ISBN 9787-85-98571-14-0
ANAIS Grupo 5 - Agronegócio, Mercados e Comercialização
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
CAMPUS – MOSSORÓ/RN
COMISSÃO ORGANIZADORA NACIONAL Marcelo José Braga (UFV) Presidente da SOBER
José Eustáquio Ribeiro Vieira Filho (IPEA) Diretor Executivo
Elza N. Anjos Secretária da SOBER
João Ricardo F. de Lima (EMBRAPA) Vice-Presidente Região Nordeste
Comissão Organizadora Local Emanoel Márcio Nunes (UERN) Coordenador Geral Márcia Regina Farias da Silva (UERN) Coordenadora Adjunta Andreya Raquel Medeiros de França (UERN) Jéssica Samara Soares de Lima (UERN) Assessoras Infraestrutura Nathália Grace de Sousa Fialho (UERN) Jacinta de Fátima Martins Malala (UERN) Genivalda Cordeiro da Costa (UERN) Raimunda Maria Marques de Azevedo (UERN) Comunicação Ionara Jane de Araújo (UERN) Francisca Suerda Soares de Oliveira (UERN) Etevaldo Almeida Silva (UERN) Michele de Sousa (UERN) Finanças Lilian Medeiros da Silva (UERN) Jéssica Samara Soares de Lima (UERN) Programação Científica Josivan Barbosa Menezes Feitoza Vinicius Claudino de Sá Paulo Sidney Paulo Sidney Gomes Silva Secretaria Executiva Cleide Regina Ferreira e Silva Andreya Raquel Medeiros de França Ienilton Alves Gurgel Ana Cristina Nogueira Maia Transporte Alexandre Henrique Pompeu Fernandes Bruno José Bezerra da Silva
Comissão Científica Coordenador Titular: Marcia Regina da Silva Farias (UERN) Coordenador Adjunta: Elizabeth Stradiotto Siqueira (UFERSA) Grupo 1: Meio ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Agroecologia Coordenador Titular: Marcia Regina da Silva Farias (UERN) Coordenador Adjunta: Zoraide Souza Pessoa (UFRN) Grupo 2: Agricultura Familiar e Ruralidade Coordenador Titular: Joacir Rufino de Aquino (UERN) Coordenador Adjunta: Genivalda Cordeiro da Costa (UERN) Grupo 3: Políticas Públicas e Reforma Agrária Coordenador Titular: Joana Tereza Vaz de Moura (UFRN) Coordenador Adjunta: Jacimara Villar Forbeloni (UFERSA) Grupo 4: Empreendedorismo, Cooperativismo e Associativismo no meio rural Coordenador Titular: Paulo Sidney Gomes Silva (IFRN) Coordenador Adjunto: Washington José de Souza (UFRN) Grupo 5: Agronegócio, Mercados e Comercialização Coordenador Titular: João Batista de Freitas (UERN) Coordenador Adjunto: Josivan Barbosa de Menezes Feitoza (UFERSA) Grupo 6: Gestão Social Coordenador Titular: Elizabeth Stradiotto Siqueira (UFERSA) Coordenador Adjunta: Lílian Caporlíngua Giesta (UFERSA) Grupo 7: Tecnologia, Inovação e Extensão para o campo Coordenador Titular: Vinícius Claudino de Sá (UERN) Coordenador Adjunto: Valdemar Siqueira Filho (UFERSA) Grupo 8: Desenvolvimento Rural, Territorial e Regional Coordenador Titular: Joseney Rodrigues de Queiroz Dantas (UERN) Coordenador Adjunta: Larissa da Silva Ferreira Alves (UERN) Grupo 9: Turismo rural e políticas públicas Coordenador Titular: Raimunda Maria Marques de Azevedo (UERN) Coordenador Adjunta: Michele de Sousa (UERN) Grupo 10: Assuntos emergentes Coordenador Titular: Marcia Regina da Silva Farias (UERN) Coordenador Adjunta: Elizabeth Stradiotto Siqueira (UFERSA)
PARECERISTAS Abdon Silva Ribeiro da Cunha Agostinha Mafalda Barra de Oliveira Alcides Leão Santos Júnior Alex Bruno Ferreira Marques do Nascimento Alfredo Marcelo Grigio Ana Augusta da Silva Campos Ana Claudia Machado Padilha Ana Cristina Nogueira Maia Andrea Kaliany Costa Lima Augusto Carlos Avelino Teixeira de Carvalho Boanerges Barreto de Freitas Filho Carlos Alano Soares de Almeida Carlos José Bezerra de Morais Daniela Viegas da Costa Nascimento Diego Philipe de Oliveira Godeiro Eliane Pinheiro de Sousa Elizabeth Stradiotto Siqueira Érica Priscilla Carvalho de Lima Erlaine Binotto Fabio Chaves Nobre Fagner Moura da Costa Fernando Bastos Costa Francisca Elizonete Souza Francisco do O’ de Lima Júnior Francisco Fransualdo de Azevedo Francisco Jean Carlos de Souza Sampaio Guilherme Smaniotto Tres Iriane Teresa de Araújo Jacimara Villar Forbeloni Jaime dos Santos da Silva Jairo Bezerra da Silva Joana Tereza Vaz de Moura João Batista de Freitas Joaquim de Araújo Jordana Marques Kneipp José Paulo de Sousa Joseney Rodrigues de Queiroz Dantas Josivan Barbosa Menezes Feitoza Jovelina Silva Santos Juarez Azevedo de Paiva Júnia Fátima do Carmo Guerra Kézia Viana Gonçalves Larissa da Silva Ferreira Alves Leandro Trigueiro Fernandes Liana Holanda Nepomuceno Nobre
Libânia Maria Braga Luciana Holanda Nepomuceno Luciano Celso Brandão Guerreiro Barbosa Ludimilla Carvalho Serafim de Oliveira Luís Abel da Silva Filho Marcia Regina Farias da Silva Marcio Furukava Maria de Fátima Diógenes Fernandes Maria de Lourdes Fernandes de Medeiros Maria de Lourdes Fernandes de Medeiros Maria Odete Alves Marlene Medeiros Marta Aurélia Dantas de Lacerda Maurício Miranda Maxwell dos Santos Celestino Mayra Fernandes Nobre Melissa Rafaela Costa Pimenta Michelangelo de Oliveira Silva Miguel Henrique da Cunha Filho Monikely Silva Napie Galve Araujo Silva Nerize Laurentino Ramos Nildo da Silva Dias Paulo Sidney Gomes Silva Rafael Junior dos Santos Figueiredo Salgado Raimundo Inácio da Silva Filho Ricardo Sávio Trigueiro de Morais Roberto Marinho Alves da Silva Rogério Pires da Cruz Ronie Cleber de Souza Rosana Silva de França Rusiano Paulino de Oliveira Sérgio Luiz Freire Costa
Sidcley D’sordi Alves Alegrini da Silva Sidnéia Maia de Oliveira Rego Silvana Nunes de Queiroz Thaiseany de Freitas Rego Thiago Ferreira Dias Valdemar Siqueira Filho Vania de Fatima Barros Estivalete Vanuza Maria Pontes Sena Vinícius Claudino de Sá Washington José de Souza Yasmine Santos Mansur Yuri de Lima Padilha Zoraide Souza Pessoa
11º Congresso da Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural/Nordeste Anais do XI Congresso Regional da SOBER Nordeste – Mossoró: Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), novembro, 2016. Inclui bibliografia ISBN 9787-85-98571-14-0 Modo de acesso: http://www.sobernordeste2016.com.br em Anais dos eventos 1. Economia 2. Desenvolvimento Rural e Regional 3. Gestão Ambiental 4. Territorialidade – Brasil – Congressos.
Realização Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN Campus Mossoró Núcleo de Extensão em Desenvolvimento Territorial NEDET/UERN Apoio Universidade Federal Rural do Semi-árido - UFERSA Financiamento Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES Banco do Nordeste do Brasil – BNB Conselho Regional de Economia do Rio Grande do Norte–CORECON/RN
Apresentação O congresso SOBER NORDESTE acontece a cada ano em uma instituição localizada na região Nordeste do Brasil, desde 2006, tendo como objetivo geral discutir temas relevantes da agricultura e do agronegócio e contribuir para o desenvolvimento do setor rural do país. O evento consolida sua importância com a realização da sua décima primeira edição, pautada pela discussão de temas como: política agrícola; geração e transferência de tecnologia; meio ambiente; pobreza rural; educação no campo; reforma agrária; novas experiências de desenvolvimento e outros. O XI Congresso da Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural (SOBER), em sua versão regional, ocorrerá entre os dias 16 e 18 de novembro de 2016, na Universidade Estadual do Rio Grande do Norte, em Mossoró-RN. A proposta é importante por vários motivos: (1) trazer para o público alvo da Região a experiência de um congresso já conceituado, oportunizando a uma instituição de ensino superior (IES) do interior a colaborar e participar de um evento que, embora regional, tem abrangência nacional; (2) oportunizar a aproximação entre os integrantes dos diversos núcleos/departamentos e diversas IES da região; (3) ampliar o debate com os poderes públicos locais e atores sociais acerca das questões que permeiam o rural no contexto contemporâneo.
Comissão Organizadora Mossoró/RN, novembro de 2016
PROGRAMAÇÃO XI SOBER NORDESTE 2016 MOSSORÓ/RN
16 de Novembro de 2016 Local: Faculdade de Ciências Econômicas – FACEM/UERN 12:30h - Credenciamento 13h–16:30h - Minicursos “Uso do STATA para extração e análise de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD/IBGE)” Dr. João Ricardo Ferreira de Lima (EMBRAPA) “Geotecnologias na geração de plantas Georreferenciadas de imóveis rurais” Ms. Hermínio Sabino de Oliveira Junior (HS Geotec) “Análise de Redes Socioeconômicas: Conceitos, aplicações e Método” Dr. Thales Augusto Medeiros Penha (UFRN) “Contabilidade e Finanças para Cooperativas” Esp. Jorge Fernandes Jales Neto (UERN/IFRN) Local: Teatro Municipal Dix Huit Rosado 18:30h-20h - Credenciamento 19h-20h - Sessão Solene de Abertura 20h-21:30h - Conferência Magna “Desenvolvimento Territorial, Políticas Públicas e Sustentabilidade: Novos olhares sobre o Nordeste Rural” Prof. Dr. Guilherme Costa Delgado (IPEA) 21:30h-23h - Coquetel de Abertura 21:00h-23h - Exposição “ É tempo de Margaridas”. 17 de Novembro de 2016 Local: FACEM/UERN 08h -10h - Apresentação de Trabalhos (Oral) 10h-10:30h - Coffe Break 10:30h-12h - Mesa Redonda “Análise da Gestão Social na Política do Desenvolvimento Territorial do Nordeste” (Local: Auditório da Faculdade de Música/UERN) Palestrantes: Márcio de Matos Canielo (UFCG) Betty Nogueira Rocha (UFRRJ) Elisabete Stradiotto Siqueira (UFERSA) Vinícius Claudino de Sá (UERN) 10:30h-12h - Mesa Redonda “Cadeias Globais, Políticas Públicas e Trabalho descente na fruticultura irrigada”. (Local: Auditório da FAFIC/UERN) Palestrantes: Manoel Cândido da Costa (FETARN) Thales Augusto Medeiros Penha (UFRN) Josivan Barbosa Menezes Feitosa (UFERSA)
Marcellus Luiz Bezerra Fernandes Junior (Agrícola Famosa) 14h – 16h - Apresentação de Trabalhos (Oral) 16h - 16:30h Coffee Break 16:30h - 18h Mesa Redonda “Agricultura familiar, sustentabilidade e políticas públicas no contexto do Desenvolvimento do Nordeste” (Local: Auditório da Faculdade de Música/UERN) Palestrantes: Maria Odete Alves (ETENE-BNB) Joacir Rufino de Aquino (UERN) Aldenor Gomes da Silva (UFRN) João Ricardo Ferreira de Lima (EMBRAPA) 16:30h - 18h Mesa Redonda “Experiências de Desenvolvimento Territorial no Nordeste” (Local: Auditório da FAFIC/UERN) Palestrantes: Ildes Ferreira de Oliveira (UEFS) Itaan de Jesus Pastor Santos (UEMA) Emanoel Márcio Nunes (UERN) Joseney Rodrigues de Queiroz Dantas (UERN) 20:30h Jantar de Confraternização (Por Adesão) Local: Josué Recepções 18 de Novembro de 2016 Local: UFERSA 8h – 10h Apresentação de Trabalhos (Pôster) 10h – 10:30h Coffee Break 10:30h – 12h Mesa Redonda: “A dinâmica sustentável e o potencial dos Arranjos Produtivos Locais (APLs) do Nordeste”. (Local: Auditório da CTARN) Palestrantes: Amilcar Baiardi (UFRB) Tales Wanderley Vital (UFRPE) Marcia Regina Farias da Silva (UERN) 12h
Encerramento
SUMÁRIO GRUPO 5 – AGRONEGÓCIO, MERCADOS E COMERCIALIZAÇÃO ............. 1479 ANÁLISE DAS EXPORTAÇÕES DA FRUTICULTURA DO RIO GRANDE DO NORTE PARA A UNIÃO EUROPEIA: COMÉRCIO EFETIVO VERSUS COMÉRCIO POTENCIAL. .................................................................................................................. 1480 A COMPETITIVIDADE DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS NO MERCADO MUNDIAL DE MILHO (2000/2014). ............................................................................ 1499 A COMPETITIVIDADE DAS EXPORTAÇÕES DE CASTANHA DE CAJU E MELÃO NO NORDESTE BRASILEIRO DE 1997 A 2013. ....................................................... 1518 A IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DA PRODUÇÃO MELOEIRA NO BRASIL: UMA PERSPECTIVA EXPLORATÓRIA NOS ESTADOS DO CEARÁ E RIO GRANDE DO NORTE............................................................................................................................ 1536 A SALA DE AULA COMO ESPAÇO PARA AS DISCUSSÕES RELACIONADAS ÀS QUESTÕES AMBIENTAIS DA CAATINGA NORDESTINA.................................... 1550 ANÁLISE CONTÁBIL SOBRE O CUSTO DA SAZONALIDADE NA PRODUÇÃO DE MELÃO. .......................................................................................................................... 1566 ANÁLISE DA EFICIÊNCIA DO MERCADO FUTURO DO AÇÚCAR CRISTAL NO ESTADO DE PERNAMBUCO UTILIZANDO CO-INTEGRAÇÃO. .......................... 1585 ANÁLISE DE CUSTOS: UM ESTUDO DE CASO DE UMA AGROINDÚSTRIA DE MEL NO CENTRO SUL DO ESTADO DO PIAUÍ. ..................................................... 1601 ANÁLISE DO ÍNDICE DE VANTAGEM COMPARATIVA REVELADA PARA O AGRONEGÓCIO DO RIO GRANDE DO NORTE. ..................................................... 1621 ANÁLISE DO PERFIL E AVALIAÇÃO DA CULTURA DE BANANA NO MUNICÍPIO DE IGUATU NO ESTADO DO CEARÁ NO PERÍODO DE 2016. ............................. 1635 ANÁLISE DO VALOR DA PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS TEMPORÁRIAS DA REGIÃO NORDESTE DO BRASIL. ......................................... 1655 AS RELAÇÕES COMERCIAIS ENTRE BRASIL E CHINA, POR INTENSIDADE TECNOLÓGICA (2000-2015): UM ESTUDO DOS PRODUTOS PRIMÁRIOS. ....... 1674 AVALIAÇÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA DE SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE LEITE DE CABRA NA ZONA DA MATA MINEIRA: UMA NECESSIDADE PELA ATUAL CONJUNTURA ECONÔMICA. ..................................................................... 1692 CONVERGÊNCIA DE MERCADOS INTRA-REGIONAIS DE MILHO NO BRASIL. ......................................................................................................................................... 1711 DETERMINANTES DOS CUSTOS DE TRANSPORTE DAS EXPORTAÇÕES DO COMPLEXO BRASILEIRO DE SOJA. ........................................................................ 1727
EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE MINÉRIO DE FERRO NO PERÍODO 2000-2015: UMA ANÁLISE PELO ÍNDICE DE VANTAGEM COMPARATIVA REVELADA... ......................................................................................................................................... 1742 ÍNDICE DE VANTAGEM COMPARATIVA REVELADA: UMA ANÁLISE SOBRE A EXPORTAÇÃO DE CASTANHA DE CAJU DO NORDESTE BRASILEIRO. ......... 1756 MARGEM DE COMERCIALIZAÇÃO DO LEITE CAPRINO NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE (RN). ......................................................................................... 1770 MODELAGEM MATEMÁTICA DA RELAÇÃO ENTRE CUSTOS TOTAIS E QUANTIDADES PRODUZIDAS DE FRANGO DE CORTE NO ESTADO DO CEARÁ. ........................................................................................................................................... 178 O IMPACTO DOS PREÇOS EXTERNOS E DA TAXA DE CÂMBIO NAS EXPORTAÇÕES DE UVAS DO VALE DO SÃO FRANCISCO, ENTRE 1998 – 2015. ......................................................................................................................................... 1806 SETOR AGRÍCOLA BRASILEIRO: UMA ANÁLISE DA COMPETITIVIDADE DOS PRINCIPAIS PRODUTOS. .............................................................................................. 181 TAXA DE CÂMBIO E A EXPORTAÇÃO DA FRUTICULTURA DE MANGA NO VALE DO SÃO FRANCISCO (PE): UMA ANÁLISE ATRAVÉS DO MODELO DE VETORES AUTOREGRESSIVOS (VAR). ...................................................................................... 1832 UM ESTUDO DAS RELAÇÕES ENTRE TAXA DE CÂMBIO, QUANTIDADE EXPORTADA DE CASTANHA DE CAJÚ E PREÇO RECEBIDO PELOS PRODUTORES NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE. ................................. 1844 UM ESTUDO SOBRE O PROCESSO DE TRANSMISSÃO DE PREÇOS NO MERCADO SUCROALCOOLEIRO NACIONAL. ........................................................................... 1860 VALOR DA PRODUÇÃO DE LEITE NA MESORREGIÃO SUDESTE DO PARÁ E DE SUAS MICRORREGIÕES NO PERÍODO DE 2005 A 2014, E ANALISE DOS FATORES RESPONSÁVEIS PELA SUA VARIAÇÃO UTILIZANDO O MODELO SHIFT-SHARE. ......................................................................................................................................... 1898 A VALIDAÇÃO DO ABACAXI ORNAMENTAL COMO FERRAMENTA ESTRATÉGICA NA GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS: UM ESTUDO DE CASO. ............................................................................................................................. 1898 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR DE MAMÃO DO MUNICÍPIO DE MOSSORÓ-RN............................................................................................................... 1906 PROBLEMAS DE SAÚDE PÚBLICA NA COMERCIALIZAÇÃO DE HORTALIÇAS IN NATURA. ......................................................................................................................... 1913 PRODUÇÃO DE FRUTAS NO CEARÁ: UMA ANÁLISE PARA OS ANOS DE 2004 E 2014. ................................................................................................................................ 1919 MODELAGEM MATEMÁTICA DA RELAÇÃO ENTRE CUSTOS TOTAIS E QUANTIDADES PRODUZIDAS DE FRANGO DE CORTE NO ESTADO DO CEARÁ............................................................................................................................1927
GRUPO 5 Agronegócio, Mercados e Comercialização
1479
ANÁLISE DAS EXPORTAÇÕES DA FRUTICULTURA DO RIO GRANDE DO NORTE PARA A UNIÃO EUROPEIA: COMÉRCIO EFETIVO VERSUS COMÉRCIO POTENCIAL ANALYSIS OF EXPORTS THE FRUITCULTURE OF RIO GRANDE DO NORTE FOR TO UNIÃO EUROPEIA: EFFECTIVE TRADE VERSUS POTENTIAL TRADE Raphael Douglas de Freitas Lucena Discente Ciências Econômicas – UERN raphaelucena@outlook.com Edilson Carlos de Medeiros Júnior Discente Ciências Econômicas – UERN edilsonjunior12@yahoo.com.br Genivalda Cordeiro da Costa Docente Departamento de Economia – UERN genivaldacordeiro@yahoo.com.br Grupo de Pesquisa: GT5 – Agronegócio, Mercados e Comercialização.
Resumo O Brasil é um dos principais países produtores de frutas do mundo, ocupando o terceiro lugar, ficando atrás apenas da China e índia (BRASIL, 2014). Os fatores naturais favoráveis de clima, solo e disponibilidade de área, fazem com que o país obtenha vantagens comparativas em relação a outros países que dispõem em menor quantidade desses fatores. No Rio Grande do Norte a fruticultura tem se destacado ao longo dos anos, por está entre as atividades que mais contribui para a balança comercial do estado. O melão, castanha de caju, melancia e mamão em 2015, representaram 32,58% do total das exportações do Rio Grande do Norte. Este estudo tem por objetivo analisar o aproveitamento das relações comerciais estabelecidas entre a fruticultura potiguar e a União Europeia, no período 2001-2015, para tanto, fez-se necessário verificar o valor das exportações do Rio Grande do Norte de melão, castanha de caju, melancia e mamão para o mundo; verificar as principais barreiras comerciais enfrentadas pelos produtos da fruticultura potiguar no comércio internacional, e; mensurar os índices de complementaridade e de efetividade comercial para o período 2001-2015 para cada um dos produtos. A metodologia utilizada é a mesma adotada por Xavier (2009), os dados Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1480
foram coletados junto as bases de dados do ALICEWEB e do TRADEMAP. Deve-se destacar que nenhum dos produtos analisados apresentou subaproveitamento das oportunidades de comércio. Ao contrário, a castanha de caju e a melancia apresentaram superaproveitamento. Para o melão e mamão verificou-se a existência de complementariedade e efetividade comercial entre o Rio Grande do Norte e a União Europeia. Palavras-chave: Fruticultura. Exportações. Comércio potencial. Comércio efetivo. Abstract The Brazil is one of the main producing countries of the World fruit, ranking third in, behind only China and India (BRAZIL, 2014). The favorable natural factors of climate, soil and area of availability, makes the country get so benefits comparative over other countries with fewer of these factors. In The River Grande do Norte fruit farming has been highlighted over the years, it is among the activities which most contribute to the trade balance of the state. The melon, cashew nuts, watermelon and papaya in 2015 accounted for 32.58% of total exports of Rio Grande do Norte. This study aims to analyze the use of business relations between the Potiguar fruitculture and the European Union in the period 2001-2015, therefore, it was necessary to check the value of exports of Rio Grande do Norte melon, cashews, watermelon and papaya for the world; check the main trade barriers faced by the the Potiguar fruitculture products in international trade, and; measuring the complementarity indices and commercial effectiveness for the 2001-2015 period for each product. The methodology used is the same as that adopted by Xavier (2009), data were collected together with the ALICEWEB databases and Trade Map. It should be highlighted that none of the products analyzed has submitted underuse of trading opportunities. Unlike, cashew nuts and watermelon showed super-benefit. For the melon and papaya, we verified the existence of complementary and commercial effectiveness of the Rio Grande do Norte and the European Union. Key words: Fruitculture. Exports. Potential trade. Effective trade
1. Introdução
Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1481
O Brasil se destaca entre os países produtores de frutas do mundo, ocupando o terceiro lugar, ficando atrás apenas da China e índia (BRASIL, 2014). Destaca-se que 31% da produção de frutas fresca e processadas são distribuídas para diversas partes do mundo. Os fatores naturais favoráveis de clima, solo e disponibilidade de área, fazem com que o país obtenha vantagens comparativas em relação a outros países que dispõem em menor quantidade desses fatores. O crescimento das exportações de frutas foi influenciado também em alguns anos, pela desvalorização da moeda nacional. Entre os maiores parceiros comerciais do Brasil estão a União Europeia, a China, os Estados Unidos, o Japão, a Rússia e a Arábia Saudita (OCDE-FAO, 2016). Nos últimos 15 anos as exportações brasileiras de frutas frescas aumentaram 6% em volume em média ao ano, e 12,1% em valor. As mais exportadas foram melão, manga, banana, maçã, limão e lima. Quanto ao consumo, tem se observado que no mercado mundial, o consumo de frutas tropicais e exóticas está avançando mais que o de frutas de clima temperado (RODRIGUES, 2015). O aumento da demanda mundial de frutas tropicais beneficia o Rio Grande do Norte, pois as frutas tropicais em especial o melão, estão entre os principais produtos da balança comercial do estado. Apenas quatro produtos da fruticultura tropical, isto é, melão, castanha de caju, melancia e mamão em 2015, representaram 32,58% do total das exportações do Rio Grande do Norte. As exportações do estado cresceram 13,6% no primeiro trimestre de 2016, impulsionadas especialmente pelos produtos do agronegócio. O melão continua liderando a pauta, com 20,8 mil toneladas comercializadas para o mercado externo (MDIC, 2016). Os dados acerca da participação da fruticultura tropical na balança comercial do Estado demonstram a importância desta atividade para a economia potiguar. De acordo Xavier (2009); e a Hortifruti Brasil (2013), a União Europeia constitui o principal mercado importador de frutas frescas do Brasil e do Rio Grande do Norte. No triênio 2009-2011, 42,6% e 76,3% do total das exportações do bloco de melão e mamão respectivamente foram oriundas do Brasil. Dada a importância a significativa participação da fruticultura na pauta de exportação da economia potiguar e o papel relevante da União Europeia como principal parceiro comercial da fruticultura, este estudo busca responder as seguintes questões: os principais produtos da fruticultura potiguar (melão, castanha de caju, melancia e mamão) estão aproveitando efetivamente o seu potencial de exportação para este bloco econômico? Quais dessas frutas apresentam maior potencial de exportação para União Europeia? O melão principal produto da Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1482
fruticultura potiguar ainda pode ampliar seu potencial de exportação, em especial para o seu principal destino, isto é, a União Europeia? Portanto, tem-se como objetivo analisar o aproveitamento das relações comerciais estabelecidas entre a fruticultura potiguar e a União Europeia, no período 2001-2015. E como objetivos específicos: verificar o valor das exportações do Rio Grande do Norte de melão, castanha de caju, melancia e mamão para o mundo; verificar as principais barreiras comerciais enfrentadas pelos produtos da fruticultura potiguar no comércio internacional, e; Mensurar os índices de complementaridade e de efetividade comercial para o período 2001-2015 para cada um dos produtos. Com base na metodologia utilizada em Xavier (2009), foram mensurados os índices de complementaridade comercial e de efetividade comercial, para os principais produtos da fruticultura irrigada (melão, castanha de caju, mamão e melancia), com o intuito de analisar o aproveitamento das relações comerciais estabelecidas entre a fruticultura potiguar e a União Europeia para o período 2001-2015. E os dados foram coletados junto às bases do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (ALICEWEB) e das Nações Unidas (TRADEMAP). Como principal resultado verificouse que nenhum dos produtos analisados apresentou subaproveitamento das oportunidades de comércio. Ao contrário, a castanha de caju e a melancia apresentaram superaproveitamento. Para o melão e mamão verificou-se a existência de complementariedade e efetividade comercial entre o Rio Grande do Norte e a União Europeia.
2. A Participação do Rio Grande do Norte no Comércio INTERNACIONAL e o Papel DA FRUTICULTURA A economia do Rio Grande do Norte, ao longo de sua história, tem se caracterizado pela produção e comercialização de produtos com baixa intensidade tecnológica. Sendo assim, as exportações dos produtos potiguares, de acordo com a composição de fatores no comércio exterior, sempre contaram com significativa participação de produtos intensivos em recursos naturais e em trabalho (SILVA; MONTALVÁN, 2008). Observa-se com base na balança comercial do Rio Grande do Norte que a pauta das exportações de sua economia está basicamente concentrada em poucos produtos Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1483
primários. Sendo os principais produtos oriundos da fruticultura, dentre os quais melão, castanha de caju, melancia e mamão, que são objetos deste estudo. A partir das décadas de 1980 e 1990, os produtos da fruticultura irrigada passaram a fazer parte da pauta de exportações do estado, destacando-se a produção de melão, de banana, de mamão, de manga e de melancia. No final da década de 1990 e início dos anos 2000, o melão passa a ser o principal produto na pauta de exportações (SILVA; MONTALVÁN, 2008) e, desde então tem ocupado um lugar de destaque nas exportações potiguares, estando sempre entre os três principais produtos exportados pelo estado. Quanto ao destino das exportações do Estado, Silva; Montalván (2008) verificaram que no período de 1996 a 2006, os principais parceiros comerciais eram os países dos blocos econômicos União Europeia e Nafta (Tratado Norte-Americano de Livre Comércio), nos anos de 2005 e 2006 mais de 70% das exportações potiguares tiveram como destinos esses dois blocos. Segundo Arroyo; Gomes (2013), o estado do Rio Grande do Norte, apesar de historicamente apresentar uma participação muito baixa nos fluxos de exportações nacionais, nos últimos quinze anos tem obtido um saldo positivo na balança comercial, exceto em 2010, quando as importações superaram as vendas externas devido as aquisições de máquinas e equipamentos, especialmente de grupos geradores para a produção de energia eólica, em expansão no estado, na área litorânea. Apesar da reduzida participação do Rio Grande do Norte nas vendas externas do Brasil, alguns produtos agrícolas se destacam na pauta exportadora nacional como, por exemplo, as frutas tropicais. Em 2010, o estado ocupou a quarta posição nas exportações de frutas, após Ceará, Pernambuco e Bahia (ARROYO, GOMES, 2013). No âmbito estadual, o principal fluxo de exportações deve-se às frutas (melões, castanhas de caju, melancias, mamões, mangas), que contribuíram com 34,78% da receita estadual de exportação em 2015, sendo: melões frescos (19,87%); castanha de caju (5,45%); melancias (3,91%), mamões (3,35%) e mangas (2,20%). Em 2015, destacam-se também as exportações de fuel-oil, que ocuparam o primeiro lugar na pauta das exportações, representando 20,17 % do total exportado pelo estado. Além dos produtos mencionados, o sal marinho, os tecidos de algodão e outras chapas, etc. de outros plásticos estratificados, estão entre os dez principais produtos da balança comercial potiguar nesse ano (MDIC, 2016). Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1484
No que diz respeito as importações, Arroyo e Gomes (2013), destacam que as principais mercadorias importadas pelo estado em 2011 foram o trigo (16%) e materiais plásticos (16%), que servem de insumos para os circuitos de produção industrial. Em 2015, os principais produtos importados pelo Rio Grande do Norte foram: outros grupos eletrogeradores de energia eólica, que respondeu por 29,58% e outros trigos e misturas de trigo com centeio, que representou 17,22%, juntos esses grupos de produtos responderam por 46,80% das importações potiguares (MDIC, 2016). Segundo Arroyo e Gomes (2013), os destinos dos fluxos de exportações potiguares foram tradicionalmente os mercados europeu e norte-americano. Em 2011, a União Europeia ocupou o primeiro lugar e os Estados Unidos o segundo, recebendo respectivamente 40% e 25% das exportações potiguares. 2.1 Barreiras Comerciais Tarifárias e Não Tarifárias As barreiras comerciais são mecanismos adotados pelos países com a finalidade de proteger os produtores internos da concorrência estabelecida por produtores estrangeiros através do comércio internacional e, também garantir aos consumidores produtos de qualidade, que não causem danos a saúde e ao meio ambiente. São de dois tipos: barreiras tarifárias (Bts), medidas de proteção comercial na forma de tarifas e outras restrições quantitativas que visam proteger os produtores internos da concorrência e; barreiras não tarifárias (BNTs), que são regulamentações técnicas e fitossanitárias adotadas pelos países como mecanismo de proteção que têm legalmente a finalidade de garantir aos consumidores acesso a produtos de qualidade (MDIC, 2016). As tarifas e outras restrições quantitativas diminuíram de forma significativa, após a criação do GATT 1947 e, principalmente, da OMC, em 1995. No entanto, outras formas de protecionismo passaram a ser utilizadas em substituição as barreiras tarifárias, como por exemplo, as regulamentações técnicas e as fitossanitárias. Os países passaram a adotar regulamentos que estabelecem requisitos de qualidade, segurança, composição, processo produtivo, embalagem, rotulagem etc., para os produtos comercializados em seus territórios (MDIC, 2016). Durante a Rodada do Uruguai foi criada a Organização Mundial de Comércio (OMC) e dois acordos sobre barreiras técnicas foram estabelecidos: o Acordo sobre Barreiras Técnicas (TBT) e; o Acordo de Medidas Sanitárias e Fitossanitárias (SPS). Esses acordos tinham como objetivo impedir que as exigências com regulamentos e Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1485
normas técnicas, assim como, as medidas que visassem a proteção à saúde de pessoas, animais e plantas, se transformassem em barreiras ao comércio internacional (FERREIRA, LÍRIO; MENDONÇA, 2010). No entanto, estudos têm demonstrado que o principal objetivo desses acordos não foi alcançado, uma vez que as exigências de natureza técnicas, sanitárias e fitossanitárias têm se constituído ao longo dos anos em fortes barreiras comerciais. Os acordos apenas têm garantido maior transparência quanto ao estabelecimento dessas exigências entre os parceiros comerciais. Apesar da legitimidade dessas regulamentações, uma vez que tratam de aspectos relacionados a saúde, segurança e meio ambiente, a adoção e a implementação dessas medidas governamentais podem, contudo, servir de explicação para a imposição de exigências técnicas protecionistas, configurando-se assim, nas chamadas barreiras técnicas ao comércio. As quais geram dificuldades para a inserção no mercado de produtos oriundos, em especial, de países em desenvolvimento, prejudicando assim o livre comércio (MDIC, 2016). 3. Metodologia Com o intuito de analisar o aproveitamento das relações comerciais estabelecidas entre a fruticultura potiguar e a União Europeia para o período 2001-2015. Foram mensurados os Índices de Complementaridade e Efetividade Comercial, a metodologia adotada para mensuração dos índices é a mesma utilizada por Xavier (2009), conforme descrição a seguir. Os dados foram coletados junto às bases de dados ALICEWEB/MDIC e TRADEMAP/ONU. 3.1 índices de Complementaridade e Efetividade Comercial: conceituação O Índice de Complementaridade (IC) é utilizado para avaliar o potencial de comércio, o mesmo permite analisar a coincidência entre a oferta e demanda pelos produtos em estudo. E segundo Vaillante e Ons (2003 apud Xavier e Costa, 2009) leva em consideração, no contexto mundial as vantagens comparativas do exportador e as desvantagens do importador. Este índice tem por base o índice de vantagens comparativas de Balassa (1965). Quanto maior o valor do IC, maior será a complementaridade entre os parceiros, o índice é calculado através da seguinte fórmula:
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(1) Onde: i: região exportadora (Rio Grande do Norte); j: região importadora (União Europeia); W: todas as regiões do mundo; s: setor considerado na análise (fruticultura); s X iw: exportações de cada produto da fruticultura, do RN para o mundo; ∑sXsiw: exportações totais de cada produto da fruticultura do RN para o mundo; Msjw: importações para cada produto da fruticultura da União Europeia advindas do mundo; s s ΣsM jw: importações totais da União Europeia advindas do Mundo; M ww: importações s totais do mundo para cada produto da fruticultura; Σs M ww: total das importações mundiais. O Índice de Efetividade Comercial (EC) será utilizado para comparar os resultados de complementaridade entre os dois parceiros comerciais objeto deste estudo, isto é, Rio Grande do Norte e União Europeia. E será mensurado de acordo com Xavier (2009). Assim como o IC, o EC faz o cruzamento das vantagens comparativas do exportador (i) com as desvantagens comparativas do importador (j). O índice EC permitirá fazer o cruzamento dos seguintes aspectos: a) para dado produto da fruticultura, o quanto as exportações efetivas do RN para a UE superam as expectativas médias de exportação; b) para o mesmo produto da fruticultura, o quanto as importações efetivas da UE advindas do RN superam as expectativas médias de importação. Sendo assim, faz-se necessário definir um critério para determinar as expectativas médias. Assim como Xavier (2009) utilizar-se-á como referencial o comportamento das regiões estudadas em relação ao mundo. Portanto, o EC, pode ser expresso através da seguinte fórmula: Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1487
(2)
Onde: i: região exportadora (Rio Grande do Norte); j: região importadora (União Europeia); W: todas as regiões do mundo; s: setor considerado na análise (fruticultura); Xsij: exportações de cada produto da fruticultura, do RN para a União Europeia; ΣsXsij: exportações totais do RN para a União Europeia; Msji: importações para cada produto da fruticultura da União Europeia advindas do RN; ΣsMsji: importações totais da União Europeia advindas do RN; Xsiw: exportações de cada produto da fruticultura do RN para s s o mundo; ΣsX iw : exportações totais do RN para o mundo; M jw: importações de cada produto da fruticultura da União Europeia advindas do mundo; ΣsMsjw: importações totais da União Europeia advindas do mundo. Interpreta-se o índice EC da seguinte forma: a) se para dado produto da fruticultura o valor de EC > 1, o comércio efetivo do RN para União Europeia para o produto estará além das expectativas médias; b) se para dado produto da fruticultura o valor de EC < 1, o comércio efetivo do RN para União Europeia para o produto estará aquém das expectativas médias; c) se para dado produto da fruticultura o valor de EC = 1, significa que o comércio efetivo do RN para União Europeia estará apenas refletindo as expectativas médias. Xavier (2009) destaca que o principal uso do índice EC está no confronto com o resultado do índice IC. Pois de acordo com o modelo teórico, espera-se que: a) o EC > 1 corresponda a um IC > 1, isto é que maior efetividade comercial seja compatível com maior complementaridade entre as regiões que são parceiras comerciais; b) o EC < 1 corresponda a um IC < 1, indicando que menor efetividade comercial é compatível com a inexistência de complementaridade entre as regiões. Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1488
No entanto, outras duas situações podem ser verificadas, são elas: a) EC > 1 associado a um IC < 1, isto significa que as expectativas médias foram superadas em um ambiente em que não há complementaridade entre as regiões parceiras na relação comercial, o que corresponde a uma situação em que o setor em análise superaproveitou as oportunidades de comércio; b) EC < 1 associado a um IC > 1 significa que houve um subaproveitamento das oportunidades de comércio pelo setor em análise, isto porque, apesar da existência da complementaridade entre as regiões, o setor poderia ter demonstrado melhor desempenho comercial. Neste caso, região exportadora tem a real oportunidade de ampliar sua inserção no mercado da região importadora. A partir da mensuração desses dois índices para cada um dos principais produtos da fruticultura potiguar, busca-se verificar quais dos produtos analisados apresentam superaproveitamento das oportunidades de comércio e quais estão em situação de subaproveitamento. A análise desta natureza permitirá verificar para quais produtos da fruticultura, os produtores e governo devem investir em ações visando à conquista de novos mercados, dado que o superaproveitamento das oportunidades comerciais junto a União Europeia indica que não há possibilidade de continuar ampliando a demanda pelo produto com este mercado. Já a existência de subaproveitamento sinaliza que os produtores e governo que existe oportunidade de ampliar a participação do mercado da União Europeia, e, portanto, os mesmos devem adotar ações visando maior divulgação desses produtos no mercado, pois há potencial para ampliação da demanda efetiva pelos produtores da fruticultura potiguar que estejam nessa situação. 4 Resultados São apresentados e analisados a seguir os dados referentes as exportações de cada um dos quatro principais produtos da fruticultura do RN (melão, castanha de caju, melancia e mamão, para o período 2001 a 2015; as barreiras comerciais enfrentadas pelos produtos da fruticultura no comércio internacional e por fim a análise dos índices de complementaridade e efetividade comercial para os produtos em análise. 4.1 Principais produtos da fruticultura do RN no período 2001 a 2015
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Com base na balança comercial do estado do Rio Grande do Norte, observou-se que no período em análise quatro produtos da fruticultura se destacaram na pauta de exportações do estado figurando sempre entre os dez principais produtos, são eles o melão, a castanha de caju, a melancia e o mamão, a tabela 1, a seguir apresenta o valor em US$ FOB das exportações de cada um desses produtos. Considerando 2001 como ano base, no período 2001 a 2015, o valor das exportações de melão do estado cresceram 143,21%. Com relação a castanha de caju observa-se que o valor das exportações cresceu no período 2001 a 2011, 163,34%, e a partir de 2012 apresentou uma redução. Portanto, comparando o valor das exportações da castanha de caju de 2011 com o valor exportado em 2015 pelo RN, observa-se uma queda de (– 65,48%), devido principalmente a redução da produção resultante da ocorrência de pragas e variações climáticas que afetaram o plantio, o que implicou na redução da quantidade exportada e no valor das exportações nesse período (SILVA, 2016). O valor das exportações de melancia do RN cresceu 1.377,98% no período 2001 a 2015, consequência do aumento da produção e da maior inserção desta fruta no mercado internacional que resultou no aumento significativo da quantidade exportada desta fruta ao longo do período, em 2001 o estado exportou 3.174.463 quilogramas de melancia, em 2015 a quantidade exportada foi 28.677.898 quilogramas (MENESES, 2016). A tabela 1 mostra também o valor das exportações de mamão, comparando-se 2001 a 2015, observa-se um crescimento no valor das exportações de 2.946,49%. O que demonstra que o mamão produzido no RN tem conquistado ao longo do período uma maior inserção do mercado externo. Em 2001 o estado exportou 441.726 kg de mamão e em 2015 exportou um total de 11.110.695 kg (MENESES, 2016).
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Tabela 1 – Exportação em US$ FOB de cada produto da fruticultura do RN para o mundo (Xsiw) Anos MELÃO CASTANHA DE CAJU MELÂNCIA MAMÃO 2001 25.987.334 19.054.092 841.564 349.657 2002 24.185.797 19.098.944 1.325.106 1.775.901 2003 39.197.358 25.839.578 2.041.744 5.871.901 2004 45.470.193 32.789.102 2.627.301 4.590.010 2005 55.933.049 44.043.117 4.255.795 4.398.885 2006 58.117.140 45.565.007 5.403.778 6.382.040 2007 85.196.031 40.130.493 6.812.903 7.683.251 2008 64.993.158 44.644.627 5.157.913 7.667.847 2009 45.645.595 41.874.760 4.335.726 5.116.603 2010 45.708.351 45.945.003 4.931.235 2.743.766 2011 50.557.900 50.177.836 6.042.420 3.979.224 2012 54.056.370 36.660.025 7.799.416 3.929.903 2013 58.230.174 23.820.414 8.747.641 5.119.527 2014 60.054.362 20.092.203 9.015.739 8.634.414 2015 63.204.786 17.323.001 12.438.159 10.652.285 Fonte: Elaborada com base em dados do MDIC/ALICEWEB, 2016 A União Europeia se Constitui o principal parceiro na comercialização dos produtos da fruticultura potiguar. Em 2015, o RN exportou 98.724.054 kg de melões para a UE o que correspondeu a um valor de US$ FOB de 62.858.809. Comparando este valor ao total das exportações apresentado na tabela 1, verifica-se que a União Europeia foi responsável por 99,45% do valor total das exportações de melão do estado. Com relação as exportações de castanha de caju o valor das exportações para UE foi equivalente a 37,19% do total exportado pelo estado. Foi responsável ainda por 99,89% do valor das exportações de melancia e 96,71% do valor total exportado de mamão pelo Rio Grande do Norte (ALICEWEB/MDIC, 2016).
4.2 As principais barreiras comerciais enfrentadas pelos produtos da fruticultura potiguar no comércio internacional O melão principal produto da fruticultura potiguar enfrenta no mercado da União Europeia a concorrência da Espanha. A demanda por melão da União Europeia é suprida pela Espanha a taxas nulas, pois a mesma é beneficiada pela isenção de tarifas por fazer parta da área de livre comércio, enquanto países como Brasil que estão fora são sujeitos a tarifas que variam de 5,3% a 8,8%. Estudos sobre barreiras comerciais do Ministério da Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1491
Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) demonstram que os países membros da União Europeia também estabelecem rigorosas barreiras sanitárias aos parceiros comerciais que não são membros (BRASIL, 2007). De acordo com Figueirêdo Júnior (2008), a comercialização de castanha de caju enfrenta fortes interferências governamentais na América do Norte, devido as exigências de licenças de importação que têm por objetivo a proteção fitossanitária. Na União Europeia a comercialização das amêndoas de castanha de caju torradas não estão sujeitas a nenhuma norma disciplinadora, cabendo aos importadores estabelecerem suas exigências, portanto, a comercialização é mais liberalizada não existindo barreiras comerciais tarifárias e não tarifárias. As normas e regulamentos de caráter técnico e fitossanitário, isto é, as BNTs apesar da legitimidade de suas atribuições legais acabam exercendo a mesma função das barreiras tarifárias (proteger os mercados) e têm resultado em sérios entraves à expansão da fruticultura brasileira no mercado internacional. Por exemplo, produtos brasileiros como castanha-do-pará, mamão papaia, além de outras frutas tropicais e cítricas, estão sujeitos a limites excessivamente baixos de substâncias como aflatoxina e resíduos de pesticida, o que tem limitado o desempenho de suas exportações à União Europeia. De acordo com Ferreira; Lírio e Mendonça (2010), as BNTs tem se constituído as principais barreiras à fruticultura, prejudicando, portanto, o desempenho do setor como exportador, afetando os preços e as quantidades de frutas comercializadas internacionalmente. 4.3 Os Índices de Complementaridade e de Efetividade Comercial para o período 2001-2015 para os principais produtos da fruticultura do RN A tabela 2 apresenta o Índice de Complementaridade (IC) para cada um dos quatro principais produtos da fruticultura norteriograndense, com base nos dados das exportações do RN para a UE. A partir da mensuração do mesmo é possível avaliar o potencial de comércio de cada um dos principais produtos da fruticultura do estado em relação a União Europeia. Quanto maior o valor do IC maior a complementariedade comercial entre os parceiros
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Tabela 2 - Índice de Complementaridade – IC, por produto CASTANHA DE ANO MELÕES CAJU MELANCIAS MAMOES 2001 1,67470 0,88982 0,00017 1,61965 2002 1,58526 0,80850 0,00024 1,05090 2003 1,62285 0,70718 0,00030 1,99310 2004 1,94297 0,66446 0,00022 1,88110 2005 1,81389 0,78150 0,00029 8,37135 2006 1,67691 0,86707 0,00059 8,54160 2007 2,01799 0,59476 0,00044 8,17676 2008 1,98824 0,66472 0,00045 7,29087 2009 1,74909 0,86792 0,00051 6,18070 2010 1,93710 0,84639 0,00071 2,65306 2011 2,00653 0,76126 0,00052 2,85682 2012 2,47565 0,60130 0,00077 3,23407 2013 2,85284 0,40338 0,00111 4,04715 2014 3,01982 0,33870 0,00098 7,84440 2015 3,16300 0,27502 0,00119 8,58259 Fonte: elaboração própria, com base em dados do ALICEWEB e TRADMAP.
Com base no IC é possível analisar a coincidência entre a demanda e oferta dos produtos objeto do estudo. A partir da mensuração do (IC) percebeu-se que o comércio entre RN e a União Europeia apresenta baixa complementaridade com IC < 1, para os produtos, Castanha de Caju e Melancia. Já para os produtos, Melão e Mamão o valor do IC > 1, demonstra maior complementaridade nas relações comerciais entre os parceiros (RN e UE). O EC cujos resultados são apresentados na tabela 3, segundo XAVIER (2009) permite verificar: a) para dado produto da fruticultura, o quanto as exportações efetivas do RN para a UE superam as expectativas médias de exportação; b) para o mesmo produto da fruticultura, o quanto as importações efetivas da UE advindas do RN superam as expectativas médias de importação.
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Tabela 3 – Índice de Comércio Efetivo – EC, por produto CASTANHA DE ANO MELÕES CAJU MELANCIAS MAMOES 2001 3,161871 7,530750 5,399967 3,751026 2002 2,908655 1,981777 7,666928 1,646637 2003 1,045064 4,991688 2,977253 1,217483 2004 8,504364 1,374248 2,263569 8,845975 2005 4,959382 2,564488 1,725810 3,824372 2006 4,154055 1,327436 1,991162 4,363263 2007 2,750679 4,192387 9,717422 1,508462 2008 3,280242 3,326433 1,467366 2,704445 2009 5,272435 9,137895 2,815938 3,981322 2010 4,779395 1,404070 3,218370 2,597550 2011 3,568506 1,519685 2,559331 1,102175 2012 3,604568 1,323666 3,160003 2,534415 2013 3,905729 9,235652 3,724392 3,149680 2014 3,126874 1,298227 3,088212 4,766220 2015 2,235223 1,129148 3,315573 4,339087 Fonte: elaboração própria com base em dados do ALICEWEB e TRADMAP.
Com o cálculo do EC foi possível observar que todos os quatro principais produtos da balança comercial do Rio Grande do Norte mostraram efetividade com o parceiro comercial (União Europeia), ou seja, todos ficaram com EC > 1. Para uma análise mais detalhada, destacaremos os anos de 2001, onde a castanha de caju atingiu o maior índice (7,53), 2002 foi melancia (7,66). Já, no ano de 2004, o destaque ficou com o mamão (8,84) e o melão (8,50). No ano de 2007 onde a melancia (9,71) alcançou um alto nível do EC. E nos anos de 2009 e 2013 a castanha de caju (9,13 e 9,23 respectivamente) superou todos os outros produtos no Índice de Efetividade Comercial. É importante frisar que nos anos seguintes a castanha de caju teve uma queda no índice, mas muito por conta da seca que assola o estado. Portanto, os quatro principais produtos da fruticultura do Rio Grande do Norte que são exportados para a União Europeia superam as expectativas médias das exportações. Porém como afirma Xavier (2009), o principal uso do EC está quando se realiza o confronto com o IC. Teoricamente espera-se que: um EC > 1 corresponda a um IC > 1 para os produtos de um dado setor no comércio entre as regiões parceiras i e j, o que significa que o comércio efetivo entre as regiões é compatível com a existência de complementaridade entre ambas as economias. Fazendo o confronto entre os dados da tabela 2 e 3, observa-se que para o melão e o mamão tanto o IC quanto o EC foram Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1494
maiores que 1, indicando que o comércio efetivo dos dois produtos demonstra a existência de complementaridade entre os parceiros comerciais (RN e UE), ou seja, as relações comerciais atenderam as expectativas médias, não indicando a existência de subaproveitamento e ou superaproveitamento das relações comerciais entre os parceiros. Portanto, apesar da existência de barreiras comerciais tarifárias e não tarifárias impostas pelos países membros da UE aos parceiros comerciais nas exportações de frutas, as mesmas não foram capazes de impedir a efetividade das relações comerciais entre as regiões. O que indica que os produtores de melão e mamão do Rio Grande do Norte têm sido capazes da atender as exigências impostas pelos países da União Europeia. Por outro lado, espera-se que um EC < 1 seja compatível com IC < 1, o que demonstra que a não efetividade comercial entre as regiões corresponde a não existência de complementaridade entre elas. Conforme pode-se observar de acordo com as tabelas 2 e 3, nenhum dos quatro produtos analisados apresentaram esses resultados para o EC e IC. Os dados do IC apresentados na tabela 2 mostram que a castanha de caju e melancia tem ao longo de todo o período de análise IC < 1, o que indica um baixo nível de complementaridade nas relações comerciais entre o RN e a UE para estes dois produtos da fruticultura. Quais as implicações ou o que significa as exportações de um produto apresentar um EC > 1 e para o mesmo período um IC < 1? Como ocorreu com as exportações de castanha de caju e melancia do RN para UE. Segundo Xavier (2009), esse resultado mostra que as exportações da castanha de caju e melancia superaram as expectativas médias em um ambiente de não complementariedade entre as regiões, isto é, entre o RN e a UE, o que significa que houve um superaproveitamento do comércio. 5 Conclusão Com base na análise da balança comercial do Rio Grande do Norte verificou-se a significativa participação da fruticultura na pauta de exportação da economia potiguar e o papel relevante da União Europeia como principal parceiro comercial da fruticultura. A União Europeia foi o principal parceiro comercial do Rio Grande do Norte nas exportações dos produtos da fruticultura durante o período 2001 a 2015. Em 2015, foi responsável por 99,45%; 37,19%, 99,89% e 96,71% do valor total exportado pelo estado de melões, castanhas de caju, melancia e mamões respectivamente (ALICEWEB/MDIC, Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1495
2016). A partir da mensuração dos Índices de Complementaridade (IC) e de Efetividade Comercial (EC) verificou-se que os principais produtos da fruticultura potiguar (melão, castanha de caju, melancia e mamão) estão aproveitando efetivamente o seu potencial de exportação para este bloco econômico. Através do cálculo do IC é possível analisar a coincidência entre a demanda e oferta dos produtos objeto do estudo. A partir da mensuração do mesmo percebeu-se que o comércio entre RN e a União Europeia apresenta baixa complementaridade com IC < 1, para os produtos, Castanha de Caju e Melancia. Já para os produtos, Melão e Mamão o valor do IC > 1, demonstra maior complementaridade nas relações comerciais entre os parceiros (RN e UE). Portanto, com base no IC pode-se afirmar que o melão e o mamão apresentam maior potencial de exportação para União Europeia, já que apresentaram IC > 1. Por outro lado, a castanha de caju e melancia com IC < 1, indicando baixa complementariedade entre os parceiros apresentaram menor potencial de mercado. O melão e mamão apresentaram IC > 1 e EC > 1, o que demonstra a existência de complementaridade e efetividade comercial entre os parceiros, o que significa que o Rio Grande do Norte está aproveitando bem as oportunidades de comercialização para esses produtos no mercado da União Europeia, apesar das barreiras tarifárias e não tarifárias impostas às exportações de frutas. O que demonstra existência de vantagens competitivas na comercialização desses produtos. Portanto, é possível que o estado possa ainda ampliar seu potencial de exportação para União Europeia, especialmente se houver esforços por parte do governo brasileiro para negociar a redução das barreiras comerciais e dos produtores no sentido atender as exigências impostas por seu parceiro comercial principalmente no que diz respeito às barreiras não tarifárias. Deve-se
destacar
que
nenhum
dos
produtos
analisados
apresentou
subaproveitamento das oportunidades de comércio. Ao contrário, a castanha de caju e a melancia apresentaram superaproveitamento o que significa que os produtores desses produtos e o governo do Rio Grande do Norte devem realizar esforços no sentido de encontrar novos parceiros para a comercialização dos mesmos.
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A COMPETITIVIDADE DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS NO MERCADO MUNDIAL DE MILHO (2000/2014) THE COMPETITIVENESS OF BRAZILIAN EXPORTS IN THE GLOBAL CORN MARKET (2000/2014) Ryan Felipe Dilly - Curso de Ciências Econômicas da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) - ryan_dilly@hotmail.com Angélica Massuquetti - Programa de Pós-Graduação em Economia da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (PPGE UNISINOS) - angelicam@unisinos.br Guilherme da Silva Freitas - Programa de Pós-Graduação em Economia da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (PPGE UNISINOS) - guisfreitas@outlook.com Jean de Jesus Fernandes - Programa de Pós-Graduação em Economia da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (PPGE UNISINOS) - jfernandesj@hotmail.com Grupo de Pesquisa: AGRONEGÓCIO, MERCADOS E COMERCIALIZAÇÃO Resumo O objetivo do estudo é analisar a competitividade das exportações brasileiras no mercado mundial de milho, em 2000 e 2014, em comparação ao maior produtor e exportador mundial, os Estados Unidos da América (EUA), e o grau de concentração das exportações desses países. A metodologia empregada baseou-se no Índice de Vantagem Comparativa Revelada (IVCR) e na Razão de Concentração (CR). Os resultados revelaram que o Brasil apresentou vantagens comparativas para milho para semeadura, em 2000, e para milho, exceto para semeadura, em 2014. Já os EUA apresentaram vantagens para ambos os produtos e nos dois períodos de análise. Em relação à CR, o Brasil revelou desconcentração das exportações em ambos os produtos e para os EUA, por sua vez, houve aumento de concentração das exportações dos produtos e maior dispersão geográfica em suas exportações. Palavras-Chave: Milho. Exportação. Brasil. EUA. Abstract The objective of the study is to analyze the competitiveness of Brazilian exports in the global corn market in 2000 and 2014, compared to the largest producer and exporter, the United States of America, and the degree of concentration of their exports. The methodology was based on the Revealed Comparative Advantage Index and the Concentration Ratio. The results reveal that Brazil has comparative advantage for corn for sowing in 2000, and corn, except for sowing in 2014. The US had comparative advantage for both products and in the two periods. Regarding CR, Brazil revealed deconcentration of exports in both goods, while the US showed an increase of concentration of exports of both goods and greater geographic dispersion of its exports. Key words: Corn. Export. Brazil. US.
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1. Introdução No decorrer dos anos 2000, as commodities ganharam destaque no comércio internacional por conta do aumento da sua demanda. De modo geral, os preços desses produtos elevaram-se e muitos países, visando obter ganhos competitivos, aumentaram sua produção. O Brasil foi um dos países que se beneficiou deste cenário, tendo aumentado os níveis de produção das suas principais commodities. O agronegócio compõe uma importante parcela da atual pauta exportadora brasileira. No ano de 2014, as exportações totais do Brasil somaram US$ 225 bilhões, sendo que o agronegócio representou 43% do total (US$ 97 bilhões). Dentre outros produtos, o milho vem se destacando entre as commodities mais importantes, fazendo com que o Brasil seja um dos principais produtores e exportadores mundiais do produto. Em 2014, do total de produtos exportados que compõem o agronegócio brasileiro, 1,34% foi representado pelo milho. Quando analisada a série histórica dos últimos 10 anos, nota-se que a representatividade do milho apresentou uma tendência crescente, tendo quase triplicado sua participação desde 2004, quando registrou 0,50% (BRASIL, 2016a; 2016c). De acordo com USDA (2016a), os EUA produziram mais de 360 milhões de toneladas de milho na safra 2014/2015 e destinaram 47 milhões de toneladas à exportação, com participação mundial de 35,84% e 36,90%, respectivamente. O Brasil se consolida como o terceiro principal produtor e o segundo principal exportador mundial de milho, tendo registrado 84 milhões de toneladas produzidas e 22 milhões de toneladas exportadas nesta mesma safra, apontando uma participação mundial de 8,34% e 17,27%, respectivamente. Embora sendo um dos maiores produtores, o Brasil ainda possui uma baixa produtividade na produção de milho quando comparado com o resto do mundo, com 5.420 kg/ha (vigésimo colocado entre os mais produtivos), enquanto o milho estadunidense apresenta produtividade de 10.730 kg/ha, quase duas vezes maior do que a brasileira, por exemplo. Neste contexto, o objetivo deste estudo é analisar a competitividade das exportações brasileiras no mercado mundial de milho, em 2000 e 2014, em comparação ao maior produtor e exportador mundial, os Estados Unidos da América (EUA), e o grau de concentração das exportações desses países. A metodologia empregada na pesquisa baseou-se no Índice de Vantagem Comparativa Revelada (IVCR) e na Razão de Concentração (CR). O intuito de comparar as realidades do Brasil e dos EUA justifica-se por este país ser uma referência no
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mercado internacional, ocupando a posição de maior produtor e exportador mundial do 1
produto desde a década de 1960 . Com efeito, para cumprir com o objetivo de avaliar as exportações brasileiras no mercado mundial de milho, este estudo está organizado em mais quatro seções, além da introdução. Na segunda seção apresenta-se o panorama do comércio internacional do milho, destacando o Brasil e os EUA, bem como os estudos empíricos realizados sobre a exportação e a competitividade do milho brasileiro. A terceira seção compreende os procedimentos metodológicos. Na quarta seção são apresentados os resultados obtidos após a aplicação da metodologia. Por fim, na quinta seção, apontam-se as conclusões do estudo.
2. Mercado Mundial de Milho 2.1. Participação do Brasil e dos EUA no Mercado de Milho Ao longo dos anos 2000, a demanda por commodities tem registrado aumento no mercado mundial, por consequência, seus preços absolutos e relativos vêm elevando e ganhando destaque, baseados nas altas taxas de crescimento de países emergentes, conforme Souza e Veríssimo (2013). Os altos padrões ocidentais de consumo também contribuem para esse fato, mas principalmente, aqueles verificados na China. Uma vez que grandes taxas de crescimento econômico estão presentes nos países em desenvolvimento, percebe-se que a demanda é direcionada para bens de consumo com baixa intensidade tecnológica, sendo em um segundo momento, transformados no bem final. Neste contexto, as commodities vêm tendo grande destaque na pauta exportadora brasileira, registrando crescimento de representatividade nos últimos anos. De acordo com Santetti e Azevedo (2013), o aumento dos preços dos bens primários é o principal motivo desse crescimento. No Brasil, as commodities foram as principais responsáveis pelos superávits comerciais dos anos 2000, uma vez que o país tem vantagens comparativas, o que revela certa dependência ininterrupta por esses bens. Um dos produtos que está ganhando destaque na produção e na comercialização brasileira é o milho. Segundo USDA (2016a), na safra 2014/2015, a produção mundial de milho foi cerca de 1,007 bilhão de toneladas. Nesse período, os EUA aparecem como o principal produtor mundial de milho, isto é, produziram 361,1 milhões de toneladas, enquanto o Brasil ocupa a terceira posição entre os maiores produtores, com 84 milhões de toneladas. Do total produzido pelo mundo, cerca de 127 milhões de toneladas foram destinados à 1
Os EUA estão em primeiro lugar tanto para exportação como também na produção desde o primeiro ano disponível para pesquisa no United States Department of Agriculture (USDA), que é 1960 (USDA, 2016a).
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exportação: os EUA exportaram 47 milhões de toneladas, enquanto o Brasil destinou 22 milhões de toneladas ao mercado externo, assumindo a segunda posição entre os maiores exportadores mundiais. A Tabela 1 ilustra as participações dos cinco maiores produtores de milho nas safras agrícolas 2000/2001 e 2014/2015.
Tabela 1 - Participação dos cinco maiores produtores mundiais de milho em 2000/2001 e em 2014/2015 País
*
EUA China Brasil UE Ucrânia México Resto do Mundo Total
2000/2001 Produção (milhões Participação (%) de toneladas) 251,85 42,55 106,00 17,91 41,54 7,02 51,94 8,78 3,85 0,65 17,92 3,03 118,74 20,06 591,83 100,00
2014/2015 Produção (milhões Participação (%) de toneladas) 361,09 35,84 215,67 21,41 84,00 8,34 75,29 7,47 28,45 2,82 25,00 2,48 217,97 21,64 1007,47 100,00
Variação da participação (p.p.) -6,71 3,50 1,32 -1,31 2,17 -0,55 1,58 -
Fonte: Elaborada pelos autores a partir de USDA (2016a). Nota: Ranking relacionado à safra agrícola 2014/2015.
A expansão da quantidade de milho produzida pelo mundo é também unânime entre os principais produtores. A produção estadunidense de milho registrou um crescimento acumulado de 43,37% desde 2000/2001, já o Brasil elevou seu nível de produção do produto em 102,23%, no mesmo período, fato que consolidou o país entre os três maiores produtores de milho. A China destaca-se por ter a maior variação da participação no mundo, levando em consideração suas grandes safras, indicando uma elevação de 103,45% da sua produção desde 2000/2001. Outro destaque é a Ucrânia, que, por sua vez, tomou o quinto lugar do México, através do aumento de mais de sete vezes do total produzido desde o período inicial. A seguir, na Tabela 2, avalia-se a participação dos cinco principais exportadores mundiais de milho, com base nos mesmos períodos. A expansão do comércio internacional do milho é travada pelos EUA, que apesar de ser o principal exportador mundial, registrou uma retração de 2,75% na exportação do produto desde 2000/2001. Por sua vez, o Brasil aumentou em 487,61% as exportações do milho dentro do período. A Ucrânia ganha destaque, ocupando a terceira colocação entre os maiores exportadores, uma vez que 68,5% do total de milho produzido no país é destinado à exportação. A China, com um grande consumo interno, e a África do Sul perderam espaço entre os maiores exportadores, passando a ocupar, respectivamente, a trigésima e a nona posição.
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Tabela 2 - Participação dos cinco maiores exportadores mundiais de milho em 2000/2001 e em 2014/2015 País
*
EUA Brasil Ucrânia Argentina UE China África do Sul Resto do Mundo Total
2000/2001 Exportação (milhões de toneladas) 48,33 3,74 0,40 12,23 0,46 7,28 1,42 2,06 75,91
2014/2015
Participação (%) 63,67 4,93 0,52 16,11 0,60 9,59 1,86 2,71 100,00
Exportação (milhões de toneladas) 47,00 22,00 19,50 19,00 3,80 0,03 1,00 15,05 127,38
Participação (%)
Variação da participação (p.p.)
36,90 17,27 15,31 14,92 2,98 0,02 0,78 11,82 100,00
-26,77 12,34 14,79 -1,19 2,38 -9,57 -1,08 9,11 -
Fonte: Elaborada pelos autores a partir de USDA (2016a). Nota: Ranking relacionado à safra agrícola 2014/2015.
Nas próximas subseções é analisada a evolução do Brasil e dos EUA nos processos de produção e de comercialização do milho. 2.1.1. Brasil O Brasil dispõe de um conjunto de ações do governo que auxiliam o agricultor no processo produtivo, divididas em três linhas de atuação: gestão do risco rural, crédito e comercialização. Antes de iniciar o processo do cultivo, segundo Brasil (2011), o produtor baseia-se na política de Zoneamento Agrícola de Risco Climático, que busca minimizar os riscos presentes nas mudanças climáticas, auxiliando cada região a identificar a melhor época de plantio ao considerar aspectos como tipo de solo e ciclos de cultivares, por exemplo. A metodologia de análise é validada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) e essa política permite que o produtor defina seus calendários de plantio, adequando as safras conforme as necessidades de cada grão. Atualmente, o Zoneamento é utilizado também como condição por parte de agentes financeiros para liberação de crédito rural, que atuam no custeio, no investimento e na comercialização, englobando desde as compras de insumos até a construção de armazéns. Outra forma de fornecer suporte ao agricultor brasileiro é através do Seguro Rural, que consiste em garantir proteção contra os prejuízos causados pelos eventos climáticos adversos, conforme Brasil (2011). A produção de milho no Brasil divide-se em três grandes aglomerados: sendo que 43,9% do total da safra 2014/2015 foram produzidos na Região Centro-Oeste, 30,6% na Região Sul e 13,7% na Região Sudeste, segundo Brasil (2016b). A produção do milho é intensificada na segunda safra (janeiro e fevereiro), já que na primeira (setembro) a preferência é pela produção da soja. Nos últimos anos, o milho apresentou melhoras de produtividade, fazendo com que áreas extras não fossem necessárias e consolidando o Brasil entre os maiores exportadores do mundo, conforme se pode observar no Gráfico 1.
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Gráfico 1 - Evolução da produtividade e da produção do milho no Brasil entre 2000/2001 e 2014/2015
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de USDA (2016a).
É possível identificar que a produção do milho brasileiro está crescendo, impulsionada pela alta demanda mundial. Seguindo uma linha de tendência muito parecida, percebe-se o crescimento da produtividade, devido aos avanços tecnológicos decorrentes das políticas agrícolas. No que se refere ao direcionamento da produção do milho brasileiro, nota-se uma cultura bastante voltada à comercialização interna. O destino da produção brasileira de milho em grãos é dividido em duas partes: a primeira é destinada ao consumo no próprio estabelecimento rural, enquanto a segunda destina-se ao mercado interno e externo, de acordo com EMBRAPA (2011). Em 2014, 69,6% da produção total de milho no Brasil foram destinadas ao consumo interno, sendo transformado em óleo, farinha, amido, margarina, xarope de glicose e flocos para cereais matinais (BRASIL, 2016b). O Brasil está reduzindo seus níveis de importação de milho, segundo AFNEWS Agrícola (2015), após a queda nos preços internos do produto ao longo de 2014. As importações registraram baixa movimentação no começo de 2015, fato que comprovou a tendência de incremento de oferta por parte do Brasil. A crescente desvalorização cambial contribuiu para a redução das importações de milho e, ainda, o congestionamento nos portos devido aos embarques de soja acarretou em um problema de logística, o que travou ainda mais a procura. Por outro lado, as exportações brasileiras do produto aumentaram nos últimos anos, neste caso, a alta do dólar causou efeito contrário e, em 2015, o Brasil registrou altos volumes de milho exportado. O Gráfico 2 mostra a evolução do comércio internacional do milho brasileiro.
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Gráfico 2 - Evolução das importações e das exportações de milho pelo Brasil entre 2000/2001 e 2014/2015
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de USDA (2016a).
Percebe-se, assim, como no caso da produção e da produtividade, uma linha de tendência crescente nas exportações, semelhante à expansão da comercialização de outras commodities. Embora as exportações tenham demonstrado diminuição nas últimas duas 2
safras , as previsões feitas, segundo AFNEWS Agrícola (2015) e Brasil (2016b), apontam alta nas exportações brasileiras de milho, oriundas principalmente do aumento da produtividade. 2.1.2. EUA O governo estadunidense fornece apoio aos produtores agrícolas por meio de inúmeras políticas que auxiliam o processo produtivo. De acordo com o USDA (2014), nos EUA acontece a cada cinco anos, aproximadamente, um processo legislativo onde a política agrícola é definida. A Lei Agrícola de 2014 (Agricultural Act of 2014) foi assinada em 7 de fevereiro de 2014 e ficará em vigor até 2018. Essa Lei proporciona melhorias nas políticas agrícolas do país, acrescentando opções de seguro de colheitas, otimização de programas de conservação, expansão de programas para diversas culturas agrícolas etc. De acordo com FORBES (2014), no ano 2000, 90% do milho produzido pelos EUA foi destinado à alimentação, enquanto menos de 5% foi direcionado à produção de etanol. Já em 2013, 40% do total da produção de milho foram destinados ao etanol e 60% à alimentação. Enquanto a produção de etanol a partir do milho é criticada por causar problemas ambientais e “deixar de suprir o mundo de milho como forma de alimento”, segundo FORBES (2014), apontando como principais causas a facilidade da produção do 2
De acordo com Notícias Agrícolas (2014), vários fatores, entre eles a crise e o clima irregular, fizeram com que as exportações de milho tivessem queda ao longo de 2014.
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etanol do milho devido à grande infraestrutura que o país possui e a todos os subsídios existentes, os defensores do biocombustível afirmam que se não houvesse a produção de etanol a partir do milho, a gasolina estaria significativamente mais cara. Nos EUA, são mais de 35 milhões de hectares reservados à produção de milho, segundo ABRAMILHO (2010), com alto nível tecnológico e organização política, dispondo de associações e entidades que garantem uma política agrícola estável e bastante favorável, com suporte e proteção à renda. O Gráfico 3 apresenta as variações de produção e de produtividade do milho estadunidense. Existe uma leve linha de tendência crescente para a produção e a produtividade do milho estadunidense, fato que consolidada os EUA cada vez mais como os maiores produtores mundiais de milho. As diversas políticas agrícolas que o país possui impulsionam e mantém o crescimento da produtividade. Na safra de 2012/2013, o país enfrentou condições climáticas adversas, segundo USDA (2012), a falta de chuva e o calor extremo nas principais regiões de produção de milho secaram o solo, reduzindo substancialmente os níveis de produtividade, levando-a ao índice mais baixo dentro do período (7.730 kg/ha), refletindo negativamente também na quantidade produzida, devido ao declínio nas condições de colheita.
Gráfico 3 - Evolução da produtividade e da produção do milho nos EUA entre 2000/2001 e 2014/2015
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de USDA (2016a).
Os EUA, ao contrário do Brasil, apresentaram uma instabilidade nas suas exportações ao longo dos últimos anos, por outro lado, os níveis de importação se mantiveram pouco oscilantes, a não ser pelo alto nível observado em 2012/2013, conforme o Gráfico 4. Em 2008, o país alcançou o maior volume exportado de milho na história, com mais de 60 milhões de toneladas, fato que aumentou em 1 p.p. a participação do milho dentre os
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produtos agrícolas exportados pelos EUA, passando de 11% para 12%, de acordo com USDA (2016b). Após 2008, o país apresentou uma declinante participação no comércio mundial deste produto, tendo alcançado a marca mínima do período em 2012/2013, com pouco mais de 18 milhões de toneladas exportadas, reduzindo a participação do milho entre os produtos agrícolas exportados para 6%. As desfavoráveis condições climáticas durante a safra 2012/2013 fizeram com que o país retivesse ainda mais o milho para o consumo interno e aumentasse o nível de importação para cobrir a demanda, principalmente por parte da produção de etanol. Esse processo de retração foi causado devido à pressão por parte da expansão da produção dos biocombustíveis. Após esse declínio, as exportações se recuperaram novamente e a previsão expansionista de longo prazo baseia-se no aumento da população mundial juntamente da demanda por produtos alimentícios.
Gráfico 4 - Evolução das importações e das exportações de milho pelos EUA entre 2000/2001 e 2014/2015
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de USDA (2016a).
Através das análises feitas, observou-se que tanto o Brasil como os EUA estão aumentando seus níveis de produção e de produtividade, dadas as proporções, ao longo dos últimos anos. Ambos os países também possuem outra semelhança, o fato de registrarem níveis de exportação muito superiores aos de importação, o que sugere que os países têm competitividade no mercado internacional de milho. 2.2. Estudos Empíricos acerca das Exportações de Milho pelo Brasil No estudo realizado por Luz (2014), o autor analisou a competitividade da agricultura brasileira no comércio global de grãos, no período compreendido entre 2000 e 2011, por meio do IVCR. Na pesquisa, observou-se que, quanto ao milho, nos anos de 2000 e de 2005, a forte estiagem que atingiu o Brasil afetou as exportações do produto, reduzindo os índices para Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1507
0,09 e 0,65, respectivamente. Nos demais anos, o milho apresentou competitividade. Portanto, no estudo, concluiu-se que, de uma forma geral, o Brasil possui competitividade no comércio global de milho. Massuquetti et al. (2014) analisaram as oportunidades comerciais e os resultados das exportações do agronegócio do Brasil, com base nos produtos exportados pela região sul, entre 2000 e 2013, de acordo, dentre outros índices, com o IVCR. Os resultados obtidos para “Milho em grão, exceto para semeadura”, nos anos 2007 e 2012, foram que houve vantagem comparativa revelada em ambos os anos, com índices de 8,59 e 12,35, respectivamente. Souza et al. (2012) avaliaram a competitividade dos principais produtos agropecuários do Brasil entre 1996 e 2009, por meio do índice Vantagem Comparativa Revelada Normalizada (VCRN), tendo concluído que o milho não era competitivo até 2000, com índice de 0,115. Porém, em 2007, o índice de 1,217 mostrou-se 10,58 vezes maior em relação ao último ano em que não apresentou competitividade. Os autores também afirmaram que o milho registrou alta nas exportações, mas não na participação das exportações quando comparado com o total exportado pelo Brasil, tendo se mantida estável durante os anos. Na pesquisa sobre o padrão da inserção brasileira no mercado internacional de grãos entre 1997 e 2008, realizada por Silva et al. (2010), um dos métodos eleitos foi o IVCR. Os resultados mostraram que, apesar das exportações basearem-se em sua maioria na soja durante todo o período, todos os dados foram positivos, concluindo que o Brasil possuía vantagem comparativa no setor de grãos. Freitas, Fossati e Nicola (2005) avaliaram a competitividade internacional das commodities brasileiras negociadas na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), entre 1990 e 2003, a partir da análise do IVCR. Os autores observaram que, segundo o índice, a partir do ano de 2000, o milho aumentou sua competitividade, passando de 0,123 para 5,9, em 2001. De acordo com as pesquisas realizadas pelos autores, os fatores que contribuíram para o aumento no índice foram: desvalorização cambial, aumento da demanda externa e preço competitivo no mercado interno. Por fim, David e Nonnenberg (1997) analisaram a integração regional e o comércio de produtos agrícolas do Mercado Comum do Sul (Mercosul), no período de 1980 a 1994. O IVCR foi utilizado como base metodológica para avaliar a competitividade dos países. No caso do milho brasileiro, em todos os casos foi constatado que não havia vantagens comparativas, já que as exportações de milho eram baixas em todos os anos. A partir de 1992,
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observou-se que a competitividade brasileira do milho piorou, mas manteve-se superior em relação ao início do período estudado. Nesta seção, observou-se que Brasil e EUA registraram ganhos de produtividade e aumento de produção dentro do período estudado e, ao mesmo tempo, uma evolução positiva dos níveis de exportação. Em relação aos estudos acerca do agronegócio brasileiro, os mesmos revelaram que o Brasil aumentou sua competitividade nas exportações de milho após o ano de 2000, identificando-se queda nas vantagens comparativas apenas em anos de fortes estiagens.
3. Material e Métodos 3.1. Fontes dos Dados Para os cálculos do IVCR e da CR, foram empregados os dados disponíveis na United Nations Commodity Trade – Statistics Division (UN COMTRADE) sobre as exportações de milho do Brasil e dos EUA (em US$). O Sistema Harmonizado de designação mundial para mercadorias, codificado a seis dígitos (SH-6), foi consultado para classificar os produtos e duas classificações foram utilizadas no caso do milho: 100510 – Milho para semeadura e 100590 – Milho, exceto para semeadura. Desta forma, se fez possível a medição do índice e da medida de concentração das exportações de milho dos países, nos anos 2000 e 2014. 3.2. Aspectos Metodológicos 3.2.1. IVCR Balassa (1965) assumiu que é inviável medir e avaliar todos os fatores que afetam ou podem afetar a competitividade de uma economia e, partindo deste princípio, afirmou que os diferentes custos relativos de um país revelam seu desempenho e, portanto, suas vantagens comparativas. Para Reis e Azevedo (2008), o IVCR permite que sejam identificados os produtos que determinado país produz com maior eficiência em relação ao resto do mundo. Para tal, baseiase na representatividade do produto “x” na pauta exportadora do país “a”, comparando com a exportação total do produto “x” pelo mundo em relação ao total da exportação mundial. Assim, o IVCR é calculado da seguinte forma: IVCR = (Xij / Xi) / (Xmj / Xm), onde: Xij representa o valor total das exportações do país i do produto j; Xi refere-se ao valor total das exportações do país i; Xmj significa o valor total das exportações mundiais do produto j; Xm mostra o valor total das exportações mundiais.
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Quando o resultado do índice for superior a um, conclui-se que o país possui vantagem comparativa revelada para as exportações de determinado produto. No entanto, quando o resultado for menor que um, o país não possui vantagem comparativa revelada nas exportações de um produto. Desta forma, quanto maior o índice, maior será a vantagem comparativa do país. Então, o IVCR informa o nível das exportações de uma nação, com relação à sua pauta exportadora, podendo comparar determinado bem entre diferentes países, permitindo revelar o grau de competitividade do país em questão através do seu nível de especialização, interno e externo. Entretanto, vale ressaltar que o IVCR sugere que a competitividade de determinado país seja avaliada de acordo com seu desempenho no comércio internacional. Desta forma, todos aqueles produtos que têm desonerações em alguma alíquota de exportação, subsídios, tarifas de importação, por exemplo, podem ser avaliados equivocadamente. Figueiredo e Santos (2005) afirmam que esses equívocos são provocados porque a vantagem comparativa está relacionada com questões estruturais do processo produtivo, associando-se diretamente com os custos relativos de produção. Todas as formas de mensuração de competitividade apresentam suas próprias limitações, portanto, a escolha deve ser feita considerando a mais adequada para a análise desejada. Assim, o índice foi escolhido por ser frequentemente utilizado para avaliar produtos agroalimentares, permitindo a avaliação da evolução da competitividade do produto analisado. 3.2.2. CR Esta pesquisa também adota uma medida de concentração parcial: CRk. Essa medida consiste na parcela de mercado que as k maiores indústrias representam. Neste estudo, selecionam-se os três principais parceiros comerciais de cada país (no caso, CR3), por produto, a fim de identificar o grau de concentração da comercialização no mercado internacional. Desta forma, o somatório das parcelas de mercado das k-ésimas maiores empresas ou países define o grau de concentração, da seguinte forma: k
CRk = ∑ si i=1
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Na fórmula, si representa a parcela de mercado do i-ésimo país, enquanto k significa o número de países pesquisados. Quanto mais alto o valor, mais concentrado é o fluxo comercial das k maiores nações. Koch (1980) aponta algumas críticas ao uso desta medida. Para o autor, as taxas de concentração: não descrevem o número total e a distribuição de tamanho dos países; não dão 3
informação sobre o tamanho relativo e sobre a posição do grupo de países incluídas na taxa ; não refletem a presença ou ausência de concorrentes potenciais; em relação à produção doméstica, ignoram o papel das importações nos mercados domésticos, o que superestima o poder de mercado dos países locais, assim como das exportações dos produtores domésticos, o que pode subestimar o poder dos países que participam do mercado externo; e não refletem as mudanças de posição das nações. Outras limitações podem ocorrer com o emprego dessa medida, por exemplo, se um CR3 for 30%, os três países podem ter participação de 10% cada, ou então um dos três países pode representar 20%, enquanto os outros dois somem os 10% restantes. Ou seja, esse tipo de limitação refere-se à possibilidade de os países terem participações muito diferentes entre si.
4. Análise e Discussão dos Resultados 4.1. Vantagens Comparativas Reveladas e Competitividade das Exportações de Milho A Tabela 3 especifica os dados do IVCR de Brasil e dos EUA, para 2000 e 2014. O produto milho para semeadura apresentou vantagem comparativa revelada para ambos os países em 2000, com índices superiores a 1. Porém, em 2014, registrou-se uma diminuição nos índices para os dois países, isto é, os EUA mantiveram-se competitivos com IVCR de 1,01, enquanto o Brasil apresentou 0,95 de índice, comprovando que as exportações brasileiras desse produto foram menores que as realizadas no mundo.
Tabela 3 - IVCR do milho para Brasil e EUA para os anos de 2000 e 2014 Países / Produtos / Anos Milho para semeadura Milho, exceto para semeadura
Brasil 2000 1,42 0,004
EUA 2014 0,95 7,58
2000 1,83 4,44
2014 1,01 2,92
Fonte: Elaborada pelos autores a partir de UN Comtrade (2016).
Já em relação ao milho, exceto para semeadura, nota-se que apenas os EUA eram competitivos em 2000, com IVCR de 4,44, contra 0,004 do Brasil. Porém, em 2014, tem-se os dois países com níveis superiores a 1, com os EUA apresentando 2,92 de índice, contra 7,58 3
A consequência, conforme revela Martin (1993), é que diferentes estruturas podem originar as mesmas taxas de concentração.
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do Brasil (tornando-o um player para esta commodity). Pode-se ter como base os dados das exportações de ambos os países, que apresentaram redução bruta e participativa para os EUA, enquanto para o Brasil a variação foi positiva em ambos os quesitos. Desta forma, explica-se tanto o aumento no índice para o Brasil como também a leve redução no IVCR para os EUA. 4.2. Grau de Concentração das Exportações de Milho 4.2.1. Brasil Na Tabela 4, apresentam-se os dados referentes ao Brasil, que mostram desconcentração das exportações em ambos os produtos. É possível perceber uma aglomeração geográfica nas exportações brasileiras de milho para semeadura nos países da América do Sul, nos anos 2000 e 2014. Já as exportações de milho, exceto para semeadura indicam uma dispersão geográfica, em 2014, uma vez que se têm países da Ásia e do Oriente Médio.
Tabela 4 - CR3 das exportações de milho do Brasil para os anos de 2000 e 2014 Produtos/Anos Milho para semeadura
2000 Países Paraguai Argentina Peru
CR3 Milho, exceto para semeadura
2014 % 74,96 6,06 4,88
Países Venezuela Paraguai Argentina
78,32 9,09 7,12
Irã Vietnã Coreia do Sul
85,90 Uruguai Paraguai Japão
CR3
% 33,35 32,32 7,54 73,21
94,52
22,63 15,48 9,13 47,24
Fonte: Elaborada pelos autores a partir de UN Comtrade (2016).
No ano de 2000, as exportações brasileiras de milho para semeadura e milho, exceto para semeadura, eram bastante concentradas. Mais de 85% do total de milho para semeadura exportado pelo Brasil foi direcionado para Paraguai (74,96%), Argentina (6,06%) e Peru (4,88%). Já em 2014, o CR3 caiu para 73,21%, percentual menor do que o registrado apenas para o Paraguai, em 2000. Argentina, com 7,54% e Paraguai, com 32,32%, mantiveram-se entre três os maiores importadores, porém, a Venezuela apareceu em primeiro lugar, com 33,35% do total de milho para semeadura exportado pelo Brasil. Para o produto milho, exceto para semeadura, o grau de concentração em 2000 foi ainda maior, com 94,52% divididos em Uruguai (78,32%), Paraguai (9,09%) e Japão (7,12%). Em 2014, com perda de 47,28 p.p., a participação registrou apenas 47,24%, tendo mudado todos os três países de destino, com distribuição de: 22,63% para o Irã, 15,48% para o Vietnã e 9,13% observados para a Coreia do Sul.
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4.2.2. EUA A Tabela 5 apresenta os dados referentes aos EUA, observando aumento de concentração das exportações dos produtos pesquisados. Além disso, observa-se uma dispersão geográfica nas exportações estadunidenses de milho para semeadura e milho, exceto para semeadura, nos anos 2000 e 2014, uma vez que se têm países da Ásia e da América do Norte. O produto milho para semeadura apresentou maior aumento de concentração nas exportações estadunidenses, passando de 49,37%, em 2000, para 70,89%, em 2014. O país de destaque é o Canadá, que ocupou a primeira colocação em ambos os períodos, com participação de 23,77%, em 2000, e, em 2014, de crescimento de 30,55 p.p., registrando 54,32%. Os demais países, Itália e México, compuseram 25,6%, em 2000, com valores de 14,51% e 11,09%, respectivamente. Já em 2014, a Itália não aparece entre os três principais parceiros, dando espaço ao Paquistão. O México passou a ser o segundo principal destino das exportações estadunidenses do produto, mesmo tendo reduzido sua participação em relação ao ano de 2000, com 8,79% contra 7,78% do país asiático.
Tabela 5 - CR3 das exportações de milho dos EUA para os anos de 2000 e 2014 Produtos/Anos Milho para semeadura
2000 Países Canadá Itália México
CR3 Milho, exceto para semeadura CR3
2014 % 23,77 14,51 11,09
Países Canadá México Paquistão
31,32 11,48 7,58
Japão México Coreia do Sul
49,37 Japão México Egito
% 54,32 8,79 7,78 70,89
50,39
25,00 21,28 9,85 56,13
Fonte: Elaborada pelos autores a partir de UN Comtrade (2016).
O milho, exceto para semeadura, também registrou aumento de concentração no período, ampliando em 5,74 p.p.. Da mesma forma observada no milho para semeadura, a pesquisa teve um país de destaque que ocupou a primeira colocação entre os principais parceiros, no caso, o Japão. Em 2000, as exportações estadunidenses destinadas ao Japão representaram 31,32% do total exportado de milho, exceto para semeadura, já em 2014, o market share japonês caiu para 25%. Outro país que se manteve presente e constante, isto é, na mesma posição, foi o México, que ocupou o segundo lugar em ambos os períodos, passando de 11,48% para 21,28%, um aumento considerável de quase 10 p.p., entre 2000 e 2014. Já o terceiro principal parceiro comercial foi o Egito em 2000, com 7,58%, e, em 2014, a Coreia do Sul, apresentando 9,85% de participação no total exportado pelos EUA.
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5. Considerações Finais Os EUA e o Brasil estão entre os três maiores produtores e exportadores mundiais de milho. Os EUA lideram em ambos, enquanto o Brasil se concretiza como o terceiro maior produtor de milho e o segundo maior exportador mundial do produto. Os resultados obtidos sobre a participação no comércio internacional para os países, analisando os anos de 2000/2001 e 2014/2015, foram: quanto à produção, apesar de ambos os países terem aumentado significativamente seus níveis, apenas o Brasil aumentou sua participação, passando de 7,02% para 8,34%; os níveis de produtividade também foram melhorados pelos países, porém, os EUA aumentaram em 2.140 kg/ha, sendo que já registravam alta produtividade na safra 2000/2001, com 8.590 kg/há; uma vez que o Brasil aumentou sua produtividade para 5.420 kg/ha, os EUA possuem quase o dobro desse indicador; já para as exportações, os EUA praticamente mantiveram seus níveis, passando de 48,33 milhões de toneladas, em 2000/2001, para 47 milhões de toneladas, em 2014/2015. Enquanto o Brasil aumentou em quase seis vezes seu nível de 2000/2001, de 3,74 para 22 milhões de toneladas, consequentemente, a participação dos EUA e do Brasil registrou mudanças de redução e de aumento, respectivamente. O IVCR observado para o Brasil no milho, exceto para semeadura comprova a competitividade internacional do país, bem como seus ganhos de market share. Já os EUA, apesar de apresentarem IVCR superior a 1 para o produto, revelam um decréscimo desde 2000, comprovando sua redução na participação mundial das exportações. Já o milho destinado à semeadura apresentou reduções para ambos os países, de 2000 para 2014, com os EUA mantendo sua competitividade no limite (índice de 1,01), enquanto o Brasil não se mostrou competitivo, registrando IVCR de 0,95. O Brasil apresentou reduções em seu grau de concentração tanto para o milho para semeadura quanto para o milho, exceto para semeadura. O primeiro, sem competitividade no ano de 2014, apresentou redução de 12,69 p.p. no período. Já o segundo, com elevada competitividade, comprovou sua diversificação com redução de mais de 47 p.p., passando de 94,52%, em 2000, para 47,24%, em 2014. Os EUA tiveram resultados completamente diferentes, registrando aumento da concentração do milho para semeadura de 21,52 p.p., enquanto o milho, exceto para semeadura passou de 50,39% para 56,13%, apresentando, assim, outro aumento de grau de concentração. Outros fatores que merecem destaque, que não foram considerados no presente trabalho, seriam importantes na abordagem no panorama mundial do milho. Os preços
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internos e externos, por exemplo, afetam diretamente a evolução do mercado internacional. Alternativa que merece atenção a fim de explicar mais detalhadamente o comércio internacional seria a análise dos níveis de consumo e de estoques do milho. Há ainda a questão do etanol estadunidense, que utiliza o milho como matéria prima principal. Esse combustível pode ser um fator determinante para a economia mundial de milho, já que possui grande participação no consumo do total de milho produzido pelos EUA, por volta de 37%, em 2015.
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A COMPETITIVIDADE DAS EXPORTAÇÕES DE CASTANHA DE CAJU E MELÃO NO NORDESTE BRASILEIRO DE 1997 A 2013
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Janaina Araújo Barbosa 3 José de Jesus Sousa Lemos 4 Patrícia Verônica Pinheiro Sales Lima 5 Jair do Amaral Filho Sandra Maria Guimarães Callado
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Resumo: Este artigo tem como objetivo analisar o comportamento e as principais fontes de avanço ou retração das exportações da castanha de caju e do melão na região Nordeste, por meio de variáveis comumente conhecidas como influenciadoras para as exportações desses produtos, as quais são: preço do produto em moeda internacional, taxa de câmbio, área colhida, rendimento médio da produção e quantidade produzida pelos concorrentes internacionais. Para avaliar esses fatores influenciadores fez-se uso da metodologia Shift Share, com o uso de séries temporais no período compreendido entre 1997 e 2013, que consiste na decomposição do valor das exportações destas duas commodities nos efeitos tidos como definidores dos avanços ou retrocessos do valor das exportações nordestinas dos dois produtos. Os resultados encontrados na pesquisa mostraram que a região Nordeste está perdendo competitividade na produção e exportação de castanha de caju. Considerando a produção e exportação de melão pela região, as evidências encontradas sugerem avanços da participação nordestina no mercado internacional do produto. Palavras-chave: Fruticultura, Exportações nordestinas, Shift Share.
THE COMPETITIVENESS OF CASHEW NUT EXPORTS AND MELON IN NORTHEAST OF BRAZIL FROM 1997 TO 2013 Abstract: This paper aims
to analyze the behavior and the main sources of progress or
decline in exports of cashew nuts and melon in the Brazilian Northeast, through commonly known variables as influencers for exports of these products, which are: price of the product in international currency, exchange rates, harvested area, annually 1
Artigo extraído da dissertação de mestrado em Economia Rural da primeira autora.
2 Mestre em Economia Rural pela Universidade Federal do Ceará. Correio eletrônico: jana21_ufc@hotmail.com. 3
Doutor e Pós doutor em Economia dos Recursos Naturais e do Meio Ambiente e Professor/Pesquisador da Universidade Federal do Ceará. Correio eletrônico: lemos@ufc.br.
4
5
Doutora em Economia Aplicada pela Universidade de São Paulo. P rofessora/pesquisadora da Universidade Federal do Ceará.
Doutor e Pós-Doutor em Ciências Econômicas pela Université de Paris XIII. Professor Titular da Universidade Federal do Ceará e Pesquisador do Centro de Pós-Graduação em Economia – CAEN/UFC. Doutora em Economia Agrícola pela Universidade de Bonn . Professora da Universidade de Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB)
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average yield and the quantity produced by international competitors. To evaluate these influencing factors was made using the Shift Share methodology, using time series covering the period 1997-2013. It was made the decomposition of the value of exports of both commodities in the effects that hypnotize be definers of progress or setbacks in the value of Northeastern exports of those products. The results in the survey show that the Northeast is losing competitiveness relatively in the production and export of cashew nuts. Considering the production and export of melon by region, the evidence found in the survey suggest advances Northeastern participation in international melon market. Keywords: Fruits, Northeastern Exports, Shift Share. Introdução Tendo em vista a configuração da pauta exportadora agrícola da região Nordeste na qual o setor de “frutas, cascas de frutos cítricos e de melões” se destaca e que os produtos que oscilam entre a primeira e segunda posição dentro do referido setor são a castanha de caju e o melão - torna-se interessante estudar a competitividade desses produtos no comércio internacional, pois as exportações desses dois produtos juntos, em 2013, somaram US$ 281 milhões, o que corresponde a 46% das exportações do setor de frutas da região Nordeste. Apesar de serem culturas bastante diferentes, no que diz respeito ao cultivo, forma de irrigação, produtividade, safras, modernização, entre outras divergências, são produtos que, nas exportações, dentro da região Nordeste, contribuíram para os saldos positivos da balança comercial da fruticultura. Dentre os produtos agrícolas que tem importância relativa na pauta de exportações do Nordeste, destacam-se a castanha de caju e do melão no setor de frutas. Vale destacar que a participação conjunta dos dois produtos no valor exportado pelo setor de frutas, tal como definido pelo Ministério da Indústria e Comércio em 2013, foi de 88% no estado do Ceará, 100% no Piauí e 71% no Rio Grande do Norte, os quais são os principais estados produtores e exportadores desses dois produtos no Nordeste e no Brasil. Fatores como tendência de crescimento do comércio mundial, destino das exportações mundiais e competitividade, influenciam na trajetória de crescimento ou redução das exportações da região. Na medida em que o comércio mundial segue um direcionamento de mercado, acredita-se que o país ou região siga a mesma tendência, tanto de parceiros comerciais, como de aumento de determinados produtos, ou seja, o desdobramento mundial tende a impactar o desempenho regional no que concerne à evolução ou à involução das exportações. Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural.
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Dessa forma, o trabalho tem como objetivo investigar e analisar o comportamento das exportações desses dois produtos no espaço geográfico da região Nordeste, dando ênfase para os principais concorrentes no mercado internacional, as formas de comercialização, o direcionamento das exportações, preços das commodities, taxa de câmbio e fatores como área cultivada, quantidade produzida e rendimento da cultura. Metodologia
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Essa metodologia tem como objetivo principal, dado o fluxo mundial ou regional de comércio, analisar a parcela de participação de um país ou região nesse fluxo e os fatores, aqui designados por fontes, que influenciam positivamente ou negativamente no desempenho das exportações ao longo dos anos. Estão desagregados, de acordo com a metodologia, na expansão do comércio mundial da mercadoria por meio da quantidade produzida pelos países que produzem a mercadoria; na taxa de câmbio, pois à medida que se tem uma moeda desvalorizada as exportações tendem a melhora; no preço da mercadoria (commodities) internacionalmente, o que influencia nas exportações; e finalmente na competitividade, que está modelada nesse trabalho como dois quocientes: entre a área colhida da região e do principal concorrente da mesma mercadoria e entre o rendimento da produção regional e o rendimento do país concorrente. Neste estudo fez-se uma adaptação do modelo Shift Share desenvolvido por Lemos (1995), o qual avaliou o os efeitos causadores da evolução da produção
de alimentos no Nordeste. Neste trabalho além das adaptações foram
providenciadas modificações no trabalho inicial daquele autor. O método permite uma análise que gera informações relevantes para pesquisas adicionais de planejamento estratégico: análise dos setores que tiveram avanço ou retrocesso ao longo do período analisado, com base nas variáveis decompostas pelo modelo. No primeiro nível de análise pode-se encarar o valor exportado (US$) do produto como sendo o preço (US$) multiplicado pela quantidade exportada.
(US$) =
(US$) .
(1)
Onde: (US$) – valor das exportações do país ou região da mercadoria i no período t; (US$) – preço de exportação da mercadoria i no período t; – quantidade exportada da mercadoria i no período t. Para transformar esse valor exportado em moeda nacional, forma em que os exportadores irão receber pelo volume exportado, multiplica-se a equação (1) pela taxa de câmbio e obtém-se o seguinte resultado: (R$) =
(US$) .
.
(2)
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1521
Onde: (R$) – valor das exportações do país ou região da mercadoria i no período t avaliado em moeda nacional; (US$) – preço de exportação da mercadoria i no período t; – quantidade exportada da mercadoria i no período t; – taxa de câmbio no período t. De acordo com as definições agrícolas e supondo que a quantidade exportada é igual à área colhida destinada para exportação multiplicada pelo rendimento da cultura, temse que: Quantidade exportada da cultura = área colhida para exportação da cultura ( ) x rendimento médio da produção da cultura ( )
Então:
=
.
(3)
Substituindo (3) em (2), obtém-se: (R$) =
(US$) .
.
(4)
Para complementar a análise, levando em consideração outros países que produzem e exportam as mesmas mercadorias que o país ou região em estudo, inclui-se a variável quantidade exportada da mercadoria pelo concorrente ( divide a equação (4) por (
). Para tal, multiplica e
), onde a quantidade produzida pelo concorrente é a área colhida
do concorrente multiplicada pelo rendimento médio da produção do concorrente no ano específico (
). Dessa forma, a equação (4) torna-se a seguinte:
(R$) =
(US$) ..
Substituindo (R$) =
(US$) ..
.(
/
)
(5)
na equação (5): . [(
)/(
)]
(6)
Rearranjando os termos, pode-se escrever:
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(R$) =
(US$) . . ( /
).( /
).(
)
(7)
Aplicando logaritmo na equação (7): (R$) =
(US$) +
+
(8)
Sendo: (R$) = Y (US$) = =
= = = A equação (8) será reescrita: =
+
+
+
(9)
Fazendo a derivada total da equação (9) em relação ao tempo: =
+
+
+
(10) Simplificando os termos, chega-se à equação (11): =
(11) Na equação (11) que, por definição, se trata de uma identidade, define-se a
variável
como a taxa de crescimento do valor das exportações (R$) do produto agrícola i no
período sob avaliação. Esta variável, de acordo com as especificações desse estudo, se desdobra nos seguintes efeitos:
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a)
efeito preço do bem em moeda estrangeira, que vem a ser sua TGC no
período; b)
efeito taxa de câmbio, que é a TGC desta variável no período;
c)
efeito área relativa, que é a TGC da relação entre a área colhida do
produto i na região ou país com a área colhida do concorrente; d)
efeito rendimento relativo, que é a TGC no período sob investigação, da
relação entre o rendimento da cultura do produto i no país ou região com o rendimento da cultura do concorrente; e)
efeito expansão ou retração na produção do produto por parte do
concorrente, o qual tenta aferir como esta expansão da produção do concorrente influencia as exportações do produto agrícola, no período sob análise, do país ou região. A variável
, que é o rendimento relativo, afere como o progresso tecnológico
do país, traduzido em rendimento da cultura, está se comportando em relação ao seu concorrente. Na equação (11), valores significativamente positivos de uma fonte significam que influencia de maneira positiva, na magnitude da TGC, o valor das exportações.
ela
Valores significativamente negativos da TGC implicam em efeito regressivo da fonte. As fontes de crescimento são estimadas através do modelo semi-log:
(12) Onde: Z: será qualquer uma das definidas na equação (11); T = 0, 1, 2,...t é o tempo; β: é o coeficiente loglinear; ρ: é a TGC da variável Z = [
;
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μ: é o termo de erro aleatório que por hipótese atende aos pressupostos do modelo linear geral de ser não autorregressivo e ter variável constante. (PINDYCK; RUBINFELD, 2004; WOOLDRIDGE, 2010). O efeito competitividade nessa metodologia está ligado, principalmente, aos efeitos área e rendimento, no entanto, ignora outras influências que vão afetar a capacidade de exportação de um país no mercado mundial. No entanto, o efeito competitividade pode receber influência de efeitos como: mudanças tecnológicas, marketing, financiamentos das vendas de bens de exportação, crédito, prontidão para tender às necessidades dos importadores, políticas de apoio à produção e exportação. A competitividade, que está fora do contexto de precificação, pode está atrelada à qualidade de infraestrutura, à capacidade do pessoal, aos serviços, à logística, à comunicação, às inovações e aos serviços de apoio. Há também a competitividade de custos, que leva em conta o preço da mão de obra.
Base de dados
Os dados sobre valor exportado (US$) e quantidade exportada (Kg ou toneladas) da Região Nordeste e dos principais concorrentes são de periodicidade anual e foram obtidos junto ao Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior (ALICEWEB) do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) e à base de dados estatísticos Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAOSTAT), respectivamente. Para os dados referentes à área colhida (ha), quantidade produzida (ton) e rendimento das culturas (ton/ha), teve-se como base a pesquisa de produção agrícola municipal do
Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). Os dados da taxa de câmbio foram obtidos na base de dados do Instituto de Pesquisa Econômica aplicada (IpeaData). O período de análise compreende 17 anos, de 1997 até 2013. Os valores das exportações de cada produto foram deflacionados com base no índice de preços americano, Consumer Price Index (CPI-U) do U.S. Bureau of Labor Statistics (BLS), sendo transformados em valores constantes. (USA, 2016). O período finaliza em 2013 por conta da restrição dos dados internacionais, os quais estão disponíveis até este ano. Do outro lado, inicia-se em 1997, que é onde se aplica o
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novo método de coleta de dados pelo sistema Aliceweb, o qual passa a ser baseado na Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM).
Resultados Os fatores designados pela metodologia utilizada nesse trabalho estão dispostos da seguinte forma: efeito preço internacional do produto, efeito taxa de câmbio, efeito área relativa, efeito rendimento relativo e efeito expansão. Tratando a região Nordeste em relação aos seus principais concorrentes mundiais, no que diz respeito a cada produto estudado, na produção e exportação, tem-se Vietnã e Índia para Castanha de Caju e Espanha, Guatemala e Estados Unidos da América para o Melão. Em 2013, de acordo com os dados FAO, Vietnã e Índia corresponderam por 75% (US$ 1,9 bilhões) do valor total exportado de castanha de caju no mundo (US$ 2,6 bilhões). Para o melão, 50% do valor total exportado mundialmente (US$), em 2013, está sendo originado nos seguintes países: Espanha, Brasil, Guatemala e EUA.
Castanha de Caju
Tabela 1 – Fontes de Crescimento do Valor das Exportações de Castanha de Caju do Nordeste em Competição com o Vietnã e Índia. Fontes de Crescimento: Efeitos
Competição com o Vietnã TGC
Competição com a Índia
R² Ajustado
Significância Estatística
TGC
R² Ajustado
Significância Estatística
Preço (US$)
0,006
0,045
0,589
0,006
0,045
0,589
Taxa de Câmbio
0,013
0,012
0,38
0,013
0,012
0,38
Área Relativa
-0,092
0,584
0
-0,022
0,013
0,385
Rendimento Relativo
-0,06
0,352
0,007
-0,013
0,035
0,507
Expansão do concorrente
0,147
0,877
0
0,029
0,473
0,001
0,015
0,008
0,304
TOTAL 0,015 0,008 0,304 Fonte: Sistema AliceWeb e IBGE. Elaboração própria.
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A taxa geométrica de crescimento estimada para o valor exportado de castanha de caju pela região Nordeste (R$), no período analisado, é de 1,5% ao ano. (Tabela 3). De acordo com as análises feitas nesta pesquisa, contribuíram para este crescimento o efeito preço das exportações da ordem de 0,6% ao ano e o efeito taxa de câmbio, com 1,3% ao ano (Tabela 3). Os gráficos 2 e 3 mostram a evolução das variáveis preço das exportações e taxa de câmbio. No que concerne à competição com o Vietnã, observa-se que a expansão da área relativa do Nordeste brasileiro em relação àquele país foi negativa, ou seja, TGC de -9,2% (Tabela 3), significando que o Vietnã expandiu, relativamente, mais área cultivando o caju para exportação do que o Nordeste. Como demonstra o gráfico 4, a relação decresce. Observa-se também, de acordo com a tabela 3, que a relação entre o rendimento da castanha de caju produzida no Nordeste e o rendimento deste produto cultivado no Vietnã expandiu-se a taxas negativas (-6% a.a.), uma evidente demonstração de perda de competitividade dos cajucultores do Nordeste, em relação aos Vietnamitas. Isto sugere também que, tecnologicamente, os pomares de cajueiro do Vietnã avançaram bem mais do que aqueles cultivados no Nordeste. A quantidade exportada pelos produtores de castanha de caju do Vietnã se expandiu a uma taxa média anual de 14,7% (Tabela 3). Pode-se considerar que esse efeito não influenciou a região Nordeste nesses anos de análise. O gráfico 6 reflete a expansão da quantidade exportada pelo Vietnã de 1997 a 2013. O outro país concorrente significativo do Nordeste no mercado exportador da castanha de caju é a Índia. Foram analisadas as taxas geométricas de crescimento, ao longo dos anos, para os efeitos área relativa, rendimento relativo e expansão. Em relação à competição com a Índia, observa-se que a expansão das áreas cultivadas para exportação com cajueiros no Nordeste se deu num ritmo menor do que a expansão das áreas cultivadas dessa cultura na Índia (-2,2% a.a.), conforme a tabela 3. Também em relação à Índia, tal como já havia acontecido com o Vietnã, o Nordeste perde em competitividade no que se refere à relação entre os rendimentos. A relação entre os rendimentos dos pomares de caju da região Nordeste e da Índia regrediu a uma taxa média anual de -1,3%. (Tabela 3). A quantidade exportada pela Índia, no período, se expandiu a uma taxa média anual de 2,9% (Tabela 3). Dessa forma, o efeito expansão dado pela quantidade exportada da
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Índia é útil para a análise da variação das exportações nordestinas, pela significância da variável. De um lado pode ser uma tendência mundial de exportação, de outra forma pode ser uma confirmação da perda de mercado da região frente aos principais concorrentes (Gráfico 9). Em relação à produção e exportação da castanha de caju, a pesquisa mostra que a região Nordeste está perdendo em tecnologia e na expansão do cultivo dos cajueiros, quando confrontado com os principais concorrentes no mercado internacional que são Vietnã e Índia.
Melão Com base na tabela 4, têm-se as taxas geométricas de crescimento considerando as exportações do produto melão e as respectivas significâncias:
Tabela 2 – Fontes de Crescimento do Valor das Exportações de Melão do Nordeste em Competição com Espanha, Guatemala e Estados Unidos da América. Competição com a Espanha
Competição com a Guatemala
Competição com o EUA
Fontes de Crescimento: Efeitos
TGC
R² Ajustado
Significância Estatística
TGC
R² Ajustado
Preço (US$)
0,022
0,421
0,003
0,022
0,421
Taxa de Câmbio
0,013
-0,012
0,38
0,013
-0,012
Área Relativa
0,061
0,637
0
-0,054
0,557
0,019
0,443
0,002
0,049
0,011
0,247
0,02
0,124
0,713
0
Significância Estatística
TGC
R² Ajustado
Significância Estatística
0,003
0,022
0,421
0,003
0,38
0,013
-0,012
0,38
0
0,043
0,405
0,004
0,726
0
0,022
0,493
0,001
0,094
0,825
0
0,024
0,454
0,002
0,124
0,713
0
0,124
0,713
0
Rendimento Relativo Expansão do concorrente TOTAL
Fonte: Sistema AliceWeb e IBGE. Elaboração própria.
A taxa geométrica de crescimento (TGC) do valor exportado (R$) de melão pela região Nordeste foi de 12,4%, ou seja, a cada ano há um aumento significativo nas exportações do produto (Tabela 4). O gráfico 10 mostra a tendência dessa variável ao longo do período analisado. De acordo com as análises feitas nesta pesquisa, os efeitos preço internacional do produto e taxa de câmbio, com taxas geométricas de crescimento ao ano de 2,2% e 1,3%, respectivamente, contribuíram para esse crescimento das exportações na região (Tabela 4).
