Diario de viagem, no tempo

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Apoio:

Parque Nacional Serra da Capivara

Diário de Viagem, no tempo

Realização:


Niéde Guidon Diretora Presidente

Design Natanael Miranda Revisão Cristiane Buco

Gabriela Martin Ávila Diretora Científica

Desenhos Ariclenes da Costa Santos

Rosa Maria Gonçalves Coordenação do Serviço Educativo Museu do Homem Americano

Apoio: ICMBio IPHAN Petrobras

Projeto Gráfico Rosa Maria Gonçalves Natanael Miranda

Colaboradores Albertina P. Carvalho Ana Stela de N. Oliveira Elisabete Buco Elver Mayer Iderlan de Sousa Janaina Carla Santos Lucas Braga Mariana Zanchetta Otaviano Fotografias Acervo FUMDHAM André Pessoa

São Raimundo Nonato Julho, 2013

Fundação Museu do Homem Americano C 743 Diário de Viagem, no tempo. Organização, Rosa Maria Gonçalves. São Raimundo Nonato: FUMDHAM/MinC FNC, 2013. 43 f: il.; 23 cm. 1. Educação Patrimonial. 2. Parque Nacional Serra da Capivara. 3. Arqueologia. 4. Fundação Museu do Homem Americano. I. FUMDHAM

Parque Nacional Serra da Capivara

Realização: Fundação Museu do Homem Americano Ministério da Cultura

Diário de Viagem, no tempo

Organização Rosa Maria Gonçalves

Ficha Técnica


Prezado (a) viajante, Estamos felizes por você ter escolhido este destino especial, o Parque Nacional Serra da Capivara. Este “Diário de Viagem, no tempo” foi desenvolvido para compor sua bagagem em seus passeios pelo Parque. Ele possui mapas, dicas, informações científicas, espaço para você registrar informações e escrever as sugestões de seus amigos, enfim, ele é um diário de sua viagem e também é um “banco de dados” que você poderá utilizar muito tempo depois de ter conhecido os fantásticos lugares do Parque Nacional e seu rico patrimônio. Preenchendo este Diário, você vai aprender muitas coisas sobre o Parque Nacional Serra da Capivara e também vai guardar recordações dos momentos vividos neste lugar que é considerado pela UNESCO* como Patrimônio Cultural da Humanidade. O Parque Nacional Serra da Capivara é um bem de todos e você, conhecendo e praticando boas atitudes, participa do processo de sua proteção e preservação para as gerações futuras! 01


Telefone:

CEP:

Prepare-se para caminhar pelas trilhas de um bioma que é único no mundo, a caatinga! Você vai conhecer árvores extremamente especializadas, que resistem ao calor e à seca para florescer no período das chuvas. De repente, você poderá se deparar com um pequeno tatu, com os esquivos veados, pássaros multicoloridos e, se você der sorte, com uma onça pintada!

Data:

Respire fundo!

Cidade:

Esteja sempre atento! Em alguns sítios arqueológicos você vai encontrar impressionantes pinturas rupestres! Por que e para que os homens pré-históricos realizaram essas pinturas? Essas são perguntas que ainda estão sem respostas, o que não nos impede de admirar sua beleza e usar sua imaginação em busca de respostas!

Destino:

Roteiro:

Bairro:

Endereço:

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Viajante:

Boa Viagem!


Bagagem de mão Confira se você está levando tudo o que será necessário para a sua viagem ao Parque Nacional Serra da Capivara: Curiosidade Interesse Criatividade Atenção Cuidado Respeito Imaginação Espírito deAventura

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O que eu não posso deixar de ver Boqueirão da Pedra Furada Baixão dasAndorinhas Desfiladeiro Pedra Furada Toca da Entrada do Pajau Sítio do Zé Patu Vista Panorâmica

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O que eu não posso deixar de fazer Observar e ouvir os pássaros Observar as plantas Ver os mocós Sentir a brisa no meu rosto Sentir o ar fresco quando estiver junto às tocas Ouvir o barulho do vento nas plantas Achar pegadas de onça Observar as pinturas rupestres

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Dicas de amigos

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Pessoas que conheci durante a viagem Nome: Telefone: Email: Nome: Telefone: Email: Nome: Telefone: Email: Nome: Telefone: Email: Nome: Telefone: Email: Nome: Telefone: Email: Nome: Telefone: Email: Nome: Telefone: Email: Nome: Telefone: Email:

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Na Estrada Procure ficar atento ao percurso até a chegada na Guarita de entrada do Parque Nacional Serra da Capivara. Você conseguiria desenhar um mapa do caminho que você percorreu? Que tal tentar?

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Tudo o que você precisa saber! A importância do Parque Nacional Serra da Capivara para o Brasil se dá não só pelos sítios arqueológicos identificados e cadastrados, mas também por ser a única Unidade de Conservação no país voltada para a preservação do Bioma Caatinga. O Parque Nacional Serra da Capivara está localizado no sudeste do estado do Piauí.

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1:4,000,000

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200 Km

Brasil Piauí Parque Nacional Serra da Capivara

Criado pelo Decreto Federal n° 83.548, de 05/06/1979 para proteger a flora, a fauna, as belezas naturais e os monumentos arqueológicos, hoje o Parque está sob responsabilidade do Instituto Chico Mendes para a Conservação da Biodiversidade/ICMBio, que compartilha com a Fundação Museu do Homem Americano/FUMDHAM, as ações de preservação e manutenção do seu Patrimônio Ambiental. 15


Já o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional/IPHAN tem a responsabilidade de preservar o Patrimônio Cultural que aqui existe. O Parque está incluído na Lista do Patrimônio Mundial da UNESCO desde 1991. Seu reconhecimento pelo IPHAN como patrimônio nacional se deu através do tombamento federal, com a inscrição no Livro de Tombo* Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico em 1993. O Parque Nacional Serra da Capivara tem uma área de 129.140 hectares e 214 km de perímetro. Ocupa áreas dos municípios de Brejo do Piauí, Coronel José Dias, João Costa e São Raimundo Nonato.

Cole o mapa 01 aqui!

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Observe bem o Mapa 01. Qual município contribui com a maior área de terras para o Parque Nacional Serra da Capivara?

O ICMBio cobra uma taxa de entrada que ajuda na manutenção de todos os Parques Nacionais brasileiros. Nas próximas paginas, vamos viajar e conhecer a paisagem, as plantas, os animais, a geologia, as pinturas rupestres, o trabalho dos O Parque Nacional arqueólogos, ou seja, um pouco Serra da Capivara fica de todo o universo que o nosso aberto todos os dias do ano das 6h da Parque Nacional compreende. manhã até as 17h. Está preparado para iniciarmos nossa viagem no tempo? Muito Bem! Mas antes de iniciarmos nossa viagem precisamos conhecer e exercitar atitudes muito importantes! 17


Regras de visitação Aqui no Parque Nacional Serra da Capivara todos nós também devemos observar regras sobre nossas atitudes: _não corra, você pode cair e se machucar! Caminhe tranquilamente, não tenha pressa... _não fale alto, você pode deixar as abelhas nervosas! Perceba que este lugar está repleto de sons da natureza! Ao caminhar em silêncio, você poderá ouvir o canto dos pássaros, avistar animais silvestres e, se der sorte, ouvir o rugido de uma onça pintada! _nada se leva do Parque Nacional Serra da Capivara! Animais, plantas, sementes e frutos fazem parte do ambiente e aí devem permanecer. _nada se deixa no Parque! Todo o lixo deve ser coletado e deixado nos locais apropriados. Existem lixeiras em cada uma das guaritas. _nunca saia das trilhas, esta medida é para sua segurança.

