Instituto Novas Profissões Licenciatura em Turismo
Turismo Naturista De estilo de vida a Produto Turístico
Romeu Paiva 03/Janeiro/2007 Introdução aos Estudos Turísticos 2006/2007 – 1º Semestre Docente: Ana Isabel Inácio
Turismo Naturista De estilo de vida a Produto Turístico
Capitulo
Pagin a
Introdução ao Trabalho
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Metodologia
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Introdução ao Tema
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Vocabulário
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Capitulo I Hábito Ancestral
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Capitulo II Naturismo Contemporâneo
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Capitulo III Dinamização do Associativismo
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Capitulo IV Perspectiva de um Turismo Sustentável
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Capitulo V Turismo Naturista na Europa
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Capitulo VI Turismo Naturista em Portugal
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Capitulo VII Analise S.O.W.T. do destino Portugal
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Capitulo VIII Analise do Inquérito de Opinião
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Conclusão
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Anexos
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Agradecimentos
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Bibliografia
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Turismo Naturista De estilo de vida a Produto Turístico
INTRODUÇÃO AO TRABALHO O motivo deste trabalho insere-se no âmbito da disciplina de Introdução aos Estudos Turísticos. Deve tratar um tipo de turismo e ser apresentado a turma oralmente. Devido ao imenso leque de temas possíveis, parti em busca de um tipo de turismo que possui-se alguns requisitos tais como a inovação, a responsabilidade com o meio ambiente e com comunidades locais, que fosse ajustado as características geográficas e sócio culturais do nosso país e por fim que procura-se trazer novas perspectivas de oferta turística para Portugal. A proposta escolhida apesar de arrojada, porque é necessário ter em conta a sociedade Portuguesa actual, um país socialmente estigmatizado com pouco mais que 30 anos de liberdade social efectiva, não pode continuar a deixar “fugir” oportunidades. O Turismo Naturista, na minha opinião além responder a estes requisitos hoje em dia indispensáveis, está ainda numa fase embrionária em Portugal Concentrei-me em perceber que tipo de turismo é este, quem o pratica e onde se pratica, que vocabulário se pode encontrar na comunidade, praticante deste tipo de turismo. Seria também interessante saber se é conhecido da população em geral e que opinião a população tem sobre o tema. Organizei então o trabalho na recolha de informação sobre os antepassados, o surgimento da actividade no século XX, a sua evolução, os grandes destinos actuais e os em ascensão, o mercado de oferta e de procura, a economia. Organizei também informação sobre outros sectores de actividade que são alvo da procura naturista. Para o destino Portugal avaliei a situação actual, fiz a análise S.W.O.T 4. do produto, organizei a oferta, testei a opinião das pessoas através de inquéritos de opinião sobre os quais irei elaborar uma estatística. Agrupei as leis para a criação de associativismo naturista, de empreendimentos turísticos e da prática naturista. Por fim fiz uma perspectiva do Turismo Naturista para Portugal. 41
Analise S.W.O.T. refere-se a Strong Points, Weakness Points, Opportunits, Threats
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METODOLOGIA
O processo de pesquisa pode ser a primeira vista previsível e algo que possamos planear, porem desde muito cedo o processo de pesquisa não foi fácil, e as conclusões tiradas sobre este assunto estão no capítulo respectivo. Neste trabalho deparei-me logo ao início com problemas em recolher informação escrita dos locais diria usuais. As bibliotecas consultadas não possuem qualquer referência em documento escrito ou em outro tipo de documento relativo ao Turismo Naturista, o que foi uma surpresa devido a importância da actividade turística em Portugal. Os meios de comunicação social ocasionalmente reparam no Naturismo mas é todavia pela parte curiosa e pouco usual, do que para estudar e informar. Assim sendo desde já espero que este trabalho seja uma base documental para posteriores pesquisas. Face a situação o meu método de pesquisa incidiu substancialmente em documentos electrónico, nomeadamente para preâmbulo histórico, introdução ao tema, para perceber o alcance do associativismo internacional e nacional e tentar elaborar a oferta turística tanto a nível nacional como além fronteiras. Porém recorri a documentos fornecidos ao longo das aulas para perceber o sistema da indústria turística, que factores e motivações influenciam as escolhas dos turistas. Foi necessária a recolha de artigos de revistas, que de uma maneira geral serviram para perceber o alcance do turismo naturista na comunidade e por fim achei imprescindível obter a opinião dos dirigentes naturistas em Portugal. Achei por bem criar uma base de dados estatísticos própria, já que o tema poderia suscitar a necessidade amostras concretas. O Dialogo com os órgãos oficiais foi também uma mais valia visto serem os próprios os principais clientes deste tipo de mercado turístico.
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INTRODUÇÃO AO TEMA TURISMO NATURISTA O Naturismo enquanto estilo de vida é o resultado de um gradual desenvolvimento da qualidade de vida das populações que permitiu o aumento do nível cultural, este factor possibilitou uma maior sensibilização pelas questões ambientais. Mas o naturismo não se trata somente de uma preocupação ambiental mas também de uma forma de terapia secular. Hoje em dia é praticado por um grupo de pessoas que seguindo a “escada de motivações de Pearce” procuram os últimos três degraus: a relação com os outros, a auto estima e por vezes com a prática do naturismo encontram a realização pessoal. A prática de naturismo é ancestral e muito influenciada pelo clima, encontra-se o registo destas práticas nas antigas culturas babilónica, grega e romana. No final do século XIX altura em que o termalismo e as estâncias balneares eram reconhecidos por serem altamente benéficas para a saúde, os banhos de água quente ou as temporadas junto ao mar eram as orientações mais comuns. Porem em 1905 a associação turística “Die Naturfreunde” (os amigos da natureza) é dá-se início ao movimento naturista. Estes movimentos, as suas organizações e as suas concepções da nudez, dos prazeres do sol e da água estabelecem o mais profundo contraste entre as civilizações citadinas e o retorno ao natural, o naturismo ira tornar-se ética de cura e de prevenção. No princípio dos anos 20 do século passado, o naturismo contemporâneo ramifica-se irremediavelmente por vários países da Europa, consequência da vontade de grupo de pessoas que passado algum tempo conseguirão prestigiar a actividade que fundaram, dando início ao movimento naturista internacional. O primeiro centro naturista na Europa localizava-se na ilha do Levante pertencente a França, e os seus fundadores foram os irmãos “Duvalier”. Actualmente o Naturismo não é visto como uma afronta aos bons costumes por uma grande margem de população, que na maioria não têm opinião formada, ou optam por uma atitude passiva. Para a indústria do Turismo é um segmento de mercado que tem crescido tal como a actividade turística no geral. Em países com os E.U.A. ou Alemanha o número de naturistas é revelador do dinamismo que possui, e na França que é o principal destino turístico mundial, desde a década de 70 que tem crescido constantemente, podemos dizer a par com o turismo convencional, no qual a França também esta em primeiro lugar. Tal como outros segmentos o Naturismo esta presente nas principais feiras de turismo do mundo através da INF e pelas empresas ligadas a este sector. Em INP Introdução aos Estudos Turísticos 2006
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Turismo Naturista De estilo de vida a Produto Turístico 2003 o naturismo esteve representado na BTL, e está presente regularmente nas feiras de Utrecht, IBT, FITUR e Turim. Em Portugal o panorama não é tão positivo, o naturismo tarda em afirmarse como um tipo de turismo. Vários factores são apontados como a causa, a fraca disponibilidade dos portugueses para o associativismo em associações ambientais ou ligadas a natureza, o nível cultural da população, ou a ausência da liberdade individual durante o regime ditatorial que levou a inclusão de conceitos morais regressivos. A situação do turismo naturista em Portugal não tem progredido e os empreendimentos turísticos dedicados a ele são muito poucos. O potencial está todo por cá mas ainda não foi transformado em atractivo turístico.
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VOCABULARIO Individuo que usa a nudez como modo de terapia para o benefício físico, mas também como respeito por si próprio e pelos outros, o que proporciona o seu bem-estar mental. Procura enfim “mens sana in corpore sano”.
Naturista:
O Naturismo é uma forma de vida em harmonia com a natureza, caracterizada pela prática da nudez colectiva, no propósito de favorecer o respeito por si mesmo, o respeito pelos outros e pelo meio ambiente.
Naturismo:
É usado para destinguir a pessoa, estabelecimento hoteleiro ou praia não naturistas.
Têxtil:
Gimenosofia:
O Estudo ou filosofia de estar sem roupa. O legado da palavra provém do termo grego “Gumnos” que significa estar nu.
Ginásio:
Local onde se estuda ou pratica-se exercício físico sem roupa. O Significado da palavra foi largamente esquecido
Praia Oficial:
Designação dada as praias que estão sinalizadas como praias naturistas através de fixação de indicação escrita ou figurativa, de se tratar de zona naturista.