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No âmbito da competição com a Espanha, observa-se que a expansão da área cultivada do Nordeste, em relação àquele país foi positiva (6,1% a.a.), significando que a região expandiu relativamente mais área cultivando o melão do que a Espanha (Tabela 4). A evolução da variável área relativa analisada nessa pesquisa está refletida no gráfico 12. Observa-se também, de acordo com a tabela 4, que a relação entre o rendimento do melão produzido na região Nordeste e o rendimento desse produto cultivado na Espanha expandiu-se a taxas anuais positivas de 1,9%, uma evidente demonstração de melhoria na competitividade dos produtores de melão do Nordeste, em relação aos Espanhóis (Gráfico 13). Os resultados desses dois efeitos sugerem que, tecnologicamente, os cultivos de melão na região avançaram, consideravelmente, em relação aos cultivos na Espanha. A quantidade exportada pelos produtores de melão da Espanha se expandiu a uma taxa média anual de 1,1% (Tabela 4). Como mostra o gráfico 14, o crescimento da variável manteve-se estável. Em relação ao concorrente Guatemala, verificou-se um efeito contrário ao da Espanha, pois a expansão da área cultivada com melão da região em relação àquele país foi negativa, na ordem de -5,4% (Tabela 4), implicando que a Guatemala expandiu relativamente mais área cultivando o melão do que o Nordeste. No que concerne à competição com a Guatemala, observa-se que o rendimento do melão produzido na região Nordeste e o rendimento desse produto cultivado na Guatemala se expandiram a taxas anuais positivas, de 4,9% (Tabela 4), uma evidente demonstração de melhoria na competitividade dos produtores de melão do Nordeste, em relação aos da Guatemala. Os dois resultados que confrontam a região Nordeste com a Guatemala e sugerem que, apesar da área relativa ter apresentado crescimento negativo, o rendimento relativo dos pomares de melão se mostraram com taxas positivas. Dessa forma, a região cresceu menos em área, mas melhorou em rendimento, evidenciando melhorias tecnológicas. A quantidade exportada pelos produtores de melão da Guatemala se expandiu a uma taxa média anual de 9,4% (Tabela 4). Como mostra o gráfico 17 o crescimento da variável manteve-se ascendente. Em relação à competição com EUA, observa-se que a expansão das áreas cultivadas com melão no Nordeste se deu num ritmo maior do que a expansão do cultivo
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dessas culturas nos EUA, com uma taxa de crescimento anual da área relativa na ordem de 4,3% (Tabela 4). A respeito dos EUA, assim como Espanha e Guatemala, o Nordeste melhorou em competitividade, no que se refere à relação entre os rendimentos. A relação entre o Nordeste e os EUA nos rendimentos dos pomares de melão cresceu a uma taxa média anual de 2,2% (Tabela 4). O efeito rendimento relativo (Nordeste/Concorrente) foi significativo para os três principais concorrentes, no período analisado, o que ratifica a importância da dinâmica dessa relação para explicação da mudança nos valores exportados do melão, ou seja, durante o período houve tendência e não apenas uma estagnação na relação. O efeito expansão mostra a tendência dos principais exportadores de melão, a qual pode está influenciando a região Nordeste, ou seja, o crescimento das exportações do melão pode ser uma tendência mundial. As exportações dos EUA se expandiram a uma taxa média anual de 2,4%. Em relação ao cultivo do melão, a pesquisa mostra que a região Nordeste está melhorando em tecnologia e na expansão da área cultivada, quando confrontada com os principais concorrentes no mercado internacional que são Espanha, Guatemala e EUA (Tabela 4).
Considerações Finais O comportamento das exportações de castanha de caju e melão na região Nordeste, nessa pesquisa, teve como principais fontes de crescimento ou retração os seguintes fatores: preço do produto internacionalmente, taxa de câmbio, área relativa, rendimento relativo e expansão dos concorrentes. Os principais estados da região que são produtores e exportadores da castanha de caju são: Ceará, Rio Grande do Norte e Piauí. Em relação ao melão, tem-se: Rio Grande do Norte, Ceará, Bahia e Pernambuco, os dois últimos em menor escala. As exportações de castanha de caju mostraram-se não competitivas em relação aos principais concorrentes. No caso das exportações de melão, obteve-se um resultado demonstrativo de competitividade. Os principais parceiros comerciais mundiais desses produtos são Estados Unidos, Holanda e Canadá, tratando-se da castanha de caju. Em relação ao melão, os demandantes mundiais são: Holanda, Reino Unido, Espanha, Alemanha e Argentina, os dois últimos em
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menor escala. Um destaque importante na comercialização dos dois produtos é que a Holanda atua como importadora e exportadora ao mesmo tempo, ou seja, o país não produz quantidade suficiente de castanha de caju e melão para exportar, fazendo apenas a intermediação comercial. Considerando a castanha de caju, observa-se que a produção e exportação do produto na região Nordeste está perdendo vantagem competitiva para os principais concorrentes, que são Vietnã e Índia. Os principais fatores observados como fontes para esse resultado foram área relativa, rendimento relativo e expansão do concorrente. A relação entre as áreas, tanto em relação ao Vietnã como a Índia, mostrou-se com um crescimento negativo, significando que a região evolui menos em área cultivada para exportação do que os concorrentes. O rendimento relativo, assim como a área, apresenta-se com taxa de crescimento anual negativa, implicando em perda de competitividade por parte do Nordeste, sendo que o rendimento das lavouras na região está em declínio. A expansão das exportações dos concorrentes apresenta taxas anuais de crescimento positivas. A produção e exportação do melão tem um cenário diferente do mostrado em relação à castanha de caju, produto que, nos últimos anos, estampa uma trajetória de evolução positiva, frente aos principais concorrentes. Das fontes abordadas nesse trabalho como influenciadoras do crescimento das exportações da região, a área relativa teve taxa de crescimento anual positiva, tanto em relação à Espanha, quanto aos Estados Unidos, sendo negativa frente à Guatemala, retratando que a região aumenta mais sua área colhida para exportação do que seu concorrente. No que concerne ao rendimento relativo, conclui-se que as taxas foram positivas diante dos três principais concorrentes internacionais (Espanha, Guatemala e EUA). Assim, confirmam uma melhoria tecnológica nas lavouras de melão do Nordeste com ganhos de competitividade em relação aos principais concorrentes. A expansão da quantidade exportada por estes três países foi positiva, sendo maior para Guatemala, o mesmo país que, quando relacionado à região Nordeste, apresentou um rendimento menor. Diante do exposto, a região Nordeste mostra-se com vantagem competitiva no comércio internacional do melão diante dos principais concorrentes. Os fatores preço corrigido e taxa de câmbio permaneceram praticamente constantes, sendo pouco significativos para explicar a evolução do valor das exportações de castanha de caju e de melão no Nordeste.
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As características produtivas e comerciais dos principais concorrentes mundiais refletem um avanço de rendimento importante, que pode ser incorporado para a região Nordeste, no que se refere a melhorias produtivas de cultivo, avanços tecnológicos, quantidade produzida e exportada, área plantada e colhida. Essas características tornam-se evidentes quando se faz a relação com o Nordeste brasileiro, pois este se mostra perdendo competitividade na cultura castanha de caju. No entanto, quando relacionada aos produtores de melão, a região apresenta um desdobramento vantajoso no período de análise desse trabalho. Portanto, consoante o desdobramento dos efeitos estudados nesse trabalho, a região Nordeste está com produção e exportação de castanha de caju em franco processo de perda de vantagens competitivas, em relação aos principais concorrentes, deixando clara a necessidade de políticas de apoio ao produtor rural, conscientização a respeito da renovação das lavouras de cajueiro, como, por exemplo, a substituição de cajueiros “gigantes” pelo “anão precoce”, o qual já foi apontado como mais produtivo e de assistência técnica regular. Em contrapartida, as exportações de melão estão se expandindo, sendo que os valores exportados crescem a cada ano. Interessante salientar a riqueza do melão, pois a fruta é altamente rica em água e, no entanto, está sendo produzida numa região de instabilidade pluviométrica, o que dificulta a irrigação das lavouras. Apesar disso, os produtores buscam inovações para enfrentar as dificuldades climáticas. É uma cultura que tem várias safras ao ano, as quais podem garantir a oferta do produto mais intensamente. Portanto, como sugestão de trabalho futuro, pode-se analisar o comportamento do cultivo, as características técnicas de cada cultura aqui analisada nos países concorrentes, mais detalhadamente, investigando quais são as práticas adotadas
na produção desses
produtos, principalmente em relação à castanha de caju.
Referências
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A IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DA PRODUÇÃO MELOEIRA NO BRASIL: UMA PERSPECTIVA EXPLORATÓRIA NOS ESTADOS DO CEARÁ E RIO GRANDE DO NORTE Denis Fernandes Alves Graduando em Ciências Econômicas pela Universidade Regional do Cariri (URCA) – Crato/CE e Pesquisador Bolsista do GETEDRU. denis_fernandes@outlook.com Maria Isadora Gomes de Pinho Graduanda em Ciências Econômicas pela Universidade Regional do Cariri (URCA) – Crato/CE e Bolsista de Extensão. isadora.gomes100@gmail.com José Álison Batista Oliveira Graduando em Ciências Econômicas pela Universidade Regional do Cariri (URCA) – Crato/CE e Pesquisador Bolsista do GETEDRU. alison_oliveira37@hotmail.com Francisco do O’ de Lima Júnior Professor Adjunto do Departamento de Economia da Universidade Regional do Cariri – DE/URCA e Pesquisador do GETEDRU. limajunior_economia@yahoo.com.br Grupo de Pesquisa: Agronegócio, Mercados e Comercialização Resumo O presente trabalho tem como objetivo discutir algumas conjecturas para os Estados do Rio Grande do Norte e Ceará e, como a produção meloeira é de grande valia para a participação no mercado externo em ambos os Estados. Desta forma foram feitas caracterizações do clima do território e algumas considerações do setor meloeiro de ambos os estados. A metodologia abordada é de caráter exploratório, relativa a caracterização da produção meloeira, nos estados de Rio Grande do Norte e Ceará, no período de 1990-2014. Dos resultados, pode-se concluir que a reorganização da estrutura produtiva e comercial do polo Rio Grande do Norte e Ceará foi um fator fundamental para que o Brasil não só abastecesse o mercado interno como também aumentasse a sua participação no mercado internacional do melão. Palavras-chave: Produção meloeira; Comercialização; Mercado externo; Rio Grande do Norte; Ceará. Abstract This paper aims to discuss some conjectures for the states of Rio Grande do Norte and Ceará, and as meloeira production is of great value to the participation in foreign markets in both states. Thus they were made characterizations climate of the territory and some aspects of the melon sector of both states. The methodology is addressed exploratory on the characterization of meloeira production in the states of Rio Grande do Norte and Ceará, in the 1990-2014 period. From the results, it can be concluded that the reorganization of productive and commercial structure Polo Rio Grande do Norte and Ceará was a key factor Mossoró - RN, 16 a 18 de novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1536
for Brazil not only fueled the domestic market as well as increase its participation in international melon market. Key words: Production meloeira; Commercialization; External market; Large northern river; Ceará.
01.Introdução A participação brasileira no mercado internacional, no que se refere a comercialização do melão, ocorreu principalmente pela combinação de fatores como clima, investimento em tecnologia, extensão territorial cultivável e qualidade dos produtos. O cultivo do melão para comercialização no Brasil só teve início em meados da década de 60, até então, o abastecimento provinha principalmente do Chile e da Espanha. No início, a produção se concentrou principalmente nos estados de São Paulo e Rio Grande do Sul, ainda na mesma década a produção meloeira teve início no Nordeste Brasileiro, a prática de cultivo da mesma só foi introduzindo no Rio Grande do Norte na década de 80 e no Ceará no final da mesma década, com produção destinada ao mercado local (CELIN et al., 2007). O Brasil, no decênio de 2000 a 2010, não possuía acesso ao mercado japonês, pois devido as normas reguladoras bastante rigorosas, a exigência do país em comprovação real da ausência de pragas impedia a exportação brasileira. A introdução das frutas brasileiras no mercado japonese revela o tamanho da expansão e o incentivo nessa indústria agrícola. Mas para isto, as Normas Técnicas Específicas (NTE) para a Produção Integrada de Melão que foram aprovadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA, em 2003, serviram segundo Andrigueto (2005) e Braga Sobrinho (2008) para detalhar as técnicas do sistema de produção, enfatizando o manejo do solo e da irrigação, a colheita e a póscolheita. Atualmente o nordeste brasileiro é responsável por 94,97% de toda a produção de melão no país (IBGE, 2013). Com importância econômica e social para o semiárido, o cultivo do melão tem se destacado frente ao agronegócio brasileiro. A combinação de altas temperaturas, alta luminosidade e a baixa umidade características do clima nordestino tem ajudado de forma significante a sua produção na região. A produção de meloeiros nos estados do Ceará e Rio Grande do Norte contribuíram de forma significante na geração de emprego e renda, juntos correspondem a 87% de toda a produção do Nordeste (IBGE, 2013).
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Por possui condições ambientais que favorecem o seu cultivo, a temperaturas entre 25ºC e 32ºC, embora consiga crescer em temperaturas de no mínimo 18º, é com o clima do semiárido que a mesma mantém sua qualidade, já que a alta umidade do solo, faz com que o melão perda seu teor de açúcar (COSTA, 2008). Nesse sentido, pretende-se discutir algumas conjecturas para os Estados do Rio Grande do Norte e Ceará e, como a produção meloeira é de grande valia para a participação no mercado externo em ambos os Estados.
02. Caracterização territorial do setor meloeiro no Nordeste Nos últimos anos o Brasil tem se consolidado como uma grande potência mundial na especialização de produção de commodities agrícolas, tais como o algodão, a cana-de-açúcar, o café, a soja, de frutas tropicais dentre outros, alcançando no ano de 2010 a terceira colocação na produção mundial de frutas (FORMIGA JÚNIOR et al, 2014). De acordo com Navarro e Pedroso (2001), apesar de já ter havido significativa redução das diferenças regionais no país, principalmente devido à difusão dos meios de comunicação e do avanço tecnológico no meio rural, ainda há enormes disparidades regionais no Brasil, exigindo, portanto, maiores iniciativas, sejam elas de cunho público ou privado. Segundo os autores, há diversas questões regionais que poderiam gerar um padrão interdependente entre cada região brasileira, unindo suas especificidades para o desenvolvimento agrário do país. O semiárido brasileiro, que abrange oito estados da região Nordeste (exclui-se desta região apenas o Maranhão) e o norte de Minas Gerais, é caracterizado na maior parte do seu território pelo bioma da caatinga e marcado basicamente pelo clima tropical semiárido (BRASILEIRO, 2009). De acordo com o Ministério da Integração Nacional (2005), fazem parte do semiárido no Brasil um total de 1.113 municípios, numa área total de 969.589,4 km². A figura a seguir demonstra a área do semiárido brasileiro:
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Figura 01: Delimitação do Semiárido Brasileiro
Fonte: Ministério da Integração Nacional, 2005.
Levando em consideração o clima semiárido da região Nordeste, percebe-se o grande aumento de investimentos em sistemas de irrigação e de divisão de terras com o objetivo de aumentar e diversificar a produção agrícola em cada Estado. A introdução dessas novas tecnologias tem possibilitado significativos avanços nesse setor produtivo, tornando possível produzir diversas frutas durante todo o ano, com destaque para o cultivo de melão, manga e uva. Nesse sentido, apesar das inúmeras dificuldades apresentadas na região, percebe-se um grande potencial no Nordeste em aumentar a produção frutícola, principalmente os estados do Ceará e Rio Grande do Norte, devido às logísticas que vêm se instaurando, transformando-se em
vantagem
competitiva,
tanto
internamente,
quanto
no
cenário
internacional
(CARVALHO; MIRANDA, 2009). No semiárido as condições climáticas proporcionam situações favoráveis para a produção do melão, tais como as altas temperaturas, associadas à grande luminosidade e baixa umidade, atualmente é uma das culturas de maior expressão, social e econômica, para a região. Os primeiros indícios de produção em alta escala que se tem registrado na região data do início da década de 1980, no Vale do Açu em Rio Grande do Norte e na mesorregião cearense do Vale do Jaguaribe, assumindo rapidamente papel destacado principalmente no âmbito das exportações, sendo o principal destino a Europa (MIGUEL et al, 2008). Mossoró - RN, 16 a 18 de novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1539
De acordo com Mota et al (2010), a cultura do melão no semiárido nordestino vem ao longo dos anos demandando melhorias das práticas de manejo relacionadas à produção deste fruto, ou seja, para manter uma alta produtividade e competitividade dessa cultura é necessário que haja avanços relacionados a melhorias na qualidade do solo e da água, bem como inserção tecnológica na pós-colheita do fruto.
3. Considerações sobre o setor meloeiro: Ceará e Rio Grande do Norte O setor meloeiro do Brasil, apresenta grandes atrativos para o mercado externo, o aumento de sua produção encontra demanda relativa no mercado internacional. As normas internacionais que se referem a padrões de qualidade para a exportação do melão como a FFV-23, da Comissão Econômica das Nações Unidas para a Europa (UN/ECE), estabelece que para suportar as condições de transporte o produto precisa ter índice de refração da polpa correspondente a pelo menos 9º Bx, para que chegue com qualidade a seu destino final. O Brasil em 2010 chegou a exportar 177.828.525 Kg de melão, sendo esse o maior volume de exportação de frutas frescas segundo dados da IBRAF no último senso divulgado. Isso é resultado, segundo Buainain e Batalha (2007): “O melhoramento genético do melão contribuiu decisivamente para a inserção dessa fruta no mercado internacional. O desenvolvimento de variedades com polpas mais grossas, aparência mais uniforme e sabor mais agradável, características exigidas pelos consumidores internacionais, estão entre os resultados deste melhoramento genético” (BUAINAIN e BATALHA, 2007, p.69).
Segundo a CEASA, Centro de Abastecimento do Ceará, o estado foi o maior produtor e exportador de melão do Brasil no ano de 2015, somente em 2014 exportaram 62,4%, de toda a produção do Brasil. Entre as maiores regiões produtoras destacam-se o Baixo Jaguaribe, Russas, Aracati e Icapuí. Segundo Buainain e Batalha (2007): “A cultura de melão não apresenta grandes disparidades entre as principais regiões produtoras, sendo que tanto as regiões do Rio Grande do Norte como do Ceará caracterizam-se pela presença de empresas de médio e grande porte que lideram o negócio, mas também de muitos pequenos produtores que escoam a produção via essas grandes empresas” (BUAINAIN e BATALHA, 2007, p.44).
Atualmente, estão registradas e cadastradas com licença para exportação de melão três empresas brasileiras, localizadas nos Estados nordestinos do Rio Grande do Norte: CRIS FRUTAS LTDA e A MATA FRESCA LTDA, e; no Ceará: ITAUEIRA AGROPECUÁRIA S/A, com licença até julho de 2018, com exceção da Itaueira, que tem vencimento em agosto Mossoró - RN, 16 a 18 de novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1540
de 2017, segundo dados atualizados do MAPA (2016), demonstrando a importância da participação nordestina na produção e comercialização do melão. A alternativa utilizada pelos exportadores de melão, principalmente os localizados no Vale do São Francisco, para aumentar a inserção no mercado internacional de frutas frescas, é a atuação do segmento produtor como agente intermediário, por meio da integração vertical ou alianças estratégicas. Dessa forma, os produtores podem estar mais próximos dos compradores externos e responder mais rapidamente às suas exigências. (BUAINAIN; BATALHA, 2007). De acordo com Santos J.R e Santos J.M (2015, p.3) “o crescimento das exportações do melão é explicado basicamente pelo efeito competitividade”, onde: Os ganhos de competitividade são decorrentes de condições internas favoráveis, como incentivos governamentais para o desenvolvimento da agricultura irrigada em especial fruticultura irrigada, que estimulou investimentos na atividade com melhorias tecnológicas, capacitação de produtores, sendo importante ressaltar ainda o efeito positivo proporcionado pela diminuição na carga tributária imposta ao produto a partir de 2001. (SANTOS, J.R.; SANTOS, J.M., 2015, p.3)
Ademais, existe, ainda, um mercado potencial para as exportações de melão que também favorece o desempenho deste produto no mercado internacional (ARAÚJO et al, 2003). Deste modo, nota-se que existe um grande destaque entre os dois estados nordestinos citados, na exportação desse produto existe uma concorrência considerável pelo mercado do melão, tanto em termos de produção quanto de comercialização externa O agropolo de fruticultura Açu-Mossoró, localizado no Estado do Rio Grande do Norte, tem se destacado não apenas internamente, mas também no cenário internacional, na produção de frutas frescas, destacando-se, dentre outros produtos, o cultivo de banana, caju, melancia e melão. Este último por sua vez obtém maior destaque devido à grande produção e sua importância para o setor exportador brasileiro. Essa região potiguar está dividida em duas subzonas: Mossoró e Açu. Seu potencial está ligado a fatores climáticos, bem como a qualidade do solo e a aptidão das áreas para irrigação. O desenvolvimento desse polo frutícola teve a participação efetiva de grandes empresas que investiram implantando a irrigação de frutas tropicais, com destaque para a produção meloeira (FORMIGA JÚNIOR, 2014, p. 5859,). Contudo, esse fato histórico vem transformando-se ao longo da primeira década do século XXI, como afirma Formiga Júnior et al (2014): Apesar da implantação do melão no estado (Rio Grande do Norte) ter se dado historicamente através de grandes empresas do agronegócio, que objetivavam principalmente a comercialização para o mercado externo, o cenário atual possui uma realidade diferente daquela apresentada nas décadas de 1980 e 1990, pois o cultivo do fruto também se desenvolve em pequenas e médias empresas, inclusive
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em agro ecossistemas de gestão familiar, com foco não só no mercado externo, mas principalmente na comercialização interna do produto para as cidades de Natal-RN, Fortaleza-CE e Recife-PE (FORMIGA JÚNIOR et al, 2014,p. 63).
De acordo com Braga Sobrinho (2008), atualmente existem aproximadamente 14 mil hectares de melão plantados em terras do Rio Grande do Norte e Ceará, possibilitando exportações do produto de aproximadamente 190 mil toneladas, gerando um faturamento superior a US$ 20 milhões. O histórico de exportações do Rio Grande do Norte foi sempre caracterizado pela produção e comercialização de produtos que não exigem uma alta intensidade tecnológica. Nesse sentido, as exportações de produtos norte rio-grandenses são na sua grande maioria constituída por produtos intensivos em recursos naturais e em trabalho, características básicas na composição de produção de qualquer mercadoria (SILVA; MONTÁLVÁN, 2008).
4. Metodologia O presente trabalho aborda uma metodologia de caráter exploratório, relativa a caracterização da produção meloeira, nos estados de Rio Grande do Norte e Ceará, no período de 1990-2014. O método utilizado foi o indutivo, pois, para Prodanov e Freitas (2013) “Nesse método, partimos da observação de fatos ou fenômenos cujas causas desejamos conhecer”. Também na realização das nossas conclusões, Gil (2008) apud Prodanov e Freitas (2013) ressalta que a verdade não está totalmente provável nesse método, pois assim: [...] se por meio da dedução chega-se a conclusões verdadeiras, já que baseadas em premissas igualmente verdadeiras, por meio da indução chega-se a conclusões que são apenas prováveis. (GIL, 2008, p. 11).
Os meios técnicos utilizados foram o estatístico e o comparativo. Ambos contribuem para uma boa análise de dados secundários. “O papel do método estatístico é, essencialmente, possibilitar uma descrição quantitativa da sociedade, considerada como um todo organizado” (PRODANOV; FREITAS, 2013). “O método comparativo, ao ocupar-se das explicações de fenômenos, permite analisar o dado concreto, deduzindo elementos constantes, abstratos ou gerais nele presentes” (PRODANOV; FREITAS, 2013). A exploração de dados secundários foi realizada a partir de fontes como: IBGE, com a utilização de dados sobre a produção de melão nos estados de Rio Grande do Norte e Ceará, para os anos de 1990-2014 e outros artigos publicados em periódicos. Onde fez-se o
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comparativo entre os dois estados no período mencionado, verificando a variação e a importância econômica das transformações na dinâmica comercial dos estados na Região Nordeste. O programa utilizado para tabulação dos dados foi o Excel (2010), onde foi feita a análise dos dados, como mostra na seção análise dos resultados e discussão.
5. Resultados e Discussão Esta seção objetiva analisar a importância econômica da produção do melão em um comparativo entre os dois estados aqui estudados. O Gráfico 1 demonstra a quantidade produzida do melão no Ceará e no Rio Grande do Norte ao longo dos anos.
Gráfico 1 – Produção de Melão nos estados de Ceará e Rio Grande do Norte, 1990-2014. Fonte: Elaborado pelos autores a partir de dados do IBGE.
É possível perceber que houve um elevado aumento na quantidade produzida entre os Estados, é tanto que a soma das produções em ambos representa 87% da produção nordestina de melão. No Ceará, mais especificamente no vale do Jaguaribe – que é então a divisão com o RN -, cresceu de forma mais acentuada, merecendo destaque. No ano de 2003, cerca de 24% da produção nacional de melões era proveniente do Ceará e em 2008 essa proporção era 59%, de acordo com PAM/IBGE (APEXBRASIL, 2015), visto que nesse período no comparativo com a produção do Rio Grande do Norte, o Ceará apresentou uma superioridade. É importante destacar, que as exportações de melão cearense passaram a compor uma posição de destaque no grupo das exportações de frutas cearenses desde 2008 quando foi Mossoró - RN, 16 a 18 de novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1543
alcançada uma marca recorde de participação de 30,81% (SANTOS, J.R.; SANTOS, J.M., 2015). Todavia nos anos seguintes houve perda de participação devido à perda de valor exportado, voltando a recuperar-se e a superar a marca dos 30% de participação em 2012. Com isso, é possível afirmar que o melão representa o segundo principal tipo de fruta exportado pelo Estado do Ceará, sendo superado apenas pelas exportações de castanha de caju (IPECE, 2013). Já é possível notar um certo decrescimento na produção do melão no ano de 2008 em RN, apresentando em seguida um crescimento ascendente em sua produção. Isso pode ser justificado aos mecanismos tecnológicos aderidos pelas suas grandes empresas citadas anteriormente. Quadro 1: Produção e Variação da quantidade produzida de melão nos Estados do CE e RN – 1990 a 2014 Anos Rio Grande do Norte 23896 1990 32019 1991 33833 1992 36374 1993 34519 1994 82633 1995 89795 1996 76517 1997 115232 1998 108622 1999 93986 2000 130732 2001 181760 2002 192421 2003 167492 2004 160303 2005 245552 2006 230690 2007 100584 2008 201259 2009 242303 2010 258938 2011 260782 2012 254530 2013 232575 2014
Ceará 7110 18247 19070 36818 32120 33178 13898 25205 27594 30995 44338 71442 92047 99496 109566 117937 165633 173378 170424 124157 153161 143466 219309 212362 222391
∆ % RN 33,99314 5,665386 7,510419 -5,0998 139,3841 8,667239 -14,787 50,5966 -5,73625 -13,4743 39,09731 39,03252 5,865427 -12,9554 -4,29215 53,17992 -6,05249 -56,3986 100,0905 20,39362 6,865371 0,71214 -2,3974 -8,6257
∆ % CE 156,6385 4,51033 93,06765 -12,7601 3,293898 -58,1108 81,35703 9,478278 12,32514 43,04888 61,13041 28,84158 8,092605 10,12101 7,640144 40,44193 4,676001 -1,70379 -27,1482 23,36074 -6,32994 52,86479 -3,16768 4,722596
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de dados do IBGE.
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O quadro 1 apresenta não só a produção entre ambos os estados, mas também as variações em termos brutos se destacam por três importantes momentos. Em 2008, onde a produção meloeira no RN foi de cerca de 56 mil, entretanto, vale destacar que em 2001, o Rio Grande do Norte por sua vez, mesmo assim seu ritmo produtivo continuando elevado os índices de exportação caíram bruscamente, devido a saída desse mercado de uma das empresas produtoras de melão mais importantes do Estado. Como demonstra o gráfico a seguir: Figura 1: Índice de Vantagem Comparativa Revelada de Vollrath nas exportações demelão do Ceará e Rio Grande do Norte – 1997/2014.
Fonte: SANTOS, J.R.; SANTOS, J.M., 2015, p. 14.
No estado do Ceará, os anos de 1991, 1996, 1997 e 2012 representaram uma ampliação e em alguns momentos mais quadruplicou a quantidade produzida, demonstrando assim o seu forte potencial na produção dessa fruta, em detrimento do RN.
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Gráfico 2 - Variação de melão nos Estados do Rio Grande do Norte e Ceará – 1990 a 2014. Fonte: Elaborado pelos autores a partir de dados do IBGE.
Vale destacar o fato que a competitividade entre ambas está sempre variando como afirma Santos, J.R. e Santos, J.M. (2015) com a inserção cearense nesse mercado, combinado com a queda acentuada dos índices de RN, a pauta de exportações passa a ser liderada pelo Ceará. No entanto, pode-se concluir que a competitividade desse segmento se mostra favorável. Mesmo com os decréscimos de RN ainda pode-se notar a maior importância da cultura para o Estado. Porém, o CE manteve um bom nível de crescimento contribuindo para manter o melão competitivo no mercado externo. 5. Conclusão Em termos de produção de frutas, o Brasil é detentor do terceiro maior produtor mundial, ficando atrás apenas de países como a China e a Índia. Porém, vale destacar que as exportações brasileiras, mesmo com um volume total de exportações - cerca de 180 mil toneladas em 2014, segundo dados do IPECE -, o melão é a fruta mais exportada e provém uma receita em dólares de aproximadamente 151 milhões. A grande participação dos estados estudados denota-se da importância econômica que a produção meloeira tem na participação no mercado externo. A reorganização da estrutura produtiva e comercial do polo Rio Grande do Norte e Ceará foi um fator fundamental para que o Brasil não só abastecesse o mercado interno como também aumentasse sua participação no mercado internacional do melão. Ambos os estados Mossoró - RN, 16 a 18 de novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1546
são competitivos neste segmento, sendo que até 2008 o primeiro estado liderou a pauta de exportações, mas, em seguida foi ultrapassado pelo Ceará que lidera hoje esse mercado obtendo a maior receita dentre os estados registrando os maiores volumes enviados ao exterior. 6. Referências Bibliográficas
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A SALA DE AULA COMO ESPAÇO PARA AS DISCUSSÕES RELACIONADAS ÀS QUESTÕES AMBIENTAIS DA CAATINGA NORDESTINA
José Ozildo dos Santos (UFCG) - joseozildo2014@outlook.com Mestre em Sistemas Agroindustriais, professor do CDSA/UFCG Rosélia Maria de Sousa Santos (UFCG) - roseliasousasantos@hotmail.com Mestre em Sistemas Agroindustriais, professora da rede privada Vanessa da Costa Santos (IFPB) - nessacosta1995@hotmail.com Aluna do curso de Agroecologia Leandro da Costa Machado (IFPB) - leandropltj@hotmail.com Aluno do curso de Agroecologia Grupo de Pesquisa: Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Agroecologia Resumo Este trabalhou objetivou analisar a percepção ambiental dos docentes de uma escola pública do interior do Estado da Paraíba, sobre questões ambientais no Bioma Caatinga. Os dados foram coletados através de questionários e posteriormente analisado. Os dados coletados demonstraram que todos os professores entrevistados, independentemente da disciplina que lecionam, trabalham a temática ambiental em suas salas de aulas, e, que a maioria faz isto de forma transversal, embora considere difícil trabalhar tal temática. Essa dificuldade alegada pela maioria dos professores entrevistados em trabalhar a Educação Ambiental, traz implicações para o processo de contextualização do ensino, no que diz respeito à necessidade de se focalizar o Semiárido nas discussões promovidas no contexto escolar. E, como tal temática não é abordada de forma ampla, vem contribuindo para limitar o conhecimento sobre a região Semiárida, apresentado pelos alunos da maioria dos professores entrevistados. Desta forma, resumo, existe a necessidade de se investir na formação continuada destes professores, de maneira que sejam trabalhado aspectos de instrumentação de seus conhecimentos, de forma a desenvolver cada vez mais a Educação Ambiental para o desenvolvimento sustentável de Semiárido nordestino. Palavras-chaves: Bioma Caatinga. Questões Ambientais. Discussão Pedagógica. Abstract This work aimed to analyze the environmental perception of teachers of a public school in the state of Paraiba, on environmental issues in the Caatinga. Data were collected through questionnaires and subsequently analyzed. The data collected showed that all the teachers interviewed, regardless of the discipline they teach, work on environmental issues in their classrooms, and most do it across the board, but believes hard work this theme. This difficulty alleged by the majority of teachers interviewed in work Environmental Education, has implications for the process of contextualisation of education, with regard to the need to focus semiarid conditions in the discussions held in the Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1550
school context. And as such issue is not addressed broadly, it has contributed to limit the knowledge of the semiarid region, presented by the students of most teachers interviewed. Thus, summary, there is a need to invest in the continuing education of these teachers, so that they are working aspects of instrumentation their knowledge in order to develop more environmental education for sustainable development of semi-arid Northeast. Key words: Caatinga. Environmental issues. Pedagogical discussion. INTRODUÇÃO A temática ‘Desequilíbrios Ambientais’ não é nova na história da civilização ocidental. Desde a Grécia antiga já se registrava uma preocupação com o uso do meio ambiente de forma desordenada e também em relação às suas consequências resultantes do mau uso dos recursos naturais. No que diz respeito ao semiárido brasileiro, a Caatinga tem se constituído um tema bastante discutido, principalmente, por ser considerada um dos biomas brasileiros mais degradado, tendo mais de 45% de sua cobertura original alterada pela ação do homem e também por localizar-se em uma região conhecida como Polígono das Secas, onde se encontra ecossistemas mais vulneráveis ao processo de desertificação (CASTELLETTI et al., 2005). Um estudo desenvolvido por Araújo e Sousa (2011) abordando o estado de conservação da Caatinga nordestina, destaca que a situação atual apresentada por esse bioma é resultante de fatores favoráveis a situação de vulnerabilidade, das condições do clima, dos solos, com também da exploração inadequada dos recursos naturais e devido ao superpastoreio, o que tem contribuído para diminuição da fauna original, ameaçando de extinção uma grande variedade de organismos. Quando se analisa os ‘Desequilíbrios Ambientais’ dessa região, dentre as maiores preocupações, pode-se destacar o processo de desertificação, que tem se intensificado pela ocupação e intervenção humana desordenada, provocando a perda de solos férteis, a extinção de várias espécimes da fauna e da flora, afetando a biodiversidade e a população humana (ABÍLIO; FLORENTINO, 2011). Por outro lado, o Estado da Paraíba, onde o presente estudo foi realizado, é a unidade federativa que possui o maior percentual de área com nível de desertificação em nível muito grave, afetando o dia-a-dia de mais de 653 mil pessoas residentes em seu território (ABÍLIO; FLORENTINO, 2011). Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1551
Nesse cenário, o bioma Caatinga é considerado um tema emergente, já que a exploração de recursos naturais realizada de forma indiscriminada provoca danos irreparáveis no âmbito ambiental, social e econômico, afetando, assim, a sustentabilidade desse ecossistema. Na concepção de Silva; Cândido e Freire (2009, p. 24):
Temas como este, merecem a atenção de estudos que investigam as ações do homem sobre o ambiente no qual ele está inserido. Além de avaliar as diversas formas de uso dos recursos naturais, a percepção ambiental, é um instrumento utilizado em diversas áreas do conhecimento, para a melhoria da qualidade de vida do homem e das demais espécies que com ele interagem, podendo ser definida como uma tomada de consciência do ambiente pelo homem; ou seja, o ato de perceber o ambiente no qual se está inserido, aprendendo a proteger e a cuidar do mesmo.
É importante destacar que os problemas vivenciados na Caatinga são reflexos de uma longa ação predatória, que não tem levado em consideração os parâmetros de sustentabilidade, impossibilitando que o meio se recomponha-se de forma natural. No que diz respeito à percepção ambiental, trata-se, segundo Silva; Cândido e Freire (2009, p. 24) de:
[...] um instrumento utilizado em diversas áreas do conhecimento, buscando a melhoria da qualidade de vida do homem e dos outros seres vivos, podendo ser definida como uma sensibilização em relação ao ambiente pelo homem, no caso, o ato de perceber o ambiente no qual se está inserido, protegendo e cuidando do mesmo.
A partir do estudo da percepção ambiental é possível compreender as diferentes formas de ver e sentir o ambiente, possibilitando um maior envolvimento com as especificidades de cada comunidade, de maneira que possa ser desenvolvida uma educação ambiental participativa, capaz de valorizar o contexto ambiental, social, cultural, econômico e ético, elementos estes importantes para o processo relacional homem-sociedade e natureza. Assim sendo, levando em consideração o fato de que a Caatinga é o único bioma exclusivamente brasileiro, com biodiversidade composta por fauna e flora peculiar, mas que lamentavelmente é desvalorizada e pouco explorada cientificamente, como também marginalizada no processo educativo, este trabalho objetiva analisar a percepção ambiental dos docentes de uma escola do município de Patos, Estado da Paraíba, correlacionando-a com as características evidenciadas no bioma Caatinga.
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METODOLOGIA
A pesquisa foi realizada com 10 professores da Escola Estadual de Ensino Médio José Alves Gomes, localizada no município de Patos, Estado da Paraíba, durante o mês de setembro de 2016. O estudo caracterizou como sendo uma pesquisa de cunho quali-quantitativo, onde utilizou-se os pressupostos teórico-metodológicos elementos da etnografia escolar. Segundo Chizzotti (1995, p. 104), “a pesquisa qualitativa objetiva provocar o esclarecimento de uma situação para uma tomada de consciência pelos próprios pesquisados dos seus problemas e das condições que os geram, a fim de elaborar os meios e estratégias de resolvê-los”. Para esta pesquisa, utiliza-se também medidas quantitativas associadas às qualitativas, buscando representar a intenção de garantir a precisão dos resultados, evitar distorções de análise e interpretação, e, possibilitado uma margem de segurança quanto às inferências (RICHARDSON, 2010). Como instrumentos de coletas de dados utilizou-se questionários estruturados, contendo questões conceituais sobre a Biodiversidade e relativas ao Bioma Caatinga, com a finalidade de conhecer a percepção ambiental e aspectos relacionados a práticas pedagógicas do professor no campo da Educação ambiental. A escolha pela utilização de questionários se deu, principalmente, pela facilidade de se descrever as características e por permitir uma melhor medição dos variáveis dos grupos sociais estudados (GIL, 1999).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Inicialmente, procurou-se sabe dos professores entrevistados o que é para eles a Educação Ambiental? Os dados obtidos com esse questionamento encontram-se apresentados no Gráfico 1.
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Gráfico 1. Distribuição dos participantes quanto ao que é Educação Ambiental 80% 70% 70%
Uma proposta educativa inovadora, voltada para as questões relacionadas ao meio ambiente (n=2)
60% 50%
Uma forma de se discutir as questões ambientais, levando em consideração apenas os impactos econômicos (n=1)
40% 30% 20% 20% 10% 10% 0%
Um processo que visa formar uma população mundial consciente e preocupada com o ambiente e com os problemas que lhe dizem respeito (n=7)
Analisando-se o Gráfico 1 verifica-se que de acordo com 20% dos professores entrevistados, a Educação Ambienta é vista como sendo uma proposta educativa inovadora, voltada para as questões relacionadas ao meio ambiente, 10% entendem tal disciplina como sendo uma forma de se discutir as questões ambientais, levando em consideração apenas os impactos econômicos. No entanto, 70% definem a Educação Ambiental como sendo um processo que visa formar uma população mundial consciente e preocupada com o ambiente e com os problemas que lhe dizem respeito. Embora existam várias definições para a Educação Ambiental, utiliza-se com uma maior frequência a definição apresentada durante o Congresso de Belgrado, promovido pela UNESCO em 1975, oportunidade em que a EA foi definida como sendo um processo que visa:
[...] formar uma população mundial consciente e preocupada com o ambiente e com os problemas que lhe dizem respeito, uma população que tenha os conhecimentos, as competências, o estado de espírito, as motivações e o sentido de participação e engajamento que lhe permita trabalhar individualmente e coletivamente para resolver os problemas atuais e impedir que se repitam [...] (UNESCO apud MARCATTO, 2002, p. 14).
Assim sendo, constata-se que a EA é um processo que objetiva promover a conscientização coletiva da sociedade em relação à necessidade de preservar o meio ambiente como um todo, formando cidadãos conscientes quanto ao seu papel nesse processo de preservação. Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1554
Destaca Marcatto (2002, p. 12) que:
A educação ambiental é uma das ferramentas existentes para a sensibilização e capacitação da população em geral sobre os problemas ambientais. Com ela, busca-se desenvolver técnicas e métodos que facilitem o processo de tomada de consciência sobre a gravidade dos problemas ambientais e a necessidade urgente de nos debruçarmos seriamente sobre eles.
Assim, pelo demonstrado, a EA é um processo que busca mudar a forma de como o ser humano ver o meio ambiente, envolvendo-o nas discussões sobre os problemas ambientais, tornando-o responsável pela construção de um mundo no qual se garanta condições dignas de vida para as gerações futuras, de forma que estas possam desfrutar também dos recursos naturais hoje existentes. Num segundo momento, procurou-se saber dos professores que participaram a presente pesquisa, como eles definiriam a Caatinga, enquanto bioma. O Gráfico 2 sintetiza os dados colhidos nesse questionamento.
Gráfico 2. Distribuição dos participantes quanto ao à definição de Caatinga 45% 40%
Como uma região árida que possui uma vegetação à base de cactáceas (n=3)
40% 35% 30%
30%
30% 25%
Um bioma diversificado e único no mundo (n=4)
20% 15% 10%
Um bioma que possui suas singularidades mas que ainda não foi estudado de forma completa (n=3)
5% 0%
De acordo com os dados apresentados no Gráfico 2, 30% dos professores entrevistados definem a caatinga como sendo uma região árida que possui uma vegetação à base de cactáceas; Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1555
40% conceituam a Caatinga como sendo um bioma diversificado e único no mundo. E, os demais (30%), como um bioma que possui suas singularidades, mas que ainda não foi estudado de forma completa. Duque (2004, p. 31) define a Caatinga como sendo “um conjunto de árvores e arbustos espontâneos, densos, baixos, retorcidos, leitosos, de aspecto seco, de folhas pequenas e caducas, no verão seco, para proteger a planta contra a desidratação pelo calor e pelo vento”. A Caatinga é o único bioma exclusivamente brasileiro. Por isso, grande parte do patrimônio biológico dessa região não é encontrada em outro lugar do planeta, além do nordeste do Brasil (ANDRADE, 2001). Informam Ferreira et al. (2007) que a Caatinga cobre quase todo o nordeste brasileiro, atingindo uma área de quase 10% do território nacional, abrangendo os Estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Alagoas e Bahia, sul e leste do Piauí e norte de Minas Gerais. Entretanto, essa vegetação única, constitui-se no terceiro bioma mais degradado ambientalmente, no Brasil, perdendo apenas para Floresta Atlântica e para o Cerrado. Afirmam Rocha et al. (2007, p. 2629) que:
Dentre os biomas brasileiros, é o menos conhecido cientificamente e vem sendo tratado com baixa prioridade, não obstante ser um dos mais ameaçados, devido ao uso inadequado e insustentável dos seus solos e recursos naturais, e por ter cerca 1% de remanescentes protegidos por unidades de conservação. Ao longo de quase quinhentos anos, a Caatinga é explorada. De forma inconsciente, o homem utilizando-se de queimadas, devastou grandes extensões desse bioma, objetivando plantar pastagens e outras culturas, a exemplo do algodão, sem, contudo, preocupar-se com o desequilíbrio ecológico proveniente de suas ações impensadas. Em ato continuo, indagou-se dos professores entrevistados quais as plantas típicas da Caatinga que apresentam um maior destaque. O Gráfico 4 apresenta os resultados colhidos com esse questionamento. Quadro 1 - Espécies Vegetais típicas da Caatinga citadas pelos docentes Famílias
Espécimes (Nome popular)
Percentual (%)
Braúna
20%
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Anacardiaceae
Umbuzeiro
80%
Palmatória
10%
Mandacaru
30%
Xique-xique
60%
Catingueira
60%
Jucá
40
Burseraceae
Imburama
100%
Bromeliaceae
Macabira
100%
Angico
60%
Jurema
40%
Marmeleiro preto
70%
Euphorbiaceae
Pinhão
30%
Urticaceae
Urtiga
100%
Apocynaceae
Pereiro
100%
Cactaceae
Caesalpinioideae
Mimosaceae
Analisando o Quadro 1 verifica-se que o pereiro, a urtiga, o marmeleiro preto, o angico, a imburana, a catingueira, o xique-xique, a macambira e o umbuzeiro, encontram-se entre as espécies vegetais mais citadas pelos professores entrevistados na presente pesquisa. Algumas dessas espécies possuem uso medicinal tanto na etnobotânica quanto na etnoveterinária, como é o caso do pereiro, angico, pinhão, urtiga, jurema e catingueira (RODRIGUES et al., 2002). Outras, porém, são utilizadas na alimentação tão do homem, quanto de animais, com destaque para o umbuzeiro e o mandacaru, para a alimentação humana e o xique-xique, a palmatória, macambira, o marmeleiro para alimentação animal, principalmente, durante o período de estiagens (ALBUQUERQUE et al., 2010). Já em relação ao uso da madeira, dentre as espécies vegetais da caatinga citadas pelos professores, destacam-se o pereiro, o angico e a imburana. No entanto, tem-se que reconhecer que a exploração desordenada desses recursos, principalmente, para a produção de carvão vegetal, tem comprometido a sustentabilidade do bioma Caatinga (ALBUQUERQUE et al., 2010).
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Indagou-se ainda dos professores da Escola Estadual de Ensino Fundamental Simeão Leal, quais as espécies de animais nativos da Caatinga que eles mais conheciam. Os resultados obtidos foram condensados e apresentados no Quadro 2.
Quadro 2 - Animais típicos da Caatinga citados pelos docentes Classe
Mamífero
Repteis
Aves
Insetos
Espécies (Nome popular)
Percentual (%)
Préa
60%
Tatu
30%
Gato do Mato (Maracajá)
10%
Cobra
40%
Camaleão
20%
Lagartixa
40%
Carcará
10%
Rolinha
70%
Anum
20%
Abelha jandaira
20%
Formiga
50%
Besouro do cão
30%
Quando se analisa o Quadro 2, constata-se que segundo os professores entrevistados, as espécies de animais típicos da Caatinga que são por eles conhecidas são: o preá (mamífero), a cobra e a lagartixa (repteis), a rolinha (ave) e as formigas (insetos). Alguns dos animais relacionados no Quadro 2, são com grande frequência abatidos e consumidos pelo sertanejo como forma de alimento, com destaque para preá, o tatu, o gato maracajá, o carcará, a rolinha e o anum. Este último, a espécie mais consumida é o anum branco. No que diz respeito à abelha jandaira, popularmente conhecida como uma abelha sem ferrão, produz um excelente mel que além de ser consumido como alimento, possui uma utilização medicinal, sendo adicionado a algumas plantas medicinais a exemplo do mastruz, do limão, da laranja, da hortelã, da romã, bem como o e alho, principalmente, no sertão paraibano (ANDRADE et al., 2012).
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Posteriormente, perguntou-se aos professores que integram a amostra, o que vem a ser meio ambiente. As respostas colhidas nesse questionamento foram transformadas em dados e apresentadas no Gráfico 3.
Gráfico 3. Distribuição dos participantes quanto ao que vem a ser Meio Ambiente 60% 50% 50%
É o espaço que reúne as condições necessárias à sobrevivência dos seres vivos (n=2)
40% 30% 30%
É o conjunto dos elementos físicoquímicos, ecossistemas naturais e sociais em que se insere o Homem, individual e socialmente (n=3)
20% 20%
10%
É o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas (n=5)
0%
Com base nos dados apresentados no Gráfico 3, para 20% dos professores entrevistados, meio ambiente é o espaço que reúne as condições necessárias à sobrevivência dos seres vivos; 30% entendem como sendo o conjunto dos elementos físico-químicos, ecossistemas naturais e sociais em que se insere o Homem, individual e socialmente. Contudo, 50% definem o termo meio ambiente como sendo o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. O próprio IBGE (2004, p. 210) define meio ambiente como sendo o “conjunto dos agentes físicos, químicos, biológicos e dos fatores sociais susceptíveis de exercerem um efeito direto ou mesmo indireto, imediato ou a longo prazo, sobre todos os seres vivos, inclusive o homem”. Vários são os conceitos existentes para o termo meio ambiente. No entanto, a noção básica que se tem sobre o mesmo é a de trata-se de tudo que existe em volta dos seres vivos, incluindo
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também aquilo que não possui vida, além das manifestações socioculturais. Por outro lado, o meio ambiente diz respeito aos fatores bióticos, edáficos e climáticos que determina a sobrevivência dos seres vivos sobre a Terra. Através do 4º questionamento, indagou-se dos professores participantes, como eles caracterizam o Semiárido. No Gráfico 4 encontram-se apresentados os dados relativos a esse questionamento. Gráfico 4. Distribuição dos participantes quanto ao fato de como eles caracterizam o Semiárido 45% 40% 40%
Apresenta clima quente e baixas precipitações com distribuição irregular (n=3)
35% 30%
30%
30% Apresenta solos pedregosos e pobres em matéria orgânica (n=3)
25% 20% 15%
Apresenta rede de drenagem formada por riachos e rios temporários (n=4)
10% 5% 0%
Com base no Gráfico 4, verifica-se que 30% dos professores entrevistados, caracterizam o Semiárido como sendo uma região que apresenta clima quente, possuindo também baixas precipitações distribuídas de forma irregular; 40% afirmaram que o Semiárido apresenta rede de drenagem formada por riachos e rios temporários, enquanto que os demais (30%) declararam que tal região se caracteriza por apresentar solos pedregosos e pobres em matéria orgânica. O Semiárido nordestino caracteriza-se por possuir uma vegetação que apresenta um aspecto agressivo, havendo uma predominância de cactáceas colunares a exemplo do mandacaru e do facheiro, além de outros arbustos e árvores com espinhos. Nessa região, o solo é bastante pedregoso e pouco profundo. E, por isso, não consegue armazenar a água que cai, durante o período chuvoso (DUQUE, 2004). Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1560
Posteriormente, indagou-se dos professores participantes, de que forma eles trabalham a temática ambiental em suas disciplinas. O Gráfico 5, por sua vez, sintetizam os dados relativos a esse questionamento.
Gráfico 5. Distribuição dos participantes quanto à forma como trabalham a temática ambiental em suas disciplinas 70% Como tema transversal (n=6)
60% 60% 50% 40%
Mediante a realização palestras/seminários (n=2)
de
30% 20%
20%
20% Através de aulas de campo (n=2) 10% 0%
Quando se analisa o Gráfico 5, verifica-se que 60% dos professores entrevistados trabalham a temática ambiental como um tema transversal; 20% declararam que exploram a referida temática mediante a realização de palestras ou seminários e outros 20% informaram que utilizam-se de aulas de campo para trabalharem a temática meio ambiente. De acordo com Sato (2002, p. 37):
Há diferentes formas de incluir a temática ambiental nos currículos escolares, como atividades artísticas, experiências práticas, atividades fora de sala de aula, produção de materiais locais, projetos ou qualquer outra atividade que conduza os alunos a serem reconhecidos como agentes ativos no processo que norteia a política ambientalista. Cabe aos professores, por intermédio de prática interdisciplinar, proporem novas metodologias que favoreçam a implementação da Educação Ambiental, sempre considerando o ambiente imediato, relacionado a exemplos de problemas atualizados.
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Diante da necessidade se trabalhar a Educação Ambiental, cabe à escola a missão de procurar a melhor maneira objetivando tornar possível uma aprendizagem significativa. Assim, em toda e qualquer ação desenvolvida, ela deve proporcionar a participação de todas os seus alunos nesse processo, revendo o currículo de forma a garantir um melhor desenvolvimento da interdisciplinaridade. De acordo com Marcatto (2002, p. 19):
[...] propõe-se que as questões ambientais não sejam tratadas como uma disciplina específica, mas sim que permeie os conteúdos, objetivos e orientações didáticas em todas as disciplinas. A educação ambiental é um dos temas transversais dos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ministério da Educação e Cultura.
Independente da disciplina que leciona, o professor em sua sala de aula deve abordar a saúde e os questionamentos a ela relacionados, seja como parte dos conteúdos didáticos ou em forma de tema transversal. Nesse sentido, expressam os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997, p. 64), que a transversalidade:
[...] pressupõe um tratamento integrado das áreas e um compromisso das relações interpessoais e sociais escolares com as questões que estão envolvidas nos temas, a fim de que haja uma coerência entre os valores experimentados na vivência que a escola propicia aos alunos e o contato intelectual com tais valores.
Analisando a citação transcrita acima, percebe-se que a transversalidade é um recurso que em muito enriquece a aula. Através de tal recurso, é possível o professor de Matemática, por exemplo, abordar em sala de aula as questões ambientais, discutindo quanto do território brasileiro encontra-se vem sofrendo com a degradação ambiental, transformando tal fenômeno em números, exprimindo percentuais, etc. Ao utilizar tal recurso o professor consegue melhor contextualizar suas aulas, fazendo com que as mesmas sejam facilmente compreendidas por seus alunos. Em síntese, através dos Temas Transversais pode obter o resgate da dignidade da pessoa humana, a igualdade de direitos, a participação ativa na sociedade.
CONCLUSÃO
A pesquisa de campo possibilitou concluir que a maioria dos professores entrevistados entende a Educação Ambiental como um processo que tem por objetivo construir uma sociedade Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1562
consciente sobre a necessidade de se preservar o meio e de se discutir as questões a ele relacionadas. E, que o meio ambiente diz respeito a um conjunto de condições, que permitem a existência dos seres vivos na Terra. É consenso entre a maior parte dos entrevistados de que a Caatinga constitui um bioma único no mundo, possuindo suas singularidades, sendo formado por uma vegetação à base de cactáceas. Especificamente em relação ao Semiárido, os entrevistados possuem o entendimento de que se trata de uma região, que em razão das condições climáticas, é formada por riachos e rios temporários, apresentando ainda solos pedregosos e pobres em matéria orgânica. Uma significativa conclusão proporcionada por esta pesquisa diz respeito ao fato de que a escola a qual encontram-se vinculados os entrevistados, vem desenvolvendo um projeto ambiental, demonstrando uma certa preocupação com o meio ambiente, possibilitando a formação de uma melhor percepção ambiental e dando os primeiros passos para sua transformação em escola promotora da sustentabilidade. Os dados coletados também demonstraram que todos os professores entrevistados, independentemente da disciplina que lecionam, trabalham a temática ambiental em suas salas de aulas, e, que a maioria faz isto de forma transversal, embora considere difícil trabalhar tal temática. Essa dificuldade alegada pela maioria dos professores entrevistados em trabalhar a Educação Ambiental, traz implicações para o processo de contextualização do ensino, no que diz respeito à necessidade de se focalizar o Semiárido nas discussões promovidas no contexto escolar. E, como tal temática não é abordada de forma ampla, vem contribuindo para limitar o conhecimento sobre a região Semiárida, apresentado pelos alunos da maioria dos professores entrevistados. Este fato demonstra a necessidade de uma maior capacitação por parte dos professores em torno das questões ambientais, bem como a necessidade de uma definição de novas metodologias que proporcionem uma maior aquisição de conhecimento por parte dos alunos, proporcionando, assim, uma aprendizagem significativa e a formação de cidadãos ecologicamente conscientes. Em resumo, existe a necessidade de se investir na formação continuada destes professores, de maneira que sejam trabalhado aspectos de instrumentação de seus conhecimentos, de forma a desenvolver cada vez mais a Educação Ambiental para o desenvolvimento sustentável de Semiárido nordestino.
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ANÁLISE CONTÁBIL SOBRE O CUSTO DA SAZONALIDADE NA PRODUÇÃO DE MELÃO
ACCOUNTING ANALYSIS FOR THE COST OF SEASONALITY IN MELON PRODUCTION
Antonio Rafael Holanda da Silva Universidade Norte do Paraná (UNOPAR) rafaeldantonio@hotmai.com Ana Zanandréia Rocha Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) anazanandreia@hotmail.com Larissa Karoline Souza Silva Universidade Norte do Paraná (UNOPAR) larissakaroline2009@hotmail.com Arly Dayany Fernandes Lopes de Carvalho Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) arlydaiane@hotmail.com Grupo de Pesquisa: Grupo 5. Agronegócio, Mercados e Comercialização
Resumo No cenário econômico atual, onde é evidente a competitividade entre as organizações, as indústrias agrícolas necessitam tomar conhecimento quantos aos seus custos de produção e a lucratividade das culturas desenvolvidas. Nesse âmbito, a contabilidade auxilia no agronegócio de modo eficiente proporcionando informações que vão desde os custos, receitas e despesas auferidas, até a mensuração dos estoques, bem como no comparativo dos resultados no período de safra, como também na determinação do custo do período ocioso, época em que a produção é insuficiente ou quando não há produção. Assim sendo, a pesquisa tem por objetivo verificar se a indústria agrícola realiza a mensuração do período ocioso durante o processo produtivo do melão. A presente pesquisa corresponde a um estudo de caso realizado em uma empresa do ramo agrícola que atua na cidade de Mossoró-RN, de caráter Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1566
descritivo e bibliográfico, apresentando uma abordagem qualitativa, tendo sido aplicado um questionário composto por 13 perguntas mistas (abertas e fechadas), estruturadas em duas categorias, sendo a primeira composta por 5 perguntas as quais caracterizam o perfil do respondente e a segunda com 8 perguntas que caracterizam a pesquisa. Diante dos resultados obtidos, o objetivo do estudo foi alcançado visto que a ociosidade da cultura principal concentra-se nos meses de maio, junho e julho, onde são incorridos custos com a manutenção física da fazenda na entressafra e em se tratando da mensuração da ociosidade, a mesma é efetuada com base nos gastos que são contabilizados como custo dos produtos vendidos a cada apuração trimestral, utilizando-se o método do custo histórico para avaliar a safra fundada, a qual é reconhecida como ativo biológico, configurando na forma mais apropriada para mensurar o produto agrícola, uma vez que o melão não possui valor justo de mercado por encontrar-se em fase de produção. Palavras-chave: Ociosidade; Contabilidade; Custo; Melão.
Abstract In the economic scenario, where competition between organizations is evident, agricultural industries need to be aware as to their costs of production and profitability of the culture that is developed. In this context, accounting assists in agribusiness providing information involving different forms of inventory valuation, comparison between harvest periods as agricultural years, machinery depreciation, efficient measurement of costs, revenues and expenses and determine the cost of period idle times in which production is insufficient. Therefore, the research aims to verify that the agricultural industry realizes the measurement of idle time during the production process melon. This research corresponds to a case study in a company of the agricultural industry which operates in the city of Mossoró-RN, descriptive and bibliographic, with a qualitative approach and applied a questionnaire consisting of 13 mixed questions (open and closed) structured into two categories, the first being composed of 5 questions which characterize the respondent's profile and the second questions to 8 characterized search. Based on these results, the objective was achieved since the idleness of the main crop is concentrated in the months of May, June and July, which are costs incurred with the physical maintenance of the farm in the off season and in the case of measurement of idleness the same is done based on the expenses that are recorded as cost of goods sold each quarterly assessment, using the method of historical cost to evaluate the established crop, which is recognized as biological assets, setting the most appropriate way Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1567
to measure the agricultural product, since the melon doesn’t have fair market value for be in production. Key words: Idleness; Accounting; Cost; Melon.
1. Introdução
Frente ao cenário econômico, onde é evidente a competitividade entre as organizações, as indústrias agrícolas necessitam tomar conhecimento quantos aos seus custos de produção e a lucratividade da cultura que é desenvolvida, para que se possa compreender e estabelecer um preço devido, considerando as peculiaridades da atividade agrícola, como: a sazonalidade da produção, a dependência climática e as propriedades dos produtos. Nesse âmbito, a contabilidade auxilia no agronegócio proporcionando informações que envolvam diferentes formas de avaliação de estoque, comparativos entre períodos de safra conforme os anos agrícolas, depreciação de máquinas, uma mensuração eficiente dos custos, receitas e despesas, bem como determinar o custo do período ocioso em épocas que a produção é insuficiente. De acordo com Faria et al. (2010) relatórios que contenham um acompanhamento do fluxo da empresa, demonstrando dados tanto econômicos quanto financeiros da empresa rural, garantem uma boa gerência e possibilitam identificar desvios durante o processo produtivo e a causa dos mesmos, contribuindo para um melhor planejamento e controle da entidade. Para a PWC (2012) a ociosidade é tida como um potencial que não fora utilizado, de modo total ou parcialmente, tais custos se caracterizam como de natureza fixa, geralmente com manutenção, depreciação, aluguéis entre outros, sendo esses os custos que continuam sendo incorridos sem depender do nível da produção. Nesse contexto, tem-se como problemática que irá nortear a pesquisa: será que a indústria agrícola realiza a mensuração do período ocioso durante o processo produtivo do melão? E como objetivo geral verificar se a indústria agrícola realiza a mensuração do período ocioso durante o processo produtivo do melão. O estudo justifica-se pela necessidade das indústrias agrícolas avaliarem a influência do período de ociosidade na produção, e diante disso tomar as devidas decisões para suportar a queda no nível de produção, assim também pela região na qual será aplicada a pesquisa, que corresponde ao município de Mossoró/RN, este segundo Araújo e Campos (2011) faz parte do
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agropolo fruticultor Mossoró/Açu responsável por 90% da produção de melão, considerado o maior produtor e exportador de melão do Brasil. Como enquadramento metodológico, o trabalho tem uma abordagem qualitativa, de aspecto descritivo e exploratório, tratando-se de um estudo de caso em uma indústria agrícola do município de Mossoró/RN, de cunho bibliográfico, onde fora utilizado materiais publicados que fundamentam a pesquisa.
2. Referencial teórico
2.1 A cultura do melão
Tem-se como centro de origem do melão (Cucumis melo L.) a África, contudo a sua disseminação aconteceu na Índia, dispersando-se deste território para todos os lados. Atualmente é possível encontrar plantações de melão em diferentes lugares do mundo, desde os países localizados no centro e sul da América e da África, como também os do leste e centro da Ásia e os países mediterrâneos. Esta variedade de territórios onde é realizado o cultivo do meloeiro, é resultado de uma variabilidade genética que vem possibilitando a adequação desta planta às condições agronômicas distintas, de tal forma que hoje em dia encontram-se melões de diferentes tamanhos, formatos, aromas e cores sendo ofertado no mercado (OLIVEIRA et al., 2012 apud DEULOFEU, 1997). A fruticultura do melão vem se desenvolvendo na região Nordeste, principalmente por conta de seu clima favorável para a produção desta atividade, visto que esta região possui condições propícias de clima, solo e luz. De acordo com Oliveira (2008) o melão é a fruta resultante do cultivo de uma das espécies de olerícolas, sendo esta cultura uma das que tem maior representatividade econômica no país, especialmente no Nordeste. Sua inserção deu-se em meados dos anos 60 no Rio Grande do Sul, para nos anos 70 se propagar para São Paulo, e em seguida se expandir para os estados de Pernambuco e Bahia. Apenas na década de 1980 que o Rio Grande do Norte passa a participar da produção brasileira de melão, na cidade de Mossoró, através da companhia Maisa Agroindustrial S.A., a qual produzia melão proveniente da Espanha. A partir deste momento observou-se o progresso na produção de melão no Nordeste.
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Com isso, é percebido a relevância que este tipo de cultura tem para a produção agrícola brasileira, e principalmente a nordestina, apesar da sua propagação ser relativamente recente. Conforme afirmam Araújo e Campos (2011) é notório a forte ascensão do plantio no Nordeste devido ao clima propício, é visto que o calor e insolação auxiliam na melhora da produtividade, na redução da existência de pragas e com isso a utilização de agrotóxicos na plantação, como também diminui o tempo de colheita, desta forma acarretando aproveitamento e qualidade da produção.
Figura 1 - Informativo sobre área plantada, colhida, quantidade produzida e valor da produção de melão no ano de 2014
Fonte: IBGE (2014)
A partir dos dados do IBGE demonstrados pela Figura 1, observa-se que o Nordeste compreende boa parte da produção de melão no Brasil no ano de 2014, sendo detentora de cerca de 94,77% da quantidade produzida em toneladas. Deste total do Nordeste, verifica-se que mais de 41% da produção é somente no estado do Rio Grande do Norte, um percentual bem significativo, levando-se em consideração que a região possui nove estados. E dentro do estado do Rio Grande do Norte, destaca-se a cidade de Mossoró, com mais de 90% da quantidade de melão produzida na unidade federativa.
2.2 Sazonalidade
É observada a sazonalidade no sentido em que a mesma esta relacionada à periodicidade, uma situação que se repete em certas épocas ou estação do ano. Conforme
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afirmam Mesquita e Martins (2010 apud Mesquita, 2008), sazonalidade em significado restrito, é uma característica que se observa em um período. Já em sentido abrangente, diz respeito a parâmetros uniformes de performance durante certos intervalos de tempo, relativo às estações climáticas do ano. Segundo Mesquita e Martins (2010, p. 2):
Diversas atividades possuem padrão sazonal, destacando-se: agricultura, pesca, turismo, construção civil, alguns ramos do comércio varejista, entre outras. No caso específico da agricultura, a título de ilustração, o fenômeno ocorre da seguinte maneira: dada uma estação qualquer, uma determinada tarefa deve ser desempenhada, por exemplo o plantio; em outra estação, outra atividade será preponderante, por exemplo, a colheita. Em síntese, todos os produtores rurais envolvidos com aquela cultura deverão seguir as estações para cumprir com o ciclo produtivo. Nesse caso específico, a concentração da colheita em um só período irá determinar excesso de oferta de produto e a concentração do plantio irá determinar excesso de demanda por matérias primas e outros insumos de produção.
A partir dessas concentrações que é possível notarem a variação de oferta e procura de determinados produtos, e com isso também se observa a tendência na oscilação de preços. No caso dos produtos agrícolas, por exemplo, entende-se que uma boa ou má safra é um dos motivos determinantes que influencia para a queda ou aumento, respectivamente, de preço do produto no ano. Mesquita e Martins (2010 apud Brandt, 1980 e Reis, 1998) vêm justamente confirmar esta tendência sazonal de oferta e consequente variação de preços nos produto, visto as particularidades biológicas das plantas. É no estágio de safra que é verificado uma oferta considerável e os preços reduzidos, o que ocorre de forma oposta na entressafra, com uma disponibilidade mais limitada e preços mais altos, acontecimento que engloba outros varejos de hortigranjeiros, sendo estes conhecidos dos consumidores. De acordo com Varejão Neto (2008) a sazonalidade nos produtos pode ser provocada, de forma geral, em decorrência das precipitações pluviométricas, alteração na temperatura e na umidade relativa do ar resultantes da existência das estações climáticas do ano. Entretanto, percebe-se que esta pode estar associada a datas comemorativas, como dia das mães, dos pais e dia das crianças, às festas religiosas como o Natal, ou outras datas como carnaval e ano
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novo. E outro cenário que possibilita a sazonalidade é a diferença na quantidade de dias de trabalho de um mês para o outro. Contudo, analisando-se as conceituações e explanações dadas, observa-se que para a produção agrícola, o fator principal da sazonalidade dos preços é de fato as estações do ano, pois as mesmas interferem sobretudo nos dispêndios incorridos pelos produtores.
2.3 Contabilidade aplicada ao agronegócio
A contabilidade quando associada ao meio rural, tem a propriedade de contribuir para um melhor controle e registro das atividades das organizações que desempenham a prática agrícola ou pecuária, tendo o patrimônio como objeto que será gerido. No dizer de Ulrich (2009) a contabilidade funciona como instrumento de apoio às tomadas de decisões no decorrer da execução das operações da empresa rural, sendo que ela é desenvolvida dentro do ciclo de coletas junto à um processamento de dados que resulta na obtenção de informações, na forma de relatórios contábeis. Como de fundamental relevância, a contabilidade irá orientar a empresa rural por meio de demonstrativos financeiros, considerando o ano agrícola e o exercício social, visto que diferentemente de outras empresas, o lucro concentra-se nos períodos de colheita, e não no decurso de 12 meses. Para Costa, Libonati e Rodrigues (2004) quando refere-se à atividade agrícola, o exercício social é concluído logo após o ano agrícola, este na maioria das vezes corresponde ao período de 12 meses, que vai desde o início do cultivo até a colheita, sendo decorrente da concentração da receita logo ou após a colheita. Assim sendo, a colheita é fator determinante para classificação contábil das culturas agrícolas, onde Crepaldi (2005) cita que as culturas temporárias funcionam com o replantio à cada colheita, após ser arrancada do solo, e os valores desembolsados para formação da cultura serão tratados como despesas de custeio, em contrapartida as culturas permanentes não requer o replantio, pois já propiciam várias colheitas, por estarem vinculadas ao solo. Referindo-se ao agronegócio, há uma série de fatores característicos que interferem na produção como: as condições ambientais, o produto que tem tendência a ficar perecível rapidamente, a exposição à pragas e doenças, bem como a sazonalidade da produção, representando um desafio para a continuidade das entidades que desenvolvem a agricultura. Segundo Ulrich (2009) as empresas rurais devem procurar novos modelos para o padrão Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1572
operacional, com foco voltado a manter um padrão elevado de qualidade, fazendo da redução dos custos de produção e a busca por faturamento, componentes deste novo modelo produtivo das propriedades rurais. As estratégias que determinam o sucesso dos empreendimentos rurais devem combinar qualidade à um preço competitivo, baseando-se na escala produtiva e buscando uma produção ambientalmente correta. Para adoção de uma estratégia eficaz, deve ser avaliado o potencial de mercado e as condições do agronegócio brasileiro, onde faz-se necessário um corpo gestor que se utilize da contabilidade, aprimore os métodos de produção e gerencie a organização rural.
2.4 Custeio da ociosidade sob a perspectiva contábil
No ambiente industrial tem-se atividades que não agregam valor, de forma que não contribuem para alcance do objetivo empresarial, dentre elas as perdas durante o processo produtivo, a produção de itens com defeitos e até mesmo a capacidade ociosa, dentre outras. Esta última é recorrente em períodos em que o mercado econômico não se encontra aquecido, com condições desfavoráveis às atividades organizacionais. De acordo com Souza et al. (2011) a capacidade ociosa é tida como sendo o não funcionamento do tempo corretamente ou o longo período de disponibilidade de determinado processo, os custos por lentidão de máquinas sem manutenção e a capacidade subutilizada são considerados exemplos de ociosidade. Em se tratando das dificuldades de se mensurar os custos de um produto final, a ociosidade apresenta-se como tal, onde as entidades não sabem a forma de calcular ou registrá-la contabilmente. É fundamental que uma empresa saiba identifica e avaliar os custos inerentes à ociosidade, trabalhando de modo a minimizá-los para que estes não venham a interferir no preço de venda. Na concepção de Eckert et al. (2013) a ociosidade pode ser obtida através da diferença entre o volume de produção normal e volume realmente produzido, aplicando-se o percentual que corresponde a essa diferença aos custos fixos. Dentre outras fórmulas como: a razão entre o percentual do tempo parado por dias em horas e o total de 24 horas ou o produto entre o volume médio da produção, o custo médio de produção unitário, o tempo médio trabalhado na safra e a ineficiência industrial, entre outros métodos de cálculo. Em relação ao registro contábil o CPC 16 (R1) (2009), no que diz respeito aos custos de ociosidade, cita que os custos fixos que não estejam alocados aos produtos devem ser Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1573
contabilizados como despesa no período em que são incorridos, ou seja, o tempo ocioso estará representado nos demonstrativos financeiros como conta de resultado, visto que a ociosidade não interfere na condição ou transformação do estoque. Além dos custos propriamente ditos dos produtos, cabe à empresa também identificar a parcela correspondente aos custos ocultos, pois embora que estes não sejam essenciais para desenvolver da atividade produtiva, acabam por reduzir o resultado da empresa.
3. Metodologia
A presente pesquisa corresponde a um estudo de caso realizado em uma empresa do ramo agrícola que atua na cidade de Mossoró-RN, com o objetivo de verificar se a indústria agrícola realiza a mensuração do período ocioso durante o processo produtivo do melão, tendo a pesquisa uma abordagem de natureza qualitativa. Baseando-se nas análises de Martins e Theóphilo (2007, p. 136), os quais dizem que “[...] a pesquisa qualitativa tem como preocupação central, descrições, compreensões e interpretações dos fatos, ao invés de medições”. Esta pesquisa tem a característica da não utilização de técnicas ou métodos estatísticos. Com relação aos procedimentos metodológicos, a pesquisa é de caráter descritivo, pois tem como principal objetivo descrever características de uma determinada população. Dessa forma, Prodanov e Freitas (2013), conceitua essas pesquisas, como aquelas que buscam descrever as características de uma população específica, fenômeno ou estabelecimento de reações, de forma a envolver o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados, como o questionário e a coleta de dados assumindo a forma de levantamento. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, na qual é feito um estudo teórico publicado em livros, artigos, periódicos, monografias e outros, na busca por respostas à problemática com base no referencial. Ainda com relação à pesquisa bibliográfica, Fonseca (2002) descreve que este tipo de pesquisa é realizada desde o levantamento do referencial teórico já explorado e estudado, que foram publicados em meio virtual ou escrito, como revistas, livros, páginas em sítio eletrônico, artigos científicos, dissertações. A presente pesquisa encontra-se dividida em: introdução, referencial teórico, metodologia, análise e discussão dos resultados, considerações finais e referências. Tendo sido aplicado um questionário composto por 13 perguntas mistas (abertas e fechadas), estruturadas em duas categorias, sendo a primeira composta por 5 perguntas as quais Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1574
caracterizam o perfil do respondente e a segunda com 8 perguntas que caracterizam a pesquisa, junto ao engenheiro agrônomo da entidade.
4. Análise e discussão dos resultados
A presente pesquisa foi realizada em uma empresa do ramo agrícola que atua na cidade de Mossoró-RN, o questionário foi respondido pelo engenheiro agrônomo, sexo masculino, faixa etária de mais de 39 anos, que possui ensino superior completo na área de agronomia e que atua na entidade entre um período de 5 a 10 anos. De início buscou-se identificar quais os produtos vendidos dentro da organização, onde observou-se que a empresa desenvolve as culturas de melão e melancia, não especificando os tipos. De acordo com Oliveira (2008) o melão é a fruta resultante do cultivo de uma das espécies de olerícolas, tendo bastante representatividade econômica na região do Nordeste do Brasil, em estados como Pernambuco, Bahia e Rio Grande do Norte na cidade de Mossoró, onde teve início com a Maisa Agroindustrial S.A., a qual produzia melão proveniente da Espanha. Posteriormente foi questionado qual a média de produção anual dos produtos comercializados. O respondente explanou que a entidade produz uma média de 26 mil toneladas das culturas em questão. No entanto a quantidade produzida de melão na temporada 2015/2016 chegou a 19,5 mil toneladas, resultando em um total de R$ 49,78 milhões de reais. Já na temporada anterior 2014/2015 produziu cerca de 13,7 mil toneladas de melão, totalizando um valor de R$ 38,80 milhões de reais. Dos dados do IBGE (2014) apontam que o Nordeste compreende boa parte da produção de melão no Brasil no ano de 2014, sendo detentora de cerca de 94,77% da quantidade produzida em toneladas. Deste total do Nordeste, verifica-se que mais de 41% da produção é somente no estado do Rio Grande do Norte, um percentual bem significativo, levando-se em consideração que a região possui nove estados. E dentro do estado do Rio Grande do Norte, destaca-se a cidade de Mossoró, com mais de 90% da quantidade de melão produzida na unidade federativa. Comparando-se os dados informados pelo respondente com os que foram apontados pelo IBGE tem-se as seguintes informações: na temporada de 2014/2015 observa-se que a quantidade produzida de melão (significa) um total de 5,89% do valor do Rio Grande do Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1575
Norte e um total 2,32% com relação à quantidade produzida por todo o Brasil. Além disso, percebe-se que a organização obteve um aumento na quantidade de vendas em cerca de 42,34%, no entanto seu faturamento com relação a essa cultura aumentou abaixo deste valor, um total de 28,30%, mostrando que o preço acabou tendo uma queda, que pode ter como uma das causas a sazonalidade desta cultura, dentre outros fatores. Em continuidade perguntou-se ao respondente qual o período de safra da cultura que é desenvolvida pela organização. Diante da indagação, o respondente da entidade esclareceu que o período corresponde aos meses de agosto à abril do ano seguinte. Segundo Soares (2009) o melão é uma fruta que manifesta sazonalidade quanto sua quantidade disposta à venda durante o ano e quanto ao seu valor de comercialização, podendo variar conforme demanda do mercado e as condições climáticas. De acordo com Varejão Neto (2008) a sazonalidade nos produtos pode ser provocada, de forma geral, em decorrência das precipitações pluviométricas, alteração na temperatura e na umidade relativa do ar resultantes da existência das estações climáticas do ano. E outro cenário que possibilita a sazonalidade é a diferença na quantidade de dias de trabalho de um mês para o outro. Percebe-se que a explanação do autor condiz com a prática implantada na entidade, visto que no intervalo de tempo citado há desde o plantio até a colheita da cultura produzida, relacionando-se assim, ao período em que as condições climáticas da região estão favoráveis. Quando questionado sobre quais os custos agrícolas que podem ser identificados durante o processo produtivo, foram elencados os insumos: adubos, sementes, fertilizantes, material de embalagem, mulching e manta; defensivos: inseticidas, fungicidas, formicidas, herbicidas e espalhantes foliares; e mão de obra. Para Rangel ([201?] apud Ribeiro, 2011) identifica-se como custos diretos aqueles que englobam gastos utilizados diretamente na fabricação dos produtos e que seja capaz de realizar sua mensuração de forma que saiba o tempo e quantidade utilizado em cada produto, além dos gastos com mão de obra e com os materiais. Rangel ([201?]) informa que já com relação aos custos indiretos, assim como nos diretos, também incluem os gastos com mão de obra e com materiais, entretanto quanto aos gastos gerais utilizados na fabricação dos produtos, os mesmos devem ser indiretos, de tal forma que seja quase improvável a sua mensuração nos produtos, sendo preciso a utilização de métodos de rateio dos custos para a sua correta distribuição. Na percepção de Andrade et al. (2012) enquanto os custos fixos não variam conforme o volume de produção, tendo seu valor fixado independentemente do nível do ciclo produtivo, Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1576
em contrapartida os custos variáveis têm seu montante definido de acordo com a quantidade de produtos fabricados, se a fábrica encontra-se com uma produção ociosa, o consumo da matéria-prima será menor, por exemplo. Como custos fixos na agricultura, tem-se: mão-deobra fixa, aluguel do armazém e a depreciação das máquinas, e variáveis: mão-de-obra temporária, transportes de insumos e da colheita, sementes, água, defensivos, adubos e fertilizantes. Diante das perspectivas abordadas pelos autores, elucidando quanto aos custos fixos, variáveis, diretos e indiretos, observa-se a relevância da identificação correta de tais para que seja possível realizar uma adequada mensuração e contabilização, de tal forma que evite-se também o lançamento incorreto dos custos da ociosidade e a alocação inadequada dos demais custos da produção. Perguntou-se ao entrevistado quanto a sazonalidade da produção, se existem gastos durante o período ocioso. Constatou-se que existem tais gastos, sendo identificados na entressafra com a manutenção física da fazenda. Conforme Zatta et al. (2003) quando uma organização atua de maneira alavancada, quando ocorre alguma alteração no grau de produção, que seja por fatores atípicos, farão com que os custos fixos relacionados à capacidade instalada, como aluguéis, depreciação e outros inseridos nos gastos fabris indiretos, passem a ser considerados como custos de ociosidade. Logo, observa-se que ao reduzir o grau de atividade de produção (ociosidade) os custos relacionados a esta capacidade que deixou de ser utilizada passem a ser apontados como itens extraordinários, e desta forma não sejam inclusos no estoques e sim levado às despesas, com isso evita-se de superavaliar os estoques. Já em si tratando da agricultura, Mesquita e Martins (2010) esclarecem que o período sazonal ocorre com a intercalação de atividades conforme as estações, se em uma determinada estação ocorre o plantio, em outra já ocorre a colheita, seguindo assim o ciclo produtivo da cultura. A colheita sendo concentrada em um único período será fator determinante para a intensa oferta de produto e concentração do plantio que define a demanda por matéria prima e demais insumos de produção. Associando-se o que foi mencionado pelos escritores com a resposta dada pelo entrevistado, constata-se o embasamento para a existências destes gastos, ao mesmo tempo que os autores frisam a necessidade de cautela para a alocação destes gastos, de forma que procura-se não realizar uma superavaliação de estoques, impossibilitando posteriormente uma recuperação futura.
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Em seguida indagou-se se é possível mensurar o período ocioso de produção. Em caso de resposta afirmativa, como é realizado o cálculo do mesmo.A entidade considera como período ocioso os meses de maio, junho e julho, nestes períodos os gastos são contabilizados como custo dos produtos vendidos, tendo em vista que a empresa apura seus impostos trimestralmente e, por isso, não há trimestres sem produção, existem apenas meses sem produção. A mensuração do período é feita com base nos custos apurados do período. De acordo com Teixeira, Souza e Dalfior (2015) o custo fixo referente ao período ocioso não deve ser tratado como custo da produção, mas lançado como resultado, enquadrando-se como “outras receitas e despesas” conforme o CPC 02 e a Medida Provisória nº 449/2008. Na concepção de Eckert et al. (2013) a ociosidade pode ser obtida através da diferença entre o volume de produção normal e volume realmente produzido, aplicando-se o percentual que corresponde a essa diferença aos custos fixos. Dentre outras fórmulas como: a razão entre o percentual do tempo parado por dias em horas e o total de 24 horas ou o produto entre o volume médio da produção, o custo médio de produção unitário, o tempo médio trabalhado na safra e a ineficiência industrial, entre outros métodos de cálculo. Assim sendo, conforme o posicionamento dos autores, após ser possível calcular a capacidade ociosa, seu valor será reconhecido contabilmente como despesa, não sendo configurado como custo no ciclo produtivo, uma vez que não deve relacioná-lo ou alocá-lo ao estoque. Questionou-se ainda quais medidas são tomadas para que a empresa sobreviva aos períodos sem produção. A mesma afirma que realiza o plantio de outras culturas, como o cultivo do milho, mamão e banana, as quais funcionam como adubo natural após suas colheitas, proporcionando um solo mais fértil. Para Arf (1999) A rotação de culturas permite que o solo apresente melhores condições biológicas, químicas e físicas, atuando na reposição de restos orgânicos, na proteção do solo quanto aos agentes climáticos, doenças e pragas que comprometam a fertilidade do solo. De acordo com Souza et al. (2011) a capacidade ociosa é tida como sendo o não funcionamento do tempo corretamente ou o longo período de disponibilidade de determinado processo, os custos por lentidão de máquinas sem manutenção e a capacidade subutilizada são considerados exemplos de ociosidade.
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Com base no entendimento dos autores, com o propósito de evitar o período ocioso, ou sua ocorrência prolongada, a organização adota uma medida viável para que se possa dá continuidade ao seu ciclo produtivo mesmo na entressafra, quando o solo fica sem atividade agrícola, o plantio de culturas que não correspondem à sua atividade principal possibilita que a empresa continue gerando receita, sem representar um grande impacto financeiro. Por fim, foi questionado ao entrevistado se a empresa utiliza-se da contabilidade aplicada ao agronegócio e de que forma ela auxilia nesse meio rural. Obteve-se uma resposta afirmativa e acrescentou-se que esta auxilia no acompanhamento da safra fundada, a qual é tida como ativo biológico, onde é realizada uma divisão da área em parcelas e de acordo com a semana de maturação são avaliados os gastos em cada uma destas parcelas. Esta avaliação ocorre na apuração trimestral, verificando em quais semanas o fruto está se desenvolvendo, utilizando-se da contabilidade por meio do custo histórico como critério de mensuração do ativo biológico. No dizer de Ulrich (2009) a contabilidade funciona como instrumento de apoio às tomadas de decisões no decorrer da execução das operações da empresa rural, sendo que ela é desenvolvida dentro do ciclo de coletas junto à um processamento de dados que resulta na obtenção de informações, na forma de relatórios contábeis. De acordo com o CPC 29 (2009) é válido o argumento de que o ativo biológico poder ser avaliado a valor justo de modo confiável, este classificado como não circulante e satisfazendo os critérios para ser mantido para venda, sendo incluso no grupo de ativo para tal finalidade segundo o Pronunciamento Técnico CPC 31 – Ativo Não Circulante Mantido para Venda, porém deve-se desconsiderar essa premissa quando a empresa não tem o ativo biológico como disponível e as alternativas de mensuração não são tão confiáveis, fazendo com que o mesmo seja avaliado conforme o custo, menos depreciação e perda por irrecuperabilidade acumulada. Para mensuração do ativo biológico o valor justo mostra-se como método mais viável a partir do momento que se tem o produto agrícola, ou seja, o produto acabado, porém em se tratando do melão, o mercado não possui o valor justo do melão que encontra-se em fase de produção, cabendo a aplicabilidade do critério do custo menos depreciação ou perda por irrecuperabilidade acumulada, corroborando com o fato de que logo após colhido, o mesmo já é vendido, de maneira que a empresa não tem estoque de produtos acabados.
5. Considerações finais Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1579
O estudo concentrou-se em discorrer e avaliar o custeio da ociosidade na produção de melão em uma indústria do ramo agrícola do município de Mossoró-RN, onde buscou compreender como é realizado o tratamento contábil e qual o posicionamento da entidade frente as consequências da sazonalidade dessa cultura. No setor agrícola, é essencial que as organizações efetuem a mensuração da capacidade ociosa para que se mantenham competitivas, avaliando os custos dessa ineficiência, permitindo que os gestores obtenham informações quanto ao potencial produtivo não utilizado. Com a aplicação do questionário na empresa, foi possível relacionar as respostas à bibliografia que fundamenta o estudo, no intuito de atender ao objetivo da pesquisa, que tratou de verificar se a indústria agrícola realiza a mensuração do período ocioso durante o processo produtivo do melão. Assim, o objetivo da pesquisa foi alcançado, visto que a ociosidade da cultura principal concentra-se nos meses de maio, junho e julho,onde são incorridos custos com a manutenção física da fazenda na entressafra, todavia a entidade desenvolve o plantio de outras culturas secundárias, como o cultivo do milho, mamão e banana que além de dá continuidade ao ciclo produtivo e gerar receita, mantém a fertilidade do solo. Em se tratando da mensuração da ociosidade, a mesma é efetuada com base nos dispêndios que são contabilizados como custo dos produtos vendidos a cada apuração trimestral,utilizando-se o método do custo histórico para avaliar a safra fundada, a qual é reconhecida como ativo biológico, configurando na forma mais apropriada para mensurar o produto agrícola, uma vez que o melão não possui valor justo de mercado por encontrar-se em fase de produção, incumbindo a aplicabilidade do critério do custo menos depreciação ou perda da irrecuperabilidade acumulada. Como limitação da pesquisa, tem-se o fato de que a mesma foi aplicada em apenas uma indústria agrícola produtora de melão do município de Mossoró-RN, de modo que não se pode generalizar os resultados encontrados e dessa forma sugere-se que o estudo seja replicado com um maior número de empresas deste segmento, bem como um melhoramento de sua metodologia com a aplicabilidade de valores quanto ao ciclo produtivo.
Referências
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ANÁLISE DA EFICIÊNCIA DO MERCADO FUTURO DO AÇÚCAR CRISTAL NO ESTADO DE PERNAMBUCO UTILIZANDO CO-INTEGRAÇÃO Jucimar Casimiro de Andrade Mestre em Administração e Desenvolvimento Rural-PADR Universidade Federal Rural de Pernambuco-UFRPE E-mail: jucimarcandrade@gmail.com Maurílio Arruda de Araújo Mestrando em Administração e Desenvolvimento Rural pela UFRPE Av. Dom Manuel de Medeiros s/n – Dois Irmãos – Recife-PE. E-mail: maurilioarruda@hotmail.com Rainier Emanuel F. de Freitas Guedes Mestrado em Administração e Desenvolvimento Rural pela UFRPE Av. Dom Manuel de Medeiros s/n – Dois Irmãos – Recife-PE. E-mail: rainierfreire@gmail.com Grupo 5. Agronegócio, Mercados e Comercialização RESUMO Este trabalho teve como objetivo analisar a hipótese de eficiência de mercado para a commoditie açúcar cristal no estado de Pernambuco, utilizando a técnica de co-integração. Assim, utilizando o pacote e econométrico Gretl e o teste de Engle-Granger (1987) com séries históricas mensais dos preços do açúcar cristal a vista e futuro entre os meses de janeiro de 2013 a julho de 2016. As séries físicas foram coletas do Cepea/Esalq/USP, referentes ao estado de Pernambuco, e os preços futuros foram coletados na BM&FBovespa. Os resultados sugerem que não é possível rejeitar a hipótese de que o mercado é eficiente, pois a existência de co-integração nas séries de preços analisadas, sinaliza que o preço futuro pode auxiliar na descoberta do preço spot t+1 por parte dos agentes econômicos que atuam na cadeia produtiva da cana-de-açúcar em Pernambuco, no entanto, os resultados não são conclusivos, necessitando-se de uma análise mais profunda, visando melhor entender se tal volatilidade nos preços pode ser impactada também pela intensidade das atividades especulativas no mercado para a região estuda. Palavras-chave: Eficiência de Mercado, Açúcar Cristal, Mercado Futuro. ANALYSIS OF CRYSTAL SUGAR FUTURES MARKET EFFICIENCY IN PERNAMBUCO STATE USING CO-INTEGRATION SUMMARY This study aimed to analyze the market efficiency hypothesis for the commodity sugar crystal in the state of Pernambuco, using the co-integration technique. Thus, using the package and econometric Gretl and the Engle-Granger test (1987) with monthly time series of crystal sugar spot prices and future between the months of January 2013 to July 2016. The physical series were collected Cepea / ESALQ / USP, for the state of Pernambuco, and futures prices Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1585
were collected on the BM&FBovespa. The results suggest that it is not possible to reject the Hypothesis that the market is efficient, since the existence of co-integration in the analyzed price series indicates that the future price can aid in price discovery spot t+1 by the economic agents operating in the production chain of sugarcane in Pernambuco. However, the results are not conclusive, necessitating a deeper analysis to better understand if this price volatility can be affected also by the intensity of activities speculative market for the region studied. Keywords: Market Efficiency. Crystal Sugar. Futures Market. 1.
Introdução Na academia, muitos estudiosos têm pesquisado a importância da geração de
informação no mercado de capitais, essa importância torna-se mais relevante quando se trata particularmente do mercado de capitais agrícola brasileiro, pois segundo dados da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) o mercado de commodities agrícolas tem atraído cada vez mais investidores; visto que o Brasil já é um dos maiores produtores de: café, açúcar, suco de laranja, soja, carne de frango e celulose, etc. Esses números se refletem no desempenho econômico (PIB do Agronegócio) que segundo cálculos do Cepea/Esalq/USP em 2014 foi de mais de R$ 1 trilhão. Fama e French (1993) realizaram pesquisas sobre a eficiência de mercado e de como os preços das ações são alterados à medida que vão surgindo novas informações relevantes. Para outros autores como Assaf Neto (2006, p. 75) “o mercado de capitais é o mais relevante para o desenvolvimento econômico de um país, pois ele é o grande municiador de recursos permanentes para a economia”. Assim, as empresas que nele negociam seus títulos são as mais importantes para o desenvolvimento econômico do país, pois possibilitam a canalização da poupança dos agentes superavitários para investimentos produtivos de grande porte, oque inclui maior circulação de numerário e investimentos estrangeiros (ROSS; WESTERFIELD; JAFFE, 2002). Por meio da segurança e comodidade proporcionada pelas transações no mercado de capitais os agentes superavitários financiam as necessidades de capital de giro ou fixo dos tomadores de recursos (agentes deficitários). Dessa relação os primeiros recebem dividendos, juros ou ganho de capital por investir em determinada companhia e os segundos obtêm recursos para suas necessidades. No entanto, Baesel e Stein (1979) afirmam que existem alguns problemas relacionados à atuação desses agentes no mercado de capitais que ocorrem pela existência de assimetria de informação, onde uma parte do mercado tem acesso a determinadas informações que a outra parte não tem. Isso faz com que alguns investidores atuem com informações privilegiadas. Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1586
Corroborando com a importância da geração de informação para investidores no mercado aberto Filds, Lys e Vicent (2001) apontam que a assimetria informacional afeta a avaliação das empresas por meio do valor de mercado dos títulos patrimoniais negociados. De fato, se tal situação realmente acontece surge a necessidade de geração de informação visando melhor compreender como a compra de contratos futuros pode prevenir os hedges contra oscilações abruptas nos preços dos ativos negociados em bolsa, em especial commodities. Portanto, assumindo que a geração de informação sobre a eficiência de mercado é um tema relevante para atuação equilibrada entre os hedges não só no mercado de commodities agrícolas, mas também em outros mercados. O presente estudo objetiva analisar a hipótese de eficiência de mercado para a commoditie açúcar cristal no estado de Pernambuco, utilizando a técnica de co-integração. O trabalho está dividido em cinco partes: primeiramente com a introdução aqui exposta, tem-se na seção dois a revisão da literatura, abordando alguns estudos empíricos na área; posteriormente com uma revisão bibliográfica sobre os temas de eficiência de mercado, mercado futuros e o teste de causalidade de Granger. A seção seguinte traz os procedimentos metodológicos, a quarta seção traz os resultados e discussões e finalizando na quinta e sexta seções com conclusões e referências bibliográficas, respectivamente. 2.
Revisão Bibliográfica
2.1.
Evidências Empíricas Harzer et al (2012) elaboraram um estudo com o objetivo de testar a forma fraca de
eficiência do mercado futuro brasileiro da commodity agrícola café arábica, usando a técnica de co-integração e verificar se os preços futuros correntes são estimadores não visados dos preços à vista esperados para o futuro. Para isso, utilizaram séries históricas de janeiro de 2005 a maio de 2011 dos preços futuros, que foram coletados na Bolsa de Mercadorias e Futuros – BM&F, e os preços à vista calculados pelo CEPEA/ESALQ/USP. As métricas utilizadas fora os testes ADF de Dickey e Fuller para detectar a presença de raiz unitária e o teste de co-integração de Johansen para verificar a existência de um relacionamento de longo prazo. Os resultados indicaram a não estacionariedade das séries de preços e a presença de co-integração. Porém, o teste dos parâmetros α = 0 e β = 1 da regressão que comprovam a eficiência fraca e não viés encontraram indícios estatísticos de não eficiência de mercado, bem como da presença de um viés indicando a existência de um prêmio associado ao risco.
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Pesquisadores como Melo, Lima e Moraes (2006) testaram a eficiência nos mercados do boi gordo, açúcar cristal, milho e café utilizando a técnica de co-integração de Engle e Granger, e chegaram à conclusão de que os mercados das três primeiras commodities citadas se mostraram eficientes. Outros pesquisadores como Alves, Duarte e Lima (2008) que testaram a hipótese de eficiência de mercado para o caso do Álcool Anidro chegaram conclusão que para a série analisada o mercado de Álcool Anidro no caso brasileiro não pode ser considerado eficiente. Portanto conclui-se que as pesquisas que abordam a referida metodologia não exaustivas, abrindo-se inúmeros campos e possibilidades de avaliações com diferentes técnicas e perspectivas de análise de eficiência de mercado no agronegócio brasileiro. Rocha et al (2010) realizaram um estudo com o objetivo de avaliar o relacionamento existente entre os preços cotados da soja nos mercados à vista e futuro sob a razão ótima de hedge, tentando encontrar a proporção ótima da produção física que deve ser negociada com contratos futuros para que obtenha menor variância entre a cotação futura e o preço spot. Assim, utilizando dados diários relacionados ao período de janeiro de 2005 e dezembro de 2006 constataram que através dos testes econométricos que devem ser negociados 64,74% da produção em contratos futuros, pois com essa política de vendas, reduz-se o risco em 46,32%. Silva Neto et al (2010) realizaram um estudo em que aplicaram a hipótese de eficiência de mercado entre os preços spot do boi gordo de algumas relevantes mercados da produção dessas commodities, que foram: Presidente Prudente, Goiânia e Campo Grande, e o preço futuro BM&F. O procedimento adotado por eles foi o de co-integração, para testar a eficiência de mercado sem implicar na ausência do prêmio de risco. Os resultados sugerem que não é possível rejeitar a hipótese de que o mercado é eficiente para as praças e não rejeitaram a hipótese da existência de prêmio de risco. Dessa forma, o mercado futuro pode auxiliar no processo de descoberta de preços por parte dos agentes envolvidos. 2.2.
Eficiência de Mercado Dentre os inúmeros fenômenos que nos últimos anos vêm ocorrendo com a economia
mundial, talvez a globalização seja um dos mais impactantes e irreversíveis dentro das estruturas administrativas e financeiras das organizações. Assim a informação gerada e disponível que em outrora era acessível àpenas alguns grupos “privilegiados” da sociedade, hoje parece tomar novos rumos a caminho de um futuro onde praticamente todo tipo de dados e de informação estará disponível a quem de fato se interessar.
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No campo das Finanças, os sistemas de informação vêm adquirindo cada vez mais robustez e sofisticação, permitindo aos agentes que nele atuam tomar decisões mais precisas baseadas em dados das mais variadas fontes e segmentos econômicos. Assim, algumas teorias sobre a hipótese de eficiência de mercado surgiram partindo da premissa basal de que os mercados financeiros são “eficientes em relação à informação” e tendo como principais versões que ele pode assumir três formas: fraca, semi-fraca e forte. Sendo a hipótese forte, segundo Fama (1970) a mais criticada, uma vez que ela afirma que os preços dos ativos refletem além de dados históricos, todas as informações indisponíveis ou privilegiadas negociadas de forma instantânea aos agentes. A hipótese fraca, que conforme Fama (1970) afirma que os preços são presentes disponíveis contêm apenas dados de séries históricas, é a hipótese mais focada em pesquisas, por ser mais fácil de conduzir empiricamente. Mercado é dito eficiente quando os preços sempre refletem completamente as informações disponíveis e nenhuma oportunidade de lucro deixa de ser explorada. Dessa forma, mudanças nos preços resultam apenas de nova informação. Assim considera-se que um mercado é eficiente se todos os preços refletem completamente todas as informações conhecidas do mercado e não há poder de monopólio de informações por parte dos agentes. Esta, portanto, é a chamada hipótese de mercados eficientes (HME). (FAMA, 1970; LIMA e OHASHI, 1999 apud ALVES et al, 2008, p.175). Logicamente, conforme melhor definição de Fama (1970) em que a Hipótese de Mercados Eficientes (HME), é aquela em que os preços dos títulos refletem completamente as informações disponíveis sobre eles. E essa eficiência sobre os preços futuros vem sendo investigada por muitos autores sob as mais diferentes perspectivas e com o uso de séries e variáveis distintas conforme o modelo seguinte adotado nesta pesquisa. Existe, portanto, uma diferença mínima entre preços spot e futuros em mercados ditos eficientes. Os preços em mercados futuros sempre convergem na mesma direção do spot quando há uma aproximação do fim do contrato. Isso acontece devido a um processo simples de arbitragem onde há oportunidades de ganhos com a diferença entre esses preços, porém no vencimento do contrato esses preços são praticamente os mesmos, caracterizando, pois, um mercado eficiente. (HULL, 1996 apud MELO 2006, p.3). 2.3.
Mercado de Commodities Agrícolas A muito se associa as atividades desenvolvidas no campo como um processo pouco
mecanizado que consistia basicamente em ordenhar vacas, arar a terra para o plantio, semear o solo e extrair o que a natureza permitia e em muitos casos orar para que a chuva viesse e Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1589
que as colheitas fossem abundantes. Mendes e Junior (2007, p. 45) afirmam que esse, na verdade, foi o conceito de agricultura que perdurou até o início da década de 1960. Contudo hoje tem-se uma verdadeira industrialização da agricultura, o que tem gerado uma crescente conexão entre agropecuária e o setor industrial, resultando em grandes transformações tecnológicas experimentadas pelo setor rural. Apesar de significativo, observa-se que o mercado agrícola de capitais brasileiro ainda está em processo de desenvolvimento, isso implica que muitos investidores estrangeiros deixam de aplicar recursos por não disporem de mecanismos exatos que os auxiliem no momento do investimento em empreendimentos do agronegócio o que de fato representa numa dificuldade maior de esses empreendimentos captarem recursos se comparados a outros segmentos que também negociam outros ativos em bolsa. Frick e Silveira (2011) destacam alguns aspectos que os mercados agrícolas apresentam economia brasileira: Além de questões conjunturais baseadas na queda do poder de compra do dólar, identificam-se fatores associados à maior capacidade de transmissão das cotações entre diferentes mercados e commodities e um quadro peculiar relativo à oferta e demanda mundial – onde sobressai a crescente demanda por commodities nos países emergentes, a queda da produção e dos estoques e a intensificação da oferta por biocombustíveis.
Especificamente no caso de commodities agrícolas, a análise de mercados futuros aparece como um instrumento de gestão do risco de preço, pois as atividades agroindustriais sofrem influência de fatores climáticos, de sazonalidade, entre outros, que faz com que haja alterações nos preços entre o instante da tomada de decisão de produção e o período em que a venda desta se realizará (BIGNOTTO et al, 2006). Ainda no campo da teoria Wag e Ke (2002 apud Melo et al, 2006, p.2) apontam a importância de estudos sobre eficiência de mercado no contexto do agronegócio nacional: O estudo de eficiência de mercado de commodities agrícolas é importante tanto para políticas governamentais como para os produtores e agentes econômicos envolvidos no agribusiness. Do ponto de vista de políticas governamentais, um mercado eficiente significa melhor alternativa para intervenções de mercado tal como imposição de políticas de estabilização de preços. Para os produtores e agentes do agribusiness, é uma fonte confiável de previsão de preços spot no futuro, permitindo um efeito gerenciamento de seus riscos de produção.
Assim, levando-se em consideração a importância que as commodities, principalmente as agrícolas desempenham na formação do PIB nacional e de que estudos mais profundos
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devem ser reaplicados e testados na tentativa de melhor compreender a dinâmica que esse importante segmento assume em diferentes contextos e tendências. 2.4.
Contratos de Derivativos: mercados futuros Em finanças empresariais a incerta é uma constante que as organizações têm que lidar
quase que rotineiramente, principalmente quando há a necessidade de investimentos futuros visando alavancar as vendas e maximizar os lucros. Nesse ínterim, Stevenson (1981, p.55) aponta que há inúmeras situações no campo dos negócios onde o acaso ou a incerteza quanto à ocorrência de um evento são úteis à tomada de decisão, como: cálculo dos custos de produção, previsão da influência das safras na lucratividade das empresas rurais, contratação de mão de obra, avaliação do impacto de uma redução de impostos sobre inflação. A sofisticação das transações financeiras nos mercados mundiais condiciona as atividades econômicas de cada país a se moldarem cada vez mais à nova estrutura e dinâmica imposta pelas inúmeras interações entre os diversos agentes econômicos. Como explicado por Pinheiro (2002, p. 88) ao citar as diferentes segmentações para produtos derivativos: No mercado financeiro, a expressão “produtos derivativos” tem sido empregada para designar os contratos de futuros, a termo, swaps e opções ou contratos com características semelhantes a um ou mais desses instrumentos. Esses produtos, cujo objetivo primário é a transferência de riscos associados aos preços dos bens, diferem daqueles produtos utilizados como instrumentos de captação e aplicação de recursos.
Os mercados futuros resultam da definição e natureza dos contratos operados em cada centro de negociação. Na CBOT-Chicago Board of Trade, um contrato de futuros é um compromisso legalmente exigível de entregar ou receber determinada quantidade ou qualidade de uma commodity a um preço combinado no recinto de negociações, no momento em que o contrato for executado. Os contratos são compensados numa divisão específica da Bolsa, ou numa empresa autônoma, prestadora dos serviços de registro, liquidação e compensação. Esta divisão/empresa responde pelo cumprimento integral dos contratos (RUDGE E CAVALCANTE, 1993, p.230). Ainda sobre a concepção de mercado futuro Rudge e Cavalcante (1993, p.160) aprofundam o conceito e fazem algumas diferenciações entre mercado futuro e mercado de entrega futura de ações: O mercado futuro não se confunde com o mercado de entrega futura de ações. Ele é um mercado de preços futuros das ações negociadas. Comprar e vender futuro representa abrir uma posição em ações para um mês futuro. Vendedores e compradores não necessitam manter suas posições em aberto até o vencimento. A qualquer momento, eles podem fechar posições, ao
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assumir uma posição igual e inversa à que possuem. A isso se chama liquidar por diferença, ou liquidar por compensação. Daí que vendedores futuros são sempre, compradores potenciais de futuros, atraídos pela liquidação por diferença.
Para Raíces (2003) os mercados de derivativos de forma geral oferecem produtos voltados para pessoas jurídicas financeiras e não financeiras, ou seja, disponibiliza instrumentos de proteção e investimento a produtores, bancos, empresas, cooperativas e investidores. De certa forma pode-se dizer que a bolsa influencia toda a vida das pessoas ao projetar cotações e preços importantes, como valor futuro do dólar, dos juros, do café, do boi gordo e de outras commodities. Complementando Melo et al (2006) aponta que “O mercado futuro é um mecanismo pelos quais os agentes econômicos eliminam a possibilidade de risco fixando preços de mercadorias com antecedência, para realizarem a troca em datas futuras. Nesse mecanismo os agentes baseiam-se em informações hipotéticas sobre a existência de eventos futuros”. Assim, mas do que uma simples proteção contra oscilações abruptas nos preços dos ativos, os agentes econômicos estão cada vez mais interessados nesses tipos de contratos, como forma de reduzir os riscos financeiros e melhor administrar seus ativos financeiros, visando ao aumento dos lucros. 3.
Metodologia
3.1.
Descrição dos dados analisados Para a presente pesquisa buscou-se os preços dos contratos futuros do açúcar cristal,
no site da BM&FBovespa enquanto que os preços spot foram coletados no site do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP). Assim tem-se que para a commodity: [01] Açúcar Cristal: escolhido uma série mensal de janeiro de 2013 a julho de 2016, com um total de 43 observações; Algumas observações a serem feitas sobre o tratamento dos dados é que seguindo recomendações de pesquisas anteriores como em Melo et al (2006) para as séries spot do açúcar cristal, os valores foram convertidos de reais para dólar através da taxa de câmbio diária fornecida pelo Cepea/Esalq/USP. Essas séries de preço foram analisadas em primeiras diferenças para garantir a estacionariedade, não havendo transformações logarítmicas (usual na literatura em futuros), pois isto poderia invalidar as restrições de co-integração. Outras observações sobre os dados disponíveis para contratos futuros na BM&FBovespa (2015) é que o mercado de açúcar cristal é cotado em dólares dos Estados Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1592
Unidos por saca de 50 quilos líquidos, com duas casas decimais, livres de quaisquer encargos, tributários ou não; sua unidade de negociação é 270 sacas de 50 quilos líquidos com meses de vencimento em fevereiro, abril, julho, setembro e novembro. Quando ao preço no mercado físico, os dados do Cepea/Esalq foram usados como variáveis proxy para o preço à vista praticado em Pernambuco, já que não se obteve acesso a essa fonte de dados do mercado local. 3.2.
Teste de co-integração de Engle e Granger (1987) Como comentado anteriormente a Hipótese de Eficiência de Mercado (HEM) foi
idealizada originalmente por Fama (1970), a qual afirma que um mercado eficiente é aquele que incorpora toda informação conhecida na determinação do preço. Assim, pode-se concluir que Ft de um contrato de commodity futuro expirando em t+1 deve ser igual ao preço à vista esperado da commodity neste mesmo período. (Beck 1994; Fama, 1970). Assim, para testar a HEM temos várias versões de: St +1 = c0 + c1Ft + µt+1
(1)
Onde St+1 é o preço spot no tempo futuro (t+1), Ft é o preço futuro corrente do contrato da commodity, c0 e c1 são parâmetros e m µ t é um termo aleatório de erro. Este erro é assumido como sendo independente e identicamente distribuído, com média zero e variância constante. A HEM assume que os parâmetros c0 e c1 são iguais a zero e um, respectivamente (c0 = 0 e c1 = 1), pois o fator do intercepto c0 representa a neutralidade ao risco e c1 é toda informação que o Ft possui para prever o preço spot em t+1, o qual é referido como uma hipótese não viesada. (Beck, 1994). As séries temporais de preços em mercados financeiros possuem uma característica marcante que é a não estacionariedade. Quando se estima a equação (1) corre-se o risco de incorrer em regressão espúria. Este tipo de resultado acontece quando temos duas séries no tempo são raiz unitária I(1). O problema de regressão espúria é resolvido pela técnica econométrica de co-integração. Esse método foi introduzido por Granger (1986) e mais elaborado por Engle e Granger (1987). Quando duas variáveis são co-integradas, diz-se que há uma relação de longo prazo entre elas. Segundo Engle e Granger (1987) apud Lai e Lai (1991), um teste para a relação de equilíbrio entre St +1 e Ft procede desta forma: estima-se a equação (1) como regressão de equilíbrio e em seguida testa estacionariedade dos resíduos. Se estes forem estacionários, há uma co-integração entre essas duas variáveis, ou seja, a hipótese nula de uma relação de não equilíbrio é rejeitada.
