Roteiro de Engenheiro

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rubens oswaldo szezesniak

roteiro de engenheiro

editora


Oswaldo Szezesniak, Rubens, 1930 Curitiba : Paraná Rubens Oswaldo Szezesniak Curitiba, Editora, 2009 312p : il. 28cm Roteiro de Engenheiro

1. Engenharia 2. Roteiros Descrição . I. Oswaldo Szezesniak, Rubens. II. Título III. Série (Roteiro de Engenheiro)

CDD (Xa ed.) | XXX.XXX

ISBN: XX-XXXX-XX-X Dados Internacionais de Catalogação na Publicação. Bibliotecária Responsável: Nome do responsável

Projeto Gráfico

Caius Marcellus (www.coletivo095.com)

Revisão Preliminar Foto da Capa Fotos Internas

Vanessa de Mello Brito

Acervo Rubens Oswaldo Szezesniak

Acervo Rubes Oswaldo Szezesniak, exceto (*)

(*) 49, 50, 168, 175, 177, 273, 277, 281, 282, 286 (fotos 3, 4, 5 e 6), 296 - Dreamstime, 247 - Korea Rainbow 76, 276 (fotos 5, 6 e 7) - Revista Manchete, fevereiro-2008, 302 - Revista Midwest Living, USA, dez. 2007

Impresso para a Editora (Nome da Editora) por (Nome da Gráfica) em Papel Pólem Bold 80g/m2. Obra composta em tipos Schering Serif, Trajan Pro e Din Schrift , corpos 7 a 16. Estado, 2009


A visão de uma simples mulher, uma dona de casa, possibilitou-me estar agora escrevendo essas linhas e vivido esta extraordinária experiência. Aquela simples mulher me matriculou em uma das melhores escolas de nossa cidade e isso abriu o meu horizonte, me formou e fez com que o mundo ganhasse uma nova dimensão. À minha mãe o meu mais profundo agradecimento, bem como ao meu pai que, com seu salário de operário, muitas vezes privou-se de outros confortos para que eu atingisse os objetivos que para mim traçaram. Aos meus pais, Antonio e Amália, dedico esse livro.



“Não viajamos somente pelo prazer de ver, mas também pelo prazer de contar.” Blaise Pascal Escritor francês do século XVII



Índice 13

preâmbulo

16

raízes

32

infância, juventude, mocidade

50

as 7 maravilhas do mundo moderno

62

construções { o início }

68

policiais da georgina

78

construções { a pedra como elemento construtivo }

88

as crianças

94

construções { os arcos }

102

os animais

108

construções { as abóbadas }

114

os árabes

122

construções { a madeira como elemento construtivo }

128

pinhões

154

construções { o ferro como elemento construtivo }

164

o bambu

170

construções { o concreto armado como elemento construtivo }

176

os templos

188

religião

194

estruturas temporárias

202

jardins

212

os museus

222

curiosidades

238

cenas

254

restaurantes, shows

264

minha atividade { feiras e congressos }

272

meu país

278

meu estado

282

minha cidade

290

dubai { últimas construções, mega city pyramid }

298

considerações


[ 1 0 ]


{ pre창mbulo

}

[ 1 1 0 ]


Ao registrar essas imagens das viagens que efetuei ao redor do mundo, só o faço para dar um testemunho daquilo que de mais belo levo de minha vida terrena. Da beleza dos rios, mares e montanhas, da imponência das cidades e sua efervescente agitação dos dias modernos, com seu trânsito tresloucado, dos inúmeros legados que nos foram transmitidos pelos povos primitivos com suas construções milenares e que ainda hoje maravilham aqueles que têm oportunidade de apreciálas; a singeleza dos povos em suas vidas, muitas vezes, tristes, outras alegres, outras cheias de esperança. Os monumentos, os templos, os museus, os cemitérios, as lojas, as feiras, os teatros, os shows, os restaurantes, todos, são aquela lição de vida que abrilhanta a existência de qualquer ser terrestre que tenha vivenciado essas imagens do mundo. Em meu imaginário infantil, já nas aulas de História e Geografia, quando aprendia sobre as Pirâmides do Egito, o Coliseu, a Acrópole, as Muralhas da China, Macchu Picchu, o Taj-Mahal e outros lugares sagrados, esses já despertavam em meu coração aquela ansiedade imensa de poder, um dia, visitá-los. No decorrer de minha vida profissional, muito trabalhei para transformar essas ansiedades em realidades e assim, durante algumas décadas, tudo fui registrando com minhas câmaras Woiklander, Leica, Roleiflex, Cânon e Olimpus, em mais de 4.000 fotos que estão cuidadosamente arquivadas e que de tempos em tempos são revistas, para poder continuar desfrutando desse imenso cabedal de conhecimento e satisfação. Essas fotos são simples instantâneos, muitas vezes tiradas de um veículo em movimento, sem condições de tempo para encontrar um ângulo mais favorável, ou uma iluminação mais condizente para poder então obter uma chapa mais adequada. Longe estou de querer tê-las como qualquer estudo fotográfico. Pertenço à segunda geração de meus ancestrais, que migraram da Europa e com os quais ainda tive algum contato, esses heróis anônimos que com dificuldades abandonaram sua pátria para tentar conquistar um novo mundo, enfrentando as barreiras de uma língua estranha, um clima inóspito, a falta de dinheiro e dificuldades mil. Não poderia furtar-me em lembrá-los em meu relato, bem como, também, a necessidade de ver de onde saíram e se ainda havia algum vínculo de parentesco, passados mais de 120 anos desde sua migração. Dentro de minhas possibilidades financeiras e de tempo em minhas atividades empresariais, as viagens sempre foram planejadas cuidadosamente e, é evidente, sempre bem assessoradas por uma competente agente de viagens, transformandoas em motivo de bem estar e satisfação, e não de frustrações. Como diz o título “Roteiro de Engenheiro”, as viagens, as imagens, as cenas, os pensamentos foram sendo desenvolvidos dentro daquele imaginário primitivo de minha infância, de minha mocidade e de minha formação como profissional de engenharia, porém, também, de minha sensibilidade como ser humano, que gosta de tudo ver, tudo observar, tudo sentir. Talvez esse relato não tenha muito sentido para profissionais de outras áreas como medicina, ciências, filosofia, astronomia, direito, esportes, outros campos do conhecimento e atividades humanas, para os quais o mundo possa despertar [ 1 2 ]


interesse em outros campos de visão. Mas esse é o meu legado. Passados mais de meio centenário de muitas dessas imagens, fotos, possam ter seus nomes trocados, perdoem-me, pois muitas contingências adversas à nossa vontade, muitos dos nomes não anotados ou eventualmente obtivemos informações erradas de categorizadas.

alguns fatos, vezes, devido puderam ser pessoas não

Naqueles tempos ainda não conseguíamos falar com nossas máquinas fotográficas ou filmadoras, elas não nos escutavam e assim os nomes de muitos locais foram perdidos no tempo e em nossa memória. Como em todo o campo das atividades científicas e do conhecimento, sempre existem os especialistas. Na engenharia não é diferente, portanto, não me critiquem aqueles especialistas dos vários campos da engenharia que com seus tratados e profundos conhecimentos do assunto com certeza vão aí encontrar muitas falhas. Considerem-nas apenas como a visão feita para um mundo leigo. Aos que porventura venham ler esses relatos, minhas desculpas pela chatice de nossas imagens, minha e de minha esposa Georgina, que aí estarão configuradas em todas as páginas, pois nunca imaginei que um dia pudesse vir a publicá-las. Porém fazem parte de nosso contato com esse mundo encantado e que mereciam ser registradas, por acaso estávamos lá na frente. Àquelas centenas de outras pessoas que porventura aí aparecem, mil perdões pela falta de autorização pela publicação de suas imagens. Somente aí estão por fazerem parte da história de nossa época, e tenho certeza de que algumas daquelas crianças, daqueles militares e daquelas pessoas terão um dia seus nomes registrados nas respectivas histórias de seus países como vultos muito importantes. A todos eles meus sinceros agradecimentos. Em muitas das fotos aparecem alguns nomes comerciais, são apenas circunstanciais, não tenho qualquer vínculo com essas empresas. A elas minhas desculpas. Ao inicio desse relato, penso como desenvolvê-lo: se por países, por assuntos, por imagens, por monumentos. Tentarei fazê-lo da melhor maneira possível. À minha esposa Georgina que de tudo participou, meus agradecimentos pelo companheirismo, pelo incentivo, pelo amor.

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{ raĂ­zes

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}


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RUBENS OSWALDO SZEZESNIAK nascido em 27/04/1930 em Curitiba/Paraná/Brasil PAI: Antonio Szczesniak, 03/05/1894 Curitiba - 01/06/1989 Curitiba AVÔ PATERNO: José Szczesniak, 08/09/1856 Polônia - 11/12/1940 Curitiba AVÓ PATERNA: Mariana Szczesniak, 16/05/1870 Polônia - 11/11/1951 Curitiba MÃE: Amalia Luiza Gloger Szczesniak, 04/08/1897 Curitiba - 20/12/1981 Curitiba AVÔ MATERNO: Oskar Gloger, 10/07/1870 Alemanha - 03/12/1897 Curitiba AVÓ MATERNA: Eliza Storrer Gloger , 08/09/1875 Curitiba - 26/04/1955 Curitiba Ao lembrar minhas raízes, chego ao final dos anos 1800, quando meus avós migraram da Polônia (paternos) e Alemanha (maternos). A viagem desde a Polônia deve ter ocorrido por volta de 1890, pois a irmã mais velha de meu pai, Tia Josefa, nasceu em viagem no navio e meu pai nasceu em 1894. Meu avô paterno, chegando ao Brasil, teve como primeiro emprego o de policial, na Polícia Militar do Paraná. Meus avós paternos fixaram residência na Rua João Negrão entre as ruas Iguaçu e Getúlio Vargas, onde hoje se situa a Cervejaria Brahma, local que em companhia de meus pais, quando éramos pequenos, visitávamos com freqüência e podíamos saborear aquela deliciosa broa de centeio feita em casa, coroada com grossa e gostosa camada de torresmo de porco, os quais também eram criados em casa. Como naquela época ainda não havia geladeira, a carne de porco era armazenada em latas cobertas com a própria banha do porco, o que a conservava por meses sem estragar. Deliciávamo-nos com aqueles nacos de carne retirados dessas latas. Meus avós paternos tiveram prole numerosa: Josefa, Antonio, Ana, Maria, Pedro, Rosalina, João e José. Os filhos João e José foram registrados com o sobrenome de Esternaski, e como meu avô era analfabeto, possivelmente quando os registraram com esse nome e não houve reclamação assim ficaram. Os avós paternos, como na tradicional educação polonesa, eram católicos fervorosos e todos os filhos foram criados nesses princípios. Minha avó Mariana era de espírito forte e, segundo nos parecia ainda quando éramos crianças, era quem comandava todas as ações. Hoje compreendemos que com oito filhos e dezenas de netos que sempre estavam ao redor, a ação não poderia ser diferente, senão não poderia haver disciplina. Quando em 1994 eu e Georgina visitamos a Polônia, procuramos por nossas raízes. No Brasil os únicos Szczesniak eram eu e meu irmão René. Depois, descobrimos que a grafia do meu nome Szezesniak está errada, pois os outros primos assinavamse Esternaski e o Tio Pedro teve apenas uma filha, a Isolde. Nessa viagem à Polônia, na lista telefônica de Varsóvia, encontramos cento e onze Szczesniak. Entrei em contacto com um deles que nos informou que era eletricista e não tinha conhecimento se algum antepassado havia migrado para o Brasil. Como [ 1 6 ]


a comunicação era difícil, pois não falo polonês e o meu inglês também não é dos melhores, deixei de contatar os outros Szczesniak. Posteriormente na Suécia, em Estocolmo, encontramos outra família com o sobrenome Szczesniak: filho e mãe. Marcamos um encontro para o outro dia que, muito embora confirmado, não apareceram. Em Copenhagen verificamos que havia outro, com o nome de Michal. Ele atendeu e veio até o nosso hotel, onde por cerca de quatro horas mantivemos interessante conversa. Michal Szczesniak nos informou que era arquiteto e que a família Szczesniak é originária da Tchecoslováquia: um coronel tcheco migrou para a Polônia e lá constituiu sua descendência. Informou ainda que seu avô era construtor e participou da construção do Metrô de Moscou, tendo recebido o pagamento em moedas de ouro. Mantivemos contato com Michal através de trocas de cartões de Natal, mas posteriormente os contatos se encerraram. Em 1999, em Vancouver, no Canadá, encontramos outro Szczesniak, e fizemos apenas um contato telefônico sem demais conseqüências. Voltando às raízes, chego à minha avó materna, Eliza, com quem o contato foi mais freqüente. Durante muito tempo morou no nosso quintal, em casa que minha mãe mandou construir para ela. Lá morou com a Tia Amália, sua irmã e seu filho Alfredo. Avó Eliza era de espírito magnânimo, muito boa e conciliadora. Infelizmente a vida não lhe sorriu com muita freqüência, pois seu primeiro marido Oskar Gloger, pai de minha mãe, faleceu com apenas 29 anos, quando minha mãe Amália tinha apenas quatro meses de vida. Segundo consta, Oskar participou de uma revolução e voltou com forte infecção intestinal e, não resistindo à longa enfermidade, faleceu. A avó Eliza casou-se então com Otto Kirchner (22/08/75 - 09/06/1919) e teve outros cinco filhos: Julio, Afonso, Alice, Paulino e Alfredo. Devido à forte crise que acometeu o Brasil nessa época, o segundo marido de minha avó Eliza veio a falecer também muito cedo. Deixou-a com seis crianças pequenas. O nome de solteira de avó Eliza era Storrer, sobrenome de seu pai, e segundo informação da Tia Amália, irmã de minha avó Eliza, o nome de família de sua mãe era Schefmacher. A avó Eliza nasceu no Brasil e seus pais migraram da Suíça. Meu avô Oskar veio da Alemanha em 1887. Ainda possuo o passaporte dele, o único documento restante que minha mãe possuía de seu pai. Com os dados do passaporte pude identificar sua procedência: saiu de Münsterberg, distrito de Breslau, na Alemanha. Após a II Guerra Mundial, de 1939 a 1944, o distrito de Breslau foi anexado pela Polônia e passou a chamar-se Wroclav, e a cidade de Münsterberg chamase atualmente Ziebice. Em 1994 estivemos eu e Georgina nessas localidades, procurando o local de onde tinha partido meu avô. Ao chegarmos a Wroclav, antiga Breslau, verificamos que era uma bela e imponente cidade com construções robustas caracterizadas pelas antigas cidades da Europa e com estilo Alemão, esplendorosas e com muita história. Ficamos hospedados em um hotel em frente à estação ferroviária, pois embarcamos em Berlim por via férrea, e procuramos saber como poderíamos ir até Münsterberg. Perguntamos no hotel e nos informamos na rua com várias pessoas, porém ninguém sabia informar, já passados mais de cinqüenta anos desde que as mudanças ocorreram. Até que alguém nos aconselhou a procurar a embaixada alemã que havia na Cidade e lá possivelmente poderiam nos dar essa informação.

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Na embaixada, apresentamos à pessoa que nos atendeu o passaporte de meu avô e após algum tempo nos trouxeram um pequeno mapa, nos indicando o nome e o local em que havia se transformado Münsterberg que, como frisamos, mudou para Ziebice. Meu pai Antonio falava polonês e minha mãe falava alemão, mas não falavam em nossa casa e, infelizmente, não aprendi nem uma, nem outra língua. Como ir a outro local sem falar nada de polonês? Entramos em contato com uma agência de viagem e contratamos uma intérprete que falasse inglês para irmos até Ziebice, cerca de 50 km de Wroclav. A agência de viagem providenciou também um táxi para no outro dia irmos a Ziebice. Ao chegarmos, surpreendidos fomos, pois a cidade estava toda embandeirada e as fachadas das casas estavam todas enfeitadas. Como nosso objetivo era procurar alguém que pudesse dar alguma informação sobre os Gloger que viveram naquela região e que migraram para o Brasil, inicialmente fomos à prefeitura local procurando informações. Eram quase três horas da tarde e notamos que estavam fechando as portas da Prefeitura, local para onde havíamos levado um quadro de um pintor paranaense (R. Thieman), o qual reproduz com magnífica naturalidade paisagens paranaenses, geralmente com belos pinheiros. Informaram-nos que estavam fechando a Prefeitura mais cedo porque estavam naquela hora recebendo a imagem da Padroeira da Polônia, N. S. de Czestochowska. Muito embora estivesse de saída o Prefeito Sr. Ryszard Novak nos recebeu e, ao ouvir nossa pretensão, mandou averiguar se algum dos presentes conhecia alguém chamado Gloger. A resposta foi negativa. Realizamos então a entrega do quadro que levamos ao Sr. Novak, que nos informou que iria colocá-lo em seu gabinete. No quadro colocamos uma pequena placa de prata com a indicação de que Oskar Gloger partiu em 1.887 de Münsterberg e morreu no Brasil em 1.897. Cumprida essa operação não satisfatória, saímos da Prefeitura e aproveitamos para participar da recepção da Padroeira. A recepção foi magnífica, acredito que essa pequena localidade de aproximadamente 10.000 pessoas estava toda na recepção. As crianças estavam com seus uniformes e roupas típicas impecáveis e de indescritível beleza; as senhoras, com as fitas de suas respectivas congregações; os homens, com suas roupas de gala e os bispos e prelados com seus paramentos coloridos engalanavam a recepção que se deslocou por várias ruas enfeitadas com milhares de bandeirinhas, flores e imagens da santa em suas janelas, que davam um ar de glória e exultação à recepção. Ao final, a pequena igreja local não conseguiu abrigar toda aquela multidão que foi prestar sua homenagem à Santa Padroeira. Para nós, a coincidência revelou-se como uma bênção de Deus, pois chegarmos ao local de nossos antepassados juntamente com a Padroeira da Polônia foi simplesmente maravilhoso e indescritível, no dia 24 de agosto de 1994. Mesmo durante a procissão continuamos perguntando se alguém conhecia os Gloger, mas ninguém soube informar. Uma pessoa sugeriu que procurássemos a casa de uma senhora bastante idosa, que talvez pudesse ter alguma informação sobre a antiga população alemã. Dirigimo-nos a casa dessa senhora, porém ninguém atendeu, possivelmente ela estava na recepção à Santa Padroeira. Chegava o fim da tarde e somente nos restava, frustrados, voltar a Wroclav. Na volta, verificamos que existia um ramal ferroviário até essa cidade e, como ainda dispúnhamos de mais um dia [ 1 8 ]


livre, no dia seguinte nos dirigimos à estação ferroviária que ficava em frente ao nosso hotel e resolvemos voltar a Ziebice, para ver se conseguiríamos lograr êxito em nosso intento. Descemos do trem e nos dirigimos direto à residência da velha senhora: atendeu-nos um senhor e por mímica nos fizemos entender. O senhor pegou o passaporte, examinou-o e nos informou que o local que procurávamos não era Ziebice, porém uma pequena localidade cerca de dez quilômetros de distância e quis nos levar com seu carro, o que declinamos, agradecendo a gentileza. Essa localidade, anteriormente chamada de Baerdorf, chama-se agora Niedzwiedz. Desse local de nome estranho é que partiu meu avô para conquistar um novo mundo que o levou tão cedo, fazendo parte daquele grupo de heróis que tudo deixaram: pais, irmãos, amigos, suas casas e suas terras; para desbravarem as paragens de um novo mundo que se afigurava como promissor e, no entanto, só apresentou dificuldades, pobreza, incerteza. Mas eles venceram e fizeram um novo mundo: belo, vibrante, rico. Tomamos um táxi e nos dirigimos a Niedzwiedz. Tratava-se de uma pequena localidade, como se fosse um bairro afastado de Ziebice. A estrada era cercada pelos dois lados com várias casas de dois pavimentos, algumas em reforma, algumas já recuperadas, outras ainda em mau estado de conservação. Encontramos uma pequena igreja com cemitério. Procuramos o Padre, porém não se encontrava lá, estava em Ziebice participando das festividades com a chegada da Padroeira. Visitamos o cemitério local e procuramos identificar se havia algum túmulo com o nome Gloger, mas nada encontramos. Informaram-nos posteriormente que até os túmulos dos alemães existentes foram removidos, já que as barbaridades sofridas pelos poloneses frente aos exércitos nazistas foram tamanhas que soa como natural a necessidade de apagar quaisquer resquícios da antiga colonização. Como fiz em várias viagens, plantei pinhões do pinheiro do Paraná no cemitério da igreja. Perguntamos a mais algumas pessoas nas ruas sobre os Gloger, porém ninguém soube informar. Voltamos a Ziebice, ainda em tempo de participar de soleníssima missa em homenagem à Padroeira que se mostrou deslumbrante, com a pequena catedral totalmente lotada. À tarde voltamos à Wroclav, visitamos a bela cidade e no dia seguinte partimos com destino a Varsóvia. Em Varsóvia encontramos na lista telefônica um nome Gloger, e fizemos pequeno e difícil contato telefônico que ficou por aí. Possivelmente meu avô procedia de família que lidava com couros já que em Curitiba por muito tempo existiu uma loja de couros e selaria com o nome Gloger e pertenceu a seu irmão Manoel Gloger (23/03/1860 a 27/04/1933). Mantive, em Curitiba, vários contatos com o Engenheiro Carlos Del-Claro Gloger, que foi engenheiro do BRDE e descendente de um dos irmãos de meu avô. No túmulo de meu avô no cemitério municipal de Curitiba, existem várias outras pessoas sepultadas. Infelizmente, tendo minha avó se casado novamente, houve o afastamento das famílias. Minha avó Eliza, como frisei anteriormente, não teve vida muito fácil, pois perdeu o primeiro marido muito cedo e também o segundo, quando sua prole era ainda toda pequena. Viveu pobremente. Tenho conhecimento dela, pois sempre viveu em casas que eram de minha mãe: primeiro em uma propriedade de meus pais na Rua General Carneiro e posteriormente veio a morar em nosso terreno no Cristo Rei, em

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casa que minha mãe construiu para ela nos fundos de nosso terreno. Ali moraram por muitos anos a avó Eliza, sua irmã Amália, chamada Amália grande, pois a minha mãe era a Amália pequena, e tio Alfredo, que era solteiro. Meus pais Meus pais foram para mim um exemplo de vida. Trabalhadores e honestos, posso afirmar que entre todos os irmãos de meu pai ou de minha mãe, nossa família era a família da união da concórdia, pois nunca meus pais tiveram qualquer rixa com seus respectivos irmãos, e sempre que havia qualquer pendência entre outros irmãos era a meus pais que recorriam para dirimir as dúvidas. Naqueles tempos em que as comunicações e os meios de entretenimento eram escassos, as visitas que as famílias se faziam eram quase corriqueiras. Todos os domingos havia uma programação: visitar esse ou aquele irmão que eram muitos e receber as visitas deles, acompanhadas de café com broas e bolos que se faziam. Os papos se prolongavam até a noite. Meu pai começou a trabalhar muito cedo, com apenas 12 anos de idade iniciou na Companhia Fiat Lux de Fósforos, que fabricava os outrora famosos fósforos Pinheiro. Naquele tempo a legislação trabalhista era inexistente e as crianças podiam trabalhar. Naturalmente havia a necessidade desse esforço complementar para ajudar a manutenção da casa de meu avô José e seu oito filhos. A Cia Fiat Lux era uma das poucas indústrias existentes naqueles tempos em Curitiba e meu pai morava a apenas três quarteirões da fábrica. A jornada era pesada, o serviço começava às cinco da manhã e se estendia até às dezessete horas. Meu pai praticamente viveu a vida dentro dessa fábrica, pois começou trabalhando aos doze anos e aposentou-se no mesmo emprego com sessenta anos, ou seja, quarenta e oito anos depois. Iniciou como aprendiz e saiu como mestre geral. Muito emocionado fiquei quando no falecimento de meu pai, quinze anos após ter se aposentado, em seus funerais compareceram o Gerente e o Sub-gerente da Cia Fiat Lux, respectivamente Srs. Genaro Póvoa e Sr. Antonio Peretti, que ressaltaram a admiração que tinham pelo antigo colaborador. Meu pai era de espírito tranqüilo, ia trabalhar com sua bicicleta Dürkop e voltava do trabalho à tarde, quando então cuidava de nossa horta no terreno da Rua Reinaldino de Quadros, 945, antiga Rua das Araucárias, onde hoje é a Orpec. Ao chegar em casa, plantava verduras, hortaliças e frutas, boa parte de nosso sustento provinha de nosso quintal. Posso enumerar algumas verduras, vegetais e frutas de que me lembro e que saiam de nosso terreno: alface, couve, pepino, ervilhas, vagens, cenouras, rabanetes, beterraba, feijão, tomates, maçãs, peras, laranjas, mimosas, ameixas amarelas e vermelhas, uvas de três variedades distintas, pêssegos entre outras. Criávamos galinhas da linhagem “leghorn”, as melhores poedeiras de ovos, os quais minha mãe usava em doces e alimentação da casa. O excedente era vendido. Tínhamos criação de coelhos e algumas vezes também criamos cabritos. Nosso terreno era uma mini-chácara.

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Das uvas, meu pai complementava com uvas compradas e fazia certa quantidade de vinho que servia para o uso durante o ano. Geralmente o vinho era tomado aos domingos, acompanhado daquela deliciosa polenta feita por minha mãe e também de uma galinha de nossa criação, o que resultava numa polenta coroada por um molho gordo e delicioso, mais verdura e outros componentes. Quando crianças serviam-nos um pouco de vinho com o copo cheio de água e açúcar. Em casa fazíamos também a cerveja, que era uma delícia. A cerveja era envasilhada em garrafas e as rolhas, depois de fervidas, fechavam as garrafas. Acredito que muitas vezes a fermentação da cerveja não se completara ainda e algumas das garrafas explodiam, ou seja, tinham sua rolha arremessada até o teto, inclusive com o conteúdo da garrafa, o que demandava uma limpeza total do aposento. Na época da colheita das frutas, geralmente, os doces eram feitos em casa, e se as fruteiras da casa não eram suficientes, compravam-se quantidades de outros fornecedores. Feito isso, reuniam-se as mulheres e homens para inicialmente descascar e ferver todas as frutas, que posteriormente eram levadas a um tacho de cobre e durante horas eram mexidas com uma longa colher de pau sobre fogo até atingirem o ponto certo, para então colocá-las em caixetas de madeira que cortávamos aos poucos dependendo da necessidade até atingir, no outro ano, nova safra da mesma fruta, que durava todo um ano. Assim tínhamos os doces de peras, maçãs, pêssego, bananas, marmelo entre outras. Nessa faina reuniam-se as crianças, homens, mulheres, tios e tias; e é evidente que o resultado era todo dividido. Não posso esquecer de que o pão também era caseiro, bem como o sabão e outros produtos necessários à manutenção de uma casa. Não havia gás envasilhado, o fogão era à lenha, necessitávamos comprá-la para fazer comida. A lenha geralmente era fornecida em carroças e meu pai encomendava as lenhas de árvores duras, como aroeira, cambuí e outras espécies. Para serrá-las, usávamos serra tipo trançadeira: meu pai de um lado e meu irmão ou eu do outro, e assim tínhamos pequenos cepos que necessitavam ser partidos. A madeira era tão dura e retorcida que muitas vezes o machado negava-se a adentrá-las, necessitando uma cunha e uma marreta para fazer as achas. Minha mãe sempre foi muito econômica e, para não gastarmos muita lenha, que era cara e necessitava muito trabalho para serrar e partir, mandava eu e meu irmão René buscarmos toquinhos das folhas de erva-mate que eram despojadas das fábricas Fontana e Matte Leão, na Rua João Negrão, perto da casa de meus avós: uma distância respeitável para duas crianças. Ou ainda íamos até a fábrica de móveis Cimo, na época a maior fabrica de móveis de escritório do Brasil, que ficava mais perto: na Rua São José, ao lado do colégio e em frente ao Hospital Cajurú, onde buscávamos serragem ou cepilho com a mesma finalidade: fazer fogo. A serragem ou os gravetos de erva-mate eram socados no fogão, deixava-se um buraco no meio para saída dos gases da combustão. Muitas vezes os gases se acumulavam e provocavam uma explosão, algumas mais violentas que conseguiam erguer a chapa de ferro do fogão e a panela que porventura estivesse sobre ela. Como meu pai cuidava muito bem de sua horta e para que as frutas e verduras se desenvolvessem satisfatoriamente, como naqueles tempos não se encontrava

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adubo fornecido por grandes conglomerados, o jeito era providenciar localmente: tínhamos um esterqueiro no fundo do quintal. Juntávamos todos os restos de comida, cascas de frutas, folhas de cenouras e rabanetes, e tudo ia para o esterqueiro onde fermentavam, apodreciam e transformavam-se em adubo. Porém isso nem sempre era suficiente para o nosso quintal e, como as freiras francesas do Colégio Cajurú tinham um grande terreno e também um grande rebanho de vacas situado a apenas um quarteirão de nossa casa, é evidente que essa grande quantidade de vacas defecava no campo. É sabido que o esterco de vaca é considerado como um excelente adubo, portanto, a função minha e de meu irmão era regularmente nos munirmos de um carrinho de mão e pás para fazermos uma pesquisa e apanharmos esterco no campo das Irmãs do Colégio Cajurú e assim, nosso quintal frutificar galhardamente. Quando crianças eu e meu irmão costumávamos ir também até o depósito de bananas do Sr. Chain, que ficava na Av. Afonso Camargo, em frente onde hoje está situada a estação rodoviária, em que existia também um ramal ferroviário. As bananas vinham de trem desde o litoral e eram descarregadas no depósito do Sr. Chain que ficava do outro lado da rua. Várias crianças ajudavam a descarga dos vagões e o pagamento no final do turno eram algumas pencas de bananas que, gloriosos, levávamos para casa. Meu pai, como frisei, era de um espírito bastante calmo. Cumpria seu dever como funcionário na Cia Fiat Lux, cuidava de nosso quintal e de outros afazeres domésticos e como vício tinha o hábito de fumar cigarros feitos em casa, de palha de milho. O fumo era comprado em rolos, picado com um afiado canivete e secado ao fogo, o que fazia com que toda a casa recendesse àquele cheiro característico. A palha era criteriosamente selecionada e, depois de enrolados um a um, os cigarros eram saboreados. Meu pai, além dos afazeres que praticava, tinha também o hábito da leitura. Lia os jornais dominicais, a revista Seleções, a revista Cruzeiro e algum livro que lhe caísse nas mãos. Aos domingos freqüentava a missa das 10 horas na Igreja do Cristo Rei. Tinha boa saúde e aos 75 anos sofreu uma infecção que se manifestou com erupções na pele. Levado ao Hospital, sofreu um infarto fatal depois de ficar internado por alguns dias, sem que se pudesse identificar a verdadeira causa da infecção. Tinha 75 anos. Minha mãe, e aqui quero frisar, foi sempre uma supermãe. Era a “dona da casa”, nunca precisou de empregadas, pois tudo fazia: cozinhava, lavava, passava, limpava a casa e encerava o chão com aquele antigo “vassourão” de puxar e empurrar. Costurava nossas roupas e remendava o que era necessário, era também uma excelente cozinheira. Nossa comida era sempre caprichada e quentinha quando chegávamos para as refeições. Naquele tempo almoçávamos e jantávamos, pois meu pai praticava um serviço pesado e necessitava jantar, e depois ainda saboreava o café com pão, acompanhados de doce ou sanduíche. Além de cozinhar muito bem, minha mãe era uma excelente doceira. Sempre fazia-nos bolos nos finais de semana, além das várias compotas que eram armazenadas em vidros com fecho hermético fechado a vapor. Meus filhos ainda se lembram da excelente cassata e das bolachas de polvilho que minha mãe fazia e que, dizem, ninguém conseguiu fazer igual. Minha mãe era de espírito empreendedor, sempre economizou e, naturalmente, [ 2 2 ]


com a colaboração de meu pai que também não era dado a gastos, conseguiram com o salário de um simples empregado ter uma vida tranqüila financeiramente. Inicialmente compraram um terreno na Rua General Carneiro e fizeram sua casa, posteriormente dividida em duas partes: alugaram a outra parte para o tio Julio, quando se casou. Depois, construíram outra dependência nos fundos para acomodar a avó Eliza, a tia Amália e o tio Alfredo. Mais tarde, meus pais compraram o terreno na Rua das Araucárias, hoje Reinaldino Scharffenberg de Quadros, onde é a Orpec, e construíram nova casa onde vivi desde meu primeiro ano de vida até me casar, aos trinta e quatro anos. No terreno, foi construída nos fundos outra casa para abrigar a avó Eliza, a tia Amália e o tio Alfredo. Quando apareceram à venda dois lotes em frente à nossa casa, minha mãe queria comprar um. Como o vendedor só venderia se fossem os dois, minha mãe sugeriu ao Tio Julio, que morava ainda em nossa casa na Rua General Carneiro que comprasse o outro, o que foi feito. Mesmo com alguns resmungos de meu pai que não queria contrair mais dívidas, o terreno foi comprado e pago. Posteriormente, minha mãe insistia que poderíamos fazer uma nova casa nesse terreno para alugar, o que foi feito: a casa foi feita, alugada e paga. Mais tarde, o tio Alfredo veio a se casar com a tia Maria e a casa onde moravam no fundo de nosso quintal seria pequena para abrigar mais o novo casal, que queria independência. O tio Alfredo era carpinteiro e acertou em fazer uma nova casa para eles nos fundos do terreno que havíamos adquirido mais recentemente. Mudouse para lá com a Tia Maria, e para lá foram também a avó Eliza e a tia Amália. Posteriormente minha mãe, já com setenta e dois anos, fez mais uma casa no terreno da Rua Reinaldino S. Quadros e, com a morte de meu pai e a venda que fiz de minha casa na Av. Nossa Senhora da Luz, eu, Georgina e nossos filhos viemos morar na casa de minha mãe, que não se adequou mais ao rebuliço de uma casa cheia de crianças. Minha mãe então resolveu fazer mais uma casa no nosso quintal: achamos uma casa que estava para ser desmontada e a transferimos para nosso terreno, onde hoje é o departamento de pessoal da Orpec. Com o espírito de empreendedora, minha mãe no final de sua vida possuía três terrenos e sete casas com o simples salário de um empregado de indústria e alguns aluguéis. Nunca precisou depender dos filhos para sua subsistência até o final de seus dias, e deixou ainda uma pequena poupança. Quando minha mãe faleceu, eu e René dispusemos dos bens sem interferência das esposas e os terrenos ficaram assim divididos: meu irmão ficou com o terreno da Rua General Carneiro e eu fiquei com o terreno da Rua Reinaldino de S. Quadros, onde hoje é a Orpec. René ficou ainda com o terreno em frente a esse, e pagou a mim metade do valor. Como frisei, minha mãe nunca teve empregadas domésticas, fazia todos os serviços sozinha e apenas no final de sua vida, em que enxergava muito pouco, contratamos uma senhora para lhe fazer companhia e ajudar nos afazeres domésticos, sempre com as reclamações de minha mãe, que não gostava de ter essa companhia. Num determinado dia, quando estava no jardim catando alguns matos da grama, sofreu um derrame. Levada ao hospital foi operada e, durante doze dias ficou na UTI, mas veio a falecer. Tinha então oitenta e quatro anos.

