klein

2º Secretário

Gerson Untertriefallner Costa

1º Tesoureiro

Claita Magnani

2º Tesoureiro

Leandro Cobalchini Luiz Ricardo Böttcher

Conselho Fiscal

Tarso Ughini Zanata Cleonice da Silva Pereira

Conselho FiscalSuplentes

Diretoria de Eventos

Diara Tavares Cleonice da Silva Cáren Rosane Araújo Paula Hagel Mariel Paiva Gerusa Schmit

Diretoria do Comércio

Antônio Odir Rapach

Diretoria da Indústria

Marcos da Silva Netto

Diretoria Jurídica

Shirley Dilecta Panizzi Fernandes

Diretoria de Comunicação

Henrique Ferrite Viviane Carvalho

Diretoria de Núcleos

Têisi Colares

Diretoria de Patrimônio

Cezar Orlandi

Diretoria do Mercado Imobiliário

Adriana Silva da Silva Gisele da Silva Pavão Renan Zancanaro Silvano Chiden Tiago Gobbi

Diretoria Ampliada

Cristiane Tietze Erivaldo de Brito Haidée Maria Carret Höfs Jessee Crenhilde Siqueira Walter Manoel Renê Cardoso de Mesquita Marcelo Da Silva Mário Antônio Viezzer Nelson Casagrande Regina Mesquita Garrafiel Renaldo Vieira de Souza Roberto Ferreira Pansera Vilson Fachi

Maria Delurdes Andrade Antônio Benin

181


Econômico, Alexandre de Rodrigo Bittencourt; Presidente do Consepro, Sr. Werner Spieweck, Ex-Presidente da CICS Canoas, Sr. Luiz Roberto Steinmetz, Vereador Municipal Humberto da Silva Araujo, Deputado Estadual Dirceu Franciscom e Deputado Federal Nereu Crispim; Prof. Ir. Paulo Fossatti, Reitor da Universidade La Salle; Diretora de licenciamento, fiscalização e monitoramento da SMMA, Sra. Vera Maria Bini; Giovana Stefani Zaffari, presidente do Instituto de Estudos Empresariais e Susan Rocha, da Associação de Comércio e Indústria de Sapucaia, Deputados estaduais Fábio Ostermann e Giuseppe Riesgo; Presidente da Câmara de Vereadores de Canoas e diversos vereadores; Secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico de Canoas, Airton Souza; Coordenadora Executiva do Observatório Social de Porto Alegre, Carla Fátima Pereira da Silva. Foram realizadas várias reuniões de diretoria ampliada, abertas a outras entidades como SINDILOJAS, CDL, SIMECAN, SINDIGÊNEROS e outras, para tratar de assuntos importantes para as empresas, como Centro Administrativo, Lei da Liberdade Econômica, privatização REFAP, por exemplo. Entre os demais eventos realizados, tiveram destaque: Workshop Design Thinking, com Caroline Birk. Evento de inovação com Igor Drews, representante da STARTSE. Painel sobre a LGPD, com Greisi Hellmann e Luis Carlos Zancanella. Painel sobre a Reforma Tributária, com o ex-governador Germano Rigotto e com o vice-presidente da FEDERASUL, Anderson Cardoso. Painel “Como o associativismo pode contribuir com a sua empresa no atual cenário econômico?”, Com o Presidente da Cooperativa de Crédito Sicredi União Metropolitana RS, Ronaldo

182

Neto Sielichow, e Pedro Lutz Ramos. Painel “Você trabalha pra quê?”, com Helena Brochado A CICS, no ano de 2018, recebeu candidatos ao governo do estado do Rio Grande do Sul, como por exemplo, Eduardo Leite e Ranolfo Vieira Junior; Mateus Bandeira, acompanhado do candidato a deputado federal Marcel Van Hatten. Para esses encontros, a Diretoria, antecipadamente preparou um roteiro de questões a serem feitas aos candidatos, a saber: • Conhece bem a situação e orçamento do Estado? • De que forma pretende reduzir o custo da máquina pública? Qual o montante que reduzirá? • Como irá resolver o problema do gasto com pessoal na ordem de 70% da arrecadação? Como fará a redução? • Como resolverá o problema dos atrasos da folha de pagamento? • Que investimentos pretende realizar e de onde sairão as verbas? • Como pretende implementar seus projetos sem maioria na Assembleia? Como irá construir a maioria sem comprometer a essência do seu programa? • Pode assumir o compromisso de que não irá aumentar a carga tributária? • Como atacará as deficiências na Segurança Pública? • Como solucionará o problema da ideologização política nas escolas? “Cartilhas e bibliografias...” • Pensa em adotar o cercamento eletrônico no RS?


Da esquerda para a direita: Delegado Ranolfo Vieira Junior, Eduardo Leite, candidatos ao governo do estado do RS; Gildo Viegas Tavares, Presidente da CICS.

Da esquerda para a direita: Dr. Gildo Viegas Tavares, Presidente da CICS; prĂŠ-candidato ao governo do RS, Mateus Bandeira e Deputado Marcel Van Hattem.

183


Ainda, no ano de 2018, a CICS promoveu campanhas pelo voto consciente (contra votos nulos ou em branco), bem como campanha pelo aparelhamento da segurança pública em Canoas, com a conscientização dos empresários para a destinação de parte do ICMS para o PISEG–Programa de Incentivo ao Aparelhamento da Segurança. As campanhas foram promovidas nos eventos, pelas mídias sociais e reuniões. Isto aponta como ao longo do tempo, a entidade tem desenvolvido trabalho relevante local e regionalmente, assim caracterizado por Diara Tavares: Eu acredito muito na CICS, pela seriedade do trabalho que é feito. Sempre se procuram ações que possam beneficiar o empresariado, que possam ajudar a esclarecer situações, que possam trazer posições. Hoje por exemplo a CICS está muito voltada para a interlocução com o poder público, que é muito importante — esse vínculo da entidade com o poder público. Até porque a CICS, tem praticamente a mesma idade de Canoas. Então as coisas se misturam, na verdade. Os ex-presidentes

Da esquerda para a direita: Simone Leite, Presidente da Federasul; Delegada Nadine Anflor, Chefe de Polícia do Rio Grande do Sul; Diara Tavares, Diretora de Eventos da CICS. 2019.

184

são pessoas que tem um envolvimento muito grande com a cidade. Canoas é uma cidade enorme, mas é muito engraçado como as pessoas se conhecem. Todo mundo aqui se conhece ou já participou de alguma entidade ou foi da CICS ou veio de... E eu acho que isso mostra o envolvimento das pessoas e o fato de elas não saírem da entidade mostra isso. A questão da credibilidade da entidade com relação à comunidade e a comunidade com relação à entidade é outro fato comprovado.83

Na sua busca de informar os associados e comunidade, um evento de grande destaque e significado foi o que se denominou “Mulheres do Novo Século: trajetórias inovadoras”, em 13/03/19, tendo por convidadas, a Dra. Nadine Anflor, Chefe de Polícia do RS e Simone Leite, ex-Presidente da CICS e Presidente da Federasul. Tratam-se de pioneiras à frente de instituições, anteriormente representadas por homens. Tratou-se de painel interativo, mediado pela Diretora de Eventos da CICS, Diara Tavares. Nos Almoços de Ideias, deu-se prosseguimento às discussões de temas de interesse da classe empresarial. No primeiro desses eventos, o


convidado foi o Prefeito de Canoas, Luiz Carlos Busato. Na sequência, palestraram na CICS: Henri Kraus, da empresa CMI; Nelson Eggers – Presidente da FRUKI; Gerente Geral da REFAP, Oswaldo Kawakami; Governador do Estado do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite; Secretário Estadual de Governança e Gestão Estratégica, Cláudio Gastal.

