Dois terrenos, uma filosofia: construir eficiência urbana Ricardo Vieira de Melo
Para uma primeira fase pretende-se criar entre os dois terrenos uma ligação viária franca e eficaz que promova a ligação rápida e segura entre ambos, estabelecendo a relação com a restante estrutura urbana, de nascente para poente – entre a Ponte de Talatona (sobre o rio Cambambe) e a Estrada Lar Patriota. Nesse sentido a via que se propõe é uma via rápida de duas faixas em cada sentido, que atravessa, centralmente e na diagonal, o primeiro terreno, para vencer o declive que este apresenta e depois ladeia pelo lado norte o segundo terreno, mais longo. Desde esta via estruturante, desenvolvem-se as restantes ruas, organizando quarteirões com espaços generosos para estacionamentos, e zonas pedonais largas e sombreadas pelo seu interior. Na relação com a restante estrutura urbana, a proposta para os dois terrenos pretende consolidar uma ideia de espaço urbano plurifuncional, rico nos programas que propõe - habitação, comércio e serviços, e agradável nos espaços públicos pedonais que promove. Para atingir estes objetivos, o desenho de ambas soluções (apesar de distintas) opta por definir lotes autónomos com áreas que variam entre os 2000 e os 6000m2 de área bruta a edificar. Esta organização permite o faseamento livre do empreendimento e assim maior elasticidade financeira para a sua concretização.
Localização dos terrenos na cidade de Luanda
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© 2013 RVDM Arquitectos, lda
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Terreno Poente
A solução para o terreno a poente oscila entre o edificado periférico, que assume volumetrias isoladas e envoltas por jardins, e o edificado central de tipologia mais encerrada, com praças ou pátios internos que protegem o convívio familiar e acolhem mais tranquilidade e segurança. A maioria dos blocos tem entre seis e oito pisos, havendo duas ou três exceções de volumetrias mais elevadas, nas extremidades do conjunto, que assumem um carácter icónico e de referencial urbano perante a envolvente. Os espaços comerciais situam-se em alguns dos lotes mais centrais, promovendo as trocas sociais e a interação entre os diferentes quarteirões. O estacionamento é resolvido em grande parte com recurso a espaços de estacionamento à superfície, conseguindo-se assim evitar a proliferação de garagens. No entanto os lotes têm sempre um piso de garagem em cave que complementam a oferta. Tratando-se de apenas um piso enterrado, a ventilação e desenfumagem estará assegurada por soluções passivas e económicas.
Planta do plano para o terreno poente
F
b
Edifícios existentes Edifícios propostos
A
a
1
2
B
4
6
3
5
D
C
8
7 b
6
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10
9
Corte bb
Lote
c
Área de implantação
Programa
N.º Pisos (acima/ abaixo da soleira)
Área habita- Área comércio/ ção (m2) serviços (m2)
Superfície Total (m2)
1
360,00
H+C/S
11
-1
3 960,00
–
2
1 962,00
C/S+E
8
-1
–
6 272,00
3 960,00 6 272,00
3
898, 00
H+C/S
6
-1
3 086,00
480,00
3 566,00
4
898, 00
H+C/S
6
-1
3 086,00
480,00
3 566,00
5
898, 00
H+C/S
6
-1
3 086,00
480,00
3 566,00
6
898, 00
H+C/S
6
-1
3 086,00
480,00
3 566,00
7
676,00
H+C/S
6
0
1 248,00
340,00
1 588,00
8
676,00
H+C/S
6
-1
4 056,00
–
4 056,00
9
676,00
H+C/S
9
-1
6 084,00
–
6 084,00
10
676,00
H+C/S
5
0
1 248,00
340,00
1 588,00
11
390,00
H+C/S
2
0
–
780,00
780,00
12
676,00
H
12
0
8 112,00
–
8 112,00
13
676,00
H+C/S
9
0
1 248,00
340,00
1 588,00
14
696,00
H+C/S+E
3+7
-1
2 110,00
2 088,00
4 198,00
A
402,00
H
8
-1
3 216,00
–
3 216,00
B
726,00
H+C/S
4
-1
2 199,00
733,00
2 932,00
C
676,00
H+C/S
6
0
1 248,00
340,00
1 588,00
D
676,00
H+C/S
6
0
4 056,00
–
4 056,00
E
676,00
H+C/S
5
0
1 248,00
340,00
1 588,00
F
676,00
H+C/S
9
0
6 084,00
–
6 084,00
58 461,00
13 493,00
71 954,00
14 888,00 H: habitação
C: comércio
S: serviços
E: estacionamento
E
12
13
Av en
ida
11
Dia
go
na
l
a
14 c
7
Corte aa
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No topo norte, o edifícado destaca-se na paisagem, erguendo-se para pontuar a Avenida Diagonal, o principal eixo da intervenção. O seu carácter icónico deverá ser o referencial urbano que se procura no horizonte, localizando os habitantes e utilizadores temporários, contribuindo assim para o seu conforto e sensação de pertença ao lugar.
