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OS ANTIGOS PARTE I
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S4ndra S1lv4
PROLOGO
Já fazem milhares de anos, mas conto com as coisas que ouvi, com as coisas que vi, com as que vivi e com as que soube depois para poder reavivar as minhas memórias e ser o mais fiel possível áqueles que no futuro vierem a ler essas linhas, mal escritas nos finais dos meus dias. No início das eras, que hoje são longas, diferentes espécies no nosso universo se uniram para compor tudo o que temos hoje, o início da existência, como vemos, dependeu desses que um dia foram deuses para alguns, mas que sangravam, amavam e morriam pelo o que acreditavam.
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Alguns não lembram, outros sussurram ainda os seus nomes, poucos realmente sabem quem foram, eu fui um dos privilegiados que puderam viver nesses tempos conturbados e felizes onde tudo estava por fazer e ser descoberto.
PARTE I – TRANSFORMAÇÃO E O ABISMO
Ela levantou a cabeça lentamente, os olhos azuis opacos, marejados de sangue. Os cabelos negros com uma única mecha prateada caiam-lhe pelo rosto dissimulando os dois filetes vermelhos sobre a pele muito branca. O corpo doía terrivelmente e estava coberto de cortes que não se viam, o manto branco e a capa, sujos de terra, encobriam os “detalhes”. Essa nunca tinha sido a sua aparência. Disso ela sabia. Estava na cabeça de ponte no território da fronteira invadida pelos Xylons, quando apareceu um dos comandantes da armada Xylon. A figura de Malkey era imponente, era costume entre eles fabricarem avatares impressionantes para as batalhas, para incentivar os servos e impressionar o adversário. Com dez metros de altura, o corpo negro reluzente, olhos vermelhos e brilhantes, espinhos grandes e fatais emergiam de seus braços e costas, a boca aberta emitia uma estranha luminosidade vermelha exibindo uma arcada alva de dentes pontiagudos que davam a impressão de estar prontos a quebrar com facilidade os ossos dos corpos inimigos. Mas isso não acontecia. O comandante Xylon era capaz de manipular diversas matrizes de energia, alterar sua forma com muita facilidade e destruir seus inimigos com jatos de centenas de metros de um plasma que, quando não matava na hora, permanecia durante alguns dias no alvo, causando uma dor lacerante. Se não cuidado o infeliz podia enlouquecer de dor. E essa era só uma das suas armas. Só a presença de um comandante em campo já era razão para os escravos se sentirem animados para batalha. A invasão do território não podia continuar. A pretensão era alcançar o portal para o mundo alternativo de avatares elementais, se alimentar de suas energias e o que sobrasse seria escravizado. Eles eram os Vokans, os cavaleiros da luz, e a missão era proteger os mundos alternativos, inclusive a terra e sua humanidade. Permitir um avanço sobre os avatares de elementais poderia comprometer toda a existência e o equilíbrio entre os mundos e até mesmo a existência dos Vokans, todos em campo lutavam por sua sobrevivência.
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Fazia muito tempo que havia obtido diversas armas e sabia manipular energias, assim como mudar suas formas. Seu avatar preferido era o gigante Dragão Dourado que inspirava medo até em seus companheiros de luta. Dragões já haviam sido banidos há alguns milhares de anos pela rebelião contra a humanidade – e isso criou várias lendas na terra, não era um símbolo bem visto, mas só veio saber disso depois, quando já havia
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Lembrava que o comandante havia avançado sobre sua cabeça de ponte e que Azael havia mandado recuar. Para garantir a retirada de todos em segurança, suas ordens eram de reter o comando Xylon o máximo possível. Não era uma missão difícil.
assumido a forma, por rebeldia resolveu manter a forma, mesmo sob protestos do Conselho de Guerra. Era a única que conseguia manipular o Bastão de Moisés, uma arma que abria portal para outros lugares, buscava a energia e canalizava através do artefato, havia conseguido incorporar o bastão à sua energia, ele era abrigado dentro do seu corpo. Era uma vantagem considerável. Em batalha podia se recuperar mais rápido que qualquer um, enfrentar um comandante Xylon era mais fácil para ela do que para qualquer outro. Seu treinamento permitia mudar a forma com maior rapidez que o Xylon, seria fácil enfrentar Malkey... mas alguma coisa deu errado. Recordava-se de o regimento se afastar, sem lhe aguardar e foi cercada pelos escravos de Malkey que se aproximavam, do nada apareceram aparatando outros cinco comandantes, mesmo para ela isso era demais. Ninguém veio em seu socorro sua ultima memória antes de acordar prisioneira foi estar se engalfinhando com cinco comandantes Xylons. Acordou em uma gaiola de dez metros de diâmetro, fingiu estar desacordada para poder observar melhor. O campo de energia era formado por um material que nunca havia visto, uma espécie de teia negra irregular, com veios largos, brilhante, no meio do material se podiam distinguir pequenos pontos de luz de um azul bem claro. A gaiola estava em uma espécie de fosso, com uns 30 metros de diâmetro, em volta uma estrutura em forma de arena, com trinta cadeiras. Ao redor da gaiola se posicionavam seis guardas armados, o fosso tinha uma única porta de entrada de 10 metros de altura e o teto era bem maior e abobadado as paredes emitiam uma luminosidade estranha que poderia parecer com a cor laranja, mas não era. Um zumbido constante podia ser percebido no local Assim que se mexeu os guardas apontaram suas armas na direção dela. Levantou-se lentamente, tudo lhe doía, não se lembrava de ter levado uma surra tão grande há muito tempo. Sabia manipular quase todo o material Xylon, fugir das prisões era sua especialidade, mas ali havia trabalho a ser feito, não conhecia o material.
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Uma massa negra e viscosa, que “grudava” ao contato mental, muito densa e forte, os pequenos pontos eram de energia e nutriam a massa, conhecia aquele padrão, eram minúsculos sóis. O campo todo era sustentado por um equipamento ligado por debaixo da gaiola e construído em volta dela, embutido na parede, expandiu mais a sua consciência e “deslizou” pelo equipamento, estava em uma sala inferior, uma matriz com centenas de escravos era a fonte de energia, nunca havia visto aquilo antes, o comando da matriz era uma interface neural com um comandante Xylon, todos pareciam em uma espécie de “coma”, conectados á maquina e mantinham o campo de energia intacto.
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Sentou no centro da gaiola e relaxou o corpo, refutou a dor e transcendeu a matéria. Um observador muito atento poderia ver uma pequena centelha brilhar e desaparecer rapidamente. Havia projetado parte da sua consciência para analisar e testar a grade.
Deslizou sobre a matriz e pode “ver” sua configuração, aquilo excedia tudo o que já havia visto entre os mundos visitados. A massa negra era comprimida por campos magnéticos imensos e os pontos brilhantes eram pequenos sóis, cada um deles estrategicamente colocados no limite do horizonte de eventos de cada pequeno buraco negro, mantidos equilibrados entre seus campos gravitacionais. A estrutura da gaiola era uma teia desses pequenos buracos, isso devia demandar uma quantidade razoável de matéria, para cada massa atraída outro tanto devia ser utilizado pelo buraco para manter a equação. Para onde estava indo aquela energia? Percebeu pequenos acumuladores em doze estações ligados a cinco dispositivos direcionados para o interior da gaiola. A computação para fazer a compensação dos campos magnéticos era feita pela matriz orgânica. Aquilo era absolutamente fantástico, a matemática envolvida para calcular aquele equilíbrio e ficar fazendo as compensações entre os campos era quase uma obra de arte, a velocidade em que isso tinha que ser feito para não colapsar a esfera era outro ponto admirável do projeto. Tentou calcular a energia necessária para manter somente uma gaiola daquelas, os mini buracos não deviam exigir uma quantidade colossal de matéria, mas a eficiência da gaiola dependia do equilíbrio. E a energia gerada pela compressão e dispersão da matéria? Para onde estava indo? Não era perceptível dentro da gaiola a emissão de energia característica desses buracos. A densidade da matéria da gaiola era, por conta disso, grande demais para ser rompida com facilidade, tocar na gaiola significaria avançar sobre o horizonte de eventos de um ou mais daqueles buracos e quebrar o equilíbrio colapsando a gaiola sobre quem estivesse dentro. A questão era: como sair dali? Provocar o desequilíbrio na matriz pelo lado de fora, abrindo uma “porta” parecia ser a solução, mas nem mesmo os Xylon seriam malucos de fazer um artefato daqueles sem medidas de segurança. A densidade do material impedia que fosse quebrado e qualquer falha parcial era imediatamente “nutrida” por um pequeno sol. Não havia como manipular nenhum dos Xylons ligados na máquina, estavam todos inconscientes, mas em um nível que parecia um coma.
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- Gostou? Durante todo esse tempo nos ensinou muito, aprendemos com as suas fugas. Esse é um protótipo, vamos fazer outros, o Conselho todo vai cair, os Vokans vão deixar de existir e eu terei o prazer de executar todos na sua frente, em agradecimento a sua ajuda. Agora vamos ao que interessa: dê-me o Bastão, a pedra de toque que usa para atravessar os portais e todas as tralhas que esconde dentro do Bastão.
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Tentou expandir para fora da grade e veio a surpresa desagradável, a máquina disparou uma espécie de energia, baseada na matriz da teia, seu corpo foi imediatamente tomado pela dor, nunca tinha sentido tanta dor na vida, seus ouvidos se encheram com o próprio grito, enquanto o corpo de dobrava. Caiu no chão e ficou entorpecida pela dor, percebeu Malkey se aproximando pelo lado de fora:
Ela se levantou, permaneceu em silêncio, encarando seu oponente, todo vestido de negro, alto, com o porte de um rei, altivo. Malkey era uma figura de respeito, até mesmo entre os Volkan. - Não vou pedir uma segunda vez Ariel. Ela permaneceu muda. No instante seguinte seu corpo foi novamente atingido pela arma, uma, duas e três vezes, gritou de dor, caiu e se contorceu no chão, sua visão ficou turva, sua forma se alterava e não conseguia manter a aparência do Avatar. Mesmo com a dor se concentrou, não podia ceder as armas, seria uma grande vantagem para os Xylons. Devagar e com dificuldade se levantou novamente. Foi quando percebeu que outros comandantes estavam nas cadeiras. Encarou Malkey. - Ariel, .... acha que alguém virá? Eles nem sabem onde você está... De novo foi atingida pela arma, não sabia quantas vezes, gritou, os olhos se encheram de lágrimas pela dor, caiu no chão quase inconsciente. Foi quando foi tomada pelo pânico, em meio a visão turva pés se aproximaram da grade, pode distinguir o vulto de um mestre Vokan, o que um mestre estaria fazendo ali? Os símbolos do manto indicavam que era do Conselho, o ouviu dizer: - Ela já falou? Entregou as armas Malkey respondeu: - Ainda não, mas ela vai ceder. - Ela não vai ceder, melhor destruí-la logo, poderíamos rastrear as armas quando a energia se dissipasse. - Não seja tolo, elas voltariam para o lugar de onde vieram se destruirmos o Avatar, nem o seu amado Conselho sabe onde Ariel pegou essas armas. Outro disparo, e a escuridão tomou conta de sua consciência. A tortura continuou por dias, já não conseguia manter-se em pé por muito tempo, começou a simular que estava desacordada para ganhar tempo. Precisava achar uma forma de fugir, ninguém viria e um membro do Conselho estava envolvido. Por quê?
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Sabia que Malkey estava certo: ninguém viria. Tinha que descobrir uma fuga sozinha. Tinha que conseguir alguma energia e fazer os Xylons abrirem à gaiola. Uma raiva enorme estava crescendo dentro de si. E aquele barulho estranho que não parava estava
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Começou a se recompor, mas continuava fingindo estar debilitada. Não poderia acionar o Bastão pois imediatamente poderiam identificar a fonte de energia, a grade em volta não podia ser tocada, consumiria seu avatar em segundos.
lhe irritando profundamente. Estava se sentindo estranha e suas mãos estavam pálidas, deveria estar sofrendo influencia de alguma energia da grade. Malkey acabou por descobrir que sua debilidade era fingida. Foi pior, as agressões se intensificaram . Um dia, depois de se recompor, foi novamente torturada, e novamente foi ao chão, os guardas entraram e começaram uma sessão de agressões, lhe seguraram covardemente e socaram seu rosto e todo o corpo. Malkey chegou na hora e interrompeu o espancamento. Foi quando veio a oportunidade. Perdeu a consciência e como já não reagia a retiraram da grade. Acordou em uma espécie de sala, estava ligada a tubos que mantinham energia suficiente para sustentar seu avatar e amarrada na estrutura da mesa em que a colocaram. Ouvia vozes de Malkey falando com outros três. - Ninguém deveria encostar a mão nela, vou destruir esses escravos pessoalmente. - Você deveria ter destruído ela Malkey, ela não vai falar, só a tecnologia da grade já nos dá vantagem suficiente sobre os Vokans. - Não, ela resistiu mais do que qualquer outro, muito mais, o Bastão esta com ela e é a chave para o nosso sucesso absoluto, ligar o bastão à máquina nos dará uma força absoluta sobre todos os portais conhecidos. - Ela não vai falar, e não há meio de saber onde está o bastão, nem nosso traidor Volkan sabe, nem o Conselho. Já lidamos com ela outras vezes, é perigosa e se escapar perdemos nossa vantagem, ela irá correndo contar ao Conselho. - Ela não vai falar nada, esta quase morta Malkey, deixe que os escravos cuidem dela, terão algo para se divertir, colocamos a cabeça dela na pilastra na frente de batalha amanha. - Quer criar uma mártir Buresk? Eles esmagariam seu pelotão só para tirar a cabeça dela de lá. - Está jogando um jogo perigoso para todos nós. - Ela vai falar, não só isso, ela vai se juntar a nós, vamos corromper sua alma, modificar seu Avatar de tal forma que não vai lembrar quem um dia foi. Vai jurar obediência aos Comandantes e lutará ao nosso lado, ela não percebeu, mas o processo já começou.
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- O corpo faminto do Avatar acabou por assimilar parte da nossa energia, ela está mudando, essa mudança também irá transformar suas tendências, ela já sente a raiva que antecede a transformação.
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- Mudar a aparência do Avatar não significa que mudou sua alma, você ficou todo esse tempo bombardeando ela com energia Xylon para que?
- Que seja Malkey, vamos lhe dar o benefício da dúvida, mas se ela sair do controle, você vai pagar por isso. Todos saíram, menos Malkey. Ela entrou em pânico, estava sendo transformada em um Xylon! Como? Nem sabia que isso era possível, mas já sentia realmente a raiva, precisava fugir dali, com urgência. Permaneceu quieta, Malkey saiu e outro Xylon entrou, passou a verificar os tubos que cobriam o avatar, foi quando aconteceu. O Xylon tocou a sua pele e imediatamente ela percebeu que identificava e podia assimilar a energia do Xylon com facilidade. Quando ele foi verificar as amarras da mão, ela segurou o seu braço e mesmo fraca, em poucos segundo o Xylon deixou de existir, tinha vampirizado toda sua energia. Sentiu suas memórias, sua dor, esperanças, raiva, sentiu todo o Xylon como se ele fizesse parte de sua própria história. Conseguiu arrebentar as amarras, o alarme soou. Malkey entrou, ela pulou sobre ele como um lobo, nunca havia feito isso, o avatar de Malkey murchou em suas mãos, vampirizou o comandante. Sugou toda a sua energia, com o toque das suas mãos. Uma sensação enorme de poder e prazer se apossou dela e em seguida, como um soco no estomago, vieram as memórias de Malkey, terríveis memórias, não podia parar para isso, não..., tinha que fugir dali, as memórias de Malkey foram postas de lado com dificuldade. Correu pelo corredor com paredes de tonalidade estranha de laranja e uma luz fraca, mas agradável. Encontrou outros cinco Xylon, vampirizou todos, nunca havia se sentido tão forte, poderosa e...estranha. Um comando a cercou quando entrou em uma câmara grande. Lançaram suas armas, ela se defendeu com escudo de energia e dessa vez já não precisou tocar em nenhum Xylon, estendeu sua energia e sugou seus corpos e dezenas de lembranças.
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Quando a consciência foi voltando as vozes permaneceram na sua cabeça, centenas delas falando coisas, procurou uma fonte de água, tinha uma sede terrível, suas roupas eram farrapos, foi quando viu a sua aparência e foi o segundo choque. Ela era mais alta do que era antes, muito branca, com cicatrizes vermelha pelo corpo todo, os olhos antes negros eram esferas opacas de um azul bem claro, o cabelo preto tinha duas enormes mechas brancas que saiam das laterais da frente da cabeça e lhe caiam pelas temporas, pareciam dois chifres brancos e o cabelo se movimentava como se fosse vivo. O rosto
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Foi quando tudo ficou confuso, lembra-se de terem chegado tantos Xylon e ter exterminado todos, aparatando do lugar. Saiu em uma floresta, mas o sol lhe ardia na pele e ficou temporariamente cega, as memórias inundaram sua mente e gritou, gritou muito alto, por muito tempo enquanto tudo desfilava na sua cabeça, já não sabia distinguir quais eram as suas das outras memórias. Seu corpo estava coberto de pedaços de Xylons exterminados, sentia dores por todas as partes. Encontrou uma caverna e ficou ali, balbuciando e delirando por um tempo, não sabe quanto tempo, dias se passaram até que percebeu seu estado e resolveu sair.
era o mesmo, mas com olheiras profundas, os lábios muito vermelhos e quando abriu a boca, sua voz parecia mais grave, como se saindo de uma caverna profunda. Se Malkey estivesse vivo estaria rindo, ele tinha conseguido iniciar a transformação. Matou muitos, com prazer e violência enquanto escapava... ou eram lembranças dos outros? Seu nome era Ariel e fazia parte de alguma guerra... estava tudo confuso e não sabia onde estava. Tinha que voltar para casa, onde era sua casa? O corpo doía muito e andar era difícil, tentou lembrar-se de algum lugar para onde pudesse ir. Na sua memória estavam quase todos os lugares do quartel general dos Xylon e de sua base de pesquisa, não era isso que queria, tinha que existir outro lugar, sabia que não era um Xylon. Andou por horas sem encontrar ninguém, o lugar era completamente vazio, era um lugar novo na grade ou poderia ainda estar na gaiola Xylon e delirando, esse pensamento lhe deu um arrepio. Projetou sua energia por centenas de quilômetros e aparatou, mais algumas centenas e continuou fazendo isso por horas, o lugar era completamente vazio. Até que sua mente percebeu uma coisa diferente, uma espécie de “buraco” na grade da realidade. Deslocou-se para o lugar. Em frente a um abismo se abria um horizonte de absolutamente nada, como se naquele lugar o universo tivesse deixado de existir, vez por outra conjuntos maciços de energia passavam rapidamente iluminando aquela escuridão, vindo e indo para todos os lados, a passagem era rápida demais para ser acompanhada e não era possível identificar a energia por conta disso. A visão era tão fantástica que por alguns segundos chegou a esquecer da dor. Aquelas “bolas” de energia exerciam um fascínio estranho e transmitiam uma calma geral para o seu corpo. Ficou parada em absoluta imersão na cena, o abismo lhe chamava, sem entender nada, sua mente foi se acalmando, as vozes na sua cabeça diminuíram e já eram só sussurros, já conseguia pensar mais claramente. Lembrou-se de um lugar, que era uma espécie de fortaleza e, até onde se lembrava, era sua. Poderia ficar ali por algum tempo, era só aparatar, mas teria que saber para onde, o abismo certamente não era um lugar para se arriscar, não na sua atual condição.
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Demorou alguns dias – ou pelo menos pensou assim, para saber para onde aparatar. Achou sua fortaleza e foi.
PARTE DOIS AMIGOS OU AMEAÇA DESCONHECIDA
Aparatou, o lugar era muito bonito, todo em pedra com colunas enormes, tudo muito branco e luminoso, no estado atual do seu avatar isso era ruim, os olhos ardiam diante da luminosidade, manipulou a matriz da casa e diminuiu a luminosidade. Lembrava-se de haver um quarto e lugar para banho e repouso. Foi para o banho, se despiu, e se olhou no enorme espelho que ladeava a sala de banho. Sua aparência era horrível. O corpo era maior, mais alto,branco e pálido, como nunca fora, coberto de cortes profundos com bordas vermelhas. Colocado contra luz emitia um brilho levemente negro, os lábio vermelhos, olhos fundos e olheiras enormes. O cabelo era a parte mais estranha, preto caindo até abaixo da cintura, com duas faixas brancas, ele se mexia como e estivesse vivo. A figura completa era impressionante e assustadora, o rosto era o mesmo do qual se lembrava, mas parecia outra pessoa, estava mais magra e aparentava fragilidade. A transformação almejada por Malkey não havia se completado e parecia um híbrido mal feito e mal nutrido de Xylon com Volkan. Tentou alterar a forma, mas não conseguiu, havia assimilado muito da energia dos Xylon e isso era um problema. Ouviu Malkey “rindo” na sua mente. Essa loucura tinha que parar, não podia permitir que as vozes voltassem. O banho quente foi reconfortante, a água parecia cariciar cada músculo do corpo e durante algum tempo a sensação de paz e tranquilidade foi tomando conta do avatar. Lembrou-se quem era e que existia um Conselho que dirigia os Vokans. Tinha que ir ao Conselho, mas como? Com aquela aparência e energia talvez não passasse nem pela grade de segurança, e ainda havia a questão do membro do conselho envolvido com os Xylon. Quem era ele, o que queria e porque fazia aquilo? Tinha que expor esse membro e ter prova de suas acusações, senão seu avatar seria encarcerado. Só sua situação atual já era suficiente para isso. O Conselho e nem mesmo seus melhores amigos a veriam como antes, ela era uma meio-xylon, ficou prisioneira sabese lá por quanto tempo, tinha vampirizado vários avatares, não era mais um Volkan e teriam razões de sobra para duvidar de suas afirmações. Nem ela mesma acreditava em todas as suas memórias.
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A constatação dessa realidade foi profunda. Todos aqueles que conheciam antes poderiam estar perdidos, seu amigos, parceiros, conhecidos.
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Não era um Xylon .. era uma excrescência. Não podia aparecer tão cedo, seria presa.
O banho já estava lhe incomodando, ficar parada naquela situação era um erro. Saiu rapidamente. Enrolou-se em um manto carmezim, o rubro combinava com seus lábios e fazia a palidez saltar ainda mais. A constatação não a deixou mais feliz. Foi quando ouviu o barulho. Duas vozes que conversavam baixo. Poucas pessoas conheciam aquele lugar, na verdade só três, e um não existia mais. Esgueirou-se por entre as colunas gigantescas de mármore, que combinavam com a opulência do lugar. Todos podiam construir seus repousos da forma que quisessem na matriz, mas ela havia concebido uma estrutura majestosa e gostava muito daquilo. As vozes eram mais nítidas: - A informação que temos é que ela estava presa em um comando Xylon, nosso espião disse que ela tentava escapar, foi a ultima notícia. O comando fica a oeste dessa posição. Era o Spirus quem falava, comandante da terceira divisão dos Vokan, uma pessoa admirável, uma relação de amor-ódio que ela nunca conseguiu esclarecer. Spirus era uma alma nobre, corajoso, fiel e firme em suas decisões e, na avaliação de Ariel, incorruptível. Sua aparência era no mínimo encantadora. Moreno, alto, olhos negros e profundos corpo esculpido em músculos acentuados pelo exercício de campo, cabelos pretos anelados e curtos, um estrategista excepcional. Spirus foi um dos primeiros comandantes a se opor a sua presença no campo de batalha, ele a chamava de “instável”, “perigosa” e “um risco em campo”, tiveram discussões homéricas e chegaram a pegar armas um contra o outro e teriam se matado se não fosse por Amarok. Quando o Conselho a quis capturar, depois de ter pulado dimensões com o Bastão de Moisés escondido, mandaram Spirus. Foi só o bom senso dele que salvou a seu avatar e ela salvou o dele em batalha em retribuição. Mesmo assim um não suportava bem o outro, só o fato de terem um mestre comum, Amarok, é que os coloca frente a frente com outro. Se o Conselho mandasse alguém atrás dela, com certeza seria Spirus. O outro era Amarok seu primeiro mestre, um avatar de aparência velha que poderia ser confundido com um avozinho querido, mas mais forte que Spirus no campo de batalha, naquele mundo a aparência não contava muito. Se pudesse confiar em alguém, esse alguém era em Amarok, mas na sua atual situação era melhor esperar. - Acha que poderia entrar escondido e a retirar de lá? - Não sei, a informação é que estava sendo torturada e bem guardada.
- Entenda, eu também quero Ariel de volta, mas não quero perder você.
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- Diversos já se voluntariaram para a ação, não estarei sozinho.
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- Eu acredito Spirus, ela já fugiu várias vezes e teria fugido se pudesse, o que faz da sua empreitada algo ainda mais difícil de ser realizado com a autorização do Conselho.
Eles tramavam sem autorização do Conselho para fazer o seu resgate! Ela saiu lentamente das sombras. Mesmo assim assustou os dois. Ambos se moveram rapidamente e apontaram suas armas. Ela parou e os fitou por algum tempo, que pareceu uma eternidade. Demoraram em reconhecer seu rosto. - Ariel? É você?-perguntou Amarok A voz saiu profunda - Sim Deu alguns passos, eles recuaram. - Porque essa aparência Ariel? O que aconteceu? - Não pode ser ela Amarok, eu sinto a energia Xylon. Spirus apontou sua arma. - Eu também sinto Spirus, mas é ela. - Por favor, não se afastem, me ouçam, eu escapei. Eles recuaram um pouco mais. - Ok, eu vou ficar aqui e vocês ficam aí, não me aproximo mais, mas me escutem. Eles permaneceram onde estavam. - Podem abaixar as armas? Por favor? Relutantes recolheram suas armas, e ela passou a contar tudo do que se lembrava, por mais de três horas conversaram e fizeram inúmeras perguntas, algumas muito pessoais para testar sua identidade. Ao final, ela estava cansada, sentou no chão, encostada na coluna, e as lágrimas vieram aos olhos, Amarok e aproximou e a abraçou e permaneceram assim por algum tempo, em silêncio. Amarok quebrou o silencio - Não pode aparecer assim no Conselho e temos que descobrir o traidor.
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- Sim, mas as lembranças de Melkey são as mais fortes e as que mais me incomodam, tenho receio de acessar ... é como se eu pudesse chegar a gostar de ser Xylon.
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- Você disse que tem as lembranças de Melkey, ele não sabia quem era o traidor? – falou Spirus
- Isso não vai acontecer Ariel, eu e Spirus podemos ajudar. - E farão o que? Amarok eu destruí centenas de Xylon e me alimentei deles, nem lembro direito como fiz isso, eu nem sei o que sou mais. E se eu me voltasse contra vocês dois? - Se não se acha preparada então vamos esperar, ainda está muito fraca, os Volkan procuram por você e os Xylon sabem que escapou, não vai demorar muito para a história se espalhar, você deve permanecer escondida e segura – falou Spirus - O traidor do Conselho certamente já sabe de sua fuga e vai querer seu extermínio. Sua sobrevivência compromete a posição dele, temos que esconder você. Aqui não é o melhor lugar para ficar. - E vamos para onde? - Para minha fortaleza nas falésias? - Você tem uma fortaleza nas falésias Spirus? - Não lembra que a mantive prisioneira la... - O que?... Eu nunca.... não .. eu não esqueceria uma coisa dessas... ou esqueceria?? Amarok e Spirus se olharam, a situação era mais seria do que pensavam. - Eu tenho uma fortaleza nas falésias, venha comigo. - Spirus, se alguém souber você estará comprometido, pode perder tudo pelo que lutou. - E, sei que vou me arrepender disso um dia, mas estou protegendo meus interesses Ariel, um traidor no Conselho é um risco para mim e para minha tropa.. Amarok levantou seu animo - Você sobreviveu a muita coisa sozinha e não esta sozinha agora, vamos te ajudar, venha, vamos te proteger e vai dar tudo certo Ariel.
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Já faziam cinco dias que estava escondida na propriedade de Spirus que, ao contrário da sua, era uma espécie de castelo com uma grande quantidade de vegetação em volta e jardins incríveis. Das paredes de pedra emanava uma luz suave a noite, sendo impossível se perder pelos corredores. Os quartos eram adornados de forma espartana, mas as camas eram grandes, estruturadas em troncos enormes do que parecia ser madeira, sua cama tinha um dossel sustentado por troncos adornados por serpentes incrustadas em escamas douradas e olhos de jade, em um colchão que se moldava ao corpo dando o melhor conforto possível. Era o lugar ideal para se recuperar.
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. Agora começava a lembrar-se de porque andava na companhia dele, era o melhor. Aparataram.
No terceiro dia já não sentia a dores que estavam lhe incomodando desde a fuga. Foi quando Amarok apareceu. - Tenho novidades. Como está se sentindo? - Bem melhor, as novidades?? - A notícia de sua fuga com todos os detalhes sórdidos chegou ao conselho. Não se sabe como um Xylon capturado contou tudo, o serviço de inteligência confirmou. Você está sendo procurada e é considerada um risco. Dizem que matou e consumiu mais de duzentos Xylon, sem contar Malkey. E verdade? - Não sei, eu não lembro, tenho que sair daqui o mais rápido possível então. - Não tenha pressa, o comando da busca foi entregue a Spirus, e ele não vem procurar na própria casa. No entanto há uma coisa delicada a discutirmos: temos que saber quem é o traidor. Spirus não poderá mostrar incompetência por muito tempo, uma hora ele terá que te achar, temos que saber quem é o traidor para conseguirmos provas. Só sua palavra não será suficiente na situação atual. - Terei que acessar as memórias de Malkey. - Exato, o mais rápido possível. O ideal é que pudéssemos achar um leitor, ele poderia entrar na sua mente e fazer isso, mas não temos ninguém confiável já que todos eles trabalham para o conselho. Você vai ter que se arriscar. - Quando? - Hoje ainda, estou esperando Spirus voltar da caçada contra você, claro que o comandante cansado deve ir para casa repousar. Vamos vir juntos e mais uma pessoa. - Quem Amarok? Isso é perigoso e não podemos confiar em mais ninguém. - Um certo Dupak quando ficou sabendo de tudo me chamou para conspirar, disse que não achava correto lhe caçar como o pior dos Xylon e que se pudesse te daria abrigo. Você ajudou Dupak a manter sua dimensão por mais de uma vez, ele lhe é extremamente grato por isso. Dupak é uma pessoa nobre e falava com sinceridade. Nós vamos convida-lo para uma bebida, e depois te apresentar no “novo visual”. O elemental dele teria poder necessário para te travar no tempo se algo der errado.
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Mais de dois metros de altura, branco, olhos caramelos, cabelos vermelhos e esvoaçantes e muito, muito magro, Dupak era uma figura estranha e sua presença nunca passava despercebida.
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Dupak, também conhecido como “O Príncipe” era um elemental de outra dimensão que interagia com os Vokans como colaborador. Tinha poder de fazer o tempo correr mais lentamente em pequenos bolsões de tempo, era realmente o regente do seu povo, mas preferia ser chamado de Dupak.
A aparente fragilidade era um equívoco a ser evitado, Dupak era mais forte que Spirus e Amarok juntos, seu corpo era superdenso e acostumado a gravidades diferentes dos diversos mundos pelo qual perambulava, sua agilidade era lendária e para sua diversão, costumava carregar uma espada toda adornada na cintura, que exibia sempre que puxava uma briga, costumava ganhar todas. Mantinha sempre uma aparência impecável, como se tivesse acabado de sair do banho, muito arrumado e usava capas esvoaçantes extravagantes. A ajuda de Dupak seria bem vinda. Spirus chegou, no tempo esperado, acompanhado de Dupak. Ela ficou oculta enquanto Dupak e Amarok conversavam. Por fim Spirus a levou ate o aposento que parecia com uma biblioteca. Entrou relutante, não sabia como Dupak reagiria. Era de pânico a expressão de Dupak quando olhou para ela. Mesmo a conversa de Amarok não o havia preparado suficiente para a visão. - Ariel, .ele sussurrou - Dupak... - Não, não fale nada. Ela caminhou em direção a ela e segurou sua mão entre as dele. - Nos vamos resolver isso, vamos resolver. Amarok me falou da necessidade de acessar as memórias do comandante Xylon, ate onde seu sei mesmo nessa...condição, você foi capaz de causar destruição entre eles, os Xylon também estão te caçando. - Os Xylon, os Vokans e metade da população do quadrante, já há uma recompensa pela sua captura- interrompeu Spirus - Eu não pediria isso de você se não fosse realmente necessário, faalou Amarok - Eu sei Amarok, vamos fazer logo. O que eu devo fazer? - Venha cá, deite-se aqui e procure ficar o mais confortável possível. Dupak ira te induzir.
Ela assentiu coma cabeça.
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- Ariel, quando estiver perto das memórias de Melkey, não deve ter medo, o medo pode alimentar um processo químico que gera o desequilíbrio no seu Avatar e pode permitir a energia Xylon fluir com mais facilidade, pode acelerar o processo de mutação. Lembrese: nada do que você vai ver e de verdade, Melkey esta morto, não esta vivo dentro de você, são só memórias.
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Ela se deitou, Dupak ficou ao seu lado, em uma cadeira.
- Relaxe, feche os olhos e se concentre no som da minha voz. Seu corpo esta cansado, pesado, você sente sono .... A voz de Dupak foi entrando como uma musica por todo o seu corpo, a ultima coisa de que se lembra depois disso é de estar sendo segura por Spirus. Acordou em sua cama, na casa de Spirus. Amarok estava sentado em uma cadeira grande, ao lado da cama. - Ola, ele disse. - Amarok!O que aconteceu... estávamos na biblioteca.. - Do que se lembra? - De Dupak falando comigo e depois Spirus tentando me segurar. - Acessamos as memórias de Melkey, descobrimos o nosso traidor e você surtou, primeiro tentou agredir a todos e depois entrou em estado de choque, delirou durante dois dias e esta dormindo a outros dois. Já se passaram quatro dias desde então. - Eu feri alguém? - Não, Spirus foi rápido. Agradeça a desconfiança dele em relação a você, senão estaríamos mortos. Essa sua mutação lhe deu alguns poderes consideráveis. - Quem é o traidor? O que fizeram? - Quirius, mas ele nem se lembra de nada. Achamos um artefato implantado no cérebro dele, foi induzido a ação. Mas através de Quirius pudemos descobrir varias instalações Xylon e um artefato que estavam construindo para explodir uma parte da cidadela e do Conselho. - E a maquina em que me prenderam? Acharam? - Não, mas é claro que tivemos que contar ao Conselho como obtivemos a informação. Há pelo menos uns duzentos soldados guardando a casa e ouvimos as reprimendas de Primus por umas duas horas. Queriam lhe mandar para uma área de segurança onde pudesse ser vigiada mais atentamente. Spirus disse que havia voluntariamente se apresentado e colaborado com a investigação e não achava que fosse necessário, o que não deixa de ser verdade. Ele ganhou todo o mérito por sua “captura”, não podíamos expor Spirus.
- E Dupak?
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- Sim.
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- Sou uma prisioneira então?
- Esta na biblioteca, continua a nos ajudar. - Por quanto tempo vou ficar aqui Amarok? - Não sei, mas estamos trabalhando para relaxar a sua guarda. - O que significa que pode ser? - Não sei Ariel. Sabe que farei tudo por você, mas não podemos pressionar demais o Conselho, foi muita coisa para digerir em pouco tempo. Tenha um pouco de paciência, sei que não é seu melhor atributo, mas tente. Enquanto isso descanse e durma um pouco mais, precisa repor suas energias e com certeza o Conselho vai querer lhe ouvir. - Interrogar você quer dizer. Eu já dormi por quatro dias, acho que não preciso de mais sono. Pulou da cama - Não faça besteiras Ariel. - Não farei, por enquanto. Vou tomar um banho e passear pelos jardins. - Vai observar os soldados para ver por onde pode escapar. Eu te conheço, por favor, fale com o Conselho. - Eu não vou fugir sem falar com o Conselho antes Amarok, eu lhe prometo. - Droga! Ele saiu furioso batendo a porta. - E não adianta falar com Spirus! Ela gritou atrás dele enquanto ele saia a passos largos pelo corredor. Não ia ficar presa nem um dia a mais do que o necessário. Sabia bem que o Conselho não aceitaria facilmente sua nova condição, poderiam ser anos presa ate que declarassem que ela era “inofensiva” para permitirem sua saída, e isso não ia acontecer tão fácil. Ia virar objeto de estudo, espécime de laboratório. Não tinha lutado tanto para isso.
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Spirus podia ser uma pessoa intolerável as vezes, mas sabia como construir um lugar agradável. A casa de banho era ampla e arejada, com vegetação pelas paredes, uma iluminação cálida, um frescor de flores silvestres permeava o ambiente. Tirou a roupa e mergulhou na piscina natural, uma água morna, bolhas subiam a superfície e jatos de água saiam pelas paredes, o barulho da água era calmante.
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Precisa de um banho e se recompor. Um banho sempre a deixava mais animada.
Afundou na água, deixando-a cobrir todo o seu corpo, emergiu e se recostou no assento entalhado na pedra, próprio para isso. Fechou os olhos e permaneceu em silencio, ouvindo o barulho da água. O que diria ao Conselho para mudar a opinião daqueles vetustos, Primus era radical e era o melhor deles, alguns tinham antipatia gratuita e outras justificadas por ela. Em uma votação dificilmente ganharia. Que moeda de troca poderia haver para convencer o Conselho de que não era ameaça aos Vokans? O mais importante: o que eles realmente queriam? Se tivesse mesmo que fugir, para onde iria? Não haviam muitos lugares desconhecidos dos Vokans, e ainda tinha os Xylon que a caçavam. Spirus tinha lhe falado sobre uma recompensa que teriam colocado para a sua captura, o que aumentava consideravelmente a quantidade de indivíduos de quem escapar. Seu novo corpo lhe dava possibilidades novas, mas riscos maiores ainda. Seria imediatamente reconhecida para onde quer que fosse. Teria que fugir e assumir outra forma em outra dimensão, pelo menos por um tempo. Seus pensamentos foram interrompidos pela entrada abrupta de Spirus gritando. - Ariel! Ela pulou de susto e mergulhou, escondendo o corpo coberto de cicatrizes. - O que pensa que esta fazendo Ariel? - Esta ficando louco? Ninguém lhe ensinou educação? Estou tomando banho, não tem respeito? - Por mim pode estar se enforcando! Amarok e eu estamos tentando te livrar da prisão, se estava pensando pense rápido. O Conselho exige sua presença hoje ainda. - Como assim hoje? - Tínhamos dito que estava em recuperação, mas é difícil manter a mentira quando VOCE sai gritando pelos corredores. Amarok esta chateado com você e com razão. - Eu não sabia, se compartilhassem todas as informações eu não teria feito isso. Vou me vestir e passear no jardim. - Se é o esquema de guarda que quer não precisa sair no jardim, vai assustar ainda mais os guardas. Eu tenho o esquema.
- Então eu tenho que ir ao jardim?
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- Só se a situação ficar insustentável..
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- Suponho que vai me passar?
- Não me provoque Ariel! Vista-se, estamos esperando na biblioteca. Ele saiu furioso. Tinha horas que ela tinha vontade de cortar o pescoço dele. Mas nesse momento era melhor obedecer ao comandante. Vestiu-se o mais rápido que pode, O manto verde não disfarçava a palidez e os cabelos parece que escolhiam sozinho como se comportar. Adentrou a biblioteca e petrificou. Em torno de uma mesa estavam Amarok, Spirus, Dupak, Primus e Adeste. Não esperava ver os dois Conselheiros no local. Eles não se assustaram com a sua aparência como era esperado, pois já a tinham visto enquanto dormia. Ela os cumprimentou com leve reverencia com a cabeça. Adeste puxou uma cadeira para que se sentasse, estava entre Amarok e Adeste. As cadeiras eram grandes, com recostos altos, braços esculpidos e forrados com um veludo verde escuro, os detalhes eram em dourado e dava imponência àquele grupo estranho reunido. Adeste era o mais novo dos Conselheiros. Um avatar negro, com olhos azuis bem claros, não tinha mais do que um metro e oitenta. Na atual condição Ariel estava quase na mesma altura que Adeste, sua pele era brilhante, um corpo musculoso e usava adornos dourados por cima da capa branca. Sua voz era profunda, mas melodiosa. Era considerado um sábio, mesmo entre os mais velhos conselheiros. Quando ele falava todos faziam silencio. Tinha especial antipatia por Ariel e ela não entendia o que Adeste fazia naquele local. Primus era um titulo, o nome do Avatar era Nuriel. Presidia o Conselho, tinha a aparência de um ancião, com um metro e setenta, vestia uma túnica parecida com uma Kafka, na cor branca, usando a capa paramental do Conselho por cima. Era extremamente racional e objetivo, nunca ficava fazendo rodeios nas suas declarações e sempre cumpria o prometido, se dependesse do Primus ela não estaria nem na frente de batalha, ele também não gostava muito dela, mas nunca deixou suas preferências pessoais interferirem no seu julgamento. O que fazia dele uma esperança para Ariel. Primus falou primeiro - Estamos a par de sua nova condição e todo o Conselho também, parece que há em você uma especial predileção por nos causar confusões, as piores confusões com certeza. Dessa vez sua confusão nos deu uma vantagem, poderíamos ter sido pegos de surpresa pelos Xylons, lhes somos gratos por isso. Do que se lembra Ariel, da sua infeliz estadia entre os Xylons? Com detalhes que puder lembrar, por favor.
- Um mês, ou um pouco mais, não conseguia distinguir a passagem do tempo.
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- Quanto tempo acha que ficou em poder dos Xylons Ariel, perguntou Adeste.
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Ela contou tudo a eles, desde sua captura até a fuga, menos o detalhe do abismo, achava que o abismo podia ser alguma vantagem estratégica e não contou a ninguém.
- Temos uma coisa para lhe mostrar. Primus acionou a projeção holográfica gaiola com ela prisioneira dentro. - Pegamos essas imagens em uma das unidades que conseguimos invadir. A gaiola não foi localizada, acho que já haviam mudado de lugar, mas confirma toda a sua historia. Queremos que veja algumas partes. Primus avançou a imagem, apareceu ela sendo colocada na mesa onde estava amarrada no dia da fuga. Diversos aparelhos sendo ligados e algum tipo de medicamento sendo injetado no seu corpo, as vezes o corpo entrava em convulsão. Malkey estava sempre presente, tirava amostras do seu sangue e analisava. A cena se repetia por muito tempo, ela era colocada de volta na cela sempre antes de acordar. Algumas cenas era dela sendo atingida pela arma de tortura, seus gritos e o corpo se contorcendo de dor no chão, Dupak se levantou da mesa. O Príncipe não gostava de agressões. A ultima cena foi a mais violenta, mostrava o espancamento coletivo a que foi submetida, seu rosto inchado e sangrando desacordada e sendo arrastada para a sala de recuperação. Por fim a sua fuga, parecia um animal saltando sobre Malkey e destruindo seu corpo. Ela teve que se conter para não sair correndo do local, sentiu uma tontura e se pudesse ficar mais branca teria ficado. Todos perceberam o quanto aquilo lhe perturbou. - Sentimos muito Ariel, falou Primus, mas tinha que ver essas coisas, Tem que saber que ficou com os Xylon por quase seis meses e que fugiu de lá a pelo menos um mês. Aquilo fez com que toda a sua segurança desmoronasse. - Não pode ser!Foram algumas semanas, três no maximo, eu não compreendo. - Você foi mantida sedada a maior parte do tempo. Malkey achava que a transformação faria você falar mais facilmente, falou Adeste - Você deve descansar, tente se recuperar e lembrar o Maximo de coisas que puder. Sua situação foi muito traumática e .. Não conseguia ouvir mais nada, ela se levantou. Os olhos marejados, cambaleou em direção a mesa e quase caiu se não fosse por Dupak lhe amparar. Spirus lhe deu um copo com uma bebida forte.
Não conseguia ficar mais ali, saiu da sala e foi para os seus aposentos.
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Dupak pegou outra cadeira e a colocou sentada.
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- Tome, você precisa disso.
- Amarok, cuide dela – falou Primus - E o Conselho? - Eu cuido do Conselho. Isso será mais complicado que o normal. Nunca vi alguém ser torturado dessa forma, ela é muito forte. - Ou pode estar fingindo, falou Adeste, essa possibilidade pode existir, vimos como ela se transformou rapidamente vampirizando outros Xylons. - Ela não é um Xylon Adeste, e essa versão não deve ser alimentada se quisermos esclarecer tudo isso. Deve haver uma forma de colocar Ariel com seu Avatar anterior, disse Primus - E se não houver Primus, e se for irreversível, como o Conselho decidirá? - Não sei Amarok, mas vamos pelo melhor caminho, antes de trilharmos o pior. Eles se retiraram. Spirus subiu aos aposentos de Ariel, bateu na porta e não houve resposta.Entrou devagar. - Ariel? Ela estava parada em pé, aos pés da cama.Ele foi em direção a ela. - Não encoste-se em mim Spirus quero ficar sozinha. Ele a segurou forte pelos braços, seria uma péssima hora para ela escapar. Ela a olhou e duas lagrimas rolaram pelo seu rosto. Sem saber como lidar com a situação, ele a soltou, nesse momento Dupak entrou, chegou perto dela e com um toque a colocou para dormir. Spirus a colocou na cama, meio desajeitado. Dupak a arrumou, colocando um travesseiro sobre sua cabeça. - O que faremos agora? - Vamos vigiar, se ela escapar agora teremos problemas. O Conselho não vai querer ouvia-la pelos próximos dias. Primus dará um jeito nisso. Me diga Spirus, o que você faria se estivesse no lugar dela?
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- Exato, Ariel pode tentar fugir para fazer alguma besteira contra os Xylon e eles esperam por isso. O trauma que sofreu pode ter desdobramentos inesperados, ela pode ser dominada pelas memórias dos Xylons dentro dela, ela nem lembrava direito quem era quando escapou.
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- Não sei, mas acho que iria querer pegar algum dos Xylon.
- Nunca via ela chorando durante todo o tempo que a conheço e agora, em menos de uma semana já presenciei a cena duas vezes! - Você também ia chorar se estivesse na condição dela.
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Eles a vigiaram a noite toda e ela dormiu profundamente naquela noite.
PARTE III A REALIDADE É PIOR DO QUE A APARENCIA
Os dias se passaram, houve dias em que acordava a noite, assustada com os pesadelos, sempre havia alguém ao seu lado. Amarok providenciava para que tomasse alguma coisa para continuar dormindo tranqüila. Durante esse tempo, sem contar a ninguém e com muito cuidado passou a testar seus conhecimentos sobre os Xylons, se descobriu capaz de várias proezas. A metade Xylon lhe dava acesso a uma força incrível e potencialidades novas, que não tinha como corpo Volkan. Tinha o pior, mas também o melhor dos dois mundos. Seus poderes cresceram e se fortaleceu de tal forma que começou a pensar em como fugir dali. Por mais dourada que fosse a gaiola, ainda era uma gaiola, não iria ficar presa, por ordem de Xylon ou de Volkan. Passava horas na biblioteca de Spirus, consultando livros para montar sua estratégia de fuga. Depois de 20 dias sua percepção tinha aumentado consideravelmente, já conseguia saber onde se encontrava cada Volkan do prédio, só estendendo sua mente sobre eles, e não era percebida por nenhum. Nesse dia Primus voltou ao palácio de Spirus, para falar com Amarok, que tinha permanecido no local todo o tempo. Ela podia ouvir a conversa deles - Temos que conversar Amarok. - Deve ser urgente, senão não teria vindo aqui. Do que se trata? - Ariel. - E???
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Ela se recordava da Batalha do Vale, os angelicais tinham dado ordem de recuar, mas ainda haviam 200 mil indivíduos presos no local, seriam mortos pelos Xylon. Ela se recusou alegando que não deveriam deixar os seus para trás. A tropa toda recuou em obediência. Ela invocou o direito de travar a sua batalha pessoal, qualquer um podia fazer isso e resolver lutar por conta própria, mas isso significava que ninguém era
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- Por mais que tenha me esforçado eu não consegui a maioria no Conselho, sabe que os angelicais são contra ela desde a Batalha do Vale.
obrigado a ajudar. Usando de toda a força do Bastão partiu sozinha contra um esquadrão Xylon inteiro. No início a batalha não foi difícil, mas quando outros Xylon a viram lutando sozinha se empolgaram, estava perdendo terreno e levando uma boa surra de dois comandantes Xylon e quase sucumbindo, quando mais um entre os seus comandados invocou seu direito e veio em seu socorro, um levou o outro e foi salva por pouco. Quando os angelicais viram quase todo mundo já estava de volta no campo. A Batalha foi vencida, mas lhe custou caro a desobediência. Foi sua a obrigação de arrumar todos os desdobramentos temporais que isso deu causa nos outros mundos. Nunca trabalhou tanto. Ficou suspensa do campo por vários meses, mas o pior foi a infalibilidade dos angelicais posta a prova, no final sua ação comprometeu até a unidade do Conselho. A palavra dos angelicais era a ultima e sempre a respeitada sobre qualquer assunto de batalha, ela tinha mostrado que eles podiam errar feio. Era interessante supor que aquelas criaturas que estavam tecnicamente mais isentas que qualquer um dos Vokans eram levadas por sentimentos de vingança. Mas não eram, eles acreditavam cegamente em um “plano superior” e eram inflexíveis em relação a esse plano. O plano que só eles conheciam, isso norteava as suas ações, não tinham o sentimento que a maior parte dos Vokans partilhavam de raça, unidade e dever, seu dever era para com o “Plano Divino”. - Acredita que eles, mesmo diante das circunstancias, não irão apoia-la? - Sua protegida já causou mais confusão em uma década do que todos nos últimos cem anos. Dou razão a ela nessa situação delicada mas, Amarok, não conseguimos chegar nem perto de reverter a situação fisiológica dela, já olhou para ela? Quem vai querer uma quase Xylon para lutar ao lado no campo de batalha. Não podemos colocar ela em outro lugar, ninguém aceita. - Deve haver uma situação negociada, poderíamos levar ela para outra dimensão até solucionar o problema. Dupak aceita a presença dela entre os elementais. - Levei essa proposta de Dupak, eles afirmam que não há garantias de que ela possa simplesmente surtar a qualquer hora e que os elementais talvez não tenham como contela. Caleb diz que ela pode ter desenvolvido poderes que está ocultando, que a forma híbrida lhe daria acesso a todas as energias. - Se Caleb continuar com esse discurso só causará mais pânico. - Disse isso a ele, mas veio com o discurso de “temos que expor a verdade” e “de estar preparado para tudo".
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- Nunca ouviu isso de minha boca: Vamos dar fuga a ela.
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- O que sugere Primus?
- O que? De todas as coisas que já ouvi do Senhor Conselheiro essa realmente é impressionante. Porque quer dar fuga a ela? Nem mesmo Ariel estava entendendo aquilo. Primus não era de confiança, mas não era um tolo, não daria fuga a ela se não ganhasse nada com isso. - Veja bem, se ela tem poderes novos, não vamos conseguir dete-la facilmente e será melhor te-la como amiga do que inimiga. Mas se ela não tiver poderes, não poderá fazer mal algum e pode ser capturada a qualquer tempo, mas sempre se lembrará de quem são seus amigos. - Primus, nem sei o que lhe dizer. Amarok sorriu, aquilo era a coisa mais absurda que já ouvira, Ariel ficaria furiosa se ouvisse. Ela estava furiosa ouvindo. Primus queria fazer sua política medíocre sobre ela. Até onde Amarok iria? - Lhe darei retorno depois Amarok. Vou combinar os detalhes. Primus se retirou. Amarok ficou sozinho na sala. Spirus saiu de dentro da estante que era uma passagem escondida. - Ouviu tudo Spirus? - Ouvi. Não devemos confiar nele, pode ser uma forma fácil de livrar-se de um problema: matar Ariel em fuga. - Foi o que pensei. Mas com certeza não temos mesmo a maioria no Conselho. Não vai demorar muito para determinarem que ela vá para uma ala de segurança. - Não tenho como dar fuga a ela sem parecer muito suspeito Amarok. - Então temos que planejar uma fuga quando ela estiver fora da sua jurisdição. Ariel entra e sorri. - Isso está pior que uma convenção Xylon, dois conselheiros tramam contra o Conselho, e um contra o outro, um comandante ouve por detrás das portas e planeja a fuga de quem deveria prender. E eu não sou nem ouvida durante todo o tempo! - Ariel! Estava ouvindo também?
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- O Conselho deve lhe chamar em breve. Não posso lhe dar fuga aqui, mas no trajeto ou durante a apresentação pode haver uma falha de segurança.
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- Sim, se tudo me diz respeito tenho que ouvir.
- Agradeço Spirus, mas já tenho meu próprio plano que inclui a fuga, a apresentação ao Conselho e uma surpresa para você, não necessariamente nessa ordem. - Poderia compartilhar conosco Ariel? - Não Amarok, quando menos souberem melhor para vocês, não terão que mentir ao Conselho se forem interrogados. -Caleb está certo Ariel, perguntou Spirus Ela olhou para ele e depois para Amarok. - Só informem ao Conselho que estarei pronta em três dias. O Conselho chamou três dias depois. Spirus lhe passou, por ordem de Amarok, toda a planta do prédio do Conselho, com o esquema de guarda montado para o dia, mas foi claro em dizer que talvez tivessem lhe ocultado alguma coisa, portando devia esperar por tudo. Mesmo sobre os protestos de Amarok e Dupak ela não revelou seus propósitos. Na noite anterior se reuniram os quatro, para uma ceia, ela bebeu bem alem da conta, mesmo sob protestos de Amarok. Disse o quanto gostava de Amarok: - Amaaaroch... voche é o cara.. - Ok acho que está na hora de ir para cama. - Amanha eu fou vugir Amaaaroch, não vamos nos ver maissch. Spirus lhe deu uma outra bebida para poder tirar ela do estado etílico. - Chipirus... eu não gochto muito de voche...maisssch vou te dar um presente... - Vou colocar ela na cama Amarok. - Espere ela melhorar um pouco. Se colocar assim será pior. Porque deixou ela beber tanto? - Chabe Chipirus, pra um cara chato voche tem uma boa adega...vamuch comemorar.... - Tome isso aqui.
Ela tomou o conteúdo do copo e em poucos minutos já estava saindo do estado etílico.
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- Vai ficar melhor.
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- O que é Chipirus?.
- Está se sentindo melhor Ariel; perguntou Amarok - Acho que o estado etílico era mais interessante, estava me sentindo flutuando, agora parece que o prédio desabou na minha cabeça. - Ótimo, porque tem que pensar que amanha pode ser o ultimo dia aqui, se pensa mesmo em uma fuga, esse é o momento de compartilhar seus planos. - Já discutimos isso Amarok. Vou para o meu quarto dormir, obrigado a todos pelo apoio. Se levantou meio cambaleante, Spirus a amparou e ajudou a subir as escadas. Chegou na porta do quarto e disse: - Obrigada Spirus, você foi melhor do que imaginava. Aproximou-se dele e lhe deu um beijo ardente, que foi correspondido da mesma forma por ele. Ela de afastou para a porta, meio sem graça e disse: - O que a gente faz quando esta bêbada, esquece. Ele gostaria que ela não tivesse dito aquilo, por um momento se esqueceu da sua aparência, das brigas e discussões. Desceu a escada rapidamente. Passando pela frente da biblioteca onde estavam Amarok e Dupak, Amarok o chamou: - Spirus! - Sim Amarok? - Algum problema? - Não. - Quer me contar alguma coisa Spirus? - Não Amarok, esta tudo bem. Na manha seguinte todos faziam um desjejum, quando Amarok chegou. - Ola senhores e senhora. Ariel, o que vamos fazer hoje?
Todos ficaram quietos. Dupak quebrou o silencio:
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- Eu sou a gozação do Conselho,sabem como me chamam? O patrocinador das graças: do sem graça, do nem de graça e da desgraça, explodiu ele.
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- Não Amarok, não há mais nada a combinar, por favor.
- Pelo menos eu sou o sem graça. Amarok se engasgou e todos caíram na risada. Para aquela manha tinha escolhido cobrir o corpo com um manto branco, com um capuz que escondia sua palidez e a nova aparência, assim não causaria tanto impacto.Ela estava silenciosa ao sair palácio, a tensão podia ser sentida no ar. Amarok e Dupak seguiram na frente e ela foi escoltada por Spirus e seus guardas , o grupo aparatou na entrada do prédio do Conselho. O local estava lotado, Primus havia feito um espetáculo e montado o seu circo. Quando apareceu um silencio se fez na multidão. Era fácil reconhece-la no grupo, era a única que cobria completamente o corpo, estava cercada por guardas de todos os lados, fácil distingui-la naquele meio. Uma grande escolta estava montada do lado de dentro, Spirus a acompanhou até o grande salão. Amarok estava sentado no seu lugar no Conselho, Dupak a observava do seu lugar de honra. Foi dado a ela um lugar bem ao meio do salão redondo, em forma de arena, a sua volta foi colocada uma escolta fortemente armada. A arena também estava lotada. Sua entrada causou um murmurinho geral pela multidão. Não se sentou no lugar, permanecendo em pé ao lado da cadeira. Spirus se retirou, posicionando-se em um canto que pudesse ser visto por ela. Primus se levantou e um silencio pesado caiu sobre o grande salão. Ele ainda esperou um pouco, uma espera calculada e cerimonial para dar mais solenidade ao feito. - Ariel, convocamos sua presença nesse Conselho para que esclareça as circunstancias de seu cativeiro e de sua situação... especial. - Como sabemos que é ela Primus? Está toda coberta, disse Caleb Ariel retirou o capuz que encobria parte de sua cabeça e rosto, os cabelos saíram e emolduraram o rosto pálido, as olheiras profundas os olhos azuis opacos e os lábios vermelhos ficaram expostos. Foi um tumulto geral, mesmo entre os Conselheiros que já conheciam a sua atual aparência se percebeu um impacto. Alguns de seus antigos companheiros de lutas estavam no local, percebeu o pânico nos seus olhos e ao mesmo tempo a solidariedade. Nunca um Vokan havia se transformado daquele jeito.
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- Nos fale Ariel, sobre o que aconteceu. Repetiu Primus.
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Primus chamou a assembléia à ordem por algumas vezes, enquanto ela permanecia impassível no mesmo local. Spirus olhou para ela, dizendo com os olhos : cuidado. No estado atual ela já estava além da reprovação, ele sabia disso.
Sua voz era mais profunda que a anterior e tentou conter esse efeito. Por duas horas narrou aos presentes o mesmo que havia dito a Primus. Quando terminou a assembléia estava em silencio. - Me diga Ariel, como sabe que fala por si mesmo e não pelas memórias dos Xylons que devorou? Como podemos ter certeza de que há em você o Vokan e não o Xylon? Como pode provar ao Conselho que está apta, mesmo com a aparente transformação, perguntou Caleb. De novo outro tumulto se formou. Ela não esperou o silencio e dessa vez não poupou a voz, a profundidade do som fez calar a todos: - Não posso e não podem ter certeza alguma exceto aquilo que lhes digo. Já estou prisioneira a mais de 20 dias desse Conselho e não vejo a razão do Conselho me chamar publicamente exceto para me expor e permitir uma ação mais invasiva: a de me deter em uma ala de segurança com apoio da opinião de todos. Vocês possuem os documentos que foram obtidos dos sítios Xylon que foram invadidos, nada do que lhes disse é novidade. Só necessitavam me exibir publicamente. Os cabelos dela agora se mexiam mais e pareciam maiores. - Querem saber o que eu sei, posso lhes dar uma amostra. Com um gesto, uma dispersão de energia imensa a partir dela tomou toda a sala, os presentes foram inundados por parte de suas lembranças. Alguns caíram no chão e se contorciam, outro choravam copiosamente, outros mais fortes a olhavam atordoados. Somente Amarok, Dupak e Spirus foram poupados, mas ninguém iria notar isso na hora. - Essas são uma pequena parte das minhas lembranças, podem viver com elas e se quiserem tenho outras ainda melhores. Não preciso da aprovação ou reprovação do Conselho para existir, não sai de uma gaiola Xylon para ir para uma gaiola Vokan, se não me aceitam eu os abandonarei e procurarei outro lugar para existir, mas não me detenham. - Eu disse que ela era perigosa, disse Caleb - Não pode afrontar as pessoas dessa forma Ariel. Primus dizia com uma satisfação mórbida.Em um gesto todos os guardas apontavam as armas em sua direção.
Ela já sabia disso, passou dias perguntando quando viria a exigência. Começou a brilhar com muita intensidade, uma luz branca e muito forte foi emergindo do seu corpo e
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- Eu sou uma Vokan, Batel. Ou se esqueceu disso? Esse teatro era para isso? Querem o Bastão?
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- Entregue o Bastão Ariel, disse o angelical Batel, prove suas boas intenções em relação aos Vokan.
quando a luz diminuiu estava lá o Bastão de Moises, que nem de longe se parecia com um bastão. Era uma forma ovalada com uns vinte centímetros na parte mais alta e oito na mais estreita, tinha diversas marcas e uma escrita em volta de todo aquele ovo. Ele continuava a brilhar, suspenso no ar. Betel saiu de seu lugar e caminhou em direção ao ovo e tocou nele, um jorro de energia jogou Betel contra a parede da arena, a mais de cinqüenta metros de distancia. - Esqueci de dizer Betel, você não escolhe o Bastão, é ele quem escolhe a energia que melhor sincroniza com ele, e parece que não gostou de você Conselheiro. Betel se levantou cambaleante e furioso. - Esta desrespeitando essa assembléia Ariel, você não é mais um Vokan, deve ser levada à ala de segurança e o Bastão será apreendido. Eu faço a proposta de votação da Assembléia. Amarok se levantou. - Betel, eu não aceito a votação nessa situação, você pediu o Bastão como prova de lealdade, ela lhe deu, acontece que o Bastão não obedece a ninguém mas isso não pode ser imputado a Ariel e quanto a ser ou não um Vokan, isso ainda deve ser determinado, pois ela foi convocada para essa assembléia porque é uma Vokan, senão não poderia ser convocada. Alguns conselheiros concordaram e parte da Assembléia também. - Se a questão é definir se Ariel é ou não Vokan primordialmente, acredito que devemos analisar a situação com mais cuidado, falou Primus - Nada na nossa história mostra Vokan vampirizando Xylons ou vice versa, e a sua nova fisiologia não é de forma alguma compatível com a fisiologia Vokan. Tiramos amostras de seus tecidos e sangue, nada compatível foi detectado na nossa biologia. Não é possível afirmar que fisiologicamente Ariel seja um Vokan. Caleb foi interrompido por Adeste. - Não é só a fisiologia que forma um Vokan, Caleb. Nossos exércitos são formados por diversos indivíduos oriundos de portais muito diferentes e quando estamos em batalha todos somos Vokans. A assembleia, que era em parte formada pelos indivíduos de outras dimensões assentiu. Continuou Adeste:
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- Adeste, você acabou de experimentar um pouco das memórias dessa criatura, foi só um pouco ela disse. Viu os horrores que carrega dentro dela, e é só uma parte. Entregaria seu espírito, guardaria sua intenção e confiaria na nobreza de um Xylon? É
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- É o espírito, a intenção e a nobreza que nos move, não nossa aparência.
nisso que está se transformado. Quantos de nossos homens estariam seguros no campo de batalha com a grande Ariel surtando e mudando de lado? O discurso de Caleb foi eficiente, toda a Assembléia falava ao mesmo tempo. Não perceberam quando o Bastão começou a ondular levemente sua energia. Como uma seta o Bastão se deslocou até onde estava Spirus e ficou emitindo um brilho forte, todos ficaram em silêncio. Spirus de deslocava para o lado e o Bastão lhe acompanhava, ia para o outro e o Bastão também oscilava. Spirus olhou para ela, continuava impassível como se nada lhe atingisse. Por fim o bastão avançou sobre ele emitindo uma luz mais intensa, e produziu uma explosão que estremeceu o chão e as galerias ao tempo em que expedia uma luz intensa. Spirus foi cercado pela luz, gritou e caiu no chão. Quando a luz se dissipou Ariel ainda estava em pé, no centro da arena.Foi uma confusão geral, todos corriam e a guarda a cercou. Primus deu a ordem: - Prendam-na Quando primeiro guarda encostou no Avatar foi jogado para trás com violência. - Atirem! Gritou Primus Todos atiraram ao mesmo tempo, mas o Avatar continuava intacto.Por trás de Spirus alguém lhe auxiliou a levantar e o arrastou para um canto, ao lado de Amarok. - Cuide dele Amarok, o Bastão está nele agora, disse o soldado, abrindo o visor do capacete. Era Ariel! Colocou os dedos entre os lábios, pedindo silencio e Amarok não falou nada. Os soldados atiravam em algum tipo de projeção. Ela aparatou e a projeção sumiu. O pânico que se instalou permitiu a Amarok, junto com Dupak, carregar Spirus meio desacordado, o deixaram ser examinado pelos médicos e tudo foi tratado como uma agressão planejada por Ariel contra o homem que a prendeu, uma vingança. Ninguém sabia para onde havia ido Ariel, mas como prometido, ela falou ao conselho, deu um presente a Spirus e fugiu. E Amarok e Spirus não precisam mentir ao Conselho, pois realmente não sabiam de nada.
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Spirus agora era o novo portador do Bastão, mas com exceção de Amarok e Dupak, ninguém sabia disso, o que o colocava em uma posição mais confortável.
PARTE IV MUDANDO DE ARES, MAS QUE ARES.. Aparatou para o lugar onde passara os últimos dez dias construindo sua nova casa. Perto da fronteira do nada que havia visto quando da sua fuga da prisão Xylon. Aquela vista a fascinou desde o primeiro instante e era um desafio, não sabia o que era e ninguém sabia, havia consultado a biblioteca de Spirus, que era muito boa, mas não havia referencia a nada parecido com aquilo. A lembrança de Spirus e dos demais lhe deu uma certa tristeza. Não poderia voltar por muito tempo. Deveriam estar revirando tudo a sua procura, mas aquele portal era diferente. Mas tinha que se concentrar agora, em terminar sua fortaleza e apagar seus rastros. Uma abóboda cercava toda a fortaleza, ela fazia a reflexão dos fótons e por conta disso funcionava como uma capa de invisibilidade, qualquer um que passasse ali só veria uma montanha íngreme e um descampado. Por trás da abóboda de reflexão tinha instalado escudos de energia que mudavam de fase de forma randômica, assumindo a mesma forma somente em uma a cada cem mil vezes, isso era muito seguro. Custou muito chegar a poder programar os equipamentos, mas sabia o suficiente para isso. Se alguém pudesse atravessar os escudos, toda a fortaleza era cercada de armadilhas distribuídas com fontes de energia autônomas, se uma se desligasse a outra não seria desligada. O sistema de arma possuía uma chave baseada em nano biotecnologia da sua própria matriz biológica, difícil de simular e com uma chave tripla assimétrica com 6144 bis cada uma, baseada em um numero primo de 18 dígitos extrapolado e diferente para cada uma das chaves, parte da chave era correspondente a uma combinação genética dos 52 cromossomos da sua matriz biológica que agora partilhavam dados Vokan e Xylon, uma combinação única. Cada chave era reconhecida se fosse apresentada a parte da combinação cromossômica correta, levando a chave seguinte, que validava a anterior, a exigir uma nova parte da combinação cromossômica. Só ela poderia desligar o sistema uma vez ativado.
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A fortaleza tinha sua própria fonte de energia e suprimentos para alguns anos. Poderia se esconder naquele local pelos próximos dez anos sem sair. Também havia colocado
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O sistema de armas também era planejado para agir de forma inteligente, assimilando o ataque e prevendo o seguinte e se antecipando a ele. Havia rodado mais de cinco mil simulações de batalha Xylon e Vokan para que a BI aprendesse as táticas e recombinasse possíveis novas versões. Era um excelente sistema de defesa, Spirus iria morrer se visse aquilo.
diversos dispositivos de vigilância fora da fortaleza. Se alguém chegasse naquele lugar gostaria de saber. Dentro haviam depósitos de armas e suprimentos, que ocupavam a maior parte da área. Eram quinze andares, subterrâneos, com depósitos de armamentos, alguns ainda sendo construídos. Sabia a localização de diversos depósitos Xylon e Vokan e não teve pudores em furtar o que pode. As partes mais inferiores eram a sua moradia propriamente dita. Uma cozinha com bar espaçoso e uma biblioteca ampla, também havia furtado diversos livros de bibliotecas Xylon e Vokan, ficou tentada a tirar livros de Spirus, mas parece que ele realmente lia os livros, então resolveu deixar os livros no lugar. No ponto mais baixo do abrigo colocou um jardim imenso, para a produção do oxigênio e uma parte da alimentação necessária. A tecnologia da grade dos Xylon havia lhe ensinado como manter pequenas explosões para simular sol, então tinha o seu sol particular. Outra ala era reservada para dormitório e sala de banho. Se acostumou com a cama que Spirus lhe dera e simplesmente surrupiou a cama no ultimo dia. La estava a grande cama de toras, com cobras entalhadas em folhas de ouro e olhos de jade. Deixou um bilhete agradecendo pela cama. A sala de banho era uma piscina de água morna, que circulava permanentemente, mantendo o lugar aquecido e úmido. Toda a água era capitada da superfície e reciclada nos tanques de reciclagem local. Cada andar tinha seu próprio tanque de reciclagem. Em caso de contaminação da água, os tanques não estariam todos comprometidos. A água utilizada também ia para os tanques e era reutilizada e reciclada, até o suor do seu corpo podia ser captado e reciclado pelo sistema. Ao lado construiu um lugar para treino. Não queria ficar fora de forma. Uma matriz de simulação de jogos foi convertida em simulação de campo de batalha e de academia, para que pudesse treinar. Dois andróides foram criados por ela para auxiliar no combate corpo a corpo. A energia do sistema era autônoma, na verdade todos os sistemas tinham suas próprias matrizes de energia e cada andar tinha um conjunto de sistemas autônomos. Se um falhasse, os outros continuariam a trabalhar.
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Podia ser uma excelente fortaleza, mas todo cuidado era pouco, não queria que fosse o seu tumulo, haviam dutos de saída fortemente protegidos para o caso de uma fuga de emergência, os dutos principais levavam a cinco quilômetros longe do local da fortaleza e outros dois saiam por baixo do oceano que circundava a praia próxima, 10 quilômetros mar adentro.
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O acesso entre os andares era feito por uma matriz computacional semelhante ao do sistemas de armas, de forma que para passar de um local para outro, se as travas de segurança tivessem sido ativadas, somente usando o seu DNA.
O ar também era vigiado por um sistema de radares combinados, eles scaneavam o céu em diversas matrizes de padrão de luz e recombinavam a informação para o caso de existir algum invasor usando uma camuflagem. Foram os vinte dias mais difíceis da sua vida, nunca trabalhou tão rápido. Usou o dilatador de tempo de Dupak para conseguir mais tempo para fazer a fortaleza, mas ainda estava incompleta. Tinha colocado todo os seus andróides para trabalhar e incorporado mais algumas centenas de andróides Xylon. O projeto era meio paranóico, mas ela já estava paranóica havia um bom tempo, então não merecia reparos nesse aspecto. Canhões de plasma com disparo de mais de dois metros de raio, disruptores de fase e disruptores de células, campos de nulidade magnética, defratores, vírus para interfaces neurais, campos eletromagnéticos indutores, venenos encapsulados em nanobots que poderiam passar pelo tecido celular e mais de uma dúzia de tralhas diferentes tinham sido incorporados ao projeto. Estava temporariamente segura. Os Vokans estariam atrás dela, assim como os Xylon, mas seria uma presa difícil de capturar para qualquer deles. Além do mais, viveriam em polvorosa por muito tempo depois que descobrissem os furtos. Outras coisas importantes ocupavam a sua atenção no momento.Tinha aquela fenda misteriosa para observar.Havia deixado o sistema ligado para poder estabelecer um parâmetro do deslocamento daquelas esferas de luzes coloridas, o computador estava montando um esquema de dados iniciais. O raio direcional também ficou ligado e mandou que determinasse a rota, espaço e tempo de deslocamento entre as esferas e algum padrão de repetição identificável e energias que podiam ser detectadas e mapeadas. Conhecendo um padrão de deslocamento, poderia prever a aparição e permanência das esferas no seu horizonte de eventos, iria aplicar um espectrômetro de massa baseado em plasma. Através de um minúsculo feixe de luz aqueceria a esfera inonizando a sua superfície e poderia lançar o plasma contido nos campos magnéticos que “fatiariam” a superfície retornando com amostras. Saberia a composição da massa das esferas, seu campo eletromagnético e composição da sua estrutura, estabelecendo um padrão entre eles.
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Só a diferença de índices de refração é que poderiam explicar o fenômeno, significava que existia algum corpo que interferia com a luz no caminho.
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Um feixe de fótons partidos e concentrado funcionaria como interferômetro se conseguisse manter a pureza espectral por uma grande distancia. Direcionou o feixe para o buraco, para se estimar uma distância, mas não foi possível determinar qualquer distância, as ondas pareciam perder velocidade e se dispersar nos primeiros 10 quilômetros.
Um pulso eletromagnético com variação harmônica no tempo poderia se propagar em qualquer posição no espaço, em condições ideais, sem a interferência de outros campos eletromagnéticos. Emitiu o pulso e a propagação se deu de forma refletida e refratada coplanar. A estrutura mostrava uma leve inclinação côncava, como se fosse um gigantesco cilindro.Aquilo apresentava a configuração de um imenso tubo!Tinha que rever esses dados para poder mandar uma sonda, mas o computador ainda trabalhava.Melhor seria descansar um pouco, tinha sido um dia terrível. Desceu aos seus aposentos, o servo robô já havia preparado sua alimentação e banho. Se cansar no simulador para depois tomar um banho e diminuir a tensão pareceu melhor idéia. Ficou duas horas praticando com a espada. A simulação empregava duas estruturas robóticas como oponentes, eram estruturas enormes e pesadas, errar naquela situação era sair seriamente machucado. Ela começou a se lembrar de tudo o que tinha lhe levado ali. Sua prisão, a tortura, a transformação, a dor e o sofrimento que tinha vivenciado, o abandono e por fim a traição do Conselho. A cada lembrança o golpe se intensificava, a raiva ia tomando conta do seu corpo, o robô lhe acertou jogando contra a rede de contenção, se levantou com mais raiva ainda, foi novamente jogada, pulou por cima do robô e enfiou a espada diretamente no seu centro de controle. A maquina pesada caiu, com ela em cima, só no ultimo minuto rolou de lado ou o braço mecânico de 200 quilos teria esmagado a sua perna. Teve que rolar de novo para não receber o golpe do braço do segundo robô que estava na luta. Um jato de plasma atordoante passou a centímetros de sua cabeça e ela correu para trás de uma estrutura e se protegeu. Seu coração batia rápido e ofegava, o robô podia ouvi-la, tinha que se controlar, acalmar a respiração e os batimentos. Não deu tempo.A pilha de metal ao seu lado foi atravessada pelo braço, ela aproveitou e pulou por cima dele, correndo ao lado do robô e contornando a maquina por trás, com a espada cortou o alimentador do braço, mas o robô tinha cinco braços ainda. Outro braço tentou agarrar sua perna, pulou, mas o metal fez um corte na panturrilha, ao mesmo tempo em que ela defenestrava outro braço mecânico. Caiu rolando pelo outro lado da maquina quatro braços ainda estavam atirando e ativos.
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O braço inerte do robô destruído tinha um pequeno disparador acoplado, ela viu o disparador solto e ainda havia munição, aquilo podia fazer um estrago. Rapidamente posicionou o disparador, que era mais pesado do que imaginava. A trava ainda estava emperrada, com um cabo do robô bateu na trava e desemperrou o disparador.
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Uma rajada passou perto enquanto procurou abrigo atrás do primeiro robô quebrado que estava a 100 metros. Não ia perder para um robô!
O outro robô já havia localizado a sua posição, se virou e disparou o que pode. Dois braços voaram por cima da sua cabeça indo se estraçalhar a cinqüenta metros, o robô ainda vinha correndo na sua direção. Colocou a arma no máximo e atirou, o robô não parava e continuava na sua direção, continuou disparando e ele não parava, viu um braço se perdendo pelo caminho e o robô já estava quase em cima dela, quando finalmente caiu pesadamente. Ela pulou para o lado para não ser atingida. Esse programa de treinamento tinha que ser revisto, não dava para quebrar dois robôs por semana.Estava coberta de suor, por uma gosma viscosa e sujeira dos detritos. Subiu aos seus aposentos. - O treino foi bom senhora? – lhe perguntou a voz suave do servo robô. - Sim Quimera, obrigado. Como ia ficar sozinha por muito tempo havia dotado os servo robôs de habilidades sociais e de uma BI que podia identificar suas necessidades ou entabular conversas interessantes se estivesse entediada. - Seu banho está pronto senhora. Logo que sair posso servir seu alimento? - Pode deixar tudo na mesa Quimera, eu mesma me sirvo. Devo me recolher senhora? - Sim Quimera, obrigado. Obrigado era dito como uma forma de reforço positivo do software. Cada vez que a palavra era dita um pulso eletromagnético era mandado para a matriz biológica do cérebro robótico, simulando satisfação. O robô se retirou. Ela tinha conseguido ficar exausta, se despiu e viu o corte na panturrilha. Um spray de nanobots depois do banho resolveria o problema. Mergulhou na água morna, jatos de espuma dentro da grande banheira massageavam seu corpo e a água suja era aspirada pelo sistema que repunha o conteúdo com água limpa, a massagem era revigorante, aos poucos foi relaxando e se recostou na cabeceira.
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Degustou o vinho com prazer, lembrando sua ultima noite na casa dele. Bebeu bem mais da conta, precisava de uma desculpa para tocar em Spirus e poder balancear a energia da matriz do Bastão com a identidade genética dele. Aproveitou o momento em que estavam a sós e o beijou.
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O servo robô colocou uma garrafa do bom vinho de Spirus ao lado da banheira com a taça. Spirus havia dito que podia se servir do vinho o quanto quisesse, pegou cinco caixas na adega antes de fugir. Ela sorriu, ele ia ficar indignado quando descobrisse.
Lembrou-se do beijo ardente, e correspondido, e da sensação de que havia gostado muito mais do que deveria daquele beijo. O toque vigoroso das mãos dele deslizando sobre o seu corpo, a respiração forte, seu cheiro, o sabor dos seus lábios, tudo lhe deixava tentada a não parar, mas não podia começar o que não poderia terminar. Quando fechou a porta atrás dele, queria correr de volta para os seus braços. Foi dormir pensando que era só a bebida, na manha seguinte ao olhar para ele sentiu o rosto afogueado e o desejo ainda presente. Agora ficava a sensação de arrependimento, uma única noite podia ter sido melhor do que nenhuma. Quando Amarok e Dupak já haviam saído para o fatídico encontro como Conselho, ficaram sozinhos aguardando a escolta, ele a tomou nos braços e a beijou longamente novamente, ela correspondeu. Nenhuma palavra foi dita, não era necessário. Foram interrompidos pelo soldado avisando que tudo estava pronto. Ainda tinha essa ultima lembrança. Sorriu novamente. Terminou o banho, saiu da banheira, se enrolou em um manto branco para secar o corpo, o manto se confundia com a cor da sua pele. No futuro iria voltar a usar outras cores. Pegou um spray de nanobots, aplicou sobre o ferimento. No dia seguinte já estaria bom. Com o corpo seco vestiu um traje longo, verde esmeralda com bordados em verde escuro e dourado com mangas também longas bordadas do mesmo jeito. O cabelo permanecia desajeitado com a duas mechas brancas caindo pelo rosto, prendeu o cabelo com uma presilha dourada. Olhou-se no espelho, não conseguia aprovar sua nova aparência, mas na atual situação até que não estava mal. Calçou sapatilhas confortáveis Pegou a garrafa de vinho e a taça e foi ver o que Quimera havia preparado para ela, foi quando o sinal do computador informou o fim da análise e a emissão do relatório sobre o buraco. Estava com muita fome e o cheiro da comida estava ótima, aquilo podia esperar um pouco. Tomou mais um gole de vinho e lembrou-se das caixas na adega, começou a rir alto e foi saborear a refeição.
- Nosso relatório de inteligência informa que os depósitos dos Xylon foram assaltados, tiraram um arsenal para começar uma pequena guerra, falou Spirus.
Colocou a lista na frente de Amarok.
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- Também se notou a falta de servo robôs e operários até dentro de nossos estaleiros, temos um inventário de tudo, ou quase tudo.
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- Ariel!
- O que falta aqui? - Minhas cinco caixas de vinho, a cama do quarto de hospedes e a minha dignidade. Amarok sorriu. - Os servo robôs não tinham um localizador? - Sim, encontramos todos no estomago de um Triex a 5000 km da costa. Ela está brincando conosco Amarok. - Creio que não Spirus, ela está mandando um recado para deixarem ela em paz e que está preparada. - Em diversas simulações com as peças furtadas não conseguimos identificar exatamente o que ela pode ter, pegou peças separadas e com o conhecimento que tem pode fundir tecnologias para criar coisas diferentes. - Possuem uma pista de para onde ela terá ido? – indagou Amarok. - Nenhuma de suas supostas residências tinha sequer um servo robô. Estavam abandonadas. Não soubemos de sua passagem para nenhuma das dimensões conhecidas ou vigiadas. Ela provavelmente se aventurou para algum lugar ainda não explorado. - Carregando todo esse armamento, do dia para noite? - Esse é um outro detalhe, alguns dos furtos aconteceram antes da fuga. A segurança do Conselho investigou e já interrogou todos os nossos soldados, são unânimes em afirmar que ela não fugiu durante a estadia aqui. Eu mesmo fui interrogado por um Angelical. - Mas como é possível que ela tenha feito isso sem sair da propriedade? - Amarok, você viu o que ela fez no dia da fuga, assumiu duas entidades diferentes AO MESMO TEMPO. Pode ter feito isso durante os vinte dias e nem reparamos. O Conselho acredita na existência de um cúmplice. - Falou sobre a fuga ao Conselho? - Não, teríamos que dar muitas explicações, eu e você. - Como se sente com o artefato Spirus?
- Já estou tomando esse cuidado
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- Não melhore muito, as pessoas podem começar a ter idéias.
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- Não noto diferença alguma, as vezes chego a esquecer que está dentro de mim.Quando estou em treinamento é que percebo um vigor maior. Já repararam que melhorei muito meu desempenho.
Olhou para fora, nos jardins onde costumava passear as manhas, “vigiando” a sua prisioneira. - Onde estará Ariel? - Quer mesmo saber Spirus? Mas para que? Talvez ela deva ser deixada por um tempo, o tempo resolve todas as coisas. - Você parece ter uma idéia diferente sobre Ariel. - Não creio que ela tenha nos contado tudo sobre sua estadia e fuga dos Xylon, parecia esconder alguma coisa. - Acha que mentiu para nós? Pelo menos ocultou suas novas habilidades, mas não acredito que tenha mesmo se corrompido como Malkey previu. - Não Spirus, acho que ela nos ocultou algo, mas tentando nos proteger, mas também acho que cometeu um erro fazendo isso. Não creio que vai conseguir fugir durante toda a vida, uma hora será capturada e nós não teremos como ajuda-la. Temos que achar Ariel, e antes de todos meu amigo. - Acham que sou inimigo mortal dela, todas as informações serão passadas para mim. - Não acredite nisso, o Conselho e os conselheiros pensam que ela ainda tem o Bastão, alguém pode selecionar as informações para chegar antes de você, matar Ariel e ficar como Bastão, que ela não tem mais. Crie seu próprio sistema de informação, de forma sutil. - Mesmo sem o bastão ela já mostrou muito poder. Dificilmente alguém conseguiria se aproximar tanto, mas vou seguir seu conselho Amarok. - Spirus, me diga, o que sente por Ariel? - Como assim? - A percepção equivoca a respeito de uma pessoa pode nos levar a decisões equivocadas a respeito dela. Todas as nossas ações estão pautadas pela interpretação que fazemos da realidade, interpretações equivocadas podem levar a ações equivocadas e, no caso de Ariel, a um desastre. Por isso eu te pergunto: o que sente por ela? - Eu deveria sentir alguma coisa?
- É verdade, é verdade
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- Eu não sei Amarok, Ariel é muito difícil de entender.
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- Sim, deveria, passaram juntos muito tempo, você era um ferrenho opositor a ela, todos acham que se odeiam; mas na hora de confiar a arma mais importante que ela tinha, ela a passou a você. Por que acha que fez isso?
Amarok se levantou devagar e sorrindo, os dois se despediram com um cumprimento respeitoso. Spirus voltou a tomar o vinho, as duas ultimas garrafas que tinham sobrado das caixas que Ariel tinha levado. Ia abrir a ultima garrafa quando se deteve, quem sabe poderiam tomar aquela garrafa juntos um dia, guardou a garrafa na adega.
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Ainda lembrava do ultimo encontro, e da pergunta de Amarok que ficou sem resposta, o que ele realmente sentia por ela?