A recepção ao governador Eduardo Leite, no Almoço de Ideias de 22/02/2019, foi muito concorrida, havendo fila de espera para a aquisição de convites, com a presença de diversas autoridades. A CICS Canoas abria seu ano de eventos trazendo o Governador eleito, que havia visitado a casa como candidato.

Integrantes do Núcleo da Mulher Empresária com Delegada Nadine Anflor, Chefe de Polícia do RS, Simone Leite, Presidente da Federasul e Diara Tavares, Diretora de Eventos da CICS. Núcleo criado em 2013, na gestão de Simone Leite.

Nelson Eggers, Diretor-Presidente da Fruki no Almoço de Ideias de 12/06/2018.

185


Na abertura do encontro, na sua fala, o presidente da CICS, Gildo Viegas Tavares usou

Na carta entregue ao Governador foram abordados, fundamentadamente, temas como: Legislação tributária–ICMS/ST, Legislação Ambiental e

[...] uma figura de linguagem, afirmando que o estado do RS está há muito tempo jogando campeonatos de segunda divisão e estava mais do que na hora de retornar à primeira divisão, como fez o meu time, o Internacional, que rapidamente entrou e saiu da segunda divisão, [...].84

Urbanística, Atendimentos da CORSAN no município, entre outros. Em 24/06/19, a entidade recebeu, também no Almoço de Ideias, o Vice-governador e Secretário da Segurança Pública, Delegado Ranolfo Vieira Júnior que abordou o Programa RS Seguro, iniciativa do Governo do Estado,

Da esquerda para a direita: Dr. Gildo Viegas Tavares, Presidente da CICS; Eduardo Leite, Governador do Rio Grande do Sul. 2019.

Foram discutidos temas importantes para

orientado de maneira transversal, abrangendo

os empresários, como investimentos no estado, a

diversos órgãos públicos e secretarias e orga-

situação da substituição tributária, licenciamen-

nizado em torno de quatro eixos – combate ao

to ambiental, PPP da Corsan, concessões das RS

crime, políticas sociais preventivas e transver-

234 e RS 287, conclusão da duplicação RS 118,

sais, serviços de segurança e sistema prisional.

reforma da previdência, reestruturação da má-

Já o Secretário Estadual de Governança e Ges-

quina pública, entre outras. A Diretoria da CICS

tão Estratégica do RS, Claudio Gastal discutiu

entregou uma carta ao Governador com diver-

o tema “Governo Digital e Desburocratização do

sas sugestões e reivindicações para a sua gestão.

Estado” em 23/09/19.

186


No esforço pela busca da modernização do Estado, a CICS empenhou-se no fomento das discussões sobre a Medida Provisória 881, que trata da Liberdade Econômica, no âmbito municipal. Com esse propósito, foi recebido, em 19/08/19, o deputado Jerônimo Goergen (PP/RS), que palestrou sobre a aprovação da MP. Foram abordados os seguintes tópicos: dispensa de alvarás para atividades de baixo risco; prazo de 12 meses para comprovação do preenchimento dos requisitos para atividades de médio risco; liberação de requisitos para startup; liberdade de horário e dia para produzir, empregar e gerar renda, desde que respeite as normas do município e direitos trabalhistas; liberdade de fixar e flutuar preços, como consequência da oferta e demanda do mercado. Foram convidados vereadores, secretários do Município e outras autoridades. Na sequência, a CICS promoveu reunião ampliada de diretoria, convidando o Secretário Municipal Airton Souza para tratar do tema da liberdade econômica para Canoas. O Secretário e sua assessoria expuseram suas ideias, discutindo o tema com os empresários. A reunião foi aberta, sendo convidados CDL e SINDILOJAS para participarem. Posteriormente, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico - SMDE provocou outros encontros, com a participação da CICS e outras entidades, quando se discutiu a elaboração de Projeto de Lei para Canoas. O desdobramento dos esforços do poder público e das entidades empresariais concretizou-se em 18/10/19, quando a CICS e a Prefeitura Municipal de Canoas realizaram o Painel da Liberdade Econômica, no Salão Nobre, com a presença do Secretário Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia, Paulo Spencer Uebel, do Prefeito, Luiz Carlos Busato, da Vice Prefeita, Gisele Uequed, do Secretário Munici-

pal de Desenvolvimento Econômico, Airton Souza, da Secretária Municipal da Fazenda, Vanessa Rocha, de Vereadores e outras autoridades. Na ocasião, foi sancionada a Lei da Liberdade Econômica, resultado da parceria do poder público com a iniciativa privada. O Prefeito Luiz Carlos Busato parabenizou e agradeceu aos Secretários e servidores das Secretarias da Fazenda e Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, pelo esforço para a elaboração do projeto de lei. A partir de sua visão empresarial, a CICS participa de vários grupos e comitês. No Grupo de Governança Empresarial, junto com o SEBRAE/ RS, governo municipal, empresas e Terceiro Setor, trabalha cinco eixos de desenvolvimento do Município: educação empreendedora; simplificação e desburocratização; e ecossistema de inovação. Em nome da entidade fará parte da comissão que está no eixo educação empreendedora.85 Em relação ao Comitê Sinos, órgão gestor dos recursos hídricos da bacia do Rio dos Sinos, a CICS debateu a inviabilização de uso de área em Canoas, da BR até Nova Santa Rita. Há um embate pela gestão do território, entre a Secretaria de Meio Ambiente de Canoas, o Comitê e empresários que se entendem prejudicados, em função de mais de 2.000 ha inviabilizados para o uso. A entidade tem interesse em participar com representante no Comitê para discutir e ampliar o debate sobre o tema.86 Seguindo a linha de ação de ter representatividade em questões que afetam o empresariado, a CICS mobilizou-se, no ano de 2018, a respeito do aumento de ISSQN e IPTU majorados no ano de 2017. Em alguns casos o aumento de IPTU chegou a 70% e o de ISSQN foi a 50%. Foi formada uma Comissão de Estudos para Redução de Impostos que analisou profundamente o tema desde o início da gestão 2018-2019.87

187

Lei da Liberdade Econômica, relevante conquista para o município de Canoas e o empresariado.


Assinatura da Lei da Liberdade Econômica. CICS. 18/10/2019. Da esquerda para a direita: Dr. Gildo Viegas Tavares, Presidente da CICS; Vanessa Rocha, Secretária Municipal da Fazenda; Paulo Spencer Uebel, Secretário Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia; Gisele Uequed, VicePrefeita de Canoas; Luiz Carlos Busato, Prefeito de Canoas; Airton Souza, Secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico.

