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LAGOA ANO XIV • Nº 93 • OUT E NOV 2020 •1€ DIRETOR RUI PIRES SANTOS . BIMESTRAL
Concurso Cidades do Vinho em novembro
DESDE 88/89 QUE OS DOIS CLUBES NÃO SE CRUZAVAM NA I LIGA
O regresso dos escaldantes dérbis algarvios ALBUFEIRA O impacto da covid-19 na capital do turismo
PORTIMÃO 85 milhões para habitações em 10 anos
LAGOS Autarquia investe na renovação do museu
Cantinho da Ciência
ESTE MÊS
Os negacionistas da COVID-19
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JOÃO LOURENÇO MONTEIRO BIÓLOGO
LAGOA
Concurso Cidades do Vinho de 26 a 29 de novembro
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CULTURA
Ideias do Levante assinala 25 anos com muita cultura
16 ECONOMIA
O impacto da pandemia no turismo da região
18 REPORTAGEM A paixão dos dérbis está de volta ao Algarve
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PORTIMÃO
Câmara Municipal avança com Estratégia Local de Habitação
O ano de 2020 ficará marcado como o ano da pandemia da covid-19 – a doença causada por um novo tipo de coronavírus, identificada no final do ano passado. Biólogos e médicos que se dedicam ao estudo e disseminação de vírus têm vindo a alertar nos últimos anos para o risco eminente de uma eventual pandemia. Fizeram-no com doenças como a SARS, a MERS e várias gripes (das aves e suína). O que foi diferente, desta vez, foi a rápida disseminação da doença, que ocorreu por estarem reunidas condições propícias: o seu ponto de origem (um país sobrepovoado) e a melhoria das condições sócio-económicas na China. Foi isto que que permitiu a mobilização rápida e descontrolada de objetos e pessoas contaminadas de uma área localizada para vários países em diferentes continentes, conferindo assim à doença um estatuto de pandemia. As medidas estabelecidas de combate à doença passam pelo distanciamento físico, o uso de máscara e a lavagem frequente de mãos com álcool-gel. Contudo, parece que não se está a conseguir abrandar o avanço da doença, com as subsequentes consequências a nível social e económico. Na data em que escrevo este texto assinala-se a triste notícia da morte de um milhão de pessoas a nível mundial, o que torna esta doença a 11ª causa de morte a nível global. Quando o ano terminar, os números serão ainda piores. Estamos perante uma patologia que é mais do que uma doença respiratória, deixando sequelas em diversos órgãos. No futuro estudar-se-á este período numa perspetiva científica, económica e social. Neste último aspeto será interessante analisar o papel que tiveram os negacionistas da COVID-19 na disseminação da doença. Por negacionistas desta patologia entendo todos aqueles que negam a sua existência, que menorizam os seus efeitos, que recusam as medidas de controlo sanitário, ou que promovem tratamentos alternativos ineficazes. O grande problema são as pessoas ou grupos que disseminam desinformação, principalmente pelas redes sociais digitais, como se tem visto a nível global – a desinformação é outra pandemia que afeta a nossa sociedade. Os cidadãos que não possuem literacia em saúde, e não têm competências para separar o trigo do joio, acabam por ser vítimas destes gurus, acabando por colocar involuntariamente em risco a sua saúde e a daqueles que lhes são próximos. Defendo que este problema só se resolve quando tais pessoas, ou grupos, forem responsabilizados pelos problemas causados.
Proprietário e Editor: PressRoma, Edição de Publ. Periódicas, Unip. Lda. Morada: Rua Dr. João António Silva Vieira, Urb. Vales, Lote 3, 3º Direito 8400-417 Lagoa NIF: 508134595 ALGARVE VIVO Diretor: Rui Pires Santos Redação: Ana Sofia Varela e Jorge Eusébio Colaboradores: Lélia Madeira, Miguel Santos e Vera Matias Proprietário e Editor: PressRoma, Fotografia: Eduardo Jacinto e Kátia Viola Projeto e Edição Gráfica: Sérgio Pratas da Costa Paginação: Vanessa Correia Sede da redação: Rua Dr. João António Silva Vieira, Urb. Vales, Lote 3, 3º Direito 8400-417 Lagoa Conselho de Administração: Rui Pires Santos Telefone: 967 823 648 E-mail: algarvevivo@gmail.com Nº do Depósito Legal: 260121/07 Nº de registo na ERC: 125192 Tiragem: 1500 exemplares Periodicidade: Bimestral Impressão: Litográfis - Artes Gráficas, Lda. – Pavilhão AA, VaLe Paraíso, 8200-567 Ferreiras (Albufeira) Estatuto Editorial: http://algarvevivo.pt/sobre-nos/
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OUTUBRO | NOVEMBRO 2020
PELOS ALGARVES D.R.
DISPONÍVEL EM PAPEL E EM DIGITAL
Guia pedestre mostra 51 rotas para descobrir Algarve D.R.
O novo Guia de Percursos Pedestres do Algarve, editado pelo Turismo do Algarve, propõe 47 ‘pequenas rotas’ (com menos de 30 km) e resumos de quatro caminhos de ‘grande rota’ (com mais de 30 km) existentes na região para aqueles que apreciam o contacto com a natureza ou gostam de caminhar ao ar livre por serras, bosques, dunas, falésias, lagos ou rios. É uma nova edição da publicação que leva à descoberta do vasto património natural e edificado do Algarve e da diversidade paisagística, cujas características especiais têm forte influência da proximidade ao Mar Mediterrâneo. Seja a desbravar caminhos de terra, troços empedrados ou passadiços de madeira, são muitas as sugestões para os caminhantes.
EM MONCHIQUE
Ryanair apoia plantação de árvores
Com 240 páginas, também disponíveis em formato digital, o guia é composto por um conjunto de conteúdos detalhados, onde sobressaem as imagens ilustrativas e os mapas indicativos. Há ainda informações úteis asso-
ciadas a cada percurso, como a distância total a percorrer, a duração média e as características, mas também a época aconselhada para fazer cada visita. O guia pode ser descarregado sem custos no site visitalgarve.pt
IDEIAS DO LEVANTE
ATÉ 14 DE NOVEMBRO
D.R.
‘Loulé Criativo’ propõe curso de empreita
O projeto ‘Loulé Criativo’, da Câmara Municipal, promove entre 10 de outubro e 14 de novembro um curso de empreita.
A Ryanair fez pelo segundo ano consecutivo um donativo de 250 mil euros para a renaturalização da serra de Monchique como parte da ‘Iniciativa para Compensar as Emissões de Carbono’, somando assim 500 mil euros em contribuições para o projeto. Esta verba, foi obtida através dos donativos dos passageiros, financiará a plantação de mais de 75 mil árvores destruídas pelos incêndios de 2018.
A formação, com uma duração de 42 horas, é constituída por seis módulos e tem como objetivo dotar os participantes
de conhecimentos que lhes permitam dominar a matéria-prima, os processos associados e a executar diversas peças recorrendo a várias técnicas. Os módulos serão ministrados pelas artesãs que integram a Casa da Empreita, em sessões com sete horas de duração, tendo lugar aos sábados, das 9h30 às 17h30, com uma hora de almoço, no Palácio Gama Lobo, em Loulé. Os interessados podem inscrever-se através do email loulecriativo@cm-loule.pt ou por telefone 289 400 829, até ao dia 1 de outubro.
Carla Pontes em recital de voz e acordeão A Ideias do Levante promove, em parceria com o Município de Lagoa, a 11 de outubro, no Convento de S. José, o recital de voz e acordeão ‘Zarzuelas, Malaguenas y Outras Danzas’, com Carla Pontes (soprano) e Gonçalo Pescada (acordeão). Serão interpretadas zarzuelas, milongas e outras danças, através de obras de Joaquim Rodrigo, Agustin Lara e Francisco Barbieri. O espetáculo é gratuito, mas tem uma lotação máxima de 28 lugares, requerendo o levantamento de um bilhete oferta.
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SAÚDE
DIRECIONADO PARA DOENTES ONCOLÓGICAS
Onncovida estreia-se em Lagos no ‘Outubro Rosa’
O curso pretende dar ferramentas às vítimas de cancro para que valorizem a identidade, imagem e o amor próprio. ANA SOFIA VARELA
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afaela Mendes resolveu iniciar o projeto Onncovida em Lagos para ajudar mulheres vítimas de cancro a se valorizarem e a se redescobrirem. A iniciativa toma forma com um curso de sete dias, a decorrer nos dias 19, 21, 23, 26, 28, 30 e 31 de outubro, entre as 19h30 e as 22h30, no Armazém Regimental, em frente à Praça do Infante. O objetivo é valorizar a autoimagem da mulher com cancro, oferecendo as ferramentas necessárias para melhorar o autoconhecimento, o amor próprio e a relação com o espelho, descreve Rafaela Mendes. “Temos um pilar que acompanha o projeto que é a parte de autoconhecimento e autoconsciência. Trabalhamos muito essa questão no curso com as pacientes e, a partir dessa ver-
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tente interna, vamos começar a abordar temas externos, como o corpo, a nível de estrutura e de linguagem. Vamos depois falar sobre o rosto, da mesma forma. Abordamos a estrutura, o formato e a linguagem que, no fundo é a comunicação não verbal. Depois passamos para o que nos veste e reveste. Quer o corpo, quer o rosto”, descreve a mentora do projeto. A ideia é desmontar por camadas, aprofundado diversas questões, até chegar ao que é ‘visível aos olhos no espelho’. O projeto já foi lançado no Brasil, onde Rafaela Mendes viveu durante oito anos e a ideia surgiu enquanto lá estava, depois de ter concluído um curso de consultadoria de valorização pessoal. “Queria fazer algo que tivesse impacto na vida da sociedade, algo que deixasse um marco, que faça a diferença”, defende.
Escolheu o cancro, pois é a ‘doença do século’. “Infelizmente há tantas pessoas a serem afetadas por a fragilidade e a delicadeza que esta doença provoca a nível de transformação da imagem que pensei que este seria o caminho”, explica ainda à Algarve Vivo. Foi no Brasil, num hospital público que visitou em Ribeirão Preto para realizar uma ação integrada no ‘Outubro Rosa’ que contactou com mulheres que estavam a efetuar os tratamento de quimioterapia. “Foi algo muito simples. Apenas fui lá conversar com elas, ensinar a amarrar os lenços na cabeça consoante o formato do rosto, a usar acessórios, colares e brincos que valorizem o rosto e apercebi-me que estas mulheres estavam muito sedentas de informação e de carinho, porque na doença elas são bombardeadas com coisas más, com as
consequências, com o que vão enfrentar”, conta. No entanto, apesar de ser sobre esta patologia, no curso o cancro não fará parte dos assuntos a abordar, exceto nas partilhas de experiências por parte das pacientes, pois a abordagem é o positivismo, a reflexão sobre elas próprias, usando jogos, dinâmicas e até pinturas. A Onncovida surge no sentido de perceber e florescer estas questões, para mostrar que não é pelo momento frágil que estão a viver que devem deixar de se sentir bem. Apesar de começar em Lagos e ainda não existir previsão de quando será realizado noutros concelhos, Rafaela Mendes, diz que a intenção é expandir o projeto a outras zonas do Algarve e até do país. Os interessados podem obter mais informações no facebook @amorrquetransforma.
