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“PSD não pode gritar e espalhar papéis na semana antes das autárquicas”
É um dos mais reconhecidos militantes do PSD do Algarve. Fora da política ativa, fala do que conhece de Lagoa e dá algumas sugestões à concelhia do partido.
momento, o que faço são algumas consultarias, projetos de natureza social e projetos agrícolas em que estou envolvido. Não deixo de ter interesse pela política, que sigo com atenção, participo ativamente na área social, sou presidente de um centro social, dirigente nacional da Confederação das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS). Estas participações cívicas satisfazem-me. Agora, voltar à política ativa, é impensável. Já fiz a minha parte.
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Alagoas Brancas
O que mais e menos aprecia no concelho de Lagoa?
O milante social-democrata elogia o concelho, mas lamenta a polémica das Alagoas Brancas
// José Manuel Oliveira
Foi deputado, secretário de Estado do Ambiente e presidente de Câmara em Tavira e Faro. Aos 65 anos, Macário Correia não quer regressar à política, recusa mais cargos, mas mantém a sua participação cívica e, quando solicitado, dá conselhos ao seu partido. Sobre Lagoa, diz que a concelhia tem um longo trabalho pela frente para voltar ao poder e que deve ser iniciado já.
Como tem acompanhado a evolução do PSD de Lagoa?
Com preocupação. Acho que tem de mudar de página e escolher um rumo mais aliciante para a população. E tentar dar a volta no próximo mandato.
O que acha de um partido que esteve 28 anos no poder e somou maus resultados nas últimas duas eleições autárquicas?
Acho que têm de apostar em caras novas, revitalizar a estratégia e envolver-se mais com a população. As pessoas, nas eleições, votam naquele que acham que é o melhor para resolver os seus problemas. O PSD tem de conseguir explicar às pessoas que tem boas soluções para os problemas de cada bairro, de cada empresa, de cada família. Se não for capaz de convencer a população de que tem boas soluções, não terá votos. Os votos são um ato secreto numa cabina e a pessoa, no momento em que vai votar, fâ-lo de boa fé. E o PSD antes das eleições, muito antes da campanha eleitoral, que é uma gritaria com papéis, tem de apresentar verdadeiras e reais soluções às pessoas.
Não pode ir para o terreno nas vésperas das eleições…
O PSD não pode ir gritar e espalhar papéis na semana anterior às eleições. Tem de preparar com antecedência, fazer anos de trabalho, explicar que tem boas soluções e que é capaz de resolver os problemas das pessoas. Chegando a este estado de convencimento, de persuasão, então o eleitor, no dia em que vai votar, sabe onde pôr a cruz. Se não fizerem este trabalho de casa com antecedência, não haverá votantes.
Ainda mantém ligação e contacto com colegas do partido em Lagoa?
Mantenho contactos sociais, com gente de todo o lado e de vários partidos políticos, mas não vou citar nomes.
Mas costuma falar com companheiros do partido de Lagoa?
Os antigos presidentes e vereadores são pessoas das minhas relações, com quem me encontro, de tempos em tempos.
E o que pensa do socialista Luís Encarnação, atual presidente da Câmara?
Um pouco cinzento.
Como viu o facto de o ex-presidente do PS da Câmara Municipal de Lagoa, Francisco Martins, ter saído da autarquia e do partido e candidatar-se a seguir como independente nas eleições autárquicas?
Ainda não percebi tudo o que se passou. Quando ele saiu, pensei que era uma questão de saúde. E só isso. Tudo bem, com um sentido humano. Registo as palavras dele.
O que lhe disse?
Disse-me, e isso toca-me no fundo, que eu devia voltar, que eu fazia falta ao Algarve. Respondi-lhe que já não era o meu tempo, que era o dele. E pensei que ele estava com um problema de saúde, que o impedia de voltar. Ainda bem que não era saúde, eram outras questões. Mas voltar a concorrer nas circunstâncias em que concorreu, não o aconselharia a isso.
Deu-lhe algum conselho?
Ele não me pediu conselho, nem tinha de o fazer. Não aconselho nenhum presidente que sai, seja porque razão for, a voltar ao combate contra o seu sucessor, que é da mesma família política. Muitos fazem isso pelo país fora.
É equilibrado, bonito, numa zona litoral. Não tem as dificuldades da serra que outros municípios do Algarve sentem. É um concelho fácil de trabalhar e era bom que fosse bem gerido nos próximos anos. Tenho pena desta polémica das Alagoas Brancas, porque era perfeitamente desnecessário que tivesse havido divisão ao longo dos mandatos.
O PSD também tem a sua responsabilidade… Tem. A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve assobiou para o lado, outros serviços públicos
Admite regressar um dia à política ativa?
Não! Tenho 30 anos de vida política ativa, 24 horas por dia, desempenhei funções em todos os espaços do poder, desde o governo ao parlamento, a câmaras municipais, empresas públicas, privadas. Orgulho-me disso e de ter dado o meu contributo para aquilo que é o bem público e o espaço de afirmação coletiva. Neste também e a Câmara Municipal foi-se envolvendo em compromissos aos quais hoje dificilmente consegue recuar. E arrasa uma zona de Lagoa que seria importante para as gerações futuras.
O que falta em Lagoa, na sua opinião?
Serenidade e melhor ponderação nalgumas decisões, como esta das ‘Alagoas Brancas’.
LAGOENSE
MANTÉM