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CAPITULO I HÁBITO ANCESTRAL Idade Antiga Do século II até o final do IV, os romanos, sem excluir os cristãos, banhavam-se despidos em banhos públicos, os homens e mulheres banhavam-se juntos. Na Grécia era comum as actividades desportivas ocorrerem sem nenhuma peça de roupa. O sentido de pudor que hoje vemos disseminado na nossa sociedade moderna, foi um legado que as religiões nos deixaram. Tempos Modernos O naturismo moderno surgiu no início do século 20, na Alemanha e França. Na França (especificamente na Ilha do Levante) foi criada pelos irmãos Duvalier uma "Clínica Helioterapêutica" onde se reconhecia que a nudez ao ar livre com alimentação natural (sem nenhum produto animal, drogas, cigarros e bebidas) e contacto com outras pessoas ajudava na cura de todos os males físicos. Na Alemanha, que é tida como a iniciadora do naturismo, um professor de educação física (Adolf Koch) propôs aos seus alunos que estes deveriam fazer os exercícios ao ar livre e sem roupas. Depois de algum tempo, os jovens deste professor passaram a serem mais corados, ter mais saúde e alegria, as famílias dos mesmos vendo as mudanças inclusive comportamentais dos mesmos resolveram aderir aos exercícios e criaram o que a princípio foi chamado de nudismo. (a alteração de nome só foi feita na década de 50). No ano de 1906, surge nesse mesmo país o primeiro campo oficial
Sabia que
Babilónios, Assírios, Gregos e Romanos foram os primeiros nudistas da antiguidade? A federação Internacional de Naturismo define esta filosofia de vida como: “um estilo de vida em harmonia com a natureza, caracterizado pela pratica da nudez em conjunto, com a intenção de favorecer o respeito por si mesmo, pelos outros e pelo meio ambiente? A sua prática teve inicio em oficialmente em Portugal em 1975? A Federação Portuguesa de Naturismo foi fundada em 1 de Março de 1977? A primeira intervenção na Assembleia da Republica do actual Primeiro-ministro José Sócrates, foi precisamente em defesa da lei do Naturismo, que acabou por ser aprovada em 1994? A prática do Naturismo é habitual em cerca de 25 praias em Portugal? Em Portugal existem 3 associações/clubes: Associação naturista de Portugal, Clube Naturista do Algarve, e Clube Naturista do centro num total de 1500 sócios? No resto da Europa esta prática está mais divulgada assim na Holanda 1 em cada 422 habitantes esta filiado a uma associação naturista, Suiça 1 em cada 519, França 1
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Turismo Naturista De estilo de vida a Produto Turístico para a prática do naturismo. Nessa época, alem dos exercícios ao ar livre em completa nudez, havia também uma grande preocupação com a alimentação, que deveria ser saudável, geralmente baseada numa alimentação vegetariana. Após a segunda guerra mundial, o naturismo começou a difundir-se, não só pela Europa, mas também nos Estados Unidos. Hoje são poucos os países ocidentais que ainda não possuem adeptos do movimento. Em 1953 surgiu oficialmente a INF/FNI International Naturist Estatua de atleta grego 1 Federation ou Federation Naturist International.
CAPITULO II INP Introdução aos Estudos Turísticos 2006
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NATURISMO COMTÊMPORANEO Perfil naturista: Os hábitos do turista naturista variam segundo o destino se o destino é um hotel, 90% do turistas viajam de avião se o alojamento é camping ou apartamento, aproximadamente 70% vêem de carro e os restantes 30% vêem de avião alugando um carro no local de destino. No Inverno há uma quebra de 20% ocupação, mais ou menos 60% dos naturistas têm entre os 25 e os 35 anos. O nível de estudos de 70% dos naturistas é médio alto. Entende-se alto os licenciados e médio o bacharelato. Um naturista é aquele que faz da nudez uma forma de vida, enquanto o nudista é aquele que simplesmente goza por momentos a liberdade dos seus corpos. Os Naturistas são uma minoria, porém uma minoria substancia. A grande maioria devido ao receio que a sua posição poderia causar no seu meio social, prefere manter um “Low Profile”. Somente 2% de adultos consideram-se naturistas, contudo um quarto de todos os adultos já nadaram e tomaram banhos de sol nus. Há provavelmente muitas pessoas que afirmam que no seu dia-a-dia em certas ocasiões estão sem roupa, porém não se sentem naturistas. Alterações introduzidas pelo Turismo Naturista: O Turismo Naturista é um novo mercado para a procura e para a oferta. Para que se perceba o alcance desta tipologia resolvi criar um quadro que tenta de uma maneira simples exemplificar as alterações mais significativas. Este quadro foi criado com base em informação disponibilizada ao longo do 1º semestre.
Alterações No consumidor Mudanças de valores e de estilo de vidas Flexíveis e Independentes Mudanças demográficas
Nas condições estruturais Pressões ambientais
Na produção
Na Gestão
Integração do Marketing
Segmentação do mercado
Inovação e Desenvolvimento do produto Orientação para o consumidor
Definição dos preços pela inovação
O Turismo Naturista na actualidade: INP Introdução aos Estudos Turísticos 2006
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Turismo Naturista De estilo de vida a Produto Turístico Na actualidade, contabiliza-se aproximadamente vinte milhões de pessoas dispostas a praticar naturismo, oriundas de países do hemisfério norte em particular do norte da Europa como a Alemanha, Bélgica, Holanda, Noruega, Suécia, Finlândia e Dinamarca. É provável que exista um número muito elevado de turistas naturistas interessados em passar férias. Para o fazerem elegem destinos do hemisfério sul em particular do sul da Europa onde é fácil a sua prática, principalmente pelo clima, infra-estruturas adequadas legislação adequada. Entre os destinos preferidos encontra-se a França, Croácia, Grécia e Espanha na Europa, ou Caraíbas, América do sul ou Austrália. Apesar de esta actividade ser muito difícil de contabilizar, uma estimativa feita na Grã-Bretanha revela que os números provenientes de Inglaterra e País de Gales são ainda uma minoria da população local. Perto de dez milhões de pessoas nadaram sem roupa, quatro milhões e meio de pessoas visitaram uma praia naturista estrangeira, três milhões visitaram uma praia naturista inglesa, porem só um milhão de pessoas consideram-se naturistas, se as crianças forem contabilizadas serão um milhão e duzentas mil. Estes números são muito inferiores quando comparados com outros países europeus como por exemplo: Holanda onde 1 em cada 422 habitantes pertence a uma associação naturista, na Suiça 1 em cada 519, França 1 em cada 630, Bélgica 1 em cada 890. Em Espanha pouco mais que trinta mil praticam habitualmente Naturismo e quinhentos mil fizeram-no esporadicamente. Em Portugal a situação deve-se em parte porque os Portugueses não têm tradições no associativismo e porque em Portugal apesar do clima e da Federação Portuguesa de Naturismo ter visto sido aprovado os estatutos 5 no longínquo ano de 1977, apenas com a Lei nº29/94 de Agosto de 1994 6 se define e regulamenta a prática Naturista em Portugal, assim, o naturismo e feito esporadicamente. Porem este tipo de turismo veio para ficar e as suas potencialidades são infindáveis. O 1º Cruzeiro naturista registou-se a 12 anos nos Estados Unidos e levou 500 pessoas. Em Fevereiro de 2004 saiu da Califórnia um cruzeiro que transportou 2600 pessoas a bordo, mas este foi apenas 1 entre os 7 cruzeiros realizados em 2004. A cidade de Barcelona conta desde Setembro de 2004 com a 1º discoteca naturista em Espanha, o espaço “Allen Roc”. Oferta de Alojamento:
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Ver Estatutos da federação Portuguesa de Naturismo em Anexo. Ver Lei nº 29/94 em Anexo.
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Turismo Naturista De estilo de vida a Produto Turístico Apartamentos, parques de campismo, urbanizações, hotéis, turismo em espaço rural, albergues, piscinas, turismo de aldeia, e clubes, a oferta é infindável. Há ainda alojamento parcialmente naturista, onde a prática do nudismo é permitida somente em algumas zonas e em horários específicos segundo as normas de cada alojamento, os que são totalmente naturistas são na maioria homologados e solicitam aos clientes/hospedes o cartão da federação nacional e o da federação internacional (INF). Naturismo no Mar e no Ar Pelo Mar: Em Junho de 2004 zarpou de Barcelona o 1º cruzeiro naturista da Europa. O cruzeiro Flamenco organizado pela Gheisa Viagens transportou um total de 450 pessoas e percorreu os principais portos e lugares interessantes do Mediterrâneo: Ibiza, Sardenha, Roma, Córsega, Nicce e Barcelona. Em termos de nacionalidades, os espanhóis foram o grupo mais representado com 73% do total seguido de ingleses, alemães, portugueses, holandeses, russos, venezuelanos, num total de 17 países da Europa, Ásia e América. O custo da viagem variou entre os 452€ sendo a opção mais económica, e os 1628€ a opção mais cara. O operador Gheisa Tour criou um programa completo de excursões e actividades culturais pensadas especialmente para os passageiros naturistas. Estes Cruzeiro Naturista Flamenco 2 puderam visitar complexos naturistas como “Origan Village” no Mónaco, a praia naturista de “Dorgalli” em Ajaccio (Córsega) ou o clube “Origan” em Nice. O turismo em família foi predominante neste cruzeiro, e o camarote mais solicitado foi para casais. Os 2 cruzeiros seguintes foram realizados dentro destes moldes e estão Embarcação de empresa naturista 3 confirmados mais para os próximos anos.