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Portanto, as tÊcnicas de co-integração de Engle e Granger (1987) são usadas para testar eficiência de mercado. Assim, duas sÊries são co-integradas quando hå uma convergência entre elas no longo prazo. Para testar co-integração temos que investigar a estacionariedade das sÊries analisadas. Uma sÊrie Ê integrada de ordem d, denotado I(d), se esta pode alcançar estacionariedade somente depois de d diferenciaçþes. Uma sÊrie I(0) Ê, por definição, denominada estacionåria. Assim uma sÊrie I(1) contÊm raiz unitåria e Ê não estacionåria. No presente trabalho, quando o preço spot (St+1) e os preços futuros (Ft) são ambos I(1), a combinação linear entre elas Ê tambÊm I(1): ¾t+1 = St+1 - c0 - c1Ft
(2)
PorÊm, se existe c0 e c1 tal que ¾t+1 _seja não estacionårio ou I(0), temos que St+1 e Ft são ditos co-integrados e a relação... St+1 - c0 - c1Ft = 0
(3)
...ĂŠ a co-integração ou a relação de equilĂbrio de longo prazo, com Âľt+1 na equação (2) representando o erro de equilĂbrio (Engle e Granger, 1987). A co-integração ĂŠ condição necessĂĄria da eficiĂŞncia de mercado. Quando existe co-integração, a eficiĂŞncia requer tambĂŠm uma previsĂŁo nĂŁo viesada dos preços futuros sobre os preços Ă vista testando restriçþes nos parâmetros, c0 = 0 e c1 = 1. Logo apĂłs se fazem testes mĂşltiplos dessas restriçþes conjuntamente ou cada uma delas em separado. Se as sĂŠries sĂŁo co-integradas e ao menos a segunda restrição nĂŁo ĂŠ rejeitada, entĂŁo ĂŠ possĂvel testar a hipĂłtese de que a diferença entre o preço Ă vista e o preço futuro no longo prazo ĂŠ devida somente a uma mĂŠdia constante. A restrição c1 = 1 ĂŠ o indicador mais importante de eficiĂŞncia de mercado, porque c0 pode ser diferente de zero sob a existĂŞncia de prĂŞmio ao risco mesmo quando o mercado ĂŠ eficiente. Para Beck (1994), ĂŠ possĂvel realizar um teste que permita a presença de um prĂŞmio ao risco, isto ĂŠ, que nĂŁo imponha as hipĂłteses c0 = 0 e c1 = 1. Neste caso sĂŁo testadas mais restriçþes do que no teste anterior, sendo, portanto, um teste de eficiĂŞncia mais forte. Mesmo neste caso ĂŠ possĂvel que os resĂduos sejam serialmente correlacionados, o que viola a eficiĂŞncia de mercado, pois implica que os preços Ă vista dependem nĂŁo sĂł dos preços futuros correntes, mas tambĂŠm dos preços passados. Para efetuar este teste ĂŠ necessĂĄrio transformar as sĂŠries co-integradas para uma representação de correção de erro (Granger, 1986):
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ou St+1 = (1 )St + b Ft + (c1 - b) Ft - 1 + c0 + t+1
(5)
Em que t+1 é uma série estacionária possivelmente serialmente correlacionada com média zero e variância constante e na equação (5) µ t+1 foi substituído por St+1 - c0 - c1Ft (com os termos defasados omitidos, para maior clareza). As séries transformadas são agora estacionárias de modo que os coeficientes estimados têm distribuição assintótica normal, permitindo testar a hipótese de que c0 = 0 e c1 = 1. A condição de que não haja autocorrelação serial é o teste com a estatística Q, de Ljung-Box, aplicada aos resíduos µ t+1. A co-integração requer que > 0 para que desvios no equilíbrio de longo prazo (Equação (1)), se reflitam nos preços à vista. Para eficiência de mercado é necessário que = 1, c1 = b≠ 0 e i = i = 0. A eficiência de mercado também implica que t+1 é serialmente não correlacionado. Já que toda nova informação referente a mudanças nos preços à vista futuros são imediatamente refletidas em mudanças nos preços futuros correntes, o coeficiente b não deve ser 0. E como a informação passada já foi incorporada nos preços futuros correntes, os coeficientes das mudanças nos preços defasados à vista e futuro, i e i, devem ser zero. Se as restrições não se verificam os mercados futuros são ineficientes, pois é possível predizer St+1 com base nos preços à vista passados e nos preços futuros correntes (Beck, 1994). A co-integração implica que os mercados são eficientes visto que os preços futuros e spot convergem no longo prazo. Porém, a condição de co-integração entre as variáveis é condição necessária, mas não suficiente para HEM. Exige-se, ainda, que os resíduos sejam não autocorrelacionados, visto que as informações de preços passados não podem predizer os preços à vista no futuro. Apenas os preços futuros no presente predizem os preços à vista no futuro. Beck (1994) sustenta que a eficiência de mercado é demonstrada pelas técnicas de cointegração com a presença de prêmio ao risco, visto que os agentes de mercado possuem aversão ao risco. Pois, na medida em que eles demandam contratos futuros, um prêmio ao risco é criado e viesando os preços futuros além do preço a vista esperado, portanto c0 ≠ 0. 4.
Resultados e Discussões As séries históricas do preço à vista e do preço futuro referente à commoditie açúcar
cristal podem ser visualizadas no gráfico seguinte.
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120,00 100,00 80,00 60,00 40,00
À Vista R$
20,00
Futuro 25/01/2013 27/03/2013 27/05/2013 26/07/2013 27/09/2013 27/11/2013 27/01/2014 27/03/2014 27/05/2014 25/07/2014 26/09/2014 27/11/2014 27/01/2015 27/03/2015 27/05/2015 27/07/2015 25/09/2015 27/11/2015 27/01/2016 24/03/2016 27/05/2016 27/07/2016
0,00
Gráfico 1: Séries históricas dos preços da commoditie açúcar cristal Fonte: Dados da pesquisa, 2016. As oscilações do preço spot esperado para o futuro e do próprio preço futuro negociado na BM&FBovespa apresentam tendência muito semelhante, chegando inclusive entre os meses de novembro de 2014 a maio de 2015 a apresentarem-se valores praticamente idênticos, o que indica que os preços praticados em Pernambuco refletem de certa forma as variações observadas em outras regiões produtoras de cana-de-açúcar. Em qualquer análise econométrica, o primeiro passo a ser dado é verificar a ordem de integração das séries no tempo, pois, só é possível a estimação de um modelo de regressão confiável se as séries forem estacionárias (i) e integradas de ordem I(0), ou forem integradas de mesma ordem (i) e forem I(d). Esses testes relevantes são derivados da estimação pelo método dos mínimos quadrados da seguinte autorregressão entre as variáveis envolvidas (DICKEY e FULLER, 1981). Assim, caso as séries de preços sejam co-integradas, pode-se testar restrições sobre os parâmetros da equação estudada a fim de verificar a Hipótese de Eficiência de Mercado - HEM (MELO et al, 2006). Tabela 1: Resultado dos Testes Dickey-Fuller Aumentado Preços à Vista Preço Futuro Lags 1 2 τnc 1,79E-05 8,04E-05 P-value τc 1,00E-04 9,71E-04 assintótico τct 4,15E-04 4,70E-03 τnc -4,68652 -4,25341 -4,83648 -4,44522 Estatística Teste τc τct -0,8446 -4,48754 Rejeita H0 Rejeita H0 Conclusão τnc-Estatística Teste sem a constante Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1596
τct-Estatística Teste com constante e tendência τc-Estatística Teste com a constante Fonte: Dados da pesquisa, 2016.
A presença de estacionariedade é uma condição necessária para se testar a cointegração entre as variáveis estudadas, mas nem sempre a presença de estacionariedade é um indicativo de que duas variáveis apresentam uma relação de longo prazo. Assim, os resultados da regressão de co-integração dos preços à vista como variável dependente e dos preços futuros como explicativas pode ser observada na tabela abaixo.
Const d_Futuro
Tabela 2: Regressão de Co-integração Coeficiente Erro Padrão 0,6398 0,5843 0,3379 0,1559
R² Log da Verossimilhança R² Ajustado Durbin-Watson Fonte: Dados da pesquisa, 2016.
Razão-t 1,095 2,167
p-valor 0,28 0,0362**
0,105062 -113,12 0,082 1,644
Ao serem testadas em nível a série de preços apresentou-se não estacionária, ou seja, não rejeitou a hipótese nula de existência de raiz unitária a = 1. Aplicando-se as primeiras diferenças as séries mostraram-se estacionária. Assim, após verificada a ordem de integração das variáveis e identificá-las como sendo todas I(0), realizou-se o teste de co-integração com objetivo de analisar as relações de longo prazo entre as variáveis. Assim, apesar de um coeficiente de determinação R² = 0,105062 bem inexpressivo e de uma estatística de D.W fora do limite usual (1,85-2,15), a variável explicativa d_Futuro apresentou-se significante a 5%. Portanto, na literatura aborda vários testes para verificar a ordem de integração, sendo que para esse estudo utilizou-se o método proposto por Engle-Granger (1988). Esse teste assume que existe evidência de uma relação de co-integração se: (a) A hipótese de raiz unitária não é rejeitada para as variáveis individuais; (b) A hipótese de raiz unitária é rejeitada para os resíduos da regressão de co-integração. Tabela 3: Teste ADF Aumentado para presença de raiz unitária nos resíduos Modelo
St+1 = 0,6398 + 0,3379Ft
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Valor estimado de (a-1) Estatística de teste (valor crítico) p-valor Fonte: Dados da pesquisa, 2016.
-0,892546 -4,26607 0,00284
Segundo Melo et al (2006) a presença de co-integração é somente uma condição necessária para mercados eficientes. Eficiência de mercado requer que os preços futuros sejam estimadores não viesados dos preços correntes e que o prêmio ao risco seja nulo, ou seja, verifica-se que ao se realizar o teste ADF aos resíduos confirma que a hipótese de raiz unitária é rejeitada para os resíduos da regressão de co-integração. Destarte, as variáveis preço à vista e preço futuro do açúcar cristal apresentam evidências que confirmam a hipótese de eficiência de mercado (HEM), para o estado de estado de Pernambuco, pois com o p-calor de 0,00284, ou seja, menor que o nível de significância adotado; existem evidências de que o preço futuro pode ser um bom indicativo para ao preço spot esperado para o futuro da commodity açúcar cristal. 5.
Conclusão O objetivo deste trabalho foi analisar a existência de uma relação de longo prazo entre
os preços no mercado físico (spot) e do mercado futuro da commodity açúcar cristal, conforme pressupostos da Teoria da Eficiência (HEM), ou seja, verificar se o mercado futuro pode ser sugerido como um bom indicador para predizer o preço spot, auxiliando os agentes econômicos desse setor no processo de descoberta do preço futuro. Apesar de significativas pesquisas com a mesma abordagem aqui apresentada, o presente trabalho torna-se relevante pela importância cada vez maior que o agronegócio do açúcar desempenhou e desempenha da economia nordestina e por propor auxiliar os analistas e investidores no processo de avaliação de ativos através da análise do comportamento dos preços da commodity açúcar cristal negociada no estado de Pernambuco. Portanto, os resultados do trabalho sugerem que não é possível rejeitar a hipótese de que o mercado é eficiente, pois a existência de co-integração nas séries de preços analisadas, sinaliza que o preço futuro pode auxiliar na descoberta do preço spot t+1 por parte dos agentes econômicos que atuam na cadeia produtiva da cana-de-açúcar em Pernambuco, no entanto, os resultados não são conclusivos, necessitando-se de uma análise mais profunda, visando melhor entender se tal volatilidade nos preços pode ser impactada também pela intensidade das atividades especulativas no mercado para a região estuda.
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ANÁLISE DE CUSTOS: UM ESTUDO DE CASO DE UMA AGROINDÚSTRIA DE MEL NO CENTRO SUL DO ESTADO DO PIAUÍ ANALYSIS OF COSTS: A CASE STUDY OF AN AGRIBUSINESS HONEY IN THE CENTER SOUTH PIAUÍ STATE Autor(es): Francisco Elton de Macedo; James José de Brito Sousa; Josimar José de Carvalho; Suzana Maria da Silva. Filiação: Instituto de Ensino Superior Raimundo Sá E-mail: francyscoeltom@gmail.com; james.cespi@hotmail.com; josimarjosedecarvalho@hotmail.com; suzana.silva256@gmail.com. Grupo de Pesquisa: GT5 Agronegócio, Mercados e Comercialização
Resumo O presente estudo aborda uma análise de custos para uma agroindústria de alimentos no centro sul do Piauí, como uma importante ferramenta para o processo de tomada de decisão. Assim, o objetivo geral é analisar os custos de produção na agroindústria de mel, contemplando os seguintes objetivos específicos: identificar e classificar os custos e despesas de todo processo de produção, bem como calcular a margem de contribuição, o ponto de equilíbrio dos principais produtos e a margem de segurança. A fundamentação teórica abordada conceituou alguns fatores importantes para a Contabilidade de custos, com base em autores que mostraram a importância da gestão de custos para as empresas. A Casa Apis é uma sociedade cooperativa de responsabilidade limitada, atuando no segmento da produção e comercialização de produtos do mel, na cidade de Picos-PI. A pesquisa foi caracterizada como exploratória e quanto aos procedimentos técnicos, foram utilizadas as pesquisas bibliográficas, documentais e estudo de caso, sendo que os dados analisados são de janeiro a dezembro de 2014, realizada na empresa com base em seus dados internos. O método utilizado para análise baseou-se no cálculo da margem de contribuição unitária, este representa a diferença entre o preço de venda e os gastos variáveis de uma unidade do produto. Calculou-se também o ponto de equilíbrio, que é o estágio alcançado pela empresa no momento em que as receitas totais geradas pelo volume das vendas se igualam aos gastos fixos totais. Os resultados indicaram que a margem de contribuição por quilo de mel dos produtos fabricados para atender o mercado interno é superior à margem de contribuição do produto comercializado no mercado externo, porém o grande volume de exportação produziu
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uma margem de contribuição total superior ao ponto de equilíbrio da empresa em 2014. Portanto a comercialização para ambos os mercados possuem vantagens e contribuem para a continuidade e o crescimento econômico da empresa. Palavras-chave: Contabilidade de Custos, Margem de Contribuição, Mel, Ponto de Equilíbrio.
Abstract This study addresses a cost analysis for an agribusiness food in southern Piaui center as an important tool for the decision-making process. Thus, the general objective is to analyze the production costs in honey agribusiness, including the following specific objectives: identify and classify the costs and expenses of the entire production process as well as to calculate the contribution margin, the balance of the main products and the safety margin. The approached theoretical framework conceptualized some important factors for cost accounting, based on authors who showed the importance of cost management for companies. Apis House is a cooperative company with limited liability, operating in the sector of production and marketing of honey products in the city of Picos-PI. The research was characterized as exploratory and on the technical procedures were used bibliographical research, documentary and case study, and the data analyzed from January to December 2014, held in the company based on its internal data. The method used for analysis was based on the calculation of the unit contribution margin, this represents the difference between the selling price and variable expenses for a unit of product. It also calculated the equilibrium point, which is the stage reached by the company at the time the total revenues generated by the sales volumes are equal to total fixed costs. The results indicated that the contribution margin per kilogram of honey products manufactured to meet the domestic market is higher than the product contribution margin sold in foreign markets, but the large volume of exports produced a margin of total contribution above the breakeven point the company in 2014. Porting marketing for both markets have advantages and contribute to the continuity and economic growth of the company. Key words: Cost Accounting, Contribution Margin, Honey, Break-even Point.
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1. Introdução A Contabilidade constitui, objetivamente, um sistema de informação e avaliação destinado a prover seus usuários com demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade, com relação à entidade objeto de contabilização, a mesma dispõe de diversos instrumentos para medir, verificar e analisar a formação e as variações do patrimônio, pois é através destas análises que os gestores tomam suas decisões a fim de obter melhores desempenhos e resultados. Diante da globalização, o mercado torna-se cada vez mais competitivo, fazendo com que as empresas busquem ferramentas para auxiliar a gestão na tomada de decisões, objetivando o aumento da produtividade e lucratividade. Nesse contexto a Contabilidade de custos é considerada um dos instrumentos essenciais para fornecer informações aos administradores, de modo que utilizem corretamente os recursos disponíveis e conduzam as empresas de forma consciente, a fim de alcançarem os resultados desejados. Por esse motivo o presente estudo tem como objetivo analisar os custos de produção na agroindústria de alimentos, Casa Apis, e especificamente, identificar e calcular os custos de todo processo de produção, bem como determinar o cálculo da margem de contribuição e do ponto de equilíbrio, tendo em vista que, a análise dos custos de uma indústria é extremamente importante para o desenvolvimento e crescimento da mesma. A Casa Apis é uma agroindústria constituída em forma de sociedade cooperativa, formada e administrada por pequenos produtores rurais e tem como atividade principal o beneficiamento e comercialização de mel. A empresa em estudo comercializa o mel para cada mercado em formas diferentes, no mercado externo a comercialização é feita a granel, ou seja, exporta apenas a matéria prima processada, utilizando tambores de 280 kg, enquanto que no mercado interno, a comercialização é realizada de forma fracionada, em bisnagas de 340g e 470g, possibilitando uma maior agregação de valor e influenciando no preço unitário de venda (R$/Kg). Diante do exposto, faz-se necessário indagar: como se comporta o volume produzido, bem como os gastos da agroindústria de mel para atender os mercados interno e externo? Este trabalho tem como finalidade auxiliar a gestão da agroindústria Casa Apis na tomada de decisões com base em informações gerenciais apuradas e fornecidas através da análise de custos de produção. Por ser um estudo não obrigatório, muitos contadores e Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1603
empresas que prestam serviços contábeis não incluem estes serviços gerenciais em contratos, deixando a gestão agir de forma independente, tomando decisões sem embasamento e consequentemente correndo o risco de comprometer suas operacionalizações e afetar o resultado econômico da empresa. O interesse pelo tema surge da necessidade de se aprofundar e aplicar os conhecimentos da Contabilidade de custos para controle gerencial, com o propósito de apresentar e aprimorar as habilidades na área de controladoria empresarial para auxiliar a gestão da Casa Apis nos processos decisórios. Através da gestão de custos a empresa poderá tomar suas decisões com mais eficiência e eficácia, por exemplo, calcular a margem de contribuição da empresa e assim saber quais os produtos que trazem resultados positivos e quanto sobra para pagar as despesas fixas e gerar lucro, também será possível calcular o ponto de equilíbrio, conhecendo este parâmetro a empresa poderá estabelecer qual a sua meta de vendas no mês para não tenha prejuízo. Portanto, qualquer decisão a ser tomada, qualquer que seja a área de atuação do responsável por ela, encontrará na informação contábil gerencial o fundamento necessário para que a opção encontrada seja a mais benéfica possível para o desenvolvimento da organização.
2. Referencial teórico
2.1 Contabilidade de custos
Antes mesmo da globalização, com o surgimento das empresas de manufatura, no século XVIII, na conhecida época da Revolução Industrial, os proprietários das indústrias manufatureiras europeias começaram a encontrar dificuldades para apurar seus resultados e conhecer os custos de fabricação, utilizando a Contabilidade financeira que até então era eficiente para o controle do patrimônio das empresas comerciais (MARTINS, 2010). Conforme Leone (2000), a Contabilidade de custos surgiu como um importante instrumento de controle que facilitou a avaliação dos estoques de produtos fabricados. O grande desafio da Contabilidade de custos, que apareceu, principalmente, para atribuir custos aos estoques, ao longo do tempo, sempre foi o rateio dos custos indiretos (fixos) de fabricação.
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Apesar de existir sistemas de custeio que proporcionam uma menor margem de arbitrariedade, como o departamental e o ABC, os custos indiretos ainda traz uma subjetividade nas análises de custos, por isso o sistema mais adequado para a tomada de decisões é o custeio variável, que adota somente os custos variáveis enquanto os custos indiretos são tratados como despesas (PEREZ JR., OLIVEIRA E COSTA, 1999). Conforme Martins (2010), atualmente a Contabilidade de custos não é mais vista como um instrumento que auxilia a avaliação de estoques e lucros globais, mas sim como uma ferramenta de controle e decisão. De acordo com Schwert et. al. (2015), uma das grandes preocupações dos empreendedores é os seus fatores de produção. Eles estão em constante busca de algum procedimento ou sistema que traga contribuições para aperfeiçoar a gestão, possibilitando competir no mercado com o máximo de qualidade. Esse cenário exige informações imprescindíveis relacionadas a custos, processos e produtos. Em relação aos produtos fabricados, o custo pode ser direto ou indireto. Custos diretos compreendem os gastos com materiais, mão de obra e gastos gerais de fabricação aplicados diretamente na fabricação dos produtos. São assim denominados porque suas quantidades e valores podem ser facilmente identificados em relação a cada produto fabricado. Custos indiretos ou de apoio compreendem os gastos com materiais, mão de obra e gastos gerais de fabricação aplicados indiretamente na fabricação dos produtos. São assim denominados por ser impossível uma segura identificação de suas quantidades e valores em relação a cada produto fabricado (MARTINS, 2010). Conforme Martins (2010), Em relação aos volumes de produção dos bens e serviços, os custos podem ser fixos ou variáveis. Os custos fixos independem das quantidades produzidas e permanecem constantes dentro de um intervalo determinado de volume de produção. Quanto maior for o volume de produção, menor será o custo fixo por unidade. São exemplos de custos fixos: aluguel, manutenção e seguro da fábrica. Os custos variáveis dependem da quantidade produzida. Eles estão diretamente relacionados com o volume de produção. Quanto maior a quantidade produzida maiores serão os custos variáveis totais de produção. O custo variável unitário fica constante. São exemplos de custos variáveis a matéria-prima consumida e a mão de obra.
2.2 Sistemas de custeio
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2.2.1 Custeio por absorção
Para Velter; Missagia, (2010), o sistema de custeio contempla como custo de fabricação todos os custos incorridos no processo de fabricação do período, sejam eles diretos ou indiretos. Nesse caso, somente as despesas integrarão o resultado do exercício. O sistema de custeio por absorção é o oficial, ou seja, aquele adotado por todas as organizações para o registro e a apuração do custo de fabricação e dos resultados. É aprovado pelo Fisco (legislação tributária), pela legislação comercial e societária e também pelas normas internacionais de Contabilidade, fundamentando as demonstrações contábeis oficiais que são elaboradas para atender aos usuários externos da organização. Em relação aos custos indiretos de fabricação, o sistema de custeio por absorção dá guarida tanto ao sistema de custeio departamental quanto ao sistema ABC. Para fins gerenciais, é adequada a utilização do o sistema de custeio variável.
2.2.2 Custeio variável
Custeio variável é um sistema de atribuição de custos aos produtos, por meio do qual se reconhece com o custo de fabricação somente os gastos incorridos no processo de fabricação que possam ser facilmente identificados em relação os produtos fabricados. A lógica do sistema concentra-se no fato de que os custos fixos, por independerem do volume de fabricação, representam gastos fixos que se repetem em todos os meses e são necessários para a operacionalização normal da empresa. Assim, pelo sistema de custeio variável só devem ser considerados com os custos de fabricação aqueles gastos com materiais, mão de obra e gastos gerais de fabricação que possam ser facilmente identificados com os produtos fabricados (BEULKE; BERTÓ, 2006). De acordo com Schwert et. al. (2015), o sistema de custeio variável não serve para atender demandas externas. Porém, contribui com informações aos gestores que buscam eficiência nos processos, permitindo ter em mãos dados como margem de contribuição e ponto de equilíbrio.
2.3 Margem de contribuição
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Para Vitório e colaboradores et. al. (2007 apud BRUNI; GOMES et. al., 2010), a margem de contribuição representa o lucro variável, ou seja, a diferença entre o preço de venda unitário do produto e os custos e despesas variáveis por unidade de produto. Significa que, em cada unidade vendida, a empresa lucrará determinado valor que multiplicado pelo total vendido, tem-se a contribuição marginal total do produto para a empresa. A margem de contribuição é quanto sobra para a empresa pagar despesas fixas e ter lucro, pode ser chamado de ganho bruto sobre as vendas. Mostra para o empresário a receita que sobra das vendas para que a empresa possa pagar suas despesas fixas ou indiretas e, a partir daí, poder registrar lucro. Em princípio, trazem maiores lucros para a empresa aqueles produtos que alcançarem margens de contribuição maiores do que os outros. Só se pode destacar a margem de contribuição se a contabilidade separar os custos e as despesas de fabricação em fixos e variáveis, o que nem sempre é muito fácil, pois depende do contexto em que atua a empresa (tamanho, complexidade etc.) e o mercado em que seus produtos são consumidos. Por se tratar de informações estratégicas, não é divulgada nas demonstrações financeiras das empresas brasileiras. (COSTA; BORGERT, 2003, apud BRUNI; GOMES, 2010). Segundo Ponte, Riccio e Lustosa et. al. (2007 apud BRUNI; GOMES et. al., 2010), a margem de contribuição normalmente é tratada de duas formas: unitária ou total, sendo a margem de contribuição unitária representada pela diferença entre o preço de venda e a soma dos custos variáveis unitários de determinado produto, serviço ou área que se queira custear, e a margem de contribuição total é o resultado obtido pela multiplicação da margem de contribuição unitária pela quantidade vendida, demonstrando a contribuição total de determinado item, no resultado geral da empresa, a certo nível de venda.
2.4 Ponto de equilíbrio
Ponto de equilíbrio (em inglês, break-even point) é o estágio alcançado pela empresa no momento em que as receitas totais geradas pelo volume das vendas se igualam aos custos e despesas totais (SOUSA; CLEMENTE, 2007). O Ponto de equilíbrio é um dos parâmetros mais usados para avaliação da viabilidade de um empreendimento. Para sua determinação, deve ser feita uma classificação rigorosa dos custos quanto à formação, tendo-se a preocupação de separar as parcelas fixas e variáveis existentes nos custos mistos (DUTRA, 2009). Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1607
Para Martins (2003), o Ponto de equilíbrio indica a capacidade mínima que a empresa deve operar para não ter prejuízo. É, portanto, a relação entre o volume de vendas e a lucratividade, determinando o nível de vendas necessário para cobrir os custos operacionais. O principal objetivo na análise do ponto de equilíbrio é conhecer o nível mínimo de venda ou produção que deve ser praticado na empresa para se obter um lucro desejado. Para que seja possível a aplicação da relação (custo – volume – lucro) na análise do ponto de equilíbrio, é preciso calcular o ponto de equilíbrio em quantidade (PEq) e o ponto de equilíbrio em valor (PEvr).
2.4.1 Limitações do ponto de equilíbrio
A aplicação do ponto de equilíbrio numa empresa que trabalha com um único produto é simples e de fácil entendimento, porém na hipótese da existência de diversos produtos sendo elaborados pela empresa, o assunto se complica, já que os custos e despesas variáveis são diferenciados também para cada um, o que provoca a impossibilidade de cálculo de um ponto de equilíbrio global (MARTINS, 2003). Para Marion (2009), a solução será então calcular inicialmente um ponto de equilíbrio global em quantidades, utilizando, para o cálculo, a margem de contribuição ponderada e, em seguida, com base na mesma proporção de participação de cada margem de contribuição em relação ao seu total, calcular as quantidades a serem produzidas por produto. Uma vez conhecido o ponto de equilíbrio por produto em unidades, bastará multiplicar pelo preço de venda para se conhecer o ponto de equilíbrio por produto em valor. Bernardi (2004) sugere outra ponderação baseada no perfil de participação de cada produto no faturamento global. A solução seria calcular a margem de contribuição ponderada média, que consiste na soma das margens de contribuição ponderada de cada produto, obtida através da multiplicação do percentual da margem de contribuição unitária pelo percentual de participação no faturamento de cada produto. Em seguida divide os gastos fixos pela margem de contribuição ponderada média, obtendo assim, o ponto de equilíbrio total em valor.
2.5 Margem de segurança
De acordo com Dutra (2009), conceitua-se margem de segurança como o espaço limitado pelo nível de produção e de vendas considerado normal e pelo nível do ponto de Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1608
equilíbrio. Esse nível normal situa-se acima do ponto de equilíbrio e, evidentemente, localizase entre este e o de capacidade máxima. A margem de segurança é o espaço que a empresa pode operar sem risco de entrar na área de prejuízo.
3. Metodologia
De acordo com Gil (2002), pode-se definir método como caminho para se chegar a determinado fim, e método científico como o conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos adotados para se atingir o conhecimento. A metodologia abrange a classificação da pesquisa, o sistema de coleta de dados e por último o plano de análise. A escolha da metodologia oscila de acordo com os objetivos traçados da pesquisa e o problema que se encontra sendo investigado. A metodologia a ser empregada em uma pesquisa deve ser feita desde a formulação do problema, das hipóteses levantadas até a delimitação do universo ou a da amostra (SILVA, 2008).
3.1 Área de estudo
Picos é um município brasileiro do estado do Piauí. Conhecida como Cidade Modelo e Capital do Mel, Situa-se na região centro-sul do Piauí, sua população estimada é de 76.544 habitantes (IBGE, 2010). É uma cidade economicamente desenvolvida nessa região. Essa característica, aliada ao seu posicionamento geográfico, lhe conferem a condição de polo comercial no Piauí especialmente para combustíveis e mel. É cortada pelas BR’s 316, 343, 020 e 230, 407, caracterizando-se como um forte entroncamento rodoviário. A Central de Cooperativas de Apicultores do Semiárido, identificada pela sigla CASA APIS, fundada em 02 de julho de 2005, é uma sociedade cooperativa de responsabilidade limitada, constituída na forma de central cooperativista, contando com cinco cooperativas singulares de produção do setor apícola, atuando no segmento da produção, industrialização e comercialização de mel. É um empreendimento que assume integralmente os princípios do cooperativismo autêntico, do desenvolvimento sustentável e da economia solidária. A produção apícola e agroindustrial desenvolvida pelo empreendimento é comercializada no mercado interno e no mercado externo, porém o grande foco é a exportação devido à alta demanda de mel principalmente nos Estados Unidos.
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3.2 Natureza e fonte dos dados
A pesquisa caracterizou-se como um estudo de caráter exploratório, que segundo Gil (2002), tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses. Quanto aos procedimentos técnicos, foram utilizadas as pesquisas bibliográficas, documentais e estudo de caso. De acordo com Silva (2008), o estudo de caso pode ser utilizado para desenvolver entrevistas estruturadas ou não, questionário, observação dos fatos, análise documental. O objeto a ser pesquisado neste tipo de pesquisa pode ser o indivíduo, a empresa, uma atividade, uma organização ou até mesmo uma situação. A pesquisa bibliográfica tem como objetivo a revisão teórica e o embasamento para análise e execução prática da pesquisa e consiste também na utilização de técnicas e métodos válidos e reconhecidos pela literatura, além de demonstrar o conhecimento das mesmas por parte do pesquisador. A coleta documental refere-se à coleta de dados extraídos de documentos (escritos ou não) de fontes primárias, coletados junto à agroindústria Casa Apis, como por exemplo, demonstrações contábeis, relatórios de receitas, relatório de despesas, planilha de controles de estoques, planilha de controle de fabricação e folhas de pagamentos, referentes ao período de doze meses: janeiro a dezembro de 2014. Quanto à análise dos dados, utilizou-se a pesquisa qualitativa referente à abordagem do problema, enquanto que, na análise e desenvolvimento, procedeu-se de forma quantitativa, com a utilização de planilhas eletrônicas nos cálculos dos custos, margem de contribuição e ponto de equilíbrio.
3.3 Métodos de análise
Os métodos de análise consistem na aplicação de procedimentos sistemáticos para organização de dados, que consequentemente serão transformados em informações, com a finalidade de fundamentar as possíveis decisões a serem tomadas. Para alcançar os objetivos propostos, foi necessária a aplicação do sistema de custeio variável devido a sua capacidade de prestar informações gerenciais, que possa auxiliar na tomada de decisões.
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3.3.1 Cålculo da margem de contribuição
Segundo Bornia (2002), o cĂĄlculo da margem de contribuição, alĂŠm dos custos variĂĄveis, deve ser considerado tambĂŠm as despesas variĂĄveis. Esse procedimento fundamenta-se no fato de que a finalidade da margem de contribuição ĂŠ proporcionar Ă empresa o conhecimento da capacidade que cada produto tem para contribuir com a cobertura dos custos e despesas fixas, bem como com a formação do lucro. A margem de contribuição unitĂĄria ĂŠ a diferença entre a receita bruta auferida na venda de uma unidade de produto e o total dos gastos variĂĄveis incorridos na fabricação dessa mesma unidade de produto, conforme a seguinte fĂłrmula: đ?&#x2018;&#x20AC;đ??śđ?&#x2018;&#x2C6; = đ?&#x2018;&#x2026;đ??ľđ?&#x2018;&#x2C6; â&#x2C6;&#x2019; đ??śđ?&#x2018;&#x2030;đ?&#x2018;&#x2C6; â&#x2C6;&#x2019; đ??ˇđ?&#x2018;&#x2030;đ?&#x2018;&#x2C6;
Onde: MCU = Margem de contribuição unitåria RBU = Receita bruta unitåria CVU = Custos variåveis unitårios DVU = Despesas variåveis unitårias
Após a identificação da margem de contribuição unitåria, calculou-se a margem de contribuição ponderada mÊdia dos produtos, que corresponde à soma das margens de contribuição ponderadas individuais, obtidas a partir da multiplicação das participaçþes individuais no faturamento em percentual pelas margens de contribuição individuais em percentual.
3.3.2 CĂĄlculo do ponto de equilĂbrio contĂĄbil mix
O principal objetivo na anĂĄlise do ponto de equilĂbrio ĂŠ conhecer o nĂvel mĂnimo de venda ou produção que deve ser praticado na empresa para se obter um lucro desejado. Para realização do cĂĄlculo do ponto de equilĂbrio mix em valor, foi realizado o levantamento de todos os custos e despesas fixas da organização e em seguida a divisĂŁo do montante dos mesmos, pela margem ponderada mĂŠdia, de acordo com a seguinte fĂłrmula:
Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1611
đ?&#x2018;&#x192;đ??¸đ?&#x2018;&#x20AC;đ?&#x2018;Ł =
GF MCp
Onde: PEMv = Ponto de equilĂbrio mix em valor; GF = Gastos fixos (custo fixo mais despesa fixa); MCp = Margem de contribuição ponderada.
3.3.3 Cålculo da margem de segurança
A margem de segurança ĂŠ a diferença entre a receita total auferida pela empresa e a receita total no ponto de equilĂbrio. Em termos de receitas a mesma ĂŠ calculada de acordo com seguinte equação: đ?&#x2018;&#x20AC;đ?&#x2018;&#x2020;% = (
đ?&#x2018;&#x2026;đ??¸ â&#x2C6;&#x2019; đ?&#x2018;&#x2026;đ?&#x2018;&#x192;đ??¸ ) â&#x2C6;&#x2014; 100 đ?&#x2018;&#x2026;đ??¸
Onde: MS% = Margem de segurança; RE = Receita efetiva; RPE = Receita no ponto de equilĂbrio.
4. Resultados e discussĂľes
4.1 Identificação dos custos e despesas variåveis
Conforme Bruni 2008, para analisar os custos de uma empresa industrial o primeiro passo Ê a separação dos custos fixos e variåveis e despesas fixas e variåveis, em seguida a alocação dos custos e despesas variåveis aos produtos. Na Casa Apis a produção Ê realizada pelo sistema de ordens ou encomendas, em que o gerente comercial encaminha ordens de fabricação de acordo com a demanda de produtos, e os custos são registrados em planilhas e identificados por cada lote de fabricação. Na tabela 1, estão apresentados os custos variåveis totais de produção em 2014, os mesmos são compostos pela matÊria prima, materiais secundårios, materiais de embalagem e mão de obra direta. Nota-se que, a matÊria prima Ê o gasto com maior representatividade na composição dos custos de todos os produtos, com destaque no produto Mel Tambor 280 kg,
Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1612
correspondendo 95% do custo total deste produto, enquanto os materiais secundários e de embalagem (rótulo, lacre e tambor metálico) correspondem apenas 4% e a mão de obra representa apenas 1% do custo de produção. Tabela 1 – Custos de produção do período, 2014. Custos Variáveis Matéria Prima Mat. Secundários e Embalagem Mão de Obra Direta Total dos Custos Variáveis
Mel Bisnaga 340g
Mel Bisnaga 470g
Mel Tambor 280Kg
Valor (R$)
%
Valor (R$)
%
Valor (R$)
%
240.821,78
65%
301.710,36
68%
3.517.902,95
95%
86.088,50
23%
97.704,54
22%
166.139,45
4%
45.821,92
12%
42.599,89
10%
38.207,20
1%
372.732,20
100%
442.014,79
100% 3.722.249,60
100%
Fonte: Elaboração com base nos resultados da pesquisa, 2015.
A tabela 2 apresenta o custo unitário e a quantidade de produção de cada produto de acordo com os relatórios internos de fabricação. Nota-se que, foram fabricadas 1.776 unidades do produto Mel Tambor 280 Kg a um custo unitário médio de 2.095,86, correspondendo 82% dos custos totais da produção no período, enquanto os produtos do mercado interno compuseram apenas 18% dos custos do mesmo período. Tabela 2 – Custos variáveis unitários, 2014. Custo Variável Total Produtos
Qtd. Produzida
Custos Variáv. Unit.
Valor (R$)
%
(und.)
(R$)
Mel Bisnaga 340g
372.732,20
8%
102.238
3,65
Mel Bisnaga 470g
442.014,79
10%
95.049
4,65
Mel Tambor 280 Kg
3.722.249,60
82%
1.776
2.095,86
Total
4.536.996,59
100%
-
-
Fonte: Elaboração com base nos resultados da pesquisa, 2015.
A tabela 3 apresenta as despesas variáveis para a produção de mel em 2014. Nota-se que o valor da despesa variável por quilo de mel (Kg) do produto Mel Tambor 280 kg Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1613
equivale a R$ 0,47 bastante inferior às despesas relacionadas aos produtos Mel Bisnaga 340g e Mel Bisnaga 470g que correspondem a R$ 2,80 e R$ 3,19 respectivamente. Tabela 3 – Despesas variáveis, 2014. Despesa Produtos
Variável Total (R$)
Qtd. Vendida Despesa Var. (Und.)
Unit. (R$)
Despesa Var. por Kg de Mel
Mel Bisnaga 340g
102.528,30
94.491
1,09
3,19
Mel Bisnaga 470g
109.889,39
83.601
1,31
2,80
Mel Tambor 280Kg
234.986,52
1.776
132,31
0,47
Total
447.404,21
-
-
-
Fonte: Elaboração com base nos resultados da pesquisa, 2015.
O motivo dos elevados gastos com a comercialização dos produtos no mercado interno deve-se a logística de transporte no território nacional, pois estes produtos são comercializados em todos os estados da região nordeste e sudeste, e também pela necessidade de contratação de serviços de promotoria de vendas para manter os supermercados abastecidos. Já no caso dos produtos destinados ao mercado externo as despesas variáveis são menores, pois o frete é modalidade FOB (Free On Board), ou seja, o comprador assume todos os riscos e custos com o transporte da mercadoria, assim que ela é colocada a bordo do navio.
4.2 Identificação da receita total da produção
Conforme Sousa (2014), as receitas totais representam a multiplicação do preço (P0) pela quantidade vendida (Q0) dos produtos, ou seja, RT = P0 x Q. De acordo com a Tabela 4 nota-se que, para o mercado externo, foi estimada a venda de 1.776 Tambores de Mel de 280 Kg a um preço de venda unitário de R$ 2.569,65 totalizando um faturamento de R$ 4.563.698,40. Para o mercado interno foi estimada a comercialização de 94.491 Bisnagas de Mel de 340g a um valor unitário de R$ 5,52 gerando um faturamento de R$ 521.848,85 e 83.601 de Bisnagas de Mel de 470g a um preço unitário de R$ 7,19 totalizando um faturamento de R$ 601.150,84.
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Tabela 4 – Receita de vendas, 2014.
Produtos
Mel Bisnaga 340g Mel Bisnaga 470g Mel Tambor 280Kg Total
Preço
Qtd.
Quantidade
Vendida
Vendida
(und)
(kg)
94.491
32.126,94
5,52
83.601
39.292,47
7,19
1.776
319.680,00
-
391.099,41
Unit.
%
Valor do
Participação
Kg de
Perfil no
Mel
Faturamento
(R$/kg)
521.590,32
9%
16,24
601.091,19
11%
15,30
80%
9,18
100%
-
Vlr Total de
Venda Vendas (R$) (R$)
2.569,65 4.563.698,40 -
5.686.379,91
Fonte: Elaboração com base nos resultados da pesquisa, 2015.
Nota-se que, a participação no faturamento do produto Mel Tambor 280 kg corresponde a 82% das receitas, enquanto os produtos Mel Bisnaga 340g e Mel Bisnaga 470g, correspondem apenas 8% e 10% respectivamente. Os resultados também apresentam uma grande diferença no valor unitário de comercialização do quilo do mel, sendo R$ 9,18 para o produto exportado, enquanto para os produtos comercializados no mercado interno, o preço unitário por quilo ultrapassa R$ 15,00.
4.3 Margem de contribuição
Na tabela 5, estão apresentadas as margens de contribuição do mix de produtos comercializados, que corresponde o valor unitário de venda de cada produto, deduzido os custos e despesas variáveis unitários, chegando à margem de contribuição unitária, sendo esta a responsável pela absorção dos gastos fixos da empresa. Nota-se que, a margem de contribuição por quilo de mel referente ao produto Mel Tambor 280 kg corresponde a R$ 1,22, sendo a mesma inferior as margens de contribuição dos produtos fracionados, devido principalmente à inferioridade no preço de venda por quilo. Tabela 5 – Margem de contribuição unitária, 2014.
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Margem
Preço de
Custo
Despesa
Margem
%
Venda
Variável
Variável
de Cont.
Margem
Unitário
Unitário
Unitária
Unitária
de Cont.
Mel Bisnaga 340g
5,52
3,65
1,09
0,79
14%
2,32
Mel Bisnaga 470g
7,19
4,65
1,31
1,23
17%
2,61
2.095,86
132,31
341,48
13%
1,22
Produtos
Mel Tambor 280Kg 2.569,65
de Cont. por KG de Mel
Fonte: Elaboração com base nos resultados da pesquisa, 2015.
Devido à empresa fabricar diversos produtos faz-se necessário identificar a margem de contribuição ponderada para calcular o ponto de equilíbrio mix. De acordo com Bernardi (2004), a margem de contribuição ponderada compreende a adição dos resultados da multiplicação das participações percentuais individuais no faturamento pelas margens de contribuição percentuais individuais. De acordo com a tabela 6, observa-se que, a margem de contribuição ponderada média da Casa Apis foi de 0,14 ou 14%. Tabela 6 – Margem de contribuição ponderada média, 2014. Margem de
Margem de
% Participação no
Contribuição %
Faturamento
Mel Bisnaga 340g
0,14
0,09
0,01
Mel Bisnaga 470g
0,17
0,11
0,02
Mel Tambor 280Kg
0,13
0,80
0,11
-
1,00
0,14
Produtos
Total
Contribuição Ponderada
Fonte: Elaboração com base nos resultados da pesquisa, 2015.
4.4 Ponto de equilíbrio mix
A empresa apresentou em 2014 o total de gastos fixos no valor de R$ 607,690,00, sendo R$ 406.370,00 de despesas fixas e R$ 201.320,00 de custos fixos. Após identificação dos valores, dividiram-se os gastos fixos pela margem de contribuição ponderada média, obtendo um ponto de equilíbrio mix no valor de R$ 4.410.633,83.
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Após identificar o valor do ponto de equilíbrio, multiplicaram-se os percentuais em de participação no faturamento de cada produto para definir o valor de faturamento de cada produto em sequência dividiu-os pelo preço unitário de venda obtendo assim, portanto, a quantidade a ser comercializada de cada produto para alcançar o ponto de equilíbrio. A tabela 7 apresenta as quantidades a serem vendidas de cada produto, nota-se que, o produto Mel Tambor 280kg possui o ponto de equilíbrio bastante elevado em relação aos demais, sendo necessário a comercialização de 1.741 unidades para gerar uma receita de R$ 4.473.361,38 devido a sua participação em 80% do faturamento total da empresa em 2014. Tabela 7 – Ponto de equilíbrio mix, 2014.
Produto
% Participação no Faturamento
Ponto de Equilíbrio em Valor (R$)
Preço de Venda Unitário (R$)
Ponto de Equilíbrio em Qtd. (unidades)
Mel Bisnaga 340g
0,09
404.570,91
5,52
73.292
Mel Bisnaga 470g
0,11
466.235,67
7,19
64.845
Mel Tambor 280Kg
0,80
3.539.827,24
2.569,65
1.378
-
-
Total
1,00
4.410.633,83
Fonte: Elaboração com base nos resultados da pesquisa, 2015.
4.5 Margem de segurança
De acordo com Marion (2011) a margem de segurança é a diferença entre a receita total auferida pela empresa e a receita total no ponto de equilíbrio, conforme apresentada na seguinte fórmula. Conforme apresentando na tabela 6, a receita total no ponto de equilíbrio foi de R$ 4.410.633,83, enquanto as receitas efetivas em 2014 totalizaram R$ 5.686.379,91 conforme tabela 3, gerando uma margem de segurança de 22,44%. Assim, a empresa pode reduzir o valor de suas vendas em R$ 1.275.746,08 (22,44% de R$ 5.686.379,91) sem entrar em prejuízo. Observa-se que, as receitas obtidas apenas nas exportações foram suficientes para atingir o ponto de equilíbrio da empresa e ainda gerou uma margem de segurança de 3,35%.
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Portando, de acordo com os dados apresentados em 2014, a produção do Mel Tambor 280 kg possui uma grande importância para a empresa, pois o mesmo representou 80% do faturamento global das atividades da agroindústria, contribuindo para absorção de 100% dos gastos fixos e deixando uma margem de segurança de 3,35%. Vale ressaltar que, o produto Mel Tambor 280 kg possui um margem de contribuição por quilo inferior aos demais produtos, porém o mesmo tem uma grande relevância econômico-financeira devido a sua alta rotatividade para atender as demandas do mercado externo.
5. Considerações finais
A Contabilidade de custos é uma grande ferramenta para a gestão de empresas. Com a produção de planilhas, gráficos e relatórios, os gestores podem visualizar o funcionamento e a situação da empresa, e diante destas informações podem ser verificadas as necessidades ou a possibilidade de melhorias que ajude a definir estratégias para alcançar bons resultados. A pesquisa desenvolvida cumpriu com o seu proposto, sendo que os resultados apresentaram uma grande vantagem para os produtos comercializados no mercado interno no que reportar-se a, margem de contribuição unitária por quilo de mel superior à do produto comercializado no mercado externo, porém o grande volume de exportação produziu uma margem de contribuição total superior ao ponto de equilíbrio da empresa, gerando uma margem de segurança de 3,35%. Portando a comercialização para ambos os mercados possuem vantagens e contribui para a continuidade e o crescimento econômico da empresa. Nesse contexto, uma empresa com uma Contabilidade de custos bem estruturada, como é o caso da Casa Apis, possui um grande atributo competitivo, pois para atingir o equilíbrio financeiro, é necessário que os administradores tomem os rumos e decisões corretas, baseados em informações contábeis consistentes adaptando seus processos continuamente. Observou-se que o objeto de estudo (Casa Apis), em relação aos custos e receitas de seus produtos, comportou-se obedecendo a um controle efetivo sobre as suas operações comerciais. Alguns itens ainda estão em processo de contribuição para a geração de um maior lucro operacional, como mostrou a margem de contribuição, no entanto a empresa possui um rigoroso controle sob o seu processo de gestão. As sugestões e contribuições da pesquisa são de que um rigoroso controle de custos acarreta numa eficiência administrativa para uma empresa e que, seus instrumentos e
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as diversas formas de analisá-los passam a ser um diferencial competitivo, contribuindo principalmente no processo decisório da gestão. Como recomendação, a empresa deve buscar novos clientes no mercado interno, ampliar os serviços de promotoria e degustação e investir na exportação dos produtos fracionados, pois estes possuem margens de contribuição maiores do que o produto Mel Tambor 280 kg, com o intuito de alcançar o ponto de equilíbrio com uma menor quantidade de matéria prima processada e comercializada, possibilitando o aumento da margem de segurança da empresa. Como sugestão para próximas pesquisas, propõe-se um estudo de formação de preços dos produtos, uma vez que os resultados apresentados detectam uma grande diferença de preço por quilograma (Kg) de mel comercializado para cada mercado, tendo em vista que a precificação constitui-se uma ferramenta muito importante para tornar a empresa mais competitiva, e consequentemente alcançar resultados econômicos satisfatórios.
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Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1620
ANÁLISE DO ÍNDICE DE VANTAGEM COMPARATIVA REVELADA PARA O AGRONEGÓCIO DO RIO GRANDE DO NORTE Ildérica Lopes da Silva Filiação: Aluna do Curso de Ciências Econômicas da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN E-mail: ilderica_lopes@hotmail.com Maria Elza de Andrade Filiação: :Professora do Curso de Ciências Econômicas da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN E-mail: elzadeandrade@yahoo.com.br Grupo de Pesquisa: Agronegócio, Mercados e Comercialização Resumo Este artigo tem como objetivo calcular o índice de Vantagem Comparativa Revelada – VCR, de Balassa, para o agronegócio norte-rio-grandense no período de 2000 a 2015. Os produtos utilizados para representar o agronegócio do Rio Grande do Norte foram banana, castanha de caju, mamão, manga, melancia e melão, por corresponderem aos principais exportados no referido setor. Para tanto, foram utilizados os dados dos sistemas AGROSTAT/MAPA e AliceWeb/MDIC. Inicialmente, é feito um panorama geral sobre o agronegócio norte-riograndense. Posteriormente, é calculado o VCR. Os resultados demonstram que o melão corresponde ao produto que possui maior vantagem comparativa, seguido da melancia, bem como, maior competitividade. Além disso, a manga caracterizou-se com um menor grau de competitividade no mercado internacional ao longo do período estudado. Palavras-chave: Competitividade. Vantagem Comparativa. Mercado Internacional. Abstract This article aims to calculate the Revealed Comparative Advantage index - VCR, Balassa, of the Rio Grande do Norte agribusiness from 2000 to 2015. The products used to represent the agribusiness Rio Grande do Norte were banana, chestnut cashew, papaya, mango and watermelon and cantaloupe, because they correspond to the main exported in the said sector. Therefore, data from AGROSTAT / MAP and AliceWeb / MDIC systems were used. Initially, it made an overview of the North Rio Grande agribusiness. Thereafter, the VCR is calculated. The results demonstrate that the melon corresponds to the product that has a higher comparative advantage, followed watermelon, as well as increased competitiveness. In addition, the sleeve was characterized with a lower degree of competitiveness in the international market over the period studied. Key words: Competitiveness. Comparative Advantage. International market.
Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1621
1. Introdução A globalização apesar de ser um assunto bastante atual, do ponto de vista integracionista, ela também pode ser verificada na história, pois Marx e Engels afirmam que: no tocante a tradicional autossuficiência como também ao isolamento das nações nasce uma circulação universal de dependência geral entre os países (BARCA, 2012). Segundo Gabriel (2005), com o surgimento da globalização, o primeiro impacto é sofrido pelo comércio internacional, tendo em vista que o advento desse fenômeno provocou, de forma rápida, a queda de barreiras ocasionando a migração dos mercados nacionais para os internacionais. Nos últimos anos, o Brasil apresentou um crescimento relevante no comércio internacional do agronegócio, garantindo sua posição como um dos principais produtores e exportadores de alimentos e fibras, exportando para mais de 200 países. Segundo os autores Carvalho e Miranda (2009) poucos países apresentaram um aumento considerável no comércio internacional do agronegócio quanto o Brasil. O Rio Grande do Norte corresponde a um dos principais estados exportadores dos produtos do agronegócio, sendo as frutas os principais produtos deste setor. Dentre os pólos de fruticultura irrigada no Brasil, destacam-se no nordeste o pólo Açu/Mossoró no estado do Rio Grande do Norte, o pólo do Baixo Jaguaribe no Ceará e o do Submédio São Francisco na Bahia. O Estado do Rio Grande do Norte possui uma das maiores áreas produtoras de frutas frescas do país. O mesmo se torna de suma importância para a economia do Estado, fazendo com que gere novas demandas para a melhoria de infraestrutura, incluindo estradas, novos meios de transportes, melhoria dos portos e aeroportos, tendo em vista que essa atividade promove o desenvolvimento de novas tecnologias e equipamentos de irrigação, a formação e a capacitação de mão de obra. (ARAÚJO E CAMPOS, 2011). Os países da União Europeia são o principal destino das frutas brasileiras. O agronegócio pode ser caracterizado como um fator relevante que tem contribuído para o acréscimo do saldo da balança comercial do Rio Grande do Norte, gerando emprego e renda, além de garantir a permanência de famílias na área rural. Nesse encadeamento, dada a influência desempenhada pelo segmento do agronegócio do RN, torna-se relevante a realização de estudos que busquem analisar sua competitividade quanto aos principais produtos que fazem parte desse setor por meio da mensuração dos indicadores de desempenho (SOARES; SOUSA; BARBOSA, 2013). Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1622
O índice de Vantagem Comparativa Revelada proposto por Balassa (1965), corresponde a um indicador de desempenho que mostra a participação das exportações de um determinado produto de um estado/país em relação às exportações nacionais/mundiais desse mesmo produto e permite comparar a participação relativa das exportações de um produto de diversas regiões/países (SILVA, 2006). De acordo com o Gabinete de Planejamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais (GPEARI), o Índice de Vantagem Comparativa Revelada apresenta a intensidade da especialização do comércio internacional de um país relativamente a uma região ou ao mundo. Para Hidalgo e Mata (2004), conhecer os produtos que detêm vantagem comparativa no comércio internacional é de grande relevância para a formular e implementar estratégias de crescimento e o desenvolvimento econômico de uma determinada região ou país. Para realização deste estudo serão considerados somente os produtos mais representativos da pauta de exportações do agronegócio, que são: banana, castanha de caju, mamão, manga, melancia e melão. De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio (MDIC, 2016) estes são os principais produtos exportados pelo estado. O artigo está estruturado da seguinte forma: além da introdução, será apresentado um tópico com o referencial teórico. Em seguida serão expostos os procedimentos metodológicos. A quarta seção apresenta a análise e os resultados que foram obtidos pela pesquisa. A quinta seção consiste nas considerações finais. 2. Revisão de Literatura As transformações ocorridas no decorrer dos últimos anos, nas economias mundiais, dáse principalmente, como consequência da abertura comercial que fora incentivada pelo processo de globalização. Este processo tem requerido que as mesmas sejam cada dia mais competitivas e moldem-se às exigências impostas pelo mercado externo. Essas imposições, abrange todos os setores da economia, inclusive o agronegócio que corresponde ao principal setor da economia brasileira (SILVA; 2014). No início da década de 90 o Brasil passava pela liberalização da economia para o comércio mundial, diante desse fato o país passou a sentir a necessidade de um maior posicionamento ao mercado internacional, buscando uma inovação em produtos que proporcionasse vantagem competitiva, no qual o agronegócio passou a ser visto como um setor
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que, no longo prazo, iria render bons frutos para o país, relacionado principalmente com as exportações (BARBOSA, 2006). Isso decorre do fato das exportações do setor do agronegócio para o mercado internacional ter o poder de afetar a cadeia produtiva brasileira impulsionando a geração de renda, emprego e divisas para o país, que favorecida pelas características climáticas, a implementação de novas técnicas de produção e comercialização, agrega ainda mais valor ao setor local, tornando-o de grande importância para economia regional (SILVA, 2015). De acordo com Parré et al. (2001), a agroindústria é oriunda do agronegócio, sendo assim o setor responsável pela transformação e o processamento de matérias-primas gerados pela agropecuária em produtos elaborados e adicionando valor ao produto. Porém, Araújo (2005, p. 93), conceitua agroindústria como uma unidade empresarial na qual ocorrem as etapas de beneficiamento, processamento e transformação de produtos agropecuários “in natura” até a embalagem, prontos para comercialização, envolvendo diferentes tipos de agentes econômicos, como comércio, agroindústrias, prestadores de serviços governo e outros. O Brasil apresenta características ambientais favoráveis a fruticultura, são elas: a grande extensão territorial, a diversificação edafo-climática e a disponibilidade hídrica, esses fatores fazem com que o país se torne um dos principais quando se trata no desenvolvimento dessa atividade. De acordo com Buainaim e Batalha (2007), o setor que mais tem gerado emprego, renda e desenvolvimento rural do agronegócio nacional, tem sido o da fruticultura, no Brasil muitas regiões apresentam vantagens comparativas na produção de frutas, é tanto que já existe aproximadamente 30 pólos de fruticultura espalhado pelo país, mais os destaques desses pólos estão na região Nordeste, tendo em vista que a fruticultura desempenhada nessa região possui destaque nos dias atuais através da agricultura irrigada, que possibilita a geração de frutas frescas durante todo o ano. O Rio Grande do Norte corresponde a um dos principais estados exportadores dos produtos do agronegócio, sendo as frutas os principais produtos deste setor. Com isso é necessária uma discussão sobre os pólos de crescimento e de desenvolvimento. Para François Perroux (1964), os pólos de crescimento dizem respeito ao ambiente em que está concentrado a economia, e esse crescimento não surgia por toda parte, e era originário a partir de uma empresa motriz. E os de desenvolvimento consiste em uma unidade econômica motriz ou um conjunto formado por várias dessas unidades, que podem ser uma unidade simples ou complexa, e até mesmo uma indústria.
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Percebendo-se a relevância em realizar estudos sobre o comércio internacional Adam Smith e David Ricardo foram os primeiros economistas a analisá-lo. Esses estudos estavam relacionados ao comércio internacional e à competitividade das relações de comércio envolvendo os países, abordando, respectivamente, as teorias da Vantagem Absoluta e da Vantagem Comparativa. Na primeira, Smith avaliou que produtos que possuem menor custo de produção deveria ser o foco de produção de um país, ao passo que os produtos com custos de produção mais elevados deveriam ser trocados com países nos quais os mesmos tivessem menores custos de produção. Sendo assim, uma nação teria uma vantagem absoluta na produção de um bem quando a mesma precisasse de uma quantidade menor de insumos para produzir esse bem. A ênfase dessa teoria consiste em que o comércio internacional beneficiaria a todos, enquanto se dá entre nações que possuem vantagem e desvantagem em pelo menos um produto (CONCEIÇÃO et al, 2015). Juntando-se a esse pensamento, David Ricardo estende a teoria proposta por Smith ao desenvolver a teoria das Vantagens Comparativas. Essa teoria tem como ideia básica a noção de que mesmo um país não possuindo vantagem absoluta em nenhum bem, o comércio internacional ainda será vantajoso se em termos relativos à produtividade dos parceiros comerciais forem diferentes. Um país possui vantagem comparativa na produção de determinado bem, se seu custo de oportunidade na produção desse produto em relação aos demais é inferior nesse país do que nos outros países (KRUGMAN; OBSFELD, 2005). Ainda de acordo com Krugman e Obstfeld (2005), no modelo Ricardiano os países se beneficiariam com o comércio internacional, mesmo que fossem totalmente menos eficientes na produção de todos os bens, desde que se especializem na produção dos bens em que são relativamente mais eficientes. Em outras palavras, o padrão do que fosse produzido em país seria determinado pela Lei das Vantagens Comparativas. No século XX surge a atual Teoria do Comércio Internacional, tendo como principais representantes Heckscher-Ohlin, a teoria da vantagem comparativa também foi aperfeiçoada. Essa teoria ressaltava que a diferença da dotação relativa de fatores e os preços respectivos entre as nações, como sendo a causa mais relevante do comércio internacional. Ainda segundo esta teoria, um país deve exportar àquele produto cuja produção é utilizado um fator relativamente abundante e barato e, importar bens que utilizam uma grande quantidade de fator relativamente escasso e caro. Além disso, essa teoria também argumenta que o comércio irá conduzir à
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eliminação ou redução na diferença dos preços dos fatores entre o países (COSTA, 1999 apud ANDRADE et al, 2008.). Percebe-se que as teorias mais atuais relacionadas ao comércio internacional salientam que, na proporção que os mercados são estendidos eles possuem uma maior complexidade, pois outros fatores passam a intervir no processo do comércio internacional, tais como: contratos, aumentos na exigência da qualidade dos produtos, barreiras comerciais e não tarifárias, economias de escala, concorrência imperfeita, padrões de demanda e diferenciação dos produtos. Assim, verifica-se que a competitividade no comércio internacional possui características que vão além da vantagem comparativa (SOARES; SOUSA; BARBOSA, 2013). De acordo com Gonçalves et al. (1995) apud Soares et al. (2013), a competitividade corresponde a capacidade de uma empresa, estado ou país em construir de maneira dinâmica uma posição competitiva e sustentável ao decorrer do tempo para determinados bens ou grupos de produtos no mercado internacional. Esse resultado não consiste em posições herdadas, porém de condições construídas tendo em vista estratégias consolidadas e sustentáveis no decorrer do tempo perante a concorrência. Sendo assim, analisar a competitividade de um determinado produto proporciona formular estratégias capazes de manter ou aumentar sua posição competitiva no mercado internacional. 3. Procedimentos Metodológicos A competitividade pode ser analisada sob distintos aspectos. Entre eles, estão os indicadores de desempenho, que avaliam a competitividade do produto considerado no mercado regional, nacional ou internacional (SOARES; SOUSA; BARBOSA, 2013). Neste estudo, para a análise da competitividade norte-rio-grandense no comércio exterior de produtos do agronegócio, de 2000 a 2015, foi considerado o indicador de desempenho Vantagem Comparativa Revelada (VCR) proposto por Balassa (1965). 3.1. Índice de Vantagem Comparativa Revelada De acordo com o Gabinete de Planejamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais (GPEARI), o índice de Vantagens Comparativas Reveladas (VCR) foi enunciado primeiramente por Balassa (1965), fundamentado na lei das vantagens comparativas criada por David Ricardo em 1817. O VCR verifica a intensidade da especialização do comércio internacional de um país relativamente a uma região ou ao mundo. Este é um indicador da Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1626
estrutura relativa das exportações de um país/região ao longo do tempo e utiliza o peso de um dado setor nas exportações mundiais para normalizar o peso das exportações desse mesmo setor para cada país/região. O índice proposto por Balassa ,segue uma distribuição assimétrica com um limite inferior de zero e um limite superior variável. O VCR é calculado através da seguinte fórmula: Xij ⁄X iz VCR ij = Xj ⁄X z Onde: j→ representa o estado do Rio Grande do Norte; z → é a zona de referência; no caso, o Brasil; Xij → é o valor das exportações do produto i do Rio Grande do Norte; Xiz → é o valor das exportações brasileiras do produto i; Xj → é o valor total das exportações do estado; Xz→ é o valor total das exportações do país. Considera-se que um país ou região tem vantagem comparativa revelada quando o índice de VCR ij > 1, ou seja, a região j possui vantagem comparativa revelada no produto i; se o índice de VCR ij < 1, a região apresenta desvantagem comparativa revelada no produto i e se VCRij = 1, a região j não terá vantagem nem desvantagem na produção do produto, esse resultado salienta que a produção local supre as necessidades internas de consumo, afirma-se que não existe excedente para ser exportado. 3.3. Fonte de Dados Os dados referentes às exportações e importações do Rio Grande do Norte e do Brasil para os principais produtos do agronegócio foram extraídos do AGROSTAT - Estatísticas de Comércio Exterior do Agronegócio Brasileiro do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Os dados referentes a importações e exportações totais do Rio Grande do Norte e do Brasil foram extraídos junto ao Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior
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– AliceWeb, órgão vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). As séries de valor exportado e importado estão expressas em US$ Free on Board do Brasil, e o período considerado são de 2000 a 2015. Para realização deste estudo, foram considerados os 6 principais produtos da pauta de exportação do agronegócio norte-riograndense que correspondem a: banana, castanha de caju, mamão, manga melão, melancia. 4. Análise dos Resultados Antes de apresentar os resultados relacionados ao Índice de Vantagem Comparativa Revelada, é interessante mostrar a evolução das exportações norte-rio-grandenses dos produtos mais representativos do agronegócio, assim como as exportações brasileiras dos produtos que foram propostos para análise. A tabela 1 mostra a dinâmica do valor absoluto exportado dos principais produtos considerados que compõem o agronegócio do Rio Grande do Norte no período de 2000 a 2015. Conforme se observa, apesar das oscilações verificadas ao longo do período, houve um crescimento no valor exportado do agronegócio norte-rio-grandense entre os anos de 2000 a 2015, registrando uma queda nesse volume exportado no ano de 2009, supõe-se que esteja relacionado às consequências da crise econômica do ano de 2008, uma vez que as economias ainda encontravam-se em processo de reestruturação, o que pode ter afetado o fluxo comercial, a partir desse ano, voltando a crescer até 2010, registrando uma nova redução nos quatro últimos anos desse período. Tabela 1: Exportações brasileiras e norte-rio-grandenses do Agronegócio¹ de 2000 a 2015 Ano
Exportação Brasil (US$, FOB)
Exportação RN (US$, FOB)
RN/BR (%)
2000
251.660.846
47.404.186
18,84
2001
203.252.975
52.912.301
26,03
2002
219.519.369
60.116.920
27,39
2003
283.467.595
87.737.221
30,95
2004
399.677.698
102.146.944
25,56
2005
464.606.145
131.655.432
28,34
2006
465.073.497
144.062.853
30,98
2007
563.138.048
173.253.118
30,77
2008
581.746.119
142.558.751
24,51
2009
554.596.657
118.054.891
21,29
2010
582.554.232
125.063.824
21,47
Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1628
1
2011
610.006.218
135.156.144
22,16
2012
578.586.864
125.672.016
21,72
2013
550.245.373
113.349.305
20,60
2014
543.593.845
110.630.314
20,35
2015
587.622.869
113.082.472
19,24
Produtos considerados: banana, castanha de caju, mamão, manga, melão. Fonte: Elaborada pelos autores a partir dos dados disponibilizados pelo AGROSTAT/MAPA (2016).
Em termos comparativos com o Brasil, os dados indicam que, dos US$ 587.622.889 milhões correspondentes às exportações brasileiras do agronegócio segundo os produtos analisados em 2015, US$ 113.082.472 milhões foram oriundos do Rio Grande do Norte. Sendo assim, o Rio Grande do Norte foi responsável por 19,24% do valor gerado pelas exportações brasileiras desses produtos em 2015. A tabela 2 a seguir apresenta o comportamento da balança comercial do Rio Grande do Norte procedente do agronegócio. A mesma demonstra o bom desempenho na pauta de exportações do estado no período de 2000 a 2007 registrando um crescimento nesse período, apresentando uma redução no ano seguinte, a qual possivelmente está relacionada as consequências da crise econômica de 2008. O maior saldo comercial ocorreu no ano 2007, voltando a decrescer nos anos seguintes acredita-se que pelos motivos elencados anteriormente tais como câmbio e a forte estiagem do período, como ressaltado pelos autores Soares, Sousa e Barbosa (2013). Entretanto, convém ressaltar que apesar das oscilações verificadas no valor das exportações, o agronegócio do Rio Grande do Norte para os produtos considerados apresentou saldo positivo na balança comercial do estado durante todo o período analisado, revelando dessa forma a importância desses produtos no que se refere à geração de divisas para o estado. Cabe acrescentar ainda que as importações ocorreram somente em alguns anos, e em virtude apenas do produto castanha, para todos os anos no qual houve importações e do produto melancia, que fora importada no ano de 2009, indicando que o estado abastece o mercado interno como também exporta os produtos. Tabela 2: Balança Comercial do Agronegócio do Rio Grande do Norte por produtos¹, de 2000 a 2015 Ano
Exportação (US$, FOB)
Importação (US$, FOB)
Saldo (US$, FOB)
2000
47.404.186
0
47.404.186
2001
52.912.301
0
52.912.301
Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1629
2002
60.116.920
0
60.116.920
2003
87.737.221
0
87.737.221
2004
102.146.944
0
102.146.944
2005
131.655.432
0
131.655.432
2006
144.062.853
0
144.062.853
2007
173.253.118
0
173.253.118
2008
142.558.751
378.370
142.180.381
2009
118.054.891
42.118
118.012.773
2010
125.063.824
0
125.063.824
2011
135.156.144
0
135.156.144
2012
125.672.016
1.824.994
123.847.022
2013
113.349.305
3.069.861
110.279.444
2014
110.630.314
1.339.978
109.290.336
2015
113.082.472
10.298.376
102.784.096
1
Produtos considerados: banana, castanha, mamão, manga, melão. Fonte: Elaborada pelos autores a partir dos dados disponibilizados pelo AGROSTAT/MAPA (2016).
As vantagens comparativas reveladas, apresentadas na tabela 3, ilustram a competitividade dos principais produtos do agronegócio norte-rio-grandense diante do Brasil. Nessa tabela foram considerados as exportações totais do Rio Grande do Norte e do Brasil. Os valores do índice de Vantagem Comparativa Revelada (VCR) acima de 1,0 indicam vantagem comparativa favorável aos produtos analisados do Rio Grande do Norte em relação ao Brasil. No entanto, os principais produtos que destacam-se correspondem ao melão e a melancia. Os dados evidenciam que, em média, os maiores valores do indicador de VCR é do produto melão, confirmando que esse produto tem grande relevância na geração de divisas para o Rio Grande do Norte. Pode-se perceber ainda que alguns produtos tornaram-se mais competitivos no decorrer dos anos, como melancia, banana, castanha e manga, enquanto o melão diminuiu sua competividade durante alguns anos do período analisado. Esse comportamento pode estar relacionado ao fato de outras frutas terem se inserido em maior grau no mercado internacional dado as exigências legais impostas por ele. Com relação às exportações do Rio Grande do Norte de melão frescos, verifica-se que, nos anos de 2002, 2003, 2004 e 2005, o índice foi o menor, o que indica que nesses anos o melão rio-grandense perdeu competitividade para os demais estados produtores desse produto no Brasil. Segundo Andrade, Costa e Maia (2008) esse queda pode estar relacionado com as pragas que afetam o plantio e a produção de melão, causando maiores dificuldades em escoar Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1630
o produto outros países importadores. Cabe notar que, os anos de 2012 e 2013 apresentam os maiores valores para o índice, consequentemente, nesse ano, o Rio Grande do Norte alcançou o maior competitividade de seu produto melão frente as exportações de todos os produtos do RN e ainda sim, apresentou-se também competitivo com seu produto melão, frente aos produtos exportados pelo Brasil. Porém pode-se notar que a taxa de crescimento da banana apresentou-se negativa (-0,17) isso pode ser em virtude das fortes oscilações nas exportações do Rio Grande do Norte quando comparada às exportações do Brasil. Tabela 3. Vantagem Comparativa Revelada1 dos produtos sob análise de 2000 a 2015. Ano 2000
Banana 164,87
Castanha 45,72
2001
126,01
2002
108,62
2003
Mamão 2,31
Melão 303,06
Manga -(2)
Melancia 152,82
52,72
5,40
205,36
-(2)
114,18
48,83
21,04
172,94
-(2)
129,85
115,58
42,37
45,49
158,44
2,03
138,56
2004
92,43
29,64
26,88
121,11
5,00
110,57
2005
169,36
67,43
40,55
175,17
13,39
176,23
2006
236,20
90,00
78,08
243,98
17,00
205,98
2007
268,04
75,31
94,38
280,82
25,14
229,65
2008
229,83
129,48
112,91
242,94
27,23
161,67
2009
209,25
107,00
88,02
221,61
43,67
163,33
2010
275,62
141,92
55,40
265,75
47,84
283,01
2011
316,02
201,59
93,18
358,67
69,65
396,49
2012
354,35
186,12
100,37
374,29
60,86
426,55
2013
298,10
173,32
119,56
385,20
43,48
516,82
2014
177,67
163,13
164,32
354,25
35,74
489,60
2015
59,16
101,35
146,58
246,18
22,86
276,25
200,07
103,50
74,65
256,86
31,84
248,22
Média (3)
TX. C. A. -0,17 12,02 40,76 3,51 34,77 Considerando-se as exportações totais do Rio Grande do Norte e do Brasil. (2) Não há dados disponíveis para o período. Fonte: Elaborada pelos autores a partir dos dados disponibilizados pelo AGROSTAT/MAPA (2016). (3) Taxa média anual de crescimento.
10,18
1
Na tabela 4 estão expostos o índice de Vantagem Comparativa Revelada no qual foram considerados apenas o setor do agronegócio para os produtos específicos. Pode-se perceber que todos os produtos apresentam vantagem comparativa para o período analisado. Pode-se destacar ainda que, o melão corresponde ao produto que possui maior vantagem comparativa. Essa maior competitividade do melão em relação aos outros produtos em análise pode ser em virtude do Programa Integrado Frutas (PIF), que segundo os autores Carvalho e Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1631
Miranda (2009) esse programa foi criado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e tem como objetivo normalizar a certificação dos sistemas de produção frutícola, conferindo, ao agricultor, um selo de certificação, e ao exportador, a qualidade da fruta. Tal objetivo visa o diferencial da fruticultura brasileira e ampliação no mercado internacional. Tabela 4. Vantagem Comparativa Revelada1 dos produtos sob análise de 2000 a 2015. Ano 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Banana 67,11 56,61 54,10 62,75 79,12 90,58 104,05 116,63 100,71 105,92 129,71 156,08 179,15 160,24 105,21 45,18
Castanha 18,61 23,69 24,32 23,01 25,37 36,06 39,65 32,77 56,74 54,16 66,79 99,56 94,10 93,17 96,60 77,40
Mamão 0,94 2,43 10,48 24,70 23,01 21,69 34,40 41,07 49,48 44,56 26,07 46,02 50,74 64,27 97,30 111,94
Melão 123,37 92,27 86,14 86,02 103,68 93,68 107,48 122,20 106,46 112,18 125,06 177,15 189,23 207,06 209,78 188,01
Manga -(2) -(2) -(2) 1,10 4,28 7,16 7,49 10,94 11,93 22,11 22,51 34,40 30,77 23,37 21,17 17,46
Melancia 62,21 51,30 64,68 75,23 94,66 94,25 90,74 99,93 70,85 82,68 133,19 195,83 215,65 277,81 289,93 210,97
Média 100,82 53,88 40,57 133,11 16,51 TX. C. A. (3) 0,71 12,53 55,99 4,01 41,08 1 Considerando-se as exportações somente do agronegócio do Rio Grande do Norte e do Brasil. (2) Não há dados disponíveis para o período. (3) Taxa média anual de crescimento. Fonte: Elaborada pelos autores a partir dos dados disponibilizados pelo AGROSTAT/MAPA (2016).
131,87 11,23
Verifica-se que a manga caracterizou-se com um menor grau de competitividade no mercado internacional ao longo do período estudado. Esse fato pode ter relação com a baixa exportação desse produto em comparação com as exportações brasileiras dele. Uma melhoria na estrutura produtiva e industrial poderia estimular as exportações norte-rio-grandenses desse produto. Porém sua média de crescimento anual foi mais significativa quando comparada com o outros produtos analisados. 5. Considerações Finais
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Neste estudo, realizou-se uma análise da competitividade do agronegócio (especificamente, melão, banana, mamão, manga e melancia) do Rio Grande do Norte em relação ao Brasil durante o período de 2000-2015. Os valores maiores que a unidade para o IVCR demonstram que os produtos analisados apresentaram vantagens comparativas em todos os anos analisados. Dentre esses, o produto que mais destacou-se foi o melão em termos de magnitude do índice de VCR. E o produto que possui menor competitividade foi a manga. A observação dos dados é coerente com o esperado, pois o produto que mais exporta, o melão, é também o que tem maior vantagem comparativa revelada. Portanto, destaca-se a necessidade de aprofundar esta análise no tocante de estabelecer um comparativo com outros estados brasileiros que também são especializados nesse setor do agronegócio. Além disso, pode-se levar em consideração a produção de outras culturas do Rio Grande do Norte que pode contribuir na avaliação das necessidades de investimentos nesse setor e se ele constitui uma estratégia que deve ser privilegiada em detrimento das demais. Referências ANDRADE, Maria Elza de; COSTA, Genivalda Cordeiro da; MAIA, Ana Cristina Nogueira. Dinâmica e Competitividade das Exportações de Frutas do Rio Grande Do Norte no Período e 1999 A 2005. In: Congresso Da Sociedade Brasileira De Economia, Administração E Sociologia Rural, 2008, Rio Branco - Acre. 2013. p. 1 - 15. BARBOSA, Gabriela da Rocha - A fruticultura Irrigada no Nordeste: estímulo ao desenvolvimento sustentável? Trabalho apresentado no XXVI ENEGEP- Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de outubro de 2006, 9 páginas. BARCA, Isis Martins de Lima Varela. Exportações do Rio Grande do Norte: análise por vantagem comparativa revelada. 2012. 62 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Mestrado Interistitucional em Economia, Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2012. BATALHA, M. O. (coord.) Gestão Agroindustrial 2: GEPAI: Grupo de estudo e Pesquisas Agroindustriais. São Paulo: Atlas, 1997. BRASIL/MDIC/ALICEWEB - Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior via Internet. Disponível em: <http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br/>. Acesso em: 25 de junho de 2016. Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1633
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ANÁLISE DO PERFIL E AVALIAÇÃO DA CULTURA DE BANANA NO MUNICÍPIO DE IGUATU NO ESTADO DO CEARÁ NO PERÍODO DE 2016
ANALYSIS PROFILE AND EVALUATION OF BANANA CULTURE IN IGUATU IN CEARÁ STATE MUNICIPALITY IN 2016 PERIOD
IONARA KELLY DE LIMA SANTOS Graduanda em Ciências Econômicas pela Universidade Regional do Cariri (URCA), campus Iguatu, Ceará. E-mail: ionarakelly@hotmail.com ROBÉRIO ALVES TEIXEIRA Graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Regional do Cariri (URCA), campus Iguatu, Ceará. E-mail: profroberio@hotmail.com OTÁCIO PEREIRA GOMES Mestre em Economia Rural Pela Universidade Federal do Ceará (MAER/UFC) Professor Temporário da Universidade Regional do Cariri (URCA), campus Iguatu, Ceará. E-mail: otaciopg@gmail.com GERLÂNIA MARIA ROCHA SOUSA Mestre em Economia Rural Pela Universidade Federal do Ceará (MAER/UFC) Professora Temporária da Universidade Regional do Cariri (URCA), campus Iguatu, Ceará. E-mail: gerlaniarocha@gmail.com Grupo de Pesquisa: Agronegócio, Mercados e Comercialização
Resumo No Brasil, a banana é o segundo fruto mais produzido e consumido e está entre os 10 países no ranking da produção mundial. A mesma é desenvolvida por meio do cultivo de diversas variedades de banana (Prata, Pacovan, Prataanã, Nanica, maçã, etc.) e maior parte de sua produção provém dos estados do Nordeste do país. Já a fruticultura cearense vem assumindo papel fundamental e essencial na agricultura do Estado, tanto para os grandes produtores quanto para os pequenos através da irrigação mecanizada que associada às condições edafoclimáticas viabilizam a produção de frutas tropicais em qualquer época do ano, como é o caso da banana, movimentando a economia local, auferindo renda e ocupação para centenas de famílias de pequenos agricultores. Assim, o objetivo desse estudo foi traçar a caracterização organizacional e avaliar economicamente a cultura da banana. Os dados são de natureza primária, coletados através de questionários de uma amostra não aleatória de 30 produtores do Sítio Cardoso localizado no município de Iguatu, Ceará. Para se avaliar a cultura da banana foram utilizados os conceitos de receitas e custos da produção para depois analisar as medidas de resultado econômico. Os resultados mostram que dos produtores, sua maioria, utilizam Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1635
mão de obra contratada de forma não permanente. Quando analisados a produção da banana, observou-se que os custos operacionais para produção da banana, são compostos pelos serviços de roçagem, gradagem e covas, mão de obra e, colheita, além de insumos e fertilizantes. Os custos fixos foram de R$ 900,00, que são compostos pela manutenção e gastos com água e energia. Os custos variáveis ou as despesas indiretas, onde estão calculadas as despesas operacionais da atividade foram de R$ 4.335,00. A renda líquida que é o lucro da propriedade foi de R$ 6.765,00. O custo unitário, ou seja, por kg do produto foi R$ 0,44 que representa o preço mínimo que o kg da banana deve ser vendido. Palavras-chave: Bananicultura, Produção, Custos.
Abstract In Brazil, the banana is the second most produced and consumed fruit and is among the 10 countries in the ranking of world production. The same is developed through cultivation of different varieties of banana (Silver, Pacovan, Prataanã, Nanica, apple, etc.) and most of its production comes from the states of the Northeast. Already cearense fruit is assuming fundamental and essential role in the state's agriculture, both large producers and for small through mechanized irrigation associated with soil and climatic conditions enable the production of tropical fruit at any time of year, as is the banana case, moving the local economy, earning income and employment for hundreds of smallholder families. The objective of this study was to trace the organizational characterization and economically evaluate the banana crop. The data are of primary nature, collected through questionnaires from a nonrandom sample of 30 Cardoso Site producers located in the city of Iguatu, Ceará. To evaluate the banana crop was used the concepts of revenue and production costs in order to examine the measures of economic output. The results show that the producers mostly use hired labor not permanently. When analyzed the banana production, it was observed that the operating costs for banana production, are composed by mowing services, harrowing and pits, labor and harvest, as well as inputs and fertilizers. Fixed costs were R $ 900.00, which comprise the maintenance and spending on water and energy. Variable costs or indirect costs, which are estimated operating expenses of the activity amounted to R $ 4,335.00. Net income is the income of the property was R $ 6,765.00. The unit cost, ie per kg of product was R $ 0.44 which is the minimum price that the kg of bananas to be sold. Keywords: Banana plantations, Production, Costs
1. Introdução
O Brasil tem aproximadamente 851 milhões de hectares de superfície territorial, dos quais 380 milhões mostram qualidades adequadas para agropecuária, porém, apenas 45,5 milhões são terras hoje agricultáveis (ANA/GEF/PNUMA/OEA, 2010), entre os plantios a fruticultura exibe desempenho admirável no agrobusiness brasileiro. A despeito da pequena faixa de terra que está disponível para o desenvolvimento da agricultura, o Brasil é um dos principais produtores de frutas tropicais tradicionais (abacaxi,
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banana, mamão, manga, melão e uva) e revela-se apto para expandir sua participação no mercado dessas frutas (AMARAL; DO CARMO; MAURY, 2007). Por esse aspecto, é plausível falar que a fruticultura brasileira vem crescendo com sucesso, nos últimos anos, pela disponibilidade de tecnologias, ao aparecimento de novos mercados e à diminuição de barreiras comerciais, destaca Pimentel (2000). Nos últimos anos, a cultivo de frutas vem se mostrando como um dos campos que têm contribuído largamente para o desenvolvimento econômico do nordeste brasileiro (SIQUEIRA, 2003). “A propiciação de empregos, renda e divisas também acaba aumentando” ressaltam Vitti et al., (2003). A produção mundial da banana apresentou, nas três últimas décadas, aumento significativo (122%) no volume mundial produzido. De uma produção de 36,7 milhões de toneladas na safra 1979/80 passou para 81,3 milhões de toneladas na safra 2006/07. Dentre as frutas sua produção é superada apenas pela melancia com 93,2 milhões de toneladas; a uva vem na terceira posição, com 66,3 milhões de toneladas, seguida pela maçã, com 64,2 milhões de toneladas e laranja, com 63,9 milhões de toneladas, conforme a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, 2009). No Brasil, a banana é o segundo fruto mais produzido e consumido (IBGE, 2009), está entre os 10 países no ranking da produção mundial, ainda que represente apenas 0,87% do total das despesas de alimentação dos brasileiros em geral. A bananicultura no Brasil é desenvolvida por meio do cultivo de diversas variedades de banana (Prata, Pacovan, Prataanã, Nanica, maçã, etc.). A maior parte da produção de banana provém dos estados do Nordeste do País (IBGE, 2012). Adicionalmente, no que tange à fruticultura tropical no Nordeste e no Ceará, houve um expressivo e inegável crescimento do mercado consumidor interno e externo. Isso é decorrente das características particulares do Nordeste brasileiro que associa sua alta luminosidade e baixa umidade relativa do ar com a implantação de sistemas de irrigação favoráveis a produção da fruticultura. Neste sentido, o Ceará vem acompanhando esse panorama: ampliando seus cultivos, melhorando a produtividade e a qualidade dos produtos agrícolas e reduzindo a infestação de pragas e a infecção de doenças (ANDRADE, 2005, p.45). Com foco em setores com maior resposta econômica e mercado garantido, tanto interno como externo, o Programa Cearense de Agricultura Irrigada – PROCEAGRI iniciou apostando na produção de frutas, flores e hortaliças, ampliado recentemente para outros produtos como a produção intensiva de leite em pasto irrigado, biomassa para múltiplos fins, Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1637
frutas alternativas e espécies florestais. A produção irrigada passou pela necessidade de eleger polos de produção com potencial de irrigação. O Ceará tem hoje cerca de 90 mil hectares irrigados, dos quais 38,4 mil hectares de frutas, significando um aproveitamento de 43% da área potencial, calculada em torno de 200 mil hectares (ADECE, 2014). A fruticultura dissemina cada vez mais o consumo de fruta, que mesmo comercializada in natura, apresenta aglomeração de valor embutido pela necessidade de processos que demandam tempo e recurso financeiro para manter um produto que é de rápida perecibilidade em condições favoráveis ao consumo. Nesse intuito, a fruticultura cearense vem assumindo papel fundamental e essencial na agricultura do Estado, tanto para os grandes produtores quanto para os pequenos através da irrigação mecanizada que associada às condições edafo-climáticas viabilizam a produção de frutas tropicais em qualquer época do ano, como é o caso da banana. Neste contexto, pode-se indagar as seguintes questões: Como estão caracterizados os produtores de bananas no município de Iguatu, Ceará com relação a sua organização? A bananicultura é uma atividade eficiente economicamente para os produtores? Deve-se ressaltar, que recentemente o nível dos açudes diminui, assim como a vazão liberada, e faltam recursos para investir na eficácia da irrigação na região centro sul do estado e os produtores têm encontrado cada vez mais dificuldades de obtenção de água para irrigar. A produção de bananas movimenta a economia local, dá renda e ocupação para centenas de famílias de pequenos agricultores. Assim, o estudo volta-se para a produção de bananas no município de Iguatu que de destaca como o maior produtor de banana da microrregião do Iguatu cearense. A bananicultura tem apresentado um crescimento ano após ano quando analisada sua produção mundial, aumentando assim sua oferta nos mercados consumidores. Devido à bananicultura apresentar grande importância econômica e social, mostra-se necessário a análise da atividade agrícola no município de Iguatu, Ceará por ser um dos maiores produtores de banana do Estado do Ceará, apresentando características de agricultura familiar, porém, ainda existem várias restrições à bananicultura iguatuense, que atrapalham e comprometem a sua produção e a comercialização final da fruta. Assim sendo, torna-se necessário se estudar formas de se analisar economicamente e avaliar a cultura da banana no Sítio Cardoso no município de Iguatu, Ceará. Especificamente, calculou-se as receitas e custos de implantação e operacionais da atividade e estimou-se os indicadores econômicos da produção da banana. Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1638
2. Revisão de literatura 2.1 Produção de banana no Nordeste O Nordeste brasileiro é a região de maior produção de banana do país. Estima-se uma área de 219 mil ha de produção, destacando-se os estados da Bahia, Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Norte, onde a produção se dá principalmente nos polos de fruticultura irrigada. O Nordeste possui condições favoráveis de solo e clima para o cultivo da banana com elevado padrão de qualidade. No entanto percebe-se uma baixa eficiência na produção e no manejo pós colheita. Com o sistema de irrigação a bananicultura expandiu-se nos Tabuleiros Costeiros apresentando grande produtividade, todavia incompatível com a quantidade de recursos aplicados, resultante de falhas no manejo do solo, como também no pós-colheita (EMBRAPA, 2003). Quando analisado o país e a região nordeste em relação à área destinada à colheita da banana (Hectares), pode-se observar de acordo com os dados do IBGE/SIDRA (2015) que em termos de Brasil, quando comparados ano a ano ocorreu reduções na área destinada à colheita se comparados os anos sucessivos de 2008 para 2009 (-7,52%), de 2011 para 2012 (-3,01%) e de 2013 para 2014 (-1,61%). Quando analisada a Região Nordeste, observa-se que no mesmo período de 2008 para 2009 houve uma redução na área destinada à colheita (-13,59%), contudo houve uma drástica redução nos períodos subsequentes de 2012 (-6,36%), 2013 (1,20%) e 2014 (-2,10%). Redução na área destinada à cultura da banana pode significar redução no nível de produção, contudo isso vai depender dos insumos e a tecnologia adotada pelo produtor. Ao analisar a produção de banana do país assim como da região nordeste, observa-se na Tabela 2 que houve uma redução na produção de banana (toneladas) no Brasil no período entre 2007 e 2008 (-1,41), e logo em sequência 2008 para 2009 (-3,07). Ocorreu novamente queda no período entre 2011 e 2012 (-5,83) e no ano seguinte de 2013 (-0,14). Após análise da Região Nordeste, tem-se quedas acentuadas na produção nos períodos compreendidos entre 2008 e 2009 (-11,37), 2011 e 2012 (-15,28) e 2012 para 2013 (-2,63). Pode-se observar que em termos percentuais a queda na produção de banana na Região Nordeste foi mais acentuada do que a nível de Brasil, com valores significativos para os anos 2009 e 2013 em decorrência principalmente de variações climáticas.
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No período de 2008 e 2009 ocorreu uma maior queda no Nordeste em relação ao Brasil em virtude da região do Rio Grande do Norte ter sido a mais atingida do Nordeste com fortes alagamentos nas lavouras, o reflexo, contudo não foi tão grande no mercado nacional, pois a região Nordeste exporta a maior parte da sua produção. Os danos implicaram também nos anos subsequentes, necessitando de pelo menos um ano para ser produzido novamente nos hectares atingidos (IBGE/SIDRA, 2015). Segundo análises feitas sobre os dados do IBGE/SIDRA (2015), o valor da produção de banana (Mil Reais) do Brasil, assim como da Região Nordeste. Em termos de Brasil registra-se uma queda no período de 2008 para 2009 (-0,16), porém no período seguinte de 2009 para 2010 observa-se um relevante aumento (+20,01), contudo em 2012 o valor foi bem inferior (+0.50) reagindo em 2013 (16,33). Em relação à Região Nordeste a tabela ilustra um aumento de 2006 para 2007 (+20,65), contudo registra-se uma queda no período de 2008 para 2009 (-8,56) seguido de um aumento no período subsequente de 2010 (+7,13) e uma nova queda em 2012 (-5,60) reagindo em 2013 (+18,15). No último ano (2013) houve um aumento significativo no preço devido a uma queda na produção por causa da seca no Nordeste. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o censo agropecuário realizado em 2006, foram identificados 258 mil estabelecimentos produtores de banana no Nordeste, desse total 95,3% desenvolve produção de subsistência, e apenas o restante dos estabelecimentos negociaram de alguma forma sua produção (IBGE, 2009). Segundo dados da Embrapa (2011) o Estado do Rio Grande do Norte mostra-se como o maior produtor do País com 31,4% toneladas por hectares, com uma produtividade média que supera em 135% a nacional. Ainda conforme a EMBRAPA (2011) que informa os polos de produção: Vale do Açu no Rio Grande do Norte e Vale do Jaguaribe no Ceará, esses polos ainda são recentes, por isso apresentam um volume de produção inferior comparadas aos grandes centros produtores. Porém a banana produzida nestes novos polos é do grupo Cavendish sendo voltada para a exportação tendo a União Europeia como principal mercado consumidor. Razão pela qual houve o aumento da banana no mercado cearense. No Nordeste além da produção irrigada em alguns estados o inverno impulsionou a produção de sequeiro da fruta em 2011 superando 9,8% a produção de 2010, segundo IBGE, em 2011 o Nordeste colheu 2,93 milhões de toneladas no ano recolocando a Bahia como o maior produtor nacional, que juntamente com o Ceará colheram uma maior quantidade de banana em 2011, 31,58% e 4,84% respectivamente. Em 2010 o Estado de Pernambuco foi o 2° maior produtor do Nordeste sendo deslocado pelo Ceará, pois a produção pernambucana Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1640
caiu 16,21% de um ano para outro. A principal causa dessa circunstancia foi o excesso de chuvas que dificultou a produção e colheita.
Gráfico 1: Participação percentual dos Estados do Nordeste na produção de Banana em 2011 Fonte: IBGE (2012) As exportações nordestinas de bananas em 2010 aumentaram 28,85 milhões de dólares, cerca de 6,5% do valor das exportações de frutas frescas da região. As quantias exportadas foram superiores a 65,6 mil toneladas. A saída das exportações foram principalmente pelos portos do Rio Grande do Norte em aproximadamente 40 mil toneladas, e do Ceará, com 25 mil toneladas (IBGE, 2011).
2.2. Produção de banana no Ceará O Estado do Ceará possui características físicas de regiões semiáridas, com vegetação típica da caatinga e solo favorável para produção agrícola, seu potencial é limitado devido a perenidade dos seus rios e longos período de seca. De acordo com Carvalho (1999), o Estado do Ceará possui sua produção de banana concentrada majoritariamente na região Centro Sul, na cidade de Iguatu; em Uruburetama, Baturité, Palmácia, Guaramiranga, Mulungu e Pacoti, sendo a produção classificada como puramente extensiva, tendo um baixo nível tecnológico, acarretando diversos problemas, especialmente no pós colheita. A grande maioria dos hortifrutigranjeiros distribuídos em Fortaleza são oriundos de outros estados, porém a banana é, em sua totalidade, produzida no próprio Estado. E seu consumo se dá preferencialmente na forma in natura, sendo sua industrialização limitada apenas à fabricação de doces (MAYORGA; MAYORGA, 1997). Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1641
A produção de frutas no Ceará apresenta crescimento de 28,1% no período de 2007 a 2011, destacando um maior crescimento entre 2010 e 2011 que foi de 14,2% o que gerou aumentos na participação do Estado na produção de frutas do Nordeste em dois pontos percentuais, passando de 10,1% em 2007 para 12,1% em 2011. Segundo IPECE (2013) o estado destaca-se na produção regional de frutas, o abacate com 44,2%, melão 36,6%, maracujá com 26,9% e a banana 17,3% e ainda o coco da baia com 20% da participação da produção. Em 2011 teve uma participação de 49,2% da castanha de caju produzida na região. Apesar de muitas variedades apenas a castanha de caju, o coco da baia e a banana tiveram crescimento real na participação da produção regional passando de 38,7% para 49,2%, de 17% para 20% e de 13,5% para 17,3% respectivamente. De acordo com a CEASA/CE (Central de Abastecimento do Ceará) a banana é um dos frutos comercializados que é 100% produzido no Estado do Ceará. Segundo a Embrapa o Estado do Ceará apresenta grandes investimentos no desenvolvimento da fruticultura, visando o abastecimento interno e a exportação de frutas de qualidade superior. Em meio a outros, uma das regiões com boa oferta de recursos hídricos e com grande potencial para a fruticultura é a do Agropolo Jaguaribe-Apodi, com destaque num dos principais produtores de frutas do Nordeste brasileiro, tendo como destaque o cultivo da banana. De acordo com dados coletados no IBGE/SIDRA (2015) fez-se uma análise no Estado do Ceará em relação a área destinada a colheita de banana (Hectares) onde percebe-se uma redução da área em 2005 (-0,33%), 2012 (-0,70%) e 2014(-5,28%), mostrando–se pequenos aumentos nos demais anos recorrentes. O estudo quantitativo da produção de banana (toneladas) do Estado do Ceará revela uma redução expressiva em alguns períodos conforme dispõe a Tabela 5 onde está descrito em valores percentuais as quedas nos períodos de 2005 (-1,26), 2007 (-5,53), 2012 (-15,88) e 2013 (-9,68). Destaque para a queda no período de 2012, persistindo no ano seguinte. Contudo, no período de 2014 a quantidade produzida obteve um aumento gigantesco em torno de 21%. Quando analisado ano a ano do valor (Mil Reais) da produção de banana do Estado do Ceará demonstrou leves quedas pontuais no período compreendido entre 2004 e 2014 como mostra a Tabela 6 abaixo. Em 2005 registrou-se uma queda no valor da produção de 4,54% sendo superada no ano seguinte com um aumento de 27,61% em relação àquele ano. Aumentos consideráveis são registrados no período analisado nos anos de 2008 (+19,21%), 2011 (17,65%), 2013 (+38,94%) e 2014 (+16,65). Ressalta-se que este aumento do valor da produção cearense foi interrompido em 2012 com uma queda expressiva de Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1642
13,07%. É importante observar que mesmo diante de reduções na produção em alguns períodos de tempo, o valor da produção se manteve em crescimento, mesmo que em alguns momentos sejam pouco significantes.
2.3. Produção de banana no município de Iguatu, Ceará
O município de Iguatu é um dos maiores produtores de banana do estado do Ceará. A fruta é comercializada no mercado regional e também nos Estados da Paraíba e Pernambuco. A produção baseia-se nas variedades nanica e pacovan, em uma área de 700 hectares por 400 produtores os quais a maioria apresenta características de agricultura familiar. De acordo com a estimativa da Associação dos Fruticultores Iguatuenses em 2009 o município ocupa o terceiro lugar em produção de banana no Ceará. A cultura tem tradição e a maior parte do plantio está localizada nos Sítios: Penha, Cardoso, Itans, Gadelha e Quixoá. Os produtores Iguatuenses modernizaram seu cultivo de banana no período de 2010 com o financiamento de Crédito Desenvolvimento Regional (DRS) do Banco do Brasil, despertando uma grande atenção dos técnicos e dos próprios produtores rurais. A melhoria do cultivo ocorreu com a variedade da Grand Naine chamada de banana nanica com termo popular de “casca verde” melhorada geneticamente, ficando mais resistente as determinadas pragas, com seu gosto mais saboroso. Essa variedade também adequa-se tanto para o consumo, quanto para indústrias de doces. Segundo Murilo Barroso presidente da Associação dos Fruticultores Iguatuenses, é a “preferida do mercado europeu. Não tem comparação com a nanica tradicional”. Além disso essa variedade da banana apresenta uma desenvoltura significativa, chegando a pesar 150% a mais que a nanica tradicional. Inicialmente três produtores membros da Associação dos Fruticultores Iguatuenses adquiriram cerca de 26 mil mudas da banana Grand Naine. Estas mudas vieram da Embrapa de Santa Cruz das Almas no Estado da Bahia o maior produtor de bananas do Nordeste, possuindo certificados de qualidade. Essa iniciativa visou melhorias de qualidade, aumento da produtividade e inovação do produto. O estudo da área destinada à colheita da banana (Hectares) no município de Iguatu observa-se que houve o mesmo fenômeno de diminuição das áreas de colheita da banana. Em 2005 a diminuição foi de -2,41%, em 2007 de -0,26% e em 2008 de -5,26%. Este fenômeno se repete nos anos sequenciais de 2011, 2012 e 2013 com -10,0%, -11,11% e -6,25% respectivamente (IBGE/SIDRA, 2015). Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1643
A variação percentual da quantidade de banana produzida em toneladas no município de Iguatu que demonstrou logicamente que vem acompanhando uma redução obtendo-se em 2005 uma queda de -2,41% da quantidade produzida de banana, sendo seguida em anos de 2007 com -0,26%. Em 2008 um crescimento significativo de 18,42% em relação a 2007 iniciou uma recuperação da produção. Todavia em 2011 uma nova diminuição da quantidade de banana produzida incidiu sobre Iguatu com uma queda de -10,0%, e no ano seguinte de 2012 acentuando ainda mais com -40,30%. Apesar de quedas sucessivas de produção, em 2014 os produtores de banana de Iguatu obtiveram uma produção a muito não vista com um crescimento de +133.33% para o município de Iguatu. O valor da produção de banana (Mil Reais) do Município de Iguatu, após analise ano a ano de 2004 a 2014 apresentou grande variação com quedas e crescimentos bastante expressivos. No município de Iguatu, observa-se a incidência de variação do valor da produção no período supracitado. Em 2005 um aumento expressivo de +32,72% em relação ao ano anterior. Porém seguido de uma queda de -13,27% em 2006 e -0,91% em 2007 (IBGE/SIDRA, 2015). Em 2012 registrou-se uma queda de -35,79% reflexo da diminuição da quantidade produzida de banana. Já em 2013 e 2014 tem-se um grande aumento do valor da produção de +123,70% e +386,06% respectivamente, conforme a tabela a seguir. 3. Metodologia 3.1. Área de Estudo A área de estudo compreenderá o município de Iguatu, localizado na Região CentroSul Cearense. O município tem uma população estimada em 2015 de 101.386 pessoas, distribuídas em uma área de 1.029,214 Km², está localizado a 380 km da capital do estado Fortaleza (IBGE, 2015). O município encontra-se a 388 km de distância de Fortaleza, a capital do estado. Limita-se ao Norte com Quixelô, ao Sul com Cedro, a Leste com Icó, Orós e Cedro, e a Oeste com Jucás e Acopiara.
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Figura 1- Mapa do município de Iguatu, Ceará. Fonte: Cidades (IBGE) 3.2 Fonte dos dados
Os dados primários quantitativos e qualitativos foram coletados através da aplicação de questionários a uma amostra não aleatória de 30 produtores localizados no Sítio Cardoso no município de Iguatu, Ceará de forma a traçar a caracterização organizacional e investigar se a atividade praticada é viável economicamente. A forma de entrevista foi semiestruturada, que de acordo com Triviños (1987), tem como particularidade, questionamentos básicos que são sustentados em hipóteses e teorias que estão relacionados ao tema da pesquisa. O período de coleta dos dados foi realizado no mês de Janeiro de 2016. Portanto, os preços dos insumos, serviços, fatores de produção e preço do produto correspondem a este período. As seguintes técnicas de pesquisa para a coleta de dados foram usadas: pesquisa bibliográfica, pesquisa documental e pesquisa empírica. 3.3 Método de Análise 3.3.1 Análise Econômica da Produção de Banana Para se avaliar a eficiência econômica é importante entender os conceitos de receitas e custos da produção, para depois se chegar aos indicadores propostos no mencionado trabalho e conseguir os resultados esperados. O conceito de custo é definido por "o valor de bens e serviços consumidos na produção de outros bens ou serviços" (MATTOS, 1998).
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Portanto, está relacionado com todos os bens e serviços que uma definida atividade produtiva utiliza num certo período de tempo, definindo-se como as despesas (saídas) da atividade implantada. Já receitas, conforme Silva (1999) tomando U como utilidade (serviço ou bem), no qual preço de venda por unidade signifique um preço fixo P0, para quantias entre q1 e q2 unidades. A função dada por
, com
, é designada função
receita total ou simplesmente receita total (valor total recebido por uma número de produtos vendidos a um certo preço fixo). O método utilizado nesse trabalho para a análise econômica levou em consideração que todos os fatores utilizados devem ser remunerados para produzir determinado bem, compreendendo-se entre eles, empresário, terra e capital. É importante ainda observar que o conceito clássico de custo se fundamenta em dois aspectos basais: a) no princípio do custo de oportunidade ou custo alternativo, no qual o custo dos recursos para a empresa é igual ao seu valor no mais perfeito uso alternativo; e, b) nos custos implícito e explícito; o primeiro é acatado como os encargos devidos a fatores que pertencem à firma, o segundo, é definido como a despesa em dinheiro comumente realizado pela firma, referente aos gastos com serviços alugados ou comprados (MATSUNAGA et al.,1976). Como já recomendado, o custo de produção considera todos os itens que ficassem indireta ou diretamente ligados ao processo de produção, aceitando-se critérios subjetivos para recompensar determinados fatores. De forma geral, o custo de produção expõe os seguintes componentes: a) Despesas indiretas (CV), que são levados em consideração os gastos em dinheiro com fertilizantes, aluguel de equipamentos, trabalhadores, transportes, defensivos, etc. b) Despesas diretas (CF): fazem parte taxas e impostos, gastos gerais e diversos, entre estes estão listados luz e força, água, material de escritório, conservação de benfeitorias, instalações, máquinas e equipamentos e depreciações. Para o cálculo da depreciação, utilizouse a seguinte fórmula:
Onde: = Valor inicial do bem de capital; = Valor final do bem de capital; = Tempo de vida útil do bem de capital; c) Remuneração dos demais componentes: terra e capital
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Segundo HOFMANN et al. (1987), utilizando-se os indicadores dos resultados econômico é possível avaliar o rendimento de uma atividade, ou seja, algumas medidas de lucratividade e eficiência econômica de uso dos fatores de produção. Os indicadores de resultado econômico utilizadas são: - Renda Bruta (RB); - Renda Líquida (RL); - Taxa de Remuneração do Capital (TRC); - Custo Unitário (CU); - Ponto de Nivelamento de Rendimento (PNR); - Relação Renda Bruta/Custo Total (RB/CT). Como forma de obter os indicadores acima referidos e para que haja melhor compreensão do tema, é necessário definir esses e outros indicadores de resultado econômico, como estão descritos a seguir: (a) Renda Bruta (RB) – abrange a soma dos valores encontrados como resultado da atividade, em formas monetárias por forma matriz, tais como: - renda bruta da venda da Banana; - renda bruta do autoconsumo; (b) Renda Líquida (RL) – este indicador é tido como a diferença entre a renda bruta (RB) e as despesas (D). (c) Remuneração do Capital (RC) – é dado pelo valor do capital que está empatado na propriedade multiplicado pela taxa de juros do FNE (6,75% a.a). (d) Renda da Terra (RT) – é dada pelo produto do valor da terra empregada na produção pela taxa do FNE (6,75% a.a). (e) Taxa de Remuneração do Capital (TRC) – é a remuneração pelo uso do capital, do que sobra depois de descontada todas as despesas de operação inclusive a remuneração do empresário. Em que:
CME = capital médio empatado; = valor total do inventário no início do ano; = valor total do inventário no fim do ano. (f) Custo Unitário (CU) – indica quanto o produtor gasta em unidades monetárias para produzir um kg de banana. Para chegar a este valor, divide-se o custo total (CT) pelo Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1647
volume físico de produção (VFP). Levando em consideração a conceituação teórica do custo total de produção, no qual o CT é formado por todos os gastos da atividade, inclusive a remuneração do capital e da terra.
(g) Ponto de Nivelamento de Rendimento (PNR) - o Ponto de Nivelamento de Rendimento mostra como se comportam os custos e as receitas e, também, de seus componentes, em certo período de tempo. Os valores foram obtidos dividindo-se o Custo Total (CT) pelo preço médio do kg da banana.
(h) Relação RB/CT – A relação Renda Bruta/Custo Total mostra o comportamento das receitas relacionadas aos custos totais da atividade, acordados com as situações a seguir: RB/CT = 1, situação regular, receitas iguais aos custos totais; RB/CT>1, situação boa, onde as receitas superam os custos totais; RB/CT<1, situação ruim, pois os custos totais superam as receitas, ou seja, é gerado prejuízo. 4. Resultados e discussão 4.1. Caracterização organizacional dos bananicultores do município de Iguatu, Ceará. A maioria dos bananicultores contam com a mão-de-obra contratada não-permanente. Esses produtores representam 57% da amostram como se pode ver na Tabela 1. A necessidade de contratação de mão-de-obra além da não-permanente pode estar relacionada ao tamanho da propriedade. Áreas maiores utilizadas com a bananicultura exigem maiores quantidade de fator mão-de-obra. Tabela 1- Frequência absoluta e relativa do tipo de mão de obra utilizada dos bananicultores de Iguatu, Ceará. Tipo de mão-de-obra
Frequência Absoluta
Frequência Relativa
Sem contratação
6
20%
Contratada Temporária
17
57%
Contratada Permanente
5
17%
Contratada Temporária e Permanente
2
7%
Total
30
100%
Fonte: Resultados de pesquisa (2016)
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Quando analisado a participação social dos produtores, 10% da amostra pesquisada são membros de alguma instituição, como associações, cooperativas ou sindicatos, porém nenhum deles participa ativamente dessas instituições através de reuniões, conforme pode ser observado na Tabela 2. Tabela 2- Frequência absoluta e relativa da participação social, a participação em reuniões e tipo de instituição dos bananicultores de Iguatu, Ceará. Membros de Instituições
Frequência Absoluta
Frequência Relativa
SIM
3
10%
NÃO
27
90%
Cooperativa
2
67%
Associação
1
33%
Sindicato
0
0%
Sempre
0
0%
Pouco
1
33%
Não Participam
2
67%
Tipo de Instituição
Participam de Reuniões
Fonte: Resultados de pesquisa (2016) Os resultados em relação a Tabela 2 acima são preocupantes, pois mostra que os produtores não percebem tais instituições como capazes de lhes proporcionar alguma forma de engrandecimento produtivo ou pessoal. Esses dados revelam que a cultura da bananicultura no Iguatu, no que remete à participação social, encontra-se muito abaixo dos patamares da agricultura brasileira, de acordo com estudos feitos pela CNA (1999), 35,09% dos agricultores do Brasil participam de cooperativas de produção e 38,02% de sindicatos de sua categoria. A experiência dos bananicultores foi mensurada pelos anos que cada produtor tem na produção de atividade irrigada. Todos os bananicultores se dedicam a irrigação a mais de 6 anos, o que demonstra um bom conhecimento na agricultura irrigada. Tabela 3- Frequência absoluta e relativa da área irrigada dos bananicultores de Iguatu, Ceará.