PARTE V ERA UMA VEZ UM BURACO, QUE NÃO ERA UM BURACO
- Ei pessoal vejam isso! - O que foi Net, disse Alice - Tem alguma coisa no fluxo de dados, acho que outra parte se rompeu, mas está sendo bombardeado por laser e plasma. Tem alguma guerra rolando em algum setor e a gente não sabe? - Live!!! - Que é? - Tem alguma guerra rolando em alguma das dimensões? - As de sempre - Veja no setor S8357, coordenadas 14”34” da grade 1556 - Nada, a calmaria de sempre, ops, alguém está no setor, deixa ver, uma energia nova, um bug. Temos um bug morando ao lado do fluxo, houve um rasgo no tecido da realidade naquele local, disse ele rindo. - Não tem graça Live. Alice me de a visão do local. - Pronto, disse Alice. Uma imagem holográfica tridimensional se formou. - Não estou vendo nada, não tem nada ali! - Relaxa Net, provavelmente houve um erro na interpretação dos dados. - Não tem erro nenhum aqui. Olha só: se iniciou com um feixe de luz, depois um mais feixe concentrado, um corte plasma e agora estão usando som. - UAU! Alguém aqui está curioso.Análise de massa, espectrografia, ecografia.... - Estou dizendo, tem algo errado ali.
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- Aonde Alice? - No canto direito, está vendo? Um pequeno pacote de dados de comida, era um cardápio que não vai chegar nunca na mesa de alguém, nada importante.
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- Net, um pacote acaba de explodir perto da abertura!
- Dispare uma flag pelo sistema, vamos ver o que os outros estão captando, se esse fenômeno está se replicando por todo o lugar. Poderia ser um pacote de suporte de vida e aí estaríamos comprometidos. - Porque a gente não vê o cara, perguntou Live - Isso é o que nós vamos descobrir, respondeu Net. Manipulou a massa de dados e o holograma passou a mostrar uma imensa fortaleza. -Está camuflado, há uma imensa fortaleza camuflada no local, como a gente não viu isso se instalando ali? Vamos entrar no fluxo. - Eu detesto entrar no fluxo! – falaram Alice e Live ao mesmo tempo. - Isso, preferem que o setor seja todo comprometido, perdemos mais uma centena dos nossos e aí vocês se explicam com os demais. - .Net, tu é um pé no saco, falou Alice - Vai logo Alice! - Live, me liga com os outros, veja quem está on-line, e pede o relatório das ultimas alterações dos setores monitorados, oscilações biológicas, desaparecimentos, mudanças, qualquer coisa anormal, vamos ver se esse fenômeno é único ou se replica pelo sistema. - Ok, sabe isso está parecendo mais uma emersão, alguém novo no pedaço Net, disse Live - Seria um acontecimento se fosse verdade, a ultima foi há duzentos anos. - Mas parece que o cara não sabe o que está fazendo, olha está tentando pegar com uma sonda outro pacote de informações não relevantes., esse pacote é... é uma lista de compras de alguém, com anotações de revistas e jornais. - Vamos observar. - Pegou Net, ele conseguiu pegar o pacote e está se retirando. - Instale um micro transmissor na sonda, vamos ver e ouvir o que esse indivíduo está querendo.
- Não, vamos aguardar a transmissão e ver o que estamos enfrentando. Enquanto isso contatem os outros.
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- Ainda vamos entrar Net, perguntou Live.
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Live executou a ordem e uma minúscula partícula, com seis dispositivos de análise diferentes, se juntou ao casco da sonda. Haviam grampeado o indivíduo.
Alice e Live saíram, ele ficou sozinho pensando. A anomalia era sutil, mas nem era para estar acontecendo. Aquilo tinha que ser investigado. Manter os outros vivos dependia disso. Era melhor chamar uma equipe de programação para refazer aquele rasgo e fechar a abertura Foi para comunicações e convocou o grupo dos 15 dirigentes. A imagem se formou imediatamente na sala com as 15 entidades, muito diferentes umas das outras. - Senhores. - Estamos a par Net.
Ela já estava analisando o ultimo relatório. A composição de massa das esferas era uma anomalia desconcertante, basicamente íons, mas carregados de informação. Era uma coisa parecida com os cristais de acumulação de energia, onde se guardavam as informações das bibliotecas muito grandes. Eram arquivos de dados, mas arquivos de dados incrivelmente grandes. O computador havia descoberto um padrão, a cor das esferas determinava o fluxo da informação. Esferas azuis tinham preferência sobre as brancas e amarelas, mas as vermelhas tinham preferência sobre todas. A velocidade das esferas podia ser constante, mas diminuía com o aparecimento das esferas vermelhas e azuis que passavam a assumir uma velocidade maior. Uma espécie de controle de concorrência para o fluxo das esferas. Muitas questões surgiram. O que era aquilo? Que informações eram aquelas? Para onde iam as informações? De onde vinham e o principal quem estava por trás daquilo? Esferas brancas e amarelas eram as mais lentas, escolheu mandar uma sonda para tentar capturar uma dessas esferas. O centro do cilindro tinha maior fluxo de esferas, mas também uma velocidade maior, seria mais seguro mandar a sonda para seguir a curvatura da forma cilíndrica e tentar capturar uma dessas esferas pelo lado mais externo.
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Não detectou nenhuma radiação mais nociva, que pudesse temporariamente interferir na sonda, parecia que os campos magnéticos das esferas eram encapsulados, de forma que uma esfera não tocava na outra ou não trocava informações.
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Traçou a rota da sonda, baseada nas ultimas medições, a abertura do buraco tinha se mantido estável desde que estava observando, não havendo razão para supor que pudesse modificar a qualquer tempo.
Mandou a primeira sonda. As esferas pareciam pequenas a distância, mas na verdade tinham o diâmetro de quase quatro metros, alguma maiores ainda. A sonda se deslocou pela abertura deslizou pela leve curva, se posicionando 50 metros adentro, as leituras se mantinham dentro dos níveis esperados, ruído de interferência quase nulo, o que já era um milagre considerando a natureza da matéria que existia ali. Posicionou a sonda e sincronizou a velocidade dela com uma esfera amarela de 4 metros de diâmetro que estava mais a frente, abriu a comporta para recepcionar esfera. Quando estava quase conseguindo inserir a esfera no campo de compensação para coloca-la dentro da sonda, ela diminuiu a velocidade, a sonda não reduziu com a mesma rapidez, uma esfera vermelha passou e a sonda explodiu junto com a esfera amarela contra o que seria uma “parede” do tubo. Ótimo, pensou, perdeu uma sonda, teria que construir outra mais tarde, mas pelo menos sabia que as coisas podiam explodir por ali, o que significava que tinha uma atmosfera no entorno ou estava recebendo ar da fenda Inseriu uma nova programação na segunda sonda, prevendo a compensação de velocidade, intensificou o campo de contenção para suportar uma nova “trombada”, isso demorou algumas horas. Enviou a nova sonda e dessa vez conseguiu trazer uma esfera amarela em um campo de contenção. O computador iria se encarregar de transferir a esfera para uma sala de contenção própria e já tinha determinado o início das análises que queria que fosse executada. Tinha que esperar um pouco mais. Nesse instante o alarme de segurança disparou.Mandou desligar o alarme e solicitou informações dos computadores da segurança. - Reportar dado da emergência de segurança. A voz da BI respondeu: - Dispositivo de observação alienígena inserido no ambiente. - Esclareça a natureza do dispositivo. - Desconhecido. - Estabeleça a composição do dispositivo. - Desconhecido
- Estabeleça a razão de concluir que se trata de dispositivo alienígena.
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- Desconhecido.
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- Estabeleça a forma do dispositivo
- O dispositivo emite sinais regulares para fora da base em direção ao horizonte da fenda. - A emissão de sinais se origina na esfera que está na base de contenção? - Negativo - Onde se origina o sinal? - Não foi possível identificar o sinal com precisão, o sinal encontra-se entre os níveis 5 a 7 e tenta migrar para níveis inferiores. - É possível bloquear o sinal? - Somente parte dele. - Faça. Lacre os níveis de 2 a 10, corte a comunicação entre as estações dos níveis, inicie scam de massa em cada nível a partir de agora. Identifique massa incompatível com o previsto e a razão da incompatibilidade, localize e isole as massas identificadas. Vamos inaugurar nosso sistema interno de defesa antes do previsto. Alguém tentava entrar, podia ser uma inteligência ou algum agente orgânico, mas tentava estabelecer contato com a fenda. Existia algo ou alguém dentro daquele território e ate agora suas intenções pareciam hostis. Não podia sair daquele nível pois se encontrava bem no meio dos níveis lacrados. Teria que se ocupar ate o final do confinamento forçado. Resolveu analisar a esfera, quem sabe poderia obter informações mais úteis a partir dela. Chegou a sala de contenção, a esfera pairava sobre o campo de força que a sustentava, era de um amarelo pálido mas que oscilava as vezes para um laranja. Segundo o computador a esfera trafegava dados, mas que dados? Tinha que descobrir uma forma de “conversar” com a esfera. Introduziu um dispositivo que fazia a interface de pulsos elétricos iria inicias com formas geométricas, matemática era uma linguagem universal. Inseriu um pulso que formava um quadrado e esperava uma resposta idêntica. O primeiro pulso de informações seguiu, nada aconteceu. Mandou outro e a esfera se agitou um pouco, reenviou o mesmo padrão de pulso, mas a figura não correspondia a um quadrado, e sim a um circulo.
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A partir daí se estabeleceu uma comunicação de repetições de figuras geométricas básicas que foram ficando cada vez mais rebuscadas, isso durou algumas horas. Era um começo de comunicação.
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Ela realimentou a matriz para que o impulso parecesse um circulo e reenviou. A esfera lhe mandou outro pulso, diferente e em forma de um triangulo, realimentou o sistema e repetiu o sinal enviando de volta para a esfera.
Em seguida a esfera começou a repetir figuras, uma duas, três vezes, diversas vezes, inserindo um símbolo novo para cada quantidade. Estava mostrando números! A velocidade da repetição aumentou ate que já se encontrava em números muito grandes. Em seguida equações que demonstravam o calculo das figura geométricas, para cada um dos pulsos da esfera, em sua linguagem, o computador repetia e mandava o sinal na sua linguagem própria, que era repetida pela esfera. Computador e esfera estavam “aprendendo” um com o outro. Determinou o isolamento da maquina, para que não se conectasse com os demais equipamentos do sistema. Bastava os dispositivos de comunicação que já haviam entrado clandestinamente. Já se passavam quatro horas, o computador da sala de comando informou que havia conseguido isolar diversos dispositivos. - Operação encerrada, identificado e isolado dispositivos de comunicação de meio mícron cada. Quais as ordens em relação aos dispositivos? - Mostre aonde os dispositivos foram localizados. Um holograma tridimensional foi gerado identificando-se os locais onde foram encontrados os dispositivos. Quase todos estavam perto de base de dados e três na própria sala de comunicação. - Computador, o que há de comum entre os lugares em que os dispositivos foram localizados? - Todos estão próximos a equipamentos que abrigam bases de dados. - É correto supor, pela localização dos dispositivos, que eles pretendiam tentar acessar a base de dados? - A probabilidade estatística do evento refuta a mera coincidência, pode haver uma razão lógica para o posicionamento, mas não há elementos para afirmar que pretendiam acessar as bases de dados, há uma possibilidade plausível. - Mostre a imagem do dispositivo. O computador apresentou um ponto minúsculo no holograma. - Amplie seis mil vezes.
O dispositivo parecia um ovo, a estrutura era uma casca parecendo metal, mas era observável um reduzido ponto de energia e um transmissor.
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- Amplie mais 16 mil vezes
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O ponto passou a ser uma pequena esfera.
- Amplie duzentas vezes o canto esquerdo da forma, há duas horas. O canto foi ampliado, parecia um dispositivo simples, de visualização ou escuta, daquele tamanho não seria capaz de acessar dados. - Permita que o dispositivo passe a transmitir e monitore os dados. Imediatamente o dispositivo foi retirado do campo de contenção, pequenos cílios saíram do seu casco e o dispositivo começou a se deslocar pela sala. - O dispositivo esta transmitindo? - Sim, passou a transmitir tão logo foi tirado do campo de contenção. – respondeu a voz da IA. - Qual a natureza dos dados? - Em análise. - Coloque na tela Formou-se a imagem de diversos pixel que foram se colorindo lentamente, o dispositivo era uma espécie de filmadora. Apresentava a sala onde estava, se os demais dispositivos tivessem distribuído imagens.... alguém já conhecia uma parte interna da sua base. Isso poderia ser um problema. Mas não era tecnologia Vokan ou Xylon, o que fazia disso um problema maior ainda. - Mantenha os dispositivos contidos no deposito, selecione qualquer deles, realize engenharia reversa, faça relatório e tente determinar o local para onde as informações estão sendo mandadas, verifique o alcance do dispositivo, sua capacidade de emissão e se há possibilidade de simularmos o sinal. Vou me recolher por duas horas, me acorde se acontecer qualquer anomalia. Dirigiu-se ao aposento de descanso. Embora sua morada fosse no ultimo piso, cada estagio tinha uma espécie de alojamento para situações de quarentena. Antes passou na sala onde a esfera estava agora aprendendo=ensinando estruturas moleculares, isso ainda ia demorar muito, merecia um descanso. Tomou um banho, vestiu um manto confortável em uma mistura de tecidos coloridos e suaves ao toque da pele. Serviu-se de uma refeição pronta comeu sem prazer, deitou e dormiu por duas horas, um sono pesado e sem sonhos. ____________________________________________________________
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Quem falava era um dos vigilantes, Onmics era o seu nome. O Avatar era todo azul, com mais de dois metros de altura, olhos grandes e muito negros, arrematados por uma linha azul intensa ao redor.
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- Estamos a par Net.
Os pés e as mãos eram enormes para o resto do corpo, não tinha orelhas ou pelos no corpo, vestia um manto marrom claro. Os dirigentes tinham manias esquisitas, embora pudessem ter a forma que quisessem resolviam assumir umas formas bem estranhas. - Essa anomalia, do que se trata a emergência? - Excepcionalmente a anomalia conseguiu contactar a grade inserindo objetos dentro de uma fenda para analisar a fenda. - Não há nada de errado nisso, eu mesmo já fiz isso antes de emergir, disse Eber O dirigente Eber tinha a aparência de um humano da dimensão da terra, mas com cabelos longos e desgrenhados, as roupas eram trajes meio esfarrapados, como de um andarilho, olhos grandes e meio avermelhados, adornos em volta do pescoço e o ar meio alucinado arrematavam o visual estranho. Era um dos mais novos emergentes, tinha só 1500 anos no lugar. - A questão Senhor é que a anomalia está retirando pacotes do fluxo, por enquanto não são pacotes importantes, mas ela pode alcançar um pacote de suporte de vida, por exemplo, e acabar matando um dos nossos. - Identificaram a anomalia, perguntou Onmics. - Sim era uma programadora, uma DBA, com formação em segurança, segundo o histórico, que não sabemos dizer se é verdadeiro, com leves tendências a paranóia. Estava na grade 1556. - A grade 1556 não era o lugar dos programadores, o que ela fazia lá? - Na grande oscilação de energia no nosso passado recente, o pacote de alimentação dela foi trocado por uma injeção errada. O organismo entrou em stress e mandamos ela para a grade 1556, com alguma ação iria consumir a adrenalina e ficaria melhor. - Refresque minha memória Net, a oscilação de energia foi há 5000 anos? - Er, sim senhor. - E ela esta “consumindo adrenalina” a cinco mil anos? - Não conseguimos tirar ela de lá pois o avatar se fixou e passou a ser importante para a historia local.
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- Nos tentamos mas ela parecia deslizar pela programação sempre se antecipando, como o jogo estava ficando interessante com ela no lugar e não fazia falta em nenhum outro então a deixamos.
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- Não podiam matar o avatar?
- Pelo que sei eles ate faziam apostas sobre as guerras, disse Eber com ironia. Onmics lhe lançou um olhar de “cala a boca” e ele se encolheu no canto. - O que... exatamente... a nossa “anomalia” estava fazendo? Ele falava as palavras silaba a silaba, isso era um mau sinal pensou Net. - Er, bem senhor, ela era parte de um banco de características de avatar denominados Vokan e lutava com outro bando chamado Xylon. - E??? - Ela fabricou, conseguiu importar de outro banco, linhas do programa que lhe deram uma arma poderosa - Que?? - Ta começando a fica bão, disse Eber - É normal que consigam as vezes carregar uma ou duas tabelas de dados para outros bancos, disse Ned. - Só isso? - Bem, a principio sim, achamos que ela estava interferindo demais. - Ela estava perdendo as apostas, interferiu Eber Onmics deu outra olhada indignado - .. ela estava interferindo demais e resolvemos dar um final épico para ela, mas o Avatar não morreu e, ao invés disso, conseguiu formar um terceiro banco com dados de ambos os lados de avatar e aplicou os dados no seu avatar. - O que vocês fizeram? - Essa é a parte boa, interferiu novamente Eber - Ela fugiu e sumiu do nosso mapeamento, acreditamos que no momento que se abriu a fenda na grade, ela deva ter saltado e a partir daí seu avatar ficou disfarçado no ambiente, tínhamos sinais inconsistentes de existência simultânea em dois lugares.
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- Não sabemos senhor.
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Ela existia ao mesmo tempo em dois lugares, perguntou Ulrich, outro dos dirigentes.
Ulrich tinha a forma de um Vokan, alto olhos escuros, peitoral com escudo de duas águias cruzadas, carregada uma espada longa e seus cabelos era negros e longos, a pele clara, corpo musculoso. - Eu estive no setor 1556. - É? Magina ninguém reparou, interpelou Eber. - Eber! Vociferou Onmics - Foi mal. - Eu estive no setor 1556, continuou Ulrich, a chave do avatar é considerada primaria e exclusiva para qualquer requisição do sistema, não podem haver duas chaves primarias com o mesmo nome requisitando o sistema para se posicionar na matriz ao mesmo tempo em situações diferentes. - Mas ao que parece ela fez isso senhor. - Então temos uma DBA, paranóica por segurança, reprogramando a grade sem saber, furtando dados de bancos diferentes, fazendo requisições do sistema com chave falsa e agora furtando pacotes por uma fenda. - To começando a gosta dela, disse Eber - Senhor, ela bloqueou nossas tentativas de comunicação com o ambiente virtual,estamos resolvendo isso, mas temos uma imagem dela – interpelou Net - Coloque na tela,vamos ver. Apareceu a figura olhando atentamente para a câmera do micro robô. - Ela não parece em nada com um Vokan ou um Xylon, tem certeza de sua estória Net?indagou Ulrich - Sim senhor, a recombinação dos dados que foi feita por ela para poder fugir deixou essa aparência. - Bem senhores, o que vamos fazer?
- Como? Disse Ulrich.
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- Tenho uma idéia melhor - disse Onmics. Podíamos tentar um contato, ela pertence ao grupo dos programadores e poderíamos aprender alguma coisa útil, na pior das hipóteses não da em nada. Pelo menos demonstrou boas habilidades em lidar com o sistema.
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- Acho que ela se comporta como um bug, o que a gente faz com um bug? Disse Eber.
- A gente podia entrar na fortaleza, acho que a aparência de humano seria a melhor pois ela não reagiria negativamente a nossa presença, disse Net - Podemos entrar Net, perguntou Eber - Com a paranoia dela só vai demorar um pouco mais, mas dá pra fazer, vou ter que anular o sinal da grade, para permitir uma localização melhor, mas isso também pode dar uma visão dela para outros...como é o nome mesmo... - Vokans e Xylons, interpelou Onmics - Entre outros, respondeu Net, a gente pode parar no meio de uma guerra. - Então vão fazer isso, entramos assim que nos der o sinal e tentamos sair o mais rápido possível. Ordenou Onmics
Ela estava olhando as informações que continham na esfera, noticias de jornal, uma lista de compras, pareciam informações absolutamente desconexas. O alarme de movimento externo soou. Ela foi ver o que havia na tela, uma imagem tridimensional se formou, tinha uma espécie de animal preto na beira do abismo, como aquele animal estava lá? - Computador retroceder a filmagem da câmera do setor 8.32.14 em 2 minutos. O computador retrocedeu e não havia nenhum animal na borda, com 1’.45.23 o animal apareceu como se tivesse aparatado, do nada. Isso tinha que ser investigado. - Computador, todos os dispositivos de comunicação alienígena foram removidos? - Todos contidos no laboratório. - Encerre a quarentena. - Quarentena encerrada. Ela aparatou para fora da fortaleza. Recolheu scaneou o animal, a análise preliminar não demonstrou nada de anormal.
- Ai!Agora foi!
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Colocou o animal em uma gaiola de contenção e aparatou para dentro da fortaleza.
- O que é Eber? - Sabe aquele animal que a Alice tinha perdido? - Agora não e hora para brincadeira Eber. - Serio Net, melhor você ver isso, quando você anulou o sinal, acho que ele estava perto do carregador, o gato aparatou para a borda da fenda. - O que tem o meu gato, perguntou Alice entrando na sala - Er... nada não. - Que tem o meu gato Net?Retrucou com um olhar furioso. O avatar de Alice era uma exceção, era uma das poucas que tinha a aparência original. Dois metros e meio de altura, membros muito finos e longos, cobertos por músculos com contornos bem definidos, as mãos eram desproporcionais, mais longas do que o normal, com grandes dedos compridos e finos com os nódulos salientes, os pés também eram mais longos, com o calcanhar mais saliente na parte anterior do pé, o tronco era magro, com os ossos da caixa torácica visíveis por baixo da pele, os olhos eram globos oculares grandes com Iris em tom de caramelo escuro que ocupava quase todo o globo. Do tronco aparentemente frágil emergia um pescoço fino e alto que sustentava uma cabeça ovalada e sem cabelos, as orelhas que existiam eram lateralmente posicionadas e se mexiam para se direcionar em busca do som, terminavam em pontas longas e finas, os cabelos que não existiam na cabeça estavam presentes nas pontas das orelhas, eram proporcionais a cabeça e terminavam de forma e graciosa que davam ao avatar uma aparência dócil e elegante, se não fosse pelas protuberâncias da testa, que pareciam dois chifres. A pele era de um marrom em quase todo o corpo, nas extremidades clareava e mudava de tonalidade assumindo tons que variavam, de acordo com o humor, de laranja para o azul, a boca era um pequeno rasgo abaixo de duas cavidades pequenas e salientes do que se poderia chamar de nariz. Ao falar emitia um sons que poderiam ser confundidos com o gorjeio sussurrado de um pássaro, dando a impressão de um canto.
- O que o meu gato esta fazendo ali Net?
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Alice estava com as orelhas começando a ficar azuis.Mau sinal, pensou Net. Ela olhou a imagem
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Quando estava calma as pontas das orelhas estavam em amarelo claro, mas quando estava irritada o tom da pele era de um azul escuro, isso porque tinha dois corações que bombeavam mais sangue para as extremidades do corpo quando se irritava, fazendo os capilares se dilatarem e concentrarem sangue nesses lugares. A raça era dos Versilis. A raça original de todos eles, embora ainda não soubessem.
- A gente ainda não sabe. é que.. Ele não pode terminar a frase. - Não interessa, trás de volta o Pixel!!! - Mas eu não sei nem como ele foi parar lá! - Tudo bem, eu vou lá mesmo, eu trago o teu gato fedorento, disse Eber. - Er.... acho que não vai dar Eber, a anomalia acabou de pegar o bicho. - Ela vai comer o meu gato! Ela vai comer o meu gato e a culpa é toda sua, sabe quanto tempo de pesquisa eu levei para criar aquele gato? Horas de programação! - Calma, Vokans ou Xylons não comem gatos, ela deve ter reparado no surgimento do bichinho e foi investigar, disse Net tentando acalma-la. Ulrich e Onmics entram no mesmo instante. - O que esta acontecendo, pergunta Onmics - O gato da Alice aparatou perto do buraco e a anomalia recolheu ele, informou Net. - Ótimo, então temos uma brecha, Net, Eber e Live, vão buscar a anomalia. Vamos ficar monitorando daqui. - Só uma coisa, disse Net, o sinal dela ficou visível no quadrante, daqui a pouco isso vai virar um inferno, vai ter Vokans e Xylons para todo lado, temos que entrar e sair rápido.
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Todos anuíram com a cabeça. Aparataram.
PARTE VI ERA UMA VEZ UMA FORTALEZA - Amarok! Depressa, estamos saindo, o sinal da Ariel foi localizado em um quadrante que nunca vimos antes. Primus está mandando um regimento para la, estou indo também. - Como a localizaram? - O sinal surgiu de repente. - Os Xylons sabem que também estamos atrás dela, pode ser uma armadilha. - Estamos preparados para essa eventualidade, enviamos batedores da frente, não há sinal de Xylon Reuniram-se ao regimento e as naves e aparataram. ----------------------------------------------------------------------------------------------------- Tem certeza da informação? - Sim comandante, a foragida foi localizada em um quadrante inexplorado. - Pode ser uma armadilha Vokan, estejam preparados. - Vamos reunir um regimento, mandamos batedores na frente, não localizamos nenhuma armada Vokan. - Ótimo, se vemos o sinal eles também podem ter visto, vamos o mais rápido possível. Correram para as naves e aparataram
Com o animal no colo, já dentro da fortaleza passou a fazer novos exames. - Computador, levante novamente a grade de segurança, ative os sensores do perímetro externos, verifique a presença de outras unidades orgânicas. - Executado, nenhuma unidade orgânica no perímetro externo.
- Executando – informou a voz mecânica do computador.
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- Executar scanner celular de nível cinco. Estrutura molecular e do DNA, possíveis cruzamentos de espécies já conhecidas.
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- Ok bichinho, vamos ver o que você é, disse segurando o animal dócil nos braços e o colocando debaixo de uma redoma de um material parecido com vidro.
- Tempo estimado para o exame? - Três horas, quarenta e três minutos e quinze segundos. Podia se ocupar dos dispositivos alienígenas que estavam contidos no outro laboratório.Foi quando o alarme soou, parecia que o inferno tinha desabado no lugar. - Computador informe. - Perímetro externo invadido. Oito unidades orgânicas aparataram no perímetro. Antes que o computador terminasse ela ordenou - Situe no mapa. Identifique as unidades orgânicas O computador executou a ordem, em um holograma tridimensional apareciam Vokans e Xylons em lados opostos da fortaleza se deslocando com rapidez. Eram grupos de batedores.Como a haviam localizado tão facilmente? Aquilo frustrava todos os seus planos de se manter reclusa por algum tempo.Outro click do computador e novo alarme. - O fenômeno analisado apresenta alterações em seu arco e a fenda está em processo gradual de fechamento, informou o computador Era verdade, na outra holografia a fenda parecia oscilar e estava se fechando. - Determine a velocidade. - Na velocidade atual a fenda se fecha em 23 minutos A fenda teria que esperar, tinha que se livrar dos Xylon e Vokans, não poderiam ver a fortaleza, mas fatalmente iriam colidir com o campo de força externo, era só uma questão de tempo, pouco tempo por sinal, uma vez que se deslocavam rapidamente. - Duas mil setecentas e oitenta e três unidades biológicas acabam de aparatar no perímetro, informou o computador - Mostre na grade. Uma imagem holográfica de formou, eram dois grandes grupos de Vokans e Xylons desembarcando de naves e se dirigiam para a fortaleza.
Ela se virou abruptamente, já de arma em punho. A sua frente estava o trio mais estranho que poderia imaginar, amontoados no chão, estavam se levantando lentamente,
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- Sai de cima de mim Net!
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Antes de atacarem a fortaleza, no entanto, iriam de digladiar, o que daria tempo para ela se ocultar ou tomar uma outra rota de fuga. O que faria com a fenda?
ela não os viu ou ouviu chegando.Como teriam chegado ali passando por todo o aparato de segurança? - Ei calminha, calminha, disse o que parecia um humano esfarrapado. Nós somos da paz, baixa a arma, de boa, baixa. Ela não abaixou e levantou a ponta da arma, indicando que fossem para o canto. O grupo pareceu compreender e se deslocou. - De boa moça, a gente veio para conversar, calminha, baixa a arma. Ela não abaixou. - Quem são vocês e como entraram aqui? - Eu sou Eber, falou o esfarrapado, esse aqui com cara de peixe e meio azul é Net e aquele meio cinza e peludo é o Live e você a gente já sabe que é a tal de Ariel, cara o quadrante todo tá a fim de te pegar, se eu fosse você vazava, esse treco paranóico que você construiu aqui não vai funga menina, daqui a pouco as coisa pipocam, não que você tenha feito uma porcaria, não, está até legal, mas veja bem, os neguinho lá fora querem teu coro e não vão sossegar. Ele falava rápido e sem parar. - Cala boca Eber, falou Net. Desculpe senhora, viemos de muito longe para poder lhe falar, é verdade que sua fortaleza corre perigo, mas há um perigo maior que qualquer outro que tenha presenciado, se refere a fenda que estava analisando. - Quietos, vão para lá e entrem na cela. - Tá de brincadeira, essa celinha chulé vai segurar a gente? SE LIGA MENINA!.Ah.. e gente tem que levar o gato de volta. Foram entrando na cela, empurrados por Net. - Perímetro invadido nos quadrantes três, sete e dois, camuflagem comprometida, avisou a voz do computador. - Mostre, disse ainda de olho no grupo que tinha colocado na cela de contenção. A imagem mostrava os grupos já avançando sobre a área, os mais adiantados haviam de deparado como escudo, na verdade batido nele, uma vez que estava camuflado.
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Ela olhou a figura toda azul, com um cabelo que parecia uma espécie de alga transparente e com vida própria, muito similar ao seu. A pele era meio transparente e apareciam pequenos capilares por baixo dela, era toda coberta por muco gelatinoso, mas que não se desgrudava da pele. Ao falar a voz era suave, mas com um leve gorjeio. Ela se virou e não disse nada, ficou esperando pela explicação.
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- Ei!Moça, dá pra prestar atenção só um pouquinho, disse Net.
- A gente vem da fenda ali que você estava analisando, quer dizer, não é bem uma fenda. É que a fenda não é mesmo uma fenda, é um defeito na grade, por conta das oscilações da energia na grade, uma espécie rasgo da realidade. Aquilo não fazia o menor sentido para ela. Deviam ser loucos que se perderam pela grade. Péssima hora para tudo acontecer. Se voltou para a imagem. - Computador, acione os modelos de resposta automática de defesa em todos os níveis, desvie a energia de suporte de vida dos níveis dois a oito para reforçar os escudos da base. - Executado, informou o computador Se voltou para o grupo que permanecia atento a ela, ainda dentro da cela. - Quanto a vocês, me dêem um motivo para não os jogar para fora. Se fizer isso estará cometendo um grande erro. Olha, eu sei que não faz sentido para você nesse momento, mas é que na verdade não existem Vokans e nem Xylons, esse lugar aqui não existe de verdade. Porque vocês denominam a aparência de vocês de Avatar? Isso é uma simulação, nada disso é real, disse Live - Ok, vocês são malucos e eu vou jogar você lá fora para se entenderem com os Vokans e os Xylons e já que eles não existem não vai acontecer nada. -.Ooooo, peraí, eu demorei tempo demais para gostar desse Avatar, não vou perder ele assim de bobeira, disse Eber - Parece que o amigo de vocês não concorda com a idéia de que a coisas não existem. - Vamos fazer o seguinte, falou Net, você atira em mim e eu não vou morrer, porque sou uma imagem, algumas linhas de programação, não sou de verdade. Como a sua programação não pode interferir na minha, que esta melhor codificada, você atira, mas eu não morro....então.. Ele não terminou de explicar ela disparou, ele caiu duro. - Sua louca dos diabos! Sua maluca cretina, imbecil, gritou Eber - Parece então que vocês podem morrer, melhor começarem a se explicar.
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- Como eu dizia, sua programação não consegue se impor a minha linguagem e meu avatar se mantém.
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Nisso Net levanta.
Ela ficou paralisada e muda. Nunca havia visto aquilo. Disparou novamente, ele de novo caiu e se levantou. Disparou na cabeça, e de novo ele caiu e se levantou. - Podemos ficar fazendo isso o dia inteiro, mas acho que não temos o dia inteiro, eu e meus companheiros não somos afetados pela sua realidade, mas você é, e sua fortaleza esta sendo invadida nesse momento. A voz do computador informou - Invasão do perímetro um, grade se segurança colapsando. Impacto de projeteis Xylons no flanco esquerdo. Grade de segurança do perímetro cinco colapsando. Impacto de projeteis Vokans, as plataformas de um a três foram isoladas do sistema. Respondendo a fogo com as medidas de segurança automáticas. Nesse instante as três figuras atravessaram as celas como se nada existisse ali.Não adiantava apontar arma alguma. Ela ficou parada. - Escuta, a gente não quer te machucar, queremos conversar, mas nesse lugar agora não da, será que pode nos acompanhar? Acredite, você deve vir com a gente, falou o de pele azul. Ela olhou para eles, se quisessem realmente lhe fazer mal tiveram diversas oportunidades e eram pessoas obviamente poderosas. - Essa fortaleza não é tão fácil de ser penetrada. Computador, sele os níveis, adote medida de implosão do nível um e dois, aumente a energia de grade para o nível três para suportar os dejetos. Camufle as passagens de nível em todos os níveis. Abra os dutos dos canhões de plasma, destrua a passagem entre as tropas e as naves que as trouxeram. Desabilite as naves inimigas, emita o pulso para desativar os armamentos, solte os robôs de combate, faça prisioneiros vivos e mantenha-os vivos ate novas ordens. - Executando. Ela se virou para o pequeno grupo. - Vamos. - O gato, disse Eber - O que?
- Oi Pixel, vamos voltar para casa.
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Ela foi ao laboratório e retirou o gato da redoma, colocou na gaiola de contenção e levou até a outra sala onde o grupo a aguardava, o individuo azul retirou o bicho que parecia bem familiarizado com ele.
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- O animal que você pegou, o gato, é de uma amiga nossa e se a gente voltar sem ele, vamos passar a eternidade ouvindo.
Aparataram.
O grupo de Vokans avançava lentamente, estavam sendo bombardeados por canhões de plasma, parte das naves haviam sido destruídas. Azael chamou Spirus. - O ponto de disparo se encontra a um quilometro e meio a frente, parece estar camuflado, pelo outro flanco há um pequeno exercito de Xylons, que de dirigem para o mesmo lugar e estão sendo bombardeados também. Perdemos o sinal dela. - Vamos nos retirar? - Não, seja lá o que for, temos que descobrir do que se trata e tem aquela fenda estranha que parece oscilar, diversos globos de energia passam no horizonte, temos que investigar. - Vamos montar uma cabeça de ponte perto da fenda, os outros se encarregam dos Xylon, enquanto isso fazemos a analise do campo de camuflagem, vamos ver se conseguimos derrubar o campo. - Posicione os atiradores com os tubos de plasma no flanco esquerdo, faça uma bateria de disparos nesse ponto – mostrou no dispositivo que carregava um display que mapeava a oscilação de energia da camuflagem. Parece que aqui a energia oscila mais. Na hora que a grade cair, mande os dreds atacarem os Xylon pelo ar, cortando o acesso ao local onde supomos ser a base de Ariel, é importante que não tenham acesso a base. - Entendido, também vou posicionar um grupo mais a frente, para impedir a passagem por terra, mas é lógico que os Xylon também devem pensar do mesmo jeito, esperamos seria resistência, disse Spirus, o que ele não falou é que estaria nesse grupo, queria ser o primeiro a entrar na base e impedir que capturassem Ariel. O barulho se tornou ensurdecedor rapidamente, disparos vinham de todos os lados e tiverem que se esconder atrás de destroços. - Beter, informe o que esta acontecendo, pediu Azael pelo seu dispositivo de comunicação.
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- Típico de Ariel, ela não mataria nessa situação, disse Azael. Retire os nossos daí. Spirus, chegue mais perto dessas maquinas, deve haver um ponto fraco para ser explorado.
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- Centenas de robôs gigantescos estão saindo do campo de camuflagem, possuem uma espécie de campo de força e atiram contra tudo que se mexe, estão derrubando Xylons e Vokans indistintamente, não matam, mas incapacitam, outros atrás estão recolhendo os corpos, parece que fazem prisioneiros.
Era o que ele queria, a chance de chegar mais perto possível. Sem dizer nada se deslocou rapidamente com outros doze de seus melhores soldados. Nesse instante uma grande explosão e uma onde de choque varreu a planície, atingindo a todos, a fenda havia se fechado completamente e a paisagem se tornou normal, como se nada tivesse existido ali antes, exceto pelas centenas de corpos de Xylon e Vokans que estavam inertes por todo o campo. Os robôs continuaram carregando corpos para dentro da contenção.
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A ultima visão de Spirus foi de um soldado se contorcendo de dor e uma mão metálica avançando em sua direção, e veio a escuridão.
PARTE VI ILUSAO, DA ILUSAO, DA ILUSAO Ficou enjoada, nunca havia aparatado para ficar enjoada. - Liga não, as primeiras vezes a gente sente um enjôo danado, depois se acostuma, nessa realidade você tem que adaptar sua programação e ela é um pouco bugada, como você já é quase um bug acho que deve estar se sentindo péssima disse Eber Ela estava quase azul.Foi Live quem a levou para sentar, sentia náuseas e vontade de vomitar, nem nas tabernas Vokans e bebedeiras depois das vitorias se sentiu assim alguma vez. - Hiiii!! Acho que ela vai vomitar. - Cala boca Eber! Se concentra, você sabe alterar isso, consegue manter a forma que quiser e o sistema não vai te apagar, vamos lá lembre-se da sua forma, se concentre nela, lembre das suas habilidades, vamos, você consegue. Ela se concentrava na voz de Net, e aos poucos foi melhorando. - Isso, você pode fazer melhor, vamos lá, você tem o dom, pode reescrever as linhas, não vão tirar nada de você, enfrente o sistema, Lembre-se de como você era, ainda é, continua mais forte, pode alterar sua realidade, sua forma, lembre-se e faça acontecer. Lentamente todo o mal estar foi se dissipando, ela realmente podia conter aquilo e era simplesmente fantástico, podia sentir que podia mexer naquilo tudo. - Ela realmente é boa Net, você tinha razão, disse Alice entrando nesse instante e aninhando Pixel nos braços. Ariel nunca tinha visto um Versili, embora ela mesma fosse uma, e recuou alguns passos. - Essa é nossa amiga Alice, Ariel, a dona do gatinho, acho que você nunca viu um Versili antes, mas verá muitos daqui por diante. - Ola Ariel, disse Alice estendendo a mão, sua cor mudava de amarelo para laranja e branco, era mais alta de Ariel e depois de ver um Versili ela reconsiderou que sua aparência nem era das mais estranhas.
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- A fenda foi completamente fechada, não teremos problemas de novas invasões. Nos a trouxemos aqui Ariel pois acreditamos que pode nos ajudar, há muita coisa a ser explicada e gostaria que tivesse uma posição flexível para o que vamos lhe contar.
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Estendeu a mão para Alice e a cumprimentou. Em seguida foram apresentados Onmics e por ultimo Ulrich, que parecia muito com um Vokan e deixou Ariel muito desconfiada.Onmics falou primeiro
- A situação é bem delicada Ariel e muito complicada mesmo, disse Alice - Como eu já te disse, a realidade que vivemos não é verdadeira, explicou Net. Estamos em uma espécie de imersão em um jogo onde cada um, de acordo com suas habilidades, desenvolve e vive os seus personagens, nossos corpos verdadeiros estão sendo mantidos artificialmente em casulos de contenção. Ela ouvia sem fala. Live continuou: - Veja bem, alguém criou um sistema em que as pessoas estão conectadas, e não tem um botão de desliga pelo lado de dentro, então quem entra não sai. Ela estourou: - Vocês são malucos, isso é um hospício ou coisa assim?? Não, eu devo ainda estar sendo torturada pelos Xylons, isso deve ser o efeito de alguma droga. - Cacete mulher! Tu já viu uma viagem dessas aonde? Me conta que eu também quero! Ei!Volta aqui! Ela saiu correndo pela primeira porta que viu. Eber saiu atrás, não sem antes se voltar para os demais e falar: - Eu disse que ia dá merda, volta aqui mulher! Ela respirava ofegante, tinha que sair dali, estava ficando completamente louca.O lugar era um emaranhado de maquinas com corredores imensos e salas.Dobrou um corredor e deu de cara com Eber. - Não vai correr de mim a vida toda! Ele a segurou com força. - Escuta.... Ela lhe deu um soco de direita, ele caiu no chão, ela saltou por cima dele e tentou fugir. - Ei... você me bateu cacete! Eu não vou apanhar de mulher nenhuma! Volta aqui sua paranóica, eu vou te pegar!
Ele afrouxou o aperto, ela se virou e deu um soco de direita que o fez voar pela sala e afundar na parede de metal a três metros de distancia. Ele saiu cambaleante, enquanto
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Ela se virou e chutou a cara dele, ele caiu e rolou, se apoiou na parede e voou por cima dela como um parafuso, caindo atrás dela e lhe chutando as costas. O chute a colocou no chão, ele pulou sobre ela e segurou seus braços, ela levantou a perna solta para frente e bateu com o pé na cabeça dele.
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Ele pulou em cima dela.
ela fugia pela porta. Com uma rapidez incomum ele a alcançou e a puxou para trás fazendo o avatar afundar também na porta de metal a cinco metros de distancia. - Aí mulher! Tá vendo como é bom meter a cara na porta! Tu vai ficar quieta e me ouvir ou... Não terminou a frase, os dois pés dela foram diretamente no seu peito, enquanto ele era arremessado pelo corredor por dez metros ela rodava no ar e pousava com uma perna estendida e outra flexionada, encarando Eber quebrando uma dezena de canos com o corpo pelo caminho. Ele se levantou. Torceu o pescoço para um lado e para o outro, tirou o pó da roupa. - Eu vou te encher de porrada mulher. Ele avançou sobre ela e ambos se chocaram no ar. Ele lançou repetidos golpes sobre ela que acabou caindo, ambos foram para o chão, ofegantes. Os olhos dos dois guerreiros brilhavam intensamente. Se chocaram mais uma vez, a onda de choque das energias revirou todas as maquinas da sala e arrebentou as portas, ele a jogou no chão e disparou sobre ela uma espécie de raio, ela se contorceu de dor e nesse instante ambos foram contidos por Alice, Net, Onmics e Ulrich que entravam no local. - Parem com isso, vociferou Onmics Isso é muito serio para ficarem com escaramuças idiotas! Você ia matar ela Eber! - Não, só ia dar uma lição nessa imbecil. Ela estava atordoada, Eber era realmente muito forte. Foi Ulrich que ajudou a se levantar a sustentava. - Senhora Ariel, creio que não está em condições de conversar no momento, Ulrich a levará até seus aposentos, descanse e depois conversaremos e, por favor, não quebre mais nada por aqui ou saia dando sopapos em ninguém, ainda que seja alguém detestável como Eber. Ulrich a apoiava e suas pernas fraquejavam. Viu Eber também se apoiando em alguns destroços. - Você é um idiota Eber, disse Alice. - Foi ela que começou pô! - Tome.
- Não acho que isso vai dar certo, ela não estão aceitando bem a idéia, disse Ulrich
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Ulrich lhe ofereceu uma bebida, depois não se lembrou de mais nada.
- Não se preocupe, acho que é só uma questão de tempo, quando ela entender, e ela vai entender, teremos uma grande ajuda aqui, interpelou Net - Ajuda pra que? Ela quase me arrebentou todo! Já pensou se ela resolve usar essa “habilidade” cuidando dos casulos? - Cala boca Eber. Acho que devemos dar um tempo para ela. Ulrich, você poderia cuidar dela e assegurar que não saia quebrando nada nem ninguém, acho que sua aparência Vokan deve ajudar nisso. - Certo Alice, vou cuidar. - Enquanto isso, devemos reportar aos outros nossos progressos, não sei se vão aceitar isso muito bem, sempre fomos acordes de permitir somente aqueles que fossem emersos da realidade para o nosso grupo, nunca induzimos ninguém a isso. - Mas Onmics, não acha que devemos esperar um pouco? A fenda foi fechada, não há risco para as unidades dos casulos. - Não creio Live, só o fato de a fenda existir significa que temos problemas na contenção e isso significa algum comprometimento no fornecimento de energia da grade. - A verdade é que o sistema já esta a mais de 10 mil anos funcionando, falhas vão aparecer e não sabemos como consertar. Podemos morrer todos a qualquer tempo sem saber como sair. - Calma, Net. Essa possibilidade existe mesmo que a gente estivesse fora do casulo. - A questão é: mesmo que a gente descubra como sair, será que nossos corpos estariam aptos para se sustentar fora dos casulos? - Isso nos só podemos supor Eber, disse Net. As informações são de que os casulos sobreviventes estão sendo diariamente estimulados, os corpos estariam prontos para uso, estímulos elétricos são passados pelo corpo para manter os músculos, tendões, nervos, tudo funcionando normalmente. A alimentação talvez demorasse um pouco mais, uma vez que o corpo se acostumou com a ingestão de líquidos, mas isso pode ser modificado como tempo. - Não delira Net, dez mil anos tomando suquinho de proteínas, vitaminas e sei lá mais o que não se modificam nunca mais, e eu que sempre gostei de uma galinha assada, suspirou Eber.
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Ulrich foi ao aposento onde havia deixado Ariel.
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- Vamos comunicar aos outros, é o mais prudente a fazer- encerrou Onmics. Retornem aos seus trabalhos, descubram o que causou a fenda, como isso pode comprometer o resto do sistema e se pode acontecer de novo.
A bebida deveria deixa-la dormindo por horas, mas não sabia ao certo naquele avatar como isso iria funcionar. Sorriu, a “bebida” nada mais era do que linhas de programação que pausavam a programação do Avatar de Ariel, mas era percebido como “sono” naquela realidade. Uma ilusão, dentro de outra ilusão. Quando todas as ilusões iriam desaparecer? Sua aparência, assim como a de todos, aquela realidade alternativa que haviam criado dentro do sistema, tudo era ilusão. Nem mesmo sabiam por que estavam ali, não se recordavam de quase nada e não sabiam como sair. Pelo contador do sistema sabiam que já haviam de passado mais de dez mil anos dentro da grade e não se tinha noticia de ninguém que tivesse saído. Por puro acaso descobriram o programa de suporte de vida, foi quando se depararam com seus verdadeiros corpos, eram mais de cinco mil Versilis em casulos, hibernando com suas consciências dentro da gigantesca grade de programação. Alguns dos corpos já estavam mortos, mais de duzentos já haviam se perdido nos últimos anos. Pelo tempo o sistema começava apresentar defeitos, e oscilações de energia estavam comprometendo o correto funcionamento da grade. Concluíram que não havia ninguém do lado de fora para dar manutenção na coisa toda, e isso causava arrepios só de pensar. Nenhum dos mortos foram retirados dos casulos, eles simplesmente foram desligados do resto do sistema. Foi de Net a idéia de criar linhas dentro do suporte de vida para avisar a falha de um casulo e determinar o congelamento do corpo. Haviam trinta e oito corpos congelados, pelo menos haveria uma chance para os trinta e oito se um dia pudessem sair dali. Era raro conseguir um programador. Ele olhou para ela, não era tão feio assim o Avatar, se ela tivesse habilidades que Onmics e Net esperavam, poderia fazer alguma diferença. Ele podia investigar as novas linhas de historia que tinha descoberto enquanto Ariel “dormia” . No ar, abriu do nada uma janela de visualização e uma enorme quantidade de dados começou a fluir para dentro da consciência do Avatar. Ler o sistema era como receber diretamente no cérebro um filme, com todas as informações, mas a taxa de transmissão dos dados era altíssima, em poucos segundos centenas de anos de história dos Versilis era passado para Ulrich.
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Ulrich invadiu a programação e simulou uma identidade para acesso ilimitado à primeira biblioteca e depois pulou para a segunda biblioteca de dados e conseguiu entrar na biblioteca que se situava fora da grade do sistema. Foi um feito celebrado por muitos, isso fazia uns mil e quinhentos anos, perto da data em que Eber foi achado perambulando meio bêbado pelas salas de controle.
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Ele havia descoberto uma brecha no sistema. Havia uma biblioteca de dados externa, que o sistema usava para renderizar as paisagens e mundos alternativos dentro da grade, ela era baseada em uma outra biblioteca de história da civilização Versilis, suas descobertas, contatos com outros mundos, as viagens e explorações.
O universo tinha aproximadamente 13,7 bilhões de anos de existência, com a expansão de matéria por 80 bilhões de galáxias, com 7.1022 de estrelas, o equivalente a 30 ou 70 bilhões de trilhões de estrelas, distribuídas em um espaço de 28 bilhões de parsecs de diâmetro aproximado. Era uma grande bolha em um possível e gigantesco megaverso de bolhas de outros universos, ainda não explorados pelos Versili. A civilização Versili tinha mais de um bilhão de anos e havia se formado em um dos braços daquele universo, em uma galáxia que ficava no limite do horizonte cósmico de luz, formadas por volta de 600 milhões de anos logo depois do início da formação do universo, eram galáxias antigas.. Ulrich tinha visto uma simulação de vida dos primeiros mil anos. Os Versilis se originaram teoricamente da combinação sutil de enzimas e compostos orgânicos dentro do planeta natal, na verdade nenhum cientista Versili conseguiu descobrir exatamente como aconteceu o fenômeno. Os primeiros cem mil anos de existência dos Versilis foram de instabilidade e guerras fratricidas, ate que alcançaram a paz. A biblioteca exibiu todas as guerras e Ulrich pode notar que muito do que se passava no setor 1556 se parecia com as guerras dos Versilis, técnicas, táticas, terrenos, armas. O desenvolvimento da tecnologia Versili contribuiu muito para instituir uma forma de governo mais equilibrada, todo cidadão tinha capacidade de se manifestar e aprovar ou desaprovar qualquer decisão do governo, uma massiva desaprovação e a decisão deveria ser revista, sempre com a oportunidade de que o governante pudesse expor seus argumentos para sustentar sua decisão. As lutas armadas e a quase extinção da raça fez com que os Versilis fossem muito atuantes em engenharia genética, o instrumento que garantiu a continuidade da população quando somente 300 mil indivíduos, do total de 15 bilhões, haviam sobrevivido na ultima grande guerra. Um rígido código moral de respeito mútuo foi erigido, para que o desastre nunca mais se repetisse.
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Com um milhão de anos de historia os Versilis já dominavam 12 raças e colonizavam 387 mundos diferentes dentro da sua galáxia e se aventuravam em outras galáxias, fazendo contato com diversas outras civilizações. A tecnologia chegou a patamares espantosos e o progresso da civilização Versilis era invejado por todos os povos conhecidos.
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O respeito dos Versilis à sua raça, no entanto, não se estendia imediatamente a outros povos, com o crescimento cientifico e a possibilidade de explorar outros mundos, os Versilis se depararam, primeiramente, com espécies que tinham constituição física mais frágil ou não possuíam a sua superioridade tecnológica, esses povos foram escravizados e colonizados para beneficio dos Versilis.
O código moral Versili passou a ser flexionado e já era comum o cruzamento de espécies, gerando raças hibridas. A escravidão foi gradativamente sendo abolida e quando todas as mazelas morais pareciam sanadas vieram, de outra galáxia, os Edaculs. Eram uma raça muito diferente da Versili, a aparência era de um humanóide com quase dois metros de altura, com uma grossa casca de reptiliana que cobria todo o corpo. Os olhos eram escuros e ovalados, a língua sibilava quando falavam, eram carnívoros e ovíparos. Montavam suas colônias nos planetas e usavam seus recursos ate a exaustão, passando para um novo planeta. Planeta após planeta os Versilis viram seu império desmoronar, os 387 planetas Versilis, em menos de 500 anos de guerra haviam passado para 180. Os Versilis perdiam a guerra. O inimigo fazia prisioneiros em todos os fronts de batalha, mas para se alimentar deles. A população não podia ser salva e o desespero tomou conta dos povos colonizados que abandonavam planetas inteiros, para salvarem suas próprias vidas. Com quase dois mil anos de guerra os Versilis descobriram de onde vinham os Edaculs e resolveram atacar o planeta natal e a galáxia dos Edaculs. A ultima grande batalha ocorreu em Chandra 3, as armadas Edaculs e Versilis se mobilizaram em três grandes blocos. Os Versilis estavam determinados a exterminar, a qualquer custo, todos os Edaculs da galáxia, isso tinha acontecido a 30 milhões de anos. A armada Versilis, comandada pelo primeiro general Shiva atacou os Edaculs de surpresa. O ataque ao planeta natal fez com que os Edaculs recuassem sua armada para a defesa do sistema, mas o sistema Chandra 3 foi completamente minado com dispositivos capazes de explodir um sol classe M, e foi exatamente isso que aconteceu. O sistema gasoso rico em oxigênio e outros gases combustíveis da NCG 5813 fez o resto, as nuvens foram queimando tudo pelo caminho extinguindo grande parte da armada Edacul, duas outras explosões secundarias garantiram a extinção completa do sistema. Milhões de anos depois ainda se podiam ver a luzes das explosões na galáxia. Os Versilis haviam derrotado os Edaculs, os grupos que sobraram foram caçados e depois de algum tempo, foram completamente exterminados. Aquilo foi um aviso terrível para qualquer outro povo que imaginasse trilhar o caminho dos Edaculs.
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A população restante já não era um raça pura, grande parte dos sobreviventes eram híbridos, o retorno a escravidão era impensável, então os Versilis fizeram aquilo que de melhor sabiam fazer: a engenharia genética.
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A guerra porem havia consumido muitos recursos, diversos planetas não podiam mais ser reconstruídos.
Passaram a fazer terraformação nos planetas que queriam ocupar e criar artificialmente as condições de habitabilidade e vida, de acordo com especificações bem distintas para cada atividade que necessitassem. Em algumas centenas de milhares de anos já haviam formado espécies para produzir desde os polímeros que consumiam nas naves, ate espécies especializadas para extrair metais, respirar embaixo da água, suportar frio ou calor escaldante, suportar altas pressões, enxergar no escuro ou se localizar por sonar. Ulrich observou que muitas dessas espécies eram renderizadas para a grade, e diversas das paisagens planetárias serviam para criar a simulação de dimensões dentro da grade. Os Versilis tinham uma longa expectativa de vida com base na própria biologia e na ajuda da tecnologia. Partes do corpo podiam ser repostas com muita facilidade e a integração do cérebro com a maquina garantia aprendizado rápido e soluções muito eficientes para quase todos os problemas. Fazer projetos de longo prazo não era problema para nenhum deles. A vida media de um Versilis era de 100 mil anos. A tecnologia Versilis permitia, no entanto, que ainda assumissem outros corpos quando o corpo anterior estivesse muito debilitado. Ulrich estava nessa parte da historia quando percebeu Ariel se mexendo, fechou a consulta e chegou perto do Avatar, ela se agitava levemente e parecia suar. Impressionante os efeitos da programação para interpretar o estado mental do corpo físico, pensou ele. Eber entrou - E ai? - Ela está dormindo. - Quer que eu fique cuidando? - Não, Onmics pediu que ficasse por perto dela o tempo todo, acho melhor fazer o que ele pediu e depois você é tão maluco que não confio em você. - Qualé Ulrich!
E também haviam perigos imensos.
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Tinha que buscar mais informações para depois passar aos demais, mas aquilo tudo já era fantástico. Havia um universo lá fora, com outros povos, outras civilizações, outros planetas, galáxias inteiras para serem visitadas e ate onde tinha visto, seu povo tinha todos os meios para fazer isso.
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Eber saiu. Ela se agitou novamente. Ele arrumou a coberta sobre ela, ia ser uma noite longa, mas estava muito cansado para retomar a historia dos Versilis, aquelas informações eram impressionantes e a escala do tempo também, talvez estivessem equivocados sobre o tempo que estavam ali.
Tinham que sair daquela ilusão o mais rápido possível, mas como? Também havia a possibilidade de que aquela historia também fizesse parte da ilusão, um ilusão, dentro de uma ilusão dentro de outra ilusão. Qualquer que fosse a resposta a decisão seria uma só: tinham que sair da grade. O Avatar de Ariel ficou travado por seis horas. Depois desse tempo retornou a atividade. Ela havia “acordado” Abriu os olhos e estava em um lugar amplo, em uma cama muito macia, ao seu lado, sentado em uma grande poltrona estava aquele que chamavam de Ulrich. Ela se levantou lentamente. Ele foi em seu auxilio e a apoiou colocando travesseiros nas suas costas. Ainda estava dolorida da surra que Eber lhe dera, mas lembrava de ter sido drogada por Ulrich. - Você me drogou. - Era necessário, você estava muito agitada. Podemos ficar o resto da eternidade discutindo isso se quiser, mas acho que não faz o seu estilo. Que tal se alimentar e conhecer o lugar? Era uma boa sugestão e ela assentiu. - Pode se refrescar e trocar suas roupas se desejar. Há um lugar próprio para isso logo no outro cômodo. Eu lhe aguardo aqui. Ela se levantou e se dirigiu ao outro cômodo. Entrou em um lugar que parecia um jardim fantástico com muitas flores, algumas que nunca tinha visto. Uma espécie de banheira com água morna estava no canto, de forma que quem de deitasse ali via toda a paisagem. Um pequeno banco e uma bancada com acessórios estavam dispostos ao lado da banheira. Quem criou aquele local gostava mesmo de flores. Ela olhou em volta parecia infinita a paisagem, tocou em uma flor e a imagem oscilou.eram hologramas de qualidade muito superior. A paisagem tinha um realismo que ainda não tinha visto em um holograma.
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Ele lhe trouxe três vestuários diferentes. Um traje notadamente Vokan, outro era um vestido que parecia um traje real da dimensão elemental drapeado em tecido fino e esvoaçante e bordado em ouro; o ultimo era um traje de guerra, todo em tecido de fibrium negro, resistente a impactos diretos de arma leves, a calça era justa com uma blusa solta por baixo, arrematada por um colete, por cima do traje um longo casaco também negro, que se estendia até quase o calcanhar, junto um par de botas de fibrium.
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Qualquer que fosse a situação era melhor enfrenta-la alimentada. Se despiu e entrou na banheira, a água era deliciosa e jatos massageavam seu corpo. O banho foi rápido, mas reconfortante. Um servo robô entrou no local e lhe indagou se gostaria de escolher um traje. Ela disse que trouxesse o que havia.
Se tivesse que fugir, talvez esse fosse o melhor traje, mas escolher esse traje denunciaria suas intenções. Ficou com o traje tradicional Vokan. Quando saiu da sala Ulrich não estava lá, mas havia uma mesa com uma refeição, ladeada por um vinho que, depois,se provou excelente , tudo desafiava o seu olfato . Estava com fome e se entregou à comida com prazer, quando já estava satisfeita e saboreava o bom vinho entrou Ulrich com Alice. - Ganhei a aposta Ulrich. Ele só soltou um “unf” meio emburrado. - Eu apostei com Ulrich que você iria escolher o traje Vokan e ele disse que você iria escolher o de fibrium. Acho que você é mais esperta do que parece. Alice deu uma piscada com um olho só e aquilo era desconcertante pois era inusitado para aquela figura. - Gostaríamos de continuar a conversa anterior, disse Ulrich. Poderia nos acompanhar, os outros nos aguardam. Ela assentiu com a cabeça, se sentia desconfortável naquele grupo estranho, e ainda acreditava que eram loucos, mas não custava escutar. Na primeira oportunidade que tivesse tentaria a fuga. Adentraram a uma sala ampla, parecida com uma biblioteca, com uma mesa grande e cadeiras em volta em uma extremidade da sala. Na outra ponta estavam dispostas poltronas de aparência confortável, em volta de uma pequena mesa, circundando uma lareira. O ambiente todo dava uma sensação de aconchego e intimidade. A luz era suave e quando entraram Net, Eber, Onmics e dois outros indivíduos, um parecido com Alice e outro com a aparência de um humano,conversavam animados sentados em volta da lareira. Ao notarem a presença dos três Onmics se levantou. - Ah! Vocês chegaram, muito bom, sentem-se aqui perto, é melhor do que na mesa de reunião. Ariel quero lhe apresentar Flocus e Amber Flocus tinha a aparência de um Versili e Amber de um humano alto, de uma cor negra e meio azulada. Ambos a cumprimentaram com um leve aceno. - Espero que esteja se sentindo melhor, acho que não fomos muito hábeis em nos expressar e sei que a ideia toda foi muito estranha, então vamos conversar melhor,continuou Onmics.
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- Isso faz parte da questão toda que vamos lhe apresentar e é bem intricado. Há poucas horas você tentou “matar” Net e viu o que aconteceu, o que você acha disso?
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- Quem são vocês, ela perguntou.
- Não sei explicar, ainda não havia encontrado alguém imortal; é isso que vocês são? Imortais? - Não, nós não somos imortais. Quando você chegou aqui começou a passar mal, com a sensação de que estava “morrendo” e Net lhe ensinou como se manter viva. Outros indivíduos talvez tivessem dificuldade para isso, mas você se saiu muito bem e conseguiu restabelecer seu avatar com facilidade. Já pensou nisso? Você possui habilidades especiais. - Habilidades especiais? - Sim, você possui a habilidade de manipular linhas de programação do sistema e ... - Espere, linhas de programação do sistema? Que sistema? - Essa é a parte difícil. Nos estamos dentro de um ambiente simulado, nada disso é real, existimos, mas nossos corpos não são esses, somos Versilis, estamos todos contidos em casulos que nos mantém artificialmente vivos e conectados a uma realidade alternativa, o programa é capaz de simular diversos universos paralelos, baseados nas realidades buscadas de bibliotecas Versilis, de raças que conhecemos e de mundos que visitamos. - Quer mesmo que eu acredite nisso? - Não precisa acreditar, pode ver tudo o que coletamos e tirar suas próprias conclusões, disse Net, venha, eu posso lhe mostrar o que tenho. - E porque simplesmente não saem? - O sistema só se desliga pelo lado de fora, não há uma forma de sair, e parece que não há ninguém vivo ou disponível para nos tirar daqui, lá do lado de fora,explicou Net - Alguém inventou um ambiente simulado, colocou como vocês chamam...Versilis para interagir com o software e não há um botão de saída? Quem seria burro de fazer uma coisa dessas a não ser que fosse proposital? Quem fez isso? - Nos não sabemos e achamos que pode também ser proposital ou uma falha do sistema. Aquela fenda que você observava era uma falha de energia que acabou apagando um pedaço da renderização e não voltou na velocidade certa. - Supondo, somente supondo, que vocês estejam dizendo a verdade, como chegaram a essa conclusão?
A cada pergunta que surgia havia uma reposta que podia ser testada por ela mesma. Como podia mudar seu avatar, como “sentia” dor, fome, sono e como isso se refletia no
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Ela o acompanhou, durante semanas viu as diversas linhas de programação das dimensões paralelas, explorou as bibliotecas, pode visualizar por uma câmera externa os Versilis confinados nos casulos. Net até identificou para ela qual era o seu corpo.
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- Venha comigo, vou lhe mostrar o que temos.
corpo Versili que estava no casulo. Pode fazer todos os testes que quis e no final de quatro semanas tinha certeza de que eles estavam certos. A necessidade de “dormir” do seu avatar era só reflexo do próprio estado de exaustão do cérebro Versili para trabalhar com a simulação da grade. Na verdade, parte da própria programação e do processamento de dados era feita nos cérebros em repouso, a grande maquina que mantinha os Versilis naquele estado era, em parte, o próprio cérebro dos Versilis. Era uma maquina hibrida, com uma interface neural que ocupava os neurônios ociosos para processar paralelamente todas as informações do banco de dados. A fome era o momento em que o corpo devia ser deixado para o processamento dos alimentos que recebia, para potencializar sua ação. Os exercícios, as corridas e tudo mais era feito por estimulação elétrica nos membros. Cada vez que o avatar lutava, corria ou se movimentava, esses impulsos eram traduzidos como necessidade de exercício e a estimulação elétrica da musculatura e dos nervos era efetuada. Cada ação no mundo virtual permitia um reflexo no mundo real. Fez experimentos no seu próprio corpo e pode constatar o fato. Depois de todo esse tempo se lembrou da sua fortaleza. O que teria acontecido com os outros avatar e com a fortaleza? Foi falar com Net. - Net, o que aconteceu depois que saímos do meu mundo virtual, a fortaleza como esta? Como isso se reflete nos demais Avatares? - Você pode ir lá ver a qualquer tempo, na verdade se passou pouco tempo para eles, não mais que um ou dois dias. O tempo passa de uma forma diferente nos mundos virtuais, no plano em que estamos nossa percepção é muito mais acurada e a coisas acontecem mais rápido, mas não é assim na maioria dos mundos. Lembre-se que parte dos neurônios deles estão ocupados em manter o banco de dados e o software em funcionamento, como tempo é uma percepção mental o tempo para eles passa de forma diferente. - E os nossos neurônios? Também não estão endo usados? - Ao que parece, quando reconhecemos a nova realidade desenvolvemos intuitivamente uma sub rotina que deixa de requisitar nosso processamento ocioso e não sustentamos mais o sistema. - O sistema não percebe isso?
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- Deletados?
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- Percebe como uma falha de processamento e passa para o próximo cérebro a ser utilizado. Parece que não há uma sub rotina implementada para esse tipo de erro, ele não foi previsto na concepção inicial do sistema. Depois de um tempo ele deixa de “ler” nossas requisições como válidas, somos abandonados como trilhas a não serem lidas.
- Não exatamente, pois ele continua a nos “ver” e o suporte de vida nos reconhece como um ente a ser suprido, mas ele não nos requisita mais. - Mas o sistema possui uma inteligência artificial para se reescrever, porque não nos “reescreve”? - O sistema não previu que poderíamos escrever nossas próprias subrotinas, e ele nos entende como parte da inteligência artificial, então interpreta a sub rotina que criamos para nãos sermos “lidos” como parte dele mesmo. - Mas a IA evolui, não vai chegar um momento que pode nos ver de forma diferente? - Há essa possibilidade, por isso interagimos com o sistema, mas sem entrar em núcleos sensíveis, mas se isso for necessário, como no caso do suporte de vida e congelamento de alguns Versilis, somos muito cuidadosos assumindo a identidade dos equipamentos e não as nossas próprias. - E o sistema de segurança? - Eu não consegui fazer uma boa análise, mas você que é a especialista pode me ajudar. Ele barra requisições feitas de fora do sistema, mas algumas manipulações internas também não são aceitas, parece que algumas linhas do programa já foram escritas com clausulas de segurança para que não pudéssemos acessar, tentamos uma vez desviar energia de uma subrotina que verifica a integridade dos casulos e o acesso foi negado. - Isso é de fato interessante, eu vou cuidar da questão Xylon X Vokan e volto.Como eu vou? - Você cria uma linha de programa que lhe dá acesso privilegiado aquela grade e “aparata” como vocês dizem. No seu caso você sabe fazer isso com muita facilidade, como já demonstrou. Mas se lembre que agora você é um tipo de administrador com privilégios, esta mais forte, mais poderosa e pode praticamente destruir tudo se não tomar cuidado. Você vai lá? - Vou. - E vai voltar? - Claro que sim, porque não voltaria? - Alguns foram e não voltaram mais, é mais fácil viver feliz na ilusão do que conhecer uma realidade tão medonha como a nossa. - Não espera mesmo que eu fuja da realidade?
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- Antes tenho que fazer uma coisa.
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- Não, você não.
Ela alterou sua forma para a aparência que tinha quando simulava ser uma Vokan. A mesma aparência que tinha antes de se transformar. Também alterou sua vestimenta para um vestido no melhor estilo Vokan, todo debroado em ouro, com aplicações em esmeralda e rubis, o vestido era branco e vermelho com um generoso decote em V, o cabelo foi colocado em uma trança delicada entremeada com pequenas esmeraldas, que coroava a cabeça deixando o resto dos cabelos negros e cacheados caindo pelos ombros, as mangas do vestido eram decoradas nas bordas com o mesmo cuidado, no tronco o vestido era justo e se alargava a partir do quadris, acentuando uma cintura bem feita e corpo bem torneado. - Pronto, acho que assim esta melhor. - Porque a preocupação com a aparência Ariel? Era Ulrich que falava atrás dela.Net falou logo: - Ela vai voltar para a fortaleza.. - Que sair daqui, pergunto Ulrich. - Não, não quero. Na verdade vou só fazer uma visita aos amigos e volto logo. - Vai contar a eles? Amarok e Spirus? - Creio que não Ulrich, mesmo vendo tudo o que vi ainda acho difícil de acreditar. Quero só tranquiliza-los e me despedir, um dia eu poderei e contar a verdade, acho que eles merecem saber, mas ainda não estão prontos. Depois, mandei prender todos, não posso mante-los indefinidamente nessa condição. - Quer companhia? - Que gentil da sua parte,por que não? Você se apresenta como um Vokan, acho que eles nem vão reparar. - Aliás, devo dizer que a Sra. Ariel está belíssima nessa sua nova aparência. Ambos sorriram e aparataram - Onde eles foram Net, perguntou Eber que acabava de entrar. - Ariel foi na fortaleza, acompanhada por Ulrich. - POR QUÊ? O que ela foi fazer lá? Vai contar para todo mundo? Isso vai ser o inferno...
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- Ela vai ficar?
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- Não, só vai se despedir dos amigos, resolveu ficar por aqui.
- Vai, assim eu tenho alguém para me ajudar na leitura e tradução das linhas do programa, quem sabe arrumamos uma forma de desligar o programa por dentro. Ela é bem habilidosa, será de grande ajuda. - Não acha perigoso? Pode nos desligar sem querer e morremos todos, devia estar dando um jeito no suporte de vida e na rede de energia. Mais dois foram congelados desde que ela chegou. - A chegada dela não tem relação com as oscilações de energia, muito pelo contrario, ela me ajudou a desviar parte da energia ociosa para sistemas vitais. Havia uma perda de energia em um setor, ela detectou. Recriamos a programação naquele lugar e desviamos a energia para outros pontos. Pelas câmeras externas pudemos ver que um duto caiu sobre um cabo energizado, desligamos o cabo acessando um sistema auxiliar. Eu iria demorar mais tempo para descobrir isso sozinho. - Mesmo assim, acho que ela é um perigo para todos nos, e paranóica, uma questão de tempo para explodir. - Não exagera Eber, você não gosta dela porque apanhou um pouquinho.
Aparataram para dentro da fortaleza. - Vamos para o nível cinco, lá eu coloquei as celas de contenção, disse para Ulrich.
Apartaram e apareceram no corredor principal do nível cinco. As luzes imediatamente se acenderam. O corredor era longo e diversas celas estavam com Vokans ou Xylons. Eles não podiam ver o movimento do corredor, o campo de força que os mantinha nas celas só permitia visibilidade de fora para dentro naquele momento, Ariel deveria acionar o sistema para permitir uma visão ao contrario. Ela não se deu ao trabalho, na medida em que passava pelas celas criou um rotina o software para mandar os avatares de volta para seus respectivos lugares. Centenas de Xylons e Vokans voltaram “para casa” sem saber como e nem por que. Deixou a cela onde se encontravam Amarok, Spirus, Beter e Azael por ultimo, permitiu primeiro que a vissem, o que causou em todos um choque e depois abriu a cela. Amarok foi o primeiro a falar>
- Como assim? Tudo o que? Como conseguiu voltar para a antiga forma?
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- Sim Amarok, vou manda-los de volta para os Vokans, não tenho muito tempo para lhes explicar, mas peço que confiem em mim, em breve eu voltarei e poderei contar tudo.
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- Ariel?
Spirus parecia desconcertado com o que via. - Não Azael, não agora. - Quem é esse que lhe acompanha? - Meu nome é Ulrich, Lorde Amarok. - É meu companheiro de batalha Amarok. - Eu vi um Ulrich, muito parecido com você, em um livro na biblioteca da cidadela, mas ele teria hoje mais de 5000 anos se você fosse ele. - Uma coincidência Lorde Amarok, com certeza. - Creio que sim, onde estão os demais Vokans e Xylons que foram feitos prisioneiros? - Já mandei todos de volta Amarok. - Como assim “mandou de volta”? - Cada um para o seu respectivo lugar, e vou mandar vocês também, não voltem aqui, farei todo o possível para os proteger, mas peço que tenham paciência.Com um único gesto todos sumiram. - Eles vão ficar bem confusos Ariel. - Também acho, mas não temos porque ficar conversando se não podemos explicar a eles coisa alguma. - E agora? - Vamos destruir essa simulação para que não caia nas mãos erradas, depois conheço uma excelente taverna onde há o melhor jutder que você pode ter bebido na vida, mudamos a aparência e passamos despercebidos. Ele deu uma gargalhada - Porque não? Vamos, mas acho que temos um problema com Amarok, eu realmente estava naquele livro. - Ele vai ter o que pensar por algum tempo, deixa pra lá, podemos fazer alguma coisa para eles não falarem.
- Alguém pode, por favor, me explicar o que aconteceu? De uma forma que faça sentido?
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Eles seguiram em frente, ela explicando sua ideia e ele dando gargalhadas.
Primus estava profundamente irritado, nas ultimas doze horas centenas de soldados reapareceram do nada, dois de seus generais afirmavam que tinham visto a “antiga Ariel” e que ela havia prendido a todos em uma fortaleza, que por sinal ninguém mais achava, que também havia prendido vários Xylon e que, nas palavras dela, teriam sido mandados todos “para casa”. Pediu a descrição da “antiga Ariel” novamente, para as únicas quatro pessoas que a teriam visto e todos eram unânimes em afirmar que ela estava perfeita e mais poderosa. - Sinto muito Primus, já falamos por dezenas de vezes o que aconteceu, não há nada a acrescentar, falou Amarok. - Vocês percebem que isso não faz nenhum sentido? - Sabemos que não faz sentido, mas foi o que aconteceu. -Azael, como sabe “que aconteceu”? Como pode ter certeza de que não foi uma ilusão?. - Então foi uma ilusão coletiva, pois todos nos vimos e ouvimos a mesma coisa, afirmou Spirus. - Acho que foram enganados por Ariel, o que faz dela uma figura ainda mais perigosa do que imaginamos. Vou editar uma solicitação de captura para todas as dimensões, ela terá que aparecer em algum lugar. Obrigada pela colaboração de vocês. Essa era a deixa para saírem.Amarok se sentiu aliviado já do lado de fora fez uma pequeno gesto para Spirus, ambos aparataram e se encontraram na fortaleza de Spirus. - Spirus há algo muito estranho nisso tudo. - Para mim TUDO é muito estranho. - Observou o Vokan que acompanhava Ariel? - Sim, eu vi, ela definiu como “meu companheiro de batalha”, aliás porque nenhum de nós se lembrou de falar isso para Primus. - Exato, nenhum de nos conseguiu falar isso para Primus, foi como se ele não tivesse existido. Amarok foi para uma das prateleiras da biblioteca. - Mas eu me lembro Spirus, na verdade tenho certeza que já vi aquela figura. Olhe isso.
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- É ele Amarok, com certeza!
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Ele abriu um livro virtual e uma imagem holográfica se formou. Era Ulrich.
- Esse é o problema, esse é Ulrich, assim como se apresentou o Ulrich de Ariel, esse Ulrich que o livro nos apresenta é um dos grandes guerreiros da historia Vokan, sumiu em batalha fazem exatos 5.678 anos. Teoricamente não poderiam ser a mesma pessoa. - É realmente impossível. - Obsevou que ele falava com um leve sotaque e me tratou por Lorde? - Sim. - Ouça a gravação de voz de 5.500 anos atrás e observe que o tratamento respeitoso da época era esse. Ele ouviu os registros. Não pode ser. Ariel morreu e vimos uma espécie de projeção pós-vida ou o que?
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- Ariel está tão morta quanto eu e você e aquele Ulrich também, a questão é: como? E porque não conseguimos falar sobre isso para Primus?
PARTE VII A PRISÃO – DESVENDANDO O PASSADO
A vermelha anã tinha uma luz fraca e a menor massa do sistema tríplice de estrelas, suas duas outras irmãs possuíam massa maior e formavam duas outras estrelas anãs laranjas, situadas na classe M., do sistema tríplice Estavam no setor HR 6426,na constelação Scorpius, eram conhecidas como GJ 667 A, GJ 667 B e GJ667 C, ficavam a 22,7 anos-luz do planeta terra e o que as fazia interessante, além da orbita extravagante sobre um campo magnético comum entre as três, era o fato de possuir uma super terra dentro de uma zona habitável. GJ 667 C tinha aproximadamente 31% da massa do Sol da terra e emitia 0,3% da luminosidade do Sol. Suas irmãs GJ 667 A, GJ 667 B tinham respectivamente 73% e 69% da massa do sol terrano. GJ 667 C também era conhecido pelos terranos como Gliese, o exoplaneta que a orbitava tinha massa 4,5 vezes maior do que a terra, no entanto a densidade da matéria era muito baixa e o núcleo do planeta também apresentada baixa quantidade de metalicidade, o que o fazia ter o equivalente a 8,0.1024 toneladas terrestres, orbitando a estrela. O planeta foi denominado GJ667 CC. Estava na zona de habitabilidade e possuía água em abundância, e embora os níveis de metalidade do seu sol fossem baixos o planeta estava ali, era um planeta rochoso que apresentava os primeiros sinais de desenvolvimento de vida orgânica. Em razão da baixa densidade e considerando que em corpos esféricos, a gravidade superficial em m/s² é 2.8 × 10−10 vezes o raio da esfera em metros vezes a densidade média em kg/m³, a gravidade superficial do planeta era de 1,008 G, muito parecida com a da Terra Sua rotação era de aproximadamente 52 horas terrestres e a translação equivalia e 28 dias terrestres. Parte da sua superfície era coberta de gelo e as temperaturas máximas não ultrapassavam 27ºC e a mínima e podiam chegar a -70ºC. Algumas substancias como Bromo e Mercúrio podiam ser encontrados em estado sólido em veios rochosos nos lugares de temperatura mais baixa.
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Os planetas não eram circumbinários e orbitavam exclusivamente a 667-C, o que lhes dava estabilidade orbital. Explosões solares eram esporádicas e fracas naquele instante e, não comprometiam o desenvolvimento da vida no planeta que andava a passos muito lentos, em função da pouca luminosidade, compensada somente pelas outras duas anãs próximas.
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Um pouco mais distante estava o GJ667Cb, outro gigante rochoso com 5,1 vezes a massa da terra, que também orbitava a pequena anã. Sua translação equivalia a sete dias terrestres, também possuía água no seu interior.
Houve tempos em que a superfície do planeta C conheceu altas temperaturas, que contribuíram para a formação de substancias como metano, amoníaco, hidrogênio vapor de água, tempestades elétricas acabaram por formar as cadeias de alcoóis, aminoácidos e açucares., gás sulfídrico também fluía no leito dos oceanos formaram colônias imensas de arqueanas. Outras moléculas evoluíram para colônias de coacervados e depois para substancias orgânicas mais complexas e iniciaram a formação de acido nucléico. Heterótrofos passaram a processar quimicamente energia e também a se reproduzirem. Seres unicelulares apareceram e depois as sulfobacterias iniciam os primeiros processos que seriam o protótipo da fotossíntese. Na presença de luz e de gás carbônico ou sulfeto de hidrogênio, essas bactérias produziam açúcar, enxofre e mais água. Cianobactérias apareceram mas a pequena intensidade de luz ainda não havia permitido a transformação da atmosfera, que ainda era pobre em oxigênio e pouca vegetação que existiam os oceanos, uma vez que parte deles tinha a superfície congelada. No fundo dos oceanos ainda havia atividade vulcânica e ilhas de calor propiciavam o desenvolvimento de organismos pluricelulares. Os oceanos não eram muito profundos quando o calor se misturava a água fria, o gelo superficial derretia e algumas partes dos oceanos congelados eram “furadas”. Vista do espaço parecia um queijo suíço Na faixa mais quente, no entanto, a vida era profusa. Seres pluricelulares já de tamanho avantajado se alimentavam e eram alimento uns dos outros. Os recifes com corais formavam cadeias imensas, com cores estranhas que se aproveitavam da fraca luminosidade do pequeno sol. A produção mais acelerada de oxigênio fez com que espécies passassem a se adaptar a oxidação, usando-a para desmontar as cadeias de alimentos, quebrar moléculas. Surgiram os primeiros seres com respiração celular. O planeta era abundante em vida. Havia também vida inteligente, mas essa não era nativa. Abaixo da superfície rochosa estava instalada uma pequena prisão e uma base militar, com um pequeno arsenal suficiente para acabar com sistemas solares inteiros. Naves que nunca haviam sido usadas aguardavam em hangares silenciosos, onde nenhuma presença viva andava a mais de doze mil anos. Um exércitos de robôs e drives aguardavam as ordens de alguém, que ainda não havia chegado, esperavam há muito tempo.
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A única forma que denunciava a existência de atividade na superfície era um pequeno complexo de antenas e cinco estações de que batalha que faziam a segurança do planeta e orbita estável a uma altura considerável e também serviam como repetidora de sinais
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O zumbido discreto dos equipamentos que ainda se mantinham em funcionamento era o único barulho perceptível. A 150 quilômetros abaixo da superfície e no ultimo nível do complexo estava a prisão, lotada de detentos.
de comunicação. Todas as estações também estavam vazias e sua funções eram automatizadas. Oito gigantescas estruturas mantinham a energia necessária.Coletores separavam o hidrogênio e os convertiam em deutério (²H), liberando um pósitron e um neutrino, transformando um próton em nêutron. O pósitron gerado aniquilava um elétron e produzia fótons gamma, o deutério se unia a outro átomo de hidrogênio e produzia gás Helio. A reação do Helio era continuada, deutérios se juntavam a hidrogênio, novos pósitrons eram gerados a cada 1,4 segundos de tempo terrano. A reação toda passava por três estágios e criava aproximadamente 27 MeV, o equivalente a 27.106elétrons volt, o processo era vulgarmente conhecido como reações de cadeias de próton-proton. Eram pequenos sóis que geravam a energia necessária para o funcionamento de todo o complexo. E tudo ia bem, se não fosse o mau funcionamento de um dos coletores atingido por um meteorito, e o fato de uma das estações parar de funcionar.
-Net, tive um ideia. - O que Ariel. - Você disse que consegue isolar o sistema de suporte de vida do restante, mas não acha que deve haver algum dispositivo de segurança que vai detectar a alteração? - Na verdade há, eu consegui localizar as linhas no sistema há pouco dias, por isso não programei a separação, não podemos correr riscos com isso. - Eu localizei uma área do sistema que não está sendo muito requisitada, podíamos criar um ambiente de simulação do suporte de vida. - E?? - Colocamos o ambiente simulado para rodar, logo que retirarmos o verdadeiro da dependência do resto do sistema. A IA não vai perceber. - Você quer rodar uma simulação dentro da simulação?
- O sistema está dando alguns picos de requisição e travando, por falta de energia, podíamos simular um desses travamentos, e faríamos a troca.
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- E como faríamos para a IA não perceber?
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- É isso aí.
- Um ataque ao sistema principal? - Isso, tenho até uma ideia, o próprio suporte de vida pode requisitar alimentação de todo mundo ao mesmo tempo. Quando eles estão se alimentando o sistema deixa de utilizar os recursos neurais para processamento dos dados, há um travamento temporário. - Mas se usarmos o próprio suporte de vida, como nós vamos processar a mudança? - Somos setenta e três “acordados”, creio que cinquenta de nós consegue fazer o processamento enquanto nós dois fazemos a mudança do ambiente. O sistema não vai perceber se ele voltar com as linhas de programação intactas e nenhum dado do acesso indevido. Travamos o registro e reescrevemos como uma grande pane e ele passa a reconhecer o ambiente simulado como se fosse o real. - São inúmeros parâmetros que devem ser considerados. Teremos muito trabalho pela frente. Mas o sistema ainda vai usar o processamento neural dos que estão dormindo como? - Podemos setar o ambiente simulado e redirecionar para o ambiente real. - Ficará um caminho que a IA pode identificar. - Não se renomearmos a trilha com algo que ela já conhece, ocultamos as linhas e quando ela for buscar o caminho entra em loop. - Vai travar. - Inserimos um contador, depois de algum tempo ela sai. - A IA vai desconfiar, acho que não vai dar certo assim - Vai travar, mas não vai poder fazer nada. - Vamos pensar e ver o que conseguimos. Trabalharam durante dois meses no projeto. _____________________________________________________________
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Faziam 800 mil anos que as guerras haviam acabado e os Versilis passaram a explorar novos mundos em busca de recursos. Trilium, ouro, ferro e diversos outros elementos eram necessários para criar as novas naves e os diversos centros de processamento. Ouro era essencial para melhorar a qualidade das transmissões e processamento de dados, computadores cada vez mais rápidos e utilizando plataformas híbridas com neurônios operavam sozinhos estações especiais inteiras.
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Ulrich vinha se empenhando em aprender a história dos Versilis e a cada passo ficava encantado com os progressos de sua civilização.
Ouro era o mais difícil de conseguir, mas naves exploratórias foram mandadas para vários setores em galáxias promissoras. Muitos planetas habitáveis foram localizados, e alguns deles com vida. Planetas com vida inteligente potencialmente de nível quatro eram descartados imediatamente. Os Versilis haviam estabelecido uma escala de inteligência que ia de 0 a 10, sendo 10 o nível de inteligência Versilis e 0 o equivalente a organismos pluricelulares que não conseguiam distinguir sua existência, não eram ser cientes. O nível quatro era aplicado no caso de espécies que eram seres cientes e tinham capacidade de se integrar em grupos sociais desenvolvendo, ainda que de forma rudimentar, a capacidade de organização, fala e escrita. Planetas I-4 não podiam ser colonizados pelos Versilis. Tinha sido uma decisão bem polêmica, muitos dos Versilis acreditavam que poderia haver coexistência de espécies mas os antropólogos Versilis demonstraram que isso era impossível, uma intervenção Versilis destruiria a possível futura civilização com a extinção da espécie. A partir daí era proibido interferir em planetas de nível I-4 ou superior. Mas o universo era imenso e haviam ainda muitos planetas que poderiam ser explorados. O supercúmulo onde se localizavam tinha 100 milhões de anos luz de distância, o cumulo local tinha 2,5 milhões de distancia em anos luz e aproximadamente 30 galáxias espirais. A biblioteca foi passando, apresentando os diversos planetas localizados. O sistema Órion era o mais promissor, alguns planetas com grande quantidade de metal, em especial ouro. Ulrich foi passando planeta até se deparar com um planeta com uma marcação diferente. O inicio da visualização do planeta estava escrito; INABITAVEL, I-4, AGUARDAR DECADENCIA, 100 mil anos. Isso era novo, nenhum planeta I-4 era classificado daquela forma. O planeta era de um sol classe M, o terceiro de um sistema de nove planetas, tinha se formado a cinco bilhões de anos, com água em abundancia , uma profusão de vida animal e vegetal, uma boa atmosfera e forte campo magnético. Os dados indicavam que havia sido feita, pelos Versili, mineração de ouro. Foram extraídas um milhão de toneladas de ouro no período de 40 mil anos, o que era uma quantidade razoável de ouro para um pequeno planeta, mas porque não continuaram?