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Turismo Naturista De estilo de vida a Produto Turístico Para quem ama o mar, também existe uma vasta oferta de empresas que organizam saídas em barcos a vela e outros tipos de embarcações com a duração de um ou mais dias. Em Espanha a um número de empresas nesta área: nas ilhas Baleares a empresa Antigua Meloussa, S.C organiza desde Maiorca, saídas para 4 a 6 pessoas. Mas não é a única. Existe concorrência como a Med Mailing ou a Naturist Sailing. Pelo Ar Ainda em 2004 no mês de Maio realizou-se o primeiro voo nudista organizado pela “Castaways Travel”. O voo saiu de Miami com destino a Cancun. Um total de 86 passageiros embarcou no avião da “Naked Air”. A operadora reservou a si a criação de normas de voo, uma delas era que os passageiros só poderiam despir-se depois do avião alcançar a altitude de cruzeiro e até ao momento de aterragem, no qual vestiriam as roupas novamente. Com as bebidas que foram oferecidas a bordo, a tripulação distribuiu também toalhas para serem usadas nos bancos. Este grupo alem de terem viajado sem roupa, desfrutaram de uma semana sem roupa no hotel “Dorado Resort” em Cancun. O pacote inclui ainda um dia completo no parque aquático “Kantenah” que permaneceu encerrado ao público em geral. Durante a elaboração deste trabalho tomei conhecimento que foi criado um género de associação no sentido de criar uma oferta eficaz, e de tornar este sector economicamente forte. Os principais operadores turísticos que operam no naturismo a unirem-se na criação do “Natunion International”. É um consórcio independente que agrupa as principais empresas do sector, existe desde 1975 com a necessidade de responder a procura dos clientes. Especialização e conhecimento do produto é o que disponibilizam aos Naturistas.
Castaways Travel Made History Again
Logótipo da Naked-Air 4
Os operadores mais importantes no mundo são a alemã Obona Reisen & Miramare Travel e a as inglesas Peng Travel, Chalfont Holidays, a norte americana Fantastic Voyages e a Sun and Fun Nude Travel, a francesa France 4 Naturisme e a Club Holidays. Os operadores franceses contam com o apoio oficial do INP 13 Introdução aos Estudos Turísticos 2006
Turismo Naturista De estilo de vida a Produto Turístico organismo que promove o turismo em França, que disponibiliza informações sobre as empresas de sector e as possibilidades de alojamento em França. Na Natunion International existe ainda operadores da Holanda, Noruega e Suiça. A empresa espanhola Gheisa é única na Península Ibérica que integra a Natunion International. Na sua rede de parceiros encontram-se várias empresas de renome como a TAP Portugal, Portugália Airlines, Terrabrasil, Iberojet, mundo Vip, e dispõe de aproximadamente 100 balcões na Península Ibérica em Portugal. A agência Gheisa tem 37 balcões o que a coloca no 5º lugar no ranking em Portugal, logo atrás da Abreu, Halcon e Top Atlântico e World Travel. Outros operadores – Miramare Reisen da Alemanha e Croácia, Internatur da Holanda, Vidy Reisen dos países Nórdicos, Sun club Reisen da Suíça e República Checa. A Gheisa Natur traça o perfil do turista naturista: o naturista normalmente viaja em família (casal e filhos) com um poder de compra médio, gosta de estar em contacto com a natureza e ter uma vida saudável.
Alguns números do Turismo Naturista O turismo Naturista é um sector que esta em rápido crescimento na indústria do Turismo tanto na Europa como no resto do mundo. Esta tipologia de turismo alberga inúmeros sectores de actividade o que a torna uma indústria dentro de outra indústria. O turista naturista pertence a um status médio alto e no geral são turistas que não estimam Algumas Empresas os gastos nem olham muito aos preços. Uma das Naked Air www.naked-air.com características deste turismo é que a maioria dos preços de alojamento naturistas são 35% mais caro Viajes Gheisa www.gheisa.es/crucero que os estabelecimentos têxteis. Portanto no geral naturista o naturismo é um negócio muito rentável. As Antigua Meloussa, S.C viagens, os estabelecimentos hoteleiros e outros www.menorcaenvelero.c serviços naturistas, geraram em 2004 a nível om mundial um valor aproximado de 326 milhões de Med Sailing Euros (400 milhões de dólares), em 2001 foi de 98 www.nudesailing.co.uk milhões de Euros (120 milhões de dólares), Naturist Sailing segundo a Associação Naturista Norte Americana www.naturesail.com (A.A.N.R.) que possui 50.000 associados.
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CAPITULO III A DINAMIZAÇÃO DO ASSOCIATIVISMO O Associativismo naturista é uma realidade com expressão mundial considerando que a International Naturist Federation tem cerca de 34 Federações Nacionais Federadas (o Canadá possui 2 federações) e 9 representantes/correspondentes de outros tantos países. A federação internacional naturista designada internacionalmente por “International Naturist Federation” (INF), existe a 51 anos e esta sedeada em Antuérpia na Bélgica. Alberga em si todas as federações nacionais, cabendo-lhe promover o naturismo de várias formas como encontros internacionais, conferencias, publicações, torneios desportivos, encontro de jovens etc. A INF publica anualmente um guia para naturistas, o INF “World Handbook”7, possui ainda uma biblioteca própria, a “International Naturism Library” (IFB) que possui a colecção mais significante de literatura naturista em todo o mundo em 23 línguas. Os seus arquivos mais antigos datam de 1893, e também a sua própria publicação: “Travel Info.” ( Consumer test of various naturist travel agencies) Por fim a INF organiza vários encontros desportivos anuais como a gala de natação ou o torneio internacional de voleibol, mas o mais importante, é o apelidado desporto oficial naturista o “Pétanque” que movimenta centenas ou mesmo alguns milhares de naturistas durante o torneio. Há duas situações curiosas no âmbito do turismo internacional. A primeira refere-se a existência de alguns países onde o Turismo Naturista não esta protegido pela lei nacional mas é conhecido e tolerado. 8 A segunda é nos casos em que o turismo Naturista está ao abrigo da lei Nacional mas não há associativismo naturista. Qual é a importância de existir 34 Federações Nacionais e 9 Representantes/ Correspondentes? Neste contexto o importante é perceber que as Federações e Representantes para serem legalmente legítimas aos olhos da INF, foram obrigadas a estarem enquadradas pela lei do respectivo país. O Naturismo enquanto modalidade de turismo tem como destinos todos os países existentes, todavia a sua prática só será reconhecida em 34 países, excluindo os da primeira situação em citada anteriormente.