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_procure ficar sempre junto ao seu grupo. _nunca se adiante ao guia e nem fique muito para trás... _não toque as pinturas rupestres! Nossas mãos contêm substâncias químicas que podem danificar as imagens inscritas nas rochas! E lembre-se: _o sol forte do Piauí exige que a gente se proteja! Se possível, utilize um chapéu ou boné! _o clima seco da caatinga exige hidratação constante. Tenha sempre uma garrafa de água com você! _use um calçado confortável e que proteja seus pés. Um tênis é o ideal.

Vamos combinar entre nós todos que vamos observar e obedecer a essas regras? Elas são muito importantes para que sua viagem aconteça de forma agradável e segura!

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Iniciando a viagem O Parque Nacional Serra da Capivara tem várias guaritas turísticas que dão acesso aos visitantes. As guaritas são necessárias para controlar o fluxo de visitantes dentro da área da Unidade de Conservação*.

*Cada vez que você encontrar uma palavra ou expressão acompanhada com este símbolo (* = asterisco) vá até o Glossário no final do seu Diário deViagem, no tempo e descubra o significado dessa palavra. Se outras palavras aparecerem, você mesmo pode colocar o asterisco e, depois de procurar a palavra no dicionário, escrever seu significado no Glossário.

A partir das guaritas, os visitantes, acompanhados de Condutores de Visitantes devidamente credenciados, podem seguir pelas Trilhas, a pé ou de carro, até as atrações presentes no Parque Nacional Serra da Capivara. As guaritas do Parque Nacional estão todas conectadas entre si por um sistema de rádio transmissor. Este sistema está ligado ao ICMBio e à FUMDHAM e funciona para a segurança dos visitantes e para controle de possíveis focos de incêndio. 20

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Relógio de Tempo Geológico Alguns conjuntos de Pessoas só podem entrar no Parque trilhas, selecionadas Nacional Serra da Capivara acompanhadas por um condutor de por terem visitantes credenciado. O condutor características de visitantes é uma pessoa que comuns, formam conhece as Trilhas do Parque Circuitos. Nacional e trabalha para que sua visita seja tranqüila.

Ao final das Trilhas e caminhos, o visitante encontrará Sítios Arqueológicos e durante o percurso poderá apreciar formações geológicas, boqueirões*, baixões* e desfiladeiros, mirantes e vistas panorâmicas. Aproveite tudo aquilo que o Parque Nacional Serra da Capivara lhe oferece!

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Para iniciarmos a nossa viagem no tempo, primeiro vamos acertar o nosso “relógio de tempo geológico”. Muitas sociedades contavam a passagem do tempo pelas estações do ano, pela sucessão das luas, pela posição do sol ao longo do dia. Hoje, a unidade de tempo mais comum para os seres humanos é o dia, dividido em horas, e estas em minutos, e estes em segundos. Mas como o Planeta Terra é muito antigo, com 4,5 bilhões de anos, os cientistas dividiram o tempo da Terra em intervalos diferentes de tempo. Assim, a diferença entre tempo humano e tempo geológico, é apenas de Os seres humanos escala. Na escala humana, utilizam calendários e podemos medir séculos, relógios para marcar décadas, anos, dias, horas, nosso tempo. Mas o minutos, segundos e tempo geológico não é marcado por relógios! O frações de segundos tempo geológico (aquele conforme a necessidade que mede as eras do de precisão. Na escala planeta) está registrado na sucessão vertical das geológica usamos palavras rochas que formam a adequadas para crosta terrestre! representar maiores e menores intervalos de tempo, que são chamados de éons, períodos e eras. 23


Tempo geológico

MAMÍFEROS GIGANTES

PRIMEIROS MACACOS

SOERGUIMENTO DOS ANDES 36 Milhões de anos

60 Milhões de anos

400 Milhões de anos PLANTAS TERRESTRES 65 Milhões de anos

420 Milhões de anos 26 Milhões de anos

350 Milhões de anos

PRIMEIROS PEIXES

LUCY PRIMEIROS RÉPTEIS

500 Milhões de anos

2,7 Bilhões de anos

FIM DOS DINOSSAUROS

FORMAÇÃO DA TERRA 4,5 Milhões de anos

PRIMEIROS SEIXOS LASCADOS 320 Milhões de anos

3,5 Bilhões de anos

PRIMEIROS PÁSSAROS

1 Bilhão de anos

590 Milhões de anos

2 Milhões de anos

2 Bilhões de anos

SOERGUIMENTO DO PLANALTO

PRIMEIROS ARTRÓPODES 600 Milhões de anos

1 Milhões de anos 130 Milhões de anos 230 Milhões de anos PRIMEIROS DINOSSAUROS

FIM DOS TRILOBITAS

FIM DO Australopithecus PRIMEIRAS BIFACES

150 Milhões de anos 180 Milhões de anos

1979

PRIMEIRAS UTILIZAÇÕES DO FOGO

INÍCIO DO POVOAMENTO DAS AMÉRICAS

FIM DA MEGAFAUNA

100 Mil anos

ERAS

10 Mil anos PINTURAS RUPESTRES NO PIAUÍ

PARQUE NACIONAL SERRA DA CAPIVARA FIM DAS GLACIAÇÕES

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Pré-Cambriano

Paleozóica

Mesozóica

Cenozóica (Terciário)

Cenozóica (Quaternário = Pleistoceno + Holoceno)

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Para facilitar a compreensão do tempo geológico podemos comparar sua extensão de tempo com a duração de uma hora, representado pelo relógio circular abaixo:

A Era Cenozóica é composta pelo Período Terciário e pelo Período Quaternário, que por sua vez se divide na Época Pleistoceno e na Época Holoceno. A Época Holoceno representa apenas 17 segundos!

Primeiros Hominídeos

Terciário

a 5M 24

Formação da Terra 4,5 Ba

65 Ma Quaternário

Dinossauros

3,8 Ba

Aparecimento da vida

Aparecimento da vida

Verifica-se facilmente que o Pré-Cambriano* constitui grande parte do tempo geológico, o equivalente à 45 minutos.

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Viagem, no tempo! Agora que nosso relógio de tempo geológico está ajustado, podemos começar nossa Viagem, no tempo! Observe ao seu redor e utilize a sua imaginação para recriar a paisagem de um passado bastante distante! Recuaremos para cerca de 400 milhões de anos atrás durante o Devoniano! Nessa época toda a paisagem que observamos hoje era muito diferente! Nossa região era coberta por rios que desciam as terras firmes do escudo Pré-Cambriano e se confundiam com as águas do Mar Siluriano-Devoniano. Os rios traziam areia, cascalho e lama, que iam se depositando na planície até chegar ao mar. Portanto, voltando no tempo até 400 milhões de anos atrás, se você estivesse no alto da serra estaria com os pés na água! E o que hoje é a planície que se vê lá em baixo, era o continente! No Parque Nacional Serra da Capivara existem lugares em que podemos perceber que os sedimentos que foram transportados pelas águas dos rios e das chuvas formaram antigos depósitos de sedimentos.