BASTIDORES
e fazer de likes QÀuprocura a Paulo Morgado?
as movimenda vêm longe, mas ain as uic rq tá au As eleições is que muitas. partidos já são ma s do ior er int no tações quer e uma fação que por exemplo, exist a feist De . do rti No PS de Lagos, pa do a Matos nas listas voltar a ver Joaquin Câmara, mas como ta à presidência da ida nd ca mo co o nã ta, pal. Assembleia Munici nº1 da lista para a do, zer a Paulo Morga coloca é o que fa se e e qu qu o, a gã lem ór ob O pr e daquele cargo de president que se afeiçoou ao s 500 anos! exerce há para aí un ide o fenda que se conv uação, há quem de sit a r lve . ra so re ma ra Câ Pa para a ndo lugar da lista homem para o segu s e responsabilidade gam que os cargos , ale o, sim ud as nt da co s, ain , tro Ou e suficientes. Se qu do is ma a o sã que ele tem quiser continuar poentreter-se com a e qu o tã en al, lítica loc a um a te ida nd ca se ia. es junta de fregu
ito de ler u m a t s o g e u q a rc O auta
Eu é que sou o candidato Também no PSD de Portimão já se começou a pensar em quem será a pessoa indicada para tentar ganhar a Câmara. Joaquim Piscarreta e Isabel Soares, antigos presidentes das câmaras de, respetivamente, Lagoa e Silves, foram colocados num órgão consultivo do partido e são vistos como opções. Outros há que preferem o atual autarca de Monchique, Rui André, que atingiu o limite de mandatos naquele concelho. Mas o mais provável é que, mesmo que um deles venha a ser convidado, acabe por declinar a oferta por achar que não tem hipótese contra Isilda Gomes. Em face disso, a escolha final deverá recair num ambicioso militante local. O objetivo será ganhar visibilidade nestas eleições para ter reais hipóteses nas seguintes. Ou, então, para que o ‘sacrifício’ venha a ser pago com um lugar elegível na lista para o Parlamento.
jornais
sta tanto, tanto, jornal da terra. E go o ler a or ad e qu de Junta algarvio Há um presidente si. as notícias só para er er que parece qu deslocar à Câ, faz questão de se as od óm ra inc ho din s para casa… ou pa mações um boca nal, e leva-os todo jor do Quando saem infor s re pla em ex am muitos mara local, onde fic is os leia. ra que ninguém ma pa o, lix são o caixote do erdade de expres a que defende a lib at cr mo de o eir ad , de um verd Trata-se, claro está . e de opinião
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Volta ao Algar ve em Jantares
Presidente contrata filha para cantar… Numa freguesia de um concelho do barlavento algarvio, um dos presidentes de Junta decidiu contratar a filha este Verão e, de vez em quando, faz questão que ela participe noutros eventos a promover pela autarquia que dirige. O que já aconteceu por três vezes nos últimos anos. Ou a jovem é, realmente, uma grande cantora ou então é em desespero de causa que a contrata, por, desgraçadamente, não haver outros artistas de jeito na freguesia...
O presidente da República está a concluir uma Algarve em Jant autêntica Volta ares. ao Provavelmente para tentar ajud ar o nosso turis de Sousa veio mo, Marcelo Re até ao sul do pa belo ís, deu uns mer para a mesa co gulhos na prai m os presiden a e foi tes de Câmara. Parece ter gost ado da experiê ncia e voltou pa agora noutro co ra repetir a dose ncelho, o que nã , mas o foi grande id eia. É que, a partir daí, teve de pr ometer ir a to para que nenh dos os 16 mun um autarca fic icípios, asse amuado. Quando voltar a Lisboa, segu ramente que a primeira coisa que vai fazer é telefonar a An tónio Costa, a pedir-lhe mais dinhei ro. É que, como foi ele que pagou todos os jantares e há presiden tes de Câmara algarvio s que são bons garfos, o rombo no Orçamento da Presidência da Re pública não deve te r sido pequeno...
Socialistas em estado de choque A notícia da saída de Jamila Madeira da Secretaria de Estado da Saúde deixou grande parte dos socialistas da região em estado de choque. A até agora adorada ministra Marta Temido transformou-se em persona non grata entre a malta ‘rosa’ cá do burgo. Mas também António Costa, que não a impediu de atirar a algarvia borda fora do Governo, deve ter sentido, nos últimos tempos, as orelhas a arder mais do que é hábito. Para se vingar desta afronta à região, há quem defenda que os socialistas algarvios passem a disparar forte e feio sobre o que entendem ser a falta de investimento na saúde algarvia… desde que Jamila saiu do executivo, claro. A coisa está de tal forma que, inclusivamente, surgem vozes a exigir aos deputados algarvios do partido que votem a favor da próxima moção que o social-democrata Cristóvão Norte apresentar no Parlamento.
Estórias, rumores e boatos do nosso Algarve
OUTUBRO | NOVEMBRO 2020
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GASTRONOMIA PONTO DE PARAGEM PARA APRECIADORES DE COCKTAILS
Paulo Ramos lança ‘Medronho Academy’
Com uma longa carreira, o barman junta-se ao empresário André Oliveira para avançar com um novo projeto nas Caldas de Monchique. FOTOS: KÁTIA VIOLA
O experiente barman vai investir num projeto inovador nas Caldas de Monchique
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OUTUBRO | NOVEMBRO 2020
ANA SOFIA VARELA
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barman e responsável pela Cocktail Academy Portugal by Paulo Ramos quer abraçar um novo desafio relacionado com um produto endógeno do Algarve. A meio da subida da Serra de Monchique, junto às Caldas, abrirá o espaço ‘Medronho Academy’, direcionado para quem queira experimentar alternativas de cocktails com esta bebida. A intenção do profissional é inovar a aguardente de medronho, combinando-a com ingredientes locais, para criar novos sabores servidos num copo de cocktail, acompanhados por muito entretenimento. “A Academia do Medronho será num espaço que existe junto ao miradouro das Caldas de Monchique, que está abandonado. Foi uma pizzaria, mas nós vamos tentar fazer algo diferente e trabalhar para os locais e para os estrangeiros”, explica à Algarve Vivo. Chamar-se-á ‘Medronho Academy Restaurante Show Na Boca do Lobo’. Este investimento surge, pois, Paulo Ramos é um dos grandes nomes deste setor do ‘bartending’, tendo um currículo internacional com passagem por diversas cidades do mundo. “A minha atividade principal é esta. Sou responsável pela ‘Cocktail Academy Portugal by Paulo Ramos’, um projeto cria-
do há 20 anos, mas sou barman profissional desde 1981”, refere. Paulo Ramos iniciou-se na profissão em Carvoeiro, mas depois a maioria da sua carreira foi passada ‘lá fora’ em locais como Inglaterra, Itália, Estados Unidos da América, Dubai, Xangai, China, Hong Kong, Tóquio, New York. Já trabalhou para grandes marcas como a Bacardi ou a Redbull, sendo que hoje a sua experiência é uma mais valia. Ainda no seu percurso destaca-se a abertura de uma escola em Itália, em 1995, e foi cinco anos depois que abriu a ‘Cocktail Academy Portugal by Paulo Ramos’, através da qual já formou centenas de profissionais nesta área específica de bar. Nesta atividade desenvolve ainda consultadoria, tendo colaborado com o grupo Tivoli e com a Associação de Barmen do Algarve, exemplifica. A Academia de Cocktails by Paulo Ramos está sediada em Lisboa, mas tem uma filial no Porto e também no Algarve. “No porto foi desenvolvida uma consultadoria para uma empresa de vinho do porto, com a criação de formação e de um espaço ‘lounge cocktails’ com vinho do porto”, descreve. Nas Caldas de Monchique quer instalar um projeto que tem como base o do Porto. Só que será o medronho a tomar destaque. “O projeto que fiz no Porto, parte de um desafio, que antecipei há uns dez anos, que era criar cocktails com Vinho do Porto. Como tenho raízes algarvias, comecei a pensar que tinha que fazer algo cá diferente, mas que fosse ao encontro daquilo que faço. Olhei para a Serra, para o medronho e comecei a pensar que se pode fazer 1001 coisas diferentes, como o medronho com o chocolate ou em sorvete. E, de repente, surgiu a ideia de fazer a Medronho Academy, com bebidas alternativas e uma skylounge com vista para
Portimão”, descreve. Terá uma garrafeira com a aguardente deste fruto, de origem local, mas também de outros pontos do mundo. “A minha ideia é fazer também uma fusão com a alimentação, e é muito natural que o espaço se transforme também num restaurante. Já temos essa vertente prevista e, para isso, terei como parceiro o André Oliveira, um amigo de longa data, natural de Monchique, com experiência em catering e organização de eventos”, avança ainda Paulo Ramos. O espaço terá ainda uma pequena loja para venda de produtos típicos como artesanato e souvenir, garrafas de medronho em miniatura, pequenos copos ou o fruto embalado a vácuo. A vertente de entretenimento será outra das grandes apostas de Paulo Ramos. É, aliás, uma das características que o distingue e que se baseia nas experiências que viveu, sobretudo nos Estados Unidos da América. “No início da década de 80 do século XX vinha de férias com os meus pais para Carvoeiro. Vivíamos em Lisboa. Nessa altura, comecei a trabalhar nas piscinas na Rocha Brava e foi onde conheci o André Oliveira e Nuno Diogo, proprietário do Bon Bon, com quem estive a colaborar este Verão. Eles trabalhavam no restaurante. Entretanto, abriu um restaurante em Carvoeiro, que era propriedade de uns americanos e eu fui trabalhar para lá, comecei a ajudar na cozinha. Estive lá seis anos, até ir para a tropa e, entretanto, passei para a parte de bar. Mas era algo muito alternativo para a altura em relação ao que existia”, revela. O barman vestia umas calças verde alface, uma blusa azul turquesa e um papillon, fugindo ao traje tradicional preto e branco de outros espaços de bar e restauração. “Era um ambiente diferente,
O medronho dará mote a novas criações de cocktails alternativos
assim como a música e o estilo. Eles eram americanos, naturais de Nova Iorque, e eu só entendi isso 20 anos depois quando lá estive”, conta Paulo Ramos. Ou seja, não passa apenas por servir o cocktail, passa pela apresentação, pelo show, pela maneira de vestir. É um pouco esse conceito que Paulo Ramos quer colocar na subida da Serra. “Na América temos sempre uma parte lúdica e de entretenimento. Na Medronho Academy, o interior terá que ter também algo para atrair as pessoas. Será voltado para as destilarias, teremos artefactos relacionados com esta tradição. Quero ver se consigo por lá um alambique, não para a destilação, mas para que fique no centro da sala, para que seja uma atração visual e que crie um ambiente acolhedor, caseiro. Isso agrada a todos, aos locais e aos estrangeiros”, aponta. É por esta razão que Paulo Ramos não se quer ficar apenas por servir os cocktails e refeições. Tem na mente a realização de uma rota que mostre a apanha do medronho, em que possa
participar um grupo de clientes, ou na altura da destila uma rota das destilarias para que acompanhem todo o processo. Outras das notas que refere como de importância é a desmistificação do medronho como bebida de alto teor alcoólico. “As pessoas associam-no aos shots, mas pode haver combinações com sumos, alternativas diferentes como a tangerina, a laranja, o marmelo. Temos de desmultiplicar o medronho em várias vertentes. Isso acompanhará com a alimentação rústica e regional, típica, como tábuas de enchidos, o cozido de Monchique, o chouriço assado à mesa”, refere. Outra das vertentes importantes será a realização de workshops, numa vertente mais ‘light’, mais orientados para o consumidor, para que possam replicar em casa. Quer, numa segunda fase, ter também formações direcionadas para profissionais de bar, restauração e hotelaria. Para já, Paulo Ramos diz que a abertura está para breve, tendo já começado a ultimar alguns pormenores.