A assembleia estava quase completa, observou Ariel, só faltava Eber.
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- Silencio!- Gritou Onmics. Ulrich nos conte novamente a historia.
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Ele continuou a leitura, quando terminou já sabia quem era e porque estava ali. ______________________________________________________________________
- O planeta se localiza em um dos braços de Órion, se chama Auris, pela quantidade de ouro que localizaram nele. Quando nossa raça chegou no lugar, há aproximadamente 160 mil anos haviam espécies de hominídeos usando ferramentas rudimentares, se determinou que eles seriam usados para a extração do ouro. Acontece que esses seres não tinham uma quantidade de inteligência que pudesse permitir treina-los para a atividade. Convocaram uma equipe de geneticistas para fazer uma alteração na estrutura dos hominídeos com finalidade de lhes melhorar o discernimento. Essa equipe havia sido descartada de um projeto abandonado pelos Versilis, para a criação de uma nave orgânica, contava com geneticistas, programadores, pilotos, engenheiros, metalúrgicos e toda sorte de pessoas. Eram aproximadamente três mil Versilis. Deixaram esses Versilis cientistas com uma equipe de extração e segurança para executar a mineração, cinco mil e quinhentos Versilis foram deslocados com equipamentos e naves para o setor, uma vez que o planeta era rentável. O Comando Central Versilis os deixou no planeta para fazerem a mineração e não se preocuparam em observar, uma vez que o minério não deixava de chegar. O pressuposto era de que tudo corria normalmente, mas não era bem assim. Diversas experiências foram efetuadas, não só nos hominídeos mas também na criação de outras espécies locais. Depois de criarem e de destruírem quatro cepas diferentes, com alguns milhares de espécimes, os cientistas decidiram que aquela raça era muito promissora e fizeram, sem conhecimento e autorização do comando central, uma alteração mais profunda no DNA dos hominídeos: aumentaram o cérebro, deram capacidade de desenvolver linguagem e de articular palavras. A raça se desenvolveu muito bem, em pouco tempo atendiam a nossa espécie e nos veneravam como se fossem deuses, aprendiam rápido o manuseio dos equipamentos, erigiram cidades de pedra, material em abundancia por todo o planeta, em homenagem aos seus deuses, aprenderam e desenvolveram a escrita e a fala. Se organizaram em sociedades, formavam grupos, criaram normas de comportamento. Em 100 mil anos evoluíram mais rápido do que todo o tempo de existência anterior. Aprenderam a matemática mais rudimentar, técnicas de construção, uso de fogo, cozimento de argila e toda uma serie de coisas que os cientistas não de cansavam de ensinar. - Mas por que fizeram isso? Perguntou Ariel. - Eles já haviam percorrido muitos planetas em diversos sistemas e galáxias e a vida, na forma como se apresentava naquele momento, era muito rara nos lugares em que passaram. Era como se estivessem em um grande parque de diversões, nunca fizeram tanto e pesquisaram tanto. Eles misturaram o DNA Versilis com o dos humanóides e criaram uma nova raça. As anotações dizem que agiram com absoluta irresponsabilidade.
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- Sim, por isso o processo foi tão rápido. Nas anotações que li tinham varias bases pelo planeta e cada grupo de cientistas ficou responsável por um grupo diferente de seres, que passaram a chamar de “humanos”, eles tinham a mesma aparência dos humanos que
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- Usaram o próprio DNA?
conhecemos na grade, separados em grupos, ainda assim mostravam comportamentos similares, faziam construções, viviam em grupo, desenvolveram linguagem diferente, costumes tribais diferentes e tinham interpretações diferentes sobre a nossa existência, mas todos eram esclarecidos sobre a nossa origem. Éramos os “deuses” que tinham vindo do céu para criar e ensinar.Observei que quase tudo da grade é um reflexo da história que vou contar a vocês. - Quantos grupos eram? - Cinco grandes grupos, divididos entre os continentes do planeta, mas haviam pequenos grupos em construções menores. Depois que já estavam há muito tempo no planeta e a quantidade de ouro já não era a mesma, os dirigentes voltaram e descobriram o que os cientistas haviam feito. A questão é que havia uma diretriz Versilis sobre não desenvolver vida acima no nível I-3 pois os Versilis pretendiam ocupar o planeta, colocando ali um colônia, em razão da excelente qualidade do local. Houve uma séria discussão entre os cientistas e os dirigentes. Os primeiros sustentavam que não tínhamos direito de ficar com o que não era nosso e que estaríamos furtando o planeta de uma raça que ainda não havia se desenvolvido direito, eles só aceleraram o processo em alguns milhares de anos, mas que esse era fatalmente o caminho da espécie. Os dirigentes discordavam e diziam que haviam impedido os Versilis de sobreviverem, que trabalhavam contra a própria espécie. O planeta natal contava com mais de 53 bilhões de Versilis e os recursos estavam se exaurindo, era necessário promover novos assentamentos. Os cientistas alegaram que o assentamento pautado nas diretrizes de invadir e colonizar planetas com hominídeos, qualquer que fosse o nível de inteligência era puro genocídio. A capacidade de conhecer e discernir não poderia ter sido entregue aos hominídeos, alegaram os dirigentes. Separei para vocês uma parte do discurso: “Não deveria ser dado ao homem a capacidade de conhecer e discernir entre o bem e o mal. Vocês, por vaidade, se passaram por deuses entre os ignorantes, entregaram a eles parte do conhecimento que era só nosso. Ensinaram a língua, a escrita, a engenharia, o uso do fogo, e uma quantidade enorme de conhecimento que prejudicou toda a nossa espécie. Se substituíram aos dirigentes e decidiram fazer o contrario do que lhes foi determinado aviltando nossas ordens e propagando o caos. Serão condenados à escuridão e ao esquecimento, sua memória junto a eles será apagada e quando lembrarem de vocês, lembrarão com asco porque será grande o sofrimento deles depois que vocês forem retirados do planeta, de deuses serão os demônios, seus nomes serão maculado e aqueles que ainda lembrarem sussurrarão as palavras com o medo de que o fogo caia novamente sobre eles. Suas fortalezas serão enterradas ou destruídas pelo fogo ou pela água. Os homens que ali habitam serão retirados e espalhados pela terra. Seus “filhos” serão abandonados e a espécie sucumbirá, é só uma questão de tempo para voltarmos. Pagarão a arrogância da desobediência com a própria existência.” A assembleia toda começou a falar ao mesmo tempo, Astéria, Dogu, Katina, Lorde Krishna, Eidon, Naa-ki, Olicha, Udan, Orajapat, Pandya entre outros.
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- Silencio!..Conte-nos Ulrich, o que houve com as cidades?
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Centenas de perguntas era feitas a Ulrich. Foi Mair que gritou mais alto e pediu silencio.
- Encontrei um arquivo de memórias dos Versilis que estavam lá, na verdade parecerem ser NOSSOS arquivos de memória e vou continuar a partir delas. Ulrich continuou a narrativa: “Não eram poucas, muitas cidades prosperavam, quase todas foram construídas próximo aos mares. Para interagir com os homens mais facilmente muitos dos Versilis assumiram corpos com a aparência o mais próxima possível de humanos. A consciência era transferida para esses corpos cultivados com esse fim . Para suportar a consciência Versilis esses corpos eram alterados, eram maiores, mais fortes, com uma caixa craniana mais avantajada e no inicio não pareciam nada com humanos. Com o tempo os corpos foram aperfeiçoados e passaram a ser mais parecidos com os seres humanos.” - Como assim, perguntou Shadian, não sabia que isso fosse possível?. - Nem eu, afirmou Naa-ki. - Ao que parece os nossos geneticistas, biólogos e técnicos eram muito bons nisso, continuou Ulrich. “Foi fácil para os homens aceitarem os Versilis como seus “deuses” e passarem a reverencia-los dessa forma. As sociedades prosperavam e os homens passaram a ser tratados como iguais, embora ainda achassem que os Versilis fossem deuses. A evolução do modelo inicial para o modelo final humano levou cerca de 100 mil anos, nos primeiros 50 mil anos os homens aprenderam a usar os artefatos, a falar e a escrever e depois aprender ciências e utilizar a tecnologia Versilis. A humanidade evoluiu rapidamente, criando sociedades que progrediam em todas as áreas de conhecimento. A nova criatura aprendia muito rápido e se adaptava facilmente a novas situações. Em um local chamado Kumari Kandan foi formado um conselho planetário, onde homens que lideravam as diversas cidadelas pelo mundo e os Versilis se reuniam para tratar do desenvolvimento do planeta. Isso aconteceu cerca de 64 mil anos da data atual. A nossa língua foi ensinada aos homens.
As paredes eram de pedra perfeitamente cortada e encaixada, os homens aprenderam a manipular os nossos instrumentos e passaram nos auxiliar na construção das cidades. Os
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A cidade principal era Mathurai, mas era conhecida como Koodal, a cidade possuía dez centros subterrâneos de pesquisa, a parte visível tinha aproximadamente 25 km² de construção e parecia um único monólito.
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Kumari Kandan era um local cercado de pequena e belas cidades, todas construídas em pedra.
edifícios de processamento e de comunicação tinham cúpulas recobertas de ouro, por isso o nome, que significava cidade com torres de ouro. Koodal recepcionava todo o ouro extraído e o mandava para o centro da civilização Versilis, em outra galáxia. A entrada da cidade era um istimo artificial que ligava Kumari Kandam ao continente. Uma passagem gloriosa, formada por arcos imensos de pedra recobertas de metal dourado, anunciavam a entrada da cidade. Jardins magníficos eram suspensos em sacadas pelos diversos lugares. A medida que falava Ulrich ia mostrando as imagens do arquivo. Ele não exagerava, as imagens eram belíssimas. O lugar todo também era conhecido como o Reino de Pandyan, Pandyan era quem governava o lugar, era um dos cientistas que haviam sido designados para auxiliar no planeta. A função de Pandyan era ensinar a linguagem e propagar a língua e a escrita. Centros de literatura e poesia se formavam nas diversas cidades satélites de Koodal. Os humanos faziam questão de levar os filhos para as escolas de letramento de Koodal, ninguém era um escritor ou um bom poeta sem ter passado por Koodal ou uma de suas outras 49 cidades satélites. Uma das maiores bibliotecas da época foi construída em Agaththiar. A biblioteca contava com mais de um milhão de títulos em mídias de holografias e documentários sobre toda a criação humana. A visualização era efetuada em estruturas ativadas por voz e exibidas em planos prateados que pareciam espelhos. Também havia a coleção sobre as obras de arte e de desenvolvimento dos Versilis e dados de astronomia, matemática, biologia, química, física, filosofia. Centenas de edifícios foram erguidos em Koodal, ruas largas davam passagem ao povo e aos seus veículos rudimentares. Havia uma grande atividade comercial e o porto local estava em constante frenesi. Kumari Kandam tinha a maior frota de navios do local. Ao lado sul de Kumari Kandam os Versilis construíram um espaço porto, uma das suas grandes naves a Saubha Menor, estava estacionada ali, dela nada se via pois um campo de força que emitia uma brilho dourado protegia a estrutura da especulação dos locais. Era o grande domo dourado dos deuses. A Saubha Menor era um cópia da Saubha Pura, a maior nave de ataque que estava na orbita da terra e tinha por comandante Lorde Salwa.
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O primeiro alvo foi Kumari Kandam, depois de centenas de anos de batalha afundaram o continente todo na água. Indra, um dos comandantes Versili foi responsável pelo ataque. Ao lado do continente havia uma placa tectônica deslizando lentamente, drones armados submergiram e começaram a bombardear as bases do continente.
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Quando os dirigentes voltaram , cumpriram a promessa
A principio pequenos terremotos foram sentidos por toda Kumari, Pandyan enviou drones para contra atacar e permitir a retirada dos homens do local. A Saubha foi utilizada na defesa de Kumari. Mas Pandyan não era versado na arte da guerra Versili, com dificuldade conseguiu conter o ataque por algumas centenas de anos. As constantes investidas por baixo do mar surtiram efeito, as praias e os portos começaram a afundar, o chão ondulava ferozmente colocando abaixo centenas de edificações. Pandyan começou a evacuar o povo para assegurar a sua sobrevivência. Milhares de pessoas, com seus pertences foram alocadas no outro continente, onde se edificava uma segunda cidade. Praias sumiam e edifícios desmoronaram, centenas de milhares de pessoas em fuga eram esmagadas por blocos de 30 toneladas de pedra. Os homens imploravam aos “deuses” Fendas se abriam na terra com jorros de água, terra e pedras eram lançadas a centenas de metros de altura. Era um cataclismo. Por fim, um grande maremoto se formou vindo do sul para o norte do continente, com ondas de 90 metros de altura varrendo tudo que encontravam pela frente enquanto a terra afundava no mar, em apenas dois dias nada mais restava de Kumari Kandam, exceto umas poucas ilhas, que eram as suas montanhas mais altas. Pandyam recolheu o povo sobrevivente e os colocou em outra cidade, construída no continente que ficava em frente ao istimo. A cidade veio a ser conhecida como Mathurai Vada, ou a segunda Mathurai. Grande parte das pesquisas, de toda a biblioteca e de todo o conhecimento construído pelos homens havia se perdido. Pandyan se ocupou de ocultar o resto da pesquisa e os poucos equipamentos que sobraram para que o Comando Versilis não se apoderasse dos resultados. Pandyan usou seus poucos recursos para proteger seu povo. O Comando só tinha uma grande nave de combate na região e a busca não foi intensificada, uma vez que estavam ocupados por todo o planeta, tentando destruir as unidades dos chamados “rebeldes”. Por centenas de anos Pandyan travou uma luta de guerrilha no continente contra Indra, mas acabou preso pelo próprio Indra e levado ao Comando Central.
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Toda a tecnologia que existia na Kumari Kandam afundada foi retirada pelo Comando, para que os homens não tivessem mais acesso ao conhecimento, a operação demorou anos, uma vez que estava quase tudo soterrado. Por fim, desistiram de revirar os
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Antes de ser detido e ciente de que não teria como ganhar a batalha, a grande nave Saubha Menor de Pandyan foi enviada ao Lorde Krishna, para proteger a cidade de Dwaraka,
entulhos, pois já se encontravam inacessíveis para os homens naquele estágio de desenvolvimento No entanto, Pandyan escondeu uma parte de seus recursos, em uma sala reforçada e completamente selada no prédio principal da antiga Koodal, que agora jazia submergida, o comando não tinha conhecimento do fato e não chegou a ter acesso ao local. Um comunicador de alta potencia, armamento, trajes, anotações e pesquisas não chegaram nas mãos do Comando. A sala permaneceu intacta no fundo do oceano. Para abrir a sala de Pandyan era necessário executar um complexo harmônico musical, portanto, os homens também não teriam acesso aquele material nunca mais. . A luta de Pandyan, permitiu que outras cidades adotassem estratégias de evacuação ou se armassem para enfrentar a guerra. Bem mais ao norte havia o triangulo de pirâmides de Ulrich Wotan. A pirâmide do sol, com 220 metros de altura, era um maciço de pedras, recoberto de lajotas de cerâmica, estruturadas internamente em concreto e superaluminio. Ulrich Wotan era o dirigente do local e trabalhava na continuidade de um projeto audacioso dos Versilis: a construção de naves orgânicas que passaram a denominar Vimanas. As pirâmides do sol, da lua e da terra eram três revolucionários centros de engenharia, genética e inteligência artificial, a maior delas abrigava três protótipos de vimanas orgânicas. A partir da manipulação genética de diversos animais do planeta, a equipe conseguiu integrar, primeiro uma computação baseada em uma estrutura híbrida, formada de interfaces orgânicas que se comunicavam com cristais acumuladores, processando e acessando os dados dos cristais. Depois veio a criação de IAs muito estruturadas, com capacidade de processamento de (5. 10³) decabytes de dados por segundo,o suficiente para cuidar de uma grande vimana de combate. Não foi só o centro das IA das vimana que se modificaram, também seu exterior. A partir das mesmas células se aprimoraram os sensores dos equipamentos, As vimanas eram recobertas por camadas alternadas de fibras de carbono, superaluminio, corundum e colágeno super denso, que continham aminoácidos suprindo células orgânicas. Essas células formavam um tecido orgânico externo de altíssima resistência com sensores muito eficientes, mais que isso, se integravam às estruturas não orgânicas da nave a nível químico e faziam trocas inteligentes de energia.
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Ao perceber um ataque a vimana era capaz de recolher as partes orgânicas mais “moles” para o interior mais denso e expor uma super liga de carbono, fibrium e superaluminio, através do fibrium emitia um campo de energia que se ionizava para repelir um ataque
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As Vimanas absorviam energia solar, energia eólica e combustível tradicional e eram capazes de armazenar energia no seu tecido orgânico por muito tempo. Através do tecido orgânico externo podiam absorver nutrientes do ambiente externo e converter em energia para o sistema da vimana e por sínteses hidrotermicas recompor o corundum.
específico. A cada ataque podia estruturar um campo diferente, o que a fazia adaptável em caso de uma batalha. A vimana desenvolvia uma inteligência única, de forma que podia se consertar sozinha, em caso de pequenos danos, caso fosse necessário. A aparência externa correspondia ao DNA dominante que havia sido utilizado. A primeira delas, e mais conhecida das vimanas, era a Dragon. Baseada em DNA de uma espécie de anfíbio caudado gigante, com brânquias externas,e que conseguia viver fora da água também, dotado de grande agressividade e um veneno mortal a Dragon tinha a aparência de uma serpente gigante, com 500 metros de diâmetro e 1500 metros de comprimento. Seu voo era um serpentear no ar, ao pousar exibia sapatas que se formavam a partir da estrutura orgânica e que se espalhavam por toda a extensão do corpo tubular . As pontas das sapatas eram dotadas de pontos de pressão que grudavam ao solo e se ajustavam, dando um aspecto de suavidade quando a Dragon parava em terra A proteção externa era formada de placas de fibrium douradas, que se ionizavam, quando necessário, as armas de ataque posicionadas a frente da nave eram maciços jatos de plasma vermelho, e quando a Dragon atacava parecia cuspir fogo. Toda a extensão do seu corpo captava sinais que eram traduzidos para a estrutura cristalina do corundum e enviada para a IA, a Dragon tinha capacidade de moldar seu corpo criando, onde não existia, complexos de jatos de energia para reagir a ataques. Ao redor do que seria a cabeça do comando da nave uma estrutura semi-organica era responsável pela respiração e ventilação dos tecidos, além da própria camada externa, tornando a Dragon também um anfíbio. O sistema de propulsão tinha parte de seu funcionamento agregado a essa estrutura e quando voava a estrutura se abria e ondulava, produzindo som e ao mesmo tempo dando a Dragon a aparência da figura de um dragão. Uma arma especificamente era a mais letal. Consistia em um dispositivo com um marcador de tempo, quando disparada era carregada de nanobots que consumiam metal. O robôs eram programados para consumir o metal que conseguissem por um período curto de tempo e depois convertiam o metal em energia e explodiam em pequenas fisões os átomos. Eram minúsculas bombas nucleares. Dragon era a grande serpente dourada dos deuses. Sua tripulação era composta por 100 Versilis e 100 humanos treinados. tinha alojamentos para toda a tripulação e um hangar que continha dez pequenos casulos de fuga e dez casulos de exploração.
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As áreas de carga e segurança tinham características ainda mais singulares, a própria Dragon fazia a compensação interna da força inercial, mantinha a pressão interna estável e tinha acoplado um simulador de gravidade. Os Versilis não se incomodavam com o fato de ficarem flutuando ou andarem com as botas magnéticas, mas a utilização das botas magnéticas se mostrou pouco rentável pois exigia um esforço maior da
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Os corredores de acesso da Dragon pareciam estruturados em metal, mas ao toque leve o material era flexível e quando submetido a uma força maior se enrijecia.
Dragon, com 200 indivíduos andando por seus corredores, além do que os humanos não se habituavam com facilidade a ausência de gravidade. A segunda vimana era uma mutação genética baseada em um crustáceo criado em Dwaraka, pelo Lorde Hanumam. Lorde Krishna pediu ao geneticista que melhorasse a qualidade do crustáceo e ele acabou por criar uma lagosta gigante azul de 30 quilos que podia habitar as águas doces das ilhas, carregava com eficiência os ovos no interior do corpo e tinha eventuais episódios de passeio por terra, sua carapaça azul era super resistente e suas pinças eram mortais para quem não conseguisse fugir do ataque. Os geneticistas de Ulrich Wotan acharam que o animal poderia muito bem servir para inspirar uma vimana de transporte e manutenção terrestre, marítima e aérea. As vimanas que vieram da manipulação genética eram rápidas, ágeis, resistentes e muito eficientes. A aparência era de um casulo azul absolutamente lacrado, não apareciam emendas na nave, mas quando em ação o casulo se desmanchava para apresentar braços fortes e longos, com pinças que rotacionavam 360 graus. Mesmo o impacto direto de um laser potente não conseguia causar danos na nave. As vimanas foram chamadas Vosoko. Tinham 80, 100 ou 200 metros de diâmetro. Para dotar as Vosoko de defesas, o DNA de um Osedax foi também utilizado. As Vosoko podiam converter elementos orgânicos externos em enzimas que produziam ácido, filamentos podiam sair das Vosoko e lançar jatos de ácido que corroíam ou perfuravam estruturas de metálicas. Tentáculos se expandiam do seu casco e penetravam em qualquer estrutura, os tentáculos podiam conduzir nanobots e injetar na estrutura do casco ou no na atmosfera da nave inimiga elementos orgânicos nocivos. Para estratégias de penetração era eficiente. O campo de força da Vosoko era o seu ponto mais frágil, pois era mais fraco que a da Dragon. A terceira vimana ainda não estava terminada quando a guerra começou.Era baseada no próprio DNA humano e nunca pode ser terminada, ainda estava com o projeto incompleto na pirâmide da terra e foi lacrada naquele local. A nave serpente Dragon foi entregue a Comandante Ariel, e as naves Vosokos ao Comandante Naa-ki. Ulrich Wodan as enviou para auxiliar na defesa de Dwaraka e ficou no continente evacuando as pirâmides e escondendo todo o material da pesquisa.
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O terror se espalhou entre os povos da terra, pequenas cidades eram sistematicamente atacadas pelos novos “deuses”, do Comando Versilis, e a mensagem era sempre a mesma: que abandonassem os falsos deuses, que eram demônios, abandonassem as cidades, permanecer com os demônios só causaria mais destruição e morte de seus seguidores.
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Quando as pirâmides foram completamente evacuadas ele se juntou ao comando da Dragon e foi lutar na defesa de Dwaraka.
A campanha difamatória surtiu mais efeito do que a própria presença da armada. Paulatinamente cidades foram abandonando os seus “deuses”, algumas foram completamente enterradas na areia, como prova da boa intenção do seu povo que temia muito mais o fogo caindo do céu, do que aqueles que haviam lhe ensinado a construir, a falar e a ler. Koodal era só uma das grandes cidades que eles haviam construído. E o Comando passou para a cidade seguinte. Haviam destruído o Kumari Kandam como um símbolo, para que os demais Versilis se rendessem, mas isso não aconteceu. Os Versilis “rebeldes” tinham consciência de que não podiam ganhar a guerra, mas estavam usando o artifício como distração, para dar fuga a outro grupo desconhecido de Versilis: os que haviam fundado a colônia em Marte. O Comando desconhecia a segunda colônia onde outros 500 Versilis desenvolviam tecnologia alienígena. Era crucial que aqueles Versilis fossem ocultados e pudessem fugir, a guerra deveria ser estendida ao máximo possível. A colônia estava profundamente instalada no subsolo de Marte, de onde não poderia ser vista ou detectada. Dwaraka era outra grande cidade da região. O lugar era o centro de um conglomerado de pequenos estados autônomos que se estendiam por 750 mil quilômetros quadrados. Era governada por Syamasundar, também conhecido por Lorde Krishna. Era uma grande ilha e no centro da ilha estava edificada Dwaraka. Era a mais bela das cidades estados da região, Lorde Krishna era amado por todos os homens, era um sábio e defensor dos fracos, da verdade, da justiça e de tudo que era belo. Sob o comando de Lorde Krishna a cidade resplendia em dourado. Sua altas torres podiam ser vistas a longa distancia e era conhecida também como “a cidade dourada”, emitindo na luz do sol um brilho dourado que lhe dava uma aura magnífica, era a cidade das artes. Teatros, bailarinos, escultores e artistas de toda espécie podiam ser localizados em Dwaraka.
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As ruas da cidade seguiam um desenho retangular concêntrico, a partir dos muros, também retangulares, que contornavam cidade. Eram muros feitos de megalíticos de 50 toneladas e tinham mais de 40 metros de altura, a cidade e seu entorno eram uma fortaleza com quase dois milhões de habitantes, aglomerados em edifícios com mais de cem metros de altura, no topo dos edifícios estavam pequenos portos onde os drones estacionavam durante o dia.
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A cidade central ocupava uma área retangular, o lado mais longo do retângulo possuída 15 quilômetros e o menor dez quilômetros. Posicionadas de forma equidistantes estavam as duas grandes pirâmides onde habitavam a equipe de Versilis de Dwaraka. Eram cerca de 500 pesquisadores.
Os edifícios tinham as estruturas básicas em ligas metálicas que envolviam mais de 16 tipos diferentes de metal, sua paredes eram de um super cimentos que absorvia menos de 1% da umidade do ar e com uma dureza de nível 10, as paredes eram decoradas externamente com peças de cerâmicas trabalhadas, vitrificadas, pintadas ou recobertas de corundum. A cada um quilometro do muro estava posicionado uma torre de vigilância e defesa, com estruturas modernas para prevenção de ataques antiaéreos e terrestre, as torres eram guardadas por seres humanos, treinados, equipados e armados para reagir a qualquer aproximação hostil. A noite uma grade de laser estrategicamente posicionada cobria a cidade. Um sistema de sonar sofisticado detectava o movimento abaixo da linha do mar, a uma distancia de 80 quilômetros. Torres de radar informavam a aproximação por terra e ar. Ninguém entrava em Dwaraka sem passar por uma das duas portas de vigilância. As portas se abriam em direção a dois portos marítimos da ilha, um voltado para o continente e outro para o oceano aberto.Eram arcos gigantescos cuidadosamente esculpidos com figuras em detalhes contando a história dos “deuses” que vieram de outros mundos e protegiam a humanidade. Nas entradas da avenida principal, em vários arcos artisticamente decorados, estavam posicionadas imensas cabeças esculpidas em pedra, que representavam as “divindades” que habitavam o local. As figuras eram adornadas em metais preciosos e muita predaria. Cada Versilis tinha adotado a aparência que mais lhe agradasse, dessa forma a figura dos “deuses” eram muito diferentes umas das outras. Os portais internos, que eram o segundo portal a ser visto pelo viajante depois de admitido na cidade, era todo esculpido e recoberto de prata, com incrustações em rubi, esmeraldas, safiras e cristais. Quem visitava Dwaraka pela primeira vez ficava em estado de deslumbramento. O resto da cidade não era menos cuidada. As ruas arborizadas e limpas com jardins,flores e lagos luxuriantes. O odor de Dwaraka era de lírio e lótus. Todo o sistema de água era canalizado e não exposto. Ruas largas e planejadas canalizavam vento e a sensação era sempre de um lugar arejado e limpo.
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A culinária local era um deleite mesmo para o paladar mais exigente. Dwaraka também era conhecida como a cidade dos mil prazeres. Curiosamente Lorde Krishna tinha proibido o consumo de carne de vaca. Na verdade era uma medida profilática para evitar doenças uma vez que o rebanho local apresentava diversos problemas ainda não resolvidos. Equivocadamente o povo passou a achar que a vaca era “sagrada”. Como a medida surtiu efeito, Lorde Krishna não se incomodou em esclarecer o equivoco.
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Construções adornadas eram teatros ou casas de espetáculos, entremeadas de adegas onde se serviam as melhores bebidas. Dos armazéns dos mercados exalavam o cheiro das especiarias, a pimenta, noz moscada, o açafrão entre outros, eram expostos em cestos a frente dos armazéns.
Mas o que impressionava em Dwaraka era a tecnologia exposta sem nenhuma restrição, veículos com campo magnético de flutuação silenciosamente deslizavam pelas ruas, sem tração e sem rodas, para espanto dos incautos turistas. Eram chamadas “carruagens de Krishna”, grandes holofotes iluminavam as ruas a noite, água fluía pelas torneiras enquanto bombas potentes instaladas no subsolo abasteciam todo o sistema, de um lençol freático de excelente qualidade. Dentro da cidade haviam fontes próprias de água e imensos pomares suspensos em jardins. O sabor das frutas de Dwaraka eram enaltecidos em todas as mesas do continente. No centro do retângulo as duas pirâmides se destacavam. Um pórtico cuidadosamente esculpidas em figuras dos “deuses” e de suas criações, contavam a historia da chegada dos Versilis e como tinham criado o homem. Uma imensa estrutura contornava as pirâmides enlaçando a ambas, representando um imenso DNA humano estilizado, para os viajantes parecia mais uma “serpente estranha”, e outro DNA Versilis também estilizado, juntos um ao outros as duas “serpentes” ao final se uniam em um único corpo e devoravam a cauda comum, como um símbolo de ligação eterna entre os homens e os Versilis. O corpo da escultura tinha quase mil metros de comprimento, era esférico, com um diâmetro de oito metros e se erguia, enrolado em ambas as pirâmides. Era todo em pedra, coberto com ouro martelado e incrustações de gemas preciosas e quatro cores que se alternavam representando os elementos principais da cadeia do DNA humano. Os pórticos de entrada de uma das pirâmides era a “cabeça” da serpente com a boca aberta engolindo a cauda, dando a impressão de que estava pronta a engolir o que por ali passasse. O restante da estrutura era esculpida mostrando paisagens de luxuosa vegetação, com grandes arvores, pequenas plantas e muitas flores; do meio dessa vegetação emergiam os rostos dos hominídeos anteriores que habitavam o planeta, com suas lanças e ferramentas, antes da chegada dos Versilis. Parecia uma grande floresta de macacos. Tudo era cuidadosamente pintado e muito colorido. Não havia como não se impressionar com o conjunto de toda obra. A entrada da segunda pirâmide era a figura de dois Versilis de dez metros de altura, em suas roupas de voo toda em dourado, guardando o portal.
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Abaixo da linha da superfície, e na base comum das duas pirâmides, foram construídos dez andares subterrâneos onde estavam o alojamento dos Versilis, laboratórios, salas de processamento de dados, e uma serie de equipamentos, juntamente com viveres suficientes para 30 anos.
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Mais a frente das pirâmides se encontrava um pequeno espaço porto de onde saiam constantemente pequenas naves tripuladas para todos os cantos do planeta. Os habitantes de Dwaraka sabiam que estavam em uma situação especial: os deuses estavam entre eles e os protegiam.
Naquele local estava segundo o maior centro de pesquisa genética dos Versilis e também grande parte dos arquivos do progresso que haviam conseguido no planeta. Dentro da pirâmide um pequeno exercito de 25 mil robôs de trabalho que podiam ser convertidos facilmente em robôs de ataque, se necessário,alem de dois pequenos submarinos, 80 drones de ataque, 120 drones de pesquisa e 15 naves pequenas de pesquisa. Duas naves maiores de transporte mantinham-se suspensas a cinco quilômetros acima da cidade, camufladas. Eram semelhantes da Saubha Menor que estava com Pandyan. Essa armada foi reforçada pela Saubha de Pandyan e pela Dragon e as Vosokos, as vimanas de Ulrich Wotan e que ainda não haviam entrado em combate real. Syamansudar, dessa forma estava em melhor condição que Pandyan. Contam as narrativas que ele inspirava os homens e os incitava a luta gritando "defendamos os bons e esmaguemos os maus”.Lorde Krishna também era versado nas táticas de guerra Versilis. O ataque a Dwaraka veio pelo ar. A Saubha Maior, grande nave da armada Versili comanda por Salwa disparava diretamente sobre a cidade e mandava drones que destruíam as construções ao redor. Krishna havia dotado a parte principal da cidade de escudos que refletiam os disparos, quando os drones atingiam os escudos as explosões pareciam raios absurdamente grandes no céu. Baterias de fogo antiaéreo foram estrategicamente posicionadas e destruíram uma grande quantidade de drones que se espedaçavam sobre a cúpula do escudo. A população ficou em pânico, os deuses estavam em guerra e nada de bom podia vir disso. Lorde Krishna mandou evacuar a cidade e nela ficaram só os Versilis e 200 mil homens, seus defensores humanos, treinados no uso de todo o equipamento de guerra. Krishna pessoalmente comandava o ataque antiaéreo. As naves orgânicas mostraram o seu valor. O vislumbre da grande Dragon serpenteando pelo ar e expelindo jato poderosos de plasma ao tempo em que derrubava dúzias de drones impressionou até mesmo os Versilis. A armada do Conselho Versili não tinha conhecimento da existência das naves orgânicas e não souberam reagir a uma nave que conseguia prever cada ataque e adotar uma contra medida rápida.
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No primeiro ataque a Dragon se desvia e se lança em ataque frontal e direto contra a nave inimiga, que levanta os seus escudos. A Dragon se enrola na nave mãe, suas sapatas são expostas e se transformam em garras.
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A principal nave se pos a combate com a Dragon, no comando estavam Ulrich, Ariel e Krishna.
Mesmo com o campo de força ligado e atirando sistematicamente contra a Dragon, que já sentia o impacto do fogo inimigo, a Dragon rasga a nave mãe e deposita seus “ovos”. Bombas de fisão com gigantesca capacidade de destruição. A nave mãe é abandonada e centenas de Versilis fogem em drones, em direção a outra nave que se encontrava na orbita estacionária da lua. A Dragon se lança, céu acima para alcançar a maior distancia possível da cidade com a sua carga explosiva e a larga fora da atmosfera terrestre. A nave do comando explode. Conseguiram destruir a nave Versilis e incapacitar outra, que se retirou da batalha. Cem Versilis morreram pela mão de Krishna através da Dragon na batalha. Vosoko estava com Naa-ki e Amarock no comando. Deslizava suavemente entre os drones, coloca nos seus cascos e os estraçalhava completamente, com os braços ainda com pedaços dos drones, lançando os seus restos contra os que ainda estavam voando.A capacidade reduzida de fogo dos drones era ineficaz contra a Vosoko. As naves se retiraram e a batalha continuou por terra. Robôs de combate foram enviados e tudo aquilo que não estava sob a cúpula de proteção começou a ser queimado e destruído. Dwaraka também tinha seus robôs, os homens haviam sido treinados para o seu uso e passaram a contra atacar, em pouco minutos milhares de robôs se engalfinhavam pelo vale de Dwaraka. Sem uma nave mãe para lhe dar suporte, os robôs do Comando foram estraçalhados. Lorde Krishna ganhava aquela batalha, mas não ganhava a guerra. Todos sabiam que era uma questão de tempo para o Comando mandar uma força tarefa mais bem equipada. Todas as outras cidades passaram a ser evacuadas toda a tecnologia possível de ser escondida foi escondida em valas abissais, algumas cidades foram propositalmente enterradas na areia.
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Diversos se voluntariaram mesmo sabendo do triste fim, tiveram que tirar a sorte e foi Demetra, a cientista que havia desenvolvido grãos e ensinado a agricultura a todos os homens que ganhou.
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Os Versilis voltaram aos seus corpos originais e ocultaram os corpos-avatares humanos em casulos em uma das suas naves menores, a única que ainda tinha condições de se retirar do sistema solar se fosse necessário. Durante a batalha com a Saubha Maior, a nave dirigida por Demetra empreendeu fuga, era uma viagem só de ida para as instalações em Marte, não havia possibilidade de retorno pois a nave estava danificada e quem fosse não teria chance de se colocar no casulo posteriormente, o que significava a morte daVersili.
Zagreu, seu irmão, se prontificou a dar cobertura na fuga, quando a nave de Demetra foi avistada por um dos drones do Comando, Zagreu já estava sem armamento e jogou a própria nave contra o drone para evitar que Demetra fosse atingida. Passaram-se mais centenas de anos, mas o Comando enviou, conforme esperado, a nova frota e dessa vez com ordens expressas de matar quem se opusesse a frota. Três naves gigantes foram enviadas. Lorde Krishna, em um ato extremo, lançou duas bombas atômicas e destruiu duas das três naves. A terceira nave passou a bombardear sistematicamente cada cidade que fosse identificada como uma das cidades rebeldes, cinco cidades foram exterminadas por bombas, também atômicas. O Comando mandava sua mensagem: destruiriam o planeta todo por radiação se fosse necessário. Antes porém afundaram Dwaraka no mar. A cidade estava quase toda evacuada já fazia algum tempo. Ao abandonarem a cidade, no entanto, Lorde Krishna perdeu seu melhor amigo. Lorde Hanumam estava no nível mais baixo da pirâmide se assegurando que os cristais de informação ficariam seguros, mesmo com a cidade submersa, quando um ataque massivo se iniciou. A cúpula de energia sobre a pirâmide desmoronou e ela passou a ser diretamente atingida. Krishna avisou Hanuman para que saísse, mas ele não quis que toda a obra da vida dos Versilis naquele planeta fosse perdida. Suas ultimas palavras para Krishna foram “No nível do corpo você é o Mestre e eu sou o escravo. No nível da alma, você é Paramatman e eu sou jivatman. No nível do espírito, eu e você somos um só. Há um casulo aqui embaixo, eu te esperarei até o final. Se morrermos, morreremos para proteger a vida, aqueles que vivem, vivem para proclamar a morte. Enquanto você viver, enquanto tudo o que criarmos viver, nossa memória viverá neles e tudo terá valido a pena. Adeus meu melhor amigo.” A transmissão foi cortada e Krishna foi obrigado a abandonar a cidade que afundou no mar. Depois de tudo oculto e para evitar o extermínio dos homens, Onmics negociou a rendição, mais de duzentos Versilis haviam morrido. Todo o resto foi aprisionado.
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Os dirigentes cumpriram o prometido. Fortalezas foram enterradas ou destruídas pelo fogo ou pela água. Os próprios dirigentes se encarregaram de apagar da memória dos homens as ações do grupo anterior e a simples menção aos nomes era uma espécie de invocação do mal. Alguns que ainda insistiram em continuar contando a historia dos Deuses do céu que ajudaram os homens logo foram esquecidos.
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Foram interrogados e os líderes foram tratados com especial rudeza, alguns torturados. Nenhum deles disse uma palavra e da boca de nenhum deles saiu uma confissão.
O grupo que perdeu foi levado preso, 5.203 Versilis participaram da rebelião, somente 5002 voltaram vivos de Auris. A sentença foi de perdimento e enclausuramento por 1000 anos com processo de recondicionamento. - O que é o perdimento? - Eles apagam a memória do individuo, colocam ele em uma maquina, que simula um ambiente virtual e o prendem ali ate que seja recondicionado o seu comportamento. Isso aconteceu a mais de doze mil anos. Todos os setenta e dois ficaram em um profundo silencio. Saitan quebrou o silencio: - Onde estão esses Versilis? Ele perguntou, mas já sabia a resposta. - Nos somos eles. Estamos em uma prisão, cumprindo pena. - Mas a pena era de 1000 anos, é obvio que já se passou mais tempo que isso, por que ainda estamos presos? Todos falavam ao mesmo tempo - Quietos – falou Onmics. Não sabemos se a historia é verdadeira, pode muito bem ser só um conto de fantasia, temos que investigar mais e se for verdade pode ser também que não se refira a nos. - Sabe qual a possibilidade de ser uma mera coincidência nesse nosso contexto Onmics? - Por favor Net, não vamos criar mais confusão. De hoje em diante vamos nos separar em equipes e dividir o assunto. Temos que averiguar o tempo real que estamos aqui, se há realmente esse planeta, o nome dos cientistas e pessoas envolvidas e verificar se esses nomes são recorrentes em outros documentos de historia, verificar toda a consistência da historia. Não podemos nos decurar das nossas outras atividades, a questão do suporte de vida continua nos dando trabalho. Net, Ariel, Live a Alice ficam exclusivamente com os sistemas de suporte de vida e se segurança. Net supervisiona o andamento dos trabalhos e nos da o indicativo de quando e como vamos fazer a transferência do suporte. Alguém viu Eber? Ninguém sabia por onde andava Eber.
- Deixa ver Live.
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- Net, veja isso, consegui recuperar parte daquelas linhas do sistema de segurança.
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A reunião se encerrou, mas não o tumulto, durante semanas era a conversa de todo o pessoal. Eber continuou desaparecido, mas como não servia para nada ninguém ficou muito preocupado, já havia sumido outras vezes por varias semanas e sempre voltava embriagado.
- Pelo que esta aqui parece que o nosso contador de tempo esta certo, estamos há 14.012 anos nos casulos e veja, vê essa linha. um acidente na superfície. - As estações de energia estão na superfície! - Isso, coletam hidrogênio e convertem em energia, mas ao que parece há 6.312 anos uma estação parou de trabalhar e deixou de gerar energia. Uns dutos estouraram aqui – apontou a grade tridimensional onde apareciam cabos cortados e retorcidos, fundidos com pedaços de rocha para todo lado. - Como conseguiu a imagem? - Essa é a parte boa, consegui acesso de vídeo na rede externa de vigilância, temos cinco estações de vigilância automatizadas orbitando o planeta, oito centros de geração de energia, um exército de robôs e um arsenal capaz de destruir metade da galáxia. Isso era também uma base militar, não há um sinal de vida em atividade fora dos casulos.Ariel e Alice agora já estavam próximas e escutando. - Tudo esta operacional? - Na sua grande maioria sim Alice, só uma das estações coletoras e esse pedaço que mostrei e que parecem estar com problemas. Há drones e os robôs precisam ser iniciados por um sistema externo, que não esta no alcance dos sistemas que temos acesso. - Será que a gente consegue acesso ao sistema externo de comunicação? - Teremos que tentar Ariel. Não vejo por onde, esse acesso e só da imagem das câmeras externas, nas não da pra manipular as câmeras olha, um sistema tríplice –mostrava Live enquanto a câmera passeava em um ângulo de 180 graus. - Acho que pelos astros temos condições de saber onde estamos, disse Net. - Ulrich pode disponibilizar para nos uns mapas da biblioteca, vamos falar com ele, disse Live. Ulrich arrumou para eles um mapa com 380 milhões de anos luz para qualquer lado que olhasse, a partir do ponto onde se encontravam. Primeiro selecionaram todos os sistemas trinários com estrelas classe M e planetas com água orbitando, depois de algumas horas sabiam onde se encontravam e puderam usar o mapa de Ulrich.
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Não havia no mapa indicação do planeta natal Versilis, o mapa era de indicação geral e estava incompleto, apresentava algumas das antigas colônias e planetas de outras espécies, não parecia um mapa Versilis.
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O mapa apresentava cerca de 48 mil galáxias, era impressionante ter um mapa com aquele nível de detalhamento, os Versilis tinham realmente viajado muito.
Souberam então a que se encontravam na galáxia de Scorpius, setor HR 6426, estrela GJ 667, as estrelas próximas eram GJ 667 A e GJ 667 B, essa seria mais tarde a classificação terrana do local, em Versili os nomes eram impronunciáveis. A novidade foi compartilhada com todos e a confirmação da datação junto com outros dados históricos confirmavam que eles estavam realmente em uma prisão e haviam sido sentenciados a 1000 anos de “perdimento”. Ocorre que os mil anos já haviam se passado há muito tempo e eles não haviam sido soltos. A questão era por quê? E por que não havia ninguém naquele local. Também descobriram que a historia do arquivo da biblioteca deixou de ser registrada a menos de doze mil anos. Sobre os últimos doze mil anos não havia absolutamente nada da historia Versilis.
- Senhores, iniciou Ulrich, depois de terminar os últimos milhões de anos da historia da nossa espécie devo dizer que fiquei, ou melhor, ficamos todos impressionados com a longevidade e a tenacidade da nossa espécie. O final da leitura, no entanto, foi impactante. Nossos irmão Versilis, depois que já faziam cerca de 800 anos de nossa prisão, descobriram que um inimigo antigo, os Edaculs, não só não haviam sido exterminados como se mantiveram ocultos durante milênios se preparando para atacar os Versilis. Ulrich passou a narrar a historia: O Edaculs tiveram seu mundo de origem destruído, após destruírem cerca de 200 planetas de colonização Versili. Nossa espécie estava perdendo a guerra e resolveu armar uma grande ofensiva, no berço da espécie Edacul. Depois de destruído o sistema solar dos Edaculs, os Versilis passaram a exterminar todo o resto da armada e de colônias que haviam se instalado nos planetas Versilis. Nosso povo acreditou que os Edaculs haviam sido permanentemente exterminados. Essa guerra aconteceu a 30 milhões de anos, os Edaculs se esconderam, não se sabe como nem aonde, se multiplicaram, reconstruíram sua civilização e se armaram e passaram a atacar , há 12 mil anos atrás, sistematicamente cada planeta Versilis.
Os últimos registros narram a evacuação dos sistemas Versilis e uma grande armada Edacul indo em direção ao planeta natal Versili.
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Dizem os registro que os Edaculs apareceram com um novo tipo de armada, as naves eram hibridas, com estruturas orgânicas e possuíam uma arma de pulso diferente de tudo o que se conhecia. As naves possuíam uma espécie de campo de força, que depois os Versilis conseguiram duplicar, há o esquema do campo de força nos registros, mas para a arma fatal não acharam uma contra medida.
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Os registros informam que bilhões de vidas se perderam, planetas inteiros e alguns sistemas solares foram destruídos.
Foi emitida uma ordem geral de evacuação, mesmo para colônias mais distantes. Eles receberam os dados para que mundos deveriam se dirigir, mas esses dados não poderiam ser registrados nas narrativas, por medida de segurança. Com a ordem de evacuação a estação onde nos encontramos foi abandonada. Parece que os Edaculs não acharam esse lugar e esqueceram de nos “libertar”. Atualmente estamos em um sistema automatizado. - O problema, continuou Net, é que para desligarmos o sistema isso deve ser feito pelo lado de fora. Estamos a muito mais tempo do que o projetado e já é um milagre que o planeta não tenha sido descoberto e que os sistemas ainda funcionem. Pensamos em utilizar um dos servo robôs que estão parados do lado externo, mas não temos nenhuma interface de ligação com qualquer sistema que tenha acesso aos robôs. Temos que achar alguém ou algo que faça isso senão vamos morrer todos aqui. - Pode ser que sejamos os últimos da nossa espécies, até onde se sabe. Esses fatos aconteceram a mais de 12 mil anos, se alguma coisa tivesse se modificado nossa espécie teria voltado, afirmou Soam - Se tivessem o registro do local, talvez, mas parece que o local foi criado pelos dirigentes que exploravam o planeta Terra, talvez não tenham feito parte dos registros oficias, explicou Net. - Registrado ou não, não podemos esperar, temos que achar nosso próprio caminho. Pensem nisso e nos reuniremos novamente para adotarmos ações, aguardo sugestões. Obrigado senhores, encerrou Onmics. Todos se retiraram.
- Como vamos fazer Net? -Isso vai ser um pouco complicado Alice. Temos uma interface funcional, um componente servidor e um componente cliente, vamos criar um novo componente servidor que possui maior funcionalidade que o componente servidor atual exibido por essa nova interface e o componente servidor antigo passa a ser um subconjunto do novo componente servidor. O sistema acaba ficando compatível com os softwares antigos e originais e consegue fazer funcionar os novos componentes. Compatibilidade reversa! - Sabe, as vezes eu acho que você devia vir com legendas. Todos riram
- Um travamentozinho básico, olha só.
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- Mas como nos vamos fazer isso sem que o sistema desconfie?
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- Mãos a obra, disse Live.
Nesse instante Eber entrava na sala. Ele ficou parado, suspenso no ar, Ariel, Live Alice e Net ficaram também parados, mas de surpresa. Ariel foi a primeira a falar: - Vocês estão vendo a mesma coisa que eu estou vendo? Todos acenaram com a cabeça. - Ele é parte do sistema de segurança, por isso não achávamos o corpo dele. - Vamos manter isso em segredo Live. Vamos destravar e continuar como se nada tivesse acontecido e NÃO VAMOS FALAR a respeito do nosso projeto. Se o sistema de segurança já nos detectou e colocou um avatar para nos espionar, temos que ter cuidado e talvez exista mais de um, nessa sala só temos certeza que nos quatro não fazemos parte do sistema se segurança, mas em relação aos outros não sabemos, teremos que ter cautela. Vamos usar o travamento com todos e descobrir quem é quem. Aqueles que estiverem “acordados” devem ser imediatamente avisados da situação. A coisa aconteceu em segundos. Somente Eber, dos setenta e três, era que tinha respondido ao travamento do sistema, combinaram que nada seria dito a ele e ficariam em silencio.Todos concordaram. Destravaram, e Eber plainou para perto deles. - E ai pessoal? Que tem de novo? - O mesmo de sempre, disse Live. E você? Por onde andou? Procuramos você por toda parte. - Ah!... por ai mesmo, sabe como é, isso aqui é um tédio. Que tem de novo no sistema? - Nada, só estamos tentando ver como estão os casulos, tivemos algumas quedas de energia de novo e estamos preocupados se mais alguém está em risco. - E tu Ariel? Ainda ta por aqui é? Achei que tu ia ficar la com teus amigos do 1566. - Não Eber, eu voltei e pretendo ficar por aqui e o setor acho que é 1556. - Isssooo!. O setor onde todo mundo dá pancada em todo mundo. Onde está o Onmics? - Não sei, disse Net. Acho que cuidando das redes de comunicação. - Valeu povo, depois eu passo pra chatear mais.
- Isso é muito sério. Quando foi que o sistema nos descobriu e começou a nos vigiar. Em que momento passamos a ser um risco para segurança, perguntou Ariel.
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- Credo! Isso me deu medo, disse Alice.
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Ele foi embora e todos suspiraram de alívio.
Live respondeu: -Eber foi encontrado andando a esmo por uma das salas da rede de comunicação, parecia muito embriagado e doido, não falava coisa com coisa e apareceu na mesma época em que Ulrich conseguiu o acesso á biblioteca externa. - Então, alguma coisa na biblioteca externa pode se constituir um perigo para a segurança do sistema. - A biblioteca é composta de informações da nossa historia Ariel, já lemos quase tudo e já foi bastante impactante. Sabemos que estamos aqui há mais tempo que o devido, nossas memórias anteriores foram retiradas e não há sinal de outros da nossa espécie por perto. O que temos que fazer é identificar aonde Eber foi criado, ver o seu objetivo e se possível apagar as linhas de programação que o criaram. Cada vez que ele aparece deixa um rastro, vamos identificar essa assinatura. Alice, você e Ariel ficam encarregadas de caçar o Eber pelo sistema, se precisarem de ajuda falem com Soam, ele é bom nisso. Eu e Live vamos tentar fazer o software para implementar a compatibilidade reversa do sistema de suporte de vida, adicionamos as novas rotinas e vamos ver no que dá. Tomem cuidado. Net dispersou o grupo Dias se passaram, Alice e Ariel estavam com Soam e conseguiram identificar a assinatura de Eber. Criaram um subprograma para tentar identificar as funções das rotinas de Eber, que eram muitas. A IA tinha feito um subprograma robusto demoraria algum tempo para analisar todo o conteúdo, então eles tentaram copiar os dados, mas isso não foi possível, pois o sistema iria perceber e já sabia que os dados estavam sendo lidos, o que já era um risco. Live e Net já tinham conseguido criar o software para poder instalar as novas rotinas e desvincular o sistema de suporte de vida do restante. Reuniram-se de novo. - Tudo pronto Ariel, perguntou Net - Tudo, todos os módulos já foram carregados para o sistema paralelo, só temos que instalar e executar.
- Vamos lá para onde? Eber entrou na sala nesse instante.
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- Live, quando ela estiver quase no final, você envia o seu pacote de travamento. Alice, você cuida da transferência fazendo a importação dos dados para o sistema e criando a subpasta com os drives antigos e coloca o servidor novo em ação enquanto ainda esta travado o sistema. Isso tem que ser muito rápido pessoal. Vamos lá.
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- Instale e execute.
- Oi Eber, a gente estava testando um novo subprograma, disse Alice. Ele pegou a pequena bengala que trazia na mão e veio na direção dela, arrastando a ponteira de metal e fazendo um barulho irritante pela sala toda. - Um sub programa novo que faz o que exatamente? - Não adianta te explicar muito pois é bem complicado, depois a gente conversa, disse Live. Ele chegou perto de Alice, e afastou a cadeira que separa a distancia entre eles, a cadeira voou alguns metros. - Não vão me explicar? Vocês ficariam surpresos com o que eu realmente sou capaz de entender. Uma luz brilhou no painel. - Net! Tem um deles morrendo! Gritou Alice - Quem e como? - Shatian, um dos nossos. - Live acione o congelamento. Live congelou o corpo. Nesse instante Onmics entra na sala. - Ora, ora, olá Onmics, eu me perguntava quando você iria aparecer. - Net, Shatian foi atacado, tentaram matar ele, não foi uma falha do suporte de vida. Ariel discretamente deslizava para um dos consoles. Rapidamente ela acessou os logs e registros de Shatian, pouco antes do ataque, lá estava a assinatura de passagem de Eber.
Isso era uma permissão para que qualquer parte do suporte de vida pudesse atacar Eber.
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Os pacotes de contra medidas passavam a identificar Eber como um vírus no sistema e determinavam que fosse deletado do sistema, a questão era como fazer o resto do sistema aceitar isso. A morte, ou pelo menos a tentativa de morte de Shatian, ia contra uma das diretrizes do sistema de suporte de vida. Ali isso poderia ser instalado. Ela sinalizou para Soam que estava mais próximo e em pouco segundo Eber passou a ser um vírus.
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Soam, ela e Alice não tinham ficado parados durante esse período, mesmo sem conhecer toda a programação resolveram elaborar contra medidas contra Eber, pois ele parecia perigoso.
- Acharam mesmo que eu iria ficar quieto enquanto invadiam, corrompiam de depredavam o MEU SISTEMAAA! Ele gritava feito um louco e brilhava com uma intensidade incrível, usando o artifício da sua linda bengala disparou contra Onmics que foi jogado com violência contra a parece. Net e os demais se esquivaram. Ulrich, Amber e Flocus aparataram naquele instante. Ariel pairou por cima da cabeça de Eber e se lançou diretamente sobre ele. Ela alterava sua forma tão rapidamente que ele não conseguia se fixar no alvo, por fim conseguir atingi-la ela atravessou a parede das duas sala subseqüentes. Ele estalou o pescoço, arrumou a roupa e sorriu. - Ahhh como eu queria fazer isso! Vem cá boneca que hoje é seu dia se sorte, o papai vai te dar um presente. Quando ela estava se levantando ele a atingiu novamente e ela atravessou mais duas paredes. Foi atacado por trás por Ulrich e Amber e caiu. Quando observou estava cercado por Ulrich e Amber por trás e Flocus e Net pela frente. Eber se levantou e sorriu. Um sorriso malévolo, seus olhos brilhavam em um tom azulado, e todo o seu corpo parecia coberto por aquela luz. Sem aviso, a luz se projetou como uma explosão para fora do seu corpo e derrubou os quatro, lançando-os a uma dezena de metros de distância. Eles se levantavam com dificuldade. Eber pegou um grande tubo e atravessou o tórax de Amber, perfurando-o completamente. Com uma única mão levantou o cano como se fosse um palito, com Amber na ponta, e o arremessou contra a parede, fixando o cano, com Amber, a cinco metros de altura do chão. Alice e Live correram e socorro de Amber enquanto Ulrich e Flocus e Net voltavam ao ataque, retiraram Amber do cano. Era um Avatar, só ficaria debilitado por algum tempo, naquele caso, durante muito tempo. Ulrich, Flocus e Net voaram pela sala, sendo arremessados por um jato de energia que fluía da bengala de Eber.
- Vem cá amorzinho, o papai vai te dar um presente.
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Eber se virou e com dois saltos se encontrava em meio aos escombros onde estava Ariel. Ele a segurou pela cabeça.
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Enquanto se levantavam novamente a bengala se transformou em uma espada, grande e reluzente.
Ele dirigiu a lamina para o pescoço dela e ela despertou. Alterou sua forma, tomou a espada da sua mão e o jogou contra a parede. - Sua imbecil! Ele emitiu um novo pulso de energia e tudo o que ainda estava de pé na sala veio abaixo. - Acha mesmo que podem comigo? Eu vou matar um por um dos setetenta e dois “despertos”, vocês não vão sair da prisão. Ele não conseguiam enxergar direito por conta da quantidade de poeira no local. Ariel acionou um modulo de scam para localizar os demais e Eber. - Nossa pena era de mil anos, esse tempo já passou, devemos ser soltos! Gritou Onmics no meio da confusão. - Não há ordem de soltura e vocês estão tentando escapar. A pena para os que tentam escapar é a morte.VOCES FORAM SENTENCIADOS, EU ESTOU CUMPRINDO A SENTENÇA, VENHAM MORRER! Ele gritava a e a voz ecoava por todo o espaço. Ariel se reuniu ao grupo. - Não temos chances contra ele, temos que atacar juntos, disse Ulrich - Eu e Soam colocamos uma subrotina no sistema de suporte, agüentem mais um pouco e ele começara a perder espaços pelo sistema, não conseguirá energia dos outros casulos pois será tratado como um vírus. Enrolem e ganhem tempo, disse Ariel, eu peguei a espada dele, parte do sistema de ataque está codificado aqui, eu posso enganar ele no próprio jogo. - Eu vou tentar distribuir o software compatibilizando ele com os demais sistemas, disse Soam, enrolem ao máximo. - Credo, isso está doendo. - Calma Amber, eu também não achei que ia apanhar tanto hoje, disse Alice.
Os combatentes foram jogados com violência junto com todo o resto de escombros que estavam a volta de Eber, em um raio de vinte metros.
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Ariel começou a incorporar parte do código de Eber. Ulrich, Net, Flocus e Alice pularam em cima de Eber, dessa vez ele não foi tão rápido, talvez já estivesse sendo reconhecido como um vírus no sistema. Seu corpo pulsou novamente a sala pareceu se curvar junto e uma nova explosão de energia foi projetada para todos os lados.
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Uma parece explodiu atrás deles.Soam aparatou.
- Vocês estão me cansando, é só isso que sabem fazer? Ariel terminou de incorporar o código, se levantou. Tinha de novo a aparência vampiresca que tinha conseguido no setor 1556, só que ainda mais feroz. Seu corpo era todo coberto por uma cota negra de fibrium, uma capa negra, grande e esvoaçante lhe cobria os ombros. A capa tinha vida própria e se construía e se desconstruía a todo instante. Os cabelos eram maiores e flutuavam em mechas ao redor do rosto, os olhos eram completamente negros, as mãos eram cobertas por luvas de fibrium negras, as pernas tinham calças justas e botas altas, também de fibrium. Na lateral das pernas haviam coldres com uma arma completamente desconhecida que cintilava também em negro. O rosto era branco e os lábios muito vermelhos. Ela flutuou uns dez metros acima do chão e Eber se virou para ela. A fitou e imediatamente começou também a se transformar, assumindo uma aparência vampiresca. - Não foi a única que aprendeu durante esse tempo Ariel. Os outros Versilis foram deixados de lado. Ele foi em direção a ela no mesmo instante em que a transformação do seu corpo de processava. - Ele esta assumindo a linhas de código dela, disse Onmics espantado - Se ele fizer isso vai ser muito bom, comentou Net tentando se levantar entre os escombros aonde tinha sido jogado. - Como isso pode ser bom? - Ariel só pode assimilar códigos de outras fontes e transportar para o seu avatar porque seu cérebro é diferente do nosso. Quando tentaram fazer naves orgânicas precisavam de pessoas diferentes para traduzir sensações. Ela foi classificada como semi- sinestésica, ela traduz coisas em luz, sabores, cores e formas de uma maneira muito rápida, até sentimentos ela é capaz de transformar em uma arma. Eber é fruto de um sistema computacional que não aprendeu a operar nessas bases, se tentar ele vai perder, ainda mais porque esta perdendo a cada minuto mais cérebros que pode manipular. Eber flutuou acima da cabeça deles. Ariel tirou as duas armas do coldre e atirou na direção dele. O impacto foi colossal, Eber saiu perfurando parede após parede de salas, foi lançado a 80 metros de distância.
Dos olhos do Avatar a energia parecia tentar se expandir, o corpo todo estava circundado daquela energia. A figura se renderizava alterando as formas na medida em
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O plasma se aproximou de Ariel e quando ia atingi-la a avatar se desmanchou e se integrou ao fluxo, assumindo de novo a forma original, só que dessa vez o corpo estava carregado da energia do plasma, todo ele brilhava em um azul esbranquiçado intenso.
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Se levantou, furioso, com um único gesto afastou todos o entulho que cobria o caminho entre ele e Ariel e devolveu o ataque em um gesto violento, fazendo surgir um fluxo de plasma de meio metro de diâmetro.
que andava, estava assimilando a codificação do sistema de segurança e alterando. O ar onde pisava cintilava e vibrava como se fosse água sendo tocada. Ariel se virou para Eber e se jogou contra o avatar do sistema de segurança com uma rapidez incomum, se chocaram. Todo o ar parecia se desmanchar em volta deles, os dois brilhavam e as formas ao redor eram consumidas para dar espaço a um vazio escuro, toda a imagem ao redor foi de dissolvendo, cada linha da programação do lugar estava sendo consumida pelos dois. Ulrich e os outros foram se afastando, até que só restava uma grande escuridão a volta de todos, Ariel e Eber continuavam a brilhar. Eber estendeu um jato de luz contra o grupo de Ulrich para consumir também os avatares, a luz se desmanchou na escuridão antes de alcançar o grupo. Ariel dominava também os espaços da escuridão. O avatar do sistema perdia espaço para buscar recursos de processamento e não conseguia reagir com a mesma rapidez, fez o que parecia mais lógico, atacou o corpo físico do avatar. Ariel também percebeu que Eber tentava forçar a entrada no sistema de suporte de vida E antes que ele completasse a sua codificação atacou com todas as contra medidas, no ambiente virtual isso parecia um imenso feixe de luz, mas não era um feixe concentrado, ele era difuso, serpenteava e rodava no próprio eixo com diversas cores aparecendo e sumindo na medida em que rodava. O feixe atingiu o avatar do sistema de segurança e foi dissolvendo o avatar, a impressão era de um filme em câmera lenta, até que não restasse mais nada. Ariel flutuou no vazio e expandiu a luminosidade que cobria a sua figura, a luz foi saindo e recompondo, pixel a pixel, cada pedaço do ambiente anterior, no estado em que se encontrava antes da luta. Quando terminou o avatar desabou de dez metros de altura. Net correu para ela e ela só lhe sussurrou: - O suporte de vida. Eber havia conseguido fazer alguma coisa no suporte de vida. Nesse instante Soam aparata.
Isso no entanto não resolveu o problema de Amber e Ariel. O avatar de Amber ainda estava desacordado com buraco no meio do peito e não se recompunha. Ariel começava a ficar vermelha e depois foi ficando transparente até sumir completamente.
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Todos estavam prontos e em questão de segundos os sistema que haviam criado se sobrepôs ao antigo e estava fora do alcance do software em mau funcionamento do sistema de segurança.
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- Rápido, temos que executar o software agora Net!
- O que está acontecendo com ela Net, perguntou Ulrich apavorado. - Eu não sei, nunca vi isso antes. - Vamos olhar o corpo dela, disse Soam. Alice mostrou o holograma como corpo, aparentemente não havia sinais externos de nenhum problema, mas quando os dados começaram a aparecer, descobriram que o esforço havia sido maior do que o corpo podia suportar, ela havia sofrido um acidente vascular cerebral, parte do seu cérebro estava inundado de sangue. Soam imediatamente acionou o suporte de vida. - O que podemos fazer nesse caso? - Espere Alice, os nanobots podem ajudar, estou tentando deter a hemorragia e drenar o sangue do local para evitar coágulos e inchaço. A área afetada não é grande. Tenho que controlar a pressão intracraniana para evitar o coma. - Soam, vou administrar um sedetativo. - Não ainda, espere. Fique atenta a frequência cardíaca e a pressão arterial,efetue um balanço hídrico do corpo. Temos que inibir a proteína AT1 para evitar que se ligue a angiotensina, vamos usar um.. - Vamos inibir a ação do sistema renina-angiotensina para evitar uma hipoxia miocardia, o coração direito não está bem Soam. - Esta bem, mas não use um vasodilatador de ação direta combinado. -Executando. - Os boots conseguiram drenar a maior parte do sangue, na fotografia sônica não há sinais de coágulos, vou ampliar o ajuste para uma visão melhor. - A respiração está estável, o pulso está melhorando e a pressão está começando a cair a níveis melhores Soam, acho que está estabilizando. - O que pode ter causado isso Eber?
- A área afetada é pequena, a princípio pode ter algumas dificuldades e melhorar depois, mas dependemos da evolução do caso.
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- Ela vai se recuperar Soam?
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- Não sei Onmics, acredito que o esforço mental foi muito grande, houve um aumento muito forte da pressão arterial, talvez tivesse uma predisposição anterior e a situação piorou o estado.
- Quanto tempo ela vai ficar desacordada? - Você quer dizer quanto tempo para estar na grade novamente? Impossível dizer Ulrich, pode ser amanha ou nunca mais. - Podemos perder Ariel para sempre? - Infelizmente é uma possibilidade. -Ela é forte, disse Flocus, ela vai voltar. - Conseguimos hoje um grande feito, o preço que pagamos pode ser muito caro no futuro, mas isso deve servir de alerta. Lutamos pela nossa sobrevivência e não estamos em uma posição confortável dentro desse simulacro de vida, devemos nos empenhar ao máximo para sairmos, e não vamos desistir. Ariel vai voltar e outros ainda vão se juntar a nós. Continuem o trabalho, vamos descobrir aonde e como o sistema de segurança desenvolveu essa falha, tentar consertar e sair daqui. Soam e Alice continuem monitorando Ariel. Amber já está se recompondo, me informe sobre qualquer alteração. As palavras de Onmics foram ditas em tom de encorajamento e todos voltaram ao seu trabalho. Duas semanas depois Amber já estava completamente refeito do encontro com o sistema de segurança, uma vez que seu corpo não havia sofrido nenhuma sequela. Durante três semanas Soam e Alice monitoraram o estado do corpo de Ariel, até que começaram a ver nova atividade cerebral nas áreas afetadas, as sinapses estavam arrumando novos caminhos para conseguir acessar e transmitir os seus dados, o cérebro estava tentando se recompor. O suporte de vida passou a fazer a estimulação química e indicar aos neurônios que fabricassem mais neurotransmissores e neuromoduladores, os NT eram acumulados nas vesículas sinápticas e liberados por exocitose, regulados pelos neuromoduladores. A estimulação elétrica para ativar as conexinas também foram feitas. Na quinta semana o avatar de Ariel apareceu. Estava desorientada e não conseguia lembrar de tudo o que havia acontecido, mas seu retorno foi amplamente comemorado por todo o grupo.A memória retornaria aos poucos.Ela apareceu no meio da sala. - O que está acontecendo? - Ariel!!!
Eles contaram a ela com todos os detalhes.
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- Eu não entendo, por que essa alegria toda? O que aconteceu comigo? Lembro de estarmos lutando mas não lembro de mais nada.
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Foi Alice quem primeiro pulou sobre o avatar, em seguida Net e Live. Soam e os demais chegaram depois, foi uma festa.
Seu semblante ficou estático e quando falou o tom de urgência espantou todos. - Temos que sair daqui. Se não tem ninguém lá fora e o sistema enlouqueceu, temos que arrumar alguém ou alguma coisa que nos tire daqui. Da próxima vez podemos morrer todos. - Temos feito muita pesquisa e muitas alterações na grade. Você vai ser surpreender com o que conseguimos descobrir enquanto você dormia. O que aconteceu? - Com os mapas que Ulrich nos arrumou descobrimos onde estamos. Conseguimos também acesso ao sistema externo. Você conseguiu, ainda não sabemos bem como isso aconteceu, mas você conseguiu acabar com o bug do sistema de segurança, temos as nossas memórias de volta, mas dependemos de um ente externo para acionar o desligamento do sistema. - Espera aí, está indo rápido demais, conseguiram acesso as memórias individuais? Como? - Ao destruir o problema o sistema reconheceu o tempo e permitiu o acesso ao banco das memórias que haviam sido retiradas. Os setenta que estão despertos conseguiram as memórias de volta. - Setenta? Mas nós éramos setenta e três! - Sim, mas Sathian teve que ser congelado, você estava com o cérebro comprometido e Eber não era um de nós de verdade. - Como posso conseguir minhas memórias? -Não creio que isso seja adequado agora Ariel, disse Soam. Você ainda não esta totalmente recuperada e não sabemos o quanto pode aguentar. Para muitos de nós foi profundamente traumático e você possui capacidade sinestésica. Até onde sei você foi uma das pessoas torturadas. Pelo que pudemos observar parte das nossas fantasias na grade são resíduos de memórias que o nosso subconsciente vem jogando para a nossa realidade.
- Lembra-se da tortura que você sofreu na grade, por parte dos fictícios Xylons? Ela empalideceu.
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- E isso quer dizer o que exatamente?
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- Por exemplo, disse Ulrich. Os Vokans defendem outras raças e lutam contra um inimigo que quer extinguir essas raças, como fizemos em Auris. Usamos naves e o vestuário que utilizamos é quase todo o que usávamos quando éramos Versilis em Auris. A maior parte dos avatares na verdade são os corpos que usamos para nos apresentar aos humanos em Auris. Essa era a minha aparência junto aos humanos e é provável que a sua também fosse a do avatar que usa atualmente.
- E você acredita Ulrich, que a tortura é uma sombra do passado, um reflexo do que pode ter acontecido? - Sim, quando você se apoderar de suas memórias é como se tivesse vivido tudo de novo, é muito real, é como se fosse naquele instante.Você sente as alegrias, a dor, o medo, a raiva, tudo passa muito rapidamente. Mas você é uma sinestésica, multiplique tudo por mil. - Acho que você ainda não está pronta Ariel. Concluiu Soam - Acho que vocês tem razão, não me sinto muito bem nesse instante, não sei como reagiria a isso tudo. - Quando seu cérebro estiver totalmente recuperado, eu serei o primeiro a lhe avisar, acho que todos temos direito ao nosso passado, mesmo que não seja agradável. - Voltando então, disse Net. Conseguimos nossas memórias de volta e passamos a estudar as soluções, lembrando do que a gente sabe de ciência fica muito mais fácil. Conseguimos acesso a todo o sistema, mas não conseguimos sair. Há diversos drones, robôs de batalha e armamento acima de nós e mais cinco estações de comunicação automatizadas. - Nossa! - Conseguimos acesso as estações e passamos a procurar, baseado nos mapas antigos que temos, qual o planeta mais próximo e... - E??? - Temos AURIS 3! A 22,7 anos luz de distância. - Isso é absolutamente fantástico! Será que conseguimos nos comunicar com eles, com nossas naves, com alguém? - Até agora só recebemos sinais, não enviamos nada. A situação é um pouco mais complexa do que a gente imaginava. A civilização humana progrediu, mas não como planejamos. - O que deu errado? Foi Alice quem continuou a narrativa.
-Deixamos, também escondemos todas as nossas naves orgânicas, o Conselho nunca soube do destino delas. Uma das razões para pegaram você, Krishna e Amarock é que
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- Nós deixamos equipamento gravando e retransmitindo no planeta?
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- Tenho estudado toda a comunicação que conseguimos deles. Nossos equipamentos no planeta gravaram e retransmitiram como havíamos determinado.
vocês esconderam a Dragon e ninguém conseguiu localizar, mais especificamente você deu a ordem para a Dragon, você era a comandante da Dragon. As vimanas foram escondidas e as Vosoko continuaram gravando e retransmitindo para duas estações,logo após a partida do Conselho. Uma estação está em Auris 4 e outra em Auris 6. O que nossos irmãos Versilis fizeram foi dispersar toda a humanidade, por alguns milhares de anos ele ainda falaram dos deuses que vieram do céu. A questão, continuou Alice, é que a vida do homem tem um ciclo muito pequeno, uma geração é de 25 anos de Auris 3, o conhecimento que levamos para eles não se manteve, eles entraram em uma idade de trevas e destruição, muitas guerras aconteceram, viraram um povo temeroso, supersticioso e só recentemente se voltaram para a ciência. A ciência deles, no entanto, é algo que ensinamos para os bebes de nosso mundo, é rudimentar, e poucas teorias estão completas. O computador foi criado a menos de 40 anos e é muito rudimentar. As viagens especiais se iniciaram a 60 anos e as naves deles são coisas que não se daria para uma criança brincar. Não lhes falta coragem, isso a gente tem que admitir. De tudo o que fomos e que criamos, nada mais existe. Todas as cidades foram destruídas, estão submersas, queimadas ou enterradas, tratadas como objetos arqueológicos quando descobertas. Eles acreditam que a história deles começou a 15 mil anos. Nos fomos retratados como demônios e assim eles acreditam até hoje. - Isso é um insulto, um acinte ao nosso trabalho, disse Flocus. - O homem não se perdeu, mas isso pode acontecer. Descobriram a energia nuclear, já explodiram algumas bombas no próprio planeta, metade da humanidade padece de fome, doença e guerras. Mas também fizeram muita coisa interessante, a musica, a arte, cinema, literatura, entre uma centena de coisas boas. - Temos que voltar. Mas onde estão os que nos colocaram aqui, perguntou Ariel. - Não sabemos. As ultimas noticias que as vimanas nos dão é que abandonaram as pressas Auris e também diversos outros sistemas. Estavam sendo atacados pelos Edaculs. As vimanas , não conseguem ir muito longe não saem do sistema solar de Auris, por isso não há como saber. Direcionamos nossos observatórios para a região da nossa galáxia, mas também não conseguimos nada. - Há um problema a mais, disse Alice. Eles desenvolveram multivariadas línguas, não falam a mesma língua em todo o planeta e isso dificulta ainda mais a comunicação entre eles. A cultura também é diferente de lugar para lugar e as crenças e mitos são discutidas de forma feroz, com matança de segmentos de pessoas que acreditam ou não acreditam nisso ou naquilo. - Viraram bárbaros!
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- A questão é que pretendemos estudar a cultura e a língua para tentarmos nos comunicar com eles. Eu, Olicha, Dogu, Net, todos estamos empenhados em aprender. Não é muito difícil, com as gravações conseguimos construir um grande vocabulário, você pode assimilar com facilidade, disse Eidon.
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-Não acreditamos Ariel, só foram tolhidos do conhecimento, disse Onmics.
- O que nos preocupa mais é a questão cultural, arrematou Naa-ki. A grande maioria acha que somos demônios, alguns suspeitam, e esses são vistos com reservas, que somos astronautas antigos que visitaram o planeta, outros dizem que fomos os criadores, mas essa é uma minoria dentro da comunidade científica. De qualquer forma admitem a possibilidade de existir vida inteligente em algum lugar da galáxia, o que nos dá uma melhor perspectiva se nos apresentarmos primeiro como “aliens” como eles chamam. - É, mas não pode esquecer que a maioria que admite que existe vida inteligente fora do planeta acredita também que essa vida é perigosa. Assisti uma variedade de filmes que tratam alienígenas como monstros sugadores de cérebro, falou Udan. Todos caíram na risada. - Mas também assisti outros que retratam os humanos em naves espaciais entrando em contato com vidas alienígenas ou convivendo com elas pacificamente. A ideia está plantada, acho que podemos aproveitar. - Certo, mas vamos começar por onde?
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Todos olharam para Net.
PARTE VIII OS QUE ESSES NERDS ESTÃO FAZENDO?
O rosto negro apareceu na tela: - Me explique Doug, como pode ser que as emissões, além de não serem iguais ainda são um dueto? - Eu pensei que você iria conseguir me explicar. - Não sei o que é Doug, mas o pessoal de Iwoa conseguiu reduzir o tom, parece uma conversa. Como uma conversa pode estar perto de Saturno? - Não vamos tratar isso como uma evidencia de coisa alguma, não há condições de determinar o fato como verdadeiro, sabe que sinais de rádio são encontrados em todo lugar no universo Weber. - Mas não ESSES sinais de radio, o que encontramos são repetições de padrão, E as fotos do professor do comitê consultivo para astronáutica? Figuras cilíndricas flutuando pelos anéis de saturno? - Pode muito bem ser um interferência ou um problema da própria maquina ao transmitir a foto. Lembra do sinal Ganimedes? Não houve resposta até hoje. - Ao que parece houve “não estamos falando com vocês”. - Não, era um sinal parecido com esse Weber e parou do nada, como se nunca tivesse existido. Se formos parar para pesquisar todo o sinal de rádio que alguém diz “ET” nossos recursos acabam em um mês. Sabe como está difícil arrumar gente para financiar o funcionamento dos radiotelescópios? - Eu sei, por isso vim aqui com você. Eu queria pesquisar esse sinal Doug acho que pode haver alguma coisa promissora aí. - Não, não vou disponibilizar um radiotelescópio para isso. - E se eu conseguir um radiotelescópio sem custos para você?
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- Eu faço, nas minhas horas vagas e a antena será paga. A colaboração vem do Brasil, sabe que temos quase 70 mil colaboradores lá e uns sete milhões de dados para analisar. Um desses parece ser um milionário filantropo, está disposto a pagar por duas horas de uso de radiotelescópio por semana, não quer o nome dele aparecendo.
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- Que radiotelescópio e quem vai pesquisar? Não temos dinheiro para pagar mais ninguém, já passamos por malucos para algumas pessoas da comunidade científica e pra quase todo o resto da humanidade, não vamos nos associar com gente com reputação pior.
- Alguém que não quer aparecer doando milhões? Sabe que tem um monte de traficantes na América do sul querendo lavar dinheiro não sabe? - Vou te apresentar ele e você mesmo tira suas impressões. - Ok, me apresente então o salvador dos sinais de saturno. Você tem doze meses para apresentar resultados, depois encerramos. - Só doze meses? O que se faz em doze meses de escuta Doug? Eu preciso de alguns anos. - Doze meses Weber e quero conhecer o seu filantropo essa semana ainda. - Merda! Doug desligou a vídeo conferencia. ----------------------------------------------------------------------------------------------------Faziam três anos desde que tinham derrotado o sistema de segurança. Estavam todos acomodados na sala. Net dava as explicações - O sinal de rádio tradicional de Auris para o planeta próximo era de 17 minutos, as distâncias vão dar essa demora de retorno. Mas conseguimos reabilitar parte da rede de comunicação Versilis antiga, vejam os pontos nesse mapa. Ele exibia um mapa holográfico com diversos pontos em vermelho, assinalando o local de cada repetidora. - Não sabemos se essa rede está sendo monitorada e temos que tomar muito cuidado, escolhemos o caminho mais complicado, para despistar eventuais Edaculs ou outra espécie que continue caçando Versilis. Para não chamar muito a atenção, pegamos uma repetidora em Sagitário. Naa-ki tentou uma transmissão. Naa-ki explicou. - Fizemos duas transmissões em 1420.4556 MHz, a frequência do hidrogênio, mas não houve resposta. Parece que eles não entenderam, mas a transmissão também foi curta a repetidora ficou sem sinal e tivemos que usar outro caminho. Resolvemos então não transmitir, mas conseguir os dados que nossos equipamentos estavam gravando. Foi quando Alice conseguiu os dados que estamos estudando a três anos.
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- Analisando o perfil psicológico deles acreditamos que um primeiro contato deve ser dissimulado, disse Amber. Foi aí que Net, Live, Ariel e Soam entraram. Nossa repetidora entrou em contato com um dos nossos Vosokos. Ele retransmite o sinal, esse sequencia de retransmissão nos dá um delay de sessenta e oito minutos do tempo de
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- Aprendemos a língua deles, e conseguimos estabelecer uma conexão estável, com a repetidora que está parada em Auris 6. Uma sonda recentemente esteve no local tentando se comunicar com o nosso equipamento. Disse Alice.
Auris, mas foi o suficiente para entrar na rede mundial de computadores que eles possuem. Eles conseguiram entrar e descobriram que há um ambiente virtual onde os humanos se socializam através de um chamado “perfil”. Explique melhor para nós Net. - Entramos e criamos o tal perfil, que é quase como um avatar de si mesmo. No caso eu sou John, parece que é um nome bem comum por lá. Vejam como é. Abriu um holograma e apareceu uma tela onde apareciam fotos e conversas de diversas pessoas. - Há várias dessas plataformas para as pessoas conversarem e elas falam até com quem não conhecem. Selecionamos as maiores para podermos passar despercebidos, nos apresentamos como estrangeiros que não conhecem os costumes locais, o que justifica algumas de nossas falhas. Nessas redes eles falam de tudo, da vida pessoal e hábitos diários até das questões mundiais e dos governos. Mesmo os governantes locais participam dessas redes e informam sua ações através dela. O idioma mais falado é o “ginêz”, mas nessa rede que estou aparecem mais pessoas falando o “inglesh”. Tenho trezentos e vinte e oito amigos em dois anos na rede. Veem essas barras colocadas aqui do lado? Se pode inserir fotos, comentários ou comentar sobre o que alguém colocou, ou “curtir”. - Curtir? Indagou Flocus. -É, significa que você gostou ou achou interessante o que o outro falou. - E não descobriram que você não é humano? - Não Astreia, parece que eles não ligam para o fato de eventualmente o humano falar que é um macho, sendo uma fêmea ou vice-versa, há ainda alguns desses “perfis” para animais que convivem com os humanos. - O animais evoluíram como os humanos? Como isso aconteceu? - Não Olicha, é uma espécie de brincadeira, são os próprios humanos que fazem os perfis como se fossem seus bichos. - E porque fazem isso?
Net passou a mostrar os diversos portais que falavam sobre extraterrestres. Live interrompeu a apresentação e continuou:
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- Nas conversas dos últimos dois anos pude perceber que há muito conflito interno na humanidade. São divididos em quase tudo mas existem governos dominantes,
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- Ainda não entendemos muito o senso de humor deles, que parece muito variado. Quando falamos que somos de outro planeta eles acham isso muito engraçado e não acreditam no que falamos, os poucos que acreditam acham que temos poderes sobrenaturais de dominar a mente das pessoas ou fazemos experiências com seres humanos que incluem examinar suas cavidades. Olhem só esses “portais” como eles chamam, alguns são pura paranoia.
identificamos blocos de governos que trabalham juntos e há organismos mundiais que se ocupam de procurar e contatar extraterrestres – é assim que eles nos chamam. Três organismos parecem promissores, o SETI, NASA e o UNOOSA. - Quem são essas pessoas? Podemos confiar nelas? Interpelou Onmics -Não são pessoas, são grupos de pessoas. Quanto a confiar, não podemos confiar em ninguém, temos que ter muita cautela. Alguns indivíduos dentro desses grupos acham que “alienígena bom é alienígena morto”. Identificamos algumas pessoas mais moderadas e que gozam de algum respeito na comunidade deles e possuem contato junto aos blocos de governo do mundo. São esses: Doug Vithor Naz, Weber Matuma, Alexey Vetraniev, Solomon Barzilai, Miriam Stern, Avran Geltschimidt, Lia Mei Bo Shang, Darpak Udit, e John Anderson Smith, São pesquisadores de radiotransmissões e operam radiotelescópio os dois primeiros, o terceiro é físico de partículas, o outro trabalha no programa espacial de um dos governos, os dois seguintes são astrobiologos e os demais trabalham com construção de foguetes e materiais. Ainda estamos tentando achar arqueólogos e gênios de computação. Nossa pretensão é fazer o primeiro contato de forma oficial. Conversando com Weber Matuma, esse parece um parente do Krishna. A medida que falava Net ia exibindo as fotos dos humanos que nominava. Todos riram - Conversando com Weber convencemos ele a continuar com as pesquisas das radiotransmissões de Auris 6, que eles chamam de Saturno, a propósito Auris 3 é chamado por eles de “Terra”. Conseguimos um filantropo para patrocinar a pesquisa, vamos tentar o primeiro contato a partir daí. É com você Onmics. - Fazendo o primeiro contato tentaremos explicar aos humanos nossa situação e convence-los, em troca de informações e de tecnologia, a construir uma nave e vir nos buscar. Foi uma confusão geral - Eu te disse Onmics, sussurrou Net para Onmics. - Senhores, senhores, ele esperou fazerem silencio. Temos que tentar, quais são nossas outras opções? - Podemos tentar contato com a Dragon, ela está escondida no planeta, disse Astreia.
- Como faremos esse povo rude, que você mesmo disse, com ciência incipiente, fazer uma nave capaz de atravessar 22,7 anos luz e nos resgatar, perguntou Dogu.