Válido
Menor que 3 ha De 3,1 até 5 ha De 5,1 até 7 ha Maior que 7 ha Total MÈDIA
Frequência
Porcentual
Porcentagem válida
8 4 2 16 30
26,7 13,3 6,7 53,3 100,0
26,7 13,3 6,7 53,3 100,0
Porcentagem acumulativa 26,7 40,0 46,7 100,0
1,86
Fonte: Resultados de pesquisa (2016)
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O valor médio da área irrigada para a produção é de aproximadamente 2 hectares. De acordo com os resultados, pode-se observar que o maior percentual de área irrigada utilizada para a produção de banana equivale a 53,3%, ou seja, os bananicultores utilizam mais de 7 hectares para a produção. Pode-se dizer ainda que 26,7% dos bananicultores utilizam menos de 3 hectares irrigados para a produção de bananas e apenas 6,7% da área irrigada utilizada para a produção é de 5 a 7 hectares (Tabela 3).
Tabela 4- Distribuição percentual dos bananicultores que utilizaram projetos na atividade, Iguatu, Ceará.
Válido
Não Sim Total
Frequência
Porcentual
Porcentagem válida
27 3 30
90,0 10,0 100,0
90,0 10,0 100,0
Porcentagem acumulativa 90,0 100,0
Fonte: Resultados de pesquisa (2016) Os resultados da Tabela 4 acima relatam o percentual dos produtores que se utilizou de algum projeto antes de iniciar a atividade. Os resultados afirmam que 90% deles não fizeram projeto antes de iniciar a produção de banana e apenas 10% desses fizeram algum tipo de projeto antes de iniciar a atividade. Quando analisados a distribuição dos bananicultores que se responsabilizam pelas anotações do funcionamento da produção, obteve-se que todos são responsáveis pelas anotações na atividade, observou-se que 83,3% dos bananicultores não fazem levantamentos dos custos de produção na atividade, sendo que 16,7% destes fazem sim levantamento dos custos da produção. Outra informação relevante é que 90% dos bananicultores não possuem organização contábil em suas atividades.
4.2 Análise da produção da banana no Sítio Cardoso no Município de Iguatu, Ceará Primeiramente foi feito a análise dos custos relacionados aos investimentos e operacionais, depois foram realizadas as medidas de resultado econômico para a avaliação da cultura da banana. 4.2.1 Levantamento dos Investimentos e Custos Operacionais A Tabela 5 mostra os valores dos equipamentos para se produzir um hectare de banana, a terra para o cultivo da banana e equipamentos, com as respectivas quantidades e a
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vida útil de cada fator, com um valor inicial total de R$50.036,00; valor final de R$50.020,00, com custo de depreciação total igual a R$16,00.
Tabela 5- Cronograma de valor do capital empatado por hectare, para os produtores de banana do sítio Cardoso no município de Iguatu, 2016. Vida Útil restante (anos) 3
Inversões (ano zero) - Terreno - Máquinas e Equipamentos Total
Valor Inicial (R$)
Valor Final (R$)
Depreciação (R$)
50000,00 36,00 50036,00
50000,00 20,00 50020,00
4,00 16,00
Fonte: Dados da pesquisa (2016). Como é mostrado na Tabela 6 abaixo, os custos operacionais para produção da banana, são compostos pelos serviços de roçagem, gradagem e covas (sulcamento), mão de obra e, colheita, além de insumos e fertilizantes. Assim, as despesas indiretas ou os custos variáveis estimados da produção de banana no sítio Cardoso no município de Iguatu são de R$ 4.335,00 a partir do ano em diante.
Tabela 6- Custos variáveis ou despesas indiretas por hectare dos produtores de banana do sítio Cardoso no município de Iguatu, 2016. Continua... Ano Zero Discriminação
Unid.
Preço Unitário
Quant
1. Preparo Solo e Plantio
Valor
1º Ano ao 2º Ano
3º Ano em diante.
Quant
Valor
Quant
Valor
1.890,00
- Gradagem e Calagem
trab/h
-
-
540,00
-
-
-
-
- Covas (sulcamento)
trab/h
-
-
1.350,00
-
-
-
-
2. Insumos
6.300,00
3.690,00
3.735,00
Mudas
Unid.
2,00
1350
2.700,00
-
-
-
-
Água
m³
150
12
1.800,00
12
1.800,00
12
1.800,00
Energia
kwh
150
12
1.800,00
12
1.800,00
12
1.800,00
fósforo, potássio, NPK, etc,
Saca
45,00
1
45,00
2
90,00
3
135,00
3. Tratos culturais e fitossanitários Mão de obra
150,00
Dia
50,00
2
100,00
150,00
2
100,00
150,00
2
100,00
Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1651
Continuação.... Pulverização
litro
25,00
2
50,00
2
50,00
2
50,00
4. Colheita
Dia
150,00
3
450,00
3
450,00
3
450,00
-
-
-
8.790,00
Total
4.290,00
4.335,00
Fonte: Dados da pesquisa (2016). 4.2.2 Análise Econômica da Produção de Banana Na Tabela 7 abaixo, a renda bruta que corresponde a toda a receita do negócio apresentou valor de R$ 12.000,00. Os custos fixos foram de R$ 900,00, que são compostos pela manutenção e gastos com água e energia. Os custos variáveis ou as despesas indiretas, onde estão calculadas as despesas operacionais da atividade foram de R$ 3.360,00. A renda líquida que é o lucro da propriedade foi de R$ 6.765,00. O custo unitário, ou seja, por kg do produto foi R$ 0,44, que representa o preço mínimo que o kg da banana deve ser vendido.
Tabela 7- Indicadores econômicos da produção de banana dos produtores do sítio Cardoso no município de Iguatu, 2016. ITENS 1. RENDA BRUTA 2. DESPESAS DIRETAS (CF)
TOTAL 12.000,00 900,00
3. DESPESAS INDIRETAS
4.335,00
4. TOTAL DESPESAS (CT)
5.235,00
5. RENDA LÍQUIDA (lucro)
6.765,00
6. CUSTO UNITÁRIO/Kg 7. PNR (Ponto Nivelamento Rendimento) 8. RB/CT
0,44 10.906,25 2,29
Fonte: Dados da pesquisa (2016). Levando em conta também o ponto de nivelamento do rendimento (PNR) que representa o mínimo que deve ser produzido para que as receitas igualem os custos, identificou-se valor igual a 10.906,25 kg e a relação RB/CT = 2,29 > 1, ou seja, mostra que a atividade da bananicultura é lucrativa e deve ser praticada. 5. Considerações finais O estudo destinado à atividade da bananicultura é de grande importância para dar subsídios para os produtores. A avaliação da área destinada à colheita da banana no município Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1652
de Iguatu tem constatado que houveram aumentos significativos, mesmo diante de fenômeno relacionados a seca que provoca a diminuição das áreas de colheita da banana. Dos produtores analisados nesta pesquisa, sua maioria utiliza mão de obra contratada de forma não permanente, sendo que esse fator pode estar relacionado ao tamanho da área produzida, onde o valor médio da área irrigada para a produção é de aproximadamente 2 hectares. A minoria deles participa de alguma instituição, sendo 1 em associação e 2 em cooperativa, mas quase nunca participam das reuniões realizadas pela instituição. Todos os bananicultores se dedicam a irrigação a mais de 6 anos, o que demonstra um bom conhecimento na agricultura irrigada. Em sua quase totalidade os produtores de banana não fizeram algum tipo de projeto antes mesmo de iniciar a atividade e todos eles são responsáveis pelas anotações relacionados à atividade. Quando analisados a produção da banana, observouse que os custos operacionais para produção da banana, são compostos pelos serviços de roçagem, gradagem e covas (sulcamento), mão de obra e, colheita, além de insumos e fertilizantes. A renda bruta que corresponde a toda a receita do negócio apresentou valor de R$ 12.000,00. Os custos fixos foram de R$ 900,00, que são compostos pela manutenção e gastos com água e energia. Os custos variáveis ou as despesas indiretas, onde estão calculadas as despesas operacionais da atividade foram de R$ 4.335,00. A renda líquida que é o lucro da propriedade foi de R$ 6.765,00. O custo unitário, ou seja, por kg do produto foi R$ 0,44, que representa o preço mínimo que o kg da banana deve ser vendido. Levando em conta também o ponto de nivelamento do rendimento (PNR) que representa o mínimo que deve ser produzido para que as receitas igualem os custos, identificou-se valor igual a 10.906,25 kg e a relação RB/CT = 2,29 > 1, ou seja, mostra que a atividade da bananicultura é lucrativa e deve ser praticada.
Referências
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Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1653
EMBRAPA. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Cultivo da Banana para o Agropólo Jaguaribe-Apodi, Ceará, 2003. Disponível em: http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Banana/BananaCeara/. Acesso em: 09 de Maio de 2016 EMBRAPA. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Sistema de Produção de Banana Irrigada. 2009. Disponível em: http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Banana/BananeiraIrrigada/. Acesso em: 14 de maio de 2016 EPAGRI. Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina. Síntese Anual da Agricultura de Santa Catarina, 2008-2009. Disponível em http://docweb.epagri.sc.gov.br/website_cepa/publicacoes/sintese_2009.pdf. Acesso em: 03 de Maio de 2016. FAO. Organizações das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura- Disponível em: http://www.fao.org/brasil/pt/. Acesso em: 04 de Maio de 2016. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística- Disponível em http://www.ibge.gov.br/home/. Acesso em: 08 de Maio de 2016. IBGE. Censo Agropecuário 2006. Agricultura Familiar. Primeiros resultados. Brasil, Grandes Regiões e Unidades da Federação. Brasília/Rio de Janeiro: MDA/MPOG, 2009. Disponível em http://www.bb.com.br/docs/pub/siteEsp/agro/dwn/CensoAgropecuario.pdf. Acesso em 12 de maio de 2016. IPECE- Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará. Indicadores Econômicos do Ceara 2011. Disponível em http://www.ipece.ce.gov.br. Acesso em: 15 de maio de 2016 MAYORGA, M. I. ; MAYORGA, R. D. Análise do custo social das perdas de alguns produtos hortifrutigranjeiros comercializados em Fortaleza. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ECONOMIA E SOCIOLOGIA RURAL, 1997, 35, Natal. ANAIS ..., Natal: SOBER , 1997. REVISTA CAMPO E NEGÓCIOS. Brasil é maior produtor de Banana em http://www.revistacampoenegocios.com.br/brasil-e-o-terceiro-maior-produtor-de-banana/ Acesso em: 07 de Maio de 2016.
Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1654
ANÁLISE
DO
VALOR
DA
PRODUÇÃO
DAS
PRINCIPAIS
CULTURAS
TEMPORÁRIAS DA REGIÃO NORDESTE DO BRASIL
ANALYSIS OF THE VALUE OF PRODUCTION OF THE MAIN TEMPORARY CROPS IN THE NORTHEAST REGION OF BRAZIL
Emílio Campos Mendes (UNIFESSPA) – emiliomendes91@gmail.com Graduando em Ciências Econômicas pela UNIFESSPA campus Marabá. Antônia Larissa Alves Oliveira (UNIFESSPA) - lariissa.allves@hotmail.com Graduanda em Ciências Econômicas pela UNIFESSPA campus Marabá.
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Análise do valor da produção das principais culturas temporárias da região Nordeste do Brasil Analysis of the value of production of the main temporary crops in the Northeast region of Brazil Grupo de Pesquisa: Agronegócio, Mercados e Comercialização Resumo As culturas da cana-de-açúcar, soja, feijão, milho e mandioca representam as principais culturas de lavouras temporárias da produção agrícola na região Nordeste. O presente trabalho tem como objetivo analisar o valor da produção e os efeitos das variáveis explicativas destas culturas no período de 2003 a 2014. Para tal análise utilizou-se a metodologia shift-share, conhecida como diferencial – estrutural, que tem como principal finalidade a decomposição da taxa de crescimento do valor da produção das culturas nos componentes área, rendimento e preço. Após a observação dos resultados obtidos, foi possível concluir que o efeito área se mostrou marcante no crescimento da produção das culturas do feijão e soja, enquanto que, o efeito rendimento teve grande importância para o aumento do valor da produção da cultura do milho, apontando que há um alto nível tecnológico utilizado nesta cultura, e o efeito preço teve uma forte contribuição no aumento do valor das culturas da cana-de-açúcar e mandioca. Palavras-chave: Valor da produção, shift-share, lavouras temporárias, Nordeste. Abstract Crops of sugarcane, soy, beans, maize and cassava represent the main crops of temporary crops in agricultural production in the Northeast. This study aims to analyze the value of production and the effects of the explanatory variables of these crops from 2003 to 2014. For this analysis we used the shift-share methodology, known as differential - structural, whose main purpose is to decomposition of the growth rate of the value of crop production area in components, performance and price. After observing the results, it was concluded that the effect area has shown remarkable growth in production of bean and soybean, while the income effect had great importance for increasing the value of corn production, pointing there is a high level of technology used in this culture, and the price effect had a strong contribution to the increase in the value of the crops of sugarcane and cassava. Key words: Value of production, shift-share, temporary crops, Northeast.
1. Introdução A cana-de-açúcar, soja, feijão, milho e mandioca representam as principais culturas de lavouras temporárias da produção agrícola na região Nordeste. A cultura da cana-de-açúcar está Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1656
presente em todos os estados da região Nordeste, entretanto, a atividade encontra-se concentrada nos estados de Alagoas (4,2%), Bahia (2,5%) e Pernambuco (2,3%). Em 2014, segundo o IBGE, o valor da produção de cana-de-açúcar no Nordeste foi de R$ 5.534.130,00 milhões, que corresponde a 13,12% do valor da produção total desta atividade no Brasil (SIDRA-IBGE 2016). De acordo com SIDRA-IBGE (2016) a cultura da soja está presente em poucos estados da região Nordeste. Em 2014, o valor da produção foi de R$ 6.263.588,00 milhões, representando 7,4% em âmbito nacional. Tendo a Bahia (3,7%), Maranhão (2%) e Piauí (1,7%) como os estados que tem maior significância no valor da produção da região Nordeste. O feijão é um dos integrantes da alimentação básica da maioria da população brasileira. Dados divulgados pelo IBGE, através da Pesquisa Agropecuária Municipal 2010, revelam que em 2014 os municípios da área de atuação do Banco do Nordeste do Brasil produziram 21,7% da produção nacional de feijão. Em 2014, a região Nordeste teve participação de 19,9% em âmbito nacional, sendo que os estados que mais contribuíram para este valor foram Bahia (8,2%), Ceará (4,1%) e Piauí (2,2%) (SIDRA-IBGE 2014). O mercado do milho produzido no Nordeste é regional, abastecendo principalmente as agroindústrias avícolas. Esta atividade, juntamente com a produção de soja, é impulsionadora nas instalações da agroindústria, trazendo crescimento econômico para a região que, somado à políticas públicas, acarreta maior desenvolvimento. No cenário nacional, o Nordeste teve participação de 10,9%, do valor da produção de milho em 2014, onde os estados que mais contribuem para este percentual são Bahia (4,33%), Maranhão (2,35%) e Piauí (1,9%) (SIDRAIBGE 2016). A cultura da mandioca no nordeste teve um peso de 20,7% no valor da produção em âmbito nacional no ano de 2014, com o valor da produção em R$ 9.552,969. Os estados que tem maior participação neste percentual são Bahia (7,6%), Maranhão (5,9%), Ceará (2%) (SIDRA-IBGE 2016). Contudo, o presente trabalho tem como objetivo central analisar a evolução do valor da produção e dos efeitos de variáveis explicativas, isto é, através do modelo shift-share, decompor a taxa de crescimento do valor da produção dos cincos produtos da lavoura temporária na região Nordeste, verificando a evolução da parcela atribuída à área, ao rendimento e aos preços das Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1657
referidas culturas no período de 2003 a 2014, levando em consideração os preços de 2014, atualizado pelo IGP-DI (índice geral de preços-disponibilidade interna). Ressalta-se a importância de análises acerca da evolução das culturas citadas e, consequentemente, das variáveis que as explicam, de modo a identificar a base do desenvolvimento dessas culturas para a região, possibilitando uma melhor tomada de decisão. O trabalho encontra-se dividido em cinco sessões sendo elas a introdução, seguida do referencial teórico, abordando o que há de novo na literatura nacional sobre a metodologia shiftshare, logo depois, a metodologia utilizada para a construção e execução do trabalho, os resultados da pesquisa e as Considerações finais. 2. REFERENCIAL TEÓRICO Estudos que analisam fatores da evolução dos preços de produtos agrícolas são frequentemente empregados na literatura nacional. Dentre eles, pode-se observar o extenso número de aplicações da metodologia shift-share, com o objetivo de decompor a taxa de crescimento da produção, como os trabalhos de Feix e Zanin (2011); Vasconcelos e Ferreira (2013); Almeida e Chaves (2006). Feix e Zanin (2011), determinaram as fontes de crescimento das principais culturas da agricultura gaúcha no período de 1990 a 2010. Utilizaram a metodologia shift-share, que possibilita analisar as alterações na composição da área cultivada através dos efeitos escala e substituição. Os resultados apontaram que a melhoria da produtividade foi o principal fator explicativo da expansão da produção da soja, trigo e milho, enquanto que a produção do arroz cresceu devido ao aumento do seu efeito área. Vasconcelos e Ferreira (2013), analisaram a dinâmica de crescimento ocorrida na agricultura nordestina no período de 1990 a 2011. Também utilizaram a metodologia shift-share para observar as principais mudanças ocorridas na produção das lavouras temporária e permanente. Os resultados indicaram que a substituição de culturas menos rentáveis pelas mais rentáveis, foi o fator responsável pelo crescimento da produção agrícola nos estados que utilizaram práticas agrícolas tradicionais, já nos estados com a modernização produtiva, o incremento da produtividade deu-se por meio da adoção de novas tecnologias, ou seja, o efeito rendimento.
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Almeida e Chaves (2006) analisaram os determinantes das fontes de crescimento das lavouras temporĂĄrias na Bahia. Utilizaram a metodologia shift-share no intuito de observar as grandes alteraçþes que ocorreram no meio rural com maior incidĂŞncia a partir de 1990, com o incremento tecnolĂłgico. Os autores concluĂram que as fontes de crescimento das atividades agrĂcolas estĂŁo nos fatores explicativos da evolução da produção nos efeitos ĂĄrea, rendimento e localização geogrĂĄfica. PorĂŠm, alguns produtos como a mamona e mandioca tiveram um decrĂŠscimo na produção. 3. METODOLOGIA
Tendo como årea de estudo a região Nordeste do Brasil, utilizou-se cinco culturas de lavouras temporåria (cana-de-açúcar, feijão, mandioca, milho e soja) para analisar a evolução da produção. Para tal anålise foi utilizado o modelo shift-share, tambÊm conhecido como mÊtodo diferencial-estrutural, que tem como principal objetivo a decomposição da taxa de crescimento do valor da produção das culturas analisadas nos componentes årea, rendimento e preço, estimando-se a importância relativa de cada fator sobre os acrÊscimos ou decrÊscimos do valor da produção. Para este estudo foi utilizada a versão modificada do mÊtodo shift-share, utilizado por Martins et. al. (2004).
3.1.Determinação do preço aproximado pago ao produtor
De acordo com Mayorga (2012) apud Caldas et. al. (2013) para que fosse possĂvel determinar o preço mĂŠdio pago ao produtor foi utilizada a seguinte relação:
đ?&#x2018;&#x192;=
đ?&#x2018;&#x2030;đ?&#x2018;? đ?&#x2018;&#x152;
(1)
Onde: P = preço mĂŠdio aproximado da cultura pago ao produtor (R$/kg); Vc = Valor total da cultura (R$); Y = Produção total (Kg). 3.2.Formalização do modelo â&#x20AC;&#x153;shift-shareâ&#x20AC;?
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Este modelo, utilizado por Martins et. al. (2004), mede a variação entre dois pontos, sendo o início do período denominado “ano zero” e o final “ano t”. O valor da produção das culturas foram obtidos por: Período inicial (0) V0 = A0 .R0 .P0
(2)
Vt = At .Rt .Pt
(3)
Período final (t)
Onde: V = valor da produção (R$); A = área da cultura (ha); R = rendimento da cultura (kg/ha); P = preço médio da cultura pago ao produtor (R$/kg).
Considerando-se que apenas a área cultivada com a cultura sofreu alteração no período “t” o valor da produção seria: Vt A = At .R0 .P0
(4)
Se esta variação no período t ocorresse em conjunto com área e rendimento, considerando os preços constantes, o valor da produção no tempo t seria: Vt A,R = At .Rt .P0
(5)
A variação total no valor da produção entre os períodos “0” e “t” seria: Vt −V0 = (At .Rt .Pt) − (A0 .R0 .P0)
(6)
(Vt - V0) = (Vt A - V0) + (Vt A,R - Vt A ) + (Vt - Vt A,R )
(7)
ou
onde: Vt −V0 = variação total no valor da produção; Vt A - V 0 = efeito área; Vt A,R - Vt A = efeito rendimento; Vt - Vt A,R = efeito preço.
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De acordo AraĂşjo et. al. (2005), os efeitos explicativos podem ser apresentados na forma de taxas anuais de crescimento, que somadas resultam na taxa anual de variação do valor da produção, atravĂŠs dos seguintes passos: a) Utilizando-se a expressĂŁo (7) para dividir ambos os lados por (Vt - V0), tem-se: (VA â&#x2C6;&#x2019; V )
1 = (Vt â&#x2C6;&#x2019;V 0) + t
A (VA,R t â&#x2C6;&#x2019;Vt )
(Vt â&#x2C6;&#x2019;V0 )
0
+
(Vt â&#x2C6;&#x2019;VA,R t )
(8)
(Vt â&#x2C6;&#x2019;V0 )
b) Determinando-se a taxa de crescimento entre os dois perĂodos, tem-se: đ?&#x2018;Ą
đ?&#x2018;&#x2030;
r = (â&#x2C6;&#x161;đ?&#x2018;&#x2030;đ?&#x2018;Ą â&#x2C6;&#x2019; 1) . 100
(9)
0
Sendo r, a taxa anual mĂŠdia de variação no valor da produção da cultura em porcentagem. Multiplicando-se os fatores da equação (8) por â&#x20AC;&#x153;râ&#x20AC;? obtĂŞm-se os efeitos ĂĄrea, rendimento e preço expressos em porcentagem ao ano, conforme a equação: (VA â&#x2C6;&#x2019; V )
r = (Vt â&#x2C6;&#x2019;V 0) . r + t
0
A (VA,R t â&#x2C6;&#x2019;Vt )
(Vt â&#x2C6;&#x2019;V0 )
.r +
(Vt â&#x2C6;&#x2019;VA,R t ) (Vt â&#x2C6;&#x2019;V0 )
.đ?&#x2018;&#x;
(10)
As variĂĄveis utilizadas para o estudo da evolução na produção das cinco culturas podem ser encontradas em consulta ao: ď&#x201A;ˇ
Banco de Dados Agregados (SIDRA-IBGE 2016): Valor da produção (R$); à rea plantada ou colhida (ha); Produção total (Kg); Rendimento da cultura (Kg/ha);
ď&#x201A;ˇ
Banco de Dados (IPEADATA): IGP-DI (�ndice Geral de Preços Disponibilidade Interna).
ď&#x201A;ˇ
Preço mÊdio: elaboração própria (valor da cultura/produção total).
Para uma melhor observação das variaçþes ocorridas entre 2003 e 2014, as anĂĄlises foram realizadas com base na divisĂŁo do perĂodo em subperĂodos de dois anos, a saber: (20032004), (2005-2006), (2007-2008), (2009-2010), (2011-2012), (2013-2014).
4. RESULTADOS 4.1.Valor da produção De acordo o exposto na figura 1 pode-se ver a evolução do valor da produção dos cinco produtos de lavouras temporårias que tem maior impacto no Nordeste. Em preços reais de 2014,
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atualizado pelo IGP-DI, pode-se observar que as maiores variações ocorreram nos anos de 2009 a 2014 nas culturas do feijão e milho com uma alta de 17,25% e 15,88%, respectivamente. De acordo com o BNB (2014), essa queda na produção observada na figura 1 está associada principalmente à estiagem que ocorreu neste período. Outra cultura que teve considerada oscilação foi a mandioca no subperíodo de 2007-2008, com acentuada elevação seguida por queda significativa.
VALOR DA PRODUÇÃO 20
EM MILHÕES DE REAIS
18
16 14 12 10 8 6 4 2 0 2003-2004
2005-2006
2007-2008
2009-2010
2011-2012
2013-2014
PERÍODO DE 2 ANOS MANDIOCA
SOJA
MILHO
CANA-DE-AÇÚCAR
FEIJÃO
Figura 1 – Valor da produção da Mandioca, Soja, Milho, Cana-de-açúcar e Feijão no Nordeste do Brasil – período de 2003 a 2014 (em milhões de R$) Fonte: Elaboração própria com base nos dados do PAM/SIDRA (2016) 4.2.Área plantada Na figura 2 encontram-se as séries referentes à área das culturas analisadas, podendo-se observar que as culturas do feijão e milho apresentaram acentuada queda no subperíodo de 2007 a 2011. Contudo, logo após esse subperíodo, obtiveram um crescimento expressivo, enquanto que as outras culturas tiveram variações mínimas em toda a série analisada.
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Área das Culturas MANDIOCA
SOJA
MILHO
CANA-DE-AÇÚCAR
FEIJÃO
EM MILHÕES DE HECTARES
20 15 10 5 0 -5
2003-2004
2005-2006
2007-2008
2009-2010
2011-2012
2013-2014
-10 -15 -20
Figura 2 – Evolução da área plantada com Mandioca, Soja, Milho, Cana-de-açúcar e Feijão no Nordeste do Brasil – período de 2003 a 2014 (em milhões de hectares) Fonte: Elaboração própria com base nos dados do PAM/SIDRA (2016) 4.3.Rendimento médio É possível observar na figura 3, que excetuando-se a cana-de-açúcar e a mandioca, as demais culturas tiveram fortes oscilações em quase todo o período de análise. Uma das causas dessas oscilações é o aumento do preço médio das culturas que pode ser observado na figura 4, sendo que à medida que os preços aumentam os rendimentos caem. A partir do subperíodo 2011-2012, verifica-se que houve aumento do rendimento das quatros culturas analisadas e uma leve queda no rendimento do milho. De acordo Caldarelli (2010), esse aumento pode ter ocorrido devido ao emprego de novas tecnologias, podendo afirmar que existe uma tendência de aumento na produtividade em quase todas as culturas estudadas.
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EFEITO RENDIMENTO 25 20
KG/HECTARE
15 10 5
0 -5
2003-2004
2005-2006
2007-2008
2009-2010
2011-2012
2013-2014
-10 -15
PERÍODO DE 2 ANOS MANDIOCA
SOJA
MILHO
CANA-DE-AÇÚCAR
FEIJÃO
Figura 3 – Rendimento médio das lavouras de Mandioca, Soja, Milho, Cana-de-açúcar e Feijão no Nordeste do Brasil – período de 2003 a 2014 (em kg/hectare). Fonte: Elaboração própria com base nos dados do PAM/SIDRA (2016) 4.4.Preço médio Como pode ser verificado na figura 4, com o aumento da produtividade os preços tendem a cair. Em todo o período de análise, não ocorreram grandes oscilações nos preços das culturas, exceto na cultura do feijão, onde ocorreu a maior oscilação (variando de -8,02% no subperíodo de 2007-2008, para 44,80% no subperíodo de 2011-2012 e com uma acentuada queda para -18,51% no subperíodo de 2013-2014, o que corresponde a R$ 0,69/kg em 2008, R$ 3,41/kg em 2012 e R$ 1,43/kg em 2014 (a preços reais de 2014, atualizado pelo IGP-DI).
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EFEITO PREÇO 50
PREÇO EM R$
40 30 20 10
0 -10
2003-2004
2005-2006
2007-2008
2009-2010
2011-2012
2013-2014
-20 -30
PERÍODO DE 2 ANOS MANDIOCA
SOJA
MILHO
CANA-DE-AÇÚCAR
FEIJÃO
Figura 4 – Evolução do preço pago ao produtor de Mandioca, Soja, Milho, Cana-de-açúcar e Feijão no Nordeste do Brasil – período de 2003 a 2014 (em R$/kg) Fonte: Elaboração própria com base nos dados do PAM/SIDRA (2016) Utilizando o modelo shift-share pôde-se observar as variações que ocorreram ao longo do período de análise, nos efeitos área, rendimento e preço sobre o valor da produção. Os resultados correspondem à decomposição do crescimento no valor da produção. A seguir são apresentadas as estimativas obtidas a partir da aplicação do modelo shiftshare. Apresentados em taxas anuais, os resultados foram obtidos através da decomposição da taxa de crescimento, mostrando seus efeitos sobre o valor da produção. 4.5.Mandioca Pode-se observar que no período de 2011 a 2014 houve uma queda no valor da produção, devido à forte seca nos estados nordestinos, consequentemente, acarretando em âmbito nacional, na menor produção dos últimos 10 anos (SEAB, 2015). A mandioca apresentou oscilações em todo o período de análise no valor da média anual da produção, de acordo a tabela abaixo essas variações ocorreram de forma positiva, o menor valor da média anual de produção se deu no subperíodo de 2009-2010, onde os efeitos área e rendimento foram negativos. No subperíodo de 2011-2012 o efeito rendimento teve uma queda
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significativa, segundo a SEAB (2015) devido à seca na região, ocasionando uma alta no efeito preço, este afetou positivamente o valor da produção. Tabela 1 – Taxas e fontes de crescimento ou decréscimo do valor da produção de mandioca na Região do Nordeste do Brasil, período de 2003 a 2014 (em %). MANDIOCA Período
Média anual
Efeito Área (%)
Efeito Rendimento (%)
Efeito Preço (%)
2003-2004
4,37
2,94
2,44
-1,02
2005-2006
3,64
2,41
0,17
1,06
2007-2008
9,13
3,72
0,15
5,24
2009-2010
2,27
-0,16
-1,02
3,47
2011-2012
4,77
0,17
-10,56
15,16
2013-2014
2,56
0,48
8,31
-6,23
Fonte: Elaboração própria com base nos dados da PAM/SIDRA. 4.6.Soja Os resultados da tabela 2, mostram que houve redução no valor da produção na cultura da soja, devido à diminuição da área plantada, ocasionando um efeito rendimento negativo nos subperíodos de 2005-2006 e 2011-2012 e um aumento no efeito preço de 7,04% em 2005-2006 e 3,96% em 2011-2012. Mesmo possuindo um efeito preço negativo nos outros subperíodos, o valor da produção se manteve positivo nesses períodos em decorrência da influência positiva nos efeitos área e rendimento. Isto mostra que houve uma relação inversa entre os efeitos rendimento e preço na cultura da soja, tendo como período de análise 2003 a 2014. Tabela 2 – Taxas e fontes de crescimento ou decréscimo do valor da produção da Soja na Região do Nordeste do Brasil, período de 2003 a 2014 (em %). SOJA Período
Média anual
Efeito Área (%)
Efeito Rendimento (%)
Efeito Preço (%)
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2003-2004
4,74
3,10
19,01
-17,38
2005-2006
0,87
1,62
-7,80
7,04
2007-2008
5,36
4,18
7,19
-6,00
2009-2010
2,77
6,57
3,33
-7,13
2011-2012
2,93
3,90
-4,93
3,96
2013-2014
2,20
5,39
6,31
-9,49
Fonte: Elaboração própria com base nos dados da PAM/SIDRA. 4.7.Milho Em relação ao milho (Tabela 3), nota-se que há grandes oscilações na média anual do valor da produção, variando de 0,99% em 2005-2006 a 15,88% em 2011-2012. O subperíodo 2011-2012 é seguido de uma queda acentuada para 1,61%. De acordo com Alves et al. (2011), um dos fatores que contribuíram para essa alta da produção do milho se deve às cadeias produtivas da região, onde há grande demanda deste insumo pelas granjas de suínos e aves. E a sua que se deu devido ao aumento da área plantada e a queda no preço. O baixo valor da produção no subperíodo de 2005-2006 se deu em virtude do efeito preço negativo. Nos subperíodos de 2007-2008 e 2013-2014, o efeito preço também teve uma acentuada queda, entretanto, foi compensado por uma expressiva alta no efeito rendimento em 2007-2008 e no efeito área em 2013-2014, o que manteve o valor da produção positivo nesses períodos. O subperíodo 2011-2012, mesmo com um efeito área negativo (-8,49%), obteve uma enorme alta no valor da produção, essa elevação foi influenciada pela variação expressiva e positiva nos efeitos rendimento e preço nesse subperíodo. Tabela 3 – Taxas e fontes de crescimento ou decréscimo do valor da produção de Milho na Região do Nordeste do Brasil, período de 2003 a 2014 (em %). MILHO Período
Média anual
Efeito Área (%)
Efeito Rendimento (%)
Efeito Preço (%)
2003-2004
2,99
0,36
-2,62
5,25
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2005-2006
0,99
2,17
1,94
-3,12
2007-2008
5,78
0,72
19,86
-14,80
2009-2010
3,55
-7,14
1,06
9,63
2011-2012
15,88
-8,49
7,39
16,99
2013-2014
1,61
11,96
6,19
-16,54
Fonte: Elaboração própria com base nos dados da PAM/SIDRA. 4.8.Cana-de-açúcar A análise dos dados do comportamento do valor da produção de cana-de-açúcar no período de análise, mostra que houve algumas quedas, mas se manteve positiva ao longo dos anos, com algumas variações. O subperíodo de 2007-2008 destaca-se por um aumento expressivo em sua média anual de 7,09%, as razões desse crescimento se dá pelo aumento na produção de açúcar e etanol que colocam o Brasil na primeira posição da produção mundial (MAPA, 2016), ocasionando influência para o crescimento do efeito área em 3,52%. No subperíodo de 2011-2012, mesmo com o efeito área e rendimento sendo negativo ocorreu um leve crescimento em relação ao subperíodo anterior, esse crescimento se deve ao efeito preço que teve uma alta considerável em 3,80%, se comparado com o subperíodo de 2009-2010. Tabela 4 – Taxas e fontes de crescimento ou decréscimo do valor da produção de Cana-deaçúcar na Região do Nordeste do Brasil, período de 2003 a 2014 (em %). CANA-DE-AÇÚCAR Período
Média anual
Efeito Área (%)
Efeito Rendimento (%)
Efeito Preço (%)
2003-2004
4,63
1,10
-0,76
4,29
2005-2006
1,35
0,16
2,22
-1,03
2007-2008
7,09
3,52
1,81
1,74
2009-2010
2,80
1,33
-2,18
3,64
2011-2012
3,31
-0,51
-3,61
7,44
2013-2014
2,56
-0,14
0,89
1,81
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Fonte: Elaboração própria com base nos dados da PAM/SIDRA. 4.9.Feijão A Tabela 6 mostra a taxa média anual de crescimento, os efeitos área, rendimento e preço para a cultura do feijão. Foram verificadas grandes oscilações ao longo do período analisado. No subperíodo inicial da análise, o feijão teve uma média anual de 4,96% motivado pelo efeito preço positivo. No subperíodo seguinte (2005-2006), o efeito preço também causou influência na média anual, mas desta vez negativamente, baixando a média para 0,36%. O aumento observado no subperíodo de 2007-2008 ocorreu com a elevação expressiva do efeito rendimento. Mesmo tendo um efeito preço influenciando negativamente, em relação aos subperíodos 2009-2010 e 2011-2012, os efeitos área e rendimento agiram negativamente, porém o efeito preço alavancou-se, fazendo com que ocorresse um crescimento na média anual. O efeito preço do subperíodo 2011-2012 destacou-se, com peso de 44,80%, elevando a média anual de 4,38% do subperíodo anterior, para 17,25% do período de 2011-2012, de acordo o (BNB 2016) essa alta no preço se tem devido à seca na região o que fez o rendimento da produção cair e com isso a sua área plantada. As grandes oscilações no efeito preço causaram uma redução de -18,51% levando a uma expressiva queda na média anual que só se manteve positiva graças aos efeitos área e rendimento no subperíodo 2013-2014, no qual agiram positivamente tendo um crescimento de 13,70% e 6,19% respectivamente. Tabela 5 – Taxas e fontes de crescimento ou decréscimo do valor da produção de Feijão na Região do Nordeste do Brasil, período de 2003 a 2014 (em %). FEIJÃO Período
Média anual
Efeito Área (%)
Efeito Rendimento (%)
Efeito Preço (%)
2003-2004
4,96
1,49
-4,10
7,57
2005-2006
0,36
1,42
4,53
-5,59
2007-2008
5,72
1,30
12,44
-8,02
2009-2010
4,38
-8,40
-3,51
16,75
2011-2012
17,25
-14,32
-13,21
44,80
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2013-2014
1,37
13.70
6,19
-18,51
Fonte: Elaboração própria com base nos dados da PAM/SIDRA. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante dos resultados expostos ao longo do trabalho, pode-se concluir que os efeitos sobre a taxa de crescimento no valor da produção da mandioca, soja, milho, cana-de-açúcar e feijão no período de 2003 a 2014, apresentaram fortes variações na média anual do valor da produção. É possível identificar a contribuição que os efeitos área, rendimento e preço tiveram para o crescimento do valor da produção da mandioca, sendo notório a importância da sua produção para a região do Nordeste, que vem se modernizando ao longo dos anos. Mesmo sendo cultivada em apenas quatro dos estados da região Nordeste, a soja vem cada vez mais ocupando seu espaço em relação a área plantada nesta região. O crescimento da sua taxa média anual se dá com a grande influência positiva, causada pelo efeito área e acompanhada do efeito rendimento com a implantação de novas tecnologias em suas lavouras. Outra cultura que está seguindo o ritmo de crescimento de plantios da soja é o milho, mostrando que vem cada vez mais introduzindo novas tecnologias para um melhor rendimento, levando ao aumento da área plantada. Devido à grande importância que a cana-de-açúcar tem para a exportação de açúcar e etanol, a mesma está presente em todos os estados do Nordeste, sendo que seu efeito preço tem contribuído para o aumento da sua taxa anual de crescimento. Com a devida importância no consumo interno do país a média anual do feijão se mostrou positiva em todo o período de análise, com variações inversas do efeito área e rendimento em relação ao efeito preço. Ocasionando em um aumento da área plantada desta cultura nos últimos anos. 6. REFERENCIAS ALMEIDA, P. N. A; SANTOS, V. C; CHAVES, A. F. Fontes De Crescimento Das Principais Culturas
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No
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AS RELAÇÕES COMERCIAIS ENTRE BRASIL E CHINA, POR INTENSIDADE TECNOLÓGICA (2000-2015): UM ESTUDO DOS PRODUTOS PRIMÁRIOS
TRADE RELATIONS BETWEEN BRAZIL AND CHINA BY TECHNOLOGICAL INTENSITY (2000-2015): A STUDY OF PRIMARY PRODUCTS
Autor(es): Rafaela Lauffer Ostermann Tamiosso; Angélica Massuquetti; Jean de Jesus Fernandes; Rosangela Viegas Maraschin. Filiação: Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS. E-mail: rafaelaostermann@gmail.com; angelicam@unisinos.br; jfernandesj@hotmail.com; ro.viegas@yahoo.com.
Grupo de Pesquisa: AGRONEGÓCIO, MERCADOS E COMERCIALIZAÇÃO Resumo O objetivo do estudo foi analisar as relações comerciais entre Brasil e China, por grau de intensidade tecnológica, no período 2000-2015, com ênfase nos produtos primários. A metodologia empregada foi a revisão bibliográfica e a coleta de informações na base de dados AliceWeb (MDIC) e AgroStat (MAPA). A identificação das categorias de intensidade tecnológica seguiu a classificação da OCDE. Constatou-se que houve uma tendência de reprimarização da pauta exportadora e esse processo foi percebido através da maior representatividade dos produtos primários ao longo do período. Grande parte deste cenário se deve ao aumento dos preços internacionais das commodities, devido ao grande crescimento da demanda de países emergentes, especialmente a China. Palavras-chave: Comércio; Produtos Primários; BRICS. Abstract The aim of the study was to analyze the trade relations between Brazil and China, by technological intensity in the period 2000-2015, with emphasis on primary products. The methodology applied was based in literature review and the collection of information from the databases AliceWeb and AgroStat. The identification of technological intensity categories followed the OECD classification. It was found that there was a tendency towards the reprimarization of the exports, and this process was recognized through greater representation of primary goods over the period. Most of this scenario is due to the increase in international commodity prices, resulted from the growth of demand from emerging markets, especially China. Key words: Trade; Primary Products; BRICS.
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Esta pesquisa teve apoio da FAPERGS.
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1. Introdução O crescimento econômico dos países em desenvolvimento, nos anos 2000, promoveu uma oportunidade de intensificação das relações comerciais para diversos países, como o Brasil. De acordo com Silva et al. (2011a) e Silva et al. (2011b), apesar da elevação das exportações e consequentemente das receitas, há uma preocupação com a forma que os países se inserem nesse contexto, ou seja, qual o padrão de especialização tecnológica de suas exportações. Assim, o objetivo do artigo é analisar as relações comerciais entre Brasil e China, por grau de intensidade tecnológica, no período 2000-2015, com ênfase nos produtos primários. A maior da participação dos produtos primários nas exportações nacionais tem sido investigada no campo acadêmico, como nas pesquisas desenvolvidas por Posser
e
Massuquetti (2014), Avila (2012) e Sonaglio et al. (2010), que encontraram evidências do processo de reprimarização no Brasil, nos anos 2000. O Brasil é o quinto maior exportador mundial de produtos agropecuários (FAO, 2016) e as exportações do agronegócio brasileiro representaram, em 2015, 46,16% do total comercializado pelo país com o resto do mundo (BRASIL, 2016a). De acordo com Casagrande, Ilha e Führ (2012), após a abertura comercial brasileira, na década de 1990, o Brasil buscou expandir o comércio externo por meio de novos parceiros, além dos já tradicionais – Estados Unidos da América (EUA), União Europeia (UE) e Mercado Comum do Sul (MERCOSUL). Com o fim do sistema de bandas cambiais e com a adoção de um regime cambial menos rígido foi possível aumentar o volume exportado pelo Brasil. Em 2009, a China ultrapassou os EUA e passou a ser o principal parceiro comercial do Brasil. No ano seguinte, em 2010, o volume comercializado pelo Brasil para a China cresceu 46,57% em relação ao ano anterior. Feistel e Missaggia (2014) ressaltaram que as relações comerciais entre o Brasil e a China apresentaram um crescimento superior à elevação do comércio do Brasil com o mundo, entre 2000 e 2010. Entretanto, a pauta de exportações brasileira para o país é concentrada em produtos básicos, como minérios, oleaginosas e combustíveis minerais. Massuquetti et al. (2013) também estudaram as relações comerciais agrícolas entre Brasil e China nos anos 2000, visto que a industrialização e a urbanização chinesa elevaram sua demanda por matérias primas e alimentos, respectivamente. No período 2000-2011, as exportações brasileiras para a China passaram de US$ 441 milhões para US$ 14 bilhões, sendo a soja o principal produto comercializado pelo Brasil. Segundo Magalhães et al. (2015), em 2011, a China foi o
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principal consumidor mundial de soja, importando mais de 50,82 milhões de toneladas do produto. O procedimento metodológico empregado foi a revisão bibliográfica e a coleta de informações na base de dados do Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior (AliceWeb),
da
Secretaria
de
Comércio
Exterior
(SECEX),
do
Ministério
do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), e das Estatísticas de Comércio Exterior do Agronegócio Brasileiro (AgroStat), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Estas informações seguem a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), que classifica, por meio de uma estrutura de códigos, as mercadorias comercializadas na economia mundial, e os produtos foram agrupados pelo NCM/Sistema Harmonizado (SH) com 6 dígitos (SH6). Os dados foram coletados no período 2000 a 2015 (em termos monetários, US$ Free On Board – FOB), com o intuito de observar a evolução, ao longo dos anos 2000, do comércio entre o Brasil e os demais países do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), com ênfase na China, e o respectivo grau tecnológico dos produtos comercializados. A classificação de produtos por grau de intensidade tecnológica seguiu os critérios da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). De acordo com Furtado e Carvalho (2005) e Markwald (2004), esta classificação é baseada no indicador de intensidade de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) (Gasto em P&D/valor adicionado, ou gasto em P&D/produção), sendo dividida em quatro categorias: 1) alta intensidade tecnológica; 2) média-alta intensidade tecnológica; 3) média-baixa intensidade tecnológica; e 4) baixa intensidade tecnológica. Além destas categorias, classificam-se os produtos agrícolas, minerais e energéticos como produtos primários (LAPLANE et al., 2001). O artigo foi estruturado em mais quatro seções, além desta introdução. Na segunda seção, apresentam-se os países integrantes do BRICS na economia mundial. Na terceira seção, discorre-se sobre o intercâmbio comercial, por grau de intensidade tecnológica, entre Brasil e China. Na quarta seção, analisam-se, especificamente, as exportações do agronegócio brasileiro para a China. Por fim, são apresentadas as principais conclusões derivadas desta pesquisa.
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2. BRICS na Economia Mundial Os países integrantes do BRICS representaram, em 2015, 42,6% da população mundial (Tabela 1). Ao considerar apenas China e Índia, suas populações corresponderam a 36,9% da população total, no mesmo ano. Para o comércio brasileiro, o crescimento populacional chinês se mostra atrativo, pois está elevando a demanda de alguns produtos agrícolas que tendem a tornarem-se deficitários até 2020, os quais o mercado nacional poderá suprir (SAAB; PAULA, 2007). Nesse país, e também na Índia, a maior parte da população ainda reside no campo, representando grande potencial de mão de obra e consumo ainda a ser explorado (NASCIMENTO, 2013). Tabela 1: População dos países integrantes do BRICS, em milhões – 2000/2015 BRICS 2000 2015 Brasil 173.448 204.451 Rússia 146.300 146.300 Índia 1.029.188 1.292.707 China 1.267.430 1.374.620 África do Sul 44.850 54.957 Total 2.661.216 3.073.035 Mundo 5.967.531 7.218.994 Fonte: Elaborado pelos autores a partir de IMF (2016).
Participação na população mundial em 2015 (%) 2,8 2,0 17,9 19,0 0,8 42,6 100,0
As taxas de crescimento econômico dos países integrantes do BRICS, entre 2000 e 2015, podem ser visualizadas no Gráfico 1. Observa-se que há uma grande desigualdade entre o crescimento de suas economias, com destaque para China e Índia. Porém, desde a crise financeira global, os países do BRICS estão enfrentando uma desaceleração na sua expansão econômica. Gráfico 1: Crescimento econômico dos países integrantes do BRICS, em % – 2000-2015
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de IMF (2016).
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Na Tabela 2, apresenta-se o posicionamento dos integrantes do BRICS no ranking de países que mais comercializaram no mundo (exportadores e importadores), em 2014. A participação do BRICS no comércio mundial (exportações) foi de 18,30%, sendo que a economia chinesa é destaque em ambos os quesitos, com 12,3% de participação nas exportações e 10,3% nas importações. Rússia, Índia, Brasil e África do Sul apresentaram, respectivamente, 2,6%, 1,7%, 1,2% e 0,5% de participação referente às exportações, e 1,6%, 2,4%, 1,3% e 0,6% de participação referente às importações no âmbito do comércio internacional. O crescimento do volume do comércio internacional está ligado à expansão econômica dos participantes.
Tabela 2: Maiores exportadores e importadores de mercadorias no comércio mundial, em milhões de dólares e % do total – 2014 Posição 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 19 25 40
Exportadores Valor Participação Posição Importadores Valor 2.342 12,3 1 Estados Unidos 2.413 China Estados Unidos 1.621 8,5 2 1.959 China Alemanha 1.508 7,9 3 Alemanha 1.216 Japão 684 3,6 4 Japão 822 Países Baixos 672 3,5 5 Reino Unido 684 França 583 3,1 6 França 678 Coréia 573 3,0 7 Hong Kong, China 601 Itália 529 2,8 8 Países Baixos 588 Hong Kong, China 524 2,8 9 Coréia 526 Reino Unido 506 2,7 10 Canadá 475 498 2,6 12 463 Rússia Índia 322 1,7 17 308 Índia Rússia 225 1,2 22 239 Brasil Brasil 91 0,5 33 122 África do Sul África do Sul Mundo 19.002 100,00 Mundo 19.091 BRICS 3.477 18,30 BRICS 3.091 Fonte: Elaborado pelos autores a partir de WTO (2016). Nota: A relação completa de países está no Apêndice A.
Participação 12,6 10,3 6,4 4,3 3,6 3,5 3,1 3,1 2,8 2,5 2,4 1,6 1,3 0,6 100,00 16,19
Percebe-se que as economias emergentes estão em destaque no comércio mundial, fazendo parte do ranking de maiores exportadores e importadores em 2014. Na próxima seção, analisa-se qual é o padrão de especialização tecnológica das exportações brasileiras para os demais países do BRICS, com ênfase no comércio Brasil-China.
3. Intercâmbio Comercial por Grau de Intensidade Tecnológica O Brasil tem exportado, predominantemente, produtos primários para o BRICS e, conforme se observa na Tabela 3, os mesmos apresentaram um crescimento na participação de 30,20 pontos percentuais, entre 2000 e 2015 (o crescimento no valor exportado foi de 3.663,29%, no período). Por outro lado, os setores de baixa, média-alta e alta intensidade tecnológica apresentaram queda no período de estudo.
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Tabela 3: Exportações do Brasil para os demais países do BRICS* por intensidade tecnológica, em bilhões de US$ e % do total – 2000-2015 Setores
2000
2002
2004
2006
2008
2010
2012
2014
Bilhões de US$ 6,80 13,58 27,82 38,22 37,23 4,75 6,92 8,51 8,60 9,20 0,60 0,89 1,22 1,48 1,86 1,87 2,17 1,60 2,10 1,73 0,24 0,47 0,59 1,31 0,43 % do total Primários 38,88 41,28 39,60 47,72 56,50 70,01 73,91 73,79 Baixa 34,52 38,60 38,17 33,31 28,80 21,42 16,62 18,23 Média-Baixa 5,64 5,28 7,50 4,18 3,71 3,07 2,87 3,68 Média-Alta 17,40 13,26 13,02 13,13 9,04 4,02 4,05 3,44 Alta 3,56 1,58 1,72 1,66 1,95 1,49 2,54 0,86 Fonte: Elaboração dos autores a partir de Brasil (2016b). Nota: (*) Rússia, Índia, China e África do Sul. Primários Baixa Média-Baixa Média-Alta Alta
0,79 0,70 0,11 0,35 0,07
2,03 1,89 0,26 0,65 0,08
3,48 3,35 0,66 1,14 0,15
2015
Variação 2000/2015 (% e p.p)
29,73 8,21 2,71 1,89 0,49
3.663,29 1.072,86 2.363,64 440,00 600,00
69,08 19,08 6,30 4,40 1,14
30,20 -15,44 0,66 -13,00 -2,42
O aumento da participação dos produtos primários nas exportações totais do país para o BRICS reduziu o espaço ocupado pelos demais produtos. Mesmo crescendo em níveis absolutos, produtos de alta, média-alta e baixa intensidade tecnológica perderam, juntos, participação de -30,86 pontos percentuais no período. Para Nascimento (2013), é importante analisar o grau de intensidade tecnológica da pauta exportadora dos países, visto que representa o nível de especialização produtiva dos mesmos. Em relação ao comércio Brasil-China, como se observa na Tabela 4, o valor das exportações brasileiras para o país asiático teve um crescimento de 3.181,2%, passando de US$ 1.085,2 milhões, em 2000, para US$ 35.607,5 milhões, em 2015. A China é o principal parceiro comercial brasileiro desde 2009. Em relação às exportações do Brasil para a China por grau de intensidade tecnológica, no período 2000-2015, observa-se que foram predominantemente baseadas em produtos primários, apresentando um expressivo incremento de 3.759,37% do valor exportado (aumento de 11,58 pontos percentuais em sua participação no total exportado). Em relação aos demais graus de intensidade tecnológica, baixo, médio-alto e alto, as quedas nas participações das exportações foram de -2,13 pontos percentuais, -6,03 pontos percentuais e 4,13 pontos percentuais. Esse resultado consolida, conforme destacado por Libânio (2012), um perfil primário-exportador em detrimento da exportação de manufaturas.
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Tabela 4: Exportações do Brasil para a China por grau de intensidade tecnológica, em milhões de US$ e % do total – 2000-2015 Setores
2000
2002
2004
2006
Primário Baixo Médio-Baixo Médio-Alto Alto Total
712,7 174,0 48,5 95,9 54,1 1.085,2
1.542,0 456,9 183,3 300,1 38,6 2.520,9
3.194,5 1.210,5 543,0 414,8 78,6 5.441,4
6.186,7 1.233,1 277,0 620,3 85,3 8.402,4
Primário 65,67 61,17 58,71 73,63 Baixo 16,03 18,12 22,25 14,68 Médio-Baixo 4,47 7,27 9,98 3,30 Médio-Alto 8,84 11,91 7,62 7,38 Alto 4,99 1,53 1,44 1,02 Fonte: Elaboração dos autores a partir de Brasil (2016b).
2008
2010
Milhões de US$ 12.823,9 25.523,7 2.190,9 3.332,4 627,6 845,1 539,4 597,6 340,9 487,1 16.522,7 30.785,9 % do total 77,61 82,91 13,26 10,82 3,80 2,75 3,26 1,94 2,06 1,58
2012
2014
2015
Variação 2000/2015 (% e p.p)
33.562,9 4.685,8 997,6 941,4 1.039,8 41.227,5
33.718,7 4.720,0 1.176,2 692,4 308,9 40.616,2
27.505,7 4.950,0 1.844,5 1.002,3 305,0 35.607,5
3.759,37 2.744,80 3.703,18 945,18 463,70 3.181,2
81,41 11,37 2,42 2,28 2,52
83,02 11,62 2,90 1,70 0,76
77,25 13,90 5,18 2,81 0,86
11,58 -2,13 0,71 -6,03 -4,13
Conforme se identifica na Tabela 5, a soja, mesmo triturada, exceto para semeadura é o principal produto brasileiro exportado para o país asiático, representando 44,34% do total. Em 2015, destacam-se também os seguintes produtos: minérios de ferro não aglomerados e seus concentrados (16,15%) e óleos brutos de petróleo (11,62%), que aparecem na segunda e na terceira posições, respectivamente, no ranking dos principais produtos exportados pelo Brasil para a China. Ainda de acordo com a Tabela 5, destaca-se que dos dez principais produtos exportados pelo Brasil para a China, segundo o ranking do ano de 2015, quatro são classificados como primários e quatro como baixa intensidade tecnológica. Evidencia-se, assim, a importância dos produtos agrícolas, minerais e energéticos na pauta de exportação bilateral sino-brasileira. Tabela 5: Principais produtos exportados pelo Brasil para a China – 2000/2015 Produtos
Grau de Intensidade Tecnológica
Soja, mesmo triturada, exceto para semeadura Minérios de ferro não aglomerados e seus concentrados Óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos Pasta química de madeira de não conífera, à soda ou sulfato, semibranqueada ou branqueada Outros açúcares de cana Minérios de ferro aglomerados e seus concentrados Pedaços e miudezas comestíveis de galos e galinhas da espécie doméstica, congelados Cátodos de cobre refinado e seus elementos, em formas brutas Carnes de bovino, desossadas, congeladas Plataformas de perfuração ou de exploração, flutuantes ou submersíveis Outros Total Fonte: Elaboração dos autores a partir de Brasil (2016b).
Primário
Exportações (milhões de US$) 2000 2015 0,0 15.787,8
Ranking
Participação (%)
2000 685º
2015 1º
2000 0,00
2015 44,34
Primário
176,0
5.749,6
2º
2º
16,21
16,15
Primário
36,1
4.138,6
7º
3º
3,33
11,62
Baixo
53,7
1.645,6
4º
4º
4,95
4,62
Baixo Primário
0,0 95,2
754,5 702,7
685º 3º
5º 6º
0,00 8,77
2,12 1,97
Baixo
11,0
607,7
14º
7º
1,02
1,71
Médio-Baixo
0,0
558,2
685º
8º
0,00
1,57
Baixo
0,3
476,4
106º
9º
0,03
1,34
Médio-Baixo
0,0
394,2
685º
10º
0,00
1,11
713,0 1.085,3
4.792,2 35.607,5
-
-
65,69 100,00
13,46 100,00
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Nas exportações da China para o Brasil, por grau de intensidade tecnológica (Tabela 6), os produtos de médio-alto foram majoritários, com uma variação de 3.074,74% no valor exportado no período de estudo. Observa-se, também, que nos produtos primários e de alto grau de intensidade tecnológica houve uma redução de -2,49 pontos percentuais e de -12,74 pontos percentuais, respectivamente. Quanto aos demais graus de intensidade tecnológica, baixo, médio-baixo e médio-alto, os aumentos foram de 1,38 pontos percentuais, de 6,11 pontos percentuais e de 7,75 pontos percentuais, respectivamente.
Tabela 6: Exportações da China para o Brasil por grau de intensidade tecnológica, em milhões de US$ e % do total – 2000-2015 Setores
Primário Baixo Médio-Baixo Médio-Alto Alto Total
2000
2002
40,3 123,6 193,4 231,2 139,3 220,9 360,2 388,4 488,9 590,0 1.222,1 1.554,1
2004
2006
47,9 470,1 568,1 1.009,7 1.614,6 3.710,4
80,0 1.061,3 799,0 2.250,9 3.799,2 7.990,4
Primário 3,30 7,96 1,29 1,00 Baixo 15,82 14,88 12,67 13,28 Médio-Baixo 11,40 14,21 15,31 10,00 Médio-Alto 29,48 24,99 27,21 28,17 Alto 40,00 37,96 43,52 47,55 Fonte: Elaboração dos autores a partir de Brasil (2016b).
2008
2010
Milhões de US$ 222,3 255,9 2.608,4 3.786,4 3.000,6 3.883,4 6.558,9 8.586,1 7.654,2 9.083,6 20.044,4 25.595,4 % do Total 1,11 1,00 13,01 14,79 14,97 15,17 32,72 33,55 38,19 35,49
2012
2014
2015
Variação 2000/2015 (% e p.p)
310,1 5.732,9 4.862,0 12.475,5 10.870,7 34.251,2
238,0 6.153,9 5.937,8 14.094,4 10.919,4 37.343,5
248,9 5.283,1 5.378,6 11.435,4 8.373,4 30.719,4
517,62 2.631,70 3.761,16 3.074,74 1.612,70 2.413,66
0,91 16,74 14,20 36,42 31,74
0,64 16,48 15,90 37,74 29,24
0,81 17,20 17,51 37,23 27,26
-2,49 1,38 6,11 7,75 -12,74
Na Tabela 7 são apresentados os principais produtos exportados pela China para o Brasil, no período 2000 e 2015. Observa-se um crescimento de 2.413,66% no valor total exportado, que passou de US$ 1.222,1 milhões para US$ 30.719,4 milhões. O produto que se caracteriza como principal nesse ranking é partes de aparelhos telefônicos, telefones para redes celulares ou redes sem fio, aparelhos de transmissão ou recepção de voz, imagens ou outros dados, com participação de 4,83%, em 2015. Dos dez principais produtos importados pelo Brasil da China, cinco são classificados como alto grau de intensidade tecnológica e três como médio-alto.
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Tabela 7: Principais produtos exportados pela China para o Brasil – 2000/2015 Produtos
Grau de Intensidade Tecnológica
Partes de aparelhos telefônicos, telefones para redes celulares ou redes sem fio, aparelhos de Alto transmissão ou recepção de voz, imagens ou outros dados Outras partes destinadas aos aparelhos das posições Alto 8525 a 8528 Barcos-faróis, guindastes, docas, diques flutuantes Médio-Baixo e outras embarcações em que a navegação e acessória da função principal Partes e acessórios para máquinas automáticas de Alto processamento de dados e outras máquinas da posição 8471 Aparelhos de recepção, conversão e transmissão ou Alto regeneração de voz, imagens ou outros dados, incluindo os aparelhos de comutação e roteamento Telefones para redes celulares e para outras redes Alto sem fio Litorinas (automotoras), de fonte externa de Médio-Baixo eletricidade Outras máquinas e aparelhos com função própria Médio-Alto Partes de máquinas e aparelhos de ar condicionado Médio-Alto Outros adubos ou fertilizantes minerais ou Médio-Alto químicos contendo nitrogênio e fósforo Outros Total Fonte: Elaboração dos autores a partir de Brasil (2016b).
Exportações (milhões de US$) 2000 2015
Ranking
Participação (%)
2000
2015
2000
2015
0,0
1.483,4
2232º
1º
0,00
4,83
60,4
1.220,4
2º
2º
4,94
3,97
0,0
947,7
2232º
3º
0,00
3,09
69,2
913,7
1º
4º
5,67
2,97
0,0
412,7
2232º
5º
0,00
1,34
0,0
382,0
2232º
6º
0,00
1,24
0,0
360,4
2232º
7º
0,00
1,17
0,0 2,1
323,2 318,7
2232º 114º
8º 9º
0,00 0,17
1,05 1,04
0,0
280,7
2232º
10º
0,00
0,91
1.090,4 1.222,1
24.076,4 30.719,4
-
-
89,23 100,00
78,38 100,00
Conforme Mortatti et al. (2011), as exportações chinesas para o Brasil envolvem produtos de alto valor agregado, como máquinas, aparelhos elétricos, materiais têxteis, produtos de indústrias químicas ou das indústrias conexas. O inverso acontece com as exportações brasileiras para a China, que envolvem produtos de baixo valor agregado, como matérias-primas vegetais e minerais, com predomínio do minério de ferro e soja em grãos. Nesta seção, observou-se que o Brasil é um importante parceiro comercial no fornecimento de commodities para a China. Os produtos primários e de baixa intensidade tecnológicas foram os mais comercializados pelo Brasil para os destinos analisados em 2015, enquanto produtos de médio-baixo, médio-alto e alto grau de intensidade tecnológica foram os que mais foram destinados ao Brasil a partir dos demais integrantes do BRICS. Esses resultados corroboram aqueles encontrados por Schünke (2015), Ferraz (2013) e Vilela (2012), que analisaram os impactos de um possível acordo comercial entre o Brasil e os demais países do BRICS, concluindo que a formação comercial resultaria no aprofundamento do processo de reprimarização das exportações brasileiras. Os acordos resultariam, para o Brasil, num aumento na produção de produtos primários e numa redução na produção de produtos com maior intensidade tecnológica (SCHÜNKE, 2015). Os piores resultados para a indústria, por sua vez, seriam observados em acordos com a Índia e com a Rússia (FERRAZ, 2013). Por fim, haveria um maior ganho de bem-estar entre Brasil e China, devido
à
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complementariedade de comércio existente entre esses países, no entanto, um acordo poderia gerar um efeito desfavorável na estrutura produtiva brasileira (VILELA, 2012). Na próxima seção, são analisadas, especificamente, as exportações do agronegócio brasileiro para o país asiático.
4. Exportações do Agronegócio Brasileiro para a China Segundo FAO (2016), o Brasil é o quinto maior exportador mundial de produtos agropecuários e as exportações do agronegócio brasileiro representaram, em 2015, 46,16% do total comercializado pelo país com o resto do mundo. Em 2000, sua representação foi de 37,38% (Tabela 8). Tabela 8: Balança comercial brasileira e balança comercial do agronegócio, em US$ bilhões – 2000/2015 Exportações Total Brasil (A) Agronegócio (B) Part.% (B/A) 2000 55,119 20,605 37,38 2001 58,287 23,866 40,95 2002 60,439 24,846 41,11 2003 73,203 30,653 41,87 2004 96,677 39,035 40,38 2005 118,529 43,623 36,80 2006 137,807 49,471 35,90 2007 160,649 58,431 36,37 2008 197,942 71,837 36,29 2009 152,995 64,786 42,34 2010 201,915 76,442 37,86 2011 256,040 94,968 37,09 2012 242,578 95,814 39,50 2013 242,034 99,968 41,30 2014 225,101 96,748 42,98 2015 191,134 88,224 46,16 Fonte: Elaboração dos autores a partir de Brasil (2016a). Ano
Importações Total Brasil (C) Agronegócio (D) 55,851 5,759 55,602 4,805 47,243 4,452 48,326 4,750 62,836 4,836 73,600 5,112 91,351 6,699 120,617 8,732 172,985 11,881 127,722 9,900 181,768 13,399 226,247 17,508 223,183 16,409 239,748 17,061 229,154 16,614 171,449 13,073
Part.% (D/C) 10,31 8,64 9,42 9,83 7,70 6,95 7,33 7,24 6,87 7,75 7,37 7,74 7,35 7,12 7,25 7,63
Saldo Total Brasil Agronegócio -0,732 14,845 2,685 19,061 13,196 20,394 24,878 25,903 33,842 34,200 44,929 38,511 46,457 42,772 40,032 49,699 24,958 59,957 25,272 54,885 20,147 63,043 29,793 77,460 19,395 79,405 2,286 82,907 -4,054 80,134 19,685 75,151
Na Tabela 9 são apresentados os produtos do agronegócio brasileiro exportados no período 2000/2015. No ano de 2015, o total comercializado foi de US$ 88,2 bilhões, enquanto que, no ano de 2000, foram apenas US$ 20,6 bilhões, ou seja, houve um crescimento de 328,17% no valor exportado, no período. Ressalta-se que os setores complexo soja, carnes, produtos florestais, complexo sucroalcooleiro e café, juntos, representaram 76,74% do valor exportado pelo agronegócio no ano de 2015. Em 2000, eles representavam 65,98% do valor comercializado pelo Brasil com o resto do mundo
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Tabela 9: Exportações do agronegócio brasileiro por produtos – 2000/2015 2015 2000 Valor (US$) Participação (%) Valor (US$) Participação (%) Complexo soja 27.957.061.577 31,69 4.194.428.525 20,36 Carnes 14.724.196.896 16,69 1.957.452.948 9,50 Produtos florestais 10.333.742.766 11,71 4.419.592.472 21,45 Complexo sucroalcooleiro 8.532.374.764 9,67 1.238.056.983 6,01 Café 6.158.739.719 6,98 1.784.142.125 8,66 Cereais, farinhas e preparações 5.878.404.625 6,66 64.302.532 0,31 Couros, produtos de couro e peleteria 2.713.224.205 3,08 2.155.436.544 10,46 Fumo e seus produtos 2.186.216.762 2,48 841.476.220 4,08 Sucos 2.050.441.559 2,32 1.090.144.687 5,29 Fibras e produtos têxteis 1.776.261.749 2,01 842.861.710 4,09 Demais produtos 5.913.453.686 6,70 2016793676 9,79 Total 88.224.118.308 100,00 20.604.688.422 100,00 Fonte: Elaboração dos autores a partir de Brasil (2016a). Nota: (*) Ranking de 2015. Setores*
Variação em p.p. (2000/2015) 11,33 7,19 -9,74 3,66 -1,68 6,35 -7,38 -1,6 -2,97 -2,08 -3,09 -
Na Tabela 10, observam-se os principais parceiros comerciais do Brasil (agronegócio) no período 2000/2015. Dentre os dez principais destinos das exportações deste segmento, sete apresentaram uma variação positiva na sua participação no período analisado. Houve exceção para UE, EUA e Japão, que reduziram sua participação no total exportado pelo brasileiro em 20,33 pontos percentuais, 10,72 pontos percentuais e 1,9 ponto percentual, respectivamente, entre 2000 e 2015. Em relação aos três primeiros destinos das exportações nacionais, pode-se notar que, em 2000, UE, com 41,03%, e EUA, com 18,05%, eram os principais parceiros comerciais, enquanto, em terceiro lugar, ficava o Japão, com a participação de 4,76% nas exportações do agronegócio brasileiro. Já em 2015, o maior intercâmbio foi liderado pela China, com 24,12%, bem acima do terceiro colocado, os EUA, que apresentaram 7,33%. Tabela 10: Exportações do agronegócio brasileiro por destinos – 2000/2015 2015 2000 Valor (US$) Participação % Valor (US$) Participação % China 21.280.138.056 24,12 561.787.520 2,73 UE 28 18.259.302.243 20,70 8.454.306.739 41,03 EUA 6.466.844.955 7,33 3.718.936.813 18,05 Japão 2.526.159.774 2,86 979.860.253 4,76 Rússia 2.262.867.108 2,56 412.818.823 2,00 Arábia Saudita 2.256.451.334 2,56 275.927.775 1,34 Coreia do Sul 2.139.240.662 2,42 212.553.889 1,03 Vietnã 2.016.965.746 2,29 5.601.319 0,03 Hong Kong 1.921.397.573 2,18 357.952.327 1,74 Venezuela 1.898.795.635 2,15 145.741.158 0,71 Demais países/blocos 27.195.955.222 30,83 5.479.201.806 26,59 Total 88.224.118.308 100,00 20.604.688.422 100,00 Fonte: Elaborada pelos autores a partir de Brasil (2016a). Nota: (*) Ranking de 2015. País/Bloco*
Variação em p.p. (2000/2015) 21,39 -20,33 -10,72 -1,9 0,56 1,22 1,39 2,26 0,44 1,44 4,24 -
Ao observar que a China se tornou o principal parceiro comercial do agronegócio brasileiro, na Tabela 11 são apresentados os produtos do agronegócio nacional exportados para o país asiático no período 2000/2015. Em 2000, o total comercializado foi de US$ 561,8 milhões, passando para US$ 21,3 bilhões ao longo dos anos 2000. Dentre os produtos,
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destacam-se os do complexo soja. Embora já fosse o principal produto exportado para a China em 2000, houve um significativo aumento no volume e no valor exportado no período. Tabela 11: Exportações do agronegócio brasileiro para a China por produtos – 2000/2015 2015 Valor (US$) Peso (kg) Bebidas 477.034 222.335 Cacau e seus produtos 333.826 122.309 Café 14.221.778 4.468.386 Carnes 1.094.224.321 409.872.927 Cereais, farinhas e preparações 30.614.606 146.995.387 Chá, mate e especiarias 5.548 329 Complexo soja 15.927.451.833 41.132.353.976 Complexo sucroalcooleiro 817.721.277 2.602.196.107 Couros, produtos de couro e peleteria 622.798.075 171.816.964 Demais produtos de origem animal 2.521.144 263.143 Demais produtos de origem vegetal 79.676.653 48.281.233 Fibras e produtos têxteis 194.440.180 125.102.844 Frutas (inclui nozes e castanhas) 713.162 107.418 Fumo e seus produtos 263.959.328 43.281.243 Lácteos 0 0 Pescados 8.673.416 1.853.890 Plantas vivas e produtos de floricultura 55.492 7.522 Produtos alimentícios diversos 10.475.155 2.012.915 Produtos apícolas 1.254.046 68.624 Produtos florestais 2.059.281.180 4.286.144.024 Produtos hortícolas, leguminosas, raízes e tubérculos 143.847 248.275 Produtos oleaginosos (exclui soja) 92.360.699 241.646.294 Rações para animais 1.746.379 1.104.950 Sucos 56.989.077 31.344.071 Total 21.280.138.056 49.249.515.166 Fonte: Elaborada pelos autores a partir de Brasil (2016a). Nota: (*) Ranking de 2015. Setores*
2000 Valor (US$) 38.351 545.984 362.802 11.773.455 0 0 370.886.520 0 23.994.701 62.534 1.274.774 1.701.914 97.197 50.274.178 19.272 2.968.776 0 396.757 24.050 95.080.345 0 39.999 7.170 2.238.741 561.787.520
Peso (kg) 26.124 600.911 152.025 19.702.349 0 0 1.914.066.896 0 6.473.088 58.556 1.661.969 3.999.692 215.288 16.675.620 8.030 1.764.354 0 1.135.091 1.115 184.835.041 0 34.849 28.680 2.416.600 2.153.856.278
Em 2015, outros dois agrupamentos de produtos foram significativos nas exportações para a China, sendo eles: produtos florestais e carnes. Mesmo ainda bem distantes da representatividade do complexo soja, ambos os agrupamentos de produtos apresentaram aumento relevante no valor comercializado desde 2000. Os primeiros passaram de US$ 95 milhões, em 2000, para US$ 2,1 bilhões, em 2015, enquanto o setor de carnes passou de US$ 11,8 milhões, em 2000, para US$ 1,1 bilhão, em 2015. Ao analisar especificamente o complexo soja, identifica-se, na Tabela 12, os produtos que integram esse complexo e suas representatividades nas exportações brasileiras para o país asiático. Soja em grãos foi o principal produto exportado para a China ao longo dos anos 2000, passando de uma participação de 90,96%, em 2000, para 99,12%, em 2015.
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Tabela 12: Exportações do complexo soja para a China – 2000/2015 2015 Valor (US$) Peso (kg) Soja em grãos 15.787.785.730 40.925.506.994 Farelo de soja 637.910 1.600.002 Óleo de soja 139.028.193 205.246.980 Total 15.927.451.833 41.132.353.976 Fonte: Elaborada pelos autores a partir de Brasil (2016a). Produtos
Participação (valor) 99,123 0,004 0,873 100,00
2000 Valor (US$) 337.350.321 12.262.277 21.273.922 370.886.520
Peso (kg) 1.783.628.244 67.389.510 63.049.142 1.914.066.896
Participação (valor) 90,958 3,306 5,736 100,00
Deste modo, é evidente a importância da participação do país asiático nas relações comerciais brasileiras e como esse crescimento se deu de forma relativamente rápida nos anos 2000. Além disso, a China passou a ser o principal parceiro comercial do Brasil em produtos de grande importância na pauta brasileira, como o complexo soja (soja em grãos). Neste contexto, as perspectivas sobre a desaceleração do crescimento chinês têm causado preocupação aos produtores e empresários brasileiros.
5. Considerações Finais Neste artigo, observou-se que o Brasil concentrou seu comércio externo em produtos primários, evidenciando uma tendência de reprimarização da pauta exportadora brasileira, no período 2000-2015, para o recorte geográfico investigado (BRICS). O aumento das exportações pode ser justificado pela expansão dos preços e do volume exportado, com ênfase para as importações chinesas. O aumento das exportações brasileiras de produtos primários para a China foi comprovado também por Cepik et al. (2012), que destacaram a tendência de redução do conteúdo tecnológico dos produtos brasileiros rumo ao mercado chinês. Este cenário, segundo os autores, estaria em conformidade com a política de internacionalização da economia chinesa adotada pelo país após sua entrada na Organização Mundial do Comércio (OMC), no ano de 2001. Neste estudo, também se analisou o agronegócio brasileiro no comércio internacional, com ênfase nas relações comerciais com a China e no complexo soja. Em 2015, a China foi o principal destino das exportações do agronegócio brasileiro e o complexo soja apresentou um crescimento, no período analisado, de 4.194,43% no valor exportado para esse país. O aumento da participação do país asiático no comércio externo brasileiro foi de 21,39 pontos percentuais, entre 2000 e 2015, enquanto UE e EUA perderam participação (-20,33 pontos percentuais e -10,72 pontos percentuais, respectivamente). O complexo soja consolidou-se como o segmento do agronegócio mais importante para o comércio externo brasileiro, que foi beneficiado pelo aumento da demanda no mercado mundial, principalmente por parte da China. Em 2015, este complexo representou 31,69% das
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exportações totais do agronegócio brasileiro. Somente para o mercado chinês, foram destinados 41,13 bilhões de quilos e US$ 15,93 bilhões, neste mesmo ano. Conclui-se, então, que dada a importância que a China apresenta para a economia brasileira, qualquer mudança política ou econômica neste país impactaria fortemente nos resultados econômicos do Brasil. Como há perspectivas de desaceleração em ambas as economias, seria possível prever uma queda no comércio entre Brasil e China. Neste caso, o agronegócio brasileiro e, especialmente o complexo soja, poderiam sofrer esse choque. Por fim, o comportamento das exportações brasileiras de produtos primários tem sido seguido pela perda de competitividade do setor industrial, com destaque para os produtos mais intensivos em tecnologia, como se observou na relação comercial Brasil-China. Assim, considerando que o Brasil desponta como um importante parceiro comercial dos demais países do BRICS no fornecimento de produtos primários, sugere-se, para estudos futuros, o aprofundamento da análise da relação entre o processo de reprimarização das exportações brasileiras, caracterizado pela intensificação da exportação de produtos primários, e a redução do comércio de produtos com maior grau de intensidade tecnológica.
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Exportadores China Estados Unidos Alemanha Japão Países Baixos França Coréia Itália Hong Kong, China Reino Unido Rússia Canadá Bélgica Cingapura México Emirados Árabes Arábia Saudita Espanha Índia Taipei Chino Suíça Austrália Malásia
Valor 2.342 1.621 1.508 684 672 583 573 529 524 506 498 475 471 410 398 360 354 325 322 314 311 241 234
Participação 12,3 8,5 7,9 3,6 3,5 3,1 3,0 2,8 2,8 2,7 2,6 2,5 2,5 2,2 2,1 1,9 1,9 1,7 1,7 1,7 1,6 1,3 1,2
Ordem 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23
Importadores Estados Unidos China Alemanha Japão Reino Unido França Hong Kong, China Países Baixos Coréia Canadá Itália Índia Bélgica México Cingapura Espanha Rússia Suíça Taipei Chino Emirados Árabes Turquia Brasil Austrália
Valor 2.413 1.959 1.216 822 684 678 601 588 526 475 472 463 452 412 366 358 308 276 274 262 242 239 237
Participação 12,6 10,3 6,4 4,3 3,6 3,5 3,1 3,1 2,8 2,5 2,5 2,4 2,4 2,2 1,9 1,9 1,6 1,4 1,4 1,4 1,3 1,3 1,2
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24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50
Tailândia Brasil Polônia Áustria Indonésia República Checa Suécia Turquia Vietnã Noruega Qatar Irlanda Dinamarca Hungria Kuwait Nigéria África do Sul Irã República Eslovaca Iraque Venezuela Cazaquistão Chile Finlândia Argentina Romênia Israel Total Mundo Fonte: WTO (2016).
228 225 217 178 176 174 164 158 150 144 132 118 111 111 104 97 91 89 87 85 80 78 76 74 72 70 68 17.608 19.002
1,2 1,2 1,1 0,9 0,9 0,9 0,9 0,8 0,8 0,8 0,7 0,6 0,6 0,6 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 93,00 100,00
24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50
Tailândia Polônia Malásia Áustria Indonésia Arábia Saudita Suécia República Checa Vietnã África do Sul Hungria Dinamarca Noruega República Eslovaca Portugal Romênia Finlândia Israel Chile Irlanda Filipinas Egito Argentina Colômbia Grécia Nigéria Iraque Total Mundo
228 220 209 182 178 163 163 152 149 122 105 99 89 82 78 78 77 75 72 71 68 67 65 64 63 60 59 17.361 19.091
1,2 1,2 1,1 1,0 0,9 0,9 0,9 0,8 0,8 0,6 0,5 0,5 0,5 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,3 0,3 0,3 0,3 0,3 91,00 100,00
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AVALIAÇÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA DE SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE LEITE DE CABRA NA ZONA DA MATA MINEIRA: UMA NECESSIDADE PELA ATUAL CONJUNTURA ECONÔMICA Gustavo dos Santos Leal¹, Carlos José Maimere Batista², Marcelo Gaio Mancio³, Danilo de Oliveira Sampaio4 1,2,3,4 Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de Juiz de Fora gsleal@outlook.com, caje0032@gmail.com, marcelogm.1990@gmail.com, danilo.sampaio@ufjf.edu.br Grupo de Pesquisa: GT5 – Agronegócio, Mercados e Comercialização Resumo Este artigo procura analisar a viabilidade econômico-financeira de sistemas de produção de leite de cabra na Zona da Mata Mineira, levando em consideração a atual conjuntura econômica do Brasil. Foram estimados Fluxos de Caixa para dois sistemas de produção com raças de cabras distintas: a Saanen (Sistema 1) e a Toggenburg (Sistema 2). Considerando os distintos coeficientes técnicos de produção, e os coeficientes financeiros estimados, apenas o Sistema 1 foi classificado como viável, apresentando um VPL de R$30.200,54, contra um VPL de (R$19.882,23) do Sistema 2. A fim de se analisar os riscos inerentes ao negócio, foi aplicada uma Simulação de Monte Carlo, que mostrou que o Sistema 1 de Produção possui 66,40% de chances de apresentar um VPL positivo, contra 39,5% do Sistema 2. Palavras-chave: Caprinos, Conjuntura Econômica, Viabilidade Econômico-Financeira, Simulação de Monte Carlo. Abstract This paper seeks to analyze the economic-financial viability of goat milk production systems at the “Zona da Mata” region in the state of Minas Gerais, Brazil, taking into account the current economic conjunction in Brazil. Cash Flow was estimated for two production systems with distinct goat races: the Saanen (System 1) and the Toggenburg (System 2). Considering the different technical production coefficients and the estimate financial coefficients, only System 1 was classified as viable, presenting a R$30.200,54 NPV against a (R$19.882,23) NPV on System 2. In order to analyze the inherent risks to the business, a Monte Carlo Simulation was applied which showed that the Production System 1 possesses 66,40% chance of presenting a positive NPV against 39,5% chance on System 2. Key words: Goats, Economic Conjunction, Economic-Financial Viability, Monte Carlo Simulation 1. Introdução A partir do momento em que a humanidade deixou de ser nômade passou a existir a necessidade de se desenvolver técnicas que viabilizassem o novo modelo de subsistência. Técnicas de cultivo fundamentadas na utilização de fertilizantes e defensivos, capacidades que proporcionam o acondicionamento de alimentos e a domesticação sistematizada de animais são Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1692
exemplos de inovações que auxiliaram a viabilizar a transição para o modelo atual. Após a I Revolução Industrial, a produção dos bens e serviços adquiriu uma nova face, sendo que “o padrão de vida das massas formadas por cidadãos comuns começou a apresentar um crescimento contínuo e constante. (...) Nada remotamente parecido com este fenômeno econômico havia acontecido até então." (LUCAS, 2002: p.109-110). Esta condição de melhoria contínua, entretanto, só é possível por meio da correta previsão das necessidades dos consumidores, que faz com que os investimentos sejam realizados de forma correta (HAYEK, 1932). Isto é, os estudos de viabilidade econômicofinanceira são de suma importância para a criação de valor dos investimentos a serem realizados e, consequentemente, aumento da riqueza de uma sociedade. Esses estudos mostram-se ainda mais importantes no segmento do agronegócio, em especial o mercado leiteiro que, por ser considerado competitivo, no qual os produtores de leite não possuem muitas condições de diferenciação de produtos ou de competição pelo preço, o controle dos custos é fundamental para a viabilidade do negócio. O leite de cabra é o terceiro, oriundo de animal, mais consumido do mundo, atrás apenas do leite de vaca e do leite de búfala (FONSECA et al., 2011). Elas se alimentam, de forma extensiva, de grãos, leguminosas, gramíneas e brotos, sendo facilmente adaptáveis a todo o tipo de clima, desde o árido até o frio de montanha (ARAÚJO FILHO, 2006). Como a diferença de adaptabilidade é bastante significativa em relação ao gado bovino, a região Nordeste do Brasil é a que concentra a maior parte desse tipo de animais (IBGE, 2006). A produção mundial no ano de 2013 foi de, aproximadamente, 17.957.372 toneladas de leite (FAO, 2016). A Tabela 1 mostra a produção mundial e a divisão da produção por continentes. Tabela 1. Produção mundial de leite de cabra e sua divisão percentual entre os continentes. Continente Produção Mundial Ásia África Europa América Oceania
Produção Total (Ton.) 17.957.372 10.653.509 4.184.887 2.526.426 592.500 50
% Mundo 100% 59,33% 23,30% 14,07% 3,30% 0,00%
Fonte: elaboração própria por meio de dados da FAO (2016).
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Conforme pode ser observado pela Tabela 1, a Ásia é o continente que concentra a maior produção de leite de cabra no mundo, com 59,33% do total, sendo seguida por África (23,30%), Europa (14,07%) e América (3,30%). A Oceania possui produção irrisória desse tipo de leite. O artigo tem como problema de pesquisa a questão: é viável a produção de leite advindo de caprinos na Zona da Mata Mineira, dada a atual conjuntura econômica do Brasil? O estudo possui como objetivo analisar a viabilidade econômico-financeira de sistemas de produção de caprinos leiteiros na Zona da Mata Mineira, considerando a conjuntura econômica do Brasil, tendo como objetivos específicos: 1) analisar a conjuntura econômica brasileira; 2) fixar os parâmetros de produção; 3) fixar os parâmetros financeiros para a análise; 4) gerar os resultados de análise de investimentos a fim de determinar a viabilidade econômico-financeira e; 5) criar modelos de Simulação de Monte Carlo para análise de risco. Este trabalho está dividido em seis seções, além da introdução: 1) Metodologia; 2) Comparação de Conjunturas Econômicas; 3) Coeficientes Técnicos da Produção de Caprinos na Zona da Mata Mineira; 4) Fluxos de Caixa e Resultados; 5) Análise de Risco com aplicação de Simulação de Monte Carlo e comparação entre os modelos e; 6) Conclusão. 2. Metodologia A ideia básica de um projeto de investimento, de acordo com Ross et al. (2008), é a de se criar valor para os proprietários do capital. Levando em conta esta característica, pode-se ponderar sobre os indicadores para validação de projetos de forma mais clara, pois:
Um projeto de investimento ou simplesmente projeto é uma entidade de vida limitada. Tanto faz ser um projeto que envolva a organização de um grande número de empresas rurais, como um projeto de expansão ou criação de atividades específicas em uma empresa já organizada. Seus objetivos têm de ser definidos claramente e sua duração e tamanho predeterminados. Existe uma data de início e outra de término das atividades que definem o projeto. É desta forma, uma unidade administrativa com fins específicos cujo papel na empresa não passa de guia na direção de seus objetivos de longo prazo. (NORONHA, 1987: p.26)
A análise de investimento é realizada por meio da apreciação de fluxos de caixa dos sistemas de produção a serem descritos. Para isso, como primeiro passo, estimam-se os desembolsos ou saídas necessárias a uma fazenda de produção caprina em concorrência perfeita. Em seguida, as saídas serão utilizadas na construção de fluxos de caixa que são a organização criteriosa do fluxo de entradas e saídas para cada sistema de produção.
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O fluxo de caixa ĂŠ divido em trĂŞs partes (ROSS et al., 2008), e a fĂłrmula para calculĂĄlo ĂŠ dado pela Equação (I): đ??šđ??ś = đ??šđ??śđ?&#x2018;&#x201A; â&#x2C6;&#x2019; â&#x2C6;&#x2020;đ??žđ??śđ??ż â&#x2C6;&#x2019; đ??şđ??ž
(I)
Para: FC = Fluxo de Caixa; FCO1 = Fluxo de Caixa Operacional; â&#x2C6;&#x2020;KCL = Variação do Capital Circulante LĂquido 2; GK = Gastos em Capital.
Com base nos fluxos de caixa, serĂŁo calculados os indicadores de viabilidade de projetos apresentados a seguir. 1.1. Valor Presente LĂquido (VPL) O VPL corresponde Ă soma algĂŠbrica dos fluxos de caixa em cada perĂodo descontados a uma taxa de desconto e ĂŠ o indicador, em geral, preferido. O VPL ĂŠ calculado segundo a Equação (II): đ?&#x2018;&#x2030;đ?&#x2018;&#x192;đ??żđ?&#x2018;&#x203A; = đ??šđ??ś0 +
đ??šđ??ś1 (1+đ?&#x2018;&#x;)1
+â&#x2039;Ż+
đ??šđ??śđ?&#x2018;&#x203A;
(II)
(1+đ?&#x2018;&#x;)đ?&#x2018;&#x203A;
Para: VPLn = Valor Presente LĂquido de n fluxos de caixa; FC0 = Fluxo de Caixa do tempo 0; FC1 = Fluxo de Caixa do tempo 1; FCn = Fluxo de Caixa do tempo n; r = Taxa de desconto.
Um projeto de investimento ĂŠ considerado viĂĄvel financeiramente quando seu VPL for positivo. As vantagens do VPL, segundo Bruni et al. (1998) ĂŠ que este mĂŠtodo informa se o investimento agregarĂĄ valor Ă empresa considerando o valor monetĂĄrio no tempo, alĂŠm do risco incluĂdo na taxa de retorno (r). Uma de suas desvantagens, de acordo com o mesmo autor, ĂŠ a necessidade de se conhecer o valor da taxa de desconto r. 1.2. Taxa Interna De Retorno (TIR) Outro indicador muito utilizado ĂŠ a Taxa Interna de Retorno (TIR) que ĂŠ a taxa que faz o VPL ser igual a zero (CONTADOR, 1988 e FARO, 1972). Ou seja, a TIR ĂŠ o valor da taxa de desconto r que faz com que a seguinte igualdade seja garantida: 0 = đ??šđ??ś0 +
1 2
đ??šđ??ś1 (1+đ?&#x2018;&#x;)1
+ â&#x2039;Ż+
đ??šđ??śđ?&#x2018;&#x203A; (1+đ?&#x2018;&#x;)đ?&#x2018;&#x203A;
(III)
FCO = LAJIRD (Lucro Antes dos Juros, Imposto de Renda e Depreciação) â&#x20AC;&#x201C; IR (Imposto de Renda). â&#x2C6;&#x2020;KCL = â&#x2C6;&#x2020;KCLfinal - â&#x2C6;&#x2020;KCLinicial
Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1695
Assim, compara-se a TIR Ă taxa de retorno utilizada no projeto. Se ela for maior, aprovase o investimento. Apesar da grande aceitabilidade da TIR por sua facilidade de entendimento, ela apresenta problemas graves, tais como respostas mĂşltiplas ao se trabalhar com fluxos de caixas nĂŁo convencionais (que possuem mais de uma mudança de sinal), alĂŠm de induzir a decisĂľes imperfeitas quando analisados projetos mutuamente exclusivos. 1.3. Payback Outro indicador muito importante, mas que apresenta muitas desvantagens, ĂŠ o payback. Segundo Ross et al. (2008), o payback ĂŠ o tempo necessĂĄrio para que um projeto gere fluxos de caixa capazes de cobrir o investimento inicial. Por este procedimento, um projeto ĂŠ considerado viĂĄvel se o seu payback for menor do que um prĂŠ-determinado nĂşmero de perĂodos de tempo previamente estabelecido pelo investidor. O payback possui diversos problemas, pois nĂŁo desconta os fluxos de caixa, ignorando o valor do dinheiro no tempo; alĂŠm do nĂşmero de anos escolhido para o â&#x20AC;&#x153;ponto de corteâ&#x20AC;? ĂŠ arbitrĂĄrio, alĂŠm de tender Ă liquidez (ASSAF NETO; LIMA, 2009). 1.4. Custo do Capital (Taxa de Retorno) O custo do capital prĂłprio, dado pelo Capital Asset Price Model (CAPM), serĂĄ a taxa de retorno utilizada neste trabalho. Sua fĂłrmula ĂŠ mostrada na Equação (IV): CAPM = đ?&#x2018;&#x2026;đ?&#x2018;&#x201C; + đ?&#x203A;˝(đ?&#x2018;&#x2026;đ?&#x2018;&#x161; â&#x2C6;&#x2019; đ?&#x2018;&#x2026;đ?&#x2018;&#x201C; )
(IV)
Para: CAPM = Capital Asset Price Model; đ?&#x2018;&#x2026;đ?&#x2018;&#x201C; = Taxa livre de risco; đ?&#x2018;&#x2026;đ?&#x2018;&#x161; = Taxa de retorno do mercado; β = Risco SistĂŞmico. Ă&#x2030; dado pela fĂłrmula: đ?&#x2018;&#x2026;đ?&#x2018;&#x17D; = đ?&#x203A;ź + đ?&#x203A;˝đ?&#x2018;&#x2026;đ?&#x2018;&#x161; .
đ??śđ?&#x2018;&#x201A;đ?&#x2018;&#x2030; (đ?&#x2018;&#x2026;đ?&#x2018;&#x161;;đ?&#x2018;&#x2026;đ?&#x2018;&#x17D;) đ?&#x2018;&#x2030;đ??´đ?&#x2018;&#x2026;(đ?&#x2018;&#x2026;đ?&#x2018;&#x161;)
, sendo đ?&#x2018;&#x2026;đ?&#x2018;&#x17D; = đ?&#x2018;&#x2026;đ?&#x2018;&#x2019;đ?&#x2018;Ąđ?&#x2018;&#x153;đ?&#x2018;&#x;đ?&#x2018;&#x203A;đ?&#x2018;&#x153; đ?&#x2018;&#x2018;đ?&#x2018;&#x153; đ?&#x2018;&#x17D;đ?&#x2018;Ąđ?&#x2018;&#x2013;đ?&#x2018;Łđ?&#x2018;&#x153;, ou de forma alternativa:
Segundo Assaf Neto e Lima (2009), o coeficiente beta ĂŠ determinado por meio da identificação, no mercado, de organizaçþes que podem ser classificadas de benchmarks, ou seja, organizaçþes que atuam em atividades semelhantes que irĂŁo servir como guias para o cĂĄlculo do Ăndice. Como a anĂĄlise de viabilidade proposta por este trabalho leva em consideração que a organização se instalaria no prĂłprio terreno nacional, o mais comum seria considerar a taxa livre de risco como a Selic, que corresponde Ă taxa de juros bĂĄsica da economia brasileira, e a taxa de retorno do mercado como o retorno do Ă?ndice da Bolsa de Valores de SĂŁo Paulo MossorĂł - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1696
(Ibovespa). Entretanto, nos últimos cinco anos, o retorno do Ibovespa foi negativo, refletindo a crise econômica mundial de 2008, sendo, portanto, um problema para o cálculo do prêmio pelo risco. Considerou-se, então, como parâmetro o mercado norte-americano para o cálculo do CAPM e utilizou-se o Risco-Brasil como ajuste para “nacionalizar” a taxa encontrada. 1.5. Análise de Risco Em toda análise de engenharia econômica, deve-se levar em consideração o risco inerente ao investimento. Ao colocar o capital em uma atividade rentável, mas que ofereça riscos, é essencial que se realize uma análise de sensibilidade, que indica para qual determinada faixa de risco (alta), existe a necessidade de se refinar suas estimativas, enquanto para outras (baixas), as primeiras aproximações são o suficiente (FARO, 1972). Como cada sistema de produção, que será estudado neste trabalho, possui riscos próprios, utiliza-se então a técnica de simulação de Monte Carlo (SMC). Essa prática “baseiase no fato da frequência relativa de ocorrência de um indicador de avaliação financeira aproximar-se de sua probabilidade de ocorrência” (RESENDE FILHO et al., 2001). De acordo com Kiriakos (1997) as etapas a serem seguidas para a implementação da técnica são: a) construção do fluxo de caixa; b) elaboração de um modelo com as principais incertezas relativas às variáveis de análise do fluxo de caixa, utilizando-se de distribuições de probabilidade; c) determinação das relações entre as variáveis, já que em grande parte dos casos as variáveis aleatórias são dependentes; d) efetuar a simulação. Nesta etapa são gerados vários processos de amostragem, considerando-se as correlações entre as variáveis. Para cada amostragem, calculam-se os indicadores da análise econômico-financeira. Este procedimento deve ser repetido até que as flutuações dos valores das distribuições de saída sejam pequenas. 2. Conjuntura Econômica: comparação entre períodos Quando realizados os estudos anteriores sobre a viabilidade econômico-financeira de sistemas de produção de cabras na Zona da Mata Mineira, a conjuntura econômica mundial e brasileira era muito diferente da encontrada agora. A Figura 1 mostra a evolução da Taxa Selic e do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mensal de 2006 a 2016. Nota-se que de 2009 a 2013 a série da Taxa Selic apresentou uma tendência de queda, muito por conta da política monetária expansionista adotada pelo Banco Central do Brasil (BACEN) em resposta à crise econômica mundial de 2008. Entretanto, a partir do momento em que a inflação de preços, medida oficialmente no Brasil pelo IPCA, começa a se afastar da banda superior
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permitida pelo regime de metas inflacionárias, o BACEN se encontra na obrigação de elevar a taxa de juros a fim de diminuir a quantidade de moeda no mercado, tentando fazer com que o IPCA volte ao centro da meta de inflação de preços. Outro fator importante para se comparar e analisar a conjuntura econômica é, sem dúvida, a evolução do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, que mede a criação de riqueza de uma determinada região em um dado período de tempo. Observa-se, por dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que o PIB e o PIB Per Capita Real brasileiro de 2000 a 2015, tendo como referência o ano de 2000, apresentaram uma forte queda entre meados de 2009 a 2015, chegando a cair quase 5% no último ano em análise, fazendo com que a taxa
-.5
0
.5
1
1.5
de desemprego, que apresentava uma tendência de queda até 2013, se elevasse.
2006m1
2008m1
2010m1
2012m1
2014m1
2016m1
Data SELIC
IPCA
Figura 1. Evolução da Taxa Selic e do IPCA de 2006 a 2016. Fonte: Banco Central do Brasil (2016).
Neste contexto, este artigo propõe a reavaliar a viabilidade econômico-financeira de sistemas de produção de caprinos leiteiros na Zona da Mata Mineira, aplicando as técnicas expostas no tópico Metodologias, a fim de determinar se ainda é uma opção viável para os produtores de leite da região.
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3. Coeficientes Técnicos de Produção de Caprinos Os coeficientes técnicos de produção correspondem a valores numéricos que correspondem às quantidades de insumos gastos a fim de que se produza uma determinada quantidade de leite em um dado período de tempo (EMBRAPA, 2003). Estas informações possuem elevada importância para o aferimento dos custos de produção, principalmente os relativos à alimentação do rebanho, e também para a projeção das receitas, pois fornece dados diretamente relacionados, como prolificidade, produtividade e período de gestação. Além disso, houve o cuidado de fornecer ao possível investidor informações relevantes para que este possa iniciar a atividade caprino-leiteira. 3.1. Raças Consideradas Foram consideradas para este estudo duas raças de caprinos: Saanen e Toggenburg. A raça Saanen é originária da suíça e é muito explorada em regiões onde existe caprinocultura bem desenvolvida por conta da sua alta produção leiteira e persistência de lactação (CAPRITEC, 2008). Apresenta peso que varia de 75 kg a 90 kg para as fêmeas e entre 80 kg a 120 kg para os machos (CAPRITEC, 2008). Já a raça Toggenburg também é originária da Suíça e é predominante neste país e na Inglaterra. O peso médio para machos adultos encontra-se, em torno, de 70 kg e para a fêmea em torno de 50kg (EMBRAPA, [s.d.] ) Para este trabalho, serão considerados dois sistemas de produção. O Sistema I e o Sistema II, com 97 animais cada, 85 cabras e 12 reprodutores, sendo o primeiro com animais da raça Saanen e o segundo com animais da raça Toggenburg. 3.2. Instalações O tamanho das instalações deve ser previamente dimensionado de modo a que sirvam unicamente para a instalação adequada dos animais e sem superdimensionamento (Tabela 2). Tabela 2. Área coberta e descoberta de exercício de caprinos leiteiros por cabeça/m². Categoria Animal
Área Coberta (m²)
Matrizes
1
Animais Jovens
0,8
Crias
0,5
Reprodutores
3
Fonte: LEAL (2010).
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Além disso, para Deminicis et al. (2008), há a necessidade de 532 m² de área externa para que cada animal tenha alimentação e sobreviva de forma adequada. Atualizando o valor do m² de instalações adequadas para cabras de Deminicis et al. (2008), chega-se ao valor de R$52,80/m². 3.3. Descrição dos Sistemas Conforme exposto, este artigo estudou dois sistemas de produção que são descritos conforme a Tabela 3. Tabela 3. Descrição dos Sistemas de Produção Avaliados. Raça Quantidade Fêmeas
Sistema 1
Sistema 2
Saanen
Toggenburg
97
97
85
85
Fertilidade
85%
85%
Prolificidade
1,50
1,75
Fêmeas ao nascimento
50%
50%
Produção esterco
600 kg/ano
600 kg/ano
Perda de esterco
50%
50%
2,37 kg/dia
2,18 kg/dia
283 dias
275 dias
3%
3%
Produção leite média Lactação média Mortalidade Fonte: elaboração própria.
Conforme descrito a raça das cabras analisada para o Sistema 1 é a Saanen que possui a maior produtividade leiteira entre as raças de cabras analisadas (THOLON, 2001). A taxa de fertilidade considerada para este sistema foi de 85%, a prolificidade de 1,5/fêmea (GONÇALVES, 2005) e a taxa de mortalidade foi de 3% (DEMINICIS et al., 2008). A produção média de leite das cabras Saanen considerada no Sistema 1 foi de 669,20 kg/ano por animal, com desvio de 97kg, sendo o período de lactação de 281 dias (THOLON, 2001). A raça caprina analisada para o Sistema 2 foi a Toggenburg. Os parâmetros utilizados foram os mesmos para o Sistema 1 apenas diferenciando-se a produção de leite, a duração do período de lactação e a prolificidade. O período de lactação considerado para este sistema foi de 275 dias (FONSECA; BRUSCHI, 2009). A produção média de leite por animal foi de 2,18 kg/dia, sendo o mínimo de 1,82 kg/dia e o máximo de 2,54 kg/dia. A prolificidade média considerada foi de 1,50 e 1,75, respectivamente. (LEAL, 2010 e ESPECHIT, 1998), a taxa de fertilidade de 85% e a mortalidade de 3% é igual valor ao sistema anterior. Importante ressaltar que este trabalho considera os dois sistemas de produção como semi-intensivos, ou seja, a Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1700
principal parte da alimentação se darĂĄ em pastagens, sendo aplicada uma mistura como complemento alimentar. Outro fator essencial ĂŠ que como o leite pode ser concebido como um bem que se insere em mercados competitivos (VARIAN, 2006), toda produção serĂĄ vendida. O preço do esterco em 2002 foi de R$1,00 para cada 30 kg (EMBRAPA, 2002), dessa forma, atualizou-se esse preço para o ano de 2016, utilizando-se o Ă?ndice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), chegando ao valor de R$2,48. A perda de esterco de 50% corresponde ao fato de que a caprinocultura ĂŠ uma atividade complementar a outras prĂĄticas agropecuĂĄrias tradicionais, como a bovinocultura leiteira (FONSECA; BRUSCHI, 2009), sendo provĂĄvel a utilização desta produção de esterco para outra atividade. AlĂŠm disso, o preço mĂŠdio do leite de cabra direto ao produtor de MG considerado foi de R$2,50, com desvio de R$0,50 (CAPRILEITE, 2016). 4. Fluxo de Caixa Estimado e Resultados Para analisar a viabilidade econĂ´mico-financeira de um empreendimento, devem-se levar em conta quatro aspectos: determinação dos gastos em capital lĂquido; a previsĂŁo de receitas e dos custos de đ?&#x2018;Ą1 a đ?&#x2018;Ąđ?&#x2018;&#x203A; , sendo n o tempo total de previsĂŁo; a determinação da taxa de retorno, ou da taxa mĂnima de atratividade; e a geração e anĂĄlise dos resultados. Os investimentos necessĂĄrios para a criação de caprinos e a produção de leite advinda desses animais sĂŁo: terreno, instalaçþes fĂsicas, animais, esterqueira e capital de giro inicial. Quanto Ă aquisição de um terreno, ou seu respectivo custo de oportunidade, o preço do hectare considerado foi de R$9.374,77 (FAEMG, 2016), considerando um desvio-padrĂŁo de R$2.673,99. Conforme a Tabela 1, necessitam-se para os sistemas propostos de 5 hectares de terra e 130 m² de ĂĄrea coberta. JĂĄ em relação ao preço mĂŠdio de compra dos animais, foi considerado o valor de R$1.750,00 para cada reprodutor com desvio de R$250,00 e de R$1.650,00 para as matrizes, com desvio de R$350,00 (CAPRILEITE, 2016). De acordo com Deminicis et al. (2008), a esterqueira apresentava um custo total em 2006 de R$69,00/mÂł. Assim, atualizando o valor pelo Ă?ndice de Preços ao Consumidor Amplo, chegando-se a R$118,55/mÂł, totalizando R$8.441,01. Considerando tratamento semi-intensivo, a aplicação de uma mistura como complemento ĂŠ essencial para a manutenção dos animais. Assim, a mistura possui a composição dada na Tabela 4.
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Tabela 4. Composição de Mistura para alimentação caprina (continua). Composição
Preço/Kg
Total
27 kg de milho
R$ 0,64
R$ 17,23
16 kg de farinha de ossos calcinada
R$ 2,68
R$ 42,88
10 kg de ureia pecuária
R$ 2,77
R$ 27,70
15 kg de farelo de algodão ou de soja
R$ 1,37
R$ 20,55
30 kg de sal mineral
R$ 8,59
R$ 257,70
1,3 kg de flor de enxofre
R$5,85
R$7,60
0,6 kg de sulfato de zinco
R$ 7,91
R$ 4,75
0,08 kg de sulfato de cobre
R$ 12,37
R$ 0,99
0,02 kg de sulfato de cobalto
R$ 275,00
R$ 5,50
Total (100 kg) Fonte: elaboração própria com dados da Embrapa (2002) e IEA (2015).
R$ 384,90
O custo por quilo da mistura é de R$3,85, com desvio de R$0,60. Foi considerado 0,5 kg de concentrado por animal/dia. Já o custo de vitaminas e vacinas foi de R$822,58 anuais (PIZARRO; BRESSLAU, 2001) e o de medicamentos foi de R$3.092,84 anuais (GONÇALVES et al., 2008) sendo os preços atualizados para o ano de 2016 através do IPCA do período. Já em relação ao custo com mão de obra, para Deminicis et al. (2008), há a necessidade de três trabalhadores para 50 cabras. Portanto, para os sistemas propostos, necessitam-se de seis trabalhadores para o manejo dos animais nos sistemas de produção propostos, com cada trabalhador recebendo R$1.000,00/mês com desvio de R$300,00. As receitas consideradas para os dois sistemas foram: receita com leite, vendas de animais nascidos e receita com esterco, com os coeficientes técnicos já apresentados. Quanto à venda de animais nascidos, foram consideradas a taxa de fertilidade e a taxa de mortalidade cmo 85% e 3% respectivamente para os dois sistemas de produção (DEMINICIS et al., 2008), com a taxa de fertilidade variando 3% (GONÇALVES, 2005). Há 163 cabritos a serem vendidos em uma média de 2 em 2 anos por conta do período de fertilidade médio de 394 dias para a raça Saanen e 445 dias para a raça Toggenburg (SOARES FILHO et al., 2001). O preço de venda de cada cabrito é, em média, de R$300,00. Foram desconsiderados o valor dos animais no final do período, pois a taxa de depreciação de cabras é de 20% a.a.. As Demonstrações de Resultado do Exercício estimadas são apresentadas na Tabela 5.
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Tabela 5. Fluxo de Caixa Estimado para o Sistema de Produção 1.
Fonte: elaboração própria.
O investimento estimado necessário para o sistema é de R$288.733,19, sendo 32% em terras e instalações, 56% em animais e 5% referente ao capital de giro, que foi calculado como 10% da Receita Total do primeiro ano (DEMINICIS et al., 2008). No Ano 5, os investimentos em terras, capital de giro, bebedouros e capital de giro retornam como positivos ao Fluxo de Caixa, já que se considerou que o projeto possui vida útil deste período, sendo que a terra não sofre depreciação. Já em relação aos custos operacionais, o valor do concentrado alimentar, que serve como complemento nutricional às cabras, corresponde a 47% do total, sendo que os impostos abarcam 4,5% da Receita Total, correspondendo a 6,65% do total dos custos operacionais. A Tabela 6 mostra o Fluxo de Caixa estimado para o Sistema de Produção 2, que possui animais da raça Toggenburg como ativos. Observa-se que há uma diferença em todos os aspectos agregados estimados aos dois sistemas, como investimentos – que diferem em R$1.513,21 – custos, pois no Sistema 2 o Concentrado, que é o custo que possui maior porcentagem em relação ao custo total, é dado por menos tempo por causa do menor período de lactação, e a receita, pelo mesmo motivo de menor tempo de lactação e pela menor prolificidade apresentada por esta raça em relação à Saanen, diminuindo as receitas bianuais com vendas de filhotes.
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Tabela 6. Fluxo de Caixa Estimado para o Sistema de Produção 2.
Fonte: elaboração própria.
