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Informação, Auto-Organização e Consciência
energia ao redor que tende a abafar o comportamento quântico. Poderia a consciência ser um evento quântico? Para a neurociência computacional, o neurônio é a unidade fundamental da inteligência biológica e tem capacidades de somar suas entradas, transformar estas somas de acordo com regras fixas e de distribuir os resultados com neurônios vizinhos. O neurônios são ricos em microtúbulos e através deles fazem a transmissão de sinais para outros neurônios20 . Os microtúbulos devido às suas minúsculas dimensões e forma tubular apresentam propriedades quânticas únicas. Normalmente, qualquer pulso de uma energia vibracional ou outra dentro do cérebro não poderia existir numa mistura quântica de estados, isto porque toda a matéria e atividade ocorrendo no cérebro iriam perturbá-la e fazê-la escolher um único estado instantaneamente (colapso da função de onda). Mas o microtúbulo pode isolar um pulso do ruído restante, que pode viajar ao longo dele sem interagir com as moléculas que constituem as paredes do microtúbulo. As propriedades isolantes dos microtúbulos poderiam permitir com que pulsos vibratórios quânticos pudessem explorar caminhos múltiplos. Os microtúbulos, portanto, seriam estruturas essenciais para que ocorra o autocolapso da função de onda, a redução objetiva, no interior do cérebro. Quando sistemas quânticos coerentes atingem uma massa crítica, um limiar de energia relacionado à gravidade quântica, pode haver auto-colapso e resultar dele a consciência. Redução objetiva é um fenômeno quântico proposto por Penrose em 1994, através do qual a função de onda quântica entra em “colapso de si mesma”. Ela ocorre juntamente com a coerência quântica, no citoesqueleto dos microtúbulos celulares nos neurônios individuais e também em outras estruturas dos neurônios cerebrais.
Di Biasi e Rocha propõem uma visão da consciência que incorpora os conceitos de informação, neguentropia, ordem e organização às teorias de auto-organização e complexidade. A teoria em questão fornece uma base quântico-informacional integrando a não localidade, a teoria do holomovimento de David Bohm e a teoria holonômica do funcionamento cerebral desenvolvida por Karl Pribram.
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20 SATINOVER, Jeffrey. O Cérebro Quântico: Ed. Aleph.
“A consciência é concebida como um fluxo não local de atividade quântico-informacional significativa, ativamente interagindo com cada parte do universo por meio do holomovimento. Um contínuo processo de expansão e recolhimento do cosmos, conectando de modo holístico e indivisível a mente humana a todos os níveis do universo auto-organizador”.
Segundo ele, “Matéria, vida e consciência não podem ser consideradas como entidades separadas, e sim consideradas como uma unidade indivisível, com todos os seus processos quântico-informacionais interagindo por meio de relações não locais (holísticas), internas, e simultaneamente por meio de relações externas locais (mecanicísticas), gerando capacidades de transformação, aprendizagem e evolução.”
Di Biasi, assim como Amit Goswami, aponta para a possibilidade de uma consciência unitiva como base de tudo o que existe:
“Esta visão de um continuum holoinformacional, de uma ordem geradora fundamental, com um fluxo quânticoinformacional criador, permeando todo o cosmos, permite compreender a natureza básica do universo como uma totalidade inteligente auto-organizadora indivisível”. Di Biasi conclui:
“Esta teoria holoinformacional da consciência fornece as bases para se compreender a informação como princípio unificador capaz de conectar a consciência ao universo e à totalidade do espaço e do tempo. Permite ainda uma melhor compreensão de fenômenos e teorias relacionados à consciência que até agora não conseguíamos explicar ou compreender adequadamente, tais como sincronicidades, arquétipos, inconsciente coletivo (Jung), complexos inconscientes (Freud), experiências próximas da morte (Moody Jr.), sonhos premonitórios, psicocinesia e telepatia (Rhine), campos morfogenéticos e ressonância mórfica (Sheldrake), memória extracerebral (Stevenson), lembranças de existências anteriores (Weiss), entre outros. No modelo holoinformacional da consciência os fenômenos transpessoais, parapsicológicos, paranormais, mediúnicos e religiosos são entendidos como processos normais da própria estrutura quantum-informacionalholográfica do universo, e a consciência e a espiritualidade passam a ser compreendida como o fluxo de informação