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Imagem em anexo do Bare Beach A Itália é o exemplo de contra-senso, o naturismo até 2001 não estava ao abrigo da lei porem não se pode negar que há a pratica do turismo naturista. Até a data deste trabalho não foi possível saber da mudança da lei. 85
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Turismo Naturista De estilo de vida a Produto Turístico Países e respectivas Federações onde é possível a prática de Turismo Naturista :
EUROPA Irlanda Irish Naturist Association (www.naturism.ru)
(www.esatclear.ie)
Ucrânia Kiev commonwealth of naturists
Grã-Bretanha Council for British Naturism (ken@i.kiev.ua)
(www.british-naturism.org.uk)
Grécia Hellas Correspondent (eedc@v ip.gr) Hungria
Noruega Norsk Naturism Forbound
Napöra Club
(www.naturistnet.org)
(www.naturizmus.hu)
Suécia Sveriges Naturist Forbound
Bulgária Union der Naturisten in Bulgarien
(www.naturitnet.org/swerige) Finlândia Finnish Naturist Federation
(grafikbg@yahoo.co.uk) Eslovénia Zveza Drustev Naturistov Slovenije
(www.naturistiliitto.fi)
(www.zvesa.zdns.si)
Rússia RNF “telord”
Republica Checa Frantisek Hájek
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(www.naturtravel.cz)
Luxemburgo Féderation Luxembourgeoise de Naturisme
Alemanha Deutscheer Verband Fünf FDK Federation (webplaza.lu/ceolin/felunat.htm)
(www.dfk.org)
Bélgica Federatie van Belgische Naturisten
Dinamarca Dansk Naturist Union (www.naturisme.be/) Áustria ONV Federation (www.dansknaturistunion.dk) Lituânia Lithausen Lit Correspondent
(www.fkk.at http://naturismus.at) Suíça UNS/SNU Federation
( sblsrns@yahoo.com)
Holanda Naturisten Federatie Nederland
(www.snu-uns.ch) França Féderation Francese Naturisme FFN
(www.nfn.nl/) Espanha FEN Federation (www.ffn-naturisme.com/)
(www.naturismo.org)
Itália FE.NA.IT. Federation
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Turismo Naturista De estilo de vida a Produto Turístico Índia
(www.fenait.org/) Portugal Federação Portuguesa de Naturismo (http://fpn.com.sapo.pt)
Oceânia Austrália Australian Nudist Federation
(http://aus-nude.org.au)
Israel Israel naturist society
(www.naturism.org.il)
Nova Zelândia New Zeáland
Naturist Federation.Inc
América do Norte E.U.A. American Association for Nude Recreation
(www.aanr.com)
Asia
América do Sul Brasil Federação Brasileira de Naturismo
(www.fbrn.com.br/)
Africa
Canada Union of the Quebec and Canadian Naturist Federation
(www.naturists.ca)
Africa do sul South Africa Naturisme Federation
(www.sanfed.com)
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CAPITULO IV TURISMO NATURISTA ENQUANTO TURISMO SUSTENTAVEL A algumas décadas atrás a maioria dos países ocidentais e muitos outros espalhados pelo Globo tentam seguir o mesmo Segundo a United Nations padrão e atingir um nível de desenvolvimento Environment Programme “o idêntico. desenvolvimento do turismo sustentável satisfaz as Sendo o turismo em grande parte, o necessidades dos turistas e das resultado do desenvolvimento gradual das regiões hospedeiras, protegendo e melhorando as oportunidades do sociedades modernas, sente-se também na futuro. Visa o ordenamento de actividade turística a padronização de todos os recursos para que as necessidades económicas, sociais tipologias de turismo, de destinos, enfim das e estéticas possam ser satisfeitas, tendências. O primeiro turismo de massas ao mesmo tempo que se mantêm surgiu no inicio da década de 60 e continuou a integridade cultural, processos ecológicos, diversidade biológica pela de 70, foi a época de oiro para o turismo e sistemas de apoio a vida. balnear, o produto Sol e Mar atingiu o 1º lugar como tipologia e não mais abandonou esse posto. A década seguinte apenas aguçou o Quais são os Princípios do Turismo Sustentável? problema da massificação e uniformização do mesmo tipo de oferta para destinos com as Uso sustentável dos recursos mesmas características climáticas e geográficas. Em certa medida, este tipo de turismo Redução do consumo e saturado deu origem a novas ideias que são desperdícios excessivos difundidas, até serem capazes de criar novas Preservação da diversidade práticas e tipos de turismo, que são constituídas natural, social e cultural sobretudo por minorias inovadoras capazes de Integração do turismo no conotar de prestigio as praticas que elas planeamento inauguraram. A década de 90 é o exemplo máximo dessa Suporte da economia local tendência, surge um grande número de Formação ambiental do pessoal modalidades de “turismo naturista, verde, azul, do sector turístico branco”. Na actualidade há tendência para o Investigação no sector aparecimento de nichos de mercado com interesses e motivações para produtos e serviços de turismo não massificado. O sector naturista tem este perfil desejado. O naturista manifesta um grande respeito pelo meio ambiente e trata os locais de alojamento com enorme respeito. È já reconhecido por empresas, organizações turísticas e sector publico nacional e local que o estilo de vida naturista é saudável e positivo, INP Introdução aos Estudos Turísticos 2006
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Turismo Naturista De estilo de vida a Produto Turístico demonstrando que é possível crescimento sustentável do mercado turístico nos locais que apostarem por este tipo de segmento.
CAPITULO V TURISMO NATURISTA NA EUROPA Os maiores receptores na actualidade As entidades oficiais para promoção do turismo de diversos Países depois de terem descoberto as suas potencialidades enquanto destinos Turísticos estão a avançar para uma aposta gradual no Turismo Naturista. Já é possível a quem visita um site oficial de Turismo de alguns países encontrar não só referências ao seu potencial geográfico e Camping Naturista na Holanda 5 climático, mas também informação detalhada sobre oferta de alojamento (desde Parques de campismo até complexos naturistas e conjuntos turísticos), praias toleradas e legalizadas para a prática, empresas de animação turística etc. A Croácia: O segundo destino mais procurado é a Croácia. Note-se que esta tipologia de turismo concede-lhe um destaque que não conhece em mais nenhuma outra. A aposta croata no Logótipo do Turismo Croata 6 Turismo Naturista não é ao acaso. Um país composto de densas florestas e praias voltadas para o mediterrâneo e um clima a condizer. Há ainda outro factor, a região dos Balcãs esteve até pouco tempo envolta numa incerteza política constante. Uma guerra civil no início da década de 90 destruiu parcialmente ou na totalidade vias de comunicação, várias infra-estruturas, monumentos e de maneira geral, o património edificado impossibilitando a região de apostar no prestigiado Turismo Cultural, e de atrair investimento estrangeiro. O Turismo Naturista na croácia remonta a época da antiga Jugoslávia, o Turismo Naturista de fácil INP Introdução aos Estudos Turísticos 2006
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Turismo Naturista De estilo de vida a Produto Turístico implementação (quando esta ao abrigo da lei) tem sido uma aposta alternativa com sucesso.
A Espanha: A situação da vizinha Espanha esta prestes a mudar. Terceiro destino dentro da Europa, tem ainda um longo caminho a percorrer para chegar ao nível da França, porem um grande passo já foi dado nesse sentido, desde Maio de 2006 o Turismo Naturista está referenciado no site oficial do Turismo Espanhol. A Espanha apresenta provavelmente o maior potencial para este tipo de turismo. Milhares de quilómetros de costa soalheira mediterrânica, centenas de praias e uma paisagem diversificada são trunfos difíceis de igualar. Os números recentemente divulgados9 davam conta de 400 praias oficiais ou toleradas para o naturismo e cerca de 40 empreendimentos. Na costa de Alméria no município de Vera encontra-se o único hotel totalmente Naturista de Espanha. O Hotel Vera Playa Club 10, de 4 estrelas da cadeia de hotéis Playa Senator. Este hotel tem uma taxa de ocupação média de 75% que tem vindo a aumentar com a melhor aceitação por parte do mercado interno. O êxito deste hotel deve-se sobretudo a fidelização dos clientes, em alguns meses os clientes habituais chegam aos 80%, a média ronda os 70%. A oferta é já insuficiente porque os clientes procuram já outros hotéis ao longo da costa. Neste hotel a melhor publicidade tem sido o “boca a boca”. Hall de Entrada Hotel Vera Playa 7 De praticamente desconhecido para o sector de turismo espanhol no virar de século passou a contar nos últimos anos com diversos centros. O sector empresarial espanhol percebeu o potencial deste produto e tem apostado forte. Actualmente é um dos destinos de eleição. Contudo o sector pensa que ainda estão na fase inicial da exploração deste novo produto para o qual a Espanha tem potencialidades tremendas. Os espanhóis pensam que um destino naturista não é só aquele lugar onde se pode apanhar sol e estar nu, mas sim onde pode alojar-se e estar praticamente 24 horas nu, realizar todas as actividades que deseja nu, desde ir ao supermercado, ir ao café tem uma refeição no restaurante, dançar, realizar desporto, navegar na Internet ou enviar um fax. A Espanha já possui urbanizações onde isto acontece. Na localidade de Vera isto é possível, os empreendimentos turísticos na catalogada capital do 96
Informação recolhida no site da Federação Espanhola de Naturismo. Imagens do Hotel Vera Playa Club em anexo.
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“Top ten” dos destinos espanhóis 1.
Varias urbanizações em VERA – Almeria (Hotel vera Playa, Vera Natura, Natsun, Parque Vera, Etc) 2. Camping EL PORTUS en CARTAGENA – Múrcia (Mobil home, caravening y apartahotel 3. Urbanização COSTA NATURA, Málaga 4. Camping EL TELPLO DEL SOL, Tarragona 5. Urbanização EL POBLE NATURISTA EL FONOLL, Tarragona 6. Camping RELAX NAT, Girona 7. Camping SERRA NATURA, Valencia 8. Urbanização LAS PITERAS, Lanzarote 9. Camping ALMANAT, Malaga 10. Urbanização MAGNOLIAS NATURA, Gran Canaria
Naturismo Espanhol contam com mais de 2.000 camas. É um número tremendo tendo em conta que o Alentejo em todas as tipologias de alojamento tem 9.000 camas. Outra região onde o negócio ligado ao Naturismo esta a crescer rapidamente, é o arquipélago das Canárias, nomeadamente nas ilhas de Lanzarote que possui o estatuto de reserva da biosfera e a ilha de Fuerteventura. A federação espanhola de naturismo perspectiva que o arquipélago seja no futuro a região que ira atrair mais turistas, devido principalmente ao clima. A França: Dentro da Europa a França é o principal destino Turístico, cabendo-lhe uma cota de mercado entre os 40% a 60%. A oferta de alojamento deve seguramente rondar as 330 unidades divididas entre os mais comuns Parques de Campismo, Hotéis, Apartamentos, Aldeamentos Turísticos, Turismo em espaço Rural. A cidade de Cap. D Adge no sul de França é intitulada de A Capital do Naturismo, possui um enorme complexo naturista, o maior do mundo localizado a Nordeste da cidade, o complexo é tão grande que tem mesmo o nome de “cidade naturista” não são apenas alojamentos delimitados mas sim quarteirões de ruas que alem da variada oferta de alojamento, dispõem de um leque de opções e actividades para ocupar as horas dos naturistas. A França possui ainda outros destinos muito procurados por naturistas do norte da Europa como o complexo naturista da ilha do levante, que funciona desde 1930, o centro naturista de Nice, ou de Lyon entre outros ao longo da costa mediterrânica. A ilha da Córsega o primeiro destino naturista onde existiu uma clínica de Helioterapia no longínquo século XIX, é ainda hoje regularmente procurado. O Mónaco possui também um complexo naturista de renome.