OUTUBRO | NOVEMBRO 2020
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LAGOA PATENTE ATÉ 28 DE NOVEMBRO
Exposição ‘Expressões da Cor’ no Convento de São José D.R.
Artista plástica autodidata Ana Sota apresenta a sua arte.
Convento de S. José, em Lagoa, tem patente até 28 de novembro a exposição ‘Expressões da Cor’ de Ana Sota. A mostra da artista, autodidata, apresenta obras de arte em acrílico sobre tela e vários tipos de madeira e MDF. Sempre com muita cor, procura misturar o brilhante e o opaco num jogo em que utiliza ainda cores fortes, sem esquecer também o monocromático,
procurando desta forma criar um universo simples e brilhante que desperte no público diferentes emoções. A entrada é gratuita e a mostra poderá ser visitada de terça-feira a sábado nos períodos compreendidos entre as 9h00 e as 12h30 e entre as 14h00 e as 17h30. A exposição realiza-se cumprindo com todas as normas de segurança e higiene, com lotação limitada e de acordo com as normas da Direção-Geral da Saúde e planos de contingência criados para o efeito. De salientar ainda a obrigatoriedade do uso de máscara.
paisagens, procuro a composição, com as variações da luz e do clima. Um dia cinzento, de tempestade e de chuva é, muitas vezes, mais interessante do que somente um céu azul.” A mostra é de entrada livre e
poderá ser visitada de segunda a sexta-feira, das 9h00 às 12h30 e das 14h00 às 17h30. A exposição realiza-se cumprindo com todas as normas de segurança e higiene, com lotação limitada e de acordo com as normas da DGS.
O A artista mistura o brilhante e o opaco num jogo de cores fortes
DIFERENTES PAISAGENS COMPÕEM A MOSTRA
‘Faces da Natureza’ na Escola de Artes A Galeria Manuela Vale, na Escola de Artes Mestre Fernando Rodrigues, em Lagoa, está a apresentar a exposição de fotografia ‘The Faces of Nature - As Faces da Natureza’, de Ralph Torgardh. A viver em Portugal há mais
de quatro anos, Ralph Torgardh convida a desfrutar das diferentes paisagens que retratou, procurando transmitir ao público as mesmas sensações que experienciou ao fotografá-las. Segundo o autor “como um fotógrafo de
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Lagoa Convento de S. José 26 – 29 novembro 2020
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OBRAS DE REQUALIFICAÇÃO COLOCAM ESTRUTURA ENTRE AS MELHORES
Estádio da Bela Vista melhora pista de atletismo CM LAGOA
Rampas de treino aumentam qualidade do recinto para a prática desta modalidade.
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Câmara Municipal de Lagoa vai lançar até à Primavera de 2021 obras de renovação da pista de atletismo do Estádio da Bela Vista, no Parchal, com o objetivo de colocar este equipamento entre os melhores para a prática desportiva. “Vamos acrescentar uma nova valência, as rampas de treino, que vão tornar esta pista numa das melhores do nosso país”, afirma Luís Encarnação, presidente da Câmara de Lagoa, ao anunciar o lançamento da obra. Além das três rampas de treino, dotadas de diferentes níveis de inclinação, que conferem diferenciação a este equi-
A intervenção ascende aos 600 mil euros
pamento, a pista vai também receber um novo piso. Estão ainda previstos arranjos exteriores de baixa manutenção, recorrendo para isso a relva artificial.
Após uma década de intensa utilização, o Município de Lagoa prevê que as obras no Estádio Municipal da Bela Vista possam começar antes da Primavera de 2021. Sendo
o prazo de execução de 180 dias, a autarquia espera que as obras fiquem concluídas até final do próximo ano. O valor definido para requalificação é de 602.668,00€.
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PROCESSO CONCLUÍDO ATÉ FINAL DE 2021
Lagoa vai ter Polícia Municipal O concelho de Lagoa deverá ter Polícia Municipal até final de 2021 ou início de 2022. A decisão de avançar com o processo já foi tomada por unanimidade em reunião de Câmara a 25 de agosto, e a elaboração de um regulamento para o funcionamento desta força de segurança é o primeiro passo. “A necessidade de adequar os recursos aos desafios e res-
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ponsabilidades do Município nas áreas da fiscalização em matérias como a proteção do ambiente, estabelecimentos comerciais, ocupação de espaço público, trânsito e estacionamento, publicidade, acompanhamento de eventos desportivos e culturais, sem esquecer a vertente pedagógica numa lógica de proximidade ao cidadão” está na base da propos-
ta apresentada por Luís Encarnação. Com a criação desta estrutura, o concelho passará a dispor de um corpo de 24 agentes acrescido de um subcomandante e um comandante da polícia, a quem caberá “a missão prioritária de fiscalizar, em toda área do concelho, o cumprimento das leis e regulamentos em vigor”.
DE 26 A 29 DE NOVEMBRO
Concurso Cidades do Vinho em Lagoa Convento de S. José é o cenário.
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ais de 500 vinhos portugueses vão estar em competição em Lagoa, de 26 a 29 de novembro, para o Concurso Cidades do Vinho, promovido pela Associação dos Municípios Produtores de Vinhos (AMPV) e pelas Rotas do Vinho de Portugal (ARVP), e integrado no Concurso Europeu Città del Vino. A primeira edição do Concurso Cidades do Vinho dará um contributo importante para “a promoção dos vinhos associados ao território e para a afirmação de um setor tão fundamental para o país e da cultura associada ao vinho, que está tão viva e presente e que é transversal a todo o território nacional”, defende a AMVP. O evento conta com uma comissão de honra presidida por Vasco d’Avillez e é constituída por 88 presidentes de Câmara e 30 entidades ligadas ao setor do “vinho, território e turismo”. Tem ainda uma comissão técnica científica, presidida pelo investigador António Sérgio Curvelo Garcia, sendo o júri do concurso liderado por António Ventura. Haverá um dia dedicado aos vinhos algarvios. As inscrições de vinho podem ser feitas até 16 de outubro em concursocidadesdovinho.pt No dia do anúncio de que Lagoa era a cidade escolhida para
a realização do concurso, Luís Encarnação, presidente da Câmara Municipal, mostrou enorme satisfação. “Respondemos ao convite para a candidatura e hoje estamos muito felizes por termos sido contemplados com esta responsabilidade, ao que parece de modo unânime. É mais uma forma de continuarmos a afirmar o concelho enquanto território de vinhos, naquele que é um produto que faz parte da nossa identidade”, afirmou, em agosto. José Arruda, secretário geral da AMVP, destacou na altura que “as regiões do país estão a trabalhar muito bem e há vinhos muito bons. O Algarve
e os Açores eram regiões que produziam menos, mas, entretanto, deram um salto enorme em termos de qualidade, sendo hoje regiões muito interessantes e diferentes. Tem sido uma batalha da Câmara de Lagoa há muitos anos, inclusive quando em 2016 foi ‘Cidade do Vinho’, e o grande objetivo foi trazer a temática para a atualidade de novo”, referiu.
C a n d i d at u r a s Inscrições de vinhos até 16 de outubro de 2020 em concursocidadesdovinho.pt
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CINECLUBE É NOVO PROJETO DA ASSOCIAÇÃO SEDIADA EM LAGOA KÁTIA VIOLA
Ideias do Levante assinala 25 anos com muita cultura ANA SOFIA VARELA
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oberto Estorninho, presidente da Direção, é um dos rostos da Ideias do Levante e explica como a cultura tem um papel fundamental na sociedade, quais os projetos criados e as dificuldades sentidas. O que mudou na cultura em La-
goa nestes 25 anos? Resumir 25 anos em poucas palavras poderá passar por um cultivar apoiado num maior investimento na variedade, quantidade e qualidade, aos níveis da planificação, condições, promoção e produção, projeção, equipamento, recursos humanos e público. Surgiram, ao longo destes anos, projetos que foram concedendo uma identidade cultural a Lagoa. Têm sur-
Situação financeira foi abalada A nível financeiro, a pandemia provocou um abalo nas contas da associação, o que levou a Direção a redefinir a gestão de apoios, necessidades, motivações e prioridades. Foi, contudo, graças ao apoio das autarquias locais, sócios, colaboradores e outras entidades da sociedade civil que a associação conseguiu superar obstáculos. “Gostaria de saudar todos os que apoiam e depositam confiança nesta e noutras associações, assim como aqueles que são amadores ou profissionais da cultura”, conclui Roberto Estorninho. “É graças ao talento, profissionalismo e empenho de quem colabora connosco, que a associação se define e evolui, seja através do trabalho dos professores, formadores, coreógrafos, maestros, compositores, encenadores, escritores, músicos, bailarinos, atores, gestores, facilitadores, cozinheiros, técnicos de luz e som, administrativos, pessoal da manutenção e limpeza, seja através da colaboração de quem nos acompanha, apoia, promove e patrocina”, conclui.
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gido mais oportunidades e, com elas, mais agentes culturais têm desenvolvido atividade no concelho. A implementação dos anos temáticos pelo Município de Lagoa, a nosso ver, tem feito surgir mais ideias, projetos, participação, integração e inclusão. E qual tem sido o papel da Ideias do Levante nessa mudança? Por ser uma associação cultural, uma entidade independente e um meio para a manifestação de cidadania ativa, é capaz de criar projetos, individualmente ou em conjunto, que colmatem necessidades culturais e artísticas. Além de produtores e promotores, assumimos o papel de formadores de público e indivíduos. Temos chegado a pessoas de diversas nacionalidades e a Ideias do Levante, como coletividade que também emancipa o papel do cidadão nas atividades culturais, contribui para a dinamização da sociedade. A associação celebra 25 anos. Qual o balanço que faz? É um balanço de expressa gratidão por cada momento criado e concretizado. A associação foi
fundada a 27 de abril de 1995 e trouxemos gradualmente um ‘levante’ de ideias. A muita vontade de concretizar traduziu-se, ao longo dos anos, num constante desassossego. Com um currículo próspero e reconhecido no panorama local, regional, nacional e internacional, realizámos mais de duas mil iniciativas, onde constam centenas de espetáculos, formações, apontamentos. Fomos considerados uma ‘associação modelo’ por entidades que enalteceram e reconheceram o trabalho artístico, social e comunitário, aliado a uma gestão proactiva e multidisciplinar. Através da internet e redes sociais temos chegado a públicos distantes. Quais são as principais dificuldades que a Ideias do Levante atravessa? De modo geral, encaramos a maior parte dos entraves como oportunidades e desafios à criatividade e engenho. Apesar de dispormos de instalações cedidas pela Câmara Municipal de Lagoa, a falta de um espaço físico, com uma maior área, continua a gerar dificuldades para criar e gerir aulas, ensaios de
“A cultura não pode ser vista como uma despesa, mas como um investimento, porque é um pilar para o bem-estar de uma sociedade, uma fonte de conhecimento, de aprendizagem, de coesão social e desenvolvimento de um território”
grupo e conjunto, com um maior número de participantes. Com a pandemia, esta dificuldade acentuou-se, pois as salas que dispomos a tempo inteiro são pequenas e a única com uma área adequada é no Centro de Estudos e Formação de Lagoa, fruto de uma cedência anual e renovável. É repartida com várias instituições, o que nos limita, a nível de horários e de atividades. Somos, contudo, gratos pelo que nos é permitido utilizar e trabalhamos com o que temos.