Segundo o Presidente Gildo Viegas Tavares: Reunindo-se diversas vezes, a Comissão posicionou-se junto ao governo sugerindo alternativas, expondo as dificuldades em razão da crise e a impossibilidade de absorver esse aumento, o risco de afastar ou inibir empreendimentos, tanto na área de serviços como na área da construção civil em razão do IPTU elevado. O Prefeito recebeu a comissão e prometeu rever o assunto, propondo criar uma comissão do município para discutir o IPTU e outra para discutir o ISSQN. Durante o ano, várias reuniões foram feitas pela Comissão da CICS com as Comissões do Município. No final do ano de 2018, a CICS obteve um desfecho favorável, tendo sido sancionadas leis reduzindo o ISSQN para 18 atividades de serviços que haviam sido mais penalizadas pelo reajuste. Do mesmo modo, em relação à construção civil, foram melhorados incentivos e criados outros, tanto para novos

188

empreendimentos como para a ampliação de empreendimentos já existentes. Essa foi uma grande conquista da CICS, pois não é comum reduzir impostos ou melhorar condições de investimentos, permitindo novos empreendimentos, bem como evitando que empresas sediadas no município cedessem ao assédio de municípios de Santa Catarina, por exemplo, que ofereciam melhores condições, inclusive com alíquotas menores.88

Essas ações da CICS têm se transformado em conquistas para o empresariado. A entidade lhes dá voz, abre espaços de representatividade, o que atinge, também, o Município e a região. Nesse sentido, é significativa a expressão usada pelo Vice-Presidente de Serviços Jerri Bertoni: “Senhor (a) empresário (a) venha para Canoas! Aqui o (a) senhor (a) será bem recebido e terá o acompanhamento da Câmara de Indústria Comércio e Serviços de Canoas (CICS), não ficando sozinho!”89


De acordo com o Prefeito de Canoas, Luiz Carlos Busato: Um marco de 2018, no que tange ao desenvolvimento econômico, foi o pacote de incentivos fiscais lançado pela gestão municipal, que teve foco na geração de empregos. Ao todo, foram três projetos de lei elaborados pelas equipes técnicas da Prefeitura de Canoas. Entre eles, as mudanças do ISSQN e do IPTU, uma demanda do segmento empresarial de Canoas e de entidades representativas, principalmente da CICS. Reduzimos a alíquota de ISSQN de 3% para 2,5%. A mudança foi concedida para 19 setores considerados estratégicos para o desenvolvimento do município. Outra mudança do Código Tributário foi a ampliação para até quatro anos da isenção do IPTU - incentivo voltado para empresas que aprovem um projeto de construção de loteamento e condomínios pela primeira vez sobre o imóvel. O incentivo pode variar de dois a quatro anos, a depender do tamanho do projeto. Antes, o prazo máximo era de dois anos. Essas e outras diversas mudanças, como os benefícios do Fundo Municipal de Desenvolvimento de Canoas (Fumdecan), a fim de conceder incentivos fiscais e econômicos para atração de novos investimentos privados, só foram possíveis pelo trabalho conjunto do poder público, da iniciativa privada, da sociedade civil e das entidades representativas. A Lei da Liberdade Econômica de Canoas também foi outro grande tema pela qual a CICS demandou uma ação do Poder Público. Formamos um comitê para estudar a Lei, que reuniu várias secretarias municipais, a CICS e demais entidades empresariais do município. Formatamos um projeto de Lei de acordo com a realidade de Canoas e com base na Lei Federal. Entre as melhorias, 341 atividades de baixo risco não precisarão mais de

alvarás de localização, bem como, mais de 600 atividades de médio e alto risco (empresas de até 300 m²). A iniciativa, como também as outras previstas na Lei, vai acelerar o processo de funcionamento de diversas empresas, vai fomentar o investimento em Canoas, acelerar o desenvolvimento econômico da cidade, vai gerar mais emprego e renda para os canoenses. A CICS participa diretamente do processo de desenvolvimento social e econômico de Canoas há 80 anos. Portanto, a atuação da entidade é fundamental para proporcionar mais oportunidades de incremento de negócios, captação de investimentos e incentivos para as empresas, o que impacta diretamente no desenvolvimento da cidade e melhora a qualidade de vida da população. A CICS é uma grande parceira da Prefeitura para pensar e realizar ações para todos os canoenses. O município vem mudando de perfil nos últimos anos, deixando de ser uma cidade dormitório para ser referência na Região Metropolitana em desenvolvimento econômico. Somos um novo polo de investimentos da Região Sul do Brasil em todos os segmentos e, com certeza, o trabalho que a CICS desenvolve, visando a promoção de entidades e pessoas que exerçam atividade econômico-social, tem um papel crucial em todas as nossas conquistas.90

Em sintonia com a FEDERASUL, a CICS apoiou a Escola de Líderes daquela entidade, no esforço de formar lideranças que estejam aptas para atuarem como gestores públicos. O curso, desenvolvido em parceria com a Unilasalle, estava na sua segunda edição com bons resultados e boa avaliação por parte dos egressos. Também, juntamente com a Unilasalle e o CDL, a entidade viabilizou importantes projetos, como o Empreenda, trazendo serviços e produtos para a rotina do universitário, em prol do desen-

189


volvimento humano e prático dos alunos em nível superior e médio para uma nova cultura empreendedora local.91 No intuito de modernização organizacional e de cultura empresarial, a CICS, faz parceria com a FEDERASUL, CACB e SEBRAE no Projeto Empreender. Este tem como objetivo, buscar soluções para problemas comuns, por meio de organização em núcleos multissetoriais, estimulando a competitividade e geração de empregos, provocando uma reação em cadeia em toda a estrutura produtiva.92 Desde 2013, a entidade começou a abrigar núcleos empresariais, entre eles, o Núcleo da Mulher Empresária. Este tem coordenado o evento “Vitrine de Negócios”, com rodada de negócios. O Núcleo está diretamente conectado à Rede Global de Empreendedorismo. Outro evento promovido é o da Semana Global do Empreendedorismo-SGE, que ocorre sempre no mês de novembro de cada ano. Nos seus quatro anos de existência, houve a conexão de mais de 500 negócios. O Núcleo do Jovem Empreendedor-NJE, foi criado em 18 de Novembro de 2015, tendo como objetivo, desenvolver jovens empreendedores na cidade de Canoas, a partir do compartilhamento de experiências, incentivando o empreendedorismo e práticas inovadoras na sociedade. Segundo Guilherme Batista Salim, Coordenador do NJE: A CICS nos proporciona esse conhecimento sobre empreendedorismo através dos Núcleos. Eu sempre comento com o pessoal que, se hoje quer aprender marketing, tem um conteúdo em uma universidade. Se quiser aprender finanças, tem um conteúdo em uma universidade. Mas se quer aprender empreendedorismo, não existe um conteúdo fechado para isso. É muito uma questão de vivência. Então a CICS permite que a gente conheça pessoas que já passaram por isso