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Ficaram por duas horas dando sugestões e descartando as propostas, até não restarem mais ideias.
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- A Dragon não está equipada para sair do sistema solar, disse Ariel, e mesmo que pudesse, como conseguiria nos tirar dos casulos?
- Que bom que perguntaram. Aur..a Terra, é melhor nos acostumarmos com o nome, a Terra tem muito minério, ainda há bastante coisa por lá para ser aproveitada, podemos juntar a tecnologia que temos guardada. A primeira coisa que temos que fazer é uma análise do material disponível no local e a combinação desse material. A criação de uma vimana intergaláctica seria a melhor coisa, partam dessa premissa. Astéria, Dogu, Katina, Lorde Krishna formam a primeira equipe de material devem desenhar as medidas de defesa da nave. Devemos partir do pressuposto que os humanos podem encontrar alguma hostilidade no caminho e queremos que cheguem aqui vivos e sem despertar a curiosidade de ninguém do quadrante. Eidon, Naa-ki, Olicha, pesquisem o que sobrou dos nossos assentamentos e que ainda pode ser utilizado, os humanos vão precisar de toda ajuda possível, veja onde estão os nossos robôs, deixamos centenas escondidos, vamos precisar deles agora, também há armas e equipamentos de medição e comunicação perdidos, descubram onde estão. Udan, Orajapat, Pandya estudem a biologia humana, vejam se foi muito modificada nesses anos e como reagiriam a viagens mais longas no espaço, se essa for nossa opção, vejam também espécies que podem ser adequadas para integrar na matriz da nova vimana, algo que possa concentrar energia, ficar muito tempo no espaço, enfim vocês sabem das especificações. Net, Live e Ariel, cuidem de desenvolver uma interface neural que possa ser entendida pela biologia humana, juntem-se depois ao grupo anterior, se for o caso talvez os humanos tenham que dirigir uma vimana, temos que ensinar a eles. Os demais, formem equipes para estudar todos os continentes atuais, o desenho da Terra mudou muito desde que saímos de lá, localizem e ativem todas as vimanas Vosoko que ainda existam para vasculhar os assentamentos antigos, vamos tentar recuperar nossas coisas.Alice, eu e você temos que estudar como fazer o primeiro contato e traduzir todo o projeto de forma que os humanos possam entender e executar. Não podemos errar, um tal de Weber nos espera. Weber estava prestes a se tornar o homem mais importante do planeta Terra e ainda não sabia disso. Eles se puseram a trabalhar.
- Eu o proíbo Soam! - Eu prometi a ela Onmics! - Nos precisamos dela, só ela sabe como chamar a Dragon a essas alturas, e vamos precisar da Dragon; se alguma coisa acontecer com ela podemos comprometer todo o nosso plano.
- Desculpe Onmics, mas devemos isso a ela. Ela tem direito de saber o que aconteceu.
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- Não tem que me lembrar de nada Soam! Eu ESTAVA LÀ, eles nos obrigaram a ver tudo e também fui torturado por aqueles que chamava de irmãos.
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- Eu tomarei todo o cuidado. Devemos isso a ela, foi o sofrimento dela que impediu que nos matassem, você sabe disso!
- Tem direito sim, mas ela sofreu para permanecermos vivos, se ela não suportar o que vai ver, e eu quase não suportei o que vi Soam, como vai ficar o cérebro dela? E nós? Vamos sobreviver sem a Dragon? - Eu e Alice vamos monitorar todo o tempo, se percebermos uma alteração mínima que possa comprometer nós cortamos a conexão, eu lhe prometo. Ulrich interveio. - Net, ela vai se lembrar de tudo? - Amigo, se eu tivesse que fazer um controle de concorrência de informação para o cérebro dela, com certeza você seria a primeira informação da fila. Ela vai lembrar de tudo e principalmente de você, eu garanto. - Ela irá sofrer? - Você sabe como é o processo, ela vai sentir quase tudo de novo, mas não há outra forma. Fique ao lado dela, sei que isso vai ajudar. Dali dois ciclos se reuniram o chamado grupo dos doze que eram nove: Pandyan, Ulrich Wodan, Lorde Krishna, Dogu, Onmics, Alice, Naa-ki, Net e Ariel; Soam e Alice monitoravam o corpo de Ariel. Estavam em um aposento grande com uma cama confortável. - Ariel, disse Onmics, primeiro quero que saiba que não concordo com isso, acho que não precisa ver isso.Esse grupo que está aqui reunido são os que sobraram do chamado grupo dos doze. Éramos doze dirigentes na Terra, dois de nós morreram na batalha, ainda no planeta Lorde Haruman e outra se sacrificou para poder guardar nossos avatares humanos, Demétria e Lorde Amarock ainda não foram “despertados” ao todo foram 203 mortes entre nossos melhores amigos. Esse grupo foi preso e torturado para confessar crimes que não cometemos, a pena para a traição que nos apontavam era a morte, você foi a mais sacrificada e vai descobrir porque, mas em função disso não tiveram coragem de nos sentenciar a morte. - Eu vou fazer a ligação da conexão das suas memórias ao seu corpo, se quiser desmanchar o avatar para se sentir mais confortável pode fazer isso, se quiser manter recomendo deitar na cama, por isso a cama. - Vocês estão me deixando assustada.
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Ela se deitou. Por um instante o quarto parecia ondular e então estava em um corpo humano, muito parecido com o de seu avatar. Ela lembrou de tudo, foi muito rápido, como veio ao planeta, seu trabalho na pirâmide do sol com Ulrich, o comando da Dragon e sua relação especial com a IA da nave. Lembrou-se das batalhas que travou contra as naves do comando e quando teve que abandonar o avatar humano para voltar ao corpo Versili. Lembrou-se de ter transportado centenas de humanos das cidadelas para salva-los dos bombardeios Versilis, da luta armada e das batalhas ao lado de
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- Vai ficar tudo vem Ariel, disse Alice, nos vamos cuidar de você.
Krishna, das manobras ousadas de Dogu e de Ulrich, lembrou de tudo. A velocidade dos eventos foi diminuindo até o momento da rendição, quando ela Krishna, Dogu, Ulrich, Amarock foram aprisionados e mantidos em celas separadas em absoluta escuridão durante um tempo que não sabiam precisar. Era uma técnica para mante-los desorientados. Depois as celas passaram a ficar totalmente claras, ela sentia sono, mas as luzes não apagavam. Quando tentava dormir era despertada por uma sirene estridente, por fim estava tão cansada que nem ligava para a sirene. A alimentação era mínima, comia mas ainda sentia fome. Um dia a tiraram da cela e a levaram para um local circular, onde existiam várias celas mantidas por campos de energia, todos ao outros estavam nas celas individuais, formando um semi circulo virado para um aparato de máquinas que Ariel não sabia para que serviam. As torturas começaram, primeiro foram drogados, mas mesmo assim não conseguiram saber onde estavam a vimanas. Eles haviam se preparado para essa eventualidade, então passaram a tortura física, um a um eram levados e colocados em uma máquina de estimulação. A máquina era originalmente concebida para enviar pequenos pulsos elétricos e estimular tecidos nervosos deficientes, nervos atrofiados ou células em processo de degeneração. Pequenas agulhas penetravam no corpo e enviavam os estímulos para o nervo escolhido. Naquele caso, uma dezena de nervos sadios eram escolhidos, as agulhas iam além do ponto recomendado e penetravam os tecidos. Quando o pulso era emitido, a dor era produzida diretamente no tecido nervoso, isso matava células nervosas e podia debilitar uma pessoa por muitas horas. Todos foram imoblizados em máquinas em suas celas, e tiveram seus olhos mantidos abertos para olharem. A cena era horrível, Dogu foi o primeiro, quando as agulhas penetraram seu corpo ele contorceu o rosto de dor, mas no primeiro pulso gritou como nunca havia gritado na vida. Foi retirado desmaiado da cadeira e jogado em sua cela. Após cada tortura e antes da outra uma sirene era ligada, as vezes no meio da noite a sirene tocava e eles sabiam que não poderiam dormir naquela noite. As vezes a sirene tocava e ficavam esperando, e nada acontecia. Krishna foi o mais forte deles, só gritou na segunda estimulação e aguentou quatro antes de desmaiar. Ninguém falava nada.
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Um Versilis que nunca tinha visto chegou e o interrogatório começou:
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Chegou a sua vez, foi arrastada da cela e amarrada na cadeira, onde ficou completamente imobilizada. Viu as expressões de terror nos olhos de seus amigos, eles gritavam, mas as celas não permitiam a passagem do som para fora. Ela ficou com muito medo, não sabia se seria forte o suficiente.
- Você é Ariel, originalmente programadora semi-sinestésica. Isso vai ser interessante. Pelo que sabemos você comandava uma nave orgânica, a Dragon, e você a escondeu. Aonde? Ele fez uma pausa longa. - Se você falar pode se poupar do sofrimento Ariel, não precisa passar por isso. Cedo ou tarde vai falar, não vai aguentar tanto tempo quanto seus amigos. O que acha que a estimulação pode fazer no seu delicado cérebro sinestésico? Você vai sentir mil vezes o que eles sentiram não vai? Ela continuou muda. Ele deu um sinal e a primeira agulha entrou na sua nuca, a dor foi horrível e lágrimas vieram aos seus olhos. - Essa foi a primeira, tenho mais duzentas dessa para você. Se falar onde está a Dragon, pode conseguir a comutação da pena de morte, não precisa passar pela dor. Ela continuou muda. Ele deu um sinal e mais vinte agulhas entraram ao mesmo tempo, nos braços pernas e costas. Ela gritou e olhos se encheram de lágrimas. Sua respiração ficou ofegante. - Isso foram vinte agulhas. Que tal quarenta? Ou cem? E não começamos a emitir os pulsos ainda, vai ser muito doloroso Senhora Ariel. Ela continuou muda. Ele deu o sinal e todas as agulhas foram enfiadas o primeiro pulso, e o mais fraco foi emitido. Ela gritou muito alto e por alguns instantes sua visão ficou turva e escureceu, alguém jogou água fria no seu rosto, o corpo todo tremia. - Parem, tirem ela, disse o torturador. As agulhas foram retiradas, as amarras foram afrouxadas, o corpo caiu no chão, ela estava tendo uma convulsão, durou alguns minutos, mas pareceu a eternidade. - Bom, acho que agora sabemos o que acontece com sinestésicos. Coloquem ela na cadeira de novo. Ainda tonta e sem conseguir se manter em pé ela foi arrastada para a cadeira.
Ela foi jogada nesse estado dentro da cela, durante duas horas se debatendo em convulsões, nada no seu corpo podia ser controlado. Ao final ela ficou inerte em uma
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Eles a desamarraram e em algumas partes as amarraras haviam penetrado na pele, braços e pernas estavam cobertos de manchas de sangue.
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Amarrada novamente na cadeira e sem aviso, as agulhas penetraram e de novo veio a dor, ela imaginava que não podia doer mais que aquilo, mas estava enganada. Piorou muito, eles dispararam por três vezes a estimulação neural, ela não desmaiou na hora, seu corpo todo foi tomado de convulsões, perdeu completamente o controle e se debatia muito, forçando as amarras.
poça de vomito, fezes e urina. Os músculos foram tomados pela exaustão, não conseguia ficar de pé, nem mesmo falar, a inconsciência foi bem vinda. Por dois dias foi largada nessa condição. Seus amigos foram obrigados a ver, sem poder fazer nada, durante os dois dias nenhum deles foi torturado, no segundo dia o seu corpo foi arrastado para o meio do circulo. Eles imaginavam que ela ira morrer, retiraram as contenções das celas e as máquinas e os espaços entre as cela deixaram de existir, eles correram imediatamente em seu socorro. A limparam e a acomodaram na cama o melhor que puderam, estava muito desidratada. Acordou sendo forçada a tomar água. Ulrich segurava um copo na sua boca e falava com ela. - Tome, por favor, tem que se hidratar senão vai morrer. Ele sempre estava ao lado dela nos momentos em que estava consciente. Os dias passaram, um pacto silencioso se fez e nenhum deles falava nas torturas, ficaram muito tempo sem ver ninguém. Ela ainda estava fraca, quando eles voltaram. De novo separaram as celas e os equipamentos foram novamente exibidos. Todos foram amarrados e com os olhos abertos, foram obrigados a ver. Era o mesmo torturador. Ele se dirigiu diretamente a ela e a encarou com um sorriso nos lábios. -Olá Ariel, sentiu saudades? Vamos conversar. Anda, pra fora. Não conseguia andar muito rápido, ainda estava fraca. Ela foi em direção a porta, ele lhe puxou para fora, jogou no chão, chutou seu rosto. Um corte sobre os lábios fez escorrer sangue pelo rosto e uma pústula de sangue preencheu seu olho direito. Ela se contorceu e gemeu de dor. - Quando eu falar para andar, é pra andar, mas já que você não quer andar será carregada “majestade”. Com a ponta de um ferro de fibrium bateu com toda força na perna direita, o barulho dos ossos se quebrando puderam ser ouvidos. Ela urrou de dor. - Amarrem na cadeira. A dor era terrível, o sangue escorria pelo rosto, não conseguia enxergar com um dos olhos e a perna doía terrivelmente. Sentiu as agulhas penetrarem
- Havia uma estimulação muito grande, a pressão arterial estava aumentando muito, tive que desligar.
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Essa foi a ultima memória, antes de Soam intervir e desligar.
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A cena se diluiu diante dos seus olhos.
Ela acordou chorando. Onmics a tomou nos braços e ela afundou seu rosto no peito dele, soluçando. Ninguém sabia o que dizer, todos eles sabiam o que havia acontecido, estavam lá. Ulrich deu um sinal e todos foram se retirando, ele ficou com ela por muito tempo, até que o choro parou. Ele enxugou as lágrimas do rosto dela e acariciou os cabelos, apertando-a contra o seu avatar. - Ulrich... - Não fale nada, não é preciso. Eles ficaram em silencio, ela adormeceu nos braços dele, para acordar na manha seguinte na cama. Se lembrou de cada momento, o que havia passado era mesmo horrível, muito mais do que imaginava.Estava se levantando quando Soam e Alice entraram. - Não precisa fazer nada se não quiser, administramos um medicamento no seu corpo para diminuir o stress de ontem. Como se sente? - Horrível Alice, parece que um drone caiu na minha cabeça. - Faz parte do processo de lembrar, há muita estimulação do córtex do cérebro, no seu caso isso é muito forte. Tivemos que interromper pois temíamos um novo acidente vascular. - Então ainda há mais o que ver? - Sim, há mais.
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- Ok, depois que o torturador quebrou a sua perna as coisas ficaram bem feias. Aquilo era demais, mesmo para os guardas acostumados a brutalidade. Nos tínhamos atirado em naves armadas até os dentes, ele estava agredindo alguém mais fraco que não tinha nenhuma capacidade de reagir. Alguém filmou e mandou para o comando central, mas não antes de divulgar na mídia. Isso foi muito rápido, em minutos o lugar estava sendo invadido, mas não foi rápido o bastante para você. O torturador que mais tarde foi identificado como Yabios, mandou que te amarrassem na cadeira, ele socou seu rosto umas duas vezes mesmo depois que você estava imobilizada. Seu corpo foi de novo espetado e você gritou na primeira estimulação, soltou o seu corpo no chão e você entrou em convulsões, novamente mandou te amarrar e aumentou muito a carga. Você não gritou na segunda carga, teve uma parada respiratória e só um dos seus corações estava funcionando. Nós ficamos desesperados, achamos que tinha morrido. Enquanto isso acontecia o complexo foi invadido, você foi socorrida e te resuscitaram, mas permaneceu quatro meses em coma. Acharam que você ia morrer e se sobrevivesse seria um vegetal. Ulrich ficou desesperado. Alguns de nós chorávamos escondidos por você.
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- Eu não quero mais ver isso, só me conte o que aconteceu Soam.
Houve protestos por todos os planetas e colônias. Prender e acusar alguém era uma coisa, agredir e torturar uma princesa versilis com aquele nível de brutalidade era coisa que não se via a centenas de milhares de anos na historia Versilis. Ela estava pálida. - E depois, como viemos para aqui? - Eu trouxe umas vídeos historias para você ver, é uma espécie de resumo da nossas memórias. Ela abriu o portal no ar, e a narrativa continuou: Ao final de quatro meses ela tinha perdido o olho esquerdo que agora era todo vermelho e não conseguia andar direito, por conta da perna quebrada que não se recompunha. Entre salvar a sua vida e cuidar da perna eles se ocuparam mais com a primeira opção e a perna ficava para depois. Se deslocava em uma cadeira de flutuação. A situação dos prisioneiros, foi noticiada e todos foram removidos para a cidade central dos Versilis, onde aguardaram julgamento, desta vez sem torturas. Ela ficou no hospital da prisão e recebia a visita dos amigos. As dores na perna ainda eram muito fortes e quase não conseguia andar. Durante todo o tempo Ulrich ficava com ela, segurava a sua mão até que os remédios fizessem efeito e ela dormisse. A tortura, já conhecida por toda a população, bem como a acusação, foi alvo de inúmeros debates e a cena da versilis sendo espancada no chão era repetida em todas as transmissões. Diversos grupos se formaram contra ou a favor dos rebeldes, como eram chamados, só no inicio da sua historia é que os versilis se encontram tão divididos como estavam naquele momento. Os organismos oficiais foram questionados, a exploração dos planetas foi questionada, a interpretação de evolução de raça, mas todos eram unanimes em condenar a tortura. No dia do julgamento os dez se apresentaram ao Tribunal, Ariel vinha ladeada, em sua cadeira flutuante, por Onmics e Ulrich e Krishna. A população foi impedida de entrar no local e se aglomerou do lado de fora, o que não evitou tumulto, só os consulares, acusadores e defensores podiam estar ali. Mesmo assim estava lotado.
Quando foi chamada Krishna fez menção de lhe ajudar com a cadeira, ela abanou a cabeça. Se levantou lentamente e era perceptível a dificuldade com que fazia aquilo,
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O primeiro foi Onmics, depois Ulrich, Amarock, Pandyan, Dogu, Alice, Naa-ki, Net, todos permaneceram seguiram o ritual e todos permaneceram calados, assim tinham combinado, sabiam que nada que falasse alteraria a decisão do Conselho, ela era a ultima.
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Resolveram vestir seus uniformes de gala da missão para se apresentarem ao Tribunal. Cada um deles devia se colocar na frente do magistrado planetário declarar seu nome, posto e sua intenção de depor.
mancando caminhou até a frente do magistrado. Durante o período que caminhou, só o silencio de seus passos no chão era ouvido em toda a sala. Seu rosto era conhecido por todos, o corte nos lábios, o olho vermelho e a perna deficiente causaram um mal estar geral. Parou em frente ao que parecia uma mesa do oficial planetário. - Nome? -Ariel Maorioshanti Praja - Posto? - Oficial de pesquisa de inteligência artificial e operadora sinestésica de IA. - Conhece as acusações contra você? - Sim - Quer prestar seus esclarecimentos sobre elas? - Não. - Usa do direito de permanecer calada? - Sim. - Sabe que isso pode lhe causar prejuízos? - Estou ciente. - Quer esclarecer como obteve os ferimentos que exibe nesse momento? - Todos aqui sabem como “obtive” os meus ferimentos. - Há uma proposta da corte e do cenáculo para você Ariel. Segundo a acusação você era a pessoa que comandava a nave orgânica denominada Dragon. Consta também que você ajudou a desenvolver a nave e era a pessoa que dirigia a IA da nave. No comando dessa nave, você, juntamente com Lorde Krishna, Lorde Amarock, Lorde Ulrich Wodan e outros lutaram intencionalmente contra naves Versilis, resultando na morte de mais de 200 versilis e na destruição de duas naves classe Saubha, mais de 3000 drones, 48 mil robôs de ataque e uma lista imensa de outras destruições. Consta que ao final se renderam, mas esconderam as naves que chamavam de “vimanas” e que você, especificamente, escondeu a Dragon, que era a maior delas. A proposta do cenáculo é lhe conceder o perdão se entregar a Dragon.
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Ela não disse nada olhou para o magistrado por um tempo, se virou e caminhou lentamente até a sua cadeira, quase caindo ao final, sendo ajudada pelos seus amigos. Sentou-se e manteve-se impassível em visível estado de dor.
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Houve um tumulto no local.
O magistrado olhou para ela e registrou oralmente: - Registre-se que a proposta foi dignamente recusada pela acusada. Três semanas depois recebeu a visita do magistrado. - Senhora Ariel, é lamentável a sua condição, mas posso lhe assegurar que estamos fazendo todo o possível para reprimir essa injustiça. Ela permaneceu calada. - Tudo bem se não quiser falar, mas eu vim lhe falar e serei breve. Há um novo ato declaratório sendo votado no cenáculo. Essa ato permite que a confissão de um dos réus aproveite aos demais. Em uma interpretação extensiva, se você confessar eu posso comutar a pena de todos eles. Sabe que a pena é de morte pelos crimes que cometeram, podem ficar em reclusão por uns mil anos, mas poupará a vida de todos. - Que confissão deseja? - Eu aceitaria qualquer confissão que fizesse Senhora Ariel. Acredite, não me sinto confortável em atender ao Conselho e entregar a cabeça de cinco mil versilis para a sanha dos militares. Estou fazendo com que o julgamento seja o mais longo possível, aguardando que essa lei seja votada. - Por que veio magistrado? - Seu amigo Lorde Krishna e seu grupo ainda tem amigos Senhora Ariel. Alguns que correm riscos por eles no cenáculo. Devo lhe advertir, qualquer proposta de anistia, comutação ou negociação da pena deve ser feita no processo e aceita durante o julgamento. Nada fora dele tem valor. Faça o favor de continuar doente, assim posso adiar o processo um pouco mais, e se alguém perguntar: eu nunca estive aqui. Ele sorriu para ela e se retirou. Três dias depois o grupo dos dez recebeu autorização para se reunir em uma sala na prisão. Krishna pediu a autorização para pode discutir uma proposta de perdão. - Ramanok nos mandou apresentar uma proposta: concede o perdão a todos os nossos se nós confessarmos os crimes e entregarmos as armas. Todos os nossos soldados e os demais cientistas serão anistiados. - E nós, indagou Alice?
- Não, disse Ariel.
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- Termos que morrer para salvar os nossos, parece melhor do que morrermos todos. Eu aceito a proposta.
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- Receberemos a pena de morte.
Sua voz fraca foi ouvida por todos e olharam para ela. - Ariel, pouparemos nossa gente, é só as nossas cabeças que Ramanok quer. - Ramanok é traiçoeiro. Ele não cumprirá o acordo e depois que estivermos mortos ele matará o resto de nós. Fazem três dias que recebi uma visita, essa visita me garantiu que um novo ato declaratório está sendo votado no cenáculo, a confissão de um aproveita a todos. Se eu confessar, e essa visita me garantiu que qualquer confissão será aceita, se eu confessar todos terão sua pena de morte comutada. - Quem lhe disse isso? - Krishna, eu prometi que não contaria, essa pessoa não pode ser comprometida. Mas o julgamento irá se estender pelo tempo necessário para que o novo ato entre em vigor. Disse que você possui amigos poderosos no cenáculo e que não querem nos entregar aos militares. - A proposta de Ramanok, como sabemos que ela pode ser verdadeira? - Não sabemos Amarock, por isso eu acho que devemos levar a ele uma contra proposta. Baseado naquilo que Ariel disse, parece que Ramanock quer se antecipar ao novo ato e tentar obter nossas cabeças. A sua pessoa disse que a proposta deve ser feita no processo para ser considerada válida? - Sim - Então vamos pedir a Ramanok que a faça no processo. Se a proposta for verdadeira ele não hesitará. - Assim que o ato entrar em vigor eu farei a confissão. - Não vai confessar nada Ariel, disse Ulrich. - Eu a proíbo, não vamos entregar nada para eles. - Qualquer confissão que fizer será aceita. E eu tenho uma em mente. - O que pretende? Sabe que pode ser submetida a sonda mental para testar a verdade do que alega. Você não está em condições de ser testada e se for, descobrirão a mentira.
O julgamento demorou meses, tempo suficiente para a aprovação do novo ato. Ramanok não apresentou a proposta dele no processo, como era de se esperar.
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Todos ficaram mudos. Eles SABIAM que a Dragon não havia sido destruída, mas ao sair do planeta ela tinha dado a ideia de simular uma destruição da Dragon. Era isso que ela iria apresentar a eles. O próprio comando tinha as informações sobre a explosão.
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- Não Krishna, eles não descobrirão e não irão me testar. A Dragon foi destruída e tenho como demonstrar isso, essa será a minha confissão.
Ariel não conseguia comparecer todas as vezes em função da dor e era dispensada pelo tribunal, mas um dia sua presença foi exigida. Ela chegou ao tribunal mais abatida que o normal, não conseguia andar com a mesma facilidade de antes. Ao tentar ficar de pé em frente ao magistrado quase caiu. - Senhora Ariel, em função da sua condição especial acredito que a formalidade possa ser dispensada. Foi chamada a nossa presença em razão da vigência do novo ato que acredito possa lhe trazer benefícios. O magistrado mandou ler o novo ato. . - Entendeu o conteúdo do ato Senhora Ariel? - Sim. - Lhe pergunto então, de novo. Gostaria de fazer a sua confissão nos termos que anteriormente lhe foi oferecido? Se nos contar onde está a Dragon pode ser beneficiada. Todo o tribunal ficou em silêncio. - Ao nos retirarmos do planeta, para que a tecnologia não pudesse ser usada, eu destruí a Dragon. - Isso é uma mentira! Gritou Ramanok. - Como pode dizer que é uma mentira Lorde Ramanok? Ela tem direito de provar os fatos. Como prova suas alegações Senhora Ariel? - A nave mãe que nos capturou registrou todos os fatos. Uma explosão em uma profunda fossa marinha. Se fizerem a analise espectral podem confirmar que combina com os padrões da Dragon. Ela falava baixo e devagar. - Magistrado, ela está mentindo. Foi torturada para dizer isso e agora nos confessa essa mentira. - Como diz Lorde Ramanok? Como sabe que ela foi torturada especificamente para isso? Pelo que sei o fato ainda está em apuração e registre-se que foram seus versilis que fizeram a tortura. Estava lá por acaso? Ramanok empalideceu
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- Sonda mental Lorde Ramanok? O senhor está vendo na sua frente a mesma pessoa que eu? Acredita que essa versili sobreviveria a uma sonda mental? Ela mal consegue falar e parar em pé, versilis que estavam sob o seu comando fizeram isso, fizeram uma tortura, uma barbárie que não se via a milhares de anos em nossa sociedade. Uma princesa
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- É obvio que não magistrado. Exijo que seja submetida a uma sonda mental.
versili brutalmente espancada e torturada por um dos seus homens, que deveriam cuidar do povo versili! Pretende que meu tribunal também torture e leve a morte essa versili, oficializando o fato de que devemos regredir no nosso sistema jurídico? Meça as suas palavras Lorde Ramanok, não tem direito de exigir coisa alguma aqui e cuidado com o que fala, ou sua cabeça pode acabar ocupando o lugar daqueles que acusa. Oficie-se ao comando, o Tribunal requisita a filmagem e as informações passadas pela acusada para a análise de nossos peritos. A sessão está encerrada. Passaram-se semanas, depois ela contou aos amigos que estava realmente muito mal, mas porque havia sido instruída para aparecer assim no tribunal, ficou sem tomar seus remédios durante três dias. Durante todo o tempo seus amigos ficaram com ela. Ao final veio a sentença No holograma apareceu o magistrado lendo a sentença: “...consideramos a acusação provada e julgada procedente. A pena para o crime cometido pelos acusados é a de morte. Mesmo a morte pode ser um alívio para aqueles que, no caso dos acusados, mantém uma conduta desconforme aos interesses de sua espécie e praticam o extermínio de seu próprio povo sem apresentar remorsos. É bem verdade que passaram por situações intoleráveis até mesmo para a mais cruel das sociedades, tendo sido submetidos a tortura psicológica e física, alguns deles com perdas pessoais. É inegável que todos eles possuem uma mente brilhante, realizaram feitos que a maior parte de nós não faria. Seria um desperdício extirpar da sociedade mentes tão brilhantes quando ainda podemos fazer uso delas. Um dos acusados, fazendo uso das suas prerrogativas fez a confissão, aceita por esse tribunal que beneficia a todos eles. Por isso, converto a pena de morte em perdimento, por mil anos, com recondicionamento comportamental. Acredito que ao final desse tempo os acusados já terão sido recondicionados a sociedade. Não fico feliz em sentenciar ninguém como culpado, mas devo registrar que essa sentença me causa especial desprazer, gostaria de nunca a ter proferido.” Um tumulto geral se formou, e o vídeo terminou aí. - Eles não tinham condição de nos matar depois de termos sido torturados daquela forma, sua apresentação no julgamento foi fundamental para nos deixar vivos, então passaram a fazer lavagem cerebral, uma tortura oficiosa para uma tortura oficial, arrematou Alice. - Todos sabem disso? Todos viram isso? - Todos os despertos sim. Como se sente?
- Lembro de tudo, sei como fazer a IA, a interface neural, tudo.
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- Raiva é bom, se souber direcionar a sua raiva. Precisamos de você, precisamos de todos para sair daqui, não fique remoendo esses fatos, torne a sua raiva focada e produtiva. Temos que construir uma outra nave orgânica. Lembra da tecnologia agora?
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- Horrível, com uma vontade terrível de matar alguém Alice. Nunca pensei que um dia pudesse ter tanta raiva dentro de mim.
- Ótimo, descanse um pouco mais. Construí esse lugar para relaxar de vez em quando, aproveite porque depois nós vamos te explorar.Aliás, há um certo Ulrich Wotan ansioso lá fora para lhe ver. Ela sorriu. Alice e Soam saíram. Ela realmente precisava relaxar. O lugar era realmente bonito, a cama estava posicionada para um jardim com uma piscina natural para banhos. Ulrich entrou, eles se olharam e seus olhos se encheram de lágrimas.
Meses se passaram, todos os planos, os esquemas gráficos, as instruções absolutamente tudo estava pronto. Iriam fazer o primeiro contato. Live havia instruído o grupo para que o primeiro contato fosse bem simples, nada rebuscado cheio de informações, mais como uma conversa informal. - Mas é o PRIMEIRO contato.. - Sim, mas se mostrarmos muita coisa podemos assustar eles, disse Net. - E a sua noção de primeiro contato é “Olá, tem alguém aí?”???? - Olha a gente pode mandar outra coisa se quiser Amber... - Você já mandou o seu “olá tem alguém ai”... não tem mais o que fazer. Acha que ele vai levar a sério Live? - Ele não está esperando receber uma mensagem dessas, vai ficar confuso. A distancia entre a terra e saturno é de um bilhão e trezentos milhões de quilômetros terranos, equivalente a 01h10min luz. Como o delay é grande acho que temos que continuar falando e não esperar a resposta dele.
A resposta veio: Mude sua frequência para 500Htz
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Ele repetiu a mensagem umas cinquenta vezes.
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- Ok. Vamos lá: ola, tem alguém aí na terra? Estamos a 22,7 anos luz de vocês e tentando nosso primeiro contato. Se estiver nos ouvindo retorne na mesma frequência de 1420.4556 MHz em direção ao planeta que chamam de Saturno para termos certeza que entendeu. Estamos falando sua língua e demoramos muito tempo para aprender a nos comunicar com vocês. Talvez possa haver alguma confusão, não estamos familiarizado com todo o seu vocabulário. Pode me chamar de Net, eu que opero o equipamento de comunicação. Minha espécie se chama Versilis e no passado distante nossos ancestrais devem ter se conhecido, não é primeira vez que os Versilis falam com o povo da terra, mas isso já foi a mais de 150 mil anos do seu tempo. Se entendeu o que eu falei mande uma mensagem de volta na frequência de 1420.4556 MHz em direção ao planeta que chamam de Saturno.
Todos pularam de alegria, mudaram a frequência e passaram a retransmitir. Depois de uma hora receberam os primeiro elementos de uma tabela periódica. - Mas que porcaria é essa, pegamos uma criança estudando química? Você não disse que o cara era astrofísico Net? - Sim, talvez ele também não saiba o que dizer. Vou responder “Conhecemos os 518 elementos da tabela periódica, não entramos em contato para discutir química. Tem mais alguém aí com você? Queremos entrar em contato com as autoridades planetárias e um grupo específico de cientistas: Doug Vithor Naz, Weber Matuma, Alexey Vetraniev, Solomon Barzilai, Miriam Stern, Avran Geltschimidt, Lia Mei Bo Shang, Darpak Udit, e John Anderson Smith, alguns arqueologistas e pesquisadores marinhos".
Arregalou os olhos, correu para o banheiro e vomitou, aquilo só podia ser brincadeira, ele repetiu o áudio várias vezes. Era uma voz estranha, suave e repetia a mesma coisa. Estava estudando os sinais de Saturno faziam seis meses e já preocupado com o fim do prazo que Doug havia dado, quando apareceu a mensagem. Ele modulou para a frequência mais baixa e apareceu o som.Ele mandou uma resposta na frequência indicada: Mude sua frequência para 500 Hertz. Esperou por mais de uma hora e a resposta veio em 500 Hertz. Ele começou a passar mal, Weber não acreditava no que estava acontecendo, toda a vida tinha trabalhado para aquilo, mas não conseguia acreditar. Se fosse alguma pegadinha ele ia matar os #@%5 que estavam fazendo aquilo. Pegou um saco de papel e respirou dentro para se acalmar, diziam que funcionava, não funcionou. O que dizer para um primeiro contato? Mandou os primeiros elementos da tabela periódica. A resposta veio e ele descobriu que a tabela periódica deles tinha 518 elementos químicos e que estavam a procura de pessoas especificas, ele entre elas. Escreveu: quem são versilis? Qual sua aparência? Como conhecem a terra? O que querem conosco? Qual suas intenções? Terminou e correu para o telefone. - Doug...pelamordedeus...vem aqui agora! Não faz perguntas, vem aqui agora!
Repetiu passo a passo toda a checagem que Weber tinha feito e não encontrou falhas. - Essa pessoas que eles mencionam, além de eu e você, quem são Weber?
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Weber parecia um alucinado, passou a mostrar para ele todos os registros, as conversas e ao final Doug tinha curado seu porre e estava muito, mas muito desperto mesmo.
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Ele chegou em 30 minutos, quase de porre. Estava em um pub nos arredores da cidade.
- Gente do programa espacial, exobiólogos, físicos de partículas, cientistas da computação espalhados pelo mundo, não chequei todos ainda. - A ultima mensagem que mandou? - Não teve resposta, mas se o padrão se repetir, em três minutos vamos receber a resposta. A ultima mensagem enviada fica se repetindo várias vezes, como se continuasse a ser enviada. - Um sistema automatizado? - Pode ser, mas um sistema automatizado teria respostas como essas que recebi. E o padrão é super estranho, quem espera receber um “ola, tem alguém aí”, é uma coisa que diz ao bater na porta de um banheiro. - Talvez nossos aliens não conheçam a diplomacia da terra. Eles falaram que são Versilis e que já tiveram contato conosco a 150 mil anos. há algum registro desse nome em algum lugar? - Não achei nada. Registro de contatos com 150 mil anos também não. A resposta chegou “Versili é uma das raças mais antigas do nosso universo, nossa espécie tem mais de um bilhão de anos terrestres. Conhecemos a terra por prospecção espacial, minerávamos ouro. Nossas intenções são pacíficas. Tentaremos estabelecer um modulo de vídeo para que possam ver a nossa aparência” - Garimpeiros? Me corrige se estou errado, mas eles falaram que mineravam ouro? - Pode fazer sentido se o ouro é o metal de melhor condutividade que conhecemos Doug. - Isso está cheirando a marmotagem. Olha Weber se é uma armação.... - Você mesmo checou os dados e está vendo a recepção que eu estou vendo, parece surreal, eu sei, mas está acontecendo Doug, vamos entrar para a história. Que escrevemos para eles? Duas horas depois chegaram duas uma novas transmissões. A primeira dava instruções de como configurar o computador e depois o monitor para receber imagens.
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Quando ligaram receberam uma imagem desfocada e foram ajustando manualmente até obter a imagem final.
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Mandaram a resposta dizendo que estavam executando. Demorou duas horas para refazer o equipamento com as instruções mandadas.
Um grupo de pessoas que pareciam fantasiadas. O do meio parecia um peixe azul grudento, acenava com a mão, outra tinha a aparência de um “cinza” tradicional, mas era amarelado, passando pelo marrom e azul, outros dois tinham a aparência de humanos com roupas de viking, o resto do grupo estava com outras fantasias diferentes e ele nem prestou atenção. - NERD´S FILHOS DA PUTA!! Como conseguiram raquear o sinal? Perdemos a noite inteira ouvindo esses filhos da puta, hackers desgraçados! Weber jogou o monitor contra a parede. Doug olhou para ele furioso. - Seis meses Weber, só mais seis meses. E saiu batendo a porta. Ele ia pegar aqueles palhaços nem que fosse a ultima coisa a fazer na vida. Abriu a geladeira e tirou uma garrafa de wisky, nem se deu ao trabalho de pegar o copo. Como fizeram isso? Colocou de novo a imagem para rodar. Maquiagem bem feita, parecia real. O do meio com a pele azul tinha uma gelatina por cima da pele e a voz parecia um gorjeio. Aqueles fios que pareciam cabelo no alto da cabeça também estavam bem colocados. O outro fantasiado de ET já não era tão original, mas aquele jogo de luzes que fazia a pele mudar de tom estava bem bolado.O grandão parecia um Viking, bem forte e musculoso, tinha um escudo com dois pássaros cruzados sobre o peitoril. A mulher ao lado, uma mistura de Valquíria com Morticia Adans também era bem grande. O grupo não parecia uma troupe tradicional de Nerd´s e haviam enganado ele. “Somos todos da mesma raça” eles diziam, bando de palhaços, será que tinham noção do quanto custava a hora naquele equipamento? O quanto de gente empenhado existia no mundo para ajudar a processar aqueles dados? Não tinha a mínima ideia de como tinham invadido o sinal que vinha de Saturno. Eles ainda estavam transmitindo. Mandou a resposta: “ Seus filhos da puta, bando de nerds palhaços, acham isso engraçado é? Sabem o quanto custa ficar a noite toda aqui para aguentar essas palhaçadas de vocês? Vão ...” e colocou muitos dos palavrões que achava que tinha até esquecido. Dali uma hora recebia um vídeo longo com o pateta de azul falando e sorrindo com cara de bobo o tempo todo, a mensagem parecia concebida por pessoas completamente desajustadas. Saudava o povo da terra com palavrões e pedia ajuda, informando que tinham intenção de compartilhar tecnologia e no final mandava todos a merda
- Não sei, parece que ele falou “Net fionaúta” e a transmissão cessou.
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- O que aconteceu Net?
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O que esses Nerd´s idiotas estavam fazendo? Mas a melhor forma de descobrir era entrar na brincadeira, ele ia apanhar aqueles palhaços.
- Continue falando com ele no modo de vídeo, pode ser algum problema no equipamento dele, disse Onmics, se for necessário pode usar a tal rede social para dialogar, parece que conseguimos o primeiro contato. Duas horas depois ele recebeu a resposta. - Er.... Onmics.. - O que é? - Acho que temos problemas com o nosso primeiro contato. Ele mostrou a resposta, Onmics não entendeu a metade do que estava escrito. Chamaram Alice, Live e Amber que estavam mais acostumados a linguagem da terra, Ulrich veio junto, aí eles descobriram o que dizia a mensagem. Net entrou em pânico. - Acho que acabei com as nossas possibilidades! - Calma,disse Live. As vezes isso acontece mesmo, mas podemos retomar o contato em outro estágio. - Como faremos isso? - Acho que podemos insistir com esse Weber, de uma outra forma. Quando estava negociando com os Sissia para cederem as minas de trillium para os versilis o chefe trillium me recebeu muito mal e começou a proferir uma série de impropérios. Eu sabia exatamente o que ele dizia, fingi que não entendia e repetia cada palavra com um sorriso. Ao final dez minutos ele me tratava muito bem, disse Ulrich. - Acha que podemos repetir as mesmas coisas para ele com o mesmo tom e continuar conversando? - Creio que podemos tentar Net. Vamos criar um texto, com as mesmas palavras, misturadas com outras cheia de boas intenções, vamos ver no que dá. Eles criaram o texto: “Versilis filhos da puta amigos dos terranos filhos da puta. Queremos contato para tratar de assuntos que os nerd´s palhaços acham importante para os terranos....” O texto era longo e Net o proferiu para a camera sempre com um bom sorriso no rosto. Terminou o texto com “saudações e vamos todos a merda”
A conversa continuou por dias. Ao final do quinto dia e depois de muita informação trocada Weber começava a achar que tinha cometido um erro. Formulas matemáticas
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“Vamos parar com a palhaçada, o que vocês querem?”
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Uma hora depois veio a resposta:
complexas e inacabadas foram preenchidas. Ligas metálicas novas, elementos químicos novos, explicações de fenômenos astronômicos foram se desmanchando na frente dele. Explicaram a razão da aparência estranha e sobre os seus avatares, era a parte mais difícil de acreditar. Mas não chegaram a contar sobre a intervenção na terra. Tinha que chamar Doug. Mas Doug nunca mais voltaria para ouvir a mesma coisa. Eles pediram para chamar os outros da lista de nomes que tinham passado. A conversa entre ele e Net fluía muito fácil e Net acabou contando como já estavam operando nas redes sociais faziam dois anos. - Eu não posso chamar ninguém, mesmo o meu amigo Doug não vai acreditar em nada disso, vai demorar horas para explicar tudo e ele não quer ouvir. Terão que me apresentar algo muito impressionante para apresentar a ele Net. - Certo. Vamos pensar em alguma coisa para apresentar para o Doug, estou te mandando um arquivo de musica, acho que vai gostar. Amanha nos falamos, vou conversar com os meus amigos. _----------------------------------------------------------------------------------------------------- Não há mesmo como convencer o outro? Ele possui grande influência no meio cientifico, seria a nossa porta de entrada para falar com os demais. - Eu sei Amber, mas o individuo parece ser muito teimoso, Weber não conseguiu convence-lo, queria ideias, alguém tem alguma ideia de como fazer nessa situação, tem que ser uma coisa bem impactante. Foi Dogu que deu a ideia: - E se nós o colocássemos dentro de uma vimana, duvido que não iria se impressionar com um Vosoko, até nossos irmãos versilis se impressionaram. - De fato, falou Amber, temos algumas Vosoko escondidas, mas a maior parte delas está inoperante, as naves operacionais foram escondidas na porção de terra que é o continente que chamam de “América”. - Onde elas estão agora? - Eu não sei Dogu, cada um de nos ficou encarregado de ocultar uma grupo de naves e essas ficaram a cargo de Amarock, só ele sabe onde estão as dez Vosoko que lhe foram entregues e só ele sabe a harmônica que ativa as vosoko se estiverem adormecidas.
- Eu irei com você Ariel, disse Ulrich.
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- Então está resolvido, eu vou atrás de Lorde Amarock, como vou contar essa nossa historia para ele é que não sei, mas acho que descubro quando chegar lá.
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Todos olharam para Ariel.
- Colocar Weber em uma Vosoko definitivamente vai convencer Doug. Isso vai ser demais. Net saiu feliz para contar a novidade para o seu recém feito amigo Weber.
- Como é isso? Vocês tem naves escondidas no planeta? Como? Por quê? - É uma longa história Weber... - Pode começar a contar, não vou a lugar nenhum. - Quando eu digo longa, é longa mesmo, ela começa a 150 mil anos antes de você nascer, o importante é que saiba que temos como fazer a prova da qual você necessita, mas não podemos deixar essa nave cair em não erradas e isso será um segredo, não poderá ser divulgado a ninguém. - Mas o Doug vai querer divulgar alguma coisa, ele não vai mostrar nossas conversas e todo mundo vai acreditar. - Podemos fornecer outros elementos científicos, a nave não. Trata-se de uma nave orgânica, como já lhe expliquei. Ela tem uma IA que pode lhe ajudar a dirigir a nave. Há também o servo robô que poderá lhe auxiliar, vamos mandar a harmônica para você se comunicar com a nave, depois as instruções que você deve passar para ela aprender o seu vocabulário. - Estou esperando, mas porque mesmo vocês tem essas naves aqui? Net já tinha autorização dos demais para contar a historia, durante duas semanas ele contou a história resumida da passagem dos Versilis pelo planeta e a interpretação de Weber sobre o mundo que o cercava nunca mais foi a mesma.
- Esse lugar é muito bonito. - E sim Ulrich, Spirus teve bom gosto quando construiu essa fortaleza. - Acha que vai nos receber bem? Já se passaram alguns meses para eles. - Creio que sim.
Primeiro ele apontou uma arma e depois reconheceu os dois e ficou parado fitando-os tentando entender o que acontecia.Ariel quem falou primeiro.
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- Ola Spirus, tomei a liberdade de assaltar sua adega enquanto esperávamos você, temos que conversar, com você, Amarock e Dupak.
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Eles estavam comodamente sentados na sala da biblioteca de Spirus saboreando um bom vinho, haviam acendido a lareira e esperavam Spirus aparecer pela porta naquele instante, e foi o que aconteceu.
Ele ainda ficou parado olhando a figura dela, estava ainda mais bonita do que se lembrava da ultima vez e curiosamente, não portava nenhuma arma, o que lhe chamou mais atenção. Não era mais a Ariel feroz que tinha encontrado antes. O homem com ela era Ulrich, que já havia se apresentado na vez anterior, tinha uma aparência mais imponente do que qualquer Vokan que tinha conhecido. Ele se dirigiu a ele, cumprimentando-o de forma cortês: - Lorde Spirus, espero não incomodar com a visita desavisada ao seu refúgio. Ele se dirigiu a ela, e tocou o seu rosto. - Você mudou, está muito diferente e não é só externamente. O que aconteceu Ariel? Ela sorriu para ele. Ele adorava aquele sorriso. - Eu vou lhe contar tudo, mas precisamos de Amarock e Dupak para não repetir a historia várias vezes. - Desculpem a minha falta de cortesia, fiquem a vontade. Vou mandar preparar uma refeição enquanto chamo Dupak e Amarock, um jantar pode ser uma boa desculpa se estivermos sendo vigiados. - Ótima ideia. Vai adorar a mesa da casa de Spirus, Lorde Ulrich. - Obrigada por devolver a cama do quarto de hospedes, mas as caixas de vinho não voltaram , disse ele sorrindo. - Eu tomei todas. Ambos caíram na gargalhada. Amarock e Dupak chegaram uma hora depois. Foi um reencontro muito feliz entre amigos e teria sido melhor se soubessem quem era Ulrich. Amarock havia servido como conselheiro de Ulrich durante todo o tempo que estiveram na terra, eram muito amigos e Dupak era um dos sinestésicos que trabalhavam no desenvolvimento da Dragon. Spirus era comandante de segurança da Dragon, mas nenhum deles se lembrava disso naquele momento.
- Então Ariel, o que tem para nos contar? Onde esteve? O que fez? Como conseguiu retomar sua aparência, aliás melhor do que anterior e quem realmente é esse seu novo amigo?
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Terminaram a refeição e permaneceram trancados na biblioteca.
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O jantar foi recheado de novidades de Amarock sobre as buscas infindáveis de Primus, atrás de Ariel e sobre as historias que havia lido sobre as batalhas de um tal Ulrich Wodan nos livros antigos de história. Amarock parecia idolatrar o tal Ulrich.
- Calma Dupak, vamos por partes. Quando fugi da fortaleza dos Xylon eu fui parar em outro lugar que não conhecia, o lugar onde montei a fortaleza em que vocês ficaram presos. - Na borda daquela fenda imensa? - Sim. Amarock se sentou na ampla poltrona verde. - Por que Ariel, eu tenho a impressão que aquele buraco era muito mais que um buraco e seu novo amigo Ulrich é o verdadeiro Ulrich Wodan dos livros de história? - Você está certo Amarock, esse é mesmo Ulrich Wodan, na verdade ele é seu amigo, você era conselheiro dele, mas não se lembra de nada disso. Ulrich continuou: - Amarock, somos amigos a muito tempo. As fatalidades nos afastaram um do outro e agora temos a oportunidade de retomarmos nossos caminhos. Eu vou lhe contar uma história, muito longa e peço a todos vocês que prestem muito atenção e mantenham suas mentes abertas, pouco mais de setenta pessoas, entre todos os seres vivos em todas as grades que vocês conhecem é que sabem essas verdades. Ulrich falou durante três horas e meia, contou toda a historia dos Versilis e como foram parar naquele lugar, a participação de cada um deles na historia e como tudo estava andando naquele momento. Quando terminou os três estavam parados olhando para ela e Ulrich, sem saber o que falar. Spirus quebrou o silencio. - Como sabemos que o que falam é verdade. Desculpe mas é muito difícil de acreditar no que dizem, nesse instante estou mais propenso a pensar que você enlouqueceu Ariel do que acreditar na estória do seu amigo. - Podemos levar vocês para o nosso lugar na grade, podem julgar por si mesmos, disse Ariel. - Acho que vou pensar em tudo o que nos disse Lorde Ulrich, por hora penso que devem passar a noite aqui, seria impensável irem para um albergue qualquer. Onde está a sua cortesia Spirus? Mostre o quarto para os hospedes.
Eles subiram e deixaram o trio conversando na biblioteca. - O que acha Ariel, eles vão vir conosco?
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- Não precisa Spirus, eu sei o caminho, disse Ariel sorrindo.
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- Amarock tem razão, fiquem aqui essa noite, vou lhes mostrar os quartos.
- Creio que sim, Spirus sempre foi curioso, Dupak é mais comedito e Amarock não suporta um mistério. Pararam no corredor. - Onde é meu quarto? - NOSSO quarto é aqui, Ela abriu a porta e lá estava a enorme cama com dossel e troncos em forma de serpente dourada. Ele abriu um largo sorriso. Desde que Ariel havia recuperado a memória ela se lembrava que eram amantes e o tempo dentro da grade passou a ser mais interessante.
- Então, o que acham? A pergunta foi feita por Amarock. - É muita informação de uma só vez Amarock, e eu não sei como isso é plausível. É claro que faltam explicações nessa história de fenda, eu não vi a fenda de que vocês tanto falam. Mas nos estarmos em uma realidade virtual? Somos de outra raça com outra aparência? Ariel pode ter se juntado a um bando de loucos, ou ela mesma enlouquecido. - Ela parece louca para você Dupak? - Não, na verdade parece mais lúcida do que antes, e está bem mais bonita, disse sorrindo. - E esse novo amigo dela, será mesmo o Ulrich que afirma ser? - Você não gosta dele Spirus, é obvio até para mim, mas ele é mais do que o Wodan das nossas histórias, aliás nem sei mais o que é o que. - Independente disso Dupak, acho que devemos investigar, Vamos aceitar o convite deles para ir ao local, sabe-se lá aonde, em que se reúnem. Eles alegam ter provas do que falam, vamos ver as provas.
Foi para o quarto, levando uma garrafa de vinho. Não achava que ia conseguir dormir, a noite ia ser longa.
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Todos foram dormir, não antes de Spirus reforçar a segurança do local. Passou no quarto de Ariel para falar com ela, mas quando ia bater na porta ouviu a voz de Ulrich e eles riam juntos.
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- Está bem Amarock, saímos amanha de manha se eles concordarem, finalizou Spirus.
Amanhecia, Ulrich não havia dormido parte da noite e isso implicava em não deixar Ariel dormir também, o corpo dela estava de bruços, nu sobre a cama, agarrada ao travesseiro, ele a cobriu, ressonava com tranquilidade. Fazia muito tempo que não tinha aquela visão. Completamente nu veio até a janela. Seu corpo era uma perfeita escultura, era baixo para uma figura Volkan, tinha menos de dois metros, mas era uma massa de músculos bem distribuída por todo o corpo. Quando criaram o corpo humano para ele era exatamente igual ao que tinha criado na matriz. Ele descobriu que o corpo humano era capaz de sensações que o corpo versili não tinha, a melhor delas era o sexo. Wotan era famoso por sua imensa prole e suas aventuras entre as mulheres, todos os bordeis das cidadelas cantavam as suas proezas, sempre exageradas, segundo ele mesmo. Só quando estava próximo o fim da aventura deles na terra é que conheceu Ariel, gostaria que tivessem tido mais tempo juntos, mas agora estavam repetindo aquilo que não conseguiram com o seu tempo na terra, pelo menos tinha alguma vantagem dentro daquela realidade virtual. Ele sabia que não era sexo de verdade o que faziam, só os seus neurônios eram estimulados para criar a sensação, mas era muito boa, ativava diversas partes da neurologia versilis de forma mais eficiente do que qualquer treinamento neural que tinha feito antes. Para Ariel era melhor ainda, seu cérebro conseguiu melhorar muito mais, mesmo com o acidente vascular, depois que passaram a ser amantes naquela realidade virtual, Passou a apreciar os jardins criados na realidade virtual por Spirus, ninguém podia dizer que ele não tinha bom gosto. Ariel se mexeu na cama, estava despertando, ele se virou e sentou-se ao lado dela. - Bom dia senhora Ariel. Disse isso para em seguida lhe beijar e deitar-se na cama, segurando o corpo dela contra o seu. Ela suspirou e correspondeu ao beijo. - Bom dia Lorde Ulrich. - Acho que temos que nos levantar, nossos amigos devem ter algo a nos dizer.
- Temos uma hora. Ela deu um sorriso malicioso. Ele se jogou por baixo dos lençóis.
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- E??
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- Costumam tomar um bom lanche de manha por aqui, mas isso é daqui a uma hora.
Chegaram atrasados para o café. Ele ainda insistiu em tomarem banho juntos, claro que não precisavam de banho algum bastava renderizar a aparência, era só mais uma desculpa e o banho foi mais longo do que esperado.
- Eles não vão descer? - Não sei Dupak, disse Spirus de mau humor. - Calma Spirus, já estão chegando. De fato, Amarok tinha razão, ambos desciam a escada, Ariel na frente e Ulrich atrás, ambos com vestuário impecável. - Bom dia Ariel, bom dia Lorde Ulrich. - Bom dia Lorde Spirus, Lorde Amarok, Lorde Dupak Ulrich falava os seus nomes e fazia uma leve reverencia com a cabeça. - Bom dia gente! O que tem pra comer? - Ariel? - O que é Amarock? - Você acaba com qualquer cerimônia. Ulrich sorriu. Passaram a se servir da farta mesa apresentada por Spirus. Ulrich pensou que Ariel tinha realmente razão, Spirus sabia mesmo ter uma boa mesa. Como será que ele criava os sabores para estimular o cérebro àquelas sensações tão boas? Tinha que aprender aquilo depois. Terminaram a refeição e Amarock anunciou que tinham decidido ir com eles, para ver as alegadas provas do que falavam. - Então vamos. Sem aviso Ulrich aparatou todo o grupo diretamente na sala virtual do controle do sistema.
- Para com isso Net, Claro que é.
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- Eu não acho que esse seu Metallica é melhor do que o meu Twiere.
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- Weber, se a gente conseguir diminuir esse delay de vez, aí você vai ouvir o som. Fez os ajustes? - Fiz, e agora. - Agora eu acionar o buraco de minhoca que criei aqui com um coletor de hidrogênio estragado e um acelerador de partículas. Do lado da sua lua estou com outro pequenino buraquinho de minhoquinha.. e... pronto!! - Pronto o que? A reposta veio imediatamente - Sem delay cara! Eles começaram a pular pela suas salas, um na terra e outro a 22,7 anos luz dali. - Eu, não acredito! Vai ter que me ensinar a construir um negocio desses depois. Isso resolve todo o nosso problema de comunicação no espaço! - Eu sou um gênio! - Gênio coisa nenhuma, chegou Amber dizendo. Esse é o meio normal de comunicação entre grandes distancias. Bom dia Weber! - Bom dia Amber. Nesse instante o grupo de Ulrich se materializa no meio da sala. - WOW, o que foi isso ai? - Um pequeno grupo de amigos, estamos tentando resolver aquela questão da nave, para você convencer o Doug. Amber fica com você agora e eu vou para uma reunião. Até mais amigo. - Resolvam logo, meu prazo com Doug está acabando e logo eu perco esse equipamento, podemos ficar sem comunicação. - Acredite, mesmo sem esse seu equipamento rudimentar, você não vai ficar sem comunicação com a gente. O que você faria sem os seus NERD´s hein!
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Ele se retirou com o grupo.
PARTE IX O GRUPO DOS DEZ Os dez estavam de novo reunidos. Na grande sala sentados em poltronas grandes e confortáveis, estavam Pandyan, Ulrich Wodan, Lorde Krishna, Dogu, Onmics, Alice, Naa-ki, Net, Ariel e Amarock. Também se encontravam Soam, Spirus, Dupak e Amber. - Eu vi tudo o que me mostraram, Dupak e eu passamos horas testando todas as nossas hipóteses, inclusive a que de vocês são loucos. Todos sorriram. - Temos que admitir, diante das evidências, que o que falam pode ser mesmo real. Vocês dizem que possuem as minhas memórias e de todos os outros que estão na grade. - É verdade Amarock. - Então Lorde Krishna, eu gostaria de ter aquilo que me pertence de volta. - Acreditamos que sim, Alice e Soam já se encarregaram disso e dependemos de vocês para poder fazer a migração das memórias. - Agora? - Quando quiser Lorde Amarock, mas um de cada vez, é um processo longo e pode ser dolorido, já lhe contamos a nossa história e sabe o que esperar. Ele assentiu, iniciaram o processo, alguns deles se retiraram, inclusive Ariel, Spirus viu e saiu atrás dela. Ela entrou em uma sala onde preparava parte da planta da nova nave orgânica. - Ariel, precisamos conversar. - Spirus, deve ser muita coisa para você assimilar não é? Eu fiquei chocada e sai quebrando tudo no primeiro dia.
- Sente-se, eu vou lhe contar. Perto do fim da batalha na terra resolvemos mandar nossos avatares humanos para Auris 4, a batalha estava muito ruim, milhares de pessoas morriam e já tinham morrido mais de duzentos versilis. Eu era uma operadora de IA que
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Ela olhou para ele.
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- Sim, é muita coisa. Eu serei direto, qual o seu relacionamento com Ulrich? Sei que sente atração por ele, mas é só uma coisa de corpo ou o que?
de repente estava jogada no meio de uma batalha, pilotando uma nave de guerra. Eu estava apavorada, morrendo de medo, chorava todas as noites, os corpos humanos não aguentam tanta tensão, nós bebíamos todas as noites, não era raro que muitos de nós estivéssemos ébrios nos muros, atirando contra os drones. Ulrich era um Comandante exemplar, ela apoiava os seus comandados e não havia nenhum que não estivesse pronto a morrer por ele em batalha. Ele era capaz de farejar o medo de alguém a centenas de metros. Ele viu o meu medo. Uma semana antes de entregarmos os nossos corpos para serem levados para marte e assumirmos os corpos versilis, ele me viu parada em uma das muitas praças da cidadela, bebendo sozinha. Eu sabia que era uma questão de dias e estaríamos todos presos e sentenciados a morte. Não me arrependia de nada que tinha feito, mas morria de medo. Eu não tinha sido treinada para ver pessoas caindo ao meu lado, braços e pernas voando, explosões e tudo mais. Ele veio até mim, tirou a garrafa da minha mão e me olhou nos olhos. Eu estava chorando e disse pra ele: estou com medo. Ele me abraçou enquanto eu soluçava e disse no meu ouvido: eu também. Me levou para a sua casa, me deitou e me deixou dormir ali naquela noite. Na manha seguinte foi o primeiro rosto que eu vi. Ele trazia uma refeição na cama e me disse: “Coma Ariel e me escute: precisamos de você, eu também estou com medo, todos estamos; se não tivéssemos medo seriamos loucos, mas o importante é que mesmo com medo sabemos que fazemos e o que é preciso fazer. Nos trouxemos a vida a esse lugar e somos responsáveis por ela, nossos inimigos são arautos da morte e ainda que eles nos tragam a morte, nós seremos eternos pelas nossas criações e vamos defendê-la da melhor forma possível, Tenha medo, continue com medo, ele faz a gente continuar vivo, mas não viva o seu medo, você é capaz disso, eu vejo como pilota a Dragon, poucas pessoas teriam a mesma coragem.” Ficamos juntos o dia todo e ele me mostrou as maravilhas que tínhamos construído naquele mundo e pelas quais valia a pena lutar. No final do dia ele me beijou, e eu não sabia o que era aquilo, fazia pouco tempo que usava o corpo humano e não tinha noção de todas as sensações. Quando ele me beijou percebeu que eu não sabia o que fazer. Lembro que sorriu e disse: você defende a humanidade, mas não sabe usar muito bem esse corpo. Naquela noite e pela primeira vez, eu conheci o que era o prazer. Durante todo o resto do tempo que tivemos nos corpos humanos passamos juntos todas as noites e eu adorei cada minuto. Depois que voltamos a ser Versilis, ainda assim ele não deixou de ficar comigo, e não tínhamos como dar prazer um ao outro, você vai conhecer as limitações do nossos corpos quando recobrar a memória. Quando eu fui torturada pela primeira vez, pensei que ia morrer. Não ficava consciente o tempo todo, mas todas as vezes que eu recobrava a consciência era Ulrich que segurava a minha mão.
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- Foi pior do que para qualquer um. Como sinestésica de IA eu posso pegar qualquer som e traduzir em imagem, palavra, cheiro ou em qualquer sensação, eu controlo isso. Mas quando eu fui torturada eu não conseguia controlar nada, tudo foi traduzido ao mesmo tempo, pense em dor intensa sendo ao mesmo tempo um grito terrível, uma imagem que mostra o seu maior medo, uma cor que ofende completamente sua visão,
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-Foi tão ruim assim?
um odor insuportável, todas as sensações ao mesmo tempo, meu cérebro entrou em curto, sem poder controlar nenhum movimento. Meu corpo tinha convulsões que não paravam e quando parou os músculos não obedeciam por exaustão, eu tinha câimbras no corpo e fiquei jogada por dois dias sobre minhas fezes, urina e vomito, sem conseguir me mexer, sem água ou comida. Mas eu tinha Ulrich, eu conseguia olhar para ele. Nesse instante, Ulrich vem passando pelo corredor e ouve a voz de Ariel, para e escuta: ... depois de tudo era Ulrich que segurava a minha mão. Ele punha a água nos meus lábios mesmo quando eu não conseguia abrir a boca, um dia eu estava muito mal e lembro que ele me abraçou e disse no meu ouvido “por favor, não morra”. Nos dias seguintes era ele quem ficava ao meu lado. Quando eu quase morri na minha segunda seção de tortura, eu acordei no hospital e era ele quem estava ao meu lado. Durante todos os dias ele ouvia os meus gemidos de dor e não teve um dia que eu não dormisse sem que ele estivesse segurando a minha mão. Você me pergunta se eu gosto dele? Não. Eu AMO Ulrich Wodan, em qualquer corpo, em qualquer lugar e em qualquer situação, eu morreria por ele se fosse preciso. Meu corpo, minha alma tudo em mim precisa dele. A coragem dele é que me manteve viva, mesmo quando eu queria morrer e me transformou no que sou hoje. Eu o amo. Spirus ficou em silêncio. Ulrich, ouvia tudo escondido, ficou paralisado por alguns segundos e saiu rapidamente para não ser descoberto. Ele gostaria de ter ouvido uma declaração de amor dela, mas aquilo era muito mais do que jamais tinha ouvido de qualquer mulher. Ele também a amava, depois que ficou a primeira noite com ela soube que não iria querer mais ninguém. Seus olhos ficaram marejados. Ariel terminou de trabalhar, quando foi descansar chegou ao seu quarto e viu a imensa cama de toras com dragões dourados da casa de Spirus, coberta de flores, no meio do quarto iluminado com velas. Ulrich Wodan estava parado ao lado da cama, vestia somente o traje longo informal, tinha duas taças de vinho na mão e olhava para ela, era o olhar mais apaixonado que ela já tinha visto. Ela pensava que ele já tinha explorado bem o seu corpo mas naquela noite Ulrich lhe reservou muitas surpresas e ela correspondeu a altura. -------------------------------------------------------------------------------------------------------- Weber,estou te passando um arquivo, é a harmônica que ativa uma vimana específica. Você vai ter que viajar alguns quilômetros para estar perto do lugar onde ela está guardada.
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- Isso é meio complicado, você terá que ter o cuidado de fazer tudo a noite, dificilmente alguém não vai ver, mas é melhor a noite. O lugar fica nas coordenadas: 15º49’42’ S, 69º 19’03’O. Tinha o inicio de uma construção de cidade quando saímos daí, mas parece que afundaram tudo. Mandamos a vimanas se esconderem e essa está escondida no fundo do lago, é uma das vimanas menores, para passar mais despercebido. Essa
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- Recebi o arquivo. Para qual lugar devo ir?
vimana tem 50 metros de diâmetro. O arquivo tem uma instrução para que a IA te atenda. Haverá também um robô de controle na ponte, ele também fará o que for necessário, irá zelar pela sua segurança e pela segurança da nave. - Uau!! Cinquenta metros de diâmetro e essa é uma das pequenas? Será que o robô de controle não vai me atacar não? Depois de todos esses anos. - A tecnologia foi feita para durar muito tempo, não temos razão para crer que não esteja funcionando. Se algo der errado corra. - Como assim “se algo der errado corre”? - Se o robô te interpretar como ameaça ele vai te atacar. - E é isso que você me diz? Corre? E se ele me matar? - Se você correr ele vai interpretar como uma desistência de ataque e não vai te matar. - Legal, então melhor eu ir de tênis né ? - Não se preocupe, vai dar tudo certo. - Ei! Vou ter que pegar o meu passaporte, o lugar é longe.
A imagem tridimensional de Weber flutuava no salão. - Tem certeza que podemos confiar nesse humano Net? Ele vai mesmo a Wanaku pegar a Vosoko? - Foi o melhor que pude arrumar, ele é meio estranho mas acho que podemos confiar nele, Amber e Alice fizeram uma análise do perfil dele. - Fizemos, falou Amber. Ele não irá nos trair, está maravilhado com a tecnologia e fará de tudo para continuar, além do que parece estar desenvolvendo vínculos afetivos com Net, são “amigos” como ele mesmo diz. - O que nos preocupa é o segundo da lista, Doug, Ele tem ligações estreitas com diversos organismos governamentais e há um alto comprometimento nesse aspecto, uma vez que alguns desses governos parecem possuir um protocolo muito específico dirigido ao extermínio de inteligências alienígenas como forma de assegurar o planeta.
Aramock falou:
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- Não no primeiro momento. Mas pode vir a fazer isso depois que sentir suas expectativas satisfeitas. Temos que ter muito cuidado no primeiro contato com ele e com os demais.
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- Ele nos entregaria Alice?
- Temos estudado os governos de Auris 3, melhor dizendo, da Terra. Há cinco deles mas nenhum sozinho teria possibilidades reais de construir uma vimana para viajar entre as galáxias, o ideal seria conseguir um consórcio deles todos, mas essa possibilidade é remota. O planeta modificou muito a sua morfologia e a exploração dos minérios está bem espalhada. Junto com Eidon, Naa-ki e Olicha efetuei o levantamento de todo o material que temos no planeta e que poderíamos disponibilizar para os humanos. Muito do material está enterrado, teríamos que contar com as Vosokos para abrir caminho dentro da terra e do mar para acessar os nossos cofres. Temos 32 vimanas ativas, que responderam ao nosso chamado, podem existir mais que podem ser recuperadas. Há nos cofres 48 mil robôs de trabalho, 67 mil robôs de combate que podem ser também utilizados para o trabalho. O Cofre em Dwaraka tem uma quantidade imensa de componentes que podemos utilizar na nova nave. Os motores de fase podem ser retirados da Saubha Maior e da Saubha Menor, temos a localização exata de ambas. Sobre Kumari Kandam temos alguma toneladas de pedra e será o sitio mais difícil de recuperar, mas comunicadores de longa distancia estão naquele cofre. Na pirâmide do sol temos toda a estrutura de ionização de casco das vimanas e o material de forja para as ligas. Dependemos exclusivamente dos humanos. - As armas que precisamos, falou Krishna, estão abaixo das cidades das cordilheiras, as passagens não foram descobertas. Trinta canhões de plasma para a popa e proa da nave. Também há roupas de mergulho e roupas para passeio no espaço para mil homens e quinhentos versilis, mil e duzentas armas de combate leve, oitocentas drivas de tiro, duzentos robôs de combate e algumas milhares de caixas de munição. No deserto de gelo temos enterradas 1.200 ogivas leves e 100 ogivas pesadas de prótons. O sistema de radar também pode ser aproveitado do sistema de Dwaraka e da Pirâmide do Sol.
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- A espécie humana possui grandes limitações para viagens espaciais, sua vida é muito curta e o corpo não reage muito bem a alterações de pressões, disse Pandyan. Para facilitar esse aspecto da viagem acho melhor instalarmos simuladores de gravidade na nave. O organismo deles não consegue consumir todo o tipo de material e transformar em energia, há alimentação bem específica para isso, eles mesmos já desenvolveram alimentos para o espaço, mas distancias grandes podem exigir uma rotina alimentar melhorada, devemos instalar sintetizadores de alimentos na nave. Um ciclo de reciclagem de dejetos deve ser bem planejado, produzem bastante dejetos e eles podem ser reaproveitados nesse ciclo, até mesmo para criar ambientes naturais dentro da nave. Não sei como a IA de uma nave orgânica faria isso. Os ambientes devem ser amplos, o que significa uma nave bem robusta, para não criar uma sensação constante de claustrofobia e piorar a condição mental deles. Elementos virtuais conhecidos e simpáticos podem ser introduzidos no convívio, para amortecer o stress. Podemos criar robôs em forma de algum animal que seja simpático, eles gostam de cães e gatos e gastam bastante tempo com esse animais que são domésticos. Dentre as espécies adequadas na atualidade, que podem integrar a matriz orgânica da nave, encontramos uma irmã da matriz da Dragon, Há uma espécie de salamandra que vive em cavernas escuras, possui sensores muito bons, gasto de energia mínimo, acumula com facilidade a energia obtida, passa grande parte do tempo no escuro, mas subespécies podem ser levadas a aceitar a luz do sol e converter isso em energia. São anfíbias e agressivas no seu ambiente, duas espécies se revelaram boas a proteus e a proteus negra.
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- O sistema de camuflagem pode ser integrado com o que sobrou das Saubha, isso nós teremos que avaliar depois que retirarem elas do mar, asseverou Dogu.
Ariel apresentou seu relatório. - O cérebro humano não evoluiu muito desde que saímos do planeta, a configuração básica é a mesma, mas conseguem atingir níveis de sofisticação maiores do que os anteriores. Antes da guerra já trabalhávamos em uma plataforma neural para humanos, para poderem operar as Vosokos e já tínhamos testes bem sucedidos, a operação anterior era toda manual, Por questão se segurança recomendo que a nova nave tenha os dois sistemas de navegação. O mais adequado é que eles indicassem quem seria o navegador e poderíamos formatar algo específico para o modelo cerebral dele. Desenvolvemos também um modelo semi integrado, que denominamos de “sistema intuitivo emocional” a nave se liga ao navegador e interpreta suas sensações. Como não estaremos lá para ensinar acho que a nave pode ensinar o navegador e vice-versa. Os esquemas de construção já estão prontos, mas essa é a parte mais difícil, terão que pegar o material para fazer as inserções neurais e esse equipamento está em Auris 4, Marte. Temos ainda que agregar o laboratório de nano biotecnologia na nave, qualquer eventualidade na matriz orgânica terá que ser resolvida no curso da viagem, a matriz biológica original utilizada para a construção da vimana deve ser reproduzida e armazenada, eventuais bactérias ou vírus podem contaminar a IA. Sabemos pelos relatos mais recentes, que já datam de 14 mil anos, que os Edaculs desenvolveram naves orgânicas e isso pode significar que também desenvolveram armas que podem afetar essas estruturas. Não podemos prever os que vai acontecer no espaço que eles devem percorrer de 22,7 anos luz. Krishna interveio
- Alguma sugestão de como mandaremos eles para Marte, indagou Onmics.
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- Quanto ao caminho a ser percorrido Senhora Ariel, disse Lorde Amarock, será mais complicado do que imagina. Com os Edaculs possivelmente andando pela cumulo entre as galáxias temo que não podemos abrir ou fechar uma janela de salto muito perto do sistema da Terra, para não despertar suspeitas. Uma parte da viagem será feita até o meio da galáxia e deverá durar pelo menos seis mêses da terra, o primeiro salto será feito para dentro do aglomerado que os terranos denominam Híades, a 151 anos luz. Como é a grade de saída e não a de entrada que é detectada, pensamos que o fenômeno será visto com naturalidade por qualquer observador e a nave não será detectada em função das características do aglomerado. Só depois serão feitos mais dois saltos de retorno e o ultimo deverá colocar a nave entre as duas maiores estrelas do nosso sistema. Parecerá uma explosão solar comum se alguém estiver monitorando. Seus cuidados e temores não são em vão, será perigoso para os terranos.
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- Devemos desenvolver então armas baseadas em estruturas orgânicas para um eventual confronto, o que é difícil uma vez que não temos muitas informações sobre essas armas Edaculs. Acredito que o modelo do Osedax que utilizamos na matriz das Vosokos pode ser útil nesse sentido, ele consegue carregar armas biológicas para dentro das estruturas, vamos tentar desenvolver algo. Já para as medidas de segurança teríamos que ter toda a sequencia do DNA que será usado para poder analisar a mutações apropriadas, precisamos dos marcadores de ancestralidade autossômicos, dos uniparentais do mtDNA e dos os marcadores FYnull, CKMM e LPL além do sequenciamento do M60, PN2, PN3, M34, M89, M9, não sei como os humanos vão conseguir isso para nos fornecer, mal conseguem entender o próprio DNA.
- Ariel, a Dragon obedeceria a um humano? - Não Live, não há essa possibilidade, ela nunca foi dirigida por um humano, não sabe interpretar as ondas cerebrais deles, teria que ser ensinada. - Mas você era uma humana durante algum tempo que operou a Dragon! - Não, a maior parte das células que compõem o nosso corpo são versilis, que foram reorganizadas para parecermos humanos, mas não somos, e os padrões neurais reconhecíveis não são humanos Live. - Eu tenho uma ideia, disse Net. Conseguimos contatar a terra e Weber me ajudou a resolver o problema do delay. Você conseguiria mandar suas ordens, suas ondas cerebrais por meio do nosso sistema de comunicação, diretamente para a Dragon? - Isso nunca foi tentado, não planejamos isso no desenho original, mas é uma possibilidade. Amarock poderia começar a tentar com uma da Vosokos. A Dragon ainda não está ao nosso alcance, se conseguirmos pilotar uma Vosoko podemos colocá-la perto da Dragon como uma repetidora e talvez funcione, disse Ariel. - Onde você colocou a Dragon Ariel, perguntou Onmics Eles nunca tinham perguntado antes, ela sorriu. - Na fossa abissal do Pacífico, na Fossa das Marianas no ponto mais profundo e ainda não visitado pelo homem a 20 quilômetros abaixo do nivel do mar. - Mas eu estudei essa fossa, a ultima medição de data recente diz que alcançaram o fundo a 10.998 metros, disse Alice.
Todos aprovaram a recomendação.
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- Temos muito trabalho a fazer ainda, Vamos a execução das alterações propostas e o desenho dos novos esquemas. Lorde Krishna precisamos de um plano de resgate para a recuperação do nosso material e do desenvolvimento dos planos para armas biológicas. Os equipamentos humanos são frágeis, temos que conseguir alguns robôs de trabalho para iniciar e depois o próprio maquinário enterrado em Dwaraka poderá ajudar com o resto dos entulhos. Net, aqueles arqueólogos serão de muito valor nesse trabalho, gostaria que acelerasse o contato ao máximo. Acho que teremos que arriscar tudo. Ariel e Amarock tentam o contato com a Vosoko, John Anderson Smith é o nome da relação que parece ser o navegador de naves, podiam tentar começar a conversar com ele e ver se os padrões neurais dele podem ser aproveitados. Depois que sairmos dos casulos podemos pegar o que há nos nossos estaleiros. Há um a três anos luz daqui com muitas vimanas quase acabadas. Vamos nos entender com os Edaculs. Essa é a minha recomendação a esse Conselho. Como votam os seus membros?
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- Sim, mas há lugares mais profundos e desconhecidos que não foram explorados. A Dragon está segura no momento.
- Há ainda uma outra questão. Lorde Spirus conseguiu acesso ao sistema externo de vigilância, teremos que fazer o levantamento dos nossos recursos nesse planeta, há depósitos imensos de armamentos e robôs. Talvez exista alguma coisa que possamos usar. Quem poderia ajudar nesse levantamento? Naa-ki, Soam, Amber e Dupak se ofereceram. - Agora, como conseguiremos o DNA de um proteus para definir as medidas de segurança adequadas? Ulrich quem falou: - No laboratório da pirâmide do sol tínhamos um equipamento para fazer o sequenciamento e análise de DNA. Uma análise dessas seria feita em poucas horas. No inventário que tenho do cofre há um equipamento desses que não havia sido posto em funcionamento ainda. Acredito que os outros foram destruídos ou retirados depois da guerra, podemos ensinar os humanos a operar o equipamento, recolher os dados e nos passar, Lorde Krishna poderia usar esses dados. Temos que abrir o cofre que está sobre algumas toneladas de pedra, mas creio que conseguimos isso com ajuda de robôs de trabalho. - Trago a recomendação de Lorde Ulrich para o conselho, afirmou Onmics. Todos aprovaram. A reunião foi encerrada
- Ai meu Deus, que falta de ar desgraçada, devia ter tomado um chá de coca. Como eu fui me meter nisso! Uma voz saiu do aparelho que ficava na altura do ombro - Conseguiu chegar? Tem que chegar e levantar sua tenda antes de anoitecer, senão você congela. - Droga Net. Esse frio não é fácil e eu não sei falar espanhol! - Não é espanhol, eles falam Quéchua. Não é possível que você mora no planeta e não sabe a língua que eles falam!
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Agora tinha que ir para o lugar certo, acampar e emitir o sinal e esperar a nave, ou a morte se as coisas dessem errado. O local era imenso, tinha 150 mil metros quadrados. Não era um lugar de mergulho apropriado, descer ali no fundo podia matar um homem.
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A respiração dele estava ofegante. O frio naquela época do ano era muito forte e estava a três mil oitocentos e dez metros de altura. O lago era imenso e pelo que pode saber, toda a população comentava de esferas luminosas que rondavam o lago durante o dia ou a noite, mergulhando dentro dele. Havia realmente uma cidade submersa, como eles haviam dito.
Quando a tarde se iniciou ele já tinha chegado ao local. Carregar a barraca,mantimentos e aquele pesado dispositivo de comunicação que Net tinha ensinado a construir tinham deixado aquele negro de um metro e oitenta exausto. Não tinha tempo para pensar, tinha que armar o acampamento o mais rápido possível. - Net, eu cheguei, vou armar a barraca e os equipamentos, Em seguida inicio a transmissão. - Certo, está tudo calmo por aí? Tem gente nas proximidades? - Você está de brincadeira? Quem pelamordedeus vem nesse inferno gelado a essa hora? Ele armou a barraca, ligou um aquecedor e começou a transmitir o sinal. Era 16h45minh do dia 23 de julho de 2012. Nunca mais ele ia esquecer disso. O sinal ficou se repetindo por horas, ele tentou conversar com Net, mas ele disse que estava ocupando tentando convencer um tal de John, sobre a existência deles. As 02h45min da madrugada a água do lago começo a trepidar, a duzentos metros da margem o fundo começou a se iluminar e em segundos um movimento enorme de água se fez molhando Weber completamente, e na sua frente apareceu suspensa no ar uma esfera luminosa de 50 metros de diâmetro, era absolutamente silenciosa. Sem aviso “braços” saíram da esfera e o puxaram, ele imaginou que ia ser lançado diretamente sobre o casco da nave, mas uma abertura se fez e se fechou atrás dele na mesma velocidade. Caiu no chão, completamente molhado. Quando parou de tremer de medo ele olhou ao redor e estava em uma sala semicircular, com painéis que mostravam gráficos, sinais luminosos, escritas que não conhecia. Não havia botões ou forma de mexer nos mecanismos. Quando ia se aproximar de um painel uma figura de dois metros e meio de altura, completamente prateada, parecendo toda feita de metal surgiu do nada e se colocou a sua frente. Ele prendeu a respiração. Vista de mais perto o metal parecia mercúrio líquido e tinha movimento próprio. Sons incompreensíveis saíram da figura. Ele pensou que se fosse para ser atacado isso já teria acontecido. Deu alguns passos para trás e tentou falar, a voz saiu meio esganiçada. - Oi..eu sou Weber.
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- Inglês. Matuma, Weber. Pesquisador de radiotransmissão enviado por Lorde Amarock. Seja bem vindo a bordo da Vosoko. Suas roupas estão molhadas deseja trocar seus trajes? Seria mais adequado e seguro.
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Uma voz harmoniosa veio da figura.
Ele sentou no chão e não sabia se ria ou chorava. Nunca tinha passado tanto medo na vida, ou pelo menos era isso que pensava até aquele momento. Respirou fundo e respondeu - Sim, obrigada. Eu gostaria de trocar as roupas. - Acompanhe-me Dr. Matuma. - Pode me chamar de Weber. Ele estava começando a gostar do prateado. - Acompanhe-me Dr. Weber. A parede lisa se abriu e pela abertura se viam corredores pequenos. Foi levado a uma sala ampla onde diversos armários continham trajes. Trajes espaciais!! Ele vibrou. Ia colocar um traje espacial pela primeira vez na vida. - Esse deve ser mais adequado ao seu tamanho. Necessita de instruções para vestir? - Sim, eu gostaria que me ensinasse. O androide o ensinou a vestir o traje. - Você tem um nome, ele perguntou para o androide. - Me chamam controlador de segurança. - Posso te chamar só de CS? - Como desejar. - Não deveríamos sair da borda do lago? Alguém pode nos ver. - Não estamos na borda do lago Dr. Weber, estamos em orbita estacionária a 35.786 mil metros do nível do mar. A nave decolou assim que veio a bordo, conforme as instruções de voo recebidas de Lorde Amarock. Ele ficou lívido.
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- A Vosoko tem uma camuflagem especial para dissimular sua passagem. Ninguem vai nos ver. Há um sistema de compensação inercial para simular a gravidade da terra e compensar os deslocamentos e um isolamento acústico para permitir que não se ouça barulhos, de forma que não sentiu a propulsão ou barulhos de deslocamento. Pode ver a orbita em que nos encontramos se voltarmos para a sala de controle, siga-me.
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- Como assim? Ninguém vai nos ver? Como não senti nenhuma propulsão, pode me mostrar isso?
O androide caminhou e uma nova abertura se fez na parede, atravessaram um corredor e estavam na sala inicial. As paredes da nave não pareciam paredes, eram similares a uma casca dura e lisa emitindo um brilho azulado, em alguns lugares era de um azul muito escuro e luminoso. Mais tarde iria saber que esses pontos indicavam as portas de cada local. Ao chegar na sala duas imensas poltronas estofadas e com uma grande quantidade de controles emergiram do chão. - Sente-se Dr. Weber. Ele se sentou. - Como podemos ver o espaço? No momento seguinte a frente do semicírculo do comando ficou transparente. Ele segurou fortemente nos braços da cadeira. O espaço se abria completamente na frente dele, a terra azul e imensa estava bem na frente. Seus olhos se encheram de lágrimas, toda a sua vida tinha sonhado com aquilo. Viu diversos satélites orbitam no mesmo nível. Ok Weber, recomponha-se, ele pensou. Respirou fundo. - Como fica transparente? - A nave manipula os fótons através de um reprocessamento iônico. O que se vê como matéria, dentro do espectro de luz que a visão humana alcança, é só uma parte da realidade. Humanos tendem a crer que o que é transparente não é solido ou existe exatamente na forma que eles percebem pela sua visão. Isso não é verdade. O casco da Vosoko continua existindo da mesma forma mas o DNA do Osedax utilizado permite que pequenos folículos captem os fótons e transportem, através da forte proteção do casco da Vosoko, exatamente a imagem que temos lá fora. - Qual o combustível? - Não estou autorizado a lhe fornecer essas informações. Lorde Amarock me disse que indicaria um segundo passageiro que deveria participar da viagem pelo planeta. Onde pegamos esse passageiro? - Primeiro me diz, você também pode ficar invisível? - Posso carregar um pequeno campo de camuflagem, mas ele tem somente duas horas de autonomia.
Tiveram que cruzar os céus da Inglaterra, mas isso não era nada para uma Vosoko.
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Weber passou a detalhar o local e o plano para pegar o passageiro uma vez que ele não viria voluntariamente.
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- Serve!