Há projetos pensados para o futuro? Além de consolidar os que estão em curso, pretendemos trazer um conjunto de iniciativas quer online, quer presencial. Para 2021, ponderamos a realização de alguns projetos em parceria com entidades locais ou de outros pontos do Algarve. Somos, de momento, a única associação portuguesa na rede cultural europeia ‘AMATEO’, onde, através da qual, temos vindo a trocar experiências. Um dos que avançará é o Cineclube de Lagoa? Será um retomar de uma atividade que dinamizávamos inter-
Projetos e eventos mais relevantes da Ideias do Levante A associação produz e promove eventos em áreas como a música, a dança, o teatro, o cinema e a fotografia. Tem núcleos relacionados com as artes plásticas, a literatura, o marketing local e regional e o bioLevante - yoga, pilates, terapias, alimentação vegan e vegetariana. Além da formação, recitais e peças de teatro, destaca-se pela promoção da Semana Coral de Lagoa, o Festival de Dança de Lagoa LEVANTARTE, A Magia das 1001 Noites, a Noite de Ópera, o Opera Rocks, o Concerto de Natal do Coral Ideias do Levante, os Concertos Dell’Acqua e os Class’Ic!. Em 2020, foram novidades o projeto (as)simetrias, bem como os concursos ‘Lagoa pelos nossos Olhos’ (fotografia) e ‘Poetas de Lagoa’ (literário).
namente. Estamos numa fase de experimentação e de conversação com outros cineclubes do Algarve, para aprender e, quem sabe, trabalhar em conjunto no futuro. Entretanto, já temos previsto um calendário para este ano e estamos a disponibilizar, na página do facebook do Cineclube de Lagoa, alguns títulos de cinema. Ponderamos organizar ações de formação, concursos, mostras de curtas, documentários, apresentações e projeções no exterior. Também têm iniciativas para os mais novos? D.R.
Música, dança, teatro, cinema e fotografia são as áreas valorizadas pela associação
Durante muitos anos, as atividades destinavam-se, quase exclusivamente, a adultos e jovens com mais de 16 anos. A convite da Câmara Municipal dinamizámos, por alguns anos, atividades extracurriculares nas escolas do concelho. A partir de 2011, passámos a dispor de um leque de ações para os mais novos, como são exemplo as aulas de instrumentos – piano, guitarra e sopros–, de teatro infantil e de artes plásticas – pintura e desenho. Também realizamos workshops de teatro, música, cinema e fotografia. Como vê o papel da cultura num concelho como Lagoa? É essencial e estratégico. A cultura não pode ser vista como uma despesa, mas como um investimento, porque é um pilar para o bem-estar de uma sociedade, uma fonte de conhecimento, de aprendizagem, de coesão social e desenvolvimento de um território. Usos, costumes, artes, crenças, história e quotidiano atual fazem também parte da cultura de um povo e devem ser preservados, estudados, promovidos e enaltecidos para que nunca se perca o reconhecimento desta consciência da singularidade do coletivo.
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ECONOMIA O IMPACTO DA PANDEMIA NA CIDADE MAIS TURÍSTICA DO ALGARVE
Silêncio fora de tempo Este ano, a época baixa chegou bem mais cedo ao centro histórico de Albufeira. Quando a Algarve Vivo lá foi em reportagem, ainda era Verão. Mas era só mesmo no calendário, porque tudo nos fazia lembrar o Inverno: muitos estabelecimentos fechados e poucas pessoas nas ruas. FOTOS: KÁTIA VIOLA
Uma Albufeira sem turistas em setembro e os negócios em risco
LÉLIA MADEIRA
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stávamos no final de setembro quando realizamos esta reportagem em Albufeira. O dia estava chuvoso. Noutros anos, talvez deduzíssemos que esse seria o motivo para andarem tão poucas pessoas no centro histórico da cidade mais turística do Algarve. Em 2020, imediatamente associamos a escassez de movimento à covid-19. Num dia cinzento e com muitas dúvidas a assolarem os
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comerciantes, não foi fácil recolher depoimentos e reações ao período difícil que atravessamos. Alguns empresários disseram-nos taxativamente que não queriam falar sobre o assunto, outros responderam “vocês já sabem como é que isto está, isto está péssimo” e resistiram a entrar em pormenores. Foi à porta da ‘Óptica Graça’, onde trabalha há 34 anos, que encontrámos Lurdes Silva. Não tinha clientes para atender e notou-se que ficou um pouco desiludida quando lhe explicámos ao que íamos. Ainda assim, aceitou responder às nossas perguntas.
A reabertura da loja aconteceu no dia 6 de julho, depois de ter estado mais de três meses fechada. Lurdes diz que, desde então, têm trabalhado, “mas não se compara com os outros anos”. Isso fica a dever-se em grande medida ao facto de Portugal Continental ter sido excluído do corredor aéreo do Reino Unido. Só entre os dias 20 de agosto e 12 de setembro é que o território nacional foi considerado um destino seguro. “Sentimos muita falta dos turistas britânicos. Tivemos mais turistas nacionais, mas sentimos que tinham pouco
poder de compra comparativamente com os britânicos”. A lojista estima que a quebra nas vendas terá sido superior a 50%. Quanto ao futuro não tem perspetivas, preferindo dizer que “isto é um dia de cada vez, vamos ver como é que isto vai dar a volta”. No momento em que nos despedimos, Lurdes começa a desabafar sobre as transformações a que tem assistido, ultimamente, no centro histórico de Albufeira. “As lojas vão fechando e vamos tendo cada vez menos pessoas na baixa”, lamenta, dando como exemplo um dos restaurantes mais antigos da zona. “‘O Bailote’ não abriu, só vai abrir em 2021. Ao lado, havia uma casa de jogos e um restaurante-bar onde se concentravam as pessoas. Era uma espécie de ponto de encontro”, recorda. Mais um desafio Natércia Esteves, proprietária da Serra&Cia., faz a sua vida profissional no centro histórico de Albufeira há muito menos tempo do que Lurdes, mas também já passou por algumas adversidades. A loja abriu em 2015, precisamente no ano em que houve uma grande inundação. Passados cinco anos, é confrontada com mais um desafio. “Está a ser mesmo muito mau. Tive uma quebra de 85 a 90% na faturação”. “A redução do número de turistas britâni-
cos influenciou muito, porque os visitantes nacionais pouco compram nestas lojas de artesanato”. Nos meses de julho e agosto, “havia muitas pessoas nas ruas, sem dúvida alguma, mas não compravam”. Até ao dia em que falámos com Natércia, a empresária ainda não tinha visto aprovada nenhuma das ajudas que solicitou. “O apoio da Segurança Social veio recusado, por não preencher o quadro de exigências. Fiz a reclamação em julho e, até agora, nada. Recorri à primeira fase do Fundo de Apoio Empresarial e Associativo da Câmara de Albufeira, mas foi recusado por ter o domicílio fiscal noutro concelho. Recorri novamente à segunda fase, mas ainda não obtive resposta”, acrescenta. Natércia pensa fechar a loja só nos meses de janeiro e fevereiro, como sempre fez. Diz que “vai continuar aberta enquanto houver pessoas. Tenho sempre aquela esperança de que hoje vai ser melhor do que ontem e às vezes vou a zeros para casa. É frustrante”. Apesar de viver dias de desalento, a empresária não baixa os braços e está a aproveitar este período de menos trabalho para criar uma loja online, pois tem “consciência de que há cada vez mais pessoas a comprar na internet”. Tatuadores mais tarde Quase todos os negócios foram forçados a reinventar-se e a fazer adaptações, nos últimos tempos. No entanto, no ramo das tatuagens, “a única coisa que há de diferente são as máscaras, porque as práticas de higiene e esterilização de material são as mesmas”. Por isso, João Vieira diz sentir-se “injustiçado” por terem sido dos últimos a poder abrir por lei. “Nem vou falar de
quebras porque foram muito acentuadas. Mesmo eu estando fechado por lei, as rendas não me foram perdoadas. Estivemos a trabalhar este ‘mini Verão’ para pagar dívidas que contraímos sem querer. Agora voltamos à estaca zero, porque isto caiu tudo outra vez”. João considera que seria “diferente se não tivéssemos sido excluídos do corredor aéreo do Reino Unido. Tenho clientes estrangeiros, especialmente britânicos, que marcam as férias contando vir à minha loja fazer uma tatuagem”. Tatuador há 25 anos, João já teve lojas em Quarteira e Faro. Há 11 anos, abriu a ‘Lucky 13’ no centro histórico de Albufeira precisamente por ser uma zona turística. Estava a preparar-se para abrir uma nova loja, no Luxemburgo, em abril, mas teve de pôr esse projeto em pausa, devido à pandemia. Agora, decidiu retomar. Vai levar a sua arte para “outro sítio, para sobreviver e manter a integridade”. “Vou passar a fazer descontos lá fora e não cá”, porque “o único apoio que tive do meu país durante este tempo foram 92,60 euros por mês da Segurança Social”, desabafa. João não receia dizer o que espera do futuro. Antevê “um embate muito grande, especialmente no Algarve”. Na realidade, este futuro já está bem presente. “Quando estaciono o meu carro aqui na baixa e vou passando pelos restaurantes, noto muita tristeza. Há um grande silêncio!”. Redução de funcionários Fernando Rosa, por seu lado, diz que não vai “lá em baixo há mais de um mês”. “Até tenho pena de lá ir!”, diz. É natural que passe algum tempo sem ir ao centro histórico, visto que é gerente da pastelaria ‘Riviera’, que se situa noutra zona da cidade, mais
Lurdes Silva queixa-se da falta de turistas britânicos
Os espaços de tatuagem lamentam o facto de terem sido os últimos a reabrir
concretamente perto da Câmara Municipal e do Tribunal. Naquele estabelecimento, que conta já com 28 anos de existência, a pandemia não teve um impacto tão acentuado. Dada a localização, costumam ter mais clientes portugueses do que estrangeiros, “mas a ausência de turistas britânicos acabou por afetar um pouco, porque muitos vinham cá tomar o pequeno-almoço”, refere. Antes do estado de emergência, a ‘Rivieira’ tinha 57 funcionários. Agora são 44. Quanto à faturação, a quebra foi de 20%, mas “se tivéssemos todas as mesas disponí-
veis, se calhar, seria igual ao ano passado”, aponta o responsável. Além de menos mesas disponíveis, têm também menos diversidade de produtos. “Reduzimos a oferta para facilitar o serviço da cozinha”, explica. Fernando espera que, no Inverno, a cidade receba a visita de portugueses e de alguns estrangeiros, pelo que descarta a ideia de fechar nesses meses. Nunca o fazem e só tomarão essa decisão, “se houver realmente uma grande quebra e que não compense mesmo abrir”, concluindo que “se, algum dia, a ‘Rivieira’ tiver que fechar, todos à nossa volta fecham”.