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Continuando nossa viagem, no tempo! Os depósitos de sedimentos sofreram um processo de consolidação ao longo dos anos chamado de litificação, resultando nos paredões de rochas sedimentares do tipo conglomerado e arenito, de acordo com o tamanho dos sedimentos. O Sítio das Pedrinhas Pintadas é um sítio arqueológico* onde, nos pequenos seixos incrustados no paredão de conglomerado, os homens pré-históricos realizaram pequenas pinturas rupestres.

No fundo do Mar Siluriano-Devoniano viviam pequenas criaturas conhecidas como trilobitas*, um animal artrópode* já extinto. Recentemente, no Morro do Ranulfo, no município de João Costa, foram encontrados fósseis* de trilobitas. Estes fósseis fazem parte do testemunho do nosso passado há 400 milhões de anos!

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Daremos um salto para 225 milhões de anos atrás, durante o primeiro período da Era Mesozóica, o Triássico. Nesse momento de nossa história, houve um grande movimento tectônico que fez levantar o fundo do Mar Siluriano-Devoniano, formando paredões de rochas sedimentares, os arenitos e os conglomerados. Desde então, ao longo de milhares de anos, esses paredões de rochas sedimentares foram expostos às chuvas e ventos, sofrendo assim um grande desgaste, formando as serras e moldando a paisagem atual. O paredão pelo qual se sobe hoje sofreu um grande processo de erosão, formando a cuesta*, que delimita o planalto, a chapada que forma o topo da serra, e a planície da depressão do rio São Francisco lá embaixo. Durante todo o desenrolar dessas mudanças geológicas, o Homem ainda não havia aparecido na Terra. O Homo sapiens originou-se há pelo menos 180.000 anos no Oriente Médio. Sua expansão pela Terra aconteceu a partir de, aproximadamente, 130.000 anos, as vezes coincidindo com períodos de secas que assolaram o continente africano, obrigando os homens a procurarem outras terras e fontes de alimento.

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Mais fósseis! Tente desenhar a região do Parque Nacional Serra da Capivara há milhões de anos atrás. Se for preciso, consulte um atlas de Geologia*.

Chegamos agora ao Pleistoceno*, o período que representa nosso passado mais recente! A longa história do Planeta Terra permitiu a formação de diferentes fósseis em A diferença de tempo entre diversos momentos. Na os momentos em que viveram região do Parque as trilobitas e a megafauna é de mais de 350 milhões de Nacional Serra da anos! Capivara, além dos trilobitas, encontramos outros fósseis: a Megafauna! A megafauna é composta por um conjunto de mamíferos com tamanho corporal muito superior ao da maioria dos animais que conhecemos hoje em dia.

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Os homens do passado pré-histórico desfrutavam desta terra convivendo com os grandes animais da megafauna. Nas florestas, escondiam-se os ferozes tigres-dente-de-sabre e a preguiça gigante, com seus mais de seis metros de altura. Na planície, pastavam manadas de mastodontes, lhamas, cavalos, veados e emas.

Isso durou até cerca de 10.000 anos atrás, quando o clima foi mudando, as chuvas diminuindo e os rios secando. As manadas começaram a desaparecer das planícies porque sua vegetação estava se modificando. Pouco a pouco, os animais foram morrendo e a cada nova geração o número de filhotes era menor. Com o tempo, muitas espécies não resistiram e tudo o que sobrou delas foram seus ossos e dentes. Parte deles se converteu nos fósseis que encontramos hoje na região do Parque Nacional. 34

Além dos fósseis em si, os sedimentos onde eles são encontrados podem fornecer dados sobre o clima e o ambiente de tempos passados. As próprias características do animal como, por exemplo, a forma dos dentes de alguns deles, indica que a maioria desses animais se alimentava de folhas, grama e frutos, e o tamanho muito grande de seus corpos, indica que eles precisavam de enormes quantidades de comida e água para se manterem vivos e saudáveis.Tudo isto associado, fornece uma importante pista para os pesquisadores de que o ambiente pleistocênico era diferente do que conhecemos hoje, com maior umidade e uma vegetação mais abundante. Os moradores do povoado São Vitor, em São Raimundo Nonato, usavam umas pedras bastante incomuns para lavar roupas. Até que um dia alguém percebeu que não se tratava de pedras, e sim de fósseis de animais da megafauna! 35


Povoamento Agora você terá de imaginar como os seres humanos Para que os restos do corpo de um organismo se tornem um fóssil é necessário que o ambiente onde eles se depositaram tenha capacidade de “proteger”, através do soterramento, estes restos dos processos de decomposição que ocorrem na natureza, favorecendo sua preservação na forma de fósseis. No sudeste do Piauí estas características eram encontradas principalmente em cavernas e lagoas. Aí, os ossos dos animais podem ter se acumulado por diferentes motivos, como no caso de um animal que morreu exatamente no local ou que teve seus ossos carregados por uma enxurrada até determinado lugar.

Felizmente, durante estes eventos a fauna que conhecemos hoje já estava presente, lado a lado com a megafauna. Conforme a megafauna se tornava mais escassa, os animais viventes se mantiveram e passaram a predominar. 36

chegaram ao nosso continente! Uma das hipóteses que os cientistas propõem é a de que os homens teriam chegado até aqui viajando pelos oceanos. O nível do mar variou durante as diferentes épocas durante as glaciações*, chegando a ficar cerca de 150 metros abaixo do nível atual, deixando aflorar muitas ilhas, fazendo com que distância entre a América e a África fosse menor.

A glaciação conhecida como Era do Gelo aconteceu durante a última parte do Pleistoceno há aproximadamente 110.000 a 10.000 anos antes do presente. Glaciações são épocas de frio Podemos imaginar que muito intenso e formação de gelo permanente que provocam um continente como o mudanças no relevo dos americano, que vai do continentes e rebaixamento do nível do mar. pólo Sul ao pólo Norte,

deve ter sido ocupado pelo Homo sapiens a partir de diversos pontos, que incluem caminhos por mar, chegando aqui entre 150.000 e 100.000 anos atrás.

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Chegando pelo litoral norte do Brasil os homens préhistóricos teriam penetrado no interior, seguindo o curso dos grandes rios.Tudo indica que a região da Serra da Capivara foi povoada a partir de tempos muito recuados, que beiram os cem mil anos. Nessa época, nossa região era completamente diferente!

Os vestígios da cultura material deixados pelos povos mais antigos mostram que eles eram caçadorescoletores, isto é, viviam da caça e da coleta de produtos animais e vegetais, como ovos, mel, frutos, raízes e tubérculos. Produziam instrumentos cortantes e pontiagudos em quartzo e quartzito, pouco trabalhados, produzidos de acordo com a necessidade do momento, utilizados e logo abandonados.

Quando aqui chegaram, os povos pré-históricos encontraram o planalto coberto por uma floresta de grandes árvores, cipós, samambaias, com abrigos naturais sob as rochas, onde podiam descansar e, muitas vezes, desenhar nos paredões rochosos. Na planície, os lagos guardavam a água que animais e homens necessitavam.

A existência da arte rupestre, que retrata com detalhes a evolução sócio-cultural desses grupos, está situada entre 22.000 e 17.000 anos AP (antes do presente).