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Meu avô José Szczesniak e minha avó Mariana Szczesniak

Meu pai Antonio e minha mãe Amália em seu casamento (15.05.1915)

Meu pai quando jovem

Minha mãe quando jovem

Minha Mãe Criança (Amália pequena) e Tia de minha mãe (Amália grande) - Storrer

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Eu e meu irmão René (de preto)

Os Szczesniak de Curitiba

Niedzwiedz (antiga Bäerdorf)

Ziebice (antiga Munsterberg)

A igreja de Niedzwiedz e seu interior, ao lado. >

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Essa bela árvore de Niedzwiedz, quero batizá-la como “a árvore do imigrante”. Pode ter sido plantada pelos pais de meu avô, Oskar Gloger, em homenagem a seus dois filhos, que daí partiram para nunca mais voltar.

Ziebice

“Homenagem a Oskar Gloger, Münsterberg 10/07/1870 - Curitiba, 03/12/1897”

Niedzwiedz (antiga Baerdorf)

O prefeito Ryszard Novak recebendo o quadro

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A visita da Padroeira N. S. de Czestochowska

A Procissão para receber a Padroeira

Varsóvia, bela capital da Polônia

Passaporte do meu avô, Oskar Gloger

Comunicado da morte de meu avô

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Um possível parente arquiteto, Michal Szczesniak

Ziebice (com a assinatura do Prefeito Ryzard Novak)

Endereço do arquiteto, escrito do próprio punho O mapa de Niedzwiedz (assinalado pela flecha)

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{ inf창ncia, juventude, mocidade

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Muitos dos fatos de minha infância confundem-se com alguns já relatados em “raízes”, uma vez que eles se entrelaçam. As lembranças de minha infância começam quando tinha cerca de seis anos de idade, pois nessa idade eu e meu irmão René, íamos desde o Cristo Rei, bairro onde morávamos, até uma préescola situada na Rua Engenheiros Rebouças, quase esquina da Av. Centenário no Capanema, em frente onde hoje fica a Lanchonete Karina. A proprietária da préescola chamava-se Dona Rosa Bourdignon e, com duas filhas, cuidava da criançada. Foi lá que aprendi minhas primeiras letras e meus primeiros números. Lembro-me bem que naqueles tempos a disciplina era bastante rígida, não havia considerações sobre os direitos humanos, direitos das crianças e quando os pais sabiam que as crianças foram admoestadas pela professora eram também castigados em casa, em perfeita harmonia com a professora. Creio que naquela época formou-se uma juventude mais responsável e respeitadora dos direitos alheios, mais integradas na sociedade e nada do que hoje estamos acostumados a verificar com professores agredidos pelos alunos, depredações das escolas, roubos, venda de drogas e outros crimes. Quando o aluno cometia algum ato não condizente ficava de castigo, geralmente de pé com a cara em frente à parede. Para faltas mais graves, ou recebia “reguadas“ nas palmas das mãos ou tinha que ficar ajoelhado sobre grãos de milho. Quero crer que nenhum desses castigos tenha provocado qualquer desequilíbrio mental nas crianças daqueles tempos. Saíamos eu e meu irmão com nossos aventais brancos, nosso bornal pendurado no ombro, nossos livros e o lanche que minha mãe sempre fazia para passarmos com tranqüilidade as horas de aula, e ali começamos a aprender a ler e a contar. Da escola da Dona Rosa, transferi-me para o primeiro ano primário e fui matriculado no Grupo Escolar Conselheiro Zacarias, situado na Rua Ubaldino do Amaral, esquina com a Rua Itupava. Lá fiz o primeiro e segundo ano primário. O Grupo Zacarias era o mais próximo de minha casa em direção ao centro da cidade. Para o Grupo Zacarias dirigiam-se muitas crianças do nosso bairro e era muito gostoso ver aquele alegre bando de crianças com seus pés descalços pisando no barro dirigirem-se para a escola. Era uma satisfação imensa quando chovia e aquele barro transformava-se em lama, que se entranhava entre os pequenos dedos. Sapatos e tênis não existiam naquele tempo, ao menos para os alunos do Zacarias que geralmente eram das classes menos abastadas da sociedade. Surgiram então as alpargatas, que era um calçado com solado de cordas enroladas e um tecido de lona branca em cima, obrigatórios nas aulas de educação física e desfiles em dias consagrados à pátria. Quando os tênis estavam com seu aspecto menos digno, isto é, sujos ou encardidos, eram lavados e branqueados com uma nata de alvaiade. As ruas não dispunham de pavimentação: eram todas em barro, algumas possuíam apenas carreadores para carroças, uma vez que automóveis quase não existiam. Havia um serviço de ônibus que pertencia à Cia Força e Luz do Paraná, que percorria a cidade no sentido leste-oeste pela Rua XV de Novembro e tinha o seu ponto final no primeiro alto da XV,ou seja, na esquina com a Rua Ubaldino do Amaral. O motorista era o único encarregado pelo veículo e a cobrança se dava através de um cilindro em vidro que ficava na entrada do veiculo. O cilindro possuía canaleta em zig-zag e o [ 3 2 ]


comprovante do pagamento consistia no barulho que a moeda fazia ao cair pela canaleta. O ônibus partia de seu ponto terminal de hora em hora, até o outro final no Hospital Militar. Fiz o primeiro e segundo anos primários no Zacarias e minha mãe, sempre zelosa para que tivéssemos uma boa educação, matriculou-nos no Colégio Progresso, ou Escola Alemã, situada onde hoje é a Praça 19 de Dezembro, conhecida como Praça do homem nu. Nessa escola estudamos por apenas um ano, não sei por qual motivo minha mãe nos tirou de lá. Como o René deveria entrar para o curso ginasial, minha mãe o matriculou no Colégio Santa Maria, e eu fui para o Grupo Escolar Xavier da Silva, que fica na esquina das ruas Marechal Floriano Peixoto e Silva Jardim. Poucas lembranças tenho do Colégio Progresso, bem como do Zacarias e do Xavier da Silva, já que os períodos curtos de convivência com os colegas não permitiram formar muitos vínculos de amizade. Muito embora as distâncias desde nossa casa no Cristo Rei fossem bastante longas até esses colégios a jornada era sempre feita a pé, motivo pelo qual tínhamos que madrugar para andar quase uma hora a pé e entrar na escola às 8 da manhã e, posteriormente, voltar para casa em outro turno de caminhada. Numa dessas caminhadas, quando ainda estávamos no Colégio Progresso, eu e meu irmão cruzávamos o Passeio Público quando vimos que o tanque do parque tinha sido drenado para limpeza. Grande quantidade de peixes debatia-se na lama e meu irmão não teve dúvidas: pulou para dentro da lama e começou a jogar vários peixes para mim, que fiquei na margem. A ação foi imitada por várias outras pessoas. Chegamos em casa com uma bela fieira de peixes. As brincadeiras que tínhamos naqueles tempos eram jogos de futebol nos vários campos que havia na região, inclusive ao lado minha casa, onde hoje está a Orpec, e também brincadeiras de faroeste onde hoje é o Shopping Cristo Rei. Aos domingos freqüentávamos a matinê do Cine Morgenau, um dos primeiros cinemas de Curitiba, que ficava na esquina das Ruas Schiller nº 191 e Francisco Alves Guimarães. Consistia num pavilhão de madeira onde passavam os seriados e , quando na parte de maior suspense do filme, ele era suspenso e continuava no próximo domingo. O maquinário era precário, regularmente o filme arrebentava e então a bagunça era total: toda a criançada batia os pés no chão para o filme reiniciar, o que sempre demorava algum tempo. A primeira versão da Igreja do Cristo Rei foi construída quando eu era criança e o Padre fundador da Igreja foi o Padre Germano Mayer, que hoje empresta o nome à rua em frente à Igreja. O Padre era alemão e pertencia à congregação dos padres Palotinos de Vicente Palotti. O Padre Germano Mayer era uma pessoa bastante dinâmica e conseguia agregar boa parte da sociedade às festas beneficentes da Igreja, que reunia imensa multidão especialmente para as festas de Cristo Rei e de São Judas Tadeu, além de outras festividades. Posteriormente, quando a igreja foi ficando pequena em razão do aumento populacional e aumento do numero de fiéis, foi construída outra igreja por fora da antiga e, ao receber a nova cobertura, deu-se o início da demolição da antiga igreja e os posteriores acabamentos de como ela se encontra hoje em dia.

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Morávamos a uma quadra da igreja e, como católicos, participávamos de todos os eventos. Com essa aproximação, tornei-me coroinha e, posteriormente, congregado mariano. Participava dos teatros, dos piqueniques promovidos pela igreja e demais atividades. Como era o filho menor quase sempre andava a reboque de meu irmão René e de meu primo Olegário que sempre andavam juntos e aprontavam algumas estripulias. Entramos também para o Corpo de Escoteiros do Paraná e nessa instituição além de aprendermos os ideais e comportamentos dessa organização, fizemos uma viagem a Santa Catarina e outra para o Rio de Janeiro, onde acampamos na Quinta da Boa Vista. A viagem ao Rio foi de trem e na volta, voltamos de navio e dormimos no convés do navio, já que se tratava de um navio cargueiro. Naqueles tempos era fácil adquirir pólvora e chumbinhos para armas de fogo para caçada e as crianças, ávidas por aventuras, se aproveitavam dessa facilidade e fabricavam as chamadas “mandoliches”, ou revólveres de brinquedo, confeccionados de cano de guarda chuva e cabo de madeira. Enchia-se o cano de pólvora e com alguns chumbinhos na ponta fazia-se um pequeno estopim: ateava-se fogo para caçar. Quando meu pai descobriu os revólveres e o perigo que corríamos, não teve dúvida ao destruí-los. Sobrou, entretanto, um vidro de pólvora que meu irmão, meu primo e eu resolvemos consumir: instalamos o vidro num buraco, colocamos um pavio, acendemos e saímos correndo, quando apareceu uma carroça puxada por dois cavalos... booom, houve a explosão. Os animais, assustados com o barulho, empinaram e dispararam. A carroça foi parar dentro de uma valeta e nós três disparamos mais rápido do que os cavalos, sumindo daquela situação constrangedora. Assim passei minha infância que correu de maneira tranqüila e sem grandes incidentes, posso concluí-la ao tempo que passei para o curso ginasial, quando não éramos mais crianças e ainda não podíamos nos caracterizar como jovens. Com cerca de meus seis ou sete anos fiz minha primeira viagem em companhia de meus pais e de meu irmão. Embarcamos no trem e fomos até Paranaguá, descortinando as deslumbrantes paisagens da Serra do Mar que se abrem desde as janelas dos vagões até sobressaírem aos diversos viadutos, principalmente ao Viaduto Carvalho, onde parecia que estávamos flutuando sobre aquele infindável precipício, ou a deslumbrante queda de água “Véu da Noiva”. Com muita sorte podíamos ver o arco-íris provocado pela névoa que dela se desprendia. As corredeiras de água cristalina escorregavam por entre pedras arredondadas, esculpidas pelos milhões de anos de areias e detritos que por ali desceram das montanhas formando o sinuoso rio São João. As elaboradas estações construídas no final do século XVIII com charme, das quais destacamos a estação do Marumbi onde, além de podermos deslumbrar da visão dessa magnífica montanha, alvo de turismo de escaladas pelos montanhistas do Paraná e de outras plagas, podíamos desfrutar daqueles famosos bolinhos de banana de outros petiscos vendidos nessa estação. Na estação de Morretes a garotada saltitava ao redor dos vagões tentando vender seus cachos de mimosas ou goiabas. Dizia-se que quando o trem passava por Morretes, as goiabas mudavam de cor, pois seus bichinhos colocavam a cabeça para fora para ver o trem passar. Naqueles tempos não existiam agrotóxicos para prevenir vermes que recheavam as frutas. Acredito, porém, que eles eram mais saudáveis do que os pesticidas que hoje envenenam nossas frutas e verduras. [ 3 4 ]


Os vários túneis, treze no total, por onde o comboio passava eram uma tormenta, pois o encarregado pelo vagão ordenava o fechamento das janelas, já as locomotivas a vapor emanavam grande quantidade de fumaça e fagulhas. Quando algum passageiro desprevenido se esquecia de fechar a janela, enchia com esses produtos todo o vagão, deixando aquele cheiro característico ou alguma fagulha que poderia queimar a roupa ou a pele de algum passageiro. Em Paranaguá, além de visitarmos a cidade, visitamos também o porto de Paranaguá e a Igreja de Nossa Senhora do Rocio, padroeira da Cidade. Nessa época o deslocamento desde a cidade até a Igreja da Padroeira era feito por uma pequena carruagem que se deslocava sobre trilhos e era puxado por uma dupla de muares, ou o “bonde a burro”. Sem dúvida nenhuma e ainda sem me dar conta, dado minha pequena idade, essa foi o meu primeiro “Roteiro de Engenheiro”, pois essa ferrovia Curitiba-Paranaguá, construída em 1885 pelos irmãos engenheiros Rebouças, tratase de uma verdadeira obra de engenharia, dado a dificuldade de sua construção com os recursos disponíveis naquela época, onde os cerca de 30 viadutos eram suportados por alicerces de pedras encravados nos paredões das montanhas, o concreto era inexistente. As estruturas dos viadutos e pontes foram fabricadas na Bélgica, montadas e rebitadas no local. Entre essas, destaco o Viaduto Carvalho, o que se debruça sobre o precipício da serra, acastelado em impressionantes pilares de pedra. Destaco também a Ponte São João, com seus 110 metros de extensão. O suporte inferior da ponte não fazia parte do viaduto original, foi construído posteriormente devido ao aumento da carga dos trens. Há também a dificuldade para vazar os 13 longos túneis, para o transporte dos materiais. A estrada ainda continua a viabilizar considerável economia ao Estado do Paraná, considerando sua importância no transporte de nossas safras de produtos agrícolas e outras cargas ao Porto de Paranaguá, bem como os trens de turismo. A obra merece ser visitada por qualquer engenheiro ou turista pela desenvoltura da engenharia da época e pela magnífica paisagem, além dos atrativos de nossas cidades históricas como Paranaguá, Morretes e Antonina e sua gastronomia típica.

A Ponte São João. Estrada de Ferro Paranaguá - Curitiba

Viaduto Carvalho. Estrada de Ferro Paranaguá - Curitiba

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Acima, eu e meu irmão René. Abaixo, “os escoteiros” (Rubens, meu primo Olegário Kirchner e meu irmão René)

Aula de ginástica no Grupo Escolar Zacharias (eu assinalado pela seta)

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Posso considerar minha juventude quando ingressei no ciclo ginasial. Minha mãe, sempre preocupada com nossa educação, nos matriculou no Instituto Santa Maria, na época um dos colégios mais caros da cidade, porém reputado como o mais renomado. Imagino agora o sacrifício que deveria ser para meus pais, com o salário de um operário, manter os dois filhos nesse colégio. O René tinha muita vontade de trabalhar, motivo pelo qual após algum tempo no Santa Maria, saiu e foi trabalhar inicialmente no setor farmacêutico, como auxiliar de escritório e passado algum tempo começou a vender remédios. Tornou-se representante de alguns produtos farmacêuticos e, posteriormente, abriu o escritório RS Representações. Derivou para o ramo de confecções, calçados e gravatas, atividade que exerceu até a data de seu falecimento, em 1985. Sua esposa Lucia e filhos ainda continuam nesse ramo de atividade. No Instituto Santa Maria, naquela época uma das poucas escolas particulares de Curitiba, fiz o curso ginasial e o curso científico. O curso ginasial era feito em quatro anos e o cientifico em três, o ensino era bastante puxado e exigia deveres feitos em casa. As aulas eram ministradas pelos Irmãos Maristas, ordem religiosa procedente da França, fundada pelo Padre Marcelino Champagnat, fundador da congregação. Naquele tempo todos os professores eram religiosos e sua dedicação era exclusivamente ao ensino, portanto bons professores. Tanto é verdade que de minha turma, formada em 1948, todos os colegas (menos um) entraram no primeiro vestibular que prestaram para o ensino universitário. As aulas eram ministradas pelo período da manhã e no período da tarde havia algumas aulas complementares. Geralmente era utilizado o pátio interno do Instituto para atividades esportivas. A principal, sem dúvida alguma, era o futebol e o time da minha classe era considerado um dos melhores do colégio quando atingimos o primeiro científico. O Instituto Santa Maria, situava-se na Rua XV de Novembro, entre as ruas Conselheiro Laurindo e Rua Tibagí, e compreendia todo o quarteirão até a rua Marechal Deodoro. Além das matérias convencionais português, matemática, história, geografia, química, física e desenho; havia o ensino de outras línguas: latim, espanhol, inglês e francês. É evidente que sendo um colégio dirigido por religiosos, o ensino de religião se fazia diariamente durante o período de uma aula, ou seja, cinqüenta minutos com grosso manual. Aos domingos, a missa na capela do Colégio era obrigatória. Os alunos durante a semana usavam uniforme caqui e gravatas. Para os domingos e dias festivos vestíamos um uniforme azul marinho e quepe. Durante os desfiles, dias festivos, feriados nacionais ou religiosos, A parada era encabeçada por garbosa e bem afinada banda e bonitos estandartes despertavam grande admiração. Os alunos eram também incentivados a participar de peças de teatro ou declamação no grande auditório do colégio. Havia torneios de xadrez entre as várias classes, batalhas de línguas entre os alunos de uma mesma classe, festas juninas e diversos eventos sociais e esportivos que faziam parte do dia a dia dos alunos. Enfim, um colégio bem estruturado e com padrões europeus de ensino, como era a origem dos seus fundadores e que produziu somente em minha turma uma série de engenheiros, médicos, dentistas, químicos, advogados, um sacerdote, além de outros profissionais de respeito. [ 3 8 ]


Durante esses sete anos de convivência fizeram-se ótimas amizades e que perduram até a presente data. Muito embora os destinos nos tenham separado, quando nos encontramos o papo se estende por bom tempo relembrando aqueles deliciosos momentos. É evidente que entre os vários colegas, havia aqueles que se afinavam mais com uns ou com outros, e entre aqueles com que mais me afinei foram os colegas Moacir Lipmann, que posteriormente formou-se em engenharia química, e o Harry Orloff Lhum, que formou-se em odontologia. Mesmo após o Colégio por algum tempo mantivemos bons relacionamentos e me tornei padrinho do filho de Moacir e Maidi, o Mauro. Moacir trabalhou posteriormente como químico na empresa Alba de adesivos até se aposentar. Harry trabalhou em seu consultório de dentista e especializou-se também na recuperação de filmes antigos de cinema e fotográficos, bem como produziu excelentes documentários sobre o Paraná. Outros dois colegas do tempo do colégio, João Carlos Calvo e Tancredo Lombardi Cunha se formaram em Engenharia e quando se aposentaram, o Calvo da Copel e o Tancredo da Prefeitura Municipal de Curitiba, por algum tempo prestaram sua colaboração na Orpec. Aos domingos, a missa na capela do colégio era coroada com uma gama de belas pérolas que eram as moças de outros colégios que freqüentavam a missa, já que a rapaziada do colégio tinha muito boa reputação pelas suas origens e, com certeza, sobre o futuro que se lhes mostrava sorridente. Acredito que muitos namoros ali começaram e redundaram em casamentos, e os filhos desses casamentos também ali retornaram para seus estudos. É evidente que a vida de jovem não era só estudos, mas as diversões naqueles tempos em muito se diferenciavam dos tempos atuais. Alguns colegas mais abonados sempre se excediam em relação aos demais, porém nada do que se vê atualmente. O respeito aos demais entes da sociedade era evidente, e as brincadeiras quase inocentes. Havia bailes, saraus e os espetáculos de musica nos teatros da cidade, e os bailes de formatura eram sempre os mais cobiçados. É evidente que durante os domingos as matinê nos cinemas da cidade eram programa obrigatório; nos cinemas Brodway, Curitiba, Odeon e Luz os seriados de Faroeste, FlashGordon, Príncipe Submarino, Homem-Aranha, O Zorro e outros personagens enchiam de emoção a rapaziada.Na parte mais emocionante do seriado, o filme era interrompido e a continuação com o desenlace da emoção ficava para a próxima semana , assim a audiência continuaria fiel. Naqueles tempos ainda não havia televisão, e as filas nas portas dos cinemas chegavam a dobrar esquinas tamanha era a fluência de jovens.

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Eu e meu irmĂŁo RenĂŞ

Os formandos de 1949, Instituto Santa Maria

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Posso considerar que minha mocidade foi um pouco prolongada, pois a considero a partir de minha formatura no curso científico, quando me preparava para prestar vestibular e entrar para a Escola de Engenharia da Universidade Federal do Paraná. Acredito que essa mocidade prolongou-se até me formar em Engenharia, ou posso dizer ainda, até me casar com trinta e quatro anos. Logo após a minha formatura do segundo grau de ensino no Colégio Santa Maria, de imediato me inscrevi para um curso preparatório para vestibular que era ministrado pelo Engenheiro Diamantino, lecionado em um sótão do Prédio da Universidade Federal do Paraná. Passei no primeiro concurso que prestei, principalmente pelo preparo fornecido pelos Irmãos Maristas, e posteriormente pelo curso preparatório do vestibular. Naquele tempo não havia celulares e nem sequer serviço de telefone. Quando cheguei em minha casa com a cabeça raspada por causa do trote, minha mãe chorou de emoção, pois foi grande seu esforço para que seus filhos recebessem uma instrução primorosa. Naquele momento, via que seus esforços estavam sendo recompensados. Fui o primeiro entre todos os primos dos dois elos, paterno e materno, a entrar para um curso superior em nossas famílias. Meus pais ficaram imensamente orgulhosos. Como estava com dezoito anos, o alistamento para o serviço militar era obrigatório. Com a conclusão do ensino secundário pude entrar para o CPOR, o Centro Preparatório de Oficias da Reserva. Essa instituição era direcionada aos alunos que estavam em condições de entrar numa faculdade, o curso era aos sábados, domingos e durante as férias de julho e dezembro. Fui designado para a arma de Infantaria, pois ainda não tinha feito o vestibular de Engenharia, quando poderia ter optado por essa arma de engenharia no CPOR. Lá tive aulas teóricas, aulas práticas, aulas chatas, aulas interessantes, caminhadas e mais caminhadas com o coturno apertado fazendo bolhas em nossos pés. O fuzil e a mochila com barraca nos ombros que, à medida que íamos ganhando distância, tornava-se tão pesada quanto uma montanha. As marchas saiam do centro da cidade ou Passeio Público e iam até o Rio Palmital (onde hoje se situa o Clube Santa Mônica) para exercícios de tiro. Creio que uma distância superior a vinte quilômetros de marchas ou até a Igreja do Portão, onde as ruas não eram pavimentadas, cobertas apenas com calçamento de macadame. Quando já com os pés cheios de bolhas, pisávamos em uma pedra sem jeito. O sacrifico era enorme, porem éramos soldados e tínhamos que agüentar o chiado dos Sargentos Soares, Riva, entre outros. Nas aulas em classe recordo-me da dureza dos Tenentes Dantas, Ary, Waldyr Jansen de Mello, do Capitão Xavier de Miranda e do Coronel Hoche Pedra Pires. Graduei-me no CPOR como Aspirante a Oficial da Reserva em vinte e cinco de agosto de 1950. É evidente que o ensino superior variou em relação às matérias do ensino médio e complementar que anteriormente finalizamos, pois as matérias eram específicas para a engenharia. Sem dúvida nenhuma as dificuldades aumentaram para conseguir absorver aquela quantidade de números, fórmulas, teorias, conceitos muitas vezes abstratos, desenhos e projetos; o que muitas vezes nos levava a pensar em desistir daquela truculência toda. Porém tinha consciência de que não poderia decepcionar àqueles que em mim depositaram tanta confiança. Do primeiro ano

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levei uma dependência para o segundo ano, ou seja, em cálculo infinitesimal, o que me fez reprovar esse primeiro ano. Todos os demais colegas que se formaram comigo no Santa Maria constituíram-se em pequenos grupos de estudos ou as famosas “panelinhas” e assim se saiam melhores, compartilhavam das dificuldades e pensamentos sobre as matérias. Como eu morava em bairro distante e muito complicado de me juntar a eles, isso me levou a perder o primeiro ano. Perdido esse ano, necessitava adotar outro método de estudo, quando então encontrei outro colega que se encontrava em situação idêntica a minha: o colega Diomar Keil, que também ficou pendente em uma matéria, Álgebra. Resolvemos então juntar nossos esforços. Morávamos em lados opostos da cidade: eu no Cristo Rei e ele na Saldanha Marinho. Diomar realmente foi de grande ajuda para mim, pois era um estudante extremamente disciplinado e dedicado. Estudávamos diariamente, inclusive aos sábados e domingos, intercalávamos os dias em nossas casas e estudávamos até próximo das onze da noite, quando então poderíamos pegar o último ônibus que circulava naqueles tempos entre as duas localidades, fora os percursos a pé. Não podemos deixar de nos lembrar dos confortáveis lanches que nossas mães sempre preparavam para que pudéssemos agüentar essas pesadas jornadas de estudos. É evidente que esses esforços compensaram, pois até o final do curso fomos aprovados em todas as matérias, até recebermos o nosso merecido diploma de Engenheiro Civil em solenidade em seis de janeiro de 1956, e coroado posteriormente com o brilhante baile de formatura o que era uma tradição entre todos os cursos superiores. Estávamos aptos para a vida profissional. Ainda quando estudante de engenharia, para angariar conhecimentos e algum dinheiro extra, trabalhei por três anos como estagiário no antigo Departamento Nacional de Estradas de Rodagem que cuidava da manutenção e construção das rodovias Federais no Paraná. Lá, aprofundei meus conhecimentos nas áreas de topografia, construção e manutenção de rodovias. Terminado o curso de Engenharia, perguntávamos a nós mesmos o que fazer a partir de então. Inicialmente eu e Diomar pensamos em montar uma construtora, mas como não dispúnhamos de capital inicial tudo seria complicado. Como estávamos seriamente imbuídos dessa opção, eis então que o Diomar recebeu de um ex-colega nosso do Colégio Santa Maria, que fora anteriormente trabalhar no Serviço Nacional de Saúde Pública no Estado do Rio Grande do Sul, um convite para lá também trabalhar. A oferta era animadora, Diomar aceitou a vaga e para lá se dirigiu. Por toda sua vida profissional trabalhou nesse Órgão, até se aposentar. Eu fiquei sem sócio e sem emprego. Fiquei algum tempo procurando por emprego que para profissionais nessa área eram escassos; quando um dia meu pai já aposentado de seu antigo trabalho encontrou um antigo colega: o engenheiro Mario Domanski, que também havia saído da Cia Fiat Lux e constituído uma empresa com outros sócios, a SOCOIN- Sociedade Construtora Industrial. O Engenheiro Domanski era muito inteligente e de alta competência no setor de equipamentos industriais, muito embora engenheiro civil, e a empresa dedicava-se no momento a levantamentos planialtimétricos, contando com contratos assinados com várias obras junto à Copel – Companhia Paranaense de Energia. Meu pai falou sobre seu filho recém [ 4 2 ]


formado ao Engenheiro Domanski, que pediu para que eu me apresentasse naquela empresa. Fui contratado e inicialmente designado para os serviços do levantamento da bacia da represa do rio Capivari-Cacoheira, onde seria construída uma UHE, posteriormente acompanhei o levantamento da Linha de Transmissão entre Campo Mourão e Maringá. Concomitantemente, a SOCOIN começou a representar para o Paraná equipamentos de pavimentação asfáltica que eram importados da Standard Steel Works do EE.UU. pela empresa Erisa localizada no Rio de Janeiro, e a partir desse momento comecei trabalhar no mercado de vendas e assistência aos equipamentos. Trabalhava ainda na SOCOIN quando um amigo de meu irmão que era vendedor na empresa “Texaco Brasil Produtos de Petróleo” informou que a empresa abrira uma vaga para engenheiro no setor lubrificação industrial. Tratando-se de uma empresa multinacional e de renome, interessei-me pela vaga. O amigo de meu irmão, Sr. David de Andrade, apresentou-me ao Gerente Sr. Alexandre Casanova. Com as qualificações que possuía, fui contratado e passei a trabalhar na multinacional, considerando que as vantagens apresentadas me faziam prever um futuro mais promissor do que o proposto pela SOCOIN. Sumários conhecimentos sobre lubrificantes faziam parte do meu currículo e, ao adentrar nessa conceituada empresa, tive como primeiro mestre um técnico holandês, Sr. Johanes Sinema, que já há algum tempo trabalhava na Texaco e me apresentou seus conhecimentos sobre graxas, óleos lubrificantes, óleos refrigerantes, óleos de corte e para ferramentas, compressores, motores, mancais, entre outros. Meu cotidiano era baseado em aulas teóricas e aulas práticas ao acompanhar o Sr. Sinema em visita aos clientes, ao efetuar o levantamento de equipamentos, ao indicar os vários lubrificantes e os tempos recomendados para a troca ou reposição dos diversos óleos ou graxas. Participei também de vários simpósios e cursos na Matriz em São Paulo, onde também, com vários técnicos locais, visitei muitas empresas de porte nesse Estado. Trabalhei na Texaco entre 1958 e 1966 e durante oito anos presenciei uma verdadeira “escola de vida”, pois essa empresa contava com uma linha de conduta exemplar, produtos de alta qualidade, e sempre primava para fornecer o melhor de seu atendimento aos vários clientes, e transmitia essa responsabilidade a todos os seus vários funcionários. A linha de conduta da empresa e os anos em que trabalhei nos mais variados ramos da atividade industrial, comercial, de construção e de manutenção ajudaram a formar o que sou hoje. Na Texaco, fiz levantamento de equipamentos em empresas construtoras de estradas, estradas de ferro com locomotivas a diesel, vagões e oficinas de manutenção; empresas de navegação marítima e aéreas com seus navios e aviões, respectivamente; fábricas de papel e celulose; fábricas de cimento; fábricas de vidro; metalúrgicas; fábricas de máquinas; usinas hidroelétricas e a Diesel, geradoras de energia; usinas de álcool e açúcar; usinas de beneficiamento de café e algodão; serrarias e fábricas de móveis; usinas de asfalto, e uma infinidade de outras empresas em que houvesse um equipamento que necessitasse de lubrificação. Meus contatos eram com empregados subalternos, técnicos, compradores,

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gerentes, engenheiros, administradores e diretores dessas várias empresas. Quando conseguíamos substituir um produto concorrente pelos produtos da Texaco, sempre era uma vitória, e muitas aconteceram. É evidente que para essas visitas todas havia necessidade de muitas viagens, responsáveis por parte do meu espírito de caixeiro viajante. Preparei também assim o meu “Roteiro de Engenheiro”. Trabalhava ainda na Texaco quando recebi um telefonema do Engenheiro Wilson Ribeiro de Xangai, sócio da empresa SOCOIN, que informava que estava recebendo a visita do Engenheiro Pedro da Cunha Pedrosa, então funcionário da empresa Erisa do Rio de Janeiro, que havia montado uma indústria de equipamentos de pavimentação, similar aos equipamentos antes importados da Standard Steel Works, e que consistiam em caldeiras distribuidoras de asfalto, espargidores de agregados, usinas de lama asfáltica, vassouras mecânicas para estradas e equipamento afins. O Engenheiro Pedrosa procurava por um representante no estado do Paraná. Considerando os relacionamentos e conhecimentos anteriores sobre esse tipo de atividade, pedimos algum tempo para estudar o assunto. Analisadas as possibilidades, resolvemos constituir uma empresa de representações para tocar esse novo empreendimento. Foi então fundada a empresa ORPEC EMPREENDIMENTOS – Organização Paranaense de Engenharia e Comércio LTDA. Constituída através de cinco sócios, alugamos uma sala no Edifico Barão do Rio Branco na Rua com mesmo nome, e lá iniciamos a as atividades da ORPEC que teve seu Contrato Social aprovado na Junta Comercial do Paraná em nove de abril de 1965. Começamos a trabalhar com a venda e assistência aos equipamentos que representávamos, e a outros que depois foram sendo somados. Algum tempo ainda permaneci trabalhando na Texaco até a nova empresa ganhar alguma desenvoltura, pois a ORPEC iniciou com capital praticamente igual a zero e somente o trabalho pessoal veio a viabilizar a empresa. Quando pôde caminhar com suas próprias pernas, desliguei-me da Texaco. A ORPEC sofreu diversas transformações com a saída e entrada de sócios, e posteriormente seu nome foi mudado para “ORPEC ENGENHARIA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA”. ORPEC e sua história de 42 anos de existência foi relatada em outro livro. A mocidade se desenvolveu com bastante trabalho e, já também com algum dinheiro, fiz duas viagens com grupo de engenheiros promovido pelo Instituto de Engenharia do Paraná, e logo na primeira visitamos o norte e nordeste do Brasil, contando com Belém do Pará e vários locais com belas e encantadoras praias. Na próxima viagem fomos até Paraguai e Bolívia; e conhecemos Assunção, Santa Cruz de La Sierra, Cochabamba e La Paz. Em Assunção, no Paraguai, a cidade conta com características próprias: um misto de culturas hispânicas, germânicas e italianas modelaram sua arquitetura com as construções importadas desses países tornando-a singular, bem como é a singeleza e beleza de seu povo formado de uma composição de raças, incluindo seus antepassados guaranis, que talvez tenham procedido de migrações de países asiáticos, com um quê de olhos amendoados e levemente esticados produzindo uma infinidade de belas morenas que encantam os visitantes. O Palácio Presidencial e outros edifícios públicos que visitamos confirmaram as características construtivas das colonizações.