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REPORTAGEM PORTIMONENSE E FARENSE COABITAM NA I LIGA, 32 ANOS DEPOIS DA ÚLTIMA PRESENÇA CONJUNTA
A paixão dos dérbis está de volta ao Algarve
Garantir a permanência é o natural objetivo dos dois emblemas, que, porém, querem consolidar um estatuto que lhes permita, a médio prazo, olhar mais para cima.
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FOTOS: D.R.
HÉLIO NASCIMENTO
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eve apontar já no seu calendário: dia 3 de janeiro há dérbi algarvio! A jornada 12 da I Liga coloca frente a frente Portimonense e Farense, 32 anos depois de as duas equipas se terem defrontado na então denominada I Divisão. O que à partida parece de reduzida importância, ganha aspeto de maior relevo se acrescentarmos que em mais de 80 anos – 88 para ser mais preciso – de futebol português apenas por 11 vezes dois clubes do Algarve mediram forças no principal escalão. E neste século, note-se, é a segunda ocasião em que coabitam, depois de Olhanense e Portimonense o terem feito em 2010/11. A história destes dérbis remonta ao longínquo ano de 1947, então com o Lusitano de Vila Real de Santo António, hoje no Distrital, a fazer papel de intruso, numa altura em que o Olhanense era o “rei dos Algarves” (ver quadros). Memórias à parte, o currículo dos principais emblemas da região regista aparições esporádicas e outras que, embora mais prolongadas, acabaram por se esbater no tempo. Daí que a presença de Farense e Portimonense no campeonato que há pouco começou tenha um sabor deveras especial. Mais do que a rivalidade, que é sadia, saúde-se o assi-
A subida à I Liga foi o corolário de um trajeto ascendente do Farense
nalar das duas cidades no grande mapa do futebol nacional. O Portimonense vai na quarta época consecutiva entre os grandes, muito embora tenha
e incumprimentos, importa relevar o trabalho da SAD, visível nas diversas infraestruturas recentemente criadas e de que é bom exemplo o facto de o relva-
A história destes dérbis remonta ao longínquo ano de 1947, então com o Lusitano de Vila Real de Santo António, hoje no Distrital, a fazer papel de intruso, numa altura em que o Olhanense era o “rei dos Algarves”. beneficiado, esta temporada, da desclassificação do Vitória de Setúbal. Numa era em que o desporto-rei não se limita a ser jogado dentro das quatro linhas e nem se compadece, tão-pouco, com irregularidades
Equipa
Primeira Participação
Número de Participações
Melhor Resultado
SC Farense
1970/1971
24
5º em 1994/1995
SC Olhanense
1941/1942
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4º em 1945/1946
Portimonense SC
1976/1977
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5º em 1984/1985
Lusitano VRSA
1947/1948
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12º em 1947/1948
do do Portimão Estádio ter sido considerado, pelo terceiro ano consecutivo, o melhor da I Liga. A ideia de Theodoro Fonseca e Rodiney Sampaio, dono e presidente da SAD, respetivamente, assenta em consolidar o clube, para que, daqui a mais umas três épocas, o objetivo possa ser maior, quiçá piscando o olho a uma presença nas competições europeias. Com um orçamento a rondar os três milhões e meio de euros, os alvinegros apontam, para já, em rubricar uma campanha tranquila e longe, muito longe dos sobressaltos da época transata. A continuidade do trei-
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DU P L AS A L G AR V IAS N O E S C A L Ã O P RIN C I PA L 1947/48 OLHANENSE E LUSITANO VRSA 1948/49 OLHANENSE E LUSITANO VRSA 1949/50 OLHANENSE E LUSITANO VRSA 1973/74 FARENSE E OLHANENSE 1974/75 FARENSE E OLHANENSE 1983/84 FARENSE E PORTIMONENSE 1984/85 FARENSE E PORTIMONENSE 1987/88 FARENSE E PORTIMONENSE 1988/89 FARENSE E PORTIMONENSE 2010/11 PORTIMONENSE E OLHANENSE 2020/21 PORTIMONENSE E FARENSE
nador Paulo Sérgio e da maioria dos jogadores do plantel jogam a favor da tal estabilidade, a que se juntam alguns nomes interessantes em termos de reforços – o mercado continua ainda aberto –, casos de Fabrício, Maurício e Welinton Júnior. Para o Farense, como dizem os indefetíveis adeptos que fazem do São Luís um inferno para os adversários, “o gigante está de volta”. Foram, de facto, anos
O Portimonense vai na quarta época consecutiva entre os grandes
de muita aflição, ora a subir e a dar mostras de euforia, ora a descer e a lutar para não ser queimado pelas labaredas. O reinado de João Rodrigues, presidente da SAD e principal responsável pelo sucesso recente, tem primado pelo rigor e pela ambição. A subida à I Liga foi o corolário desse trajeto, as-
sente, também, na vocação de Sérgio Vieira, o treinador dos passos seguros que ajudou a dar asas ao sonho. Duas mãos cheias de novas contratações explicam que os leões de Faro estão para durar, dispondo de um orçamento perto dos três milhões de euros. Só o desenrolar do campeonato,
naturalmente, poderá confirmar a vontade, mas o esforço é transversal ao profissionalismo e às condições que vão melhorando, inclusive com o início da construção de uma academia, na zona de São Brás de Alportel, que vai albergar vários campos e que a equipa vai estrear dentro em breve.
pensa que a experiência pode ser um posto. “Ambos estão preparados, mas o Portimonense é mais experiente e tem jogadores já rodados nesta divisão, que atuam juntos há vários anos. Do lado do Farense, che-
garam reforços de I Liga, também com muita qualidade, sendo que o apoio da massa adepta vai ser digna de se ver. Acredito que muitas pessoas vão esta época ficar a saber o que é ser farense…”.
LUÍS ZAMBUJO JOGOU NOS DOIS EMBLEMAS
Da maior rodagem do Portimonense à surpresa que pode ser o Farense “Estou curioso para ver em ação estes dois símbolos do futebol português e algarvio, de que eu tanto gosto e ao serviço dos quais tive o prazer de fazer história”, comenta Luís Zambujo, o extremo que ajudou Farense e Portimonense a subirem de divisão, em duas épocas consecutivas. “Há muitos anos que o Algarve não vivia uma situação idêntica e acho que os adeptos estão orgulhosos. Vivi vários derbies na II Liga, mas agora quero vê-los na principal divisão”, adianta, também ansioso pelo desenrolar do campeonato. Zambujo, 33 anos e sem clube nesta altura, está há uma década ‘naturalizado’ algarvio e
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tem por isso ‘autoridade’ para dar a sua opinião, começando por elogiar as infraestruturas do Portimonense. “Está há alguns anos na I Liga e dispõe de estruturas que fazem dele um dos clubes nacionais com melhores condições de trabalho. Tem tudo para fazer um campeonato tranquilo depois do susto da época passada”. Sobre o Farense, “a expetativa é enorme, depois de tantos anos longe do primeiro escalão, e, sabendo a força dos seus adeptos, acredito que vai ser uma bela surpresa”. Convidado a pronunciar-se sobre qual dos clubes estará melhor preparado, Zambujo
Três perguntas a Reinaldo Teixeira *
Portimonense e Farense juntos na I Liga. Como é que o presidente da AFA vive este momento? E o que sente? Ver o Algarve novamente representado por dois clubes no escalão máximo do futebol português só pode ser um motivo de grande orgulho e entusiasmo, não só para os dirigentes associativos e dos clubes e demais agentes desportivos, mas também para todos os algarvios e apaixonados pela região. Uma dupla participação algarvia na I Liga não acontecia há 10 anos e com Portimonense SC e SC Farense, particularmente, há 32. Portanto, este é mais um sinal de que o futebol algarvio está vivo e em constante evolução,
mérito dos dirigentes, sócios, investidores e adeptos dos nossos filiados. Acha que finalmente estão reunidas as condições para que os clubes algarvios consigam consolidar uma posição na I Liga? Porquê? Apesar do momento inesperado e indesejável que o mundo atravessa, acreditamos que os dois históricos SC Farense e Portimonense SC reúnem todas as condições para cimentarem a sua posição na I Liga, assim como cremos que existem outros clubes algarvios com estrutura suficiente para, a curto prazo, ingressarem nas competições profissionais. Reco-
nhecemos o excelente trabalho realizado e os investimentos efetivados pelos clubes da região e enaltecemos a enorme vontade de elevar o futebol e o futsal do Algarve, realçando que tanto Portimonense SC como SC Farense, juntamente com SC Olhanense, foram distinguidos pela Federação Portuguesa de Futebol, para a época desportiva 2020/2021, como Entidades Formadoras Certificadas com 4 Estrelas, o que, por si só, é uma demonstração do exemplar empenho e dedicação à causa. Os dois clubes alvinegros contam, no total, em todos os escalões de formação, com mais de 600 atletas, incluindo o futsal, modalidade na qual o destaque tem sido igualmente permanente, com o Portimonense SC a militar também na I Liga pelo segundo ano consecutivo e a fazer um percurso fantástico na última edição da Taça de Portugal, na qual atingiu as meias-finais, e com o SC Farense há sucessivas temporadas a disputar a II Divisão e com ambições superiores. Em quase 90 anos de campeonato, apenas por 11 vezes coa-
bitaram algarvios no principal escalão. A que se deve este modesto registo? O Algarve regista 65 participações na I Liga e esperamos que este número aumente nos próximos anos, com duas ou até mais presenças simultâneas. É para nós razão de orgulho o facto de sermos a quarta Associação Distrital e Regional de Futebol do país, entre as vinte e duas existentes, com mais equipas na I Liga, fruto da dedicação diária de todos os agentes desportivos, sem exceção, e das estruturas profissionais que os clubes têm constituído, nos últimos anos, com projetos de grande dimensão, alicerçados na enorme qualidade das suas infraestruturas. Toda esta ambição aliada a uma postura aguerrida e lutadora dentro do terreno de jogo, mas respeitosa e elegante fora das quatro linhas, com fair-play, permitirão, com toda a certeza, dar continuidade ao sustentável desenvolvimento do futebol no Algarve. * Presidente da Associação de Futebol do Algarve
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PORTIMÃO AUTARQUIA QUER ADQUIRIR 15 LOTES DE TERRENO NO VALE LAGAR
Câmara Municipal avança com Estratégia Local de Habitação D.R.
Documento a dez anos marca os passos para a habitação social e a custos controlados na cidade.