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O aparecimento da cerâmica se deu por volta de 8.900 anos AP e o polimento da pedra data de 9.200 anos AP. Fragmentos de Cerâmica

A partir de 3.500 anos atrás encontramos os primeiros vestígios deixados por povos agricultores, que viviam em aldeias redondas que compreendiam entre 10 e 11 casas elípticas, dispostas em volta da praça central. Estas aldeias ocupavam os vales largos da planície da depressão periférica, ou o alto do planalto. Enterramentos

Machadinha de Pedra Polida

A partir de 12.000 anos os grupos humanos se dividem em diversas culturas diferentes dividindo o espaço e que as populações são bem mais numerosas que no início. A partir de 6.000 anos AP anos as chuvas começam a diminuir e o clima atual começa a se instalar.

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Paisagem atual Os primeiros povos não possuíam escrita, eram crianças e jovens com expectativa de vida de no máximo 30 anos. O ambiente era a principal referência para tudo o que faziam. O habitat favorável ao seu desenvolvimento proporcionou o aumento da sua população e o assentamento sedentário* em aldeias estáveis na região durante milênios até serem dizimados pelos colonizadores, no final do século XVIII.

O Parque Nacional Serra da Capivara é conhecido popularmente como o conjunto de três serras: a Serra Branca, a Serra Vermelha e a Serra da Capivara, mas na realidade trata-se de um planalto, ou seja, uma superfície plana e alta resultante do soerguimento das rochas da região, coberta de arbustos e árvores baixas ressequidas pelo sol. As bordas desse planalto sofreram intensos e longos processos erosivos formando uma escarpa* com formato de cuesta, onde existem cânions e inselbergs* de gnaisse*, maciços isolados de formatos curiosos. Os sopés dos paredões da frente da cuesta, com alturas que podem chegar até a 250 metros, e as paredes quase verticais dos cânions são os principais locais onde se encontram os abrigos arqueológicos com pinturas rupestres, formando uma seqüência de espetáculos deslumbrantes.

Estrutura de Fogueira 42


Os boqueirões, na linguagem regional, correspondem à parte inicial e mais alta de um vale, uma fenda estreita que vai se alargando à medida que desce para o vale. Neles a taxa de umidade é maior, o que preserva fragmentos de floresta tropical, remanescentes de épocas muito mais úmidas que caracterizaram a região até cerca de 12.000 anos atrás. Nos boqueirões existem caldeirões alimentados por muitas veredas que levam água da chapada para a planície. No falar nordestino, caldeirão é uma depressão que a erosão cavou na rocha onde se acumula água da chuva. Os boqueirões estreitos se alargam ao chegar à planície, formando vales largos, chamados de baixões.

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Nas áreas fora do Parque Nacional, nas cidades de São Raimundo Nonato e Coronel José Dias, por exemplo, o relevo é chamado de Depressão Periférica do São Francisco*, que é uma superfície entre 100 e 500 metros de altitude em relação ao nível do mar com suave inclinação, formada por prolongados processos de erosão, pontuada por serrotes*, como o Serrote do Garrincho, e recoberta por sedimentos de diferentes tamanhos como as areias, o silte* e argila (popularmente conhecido como barro), e cascalhos (popularmente chamado de piçarra), com predominância da caatinga baixa.

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A depressão começa no sopé do planalto e vai até as margens do Rio São Francisco. Nessas áreas ocorrem rochas cristalinas como o granito*, o micaxisto*, o gnaisse*, o quartzito* e o mármore*. Nos serrotes calcários, em algumas cavernas há pinturas rupestres em sua entrada e ossos fossilizados de animais da megafauna extinta foram encontrados nas camadas sedimentares dos salões internos.

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Este relevo diversificado proporciona a biodiversidade* existente no Parque Nacional Serra da Capivara, repleto de lugares mais frios e úmidos contrastando com lugares amplos e, portanto, mais secos e quentes, cada um deles dotados de plantas adaptadas aos vários microclimas. Sem dúvida, a surpreendente diversidade visual da paisagem do Parque Nacional Serra da Capivara faz com que ele seja inesquecível para quem o visita!

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Bioma Caatinga Observe a paisagem ao seu redor. Como estão as plantas? Qual a cor das folhas? Existem mais folhas nos galhos ou no chão?

Observando as plantas podemos dizer se estamos no período da seca ou das chuvas.O que você acha?

Para entender as características das plantas da nossa região, precisamos entender o nosso Bioma* e o nosso clima. Provavelmente você já ouviu falar do Bioma Caatinga* e do clima semiárido*... 48

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A caatinga é um bioma exclusivamente brasileiro. Isso significa que a maioria do seu patrimônio biológico não pode ser encontrada Quando terminam as chuvas, as em nenhum outro folhas começam a se revestir de lugar do planeta. tons amarelados e vermelhos; a

Aqui temos duas fotos de um lugar chamado Esperança. Ele fica na região do município de Coronel José Dias. Perceba o contraste da paisagem que este lugar apresenta ao longo do ano!

caatinga muda de cor. Depois,

Caatinga é uma quando se instala definitivamente a palavra tupi que estação da seca, em julho, as folhas significa “floresta coloridas caem e a caatinga adquire branca”. Essa região sua tonalidade característica, o da zona semiárida do cinza esbranquiçado. nordeste recebe esse nome por causa da paisagem durante o período seco: a maioria das plantas perde as folhas e os troncos tornam-se esbranquiçados e secos. É importante saber que as plantas na época da seca não estão mortas! Elas estão apenas “dormindo”, esperando as primeiras chuvas para ficarem verdejantes!

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As plantas da caatinga possuem adaptações para a pouca quantidade de chuva. Muitas espécies, como os cactos, armazenam água, outras possuem folhas pequenas que fazem a planta perder menos água. Durante a estação chuvosa, toda a paisagem tem uma coloração verde, colorida por milhares de flores que enfeitam a caatinga. Durante as chuvas, a água escorre pelos paredões rochosos, formando cataratas. Os fundos de vales e cânions transformam-se em rios.

Os moradores do semiárido costumam chamar o período das chuvas de “inverno”, apesar de ocorrer em pleno verão do hemisfério Sul! Isso é porque os dias são mais frescos durante o período das chuvas, que vai de dezembro à maio.

Muitas pessoas acreditam que se no dia 13 de dezembro, dia de Santa Luzia, o solo permanece seco, está se anunciando um ano mau para a agricultura. Se chover nesse dia, as colheitas serão boas.

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Você já ouviu falar desses outros sinais que indicam que vai chover? Quando as rãs (jias) cantam; Quando as formigas nos formigueiros criam asas; Quando as formigas jiquitaia levam seus ovos para lugares mais altos; Quando os anús pretos se reúnem em bandos barulhentos; Se o mandacaru estiver com flores. E se as seriemas cantam ou se os calangos aparecem, fará sol... Nas páginas a seguir, apresentamos uma Ficha de Observação de Plantas. Escolha algumas das plantas presentes no Parque Nacional Serra da Capivara e preencha uma ficha com suas características. Algumas informações você terá de buscar em um livro de Botânica.

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Ficha de observação de plantas

Ficha de observação de plantas Nome comum:

Nome científico:

Nome comum:

Nome científico:

Família:

Espécie:

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Espécie:

Descrição geral:

Descrição geral:

Tipo de porte

Rasteiro Herbácio Arbustivo Arbóreo

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Tipo de porte

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Folha

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Características

Características Flor

Rasteiro Herbácio Arbustivo Arbóreo

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Fruto

Folha

Caducifólia Semi-caducifólia Não caducifólia Espinhos

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A Fauna Às vezes é difícil perceber a impressionante variedade de animais silvestres do Parque Nacional Serra da Capivara. Muitos animais têm hábitos noturnos, ficam camuflados no interior da mata e podem até viver em tocas. Sabemos que um animal vive em determinada área pelos vestígios que Os animais silvestres são ele deixa, como aqueles que vivem livres e pegadas, fezes e restos soltos na natureza, em seu habitat natural onde de alimento. Aqui no encontram formas de se Parque Nacional, você alimentar e sobreviver poderá ter a sozinhos. oportunidade de observar esses animais em seu habitat, longe de gaiolas e em plena natureza! Lembre-se que cuidar de animais silvestres em casa pode parecer uma forma de amar a natureza, mas não é. Lugar de bicho é em seu habitat natural, e não nas nossas casas. Quem realmente gosta dos animais vai querer que eles fiquem onde se sintam mais felizes.