Dado os Fluxos de Caixa estimados, é necessário o cálculo da Taxa de Retorno, que neste trabalho se dará pela determinação do Capital Asset Price Model (CAPM). Conforme manifestado, o CAPM possui três fatores a serem calculados: a taxa livre de risco, a taxa de retorno do mercado e o índice beta, que representa o risco sistêmico de determinada carteira de ativos. Apesar de comum a utilização da Taxa Selic e do retorno do índice Ibovespa para representar a taxa livre de risco e a taxa de retorno do mercado, respectivamente, este trabalho considerará os títulos do Tesouro dos Estados Unidos representando o primeiro parâmetro e o retorno da Bolsa de Valores de Nova Iorque, representando o segundo parâmetro. Isso, pois, nos últimos cinco anos o retorno médio da Taxa Selic encontra-se acima do retorno médio do Ibovespa, proporcionando um prêmio pelo risco negativo, o que gera problemas no cálculo do CAPM. Já o beta foi calculado possuindo como parâmetro as empresas de alimentação listadas na mesma bolsa de valores. Neste contexto, a fim de ajustar a taxa calculada para a realidade brasileira, adicionouse o prêmio pelo risco, que é, basicamente, a diferença entre o retorno dos títulos públicos brasileiros e dos títulos públicos americanos. Importante observar que, como os fluxos de caixa foram estimados de forma “real”, a taxa de retorno encontrada foi deflacionada pelo índice de inflação de preços oficial do país, que é o IPCA. Assim, os parâmetros utilizados para o cálculo do CAPM são apresentados na Tabela 7.
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Tabela 7. Critérios para o cálculo da Taxa de Retorno (CAPM). Variável Rf (T-Bonds - 5 anos) Rm (NYSE - 5 anos) β (Setor Alimentício NYSE - 5 anos) SELIC
Parâmetro 0,21% 6,44% 0,44 10,75%
Variável IPCA CAPM CAPM Real
Parâmetro 6,87% 13,24% 6,19%
Fonte: elaboração própria.
A taxa de retorno aplicada para a especificação dos indicadores de análise de viabilidade econômico-financeira foi de 6,19% a.a.. A Tabela 8 mostra o Valor Presente Líquido, a Taxa Interna de Retorno, o Payback e o Payback descontado estimados para os dois sistemas de produção propostos por este trabalho. Tabela 8. Indicadores de viabilidade econômico-financeira dos sistemas de produção propostos. VPL TIR
Sistema 1 R$ 30.200,54 9,41%
Sistema 2 (R$ 19.882,23) 4,02%
Payback Payback Descontado
Sistema 1 4,33 anos 4,75 anos
Sistema 2 -
Fonte: elaboração própria.
Dado que apenas o Sistema 1 de Produção apresentou o Valor Presente Líquido positivo, aprova-se apenas este sistema de produção, ficando clara sua superioridade em valores médios. 5. Análise de Risco Aplicada: Simulação de Monte Carlo Este artigo propõe para quantificação do risco, conforme exposto, a utilização da técnica de Simulação de Monte Carlo. O Quadro 1 resume as variáveis que serviram de inputs aos dois modelos propostos e qual a distribuição proposta para sua utilização, dada pelo menor Bayesian Information Criterion (BIC) que mede o quão ajustado está determinada distribuição de probabilidade aos dados – ou triangular para variáveis que não possuem uma série disponível. Quadro 1. Variáveis e Distribuições de Probabilidade. Variável Custo da Terra (Hectares) Preço das Matrizes Preço dos Reprodutores Produção de Leite Preço Período de Lactação Fertilidade Fonte: elaboração própria.
Distribuição de Probabilidade
Variável
Distribuição de Probabilidade
Triangular Triangular Triangular Triangular Triangular Triangular Triangular
Concentrado Alimentar Custo da Mão de obra T-Bond Bolsa de Nova York Taxa Selic IPCA Preço do Milho
Triangular Triangular Normal Inversa Triangular Uniforme Triangular Normal Inversa
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Os dados propostos para os Fluxos de Caixa dos sistemas foram tabulados no software Excel, no qual foram criadas, também, as distribuições de probabilidades propostas e realizadas 10.000 iterações, no software Excel, entre as variáveis dos modelos propostos, tendo como outputs os critérios de seleção de investimentos utilizados neste trabalho: Valor Presente Líquido e Taxa Interna de Retorno. Conforme pode ser observado pela Figura 2, há 66,40% de chances do VPL ser positivo no primeiro sistema proposto, contra 33,60% de probabilidade dele se apresentar como um valor negativo. Nota-se que, para o Sistema 2 de produção, há apenas 39,50% de chances do VPL ser positivo, contra 60,50% dele ser negativo. Quanto a escalas intermediárias, existe 51% e 33,70% de chances do VPL estar entre R$0,00 e R$100.000,00, respectivamente para os Sistemas 1 e 2. A Tabela 9 mostra algumas estatísticas descritivas oriundas dos histogramas do Valor Presente Líquidos dos dois sistemas. Tabela 9. Estatísticas descritivas das distribuições dos VPLs para o Sistema 1 e o Sistema 2. Sistema 1
Sistema 2
Média
R$ 31.093,10
(R$ 16.368,94)
Mediana
R$ 28.331,62
(R$ 20.413,62)
Moda
R$ 17.383,91
(R$ 43.468,87)
Desvio Padrão
R$ 65.832,70
R$ 70.976,86
Assimetria
0,22
0,27
Curtose
2,85
2,85
Mínimo
(R$ 167.836,87)
(R$ 217.233,85)
R$ 279.008,85
R$ 256.457,14
Máximo Fonte: elaboração própria.
Observa-se claramente a superioridade do Sistema 1 de produção de leite de cabras caprinos proposto para a Zona da Mata Mineira, já que todas as estatísticas de medida central são superiores às do Sistema 2, apresentando inclusive menor amplitude entre os modelos e menor variabilidade dos resultados em torno da média. Este fato fica melhor visualizado pela Figura 2 que mostra os gráficos dos VPLs sobrepostos. O Sistema 1 é representado pela curva cinza e o Sistema 2 pela curva preta.
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Figura 2. Gráfico de distribuição de probabilidade acumulada dos VPLs sobrepostos para dos Sistemas 1 e 2 de criação de caprinos na Zona da Mata Mineira. Fonte: elaboração própria.
Assim, a Figura 2 ratifica que o Sistema de Produção 1 é superior, em resultados, ao Sistema de Produção 2, porque o gráfico acumulado do VPL posiciona-se em toda sua totalidade à direita do gráfico referente ao segundo sistema. 6. Conclusão Este artigo propôs o estudo de viabilidade econômico-financeira da criação de sistemas de caprinos leiteiros na Zona da Mata de Minas Gerais. Foram apresentados dois modelos de produção: um composto por cabras da raça Saanen e outro por cabras da raça Toggenburg. Apesar de já existirem estudos que abrangem sistemas de produção de caprinos leiteiros, este artigo propõe um novo estudo, justamente pela mudança de conjuntura econômica enfrentada pelos diversos países e, principalmente, pelo Brasil. A fim de gerar os resultados propostos, foram levantados, de forma secundária, coeficientes técnicos de produção de caprinos leiteiros, tais como: produção de esterco, mortalidade, vacinas e remédios, produção de leite, prolificidade, alimentação, instalações necessárias, mão de obra etc. Foram estimados os Fluxos de Caixa para os sistemas propostos e gerados resultados que refletem a esperança um cenário realista sobre o futuro, mostrando que o Sistema 1 de Produção seria viável economicamente, com um VPL de R$ 30.200,54, enquanto que o Sistema
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2 de Produção apresenta um VPL de (R$ 19.882,23), não sendo recomendável a aprovação do projeto. Para a análise de risco, propôs-se a aplicação da técnica de Simulação de Monte Carlo. O Sistema 1 de Produção possui 66,40% de chances de apresentar um VPL positivo, contra 33,60% de ser negativo, enquanto que o Sistema 2 apresenta apenas 39,50% de chances de o VPL ser positivo, contra portanto, 60,50% de se encontrar abaixo de zero. Recomenda-se, para novos estudos, o estudo de viabilidade econômico-financeira de produtos oriundos do leite de cabra, como queijos e doces, além de analisar a viabilidade de criação de ovinos. Referências Araújo Filho, J.A. (2006). Aspectos Zooecológicos e Agropecuários do Caprino e do Ovino nas Regiões Semi-Áridas. Embrapa Caprinos e Ovinos. Banco Central do Brasil (2016). Indicadores Econômicos Consolidados. Disponível em: < http://www.bcb.gov.br/pec/Indeco/Port/indeco.asp>. Acesso em: 25/07/2016. Bruni, A.L., Famá, R., & Siqueira, J.O. (1998) Análise de risco na avaliação de projetos de investimentos: uma aplicação do método de Monte Carlo. Centro de Pesquisas em Administração, v.1, n.6, São Paulo, 1 trim. CAPRITEC (2008). A raça Saanen. Disponível em: < http://www.capritec.com.br/csa/Rebanho/Saanen/Reb-Saa.htm>. Acesso em: 30/07/2016. CAPRILEITE (2016). Cotação de caprinos. Disponível em: <http://www.caprileite.com.br/conteudo/57-ll-confira-a-cotacao-dos-caprinos>. Acesso em: 25/07/2016. Centro de Estudos Agropecuários da ESALQ-USP (2016). Boletim do Leite. Ano 22. n. 254. Jul. Disponível em: < http://cepea.esalq.usp.br/leite/>. Acesso em: 20/07/2016. Contador, C.R. (1988) Avaliação social de projetos. 2 ed. São Paulo: Editora Atlas S.A. p. 316 Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA). (2003). Sistema de produção de leite (Zona da Mata Atlântica). Disponível em: <https://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Leite/LeiteZonadaMataAtlantic a/coeficientes.html>. Acesso em: 20/07/2016. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA). Raças exóticas. Disponível em: <https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/territorio_sisal/arvore/CONT000fckh7u3u02 wx5eo0a2ndxy5j0paq4.html>. Acesso em: 21/07/2016. Espechit, C.J.B. (1998). Alternativas para controle da estacionariedade reprodutiva de cabras leiteiras. V-ENDEC.
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CONVERGÊNCIA DE MERCADOS INTRA-REGIONAIS DE MILHO NO BRASIL Autor: Maria Josiell Nascimento da Silva Filiação: Graduanda em Ciências Econômicas pela Universidade Regional do Cariri – Unidade de Iguatu, Ceará. E-mail: nascimentojosiell@hotmail.com
Autor: Francisco Rômulo Almeida de Oliveira Filiação: Graduando em Ciências Econômicas pela Universidade Regional do Cariri – Unidade de Iguatu, Ceará. E-mail: frao09@hotmail.com
Autor: Yure Révelles da Silva Moura Filiação: Graduando em Ciências Econômicas pela Universidade Regional do Cariri – Unidade de Iguatu, Ceará. E-mail: hotmail.com
Autor: Evânio Mascarenhas Paulo Filiação: Professor de Ciências Econômicas na Universidade Regional do Cariri – Unidade de Iguatu, Ceará. E-mail: evanio_paulo@hotmail.com
Grupo de Pesquisa: GT5: Agronegócio, Mercados e Comercialização
Resumo O objetivo deste trabalho é analisar a hipótese de convergência do mercado intra-regional de milho no Brasil, utilizando um painel dinâmico que reúne as noves unidades federativas de produção mais significativa em 2012. As motivações dessa pesquisa decorrem dos resultados recentes da cultura de milho no Brasil que apresentou um cenário altamente promissor. Os resultados favorecem a hipótese de integração entre os principais mercados brasileiros de
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milho e no tocante a velocidade de convergência se pode afirmar que a rapidez de integração dos mercados intra-regionais se mostraram mais lentas no período pós crise, com esperado. Em virtude da elevação recente nos preços do cereal.
Palavras-chave: Convergência; Mercado de milho; integração de mercados.
Abstract The objective of this work is to analyze the convergence hypothesis of intra-regional maize market in Brazil, using a dynamic panel that brings together nine federal units more significant production in 2012. Motivations of this study arise from the recent results of the maize crop in Brazil which showed a highly promising scenario. The results support the hypothesis of integration between the main Brazilian maize markets and regarding the speed of convergence can be said that the rapid integration of intra-regional markets proved slower in the post crisis period, expected. Given the recent rise in cereal prices.
Key words: Convergence; Corn Market; integration of markets.
1 INTRODUÇÃO
As informações obtidas através da análise de convergência de preços podem fornecer instrumentos importantes para se determinar a padrão de difusão de informação e tecnologia com que os mercados integrados operam. Os estudos de convergência são, assim, valiosos instrumentos para uma gestão e intervenções mais eficientes dos mercados, de modo a garantir um funcionamento mais adequado e melhorar os processos de formação e implementação de mecanismo de defesa frente às flutuações e choques de oferta e demanda que impactam, as vezes de maneira negativa, produtores e consumidores. Adicionalmente, a falta de infraestrutura adequada, seja no setor de comunicações, seja no de transportes, a existência de barreiras comerciais e as dificuldades de obter crédito são fatores, usualmente citados pela literatura, que limitam a integração dos mercados e que podem ser atenuados através de políticas públicas. Portanto, torna-se importante saber quais são os mercados que apresentam essa característica e quais são os mercados que não são integrados.
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No caso específico da cultura de milho, que se constitui em um mercado altamente promissor, os estudos de integração podem auxiliar o desenvolvimento subsequente e contribuir para que os produtores brasileiros tenham maior participação no mercado internacional, principalmente quando se soma a isso os efeitos do processo de abertura comercial dos últimos anos que tem impactos latentes sobre o preço das principais commodities agrícolas brasileiras. Nesse sentido, diversos estudos foram promovidos com o intuito de se investigar a integração de mercados. No Brasil um bom exemplo são os trabalhos de Mayorga et al. (2009) que analisaram a integração do mercado nordestino do tomate, utilizando um modelo de vetores autorregressivos (VAR), análise de impulso resposta e decomposição de variância, concluindo que esse mercado é bastante integrado, com Fortaleza exercendo uma forte influência sobre os demais mercados atacadistas do Nordeste. Utilizando a metodologia de cointegração com efeitos threshold, Mattos (2008) encontrou evidências de integração no mercado brasileiro de frangos congelados. De acordo com os resultados apresentados por esse autor, São Paulo (SP) é o mercado referência, mantendo uma forte integração com as principais capitais do Sul, Sudeste e Centro-Oeste e fraca integração com o mercado nordestino. Rodrigues (2014) analisou o casualidade e transmissão de preços do milho entre municípios goianos e as cotações do cereal na Bovespa. No entanto, não se verifica análises da convergência de preços em níveis nacional e com teste de mais sofisticas como o teste de raiz unitária para dados em painel e estimação da velocidade de convergência desse mercado. Dado isso, o objetivo deste estudo, portanto, é analisar a existência de integração nos mercados brasileiros de milho, utilizando um painel dinâmico que permite efeitos limiares (threshold) e informações sobre nove estados de maior produção, para testar a hipótese de convergência desse mercado para a Lei do Preço Único. Além desta introdução, este trabalho apresenta mais cinco seções. A primeira apresenta uma revisão de literatura sobre a integração de mercados agrícolas. A segunda são tecidos alguns comentários sobre o mercado de milho no Brasil. A terceira contém a metodologia utilizada e, na quarta, os principais resultados são apresentados. Finalmente, uma seção contendo as conclusões encerra o trabalho.
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2 INTEGRAÇÃO DE MERCADOS AGRÍCOLAS Conforme Lopes (2004 p. XX), “a convergência é um processo em que uma mesma variável (por exemplo, renda per capita, séries de preços) apresenta diferentes valores entre países, regiões ou estados, mas essa diferença se reduz ao longo do tempo, indicando que a desigualdade diminui”.Por esse meio, a análise de convergência de mercados ganha um notável espaço no estudo de produtos agropecuários afim de se teste a hipótese de interdependência ou não desse mercados. A medida que se verificar uma menor dispersão dos níveis de preços entre os diferentes mercados reforça-se a ideia de convergência e interdependência que podem se torna instrumentos de grande valia no estudo dos efeitos de transmissão de preços e seus impactos sobre produtores e consumidores que atuam nesses mercados. A integração de mercados intranacionais é um importante fator na transmissão dos efeitos das políticas macroeconômicas e dos ganhos advindos das inovações tecnológicas, oriundos das unidades microeconômicas que dão base ao crescimento econômico (BARRETT, 2005). Uma das principais características dos mercados integrados é a existência de uma relação de interdependência entre os preços. Os diferentes locais de mercado estarão mais estreitamente integrados quanto menores sejam os distanciamentos de seus preços (STIGLER; SHERWIN, 1985). Já a integração dos diferentes mercados intrarregionais (objetivo desse estudo) está condicionada a existência de condições competitivas entre eles como infraestrutura de transporte, assimetria de informações, ausência de barreiras à entrada; enfim, todos os fatores que facilitam o fluxo das mercadorias de um determinado mercado para outro. O pressuposto de competição entre mercados como principal fator para a existência de integração entre os mesmos também está presente no trabalho de Ravallion (1986). Nesse sentido, a convergência de preços poderia nos auxiliar nas análises de efeitos sobre os diversos mercados integrados de choques de demanda ou de oferta em mercados específicos. Assim, a arbitragem espacial é o elemento responsável pela condução dos mercados à integração e é expressa como: Pi - Pj ≥ Cij
Eq. (1)
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Em que Pi é o preço no mercado i, Pj é o preço no mercado j, e Cij é o custo no qual o arbitrador deve incorrer para transportar o produto do mercado j para o mercado i. A relação apresentada na equação (1) é usualmente estabelecida como a Lei do Preço Único (LPU). Dessa forma apenas quando existir pequenos movimentos dos seus preços, os mercados estão mais integrados. Logo a medida que as condições competitivas forem melhores menores serão os custos de transportes, mais eficientes serão as informações que circulam nos mercados e haverá melhoria nos fluxos de mercadorias de um mercado para outro. Quando se analisa a integração espacial de mercados, os custos de transação tendem a crescer com a distância física, com o tempo para transferir bens e informações e com outros fatores que impedem os fluxos entre as localidades (MATTOS, 2008). 3 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O MERCADO DE MILHO NO BRASIL
As análises de previsão e de comportamento de preços de commodities importantes como é o caso do milho, constitui elemento de profunda importância no estudo de mercados. Nesse contexto, a análise do comportamento do preço do milho entre os estados de maior produção no Brasil se torna essencialmente importante, sendo ele um produto de grande diversidade e variedade de subprodutos que tem impactos significativos sobre diversos outros mercados que afetam diretamente o padrão de consumo de agentes nacionais e internacionais. Cultivado especialmente nas regiões sul, sudeste e centro-oeste, o milho no Brasil é voltado basicamente para o atendimento das necessidades do mercado interno, onde de levanta a hipótese de existência de processos de arbitragem que tendem a integrar o mercado intra-regional de milho. O cereal possui grande relevância na alimentação animal, correspondendo com aproximadamente, 70% do custo de produção nesse setor. Dentre as finalidades de consumo, mais de 68% se destina a alimentação de aves e suínos e apenas 1,44% ao consumo humano (ABIMILHO, 2011 apud ). Deve-se ressaltar que, devido ao seu baixo custo de mercado, os custos de transporte afetam muito a remuneração da produção obtida em regiões distantes dos pontos de consumo, reduzindo o interesse no deslocamento da produção a maiores distâncias, ou em condições que a logística de transporte é desfavorável, esses são alguns dos fatores que explicam o maior consumo do milho apenas no mercado interno, muito embora se estime um aumento significativo das exportações brasileiras do cereal para a segunda década dos anos 2000. Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1715
Segundo Garcia et al. (2006) o mercado mundial de milho é abastecido basicamente por três países, os Estados Unidos (46 milhões de t de exportações, em 2005), a Argentina (14,0 milhões de t, em 2005) e a África do Sul (2,3 milhões de t, em 2005). A principal vantagem desses países é uma logística favorável, que pode ser decorrente da excelente estrutura de transporte (caso dos EUA), proximidade dos portos (caso da Argentina) ou dos compradores (caso da África do Sul). O Brasil participa eventualmente desse mercado, porém, a instabilidade cambial e a deficiência da estrutura de transporte até aos portos têm prejudicado o país na busca de uma presença mais constante no comércio internacional de milho. A tabela 01 relaciona os estados de maior produção no Brasil, onde se verifica que o Paraná concentra 23.3% da produção brasileira de milho seguido do Mato Grasso com 22.)% em 2012. Os critérios de seleção das unidades federativas que compõe o estudo se deu a partir da existência de produção relevante e disponibilidade de informações. Sendo os estado que compõe esse estudo são Paraná, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Bahia que juntos concentram cerca de 94.2% da produção nacional de milho. A formação do preço do milho até a década de 1990 era praticamente influenciada por fatores internos, como a volatilidade da oferta e da demanda e participação do governo através de políticas específicas e de compra e desova de estoques, entretanto após aquela década, com a consolidação da abertura comercial e novos movimentos do padrão de comércio exterior brasileiro, o comportamento dos preços domésticos do milho passou a ser influenciado pelo movimento das cotações internacionais (SOUSA et al., 2010).
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TABELA 01 Brasil - Unidades Federativas Selecionadas por Quantidade Produzida de Milho 2012
Unidade
Quantidade
Percentagem
Federativa
Produzida
(%)
Paraná
16.555.330
23.3
Mato Grosso
15.646.716
22.0
Goiás
8.230.069
11.6
Minas Gerais
7.625.142
10.7
Mato Grosso do Sul
6.477.070
9.1
São Paulo
4.478.520
6.3
Rio Grande do Sul
3.155.061
4.4
Santa Catarina
2.870.450
4.0
Bahia
1.882.938
2.6
Outros
4.151.514
5.8
BRASIL (∑)
71.072.810
100.0
Fonte: IBGE.
O cenário da comercialização do milho no Brasil dois elementos principais se destacam i) crescente demanda de milho para a produção de etanol nos Estados Unidos e, ii) elevação das importações pela China. Esses elementos trouxeram uma nova dinamicidade à produção e à comercialização do milho brasileiro que vem passando por mudanças profundas nos últimos anos. Entretanto, não há um consenso entre os economistas a respeito de como essa interdependência é gerada. Por um lado, essa característica decorre de uma interdependência oligopolista (FAMINOW; BENSON, 1990). Por outro lado, há modelos que utilizam os conceitos de arbitragem espacial e a Lei do Preço Único (LPU) para mostrar que a integração dos mercados e a interdependência de preços resultam de um equilíbrio competitivo e eficiente no sentido de Pareto (ENKE, 1951; SAMUELSON, 1952; TAKAYAMA e JUDGE, 1971; RAVALLION, 1986). A falta de infraestrutura adequada, seja no setor de comunicações, seja no de transportes, a existência de barreiras comerciais e as dificuldades de obter crédito são fatores, usualmente citados pela literatura, que limitam a integração dos mercados e que podem ser
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atenuados através de políticas públicas. Portanto, torna-se importante saber quais são os mercados que apresentam essa característica e quais são os mercados que não são integrados. Esta informação é importante para diversos setores da economia, quer sejam eles constituídos de produtores, indústrias, ou até mesmo o governo. Para os produtores e indústrias, estas informações podem subsidiar melhores decisões sobre a venda e o armazenamento da produção. Já para o governo, este conhecimento pode direcionar políticas que facilitem o escoamento da produção e racionalizem as políticas de subsídios e de preços mínimos.
4 METODOLOGIA E BASE DE DADOS Os dados utilizados neste trabalho foram obtidos junto ao Agrolink1 e consistem em séries de preços mensais do milho no período de março de 2004 a março de 2014, totalizando 121 observações, dos principais produtores de milho no Brasil: Paraná, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Bahia respectivamente. As séries de preços utilizadas nesse pesquisa foram deflacionadas usando como parâmetro o IGP-DI com período base para maio de 2014. Portanto, as séries aqui estudas consiste no preço real em reais de 03/2014. Foi aplicada a transformação logarítmica nestas séries, as quais são denominadas: LNPR - logaritmo natural do preço do milho no Paraná; LNMT - logaritmo natural do preço do milho no Mato Grosso; LNGO - logaritmo natural do preço do milho no Goiás; LNMG logaritmo natural do preço do milho no Minas Gerais; LNMS - logaritmo natural do preço do milho no Mato Grosso do Sul; LNSP - logaritmo natural do preço do milho no São Paulo; LNRG - logaritmo natural do preço do milho no Rio Grande do Sul; LNSC - logaritmo natural do preço do milho no Santa Catarina e LNBA - logaritmo natural do preço do milho no Bahia. Neste estudo, a análise empírica se baseia em um conjunto de preços relativos do milho (ap) calculados para os estados com maior produção do cereal em 2012, conforme dados da tabela 01 da sessão anterior. O preço relativo é calculado como a diferença entre o 1
O agrolink consiste em um portal de conteúdos agropecuários que para os objetivos desse trabalho fornecem informações sobre preços e cotações dos principais mercados agropecuários brasileiros. as informações podem ser conferidas na seguinte página eletrônicas www.agrolink.com.br.
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registro de preços do milho de um estado e a média de todos os estados. As variáveis estão em termos absolutos. Lnapij,t = |Lnapit - Lnap ̅̅̅ij,t |
(Eq. 02)
No cálculo do β convergência, a equação de estimativa típica especifica mudanças nos preços relativos internacionais como uma função do preço relativo defasados e um efeito fixo do país. A equação seguinte é uma analogia de painel para a regressão de Barro e é natural interpretar o coeficiente do termo de preço defasado como uma função da velocidade de convergência. ∆Lnapi j, t = α i t + βap i j, t - 1 + ε i j, t
(Eq. 03)
∆ é o operador de primeira diferença, α é o efeito fixo do país, ε é um termo de erro e β é o coeficiente de convergência se a convergência de preços se mantém é esperado que o coeficiente β seja negativo e estatisticamente significante. O β também mensura a velocidade de convergência e é possível comparar a velocidade de convergência entre o preço de diferentes produtos agrícolas. O β convergência implica uma processo de recuperação em que os países com nível de preços mais baixos experimentam um aumentos subsequente mais rápido no preço que os países com nível de preços previamente mais elevado (Sturm et al. 2009). Para estimar a velocidade de convergência (β), primeiramente foi verificada a raiz unitária em cada série e no painel, porque a validade empírica da análise de convergência pode ser checada pela teste de raiz unitária. Os testes de raiz unitária para dados em painel têm sido amplamente utilizados no teste de análise de convergência nos últimos anos. Neste estudo, primeiramente, se empregar os métodos de raiz unitária de painel para avaliar a estacionariedade da dispersão dos preços do milho dos estados brasileiros de maior produção a partir do nível médio. Isto é devido em parte ao fato de que eles são mais poderosos do que os testes de raiz unitária para um único dados de séries temporais, bem como à disponibilidade de dados em painel com um longo período de tempo (Li e Huang, 2006). A análise é realizada principalmente para três períodos: o período completo de 03/2004 a 03/2014 o sub-período ex-ante (03/2004 a 12/2007) o sub-período ex-post (01/2008 a 03/2014). O primeiro período
inclui o amadurecimentos das políticas de estímulos ao
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produtor e o segundo reflete o cenário de adaptação e ajustes do mercado de milho brasileiro aos afeitos das crise econômica de 2008 e seus impactos sobre os preços nos mercados agrícolas nacional e internacional. O teste de raiz unidade foi aplicada à variável preço e testa em primeiro lugar se os índices de preços são processos de raiz unitária, isto é, se a série contém uma tendência estocástico ou a raiz unitária que a faz divergir de uma outra. Após a rejeição da hipótese nula, ou seja, o nível de preço converge para um valor de estado estacionário, nos voltamos para a questão da taxa de convergência. Além disso, a literatura recente sugere que os testes de raiz unitária com base em painel têm uma robustez maior do que os testes de raiz unitária com base na série de tempo individual. Neste estudo, é aplicado um teste de raiz unitária para painel amplamente utilizado proposto por Im Pesaran-Shin (IPS) um teste de raiz unitária para dados em painel que se baseia no bem conhecido procedimentos de Dickey-Fuller. Im et al. (2003) propuseram um teste para a presença de raízes unitárias em painéis, que combina a informação a partir da dimensão de séries temporais com que a dimensão da secção transversal, de modo que menos observações de tempo são necessárias para o teste seja robusto (Giulietti et al . de 2008). Isso é devido ao fato de que cada cross-section individual é independente e os resultados são combinados utilizando uma grande distribuição de amostras de t-estatísticas para investigar a hipótese nula no painel como um todo. O teste de IPS possui uma robustez substancialmente maior que teste ADF (Dickey-Fuller aumentado) de equação única pela média N do teste ADF independente. (STRAUSS; YIGIT 2003). p
∆Yi t + αi + ρ i Y i, t - 1 + ∑ θ i j ∆Y i,
t-1
+ Vit
(Eq. 04)
j=1
para i = 1, ..., N series. O procedimento permite a heterogeneidade em ρ e α. A hipótese nula é que ρi = 0 e a alternativa é que uma certa percentagem da série tem um valor de ρ significativamente menor do que zero. A distribuição limitada é dada como:
√N
̅ -μ ) (tADF ADF
(Eq. 05) → N(0,1)
√(σ2ADF )
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̅ onde os momentos μADF e σ2ADF são das simulações de Monte-Carlo e tADF é a média estimada do ADF t-estatítico da amostra. O poder de rejeitar os aumentos nulos pelo √N. Em resumo, o procedimento IPS resolver a baixa robustez associada aos testes ADF de série única pela média das estatísticas de teste no painel como um todo (série N).
5 RESULTADOS EMPÍRICOS
Neste estudo, obtém-se os dados de preços para os nove estados de maior produção de milho no Brasil com o objetivo de verificar possíveis sinais de convergência de preços no mercado brasileiro de milho. Os primeiros resultados deste estudo incluem a estacionariedade das variáveis que é verificada através do teste de raiz unitária para dados em painel (IPS). O teste de IPS avalia a hipótese nula de que todas as séries contêm raízes unitárias contra a hipótese alternativa de que nenhum contém. Os resultados do teste de painel IPS para os preços relativos das unidades federativas selecionadas são apresentados na Tabela 02. Estes resultados mostram que a hipótese nula de raiz unitária para dados em painel no nível da série é rejeitada ao nível de significância de 5%. Os resultados dos testes de raiz unidade de painel confirma que as variáveis são estacionárias e mostra que a convergência de preço existente para os maiores mercados de milho no Brasil. TABELA 02 Teste da Raiz Unitária para dados em Painel IPS (Im, Pesaran and Shin W-stat)
03/2004 - 12/2007
Séries t-Stat
Prob.
E(t)
01/2008 - 03/2014
E(Var)
t-Stat
Prob.
E(t)
03/2004 - 03/2014 E(Var)
t-Stat
Prob.
E(t)
E(Var)
BA
-1.9833 0.2929 -1.525
0.765
-3.5884 0.0083 -1.523
0.752
-4.2628 0.0008
-1.53
0.745
GO
-1.7067 0.4211 -1.525
0.765
-4.0223 0.0023 -1.523
0.752
-3.2514 0.0195 -1.532
0.735
MG
-3.3001 0.0209 -1.522
0.794
-3.4658 0.0117 -1.525
0.736
-5.2683 0.0000
-1.53
0.745
MS
-2.1616 0.2227 -1.525
0.765
-4.1121 0.0017 -1.525
0.736
-3.7514 0.0044 -1.532
0.735
MT
-2.6414 0.0924 -1.525
0.765
-1.833
0.3619 -1.499
0.765
-2.7535 0.0683 -1.514
0.754
PR
-2.5297 0.1154 -1.525
0.765
-3.4738 0.0114 -1.525
0.736
-4.1678 0.0011 -1.532
0.735
RS
-0.9677 0.7568 -1.525
0.765
-3.9156 0.0031 -1.523
0.752
-3.2244 0.0210
-1.53
0.745
SC
-1.0629 0.7220 -1.522
0.794
-2.0797 0.2534 -1.525
0.736
-2.9211 0.0459 -1.514
0.754
SP
-2.4184 0.1425 -1.525
0.765
-2.8376 0.0580 -1.525
0.736
-3.9039 0.0027 -1.532
0.735
0.771
-3.2587
0.745
-3.7227
0.743
Média -2.0857
-1.524
-1.521
-1.527
Fonte: Informações dos Autores.
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Também se buscou verificar possíveis sinais da crise econômica de fim de 2008 sobre os indícios de convergência dos preços do milho através da fragmentação da séria em dois subperíodos (antes e após a crise) os testes de raiz unitária mostra que antes da crise a convergência de preços se concentra apenas em três estados: Paraná, Mato Grosso e Minas Gerais, cuja a produção totaliza cerca de 56% da produção nacional. No caso do período pós crise os indícios de convergência de preços se mostram bem mais robusto, indicando que a partir da crise de 2008 se tem uma alteração importante no mercado de milho no Brasil, se intensificando mecanismo como o processo de arbitragem de preços que promoveram uma maior integração do mercado no Brasil. Após a rejeição da hipótese nula, isto é, o nível da série de preços relativos do milho nas unidades federativas selecionadas converge para um valor de estado estacionário. Assim é possível retornar a questão da taxa de convergência. Algumas preocupações econométricas devem ser abordadas antes da estimativa de convergência β. O primeiro problema é a escolha do método para a estimativa com base nos dados em painel: se se deve usar os mínimos quadrados ordinários, ou o modelo de efeitos aleatórios ou modelos de efeitos fixos. O modelo de efeito fixo é amplamente utilizado nos problemas econométricos Maddala (1999). Após Islam (1995), uma série de trabalhos têm tentado estimar a velocidade de convergência entre regiões, utilizando os conjuntos de dados em painel conjuntos e a variante do modelo de efeito fixo (Arbia e Piras 2005). As estimativas do modelo de painel de efeitos fixos sugerem condições de estado favoráveis e o modelo de convergência é estimado permitindo a heterogeneidade no termo constante (Otero et al. 2008). Assim, ele mantém (fixos) os efeitos médios de preços reais do milho em cada unidade federativa. Sendo assim usa-se o procedimento usual para testar qual dos modelos é o mais apropriado com base na estatística de Hausman que testa a hipótese de os efeitos de heterogeneidade individual serem ou não correlacionados com os regressores. Logo temos: Y i t = α + Y i + τ t + X'i t β + ε i t H0 : E(Yi , τt |X'i t ) = 0 Ha : E(Yi , τt |X'i t ) ≠ 0
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Na terminologia dos dois métodos, caso não seja percebida estatisticamente a correlação entre os regressores e os controle-efeitos (não-rejeição da hipótese nula), este último pode ser devidamente excluído do processo de estimação, de maneira que o método de efeitos aleatórios possa ser considerado adequado em relação ao de efeitos fixos. Caso contrário (rejeição da hipótese nula), as diferenças entre os parâmetros estimados em cada método são sistemáticas de forma que não poderemos excluir a possibilidade de correlação entre os efeitos-controle e os regressores, indicando que o método de efeitos fixos é mais adequado em relação ao de efeitos aleatórios. Sendo assim para esse conjunto de dados se verificar que o método de efeitos aleatórios se mostra mais robusto com base na estatística de Hausman de Prob > chi2 = 0.4896. Os resultados da estimação do painel de efeitos aleatórios são apresentados na Tabela 03. Além disso, a convergência β também é testado pelo painel modelo de efeitos fixos, que não é mostrada na tabela e também é encontrada a existência de convergência. O modelo de painel fixo e efeitos aleatórios encontram resultados consistentes. A diferença que se verifica na análise é que a velocidade de convergência é maior no modelo de painel de efeitos aleatórios.
Tabela 03 Resultado dos testes para convergência
Período
P > |Z|
0.0010
-2.69
0.007
0.0208
0.0089
2.33
0.020
Β
-0.0005
0.0002
-3.00
0.003
Constante
0.0085
0.0025
3.36
0.001
Β
-0.0003
0.0001
-4.05
0.000
Constante
0.0046
0.0012
3.79
0.000
Coeficiente
Β
-0.0026
Constante
03/2004 - 12/2007
01/2008 - 03/2014
03/2004 - 03/2014
Desvio
Z
Parâmetros
Padrão
Fonte: Informações dos autores.
Como se vê na Tabela 03, os valores do parâmetro β são estatisticamente significativos e negativos. Isso significa que há uma correlação negativa entre a proporção inicial dos preços agrícolas dos estados para o nível médio. As disparidades de preços entre as unidades da federação têm sido descrentes desde maio de 2004. A velocidade média do β convergência Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1723
para o mercado de milho no Brasil é de -0.0003 em termos absolutos. Quando o período é dividido dois sub-períodos, as velocidades de convergência diferem. No período antes da crise de 2008 a taxa de convergência do mercado de milho no Brasil é mais rápida que no período pós crise. Esses resultados corroboram como o modelos de solow no qual o taxa de convergência tende a ser mais rápidas em mercados de menor desenvolvimento. Sendo assim, a medida que se consolida estratégias de desenvolvimento e estímulo ao mercado de milho (que começam a surtir seus efeitos no período mais recente) a taxa de convergência tende a diminuir.
6 CONCLUSÃO
Os resultados deste estudo sugerem que há uma convergência de preços significativa entre os Estados de maior produção de milho no Brasil desde maio de 2004. Foi visto que a integração de mercados de produtos agrícolas como a dispersão de preços entre os estados é muitas vezes usados como uma medida da integração do mercado. As políticas implementadas dispõem de ferramentas que promovem a integração do mercado intrarregional de milho em virtude do estímulo e tendência a internacionalização do mercado de milho bem como a proximidade geográficas das regiões produtoras, basicamente concentradas na região centro-sul. Os aumentos de preço verificados nos últimos anos também é um incentivo para os agricultores, mas também significam um mercado mais competitivo para os agricultores que vendem o mesmo produto a preços mais elevados. Se verifica no estudo que o mercado de milho no Brasil está mais orientado para o mercado e a convergência é também uma consequência natural disso.
REFERÊNCIAS
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Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1726
DETERMINANTES DOS CUSTOS DE TRANSPORTE DAS EXPORTAÇÕES DO COMPLEXO BRASILEIRO DE SOJA DETERMINANT FACTORS OF THE TRANSPORT COSTS OF BRAZILIAN SOYBEAN EXPORTS AND ITS DERIVATIVES Rennan Kertlly de Medeiros, Diego Pitta de Jesus, Vinicius Phillipe de Albuquerquemello, Helio de Sousa Ramos Filho Universidade Federal da Paraíba rennanmedeiros22@hotmail.com, diegopitta13@hotmail.com, vinicius.phillipe@hotmail.com, helioramos@gmail.com
Grupo de Pesquisa: Agronegócio, Mercados e Comercialização Resumo Este trabalho teve por finalidade analisar os determinantes dos custos de transporte das exportações do complexo brasileiro de soja durante o período de 2008 a 2014 utilizando dados desagregados sob classificação Harmonized System (HS). A análise dos custos de transporte deu-se a partir de uma estimação gravitacional utilizando dados em painel. Inicialmente, mostrou-se que a soja em grãos foi o principal produto da pauta das exportações do complexo da soja, seguido do bagaço e resíduos sólidos. O custo de transporte da soja em grãos aumentou de forma consistente durante o período de 2007 a 2011, tendo como possível explicação para essa eventualidade a elevação da produção de soja, que passou de 255,87 US$/Ton em janeiro de 2007 para 420, US$/Ton em dezembro de 2011. Dentre os determinantes dos custos de transporte, constatou-se que, em média, a distância eleva os custos em 6,34% para cada quilômetro entre o Brasil e o país importador de soja (complexo), e uma melhoria de 1% em infraestrutura causa uma redução de 74% nos custos de transporte. Por fim, os resultados encontrados implicam em sugestões de políticas com o intuito de intensificar melhorias na infraestrutura do Brasil e, consequentemente, diminuir custos de transporte. Palavras-chave: Custos de transporte. Exportações de soja. Distância. Infraestrutura. Abstract This study aimed to analyze the determinants factors of transport costs for Brazilian soybean exports and its derivatives during the period 2008-2014 using disaggregated data classification under Harmonized System (HS). The analysis of transport costs occurred through a gravitational estimation using panel data. Initially, it was shown that the soybeans was the main product of the soy complex exports agenda, followed by oilcake and hulls The soybean transportation costs in grains increased consistently during the period 2007 to 2011, a possible explanation for this eventuality was the raising on the production of soybeans, which rose from 255.87 US$ / ton in January 2007 to 420 US$ / Ton in December 2011. Among the determinants of transport costs, it was found that on average, the distance increases costs by 6.34% for every kilometer between Brazil and soybean and the importing country and a 1% improvement in infrastructure causes a reduction of 74% in transportation costs. Finally, the results imply policy suggestions in order to enhance infrastructure improvements in Brazil and therefore reduce shipping costs. Keywords: Transportation costs. Soybean exports. Distance. Infrastructure.
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1. Introdução Estudos recentes investigam os determinantes dos custos de transporte a partir de um método empírico (Limao e Venables, 2001; Clark, Dollar e Mico, 2004; Egger, 2004; Combes e Lafourcade, 2005). Estes estudos demonstram que alguns fatores estão relacionados com os custos de transporte, a saber: condições geográficas, tipo do produto, economias de escala, preços de energia, infraestrutura, concorrência e regulamentos etc. Hummels (1999) acrescenta outros fatores, ligados a questões geográficas, que também afetam na integração entre nações, como barreiras ligadas ao tempo, à informação, a questões culturais e, principalmente, aos custos de transporte. Com a difusão da globalização, no início da década de noventa, impulsionou-se o crescimento das economias por meio de uma maior abertura comercial e de integração entre as nações. Esse maior nível de integração via globalização, dentre outros aspectos, possibilitou uma redução das barreiras tarifárias e não tarifárias, maior abertura comercial e, consequentemente, maior custo de transporte de produtos transacionados entre nações por meio do comércio internacional. A soja, principalmente em grão, tem sido uma das principais commodities agrícolas presentes em transações no comércio internacional, o que remete a sua relevância tanto em contexto interno quanto externo. Seu crescimento contínuo, a partir do início da década de 2000, tem sido atrelado, dentre outros fatores, principalmente a ampliação da área plantada e da produtividade, estando diretamente relacionado ao aumento da oferta de tecnologias para o setor, ao desenvolvimento do mercado internacional e as políticas agrícolas de incentivo interno. No cenário mundial, a soja ocupa o quarto lugar na evolução da produção e consumo de grãos, ficando abaixo apenas do milho, trigo e arroz, contudo, anualmente, apresenta-se como a principal oleaginosa cultivada globalmente (HIRAKURI; LAZZAROTTO, 2014). Para o Brasil, a produção de soja configura-se como uma importante atividade econômica na oferta e demanda de produtos para o comércio internacional, contribuindo para o desenvolvimento econômico de diversas regiões do país. A importância desta commodity para a economia nacional é verificada a partir de suas exportações nessa cadeira produtiva, que tem colocado a soja como o principal produto de exportação agropecuária. Em 2014 atingiu cerca de US$ 32 bilhões e em termos percentuais “representaram 31,0% e 12,8%, respectivamente, do total exportado pelo agronegócio nacional e pelo País como um todo”. (BRASIL, 2014 apud HIRAKURI; LAZZAROTTO, 2014). Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1728
Neste contexto, o objetivo geral do estudo é analisar os determinantes dos custos de transporte do complexo brasileiro de soja, no período compreendido entre 2008 e 2014. E como objetivos específicos têm-se; a) investigar as exportações brasileiras de soja; b) avaliar os custos de transporte na comercialização da soja brasileira e; c) analisar os determinantes dos custos de transporte na comercialização do complexo de soja do Brasil. O trabalho encontra-se estruturado em quatro sessões além desta introdução. A segunda sessão compreende os procedimentos metodológicos que foram utilizados para analisar o custo de transporte na comercialização da soja brasileira. A terceira sessão apresenta o referencial teórico e a revisão da literatura, contextualizando as contribuições de autores para o estudo em questão. A quarta sessão analisa os resultados encontrados, em conformidade com os dados coletados e com os objetivos propostos. E por fim, a quinta sessão reserva-se às considerações finais do estudo.
2. Fundamentação teórica O livre comércio, além de evitar as perdas de eficiência antes atreladas à proteção de setores e mercados, constitui-se como um importante instrumento para a redução das distorções de produção e consumo, uma vez que estimula a pesquisa, inovação, concorrência interna e, consequentemente, proporciona ganhos nas exportações e importações entre países (KRUGMAN, 2007). De (2006) atribui importância a crescente regionalização em esfera mundial, a partir do processo de globalização, como forma de redução de barreiras comerciais, na medida em que as nações têm, constantemente, se organizado em blocos econômicos, que, dentre outros fatores, contribui para o fortalecimento das relações internacionais. A organização via blocos econômicos, além de facilitar o comércio entre si, estimula à redução de barreiras protecionistas e consequentemente a circulação de produtos entre os parceiros comerciais, através de acordos multilaterais. Diferentes estágios de integração econômica são observados na literatura econômica internacional, com destaque para: 1) áreas de livre comércio; 2) união aduaneira; 3) mercado comum; e 4) união econômica. O primeiro compreende países ligados a blocos que eliminam entre si as barreiras tarifárias e não tarifárias, entretanto, mantém-se tarifas diferenciadas para os países extra bloco, como exemplo pode-se citar o Nafta. O segundo caso constitui-se um avanço das áreas de livre comércio, pois existe tanto uma harmonização das políticas comerciais, através do
Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1729
estabelecimento de uma política comercial comum entre os países membros, quanto a definição de uma tarifa externa comum para os países que não fazem parte da união aduaneira, como exemplo pode-se citar o Mercosul. No terceiro estágio, o mercado comum, também há o estabelecimento de uma tarifa externa comum, entretanto, se avança no sentido de aceitar a livre circulação de fatores de produção (capital, trabalho e tecnologia) entre os países membros. E por fim, a união econômica consiste em um mercado comum acrescido da adoção e harmonização das políticas macroeconômicas entre os países membros, a exemplo da União Européia (KRUGMAN, 2007). Esse quadro contribui, também, para as reduções significativas - historicamente e mais recentemente observadas – nas barreiras tarifárias e não tarifárias em transações de produtos internacionais. Isso aponta para a observação de uma estratégia comercial diferenciada e que ultrapassa os mecanismos de tarifas tradicionais, em que outras questões passam a ganhar mais ênfase no mundo globalizado enquanto determinantes na formação dos custos comerciais, a exemplo de aspectos ligados a questões geográficas, infraestrutura, logística, governança e dentre outros. Trata-se, portanto, de temas que estão “behind-the-border” (DE, 2006). Na abordagem de De (2006), os custos de comércio ganham relevância ao apontar para os custos que incidem sobre a comercialização de produtos por consumidores finais, que inclui: a) custos de transporte; b) barreiras políticas, tarifárias e não tarifárias; c) custo de informações; d) custo de execução de contrato; e) custos que envolvem o uso de diferentes moedas; f) custos legais e regulamentares e; g) custos de distribuição local. Estes são agrupados segundo os custos impostos pela política e pelo ambiente. Neste último, encontram-se os custos de transporte ou de transação, subdividindo-se, ainda, em custos diretos (despesas com frete e seguro) e custos indiretos (custos de trânsito e de pré-embarque). Acrescenta-se, também, aos custos de transporte, os custos que envolvem tempo e ineficiência de infraestrutura e logística, que juntos contribuem para a elevação do custo de transação de produtos entre países (DE, 2006). Ao analisar os determinantes dos custos de transporte, Limão e Venables (1999) enfatizam a dependência deste para com os níveis de infraestrutura, as dificuldades administrativas e a geografia dos países. Nesta perspectiva, as barreiras geográficas constituem como importante fator que impacta diretamente na formação dos custos de transporte, tanto pelos fatores naturais envolvidos quanto pela distância entre países, como bem afirma Almeida, Silva e Braga (2011): Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1730
Os vetores de características individuais de cada país podem ser representados por fatores geográficos, como a existência ou não de litoral, e por fatores relacionados com a infraestrutura do transporte de cada um (extensão de rodovias pavimentadas, ferrovias, número de portos e aeroportos etc.). [...] Assim, quanto menor a distância entre dois países parceiros comerciais e quanto mais favoráveis os sistemas de transporte, menor o tempo despendido no envio das mercadorias entre uma localidade e outra, e maior o comércio entre eles. (ALMEIDA, SILVA, BRAGA, 2011).
Como se observa, o fator tempo também está presente nas barreiras geográficas que inflige na formação dos custos de transporte, e consequentemente afetam os volumes de comércio. Esse e outros fatores ligados a questões geográficas são destacados por Hummels (1991) ao considerar as barreiras ligadas ao tempo, à informação e a questões culturais, onde avalia os custos a partir de três segmentações: 1) os custos explicitamente medidos, como tarifas e fretes; 2) os custos associados a partir do uso de variáveis proxy comuns e; 3) os custos que estão implícitos, mas não medidos. Diversas medidas já foram construídas e são utilizadas para calcular o custo de transporte. Contudo, a medida mais simples e direta trata-se do indicador criado por Limão e Venables (1999), que põe em evidência a diferença entre as cotações de importação em CIF (cost, insurance and freight) e de exportação em FOB (free on board) de determinados produtos transacionados em mercados específicos. Mesmo sendo um indicador consistente e que resume a mensuração dos custos de transporte, tendo em vista que o país importador, normalmente, assume todos os custos que incorrem no transporte do produto, a proporção CIF/FOB apresenta alguns inconvenientes, como bem destaca Limão e Venables (1999), a exemplo de erro de medição, pois nem todos os países reportam, anualmente, os valores em CIF e FOB; e em alguns casos a medida pode ser tendenciosa, pois agrega mais para todos os produtos importados, ou seja, se as exportações estiverem concentradas em um reduzido número de produtos, em contraposição as importações que, normalmente, são mais diversificadas e variam por fatores culturais entre os países. Para o estudo em questão, considera-se o preço CIF da soja brasileira como o preço no país de destino, considerando os custos incorridos em frete, transporte e seguro. Enquanto que o preço FOB remete-se ao preço da soja brasileira antes de ser remetido ao país importador, ou seja, livro do custo de bordo. A proporção entre CIF/FOB da soja brasileira é utilizada, no presente estudo, para calcular o custo de transporte da soja brasileira no comércio
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internacional. É importante destacar que as análises serão realizadas de forma agregada e desagregada, sendo que para este último, considera-se a soja em grãos, farelo e óleo. Outro aspecto que se deve ter em mente é a relação entre baixo valor e alto volume e peso desse produto, que assim como outros de base agrícola, pode contribuir, também, para a elevação no custo de transporte internacional do produto. Sendo assim, a redução dos custos de transporte, ou de comércio, configura-se como um assunto contemporâneo que, cada vez mais, necessita de atenção para, consequentemente, intensificar a integração entre as diversas nações. 3. Metodologia 3.1 Modelo empírico O indicador utilizado para mensurar o custo de transporte da soja brasileira no comércio internacional trata-se do CIF/FOB, criado por Limão e Venables (2001). Esse método representa a proporção das importações - envolvendo todos os custos de transportes, seguro e frete - em relação ao valor de bordo (livre) das exportações. A razão CIF/FOB representa a relação entre os custos unitários de transporte para o preço livre (FOB) e mostra um resultado simples da taxa de custos de transporte das importações. Esse método CIF/FOB empregado com o intuito de mensurar os custos de transportes das relações comerciais da soja brasileira apresenta alguns pontos a ser destacados. O primeiro refere-se ao erro de medição, já que o fator CIF/FOB é calculado para os países que reportam o valor total das importações a valores CIF e FOB, sendo que ambos envolvem algum erro de medição. A segunda preocupação é que a medida agrega mais do que todos os produtos importados, tornando-se tendenciosa caso os países de custos elevados de transporte sistematicamente importem bens de menor custo de transporte. Por fim, a medida agrega ao longo das diferentes fontes de abastecimento, não tendo para cada importador um único padrão CIF/FOB, resultando na ausência de um conjunto completo de medidas CIF/FOB para as importações referentes a cada país fornecedor. Apesar das inúmeras preocupações acerca da qualidade das informações obtidas a partir do método CIF/FOB, os estudos de Limão e Venables (2001) confirma a consistência do indicador como mensurador de custos de transporte. Nesse estudo, observou-se que os dados CIF/FOB contém números sobre o corte transversal da variação nos custos de
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transporte, e que resultados encontrados a partir do uso desses dados são bastante coerentes e consistentes para representar os valores de custos de transporte. Demonstrando a taxa do custo de transporte entre dois países e FOB de um produto específico enviado do país para o país por
por
, e o preço
, tem-se:
/
(1) ̃ )
em que a equação 2 utiliza os determinantes de
(2)
e admite que os determinantes de
estão correlacionados com a variável explicativa, exceto
e
não
. A variável ̃ representa
todas as variáveis que não foram observadas. Em relação às condições do deslocamento entre os países, não necessariamente deve-se considerar a existência de limite territorial comum entre ambos, e ainda a distância entre eles. O que diferencia os atributos específicos de cada país são os fatores geográficos e os elementos ligados à infraestrutura do transporte de cada um. Dado que o objetivo deste trabalho é estudar os elementos determinantes do custo de transporte das exportações brasileiras de soja, emprega-se a relação CIF/FOB como dependente, como utilizado por Gaulier e Zignavo (2008). A forma básica da “equação TIPOgravitacional” estimada com dados de painel é representada pela equação 3.
=
onde
(3)
é o valor específico do país importador de soja do Brasil ( ), no tempo ;
é o valor específico recebido pelo país exportador (Brasil) do país importador, no tempo ; é a qualidade de infraestrutura entre o Brasil ( ) e o país importador ( ; distância entre Brasil e o país importador; por fim,
éa
é o termo de erro.
3.2 Dados e fonte O conjunto de dados consiste no registro das exportações de soja brasileira para 95 países importadores, resultando em uma base de dados com 865 observações. Os números foram coletados na base de dados de comércio Commodity Trade Statistics (Comtrade) das
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Nações Unidas. A classificação adotada trata-se da base Harmonized System (HS) dada a modificação do ano de 2002. O período de análise do estudo será de 2008 a 2014, vale lembrar que nesse intervalo de tempo houve um importante marco na economia mundial e brasileira, a crise financeira mundial de 2008. Assim, pode-se encontrar diferentes justificativas para a evolução do custo de transporte de soja brasileira no período em questão. A tabela 1 descreve a fonte dos dados, as definições das variáveis empregadas e o impacto de cada variável nos custos de transporte das exportações do produto em estudo. As estatísticas descritivas das variáveis estimadas no modelo empírico são apresentadas na tabela 2. Tabela 1: Definição das variáveis utilizadas na estimação do modelo empírico. Variável
Descrição
Fonte
Valor CIF das exportações de soja brasileira para cada parceiro comercial importador, em dólares por kg.
United Nations Commodity Trade Statistics Database
Sinal Dependente
Valor FOB das exportações de soja brasileira UNComtrade Dependente para cada parceiro comercial importador, em dólares por kg. Distância entre o Brasil e o parceiro comercial Centro de Estudos Prospectivos + importador. de Informações Internacionais (CEPII) Variável index que considera a qualidade das Banco Mundial estradas (percurso da saída de soja do Brasil até o destino final) e telefonia. Fonte: Elaboração própria.
A tabela 2 mostra algumas estatísticas descritivas das variáveis utilizadas no modelo estudado. Observa-se que a variável ln CIF/FOB é a única dentre as estudadas que apresenta valores negativos, já que o menor valor da mesma é -7.917. Com relação a variável ln Dist, a última apresenta a maior média dentre as mostradas na tabela 2. Por fim, a variável explicativa ln Inf possui um desvio padrão bem inferior quando comparada com as outras duas. Tabela 2: Estatística descritiva das variáveis estimadas. Variável
ln CIF/FOB ln Dist ln Inf
N 593 865 865
Média -1.454 8.894 3.084
D. Padrão 1.531 0.646 0.017
min -7.917 7.398 3.066
máx 4.677 9.797 3.113
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do UM Comtrade.
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4. Resultados e discussões 4.1 Exportações do complexo brasileiro de soja Tratando-se das exportações do complexo da soja nos últimos sete anos, pode-se afirmar que o principal produto dessa pauta é a soja em grãos. Desde o ano de 2010, os valores de exportação da soja em grãos vêm crescendo, tendo estabilizado após o ano de 2013. Silva, Lima e Leal (2015) mostram que a inclinação ascendente dessa trajetória pode ser explicada pela melhora do cenário econômico internacional, pós crise de 2008, retornando as expectativas e influenciando na precificação, oferta e demanda por esse produto. O segundo produto que representa maior participação na exportação do complexo da soja refere-se ao bagaço e resíduos sólidos, seguido do óleo de soja. Os valores das exportações para os produtos farelo de soja e o molho de soja são inexistentes no período em
2008
2012
2014
0
2008
Anos
2012
30000004000000 50000006000000
Óleo de soja
2010
2010
2012
2014
2008
Anos
Exportações totais (US$)
500000
1000000 15000002000000
Anos
2008
Farelo de soja
1000 2000 3000 4000
800 600 400 2010
Molho de soja
Exportações totais (US$)
1000
Soja em grãos
Exportações totais (US$)
1.00e+071.50e+072.00e+072.50e+07
estudo. Esses dados serão mais bem compreendidos na figura 1.
2014
2010
2012
2014
Anos
Bagaço e outros resíduos sólidos
2008
2010
2012
2014
Anos
Figura 1: Evolução das exportações do complexo brasileiro de soja (2008-2014) Fonte: Elaboração própria a partir de dados do UN Comtrade.
De acordo com a Hirakuri e Lazzarotto (2014), um dos fatores que podem explicar a retração na demanda mundial pelo farelo da soja brasileira refere-se a contração do consumo desse produto pelos Estados Unidos e a União Europeia, já que esses sofreram forte influência das taxas negativas de evolução da carne suína e bovina.
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Ainda de acordo com a figura 1, quanto ao óleo de soja, tem-se oscilações na demanda por este produto entre os anos de 2008-2010, seguido de uma forte queda em 2012. Essa mudança em 2012 é explicada por variações nos retornos econômicos desse subproduto, dada a redução do preço de substitutos, por exemplo, o óleo de palma, produzido por outros países, como Malásia. Silva, Lima e Leal (2015) mostram através de um teste de correlação serial condicional que existem relações entre a precificação dessa commodity no mercado interno através do preço dos demais derivados de soja, como o farelo, ou o molho de soja.
4.2 Custos de transporte do complexo brasileiro de soja Ao analisar a evolução dos custos de transporte do complexo brasileiro de soja e relacionar com o comportamento das exportações desse produto, no período compreendido entre 2008 e 2014, duas análises foram feitas: i) mensurar a influência da evolução das exportações nos custos de transporte do produto da soja; e i) estudar os determinantes dos custos de transporte dessa commodity em estudo. A figura 2 apresenta os resultados quanto a evolução dos custos de transporte do complexo da soja brasileira, no período de 2008 a 2014. Observa-se que, após a crise financeira mundial de 2008, o custo de transporte da soja em grãos, óleo de soja, bagaço e outros resíduos sólidos, farelo de soja e molho de soja apresentou tendência declinante, já que isso pode ser explicado pela baixa liquidez à época. Nos anos subsequentes a esse período conturbado da economia mundial, a soja em grãos liderou como produto de maior custo de transporte seguida do farelo de soja, dentro do complexo de soja. Nos últimos dois anos do estudo, 2013 e 2014, constatou-se um elevado dispêndio para o transporte do óleo de soja e o bagaço e outros resíduos sólidos. Por outro lado, o custo de transporte da soja em grãos, do farelo de soja e do molho de soja se manteve estável e baixo nos últimos três anos. Por fim, pode-se afirmar que nos últimos sete anos, em média, os custos de transporte da soja brasileira tem apresentado tendência ascendente.
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4 3 2 1 0 2008
2010
2012
2014
Anos Soja em grãos Óleo de soja Bagaço e outros resíduos sólidos
Farelo de soja Molho de soja
Figura 2: Evolução dos custos de transporte do complexo brasileiro de soja. Fonte: Elaboração própria a partir de dados do UM Comtrade.
Observa-se no gráfico 1 o caráter sazonal dos custos de transporte da soja e derivados. Esse fato decorre principalmente das épocas de safra da soja, onde em períodos de safra a produção aumenta de forma considerável, consequentemente, os custos de transporte tendem a aumentar nestes períodos, devido a maior produção e comercialização da soja, ou seja, os custos de transporte são custos variáveis (aqueles que variam de acordo com a quantidade produzida). Também se pode perceber que os picos e vales das evoluções do custo de transporte de cada produto não coincidem exatamente, apesar de todos serem produtos advindos da soja, os processos de produção de tais produtos diferem o que por sua vez faz com que o momento de transporte seja diferente entre estes produtos. Outro fato importante que pode ser ilustrado pelo gráfico 1, é que de o custo de transporte da soja em grãos aumentou de forma consistente durante o período de 2007 a 2011. Um dos fatores para tal fenômeno é o forte aumento da produção de soja, por causa do aumento considerável do preço da commodity, que saiu de um preço de 255,87 US$/Ton em Janeiro de 2007 para 420,05 US$/Ton em Dezembro de 2011, representando um aumento de 64,17%, que por sua vez, aumentou os custos de transporte. Outro fator para o encarecimento dos custos de transporte é o aumento explosivo do preço do petróleo e derivados durante este período que foi de 61 US$/Barrel em Janeiro de 2007 para 116,32 US$/Barrel em Dezembro de 2011, aumento de 90,69% (Index Mundi, 2016).
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4.3 Determinantes dos custos de transporte das exportações do complexo brasileiro de soja Em relação aos determinantes dos custos de transporte, a análise agregada (amostra completa do complexo da soja) sugere que distância e infraestrutura são importantes determinantes dos custos de transporte. O coeficiente da variável distância positivo e significativo indica que, conforme esperado, maiores distância implicam em maiores custos de transporte. Em média, a distância eleva os custos em 6,34% para cada quilômetro (Km) adicional de diferença entre o Brasil e seu parceiro. Já o coeficiente da variável infraestrutura apresentou sinal negativo e significativo, o que implica em uma relação inversa entre esta e os custos. Isto é, uma melhoria em 1% na infraestrutura reduziria os custos de transporte em aproximadamente 74,4%. Este resultado corrobora a teoria. No que se refere a análise desagregada, o resultados encontrados indicam que a distância é relevante para explicar os custos de transporte do farelo, óleo, molho de soja e bagaço e resíduos sólidos. Apenas para o bagaço de soja, o coeficiente da infraestrutura mostrou-se significativo e negativo, como mostrado na tabela 3. De acordo com a tabela 3, a variável infraestrutura também se mostrou importante na determinação dos custos de transporte de cada item desagregado e com relevância maior na variável dependente em relação a variável explicativa distância. No caso do bagaço e outros resíduos sólidos, a infraestrutura obteve o maior valor do parâmetro, onde para melhora de 1% na infraestrutura, ocorre uma redução de 22,79% no custo de transporte. Entretanto, o parâmetro desta variável se mostrou significante estatisticamente apenas na soja de forma agregada e no próprio bagaço e outros resíduos sólidos.
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Tabela 3: Determinantes dos custos de transporte das exportações brasileiras do complexo de soja
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do UN Comtrade. Nota: Erros padrões robustos em parênteses. *** p<0,01, ** p<0,05, * p<0,1. EF= Efeito fixo. As estimações foram realizadas utilizando o método de mínimos quadrados com variáveis dummy (LSDV).
De forma geral, a estimação deste modelo de determinação do custo de transporte das exportações brasileiras do complexo de soja, evidenciou um fato interessante, em que aparentemente a questão da infraestrutura é de suma importância para o país, devido ao considerável impacto que esta variável apresentou no modelo. Esse fato faz bastante sentido no Brasil, que possui um alto custo de transporte devido ao chamado Custo-Brasil, com uma infraestrutura por muito tempo considerada ineficiente e ultrapassada, e foi visto por meio da estimação que de forma agregada é uma variável importante para a redução do custo de transporte, consequentemente, sugere-se investimentos na modernização e expansão da infraestrutura brasileira poderá reduzir de forma considerável o custo de transporte da soja, bem como o de outras cadeias produtivas.
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5. Considerações finais O trabalho conseguiu cumprir com o objetivo proposto, analisando os determinantes dos custos de transporte do complexo brasileiro de soja, no período compreendido entre 2008 e 2014, inter-relacionando com as oscilações nas exportações brasileiras de soja. Nesse sentido, pode concluir que os custos de transportes constituem-se um custo variável (variando de acordo com o nível de produção), de caráter sazonal (elevando-se nos períodos de safra, dada maior produção e comercialização desse produto), com forte dependência da distância (que impacta sobre os gastos com transporte, armazenagem e seguros) e infraestrutura do país. O aumento do volume exportado e consequentemente, custos de transporte, entre Janeiro de 2007 e Dezembro de 2011, se deve em boa parte ao aumento do preço dessa commodity (64,17%), saindo de 255,87 US$/Ton. para 420,05 US$/Ton. Bem como, ao aumento do preço do petróleo e seus derivados (90,69%), saindo de 61 US$ para 116,32 US$. Já o recuo no preço dos custos de transportes apresentado do final de 2011 até 2014, se deve em parte a uma queda de 22,21% no preço do petróleo, mais também à melhora na infraestrutura nacional, mediante a implementação de programas de concessão de rodovias federais, muitas dessas utilizadas para o transporte da soja em grãos e dos seus subprodutos. A variável distância mostrou um efeito de incremento nos custos de transporte de aproximadamente 6,34%, enquanto que a infraestrutura do país mostrou uma relação inversa, de modo que, o aumento de 1% nessa variável implica em uma redução de 74,4% nos custos de transporte. As evidências desse estudo, em conjunto com os demais trabalhos da literatura empírica aqui citados, corrobora, portanto, para a fomentação de políticas públicas voltadas para melhorias na infraestrutura do país, já que essa se mostra como um elemento redutor dos custos de transporte e impulsionador do comércio internacional e, consequentemente, desenvolvimento social e econômico do país. Referências ALMEIDA, F. M.; SILVA, O. M.; BRAGA, M. J. O comércio internacional do café brasileiro: a influência dos custos de transporte. Revista de Economia e Sociologia Rural RESR, Piracicaba-SP, v. 49, n. 02, p. 323-340, abr/jun. 2011 – Impressa em julho 2011. BORGES JUNIOR, D. M.; PINTO, K. C. R. Rede de fluxo de custo mínimo dos grãos de soja do vetor centro-sudeste do Brasil para a exportação. Blucher Marine Engineering Proceeding. v. 2, n. 1, 2016.
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EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE MINÉRIO DE FERRO NO PERÍODO 2000-2015: UMA ANÁLISE PELO ÍNDICE DE VANTAGEM COMPARATIVA REVELADA BRAZILIAN EXPORTS OF IRON ORE IN THE PERIOD 2000-2015: AN ANALYSIS THROUGH THE INDEX OF REVEALED COMPARATIVE ADVANTAGE
Grupo de Pesquisa: Agronegócio, Mercados e Comercialização Resumo Este trabalho tem como objetivo analisar as exportações brasileiras de minério de ferro a partir do Índice de Vantagem Comparativa Revelada (IVCR), no período compreendido entre 2000 e 2015. Os dados relativos às exportações brasileiras e mundiais foram obtidos junto ao Banco Central do Brasil (BCB), a Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) e a Organização Mundial do Comércio (OMC). As exportações brasileiras de minério de ferro mostraram-se em ascensão do ano 2000 até 2007, tendo esse crescimento sido interrompido no ano da crise financeira mundial (2008). Posteriormente, observou-se que desde o ano 2011 as exportações de minério de ferro do Brasil sofreram declínio, sendo prejudicadas pela diminuição das importações chinesas por matérias-primas, já que a China destaca-se como principal parceiro comercial do Brasil envolvendo a comercialização da commodity em estudo. Por fim, esse estudo justifica-se na medida em que proporciona uma boa intuição acerca do futuro desse mercado, dado a relevância do minério de ferro na pauta das exportações brasileiras. Palavras-chave: Exportação. Minério de Ferro. Vantagem Comparativa Revelada. Abstract This paper aims to analyze the Brazilian exports of iron ore through the Revealed Comparative Advantage Index (RCA), for the period 2000 to 2015. Data on Brazilian and world exports were obtained from the Central Bank of Brazil (BCB), the Foreign Trade Secretariat (SECEX) and the World Trade Organization (WTO). Brazilian exports of iron ore showed a rising tendency between 2000 and 2007, being only interrupted in the year of the United States Financial Crisis (2008). After retrieving from the crisis, in the year of 2011, Brazilian exports of iron ore suffered a decline, affected by Chinese slowdown, largest importer in the world and main partner of Brazil in the commercialization of this commodity. Eventually, this study is justified as it provides a good intuition about the future of this market, given the relevance of iron ore on the agenda of Brazilian exports. Keywords: Brazilian exports. Iron ore. Revealed Comparative Advantage. JEL Classification: F10, F14.
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1 Introdução A partir da década de 2000, o mercado de minério ferro tem ganhado destaque no âmbito do comércio internacional, sendo esse mercado impactado positivamente pelo acelerado crescimento da economia chinesa. Por outro lado, apesar dessa commodity em estudo despertar interesse de lucratividade em várias economias, a produção do minério de ferro associa-se às dificuldades hoje existentes, por exemplo, a existência de obstáculos naturais no desenvolvimento de novas minas (Carvalho et al., 2014). De acordo com o World Steel em 2014, os três maiores produtores de minério de ferro foram a China (43,10%), a Austrália (20,60%) e o Brasil (11,40%). Já segundo United States Geological Survey, considerando as reservas do mineral em 2015, a Austrália possui a maior reserva (28,40%), sendo seguida por Rússia (13,20%), Brasil e China, ambos com 12,10%. Para o Brasil as exportações de minério de ferro tem grande relevância no ajustamento das contas externas, pois esse produto tem sido um dos principais itens da balança comercial. Ao longo do período de 2000 a 2008, as exportações brasileiras de minério de ferro aumentaram mais de 540%. O principal motivo para esse fato é que houve um crescimento superior a 2500% na demanda chinesa pelo produto nacional, que passou de US$ 2,71 bilhões, em 2000, para US$ 70,10 bilhões, em 2009 (Secretaria do Comércio Exterior, 2010). Segundo Coutinho e Ferraz (1994), a elevação das exportações do minério de ferro pode ser explicada por um ganho de competitividade da indústria nacional. Esse desempenho competitivo é condicionado por uma série de variáveis, entre as quais estão os fatores internos à indústria, os fatores estruturais e os fatores sistêmicos. Para o Brasil, observa-se que as exportações brasileiras de minério de ferro mostrou-se em alta no período compreendido entre 2000 e 2007, tendo esse crescimento interrompido no com a crise financeira mundial (2008). Após o período da crise, houve uma retomada nas exportações brasileiras de minério de ferro, mas desde 2011 as exportações dessa commodity tem apresentado declínio, sendo prejudicada principalmente pela diminuição das importações chinesas por matérias-primas, já que a China destaca-se como principal parceiro comercial do Brasil envolvendo a comercialização do produto de análise (SECEX, 2011). Portanto, observa-se que as exportações brasileiras de minério de ferro tem sido impactada de forma negativa com a diminuição da demanda chinesa por matérias-primas. Diante do exposto, o trabalho objetiva analisar o comportamento das exportações do Brasil de minério de ferro a partir do Índice de Vantagem Comparativa Revelada (IVCR) para o
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período compreendido entre 2000 e 2015, cujos objetivos específicos consistem em: i) apresentar o panorama dos aspectos mais relevantes acerca do minério de ferro; ii) mensurar o Índice de Vantagem Comparativa Revelada de minério de ferro para o Brasil; e, iii) demonstrar o comportamento das exportações brasileiras de minério de ferro. Espera-se que este trabalho contribua à literatura incipiente, inclusive apontando a situação atual da do minério de ferro no comércio internacional. Além desta introdução, o presente trabalho está dividido em cinco seções. A segunda seção dedica-se à fundamentação teórica, tendo como finalidade mostrar as principais evidências teóricas do comércio internacional do tema estudado. A terceira seção apresenta os principais instrumentos metodológicos utilizados para analisar a trajetória das exportações brasileiras de minério de ferro. A quarta seção é reservada à apresentação dos resultados e discussões da pesquisa. Por fim, a quinta seção destina-se às considerações finais.
2 Fundamentação teórica
O modelo teórico utilizado para fundamentar as análises apresentadas nesta pesquisa, é o modelo de Hecksher-Ohlin. Este modelo é uma das principais teorias da economia internacional e afirma que uma das razões que mais contribuem para que os países comercializem entre si é a diferença de fatores. Isto é, a diferença na proporção das dotações dos fatores, para cada país, utilizados na produção dos bens, leva-os a se especializarem na produção do bem em que possuem abundancia do fator específico em que o bem é intensivo. Por está razão, o modelo de H-O também ficou conhecido como teoria das proporções dos fatores. De acordo com Krugman (2001), as hipóteses do modelo determinam que haja dois países envolvidos no comércio internacional, os quais produzem dois bens, que necessitam de dois fatores para serem produzidos e cuja oferta dos fatores utilizados é limitada. Como se pode ver, este é um modelo 2x2x2. Ainda com relação às hipóteses, é importante salientar que ambos os países, Local e Estrangeiro, possuem a mesma tecnologia, ou seja, dada a mesma quantidade de fatores, a quantidade produzida dos bens será a mesma. Portanto, a única diferença entre ambos é a disponibilidade dos recursos. Segundo o modelo de H-O, o comércio internacional interfere na relação de preços e no padrão de comércio dos países. Isto é decorrente do fato de que, seguindo a regra geral do modelo, os países irão exportar os bens que são intensivos no fator abundante em cada país. Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1744
Assim, por exemplo, se o país Local é intensivo no fator terra, enquanto que o país Estrangeiro é intensivo no fator trabalho, considerando a produção de dois bens, alimento e tecido, sendo alimento terra-intensivo e tecido trabalho-intensivo, o país Local vai se especializar na produção de alimento enquanto que o Estrangeiro se especializará na fabricação de tecidos. Desta forma, após a realização do comércio entre ambas as economias, o preço de tecido cai na economia Local, e em contrapartida, aumenta na economia Estrangeira. Portanto, sabendo que o padrão de consumo dos dois países é o mesmo, o modelo afirma que as trocas internacionais dos bens, resultam na convergência dos preços relativos. Outra conclusão importante do modelo é o seu efeito sobre a distribuição de renda. Ao haver mudanças nos preços relativos dos bens, há uma transferência de renda entre os proprietários dos fatores. No caso analisado, devido o aumento do preço de tecido no país Estrangeiro, os proprietários do fator trabalho irão ter um ganho em detrimento dos proprietários do fator terra. Ou seja, a partir do modelo analisado, pode-se perceber que os proprietários do fator abundante irão ter acréscimos de renda com o comércio internacional, enquanto os proprietários do fator escasso perdem renda (Krugman, 2001).
3 Metodologia 3.1 Índice de Vantagem Comparativa Revelada (IVCR) De acordo com Hidalgo (2000) “o índice de Vantagem Comparativa Revelada (VCR) é uma medida revelada, tendo em vista que seu cálculo está baseado em dados observados do comércio, ou seja, após verificado o comércio. A ideia é que o comércio “revela” vantagens comparativas. Os índices de VCR servem para descrever os padrões de comércio que estão tendo lugar na economia, mas eles não permitem dizer se esses padrões observados são ótimos ou não”. Esse índice é calculado pela seguinte fórmula:
=(
| )/(
|
)
Onde: = Valor das exportações brasileiras do produto j;
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= Valor total das exportações brasileiras; = Valor total das exportações mundiais do produto j; = Valor total das exportações mundiais. 3.2 Fonte de dados As variáveis utilizadas na pesquisa foram as seguintes: exportações brasileiras de minério de ferro, exportações brasileiras totais, exportações mundiais de minério de ferro e exportações mundiais, todas em US$ milhões, em termos nominais. A periodicidade da base de dados é anual, abrangendo o intervalo de tempo entre 2000 e 2015. Os dados referentes às exportações brasileiras de minério de ferro foram obtidas por meio da base de dados da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), assim como as exportações brasileiras totais. Já as exportações mundiais totais e as exportações mundiais de minério de ferro foram obtidas por meio da base de dados da Organização Mundial do Comércio (OMC). 4 Resultados e discussões 4.1 Panorama dos aspectos mais relevantes acerca do minério de ferro O minério de ferro é um produto mineral que possui grande relevância na economia global, especialmente para o Brasil. Esta commodity é uma matéria-prima utilizada na indústria siderúrgica, normalmente, o minério de ferro recebe alguma agregação de qualidade antes de ser vendido, principalmente por meio do processo de pelotização de minério de ferro1. Nos últimos anos, o minério de ferro, assim como outras commodities minerais, se revelou como um dos produtos mais importantes para o Brasil, bem como, boa parte da América Latina. Atualmente, o setor de mineração e brasileiro está sofrendo com o preço internacional do minério de ferro 62% FE spot (CFR Tianjin por toneladas)2 perto dos US$ 50 por tonelada e diminuição das exportações para a China, ocasionado perda de desempenho econômico nas empresas nacionais. Além disso, o setor de mineração brasileiro está passando por reformas 1
Processo em que o conjunto de finos de minério de ferro é modificado para pelotas, consequentemente endurecidos utilizando fornalha para produzir pelotas de ferro (METSO, 2016). 2 O termo “FE spot” refere-se a mercados que abrange basicamente operações na bolsa de mercadorias. É muito usado por produtores agrícolas quando precisam urgentemente de recursos financeiros ou quando o preço de seus produtos está em um patamar elevado (IPEA, 2016).
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na regulamentação, onde a vigente mostra-se obsoleta e de difícil captação do interesse de grandes agentes internacionais para investimentos no setor. Para o Brasil, as exportações de ferro possuem importância no ajuste das contas externas, já que este tem sido um dos principais itens da balança comercial. De acordo com a SECEX em 2014, o minério de ferro foi o segundo produto com maior participação na pauta de exportações, com participação de 12,6%. Segundo o DNPM no ano de 2010 o setor mineral brasileiro empregava 855.480 mil trabalhadores. O Brasil ainda conta com a terceira maior empresa mineradora do mundo a Vale S.A, que atua em todos os continentes e possui um valor de mercado de R$ 101,4 bilhões, além de criar milhares de empregos, a Vale S.A, com seus investimentos em infraestrutura e logística beneficia outras empresas brasileiras. Atualmente, as empresas mineradoras estão sofrendo com a baixa do preço internacional do minério de ferro, consequentemente, afetando negativamente as exportações brasileiras de minério de ferro. 4.2 Análise do minério de ferro brasileiro a partir do Índice de Vantagem Comparativa Revelada (IVCR) Por meio deste índice é possível identificar a relevância de um determinado produto na pauta de exportações de um país com relação à demanda mundial. A figura 1 apresenta os valores obtidos do IVCR para as exportações brasileiras de minério de ferro.
6 5 4 3 2 1 0 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Figura 1: Trajetória do IVCR das exportações brasileiras de minério de ferro (2000 a 2014). Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da SECEX.
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A figura 1 mostra valores acima de 1, evidenciando que o Brasil possui vantagem comparativa na exportação de minério de ferro, reforçando a ideia da importância do minério de ferro na pauta de exportação do Brasil. No ano de 2000 o IVCR era de 2,50, passando para 4,89 em 2014. Pode-se notar que a partir do ano de 2008 o IVCR apresenta uma tendência de alta, com oscilações ao longo dos anos, portanto, a partir desse ano, o Brasil vem aumentando a sua vantagem comparativa no minério de ferro, isso ocorreu por causa do aumento mais que proporcional das exportações brasileiras de minério de ferro em relação às exportações mundiais de minério de ferro. Essa vantagem comparativa que o Brasil possui é ocasionada em grande parte pela qualidade das jazidas brasileiras que são consideradas de fácil lavra, que proporciona uma produção elevada a um menor custo, além disso, o minério brasileiro tem um alto teor de ferro, principalmente, na região Norte do país, resultando em boa qualidade do minério de ferro. Neste processo, destaca-se a empresa Vale S.A., que além de ser a maior exportadora de ferro do Brasil, representando cerca de 80% da exportação, também detém tecnologia de ponta no que diz respeito ao setor mineral e possui uma grande cadeia de valor no setor de mineração brasileiro. Então de forma geral, o Brasil possui vantagem comparativa nesse produto por razões naturais, em que o minério é abundante e de boa qualidade e também por causa da empresa Vale. Mas a vantagem brasileira pode ser ainda maior, com a nova regulamentação do setor de mineração, que o tornará esse setor mais atrativo para o capital estrangeiro e proporcionará maior produtividade e eficiência para as empresas já existentes. A regulamentação vigente ainda é bastante burocrática e confusa que possui vários gargalos a serem resolvidos. Portanto, o Brasil deve proporcionar um ambiente mais favorável para o setor em que o país possui uma grande vantagem comparativa em relação ao mundo. 4.3 Exportações brasileiras de minério de ferro (2000-2015) Entre os anos de 2000 e 2015, as exportações do Brasil de minério de ferro obtiveram um crescimento total de 385,28% e um crescimento médio de 10,38% a.a. Já as exportações brasileiras totais cresceram 262,08% entre período de 2000 a 2015 e um crescimento médio de 8,37% a.a. Portanto, durante o período de análise no Brasil as exportações de minério de ferro aumentaram em um ritmo maior que as exportações totais.
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O minério de ferro, assim como outras commodities, possui uma participação relevante na pauta de exportações brasileira. A figura 2 mostra que esses dois tipos de exportação possuem trajetória igual, corroborando para esse fato. No caso do minério de ferro, os principais destinos das exportações do minério em 2015 foram China (55,80%), Japão (7,40%), Malásia (6,60%) e Filipinas (5,00%). Portanto, a China é um importante parceiro comercial na área de minério de ferro. Além disso, a China é o maior importador mundial do minério com 65% de participação, consequentemente, alterações na demanda deste país pela a commodity provocam mudanças significativas no preço do minério de ferro. Sendo assim, a figura 2 ilustra que, a partir do ano de 2003, a trajetória das exportações brasileiras de minério de ferro iniciam uma tendência de alta que vai até o ano de 2011.
Figura 2: Trajetória das exportações brasileiras de minério de ferro em US$ milhões (FOB) – 2000/2015. Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da SECEX (2015).
O crescimento das exportações se deve em maior parte pelo aumento do preço mundial do minério de ferro. A dinâmica do preço da commodity nesse período obteve tal comportamento por causa do aumento da demanda chinesa por matérias-primas, principalmente o setor siderúrgico, esse fato se deve ao país asiático no período citado passar por um grande crescimento do seu PIB, com ênfase no crescimento de sua infraestrutura, portanto esses fatos corroboraram para o aumento de preço das commodities metálicas. Por sua vez, a partir do ano de 2012 a demanda chinesa recuou, levando a reversão da tendência, de modo que tanto as exportações brasileiras totais e de minério de ferro perderam
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força, com maior acentuação a partir do ano de 2013. A figura 3 expressa a trajetória do preço mundial do minério de ferro.
Figura 2: Trajetória do Preço do Minério de Ferro em US$ por Tonelada – 2001/2016 Fonte: Index Mundi (2016).
A partir do ano de 2008, o preço do minério de ferro passou a ser determinado por meio da oferta e demanda global pelo produto, em que, houve um forte aumento do preço da commodity até 2011, devido principalmente ao aumento na demanda chinesa pelo minério. Entre 2008 e 2009 as exportações de ferro tiveram uma forte queda, devido principalmente à crise mundial de 2008, onde o fluxo de comércio no mundo diminuiu e as exportações brasileiras não foram exceção. Por outro lado, desde 2011, o preço mundial do minério de ferro inverte sua tendência de alta para uma forte queda, chegando em 2015 aos níveis de 2007, consequentemente, reduzindo as exportações do Brasil da commodity, porém os valores das exportações só não caíram mais ainda porque houve um forte aumento na quantidade produzida e exportada de minério de ferro, principalmente pela Vale S.A.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho analisou a relevância, ou não, do minério de ferro dentro da pauta das exportações brasileiras, para o período de 2000 a 2015. A partir do Índice de Vantagem Comparativa Revelada constatou-se que o Brasil apresenta vantagem comparativa no comércio internacional envolvendo minério de ferro. Ainda, verificou-se que a vantagem no
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produto em estudo cresceu ao longo do período analisado, apesar de quedas em alguns anos pontuais, como 2004, 2008 e 2011. Em seguida, mostrou-se que a pauta de exportação de minério de ferro do Brasil e as exportações cresceram sem precedentes até o ano 2011, impulsionado principalmente pela forte demanda chinesa por matérias-primas. Após a forte retração da economia chinesa no final do ano 2011, o preço do minério de ferro caiu, assim as exportações brasileiras desse produto foram afetadas negativamente. Por sua vez, demonstrou-se um breve histórico e funcionamento do setor de mineração brasileiro, onde teve a Empresa Vale S. A. como a principal detentora do minério de ferro do Brasil. E, também, a China destaca-se como principal parceiro comercial dessa commodity, já que a economia chinesa é a maior detentora de reserva e produção de minério de ferro do mundo, seguido da Austrália e do depois do Brasil, respectivamente. Em suma, o comportamento das exportações brasileiras de minério de ferro deu-se de forma satisfatória nos últimos quinze anos, já que a commodity estudada ocupa uma significativa parcela da pauta das exportações do Brasil. Diante do estudo, sugere-se políticas comerciais e industriais direcionadas ao minério de ferro com o intuito de aumentar a produção e comercialização desse produto. REFERÊNCIAS ARBACHE, J. S.; NEGRI, J. A. de. Determinantes das Exportações Brasileiras: Novas Evidências. BANCO CENTRAL DO BRASIL – BACEN. Balanço de Pagamentos. Disponível em:<http://www.bcb.gov.br>. Acesso em: 10 maio. 2016. CARVALHO et al.. Minério de ferro (insumos básicos). BNDES Setorial. v. 39, p. 197-234. COUTINHO, L.; FERRAZ, J. C. (Coord.). Estudo da competitividade da indústria brasileira. 2. Ed. Campinas (SP): Papirus/Ed. Unicamp, 1994. DEPARTAMENTO NACIONAL DE PRODUÇÃO MINERAL – DNPM. Informe Mineral (2013). Disponível em:<http://www.dnpm.gov.br>. Acesso em: 5 ago. 2016. ETHIER, W. National and international returns to scale in the modern theory of international trade. American Economic Review. 1982.
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Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da USGS. Nota técnica: * Produção em milhares de toneladas; ** reservas em milhões de toneladas.
ANEXO B – Destino das exportações brasileiras de minério de ferro (2015)
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Fonte: Secretária de Comércio Exterior (SECEX) – 2016.
ANEXO C – Players mundiais de importação de minério de ferro (2014)
Fonte: Secretária de Comércio Exterior (SECEX) – 2016.
ANEXO D – Participação do minério de ferro nas Exportações.
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18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 % Brasil
% Mundo
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da SECEX (2016).
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ÍNDICE DE VANTAGEM COMPARATIVA REVELADA: UMA ANÁLISE SOBRE A EXPORTAÇÃO DE CASTANHA DE CAJU DO NORDESTE BRASILEIRO INDEX REVEALED COMPARATIVE ADVANTAGE: AN ANALYSIS OF CASHEW NUTS EXPORT OF NORTHEASTERN BRAZIL Autor: Francisco Rômulo Almeida de Oliveira Filiação: Graduando em Ciências Econômicas pela Universidade Regional do Cariri – Unidade de Iguatu, Ceará. E-mail: frao09@hotmail.com
Autor: Maria Josiell Nascimento da Silva Filiação: Graduanda em Ciências Econômicas pela Universidade Regional do Cariri – Unidade de Iguatu, Ceará. E-mail: nascimentojosiell@hotmail.com
Autor: Domingos Isaias Maia Amorim Filiação: Graduando em Ciências Econômicas pela Universidade Regional do Cariri – Unidade de Iguatu, Ceará. E-mail: domingos_isaias@hotmail.com
Autor: Evânio Mascarenhas Paulo Filiação: Professor de Ciências Econômicas na Universidade Regional do Cariri – Unidade de Iguatu, Ceará. E-mail: evanio_paulo@hotmail.com
Grupo de Pesquisa: GT5: Agronegócio, Mercados e Comercialização
Resumo
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O objetivo desse trabalho consiste em aplicar o índice de vantagens comparativas reveladas para os estados da região Nordeste que são produtores de castanha de caju, a fim de se observar padrões e assimetrias inter-regionais em termos de vantagens em relação ao comércio exterior dos estados nessa cultura. Utilizando dados provenientes do Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior, denominado AliceWeb, calculou-se o Índice Vantagem Comparativa Revelada da castanha de caju (IVCRcc) dos estados nordestinos que comercializam com a UE e com o NAFTA. O indicador utiliza os dados ex-post, no caso os dados pós-comércio e é um dos métodos mais utilizados para analisar a competitividade de um lugar. O Ceará é o estado brasileiro que mais se destaca na produção e exportação da castanha de caju, seguido pelo Rio Grande do Norte.
Palavras-chave: Nordeste; castanha de caju; comércio exterior; vantagem comparativa.
Abstract The aim of this work is to apply the index of revealed comparative advantages for the states in the Northeast that are cashew producers, in order to observe patterns and inter-regional disparities in terms of advantages over foreign trade states that culture. Using data from the Analysis System of Foreign Trade Information, called AliceWeb, calculated the index Advantage Revealed Comparative cashew (IVCRcc) of the northeastern states that trade with the EU and NAFTA. The indicator uses the ex-post data, if the post-trade data and is one of the most used methods to analyze the competitiveness of a place. Ceará is the Brazilian state that stands out most in the production and export of cashew nuts, followed by Rio Grande do Norte.
Key words: Northeast; cashew nut; foreign trade; comparative advantage.
1 INTRODUÇÃO
Quando se analisa a evolução do agronegócio brasileiro, podemos esperar três fases distintas dessa evolução. A primeira fase a partir dos anos 1970 o destaque foi para o crédito farto, alto volume de investimentos e os avanços tecnológicos que beneficiaram o setor agrícola como o aumento da fronteira agrícola, novas variedades de culturas e diversificação do mercado. O modelo de desenvolvimento desse período, apoiado numa estratégia de Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1757
crescimento com “inflação e endividamento”, promove alterações na base produtiva que passam a contemplar também fortes modificações na base agrícola, no processo conhecido como “modernização conservadora”, envolvendo modificações na base técnica e nas relações sociais de produção. O setor primário assume então uma estrutura diversificada e heterogênea, complexa e multideterminada, constituída por diferentes complexos agroindustriais (SILVA, 1998) e (ALVES; PAULO, 2012). As inovações tecnológicas, características dessa fase, trazem consigo um conjunto de transformações que vão além da mecanização, através da incorporação de inovações biológicas que favorecem o desenvolvimento genético de novas variedades de culturas agrícolas. Essas transformações vão se refletir nos significativos ganhos de produtividade da cadeia agroindustrial (ORTEGA; GARLIPP; JESUS, 2004) e (ALVES; PAULO, 2012). A segunda fase a partir dos anos 1990 tem-se uma reversão desse cenário a partir de ajustes nos subsídios concedidos e redução de acesso ao crédito rural, dificultando as condições de financiamento aos produtores rurais. Os produtores rurais são particularmente afetados pelas políticas macroeconômicas da década, que impõem fortes restrições ao crédito agrícola, e combinadas à política de juros altos que limitam as possibilidades de investimentos necessárias ao ganho de competitividade do setor. A abertura comercial influencia, ainda, na queda generalizada no preço das commodities agrícolas. Nesse cenário de alterações estruturais, o desenvolvimento da “atividade agropecuária tem ocorrido a partir de três eixos principais: incorporação do progresso técnico, mudanças na gestão da força de trabalho e articulação com outros segmentos” (MOREIRA, 2003, p.4), sendo, portanto, significativas as transformações no padrão de acumulação e organização do espaço rural. A terceira fase do desenvolvimento do agronegócio se dá com sua ascensão e consolidação na formação do Produto Interno Bruto brasileiro. A partir da tendência de crescimento influenciada fortemente pela valorização das principais commodities agrícolas no mercado internacional, ampliação tanto do consumo interno como do externo e expansão de novos mercados com a consolidação da China e de alguns países Asiáticos no comércio internacional. Os rebatimentos das políticas agrícolas e das estratégias de desenvolvimento ao longo dos anos moldaram o desenvolvimento do agronegócio brasileiro, fazendo com o que esse setor passasse por uma metamorfose desde os anos de 1970 com a “revolução verde”,
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passando pela a quebra do Estado com endividamento e a estabilização econômica dos anos 1990 até o boom das commodities agrícolas nos anos 2000. Se tratando do Nordeste e da cultura analisada aqui, a castanha de caju, a maioria dos produtores são de pequeno e médio porte, sendo assim pouco alcançados pelos benefícios da evolução do agronegócio, culminando para o aumento das disparidades entre as diversas atividades agrícolas que promove uma condição de desigualdade entre os produtores de castanha de caju que gera problemas, como a baixa renda oriunda do trabalho em pequenas e médias unidades de produção e o alto índice de trabalho infantil incorporado à atividade. A evolução da cadeia produtiva da castanha teve início com a sua implementação e a expansão ao longo dos anos de 1960 a 1980, conferindo-a maior importância no agronegócio brasileiro, particularmente na região Nordeste. Nesse período houve uma avalanche de incentivos fiscais e creditícios, que culminaram com a montagem de um parque industrial, que chegou a ter mais de 30 grandes fábricas. Em um segundo período a partir de 1990, a castanha de caju brasileira vem mostrando sinais de perca de desempenho, perda essa em parte desencadeada pelas mudanças na política agrícola de finais da década de 1980 e das mudanças estruturais dos anos de 1990, onde foram praticamente extintos os incentivos fiscais e as políticas creditícias se tornaram mais rígidas (PESSOA; LEITE, 2012). Assim, dada a importância relativa da cultura para a região Nordeste, esse estudo pretender aplicar o índice de vantagens comparativas reveladas para os estados da região, a fim de se observar padrões e assimetrias inter-regionais em termos de vantagens em relação ao comércio exterior dos estados nessa cultura. Para isso esse artigo se encontra divido da seguinte forma: além dessa introdução, são comentados na seção dois aspectos teóricos sobre as vantagens comparativas e sobre a cultura da castanha de caju. Na seção três são apresentados procedimentos metodológicos adotados nessa pesquisa. Na seção quatro são apresentados os principais resultados encontrados através de índice de vantagens comparativas reveladas segundo os principais mercados importadores e, por fim, são apresentados breves comentários finais.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Vantagens Absolutas e Comparativas
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Adam Smith formulou a teoria do comércio internacional diante das ideias de Vantagens absolutas, teoria essa que indicava que se duas nações comercializem entre si, ambas deverão ganhar. Assim, as nações deveriam se especializar na produção de bens que deterem maior vantagem absoluta (quantidade de trabalho necessário para a produção de um bem fosse menor que a do parceiro) e trocar uma parte de sua produção por bens que produzissem com menor desvantagem absoluta (bens que o parceiro comercial teria vantagem absoluta) (SIQUEIRA; PINHA 2012). A crítica de Smith para com os Mercantilistas foi a não percepção desses em relação aos benefícios das trocas, que poderia ser de ambas as partes envolvidas, sem que se diagnosticasse um déficit para um dos lados. Então sempre que se atestasse uma diferença entre custos de produção, o comércio seria vantajoso entre os países. Afirma-se que um país detém vantagem absoluta na produção de um bem se esse for capaz de produzi-lo e oferecê-lo a um preço-custo menor do que os países concorrentes. Em relação à produção agrícola, alguns fatores também são importantíssimos em destaque as condições climáticas para determinada cultura. David Ricardo (1817) em sua obra “Princípios de Economia Política e Tributação” apresenta a teoria das vantagens comparativas que explicava que poderia haver comércio entre as nações sem necessariamente haver vantagens absolutas. Para Krugmam e Obstfeld (2010), “um país possui uma vantagem comparativa na produção de um bem se o custo de oportunidade da produção desse bem em relação aos demais é mais baixo nesse país do que em outros”. Assim, o comércio entre dois países pode ser benéfico para ambos caso esses exportem os bens que detém uma vantagem comparativa e importem aqueles bens que não possuem uma vantagem comparativa. “Segundo Ricardo (1817), dois países poderiam beneficiar-se com o comércio, se cada um tivesse uma vantagem relativa na produção” (FILHO, 2006). A vantagem relativa significa simplesmente o custo de oportunidade do trabalho que difere entre os países, sendo assim, haveria pelo menos uma mercadoria que o país teria um menor custo-trabalho na sua produção em relação aos outros países. A teoria ricardiana em seu objetivo explica que o comércio internacional será possível mesmo que entre dois países quando um deles for mais eficiente na produção de todos os bens. A de se levar em conta que esse país que é eficiente na produção de todos os bens, algum bem ele não irá produzir tendo então que importá-lo, cabe, então, aos outros países se
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especializarem nas suas produções de bens que detém um custo-trabalho relativamente baixo, um custo de oportunidade menor, justamente aqueles que possuem eficiência na produção. Existem algumas críticas em relação a teoria das vantagens comparativas tais deles são: que não se leva em conta a necessidade de um alto nível de especialização; o fato de o comércio internacional não produzir efeito de distribuição de renda interna; não reconhecer as disparidades das dotações dos fatores de produção dos países, que são muitos distintos e não levar em análise a formação das economias de escala. Uma teoria que vai de encontro com o modelo ricardiano, denominado de Teorema de Hecksher-Ohlin, afirma que os países devem se especializar na produção de bens intensivos no fator de produção abundante em seu território, está diferentemente do modelo de Ricardo leva em conta a dotação de fatores de produção. Assim, a teoria das vantagens comparativas destaca-se como um ponto de destaque nos estudos de modelos de comércio internacional, favorecendo as políticas de livre comércio e indo de encontro as medidas protecionistas dos países. 2.2 Índice de Vantagem Comparativa Revelada – IVCRcc De acordo com Siqueira e Pinha (2011), “o padrão de comércio de um país pode refletir as diferenças de competitividade entre os países em termos de custos relativos e de outros fatores, além do preço”. Conforme a teoria clássica do comércio internacional de David Ricardo, em 1965, Bela Balassa propõe mensurar um índice que analisaria a vantagem comparativa dos países, chamado de Índice de Vantagem Comparativa Revelada. Esse indicador utilizaria os dados ex-post, no caso os dados pós comércio e é um dos métodos mais utilizados para analisar a competitividade de um país. Pois revela os resultados das exportações de determinados produtos, indicando se há ou não vantagem comparativa nas exportações daquele setor em análise, sendo assim IVCR nos permite analisar o padrão do comércio de um determinado bem. Os países podem obter vantagens comparativas por diversos motivos relacionados com as suas exportações como barreiras tarifárias e não tarifárias, algumas medidas governamentais como isenção de impostos, subsídios e financiamentos influenciam diretamente na produção. Outro caso que o governo tem grande influência é com as medidas na política cambial, no caso de um câmbio depreciado, os produtos nacionais tornam-se mais atrativos do que os do concorrente do exterior, aquecendo o comércio internacional do país. Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1761
Algumas críticas afirmam que o índice de vantagem comparativa revelada não leva em conta o progresso tecnológico no modo de produção dos bens, e que as políticas internas de determinados países em relação ao comércio exterior destorcem a realidade dos fatos. Porém, ainda é um indicador de extrema importância para análise do comércio internacional. Com fizeram Siqueira e Pinha (2012), estudando o comércio internacional de lácteos; Cardoso (2014), com análise das vantagens comparativas da indústria brasileira de carnes. Cabe aqui o presente estudo das vantagens comparativas da castanha de caju do Nordeste frente ao Brasil, com destino aos blocos econômicos NAFTA e União Europeia, visto que os países que compõem esses blocos são os principais importadores da castanha de caju brasileira em especial as dos estados nordestinos. Se tratando dos blocos econômicos analisados são de grande importância para economia brasileira, pois proporcionam um intercâmbio comercial crucial para o crescimento da economia nacional e o ganho de competitividade no mercado internacional. Foram analisados dois blocos sendo o da União Europeia (EU) que é composto por 17 países, e o bloco de Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA), composto por 4 países. A escolha desses destinos da castanha de caju para a análise se deu no entendimento que esses países representam uma grande porção do comércio internacional, e se tratando da castanha nordestina é de grande apreso para os respectivos destinos, além dos dados de exportação que evidenciam todas as afirmações citadas.
3 METODOLOGIA
O Cajueiro é uma árvore típica das regiões Norte e Nordeste brasileiro, mas comumente cultivada em todo território nacional. De nome científico Anarcadium occidentale, da família Anacardiaceae, esta árvore pode normalmente atingir entre cinco e dez metros, porém, em condições propícias pode chegar a atingir vinte metros de altura. Seu fruto a castanha de caju é muito confundido com o pedúnculo (pseudofruto) do caju, parte alongada presa à fruta que também é comestível, muito utilizada para fabricação de suco, licores, aguardente, refrigerantes entre outros. Na culinária regional destaca-se a fabricação de doces de vários tipos. A verdadeira fruta seca e torrada da origem a castanha de caju, de onde se extrai a amêndoa da castanha de caju (Gazzola, et al, 2006). Existem várias modalidades de aproveitamento do fruto, destacam-se quatro delas: i) caju in natura, ii) castanha de caju bruta, iii) líquido da castanha de caju e iv) amêndoa da Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1762
castanha de caju. A amĂŞndoa da castanha de caju representa o maior destaque econĂ´mico dessa cultura, destinada principalmente ao mercado externo. Os outros derivados da fruta sĂŁo basicamente para consumo do mercado interno. Assim, dada essas caracterĂsticas iniciais da cultura de castanha de caju, apresenta-se aqui nessa seção informaçþes relativas Ă construção do Ăndice de vantagens comparativas reveladas desenvolvido inicialmente por Balassa (1965).
3.1 CĂĄlculo do Ă?ndice de Vantagem Comparativa Revelada
Para fins metodolĂłgicos, o Ă?ndice de Vantagem Comparativa Revelada (IVCR), usado por Ferreira (1998), Haddad (2003), e desenvolvido por Balassa (1965) baseado na lei das vantagens comparativas formulada por David Ricardo (1817), serĂĄ utilizado para evidenciar se os estados do Nordeste possuem vantagem comparativa na exportação de castanha de caju para a UniĂŁo Europeia e NAFTA frente ao Brasil. Tal indicador pressupĂľe que a eficiĂŞncia produtiva relativa de um determinado paĂs ou regiĂŁo possa ser identificada pelo seu desempenho no comĂŠrcio internacional (FONSECA, 2002). Relacionando as exportaçþes do produto i de um paĂs j com as exportaçþes da zona de referĂŞncia do mesmo produto comparando o quociente Ă participação das exportaçþes totais do paĂs j, em relação Ă s exportaçþes totais da zona de referĂŞncia Z (FERNANDES; VIEIRA FILHO, 2000) sendo definido como:
đ??źđ?&#x2018;&#x2030;đ??śđ?&#x2018;&#x2026;đ?&#x2018;?đ?&#x2018;? =
đ?&#x2018;&#x2039; ( đ?&#x2018;&#x2013;đ?&#x2018;&#x2014;â &#x201E;đ?&#x2018;&#x2039; ) đ?&#x2018;&#x2013;đ?&#x2018;§
đ?&#x2018;&#x2039; ( đ?&#x2018;&#x2014;â &#x201E;đ?&#x2018;&#x2039; )
(Eq. 01)
đ?&#x2018;§
Onde: đ?&#x2018;&#x2039;đ?&#x2018;&#x2013;đ?&#x2018;&#x2014; ĂŠ o valor das exportaçþes da castanha de caju do estado i no paĂs j; đ?&#x2018;&#x2039;đ?&#x2018;&#x2013;đ?&#x2018;§ ĂŠ o valor das exportaçþes da castanha de caju do paĂs j; đ?&#x2018;&#x2039;đ?&#x2018;&#x2014; ĂŠ o valor total das exportaçþes do estado i;đ?&#x2018;&#x2039;đ?&#x2018;§ ĂŠ o valor total das exportaçþes do paĂs j. Se IVCRcc ĂŠ superior a 1, o paĂs possui vantagem comparativa revelada para as exportaçþes do produto j, ou seja, esse paĂs encontra-se relativamente especializado na exportação desse bem. Por outro lado, IVCRcc ĂŠ inferior a 1, o paĂs possui desvantagem comparativa relevada para a exportação do produto j.
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Para calcular o Índice Vantagem Comparativa Revelada da castanha de caju (IVCRcc) foram utilizados dados provenientes do Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior, denominado AliceWeb, da Secretária de Comércio Exterior, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que tem como base de dados o Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX).
4. RESULTADOS
Esta seção se dedica a analisar o índice de Vantagem Comparativa Revelada (VCR) para os estados produtores de castanha de caju na região Nordeste do Brasil. O índice baseiase em dados ex-post ao comércio, ou seja, revela a vantagem na produção de castanha de caju já comercializada. Até a década de 1930 o Brasil era considerado uma economia agroexportadora, ou seja, o centro dinâmico da economia do país consistia na exportação de produtos primários. Até hoje a pauta de exportação brasileira é composta em grande parte por produtos agrícolas, em especial os que fazem parte do complexo da soja, carnes, complexo sucroalcooleiro, produtos florestais e café (MAPA, 2015). O ranking dos estados brasileiros exportadores dos produtos do setor de castanha de caju em 2014 foram em primeiro lugar o estado do Ceará com uma receita de mais de US$ 34 milhões de dólares, em segundo o Rio Grande do Norte com rendimento de mais de US$ 7 milhões de dólares e em terceiro o estado de São Paulo com rendimentos acima de US$ 5 milhões de dólares. (MINIESTUDO-SETORIAL CASTANHA DE CAJU, 2015). As importações mundiais da castanha de caju em 2013 renderam US$ 2,5 bilhões de dólares, representada por uma quantidade de 345,4 mil toneladas. As exportações brasileiras no ano de 2015 somaram US$ 764,5 milhões de dólares um quanto de 25,3 mil toneladas. Os principais destinos da castanha de caju brasileira são os Estados Unidos e a União Europeia. (MAPA, 2014). Segundo o (MDIC, 2015) as exportações da castanha de caju brasileira para a União Europeia e para o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA), que são o foco desse estudo somaram mais de US$ 88 milhões de dólares em 2015, sendo os principais destinos da União Europeia os Países Baixos (Holanda), seguido por Reino Unido, França, Itália e Portugal e Alemanha. Em relação ao NAFTA os principais destinos em 2015 foram
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Estados Unidos, Canada e México, essas informações corroboram com o papel de importância das exportações da castanha de caju para o Brasil. Diante das possibilidades de comércio da castanha de caju para a União Europeia e NAFTA justifica-se o estudo desta commoditie brasileira, para que se possa analisar a competividade brasileira. No Nordeste brasileiro os bens básicos possuem uma fatia menor das exportações. Entretanto, as exportações do setor primário nordestino são de grande relevância para a região, principalmente quando se trata de frutas tropicais, segmento que vem apresentado expansão na região (ANDRADE, 2015). A castanha de caju no Nordeste é um tipo de produção frutícola com destaque nacional e mundial voltada basicamente ao setor externo, sendo que cerca e 90% da produção nacional é exportada (BANCO DO BRASIL, 2010). A tabela 1 mostra o VCR dos quatro estados nordestinos com produção relevante de castanha de caju que foi exportada para a União Europeia em três períodos. O Ceará é o estado que possui o maior fluxo de comércio de castanha de caju com a União Europeia, seguido por Rio Grande do Norte, Piauí e Bahia. Para o último estado, dos anos analisados, encontram-se dados apenas para 2005.
Tabela 1: Índice de VCR dos estados do Nordeste para a União Europeia. União Europeia
2005
2010
2015
Ceará
87.93164
88.48828
75.16701
Bahia
0.016848
--
--
Piauí
16.75858
1.525756
4.551849
Rio Grande do Norte
31.31120
85.26434
67.44703
Fonte: Elaboração Própria.
Durante os períodos avaliados o índice sofre variações, tornando a produção ainda mais concentrada, localizando-se principalmente nos estados do Ceará e Rio grande do Norte, respectivamente. No ano de 2015 a participação da ACC dos estados nordestinos torna-se menos competitiva na UE. Diversos fatores interferem nessa participação relativa no comércio, como as políticas de incentivo à cultura do caju com o objetivo de aumentar sua produtividade, a demanda mundial e as políticas de desenvolvimento da cultura em países concorrentes, por exemplo (ALBUQUERQUE, et al., 2010).
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A tabela 2 expõe a vantagem comparativa da castanha de caju dos mesmos estados para outro destino de comércio, o NAFTA, que atualmente é o principal importador da ACC brasileira. Segundo Pessoa e leite (2014), com relação ao destino das exportações, o Brasil, transaciona com aproximadamente 44 países, sendo que destina mais da metade das suas exportações para os Estados Unidos. Em 2009, esse país absorveu 65,80% da exportação brasileira, seguido pela Holanda, com 6,54%, e Canadá, com 6,44%. A participação conjunta desses três países foi de 78,78%, de modo que apenas 21,22% da exportação foi destinada para os outros 41 países importadores. O estado do Ceará é o principal negociador de ACC com o NAFTA. Durante os períodos avaliados, tanto o Rio Grande do Norte quanto o Piauí perdem participação na comercialização dessa fruta para esse bloco econômico.