Cidade Naturista de Cap D Adge (França) INP Introdução aos Estudos Turísticos 2006
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Turismo Naturista De estilo de vida a Produto Turístico É o maior complexo naturista no mundo, andar despido é autorizado e comum em todo o complexo incluindo nos restaurantes e lojas 24 horas por dia 7 dias por semana. A entrada no complexo custa 0,90€ por pessoa durante um dia (2006). A “Village Naturiste” é uma cidade autónoma, com praias, porto, marina, parques de campismo, complexo de apartamentos, hotel, lojas, restaurantes, bares, posto de correios, bancos e caixas automáticas, lavandarias, cabeleireiros, campos de ténis, e Entrada da Vila Naturista de Cap d Adge 8 outras infra-estruturas. No auge da época alta o complexo chega a receber 50 mil pessoas. A Praia naturista: tem 2km de comprimento e 30 m de largura e pode ser dividida em 2 partes: zona familiar e zona para pares ou singulares. O areal e a agua são de boa qualidade e variam entre os 16 e os 20 graus centigrados. Possui 2 postos de vigilância de praia, polícia e instalações médicas. A única actividade comercial ao longo da praia é um vendedor de gelados. Helopolis: É a maior e mais proeminente infra-estrutura da cidade naturista, de forma redonda possui 5 pisos e com um diâmetro de aproximadamente 250 m, em frente a praia. Alem de 800 apartamentos para 2, 4 ou 6 pessoas, tem uma zona de lojas no rés-do-chão. Village Helopolis: Esta localizada a este do Vista panorâmica do complexo naturista 9 helopolis e tem 125 casas para famílias. Esta vedada e apenas os residentes têm acesso. Port Nature: Em forma de L com 5 pisos de blocos de apartamentos com aproximadamente 600 apartamentos, esta também em frente a praia a sul do Helopolis, possui 2 zonas de comércio com restaurantes, bares, lojas e supermercados, 2 piscinas e uma discoteca. Village Nature: O “Village Nature são 120 casas duplex a sul do “Port Nature”, para 6 e para 8 pessoas cada. INP Introdução aos Estudos Turísticos 2006
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Turismo Naturista De estilo de vida a Produto Turístico Marina: A marina possui capacidade para acolher 60 embarcações “a nado” até 17 metros de comprimento. Port Ambonne: Complexo de apartamentos no mesmo modelo do “helopolis”, de 4 pisos, localizado a norte da marina e a este do “Helopolis” tem aproximadamente 400 apartamentos para 4 a 8 pessoas. Alem da zona comercial e de restauração possui duas saunas. Hotel Eve: O hotel esta localizado longe da praia e é o único hotel do complexo naturista. Hotel de 3 estrelas com 48 quartos. Uma noite num quarto duplo custa aproximadamente 135€ em época alta (2006). No complexo naturista de Cap D Adge existem ainda outros estabelecimentos hoteleiros como o “Port Vénus”, “Cap Sauvage”, ou o parque de campismo com capacidade para 7500 pessoas.
CAPITULO VI O TURISMO NATURISTA EM PORTUGAL INP Introdução aos Estudos Turísticos 2006
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Turismo Naturista De estilo de vida a Produto Turístico O naturismo no nosso país a pouco anos atrás possuía apenas como destino não oficial duas ou três praias. Praias essas que durante muitas décadas eram apenas toleradas para a pratica do nudismo, o que ocasionava muitas vezes o aparecimento de mirones que sem qualquer tipo de senso faziam questão de olhar as pessoas despidas. A fama de algumas praias chegou a todo o país, quem é que nunca ouviu falar da praia do Meco, ou da Ilha de Tavira entre outras. A lei portuguesa permite que exista uma praia oficial por município, todavia as características do litoral de Portugal em muitos casos não permite sequer uma praia, em outros casos há condições para uma praia ou mais. Enquanto modalidade de turismo que contempla oferta de alojamento, o naturismo é muito recente em Portugal. O grande passo para a instalação de alojamento e equipamentos foi dado em 1997 pelo então ministro do ambiente José Sócrates, no governo do engenheiro Guterres. Porem se na altura a lei que entrava em vigor foi uma inovação, porque era realmente um passo em frente, na actualidade não é concisa o que provoca constantemente conflitos entre os interesses dos investidores privados e a comunidade em geral representada pelo município. Na minha pesquisa consegui perceber que os problemas apontados dizem respeito a restrição e desactualização da lei em vigor e não são problemas actuais, existem praticamente, desde a entrada da lei em vigor. Os problemas surgiram logo antes da implantação do 1º empreendimento turístico naturista em 1998 no Concelho de Oliveira do Hospital. Em Março de 2000 o Semanário Expresso publicou uma entrevista da qual retirei alguns comentários que na minha opinião ilustram de uma maneira geral o desenvolvimento deste turismo em Portugal. «…a ideia do casal holandês, ela enfermeira, ele agente de seguros, uniu a população o pároco e autarcas num coro de vozes indignadas.» A ideia agradou ao presidente da Câmara porem foi rejeitada pela Assembleia Municipal. Na localidade onde se encontra o parque de campismo as opiniões eram peremptórias «o pessoal pensava que os forasteiros iriam andar nus pelas ruas e cafés» se as questões morais foram resolvidas, ainda havia algum cepticismo «Não sou contra o nudismo mas acho que o parque vai trazer para aqui as drogas. Sabe como é, os donos são holandeses…». Algum tempo depois o Presidente da junta, a população e a assembleia municipal deram o aval ao projecto ao empreendimento que entrou em funcionamento quatro anos depois em 2002.
A Oferta A oferta naturista em Portugal varia entre as praias oficiais e toleradas, os parques de campismo e outros. A piscina da Penha de França em Lisboa e um INP Introdução aos Estudos Turísticos 2006
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Turismo Naturista De estilo de vida a Produto Turístico Spa também em Lisboa facultam as instalações aos naturistas durante 2 horas por mê. Porem estes serviços são uma pequena parte das inúmeras possibilidades. As praias oficiais em Portugal são: • Praia das Adegas (ou Odeceixe sul) • Praia da Bela Vista • Praia do Meco • Praia do Salto • Praia do Barril (Ilha de Tavira) No mês de Outubro de 2006 falhou a candidatura da Praia das Furnas no município de Vila do Bispo para praia oficial naturista, seria a 6º praia em Portugal. É a praia mais próxima do Parque de Campismo Naturista Quinta dos Carriços. Actualmente decorre o processo de aprovação de uma praia no Concelho de Odemira. As praias toleradas, são as praias onde o nudismo/naturismo é praticado usualmente, estas praias são na sua maioria de difícil acesso ou isoladas, permitem apesar de tudo uma razoável segurança. Existem outras que são usadas ocasionalmente, e resulta sobretudo da vontade do frequentador ou da ocasião, estas são denominadas “ocasionalmente naturistas”. O seu número é superior às praias toleradas, razão pela qual não as incluí. As praias Toleradas em Portugal são: • Praia da Estrela • Praia do Palheirão • Praia da Cova-gala • Praia do Salgado • Praia da Adiça • Praia da Comporta • Praia do Monte Velho (ou Porto das Carretas) • Praia do Malhão • Praia dos Alteirinhos • Praia da Carrapateira • Praia do Beliche • Praia do Zavial • Praia das Furnas • Praia de Cabanas Velhas • Praia dos Pinheiros • Praia da Fuzeta (Ilha de Armona)
Alojamento
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Turismo Naturista De estilo de vida a Produto Turístico Desde 2002 existe em Portugal estabelecimentos hoteleiros exclusivamente naturistas. Poucos meses depois de a Lei Naturista ter sido aprovada pelo parlamento, deu entrada na DGT um pedido de parecer para um projecto de um parque de campismo naturista. Todavia se o início parecia promissor, constata-se que o número de projectos que passam do papel para o terreno, ficaram aquém das expectativas. Foram criados vários, mas por razões diversas não chegam a surgir. Actualmente a oferta de alojamento naturista em Portugal é de 2 parques de campismo totalmente naturistas e 1 parcialmente naturista. Se a oferta é escassa, a mesma está em minha opinião razoavelmente dispersa pelo país. O primeiro, a Norte localizado na Beira Alta, nos limites do Parque Natural da Serra da Estrela. O segundo parque de campismo localiza-se no Município de Santiago do Cacem, é o mais recente e apenas possui as infra-estruturas mínimas, porém a localização numa zona tipicamente mediterrânica é o grande potencial deste parque. O terceiro parque de campismo possui uma zona têxtil e outra naturista. È o mais antigo, sendo o naturismo comum a alguns anos dentro do parque. Situa-se no Município de Vila do Bispo no Algarve, muito próximo a uma praia tolerada para a prática do naturismo, a praia das Furnas. Elaborei a oferta com uma pequena apresentação dos Parques de Campismo e os preços que vigoraram no ano de 2006. Parque de Campismo Quinta das Oliveiras Foi o primeiro parque de campismo totalmente naturista, está aberto ao público desde 2002, o terreno era uma quinta agrícola no sopé da montanha a 350m de altitude. A cidade mais próxima é Oliveira do Hospital. As aldeias da região como Travanca de Lagos ou Fiais de Beira proporcionam um ambiente tipicamente Beirão. O Parque está equipado para receber tendas, carros com roulotes e auto- caravanas. O parque de campismo tem acordos com empresas locais para diversas actividades de animação e com o Centro de Interpretação da Serra da Estrela.