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Ao visitar os sítios arqueológicos você vai notar a presença de um lagarto com costas vermelhas correndo pelas pedras. Este lagarto só existe na Serra da Capivara e nos serrotes mais próximos, sendo endêmico* da nossa região. O curioso é que somente as fêmeas apresentam a cor vermelha nas costas. E, falando em lagartos, você vai notar que eles são retratados em várias pinturas rupestres, como a do sítio Boqueirão da Pedra Furada.

Apresentamos aqui uma imagem em preto e branco dessa pintura de lagarto.Tente localizá-la no painel de pinturas rupestres do Boqueirão da Pedra Furada. Repare nas cores que foram empregadas pelos nossos antepassados e nas figuras que acompanham sua representação.

Ter animais silvestres como bichos de estimação é ilegal conforme a Lei de Crimes Ambientais, nº 9.605/98. Ela proíbe a utilização, perseguição, destruição e caça de animais silvestres e prevê pena de prisão de seis meses a um ano, além de multa para quem a desrespeitar.

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No início do período das chuvas, centenas de borboletas revestem o piso das trilhas do Parque Nacional, formando um imenso tapete amarelo esverdeado.

É possível ver as andorinhas se reunirem em voos circulares no céu. Quando o bando está formado, de repente, se ouve um ruído ensurdecedor, como se um avião a jato estivesse caindo do céu! São as andorinhas que descem com precisão num voo rasante para dentro das profundezas do cânion, onde ficam seus ninhos. Este espetáculo da natureza, geralmente, se dá por volta das cinco da tarde no Baixão das Andorinhas, na Serra Vermelha.

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Observar a natureza é uma prática tão antiga que remonta a época pré-histórica, quando os homens riscavam nas rochas e nos paredões traços dos animais que eles viam, observavam e caçavam. Hoje em dia, o Turismo de Observação de Aves é uma prática muito popular, conhecida internacionalmente como Birding ou Birdwatching.

Data:

Escala e desenho: ( ) Não

Local:

Reino:

Nome Popular:

Filo: 62

Risco de Extinção: ( ) Sim Pegada:

Classe:

Vamos Praticar?

Dieta: ( ) Carnívoro ( ) Herbívoro ( ) Onívoro Revestimento: ( ) escama ( ) placa ( ) pele ( ) pelo

Ordem:

Nome Científico:

Família:

FICHA DE OBSERVAÇÃO DE ANIMAIS SILVESTRES

Gênero:

Como anda a sua habilidade em identificar a presença de animais silvestres?


Local:

Risco de Extinção: ( ) Sim Pegada:

( ) Não

Data: Escala e desenho:

Dieta: ( ) Carnívoro ( ) Herbívoro ( ) Onívoro Revestimento: ( ) escama ( ) placa ( ) pele ( ) pelo FICHA DE OBSERVAÇÃO DE ANIMAIS SILVESTRES

Classe:

Filo:

Escala e desenho:

Reino:

Nome Científico:

Ordem: ( ) Não

Data:

Nome Popular:

Família:

Risco de Extinção: ( ) Sim Pegada:

Local:

Gênero:

Gênero: Classe:

FICHA DE OBSERVAÇÃO DE ANIMAIS SILVESTRES

Família:

Nome Científico: Ordem:

Nome Popular:

Filo:

Dieta: ( ) Carnívoro ( ) Herbívoro ( ) Onívoro Revestimento: ( ) escama ( ) placa ( ) pele ( ) pelo

Reino:


Arqueologia Em nossa viagem no tempo, conhecemos algumas das mais importantes mudanças na paisagem deste lugar que hoje é chamado Parque Nacional Serra da Capivara. Os humanos, desde há muito tempo atrás, fizeram sua história caminhando por este lugar e deixando vestígios de sua passagem. Desde a invenção da escrita, os povos passaram a contar sua história descrevendo os eventos que se sucederam no tempo. Ao longo da vida, existem fatos e experiências que desejamos preservar do esquecimento e existem aqueles fatos e experiências que desejamos que desapareçam para sempre. Assim, temos a História, que é a ciência dos homens no tempo.

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Mas quando pensamos em todos os povos que não possuem um sistema de escrita, recorremos a outros instrumentos para conhecer sua História: ouvir as histórias que são contadas de geração a geração através dos tempos e, principalmente, quando isso não é possível, estudar os vestígios e os artefatos que estes povos deixaram e que sobreviveram à passagem do tempo. Os povos que ainda não dominam um sistema de escrita seriam pré-históricos, como muitos grupos de indígenas que vivem isolados na Amazônia e que ainda hoje não tiveram contato o homem branco.

Considera-se que no Piauí o período da pré-história chega até meados do século XVIII, pois foi por volta de 1750 que houve a ocupação do nosso território por dominadores que expulsaram do nosso Estado os povos indígenas que aqui habitavam.

Como você já viu em nosso Diário de Viagem, no tempo, a paisagem ao nosso redor está num processo contínuo de mudanças, algumas delas provocadas pela ação da Natureza, como o desgaste do solo pela erosão provocada pelas chuvas, outras provocadas pela ação humana, como os desmatamentos, a poluição ou o represamento de rios. Dentre os processos naturais de modificação da paisagem, temos a deposição de sedimentos que, como já vimos antes, pode ser responsável pela formação de planícies, por exemplo.

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Legenda Superfície Mancha de carvão Blocos Camada de ocupação Carvão Camada de cascalho grosseiro Areia grossa Material orgânico depositado pelo escorrimento de água Sedimento

Perfil estratigráfico da Toca do Pau Dóia

De antemão, sabemos que quanto mais camadas estiverem depositadas sobre os vestígios, ou seja, quanto mais profundos no solo estiverem os vestígios, mais antigos estes serão, assim sabemos qual ocupação humana veio antes, qual veio depois, o que permite ao arqueólogo organizar no tempo, ou seja, ordenar a cronologia do sítio arqueológico, a sucessão histórica das ocupações.

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Agora imagine que um dos nossos antepassados, há 100.000 anos antes do presente* tenha deixado caída no chão uma ponta de lança feita de rocha ao lado de uma fogueira feita para assar a carne de algum animal que, porventura, tenha caçado para se alimentar. Ao longo desses anos todos até os nossos dias, foram se formando sobre aquela ponta de lança e sobre aos restos da fogueira camadas e camadas de sedimentos, soterrando os vestígios deixados pelo homem préhistórico. Para conhecer como, quando e onde viviam esses povos antigos contamos com os estudos de uma ciência chamada Arqueologia. Os arqueólogos são pessoas que analisam as evidências e os objetos deixados pelos povos que viveram no passado e todos os vestígios materiais desses povos compõem o Patrimônio Arqueológico do nosso país.