190

e que irão nos trazer muito desse conhecimento, que só existe na troca de experiências, no contato. Eu acho que isso é uma das coisas que eu mais tiro proveito do Núcleo.93

O Núcleo do Mercado Imobiliário-NMI foi fundado em 2016, inicialmente desenvolvendo três norteadores de trabalho: capacitação do setor, valorização dos profissionais e empresas e trabalhar junto do poder público. Naquele mesmo ano, organizaram o primeiro encontro do mercado imobiliário, que ocorreu no inicio de 2017, surpreendendo pela repercussão — compareceram 120 pessoas —, com resultado financeiro positivo para a entidade. Organizaram um Almoço de Ideias com o Superintendente da Caixa Econômica Federal, palestra em parceria com a ASSOCIE (Associação dos Corretores e Imobiliárias), com a presença do Prefeito Luiz Carlos Busato. Sua agenda envolveu aproximação com entidades e com o ente público, capacitação e discussão sobre a questão urbanística de Canoas, IPTU, Lei Kiss, entre outros. Em 2018, foi incluído o Pilar Educar, que busca informar aos consumidores de imóvel sobre “o que é ter um imóvel”, isto é, educar o mercado consumidor. Começou com vinte e três participantes e, no início de 2018, estava com 30 empresas nucleadas. Porém, na sequência, o núcleo foi se desmobilizando, restando poucos integrantes atuantes, os quais foram integrados como convidados à diretoria da entidade. O Nucleo da Saúde-NS, foi criado em 2017, iniciando suas reuniões no dia 10 de abril desse ano. Trata-se de grupo de empresários da área da saúde que se reúnem periodicamente na entidade. Com o apoio de um consultor especializado, discutem problemas comuns e buscam soluções conjuntas para questões relativas aos seus temas agregadores. Seus objetivos são:


• Evidenciar as competências que Canoas tem. • Estimular o constante crescimento dos negócios e parcerias. • Oportunizar que outras empresas façam parte atuante da CICS. • Fortalecer as empresas com o selo CICS de competência e seriedade. • Lutar por melhorias no segmento da Saúde para as empresas e comunidade canoense. O Núcleo de Gastronomia–NG teve início em dezembro de 2017 e integra profissionais do cenário gastronômico local, sendo eles empresários (as), chefs de cozinha, entre outros. Tem como objetivos prospectar problemas e soluções do mercado gastronômico, formar parcerias, oferecer treinamentos e negócios no município. A CICS, ao longo dos seus quase oitenta anos tem sido um espaço no qual empresários e demais entidades somam esforços e se manifestam a res-

peito de diferentes temas do interesse da classe empresarial e da comunidade local e regional. Assim que reunidas no Fórum das Entidades, a CICS, o SIMECAN, a ASSOCI, o CDL, o CONSEPRO, o CREA, a SEACA, o SINDILOJAS, a ULBRA e a UNILASALLE têm tido como pautas, entre outras, o Aeromóvel, o Observatório Social, a saúde, entre outros.94 No que tange à responsabilidade social, um dos envolvimentos da CICS foi aquele em relação à situação da saúde em Canoas. Neste sentido, uma das grandes preocupações é com o Hospital Nª Srª das Graças. Junto ao Fórum das Entidades, tem sido discutida a gestão e a relação com o poder público. É preciso melhorar o atendimento pelo SUS, por planos de saúde e agir como mediadores junto ao ente público e à Associação que faz a gestão do Hospital.95 A Parceiros Voluntários é o braço social da CICS, trabalhando com conscientização, capaci-

191

Integrantes dos Núcleos da CICS. 2019


tação e desenvolvimento da responsabilidade social através do voluntariado. A Parceiros realiza o evento Café da Manhã, quando recebem empresas, mantenedores realizam cursos nos quais é trabalhada a gestão, voluntariado e elaboração de projetos sociais. São projetos em andamento: a) Tribos nas Trilhas da Cidadania, é o maior projeto de voluntariado infanto-juvenil do Brasil: são mais de 500 escolas participantes, nas quais são desenvolvidos projetos de acordo com as habilidades de cada grupo e com os temas cultura, meio ambiente e educação para a paz. b) Formação de lideranças c) Projeto Tribos em Cena, que tem o patrocínio da Petrobras, com 15 escolas de Canoas e Esteio para as vivências de questões ambientais. Segundo a coordenadora Jeane, os alunos vivenciam ações ambientais, conhecem uma nascente de algum arroio, rio e aí vivenciam que é esse espaço, vão pro rio dos sinos enfim, e depois então eles mesmo criam seus projetos na comunidade , na escola, colocam em prática as ações de responsabilidade sócio ambiental.

Este projeto irá vigorar até o ano de 2020. d) Desafio Voluntário, levantando as necessidades das Ong’s cadastradas, como consertos, reparos, pintura, direcionando voluntários interessados a ajudar. e) Semana Municipal do Voluntariado, trabalho parecido com o Desafio Voluntário, quando, em um dia da semana, aqueles que querem participar vão em alguma instituição desenvolver o trabalho. f) Noite dos Sonhos, ação realizada com debutantes que recebem capacitações, participam de palestras com orientações sobre violência, postura em entrevistas, entre outros e ao final são presenteadas com um Baile de Debutante.96

192

Já mais estruturada, agora esta área tem como missão “mobilizar, articular, formar pessoas e instituições estimulando redes e parcerias para o atendimento das demandas sociais pelo trabalho voluntário organizado” e como visão “ potencializar o desenvolvimento humano, por intermédio do voluntariado organizado, para a solução das demandas sociais da comunidade”. Jeane Kich, coordenadora da parceiros Voluntários lembra que: Tivemos ações muito importantes, como na época da Copa do Mundo, com um projeto, o “Bola da Vez”, uma capacitação profissional em pintura e construção civil e para garçons. Havia uma demanda aqui na cidade [Canoas] então, formamos 275 pessoas naquela época: garçons e pintores. Muitos já seguiram depois trabalhando dentro dos espaços. Mais adiante, como tivemos essa parceria com a Petrobrás, um projeto patrocinado por eles, seguimos com o “Tribos em Cena”, com quinze escolas de Canoas e Esteio para os alunos vivenciarem ações socioambientais. E ai eles conhecem uma nascente, um arroio ou um rio. Vivenciam e identificam como é esse espaço. Vão para o Rio dos Sinos, enfim. Depois, eles mesmos criam os seus projetos na comunidade e na escola. Também, colocam em prática ações de responsabilidade socioambiental. Agora conseguimos renovar com a Petrobras, então estamos na segunda edição desse projeto que vai até 2020.97

Desde o início dessa gestão houve uma preocupação com a organização da Parceiros Voluntários. Então, foi criada uma comissão estratégica para discutir e planejar o futuro da PV, definindo diretrizes de atuação, formato e critérios para projetos e outras iniciativas. O intuito foi de prever segurança para as iniciativas e viabilização de custeio.


Linha do Tempo com as principais realizações em 20 anos de história da Parceiros Voluntários em Canoas

1999 • Criação da Parceiros Voluntários de Canoas

2016 • Parceiros Voluntários é destaque na 22ª edição do prêmio Líderes e Vencedores da Federasul • Canoas institui a Lei Municipal do Voluntariado.

