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MAGALY CABRAL

“A arte sempre esteve presente em minha vida por meio de minha mãe e Tias, que pintavam quadros e porcelana em um estilo clássico, mas até a minha aposentadoria nunca tinha experimentado nada nesta área. Com a oportunidade de um curso de cerâmica oferecido pela prefeitura de Belo Horizonte, MG, fui e me encantei com o contato com a argila, pude sentar e brincar deixando a imaginação fluir.

Como uma eterna rebelde, aproveito a cerâmica para expressar meu descontentamento quanto aos padrões sociais e estéticos, que apesar de não concordar me sinto obrigada a seguir. Os joanetes, peitos caídos, gordura, calvície, surgem como meu grito de liberdade.

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Meu primeiro professor, o santeiro Gentil, trouxe os santos e anjos, que surgiram fortes e constantes, em especial São Francisco de Assis, que está sempre acompanhado de animais e insetos nem sempre amados. Os animais da minha região também estão presentes.

O encontro com pedaços de madeira, metais, peças que para muitos seriam lixo, são para mim o início de um trabalho. As possibilidades são inúmeras e o resultado apesar de nem sempre ser bonito é como uma poesia, minha poesia.

A queima de buraco é a minha técnica preferida, talvez porque ofereça pouco controle sobre o resultado e é bem rústica. Assim, meu trabalho é feito de surpresas. O encontro do material, a escultura, a queima, a montagem como um quebra cabeça, resultando em uma surpresa final, a peça finalizada”.

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