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Em toda nossa região, e também espalhados por todo o território brasileiro, podemos encontrar lugares que concentram vestígios* e artefatos* que nos dão informações sobre os povos pré-históricos que aqui viveram. Cada um destes locais é chamado de sítio arqueológico.

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Quando identificamos um sítio arqueológico, o primeiro passo para estudá-lo é fazer seu registro, uma espécie de certidão de nascimento que contém todas as informações que permitem localizar e caracterizar o sítio. Este registro permite sua inserção no Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos (CNSA) do IPHAN. A segunda etapa de estudo do sítio consiste na preparação e a pesquisa de campo, que é a coleta de materiais arqueológicos encontrados em superfície e em subsuperfície durante a escavação, que é feita para se estudar as camadas de ocupações no subsolo do sítio. Cada vestígio é mapeado na posição exata em que foi encontrado. Nada pode ser removido sem que tudo seja documentado antes, através de desenhos e fotografias, por exemplo.

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Veja as principais ferramentas que os arqueólogos utilizam durante uma escavação. A preparação do sítio arqueológico se faz traçando-se uma quadricula de dimensões determinadas previamente, por exemplo 1mx1m, utilizando barbantes e estacas, que são fincadas no solo com o uso de marretas.

Na área a ser escavada, os sedimentos são retirados cuidadosamente de sobre os vestígios com pincéis, trinchas, palitos de madeira e recolhidos com pequenas pás.

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Depois são transferidos com baldes para a área de peneiragem, onde os vestígios menores são separados dos sedimentos.

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São feitas anotações sobre a posição exata da peça encontrada no sítio arqueológico, usando um aparelho chamado Estação Total*.

Como já vimos, são fotografados, recebem uma etiqueta com numeração, ensacados e transportados para os laboratórios.

Todos os dados são anotados em Cadernos de Campo.

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No Museu do Homem Americano ficam expostos alguns dos artefatos encontrados em escavações realizadas no Parque Nacional Serra da Capivara e nos municípios ao seu redor.

É importante diferenciar o trabalho do Arqueólogo do trabalho do Paleontólogo. Os arqueólogos estudam a cultura material de povos do passado, tais como os restos de suas moradias, os objetos que produziram, os seus instrumentos de trabalho, suas armas, adornos e sua arte, deixada principalmente nos paredões rochosos. Já os paleontólogos investigam como eram os organismos fósseis e os ecossistemas do passado geológico da Terra.

Depois de retirar cuidadosamente todas as camadas de sedimentos de cima destes vestígios pré-históricos os arqueólogos estabelecem para cada peça encontrada, uma numeração que vai acompanhar a peça em todas as etapas da pesquisa arqueológica. Essa numeração funciona como um RG porque dá um número individual para cada peça encontrada. 78

As peças encontradas nos sítios arqueológicos seguem depois para laboratórios especializados, onde elas serão limpas e organizadas segundo sua natureza. A partir de agora, essas peças compõem um acervo que fica disponível para que pesquisas aprofundadas possam ser realizadas. 79


Dependendo do tipo de rocha utilizada para a fabricação de uma ponta de lança, do tipo de lascamento realizado pelo homem pré-histórico, da quantidade e qualidade dos sedimentos e dos carvões utilizados numa fogueira, é possível obter inúmeras informações sobre os hábitos de vida daquele nosso antepassado, incluindo a data aproximada em que este homem teria vivido!

Os estudos sobre as peças arqueológicas consistem em analisar, classificar, quantificar, medir, restaurar, reconstituir, desenhar, fotografar, entre outras atividades. O conjunto dos resultados de todos esses estudos permite ao arqueólogo propor hipóteses sobre como as peças foram feitas; de que material foram feitas; para que eram usadas; a que grupos humanos pertenceram, por exemplo.

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Isto porque os vestígios orgânicos, como por exemplo, um carvão de fogueira, passam por um método de datação* de vestígios, conhecido como Carbono 14*, que fornece preciosos dados sobre a quantidade de tempo decorrido desde que se acendeu aquela fogueira. As sociedades históricas como, por exemplo, a nossa sociedade, também deixam vestígios de sua passagem pelos lugares. Pense um pouco... que tipo de vestígios estamos deixando para as sociedades futuras?

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Arte Rupestre Observando os paredões rochosos do Parque Nacional Serra da Capivara você vai perceber que os homens pré-históricos pintavam muito, mas isso não é privilégio nosso! A Arte Rupestre é a primeira expressão globalizada da capacidade que o homem tem de se expressar através de símbolos, muito antes da invenção da escrita. As pessoas da região diziam que essas pinturas eram “coisas de caboclos”, se referindo aos indígenas que habitavam toda essa região no passado. A arte rupestre é um testemunho de como os povos pré-históricos percebiam a natureza e como se relacionavam com ela. Diferente de outros vestígios pré-históricos, a arte rupestre demonstra que os povos pré-históricos queriam deixar mensagens para outros indivíduos ou grupos. Infelizmente, o significado dessas mensagens se perdeu para sempre.

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Gravadas ou pintadas em paredes rochosas, as imagens de cenas do cotidiano dos povos pré-históricos eram feitas da mistura de pó de rochas (como o óxido de ferro, que nos dá a cor vermelho-alaranjada) com água ou outros materiais.

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As cores mais comuns eram o vermelho, o amarelo, o preto e o branco. Existem pinturas monocromáticas*, bicromáticas e policromáticas*. No Parque Nacional Serra da Capivara existe o Sítio dos Veadinhos Azuis, onde acredita-se que a cor da pintura sofreu modificação química e a tinta acabou ficando com uma cor de tom azulado.

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Os homens pré-históricos utilizavam os dedos, pincéis feitos de madeira, chumaços de pelo, penas ou gravetos ou pequenos canos feitos de gravetos de árvores furados no meio como instrumentos para realizarem suas pinturas.

Dedo

Algumas das imagens representadas nas pinturas rupestres são difíceis de reconhecer. É o caso dos chamados grafismos puros, que não representam elementos conhecidos. Mas a maior parte das pinturas rupestres representa figuras humanas, animais, plantas e objetos, muitas vezes ordenados em ações, cujo tema é, às vezes, reconhecível.Temos assim, os antropomorfos representando figuras humanas; os fitomorfos representando plantas, os zoomorfos representando animais e ainda figuras geométricas.

Pincel

Graveto 86

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Os temas principais que aparecem na maioria das pinturas são a dança, as práticas sexuais, a caça, as manifestações rituais em torno de uma árvore, e as composições emblemáticas.Trata-se de figuras dispostas de maneira típica, com posturas e gestos de pouca complexidade gráfica, mas que se repetem sistematicamente. Outras pinturas representam figuras paradas, sem movimento nem dinamismo.

Já as gravuras eram feitas a partir de desenhos nas rochas com uso de picoteamento, polimento, raspagem ou realizando cortes bem finos nas rochas, técnicas que produziam sulcos em forma de V ou de U nas rochas.