2009 • Selo comemorativo dos 10 anos da Parceiros Voluntários • Projeto “Se esta rua fosse minha” • Projeto “Tribos em Cena”

2004 • Projeto “Noite dos Sonhos”

2012 • Lançamento incubadora de lideranças

2014 • Projeto “Arte Legal: cidadania sem bullying”

2011

2015

• Projeto “Capacitando para o Trabalho”

• Criação do selo “Empresa Mantenedora” • Qualificação de lideranças comunitárias

2013 • Primeiro fórum tribal mirim (escolas de educação infantil) • Projeto “Rumo a 2014” • Rodada de negócios “Sustentabilidade Empresarial”

Cabe ainda destacar, o trabalho conjunto da CICS, Universidade Luterana do Brasil e jornal Diário de Canoas, na organização e desenvolvimento do prêmio Marcas & Líderes que chega na sua 19º edição em 2019. Trata-se de pesquisa realizada entre os canoenses sobre as marcas mais lembradas em diversos segmentos do mercado. O objetivo da premiação é chamar a atenção das empresas para tornarem suas marcas como referência, tendo o reconhecimento dos consumido-

2017 • Projeto “Arte Legal II”

res. Segundo o presidente da CICS, Gildo Tavares, “a marca deve se tornar sinônimo de qualidade e credibilidade, o que mantém em alta o respectivo produto. Investir no reconhecimento da marca é um aprendizado que as empresas assimilaram”98. As marcas são símbolos que, tanto remetem ao passado, como para perspectivas de futuro. Fazem parte da memória formalizada das organizações, reelaboram o mundo e sustentam o presente.

193


Noite dos Sonhos. 2019.

Levando Sorrisos. 2012.

194


Marcas & Líderes 2019.

A atuação da CICS, como se comprova desde

No ano seguinte, 2019, a Parceiros Volun-

a sua fundação, tem sido pautada pela integração

tários e a CICS foram agraciadas com a Medalha

com o desenvolvimento do Município e pelo tra-

Especial dos 80 anos da Cidade de Canoas. A ceri-

balho em prol das indústrias, comércio e serviços.

mônia ocorreu no evento de entrega da medalha

A comunidade reconhece a relevância da entida-

Pinto Bandeira no dia 01/10, no Centro de Even-

de e os poderes instituídos também. Tanto que em

tos do Park Shopping Canoas. Trata-se, portanto,

2018, Johannes Engel, ex-presidente da entidade

de uma entidade que segundo Arno Engel, “opina

foi agraciado (in memoriam) com a Medalha Pinto

e contribui. São voluntários com dedicação a uma

Bandeira, maior honraria concedida pelo Municí-

causa. A entidade tem o respeito, tem o reconhe-

pio. Johannes é um modelo de empreendedor para

cimento. Ela tem poder de mobilizar e de criar

o empresariado canoense. Na presidência da CICS

propostas. Quanto maior for sua base de associa-

(1965-1967), colaborou para a atração de empre-

dos, maior força ela terá”.99

sas ainda presentes na cidade. Criou o Conjunto

Assim que a entidade preza seus associados

Comercial de Canoas, centro pioneiro de compras

e promove eventos especiais, nos quais os home-

no Brasil, com três salas de cinema, exibindo filmes

nageia, como ocorreu em 18/07/2019, quando

ao mesmo tempo, no mesmo ambiente. A Medalha

no Nobre, 30 empresas foram jubiladas, por seu

foi entregue ao seu filho, Arno Engel, Vice-Presi-

aniversário de fundação em períodos múltiplos

dente de Comunicação e Marketing da CICS.

de cinco anos. A Bebidas Fruki era a mais antiga,

195


Solenidade de entrega da Medalha Especial 80 Anos de Canoas. 01/10/2019.

Empresas Jubiladas. 2019.

196


com 95 anos. Essas empresas receberam o reconhecimento por anos de trabalho e representatividade na cidade de Canoas e pela persistência no empreendedorismo. Também nessa data, a Parceiros Voluntários — braço social da CICS —, foi homenageada pelos seus 20 anos de serviços prestados à sociedade. As conquistas, as lutas e, por que não, os enfrentamentos, precisam ser divulgados. Assim, para melhor comunicar-se com os associados e comunidade em geral, foi criado um Boletim mensal, postagens de dicas de leitura e uso de mídias sociais. É a CICS, como argumenta Arno Engel, “utilizando diferentes ferramentas de comunicação para chegar ao dia a dia do empresariado”100. Nesse sentido, o Núcleo da Mulher Empresária expressa suas conquistas a partir do livro “Olhares empreendedores que contam e encan-

tam”. O Presidente da CICS, Dr. Gildo Viegas Tavares, informa que “[...] as nucleadas entendem seu papel no associativismo e dedicam-se a sua entidade mãe, a CICS CANOAS. Várias empresárias/nucleadas têm extrapolado os contornos de atuação no Núcleo e se integrado às atividades da CICS, inclusive integrando diretorias. Essa postura das nucleadas mostra o comprometimento com o associativismo, permitindo uma renovação nos quadros diretivos da entidade, o que certamente traduzirá benefícios à comunidade empresarial de “Canoas”. Ao longo da trajetória da CICS é possível verificar a consolidação das parcerias que a entidade tem firmado com outras congêneres, tanto na defesa dos interesses de seus associados como nos do município. Dessas parcerias, um evento organizado pela CICS e CDL completou “A Beleza está no Ar”. 2019.

197


7 anos em 2019. Trata-se de “A Beleza está no Ar”, que reúne o publico feminino. Desde 2013, dicas, reflexões e temas pertinentes ao universo das mulheres fazem parte desse encontro, sendo debatidos por nomes conhecidos nacionalmente. Em 2018, a jornalista Duda Streb, com a palestra “A Hora da Virada”, tratou sobre como deixou uma carreira exitosa na TV para assumir uma outra, envolvendo o empreendedorismo. Em 2019, as duas entidades trouxeram o escritor Fabrício Carpinejar para tratar sobre “Gentileza é amor em movimento” — uma reflexão sobre relacionamentos familiares. A equipe que preparou o “Beleza Está no Ar” de 2019 foi composta por dirigentes e equipe das CICS e CDL CANOAS: Aline Blank, Bibiana Chies, Caren Araújo, Cleo Pereira, Deise Nunes, Diara

198

Tavares, Eusa Molina, Marisa Junqueira, Priscila Pontin e Rodrigo de Oliveira Kraemer. Ao se aproximar o início das comemorações pelos oitenta anos da entidade, “esta Diretoria resolveu deixar uma proposta para sua celebração, que poderá ser implementada pela próxima gestão. Desenvolveu-se um planejamento de comemorações, entre elas, um evento no parque, com cápsula do tempo para ser aberta nas comemorações dos 100 anos”101. A gestão da CICS 2018-2019 entende que a logomarca tem sido relevante para a construção da identidade, da imagem e comunicação não-verbal, isto é, o que se diz e como se diz sobre a entidade. A logomarca, formada pelo logotipo (lettering) e pelo elemento gráfico (o símbolo) auxilia a compreender a CICS; é a mensageira da


sua essência. Historicamente, tem sido condicionada pelo contexto em que está inserida: o de um município que é perpassado pelo crescimento da indústria, do comércio e dos serviços. Na sua função simbólica, precisa explicar uma entidade que alcança seus 80 anos em constante atualização102. Segundo seu Presidente, Gildo Viegas Tavares: sentimos a necessidade de modernizar a logomarca e o brasão, sem perder o vínculo com a representação histórica da logomarca antiga. Havia a demanda de tornar mais visível a identidade da CICS. Assim, valemo-nos de um aplicativo no sistema de concurso, que mobilizou designers de todo o mundo. Vieram mais de 150 propostas, tendo sido feita a escolha pelos Ex-presidentes e pela Diretoria que

votaram na logo escolhida. Participamos ativamente do processo, Arno Engels, Diara Tavares, Ana Paula Souza e eu.

