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Lar “a pensar nas pessoas” é projeto da ADR Quinta de São Pedro
PROJETO CUSTARÁ QUATRO MILHÕES E ESTÁ À ESPERA DE APROVAÇÃO DO PARES
ADR Quinta de São Pedro quer criar uma nova visão de lar
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Estrutura residencial terá capacidade para 72 camas e serviço de apoio domiciliário para 60 pessoas, sendo comparticipado em 80 por cento caso seja validado para financiamento.
ANA SOFIA VARELA
Teresa Matos considera ser essencial criar condições e qualidade de vida aos mais idosos
// Ana Sofia Varela
Acandidatura que a Associação Desportiva Recreativa Centro Cultural Social (ADR - CCS) Quinta São Pedro fez ao programa Pares pode validar o projeto da entidade para a construção de uma Estrutura Residencial para Pessoas Idosas (ERPI) com serviço de apoio domiciliário.
A aprovação do financiamento em 80 por cento de um total de quatro milhões de euros, poderá lançar assim a associação num novo desafio onde pretende aplicar uma visão já existente, recolosofia, valorizando as pessoas, o bem-estar e a qualidade de vida. “Falámos com a Câmara Municipal de Lagoa, que nos tem incentivado a avançar com outras respostas sociais e, depois de muito ponderarmos, decidimos avançar com a candidatura. Passado todo este tempo entrámos numa ‘velocidade de cruzeiro’ que nos permite ter outra disponibilidade e ambição”, começa por explicar Teresa Matos, diretora de serviços e vice-presidente da Direção da ADR.
Assim, foi entregue para a candidatura um projeto, cujo estudo de viabilidade tinha sido camas e com a valência de serviço de apoio domiciliário para 60 pessoas. Com um investimento de quatro milhões de euros, se for aprovado será financiado a 80 por cento, devendo o restante montante contar com o apoio da Câmara Municipal.
Aumento da resposta no concelho
“Na instituição não temos recursos que nos permitam avançar com um projeto desta envergadura”, mas o incentivo da autarquia em avançar está ligado ao facto de ser necessário criar mais respostas sociais para os idosos. O município cedeu um terreno próximo da ADR por 50 anos, renovável por igual período, com 4455 metros quadrados, cuja escritura foi efetuada no dia 7 de outubro. Essa propriedade já tinha sido prometida há dez anos com este intuito, mas na altura a prioridade da ADR era certificar as respostas sociais existentes e não avançou com a candidatura ao programa Pares anterior.
“Agora é esperar que seja aprovado em Lisboa e isso já nos ultrapassa”, refere Teresa Matos, que acrescenta que “tem consciência, e não noção, que a construção de uma infraestrutura desta envergadura será uma epopeia”.
No início estava pensado um centro de dia, com espaços de convívio e atelier, uma vertente que acabou por cair para dar mais consistência à candidatura em prol da criação de mais 12 camas. O facto da esperança média de vida continuar a crescer e existir uma forte fatia da população idosa leva a que esta seja uma resposta essencial no concelho. Um dos objetivos, caso o projeto seja aprovado, será certificar logo a ERPI.
ADR como um todo
“Tanto a equipa que está comigo, como a administração, estão muito expetantes, e queremos que seja muito similar à ‘escolinha’, que é muito próxima da família. Nós costumamos dizer que não a substituímos, mas somos uma extensão dela”, afirma Teresa Matos.
Há também um conjunto de serviços que permitem facilitar a vida aos pais das crianças que frequentam esta creche, desde a disponibilização de fraldas, de produtos de higiene, o serviço de refeições em regime de ‘takeaway’. Uma das últimas novidades é o ‘Sweet Dreams’, que consiste na lavagem e passagem a ferro de lençóis. Pequenos gestos que vão ao encontro das necessidades das pessoas. “Quem trabalha na ADR são sobretudo mulheres e as nossas necessidades vão ao encontro das dos outros, portanto para nós é fácil arranjar as soluções. Acho que uma das características da nossa equipa é a empatia e o respeito que tem para com o cliente. E o que nós queremos fazer é levar esta filosofia e esta nossa maneira de estar para o projeto do lar”, revela.
Uma nova visão
“Aprendemos a cuidar dos filhos e agora queremos cuidar dos pais. E essa foi a maior motivação que arranjámos. Confesso que a terceira idade não era algo que me despertasse e sempre fui muito reticente, mas quando se faz uma introspeção tudo começa a fazer sentido. Efetivamente os nossos pais vão crescendo, envelhecendo e precisam que nós tomemos conta deles. É fácil interiorizar isto e as pessoas que têm família compreendem. Todo o projeto foi desenhado nesta dinâmica”, admite a responsável. Ou seja, sob a perspetiva do que gostariam de encontrar num lar.
Uma das ideias é que esta ERPI tenha um espaço arejado, com bastante luz, com um jardim interior, que permita visitas particulares, em vez de estarem numa sala comum com outros utentes, exemplifica. “Queremos também proporcionar visitas sem hora marcada ou a oportunidade de o idoso almoçar, tomar o pequeno-almoço ou lanchar com a família. Não se aplicará a todos, pois nem todos terão as mesmas faculdades, mas aqueles que as tiverem podem fazê-lo”, descreve Teresa Matos.
A outra vertente, a do serviço de apoio domiciliário está pensada para proporcionar uma vida saudável e qualidade de vida aos idosos. “Queremos que as pessoas não tenham que estar em casa isoladas do mundo e de todos. A ideia é que tenham uma equipa que sabem que vai a sua casa para proporcionar conforto, boa comida e bom tratamento. Com toda a certeza, iremos arranjar outro serviço de suporte, porque sei que há muitas equipas que, mediante o pagamento, chegam, deixam a comida e vão-se embora”, conta.
A associação pretende então que a pessoa possa estar o máximo de tempo possível na sua casa e que o lar seja encarado como um último recurso. “Caminhámos para aí. Os lares, cada vez mais, serão para as pessoas mais velhas, com patologias associadas ou demências, que já não podem cuidar de si próprias”, explica. A palavra chave deste projeto será ‘humanização’ e o lema bem poderá ser ‘fazer para os outros como se fosse para nós’. A experiência em gestão, recursos humanos já existe. Seja o projeto aprovado que o “resto virá por acréscimo”, finaliza a responsável.