Picoteado

Raspagem

Incisão fina

É preciso que nos conscientizemos sobre a importância de preservar esse patrimônio cultural, testemunho de grupos que habitaram o Piauí antes da chegada do colonizador e sobre os quais não dispomos de documentos escritos precisando conhecer muito ainda para entender melhor o passado, analisar o presente e buscar um futuro melhor. 88

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O Futuro Todos nós sabemos que a humanidade causa um grande impacto na natureza. Diferente dos povos pré-históricos, a existência do homem na Terra hoje exige cada vez mais produtos. E não estamos falando apenas de comida e roupas para vestir, o mínimo que necessitamos para sobreviver. Nossa sociedade exige o consumo! Consumimos celulares, computadores, televisores, e mais uma infinidade de coisas. E tudo isso exige matérias primas que vem da natureza! Destruímos montanhas em busca de minérios, destruímos as florestas para a produção de carne e vegetais em escala monstruosa! Destruímos os rios, jogando neles o esgoto das cidades! Nossos carros poluem o ar! Espécies inteiras de animais estão desaparecendo e outras tantas estão em risco de extinção. Uma parte do lixo produzido pela humanidade é jogada nos oceanos e assim vamos destruindo o nosso meio ambiente deixando um imenso traço de sujeira...

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Agora imagine nosso planeta sem a humanidade! A vida seguiria seu rumo e somente os desastres naturais poderiam afetar a vida na Terra. O equilíbrio da vida no planeta voltaria ao normal tão logo a população humana desaparecesse da Terra. Nossas construções cederiam à força das raízes das árvores! As florestas e a vida selvagem tomariam conta das cidades em apenas algumas décadas! Mesmo que o homem desapareça, a vida continua.

Precisamos ter consciência de que fazemos parte da Natureza e que se quisermos que a vida humana continue na Terra, teremos de mudar nossos hábitos e respeitar a vida das outras espécies no planeta. Os homens pré-históricos nos deixaram imenso patrimônio gravado nas rochas e o meio ambiente intacto! O que vamos deixar para as gerações de pessoas que estão por vir?

Será que, com tantas agressões ao meio ambiente, esse cenário estaria muito distante da nossa realidade? Pense bem! A sobrevivência dos humanos depende diretamente de toda a Biodiversidade. Sem equilíbrio dos ecossistemas, haverá uma extinção em massa, e o animal humano também estará ameaçado! Continuar a destruir tudo é destruir toda a vida no planeta, inclusive a nossa.

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Glossário AP: em Arqueologia, significa "Antes do Presente", tendo por base o ano da realização da datação. Arqueologia: tem origem de duas palavras gregas, archaios e logos, e significa “estudo das coisas antigas”. Entretanto, nas últimas décadas, os arqueólogos não estudam apenas as sociedades do passado, mas também as do presente. Artefatos: são instrumentos utilizados para vários fins e fabricados pelo homem. Artrópode: Filo que compreende animais invertebrados, cujo corpo se constitui de anéis, suavemente articulados entre si, e alguns deles providos de apêndices, também articulados. Baixões: Grandes baixadas. Bicromática: que possui duas cores. Biodiversidade: variedade de formas de vidas no planeta, compreendendo os ecossistemas terrestres, marinhos e os complexos ecológicos do qual fazem parte, além da diversidade dentro das espécies e entre espécies e ecossistemas.

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Bioma: é a vida de um grupo. Esta palavra foi usada por um ecólogo americano chamado Frederic Clements, que definiu bioma como uma comunidade de plantas e animais, geralmente de uma mesma formação. Um conjunto de ecossistemas constitui um bioma, e o conjunto de todos os biomas da terra constitui a biosfera da terra. Boqueirões: denomina um acidente geográfico. É a abertura tipo garganta cavada pelo rio entre duas serras, um vale profundo cavado por um rio. Caatinga: palavra que vem do tupi: caa [mata] + tinga [branca] = mata branca. Caducifólia, caduca ou decídua: nome dado às plantas que, numa certa estação do ano, perdem suas folhas. Esta é a forma que as plantas encontram para não perder água pelo processo de evaporação, pelas folhas. Às vezes ficam só os galhos e o caule. Cânions: vales profundos com encostas quase verticais, que podem se estender por centenas de quilômetros. Em geral, os cânions têm um aprofundamento lento que pode durar milhões de anos.

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Carste: tipo de relevo geológico caracterizado pela dissolução química (corrosão) das rochas, que leva ao aparecimento de uma série de características físicas, tais como cavernas. O termo Carste deriva do alemão Karst (em português, Carso), nome de uma região que se estende do norte da Itália até o sudoeste da Eslovênia e o noroeste da Croácia, primeira região onde esse fenômeno foi estudado. O nome local em língua eslovena Kras, significa aproximadamente "campo de pedras calcárias". A região também é chamada Carso em italiano. Para que o fenômeno de dissolução das rochas, também chamado de carstificação, possa acontecer algumas condições são necessárias, como a presença de rochas solúveis. Entende-se por rocha solúvel “aquela que, após sofrer intemperismo químico produz pouco resíduo insolúvel”. Conglomerado: rocha de origem sedimentar formada por seixos arredondados em conseqüência do transporte natural, unidos em meio a uma massa de cimentação de natureza variada. Cuesta: é uma forma de relevo assimétrico constituído por uma sucessão alternada de camadas rochosas com diferentes resistências ao desgaste e que se inclinam numa direção, formando um decline suave no reverso e um corte abrupto ou íngreme na frente. 97


Datação por Carbono 14: A técnica de datação por carbono-14 foi descoberta nos anos 1940 por Willard Libby. Ele percebeu que a quantidade de carbono-14 dos tecidos orgânicos mortos diminui a um ritmo constante com o passar do tempo. Assim, a medição dos valores de carbono-14 em um objeto antigo nos dá pistas muito exatas dos anos decorridos desde sua morte. Esta técnica é aplicável à madeira, carbono, sedimentos orgânicos, ossos, conchas marinhas - ou seja todo material que conteve carbono em alguma de suas formas, e o absorveu, mesmo que indiretamente, como pela alimentação com organismos fotossintetizantes, da atmosfera. Como o exame se baseia na determinação de idade através da quantidade de carbono-14 e que esta diminui com o passar do tempo, ele só pode ser usado para datar amostras que tenham até cerca de 50 mil a 70 mil anos de idade. Depressão Periférica do Médio São Francisco: é conhecida como Escudo Metamórfico Pré-Cambriano, pois nela aparecem as rochas pré-cambrianas, como o granito, que foram as primeiras rochas formadas na história geológica da Terra, chamadas rochas cristalinas. 98

Endemismo: grupos de espécies que se desenvolvem em uma área restrita. Escarpa: terreno muito íngreme que parece com um degrau. Escudo Pré-Cambriano: em geologia, é uma grande área de rochas ígneas e metamórficas do PréCambriano que se encontram expostas, formando zonas tectonicamente estáveis. Em todos os escudos a idade das rochas é superior a 570 milhões de anos chegando mesmo aos 3 bilhões e meio de anos. São das primeiras formações rochosas terrestres. Era Mesozóica: compreende uma parte da história da Terra em que os continentes tinham formas e posições diferentes dos atuais.Teve aproximadamente uma duração de cento e quarenta milhões de anos. Divide-se em três períodos: Jurássico,Triássico e Cretáceo. Fósseis: são restos ou vestígios preservados de animais, plantas ou outros seres vivos em rochas, como moldes do corpo ou partes deste, rastros e pegadas. A totalidade dos fósseis e sua posição nas formações rochosas e camadas sedimentares é conhecido como registro fóssil. A palavra "fóssil" deriva do termo latino fossilis que significa "ser desenterrado". 99


Geologia: ciência que estuda a Terra, sua composição, estrutura, propriedades físicas, história e os processos que lhe dão forma. Glaciações: fenômenos climáticos que ocorrem ao longo da história do planeta Terra. Como o próprio nome sugere é um período de frio intenso, dentro de uma era do gelo, quando a temperatura média da Terra abaixa, provocando o aumento das geleiras nos pólos e em zonas montanhosas, próximo às regiões de neve perpétua (que nunca derrete). Gnaisse: rocha de origem metamórfica, resultante da deformação de sedimentos de granitos. Algumas das rochas mais antigas do mundo são gnaisses. Um exemplo de formação rochosa em gnaisse é o Pão de Açúcar, localizado na cidade do Rio de Janeiro. Outro exemplo é a Pedra do Ingá, Monumento Nacional no agreste da Paraíba. Granito: O granito é uma rocha ígnea formada por um magma em estado de fusão a grandes profundidades, no interior da terra onde ocorre seu resfriamento e a sua solidificação. Os granitos ocorrem tanto sob a forma de maciços rochosos como em matacões (blocos arredondados).