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Turismo Naturista De estilo de vida a Produto Turístico caravanas ou chalés para alugar. Neste momento conta com 12 alvéolos disponíveis com electricidade, instalações sanitárias, duche quente, piscina, bar.
Tarifas 2006 por Janeiro – Maio; Junho – noite em € Outubro – Dez Setembro Adultos 2,5 3,5 Crianças <10 1,25 1,5 Lugar 5 5,25 Electricidade 2,5 2,5 Animal de Estimação 1 1 Desconto em época baixa entre 15% a 55%
Parque de Campismo Quinta dos Carriços O parque tem duas zonas distintas, para diferentes utilizadores, a zona têxtil, onde fica situada a recepção, mais para o interior fica a zona destinada ao naturista. Zona mais natural e calma absoluta onde é possível uma relação integral com a natureza. Nas proximidades existe uma praia tolerada para o naturismo.
Tarifas 2006 em € dia/noite Adultos 4,4 Crianças < 10 2,2 Lugar 4,95 Electricidade 2,4 Automóvel 2,4 Tenda 4,4 Caravana 6,2 Auto caravana 6,2 Banho Quente 0,65 Animal de Estimação 2,1 Em vigor entre Junho a Setembro Há descontos de época baixa
Apartamentos e caravanas Studio para 2 Pax.
59
Apartamento para 2 Pax.
66
Apartamento para 3
79
Apartamento para 4
91
Casa para 4 Pax.
91
Caravana para 2 Pax.
49,5
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Taxa de Ocupação do “Monte Barão” O parque de Campismo “Monte Barão” forneceu-me alguns dados sobre a ocupação do Empreendimento Turístico entre os meses de Janeiro a Outubro de 2006, num total de 10 meses. A informação sobre a ocupação estava dividida em duas partes, a primeira entre 1 de Janeiro a 31 de Março, a segunda entre 1 de Abril a 31 de Outubro. O “Monte Barão” tinha disponíveis 12 alvéolos /noites num total de 3648 noites oferecidas ao longo dos 304 dias que corresponde a 1 de Janeiro a 31 de Outubro. 1 De Janeiro a 31 de Março, 1 De Abril a 31 de Outubro
525 Noites ocupadas 874 Noites ocupadas
Elaborei então uma estatística sobre os dois períodos do seguinte modo: 1 de Janeiro a 31 de Março 90 Dias = 1080 noites disponíveis. A formula para a Taxa de Ocupação que é: [Número de dias de ocupação/ (Capacidade máxima de lotação * 90 dias)] *100 O resultado é seguinte: A Taxa de ocupação para o período de 1 Janeiro a 31 de Março é de 48,6%. 1 de Abril a 31 de Outubro 214 Dias = 2568 noites disponíveis. [Número de dias de ocupação/ (Capacidade máxima de lotação * 214 dias)] * 100 O resultado é o seguinte: 34% de Alvéolos/noites foram ocupados entre 1 de Abril a 31 de Outubro.
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50 40 30 20 10 0 1 de Janeiro1 de Abril a 1 Janeiro a a 31 31 de 31 de deMarço Outubro Outubro
Taxa de ocupação % Gráfico de Taxa de Ocupação 10
Perspectivas Face ao contexto actual, a minha opinião é que não se perspectiva um desenvolvimento capaz de colocar Portugal na rota do Turista Naturista Internacional num futuro próximo. Poderão surgir projectos esporádicos de investidores estrangeiros e/ou nacionais, naturistas que optam por criar uma actividade económica a partir desta filosofia de vida. Poderá ainda acorrer que determinado projecto, que pelo investimento, tamanho ou potencialidades próprias alcance sucesso e catapulte o Naturismo para outro patamar na indústria do turismo Português. Existe porem outras perspectivas que apesar de serem de desenvolvimento poderão ser negativas para Portugal, como por exemplo a indústria turística espanhola descobrir Portugal e os investidores alem fronteiras explorarem o destino Portugal, retirando os respectivos lucros sem que Portugal receba a devida retribuição. Esta perspectiva é bem real visto, que a agência de viagem Espanhola Gheisa na actualidade tem a exclusividade para a Península Ibérica, ou seja para o mercado Espanhol e Português. Segundo o Plano Estratégico Nacional do Turismo (PENT), este visa no horizonte de 2015 assegurar um aumento da contribuição do turismo para o PIB nacional. O Eixo I – Territórios, Destinos e Produtos - que pretende potenciar as valências de todo o país desenvolvendo novos pólos de atracção turística. Há 10 produtos estratégicos definidos, de alguns o turismo naturista poderá tirar partido. São eles o Touring cultural e paisagístico; Gastronomia e vinho; Saúde e bem-estar; Turismo de Natureza; Turismo Residencial; CityShort breaks; Turismo Náutico; Sol & Mar. INP Introdução aos Estudos Turísticos 2006
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Turismo Naturista De estilo de vida a Produto Turístico A taxa de ocupação do parque de campismo “Monte Barão” é bastante alta durante os meses entre Abril e Outubro, durante o Inverno a ocupação é um pouco inferior aos 50%, o que é excelente tendo em conta que o Inverno em Portugal apesar de ameno quando comparado com os países do norte, é ainda assim muito desagradável para nós portugueses. A análise da taxa de ocupação do “Monte Barão” permite tirar outra conclusão, que no ano em 2006 a ocupação durante o Inverno foi superior a registada no Verão ou Primavera, pode-se perspectivar face a estes dados, que o turismo naturista tem potencial para combater a sazonalidade. Pensamos que a taxa de ocupação dos outros dois alojamentos naturistas devem ser bastante idênticas a do “Monte Barão”, já que qualquer um deles oferece atraentes situações como a Costa Algarvia, ou o ambiente natural da Serra da Estrela. Portugal possui todas estas características, porem a quota de mercado que o nosso país recebe do estrangeiro é insignificante. Segundo as entidades oficiais naturistas nacionais, o nosso país tem potencialidades tremendas para este tipo de turismo, porem é essencial aumentar a oferta de um modo significante, e é necessário uma forte promoção nacional e internacional para colocar Portugal como destino. Provavelmente uma oferta naturista mais especializada iria complementar o destino “Sol e Praia”, e permitiria recuperar uma quota de mercado perdida. Na opinião do presidente do clube naturista do Algarve “ hoje em dia, queiramos ou não, o naturismo não é só filosofia, por toda a Europa e por todo o mundo há uma componente turística muito importante e obviamente que esta implícito o negocio. Não queremos pensar que devido a tabus ou preconceitos, Portugal fique de fora deste processo. O Algarve é das regiões da Europa que melhores condições oferece para a prática do naturismo que não estão a ser exploradas, basta ir a França para vermos as diferenças, lá existem grandes parques de campismo, mas que fecham em Outubro e reabrem em Abril, porque as condições climatéricas não permitem que estejam mais tempo abertos. No Algarve, praticamente conseguimos andar despidos todo o ano.
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CAPITULO VIII Analise S.W.O.T. do destino Portugal Pontos Fortes: Excelência na localização do destino Portugal, vizinho do maior destino emergente europeu e a poucas horas de viagem da Europa. Acessos em bom estado e aposta no desenvolvimento das vias de comunicação. Paisagens naturais de grande valor e predominantemente rurais. Cidades e vilas de natureza tradicional. Portugal possui praias de qualidade reconhecida, e duas costas distintas: Costa Ocidental e Costa Meridional Condição naturais que permitem utilizar as praias durante 5 meses por ano. Elevado número de horas de sol durante todo o ano, clima ameno.