Tabela 2: Índice de VCR dos estados do Nordeste para o NAFTA. NAFTA
2005
2010
2015
Ceará
56.94969
47.62436
92.07563
Piauí
82.02354
11.48077
--
Rio Grande do Norte
51.06135
57.07251
51.78138
Fonte: Elaboração Própria.
Em uma perspectiva de análise ex-ante, carece de se fazer menção aos diferentes papeis que a produção de castanha de caju desempenha na economia Nordestina. Além de contribuir positivamente com a balança comercial, este segmento é responsável por proporcionar a manutenção da renda de pequenos e médios agricultores da região. “há uma grande fragmentação dos produtores em todos os estados, com os pequenos (de propriedades até 10 ha) e os médios (de propriedades entre 10 ha e 100 ha) representando 95% dos 195 mil produtores de castanha-de-caju do País” (PESSOA; LEITE, 2012). Esse grande número de pequenos e médios produtores revela um outro fato. A comercialização dessa produção é feita em grande parte por intermédio de atravessadores, que dilui grande parte da renda que seria apropriada pelos agricultores, caso eles próprios realizassem a venda para as indústrias. Aproximadamente 80% do comércio da castanha de caju com as indústrias de processamento é feita de forma indireta. Em geral, apenas os grandes produtores é quem realizam o comércio direto, isso por causa do maior volume de
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produção e por possuírem um maior nível de organização e, portanto, maior poder de barganha na negociação (PESSOA; LEITE, 2012). “O agronegócio de castanha-de-caju na região Nordeste do Brasil é significativo: a atividade emprega aproximadamente 55 mil pessoas entre o campo e a indústria” (MACEDO; SOARES, 2015). Entretanto, os postos de trabalho gerados nessa atividade são de baixa qualidade, que está atrelada a sazonalidade da atividade, a baixa tecnologia incorporada, com uma grande parte do processamento realizada manualmente e baixa qualificação.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o propósito de avaliar a competitividade da castanha de caju do Nordeste brasileiro comercializada com a União Europeia e o NAFTA, este estudo constatou que os estados produtores estão repassando um fluxo cada vez maior para os países da América do Norte. A produção de ACC é baseada quase que totalmente da demanda desses países, revelando uma dependência externa. Essa é uma característica historicamente comum dos produtos primários brasileiros. Apesar das teorias clássicas do comércio internacional ressaltar a importância da vantagem comparativa na produção das commodities brasileiras, a escola Cepalina construiu diversas críticas à especialização produtiva de baixo valor agregado na América Latina e a deterioração dos termos de troca, fazendo associação da dependência externa ao baixo grau de desenvolvimento (subdesenvolvimento) das economias periféricas. Entretanto, essa atividade é uma importante geradora de renda, tanto nas lavouras quanto na indústria, para os estados do Nordeste, em especial para o Ceará e Rio Grande do Norte. Mesmo com toda relevância que a produção de ACC possui nesses lugares, é pertinente que se faça menção a instabilidade dos trabalhadores que dependem desta atividade, pois são empregos que exigem pouca qualificação e, portanto, uma baixa remuneração, caracterizando-o como de subsistência. A atuação mais efetiva do estado para fortalecer os elos da cadeia produtiva da castanha de caju, em especial com os mais frágeis, que são os agricultores, pode conferir uma maior qualidade da produção e aumento da remuneração para os que dependem desse setor. A organização dos produtores rurais em cooperativas e associações possibilita a independência dessa classe dos atravessadores, lhes dando poder de barganha e preços mais justos.
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REFERÊNCIAS
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CAVALCANTI, Ivanessa Thaiane do Nascimento; GUEDES, Juliana Freitas de Cerqueira. CALCULO DO ÍNDICE DE VANTAGEM COMPARATIVA REVELADA PARA A EXPORTAÇÃO DA SOJA EM GRÃOS DO ESTADO DA BAHIA DE 2004 A 2014. XI Encontro de Economia Baiana – SET. 2015 FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DO CEARÁ – FIEC; CENTRO INTERNACIONAL DE NEGOCIOS- CIN. MINIESTUDO SETORIAL - CASTANHA DE CAJU. Abril de 2015.
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MARGEM DE COMERCIALIZAÇÃO DO LEITE CAPRINO NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE (RN) BORDER OF GOAT MILK COMMERCIALIZATION IN THE RIO GRANDE DO NORTE’S STATE (RN) Bruno José Bezerra Silva. Graduando em Ciências Econômicas da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (FACEM/UERN). Bolsista IEX do CNPq. E-mail: brunojosebj19@gmail.com Ionara Jane de Araújo. Economista. Mestre em Economia Rural, pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Bolsista EXP-B do CNPq, na Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (FACEM/UERN). E-mail: ionarajane@gmail.com
Grupo de Pesquisa 5: Agronegócio, mercados e comercialização Resumo A comercialização de leite caprino no Brasil é uma atividade significativa, principalmente na região Nordeste e no Rio Grande do Norte; dessa forma, o comportamento da prática tem despertado o interesse dos especialistas devido às informações referentes à comercialização do produto. Nesse sentido, o presente trabalho objetiva mensurar a margem de comercialização do leite de cabra no Estado do Rio Grande do Norte. Para tanto, fez-se necessário deter noções acerca da comercialização, suas fragilidades, potencialidades e mercados. O processo metodológico baseia-se na interpretação de informações e dados secundários de fontes oficiais. Na pesquisa, observou-se que o produtor obtém a maior parcela da margem relativa de comercialização; logo em seguida vem o atacadista, e por último, o varejista. Por fim, apesar dos fatores climáticos adversos, os dados indicam a viabilidade da atividade no Rio Grande do Norte e relevância da produção do leite caprino para a dinamização econômica regional. Palavras-chave: Comercialização. Margens. Leite Caprino. Abstract The commercialization of goat milk in Brazil it’s a significative business , mostly in the regions of Nordeste principally in the Rio Grande Do Norte, by this way, the behavior of the practice have waken the interest from the experts due to the informations related to the product marketing. In this sense the present work have the goal to measure the margin commercialization of the goat milk in the Rio Grande Do Norte’s state. Therefore makes need to have notions about the work, your weaknesses, potential and market. The methodological process it’s based in the interpretation of informations and second data from official sources. In the research it was observed that the producer obtains the larger portion of the relative board from the marketing and next comes the retailer. Finally, although the adverses climatic factor, the data indicates viability from the business in the Rio Grande Do Norte and relevance of the production of goat milk for the regional economic dinamization. Key words: Comercialization, Borders, Goat Milk.
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1. INTRODUÇÃO Nas últimas décadas, o processo de industrialização influenciou na continuidade do processo agrícola. Em 1960, a industrialização no país atuou integralmente nas ações do governo; enquanto, a agricultura ocupou atividades básicas, tais como gerar divisas e ofertar alimentos baratos. Nesse processo, destaca-se a capacidade da agricultura, especialmente a caprinocultura, de manter níveis satisfatórios de empregabilidade e produção; dessa forma, contribuindo de maneira considerável para a dinamização econômica regional e nacional. A caprinocultura remete-se ao estudo e criação de capra hircus ou cabras. Essa prática é comum em todo planeta, mas especialmente, em regiões semiáridas ou em países em desenvolvimento; onde se encontram as maiores concentrações de caprinos. As cabras possuem um elevado nível de adaptação climática e desperta a atenção dos produtores de todo o mundo. A caprinocultura mostra sua relevância também através dos derivados extraídos dos animais. A criação de cabras é praticada desde do início do processo de colonização dos países, pois os aninais servem de instrumento na fixação dos núcleos de assentamentos e como fonte de alimento. Considerando comparações com indústrias e cadeias de outros países, a atividade no Brasil é considerada recente, até os anos 80, não havia nenhum registro de comercialização de leite de cabra, portanto, até então tal prática era considerada criminosa. (CORDEIRO e CORDEIRO, 2009). Nesse contexto, destaca-se a presença relevante dos caprinos no processo de dinamização econômica regional e nacional. O processo sistemático aquedado deve focar em ações que contemple toda a cadeia de acordo com as regras exigidas pelo mercado, para que assim possa haver uma organização da cadeia. Nesse processo, a região nordeste brasileira é destaque na atividade caprina ao realizar acordos de exporta de carne e pele para vários países (SOUZA, 2007). Assim, o nordeste brasileiro consegue ser a região que mais produz leite no Brasil. No Rio Grande do Norte, a produção do leite caprino ganha força na década de 90 com a contemplação do Programa do Leite. Assim, o estado potiguar iniciou um longo processo de mobilização que resultou na comercialização de aproximadamente 10 mil litros de leite por dia; dessa forma, tornando o Rio Grande do Norte, o maior produtor de leite de cabra pasteurizado do país (NOBRE & ANDRADE, 2006). Assim, a produção de leite caprino no Estado torna-se relevante como elemento contribuinte no processo de desenvolvimento econômico estadual.
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Nesse sentido, o objetivo desse trabalho consiste em mensurar a margem de comercialização do leite de cabra no Estado do Rio Grande do Norte (RN). Para uma melhor compreensão do trabalho, este foi estruturado em seções, a saber: introdução; noções teóricas acerca da comercialização na seção 2; metodologia na seção 3; resultados na seção 4; e, por fim, são realizadas breves conclusões na seção 5. 2. NOÇÕES TEÓRICAS ACERCA DA COMERCIALIZAÇÃO Comumente entende-se comercialização como sendo a venda de um produto específico. Essa perspectiva é pertinente quando o horizonte de análise se restringe às portas de uma empresa. Entretanto, esse não é o caso quando se busca analisar uma cadeia produtiva de maneira integrada. Por essa razão, é preciso dilatar o conceito de comercialização de maneira a incorporar a transmissão do produto pelos diversos estágios do processo produtivo (AZEVEDO, 2011). Nesse sentido, os debates e conferências acerca da comercialização permitiram uma avaliação mais ampla e nítida da temática. É por meio do processo de comercialização que os produtores, indústrias, prestadores de serviços e comerciantes geram um fluxo continuo de divisas monetárias, de maneira que esses
agentes
econômicos
consequentemente,
obter
procuram
maiores
expandir
lucros
seus
(BARBOSA,
mercados 2007).
consumidores Nesse
sentido,
e, a
comercialização realizada de maneira adequada é capaz de maximizar os lucros e contribuir de forma significativa na dinamização econômica das contas públicas e privadas. Atualmente, o conceito mais utilizado pelos estudiosos remete-se à comercialização no tocante ao marketing, onde compreendida como uma orientação voltada para o consumidor através de uma comercialização integrada, que busca satisfazer a necessidade do consumidor e ao mesmo tempo satisfazer os objetivos da empresa tais como ampliar o volume de vendas e obter lucros. De acordo com Rezende e Gomes (2000), enquanto a comercialização venda preocupa-se com a necessidade do vendedor a comercialização marketing preocupa-se com a satisfação das necessidades do consumidor. Na abordagem acerca da comercialização, destaca-se a importância do mercado institucional, ao colaborar e fortificar as iniciativas de comercialização. . No âmbito da alimentação escolar, a aquisição de produtos in natura contribui com a execução de uma agricultura familiar. De acordo com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), os produtos adquiridos em maior escala para a merenda escolar são: feijão, arroz, carnes em geral, tomate, frutas diversas, açúcar, cenoura, cebola, alho e leite bovino Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1772
(DALROT, 2013). Aqui, destaca-se a importância da comercialização produtos através de políticas públicas e necessidade da qualificação dos atores envolvidos na operação. A comercialização engloba uma série de atividades através das quais bens e serviços são direcionados dos produtores aos consumidores. Essas atividades resultam na modificação dos bens, mediante utilização de recursos produtivos – capital e trabalho - que agem sobre a matéria-prima agrícola. Portanto, a comercialização remete-se a um procedimento de produção e por essa razão, pode ser analisada através dos instrumentos da teoria econômica (BARROS, 2007). Nessa perspectiva, a comercialização requer a interação entre os atores econômicos envolvidos na transição do bem e/ou serviço. Por tratar-se de uma ação realizada entre o setor produtivo e o consumidor, a comercialização tem, sobretudo, a função de proporcionar a adequação da produção às escolhas e necessidades do consumidor (WAQUIL, 2010). Portanto, a comercialização agrícola como função majoritária realizar o intercambio comercial entre o produtor e o consumidor final. Contudo, a comercialização no ramo agrícola possui outras funções, como é mostrado a seguir no quadro 1.
Quadro 1 - Funções da comercialização e suas características.
Função contratual
Função mercadológica
Função de propaganda
Função de estabelecimento de preço
Engloba as funções de compra e venda. Envolve o processo de achar o mercado e de descobrir compradores e vendedores potenciais de um produto e fazer contatos com eles. Refere-se ao ajustamento feito aos bens para atender às exigências do mercado. Envolve seleção do produto a ser produzido ou estocado e decisões sobre detalhes, como tamanho, aparência, apresentação, forma, embalagem, quantidades a serem compradas ou produzidas, época de produção ou compra e linhas de preços, entre outros. É responsável pela criação de demanda ou condicionamento de compradores e vendedores a uma atitude favorável em relação ao produto ou ao seu responsável. Refere-se à busca do melhor preço e a sua fixação. Um preço deve ser alto o suficiente para compensar a sua produção e baixo o suficiente para induzir os compradores a
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aceita-lo.
Função de distribuição física
Função de terminação
Refere-se à colocação de bens no mercado no tempo certo e no lugar certo. É o suporte físico à movimentação ou ao fluxo das mercadorias. Inclui as funções de transporte e armazenamento. Refere-se à conservação do processo de comercialização ou à efetivação da transação comercial.
Fonte: Rezende e Gomes, 2000.
Portanto, a comercialização dos produtos agrícolas possui diversas atividades funcionais que contribuem para o desenvolvimento social, econômico e cultural do país. Tais funções tornam-se cada vez mais exigidas em virtude do rápido processo de desenvolvimento do comércio através dos endereços eletrônicos e das redes sociais; dessa forma, a comercialização ultrapassa as barreiras interpessoais de compra e venda. 2.3 Principais mercados e riscos da comercialização agrícola
A ausência de um mecanismo de comercialização adequado pode causar prejuízos à firma, mesmo sendo competitiva na base produtiva; sendo assim, a eficiência relevante à empresa é mais abrangente do que somente a eficiência produtiva, embora esta seja um componente importante. Na perspectiva de reduzir os custos de elaboração e negociação dos contratos; de mensuração e fiscalização da informação; monitoramento do desempenho; e organização de atividades, os agentes fazem uso de mecanismos de comercialização apropriados para efetuar determinada transação (AZEVEDO, 2011). Assim, a ação de comprar e vender no mercado de maneira adequada não é uma tarefa trivial e banal. A comercialização de produtos agrícolas é desafiante devido aos riscos e incertezas que afetam diretamente os custos de produção e a lucratividade dos negócios, não somente das propriedades agropecuários, mas de todos os agentes que integram as cadeias produtivas. Esses riscos remetem-se aos fatores específicos das atividades rurais e podem ser classificados em três tipos: riscos relacionados à produção, riscos relacionados ao crédito, e riscos ligados aos preços (WAQUIL, 2010). Esses riscos são causam imprevisibilidade nas ações dos produtores e lacunas no planejamento da produção agrícola.
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Os riscos relacionados aos preços dos produtos agrícolas são os principais elementos que preocupam os produtores rurais e os demais agentes envolvidos na transação. Nesse contexto, os fatores históricos e as sazonalidades na produção são fontes de especulações e oscilações nos preços. No quadro 2, a seguir destaca-se as características dos principais movimentos dos preços que remetem-se o elo entre a demanda e oferta dos produtos agrícolas.
Quadro 2 - Comportamento dos preços dos produtos agrícolas e suas definições Comportamento dos preços
Tendência
Ciclo
Sazonalidade
Movimento brusco ou choque
Características É observada a partir de uma série histórica (longo prazo), demonstrando a existência de uma trajetória de alta, queda ou estabilidade dos preços, que pode ser influenciada por fatores como inovação tecnológica, mudanças de hábitos de consumo e distorções entre a oferta e demanda. É observado em períodos mais ou menos longos, que podem compreender alguns anos, sendo geralmente influenciado pelo comportamento dos agentes diante do mercado e das características da oferta de determinados produtos, tais como baixas barreiras de entrada na atividade e baixos ativos específicos para produção, permitindo razoável mobilidade dos agentes. É observada ao longo do ano, principalmente devido à safra e à entressafra da produção e aos hábitos dos consumidores, determinando preços menores na safra e maiores na entressafra. É observado em períodos curtos de tempo (dias, semanas), sinalizando a oscilação (velocidade) de baixa ou de alta dos preços, sem indicar, necessariamente, direção ou sentido do mercado.
Fonte: DABDAB WAQUIL; MIELE; SCHULTZ, 2010.
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A gestão de risco de preços poderá ser realizada por meio do mercado de derivativos agrícolas, local onde acontece a negociação de contratos que definem a fixação dos preços para liquidação futura, na modalidade física ou financeira (WAQUIL, 2010). Sendo assim esse tipo de mercado permite operar os produtos e ativos em uma liquidação futura; dessa forma oferecendo mais tranquilidade aos produtores agrícolas. Considerando a metodologia utilizada pela Nova Economia Institucional, as os negócios diferem nos seguintes termos: incerteza, frequência, estrutura de informação e especificidade dos investimentos envolvidos (AZEVEDO, 2011). Nesse sentido, o agente irá escolher o mecanismo mais aquedado para realizar a transação desejada. Tais mecanismos são denominados de mercados derivativos agrícolas e podem ser classificados em quatro mercados: spot, a termo, futuro, e de opções. No quadro a seguir mostra-se os tipos de mercados de produtos agrícolas e suas principais características. Quadro 3 – Tipos de mercados de produtos agrícolas e suas principais características. Tipo de mercado
Características
Mercado spot
Mercado onde os produtos são negociados com pagamento à vista ou a prazo, mediante entrega imediata da mercadoria.
Mercado a termo
Mercado futuro
Mercado onde se negociam contratos a termo, especificando-se a venda ou compra antecipada da produção, mediante preço previamente combinado entre as partes, podendo ou não ocorrer adiantamento de recursos por conta da promessa de entrega futura da mercadoria em local determinado. Os contratos não são padronizados, são intransferíveis e somente poderão ser liquidados na data acordada e com a entrega da mercadoria. Mercado onde se negociam contratos futuros, estabelecendo-se a obrigação de compra e venda de uma mercadoria em data futura por um preço negociado em bolsa (pregão). Os contratos são padronizados com relação aos prazos, à quantidade e à qualidade da mercadoria, podendo ser liquidados antes do prazo de vencimento, mediante reversão da posição assumida na bolsa (compra ou
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venda).
Mercado de opções
Mercado onde se negociam contratos de opções, definindo-se acordos onde uma parte, ao pagar um valor (prêmio), adquire o direito (opção) de comprar ou vender, em data futura, uma mercadoria a um preço negociado em bolsa. Por sua vez, a contraparte, ao receber esse valor (prêmio), obriga-se a vender ou comprar essa mesma mercadoria, caso a primeira exerça o seu direito de compra ou venda. O valor do prêmio é livremente negociado entre as partes (bolsa ou balcão), e os contratos de opções são flexíveis, quando negociados em balcão, e padronizados, quando negociados em bolsa.
Fonte: Azevedo, 2011.
Indubitavelmente, as transações no mercado de derivativos haverá sempre dois ou mais atores: o que realiza a compra e o que vende os contratos. Os agentes podem atuar no mercado de derivativos buscando proteção de preço, assumir riscos ou equilibrar os preços dos mercados agrícolas (WAQUIL, 2010). Nesse sentido, os participantes dos mercados de derivativos agrícolas são classificados em: hedger, especulador e arbitrador. O Hedger remete-se à uma estratégia de redução do risco, por meio do mercado de futuros, onde a realização da transação busca neutralizar a especulação implícita a um negocio qualquer. Assim, o hedger busca realizar contratos futuros de tal maneira que uma futura oscilação desfavorável nas flutuações dos preços seja compensada no mercado futuro (AZEVEDO, 2011). Nesse sentido, o hedger não tem como preocupação central obter lucros, mas evitar perdas nas transações realizadas no mercado de derivativo agrícola. Os hedgers são pessoas jurídicas ou físicas que compram ou vendem negócios no mercado futuro; dessa forma, podendo ser: produtor, indústria, cooperativa, banco, etc. Outro participante no mercado de derivativos agrícolas são os especuladores, que basicamente, são compradores e vendedores de contratos de derivativos, em bolsas, que almejam obter lucro nas transações a partir das expectativas de variações dos preços das commodities no mercado futuro. O especulador desempenha papeis fundamentais no mercado de derivativos ao assumir o risco da transação e oferecer mais liquidez no mercado
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(WAQUIL, 2010). Nesse sentido, ao almejar a obtenção de lucros os especuladores contribuem de maneira elementar para a dinamização econômica através do mercado futuro. Por fim, o arbitrador objetiva o lucro, mas sem assumir risco; dessa forma, atuam na compra de commoditys que possuem seus preços mais baixos e vendem em outros mercados com preços mais elevados. Destaca-se aqui que ao comprar no mercado 1 e vender no 2, aumenta-se a demanda no mercado 1 e a oferta no mercado 2. Em algum momento, os dois preços tendem a chegar ao ponto de equilíbrio (BM&F, 2007). Nesse sentido, arbitrador exerce o papel de um arbitro ao reduzir as imperfeições e distorções dos preços nos mercados derivativos.
2.2 Canais de comercialização A pesquisa acerca dos canais de comercialização consiste em um tocante relevante ao proporcionar a ampliação de entendimento das organizações dos canais de comercialização em suas faculdades estruturais ou exteriores. Ao observar os canais de comercialização tornase possível identificar as áreas problemáticas e possíveis situações adversas no mercado (REZENDE, 2000). Os canais de comercialização são classificados em três esferas: diretos, semi-diretos e indireto. O primeiro caso é caracterizado pela ligação direta entre o produtor e consumidor, sem haver um intermediário envolvido. Já os semidiretos, por sua vez são aqueles que possuem apenas por um intermediário. E por fim, os canais de comercialização indiretos são compostos por vários intermediários varejistas ou atacadistas na relação entre produtor e consumidor (ALMEIDA, 1999). Normalmente, quanto maior o número de intermediários, maiores são as dificuldades dos produtores conseguirem a confiança e fidelidade dos consumidores finais.
Quadro 4 - Representação dos três tipos de canais de comercialização. Canal de comercialização direta: Produtor Canal de comercialização semidireta: Produtor Canal de comercialização indireta: Produtor Consumidor
Consumidor Atacadista Atacadista
Consumidor Varejista
Fonte: Elaboração dos autores a partir de Montenegro, 2006.
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O grau de desenvolvimento dos canais de comercialização pode ser classificado como: tradicional, moderno e avançado. O canal tradicional é percorrido por entidades intermediárias tradicionais varejistas e atacadistas. O canal moderno, por sua vez, exige uma comercialização mais eficiente e organizada. Por fim, o canal avançado, remete-se especialmente ao mercado exterior (REZENDE, 2000). Salienta-se que os canais tradicionais são considerados não integrados, pois, os atores envolvidos na transição operam de modo isolado. Por outro lado, os canais modernos e avançados operam sobre um sistema de marketing e vias de comercializações mais eficientes. No quadro 5 é possível visualizar os três canais de comercialização.
Quadro 5 - Representação dos canais tradicional, moderno e avançado. Canal tradicional: Produtor Varejista
Atacadista
Atacadista da capital
Consumidor
Canal moderno: Produtor Cooperativa Supermercado Consumidor
Canal avançado: Produtor
Cooperativa
Agroindústria
Exportador
Exterior
Fonte: Elaboração dos autores a partir de Montenegro, 2006.
3. METODOLOGIA
A área de pesquisa é o Estado do Rio Grande do Norte que que está localizado no nordeste do Brasil, abrangendo 52. 811,110 Km² e envolvendo 167 municípios, cuja capital é Natal. A população residente do estado potiguar é aproximadamente 3.168.027 (IBGE, 2010).
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Fonte: Elaboração própria dos autores, 2016.
Para a elaboração desse estudo teve-se como base a pesquisa bibliográfica e documental com a captação e tratamento de dados secundários. A coleta de dados dos preços foi realizada através do endereço eletrônico da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB). Após o levantamento dos preços, foi feita a tabulação dos dados em ambiente EXCEL ® 2013. Os dados utilizados neste trabalho são referentes ao preço de um litro de leite caprino comercializado no Estado do Rio Grande do Norte no mês de março de 2016. A margem de comercialização é uma das vias mais utilizadas para indicar tais remunerações e perspectivas mencionadas. A margem de comercialização remete-se à diferença entre os preços nas três etapas do sistema de comercialização, adaptada para o nível inferior de mercado, cujo qual é o consumidor final (PADILHA JUNIOR, 2006). Portanto, dessa maneira é possível identificar o comportamento do setor. Barros (2006) em sua obra economia da comercialização agrícola aborda os métodos quantitativos no processo de mensuração da margem de comercialização. Para tanto, utilizaram-se as seguintes fórmulas:
Margem total de comercialização ou margem bruta M = Pv – Pp
Onde: M = Margem total de comercialização ou margem bruta Pp = Preço do produtor Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1780
Pv = Preço do varejo As margens de comercialização relativa de cada canal, foi calculada de acordo com Padilha Junior, 2006. Ver tabela 1. Tabela 1 – Definições de margem de comercialização relativa Margem
Fórmula
Margem de comercialização relativa total (Mt)
[(Pv – Pp)/Pv] x 100
Margem de comercialização relativa do atacadista (Mat)
[(Pa – Pp)/Pv] x 100
Margem de comercialização relativa do varejista (Mv) Margem de comercialização relativa do produtor (Mp)
[(Pv – Pa)/Pv] x 100 (Pp/Pv) x 100
Fonte: Padilha Junior, 2006.
Em que: Pp = preço do produtor; Pa = preço do atacadista; Pv = preço do varejista.
4. ANÁLISE DOS RESULTADOS
A produção mundial de leite de cabra alcançou marca de 17.9 milhões de toneladas em 2013; cujo, os três (Índia, Bangladesh e Sudão) principais produtores representam 52% da participação dos produtores no mercado caprino mundial (EMBRAPA, 2016). Nesse sentido, salienta-se a participação de novos países empenhados na produção caprina, mesmo com rebanhos menores, comparados aos países tradicionais no ambiente caprino. No Brasil, até 1988, não havia registro de comercialização de leite caprino realizada de maneira legal, assim sendo, todo o mercado caprino era considerado ilícito. Apesar de ser uma atividade recente no país, levando em conta indústrias e mercados de outros países, os dados indicam a relevância da prática para a dinamização econômica na região. No nordeste brasileiro concentra 92% do rebanho caprino do país (CORDEIRO e CORDEIRO, 2009). Atualmente, a produção e comercialização são consideradas desafiantes, pois os produtores estão condicionados a uma série – manejo, oferta de produto de ótima qualidade, armazenamento e entre outros elementos – que direcionam o rumo do mercado de leite Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1781
caprino. No gráfico a seguir é possível visualizar a produção do leite de cabra no Brasil (2008 - 2013). Gráfico 1 – Produção do leite de cabra no Brasil (2008 – 2013) 2.000.000 1.800.000 1.600.000 1.400.000 1.200.000 1.000.000
Produção
800.000 600.000 400.000 200.000 0 2008
2009
2010
2011
2012
2013
Fonte: Embrapa, 2014.
Considerando o período de 2008 – 2013 da produção de leite caprino no Brasil, observou-se que a linha de tendência é decrescente, especialmente, nos dois últimos anos. De modo mais detalhado, constatou-se que em 2010 a produção anual de alcançou cerca de 1.8 mil litros. Entre 2011 – 2013 a produção de leite caprino declinou, em virtude da redução do rebanho no Brasil. Nesse cenário, destaca-se também a instabilidade econômica que gera incerteza nos investimentos. No entanto, há boas chances desse quadro reverter devido à diversificação de utilidade do produto na elaboração de bens e no consumo dos indivíduos e à desvalorização da moeda brasileira faz com que o produto produzido no Brasil torne competitivo no mercado mundial; dessa forma, fazendo com que o produtor obtenha maiores remunerações e melhores perspectivas para o setor caprino. Para uma melhor análise do objeto de estudo, fez-se necessário a consulta dos preços médios do leite caprino na área de estudo. Nesse sentido, de acordo com a CONAB, os preços médios do leite caprino no Rio Grande do Norte são os apresentados a seguir na tabela 2: Tabela 2 – Categoria e preço do leite de cabra no Rio Grande do Norte
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Categoria
Preço (R$)
Leite de cabra in natura do produtor
1,65
Leite de cabra no atacado do tipo c1
2,85
Leite de cabra no varejo do tipo c
3,50
Fonte: Elaboração dos autores a partir dos dados da CONAB, 2016.
A margem de comercialização é uma das vias mais utilizadas para indicar tais remunerações e perspectivas mencionadas. A margem de comercialização remete-se à diferença entre os preços nas três etapas do sistema de comercialização, adaptada para o nível inferior de mercado, cujo qual é o consumidor final (PADILHA JUNIOR, 2006). Portanto, dessa maneira é possível identificar o comportamento do setor. Na tabela 3 é apresentado os resultados obtidos a partir do cálculo proposto para a obtenção da margem de comercialização total, bem como para as margens de comercialização relativa. Tabela 3 – Margem de comercialização do leite de cabra por canais de distribuição no Rio Grande do Norte no mês de março de 2016. Margem total de comercialização ou margem bruta (M) Margem de comercialização relativa total (Mt) Margem de comercialização relativa do atacadista (Mat) Margem de comercialização relativa do varejista (Mv) Margem de comercialização relativa do produtor (Mp)
R$ 1, 85 52, 85% 34, 28% 18, 57% 47, 14%
Fonte: Elaboração própria dos autores, 2016.
A margem de comercialização bruta é um importante sinalizador econômico, pois mede a rentabilidade do negócio do leite caprino, sendo a variação do preço vendido pelo varejo e do preço vendido pelo produtor, no cenário analisado, registrou-se uma margem de 1,85 reais, evidenciando um cenário favorável a produção da atividade. Nota-se ainda que a margem total é superior ao valor cobrado pelo produtor, que como já apresentado na tabela 2 é de 1,65 reais. Por se tratar de um canal de comercialização indireto, mesmo sem agregação de valor, há um acréscimo no preço final do produto de mais de 100%, esse valor podia reduzir caso o canal fosse direto. Além do produtor está deixando de ganhar, por não está numa comercialização direta o consumidor paga a despesa de cada elo, podendo ser calculado na margem de comercialização relativa total, que foi de 52,85%. 1
O leite de cabra tipo C é classificado em uma categoria onde coleta é de maneira manual, transportado sem o devido zelo e sem o cumprimento das normas de qualidade do produto.
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É bem verdade que o produtor comercializa o produto com um preço bem abaixo dos demais agentes, mas possui a maior margem de comercialização representada em valores relativos por 47,14%. Esse resultado revela que o produtor possui a maior margem de comercialização entre os agentes. Além disso, essa informação pode ser atribuída aos custos de produção que o produtor arca durante o processo produtivo. Por sua vez, o atacado estabelece o preço maior que o produtor, isto é, R$ 2,85. Durante o processo de comercialização, o atacadista arca com 34,28%; dessa forma, o atacadista arca com a segunda maior margem relativa de comercialização. Esse valor pode ser associado à inserção da agregação de valor ao produto. Comumente, o atacado é responsável por corroborar na qualidade do produto, para que chegue ao consumidor em condições melhores. Já o varejo estabelece o preço ao consumidor maior que os agentes anteriores. No Rio Grande do Norte, esse valor foi identificado em R$ 3,50 por cada litro de leite caprino. No entanto, a margem de comercialização relativa do varejista é diagnosticada como a menor comparada aos agentes anteriormente mencionados, ou seja; 18,57%. Esse resultado pode ser remetido ao inexistente ou insignificante custo de produção e/ou agregação de valor ao produto atribuído pelo varejista. No entanto, o varejo precisa estabelecer preços maiores para cobrir as despesas e obter lucros. No Rio Grande do Norte, são apontados alguns elementos que favorecem a prática da produção do leite caprina, por exemplo: o baixo custo da terra, da infraestrutura hídrica e os incentivos governamentais (EMBRAPA, 2006). Esses fatores impulsionam a atividade no estado ao promover o fortalecimento dos arranjos produtivos locais e dinamização econômica da região. Diante desse cenário, salienta-se um fator essencial no desenvolvimento de qualquer atividade produtiva, isto é, a organização das classes produtoras. Através dessa prática, os produtores conseguiriam uma maior lucratividade na dinâmica econômica da caprinocultura. Esses lucros que anteriormente seriam destinados para o atacado e varejo; agora passaria para o produtor cobrir os custeios, investir na aquisição de equipamentos e dinamizar a economia local.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Por meio das informações obtidas através de fontes oficiais, buscou-se responder problemática inicial; ou seja, mensurar a margem de comercialização do leite de cabra no Estado do Rio Grande do Norte (RN). Nessa perspectiva, observaram-se as diferentes margens de comercialização dos agentes – produtor, atacadista e varejista. O estudo revelou que a margem de comercialização relativa do produtor é maior em virtude dos custos de produção. Contudo, notou-se ainda que o produtor deixa de ganhar maiores margens de comercialização no canal indireto. Portanto, para a obtenção de maiores lucros, orienta-se aos produtos a preferência pela comercialização dos produtos através do canal direto; dessa forma, não haverá a intervenção de intermediários; mas um contato direto entre produtor e consumidor. Além disso, é oportuno para criar laços de confiança e fidelidade entre ambos agentes. A organização através de cooperativas e associações das classes produtoras locais contribui na captação de recursos e desenvolvimento da dinâmica econômica da caprinocultura do estado, que por sua vez, influenciaria em outras cadeias produtivas dos demais municípios e estadas brasileiros. É importante destacar ainda que outros fatores proporcionam a prática da caprinocultura e a produção de leite caprino, por exemplo, o baixo custo da terra é um fator bastante atrativo para os possíveis novos produtores caprinos. Assim sendo, por tratar-se de terras com dimensões menores, a utilização de empregados é desprezível ou inexiste; pois o próprio proprietário e seus familiares exercem a atividade caprina. Por fim, observa-se ainda que apesar dos fatores climáticos adversos, os dados indicam a viabilidade da atividade no Rio Grande do Norte e a relevância da produção do leite caprino para a dinamização econômica regional. As informações coletadas ainda servem de sinalizador atrativo para a inserção de novos investidores no ramo caprino que visam corroborar para o desenvolvimento desta atividade no estado.
6. REFERÊNCIAS ALMEIDA, Ana Márcia Pádua de. Sistemas de canais de distribuição: um estudo de caso na indústria alimentícia mineira. Caderno de Pesquisa em Administração, São Paulo, v.1, n°8, 1999.
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MODELAGEM MATEMÁTICA DA RELAÇÃO ENTRE CUSTOS TOTAIS E QUANTIDADES PRODUZIDAS DE FRANGO DE CORTE NO ESTADO DO CEARÁ Jucimar Casimiro de Andrade Mestre em Administração e Desenvolvimento Rural pela UFRPE Av. Dom Manuel de Medeiros s/n – Dois Irmãos – Recife-PE. E-mail: jucimarcandrade@gmail.com Maurílio Arruda de Araújo Mestrando em Administração e Desenvolvimento Rural pela UFRPE Av. Dom Manuel de Medeiros s/n – Dois Irmãos – Recife-PE. E-mail: maurilioarruda@hotmail.com Letícia Alves de Melo Mestranda em Administração e Desenvolvimento Rural pela UFRPE Av. Dom Manuel de Medeiros s/n – Dois Irmãos – Recife-PE. E-mail: amletcia@gmail.com Grupo de Pesquisa: Agronegócio, Mercados e Comercialização RESUMO Uma boa gestão de custos, talvez represente um dos maiores desafios organizacionais dentro da gestão de um empreendimento rural, principalmente se levarmos em consideração a forte competitiva entre os diversos mercados. Assim, tendo em vista a real necessidade de conhecimento de como esses custos tendem a se comportar durante o processo de produção de frangos de corte, o presente artigo teve como propósito analisar como os custos de produção de frango no estado do Ceará se relacionam com as quantidades produzidas em unidades/lote de frango para abate. Para isso, utilizou-se os dados dos custos de produção de frango disponíveis pelo site a Central de Inteligência de Aves e Suínas (CIAS) da Embrapa Suínos e Aves em parceria com a Cia. Nacional de Abastecimento (CONAB). Para os cálculos, utilizou-se as planilhas do Microsoft Excel® e o pacote econométrico Gretl. Através do modelo MQO para as variáveis (y1 e x1) constatou-se pelas simulações nas planilhas que o mesmo é satisfatório e serve como apoio à tomada de decisão sobre as projeções de custos/lote para uma estimativa de produção de frangos para abate entre 21.880 e 21.910 cabeças; desde que assuma-se uma margem de erro de ±11,11%, aplicando o modelo em intervalos menores de 10 unidades constata-se uma diminuição nessa margem, sendo que o ponto ótimo de estimação gira em torno de 21.890 cabeças (± 99,98% de precisão) de frango por R$/Lote no sistema convencional de criação de frango. Palavras-chave: Custos de produção de frango. Gestão do agronegócio. Modelagem matemática. ANALYSIS OF COSTS OF RURAL MANAGEMENT: a study of the behavior of chicken production costs in Ceará ABSTRACT
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A good cost management, may represent one of the biggest organizational challenges in the management of a rural enterprise, especially if we take into account the competitive strong among the various markets. Thus, in view of the real need for knowledge of how these costs tend to behave during the broiler production process, this paper aimed to analyze how the chicken production costs in the state of Ceará relate to quantities produced in units / batch of chicken for slaughter. For this, we used data from chicken production costs available on the website Central Intelligence Poultry and swine (CIAS) of Embrapa Swine and Poultry in partnership with Cia. National Supply (Conab). For the calculations, spreadsheets was used Microsoft Excel® and econometric package Gretl. was formulated also a statistical model to linearize the variables (y1 and x1) constatando- if the simulations in the spreadsheets that it is satisfactory and serves as support for decision-making on the cost projections / lot for a chicken production estimate for slaughter between 21,880 and 21,910 heads; since it assumes a margin of error of ± 11.11% applying the model at intervals of less than 10 realizes units is further a decrease in the margin of error for the observed data; and that the estimation of optimum is around 21,890 heads (± 99.98% accuracy) of chicken for R $ / Lot in the conventional breeding of chicken. Keywords: Chicken Production Costs. Management of agribusiness. Mathematical modeling. 1
INTRODUÇÃO Os avanços tecnológicos têm proporcionado às empresas uma infinidade de
oportunidades de criação e desenvolvimento de sua estrutura administrativa e também de seu parque industrial e tecnológico. Essa expansão do conhecimento pode ser vista em praticamente em todos os ramos do mercado, inclusive com as empresas do ramo agropecuário, pois o agronegócio mundial e, especificamente o brasileiro, estão cada vez mais competitivos e dinâmicos, como corroborado pelo Ministério da Agricultura (MAPA, 2014): o agronegócio brasileiro é uma atividade próspera, segura e rentável. Com um clima diversificado, chuvas regulares, energia solar abundante e quase 13% de toda a água doce disponível no planeta, o Brasil tem 388 milhões de hectares de terras agricultáveis férteis e de alta produtividade, dos quais 90 milhões ainda não foram explorados. Como parte integrante do setor primário do agronegócio brasileiro, a produção de frango destaca-se como uma das molas propulsoras da produção pecuária juntamente com outras atividades que também se destacam no cenário nacional. Dados coletados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA, 2016) mostram que as exportações brasileiras de carne de frango (considerando frango inteiro, cortes, processados e salgados) totalizaram em 2015 uma produção de 13,146 milhões de toneladas, um volume 3,58% superior à produção em 2014. Destacando que mesmo com a crise econômica brasileira, o consumo interno tem aumentado em média a 43,25 Kg/ano em 2015, 1,1% maior que em 2014. Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1789
Para o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção brasileira de frango subirá 3,8% em 2106, um aumento de 13,5 milhões de toneladas, impulsionado principalmente pela desvalorização do real frente ao dólar e pela abertura de novos mercados. Assim, a produção de frango de corte que antes era concentrada inicialmente na região Sul e Sudeste do país. Nos últimos anos, tem migrado para outras regiões do país, principalmente para zonas produtoras de grãos que são utilizados no processo produtivo e também em regiões em que o mercado consumidor vem crescendo consideravelmente, como nos estados nordestinos de Pernambuco, Bahia e Ceará. O estado do Ceará apresenta uma boa potencialidade de crescimento do setor avícola, principalmente pela proximidade de centros consumidores como nos estados vizinhos da Piauí, Paraíba, Rio Grande do Norte, e também por Fortaleza ser a capital mais próxima da Europa, o que facilita a produção e exportação de carne de frango. Para a Associação Cearense de Avicultura (ACEAV, 2015) a importância da atividade avícola no estado pode ser dimensionada pelos números gerados: faturamento de cerca de R$ 700 milhões em 2014; o valor bruto da atividade avícola representa cerca de 2,5% do PIB estadual; em torno de 6.810 postos de trabalho foram gerados segundo a RAIS em atividades ligadas direta ou indiretamente com a atividade agropecuária de frango de corte no Ceará.
Figura 1: Composição do custo de produção-aviário climatizado positivo/Ceará Fonte: Central de informações de Aves e Suínos (Embrapa), 2016. No estado do Ceará, os maiores custos são os decorrentes da alimentação das aves (66,01%), seguido da alimentação com 3,87% e outros custos no valor de 26,76%. Por não ser um estado produtor de um dos principais insumos usados da produção de frangos, o milho, muitas vezes os produtores tem que importar tal matéria-prima de outros estados, e essa dependência logística faz com que o preço seja bastante suscetível às variações do mercado regional.
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Portanto, conhecimento sobre os custos de produção agrícola é uma importante ferramenta de controle e gerenciamento das atividades produtivas e de geração de importantes informações para subsidiar as tomadas de decisões pelos produtores rurais e, também, de formulação de estratégias pelo setor público. Assim, para administrar com eficiência e eficácia uma unidade produtiva agrícola, é imprescindível, dentre outras variáveis, o domínio da tecnologia e do conhecimento dos gastos com insumos e serviços em cada fase produtiva da lavoura, que tem o custo um indicador importante das escolhas do produtor. (CONAB, 2015). Assim, a presente investigação torna-se relevante, pois o estado do Ceará é um dos maiores produtores de carne de frango do nordeste, e estudos que venham a aumentar a eficiência na produção e comercialização de frango nesse segmento do agronegócio podem representar um diferencial competitivo e auxiliar na melhoria no processo produtivo tanto para o produtor integrado quanto para a agroindústria. Dessa forma, a presente pesquisa tem o objetivo responder à seguinte questãoproblemas: Como os custos totais de produção de frango (fixos e variáveis) no estado do Ceará se relacionam como as quantidades produzidas em unidades/lote de frango para abate? 2
REFERENCIAL TEÓRICO Compreender o comportamento dos custos de produção em uma determinada atividade
pode envolver alguns desafios, principalmente se o proprietário não tiver conhecimento técnico sobre o assunto, o que pode elevar os riscos de um insucesso na atividade. Assim, a compreensão de como os custos tendem a se comportar ao longo de uma série histórica conhecida, pode auxiliar o produtor na hora da tomada de decisão e também ajudar a melhor avaliar o efeito de políticas internas que a empresa adota. Gestão de custos é definida por Martins (2003) como um ramo da contabilidade que define questões de custos estratégicos que são movidos tanto por informações financeiras quanto não financeiras. Portanto, o objetivo da gestão de custos é fornecer condições para as empresas tomarem decisões para finalmente aumentar a competitividade da empresa. Reis (2002) define os custos de produção como sendo a soma dos valores de todos os recursos (insumos e serviços) utilizados no processo produtivo de uma atividade agrícola, em certo período de tempo e que podem ser classificados de curto e de longo prazo. A estimativa dos custos de produção é o detalhamento de todas as despesas e receitas diretas e indiretas das atividades produtivas (Garcia, 2005). Esse custo é um dos principais fatores a ser analisado para a boa administração de uma empresa. Com ele, pode-se estimar a Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1791
viabilidade econômica de um negócio, em função do capital investido, compará-lo com outras atividades agropecuárias ou mesmo, a atividades que não envolvem uso da terra. Sobre uma boa gestão no agronegócio, principalmente quanto à variabilidade dos custos, Raíces (2003, p.12 e 14) aponta: Ser um bom produtor rural vai muito além de garantir qualidade, obter boa produtividade ou manter uma criação sadia. A atividade exige o conhecimento de todos os custos envolvidos na operação. O sucesso na agricultura, como em qualquer outra empresa, vem da atenção à gestão dos custos de produção, à capacitação do pessoal e à seleção de insumos.
A definição de eficiência da pecuária começa pela conjunção de despesas e receitas, gerando lucros ou prejuízo. Normalmente, o produtor se preocupa com o preço do produto, e o preço não justifica o sucesso ou fracasso de um negócio. O que interessa é o todo, custo em conjunto com preço e renda, o que determinará o lucro da atividade em questão (CARLINI JUNIOR e FONSECA, 2006). Sobre a importância da gestão eficiente e eficaz dos custos de produção Ferreira (2004) destacam: A importância de estudar o custo de produção deve-se a dois objetivos principais: auxiliar no processo de tomada de decisão do produtor e avaliar os efeitos das políticas governamentais. Para o produtor, o conhecimento detalhado dos componentes do custo auxilia a determinação do sistema de produção a ser usado, relacionado com a utilização dos diversos fatores e levando em consideração a sua disponibilidade e preço. Assim, o produtor poderá alterar sua planilha de custo, racionalizando a utilização de fatores e objetivando a maximização do lucro. Para o governo, a intervenção dar-se-á mediante políticas que objetivem o controle de preço e de crédito, entre outras.
A importância da análise de custos da pecuária também é abordada por Marion (2009) ao afirmar que conhecer o custo real de cada lote ou do rebanho a qualquer momento é uma informação imprescindível à gerência, não só para apurar a rentabilidade após a venda, mas também (o que é mais importante) para determinar o ponto ótimo de venda, ou seja, não manter o gado ou lote quando os custos passam a ser maiores que o ganho de peso (ou mantêlo se o preço de mercado está baixo). Sem conhecer os custos, o empresário não saberá se está efetivando ou não os lucros e nem terá subsídios para tomar decisões corretas para direcionar sua empresa aos resultados positivos ou melhores que os atuais. (NOGUEIRA, 2004). Atualmente o Brasil ocupa a 3º posição no ranking mundial de produção de carne de frango atrás somente dos Estados Unidos e da China que são os principais produtores, com
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16.98 milhões toneladas e 13.50 milhões toneladas, respectivamente. A produção nacional, por sua vez, em 2013, atingiu 12.30 (milhões ton.), com uma disponibilidade interna de 68,4% da produção, sendo que a maior produtividade concentrou-se no estado do Paraná, com participação de 31,12%, seguido por Santa Catarina, com 16,66%, Rio Grande do Sul, 14,56% e São Paulo, 10,99% (UBA, 2014). Crepaldi (2009, p. 277) destaca alguns desafios para avicultura, principalmente relacionado aos custos de produção: Para ser competitivo, o avicultor precisa conhecer seus custos, ampliar a linha de produção e buscar parcerias. Na atualidade, é praticamente impossível o pequeno produtor sobreviver economicamente na avicultura sem unir-se às integrações, isto é, fazer parte do sistema de comercialização que garante a absorção do produto final, independentemente da situação do mercado.
A respeito da expansão da avicultura nordestina, o Sebrae (2008) destaca que existem ainda alguns problemas que impedem um maior crescimento do setor, principalmente relacionados ao insumos, mas que a atividade tem grandes perspectivas de mercado, tanto pela ampliação da demanda interna, quanto pela expansão do consumo mundial de proteína animal. As regiões Norte e Nordeste, devido aos pequenos volumes produzidos, provavelmente decorrentes de custos mais elevados de produção, especialmente do custo de alimentação das aves, têm pouca participação na produção nacional, sendo que o Nordeste detém uma posição melhor do que a ocupada pela Região Norte. Estudos anteriores mostram que o custo com alimentação responde por, aproximadamente, 70% do custo total de produção de frango de corte e por 80% dos custos variáveis; dessa forma, as decisões sobre alimentação afetam, em grande escala, a rentabilidade econômica da atividade (OLIVEIRA 2009). Carmo, Santos e Santos (2008) realizaram um estudo com objetivo apresentar os resultados obtidos através da aplicação das metodologias de custeamento por absorção, custeamento variável e custeamento baseado em atividades (ABC) em um empreendimento estrutiocultor da cidade Uberaba-MG, cuja atividade operacional consistia na incubação, cria, recria e engorda de avestruzes para o abate e, ainda, comparar tais resultados para identificar aquela metodologia de custeamento que melhor se adapte à atividade pecuária em questão, no processo decisório em geral. Constatando que a metodologia de custeamento baseado em atividades (ABC) produziu a maior quantidade de informações relevantes para a tomada de decisões gerenciais neste tipo de negócio pecuário.
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Ainda sobre as metodologias de custeamento aplicadas a negócios agropecuários avícolas. Silva, Metzner e Braun (2005) realizaram um estudo que teve como objetivo avaliar se a apuração dos custos na produção de ovos férteis estava sendo realizada de maneira adequada, enquanto instrumento de apoio à tomada de decisões em uma empresa avícola que comercializa pintos de um dia, ovos férteis e matrizes de corte. Constatando que o sistema de custeio adotado pela empresa era o custeamento por absorção e, mediante algumas simulações, os pesquisadores propuseram a mudança desta sistemática para a de custeamento variável. Sendo que, a empresa passou a adotar o modelo proposto como uma ferramenta adicional ao processo de gestão e mensuração dos seus dados de custos, isto, sem abandonar a sistemática de custeamento por absorção. Ainda no campo de pesquisa empírica aplicada à criação de aves, Hofer, Kipper e Silva (2006) elaboraram um estudo de caso sobre a atividade estrutiocultora (criação de avestruz), enfocando o controle de custos e a viabilidade econômica do negócio. Os autores aplicaram a metodologia de custeamento variável em uma propriedade na região oeste do Paraná, no período de 01 de julho de 2004 a 30 de junho de 2005. Concluiu-se que a atividade era viável para a empresa analisada, entretanto, necessitava da implantação de um sistema de controle de custos para auxiliar a tomada de decisões, bem como para controle do plantel. Um estudo realizado por Corrêa et al (2015) com o objetivo de analisar a elasticidade de transmissão de preços da carne de frango no mercado do estado de São Paulo e identificar em qual nível de mercado concentra-se o maior poder de formação de preços, seja ao nível do produtor, atacado e varejo. Para tanto, foi empregado no tratamento dos dados de preços da carne de frango ao nível do produtor, atacado e varejo o modelo econométrico de Vetor AutoRegressivo (VAR). Os resultados encontrados por meio da análise da decomposição da variância dos erros de previsão demonstraram que o produtor possui alto poder de formação dos preços da carne de frango no mercado interno de São Paulo, tendo influência direta na formação dos preços praticados tanto em nível de atacado como de varejo. Com base nas planilhas de custos de frango da Embrapa Suínos e Aves, Carmo et al (2011) realizaram um estudo cujo objetivo era conceber uma modelagem matemática que fosse capaz de linearizar o comportamento dos custos totais de produção de frango em relação às quantidades produzidas de frango em cada lote no sistema de produção climatizado positivo no estado de Minas Gerais, como forma de constituir uma ferramenta de auxílio à tomada de decisão nessa atividade. Com a utilização do ferramental estatístico de regressão linear simples, verificou-se que o modelo proposto é satisfatório para uma estimativa de Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1794
produção compreendida entre 20.000 e 25.000 unidades/cabeças de frango desde que seja admitida uma margem de erro de ±11%. Caso as estimativas de produção fiquem entre 21.000 unidades e 24.000 unidades, a margem de erro do modelo proposto cai para ±7%. Pode-se afirmar que a modelagem proposta atinge o seu ponto ótimo quando as estimativas de produção giram em torno de 22.000 unidades, mas essa pesquisa apresentou falhas metodológicas por não testar estatisticamente a estacionariedade das variáveis. Recentemente, Andrade et al (2015) realizaram um estudo semelhante ao anterior, cujo objetivo era analisar a relação estatística entre a quantidade produzida de cabeças de frango para abate e os custos totais de produção, que englobava os custo fixos e variáveis no estado de Pernambuco. Verificando que o modelo encontrado é satisfatório para uma estimativa de produção de frangos para abate entre 22.000 e 23.200 cabeças, desde que assuma-se uma margem de erro de ±3%, aplicando o modelo em intervalos menores percebeu-se ainda mais uma diminuição na margem de erro para os dados observados sendo que o ponto ótimo de estimação encontra-se quando há uma produção mensal em torno de 22.600 unidades. Mas esse estudo foi limitado quanto aos meios, uma vez que utilizou uma série relativamente curta (2010 e 2011) o que segundo os autores pode ter ocasionado uma constante negativa, que teoricamente teria que ser positiva, conforme observa-se na literatura sobre custos. 3
METODOLOGIA Em relação aos objetivos, essa pesquisa classifica-se como descritiva e explicativa, e
quanto aos procedimentos classifica-se em bibliográfica e documental. Conforme Silva e Menezes (2005), a pesquisa descritiva procura descrever as características de determinado fenômeno e a pesquisa explicativa visa identificar os fatores que contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Em relação à pesquisa documental, esta é elaborada a partir de materiais que ainda não receberam tratamento analítico. Destarte, a Embrapa-Suínos e Aves em parceria com a Conab calcula e divulga mensalmente os custos de produção do produtor e da agroindústria através do site da Cias (Central de Informações de Aves e Suínos) nas modalidades: climatizado negativo, climatizado positivo e convencional. Para esta análise, utilizou-se dos dados secundários mensais de custos totais de produção (fixos e variáveis), tanto do produtor quando das agroindústrias no sistema de produção convencional (sistema mais adotado pelos produtores cearenses) entre os meses de janeiro de 2010 a setembro de 2014 estado do Ceará. Quanto ao método matemático que serviu de base para a análise, adotou-se o modelo econométrico MQO (Mínimos Quadrados Ordinários). Para Batalha (2010) a modelagem é Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1795
uma arte e desenvolver um modelo que represente um sistema real é uma tarefa que requer muito cuidado e muita experiência. Um modelo dever ter duas qualidades: (1) ser descritivo, fornecendo explicações que facilitem a compreensão do sistema estudado; e (2) ser descritivo, representando um conselheiro que orienta sobre situações futuras. A modelagem envolve duas situações de conflito que exigem que o modelo seja simples o suficiente para permitir sua construção e manipulação e, ao mesmo tempo, seja complexo o bastante para envolver todas as variáveis relevantes e suas relações. Uma forma de contornar esse conflito é construir modelos simples e sofisticá-lo à medida que novas exigências forem surgindo. Sendo que a operacionalidade dos cálculos foi realizada com o auxílio da planilha eletrônica Microsoft Excel® e do Software econométrico Gretl – Gnu Regression, Econometrics and Time-series Library, versão gretl-2016-64.exe. Para a análise estatística do grau de confiabilidade dos dados através da técnica dos Quadrados Mínimos Ordinários (MQO) utilizou-se os coeficientes de correlação R (R múltiplo) e determinação R2 (R quadrado), e também o teste “t de student” para testar a significância dos coeficientes angular e linear, respectivamente. Outrossim, foram utilizados os testes: F de Fischer-Snedecor para verificar o grau de influência da variável explicativa sobre a explicada, teste de normalidade dos
resíduos
(Teste
Doornik-Hansen,
1994),
teste
para
verificar
a
presença
Heterocedasticidade (Teste de White ou Breush-Pagan, 1980) e o teste Chow de quebras estruturais, para testar a estabilidade das variáveis. Sendo, portanto, uma pesquisa de cunho predominantemente quantitativo (CORRAR et al, 2009). Uma observação a ser feita é que a Embrapa Suínos e Aves mudou a forma de divulgação dos custos de produção de frango pelo sistema Cias. Portanto, a partir de 2016 não se consegue mais visualizar os custos por unidade, por produtor e por agroindústria, o que explica a utilização da série de dados até setembro de 2015 para essa análise. 4
ANÁLISE DE DADOS Devido à natureza quantitativa e multivariada dos dados de custos e quantidades de
frango nas planilhas da Embrapa, foram empregados procedimentos estatísticos multivariados de controle da média e da variabilidade das variáveis observadas, com o objetivo de verificar se os parâmetros de distribuição serão constantes em datas futuras, ou seja, se a oscilação dos valores de custos no passado terão um padrão mais homogêneo para futuras projeções na quantidade de lotes produzidos de frango, ou seja, usou-se uma média anual das quantidades de cabeças produzidas de frango.
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Outro ponto de destaque em relação aos dados das planilhas da Embrapa utilizadas nesta pesquisa é que os custos de produção informados são referentes à produção em lotes de 21.000 aves, pois a Embrapa adota metodologias próprias para cálculo desses valores. Para obtenção das quantidades reais de frangos para abate utilizados neste artigo, utilizou-se o critério de Carmo et al (2009) e Andrade et al (2015), ou seja, uma regra de três simples que consistiu na divisão do custo variável total do produtor e da agroindústria, pela média do custo variável unitário em cada ano. Exemplo, no mês de janeiro de 2010 a Cias. informou que os custos totais foram na ordem de R$ 60.627,00 e para esse ano a média dos custos variáveis (unidades produzidas de frango no 12 meses de 2010) foi de R$ 4,80 por cabeça. Procedeu-se aos cálculos aritméticos de R$ 60.627/4,80 e obteve como quantidades reais produzidas no mês de janeiro de 2010 o valor aproximado de 13.194 cabeças por lote de 1.200 m2. Logicamente tal procedimento acaba por dissolver os dados, mas é o critério mais recomendado na literatura para equalizar os valores dos custos variáveis unitários e proporcionar melhor ganho de decisão. Assim, esse procedimento foi feito para todos os meses em 2010 e 2014 conforme dados abaixo.
Após tabulação com auxílio das planilhas do Microsoft Excel®, conforme tabela 01 acima, procedeu-se aos cálculos dos valores expressos dos anos de 2010 a 2014 onde da coluna produção (cabeças) representa a variável explicativa (x1) quantidade produzida de frango para abate, e a coluna custo total (R$/Lote) representa a variável resposta (y) custo total de produção de frango para abate em cada lote de 1.200 m2 no estado de Ceará. O resumo da regressão desses valores feito com auxílio do Gretl está expresso na tabela 02 abaixo. Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1797
Fica evidente que os custos totais de produção versus as unidades produzidas apresentam uma relação linear. Assim, o modelo MQO que apresentou um coeficiente de correlação (R múltiplo) em torno de 0,76 muito próximo de 1; isso indica que existe um alto grau de relacionamento entre as variáveis: custo total e quantidade produzida; ou seja, pode-se afirmar que o custo total de produção de frangos no estado do Ceará sofre uma variação no mesmo sentido das quantidades produzidas, e ainda, que essas quantidades influenciam fortemente a composição do custo total em média em 76%. Quanto ao coeficiente de determinação (R-Quadrado) encontrado para o modelo foi de 0,63 os que significa que 63,00% do custo total pode ser explicado pelo regressor quantidade produzida (x1). Os testes “t” de significância dos parâmetros estimados (intercepto e coeficiente angular) foram respectivamente de 2,037 e 9,892 um pouco elevados; mas cujos níveis de significância (0,0462 e 4,64E-014) são menores que o nível de significância adotado nesta pesquisa que foi de α=5%=0,05. Destarte, rejeita-se a hipótese de efeito nulo da variável quantidade sobre a variável custo total. O teste F-Snedecor que foi de aproximadamente 97,84 também rejeita a hipótese de não haver influência da variável quantidade sobre custo total ao nível de 5%. Abaixo se encontram os valores dos coeficientes (β0; β1) calculados com o auxílio das planilhas e do pacote Gretl® tendo como base os valores da tabela 01:
Observado por meio do coeficiente de correlação que existe uma forte relação linear entre as duas variáveis y e x1, pôde-se calcular uma equação da reta: y = β0 + β1x1
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representando a relação linear dos dados analisados. Esse modelo proposto tem como variável dependente o custo total de produção de frangos e como variável independente a quantidade de frango produzida para abate em cada mês, conforme tabelas anteriores. Após cálculo dos coeficientes e encontrada e melhor equação que representa a relação entre os custos e as quantidades produzidas. Procede-se com os testes econométricos para verificar se o modelo econométrico utilizado estava ajustado e respondia à variável de interesse (y) através dos testes de normalidade dos resíduos, heteroscedasticidade e estabilidade. Para testar a hipótese de normalidade dos resíduos foi aplicado o teste de normalidade de Doornik-Hansen (1994). Por este teste é possível testar se a hipótese de normalidade é verdadeira. Com a finalidade de verificar a existência de heteroscedasticidade no modelo foi aplicado o teste de White (1980). O modelo estatístico em que ocorrer a existência de heteroscedasticidade a variância do erro não observável, condicional nas variáveis explicativas, não é constante. O teste de White tem por objetivo verificar se o modelo apresenta erros ao longo de sua função, ou seja, se ocorre a perda do poder de explicação das variáveis (BRUNI, 2010).
Os testes acima foram obtidos com auxílio do pacote Gretl e Microsoft Excel® em que o teste de normalidade utilizado foi o de Doornik-Hansen, pois o mesmo apresenta propriedades estatísticas superiores ao Jaque-Bera em pequenas amostras. Assim, assumindose como hipóteses: H0= os resíduos estão normalmente distribuídos H1= os resíduos não estão normalmente distribuídos Tem-se que o p-valor = 1,00E-05 portanto menor que 0,05, rejeitando a hipótese de normalidade dos resíduos. Quanto os resíduos não estão normalmente distribuídos, recomenda-se utilizar a transformação de Box-Cox para melhor ajustar os dados, mas devido a tempo e recursos, tais ajustes não foram possíveis. Segundo Lopes (1995) a literatura já vem mostrando que a hipótese de normalidade dos resíduos para dados econômicos raramente é aceita. Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1799
Para o cálculo do teste de Heterocedasticidade foram utilizados os testes de White e Breush-Pagan, apesar desse ser recomendado apenas quando a série apresenta distribuição normal. Assim, esses estes tiveram a finalidade de identificar a não homoscedasticidade dos dados, ou seja, quando as variâncias não são iguais para todas as observações. Nesse caso, o teste Breush-Pagan oferece um resultado baseado na estatística Qui-quadrado nesse caso com p(qui-quadrado
(1)>0,005258861
=
0,4514
,
então
aceita
a
hipótese
nula
de
homoscedasticidade dos resíduos. Da mesma forma o teste White p-valor =0 ,311839 também rejeitando a hipótese de Heterocedasticidade. Além dos testes anteriores; para análise de dados desta pesquisa foi realizado o teste Chow para avaliar se os parâmetros da regressão são estáveis ao longo do intervalo de estimativa. Assim, esse teste verifica a estabilidade dos parâmetros, dividindo-se o intervalo da amostra em duas partes e estimando-se novamente os parâmetros em cada sub-amostra e assume as seguintes hipóteses: H0= as estimativas para os coeficientes são estáveis H1= as estimativas para os coeficientes não são estáveis Portanto, realizado o teste para a falha estrutural na observação 30 F(2, 56) = 44,488 com p-valor 0,0000 rejeita-se a hipótese nula de que os coeficientes estimados para essa regressão são estáveis a longo do tempo. Após testes e encontrado o melhor modelo que se ajustou aos dados, procedeu à estimação dos valores através do modelo MQO y = β0 + β1x1 encontrado e comparou-se com aos valores reais dos custos e unidades dos anos de janeiro de 2015 a setembro de 2015, conforme tabela seguinte.
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O modelo estimado apresentou um erro médio de previsão em torno de 31,00%, bastante elevado, mas esperado, visto que os testes indicaram apesar da homoscedasticidade dos dados, não haver normalidade dos resíduos e nem foi constatado estabilidade nos coeficientes estimados. Em seguida, foram feitas várias simulações com ao auxílio de planilhas eletrônicas, levando-se em consideração a quantidade média produzida entre os anos de 2010 a 2014 para comparação com os valores reais de 2015, através do modelo y = 18.284,76 + 3,95x1, cujo gráfico expõe os resultados:
Gráfico 1: Grau de precisão do modelo encontrado (%) Fonte: Elaboração própria com dados da Cias-Embrapa Suínos e Aves.
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As estatísticas utilizadas na determinação desse gráfico levam em consideração, não apenas o valor atual das variáveis observadas, mas também seus valores anteriores, o que aumenta a eficácia do processo de monitoramento da variabilidade ao longo do tempo. Então, foi possível constatar que o modelo é quase preciso (com erro médio de 9,98%) quando a produção atinge uma quantidade média de frangos produzidos por R$/Lote de 21.890 unidades. De posse dessa informação notou-se que efetuando mais simulações com intervalos de ± 10 unidades, o modelo tem uma oscilação no erro em média de aproximadamente ± 11.11%. 5
CONSIDERAÇÕES FINAIS O produtor rural está constantemente envolvido em decisões de investimentos,
principalmente em quanto produzir, qual o melhor preço que recupere os custos, etc. Assim, uma das principais variáveis que devem ser analisadas antes de se efetivar um investimento são os custos de produção. Uma boa gestão de custos pode representar um diferencial competitivo para o produtor capaz de mitigar os prováveis prejuízos por falta de planejamento, principalmente na cadeia produtiva do frango, que foi o foco desse estudo. Portanto, buscou-se com este artigo analisar a relação matemática entre os custos de produção de frango e as quantidades produzidas em unidades, permitindo assim planejamento de custos mais eficientes e eficazes, para os produtores que adotam o sistema de produção convencional no estado do Ceará. Os resultados apontaram que apesar da não normalidade dos resíduos e da não constância dos dados, o modelo mostrou-se satisfatório para estimativas de custos de produção de frango de corte do sistema convencional no estado do Cerará desde se assuma um erro em trono de 31,00% na média, sendo que a quantidade ideal gira em torno de 21.890 cabeças por lote 1200 m². Espera-se que esses dados sirvam de informação para a melhoria nos mecanismos de planejamento de produção e controle de custos por parte dos integradores e integrados com a utilização do modelo matemático proposto e que essa metodologia possa os auxiliar a entender melhor os problemas fundamentais de projeção de custos, evitando desperdício de insumos, tempo, energia; eliminando, aqueles recursos ineficazes e não necessários à atividade produtiva na cadeia do frango de corte em Ceará. Finalmente, a partir das informações obtidas e tratadas dos órgãos oficiais do governo, seja possível promover futuramente estudos mais homogêneos, levando-se em consideração outros itens não constantes dos custos de produção ao produtor não tratados nesta pesquisa, Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1802
mas que exercem bastante influência na formação do custo total de produção do frango, seja por cabeça, por lote ou por quilograma; que são os custos incorridos na agroindústria. Recomenta-se estudos mais precisos que verifiquem a possibilidade de transformação dos dados através da metodologia Box-Cox, visando maior poder de precisão e análise, além da inclusão de mais variáveis, que aparentemente esse foi um dos problemas limitantes que não permitiu mais generalizações sobre os resultados. REFERÊNCIAS ANDRADE, J.C de; MELO, A. de S.; MONTEIRO, D. S.; GUEDES, R.E.F.F; SILVA, R.M.da. Análise de custos na Gestão Rural: um estudo acerca do comportamento dos Custos de produção de frango em Pernambuco . Congresso Brasileiro de Administração, Economia e Sociologia Rural, 53º, 2015. João Pessoa-Pb. Anais... João Pessoa: Sober, 2015. 458 p. ARAUJO, M. J. Fundamentos de agronegócios. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2005. Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Disponível em: http://abpa-br.com.br/. Acesso em 14.03.2016. Associação cearense de avicultura (ACEAV). Disponível em: http://www.aceav.com.br/. Acesso em 25.05.2016. BATALHA, Mário Otávio (coord.). Gestão agroindustrial: GEPAI – Grupo de Estudos e Pesquisas Agroindustriais. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2010. BRUNI, Adriano Leal. Estatística Aplicada à Gestão Empresarial. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2010. CARLINI JUNIOR, R. J; FONSECA, A. B. Custos como determinante para a competitividade do setor avícola: um estudo no município de São Bento do Una-PE. http://www.custoseagronegocioonline.com.br/numero1v2/custos%20e%20competitividade.pd f. Acesso em 01.05.2016. CARMO, C. R. S.; LIMA, I. G.; OLIVEIRA, R. e OLIVEIRA, L. F. M. Modelagem matemática na gestão de custos: um estudo acerca do comportamento dos custos na produção de frangos em Minas Gerais. Disponível em: www.custoseagronegocioonline.com.br/numero2v7/modelagem.pdf. Acesso em 15 de maio de 2014. CARMO, M. S.; SANTOS, C. M. e SANTOS, L. M. S. Custos na Estrutiocultura uma comparação entre metodologias tradicionais de custeio e o ABC. In: XV Congresso Brasileiro de Custos – Curitiba, PR, Brasil. Anais... Florianópolis: 2008. Disponível em: <https://anaiscbc.emnuvens.com.br/anais/article/download/1202/1202>. Acesso em: 01.04.2016.
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O IMPACTO DOS PREÇOS EXTERNOS E DA TAXA DE CÂMBIO NAS EXPORTAÇÕES DE UVAS DO VALE DO SÃO FRANCISCO, ENTRE 1998 - 2015 THE IMPACT OF FOREIGN PRICES AND OF EXCHANGE RATE IN THE GRAPES’ EXPORTS OF THE SÃO FRANCISCO VALLEY, FROM 1998 TO 2015 Érico Alberto de Albuquerque Miranda Filiação: Doutorado em Economia Rural – Unidade Acadêmica de Economia - UFCG E-mail: mirandapb@uol.com.br José Alberto de Souza Filiação: Universidade Federal de Campina Grande E-mail: josealbertosouza@icloud.com Amanda Renally Pereira Costa Filiação: Universidade Federal de Campina Grande E-mail: amanda.renally@hotmail.com Viviane Juliana Oliveira Silva Filiação: Universidade Federal de Campina Grande E-mail: vivi_juliana@hotmail.com Grupo de Pesquisa: 5 – Agronegócio, Mercados e Comercialização Resumo Atualmente, o mercado brasileiro de uvas de mesa é um dos mercados hortifrutícolas que mais crescem no país. Neste sentido, a região do Vale do São Francisco é muito evidenciada por possuir videiras capazes de produzir até três vezes ao ano, tornando-se responsável por aproximadamente 99% das exportações de uvas do Brasil. Diante da importância do Vale, quanto a sua inserção no mercado mundial, objetiva-se por meio desse estudo identificar se variáveis como preços externos e taxa de câmbio real, são capazes de explicar a produção futura de uvas no Vale do Rio São Francisco. Através desses resultados será possível identificar qual o impacto de tais variáveis na eficiência do produtor, bem como na sua rentabilidade. Esse propósito será alcançado através do desenvolvimento de modelos econométricos estimados por MQO, baseados nos dados da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), e da base de dados do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), no período de 1998 a 2015. Por meio do modelo estimado, observou-se que os preços externos compõem variáveis significativas na determinação da produção para o ano seguinte, enquanto as alterações da taxa de câmbio real no período não possuem um papel significativo nessa determinação, contradizendo a teoria econômica que relaciona modificações na taxa de câmbio às alterações nas exportações. Palavras-chave: uvas, produção, exportação, Vale do São Francisco. Abstract Currently, the Brazilian market of grapes is one of horticultural markets that fastest growing in this country. The region Vale do São Francisco is very evidenced because has vines able to produce even three times during the year, becoming the region responsible for approximately Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1806
99% of grapes’ exports in Brazil. Given the importance of the Valley, as its insertion in the world market, the aim of this study is to identify if variables as foreign prices and real exchange rate are sufficient to explain the future production of grapes at Vale do São Francisco. Through results, it will be possible to check what impact these variables on grapes’ production and profitability. This purpose will be achieved through econometric estimated models by OLS, using the data base of Department of Foreign Trade (SECEX), and the IPEA data base (The Institute for Applied Economic Research) from 1997 to 2015. Through estimated model, was observed that foreign prices consisted of significant variables to determine the production to the next year, while the variation of the real rate exchange in this period does not have an expressive role on it, contradicting the economic theory that relates the variation of the real exchange rate and export. Key words: grapes; production; export; Vale do São Francisco. 1. Introdução A ocorrência das secas e a carência na oferta contínua de recursos hídricos foi sempre considerado o principal entrave para o desenvolvimento da produção agrícola no semiárido nordestino em bases sustentáveis. Um quadro diferenciado desta realidade emergiu através dos projetos públicos e privados de irrigação, possibilitando uma oferta de água contínua e viabilizando, assim, o cultivo de diversos produtos. Nesse contexto, destaca-se a fruticultura irrigada na região do Vale do Rio São Francisco – produção localizada às margens do rio, estende-se ao longo dos estados de Minas Gerais, Pernambuco, Bahia, Alagoas e Sergipe. Devido à fertilidade da terra nessa área, a subregião compreendida pelas cidades de Juazeiro (Bahia) e Petrolina (Pernambuco) é conhecida por sua importância na produção de frutas e hortaliças, desenvolvendo-se a ponto de se tornar o maior conglomerado urbano do semiárido. O papel de destaque do polo Petrolina/Juazeiro em meio ao semiárido nordestino justifica-se pela implantação dos primeiros grandes projetos públicos e privados de irrigação e por um ambiente institucional propício para a construção de economias externas dinâmicas. Tais fatores foram responsáveis por consolidar um novo padrão produtivo na região, impactando as relações de trabalho, o mercado de terras e a economia regional, tornando-se conhecido por possuir os maiores índices de produtividade, rentabilidade e emprego dentre as demais regiões frutícolas do país (MIRANDA, 2001). Os maiores produtores de uva no Brasil encontram-se nesse importante polo agroindustrial. Segundo dados recentes da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), a uva é a segunda fruta mais cultivada da região, totalizando 13.317 hectares em áreas plantadas. A produção atual da fruta equivale a 252.540 toneladas. Atualmente, o Vale do São Francisco é Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1807
responsável por aproximadamente 99% das exportações de uvas do Brasil, tendo segundo dados da SECEX, entre os seis principais importadores, os Países Baixos, que sozinhos são responsáveis por aproximadamente 52% da demanda externa, que se destaca por ser um grande centro de redistribuição de frutas; seguidos pelo Reino Unido, com 28%; Alemanha, 9,5%; Emirados Árabes Unidos, 4%; Noruega, 1,8%; e Estados Unidos da América, com cerca de 1,5%. Com relação ao valor recebido em R$ mil pelas exportações de uvas, entre 1997 a 2014, houve um aumento de mais de 4000%. Esses dados mostram que o Vale tem expandido a quantidade de frutas exportadas, mas também a qualidade das mesmas, devido ao aumento dos investimentos no processo produtivo, realizados principalmente, pelas grandes empresas fruticultoras da região. É importante salientar que a uva é uma das frutas mais consumidas no mundo, principalmente em seu estado “in natura”, sendo também bastante utilizada na fabricação de derivados como passa, suco, doce, geleia, vinho e vinagre (TARSITANO, 2001). A crescente demanda por este produto pode ser explicada pela mudança nos padrões de vida das pessoas, que anseiam por alimentos mais frescos e ricos nutritivamente. Na atualidade, o Brasil, está entre os 15 maiores produtores de uvas do mundo. Os investimentos em expansão da área cultivada e em tecnologias no campo, aliados a conquista de mercados externos, vêm contribuindo para a melhoria dos sistemas produtivos e a qualidade da fruta. O polo agrícola Petrolina/PE – Juazeiro/ BA vem chamando atenção pelo seu alto grau de eficiência, pois mesmo inserido em uma região com variáveis climáticas, as videiras são capazes de produzir até três vezes por ano, além disso, as altas temperaturas e as condições do semiárido nordestino possibilitaram o surgimento de uma nova versão da uva: tropical, saudável e extremamente doce. Como consequência, temos um aumento notável na competitividade e nas vantagens no comércio internacional. No mercado interno, devido o alto nível produtivo, a oferta de uvas pelo Vale do São Francisco é bem equilibrada, permitindo uma maior margem na determinação dos preços. O período de menor oferta é entre os meses de abril e junho, enquanto nos meses de julho até outubro observa-se uma oferta regular. A época de maior safra ocorre entre os meses de novembro a março, onde se verifica uma redução expressiva do preço do produto, beneficiando em especial aos consumidores de menor poder aquisitivo. Quanto ao mercado externo das uvas produzidas pelo Vale, nota-se a existência de dois períodos específicos de exportação que ocorrem paralelamente quando há uma redução da Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1808
oferta de paĂses concorrentes. Assim, o primeiro perĂodo vai de abril a junho, quando se comercializa geralmente um terço do volume exportado pelo paĂs, e o outro, de outubro a dezembro, referente aos dois terços do volume total das exportaçþes. AtravĂŠs de um modelo economĂŠtrico, estimado por MQO, objetiva-se nesse trabalho verificar se o produtor de uva do Vale do SĂŁo Francisco estima a sua produção do ano seguinte baseado nos valores passados das variĂĄveis explicativas: preços externos da uva e taxa de câmbio real. A anĂĄlise serĂĄ feita no perĂodo entre 1998 e 2015. Ao verificar esse comportamento, serĂĄ possĂvel analisar quais foram os impactos dessas variĂĄveis, na produção e na rentabilidade do produtor, e como elas justificam a trajetĂłria crescente das exportaçþes entre os anos de 2002 e 2015. 2. Metodologia Segundo o critĂŠrio baseado nos procedimentos tĂŠcnicos, a pesquisa, pode ser classificada, de acordo com Martins (1997), como uma pesquisa empĂrico-analĂtica, pois busca as caracterĂsticas de determinada população ou fenĂ´meno, estabelecendo as relaçþes entre variĂĄveis e fatos, onde o tratamento de dados ĂŠ realizado atravĂŠs do uso de tĂŠcnicas estatĂsticas e com validação dos resultados apoiada geralmente apenas nos nĂveis de significância estatĂsticas. 2.1 Modelos economĂŠtricos A fim de alcançar o objetivo proposto, foram utilizados dois modelos. O primeiro para analisar as variaçþes na rentabilidade dos produtores e o segundo para verificar as variaçþes na produção de uvas. Os seguintes modelos do tipo linear-linear e exponencial foram usados na estimação: Modelo Linear para rentabilidade: exportRt=đ?&#x203A;˝0+đ?&#x203A;˝1prext+đ?&#x203A;˝2txct+đ?&#x2018;˘đ?&#x2018;Ą
(01)
Em que: exportRt = exportaçþes em reais (R$) de 1998-2015; đ?&#x203A;˝0, đ?&#x203A;˝1 e đ?&#x203A;˝2 = parâmetros a serem estimados; prext = os preços externos do quilo da uva R$/Kg, entre 1997-2014;
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txct = a taxa de câmbio mĂŠdia entre o perĂodo de abril a junho e outubro a dezembro, de 1997-2014; ut = erro aleatĂłrio no perĂodo t. Para estimar o Modelo Linear estima-se antes um modelo do tipo log-lin, para reduzir a escala, como segue: ln(exportRt)đ?&#x2018;Ą= đ?&#x203A;˝0 + đ?&#x203A;˝1 * ln(prex)t + đ?&#x203A;˝2* ln(txct) + đ?&#x2018;˘đ?&#x2018;Ą
(02)
Para avaliar o impacto na produção de uvas, tem-se: Modelo Linear para rentabilidade: exportKgt=đ?&#x203A;˝0+đ?&#x203A;˝1prext+đ?&#x203A;˝2txct+đ?&#x2018;˘đ?&#x2018;Ą
(03)
Onde: exportKgt = exportaçþes em quantidade (Kg) de 1998-2015; đ?&#x203A;˝0, đ?&#x203A;˝1 e đ?&#x203A;˝2 = parâmetros a serem estimados; prext = os preços externos do quilo da uva R$/Kg, entre 1997-2014; txct = a taxa de câmbio mĂŠdia entre o perĂodo de abril a junho e outubro a dezembro, de 1997-2014; ut = erro aleatĂłrio no perĂodo t. Assim como no modelo anterior, um modelo do tipo log-lin deve ser estimado para reduzir a escala: ln(exportKgt)đ?&#x2018;Ą= đ?&#x203A;˝0 + đ?&#x203A;˝1 * ln(prex)t + đ?&#x203A;˝2* ln(txct) + đ?&#x2018;˘đ?&#x2018;Ą
(04)
Espera-se que os valores de đ?&#x203A;˝0, đ?&#x203A;˝1 e đ?&#x203A;˝2 sejam positivos e estatisticamente significativos, indicando que as exportaçþes partem de um valor positivo e que exista uma relação positiva e direta entre preços externos e exportaçþes, como mostra a teoria econĂ´mica, uma vez que, quanto maior for a diferença entre o preço externo sobre o interno, mais favorĂĄvel ĂŠ o cenĂĄrio ao exportador. A mesma relação aplica-se para a taxa de câmbio, seu comportamento crescente implica um cenĂĄrio favorĂĄvel Ă s exportaçþes. Por este se tratar de um modelo de sĂŠries de dados no tempo, o modelo poderĂĄ apresentar autocorrelação, o que interfere negativamente na significância estatĂstica dos resultados. Para MossorĂł - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1810
detecta-la basta aplicar o teste da estatística “d” de Durbin-Watson, que é a razão entre a soma das diferenças ao quadrado nos sucessivos resíduos e a SQR (Soma de quadrados dos resíduos), depois de encontrado a estatística d de Durbin-Watson, será construído os Intervalos de Decisão de Hipóteses a cerca da estatística, onde: H0: Ausência de autocorrelação positiva; H0*: Ausência de autocorrelação negativa. Para correção de tal problema, utilizou-se o processo de transformação de Prais-Winsten apresentado em Gujarati (2000), implementado para resolver os problemas de primeira ordem de autocorrelação, utilizando um método interativo. Após seu uso o modelo eliminará de seus resultados a autocorrelação. 2.2 Dados: Apresentação e fonte A fim de construir os modelos econométricos, foi utilizado como variável dependente as exportações, tanto em valores, quanto em quantidades, da uva do Vale do São Francisco. Como variáveis explicativas foram adotadas, os preços externos das uvas e taxa de câmbio real. Os dados abrangem o período de 1997 a 2015 e teve como fonte a base de dados da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), e também a base de dados do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). A taxa de câmbio utilizada corresponde ao período de 1997-2014, e é uma média entre alguns meses selecionados, pois existem, durante o ano, dois períodos para a exportação da uva brasileira, o primeiro vai de abril a junho, quando se comercializa normalmente um terço do volume exportado pelo país, e o segundo é de outubro a dezembro, quando se embarca os demais dois terços do volume total das exportações. As variáveis explicativas - preços externos e taxa de câmbio - estão em um período defasado, para possibilitar o teste da hipótese que o produtor agrícola estima a sua produção do ano seguinte, com base nos valores passados dessas variáveis. 3. Resultados e Discussões Durante a estimação do modelo, foi verificada em suas regressões, através da aplicação do teste da estatística “d de Durbin-Watson”, a força da autocorrelação. Após a utilização dos
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recursos supracitados na metodologia para detecção da autocorrelação, obtiveram-se os seguintes resultados: Para o modelo que trata da variação da rentabilidade, tem-se: Durbin-Watson d-statistic (k=3, n=18) = 0,804061 A estatística d mostra que há indício de autocorrelação positiva. Para a correção da autocorrelação foi utilizado a estimativa Prais-Winsten. Logo, após a aplicação de procedimento corretivo, tem-se: Durbin-Watson statistic (original) = 0,804061; Durbin-Watson statistic (corrigida) = 1,454649. Apesar de estar muito próxima do limite superior, a estatística d se encontra agora na zona de indecisão acerca da autocorrelação, mas isso não significa que há indícios desse problema. No modelo que trata da variação na produção da uva (Kg), temos: Durbin-Watson d-statistic (k=3, n=18) = 0,6514578. Observa-se indício de autocorrelação positiva. Aplicando o procedimento corretivo, tem-se: Durbin-Watson statistic (original) = 0,651458; Durbin-Watson statistic (corrigida) = 1,518452. A estatística d também se encontra na zona de indecisão sobre a autocorrelação, e bem próxima ao limite superior. A partir dos pressupostos adotados para um modelo de regressão nas análises realizadas, percebe-se que os resultados encontrados atendem satisfatoriamente a esses requisitos. Observou-se que as regressões realizadas foram estatisticamente significativas, o que sugere que a adição de nenhuma variável prejudicou o poder determinístico dos modelos estimados. De posse dos resultados encontrados a partir da aplicação da metodologia desenvolvida, procedeu-se a verificação dos resultados da pesquisa.
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Na regressão para a análise dos impactos na rentabilidade dos produtores de uvas, temse: R-Quadrado R-quadrado ajustado Erro padrão Observações ANOVA Regressão Resíduo Total Lnexprt Interseção Lnprext Lntxct
0,8621 0,8438 0,441 18 gl
SQ
MQ
F
F de significação
2 15 17
18 3 21
9 0,19448
46,9
0,0000
Coeficientes
Erro padrão
Stat t
valor-P
95% inferiores
95% superiores
16,0747 1,6757 0,6239
0,4925 0,4845 0,7623
15,0250 0,6430 -1,0009
17,1245 2,7085 2,2487
32,6400 0,0000 3,4600 0,0040 0,8200 0,4260
Apesar do coeficiente da taxa de câmbio ser positivo, verifica-se que o modelo é estatisticamente significativo. O mesmo mostra que variações no período de 1997 a 2014 não conseguem explicar para o ano seguinte as variações na rentabilidade do produtor de uvas, transferindo esse papel para os preços externos da uva, que impactam direta e positivamente sobre as exportações de uvas do Vale do São Francisco do ano seguinte, quando os preços externos variam em 1%, o produtor estima que sua rentabilidade se elevará em 1,68%. Ao analisar pelo lado da produção de uvas, tem-se: R-Quadrado R-quadrado ajustado Erro padrão Observações ANOVA Regressão Resíduo Total LnexpKgt Interseção Lnprext Lntxct
0,9196 0,9088 0,39264 18 gl
SQ
2 15 17
26,4395 2,3124 28,7520
Coeficientes Erro padrão
15,90223 0,83485 0,38750
0,49445 0,47665 0,71213
MQ
F
13,2198 85,750 0,1542 Stat t
valor-P
32,16000 0,000 1,75000 0,100 0,54000 0,594
F de significação
0,0000
95% inferiores
95% superiores
14,84834 -0,18111 -1,13038
16,95612 1,85082 1,90537
O modelo é significativo, porém, a taxa de câmbio não tem força na determinação da produção de uvas no Vale do São Francisco no ano seguinte, cabendo novamente aos preços externos essa relevância. O produtor tomando como base os preços externos, expande a sua produção de uvas em aproximadamente 0,83% a cada 1% de variação nos preços externos da uva. Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1813
Por meio da análise gráfica é possível verificar esse comportamento. GRÁFICO 1 – Preços externos da uva do vale e taxa de câmbio entre 1997-2015 R$ 8,00 R$ 7,00 R$ 6,00 R$ 5,00 R$ 4,00 R$ 3,00 R$ 2,00 R$ 1,00 R$ 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Peços externos VALE
Taxa de câmbio
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da SECEX e IPEA.
GRÁFICO 2 – Exportações de uvas do Vale do São Francisco (R$1000,00) entre 1997 e 2015 R$ 350.000,00 R$ 300.000,00 R$ 250.000,00 R$ 200.000,00 R$ 150.000,00 R$ 100.000,00 R$ 50.000,00 R$ -
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da SECEX.
GRÁFICO 3 – Exportações de uvas do Vale do São Francisco entre 1997 e 2015 em toneladas 90.000,00 80.000,00 70.000,00 60.000,00 50.000,00 40.000,00 30.000,00 20.000,00 10.000,00 -
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da SECEX.
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O gráfico (1) apresenta o desempenho dos preços externos do Vale e da taxa de câmbio, que no período entre 1998 e 2000 é caracterizado pela existência de um ponto de inflexão que resulta na elevação da taxa de câmbio em relação aos preços externos da uva. Essa mudança ocorreu devido a adoção do câmbio flutuante, em janeiro de 1999, que resultou na desvalorização do real frente ao dólar, explicada pela incerteza quanto à mudança do regime cambial. No período de 2001 a 2004, ao analisar o gráfico (2), verifica-se um aumento significativo nos preços externos da uva, impactando direta e positivamente na produção do ano seguinte, como é possível visualizar no gráfico (3). A alta dos preços do ano anterior estimulou o produtor a aumentar a quantidade produzida. Esse comportamento não é verificado quando analisado pela taxa de câmbio, que apesar da desvalorização no ano de 2002, apresenta nesse período uma trajetória de valorização, que não foi suficientemente necessária para conter o aumento da produção do Vale. Nos anos de 2005 a 2008, tanto os preços externos quanto a taxa de câmbio não oscilaram consideravelmente. Apesar das ínfimas variações observadas, iniciou-se nesse período um processo de crescimento da produção e da rentabilidade da uva brasileira, explicado pela consolidação do seu mercado externo desde 2003. Com a expressiva retração da demanda externa, consequente da crise mundial em meados de 2008 e 2009, as previsões para a produção e rentabilidade feitas pelos produtores não se concretizaram, fazendo com que as variáveis explicativas decrescessem juntamente com todas as expectativas acerca da demanda externa. Em 2010 observou-se uma melhora, fruto da estabilidade que o Brasil apresentou ao adotar politicas expansionistas no processo de recuperação da crise mundial. Por causa disso a produção agrícola foi pouco afetada e não houve redução na demanda externa pelo produto. Na análise dos anos entre 2013 e 2015, percebe-se que as variáveis explicativas – preços externos da uva e taxa de câmbio real - se comportam de maneira crescente, a oferta mundial do produto foi menor do que a demanda. Porém, mesmo havendo um aumento significativo nos preços e na taxa de cambio, favorecendo as exportações de um modo geral, estas apresentaram uma retração, justificada por fatores climáticos que penalizaram fortemente a região, a falta de chuvas impactou negativamente na produção de uvas. Por isso, nesse período houve uma redução na produção e consequentemente na rentabilidade dos produtores.
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A análise gráfica condiz com o modelo estimado, acerca das variações nas exportações de uva do Vale do São Francisco, dos preços externos da uva e da taxa de câmbio no período estudado, 1998-2015. 4. Conclusões Através do modelo estimado, considerando as variáveis que impactam as expectativas de produção e rentabilidade do produtor de uvas do Vale do Rio São Francisco, observou-se que as alterações da taxa de câmbio real no período de 1998 a 2015 não possuem um papel significativo no que se refere a determinação da produção para o ano seguinte. Por sua vez, os preços externos possuem maior influência na determinação na produção futura. Teoricamente, a taxa de câmbio deveria ter maior poder de influência nas exportações, porém isso não foi verificado no modelo adotado para a uva da região do Vale. Mesmo em períodos de taxas valorizadas, que acaba tornando o produto brasileiro mais caro para à exportação, a uva do Vale do São Francisco permaneceu competitiva no mercado internacional. Coube ao preço externo nortear os produtores, possibilitando a tomada de decisões quanto a sua produção, como também facilitando a análise e estimação da rentabilidade e ganhos deste negócio, visto que os dados encontrados possibilitam afirmar que os preços internacionais foram tão favoráveis que permitiram a expansão, na produção de uva do Vale, mesmo quando o câmbio não contribuía, criando um cenário difícil aos exportadores, e com esse fato, leva-se a concluir que haveria a possibilidade de uma expansão da produção maior que a verificada no período, se a taxa de câmbio tivesse uma correção favorável às exportações.
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LAZZAROTTO, Joelsio José; FIORAVANÇO, João Caetano. Tendências e sazonalidades nas exportações e importações brasileiras de uva de mesa. Informações Econômicas, v. 43, p. 43-58, 2013. MIRANDA, Érico. Comportamento Inovativo e Competitividade na viticultura do submédio São Francisco. 1 ed. Campina Grande: Editoria Universitária/UFCG, 2003. MIRANDA, Érico. Inovações Tecnológicas e Desempenho Econômico na viticultura do sub-médio São Francisco. 1 ed. Campina Grande: Editoria Universitária/UFCG, 2003. SECEX - Secretaria de Comercio Exterior. Alice-web. Disponível em: <http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br > Acesso em: 30 de ago. 2016. TARSITANO, M. A. A. Avaliação econômica da cultura da videira na região de Jales-SP. Tese (Livre Docência) - Faculdade de Engenharia, Universidade Estadual Paulista, Ilha Solteira, 2001. VELOSO, Aline de Freitas et al. Demanda Mundial por Uvas de Mesa e o Desempenho das Exportações Brasileiras no Período de 1990 a 2005. In: 46th Congress, July 20-23, 2008, Rio Branco, Acre, Brasil. Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural (SOBER), 2008.
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SETOR AGRÍCOLA BRASILEIRO: UMA ANÁLISE DA COMPETITIVIDADE DOS PRINCIPAIS PRODUTOS. BRAZILIAN AGRICULTURAL SECTOR: AN ANALYSIS OF THE COMPETITIVENESS OF MAIN PRODUCTS. Autor 1: KASSIA LARISSA ABRANTES ALVES Filiação: Graduanda em Ciências Econômicas- UFCG E-mail: klarissaabrantesa@gmail.com Autor 2: MATTHEUS RODRIGUES DA SILVA Filiação: Graduando em Ciências Econômicas- UFCG E-mail: mattheusr36@gmail.com Autor 3: SHAYANNE SILVANA ALVES DA SILVA Filiação: Graduanda em Ciências Econômicas- UFCG E-mail: shayannesilvana@hotmail.com Autor 4: DIAGO MARENILSON OLIVEIRA BATISTA DA SILVA Filiação: Mestrando - UFRN E-mail: diago_mobs@hotmail.com Grupo de Pesquisa: AGRONEGÓCIO, MERCADOS E COMERCIALIZAÇÃO. Resumo Este artigo tem como objetivo analisar a participação dos principais agrícolas, no que diz respeito à competitividade e a contribuição para o saldo da balança comercial brasileira. A pesquisa pode ser considerada como descritiva e exploratória, e no que diz respeito aos métodos de coleta de dados a mesma é caracterizada como pesquisa bibliográfica, e utiliza indicadores de comércio internacional. Foram analisados os sete produtos com maior participação na pauta de exportações entre 2012 e 2014 que são: milho, café, algodão, soja, trigo, açúcar e tabaco. Com base nos resultados dos indicadores de vantagem comparativa e de contribuição para o saldo da balança comercial podemos ver quais são os produtos com maior participação. Por fim, o estudo permitiu concluir que com exceção do trigo todos os outros produtos analisados se mantiveram como produtos competitivos e efetivamente importantes para o saldo da balança comercial por todo o período analisado. Palavras-chave: Setor agrícola. Exportações. Saldo Comercial. Vantagem Comparativa. Abstract This article aims to analyze the participation of the main agricultural, with regard to competitiveness and the contribution to the balance of trade balance. The search can be regarded as descriptive and exploratory, e no que diz respeito aos métodos de coleta de dados a mesma é caracterizada
como pesquisa bibliográfica, and used international trade indicators. Foram analisados os sete produtos com maior participação na pauta de exportações entre 2012 e 2014 que são: corn, coffee, cotton, soybean, wheat, tobacco and sugar. Based on the results of comparative advantage indicators and contribution to the balance of trade we can see which are the Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1818
products with greater participation. Lastly, the study concluded that with the exception of wheat all other products analyzed remained as competitive products and indeed important to the balance of trade throughout the period analyzed. Key words: Agriculture. Exports. Trade Balance. Comparative Advantage. 1. INTRODUÇÃO O Brasil é um país com uma vasta extensão territorial, toda esta extensão formada por várias áreas de terras férteis possibilita o desenvolvimento de um forte setor agrícola, levando em consideração as teorias de comércio internacional podemos afirmar que essas condições fazem do Brasil um país com dotação agrária, por possuir uma de forma abundante o fator do fator de produção terra, possibilitando o desenvolvimento de vantagens competitivas na produção de bens agrícolas. O modo como as políticas voltadas para o setor agrícola foram conduzidas proporcionou a estrutura agrária que temos hoje, com a produção agrícola centralizada em determinadas regiões do país, especialmente na região centro-oeste, através de culturas específicas, voltadas para o setor externo por meio das exportações. Para esse trabalho foram selecionados sete produtos agrícolas, os que tiveram forte participação na pauta das exportações entre os anos de 2012 e 2014, esses produtos são: Soja, Açúcar, Milho, Café, Tabaco, Algodão e Trigo. Este trabalho tem como objetivo analisar a participação desses produtos no que diz á competitividade e a contribuição para o saldo da balança comercial brasileira. O estudo utiliza dados referentes ao PIB brasileiro extraídos das séries estatísticas do Banco Central do Brasil (BCB), bem como os que se referem às importações e exportações nacionais extraídos do sistema ALICEWEB do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e os dados das importações e exportações mundiais extraídos da base de dados UN CONTRADE das Nações Unidas. A partir desses dados foram determinados os indicadores de competitividade e a contribuição ao saldo comercial, utilizando dois indicadores: Índice de Vantagens Comparativas Reveladas (IVCR) e o Índice de Contribuição ao Saldo da Balança Comercial (CS). O trabalho está estruturado, além dessa introdução, em mais quatro tópicos. O segundo tópico, referencial teórico, está subdividido em cinco subseções que abordam a importância do comércio internacional e as principais teorias sobre o mesmo, enfatiza o papel da agricultura na economia, uma perspectiva histórica sobre o setor agrícola no Brasil e algumas características do mercado de commodities agrícolas, no terceiro tópico é apresentada a metodologia: sua natureza, a fonte dos dados analisados e os indicadores utilizados no estudo. Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1819
O quarto tópico destina-se a análise dos resultados obtidos. E por fim o quinto tópico apresenta as principais conclusões do trabalho. 2. REFERENCIAL TEÓRICO. 2.1. A importância do Comércio internacional As relações internacionais entre países são o que caracterizam a economia como a conhecemos hoje, pois, não há como um país viver de forma autossuficiente, diante disso as relações ocorrem diante da necessidade de um país de vender o excedente de sua produção e de precisar disponibilizar ao seu mercado consumidor os bens que não consegue produzir, além de acordos políticos e econômicos que tornam viáveis essas interações entre as nações. Outro aspecto característico da importância do comércio internacional é o fato dessas relações proporcionarem um certo equilíbrio econômico, diminuindo os riscos de crise interna, pois, com a diversificação dos mercados, os países podem continuar a comercializar seus produtos com seus parceiros comerciais. (MUNDURUCA; 2010). Outro ponto que cabe destacar de acordo com Munduruca (2010) é a importância do comércio internacional no processo de crescimento econômico (por crescimento econômico nos referimos a um aumento da capacidade produtiva da economia, ou seja, um aumento da produção de bens e serviços de um determinado país, região ou área). Essa importância pode ser mensurada através da Teoria da Base de Exportação e pela Teoria da Base Econômica, a primeira corresponde a ideia de que o crescimento das exportações gera um efeito multiplicador da aceleração do mercado interno e a segunda determina que a diversificação econômica, expande o nível de renda e emprego. No caso brasileiro nossa pauta exportadora é voltada para produtos agrícolas, as relações existentes entre o Brasil e o mundo geralmente se baseiam na exportação de matérias-primas e produtos in natura, e na importação de bens industrializados, tendo como principais parceiros comerciais os Estados Unidos, a China, a Argentina e a Alemanha. 2.2 Teorias do comércio internacional As teorias do comércio internacional surgem diante da necessidade de explicar as relações de trocas existentes entre os países, datadas anteriormente ao século XVIII. O mercantilismo não é considerado uma teoria unificada, mas os mercantilistas foram um dos
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primeiros a tentar explicar essa dinâmica entre os países, eles defendiam que a riqueza de uma nação pode ser mensurada diante da quantidade de metais preciosos ao qual ela possuía e que o papel do governo era favorecer as exportações para se obter uma balança comercial favorável, mais eis a falha dos mercantilistas se todas as nações estimulassem suas exportações e restringissem às importações as economias se fechariam de tal maneira que não haveria mais comércio. (DE CARVALHO; DA SILVA; 2007). A teoria de Adam Smith considerada a primeira teoria desenvolvida para explicar o comércio internacional defendia que a riqueza de nação era medida em termos de sua produção e consumo, defendendo ainda o livre comércio como um poderoso mecanismo capaz de promover o aumento da produção por meio da especialização, denominada de teoria das vantagens absolutas temos que uma nação deve concentrar seus esforços na produção do bem que consegue produzir em melhores condições, ou seja, a custos menores.
(DE
CARVALHO; DA SILVA; 2007). A teoria formulada por David Ricardo, a teoria das Vantagens Comparativas surge como um complemento a teoria de Smith, ou seja, não se deve apenas concentrar esforços na produção do bem que consegue produzir a baixo custo e sim no bem que consegue produzir em melhores condições comparativas com outras nações, pois, existem países ricos e países pobres com recursos e tecnologias diferentes, então se existem dois países W e B, onde W produz a mercadoria M e o país B produz a mercadoria X a menores custos, esses países vão se especializar na produção dessas respectivas mercadorias que possuem vantagem comparativa e vão comercializar entre si, W exporta M para B, e B exporta X para W. (DE CARVALHO; DA SILVA; 2007). Outra teoria do comércio internacional é o teorema de Heckscher-Ohlin que afirma: cada país se especializa e exporta o bem que requer utilização mais intensiva do seu fator de produção abundante. Essa teoria é baseada em quatro hipóteses, sendo elas: 1) As tecnologias de produção são idênticas nos dois países, 2) A produção de X é intensiva em trabalho e a de M intensiva em capital, 3) No país B o trabalho é relativamente abundante e no país W o capital é relativamente mais abundante e 4) As preferências dos consumidores são iguais nos dois países. (DE CARVALHO; DA SILVA; 2007). 2.3 O papel da agricultura na economia
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Segundo Souza (1999) dentro do ponto de vista econômico a agricultura passou por várias fases no que diz a respeito à sua importância, existem várias abordagens, onde em cada uma delas a importância é atribuído um peso diferente ao setor agrícola. A primeira abordagem diz que até a década de 60 o setor agrícola era enxergado como algo passivo e que dependia de estímulos do setor industrial e do setor público, esse papel passivo pode ser visto no “modelo do impacto urbano-industrial”, onde o crescimento e desenvolvimento do setor agrícola não são capazes de gerar efeitos sobre o setor urbano industrial, é totalmente ao contrário à agricultura que é a variável dependente. Uma segunda abordagem aponta a agricultura como um fator passivo e extremamente importante, em que há uma interligação entre os setores da economia e que o crescimento do setor agrícola geraria um efeito mais que proporcional no demais setores. Essa abordagem ainda define cinco funções básicas da agricultura que são: I.
Liberar mão de obra para a indústria;
II.
Fornecer alimentos e matérias primas;
III.
Gerar divisas estrangeiras;
IV.
Transferir poupança para a indústria;
V.
Constituir mercados para o setor industrial.
O que nos cabe neste trabalho é analisar o papel do setor agrícola brasileiro sobre a balança comercial, principalmente dentro da função III de gerar divisas estrangeiras. 2.4 O setor agrícola no Brasil Até 1964 não havia nenhum tipo de política voltada para a agricultura, neste ano se instituiu o Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR), esse programa se constituiu em incentivos por meio do setor público, a produção e investimentos ao setor agropecuário. Esses incentivos se deram a partir da importação de insumos modernos concentrados principalmente na região centro-oeste, beneficiando poucos produtores, que tinham nas mãos boa parte da produção agrícola (OLIVEIRA, 1999). Esse cenário mudou a partir do final da década de 70, pelo que Oliveira (2012) chamou de “desvencilhamento da política de financiamento” onde se nota o aumento das taxas de juros e a redução de financiamentos para o setor, reduzindo a participação do estado e aumentando a do setor privado, fazendo com que as políticas de financiamento de créditos
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rurais deixassem de ser o instrumento de intervenção. Essas medidas adotadas contribuíram para a consolidação do que chamamos de agronegócio, com a agricultura caracterizada por grandes latifúndios baseados na produção de culturas selecionadas, principalmente, a soja, o café, o milho, a cana de açúcar, dentre outras e onde a maior parte do bolo (produção agrícola) é voltada para o setor externo por meio das exportações (OLIVEIRA, 1999).
2.5 O mercado de commodities agrícolas
Segundo Kaldor (1939), Kopeland e Weston (1988) e Geman (2005) Apud Pereira (2009), “Commodity pode ser definida como um ativo físico que possui características padronizadas, de ampla negociação em diversas localidades, que pode ser transportado e armazenado por um longo período de tempo”. As commodities são geralmente associadas a matérias primas, justamente por facilitar a padronização por serem produtos ainda não processados. Esses produtos são muito importantes, pois uma escassez dos mesmos provocaria problemas de ordem global (PEREIRA, 2009), As commodities agrícolas possuem uma boa absorção no mercado externo, mas possuem como pontos fracos, além de um baixo valor agregado quando comparado a produtos mais intensivos em tecnologia, por exemplo, possuem uma baixa elasticidade-renda e preços voláteis que estão sujeitos a fatores naturais especialmente fatores climáticos (RIBEIRO; SOSNOSKI; OLIVEIRA, 2010). O Brasil mantém uma boa relação com as commodities, sendo um dos maiores produtores de bens agrícolas no mundo por contar com condições naturais que propiciam a atividade agrícola, destacando a disponibilidade de terras férteis, água, investimentos em P&D e a presença do setor público por meio de políticas voltadas para o setor agrícola, a soma de todos esses fatores, fez com que ao longo do tempo o Brasil se tornasse cada vez mais competitivo por produzir esses produtos com custos menos elevados (FRISCHTAK; BELLUZZO, 2014). 3. METODOLOGIA 3.1 Dados
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A pesquisa tem um caráter descritivo e exploratório, pois analisa com base nos resultados obtidos nos indicadores o panorama do comércio produtos agrícolas com maior participação na pauta de exportação do Brasil e se caracteriza como bibliográfica, por ter como fontes básicas os dados secundários. Para essa pesquisa foram utilizados dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) através do sistema ALICEWEB para informações referentes às importações e importações nacionais; para os dados das importações e exportações mundiais foi utilizada a base de dados UN COMTRADE das Nações Unidas e para o Produto Interno Bruto (PIB) foi utilizada as séries e estatísticas disponíveis no site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pesquisa inicia com dados do ano de 2012 se estendendo até 2014 por compreender um período de queda global nos preços das commodities Foi utilizado o Sistema Harmonizado (SH) versão 12 e com a Nomenclatura Comum do MERCOSUL (NCM) em Subposição SH 06 dígitos para os sete principais (Em termos comerciais) produtos agrícolas, que serão descritos em TAB 1. Tabela 1 – Código NCM e Descrição dos produtos NCM 1201 1001 1701 2401 5201 0901 1005
PRODUTO SOJA TRIGO AÇÚCAR TABACO ALGODÃO CAFÉ MILHO
Fonte: Elaboração própria, com base em informações obtidas no sistema Aliceweb.
3.2 Indicadores de comércio exterior A utilização de Índices de comércio exterior tem como objetivo de analisar fatores como a competitividade, especialização e contribuição ao saldo comercial dos insumos energéticos. Para essa pesquisa serão utilizados os indicadores VCR e CS. Esses indicadores necessitam de dados referentes às transações comerciais nacionais e mundiais além do PIB para chegar aos resultados e serão especificados adiante.
3.2.1 Índice de Vantagens Comparativas Reveladas (VCR)
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O Índice de Vantagens Comparativas Reveladas (VCR) de Balassa (1965) se baseia na lei das vantagens comparativas formulada por David Ricardo (1817) e mede a intensidade da especialização do comércio internacional de um país relativamente a uma região ou ao mundo e pode ser descrito através da fórmula abaixo: VCR=
Xij ⁄Xj Xi ⁄X
Onde: Xij = exportações do grupo setorial i pelo país j Xj = exportações totais realizadas pelo país j Xi = exportações do grupo setorial i no mundo X = exportações mundiais totais Quando: VCR> 1 - Há vantagens comparativas para esse produto VCR< 1 – Não há vantagens comparativas para esse produto VCR = 1 - as exportações do setor crescem na mesma proporção que o crescimento mundial. 3.2.2 Índice de Contribuição ao Saldo (CS) Tendo em vista que o IVCR se baseia apenas no saldo das exportações o ICS pode solucionar a limitação do mesmo já que também engloba os fluxos de importação com o objetivo de mostrar a real contribuição do setor para a balança comercial do país.