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Grupos Sedentários: São os primeiros agrupamentos de povos que, ainda na pré-história, fixaram-se em determinado lugar, construindo aldeias e abandonando a vida nômade. Habitat: termo utilizado na ecologia e significa o espaço onde seres vivos vivem, e se desenvolvem, dentro de uma comunidade. Ele oferece as condições climáticas, físicas e alimentares ideais para o desenvolvimento de uma determinada espécie. Inselberg: do alemão, “monte ilha”, é o resto de relevo saliente em meio a uma paisagem de planície semi-árida, oriunda de uma longa história erosiva relacionada a processos secos. Livro de Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico: A expressão Tombamento e Livro de Tombo, provém do Direito Português, onde a palavra tombar tem o sentido de registrar, inventariar inscrever bens nos arquivos do Reino. Aqui são registradas as coisas pertencentes às categorias de arte arqueológica, etnográfica, ameríndia e popular, bem assim os monumentos naturais. 101


Micaxisto: espécie de rocha folheada, composta essencialmente de quartzo e mica. Monocromático: quando algo tem uma só cor. Pleistoceno: primeira época do período Quaternário. Policromático: quando algo tem muitas cores. Pré-Cambriano: está compreendido entre o aparecimento da Terra, há cerca de 4,5 bilhões de anos, até o surgimento de uma larga quantidade de fósseis, que marca o início do período Cambriano da era Paleozóica, há cerca de 540 milhões de anos atrás. Foi durante o Pré-Cambriano que os eventos mais importantes da história da Terra aconteceram, como por exemplo: o início do movimento das placas tectônicas; o início da vida na Terra; o aparecimento das primeiras células eucarióticas; a formação da atmosfera; o aparecimento dos primeiros animais e vegetais.

Quartzito: rocha composta essencialmente de quartzo. O quartzito pode ser sedimentar ou metamórfico.

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Sedimento: é o resultado da desagregação ou da decomposição de rochas primárias de rocha Semiárido: tipo de clima caracterizado pela baixa umidade e pouco volume pluviométrico. Serrote: é um termo local para chamar o relevo dos mármores, que é o relevo cárstico. Nessa área são observadas cavernas e seus espeleotemas e os lapiás. Silte: Substância mineral, cujas partículas são mais finas que grãos de areia e maiores que partículas de argila, carregada por água corrente e depositada como sedimento. Sítio arqueológico: local onde se encontram os vestígios materiais deixados pelos grupos humanos que ali estiveram. Este local pode ter sido a morada de pessoas, como uma cabana de palha e madeira, ou ainda uma caverna. Mas pode também ter sido um cemitério ou um lugar habitado por pouco tempo para caçar ou pintar paredes, um acampamento. Os sítios arqueológicos são protegidos por lei e é proibido destruí-los ou retirar seus objetos, pois a destruição completa ou parcial é considerada um crime contra o Patrimônio Nacional.

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Triássico: período mais antigo da Era Mesozóica e que antecede o Jurássico. Trilobitas: são artrópodes característicos do Paleozóico, conhecidos apenas pelo registro fóssil. UNESCO: Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura. Unidade de Conservação: Uma Unidade de Conservação (UC) é um território cuja proteção é garantida por lei, conta com regime especial de administração e visa conservar os recursos naturais e a biodiversidade existentes em seu interior.Tipos de Unidades de Conservação de Proteção Integral: Estação Ecológica: área destinada à preservação da natureza e à realização de pesquisas científicas, podendo ser visitadas apenas com o objetivo educacional. Monumento Natural: área destinada à preservação de lugares singulares, raros e de grande beleza cênica, permitindo diversas atividades de visitação. Essa categoria de UC pode ser constituída de áreas particulares, desde que as atividades realizadas nessas áreas sejam compatíveis com os objetivos da UC.

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Parque Nacional: área destinada à preservação dos ecossistemas naturais e sítios de beleza cênica. O parque é a categoria que possibilita uma maior interação entre o visitante e a natureza, pois permite o desenvolvimento de atividades recreativas, educativas e de interpretação ambiental, além de permitir a realização de pesquisas científicas. Refúgio da Vida Silvestre: área destinada à proteção de ambientes naturais, no qual se objetiva assegurar condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna. Permite diversas atividades de visitação e a existência de áreas particulares, assim como no monumento natural. Reserva Biológica: área destinada à preservação da diversidade biológica, na qual são realizadas medidas de recuperação dos ecossistemas alterados para recuperar o equilíbrio natural e preservar a diversidade biológica, podendo ser visitadas apenas com o objetivo educacional.

Vestígios: sinal, pegada, marca ou rastro; sinal de uma coisa que aconteceu, de uma pessoa que passou. Indicação, indício, resquícios, restos, ruínas. 105


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Alguns animais presentes no Parque Nacional Serra da Capivara mocó, Kerodon rupestris saruê, Didelphis marsupialis tatu-peba, Euphractus sexcinctus tamanduá-mirim, Tamandua tetradactyla sôinho, Callithrix jachus macaco-prego, Cebus apella raposa, Dusicyon thous onça-pintada, Panthera onca onça-vermelha, Felis (Puma) concolor veado catingueiro, Mazama guazoubira veado mateiro, M.americana caititu, T.tajacu jacu, Penelope jacucaca cancã, Cyanocorax cyanopogon zabelê, Crypturellus noctivagus andorinhas, Progne chalybea andorinhões, Streptoprocne zonaris e S.biscutata. urubu-rei, Sarcoramphus papa azulão, Cyanocompsa cyanea pássaro preto, Gnorimopsar chopi sofreu, Icterus icterus seriema, Cariama cristata

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Algumas espécies de plantas presentes no Parque Nacional Serra da Capivara angico verdadeiro, Anadenanthera macrocarpa pau d'arco branco, Tabebuia serratifolia imburana-de-cheiro, Amburana cearensis aroeira, Astronium urundeuva angelim,Andira vermífuga canela de velho, Cenostigma gardnerianum cansanção, Cnidoscolus urens caroá, Neoglaziovia variegata cebola de tatu, Hippeastrum sp.

coroa de frade, Melocactus bahiensis favela, Cnidoscolus phyllacanthus gameleira, Ficus rufa jurubeba, Solanum cyananthum mandacaru, Cereus jamacaru maniçoba, Manihot spp. marmeleiro, Alibertia spp. oitizeiro, Licania tomentosa pajaú,Triplaris tomentosa quipá, Opuntia inamoena rabo de macaco, Piper tuberculatum urtiga, Tragia volubilis xique-xique, Cephalocereus gounellei

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