A
Câmara Municipal de Portimão pretende adquirir 15 lotes de terreno situados no Vale Lagar para viabilizar a construção de 189 fogos de habitação social, que serão disponibilizados a custos controlados, no âmbito da Estratégia Local de Habitação 2020-2030. O projeto está aprovado e esta compra integra a estratégia, a desenvolver até 2030, que tem como objetivo combater as carências habitacionais. O objetivo da autarquia é tornar o mercado mais acessível, responder às situações identificadas mais graves e reabilitar e requalificar o parque social municipal. Esta aquisição custará 1,5 milhões de euros, sendo que a Câmara Municipal estima que este plano a dez anos represente um investimento de 85 milhões de euros no total. “Para tornar o mercado mais acessível, serão tomadas diversas medidas que facilitem, em termos administrativos e tributários, a construção de habitações para uso não turístico. Também vão ser assegurados benefícios tributários aos proprietários que ofereçam arren-
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A intenção é construir 189 fogos de habitação social
damentos para os segmentos baixo e médio, passando o município de Portimão a ficar enquadrado nos requisitos legais do Programa Nacional de Arrendamento Acessível”, explica a autarquia. A intenção é responder à previsível necessidade no mercado de cerca de cinco mil novos alojamentos para os segmentos médio e baixo até 2030, ao mesmo tempo que será monitorizado o alojamento local, assegurando o cumprimento das obrigações tributárias relacionadas com o IMI, fundamentais para as finanças municipais. No diagnóstico efetuado pela Câmara existem 567 agregados familiares abrangidos em grave carência imedia-
ta e cerca de 300 famílias com carências habitacionais graves previsíveis a médio prazo. Além desta compra o documento prevê a construção de lotes camarários na Rua Alho Serra, localizada na Coca Maravilhas, na Aldeia Nova da Boavista e na CHE Figueirense, bem como a criação do empreendimento social de Cabeço de Mocho, ao mesmo tempo que serão completados os dos bairros das Cardosas e da Coca Maravilhas. “Quanto à reabilitação e requalificação do parque social municipal, haverá algumas medidas para corrigir a respetiva gestão, de que são exemplos e externalização do processamento contencioso dos incumprimentos de contratos
de arrendamento, de modo a assegurar uma resposta expedita e eficaz, ao mesmo tempo que passa a ser determinada a atualização anual das rendas de acordo com o rendimento declarado em sede tributária pelos arrendatários”, informa ainda a autarquia. Por outro lado, serão construídos 66 fogos de realojamento volante, para alojar os mais carenciados ou quem vive nos espaços a reabilitar, enquanto decorrem as obras. É o caso da construção de edifício de realojamento provisório no bairro do Pontal e de uma residência semi-independente, para apoio aos sem-abrigo e às vítimas de violência doméstica.
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NA SEQUÊNCIA DA COMEMORAÇÃO DO DIA DO IDOSO
Portimão dedica outubro ao envelhecimento
Exposição, conversa intergeracional e workshop são algumas das atividades previstas.
Mostra fotográfica na Casa Manuel Teixeira Gomes é uma das iniciativas
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o longo do mês de outubro, a Câmara de Portimão pretende lançar um outro olhar sobre o processo do envelhecimento, com um conjunto de atividades que visam sensibilizar a população para o que significa ser uma pessoa de idade avançada, através de uma abordagem inovadora que conduza ao repensar deste processo como algo natural, consciente e construtivo. Devido à situação de confinamento vivida desde março passado, existem indícios de que as pessoas com mais idade sentiram de forma acentuada o distanciamento social a que foram sujeitas. Nesse sentido, este ano a comemoração do Dia do Idoso em Portimão inclui pro-
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postas que celebram o processo de envelhecimento de forma inovadora, intergeracional e criativa, tanto mais que a valorização e inclusão das pessoas com idades avançadas é uma das prioridades de intervenção do Município, que se pretende cada vez mais igualitário. Na Casa Manuel Teixeira Gomes está patente até 31 de outubro a exposição fotográfica ‘Sorrisos – Um olhar sobre o envelhecimento’. A mostra deriva de uma recolha fotográfica de rostos de mulheres e homens de idade que residem no município, em colaboração com os centros de convívio sénior e centros comunitários, a que se juntam fotos de idosos com 100 ou mais anos. Esse conjunto de imagens cruza-se com o olhar de crian-
ças e jovens da Casa Nossa Senhora da Conceição, Catraia, Lar de Criança Bom Samaritano e Lar da Criança de Portimão, que foram desafiadas a completar a frase “Uma pessoa de mais idade é…”. Segue-se a 14 de outubro uma conversa intergeracional que vai reunir na Casa Manuel Teixeira Gomes, a partir das 15h00, algumas destas pessoas que mostraram o seu rosto na exposição e várias crianças e jovens. A proposta é que todos participem numa troca de ideias e perspetivas sobre o processo de envelhecimento e a relevância do seu papel na vida de todos nós. Ainda por ocasião do Dia do Idoso, ao longo do mês de outubro o executivo camarário fará chegar às instituições de acolhimento sénior alguns presentes lúdicos, bem como uma lembrança às pessoas com 100
ou mais anos a residirem no concelho. ‘Velhas bonitonas’ Para sensibilizar e consciencializar as participantes para encararem a passagem dos anos de forma consciente e positiva, será realizado a 15 de outubro o inovador e criativo workshop ‘Velhas Bonitonas’, marcado para as 10h00 na Casa Manuel Teixeira Gomes. Dirigido a mulheres entre os 30 e os 50 anos, serão propostos exercícios de desenvolvimento pessoal, dinamizados em parceria com a Associação Cabelos Brancos e a artista plástica Maria Seruya, recorrendo à pintura, colagem, escrita criativa e ao humor. Com um máximo de 15 participantes, as interessadas deverão inscrever-se gratuitamente através do email rede.social@ cm-portimao.pt
Centros de convívio sénior abrem em breve Após largos meses de portas fechadas, está prevista para breve a reabertura dos Centros de Convívio Sénior de Portimão e da Aldeia das Sobreiras, uma vez que o Município considera fundamental a reabertura destes espaços para a revitalização da vida em sociedade por parte da comunidade idosa. Os dois centros de convívio sénior existentes no concelho visam estimular a vida ativa dos mais idosos e disponibilizam uma oferta de animação diversificada, constituindo pontos de encontro privilegiados para os frequentadores, que confraternizam com pessoas da sua geração e se sentem em casa. Apesar do distanciamento físico a que foram sujeitas, as animadoras dos centros asseguram um contacto telefónico diário, num acompanhamento permanente aos munícipes que usufruíam destes espaços.
ENTREVISTA PHILIPPE BOURROUX INVESTIU EM MAIS DOIS INTERMARCHÉ, AGORA EM PORTIMÃO
“Tenho todos os vinhos da região na minha garrafeira” O empresário francês, que integra o Conselho de Administração do grupo ‘Os Mosqueteiros’, tem lojas em Lagoa, Portimão, Monchique e Armação de Pêra, recorda o percurso de mais de 30 anos em Portugal. FOTOS: ANA SOFIA VARELA
ANA SOFIA VARELA
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ere sete lojas no Algarve, mas acima de tudo é um empresário discreto que tem valorizado a economia local. De nacionalidade francesa, Philippe Bourroux, há quase três décadas, escolheu Portugal como sua ‘casa’. Há 23 anos conheceu o Algarve e apaixonou-se pela região, onde vive desde essa altura. Portimão e Praia da Rocha são os seus mais recentes desafios. O que significa fazer parte do grupo ‘Os Mosqueteiros’? É um grande orgulho! Comecei a trabalhar no grupo como informático há quase 36 anos. Gostei do funcionamento do grupo e, por isso, fiquei. O meu objetivo era criar uma loja em França, mas nessa altura descobri Portugal e decidi ficar. É assim, é a vida! A aposta nos produtos locais é importante? Temos obrigação de comprar 85 por cento da mercadoria à nossa central, o resto podemos comprar a quem quisermos. Temos fornecedores locais, com produtos válidos, mas há duas questões que é a produção local e o fornecimento local. E,
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nesse aspeto, as produções locais podem ser interessantes, como o medronho, o vinho, os doces, a sardinha. Todos esses são produtos que quero vender na minha loja e os produtores podem falar comigo. Vou sempre encontrar um espaço para
vendê-los e tenho alguns deles já disponíveis. Tenho todos os vinhos da região na minha garrafeira. Como surgiu a hipótese de investir em Portimão? A loja no Cabeço do Mocho já
Economia do Algarve é preocupação devido aos efeitos da covid-19 Como viveu o período de confinamento? Teve de adaptar a estratégia? Atualmente já não há confinamento, mas o efeito da covid-19 continua. Essa fase não foi muito complicada, exceto porque as pessoas tiveram de respeitar as regras de distanciamento, de segurança e nós tivemos de adaptar a loja para respeitar tudo isso também. Na globalidade os clientes comportaram-se muito bem. Foram impecáveis! O que se passou connosco é que as pessoas vieram com menos frequência ao supermercado, mas, ao início, houve uma subida do cesto médio. Quando o período turístico chegou, após o mês de abril, passámos a uma baixa terrível de clientes.