A campainha tocava insistentemente. Olhou para o relógio, eram 03h50min da manha. Quem seria naquela hora? Doug Vithor Naz, vivia sozinho desde o divórcio, faziam três anos. Não tinha filhos e a mulher levou o cachorro, junto com as duas casas, três carros e uma gorda pensão. Sua casa era uma bagunça, papéis jogados para todos os lados, livros empilhados pelos cantos da sala e até no banheiro. A cozinha parecia uma pocilga com a pia coberta de restos de pizza e comida congelada, latas de cerveja vazia estavam sobre os móveis que ele não fazia questão de limpar. Uma vez por mês pagava uma pessoa para fazer a limpeza, era a única vez que a casa de Doug era limpa. Seu único cuidado era com a aparência pessoal, como tinha que frequentar rodas sociais e buscar fundos para o seu trabalho, sempre tinha um bom terno limpo e um par de sapatos apresentáveis. Logo ele não iria mais usar essas roupas, mas ele ainda não sabia disso. Levantou cambaleando em direção a porta da casa. - Merda!! Tinha acabado de tropeçar em uma pilha de livros e derrubou alguma coisa que se quebrou. Acendeu a luz e viu um vulto estranho do lado de fora. Olhou e viu Weber Matuma, em uma roupa estranha com um sorriso imbecil no rosto. O que aquele lunático estava fazendo na porta da sua casa naquela hora? Devia estar bêbado de novo. Abriu a porta. - Ola Doug! - Que merda é essa Weber? Bater na minha casa a essa hora da madrugada e que merda de roupa é essa que você está usando? - Vim para conversarmos sobre a questão de saturno. - Você ficou maluco? Vir na minha casa a essa hora pra discutir por conta de um bando de nerd´s de merda que invadiram seu computador? Eu te dei mais seis meses e você não me apresentou nada. O projeto está encerrado e não tem história, e se você vier bêbado pra porta da minha casa de madrugada de novo está fora do projeto todo Dr. Weber, fora da minha casa agora! A ultima frase já foi dita aos gritos e empurrando Weber que continuava sorrindo.
- Sai, sai agora, você e esse seu amigo surfista prateado, ou eu chamo a polícia Weber.
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Por trás dele surgiu o androide de dois metros e meio de altura, todo prateado. Doug deu um pulo para trás. Mas logo de recompôs.
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- Eu sabia que não teria outra forma. CS, apareça.
Ele tirou de dentro do traje uma espécie de arma. Atirou contra uma pilha de livros que se desfez na hora. Doug afastou assustado. - Calma Weber, calma, o que é isso? - Você vem comigo Doug, agora. Tenho uma coisa para te mostrar, que veio de muito longe. Ele não viu opção e os acompanhou. Duas horas depois Doug Vithor Naz estava completamente desperto, mais do que esteve em toda a sua vida.
O Conselho se reunia novamente. - O humano Weber conseguiu se integrar com a Vosoko, conforme o planejado. Também conseguiu convencer o outro humano Doug Naz a participar do nosso empreendimento. Eles acreditam que de qualquer forma devemos ter a colaboração das autoridades planetárias e que não haverá meios de construir uma nave sem essa colaboração. - Amarock, como os humanos pretendem conseguir a participação dessas autoridades, perguntou Onmics. - Alegaram que irão “chamar a atenção” para os fatos. - Permita então que sejam os nossos embaixadores, vamos ver como se saem. Instrua-os a promover as ações para contatar as autoridades.
Ele gargalhava.. - Eu sempre quis fazer isso. Sobrevoavam o norte do estado do Texas, três caças norte americanos os seguiam de perto e se posicionaram um sobre a Vosoko e os outros um de cada lado. Na ponte da Vosoko ouviam: “você está sobrevoando o espaço aéreo norte americano sem autorização desça ou será forçado a isso” - CS, vamos ver esses caras de perto.
Doug levantou o dedo em um gesto obsceno. A Vosoko acelerou e os caças não conseguiram acompanhar.
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- Isso bebê, chega mais perto.
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A frente do semi circulo da ponte ficou transparente, Os pilotos dos caças olharam assustados de dentro dos seus caças e se afastaram um pouco para depois chegar mais perto.
Fizeram a mesma coisa em Londres, Rio de Janeiro, Tóquio, Moscou e Berlim
- Essa é a filmagem que os caças da Base Aérea do Rio de Janeiro fizeram em perseguição a um avistamento, disse o Brigadeiro Arthur. Estavam em Brasília no Conselho de Segurança Nacional. O filme mostrava um grande objeto esférico, uma parte do objeto ficava transparente e dentro haviam dois homens, um branco e um negro com uma figura humanoide muito grande toda prateada. Uma aproximação da imagem exibia o branco mostrando o dedo em sinal obsceno e o objeto partia em velocidade. - Nossos caças não conseguiram acompanhar o objeto e o nível de aceleração imprimida teria partido os homens dentro do objeto ao meio, mas esse mesmo objeto, horas depois, foi avistado em Tóquio, Berlim, Londres, Moscou e no interior do Texas, nos Estados Unidos. A ABIN informa que os mesmos indivíduos fizeram a mesma coisa nesses lugares quando foram acompanhados pelas forças de segurança aérea, arrematou o Brigadeiro. - Essas pessoas foram identificadas? Perguntou o Comandante das Forças Armadas. - Sim Excelência. Dois norte-americanos Doug Vithor Naz e Weber Matuma. Enquanto falava o dossiê dos dois era distribuído aos membros do Conselho. - O primeiro é astrônomo, doutorado em astrofísica e PHD em astronomia com teses de descobertas de planetas de baixa metalidade. O segundo também doutor e PHD, tem formação em física de partículas e ambos estão envolvidos no projeto do SETI para a prospecção de emissões de rádio em busca de vida extraterrestre. - Devemos supor que não se trata de uma ação norte-americana. Os norte-americanos não iriam se expor dessa forma. Esses dois não são pilotos de teste, e se fossem não iriam fazer isso, um gesto obsceno. -General, cremos que não se trata de uma iniciativa norte-americana, até porque fizeram a mesma coisa no Texas, ainda não sabemos do que se trata. O General Abimael olhou para o vídeo parado.
- Podemos só especular General, mas não há como saber. A questão é: o que fazemos com essa informação, disse o presidente do conselho.
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- Posso sugerir a interpelação do governo norte americano, por fontes oficiosas, afinal são dois cidadãos estadunidenses, se o vídeo for veiculado acidentalmente poderá
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- Esses indivíduos caçam sinais de aliens. Lhes parece que esse objeto seja uma construção de algum governo? E o que é o surfista prateado de mais de dois metros ao lado deles?
parecer invasão do espaço aéreo e colocará os americanos em uma saia justa diplomática, falou o Brigadeiro. - Vamos buscar mais informações e depois vamos interpelar os americanos. A reunião foi encerrada. Em Tóquio, Moscou, Berlim, Londres e Washington estavam acontecendo reuniões parecidas.
Peterson James Walton estava no seu terceiro casamento, e já tinha prometido que não haveria um terceiro divórcio. Faltavam apenas três semanas para ser substituído na função, estava cansado de cuidar daquela tralha toda que lhe tomava todo o tempo que tinha. Trabalhar na força tarefa para vigilância espacial era uma droga. Significava ouvir e analisar cada relato de um avistamento, normalmente feito por drogados, bêbados, mulheres histéricas de meia idade, gente que acreditava que os aliens eram deuses encarnados e coisas assim. Porque gente lúcida não vê alien, ele se perguntava. Em todos os anos que trabalhava ali eram raros os avistamentos verdadeiros. Estava no banheiro quando alguém entrou na sala lhe chamando. Saiu arrumando as calças. - O que foi? - Um avistamento senhor. - Anderson, se cada vez que tiver um avistamento você me tirar do banheiro, certamente nunca mais vou mijar. - Isso é diferente senhor. Temos um vídeo que os caças fizeram. Ele se sentou e assistiu o vídeo. Quando terminou ele ainda ficou um tempo parado, sem dizer nada. Anderson não quebrou o silencio, já estava acostumado àquele inside faziam dez anos. - Já identificaram os dois palhaços do vídeo?
- O que há de comum entre eles?
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Ele abriu e viu a foto dos dois e a formação.
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- Sim senhor, são Doug Vithor Naz e Weber Matuma, disse colocando os dossiês sobre a mesa.
- Trabalham juntos pesquisando radioemissões espaciais em busca de vida alienígena inteligente. - Prendam esses dois palhaços, tragam para cá. Revirem a casa deles, pegue tudo o que acharem e comecem a me dar informações, Anderson estava parado em frente a mesa. - AGORA ANDERSON! E me trás um café. Essa noite promete ser longa Anderson saiu as pressas. Isso poderia ser interessante, dois cientistas. Do tal Weber não tinha ouvido falar, mas Doug Naz era famoso no meio, e sempre levado a sério mesmo pelos mais céticos. Era tido como um profissional competente que analisava profundamente cada fenômeno, era famoso por descartar e desmistificar possíveis “contatos”. O que Doug Naz fazia naquele objeto e quem era aquela figura prateada imensa.? Cinco minutos depois Anderson chegou com um copo quente e grande de café, com algumas rosquinhas, ele sabia que Walton gostava de rosquinhas. - Senhor, chegaram informações da inteligência de que os mesmos avistamentos aconteceram posteriormente no Rio de Janeiro, Londres, Berlim, Moscou e Tóquio. Colocou os relatórios sobre a mesa. - O que? O que esses idiotas estão pretendendo? - Dois grupos já saíram para a casa de Doug Naz e de Weber Matuma, vão recolher os elementos necessários e ficar de tocaia para pegar os suspeitos. - Suspeitos de que Anderson? Violação do espaço aéreo? Até a minha avó faz isso. Quero saber que objeto voador é esse e quem é esse surfista prateado que acompanha eles. De acordo com o relatório a nave disparou em uma velocidade incomum. Diz aqui “com uma força inercial decorrente que partiria um homem ao meio”, A pessoa que assinou esse relatório não sabe física pois eles foram vistos depois ou, o que parece mais provável, as leis da física não se aplicaram ao caso para os Drs. Doug e Weber e isso é o que nos interessa.
Eram cinco horas da manha do dia 28 de julho de 2012. Os dois vinham caminhando pela rua, por baixo da roupa os trajes espaciais, disfarçados por enormes sobretudo. Riam como crianças e nunca estiveram tão felizes na vida.
- Será que os governos do planeta irão se unir finalmente?
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- Doug, vamos ficar famosos. Somos embaixadores dos Versilis agora.
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- Meu amigo, esse foi o melhor dia da minha existência. Tudo aquilo que eu sonhei.
Weber não chegou a responder, foram ofuscados por um farol alto, rapidamente cercados por homens armados e encapuzados que os detiveram, algemaram e colocaram vendas sobre suas cabeças e os obrigaram a entrar em um carro. Weber e Doug protestaram bravamente até que um deles encostou o que parecia um cano de revolver na cabeça deles e mandou calar a boca. Acharam mais prudente ficarem quietos. Não sabiam onde estavam quando tiraram as vendas e as algemas. Os levaram por corredores amplos e foram colocados em uma sala, claramente de interrogatório, onde ficaram esperando. - O que vão fazer com a gente, gritou Doug. - Sabemos que estão ouvindo, o que vocês querem? Nenhuma reposta veio e depois de um tempo que pareceu longo para eles dois homens grandes e armados, com roupas militares abriram a porta e um outro, magro e alto, vestindo um terno azul escuro impecável entrou com um copo de café na mão. - Dr. Doug Naz, Dr. Weber Matuma, muito prazer. - Quem é você? - Eu não sou ninguém Dr. Doug. - Quem são vocês e onde estamos? - Não somos ninguém e você não está em lugar algum. Tenho uma perguntas sem respostas e acredito que os senhores possam me dar essas respostas. Ele abriu um pequeno net book na mesa e exibiu o filme do voo, terminando com Doug mostrando o dedo. Os dois sorriam. - Acham isso engraçado? Então foram mesmo vocês. Agora me digam, o que diremos ao governo da Rússia, Japão, Inglaterra, Alemanha e Brasil quando identificarem que dois cidadãos norte americanos em um dispositivo de voo desconhecido, invadindo o espaço aéreo de outro país, estavam fazendo gestos obscenos para os militares? - Diga a eles que somos embaixadores Versilis disse Doug.
Eles falaram, contaram sobre o contato de saturno, os versilis, os dispositivos que ajudaram a construir e sobre a Vosoko, mas sem dar os detalhes da nave e que os
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- Essa noite vai ser longa, comecem a falar.
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Walton suspirou fundo, puxou uma cadeira, pegou o café, olhou para os dois e depois disse:
Versilis queriam falar com os governos do mundo pois precisavam de ajuda para construir uma máquina. Walton ouviu tudo impassível, sem perguntas, sem aparentar surpresa. Quando eles terminaram com um sorriso no rosto falando que eram embaixadores dos Versilis, Walton se levantou. - Vocês são mais idiotas do que eu imaginava. Acham mesmo que vamos acreditar nisso. Melhor começaram a falar a verdade ou descobrirão que as coisas podem ficar muito ruins para vocês. - Acha que tenho medo de você Senhor Ninguém? - Não Dr. Weber, não acho, mas vai ter quando estiver meses em uma cela sem ninguém no mundo saber onde está, lhe garanto que vai ter. Tirem a roupa. - Isso é um ultraje! Não vou tirar minha roupa. Ambos passaram a protestar. - Estão vendo aqueles dois armários armados que estão lá fora? Se não tirarem a roupa eles entram aqui e tiram de vocês. As vezes eles ficam excitados com isso e não dá pra segurar eles... Ele saiu e ouviu os dois se despindo. Sorriu, precisa examinar aqueles trajes, nunca tinha visto nada igual. Mandou que deixassem dois novos trajes para os dois e que os colocassem na mesma cela, Eles estavam sendo gravados, cedo ou tarde diriam alguma coisa e havia muito material na casa de ambos para ser examinado. - Anderson! - Senhor? - Temos alguma coisa do material da casa deles? - Sim senhor, e devo dizer que o material colhido na casa do Dr. Weber é significativo. Colocou tudo sobre a mesa dele. Walton passou horas vendo as gravações de todas as conversas de Weber com os Versilis, quando ele terminou chamou Anderson.
- Diga somente essas palavras: “cisne negro”
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- Mas senhor, como?
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- Marque uma reunião com o Secretario de Segurança Nacional, hoje ainda.
Três horas depois ele era chamado ao gabinete de guerra.
- Ao que parece os terranos não foram muito gentis com os nossos emissários. Eles os mantém sob custódia em lugar “secreto”. A Vosoko localizou as instalações e nos mandou uma análise inicial da segurança e da planta baixa. - Qual sua recomendação Lorde Amarock? - Net já conseguiu a tripulação para a Vosoko 1 e 3, nossos embaixadores estavam na Vosoko 2. Minha sugestão é não permitir essa infâmia contra os nossos enviados. Devemos fazer um resgate pacífico daqueles que nos ajudam e mandar uma nova mensagem, parece que os humanos não levaram muito a sério as nossas mensagens Lorde Onmics. - Quem tripula da Vosoko 1 e 3. - A Vosoko 1 está com John Anderson Smith e Lia Mei Bo Shang, a Vosoko 2 está com Darpak Udit e Miriam Stern, os demais ainda estão em fase final de contato Lorde Krishna, disse Net. Lorde Amarock continuou: - Em mais dois dias teremos mais duas Vosoko com tripulação, achamos uma arqueóloga e pesquisadora marinha que se adapta ao nosso perfil: Maria Eduarda Rodrigues Silva ela será a ultima tripulante. Nossa base submarina ainda pode ser usada, alguns desabamentos aconteceram, mas os robôs de trabalhos já liberaram a maior parte da base, estamos guardando as Vosoko naquele lugar. Ainda faltam ser localizadas 12 vimanas, A medida que falava as imagens iam aparecendo, um perfil da arqueóloga, fotografias tridimensionais, o esquema da base e as partes afundadas, os lugares recuperados e os em uso. - Como pretende fazer o resgate pacífico dos nossos embaixadores Lorde Amarock. - John Smith nos deu algumas ideias, faremos o seguinte.... Amarock passou a falar sobre os planos de resgate. Todos aprovaram os planos. _____________________________________________________________________
Entraram na cela, tiraram os dois e retornaram para a nave.
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John Smith adaptou os escudos de camuflagem para a figura humana, entraram pelo ar, sem serem detectados. O CS os levou flutuando por cima da cabeça dos soldados, as travas de segurança e códigos foram coisas fáceis de serem resolvidas pela Vosoko.
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No momento em que Walton estava como secretário de estado, a base da força especial estava sendo invadida, mas ninguém percebeu nada.
- Como você nos descobriu CS? - Desculpe Dr. Weber, mas eu não lhe conheço, deve estar me confundindo com o controle de segurança da Vosoko 2. - Eles pegaram os nossos trajes! - Nós os pegamos de volta, disse John entrando com Mei logo atrás. Prazer John Smith e essa é Lia Mei, nos somos os tripulantes da Vosoko 1, vocês são os embaixadores e tripulantes da Vosoko 2, ainda vão conhecer os tripulantes da Vosoko 3. - Então são várias!! Quantas são? - Eu não sei Dr. Doug. - Pode me chamar de Doug. - Eu não sei Doug, mas vamos para a base submarina e de lá receberemos a novas instruções dos Versilis. - Como vocês se juntaram a eles? - É uma longa história, assim como deve ser a sua, teremos bastante tempo para conversar. Tivemos que descamuflar, temos 20 caças nas nossas costas, e atirando.A nave oscilou um pouco. - Os projéteis não conseguem ofender o casco da Vosoko senhor, mas devemos economizar energias, disse o CS. - Abra um canal de comunicação, disse John sentando em uma das grandes poltronas de comando. Aqui é o comandante John Anderson Smith da Vosoko 1, nave da armada Versilis. Viemos em paz para o resgate de nossos embaixadores. Se puderem parar de atirar agradeceríamos, até porque seus projéteis não fazem efeito na nossa nave, poupem munição meninos. Estou passando uma frequência exclusiva para conversarmos, voltamos em 48 horas, se quiserem sinalizem dentro da frequência em 48 horas. Desligando. CS, em frente, vamos sair daqui. A nave disparou e os caças não puderam acompanhar.
- Senhores, poderiam me ouvir um pouco.
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Walton sentou calmamente, pegou o seu café e ficou vendo a confusão. Pegou um copo da mesa e jogou no chão, o copo se despedaçou. O barulho chamou .a atenção de todos os demais.
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A sala tinha virado um inferno, todos falavam ao mesmo tempo, na tela a foto da nave e de Doug Faz, Weber Matuma, John Anderson Smith e Lia Mei Shang.
Todos se sentaram - Eu não sou uma autoridade em contatos alienígenas e acho que aqui ninguém é, vocês assistiram a todos os vídeos das conversas do Dr. Weber com essas criaturas. Viram a nave deles e não conseguimos nem chegar perto de analisar parte da tecnologia que eles passavam para o Dr. Weber. Parece que os chamados Versilis tiveram bastante tempo para convencer o Dr. Weber e vários outros a se juntarem a sua causa, que não sabemos qual é. A ultima mensagem é que querem conversar, pois bem, minha sugestão e conversarmos com eles. - Do que você está falando? É o responsável pelo ataque a nossa base, manteve os tais embaixadores deles preso, a revelia da lei e .... - Ora, cale a boca Richard! Todos sabemos que depois de 11 de setembro temos operado de forma muito ofensiva, inclusive você, e estamos tratando e alienígenas, queria que ele estendesse o tapete vermelho para eles, perguntou o Ministro da Segurança. - Ministro, como devido respeito. Acho que devemos estender o tapete nesse instante para sabermos o que querem. Já demonstraram que são tecnologicamente superiores a nós e estão nos monitorando a alguns anos, segundo os relatos dos vídeos da casa do Dr. Weber, eles estão operando anonimamente na rede internacional de computadores para aprenderem nossos hábitos. Devemos conhecê-los mais de perto. Há uma outra coisa, a mesma mensagem foi mandada para outros governos, se não conversarmos com eles, alguém o fará. Nisso todos concordaram que Walton estava certo. -------------------------------------------------------------------------------------------------------- John, acha mesmo uma boa ideia coloca-los no salão de comunicação. Com os CS, robôs e tudo mais? - Mei, nossos governantes não parecem muito convencidos sobre os Versilis, acho que um pouco de opulência pode deixa-los mais impressionados. Doug vinha entrando. - Negociei com o governo brasileiro. Temos Akahim para usar. Expliquei sobre a reunião, pedimos apoio e em troca, damos tecnologia. - O que vamos dar?
Ele começou a rir.
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- Você é um benemérito Doug.
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- Querida Mei, um processo simples de fabricação de remédios que potencializa o medicamento da AIDS e o resultado de duas marcações genéticas para o câncer.
-John, pode mandar a segunda mensagem. Acho que os nossos amigos vão andar de barco e muito pelo mato.
- O que é isso exatamente Walton? O secretario de segurança segurava um papel com coordenadas na mão. - São as coordenadas do local: 0º48´24”N 66º0º18”O, querem um encontro nesse local, passaram a transmitir ontem, na faixa que indicaram. Todas as nações contatadas receberam as mesmas coordenadas. - Onde fica isso? - Essa é a parte complicada. Fica no Brasil, mais especificamente na maior montanha que eles tem por lá e no meio da floresta amazônica, é quase inacessível. - O QUANTO inacessível? - O lugar é chamado “Pico da Bandeira”, tem 2993,78 metros de altura. Para chegar tem-se que sair pela cidade de Manaus, subir um rio chamado Cauaburi, por 800 km, chegar a um outro rio chamado Tucano e entrar em contato com uma tribo de índios em Matucará. Depois são quatro dias de caminhada pela selva, andando 4 a 5 horas por dia. - Não dá pra ir mais rápido? - Pela selva, não. É muito difícil caminhar dentro da floresta amazônica, as condições climáticas não nos favorecem, a fauna é selvagem e não há lugares próximos para pousar, a mata é fechada, mesmo com nossos V/STOL. - Mandamos gente na frente abrimos um local de pouso. - O lugar é de uma tribo de índios, o governo do Brasil não autoriza nenhuma espaçonave no local e diz que qualquer tentativa será considerada invasão do espaço aéreo e a unidade será abatida. Mas ofereceram barcos e escolta de soldados treinados para a selva. Podemos levar até cinco dos nossos se quisermos.
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- Parece que os embaixadores Versilis fizeram um acordo com o governo Brasileiro antes de divulgar o local do encontro. A área tem 50 quilômetros do perímetro já tomada de soldados, eles mobilizaram quase todo o contingente da região para fazer a escolta dos Versilis. Os índios da região se reuniram e esperam a volta dos “deuses”, já estão comemorando a uma semana, antes mesmo de o governo brasileiro fazer o acordo, ninguém sabe como ficaram sabendo. Há uma lenda local de que os deuses alienígenas teriam construído uma cidade oculta, com o nome de Akahim no local e que quando retornassem um determinado artefato anunciaria a chegada dos deuses com um alto som. Há grande movimentação de índios na região e eles foram instruídos a não permitir soldados estrangeiros. Sabia que o exercito brasileiro mantém unidades formadas só por índios naquela região? A Base Aérea de Manaus recebeu reforço aéreo
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- Uma unidade pequena de elite não pode chegar antes ao local?
das unidades do Rio de Janeiro e São Paulo, talvez seja difícil ate para a Vosoko dos versilis passarem, de tanto avião no céu. - Não vou colocar meus homens em risco desnecessário secretário. - Eu compreendo General. Walton, prepare todo o equipamento de vigilância, quero encontro filmado, fotografado e documentado da melhor forma, aliás, você irá na comitiva. Eu vou informar o presidente. E acho que vou ouvir diversas perguntas sem respostas. Nosso pessoal de campo, acredito que está a postos para qualquer eventualidade? - Todas as aeronaves a postos. Mobilizamos um dos nossos porta aviões o mais próximo do golfo. Nossas bases na Bolívia e Venezuela também estão de prontidão e estão sendo reforçadas por mais aviões de combate. - Alguma movimentação no local? O que mostram os nossos satélites? - Nada secretário, só a movimentação dos soldados, caças brasileiros e índios na região. - Senhores, acho que não estaremos prontos nunca para isso, mas vamos ter que fazer o PRIMEIRO CONTATO.
- Net, fizemos o melhor possível. A sala de comunicação ficara com pelo menos umas duzentas pessoas. Conseguimos recuperar quinhentos robôs de combate, para uma eventual surpresa, não confio a maioria das pessoas que estarão aqui. Colocamos o projetor do holograma como pediu, Os convidados poderão ver todo o Conselho Versilis. - Contatou os índios da região John? - Sim, Mei falou com eles. Acredite, eles ficaram eufóricos com a volta dos deuses. Quando virem o que vem do céu será um acontecimento. Estão em festa a uma semana. - Mandaremos na hora da conferência informações tecnológicas como demonstração de boa-fé em sua espécie. Peça para que Solomon ou Darpak multipliquem a mídia para que possam levar para seus governos. - Será feito. Agora vamos falar do plano B. - Plano B?
- Eles vão escavar a montanha toda para entrar Net. - Acredite John, eles podem escavar a montanha inteira, mas não vão entrar.
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- Logo depois da reunião fecharemos novamente Akahim se não quiserem cooperar. Em caso de cooperação manteremos o lugar aberto para continuarmos a nossa comunicação.
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- É, se o plano não der certo, o que faremos?
- E nós nos retiramos para a fortaleza no mar? - Sim, mas seja positivo, como diz Weber, vai dar tudo certo. - Alguém falou meu nome? Net!!! Que bom te ver, estamos todos trabalhando para fazer a coisa acontecer, vamos ver como os nossos amigos vão se comportar. E os esquemas da nave? Já estão prontos? - Não, Lorde Krishna ainda aguarda o final do sequenciamento do DNA do proteus para poder adotar as medidas de segurança. Avran Geltschimidt está terminando, ainda levará um tempo, mas há peças que podem ser construídas separadas e depois integradas ao modelo final, confio que vocês possam fazer essas peças. - Vamos fazer amigão!
Quando ele viu aquilo pela primeira vez ficou sem fôlego. Não tinha como imaginar alguma coisa daquele tipo, nem na sua melhor fantasia. Era absurdamente gigante, toda dourada e parecia viva. Com 500 metros de diâmetro e um quilometro e meio de comprimento era o maior dispositivo de voo que havia visto na vida toda. Era impossível olhar para a Dragon sem ficar impressionado. Quando a viu pela primeira vez no fundo do mar ela estava muito distante e parecia uma serpente marinha gigante e dourada, com a aproximação ele perdeu o fôlego, ele e todos os que estavam com ele. Já haviam 100 homens convocados por Net trabalhando na estação. Todos eles estavam sendo analisados a mais de dois anos, em sua maioria cientistas que teriam dado um braço para poderem estar ali. Aquele era o grupo mais feliz que já teve trabalhando sob o seu comando. Os Versilis lhe haviam entregado o comando tático e militar da operação. Através de um dispositivo neural criado por eles e construído pelos cientistas da base ele havia aprendido tudo sobre o uso da tecnologia Versilis e sobre as táticas e manobras.
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Quando pisou na ponte da Dragon pela primeira vez teve vontade de chorar. A IA correspondeu aos seus comandos em tudo, mas não era a mesma coisa quando recebia o comando de Ariel. Com a Versili a nave parecia que ganhava uma vida própria. Ele sabia que a nave não operava com a matriz neural humana, só um versili para acessar todos os seus recursos.
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Não havia no planeta ninguém mais bem treinado naquele momento do que John Anderson Smith mas nada lhe preparou para a Dragon.
Os corredores da Dragon eram amplos, a impressão era de que estava em uma grande base em terra, nada da impressão claustrofóbica normal dos aviões e foguetes que tinha pilotado antes. A Dragon era a expressão maior do poderio dos Versilis no planeta. Os convidados teriam um choque. A ponte ampla com dispositivos neurais e interfaces para humanos permitia que até 100 oficiais estivessem em operação ao mesmo tempo, Quando se requisitava a visão de frente da Dragon, não era só a frente da nave que ficava transparente, como era nas Vosoko. O teto e o chão pareciam virar vidro e era possível ver todo o universo a sua frente. O primeiro passeio com a Dragon fora do planeta, circundando a lua foi notável. Mas ela era difícil de pilotar, mesmo para ele, manobras mais complexas exigiam mais de uma pessoa, já tinham dez humanos na ponte da Dragon. Doug havia criado um uniforme para a equipe humana-versili e queria um símbolo que pudesse colocar no uniforme. Quando olharam a Dragon sabiam que ali estava o símbolo. O uniforme era todo negro, feito em uma nova liga que os versilis chamavam de fibrium e o símbolo dourado foi colocado como uma braçadeira no traje. O comandante da Dragon e seus oficiais ostentavam um pequeno dragão engolindo o próprio rabo, no canto superior esquerdo da gola da roupa. Com o complemento das armas e dispositivos de camuflagem e segurança os homens e mulheres pareciam ter pulado de uma alta produção cinematográfica. Esteticamente eram impecáveis. Todos foram treinados no uso dos equipamentos e o treinamento era obrigatório pelo menos duas vezes por semana. Doug já tinha até perdido a barriga de cerveja. Parte do treinamento consistia em usar os dispositivos inerciais para saltos de alturas elevadas. Travou longas conversas com Ariel para poder conhecer melhor a Dragon, nas horas de folga ficava conversando com a IA da nave
- John Smith está se saindo melhor do que esperávamos, comentou Amarock vendo o discurso dele para os 100 humanos que aguardavam nas plataformas.
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- Senhores chegou o grande dia. Tudo o que aprendemos até agora nos possibilitou melhorar em algum aspecto a humanidade. Temos distribuído a tecnologia Versilis em todas as áreas de conhecimento durante esse ultimo ano e hoje faremos o que chamam de primeiro contato. Não sabemos o que esperar dos nossos governantes e hoje somos apátridas. Podemos ser presos e não pensem que seremos julgados, nunca haverá um julgamento para o que fizemos aqui. Vamos representar a glória Versilis, nossos amigos e com quem compartilhamos uma herança comum. Foram nossas convicções que nos trouxeram aqui e serão elas que nos manterão unidos na nossa missão: fazer o contato, convencer os governos da terra a construir a nave vimana intergaláctica e resgatar nossos antigos amigos.
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John se dirigiu a eles na plataforma de embarque antes de saírem do fundo do mar:
- Com certeza, disse Onmics. Todos foram ocupar seus postos. - Todos os comandos aos seus postos. Weber, acione o comando dos robôs de ataque para que se posicionem na entrada da sala de conferências. Mei, onde os índios estão posicionados? A imagem de Mei apareceu no holograma. - As tribos estão no lado esquerdo do pé da montanha. - Nossos convidados suados e enlameados? Todos riram. - Creio que um pouco depois dos índios, alguns ainda estão subindo, mas estarão no horário marcado. O espaço aéreo está tomado por caças, três satélites de vigilância, e mais um monte de dispositivos de escuta, filmagem e etc. - Doug, o salão principal tem o link em funcionamento? Os aposentos e a alimentação? - Tudo certo, e o Conselho Versilis já está nos escutando inclusive. - Senhora Ariel, podemos começar. Acionar dispositivo de camuflagem, recolher suportes, vedar dutos, acionar os motores de proa. È com você Dragon A Grande Serpente cortou o ar, magnífica. Quando já estavam quase no ponto de contato a nave descamuflou. As escamas douradas brilhavam ao sol e produziu o seu som característico. Um grande e longo som parecido com um búzio grave sendo tocado. Os deuses tinham voltado. Dezenas de aeronaves circundavam a Dragon como mosquitos. - Abra um canal de comunicação com as aeronaves. Aqui é o comandante John Smith, da nave Versilis Dragon, por favor peço que se afastem mais de nossa nave podem escorregar em algum campo de vibração e destruir a aeronave de vocês. As aeronaves se afastaram um pouco mais.
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A Dragom ficou flutuando a cem metros acima do chão. O comando da Dragon, com 50 homens pulou de dentro da nave e pousou suavemente usando os anuladores inerciais. Quando tocaram no chão todo o impacto foi transferido para o solo e o chão estremeceu, os índios se jogaram ao chão, os deuses tinham voltado.
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Os índios ao pé do monte cantavam e dançavam alucinadamente. Os convidados estavam paralisados com a visão. Centenas e soldados saíram das matas e entraram em formação ao pé da montanha.
Os homens das comitivas dos países ficaram impressionados com a queda. John vinha frente do grupo, cumprimentou com um aceno as delegações, os soldados que estavam na mato entraram em formação para cercar o grupo. John não fez nenhuma menção que tivesse notado qualquer deles. A Dragon emitiu um novo som e ao pé da montanha se abriu uma porta gigantesca. Folhagens e terra foram espalhados para todo o lado, exibindo um túnel de 20 metros de altura com dez metros de largura muito bem iluminado, de dentro do túnel emergiram 200 robôs de quatro metros de altura, fortemente armados e se posicionaram em volta do grupo. A terra estremecia com a passagem daquele exercito de gigantes. John se dirigiu ao grupo de visitantes. - Senhores, queiram me acompanhar à sala de conferencia dos Versilis. Caminhou a frente, sendo seguido pelo resto dos visitantes, os outros homens do comando seguiram atrás e a passagem foi fechada pelos robôs de combate, Walton caminhou ao lado dele: - Devo confessar que o senhor realmente sabe impressionar as pessoas Comandante Smith. - Se ficou só impressionado Sr. Walton, então não tem ideia nenhuma do que acontece aqui, ele respondeu secamente. Chegaram a um grande salão onde poltronas enormes estavam colocadas em semicirculo, em posição de arena, voltadas para um equipamento no meio do circulo. Perto do equipamento estava Doug. Assim que entraram Doug pediu que escolhessem um lugar para sentar, para iniciarem a conferência. - Onde estão os Versilis, perguntou o representante do Japão. - Eles estão a 22,7 anos luz da terra e vão falar conosco por meio de um dispositivo interplanetário. Ele ligou o dispositivo e do outro lado do circulo apareceram todos os membros do Conselho Versilis, com Onmics sentado ao centro. - Senhores eu tenho a honra de lhes apresentar o conselho de versilis, formado antes que qualquer um de nós existisse.
- Eu sou Onmics, e presido o conselho.
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Onmics se apresentou.
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Todos na sala ficaram em silencio.
Onmics apresentou todos os membros do Conselho e os outros versilis que também estavam ali. Ao final da apresentação o representante brasileiro se levantou e apresentou toda a sua comitiva e agradeceu aos Versilis pela presença na conferencia. Todas as delegações apresentaram seus representantes e então Onmics começou a contar a história do povo versilis. Durante oito horas os representantes viram hologramas das viagens versilis. Mas os versilis não contaram aos humanos que haviam construído a humanidade, que parte do DNA humano era versilis e os desdobramentos disso tudo, a guerra, a condenação e a prisão. Terminaram por explicar que sua nave tinha caído no planeta e que estavam presos em um sistema de hibernação defeituoso, não podiam sair e precisavam de alguém para tiralos daquele lugar. A proposta era dar tecnologia e em troca os humanos construiriam uma nave, sob supervisão do grupo de comando versilis na terra e auxiliariam no resgate dos versilis. Aquilo era muito mais do que os representantes estavam esperando. - Não creio que possam nos dar qualquer resposta no momento, sabemos que devem deliberar junto aos seus governos, Passem essa noite em nosso humilde abrigo e amanha retornem com a expressão de nossa boa vontade. Lorde Krishna preparou uma série de esquemas e de implementações tecnológicas que podem ser uteis aos seus governos, levem como prova de nossa boa fé. Eu agradeço pela paciência e pela boa vontade. O comandante John Smith providenciará que estejam acomodados e também possam entrar em contato com seus governos por essa noite. A transmissão cessou. Todos falavam ao mesmo tempo. John Smith se posicionou com seus homens a frente da plateia, vinte robôs de combate cercaram o lugar. O silencio se fez. - Senhores, meus homens os acompanharão aos aposentos para que possam descansar e se recompor. Em duas horas será servido o jantar. Peço que não fiquem passeando pelos corredores, os robôs de vigilância podem confundi-los e não queremos nenhuma fatalidade.
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Os aposentos eram melhores que a maioria dos hotéis cinco estrelas que tivessem frequentado. Ao quartos eram enormes, com camas muito grandes em dosséis decorados. A tapeçaria na parede era em seda da melhor qualidade e os lençóis de mil fios em linho egípcio. Todos os quartos eram dotados de jardins naturais, tinham amplos banheiros com duchas de água quente, ofurôs e banheiras as peças dos banheiros eram em ouro, A iluminação era indireta e parecia brotar da parede, não se viam luzes
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Eles foram levados em grupos de dez pessoas para os diversos aposentos do lugar, em cada corredor haviam robôs de vigilância que ao menor movimento se armavam. Após poucas tentativas eles perceberam que era melhor permanecer nos aposentos.
aparentes. Ao lado da cama amplas poltronas para sentar. Um armário tinha roupas secas e confortáveis, parecidas com as que os versilis usavam, mantos longos decorados em fios de ouro, esmeraldas, rubis e diamantes. Walton entrou no seu quarto e passou a gravar suas impressões antes de se ocupar com banho ou trocar a roupa. Ficou por uma hora falando sozinho para registrar suas anotações e depois se entregou ao banho. Ele estava acostumado ao exercício, seu corpo era magro, mas com músculos bem delineados, mas aqueles dias caminhando pela selva e a ultima subida e oito horas de discurso haviam-no deixado extenuado. A água morna batendo no corpo foi mais do que bem vinda, ficou meia hora saboreando o prazer do banho. Tinha que colocar uma dessas em casa, pensou. Ao sair se enrolou em um grande roupão e foi ver as opções de roupa. Achou aquilo ridículo, parecia ter saído de um conto das mil e uma noites. Quem não tem cão, caça com qualquer coisa pensou antes de vestir um longo manto azul escuro decorado com fios de ouro, com pulsos e barras revestidos de pedra preciosas. John Smith foi pontual, duas horas depois mandou buscar todos os convidados para o jantar. Jantar com um Versili era alcançar um prazer incomum. Nesse caso os versili não se pouparam de agradar aos convidados, pratos muito bem produzidos para os olhos e paladar desfilavam, conduzidos por robôs de serviço. Delicadas decorações em gelo estavam pela mesa principal e uma enorme escultura com a Dragon enrolada em uma coluna ficava no meio do salão. Pela coluna desciam em cachos frutas exóticas. A bebida era um vinho de fabuloso buque até para o mais refinado enólogo. Pratos e talheres eram em ouro e as taças em cristal incrustadas de diamantes, rubis e esmeraldas. A mesa de mariscos e frutos do mar era adornada com perolas verdadeiras em diversas cores, no centro uma enorme lagosta gigante azul segurava uma perola negra, também gigante em uma das garras. Suínos, peixes, caprinos desfilavam nas mais variadas formas. A refeição foi faustosa e apreciada por todos, ou quase todos. Walton se aproximou de John que observava atentamente a movimentação dos convidados.
- O que foi John? Vamos passar a noite brincando de menino emburrado? Ainda chateado comigo?
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John continuou calado, impassível.
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- Esses versilis sabem mesmo como viver. Confesso que nunca vi tanta ostentação de riqueza como essa.
- Pelo o que Walton? Por sabotar minha carreira no programa espacial? De forma alguma, se tivesse continuado estaria na estação internacional espacial e lá é muito apertado. Hoje sou sub comandante da Dragon. Quantos iguais a mim você conhece Walton? Acho até que tenho que lhe agradecer. - Você é um idiota John. O macaquinho adestrado dos versilis, você é enquanto eles quiserem que você seja. E quando eles forem embora, ou se nem forem o que alegam ser, como será ser sub comandante dessa serpente dourada? Acha que os governos do mundo vão aceitar isso pacificamente? “Nós somos versilis coitadinhos, precisamos de sua ajuda”! Acham mesmo que eles vão cair nessa? Você vai ser enterrado na prisão mais funda e todos os dias irão te interrogar, até você não saber mais quem é. - E eu devo ficar com medo? - Deveria John Smith, deveria. Ele se afastou e foi conversar alegremente com um representante russo. - Problemas John? - Não Doug. - Esse cara ainda vai nos causar problemas, meu ciático está dizendo isso. Ele riu. - Seu ciático fala agora? Na manha seguinte os representantes saíram da grande construção. Os soldados brasileiros estavam do lado de fora e os índios tinham passado a noite comemorando. Alguns robôs voltaram para dentro da construção dA Dragon estava parada sobre o local, camuflada. John de dirigiu a eles
- Guardem o lugar e nos informem, nenhum homem deve entrar no lugar sagrado dos versilis, vocês já sabem como se comunicar conosco. A grande serpente voltará ainda na sua geração. Os versilis os saúdam e sentem orgulho de vocês, seus filhos.
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As enormes portas da fortaleza se fecharam. John se dirigiu a um dos caciques das tribos reunidas. Falou a eles na língua deles mesmos, havia aprendido especialmente para o evento.
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- Espero que tenham gostado do que ouviram e tenham apreciado a nossa hospitalidade, o salão será fechado até que acenem sobre querer ou não continuar a dialogar com os versilis e isso sempre será feito com o grupo de todos os representantes. Posteriormente os versilis desejam dialogar com os dirigentes de cada uma das nações, se isso for possível e desejável pelos senhores. Muito obrigado.
Todo o pelotão da armada se juntou aos robôs que ficaram do lado de fora, a Dragon descamuflou. Flutuava a cem metros do local e oscilava como uma criatura viva, eles flutuaram até a nave que abriu um espaço no seu ventre para que pudessem entrar John entrou na sala de comando, onde Mei já o esperava. - Bom dia comandante! A nave está pronta. - Obrigada Mei. Informe Ariel que a missão foi cumprida, podemos voltar à base. Mande os robôs de defesa para o hangar 14. Deixe um drone camuflado de vigilância. Onde está Doug e Weber? - Entrando pelo hangar principal com as duas Vosokos camufladas. Sentou-se na grande cadeira de comando. A Dragon soltou o som profundo e melodioso que encheu a selva e saiu serpenteando pelo ar, dezenas de caças riscavam o ar. Nenhum conseguiu acompanhar a Dragon que se camuflou alguns quilômetros depois. - Convoque uma reunião de avaliação, quando chegarmos a base os versilis vão querer as nossas impressões. - Sim senhor.
- Esse barulho é de arrepiar, comentou Walton. - Ok, vamos ver do que isso é feito, falou o russo se aproximando da entrada coberta de vegetação. Cento e cinquenta soldados brasileiros se posicionaram a frente da entrada impedindo a passagem dos convidados. Mil e duzentos índios estavam por trás deles. - Recomendo que voltem por onde vieram senhores, a reunião está encerrada, disse o coronel comandante da tropa. - Vamos meninos, acho que não vão deixar a gente brincar hoje, disse Walton.
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Os caças ficaram permanentemente vigiando a zona de contato, como passaram a chamar. Os índios locais se mostraram muito úteis em auxiliar a vigilância, mesmo após várias tentativas os cientistas brasileiros não conseguiram achar a porta de entrada, perfuravam o local e só achavam rochas.
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Eles se retiraram. Durante todo o trajeto até Manaus e depois em seus aviões até a Base Aérea foram acompanhados pelo exercito brasileiro. Ninguém conseguiu tirar nem mesmo uma amostra do material, ou quase ninguém. Walton havia conseguido um pequeno pedaço de um fio da roupa de um dos homens do comando versilis, aquilo era o suficiente para ele, Ocultou o fio e o levou até o seu país.
Os índios permaneciam acampados no local e a cada ida e vinda dos homens com as perfuradoras eles riam e apontavam para eles. Viraram alvo de diversão. Nos dias seguintes os jornais do mundo falavam em aparições estranhas sobre a floresta amazônica. Ninguém deu atenção a isso.
- Comandante, quero parabenizar você e toda a sua equipe, Tudo correu como o planejado, Qual a avaliação que fazem do encontro, conhecem essas pessoas melhor do que nós, será que irão colaborar? - Lorde Onmics, alguns pareceram receptivos e o governo brasileiro nos deu todo o auxilio prometido, mas os representantes da Rússia, Inglaterra e EUA, esse ultimo principalmente, ainda pareceram reticentes e devo dizer que não há como executar o projeto sem o auxilio deles. - Devemos aguardar. Terminaram o sequenciamento do DNA do proteus? - Sim senhor, estamos enviando o arquivo nesse momento. - Há mais uma coisa, vocês terão que ir a Marte no futuro e a Dragon precisa de modificações para isso. Ariel está criando uma interface neural para que possa se integrar melhor com a Dragon, precisamos do sequenciamento do seu DNA também e de uma outra pessoa que achar mais indicada para lhe substituir em uma eventualidade. - A Doutora Mei é a mais indicada senhor, tem cuidado da Dragon na minha ausência e parece que a nave responde muito bem a ela. - Então execute. A doutora Mei deve ser instruída nas movimentações e táticas versilis.. Em relação as reservas de suprimentos para o nosso pessoal em terra, como está? - Os níveis ainda estão altos, mas estimamos que em cinco anos vamos ficar sem suprimentos aqui em baixo. - Lorde Dupak está desenhando um modelo de sintetizador de alimentos que pode ser construído para vocês. A maior parte da questão é o software do equipamento. Vocês devem aprender a linguagem da programação para poderem criar os seus próprios cardápios. - Temos uma boa equipe de programação, podem mandar as instruções que faremos o trabalho.
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- Ainda há algumas toneladas a serem removidas, trouxemos os robôs de defesa para auxiliar na remoção, a pressão da água é muito grande e não podemos ficar muito tempo lá em baixo sem um período de descompressão longo, não conseguimos ajustar o compensador de atmosfera para os trajes robôs de mergulho, muitos deles estão quebrados. Alexey conseguiu acesso a um duto e está drenando a água de acesso ao túnel onde estão os outros trajes e as salas de armas.
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- A Doutora Eduarda conseguiu limpar a entrada do cofre em Dwaraka?
Ele se virou para Alexey e ele continuou. - Há milhões de metros cúbicos de água ainda por retirar, a pressão aqui em baixo não colabora muito e as bombas trabalham sem parar, em mais uma semana teremos um lugar mais seco para passar. Um dos túneis está obstruído por um grande bloco de 30 toneladas de pedra. A análise estrutural indica que não devemos mover o bloco, pois o corredor pode desabar completamente, Eu e Solomon vamos usar os robôs de trabalho para fazer um segundo suporte em torno do corredor e depois remover a pedra. Temos trabalho para mais umas três semanas. - Confiamos em vocês. Sabemos que a tarefa que lhes entregamos não é fácil, mas não escolhemos qualquer pessoa, vocês são especiais. Vamos analisar aqui o que podemos fazer para auxiliar no trabalho. Agradecemos muito. A reunião se encerrou. __________________________________________________________________ John Smith estava cansado. Se dirigiu aos seus aposentos. Iria tirar uma boa noite de sono, naqueles últimos dias tinha trabalhado como nunca e dormido pouco. Se despiu e foi para o banho, gostava de uma ducha fria, mas naquela hora precisava relaxar, a banheira se encheu de água morna e jatos vigorosos massageavam o seu corpo. John era um homem bonito para os padrões humanos, Com um metro e noventa e cinco de altura, tinha cabelos negros lisos e compridos até a altura do ombro com olhos da mesma cor que lhe conferiam um aspecto relaxado. A pele em um tom dourado natural denunciava os muitos dias passados no deserto, mas já estava começando a ficar branco novamente. O rosto de aparência dura e muito masculina, os lábios mais rubros que o normal , um nariz germânico perfeito, e olhar sisudo formavam uma figura charmosa. Seu corpo era uma escultura bem talhada de músculos. Sempre foi assim, nunca teve muito trabalho em cultivar o corpo e no exercito, quando era obrigado ao exercício, sua musculatura ficou ainda mais proeminente. As pernas eram longas e bem torneadas, com músculos proporcionais,. A caixa torácica era avantajada mas adequada ao imenso corpo, exibindo logo abaixo um abdome muito bem formado.
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Cicatrizes nas costas, e um grande corte do lado do tórax mostrava que sua vida tinha sido mais intensa que o normal. Ele servia de piloto nas forças especiais e isso significa percorrer território inimigo, ser abatido e preso. Recebeu dezenas de condecorações. Conseguiu fugir por duas vezes de dentro do território afegão.
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Tinha uma saúde invejável e não se lembrava da ultima da vez que tinha tido uma gripe.
Era um dos melhores pilotos em combate, tinha estratégias inovadoras em batalha e era muito ágil. Conhecia melhor que ninguém o funcionamento do seu caça. Foi responsável por diversas modificações tecnológicas na aviação militar por conta disso. Após a guerra se qualificou preliminarmente para o programa espacial, Ir ao espaço sempre havia sido um sonho. Nessa época era casado, seu casamento não era dos melhores, mas quando ela arrumou outro homem não havia porque continuar. Na avaliação final Walton o desqualificou alegando que tinha tendências a paranoia e era instável. Walton era o amante de sua mulher, mas veio saber disso muito tempo depois. Após a desqualificação largou as forças especiais e saiu pelo mundo como um vagabundo, gastou todo o dinheiro da aposentadoria em bebidas e mulheres, estava no meio do deserto na África, fazendo transporte de contrabando em pequenos aviões quando foi contatado por Net. A principio pensou ser mais algum desses palhaços da internet mas quando Net começou a lhe mostrar o conhecimento que tinha sobre a tecnologia de voo, conseguiu prender a sua atenção. Daí para começar a ver a tecnologia alienígena foi pouco o tempo. Em alguns meses já estava em umaVosoko. A nova função lhe dava uma perspectiva completamente nova da vida. Finalmente fazia alguma coisa que tinha sentido. Ele entrou na água e ficou por um longo tempo. Seus músculos doíam e sua cabeça estava longe, em Marte. Nenhum programa espacial teria colocado ele em Marte e agora ele ia com aquela joia tecnológica para Marte. Não estava conseguindo relaxar. Terminou o banho e se vestiu com trajes informais. Ligou o comunicador - Mei, estou saindo. - Vai aonde? - Me divertir em algum bordel de Londres. - Você é um cretino John, leve o comunicador. Seu localizador está ativo? - Está. - Cuidado, é um dos homens mais procurados do planeta agora. Boa diversão.
- Ótimo, capturem e tragam para interrogatório.
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- O alvo foi localizado no lugar esperado.
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Ele saiu pela eclusa com um craft.
- Vivo? - Já interrogou um cadáver Sr. Stult? - Não senhor. A ligação foi interrompida. - Você é previsível senhor John Smith, ainda bem.
Ele saia do bordel, meio bêbado quando percebeu três homens que pareciam um armário parados do outro lado da rua. Quando o avistaram não se deram ao trabalho de disfarçar e foram na sua direção. Pelo canto do olho viu mais dois da mesma espécie vindo por trás. Agarrou o primeiro e deu um soco no queixo que o derrubou na hora. O segundo investiu contra ele e acertou o estomago. Ele chutou os culhões do homem que se dobrou, os outros três estavam perto. Se desvencilhou do primeiro e socou a cara do segundo. O terceiro lhe acertou um soco de direita e ele foi lançado contra a parede de um beco. Um deles se aproximou e ele chutou a cara do indivíduo, enquanto girava o braço do outro que vinha pelo lado, pode ouvir o estado do braço sendo deslocado. O homem gritou e caiu no chão. Outro veio em sua direção e tentou chutar seu rosto, ele segurou e virou o pé com muita força, o corpo do homem rodou e o pé estava quebrado dois deles ainda estavam de pé quando chegaram os outros cinco. Esses não falaram nada. Um deles tirou uma pistola com silenciador e atirou contra ele duas vezes, um tiro pegou no ombro direito e o outro no abdômen. Ele caiu imediatamente, sentindo o ardor da penetração da bala e o liquido quente que escorria. Era seu sangue, ele pensou, tinha que sair dali. Tentou se levantar e antes de conseguir pode ouvir um impacto forte no chão e três homens voando para o outro lado da rua. Mei estava parada ao lado dele com um robô de combate. O robô o pegou e subiram imediatamente para a Vosoko. - CS vamos para casa.
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- Doug acione a Dra. Alexandra, temos uma emergência médica, pegaram John Smith e atiraram nele.
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Era a voz distante de Mei que estava ouvindo, as coisas ficaram nebulosas e ela viu o rosto dela chamando o seu nome. Essa foi a ultima coisa de que se lembrou depois.
- Meu deus!! Ele acionou imediatamente a emergência médica, em poucos minutos a Vosoko estava entrando e John Smith era colocado sob uma maca, desacordado e sangrando muito. A médica já estava ao lado, colocou sobre ele uma série de equipamentos enquanto mandava os assistentes tirarem a roupa e limparem os ferimentos. Seguiram direto para o centro cirúrgico. Depois de uma hora a médica saiu da sala e Mei estava a espera do lado de fora. - Doutora? - Os nanoboots foram alterados para a fisiologia humana, ele é muito forte. O pulso está fraco porque perdeu muito sangue, o sangramento já foi estancado e os projéteis foram retirados. Conseguimos bolsas do tipo AB negativo, o sangue dele é raro. Os boots levarão os elementos necessários diretamente à corrente sanguínea. Um vaso maior foi rompido mas os órgãos internos não foram comprometidos. Pelo lugar das lesões ele teve muita sorte. Vamos reidrata-lo e fazer a medicação necessária, o resto é com ele. Vai ficar na UTI e informo você sobre qualquer alteração. - Obrigada. Doug, reunião agora! Disse para Doug Faz que estava logo atrás. Doug chamou Weber, Alexey, Solomon, Miriam Stern, Avran e Darpak Udit. Ela os colocou a par da situação. - É obvio que sabiam que ele iria ao local. Talvez fosse um lugar que sempre frequentava, o que significa que alguém já estudou os nossos hábitos e querem nos deter. - Como ele está Mei? - Alexandra diz que devemos esperar, mas acha que vai se recuperar, Avran. John tem um papel fundamental nos planos dos Versilis, ele é comandante da missão na terra, seria natural que fosse um alvo, mas não esperávamos uma tentativa de homicídio. Nenhum de vocês sai da base sem segurança a partir de hoje. - O mais importante: quem fez isso? - Estamos investigando Weber. Temos o vídeo com o rosto dos homens que o atacaram. Em breve saberemos quem são.
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- Não temos ideia, mas nenhum deles agiria abertamente. Pelo que sabemos há diversas células dentro dos governos atuando de forma autônoma, a revelia dos seus governos, essa também é uma possibilidade,
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- Mei, somente alguns governos do mundo tem conhecimento sobre nós qual deles pode estar envolvido? Perguntou Weber.
- O que diremos aos Versilis amanha? - A verdade Alexey. E acho que eles não vão gostar. Até lá quero que me ajudem a descobrir todos os homens envolvidos. No final da noite eles sabiam quem eram todos eles, e sabiam também que todos haviam morrido em acidentes estranhos, naquela mesma noite. Alguém estava tentando apagar os rastros.
- E como está John Smith? - Ele está se recuperando, ainda desacordado mas fora de risco Lorde Onmics. - Isso é inaceitável. John Smith deve ser protegido Dra. Mei. Cuide para que isso não aconteça de novo com ele ou com nenhum de vocês. Se estivéssemos aí teríamos condições de lhes proteger melhor. Estamos mandando uma série de dispositivos que devem ser construídos para a proteção pessoal de cada membro da equipe, isso é prioritário. Acho que não contaremos com a cooperação de todas as pessoas como pensávamos. John estava certo na avaliação que fez. Parte dos homens eram americanos, alguns ingleses e dois de outras nações. Algum governo está envolvido? - Não creio senhor. Há diversas pessoas operando em nome próprio dentro das organizações de governos, chamamos de células autônomas. - Então vamos tirar a “autonomia” dessas células em relação aos nossos membros. Eu retornarei com outras medidas que pode adotar. Assim que John recuperar a consciência diga-lhe que lamentamos muito e que isso não se repetirá.
Ele acordou meio tonto, a visão turva e olhou ao redor, estava na base. Lembrava que Mei o havia resgatado com um robô de ataque. Seu corpo estava cercado de aparelhos. Não conseguia se levantar, devia estar muito fraco. - Olá bonitão! Era o rosto da Dra.Alexandra. Ele fez um movimento para tentar se levantar. - Não. Fique deitado. Ainda está muito fraco e sangrou como um bezerro na véspera do Pessach.
Ela piscou o olho maliciosamente. Ele começou a rir.
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- Escute aqui, não vai a lugar nenhum pelado. Eu tirei a sua roupa e se precisar te amarro na cama pra ficar aí. Deve ficar muito exótico esse belo corpo amarrado na cama.
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- Eu tenho que sair daqui.
- Ordens médicas John Smith. Disse ela saindo e fechando a porta nas suas costas.
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Lia Mei veio mais tarde e lhe contou tudo o que tinha acontecido. Ele a agradeceu por ter salvado a sua vida. Ficou ainda mais três dias na cama antes da médica o liberar. Mas dali por diante ele foi mais cuidadoso. Lia Mei não o deixava mais sair da fortaleza sem segurança.
\PARTE X SOZINHOS DE NOVO Faziam dois meses desde o primeiro contato. As nações envolvidas se reuniram diversas vezes, seus governantes e conselhos de segurança decidiram formar um gabinete único de segurança planetária. Não havia como discutir individualmente com os Versilis, eles mesmo haviam deixado isso bem claro. - A VALE vendeu quatro milhões de toneladas de ferro e a África do sul um milhão de toneladas de cobre, pagos em OURO. O que eles estão fazendo com isso tudo, onde estão colocando todo o minério? Quem falava era o americano - Até onde sabemos pedem para deixar em lugares descampados específicos e o metal simplesmente some. Respondeu o russo - Deveríamos impedir que comprem minério. O Brasil tem que parar de vender para eles. - Paramos de vender e vão comprar em outros mercados, fora na nossa vista, pelo menos sabemos que estão consumindo uma quantidade imensa de metal. Devemos continuar vendendo como se não soubéssemos, disse o brasileiro. - A ideia é boa, mas nosso monitoramento do governo japonês indica que há uma movimentação de naves entre a Terra e Marte. - Eles estão levando tudo para Marte? - É uma possibilidade amigo inglês. - Mas as naves pequena como a Vosoko não possuem capacidade de transportar tanto minério, disse o russo. - A Inglaterra fotografou recentemente uma Vosoko com mais de cem metros de diâmetro sobre o Atlântico Norte, mandamos uma equipe verificar e vejam:
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- Nosso homens estão até hoje vigiando o local. Ninguém saiu de nenhum buraco. Os homens que estavam com John Smith eram todos cientistas renomados e sem família, que deixaram de comparecer sem nenhum aviso aos seus trabalhos. Se juntaram a eles.
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No filme aparecia a grande nave emitindo um raio que escavava o gelo. Quando ela parou um comando Versilis com John Smith claramente a frente caiu de dentro da nave, estavam usando um traje diferente daquele que viram no dia do contato. Cinco deles traziam um equipamento acoplado ao corpo. A Vosoko desapareceu e eles começaram a usar os equipamentos, até que um grande tremor aconteceu. O chão começou a se abrir e os homens flutuaram sobre a abertura e entraram na fenda. A fenda se fechou logo após.
- Não sabemos o que estão fazendo, estão sumindo com nossos cientistas, possuem um enorme poder tecnológico. Acho que temos que voltar a conversar com eles em outros termos. Vamos marcar uma reunião com os Versilis. - Concordo companheiro americano, o Brasil tem maior contato, pode marcar o encontro com eles? - Faremos o possível. Mas o que será dito nesse encontro? A discussão permaneceu por horas.
O secretário de estado havia chamado para outra reunião sobre os versilis, toda a cúpula de segurança estava na sala, ele entrou e se sentou na cadeira. - Senhores, recebi uma comunicação dos versilis, esse mesmo comunicado foi passado para os Ingleses. John Smith sofreu um atentado, tentaram mata-lo a aproximadamente dois meses. Toda a sala ficou em silencio. - Eles nos mandaram uma reprodução do ataque. Ele passou o vídeos onde mostrava John sendo atacado, baleado e a intervenção de Mei e do robô. - Isso aconteceu na saída de um prostíbulo na Inglaterra. Ele passa bem, mas segundo a segurança versilis que está entregue a essa mulher – Lia Mei, os homens que atacaram John Smith são em sua maioria americanos e eles pedem nossa colaboração na investigação. Todos esse homens já foram localizados pelo nosso governo, são exagentes , forças especiais ou mercenários. Todos morreram naquela mesma noite em circunstancias estranhas. - Os versilis mataram essas pessoas? E por que dois meses depois pedem a nossa colaboração? - Não general, eles não mataram essas pessoas e eles pediram nossa colaboração no dia seguinte ao episódio.Nós investigamos e descobrimos que essas pessoas foram mortas por três mercenários.
Ele exibiu a ligação telefônica
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- Esses homens já foram localizados, dois deles foram detidos e o terceiro se explodiu com uma granada. No dia dos fatos temos a seguinte gravação telefônica de um imóvel situado em Calverton, a ligação foi feita para a Inglaterra, a voz de um deles corresponde a voz de Mark Stult, um dos assassinos mortos.
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Ele exibiu as fotos dos homens.
- A mesma pessoa ligou uma hora depois para um dos mercenários capturados dando a ordem de extermínio dos demais.Essa pessoa repassou aos mercenários uma vultosa quantia em dinheiro para uma conta em um banco suíço, o dinheiro saiu de uma conta das Ilhas Caimã em nome de José Rodrigues Silva. Walton se levantou discretamente. - Senhor Walton, está preso por comprometer a segurança nacional, praticar traição, homicídio e evasão de divisas. Será custodiado até uma das instalações de segurança onde irá permanecer por força da ordem 05 de segurança Walton nunca mais foi visto. - Por hora acho que podemos encerrar essa reunião, para garantir a cooperação dos versilis e o bom andamento das negociações comunicarei as nossas ações a Doutora Lia Mei. O Presidente já foi informado dos fatos e tomou essa decisão. Todos assentiram.
- Eles mandaram essas informações hoje John. - Por essa eu não esperava. Acho que devemos repassar as informações aos versilis Mei. - Conseguimos quase todo o metal necessário, três Vosoko estão fazendo o carregamento toda semana para Marte, As CS é que estão dirigindo as naves. Nossos estaleiros devem estar prontos em quatro meses. - Devo ir com a Dragon para Marte daqui a um mês Alexey. Ainda estamos testando a interface neural e devo dizer que é incrível o que se faz com o cérebro ligado diretamente a IA. - Fizeram um gabinete de segurança planetária para conversar conosco. Eles já sabem que estamos comprando metal e mandando para Marte, disse Mei. Solicitaram uma nova reunião em Akahim. - Vamos consultar os versilis, mas tenho uma ideia melhor do que uma reunião em Akahim. - Certo John. Quando terminarmos em Marte dependeremos exclusivamente dos governantes aqui.
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Quinze dias depois foi feita uma reunião com o Gabinete de Segurança Planetária, O comando versilis se materializou no meio do salão azul, conforme haviam combinado.
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- Não ainda Mei. Temos que achar os casulos com os corpos dos avatares versilis. E nos assegurar de que estão inteiros. Os Versilis precisam deles.
Mei não gostou nem um pouco da ideia, mas John afirmou que serviria para demonstrar que não tinham receios e que havia boa fé neles. Mei não acreditou na boa fé de ninguém e mandou fazer quinze trajes de camuflagem para escoltar a equipe de cinco pessoas, ela entre eles, que desceram aparentemente desarmadas. Os chefes da nações, bem como os dirigentes com quem já conversavam os recepcionaram em um grande salão oval. Foram todos muito gentis e educados. O chefe americano apresentou sua consternação com o episódio da tentativa de homicídio contra John. Ele agradeceu a atenção de disse que os versilis entendiam plenamente que não se tratava de uma iniciativa do governo. Durante duas horas os representantes das nações apresentaram seus argumentos. Não estavam satisfeitos com as explicações versilis, não tinham provas de que as afirmações eram verdadeiras e a ação do comando versilis no planeta estava se tornando algo preocupante, o que estavam fazendo com toda a quantidade de metal que compravam? Os passeios de nave estavam violando os espaços aéreos dos territórios e afetando a soberania das nações. Os versilis não podiam fazer o que bem entendiam no planeta a despeito de suas boas intenções. - Senhores governantes, disse John, entendo a preocupação de cada um dos senhores e confesso que as teria se estivesse na mesma condição. Lhes asseguro, no entanto, que os Versilis não possuem nem mesmo a intenção de retornar ao planeta. Trata-se somente de uma missão de resgate e depois de realizada talvez não voltem a nos ver nunca mais. Sabem que estamos levando o metal para Marte. Vamos construir estaleiros na orbita de Marte, As condições ali são melhores do que na orbita da Terra e portanto, em breve não terão mais a nossa movimentação por aqui. Estamos mudando nossas instalações para lá justamente pela condição difícil em que se encontram. A população da terra não está preparada para tomar conhecimento da nossa existência. - Nossa John Smith? Considera-se por acaso um versilis? Já perdeu a sua humanidade. - Nossa senhor secretário, pois sou o chefe da missão na terra. Nossa missão, no entanto, não pode ser levada a cabo sem a colaboração dos seus governos. Precisamos de forjas para as grandes placas de metal, precisamos desenterrar algumas cidades e tirar dos cofres a tecnologia que foi guardada quando os versilis passaram por aqui a cem mil anos e precisamos de homens para os nossos estaleiros no espaço, além de um cem número de pequenas coisas a serem incorporadas na espaçonave que pretendemos criar. Diversos laboratórios devem ser criados para o desenvolvimento da ciência necessária, que a terra ainda não tem. Lhes asseguro que, se nossa intenção fosse perturbar a integridade dos governos da terra, estaríamos já escavando as cidades. Necessitamos da autorização de vocês para isso. O governo da Índia já nos deu autorização.
- Como o polo norte por exemplo?
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- Não sabia que tinha que lhe dar conhecimento desse fato embaixador. Sim contatamos e já iniciamos os trabalhos. Alguns dos lugares estão em territórios internacionais e acho que não há problema andarmos por lá.
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- Contataram o governo da Índia sem nos dar conhecimento?
- Entre eles Senhor Presidente Russo. - Entende Sr. John que se tratam de alienígenas e que é natural agir com cautela? - Sim senhor presidente. Os versilis também acham isso natural. - Se colaborarmos com os Versilis, construindo em Marte esses estaleiros. Qual a garantia que temos que não serão nossos vizinhos e que não teremos problemas de vizinhança Sr. John? - Eu levarei a eles suas ponderações. Mas lhes asseguro que não se trata de uma invasão marciana ou algo parecido. Eles só querem permanecer vivos, e estão com dificuldades para isso. - Certo, aceitaria nossa hospitalidade em um almoço senhor John? - Lamentavelmente terei que recusar senhor, Alguns afazeres me chamam. - Vai cavar em algum lugar? - Não senhor, devo ir a Marte inspecionar o andamento da construção dos estaleiros. O presidente sorriu. - Acho que nenhum homem no mundo sonhou em dizer tal frase com tanta naturalidade John Smith, espero que sua confiança nos Versilis seja justifica. - Pode ter certeza que sim senhor. Apertaram as mãos e o comando desapareceu no ar. A reunião não havia terminado. - Senhores, o que acham. Perguntou o presidente Inglês. - Seguramente John Smith acredita no que faz, mas não é possível permitir que saia escavando o planeta para retirar sabe-se o que e levar para Marte. Uma colônia de alienígenas em Marte não é uma visão que me deixa confortável senhores. - Concordo com o presidente americano. Mas se falarmos que não vamos colaborar. O que eles farão?
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- Acho que devemos frear um pouco a iniciativa versilis, até entendermos o que efetivamente pretendem, falou o alemão. A tecnologia que nos forneceram como demonstração de boa vontade é realmente impressionante, mas para o que vimos da tecnologia deles até agora, deve ser como um pirulito para criança. Vamos diminuir o ritmo deles.
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- Creio que irão continuar com os recursos que tiverem, disse o brasileiro. Não me parece que as pessoas que estavam aqui hoje são de desistir fácil das coisas.
Chegaram a um acordo. Dias depois pediram uma reunião com o Conselho Versilis. - O Conselho estará pronto amanha mesmo senhor presidente, avisou John. Dessa vez são convidados a virem a bordo a Dragon, de onde faremos a transmissão. - Vou falar com os meus colegas.
- Ele quer nos colocar a bordo da nave orgânica? Com que objetivo, dizia o alemão pela tela da teleconferência. - Não tenho ideia, respondeu o americano. - Mais uma razão para não irmos. Somos os dirigentes dos nossos países. Eles podem muito bem nos hipnotizar, colocar um dispositivo na nossa cabeça, ou coisa assim para nos manipular. - A essas alturas eu não vou rir do que disse amigo inglês, Quando John Smith aceitou o convite de vir diretamente a nós ele previa essa possibilidade de retornar o convite, nos levando diretamente a eles, foi muito inteligente da parte dele. Ele devem possuir uma tecnologia capaz disso. Mas como recusamos? - Recusamos, colega alemão. Não vamos entrar na Dragon, afirmou o japonês. O convite foi gentilmente recusado e eles interligaram os dispositivos de teleconferência de cada um deles em uma matriz direta para a conferencia com os Versilis. - Senhores governantes, é um prazer poder novamente estar em contato. John nos informou da intenção de uma conferencia e dos receios que possuem em relação a nossa presença na Terra ou em Marte. - Conversamos, disse o americano. Após deliberarmos durante meses não conseguimos, e acredite tive boa vontade nisso, vislumbrar a população da terra pronta para tomar conhecimento da existência do povo Versilis.
- Essas explicações serão dadas no tempo certo, mas sabe que estamos presos e não podemos sair de onde estamos.
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- Ainda assim, isso implicaria em desviar inúmeros recursos do planeta, usar milhares de pessoas em uma atividade no espaço de Marte, isso não passaria despercebido de forma alguma, teríamos que dar explicações e não temos essas explicações para dar. O que faziam os versilis a cem mil anos no nosso planeta? Porque não permaneceram e porque não entraram em contato por todo esse tempo?
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- Não pedimos que declarem a nossa existência senhor presidente. Só pedimos a sua ajuda para a construção de nossa nave.
- Existem cinco mil de vocês aí. O povo versilis se resume a cinco mil indivíduos? Eu creio que não Lorde Onmics, eu creio que estão ocultando informações de nossa gente e se essas informações não podem ser passadas então não há boa fé entre nos e não podemos trabalhar em confiança. - Senhor, eu lhes asseguro que somos somente cinco mil. Nosso povo entrou em conflito com outra raça e até onde sabemos só restam os que estão aqui. Se não nos ajudar nossa raça será exterminada. Deve conhecer o conceito, vocês chamam de genocídio. - E os resto das questões? Estou tentado a acreditar que realmente não podem sair de onde estão pois se pudessem já estariam aqui, mas não consegui ainda vislumbrar suas intenções, nem eu e nem meus colegas. A terra nesse instante não está preparada para lhes auxiliar, quero crer que no futuro essa ajuda poderá ser dada, mas não agora. - No futuro talvez já não seja mais necessário e suficiente para salvar meu povo senhor presidente. Não nos resta outra coisa senão aceitar a deliberação; John Smith irá retirar toda a armada do planeta e vai se dirigir para Marte não serão mais incomodados. A conferencia se encerrou. - John Smith. - Lorde Onmics. - Vamos permanecer ocultos no planeta até a retirada de todo o material dos cofres, Pelo que me informou há governos que estão dispostos a colaborar de forma oculta. Vamos nos aproveitar disso. Monte uma colônia e inicie a construção dos estaleiros com o que tiver. Temos que continuar comprando minério. - Mei já se encarregou de conseguir isso por meio de companhias que criamos no ultimo ano na China. Somos proprietários de algumas minas de carvão, cobre, ouro e ferro. A parte mais difícil serão os laboratórios de biologia. Será difícil tirar o equipamento da pirâmide do sol sem sermos notados. Tudo isso atrasará o cronograma em centenas de anos Senhor. - Então deve começar já John Smith. O laboratório de biologia deve ser sua prioridade. Temos uma forma de estender a vida de vocês por muito mais tempo e é o que faremos primeiro. Nós, no entanto, não temos tanto tempo assim. Nossos recursos estão se esgotando e o suporte de vida vem falhando mais do que o desejável, já temos mais de quatrocentos versilis congelados.
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- Recebemos um comunicado do Gabinete de Segurança Planetária. Nos intimam a parar imediatamente nossas atividades. Não reconhecem a ocupação versilis como lícita e todo o colaborador versili que infringir a determinação será detido e bla´blá blá, mais uma dúzia de ameaças
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- Vamos nos apressar senhor.
- Não conseguimos camuflar a tempo na semana passada e vinte caças atiraram em nós sem poupar munição disse Solomon. - No inicio dessa semana estávamos andando em Londres e fomos perseguidos pelo serviço secretos, quase nos pegaram, eu e Avran, disse Miriam. - Está difícil conseguir transportar os equipamentos, mesmo a noite John. Nossos homens quase perderam os equipamentos da pirâmide do sol. Saímos de lá debaixo de uma saraivada de balas. Não fossem os nossos trajes e estaríamos todos mortos. - Eu sei Doug, todos nos sabemos que não vai ficar melhor. Há uma dúzia de navios nos procurando pelo mar. O satélite de comunicação que estávamos instalando na orbita da terra foi destruído por mísseis. E tivemos que fazer o resgate de dois de nossos cientistas esse mês. Foram presos pelo governo alemão. - Já entrou no portal da Interpol? Há uma recompensa de milhares de dólares pela sua cabeça John. - Amanha vamos transportar mais material para Marte, gostaria que Weber e Solomon já ficassem em Marte permanentemente para instalar o novo comunicador, vamos levar trezentos robôs operários para começar a construção do estaleiro no espaço. Darpak e Alexey conseguiram o mercúrio de que precisamos? - Sim, e também mais uma dúzia daqueles homens que queria. Amanha vamos leva-los para o treinamento em terra. - Temos que ter cuidado no recrutamento. Eles podem infiltrar gente no meio dos trabalhadores. Estou analisando com cuidado cada um deles, mas mesmo assim estamos em uma situação de risco considerável, disse Mei. - Ok, continuem com suas atividades.Ainda temos que retirar as coisas de Globeki Tepe, Lurihuasi, Badplaas e Machadodorp .Eu não durmo a mais de 48 horas e acho que vou desmaiar em cima dessa mesa. Podemos continuar amanha? Todos estavam exaustos. Concordaram e a reunião terminou.
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- Temos 46 vimanas ativas, 47.263 robôs de trabalho, perdemos cerca de cinco mil nos desmoronamentos, 66.502 robôs de combate, 30 canhões de plasma, 1005 armas de combate leve, 853 trajes espaciais para humanos, 456 trajes para versilis, os 28 comunicadores de longa distancia de Kumari Kandam, 346 disruptores de plasma, trinta e dois dispositivos gigantes de ionização novos e 128 que tiramos das Saubha, 1.200 ogivas de prótons leves e 100 ogivas pesadas. Todo o sistema de radar de Dwaraka e da pirâmide do sol. Todos os componentes de comunicação de Kumari, 820 pontes de artilharia leve espacial com 58 mil caixas de munição. Puxamos tudo o que pudemos das duas Saubhas até os painéis da ponte de comando. No gelo do norte pegamos os equipamentos de pesquisa de biologia e de Dwaraka a máquina estranha e enorme que
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- Qual o relatório do nosso estoque até agora Alexey?
ainda não sabemos para que serve, mas que os versilis fazem questão de ter. Dá para destruir o sistema sola inteiro se a gente quiser chefe. - Mei, recebeu os esquemas de defesa planetária de Marte, quanto tempo para montar as estruturas automatizadas? - Me dê trezentos robôs e cinco técnicos, montamos em duas semanas e colocamos no espaço John. Por que a preocupação, está esperando algum tipo de retaliação da Terra? - Da Terra ou de qualquer lugar. Os versilis, como vocês sabem, podem ter sido exterminados por outra espécie, o que nos diz que há espécies alienígenas hostis, Não gostaria de ver nossos estaleiros sendo destruídos sem possibilidade de defesa, E há os pedaços de pedra vindo em nossa direção. Quero estar preparado para defender o planeta se necessário. Colocou os 10 canhões de plasma na defesa de terra Mei? - Todos instalados e em funcionamento. - Dra, Alexandra, os versilis pedem que entre em conferencia com eles, sobre o novo equipamento que trouxemos de Dwaraka, diz respeito ao suporte de vida e pediram que mandasse o sequenciamento genético com alguns marcadores específicos de toda a equipe de comando. Estou passando as instruções no seu equipamento, providencie por favor. - Considere feito. - Doug, como estão as instalações dos aposentos do nosso pessoal, não podemos mais ficar nas instalações provisórias. - Até amanha já está tudo pronto e podem começar a se mudar para o paraíso, ficou muito bom, você devia ir ver os jardins, quem sabe assim relaxa um pouco. Temos só um probleminha com a água. - O que tem a água. - Essa água de Marte é uma porcaria. Mesmo os recicladores não estão conseguindo limpar para podermos usar. Precisamos de ionizador acoplado a um disruptor e a um reorganizador molecular. No laboratório de genética tem um mas o Dr. Solomon não quer me ceder de forma alguma. - Se eu te ceder o reorganizador molecular paro o trabalho no laboratório.
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- Temos outros dois na terra, um em Akahim e outro debaixo de 800 toneladas de pedra em Kumari. Fico com a primeira opção mas tem o detalhe de que precisamos usar a Dragon para abrir Akahim, em cinco minutos teremos o céu coberto de caças e nem todos são brasileiros. Precisamos de pelo menos uma hora para desmontar, transportar e colocar na nave o equipamento. Não dá pra fazer, disse Alexey.
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- Se não tivermos água para beber não vamos precisar do seu trabalho no laboratório doutor. Só há um reorganizador molecular no nosso inventário?
- Não acredito que os versilis fizeram Akahim com uma única entrada. Vamos estudar os mapas e achar outro ponto de acesso, podemos colocar uma equipe secretamente dentro da montanha e aparecer no instante em que estiverem com a carga pronta. |Enquanto isso o equipamento sai do laboratório e vai purificar a água que vamos usar, prometo que resolveremos o seu problema o mais rápido possível Solomon. Avran e Miriam, trabalhem em um plano junto com Mei para executarmos essa ação. Ele pegou um café, abaixou a cabeça e esfregou os olhos. Estava trabalhando muito nos últimos dias e não estava repousando direito, isso era notório. - Comandante, eu estou lhe interditando nesse momento, falou a médica chefe. Está dispensado de suas atividades pelo prazo de72 horas sob prescrição médica, vai para os seus aposentos ou para qualquer bordel da terra, fica a sua escolha, mas vai de divertir e descansar. Se não estiver apto pode cometer erros e nos colocar em perigo e eu não quero morrer em Marte. Ele tentou expressar um protesto. - Mando os soldados lhe prenderem se for preciso John, e eles vão me obedecer! - Ela tem razão John, tem trabalhado mais que todos nós e não tem repousado direito. Já não é uma questão de sua vontade, é a nossa segurança, vá descansar a gente segura por aqui e qualquer coisa eu te chamo, disse Mei. Ele assentiu com a cabeça e se levantou. Foi a ultima coisa que lembrou. Caiu desmaiado no chão, o corpo tinha entrado em um estado de stress e exaustão muito grandes e estava reclamando. Depois souberam que ele não dormia a quatro dias. A médica chefe o socorreu imediatamente, fez o diagnostico e aproveitou para deixa-lo dormindo por três dias seguidos com uma forte medicação. Ele acordou e descobriu só mais tarde que tinha sido drogado por três dias para dormir. Foi ao aposento da médica para protestar contra a ação, chegando lá ela calou a sua boca com um beijo e por “prescrição médica” como ela mesma disse, o deixou ainda mais relaxado, a noite inteira. Não pode dizer que ela não estava certa, no dia seguinte se sentia muito melhor, e a médica também parecia mais feliz. Nenhum dos dois comentou o caso ou voltaram a se encontrar depois disso.
Ele e Doug conversaram por horas. No dia seguinte Doug colocou 60 robôs de trabalho para construir um centro com cinema e teatro, bar, sala de jogos, setor de comunicação
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- Doug, temos que conversar.
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Eles estavam sozinhos e por conta própria em Marte, não tinha percebido a dimensão desse fato até a sua equipe demonstrar a preocupação. Era uma nova vida que precisava ser organizada, as pessoas estavam formando casais, precisavam se divertir e relaxar senão aquilo ia virar um barril de pólvora,
com a terra para falarem com amigos e familiares, restaurante, um pub e um pequeno armazém onde seriam disponibilizados produtos da terra para quem quisesse. Em vinte dias o local era inaugurado, Pegaram uma equipe de atores da terra e trouxeram para marte para apresentarem uma peça, eles não faziam a mínima ideia de onde estavam, acreditavam que era um exibição para ricos excêntricos. Trouxeram um velho veterano de guerra que tinha o melhor e mais fedorento bar de Bombaim para cuidar do bar. O velho ficou meia hora estatelado quando recebeu a proposta, era um antigo amigo de John e piloto de caça, tinha visto muito das suas bebedeiras na sua pior fase. Chorou por meia hora quando pisou no solo de Marte. O pub era tocado por uma antiga amiga, de um dos lugares que Doug frequentava em Londres ela tentou bater nele quando fez a proposta pois achava que estava bêbado de novo e aprontando com ela. Quando ela viu a Kosovo começou a tremer e não queria entrar na nave de forma alguma. Doug teve que carregar ela no ombro enquanto ela gritava. Depois ficou muito feliz por ele ter feito isso. O clima na colônia mudou bastante e o trabalho começou a ser mais produtivo. Eles deixaram de ver a frequência de comunicação com a terra, sempre que olhavam estavam sendo ameaçados por algum governo, por algo que tinham feito ou que imaginavam que tinham feito, no começo era engraçado mas depois a coisa perdeu a graça e somente de vez em quando Weber “checava a correspondência” como ele mesmo dizia. Os versilis continuavam a passar as instruções de construção, mas o projeto andava muito devagar. Tiveram que construir duas naves mineradora para extrair rochas do cinturão de asteroides e explorar algumas luas em volta. Começaram a produzir fibrium com a especificação correta para o casco da nave orgânica. Um dia a Dra. Alexandra o chamou. - Comandante, precisamos conversar. - Entre doutora, do que se trata? - É sobre o equipamento de suporte de vida que os versilis insistiram para que tirássemos de Dwaraka, não é exatamente um equipamento de suporte de vida. Eles me passaram todas as instruções e confesso que aquilo revoluciona a existência da humanidade. Ele ficou sério e se aprumou na cadeira.
- Nada, só o que os nossos pesquisadores falam, mas confesso que não sei nada.
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- O que sabe sobre genoma humano John?
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- Se não é um equipamento de suporte de vida, o que é então?
- As células do nosso corpo deveriam poder se reproduzir e se substituírem sem problemas, no entanto a gente envelhece pois grande parte das nossas células não são repostas a partir de um determinado momento em que uma substância chamada telómero passa a diminuir e a célula deixa de se dividir. Há uma enzima natural chamada telomerase que seria encarregada de proceder a manutenção dos telómeros, mas ela só faz essa função nas células chamadas de germinativas as demais células, chamadas somáticas tem o gene da telomerase, mas ele não se ativa e não sabemos por quê. Se fosse possível ativar o gene da telomerase em todas as células o que aconteceria é que.. - A pessoa não iria envelhecer.. - Exatamente, se a telomerase for ativada de forma errada há uma proliferação desorganizada de células e pode haver o câncer. Os verlisis nos falaram que a sua raça é muito longeva, eles alegam poder viver cem mil anos. O DNA deles com certeza tem os telómeros ativados corretamente em todas das células. - E o que isso tem com a máquina? - Lembra que eles pediram para fazer o sequenciamento do DNA de toda a equipe de comando e especificaram marcadores que queriam analisado? - Sim, eu lembro. - Esse marcadores tratam sobre telomeros e sobre uma específica estrutura idêntica a outra existente no DNA versilis e que não deveria estar no nosso DNA, mas está. - Nos sabemos que eles incorporaram o DNA versilis na construção da matriz do DNA humano, até aí não há nenhuma novidade. - Há sim. Os “deuses” se deitaram com as mulheres dos homens e esse DNA foi reforçado em alguns, eram chamados os filhos dos deuses, eram criaturas melhores, mais fortes e mais longevas. Muitas civilizações da terra falam dos homens que viviam muito mais que os outros. Os filhos dos versilis com as mulheres humanas carregam uma marcação diferente no DNA, só perceptível porque nós temos a máquina deles, a nossa tecnologia não evoluiu para fazer essa análise, nos temos o DNA versisli para comparar, o que os nossos cientistas na terra não tem.
Ele ficou pálido.
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- A maior parte do pessoal da equipe de comando da missão, você inclusive, tem os marcadores do DNA versilis, são descendentes dos versilis originais, parece que eles já sabiam disso de alguma forma, mas queriam ter certeza, porque a máquina que tiramos da terra é na verdade um reorganizador da estrutura dos telomeros, mas você precisa ter um específico componente do DNA versili para poder usar. Se você entrar nessa máquina John ela vai modificar sua estrutura celular e você pode viver por mil anos pelo menos.
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- Aonde quer chegar com isso Alexandra?
- Alexandra, tem certeza do que está me dizendo? - Tenho, eles me mandaram as instruções de operação da máquina e uma lista de vinte nomes de pessoas que possuem o DNA apropriado. Pediram que passasse a você. Falaram que deve ser o primeiro a entrar na máquina. A questão é que a máquina só tem energia para fazer quinze alterações, só quinze pessoas podem entrar. Eles falaram que você é quem deve escolher as pessoas que quer colocar na máquina. John Anderson Smith ficou completamente lívido e paralisado. - Você leu a lista? - Não, não tive coragem John, achei que você ia querer falar com eles antes. Abri um canal de comunicação. Ele se dirigiu a sala de comunicação e pediu para que todos saíssem, inclusive Alexandra. Ficou na sala por duas horas e ninguém soube o que conversou com os versilis. Na hora que saiu estava sério e silencioso. Ele sentia que tinha envelhecido os mil anos antes mesmo de vivê-los. Pegou a lista de Alexandra e pediu que não divulgasse para ninguém e apagasse os registros do seu equipamento. No dia seguinte, com auxilio da equipe médica entrou na máquina, ficou desacordado por dois dias e quando se levantou chamou quatorze pessoas: Doug Vithor Naz, Weber Matuma, Alexey Vetraniev, Solomon Barzilai, Miriam Stern, Avran Geltschimidt, Lia Mei Bo Shang, Darpak Udit, Alexandra Uzumi, Maria Eduarda Rodrigues, Zulu Adrian, Roberto Silva, Richard Adamastor e Adele Cervantes. Explicou os fatos, mas ocultou que a lista tinha vinte nomes e não quinze e disse a eles que tinham a opção de entrar ou não na máquina.