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Após conhecer Santa Cruz de La Sierra e Cochabamba chegamos a La Paz, ou N. S. de La Paz ou La Paz de Ayacucho, que é a Capital mais alta do mundo localizada a 3.657 metros acima do nível do mar em plena Cordilheira dos Andes, onde o ar rarefeito provoca extremo cansaço em qualquer visitante e necessita de um período de adaptação para uma sobrevivência normal. Sua cidade central planejada esgueira-se tortuosa quando atinge seus confrontos montanhosos. O lago Titicaca é também o mais alto do mundo a uma altitude de 3.612 metros, uma profundidade média de 200 metros e 170 quilômetros de extensão, que permitem uma navegação constante entre Bolívia e Peru com grandes barcos, sendo a pesca e comunicações locais feitas com barcos típicos da região. Os barcos são feitos de junco “totora”, planta nascida às margens do lago. A população indígena, com suas coloridas roupas típicas, dedica-se principalmente à pesca. As matilhas de lhamas carregando a carga dos indígenas abrilhantam as encostas escarpadas e as margens do belo lago Titicaca. Para visitarmos o Observatório Astronômico de Chacaltaya pegamos um velho ônibus e seguimos por uma estrada à beira de precipícios descomunais em plenos Andes. Atingindo o cume, a vista era deslumbrante, o observatório magnífico e a neve, pela primeira vez que a vi e a senti, foi estonteante. A descida foi terrível, pois, quando ônibus subia, o fazia muito lentamente dado a declividade ascendente. No retorno, com freio motor e freios não em boas condições, o terror estampou-se em todas as faces: o perigo era eminente. Felizmente chegamos. É evidente que durante esse longo período de mocidade, como na vida de outros jovens, houve muitos bailes, boates, bares, churrascadas, praias, garotas e outras viagens. Em 1961 conheci em um baile a Senhorita Georgina Andrieski Ceci e comecei a namorá-la. Noivamos e, em seis de janeiro de 1965, casamos, na mesma época da fundação da ORPEC, motivo pelo qual encerro aqui o meu período de mocidade.

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Entre colegas do CPOR, em uniforme de aulas

Acima, recebendo meu espadachim como Oficial da Reserva. Abaixo, fase em que conheci minha futura esposa, Georgina.

Acima: recebendo meu diploma de Engenheiro Civil. Abaixo: Grupo de Engenheiros Ă s margens do Lago Titicaca

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{ a s 7 m ar avilha s d o m u nd o m ode r no

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}


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No ano de 2007 foram anunciadas ao mundo as consideradas sete maravilhas do mundo moderno. Eu estava ansioso para saber o resultado, já que meu imaginário infantil desde muito tempo por aí se prendia. Os nomes foram sendo revelados: o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro; A Muralha da China, o Coliseu, na Itália; o TajMahal, na Índia; Macchu-Picchu, no Peru; Petra, na Jordânia; e Chichen-Itzá no México. Muito satisfeito fiquei, pois não precisaria mais empregar recursos e tempo para visitá-las: todas já faziam parte de meu repertório de viagens anteriores, o que confirma que meus anseios tiveram um prognóstico acertado. Muito embora existam algumas controvérsias entre as maravilhas do mundo moderno, apenas uma também pertencia à lista das Sete Maravilhas do Mundo Antigo (Colosso de Rodes, Mausoléu de Halicarnasso, Jardins Suspensos da Babilônia, Pirâmides do Egito, Estátua de Zeus em Olímpia, O Farol de Alexandria, o Templo de Artemis,). Apenas uma conseguiu resistir ao tempo: as Pirâmides do Egito, conforme elaborado por Filon de Bizâncio em 200 a.C. Acredito que ainda por centenas de anos, nossos descendentes continuarão admirando essas impressionantes obras de engenharia. Ao enunciar as maravilhas, começarei com a impressionante e bela imagem do Cristo Redentor que engalana a cidade do Rio de Janeiro no Brasil: com seus braços abertos em posição acolhedora recebe milhares de cidadãos que de todo mundo para aqui vieram e formaram uma nova raça, forte e altaneira, composta da mescla de índios, negros, europeus, mestiços, asiáticos que hoje compõem nossa população e que acompanharão o nosso Brasil na formação de um mundo mais solidário, humano, cheio de esperança, sem guerras ou conflitos entre etnias ou religiões que ainda hoje se perpetuam por outros continentes. Minha primeira visita ao Cristo Redentor foi durante minha infância quando, com grupo de Escoteiros, visitamos o Rio de Janeiro. Posteriormente levei meus pais para conhecerem a cidade, além de inúmeras outras visitas. É uma verdadeira obra de engenharia, dadas as dificuldades de sua concepção e conclusão em 1931, com trinta e oito metros de altura: 8 metros de pedestal e 30 metros a estátua propriamente dita, e também 30 metros entre pontas dos dedos das mãos. A obra conta com 1.145 toneladas, erguida sobre o alto do Morro do Corcovado a 710 metros acima do nível do mar. Seiscentos mil turistas visitam o Cristo Redentor todos os anos, com acesso facilitado.

O Cristo Redentor, símbolo do Rio de Janeiro e do Brasil [50]


“Levantei monumentos, diante dos quais se assustará a própria eternidade” diz a inscrição mandada gravar pelo Faraó Amenemhet I em seu túmulo. Estão aí a comprovar tal inscrição as Pirâmides do Egito, construídas cerca de 3.000 anos antes de Cristo, e com certeza por outros cinco mil anos continuarão deslumbrando o mundo. A emoção ao encontro desses monumentos é indescritível: a sensação de poder tocá-las e de saber que há 5.000 anos algum escravo ou engenheiro tenha colocado sua própria mão naqueles monólitos todos, que compuseram a pirâmide de Quéops, num volume de 2.500.000 m3 de pedras assentadas sem nenhuma argamassa. As pirâmides contam a história de um povo fenomenal que com sua inteligência, sua engenharia e sua ciência, construiu monumentos, mumificou seus defuntos e teve sua própria escrita, desenvolveu também os pergaminhos. Além disso, foram peritos geômetras, pois os lados das pirâmides estão em perfeita inclinação de 52 graus, as bases todas orientadas numa mesma direção. Conclui-se também que os egípcios eram muito evoluídos na astronomia, pois além de as pirâmides terem perfeitas proporções matemáticas e geométricas, apresentam evoluídas características astronômicas: um dos canais de entrada da pirâmide de Quéops mostra a estrela alfa da constelação do Dragão e, segundo cálculos atuais, a linha do meridiano que passa por essa pirâmide divide a superfície da terra em duas partes iguais. São três as Pirâmides no vale de Gizé, próximo ao Cairo: Quéops, Quéfren e Miquerinos. A maior delas, Quéops, tem 147 metros de altura. Pergunto aos calculistas e projetistas do World Trade Center: quantos Boeings necessitariam ser jogados sobre essa maravilha para conseguir destruí-la?

Rubens e Georgina em frente à Quéops

A Esfinge e seu nariz destruído

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Nós outra vez

Quéfren e Quéops. Miquerinos escondida

Muito embora pertençam às Sete Maravilhas do Mundo Antigo, não poderíamos deixar de incluí-las entre essas maravilhas do mundo moderno, pois ocupa posição de honra e por muito tempo continuará fascinando quem tiver oportunidade de visitá-las. Quantos cristãos, quantos escravos e quantos estrangeiros foram sacrificados dentro da maravilhosa obra da arquitetura romana, que compõe o Coliseu? Em seus arcos e colunas superpostas numa só obra, arquitetura trazida pelos gloriosos exércitos romanos das obras dóricas, iônicas, coríntias e de outras regiões, que ainda hoje estão deixando seu testemunho no laboratório de engenharia e arquitetura que é a bela cidade de Roma e de toda a Itália. O Coliseu, construído por volta dos anos 70 d.C., tem uma circunferência de 540 metros, 46 metros de altura e poderia abrigar um público de cerca de 50.000 pessoas e, com certeza, ainda hoje faria inveja a muitos estádios de países do primeiro mundo.

Os arcos e colunas superpostas do Coliseu

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O que é mais majestoso, as flores ou o Coliseu?


Engenharia complexa e resistente

Sobre essas ruínas aconteciam os jogos

Diz-se que é a única obra do homem que pode ser visto desde a lua. A Grande Muralha da China concluída no III Século a.C. pelo Imperador Shih Huang Ti, é uma obra de engenharia que nos remete ao tempo dos antigos e das lutas entre chineses, hunos e mongóis. Para se protegerem dos povos estrangeiros, os chineses a construíram com 7.000 km de extensão por sobre as cadeias de montanhas setentrionais do país. É um baluarte da antiga engenharia chinesa que com certeza muito cobrou de seu povo, considerando a dificuldade para sua realização. Ali ainda permanece, para mostrar a cultura e criatividade de um povo que muito colaborou com o desenvolvimento da humanidade e hoje ainda continua a demonstrar vigor na engenharia, na indústria, no comércio, nas artes, nos esportes e nas ciências.

Proteja a grande muralha. Não escave sobre ela

A Grande Muralha

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O esplendor da força de um povo

Muitos degraus, muitos chineses

Machu-Pichu, encravada nas montanhas dos Andes peruanos às margens do rio Urubamba, uma cidade encantada feita de pedras entalhadas harmoniosamente dispostas para a construção de suas habitações, templos e lugares públicos, ilumina nossos olhos por ser majestosa. O sistema de águas, a disposição dos patamares debruçando-se sobre a montanha e o harmonioso plano urbanístico transformaram a cidade de origem Inca numa fortificação possivelmente inatingível por qualquer inimigo vindo da planície. A engenharia é soberba, pois ainda hoje edificar uma construção em condições tão inóspitas requer aprofundados estudos de estabilização de solos, hidráulica, arquitetura, e resistência dos materiais; ainda mais considerando uma cidade que por séculos resiste à inclemência do tempo nas montanhas do Peru. O local foi esquecido no tempo e redescoberto pelo Inglês Hiram Bingham em 1911. Será mesmo que os Incas descendiam dos deuses? E os deuses, eram astronautas?

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Machu Puchu, a cidade perdida

cantaria harmoniosa

Plano urbanístico apurado

Estabilização de solos perfeita

Ah, o TAJ-MAHAL. Deixe-me descrevê-lo em letras maiúsculas. Acredito que nenhum arquiteto deva deixar de contemplar a sua existência e perceber a harmonia de seu projeto, suas curvas, sua cúpula, suas torres, o reticulado das incrustações de madrepérola em seus painéis de parede, as placas delicadamente esculpidas com motivos florais e seus jardins cheios de fontes e flores de lótus. Cada poeta deveria aqui vir e se inspirar, traçar novos versos em homenagem ao Xá Djahan, que mandou erguer esse espetacular mausoléu em homenagem à sua amada esposa Mumtaz-j-Mahal. Que venha o povo até aqui, para desfrutar da serenidade dos justos, e que possa elevar então suas orações pedindo pela paz eterna do Xá e de sua querida esposa, pois é a única maneira com que podemos agradecer à esse Xá por nos ter brindado com tão delicada obra deixada em Agra, na Índia, às margens do rio Djamma. Os melhores arquitetos e engenheiros foram contratados para traçar essas maravilhosas linhas, e um contingente de mais de

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O Taj-Mahal. Você já viu algo mais bonito?

Quase cego e preso, o Xá Djahan só podia vê-lo à distância, através de espelhos

Deslumbre-se

Aprecie as filigranas e suas incrustações

20.000 trabalhadores levaram cerca de dezessete anos para concluir a obra. Os Aztecas, os Maias, os Toltecas, os Olmecas, Mistecas e os Incas pertencem à gama de civilizações indígenas que ocuparam parte das Américas. Tal era seu desenvolvimento na engenharia, arquitetura, urbanismo, hidráulica, medicina, agricultura e astronomia; que ficamos nos perguntando se eram verdadeiramente indígenas tribais ou pertenciam a uma civilização superior, considerando o legado das esplendorosas obras que se desenvolviam pelo México e região. Sinceramente, acredito que se essas culturas, que já desenvolviam seus empreendimentos desde o século II a.C., não tivessem sido dizimadas, hoje o desenvolvimento da ciência e tecnologia estaria certamente num patamar mais elevado. Chichen-Itzá, entre milhares de outros monumentos históricos deixados por essas civilizações, corrobora nosso entendimento sobre o grau de inteligência e desenvolvimento desses povos. A comprovação é que, de maneira cabal naquela época, os selvagens seríamos nós. Entre outras grandes obras dos povos primitivos, sem dúvida nenhuma essa obra foi bem classificada como uma das “7 Maravilhas do Mundo Moderno”.

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Chichen-Itzá (concepção)

Chichen-Itzá, deslumbrante

Para descer, só sentado ou apoiado

Escarpa violenta

A partir de Ueda Musa, ou vale de Moisés, na Jordânia, ao entrar por um estreito e alto desfiladeiro e passar por alguns lugares com apenas um metro de largura, acessível somente por animais ou a pé, nos defrontamos com mais essa Maravilha do Mundo: Petra. Quem a construiu? Quem por ali viveu? Suas construções eram templos, túmulos ou habitações? Os historiadores contam que há mais de 2.000 anos um povo chamado Edonitas, procedentes de Edon, ali se estabeleceu. Foram, porém, os Nabateus, tribo de pastores hábeis no comércio e negociações que proporcionaram um impulso crescente para Petra, e que por quase 600 anos desenvolveram a cidade, que traz em seu modelo construtivo muito das construções gregas, como se vê nas colunas, nas estátuas do Khazneh, ou Tesouro.

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A côrte das leis

A entrada, Petra, Jordânia

O anfi-teatro O Khazneh

Pelo anfiteatro de trinta e três filas e de cerca de 3.000 lugares, podemos perceber a importância e a população que Petra abrigava. Encerrando o breve relato das “Sete Maravilhas do Mundo Moderno”, posso assegurar que somente meus olhos além dessas, já contemplaram mais de sete vezes mil maravilhas do mundo moderno. Sobre mais algumas, darei rápidas pinceladas, pois é impossível inserir num único fascículo o que de belo existe por essas plagas que Deus, a natureza e os homens criaram. De muitas outras vidas precisaria para poder contemplar o que ainda faz parte do meu desejo, fiz o que pude. É evidente que nesse mundo, nem tudo são flores, nem tudo é harmonia, nem tudo é serenidade e paz, porém não estamos aqui para nos associar aos pessimistas, [58]


aos maus e péssimos tablóides de cujas páginas escorre o sangue das guerras, assassinatos, discórdias e misérias que quebram e enlutam a maravilhosa harmonia que envolve o nosso planeta Terra. Como não podemos modificar sozinhos essa situação, que cada um cumpra com o seu dever de “o bem fazer” e usufrua o que de bom nos foi legado.

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{ constru çõe s : o iníc io

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}


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Fica evidente que ao escrever esse “Roteiro de Engenheiro” as construções serão partes integrantes dele e, muito embora em minha vida profissional eu tenha me dedicado às máquinas e materiais ligados à engenharia e construções como: estruturas metálicas tubulares temporárias (andaimes, escoramentos, estruturas para eventos e manutenção industrial), a minha formação como engenheiro não me furtou em observar as notáveis obras executadas por milhares de engenheiros, arquitetos, calculistas, técnicos, profissionais, serventes, populações indígenas e até mesmo os antigos escravos que nos deixaram um maravilhoso legado que tornou o mundo mais bonito. Cada uma dessas pessoas complementou a maravilhosa construção divina que é a nossa Terra. A sanha de muitos imperadores, marajás, faraós, chefes de estado e investidores para edificar monumentos levaram à morte milhares de vidas de obreiros: é o preço que pagamos para hoje desfrutar de todas essas maravilhas. Felizmente a legislação em todos os países do mundo vem rigorosamente atuando para obrigar às construtoras a adotarem equipamentos e normas de segurança com a finalidade de evitar que milhares de outras vidas sejam perdidas, muito embora a Indústria de Construção seja ainda o local com maior número de acidentes de trabalho. O desejo de fazer a mais alta, a mais bela, a mais estupenda de todas as construções ainda persiste nesse mundo dito civilizado, e o perigo de continuarmos perdendo vidas, também.

O início Para darmos inicio à esse relato, encontramos em Jerichó na Palestina uma construção que conforme relatos e os testes de carbono indicam sua existência desde 8.300 até 7.300 anos antes de Cristo (a.C), e os historiadores a proclamam como a mais antiga cidade na história da humanidade. Trata-se de uma torre com 5,5 m de profundidade, 8, 5 m de diâmetro, paredes com 3,5 m de espessura, sem salas adicionais, com escadas descendo até 7,0 metros. Tal construção segundo relatos, destinava-se à prevenir erosão provocada por águas, ou eventualmente para ritos religiosos.

Acima, “O Relato”. Ao lado, “A Torre Escavada”, Jerichó, Palestina

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O Adobe Desde 3.000 anos a.C., os antigos povos assírios, babilônios e egípcios, faziam suas construções usando adobes ou tijolos de barro cru, onde empregavam fibras vegetais, palhas e até mesmo crinas de animal para reforçar as peças, evitando que elas se quebrem. Possivelmente esses povos tenham tomado como exemplo as muitas construções feitas por alguns animais e pássaros, que já há milhões de anos empregam o mesmo método construtivo em seus ninhos ou casas. Ainda hoje, no Egito, podemos encontrar construções onde tal sistema foi utilizado. Muito embora as construções em concreto armado possam ser consideradas muito novas em relação às construções existentes pelo mundo dos povos antigos, elas vêm possibilitando obter vantagens consideráveis devido à sua plasticidade e resistência, e criando obras fenomenais como vemos hoje em grandes cidades, portos e estradas. Já o emprego de fibras como reforço de compósitos de concreto foram desenvolvidos pela década de 1960 na Inglaterra, e hoje estão sendo empregadas em todo o mundo. Essas fibras inicialmente de plástico fibrilado (laminetes onde se formam redes dando perfeita ancoragem ao concreto) criaram o concreto denominado “Caricrete”. As propriedades dos compósitos ficaram mais resistentes, mais dúteis e mais impermeáveis. Além das fibras plásticas empregam-se também fibras metálicas. Como diz o provérbio, “Imites a natureza e serás perfeito”.

Construções de adobes de barro, Luxor, Egito

Taipa Entre as construções antigas poderemos também destacar as construções dos índios da América central e do sul, onde os métodos construtivos também se baseavam nos ensinamentos da natureza e suas casas feitas de taipa, uma mistura de gravetos, fibras vegetais e barro, cobertas com ampla camada de folhas, o que proporcionava relativo conforto. Em muitas regiões remotas, esses tipos de construção ainda persistem, conforme veremos a seguir.

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O método construtivo, México

Acima: o barro, os gravetos e as fibras. Abaixo, a construção concluida, México

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{ policiai s da g e or g in a

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A Georgina com certeza em gerações anteriores devia ter sido casada com um policial ou soldado, pois sua fixação por esses belos exemplares de soldados em suas fardas imponentes que têm por finalidade proteger os mais importantes monumentos, palácios, principais autoridades e populações dos países que visitamos foi flagrante. Ás vezes até cheguei a me irritar, pois os afagos eram visíveis, e outras vezes a admiração por esses guapos rapazes chegava às raias do vexame. Não me furto também em prestar minha admiração e homenagem a esses soberbos militares, pois, como frisei em minhas raízes, meu avô também fez parte da gloriosa Corporação da Policia Militar do Paraná. Orgulhosos de suas fardas garbosas, esses patriotas que disponibilizam de sua juventude para garantir a integridade de autoridades, para proteger monumentos e palácios, para dar segurança a eventos políticos, esportivos ou religiosos, para ordenar o tráfego em nossas avenidas ou estradas, para prestar assistência em acidentes ou catástrofes e para cuidar de nossas cidades, muitas vezes pondo em risco suas próprias vidas, compõem com brilhantismo a paisagem das cidades do mundo. Seus uniformes, muitas vezes práticos, outras vezes típicos, foram sendo adaptados às condições de cada local. Outros guardam as tradições históricas e heróicas de suas pátrias, batalhas e conquistas. O legado histórico da Grécia, sua arquitetura, artes, museus e monumentos, enfim, seu patrimônio cultural, nos deixou também um dos mais característicos uniformes de guarda, os Evzones. Fundada como um regimento do exército grego em 1868, hoje ainda guarda vestígios das guerrilhas armadas nas montanhas gregas e davam proteção ao regime real. Hoje, confere proteção ao túmulo do Soldado Desconhecido, ao Palácio Presidencial e outros pontos importantes da capital grega. De hora em hora é feita a troca da guarda em frente ao Palácio Presidencial, com uniformes de uso diário. O maior espetáculo se dá aos domingos às onze horas da manhã, em frente ao túmulo do Soldado Desconhecido, na praça Syntagma: a guarda conta com uniformes de gala compostos de kilts feitos com trinta metros de tecidos branco para acomodar quatrocentas pregas indicativas dos quatrocentos anos da ocupação turca de suas terras, além de capas pretas e brancas, talabartes vistosos, sapatos vermelhos e majestoso pompom, que confere à troca da guarda um espetáculo de muita beleza que é sempre acompanhado por uma multidão de turistas encantados com o espetáculo. Outra fantástica troca da guarda se dá em Londres, em frente ao Palácio Real, que também é caracterizado por uniformes vistosos e um belo espetáculo, levando também ao delírio milhares de turistas que diariamente os admiram. A seguir as imagens de alguns desses heróis anônimos.

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Na entrada de uma das 7 Maravilhas do Mundo

Com os antigos guardas das Muralhas da China

Guardas de cêra na entrada do Templo do Céu, Pequin, abaixo, guarda estilizado, Muralha da China

Policiais que guardam preciosidades históricas, as Múmias, Museu do Cairo. Abaixo, os policiais de outra das Maravilhas do Mundo, Petra, Jordânia

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Guarda na entrada da Mesquita Mohamed Ali, Cairo, Egito

Com oficial paquistanês em festival, Estocolmo, Suécia

Guarda do Mausoléu de Mohamed V, Rabat, Marrocos. Abaixo: com policial do Santuário Shintoísta Meiji, Tóquio, Japão Guarda Turco em monumento histórico, Istambul. Abaixo: com policiais do Palácio Real, Bangkok, Tailândia

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O belo Palácio de La Moneda e seus atentos policiais, Santiago, Chile

O charme da Guarda Presidencial da Casa Rosada, Buenos Aires, Argentina

A garbosidade dos policiais do Duomo de Milão, Itália. Abaixo: o policial de ER, “Elisabeth Regina”, Torre de Londres

A simpatia dos policiais poloneses, Varsóvia, Polônia. Veja abaixo o afago do policial de Londres. Fiquei furioso!

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Os altos policiais da Guarda Sueca, Estocolmo

O tradicional uniforme da Guarda Real, Copenhagen, Dinamarca

O guarda grego e sua marcha cadenciada O estilizado uniforme do guarda grego, Palácio Presidencial, Atenas, Grécia. Abaixo, Tão viciada estava que fotografava até com estátuas. Toledo, Espanha

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Aí ela não estava inspirada, pois não participou da troca dos guardas. Mônaco


Agora sim. já havia voltado e dessa vez viu a guarda suíça do Vaticano

Bem, a Georgina havia ido ao banheiro e não viu o guarda suíço do Vaticano...

Policiais de trânsito, Manaus, Brasil, abaixo, um Viking “porreta”

Guarda do Museu, Xangai, China. Abaixo, a troca da guarda, Palácio Buckingham, Londres, Inglaterra

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Os Evzones, Atenas, Grécia

O robusto policial de Nova York, EE.UU

Georgina pede informações, Bahrain

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{ a pedr a como e l e m e n to con s t r u t i vo

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Ao descrever o artigo sobre as “Sete Maravilhas do Mundo Moderno” é possível constatar que aquelas magníficas obras perpetuaram-se pelas suas estruturas realizadas com um material indestrutível: a pedra. Por milhares de anos esse nobre material foi, é e será empregado como importante método construtivo e de decoração. Hoje em dia as construções contam com guindastes ou gruas, escavadeiras, pás carregadeiras e caminhões com centenas de toneladas de capacidade de carga. Questiono, porém, como é que aqueles incríveis povos Incas no Peru conseguiram executar tão fenomenal obra como as ruínas de Sacsayuaman (falcão satisfeito), que estão imponentes há mais de mil anos em Cuzco, a capital arqueológica do Peru. Como era possível acomodar aquelas fenomenais pedras, algumas com dimensões de até mesmo nove por cinco metros, chegando a pesar 130 toneladas sem um gancho ou um pino para aprumá-la, em perfeita harmonia com a pedra vizinha, numa cantaria extraordinária onde não se consegue enfiar uma folha de papel ou a lâmina de gilete? É, sem dúvida nenhuma, uma das mais impressionantes obras de engenharia que pude contemplar. Vale a pena conferir. A cidade de Cuzco foi a principal cidade do Império Tahuantinsuyo, considerada pelos Incas o “umbigo do mundo”. Outras obras notáveis dessa inteligente civilização podem ser encontradas por vários cantos desse hospitaleiro país, como os “andenes circulares de Moray”, onde patamares em forma de círculos criavam micro-climas para desenvolvimento de vários produtos agrícolas, ou as “Pistas de Nazca”, enormes figuras desenvolvidas nos altos das montanhas, que permitem questionamentos sobre Incas, seriam descendentes dos Deuses ou dos astronautas? Não podemos esquecer das ruínas de Machu-Picchu, já anteriormente relatadas como uma das “Sete Maravilhas do Mundo Moderno”.

9,0 x 5,0 metros - 130 toneladas

É incrível

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Cantaria Perfeita, Cuzco - Peru

Trono dos Incas, Cuzco - Peru

O México é um caso à parte, pois o seu legado em matéria de arqueologia é fenomenal. Além de nos ter contemplado com uma das “Sete Maravilhas do Mundo Moderno” (Chichen-Itzá), sua contribuição em todo o seu interior, com dezenas de construções piramidais, templos e campos esportivos, todas ricamente trabalhadas, nos deixa extasiados tanto pelo aspecto físico de seu povo, quanto pelos tipos das construções, que os fazem parecer parentes muito próximos dos egípcios. Quem descende de quem? Não somente as pirâmides são monumentos belamente construídos. Destaco por exemplo o edifício “El Codz Pop”, que consiste em um palácio de vinte e sete cômodos dispostos em torno de um núcleo espesso que possivelmente serviria para construir um segundo piso, A construção possui fachadas diferentemente decoradas com máscaras em homenagem ao deus Chac, e outras com motivos de guerra. Sua construção deu-se entre os anos 600-900 d.C. A Cidade do México, uma das maiores metrópoles do mundo é uma verdadeira aula de história não somente pelo legado das civilizações aztecas, maias e toltecas, que em todos os cantos despontam nessa cidade, mas também pelas construções coloniais, pelos imponentes edifícios modernos que hoje a adornam, por suas praias, seu clima quente, sua comida gostosa e apimentada, a religiosidade de seu povo e suas lindas morenas. Com todos esses predicados o México é um país que não pode deixar de ser visitado por engenheiros, arquitetos, arqueólogos, historiadores e todos os admiradores do belo. A Pirâmide do Sol, Teotihuacan

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O núcleo da pirâmide - pedras e argamassa, Teotihuacan

As máscaras, México

El Codz Pop, México

Estranha fachada, México

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Telhado requintado, México


O Egito também nos brindou com uma das “Sete Maravilhas do Mundo Moderno”, muito embora não seja tão moderno, pois as Pirâmides também faziam parte das “Sete Maravilhas do Velho Mundo”. O País é uma galeria viva de construções que enchem de satisfação aqueles que têm oportunidade de conhecê-las. Vários sítios arqueológicos dão uma bela demonstração de construções em pedra onde a arquitetura de linhas simples e geométricas enfeita suas colunas belamente talhadas, imitando os talos do papiro e com as flores de lótus encimadas por capitéis circulares e vigas de pedra e ainda adornadas por entalhes em baixo relevo que mostram cenas de guerra e as vitórias dos faraós, bem como cenas da vida diária daquele povo. Colunas de esfinges e esculturas várias complementavam a bela arquitetura do templo de Luxor em Tébas e outros sítios. O legado arqueológico dos egípcios é hoje espalhado por inúmeros museus e praças do mundo, motivo de admiração e atração de multidões de turistas extasiados por tanta beleza.

Acima, as esculturas. Abaixo: os Capitéis e os entalhes, Luxor, Egito

A Flor de Lótus e o Talo do Papiro, Luxor, Egito

O Templo e as Esfinges

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A poesia, a escultura, a arquitetura, a filosofia e a matemática faziam do povo grego um povo que primava pela harmonia, pelo belo, pela cultura. A Acrópole é um dos monumentos que, resistindo ao tempo, muito embora destruída, vem mostrar ao mundo aquelas delicadas linhas de colunas onde se misturam os estilos Dórico e Jônico, confirmando assim a prodigalidade e criatividade desse povo. Essa cidadela construída sobre um morro e cercada por muralhas deveria proteger a monarquia dos invasores. Ali também ficava o centro do poder, o mercado, as escolas, o teatro, os templos, etc. No século V a.C, sob o governo de Péricles, derrubada a monarquia, foi implantada a democracia, levando a Grécia a um grande desenvolvimento econômico e cultural. Muito de nossa cultura e desenvolvimento devemos a esse povo de tão gratas tradições e por ter nos legado esse sistema de governo e essa cultura, hoje vigorando em todo o mundo.

Acrópole, Atenas, Grécia

Acrópole em restauração, Atenas, Grécia

A crópole - Elementos construtivos, Atenas, Grécia

A Cidadela, Atenas, Grécia

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O Taj-Mahal já seria suficiente para colocar a Índia no degrau mais elevado do altar da construção e da arquitetura, porém seus inúmeros palácios, templos e castelos impressionam pela beleza, sutileza de detalhes, pela poesia de seus arquitetos levadas a essa obras. Cada país usa seus elementos naturais para fazer suas edificações, como o barro e a pedra, que vimos em capítulos anteriores. Dispondo de uma pedra especial como o arenito, macio, facilmente desagregável e de fácil talho, as construções na Índia usaram largamente desse material em inúmeras de suas obras. Por isso, dou destaque ao arenito rosa, que por si só já é um elemento decorativo, como nas obras a seguir.

Hawa Mahal, Jaipur, India

Arabescos, Forte Vermelho, Agra, India

“O Forte Vermelho”, Agra, India. Abaixo, templo em Nova Delhi, India

Minarete, Nova Delhi, India

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Como já frisei, a cultura, o teatro, os esportes e a diversão também faziam parte das antigas civilizações, como podemos ver pelos exemplos a seguir, onde a técnica, as engenharias construtiva e acústica se faziam presentes nesses anfiteatros onde pode-se notar que a visibilidade dos espectadores era perfeita, com amplo domínio do palco; notam-se a disposição dos corredores regularmente espaçados, com galerias de fuga permitindo fácil evacuação da platéia. A acústica era primorosa, pois qualquer espectador podia ouvir perfeitamente as falas dos intérpretes sem o auxílio de qualquer instrumento de som, por mais afastado que estivesse. Os assentos respeitando normas atuais de conformação e estética. Tais anfiteatros ainda hoje são usados em espetáculos populares. Alguns deles acomodavam até 14 mil espectadores.