existia há nove anos, mas só fiquei com ela no final de 2018. O grupo criou este espaço para ter um Intermarché, um Bricomarché, um Roady e um Vêtimarché. No entanto, em Portugal deixámos de ter a loja de roupa ‘Vêti’, por isso, abriu só com as outras três superfícies, com empresários independentes. Acabaram por sair das lojas porque não conseguiram rentabilizá-las. Como o Vêti nunca abriu, o espaço ficou vazio, sendo explorado pelo grupo. O problema é que uma loja com gestão do grupo não funciona, pois, como somos um grupo de empresários independentes, precisamos de ter um aderente no estabelecimento, que o oriente e que sinta o contexto económico da zona. No final de 2018, o Bricomarché encerrou definitivamente, porque não estava adaptado para fazer um trabalho sério de bricolage e o Intermarché era um
ponto de interrogação. É nessa altura que fica com a exploração? Havia duas soluções, uma era o grupo abandonar a posição de Portimão e a outra era alguém retomar esta loja. Para mim, foi um desafio, pois o espaço nunca funcionou, mas, com certeza, existe potencial num concelho com 60 mil habitantes. Não havia razão para não conseguir ir buscá-lo e colocar o projeto a funcionar. Decidi ficar. Falei com os meus colegas do Conselho de Administração e propus rentabilizá-lo, sem ajuda do grupo. Foi uma aposta pessoal? Sim, com certeza. Eu gosto de desafios. Retomei a loja no início de 2019 e explorei-a nesse ano, tendo apenas reorganizado o espaço e feito uma melhor apresentação dos produtos. Não fiz investimento pessoal, só orien-
Como analisa o comportamento dos portugueses em relação a países como o seu, a França? Há mais ou menos um ano que não vou a França. Só vou acompanhando através do que o meu irmão me conta ao telefone. Uma coisa é certa… a psicologia dos portugueses é diferente da dos franceses. É difícil obrigá-los a fazer algo, enquanto os portugueses estão a receber orientações e, na globalidade, estão a respeitar bem. O francês tem mais dificuldade em respeitar. Teve algum tipo de apoio ou de aconselhamento do grupo ‘Os Mosqueteiros’? Evidentemente, temos o nosso departamento de qualidade com o qual – faço parte do Conselho de Administração do grupo – reunimos através de videoconferência. Todos os dias tínhamos diretivas enviadas para cada loja e eram dadas informações que cada aderente devia seguir. Tenho também uma engenheira de qualidade nas minhas lojas, que trata das medidas da covid-19. Acha que é negativo que a região esteja tão dependente do turismo? Este ano, isso criou um problema grave, porque houve uma baixa de 40 a 50 por cento do turismo, o que leva a que a economia sofra também um decréscimo. Atualmente fico preocupado, pelos pequenos restaurantes e negócios. Estão a sofrer ainda mais do que nós. O que me preocupa é toda a economia comercial da região, que afeta diretamente o desemprego. Acho que a taxa de desemprego vai subir muito e vamos passar um Inverno terrível a nível económico. Os produtos locais são valorizados pelo empresário que os coloca sempre em destaque
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tei de forma diferente. E funcionou, porque num ano, consegui equilibrar as contas. No final do ano passado, decidi fazer uma renovação completa. Comecei as obras no início de 2020, com alguns problemas devido à covid-19, pois tive de parar e recomeçar. Foi complicado, mas o resultado é positivo. Quanto é que investiu? Investi muito para um empresário independente (risos), mas com tudo incluído estamos a falar de aproximadamente um milhão de euros. Está satisfeito com o resultado final? Muito, porque mudou completamente o espaço. Fui eu que desenhei esta loja assim, vi as coisas evoluírem e é muito agradável ver como ficou. O desenho da loja é da sua au-
toria? Sim, com a validação do grupo, mas fui eu que compus. Conservei o máximo do que já existia e que ainda estava em condições, substitui o equipamento necessário e remodelei totalmente a decoração. Tentei reaproveitar todos os espaços do centro comercial, criando um espaço mais amplo de cafetaria. Acredita que será um projeto vencedor? Acredito muito. Um colega meu, que instalou um Intermarché na minha pequena vila, na França, há 30 anos, tinha concorrência. Teve imensa dificuldade para alavancar a loja. Eu vim para Portugal e, um dia, quando voltei a França fui visitá-lo e ele já estava a crescer muito. Disse-me: ‘Philippe! Uma coisa é importante e certa. Quando há potencial numa zona devemos ir buscá-lo’. Esta frase ficou sempre na minha cabeça. Há potencial em Portimão e não havia razão para não o aproveitar, como se confirma atualmente. Num curto espaço de tempo investe também na Praia da Rocha? É uma zona atípica, porque está cheia de pessoas no Verão, exceto este ano, evidentemente, e completamente vazia no Inverno. É terrível. Instalar uma loja nessa zona é sempre complicado, porque funcionará três meses num ano e nos restantes meses vamos deixar aberto, sabendo que o número de vendas será muito restrito. No entanto, decidi investir na Praia da Rocha, num complemento à loja de Portimão. O que o motiva nos novos desafios? Gerir uma loja… vou esquematizar: é encomendar a mercadoria, receber a mercadoria, pôr a mercadoria à venda, vender a mercadoria e, no dia seguinte,
PERFIL QUEM É PHILIPPE BOURROUX? Quase que pode ser caracterizado como um empresário que vive de desafios, alguns deles bem difíceis, e é esse o motor do seu dinamismo. De nacionalidade francesa, chegou a Portugal há quase 30 anos, no início de 1991, para integrar o grupo ‘Os Mosqueteiros’ como informático. Participou na abertura das 12 primeiras lojas da marca em território português, até que, dois anos depois, em 1993, decidiu abrir a sua primeira loja, a 13ª do grupo, em Felgueiras. Numa altura em que o setor da grande distribuição alimentar estava em evolução, Philippe Bourroux esteve à frente do Intermarché cinco anos. Teve de enfrentar as dificuldades da existência da concorrência. Quando a loja entrou num processo de estabilidade económica, sentiu que precisava de novos desafios. E foi aí que descobriu o Algarve, através de um projeto que estava a ser implementado em Lagoa, mas que nenhum dos seus colegas, empresários independentes no grupo, queria gerir. Isto porque, não ficava junto à Estrada Nacional 125. A 15 de junho de 1997 visitou o terreno, localizado junto à estrada que liga Lagoa a Carvoeiro. “Em Carvoeiro, visitei o centro, a pequena praia e Vale Centeanes. Quando chegámos lá acima vi a praia cheia de gente e decidi que ia fazer a loja. Todos os meus colegas pensaram que devia ser louco, porque todos tinham recusado. A verdade é que fiz e efetivamente correu muito bem”, confidencia. Desde essa altura até à atualidade tem sido um empresário com uma postura discreta, mas que muito tem investido na região e que apoia os produtores e comunidade local. Gere sete lojas e a última grande remodelação que fez foi em Portimão, mas já tem novos desafios previstos para o concelho vizinho de Lagoa. Em 30 anos, diz ter tirado férias “duas vezes uma semana para ir ao Brasil, e duas semanas em janeiro de 2020 para fazer um cruzeiro”.
começamos de novo. Todos os dias do ano! É sempre igual! Não é isso que é motivante. Claro, efetivamente há que dinamizar as vendas nas lojas para que sejam o melhor possível. Criar uma nova loja, isso sim é um desafio! Estamos a mostrar o projeto, fazemos as obras, a decoração, colocamos o equipa-
mento e abrimos. Temos de ver se funciona bem desde o início e atingir o volume de venda mínimo e verificar se o volume de rentabilidade já foi atingido. No entanto, quando a loja está na velocidade de cruzeiro, é repetitivo (risos). O que me motiva é criar algo de raiz, novo… é extraordinário.
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ALBUFEIRA VITÓRIA NA ALBUFEIRA BASKET CUP
Imortal conquistador Equipa local sucede ao Benfica e ao Sporting como vencedora da competição.
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ve n ce d o r e s
2018: SL BENFICA 2019: SPORTING CP 2020: IMORTAL BASKET CLUBE
ALBERTO CORTEZ
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Imortal Basket Club foi o vencedor da terceira edição do Albufeira Basket Cup, prova que se realizou a 26 e 27 de setembro no Pavilhão Desportivo local. Depois das vitórias de Benfica e Sporting nas duas edições anteriores, à terceira tentativa a equipa da casa, com uma boa prestação e mérito, manteve o troféu na cidade e fez a festa no final da prova. Este ano o torneio correu um formato diferente e foi notória a falta de público, tendo em conta as atuais diretrizes para jogos desta natureza. Contudo, os amantes da modalidade e adeptos do clube puderam seguir os jogos respetivos através das plataformas online da Federação Portuguesa de Basquetebol e da Câmara Municipal de Albufeira. A final do torneio foi transmitida em direto também n’A Bola TV. Num ano em que o Imortal Basket Club volta a subir ao patamar mais alto do basquetebol nacional, a equipa da casa encontrou aqui um bom palco para colocar em campo um conjunto de jogadores reforçado a pensar numa presença que assegure a manutenção na
principal liga do basquetebol nacional. O Imortal começou por defrontar o Barreirense e num jogo interessante de seguir acabou por vencer com algum conforto por 94-73. Na partida seguinte, a final, a equipa da casa defrontou os Galitos do Barreiro. Mais uma vez, o Imortal não claudicou e levou de vencida este jogo, com resultado final de 75- 61. No final, coube a José Carlos Rolo, presidente da Câmara Municipal de Albufeira a entrega do trofeu de vencedor ao capitão da equipa local, Rui Quintino. Tal como nas edições anteriores, a competição foi organizada pelo Imortal, em parceria com a Câmara Municipal de Albufeira, com o apoio da Federação Portuguesa de Basquetebol e da Associação de Basquetebol do Algarve. Equipa feminina sobe À margem do torneio, o programa contou ainda com um encontro entre as formações femininas do Imortal Basket Clube e do Estoril Basket Club. A organização destaca também, o sucesso neste desafio para a equipa local, com o Imortal a confirmar a subida ao Campeonato Nacional da I Divisão de Basquetebol Feminino, o segundo escalão mais alto da competição, após um triunfo por expressivos 8937.
CONCELHO PREPARA-SE PARA TEMPOS MAIS COMPLICADOS
José Carlos Rolo teme dificuldades e reforça medidas Autarquia está a reforçar apoio aos cidadãos e empresários para evitar que as consequências negativas da covid-19 fragilizem ainda mais a sociedade. CM ALBUFEIRA
ANA SOFIA VARELA
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Câmara Municipal de Albufeira está em vias de reforçar os apoios a cidadãos e a empresários para enfrentar os próximos meses que se avizinham ‘complicados’, quer pela época baixa de turismo, quer pela maior probabilidade de contaminação da covid-19. Uma das medidas apontadas por José Carlos Rolo, presidente da Câmara de Albufeira, que teme o agravamento das consequências negativas a partir deste mês, foi uma medida de apoio aos profissionais liberais e alguns empresários que não foram contemplados na primeira fase do fundo ‘Renascer’. A outra grande medida está ligada com o regresso às aulas da comunidade escolar, uma das áreas mais complicadas de gerir a nível de controlo de propagação.Em setembro, foi assim formalizada uma articulação com o Algarve Biomedical Center (ABC) para a implementação da ‘Estratégia de Adaptação da Comunidade Escolar’. “É preciso, mais do que nunca, e dado o contexto pandémico, minimizar todos os riscos”, defende José Carlos Rolo, que acrescenta que não é racional
A Câmara Municipal pretende aumentar os apoios a cidadãos e empresários por causa da pandemia
pensar que não vão existir problemas ou casos positivos de covid-19. Esta estratégia surge para minimizar a transmissão e é desenvolvido em conjunto com o ABC. A primeira fase foi a da colocação de sinalética nas escolas, criação de salas de isolamento, disponibilização de soluções desinfetantes e reorganização dos espaços escolares para o início do ano letivo. Foram realizados testes biomoleculares a um universo de mais de mil funcionários das escolas de Albufeira. No entanto, a estratégia implica ainda uma monitorização constante de todas as medidas. Cada escola tem um
interlocutor que reporta todas as situações ao ABC, podendo este atuar de imediato em qualquer situação de alarme. Foram criadas duas linhas, uma interna, através da qual os diretores das escolas podem esclarecer dúvidas ou informar situações, e uma outra dirigida aos educadores dos alunos, a funcionar das 7h00 à 1h00. Ainda neste plano, há uma vigilância redobrada da GNR, contemplando os espaços comerciais próximos aos estabelecimentos escolares, com o apoio do serviço municipal da Proteção Civil de Albufeira. O regresso à escola é o novo desafio que se impõe, mas a
autarquia está também, em paralelo, a tentar dinamizar a economia local, com a realização de algumas obras importantes como é exemplo a reabilitação da Rua 5 de Outubro, a reabilitação das rotundas ou o Lar dos Olhos de Água, uma intervenção que custa cinco milhões de euros. “Temos também a obra do saneamento em Paderne a iniciar, removemos o amianto da Escola Diamantina Negrão e ampliamo-la”, enumerou. Albufeira não parou, “antes pelo contrário. Tem havido mais incremento até porque precisamos de ajudar a economia local e evitar a criação de mais desemprego”, conclui.
