Lobo-marinho em São Francisco do Sul

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AN.joinville Pausa INCLUI NOTICIÁRIO DE:

ARAQUARI, BALNEÁRIO BARRA DO SUL, BARRA VELHA, GARUVA, ITAPOÁ, SÃO FRANCISCO DO SUL E SÃO JOÃO DO ITAPERIÚ

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SÁBADO - 9/6/2012

TUDO OK Bem de saúde, bicho precisava apenas descansar de longa jornada

para o cochilo

O ANIMAL I

Lobo-marinho trazido pela correnteza acabou aportando em São Francisco do Sul ROGÉRIO KREIDLOW rogerio.kreidlow@an.com.br

Quando a maré subiu, à tarde, ele fez cara feia, resmungou alguma coisa e lentamente se aninhou onde a areia era seca. De manhã cedo, o incômodo foram curiosos que quiseram lhe passar a mão. Rosnou e ameaçou morder. Mas, na maior parte do tempo, deu longos bocejos, coçou-se em poses engraçadas – o que rendeu a ele o apelido de “folgado” de um menino de sete anos – e tirou cochilos.

O bicho com jeito preguiçoso é um filhote de lobo-marinho do Sul, com menos de um ano e cerca de 60 centímetros, que apareceu na praia de Itaguaçu, em São Francisco do Sul, ontem de manhã. A novidade fez grupos de turistas que aproveitam o feriadão de Corpus Christi encararem a ida à praia, apesar do frio, apenas para observar o bicho de perto. Segundo a bióloga Marta Cremer, da Universidade da Região de Joinville (Univille), especialista em fauna da região da baía da Babitonga, o aparecimento da espécie é comum no Litoral catarinense nessa época do ano. Outros do mesmo tipo ou parentes da espécie atracaram em praias do Norte em anos passados e são conhecidos de estudiosos e de pescadores. “Eles vivem no Uruguai e na

Argentina, e é comum animais jovens e inexperientes saírem para se alimentar e serem arrastados por correntes marítimas frias nessa época do ano. Acabam perdidos e param em praias ou costões para descansar. Se estiverem bem, voltam para o mar sem problemas.”

Melhor ver de longe A bióloga e gerente da Secretaria de Meio Ambiente de São Francisco, Fernanda Volrath, que mora em Itaguaçu e está responsável por monitorar o animal, diz que ele fora avistado por pescadores perto da costa. Ontem cedinho, pescadores e turistas depararam com o bicho dormindo na areia. A primeira preocupação foi com lesões ou doenças. Mas a Polícia Ambiental de Joinville constatou

que o bicho apenas precisava descansar. Para deixá-lo dormir, a área foi isolada com estacas e cordões. Apesar de parecer dócil e engraçado, as biólogas alertaram que o lobo-marinho pode ser agressivo, morder e até transmitir doenças como a leishmaniose. “O ideal é não chegar perto, não tentar tocálo, não incomodá-lo e também não deixar que animais domésticos se aproximem”, diz Fernanda. Gente como a veterinária Caroline Barkemeyer, 24, que passa o feriadão na praia, ajudaram voluntariamente a cuidar do bicho e a não deixar que curiosos se aproximassem ontem. Até a noite de ontem, o lobo-marinho permanecia na praia. As biólogas esperam que ele volte ao mar hoje ou nos próximos dias. Caso se recuse, aí sim deve ser recolhido para cuidados.

O nome comum é lobomarinho do Sul, mas o científico é Arctocephalus australis.

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É parente próximo de leõesmarinhos e distante de focas e morsas (maiores, com dois dentes para fora da boca).

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O que apareceu em São Francisco é filhote, tem menos de um ano, e pesa cerca de 15 quilos. Machos adultos chegam a 1,8 metro e 160 quilos.

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A comida preferida são peixes e lulas. São bons nadadores e mergulhadores.

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Alguns costumam ir ao Rio Grande do Sul, no Sul do País, em grupos. Mas gostam mesmo e têm os filhotes em regiões frias da Patagônia, na Argentina e no Chile.

FOTOS CLEBER GOMES

Atração em tarde gelada

ISOLAMENTO Polícia Ambiental cercou área para impedir população de chegar perto

No dia gelado que fez ontem à beira-mar em São Francisco do Sul, grupos de 30 a 40 pessoas se revezaram para fotografar, olhar, rir e perguntar sobre o comportamento do lobo-marinho. “Mas por que não o recolheram ainda?”, perguntava a aposentada Isabel Pacheco, 57 anos, de Curitiba. Marido dela, Osnildo Pacheco, 63, disse que saiu para andar na praia de manhã e quase tropeçou no bicho enquanto a Polícia Ambiental isolava a área. “O policial me deu uma bronca, dis-

se para não passar por ali. Aí que vi que era um bicho, achava que era um toco de pau”, conta. Foi a deixa para que passasse o dia na praia, contando a história. Até visita do Rio de Janeiro o lobo-marinho recebeu. Namorados, Felippe de Ferrante, 23, e Camila Filippo, 21, visitava familiares em Curitiba quando foram convidados a conhecer a casa de veraneio dos parentes em Balneário Barra do Sul. Dando um giro na região pela primeira vez, ontem, viram a aglomeração em Ita-

guaçu e pararam para fotografar o alvo das atenções. “Vamos levar para mostrar para o povo do Rio, com certeza”, disse Felipe. A criançada também gostou da visita. Davi Alberto, de sete anos, filho de Consuelo e Alexandre Albert, divertiu-se com as poses que o bicho faz ao se coçar. “É folgado, né?”, definiu. No fim da tarde, técnicos colocaram cartazes alertando curiosos e amentaram a área de isolamento. Alheio a tudo, o lobo-marinho já havia capotado no sono.


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