A Sinfonia, Atenas, Grécia

Recuperação do Teatro, Bet Shean, Israel

Acústica e raios de visão perfeitos, Amã, Jordânia

Os assentos, os acessos, Amã, Jordânia

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{ a s c r i a nรง a s

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Não sei se influência de nossos filhos e netos, mas Georgina sempre tinha naquela mala que arrastava em todas os passeios alguma coisa para as crianças, como doces ou moedas de nosso país. A alegria se espalhava entre todos aqueles olhinhos alegres quando ela começava a procurar naquele “ninho de ratos” os presentes, e os pequeninos “avançavam”. Não devemos nos esquecer de nossas crianças, pois quando nem pensamos, nós estaremos “ensacando a chuteira” e essas belas crianças estarão tomando conta de nossas ações, de nossas nações de nossos destinos. Tristes ficamos quando em muitos países, bem como no Brasil, deparamo-nos com muitas crianças trabalhando em condições sub-humanas, sem a mínima condição de receber o devido preparo, instrução e escolaridade para poder enfrentar com dignidade um mundo cada vez mais exigente por pessoas preparadas. Cabe aos governos pensarem com carinho em suas crianças, é uma necessidade básica, e então verem suas nações prosperarem com dignidade, com saúde, com progresso.

Bem, esse é o meu sexto neto, o Diego. Já é um vencedor, pois quando sua mãe seguia de sua casa para a maternidade, ele abriu mão de toda assistência hospitalar e na estrada saltou para o mundo, nasceu nos braços do pai, que atrapalhado e assustado ficou muito feliz. Está forte e saudável, é um belo garotão.

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Georgina e as crianças tchecoslovacas, Praga

Faltaram moedas para tantas crianças Tchecas

Escolares visitando o pavilhão dourado, Templo Kinkakuji, Kioto, Japão

Crianças de George Town, Barbados, aguardam seu ônibus para ir à escola

Crianças de Ziebice aguardam a chegada de N. S. de Czestochowska, Padroeira da Polônia

Georgina e o pequeno futuro guarda da Grande Muralha

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Os pequenos marroquinos já vão à aula, Fez, Marrocos

Os mestres da costura de Paris poderiam encontrar vários modelos entre essas beldades. Subótica, Yugoslávia

A aula acabou, Mesquita Ashrafieh, Amã, Jordânia

Os filhos vão aprender a orar na Mesquita Mohamed Ali, Cairo, Egito

“Cadê o ônibus? Vou chegar atrasada para a aula!” Kioto, Japão

“Mamãe, acertei!” Vila Sesame, Tóquio, Japão

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“Mamãe, cadê você?” Oslo, Noruega

De pés descalços, todos vão orar pelo mundo, Nova Delhi, India

A furura repórter, Praça da Paz Celestial, Pequim, China

Olhe que furo! Pequim, China

Click ! Pequim, China

Essas crianças idosas viveram felizes, Pequim, China

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{ o s a r co s

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Sem os arcos e abóbadas com certeza os antigos povos não teriam nos presenteado com milhares de admiráveis obras que despontam pelo mundo todo, dando às construções em pedra e tijolos condições de serem concebidas e construídas com vãos inacreditavelmente grandes e seguros. Arte já praticada pelos árabes, mouros e outros povos primitivos a milhares de anos, teve seu maior crescimento no Século XVI ao final do período medieval, quando as construções nos mais variados estilos construtivos teve seu maior esplendor, nos legando templos, castelos, edifícios públicos de incomparável beleza. A técnica construtiva dessas obras é admirável e complicada, e por várias gerações os mestres pedreiros guardaram suas técnicas construtivas com as quais logravam construir arcos e abóbadas de complicada elaboração e de belos efeitos estéticos e arquitetônicos, possibilitando vãos cada vez maiores e agradando aos senhores que construíam essas belas igrejas e monumentos. Esses mestres deram um valor divino à “chave” a qual sustenta todo arco ou abóbada, conseguindo atingir vãos inconcebíveis para a época e de extraordinária estabilidade. Sem a “chave” toda estabilidade não existia e a estrutura ruiria. Com técnica apurada e arquitetura privilegiada, conceberam-se vários estilos de arcos e abóbadas, dependendo da origem de seus povos. O flash de nossa máquina fotográfica foi registrando alguns desses importantes elementos construtivos.

Angular, Angular truncado, Poligonal, Peraltado, Tumido, Tranquil, Deprimido Convexo, Ogival Peraltado, Flamigero, Tudor Ingles e Espanhol, Carpanel, Gola, Escoces, Florentino.

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“Via Dolorosa”:J esus passou sob esse arco, Jerusalém

Escarzano, Pompéia, Itália

O Arco, Estocolmo, Suécia, abaixo, Festoneado , Jaipur, India

A “Chave”, Estocolmo, Suécia. Abaixo, Festoneado Côncavo, Jaipur, India

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Carpanel de vários centros, Jaipur, India

Ogival lancetado, Lisboa, Portugal

Ogival Peraltado, Fez, Marrocos

Cilíndrico festoneado, Bruxelas, Belgica

Deprimido côncavo, Bruges, Bélgica

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Elíptico, Bruges, Bélgica

Adentado (direita), de Soleira (esquerda), Budapeste, Hungria

Ferradura, Toledo, Espanha

Zig-zag decorativo, Agra, India

Ferradura (1º e 2º pisos), Tribolado (3º piso) e Segmentado (4º piso), Madri, Espanha

Ogival rebaixado, Nova York, EE.UU

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Elíptico moldeado, Jaipur, India

Conopial - Mizwa, Sultanato de Omã

o “Arco da Velha”, Salvador, Bahia, Brasil

Os arcos da minha churrasqueira. Sintam-se convidados para um churrasquinho!

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{ os a ni m a i s

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Os animais também fazem parte de nosso mundo e é evidente que quando viajamos nos deparamos com alguns espécimes que aí estão para complementar o ciclo vital de nosso planeta. Alguns como auxiliares dos serviços humanos, alguns para nos alegrar com seus cânticos como os pássaros, outros nos propiciando excelente alimentação como os peixes, aves e animais de uma maneira geral. Dois fatos foram marcantes em nossas viagens e envolveram de maneira direta a Georgina. Quando fazíamos um tour em lombo de camelo ao redor das pirâmides no Cairo, tudo foi muito tranqüilo até a hora da chegada. Talvez o encarregado tenha nos dado alguma instrução em árabe, porém nada entendemos. Quando o camelo abaixa para a descida do passageiro, ele ajoelha anteriormente as pernas da frente. Com essa operação, quase catapultou a Georgina de sua cela, que não estava firmemente segurando o manche à sua frente. Isso provocou uma contusão em uma das costelas. Fui mais feliz, pois vinha atrás e me preveni. Outro fato deu-se na Índia, iríamos visitar o Palácio Chand Pole Amer em Jaipur, que fica no alto de uma elevada montanha. A condução dos turistas é em lombo de elefante, uma cadeirinha sobre o paquiderme e quatro turistas por vez. Eis que no elefante da Georgina sentaram duas senhoras magras de um lado e duas mais robustas do outro. O lado da Georgina ficava do lado dos precipícios e nem sempre o paredão protetor estava presente. O banquinho começou a escorregar para o lado das mais robustas e do precipício, não preciso dizer do terror que se apoderou delas. A Georgina precisou de dois dias para se recuperar da tensão e das dores que tal situação provocou em seu corpo, mas o passeio foi fenomenal. Mais esse encantado palácio indiano merece a atenção do turismo mundial. Nos jardins de entrada do Taj-Mahal vários macaquinhos são a alegria dos turistas. Nas minhas viagens tenho visitado jardins zoológicos em vários cantos do mundo, e os mais variados animais nos são apresentados. Entre eles os macacos, gorilas, orangotangos e outros congêneres. Confesso que nunca vi em qualquer desses lugares nenhum símio em mutação, conforme apregoa a teoria de Darwin da “mutação das espécies”, ou seja, um meio símio meio homem. Tenho lido alguma literatura cientifica e, muito embora tenhamos hoje em dia laboratórios dos mais capacitados, conceituados e com condições de criarem situações de micro ou macro-clima, ausência de gravidade, clima úmido ou seco, extremos de baixa ou alta temperatura e possibilidades de criar as melhores condições possíveis para que essa mutação se realizasse; em nenhum desses laboratórios ouvi falar da existência desse meio termo. Se alguém souber de algum caso, favor me informar. Portanto, eu não me enquadro nessa genealogia: para mim macaco é macaco, homem é homem.

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Georgina antes do incidente na Pirâmide de Quèops, Gizé, Egito

Georgina a caminho do Palácio Chand Pole Amer, Jaipur, India

Os São Bernardo Barry e Thomas na Região dos Lagos, Bariloche, Argentina

O domador de serpentes e Georgina, Bangkok, Tailândia

Geornina dando pipocas aos pombos, Praça de São Marcos, Veneza, Itália

Georgina acariciando os símios no jardim de entrada do Taj-Mahal

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O menino e o filhote de lhama, Cuzco, Peru

O domador de lhamas, Cuzco, Peru

Entrega ecol贸gica, Fez, Marrocos

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{ a s a b 贸b oda s

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As abóbadas não deixam de ser arcos desenvolvidos, muitas vezes em mais de uma direção, o que permite cobrir as áreas a que se destinam. Apoiadas em paredes ou colunas, quando bem executadas, apresentam extraordinária estabilidade. Podemos citar o caso da abóbada da Igreja de Santa Sofia em Istambul, na Turquia, que por séculos vem resistindo ao tempo e aos vários terremotos que atormentaram o país, muitas vezes com conseqüências impressionantes considerando o grau de destruição que causaram em outras construções da mesma época e de épocas modernas. Cito também o caso recente ocorrido na Itália: um equipamento extremamente pesado deveria ser transportado pelas rodovias italianas. Para esse transporte seria necessário o reforço de inúmeras pontes, o que implicaria em custos excessivos para esse transporte, além de grande demanda em tempo para obras. Alguém sugeriu usar as antigas estradas do tempo do Império Romano, e o transporte foi feito com pleno êxito. O estudo das abóbadas é bastante complexo considerando a grande variedade de formas em sua concepção ou utilidade. Basicamente o sistema restringe-se a três conceitos: dovelas, ou seja, aplicação de pequenos elementos, ou dovelas, como pedras paralelipédicas ou tijolos. O segundo, o sistema tabicado, consiste na aplicação de várias camadas de lâminas curvas de ladrilhos ou tijolos. O terceiro, o sistema “moldeado”, consiste de derramar uma argamassa pastosa que depois endurece em um molde, formando a chave e fechando o sistema. A criatividade, a beleza, a sutileza dos detalhes e os inúmeros formatos encantam a quem se propuser a estudar o assunto. Desde o Estreito de Bósforo que separa a Europa da Ásia, as abóbadas da Mesquita Azul e da Igreja de Santa Sofia enfeitam a paisagem da encantadora cidade de Istambul na Turquia.

Mesquita Azul, Igreja de Santa Sofia, Istambul, Turquia

Outros estilos de Abóbadas: Canhão Seguido, Rincão de Claustro, Rincão de Claustro truncada, Estrela, Reticulada, Em Abanico, Base Circular, Vaida, Sobre Pecinas, Esferica Rebaixada ou Boemia, Lobulada, por Aresta com Chave Peraltada, Esquifada, Esquifada de Espelho. Não me lembro, porém acredito que na faculdade de engenharia nunca falaram em tantos tipos de arcos e abóbadas.

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Arcos e abóbada, mesquita El Aqsa, Jerusalém

Abóboda e arcos, Igreja de Santa Sofia, Istambul, Turquia

Abóboda Mesquita Azul, Istambul, Turquia

Abóboda de rincão de claustro (cisterna da Basilica Yerebatan Saray), Instambul, Turquia A abóboda de Cisterna (suportada por 336 colunas de 8 metros), Istambul, Turquia

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Abóboda de quadrante, Tumba de Davi, Jerusalém

Abóboda de rincão de claustro truncada, Abadia Westminster, Londres, Inglaterra

A abóboda da Mesquita El Aksa, Jerusalem

Arcos e abóbodas do Pavilhão Real, Brighton, Inglaterra

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{ o s รก r a be s

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Muito embora tenha casado com Georgina, que é descendente de árabes e seus avós provenientes do Líbano, os mais de cem anos de vivência no Brasil de seus ancestrais amoldaram seus costumes ao nosso modo de viver e, quando visitamos alguns países árabes, cometemos alguns pequenos deslizes, com os quais deveremos tomar cuidado e nos adequar aos costumes regionais para não sensibilizar aqueles que porventura tenham se sentido ofendidos. Como nem sempre conseguíamos nos fazer entender, vão aqui nossas desculpas. Viajávamos de Istambul para Beirute numa companhia aérea árabe e em determinada hora vieram as aeromoças distribuir os lanches habituais. Sentávamos eu e Georgina, e no banco junto à janela sentou-se uma freira. A aeromoça distribuiu nossos lanches e já havia ultrapassado nossa fila de bancos quando atendia a fila posterior. Eis que a religiosa solicitou um refrigerante, mas não foi ouvida pela aeromoça: Não tive dúvidas e, com a ponta do indicador, cutuquei o ombro da bela jovem que servia os lanches para poder atender à solicitação da religiosa. A bronca foi imediata, inclusive com a convocação de rapazes de bordo que também cumpriam essa função. No momento não entendemos o motivo de tal bronca, porém explicações posteriores nos orientaram que um homem não pode tocar em desconhecidas árabes. Outro fato semelhante ocorreu em Fez, no Marrocos, em que nosso guia de túnica branca na foto abaixo, aliás, de muita competência e profundo conhecimento dos misteres de sua profissão, também advertiu Georgina quando a mesma tocou em seu braço pedindo explicações sobre determinado monumento. Tranquilamente passeávamos por uma Praça no Cairo: eu estava carregando minha máquina fotográfica, parando em diversos lugares para tirar fotos, e Georgina caminhando quase sempre em minha frente, quando então ouvimos a bronca de um cavalheiro que com sua família também circulava por aquele logradouro. A Bronca devia-se ao fato de a mulher, no caso a Georgina, ir na frente do homem, o que não é costume local, e assim estávamos a dar um mau exemplo às crianças. Visitávamos a Mesquita Ashrafieh em Amã, na Jordânia, e da aula saia um grupo de alunos. Entre alguns deles a reclamação foi pelo fato de Georgina não estar com um véu cobrindo seus cabelos. Outro fato ocorreu no aeroporto de Istambul: estávamos na fila para apresentar nossas credenciais, passagens e passaportes para embarcarmos no avião para o Líbano. Na nossa frente, um cavalheiro com túnica árabe e várias senhoras com as respectivas burcas e os rostos completamente cobertos. Ansiosos ficamos para ver qual seria o procedimento para vistoriar os passaportes e conferir com as passageiras, mas simplesmente passaram de rosto velado. As distâncias entre Beirute, no Líbano, e Damasco, na Síria; entre Damasco e Aman, na Jordânia; entre Amã e Eilat, em Israel; não são muito longas se considerarmos as imensas distâncias do nosso território brasileiro, motivo pelo qual dispensamos que nossa agente de viagens procurasse qualquer entrosamento entre esses lugares, pois o complicador com aviões ou ônibus seria maior e eventualmente tomaria mais tempo do que o necessário. Resolvemos correr o risco de nos virarmos por conta própria e fazer esses percursos de táxi, já que assim poderíamos desfrutar também da paisagem do interior desses países que para nós eram exóticos. [ 1 1 4 ]


Não sei se em decorrência de tantos acontecimentos que ocorrem em nosso país, envolvendo seqüestros e outros incidentes dessa natureza, mas quando num país estrangeiro, é normal carregar um tanto de temor nesse sentido. Em Beirute, numa agência de viagens, contratamos um táxi para nos levar até Damasco, o que foi feito no dia subseqüente pela manhã. Na hora marcada lá estava o táxi, e ao carregar as malas, partimos. Ainda estávamos dentro de Beirute quando o táxi encostou em determinada rua e nos informou que deveríamos trocar de veiculo. Tal fato não foi o combinado, mas como ninguém entendia a outra língua, trocamos de táxi. Pegamos a estrada e o novo táxi parou várias vezes em mercados e outros lugares enquanto nossa preocupação aumentava. Para ter um melhor ângulo das paisagens e eventualmente tirar alguma foto, sempre eu sentava no banco ao lado do motorista. Em determinado momento, ele começou a cantar e pegou a minha mão, começou a balançá-la como que regendo a música. Estranhei no momento, mas após algum tempo a música acabou e as mãos se desatrelaram. Na fronteira entre o Líbano e Síria, a parada era obrigatória. Com passaportes carimbados e bagagens vistoriadas, os passageiros são liberados. Não passaram muitos quilômetros quando nosso destino tornou-se muito preocupante: o motorista desviou da estrada principal e entrou numa estreita estrada secundária. As solicitações de explicações não chegaram a ser feitas, já que não muito distante o motorista estacionou em frente a uma casa numa pequena localidade. Gesticulando, fez-nos descer e ao indicar para que entrássemos, nos recusamos. Porém a insistência foi grande e acabamos cedendo. As preocupações desapareceram, pois se tratava da residência do motorista e, com a natural hospitalidade dos árabes, nos ofereceu excelente café acompanhado de várias frutas e iguarias árabes que tomamos em companhia dele e de seus filhos. A imagem desse correto e cordial profissional e de seus filhos ficou gravado em minha câmara. Fomos entregues no tempo certo em nosso hotel em Damasco. A emoção é muito forte ao visitarmos a cidade de Damasco, a mais antiga capital do mundo, ou a mais antiga cidade em civilizações continuas: desde 8000 anos a.C. Em cada esquina nos deparamos com pedaços da civilização e podemos contemplar suas muralhas, a miríade de produtos no mercado al-Hamadiyed ou depositar um momento de louvor ao Senhor na visita à Mesquita Omayed. Além de outros pontos imensamente interessantes, são sensações que não podem faltar no calendário do bom viajante. A viagem de táxi entre Damasco e Amã, capital da Jordânia, correu sem qualquer contratempo. Visitamos os principais pontos turísticos dessa bela e histórica cidade e procuramos desvendar um pouco mais de seu cotidiano, de seu povo e de seus bairros. Ao acenarmos para um táxi na rua, ele parou. Entramos, mas o motorista não falava qualquer outra língua que não a sua, e nós, que não falávamos nada da sua, gesticulamos pedimos que rodasse. O mesmo deu voltas sem saber o que pretendíamos. Levou-nos até determinado ponto comercial e convocou a presença de uma terceira pessoa, que soubemos ser seu tio e que falava inglês. Orientamos ele sobre nossa pretensão de visitar os arredores de Amã e seu bairros, bem como pretendíamos no outro dia visitar Petra, uma das “Sete Maravilhas do Mundo Moderno”, além de, depois, nos deslocarmos até Akaba e entrarmos em Israel por Eilat, que faz fronteira com a Jordânia. Acertados os

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preços e detalhes desses percursos, conhecemos a bela Amã e no outro dia pela manhã no horário marcado lá estava o nosso contratado. Nosso motorista era um jovem que beirava seus trinta anos, levemente gordo e barba comprida conforme costume dos árabes. Iniciamos a jornada para Petra e Akaba, deslocávamo-nos por uma rodovia quando no caminho cruzamos com uma penitenciária: nosso motorista por gesto disse que lá esteve ou por três anos ou três meses, não sei se como funcionário ou prisioneiro, mas a notícia nos deixou apreensivos. A estrada em pouco tempo entrou em zona totalmente árida, um deserto. Quando no meio do nada apareceram dois policiais, mandaram o veículo parar ficamos preocupados, mas com os documentos examinados nos autorizaram prosseguir viagem. Chegamos em Wadi Musa, pequena localidade que dá acesso à Petra, e lá contratamos uma charrete para descermos até a cidade perdida. Devido a estreiteza do desfiladeiro, somente animais e pequenas viaturas conseguem vencêlo. O desfiladeiro é formado por altas laterais que formam um verdadeiro cânion com uma descida íngreme e longa. Visitamos a cidade de Petra e após algum tempo de contemplação desse monumento da humanidade, que é uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno, avistamos o nosso motorista que havia descido a pé aquele longo caminho. Na hora de voltar, a charrete comportava somente dois passageiros e ficamos preocupados com o nosso motorista, que teria que fazer o percurso em rampa ascendente, com um calor imenso e o tempo não muito dilatado. Após alguma espera em Wadi Musa chegou nosso motorista: com excesso de peso, camisa grossa de lã, suspirando e suando por todos os poros estava prestes a ter um infarto. Georgina o forneceu uma camiseta de nossa empresa, que foi aceita e trocada. O convidamos então para almoçar num restaurante local, e ele encheu dois pratos com generosa quantidade de comida, porém nada comeu. Deveríamos partir para Akaba, mas descobrimos que o motorista havia perdido a chave do carro. Voltar até Petra seria impossível, e então alguém indicou um chaveiro e o assunto foi resolvido: chegamos sem outros contratempos em Israel. Nessa ocasião no Líbano procurávamos as raízes de Georgina. Seus antepassados, segundo ela, saíram da cidade de Kfar-Aaqqa no norte do Líbano para o Brasil. Contratamos um táxi e um guia turístico que falasse inglês e nos dirigimos a KfarAaqqa. Depois de passarmos por muitas barreiras de soldados chegamos ao local. Encontrar os parentes da Georgina não foi difícil. Fizemos vários contatos e demos muitos abraços. Pudemos também conversar, pois alguns parentes haviam vivido no Brasil e falavam o português. Nessa ocasião o Líbano havia saído recentemente de guerra e estava com sua economia abalada, motivo pelo qual em conversas Georgina verificou que havia uma carência muito grande de roupas íntimas para mulheres com padrões ocidentais. Como tínhamos programação já agendada, nossa permanência em Kfar-Aaqqa foi pequena. Em outra viagem, Georgina ficou quinze dias nessa cidade e julgou que um bom presente para aquelas moças todas seria levar uma quantidade de lingerie. Chamou as parentas e as informou do presente: a ansiedade foi total. Ao abrir a mala, o avanço foi geral: não sobrou nenhuma peça. Foram levadas inclusive as roupas de Georgina que estavam na mesma mala e que ficou apenas com a roupa [ 1 1 6 ]


íntima do corpo, o que a obrigava lavar e deixar secando durante a noite para poder usar no outro dia. Como eu deveria ir à uma feira em Hanover e posteriormente me encontrar com Georgina em Londres para irmos até a Escandinávia, ela solicitou que eu levasse algumas peças de roupa para poder trocar. Peguei o que podia encontrar de roupas femininas em minha casa e as coloquei na mala. Surpresa ficou a Georgina quando nos encontramos e tentou vestir, pois nenhuma cabia. Percebemos que levei na verdade roupas de minha jovem neta, que muito permanecia em nossa casa. Uma calcinha de minha neta mal caberia em uma única perna da Georgina. Ela permaneceu mais alguns dias com a única roupa íntima até poder comprar alguma coisa na Escandinávia. Nosso guia no Cairo, além de falar um bom português e ser muito bom conhecedor de sua profissão, tinha outra particularidade: conhecia mais sobre Pelé, o jogador de futebol do século, do que o próprio Edson Arantes do Nascimento. Tiro meu chapéu em respeito aos taxistas como o que nos recebeu com um belo café em sua residência na Síria, ou ao outro que, em Dubai, nos solicitou licença para em cinco minutos fazer suas orações em uma mesquita, e para isso desligou o taxímetro. Destaco também aqueles outros que são verdadeiros guias turísticos e dão detalhes de suas cidades; em contrapartida àqueles que, em troca de nosso precioso tempo, dão voltas desnecessárias procurando cobrar mais algumas moedas pela corrida: para esses não tiro o meu chapéu. Assim são os árabes: cordiais, hospitaleiros, religiosos, boa gente.

Nosso guia, Fez, Marrocos

Nosso guia na Mesquita Mohamed Ali, Cairo

A família do nobre motorista, Síria.

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Passados alguns anos desde os acontecimentos relatados, efetuamos recentemente um giro pelo golfo pérsico e pelos Emirados Árabes Unidos: ficamos surpreendidos. Muito embora já tivéssemos conhecimento do grande desenvolvimento que está ocorrendo nessa região, sinceramente acredito que é a vez do mundo árabe atingir os patamares de desenvolvimento que vem ocorrendo na China, Índia, Cingapura, Coréia do Sul e outros países orientais. O que vimos em Dubai, Abu Dhabi, Oman e Bahrain nos deixou extasiados, tal o grau da engenharia que vem se desenvolvendo nesses emirados, onde as construções que brotam diariamente iluminam nosso espírito pela beleza de suas linhas e arrojo de seus projetos, como descrito em “Últimas Obras”. O plano urbanístico é exuberante e conta com amplas avenidas, inúmeros viadutos, linhas de metrô em todos os sentidos e ilhas artificiais avançando sobre o mar contemplado com novas marinas, novas praias e novos ambientes residenciais. Lá também encontramos dezenas de shoppings de descomunal tamanho, inclusive com pistas de esqui e neve artificial, decorações brilhantes com estilos de vários países do mundo. Os shoppings contavam também com as principais grifes de confecções, calçados e bolsas, carros dos últimos modelos e categorias e eletrônicos dos mais avançados. Quase um terço das gruas do mundo em uma dança permanente faz brotar diariamente centenas de edifícios de indescritível beleza e apurado senso estético enfeitando a linha do horizonte dessa tórrida região: o segundo porto do mundo em movimentação de contêineres. A região abriga campos de golfe, autódromos inclusive para “Formula 1”, hipódromos que pagam prêmios espetaculares para os melhores cavalos, zoológicos com animais de todo o mundo, parques de diversões com os melhores entretenimentos para crianças e adultos, safári no deserto de “booguies” ou caminhonetes 4 x 4 que enlouquecem os participantes. O espetáculo de dança do ventre nessa aventura desértica também encanta os espectadores, os camelos em seus passos lentos transportam os turistas e beduínos. Inúmeros outros entretenimentos diurnos e noturnos transformaram esses países num oásis de encanto e de satisfações que hoje vêm atraindo o turismo de todo o mundo. O acolhimento ao turista em suas empresas aéreas é algo invejável pelo atendimento diferenciado ao passageiro. Hotéis dos mais luxuosos proporcionam conforto e satisfação aos hóspedes. Falando da grandiosidade crescente não podemos nos esquecer de admirar o aspecto histórico e característico dessas culturas que por milênios desenvolvem um modo simples de viver. Contam com um comercio típico ou os “souks” que são centros especializados de vários produtos, por exemplo, o “souk” da seda onde podemos encontrar tecidos das melhores fábricas do mundo, o “souk” do ouro onde ficamos extasiados com a variedade de colares, pulseiras, brincos com as mais belas filigranas com ótimos preços, o “souk” de eletrônicos com as mais recentes novidades, o “souk” de especiarias onde encontramos variada quantidade de grãos e produtos que dão aquele sabor especial à culinária árabe, também os mercados de peixes, as pequenas embarcações ou “abras” que estão sempre lotadas atravessando o “Creek” e muito mais. Esses aspectos todos reúnem o moderno e o tradicional. As cidades são limpas e sem pichações em paredes, e nelas é possível circular sem receio de a qualquer [ 1 1 8 ]


momento ser assaltados por trombadinhas. Lá não encontramos um mendigo sequer pedindo esmolas. Pelas ruas os homens e mulheres caminham com trajes característicos inconfundíveis, e o respeito aos princípios religiosos é incontestável: as orações propaladas de mesquitas cinco vezes ao dia dão a essas cidades um encanto próprio que atende aos mais variados desejos daqueles que as procuram, e com certeza não sairão desiludidos. Não podemos deixar de admirar os líderes de tais países, que souberam transformar o suor de seus filhos derramado sobre as estéreis areias do deserto em paraísos. Suas conquistas foram para o bem estar, o progresso, a saúde e o futuro de seus habitantes; e não exercidas com o derramamento do sangue e o empobrecimento da população na compra de armamentos que somente trazem lágrimas, destruição, incerteza e injustiça para os povos. Se todos os líderes perceberem as possibilidades de seus países que, por vezes, alicerçados em terras férteis e cheios de recursos naturais, também trabalharem em benefício de seus filhos e não nas conquistas estéreis que destroem o patrimônio de suas nações pelo descaso, pelo roubo, pela incompetência, pela aplicação de recursos em obras ou ações desnecessárias e em armamentos, com certeza teremos um mundo melhor, menos violento, mais harmonioso e mais progressista.

Mercado (Souk) Al Hamadiyed e sua cobertura já perfurada pelo desgaste dos séculos, Damasco, Siria

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{ a m adeir a como e l e m e n to con s t r u t i vo

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A madeira faz parte integrante de minha vida, pois por toda a minha infância vivi em uma casa de madeira. O Estado do Paraná, onde vivo no sul do Brasil, teve seu primeiro desenvolvimento baseado na exploração da madeira, principalmente na madeira do Pinheiro do Paraná (Araucária Angustifólia) e a capital, Curitiba, tem nome de origem indígena que significa “imensidão de pinheiros”.Em relato separado darei mais alguns detalhes sobre essa importante árvore da minha terra. A madeira em toda a história da humanidade está estreitamente vinculada como importantíssimo elemento construtivo e de desenvolvimento humano. Sem ela certamente não teríamos atingido os patamares de bem estar que hoje encontramos: as casas e os móveis deram o abrigo e conforto aos homens, as pontes em madeira permitiram levar o desenvolvimento aos mais inóspitos locais, as naus levaram os homens a descobrirem novas terras. As antigas carruagens puxadas por animais entrelaçavam povos e cidades e primitivas ferramentas de madeira permitiram ao homem tirar da terra suas colheitas. Ainda hoje a madeira é utilizada como cabo em muitas ferramentas metálicas. De suas fibras, fabrica-se o papel que permite perpetuar o conhecimento humano. Os frutos das árvores servem como alimentação de homens e outros animais. De sua seiva extrai-se borracha, alcatrão, breu, terebintina, vários produtos para a indústria químico-farmacêutica e de cosméticos. As embalagens permitem o transporte de produtos e máquinas de um país a outro. Muito embora hoje as construções e habitações feitas de madeira não sejam mais tão comuns em função de restrições ambientais e falta de matéria prima, principalmente nos grandes centros, com o advento do concreto armado. O emprego na construção civil ainda é largamente utilizado, principalmente como fôrmas para complexas estruturas. A “caixaria das formas” é executada com a madeira em estado bruto, placas compensadas, laminadas ou aglomeradas. Vigas, tábuas, forros, assoalhos, portas, janelas de madeira também são ainda muito empregadas para a construção de casas em diversas partes do mundo. Embora muitos guias de turismo nem sempre estejam adequadamente preparados para orientar sobre importantes construções, registramos algumas que passaram por nossas lentes. A madeira evidentemente não é eterna como a pedra, deve haver alguns cuidados como: a época certa de corte, proteção contra umidade, ataque de cupins e insetos e fogo. Dessa forma poderemos ter construções que proporcionarão abrigo e conforto por décadas e até mesmo séculos. A igreja Borgund Stave, na Noruega, é um monumento nacional. Construída no ano de mil e duzentos, portanto, há mais de oitocentos vem resistindo ao inclemente clima do país escandinavo. A igreja foi feita totalmente em madeira com a proteção do asfalto conseguiu chegar incólume aos nossos dias.

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Ao lado, Igreja Borgund Stave, Noruega. Acima alguns de seus detalhes

Borgund Stave, confirmando >

Casas em Marken, Holanda

Casas em Bergen, Noruega

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Centro Comercial, Bariloche, Argentina

Moinho de vento, Amsterdan, Holanda

Bilheteria, Buckingham, Londres, Inglaterra

Casas em Petrohue, Chile

Anfiteatro do Palรกcio Imperial, China

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Moro em uma terra onde o primeiro desenvolvimento deu-se em torno da madeira: os imigrantes de outros locais que aqui se instalaram trouxeram de seus países de origem técnicas construtivas em madeira. Um bom exemplo é o memorial em homenagem ao Papa João Paulo II, em que o estilo da construção típica da colonização polonesa, trazido desde o interior do Estado, emprega toras de madeira encaixadas que não recebiam qualquer tipo de fixação por pregos ou parafusos. Outra construção trazida do interior do Estado é o memorial da colonização ucraniana no Paraná, instalado em um parque em Curitiba, também uma casa de madeira remanescente das antigas construções. Hoje em dia o custo elevado da madeira e programas de proteção ambiental têm relegado essas construções a número quase igual a zero.