Pontos Fracos: Falta de promoção efectiva do Turismo Naturista em Portugal. Tipo de turismo ainda em fase de exploração e de fraca competitividade.
Oportunidades: INP Introdução aos Estudos Turísticos 2006
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Turismo Naturista De estilo de vida a Produto Turístico Aumento do interesse pelo tema turismo sustentável, e por actividades como o Eco-Turismo, Turismo Ambiental. Mercado mais aberto a novos produtos e serviços, e com mais disponibilidade para actividades de lazer e férias. Rede de turismo Naturista em franca expansão no Sul da Europa e nomeadamente na Península Ibérica.
Ameaças: Economia turística Europeia muito vulnerável a problemas actuais como o terrorismo, ou ambiente. Vulnerabilidade á especulação imobiliária Aumento da competitividade por parte de outros destinos internacionais.
CAPITULO IX ANÁLISE DO INQUERITO DE OPINIÃO De forma a obter uma perspectiva real do naturismo, optei por dois tipos de inquéritos, o primeiro destinado aos não naturistas e outro destinado aos naturistas. A amostra é de vinte inquéritos, distribuídos da seguinte forma: 60% indivíduos masculinos e 40% femininos. Quanto as idades, 45% dos inqueridos tinham entre 21 e 40 anos, 25% entre 0 e 20 anos, 25%entre 41 e 60 anos e 5% mais de 60 anos de idade. Quanto ao nível de escolaridade 30% possuía o 9ºano; 35% o 12ºano; 10% o Bacharelato; 15% Licenciatura, 5% Mestrado e 5% Doutoramento. Divididos em dez para não naturistas e de dez para naturistas. Todas as perguntas são de resposta obrigatória, no questionário naturista algumas são de resposta múltipla. Na análise que se segue optei por sublinhar as opções de resposta que foram dadas aos inqueridos.
1º Parte Indagamos se conhece o naturismo, e que opinião tem sobre o mesmo. Perguntamos ainda se já fez naturismo/nudismo alguma vez e se esta disposto(a) a fazer. Á pergunta, tem preocupações com o meio ambiente, 90% dos inqueridos respondeu frequentemente, 10% respondeu raramente. Grande maioria dos inqueridos já ouviu falar de naturismo 90%, apenas 10% não tem conhecimento de tal prática. INP Introdução aos Estudos Turísticos 2006
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Turismo Naturista De estilo de vida a Produto Turístico Naturismo e Nudismo são a mesma coisa para 60%, enquanto que para 30% não são a mesma coisa, 10% acha que pode-se ser naturista mas sem a necessidade de se despir. É do conhecimento de 20% que a pratica naturista é ancestral, 30% não sabiam e 50% desconheciam que existia anteriormente. Inquerimos sobre conhecem o conceito naturista, do qual obtemos o seguinte resultado, 60% tem uma vaga ideia do que é naturismo, 40% desconhece o que move os naturistas. Sugerimos aos inqueridos que escolhessem sobre a afirmação que mais se aproxima do seu conceito de ser naturista. Obtemos o seguinte, 60% escolheu a afirmação que mais se assemelha com os princípios naturistas, 30% responderam, visitas a sítios em estado natural e apenas 10% acharam que é apenas praticar nudismo em sítios privados. Perguntamos se já fizeram naturismo, 90% respondeu que nunca fez, 10% respondeu que sim apenas uma vez. Logo de seguida tentamos perceber a disponibilidade para fazer naturismo e 70% dos inqueridos responderam que estariam dispostos a fazer dentro de um tempo relativamente curto. 30% Responderam que neste momento não estariam dispostos a fazer naturismo, e não houve qualquer pessoa que afirmasse que nunca iria fazer.
2º Parte Com este inquérito tentamos perceber qual a opinião dos naturistas sobre o conceito naturismo, quais os destinos que escolhem e os motivos que os levam a escolher, e por fim que meios utilizam para elaborar as suas férias. Neste inquérito as respostas são de escolha múltipla logo as percentagens de cada resposta é relativa a percentagem máxima que é cem porcentos. Dos inquéritos realizados a naturistas, 90% pertencem ao Clube Naturista do Algarve (CNA) e 10% ao Clube Naturista do Centro (CNC). Nas perguntas 1;2 e 3, sobre conceitos naturistas, todos os naturistas foram unânimes nas suas respostas e revelando a sua opinião sobre o naturismo. A quinta pergunta questiona sobre quais são os ambientes preferidos. A praia é o único ambiente unânime, a segunda opção é a montanha com 60%, o campo e outros espaços de água obtiveram 50%. A pergunta, quais as tipologias preferida, todos os inqueridos escolhem Parque de Campismo, os meios complementares de alojamento obtêm 50% de respostas, o Hotel e o Agro turismo são preferidos por 30%.
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Turismo Naturista De estilo de vida a Produto Turístico Na pergunta, onde pratica naturismo com mais frequência, 100% responderam Portugal e 40% revelaram que fazem turismo naturista alem fronteiras. Em Portugal os destinos que recolhe unanimidade pelos inqueridos são as praias oficiais naturistas da Adegas e praia do Barril (ilha de Tavira), a opção outros é escolhida por 90% e o Parque de campismo Quinta dos Carriços é também opção para 80% dos naturistas. O destino internacional favorito é a Espanha com 80% seguido da França com 20%, a Croácia com 10% e outros destinos com 20%. Os naturistas revelam que para elaborar as suas férias utilizam sempre Internet, e apenas 10% revelam que escolhem o destino através de brochuras O factor que mais interessa quando pratica naturismo é a harmonia com a natureza de seguida a convivência e a terceira opção é a helioterapia. O factor menos escolhido é o corpo (beleza estética). O clima é o factor mais importante quando se trata de escolher o destino, de seguida surge o destino que possui infra-estruturas de apoio, e em 3º lugar a hospitalidade com que são recebidos. O destino conceituado é o menos escolhido.
CONCLUSÃO Este trabalho tinha o papel de dar a conhecer o naturismo, que apesar de ser relativamente antigo no estrangeiro contando com 40 anos de existência como actividade turística, é contudo uma actividade nova em Portugal. Tive muito prazer em realiza-lo, porém foi um trabalho ardo. Desde o inicio que me deparei com escassos recursos e pouquíssima informação. Na minha pesquisa em bibliotecas de varias universidades, como a Escola Superior de Hotelaria do Estoril, a Universidade do Algarve ou a Escola de Hotelaria e Turismo do Algarve, não consegui um único estudo sobre turismo naturista ou encontrar nada que pudéssemos usar. Assim, usando a máxima “A necessidade faz o engenho” tive que encontrar soluções para que o trabalho tivesse realmente conteúdo. Realizei então um trabalho de dedução, partindo do geral para o particular, percebendo as semelhanças e as diferenças do Turismo Naturista em relação aos outros. O Turismo Naturista é na verdade uma modalidade que para existir, recorre também a uma gama de atractivos culturas que são matéria-prima de outros tipos de turismo como exemplo o património cultural, património ambiental, clima, água. Contudo as suas características originaram mudanças em vários aspectos. O turismo naturista é o resultado de mudanças no consumidor tais como INP 35 Introdução aos Estudos Turísticos 2006
Turismo Naturista De estilo de vida a Produto Turístico mudanças de valores e estilos de vida, mas também de consumidores mais independentes. Nas condições estruturais nomeadamente, as pressões ambientais. Na produção não há duvidas que a inovação e a orientação para o consumidor são indispensáveis. Por fim na gestão através da segmentação do mercado e a definição de preços pela inovação. Inquerir directamente quem esta por dentro do negócio ou o próprio turista é na minha opinião a melhor maneira de perceber o Turismo Naturista. Contactei os três parques de campismo que existem em Portugal. Se um deles desde o inicio se prontificou a ajudar-me em tudo, dos outros não consegui a informação desejada, ou porque sendo um parque misto, não faz distinção entre naturistas e têxteis possuindo apenas dados gerais. O Parque Quinta das Oliveiras nunca viu com agrado os meus propósitos. Mas a informação recolhida ainda assim era pouca para uma perspectiva do naturismo em Portugal, se já tinha dados da oferta, faltava então recolher informação directamente da procura. Quanto ao Turismo Internacional não parece haver limites para o Turismo Naturista, propagou-se por quase todos os tipos de alojamento e quando a terra parece pouco para os naturistas, eles partem para o mar em cruzeiros e outras actividades, o mar todavia ainda não é suficiente e teve inicio a aventura de voos naturistas. No que refere a destinos e politicas de promoção, a Espanha pelo do órgão oficial de promoção do turismo espanhol, tem uma campanha internacional para promover o turismo naturista e as suas potencialidades em Espanha, o objectivo desta campanha é somente tirar a Espanha do ultimo lugar na lista de destinos naturistas. Outros destinos como a França depois de terem chegado a estagnação não caíram em declínio mas inovaram, para responder a uma procura mais exigente. Portugal não esta sequer na lista de destinos. Atribuir a responsabilidade de inexistência de turismo naturista em Portugal à periferia que o país esta sujeito não é a resposta certa, porque o turismo é talvez a única actividade em que a distancia do destino em relação ao mercado é factor de acréscimo de qualidade, e de “status” para o consumidor.