Trata-se de mais um “trabalho de memória”, um resultado de escolhas sobre o que lembrar sobre a entidade, em suas diferentes expressões. Aqui se tratou de conquistas, de inquietações, de convicções e de busca de legitimidade. Foram recolhidas diferentes narrativas para que os leitores pudessem ter relatos plurais, mas também, reconhecemos os embates políticos do que deveria ser esquecido. No entanto, direcionamos esforços, com o compromisso de, historicamente, reconstituir a mudança e a continuidade, as correções de rumo, as construções identitárias, as intencionalidades e as visões dos distintos atores da CICS.

Salão Nobre da CICS.

199


Notas 1 2 3

4

5

6

7

8

9

Gildo Viegas Tavares. Entrevista. 18/07/2019. Projeto CICS 80 anos. CICS. Ata de assembleia geral ordinária nº 65, 25/05/2011. Pertencimento e mobilização foram duas palavras eleitas pela Presidente Simone Leite para caracterizar a gestão 2011-2013, na matéria Opinião”, publicada no Informativo da CICS nº 4, Novembro/2011. Acervo da CICS. CICS. Ata de Reunião de Diretoria nº 02/2011. Gestão 2011/2013, Canoas, 11/07/2011 CICS. Atas de Reunião de Diretoria: nºs 03, 25/07/11; 04, 01/08/11; 06, 15/08/11; 07, 22/08/11; 08, 29/08/11; 09, 05/09/11. Gestão 2011-13.

31

Ver matéria em http://cicscanoas.com.br/portal/noticias/cics-sedia-o-i-encontro-de-prevencao-de-incendio-de-canoas

32

CICS. Boletim 21, novembro 2013. Acervo da CICS.

33

Jornal da CICS, Maio/Junho de 2006. Acervo da CICS.

34

CICS. Boletim 22, dezembro 2013. Acervo da CICS.

35

CICS. Ata de reunião de Diretoria nº 01, 07/01/14.

36

CICS. Ata de reunião de Diretoria nº 02, 14/01/14.

37

CICS. Ata de reunião de Diretoria nº 03, 21/01/14.

38

CICS. Ata de reunião de Diretoria nº 04, 04/02/14.

39

CICS. Ata de reunião de Diretoria nº 06, 10/03/14.

40

CICS. Ata de reunião de Diretoria nº 24, 18/08/14.

41

CICS. Ata de reunião de Diretoria nº 01, 138/01/15.

42

CICS. Ata de reunião nº 10, 08/06/15.

CICS. Atas de Reunião de Diretoria: nºs 03, 25/07/11; 04, 01/08/11; 06, 15/08/11; 07, 22/08/11; 08, 29/08/11. Gestão 2011-13.

43

CICS. Ata de reunião nº 17, 14/09/15.

44

CICS. Ata de reunião nº 25, 30/11/15.

CICS. Atas de Reunião de Diretoria: nºs 04, 01/08/11; 06, 15/08/11. Gestão 2011-13.

45

CICS. Ata de reunião nº 05, 06/04/15.

46

CICS. Ata de reunião nº 17, 14/09/15.

47

Simone Leite. Entrevista. 04/07/2019. Projeto CICS 80 anos.

CICS. Atas de Reunião de Diretoria: nºs 03, 25/07/11; 01, 10/01/12. Gestão 2011-13.

CICS. Ata de Reunião de Diretoria: nº 07, 22/08/11. Gestão 2011-13.

10

CICS. Ata de Reunião de Diretoria: nº 09, 05/09/2011.

48

Luiz Carlos Stefani. Entrevista. 11/07/2019. Projeto CICS 80 anos.

11

CICS. Atas de reunião de Diretoria nºs 18, 11/06/12 e 06, 12/03/12.

49

CICS. Ata de reunião nº 01, 12/01/16.

12

CICS. Ata de Reunião de Diretoria: nº 03, 25/07/11. Gestão 2011-13.

50

CICS. Ata de reunião nº 05, 14/03/16.

13

CICS. Atas de Reunião de Diretoria: nºs 11, 19/09/11; 12, 26/09/11; 19, 21/11/11. Gestão 2011-13.

51

CICS. Ata de reunião nº 06, 21/0316. Ata de reunião nº 07, 28/03/16

52

14

01/12 10 de janeiro de 201206/12 12 de Março de 2012. Ver matéria disponível em http://cicscanoas.com.br/portal/noticias/ almoco-de-ideias-da-cics-homenageou-os-50-anos-do-hnsg.

Disponível em http://cicscanoas.com.br/portal/noticias/manifesto-cics-sobre-a-crise-politica-e-economica-no-brasil

53

CICS. Ata de assembleia geral ordinária nº 73, 30/11/2015.

54

CICS. Ata de reunião nº 07, 28/03/16.

55

CICS. Ata de reunião nº 08, 04/04/16.

56

CICS. Ata de reunião nº 08, 04/04/16.

57

CICS. Ata de reunião nº 17, 06/06/16.

58

CICS. Ata de reunião nº 19, 20/06/16.

59

CICS. Ata de reunião nº 1, 18/04/16.

60

CICS. Ata de reunião nº 19, 20/06/2016.

61

CICS. Ata de reunião nº 24, 25/07/2016. CICS. Ata de reunião nº 26, 08/08/16.

62

CICS. Ata de reunião nº 30, 05/09/16.

63

CICS. Ata de reunião nº 32, 26/09/16. CICS. Ata de reunião nº 36, 31/10/16

15

16 17 18 19 20

CICS. Atas de Reunião de Diretoria: nºs 12. 26/09/11; 15, 17/10/11; 17, 31/10/11. Gestão 2011-13. CICS. Ata de reunião de Diretoria nº 11, 16/04/2012. CICS. Ata de reunião de Diretoria nº 06, 12/03/12. CICS. Ata de reunião de Diretoria nº 14, 14/05/12. CICS. Ata de reunião de Diretoria nº 04, 14/02/12. Ver relatório disponível em http://www.al.rs.gov.br/download/SubRodovias_PECR_RS/RF_PECR_RS.pdf.

21

CICS. Ata de reunião nº 04, 14/02/12.