9
Lote 9
A malha urbana projectada, apesar de introduzir um traçado regulador, racional e perceptível no espaço, é flexível por modo a incorporar os edifícios existentes e a articular-se com as ruas já definidas. Simultaneamente, essa mesma regra permite uma diversidade volumétrica que introduz variabilidade espacial e visual, contribuindo para a identificabilidade das ruas internas e o conforto dos utentes. Neste contexto, a solução proposta para o Lote 9 procura responder às exigências climatéricas do lugar. A necessidade de protecção solar eficaz de todos os quadrantes ditou a utilização perimetral de um sistema de Brise-soleil que, conjuntamente com o balanço das varandas, resguarda do sol as áreas mais sensíveis das habitações. Todavia, houve a intensão de ir para além do sistema estático, que responde apenas a um problema funcional. Procurou-se um desenho transmissor do movimento inerente às cidades e à vida dos seus habitantes, algo que acabou por se conseguir através de uma ligeira mas eficaz torção das lâminas que compõem o sistema. Ao mesmo tempo, a imagem resultante é abstracta, intemporal e compatível com qualquer solução arquitectónica de qualidade que por certo materializará a envolvente.
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Corte cc
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Terreno Nascente
Área de implantação
Programa
A
300,00
C/S+E
10
-2
–
3 000,00
B
400,00
C/S
6
0
–
2 400,00
2 400,00
C
400,00
C/S+E
6
-1
–
2 400.00
2 400.00
D
400,00
C/S
6
-1
2 400,00
2 400.00
E
600,00
H+E
4
-1
2 400,00
–
2 400,00
F
600,00
H+E
4
-1
2 400,00
–
2 400,00
G
600,00
H+E
4
-1
2 400,00
–
2 400,00
H
400,00
H+E
6
-1
2 400,00
–
2 400,00
I
400,00
H+E
6
-1
2 400,00
–
2 400,00
J
400,00
H+E
6
-1
2 400,00
–
2 400,00
K
400,00
C/S+E
8
-2
3 200,00
–
3 200,00
1
745,00
C+S+E
10
-2
–
3 515,00
3 515,00
2
750,00
H+E
6
-1
4 500,00
–
4 500,00 3 000,00
Lote
N.º Pisos (acima/ abaixo da soleira)
Área habita- Área comércio ção (m2) serviços (m2)
Superfície Total (m2) 3 000,00
3
750,00
H+E
4
-1
3 000,00
–
4
1 500,00
H+E
6
-1
8 310,00
–
8 310,00
5
750,00
H+E
4
-1
3 000,00
–
3 000,00
6
750,00
H+E
4
-1
3 000,00
–
3 000,00
7
750,00
H+E
4
-1
3 000,00
–
3 000,00
8
810,00
C+E
2
-1
9
750,00
H+E
4
-1
10
750,00
H+E
4
11
400,00
H+E
6
12
750,00
H+E
6
13
750,00
H+E
4
1 620,00
1 620,00
3 000,00
–
3 000,00
-1
3 000,00
–
3 000,00
0
2 400,00
–
2 400,00
-1
4 500,00
–
4 500,00
-1
3 000,00
–
3 000,00
15 335,00
73 645,00
H: habitação
C: comércio
15 105,00
58 310,00
S: serviços
E: estacionamento
Corte dd
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e
F Av en
ida
Dia
go
na
E
l
d
G
H
D
I
C
J
A B 1 K
5 2
9 6
3
12
d
10 7
4
13
11
8
e
Planta do plano para o terreno nascente
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Com uma topografia muito acidentada – o terreno varia cerca de 20 metros desde a cota mais baixa para a mais alta, gerando um declive de quase 6%. Para conseguir um atravessamento viário mais suave, o arruamento principal atravessa o tereno na sua diagonal, conseguindo assim uma pendente de 4% e um traçado que se liga com naturalidade ao terreno poente. Este terreno propõe uma centralidade que tira partido da artéria principal. Nesse espaço coexistem serviços e comércio e pouca habitação. No restante a habitação domina, conseguindo-se assim quarteirões habitacionais tranquilos e de qualidade. A volumetria surge marcada por dois edifícios de grande altura que marcam a passagem pelo local – um pórtico grandioso que assinala o bairro. No restante, os edifícios não passam os seis pisos. Uma grande área verde complementa o espaço habitacional gerando um espaço de descompressão que qualifica o lugar, propondo frescura e sossego. Os estacionamentos tiram partido do declive do terreno para gerar garagens semienterradas e com isso diminuir custos e conseguir ventilação natural.
Corte ee
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