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ANEXOS Lei Naturista
Segunda-feira, 29 de Agosto de 1994
Número 199/94
I - A SÉRIE
Lei n.° 29/94 de 29 da Agosto Regime da prática do naturismo e da criação dos espaços do naturismo
A Assembleia da República decreta, nos termos dos artigos 164.º, alínea d), e 169.°, n.° 3, da Constituição, o seguinte: Artigo 1.º Objecto A presente lei define o regime da prática do naturismo e da criação dos espaços de naturismo.
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Turismo Naturista De estilo de vida a Produto Turístico Artigo 2.º Naturismo Entende-se por naturismo, para os efeitos da presente lei, o conjunto das práticas de vida ao ar livre em que é utilizado o nudismo como forma de desenvolvimento da saúde física e mental dos cidadãos, através da sua plena Integração na Natureza. Artigo 3.° Prática do naturismo A prática do naturismo é permitida nos termos da presente lei, desde que desacompanhada de atitudes susceptíveis de provocarem escândalo. Artigo 4.° Espaços de naturismo São espaços de prática de naturismo as praias, campos piscinas e unidades hoteleiras e similares em que é permitido o naturismo nos termos do presente diploma. Artigo 5.° Autorização 1 - A autorização para utilização dos espaços de naturismo compete às assembleias municipais dos concelhos da sua localização, sob proposta da respectiva câmara municipal e tendo esta obtido parecer fundamentado da região de turismo ou da Direcção-Geral do Turismo, onde aquela não exista. 2 - No caso de o espaço a utilizar se situar em mais de um município, o processo respectivo correrá na câmara municipal do concelho que abranja maior área desse espaço. 3 - Nas Regiões Autónomas o parecer previsto no n.º 1 é emitido pelos correspondentes órgãos de governo próprio. Artigo 6.° Requerimento Os requerimentos para exploração naturista são apresentados na câmara municipal, contendo todos os elementos sobre a localização do espaço, forma de sinalização e, se for caso disso, fixação da época ou horário da sua utilização. Artigo 7.º Licenciamento 1 - Nos casos em que a lei o imponha, os espaços de naturismo serão licenciados pela autoridade administrativa competente na respectiva área para o licenciamento de empreendimentos não naturistas de idêntica natureza. 2 - Para os efeitos do número anterior a câmara municipal comunicará à entidade licenciadora a deliberação da assembleia municipal. Artigo 8.º Acesso aos espaços naturistas
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Turismo Naturista De estilo de vida a Produto Turístico O acesso aos espaços de prática do naturismo é livre quando estes pertençam ao domínio público. Artigo 9.º Delimitação e sinalização Os espaços de prática de naturismo serão devidamente delimitados e sinalizados no limite ou principal acesso pela afixação de indicação, escrita ou figurativa, de se tratar de zona de naturismo. Artigo 10.º Organização dos espaços A organização dos espaços da prática do naturismo é da responsabilidade do titular da respectiva autorização ou licença. Artigo 11.º Praias 1 - Em cada município poderá ser autorizada a utilização naturista de uma praia do litoral marítimo e de uma praia de margem de rio ou de lago, desde que, à data da respectiva deliberação da assembleia municipal, aqueles preencham simultaneamente os seguintes requisitos: a) Ofereçam, pelas suas condições naturais, isolamento adequado relativamente ao exterior; b) Guardar distancia suficiente, em regra não inferior a 1500 m, do meia próximo aglomerado urbano, estabelecimento de ensino, colónia de férias, convento ou santuário em que, ainda que de forma intermitente, seja celebrado o culto religioso; c) Não esteja na sua área concessionado ou licenciado pelas autoridades competentes qualquer estabelecimento balnear. 2 - A autorização para utilização naturista de praias situadas a menos de 1500 m de estabelecimentos hoteleiros ou de parques de campismo cuja localização esteja aprovada pela entidade competente à data da deliberação da assembleia municipal depende de prévio consentimento, por escrito, dos proprietários e exploradores daqueles estabelecimentos. Artigo 12.º Utilização A utilização de praias para a prática naturista é requerida e organizada por associações naturistas, por empresas turísticas, pelas entidade licenciadas para a exploração de actividade comercial na respectiva área ou ainda pela própria câmara municipal. Artigo 13.º Campos 1 - Denominam-se "campos de naturismo" os parques de campismo destinados à prática naturista. 2 - Os campos de naturismo serão vedados, de forma a impedir a intrusão visual do exterior. 3 - Os campos de naturismo são reservados aos titulares de carta ou licença naturista emitida por organização nacional ou internacional devidamente registada.
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Turismo Naturista De estilo de vida a Produto Turístico Artigo 14.º Utilização e licenciamento 1 - A autorização de utilização como campos de naturismo de zonas demarcadas de parques de campismo públicos depende de requerimento da respectiva direcção. 2 - A abertura dos campos de naturismo depende de licenciamento da câmara municipal, após vistoria. Artigo 15.º Piscinas 1 - As piscinas abertas ao público podem ser exploradas em regime de permanência ou em períodos preestabelecidos, desde que reunam as condições para a prática naturista. 3 - Reúnem condições para a prática permanente naturismo as piscinas localizadas em espaços naturistas e as instaladas ao ar livre com relativo isolamento do recinto em relação ao exterior. Artigo 16.º Utilização A autorização de utilização naturista das piscinas é requerida pela entidade proprietária ou exploradora, devendo o requerimento conter a descrição dos limites do recinto, a sinalização adoptada, o regulamento interno e ainda, sendo caso disso, a calendarização e o horário a adoptar. Artigo 17.º Unidades hoteleiras e similares 1 - Os hotéis, aldeamentos turísticos e outros estabelecimentos hoteleiros e similares, ou suas partes individualizadas, devidamente legalizados, podem ser reservados à prática de naturismo, quando implantados em zonas que proporcionem uma plena integração na Natureza. 2 - A prática de naturismo nestas unidades pode ser limitada a determinadas épocas do ano, a requerimento dos respectivos proprietários ou entidade exploradora. Artigo 18.º Licenças Nenhuma entidade pode recusar a passagem de licença da sua competência para a instalação e funcionamento dos espaços de naturismo, desde que tenham sido concedidas as necessárias autorizações. Artigo 19.º Dos prazos 1 - As remessas, as comunicações e os pareceres para os quais a lei não fixe outros terão lugar num prazo de 30 dias. 2 - A não emissão do parecer naquele prazo é entendida como inexistência de oposição ao solicitado. 3 - O decurso do prazo de 60 dias sobre a entrada na câmara municipal do requerimento referido no artigo 6.º sem que a deliberação seja tomada equivale ao seu deferimento, para efeitos de prosseguimento do processo.
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Turismo Naturista De estilo de vida a Produto Turístico Artigo 20.º Fiscalização A fiscalização do cumprimento da presente lei é da competência do Ministério do Ambiente e Recursos Naturais, de Direcção-Geral do Turismo, da Direcção-Geral de Saúde e das autoridades policiais. Artigo 21.º Encerramento ou suspensão As câmara municipais são ouvidas quando da legislação aplicável possa resultar o encerramento ou suspensão do funcionamento dos espaços autorizados ou licenciados em virtude da prática de infracções. Artigo 22.° Recurso Das deliberações ou actos dos órgãos ou entidades administrativas previstas nesta lei cabe reclamação ou recurso, nos termos gerais de direito. Aprovada em 7 de Julho de 1994. O Presidente da Assembleia da República, António Moreira Barbosa de Melo. Promulgada em 5 de Agosto de 1994; Publique-se. O Presidente da República, MÁRIO SOARES. Referendada em 12 de Agosto de 1994. Pelo Primeiro-Ministro, Joaquim Fernando Nogueira, Ministro da Presidência.
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Guia turístico anual da Bare Beaches 11
Complexo Naturista de Vera PLaya 12
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Turismo Naturista De estilo de vida a Produto Turístico
Hotel Templo del Sol, Espanha 3
Entrada do Hotel Templo del Sol 14
Panorâmica do Hotel Templo del Sol 15
Interior de Camping Naturista 16
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Praia Naturista na Grécia 17
Guia Anual da F.N.I. 18
AGRADECIMENTOS A realização deste trabalho deve-se sobretudo a colaboração do Clube Naturista do Algarve, em particular ao Álvaro Campos e Maria Emília Paiva respectivamente Presidente e Tesoureira, ao contributo do Parque de Campismo Naturista “Monte Barão” e dos seus proprietários Jeff de Groot e Laura Vasselli pela disponibilidade, e por fim a todas as pessoas que realizaram o inquérito de opinião.
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