22

Ver matéria disponível em http://cicscanoas.com.br/portal/noticias/cics-define-temas-a-serem-trabalhados-em-2013 CICS. Boletim Abril/Maio 2013.

64

24

CICS. Boletim 16, Abril/Maio 2013. Acervo da CICS.

65

25

CICS. Boletim 16, Abril/Maio 2013. Acervo da CICS.

CICS. Ata de reunião nº 23, 18/07/16; nº 31, 12/09/16; nº 38, 21/11/16; nº 31, 12/09/16.

66 26

CICS. Ata de assembleia ordinária de 27/05/2013. Ver http://cicscanoas.com.br/portal/noticias/assembleia-geral-reelege-simone-leite-para-a-presidencia-da-cics

CICS. Ata de reunião nº 38, 21/11/16.

67

Disponível em http://cicscanoas.com.br.

68

CICS. Ata de reunião nº 01, 06/02/17.

CICS. Boletim 17, Junho/Julho 2013. Acervo da CICS.

69

CICS. Ata de reunião nº 01, 06/02/17.

28

CICS. Boletim 17, Junho/Julho 2013. Acervo da CICS.

70

CICS. Ata de reunião nº 07, 03/04/17.

29

CICS. Boletim 19, setembro 2013. Acervo da CICS.

71

CICS. Ata de reunião nº 15, 29/05/17.

30

CICS. Boletim 21, novembro 2013. Acervo da CICS.

72

CICS. Ata de reunião nº 16, 05/06/17.

23

27

200


73

Aline Blank Fagundes. Entrevista. 08/08/2019. Projeto CICS 80 anos.

74

CICS. Ata de reunião nº 18, 19/06/17.

75

CICS. Ata de reunião nº 33, 04/10/17.

76

CICS. Ata de reunião nº 36, 30/10/17.

77 78

90

Luiz Carlos Busato. Entrevista. Outubro/2019. Projeto CICS 80 anos.

91

CICS. Ata de reunião de Diretoria nº 13, 04/06/18.

92

CICS. Ata de reunião de Diretoria 08, 16/04/18.

93

Guilherme Batista Salim. Entrevista. 08/08 /2019. Projeto CICS 80 anos.

94

FÓRUM das Entidades Empresariais e de profissionais Liberais de Canoas. Ata de reunião de 20/03/2018. Acervo da CICS

95

CICS. Ata de reunião de Diretoria nº 32, 05/11/18.

96

CICS. Ata de reunião de Diretoria nº 30, 22/10/2018.

97

Jeane Kich. Entrevista. 08/08/2019. Projeto CICS 80 anos.

98

Disponível em http://cicscanoas.com.br/portal/noticias/marcas-lideres-esta-chegando-hora-de-conhecer-as-marcas-mais-lembradas. Arno Engel. Entrevista. 05/09/2019. Projeto CICS 80 anos.

CICS. Ata de Assembleia Geral Ordinária nº 76, 30/11/2017. Idem.

79

CICS. Ata de reunião de Diretoria nº 01, 05/02/18 e 02, 19/02/18.

80

CICS. Ata de reunião de Diretoria nº 03, 26/02/18.

81

CICS. Ata de reunião de Diretoria nº 28, 08/10/18.

82

Sobre eventos ver Atas de reunião de Diretoria 2018/2019. Acervo da CICS. Ver também Eventos. Disponível em http://cicscanoas. com.br/portal/categoria/eventos.

83

cscanoas-com-brportaldestaque-pagina-principalalmoco-de-ideias-cics-canoas-sera-no-dia-23-09-segunda-feira-eventos/ conquistas-da-cics-incentivos-fiscais.

Diara Tavares. Entrevista. 08/08/2019. Projeto CICS 80 anos.

84

Gildo Viegas Tavares. Entrevista. 18/07/2019. Projeto CICS 80 anos.

85

CICS. Atas de reunião de Diretoria nº 28, 08/10/18 e nº 23, 27/08/18.

99

86

CICS. Ata de reunião de Diretoria nº 07, 09/04/18.

100

Idem.

87

CICS. Ata de reunião de Diretoria nº 06, 27/03/18.

101

Gildo Viegas Tavares. Entrevista. 18/07/2019. Projeto CICS 80 anos.

88

Gildo Viegas Tavares. Entrevista. 18/07/2019. Projeto CICS 80 anos.

89

Disponível em http://cicscanoas.com.br/portal/eventos/httpci-

102 HAIG, William L. & HARPER, Laurel. The Power of Logos: how to create effective company logos. New York: John Wiley & Sons, 1997.