Construção típica da colonização polonesa, Paraná

Detalhes: amarração sem pregos

Igreja da Colonização Ucraniana, Curitiba, Paraná. Ao lado, asa típica de madeira em Pinho do Paraná e detalhe dos lambrequins, Curitiba, Paraná

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{ pinh천e s

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Visitava o Museu de História Natural em Londres quando me deparei com uma magnífica fatia de uma árvore que fazia parte de uma das milhares de árvores que cobriam toda a Europa e Estados Unidos da América além de outros continentes. Pergunto aos leitores: onde é que podemos encontrar exemplares desse porte? Com certeza não na Europa ou nos Estados unidos, já que suas florestas foram dizimadas para o aproveitamento da madeira nos vários tipos de atividades como na construção de casas, de pontes, na fabricação de navios, móveis, caixas, papel entre outros. A não ser em reservas preservadas, hoje o que encontramos são árvores de pequeno diâmetro em sua maioria provenientes de reflorestamentos que cumprem a mesma finalidade, pois esse é o ciclo da madeira. Atualmente, os países da Comunidade Européia e dos Estados Unidos criam uma série de restrições e barreiras alfandegárias aos vários produtos brasileiros e de outros países em desenvolvimento, e que desejam fornecer aos primeiros seus produtos, principalmente os agrícolas. Os países desenvolvidos alegam que estamos destruindo a floresta amazônica e outras florestas da Ásia, África, e, portanto, criam restrições em função dessa improvável destruição. Na verdade somente estão protegendo seus próprios produtos agrícolas com subsídios governamentais ou com elevadas taxas aplicadas aos produtos dos países em desenvolvimento. Os administradores de tais comunidades não têm a mínima sensibilidade para ver que eles também já destruíram suas florestas, que é a primeira fase de desenvolvimento de qualquer povo, e não podem, portanto, carregar de impostos os produtos dos países em desenvolvimento, tomando como parâmetro o corte de suas reservas florestais ou suas riquezas, já que fizeram o mesmo. Estamos cientes de que os tempos mudaram, de que o acelerado crescimento exige medidas rigorosas para prevenir o aquecimento global, e de que sem dúvida alguma as florestas ainda representam nossa segurança por mais algum tempo: uma vida com melhores condições existenciais, cooperando para prevenir o efeito estufa e a degeneração de nossa natureza. A restrição ao crescimento econômico dos povos em desenvolvimento com medidas unilaterais formuladas pelos países ricos somente aumenta a possibilidade da destruição de nossas reservas florestais. Em lugar de restrições, os países ricos deveriam, sinceramente, adotar outras medidas para possibilitar o crescimento educacional e econômico dos países pobres, eventualmente transferindo alguns subsídios dado aos seus próprios agricultores para o crescimento econômico e fiscalização das florestas dos países em desenvolvimento. Desta forma, com certeza a natureza se corrigiria automaticamente em mais algum tempo com a educação do povo, que então saberia dos males provocados pela destruição de suas riquezas primárias. No Brasil já temos sólida legislação que prevê a proteção ao meio ambiente, que pune e impede que as áreas agrícolas e da pecuária avancem para a floresta amazônica, pantanal do Mato Grosso e outras áreas de preservação. Mas, considerando a imensidão de nosso território e o pequeno contingente de fiscais, é impossível estancar a sanha dos agricultores e madeireiras que avançam para a floresta com o intuito de ampliar suas fortunas. Hoje não apenas agricultores e madeireiros brasileiros avançam sobre a floresta, mas também inúmeras empresas [ 1 2 8 ]


internacionais, asiáticas, européias, norte americanas também exploram a Amazônia. Recentemente foram leiloados os primeiros lotes para a exploração sustentável da floresta, ou seja, foram leiloadas grandes áreas onde se faz uma divisão das terras de modo que o titular da exploração derrube apenas parte das árvores, deixando as outras se recuperando. A área é dividida em cerca de 30 subáreas e a cada ano explora-se uma dessas subáreas. Quando o titular da licença atingir o ultimo lote, a primeira já se regenerou. É evidente que a Engenharia Florestal sempre é solicitada para o planejamento estratégico e para a efetiva maneabilidade econômica e funcional dessas áreas. Sinceramente espero que o suborno e a corrupção pelos titulares dessas e de outras áreas não consigam atingir o nosso sistema fiscalizador, e que a insanidade de corruptos e corruptores não chegue a transformar nossa imensa floresta numa grande savana. Como já disse anteriormente, moro no Estado do Paraná, sul do Brasil, onde temos um tipo especial de floresta em que predominavam os pinheiros da espécie “Araucária angustifólia”, também conhecido como Pinheiro do Paraná. Minha cidade natal, onde vivo até hoje, tem o nome indígena “Curitiba”, que significa “imensidão de pinheiros”. O Pinheiro do Paraná é uma árvore magnífica de um porte soberbo e com tronco reto pode atingir até cinqüenta metros de altura e chegar a dois metros de diâmetro. Com galhos distribuídos em várias camadas somente na parte mais alta da árvore, produz um tronco reto e sem nós, a madeira tem boa resistência e, quando cortada em época correta, quando a resina atua em suas fibras, resiste indefinidamente sem que seja atacada por cupins. Logo o Pinheiro do Paraná, constituí-se como a árvore ideal para os mais diversos tipos de aplicação, principalmente para a construção de casas, fabricação de móveis, de celulose para produção de papel, fabricação de fósforos, entre outros produtos. De sua madeira pode-se extrair resinas que destiladas podem produzir breu, terebintina, alcatrão e óleos diversos. Como não poderia deixar de ser, os madeireiros descobriram o pinheiro do Paraná antes que atual legislação fosse implantada, e avançaram, deixando o Paraná, bem como os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, onde imperava esse tipo de florestas, devastados. No Paraná dos dias de hoje a legislação é extremamente exigente, e proíbe totalmente o corte de pinheiros. Somente é possível cortá-los em áreas de reflorestamento com programas de preservação ambiental severos. Além da madeira, o pinheiro do Paraná produz uma castanha comestível bastante gostosa denominada “pinhão”, a semente. O pinhão pode ser comido cru, assado, cozido e hoje faz parte do cardápio de muitos restaurantes famosos. O pinhão desenvolvese numa esfera chamada pinha e tem um diâmetro de aproximadamente 20 cm e pode abrigar cerca de 90 sementes ou pinhões. O reflorestamento acontecia através de pássaros como a gralha azul e certos roedores que escondiam a semente para comê-las posteriormente, e esqueciam do local. A semente germinava e gerava assim uma nova árvore. Infelizmente nossos madeireiros assim não pensavam e somente destruíram. Hoje encontramos os pinheiros apenas em algumas áreas de preservação permanente, alguns parques, em propriedades particulares e em áreas de reflorestamento, geralmente para a fabricação de papel. Suas folhas são pontiagudas e formam espinhos, motivo pelo qual é necessário certo cuidado para manusear seus galhos.

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O pinheiro é a árvore símbolo da bandeira de nossa cidade, do nosso estado e está em todas as partes, faz parte da decoração das calçadas de nossas ruas pavimentadas em “petit-pavé”, onde encontramos pinheiros, pinhas e pinhões, bem como na bandeira do “Lions Clube International”, do qual faço parte, considerado em 2007 por organizaçõpes internacionais de avaliação, como o “melhor” clube de serviços humanitários do mundo. Até recentemente e ainda com licença dos órgãos ambientais, o pinheiro, quando novo, é a nossa árvore de natal. Eu tenho um carinho especial pelo Pinheiro do Paraná: tenho um pinheiro adulto no terreno de minha casa, alguns no terreno de minha fábrica, e plantei vários outros, não somente em meus terrenos. Quando viajo geralmente levo uma quantidade de pinhões e os vou plantando mundo afora. Sei que o pinheiro do Paraná necessita de condições especiais para vingar, como um clima temperado, altitude entre quatrocentos e mil e duzentos metros acima do nível do mar, condições de umidade adequada e tempo certo para colher as sementes e plantá-las. Considere-se ainda que em relação ao hemisfério norte estamos com estações invertidas de época de semeadura, sul-norte, porém nunca me importei. Quando dispunha das sementes e viajava, eu as levava e as ia plantando em parques, jardins e outros locais. Procurava colocá-las onde os jardineiros não passassem com ceifadeiras e as cortassem, normalmente no meio de arbustos ou flores. Se vingassem, poderiam ser arrancadas por ser um elemento estranho àquele ambiente. Colocava ao lado uma pequena indicação onde estava escrito “Pinheiro do Paraná - Araucária Angustifólia”. Sei que a maioria teria muito pouca probabilidade de vingar, mas se vingou não sei: nunca voltei aos locais para ver. Se alguém tiver alguma informação, por favor, me avise. Forneço aqui o aspecto das árvores quando nova e em estado adulto, nas modalidades macho e fêmea, bem como em alguns dos locais onde as sementes foram por mim plantadas. Espero assim ter dado minha contribuição para a redução do efeito estufa, do aquecimento global, e em parte para o reflorestamento (pelo menos simbólico) do nosso planeta, minimizando o efeito danoso das madeireiras e dos povos que destruíram suas florestas não se preocuparam em preservá-las. Centenas de outros lugares pelo mundo receberam as sementes do pinheiro do Paraná, mas as cenas não foram registradas por minha câmera. Não somente plantei os pinheiros do Paraná mundo afora mas, quando estive em Israel, trouxe umas sementes de tâmaras por mim colhidas de um pé em Eilat e as plantei em minha empresa, duas delas vingaram. Do Egito trouxe mudas de Papiro que vingaram muito bem no terreno de minha casa.

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A fatia do Museu de História Natural, Londres, Inglaterra

^ Pinheiro do Paraná (Araucária Angustifolia), árvore que produz os pinhões

^ Pinheiro do Paraná, (Araucária Angustifolia: essa não produz pinhões)

< Pinheiro do Paraná (árvore jovem)

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Ao lado do Tamisa, próximo ao parlamento, Londres, Inglaterra

Junto à estátua de Robert Falcon Scott, Capitão da Marinha Real, Londres

No jardim, atrás do povo , Paris, França

Eu informei que era proibido, porém a Georgina disse que ficaria muito lindo aí no Louvre

Parque de exposições Batimat , Paris, França

Próximo ao Coliseu, Roma, Itália

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Junto ao Castelo Sant’ Ângelo, Roma, Itália

Junto à Via de São Gregório, Roma, Itália

Junto à igreja de Sta. Maria e São Francisco, Roma, Itália

Junto ao Senado, Roma, Itália

Pátio interno da Basílica, Pisa, Itália

Praça dos Restauradores, Lisboa, Portugal

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Próximo ao Portão de Brandenburgo, Berlim, Alemanha

Atrás do Palácio Real, Madri, Espanha

Em frente à estatua de Lope de Vega, Madri, Espanha

Em frente à essa Igreja, próximo ao Palácio Real, Madri, Espanha

Em frente à muralha, Toledo, Espanha

Junto ao arco, Fórum Romano, Roma, Itália

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Parque próximo Igreja Sagrada Família, Barcelona, Espanha

Junto à cerca do cemitério da cidade de onde partiu meu avô Materno Niedzwiedz, Polônia

Junto ao monumento ao soldado morto na II Guerra Mundial, Varsóvia, Polônia

Jardim na praça lembrando o Gheto de Varsóvia. Polônia

Jardim da Igreja Matriz, Ziebice, Polônia

Pátio do Palácio Vila Nova “Wilanów Palac”, Warsóvia, Polônia

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Às margens do Rio Nilo, Luxor, Egito

Junto às ruínas dos Templos, Luxor, Egito

Junto à lanchonete, Cedros do Líbano

Em frente ao Palácio, Fez, Marrocos

Em frente ao Hotel Sheraton Fez, Fez, Marrocos

Em frente ao Hotel Atlas Asni, Marrakesh, Marrocos

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Próximo ao Palácio Real, Rabat, Marrocos

Em frente à Catedral Católica de São Pedro, Rabat, Marrocos

Em frente ao Hotel Lês Halmohades, Tanger, Marrocos

Próximo ao Teatro Romano, Aman, Jordânia

Em frente ao Palácio Real, Atenas, Grécia

Próximo ao Hotel Meliá, México City, México

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Nesse canteiro , México City, México

Jardim Hotel Bone Entante, Quebec, Canadá

Em frente à Biblioteca, San Petersburgo, Russia

Em frente e atrás do Hotel Ukraina, Moscou, Russia

No parque, Luxemburgo

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Na Repulse Beach, Hong Kong


Em frente à Igreja Católica, Macau

No Mont Faber, Cingapura

No jardim, Jericó, Palestina

Em frente ao restaurante, Jericó, Palestina

Junto aos ciprestes, Vale dos Caídos, Espanha

Ao lado restauração da Igreja de São Paulo, Macau

Próximo estação teleférico, Cingapura

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No Jardim Botânico, Cingapura

Junto à estrada que sobe ao Palácio, Mônaco

No estacionamento da Praia da Baia de Hanauma, Hawai

Placa identificadora do árvore , Nikko, Japão

Em frente ao Hotel New Otani, Toquio, Japão

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Na Av. Harume Dori (Ghinza), Tóquio, Japão


Tóquio, Japão

Templo Dourado, na minha frente e em outros lugares, Kinkakuji, Japão

Junto ao monólito em frente ao maior templo de madeira do mundo, Nara, Japão

Santuário de Toshogo, junto ao povo, Nikko, Japão

Atrás Santuário Toshogo, Nikko, Japão

Na avenida do Museu do Santuário de Toshogo, Nikko, Japão

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Local do sermão da montanha, Jerusalém

Junto à lixeira, próximo ao Templo de David, Jerusalém

No jardim onde o “Pai Nosso” está escrito em várias línguas, Jerusalém

Na entrada para o Muro das Lamentações, Jerusalém

Junto à maquete da Antiga Jerusalém

Na entrada do Museu dos documentos do Mar Morto, Jerusalém

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Em frente ao museu Douglas E.Goldman Jewish Genealogy, Jerusalém

Junto ao mapa, Jerusalém

No jardim, Jerusalém

No jardim onde supõe-se que Jesus foi enterrado, Jerusalém

Às margens do Rio onde fazem os batizados, Rio Jordão, Israel

Junto ao muro, Old Jaffa, Israel

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Junto às ruínas, Cesaréia, Israel

No jardim, Haifa, Israel

Junto à arvore às margens do Mar Morto, Israel

Junto ao Aquarium & Marine Museum, Eilat, Israel

Junto à pequena cascata, Bet Shean, Israel

Junto à placa no Parque Vigeland, Oslo, Noruega

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Junto à arvore no Parque Vigeland, Oslo, Noruega

Em frente ao Teatro , Bergen, Noruega

Fronteira Noruega/Suécia, Comuna de Lom, Noruega. Abaixo, junto ao poste, Comuna de Voss, Noruega

Próximo ao Hotel Kro, Comuna de Kroderen, Noruega

Junto às árvores, Comuna de Luster, Noruega

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Em frente ao prédio, Comuna de Luster, Noruega

Junto à árvore, próximo à rampa de patinação, Noruega

Junto ao Museu de Biologia, Estocolmo, Suécia. Abaixo, junto ao monólito, Bergen, Noruega

No jardim ao lado da Igreja, Bergen, Noruega. Abaixo, junto ao restaurante, Brunstorps, Noruega

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Em frente ao Hotel Seaside, Elsinque, Finlândia

No arbusto junto ao Castelo, Talin, Estonia

Junto ao repuxo do Parque Tívoli, Kopenhagen, Dinamarca. Abaixo, na praça Municipal em frente à Igreja Ortodoxa, junto à placa, Tampere, Finlândia

Em frente à pequena Sereia, Kopenhagen, Dinamarca

Junto aos ônibus no Largo do Teatro, Tampere, Finlândia

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Junto à entrada da Cidade Proibida, Pequim, China

Em frente à Igreja Ortodoxa de Santo Alexandre, Tampere, Finlândia

No corredor de saída do Templo do Céu, Pequim, China

Ao lado direito do portal da Tumba da dinastia Ming, Pequim, China

Junto à árvore do muro que fala no Templo do Céu, Pequim, China

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Junto ao arbusto no Palácio de Verão, Kuan Ming, China


Palácio de Verão, atrás da placa, Kuan Ming, China

Nusa Indah Convention Hotel, Junto à piscina, Bali, Indonésia

Ao lado dos Guardiões de Pedra Os policiais pensaram que eu tinha implantado uma bomba, Pequim, China

No jardim ao lado das fontes Sagradas, Tampaksiring, Indonésia. Abaixo, em frente ao Panteão Real, Bangkok, Tailândia

Junto ao oratório em frente Restaurante, ao fundo o Vulcão extinto Batur, Indonésia

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No parque onde foi incinerado Mahatma Ghandi, Nova Delhi, India

Junto ao rel贸gio de sol do Observat贸rio Astron么mico, Jaipur, India

Na entrada do Forte Vermelho, Agra, India

Nos Jardins do Taj-Mahal, Agra, India

Jardins do Taj-Mahal, Agra, India

Tamareira trazida de Israel e plantada em Curitiba

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Tamareira trazida de Israel e plantada em Curitiba

Mudas de Papiro vindas do Egito e plantadas em Curitiba

O pinhão também nas calçadas de Curitiba

Lyons Clube, em Curitiba: araucária como símbolo

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{ o ferr o como e l e m e n to con s t r u t i vo

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A humanidade toda está tão intimamente ligada ao ferro e suas ligas que é inútil nos atermos a considerações sobre esse produto que faz parte do nosso dia-a-dia. Porém, como fiz com os demais elementos construtivos, não posso me furtar de deixar algumas pequenas pinceladas sobre esse nobre produto, suas aplicações e algumas obras com as quais cruzei em meu “Roteiro de Engenheiro”. Instrumentos de ferro foram encontrados nas pirâmides de Gizé, no Egito, bem como os produzidos por sumérios que habitavam a região do Eufrates há mais de sete mil anos, que os fabricavam com de ligas de ferro retiradas de meteoritos recolhidos na região. Entre os chineses e indianos há vestígios do emprego desse material desde cerca de 2.000 anos a.C.; gregos e romanos exploravam minas de ferro e a forjaria desenvolveu-se na idade média entre árabes e outros povos que posteriormente foram incorporados pelos povos da Alemanha, Espanha e França. As forjas deram origem aos alto-fornos, desenvolvidos na Alemanha em 1350 e posteriormente na Inglaterra em 1500. Com essa tecnologia, os países tiveram grande crescimento econômico e importância política no contexto das nações nessa época. O aço é empregado em toda atividade humana, nas mais inimagináveis possíveis. Em tudo, dependente da engenharia para sua fabricação, conformação, estabilidade e aplicabilidade. Encontramos o aço nas construções em aço e no concreto armado, nos trens e ferrovias, nos navios, aviões, automóveis, máquinas, tratores, móveis, defensas rodoviárias, nas pontes, utensílios de cozinha, latas de sardinha, usinas hidrelétricas e atômicas, tubos condutores de água, petróleo, produtos químicos, cabos de aço, grampos de cabelo, portas e janelas, computadores, armamentos, instrumentos médicos e recomendo ao leitor encontrar mais algumas aplicações. Citarei como exemplo a vedete de todas as construções metálicas perdidas por esse mundo. Nem preciso dizer que se trata da Torre Eiffel, em Paris, construída para as comemorações do centenário da Revolução Francesa. Foi concebida pelo engenheiro Alexandre Gustave Eiffel (1832 - 1926). Mais de 50 engenheiros participaram da concepção de 5.300 desenhos e fabricação de 18.038 peças, 2.500.000 rebites, num total de 9.537 toneladas de peso. Cerca de 230 empregados trabalharam por dois anos para construir esse monumento, que conta com 1.665 degraus e vários elevadores que levam os turistas a atingir seus 300 metros de altura. Na época a construção mais alta do mundo, foi inaugurada em 31 de março de 1889. Muito embora fortemente criticada por sua concepção e pelo custo de construção, o empreendimento tornou-se completamente viável: ao final do primeiro ano desde sua inauguração, cerca de 75% de seu custo já havia sido amortizado. Atualmente, cerca de seis milhões de pessoas a visitam anualmente. Já recebeu a visita de mais de 200 milhões de turistas. Paris não seria Paris sem a Torre Eiffel.

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Ao lado, Torre Eiffel, Paris, França. Acima, sua base.

Outra base. Ao lado, Torre de transmissão. Tóquio, Japão

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Soberba a estrutura tensionada do Estádio Olímpico de Munique, na Alemanha. A elegância de seu traço arquitetônico, a suavidade de suas linhas, a leveza de seus painéis e a harmonia de suas curvas compõem uma sinfonia construtiva que necessita de um Ludwig van Beethoven para compor e reger em sua homenagem. Felizes os atletas que puderam e podem jogar nesse belo templo do esporte.

Estádio Olímpico, visão geral, Munique, Alemanha

Estádio Olímpico, leveza de uma borboleta, Munique, Alemanha

Estádio Olímpico, sinfonia construtiva, Munique, Alemanha

Estádio Olímpico, o elo de união, Munique, Alemanha

A imensa estrutura do Millenium Park em Chicago, Estados Unidos, impressiona pelo descomunal vão, vencido pelas sinuosas curvas de sua estrutura, pelo magnífico projeto arquitetônico e pelo visual alegre e arejado.

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Milenium Park, imensidão, Chicago, EE.UU

Milenium Park, projeto arrojado, Chicago, EE.UU

Centro Charles Pompidou, Paris, França

Epcot Center, Orlando, EE.UU

Fórum dos Arcos, Paris, França

A “piramidinha”, Museu do Louvre, Paris, França

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Detalhe do teto da Pirâmide, Museu do Louvre, Paris, França

Canhão caprichado, Torre de Londres, Inglaterra

Bonito aço Forjado, Catedral de São Paulo, Londres, Inglaterra

Manutenção de cedro, Cedros do Líbano

Ponte Pênsil, Estreito de Bósforo, Istambul, Turquia

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“Cuidado, tem um touro solto no campo!” Que nada, é mais uma importante obra de engenharia. A placa promocional de um conhecido grupo fabricante de bebidas da Espanha divulga seus produtos. Se notarem, a placa necessita de uma forte estrutura de sustentação em que é necessário analisar em primeiro lugar a licença ambiental, para verificar se os órgãos competentes permitem a instalação da propaganda naquele local. Posteriormente, é preciso analisar o solo e ver se ele comporta o peso do suporte e da placa, executar as fundações, analisar a força dos ventos, calcular a estrutura necessária para suportar o empuxo dos ventos e o próprio peso, transportar e instalar a placa. Depois de todo esse trabalho, brindemos com uma gostosa bebida Osborne.

O touro, Espanha

Atomium, Bruxelas, Bélgica

Passarela, Copenhagen, Dinamarca

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Passarela, Copenhagen, Dinamarca

Ópera de Arame, Curitiba, Brasil

Jardim Botânico, Curitiba, Brasil

Singelo apoio de cesto de basquete, Belgrado, Iugoslávia

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{ o ba mbu como e l e m e n to con s t r u t i vo

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Há muitos anos trabalho com estruturas metálicas temporárias como andaimes, escoramentos, palcos e arquibancadas. Chegando a Hong-Kong, Xangai e Macau, percebi que para esse tipo de serviço os orientais usam equipamentos perfeitamente enquadrados nas Normas Européias EN-74, ou nas Normas Britânicas BS1139. Como tais produtos têm precedência aos metálicos europeus, as normas deveriam ser as chinesas e não as européias, pois sua eficiência está perfeitamente comprovada. É evidente que tais obras de engenharia não poderiam deixar de ser relatadas em “Roteiro de Engenheiro”. A milenar sabedoria oriental emprega com sucesso o bambu, um material da espécie das gramíneas que tem sua origem nas zonas úmidas da Ásia e Américas. Seu caule pode atingir até trinta metros de altura e um diâmetro de até dez centímetros. Por ser oco e com fibras longas e fortes, isso faz dele um excelente material para construções, móveis e diversas utilidades. Alguns exemplos a seguir nos deixaram fascinados por seu desempenho como andaimes na construção de grandes edifícios, na beleza de construções típicas, na originalidade dos móveis, seu sistema de fixação por meio de delgadas abraçadeiras plásticas. É evidente que o desenvolvimento econômico da China com produtos da mais alta tecnologia produz hoje sistemas de andaimes e escoramentos que nada ficam a dever ao que de mais moderno existe nos centros europeus e americanos, porém o bambu ainda continua tendo ampla atuação no setor da construção de grandes edifícios, mesclando-se aos elevadores de cremalheiras, centrais de concreto e gruas.

Hong Kong

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A fixação

Hong Kong

Hong Kong

Macau

Macau

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Passarela, Xangai

Xangai

Recuperação de ruína, Macau

Quiosque de estrada, Indonésia

Conforto e beleza, Ubud, Indonésia

O conjunto, Ubud, Indonésia

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Cobertura de sampa, Hong Kong

Leve e fácil, o andaima chega à obra, Hong Kong

Magnífica construção, Ubud, Indonésia

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{ o conc r e to a r m a d o como eleme n to con s t r u t i vo

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Como diz o nome, o concreto armado é uma composição cimentícia onde entram os componentes cimento (aglomerante) e agregados (brita e areia) mais água, de um lado, como elemento sujeito à compressão. Do outro, o aço, como elemento sujeito à tração.Forma-se assim um casamento perfeito, possibilitando o desenvolvimento de estruturas das mais variadas concepções e formas, utilizadas em todo tipo de construção e trazendo alegria ao coração dos arquitetos pelas imensas possibilidades arquitetônicas. Trazendo também uma grande dor de cabeça aos calculistas e construtores que têm que calcular e construir essas concepções muitas vezes irrealizáveis de nossos arquitetos. “O papel tudo aceita”. Para que o concreto surgisse, era necessário existir um elemento aglomerante, e as primeiras notícias desse elemento aglomerante datam do século II a.C., uma areia vulcânica denominada “pozolana”, encontrada no sul da Itália, região de Pozzuoli, próximo a Nápoles. Essa areia reage quimicamente com cal e água, endurecendo e dando consistência de uma pedra, possibilitando a sua aplicabilidade em construções como pedras ou geralmente como elemento de enchimento em obras de pedra e tijolos, ou ainda como elemento aglomerante desses materiais. A “pozolana” não era fluida, era uma massa e necessitava ser preenchida à mão em camadas e compactada. Como não desintegrava mesmo submersa, foi usada em edificações, em pontes e canais. Considerando sua origem, foi mais usada na região de Nápoles e Roma, onde se encontram inúmeras obras empregando esse material, que propiciou grande desenvolvimento dessas regiões.

Pozolana em ruínas, próximo ao Fórum Romano, Roma, Itália

A Pozolana, Roma, Itália

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As técnicas construtivas continuaram sendo executadas com os métodos convencionais, muito embora vários estudos estivessem em desenvolvimento. Até que o inglês Joseph Aspdin aquecendo alumina e sílica até o ponto de fusão conseguiu obter um aglomerante ou cimento que chamou de “Portland”, porque quando endurecido assemelhava-se a pedras originárias da ilha de Portland. Aspdin patenteou sua invenção, que foi utilizada largamente. Tínhamos o concreto. Em 1850, um fazendeiro francês chamado Jean Louis Lambot utilizou barras de ferro e telas de arame para construir barcos, surgindo assim o concreto armado, ou uma “argamassa armada”. Depois do passo inicial as invenções foram possíveis e hoje toda a humanidade é testemunha desse miraculoso material que nos tem brindado com as mais impressionantes obras de engenharia moderna, atingindo patamares que antes julgávamos impossíveis: edifícios que querem competir com a Torre de Babel e atingir o céu são construídos um após o outro em vários países; pontes e viadutos com vãos incríveis vencem os mais largos rios e vales entre montanhas; barragens para contenção e usinas hidrelétricas assumem proporções gigantescas; pistas de estradas e aeroportos suportam cargas incríveis. Com o avanço das técnicas, estruturas em balanço possibilitam projetos arrojados e construções em casca de muito pouca espessura permitem vencer vãos muito grandes. Os elementos pré moldados aceleram o andamento das obras. Técnicas modernas e adição de vários componentes conferem ao concreto melhor desempenho no que tange a uma melhor resistência inicial e comportamento mais confiável ao longo da vida útil das obras. O concreto “protendido” permite a obtenção de maiores vãos e espessuras mais delgadas. Muitas construções de grandes edifícios brindam sistemas mistos entre estrutura e perfis de aços laminados e concreto ou somente aço, com pisos e paredes em concreto, ou empregando o sistema “dry wall” para as paredes. Em cada país a técnica difere, dependendo do avanço da tecnologia em cada contexto. A sucessão de novas tecnologias somente interfere de maneira positiva, possibilitando obter cada vez mais complexas e seguras obras, de maneira mais econômica e no menor tempo possível. Sem comentários, alguns belos exemplos de grandes obras empregando esses tipos de métodos construtivos.

Cingapura

Cairo, Egito

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Hong Kong

Hong Kong

A”Pisa” de Madri, Espanha

Disneylandia, Orlando, EE.UU

Leveza, Toronto, Canadá

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Uma das maravilhas do mundo da engenharia, Toronto, Canadรก

Xangai, China

Xangai, China. Abaixo, uma imagem, Nova York, EE.UU

Xangai, China

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Itaipu Binacional A Usina hidrelétrica Itaipú foi construída em Foz do Iguaçu, no Rio Paraná que passa pelo estado com o mesmo nome, no Brasil. A cidade faz fronteira com o Paraguai, e a usina foi considerada como uma das “Sete Maravilhas do Mundo Moderno” na área de Engenharia pela revista Popular Mechanics dos EE.UU., baseada em pesquisa feita junto a ASCE – Associação Norte Americana de Engenheiros Civis, em 1995. É uma das maravilhas da engenharias brasileira e paraguaia e situa-se no Estado em que moro. Os dados representativos da construção dessa usina são impressionantes: atualmente é a maior usina existente no Mundo, que será superada tão somente pela usina de Três Gargantas, que está sendo construída no Rio Yang-Tze, na China, porém, devido ao regime de águas no Yang-Tsé, não se acredita que produzirá mais MW do que Itaipu. Suas 20 turbinas Francis com capacidade de 700 MW compõem uma possibilidade de geração de 14.000 MW. A construção necessitou da atividade de cerca de 40.000 pessoas, teve inicio em 1971 e foi concluída em 1.982. A usina tem capacidade de gerar em média 90 milhões de megawatts-hora (MWh) por ano, podendo atingir 100 milhões em condições favoráveis de chuvas e operacionalidade. Normalmente quatro turbinas permanecem paradas, sendo duas em reparo e duas de reserva técnica. A Usina supre em 95% as necessidades de energia do Paraguai e pode atender cerca de 24% da demanda brasileira. A quantidade de concreto armado na usina de 12.570.000 de metros cúbicos daria para construir 210 estádios de futebol iguais ao do Maracanã, no Rio de Janeiro, e é superior em 15 vezes o volume empregado no Eurotúnel. O volume de escavações corresponde 8,5 vezes a mais que as escavações feitas no Eurotúnel sob o Canal da Mancha, entre Inglaterra e França. O aço utilizado em sua construção poderia edificar 380 Torres Eiffel. Será necessário queimar 434.000 barris de petróleo por dia em plantas termo-elétricas para equivaler a potência gerada por Itaipú. A barragem principal tem 196 metros de altura, equivalente a um edifício de 65 andares, e toda a barragem estende-se por 7.700 metros. A vazão de apenas duas turbinas consome 1.400m3/segundo, equivalente a toda a vazão das Cataratas do Iguaçu, que é de 1.500 m3/segundo. Incontestavelmente equipara-se àquelas maravilhas construídas pelos povos antigos, é uma obra para muitas gerações e merece, pela grandiosidade, a atenção da engenharia mundial, por comprovar a capacidade do ser humano em domar a natureza e produzir uma energia limpa e sustentável. Hoje aberta à visitação pública, inclusive com iluminação monumental à noite. A poucos quilômetros de Itaipu, pode-se avistar também as magníficas Quedas do Iguaçu, com o Parque Biológico, passeios de barco até a Garganta do Diabo, montanhismo em seus paredões escarpados e o indescritível mercado de compras em Ciudad Del Este, no Paraguai, onde encontramos todos os tipos de mercadorias do mundo todo. A grande rede hoteleira de excelente qualidade faz de Foz do Iguaçu um local privilegiado para qualquer tipo de turismo técnico ou de lazer. [ 1 7 4 ]


Um formigueiro humano em sua construção

A Barragem

Um vagão ferroviário pode circular por dentro de um desses tubos Uma das turbinas

A tubulação

Espetáculo de som e luzes para todos verem

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{ os t e m plo s

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}


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As catedrais, as mesquitas, as sinagogas e os templos de vários cultos religiosos refletem o espírito da contemplação da espiritualidade dos povos e de suas crenças nos deuses. É, sem dúvida alguma, a religiosidade que consegue fazer esse mundo tresloucado de tanta agitação, tantas guerras, tantas disputas e tantos crimes, tornar-se melhor, menos tenso e um pouco mais harmonioso. Templos de todas as religiões conseguem carregar imensas multidões para seus cultos, vivenciando assim a necessidade da humanidade em prestar sua homenagem ao criador supremo. Em seu esplendor, refletem também a história de uma época: a época de concepção do estágio da religiosidade dos povos que financiaram essas obras, dos governantes que apoiaram tais empreendimentos com prestígio, doações e licenciamentos. O legado é imenso em todo o mundo, por isso considero impossível poder visitá-los todos e também impossível descrever o que olhos contemplam de tanta beleza e tanta harmonia que encantam seus ocupantes num ato de humildade, meditação, agradecimento e elevação do espírito de povos aos seus deuses. As construções desses monumentos muitas vezes levaram séculos para serem concluídas, principalmente por falta de recursos financeiros e pelas dificuldades construtivas. Imagino a dificuldade em suas concepções, planejamentos e detalhamentos: os mestres escultores, os mestres em formatar detalhes para peças fabricadas em canteiros, as imagens dos vitrais, entre outros. Tudo tão minuciosamente desenhado para seu respectivo lugar e sem a ajuda de computadores que hoje, com imensa facilidade, proporciona o deslocamento e a criação de detalhes. Presto aqui a minha homenagem para aqueles arquitetos que sobre projetos se debruçavam, e acredito que muitos deles passaram toda sua vida numa única obra, cercado por dezenas de técnicos e desenhistas. Com o fim do período feudal, o povo e a burguesia necessitavam demonstrar sua importância: as catedrais eram ao mesmo tempo a casa de oração e também a casa do povo para várias manifestações; e quanto mais suntuosa fosse a sua igreja, mais se firmava a cidade como centro de poder político, comercial e religioso, daí a suntuosidade que a elas pretendiam dar. Nessa época, o estilo gótico teve seu melhor desenvolvimento na França no final do século XII e foi se espalhando por toda a Europa. A Catedral de Milão, na Itália, é um magnífico exemplo do estilo gótico lanceolado, onde se acentua o “verticalismo”, com muitos arcos estilo ogival acentuado, muitas abóbadas, colunetas e arcobotantes muito decorados e a suntuosidade de suas fachadas. Deixarei que as imagens expliquem melhor.

