DESPESAS, INVESTIMENTOS E ÊXITO ROGÉRIO TOBIAS Há gastos ou investimentos que não podem deixar de ser feitos. Tenho ponderado muito sobre essas questões nas palestras e consultorias feitas nas empresas. A mentalidade de que não se devem fazer gastos com a empresa ou que a organização está em fase de contenção de dispêndios é uma mentalidade que precisa ser alterada por outra que atenda melhor à realidade atual dos negócios. Em empresas que têm muitas filiais, torna-se fundamental que se crie um sistema central de compras, pois, assim pode-se ter muito mais poder na negociação com os fornecedores. Mas, mudar o formato de funcionamento da estrutura gera uma despesa de curo prazo, que incomoda há muitos empresários com mentalidade de gestão mais conservadora. Eles sentem fortemente as dores de ter que fazer um investimento. Esquecem, entretanto, que aquele gasto pode levar a ganhos, ou a diminuição de perdas e prejuízos que eles nem pensavam existir. A utilização de um sistema de informática, por exemplo, permite maior domínio sobre o estoque de produtos, maior rapidez na verificação de quantidades, cores, tamanhos disponíveis para os clientes e maior rapidez e eficiência nos momentos das vendas. Mas, em muitos casos, a direção somente enxerga o lado negativo dessa decisão. Analiso lojas, drogarias, supermercados, consultórios e outros segmentos de negócios em condições precárias de apresentação. Muito desse cenário é fruto de uma mentalidade trivial de não se fazer despesas. E com isso prejudica-se a imagem e a credibilidade e reduz a atração dos clientes. Tudo poderia ser evitado com uma manutenção anual pelo menos. Oriento a alguns empresários a ficarem mais atentos à necessidade de praticar despesas para a manutenção do ponto de vendas, fazendo de forma imediata o conserto ou substituição de aparelhos, vidros, espelhos, tapetes, placas, e outros itens utilizados na linha de frente do negócio, pois, são itens vistos continuamente pelos clientes e isso interfere na percepção e julgamento que se faz da empresa. Fazer economia indevida, deixando de preparar e capacitar o pessoal é outro erro comum que se comete no mercado. Certamente há uma interferência negativa na eficiência e eficácia, pois, tanto o pessoal de apoio, quanto o pessoal de front-end, estando menos capazes, leva a empresa a erros, a morosidade nos processos e principalmente queda no nível de atendimento aos clientes. Diversas empresas somente começam a treinar o seu pessoal quando descobrem que há erros graves nos processo internos ou quando as vendas caem de forma acentuada, prejudicando os ganhos médios da organização. Diversas delas não conseguem se recuperar, por insistirem em não fazer gastos, mesmo sabendo que eles são inadiáveis. Marketing só se pratica com investimentos. Despesas devem ser feitas sempre que necessárias, para evitar perdas maiores. Parece óbvio, mas, tudo isso é esquecido quando a rotina dos negócios invade intensamente a cabeça dos decisores e gerentes. Há um processo doentio de contentamento com o status quo vivido pela empresa. Isto leva à letargia e tira o poder de ação e reação, levando a empresa a uma coexistência medíocre com o seu mercado de atuação. Organizações com sistemas atualizados e eficazes, dotadas de pessoal motivado e treinado, com vendedores profissionais atuando e serviços de pós-vendas de qualidade, afiançam a sua sobrevivência, no mercado de atuação. Mas, não garantem, no entanto, a tão procurada diferenciação competitiva. À medida que a concorrência inova, muda, oferece algo inesperado, deixa para trás todas aquelas que se contentam com a inalterabilidade
Como se libertar de uma estrutura voltada unicamente para não fazer despesas, nem investimentos? Como remover este neoplasma insistente da estrutura estratégica da empresa? Um pensamento desenvolvido para a inovação, para a busca do novo, para o desenvolvimento constante de forças competitivas é uma peça rara, a ser minerada e usada para o sucesso de toda organização.