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Dois dias depois todos entraram na máquina, eles estavam agora ainda mais sozinhos que antes.
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John disse a eles que só podiam entrar porque eram descendentes diretos dos antigos versilis, que viveriam por até mil anos, dez vezes mais que qualquer humano que conhecessem e isso implicaria em abandonar pessoas pelo caminho, amores, amantes, filhos e amigos, eles os veriam envelhecer e murchar e não poderiam fazer nada. Teriam a oportunidade de modificar a humanidade como nenhum outro homem fez antes mas seriam uma exceção, perseguidos e tratados com ódio ou medo. Os governos do mundo lutariam para terem os seus corpos e se fossem presos seriam levados como cobaias de laboratório, se entrassem na máquina estariam abandonando a humanidade como conheciam, mas poderiam fazer muito mais pelo mundo e pelos homens. Aquele era um presente dos versilis, mas era o maior dos encargos que eles teriam para o resto de suas vidas.
PARTE XI DE VOLTA A TERRA Faziam dois meses que Weber não olhava mais a faixa de comunicações com os governos da terra e quando foi fazer isso eles estavam repetindo a mesma mensagem a quarenta e dois dias: Precisamos de ajuda, responda Marte. Ele resolveu ligar o comunicador e começou a transmitir, em menos de um minuto teve a resposta. - Senhor Weber, precisamos falar com John Smith. - Sinto muito mas eles está ocupado agora, pode deixar recado na secretária eletrônica que passo para ele, disse com desdém. - Senhor, a situação é realmente grave e é urgente que possamos falar com John Smith. - O comandante John Smith não está disponível agora, terá que falar comigo se quiser. Uma hora depois Weber saiu em disparada pelos corredores.
Adele Cervantes era espanhola e Richard Adamastor brasileiro, ambos tinham sido encarregados de promover a terraformação de Marte, isso consistia em estudar e desenvolver alternativas para formar um ambiente habitável para seres humanos em Marte, o que era um desafio Marte tinha o ano com quase o dobro dos anos terrestres mas com as mesma quantidade de estações, eram 687 dias. A sua atmosfera tinha 1 quilometos de altura, era rarefeita composta de 95,72% de dióxido de carbono, irrespirável para os seres humanos, menos de 1% era oxigênio. A pressão atmosférica era 75% da pressão da terra, as pessoas se sentiam mais “leves” em Marte.
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Nos pólos a água não se mantinha em estado líquido, saindo do sólido diretamente para o gasoso. A maior montanha conhecida no sistema solar estava em Marte, o Monte Olimpo era um vulcão extinto, seu cone tinha mais de 25 quillometros de altura, 600 quilometros de diâmetro na base com uma caldeira de 60 quilometros de largura e um lago congelado no seu interior.
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Leitos de rios secos e enormes cânions mostravam que um dia Marte teve rios e água. A água de Marte era escassa e na superfície e se encontrava em forma sólida.A variação de temperatura de Marte era um problema, a atmosfera rarefeita, junto com um campo magnético fraco e um núcleo rochoso/ferroso não retinham calor suficiente na superfície. O dia iniciava com -30ºC, passava por 20ºC e podia terminar com -130ºC, nos dias mais quentes Marte podia alcançar 27ºC. Essa enorme variação de temperatura inviabilizava a instalação de diversos organismos vivos para a terraformação de Marte.
Antigas formações da mares secos da cratera Eagle forneciam sal e havia óxido de ferro cobrindo grande parte da superfície do planeta, o que lhe dava a aparência avermelhada, essa poeira era constantemente carregada pelo ar pelos vários redemoinhos e ventos fortes que se formavam na superfície. Marte tinha quase a metade do tamanho da terra e uma formação geográfica bem distinta. O sul era com montanhas altas, escarpados e com crateras parecidas com a da Lua. O norte era plano e mais jovem, resultado de explosões de vulcões já extintos. Vastitas Borealis era uma imensa planície do norte e circundava um planalto gelado com enormes dunas no polo norte, essa região era chamada de Olympia Undae. As planícies eram segmentadas por planaltos que se abriam para as terras na linha equatorial do planeta. Syrtis Maior era um desses planaltos, podia ser visto da Terra, mas havia outros planaltos extensos como Valle Marineris e Daedalia Planun, perto dos Montes de Tharsis. Os desfiladeiros eram grandes e profundos, Ma'adim Vallis era um desfiladeiro de 700 quilometros de extensão, com alguns lugares com 20 quilometros de largura e 2 quilometros de profundidade. Ele havia aprendido muito sobre Marte nos últimos dois meses com os dois cientistas e não imaginava o grau de complexidade de uma terraformação. - John, alteramos e semeamos as novas cepas de cianobactérias para consumir o dióxido de carbono. Colocamos em todo o planeta, Monte Olimpo, Cratera Eagle, Olympia Undae, Syrtis Maior, Valle Marineris e no Ma’adim Vallis. Estamos acompanhando a evolução, as de Ma’adim Vallis parece que estão se comportando melhor, as colônias estão mais protegidas e conseguiram crescer mais rápido. Os ventos nas planícies não deixam elas se instalarem por tempo suficiente para criar grandes colônias, creio que teremos que pensar no futuro em como vamos lidar com esses ventos. Essa semana criamos uma cepa mais forte e modificada e instalamos a colônia em Ma’adim, a colônia cresceu 500% mais rápido que as anteriores, acho que conseguimos a bactéria certa para começar a consumir o dióxido de carbono e começarmos a colocar oxigênio em Marte e isso reduziu o nosso cronograma em 15 anos. - Essa é a melhor notícia da semana, ele disse. - Não, temos noticia ainda melhor: achamos água em estado líquido a 300 metros de profundidade em Valle Marineris e água congela congelada a 280 metros em Olympia Undae.
- Em 5 anos nossas primeiras plantações de liquens podem se iniciar se conseguirmos povoar os 700 quilômetros do Ma’adim. Isso significa a produção de um quadrillhão de toneladas de cianobactérias por ano naquele lugar e depois espalhamos pelo resto do
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- Isso é demais! Vamos conseguir água e uma atmosfera? Em quanto tempo poderemos começar a plantar?
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Ele abriu um sorriso imenso.
planeta. No primeiro ano achamos que podemos ver algum organismo já se desenvolvendo por lá, nas nossas previsões mais otimistas. Nesse instante Weber entra ofegante pela sala. - John!! Emergência, temos um problema.. Ele sorriu. - Isso parece um mantra na sua boca Weber, qual o tamanho da sua emergência? - Uma emergência do tamanho da Terra. Quando ele terminou de contar, ninguém mais estava sorrindo na sala. - Chame todos os dirigentes do projeto e nos coloque com uma conexão com a Terra imediatamente. Em meia hora eles estavam em uma conexão com o chamado Comitê Planetário da Terra, composto pelos membros dos países que haviam contatado inicialmente e outros que tomaram conhecimento da existência deles depois. - John Smith, estamos tentando contatar Marte fazem quase dois meses. Ele estava sentado na mesa com os demais dirigentes do projeto, todos impecavelmente vestidos nos seus uniformes, usando o escudo versislis. - Estou ciente disso, paramos de ouvir a terra quando retiramos toda a nossa operação do planeta, Weber só olha as comunicações esporadicamente. Fale sobre a natureza da emergência. - Temos um PHA de mais de dois quilômetros de comprimento em rota de colisão direta com a terra. O tempo previsto para impacto é de 168 dias a contar de hoje, não temos como tirar essa coisa do caminho se tentarmos destruir ainda assim os pedaços vão atingir a Terra, estamos diante de um cataclismo sem precedentes e sem recursos para resolver o problema. - Vocês tem sistemas de solo e sistemas óticos espaciais, descobriram isso só agora? - Ele estava escondido atrás de outro asteroide, o 99942- Apophis, Depois que ele passou é que vimos, não estava lá antes.
- Estamos passando para vocês. Pode mandar uma das suas naves tirar o objeto do curso ou explodir ele?
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- Nenhuma das nossas naves tem autonomia de voo para além de Saturno Senhor Presidente. Poderíamos ter uma construída a um mês, mas como sabe não temos
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- Possuem outras informações sobre a massa, características de rotação e a exata rota do PHA?
recursos para isso. Vou me reunir com a equipe e ver o que podemos fazer, Qualquer alteração da situação nos comunique, estaremos ouvindo, em dois dias voltamos a falar. Desligaram o link. - John, um asteroide desses batendo contra a terra nesse ângulo equivale a mais de 1 milhão de gigatons, é a extinção do planeta, disse Doug. - Eu sei Doug. O que temos para ajudar a Terra? Parem tudo o que está sendo feito, nas próximas 48 horas todos os membros de ciências das equipes devem ter esses dados e preciso de um plano na mesa. Digam a eles que os amigos deles ou as famílias que deixaram para trás vão morrer se não fizermos algo. A raça humana pode deixar de existir se não acharmos uma solução. Temos um simulador de impactos em um dos nossos softwares para calcularmos os impactos dos asteroides do cinturão, adequem para o calculo do impacto com a terra. Todos saíram em disparada. - Doug, Weber e Mei fiquem. Vamos falar com os versilis. A simulação do impacto veio em poucos minutos. O asteroide tinha 2 quilômetros de diâmetro, com uma densidade de 250k/m³, entraria na atmosfera a uma velocidade de 43 km/s. A energia de entrada em um ângulo de 89º equivalia da 9.68 x 10^20 Joules, isso resultaria em uma explosão de 23.100.000 megatons, Em dez segundos sentiriam os abalos sísmicos por todo o planeta, formaria uma cratera de 20 quilometros de diâmetro e levaria dejetos a 8 quilômetros de altura com fragmentos que podiam ter de até três metros de diâmetro, os efeitos da radiação seriam sentido 476 milissegundos e depois do impacto a onda se choque viria em seguida, toda a vida na terra seria extinta, se ela não se partisse no impacto. Era um desastre absoluto. O canal de comunicação com os versilis foi aberto. - Olá John Smith, disse Net com uma expressão que parecia um sorriso. - Ola Net. Precisamos conversar com vocês, é uma questão urgente. Pode chamar Lorde Onmics e o conselho. - Chamarei agora mesmo John Smith, aguarde um pouco. Em alguns minutos o conselho versilis estava reunido.
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- Saudações ao senhor Lorde Onmics e a todo conselho. O cronograma em Marte está alguns anos adiantado e todos tem trabalhado muito aqui, não há problemas em Marte, mas temos um problema com a Terra.
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- John Smith, a que devemos a honra? Algum problema em Marte?
John passou a narrar as questões e enviou os dados que tinham do asteroide. - Isso é de fato um grande problema. Não há possibilidade de enviarmos nenhuma das vimanas e o armamento que possui não ultrapassa Saturno. Esse objeto destruirá completamente a terra e a humanidade se não fizermos algo. Vamos nos reunir e em dois dias apresentaremos alguma coisa para vocês. Boa sorte John Smith. Desligaram.
- Isso é muito grave, asseverou Amarock, - Qual solução teríamos para a questão, pergunto Onmics? - Não sei Onmics, teremos que estudar os recursos que existem no lugar e os que temos aqui. - John Smith nos mandou uma listagem Krishna. Reúnam-se e vejam o que pode ser feito, conto com a colaboração de todos vocês. A Terra nos é muito cara. Dois dias depois entraram em contato com Marte, John ainda não havia falado com a Terra. - John Smith, achamos por bem discutir nossos problemas abertamente, disse Onmics. - Sim senhor, não conseguimos aqui nenhuma solução que não resulte em mortes na terra. Podemos posicionar nossas vimanas nesse setor - enquanto falava mostrava um holograma do espaço. As vimanas poderiam disparar contra o asteroide, descobrimos que atrás dele há outros menores, arrastados. Os pedaços poderiam ser destruídos ou diminuídos se reposicionarmos as nossas estações de defesa em um cinturão nesse ângulo, antes da lua. Na melhor simulação conseguimos deter metade dos pedaços, mas nossas vimanas serão destruídas e quem estiver operando as estações morre com os impactos, Os pedaços que sobrarem caem sobre a terra, mas ainda assim serão grandes os bastante para causar enorme destruição, estimamos que 80% dos continentes serão devastados. A destruição deveria acontecer no instante em o asteróide penetrar no sistema solar para que tivéssemos êxito com as estações de defesa. Parte dos pedaços iriam colidir com o cinturão de asteroides e poderiam ser detidos por lá. - Marte não está exposta nesse cataclismo? - Não senhor, a posição de Marte nesse instante está fora do ângulo de entrada, nem mesmo asteroides errantes nos pegariam, estamos no lado oposto – ele mostrou no holograma a posição do planeta. Conseguiram alguma solução?
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- As projeções que fizeram estão corretas John Smith, também calculamos as variáveis com todo o equipamento que tem em Marte e na Terra, não há possibilidade de deter o impacto sem um grande prejuízo para a humanidade. Passamos a levantar nossos recursos, que são limitados, provavelmente mais do que os que vocês possuem. Temos
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- Ainda não sabemos, Lorde Krishna vai expor o que conseguiu.
uma nave intergaláctica operacional, mas não está armada, há apenas uma pequena carga que poderia dar no máximo dois disparos, ser errarmos os disparos não haverá chance de deter o asteroide, Veja que é o único veiculo que temos para sair do planeta, se pudéssemos sair dos nossos casulos e ela pode ser acionada remotamente. Outra questão é que as matrizes de acionamento da nave devem ser energizadas, teríamos que desviar a energia de dois dos nossos coletores para a nave, isso implicaria em diminuir nossas atividades e talvez tivéssemos que congelar aproximadamente 1.550 dos nossos casulos. Dirigir essa nave para o seu sistema é outro problema, podemos colocar ela no seu espaço mediante instruções na IA da nave, mas direcionar ela para o asteroide seria sua função. Desenvolveríamos uma matriz que aceite seu padrão neural, a nave não teria muita energia, portanto não tem como ficar fazendo muitas manobras com ela, mas conseguirá destruir o asteroide logo que entrar no sistema solar. É o máximo que poderíamos fazer. Amber se levantou. - Perdoe-me Lorde Krishna, mas vamos dar a eles a única possibilidade que temos de sair desse planeta e congelar 1500 dos nossos soldados para salvar o planeta que se recusa a nos ajudar? Isso é um absurdo! Estamos aqui por causa deles e vamos morrer por causa deles. E o que ganhamos em troca? Houve um tumulto no Conselho, diversos queriam falar ao mesmo tempo. Lorde Ulrich se levantou, tirou a espada cerimonial que carregada e a fincou com força no chão produzindo um estrondo. Todos silenciaram. - Ganhamos dignidade Lorde Amber. Não estamos aqui por conta dos humanos, estamos aqui porque decidimos estar. Estamos aqui porque acreditamos nas nossas convicções, acreditamos que criar o homem era certo, acreditamos na humanidade e desde o momento que assumimos a forma humana sabíamos que poderíamos morrer, Quando nossos irmãos nos capturaram e nos levaram, sabíamos que queriam nossa morte. Sofremos a humilhação, a tortura e a morte de muitos de nossos companheiros em batalha, defendendo a Terra e a humanidade. Se voltarmos as costas para eles estaremos dizendo que estávamos errados, que merecemos a morte, que merecemos a tortura, que merecemos a humilhação, que fomos tolos e as mortes dos nossos irmão na terra foram fúteis, que nossa existência e nossas vidas nunca tiveram um propósito e seremos piores do que aqueles que nos colocaram aqui para morrer. Minha existência não é em vão, minhas convicções não estão erradas, minha batalha não é fútil e meus homens não padeceram inutilmente Lorde Amber, Fizemos mais em nossa curta existência do que todos os versilis em suas grandes batalhas, e se tiver que morrer lutando pela Terra e pela humanidade que criamos, eu continuarei. Eu proponho ao conselho a aprovação das diretrizes de Lorde Krishna. Ulrich era o melhor líder que eles tinham, e também o mais nobre dos versilis.
- O asteroide deve estar ao alcance no sistema solar em cinco meses aproximadamente.
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- Quanto tempo temos John Smith?
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Todos se levantaram, inclusive Amber, e aprovaram o plano de Krishna.
- Retornaremos as instruções, preparem as medidas de proteção no entorno da terra reposicionando as estações de defesa, armem as vimanas e aguardem. Desligaram. - Meu Deus! Disse Mia enxugando o rosto. Eu beijaria a bunda desse Lorde Ulrich se ele me pedisse. - Acho que todos nós, disse Doug. Minutos depois entraram em conferencia com a terra. - Comandante John Smith, conseguiu alguma coisa? - Sim, estaremos em dez horas na terra. Reunião em seu pais se assim desejar Senhor Presidente. - Será um prazer recebe-los. Os detalhes foram acertados e voariam diretamente para uma base militar - Vamos mesmo para a terra? - Sim Mei, inclusive você. - Alexey, sabe aquele uniforme impactante que você e Mirian criaram? Vamos usar eles. - Eu não vou usar aquele negócio, é ridículo John! - Vai sim e não será ridículo. Quando terminarmos o dia metade da humanidade vai querer estar usando um, vamos na nossa nova vimana de 300 metros Quando a nave apareceu e ficou flutuando a cem metros no ar o comando de 20 pessoas caiu pela abertura, o impacto do solo era transferido para a terra e foi um grande estrondo.
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Ao redor das pernas e cintura haviam equipamentos que pareciam armas e alguma espécie de sensor. A cabeça estava completamente envolvida no material dourado e uma capa vermelha, também com o escudo dos dragões, esvoaçava por cima da armadura, luvas do mesmo material cobriam as mãos e pesadas botas davam o toque final no visual, todo em ouro. Eles desceram e caminharam em direção as pessoas que os aguardavam e na medida em que caminhavam a cabeça da armadura se desfez completamente integrando-se a armadura e exibindo o rosto de cada um deles, a armadura foi mudando da cor dourada para preto exibindo a construção em fibrium por debaixo do ouro. A cena impressionou. O uniforme na era pesado pois existiam compensadores de gravidade que davam a eles a sensação de estarem 30% mais leves.
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Não era possível ver o rosto de nenhum deles. A roupa era toda em metal dourado com um peitoral onde se via o desenho de dois dragões entrelaçados.
Soldados dispostos de um lado e outro da entrada do prédio lhes prestaram honras militares. John Smith vinha a frente, o equipamento e o vestuário lhe conferiam uma aparência ainda maior. Os cabelos desalinhados recebiam o vento e o olhar duro lhe dava um aspecto intimidador. Dois robôs de combate de quatro metros de altura, armados, se posicionaram abaixo da vimana, fazendo a guarda. Chegando ao final da formação de soldados, o Comitê o aguardava. - John Smith, é um prazer revê-lo. Disse o Presidente estendendo a mão. John lhe estendeu a mão protegida por uma luva negra de fibrium. Entraram e foram diretamente para a sala de reunião onde eram aguardados pelos demais. A entrada deles foi impactante e o silencio se fez. Todos sentaram e o próprio John que começou a falar. - Senhores, estudamos a situação e é muito grave, estamos tratando da extinção da terra. Como tinha dito antes, não temos recursos suficientes para sozinhos determos o asteroide. Houve um tumulto na sala. - Mas, continuou ele, conversamos com os Versilis. Não creio que minhas explicações serão suficientes então trouxe a conferencia para assistirem. Colocou um dispositivo holográfico sobre a mesa e todos assistiram a reunião que havia acontecido a poucas horas. - Precisamos de algumas pessoas para operar as estações de ataque, a maioria do nosso pessoal está trabalhando na terraformação de Marte, são cientistas que nunca seguraram em uma arma. Tenho uma lista de quinze homens de que preciso treinar para operar as estações, se a nave versilis falhar e as vimanas não conseguirem cumprir sua missão eles serão os responsáveis por dar à Terra uma chance de sobreviver. Ele colocou a lista na mesa. Eles irão conosco para Marte com suas famílias e não deverão mais retornar a Terra, devem estar cientes disso se quiserem participar. Também preciso dessa lista de materiais para equipar as vimanas. Temos 54 vimanas que podem ser usadas. Nosso pessoal em Marte está tratando de torna-las operacionais.
- Nossa chefe de segurança e os administradores de recursos podem lhes dar os esclarecimentos.
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A sala explodiu em perguntas.
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Mostrou o esquema tático de posicionamento de todo o armamento.
O Presidente Brasileiro se levantou e todos ficaram quietos - John Smith, agradecemos o seu empenho em salvar o planeta mas acho que nos deve mais explicações. Que questões foram aquelas levantadas por Lorde Ulrich no seu discurso? - É uma longa história Sr Presidente. Uma história de 100 mil anos. - Nos aceitamos a versão resumida. Por favor? - Não estou autorizado a lhe dar essas informações. Por hora viemos somente tratar do assunto da Terra, pediram nosso socorro e é o que podemos fazer. - Só por hora Comandante aceitaremos essa desculpa, mas depois que sairmos dessa crise, nos deve explicações, disse o Primeiro Ministro Inglês. A reunião continuou e ao final eles tinham acertado tudo. - Passará a noite na Terra Comandante? - Sim senhor presidente. A bordo de nossa vimana, amanha vamos conversar com os homens de devem ir para Marte operarem as estações de combate. - Então acredito que podemos lhe oferecer um jantar, não tão suntuoso como o de Akahim mas satisfatório. - Seria uma honra Senhor Presidente. Naquela noite foram todos jantar na Casa Branca, com os demais lideres. No jantar ficou tratado que reabririam Akahim e uma equipe liderada pelo Brasil poderia se instalar na Base que serviria para a comunicação com Marte e monitoramento das ações uma vez que era a melhor tecnologia de que dispunham na Terra no momento. No dia seguinte Mei foi falar com as tribos e levou Alexandra para curar a filha de um dos caciques que estava doente.
- Aqueles que se acharem aptos para cumprir a missão deverão partir em uma semana para iniciar o treinamento em Marte, com suas famílias e , irão residir em Marte a partir de então. Serão a ultima esperança da Terra se todas as medidas falharem e podem
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Ele informou do cataclismo que podia assolar a terra, deu alguns minutos para conseguirem processar a informação e em seguida lhes contou sobre a colônia em marte e a missão versilis. O silencio era abissal. Terminou dizendo:
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John se reuniu com o grupo de quinze homens experimentados e treinados em combate aéreo, eram os melhores do mundo. Haviam israelenses, norte americanos, ingleses, canadenses, africanos, brasileiros, era uma confusão de línguas.
morrer na missão, suas famílias estarão seguras em Marte. Estou lhes entregando um equipamento para informação sobre a vida em Marte e o treinamento a que se submeterão. Não será fácil. Os senhores estão convidados a visitarem a vimana que está camuflada na base e em uma semana retornamos para pegar aqueles que decidirem seguir conosco. Diversas perguntas depois ele levou os quinze homens para junto do comando versilis e os deixou visitarem a vimana de 300 metros, tripulada por 50 pessoas. Lia Mei parou ao lado dele. - Será que conseguiremos? - Creio que pelo menos dez desses, é pouco mas espero que seja o suficiente para o que sobrar do asteroide. Uma semana depois eles voltaram e encontraram quinze homens e suas famílias esperando. John os recepcionou a bordo da vimana em um jantar com os presidentes do Conselho Planetário, conversou com todas os familiares pessoalmente. O treinamento versili tinha melhorado muito sua memória, ele sabia o nome de cada um deles. As semanas seguintes foram as mais exaustivas. Todas as estações foram reposicionadas, das 54 vimanas somente 51 estavam aptas a operar no ataque. O conselho Versili lhe mandou o esquema da interface neural que foi construída para poder pilotar a nave versili, um software de simulação foi instalado para que pudesse treinar, era muito mais complexo do que estava acostumado uma vez que a plataforma não era de uma nave orgânica. Falhou na simulação várias vezes e isso o preocupava muito. A terra mandou tudo o que foi pedido e muito mais. Milhares de galões de água e alimentos frescos, sabiam que tinham falta disso em Marte. Miriam e Solomon estavam felizes com os novos suprimentos, deixariam a população mais feliz por algum tempo. Faltando apenas duas semanas para o início da operação Lia Mei acompanhou pessoalmente toda a instalação das armas nas Vosoko e os testes de reposicionamento das estações de batalha. Os homens estavam muito bem treinados. Um representante da Terra foi levado para Marte para acompanhar a operação. A tensão aumentava e John ficava horas treinando no simulador. Os versilis acionaram a comunicação entre Marte e o planeta versili. Uma conferencia foi feita cinco dias antes.
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- John Smith é um prazer que esteja conosco novamente. Amanha estaremos em contato direto e vamos lhes passar as exatas coordenadas de saída da nave. Ela deve estar na orbita de netuno, na posição frontal a saturno. Marte nesse instante se encontra do lado oposto ao sol em relação a terra. Terá que levar a vimana até a orbita de Júpiter, nas
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coordenadas que lhes estamos lhe passando, atravessando o cinturão de asteroides. Recomendo sair e se posicionar o mais breve possível. - Quando a nave entrar no nosso sistema, receberemos um sinal e assumiremos daqui, temo que possa ser mais difícil de controlar o sistema do que o esperado. - Sabemos disso John Smith, essa nave não tem possibilidade de retorno para o nosso planeta, se tudo falhar jogue a nave sobre o asteroide e não hesite, qualquer minuto de hesitação e podemos perder o ângulo adequado para a penetração nessa rocha. Esta rotacionando sobre o eixo e só há um ângulo apropriado de penetração. Você só tem dois tiros. - Eu sei Lorde Krishna, gostaria de não estar nessa posição. - Já discutimos sobre suas obrigações com sua espécie John, as vezes fazemos aquilo que é preciso e não o que queremos fazer, daqui alguns milhões de anos seu nome nem será lembrado, como não é o de milhares de versilis, mas seu povo existirá graças aos enormes esforços que faz agora. Não haverá honraria ou manifestação que possa retribuir o seu gesto, seu caminho será difícil, ainda será perseguido por aqueles que salvou e recriminado por suas ações, mas acredite está fazendo o que deve e nós o escolhemos porque sabemos que é capaz, tem a melhor parte da humanidade em você John Smith, ainda não sabe disso, mas saberá um dia. Confiamos que fará o que deve ser feito. - Obrigado senhor. As vimanas e as estações já estão posicionadas, depois que explodirmos o asteroide ainda teremos mais um mês de espera pelos destroços que passarem pelo cinturão., acho que isso nos dará alternativas e podemos discutir isso depois. - Não poderemos John Smith, daqui a cinco dias faremos nossa ultima transmissão, foi necessário mais energia do que supomos para poder colocar a nave em uso, centenas dos nossos tiveram que ser congelados e muitas funções foram desligadas. Não sabemos quando voltaremos a transmitir novamente. Net estima que teremos energia dentro de dois meses do tempo terrestre, se tivermos vamos transmitir, fique na escuta. Terá que tomar as decisões sozinho daqui por diante, boa sorte para você e para a Terra John Smith. - Lorde Krishna, agradeço a vocês e a todo conselho, acreditem nós construiremos a nave e vamos resgata-los a tempo. Achamos os seus corpos no Monte Olimpo, assim como narrou, estão perfeitamente preservados nos casulos e já os transportamos para a nossa base. Também achamos o corpo da versili Demetra, está preservado e será levado para receber as honras merecidas. Nos chegaremos ao seu planeta e vamos retira-los daí, nos esperem.
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Era o tratamento mais respeitoso que um versili poderia dar a outro e Krishna o equiparava a um deles naquele momento.
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- Tenho convicção de que o fará Lorde John Smith.
No dia seguinte ele partiu com 50 homens e uma Vosoko de 300 metros para atravessar o cinturão de asteroides e receber a outra nave versili. Mei ficou em Marte cuidando do restante da segurança. ________________________________________________________
- Estamos nos aproximando do cinturão senhor. - Descamuflar e jogar a energia para os escudos. Visualizar o espaço. A frente deles se abriu o espaço mostrando rochas imensas e pequenas, eles tinham que atravessar aquilo. - Executar a telemetria e analisar rota mais provável. - Executando senhor. - Mostre o holograma. Um modelo holográfico apareceu e a nave teria que dar muitas voltas. - Quanto tempo para o percurso navegador? - Quatro dias senhor. - Só temos três. Estime uma rota para dois dias, não podemos chegar atrasados. Novo modelo holográfico apareceu. - Nossas chances de colisão aumentam para 40% Senhor. - Então teremos que diminuir essas chances. Dalton. - Senhor? - Quanto de armamento temos ainda? Poderíamos abrir um caminho disparando alguns dos nossos mísseis ou plasma? - Podemos usar os mísseis senhor, mas isso implicaria em redesenhar o caminho dos asteroides a cada passo. - Mas abriria o caminho mais rápido?
- Então vamos atirar em umas rochas por dois dias.
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- Sim senhor, teremos dois dias como quer.
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Ele esperou os cálculos aparecerem no holograma.
Começaram a operação. Em dois dias estavam no ponto de espera No terceiro dia veio a transmissão versili em uma única mensagem: nave chegando. Os dispositivos da Vosoko identificaram a nave imediatamente. Os tripulantes pararam. Uma gigantesca nave de 10 quilômetros de extensão, toda negra, era algo que ninguém havia visto. John quebrou a magia. - Vamos meninos, temos trabalho a fazer, construiremos depois uma dúzia dessas quando voltarmos para casa. Todos se movimentaram. Ele se sentou na grande poltrona branca e imediatamente acionou a interface neural para o contato com a nave. Um dispositivo saiu do teto e outros da cadeira, ele encostou a cabeça no suporte e fechou os olhos, pequenos cílios orgânicos penetraram na sua pele, uma massa orgânica de cor clara se formou sobre toda a parte superior do crânio inclusive sobre os olhos, a massa foi se estendendo pelo ombro até chegar aos braços e envolveu a parte superior das mãos, duas pequenas garras muito finas penetraram o córtex cerebral pela nuca. John Smith estava se tornando uma maquina naquele instante, um holograma se formou e mostrava a velocidade em que seu cérebro se sincronizava com a nave versili. A nave interpretava ele como um comando cibernético externo. Os processos com as vimanas era muito suave e natural, mas com a nave que não era orgânica era cansativo e doloroso. Conseguiu assumir a nave e as informações de navegação e de situação da nave começaram a fluir para o seu cérebro. A partir do momento que fizesse a conexão teria que continuar até terminar a missão. Ele esperou por dezoito horas. O asteroide era muito grande, ele circundou a figura e emparelhou com o objeto para analisar a rotação e calcular o ângulo para disparar. Durante meia hora fez e refez com a IA da nave os cálculos, a densidade era maior do que esperada. Após rever os cálculos deu o primeiro disparo que atingiu o alvo como esperado, mas o asteroide não se rachou. Mais meia hora e refez todos os cálculos e atingiu o asteroide que iniciou o processo de cisão. A rocha se partiu em pequenos pedaços mas um grande pedaço de 500 metros ainda ia em rota de colisão. Uma voz mecânica saiu da Vosoko.
A Vosoko passou a atirar nos pedaços menores e a nave versilis continuou no curso com o asteroide. Os cálculos indicavam que deveria ser partido pelos próximo dez quilômetros ou não seria possível parti-lo sem comprometer a Terra, a nave já estava
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Ele estava manipulando as duas matrizes ao mesmo tempo.
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- Pulverizem as partes menores.
sem autonomia. John jogou a nave sobre o asteroide. A grande nave explodiu, partindo o asteroide em pedaços menores. A vosoko teve que manobrar para não ser atingida no caminho. John Smith estava na cadeira completamente tonto, ao quebrar a conexão com a nave principal ouve um grande pulso neural. Por ordem do navegador continuaram no perímetro tentando quebrar a maior quantidade de rocha possível, e haviam rochas de cem metros de comprimento.Uma grande rocha de duzentos metros não pode ser partida. John foi levado para a enfermaria com uma dor de cabeça horrível. Mal conseguia parar de pé, o médico lhe aplicou uma medicação para relaxar, mesmo assim ele foi a ponte para pedir o relatório da ação. Haviam ainda rochas grandes passando. Os projéteis da Vosoko haviam terminado, ele mandou que voltassem para a casa e enviassem o relatório para Mei. Demoraram dez dias para passar por todo o cinturão, já que não podiam atirar em mais nada. A missão havia sido cumprida com relativo sucesso. Dormiu por dois dias seguidos. ______________________________________________________________ Ela estava na sala de reuniões com o comando e em um link direto com a Terra - Temos os relatórios de John sobre a missão, disse Mei. O asteroide foi partido mas ainda há vários pedaços grandes vindo em nossa direção, em três semanas terão atravessado o cinturão e podem trazer outros fragmentos junto. As Vosoko vão ter que entrar em ação e as estações de batalha também. John deve retornar em dez dias, tiveram que usar toda a munição para minimizar a situação. As noticias foram celebradas com alegria, mas ainda havia motivo para muita preocupação. A Vosoko voltou do cinturão e John estava de mau humor. Não queria ter estragado a nave versili, achava que poderia ser utilizada para o resgate dos versilis no futuro. Dali cinco dias os primeiros pedaços começaram a sair do cinturão, traziam centenas de rochas junto. Todas as Vosoko passaram a despedaçar rochas e as que escapavam eram atingidas pelas estações de batalha, os homens fizeram um excelente trabalho.
Depois de uma semana se via somente um cinturão de poeira no local. A Terra estava salva.
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John mandou a mensagem para o comitê da terra, respirou fundo, pegou cinco garrafas de whisky alguns copos e bebeu com sua equipe até secarem as garrafas. Todos estavam
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Três naves foram avariadas por impacto de rochas muito grandes e recolhidas aos estaleiros no primeiro dia. No total, dez naves tiveram que sair da missão. Todo o comando versili estava envolvido na operação.
em silencio, não haviam passado tanta tensão na vida. Dispensou todos eles por alguns dias para relaxarem. Somente Mei ficou, alegando que não tinha razões para relaxar, haviam muitos relatórios de danos para serem cuidados. _______________________________________________________________ Tinha decidido explorar o Monte Olimpo. Era obrigado a fazer alguma atividade física para eliminar parte da tensão, não era qualquer um que podia escalar a maior montanha conhecida do sistema solar. A encosta do monte era um ambiente especialmente difícil. O traje espacial resistia bem, mas já estava ficando cansado, a temperatura iria cair rápido com o fim do dia. A visão da aurora boreal estranha e azulada contrastando com o vermelho do restante da paisagem era surreal. Viu uma saliência onde poderia parar, antes de voltar para o veiculo. Quando olhou para baixo haviam dois homens parados ao lado do seu veículo. Não tinha conhecimento de que duas pessoas estavam autorizadas naquele dia para aquele local, por isso estava ali, queria se isolar. Foi em direção ao veiculo e quando se aproximou eles lhe apontaram uma arma de pulso. E lhe ordenaram que entrasse no veículo. Ele entrou. Mandaram que tirasse o capacete do traje e ele obedeceu, os dois também tiraram o capacete, ele tentou tomar a arma e um deles imediatamente lhe injetou uma droga no pescoço, ele foi dopado e desmaiou. O capacete foi recolocado, retiraram o homem do veiculo e outro veiculo encostou no local, levaram ele para o segundo veículo e sumiram dentro da montanha. Acordou em um local escuro, seus braços estavam amarrados em dois pilares opostos,não tinha ideia de onde estava. Duas pessoas o haviam sequestrado em Marte e era bem possível que não estivesse mais em Marte. Mei não daria falta dele antes do segundo dia pois havia dito que ficaria dois dias repousando. Uma luz forte se acendeu cegando-o, as amarradas dos pilares foram puxadas com força obrigando-o a ficar de pé, com os braços abertos e esticados. - John Anderson Smith, precisamos de informações e você irá nos fornecer. - Quem são vocês e o que querem? - Não somos ninguém, mas queremos os códigos de acesso das Vosoko. - Não há código de acesso para Vosoko e se tivesse eu não lhe daria.
Durante os dias seguintes ele foi drogado o treinamento neural versili impediu que a droga fizesse o efeito desejado e ele não disse nada.
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Partiram para um interrogatório mais invasivo. O deixaram nu e lhe jogaram água fria sobre seu corpo, o frio era intenso no lugar, ele tremia muito, esticaram as cordas ao
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- Voce dará, eu lhe garanto e quando terminarmos vai implorar para morrer.
máximo até que ficasse na ponta dos pés, começaram dando-lhe socos no abdome e no rosto, depois colocaram eletrodos no corpo e ele passou a ser eletrocutado. Em meio a tortura ele viu um vulto de uma mulher que lhe dizia “vamos enfrentar nossos medos juntos John”, a figura se repetia e ele sabia que devia ser efeito da droga. Não respondeu a nenhuma pergunta. Soltaram as cordas, ele caiu exausto pela dor no chão, jogaram um grosso cobertor por cima e sumiram. No dia segunte voltaram, esticaram as cordas e o obrigaram a ficar em pé, continuaram a perguntar e ele continuou calado. Mais água gelada foi jogada. Seu corpo tremia muito pela baixa temperatura, colocaram eletrodos e começaram a dar choques, ele segurava o grito e urrava entre os dentes de dor. Paravam por um tempo que não sabia precisar e depois retomavam a tortura, não o alimentaram durante todo o tempo mas lhe deram água. Sentia fome e frio. Durante dois dias repetiram o processo, ele foi brutalmente espancado e eletrocutado. No terceiro dia usaram uma barra de ferro, foi completamente esticado nos pilares, seu corpo doía horrivelmente e estava coberto de hematomas, seu rosto era uma massa disforme e inchada, golpearam forte e duas costelas foram partidas, as pernas foram quebradas, ele não conseguia se sustentar em pé e gritou pela primeira vez de dor, os torturadores ficaram satisfeitos, faltava pouco para que ele cedesse. Eles pararam para mante-lo vivo. Soltaram-no e ele despencou sobre os ossos quebrados, gemendo e chorando pela dor. Viu o rosto da mulher novamente “ vamos enfrentar nossos medos juntos John”, a visão ficava se repetindo e ele gemia de dor, estava com dificuldades para respirar, tentou se mexer mas a dor era intensa. “vamos enfrentar nossos medos juntos John”, a visão ia e voltava, vomitou sangue, “vamos enfrentar nossos medos juntos John”, achava que tinha chegado o fim, “vamos enfrentar nossos medos juntos John” a mulher flutuava a sua frente toda vestida de negro em um manto esvoaçante e era muito bonita, estava morrendo, não iria ver marte crescer, não iria resgatar os versilis e não iria viver mil anos, “vamos enfrentar nossos medos juntos John”, era isso, esses deviam ser os seus medos? Estava delirando. Foi quando Mei chegou. Ao longe ele ouviu o som dos disruptores e a voz de Mei, mas não sabia se estava delirando. Respirava com muita dificuldade. A visão era embaçada pelo sangue.. Lembra que ouvia a voz de Mei ao seu lado falando algo.
A medica o socorreu no mesmo momento, mas ele não respirava direito. Quando Mei viu seu estado seus olhos se encheram de lagrimas e tentou falar com ele.
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Ele estava jogado nu no chão frio da cela, em meio a uma poça de sangue e vomito, com os pulsos amarrados em dois postes, muito machucado e meio consciente, não se movia e gemia de dor, vomitava sangue e respirava com dificuldade
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Quando Mei chegou com a equipe de resgate ouve grande resistência que foi vencida com rudeza, ela tinha que entrar o mais rápido possível ou poderiam matar o refém.
- John, fique comigo John, por favor fique comigo Ele olhava para ela entorpecido, o rosto ensanguentado e gemendo, dos olhos inchados e hematosos escorriam lagrimas e um filete de sangue saia pela boca. e Mei chorou também. - Mei, as costelas perfuraram o pulmão está com hemorragia. Coloque-o deitado e esticado no chão. Isso vai doer John, mas aguente firme querido. A medica perfurou um pedaço da pele e aprofundou a carne ao lado da costela, ele gemeu, uma grande quantidade de sangue fluiu pela abertura, pediu a Mei que o inclinasse para frente levemente e a respiração ficou melhor. Colocaram ele na maca e diversos dispositivos sobre o corpo, as duas pernas foram imobilizadas, ainda dentro do veiculo limparam o seu corpo, foi entubado para respirar melhor, lhe administraram sedativos e a médica iniciou uma intervenção cirúrgica para cessar a hemorragia. Correu risco de vida e teve uma parada respiratória, durante cinco dias ficou em coma no hospital em Marte. Ele não havia saído de Marte em nenhum instante, seus sequestradores tinham arrumado um buraco dentro da montanha. Nos dias seguintes Lia Mei Shang iniciou uma caçada implacável contra as pessoas que tinham feito aquilo. Quando saiu do coma ainda tinha dificuldades para falar, as dores foram mitigadas por analgésicos fortes e ele passava a maior parte do tempo dormindo ou delirando com visões de naves, versilis e pessoas falando, não dizia coisas que fizesse sentido. A fisiologia modificada pela máquina versili lhe deu vantagens, o tempo de recuperação foi a metade do esperado. Toda a colônia teve conhecimento do caso, difícil ocultar algo assim em um lugar pequeno. Mei conseguiu descobrir os autores e simplesmente os sequestrou da Terra, levando-os para Marte, trancafiou todos em celas e esperou até que John pudesse decidir o que fazer. Eles tentaram fuga e abriram um buraco no lugar errado, a descompressão os matou e Mei não teve trabalho de apurar porque ninguém tinha visto o buraco O Comitê na Terra foi informado do fato e das pessoas envolvidas. Nem mesmo protestaram quando Mei invadiu a Terra e capturou os envolvidos que faziam parte de uma célula de um dos governos. Todos os dias pediam informações sobre a sua recuperação.
Voltou a trabalhar um mês depois, sob protestos de Alexandra. Ela lhe obrigou a se apresentar a um psicólogo durante seis meses, uma vez por semana.
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Na semana seguinte o Comitê pediu uma reunião na Terra. O Comando Versili foi com o seu Comandante John Smith. A mesma opulência original foi apresentada. Sua
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Aos poucos voltou a andar e ainda se sentia muito mal. Mesmo quando foi preso na guerra no Afeganistão não tinha sofrido aquilo. Ele tinha salvado o mundo e estavam tentando lhe matar. Lembrou das palavras de Krishna e sozinho no seu quarto ele chorou.
aparência era impecável e seu olhar ainda mais ameaçador. Mei dobrou o sistema de segurança a sua volta, sem ele saber, era o tempo todo seguido por dois soldados usando trajes com camuflagem. O Comitê da Terra, em função dos acontecimentos, também reforçou a segurança em Terra para salvaguarda do comandante. - Bem vindo Comandante John Smith. Sinto pela recente situação John,não era algo que podíamos esperar, você salvou o planeta, um ato desses é impensável. - Obrigada senhor presidente, mas parece que alguém aqui na Terra pensou. A situação já está sendo resolvida. Eles falavam enquanto caminhavam lado a lado, isolado pelos seguranças que permaneciam distantes. - Infelizmente John, essas situações nunca são resolvidas. Eu também servi em guerras, fui capturado e torturado a guerra acaba e você sabe que não vai acontecer de novo. Mas quando ocupamos o poder é diferente, sempre haverão pessoas que irão querer o poder que você detém agora John, isso não vai acabar, mas tomaremos todas as medidas possíveis para evitar que se repita. Ele parou na metade do caminho, olhou nos seus olhos e perguntou. - Você está bem John? Acho que a humanidade ainda vai depender muito do que vai fazer meu amigo e talvez nunca lhe agradeçam por isso. Eram as palavras de Krishna. - Estou, acho que vão descobrir que sou um osso mais difícil de roer do que o normal. O comitê estava em uma sala ampla e todos se levantaram quando entrou. Sentou-se e esperou. O presidente Russo quem começou a falar. - Queremos agradecer sua presença e primeiramente expressar nossa consternação pelos recentes acontecimentos. - Obrigado senhor presidente.
Ele mostrou a ultima transmissão em que falavam.
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- Temo que isso não seja possível senhor. Os versilis deixaram de transmitir, essa é a sua ultima transmissão.
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- Lhe chamamos aqui porque queremos falar com os versilis. Decidimos e não só esse grupo mas outras nações envolvidas, que em virtude dos acontecimentos recentes e das novas informações sobres os versilis, iremos auxiliar no projeto da nave versili, lhe daremos o que for necessário, mas gostaríamos de falar com eles.
- Acho que devemos então, mesmo sem comunicar os versilis, iniciar imediatamente a execução do projeto, ao que parece eles estão ficando sem tempo. Falou o presidente americano. - Isso seria bem vindo senhor. - Nos passe tudo o que precisa para Marte. - Algumas das coisas podem ser feitas na Terra e levadas para Marte, a construção de determinados artefatos implicará na transmissão de tecnologia versili para a Terra, os cientistas da Terra devem ser ensinados e treinados na nova ciência. Deve haver um acordo de uso pacifico da tecnologia e de distribuição igualitária entre as nações. A recomendação dos versilis é que fossemos a Organização das Nações para lhes falar, mas não acho que seja possível no momento, não creio que a humanidade esteja preparada para isso, então mandarei o material e gostaria que pudessem se organizar em blocos para desenvolverem o trabalho. Um estaleiro será construído na Lua para as montagem da peças iniciais. Já temos cinco cargueiros de transportes que vinham fazendo mineração no cinturão e em algumas luas do cinturão externo de planetas. Eles podem ser usados para levar o material para Marte, o estaleiro pode servir para a Terra, no futuro, construir suas próprias naves. A conferência durou três dias no fim do qual John era o homem mais feliz do mundo. Iria cumprir a sua promessa com os versilis.
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Seis meses depois os versilis fizeram contato e ele deu a eles a noticia
PARTE XII O RESGATE - Lorde Amarock, isso é preocupante. - Com certeza Net, chame Lorde Onmics e Lorde Krishna. Pouco depois eles chegaram. - Do que se trata, disse Krishna. - Estava vendo os corpos que estão congelados e dei uma olhada nos nossos. Sabem que o grupo dos dez, como vocês são chamados, foi colocado em uma sala separada. O casulo de Ariel é especial, em função da situação dela, faço a conferencia de vez em quando nos parâmetros e os do casulo dela não estão mais dentro do padrão, ha flutuações. - Que tipo de flutuação, perguntou Onmics. - Parece que a medicação que estavam dando a ela não está mais funcionando. O nosso corpo pode se regenerar com facilidade, mas no caso dela os ossos da perna se soldaram fora do lugar e ninguém se preocupou em consertar, a reprodução do tecido ósseo ficou louca, veja a perna. Moveu a câmera e a perna da versilis apresentava protuberâncias ósseas saindo através da pele. - E não é só isso, há degeneração por todo o sistema as células não estão mais se regenerando, se continuar assim ela envelhece e tem só mais 300 anos de vida, e Ariel é a mais nova de nos todos. - Isso é grave, ela já foi informada disso? - Não senhor. - Chame Alice. Ela veio imediatamente. Ele explicou tudo e disse a Alice
- Chame os outros e pode conectar agora. - Olá John Smith!
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- Lorde Onmics, Lorde John Smith quer uma reunião.
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- Alice, preciso que descubra porque Ariel está envelhecendo e quanto tempo ela ainda tem, não vamos comentar isso com Lorde Ulrich, por razoes óbvias. Faça isso o mais rápido possível.
- Lorde Onmics, Senhores do Conselho. Estou enviando o relatório anual de progressos, já estamos bem adiantados, os governos da Terra estão cumprindo com o prometido. Nesses cinco anos de cooperação avançamos dez anos no nosso calendário. - Folgo em ver que esta otimista Lorde John. - Tenho razoes para estar Lorde Krishna. Ele exibiu a imagem do estaleiro onde o casco da nave orgânica de dez quilômetros de cumprimento começava a ser montado. - As interfaces neurais estão precisamente ajustadas. Quase todo o equipamento que devíamos montar na terra já esta sendo transportado para Marte. Nosso único reparo são os canhões orgânicos, ainda não conseguimos produzir nenhum inteiro para teste. Nessa semana o casco da nave estará montado e vamos inserir a matriz orgânica e esperar a reprodução. - Esta com seu cronograma avançado em MAIS de dez anos Lorde. Essa noticia vem em boa hora, nossas reservas de energia estão ficando cada vez mais sensíveis. E temos uma emergência medica, talvez o senhor tenha que trazer os corpos dos avatares na nave Lorde John. - Providenciarei uma áreas especial de armazenamento na nave senhor. - Outra coisa John, quando você vier para cá, quem ficara em Marte no seu lugar? - Não havia pensado nisso ainda Senhor. - Deve começar a pensar em passar a liderança lentamente. A sua saída pode representar uma lacuna muito forte para a sociedade marciana e pode estimular pessoas inescrupulosas da Terra a agirem. Coloque um dos que entraram na máquina. - Vou estudar a questão, muitos do comando versili original querem estar na nave. E a questão da nossa vida muito longa já está sendo comentada. Não temos uma ruga nos últimos anos, nenhum cabelo branco, e muitos de nos parecem ate mais jovens.
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- A atmosfera esta com uma taxa de 15% de oxigênio e conseguimos produzir colônias imensas de liquens dentro da cratera de um vulcão extinto e dos cânions. Há água de boa qualidade e alguns campos já foram cobertos pelas redomas de forma que podemos começar a cultivar vegetação, o oxido de ferro esta dando um pouco de trabalho mas nossos biólogos trabalham com os geneticistas, estão tentando criar uma bactéria que consome parte do oxido de ferro fazendo um processo reverso, ferro e oxigênio sendo retroprocessados como resultado do consumo. Pegamos uma boa parte do minério do cinturão de asteróides e achamos os veios de ouro que precisávamos em uma lua próxima. O resto está no relatório.
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- Sabia que cedo ou tarde isso iria aparecer, melhor contar a verdade e ver a reação deles jovem John. Disse sorrindo Amarock. Como está a colônia de Marte?
- Tem mesmo razão para estar otimista Lorde John. Aguardaremos sua próxima transmissão. Ele desligou. - Creio que John Smith é melhor do que pensávamos senhores, deve ter puxado ao pai, disse Onmics. Todos sorriram.. Dias depois Alice descobriu a causa do problema de Ariel, alterou a medicação para impedir o desenvolvimento ósseo e disse que poderiam consertar o problema quando saíssem dos casulos mas que Ariel ainda teria que permanecer na grade por algum tempo ou assumir o avatar humano que estava a caminho. Chamaram Ulrich e Ariel e contaram o que descobriram e as opções. - Não vão me deixar sozinha aqui na grade! - Calma Ariel, vamos resolver o problema – Ulrich segurava na mão dela. Eu fico com você aqui. Alice interveio - Ulrich, você será necessário do lado de fora, é o que melhor conhece a estrutura de passagem para o avatar humano, se você não me auxiliar eu não tenho como colocar Ariel no avatar se for necessário. Ulrich apertou a mão de Ariel. E a abraçou. - Faremos o que for preciso. Eles continuaram trabalhando durante anos, auxiliando os humanos na construção da nave. Haviam se passado vinte anos, desde o primeiro contato e desenvolvido um relacionamento de profundo respeito e amizade mútuos. ----------------------------------------------------------------------------------------------------
Passaram-se os vinte anos. - Acha que está pronto John?
Ele falava com o chefe das Nações Unidas, o ex- presidente americano com quem a vinte anos se travava o primeiro contato.
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- John, a minha cabeça está branca, meus olhos já não enxergam direito, meu corpo está se debilitando e meu rosto se enchendo de rugas e em vinte anos, depois de dois
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- Como vou saber meu amigo.
atentados, torturas e problemas você não exibe um único fio de cabelo branco, não há uma ruga, parece até mais jovem do que quando o conheci e outros do seu grupo também estão nesse mesmo estado. Os versilis te deram um presente, mais do que podemos ver não é? Ele sorriu. - Eu estava me perguntando quando você ia fazer essa pergunta. Não é bem um presente, é mais um encargo. - Quanto tempo John? - Mais de mil anos no meu caso. Ele deu um assovio grande. - E diz isso para um velho como eu sem nenhuma vergonha? Caíram na risada. - Quando descobrirem você estará em apuros John. Até eu iria querer a mesma coisa, não agora que nada funciona, mas se fosse mais jovem.... - Eu sei. Vamos, hoje vou falar pela primeira vez nas Nações Unidas, o mundo vai conhecer os Versilis e confesso que estou nervoso. - Um homem que mora em Marte, passeia entre os cinturões de planetas no sistema solar, pode viver mil anos e tem o poder que nenhum governo da Terra possui está nervoso? Me poupe John Smith. Vamos logo. Ele vestia o uniforme dourado com o desenho dos dragões. Sua escolta era formada por homens da Terra, um conjunto de soldados das Nações e a Guarda de Honra das Nações Unidas, estava ladeado por sua própria escolta que a imprensa tinha chamado de “dragões de marte”. A aparência dele era de um deus saído dos contos da mitologia nórdica.
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A cooperação Terra/Marte havia criado vantagens para todos os lados. Marte conseguia terminar sua nave e criar muitas outras, já havia um transporte regular para a colônia da Lua/Terra e entre a Lua e Marte. Algumas luas estavam sendo exploradas. Novas ligas metálicas eram fabricadas, a saúde havia evoluído mais em vinte anos do que em 200 anos da história. Diversas doenças já não existiam mais. A fome estava sob controle com o aumento da produtividade por manipulação genética e o homem reescrevia a sua história, sabendo finalmente como tinham começado.
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A história vinha sendo veiculada na imprensa faziam dois anos, junto com todas as vantagens que a Terra tinha obtido com a parceria Versili. Vieram protestos de todo lado pela ocultação dos fatos pelos governos, mas grande parte da população ficou mais feliz do que raivosa, pelo menos os ET´s não vinham dominar a Terra e gostavam deles.
A figura de John Smith era vista todos os dias nos noticiosos pelo planeta. Com a boa aparência que tinha todos gostavam de ver aquele protótipo de semideus em sua armadura dourada. Parecia um rei, mas ele nunca havia se manifestado, ninguém conhecia a sua voz. Naquele instante o veiculo em que estava deslizava em direção ao prédio das Nações Unidas, ladeado por forte escolta, acima deles duas pequenas vimanas flutuavam para dar apoio a segurança e cinco craft´s com o escudo dos “dragões de marte” eram dirigidos pela equipe de segurança de Marte, flutuando a frente do veículo. As ruas estavam lotadas e pequenos dispositivos flutuantes, que na verdade eram câmeras das televisões, ficavam zunindo em volta do grupo, tentando pegar o melhor ângulo para mostrar a quem assistia. Quando ele saiu do carro uma multidão gritava o seu nome, flashes disparavam e uma centena de pequenas câmeras de TV flutuavam a distancia lhe filmando. - Sorria John, dizia o presidente ao lado, acene com a mão. Ele sorriu e acenou com a mão, se aproximando da multidão. Deu autógrafos, para delírio dos que ali estavam e horror de Lia Mei que tinha dito a ele que não se aproximasse. - Você leva jeito John, um verdadeiro pop star, disse o presidente rindo ao seu lado. - Não enche, sabe que estou nervoso!. Entraram no prédio e foram ao grande salão, onde presidente e dignitários já se encontravam e se levantaram assim que sua entrada foi anunciada. Ele respirou fundo e entrou, foi cumprimentado pelos que estavam no lugar e foi ao púlpito para proferir o seu discurso. - Amigos da Terra.... Duas horas depois o mundo amava John Anderson Smith e os versilis que ele representava. A noite houve a recepção ao Comando Versilis e aos “dragões marcianos”.
- Divertindo-se John? - Para de brincadeira.
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Ele recebeu na entrada os presidentes, embaixadores e embaixatrizes de todos os representantes da Terra, ladeado pela sua guarda de honra. O Presidente das Nações Unidas ao lado, distribuindo sorrisos.
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Não haviam poupado esforços para recepcionar bem o comitê de Marte, mas nada comparado a recepção de Akahim que os versilis tinham dado no primeiro contato.
- Assistiu aos jornais? Seu discurso foi um sucesso, lhe amaram. Bonita a embaixatriz da Índia não? - De fato, é muito bonita. Estou pensando na coletiva de amanha. - Relaxe ao menos por essa noite. Acho que a máquina versilis não conserta infarto se você tiver um. Entraram e ele colocou um copo de Whisky na mão dele. - Beba e seja simpático. Foi difícil, ambas as coisas. Foi cercado a todo instante por pessoas que queriam assinar acordos, discutir problemas e ele sorria e tentava gentilmente se desvencilhar dos assuntos. Chegou a um ponto que pediu para se retirar por alguns minutos, foi para uma sala separada e pediu a sua guarda para não deixar ninguém entrar. Sentou-se em uma poltrona respirou fundo e virou o copo de whisky de uma vez só. - Difícil lá fora? Ele se virou e avistou a embaixadora Indiana. Ela era alta e esbelta, um rosto azeitonado magnífico, usava o traje ritual do seu pais. Sua voz era suave e melodiosa, seus gestos delicados. Os olhos negros e penetrantes, o cabelo também negro se evidenciava por baixo do manto. Estava adornada de joias, e a luz suave e amarelada realçavam mais sua beleza incomum. Levantou-se a cumprimentou. - Senhora embaixatriz... - Prya. - Prya. Não sabia que estava aqui. - Claro que não, senão não teria entrado. Eu também não suportaria esse grupo chato de pedintes sem me cansar. Sente-se comandante, eu posso sair e deixa-lo a sós para descansar um pouco. Ela sorriu, tinha que concordar que ela era muito bonita.
Ela abriu a cortina. Um belo jardim se abria para aquele lugar. - Venho aqui sempre que posso por causa do jardim.
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- Não quer realmente falar sobre isso quer?
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- Não, por favor, fique. É realmente cansativo mas faz parte do negocio. A índia tem nos auxiliado bastante no progresso de Marte.
- É realmente muito bonito. - Há jardins assim em Marte comandante? - Não, as únicas plantas que temos são as que consumimos em alimento. Ainda não conseguimos desenvolver uma vegetação avançada, não há atmosfera suficiente, há um pequeno centro na cidade em que cultivamos um jardim, mas nada comparado a esse. - É uma pena ter que abrir mão dos jardins para poder construir algo tão grandioso. Mas sempre temos que abrir mão de pequenas coisas, mesmo aquelas que nos definem. Eu gosto desse jardim porque me faz lembrar minha infância. Na Índia a maior parte da população é muito pobre, mas não é o caso da minha família, e na infância tínhamos uma grande casa com jardins magníficos. Tive que sair cedo de lá para estudar em escolas na suíça, meus pais faziam questão, mas nunca esqueci os jardins, cheios de beija-flor, flores e um pequeno lago com peixes coloridos. - Teve uma boa infância então. - Sim, eu tive. Ela abriu as portas que se dirigiu ao jardim, convidando-o para entrar. Ele a acompanhou. Sentou-se no chão gramado, debaixo de um árvore frondosa, ele sentou ao lado. - Essa sua armadura em ouro não lhe incomoda? - Como sabe que é em ouro? - Acredite, eu conheço ouro quando vejo e também esses diamantes e rubis que estão incrustados. Muita ostentação John Smith. Posso lhe chamar de John, enquanto ninguém está olhando? Ele sorriu. - Pode sim. As vezes a ostentação é necessária, na verdade os versilis estão tão acostumados a isso que não percebem isso como ostentação e nós nos acostumamos. E esse seu traje também não é comum. - É um homem curioso John, não conheci nenhum que se vestisse de ouro antes, e na minha função já conheci muita gente. Mas é claro que não poderia ser um homem comum para fazer o que faz.
- Acha que no meu caso é só construir uma nave?
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- Não, não é. Tirar todo um povo de uma cultura baseada em castas que impedem acesso a melhores condições de vida não é fácil. É como um resgate, mas no meu caso não basta construir uma nave.
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- Não é um trabalho fácil, acredite. Mas o seu também não deve ser.
- Desculpe, de fato não é. Convencer a Terra não é fácil. Eles lhe adoraram hoje, um belo discurso. - E você? O que achou? Nesse instante o Presidente entra. - Ora, ora, achei vocês e você achou essa criatura adorável e bela, Embaixatriz Prya. Ela lhe estendeu a mão e ele a beijou delicadamente. - Acho que temos que retornar comandante, sua ausência foi notada, ela disse. Ele lhe ofereceu o braço e a conduziu de volta ao salão e todos notaram a sua entrada com a Embaixatriz, o que gerou milhares de especulações sobre o que a Índia estaria negociando com Marte. A noite ficou um pouco melhor com Prya a seu lado e tinha certeza que seu amigo tinha muito a ver com o “acidental” encontro. No dia seguinte a foto dos dois dançando no jantar foi parar em todos os jornais. Formavam um belo par. A coletiva ocorreu pela manha, com três horas de conversas infindáveis e tudo correu como planejado. Estavam na vimana, ele e Doug analisando as ultimas estatísticas do encontro versili. - Doug... - Que foi John? - O que temos para fazer a tarde? - Agenda lotada até as 17 horas. - E depois? - Deixo você descansar. - Pode me fazer um favor? - Depende. Se for pra sair por aí, a Mei me mata. - Poderia convidar a embaixatriz Prya para o jantar?
Ele parou e olhou para ele.
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- No Central Park.
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- Claro. Onde?
- Ficou maluco? Como pensa que posso colocar o seu jantar no Central Park? Como eu vou fechar o Central Park pra você jantar com a beleza indiana do momento? A Mei vai me matar.. - Não sei, talvez o Presidente possa lhe ajudar. A noite ele e Prya jantavam a luz de velas no Central Park, que havia sido completamente fechado para “manutenção dos jardins”. Ele mandou um comando buscar a embaixatriz que foi retirada do hotel protegida por um dispositivo de camuflagem. Estava em um vestido branco, longo, todo decorado em dourado e perolas com uma cauda longa. As costas do vestido eram abertas e o cabelo em tranças cobria as costas até bem abaixo da cintura. Ele vestia um traje versili longo e coincidentemente também branco. Já havia se acostumado com aquele vestuário e se sentia mais a vontade. Ela sorriu ao chegar. - Nada de roupas em ouro hoje? - Me falaram que é muita ostentação. E que roupa é essa? - Não sabia que viríamos para um jardim, então coloquei a roupa para jantares formais. - Muito bonita. - Esse será o assunto da noite? Roupas? Ele sorriu - Claro que não, venha. Ele a conduziu pela mão, passearam pelos jardins, jantaram e conversaram durante horas, seguidos de perto pelos seguranças, dos quais Mei não abria mão. Quando já ia embora ele se despediu dela com um longo beijo, e foi correspondido. Nos cinco dias que passou na Terra eles se encontraram todas as noites, e já não era no Central Park, mas nos aposentos privados de John, na vimana. Na ultima noite eles estavam abraçados na cama ele olhava para ela.
- Sabe que não posso, tenho obrigações com meu povo e você John, dizem que você é “eterno”, não vai morrer nunca. Não há possibilidade para nós, eu vou envelhecer e
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- Quer ir comigo para Marte?
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- John, quando vamos nos ver de novo?
murchar ao seu lado, toda a beleza, a inteligência, a graça vão acabar. Um dia você vai olhar para mim e não me verá mais. Há amor entre nós, mas acho que não devo ir para Marte. Ele se levantou em silencio e ficou por alguns instantes olhando a paisagem da cidade abaixo da vimana. Ela se levantou o abraçou e disse a ele sussurrando - Sabe que é verdade. Ele voltou para cama com ela, e de manha se despediram. John voltou para Marte, mas sem Prya. ________________________________________________________________ Mei entrou na sala. - John, acho que precisa saber disso. Ligou o holograma apresentando o jornal da Terra: “....se encontra internada em estado grave, após o atentado em Nova Deli. Os médicos não emitiram nenhum boletim depois da internação. Ela esta sendo submetida a uma cirurgia de emergência. O grupo radical de liberdade indiana assumiu o ataque terrorista que deixou 50 mortos e 102 feridos, entre eles a embaixatriz...” Ele correu porta afora. Uma vimana saia de Marte vinte minutos depois, sob protestos de Lia Mei. Durante as dez horas seguintes ele acompanhou os boletins da Terra. Ela estava fora de risco e consciente. Avisou as autoridades locais que estava chegando. Antes de ir ao Max Balaji uma vimana camuflada flutuou sobre uma floricultura na Mandawali. John Smith entrou pediu o buque de flores com as mais exóticas flores que tivesse e entregou ao homem uma moeda de ouro grafada com dois dragões. O dono da floricultura ficou sem fala, todo o mundo reconhecia aquela armadura reluzente de ouro em qualquer parte. Quando os dragões pularam da vimana sobre a entrada do hospital John se dirigiu a entrada, tomada de repórteres com as flores na mão. Imediatamente lhe indicaram o caminho. Ele entrou no quarto e os dragões ficaram do lado de fora. - Olá.
- Quanta ostentação em ouro! - Não resisti, disse rindo.
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Ela estava desperta e muito pálida mas sorriu também.
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Disse ele sorrindo com as flores na mão.
Ele ficou ao lado dela. Durante os cinco dias que permaneceu no hospital Prya recebeu sua visita e flores. O comandante aproveitou a estadia para tratar de assuntos pendentes na Terra e cada visita dele ao hospital era uma manchete. ------------------------------------------------------------------------------------------------- Senhor, seu amigo ex-presidente está nos ligando. - Abra um canal de comunicação. - Ola John, me diga, isso faz parte de algum acordo comercial que fez com as floriculturas do mundo ou de um plano sórdido alienígena para infernizar todos os homens da terra? Até minha mulher quer as “flores de Prya”. Nenhum homem desse planeta mais vive em paz, estamos empobrecendo por que um marciano resolveu nos sabotar com flores!! Ele caiu na gargalhada. - Vamos jantar hoje amigo? Comigo na vimana as oito, traga a sua esposa. - Se você prometer que não vai dar flores a ela, estou muito velho para um divórcio. - Eu prometo, disse rindo Depois do jantar ele veio lhe falar seriamente, juntamente com Lia Mei. - Você expos ela John, não pode mais deixa-la na Terra, qualquer um que queira te atingir sabe que basta pegar Prya, ele disse. - John, eu não tenho condições de manter parte de nossos homens na Terra dando segurança a ela. Converse com ela, vamos para Marte. - Eu vou falar com ela. No dia seguinte a embaixatriz Prya Shanti deixava suas funções na Índia e seguia para Marte.
- Vamos ao que interessa Solomom e Miriam.
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- Conseguimos integrar a matriz orgânica, as células do proteus negro se adaptaram muito bem, a nave começou a se integrar com a IA e está desenvolvendo um programa próprio, falamos a ela o que queremos e ela faz crescer as partes orgânicas, está formando um corpo impressionante. Não imaginava que era possível até ver.
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Solomon falou.
- No entanto John, disse Miriam, a parte da alternância das camadas de fibrium e curudum só poderão ser testadas quando você se integrar com a matriz da IA, ela já completou 82% do casco, assim que terminar a interface neural que Ariel projetou será instalada, e podemos testar a alternância e a formação do escudo de proteção. Por recomendação dos versilis instalamos uma segunda matriz neural que deve ser adaptada para o chefe da navegação, você tem que dizer quem será para podermos programar de acordo com o DNA, há também controles alternativos para o caso da matriz falhar na viagem. - Os motores de salto Alexey? - Está me pedindo um milagre. Não sei se vão funcionar e os versilis falaram que só podemos testar depois de nos afastarmos do sistema solar. A integração dos motores com o sistema de navegação parece certa, mas não sei se vai funcionar também, depende da sua integração com a IA. Se errarmos o primeiro salto podemos parar dentro de uma supernova. Acho que vou comprar uns fraldões para essa viagem. - Os canhões orgânicos e os outros dispositivos de segurança Mei? - A nave está absorvendo eles na medida em que constrói o interior e o casco, Fazemos só as ligações do sistema, o resto é com ela. Quase tudo instalado e funcionando, temos poder de fogo para arrasar diversos sistemas solares. Só os escudos me preocupam, não adianta poder atirar se a gente não tem como se proteger. Crafts de fuga já estão adicionados também. Duzentas pequenas vimanas de ataque serão produzidas no hangar, as peças estão lá e dependem da IA para a configuração da matriz orgânica, tudo tem que ser feito com o DNA do proteus negro. - O treinamento do pessoal de bordo Weber? - Estão treinando fazem dois anos John, são capazes de fazer tudo no escuro se for preciso. O pessoal de segurança está com a Mei, nas mesmas condições. - Suporte de vida Avran? - O sistema é ótimo, a vimana se concerta sozinha, mas em caso de ela falhar temos estoques de oxigênio, água e alimento nos depósitos 5 a 9, dá para viver dois anos no espaço. Roupas de mergulho, passeio espacial, mascaras, roupas de frio, trajes espaciais e tudo mais, com 50% a mais que o previsto. Não sabemos se teremos condições de consertar o que vai se estragar.
- Certo, e a colocação dos casulos dos versilis Alexandra?
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- A vimana se recarrega sozinha no espaço, absorve tudo por onde for passando e transforma em energia, se ela falhar temos motores funcionais, mas não espere muito deles, se formos usar motores convencionais vamos demorar centenas de milhares de anos para ir e voltar disse Darpak
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- Combustível?
- Ainda estou trabalhando com Net e Lorde Ulrich nas interfaces, ficarão prontas a tempo, temos que ir devagar, se falharmos ele morrem no caminho ou antes disso. - A Dragon deve ser colocada dentro do hangar principal, ira conosco, acho que estamos prontos. - Não, disse Mei, quem de nós irá na nave além de você? Eles discutiram durante horas. No final Doug ficaria administrando na ausência de John com auxilio de Mei, Darpak, Roberto, Miriam, Richard e Alexandra. Weber, Alexey, Solomon, Eduarda, Adele e Zulu iriam viajar com ele na vimana. Zulu seria o encarregado da segurança, conhecia tão bem quanto Mei tudo o que dizia respeito ao projeto. Alexey seria o chefe da navegação, Solomon seria o responsável pela integridade da matriz orgânica e do seu trabalho, Eduarda seria a médica chefe e Adele encarregada dos sistemas de suporte de vida. A administração da nave era do comandante e ele também era o piloto da vimana.Todos eles já estavam treinados em suas funções e eram melhores que qualquer especialista da Terra. A viagem estava prevista para durar seis meses, até o planeta versili. A maior parte do tempo seria usado para sairem discretamente do sistema solar. Os saltos subsequentes seriam rápidos. Teriam possibilidade de manter contato com Marte, mas os versilis recomendaram silencio de rádio por onde passassem, não sabiam o que podiam encontrar no espaço, estavam indo rumo ao desconhecido e não sabiam se estavam prontos. Todos estavam com medo, mas ninguém disse nada. Faziam 25 anos que tinham pisado na primeira vimana na terra. Já tinham mais de 200 delas, estavam com colônias em Marte e em diversas luas externas. Um aparato de segurança complexo havia sido instalado depois de júpiter e detectava qualquer entrada no sistema solar e incluía capacidade de destruição de asteroides ou nave não desejada. O aparato era integrado com Marte e Terra, colônias espaciais foram criadas além de júpiter para manter pelotões no espaço e naves de vigilância e ataque. Marte e a Terra estavam razoavelmente protegidas. Fizeram tudo o que podiam nos 25 anos e a transformação pela qual passou toda a humanidade era marcante. _______________________________________________________________ - Olá Comandante.
Todo o comando estava na ponte, treinando para a viagem. - Podemos conversar comandante?
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- Olá nave, vamos testar novamente nossas opções?
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A vos suave vinha do sistema interno da nave.
- Claro, sobre o que quer falar? - Todos vocês tem um nome, já escolheram um nome para mim? Isso era novo. A IA estava começando a criar identidade e era muito bom. - Ainda não. - Como se escolhe um nome comandante? - A maioria de nós recebe um nome ao nascer, quando ainda não temos consciência de quem somos, isso não aconteceu com você, nas já a criamos consciente. - Posso escolher meu próprio nome comandante? - Tem alguma coisa em mente? - Sim, gostaria de me chamar Proteus, que é a espécie de onde vem o meu DNA. - Então será Proteus. Vamos pintar o nome do lado de fora. - Não é necessário comandante. A nave ionizou o casco e em letras brilhantes e douradas, sobre o casco completamente negro apareceu a palavra PROTEUS. Ele se sentou na grande cadeira negra da Proteus, reclinou a cabeça e cílios negros começaram a penetrar na sua pele, uma massa escura se formou ao redor de sua cabeça e desceu sobre os seus braços até as mãos, tomando-as por completo. A estrutura ganhou uma forma cristalina negra e fez aparecer uma série de componentes. Nas mãos e na cabeça de John complicadas estruturas orgânicas misturadas com circuito podiam ser vistas. Duas tenazes muito finas penetraram o hipotálamo, centenas de outros se combinaram no córtex somatosensorial, no hipocampo, córtex prefrontal, e em todo o resto do cérebro, Ele estava integrado com a máquina, ele e a nave eram um só. - Prontos para navegar, disse Alexey. Podemos testar os motores até a terra, em carga máxima chegamos em três minutos e meio. A Proteus disparou e conseguiu fazer em três minutos. Ficaram horas testando a matriz até que não havia mais nada para testar. A Proteus se desligou de John Smith, ele estava exausto. Permaneceu na matriz por mais de 18 horas.
- Receio que sim.
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- Obrigada Proteus, teremos uma aventura e tanto pela frente.
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- Obrigada John Smith, é sempre gratificante trabalharmos junto.
- Você tem medo Proteus? - Minha IA não sabe interpretar o medo, senão dentro de uma matriz do circuito de auto preservação, em uma eventual fatalidade e não havendo um humano que possa me direcionar, devo preservar minha integridade e a população dentro de mim. Como você sente o medo John Smith? - Acho que somos parecidos Proteus. O medo também serve para a nossa preservação, mas se nos deixarmos dominar pelo medo podemos entrar em um processo de não fazer o que devemos, o medo pode obliterar a mente e nos tirar a capacidade de raciocínio. - Então não devemos nos deixar guiar pelo medo? - Devemos prestar atenção no medo, mas não devemos nos guiar por ele. - Qual o seu maior medo John Smith? - Aquele que eu ainda não enfrentei Proteus. - Então enfrentaremos nossos medos juntos Comandante. A experiência partilhada pode nos auxiliar. - Enfrentaremos Proteus, com certeza. Ele saiu. Aquela nave era realmente singular. Ele ainda teve diversas conversas filosóficas com a IA e estava se tornando cada vez mais interessante. A Proteus era melhor nave do que podiam imaginar. A integração da IA com John Smith ou com o segundo navegador Alexey era perfeita, mas a Proteus era bem mais rápida com John, ela o conhecia melhor e interpretava sua vontade instantaneamente
- Pelo que me conta se integrou a Proteus a um nível muito superior ao estimado Lorde John. - Creio que a integração é muito boa senhora Ariel, graças ao seu trabalho na matriz neural. - Ainda se sente muito cansado depois de usar a matriz?
- Permitirei.
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- Ótimo, saiba que a matriz se apega ao seu navegador quando chega a esse nível. Deve permitir que Alexey fique mais tempo com ela também, senão pode ficar resistente a ele depois.
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- Sim, mas me recupero cada vez mais rápido.
- Terá seis meses de viagem para aprender. Será estimulante para o seu cérebro. - Lorde John, conseguiu colocar a Dragon e os casulos na vimana? - Sim Lorde Krishna, interessante notar que todos têm a aparência humana. Por quê? - Tínhamos que nos aproximar dos humanos mais facilmente para poder perceber suas necessidades e como poderíamos aperfeiçoar a civilização, então pegamos o nosso próprio DNA e reorganizamos para parecermos humanos. Aqueles casulos contem avatares versilis, mas com aparência humana. - Então não são seres humanos? - Não Lorde John. E cada um daqueles corpos só serve a um único de nós, Não podemos “trocar” de corpos. Há algo mais que queira perguntar antes de partir? - Não senhores. - Estamos mandando todas as estratégias de batalha versilis que tínhamos no arquivo e de outras civilizações, junte com as estratégias da terra e deixe a Proteus extrapolar as possibilidades. Se você tiver que enfrentar uma batalha no caminho, seus inimigos enfrentarão estratégias provavelmente desconhecidas pois a humanidade nunca foi vista antes no espaço. Senhores, estão sendo introduzidos na comunidade intergaláctica, são as nossas crianças, divirtam-se e muito cuidado, vocês são curiosos demais. Boa sorte John Smith. Boa sorte aos dragões de marte. Estamos esperando vocês. - Obrigada Lorde Krishna. A transmissão terminou.
- O que foi? - Cuidado John. Ela estava abraçada a ele na cama, era a ultima noite antes da viagem, embora tivesse insistido ele não permitiu que o acompanhasse. - Eu terei. Prometo que vou voltar para você, não vou ficar apaixonado por nenhuma alienígena de vinte peitos que encontrar pelo caminho. Ela riu e bateu com o travesseiro na cara dele.
Todos estavam com os trajes de navegação da Proteus, uma roupa toda negra, com um pequeno símbolo do dragão na lapela e do lado o nome “Proteus”.
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- Seu cretino!
John recebeu homenagens de todos os dignitários. A tripulação subiu a bordo. John Smith abraçou cada um da sua equipe que ficava em Marte. - Doug, cuide de Marte, não ceda aos burocratas, eles nunca sabem mesmo o que querem e sempre peça ajuda de Mei, eu voltarei e quero tudo no lugar quando voltar. - Pode deixar amigo. Ele subiu a bordo da Proteus e todas as eclusas se fecharam. As contenções foram retiradas e a Proteus flutuou com seu brilho negro entre as estrelas. Foi o dia mais nervoso de Mei, bilhões de pessoas assistiam a partida da Proteus na Terra e uma delegação de 300 indivíduos que ficaram alojados em suas próprias naves acompanharam a Proteus deslizando em direção ao cinturão externo. As vimanas tentaram manter a naves distantes, mas não foi fácil. Se integrou a matriz da Proteus. - Ola Comandante, vamos partir para a nossa aventura de descobertas? - Sim Proteus, hoje é o grande dia. - Há uma grande agitação lá fora. - Estão nos homenageando. Devagar a frente Proteus. A nave deslizou, quando se afastou mais de Marte e poucas naves a seguiam partiu rapidamente em direção ao cinturão. Em cinco meses já haviam deixado o sistema solar para trás. =-------------------------------------------------------------------------------------------------
- Bom dia senhores. Novidades Alexey? - Sim comandante, estamos no ponto marcado pelos versilis, fizemos uma parada de 24 horas como recomendado pelo senhor, nosso cronograma está adiantado um mês. Os homens vão descansar, estou inserindo as ultimas coordenadas do salto. Em 24 horas saltamos.
- Já estou descansado, dormi a noite toda e muito bem, a integração com a matriz da Proteus realmente está fazendo bem ao meu cérebro, penso mais rápido e relaxo com mais facilidade.
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- E o senhor comandante?
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- Certo Alexey, você pode ir descansar também.
- Também tenho percebido melhoras no meu cérebro senhor. - Vamos pedir para Dra. Eduarda nos examinar depois, isso pode ser importante. Assim que terminar vá descansar. Ele terminou e saiu. John estava sozinho com a IA na ponte. - Já ouviu música Proteus? - Já ouvi algumas composições que os tripulantes as vezes ouvem ou tocam. Intrigante a composição da harmônica matemática. - Ouça essa. Ele colocou um concerto para piano de Mozart, um adaggio. A nave brilhou suavemente. - Isso é muito agradável comandante. Farei a compilação de todas as composições de Wolfgang Amadeus Mozart. Há uma matemática interessante na composição. - Interessante como Proteus? - Posso converter essa matemática para a arma de pulso sônico, e melhorar o desempenho dela. - Vai usar Mozart para terminar de construir sua arma sônica? - Sim comandante, a musica dele é quase uma poesia, perfeita para o pulso sônico. Posso comprimir cada passagem em estruturas matemáticas que reproduzem a vibração multiplicada a ordem de 10²³² bilhões de vezes e posso alterar a frequência desse som em mais de um milhão de variações diferentes. Esse som específico pode alterar a estrutura da água do corpo. Qualquer material que tiver água pode ser afetado pelo pulso se eu utilizar a matemática da musica que está tocando nesse instante. - Afetar como? - Ele reorganiza as moléculas de água como se fossem estruturas cristalinas.
- Vou lhe dar uma lista.
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- Só as que possuem uma estrutura matemática conversível, nem todas as músicas possuem harmonia matemática. Posso fazer uma análise de outras estruturas para afetar especificamente um determinado elemento de uma composição, orgânica ou inorgânica, se me fornecer outras músicas.
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- Outras estruturas de som podem ser usadas?
Em 24 horas a Proteus tinha desenvolvido, 1804 variações do pulso sônico, baseado em 3000 composições de musica clássica, todas as variações eram letais.
- Atenção todos os tripulantes, salto em dois minutos, todos aqueles que não estiverem em serviço devem retornar aos seus aposentos e permanecerem até segunda ordem. Alexey tinha iniciado os procedimentos. - Alexey chame as estações de batalha e os coloque a postos. - Todas as estações de batalha em seus postos e preparados, Sistema de segurança checado e escudo em carga máxima. Estamos prontos comandante. - Atençao todos os postos e tripulação, vamos realizar o primeiro salto: Híades, aglomerado de Touro com 625 milhões de anos, vamos parar a 2,65 unidades astronômicas de distancia de Épsilon Tauri B, a estrela possui 2,7 vezes a massa do nosso sol, é bem grande, magnitude aparente 3,54; tipo espectral G9.5III, há um planeta extrassolar com 7,6 vezes maior que Júpiter, vamos atrás do planeta, veremos Aldebaran mais de perto. Proteus, está pronta para ficar mais quente? - Não há problema Comandante, também diminui os nossos sensores de luz, estará mais luminoso que de costume. O procolo de radiação está sendo executado e escudos no máximo. Ele se integrou a cadeira. Eram um só naquele momento. - Vamos Proteus. A nave soltou um zumbido leve, acelerou e o ar em volta oscilou, os motores foram acionados. Toda a tripulação sentiu como uma parada no tempo, como se estivessem suspensos no ar, travados e depois destravados. No momento seguinte a Proteus tinha viajado 151 anos luz. Todos gritaram eufóricos. Tinham, conseguido. Quando a Proteus, por ordem de John abriu os visores, eles pararam embevecidos com a imagem. A sua frente estava um imenso planeta azulado de onde se via o sol, a angular fazia parecer sete vezes maior do que o da terra. Ao longe os demais sóis brilhavam magnificamente, uma paisagem que nenhum olho humano ainda tinha visto.
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Todos se movimentaram rapidamente, Todos os relatórios vinham sem alteração e a Proteus se colocou em uma orbita alta no planeta.
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- Aos seus postos vociferou John. Analise de perímetro, Postos de Batalha: informem. Suporte de vida: variações. Navegação: ajuste de orbita estacionária. Enfermaria, informe incidentes. Zulu segurança interna, reporte, Solomon qual a integridade da matriz orgânica?
- Alexey, quero a análise do planeta, mande uma sonda. Não quero surpresas saindo de lá. - Encaminhando senhor. Dados iniciais chegando, pouca quantidade de rocha, praticamente não telúrico senhor. Imensa quantidade de amônia e outros gases em muita revolução. Tem uma tempestade no hemisfério sul que é do tamanho de Marte, jorros de amônia que fariam o Monte Olimpo passar vergonha. - Se um dia precisarmos de amônia sabemos onde pegar, disse John. Ficaram dois dias replanejando o novo salto que seria ainda mais difícil, iriam voltar por Tau Ceti.
- Todas as unidades aos seus postos. Salto em dez minutos, todos aqueles que não estiverem em serviço devem retornar aos seus aposentos e permanecerem até segunda ordem, estações de batalha em seus postos e preparados, Sistema de segurança checado e escudo em carga máxima. Estamos prontos comandante. - Atençao tripulação, nosso segundo salto será em Tau Ceti, uma estrela deficiente em metais na constelação de Ceti com 78% da massa do nosso sol e 55% da sua luz, há especulações de que a 10 segundos luz exista uma marrom anã em um sistema circumbinatório com Tau Ceti, nos não sabemos disso, não será fácil. Temos cinco planetas orbitando, provavelmente não telúricos, com massa estimada entre duas a seis vezes a da terra, há uma grande quantidade de poeira no lugar e muitos asteróides, explosões na superfície dos planetas são normais, vamos saltar dentro no circulo interno do sistema, mais distante do cinturão de meteoros semelhante ao Cinturão de Kuiper, depois de Netuno, o cinturão esta a 30 unidades astronômicas do centro solar, mas não significa que não estaremos expostos. Será o momento que ficaremos mais perto de nossa casa de novo, estaremos a 12 anos luz do sistema solar. Dali partimos para Scorpius. Especula-se que possa existir um planeta na zona habitável, Ceti F, que é o maior deles, vamos analisar esse planeta, no futuro podemos aproveitar isso. Um planeta em zona habitável pode significar outras espécies interessadas em Tau Ceti e isso representa um perigo potencial para nos, a poeira nos manterá escondidos por algum tempo, ao entrarmos no sistema deve haver silencio absoluto de comunicação, todos os sistemas desnecessários serão desligados para reforçar os escudos da Proteus. Todo o sistema de armas deve ser colocado no modo de espera, saltaremos e nos colocaremos imediatamente camuflados. Todos a seus postos. - Proteus.
John estava na cadeira, integrado a Proteus, tirou a nave suavemente do lugar. - Alexey, verifique a integridade dos sistemas.