CS = 100 ÷ PIBj x (S1- S2) , Onde: S1= 100 x (Xij – Mij) / [(Xj + Mj / 2) S2= 100 x (Xj – Mj) / [(Xj + Mj / 2) x [ (Xij+ Mij) / Xj+ Mj]
Onde: Xij = exportações do grupo setorial i pelo país j Mij = importações do grupo setorial i pelo país j
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Xj = exportações totais realizadas pelo país j Mj = importações totais realizadas pelo país j PIBj = Produto Interno Bruto do país j Quando: CS>0 – Há vantagens comparativas CS<0 – Não há vantagens comparativas
4. RESULTADOS Na TAB.2 temos a relação dos fluxos de importação e exportação dos sete produtos no período analisado, é possível notar de cara que existem produtos com participação superior aos demais em termos de valor resultante da diferença entre exportação e importação, como é o caso da soja e do açúcar, e produtos com uma participação mais tímida como o tabaco e o algodão. Tabela 2: Valor das exportações e importações brasileiras em US$ Milhões de 2012 a 2014. EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES NACIONAIS NCM Produto 1201
2012
2013
2014
2015
EXPORTAÇÕES IMPORTAÇÕES EXPORTAÇÕES IMPORTAÇÕES EXPORTAÇÕES IMPORTAÇÕES EXPORTAÇÕES IMPORTAÇÕES
SOJA
17.455,20
153,25
22.885,87
127,83
23.277,38
255,87
20.983,57
109,49
1001 TRIGO
619,05
1.757,06
417,08
2.490,81
100,70
1.812,45
353,32
1.216,47
1701 AÇÚCAR
12.844,87
0,66
12.663,29
1,23
9.459,21
1,13
7.641,48
1,74
2401 TABACO
3.197,30
32,44
3.321,74
45,02
2.414,08
39,15
2.109,28
33,46
5201 ALGODÃO
2.104,43
9,40
1.289,21
36,75
1.356,51
60,91
1.290,39
5,23
0901
CAFÉ
5.740,32
35,82
5.221,55
35,98
6.052,72
47,92
5.565,58
67,07
1005 MILHO
5.383,34
171,23
6.935,86
175,32
3.931,91
117,61
5.008,96
44,63
Fonte: Elaboração própria com base em dados do sistema ALICEWEB.
Através dos indicadores de comércio exterior utilizados neste trabalho é possível notar que os produtos analisados são extremamente competitivos e possuem uma grande participação dentro do saldo comercial do país, com exceção do Trigo, que vem em um ritmo de perca da competitividade e da participação no saldo comercial. Esses resultados podem ser vistos nas TAB.3 e TAB.4 que mostram os resultados dos indicadores IVCR e CS respectivamente.
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Tabela 3: Índice de vantagens comparativas reveladas dos produtos agrícolas entre 2012 e 2014. PRODUTOS AGRÍCOLAS SOJA TRIGO AÇÚCAR TABACO ALGODÃO CAFÉ MILHO
2012 24,63 1,02 31,51 25,39 11,98 14,00 13,04
2013 30,56 0,67 32,14 21,36 6,22 12,68 16,90 Fonte: Elaboração própria.
2014 32,30 0,17 30,62 17,36 9,10 15,55 9,88
Podemos notar através da TAB 3 que a soja e o açúcar se destacam como os produtos mais competitivos dentre todos os analisados, atingindo resultados muito significativos e bem acima dos demais, percebe-se também que o tabaco e o algodão apresentam números significativos, muito embora como pode ser visto na TAB.2 geram um valor em termos monetários relativamente baixo quando comparado aos demais, outro destaque, mas pelo lado negativo é o trigo que apresenta uma tendência de queda de competitividade e muito embora seja um dos produtos agrícolas mais exportados tem um fluxo de importação muito alto. Toda a evolução pode ser vista no GRÁF 1. No GRÁF.1 fica explícito a disparidade mencionada entre os produtos soja e açúcar sobre os demais, é possível também notar a queda da competitividade do tabaco, que no ano de 2012 possuía resultados semelhantes ao açúcar, mas que vem passando por um período de queda da competitividade, que pode ser explicado por uma redução nas exportações, que por mais que seja pequena está acompanhada de um aumento das importações do produto. Cabe também destacar a contínua queda da competitividade do trigo, que vem se aproximando de um indicador de IVCR=0, ou seja, pode se tornar um produto sem vantagens comparativas reveladas.
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Gráfico 1 Evolução do Índice de vantagens comparativas dos principais produtos agrícolas entre 2012 e 2014.
Fonte: Elaboração própria.
A TAB 4 mostra que de acordo com o indicador CS dentre os produtos analisados a soja é o principal produto, em termos de contribuição ao saldo comercial, seguida pelo açúcar, mas com uma disparidade maior do que apontou o indicador IVCR, é possível notar também que todos os demais produtos, com exceção ao Trigo são produtos competitivos e com peso no saldo comercial. Tabela 4: Índice contribuição ao saldo comercial dos produtos agrícolas entre 2012 e 2014. PRODUTOS AGRÍCOLAS 2012 2013 2014 SOJA 0,0000000003033490149920 0,0000000004008789098979 0,0000000004361082399346 TRIGO -0,0000000000226467032433 -0,0000000000369488362173 -0,0000000000318135983848 AÇÚCAR 0,0000000002253653988653 0,0000000002230516386056 0,0000000001791344602959 TABACO 0,0000000000554817609054 0,0000000000577144457875 0,0000000000449938417510 ALGODÃO 0,0000000000367454659347 0,0000000000220569234071 0,0000000000245586128963 CAFÉ 0,0000000001000373944375 0,0000000000913417224976 0,0000000001137457065075 MILHO 0,0000000000911913792084 0,0000000001190626484121 0,0000000000722815609195 Fonte: Elaboração própria.
Podemos notar a partir do GRÁF.2 que a soja vem se consolidando como um dos produtos com maior participação na balança comercial, além de apresentar uma tendência crescente de participação no saldo comercial, é possível notar também uma tendência de Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1828
queda/estabilização da participação na balança comercial, com exceção para o a já citada soja e o café que alcançou uma modesta melhora. Gráfico 2 Evolução do Índice de contribuição ao saldo comercial dos principais produtos agrícolas entre 2012 e 2014.
Fonte: Elaboração própria.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente estudo teve como objetivo analisar o comércio envolvendo produtos que figuraram entre os produtos agrícolas com maior peso dentro da pauta de exportações brasileira, destacando fatores como sua competitividade no mercado externo e participação para o saldo comercial do país no período compreendido entre 2012 a 2014. Para analisar a competitividade e o padrão de especialização utilizaram-se dois indicadores de comércio exterior: Índice de Vantagens Comparativas Reveladas (IVCR) e Índice de Contribuição ao Saldo (CS), tendo em vista que o IVCR se baseia apenas no saldo das exportações e o CS pode solucionar a limitação do mesmo já que também engloba os fluxos de importação com o objetivo de real contribuição do setor para a balança comercial. Percebeu-se que com exceção do trigo os demais produtos apresentaram resultados positivos e significativos, cabe aqui destacar os bons resultados da soja, que até o a década de 70, período de efetivação da chamada revolução conservadora não era uma cultura tão difundida no Brasil, mas que contou com os processos de modernização para se tornar o Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1829
produto número um da pauta de exportações brasileira, e que vem em um ritmo de participação crescente no saldo da balança comercial, em detrimento dos demais. Recomenda-se como contribuições para trabalhos futuros uma análise histórica dos principais produtos agrícolas no comércio internacional ao longo do tempo, e trabalhos que tentem justificar a eficiência das políticas voltadas para o setor agrícola, especialmente par o agronegócio. 6. REFERÊNCIAS ARBACHE, Jorge Saba. Comércio internacional, competitividade e políticas públicas no Brasil. 2002. P.8. DE CARVALHO, Maria Auxiliadora; DA SILVA, César Roberto Leite. Economia internacional. Saraiva, 2007. COPELAND, Thomas E.; WESTON J, Fred. Financial theory and corporate policy. 3rd. Ed. New York: Addison Wesley, 1988. DE OLIVEIRA RIBEIRO, Celma; SOSNOSKI, Anna Andrea Kajdacsy Balla; DE OLIVEIRA, Sydnei Marssal. UM MODELO HIERÁRQUICO PARA PREVISÃO DE PREÇOS DE COMMODITIES AGRÍCOLAS A HIERARCHICAL MODEL TO AGRICULTURAL COMMODITIES PRICES FORECAST. Revista Produção Online, v. 10, n. 4, p. 719-733, 2010. DE SOUZA, Nali de Jesus. Desenvolvimento econômico. Revista de Economia Política, 4. ed, n. 2, p. 267. FRISCHTAK, Cláudio; BELLUZZO, Luiz Gonzaga. Produção de Commodities e Desenvolvimento Econômico: Uma Introdução. Produção de Commodities e Desenvolvimento Econômico, p. 9, 2014. GEMAN, Hélyette. Commodities and comodity derivates: modeling and pricing for agriculturals, metals and energy. Chichester: Wiley, 2005 KALDOR, Nicholas. Speculation and economic stability. The Review of Economic Studies. v.7, n.1, p. 1-27,Oct. 1939. KRUGMAN, P. R.; OBSTFELD, M. Economia internacional: teoria e política. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. p. 21.
MUNDURUCA, Danilo Felipe Viana et al. Comércio exterior como estratégia de crescimento econômico: uma proposta de priorização de produtos exportáveis para a economia sergipana. 2010.
Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1830
OLIVEIRA, Robson Munhoz de. O DESENVOLVIMENTO DA AGRICULTURA NO BRASIL, Uberlândia MG, XXI Encontro Nacional de Geografia Agrária, 12.p. Disponível em: < http://www.lagea.ig.ufu.br/xx1enga/anais_enga_2012/eixos.html> Acesso em: 22/05/2016 PEREIRA, Leonel Molero. Modelo de formação de preços de commodities agrícolas aplicado ao mercado de açúcar e álcool. 2009. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.
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TAXA DE CÂMBIO E A EXPORTAÇÃO DA FRUTICULTURA DE MANGA NO VALE DO SÃO FRANCISCO (PE): UMA ANÁLISE ATRAVÉS DO MODELO DE VETORES AUTOREGRESSIVOS (VAR). Autor(es): Talinny Nogueira Lacerda; Vanessa Camila da Silva; André de Souza Melo. Filiação: Programa de Pós-Graduação em Administração e Desenvolvimento Rural/UFRPE. E-mail: lacerdatalinny@gmail.com; camila.vanessa2@gmail.com; andredesouzam@gmail.com.
GT5: Agronegócio, Mercados e Comercialização. Resumo O presente estudo pretende analisar o potencial exportador da manga do vale do São Francisco em Pernambuco no comércio internacional, no período de 2005 a 2015. Para atingir o objetivo almejado, o modelo estimado foi o de vetores autoregressivos (VAR), técnica econométrica que é um modelo dinâmico com mínimas restrições, nos quais todas as variáveis econômicas são tratadas como endógenas. Através da realização de choques cambiais que revelassem o impacto do câmbio sobre a exportação. De acordo com os resultados obtidos, as variáveis se mostraram significativas, sendo o preço da manga a variável que mais apresentou influências das demais no sistema. Além da expressiva resposta ante um choque cambial por parte dessa variável. O mercado exportador de manga do Vale do São Francisco, demostra capacidade de sobressair-se em meio a crises internacionais, despontando como grande influenciador para a economia do estado e região. Palavras-chave: Taxa de Câmbio, fruticultura, manga, Vetores Autoregressivos. Abstract This study aims to analyze the export potential of the São Francisco Valley sleeve Pernambuco in international trade from 2005 to 2015. To achieve the desired objective, the estimated model was the vector autoregression (VAR), econometric technique that is a dynamic model with minimal restrictions, in which all economic variables are treated as endogenous. By performing currency shocks that reveal the impact of the exchange rate on exports. According to the results, the variables showed significant and the price of the sleeve variable that showed influences of the other system. In addition to the significant response at an exchange rate shock by this variable. The exporter of mango market of the São Francisco Valley, demonstrates ability to excel in the midst of international crisis, emerging as a major influencer for the economy of the state and region. Key words: Exchange Rate, fruit, mango, Vector Autoregressive.
1. Introdução O comércio internacional permite benefícios por meio das exportações de bens aos países cujo processo produtivo utiliza recursos relativamente abundantes domesticamente, Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1832
enquanto importam bens cujo processo produtivo utiliza recursos relativamente escassos (KRUGMAN, 1999). O câmbio exerce grande influência nas exportações conforme vem sendo amplamente debatido na literatura, e denota de atenção especial por parte dos agentes econômicos, já que a volatilidade do câmbio exerce forte interferência na competitividade internacional dos produtos brasileiros (MINDÊLLO, 2014). O Brasil posiciona-se como terceiro maior produtor de frutas do mundo, ficando atrás apenas da China e da Índia. Suprindo assim, praticamente todo o seu mercado interno, porém não apresenta grande expressividade no quesito exportação, estando em 15º lugar no fornecimento de frutas in natura para o restante do mundo (ANDRADE, 2012; SEBRAE, 2015). O país apresenta a possibilidade de ampliar sua participação na exportação de frutas, permitindo assim maior competitividade por parte de seus produtores. Ampliando o mercado e a demanda por produtos cada vez mais valorizados, sendo destaque a condição de atendimento as exigências internacionais (CARVALHO E MIRANDA, 2009). O Brasil apresenta relativa vantagem na produção dos mais diversos cultivos, principalmente dado a sua elevada extensão territorial e a variedade de climas presentes (CARVALHO E MIRANDA, 2009). Norte e Nordeste despontam como produtores de frutos de clima tropical, sendo no norte uma significativa produção de frutos exóticos. No Nordeste recebe destaque a produção de frutos tropicais, despontando o sertão nordestino, especificamente os municípios de Petrolina e Juazeiro. Petrolina posicionou-se como maior município produtor de frutas do país no ano de 2014, apesar das perdas com relação à uva, os cultivos de manga, goiaba, banana e coco-baia o mantiveram no primeiro lugar do ranking nacional (IBGE, 2014). Um câmbio desvalorizado tende a ser um estimulador das exportações, exercendo assim, uma influência positiva na comercialização de produtos brasileiros, porém um câmbio valorizado tende a aumentar as importações e desestimular importações. No Brasil a adoção de um sistema de câmbio flutuante deu-se a partir de 1999, o regime cambial adotado por um país determina diretamente na taxa de câmbio e por sua vez nas exportações (MINDÊLLO, 2014). Conforme Netto (2005) a taxa de câmbio é um dos fatores mais determinantes quanto ao crescimento econômico, dado que uma negligência as exportações, longos períodos de saldos negativos em transações correntes, podem levar o país a uma crise e a estagnação econômica. Deste modo, a análise do câmbio vai além do fator exportação em si, mas da conjuntura das contas nacionais e sua capacidade influenciadora sobre a situação econômica do país. No caso do setor frutífero no Brasil, tem se destacado nesse contexto e por apresentar taxa de participação crescente no comércio internacional, contribuindo, assim, para uma melhor alocação das divisas do país e ampliando os ganhos de competitividade. O Vale do São Francisco desponta nessa produção, sendo o segundo produtor de manga nacional conforme dados do IBGE (2008) e o principal exportador deste produto. A produção de manga a níveis nacionais vem apresentando expressivo aumento ao longo dos anos, por exemplo, conforme dados do IBGE, apenas para o ano de 2013 a produção da fruta teve um aumento de 37,5%.
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No ano de 2014 ocorreu um expressivo aumento na exportação de manga nacional, sendo 133 mil toneladas, um recorde para o período recente, superando assim o recorde alcançado no ano de 2012. Atingindo o valor de 163 milhões de dólares, voltando ao primeiro lugar de maior gerador de renda-exportação, já que no ano de 2013 havia sido ultrapassado pelo melão. O maior receptor da manga nordestina tem sido a União Europeia com 83% (LIMA, 2015). Considerando ainda o vale como o maior polo de fruticultura irrigada e o maior exportador da manga do país, é importante destacar que isso se dá pelo favorecimento da questão climática, a localização geográfica, a enorme quantidade de áreas disponíveis para cultivo, e a proximidade com os portos que fazem as ligações de transportes entre os países importadores (SILVA ET ALL, 2015). Diante do exposto o objetivo do presente artigo é avaliar a influência da Taxa de Câmbio no quantum das exportações de manga para o município de Petrolina no sub médio do Vale do São Francisco, utilizando as variáveis Taxa de Câmbio (Exportação), Preço e quantidade de manga (Kg). Partindo do modelo de Vetores Autorregressivos (VAR), promoveu-se choques nas variáveis que permitiu observar o comportamento de cada uma delas ante esses choques. Identificando qual o maior determinante da exportação do produto. Assim sendo este estudo esta organizado da seguinte forma, além desta introdução, uma segunda seção de revisão de literatura, uma terceira que apresenta os materiais e métodos, uma quarta com os resultados obtidos pelo trabalho, e por fim uma seção conclusiva, com as principais considerações finais. 2. Taxa de Câmbio e as exportações: Breve comentário O processo de abertura econômica brasileira trouxe um novo viés para o contexto da taxa de câmbio. Anos seguidos de tentativas ao combate aos exorbitantes níveis de inflação e a tentativa do controle de preço, e da regulamentação da economia. Após diversos planos econômicos que visavam implantar um maior controle na economia garantindo crescimento econômico e pouca variação de preços, assim, a necessidade de negociação com o exterior era muito importante para o país. Em meados dos anos 1990 com o governo Collor, deu-se inicio a este processo, atingindo diretamente a tomada de decisão a cerca do regime cambial adotado (CASTRO, 2005). O regime cambial pode ser definido como fixo, onde os órgãos de controle determinam seu valor, e flutuante onde as forças de mercado de compra e venda de moeda são as determinantes do preço. Há ainda o processo de bandas cambias onde a autoridade monetária define uma margem de flutuação para cima e para baixo, e caso estes valores sejam atingidos interfere vendendo ou comprando divisas. Existe ainda um que pode-se denominar de flutuação suja, por que, apesar do câmbio não ser fixo ele pode ser controlado pelo Banco Central, quando este interpretar um risco a economia do país. Atualmente este é o regime adotado no Brasil (ZINI, 1995). O alcance da estabilização de preços em 1995 através do Plano Real manteve a adoção do sistema de bandas cambiais até meados de 1999 onde o Bacen controlava o limite do câmbio estabelecido. Neste ano este sistema tornou-se insustentável, levando a adoção do sistema de câmbio flexível, que representou relativas mini desvalorizações do câmbio tanto real como nominal. O longo período de câmbio fixo trouxe enorme prejuízo sobre a balança Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1834
comercial, diante da relativa paridade entre o real e o dólar, essa relativa valorização cambial reduziu as exportações, trazendo saldos negativos em conta corrente. Entre as décadas de 1980 e 1990 ocorreu uma acentuada queda nos níveis de exportações brasileiras, principalmente, devido à valorização do salário e a apreciação do câmbio (KANNEBLEY, 2002). A tendência de influência do câmbio sobre as exportações é notória, os países tendem a comprar quando o produto se apresenta mais barato, e essa variação pode ocorrer através de um processo de desvalorização cambial. A exemplo, o processo de desvalorização cambial realizado pelo governo chinês a partir de 1994, mantendo o iuane em um patamar sempre competitivo em relação ao dólar, o processo de depreciação da moeda manteve as exportações chinesas competitivas principalmente diante da crise de mercado em 2008. Após a significativa recuperação do mercado, em 2010 o governo permitiu que o câmbio retornasse ao regime flutuante (LEÃO, 2010). Vale ressaltar que a taxa de câmbio define a relação entre bens comercializáveis e não comercializáveis, sendo assim, é um fator de influência preponderante sobre a competitividade externa de um país. Um processo de apreciação cambial pode intimidar as exportações nacionais e incentivar as importações o que apresenta significativo risco para a balança comercial (MARCONI E ROCHA, 2012). 3. Revisão de Literatura No final dos anos 1990, devido forte aumento na demanda mundial, a fruticultura brasileira alcançou elevado impulso no que tange as suas exportações, aumento de processos técnicos de irrigação elevaram o nível de produtividade de frutas, principalmente na região nordeste. Uma modificação no processo exportador partindo de frutos selecionados contribuiu para o aumento da demanda de frutos in natura por parte de outros países (BUSTAMANTE, 2009). Conforme Bustamante (2009) os sistemas agroalimentares tem experimentado diversas modificações, dando fruto a formação de complexos agroindustriais alimentares, ou seja, que cobrem toda a cadeia produtiva, desde a colheita até a entrega para o consumo. Ampliando assim, a oferta de vagas de trabalho tanto diretos como terceirizados. Um maior investimento no setor agrícola tem produzido aumento na produção e maior geração de lucros e dividendos. Essa representação tem despontado fortemente na balança comercial nacional. Segundo Cardoso et al (2007) , há uma forte influência das oscilações da taxa de câmbio sobre a competitividade das empresas, visto que ocorre um grande impacto das oscilações das moedas estrangeiras na exportação, principalmente do dólar americano, observou ainda que a taxa de câmbio teve impacto direto sobre a rentabilidade das exportações , inclusive sobre o cumprimento dos contratos de exportação de mamão para o período 1999 – 2003. Bender Filho et al (2010) avaliou o impacto da taxa de câmbio sobre as exportações dos complexos de soja e carne para o para os anos 2005 e 2009, através da estimação do modelo de Vetores Autorregressivos (VAR) observaram que produtos mais industrializados como o óleo de soja, são mais sensíveis a taxa cambial, porém o complexo de carnes foi mais bem explicado pela taxa de câmbio, os resultados obtidos ainda indicaram a inexistência de uma relação estável a longo prazo entre exportações e taxa de câmbio. Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1835
De acordo com Silva et al (2011), o Vale do Sub médio do São Francisco é responsável por cerca de 90% e 95% das exportações de manga do país, apesar de hoje ser São Paulo o maior produtor de manga por área colhida nacional. Graças a técnicas avançadas de produção e cultivo, incluindo entre elas a irrigação, além do clima excessivamente favorável, a região de Petrolina-Juazeiro desponta como maior produtora do nordeste e maior exportadora do país. A posição do preço da manga exportada ao longo do período 2004-2011 identificada por Silva et al (2011) tem caráter sazonal, a investigação parte principalmente mediante a crise econômica mundial e sua interferência na taxa cambial, mediante políticas macroeconômicas. Utilizando um modelo SARIMA os autores observaram que existe um impacto negativo do efeito sazonal e as correlações negativas semestrais e anuais, indicando que o preço da são diretamente influenciados por variáveis externas como taxa de câmbio e preços externos. Verissímo e Silva (2013) investigaram a relação entre o preço das commodities, taxa de câmbio e exportações de produtos básicos, utilizando da metodologia de cointegração e modelos de correção de erros (VEC) para o intervalo 2000-2010, os resultados indicaram que para o Norte, Nordeste e Sudeste, existe uma contribuição dos auto preços das commodities e da taxa real de cambio sobre as exportações de produtos básicos no total exportado pela economia brasileira. Marques et al (2014) ao avaliar a influência da taxa de câmbio sobre as exportações brasileiras de arroz, os autores através do método de modelos econométricos dinâmicos observaram que há uma maior influência da taxa cambial defasada sobre as exportações do produto, em detrimento a taxa de câmbio do mês corrente. Rindermann e Jarquín (2014) avaliaram a competitividade da fruticultura mexicana ante o comércio internacional para o período 1980-2011. Utilizando a teoria das vantagens comparativas, os autores identificaram um expressivo aumento na produção de frutas do país, cerca de 80,04%. No entanto, apenas as vantagens comparativas de produtividade como condições geográficas e climáticas não serão suficientes para manter a competitividade ante o comercio internacional e sustentar a produção. Assim, os produtores precisão investir em sistemas de inovação e aumento produtividade para que possam garantir uma permanência competitiva no mercado internacional. Analisando o potencial de expansão da produção de fruticultura no Chile, Ulloa et al (2014), aplicou o método de modelo espacial, identificando territórios aptos a receberem o cultivo frutífero. Observaram que há possibilidade de maior expansão da produção, apesar da necessidade de maior investimento em infraestrutura. Porém, o trade-off obtido é expressamente vantajoso para a economia do país e para o desenvolvimento local. Silva et al (2015) analisaram o desempenho das exportações de uva e manga no comércio internacional para o período 2003-2013, utilizando-se de dados em painel estimaram dois modelos gravitacionais, todas as variáveis do modelo mostraram-se significativas e apresentaram o sinal esperado. Os autores puderam identificar a necessidade de um maior investimento em logística para o escoamento da produção, realizando assim, uma redução nos custos de transporte.
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Como a literatura aponta, ĂŠ crucial o entendimento a cerca dos fatores determinantes para as o ramo frutĂfero no Brasil. Bem como sua comercialização no cenĂĄrio internacional, bem como uma avaliação a cerca da taxa cambial e sua influĂŞncia sobre as exportaçþes de frutas. 4. Metodologia Os dados utilizados para a construção deste trabalho foram coletados no sitio do Instituto de Economia Aplicada (IPEA), plataforma IPEADATA, e do MinistĂŠrio do Desenvolvimento, IndĂşstria e Comercio Exterior (MDIC), plataforma ALICEWEB, referentes Ă quantidade e preço da manga exportada pelo Vale do SĂŁo Francisco em Pernambuco, para o perĂodo 2005 â&#x20AC;&#x201C; 2015 (valores mensais). Dispondo ainda do valor da do Câmbio Exportação para o mesmo perĂodo. Conforme Stock e Watson (2001) o VAR ĂŠ uma n-equação, composta por n-variĂĄveis de modelo linear, em que seus valores presentes sĂŁo explicados alĂŠm dos seus valores atuais por seus valores passados das n - 1 variĂĄveis. Assim, o autor buscou avaliar a â&#x20AC;&#x153;capacidadeâ&#x20AC;? do VAR de responder as quatro tarefas dos macroeconometristas. Para a realização da estimação do VAR usa-se o mĂŠtodo de Causalidade de Granger, impulso resposta e decomposição da variância do erro. A causalidade de Granger avalia se os valores defasados de uma variĂĄvel ajudam na previsĂŁo de outra variĂĄvel. O impulso-resposta permite observar a resposta dos valores atuais e futuros das variĂĄveis conforme o valor de 1 unidade do erro do VAR. A decomposição do erro de previsĂŁo ĂŠ a porcentagem da variância do erro cometido na previsĂŁo de uma variĂĄvel, devido a um choque especĂfico em um determinado tempo. Para a identificação dos parâmetros ĂŠ utilizada a decomposição de Cholesky para a solução de sistemas lineares (n x n), cuja matriz do sistema seja definida positiva e simĂŠtrica. O resultado obtido pela na matriz diagonal corresponde Ă covariância das variĂĄveis. Devido a esse procedimento utilizado na estimação, todo o efeito sistĂŞmico ĂŠ atribuĂdo Ă primeira variĂĄvel do modelo, as alteraçþes na ordem das variĂĄveis, quando da estimação de um modelo VAR, podem ocasionar mudanças na função de impulso resposta. Assim sendo o modelo estimado atravĂŠs da forma recursiva de Cholesky, apresenta-se da seguinte forma: 1 [đ?&#x2018;&#x17D;21 đ?&#x2018;&#x17D;31
0 1 đ?&#x2018;&#x17D;32
đ??žđ?&#x2018;&#x201D;đ?&#x2018;Ąâ&#x2C6;&#x2019;1 0 đ??žđ?&#x2018;&#x201D; 0] [đ?&#x2018;&#x20AC;đ?&#x2018;&#x17D;đ?&#x2018;&#x203A;đ?&#x2018;&#x201D;] = [đ??š] [đ?&#x2018;&#x20AC;đ?&#x2018;&#x17D;đ?&#x2018;&#x203A;đ?&#x2018;&#x201D;đ?&#x2018;Ąâ&#x2C6;&#x2019;1 ] + đ??śđ?&#x153;&#x2030; 1 đ?&#x2018;&#x2021;đ?&#x2018;Ľđ?&#x2018;Ąâ&#x2C6;&#x2019;1 đ?&#x2018;&#x2021;đ?&#x2018;Ľ
Em que Kg representa a quantidade de manga exportada anual, Mang representa o preço da manga e Tx a taxa de câmbio (exportação). 5. Anålise dos Principais Resultados Para estimação inicial do modelo VAR necessita-se inicialmente realizar o teste de raiz unitåria de Dicky-Fuller Aumentado (ADF), Ê importante destacar que com exceção da sÊrie taxa de câmbio, as demais apresentaram raiz unitåria sendo assim, necessårio diferenciålas, as sÊries preço da manga e quilogramas exportados, após a diferenciação tornaram-se estacionårias, deste modo pôde-se dar segmento a estimação.
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Realizou-se o Teste de causalidade de Granger, este teste é utilizado para verificar a influência de uma ou mais variáveis sobre outra variável especifica, além de, observar se esta mesma variável em questão sofre influência dos seus valores ao longo do tempo. Conforme Tabela1 observa-se a auto causalidade, ou seja, ela exerce influência sobre os valores dela mesma, da variável kg (quantidade exportada) para um nível de significância de 1%. Tabela 1 – Causalidade de Granger para a variável KG. Variável
F-Statistic
Signif
KG
27.5205
0.0000000
MANG
4.0343
0.0200703
TX
19.9366
0.0000000
Fonte: Elaboração própria com base nos dados do ALICEWEB e IPEADATA.
No estudo em análise verificou-se que a uma forte influência da Taxa de Câmbio (Exportação) e do preço na quantidade (quilogramas) de manga exportada, para significâncias de 1% e 5%, respectivamente. O que acompanha a racionalidade econômica, já que variações no câmbio podem ou não estimular as exportações nacionais. O preço é outro fator determinante, já que uma queda no mesmo pode vir a influenciar a decisão dos exportares, quanto a exportar seu produto, ou vende-lo no mercado nacional. O preço da manga exportada demostrou através do teste sofrer forte influência da taxa de câmbio em sua determinação com a confiança de 1%, conforme resultados apresentados na Tabela 2. Tabela 2 – Causalidade de Granger para a variável MANG (Preço da Manga) Variável
F-Statistic
Signif
KG
1.9787
0.1425884
MANG
2.9876
0.0540485
TX
16.8695
0.0000003
Fonte: Elaboração própria com base nos dados do ALICEWEB e IPEADATA.
O preço também apresenta a auto causalidade, porém, chama-se a atenção que para nenhum nível de significância a quantidade exportada ser determinante para o preço do produto em análise. Como esperado a Taxa de Câmbio (exportação) não sofre causalidade por parte de nenhuma das duas variáveis em análise, outros fatores como oferta de moeda, taxa de juros e medidas por parte dos agentes econômicos são responsáveis por influenciar a taxa cambial, não sendo nada contrário que apenas um produto que compõe a cesta de exportação nacional não a influencie. Prosseguindo a estimação realizou-se o teste de razão de verossimilhança, que é utilizado para identificar o número de defasagens do VAR a ser estimado, a série em estudo apresenta mais de 100 observações, assim sendo, para esta determinação usou-se o critério de Schwarz Bayesian (SBC), se os valores fossem inferiores teria se utilizado o critério Akaike Information (AIC), o valor de defasagens encontrados foi dois. Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1838
Aplicando o valor de defasagens obtidos, pode-se estimar o VAR, através desta estimação obtém-se a função impulso resposta que representa a forma de reação de cada variável a determinados choques. Ao realizar-se um choque na quantidade de manga exportada (quilogramas) identifica-se imediatamente uma redução tanto na quantidade exportada como no preço da manga, esta redução é muito próxima para as duas variáveis conforme pode ser observado no Gráfico 1. Gráfico 1 – Função Impulso Resposta para um choque na variável kg.
Fonte: Elaboração própria com base nos dados do ALICEWEB e IPEADATA.
O Gráfico 1 permite observar que apesar da forte queda tanto na quantidade quanto no preço alcançarem uma redução de aproximadamente -0,3%, esse valor tende a estabilizar-se na posteriori, sofrendo uma leve elevação. É importante destacar a variação na taxa de câmbio após este choque, sofrendo uma leve variação, mas alcançando estabilidade no momento seguinte. Analisando o Gráfico 2, nota-se a preponderância do preço da manga, na quantidade exportada, dado que a resposta que visualiza-se é de significativa queda no período inicial, porém a partir do segundo período pode-se notar expressiva elevação na quantidade na quantidade exportada. Gráfico 2 – Função Impulso Resposta para um choque na variável Preço da Manga.
Fonte: Elaboração própria com base nos dados do ALICEWEB e IPEADATA.
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A reação da taxa de câmbio deve ser destacada por sofrer uma pequena variação como observado também no Gráfico 1. Pode-se considerar que esta variação seguida de imediata estabilidade dar-se pelo que foi apresentado mediante o teste de causalidade de Granger. Desta forma o modelo corresponde ao esperado, apresentando maior consistência, e não influenciabilidade por parte da taxa de câmbio. A influência da taxa de câmbio tanto no preço, como na quantidade exportada, pode ser notada no Gráfico 3, como já citado anteriormente a taxa de câmbio apresenta causalidade no preço, como também, na quantidade de manga exportada pela região. Buscando analisar como essas variáveis se comportariam mediante um choque cambial, tem-se a função impulso resposta disposta no gráfico. Gráfico 3 – Função Impulso Resposta para um choque na variável Taxa de Câmbio.
Fonte: Elaboração própria com base nos dados do ALICEWEB e IPEADATA.
Identifica-se uma leve elevação no preço da manga após a realização do choque, esta variação apresenta-se mais expressiva que as resultantes dos demais choques anteriores, principalmente, pelo fato que os choques na quantidade e no preço, para o primeiro período apresentaram redução, vindo a alcançar estabilidade no segundo período. Quando aplicou-se o choque na taxa de câmbio a elevação acontece logo no período inicial, vindo a atingir o ápice do seu resultado no segundo período, isto demostra a influência do câmbio em um dos principais frutos exportados, tanto pelo estado, como pelo país. Obviamente a manga não trata-se de uma commodities com expressão mundial, como soja, suco de laranja e etc, mas apresenta-se como um produto essencial para a balança comercial do estado. Apresentando influências até mesmo para o país. A análise da decomposição da variância permite visualizar a influência de cada uma das variáveis endógenas na variação de todas as variáveis do sistema. Conforme pode-se identificar na Tabela 3, a variável Kg (quantidade exportada) é mais exógena q as demais, no período t=40 é afetada apenas por 0,165% pela taxa de câmbio o que indica que esta variável é responsável apenas por ela mesmo e não pela taxa cambial. Porém, ver-se uma ampliação com relação ao preço no mesmo período de aproximadamente 5%. Isto indica que o preço apresenta uma leve influência da quantidade exportada. Tabela 3 – Decomposição da Variância (%). Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1840
Variável Kg
Preço da Manga
Taxa de Câmbio
Mês
Kg
1 20 40 1 20 40 1 20 40
100.000 94.631 94.631 87.906 89.403 89.401 3.297 5.901 5.902
Preço da Manga 0.000 5.204 5.204 12.094 8.009 8.009 0.513 3.231 3.232
Taxa de Câmbio 0.000 0.165 0.165 0.000 2.588 2.590 96.190 90.868 90.866
Fonte: Elaboração própria com base nos dados do ALICEWEB e IPEADATA.
O preço da manga apresenta o maior valor de influência do sistema, sofrendo reações tanto com relação à quantidade, como com relação à taxa de câmbio. Assim, o preço aparece como maior determinante para a quantidade do preço de manga exportado no sistema em análise. Isto pode ser facilmente identificado, se houver uma redução no preço de exportação o produtor pode ligeiramente optar por comercializar seu produto no mercado interno, dado as vantagens comercias. A Taxa de Câmbio apresenta significativa contribuição na determinação da quantidade exportada e também para o preço da manga, vale-se destacar que no modelo em análise a taxa é a quem mais determina ela mesma, e apresenta influência nas duas outras variáveis. O câmbio valorizado pode ligeiramente reduzir as exportações, já uma desvalorização cambial tende a ampliá-las. Isso foi facilmente observado neste estudo. 6. Considerações Finais A crise econômica não exerceu grandes impactos negativos na produção de manga no vale do São Francisco, contrariamente ao que ocorreu com a uva de mesa, não apresentando grandes quedas em sua produção. Muito pelo contrário, conseguiu alcançar recordes de produtividade ampliando sua interferência na balança comercial do estado de Pernambuco, e representando forte instrumento de desenvolvimento para Petrolina e região. O incentivo a fruticultura irrigada a necessidade de desenvolvimento de novas técnicas de produção são essenciais para a conservação dessa produtividade. Ao longo deste estudo observou-se a forte influência da taxa de câmbio no preço da manga exportada e a influência deste na quantidade, pode-se dizer que o câmbio influencia o preço que determina a quantidade exportada. Assim sendo, políticas macroeconômicas podem se tornar determinantes na quantidade de manga exportada. Os resultados do teste de causalidade de Granger indicaram que o preço da manga não apresenta influência da quantidade de manga exportada, esse preço é determinado por questões de competitividade internacional e também pela taxa de cambio. É importante destacar a necessidade de outros estudos que venham ampliar a compreensão dos determinantes internacionais para o preço de frutas. Já que esta variável demonstra forte determinação na exportação.
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Alguns países realizam o método de desvalorização cambial visando ampliar a exportação de seus produtos, porém esta medida pode ser prejudicial à economia no longo prazo. É importante salientar que politicas que promovam uma melhoria na qualidade dos produtos atendendo a exigências internacionais podem posicionar-se ampliando o quantum de exportações de frutas in natura no Brasil. Para tal necessita-se aumentar fatores como crédito e investimento em biotecnologias. Referências ANDRADE, P. F S. Fruticultura – Análise da conjuntura Agropecuária. Departamento de Economia Rural do estado do Paraná (DERAL). Disponível em <http://www.agricultura.pr.gov.br/arquivos/File/deral/Prognosticos/fruticultura_2012_13.pdf > Acesso em jul/2016. BENDER FILHO, R.; ZAMBERLAN, C. O.; SCALCO, P. R (2010). Os efeitos da taxa de câmbio sobre as exportações brasileiras dos complexos soja e carnes. Anais do 47° Congresso da Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural, Campo Grande, MS, Brasil. BUSTAMANTE, P. M. A. C. A Fruticultura no Brasil e no Vale do São Francisco: Vantagens e Desafios. Revista Econômica do Nordeste – REN, v. 40, n. 01, p. 154-171. 2009. CARDOSO, L. V.; MEDEIROS, J. X.; SANTO, E. E. Competitividade e coordenação no Sistema
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UM ESTUDO DAS RELAÇÕES ENTRE TAXA DE CÂMBIO, QUANTIDADE EXPORTADA DE CASTANHA DE CAJÚ E PREÇO RECEBIDO PELOS PRODUTORES NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
Grupo de Pesquisa: Agronegócio, Mercados e Comercialização
José Marcione da Costa Mestrando do Programa de Pós-graduação em Administração e Desenvolvimento Rural / Universidade Federal Rural de Pernambuco jose.marcione@hotmail.com Maria Josiane de Lima Guedes Mestrando do Programa de Pós-graduação em Administração e Desenvolvimento Rural / Universidade Federal Rural de Pernambuco josiane.guedes2010@gmail.com André de Souza Melo Doutor em Economia / Prof. do Programa de Pós-graduação em Administração e Desenvolvimento Rural / Universidade Federal Rural de Pernambuco andredesouzam@gmail.com Hugo Raphael de Albuquerque Silva Mestrando do Programa de Pós-graduação em Administração e Desenvolvimento Rural / Universidade Federal Rural de Pernambuco hugo1.raphael@gmail.com Resumo Este trabalho busca examinar a relação entre a taxa de câmbio, quantidade exportada de castanha de caju e o preço recebido pelos produtores no estado do Rio Grande do Norte entre o período de janeiro 2010 a junho de 2016. O estudo justifica-se pelo fato da cadeia produtiva da amêndoa da castanha de caju possuir grande importância socioeconômica no estado em análise. Para alcançar o objetivo do estudo foram utilizados testes de causalidade de Granger e o modelo econométrico de vetores autorregressivos (VAR) para examinar as possíveis relações existentes entre as variáveis. Os resultados das análises demonstraram que as exportações reagem em maior medida a mudanças cambiais apenas no curto prazo. Além disso, pode-se verificar que as séries possuem estruturas basicamente autorregressivas. Palavras-chave: Vetores Autorregressivos. Castanha de caju. Exportações. Taxa de Câmbio. Preço.
A STUDY OF THE RELATIONSHIP BETWEEN EXCHANGE RATE, QUANTITY EXPORTED OF CASHEW NUT AND PRICE RECEIVED BY PRODUCERS IN RIO GRANDE DO NORTE STATE
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Abstract This paper seeks to examine the relationship between the exchange rate, export quantity of cashew nuts and the price received by producers in the state of Rio Grande do Norte in the period of January 2010 to June 2016. The study is justified by the fact that production chain almond cashew nuts have great socioeconomic importance in the state in question. To achieve the objective of the study were used Granger causality tests and the econometric model of autoregressive vectors (VAR) to examine the possible relationship between the variables. The results of the analysis showed that exports react to a greater extent to exchange rate changes only in the short term. Moreover, it can be seen that the series have basically autoregressive structures. Key words: Vector Autoregressions. Cashew nut. Export. Exchange rate. Price.
1 INTRODUÇÃO A partir do cultivo do cajueiro surge uma diversidade de produtos oriundos do seu fruto, o caju. Dentre esses produtos podem ser citados o suco, o doce, o refrigerante, o aguardente, a castanha de caju, dentre outros. No entanto, é a amêndoa da castanha de caju (ACC), obtida a partir do processamento da castanha em casca, que possui a maior relevância enquanto atividade econômica dentro da cadeia do agronegócio caju, sendo a grande parte de sua produção destinada ao mercado externo (PAULA PESSOA e LEITE, 2013). Em um cenário mais amplo, destacam-se como principais países produtores o Vietnã, a Índia, o Brasil, a Nigéria e a Costa do Marfim, sendo esses cinco países responsáveis por um total de 85% de todo volume mundial de produção de castanha de caju. Já no que se referem às exportações mundiais, os três primeiros países citados enquanto produtores permanecem nesta lista, porém, mesmo não sendo um país produtor, a Holanda exerce uma forte atuação nesse mercado na condição de centro comercial, superando a Nigéria e Costa do Marfim, ocupando a quarta colocação neste quesito. Considera-se ainda pertinente destacar que os principais países importadores da ACC brasileira são os Estados Unidos, o Canadá e a Holanda (PAULA PESSOA e LEITE, 2013). Numa esfera mais específica, dentro das fronteiras do Brasil, Pires et al (2005, p. 2) destacam que: “A cadeia produtiva da amêndoa de castanha de caju (ACC) é de fundamental importância econômica e social para o Nordeste brasileiro. Emprega cerca de 20 mil pessoas na indústria processadora e gera 35.700 empregos no campo.” Diante destes fatos revela-se a importância de estudos inerentes à cadeia produtiva da amêndoa de castanha de caju principalmente dentro do contexto da região Nordeste que, além
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de gerar uma grande quantidade de empregos, também possui os principais estados exportadores no país, sendo eles o Ceará, o Rio Grande do Norte e o Piauí, como pode ser observado na tabela 1 a seguir. Tabela 1: Exportação de Castanha de Caju no Brasil em 2014 e 2015 por Estado Estados e Brasil Quantidade (t) Participação (%) Quantidade (t) – Participação (%) 2014 – 2014 2015 - 2015 13.597 79,87% 10.681 82,43% Ceará 51 0,30% 26 0,20% Piauí 3.367 19,78% 2.248 17,35% Rio G. do Norte 1 0,01% 1 0,01% Rio G. do Sul 6 0,04% 1 0,01% São Paulo 17.023 100% 12.957 100% Brasil Fonte: SECEX, 2016
De acordo com o MAPA (2012) o Brasil foi o terceiro maior país a exportar produtos agrícolas no ano de 2011 com um total de vendas externas de US$81,8 bilhões, que equivale a quase 30% das exportações totais do país, ficando atrás somente dos Estados Unidos e da União Europeia. Quanto à relação entre câmbio e exportação, segundo nota técnica divulgada pela DIEESE (2006, p. 3) “a valorização cambial incentiva às importações e prejudica as exportações, enquanto a desvalorização cambial provoca o comportamento contrário.” Ainda de acordo com a DIEESE (2006) quando há valorização cambial as exportações ficam mais caras. Com isso os países importadores de produtos brasileiros deverão pagar valores mais altos para adquirir produtos nacionais, o que pode acarretar em perda de competitividade das exportações em virtude da valorização cambial. O mercado exportador agrícola e suas ligações com a taxa de câmbio são temas vistos em diversos trabalhos, como encontrado em publicações de Carvalho e Silva (2008) e Sousa, Amorim e Coronel (2012). Exemplos de estudos acrescentando os preços dos produtos e suas relações com as duas variáveis anteriores também podem ser vistos, como no caso de Araújo, Sousa e Santos (2008). A partir da identificação dessas publicações surgiu o interesse em estudar variáveis relacionadas à exportação da castanha de caju para o caso específico do estado Rio Grande do Norte (RN). Desta forma, o presente estudo tem como objetivo analisar as relações existentes entre as variáveis quantidade de castanha de caju exportada no estado no Rio Grande do Norte, taxa de câmbio e o preço da castanha de caju recebido pelos produtores entre o período de janeiro de 2010 e junho de 2016 por meio da utilização do Teste de Causalidade de Granger e do Modelo dos Vetores Autorregressivos (VAR).
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Portanto, com o intuito de atingir o objetivo estabelecido neste trabalho, considerou-se pertinente estruturar este artigo em mais quatro seções além desta introdução. Na seção dois é apresenta a revisão de literatura que abordará alguns aspectos históricos e produtivos da cajucultura no RN. A seção três mostra os principais aspectos metodológicos que caracterizaram este trabalho. Na seção quatro são expostos e analisados os resultados obtidos. E, por fim, na seção cinco são discorridas as principais conclusões do estudo.
2 Aspectos Históricos e Produtivos da Cajucultura no Rio Grande do Norte Segundo Silva (2012), não há uma produção de castanha de caju de forma homogênea nos estados brasileiros, ela ocorre de forma descontínua e com pontos de concentração, pois quase a totalidade da produção da amêndoa produzida em todo país se concentra na região Nordeste, as quais correspondem a 99% do total. Dentre os estados do Nordeste, o maior produtor é o Ceará que em 2015 exportou 10.681 toneladas, correspondendo a 82,43% de participação no mercado. Quanto à exportação, tem-se que os estados do Nordeste são principais responsáveis por exportar a amêndoa da castanha de caju (ACC beneficiada) sendo eles o Ceará, Rio Grande do Norte e o Piauí. Os dois primeiros exportaram em 2015, juntos, cerca de 12.929 toneladas, representando 99,78% das exportações brasileiras. Hoje em dia, a castanha de caju representa o quarto lugar na pauta de exportações do Rio Grande do Norte. O estado do Rio Grande do Norte é o segundo maior produtor e exportador da castanha, considerando o mesmo período teve participação de mercado de 17,35% o que corresponde a 2.248 toneladas exportadas, porém a produção e participação no mercado em 2015 foi inferior a 2014 para os dois Estados, o qual pode ser reflexo da oferta da castanha de caju no mercado externo provocado pela situação econômica dos país. Dessa forma, o Rio Grande do Norte tem na cultura do caju uma atividade relevante para a economia. Segundo Silva (2012), essa atividade teve início ao final dos anos 1960 e início dos anos 1970, quando ocorreu a implementação da Mossoró Agroindustrial S.A. MAISA, correspondente a uma área de 12.000 hectares para a cultura do caju, produzindo o suco e castanha. Além disso, projetos como “Serra do Mel” visando a expansão da agroindústria norte-rio-grandense, viabilizou o crescimento da área plantado do cajueiro e consequentemente a quantidade produzida.
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Ademais, a Serra do Mel concentra as maiores áreas produtivas do estado seguida por mais cinco municípios, contudo a distribuição da produção não é homogênea e se concentra em algumas áreas, tendo a zona rural maior expressividade na produção. Ainda, o Estado tem 13 unidades de beneficiamento (dados da Secretaria da Agricultura do Estado do RN e Banco do Brasil-2010), dentre essas fábricas três são de grande porte e dez são pequenas fábricas (SILVA, 2012). A produção da castanha de caju no Estado do Rio Grande do Norte foi viabilizada a partir de políticas de desenvolvimento da agroindústria e a grande demanda externa, principalmente pelos Estados Unidos, Canada e Holanda que são os maiores importadores da ACC do Rio Grande do Norte. Considerando a importância socioeconômica da castanha de caju para estado do Rio Grande do Norte e também para o Brasil, fazem-se necessários estudos que possam apontar as oportunidades do setor, que possam fomentar políticas públicas para implementação de tecnologia para aumentar a produtividade da cada região, bem como dinamizar a economia nos municípios.
3 METODOLOGIA DA PESQUISA 3.1 Vetores Autorregressivos (VAR) No modelo de Auto Regressão Vetorial (VAR) todas as variáveis são tratadas como endógenas, como proposto por Sims (1980). O modelo mostra uma verdadeira simultaneidade entre um conjunto de variáveis, onde são tratadas com igualdade, não havendo distinção entre as variáveis endógenas e exógenas (GUJARATI e PORTER, 2011). Conforme mostrado em Enders (2001) o modelo VAR simples com duas variáveis pode ser descrito em sua forma primitiva conforme as equações 1 e 2 a seguir: (1) (2) onde se assume que
e
são séries estacionárias;
e
estas duas fórmulas dizem que os valores atuais da variável
são ruídos brancos. Em resumo, podem ser explicados pelos
seus próprios valores defasados e também pelos valores da variável
.
3.2 O Teste de Raiz Unitária Dickey-Fuller Aumentado (DFA)
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Estudos que envolvem análises de séries temporais possuem sempre a necessidade de verificação da condição de estacionariedade das séries. Esta condição implica dizer que a média, a variância e auto correlações não variam ao longo do tempo (ENDERS, 2001). Segundo Hill, Judge e Griffiths (2010, p. 388): “As consequências econométricas de uma série não ser estacionária são muito graves, levando a estimadores de mínimos quadrados, estatísticas de teste e preditores que não são confiáveis”. Diante disso, justifica-se a importância da verificação de estacionariedade. O teste de estacionariedade mais usualmente utilizado é o teste de raiz unitária (GUJARATI e PORTER, 2011). Assim, para este artigo foi empregado o teste de raiz unitária Dickey-Fuller Aumentado (DFA), que pode ser expresso pela equação 3, a seguir: ∑
(3)
sendo que, as hipóteses para este teste são: hipótese nula Hₒ: δ = 0 existe raiz unitária e a série é não estacionária, e a hipótese alternativa Hₐ: δ < 0 a série não possui raiz unitária e é estacionária.
3.3 O Teste de Causalidade de Granger A causalidade das variáveis de séries temporais busca analisar a relação de dependência entre as variáveis.
O teste de Causalidade de Granger visa estabelecer as relações de
causalidade entre as variáveis e supõe que as informações estejam contidas exclusivamente nos dados das séries temporais das variáveis utilizadas, ou seja, que as variáveis sejam endógenas ao modelo. De acordo com Granger (1969) o modelo simples de causalidade de Granger pode ser representado conforme as equações 4 e 5 seguir: ∑
∑
(4)
∑
∑
(5)
e
A definição da causalidade apresentada pelas equações acima demonstram que , no sentido de Granger, desde que os coeficientes zero. Da mesma forma,
causa
, se os coeficientes
causa
sejam estatisticamente diferentes de forem estatisticamente diferentes de
zero. Se ambos estes eventos ocorrem, há uma causalidade bilateral entre
e
(GRANGER, 1969).
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3.4 Decomposição de Variância e Função Impulso Reposta A análise de modelos de vetores autorregressivos é realizada por meio de dois processos, sendo eles a decomposição de variâncias (VDC) e a função de impulso resposta (IRF). Por meio da decomposição e variância pode-se encontrar “a fração da variância do erro projetado para cada valor, que resulta do efeito das próprias inovações e aquelas que provêm de inovações da outra variável” (PIMENTA JÚNIOR e SCHERMA, 2005, p. 22). Ou seja, é a capacidade de explicação de cada uma das variáveis na determinação da variável de interesse. E a função impulso reposta segundo os mesmos autores (2005, p. 22) apresenta “a resposta às inovações em uma variável a um impacto de uma unidade de erro padrão sobre cada variável”. Assim, identifica-se como cada variável do modelo responde a choques nas variáveis.
3.5 Fonte dos Dados e Variáveis Utilizadas As séries utilizadas neste trabalho foram extraídas de fontes distintas. A taxa de câmbio utilizada foi a comercial, real (R$) por dólar americano (US$), que encontra-se disponível no site do IPEADATA (2016). A série do preço da castanha de caju recebido pelos produtores potiguares foi obtida por meio de solicitação realizada por e-mail a um técnico de planejamento/analista de mercado da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB). E os dados referentes à quantidade exportada em quilos (KG) foram extraídos do Sistema da Análise de Informações de Comércio Exterior (ALICEWEB). Os dados são mensais com início em janeiro de 2010 e término em junho de 2016, constituindo assim um conjunto de 78 observações. Após o devido tratamento das séries elas foram denominadas da seguinte maneira: DLTC – logaritmo da taxa de câmbio comercial diferenciada; DLPC – logaritmo do preço da castanha de caju recebido pelos produtores diferenciada; e LKG – logaritmo da quantidade de castanha de caju exportada pelo estado do Rio Grande do Norte em quilos.
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS A apresentação dos resultados deste artigo descreve inicialmente os testes de estacionariedade das séries. Considera-se ainda que antes da realização do teste de raiz unitária as séries foram colocadas em logaritmos, pois assim possibilitam uma melhor visualização das elasticidades (MELO E SAMPAIO, 2016). Em seguida, são expostos os Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1850
resultados dos testes de causalidade de Granger, das funções impulso resposta e das decomposições de variância, baseando-se em argumentos de Stock e Watson (2001) que sugerem que a análise de Vetores Autorregressivos seja realizada por meio desses três processos.
4.1 Teste de Estacionariedade das Séries Como citado anteriormente, para se trabalhar com a metodologia VAR é necessário que as séries temporais utilizadas no modelo sejam estacionárias, conforme já explicado com base em Enders (2001). Assim, para verificar esta condição, utilizou-se neste artigo o teste de raiz unitária Dickey-Fulley Aumentado (DFA). As saídas do RATS para o Teste ADF demonstraram que para a série quantidade de castanha exportada (LKG) a hipótese nula de Hₒ: δ = 0 foi rejeitada, obtendo-se como conclusão a não existência de raiz unitária na série, sendo possível defini-la como estacionaria, ou integradas de ordem 0 indicada por I(0). Já os testes para as séries preço da castanha (LPC) e taxa de câmbio (LTC) aceitaram a hipótese nula de existência de raiz unitária, o que as caracteriza como séries não estacionarias. Segundo Gujarati e Porter (2011, p. 753): “Se uma série temporal tem uma raiz unitária, as primeiras diferenças dessas séries temporais são estacionárias. A solução é tomar as primeiras diferenças das séries.” Assim, após realizada uma diferenciação essas séries tornaram-se integradas de ordem 1, ou seja, I(1).
4.2 Teste de Causalidade de Granger Reforçando o exposto na metodologia, o Teste de Causalidade de Granger “deve mostrar se uma série temporal provoca outra, se seus valores defasados são preditores significativos da outra série e se a relação inversa se verifica ou não de forma significativa.” (PIMENTA JÚNIOR e SCHERMA, 2005). Assim, as tabelas 2, 3 e 4 apresentam os resultados deste teste para as três variáveis definidas neste artigo. Tabela 2: Teste de Causalidade de Granger para a Variável Quantidade Exportada (LKG) Variable F-Statistic Signif 63054.1051 0.0000000 LKG 0.8424 0.4350760 DLPC 2.6506 0.0777903 DLTC Fonte: Elaborado pelos autores, 2016
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Por meio da análise da tabela 2 percebe-se que não foi possível rejeitar a hipótese nula para a série preço da castanha (DLPC) em relação à quantidade exportada (LKG). Porém, pode-se rejeitar a hipótese nula a um nível de significância de 10% de que a variável taxa de câmbio (DLTC) não causa no sentido de Granger variações na quantidade exportada (LKG). Assim, os resultados sugerem que a variável Quantidade Exportada pode ter como bons preditores os valores da série taxa de câmbio (DLTC). Tabela 3: Teste de Causalidade de Granger para a Variável Preço da Castanha Recebido pelos Produtores(DLPC) Variable F-Statistic Signif 2.7203 0.0729244 LKG 0.7256 0.4877024 DLPC 3.5326 0.0346234 DLTC Fonte: Elaborado pelos autores, 2016
Analisando o resultado do teste de causalidade de Granger para a variável preço da castanha (DLPC), pode-se inferir que a DLPC é causada pelas variáveis quantidade exportada (LKG) e taxa de câmbio (DLTC) a um nível de significância de 10%. Ou seja, existe a possibilidade de que o preço da castanha de caju recebido pelos produtores no estado do Rio Grande do Norte seja causado tanto pela Taxa de Câmbio e também pela Quantidade Exportada. Tabela 4: Teste de Causalidade de Granger para a Variável Taxa de Câmbio(DLTC) Variable F-Statistic Signif 1.4049 0.2523151 LKG 1.9774 0.1461920 DLPC 8.4707 0.0005132 DLTC Fonte: Elaborado pelos autores, 2016
Os resultados apresentados na tabela anterior para variável Taxa de Câmbio (DLTC) indicam que a um nível de significância de 10% as variáveis quantidade exportada (LKG) e preço da castanha (DLPC) não causam no sentido de Granger efeitos na variável taxa de câmbio (DLTC). Os resultados mostram que a variável Taxa de Câmbio é causada por ela mesma em relação aos seus valores passados. Assim, de modo geral pressupõe-se a não existência de causalidade entre a quantidade exportada e a taxa de cambio, como também entre o preço da castanha e a taxa de cambio.
4.3 Testes do Modelo dos Vetores Autorregressivos A seguir serão apresentados os resultados da função impulso resposta e das decomposições de variância. Porém, tem-se ainda a determinação do número de defasagens como última etapa necessária para prosseguir com os testes, uma vez que os testes de
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verificação de existência de raiz unitária nas séries já foram realizados. Para isso foi utilizado o teste de Akaike para pequenas amostras que, no caso deste artigo, foram 78. O teste sugeriu um número de defasagens de dois lags.
4.3.1 Análise das Funções de Impulso Resposta A função Impulso-resposta demonstra o comportamento das variáveis quando são submetidas a choques ou inovações. Nos gráficos 1, 2 e 3 são apresentados os resultados das funções impulso-resposta para as três variáveis do modelo. Gráfico 1: Resposta das Variáveis a um Choque na Quantidade Exportada (LKG)
Fonte: Elaborado pelos autores, 2016
Ao analisar os resultados a partir dos choques na variável quantidade exportada, percebe-se que há um rápido aumento no preço da castanha e na taxa de câmbio, porém elas rapidamente voltam a se normalizar. Esse aumento no preço justifica-se em virtude do aumento da exportação, ou seja, como ocorreu maior demanda pelo produto causado pelo choque aplicado na variável quantidade exportada, consequentemente acarretou um aumento do preço do produto. Dessa forma, um choque na quantidade exportada da amêndoa da castanha de caju causa um aumento no curto prazo no preço da castanha recebido pelos produtores. Comportamento parecido também acontece com a variável taxa de câmbio. Em suma pode-se dizer que o comportamento das variáveis preço da castanha e taxa de câmbio se alteram no curto prazo e se estabilizam.
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Gráfico 2: Resposta das Variáveis a um Choque no Preço Recebido pelos Produtores (DLPC)
Fonte: Elaborado pelos autores, 2016
No gráfico 2 são expostas as reações das três variáveis diante de um impulso na variável preço recebido pelos produtores (DLPC). Percebe-se que o efeito do choque em DLPC causa um efeito negativo nas variáveis quantidade exportada e taxa de câmbio no primeiro mês. Após isso, as duas variáveis passam a apresentar comportamentos distintos. Enquanto a taxa de câmbio mostra um aumento que supera a sua condição inicial e se estabiliza após o quinto mês, a variável quantidade exportada continua a apresentar queda até o mês 4, com um efeito de estabilização demorado. Esses resultados mostram que um choque no preço altera negativamente a quantidade exportada. Vê-se assim certo grau de sensibilidade da quantidade exportada a alterações no preço da castanha. Pode-se supor que se há um aumento no preço da castanha, diminui a demanda pela amêndoa no local em que houve a elevação do preço, pois os importadores podem procurar mercados nos quais os preços continuem baixos (DIEESE, 2006). Gráfico 3: Resposta das Variáveis a um Choque na Taxa de Câmbio (DLTC)
Fonte: Elaborado pelos autores, 2016
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Observando-se o gráfico 3, vê-se que dado um choque na variável taxa de câmbio não causa efeito contemporâneo nas variáveis quantidade exportada e preço recebido pelos produtores, porém esse resultado é devido a ordem de entrada das variáveis no modelo VAR. A variável preço recebido pelos produtores apresenta um leve acréscimo no primeiro mês, sendo esse efeito seguido de uma queda no segundo mês após o choque. A série volta ao seu estado original no quarto mês, o que demonstra um efeito de curto prazo. Já em relação a variável quantidade exportada, percebe-se uma queda do volume de exportações após um choque na taxa de câmbio, sendo que a resposta ao choque na taxa de câmbio tem um efeito mais prolongado sobre a quantidade exportada. Portanto, infere-se que a elevação na taxa de cambial reduz as exportações de castanha de caju, isso porque os importadores deverão gastar mais para adquirir o produto (DIEESE, 2006).
4.3.2 Análise das Decomposições de Variância Nas tabelas 5, 6 e 7 são apresentadas as saídas do software RATS para os resultados inerentes as decomposições de variância das variáveis do modelo. Por meio deste teste demonstra-se o poder de influência de uma variável sobre outra. Essa apresentação dá-se por meio de valores percentuais no decorrer de determinados períodos. Na primeira coluna dessas tabelas são expostos os períodos de defasagem, que neste artigo são em meses. Optou-se por apresentar os resultados a cada três meses e até a defasagem 15 por se verificar que a partir desse período não havia mudanças consideráveis. Na segunda coluna mostram-se os erros padrão e nas colunas 3, 4 e 5 as decomposições do erro de previsão de cada variável. Assim, inicialmente têm-se os resultados obtidos da decomposição de variância para a série quantidade exportada, conforme demonstrado na tabela 5 a seguir: Tabela 5: Decomposição de Variância para a Série Quantidade Exportada (LKG) Step StdError LKG DLPC DLTC 0.26028621 100.000 0.000 0.000 1 0.36256442 88.342 1.714 9.944 3 0.42756963 87.155 4.371 8.474 6 0.45419505 86.981 5.178 7.842 9 0.46581342 86.912 5.472 7.616 12 0.47102037 86.882 5.598 7.520 15 Fonte: Elaborado pelos autores, 2016
Os valores das quantidades exportadas de castanha de caju no Rio Grande do Norte são explicados, decorridos três meses, em 88,34% em função dela mesma e 9,94% em função da taxa de câmbio. Já os preços recebidos pelos produtores explicam em 1,71% o total da Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1855
variação da quantidade exportada. Percebe-se que no mês 15 houve pouca variação do percentual de explicação da variável quantidade exportada sobre ela mesma. Porém, verifica-se uma variação da participação da taxa de câmbio e do preço recebido, o que implica dizer que inicialmente a taxa de cambio exerce uma maior influencia sobre a quantidade exportada, porém com o decorrer dos meses ela perde um pouco de sua representatividade, enquanto há um aumento no percentual da variável preço recebido pelos produtores na explicação da quantidade exportada. Tabela 6: Decomposição de Variância para a Série Preço da Castanha Recebido pelos Produtores (DLPC) Step StdError LKG DLPC DLTC 0.07222087 1.728 98.272 0.000 1 0.07593444 2.093 90.819 7.088 3 0.07714671 2.042 88.668 9.290 6 0.07715671 2.053 88.654 9.293 9 0.07715858 2.057 88.650 9.292 12 0.07715945 2.059 88.649 9.292 15 Fonte: Elaborado pelos autores, 2016
Os resultados da decomposição de variância vistos na tabela 6 permitem notar que a variável preço da castanha de caju recebido pelos produtores tem sua variação principalmente em função de mudanças ocorridas na taxa de câmbio. No curto prazo (3 meses) a variável taxa de câmbio é responsável pelo comportamento do preço recebido pelos produtores em 7,08%, sendo que nos meses subsequentes esse percentual se estabiliza em torno de 9,29%. Quanto a variável quantidade exportada pode-se afirmar que a mesma possui percentuais insignificantes na determinação dos valores do preço da castanha, tendo um poder de explicação variando entre 1,72% no curto prazo e 2,05% no longo prazo. Tabela 7: Decomposição de Variância para a Série Taxa de Câmbio (DLTC) Step StdError LKG DLPC 0.03094722 4.179 0.030 1 0.03466535 4.321 3.512 3 0.03517679 5.333 4.629 6 0.03526446 5.735 4.653 9 0.03530539 5.920 4.668 12 0.03532401 6.004 4.675 15 Fonte: Elaborado pelos autores, 2016
DLTC 95.791 92.167 90.038 89.612 89.412 89.321
Observa-se na tabela 7 que a variável taxa de câmbio é a que possui a estrutura mais autorregressiva dentre as três séries escolhidas para este trabalho. Pode-se perceber no curto prazo que a taxa de câmbio tem a sua variação explicada em 4,17% devido a mudanças na quantidade exportada e, decorridos 15 meses o percentual de explicação apresenta um leve aumento passando a se constituir de 6,00%. Um fator que pode contribuir para esse resultado é a baixo percentual de representatividade das exportações de castanha de caju dentro do valor total de exportações do complexo agrícola brasileiro. Conforme apresentado pelo MAPA Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1856
(2012) as exportações de nozes e castanhas estão classificadas na categoria de produtos frutas que, em 2011, tiveram uma participação de 1,1% no valor total de exportações agrícolas no Brasil. Portanto, diante disso é justificável que a quantidade exportada e os preços pagos pelos produtores, que decorridos 15 meses explicavam em 4,67% as variações na taxa de câmbio, não possuam um poder muito significativo para a explicação da taxa de câmbio.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho teve como objetivo analisar as relações de causalidade e influência existentes entre as variáveis quantidade de castanha de caju exportada no estado no Rio Grande do Norte, a taxa de câmbio e o preço da castanha de caju recebido pelos produtores entre o período de janeiro de 2010 e junho de 2016 por meio da utilização do Teste de Causalidade de Granger e do Modelo dos Vetores Autorregressivos (VAR). Quanto às relações de causalidade, os testes de Granger mostraram que tanto a variável quantidade exportada como o preço recebido pelos produtores podem ter como preditores os valores da série taxa de câmbio. Entretanto, de acordo com as estatísticas apresentadas no teste não se pode afirmar que a relação contrária existe. Além disso, também foi possível perceber que a variável quantidade exportada tem relação de causalidade no sentido de Granger com a variável preço recebido pelos produtores. As relações de influência entre as séries estabelecidas para este artigo foram analisadas, inicialmente por meio das funções de impulso resposta e, posteriormente através da decomposição de variância. No que se refere à função impulso-resposta, verificou-se que após aplicação de choques nas três variáveis, o efeito ocasionado nas séries em sua maioria apresentaram uma tendência de estabilização decorridos poucos meses do impulso. Uma das principais exceções a esse comportamento pode ser relatada para o caso do choque no preço recebido pelos produtores que ocasionou em uma baixa da quantidade exportada que prevaleceu por um período de tempo mais elevado até que a variável voltasse a se estabilizar. Já em relação às decomposições de variância, elas foram observadas até o período de 15 meses, sendo que as três variáveis apresentaram percentuais que as caracterizam como estruturas basicamente autorregressivas, sendo a variável quantidade exportada explicada por ela mesma em 86,88%, a variável preço recebido pelo produtor com um percentual de 88,65% de auto explicação e a taxa de câmbio é a mais autorregressiva com 89,32%, valores
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referentes ao mês 15 de cada uma das séries. Assim, excetuando-se os próprios valores das séries, a participação das demais variáveis do modelo possui baixa representatividade explicativa. Portanto, espera-se que os resultados apresentados neste artigo possam contribuir para o entendimento da dinâmica existente do mercado de amêndoas de castanha de caju (ACC), principalmente na esfera especifica do estado do Rio Grande do Norte. Além disso, no que concerne ao direcionamento de estudos futuros, surge como alternativa de pesquisa a determinação de variáveis diferentes das usadas nesta pesquisa em relação a quantidade de castanha exportada.
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Estatísticas.
Disponível
em:
SILVA, E. E. da. Geração de renda e ocupações na cadeia agroindustrial da castanha de caju no Rio Grande do Norte: o caso do sertão do Apodi. 2012. 98 f. Dissertação (pós graduação em Economia) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal , 2012. SIMS, C. A. Macroeconomics and reality. Econometrica, v. 48, n. 1, p. 1–48, Jan.1980. SOUSA, E. P. de; AMORIM, A. L.; CORONEL, D. A. Taxa de câmbio e preços de exportação da carne de frango em Santa Catarina. Revista Faz Ciência, v. 14, n. 20, p. 87108, Jul./Dez. 2012. STOCK, J. H.; WATSON, M. W. Vector autoregressions. Journal of Economic Perspectives, v. 15, n. 4, p. 101–115. 2001.
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Um estudo sobre o processo de transmissão de preços no mercado sucroalcooleiro nacional A Study about the Price Transmission process in the national sugar and alcohol market Kennedy Jamestony de Carvalho e Souza Programa de Pós-Graduação em Administração e Desenvolvimento Rural - Universidade Federal Rural de Pernambuco Kennedy.james@hotmail.com André de Souza Melo Programa de Pós-Graduação em Administração e Desenvolvimento Rural - Universidade Federal Rural de Pernambuco andredesouzam@gmail.com
GT5: Agronegócio, Mercados e Comercialização
Resumo: Este trabalho tem o objetivo de analisar a influência que os preços do setor sucroalcooleiro de São Paulo têm sobre os preços do setor sucroalcooleiro de Pernambuco. Para isto, utilizou-se a metodologia de Vetores Autorregressivos (VAR), onde foram realizados os testes de causalidade de Granger, de decomposição de Variância e a Função de impulso-resposta. Foram utilizadas séries mensais com os preços em reais referentes ao açúcar e álcool hidratado de Pernambuco e São Paulo, sendo que, a análise das variáveis foi realizada no período de novembro de 2002 até março de 2016. O resultado dessa pesquisa confirma a existência de transmissão de preços entre os mercados de São Paulo e Pernambuco, mas não com a mesma intensidade que essa transmissão de preços ocorre quando se analisa de forma geral a transmissão de preços entre as regiões Centro-Sul e NorteNordeste. Constatou-se isso, porque somente o preço do etanol hidratado de Pernambuco se mostrou ser influenciado pelo preço do etanol hidratado de São Paulo; sofrendo pouquíssima influência do preço do açúcar paulista. Já o preço do açúcar de Pernambuco se mostrou menos influenciado ainda tanto pelo preço do etanol quanto pelo preço do açúcar do mercado sucroalcooleiro de São Paulo. Palavras-chave: Mercado Sucroalcooleiro, São Paulo, Pernambuco, Transmissão de Preços.
Abstract: This paper aims to analyze the influence of the prices of sugar and ethanol industry in São Paulo have on the prices of the sector of Pernambuco. For this, we used the methodology of Autoregressive Vectors (VAR ), where the Granger causality tests were carried out, decomposition of variance and impulse response function. Monthly series were used with the real price for the sugar and hydrated alcohol Pernambuco and Sao Paulo, and the analysis of variables was performed in November 2002 period to March 2016. The result of this research confirms the existence of transmission prices between São Paulo and Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1860
Pernambuco markets , but not with the same intensity that price transmission occurs when analyzing the general price transmission between the South-Central and North-Northeast. it was found , because only the price of hydrous ethanol Pernambuco proved to be influenced by the price of hydrous ethanol in Sao Paulo ; suffering very little influence the price of the São Paulo sugar. Already the price of Pernambuco sugar was less influenced still by both the price of ethanol and the price of the sugar of São Paulo market. Keywords: Sugarcane market, São Paulo, Pernambuco, Prices Transmission.
1. Introdução A produção de cana-de-açúcar é uma das principais culturas do mundo, sendo cultivada em mais de 100 países, representa uma importante fonte de mão de obra no meio rural e para o agronegócio desses países. O Brasil é o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo com 630 milhões de toneladas produzidas. Também é o maior produtor e exportador de açúcar do mundo (36 milhões de toneladas produzidas e 24 milhões de toneladas exportadas) e o segundo maior produtor de etanol (28 bilhões de litros), atrás apenas dos Estados Unidos (VIEIRA; LIMA; BRAGA, 2007; FERNANDES; SHIKIDA; CUNHA, 2013; UNICA, 2016). Segundo Fernandes, Shikida e Cunha (2013) e Vidal, Santos e Santos (2006), o mercado sucroalcooleiro do Brasil é o mais competitivo do mundo. Possui maiores níveis de produtividade, rendimento e menores custos de produção, além de empregar uma grande quantidade de mão-de-obra em boa parte do país. De acordo com Rodrigues (2010) e Alves e Lima (2010) esse setor reúne mais de 70.000 agricultores e 371 unidades produtoras de açúcar e álcool funcionando, gerando aproximadamente 4,5 milhões de empregos diretos e indiretos, contribuindo para o aumento da renda e desenvolvimento da economia brasileira. (BLOCK; CORONEL; VELOSO, 2012; UNICA, 2016). De acordo com Ferreira, Vital e Lima (2008) no Brasil em média 55% da produção de cana é destinada a produção de álcool e 45% a de açúcar. Cerca de 90% da produção de canade-açúcar está localizada na região Centro-Sul (que abrange os estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste) enquanto que os 10% restantes são responsáveis pelos estados das regiões Norte-Nordeste (FERREIRA; VITAL; LIMA, 2008; BLOCK; CORONEL; VELOSO, 2012; UNICA, 2016). No que diz respeito á área cultivada que é destinada à atividade sucroalcooleira nacional, a safra para no ano de 2015 foi de aproximadamente 10.870.647 milhões de hectares distribuídos entre todos os estados produtores. O estado de São Paulo
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permanece como o maior produtor brasileiro (5.728.285 hectares) de área plantada, seguido por Minas Gerais (781.920 hectares), Goiás com (967.936 hectares), Paraná (678.290 hectares), Mato Grosso do Sul (692.300 hectares), Alagoas (399.230 hectares) e Pernambuco (320.942 hectares) (UNICA, 2016). A importância econômica e social desse ramo do agronegócio para os estados de Pernambuco e São Paulo também são historicamente consideráveis. Segundo Silva (2010) e Marangoni (2011), o estado de Pernambuco ainda é considerado um grande produtor do setor canavieiro, ocupando o sétimo lugar em todo o país, e o segundo estado do Nordeste. Enquanto que São Paulo é o maior produtor do setor sucroalcooleiro nacional, responsável por cerca 60% de toda a produção. Desde meados do século XX que São Paulo vem gradualmente expandindo a sua produção de cana-de-açúcar e, consequentemente tem se tornado o principal produtor desse importante setor do agronegócio brasileiro (VIEIRA; LIMA; BRAGA, 2007; TORQUATO; MARTINS; RAMOS, 2009; PORTO; NETO; SOUZA, 2013). No Brasil a safra da cultura de cana-de-açúcar ocorre em dois períodos distintos: na região Centro-Sul esta ocorre nos meses de abril a agosto de um mesmo ano; enquanto que na região Norte-Nordeste, a safra concentra-se nos meses de outubro de um ano a março do ano seguinte. Isto possibilita ao Brasil produzir etanol e açúcar durante todo o ano, e com isso, atender a demanda dos mercados interno e externo (RODRIGUES; ORTIZ, 2006; FERNANDES; SHIKIDA; BRAGA, 2013). Entretanto, como as safras de cana-de-açúcar dos estados de São Paulo e Pernambuco ocorrem em períodos diferentes, ou seja, a produção do setor canavieiro de Pernambuco acontece justamente no período de entresafra da produção do setor canavieiro paulista e, também, em função da grande representatividade da Região Centro-Sul na produção nacional, tanto para o açúcar quanto para o etanol, surge à seguinte questão: Os preços do mercado sucroalcooleiro de São Paulo influenciam os preços do mercado sucroalcooleiro de Pernambuco? Assim, o objetivo principal desse estudo é entender se os preços do mercado sucroalcooleiro de Pernambuco sofrem alguma influência dos preços do mercado sucroalcooleiro de São Paulo, e também como o setor sucroalcooleiro do estado pernambucano responde a choques nos preços do mercado de São Paulo. Portanto, em vista da relevância histórica e econômica do mercado sucroalcooleiro brasileiro, e do impacto econômico que essa atividade agroindustrial representa para os Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1862
estados de São Paulo e Pernambuco, fica evidente a importância de ser realizado esse trabalho acadêmico. Isso evidencia mais ainda, a importância da realização desse estudo, primeiro como contribuição para a literatura sobre o tema e, segundo para servir de auxílio à gestão do agronegócio nos referidos estados, pois ao final dessa pesquisa, compreender-se-á de maneira mais profunda como acontece o processo de transmissão de preços do mercado sucroalcooleiro entre os dois estados, e a partir desse conhecimento auxiliar os produtores, gestores e demais agentes de mercado a tomarem decisões mais consistentes, como também auxiliar na formulação e implementação de estratégias e políticas públicas setoriais. 2. Revisão de Literatura Junior e Bacchi (2010) analisaram o processo de transmissão de preços no mercado de álcool combustível e de açúcar entre as regiões Centro-Sul e Norte-Nordeste. Os resultados da pesquisa indicam existência de causalidade unidirecional dos preços do açúcar e etanol da região Centro-Sul para o da região Norte-Nordeste e, mostram que as variações dos preços do açúcar e do etanol observadas na Região Centro-Sul são transmitidas de forma rápida para os preços do mercado Norte-Nordeste. Com isso, pode-se dizer que os mercados de açúcar e álcool das regiões Norte-Nordeste e Centro-Sul são integrados. Os autores justificam que o sentido de causalidade de preços entre as duas regiões, ocorre devido à grande representatividade da Região Centro-Sul na produção nacional no que tange a produção de açúcar e o álcool. Os autores concluem dizendo, que o fato de existir causalidade de preços dos produtos do setor sucroalcooleiro no sentido Centro-Sul para o Norte-Nordeste, torna possível aos produtores desta região prever os movimentos de preços e, com isso, formular melhores estratégias e políticas com base nos preços do mercado da região Centro-Sul. Alves e Lima (2010) também concordam que existe um processo de transmissão entre as duas regiões, ao afirmarem que os estados de Alagoas e Pernambuco; as regiões de Araçatuba e Ribeirão Preto em São Paulo, Maringá, no Paraná e, a região do Triângulo Mineiro em Minas Gerais; fazem parte do mesmo mercado econômico de açúcar. Constatando assim, que essas duas regiões Centro-Sul e Norte-Nordeste estão integradas e que existe uma relação de causalidade e, por sua vez, uma transmissão de preços do mercado de açúcar de ambas as regiões. A pesquisa revela que o mercado de Ribeirão Preto-SP foi considerado o mercado central para o açúcar no Brasil, e que todos os outros mercados analisados (exceto o
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mercado de São Paulo) respondem significativamente a variações nos preços desse mercado central. Segundo Block, Coronel e Veloso (2012) alimentos e combustíveis são setores estratégicos da economia de um país, e suas alterações de preços têm impacto importante em diversos setores. O mercado de etanol merece destaque, porque tanto o preço da cana-deaçúcar quanto o do açúcar sofrem influência significativa do preço do etanol hidratado, todavia esses produtos não demonstraram capacidade de influenciar os preços do etanol. Esse comportamento evidencia o poder que os biocombustíveis têm sobre outros elementos de sua cadeia produtiva e, em especial sobre os alimentos. Drabik, Ciaian e Pokrivcak (2014) realizaram um estudo similar ao examinar os efeitos das políticas de etanol e o processo de transmissão de preços nos mercados de milho e de alimentos. A pesquisa aponta que os biocombustíveis afetam a transmissão de preços ao longo da cadeia alimentar, mas esse efeito depende muito das políticas governamentais de subsídio ao mercado de biocombustíveis. Esse fenômeno tem chamado a atenção dos formuladores de políticas de vários países. Os autores ainda destacam que a produção de etanol pode ser competitiva sem a existência de políticas de subsídio, o que poderia reduzir os impactos ou efeitos no mercado de alimentos. Nesse contexto, Zilberman et al. (2013) fazem uma análise de séries temporais ligando os preços do mercado de alimentos e os preços dos biocombustíveis. A pesquisa mostra que a produção de biocombustíveis pode afetar os preços dos alimentos, porém esse impacto varia de um país para o outro. Além disso, verificou-se que a produção de biocombustíveis tem um menor impacto sobre os preços dos alimentos quando esta produção de biocombustíveis não está competindo com áreas agrícolas destinadas a produção de alimentos. Bini, Canever e Denardim (2015) estudaram o relacionamento entre os preços das commodities energéticas (petróleo e etanol) e das commodities agrícolas milho e soja. Os resultados afirmam que o preço do petróleo constitui uma variável importante na determinação do preço tanto do etanol como das outras commodities agrícolas analisadas. O etanol também demonstrou influenciar de forma significativa os preços das commodities agrícolas. Confirmando com isso, a dependência das commodities agrícolas em relação às fontes de energia (petróleo e etanol). Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1864
Bentivoglio, Finco e Bacchi (2015) em outro estudo semelhante, verificam o impacto dos preços do etanol brasileiro nos preços do açúcar e da gasolina. Os autores chegaram à conclusão que, os preços do etanol são afetados pelos preços dos mercados de açúcar e gasolina, mas não há forte evidência de que variações nos preços do etanol afetam os preços dos alimentos. Ademais, os autores ressaltam a importância do etanol no Brasil, pois o biocombustível pode configurar-se numa ótima estratégia para reduzir a dependência de petróleo bruto e a degradação ambiental. Silva e Almeida (2010) fazem também uma análise da inter-relação dos mercados de etanol, açúcar e gasolina. Para eles, como o etanol é um bem substituto para a gasolina, a elevação do preço do petróleo pode acarretar um aumento do preço do etanol. Consequentemente, a elevação do preço do álcool tende a elevar o preço da matéria-prima para produção do açúcar, o que incentiva os produtores a substituir a produção de açúcar por álcool. Estes movimentos tendem, portanto, a causar uma elevação do preço do açúcar no mercado internacional. Melo e Sampaio (2016) concordam que uma elevação nos preços do petróleo, causam por sua vez, uma elevação também na produção do etanol e da cana-de-açúcar (commoditie). Esse mesmo efeito ocorre em relação ao mercado de açúcar. Ou seja, se ocorrer uma alta nos preços do petróleo, mais etanol é demandado, causando uma diminuição na produção do açúcar e por sua vez, um aumento no seu preço. Para Tokgoz e Elobei (2006) muitos estudos têm dado ênfase apenas ao impacto do petróleo sobre os preços do etanol. Porém, os preços das commodities agrícolas também têm uma grande influência sobre o mercado de etanol. Para os autores, os preços elevados do petróleo podem aumentar também os preços de commodities agrícolas e estes por sua vez, podem afetar o preço do mercado de etanol. Em outras palavras, se os preços do petróleo aumentar muito, a demanda por biocombustíveis (bem substituto) aumentará, o que levará também a um aumento na demanda e nos preços das matérias-primas (como milho e cana-deaçúcar) essenciais para a fabricação do etanol. 3. Metodologia
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Para analisar como o mercado sucroalcooleiro pernambucano responde a choques externos, utilizar-se-á a metodologia de Vetores Autorregressivos (VAR). Segundo Gujarati (2006) pode-se dizer que esse método é semelhante aos modelos de equações simultâneas no sentido que as variáveis endógenas devem ser consideradas em conjunto. Porém, cada uma das variáveis endógenas deve ser explicada por seus valores defasados ou passados e também pelos valores defasados ou passados de todas as outras variáveis que pertencem ao modelo (STOCK; WATSON, 2004). O método dos Mínimos Quadrados Ordinários é aplicado a cada uma das equações separadamente e, as previsões obtidas pelos modelos de Auto-regressão Vetorial, são em muitos casos, até mesmo melhores do que os resultados obtidos por modelos mais complexos, como os de Equações Simultâneas. (GUJARATI, 2006). Os modelos de vetores autorregressivos (VAR), além de serem multivariados (modelos que trabalham com diversas variáveis de séries temporais), os mesmos possuem ferramentas e funções estatísticas avançadas e, concomitantemente, são fáceis de serem utilizados e interpretados. Assim, o VAR é um modelo econométrico robusto, consistente e de alta credibilidade para descrever dados, realizar previsões ex-post e ex-ante, realizar inferências e fazer análises de políticas econômicas (STOCK; WATSON, 2004). Outra característica interessante do modelo econométrico VAR, é que normalmente ele utiliza somente variáveis endógenas. (GUJARATI, 2006). Neste caso, como este trabalho pretende analisar a influência dos preços do mercado sucroalcooleiro de São Paulo sobre os preços do mercado sucroalcooleiro de Pernambuco; as variáveis que serão analisadas e que formam o modelo econométrico são: os preços do açúcar e do álcool hidratado (etanol) dos mercados sucroalcooleiro de ambos os estados. Vale ressaltar, que as quatro variáveis mencionadas são endógenas ou dependentes e que as mesmas serão explicadas por seus valores defasados ou passados. É importante destacar, que antes de qualquer análise econométrica com dados de séries temporais, é necessário verificar se as séries analisadas são ou não estacionárias. Uma série é estacionária se suas características, como média e variância, não variam ao longo do tempo (GUJARATI, 2006). Se após a realização do teste de raiz unitária for identificada que a série contém uma raiz unitária, isso significa que esta série é não-estacionária, sendo necessário, portanto, transformar esta série em estacionária por meio do processo denominado de Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1866
diferenciação. Então, para a verificação da estacionariedade das séries, foi feito o teste de Dickey-Fuller Aumentado (ADF). O teste ADF mostrou que as quatro séries usadas no modelo (preços do açúcar e do álcool hidratado dos mercados de São Paulo e Pernambuco) inicialmente não se mostraram estacionárias, sendo necessário realizar uma diferenciação em cada série, para retirar a raiz unitária, tornando-as integradas de ordem um (1). Dessa forma, somente após a realização do teste de raiz unitária (teste de Dickey-Fuller Aumentado) e diferenciação da série para torná-las estacionárias é que foram realizados os testes de causalidade de Granger, decomposição de variância e a função de impulso resposta através da estimação do VAR. No que diz respeito à base de dados secundários que será utilizada para fazer a estimação do modelo econométrico pesquisa, as séries temporais referentes às variáveis do modelo são em períodos mensais e foram obtidas através do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (CEPEA/USP), para o período de novembro do ano 2002 até março de 2016, perfazendo um total de 161 observações. Portanto, através do método de Auto-Regressão Vetorial (VAR) serão estimadas as quatro variáveis endógenas do modelo, que, a saber, são: os preços do açúcar e do álcool hidratado do mercado sucroalcooleiro de São Paulo e os preços do açúcar e do álcool hidratado do mercado Sucroalcooleiro de Pernambuco. As séries de preços referentes às quatro variáveis a serem estimadas, foram coletadas em reais (R$) junto ao Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (CEPEA/USP). Cabe lembrar, que será dado um choque apenas nos preços do mercado de São Paulo para saber como os preços do mercado de Pernambuco respondem a este choque. Assim, a análise desse trabalho será unidirecional, ou seja, esse trabalho está preocupado apenas em entender como os preços da agroindústria canavieira pernambucana responde ou reage diante de choques nos preços da agroindústria canavieira paulista, bem como a influência que os preços do segundo mercado exercem sobre o primeiro. Dessa forma, os testes que expressam a relação de causalidade de Granger, a decomposição de variância e a função de impulsoresposta referente às quatro variáveis do modelo, serão examinadas apenas no sentido unidirecional do mercado canavieiro do estado de São Paulo para o mercado canavieiro do estado de Pernambuco. Esse trabalho não se propõe a compreender e examinar a relação
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inversa, isto é, os efeitos e o impacto econômico dos preços do açúcar e do etanol do mercado de Pernambuco sobre os preços do açúcar e do etanol do mercado de São Paulo. 4. Resultados Abaixo seguem os resultados dos testes de Causalidade de Granger, de Decomposição de Variância e da Função de Impulo-Resposta por meio da estimação do modelo econométrico VAR. O teste de Causalidade de Granger é um teste F, onde a hipótese nula (H0) geralmente afirma-se que a um nível de significância maior do que 5% ou no máximo 10%, que não há relação de causalidade entre as variáveis testadas. E afirma-se que a hipótese alternativa (H1) a um nível de significância menor ou igual a 5% ou no máximo 10%, tem uma relação de causalidade entre as variáveis testadas. Assim, se for possível afirmar estatisticamente que a um nível de significância de 5% ou 10% que a hipótese nula foi rejeitada, neste caso, conclui-se que uma variável X tem uma relação de causalidade de Granger com outra variável Y, logo, pode-se dizer que os valores defasados da variável X influenciam o comportamento da variável Y. Pode acontecer também de existir uma relação de causalidade nos dois sentidos (bi-causal), neste caso, pode-se afirmar estatisticamente que a variável Y tem uma relação de causalidade no sentido de Granger com X e a variável X tem uma relação de causalidade no sentido de Granger com Y. Evidenciando com isso, que as duas variáveis influenciam e sofrem influência uma da outra simultaneamente (MELO; MOTA; LIMA, 2009). Tabela 1 – Teste de Causalidade de Granger para a variável Preço do Açúcar de São Paulo (DACSP) VARIÁVEL DACSP DACPE DETHPE DETHSP
F-STATISTIC 13.0269 1.0978 0.2966 3.4739
SIGNIF 0.0004247 0.2965216 0.5868836 0.0644081
Fonte: Elaboração Própria Primeiramente objetiva-se verificar, se existe relação de causalidade de Granger entre os preços do mercado sucroalcooleiro de São Paulo e os preços do mercado sucroalcooleiro de Pernambuco. Assim, pode-se notar de acordo com a Tabela 1, que a variável preço do açúcar de São Paulo (DACSP) a um nível de significância de 5% ou 10% não tem relação de
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causalidade com as variáveis preço do açúcar (DACPE) e preço do etanol hidratado (DETHPE) do estado de Pernambuco. Assim, a variável preço do açúcar de São Paulo (DACSP) apresentou ter relação de causalidade apenas com ela mesmo e com o preço do etanol de São Paulo. Desse modo, conclui-se que variações no preço do açúcar de São Paulo não provocam nenhuma variação nos preços do açúcar e do álcool hidratado de Pernambuco (mas apenas nos preços do próprio mercado do estado de São Paulo), mostrando assim, que o preço do açúcar e do etanol do mercado de Pernambuco não sofre influências dos preços do açúcar do mercado de São Paulo. Tabela 2 – Teste de Causalidade de Granger para a variável Preço do Álcool Hidratado de São Paulo (DETHSP). VARIÁVEL DACSP DACPE DETHPE DETHSP
F-STATISTIC 0.3765 0.3676 11.2539 19.2820
SIGNIF 0.5404415 0.5452936 0.0010192 0.0000219
Fonte: Elaboração Própria Analisando agora a relação de causalidade de Granger entre o preço do álcool hidratado (DETHSP) de São Paulo e os preços das variáveis açúcar (DACPE) e álcool hidratado (DETHPE) do mercado de Pernambuco, conforme nos mostra a Tabela 2; observase que a variável preço do álcool hidratado de São Paulo tem uma relação de causalidade apenas com o preço do álcool hidratado do mercado de Pernambuco e também entre o preço do álcool hidratado de São Paulo ela mesma. Isso implica em afirmar, que segundo a estimação desse modelo, variações no preço do álcool hidratado de São Paulo afetam ou causam variações somente no preço do álcool hidratado de Pernambuco e, também no preço do álcool hidratado do próprio mercado de São Paulo.
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Tabela 3 – Decomposição de variância para a variável Preço do Açúcar de Pernambuco (DACPE) STEP 1 5 10 20 30 35 40
STD ERROR 4.02910698 4.17094548 4.17100170 4.17100170 4.17100170 4.17100170 4.17100170
DACSP 1.652 3.676 3.677 3.677 3.677 3.677 3.677
DACPE 98.348 95.454 95.452 95.452 95.452 95.452 95.452
DETHPE 0.000 0.007 0.007 0.007 0.007 0.007 0.007
DETHSP 0.000 0.863 0.864 0.864 0.864 0.864 0.864
Fonte: Elaboração Própria O teste de causalidade de Granger é importante porque diz se existe alguma relação de causalidade entre as variáveis. Contudo, o teste de decomposição de variância mostra-se mais completo, pois ele revela o grau ou nível de intensidade em que uma variável afeta a outra. Pode-se dizer também que o teste de decomposição de variância explica detalhadamente e, em termos percentuais, a participação de cada variável na explicação das outras variáveis do modelo econométrico (Valença et al., 2015). A Tabela 3 apresenta o resultado da decomposição de variância da variável preço do açúcar (DACPE) do mercado sucroalcooleiro de Pernambuco, tendo em especial como variáveis explicativas as variáveis preço do açúcar e álcool hidratado do mercado sucroalcooleiro de São Paulo. No 1º tempo defasado (mês) o preço do açúcar do mercado de Pernambuco é explicado em sua maior parte por ele mesmo (98,34%), sendo explicado em apenas 1,65% pelo preço do açúcar do mercado de São Paulo. A partir do 5º tempo defasado (mês) até o 40º tempo defasado (mês), o quadro sofre uma pequena alteração, pois, o preço do açúcar de Pernambuco ainda permanece durante todo o período sendo explicado em sua maior parte pela própria variável (95,45%), sendo explicada pelo pequeno percentual de apenas 3,67% pelo preço do açúcar do mercado de São Paulo, e por menos de 1% pelo preço etanol do estado de São Paulo. Com isto, diante dos resultados descritos na tabela acima, conclui-se que o preço do açúcar do mercado sucroalcooleiro de Pernambuco sofre uma pequena influência dos preços do mercado de São Paulo, pois, uma variação nos preços do açúcar e do etanol de São Paulo causam uma variação ou alteração de apenas 3,67% e 0,87%, respectivamente, no preço do açúcar do mercado de Pernambuco.
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Tabela 4 – Decomposição de variância para a variável Preço do Álcool Hidratado de Pernambuco (DETHPE) STEP 1 5 10 20 30 35 40
STD ERROR 0.06141961 0.07005742 0.07005826 0.07005826 0.07005826 0.07005826 0.07005826
DACSP 1.301 1.310 1.310 1.310 1.310 1.310 1.310
DACPE 27.312 26.809 26.809 26.809 26.809 26.809 26.809
DETHPE 71.387 55.797 55.797 55.797 55.797 55.797 55.797
DETHSP 0.000 16.084 16.084 16.084 16.084 16.084 16.084
Fonte: Elaboração Própria A Tabela 4 apresenta, por sua vez, o resultado da decomposição de variância da variável preço do álcool hidratado (DETHPE) do mercado sucroalcooleiro de Pernambuco, tendo em especial como variáveis explicativas as variáveis preço do açúcar (DACSP) e álcool hidratado (DETHSP) do mercado sucroalcooleiro de São Paulo. Observa-se que no 1º período defasado (mês) o preço do álcool hidratado do mercado de Pernambuco é explicado em sua maior parte por ele mesmo (71,39%) e por 27,31% pelo preço do açúcar do próprio mercado pernambucano. Sendo explicado por apenas 1,30% pelo preço do açúcar e 0% pelo preço do etanol do mercado de São Paulo. A partir do 5º período defasado (mês) até o 40º período defasado (mês), percebe-se que o preço do etanol de Pernambuco, ainda continua sendo explicado em sua maior parte pela própria variável (55,80%) e pelo preço do açúcar (26,81%) do próprio mercado de Pernambuco. Para esse mesmo período defasado (5º até o 40º), o etanol do estado de Pernambuco foi explicado em apenas 1,31% pelo preço do açúcar de São Paulo. Enquanto que o preço do etanol de São Paulo mostrou-se explicar ou influenciar de maneira mais significativa com um percentual de 16,08%, o preço do álcool hidratado do estado de Pernambuco. Assim, diante dos resultados apresentados na tabela 4, conclui-se que o preço do álcool hidratado do mercado sucroalcooleiro de Pernambuco sofre uma pequena influência dos preços do açúcar do mercado de São Paulo, pois uma variação nos preços do açúcar de São Paulo provoca uma variação ou alteração de apenas 1,31% no preço do etanol hidratado do mercado de Pernambuco. Em contrapartida, o preço do álcool hidratado do mercado de São Paulo apresentou ter uma maior influência no preço do álcool hidratado de Pernambuco, visto que uma alteração no preço do etanol de São Paulo provoca uma alteração de 16,08% no preço do etanol do mercado de Pernambuco. Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1871
Gráfico 1 - Função de Resposta ao Impulso da variável Álcool Hidratado de São Paulo (DETHSP)
Fonte: Elaboração Própria A função impulso-resposta é uma ferramenta que analisa as respostas ou alterações das variáveis de um modelo, a partir de choques ocorridos em uma determinada variável. No gráfico 1 é apresentada a resposta das variáveis preço do açúcar de São Paulo, e preço do açúcar e do álcool hidratado de Pernambuco, considerando a hipótese de um choque na variável preço do álcool hidratado de São Paulo. De acordo com o gráfico acima, observa-se que um choque na variável preço do etanol hidratado do mercado de São Paulo, provoca uma variação significativa apenas no curto prazo na variável preço do etanol hidratado de Pernambuco. Já com relação à variável preço do açúcar de Pernambuco, esta variável apresentou sofrer uma pequena alteração em relação à ocorrência de um choque no preço do álcool hidratado de São Paulo. O preço do açúcar de São Paulo, também mostrou sofrer uma pequena variação no curto prazo em relação ao choque da variável preço do etanol hidratado do estado de São Paulo.
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Gráfico 2 - Função de Resposta ao Impulso da variável Preço do açúcar de São Paulo (DACSP)
Fonte: Elaboração Própria No gráfico 2, temos a resposta das variáveis preço do etanol hidratado de São Paulo, e preços do açúcar e do álcool hidratado de Pernambuco, considerando a ocorrência de um choque na variável preço do açúcar do mercado sucroalcooleiro de São Paulo. Pode-se notar que, um choque no preço do açúcar de São Paulo, provoca uma pequena alteração ou variação apenas no curto prazo em relação à variável preço do açúcar de Pernambuco. Já no que diz respeito à variável álcool hidratado de Pernambuco, esta variável apresentou uma variação menor ainda em curto prazo, considerando a ocorrência de choques na variável preço do açúcar de São Paulo. O preço do etanol hidratado de São Paulo, também apresentou uma pequena variação no curto prazo em relação ao choque da variável preço do açúcar do mercado de São Paulo. Fazendo uma análise conjunta dos testes de causalidade de Granger, Decomposição de Variância e da Função de Impulso-Resposta, observa-se que os resultados estimados e encontrados nesse trabalho, não se mostraram opostos e nem totalmente coerente ou condizente com a literatura acerca do tema, que infere que os preços do mercado sucroalcooleiro do estado de São Paulo exercem uma forte influência sobre os preços do Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1873
açúcar e do álcool hidratado do mercado sucroalcooleiro do Nordeste, e por sua vez, sobre os preços do açúcar e do etanol hidratado do mercado pernambucano, devido principalmente aos seguintes fatores, como: a grande representatividade do mercado sucroalcooleiro paulista no cenário econômico nacional e mundial, o fato do período de safra da região Centro-Sul ocorrer exatamente no período de entressafra da região Norte-Nordeste e por essas duas regiões serem economicamente integradas (no que diz respeito ao mercado sucroalcooleiro), ou seja, por pertencerem a um mesmo mercado econômico e que competem entre si, implicando na existência de um processo de transmissão de preços de uma região para outra (JUNIOR; BACCHI, 2012; ALVES; LIMA, 2010; RODRIGUES; ORTIZ, 2006; FERNANDES; SHIKIDA; BRAGA, 2013). Porém, vale ressaltar que a literatura sobre o processo de transmissão de preços do mercado sucroalcooleiro no Brasil, ainda é bastante escassa, visto que há pouquíssimos estudos que abordam a questão da transmissão de preços do mercado sucroalcooleiro da região Centro-Sul para a região Norte-Nordeste e, mais escassa ainda é a literatura que estuda a transmissão de preços entre os mercados sucroalcooleiros de São Paulo e Pernambuco. Corroborando o argumento acima, Junior e Bacchi (2012) e Alves e Lima (2010), confirmam que existe uma relação de causalidade e de integração de mercados entre as regiões CentroSul e Norte-Nordeste, e que por sua vez, os preços do mercado sucroalcooleiro da região Centro-Sul exercem uma forte influência sobre os preços do mercado sucroalcooleiro da região Norte-Nordeste. Entretanto, esses estudos abordam apenas a transmissão de preços do mercado sucroalcooleiro nacional, ou de uma região sobre a outra, não fazendo uma análise minuciosa e profunda sobre a influência na determinação de preços que um estado específico da região Centro-Sul tem sobre os preços de um estado específico da região Norte-Nordeste. Portanto, o resultado desta pesquisa, não foi contrário ao que endossa a literatura sobre o tema, até por que, conforme salientado acima, os poucos estudos existentes no Brasil, discorrem e abordam somente de forma geral o processo de transmissão de preços do mercado sucroalcooleiro, mostrando que existe uma relação de causalidade e de integração de mercados e, por conseguinte, de transmissão de preços no mercado sucroalcooleiro nacional, ou especificamente entre as regiões Centro-Sul e Norte-Nordeste, sendo que, a literatura existente não afirma e nem explica que esse processo de transmissão de preços ocorre necessariamente na mesma intensidade ou no mesmo nível entre todos os principais estados
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produtores de açúcar e etanol dessas duas regiões (JUNIOR; BACCHI, 2012; ALVES; LIMA, 2010; MELO; MOTA; LIMA, 2008; BLOCK; CORONEL; VELOSO, 2012). Foi exatamente o que se constatou nessa pesquisa acadêmica, o qual se propôs a fazer uma análise específica e minuciosa da influência dos preços do mercado sucroalcooleiro de São Paulo sobre os preços do mercado sucroalcooleiro de Pernambuco; cujo resultado confirmou que existe um processo de transmissão de preços entre os mercados de São Paulo e Pernambuco, todavia não com a mesma intensidade que essa transmissão de preços ocorre quando se analisa de forma geral a transmissão de preços entre a região Centro-Sul e Norte-Nordeste. Isso ficou evidenciado nesse artigo, pois somente o preço do etanol hidratado de Pernambuco se mostrou ser influenciado pelo preço do etanol de São Paulo; sofrendo pouquíssima influência do preço do açúcar paulista. Já o preço do açúcar de Pernambuco se mostrou menos influenciado ainda tanto pelo preço do etanol como pelo preço do açúcar do mercado sucroalcooleiro de São Paulo. 5. Considerações Finais O presente trabalho teve como objetivo analisar a influência que os preços do mercado sucroalcooleiro de São Paulo exercem sobre os preços do mercado sucroalcooleiro de Pernambuco; evidenciando, com isso, a importância de se estudar o processo de transmissão de preços no mercado sucroalcooleiro nacional, especificamente entre os estados de São Paulo e Pernambuco. A atividade sucroalcooleira é atualmente um dos principais setores do agronegócio e da economia brasileira, e alterações nos mercados de açúcar e etanol, podem por sua vez, impactar significativamente diversos setores da economia brasileira. Além do mais, o fato de existir causalidade de preços dos produtos do setor sucroalcooleiro no sentido São Paulo para o Pernambuco, torna possível aos produtores de Pernambuco prever os movimentos de preços e, com isso, formularem melhores estratégias e políticas com base nos preços do mercado do estado Paulista, que é o maior produtor do país de açúcar e álcool hidratado. Para realização dessa pesquisa, utilizou-se a metodologia de Vetores Autorregressivos (VAR), onde foi utilizado o teste de causalidade de Granger, o teste de composição de variância e a função de impulso-resposta através da estimação do VAR, a fim de analisar a relação existente entre os preços do açúcar e do álcool hidratado entre os estados de São Paulo e Pernambuco.
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Esperava-se que os preços do açúcar e do álcool hidratado do mercado sucroalcooleiro de São Paulo tivessem uma maior influência sobre os preços do açúcar e do álcool hidratado do mercado de Pernambuco. Pois, considerando inicialmente o teste de causalidade de Granger, os resultados mostraram que o preço do açúcar de São Paulo não apresentou ter relação de causalidade com os preços do açúcar e do etanol de Pernambuco; apenas o preço do álcool hidratado de São Paulo foi que apresentou ter uma relação de causalidade no sentido de Granger com o preço do etanol de Pernambuco, não apresentando nenhuma relação de causalidade com o preço do açúcar de Pernambuco. A decomposição de variância corroborou o resultado do teste de causalidade, ao mostrar que o preço do açúcar de Pernambuco sofre uma pequena ou fraca influência do preço do açúcar de São Paulo; enquanto que o preço do etanol de São Paulo apresentou exercer uma influência menor ainda sobre o preço do açúcar de Pernambuco. Já o preço do etanol hidratado de Pernambuco, de acordo com o resultado da decomposição de variância, mostrou sofrer uma influência maior do preço do etanol hidratado de São Paulo, enquanto que o preço do açúcar de São Paulo apresentou exercer pouca influência sobre o preço do etanol de Pernambuco. A Função de impulso-resposta mostrou que um choque nos preços do açúcar e do álcool hidratado de São Paulo provoca uma variação apenas em curto prazo nos preços do açúcar de álcool hidratado de Pernambuco. Entretanto, o resultado encontrado nesta pesquisa, não foi contrário ao que afirma a literatura sobre o tema, que inclusive ainda é escassa. Sendo que os poucos estudos que abordam o processo de transmissão de preços no mercado sucroalcooleiro nacional, discorrem somente de forma geral, mostrando que existe uma relação de causalidade e de integração de mercados e, por conseguinte, de transmissão de preços no mercado sucroalcooleiro nacional, ou especificamente entre as regiões Centro-Sul e Norte-Nordeste, sendo que, a literatura existente não afirma e nem explica que esse processo de transmissão de preços ocorre necessariamente na mesma intensidade entre todos os principais estados produtores de açúcar e etanol dessas duas regiões. O resultado desse artigo reflete exatamente isso, ao confirmar que existe um processo de transmissão de preços entre os mercados de São Paulo e Pernambuco, mas não com a mesma intensidade que essa transmissão de preços ocorre quando se analisa de forma geral a transmissão de preços entre a região Centro-Sul e NorteNordeste. Em suma, constatou-se isso, porque somente o preço do etanol hidratado de Pernambuco se mostrou ser influenciado pelo preço do etanol hidratado de São Paulo; sofrendo pouquíssima influência do preço do açúcar paulista. Já o preço do açúcar de Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1876
Pernambuco se mostrou menos influenciado ainda tanto pelo preço do etanol quanto pelo preço do açúcar do mercado sucroalcooleiro de São Paulo.
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Valor da produção de leite na mesorregião Sudeste do Pará e de suas microrregiões no período de 2005 a 2014, e analise dos fatores responsáveis pela sua variação utilizando o modelo Shift-Share. Milk production value in Southeast mesoregion Pará and their microregions the period 2005 to 2014 and analysis of factors responsible for the variation model using ShiftShare. VANDA COELHO REGO Graduando de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, Instituto de Estudo em Desenvolvimento Agrário e Regional – IEDAR. vanda.rgo@hotmail.com
WASHINGTON LUIS LIMA RIBEIRO Graduando de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, Instituto de Estudo em Desenvolvimento Agrário e Regional – IEDAR. washington.lr@hotmail.com
HAYATAHANDESON B. DE CALDAS Professor de Economia da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, Instituto de Estudo em Desenvolvimento Agrário e Regional – IEDAR hayatahandeson@hotmail.com .
Grupo de Pesquisa: Agronegócio, Mercados e Comercialização
RESUMO Este artigo analisa a evolução do valor da produção leiteira na mesorregião Sudeste do Pará e suas microrregiões no período de 2005 a 2014. A metodologia empregada foi o modelo Shift-Share que permite decompor as taxas de crescimento nos efeitos expansão do rebanho leiteiro, produtividade e preço. Os resultados mostram que a mesorregião Sudeste do Pará é a maior produtora e a mais especializada na produção de leite do Estado. Entre os efeitos pesquisados na mesorregião, o efeito produtividade foi o que mais contribuiu para o valor da produção, refletindo as tendências ocorridas nas suas microrregiões. Isso mostra que a inserção de tecnologias vem contribuindo positivamente para o aumento da renda dos produtores desta atividade. Portanto, esta pesquisa mostra que a taxa de crescimento do valor da produção de leite ao ser decompostas em seus efeitos, pode servir de base para fazer um diagnóstico importante da implementação de políticas públicas que favoreça o desenvolvimento da atividade leiteria na região. Palavras Chave: Pecuária leiteira; Valor da produção; Mesorregião; Microrregião; ShiftShare.
ABSTRACT
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This article analyzes the evolution of the value of milk production in the mesoregion Southeast of Pará and its micro-regions from 2005 to 2014. The methodology used was the Shift-Share model that allows breaking growth rates in effect expansion of the dairy herd, productivity and price. The results show that the mesoregion Southeast of Pará is the largest producer and the most specialized in the production of milk from the state. Among the effects studied in the mesoregion, the productivity effect was the largest contributor to the value of production, reflecting the trends occurring in their micro-regions. This shows that the inclusion of technology has been positively contributing to the increase in income of the producers of this activity. Therefore, this research shows that the growth rate of the value of milk production to be broken down into its effects, can serve as a basis to make an important diagnosis of the implementation of public policies conducive to the development of the dairy activity in the region. Keywords: Dairy herd; Value of production; Mesoregion; Micro-region; Shift-Share.