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A fachada

A fachada lateral

As torres

Acima, as colunas. Abaixo, os arcobotantes

As torretas

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Quarenta e quatro anos da vida do extraordinário arquiteto catalão Antonio Gaudi (1856 – 1926) foram dedicados à Igreja da Sagrada Família em Barcelona, na Espanha. Iniciada em 1882 e ainda não concluída, foi uma conspiração dos estilos anteriormente existentes. Concebida no estilo “Art-Nouveau”, o arquiteto procurou exprimir toda sua fantasia criativa em que tortuosas formas esculpidas representam cabeças de animais, formas humanas e gotas de lágrimas, além de tudo mais que imaginou. As torres encimadas por cruzes como imponentes carvalhos procuram atingir o céu para elevar as preces dos crentes. A obra merece ser visitada, e o visitante também deve colocar a sua suposição para aqueles sinuosos e impressionantes traços.

A Sagrada Família

O céu é o limite. Abaixo, a Catedral inacabada

Corpos, cabeças, lágrimas

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Em homenagem a Buda, encontra-se em Nara, no Japão, o Templo Todaiji, o maior templo em madeira no mundo. A estátua em bronze de Buda, a bela arquitetura, suas impressionantes pilastras em tronco único de madeira e a grandiosidade do templo não deixam de chamar a atenção dos especialistas e da fé dos crentes.

O maior templo de madeira do mundo, Templo Todaiji

Buda em Bronze, Templo Todaiji

Pilastras incríveis

Serviços de manutenção

Somente superada em tamanho pela mesquita de Meca, a Mesquita em Casa Blanca, no Marrocos, conta com arquitetura em linhas clássicas árabes, arcos, colunas, paredes rendilhadas de azulejos multicoloridos e enormes espaços. É um convite para que os fiéis compareçam para suas orações e para admiração dos leigos.

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Acima, Mesquita Hassan II - A torre. Ao lado, o imenso portal

O belo telhado da Igreja de São Matias em Budapeste, o esplendoroso vitral da Basílica de São Jorge em Praga.

São Matias, Budapeste

São Jorge, Praga

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Os homens e mulheres devem ter suas pernas cobertas e retirar os sapatos para poder visitar a Mesquita Jamma Masjid. Templo Sik, em Nova Delhi, na India, e seu magnífico pátio interno e as figuras representativas sobre o telhado de um templo indiano em Cingapura.

Mesquita Jamma Masjid, Nova Delhi, India

Templo Sik, Nova Delhi, India. Abaixo, telhado estilizado, templo indiano, Cingapura

Pátio interno - Templo Sik, Nova Delhi, India

As igrejas ortodoxas russas são um verdadeiro festival de beleza e encantamento pela riqueza dos detalhes, por suas cúpulas graciosas e coloridas, pelas centenas de imagens em suas paredes configuradas. Nas páginas seguintes, outros belos exemplos de templos em vários locais que meus olhos não se cansaram de admirar.

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Ao lado, junto ao canal Gribojedov, Igreja de Nosso Salvador do Sangue Derramado, o local onde foi assassinado o Tzar Alexandre II, em 1881, acima, detalhes. S達o Petersburgo, Russia

Igreja Heddal, Noruega

Catedral de S達o Basilio, Moscou, Russia

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Mesquita Mohamed Ali, Cairo, Egito

Átrio Mesquita Mohamed Ali, Cairo, Egito

Templo Asakusa Kanon, Tóquio, Japão.

Templo Budista, Niko, Japão.

Igreja Ortodoxa - detalhes, Talin, Estônia

Igreja Ortodoxa, Talin, Estônia

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Mesquita Azul, Istambul, Turquia Pagode, Templo de Dawn, IndonĂŠsia

Catedral Protestante (e Temppeliaukiu, escavada na rocha sendo o semi-arco superior em cobre), Helsink, Finlândia. Abaixo, bela mesquita no Bahrain

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Templo do Buda de Jade, Xangai, China. Abaixo, Mesquita de 5 Torres, Muscat, Oman


Templo do Céu, Pequim. Ao lado, esculturas em pedra de mármore sem emendas

O Templo Sanjugendo foi contruído em 1164 e abriga 1001 imagens douradas da deusa de 1000 braços. Kyoto, Japão.

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{ r e l ig i 達 o

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O caro leitor vai se perguntar o que tem a ver religião com roteiro de engenheiro. Eu afirmo que tudo tem a ver, pois qual foi o supremo engenheiro que materializou essa fabulosa construção do nosso universo e sua harmonia? Deu forma, vida, estabilidade, calor, frio, dia e noite. Quem criou o átomo, os microorganismos, os peixes, as aves, os animais e o homem? Hoje nos admiramos com as possibilidades cada vez maiores dos computadores, quem teria desenvolvido o maravilhoso computador que é o nosso cérebro? Não foi, por acaso, um Ser que é ao mesmo tempo um engenheiro, um físico, um químico, um filósofo? E que pensou para criar esse maravilhoso, entre todos os outros, órgão do corpo humano que é capaz de, em milionésimos de segundo, projetar nosso pensamento para décadas atrás, planejar uma ação futura, manter o equilíbrio de um surfista em uma prancha nas ondas revoltas do mar, emitir uma ordem para qualquer parte do corpo como uma sensação de calor, de frio ou de dor. Ou ainda, criar aquela sensação de paz ou de horror, aquela afetuosidade do amor, ou mesmo o destempero do desprezo. Aconselho solicitar a um cientista ou a um médico explicações sobre as maravilhas da mecânica, da hidráulica, da química e da física que envolvem qualquer órgão do corpo humano: os anti-corpos que nos previnem de infecções ou a propriedade da pele se recuperar depois de ferida. Transforme tudo isso para os milhões de animais, vegetais e seres inanimados que compõem nossa terra, que está em perfeita harmonia com o universo. Isso tudo não nasceu por acaso, isso tudo simplesmente não ocorreu de uma evolução. Houve um planejamento, uma engenharia, um construtor. Se pensarmos no átomo, o nosso corpo, toda matéria e até a tinta do ponto final de uma frase é composta de átomos. Ou seja, são elétrons circulando em torno do núcleo que concentra uma grande massa e um imenso campo elétrico, e os elétrons giram em torno do núcleo a uma velocidade de até 1.000 quilômetros por segundo. Um átomo é extremamente pequeno e concentra-se no seu núcleo. Portanto, toda matéria composta de átomos é um imenso vazio, sendo que o volume do núcleo é 10.000 vezes menor que todo o átomo. Segundo Lord Ernest Rutherford, pai da teoria atômica, o núcleo em relação ao átomo seria como um pernilongo voando dentro de uma catedral. Se conseguíssemos reduzir todos os vazios do corpo humano, seríamos reduzidos a menos que o volume de um grão de areia do mar. Continuando as comparações, vemos a semelhança entre os elétrons circulando ao redor do núcleo com os planetas ao redor do sol e seus imensos vazios. Isso dentro da Via Láctea, que também tem seu movimento próprio no universo das demais constelações que o compõe. Quem planejou tudo isso? A partir dessa teoria, dos imensos vazios do átomo, do sistema solar e do nosso universo, eu chego à conclusão que o corpo de Deus, como o nosso, é formado desses imensos vazios e por todo o universo. Alguns afirmariam que dessa forma Deus não poderia ser perfeito. Como explicar as guerras, os crimes, os holocaustos, os produtores e traficantes de drogas, os fabricantes de armas e os países que os acobertam, os atos terroristas e os terremotos que ceifam milhares de vidas? Tudo isso faria o corpo de Deus imperfeito! Pensem que isso pode fazer parte dos planos de Deus para controlar a expansão da raça humana e suas conseqüências devastadoras em nossa [ 1 9 0 ]


terra ou, fazendo uma nova comparação, até poderia ser como o pernilongo de Rutherford dando uma picada no corpo de Deus. É evidente que em função de tudo isso meu pensamento é sinceramente voltado a acreditar num Deus, criador supremo. A ele deveremos devotar nossa fé, nossa esperança de uma vida após a morte e então usufruir dos outros mundos que com certeza serão tão ou mais bonitos que o nosso planeta terra. Desculpem-me os céticos, pois é impossível justificar o injustificável. Quando circulamos pelo mundo, vendo a fé da população, perguntamos o porquê das guerras se todos nós partimos de uma fonte única e por que judeus e árabes há anos vem se destruindo, o porquê das cruzadas, do holocausto em que milhões de judeus foram dizimados pelas hostes nazistas, e tantos outros que morreram em outras guerras a partir dos avanços de Alexandre Magno que desde 334 a.C. conquistou toda Ásia, além dos avanços de Napoleão, da I e II guerras mundiais, e de outras guerras pelo mundo. Perguntamos o porquê dos atentados terroristas, quando milhares de vidas foram extirpadas da face da terra. Afirmo que a causadora disso tudo é a sanha pelo poder de alguns chefes de estado, de muitos líderes religiosos e dos fabricantes de armamentos; pois o povo comum somente quer paz e liberdade para poder trabalhar, sustentar sua família, viver feliz e reverenciar seus Deuses. Toda religião é boa e deve ser respeitada quando seus líderes são dotados de sinceridade e não de ganância, como ocorre com muita freqüência. O Deus supremo manifestou-se aos diversos povos por seus profetas como Jesus, Maomé, Moisés e Buda, de acordo com os entendimentos, costumes e sistemas dos povos a quem pretendia transmitir sua mensagem de amor, de paz e cordialidade, infelizmente incompreendida por muitos.

Judeus no “Muro das Lamentações”, Jerusalém

Muçulmanos na Mesquita Kahn Kalili, Cairo

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Católicos do Haiti no Vaticano

Evangélicos nos Jardins do Santo Sepulcro, Jerusalém

Budistas orando para o Daibatsu, Kamakura, Japão

Ortodoxo com sua bíblia, Igreja do Santo Sepulcro, Jerusalém

Chinesa idosa orando para Buda

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Católicos na missa, Seul, Coréia


Padres cat贸licos em ritual religioso, Vaticano

Monjes budistas em ritual religioso, Xangai, China

Cat贸licos aguardam para ver seu l铆der espiritual, Vaticano

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{ estrutur a s t e m p or รก r i a s

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O leitor desses relatos deve pensar que Rubens passou a vida viajando e assim nos trouxe todas essas imagens. Na verdade minhas viagens foram feitas em períodos normais de férias dentro de minhas atividades profissionais e, normalmente, em períodos de vinte a trinta dias. Continuo trabalhando diariamente em minha empresa e, muito embora a idade comece a criar complicadores, pretendo continuar a desfrutar desse imenso prazer que é viajar, conhecer pessoas e lugares, contemplar suas obras, admirar seus jardins, orar em seus templos, saborear seus pratos típicos, seus vinhos, ouvir o som de seu tresloucado tráfego ou a harmonia de uma orquestra sinfônica, bem como o canto dos passarinhos ou o murmurar tranqüilo da água caindo numa cascata. A atividade principal de minha empresa está ligada à estruturas temporárias, que são as heroínas anônimas das quais ninguém se lembra. Sem elas, quase a totalidade dos monumentos relatados não existiriam, pois seus construtores não teriam como construir arcos, abóbadas, paredes, pontes, catedrais e palácios. Sem o escoramento os arcos e as abóbadas não seriam possíveis, pois precisamos dele para colocar a sua “chave” ou o seu fechamento. As lajes, pontes e viadutos não poderiam receber suas formas para efetuar a “concretagem”. A obra não existiria. Corridas de automóveis e outros eventos esportivos exigem arenas ou arquibancadas, shows de música, comícios de políticos e outras apresentações sociais ou religiosas exigem palcos com todos os seus complementos: como asas para telões, estruturas para equipamentos de som e iluminação, cercas de proteção contra invasão, camarotes para acomodar os artistas e eventualmente convidados especiais, banheiros químicos para o público, grupos geradores de emergência, catracas para portarias e inúmeros outros apetrechos para que o espetáculo se realize. Barracas de lona complementam os equipamentos para eventos e para feiras. Máquinas, prédios industriais, prédios públicos, tanques de petróleo, silos e armazéns, túneis e barragens, navios e aviões, estátuas e monumentos e várias outras obras exigem andaimes para construção ou manutenção. A madeira foi um elemento importante para a execução de todas essas obras durante algum tempo. Hoje, devido aos problemas ambientais e de segurança, a madeira foi substituída pelo aço para a fabricação de andaimes, escoramentos, elevadores de obras, gruas, entre outros. Material esse que empresta maior segurança, maior rapidez de execução, maior durabilidade, menor espaço de estocagem, maior conformidade para os cálculos estruturais e melhor modulação. As estruturas temporárias metálicas devem obedecer a padrões de qualidade e normalmente são regulamentadas por Normas Técnicas dos países onde operam. Em países em desenvolvimento ainda encontramos muitas obras sendo escoradas com madeira que é, muitas vezes, mais barata do que as estruturas metálicas. Minha empresa, fundada em 1965, sempre se dedicou à prestação de serviços, venda, locação e manutenção de equipamentos para a área da construção. Ao longo do caminho sofreu transformações, e hoje praticamente todo o nosso empenho desenvolve-se na área de estruturas metálicas temporárias para venda e locação, incluindo montagens. Fabricamos andaimes de quadros, andaimes de fachada, [ 1 9 6 ]


andaime multi-direcional, escoras, escoramentos e estacionamento paletizado. Quando solicitado um determinado tipo de serviço, elaboramos um estudo de viabilidade técnica: analisamos a obra e, se necessário, um cálculo estrutural que, eventualmente enquadrado nos padrões existentes, afirma que existe a possibilidade de execução dentro do prazo e orçamento solicitado pelo cliente. Sendo viável, executa-se um orçamento e, uma vez aprovado, elabora-se um projeto para aquele tipo de obra, o qual é submetido à aprovação do cliente. Executa-se a obra. O sistema de andaime multi-direcional é um sistema onde as verticais, horizontais e diagonais são acopladas de maneira simples por meio de cunhas, com uniões de oito posições fixadas nos elementos verticais a cada 50 cm, que possibilita os mais variados tipos de montagens. Entre locações, serviços e montagens executados por nossa empresa, já ultrapassamos o marco de 50.000 obras realizadas, entre elas poderemos citar algumas, das quais os contratantes eventualmente nem mais se lembram. Copa Davis de Tênis: por sucessivos anos temos montado as arenas para esse importante evento esportivo, e é evidente que as arenas variam de tamanho anualmente em função das reais possibilidades de nossos atletas para o importante campeonato. Algumas das imagens a seguir referem-se a uma arena com capacidade para até catorze mil pessoas, com vinte e oito níveis de assentos, altura de 12 metros e cerca de 500 toneladas de equipamentos. Bancos convencionais, bancos com cadeiras, camarotes, áreas “vip” com cobertura, elevadores para as áreas “vip”, etc. A estrutura é montada em quarenta e cinco dias, o evento ocorre durante 3 dias, e a desmontagem é feita em 20 dias. Essa arena foi montada nas cidades do Rio de Janeiro e Florianópolis e o material foi deslocado desde nossa sede em Curitiba até os locais do evento.

O público

A Arena

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A festa

A lateral

A estrutura

Nas fotos acima: os arcos por cima, os arcos por baixo e os degraus

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O sistema


Stands, palcos, passarelas, escadas de acesso, escoramentos e estruturas para manutenção industrial compõe o rol de nossas atividades para pequenos e grandes eventos. Os serviços não se restringem apenas a montagens e desmontagens dos eventos, mas também serviços de manutenção, logística, cargas e descargas tomam boa parte do tempo de nossas equipes de manutenção. Os exemplos que seguem ilustram essas atividades, como o stand para uma feira agropecuária no Rio Grande do Sul, estruturas de escoramento, outra de manutenção industrial, e outra de manutenção de uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno (infelizmente essa obra foi realizada por nosso concorrente).

O stand

A montagem

O show do cliente

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A estrutura

Escoramento de lage

Escoramento de lage nervurada

O sistema e as formas

Vista inferior

Manutenção de silos

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Escada de acesso à obra

Torre de Observação florestal

Manutenção de uma das 7 maravilhas do mundo

Terminado o evento ou a manutenção a estrutura temporária sai de cena, a obra é concluída, e logo ninguém mais se lembra dessa importante obra de engenharia. Sem ela, a obra não existiria. Minha empresa além das montagens, locações dos equipamentos trabalha também com outros produtos ligados à área de engenharia, como a fabricação de fibras plásticas para reforço secundário do concreto, fabricação de estacionamento paletizado, revenda de mantas asfálicas e produtos para impermeabilização, de telas para sinalização e proteção de obras, geotexteis e produtos para geotecnia. Três filhos, esposa e uma equipe de cerca de cem funcionários entre executivos, engenheiros, técnicos, montadores e trabalhadores possibilitam o desenvolvimento de minhas atividades empresariais.

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{ j a r din s

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“Os Jardins Suspensos da Babilônia” faziam parte de uma das “Sete Maravilhas do Mundo Antigo”. Infelizmente na relação das “Sete Maravilhas do Mundo Moderno” não vimos nenhum jardim contemplado com essa aura, porém acredito que muitos dos que por aí estão para serem admirados poderiam receber essa distinção. A engenharia agronômica aliada ao design é a ciência que entra em campo para nos brindar com essas maravilhas que enchem de admiração e satisfação os nossos sentidos. A criatividade de nossos projetistas dá forma aos arbustos, às flores e cores criadas pelo Divino, e proporciona espaços de paz, de descanso e de amor. Aos engenheiros agrônomos cabe a função de fazer os projetos de irrigação e drenagem, verificar as condições de adaptabilidade das plantas todas, se são adequadas às condições de temperatura e de iluminação do local e os tempos certos para procedimentos, a fim de não deixar determinado tipo de planta com excesso ou falta de umidade. O engenheiro deve recomendar as épocas certas para poda ou replantio, o tipo e quantidade de adubo para cada canteiro. Tudo isso para que, em época certa, possamos desfrutar da satisfação de admirar o belo. Nosso reconhecimento aos administradores públicos que, muitas vezes, em atitudes quase heróicas, criaram esses magníficos espaços, opondo-se ferrenhamente à sanha dos incorporadores imobiliários que ali pretendiam implantar mais uma dezena de grandes edifícios. Nossa homenagem àqueles jardineiros que com seu desprendimento, com seu carinho e com seu amor, transformam em realidades esses sonhos de bem estar, esses enfeites que engalanam nossas cidades. É evidente que devem me ter fugido muitos outros exemplos de magníficos jardins, parques e praças desse mundo; porém os que consegui admirar me encheram de satisfação. Aqui ilustro alguns deles, muitas vezes me escaparam seus nomes, mas coloco os locais de sua procedência.

Wolfgang Amadeus Mozart, o mestre duplamente imortalizado, Viena, Austria Ao lado, pequeno jardim (Georgina, você não aguenta!), Old Jaffa, Israel

[204]


Palácio de Schöemburn, Viena, Austria

Varsovia, Polônia

Palácio de Versalhes, França

Jardim, Botânico, Curitiba, Brasil

Côrte de Haia, Holanda

Côrte de Haia, Holanda

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Tampere, Finlândia

Oslo, Noruega

“O Socialismo é bom”, Pequin, China

A Estrela Vermelha, Pequim, China

Xangai, China

O pavão como testemunha, Pequim, China

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A borboleta como testemunha, Montreal, Canadá

Os animais como testemunha, Jardim Botânico, Cingapura

A carruagem como testemunha, Cancum, México

A âncora como testemunha, Calais, França

O banco solitário, Cidade do México

Tranquilidade, Marken, Holanda

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Ao lado, bela parede, Capri, Itália. Acima, a satisfação do povo, Nuremberg, Alemanha

Passarela caprichada, Cingapura

Paz e sossego, Praia de Sentosa, Cingapura

Polônia

Jardim particular, Suécia

[208]


Relógio das Flores, Curitiba, Brasil

12 horas, N i a g a r a ´ s 9 1011 12 1 2 3

4

P a r k

18 juglio 1988, Nápoles, Itália

Não dá para levá-la ao supermercado, Charlote Amalie, St. Thomas

5 6 7 8

Os girasois sorrindo para os turistas, Iugoslávia

Jardins de uma plantação de arroz, Indonésia

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Com a Ăşltima imagem referente aos jardins, representados por essas simpĂĄticas senhoras que zelam pelos jardins do Templo de Kinkakuji, em Kyoto, no JapĂŁo, queremos homenagear a todos os jardineiros do mundo.

Zeladoras do Templo Kinkakuji, Kioto

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{ o s m u se u s

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}


Nosso mundo é um imenso museu vivo. A data de ontem já está definitivamente sujeita ao passado, assim como todos os atos, trabalhos e obras ontem construídas, que pertencem ao passado e poderão ser encaminhadas para museus de preservação. Os museus estão intrinsecamente ligados à vida das agências de viagens e todo programa turístico inclui esse ou aquele museu. Não adianta querer fugir deles, eles são imprescindíveis aos turistas. Cada cidade tem os seus os mais variados, para cada tipo de atividade. Seria inútil enumerá-los e dar-lhes um conceito, pois todos representam a alma de seus povos, de seus artistas, cientistas, músicos, historiadores e colecionadores. Todas as “Sete Maravilhas do Mundo Moderno”, obras, igrejas, monumentos, pontes e viadutos relatados nos capítulos anteriores desse livro fazem parte do museu da humanidade, que é a história de nossos povos e de suas obras. Visitei muitos museus e admirei as mais preciosas obras no campo da pintura, da escultura, da ciência e das artes em geral. Cansativo seria enumerar as ”Monalisas” e as “Afrodites”, pois faltaria papel para tanto, deixarei esse assunto para os especialistas. Como curiosidade, darei pequenas pinceladas sobre algumas obras que particularmente me chamaram a atenção. O antigo sempre me fascinou, portanto nada mais representativo que a máscara de ouro do faraó menino Tutancâmon. O faraó viveu há 3300 anos e seu corpo foi mumificado, envolto em treze camadas de tecido de linho dentro de um ataúde de ouro puro, por sua vez dentro de dois outros ataúdes de madeira revestidos de camadas de ouro num sarcófago de quartzo envolvido por outros quatro sarcófagos de madeira. Descoberto em 1922 intacto, Tutancâmon representa o fausto que dominava os povos egípcios na época dos faraós. Sua tumba, encontrada em Luxor, foi uma das únicas que não foram saqueadas através dos milênios. O Faraó imperou dos nove aos dezenove anos e morreu provavelmente devido a infecções causadas por uma fratura numa das pernas. Seus pertences e o corpo mumificado repousam no museu do Cairo.

A máscara de ouro de Tutancâmon, Cairo, Egito

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A Noruega é um país das mais deslumbrantes paisagens, com fiordes e glaciares. Sua história é rica e seu povo, acolhedor. Mesmo sem todos esses atributos somente por uma visita ao Parque Gustav Vigeland, em Oslo, já valeria a pena fazer uma viagem a esse país. Gustav Vigeland, esse notável escultor norueguês, esculpiu a vida, e suas obras estão concentradas em um parque que leva seu nome em Oslo. Uma oportunidade imperdível para quem visita a Noruega.

A juventude, Oslo, Noruega

A infância, Oslo, Noruega

A maturidade, Oslo, Noruega. Abaixo, a humanidade querendo atingir seus ideais no monolito (de pedra com 14 metros e 121 figuras), Oslo, Noruega

A velhice, Oslo, Noruega

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Além das inúmeras obras de artes deixadas por séculos das civilizações romanas, os mosaicos artisticamente elaborados retratam o esplendor de uma era de glorias e conquistas de um povo vitorioso nas ruínas romanas.

As ruínas, um dos museus da humanidade, Roma, Itália

Outro mosaico, Roma, Itália O mosaico, Roma, Itália

As escavações em Pompéia, na Itália, já tratadas anteriormente nesses relatos, são um documento do avanço tecnológico que já era comum nessa cidade antes da erupção do Vesúvio em 79 d.C. Podemos notar o sistema de esgotos que servia a cidade, o conforto desfrutado em suas casas de banhos, a facilidade de abastecimento representado pelos fornos de uma das dez padarias, cento e dezoito tabernas e doze lojas de tecidos, além de luxuosos edifícios públicos. Podemos observar a perpetuação da morte na pessoa petrificada pela lava: mais de duas mil pessoas pereceram nesse desastre. Depois desse acontecimento, o Vesúvio entrou em erupção por mais vinte e nove vezes, sendo a mais grave em 1631 d.C. quando morreram outras três mil pessoas.

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O sistema de esgotos, Pompéia, Itália

A casa de banhos, Pompéia, Itália

A padaria, Pompéia, Itália

A morte petrificada, Pompéia, Itália

O Parque Nacional de Bet-Shean, em Israel, é um sitio arqueológico de rara importância, pois os historiadores o consideram como uma das decápoles dos tempos de Jesus. Desaparecida em função de soterramentos e hoje em recuperação, mostram o esplendor dessa cidade os ricos detalhes de entalhes e colunatas. Banheiros públicos e sistema de esgotos nos informam sobre conhecimentos da época em hidráulica; artes e esportes são representados pelo anfiteatro e parte do que ainda precisa ser descoberto.

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Os lindos entalhes, Bet Shean, Israel

As colunatas, Bet Shean, Israel

O esgoto, Bet Shean, Israel

O anfiteatro, Bet Shean, Israel

Muito ainda por descobrir, Bet Shean, Israel

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Caim matou Abel, eis aí a primeira guerra relatada da humanidade. Essa desgraça arrasta-se por todos os tempos e ainda hoje vemos irmãos se matando por causas muitas vezes desconhecidas da maioria das populações. Povos que choram seus mortos, perdem suas propriedades, e até mesmo seus países e suas nacionalidades, levados pela soberba de seus líderes, pela disputa por um pedaço de terra e pela ganância dos fabricantes de armas. As guerras levaram a muitas conquistas, mas o resultado final foi a desgraça dos povos vencidos e vencedores. Museus retratando tais desgraças espalham-se por todo o mundo. As muralhas protetoras contra a invasão de suas cidadelas, bem como as armas de defesa e ataque são retratadas no museu de armas em Praga. As armas retratadas nessas imagens em nada se comparam ao poder destrutivo e precisão das armas modernas, porém foram as matadoras de sua época. A separação e a infelicidade do povo de uma mesma nação por mais de cinqüenta anos são retratados no museu do “Muro de Berlim”

A muralha - as armas, Praga, Checoslováquia

O muro da separação, Berlim, Alemanha

Os Vikings foram dos maiores navegadores e desbravadores dos mares que temos notícias, e a engenharia também tem suas falhas: os projetistas desse magnífico barco real sueco cuja maquete está exposta no “Nordiska Museet”, em Estocolmo, falharam. O barco ao ser lançado ao mar em 1628 afundou imediatamente, e seu casco, preservado por 333 anos no fundo do mar, foi recuperado recentemente. Cálculos atuais informam que se sua envergadura fosse cinqüenta centímetros mais larga o barco teria flutuado

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Capricho nos detalhes, Estocolmo, Suécia

O barco, Estocolmo, Suécia O corte, Estocolmo, Suécia

Os canhões defensores, Estocolmo, Suécia

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Esse cidadão retratado no Museu de Shoenbürn, em Viena, está sempre atento. Não perde ninguém de vista, pois seus olhos atentos seguem os passantes, e como numa posição de proteção seu sapato está sempre apontado para o transeunte. Nosso rei, o esportista do século, não foi esquecido e Georgina não poderia deixar de dar um caloroso abraço no Pelé no Museu de Cera em Londres.

Pintura viva, Viena, Áustria

O desportista do século, Museu de Cera, Londres

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{ cur io sida de s

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}


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O engenheiro ou viajante que percorre outro país cruza com construções, monumentos, estátuas, jardins, paisagens, símbolos e objetos que poderão não ser comuns em sua terra natal, mas o são para aqueles habitantes do local que diariamente cruzam com eles. Todas as coisas do mundo tiveram a participação do engenho humano ou Divino e sem essa condição não estariam aí para serem documentadas. Mesmo para o viajante atento que passa uns poucos dias ou até horas numa cidade, muitas vezes não é possível visitar esses locais que por mim foram flagrados e que poderão despertar interesse em muitas pessoas, como deverão existir milhões de outras curiosidades pelas quais eu passei e por algum motivo não percebi. Acredito que isso dependa da atividade principal do viajante que prende atenção mais nessa ou naquela curiosidade que o interessa. Perdoem-me os planejadores ou construtores de outras curiosidades, e até mesmo os habitantes locais, que as tem como símbolo de sua cidade, de seu país ou do seu povo, e aqui não as colocamos. Para não cansar o leitor com essas curiosidades, que talvez não lhe tragam qualquer interesse, simplesmente informarei o local ou pequenas explicações, para que procure outras interpretações.

Scroll Cave - a gruta onde foram encontrados os pergaminhos do Mar Morto. A indicação. Abaixo, a Gruta do mar Morto, Palestina

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O Pai Nosso, escrito em vários idiomas, Jerusalém. Ao lado, todos os Papas enterrados no Vaticano, Roma.

Swastika em templo budista, Nova Delhi, India. Abaixo, altar ao membro masculino, o que produz a vida. Cingapura

Swastika, a informação, Nova Delhi, India. Abaixo, o sexo vendido a peso de ouro, Pompéia, Itália

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Quartos das comcubinas, Marrakesh, Marrocos. Esquerda: afrescos bem conservados, Pompéia, Itália

Piscina para as comcubinas, Forte Vermelho, Agra, India. Abaixo, Os doze apóstolos marcam as horas, Praga, Tchecoslováquia

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Pedidos de sortilégios, Santuário de Heian, Kioto, Japão. Abaixo: Bonecos trabalhadores, Toronto, Canadá


Muitos relógios, Saint Lazáre, Paris Muitas malas, Saint Lazáre, Paris

Vendem-se penas de pavão, Nova Delhi, India. Abaixo, protetor de jardim nem tão delicado assim, Luxemburgo O Egito se faz presente, Roma, Itália. Abaixo, delicado protetor de jardim, Pequim, China

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ร memรณria de Anne Frank, Amsterdan, Holanda

Construtores enroladores, Roma, Itรกlia

A pequena sereia, sempre solidรกria aos turistas, Kopenhagen, Dinamarca

... e continuam enrolando.