201


202


Galeria de Ex-Presidentes

203


Galeria de Ex-Presidentes

Arthur Pereira de Vargas

Vicente Cláudio Porcello

Ulisses Ferreira

Willy Regner

Gestões 1940-1941; 1941-1942; 1942-1943

Gestão 1943 - 1944

Gestão 1944 - 1945

Gestão 1945 - 1946

Arthur Pereira de Vargas

Homero Damiani

Marcilio Schiavon

Moysés Machado

Gestões 1946 - 1947; 1947 - 1948

Gestão 1948 - 1949; 1949 - 1950

Gestão 1950 - 1955

Gestão 1961 - 1962

Victorio Paludo

Henrique Stefani

Osvaldo Junqueira

Johanes Engel

Gestão 1962 - 1963

Gestão 1963 - 1964

Gestão 1964 - 1965

Gestão 1965 - 1966

Carlos Giacomazzi

Henrique Stefani

Olmiro Guindani

Paulo Benetti

Gestão 1966 - 1967; 1967 - 1968

Gestão 1968 - 1969

Gestão 1969 - 1970

Gestão 1970 - 1972

204


Olmiro Guindani

Darwin Luiz Longoni

Osório Biazus

Liberty Conter

Gestão 1972 - 1975

Gestão 1975 - 1977

Gestão 1977 - 1979; 1979 - 1982

Gestão 1982 - Maio/1985

Ricardo Kulpa

Osório Biazus

Denério Rosales Neumann

Liberty Conter

Gestão Jun/Dez-1985

Gestão Jan/Jun-1986

Gestão Jul/Dez-1986

Gestão Jan/Maio-1987

Osório Biazus

Carlos Batista da Silva

Reinaldo Sbardelotto

Ricardo Brandalise

Gestão 1987 - 1989

Gestão 1989 - 1991; 1991 - 1993

Gestão 1993 - 1995

Gestão 1995 - 1997; 1997 - 1999

Egídio Dall’Agnol

Zenon Leite Neto

Luiz Roberto Steinmetz

Paulo Fritzen

Gestão 1999 - 2001

Gestão 2001 - 2003

Gestão 2003 - 2005; 2005 - 2007

Gestão 2007 - 2009; 2009 - 2011

Simone Leite

Luiz Carlos Stefani

Gildo Viegas Tavares

Gestão 2012 - 2013; 2014 - 2015

Gestão 2016 - 2017

Gestão 2018 - 2019

205


206


ConclusĂŁo

207


Ao completar 80 anos de existência a CICS consolida seu papel histórico de defender os legítimos interesses das forças produtivas de Canoas. Os abnegados empreendedores que se engajaram para a criação da entidade, sabiam de sua importância para melhorar o ambiente de negócios em um munícipio recém emancipado. As carências eram grandes, especialmente de infraestrutura viária, de transporte, saneamento, saúde, educação e segurança. O crescimento da população, principalmente de moradores que trabalhavam na capital, pelo fácil acesso e contando com uma estação ferroviária, oportunizou o segmento de várias empresas, especialmente do ramo de comércio, serviços, construção civil e indústria. A CICS veio ao encontro das necessidades desses empresários, passando a dar orientações de como atender a legislação tributária e fiscal, licenças de operação, entre outras. A entidade passou a exercer um papel preponderante perante as autoridades municipais e estaduais e órgãos públicos, levando as demandas dos empresários e influenciando na gestão do município. O objetivo foi sempre de priorizar os investimentos em áreas que visavam o desenvolvimento e a melhor alocação dos recursos. Desde cedo a CICS encampou bandeiras relevantes para melhorar a vida das empresas e dos cidadãos, cito uma delas: até a década de 1960, as comunicações eram precárias, as linhas telefônicas eram magnéticas, num total de 100 ramais em toda a cidade. Era mais rápido ir de carro a Porto Alegre e voltar do que conseguir a ligação. Considerando o estado caótico na ocasião, e a impossibilidade da própria CICS de ter uma

208

empresa de telefonia, dez empresários membros da entidade fundaram a Telecasa. Para viabilizar o empreendimento, era necessária a venda de no mínimo 800 linhas. Os mesmos empresários saíram de porta em porta, determinados a atingir esse objetivo, quanto então conseguiram confirmar a compra dos equipamentos e a construção do prédaio da central telefônica. Eu era pequeno, mas lembro que meu pai, então presidente da CICS, Henrique Stefani, viajou com muita frequência ao Rio de Janeiro para negociar o projeto com a Ericsson. Quando a central passou a operar, cumprindo seu propósito de entregar à comunidade um sistema de telecomunicações moderno e eficiente, os seus fundadores optaram por doá-la à CRT–Cia. Telefônica Rio-grandense. Desde a sua origem a CICS construiu uma trajetória de credibilidade e reconhecimento como entidade empresarial com maior representatividade em Canoas. Em sinergia com a Federasul, a CICS tem posições firmes na defesa da livre iniciativa, da interferência mínima do estado, e da parceria entre o setor público e privadopara o desenvolvimento local. Tem sido marcante o surgimento de novas lideranças, em especial oriundas dos núcleos setoriais e multisetoriais, da mulher, da saúde, da gastronomia e dos jovens, que comungam com esse pensamento liberal. A CICS é um orgulho para toda a comunidade canoense e continuará cumprindo sua missão de ser o eco dos empresários em defesa de seus anseios. Luiz Carlos Stefani Presidente do Conselho de Ex-Presidentes


209


Sobre os autores

Cleusa Maria Gomes Graebin Doutora e Mestra em História (UNISINOS). Graduada em História (UNILASALLE). Professora/Coordenadora Adjunta do Programa de Pós-Graduação em Memória Social e Bens Culturais e professora do curso de História (UNILASALLE). Coordenadora do Museu Histórico La Salle. Editora da Revista Mouseion.

Moisés Waismann Pós-Doutorando em Educação (UFRGS). Doutor em Educação (UNISINOS). Mestre em Agronegócios e Graduado em Ciências Econômicas (UFRGS). Professor-pesquisador permanente do Programa de Pós-Graduação em Memória Social e Bens Culturais (UNILASALLE).

Judite Sanson de Bem Pós-doutora em Geografia (UFRGS). Doutora em História Ibero-Americana (PUCRS). Mestre em Economia Rural e Bacharela em Ciências Econômicas (UFRGS). Professora-pesquisadora permanente do Programa de Pós-Graduação em Memória Social e Bens Culturais e do Mestrado em Avaliação de Impactos Ambientais (UNILASALLE).

Rodrigo Lemos Simões Doutor em Educação e Mestre em História e graduação em História (PUCRS). Coordenador e professor do curso de História (ULBRA).

Margarete Panerai Araujo Pós-doutora em Administração Pública e de Empresas em Políticas e Estratégias (FGV EBAPE/RJ) Pós-doutora em Comunicação Social, Cidadania e Região (UMESP). Doutora em Comunicação Social (PUCRS); Mestra em Serviço Social e Especialista em Antropologia Social. Bacharela e Licenciada em Ciências Sociais (PUCRS). Professora-pesquisadora permanente do Programa de Pós-graduação em Memória Social e Bens Culturais (UNILASALLE)

210

Tamára Cecilia Karawejczk Telles Pós-doutora em RH (ISEG/Lisboa/Portugal). Doutora em Administração (UFRGS). Professora-pesquisadora permanente do Programa de Pós-Graduação em Memória Social e Bens Culturais, professora do curso de administração e Recursos Humanos (UNILASALLE). Tatiana Vargas Maia Doutora em Ciência Política (SIU), Mestra em Relações Internacionais e Bacharela em História (UFRGS). Bacharela em Ciências Sociais (PUCRS). Professora-pesquisadora permanente do Programa de Pós-Graduação em Memória Social e Bens Culturais, Coordenadora e professora da Licenciatura e do Bacharelado em História e do Bacharelado em Relações Internacionais (UNILASALLE).


A força dessas três palavras conduziram a CICS nesses 80 anos e são uma inspiração constante para a Universidade La Salle. Que sempre existam motivos para, unidos, contribuirmos para a comunidade canoense.

PARABÉNS PELOS

80 ANOS.

Viver é evoluir.




A gente

do futuro da nossa gente.

O teu futuro começa agora. www.riograndeseguradora.com.br SAC: 0800 286 0110. Exclusivo para informações públicas, reclamações ou cancelamentos de produtos adquiridos por telefone. Ouvidoria: 0800 025 1895 - ouvidoria@riograndeseguradora.com.br De segunda a sexta, das 8h às 18h, exceto feriados.


80 Parabéns, CICS CANOAS, pelos 80 anos de vida. Homenagem da Rio Grande Seguros e Previdência. O teu futuro começa agora.

www.riograndeseguradora.com.br

SAC: 0800 286 0110. Exclusivo para informações públicas, reclamações ou cancelamentos de produtos adquiridos por telefone. Ouvidoria: 0800 025 1895 - ouvidoria@riograndeseguradora.com.br De segunda a sexta, das 8h às 18h, exceto feriados.



Colaborar com a sua vida ďŹ nanceira ĂŠ estar sempre ao seu lado.

/canoasshopping


CICs 80 anos!

Uma história de sucesso e compromisso com o desenvolvimento de Canoas. A STV faz parte desta história, integrando tecnologias e inovando em soluções de segurança. stv.com.br stvseguranca

stvseguranca

stv_seguranca

stvsegurança

NOSSO PARABÉNS AOS 80 ANOS DA CICS CANOAS ORGULHO DE FAZER PARTE DESTA HISTÓRIA HÁ 65 ANOS!


www.cccanoas.com.br



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.