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Uma luz amarela fraca em meio a uma poeira muito grande e o barulho de asteróides batendo nos escudos foi a primeira impressão. Tinham saído no lugar certo, mas na hora errada, estavam em meio de uma passagem de meteoros.
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Saltaram.
Ele sempre fazia uma dupla checagem, a Proteus já havia lhe passado todas as informações. Os cinco gigantes estavam orbitando um sistema, que era duplo e circumbinatório, Os planetas teriam orbitas extravagantes. Mas o que interessava era o quinto planeta, ficariam no sistema por dois dias para o novo salto. Camuflada a Proteus se aproximou do planeta e foi quando tiveram motivos para ter medo. John colocou a Proteus imediatamente parada entre um aglomerado de meteoros em um circulo interno do sistema. Havia uma nave esférica de cinco quilômetros de diâmetro operando na orbita estacionaria do planeta. Diversos veículos iam e voltavam do planeta, não se registrava vegetação no lugar ou construções, haviam maquinas que estavam sendo retiradas. - Proteus, suas impressões. - A nave alienígena não tem formato conhecido no meu banco de dados. Segundo a analise preliminar o planeta possui água em estado liquido e grande quantidade de minério. Analisando os equipamentos que estão sendo retirados do planeta parece que estão fazendo mineração. A nave recebia os pequenos veículos que iam entrando e alguns alienígenas bípedes se encontravam na zona do hangar, com traje espaciais. - Consegue visualizar os alienígenas no hangar. - Aumentando a imagem ao maximo John. Todos os homens da ponte ficaram pálidos naquele instante. Não existia um homem dentro da Proteus que não soubesse o que era um Edacul. John tentou acalma-los. - Mantenham silencio, eles não nos viram e estão indo embora. Estamos protegidos no meio dos asteroides, temos só que esperar. Todas as armas continuem em espera, por tento indeterminado. Alexey, reduza todos os sistemas ao mínimo, vamos diminuir qualquer emissão de radiação desnecessária. Vamos observar o que pudermos dos nossos inimigos. Ficaram observando por quinze horas, os homens ficaram nervosos e a cada quinze minutos Alexey ou John falava com eles, lhes dando informações sobre o que acontecia.
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John ficou todo esse tempo conectado a Proteus vigiando. Quando foram embora determinou mais quinze horas de silencio em espera e só depois mandou restabelecer os sistemas.
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Os Edaculs recolheram vinte e cinco pequenas naves de minério e saltaram.
Selecionou vinte homens do comando para descer no planeta e buscarem a maior quantidade de informações possíveis. Trouxeram diversas gravações e dispositivos que a Proteus conseguiu identificar, dentre ele uma célula de memória em cristal, alguém havia esquecido anotações para trás, essas anotações foram úteis. - Proteus exiba as degravações obtidas da célula Edacul no sistema interno. Todos os homens passaram a ver as informações. Os Edaculs não tinham só derrotado os Versilis, eles tinham tomado quase todas as colônias e transformado em verdadeiros matadouros. Milhares de espécies os sustentavam, eram literalmente comidas pelos edaculs, mas depois de 14 mil anos os pastos edaculs estavam ficando escassos e eles estavam procurando outros planetas. Ao contrario do que pensavam os versilis não tinham sido completamente extintos, diversas colônias de versilis escravizados ainda existiam e eram obrigadas a trabalhar para os edaculs. O cristal tinha a localização de alguns dos planetas de alimentação e de outros planetas de escravos. Aquilo era o que aguardava a humanidade se não se preparassem. - Senhores, acho que nossa missão fica ainda mais relevante, temos que salvar os versilis para podermos salvar nosso sistema solar e a espécie humana. Se os edaculs chegarem ao sistema solar e não estivermos preparados, nossa espécie será destruída. Nosso cronograma será acelerado. Não haverá mais pausa nos saltos e vamos direto para o setor HR 6426.
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- Atenção tripulação. Sairemos no lado exterior do sistema da constelação de Scorpius, um sistema de três estrelas GJ 667 A, GJ 667 B e GJ667 C, se situam a 22,7 anos-luz de Marte. Há uma terra superdensa na zona habitável. Os versilis estão dentro do planeta, deve haver um sistema de segurança e não sabemos se ele conseguiram desabilitar todas as armas. Há cinco estações de combate em volta do planeta. Estaremos distantes inicialmente mas preparem-se para resistência. Em solo enfrentaremos uma gravidade maior do que a da terra, os compensadores podem resolver isso mas podemos ter subestimado a questão e pode ficar mais difícil andar por lá, a atmosfera do planeta é quase inexistente e podem haver chuvas de meteoros ou explosões solares. A ultima acabou com alguns sistemas em terra. O Planeta foi batizado como Gliese, seu melhor verão não chega a 27º C e normalmente as temperaturas são abaixo de zero, -70º C é a temperatura media de Gleise, há ventos fortes na superfície. Esperem frio e vento. Teremos que transportar cargas grandes e haverá muito esforço para mantermos nossos crafts alinhados. Comunicação só será restabelecida depois que certificarmos que o perímetro esta seguro. Após isso dezoito Vosokos devem patrulhar o entorno do planeta, fiquem em alerta maximo, não quero surpresas em Gliese. A partir da saída em Scorpius todas as licenças estão canceladas e todos os tripulantes devem ocupar seus postos imediatamente. Sistemas não vitais devem ser colocados no mínimo de consumo de energia e toda a energia deve ser desviada para os escudos da Proteus e para o sistema de armas. A segurança deve distribuir disruptores portáteis para todos, coloquem os trajes espaciais para o caso de descompressão em um ataque. Tenham
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- Salto em 15 minutos, Todas as unidades aos seus posto, aqueles que não estiverem em serviço devem retornar aos seus aposentos e permanecerem até segunda ordem, estações de batalha em seus postos e preparados, Sistema de segurança checado e escudo em carga máxima. Estamos prontos comandante.
consciência de que a partir de agora estamos em guerra com uma espécie que vê nosso planeta como uma grande lanchonete, nos somos o cardápio deles e não queremos ser comidos. - Proteus. A interação com a nave se fez imediatamente. Eles saltaram. - Alexey inicie o contato com os versilis na freqüência combinada. - Contato estabelecido senhor. No holograma apareceu todo o Conselho reunido. - Lorde John Smith, como chegou tão rápido? Estávamos esperando para daqui dois meses terrestres. - Tomei um atalho, desabilitaram os sistemas de armas? - Espere um minuto, disse Net. Esta feito. - Por onde devo entrar? - Descobrimos que há um meio de entrar pela porta do hangar principal, é bem grande e se souber manobrar pode passar com a Proteus diretamente. - Podem abrir, estou colocando dezoito Vosoko camufladas para vigiar o perímetro. Depois liguem as estações de combate de volta e façam reconhecer as Vosoko como amigáveis. - Qual o seu receio John? - A historia e longa, mas encontramos Edaculs pelo caminho. - Entre imediatamente, estamos tomando as providencias que pediu. Manobrar a Proteus pelo caminho foi fácil, a nave respondia perfeitamente. Eles foram parar em um hangar imenso, com uma centena de pequenas naves paradas e duas grandes naves estacionadas, o local foi pressurizado e a Proteus iluminou tudo. O lugar não tinha iluminação.
Ele recebeu as informações e foram pelo caminho determinado, haviam vários blocos que tinham cedido com o impacto dos asteroides. Chegaram a uma ampla sala que tinha uma quantidade incrível de dispositivos para o qual não fazia idéia do uso.
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- Só estamos com quatro dos oito geradores funcionando, eles podem ser reativados manualmente na sala de controle, estou lhe enviando o caminho, tome cuidado, pode ser que alguma coisa tenha desabado por ai, disse Net.
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- Estamos no hangar, as coisas estão escura por aqui.
- Cheguei a sala Net, o que devo fazer. - Há um grande painel no centro, o encaixe dele é por baixo, passe a mão e vai sentir uma saliência, pressione essa saliência com força, a tampa do console se abre. - Fiz isso, a tampa abriu. - Esta vendo diversos cristais na sua frente? - Sim, uns maiores outros menores. - Temos que trocar os cristais de lugar. Pegue o terceiro cristal da segunda coluna e substitua pelo oitavo cristal da décima coluna e depois... - Espera, vamos por partes, vai me falando devagar. Depois de uma hora de trabalho com os cristais Net disse que podiam fechar a tampa. - Agora temos outro painel para colocar no lugar. Eles ficaram dois dias inteiros colocando coisas no lugar e consertando a sala, diversos homens faziam coisas ao mesmo tempo e cada um dos versilis passava instruções ao mesmo tempo, o trabalho foi mais rápido do que pensava, argumentou Net depois. Nesses dois dias nada aconteceu, as Vosoko continuavam a patrulhar o sistema. - Agora pode colocar a matriz neural no lugar e sentar na poltrona, você controla a estação. Ele sentou, e foi muito ruim, estava acostumado a delicada matriz da Proteus, e ficou com muita dor de cabeça. Ligou mais três geradores de emergência e a estação estava iluminada, descobriu os robôs de serviço e os colocou para limpar e fazer os pequenos reparos. Os robôs de batalha passaram a ficar de guarda na superfície protegidos nas saídas das cavernas. Os casulos estavam a 150 metros abaixo e tiveram que tirar muito entulho do caminho nos primeiro dias. Os versilis estavam muito felizes. Chegaram nas salas de contenção de casulos, por indicação de Net foram direto para a sala onde estava o grupo dos dez.
Enquanto isso instalou seu pessoal na estação e mandou que passassem a se ocupar com as naves de batalha. Eles descobriram que as pequenas naves estavam todas operacionais, as duas grandes tinham problemas com o motor. Passaram a se ocupar
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Ainda demorou cinco dias para que a médica chefe pudesse se entender com Ulrich para fazer as modificações necessárias e libertar o primeiro versili do casulo.
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Havia realmente os dez casulos, um deles muito diferente, com um versili com um olho vermelho e uma perna deformada, sabia que aquele era da versili Ariel.
com o motor e antes de despertarem o primeiro versili já tinham uma nave gigante de vinte quilômetros de diâmetro operacional. O primeiro versili foi Onmics. Foi difícil para ele, mesmo com a medicação ficou alguns dias sem conseguir andar e devagar passou a se comunicar, eles o alimentaram bem e quando já estava bom, passou a ajudar a Dra Eduarda a despertar os outros oito, assim como Net, Dupak e Spirus. Ulrich e Ariel ficaram dentro do sistema ainda. O inicio do convívio foi estranho para ambos os lados. Mas o melhor encontro foi o de Weber com Net. Net levantou da cama piscou os imensos olhos, fez uma careta tentando imitar um sorriso e estendeu a mão para Weber e disse; - Ola amigão! Weber pulou abraçou forte o corpo versili. Onmics olhou para Krishna e perguntou - Ele não sabe que Net... - Shhhh... fica quieto isso vai ser engraçado. - Não sabe como esperei por esse momento meu amigo. Te trouxe um som do Metallica. - Eu te disse que não gosto. Saíram discutindo pelo corredor, Weber empurrando a cadeira de flutuação, sob os olhares pasmos de humanos e versilis, como se conhecessem a centenas de anos.Eles realmente tinham desenvolvido um relacionamento especial. Trouxeram o corpo do avatar de Ulrich, ele queria ser transferido para o avatar. Foi o processo mais difícil. Tiverem que desenvolver a interface de transferência, uma falha e Ulrich Wodan ia ser um vegetal. Durante o tempo de desenvolvimento testaram o corpo de Ulrich e estimularam todo o sistema, o corpo funcionava perfeitamente. A interface foi ligada ao casulo do versili e ligada ao casulo do corpo do avatar. O processo foi longo e ao final do dia tinham um homem nu de quase dois metros de altura, com um corpo absolutamente perfeito parecendo um deus nórdico na frente deles.
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Ulrich pessoalmente cuidou da transferência de Ariel. Quando ela se levantou do casulo, com a ajuda dele, parecia uma deusa emergindo, eles nunca tinham visto um corpo feminino tão perfeito, os cabelos longos, abaixo da cintura, cobriam parte dos seios e quando falou a sua voz parecia musica. Já haviam construído um traje para ela e Ulrich era o mais feliz dos versilis naquele momento.
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John mandou que arrumassem roupas para ele, mas eram muito curtas ainda assim. Depois de algumas horas acharam um armário com roupas versilis e fizeram adaptações, Ulrich Wodan era uma figura impressionante para os humanos.
No fim do dia os versilis fizeram uma comemoração intensa, chamaram os humanos para comemorar e Ulrich bebeu e se embriagou como um gambá, sob os olhares curiosos de todos os humanos e risos de Ariel. Os versilis comemoravam todas as noites, depois disso, o fato de estarem vivos. Os casulos congelados passaram a ser a prioridade, o sistema mostrava o nome de cada um e Onmics e Ulrich deram prioridade aos casulos de versilis que poderiam auxiliar os humanos em tornar as naves operacionais. Em três semanas cerca de mil versilis já estavam despertos. Duzentos e oito versilis morreram, pois os casulos não agüentaram o tempo. Missões para pequenos sistemas próximos onde sabiam que podiam achar armamentos e suprimentos foram feitas conjuntamente. Conseguiram mais três naves gigantes. Duas de 15 quilômetros de diâmetro. Os versilis haviam abandonado muita coisa na fuga e diversos depósitos puderam fornecer uma grande quantidade de dispositivos. Os humanos foram treinados para a utilização das grandes naves e cinco comandos versili-humanos, foram formados para as naves.
- O que foi Ulrich? Ele olhava para ela e acariciava a sua pele. - Mesmo com toda a fatalidade para o nosso povo, o mais improvável aconteceu. Eles morreram e nos que deveríamos morrer estamos vivos, e eu estou aqui feliz, me deleitando com a sua beleza. - Não achei que poderia voltar a ocupar esse corpo novamente. Por que não ficou no seu corpo Ulrich? - Como eu poderia não escolher estar ao seu lado? Queria ver de novo o sorriso que abre o sol do meu dia. Tocar a sua pele, me deleitar com o seu corpo, tivemos só uma semana na Terra, e na matriz não é a mesma coisa. Eu não te deixaria sozinha, lhe prometi lembra? - Eu te amo Ulrich Wodan! - Eu também te amo Ariel. Ela o beijou demoradamente e ele retribuiu, com todo o corpo. - Não tem que treinar os humanos daqui a pouco?
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Suas mãos desceram sobre o dorso nu dela. Ulrich se atrasou mais uma hora.
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- Eles podem esperar um pouco mais, eu esperei quatorze mil anos por esses momentos.
- Agradeço a intervenção Lorde John, mas não podemos voltar agora para o sistema solar, temos uma coisa mais urgente a fazer. - O que pode ser mais urgente do que impedir o avanço dos Edaculs sobre a Terra Lorde Krishna? - Quando mandamos o esquema da Proteus para você, sabíamos desde o inicio que iria funcionar, já tínhamos iniciado a construção de outras duzentas dela. Temos um estaleiro cheios de “proteus” inacabadas escondidas apenas 3 anos luz daqui temos um grande planeta que vocês chamam extrassolar, perto de uma estrela e que possui uma gravidade pouco maior do que a da terra. O planeta tem 8 vezes o tamanho da Terra, escavamos e temos instalações com 200 vimanas por terminar de executar. - Mas falaram que o projeto de naves orgânicas havia sido abandonado pelo seu povo! - E foi. Mais do que condenados pelo que fizermos em seu planeta, éramos integrantes de uma revolução, queríamos modificar a nossa sociedade. O grupo dos dez, como nos chamavam, era o grupo dos dez príncipes de versilis que se rebelaram. Todos os nossos recursos foram investidos secretamente nesse projeto. Torturaram Ariel para saber onde estava a Dragon porque na matriz da Dragon havia algo mais, havia a localização dos demais estaleiros e a chave de acesso das vimanas, por isso pedimos para trazer a Dragon. Vamos defender a Terra Lorde John, mas com duzentas “proteus” gigantes, de 20 quilômetros de comprimento. Sua Proteus ensinará as demais e elas vão se lançar no cumulo, vamos destruir os Edaculs, libertar os povos escravizados e salvar a Terra e você vai ajudar nisso tudo John Smith. Ele ficou pasmo com o que ouviu, aquilo superava tudo o que podia imaginar. Chegar na Terra com uma frota com mais de trezentas naves operacionais. No dia seguinte três grandes naves, fortemente armadas saiam de Gliese 667.
- Atenção toda frota. Partiremos em um único vórtice gerado pela Proteus em 15 minutos. Alexey falava para as outras duas naves gigantes e 68 naves menores alem da Proteus. -Todas as unidades aos seus postos, aqueles que não estiverem em serviço devem retornar aos seus aposentos e permanecerem até segunda ordem, estações de batalha em seus postos e preparados, Sistema de segurança checado e escudo em carga máxima. Estamos prontos comandante.
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- Proteus para a Frota. Vamos em direção a Gliese 581 na constelação de Libra, a apenas 3 anos luz daqui. Trata-se de uma anã vermelha a M3V com seis planetas, nos interessa a Gliese G, tem massa três vezes superior a terra, é rochoso, se encontra na zona habitável, com uma gravidade 1,2 PSI da terra, vocês usarão os trajes com a compensação gravitacional, as observações indicam que pode haver água em estado
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John falou para toda a frota, ao lado dele estavam na ponte Lorde Onmics e Lorde Krishna.
liquido e uma boa atmosfera mas não o suficiente para ser respirável. Saltaremos no perímetro mais externo para podermos observar antes de entrar no sistema solar. Não sabemos se o planeta ainda não foi saqueado pelos Edaculs. Se tivermos sorte encontraremos os estaleiros intocados e isso significa que teremos duzentas vimanas para trabalhar. Silencio de comunicação ate segunda ordem, camuflagem ao maximo, todos os sistemas não vitais devem ter tratados com o mínimo de energia. Direcionem toda o restante da energia para os escudos e armas operacionais, estações de combate em alerta. Formação de ataque na entrada. Vosoko que estão do lado de fora darão suporte lateral as naves maiores. Lembrem-se que não seremos comida de Edaculs hoje e vamos fechar as lanchonetes deles. Alexey, mande a mensagem para Marte. Ele estava informando a Doug sobre a situação e pedindo que preparasse as defesas do sistema para um eventual ataque. - Proteus. A interface tomou o seu corpo e a Proteus abriu a janela de salto para todas as naves. Saltaram e camuflaram. A anã vermelha estava adiante, com seu brilho fraco, distante podiam ver os planetas. O planeta que procuravam era o mais próximo e visível, podiam observar que havia uma atmosfera no planeta. - Alexey, relatório de perímetro. - Nada nos sensores de longa distancia, enviando sonda para o alvo. Aguardando o retorno dos dados. Gliese G a frente, atmosfera com 15 quilômetros de altura e rarefeita. Pressão, 1,2 da terra, estrutura rochosa, confirmada existência de água em estado liquido e vapor de água, atmosfera com 60% de CO2, 23,1% de Hidrogênio, 12,3% de Nitrogênio o resto em outros gases, baixa quantidade de oxigênio, há metano e enxofre que podem indicar atividade vulcânica recente. Nenhuma vida orgânica maior do que dez centímetros detectada. Nenhuma atividade em terra, nem mesmo mecânica. Nenhum satélite em orbita. Medidas de segurança aparentemente inexistentes. - Vosokos patrulhem a área, silencio de radio suspenso. Lorde Krishna não há sistemas de segurança? - Há, mas não estão aparentes, temos que enviar o código que lhe passei se quisermos chegar mais perto do planeta. Ele enviou o código e as naves se aproximaram do planeta. - Vamos descer Lorde Krishna?
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- Faça as honras Lorde John.
PARTE XII O CONTROLE SOLAR Em menos de dois meses estavam com as duas vimanas gigantes prontas e outras duzentas do tamanho da Proteus. Elas estavam todas montadas, só faltava a matriz neural para se tornarem operacionais. Ele sentou na cadeira da Proteus, se integraram na matriz e passaram a transmitir para as outras vimanas, elas estavam “aprendendo”. John ficou na cadeira vinte horas e saiu completamente exausto, direto para o seu quarto para dormir por outras dez horas. Quando acordou Krishna estava ao seu lado. - Não deveria ter se esforçado dessa forma Lorde John, não precisamos de você morto. - Acho que não temos muito tempo para a Terra Lorde Krishna. As vimanas estão todas prontas? - Sim e parece que Proteus lhes ensinou como escolherem seus “nomes”. Uma quer se chamar Blackfire e a outra Absinto, parece ser um costume humano, nos as numerávamos antes, agora elas querem um nome. - Espere quando começarem a pedir flores.. - O que? - Uma piada Lorde Krishna. - Vá se alimentar Lorde John, e parece que a Proteus conseguiu mais água e criou um lugar especial para o seu conforto, seu quarto ficou um pouco menor, mas acho que vai gostar, ela se preocupa com sua comodidade e não havíamos observado esse comportamento em vimanas antes. Temos uma reunião da armada em uma hora. Krishna saiu e ele observou que o quarto era menor, mas havia um outro aposento, era um banheiro com uma ducha de água e uma banheira, ele estava cansado de tomar banhos de vapor, aquilo era um alivio para o corpo cansado. - Obrigada Proteus. - De nada John, saiu a voz pelo comunicador do seu quarto.
- Eu saltaria para dentro do sol se ele mandasse...
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Seus feitos e sua determinação o fizeram ganhar a confiança e respeito de todos na nave, no inicio as ordens eram discutidas em voz baixa e comentada entre eles, naquele momento eles o seguiam sem contestar.
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Foi para o refeitório, preferia sempre tomar refeições com o seu pessoal, embora pudesse ser servida a comida em seu próprio quarto.
Ouviu o comentário quando entrava na sala. Os homens se levantaram e o aplaudiram de pé. Ele ficou emocionado, aqueles eram homens de valor, corajosos e testados em condições mais inóspitas que qualquer outro ser humano já havia se submetido, não eram os políticos da Terra que o aplaudiam para pedir favores. - Obrigado senhores, fico grato pela confiança ainda temos muito trabalho pela frente e confio que farão o necessário para a defesa do nosso sistema, continuem o bom trabalho. Eles haviam estado o ultimo mês correndo entre as galáxias, escondidos em escombros, e planetas para levantar as posições Edaculs em segredo. Os Versilis também estavam no refeitório, Weber os havia convencido que era muito bom estar ali e faziam suas “refeições” no local, que eram basicamente um composto de aminoácidos em forma de sucos, mas permitia que os homens se acostumassem a presença alienígena. A integração com eles veio aos poucos, em breve estavam jogando cartas e sempre roubando dos versilis, que achavam graça nisso e não se importavam. Ensinaram musicas, xingamentos e costumes da Terra e tudo parecia divertido para eles. Terminaram a refeição e foram para a sala de reuniões. - Bom dia senhores, começou Onmics, pode nos explicar o plano John? Todos o grupo dos dez estava ali e mais uma dezena de humanos. Um grande holograma tridimensional se formou na mesa e ele ia apontando na medida em que explicava.
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- Nosso único óbice é nossa pouca capacidade de manobra, parte das naves estão sem tripulação e foram automatizadas, isso as leva a serem lentas em batalha, poderemos perder algumas, estimo que dez por cento pode ser destruída, não estamos em condição de perder naves nesse instante John, falou Krishna.
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- Nossas ultimas observações indicam que duas grandes naves Edaculs de alimentação avançam em direção ao sistema da Terra. Outras quinze estão esperando nessa posição e devem seguir logo depois das outras duas, assim tem sido em outras observações que fizemos. Mandaram sondas na frente e instrui o administrador de Marte a deixar passar sem que notassem nosso sistema de defesa. Os Edaculs acreditam que o sistema esta desprotegido e não esperam resistência. Se repetirem estratégias anteriores, devem sair diretamente entre a Terra e Marte, nesse posição aproximada. Doug ira confirmar assim que saltarem. Nos saltaremos na frente deles nos posicionando com a Terra atrás de nos, com 150 vimanas nessa posição, a Proteus vai na frente com a Absinto. Após destruirmos as duas naves e cinco minutos depois devem aparecer as quinze naves Edaculs, mandaremos o aviso da posição e Lorde Krishna com o resto da armada deve saltar saindo atrás das naves Edacul, cercamos e destruímos. O plano é simples, mas depende da repetição da ação dos Edaculs, há uma probabilidade de 98,2% de repetirem a estratégia, portanto nossa possibilidade de êxito pode ser alta.
- Podemos adotar uma estratégia diferente e não as colocar na frente da batalha, pedaços das naves destruídas não podem cair da Terra ou em Marte, um Edacul em qualquer lugar e estamos comprometidos. Elas podem ficar a uma distancia maior fazendo a limpeza por trás da frota. - Acho que funciona muito bem Lorde Amarock. - Vamos modificar a estratégia então e colocaremos as naves atrás. - Lorde John, nos VOTAMOS as nossas decisões. - Ok Lorde Onmics, então quem vota comigo fica quieto. Todos se calaram. - Depois de derrotarmos os Edaculs na Terra, proponho voltarmos a dois outros dos nossos estaleiros. Gostaria que nos ajudasse Lorde John, a Proteus pode ensinar as demais naves com facilidade e será mais rápido para torná-las operacionais. Vamos libertar um planeta Versilis para podermos ter tripulação nas naves. E começaremos a nossa guerra com os Edaculs, disse Krishna. - Acho que já começamos Lorde Krishna, eles é que ainda não sabem. Mas como fica a proteção da Terra e de Marte? - Tem a sua armada Lorde John, deixe as naves que precisar e nos leve até os nossos estaleiros. Acho que vai gostar de ver, os outros são bem maiores que o de Gliese. Weber soltou um assobio. - Estou ansioso para ver isso Lorde Krishna.
Ele estava no Conselho de Segurança da ONU, o holograma mostrava a armada Edacul e aquilo tinha virado uma confusão. - Está nos dizendo senhor Doug que uma armada de Eda... Edaculs como chama, esta se dirigindo para Terra para nos atacar e que devemos ficar quietos? - Sim embaixador russo, o comandante John nos avisou que esta vindo com uma armada para defender a Terra e Marte, mas não devemos demonstrar nenhuma capacidade de defesa por enquanto, ele quer pegar os Edaculs de surpresa.
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- Senhor, John vem com 328 naves, duas delas com 20 quilômetros de diâmetro.
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- Uma armada? Não creio que dúzias de Vosoko e a Proteus sejam efetivamente uma “armada” para aquilo que nos mostra.
- Senhor Doug, levamos 25 anos para construir uma única vimana de dez quilômetros, isso consumiu imensos recursos da Terra e me diz que John Smith fez uma armada de 328 naves em oito meses, espera mesmo que eu acredite nisso? Ele mudou a imagem do holograma e apareceu a armada humana-versili, com a Proteus na frente. - Isso é o que temos agora senhores. Mas ainda é pouco para o que precisamos, por isso temos que agir com cautela. Os Edaculs não vem para pegar água ou minério, ou escravizar nosso povo, eles estão vindo para nos comer, literalmente. Eles ficaram em silencio. Horas depois aceitaram a proposta de Doug.
- Nossos batedores informam que os Edaculs entraram em movimentação comandante. Dalton estava no comando, Alexey tinha sido colocado junto com a Absinto, a matriz da Absinto respondia melhor a ele do que aos versilis. Ficou feliz de ter sua própria nave para pilotar. Ele estava nos seus aposentos. - Esta na hora Proteus, está pronta? - Sim John. - Está com medo menina? Ele a chamava assim quando estavam sozinhos - Sim John. - Eu também. - Vamos vencer nossos medos juntos John. Ele foi para ponte. ---------------------------------------------------------------------------------------------------------
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- Atenção toda a frota. Vamos sair diretamente sobre eles e atirando, escudos ao maximo e não errem o alvos, a surpresa é nossa vantagem, se tiverem tempo para reagir as coisas podem ficar pior, eles não podem ter tempo para avisar as outras naves. Mirem nos motores e estações de comunicação logo que saírem. A BlakFire salta com a Proteus e com as naves já liberadas. Todos os tripulantes em trajes espaciais para o caso de descompressão, tentem manter a integridade das naves na medida do possível. Nenhum, absolutamente nenhum destroço pode ir em direção a Terra ou Marte, a toxina
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-Todas as unidades aos seus postos, estações de batalha em seus postos e preparadas, Sistema de segurança checado e escudo em carga máxima. Estamos prontos comandante
Edacul pode ser fatal e nenhuma cápsula de fuga pode ser poupada, se um deles cair em qualquer lugar dos nossos planetas podem contaminar toda a humanidade. Saímos com a Proteus a oito meses, não sofremos baixa e voltamos com uma armada. Somos os melhores que a humanidade tem agora. Vamos mostrar para a humanidade que podem confiar em nos e nos versilis. A seus postos. - Senhor Doug informa que a armada Edacul chegou como previsto - Proteus, ele sentou na cadeira e saltaram.
- Formação de Vosoko 25, proteja flanco da BlakFire. As grande naves Edaculs foram pegas de surpresa, a armada saiu em formação e foi destruindo a toda a capacidade de manobra e comunicação dos edaculs. Os Edaculs ainda conseguiram soltar algumas de suas pequenas naves de combate e tentavam atacar as duas vimanas. A Proteus usou sua eficiente arma sônica que ela mesma passou a chamar de “Mozart”, a arma pulverizava aquilo que atingia. Os versilis ficaram impressionados quando viram. Em menos de três minutos estava tudo terminado. - Dois minutos e contando para o salto das quinze naves Edaculs, avisou Dalton. Elas apareceram e a batalha foi intensa. Logo atrás saltaram as outras naves da armada. Jatos de plasma e mísseis de prótons variam o ar e deixavam o espaço luminoso. Os Edaculs passaram usar uma arma de pulsos. Uma Vosoko foi atingida e começou a perder a integridade do casco lentamente. - Proteus, estou com problemas aqui, a matriz orgânica da Vosoko não responde mais. Os sistemas estão falhando, perdi navegação e suporte de vida. - Evacuem, nave Spirit faça o resgate da Vosoko. - Lorde Krishna, viu isso? - Sim, não conheço essa arma.
A Absinto, partiu em direção a nave Edacul junto com a Proteus. A nave foi incapacitada e poupada enquanto todas as outras foram destruídas. Todos os casulos de
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- Lorde John, suas estratégias são muito ousadas e arriscadas, mas acho que vou lhe seguir dessa vez.
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- Talvez devêssemos incapacitar a nave, entrar e descobrir o que é.
fuga dos Edaculs fora destruídos, nada caiu na Terra ou em Marte. Somente uma Vosoko foi perdida e após contagem todos os homens estavam nos seus postos. A nave Edacul foi cercada. - Veja o que temos dentro da nave Dalton. - Sacns ativados, 68 formas de vida ainda estão dentro da nave. Há Edaculs lá dentro senhor. Estão sem comunicação, suporte de vida, sem motores, sem escudos. Nenhuma capacidade de manobra. - Atenção para frota. Vamos tentar descobrir o que é a arma Edacul, para isso capturamos uma carcaça de nave que não tem nenhuma capacidade de manobra. Há 68 Edaculs vivos naquela nave. Se pudermos captura-los com vida o faremos, mas não vamos correr riscos, se um Edacul morder qualquer de vocês, estarão mortos. Não há como tratar a toxina Edacul. Lorde Krishna irá montar o comando para tomar a nave. - Doug na comunicação senhor. - Passe. - John, por deus! O que esta acontecendo, eu tenho membros histéricos do conselho de segurança, a população da Terra esta em pânico e você não me dá noticias. Vi que conseguiram vencer os edaculs pelo nosso sistema de vigilância. Cercaram uma nave para que? - Vamos entrar Doug, eles tem um armamento que precisamos conhecer. - E o que eu digo para Terra e Marte? - Eu digo. Abram um canal de comunicação direto com todas as estações de Terra e Marte, interfiram no sinal deles se necessário. - Feito senhor, estamos ao vivo.
- Doug, o que foi?
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- Comunicação encerrada, Doug continua esperando senhor.
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- Senhores da Terra e de Marte, é o Comandante John Smith que fala. Saímos a oito meses de Marte para salvar a espécie versili. Nesse tempo entramos em contato com raças inamistosas, Retornamos sem baixas e com o comando de uma frota de 328 naves estacionadas no espaço compreendido entre a Terra e Marte. Estávamos sofrendo a invasão de uma raça alienígena inamistosa chamada Edaculs. A armada Edacul foi completamente destruída e vamos continuar patrulhando o sistema para a segurança da Terra e de Marte, estão seguros e permanecerão nessa situação. Os dragões de Marte voltaram e os versilis com eles. Nossas naves estão sendo tripuladas por humanos e versilis, nada entrara no nosso sistema ou permanecera nele se não for seguro para a raça humana. Obrigada
- Vou beijar a tua bunda cara. Esta me matando do coração e tenho uma centena de chamadas da terra para responder. Obrigada John, bem na hora. Duas horas depois, com apoio de vinte robôs de combate, um comando misto de versilis e humanos entrava na nave Edacul. John Smith, Krishna, Spirus, Dupak Ulrich e Ariel iam a frente. O lugar era escuro e notadamente era uma nave orgânica. As paredes e circuitos eram cobertos uma resina gelatinosa que depois se descobriu ser um nutriente para o ambiente orgânico. Dispositivos estavam soltos por todos os lados. Os robôs iam a frente. - Temos o primeiro contato a frente, vinte formas de vida, eles estão armados e acionaram suas armas, estão nos esperando disse Spirus. - Mande os robôs na frente. Cinco grandes robôs de ataque seguiram e logo tiveram seus campos de força atingidos por disruptores de plasma. Um deles caiu, interrompendo parte do corredor. - Acha que podemos usar o robô caído para uma barricada? - Sim John, vamos lá. Ele e Spirus juntamente com outros cinco membros correram para trás do robô e foram recebidos com uma grande quantidade de disparos. - Eles estão empolgados disse John - Empolgados demais para o meu gosto, disse Krishna. - Vamos contar quantos são. Spirus de levantou e disparou. Em seguida os edaculs responderam ao fogo.
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- Temos um presente da Proteus para eles, disse Ariel. Ela nos ajudou a desenvolver isso, parece uma granada mas não é tem dois dispositivos diferentes, um emite um som, que calibramos para os ouvidos dos Edaculs e outra é formada por uma imensa quantidade de Osedax modificados. O som vai prejudicar o sonar natural deles, vamos deixar eles meio cegos. Os Osedax se reproduzem com uma taxa muito alta e consomem o metal, rapidamente eles vão perder a coluna de proteção, temos que jogar na frente da estrutura e o Osedax faz o resto. O tempo estimado de ação é de três minutos.
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- Estão por trás de uma grande estrutura de metal com uns três metros de altura. Oito ao lado direito dois ao centro e o restante no lado esquerdo. Um deles, no centro, tem uma arma grande e deve ser o que derrubou o robô. Como fazemos?
\ - Vamos executar. Jogaram e aguardaram. Os edaculs não enxergavam mais no escuro, passaram a atirar contra o comando mas sem pontaria, mataram 18 edaculs e fizeram dois prisioneiros. A barricada seguinte era a maior , com quarenta edaculs, foi mais difícil e nenhum Edacul saiu vivo - Todos mortos senhor. Temos o restante no lugar que achamos ser a sala de controle. - Vamos em frente. - Podemos falar com eles? - Já tentamos da outra vez Ariel, não adiantou. - Tentamos de novo. - Fique a vontade. - Edaculs, não queremos matar vocês, rendam-se e serão bem tratados, gritou Ariel - Como vamos tratar bem eles, vamos dar gente nossa pra eles comerem? - Fique quieto Spirus, disse Dupak. Os edaculs responderam e Ariel foi traduzindo. - Mataremos todos vocês, vamos devorar seus filhos na sua frente, serão nossos escravos e implorarão pela morte. Versilis e essa raça que lhes ajudam, nós desmembraremos suas femeas ainda vivas e nos alimentares delas em banquetes na sua frente. Versilis e a raça que os ajudam, devastaremos os seus planetas e destruiremos a rocha morta que sobrar para servir de exemplo aquele que nos resistem. Arrastaremos seus corpos em agonia e dor pelas nossas ruas nos dias de festa e vamos dependurar suas cabeças nos nossos cinturões nos dias de desfile. - Discurso simpático, mas acho que não farão isso, falou John. Uma grande explosão aconteceu, parte da fuselagem da nave se rompeu. Spirus foi jogado com força para fora e seguro por Dupak e outro soldado.
- Acredite isso existe a milhares de anos. Como vamos entrar John?
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- Ei! Onde aprendeu a xingar assim? Disse John.
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- Filhos da puta!Colocaram bombas, disse Ulrich.
- Dupak, há uma rota alternativa? - Sim, teremos que contornar por aqui, disse mostrando no mapa holográfico, mas isso vai demorar mais duas horas, não temos todo esse tempo nos trajes. - Se não agirmos agora eles podem ter tempo para se preparar melhor e isso pode ficar mais complicado - Concordo com Ariel. - Então fazemos o seguinte, dois robôs de apoio vão por fora e entram nesse duto, arrebentam esse estrutura e nos abrem caminho, ganhamos uma hora nesse atalho. Dois de nós com robôs de ataque atravessam por trás e vocês continuam atirando pela frente. Você consegue programar os artefatos da Proteus para um material especifico Ariel? - Sim John, qual material você quer programar?. - Um material orgânico, o tecido celular edacul e o tecido da nave, mas preciso que eles consumam somente um edacul por vez. - Pode ser feito. - Faça. Krishna e eu vamos pelo fundo, plantamos as bombas e voltamos, os robôs ficam lá. Vamos fazer esses edaculs saírem, não adiantará nada se eles destruírem a ponte de comando toda com explosivos. Uma hora depois os dois voltavam. - Ariel, diga para eles...e ela foi repetindo. “Edaculs, vamos comer vocês lentamente, sua nave será devorada pela nossa fome, seus corpos serão o deleite para o nosso estomago. Nossas mentes se unem para deformar a sua carne e desintegrar seus ossos. Ate o final do dia nossa fome será saciada se não se entregarem, vamos devorar um a um. Sua lembrança será apagada e vamos de planeta a planeta edacul reclamar o nosso alimento, rendam-se e conversaremos.” - Credo...você pegou mesmo o espírito da coisa, e agora, perguntou Krishna. - Vamos esperar o osedax fazer a sua parte.
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Eles começaram a falar novamente. Ariel traduziu, eram palavras de afronta e promessa de vingança. Dez minutos depois outros gritavam. Mais tarde os edaculs que restaram saíram um a um e foram imediatamente derrubados com tonteadores, ao todo capturaram doze que foram encapsulados e levados a uma prisão especialmente desenvolvida para eles.
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Não esperaram muito, ouviram o primeiro urro e os guinchos dos edaculs.
Eles retornaram as naves e John estava cansado. Deixou o comando a cargo de Krishna e foi descansar. Ainda tinha que ir a Marte ver Prya. Deixaria o interrogatório dos edaculs por conta dos versilis. Chegou ao seu quarto e ligou para Prya, lhe contou tudo e prometeu que em breve estariam juntos e caiu exausto na cama. As mensagens da Terra poderiam esperar. - A arma se parece muito com a “Mozart” que Proteus desenvolveu, o principio é mesmo, mas envolve uma matriz orgânica diferente que cria uma combinação para a desagregação do DNA, a forma orgânica morre porque os átomos são instruídos a se desligarem na hora. Um homem atingido por essa arma desintegraria lentamente, parte por parte, em dores horríveis logicamente. - Como pode ser isso. disse John. - Para manter átomos unidos você tem ligações iônicas, a matriz identifica as mais fracas e começa a corromper essas ligações inicialmente, com átomos soltos e elétrons buscando alguma coisa para se ligar ela passa a bombardear a estrutura com prótons e elétrons alternadamente, não há possibilidade dos prótons se unirem a nada mas os elétrons ficam loucos, imagine você mudar um acido para base e depois ao contrario e modificar as ligações formando outros compostos, seu corpo se envenena sozinho ou se desestrutura. Encontramos uma variação da mesma arma que atua em nível de DNA, seu DNA é reorganizado e seu corpo não consegue se manter inteiro. Testamos em uma estrutura orgânica e ela virou água e se decompôs nos outros materiais que tinha. É uma arma poderosa. - Há uma contra medida? - Estamos tentando desenvolver uma. - As vimanas estão completamente expostas dessa forma. - Não necessariamente John, podemos aumentar a força dos escudos com uma estrutura de prótons na ultima camada, o que afeta mais a estrutura orgânica são os elétrons livres e o pulso sobre o DNA, se recolhermos a “pele” da vimana para baixo do fibrium e do culumdum os impactos não serão tão sentidos e qualquer dano será pequeno, a vimana tem condições de se reparar sozinha. - Se fizermos isso perdemos uma grande vantagem tática, que é a sensibilidade da vimana para poder responder aos ataques mais rápido que o convencional.
- Sim ele quer uma reunião ainda hoje para tratar do assunto.
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- Passe a informação para toda a frota Lorde Ulrich e determine a execução das medidas. Lorde Onmics já definiu quando quer partir para os estaleiros?
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- Sabemos disso John, mas é a medida paliativa do momento. Se nos encontrarmos com essa arma de novo, e provavelmente isso vai acontecer, esse deve ser o procedimento padrão para manter a integridade das vimanas.
- Será feito, ele pode vir agora se quiser. Terminaram a reunião e tudo ficou acertado. Quase toda a frota ficava no local sob o comando de Alexey e ajuda de Dupak e Spirus e mais um milhar de versilis. A Proteus iria com uma pequena escolta para os estaleiros. Qualquer sinal de Edaculs deveriam contatar a Proteus. O espaço no entorno do sistema solar estava patrulhado por naves camufladas. A maior parte delas com versilis e humanos trabalhando juntos. Ele ainda tinha que ir a Terra, a frota precisava ser alimentada, munição reposta e mais um serie de coisas. A reunião com a Terra não foi da mais amigáveis mas no final lhe forneceram tudo o que pedia. Ainda passou dois dias com Prya em Marte e partiram novamente.
- Boa sorte John. - Obrigada Mei, cuide dos edaculs, tente tirar tudo o que puder, eu volto logo. - Inicie senhor Dalton. - Todas as unidades aos seus postos, aqueles que não estiverem em serviço devem retornar aos seus aposentos e permanecerem até segunda ordem, estações de batalha em seus postos e preparados, Sistema de segurança checado e escudo em carga máxima. Estamos prontos comandante.
Saltaram. - Dalton, relatório.
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- Proteus, disse sentando-se na cadeira e sendo envolvido pela matriz neural
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- Atenção ao comando da frota. As naves selecionadas devem partir com a Proteus as demais devem se reportar ao comando da Absinto e ao Comandante Alexey. Vamos para a constelação de Vela, a 36 anos luz da Terra, há um planeta classificado por nos como HD85512b, orbita uma estrela a uma distancia e 0,26 UA. Trata-se possivelmente de um gigante gasoso com uma estrela mais velha que o sol em mais de um bilhão de anos o lugar tem temperaturas que podem variar e 30 a 50 graus Celsius. Não e tão quente. Possui massa 3,6 vezes maior do que a terra e sabemos pela informações dos versilis que tem uma grande estrutura rochosa. Há vapor de água na atmosfera, grande quantidade de dióxido de carbono e nitrogênio, vamos ver nuvens, o ar ainda não pode ser respirado mas podemos colocar ele na nossa relação para terraformaçao. Sairemos por trás dele com os cuidados habituais. Todas as naves camufladas, armas em estado de espera, silencio de comunicação ate segunda ordem. Esperamos encontrar as instalações Versilis intocadas com algum material disponível, mas edaculs já podem ter passado por lá.
- Sensores de longo alcance não detectam movimentação no perímetro. Há um cinturão de poeira entre nós e o sol. O planeta tem as dimensões esperadas, a temperatura e um pouco mais baixa que o estimado, 25 a 45 graus Celsius, a atmosfera tem uma quantidade maior de oxigênio, 19% de oxigênio, 46% de gás carbônico, 30% de hidrogênio, restante com traços de nitrogênio predominante, argônio, helio, uma pequena quantidade de ozônio. Oceanos de água com salinidade pouco inferior aos nossos mares, poucas praias a maioria são rochedo escarpados. Há rios imensos em formação, um deles tem 30 km de largura. A vegetação e incipiente, alguns musgos rasteiros. As águas possuem organismos multicelulares vivos de tamanho razoável, há estruturas com esqueleto de ate 10 metros de comprimento. - Vimanas, silencio de radio suspenso, façam a varredura do sistema e informem qualquer risco potencial, formem a vigilância do perímetro externo, todos camuflados. Lorde Krishna, assuma e faça as honras, o planeta é seu. - Vocês sabem nadar? Mergulharam com a Proteus no oceano cheio de vida, a abertura do hangar era abaixo da linha do mar, 50 quilômetros, a profundidade do lugar era absurda. A Proteus resistiu tranquilamente a alta pressão e a escuridão, informou a John que ia passar a consumir alimentos para manter a integridade da estrutura externa e temperaturas adequadas. Identificou uma espécie de microorganismo que achou adequada e foi assimilando, com ajuda do osedax os nutrientes necessários para a matriz orgânica. O hangar se abria a eles e um lugar seco foi providenciado pelo sistema automatizado do lugar. O deque foi pressurizado e quando saíram a IA os saudou. - Bem vindo Lorde Krishna, vejo que trouxe uma comitiva de alienígenas. - São nossos amigos, providencie alojamento e alimentação para todos. Como esta o nosso cronograma de montagem? - Completamente executado Lorde Krishna, se meu contador estiver certo, fazem mais de 15 mil anos desde sua ultima visita. - Seu contador esta certo. Acumulou as informações do período para nos atualizar? - Sim Lorde.
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O lugar era imenso, os estaleiros, como Lorde Krishna chamava, era uma estrutura escavada no planeta com mais de 800 quilômetros de extensão e 500 quilômetros de profundidade.
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- Vamos para a sala de comando, coloque os robôs de segurança em prontidão, estou lhe passando a assinatura das naves amigas que estão fazendo a segurança do planeta, qualquer outra assinatura deve ser informada imediatamente e reconhecida como inimiga no nosso sistema de armas ate ordem em contrario. Aloje nossos convidados.Vamos John.
- Esse planeta foi escolhido pela pequena densidade dessas rochas internas, o que nos facilitou muito a escavação, o cinturão de poeira lá fora saiu daqui e melhorou a temperatura local, deixou o lugar mais adequado para terraformaçao como vocês falam e auxiliou no bloqueio dos raios solares. Pretendíamos usar no futuro como um mundo Versili. Entre John Entraram em uma estrutura tubular, nitidamente um elevador. - Descemos 200 quilômetros. O maior desafio foi instalar os compensadores de pressão, mesmo uma rocha pouco densa faz muita pressão nessa profundidade. Chegamos. Saíram em uma sala cinco vezes maior que a do controle da Proteus. Haviam diversos CS prateados já em ação e inúmeros sensores ligados, John não entendia a metade do que estava na sua frente. Varias mesas com hologramas variados mostravam modelos de naves e os hangares de construção. - Não e só naves que temos aqui John. Há exércitos de robôs em todas as naves. Se quisermos tomar um planeta versilis de volta podemos usar isso tudo. - Tomar e manter Lorde Krishna. - Sim, tomar e manter. - E como faremos isso, temos menos de três mil versilis nas naves, é insuficiente para colocar todas as naves em vôo. - Vamos ver o que a IA tem preparado para nossa informação. Foram horas de analise e simulações. A IA tinha registrado cada movimentação edacul dos sistemas próximos e monitorado as comunicações. No final de uma semana eles tinham o panorama completo dos sistemas invadidos e da população que deveriam libertar.
- Não e muito distante para podermos sustentar Lorde Krishna?
- Então vamos pegar todas ao mesmo tempo, disse John.
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- A vigilância recente nos mostra que existem pelo menos cinqüenta grandes naves operando no local. Se adotarmos uma ação de guerrilha elas podem receber reforços e não conseguiremos sair de Libra nunca mais. Disse Naa-ki
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- Não, é o lugar mais adequado, o mais distante das bases edaculs e temos dois estaleiros perto com suprimentos para o caso de ter que manter a armada no lugar. Há um milhão de versilis escravizados no local que podem ser colocados para operar as estações de batalha e as naves se for o caso, e fariam isso de bom grado com certeza. Naa-ki pode assumir a frota do local e treinar os tripulantes, não podemos chegar e ficar, terão que desenvolver autonomia para que possam se defender sozinhos e possamos liberar nossa armada para fazer o maior estrago possível entre os Edaculs.
- Qual sua idéia. - Minha idéia Naa-ki e colocar três das nossas para cada uma das deles, iniciando aqui. Identificamos quase todas as estações e temos os cinco porto de embarque e desembarque. Quando atacarmos o primeiro espaço porto eles receberão reforços, nossas naves ficam camufladas por trás do sol e damos um pequeno salto quando as demais chegarem, mas não saltaremos todos. Vamos de duas em duas, eles acharão que somos poucos vão pedir reforços para eliminar a ameaça, Quando perceberem estarão cercados. Mas faremos isso divididos em cinco comandos diferentes e agiremos ao mesmo tempo. Todas as estações terão suas naves destruídas ao mesmo tempo, não terão apoio umas das outras.. - Isso é muito perigoso John, se nos dividirmos e eles conseguirem reforços rapidamente, perderemos muitas naves. - Só se conseguirem pedir reforços. Temos uma achado para vocês, nossos dragões passaram a andar mais longe e achamos a estação de repetição deles a 20 anos luz do lugar, um comando de dragões entrará na estação. Entramos, substituímos o sinal por um falso, vão achar que estão transmitindo e estarão recebendo uma mensagem de retorno da frota edacul que nunca vai chegar. Gravamos diversas mensagens durante o período para podermos aprender o sistema de troca de mensagens deles. A estação não está bem protegida pois se encontra no meio do nada, não esperam que alguém passe a não ser suas própria naves. Temos que saltar um pouco distante e nos aproximar devagar. Há sistemas automatizados de vigilância, mas nosso comando ira usar robôs de ataque e trajes espaciais, vão saltar direto do espaço para a estação. Uma nuvem de meteoros está sendo providenciada para o evento, o sistema de detecção deles não verão nossos homens no meio dos meteoros. - Vai colocar seus homens no meio das rochas que vão de encontro à estação? - Sim. - Não lhe ocorre que a estação possui um sistema para destruição de asteroides e que vão ATIRAR nas rochas? - Sabemos disso, construímos um dispositivo de desvio que vai informar o radar que não há rocha naquele lugar onde estiverem os nossos homens. - John, mesmo assim, as outras vão explodir e seus homens vão morrer. - Estaremos protegidos, dentro dos robôs de ataque.
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- Passamos uma semana modificando a estrutura dos robôs, esse é o nosso robô Pheneutria, ou robô aranha de jardim se preferirem, mostrou abrindo um holograma. Ele possui tenazes capazes de rasgar uma chapa de fibrium de meio metro de espessura Vai carregar nosso homens no abdome e segura-los nos asteroides, quando chegarem perto
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- Eu perdi alguma coisa nessa historia? Como os seus homens estarão dentro dos robôs de ataque John Smith? disse Krishna.
da estação, vão saltar para a estrutura, não serão vistos, o barulho parecera como o do impacto das pedras. As tenazes abrem a fuselagem da estação e os homens vão inserir osedax para destruir os edaculs enquanto outro grupo vai eliminando a resistência. Uma das Pheneutria estará com um dos homens cortando o fluxo de energia da estação pelo lado de fora, e a estação não vai poder mandar um sinal de socorro, o fluxo pode ser restabelecido em seguida e a estação vai informar que teve uma parada em razão dos meteoros. Se houver duvida por parte dos edaculs os sensores de longo alcance deles vai confirmar que haviam meteoros passando. Isso deve ser feito horas antes do ataque. Não podemos ficar simulando isso durante muito tempo sem desconfiança dos edaculs. Eles entram, cumprem a missão e saem em três horas e partimos para o ataque as bases edaculs. - Simularam isso na IA? - Sim Lorde Krishna. - E qual a probabilidade de sucesso da missão nessa condição John? - Nas piores simulações, se conseguirmos incapacitar a estação temos 84% de possibilidade de êxito. Krishna, Naa-ki e os demais versilis olharam para ele. - John, você esta começando a me dar medo, disse Krishna Três dias depois eles tinham integrado a matriz se 150 vimanas de combate que aprenderam com a Proteus. John Smith liderou pessoalmente a equipe de ataque a estação e tudo correu como o previsto. Em uma hora eles saiam para a mais ousada missão dos versilis. Destruir 50 naves edacul e recuperar um milhão de versilis vivos.
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- Controle da missão a postos, partida em 10 minutos, verifiquem todos os seus instrumentos, escudos ao maximo, entrem em formação e atirando nas naves estacionadas. O que estiver no solo deve permanecer lá e as que estiverem voando devem ser completamente destruídas, não deixem ninguém escapar. Teremos forte resistência. Naves de solo: desembarquem e protejam a população na primeira oportunidade, se perceberem que podem perder eles destroem o planeta e matam todos. Lorde Krishna estará transmitindo uma mensagem aos versilis, eles saberão quem somos. Os alvos no planeta são as estações já marcadas, cada um tem o seu alvo, se terminarem o que deviam fazer, descarreguem seus robôs em solo e voltem para dar suporte no ar. O sistema é de Libra, estamos a 600 anos luz da terra, Kepller 22a é o nosso destino. O planeta é habitado por mais de um milhão de versilis escravizados, a colônia serve para produzir peças sobressalentes para as naves edaculs e é uma de suas
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Cento e cinquenta naves de 20 quilômetros estavam alinhadas, a tripulação era mínima, só para operar a ponte e os sistemas de ataque e defesa na batalha.
principais fabricas. Vamos estragar com os suprimentos dos edaculs. O sol e menor e mais frio que o sol de Marte, a temperatura local é agradável não teremos problemas para locomoção em solo, a atmosfera é respirável, mas o odor no lugar não. Os edaculs mantém fabrica de “alimentos” no local. Usem respiradores. A gravidade é 20% superior a da terra, terão que usar os compensadores de gravidade. A população nunca viu um humano na vida e podem nos estranhar, tenham cuidado para andar nas ruas. Vai haver luta corporal e vamos tomar rua por rua, não deixem nenhum edacul morder vocês, quem for mordido morre, não há cura para a toxina edacul. Não se descuidem da segurança, quero todos vivos em Marte. As cinco equipes saltam ao mesmo tempo. - Proteus...ele se conectou, abriu o salto de sua equipe que ia diretamente para o planeta e saltou.
- Mantenham posição, todas as baterias fogo a vontade. Nave Lepsus, ataque as defesas de solo que atrapalham as Vosoko no setor cinco. Antares, concentrem fogo nas naves dois e três no flanco direito da Proteus. Temos mais oito naves edaculs aqui, chamem os nossos reforços estacionados. - Chamando comandante. Um forte impacto bateu na Proteus. - Aguente firme menina. Relatório de integridade de casco e da matriz orgânica da Proteus Dalton. - 92% Senhor, ela esta se autoreparando nesse instante. - Retire energia de onde estiver disponível e reforce os escudos. Vamos voltar para casa nessa nave Dalton. - Sim Senhor. - Lepsus deixe os seus robôs em solo e venha nos auxiliar aqui em cima, temos uma luta injusta de quatro contra três. Vosoko Amelia, saia da zona de tiro da nave edacul, Antares de cobertura para o setor. Onde estão os nossos reforços? Mal ele falou cinco naves gigantes saltaram e entraram atirando nos edaculs. - Ola Proteus, achou que ia levar todo mérito sozinha?
- Vosoko Histhar caindo senhor.
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As naves de Naa-ki rapidamente destruíram as naves restantes e saltaram para auxiliar Krishna.
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- Eu já estava te xingando Naa-ki. Temos quatro naves para destruir ainda, fazendo isso vão para o setor seguinte e ajudem Lorde Krishna, ele esta com oito naves no encalço dele.
- Histhar o que esta acontecendo? - Fomos atingido senhor, perdemos os motores e capacidade de manobra. - Saiam daí imediatamente,abandonem a nave. - Ela esta tentando se consertar senhor. - E uma ordem piloto, ela pode se consertar sem você dentro, saia agora. Três módulos de fuga saíram da nave. - Podemos pegar ela John. - Vamos pegar uma Vosoko no ar Proteus. Protejam nossa descida Antares Sentou na cadeira e a nave viva ficou ainda mais rápida. Disparou em direção a vosoko, alinhou a velocidade, a matriz orgânica se comunicava com a outra, se alinharam e a Proteus pegou a Vosoko no ar. Dentro do hangar uma estrutura de contenção de fibrium formava uma rede para amortecer a entrada da Vosoko. - Pegamos John. - Comecem a destruir as forças de terra, vamos invadir o planeta. Proteus fique camuflada em orbita elimine qualquer resistência residual, essa ordem vale para todas as naves de patrulha do setor. Dalton, mande um craft, vou descer no planeta. - Lorde Krishna acaba de saltar, solicita ir junto com o senhor ao planeta. - Diga que estou aguardando a sua presença. Pouco depois Krishna estava na ponte apertando sua mão. - Parabéns John, você conseguiu de novo. Os versilis lhe serão gratos eternamente. Vamos descer ao planeta e ver meu povo.Desceram Quando a porta traseira do craft abriu John ficou chocado, ele saiu devagar no seu traje de batalha, armado e preparado. O lugar era sujo e empoeirado, cheirava a podridão, uma dúzia de versilis com trapos pelo corpo veio ao seu encontro, estavam nitidamente subnutridos, alguns amparados pelos outros, eles nunca tinham visto um humano antes, ele levantou o primeiro versili que viu caído e lhe deu água, os olhos dele se encheram de lagrimas, não deixaria aquilo acontecer com a terra.
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Krishna se reuniu com seu povo e contou toda a historia da terra e dos versilis. Selecionou os mais fortes e aptos e os treinou para a defesa do planeta. Trouxe mais naves do deposito de Kepller e deixou o sistema de defesa planetária estruturado. O
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Durante dias seus homens e os versilis das naves passaram distribuindo alimentos e prestando socorros médicos.Descobriram as fabricas de peças e as de alimentos.
versilis Dogu ficou encarregado do setor, partiram dali em duas semanas mas John nunca mais esqueceria do que viu pelo resto da sua vida.
- Prya, nos ajude. Doug não sabe como falar com eles e não estamos conseguindo progressos. - O que querem exatamente Mei? - John quer que entreguem a ele a administração da defesa do sistema solar. Mas claro que eles não querem. Doug já argumentou diversas vezes e as palavras “golpe de estado” e “plano de invasão versili” já foram mencionadas na mesa de negociação. Doug não tem mais paciência. Você é uma diplomata e sabe como fazer isso funcionar. Para que esse traje ridículo? - Aprendi que as vezes devemos causar uma impressão forte, disse sorrindo. Elas caminhavam para dentro da sala de reunião do conselho de segurança da ONU, entraram no momento de ouvir. -...e então vamos entregar toda a defesa da terra para ser administrada e executada pelo Comandante Chefe da equipe alienígena John Smith. - Seu bastardo! ELE JÁ ESTA FAZENDO ISSO, ele já esta administrando a defesa solar e defendendo a Terra, mas vocês querem que isso seja feito DE GRAÇA, não querem arcar com os custos, tudo o que queremos e que auxiliem na sua própria defesa. - Não senhor Doug, querem estabelecer um governo branco sobre os nossos governos e eu NÃO VOU entregar o voto do meu país para isso. - Vocês estão vivos porque ele conseguiu uma armada para nos defender dos edaculs, essas naves precisam de manutenção, precisam de pessoas operando elas, há combustível, salários, alimentação, tudo para ser suprido, como pensam que vamos manter as naves no espaço sem isso e se os edaculs voltarem? - Senhor administrador de Marte, ninguém na terra viu um edacul, ninguém sabe se isso e verdade ou se foi uma simulação para nos impressionar, sinceramente estou tentado a crer que estamos em meio a um imblogio,
- Senhores, bom dia. Lamentável que tenhamos chegado ao ponto de duvidarmos de nos mesmos depois de todos esses anos de convívio.
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Lia Mei o puxou para fora da mesa e Prya entrou e sentou. A presença dela silenciou os demais e o embaixador chinês puxou a cadeira em cortesia. Ela continuava linda, vinha em um traje versili vermelho, bordado em ouro com desenhos de lótus estilizado. As mangas longas do traje traziam rubis e diamantes incrustados, na cabeça uma pequena tiara com dois dragões dourados entrelaçados. Sentou-se majestosamente.
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- Seu filho da ,...
Depois de duas horas, Prya saiu da sala com pessoas de ânimos muito mais cordados mas ainda não tinha convencido aquelas pessoas. Dois dias depois anda estavam em reunião. John Smith adentrou o recinto sem aviso cercado por uma escolta de dragões. Usava a roupa negra de combate. - Bom dia senhores, acabo de chegar de uma batalha com 50 naves edaculs, salvamos um milhão de versilis e estou bastante aborrecido com tudo o que vi a 600 anos luz da terra, mas não pensei que poderia me aborrecer com o que vejo na terra. - Bom dia Comandante John Smith, falou o ingles. Espero que suas batalhas tenham sido bem sucedidas, e creia, não temos nenhuma intenção de lhe aborrecer exceto que tentamos manter a integridade dos nossos governos, é uma infelicidade que isso o aborreça, já que o tomo por pessoa de conduta ilibada e afeto a democracia e autodeterminação dos povos. - Estou libertando povos da escravidão primeiro ministro, a despeito de sua opinião e cargo acho que tenho mais autoridade para discutir democracia e autodeterminação dos povos do que Vossa Excelência. - Comandante John Smith, o que nos pede é impraticável, afirmou o secretario norte americano. Não vamos abrir mão da autonomia dos nossos povos para entregar nas suas mãos a defesa do sistema solar. - Creio que não tem visto os jornais senhor secretário, eu já estou fazendo a defesa do sistema solar e não precisei da sua autorização ou desse conselho para isso, com o devido respeito, se precisasse talvez a Terra já não existisse. Não queriam fazer um acordo com os versilis e eu fiz isso sozinho. Nos perseguiram pelo mundo e nos expulsaram para Marte, submeteram nossos colaboradores a acusações mais vexaminosas possíveis e permaneci durante muitos anos na lista dos mais procurados da Interpol. Nossos cientistas foram presos com a ridícula acusação de “colaborar com marte”, ficamos durante anos com racionamento de água e comida, catando minério no cinturão de destroços para que as nossas naves fossem feitas. As mesmas naves que foram usadas quando a Terra ficou a beira de um cataclismo e fomos nós e os versilis que salvamos a Terra. Depois disso ainda sofri atentados e quase morri em um deles. E soube que tiveram a pachorra de insinuar que fazemos isso por imblogio.
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- EU NÃO TERMINEI EMBAIXADOR. As recentes alegações desse comitê são um insulto a minha pessoa e a missão que represento. Demonstram a miopia de suas administrações e o quão prejudicado o povo desse planeta pode estar daqui a alguns anos. Desonram o nosso legado e envergonham os nossos antepassados versilis. Em qual momento a raça humana se tornou tão degenerada que se oculta covardemente em um canto do universo e debocha do infortúnio, sofrimento e desgraça do resto da galáxia? Em que momento nos abaixamos tanto que só conseguimos ver o chão e não olhamos para as estrelas? Qual foi o momento que a tirania da ignorância se impôs nas nossas almas a ponto de negarmos a verdade? Vocês deveriam representar o que a humanidade tem de melhor, mas qualquer dos homens que eu comando tem mais coragem e valor que todos vocês juntos. Alegam que nunca viram um edacul e nem
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- Senhor Comandante...
sabem se existem, pois bem, eu vou lhes mostrar o que existe e o que pode existir na Terra e depois tomem sua decisão. Ao sinal dele, duzentos dragões se descamuflaram e sequestraram todo o conselho de segurança. Foram levados para a Proteus que estava camuflada na atmosfera da terra. - Isso é um insulto John Smith, será julgado por isso! Nos o colocaremos na cadeia e vamos destrui esse seu comando, vamos acabar com os dragões!! - Cale a boca e se sente secretario, estamos na orbita estacionaria da terra, aproveitem a viagem, querem ver um edacul, então vão ver. Proteus. A voz do navegador soou por toda sala indicando a saída da nave, e anunciando sua partida. A matriz orgânica desceu sobre ele tomando o seu corpo e o integrando na nave, eles nunca tinham visto aquilo e ficaram em silencio, impressionados com aquilo que não entendiam, os dragões mantiveram os conselheiros distantes ate que a nave deu o primeiro salto. John saiu da matriz e mandou que fossem conduzidos aos seus aposentos, onde ficariam para sua própria segurança, saíram protestando inutilmente. Seis horas depois fez o segundo salto para Libra, chamou todos os conselheiros para sentarem na sala de controle, onde Proteus tinha instalado suas confortáveis cadeiras. - Inicie a preparação para o salto senhor Dalton - Executando comandante, todas as unidades aos seus postos, aqueles que não estiverem em serviço devem retornar aos seus aposentos e permanecerem até segunda ordem, estações de batalha em seus postos e preparados, Sistema de segurança checado e escudo em carga máxima. Estamos prontos comandante - Todos os tripulantes, estamos voltando para o sistema Libra a 600 anos luz da terra, nosso destino e Kepller 22a , preparem as mascaras para solo, vamos descarregar alimentos e remédios para a população e levar dignitários da ONU para um passeio pelo planeta, escolta de segurança fique preparada. Proteus... A grade desceu sobre ele, os pequenos cílios da maquina apalparam sua mente e se integram como um único corpo e eles saltaram. - Tudo operacional senhor, Lorde Krishna na faixa de comunicação.
- Lorde Krishna, como esta a situação em Versis I?
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- Lorde John, é uma honra. Soube que nos trouxe mais suprimentos médicos, estamos precisando e também visitantes ao que parece.
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A figura do versili nunca tinha sido vista por muitos deles. Ele saiu da interface neural.
- Não conseguimos vencer a toxina John, centenas morrem e não há o que fazer. Nossos geneticistas não deixam de trabalhar.Disse com grande consternação na voz. - Eu sinto muito, traremos uma equipe de Marte para ajudar. Qual a situação da frota? - Pronta para partir, aguardando sua ordem. Tivemos perda de 8 Vosokos, mas as naves maiores estão operacionais e com os voluntários do planeta conseguimos tripulação para mais três naves gigantes para a batalha. Naa-ki esta fazendo o patrulhamento do setor. - Estou descendo no planeta com os meus convidados, no setor de alimentação edacul, como esta a segurança por lá. - Deve levar seus dragões, mas toda a resistência esta praticamente eliminada. - Obrigado Lorde Krishna, comunicação encerrada. Zulu, leve os nossos convidados para vestirem seu trajes de passeio. - Não vamos vestir nada John Smith e quando isso terminar estará apodrecendo na cadeia, eu lhe prometo. - Não faça promessas que não pode cumprir embaixador e vai vestir o traje nem que tenha que mandar os dragões lhe despirem, e eu posso fazer isso e eles irão obedecer. Dois dos dragões deram um passo a frente, reforçando sua disposição de atender ao comandante. Saíram e vestiram os trajes auxiliados pelos tripulantes. Durante uma hora receberam instrução sobre o uso das mascaras e equipamento para a compensação gravitacional. John os encontrou a bordo da vimana de transporte e os convidou a entrar, todos entraram em silencio. - Vai haver uma leve turbulência na entrada, mas não se apavorem, é normal. John permanecia na saída da porta fehada, quando a nave deixou de trepidar mandou que colocassem as mascaras e abriu a grande porta, a visão era horrível e ele queria que eles vissem aquilo. A cidade estava totalmente destruída, abaixo se viam aglomerados de versilis em barracas e acampamentos improvisados. Havia grande quantidade de uma poeira cinza no ar levada por redemoinhos de ventos. A nave parou em um setor distante dos acampamentos.
- Venham, esse é o antigo local de alimentação edacul. Temos uns edaculs presos aqui.
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Eles desceram curiosos, ladeados pela segurança dos dragões. Haviam grandes depósitos fechados e o cheiro de putrefação era percebido mesmo com a mascara. Dois versilis vieram na sua direção e ele retirou a mochila que carregava nas costas e os entregou, indicando o resto dos mantimentos que trazia na nave para ser descarregada.
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- Desçam,
Ele os levou ate onde estavam vinte edaculs presos. Eram figuras reptilineas, bípedes, com olhos laterais e escamas pelo corpo, sibilavam e exibiam dentes caninos um pouco maiores que o normal, as mãos tinham cinco dedos interligados por uma membrana transparente. Um deles soltou sons estranhos e John o respondeu com outros sons, já havia aprendido parte do vocabulário edacul. - Esses são edaculs, ele se alimentam de cadáveres em decomposição a partir da toxina que injetam pelos seus caninos, como serpentes. Um individuo mordido por um edacul não vai sentir dor, mas o corpo dele estará apodrecendo devagar por dentro, eles comem essas partes em decomposição. A dor aparece depois do terceiro dia, quando quase todos os órgãos já foram afetados e o individuo para de andar, então os edaculs só tem o trabalho de levar sua comida para o armazém, as vezes comem as partes podres enquanto o individuo ainda esta vivo. Abra, falou para o soldado. Portas enormes de um dos armazéns gigantes foram abertas. Um imenso armazém com cadáveres putrefatos formando montes de dez metros de altura apareceu diante deles. Alguns vomitaram e outros passaram mal. John deixou eles assimilarem bem a cena e depois continuou a falar. - Quando fomos olhar as pilhas ainda existiam indivíduos vivos que gemiam, alguns já tinham pedaços de perna e braços comidos, tiramos eles das pilhas e levamos para centros médicos. A toxina edacul não tem cura, aliviamos a dor com analgésicos e tranquilizantes para que possam morrer mais confortavelmente, mas não salvamos nenhum, no fim todos morrem, alguns pedindo para que os matem. Há centenas desses pelo planeta, trouxeram outras raças para morrer aqui, não conseguimos incinerar tudo ainda. Ele se virou e voltou em silencio para a nave. Os dignitários tinham os olhos cheios de lagrimas e alguns choravam copiosamente. Ele não falou mais com eles durante todo o percurso de retorno. Logo que chegou a nave deu ordens a seus homens para que os deixassem andar pela nave, se quisessem, mas que os vigiassem. Voltou ao planeta onde encontrou com Krishna e Naa-ki para acertarem a tomada da próxima colônia. Ele deixou os conselheiros no mesmo lugar que os tirou e não falou uma palavra. Eles estavam todos em silencio.
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Sistematicamente durante os cinquenta anos seguintes John Smith trabalhou com a equipe de versilis e homens para eliminar a ameaça Edacul. Retomaram mais de cinquenta sistemas estelares e 80 bilhões de indivíduos, de diversas espécies foram salvas pelas armada versili-humana comandada por Lorde John e Lorde Krishna. Mas ainda havia muito trabalho a ser feito.
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Cinco dias depois era chamado a Terra para assinar o acordo planetário de cooperação que o colocava como comandante em chefe da defesa do sistema solar e lhe dava autonomia e um polpudo orçamento para trabalhar.
- Senhor Lia Mei de Marte na comunicação. - Passe Vitor. - John, é Prya. Ele voltou imediatamente para Marte. Prya já contava com mais de cem anos, embora a medicina versili tivesse lhe preservado a aparência de 40 anos os órgãos não tinham a mesma idade e mesmo a substituição vinha falhando, o tempo cobrava o seu preço. Ele foi diretamente para o hospital. Ela estava linda como sempre, deitada na cama e dormindo com os sedativos. Ele ficou ao lado dela ate acordar. - John! Disse com a voz suave e fraca. - Ola meu amor. - Você demorou. - Encontrei uma alienígena com cem peitos pelo caminho, mas ela não era bonita igual a você. Ela sorriu. - Seu bobo, eu estava com saudades. - Eu também meu amor. - Como vão as coisas pelo resto do universo - Desinteressantes sem você por perto. - Obrigada John. - Pelo o que? - Por estar aqui, por ter estado sempre que eu precisei, por me mostrar coisas que a maioria das pessoas nunca verão na vida, pelas aventuras fantásticas que vivemos. - Não... ele disse colocando os dedos sobre os seus lábios. Eu lhe amo Prya.
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Prya Smith morreu naquela noite, com um marido ao lado dela segurando a sua mão ate seu ultimo suspiro.
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- Eu também te amo John.
Os parentes de Prya pediram para que seu esquife fosse levado para o mausoléu da família em Bombaim. A cena dele colocando as “flores de Prya” sobre o seu esquife enquanto lagrimas corriam pelos olhos semi ocultos pelos longos cabelos ao vento foi exaustivamente repetida por toda galáxia.
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Ele sofreu em silencio. Prya era a brisa suave de sua vida. Depois de ver tanto sofrimento e dor pela galáxia, ele repousava na doçura dos braços dela e as coisas ficavam melhores.
PARTE XIII A PULGUENTA
Depois de dezenas de anos Net havia decidido que queria seu corpo humano de volta. - Mas pra que isso amigão? Agora que eu já tinha me acostumado com a sua cara feia. - Eu tenho uma cara feia Weber Matuma? - Bom, quer dizer eu não sei qual o padrão de beleza dos versili, não da pra saber. Hummm olha só aquele belezura ali. Eu me matava se aquela morena olhasse pra mim. - Larga de ser ridículo e toma tua cerveja. E aquela mulher é horrorosa. - Ah! Tá! Eu não posso dizer que você é feio mas você pode dizer que a mulher é feia, qual o seu padrão para mulheres Net? Quando você era humano pegou algumas heim?, Deixou sua “semente” pela terra? - Acho que você bebeu demais. Vai ou não vai amanha ver minha transição para o corpo humano? - Claro que eu vou, afinal amigos são pra essas coisas, ajudar a gente a fazer besteira. Cara.. acho que vou vomitar. Net chegou cedo e Alice já estava com Ulrich a postos. Onmics também compareceu. - Você também veio comentou Ulrich. - Claro, eu não ia perder essa por nada na vida. Depois de todos esses anos ele ainda não sabe. Os dois caíram na gargalhada. Net olhou para eles com censura.Weber foi entrando e olhou para Net. - Amigão, você quer mesmo fazer isso? Ulrich e Onmics estavam quase chorando de rir.
Ulrich e Onmics gargalhavam.
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Duas horas depois o casulo do avatar de Net de abre, uma mulher negra, belíssima e estonteante, com cabelos anelados ate a cintura, formas arrendondadas perfeitas parecendo uma deusa se levanta e olha para Weber que ficou pálido e meia hora sem falar.
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- Para com a palhaçada ai, disse Net para os dois.Vou fazer, acho que vou me sentir melhor.
Dois meses depois aconteceu o primeiro casamento entre uma meio versili e um humano e Weber estava muito feliz, mesmo com todos os amigos rindo dele abertamente.
- Retornando de Rigil Kentaurus 7 senhor. Comunicação de Lorde Krishna. - Abra o canal. - Lorde John, folgo em vê-lo necessito de seu apoio em Tau Ceti, Ulrich e Ariel devem ir, vamos testar a nova matriz neural do sistema de defesa do setor e pediram para que fosse com a Proteus para ajudar nas simulações, ate hoje é a melhor nave de matriz neural e pode ensinar rapidamente a nova matriz. - Vamos instalar o sistema de vigilância em Wolf 359 e depois temos que ver um possível aparecimento de edaculs em Ross 614, mandei duas naves. Não sei de onde sai tanto edacul. Em seguida te ajudo com Tau Ceti, estou mesmo precisando dar uma parada. - Certo, então nos encontramos em Tau Ceti Dali uma semana estavam todos juntos de novo. Faziam anos que não se reencontravam. Depois da norte de Prya ele havia se entregado completamente ao trabalho para esquecer. Chegava a noite exausto demais para pensar e desmaiava na cama. Com o tempo se acostumou a ausência dela. Oitenta anos haviam se passado e ele tinha transformado o sistema solar em um império armado que ele controlava com muito trabalho. As disputas políticas na terra continuavam ainda haviam governos, mas a situação da segurança do sistema solar passava pela sua avaliação e deliberação. Existia uma crescente campanha pela unificação dos governos da Terra com as demais colônias .O desenvolvimento nas colônias era mais intenso do que entre os governos divididos da Terra que não tinham uma política planetária em execução. Doug lhe chamou a atenção para o fato de que teria que passar a tratar com uma única pessoa se unificassem os governos e que seria interessante se ele pudesse influenciar politicamente a situação para que as ações do comando de defesa solar não sofressem retaliações. Ele tinha razão, já estava pensando nisso a algum tempo. Mas os possíveis candidatos a administradores do sistema planetário eram pessoas em que não confiaria a sua carteira. Não queria apoiar nenhum deles. Desceu em Tau Ceti e foi recepcionado pelos seus amigos versilis.
- Não faltarei!
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Ele estava cansado, mas as festas dos versilis eram as melhores e ele precisava relaxar.
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- John! Espero que não esteja cansado, vamos dar uma festa em sua homenagem hoje a noite.
A noite foi ótima, conversaram e colocaram as noticias em dia. Tinham passado por diversas dificuldades mas estavam todos vivos. Ele não imaginava que iria viver tanto e que realizaria tantas coisas. Os versilis não imaginavam que teriam sua civilização de volta e depois de todo o sofrimento o governo versilis havia se reestruturado. Onmics era o representante e o administrador do governo. - E você, como está com a sua Terra, pelo que sei estão tentando unificar a administração do sistema. - E verdade, não sei no que isso vai dar, disse enchendo o décimo copo de bebida. - Não vai apoiar ninguém? Tem um imenso poder político. - Não confiaria a eles a minha carteira. Encheram suas taças e gargalharam. - Então se candidate disse Ulrich meio bêbado. - Eu? - Porque não? A imprensa fez a sua campanha de graça todos esses anos falando das suas realizações, seu povo sabe quem é você e sabem que podem confiar em você. Um homem bonito, honrado, corajoso honesto, o “libertador da galáxia”, não é assim que o chamam, disse Ariel. - É verdade John, pegue deles antes que eles peguem de você. Isso seria um desastre para nossos povos. Naa-Ki já estava muito bêbado. - Tenho tido a maior dificuldade com os versilis, há uma grande pressão para separarmos a frota versilis do comando de defesa planetária terrano. Lutamos todos esses anos juntos, você quase morreu por uma centena de vezes para nos proteger e há aqueles que ainda falam em separação. Dizem “deram poder demais aos humanos”, “os versilis estão dependentes”, ficam tentando relembrar a velha gloria versilis e se esquecem que foi aquilo que quase acabou com a nossa civilização. Se não fosse pela Terra, não... se não fosse por você ainda estaríamos em casulos no interior de uma rocha e os resto dos versilis mortos. Os versilis libertos parece que não entenderam direito que quem os salvou foi você. Se uma nova administração decidir separar a frota, você terá que ter um governo na Terra que o apoie para manter suas atividades, então tome o governo.
- Ariel, quando eu deixarei de ser necessário? Estou cansado, tenho lutado durante a mais de oitenta anos por todos os sistemas. Minha casa é a Proteus, vou e volto sistema após sistema. Eu não durmo, eu desmaio na cama a noite e quando acordo é para ouvir,
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- John, você ainda e necessário para a Terra e para todos nós.
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Ulrich saiu dali para o bar do outro lado, entrando em outra sala.
o dia inteiro, pedidos e reclamações. Faço isso a quase cem anos, eu já devia ter morrido. Na semana passada Mei teve que fazer uma intervenção porque um grupo de alucinados queriam me matar para descobrir se eu era mesmo imortal. Não posso sair na rua, não posso tomar um porre em um bar, não posso nem pegar uma mulher que a imprensa de todos os sistemas conhecidos noticiam. Eu estou cansado. Faziam anos que não podia beber como estou bebendo agora. - Então e melhor aproveitar e encher a cara, vou pegar outra garrafa. Ela saiu para a outra sala do bar. E foi quando ela viu uma mulher beijando Ulrich Wodan. Ele percebeu sua presença e afastou a mulher. Ela pegou a garrafa e voltou para mesa, com um copo a mais. - Ora, você disse que não ia beber hoje. - Mudei de ideia. Ulrich voltou, mas ela o tratou com frieza. Saíram todos bêbados, e foram para a casa de Onmics, onde dormiram pelos quartos. Na manha seguinte John tinha acordado com a pior ressaca da sua vida. Onmics estava na mesma situação e um medico foi chamado para tratar do assunto rapidamente. Ulrich e Ariel já não estavam na casa.
- Não Ulrich! - Ariel! Não aconteceu nada! - Realmente não aconteceu Ulrich, eu cheguei antes de você terminar. - Foi só um beijo, eu estava sentado e ela me pegou desprevenido. - Não, você estava de pe, alias bem de pe, com as mãos nas nádegas dela Ulrich. Eu fiquei com você todo esse tempo, nos fizemos um pacto de fidelidade e você não cumpriu, eu vou para os meus aposentos na nave e por favor não apareça. Ela saiu chorando e não atendeu depois nenhuma das chamadas que endereçou a ela. Ele foi falar com Amarock. - Ela lhe ouve Amarock, por favor, eu a amo.
- Eu estava bêbado, nem me dei conta, quando vi a mulher já me beijava e ela entrou nesse instante.
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- Não se deu conta? Se cada vez que eu tivesse tomado um porre no corpo do meu avatar humano não tivesse “me dado conta” a população da terra teria dobrado Ulrich.
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- Você é maluco Ulrich? Conhece Ariel, é a pessoa mais determinada que você já viu, se ela decidir uma coisa não muda mais. Porque foi fazer isso?
Eu vou falar com ela, mas sabe que não vou convencer Ariel facilmente. E cá entre nos, demorou muito, se ela sabe dos seus outros porres você está encrencado. Aquela era a única falha no caráter de Ulrich. Amarock lamentou, por anos ele tinha sido fiel a Ariel, mas nos últimos tempos Ariel estava muito ausente em outros planeta e Ulrich achou que não havia mal algum em dar umas escapadas.
Fazia uma semana que estavam construindo a matriz juntos. Ela estava dependurada no alto do coletor a 500 metros de profundidade no duto, de ponta cabeça, tentando colocar uma célula, o calor era intenso no lugar, ficou com a menor quantidade de roupa possível. John estava ao seu lado, na mesma posição. Tinha tirado a camisa e estavam ali faziam horas. - Não John, estou cansada. Amanha a gente continua. Voltou a posição original e ele também e começaram a subir. - Esta bem, eu também não estou mais aguentando esse calor. Isso aqui não tinha que ser refrigerado? - Vão instalar só amanha. - Vamos tomar alguma coisa, estou exausto. Mas lhe digo que faziam alguns dias que não me sentia tão bem. Foi bom voltar a rever vocês. - Eu digo o mesmo John, não fosse por você eu estaria morta. - Mas não conseguimos ate hoje arrumar seu corpo versili. Gosta de ser humana Ariel? - Sim, eu gosto. O corpo humano consegue assimilar sensações brutas que o corpo versilis não consegue. O nosso corpo versili já é uma matriz muito desgastada. Durante milhares de anos passamos a adotar a seleção genética para o melhoramento da espécie e a reprodução extra uterina. Só que quando selecionamos o que queremos, as vezes as partes que descartamos é que fazem as outras funcionarem. A nossa seleção genética acabou por nos levar a alguns desastres.
Ele ria.
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- Sabe que não somos humanos de verdade, nossas células são arrumadas para parecermos humanos. Porque bebemos tanto? Nosso corpo adora isso, adora o entorpecimento, as sensações que saem disso. Nossa mesa e a melhor, adoramos comer e experimentar sabores novos, no corpo versilis nos tomamos suquinho de aminoácidos!! Como alguém pode ser feliz tomando suquinho de aminoácidos?
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- Interessante, isso eu não sabia. Que desastres por exemplo?
- Tudo que fazemos é intenso. Comemos loucamente, bebemos loucamente e ... - E? - Ah! Você sabe, nos adoramos sexo. Ulrich é o melhor exemplo disso. Ele sorriu. - Vocês terminaram o relacionamento, todos comentam. - Sim, acho que as vezes e necessário dizer não. - E você é magnífica, disse olhando para ela. Não vai ficar o resto da vida assim com certeza. - John! Disse ela corando. Já se olhou no espelho hoje, e um dos homens mais lindos que já vi e desde que Prya morreu você não sai com ninguém. - É verdade, vamos subir. Ele segurou no cabo e puxou o corpo dela para perto do seu, iam subir em um único cabo, como haviam descido. O cabo travou na metade do caminho, isso já tinha acontecido outras vezes no dia. Ele sentiu o calor do corpo dela e aquilo o estava perturbando. Ela se aproximou mais do corpo dele para não caírem. Próximo demais, ele pensou. Não resistiu, ele a segurou com força e a beijou longamente, e foi retribuído, o cabo voltou a andar. Quando chegaram em cima eles saíram do nicho e ele se jogou sobre ela e a beijou de novo, seus beijos eram ardentes e suas mãos a seguravam com firmeza, o sabor dela, o cheiro o gemido, enlouqueceram os seus sentidos. Ela estava adorando aquilo, mas o afastou, ofegante e com os olhos brilhando - Não John, agora não. Ele passou o resto do dia pensando nela.
Nesse instante Ulrich entrou, eles não perceberam e ele saiu dali furioso. Ela pediu que John parasse, embora seu corpo pedisse para continuar.
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Não precisou esperar pelo dia seguinte, ele foi ao seu quarto. Logo que entrou a agarrou e a colocou contra a parede com um beijo ousado. Ela disse “não John”, mas não resistia as caricias, ele a jogou no sofá e suas mãos deles apertavam seus seios e deslizavam pelo seu corpo.
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Ela ficou com o cheiro dele no seu corpo e na hora do banho cheirou as suas roupas e lembrou com prazer de John Smith. No dia seguinte teria que encontra-lo de novo, o que aconteceria?