Um papo gostoso, Lisboa, Portugal

Willian Shakespeare, casa e monumento ao mestre, Stratford Upon Avon, Inglaterra

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Que bicho ĂŠ esse? Old Jaffa, Israel

Ao sol do Caribe, Navio Constelation

A carranca se parece com a minha, Noruega

Secando o peixe, Hong Kong

Bons couros saem desse curtume ao ar livre, Fez, Marrocos

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Tecelão de cortinas com tear de alta produtividade, Fez, Marrocos

O auxiliar de serviços, Fez, Marrocos

Tecelões de tapetes (os direitos das crianças ainda não foram criados) Jaipur, India

A festa vai rolar! Saquê para todos. Nikko, Japão

Os ricos chineses viviam muito bem, Xangai, China

O Dragão como guardião, Xangai, China

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A cabeça do bicho, Xangai, China

Cuidado, Georgina, ele vai te pegar! Hong Kong

How Park Villa, Dragon World, Cingapura

Dragão anoréxico, Toronto, Canadá

Animais em prece junto ao Templo do Céu, Pequim, China

Gyeongbokgung, primeiro palácio da Dinastia Joseon, Seul, Coréia

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Eira, Beira e Tribeira, capricho nos beirais, Seul, Coréia

Novamente, Seul, Coréia

Dá para plantar umas flores, Noruega

Twin Pisas, Madri, Espanha

A maquete de Jerusalém no tempo de Jesus, Jerusalém

Outro ângulo, Jerusalém

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Que furacão, hein? Orlando, EE.UU

Essa tem a idade do Brasil, Bruges, Bélgica

Casa de Maria Curie, Varsóvia, Polônia

Casa de Simón Bolívar, Caracas, Venezuela

Mesquita inacabada das Mil Colunas, Rabat, Marrocos

Keskusta-Koskikeskus - Inflação de “k”, Tempere, Finlândia

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Parque das 500 fontes, Tivoli, Itália

Seios fartos, Tivoli, Itália

Daqui a 20 anos voltaremos. Nenhuma poluição, Jaipur, India

Faz parte. Jaipur, India

Aguarda passageiro, Jaipur, India

A vaca descansa, Jaipur, India

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Mercedes Benz 1812, Berlim, Alemanha

Titanic, Buenos Aires, Argentina

Ponte nov铆ssima, Puerto Mont, Chile. Abaixo, super rolante, Vila Sesame, Jap茫o

Resgate na neve, Noruega. Abaixo, calha ex贸tica (ou loja de botas), Talin, Est么nia

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A mais bonita imagem, Nahuel Huapi, Argentina

A mais bela imagem, Fiordes, Noruega

Será que vai enroscar? Só tem dois metros de largura... Toledo, Espanha

Nessa nem entra, Veneza, Itália

Uma ilusão: as Torres Gêmeas, Nova York, EE.UU

A ilusão por dentro, Nova York, EE.UU

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Estava eu em Munique em 1995 e procurava um restaurante. Num semáforo perguntei a essa senhora da foto, desculpando-me por não falar alemão e pelo péssimo inglês, dizendo que eu falava português. Surpresa foi minha quando ela informou que também falava português, pois vivera no Brasil até os catorze anos. Seu pai foi gerente de uma serraria no Brasil em Apucarana, uma cidade do meu estado, o Paraná. Foi muito gentil, levando-me no outro dia a conhecer a cidade e inclusive o belíssimo Estádio Olímpico com uma estrutura metálica tensionada, relatado em outro capítulo desse livro. Infelizmente anotei seu endereço e nome num pequeno cartão que se extraviou, e não pude remeter-lhe meus agradecimentos e essa foto. Se alguém a conhece...

Minha guia em Munique, Alemanha

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{ cenas

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}


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Podem descrever em mil páginas, podem mostrar centenas de fotos, porém nada supera a vivência e o poder de desfrutar de momentos encantados, quando experimentamos sentimentos de alegria ou de dor, de realização ou de frustração, como usufruir de um brilhante raio de sol ou se acobertar no aconchego da escuridão, inebriar-se com o perfume de uma flor ou repelir o mau cheiro do estrume, unir-se à tranqüilidade da oração dos fiéis num templo ou escapar da perturbação da torcida num campo de futebol, apreciar a suavidade do canto de um rouxinol ou tapar os ouvidos para a desequilibrada sonoridade de uma banda de rock. Por mais de 50 anos vivi milhões de momentos mágicos que hoje fazem parte de minha memória. Algumas dessas cenas eu e Georgina conseguimos perpetuar em fotos e assim, mesmo à distância em tempo e espaço, ao revê-las, podemos continuar desfrutando desses instantes de êxtase e do imenso prazer que todas as viagens, todas as obras da criação humana e divina, todos esses contatos e todas essas cenas nos proporcionaram. Ilustro nestas páginas tais momentos.

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Só em Moscou conseguimos nos encontrar a um só tempo com Michail Gorbachev e Boris Yeltsin, Moscou, Russia

Porém Com João Paulo II só em audiência coletiva, Vaticano, Itália

Insistimos, porém a Rainha Elizabeth não nos recebeu, Londres, Inglaterra

A coroa ficou um pouco grande para a minha rainha, Estocolmo, Suécia

Esse cortesão aderiu, Viena, Austria

A vendedora de blusas de lã é muiro afável, Talin, Estônia

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Tipo estranho, Casablanca, Marrocos

Porém simpático, Casablanca, Marrocos

Essa é parente da Georgina! Kfar-Aaka, Líbano

Rubens mirando Cancum por cima, México

Esse, quem sabe? Damasco, Síria

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Esse, talvez... Tanger, Marrocos


A guarda de César nas Termas de Caracala, Roma, Itália

A troca da Guarda da rainha, Londres, Inglaterra

A banda do Paquistão, Festival de Bandas, Estocolmo

8º batalhão do Regimento Ak do Paquistão, Estocolmo, Suécia

O soldado paquistanês, Estocolmo, Suécia

Antes só a corte tinha acesso, Cidade Proibida, China

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O pão estará servido num minuto, Vale dos Reis, Egito

Tai-shi-shuan, Pequim, China

Não consegui afundar. Mar Morto, Israel

A Georgina nem tentou! Mar Morto, Israel

Batismo de Evangélicos, Rio Jordão, Israel

Moças bem dotadas, Praia de Glyfada, Atenas, Grécia

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Banho de sol confortável às margens do Sena, Paris, França

Que calor ! Mergulho no Nilo, Cairo, Egito

Bem que mereço relaxar um pouco. Nusa Indah Hotel, Bali, Indonésia

Bem mais confortável, Boi de Boulogne, Paris, França

Georgina, é perigoso cair no Tejo! Lisboa, Portugal

A Ponte de Pedra por Rembrandt, Brugges, Bélgica

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Pode virar de cabeça para baixo.Verdadeiro espelho. Fiordes, Noruega

Mamãe merece um conforto, Pequim, China

Escalada difícil, West Point, Curaçao

Ultrapassou o peso permitido em lei, Hong Kong

Ninguém dança um tango como eles - El Caminito, Buenos Aires, Argentina

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Nós não ficamos para traz, Buenos Aires, Argentina


O tango ao som do bandoneón, Feira de San Pedro Telmo, Buenos Aires, Argentina

Veja as rendas, ouça a música, Budapeste, Hungria

Kintamani, o bambu também é instrumento musical, Indonésia

Georgina e seu conjunto estouraram nas paradas musicais, Cidade do México

Como são lindas as moças coreanas (Korea Rainbow, vol.7, no76), Seul, Coréia

Nossa guia e a turista polonesa, Paulina, Comércio de rua. Seul, Coréia

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Cuzco o umbigo do mundo, Peru

A vendedora de ponchos, Cuzco, Peru

Que viengam los toros, Madri, Espanha

Concentração máxima, Madri, Espanha

Vendedores de tapetes, Jaipur, India

Vendedores de tapetes, Machu Picchu, Peru

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O maior glacial do mundo, Luster, Noruega

Que frio, que nada! Luster, Noruega

Que pedrinhas de granizo, Luster, Noruega

A Georgina não quis arriscar, Lon, Noruega

É perigoso pedir carona a qualquer um, Örebro, Suécia

Quem nunca comeu mel se lambusa. Nevada pesada, Yokota Air Base, Japão

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A vaca tranquilamente vai, jaipur, India

E os camelos para o matadouro, cairo, Egito

Tamanquinho de Itu, Volendan, Holanda

É bom dar um brilho, Istambul, Turquia

Não permitiram à Georgina gravar os pés na calçada da fama, Los Angeles, EE.UU

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A noiva é linda, a festa estava ótima! Varsóvia, Polônia


Será que ela já está braba? Roma, Itália

A serpente atendeu, Jaipur, India

Rolex verdadeiro a US 20.00, Bali, Indonésia Mãos entrelaçadas, é costume, Nova Delhi, India

Pietá, Buenos Aires, Argentina

Renoir de calçada, Colônia, Alemanha

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Pichador de parede, artista de causa perdida, até em Jerusalém

Também em Madrid, Espanha

Outro cossaco no Hermitage, São Petersburgo, Russia

Os cossacos, Varsóvia, Polônia

Vassoura barata e eficiente, Cairo, Egito

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Viajar deu uma canseira na Georgina, Cairo, Egito


Enquanto eu plantava uns pinhões próximo ao Portão de Brandemburgo... Berlim, Alemanha

Aí não dá, você vai se afogar! Bali, Indonésia

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{ restaur a n t e s & show s

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}


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Nem só de visitas a obras, templos, museus e monumentos vive o turista. Ele cansa, compra, dorme, e também precisa se alimentar: algo às vezes complicado em países onde não domina o idioma, principalmente viajando sozinho, desacompanhado de guias que possam aconselhar o melhor local para refeições. Normalmente, ao entrar num restaurante desconhecido, é solicitado o cardápio e se vem acompanhado de fotos com legenda que não entendemos, utiliza-se a mímica, indicando o prato pelo aspecto que mais lhe atraiu. O problema é se não há fotos da refeição. O jeito é, então, olhar para o prato dos comensais mais próximos e indicar ao garçom esse ou aquele prato que, muitas vezes, não nos agrada. Devemos cuidar também do aspecto de nosso bem estar, pois ao viajarmos não podemos nos dar ao luxo de ficar um ou dois dias com indisposição motivado por uma comida que nos fez mal. Geralmente, quando vou a um país diferente, a comida típica faz parte integrante do meu roteiro de viagem. Não posso conceber em conhecer um país e deixar de usufruir de suas iguarias, sua comida regional, tomar seu vinho, sua cerveja e seu refrigerante, pois tudo isso compõe o status do bom viajante. Estávamos em Xangai já há alguns dias e a cidade é servida de excelentes restaurantes de nível internacional. Porém visitávamos uma região de comércio popular com milhares de lojas de todo tipo de roupas, eletrônicos, bijuterias, calçados e flores, e hora de almoço “o estômago já começou a apertar”. Os restaurantes da região apresentavam seus pratos prontos em vitrines e que não eram bem do nosso gosto. Antes de chegarmos ao local, de táxi, observamos que nas redondezas havia uma unidade do restaurante “Mc Donald’s”. Não aprecio comer sanduíches, porém, devido às circunstâncias, resolvemos enfrentar a lanchonete, mas o havíamos perdido de vista. Começamos a perguntar a uns e outros pelo Mc Donald’s. Sabíamos que estava muito perto, porém ninguém conseguia nos explicar e nem se faziam entender. Agüentamos mais algum tempo e, depois de algumas andanças, encontramos. Entramos e saciamos nossa fome. Perguntamos então ao jovem que nos atendia e que também falava inglês, porque ninguém conseguia explicar onde era o Mc Donald’s, e então ele nos informou como seria a pronúncia da loja em chinês e nos soou algo como “mau-pau-dau” , realmente muito estranho. Como frisei, ao visitar uma cidade ou país, deve-se provar o que há de bom em matéria de gastronomia regional: seus sabores, seus vinhos, bem como apreciar sua cultura através de música, shows e teatros. Alguns restaurantes unem as duas coisas, como boa comida com ótimos shows. A satisfação sobe a mil quando se degusta um excelente vinho húngaro acompanhado pela bela corista do Verbunkos Csárda de Budapeste, ou ao comer um bom pato-laqueado no famoso Jumbo, ou ainda um filé de cobra e até mesmo alguns grilos fritos numa das ruas de HongKong. Tabule, quelab, esfiha, falafel, tahini e carne de carneiro acompanhados de airan e outras espetaculares iguarias da comida árabe fazem parte das tradições da Georgina. Cito também a maravilhosa lagosta colhida ao vivo e talvez uma sapateira (aquele caranguejinho que, sozinho, enche um prato) em Lisboa. A comida nada representa diante da espetacular beleza das dançarinas e dançarinos que fazem do Luau no Havaí uma festa encantadora. [ 2 5 6 ]


Perdoem-me os leitores, mas na primeira vez que estive no restaurante Alfredo, em Roma, em 1.966, fiquei maravilhado quando me deliciei com o “maestoso fetuccini al tripo burro”. Quando lá voltei, posteriormente, o nome havia mudado para “fetuccini a Alfredo”. O gosto é o mesmo, insuperável. Voltamos outras duas vezes e a Georgina não cansa de recomendá-lo a quem vai a Roma, e até decorou o endereço: L’Originale Alfredo, Piazza Imperador Augusto nº 30. Indo à Alemanha, indico um bom vinho nas vinícolas da região do Reno ou mesmo tomar uma boa cerveja em Munique ou Hanover. A visão panorâmica da cidade de Istambul desde a histórica Torre de Galata, é um bom lugar para excelente música, um ótimo jantar e belas dançarinas. Indico como imperdível comer um pequeno caranguejo em Seul ou deliciar-se com uma salada de batatas com salsichas e chopp numa das ruas de Nüremberg, além de apreciar um belo conjunto de danças típicas em Praga ou um festival folclórico em Subótica. A comida palestina em Jerichó nada fica a dever às mais deliciosas do mundo árabe, ou pode-se até beliscar “toutes conserves agricoles” no famoso mercado popular de Rabat. Aconselho aos viajantes esticar uns passos de dança e até receber o carinho da dançarina do cabaret em Atenas, fazer um “happy-hour” no Champs Elysées em Buenos Aires, e até mesmo degustar um ovo cozido nas águas sulfurosas do vulcão Kowakidani, no Japão. Fazer um emocionante “rally” pelas sinuosas dunas do deserto de Dubai, fechando a noite com um inesquecível churrasco de carneiro e especiarias árabes, sentado no chão de areia de uma típica tenda de beduínos, ao tempo que iluminamos nossos olhos e alegramos nosso coração com a espetacular dança do ventre da bela dançarina e nos enchemos de nostalgia ao ver ao longe a caravana de camelos lentamente seguindo seu caminho.

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Budapeste, Hungria

Budapeste, Hungria

Hong Kong Hong Kong Fez, Marrocos

Marrakesh, Marrocos

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Lisboa, Portugal

Lisboa, Portugal

Luau, Hawai

Luau, Hawai

Roma, Itรกlia

Reno, Alemanha

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Hanover, Alemanha

Istambul, Turquia

Seul, CorĂŠia Istambul, Turquia

Nuremberg, Alemanha

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Praga, TchecoslovĂĄquia


Subótica, Ioguslávia

Jerichó, Palestina

Toutes conserves agricoles, Rabat, Marrocos Atenas, Grécia Bela dançarina, Atenas, Grécia

Happy hour, Buenos Aires, Argentina

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Comendo ovo no Kowikidani, JapĂŁo

Churrasquinho de carneiro nas dunas, Dubai

Emocionante rally pelas dunas

A dança do ventre nas dunas, Dubai

Enquanto a caravana passa... Dubai

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{ minh a at i v ida de

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}


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Minha empresa, fundada em 1965, iniciou com a distribuição e prestação de serviços de manutenção em equipamentos para pavimentação de estradas e ruas. Posteriormente, agregamos outros equipamentos ligados ao setor de engenharia e construções como: betoneiras, compactadores de solos, vibradores de concreto, bombas para água, bombas submersíveis para esgotamento, compressores de ar, britadores, peneiras vibratórias, guindastes sobre caminhão, gruas para construções, andaimes metálicos, elevadores de obras metálicos, escora e escoramentos metálicos quando ainda era muito comum o uso da madeira como andaimes, elevadores de obras e escoramentos. Além de máquinas e equipamentos, agregamos outros materiais diretamente ligados à área de engenharia, como defensas metálicas para proteção de estradas, tintas e placas para sinalização horizontal e vertical de estradas e ruas. Agregamos Geotexteis, geogrelhas, geomembranas e gabiões para reforço e proteção de solos. Tensores para formas de concreto, formas plásticas para concretagem de lajes nervuradas e telas para proteção e sinalização de obras. Trabalhamos com mantas asfálticas para impermeabilização, “primers” e impermeabilizantes, além de estacionamento paletizado para ordenamento e aumento do número de vagas e fibras plásticas para reforço secundário do concreto. Com o passar dos anos, direcionamos nossos interesses para produtos em que nossa tecnologia própria pudesse trazer melhores resultados, e assim começamos a fabricar andaimes, escoras, escoramentos, elevadores de obras, palcos, passarelas, arquibancadas, arenas, estruturas multi-direcionais para eventos e manutenção industrial, shows, estacionamento paletizado, entre outros. Esses materiais são vendidos e locados. Temos uma equipe de prestação de serviços de montagem, quando assim formos contratados. O setor de máquinas e equipamentos foi ao longo dos anos sendo paulatinamente deixado para plano secundário e praticamente extinto. Em minhas viagens eu sempre estava atento para aquilo que pudesse aumentar meus conhecimentos, trazer alguma novidade para minha profissão e agregar valor à minha empresa, algo que, sem dúvida alguma, fez com que ela fosse pioneira na comercialização e locação de produtos na minha área de atuação. Além das observações em viagens, minhas informações também foram complementadas com cursos, simpósios, livros e revistas técnicas que abordavam os materiais de minha área de atuação, além de ter visitado e participado de inúmeras feiras nacionais e internacionais sobre o assunto. As feiras são uma verdadeira aula de engenharia, pois a quantidade de equipamentos e materiais que apresentam em seus espetaculares estandes são o que de mais avançado se emprega no ramo da engenharia, da construção e indústria, contando com catálogos claros e elucidativos. Expositores de todo o mundo apresentam as melhores novidades do mercado. Entre as feiras que visitei e que recomendo a todo construtor ou distribuidor de equipamentos, com louvor destaco: a Feira de Bauma, na Alemanha, a Batimat, na França e a Feira de Hanover, na Alemanha, que além de expor equipamentos para a construção é uma feira que abrange inúmeros campos de atividade na indústria, comércio, agricultura, petroquímica, entre outras. Visitei outras importantes feiras como a do [ 2 6 6 ]


cinquentenário da American Rental Association, em Orlando, nos EE.UU., a Feira da Construção Miacon, em Miami, a Hemaq - Feira de Herramientas Maquinas, em Buenos Aires, Feira Industrial em Damasco, na Síria, Feira em Assunção, no Paraguai, e inúmeras feiras em São Paulo, Rio de Janeiro, Joinville, Florianópolis, Porto Alegre e Curitiba, no Brasil. Minha empresa também participa como expositora desde a primeira feira de máquinas e equipamentos que se realizou em Curitiba, e anualmente vem apresentando produtos nesses eventos. Já expôs em feiras em São Paulo, Rio de Janeiro, Florianópolis, Joinville e Londrina. Apresento alguns instantâneos desses eventos e minhas observações em canteiros de obras por vários locais por onde passei dentro do meu ramo de atividades.

Milhares de visitantes, Bauma 95, Alemanha

Milhares de guindastes, Bauma 95, Alemanha

Espetacular estrutura tubular, Bauma 95, Alemanha

Madeira na construção, Batimat 2003, França

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Mais um monumento tubular, Bauma 95

Orange Hall 50Âş Year Fair - American Rental Association, Orlando - EE.UU. 2006

Feria Industrial, Assuncion, Paraguai

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Stand ORPEC, FEICON, Curitiba, Brasil

BelĂ­ssimo stand, Batimat 2003

Feria de Herramientas y Maquinas - HEMAQ 98, Buenos Aires, Argentina

MIACON Construction Fair 99. Miami, EE.UU


Recuperando a abóboda, Igreja de Santa Sofia, Istambul, Turquia

Recuperação do Palácio Imperial da Cidade Perdida, Pequim, China

As cores da França na recuperação do Arco do Triunfo, Paris

Recuperação de templo. Andaime de Madeira, Luxor, Egito

Recuperação de Edifício, Roma, Itália

Cobertura total de obra em Londres, Inglaterra

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Cobertura total de obra em Paris, França

Proteção de paredes contra o desabamento, Paris, França

Gruas no monumento Mileniun, Bruxelas, Bélgica Pequena grua, Paris, França

Pequena escavadeira, pequeno caminhão, Nara, Japão

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Grua e andaimes, Igreja da Sagrada família, Barcelona, Espanha


Recuperação de fachadas, tela de proteção, Paris, França

Arquibancadas, Paris, França

Pronto para despachar, Londres, Inglaterra

Segurando a ruína, Termas de Caracala, Roma, Itália

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{ br a sil , m e u pa Ă­ s

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}


Meu país possui características peculiares, como sua população de 180 milhões de habitantes que é uma miscelânea de todas as raças: africanas, árabes, asiáticas, européias. O entrelaçamento entre as diversas raças criou um povo único: não temos rivalidades raciais e todos se respeitam, pois não há como um odiar o próximo. Dou como exemplo meus próprios filhos, que são uma mistura dos povos polonês, alemão, libanês e ucraniano. Isso ocorre com a maioria das famílias brasileiras. Falar da engenharia brasileira e de suas obras seria cansativo, pois é certo que a engenharia brasileira tem um desenvolvimento extraordinário, principalmente no que se refere a obras em concreto armado, cujo apogeu deu-se na construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu, uma das “Sete Maravilhas do Mundo da Engenharia”. A construção da capital do país, Brasília, conta as impressionantes obras de nosso arquiteto máximo “Oscar Niemeyer” que no mês de dezembro de 2007 completou 100 anos de idade e continua trabalhando como um garoto recém-formado. Seus projetos espalham-se por muitos estados brasileiros e vários países do mundo. Destacaremos duas de suas obras. Com um território de 8.5 milhões de quilômetros quadrados, suas terras estendemse aproximadamente de uma longitude 35º leste a 74º oeste e a latitude desde 30º sul a 5º norte, com a maioria de seu território na zona tropical, abrangendo aí a maior reserva vegetal do mundo, a floresta amazônica, floresta essa que de tão densa, em grande parte os raios solares não conseguem atingir o solo. As árvores lutando por espaço umas com as outras atingem alturas incríveis buscando um pouco de luz. Pássaros, mosquitos, peixes, animais e insetos compõem essa sinfonia da natureza que inebria os turistas que por ali chegam e podem descarregar seu estresse das vidas agitadas nas grandes metrópoles do mundo. O rio mais caudaloso do mundo em volume de águas, o Rio Amazonas, despeja no oceano Atlântico o impressionante volume de 190.000 m3/seg, volume 60 vezes maior que o do rio Nilo. A 150 km da sua foz mar adentro, nota-se sua penetração no oceano pela baixa salinidade ali encontrada. Na época de chuvas, concentra um quinto de toda água fluvial do planeta. Esse é o cenário esplendoroso de nossa Amazônia. Um passeio de barco pelos seus igarapés, o encontro das águas escuras do rio Negro com as do rio Solimões, que levam quilômetros para se misturarem. A pesca de espetaculares espécies, a hospedagem em bons hotéis dentro da selva, a comida típica regional. Um mergulho nas águas quentes do Amazonas. O surf na pororoca (ondas no encontro do rio com as marés) possibilita que o surfista permaneça até trinta minutos sobre a mesma onda. Isso tudo configura um cenário inebriante. Com 7.500 km de maravilhosas praias debruçadas sobre o oceano Atlântico, a colonização deu-se principalmente na zona litorânea onde encontramos as maiores cidades do Brasil. Resorts de categoria internacional têm atraído turistas do mundo todo para as espetaculares praias que se estendem por esse imenso litoral: muitos europeus aposentados têm aproveitado os bons preços de casas e apartamentos no nosso litoral e transferido seus últimos tempos para esses paraísos cheios de calma, sol, mar e calor. No norte do país preponderam as raças indígenas, portuguesas e africanas com alguns pequenos nuances de árabes, holandeses, franceses e [ 2 7 4 ]


respectiva miscigenação. No sul do país temos a influencia das raças italianas, alemãs, polonesas, ucranianas, japoneses e árabes, entre outras. O extrativismo da madeira, a cultura do café e posteriormente da soja, do milho, e de outras culturas, a criação de gado e de aves proporcionou à região sul um maior desenvolvimento econômico, atraindo indústrias que formaram um formidável parque industrial de amplo aspecto. Hoje, com a escassez do petróleo, outro pólo de investimentos vem sendo implementado: o de produção de etanol produzido com cana de açúcar e álcool. As fábricas de equipamento para usinas de açúcar têm trazido um novo surto de crescimento para todo o nosso interior. Pelo grande número de figurantes com fantasias deslumbrantes, os espetaculares carros alegóricos enchem de admiração àqueles que assistem sambas cantados pelos participantes e acompanhados por bandas e baterias que enlouquecem a multidão, e nossas belas mulatas constituem o maior espetáculo da terra, que se estende por mais de três dias durante o carnaval no Rio de Janeiro e em outras cidades brasileiras, geralmente no mês de fevereiro. As Cataratas do Iguaçu, o Pantanal do Mato Grosso, a Chapada Diamantina, os Lençóis Maranhenses, o Cânion Itaimbé no Rio Grande do Sul e milhares de outros cenários naturais de indescritível beleza complementam esse capricho de Deus que se chama Brasil. A seguir, algumas belas imagens.

USINA HIDRELÉTRICA DE ITAIPU CATARATAS DO IGUAÇU

CURITIBA

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Passeio pelo igarapé

Eu só consegui esse peixinho

A festa

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O encontro das águas do Rio Negro com o Rio Solimões

As mulatas

Árvore soberba

A alegoria


A Catedral de Brasilia

Palรกcio Alvorada, Brasilia

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{ par anรก , m e u e s ta d o

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}


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O Paraná e os estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina compreendem a região Sul do Brasil. A migração européia para essa região, suas terras férteis, seu clima temperado e a laboriosidade de seu povo propiciaram à região e suas cidades características muito parecidas com cidades européias, tanto na sua arquitetura como na aparência de sua população em que encontramos pessoas de pele bastante clara e cabelos naturalmente loiros. O Paraná teve seu desenvolvimento baseado inicialmente no extrativismo da madeira, uma vez que seus campos eram cobertos por pinheiros - conforme já anteriormente relatado - e na produção de erva mate. No começo dos anos de 1950, a produção de café começou a mostrar ao Estado sua verdadeira vocação: a agricultura. Hoje o Paraná é o maior produtor de grãos do Brasil, colhendo na safra 2006/2007, cerca de 30,31 milhões de toneladas de grãos, dos quais destacamos a soja, o milho, o café, o trigo, o feijão e a cevada, além da produção de outros vegetais e tubérculos. A cana de açúcar para produção de etanol atualmente tem sido impulsionada. A bovinocultura, suinocultura, avicultura complementam a grandeza econômica de meu Estado. O arquiteto Jaime Lerner, um profissional de grande visão, criou a Cidade Industrial de Curitiba quando prefeito da cidade e posteriormente, quando governador do estado, criou incentivos e trouxe para nosso Estado as indústrias automotivas Renault, Volkswagen, Nissan, fábrica de motores Tritec, bem como a fábrica de caminhões Volvo que já estava implantada. As indústrias agregadas fornecedoras de componentes proporcionaram ao Estado do Paraná um novo surto de crescimento, tornando-o forte e com considerável peso na economia nacional. Foz do Iguaçu, que faz fronteira com o Paraguai e Argentina, é um dos mais requisitados destinos do turismo brasileiro e universal. Essa cidade congrega uma das “Sete maravilhas do Mundo da Engenharia”, que é a Usina Hidrelétrica de Itaipu, e também as maravilhas da natureza que são as Cataratas do Iguaçu. O rio Iguaçu, que nasce na minha cidade de Curitiba, atravessa todo o estado do Paraná e descarrega aquele turbilhão de água de cerca de 1.500 m3/seg, (tendo atingido em 1978 sua vazão máxima de 35.600 m3 /seg) em 272 saltos distribuídos por uma ferradura de 2.700 metros entre Brasil e Argentina, despencando a um desnível de 72 metros e concentrando toda essa água numa garganta ou um cânion de apenas 65 metros de largura. Ao nos aproximarmos dessas quedas nos sentimos esmigalhados pela natureza tão impressionante que se afigura esse espetáculo imperdível. Eleanor Roosvelt, ao visitá-las, exclamou: “poor Niagara”. O Parque Nacional do Iguaçu, protegido por lei Federal abriga uma fauna vegetal e animal das mais variadas espécies e é aberto à visitação dos turistas. Um passeio de barco até a Garganta do Diabo ao pé das Cataratas é para aqueles corajosos sentirem uma estupenda emoção adentrar-lhe até o fundo do coração. A visita ao marco das três fronteiras, à Usina Hidrelétrica de Itaipu, bem como seu espetáculo de som e luzes à noite, e não deixando de estender a um passeio até Ciudad del Leste no Paraguai (a Hong-Kong da América do Sul), onde você pode comprar as mais incríveis mercadorias de qualquer parte do mundo, alicerçado por ampla e qualificada rede hoteleira tornam Foz do Iguaçu uma cidade que dispensa quaisquer outros atributos. [ 2 8 0 ]


Além de receber turistas de todo o mundo a cidade converteu-se num pólo de congressos empresariais das mais importantes empresas, pela estrutura, pelo conforto e opções de lazer que a cidade e região oferecem.

As Cataratas do Iguaçu

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{ curitiba , m inh a c ida de

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Com cerca de 1.700.000 habitantes na cidade e cerca de 2.600.000 com os habitantes da região metropolitana, Curitiba é um importante centro de negócios e de cultura. A primeira universidade brasileira aqui foi constituída, a Universidade Federal do Paraná, que agrega cursos em todos os ramos da ciência, das artes, dos esportes e dos ofícios. Inúmeras outras universidades particulares, escolas públicas e particulares compõem nossa malha de ensino. Clubes, teatros, casas de shows, boates, igrejas e campos esportivos dão requinte à nossa vida social. Situada a 900 metros acima do nível do mar, a cidade tem um clima temperado e é admirada por todo cidadão de outras paragens que por aqui aporta, é realmente uma bela cidade. Ressalte-se que parte desse aspecto moderno de nossa cidade deve-se principalmente a vários administradores públicos que em sua formação pertenciam à categoria da engenharia. Felizmente nos últimos anos temos tido a sorte de vários de nossos prefeitos serem ou engenheiros ou arquitetos, e assim a cidade fugiu à sanha daqueles políticos que muito falam e pouco realizam. Vejamos o Engenheiro Bento Munhoz da Rocha Neto que, quando governador do Estado, criou um Centro Cívico, reunindo a maioria das repartições públicas, inclusive o Palácio do Governo em área degradada da cidade. Abrindo a Av. Candido de Abreu ocupada por casas em péssimo estado de conservação, transformando-a hoje numa das principais avenidas de nossa cidade. Construiu o Teatro Guaíra, a Biblioteca Pública do Paraná entre outras obras. O Engenheiro Ivo Arzua Pereira alargou a Rua Marechal Deodoro, antes um amontoado de velhos prédios, transformando a imagem central de nossa cidade. Abriu a Av. Paraná, outra importante avenida de ligação centro bairro, entre outras obras. Depois, o Arquiteto Jaime Lerner nos deixou o maior legado de transformações urbanas de nossa cidade, entre elas podemos destacar a criação da Cidade Industrial de Curitiba com perfeita infra-estrutura, que atraiu um grande numero de empresas nacionais e internacionais, hoje responsável por enorme contribuição em impostos para a cidade. Desapropriou várias áreas de bosques e as transformou em parques públicos, que hoje são motivo de satisfação para a maioria da população que se beneficia das estruturas criadas. Curitiba é considerada uma das cidades com maior área verde no mundo. Criou um eficiente sistema de transportes públicos, onde os ônibus trafegam por canaletas exclusivas em avenidas com duas pistas laterais de acesso ao comercio e residências, além de duas ruas laterais com pistas de sentido único em uma e outra direção, permitindo assim o desenvolvimento de forma racional do tráfego, principalmente para o transporte público que não sofre com os engarrafamentos comuns em todas as nossas cidades. Faz parte do sistema as Estações Tubo onde o passageiro entra, paga a passagem e aguarda o coletivo, evitando os congestionamentos na hora da entrada no ônibus. Estações distribuidoras no centro e em vários bairros permitem que o passageiro mude de coletivo de uma zona para outra sem pagar outra passagem. Lerner construiu o Jardim Botânico, a Ópera de Arame, a Rua 24 Horas e belas obras em estrutura metálica cujas imagens já foram mostradas. Transformou um antigo depósito de munições em um teatro, o Teatro Paiol. Muitas outras obras [ 2 8 4 ]


foram criadas pelo Arquiteto Lerner dando uma característica diferenciada para nossa cidade. Foi criado também o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba - IPPUC, instituto que tem por finalidade planejar a cidade, dando continuidade ao planejamento estratégico ao longo do tempo, o que facilita a administração pública: se o administrador tiver a competência e o arrojo necessário, os planos já estão traçados. Esse Instituto sempre conta com engenheiros em sua administração. Creio que todas as nações deveriam contar com instituições como essa, e que seu planejamento se sobreponha às políticas desse ou daquele político que ganhou uma eleição e pretende anular o feito do administrador anterior. Ganharia a nação, ganharia o povo. O prefeito que o sucedeu, o Engenheiro Rafael Greca, construiu uma série de bibliotecas públicas em vários bairros de nossa cidade, chamados de Faróis do Saber, além de ter dado continuidade à iniciativa de Lerner, criando outros parques e várias outras obras. Citamos também o legado do Eng. Omar Sabag, que aprimorou a cidade no que tange ao saneamento, abertura e canalização de córregos. O Eng. Cássio Taniguchi lutou para conseguir financiamento para a transformação da BR 116, estrada federal que corta Curitiba, em uma avenida de várias pistas ligando importantes bairros da cidade. Seus esforços estão sendo agora tocados por outro prefeito engenheiro, o Eng. Carlos Alberto Richa. Esses dois engenheiros desenvolveram amplo plano de pavimentação de ruas e avenidas, construção de creches, escolas e hospitais públicos. Em qualquer cidade ou estado, os eleitores deverão pensar sempre ao eleger seus prefeitos ou administradores, pois é conveniente entregar a administração de suas cidades e estados para quem conheça o ramo, e acredito que os engenheiros têm esse perfil. Curitiba chegou ao que é hoje em função de um grupo de competentes engenheiros. Nos primórdios de nossa civilização a engenharia foi sendo feita de maneira empírica e com a sua evolução, foi sendo estudada, elaborada e calculada criteriosamente, para que nossos edifícios suportem suas descomunais cargas próprias, a carga dos ventos, o efeito de terremotos, e para que suas fundações suportem seu peso e não afundem em terrenos previamente analisados. A engenharia contribuiu para que os aviões voem com segurança e economia de combustível, para que os navios flutuem, para que as máquinas cumpram suas funções, para que os instrumentos e aparelhos cirúrgicos e outros tantos salvem vidas e tragam conforto aos povos todos da melhor maneira possível. A engenharia está permanentemente ligada à história da humanidade e, com a visão da parte civil da engenharia, abordando tão somente as construções desde a primeira que se tem notícia, há onze mil anos atrás, até ao que de mais audacioso está sendo construído no momento em Dubai, podemos ter uma visão do que se planeja para o futuro. Aproveito para parabenizar todos esses heróis da nossa civilização: engenheiros, arquitetos, agrônomos, topógrafos, agrimensores, calculistas, projetistas, desenhistas, mestres, operários e serventes que nos legaram tão espetaculares obras.