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LAGOS INTERVENÇÃO NO EDIFÍCIO PRINCIPAL CAMINHA PARA A FASE FINAL
Investimento de milhões renova museu
Câmara de Lagos prepara-se agora para avançar para a recuperação do antigo edifício da PSP, que será adaptado a espaço museológico. JORGE EUSÉBIO
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renovado Museu Municipal Dr. José Formosinho deverá reabrir ao público no primeiro trimestre do próximo ano. Essa é a expectativa do presidente da Câmara de Lagos, Hugo Pereira, que está convencido irem, nessa altura, os visitantes “ficar muito surpreendidos e agradados” com as alterações que aí vão encontrar. Desde logo porque foi desenvolvida uma empreitada de grande dimensão de reabilitação e remodelação do edifício, que envolveu um investimento de 691 mil euros. Essa obra, que “está praticamente concluída”, abrangeu todas as componentes do imóvel, como pavimentos, paredes e tetos, vãos e instalações elétricas e outras. O edifício ficou, igualmente, dotado de condições de acessibilidade a pessoas com mobilidade condicionada, colmatando-se assim uma lacuna importante. Restauro das peças Nesta altura estão a desenvol-
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ver-se diversas intervenções ao nível da aquisição e colocação de novo mobiliário para no interior e de “exigentes trabalhos de conservação, restauro e preservação do espólio”, que era essencial ser feito pois “muitas peças não tinham sido alvo de qualquer tipo de restauro desde que ali foram colocadas”, diz o presidente. Também a vertente multimédia vai ser modernizada, tendo, para o efeito, a autarquia lançado, recentemente, um concurso, no valor de 150 mil euros, para o fornecimento e montagem do equipamento e a conceção e produção dos respetivos conteúdos. Estes são trabalhos muito especializados, minuciosos e demorados que acabaram por demorar um pouco mais do que o que estava inicialmente previsto. Isso, diz o autarca, deverá fazer com que o custo total da obra ultrapasse os 3,4 milhões de euros que estavam orçamentados, dos quais cerca de 2 milhões são financiados pelo fundo comunitário FEDER. Obras avançam para o antigo edifício da PSP Esta é, contudo, apenas a primeira fase da intervenção. A segunda consiste na reabilitação do edifício existente do outro lado da rua, que durante muitos anos funcionou como esquadra da PSP. Depois de recuperado e remodelado, o imóvel será também destinado a espaço museológico, funcionando como
JORGE EUSÉBIO
O museu deverá reabrir ao público no primeiro trimestre de 2021
Núcleo de Arqueologia do Museu Municipal Dr. José Formosinho. A Câmara lacobrigense vai aproveitar para o efeito não apenas o imóvel, mas também um grande pátio exterior adjacente que vai funcionar como “um espaço de exposição ao ar livre”. Hugo Pereira diz que o “projeto de intervenção desta segunda fase da intervenção está praticamente fechado”, o que
significa que já faltará pouco tempo para que seja lançado o respetivo concurso para escolha da empresa que ficará responsável pela sua execução. Desta forma, conclui o autarca, “vai ser possível alargar substancialmente a área de exposição do museu e enriquecer ainda mais um espaço cultural que desde há muito tem merecido reconhecimento nacional e internacional”.
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DESPORTO ISILDA GOMES NÃO TEM DÚVIDAS DE QUE OS ALGARVIOS VÃO ESTAR À ALTURA DO GRANDE PRÉMIO DE FÓRMULA 1
“Nenhum cenário ficará por acautelar”
“Portimão, no seu todo, saberá corresponder às expectativas, transmitindo para o mundo uma imagem de concelho dinâmico e hospitaleiro”, garante a presidente da Câmara . HÉLIO NASCIMENTO
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resce o entusiasmo e multiplicam-se as informações, umas de caráter iminentemente desportivo e outras que dizem respeito à logística a implementar no Autódromo Internacional do Algarve. Trabalha-se no terreno e também fora dele, sobretudo no concelho de Portimão, onde tudo se concentra. Isilda Gomes, a presidente da Câmara, falou em exclusivo para o Algarve Vivo. Agora mais a frio, passadas as emoções iniciais, o que sente a presidente em virtude de o seu Município ir receber uma prova com a dimensão de um Grande Prémio de Fórmula 1? Acredito que o dia 25 de outubro constituirá uma data histórica para o desporto motorizado português, com o regresso da Fórmula 1 às pistas nacionais, e logo no Autódromo
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Internacional do Algarve, situado na nossa freguesia da Mexilhoeira Grande. Antes do mais, receber a prova é uma enorme responsabilidade, que nos trará desafios de toda a ordem para que tudo decorra da melhor forma e seja um sucesso, permitindo a Portimão conquistar de pleno direito um lugar cativo no circuito mundial da Fórmula 1. É essa a nossa aposta e nisso estamos focados, não poupando esforços para cumprimos a nossa parte, pois esta é uma oportunidade de ouro e terá de ser bem aproveitada. Estamos perante um projeto de enorme envergadura… A passagem dos melhores pilotos e das suas marcas pelo Autódromo Internacional do Algarve constitui, seguramente, o maior projeto desportivo alguma vez realizado entre nós, de um mediatismo inigualável, e isso justifica a máxima atenção aos mais ínfimos detalhes. Nesse sentido, estamos a planificar a estratégia para que tudo esteja a pos-
Isilda Gomes garante que os portimonenses abraçaram este projeto com entusiasmo
tos quando chegar a altura certa. Uma coisa garanto: nenhum cenário ficará por acautelar. Tem falado com o Paulo Pinheiro? Os preparativos correm
dentro do previsto? É uma grande honra termos nesta terra um homem chamado Paulo Pinheiro, que é um sonhador e sonhou que o nosso autódromo devia ter a Fórmula 1.
“Estou certa que os pilotos, as suas equipas e os milhares de visitantes que virão vibrar com a corrida desejarão regressar no próximo ano, fidelizando a nossa prova no calendário internacional”
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e sem emoção. Como tal, considero uma vitória suplementar podermos contar com as bancadas bem preenchidas, de forma correta e segura.
Essa sua determinação cativou-nos a todos. Desde a primeira hora promovi um conjunto de reuniões com o AIA, Região de Turismo do Algarve, os principais players turísticos e com as forças de segurança da região, no sentido de se protagonizar uma estratégia regional e local para acolher este fantástico evento. E, neste particular, é da mais elementar justiça referir que todos abraçaram entusiasticamente este projeto desde a primeira hora e são várias as manifestações de incentivo e de disponibilização para o que for preciso, nomeadamente por parte do tecido empresarial.
Tem mais algum ‘trunfo na manga’? Brevemente iremos tornar público a nossa estratégia e o conjunto de iniciativas que estão a ser preparadas como cidade anfitriã destes dois grandes eventos do desporto motorizado mundial e que visam acolher condignamente quem nos visita e potenciar a nossa economia local. Não tenho a menor dúvida que Portimão, no seu todo, saberá corresponder às expectativas, transmitindo para o mundo uma imagem de concelho dinâmico e hospitaleiro. Com público ou sem público?
O que pensa sobre o assunto? O Algarve tem sabido controlar o problema sanitário causado pela pandemia do coronavírus, graças à capacidade de resposta dos profissionais de saúde e demais envolvidos, proporcionando todas as garantias de segurança que nos permitirão receber esta espécie de medalha de ouro do desporto mundial. Vamos ter a prova que queríamos, com regras que respeitam todas os procedimentos sanitários, só que com público, pois não faria sentido aceitar o regresso da Fórmula 1 a Portugal, e logo na estreia no nosso autódromo, sem pessoas
Hotelaria e restauração já sentem os efeitos? Apesar da atual conjuntura, continuamos a ser o melhor destino turístico do mundo, e pensando no caso do Algarve, fomos um excelente exemplo de como implementar medidas de prevenção da pandemia e garantir a segurança dos turistas. Não foram poucos os que afirmaram que se sentiam mais seguros aqui do que nas suas terras. Tenho conhecimento que muitos hotéis e restaurantes já se encontram reservados, a partir de outubro, para acolher a megaestrutura que viaja com estes eventos. O retorno será certamente significativo? A promoção global das provas e, por inerência, da oferta turística algarvia, é algo não quantificável, pois conseguiremos chegar aos quatro cantos do mundo. Não haverá forma mais eficaz de mostrarmos todas as nossas qualidades, dos alojamentos de excelência à saborosa gastronomia, das praias magníficas ao património histórico-cultural. Mas, sobretudo, o que terá de ressaltar é a capacidade de acolhimento de que somos capazes. A tudo isto acrescem os elevados níveis de segurança que estão a caracterizar o Algarve nestes últimos meses, pelo que estou certa que os pilotos, as suas equipas e os milhares de visitantes que virão vibrar com a corrida desejarão regressar no próximo ano, fidelizando a nossa prova no calendário internacional.
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TODOS OS CAMINHOS VÃO DAR AO AUTÓDROMO
“Estrutura da Fórmula 1 arrasta dez mil pessoas”
Daqui a mais uns dias todos os caminhos vão dar ao Autódromo Internacional do Algarve (AIA). As máquinas estão em viagem e o ‘circo’ vai sendo montado, numa operação que tem tanto de gigantesca como de impressionante. “O impacto económico da Fórmula 1 deverá ser superior a 100 milhões de euros. Os nossos cálculos, feitos para 35 mil espetadores, davam sempre um resultado superior a 100 milhões de euros. Nós é que tratamos do alojamento das equipas de Fórmula 1 e vemos que tem um impacto muito grande. E é um cliente com um nível de exigência superior. Para o Algarve, será a forma mais eficaz para ultrapassar os problemas da covid-19”, destacou Paulo Pinheiro, CEO do Autódromo e ‘pai’ da maior manifestação desportiva porventura realizada em solo algarvio. Os treinos e a corrida propriamente decorrerão entre 23 e 25 de outubro, mas o período anterior, quiçá a partir de meados do mês, vai ser também de movimentação significativa. Neste contexto, há muito que estão quartos reservados de Faro a Lagos e outros pontos da região, nomeadamente Vilamoura. Não é por acaso que “toda a estrutura envolvente à Fórmula 1 arrasta dez mil pessoas”, como Paulo Pinheiro faz questão de frisar.
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As preocupações de segurança serão uma constante em toda a zona do Autódromo
As preocupações de segurança serão por isso uma constante, com a criação de diversas bolhas para fugir aos eventuais contágios. “Todo o pessoal da corrida, como os comissários, vão diretos para os postos e sempre de máscara. Normalmente, usamos um autocarro para os colocar, desta vez vamos usar cinco. Isso é uma bolha, a de pista”, explica Paulo Pinheiro. A prova em si terá uma bolha independente e vedada, e haverá, naturalmente, a bolha da organização. “Cada um de nós fica adstrito a cada uma das bolhas, o que implica uma seg-
mentação. Os jornalistas constituem outra bolha”, sublinhou o CEO do AIA. Para ter acesso ao recinto, à exceção do público, será necessário um teste por dia, de zaragatoa. Os testes são da responsabilidade da Federação Internacional do Automóvel. Já o público “recebe em casa o bilhete, a partir de 30 de setembro, com uma planta a indicar por onde entra e onde deve estacionar o carro”. Depois, há um guia para garantir que a pessoa se senta no seu lugar sem parar, perder tempo ou estar em filas de modo a que seja um processo
linear e seguro. Tem sempre de andar de máscara e os lugares são em filas alternadas e com um lugar de intervalo de cada lado”, acrescenta o administrador do Autódromo. Sobre a lotação do recinto, como tem sido dito, tudo aponta para que a corrida portuguesa tenha perto de 45 mil espetadores nas bancadas. Os bilhetes estão praticamente esgotados, sendo que as derradeiras vendas têm obrigatoriamente de esperar pelas indicações das entidades competentes, com a Direção-Geral da Saúde à cabeça. PUB
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GASTRONOMIA E VINHOS LAGOA ACONTECE . 2020