1.INTRODUÇAO
A produção de leite ocorre em todo o território nacional e vem trazendo uma grande contribuição socioeconômica aos produtores, pois a atividade leiteira gera renda e proporciona uma grande absorção de mão de obra rural (familiar ou não), contribuído para a fixação do homem no campo, além de servir como fonte de alimento. Segundo Raiol et al (2009), a pecuária leiteira assume papel relevante na economia regional, pois além de participar na segurança alimentar, ocupa mão de obra, gerando renda e como estratégia de sobrevivência para os segmentos de menor porte. E no Estado do Pará a atividade leiteira também assume um papel social na sustentabilidade das famílias e econômico do Estado, com a comercialização do produto gerando renda. (RAIOL et al., 2009). No ano de 2014 o Pará aumentou a sua produção leiteira em 2,7% (14,7 milhões) e a produção estadual alcançou 554 milhões (Zocal, 2015). Sena et al (2010), em seu estudo sobre a concentração espacial da pecuária leiteira no Pará referente ao período de 1990 a 2008, observou que a produção de leite é concentrada no Sul do Pará, onde as mesorregiões Sudeste e Sudoeste Paraense foram responsáveis por aproximadamente 81,66% do total de vacas ordenhadas e 78,52% da produção estadual. Como fontes de crescimento do leite, Carneiro (1995) apud Fonseca e Pinha (2013), afirmam que existem duas maneiras do pecuarista individualmente aumentar a oferta de leite. A primeira é por meio do crescimento extensivo e a segunda mediante ao aumento intensivo da produção. Fonseca e Pinha acrescenta ainda que outras variáveis exógenas como preço do
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leite ao produtor, renda do pecuarista e crédito rural, também possam ser relevantes à oferta de leite nacional. Diante da importância socioeconômica e do crescimento da atividade leiteira, não só nacionalmente como de forma regional, questiona-se como vem se comportando a evolução do valor da produção de leite na mesorregião Sudeste do Pará e de suas microrregiões diante de algumas fontes de crescimento. A partir deste questionamento, este trabalho tem como principal objetivo analisar a evolução do valor da produção de leite na mesorregião Sudeste do Pará e suas microrregiões no período de 2005 a 2014 a partir das suas fontes de crescimento nos efeitos expansão do rebanho leiteiro (vacas ordenhas), produtividade e preço, utilizando para isso o modelo ShiftShare. Portanto, estas analises são importantes para conhecer as bases em que está crescendo o valor da produção de leite na mesorregião, com isso facilitando a tomada de decisões para o desenvolvimento desta atividade e aplicação de políticas públicas que tracem novos rumos a pecuária leiteira da mesorregião do sudeste do Pará, além de produzir conhecimento que possam ser fontes a outros trabalhos científicos sobre o assunto.
2. REVISAO DE LITERATURA
A produção de leite ocorre em todo o território nacional e constitui um produto indispensável na alimentação da população e também em uma atividade econômica para país, principalmente para os agricultores familiares. Como afirma Fonseca (2013) que a pecuária leiteira possui uma grande importância no cenário lácteo nacional por três motivos, o primeiro, por ser o leite um produto essencial à alimentação humana; segundo, por ser importante na formação de renda de um grande número de agricultores no Brasil, em especial de pequenos produtores; e terceiro, por sua produção e comercialização estar presente em todas as regiões brasileiras. No norte do Brasil a produção de leite está vinculado ao processo de expansão da fronteira amazônica e nesse ambiente a pecuária leiteira está intensamente ligada agricultura familiar, com utilização da mão-de-obra familiar que na maioria das vezes residem na propriedade leiteira. Também proporciona uma renda contínua e frequente durante todo o ano
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para os produtores podendo ser combinadas com outras atividades perenes e anuais (Sena et al. 2010). E no Estado do Pará a atividade leiteira também assume um papel social na sustentabilidade das famílias e econômico do Estado, com a comercialização do produto gerando renda. (RAIOL et al., 2009). No ano de 2014 o Pará aumentou a sua produção leiteira em 2,7% (14,7 milhões) e a produção estadual alcançou 554 milhões (Zocal, 2015). Em seus estudos entre o ano de 1997 a 2007 Raiol (2009) verificou que o Sudeste Paraense se destacou por apresentar as maiores taxas anuais para produção de leite, vacas ordenhadas e produtividade animal, confirmando o fato de sua maior especialização na produção leiteira. E Sena et al. (2010) verificou que no período de 1990-2008 a produção leiteira paraense teve um crescimento de 6,88% ao ano que ocorreu em função dos ganhos de produtividade animal, cuja taxa de crescimento foi de 4,36% ao ano, superando a expansão do plantel de vacas ordenhadas que foi de 2,42% ao ano. No entanto, no Pará ainda existem algumas dificuldades para a produção leiteira que são: o manejo inadequado dos animais, estacionalidade da produção de forragem, manejo sanitário e reprodutivo do rebanho, mão-de-obra pouco especializada ou não capacitada, baixa capacidade de investimento dos produtores, carência de assistência técnica qualificada, sistema de transferência de tecnologia inadequado, carência de infraestrutura nas estradas ‘‘linhas de leite” e energia elétrica, dificultando a captação de matéria-prima. E ainda a falta de organização entre os produtores que dificulta a melhoria técnica e econômica dos sistemas de produção, uma vez que os produtores atuam de forma isolada (Bressan e Vilela (2003) e Ludovino et al. (2000) apud Raiol (2009). Segundo Martins et al. (2008), o rebanho paraense é pouco especializado para a produção de leite, no entanto tem ocorrido avanços no campo tecnológico, principalmente no Sul do Pará que abrange as mesorregiões do Sudeste e Sudoeste Paraense, devido ao aumento nos investimentos e adoção de práticas de manejo sanitário e de pastagens. A região sul do Pará oferece condições favoráveis ao desenvolvimento da cadeia produtiva do leite. Assim como na região transamazônica desenvolve a pecuária para venda de bezerros e rebanhos com aptidão mista (carne e leite), valorizando os bovinos de raças não definida e propiciando ao produtor uma renda tão segura quanto à carne (POCCARDCHAPUIS et al., 2003).
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Dentro da mesorregião Sudeste do Pará, o rebanho leiteiro está concentrado principalmente nas microrregiões de São Félix do Xingu, Redenção, Parauapebas, Marabá e Paragominas (MARTINS et al., 2008). Sena et al. (2010) em seu trabalho sobre a produção leite no Pará verificou que a produção é concentrada no Sul do Pará, onde as mesorregiões do Sudeste e Sudoeste Paraense foram responsáveis por aproximadamente 81,66% do total de vacas ordenhadas e 78,52% da produção estadual, considerando a média do período 1990-2008. Dentre os fatores do crescimento da produção de leite, Gomes (1991) cita que a produção de leite pode crescer por meio do aumento no número de vacas ordenhadas (crescimento extensivo), de produtividade (crescimento intensivo) e pela combinação dessas duas fontes. Carneiro (1995) citado por Fonseca e Pinha (2013), também afirma que existem duas maneiras do pecuarista individualmente aumentar a oferta de leite. A primeira é por meio do crescimento do rebanho e do aumento da área utilizada, também chamado de crescimento extensivo. E segundo é por meio do aumento intensivo da produção, ou seja, aumento da produção média das matrizes leiteiras, bem como pelo aumento da produção média de outros fatores de produção, tais como terra e mão-de-obra. Fonseca e Pinha (2013) acrescentam ainda que tem outras variáveis exógenas que influencia na oferta de leite como preço do leite ao produtor, renda do pecuarista e crédito rural, que também possam ser relevantes à oferta de leite nacional.
3. METODOLOGIA
3.1. Área de Estudo e Fonte dos Dados. A área estudada foi a Mesorregião do Sudeste do Pará, uma das seis que compõem o estado do Pará e possui 39 municípios divididos em sete microrregiões: Tucuruí, Paragominas, São Felix do Xingu, Parauapebas, Marabá, Redenção e Conceição do Araguaia. Possui uma área total de 297.344,257 km2 e uma população de 1.647.514 habitantes segundo o IBGE, ocupando a 1ª posição na produção de leite paraense.
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A pesquisa envolveu uma abordagem quantitativa e descritiva, sendo realizada para o período de 2005 a 2014. O instrumento de coleta de dados secundários sobre a produção leiteira do estado foi obtido a partir do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
3.2. Determinação do preço aproximado pago ao produtor De acordo com Mayorga et.al. (2013) apud Caldas (2013) para que fosse possível determinar o preço médio pago ao produtor foi utilizada a seguinte relação: (1)
Onde: P = preço médio aproximado do leite pago ao produtor (R$/litros); Vc = Valor total do Leite (R$); Y = Produção total (litros).
3.3. Formalização do modelo Shift-Share Para análise dos dados utilizou-se o método Shift-Share, tradicionalmente, tem sido empregado para decompor as taxas de crescimento da produção agrícola e, neste trabalho, é empregado para decompor o crescimento da produção leiteira nos efeitos expansão do rebanho, produtividade e preço. Este modelo mede a variação entre dois pontos, no tempo denominados de “anobase” e “ano t”, o início e o fim do período de análise, respectivamente. A produção (Q) no ano t é obtida multiplicando-se o rebanho de vacas ordenhadas no ano t (VCt) pelo produtividade (R) - (litros/vaca/ano) e pelo preço médio aproximado do leite pago ao produtor(Pt) desse mesmo ano. Assim tem-se: Qt = VCt . Rt .Pt
(2)
Analogamente, obtém-se a produção no ano-base (Q0): Q0 =VC0 . R0 . P0
(3)
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Onde VC0, R0 e P0 são respectivamente, o rebanho de vacas ordenhadas, a produtividade leiteira e o preço médio aproximado do leite pago ao produtor no ano inicial do período. Assim sendo, considerando-se que apenas que as vacas ordenhadas alteraram no período t, a produção seria: Qt Vc = VCt .R0 .P0
(4)
Se, com as vacas ordenhadas também ocorresse à variação na produtividade, a Produção no tempo t seria: QtVC,R = VCt . Rt . P0
(5)
A variação total na produção entre os períodos “0” e “t” seria: Qt −Q0 = ( VCt .Rt .Pt ) − ( VC0 .R0 .P0 )
(6)
ou (Qt - Q0) = (Qt VC - Q0) + (Qt VC, R - QtVC) + (Qt - QtVC,R )
(7)
Onde: Qt −Q0 = variação total da produção; QtVC - Q0 = efeito vaca ordenhadas; Qt VC,R – QtVC = efeito rendimento; Qt - QtVC,R = efeito preço. Estes efeitos podem ser decompostos na forma de taxas anuais de crescimento que somados correspondem à variação total da produção conforme utilizado por Raiol et. al. (2009) ao estudar as fontes de crescimento da pecuária leiteira na mesorregião Nordeste Paraense, Caldas (2013) e Araújo et. al. (2005) em seus trabalhos ao analisar o comportamento do valor da produção e dos fatores responsáveis por sua variação para algumas culturas da agricultura. Dividindo-se ambos os lados da expressão (8) por (Qt - Q0), tem-se a seguinte identidade, 1=
Qt VC − Qo) Qt VC,R − Qt VC ) (Qt − Qt VC,R ) + + (Qt − Qo) (Qt − Qo) (Qt − Qo)
(8)
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Determinando a taxa de crescimento entre os dois períodos, tem-se: t
r = (√
Qt − 1) . 100 Qo
(9)
Onde r é a taxa anual média de variação no valor da produção da cultura em percentagem. Multiplicando-se ambos os lados de equação (9) por “r” obtêm-se os efeitos área, rendimento e preço expressos em percentagem ao ano, conforme a equação a seguir:
r=
QtVC −Qo) (Qt−Qo)
r+
QtVC,R − QtVC ) (Qt−Qo)
r+
(Qt− QtVC,R ) (Qt−Qo)
(10) r
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES.
A análise da evolução do valor da produção de leite na mesorregião Sudeste do Pará foi feita utilizando o modelo shift-share que permite fazer a decomposição da taxa de crescimento em seus efeitos: rebanhos leiteiros (vacas ordenhadas), produtividade e preço (Tabela 01), os quais são apresentados em forma de taxas média de crescimento e que somadas correspondem a variação percentual no valor total da produção.
4.1. Mesorregião Sudeste do Pará
No período de 2005 à 2014, foi possível verificar que a mesorregião região Sudeste do Pará foi responsável por 76,15% da produção de leite do Estado, assim como também de 74,06% de vacas ordenhas. No entanto, constatou-se que houve uma queda na quantidade de vacas ordenhadas da mesorregião de acordo com dados do IBGE, saindo de 936.228 cabeças em 2005 para 525.708 cabeças em 2014 (gráfico 01). Situação também verificado no estado do Pará que caiu de 1.174.536 cabeças em 2005 para 742.821 cabeças no ano de 2014.
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Gráfico 01 – Dados da mesorregião Sudeste do Pará no período de 2005 a 2014, referente a vacas ordenhadas (cabeças), produtividade (litro/vacas/ano) e preço médio real de 2014. Fonte: Elaborado pelos autores a partir de dados do IBGE.
Diante desses dados pode-se afirmar que esta mesorregião é a maior produtora de leite do Estado do Pará. E que a queda na quantidade de vacas ordenhadas se deve a pecuária leiteira ter dupla aptidão e também porque alguns produtores utilizam o espaço da propriedade para exploração de culturas temporárias ou permanentes diminuindo a área de pastagem. Conforme afirmam POCCARD-CHAPUIS et al., (2003) e Gomes (1996) apud Sena et al (2010), a região oferece condições favoráveis ao desenvolvimento da cadeia produtiva do leite e desenvolve uma pecuária para venda de bezerros e rebanhos com aptidão mista (carne e leite). Pois, no momento em que o preço do leite está em alta, os produtores procuram melhorar a alimentação do rebanho e a genética dos animais, adquirindo animais mais adequados à produção leiteira, mas quando o mercado passa a valorizar mais a carne em detrimento do leite, os produtores agem de forma contrária, readaptando suas práticas para a pecuária de corte. Isso traz mais segurança ao produtor. Em relação à produtividade média anual em litros por vacas ordenhadas, observa-se que houve uma tendência de crescimento, saindo de 601,23 litros no ano de 2005 para 790,67
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litros em 2014. Comparando com a produtividade do Pará que no ano de 2005 teve uma produtividade 593,04 litros/vaca e no ano de 2014 de 746,01 litros/vaca, verifica-se que a produtividade da mesorregião sudeste é maior que a estadual. Portanto, pode-se afirmar que esta mesorregião é mais especializada na produção de leite do Estado, conforme Raiol (2009) também concluiu em seu trabalho que a região Sudeste Paraense se destaca por apresentar as maiores taxas anuais para produção de leite, vacas ordenhadas e produtividade animal, confirmando o fato de sua maior especialização na produção leiteira. O Preço médio real pago ao produtor foi calculado tendo como ano base o ano de 2014. Durante o período analisado percebeu-se que os produtores tiveram os maiores ganhos na venda de leite até o ano de 2010, quando em 2011 os preços caíram para o mesmo patamar do ano de 2005, os anos seguintes foram marcados por baixa recuperação e crescimento moderado (Gráfico 01). De acordo com o gráfico 02 o valor da produção real de leite apresenta uma tendência de queda para o período pesquisado. Verifica-se que o valor da produção saiu de R$ 360.539.000 no ano de 2005 para R$ 273.809.000 em 2014, seguidos de algumas oscilações. Isso tem relação direta não só com a queda nos preços médios, mas também com a queda do efetivo de vacas ordenhas e da produção em litros que só não foi maior devido ao aumento na
Valor da Produçao de leite (Mil Reais)
produtividade.
Mesorregiao Sudeste do Pará
450.000 400.000 350.000 300.000 250.000 200.000 150.000 100.000 50.000 2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
ANO Gráfico 02- Valor da Produção de leite no período de 2005 à 2014 da mesorregião Sudeste do Pará, tendo como ano base 2014. Fonte: Elaborado pelos autores a partir de dados do IBGE.
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Com relação aos efeitos pesquisados na mesorregião Sudeste do Pará, o valor da produção de leite apresentou uma queda no efeito rebanho leiteiro (vacas ordenhadas) em todo período analisado, com destaque para o subperíodo de 2009-2010 que teve uma queda expressiva em relação aos outros anos (-10,83%). Tanto para o subperíodo de 2009-2010, quanto para o período geral, a queda foi impulsionada principalmente pelas microrregiões de São Felix do Xingu, seguidos pelas microrregiões de Redenção e Parauapebas (Tabela 01). No entanto, constata-se que o valor da produção de leite aumentou em decorrência do efeito produtividade, com leves quedas para os subperíodos 2007 – 2008 (-0,98%) e 2011 2012 (- 0,74%) e no efeito preço apresentando quedas entre os subperíodos 2007 – 2008 (1,39%) e 2013 – 2014 (-0,76%) conforme Tabela 01. Contudo, não foi o suficiente para compensar a queda no valor da produção (Gráfico 02). Como houve um aumento no valor da produção pelo efeito produtividade, pode-se afirmar que está havendo uma melhoria na adoção de tecnologia na produção de leite dentro da mesorregião, conforme também afirma Martins et al. (2008) e Sena et al (2010), que o rebanho paraense é pouco especializado para a produção de leite, no entanto estão ocorrendo melhorias no nível tecnológico dos sistemas de produção de leite o que deve estar associado a fatores como crédito rural, assistência técnica, adoção de práticas de manejo sanitário e de pastagens adaptáveis a região e seleção de matrizes para ordenha, principalmente no Sul do Pará que abrange as mesorregiões do Sudeste e Sudoeste Paraense.
Tabela 01: Taxas de crescimento do valor da produção de leite, no Efeito Vacas Ordenhadas/Rebanho leiteiro, Produtividade e Preço na Mesorregião Sudeste do Pará no período de 2005 a 2014 (em %). Especificação
Taxa Média Crescimento
Efeito Vacas Ordenhadas
Efeito Produtividade
Efeito Preço
2005 – 2006 2007 - 2008 2009 - 2010 2011 - 2012 2013 - 2014
1,88 -5,91 -1,93 0,85 -0,43
-1,57 -3,54 -10,83 -3,52 -0,95
0,58 -0,98 7,39 -0,74 1,28
2,87 -1,39 1,51 5,11 -0,76
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de dados do IBGE.
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4.2. Microrregiões do Sudeste do Pará
O gráfico 03 mostra o comportamento do valor da produção de leite a nível de preço de 2014 nas microrregiões do Sudeste Paraense no período de 2005 – 2014. É possível verificar que a microrregião de Paragominas foi a que mais se destacou entre os anos de 2005 a 2010, apresentando as maiores taxas de crescimento por valor de produção entre as microrregiões do Sudeste do Pará, quando o valor da produção caiu drasticamente no ano de 2011.
VALOR DA PRODUÇAO ( MIL REAIS )
V AL O R D A P R O D U Ç AO R E AL - M I C R O R R E G I AO S U D E S TE P A 140.000 120.000 100.000 80.000 60.000 40.000 20.000 0 2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
ANO Tucurui Parauapebas Conceiçao do Araguaia
Paragominas Maraba
São Felix do Xingu Redençao
Gráfico 03 - Valor da produção (mil reais), ano base 2014, referente às microrregiões da mesorregião do Sudeste do Pará. Fonte: Elaborado pelos autores a partir de dados do IBGE.
Dentro da microrregião de Paragominas ao analisar a taxa de crescimento do valor da produção por efeito, constata-se que nos anos de 2005 a 2010, período em que o valor da produção se destacava, foi influenciado principalmente pelo efeito preço. Enquanto a queda expressiva do ano 2010 para 2011 no valor da produção foi influenciada por todos os efeitos, com destaque para o efeito produtividade que no subperíodo 2011- 2012 apresentou uma queda na taxa de crescimento de -10,83% (Tabela 02).
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Na Tabela 02 verifica-se que a microrregião de Tucuruí apresenta taxas medias de crescimento negativo no valor da produção em quase todos os subperíodos pesquisados, com exceção do subperíodo de 2009-2010 que teve um crescimento positivo de 1,85%. Decompondo por efeitos observa que no período analisado, o efeito produtividade foi o que mais contribuiu para o crescimento do valor da produção com uma pequena queda nos subperíodos de 2011 a 2012 (-2,53%) e 2013-2014 (-0,07%). No efeito rebanho houve queda nos subperíodos de 2005-2006 (-4,44%) e 2011 a 2012 (-4,73 %). Já no efeito preço houve uma queda em todo o período analisado, com destaque para o subperíodo de 2007- 2008 (16,2%).
Tabela 02: Taxas de crescimento do valor da produção de leite, no Efeito Vacas Ordenhadas/Rebanho leiteiro, Produtividade e Preço na Microrregião do Sudeste Paraense no período de 2005 a 2014 ( em %). Especificação Tucuruí 2005 - 2006 2007 - 2008 2009 - 2010 2011 - 2012 2013 - 2014 Paragominas 2005 - 2006 2007 - 2008 2009 - 2010 2011 - 2012 2013 - 2014 São Felix do Xingu 2005 - 2006 2007 - 2008 2009 - 2010 2011 - 2012 2013 - 2014 Parauapebas 2005 - 2006 2007 - 2008 2009 - 2010
Taxa Média Crescimento
Efeito Vacas Ordenhada
Efeito Produtividade
Efeito Preço
-13,47 -13,96 1,85 -13,84 -0,43
-4,44 2,02 3,83 -4,73 1,44
3,47 0,22 0,26 -2,53 -0,07
-12,5 -16,2 -2,24 -6,58 -1,8
5,17 7,78 -1,43 -14,9 1,72
1,28 0,62 -6,96 -2,83 2,48
0,05 1,89 1,53 -10,18 0,19
3,84 5,27 4 -1,89 -0,95
7,57 -28,46 -8,53 -0,01 0,38
-0,16 -18,11 -29,69 0,48 0,76
0,03 -4,37 18,95 0,42 -0,36
7,7 -5,98 2,21 -0,91 -0,02
-0,81 -9,53 -6,5
-0,99 0,24 -14,83
-1,57 1,06 9,4
1,75 -10,83 -1,07
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2011 - 2012 2013 - 2014 Marabá 2005 - 2006 2007 - 2008 2009 - 2010 2011 - 2012 2013 - 2014 Redenção 2005 - 2006 2007 - 2008 2009 - 2010 2011 - 2012 2013 - 2014 Conceição do Araguaia 2005 - 2006 2007 - 2008 2009 - 2010 2011 - 2012 2013 - 2014
8,85 -3,17
-4,79 1,98
1,93 0,01
11,71 -5,16
-3,7 -16,01 6,55 9,1 -1,64
-5,85 -1,01 4,97 -7,01 4,76
1,31 0,43 0,07 0,21 0,89
0,84 -15,43 1,51 15,9 -7,29
4,75 0,6 -2,41 3,53 -3,67
-2,71 4,34 -15,02 -2,33 2,86
-0,1 -0,39 12,8 1,25 -0,42
7,56 -3,35 -0,19 4,61 -6,11
2,3 2,44 6,64 6,49 14,02
1,83 2,23 1,86 -1,15 2,88
-0,33 -0,29 0,52 -0,3 1,76
0,8 0,5 4,26 7,94 9,38
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de dados do IBGE.
A microrregião de São Felix do Xingu apresentou uma taxa média de crescimento negativo e significativo para o valor da produção no subperíodo 2007-2008 (-28,46 %), tendo uma contribuição negativa de todos os efeitos explicativos. No efeito rebanho leiteiro houve leves crescimentos nos subperíodos 2011-2012 (0,48%) e 2013-2014 (0,76%). No efeito produtividade teve um crescimento significativo somente para o subperíodo 2009-2010 (18,95%). E pelo efeito preço houve crescimento apenas para os subperíodos 2005-2006 (7,7%) e 2009-2010 (2,21%). Na microrregião de Parauapebas somente no subperíodo 2011-2012 houve uma taxa média de crescimento positivo para o valor da produção de 8,85% e por mais que tenha tido uma queda no efeito rebanho (-4,79%) neste mesmo subperíodo, este foi compensado pelo efeito preço (11,71%). De forma geral o efeito produtividade foi o que mais apresentou taxas de crescimento positivo dentro do período analisado. A microrregião de Marabá apresentou taxa de crescimento positivo no efeito produtividade em todo os subperíodos analisados. No entanto, a taxa média de crescimento no valor da produção teve uma queda expressiva para o subperíodo de 2007-2008 (-16,01%), tendo um maior impacto do efeito preço de -15,43%. No efeito rebanho os únicos subperíodos
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que tiveram crescimento positivos foram os subperíodos de 2009-2010 (4,97%) e 2013-2014 (4,76%) conforme Tabela 02. Analisando a microrregião de Redenção percebe-se que a taxa de crescimento do valor da produção caiu nos subperíodos de 2009-2010 e 2013-2014, com taxas média de 2,41% e -3,67%, respectivamente, puxados pelo efeito rebanho (-15,02%) no subperíodo de 2009-2010 e efeito preço (-6,11%) para o subperíodo de 2013-2014. Durante o período de 2005 a 2014 a microrregião de Conceição do Araguaia foi a única a apresentar uma taxa média de crescimento positivo no valor da produção em todo o período. Ao decompondo por efeito, verifica –se que o efeito produtividade foi o que menos contribuiu para a taxa de crescimento do valor da produção e já o efeito preço foi o que mais contribui, apresentando crescimentos positivos em todos os subperíodos pesquisados. No efeito rebanho leiteiro somente o subperíodo 2011-2012 apresentou queda na taxa de crescimento (-1,15%). Como a microrregião de Marabá apresentou taxas de crescimento positivos no efeito produtividade em todos os subperíodos, pode-se inferir que nesta microrregião está havendo uma melhora na tecnologia aplicada. Ao contrário da microrregião de Conceição do Araguaia que apresentou um crescimento pouco significativo e na maioria das vezes negativo para o efeito produtividade em comparação aos outros efeitos, pode-se afirmar que não houve importantes melhorias de tecnologia nessa microrregião como a melhora de manejo sanitário e alimentar, genética do rebanho, assistência técnica, credito e/ou infraestrutura, no entanto houve um crescimento no rebanho leiteiro e um aumento de preço pago ao produto. Segundo Ludovino et al. (2000) apud Raiol (2009), o objetivo da adoção de tecnologias é tornar a produção de um leite mais eficiente, mais barata e competitiva, bem como um produto final de melhor qualidade, que possa concorrer com produtos lácteos importados das outras regiões do país. E o uso correto da tecnologia seria introduzir nas pastagens outras espécies de gramíneas, que sejam adaptáveis a região; adequar o número de animais à área de pastagem; e fazer a adequação dos tempos de pastejo e descanso de pastagens. É aconselhado também fazer a seleção das melhores matrizes através do controle leiteiro.
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com as análises feitas ao longo deste trabalho, verificou-se que a mesorregião Sudeste do Pará é a maior produtora e a mais especializada na produção de leite do Estado, no entanto, a produção de leite e rebanho leiteiro na região vem caindo e consequentemente provocando redução no valor da produção. Entre os efeitos pesquisados na mesorregião, o efeito produtividade foi o que mais contribui para a taxa de crescimento do valor da produção, minimizando suas maiores quedas. Semelhantemente também ocorreu nas suas microrregiões em que o efeito produtividade de uma forma geral foi a que teve maior peso entre os efeitos. Isso demonstra que houve uma melhoria na tecnologia aplicada nessas regiões, como a melhora de manejo sanitário e alimentar, genética do rebanho, credito e/ou infraestrutura e assim aumentando a renda dos produtores de leite. Entre as microrregiões do Sudestes do Pará destaca-se a microrregião de Marabá por apresentar taxa de crescimento positivo no efeito produtividade em todo o período analisado e Conceição do Araguaia por ser a única a apresentar uma taxa média de crescimento positivo no valor da produção em todo período pesquisado. Portanto, esta pesquisa mostra que a taxa de crescimento do valor da produção de leite ao ser decompostas em seus efeitos, pode servir de base para fazer um diagnóstico importante da implementação de políticas públicas que favoreça o desenvolvimento da atividade leiteria na região.
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6. REFERENCIA
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A VALIDAÇÃO DO ABACAXI ORNAMENTAL COMO FERRAMENTA ESTRATÉGICA NA GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS: UM ESTUDO DE CASO Grupo de Pesquisa: Agronegócio, Mercados e Comercialização Resumo O exigente mercado de flores requer um constante lançamento de novos produtos, sendo tal atividade um importante pilar para a manutenção da estrutura competitiva das empresas. Entretanto, essa atividade exige ações de validação no intuito de reduzir as incertezas, bem como aumentar o fluxo de informações sobre os produtos. De tal modo, o presente artigo objetivou realizar a validação do abacaxi ornamental (Ananas bracteatus) como uma ferramenta estratégica da SCM com o intuito de atender uma demanda da SC. A metodologia baseou-se em um estudo de caso de natureza descritiva. Os dados foram obtidos a partir de 462 (quatrocentos e sessenta e dois) questionários aplicados no evento CasaCor ® CE 2014. Com o auxílio de um representante da Embrapa, o entrevistado respondia em um totem digital às questões formuladas sobre o produto em questão. Como resultado, observou-se que o público estaria predisposto a pagar um valor acima do esperado pelo produto. Tais indicativos sinalizam para a capacidade de diferenciação do produto no mercado, gerando informações úteis podendo estas serem utilizadas como uma ferramenta estratégica na SCM, podendo assim, ampliar as possibilidades de sucesso do empreendimento no momento do lançamento. Palavras-chave: Gestão do produto, Ananas bracteatus, ferramentas da SCM. Abstract The demanding flower market requires a constant launch of new products, being such activity an importante pillar for maintaining the competitive structure of the companies. However, this activity demands validation actions a view to the reduce uncertainties and increase the flow of information about the products. So, this article aimed to perform the validation of ornamental pineapple (Ananas bracteatus) as a strategic tool of Supply Chain Management (SCM) in order to attend a demand of Supply Chain (SC). The methodology was based on a case study of a descriptive nature. Data were obtained from 462 (four hundred sixty-two) questionnaires at event CasaCor® CE 2014. With the assistance of a representative of Embrapa, the interviewee answered in a digital totem to the formulated questions about the product in question. As a result it was observed that the public is predisposed to pay an amount higher than expected for the product. Such indicative signal for product differentiation capacity in the market, generating useful information and these may be used as a strategic tool in SCM and can thus increase the chances of success of the project at the time of launch. Key words: Product Management, Ananas bracteatus, SCM tool.
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1. Introdução Em alguns mercados, o lançamento frequente de produtos é um importante pilar para a construção de estratégias competitivas sólidas. Entende-se que assim caracteriza-se o atual segmento econômico de flores e plantas ornamentais no Brasil. Ocorre que a referida necessidade de atender uma demanda ávida por novos produtos implica em adaptações nos processos de produção e comercialização praticados por produtores e empresas participantes das diversas cadeias produtivas do segmento em questão, criando condições para redução nas incertezas e aumento do fluxo de informações. A dinâmica e a profissionalização dos sistemas de leilão de lotes de flores e plantas ornamentais ilustram uma tendência de mercado para esses produtos em questão. É o caso da Cooperativa Veiling Holambra - CHV, no estado de São Paulo. Hoje, a CHV congrega cerca de 300 fornecedores e comercializa 3.500 variedades de flores e plantas ornamentais. Conforme registrado no sítio da cooperativa: “a cada dia o mix e o volume de produtos aumentam, com a entrada de novos fornecedores e o lançamento de produtos e variedades”. Corroborando com o exemplo acima, Anefalos e Guilhoto (2003, p. 42), frisam que, recentemente, ocorreram mudanças significativas no setor de flores e plantas ornamentais com relação à “[...] estruturação do mercado, à ampliação do mix de espécies e variedades, à profissionalização dos agentes da cadeia produtiva e uma maior difusão de novas tecnologias de produção”. Desta forma, buscou-se analisar atributos mercadológicos importantes para o direcionamento do lançamento do abacaxi ornamental (Ananas bracteatus) no competitivo segmento de flores e plantas ornamentais no Brasil. Uma vez desenvolvida a tecnologia de produção, envolvendo etapas como: escolha da cultivar e do material de propagação, definição dos tratos culturais e método de irrigação, mostrou-se oportuna à realização de uma validação mercadológica desse produto. Esta atividade pode anteceder o repasse desse material genético ao setor produtivo e seu lançamento no mercado, pois reduz incertezas e riscos para o produtor, sensibiliza o mercado comprador para o novo produto e permite o levantamento de dados para análise de aceitação e precificação. Assim, foram questionados aspectos do produto em foco, sendo estes, verificados junto aos consumidores de plantas ornamentais e formadores de opinião. Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1899
Portanto, este trabalho objetivou uma ação de validação mercadológica do abacaxi ornamental, como produto para ornamentação, verificado junto ao público presente no evento CasaCor® Ceará 2014, sendo este formado predominantemente por arquitetos e paisagistas.
2. Referencial Teórico Este tópico faz uma revisão bibliográfica sobre o conceito de validação mercadológica, destaca a importância desse procedimento para minimização de riscos e custos relacionados ao lançamento de produtos e, por fim, traz uma visão geral sobre uma cadeia de suprimentos que seja responsiva à demanda de novos produtos. O presente trabalho apresenta como ideia central a de validação mercadológica de abacaxi ornamental, vista como uma etapa pré-lançamento que permite captar a percepção de valor do produto junto ao público de interesse, nesse caso composto por formadores de opinião e consumidores. De acordo com WOODRUFF (1997), a percepção de valor do produto recai sobre os seus atributos (físicos, funcionais, sensoriais, dentre outros). Entende-se, portanto, que o valor percebido não trata somente do valor monetário de um bem ou serviço, mas sim de um conjunto de características que serão levados em consideração pelo cliente no ato da sua escolha. Assim, para a incorporação de novos produtos no portfólio de uma empresa, a partir do conhecimento do que é demandado pelo mercado, os riscos podem ser minimizados, o que implica diretamente na redução das incertezas quanto ao seu provável sucesso e permite um planejamento mais preciso para sua colocação no mercado. Em outro ponto, para que as empresas se mantenham competitivas, Croxton et al. (2001), alerta para o ciclo de vida dos produtos cada vez mais curtos, que por sua vez exige o desenvolvimento dos produtos certos e lançamentos com prazos também mais curtos. A validação, para KATZ e CAMPBELL (2012), constitui uma evidência documentada, que busca informar com segurança, que determinado produto atenderá às especificações préestabelecidas e os atributos de qualidade sinalizados pelo mercado. Para que o produto atenda às especificações e seja entregue de forma mais rápida, não basta apenas a capacidade de resposta da empresa produtora, mas uma ação coordenada de toda a cadeia de suprimentos da qual a empresa faz parte.
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3. Metodologia Para atender os objetivos propostos neste estudo, foi realizado uma pesquisa de campo de caráter qualitativo realizada durante o evento Casacor® Ceará, em 2014. Foi solicitado ao público participante do evento que respondesse a um questionário com perguntas fechadas sobre o abacaxi ornamental. No total foram aplicados 462 questionários, sendo estes disponibilizados por meio de um totem digital interativo. Como procedimento, os entrevistados foram convidados a conhecer o jardim montado com abacaxis ornamentais e, na sequência, seguiam para o equipamento, para responder às questões da validação. Esse acompanhamento dos respondentes foi realizado por profissionais de empresa contratada, para evitar a influência do pesquisador nos resultados obtidos (YIN, 2005). Da mesma forma, esse profissional ficava com o respondente até o final do preenchimento do questionário para esclarecimento de dúvidas. Esse último ponto busca minimizar a relutância ou incapacidade de responder questões da forma desejada (MALHOTRA, 2006). Já o conteúdo das questões apresentadas abordava aspectos relacionados aos hábitos de consumo, frequência de compras e atributos de maior relevância para tomada de decisão de compra de flores e plantas ornamentais. Na construção de tais questões, foram selecionados os atributos de qualidade por meio da revisão da literatura, realizada previamente em outros estudos. Após coleta de dados, compilação e a tabulação dos dados utilizou-se de planilha Excel para a formulação de gráficos e análise dos resultados.
4. Resultados Dos principais resultados obtidos, destaca-se inicialmente que 56% do público entrevistado era composto por paisagistas, arquitetos e designers de interiores, ou seja, agentes da cadeia produtiva que tem potencial de influenciar a demanda por plantas ornamentais. Os demais eram compostos por consumidores de ornamentais. Seguem outros pontos obtidos na referida pesquisa.
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4.1. A preferência de compra de plantas ornamentais No que tange à forma de como os produtos são adquiridos, observou-se uma maior predisposição à aquisição de materiais em vasos, correspondendo a 38% dos respondentes, enquanto que 23% preferem o formato de arranjos prontos, conforme observado na Figura 1. De outra parte, observa-se que apenas 15% dos respondentes optou pela compra de hastes soltas. Isso sinaliza tanto para o elo produtivo quanto para aqueles à jusante da cadeia que investimentos na finalização desse tipo de ornamental pode aumentar as chances de escolha dos compradores, quer seja na forma de arranjos, quer seja em vasos. Embora haja custos envolvidos nas montagens de arranjos ou mesmo na produção em vasos, é inegável a preferência de 61% dos entrevistados pela compra de ornamentais em arranjos ou em vaso (FIGURA 1).
Figura 1. Qual a preferência na forma de compra de plantas ornamentais? Gráfico elaborado pelos autores, a partir de dados primários obtidos em questionários aplicados no evento CasaCor ® CE, 2014.
4.2. Predisposição a pagar Para a cadeia, produtos mais elaborados atingem também níveis mais elevados de preços de comercialização, refletindo a agregação de valor possível de ser efetivada a partir dessa sinalização de preferencia de compra. Essa observação se refletiu quando o público presente no evento foi questionado sobre o quanto estariam dispostos a pagar por uma única haste de abacaxi ornamental. Como resposta, 75% dos entrevistados mostraram-se dispostos a pagar um valor acima de R$6,00 por apenas uma haste (FIGURA 2). Assumiu-se que parte desta disposição a se pagar um valor acima de R$ 6,00 por uma haste decorreu em grande parte do
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caráter inovador do produto, cuja disponibilidade de algumas variedades está ainda restrita a mercados específicos. É o caso do Veiling da Holambra, onde algumas variedades de abacaxi ornamental já podem ser encontradas para compra em pequenas escalas e de forma ainda fortemente sazonal.
Figura 2. Qual o valor que você pagaria em uma haste de abacaxi ornamental? Gráfico elaborado pelos autores, a partir de dados primários obtidos em questionários aplicados no evento CasaCor ® CE, 2014.
4.3. Atributos que influenciam a compra No questionamento sobre o que seria levado em consideração no ato da compra do produto, apenas 9% dos respondentes consideraram o preço como fator primordial no ato da compra (FIGURA 3). O diferencial, neste caso, concentrou-se no atributo beleza do produto, com 68% dos respondentes, sendo esse o principal atributo na decisão de compra. Em seguida, aparece a durabilidade, com 19% do total dos entrevistados. Os demais itens (embalagem e marca) somaram 4% do total. Há, portanto, sinalização clara tanto para as equipes de pesquisa quanto para os elos de produção e distribuição de quais variáveis devem ser privilegiadas no desenvolvimento do produto e na comunicação mercadológica. Também é fundamental notar que o preço desse produto não é o fator preponderante para a decisão de compra (conforme a opinião de 91% dos entrevistados). Tal resultado guarda relação com a questão anteriormente apresentada, quando houve uma predisposição de pagar um valor elevado para uma haste. Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1903
Por fim, vale lembra que foi identificada uma baixa influência quanto à marca do produto (apenas, 1%). Há, portanto, espaço para os produtores de abacaxi ornamental, investirem na construção de suas marcas.
Figura 3. O que você leva em consideração no ato da compra de uma planta ornamental Gráfico elaborado pelos autores, a partir de dados primários obtidos em questionários aplicados no evento CasaCor ® CE, 2014.
5. Considerações Finais Uma contribuição significativa do presente estudo diz respeito à utilização de métodos de validação em estudos de gestão da cadeia de suprimentos para produtos provenientes da agricultura familiar e que sejam voltados a mercados de elevada exigência. A validação de produtos é uma etapa crucial que deve preceder seu lançamento, visto que permite obter informações prévias sobre sua aceitabilidade por parte do público. De posse das informações observadas, pode-se constatar também que a percepção de valor do produto pelo público formador de opinião e consumidores vai muito além do atributo preço, valorizando diferenciais como beleza e durabilidade que podem ser trabalhadas já na seleção genética de novos materiais. Desta forma, o estudo de percepção de valor do produto como uma estratégia de valoração atende a necessidade do objetivo proposto, fornecendo informações que visam sensibilizar o mercado quanto aos diferenciais do abacaxi ornamental e mitigar os riscos inerentes ao lançamento de novos materiais.
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COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR DE MAMÃO DO MUNICÍPIO DE MOSSORÓ-RN
BEHAVIOR OF PAPAYA MOSSORÓ-RN MUNICIPALITY OF CONSUMER
Grupo de Pesquisa: Agronegócio, Mercados e Comercialização
Líssia Letícia de Paiva Oliveira¹; Carlos Nascimento de Paiva Oliveira²; Rafaela Rithelly de Paiva Oliveira¹; José Leôncio de Almeida Silva³. ¹UFERSA; ²UERN; ³UFV leticia_lissia@hotmail.com;
carlos.odb@hotmail.com;
rithelly.ndi@hotmail.com;
jose.leoncio@ufv.br.
Resumo A busca pela longevidade e a procura por alimentos mais saudáveis fizeram com que os consumidores se tornassem cada vez mais exigentes. Diante disso, procurou-se estabelecer o comportamento de compra dos consumidores de mamão nos Supermercados de Mossoró (RN) através do método de Desdobramento da Função Qualidade (QFD) e, com base nas respostas obtidas nos questionários aplicados, traçou-se o perfil dos consumidores, destacando-se suas preferências, costumes, reclamações e exigências. Verificou-se que a maioria dos cidadãos entrevistados (89%) são consumidores de mamão. Já quando diz respeito à frequência de compra do mamão, 43% dos consumidores afirmaram comprá-lo semanalmente. De acordo com os dados obtidos, 83% dos consumidores preferem o mamão do tipo Formosa, por este apresentar uma melhor palatabilidade. Assim a opinião dos consumidores deve ser considerada na tentativa de identificar os pontos que devem ser melhorados dentro da cadeia de comercialização, a fim de melhorar as qualidades dos mamões.
Palavras-chave: Consumidor. Satisfação. Carica papaya.
Abstract Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1906
The search for longevity and demand for healthier foods have caused consumers to become increasingly demanding. Therefore, we tried to establish the buying behavior of papaya consumers in supermarkets Mossoro (RN) through Unfolding method of Quality Function (QFD) and, based on the responses from the questionnaire, was traced the profile of consumers, highlighting their preferences, habits, complaints and demands. It was found that most people surveyed (89%) are papaya consumers. Already when it comes to Papaw purchase frequency, 43% of consumers said they buy it weekly. According to the data, 83% of consumers prefer the papaya type Taiwan, in that it has a better palatability. The opinion of the consumers must be considered in order to identify areas that should be improved within the supply chain in order to improve the qualities of papayas.
Key words: Consumer´s. Satisfaction. Carica papaya.
1. Introdução O mamoeiro (Carica papaya L.) é uma das fruteiras mais cultivadas nos países de clima tropical, sendo o Brasil o maior produtor mundial, com 1,4 milhão de toneladas por ano, que representa 25,8% da produção total (FAO, 2001). As cultivares de mamoeiros mais exploradas no Brasil são classificadas em dois grupos, conforme o tipo de fruto: Solo e Formosa. As variedades do grupo Formosa são adequadas somente à comercialização no mercado interno, enquanto que as do grupo Solo são comercializadas nos mercados interno e externo (DANTAS; CASTRO NETO, 2000). No ano de 2008, o Brasil produziu 1,9 milhão de toneladas em 36,5 mil hectares, com um valor da produção estimado em R$ 1 bilhão (IBGE, 2010). Também em 2008, o Brasil exportou cerca de 30 mil toneladas (7% menos que em 2007), gerando uma receita de US$ 38,6 milhões (IBRAF, 2010). A Comunidade Europeia (Holanda, Portugal, Espanha, Reino Unido, França, Itália, Alemanha e Suíça) e os Estados Unidos são os principais importadores do mamão brasileiro, representando 80% e 14%, respectivamente (BRAPEX, 2010). Quanto à produção nacional, os principais produtores são os Estados da Bahia (902 mil toneladas), Espírito Santo (630 mil toneladas), Rio Grande do Norte (106 mil toneladas) e Ceará (100 mil toneladas). No quesito exportações, o Estado do Espírito Santo responde por 50% do total (SERRANO et al., 2010).
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Neste sentido o objetivo deste trabalho foi de analisar sócio e economicamente o consumo de mamão identificando desta forma o perfil do consumidor desta fruta no município de Mossoró-RN. Este levantamento, realizado nos supermercados, pode configurar os atributos de qualidade preferidos dos consumidores de Mossoró.
2. Material e métodos
A metodologia de pesquisa utilizada foi à descritiva, neste caso, também denominada de pesquisa ou levantamento de opinião, por método estatístico (MATTAR, 1999; STEVENSON, 1981). A coleta de dados primários foi realizada por meio de questionário, do tipo estruturado não disfarçado, com perguntas fechadas, feitas na forma de entrevista pessoal com consumidores de mamão em supermercados. A pesquisa foi realizada em vários supermercados do município de Mossoró, no mês de setembro de 2015, onde foram realizadas entrevistas individuais com 100 clientes, segundo o método QFD (CHENG et al., 1995). Consideraram-se como público-alvo, os consumidores, ou seja, as pessoas que se encontravam nos estandes de mamão dos supermercados, não privilegiando quaisquer grupos de consumidores, conforme indicado por Cheng et al. (1995). Optou-se por realizar a entrevista de forma individual, utilizando questionário contendo sete perguntas para a determinação do perfil dos consumidores, destacando-se: (1) se costuma consumir; (2) frequência que compra; (3) porte; (4) estágio de maturação; (5) quando costuma comprar; (6) principal fator que leva em consideração na compra do mamão; (7) tipo do mamão. Os números levantados foram transformados em percentuais, sendo esses os elementos utilizados para as interpretações. Depois de transformados, os dados foram reunidos em planilhas, as quais foram estruturadas de modo a fornecer informações sobre um determinado atributo (por exemplo, tipo de mamão preferido pelos consumidores em geral). Realizou-se uma análise gráfica dos dados e definiu-se o grau de importância dos itens citados pelos consumidores.
3. Resultados e discussão
Verificou-se após a aplicação de questionários que 89% dos entrevistados costumam consumir mamão e enquanto 11% não costumam consumir a fruta (Figura 1A). Constatou-se
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que a grande maioria dos consumidores costuma consumir o mamão, viabilizando assim o plantio desta cultura na região do Semiárido Nordestino. Observou-se que 9% dos entrevistados compram mamão diariamente, já 43% costumam comprar a fruta semanalmente, 42% preferem comprá-lo quinzenalmente e 6% preferem comprá-lo mensalmente (Figura 1B). Quando questionados a respeito do porte do mamão preferido para o seu consumo, pode-se constatar mediante os dados representados pela figura 1C que 54% dos consumidores entrevistados preferem consumir um fruto de porte médio, pois segundo eles não há quase desperdício da fruta, sendo que 29% dos consumidores preferem um mamão de grande porte, pois segundo eles dá pra um maior número de pessoas se alimentarem, esta opção foi mais escolhida por quem reside com um maior número de pessoas. Já 17% dos consumidores preferem um fruto de pequeno porte, por ser mais prático e pode ser consumido todo de uma vez, evitando assim que a poupa perca um pouco do seu sabor ou aroma por ter que ficar algum tempo conservada em refrigerador ou outro tipo de conservação. Quanto ao estágio de maturação 34% dos consumidores preferem na hora da compra adquirir o mamão maduro, pois acham mais prático por não ter que deixá-lo amadurecer e assim o fruto perder em sabor ou aroma; já 56% dos entrevistados preferem comprá-lo de vez, pois não pretendem consumir o fruto no dia da compra e sim no decorrer da semana, enquanto 10% dos consumidores preferem comprá-lo verde, pois segundo eles é melhor pois passam um maior intervalo de tempo para comprar a fruta novamente (Figura 1D). A respeito da quantidade que costumam comprar (kg), 48% dos consumidores responderam que costumam adquirir 2 kg da fruta; já 31% dos consumidores preferem comprar 3 kg ou mais, pois estes entrevistados não preferem consumir a fruta toda de uma só vez ou porque há um número maior de pessoas residindo em casa, deixando a fruta conservada em refrigerador, sendo assim não precisam ir ao mercado sempre que precisarem comprar a fruta; 15% dos entrevistados preferem comprar 1 kg da fruta, pois preferem consumir a fruta toda de uma só vez tendo em vista que residem com no mínimo três pessoas e apenas 6% dos consumidores preferem comprar 500 g do produto, pois também acham melhor consumir a fruta toda de uma vez não deixando em conservação, pois assim poderá perder características importantes como sabor ou aroma (Figura 1E). A maioria dos consumidores ao serem questionados sobre o principal fator que eles levavam em consideração na compra do mamão, 66% deles falaram que o fator mais levado em conta é a qualidade do produto, pois um produto de má qualidade pode causar diversos Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1909
problemas para o consumidor, inclusive problemas de saúde; já 19% dos entrevistados levaram em consideração o fator preço como principal, pois não dispõem de uma boa renda mensal; outros 10% dos entrevistados levaram em consideração a higiene como principal fator, afirmando que este pode causar problemas de saúde aos consumidores. E apenas 5% apontaram como fator o ponto de venda, que ele influenciava na compra do produto (Figura 1F). Nos dias de pesquisa, observou-se que 83% dos consumidores preferem o mamão da variedade Formosa, segundo eles os frutos desta variedade apresentam uma melhor palatabilidade quando comparado com os frutos de outras variedades; já 17% preferem o mamão da variedade Havaí pois afirmam que esta variedade possui melhor aroma da polpa (Figura 1G).
4. Conclusões De acordo com a entrevista realizada aos consumidores de Mossoró – RN a maioria dos cidadãos entrevistados (89%) são consumidores de mamão. Já quando diz respeito à frequência de compra do mamão, 43% dos consumidores afirmaram comprá-lo semanalmente. De acordo com os dados obtidos, 83% dos consumidores preferem o mamão do tipo Formosa. A maioria (54%) dos consumidores afirmou preferir um mamão de porte médio. De acordo com os resultados da pesquisa, 56% dos consumidores preferem comprar o fruto maduro, e 48% dos consumidores entrevistados costumam comprar 2 kg desta fruta por vez. Percebeu-se ainda que 66% dos consumidores levam em consideração a qualidade como principal fator na hora da compra da fruta.
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PROBLEMAS DE SAÚDE PÚBLICA NA COMERCIALIZAÇÃO DE HORTALIÇAS in natura PUBLIC HEALTH PROBLEMS IN VEGETABLE MARKETING in natura Autor(es): Karoline Mikaelle de Paiva Soares1; Cristina Karine de Oliveira Rebouças1; Henrique Albano Nogueira Gomes1; Ana Carla Diógenes Suassuna Bezerra1 Filiação: 1Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA) E-mail: karolinesoares@ufersa.edu.br; cristina.reboucas@hotmail.com; henrique-guns@hotmail.com; anacarla@ufersa.edu.br
Grupo de Pesquisa GT5: Agronegócio, Mercados e Comercialização Resumo As hortaliças representam, no agronegócio, economia agrícola que possibilita a geração de empregos, com ênfase no setor primário, em razão da elevada exigência de mão de obra desde a semeadura até a comercialização. São alimentos com elevo crescimento de consumo, onde são ingeridos principalmente crus em preparações como saladas, sendo fundamental a avaliação de sua segurança. A qualidade parasitológica de uma hortaliça define sua condição higiênico-sanitária desde a fase do cultivo, pós-colheita, transporte e manipulação até chegar ao consumidor. A presença de helmintos patogênicos indica falha na execução em uma ou mais dessas etapas. Visando diagnosticar a presença de helmintos em coentros comercializados em supermercados e feiras livres da cidade de Mossoró, o presente estudo utilizou a técnica de sedimentação espontânea e análise microscópica. Obtendo-se como resultados que das Dentre as 40 amostras analisadas, 27,5% (11/40) apresentaram-se positivas quanto a contaminação parasitológica, sendo 81,8% (9/11) provenientes de feiras livres e 18,2% (2/11) de supermercados. Demonstrando que um índice de 27,5 % dos coentros pesquisados encontram-se impróprios para o consumo humano.
Palavras-chave: Comércio. Hortaliças. Enteroparasitas.
Abstract Vegetables, in agribusiness, represent agricultural economics. Which enables the creation of jobs, with emphasis on the primary sector of economy, due to the high labor requirement from planting to marketing. They are foods with raise rate of consumption, which are eaten mainly raw in preparations, such as salads, therefore it is essential to evaluate its safety. The parasitological quality of vegetables defines its hygienic and sanitary conditions, from the stage of cultivation, post-harvest, transport and handling to reach the consumer. The Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1913
presence of pathogenic helminths indicates failure in execution in one or more of these steps. In order to diagnose the presence of helminths in Coriander sold in supermarkets and markets located on the city of Mossoro, this study used the spontaneous sedimentation technique and microscopic analysis. The results showed that in among the 40 samples analyzed, 27.5% (11/40) were positive as the parasitological contamination, and 81.8% (9/11) from free market sand 18.2% (2/11) supermarket. Showing a 27.5% rate of coriander surveyed are unfit for human consumption. Key words: Trade. Vegetables. Enteroparasites.
1. Introdução A agricultura familiar desenvolveu-se através da mão-de-obra familiar empregada no campo e à diversidade de produtos oferecidos, muitos desses de origem vegetal, auxiliando no sustento e atender demandas do mercado consumidor (FINATTO; SALAMONE, 2008). Com o comércio das hortaliças se estruturando em diversos segmentos, vários produtos foram ofertados no mercado de consumo variando desde os produtos tradicionais in natura a indústria de processamento, na forma de vegetais conservados, desidratados e liofilizados, além de hortaliças minimamente processadas (VILELA; HENZ, 2000). Porém, a preocupação com a segurança alimentar está cada vez mais em evidência, em razão da veiculação de patógenos. Dentre esses, os enteroparasitas por serem veiculadores de patologias parasitárias ao consumidor através dos alimentos por esses contaminados (ESTEVES; FIGUEIROA, 2012). Como as hortaliças são geralmente consumidas in natura em preparações como saladas, é importante avaliar sua qualidade parasitológica em razão da possível contaminação por agentes parasitários (NGUYEN et al., 2016), através da contaminação fecal que infecta o solo, além de excretas de animais utilizadas na fertilização, considerada principal fonte de contaminação para os produtos vegetais (GERMANO; GERMANO, 2015). Os produtos comercializados a partir do cultivo de hortas devem apresentar-se livres de parasitas, que é preconizado pela Agencia Nacional de Vigilância Sanitária através da Resolução CNNPA nº 12, de 1978 (BRASIL, 1978). Porém, na maioria das vezes, uma vez infectados e sanitizados de forma inadequada, possibilitam a veiculação dos parasitos entéricos ao consumidor (SANTANA et al., 2006), principalmente em inadequadas condições Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1914
higiênico sanitárias de manipulação (NGUYEN et al., 2016). Uma hortaliça de destaque na culinária brasileira é o coentro, sendo seu cultivo tradicionalmente praticado por pequenos produtores (GRANJEIRO et al., 2008) e sua comercialização comum tanto em supermercados, quanto em feiras livres. Sendo assim, o presente trabalho objetivou avaliar a ocorrência de parasitas em coentro comercializado em feiras livres e supermercados do município de Mossoró, estado do Rio Grande do Norte (RN).
MATERIAL E MÉTODOS
Foram coletadas 40 amostras de coentro aleatoriamente no município de Mossoró, estado do Rio Grande do Norte, sendo 20 de supermercados e 20 de feiras livres. Após acoleta foram embaladas individualmente em sacos plásticos, acondicionadas em caixas isotérmicas e transportadas ao laboratório para processamento e análises parasitológicas. Antes do processamento, as raízes foram retiradas por corte manual e descartadas, com cada unidade amostral submetida a cortes transversais seguidas da pesagem em balança analítica de precisão. Em seguida, foram transferidas para embalagens de polietileno onde realizou-se a lavagem e homogeneização com água destilada, com o líquido proveniente tamisado e sedimentado (HOFFMAN, 1987; TAKAYANAGUI et al., 2007). Para análise, cada lâmina foi corada com lugol e analisadas com auxílio de microscópio óptico (10 e 40 X).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As amostras de coentro coletadas dos supermercados e feiras livres apresentaram contaminação pelos gêneros encontrados Ancilostoma, Toxocara e Strongyloides. Dentre as 40 amostras analisadas, 27,5% (11/40) apresentaram-se positivas quanto a contaminação parasitológica, sendo 81,8% (9/11) provenientes de feiras livres e 18,2% (2/11) de supermercados. A contaminação parasitária pode ser atribuída a provável irrigação com água contaminada ou ausência de cuidados higiênico sanitários durante a manipulação, armazenagem e distribuição desse alimento (MOCELIN et al., 2011; GERMANO; GERMANO, 2015; NGUYEN et al., 2016). MASZLOCK et al. (2011) avaliaram a presença de parasitas em hortaliças higienizadas e não higienizadas provenientes de um restaurante universitário da cidade de Porto Alegre, verificando que apesar das higienizadas apresentarem Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1915
um menor índice de contaminação, o processo de sanitização não foi suficiente para inativar parasitas, o que reforça os riscos de se detectar parasitas em hortaliças em pontos de venda como supermercados e feiras livres, mesmo que estes produtos ainda possam passar por uma higienização após a aquisição do consumidor. Além disso, quando comparado à outras hortaliças, o coentro apresenta estrutura que permite uma boa superfície de contato com o parasita, o que facilita sua contaminação (OLIVEIRA et al., 2016). As partículas de terra, que podem carrear parasitas, ou a água de irrigação contaminada, acabam se alojando nas hortaliças folhosas, possibilitando a permanência de parasitas gastrintestinais como helmintos e protozoários
(ERDOGRUL;
SENER, 2005; NGUYEN et al., 2016). ESTEVES e FIGUEIROA (2012) pesquisaram em seu estudo parasitas em hortaliças de feiras livres no município de Caruaru, verificando que 19% das amostras de coentro avaliadas estavam contaminadas. Enquanto que OLIVEIRA et al. (2016) encontraram altos índices de contaminação parasitária em coentros avaliados do município de ImperatrizMaranhão. GREGÓRIO et al. (2012), ao avaliarem a presença de parasitas em hortaliças da região leste de São Paulo, detectaram estruturas parasitárias em 55% das amostras avaliadas. Nesse contexto, associado ao fato do coentro ser uma hortaliça bastante consumida em alimentos e na forma de fitoterápico (MANDAL; MANDAL, 2015), enfatiza a importância de pesquisas parasitárias nessa espécie no Brasil, para que seu potencial nutritivo não seja comprometido pela falta de segurança. Conclui-se que foram encontrados ovos e larvas parasitárias em coentro oriundo de feiras livres e supermercados, o que caracterizou essas amostras contaminadas como impróprias ao consumo por representar um risco à saúde do consumidor.
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PRODUÇÃO DE FRUTAS NO CEARÁ: UMA ANÁLISE PARA OS ANOS DE 2004 E 2014 FRUIT PRODUCTION IN CEARÁ: AN ANALYSIS FOR THE YEARS 2004 AND 2014 Antonio Bruno Fernandes Marcelino¹, Maria Valeria da Silva Freire², José Rayres Pereira dos Santos³, Aline Alves de Oliveira* Graduandos em Ciências Econômicas pela Universidade Regional do Cariri - URCA¹²³, Professora do Departamento de Economia pela URCA* Brunnofernandes@outlook.com¹, rayresxd@outlook.com², valeriasf19@hotmail.com³, linealvesoliver@gmail.com* Grupo de Pesquisa: Agronegócio, Mercados e Comercialização
Resumo Com os incentivos do Estado e a inserção do agronegócio, a agricultura é considerada como uma possível potencialidade econômica para o Ceará, com papel fundamental para a modernização da agricultura no território. A contribuição da irrigação na fruticultura provocou efeitos positivos sobre a produção, elevando os níveis de produtividade em todos os setores da economia, estimulando a competitividade entre os produtores em níveis regionais, nacionais e internacionais. O presente trabalho pretende-se verificar se ocorreu transformações na produção dos principais produtos da fruticultura irrigada, no período de 2004 a 2014 nos espaços cearenses. A base de dados é oriunda do IBGE, de maneira a obter às seguintes variáveis: quantidade produzida e o valor obtido na comercialização dos principais produtos. Para a análise da fruticultura, foi considerado na coleta os principais produtos desse segmento, sendo eles: abacaxi, abacate, banana, castanha do caju, café, coco, goiaba, laranja, limão, mamão, manga, melancia, melão, maracujá, tangerina, tomate, uva. A partir da análise constatou-se que o volume de frutas produzido no Ceará é equivalente a ¼ do total da produtividade agrícola do estado. Em relação ao valor das receitas da fruticultura, está chegando a representar na maior parte dos anos, mais da metade das receitas obtidas com a agricultura em todo estado do Ceará, com destaque para os anos de 2012, 2013 e 2014. Nesse contexto, percebe-se que, o agronegócio a partir da fruticultura irrigada se constituiu em uma das saídas para o declínio da agricultura do estado substituindo/deslocando as culturas tradicionais, relegadas à baixa produtividade para culturas de alta produtividade e lucratividade. Palavras-chave: Fruticultura, Irrigação, Produção, Rural, Ceará.
Abstract With state incentives and the inclusion of agribusiness, agriculture is considered as a possible economic potential for Ceará, with key role in the modernization of agriculture in the territory. The contribution of irrigation to fruit growing caused positive effects on production by raising the levels of productivity in all sectors of the economy, stimulating competition between producers at regional levels, national and international. This study aims to verify whether there has been changes in the production of the main products of irrigated fruit Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1919
growing, from 2004 to 2014 in Ceará spaces. The database comes from the IBGE, in order to obtain the following variables: the amount produced and the value obtained in the sale of the main products. For the analysis of fruit was considered in collecting the main products of this segment, as follows: pineapple, avocado, banana, cashew nuts, coffee, coconut, guava, orange, lemon, papaya, mango, watermelon, melon, passion fruit, tangerine , tomato, grape. From the analysis it was found that the volume of fruit produced in Ceará is equivalent to ¼ of the total state agricultural productivity. Regarding the amount of fruit growing revenues, is representing in most years, more than half of agricultural income throughout the state of Ceará, especially for the years 2012, 2013 and 2014. In this context, it is clear that agribusiness from the irrigated fruit was constituted in one of the exits to the decline of the state's agriculture replacing / displacing traditional cultures, relegated to low productivity to high productivity and profitability cultures. Key words: Fruit growing, irrigation, Production, Rural, Ceará.
1. Introdução Uma das mais importantes transformações ocorridas no Ceará foi a inserção de políticas que proporcionassem uma solução para o problema da seca nas regiões cearenses. Estes projetos proporcionaram além do esperado que era a convivência com a seca, favoreceram ainda a agricultura. Tanto a agricultura com finalidade de comercialização como de subsistência. Vale acrescentar que os perímetros irrigados foram estabelecidos na região a partir da década de 1970, implementado a fim de um melhor sistema de irrigação (CEARÁ, 2010). Bezerra e Elias (2005) apontam que a agropecuária teve como principal instrumento beneficiador os perímetros irrigados, partindo das novas formas de convivência (com o clima), a existência de recursos hídricos e os objetos geográficos (açude do Castanhão, Canal da Integração e Porto do Pecém). Possuindo como região destaque no estado do Ceará o Baixo Jaguaribe, na qual se concentra grandes investimentos (público e privado) para o setor agropecuário. Estes perímetros apresentavam em si novas técnicas de plantio e um processo eficaz de produtividade em relação à divisão de trabalho. Com o incentivo do Estado é inserido o agronegócio, que passa a ser um agente modificador no Ceará, proporcionando principalmente mudanças na estrutura da agricultura. Na verdade o agronegócio é um processo de modernização na qual é utilizado no campo novas técnicas e serviços, além do uso de tecnologias (inovações genéticas e químicas). (VIANA, 2012).
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A agricultura é tida então como uma possível potencialidade econômica, na qual possuía papel fundamental na promoção de uma modernização na agricultura, tornando-a competitiva. Nesse contexto, a irrigação que já vinha se alastrando pela região, foi um fator propício para o desenvolvimento do agronegócio. Contribuindo assim para a inserção da fruticultura, possuindo vantagens em relação a outras culturas, suportando as condições constantes em relação ao clima, temperatura e luminosidade da região (LIMA JÚNIOR, 2014). Deste modo, pode-se afirmar que a fruticultura irrigada possuiu um grande estimulo por parte do agronegócio, tendo a Mesorregião do Jaguaribe o maior destaque. Com a proximidade que essa região possui do açude do Castanhão, teve um incentivo, favorecendo a produção intensiva de melão e melancia. Outros municípios próximos como Aracati, Icapuí, Quixeré e Russas também são considerados grandes produtores (LIMA JÚNIOR, 2014). Posto isto, esse estudo procura responder ao seguinte questionamento: Será que houve avanço ou retrocesso na produção dos principais produtos da fruticultura irrigada, no período de 2004 a 2014 no Ceará? Portanto, pretende-se analisar de 2004 a 2014 a produção na fruticultura irrigada nos espaços cearenses. Para tanto, a principal fonte de dados é a Produção Agrícola obtidos no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
2. Referencial Teórico “Tradicionalmente, a produção agrícola no Ceará esteve pautada no binômio gadoalgodão e na agricultura de subsistência, essas culturas foram responsáveis por diversas transformações socioeconômicas, influenciando toda a produção do espaço cearense” (VIANA, 2012, p. 42). Porém, foi a partir da década de 1980, com a onda predominante de políticas neoliberais, que o Estado do Ceará intensificou as políticas de valorização dos perímetros irrigados e da fruticultura irrigada, incentivando a iniciativa privada, como forma de reduzir a participação do estado e aumentar a produtividade. Consolidada esta fase, na década seguinte o governo federal passou a incentivar a participação do capital privado (empresas agrícolas e agroindústrias) com o objetivo de atuar competitivamente mercado mundial (VIANA, 2012).
A fruticultura é um dos ramos da agricultura que tem por objetivo produzir frutos em geral de forma econômica e racional, com o intuito de comercializar o mesmo. Trata-se de uma atividade de grande importância, no
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que se refere aos aspectos econômicos e sociais e por representar uma importante fonte de vitaminas e nutrientes (FERREIRA et al. 2014, p.2).
O agronegócio, no qual a fruticultura irrigada está inserida, desenvolve-se principalmente no interior do estado e constitui-se como um dos grandes vetores para a promoção do desenvolvimento econômico e, neste contexto, o Baixo do Jaguaribe configurase privilegiadamente como uma das regiões estratégicas de fruticultura do Estado do Ceará 1, pois em função de suas potencialidades naturais (relevo, solo, clima e hidrografia) recebe expressivos investimentos, públicos e privados, voltados à infraestrutura viária e hídrica, como o Canal do Trabalhador, o Complexo Industrial Porto do Pecém, o Açude Castanhão e o Canal da Integração (CHAVES e ARAÚJO, 2009). Tais investimentos garantem tanto a disponibilidade de água para a fruticultura irrigada, como a qualidade das frutas na fase posterior à colheita, ou seja, de transporte. O modelo de gestão dos recursos hídricos no estado do Ceará permite que a produção de furtas, especialmente as de cultura irrigada, apresente menor vulnerabilidade as condições edafoclimáticas, pois permite ao estado acúmulo de água nos reservatórios mesmo em períodos de estiagem, como o período em curso (BRASIL, 2012). Isso se dá em função de uma larga experiência no gerenciamento de recursos hídricos, baseada na integração das bacias, construção de açudes, perenização de rios e canais, e implantação de perímetros públicos irrigados em um planejamento de longo prazo baseado na eficiência hidráulica e econômica (ADECE, 2013).
Assim, a fruticultura irrigada, importante segmento do setor agrícola, surge como uma atividade dinâmica, produzindo alimentos de maior valor agregado, com um processo de produção agrícola mais avançado, baseado em tecnologias modernas capazes de tornar a atividade mais competitiva. Desta forma, o Ceará encontra, na produção de frutas trópicas, uma grande oportunidade de desenvolvimento do setor agrícola, explorando esta atividade de forma profissional, podendo atender aos consumidores do País e do Exterior (SILVA; SILVA e KHAN, 2004, p.2).
1
Outras regiões de fruticultura irrigada do estado do Ceará são: Baixo Acaraú, Cariri, Centro-Sul, Ibiapaba e Metropolitana (SOUSA, 2010).
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Neste sentido, a adoção de tecnologias sofisticadas provoca efeitos positivos sobre a produção, elevando os níveis de produtividade em todos os setores da economia, estimulando a competitividade entre os produtores na região, bem como entre produtores a níveis nacional e internacional. No entanto, essa tecnologia não se difunde de maneira igualitária e nem com a mesma rapidez e intensidade entre todos os produtores para que pudesse promover elevações na produção agrícola (GOMES et al, 2015).
3. Notas Metodológicas Para se conhecer as alterações na composição da produção agrícola cearense no período em análise, foi realizado um estudo descritivo pautado na pesquisa bibliográfica que, segundo a definição de Gil (2002, p.44) “A pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”. A base de dados é de caráter secundário, coletados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sendo selecionados valores anuais para o Estado do Ceará entre o período de 2004 a 2014, correspondendo às seguintes variáveis: quantidade produzida e o valor obtido na comercialização dos principais produtos.
4. Resultados e Discussões Nesta seção busca-se analisar a participação da fruticultura cearense em relação ao total de produtos agrícolas produzidos pelo estado durante os anos 2004 a 2014, tomando como base as seguintes varáveis quantitativas: valores totais das receitas e das quantidades produzidas na agricultura, bem como na fruticultura.
Tabela 01: Quantidade produzida e receitas auferidas com os principais produtos da agricultura cearense, 2004-2014 Produção Agrícola no todo Ano 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Valor (R$) 1.150.378 1.050.474 1.535.239 1.358.179 2.079.001 1.574.378 1.458.172 2.563.843 1.678.819
Quantidade (t) 4.274.544 4.270.286 5.021.023 4.914.180 5.876.948 5.237.026 4.721.309 5.965.641 4.215.498
Produção de Frutas e percentual de participação no valor e na quantidade total de produtos agrícolas cearense Valor (R$) % Quantidade (t) % 591.666 51,43% 1.110.934 25,99% 550.438 52,40% 1.108.613 25,96% 789.323 51,41% 1.382.866 27,54% 802.366 59,08% 1.325.868 26,98% 972.357 46,77% 1.533.423 26,09% 768.114 48,79% 1.422.041 27,15% 861.979 59,11% 1.437.119 30,44% 1.145.130 44,66% 1.595.516 26,75% 1.067.584 63,59% 1.490.532 35,36%
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2.004.936 2013 2.192.547 2014 Fonte: IBGE
3.698.976 3.706.647
1.518.415 1.338.920
75,73% 61,07%
1.477.697 1.521.967
39,95% 41,06%
Analisando a tabela 01, observa-se que durante essa década o valor das receitas da fruticultura manteve uma tendência crescente chegando a representar, na maior parte dos anos, mais da metade das receitas obtidas com a agricultura em todo estado do Ceará. Observando os percentuais, percebe-se essa afirmativa, inclusive destacamos os três últimos anos com resultados bastante significativos (2012 com 63,59% das receitas; 2013 com resultado recorde de 75,73%; e 2014 com 61,07%). Já em relação ao volume de frutas produzido, o Ceará manteve um crescimento relativamente moderado quando comparado à quantidade de produtos agrícolas gerados pelo estado. Conferindo os percentuais de receita e volume, percebe-se um diferencial das frutas com relação aos demais produtos. Mesmo obtendo produtividade agrícola de em média ¼ do total a fruticultura retribui excelentes retornos aos cearenses, significando dizer que fruticultura desenvolvida no estado obtém bons preços de venda para seus produtos, seja no mercado interno ou externo. Na coleta e análise dos dados concluiu-se que os principais produtos desse segmento são: abacaxi, abacate, banana, castanha do caju, café, coco, goiaba, laranja, limão, mamão, manga, melancia, melão, maracujá, tangerina, tomate, uva. Essas observações estão em conformidade com os estudos da Agência de Desenvolvimento do Ceará – ADECE (2013). Sobre o exposto, não é difícil observar a relevância que a fruticultura irrigada têm para o desenvolvimento da agricultura cearense, tendo em vista que em 2011 o estado ocupou a primeira posição na produção de castanha de caju, em segundo lugar coco, maracujá e melão e terceiro lugar produção de mamão. No mesmo ano o estado do Ceará ocupou o quarto lugar na produção de frutas em todo Brasil, comprovando dessa forma seu potencial produtivo (ADECE, 2013).
5. Considerações Finais Até meados do século XX, a agricultura cearense era caracterizada pela agricultura de subsistência, pecuária extensiva e produção de algodão, mas a partir do final dos anos 1980 com as mudanças econômicas globais, como as transformações manifestadas no seio do regime fordista de acumulação que redefiniu inúmeras características do capitalismo, a alteração do papel central do Estado enquanto regulador das demandas socioeconômicas, a Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1924
crise dos sistemas produtivos industriais e a ação mais efetiva de agentes financeiros controladores de novas formas de gerar e acumular valor. Diante destas transformações, o governo cearense buscou modernizar a agricultura do estado na busca de competitividade com base nas possibilidades de inserção externa. Os programas do governo cearense na agropecuária representaram a priorização de políticas públicas e a facilitação de financiamento da atividade agroindustrial no estado. Dessa forma, novos e seletos espaços foram inseridos na realidade da acumulação capitalista mundializada. Essas políticas causaram impacto na produção agrícola cearense, pois a partir de 2004 observa-se uma maior participação dos produtos da fruticultura irrigada, tanto em termos de valor quanto em termos de quantidade na produção agrícola do estado. Nesse contexto, percebe-se que, o agronegócio a partir da fruticultura irrigada se constituiu em uma das saídas para o declínio da agricultura do estado substituindo/deslocando as culturas tradicionais, relegadas à baixa produtividade para culturas de alta produtividade e lucratividade.
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MODELAGEM MATEMÁTICA DA RELAÇÃO ENTRE CUSTOS TOTAIS E QUANTIDADES PRODUZIDAS DE FRANGO DE CORTE NO ESTADO DO CEARÁ Jucimar Casimiro de Andrade Mestre em Administração e Desenvolvimento Rural pela UFRPE Av. Dom Manuel de Medeiros s/n – Dois Irmãos – Recife-PE. E-mail: jucimarcandrade@gmail.com Maurílio Arruda de Araújo Mestrando em Administração e Desenvolvimento Rural pela UFRPE Av. Dom Manuel de Medeiros s/n – Dois Irmãos – Recife-PE. E-mail: maurilioarruda@hotmail.com Letícia Alves de Melo Mestranda em Administração e Desenvolvimento Rural pela UFRPE Av. Dom Manuel de Medeiros s/n – Dois Irmãos – Recife-PE. E-mail: amletcia@gmail.com Grupo de Pesquisa: Agronegócio, Mercados e Comercialização RESUMO Uma boa gestão de custos, talvez represente um dos maiores desafios organizacionais dentro da gestão de um empreendimento rural, principalmente se levarmos em consideração a forte competitiva entre os diversos mercados. Assim, tendo em vista a real necessidade de conhecimento de como esses custos tendem a se comportar durante o processo de produção de frangos de corte, o presente artigo teve como propósito analisar como os custos de produção de frango no estado do Ceará se relacionam com as quantidades produzidas em unidades/lote de frango para abate. Para isso, utilizou-se os dados dos custos de produção de frango disponíveis pelo site a Central de Inteligência de Aves e Suínas (CIAS) da Embrapa Suínos e Aves em parceria com a Cia. Nacional de Abastecimento (CONAB). Para os cálculos, utilizou-se as planilhas do Microsoft Excel® e o pacote econométrico Gretl. Através do modelo MQO para as variáveis (y1 e x1) constatou-se pelas simulações nas planilhas que o mesmo é satisfatório e serve como apoio à tomada de decisão sobre as projeções de custos/lote para uma estimativa de produção de frangos para abate entre 21.880 e 21.910 cabeças; desde que assuma-se uma margem de erro de ±11,11%, aplicando o modelo em intervalos menores de 10 unidades constata-se uma diminuição nessa margem, sendo que o ponto ótimo de estimação gira em torno de 21.890 cabeças (± 99,98% de precisão) de frango por R$/Lote no sistema convencional de criação de frango. Palavras-chave: Custos de produção de frango. Gestão do agronegócio. Modelagem matemática. ANALYSIS OF COSTS OF RURAL MANAGEMENT: a study of the behavior of chicken production costs in Ceará ABSTRACT
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A good cost management, may represent one of the biggest organizational challenges in the management of a rural enterprise, especially if we take into account the competitive strong among the various markets. Thus, in view of the real need for knowledge of how these costs tend to behave during the broiler production process, this paper aimed to analyze how the chicken production costs in the state of Ceará relate to quantities produced in units / batch of chicken for slaughter. For this, we used data from chicken production costs available on the website Central Intelligence Poultry and swine (CIAS) of Embrapa Swine and Poultry in partnership with Cia. National Supply (Conab). For the calculations, spreadsheets was used Microsoft Excel® and econometric package Gretl. was formulated also a statistical model to linearize the variables (y1 and x1) constatando- if the simulations in the spreadsheets that it is satisfactory and serves as support for decision-making on the cost projections / lot for a chicken production estimate for slaughter between 21,880 and 21,910 heads; since it assumes a margin of error of ± 11.11% applying the model at intervals of less than 10 realizes units is further a decrease in the margin of error for the observed data; and that the estimation of optimum is around 21,890 heads (± 99.98% accuracy) of chicken for R $ / Lot in the conventional breeding of chicken. Keywords: Chicken Production Costs. Management of agribusiness. Mathematical modeling. 1
INTRODUÇÃO Os avanços tecnológicos têm proporcionado às empresas uma infinidade de
oportunidades de criação e desenvolvimento de sua estrutura administrativa e também de seu parque industrial e tecnológico. Essa expansão do conhecimento pode ser vista em praticamente em todos os ramos do mercado, inclusive com as empresas do ramo agropecuário, pois o agronegócio mundial e, especificamente o brasileiro, estão cada vez mais competitivos e dinâmicos, como corroborado pelo Ministério da Agricultura (MAPA, 2014): o agronegócio brasileiro é uma atividade próspera, segura e rentável. Com um clima diversificado, chuvas regulares, energia solar abundante e quase 13% de toda a água doce disponível no planeta, o Brasil tem 388 milhões de hectares de terras agricultáveis férteis e de alta produtividade, dos quais 90 milhões ainda não foram explorados. Como parte integrante do setor primário do agronegócio brasileiro, a produção de frango destaca-se como uma das molas propulsoras da produção pecuária juntamente com outras atividades que também se destacam no cenário nacional. Dados coletados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA, 2016) mostram que as exportações brasileiras de carne de frango (considerando frango inteiro, cortes, processados e salgados) totalizaram em 2015 uma produção de 13,146 milhões de toneladas, um volume 3,58% superior à produção em 2014. Destacando que mesmo com a crise econômica brasileira, o consumo interno tem aumentado em média a 43,25 Kg/ano em 2015, 1,1% maior que em 2014. Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1928
Para o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção brasileira de frango subirá 3,8% em 2106, um aumento de 13,5 milhões de toneladas, impulsionado principalmente pela desvalorização do real frente ao dólar e pela abertura de novos mercados. Assim, a produção de frango de corte que antes era concentrada inicialmente na região Sul e Sudeste do país. Nos últimos anos, tem migrado para outras regiões do país, principalmente para zonas produtoras de grãos que são utilizados no processo produtivo e também em regiões em que o mercado consumidor vem crescendo consideravelmente, como nos estados nordestinos de Pernambuco, Bahia e Ceará. O estado do Ceará apresenta uma boa potencialidade de crescimento do setor avícola, principalmente pela proximidade de centros consumidores como nos estados vizinhos da Piauí, Paraíba, Rio Grande do Norte, e também por Fortaleza ser a capital mais próxima da Europa, o que facilita a produção e exportação de carne de frango. Para a Associação Cearense de Avicultura (ACEAV, 2015) a importância da atividade avícola no estado pode ser dimensionada pelos números gerados: faturamento de cerca de R$ 700 milhões em 2014; o valor bruto da atividade avícola representa cerca de 2,5% do PIB estadual; em torno de 6.810 postos de trabalho foram gerados segundo a RAIS em atividades ligadas direta ou indiretamente com a atividade agropecuária de frango de corte no Ceará.
Figura 1: Composição do custo de produção-aviário climatizado positivo/Ceará Fonte: Central de informações de Aves e Suínos (Embrapa), 2016. No estado do Ceará, os maiores custos são os decorrentes da alimentação das aves (66,01%), seguido da alimentação com 3,87% e outros custos no valor de 26,76%. Por não ser um estado produtor de um dos principais insumos usados da produção de frangos, o milho, muitas vezes os produtores tem que importar tal matéria-prima de outros estados, e essa dependência logística faz com que o preço seja bastante suscetível às variações do mercado regional.
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Portanto, conhecimento sobre os custos de produção agrícola é uma importante ferramenta de controle e gerenciamento das atividades produtivas e de geração de importantes informações para subsidiar as tomadas de decisões pelos produtores rurais e, também, de formulação de estratégias pelo setor público. Assim, para administrar com eficiência e eficácia uma unidade produtiva agrícola, é imprescindível, dentre outras variáveis, o domínio da tecnologia e do conhecimento dos gastos com insumos e serviços em cada fase produtiva da lavoura, que tem o custo um indicador importante das escolhas do produtor. (CONAB, 2015). Assim, a presente investigação torna-se relevante, pois o estado do Ceará é um dos maiores produtores de carne de frango do nordeste, e estudos que venham a aumentar a eficiência na produção e comercialização de frango nesse segmento do agronegócio podem representar um diferencial competitivo e auxiliar na melhoria no processo produtivo tanto para o produtor integrado quanto para a agroindústria. Dessa forma, a presente pesquisa tem o objetivo responder à seguinte questãoproblemas: Como os custos totais de produção de frango (fixos e variáveis) no estado do Ceará se relacionam como as quantidades produzidas em unidades/lote de frango para abate? 2
REFERENCIAL TEÓRICO Compreender o comportamento dos custos de produção em uma determinada atividade
pode envolver alguns desafios, principalmente se o proprietário não tiver conhecimento técnico sobre o assunto, o que pode elevar os riscos de um insucesso na atividade. Assim, a compreensão de como os custos tendem a se comportar ao longo de uma série histórica conhecida, pode auxiliar o produtor na hora da tomada de decisão e também ajudar a melhor avaliar o efeito de políticas internas que a empresa adota. Gestão de custos é definida por Martins (2003) como um ramo da contabilidade que define questões de custos estratégicos que são movidos tanto por informações financeiras quanto não financeiras. Portanto, o objetivo da gestão de custos é fornecer condições para as empresas tomarem decisões para finalmente aumentar a competitividade da empresa. Reis (2002) define os custos de produção como sendo a soma dos valores de todos os recursos (insumos e serviços) utilizados no processo produtivo de uma atividade agrícola, em certo período de tempo e que podem ser classificados de curto e de longo prazo. A estimativa dos custos de produção é o detalhamento de todas as despesas e receitas diretas e indiretas das atividades produtivas (Garcia, 2005). Esse custo é um dos principais fatores a ser analisado para a boa administração de uma empresa. Com ele, pode-se estimar a Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1930
viabilidade econômica de um negócio, em função do capital investido, compará-lo com outras atividades agropecuárias ou mesmo, a atividades que não envolvem uso da terra. Sobre uma boa gestão no agronegócio, principalmente quanto à variabilidade dos custos, Raíces (2003, p.12 e 14) aponta: Ser um bom produtor rural vai muito além de garantir qualidade, obter boa produtividade ou manter uma criação sadia. A atividade exige o conhecimento de todos os custos envolvidos na operação. O sucesso na agricultura, como em qualquer outra empresa, vem da atenção à gestão dos custos de produção, à capacitação do pessoal e à seleção de insumos.
A definição de eficiência da pecuária começa pela conjunção de despesas e receitas, gerando lucros ou prejuízo. Normalmente, o produtor se preocupa com o preço do produto, e o preço não justifica o sucesso ou fracasso de um negócio. O que interessa é o todo, custo em conjunto com preço e renda, o que determinará o lucro da atividade em questão (CARLINI JUNIOR e FONSECA, 2006). Sobre a importância da gestão eficiente e eficaz dos custos de produção Ferreira (2004) destacam: A importância de estudar o custo de produção deve-se a dois objetivos principais: auxiliar no processo de tomada de decisão do produtor e avaliar os efeitos das políticas governamentais. Para o produtor, o conhecimento detalhado dos componentes do custo auxilia a determinação do sistema de produção a ser usado, relacionado com a utilização dos diversos fatores e levando em consideração a sua disponibilidade e preço. Assim, o produtor poderá alterar sua planilha de custo, racionalizando a utilização de fatores e objetivando a maximização do lucro. Para o governo, a intervenção dar-se-á mediante políticas que objetivem o controle de preço e de crédito, entre outras.
A importância da análise de custos da pecuária também é abordada por Marion (2009) ao afirmar que conhecer o custo real de cada lote ou do rebanho a qualquer momento é uma informação imprescindível à gerência, não só para apurar a rentabilidade após a venda, mas também (o que é mais importante) para determinar o ponto ótimo de venda, ou seja, não manter o gado ou lote quando os custos passam a ser maiores que o ganho de peso (ou mantêlo se o preço de mercado está baixo). Sem conhecer os custos, o empresário não saberá se está efetivando ou não os lucros e nem terá subsídios para tomar decisões corretas para direcionar sua empresa aos resultados positivos ou melhores que os atuais. (NOGUEIRA, 2004). Atualmente o Brasil ocupa a 3º posição no ranking mundial de produção de carne de frango atrás somente dos Estados Unidos e da China que são os principais produtores, com
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16.98 milhões toneladas e 13.50 milhões toneladas, respectivamente. A produção nacional, por sua vez, em 2013, atingiu 12.30 (milhões ton.), com uma disponibilidade interna de 68,4% da produção, sendo que a maior produtividade concentrou-se no estado do Paraná, com participação de 31,12%, seguido por Santa Catarina, com 16,66%, Rio Grande do Sul, 14,56% e São Paulo, 10,99% (UBA, 2014). Crepaldi (2009, p. 277) destaca alguns desafios para avicultura, principalmente relacionado aos custos de produção: Para ser competitivo, o avicultor precisa conhecer seus custos, ampliar a linha de produção e buscar parcerias. Na atualidade, é praticamente impossível o pequeno produtor sobreviver economicamente na avicultura sem unir-se às integrações, isto é, fazer parte do sistema de comercialização que garante a absorção do produto final, independentemente da situação do mercado.
A respeito da expansão da avicultura nordestina, o Sebrae (2008) destaca que existem ainda alguns problemas que impedem um maior crescimento do setor, principalmente relacionados ao insumos, mas que a atividade tem grandes perspectivas de mercado, tanto pela ampliação da demanda interna, quanto pela expansão do consumo mundial de proteína animal. As regiões Norte e Nordeste, devido aos pequenos volumes produzidos, provavelmente decorrentes de custos mais elevados de produção, especialmente do custo de alimentação das aves, têm pouca participação na produção nacional, sendo que o Nordeste detém uma posição melhor do que a ocupada pela Região Norte. Estudos anteriores mostram que o custo com alimentação responde por, aproximadamente, 70% do custo total de produção de frango de corte e por 80% dos custos variáveis; dessa forma, as decisões sobre alimentação afetam, em grande escala, a rentabilidade econômica da atividade (OLIVEIRA 2009). Carmo, Santos e Santos (2008) realizaram um estudo com objetivo apresentar os resultados obtidos através da aplicação das metodologias de custeamento por absorção, custeamento variável e custeamento baseado em atividades (ABC) em um empreendimento estrutiocultor da cidade Uberaba-MG, cuja atividade operacional consistia na incubação, cria, recria e engorda de avestruzes para o abate e, ainda, comparar tais resultados para identificar aquela metodologia de custeamento que melhor se adapte à atividade pecuária em questão, no processo decisório em geral. Constatando que a metodologia de custeamento baseado em atividades (ABC) produziu a maior quantidade de informações relevantes para a tomada de decisões gerenciais neste tipo de negócio pecuário.
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Ainda sobre as metodologias de custeamento aplicadas a negócios agropecuários avícolas. Silva, Metzner e Braun (2005) realizaram um estudo que teve como objetivo avaliar se a apuração dos custos na produção de ovos férteis estava sendo realizada de maneira adequada, enquanto instrumento de apoio à tomada de decisões em uma empresa avícola que comercializa pintos de um dia, ovos férteis e matrizes de corte. Constatando que o sistema de custeio adotado pela empresa era o custeamento por absorção e, mediante algumas simulações, os pesquisadores propuseram a mudança desta sistemática para a de custeamento variável. Sendo que, a empresa passou a adotar o modelo proposto como uma ferramenta adicional ao processo de gestão e mensuração dos seus dados de custos, isto, sem abandonar a sistemática de custeamento por absorção. Ainda no campo de pesquisa empírica aplicada à criação de aves, Hofer, Kipper e Silva (2006) elaboraram um estudo de caso sobre a atividade estrutiocultora (criação de avestruz), enfocando o controle de custos e a viabilidade econômica do negócio. Os autores aplicaram a metodologia de custeamento variável em uma propriedade na região oeste do Paraná, no período de 01 de julho de 2004 a 30 de junho de 2005. Concluiu-se que a atividade era viável para a empresa analisada, entretanto, necessitava da implantação de um sistema de controle de custos para auxiliar a tomada de decisões, bem como para controle do plantel. Um estudo realizado por Corrêa et al (2015) com o objetivo de analisar a elasticidade de transmissão de preços da carne de frango no mercado do estado de São Paulo e identificar em qual nível de mercado concentra-se o maior poder de formação de preços, seja ao nível do produtor, atacado e varejo. Para tanto, foi empregado no tratamento dos dados de preços da carne de frango ao nível do produtor, atacado e varejo o modelo econométrico de Vetor AutoRegressivo (VAR). Os resultados encontrados por meio da análise da decomposição da variância dos erros de previsão demonstraram que o produtor possui alto poder de formação dos preços da carne de frango no mercado interno de São Paulo, tendo influência direta na formação dos preços praticados tanto em nível de atacado como de varejo. Com base nas planilhas de custos de frango da Embrapa Suínos e Aves, Carmo et al (2011) realizaram um estudo cujo objetivo era conceber uma modelagem matemática que fosse capaz de linearizar o comportamento dos custos totais de produção de frango em relação às quantidades produzidas de frango em cada lote no sistema de produção climatizado positivo no estado de Minas Gerais, como forma de constituir uma ferramenta de auxílio à tomada de decisão nessa atividade. Com a utilização do ferramental estatístico de regressão linear simples, verificou-se que o modelo proposto é satisfatório para uma estimativa de Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1933
produção compreendida entre 20.000 e 25.000 unidades/cabeças de frango desde que seja admitida uma margem de erro de ±11%. Caso as estimativas de produção fiquem entre 21.000 unidades e 24.000 unidades, a margem de erro do modelo proposto cai para ±7%. Pode-se afirmar que a modelagem proposta atinge o seu ponto ótimo quando as estimativas de produção giram em torno de 22.000 unidades, mas essa pesquisa apresentou falhas metodológicas por não testar estatisticamente a estacionariedade das variáveis. Recentemente, Andrade et al (2015) realizaram um estudo semelhante ao anterior, cujo objetivo era analisar a relação estatística entre a quantidade produzida de cabeças de frango para abate e os custos totais de produção, que englobava os custo fixos e variáveis no estado de Pernambuco. Verificando que o modelo encontrado é satisfatório para uma estimativa de produção de frangos para abate entre 22.000 e 23.200 cabeças, desde que assuma-se uma margem de erro de ±3%, aplicando o modelo em intervalos menores percebeu-se ainda mais uma diminuição na margem de erro para os dados observados sendo que o ponto ótimo de estimação encontra-se quando há uma produção mensal em torno de 22.600 unidades. Mas esse estudo foi limitado quanto aos meios, uma vez que utilizou uma série relativamente curta (2010 e 2011) o que segundo os autores pode ter ocasionado uma constante negativa, que teoricamente teria que ser positiva, conforme observa-se na literatura sobre custos. 3
METODOLOGIA Em relação aos objetivos, essa pesquisa classifica-se como descritiva e explicativa, e
quanto aos procedimentos classifica-se em bibliográfica e documental. Conforme Silva e Menezes (2005), a pesquisa descritiva procura descrever as características de determinado fenômeno e a pesquisa explicativa visa identificar os fatores que contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Em relação à pesquisa documental, esta é elaborada a partir de materiais que ainda não receberam tratamento analítico. Destarte, a Embrapa-Suínos e Aves em parceria com a Conab calcula e divulga mensalmente os custos de produção do produtor e da agroindústria através do site da Cias (Central de Informações de Aves e Suínos) nas modalidades: climatizado negativo, climatizado positivo e convencional. Para esta análise, utilizou-se dos dados secundários mensais de custos totais de produção (fixos e variáveis), tanto do produtor quando das agroindústrias no sistema de produção convencional (sistema mais adotado pelos produtores cearenses) entre os meses de janeiro de 2010 a setembro de 2014 estado do Ceará. Quanto ao método matemático que serviu de base para a análise, adotou-se o modelo econométrico MQO (Mínimos Quadrados Ordinários). Para Batalha (2010) a modelagem é Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1934
uma arte e desenvolver um modelo que represente um sistema real é uma tarefa que requer muito cuidado e muita experiência. Um modelo dever ter duas qualidades: (1) ser descritivo, fornecendo explicações que facilitem a compreensão do sistema estudado; e (2) ser descritivo, representando um conselheiro que orienta sobre situações futuras. A modelagem envolve duas situações de conflito que exigem que o modelo seja simples o suficiente para permitir sua construção e manipulação e, ao mesmo tempo, seja complexo o bastante para envolver todas as variáveis relevantes e suas relações. Uma forma de contornar esse conflito é construir modelos simples e sofisticá-lo à medida que novas exigências forem surgindo. Sendo que a operacionalidade dos cálculos foi realizada com o auxílio da planilha eletrônica Microsoft Excel® e do Software econométrico Gretl – Gnu Regression, Econometrics and Time-series Library, versão gretl-2016-64.exe. Para a análise estatística do grau de confiabilidade dos dados através da técnica dos Quadrados Mínimos Ordinários (MQO) utilizou-se os coeficientes de correlação R (R múltiplo) e determinação R2 (R quadrado), e também o teste “t de student” para testar a significância dos coeficientes angular e linear, respectivamente. Outrossim, foram utilizados os testes: F de Fischer-Snedecor para verificar o grau de influência da variável explicativa sobre a explicada, teste de normalidade dos
resíduos
(Teste
Doornik-Hansen,
1994),
teste
para
verificar
a
presença
Heterocedasticidade (Teste de White ou Breush-Pagan, 1980) e o teste Chow de quebras estruturais, para testar a estabilidade das variáveis. Sendo, portanto, uma pesquisa de cunho predominantemente quantitativo (CORRAR et al, 2009). Uma observação a ser feita é que a Embrapa Suínos e Aves mudou a forma de divulgação dos custos de produção de frango pelo sistema Cias. Portanto, a partir de 2016 não se consegue mais visualizar os custos por unidade, por produtor e por agroindústria, o que explica a utilização da série de dados até setembro de 2015 para essa análise. 4
ANÁLISE DE DADOS Devido à natureza quantitativa e multivariada dos dados de custos e quantidades de
frango nas planilhas da Embrapa, foram empregados procedimentos estatísticos multivariados de controle da média e da variabilidade das variáveis observadas, com o objetivo de verificar se os parâmetros de distribuição serão constantes em datas futuras, ou seja, se a oscilação dos valores de custos no passado terão um padrão mais homogêneo para futuras projeções na quantidade de lotes produzidos de frango, ou seja, usou-se uma média anual das quantidades de cabeças produzidas de frango.
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Outro ponto de destaque em relação aos dados das planilhas da Embrapa utilizadas nesta pesquisa é que os custos de produção informados são referentes à produção em lotes de 21.000 aves, pois a Embrapa adota metodologias próprias para cálculo desses valores. Para obtenção das quantidades reais de frangos para abate utilizados neste artigo, utilizou-se o critério de Carmo et al (2009) e Andrade et al (2015), ou seja, uma regra de três simples que consistiu na divisão do custo variável total do produtor e da agroindústria, pela média do custo variável unitário em cada ano. Exemplo, no mês de janeiro de 2010 a Cias. informou que os custos totais foram na ordem de R$ 60.627,00 e para esse ano a média dos custos variáveis (unidades produzidas de frango no 12 meses de 2010) foi de R$ 4,80 por cabeça. Procedeu-se aos cálculos aritméticos de R$ 60.627/4,80 e obteve como quantidades reais produzidas no mês de janeiro de 2010 o valor aproximado de 13.194 cabeças por lote de 1.200 m2. Logicamente tal procedimento acaba por dissolver os dados, mas é o critério mais recomendado na literatura para equalizar os valores dos custos variáveis unitários e proporcionar melhor ganho de decisão. Assim, esse procedimento foi feito para todos os meses em 2010 e 2014 conforme dados abaixo.
Após tabulação com auxílio das planilhas do Microsoft Excel®, conforme tabela 01 acima, procedeu-se aos cálculos dos valores expressos dos anos de 2010 a 2014 onde da coluna produção (cabeças) representa a variável explicativa (x1) quantidade produzida de frango para abate, e a coluna custo total (R$/Lote) representa a variável resposta (y) custo total de produção de frango para abate em cada lote de 1.200 m2 no estado de Ceará. O resumo da regressão desses valores feito com auxílio do Gretl está expresso na tabela 02 abaixo. Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1936
Fica evidente que os custos totais de produção versus as unidades produzidas apresentam uma relação linear. Assim, o modelo MQO que apresentou um coeficiente de correlação (R múltiplo) em torno de 0,76 muito próximo de 1; isso indica que existe um alto grau de relacionamento entre as variáveis: custo total e quantidade produzida; ou seja, pode-se afirmar que o custo total de produção de frangos no estado do Ceará sofre uma variação no mesmo sentido das quantidades produzidas, e ainda, que essas quantidades influenciam fortemente a composição do custo total em média em 76%. Quanto ao coeficiente de determinação (R-Quadrado) encontrado para o modelo foi de 0,63 os que significa que 63,00% do custo total pode ser explicado pelo regressor quantidade produzida (x1). Os testes “t” de significância dos parâmetros estimados (intercepto e coeficiente angular) foram respectivamente de 2,037 e 9,892 um pouco elevados; mas cujos níveis de significância (0,0462 e 4,64E-014) são menores que o nível de significância adotado nesta pesquisa que foi de α=5%=0,05. Destarte, rejeita-se a hipótese de efeito nulo da variável quantidade sobre a variável custo total. O teste F-Snedecor que foi de aproximadamente 97,84 também rejeita a hipótese de não haver influência da variável quantidade sobre custo total ao nível de 5%. Abaixo se encontram os valores dos coeficientes (β0; β1) calculados com o auxílio das planilhas e do pacote Gretl® tendo como base os valores da tabela 01:
Observado por meio do coeficiente de correlação que existe uma forte relação linear entre as duas variáveis y e x1, pôde-se calcular uma equação da reta: y = β0 + β1x1
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representando a relação linear dos dados analisados. Esse modelo proposto tem como variável dependente o custo total de produção de frangos e como variável independente a quantidade de frango produzida para abate em cada mês, conforme tabelas anteriores. Após cálculo dos coeficientes e encontrada e melhor equação que representa a relação entre os custos e as quantidades produzidas. Procede-se com os testes econométricos para verificar se o modelo econométrico utilizado estava ajustado e respondia à variável de interesse (y) através dos testes de normalidade dos resíduos, heteroscedasticidade e estabilidade. Para testar a hipótese de normalidade dos resíduos foi aplicado o teste de normalidade de Doornik-Hansen (1994). Por este teste é possível testar se a hipótese de normalidade é verdadeira. Com a finalidade de verificar a existência de heteroscedasticidade no modelo foi aplicado o teste de White (1980). O modelo estatístico em que ocorrer a existência de heteroscedasticidade a variância do erro não observável, condicional nas variáveis explicativas, não é constante. O teste de White tem por objetivo verificar se o modelo apresenta erros ao longo de sua função, ou seja, se ocorre a perda do poder de explicação das variáveis (BRUNI, 2010).
Os testes acima foram obtidos com auxílio do pacote Gretl e Microsoft Excel® em que o teste de normalidade utilizado foi o de Doornik-Hansen, pois o mesmo apresenta propriedades estatísticas superiores ao Jaque-Bera em pequenas amostras. Assim, assumindose como hipóteses: H0= os resíduos estão normalmente distribuídos H1= os resíduos não estão normalmente distribuídos Tem-se que o p-valor = 1,00E-05 portanto menor que 0,05, rejeitando a hipótese de normalidade dos resíduos. Quanto os resíduos não estão normalmente distribuídos, recomenda-se utilizar a transformação de Box-Cox para melhor ajustar os dados, mas devido a tempo e recursos, tais ajustes não foram possíveis. Segundo Lopes (1995) a literatura já vem mostrando que a hipótese de normalidade dos resíduos para dados econômicos raramente é aceita. Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1938
Para o cálculo do teste de Heterocedasticidade foram utilizados os testes de White e Breush-Pagan, apesar desse ser recomendado apenas quando a série apresenta distribuição normal. Assim, esses estes tiveram a finalidade de identificar a não homoscedasticidade dos dados, ou seja, quando as variâncias não são iguais para todas as observações. Nesse caso, o teste Breush-Pagan oferece um resultado baseado na estatística Qui-quadrado nesse caso com p(qui-quadrado
(1)>0,005258861
=
0,4514
,
então
aceita
a
hipótese
nula
de
homoscedasticidade dos resíduos. Da mesma forma o teste White p-valor =0 ,311839 também rejeitando a hipótese de Heterocedasticidade. Além dos testes anteriores; para análise de dados desta pesquisa foi realizado o teste Chow para avaliar se os parâmetros da regressão são estáveis ao longo do intervalo de estimativa. Assim, esse teste verifica a estabilidade dos parâmetros, dividindo-se o intervalo da amostra em duas partes e estimando-se novamente os parâmetros em cada sub-amostra e assume as seguintes hipóteses: H0= as estimativas para os coeficientes são estáveis H1= as estimativas para os coeficientes não são estáveis Portanto, realizado o teste para a falha estrutural na observação 30 F(2, 56) = 44,488 com p-valor 0,0000 rejeita-se a hipótese nula de que os coeficientes estimados para essa regressão são estáveis a longo do tempo. Após testes e encontrado o melhor modelo que se ajustou aos dados, procedeu à estimação dos valores através do modelo MQO y = β0 + β1x1 encontrado e comparou-se com aos valores reais dos custos e unidades dos anos de janeiro de 2015 a setembro de 2015, conforme tabela seguinte.
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O modelo estimado apresentou um erro médio de previsão em torno de 31,00%, bastante elevado, mas esperado, visto que os testes indicaram apesar da homoscedasticidade dos dados, não haver normalidade dos resíduos e nem foi constatado estabilidade nos coeficientes estimados. Em seguida, foram feitas várias simulações com ao auxílio de planilhas eletrônicas, levando-se em consideração a quantidade média produzida entre os anos de 2010 a 2014 para comparação com os valores reais de 2015, através do modelo y = 18.284,76 + 3,95x1, cujo gráfico expõe os resultados:
Gráfico 1: Grau de precisão do modelo encontrado (%) Fonte: Elaboração própria com dados da Cias-Embrapa Suínos e Aves.
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As estatísticas utilizadas na determinação desse gráfico levam em consideração, não apenas o valor atual das variáveis observadas, mas também seus valores anteriores, o que aumenta a eficácia do processo de monitoramento da variabilidade ao longo do tempo. Então, foi possível constatar que o modelo é quase preciso (com erro médio de 9,98%) quando a produção atinge uma quantidade média de frangos produzidos por R$/Lote de 21.890 unidades. De posse dessa informação notou-se que efetuando mais simulações com intervalos de ± 10 unidades, o modelo tem uma oscilação no erro em média de aproximadamente ± 11.11%. 5
CONSIDERAÇÕES FINAIS O produtor rural está constantemente envolvido em decisões de investimentos,
principalmente em quanto produzir, qual o melhor preço que recupere os custos, etc. Assim, uma das principais variáveis que devem ser analisadas antes de se efetivar um investimento são os custos de produção. Uma boa gestão de custos pode representar um diferencial competitivo para o produtor capaz de mitigar os prováveis prejuízos por falta de planejamento, principalmente na cadeia produtiva do frango, que foi o foco desse estudo. Portanto, buscou-se com este artigo analisar a relação matemática entre os custos de produção de frango e as quantidades produzidas em unidades, permitindo assim planejamento de custos mais eficientes e eficazes, para os produtores que adotam o sistema de produção convencional no estado do Ceará. Os resultados apontaram que apesar da não normalidade dos resíduos e da não constância dos dados, o modelo mostrou-se satisfatório para estimativas de custos de produção de frango de corte do sistema convencional no estado do Cerará desde se assuma um erro em trono de 31,00% na média, sendo que a quantidade ideal gira em torno de 21.890 cabeças por lote 1200 m². Espera-se que esses dados sirvam de informação para a melhoria nos mecanismos de planejamento de produção e controle de custos por parte dos integradores e integrados com a utilização do modelo matemático proposto e que essa metodologia possa os auxiliar a entender melhor os problemas fundamentais de projeção de custos, evitando desperdício de insumos, tempo, energia; eliminando, aqueles recursos ineficazes e não necessários à atividade produtiva na cadeia do frango de corte em Ceará. Finalmente, a partir das informações obtidas e tratadas dos órgãos oficiais do governo, seja possível promover futuramente estudos mais homogêneos, levando-se em consideração outros itens não constantes dos custos de produção ao produtor não tratados nesta pesquisa, Mossoró - RN, 16 a 18 de Novembro de 2016 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1941
mas que exercem bastante influência na formação do custo total de produção do frango, seja por cabeça, por lote ou por quilograma; que são os custos incorridos na agroindústria. Recomenta-se estudos mais precisos que verifiquem a possibilidade de transformação dos dados através da metodologia Box-Cox, visando maior poder de precisão e análise, além da inclusão de mais variáveis, que aparentemente esse foi um dos problemas limitantes que não permitiu mais generalizações sobre os resultados. REFERÊNCIAS ANDRADE, J.C de; MELO, A. de S.; MONTEIRO, D. S.; GUEDES, R.E.F.F; SILVA, R.M.da. Análise de custos na Gestão Rural: um estudo acerca do comportamento dos Custos de produção de frango em Pernambuco . Congresso Brasileiro de Administração, Economia e Sociologia Rural, 53º, 2015. João Pessoa-Pb. Anais... João Pessoa: Sober, 2015. 458 p. ARAUJO, M. J. Fundamentos de agronegócios. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2005. Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Disponível em: http://abpa-br.com.br/. Acesso em 14.03.2016. Associação cearense de avicultura (ACEAV). Disponível em: http://www.aceav.com.br/. Acesso em 25.05.2016. BATALHA, Mário Otávio (coord.). Gestão agroindustrial: GEPAI – Grupo de Estudos e Pesquisas Agroindustriais. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2010. BRUNI, Adriano Leal. Estatística Aplicada à Gestão Empresarial. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2010. CARLINI JUNIOR, R. J; FONSECA, A. B. Custos como determinante para a competitividade do setor avícola: um estudo no município de São Bento do Una-PE. http://www.custoseagronegocioonline.com.br/numero1v2/custos%20e%20competitividade.pd f. Acesso em 01.05.2016. CARMO, C. R. S.; LIMA, I. G.; OLIVEIRA, R. e OLIVEIRA, L. F. M. Modelagem matemática na gestão de custos: um estudo acerca do comportamento dos custos na produção de frangos em Minas Gerais. Disponível em: www.custoseagronegocioonline.com.br/numero2v7/modelagem.pdf. Acesso em 15 de maio de 2014. CARMO, M. S.; SANTOS, C. M. e SANTOS, L. M. S. Custos na Estrutiocultura uma comparação entre metodologias tradicionais de custeio e o ABC. In: XV Congresso Brasileiro de Custos – Curitiba, PR, Brasil. Anais... Florianópolis: 2008. Disponível em: <https://anaiscbc.emnuvens.com.br/anais/article/download/1202/1202>. Acesso em: 01.04.2016.
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