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Minha cidade

Burj Al Curitiba

O farol do saber

Mouseu Oscar Niemeyer

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Sistema de transportes: canaletas exclusivas, estações tubo e o ônibus bi-articulado. Abaixo, Parque Tanguá


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{ a s últim a s con s t r u çõe s

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}


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Iniciamos esses relatos de “Roteiro de Engenheiro”, com a primeira cidade de que se tem notícia, com uma construção subterrânea edificada há onze mil anos atrás, em Jericó, na Palestina. Não poderíamos encerrar esse Roteiro sem nos atermos ao que de mais atual existe no campo da engenharia e que vem despertando a atenção de todo o mundo econômico e das construções. Pela ousadia dos projetos, o arrojo das construções e o inusitado das obras, parece que o que estamos vendo é uma miragem encravada naquela zona desértica do golfo pérsico. Dubai é um dos portos da onda de inovação e criatividade, da inventividade sem limites que faz com que esse emirado ganhe notoriedade mundial. Além dos condomínios feitos de areia retirada do fundo do mar, que proporcionam a criação dessas espetaculares obras como as “Palm Deira”, “Palm Jumeirah”, “Palm Jebel Ali”, com o formato de palmeiras e o arquipélago “The World” reproduzindo o mapa mundial, todas ainda em construção, bem como “Dubai Waterfont”, em projeto, o hotel subaquático Hydrópolis, com investimentos previstos de 20 bilhões de dólares em obras. Em Dubai está também sendo construúdo o edifício mais alto do mundo, o Burj Dubai, que deverá atingir uma altura superior a 700 metros, além de centenas de outras obras no plano urbanístico, hoteleiro, esportivo, comercial e residencial, que atrai atenção e investimentos das maiores construtoras e empresas do mundo todo. As hoje já famosas Palms, ou ilhas artificiais que se constituem em condomínios de alto luxo, estão transformando o pequeno litoral de 80 km do emirado num litoral de cerca de 1.200 km onde serão construídas marinas, hotéis, residências de luxo e apartamentos, transformando esse pequeno emirado num oásis da modernidade. É natural que sérios estudos da engenharia marítima: marés, correntezas, geologia, e danos ambientais; tenham sido efetuados visando minimizar os efeitos que tais obras poderiam provocar ao meio ambiente, possibilitando criar essas áreas de esportes e de lazer. O Burj Dubai é a referência atual no campo da engenharia de edificações muito altas desde a concepção de seu projeto, pois a altura real dele é mantida em segredo, já que uma vez que antes de ser concluído poderia receber a noticia de que algum mais alto estaria em desenvolvimento. Se houver qualquer obra com essa intenção, o Burj Dubai poderá receber mais alguns andares. As fundações para dar suporte a esse gigante levaram doze meses para serem executadas, atingindo uma profundidade de cinqüenta metros e cerca de cento e dez toneladas de concreto distribuídas entre 195 vigas que formam o desenho de uma flor de seis pétalas, típicas flores do deserto. As fundações executadas com concretos de alto desempenho receberam tratamentos adequados para resistirem à corrosão provocadas pela salinidade e acidez do solo. Análises do comportamento geológico do solo foram feitos visando atender a eventuais abalos sísmicos, que foram considerados para prevenir danos à essa edificação. Para atingir uma altura dessas, os estudos sobre a interferência dos ventos no edifício devem ser as mais criteriosas possíveis, tanto que a cooperação entre os arquitetos do projeto e os engenheiros analisou todas as variações possíveis. Cada segmento do edifício ganhou um formato diferenciado, minimizando o efeito dos ventos sobre o edifício. Essa concepção atendeu também o projeto conceitual [ 2 9 0 ]


inicial em formato de “Y”. Estudaram-se as condições dos ventos dominantes, bem como os efeitos raros, para a segurança e conforto dos moradores do prédio. Longos estudos comprobatórios em túnel de vento asseguraram as assertivas dos projetos. A maximização do aproveitamento da luz natural interferiu no desenvolvimento dos pavimentos que não poderiam ser muito extensos, como uma construção dessa envergadura deveria comportar. Adotou-se a estrutura em forma de “Y” com as paredes reforçadas em torno de um núcleo de concreto de alto desempenho para atender assim as exigências estruturais de um edifício com essa altura. Uma obra com essa altura e tal nível de investimentos não poderia ser uma aventura, portanto todos os estudos e projetos foram exaustivamente revisados mesmo antes do lançamento da pedra fundamental, e todas as técnicas e materiais a serem utilizados foram devidamente testados e confirmados por abalizadas empresas de consultoria em edifícios altos, que verificaram os procedimentos no que tange à geotecnia, projeto estrutural e conforto ambiental. O Burj Dubai apresenta o que de melhor existe em termos de projetos para edifícios altos: estabilidade, conforto, materiais e método construtivo. Estudos especiais no tocante aos projetos de iluminação, ar condicionado, abastecimento de água, telefonia, distribuição de energia, elevadores, evacuação em casos de emergência e em horas de pico foram considerados, bem como os de reaproveitamento de água de condensação e outros fatores de economia de energia. A torre prevê a construção de apartamentos comerciais e residenciais, incluindo um hotel de alto luxo que levará a Grife Armani. Uma plataforma de observação será executada a 442 metros de altura acima do nível do solo e será servida por elevadores com capacidade para 21 pessoas, que desenvolverão uma velocidade de 10m/seg. Contará com 31.400 toneladas de aço de alta resistência e um volume de cerca de 61.000 m3 de concreto, grandes números para uma impressionante obra. Dubai, pelo seu elevado desenvolvimento, é a pérola da coroa dos Emirados Árabes. Lá se concentram as maiores obras: cerca de 27% das gruas do mundo atuam nessa região. O emirado é um canteiro de obras. Isso tudo se deve à visão estratégica de seus dirigentes que prevendo o fim da era do petróleo, procuraram transformar as áridas areias do deserto num pólo de atração turística e comercial. O turismo e o comércio já são realidade palpitante, tanto é que em 2006 Dubai recebeu mais de nove milhões de turistas, e as reservas em hotéis têm que ser programadas com bastante antecedência. O movimento de contêineres no porto de Dubai já o transformou no segundo maior porto do mundo, perdendo somente para o porto de Hong-Kong. Sua Zona Franca atende com produtos e serviços uma população estimada em 1,2 bilhões de habitantes, compreendendo parte da Índia, Irã, Iraque, Usbequistão, Paquistão, Afeganistão e de países da ex União Soviética. Um pacote de medidas incentivadoras atrai a atenção dos investidores mundiais, com isenção de taxas empresariais e impostos alfandegários, bem como o imposto simplificado sobre o comércio que é de 5% e 20% sobre o imposto de renda. Esses atrativos todos não devem se contrapor a um mercado bastante competitivo, o rigor no cumprimento de prazos e de normas de segurança para materiais e serviços são comparáveis às normas européias. Um plano de desenvolvimento em longo prazo, uma estabilidade política e um sólido sistema jurídico onde os contratos são

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considerados imutáveis e até sagrados, a milenar experiência árabe para o comércio, a parceria entre o poder público e a iniciativa privada prevêem que por um longo período esse crescimento ainda persistirá. Não somente Dubai, porém, também, Abu Dahbi, Bahrain, Oman e Jumeirah, são pólos de atração de investimentos em obras muito impressionantes em suas belas e limpas cidades, com belos jardins irrigados artificialmente, arborização baseadas nas tamareiras, “souks” especializados, além de tradições religiosas e culturais que dão um charme especial à região que com certeza, mais e mais deverão atrair a atenção dos turistas e investidores de todo o mundo. Não poderíamos deixar de registrar o lindíssimo e ecologicamente correto edifício o “Bahrain World Trade Center” em construção na cidade de Manama, Bahrain, onde são previstos geradores eólicos para fornecer a energia necessária às suas necessidades. O investimento inicial é maior, mas elimina custos posteriores com energia e diminui-se a poluição ambiental com energia fornecida por outros tipos de geradores, que é um problema mundial. Com certeza é uma obra que deve ser imitada por outros grandes edifícios, a fim de proporcionar menor carência de energias provenientes de fontes poluidoras e em processo de extinção. O vento não polui, não acaba e não cobra tarifas de ninguém. O edifício é composto com duas torres de 50 andares e uma altura de 240 metros, é servido por três turbinas geradoras com capacidade de gerar entre 1.100 e 1.300 megawats, podendo suprir entre 11 e 15% da energia necessária ao complexo. O formato em asa do edifício colabora para impulsionar o vento para melhor aproveitamento das turbinas, orientando-o em condições desfavoráveis para que incida o mais perpendicular possível sobre as turbinas que possuem um diâmetro de 29 metros em seu raio de giro. A altura diferenciada e o formato da concepção e construção das asas colaboram para reduzir as diferenças de pressão em função das alturas variadas das pontes de sustentação das turbinas, produzindo assim maior eficiência no conjunto de geração de energia. O Bahrain World Trade Center é o primeiro edifício conceito no mundo, originalmente aproveitando uma energia limpa, não poluente e inesgotável. Servirá como centro comercial, abrigará também um hotel cinco estrelas e sofisticados conjuntos comerciais. Tal conceito é um bom início a ser imitado em todo o mundo. Meu pequeno legado sobre o “Roteiro de Engenheiro”, aqui se encerra. Milhões de outras maravilhosas obras de engenharia em todos os campos da atividade humana povoam o mundo, e que gostaria de poder admirá-las. Infelizmente não me é dado mais tempo para continuar com essa prazerosa tarefa. Se Deus me permitir, talvez possa ainda contemplar mais alguns bons legados de nossa engenharia, da criatividade humana e, talvez, ainda poder ver algo do que se constrói nessa área. Mas não poderia de me furtar em pesquisar no que de grandioso se planeja para o futuro.

Mega City Pyramid Como disse, não terei mais tempo, nem talvez meus filhos, para ver concretizada a obra planejada pela Shimizu Corporation para ser eventualmente implantado na baía de Tóquio, que com certeza será uma das maiores obras de engenharia de todos [ 2 9 2 ]


os tempos. Trata-se de uma pirâmide cobrindo uma área de 16,0 km2, que poderia abarcar cerca de 275 quarteirões de uma cidade como Tóquio, atingindo dois mil metros de altura, que poderia abrigar cerca de 55 pirâmides iguais às de Gizé. Vinte e quatro prédios suspensos de oitenta andares comportarão uma população de 750.000 pessoas entre residências, shoppings, hotéis, escritórios, praças, e outros serviços. Cento e quarenta quilômetros de mega-tubos comportarão escadas e passarelas circulantes de alta velocidade que permitirão a circulação entre os cinqüenta e cinco nós ou estações da mega-pirâmide nos sentidos horizontais, verticais e inclinados. Os desafios de projeto para os estudos preliminares prevêem a aplicação de nano tubos de carbono que comporão os mega-tubos extensíveis que formarão as linhas básicas entre os nós, que são de alta resistência e pequeno peso. Imensos blocos de concreto comporão as fundações dessa mega-construção que deverá suportar enormes esforços provocados por furacões, maremotos e terremotos. O sistema de abastecimento de energia para uma cidade desse porte prevê o aproveitamento da energia produzida por ondas, pelo vento, pelo sol e até mesmo pela produção de hidrogênio em composições químicas com algas marinhas, para a produção necessária à cidade ainda virtual e que, acredito, se tornará real. Pirâmides individuais entre os vários nós que comporão essa mega-pirâmide, que serão executadas com mega-tubos extensíveis e erguidos por meio de balões inflados por ar comprimido, fazendo a pirâmide subir. Problemas ambientais e financeiros, licenciamentos e novas tecnologias em estudo deverão, se concretizado o empreendimento, levar essa obra a ser executada pelo final desse século. A partir daí, futuros engenheiros deverão empreendê-la, construíla e admirá-la, bem como outros projetos de edifícios conceito, como os Edifícios One e Two Mile Eco Towers. Megacity Piramid: arrojado conceito proposto pela Shimizu Corp., Japão. Abaixo, detalhes da estrutura.

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Concepção: estrutura em forma de “Y”

O Burj Dubai, janeiro, 2008

“Gruas Line”. Abaixo, concepção de um ramo de uma das “palms”

Magnífica arquitetura

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Vista aérea da Palm Jumeirah. No detalhe, os projetos: Palms Jabel Ali, Jumeirah e Deira, além do Arquipélago “The World” e do “Waterfront”

Um belo projeto

Barain World Trade Center, concepção inovativa

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Os edifĂ­cios mais altos do mundo

One Mile Eco Tower

Planta do One Mile Eco Tower. Two Mile Eco Tower

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{ con side r a çþe s

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Ao aproximar-me do término dos relatos de minhas viagens, desse “Roteiro de Engenheiro” e de minhas aventuras, que considero como venturas dado o imenso prazer que trouxeram a mim e minha esposa, pela abertura que proporcionaram às nossas mentes em conhecermos esses lugares maravilhosos, fico feliz por termos desfrutado ao menos temporariamente do convívio com essas pessoas, com esses povos, poder apreciar sua cultura, ouvir sobre seus costumes, suas religiões, seus sistemas de governo, músicas e artes. Não vejo maneira melhor de ter usufruído de todos esses conhecimentos sem ter vivenciado pessoalmente essa experiência extraordinária. Como frisei anteriormente, para aproveitar desse imenso cabedal de prazeres, sempre planejamos cuidadosamente nossas viagens, tomando conhecimento prévio dos lugares, suas posições geográficas, as distâncias de ponto a ponto, a temperatura média para períodos em determinadas regiões, se é temporada de chuvas, o que pretendíamos ver, se a viagem poderia ser feita individualmente e principalmente em função da língua e dos locais que visitaríamos, talvez fosse preferível viajar em grupos. Em função dessas circunstâncias todas, optávamos por esse ou aquele sistema. Nossa preferência é sempre viajarmos sozinhos, pois nos grupos sempre ocorrem alguns pequenos contratempos entre as diversas pessoas que os compõem, muito embora traga também algumas vantagens, pois nos permite desfrutar da companhia de um guia que conhece e explica todos os lugares visitados, fala a língua local, cuida da bagagem até a porta do seu quarto, resolve os problemas de hospedagem, de passagem em alfândegas, aeroportos e outros contratempos que porventura atinjam o grupo. Para o iniciante, principalmente àqueles que não tenham pelo menos conhecimento básico do inglês, espanhol e francês, será conveniente viajar sempre acompanhado de um guia, ou contratar um guia local, o que fizemos sempre que visitávamos um país em que não dominávamos a língua. Um “City Tour” pode ser agendado em qualquer hotel ou agência de viagem e sempre é uma boa opção para quem quer conhecer uma cidade, desde que em seu roteiro não conste esse programa. Aconselho que se você não for a uma ópera, ou a um jantar solene, elimine os trajes de gala, viaje sempre com roupas folgadas, confortáveis, idem no que se refere a calçados, não vá inaugurar seu novo sapato em Paris. Somente os especialistas em jóias conseguem distinguir se aquele colar que você ostenta é de pérolas verdadeiras ou se é uma bijuteria. Por que carregar uma preocupação por toda a viagem, onde guardá-las? Ou se as usando, alguém pode querer arrancá-las do seu pescoço ou lhe assaltar. Cuide de seu passaporte, de seu dinheiro, pois com a facilidade dos deslocamentos mundiais, os bandidos com as caras mais inocentes possíveis estão atentos, prontos para dar o golpe no turista distraído. Conto o caso de um casal conhecido pronto para embarcar de volta ao Brasil, deixando Paris: muito cedo foram tomar seu café da manhã, o restaurante do hotel totalmente vazio, somente uma respeitável senhora estava no restaurante. A esposa de meu amigo, como é costume, pendurou sua bolsa no espaldar da cadeira e dirigiu-se ao “buffet”. Quando voltou sua bolsa, seu dinheiro, seu passaporte e [ 3 0 0 ]


demais documentos haviam sumido, bem como a respeitável senhora. Não preciso dizer que a viagem teve que ser adiada para que se providenciasse documento especial para retornar, além de outros constrangimentos. Hoje, pela internet, é possível contratar viagens, comprar passagens, arrumar hospedagem em hotéis, adquirir ingressos para teatros e concertos, fazer reservas em restaurantes e um inúmeros outros serviços ao alcance dos dedos com a maior facilidade. Mas a internet é impessoal, ela não tem sentimentos e nem a vivência de um bom agente de viagens que conhece os hotéis mais adequados ao seu bolso e às suas preferências de visitas àquela cidade, como em função de viagens de turismo ou de negócios. Alguns amigos meus participariam de um congresso nos Estados Unidos, fizeram suas reservas de hotel pela internet, pararam a quase 50 km de distância do local do evento, complicaram o tempo disponível em deslocamentos, além de custos adicionais. Outro casal nosso conhecido hospedou-se em hotel de alta rotatividade em zona de meretrício, em cidade européia. Desde minhas primeiras viagens após planejamento adequado sempre tive o assessoramento de uma competente agente de viagens, a Romi Yankowski, de uma pequena agência de turismo de Curitiba a “Menezes Turismo”. A Romi sempre cuidou criteriosamente de nossas viagens, como vistos de consulados, passagens, hospedagens, tours, reservas, pagamentos, câmbio de moeda, guias para as várias regiões ou uma boa operadora quando viajávamos em grupos, e o que mais se fizesse necessário para o êxito da viagem. Nunca tivemos qualquer contratempo em todas as nossas viagens. Portanto, antes de viajar verifique também a competência de seu agente de viagem ou de sua operadora para não ter problemas durante a viagem.

A Romi da Menezes Turismo

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No mês de novembro de 2007 hospedei por uma semana em minha casa a Senhora Nancy M. Lundstorm que é presidente em Des Moines, Iowa, EE.UU., da Organização Friendship Force, a qual possui 170 filiais nos Estados Unidos, 30 unidades no Brasil e está em todo o mundo. Esse Clube tem por finalidade criar amizades entre os povos do mundo. Os sócios de um clube em determinado país hospedam gratuitamente os sócios do clube de outro país que visite sua cidade e assim se faz reciprocamente. Fazem-se amizades e os custos de hospedagem são inexistentes. Não faço parte desse Clube, mas por solicitação de amigos que fazem parte do Clube em Curitiba, hospedei a Senhora Nancy em minha casa e todos os doze participantes de “Dês Moines” que visitaram minha cidade, bem como os associados do Clube em Curitiba promoveram uma recepção muito animada em minha casa. Vários passeios foram promovidos pelo Friendship Force de Curitiba aos amigos de “Des Moines”, mostrando a cidade e seus vários pontos turísticos, além de cidades vizinhas. Recebi vários mimos da Sra. Nancy, entre os quais várias revistas e jornais de “Des Moines” e Iowa mostrando um pouco do modo de vida e da economia desse grandioso estado Americano. Surpreso fiquei ao folhear a revista “Midwest Living”, december 2007. Na página 34 encontrei duas fotos que me pareciam familiares, fui atrás de minhas fotos e confirmei: alguém copiou alguém. Mas como as minhas imagens são de dezembro de 2004 em Chicago e as da revista de dezembro de 2007, a revista me plagiou. Mas como o repórter da revista nunca teve acesso às minhas fotos, eu as considero como simples coincidência.

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Acima, exemplar da Revista Midwest Living, Dez. 2007

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Analisando os jornais e revistas pude constatar que o Estado de Iowa é um estado que tem parte de sua economia baseada na agricultura, o que também é o forte do nosso Estado do Paraná, o maior produtor de grãos do Brasil. Ofereci à Senhora Nancy, o belo exemplar de um livro sobre Curitiba produzido por José Paulo Fagnani, uma edição da revista Veja, outra da revista Casa e Jardim, um número do jornal Gazeta do Povo de Curitiba, além de outras revistas. Dessa forma ampliam-se os conhecimentos entre povos e fazem-se amizades.

Os Americanos do “Friendship Force” de Iowa, visitando Curitiba

Não sou escritor, minha profissão é outra. Diariamente trabalho em minha empresa e recentemente motivado por operação na retina em um de meus olhos, tive que ficar em repouso por alguns dias, o que me levou a rever as fotos de minhas viagens e pensar que seria interessante poder transmitir um pouco dessas imagens coletadas ao longo de 50 anos de viagens para mais alguém, aliando as fotos a esse “Roteiro de Engenheiro”, composto com as imagens aleatoriamente obtidas com minhas câmaras amadoras. Na década de 1970, já se falava em problemas ambientais como economia de energia e aproveitamento de energias limpas e renováveis, e estudei a possibilidade de fabricar coletores de energia solar para aquecimento de água. Quando comecei a estudar o assunto, procurei literatura sobre energia solar em compêndios nacionais, franceses, ingleses, alemães, sul-africanos, além de outras nacionalidades. Ao fim de algum tempo, dispunha de tanta literatura traduzida que também resolvi disponibilizar essas informações através de um livro: saiu então o livro “Energia Solar ao alcance de todos”. Escrevi também um complemento sobre “Bombas de Calor”. Infelizmente, devido ao desenvolvimento de minhas atividades empresariais, as quais exigiam muito de minha atenção para a empresa e as transformações por que foi passando, acabei não fabricando os coletores solares, nem publiquei o livro. A seguir, depoimento do Engenheiro Pedro Ludovico Demeterco sobre o livro.

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Fundei a minha empresa em 1965 em companhia de mais quatro sócios e me vi na obrigação de fazer um relato simplificado sobre sua origem, o desenvolvimento da sociedade, a saída dos sócios, as atividades da empresa, as transformações e suas conquistas ao longo desses 43 anos, parte já anteriormente descrita em “Estruturas Temporárias” no presente livro. Hoje, em companhia de minha esposa Georgina, de três filhos e de cerca de cem funcionários, continuo com a empresa. A história foi relatada em “Orpec e sua história”. Com perseverança, muito trabalho, muita determinação e investimento permanente dos lucros consegue-se transformar sonhos em realidades. A Georgina fez o curso de magistério e formou-se Professora. Formou-se também em Pedagogia e por muitos anos trabalhou como professora do ensino médio para o Governo do Estado do Paraná até se aposentar, quando então começou a participar da administração de minha empresa e até hoje atua no setor de recursos humanos. Porém sempre teve um sonho: fazer o curso de Direito. Em 2003, prestou vestibular e entrou para a Faculdade de Direito. Em 20 de agosto de 2008, com 67 anos, Georgina recebeu seu diploma pelas Faculdades Integradas do Brasil UNIBRASIL - no curso de Direito.

Minha preocupação com a natureza não prevê somente o fato de ter saído pelo mundo plantando alguns pinhões do Pinheiro do Paraná, nem o fato de ter plantado muitas árvores em minha casa e no terreno de minha fábrica e nem de ter pensado em fabricar um equipamento de energia solar ecologicamente correto. Associo-me também às campanhas que vêm sendo desenvolvidas por várias organizações e por muitas pessoas de renome mundial contra o aquecimento global, o efeito estufa, o aumento da camada de ozônio, o excesso de emissão de CO2 por nossos veículos e indústrias, o derretimento de nossas geleiras, o aumento do nível de nossos mares, a desertificação de nossas áreas verdes e a eliminação de muitas espécies de nossa fauna vegetal e animal. Minha preocupação é pela preservação da vida: da vida vegetal, da vida animal, da vida humana. Nas estradas e ruas brasileiras anualmente perdem-se milhares de vidas provocadas por acidentes de trânsito, fora os que ficam paraplégicos ou com sérias deformações causadas por esses acidentes. Verifico então que no velocímetro [306]


de meu carro a velocidade que o mesmo pode atingir é de 250 quilômetros por hora. Se a legislação brasileira relativa à velocidade nas estradas federais admite um máximo de 110 km/h, pergunto, porque fabricar veículos que atinjam tal velocidade? Os veículos não deveriam já sair das fábricas com essa velocidade máxima permitida pela legislação brasileira ou de outros países que têm limites de velocidade semelhante ao nosso? Tenho acompanhado diariamente as campanhas que estão sendo encetadas no mundo todo, no sentido de prevenir o aquecimento global e a preservação da vida em nosso planeta, motivo que levou-me a sugerir que os fabricantes de veículos automotores fabricassem seus produtos com a velocidade máxima permitida pela legislação de cada nação. Teríamos, dessa forma, considerável redução do consumo de combustíveis pela redução da velocidade dos veículos nas estradas, pois é sabido que ao aumentarmos a velocidade de 100 para 130 km/h, temos um acréscimo de consumo de combustível de cerca de 25%. Para atingir as velocidades determinadas pelas legislação de cada nação, ou seja, em torno de 110 km/h, os veículos poderiam ter menor potência e, em consequência, muito menor emissão de gases poluentes, não somente nas estradas, mas principalmente nos eternos congestionamentos das grandes cidades. Tal redução da velocidade teria além da redução da emissão de poluentes, menor número de mortes nas estradas, menor número de internações de acidentados, menores custos para a previdência social com internações, menores custos para as companhias de seguros em pagamento de prêmios para pessoas e veículos, menores custos para as polícias rodoviárias, pois poderiam diminuir seus efetivos fiscalizadores nas estradas uma vez que as velocidades não seriam ultrapassadas, milhares de horas de serviço poupadas às empresa ou de perda de aulas para alunos. Dar-se-ia um permissão especial para veículos de competição e àqueles outros que desejassem continuar com seus bólidos corredores deveriam pagar pesadas taxas em forma de créditos de carbono aos respectivos governos. Sei que é uma luta inglória, pois os interesses envolvidos são imensos, mas algum governo corajoso poderá dar o primeiro passo para que se cumpra essa exigiência. De minha parte enviei correspondência nesse sentido para vários organismos nacionais e internacionais ligados ao meio ambiente e ao aquecimento global, entre os quais destaco o Ministério do Meio Ambiente do Brasil e outros órgãos governamentais, Deputados Federais, revistas e jornais brasileiros, McKinsey Global Institute, WWF Schweiz, United Nations Environment Programe, IPCC WMO, Virgin Group UK, Green Peace Brasil e Programa Al Gore. Entre algumas respostas que recebi, destaco, a seguir, as recebidas dos escritórios de Tonny Blair e Al Gore.

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Anualmente o Instituto de Engenharia do Paraná promove festividade na semana do Engenheiro, dando comendas aos engenheiros que mais se destacaram em suas respectivas áreas. Prestando minha homenagem a todos os engenheiros que participaram de todas essas obras relatadas, o faço em nome do Engenheiro Nelson Luiz de Sousa Pinto, meu colega desde o Colégio Santa Maria e Universidade Federal do Paraná, agraciado com o título de Engenheiro do Ano de 2005, por sua importante contribuição à engenharia mundial.

O Engenheiro Nelson Pinto, como engenheiro da Companhia Paranaense de Energia (Copel), participou de inúmeros projetos e estudos de barragens, dessa empresa. Como professor universitário montou na Universidade Federal do Paraná um laboratório de pesquisas, construindo modelos de barragens e assegurando o bom comportamento hidráulico dessas estruturas e sua adequação ao meio ambiente e seu potencial quando concluídas. Participou, inclusive, como coordenador da construção do modelo hidráulico da barragem de uma das “Sete Maravilhas do Mundo da Engenharia”, a barragem da Usina hidroelétrica de Itaipu. Atualmente o Eng. Nelson Pinto é Consultor Internacional e tem levado seus conhecimentos técnicos às maiores obras mundiais referentes a barragens e usinas hidroelétricas. Engenheiro Civil - UFPR - 1954; Professor de Hidráulica - UFPR -1956; M.Sc. State University of Iowa USA - 1959; Livre Docente - UFPR - 1961; Doutor - UFPR - 1961; Professor Titular - UFPR 1977; Diretor e Consultor Técnico em vários Departamentos na Copel - Cia Paranaense de Energia, nas áreas de hidráulica e hidrologia; Membro da National Academy of Engineering, NAE - USA, e associado também à American Society of Civil Engineers; da International Association of Hydraulic Research; e de várias Associações ligadas ao tema no Brasil. Como Consultor Técnico ou Membro de Comissões participou de mais de 40 projetos de usinas, barragens, tuneis em mais de 20 países e inúmeros no Brasil. Foi agraciado pelo Senhor Presidente da República do Brasil, Fernando Henrique Cardoso, com a Comenda da “Ordem Nacional do Mérito Científico”. Possui mais de 40 trabalhos científicos publicados em revistas científicas nacionais e internacionais, além de 4 livros científicos em participação com outros cientistas. Desde sempre a engenharia, incialmente de forma empírica, foi sendo desenvolvida e nos legou esse mundo em que habitamos, em que viajamos, em que nos alimentamos, em que produzimos, em que nos divertimos. Os desafios foram imensos, mas foram vencidos. Nesse ultimo século os avanços foram incomparáveis com o advento do automóvel, do avião, da energia nuclear, da televisão, da internet, que conseguiu reduzir o nosso mundo a um simples toque de botão, onde milhões de informações são transmitidas na velocidade de um trilhão de bits por segundo, milhares de horas de música em um único CD e ao término da leitura desse parágrafo cerca de trinta milhões de mensagens via e-mails mudaram de endereço. [310]


É inegável que os desafios que os engenheiros deverão enfrentar nesses novos tempos serão cada vez maiores em função das crescentes necessidade da produção de alimentos, com o fornecimento de agua limpa para milhões de novos consumidores, da redução da poluição ambiental e destino final do lixo, redução da emissão de CO2 e consequente controle do aquecimento global, na criação de novas máquinas e materiais que proporcionarão melhores condições de vida e saúde, de habitação, de transportes de um mundo globalizado, da estabilização da terra, da proteção de nossos rios e florestas. Os engenheiros do século XXI deverão disponibilizar seus conhecimentos e criar as ferramentas adequadas para minimizar a fome no mundo, tornando-o mais harmônico, mais igualitário, sem as grandes distorções sociais que encontramos atualmente. Até então demonstraram e com absoluta certeza continuarão demonstrando sua capacidade criativa para que alcancemos todos os objetivos deles esperados. Ao encerrar esse “Roteiro de Engenheiro”, renovo meus agradecimentos a todas as pessoas que permitiram, auxiliaram e participaram, muitas vezes anonimamente, desse roteiro; e que me permitiram ver o mundo de uma maneira diferente: mais humana, mais edificante, um mundo pleno de lugares maravilhosos. Cumprimento alguns líderes governamentais que transformaram seus países: alguns pequenos, muitas vezes desérticos; outros pobres, cheios de problemas sociais e que pela educação, pelo trabalho, pela organização e pela seriedade de seus propósitos os transformaram em nações grandiosas e progressistas, trazendo riqueza e conforto à sua população atual e gerações futuras; como acontece com a China, Cingapura, Coréia do Sul, Dubai, e entre outros, os quais tive oportunidade de visitar. Cumprimento esses em contrapartida aos líderes que usam de seus cargos para promover a guerra, a fabricação de armas, a ambição desenfreada pelo poder e que levam seus povos à decadência e a pobreza. A ONU - Organização das Nações Unidas - deveria propor a criação de uma pesada taxa incidente sobre o faturamento global de todas as empresas fabricantes de armamentos e destinar o resultado dessas taxas à criação de escolas e hospitais nos países com menores Índices de Desenvolvimento Humano. Dessa forma, teríamos a possibilidade de criar um mundo mais humano, mais solidário, com menos mortes e menos guerras. Minhas desculpas a todos aqueles com quem, de uma maneira ou outra convivi, e por algum motivo qualquer, se tenham sentido magoados ou constrangidos por algum ato meu. Se assim se consideram, tenham certeza de que nunca o foi propositadamente ou intencionalmente, pois respeito a todos, qualquer seja sua posição no contexto de nossa sociedade, de minha empresa e de minhas amizades. Que a todos o Poderoso que nos criou derrame suas bênçãos. Não devemos nos envergonhar de copiar um bom exemplo e o faço com a mesma humildade que fazia o Papa João Paulo II, quase meu compatriota que, ao entrar em algum país beijava o solo em respeito àquela nação, àquele povo. Simbolicamente beijo o chão de minha pátria em homenagem a todos esses países que visitei e todos os povos com quem convivi.

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FIM

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“Não tenha medo de crescer lentamente. Tenha medo apenas de ficar parado.” Provérbio Chinês




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