- Não John, não tenha duvida que eu o desejo, mas eu amo Ulrich e não vou fazer isso, nos dois iríamos nos arrepender depois. Ele compreendeu e foi embora frustrado. No dia seguinte ela foi procurar Ulrich. - Ulrich, queria conversar com você. - Estou ocupado agora, temos essa matriz para arrumar. - Eu sei, vou na sua casa mais tarde esta bem? - Pode ir, mas eu chegarei tarde. - Eu lhe espero lá então. Ela colocou seu traje mais provocante, arrumou um belo jantar e o melhor vinho que conseguiu e esperou Ulrich Wodan. Ele demorou, ela adormeceu, quando acordou já haviam se passado horas, a romântica vela que tinha deixado acesa estava no final. Ela viu o horário, era quase de manha. - Computador, onde esta Ulrich Wodan? - No bar da Proteus senhora. - Desde que hora? - Fazem dez horas que Lorde Ulrich esta no bar. Ela apagou a vela enxugou as lagrima e foi embora. Não falou com ele no dia seguinte e ele também não a procurou. Trabalhou o mês inteiro para terminar a matriz, ao lado que John que brincava com ela o tempo todo, mas estava mais triste, pálida e não vinha se alimentando muito bem e vomitando. Foi ate Alice e pediu que a examinasse, ela lhe deu um comprimido para o estomago e disse que faria novos exames e que a procurasse se não se sentisse melhor.
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Alice foi ate Groombridge para lhe ajudar, depois que se recuperou Ariel deixou uma carta para Onmics dizendo que não tinha mais interesse no serviço junto ao comitê e sumiu completamente.
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Terminaram o trabalho e John foi embora. Descobriu que no sistema Groombridge, havia necessidade de uma nova matriz neural para o sistema de naves e pediu a Onmics a mandar para la provisoriamente, os resultados dos exames vieram.quando já estava la, Ela estava grávida de dois meses. Não sabia que era possível. Conversou com Alice e nenhum caso na medicina versili informava a gravidez de avatares femininos, ela pediu a Alice que não contasse a ninguém. Alice acompanhou a gravidez mas avisou Ariel que não haviam casos médicos para o caso dela e que era provável que a gravidez não fosse viável. Perdeu a criança no quinto mês da gestação.
Eles a procuraram durante meses e não souberam por onde andava. Amarock foi falar com Ulrich, e lhe contou da fuga, ele não sabia sobre a gravidez. Ulrich ficou preocupado e passou a procurar também. Ninguém a achou.
- Vamos amanha entrar nesse planeta e teremos que desentocar cada edacul que encontrarmos, será combate corpo a corpo, usem toda a sua malha de fibrium não quero ninguém morto por toxina edacul. Era o terceiro planeta que faziam a “faxina” como eles chamavam. Retiravam todos os corpos edaculs que encontravam e as vezes encontravam edaculs vivos e entravam em combate. Zoan, conhecida como “a pulguenta” estava com eles. Ela a era a melhor em combate e ia liderar o grupo, já vinha de outra unidade e sozinha havia regatado uma lua com 500 versilis presos, destruído uma nave gigante edacul e destroçado dezenas de laboratórios de processamento de comida. Seu apelido vinha do fato de não cuidar da aparência. Era suja, descabelada, e andava bêbada nos seus momentos de folga. Tinha um par de espadas que colocava nas costas e a distinguiam no resto do grupo. Todo mundo tinha que usar o seu uniforme de fibrium completo e se trajar corretamente, mas ninguém ligava para o pessoal da “faxina” como eram chamados, e eles incorporavam ao seu uniforme de fibrium o que bem entendessem. Seu grupo era um dos mais eficientes, graças a sua ação, eram um bando de bêbados igual a ela, mas seus comandantes sabiam que em uma situação complicada podiam chamar o grupo de Zoan Pulguenta. Aquela era uma situação complicada. Quando desceram ao solo não esperavam encontrar um grupo armado de edaculs daquele tamanho, na avaliação dela haviam pelo menos uns duzentos e estava liderando um grupo de 20 homens. - O que fazemos Zoan?
- Se sairmos dessa Zoan, te pago tudo o que conseguir beber no bar da Tanathus,
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Treva era um suporte para um disruptor de grande calibre que carregavam de um lado para o outro, mas costas de Quebec, um gigante de dois metros e dez de altura, que metia medo pela presença.
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- Coloquem o Treva no plano mais alto, eles terão que subir ate aqui para nos pegarem, dois outros homens ficam com o Fabrício e não desperdicem tiros. Mande um aviso para a frota pedindo apoio por ar, e diga para virem rápido. Vamos ficar com as costas naquela parede, não poderão vir por trás, tem um grande buraco do outro lado.
- Prepare o seu bolso Martin, vai gastar muito. Eu não pretendo dar a minha cabeça para ser comida desses lagartos fedorentos hoje. Vamos homens, preparem-se para beber as custas do Martin. - Eles esta subindo Zoan. - Vamos matar uns lagartos. Acionem as bombas, assim que eles estiverem no ponto. Um grupo de cinquenta edaculs subia cautelosamente a encosta, se escondendo por trás do terreno rochoso. Foram colhidos pela explosão e pelo deslizamento das pedras em seguida. Vinte morreram esmagados na hora. Os homens gritavam. - Quietos! Em formação, ainda temos 180 para matar. Já tinham passado a metade do dia atirando em edaculs e o grupo já tinha se reduzido para 54, um dos homens havia sido ferido por um estilhaço na perna. - Martin, nosso apoio? - Não retornaram ainda comandante, há muita interferencia. - Ótimo! Foi quando avistaram um grupo de trezentos edaculs se dirigindo ao sopé da encosta. - Merda! Martin, peça resgate diga a eles que não temos meia hora, temos mais trezentos vermes aqui. Despertem seus piolhos imundos! Disse chutando dois deles que estavam deitados no chão. Viemos matar lagartos e não dormir nos braços um do outro. Tem trezentos lagartos la embaixo querendo nos comer. Opções? - Podemos rolar mais pedras morro abaixo quando estiverem subindo, mas as pedra estão quase no final. - Temos que resistir, a frota esta mandando o resgate. Quantos tiros na Treva Quebec? - Menos de cinquenta. - Faça valer todos. Como estão de munição?
Desceram debaixo de uma saraivada de pulsos de plasma, instalaram a bomba e subiram, Nesse momento começou o ataque.
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- Distribuam a munição de forma igual para todos. Martin, vem comigo, vamos descer ate a rocha mais embaixo e instalar essas bombas, vocês nos dão cobertura mas não desperdicem munição.
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Fizeram a contagem e não daria para muito tempo.
- Aguentem firme. Comecem a atirar, façam valer sua munição. Ela se posicionou entre as rochas e começou a atirar também. Por dez minutos resistiram e os edaculs recuaram, mas a munição estava acabando. Ainda restavam mais de duzentos edaculs na direção eles. - Preparem-se para o corpo a corpo, armadura completa, fechem os visores e não deixem os lagartos morderem vocês. Formação de combate atrás de mim. Ela desebainhou as espadas. A situação era desesperadora e seus homens sabiam disso. Mas ela iria os manter vivos pelo tempo que pudesse. Os primeiro edaculs tentaram tomar a barricada e rapidamente dez cabeças estavam no chão. Os homens se animaram. Ver Zoan Pulguenta lutar era um espetáculo a parte, era uma arte, uma dança, seus movimentos eram perfeitos, seu corpo se lançava e o alvo sempre era atingido no mesmo momento em que escapava de outro ataque, ela se esgueirava entre os imensos edaculs dilacerando os corpos seus homens vinham logo atrás para pegar o que sobrasse. Algo parecido com luta chinesa de espadas e uma rigorosa disciplina de movimentos permitia Zoan ainda continuar vida, depois de ter derrubado mais de 50 edaculs. - Recuem para o alto, gritou enquanto corria. Um segundo pelotão de edaculs se aproximava. Eles avançaram e ela continuou cortando. Viu quando Martin foi cercado por vinte deles e foi dilacerado no mesmo instante. Ele não iria pagar as bebidas naquela noite. Se concentrou no seu grupo e tentou afastar a maior quantidade dele dos seus homens. Continuava cortando, sua malha era um borrão de carne, sangue e pedaços de edaculs. Outro grupo vinha subindo. Ela abriu o capacete para respirar melhor, estava ofegante. - Venham para a mamãe seus desgraçados.
Eles foram para cima do grupo e ela para cima deles gritando com uma fúria incomum, os cabelos grandes e mal tratados lhe davam um aspecto ainda mais feroz e ela começou
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Os edaculs tentaram cerca-la, ela mandou os homens se posicionarem encostados no paredão de pedras e foi para a frente deles, não havia mais lugares para recuar. Vieram animados pela expectativa de que teriam o que comer naquele dia, Aquele era um grupo de fugitivos que não haviam sido capturados quando da invasão do planeta, não eram todos soldados, mas eram muitos.
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Ia morrer, mas ia fazer eles pagarem muito por isso. Já tinha vivido mais do que imaginava, sua vida tinha sido difícil quase o tempo todo, talvez fosse o dia de morrer, mas ela iria evitar se fosse possível.
a cortar. Recebeu vários golpes, mas o fibrium aguentou bem. Estava lutando já sobre uma pilha de corpos edaculs e seus braços não estavam mais sustentando as espadas com a mesma força, era uma questão de tempo. Um edacul acertou um golpe com um grande cano comprido e ela caiu, três foram para cima dela e dois morreram na hora pelas espadas, girou o corpo e foi novamente atingida, Ainda cega pela dor pegou a espada do chão e enfiou no primeiro edacul que vinha pela frente, ele caiu antes de ser atingido pela espada. Os resgate havia chegado. Dezenas de homens saíram das naves e começaram a exterminar os edaculs. Lembra que foi carregada para nave, não conseguia andar de exaustão. Seus braços ardiam em dor e tinha câimbras. - Calma comandante, era a voz de alguém que lhe despia, tinham que ver se ela não tinha sido mordida. - O corpo esta coberto de hematomas, mas não há mordidas, levem ela para enfermaria urgente, vou dar um analgésico, ela deve estar tendo muitas dores. - Você viu aquilo? Ela estava em cima de uma pilha de uma centena de edaculs decapitados? Acordou três dias depois na enfermaria da Tanathus seu corpo ainda doía e apresentava diversos hematomas, havia matado sozinha 235 edaculs, com exceção de Martin todos os seus homens estavam vivos e já era comentário na frota inteira do setor. Todos os relatórios médicos eram enviados para o comando central com o registro do DNA da pessoa atendida, isso ia ser um problema para ela depois, mas ela ainda não sabia disso. Eram mercenários contratados, receberam uma licença e uma gorda bonificação que ela distribuiu com o grupo. Beberam durante uma semana.
Estava chegando em seu aposento, era muito tarde da noite, mais uma noite de bebedeira. Cheirava mal, estava descabelada e meio tonta pela bebida, os seus homens sempre ficavam bêbados muito antes dela, vantagens do corpo pensou. Entrou no quarto e foi ofuscada pela luz que sem acendeu sem sua ordem. A frente dela estava sentado o Comandante Geral do Setor Lorde Naa-ki.
- Amanha vai se apresentar para o novo comando da Tanathus, e eu não vou admitir na ponte um oficial com essa aparência. Tome um banho e tire toda essa sujeira, fique
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- Não enche Naa-ki
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- Espero que tenha tomado tudo o que conseguiu hoje. Isso e repulsivo. Sua aparência e nojenta. Não me interessa o que sente ou pensa, mas abandonou Krishna quando ele precisava de você. Vai parar com essa palhaçada agora Ariel. De hoje em diante Zoan Pulguenta deixa de existir.
sóbria e amanha na ponte eu quero Ariel Maorioshanti Praja, uma princesa versili e não a pulguenta, você esta um lixo. - Eu me recuso. - Não vai se recusar a nada sua idiota egoísta. Temos que salvar o nosso povo. Eu lhe mando colocar na cela e lhe levo amarrada de volta para Ulrich Wodan com a recomendação de lhe dar uma boa surra antes de ele te colocar na cama dele de novo. Voce vai assumir a Tanathus e não tente fugir, há uma escolta no seu corredor agora, se tentar sair da nave, mando lhe prender. Tenho cinco colônias edaculs para tomar, 1 milhão de versilis para salvar e não vou ficar me preocupando porque você e Ulrich não conseguem voltar para a cama. Vai me ajudar, queira ou não. - Eu lhe odeio Naa-ki - Ótimo, me odeie, parece que isso faz muito bem a você. Sua raiva por Ulrich te manteve viva e salvou mais de 500 mil versilis, vamos ver se seu ódio por mim toma cinco colônias e salva um milhão de vidas. Amanha Ariel, na ponte, cinco colônias para salvar e esteja sóbria. Ela vomitou. Juntou suas coisas e foi para a porta onde tinham pelo menos cinquenta homens armados olhando para a cara dela. - Merda. Voltou, mandou o robô de limpeza arrumar a sujeira, chamou outros dois para lhe ajudar com o banho e os cabelos.
- Senhores, como sabem o comandante Grithin foi promovido e devo lhes apresentar seu novo comando, a princesa Ariel Maorioshanti Praja. Ela entrou na ponte. Esperavam ver uma versilis mas viram uma mulher, depois vieram a saber quem era Ariel. Ela se apresentou na ponte com o uniforme impecável, limpa, sóbria e com os belos cabelos arrumados, estava irreconhecível, ninguém a associou a Zoan Pulguenta. Os homens se apaixonavam por ela ao olhar a figura saída de um conto de fadas. - Senhores, espero receber desse comando a mesma dedicação que prestaram ao Comandante Grithin. Temos cinco colônias edaculs para serem tomadas e um milhão de versilis para regatar, reunião do conselho da frota em uma hora, tragam nossas opções de ataque. Saímos do sistema em duas horas, todos as seus postos e preparem a nave.
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- Vocês a acharam e não me falaram!
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- Obrigado Princesa Ariel, sussurrou Naa-ki quando saiam da ponte.
- Está com Naa-ki no setor gama, tem cinco colônias de Edaculs que precisam ser exterminadas e ele colocou ela para fazer isso. Ela comanda uma parte da frota. Você não quer mais saber dela Ulrich, então não há necessidade de tanta agitação. - Ela me traiu com John Smith Onmics! - Largue de ser ridículo, ela não estava mais com você e não te traiu com John Smith, nem com ninguém, nada aconteceu entre eles. - Eu mesmo os vi na casa dela, estavam no sofá se beijando. - Ela te viu no bar se beijando e você classificou isso como nada. - Não era a mesma coisa, ele se deitava sobre ela e ela gemia, estavam... - Eu sei como estavam Ulrich. Ele mostrou a ele um vídeo, os dois se beijando e ela depois pedindo para ele sair. Nada tinha acontecido. - Como tem isso? - Acha que sou irresponsável de chamar o comandante geral da defesa aqui e não colocar nenhuma segurança no seu encalço? Tem um centena de pessoas que gostariam de colocar a mão nele e todos os edaculs querem a sua cabeça. - Você espiona John Smith? - Eu vigio, Lia Mei vigia, os governos da terra vigiam e sabe-se la quem mais. E todos espionamos uns aos outros. Mei mantém dois homens camuflados ao lado dele o tempo todo desde a tortura de marte. Se John Smith soltar uma flatulência todos os serviços de inteligência da galáxia ficam sabendo e eu também tenho que saber. Muito da política da galáxia hoje depende da figura dele, temos que protege-lo e saber o que acontece. - Ele sabe disso? - Sabe que é vigiado, mas não tem ideia do quanto é vigiado, os seguranças só não ficam presentes quando entra no quarto para seus relacionamentos íntimos. - Isso é horrível! - É, e você preocupado com quem Ariel leva para cama.
- Senhora prontos para saltar.
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Faziam dois anos e já estava no quinto planeta.
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- Atenção frota. Saltamos em quinze minutos. Os edaculs mantém nesse planeta a maior parte do seu sistema de defesa. Preparem-se para fogo pesado. Postos de batalha em alerta, entrem atirando a vontade, a prioridade são as estações em volta do planeta e as grandes nave de ataque. Todos os que não estiverem em serviço liberem os corredores e voltem para seus aposentos. Área de enfermaria em alerta. Todos os sistemas não preferenciais serão desligados a partir de agora, desviem a energia para os escudos e baterias de fogo. Vosokos, saiam agora dos hangares e saltem ao lado da Tanathus, protejam nosso flancos e cuidado com o fogo de terra, eles tem pelo menos cinquenta baterias antiaéreas no local. Estamos com pouca vantagem estratégica, eles já nos esperam e tiveram tempo para se preparar. Naves de solo, descarreguem os robôs de ataque e voltem imediatamente para dar suporte ao voo. Temos que colocar nossas baterias em solo o mais rápido possível para proteger a população. Não poupem esforços, já acabamos com quatro dessas e sabemos que será difícil, mas vamos conseguir. Prossiga Quebec. Ela tinha trazido o gigante humano para a ponte e feito seu oficial de operações, era o melhor no que fazia, no inicio os demais oficiais ficaram insatisfeitos, mas quando viram o trabalho de Quebec e a segurança que ele passava no comando das operações ninguém queria outra pessoa. - Todos em seus lugares, ouviram a comandante, escudo ao maximo, Tanathus pronta para partir comandante. Ela se dirigiu a interface neural. - Tanathus.. Uma massa da estrutura neural veio sobre ela e se conectou, ela e a nave eram uma agora. Saltaram. Era pior do que esperavam. Entraram e já receberam o fogo inimigo. Os escudos eram forçados ao máximo e tinham que se desviar. Havia uma grande quantidade de drones edaculs que atiravam nas baterias de fogo das naves incapacitando muitas delas. Naves não organicas tiveram diversos deques destruídos e já haviam noticiais de baixas. Destroços flutuavam entre as naves. Os escudos trepidavam, Tinham dificuldade de chegar na atmosfera do planeta, o fogo de terra era mais forte que o esperado e haviam milhoes de edaculs para sustentar a batalha em terra, impedindo o avanço dos robôs de batalha e motorizados
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Ariel manobrou a Tanathus por entre duas grandes naves edaculs, passando em um espaço de menos de 30 quilômetros entre elas, os escudos de energia das naves causavam explosões ao e tocarem. A Tanathus recolheu sua matéria orgânica e deixou o fibrium com culundum fazerem o trabalho, por um segundo desligou os escudos e fez uma ponte entre os escudos das duas naves edaculs, abriu uma janela de salto e saltou
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Tinham que modificar o panorama, conseguir alguma vantagem estratégica.
para o outro lado do planeta. As duas naves explodiram. Os homens na ponte estavam pálidos. Gritaram comemorando. Aquela manobra nunca sido feita por ninguém e passou a se chamar “Manobra Ariel”. Com duas grandes naves a menos a vantagem estratégica de novo era restabelecida. Ela largou a interface neural e disse para Antar assumir. Era o segundo piloto versilis que pilotava a nave. - Quebec passe a operações e vamos descer no planeta agora. Oficiais de combate comigo. Oito oficiais a acompanharam, os outros já aguardavam na nave. Ela se armou e pela primeira vez naquele anos, pegou de volta as suas espadas e as manteve nas costas. Os oficiais estranharam e Quebec sorriu. - Vai fatiar lagartos Senhora? - Se necessário Quebec. - Há muita resistência em terra comandante, uma grande quantidade de poeira, muitas naves nossas e deles em combate ainda na atmosfera, avisou o piloto. - Entendido, desça. Eles começaram a descer e diversas naves edaculs atacaram, o fogo foi respondido. Mas impactos fortes eram sentidos. - A integridade do casco esta comprometida senhora, coloquem as mascaras e fechem os trajes de batalha, talvez tenhamos que saltar antes do ponto combinado. Mais um impacto forte. - Comando da Tanathus, aqui e a nave Kalij, estamos sob forte ataque e a integridade do casco foi comprometida, estamos caindo a dez quilômetros do ponto combinado. A Tanathus respondeu.
- Entendido, repasso nossa ultima posição assim que estiver em terra, desligo Vou fazer um rasante naquele platô adiante. Pulamos e jogo a nave sobre aqueles comandos edaculs, pelo menos nos livramos de alguns deles, informou o piloto
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Ela sorriu. Naa-ki sempre cuidava dela.
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- Tentem ir mais para o sul, seu ponto de queda é onde esta a maior concentração de edaculs, a batalha nesse área é intensa, se não for possível estou lhe passando o código recorrente dos robôs de ataque, eles podem fazer a sua proteção, temos dois mil robôs no local. Cuidem do pacote que saiu do comando, não podemos perder, Naa-ki nos mata se isso acontecer.
- Certo piloto. Preparem-se para pular. Pularam e a nave explodiu a dois quilômetros a frente, sobre um grupo imenso de edacul. - Grupo da Kalij é Tanathus, perdemos o contato da sua nave. - Estamos em terra Tanathus, a Kalij explodiu em cima de comandos edacul, informou o piloto. Manteremos silencio de radio por ordem do comando em terra. Entraram em formação de combate acionaram a camuflagem, iriam tentar passar pelo meio deles, se não fossem farejados antes. Os trajes camuflados eram uma vantagem, mas os edaculs possuíam um bom faro e as vezes conseguiam saber onde estavam. - Silencio senhores. Comece a emitir o código para os robôs, precisamos deles aqui. Vamos passar devagar, há muita poeira no ar e o vento nos favorece. Me sigam, disse com uma espada na mão. Tinham que caminhar dez quilômetros no meio dos edaculs, diversos acampamentos estavam montados e eles estavam prontos para a batalha em terra. Chegaram próximo ao primeiro acampamento. Uma nave edacul estava em solo, provavelmente avariada. - Quebec, temos o código básico de naves edaculs do setor? - Temos um antigo, do mês passado. - Essa nave parece que esta em solo a mais tempo que isso. Piloto, qual o seu nome? - Gobain senhora. - Gobain, consegue transmitir para a nave edacul com o equipamento que tem, se Quebec lhe passar os códigos? - Creio que sim senhora. - Então prestem atenção, vão achar o código e tentem ligar motores de vela deles. Bem devagar, pelo que vemos daqui estão inteiros, ele não vão reparar pois estão ocupados demais tentando nos matar. - Isso vai dar uma sobrecarga lenta nos motores senhora, vai explodir tudo no raio de uns três quilômetros disse o piloto.
- Quanto já corremos Wilson?
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Fizeram e saíram em disparada pelo vale, algum edacul sentiu o cheiro e logo tinham dúzias de edaculs cheirando o ar e correndo atrás deles.
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- Então teremos que correr bastante. Faça.
- Já temos três quilômetros senhora, mas há edaculs bem atrás de nós. - Parem. Eles pararam ofegantes. - Quanto tempo para a explosão Gobain? - Três segundos senhora. O chão tremeu com a explosão. - Gobain, você não disse que estaríamos bem a três quilômetros? - Sim senhora, Eles se viraram e uma enorme quantidade de detritos vinha com a onda de choque logo a frente. - Fechem os trajes, para o chão! Todos foram para o chão e pedaços de arvores, pedras, edaculs e metal voavam sobre as suas cabeças. Ligaram o radio dos trajes, - Acionem os visores do traje, não conseguiremos ver muita coisa nessa confusão. Levantem-se, não temos tempo para ficar parados, os edaculs vão chegar aqui. Perdemos a camuflagem mas estamos na metade do caminho, ela disse. - Senhora, temos dois robôs de ataque respondendo ao nosso sinal, disse Quebec. - Trago-os ate nossa posição. Vamos caminhando enquanto isso, passo acelerado pessoal. O local era uma confusão e a quantidade de material trazido pela explosão dificultou um pouco mais a caminhada. Dois imensos robôs de quatro metros apareceram e passaram a fazer a sua guarda, logo depois dois comandos com cem edaculs também chegaram. Não poderiam continuar avançando. Eles se refugiaram em um monte em meio dos escombros de uma nave caída.
- Wilson, pegue seus quatro soldados e os coloque daquele lado. Armem as minas mais embaixo, se alguém tentar subir por ali expluda tudo. Quem tem experiência em
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Começaram a atirar, mais quinhentos edaculs surgiram e de repente a planície estava coberta deles. Permaneceram refugiados entre a fuselagem da nave caída. O fogo era pesado e os robôs de ataque compensavam a desvantagem numérica, mais outros dois robôs vieram se juntar ao grupo.
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- Gobain, informe a Tanathus nossa posição e peça apoio pelo ar.
combate corpo-a-corpo fica na linha de frente comigo, os melhores atiradores na parte de cima, aproveitem a munição. Coloquem o campo de contenção no setor ao sul. Gobain, instale uma grade de vibração mais adiante, vamos deixar eles um pouco cegos. Peguem os dispositivos com osedax, joguem la embaixo, quem passar vai virar comida de osedax. Gobain nossos reforços? - Estamos com muita interferência na comunicação senhora, mas eles sabem onde estamos. Quebec aparece do meio dos destroços trazendo um grande canhão de plasma sorrindo. - Ótimo Quebec, pegue um grupo e instale do outro lado da pilastra. Nossos quatro robôs não vão segurar eles todo tempo. O primeiro robô estourou, causando estragos para todo lado. - Rápido gente, estamos sem tempo, todos as suas posições, fechem seus trajes, não quero ninguém mordido por aqui. Eles vieram e era ensurdecedor o barulho que faziam, uma bando enorme que atirava, rosnava e guinchava. Um deles, que devia ser o comandante mandou parar e gritou para o grupo. - Vocês carne branca de comer, saiam e sua morte será rápida. Se não saírem pegaremos vocês vivos e comeremos devagar para festejar nossa vitoria nessa noite. Se não saírem faremos musica com seus gritos para nossos filhos ouvirem e retalharemos devagar cada pedaço de sua carne. Sua pele vai enfeitar nossas esposas e seus ossos serão espalhados ao vento para que não tenham vida depois da morte. Furaremos seus olhos e deceparemos seus pés e suas mãos enquanto ainda estiverem vivos e vamos queimar pedaços do seu corpo com fogo para ouvir pedirem para morrer. Femea branca de comer, voce servirá para a diversão dos nossos guerreiros, eles arrancarão sua pele aos pedaços e lentamente enquanto espera a morte. Será dependurada no estandarte do nosso ninho ainda viva quando formos para a batalha, para que os outros vejam o nosso valor, gritará para inspirar o medo nos nossos inimigos e todos saberão que matamos a fêmea que corta cabeças.”
Quando disse o seu nome e o fato de ser versili, todo o bando urrava.
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- Não se preocupem, eles são sempre simpáticos assim. Gritou para o comando edacul “Grande lagarto velho, nos terminaremos o dia dançando sobre os seus rabos, suas cabeça vão enfeitar a porta da minha casa, venham provar o gosto da minha espada e farei pilhas com seus corpos, queimarei vocês ainda vivos para aquecer meus homens e a fumaça levara ao vento a grandeza dos meus feitos e suas memórias serão cinzas debaixo do meu pe. Desonrarei suas mulheres e seus filhos comerão matos verdes para poderem viver. Ao final do dia lagarto velho, eu mostrarei sua cabeça para os que sobrarem e eles temerão por terem enfrentado Ariel Maorioshanti Praja, princesa da casa versili”
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Os soldados ficaram assustados. Ela olhou para eles e disse:
- Acho que os provocou demais. Não sabia que conseguia injuriar tão bem os edaculs, disse Quebec. Todos riram. Enquanto o bando furioso subia o monte de destroços eles atiraram o quanto puderam, os explosivos levantavam ainda mais poeira e a visão era difícil também para os edaculs. A munição acabou e ela se posicionou com sua espada a frente do grupo. Abriu seu capacete. Os homens estavam com medo. - Vamos homens, mostrem o seu valor, esses lagartos não vão ganhar hoje, nossos reforços estão chegando. Os primeiros dez que se aproximaram foram ao chão sem cabeça. Os outros de afastaram, tinham ouvido falar da mulher que usava a lamina de cortar cabeças. Com um grito do seu comandante voltaram ao ataque, outros vinte vieram na direção dela enquanto os homens eram envolvidos pelo enorme grupo de edaculs. Ela deu combate a todos e foi tentando auxiliar seus comandados, já tinha mais de cem edaculs pelo chão, quando um edacul chegou para lhe atingir com uma arma e foi jogado longe por um oficial enorme que surgiu ao seu lado e se posicionou a sua frente lhe defendendo, lutaram lado a lado, os reforços haviam chegado, quando a situação já estava dominada o soldado a retirou dali, para dentro da nave, enquanto o resto do grupo atirava nos edaculs. - Tenho que voltar ao comando, deu a ordem. O oficial retirou o capacete e a beijou. Era Ulrich Wotan que lutava ao lado dela. Ela correspondeu e seus olhos se encheram de lagrimas. - Porque demorou? - Tive que matar uns edaculs pelo caminho minha princesa.
O planeta estava dominado, ela mandou que dessem suporte aos sobreviventes e voltou a sala de comando com Ulrich ao lado. Naa-ki estava na ponte.
Ficou com Ulrich Wodan que, ao contrario do que Naa-ki disse, cuidou muito bem dela naqueles dias.
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Ela fez como Naa-ki havia dito, passou na enfermaria e depopis se dirgiu para os seus aposentos sob protestos do oficial medico que a queria internada.
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- Vim ver o ultimo planeta do meu quadrante ser tomado comandante. Folgo em ver que ambos estão inteiros. Parece que cumpriu sua missão com honras Princesa Ariel. Tire uns dias de licenças posso assumir o comando da missão por alguns dias. Passe na enfermaria e cuide desses ferimentos, aqui no meu painel seu traje esta informando uma serie de hematomas. Acho que Ulrich não vai tratar disso.
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Dois meses depois eram inseparรกveis novamente.
PARTE XIII UNIÃO DAS COLONIAS
- Não dá John, você precisa de uma esposa. As pessoas acreditam mais em homens casados. - Deve ser por isso que ninguém acredita em você Doug. - Mei, não estraga o meu dia. Vamos fazer essa campanha. Se conseguirmos unificar o comando das colônias com o Comando Estelar podemos respirar por algum tempo. Eu não aguento mais ficar discutindo orçamento com eles. - E se unificássemos tudo? Ambos olharam para ele. - Como John? - Se o comando das colônias e da Terra fossem um só, uma única administração? - Temos algumas pessoas que defendem isso ardorosamente na Terra, mas não há um candidato que todas as colônias e a Terra aceitem. - Se tivéssemos um nome, os nossos embaixadores na Terra defenderiam a unificação e um único comando para a humanidade? - Acredito que sim. - Diga a eles que temos um nome e que comecem a campanha. Vamos dar a humanidade um único comando, uma única voz e vamos nos elevar como nunca antes foi feito. - Quem nos vamos apresentar que é burro o suficiente para aceitar isso? Sabe o tamanho da encrenca? Disse Doug - Está na frente do burro Doug, diga a eles que ponho o meu nome à avaliação das colônias e da Terra.
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- Isso é o que os políticos dirão, mas Mei pensa bem, pode funcionar, disse Doug. O povo adora ele, o queridinho do planeta, o homem romântico, o valente defensor da humanidade, o libertador dos povos. Olha pra ele, é o nosso protótipo de super herói, eles vão amar a ideia. Nas ultimas pesquisas John tinha 98,2% de aprovação da população da Terra, mesmo com todos os políticos falando mal dele. Durante todos esses anos o povo viveu os amores dele, imitou o que vestia, o que comia, usam esse corte de cabelo ridículo e não há uma semana que alguma revista de fofoca não fale de
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- Isso irá causar uma confusão geral John. No mínimo dirão que é um golpe do Comando Estelar, que os dragões querem tomar a Terra.
alguma das suas virtudes ou relembre algum fato da sua vida. Temos propaganda de graça há anos. E ele é lindo, as mulheres se derretem por ele! - Sob a ótica da segurança, se unificarmos, podemos conversar em bloco com as outras espécies, temos reivindicações contra varias colônias trazidas por Versilis, auris, vigers e uma dezena de outras raças, metade do quadrante reclama dos planetas que tomamos para terraformação alegando uma herança antiga, claro que somente depois que estão aptos para exploração, mas isso tem sido um entrave. Tivemos conflitos armados em Rigel, Tau Ceti e Alpha Centauri, há um crescente movimento entre os versilis para quebrarmos a aliança já que estão com a ameaça edacul sob controle. Se estivéssemos unificados seriamos mais fortes e teríamos condições de manter as colônias, mesmo com os versilis fora da equação, disse Mei - Então está decidido, eu serei candidato ao Comando Unificado.Iniciem os trabalhos.
Estavam se beijando ela tinha pedido para irem para o quarto. A embaixatriz de viger era uma linda mulher e muito, muito inteligente como John Smith viria a descobrir depois. - Comando, pacote entregue. Eles estão no quarto. - Certo dragões, podem ficar na vigilância pelo lado de fora. Desde muito tempo Lia Mei Shang cuidava da segurança de John Smith e agora ainda tinha que lidar com o seu ultimo romance com a embaixatriz de viger, sem duvida uma mulher muito bonita. - Venha John, tenho uma surpresa para você. Ela tirou o brinco de diamantes da orelha e o espetou com aquilo
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Abriu a bolsa rapidamente. Os dois dispositivos de camuflagem estavam no foro, rasgou e retirou um. Pegou os flutuadores escondidos no salto do sapato. Ele era mais pesado do que imaginava. Colocou os flutuadores e acionou o dispositivo de camuflagem, abriu o teto com um pequeno laser e saiu diretamente no duto de ventilação. Acionou um extrator e inseriu por debaixo do tecido celular do braço dele, retirou o sinalizador do braço, ligou um reprodutor que simulava uma conversa entre ela e John Smith e flutuou o corpo através do duto. Empurrou por duzentos metros ate o andar de baixo, olhou pela janela eram menos de dez metros, ele ia aguentar a queda, jogou o corpo invisível dentro de um grande caminhão com colchões que estava instalado na janela lateral, ligou seu dispositivo de camuflagem e saltou. O teto do caminhão se fechou e John Smith tinha acabado de ser sequestrado a despeito de todo o aparato de segurança de Lia Mei.
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Foi a ultima coisa que ele ouviu antes de cair desacordado.
Desatrix tinha saído da joalheria, era um dia bom de trabalho, tinha conseguido quebrar o código da fechadura orgânica e alguns milhares em joias mudaram de mão naquela noite. Era procurada em oito planetas das colônias, uma das melhores assaltantes. Tinha que sair dali rápido antes do alarme disparar e o lugar ficar cheio de seguranças, quando foi atrás do seu parceiro a segurança solar estava tirando o seu carro do lugar, estavam isolando a área de segurança. Viu um grande caminhão de carga encostado, iria servir por enquanto. Ligou a camuflagem e entrou. Vinte minutos depois percebeu que outras duas pessoas tinham saltado para dentro do caminhão que se fechava, ficou em silencio para não ser notada. Alguém ligou uma lâmpada e a figura da embaixatriz viger com o corpo do administrador geral da segurança estavam ao seu lado. Se afastou um pouco para não perceberem, em que tipo de encrenca tinha se metido daquela vez? - Conseguimos disse a mulher no comunicador. - Não conseguimos nada ate sair do sistema, temos duas horas ate descobrirem, respondeu outra voz O caminhão entrou diretamente em uma nave no espaço porto que fazia transporte para uma nave versilis em Marte. de Marte a nave seguiria para o setor Scorpius. Dentro da nave retiraram o corpo do caminhão e Desatrix saltou atrás. Havia se metido em uma confusão grande dessa vez. O corpo foi mantido dentro de um casulo e levado para instalações dentro da nave. Ela acompanhou tudo de perto, eles ainda não tinham percebido a sua presença. Ela se escondeu no hangar de carga, torcendo para nenhum idiota abrir a porta e descomprimir tudo e marcou o lugar onde tinham colocado o casulo. Depois de dois saltos a nave desceu em um planeta rochoso com uma única construção, parecia uma estação de observação versili. O casulo foi desembarcado e ela seguiu escondida atrás. Levaram para uma sala pequena onde John Smith foi acordado. Os versilis o colocaram sentado em uma mesa com uma caixa em cima, ao lado havia uma cama com alguns dispositivos atrelados e um versili muito velho entrou. - Senhor Administrador, falou o versili. - Lorde?
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- Vejo que esta em vantagem já que sabe o meu nome e eu não sei o seu. Onde eu estou Lorde, o que faço aqui e por quê?
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- Não precisamos de nomes aqui John Smith.
- Embora Lorde Onmics seja categórico em manter o povo versili atrelado aos seus macacos ensinados John Smith, a maior parte do nosso povo não concorda com isso. Queremos restaurar nosso antigo modo de vida. - Macacos ensinados Lorde? Esses homens, senhor, e não macacos, salvaram o seu povo, restituíram suas colônias e estão ajudando a extinguir a ameaça edacul, a custo muito grande para a minha espécie Lorde. Um custo que todas as outras espécies que lhes eram amigas não quiseram pagar. - Muito eloquente de sua parte John Smith. - Sabe que é verdade. Quando os edaculs começaram a atacar exclusivamente suas colônias, nenhuma outra espécie se dignou a lhe ajudar. Pediram socorro e ninguém veio. Seu antigo modo de vida levou as espécies da galáxia a odiarem sua raça e lhe virarem as costas, quer restaurar isso? - E vocês são os beneméritos que nos ajudam? Tomaram o controle das nossas naves, invadiram planetas para colonização, consomem os recursos do quadrante como insetos. Um pouco mais e teríamos que lidar com vocês como lidamos com os edaculs. Não há um lugar no quadrante que não tenha um humano enfiado em naves versilis John Smith, eu não chamo isso de ajuda, eu chamo isso de dominação, estamos ficando subservientes a vontade de sua espécie. - Possuem autodeterminação para se afastarem se quiserem Lorde, mas não para me sequestrar. - Não há como ter autodeterminação enquanto o povo mantiver o velho Onmics no poder, acho que vamos modificar isso rapidamente. John se manteve em silencio, esperando para ver o que ele diria. - O que queremos John Smith, é o que esta no seu cérebro. Quase todas as naves orgânicas foram treinadas pela Proteus, a nave que você dirige. Há um código neural básico para a ativação das naves, queremos isso. - Eu não conheço nenhum código Lorde e se tivesse não o daria a você. Esta cometendo um grande erro em me manter aqui. - Você nos dará o código John Smith, e nem vai perceber que fez isso.
Eles o seguraram forte enquanto se debatia, o amarraram na cama. O amordaçaram e colocaram a criatura sobre o seu peito. Ele se debatia e arfava tentando se libertar. A criatura andou pelo seu ombro e se instalou atrás da sua nuca, sentiu uma dor horrível.
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- Nos criamos esse espécime interessante, eu a chamo de Soma. Ela será colocada na sua nuca, sentira uma pequena dor, ela penetrará no seu cérebro, nos a controlamos, vamos tirar daí o que queremos e acho que depois não vamos mais precisar de você John Smith.
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Retiraram da caixa uma estrutura orgânica.
Desatrix estava apavorada e tapou a boca para conter o grito. - Tirem a mordaça. Ele gritava. - Comecem. Sentiu os tentáculos da coisa passeando pelo seu cérebro. - John Smith, conte-me sobre os seus medos. Ele então ficou inconsciente, Ficaram muito tempo manipulando a maquina, o animal inseria seus minúsculos tentáculos por entre as conexões neurais, e soltava a toxina para deixa-lo inconciente. Os microscópicos ciliares da soma buscavam os neurônios e com uma interface compilava as informações, eram muitas e o cérebro estava resistente, a toxina começou a falhar e o corpo começou a ter espamos. Não conseguiam nenhum resultado. Saíram da sala e Desatrix saiu atrás. Tinha que fazer alguma coisa. Passou a explorar o lugar, encontrou celas com fechaduras orgânicas não havia saída do lugar. Achou um posto de comunicação de longa distancia. Tinha como chamar a frota, mas como se chamava a frota? Voltou para a sala e ficou esperando a porta abrir. Entraram e levaram John Smith para uma cela ampla e o colocaram na cama. - Ele é resistente. - Mas vai acabar falando, em um ou dois dias teremos o que queremos. - E depois? - O cérebro dele não vai servir para mais nada. Pode deixar vivo, será um exemplo para outros que queiram ocupar o lugar dele. - Estará consciente de novo em alguns minutos. - Deixe ele descansar, não podemos danificar o cérebro enquanto não tivermos a resposta.
Ela chegou perto e falou baixo.
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Ele começou a se mover devagar e não conseguia parar em pé direito, caiu da cama e se arrastou até se apoiar de novo. Gemia e não tinha o controle do corpo.
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Eles fecharam a cela e ela ficou dentro.
- John Smith, me escute, temos que sair daqui, eu não sei entrar em contato com a frota. Quem eu chamo e como eu chamo. Ele balbuciava coisas sem sentido. - John, por favor, temos que sair ele vão te matar e matar a todos nos. Resista, não pode dar os códigos. Como eu falo com a frota. Ele não conseguia abrir os olhos. Mas disse baixo - Quem? - Eu sou Desatrix Jabard, e estou aqui do seu lado camuflada. Se eles me virem eu morro. Por favor como entro em contato com a frota? Ele lhe ensinou, quando abriram a porta para leva-lo novamente ela correu para a sala de comunicação, matou o versili e passou o recado de John e acionou as bombas que tinha instalado por todo o lugar. Em breve ela seria descoberta. Os alarmes soaram e todo o complexo foi colocado em alerta. Ela correu para a sala a ponto de chegar quando transportavam as presas o corpo dele para a cela. Matou os Versilis e recuperou o corpo. Arrastou John Smith para as celas mais profundas, colocou uma nova assinatura de fase na cela. Ele ficaria preso, mas não conseguiriam abrir a cela tão cedo, levariam dias sem o código dela. Ele estava meio consciente, o que era bom. Tentou fuga com a camuflagem quando diversos robôs de ataque vinham pelo corredor. Não ia conseguir enganar os robôs. Fugiu, em duas horas era capturada. - O que ela fez? - Estourou alguns depósitos inúteis, o centro de comunicação e alguns corredores, não parece saber o que esta fazendo. - Quem é ela? - Desatrix Jabard, assaltante, procurada em vários lugares do sistema.
- Ela veio da Terra ate aqui e ninguém percebeu? - Não senhor.
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- Pelo que investigamos ela fazia um assalto no momento em que o nosso carro estava parado para recolher o corpo, havia uma patrulha dos dragões no lugar, deve ter se apavorado e achou que o caminhão é um bom lugar para ficar.
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- O que uma assaltante esta fazendo na nossa base senhor Laserif?
- O que mais podemos ter trazido da Terra sem que o senhor tenha percebido senhor Laserif? O que ela sabe da nossa operação? - Ainda não começamos o interrogatório, ela escondeu John Smith, estamos procurando pela estação. - Que para minha felicidade é pequena, senão não acharíamos John Smith nunca mais com toda a competência que vem demonstrando. Ela entrou em contato com alguém? - Não senhor.
Ele estava consciente quando trouxeram Desatrix para frente da cela. Ela estava com as mão amarradas e um hematoma no rosto. - Abra a cela. Ela permaneceu em silencio. - Acredite Desatrix podemos fazer isso do modo difícil ou fácil. - Me matarão de qualquer forma. - Mas pode ser do modo difícil ou fácil. Meu amigo Ptjor ali no canto adora torturar humanos, e já fez isso com muitos, ele sabe como causar dor, muita dor antes de matar alguém. Ela continuou calada. Ptjor se aproximou e deu dois socos na cara dela, ela caiu no chão, com a boca ensanguentada. - Amarrem na pilastra. Acho que Ptjor vai se divertir um pouco. Colocaram ela amarrada em uma pilastra. - O código Desatrix. Ela permaneceu calada. John Smith assistia a tudo sem poder fazer nada.
- Na verdade é um animal interessante, ele gosta de passear pela pele e enquanto passeia, suas garras que parecem diamantes, vão cortando e devorando os pedaços pequenos, para selecionar o melhor lugar de alimentação ele penetra na carne até chegar
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Ele lhe mostrou um lindo broche em diamante com pequenas garras.
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- Gosta de joias Desatrix, parece que tem um passado de sucessivos assaltos. Acho que vai gostar dessa joia.
as melhores conexões nervosas, ele não gosta do nervo, mas come a carne em volta, o que pode ser muito doloroso para o animal que ele encontrar. Ele rasgou a roupa dela expondo as costas e colocou o animal. Ela gritou ate desmaiar mas não falou. - Desamarrem. Deixe ela com o amigo. Desatrix acordou e viu John deitado dentro da cela. Se arrastou devagar suas costas sangravam e doía muito. - John...John por favor me ouça. Ele não se mexia. - JOHN! Ele abriu os olhos. - Desatrix... falou com a voz cansada. - Aguente firme, vamos sair daqui eu prometo. - Eles vão continuar a te torturar, entregue o código, eu posso aguentar. - Não, não pode, vi eles falando que quando terminar você vai virar um vegetal. Eu sou uma marginal, roubo joias John, ninguém vai sentir a minha falta se morrer e tem gente que vai ate comemorar, mas se você morrer esses malucos vão fazer uma guerra contra a humanidade. Fique vivo, por favor. - Desatrix, ele vão lhe torturar de novo! - Eu sei. Que droga de semana. Eu queria tanto conseguir fazer esse assalto, ia passar uma semana me divertindo nas termas em Veja. Agora estou aqui. Os versilis entraram de novo. - Vejo que estão conversando. Vai convencê-la a dar o código John? Quer mais uma morte na sua cabeça? Quantas são? Acho que mesmo com a matriz da grade podemos continuar estimulando o animal grudado em você, só será mais demorado. Eles acionaram o dispositivo e ele caiu gemendo.
- Divirtam-se, mas ainda a quero viva. Em meia hora Desatrix estava inconsciente no chão, com ossos quebrados e sangrando.
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Ele se virou para Desatrix e olhou para os versilis.
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- John resista!!
John resistia e ainda assistia a cena. Ele já não aguentava mais. Ela acordou, com o rosto inchado pelos socos, alguns dentes quebrados, o maxilar fraturado, uma costela partida, um ombro deslocado e uma perna quebrada, o alarme soava, se arrastou ate perto da cela. - JOHN!! JOHN!Aguente! Ele não conseguia ficar em pé. Olhou para ela e disse - Obrigado. E perdeu os sentidos. - Droga. JOHN! JOHN! Começou a chorar, ela ia morrer, um versili entrou com uma faca na mão se abaixou perfurou seu abdome. Ela sentiu o aço perfurando a carne e o liquido quente escorrendo, o seu sangue, quando ele ia dar a segunda facada foi atingido por um disparo, mas Desatrix já não sabia disso, estava desacordada.
- Lorde Onmics, eu exijo que tome providencias imediatas. Seus descontrolados versilis fizeram isso e só por muita sorte é que conseguimos localizar o lugar. Temos tolerado essa postura versili mas isso acabou. Esses versilis serão levados sob nossa custodia e julgados pelas nossas leis. - Entende que isso vai gerar ainda mais protestos Lia Mei? Me entregue os insurretos e garanto a você uma punição exemplar, mas se submeter versilis a um julgamento humano isso será um desastre. Estavam todos em uma sala em Marte, quando souberam do ocorrido Lia Mei exigiu a presença do conselho dos dez e diante da gravidade dos fatos todos compareceram. - Estamos trabalhando para a recuperação de John senhora, mas nunca tratamos com um caso assim.
- Entendem que John tem se que recuperar? Se ele morrer haverá um conflito armado entre nossas raças, sabem disso?
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- Não temos como Mei. Tiramos o animal mas existem diversas ramificações que são muito pequenas mesmo para os nano boots, se tentarmos tirar metade do cérebro dele pode ir embora, esperamos o corpo reagir mas as ramificações não foram absorvidas e há um pequeno inchaço nas celulares nervosas, acho que esta provocando uma inflamação. Estamos testando uma medicação diferente.
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- Alice, você e Ariel são as que mais conhecem aquela fisiologia, se tem alguém que pode consertar o cérebro dele são vocês!
- Nos sabemos da gravidade e acredite, ele é a pessoa mais cara para nos do que para muitos de vocês, estamos vivos por causa dele e faremos de tudo para mante-lo vivo, mas estamos ficando sem opções. - A mulher que resgataram, que mandou o aviso? Ela não sabe de nada? Perguntou Krishna - Esta em coma, quase morta, foi torturada para entregar John, quando ela viu o que faziam ela o trancou em uma cela com código de assinatura celular. Para nossa sorte o código era o próprio sangue dela. Na hora que o comando chegou um versili a esfaqueava para não deixar provas. Ela estendeu a mão e abriu a cela. - Deixe-nos interrogar os versilis que tem como prisioneiros Lia Mei. Nos vamos tirar informações que podem ser uteis para salvar John. - Acho que não tenho opções Lorde Onmics. Mas o senhor também esta ficando sem elas se John morrer. Saíram da sala e os versilis ficaram. - Vocês são as que mais conhecem o cérebro de John.Não há ninguém que saiba mais. Façam alguma coisa disse Onmics. Ariel olhou para todos e falou. - Há alguém que sabe mais sobre o cérebro de John do que nos duas juntas: a Proteus. Ela expos a sua opinião e eles saíram rapidamente para pedir a Lia Mei a Proteus.
A sala de comando da Proteus foi esvaziada um grupo de versilis e humanos com corpo de John Smith flutuando em uma maca entraram. A sala se iluminou. - Proteus? - Senhora Ariel, é bom lhe rever. Em que posso ajudar? - Precisamos que nos ajude. Machucaram muito John Smith e ele precisa da sua ajuda para se recuperar. A nave demorou um pouco mais para responder. - O que fizeram a John Smith?
- Ele deve se unir a mim.
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- Pode ajudar Proteus.
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Ariel contou tudo e passou para a nave as informações médicas.
- Coloquem na cadeira, com cuidado, disse Ariel. O corpo estava com equipamentos de monitoramento e vestido com uma roupa branca. A matriz neural estendeu a cadeira, aumentou o seu tamanho e começou a cobrir John. Uma grande camada da estrutua escura da matriz estava sobre ele e os equipamentos e a roupa foram retirados pela matriz, cuidadosamente. - Não há perigo em retirar os equipamentos Ariel? - Não Onmics, a matriz sabe o que está fazendo. O corpo foi todo coberto pela grande massa negra e se encolhia dentro dela em posição fetal. Grandes cilícios formavam um invólucro semitransparente de uma bolsa onde John era contido pela matriz. A nave começou a pulsar e a energia passava pela bolsa e por todas as terminações ciliares a bolsa estava viva. O corpo permanecia inerte dentro do invólucro.
Ele acordou com frio, o lugar era escuro e estava nu. Lembrava de estar na cela e agora aquilo, devia estar sendo drogado. - John, vamos enfrentar juntos os nosso medos. Ele olhou e uma mulher branca, toda vestida em preto brilhava no meio do escuro. Ela já tinha visto aquela mulher em Marte. Era um reflexo do seu inconsciente, ele pensou. Ela chegou perto dele o tocou no seu rosto. - John, pode me ouvir? - Quem é você? - Eu sou você e você sou eu. Ela fez um gesto e ele tinha uma roupa. - Eu não entendo, onde estamos? - Você esta dentro de mim e eu estou dentro de você. Somos um agora.
- Quem é você? - Eu sou Proteus.
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- Ariel pediu para lhe ajudar, machucaram muito você e não conseguiam lhe curar, ela veio a mim, esta comigo agora.
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- O que esta acontecendo?
- Como isso é possível? - Sempre foi John. Sempre nos unimos. Somos um aqui, sua vontade é a minha e somos um. - Mas eu me vejo independente de você. Não somos um Proteus. - Como vemos o mundo não altera o mundo John. - Se estamos na matriz, como eu lhe vi quando fui torturado em Marte? Nos ainda não havíamos nos conectado nenhuma vez, mas eu lhe vi naquele lugar. - Somos energia John, sempre fomos, sempre seremos. O hoje é uma visão unidimensional da sua existência. Eu não sou unidimensional e quando você esta comigo também não é. Diversas imagens de sua vida, de coisas que aconteceram, do que acontecia e de coisas que ainda não existiam para ele começaram a desfilar na sua frente. - Essas coisas ainda não aconteceram! - Mas vão acontecer, se continuar a trilhar o seu caminho e podem não acontecer se escolher outros. Nossa dimensão é múltipla e temos todas as possibilidade para andar John. - O que eu tenho, como estou machucado? - Há um elemento no seu cérebro que não pode ser tirado, a menos que possamos vencer os nossos medos. Se você morrer agora, eu também morro e se eu morrer você morre, somos um. - Como vencemos os nosso medos? Que medos são esses? - Você me disse que devemos enfrentar nossos medos, devemos manter nossos medos porque eles nos deixam seguros, mas que o medo oblitera a mente. Vamos retirar o que oblitera a nossa mente.
- O que podemos fazer?
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Ela mostrou um monstro enorme e negro, pegajoso, viscoso que tomava toda a visão do horizonte e caminhava na direção deles, com vários tentáculos que penetravam e iam desmanchando as imagens que flutuavam a sua volta e causavam imensa dor, dentro dele corpos de todas as raças se decompunham, emanava um profundo ódio da figura e sua intenção era só de destruir. O som que emitia causava desesepero e pânico e ele teve vontade de fugir dali.
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- E o que nos oblitera?
- Enfrentar o monstro, somos energia e deve lembrar disso, somos energia viva o monstro não sabe disso, o que ele não sabe, ele não sabe, se você entender isso poderá estar comigo na forma mais pura e nenhum monstro poderá nos atacar e nos poderemos deter o monstro. Lembre-se, não há matéria como você vê, tudo o que vê é ilusão eu e você somos um e nossa realidade e multidimensional, não há hoje ou ontem ou amanha só há o agora e ele representa todas as coisa que são, que foram e que podem vir a ser. Um grande tentáculo tocou a mulher e a arrastou. Ele pulou atrás - Proteus! - Me ajude John... Ele ficou olhando para ela e olhou nos seus olhos, ouviu um sussurro no ouvido “ somos um, somos energia, vamos vencer os medos juntos John” Ele gritou de raiva. - NAOOO!!! Seu corpo brilhou intensamente e uma explosão de energia se fez, todo o lugar se converteu em energia pura. Ele sentiu cada pedaço, cada molécula, todas as possibilidades, a grandiosidade da Proteus e todas as suas memórias, que agora eram deles, não havia mais um só, ele era a energia da matriz. Movia as partes da matriz como queria, e lá estava o monstro, ele não conseguia tocar em nada, porque não havia nada para ser tocado. Sua voz saiu como um milhão de vozes. - Saia! E o mostro de desfez consumido pela energia. As moléculas luminosas voltaram a se unir, o corpo de John apareceu brilhante no meio do cenário que já não era escuro. - Proteus! - Ainda quer ser um John? - Quero, tenho necessidade da identidade. - Então seja o que quiser John.
- Como?
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- Sim estamos.
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- Estamos alem do tempo e do espaço você diz?
- Nos andamos no tempo, porque andamos por toda a energia, Podemos escolher por onde andar se quiser John. - Acho que não estou preparado para isso Proteus. - Então pode voltar, estará bem, seu corpo foi recuperado. - Obrigado Proteus. - Você fez tudo John, eu posso lhe dar o caminho não posso manipular a energia, retorne depois. - Eu voltarei.
- Ariel, há sinais de atividade cerebral. O casulo semitransparente e negro que a Proteus havia criado pulsava em energia. E depois tudo parou. - Ele ficará bem Senhora Ariel. Era a voz da Proteus que se desligava. Elas rapidamente abriram o casulo, ele estava na posição fetal, respirava com facilidade, o pulso era forte e estável,todas a atividade cerebral estava presente e não havia mais sinas de elementos estranhos no cérebro ou de infecções. Eles o colocaram na maca e o levaram de volta para a enfermaria. John ficou no casulo da Proteus por dois dias e eles não saíram de lá por todo esse tempo. - Como eles esta? - Ele esta em um sono profundo Mei, devemos esperar, mas não há mais nada de errado com o cérebro dele. As vezes em processos de regeneração de células neurais o paciente dorme muito, o processo do corpo dele é muito acelerado. Temos que esperar. Fizemos todos os exames possíveis, o cérebro dele está perfeito, como se nunca tivesse acontecido nada. Enquanto ela conversavam um John Smith semi nu correu pela porta até a sala de comando da Proteus. Eles correram atrás dele
Toda a sala se iluminou e John brilhava como uma arvore de natal, A pouca roupa em volta do corpo se desfez e partículas de luz saiam do seu corpo para a matriz da Proteus que se estendia sobre ele. Ficou suspenso no ar quando as luzes pararam ele caiu
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- PROTEUS!
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Chegou na sala e gritou
apoiado nas pernas flexionadas e se levantou olhando para todos na sala que estavam apavorados com a cena. Ulrich foi quem reagiu primeiro, tirou sua capa e cobriu John. - Obrigada Ulrich. No futuro vou tentar deixar as roupas inteiras. - Você vai para a enfermaria agora, tenho que lhe examinar e quero saber o que aconteceu aqui, disse Alice. Ele seguiu com elas. Fizeram todos os exames possíveis e o mandaram para seu próprio quarto, com um dragão na porta, por ordem de Mei, para se vestir e descansar um pouco, embora ele afirmasse que não sentia cansaço algum. Mei mandou todos para a sala de reunião. - Acho que esse é o momento em que me explicam porque o comandante do comando de segurança estelar estava flutuando no meio da sua nave, iluminado como uma arvore de natal! - Esse fenômeno já foi observado em outros casos, quando há uma sobrecarga e muita energia da matriz e transferida para o navegador ela é devolvida na forma dessas descargas de energia, disse Alice - Esta me dizendo que isso é normal? Que os pilotos de vimanas normalmente voam pela suas salas soltando luzes? - Não, e uma coisa rara de acontecer, mas em nossas simulações já observamos por duas vezes. O corpo é uma maquina de armazenar e gastar energia, se tiver demais ele vai soltar e se essa energia não for descarregada lentamente, na primeira oportunidade ela se libera. Há pessoas que liberam energia elétrica na forma de pequenos choques. - Vocês estão me gozando? Aquilo não foi um “pequeno choque” Alice. Parecia uma festa de fogos de artifício! O comandante da segurança estelar não pode flutuar pela sala e soltar faíscas! O futuro administrador das terras unidas não pode parecer uma manifestação de poltergeist no meio da assembleia do povo! O que eu tenho la fora? Onde esta o John Smith que eu vou apresentar para o povo da Terra? - Eu estou aqui Mei, disse ele entrando na sala.
- Não nesse momento Mei. Vou contar o que aconteceu enquanto estive dentro da matriz e vocês me dirão o que é pois eu não compreendi
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- John, você uma vez me disse que eu deveria cuidar da segurança da raça humana e que se tivesse que escolher entre você e a segurança da Terra eu deveria escolher a Terra. Eu devo te interditar agora?
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Ela se sentou.
E ele contou toda a conversa que teve com a Proteus, ele nunca havia contado os detalhes de Marte e eles ficaram consternados. - Ela pode ter entrado no seu subconsciente e usou uma imagem que já existia para lhe auxiliar. - Porque então Ulrich, eu tenho certeza que em Marte era MESMO a Proteus que falava comigo? Eu tenho essa certeza e a IA da Proteus não foi feita para mentir para o navegador. - Não! Você disse a ela, você ensinou a ela, que era preciso fazer o que fosse necessário para enfrentar o medo. Talvez ela tenha feito John, ela pode ter simulado para estimular a sua cura. - Ulrich, eu tenho certeza, eu sei o que vi e senti. - John, não é possível que a Proteus tenha se projetado fora do tempo para estar com você, entenda isso. Essa nave não viaja no tempo, só no espaço. - Ariel, ela repetiu diversas vezes que pode sair do tempo linear e que a dimensão em que nos encontramos quando estamos juntos é múltipla. - Talvez ela tenha tentado lhe explicar a natureza do salto, que assume um buraco de minhoca induzido para ela utilizar e parece ser multidimensional. - Ela me mostrou o passado, o presente e o futuro, tudo ao mesmo tempo. - Não John, ela lhe mostrou uma probabilidade, ela mesma lhe disse. - John, não há nada de errado com a Proteus ou com você. Tudo aconteceu muito rápido, a uma semana você estava em campanha e depois passamos por essa situação, você foi muito forçado é natural que esteja confuso mas eu lhe garanto que você e a Proteus não podem viajar entre as dimensões. Deve descansar e tentar se concentrar de novo, e analisar a situação com o corpo mais relaxado - Eu me sinto ótimo Alice, como a muito tempo não me sentia, não tenho que descansar. - Eu farei novos testes e também vou examinar a matriz da Proteus amanha se isso lhe deixa mais tranquilo.
- Isso não vai mais acontecer Mei.
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- Eu fiquei uma semana dizendo que você estava fora resolvendo problemas da segurança, melhor mostrar a sua cara em algum lugar o mais rápido possível, e de preferência sem flutuar ou soltar fogos de artifício. Enquanto a Proteus não for testada esta interditada e você não usa ela.
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- Por favor.
Eles saíram, mas os versilis continuaram na sala. - O que aconteceu Alice? - Acho que John Smith é o cérebro perfeito para a maquina perfeita Onmics. - Explique. - Um dos nossos primeiros teóricos sobre maquinas neurais para as viagens estelares sustentava que se houver um cérebro perfeitamente alinhado com uma matriz, a energia fluiria de tal forma que ambos não seriam mais separados, mas um só, e que a energia poderia fluir por outras matrizes de dimensão, sem perder a forma na tridimensionalidade mais um, acessando todas elas. - Inclusive o tempo? - Especialmente o tempo, com o motor certo piloto e matriz da IA poderiam viajar no tempo e ate levar a estrutura tridimensional junto. Teríamos uma maquina do tempo controlada por uma mente orgânica. - Foi isso que a Proteus propôs para John? Viajar no tempo? - Não tenho certeza Ulrich, Mas vou conversar com a matriz amanha, analisar as expectativas dela. John estava muito convicto do que dizia e não sabemos ate agora como ela consumiu os restos que estavam no cérebro dele. - E se ela resolver viajar no tempo com John? - Não há como acontecer alguma coisa só com a decisão dela, ela obedece a John Smith e viaja se ele também concordar, se a teoria estiver certa eles são um, então concordam com o que fazem. - Ate que ponto a matriz influência John ou é influenciada por ele. - A matriz foi feita para obedecer a ele e mais nada. - Isso é o que me preocupa, porque se ela foi feita para obedecer a ele, como então temos uma matriz curando um corpo e sugerindo viagens no tempo, disse Ulrich Todos ficaram em silencio.
- Na UTI John, eles estavam matando ela quando chegamos, não queriam deixar testemunhas.
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- Estou vivo por causa dela. Não teria aguentado mais um dia naquilo. Eu a vi ser torturada na minha frente Mei, e ela não falava. Me disse que era uma ladra da qual
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- Onde ela está Mei.
ninguém sentiria falta e que se eu morresse haveria guerra. Ela é melhor do que muitos que conheci Mei, não a deixem morrer. - Estamos fazendo o possível John, mas ela esta muito mal. - Façam o impossível. Desatrix Jabard tem que viver. Eles fizeram, depois de duas semanas em coma Desatrix, ainda sem falar direito, já tinha recobrado a consciência e estava fora de perigo. John Smith estava ao lado dela quando acordou. - Desatrix. - John Smith, ela sussurrou. - Não se esforce, vai ficar bem Desatrix. Você salvou minha vida, eu lhe agradeço, lhe devo muito. Não teria conseguido sem você. Ela gemeu alguma coisa. - Não se esforce, descanse, tudo vai ficar bem. Em um mês ela já conseguia andar e falar com facilidade. Ele voltou para vê-la. - Ola Desatrix. - Comandante John Smith. - Como se sente? - Não se passa por uma experiência igual a essa dizendo que esta tudo bem. Eu ainda sonho com aquilo e acordo a noite assustada sentindo a faca entrando no meu corpo e a certeza de que vou morrer. Ainda me dão alguns remédios para dormir, mas as vezes eu não durmo. Quando a gente vê as naves dos dragões, quando se vê as naves andando pelo sistema, os planetas se enchendo de gente, acho que ninguém sabe que sacrifícios são feitos para isso acontecer. Acho que nunca vão saber... Os olhos dela estavam cheios de lagrimas. Ele a abraçou, o eu corpo tremia. - Acho que não Desatrix, acho que não.
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Dois dias depois, a despeito dos protestos de Mei que tinha oito mandados de prisão contra ela, Desatrix desapareceu para o lugar que escolheu, com uma boa quantia em dinheiro para recomeçar.
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Ela chorou pela primeira vez desde que tinha acordado.
John foi se despedir dela, reparou que era muito bonita com os longos cabelos negros e os olhos verdes brilhantes. Achou que nunca mais se veriam, ele estava equivocado.
- De onde veio isso? - Veja. Um planeta rochoso sem atmosfera, uma rocha que só serve para mineração e ninguém mais tem esse código John. Ele é o seu código. - Uma pessoa tem. - Quem? - Desatrix Jabard, eu passei a ela para chamar vocês quando fomos capturados pelos versilis. - Pensei que você tinha feito o chamado! - Não Mei, foi ela e se esta chamando de novo pode ser problema sério, Desatrix não usaria o código de forma banal. - Ou então alguém conseguiu tirar dela e pode ser uma armadilha. - Vamos averiguar.
- Comandante, um sinal estranho na comunicação. - Façam silencio de radio e calem a boca vocês ai atrás. O sinal era fraco e não se entendia o que falavam. - Aumente a potencia da entrada e saída. Ela tinha comprado uma nave velha de mineração e resolvido ganhar a vida honestamente, em rotas alternativas que ninguém queria pegar para fazer, o que impedia também que a reconhecessem em qualquer um dos oito mandados de prisão que tinha pela galáxia.
E ai ele entenderam.
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- Aumente o volume, não estou entendendo nada.
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Tinha escolhido sua tripulação entre traficantes de minério, mercenários e outras porcarias que achou pelo caminho, mas a tripulação de doze homens correspondia bem as suas ordens Faziam dez meses desde o seu encontro infeliz com John Smith e não tinha passado um dia sem pesadelos. Aprendeu a lutar e usar armas desde então. Não queria mais ficar na situação de não saber o que fazer. Prometeu a si mesma que ninguém iria mais enfiar uma faca na sua barriga.
- Edaculs! Camuflagem, arma a postos. Todos correram para os seus lugares. - O que dizem Vesgo? - Parece que caíram em uma rocha aqui perto, não sabem como sair. - Onde estão? Localize o sinal. - Aqui comandante. Olhe, a nave não é uma nave edacul, e uma nave de guerra da frota. - Quantas forma de vida a bordo? - Cinco senhora. Todas edacul. - Vou pegar eles. - Ei, perai, você nos contratou para mineração e carga, eu não vou arriscar minha bunda pra isso, não vou ser mordido, com todo o respeito comandante. - Eu não pedi sua opinião Colleen, eu disse que EU vou. Se quiser manter a sua bunda branca e covarde na poltrona pode ficar ai. Ela se virou, começou a vestir o traje de fibrium, que destoava completamente do resto da nave caindo aos pedaços, ela tinha investido muito em qualidade, mas não ligava muito para a aparência das coisas. Pegou seu disruptor, colocou no modo maximo, ajustou o compensador de gravidade e a camuflagem. - Merda Desatrix, você só faz merda.. Um a um ele foram colocando os trajes. Conseguiram pegar os edaculs desprevenidos e mataram quatro, um ficou vivo porque ela queria falar com ele. Tinha aprendido a língua a muito tempo, nos campos de Tau. - O que um lagarto mal cheiroso como você faz na nave do seu inimigo? Porque não pega sua comida em outro lugar? Aqui não são campos de caça e não há fabricas de comida, você não é um lagarto de guerra, deve ser um pobre lagarto sujo, em que todos os outros defecam e dão os restos para comer. Sua mãe deve ter sido a comida de outros por ser tão fraca e deixar nascer filhos ruins para o ninho. Ou o ninho lhe expulsou? Um lagarto renegado que se voltar será comido pelos demais?
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- Fêmea branca de comer, você também não é guerreira, já vi algumas, também não esta no lugar que deveria, mas vai estar em breve, Será a comida na barriga dos meus filhos e meus amigos vão se felicitar com sua carne no banquete que darão na minha homenagem. Os dias de sua raça estão chegando e vamos devolver a vocês o presente que nos deram, o comedor de ossos comerá os seus ossos e eu chuparei os seus olhos
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Ele respondeu
enquanto grita em agonia para os meus filhos sorrirem. Meu nome será lembrado como aquele que levou a comida abundante para o ninho dos edaculs. A nova arma esta quase pronta e você morrera. Ele sibilava e dos seus dentes pingava a famosa toxina enquanto falava e aquilo impressionou os homens. - Vamos matar ele Desatrix. - Não! É um dos cientistas deles, falou de uma nova arma, de um presente que demos a ele e estão devolvendo. Veja para onde a nave estava indo. Eles descobriram para onde a nave ia, um planeta rochoso e sem atmosfera a 15 anos luz dali. A nave em que estavam era um nave de guerra da frota, provavelmente roubada e estavam tentando passar disfarçados, ma não sabiam pilotar a nave direito e ela caiu. Ela mandou consertar a nave e se apossou da nave. - Desatrix, está maluca, se pegam a gente com essa nave vamos apodrecer o resto da existência na cadeia. - Coloquem o nosso prisioneiro em uma das celas lá embaixo, ele ainda vai ser útil. Coloquem nossa nave no hangar. Vamos olhar mais de perto a rocha para onde ia o nosso lagarto de estimação, e se acalme Rigon, não vamos para a cadeia. - De fato não vamos, talvez a gente acabe na toca de uns edaculs, mas não tem problema. A gênio de plantão sabe o que faz. - Colleen, se você se dirigir a mim dessa forma mais uma vez, vai ser companheiro de cela do lagartinho que esta lá embaixo, fui clara? - Sim senhora. Duas horas depois estavam perto do planeta, camuflados. - Meia velocidade, liguem os sensores de longo alcance, vamos ver o que temos na tela, sistemas no mínimo e desviem energia para a camuflagem e escudos. - Nada, nenhuma nave no setor. - Continue vigiando Rigon.
- Me deem uma panorâmica da rocha.
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- Nada comandante.
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- Há sinais de vida na superfície Vesgo?
Circularam o lugar e foram vendo os montes escarpados, iam bem devagar. - Espere, disse Vesgo, volte um pouco mais. Encoberta pela sombra que o sol amarelo fazia, uma porta, parecia uma porta para recepcionar naves grandes, um hangar. - Acho que temos alguma atividade aqui. Consegue aprofundar nossos scans no solo Rigon? - Posso modificar a configuração e tentar. - Faça. - Senhora.... ele estava branco - Há duas mil formas de vida naquele buraco, duzentas delas são edaculs e o resto são seres humanos. Ela se sentou lentamente na cadeira, estava pálida. - Vamos sair daqui! - NÃO! Não lembro de ter lhe passado o comando Rigon! - Esta maluca? Vamos ficar fazendo o que parados aqui? Se nos descobrem viramos comida. - Alerta de perímetro! Uma grande nave edacul passava por eles e pousava no desfiladeiro abaixo, perto da grande porta de metal. - Silencio.
- Como você tem o sinal da frota? Pra quem é esse pedido?
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- Escutem todos vocês, eu vou descer. Existem mil e oitocentas pessoas lá embaixo que precisam de ajuda e eu não vou largar elas lá para virarem comida. Rigon, você agora é o comandante. Transmita nessa faixa um pedido com essas palavras especificas para a frota, esse é um sinal especial para a frota, diga que foi Desatrix quem mandou e que venham urgente, se você não fizer isso eu vou morrer com todo o pessoal la embaixo, não precisam ficar aqui, mas mandem o sinal, vão para fora do sistema e passem as coordenadas, deixem de transmitir quando eles responderem, no cofre da nossa nave há bastante dinheiro para ficarem seis meses sem fazer nada, encontro vocês no Javali Viajante em seis meses se estiver viva.
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Ela foi a sala de armas e se armou com tudo o que tinha e podia carregar, havia passado os últimos seis meses treinando e conhecendo equipamento. Voltou para a ponte.
- Esse sinal vai chamar John Smith, ele virá se vocês o transmitirem. Ela se dirigia a eclusa de saída. - Sua louca varrida. Espera aí, você me deve um dinheiro se morrer não vai pagar. Cinco homens desceram com ela o restante saiu para transmitir o sinal. Pularam no planeta bem devagar. A porta estava aberta e robôs transportavam varias caixas para dentro do lugar. Se esgueiraram e foram parar em corredores largos, com poucos edacul andando. Haviam 45 andares para baixo, foram aos últimos onde acharam as pessoas presas. Não apareceram para ninguém o lugar podia ser vigiado, seria um risco. No terceiro e quarto andares haviam laboratórios, as luzes eram amarelas e fracas, o cheiro era de podridão, apareceram alguns edaculs manipulando maquinas. Em uma tela grande imagens eram projetadas. Então ela começou a entender o que o edacul tinha dito a ela. Aquilo era um osedax, logo no inicio da guerra mandavam osedax com veneno ou produtos para destruir os edaculs, Eles estavam cultivando Osedax, haviam imensos tonéis com toneladas de Osedax e eles se reproduziriam facilmente quando fosse alimentados. Mas o que colocavam no Osedax? Ela fez sinal para o grupo e se colocaram atrás de um grande cilindro de osedax. - Estão fabricando osedax, colocando alguma coisa para jogar em nós. Nesse instante eles trazem uma pessoa sendo arrastada e gritando. Desatrix ligou o visor e começou a filmar. Ela foi inserida em uma cabine transparente. Um tubo de osedax foi injetado no ar da cabine e nada aconteceu. Não podiam sair dali, haviam dois edaculs armados na porta, não passariam despercebidos, tinham que esperar. A pessoa dentro do cilindro caiu no chão e começou a vomitar um sangue negro que parecia putrefato. Ela já tinha visto aquilo varias vezes, todo eles tinham visto. Toxina edacul. Eles tinham colocado a toxina edacul em osedax, bastava soltar no ar, não teriam mais que correr atrás da comida para morder.
- Posso tentar, o que quer?
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- Calem a boca ou eles não vão precisar de osedax para comer hoje. Os guardas estão indo embora fiquem quietos. Peguem todos os explosivos que tiverem, vamos explodir esses tanques. Vesgo, vi algumas naves de ataque leves la em cima, consegue operar alguma?
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Ela ficou apavorada. Todos os homens estavam assustados. Dois deles se tremiam e um chorava baixinho.
- Incapacite a nave edacul, estoure os motores. Cause a maior explosão possível. Leve a filmagem do meu visor se afaste ao maximo e entregue para a primeira nave da frota que encontrar no caminho, diga que Desatrix manda para John Smith. - Podemos ficar presos aqui embaixo. - Mas eles também. Nos somos poucos mas há 1800 homens e mulheres nos andares abaixo que podemos armar para matar esses desgraçados. Passamos pelos armamentos deles, vamos pegar algumas bombas, localizar onde ficam os soldados, estourar as saídas e prender o maximo possível deles. Depois saímos estourando tudo, temos bombas de tempo, podemos calcular as explosões, enquanto explodimos as coisas aqui em cima, dois de vocês descem e começam a armar as pessoas e libertar os presos. Façam barricadas nas entradas de cada setor e coloquem homens armados. Não sabemos quando a frota chega, mas temos que impedir que eles levem isso para outro lugar. O lagarto disse que estavam quase prontos, então ainda não distribuíram isso. Não vamos deixar acontecer. Se gostam das suas mães ou mulheres, se amam suas famílias, se tem amigos e algum lugar para voltar, pensem nisso, não podemos deixar esse vermes saírem daqui, custe o que custar. - Eu sempre achei que ia morrer te ouvindo. - Cala boca Colleen e me ajude armar as bombas. Passaram horas de tensão colocando bombas e transportando armas sem os edaculs notarem. Descobriram que havia um horário em que a maior parte estava no “refeitório” e resolveram que era o melhor momento para agir, iriam desabar a entrada do refeitório e depois os homens dos andares inferiores subiriam e as bombas em cima explodiriam. Vesgo ia explodir a nave edacul em solo e se afastar o maximo para um lugar seguro. -------------------------------------Sem aviso o inferno explodiu na base edacul, a grande nave explodiu no chão, causando terremoto e afetando os andares abaixo, obstruindo vários andares, vários dos homens armados ficaram lacrados abaixo ou acima e Desatrix ficou sem o seu apoio tático para combater os edaculs, quando saíssem do refeitório.
- Eu sei Colleen, mas já matamos mais da metade, eles são poucos agora. Podemos deter esses desgraçados por aqui mesmo. Phill? Está na escuta?
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- Não podemos ficar fazendo isso o dia todo. No andar 32 já não passamos.
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Estava com uma grande quantidade de bombas e explodiu todos os tanques de osedax. Colocaram armas estrategicamente distribuídas pelo corredores e quando os edaculs começaram a sair do refeitório mataram uma grande parte, eles recuaram e abriram uma parede por trás do refeitório e vieram por um corredor alternativo. Minaram os corredores e antes de chegarem eles explodiram no lugar. Desceram mais um andar e ela minou o elevador, quando tentaram entrar tudo explodiu e caíram 40 andares abaixo, os demais resolveram descer por uma escada. Atirou no que pode para evitar a descida, mas eles passaram, ela correu com Colleen para o andar inferior.
- Estou, não conseguimos passar, você vai ter que se virar sem os reforços, Tem que ir para mais embaixo, há uma passagem para os depósitos onde estão 1200 mulheres e crianças que deixamos lá, se os lagartos passarem vai ser um banho de sangue. - Droga Phill, eu disse para tirar eles daqui e não amontoa-los. Vamos Colleen, temos que guardar uma passagem. Eles correram para o corredor inferior. Os edaculs pararam de atacar por alguns instantes. - Estão tramando como vão nos comer os desgraçados. - Calma Colleen. - Já esteve em situação assim antes Desatrix? Tão desesperada? - Já. - Não ficou com medo, você parece não sentir medo enquanto todo mundo esta cagando nas calças! - Eu fiquei com medo, muito medo. Ainda acordo a noite gritando de medo, não esqueci nunca mais o que passei. - O que aconteceu? - Não quero falar nisso Colleen. - O que te faz então se meter nisso de novo? Vamos morrer aqui! - Cala a boca. Ninguém aqui vai morrer entendeu? Vamos matar esse lagartos desgraçados, tirar esse povo daqui e encher a cara no javali daqui a seis meses. E quer saber por que faço isso? Porque é preciso Colleen! Porque se não fizermos eles ganham, nos morremos, e você não vai poder nem ficar reclamando com sua bunda sentada na nave, porque vamos virar comida deles, porque não fizemos o que era necessário. Quer saber o que me aconteceu? Eu fui torturada, espancada sem dó durante vários dias, colocaram coisas em mim para me comer viva enquanto eu gritava feito louca e me mijava de medo, e mesmo quando viram que não ia adiantar ele continuaram batendo e no final enfiaram uma faca na minha barriga pra me matar, e eu não morri Colleen, Não morri naquele maldito lugar e não vou morrer hoje, hoje é meu dia de enfiar a faca nesses desgraçados e se você quiser viver é melhor fazer a mesma coisa.
- Estão aprendendo com a gente, desgraçados.
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Ele ficou quieto pelo resto do tempo, até que os esdaculs voltaram ao ataque. Explodiu uma coluna inteira do bloco e eles foram jogados para trás com a força da explosão.
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- Desculpe, eu não tinha ideia...desculpe Desatrix.
Ela se levantou rápido do meio dos escombros e puxou Colleen pelo braço. - Vamos para trás daquelas colunas, vai servir de barricada. Vamos ficar naquele canto mais escuro. Ele estava com a perna quebrada, ela o ajudou a andar e se posicionaram atrás das colunas, Ela armou um pequeno tripé para instalar a arma de pulso. Sentou e ficou esperando, com um imenso corte na testa e outro na cabeça, escorria sangue pelo seu rosto, o lábio estava cortado, o corpo cheio de hematomas das pedras que lhe caíram e ela sorriu para Colleen. - Você esta horrível mulher! - Eu sei. O barulho ensurdecedor se fez quando eles atacaram. O lugar escuro se iluminou todo quando armas de pulso e plasma passaram a atirar. Ela entregou o canhão a Colleen, que não podia se mexer direito e se posicionava andando pela barricada e atirando. Tinha aprendido atirar muito bem. Havia uns cem deles atacando a barricada, ela lançou duas bombas e voou pedaço de edacul para todo lado, eles recuaram e também jogaram bombas, mas não atingiu a nenhum dos dois, os estilhaços pararam nas colunas. Mas o ar ficou pesado e com muita poeira, seu capacete não fechava mais, foi avariado pelas pedras. Tinha dificuldade para respirar. Eles voltaram a carga e ela acionou os últimos explosivos que tinha no lugar. Parte do teto caiu e esmagou uns vinte deles. Eles recuaram continuaram atirando. - Não podemos aguentar por muito tempo Desatrix. - Vamos aguentar, tem 1200 pessoas atrás dessas portas que dependem de nós. Nesse instante o comando da frota invadiu o local. Ela sentou, estava extenuada. Quando chegaram a ela lhe deram oxigênio pois não conseguiam respirar direito. Um homem lhe ajudou a sair de dentro dos entulhos e outros transportavam Colleen.
O holograma mostrava a nave edacul explodida no solo e diversos soldados entrando na base. Retiravam centenas de pessoas.
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- Senhor, recebemos um vídeo mostrando a atividade de laboratório deles, Pegamos uma pequena nave edacul que tentou contato, era um humano a bordo com o vídeo e
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- Estamos recebendo as imagens e os relatórios senhor.
nos indicou o local, parece uma praça de guerra. Eles saíram explodindo internamente os pavilhões, devagar estamos tirando seres humanos e temos resistência edacul em alguns pontos. - Acharam a mulher? - Ainda não senhor, mas há muitas galerias e ouvimos tiros em um dos setores, nossa equipe foi verificar, não conseguimos passar pois o lugar desmoronou. Colocamos robôs para tirar os entulhos - Vamos descer no planeta em dez minutos. - Ate lá já teremos retirado os entulhos senhor. Quando abriram a passagem acharam cinquenta edaculs fortemente armados atacando duas pessoas que faziam barricada por trás de colunas caídas. Uma delas era Desatrix Jabard. Estava com ferimentos pelo corpo, mas conseguia andar. O outro tinha uma perna quebrada. Estavam guardando a passagem de acesso aonde se encontram 1200 pessoas, quase todas mulheres e crianças. Saiu cambaleando e foi segura por John Smith que a ajudou se deitar na maca para ir para a enfermaria da nave. Durante um dia inteiro dormiu. Quando acordo recebeu remédios e sedativos, sua cabeça parecia que ia explodir. Estava com uma aparência horrível, Tinha um grande corte a testa e outro na boca. Uma medica apareceu e lhe deu o melhor tratamento que podia dar, fez uma reparação facial perfeita e Desatrix ficou novamente sendo a linda morena de olhos verdes. Lhe arrumaram uma roupa e levaram direto para uma sala de conferencias onde passou duas horas contando tudo o que viu para John Smith e uma serie de conselheiros sisudos, inclusive versilis. - Como vamos nos defender disso? É uma questão de tempo para que voltem a fabricar, se injetarem isso nas vimanas perdemos toda a frota. - Podemos alterar as vimanas e recolher os tecidos para baixo do fibrium, a questão é o que fazer com o osedax que podem espalhar no ar? Não temos uma solução Uma grande discussão aconteceu e todos falavam ao mesmo tempo. - Ei...EIIIII ela gritou.
Desatrix Jabard podia ser mais útil do que eles imaginavam
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- Um osedax responde a uma chave neural, se descobrem a chave neural em que carregam a toxina podem fechar a chave, o que abre pode ser fechado, pode ser criado um sistema de assinatura e reconhecimento para a chave, as naves vão saber quando o osedax com toxina chegar perto e podem ser destruídos.
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Todos olharam.
Ela olhava as plêiades pela linda visão da nave. - Obrigada Desatrix. Não esperava vê-la tão cedo. - Um dia de cada vez, ela disse sorrindo. - Um dia de cada vez, levantou a taça brindando a ela. Ele era muito bonito, alguém por quem ela se apaixonaria. Olhou nos seus olhos e chegou perto dele, a respiração dele era profunda, seus lábios atraentes e o cheiro da sua pele sedutor. Ele retribuiu o beijo quando ela tocou os seus lábios. Suas mãos vigorosas a puxaram para perto do seu corpo. Naquela noite Desatrix Jabard não acordou gritando de medo, dormiu pesadamente nos braços de John Smith, um homem que permanecia acordado pensando o que fazer para evitar o fim da humanidade.
- Quando recebeu isso Zulu? - Não passo as escutas que fazemos em Lorde Onmics para ninguém eu mesmo as decodifico. Ela tinha acabado de ouvir a ultima conversa de Lorde Onmics com o seu conselho. Ela não confiava em ninguém, e mesmo os versilis, depois dos últimos eventos, passaram a ser vigiados. - Esta preocupada Mei? - Não Zulu, estamos a três dias de eleger um homem que vai governar os destinos da humanidade, ele voa pela cabine de comando, faiscou como iluminação de natal, esta dormindo com uma delinquente e agora eu fico sabendo que ele pode a qualquer hora entrar na Proteus e sair para uma viagem espacial NO TEMPO! Descubro que nossos amigos versilis não estão nos contando tudo o que sabem e que nosso Lorde John pode não ser o que parece. Eu não estou preocupada Zulu, eu estou enlouquendo nessa cadeira. O que nós estamos entregando para a humanidade Zulu, será que podemos mesmo confiar em John ou ha mais nos versilis do que nos vimos ate agora?
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CONTINUA