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A morte súbita no atleta CiRURGiA CARDÍACA
7 A morte súbita no atleta é um evento raro, porém catastrófico, com uma incidência estimada de 0.5 a 13 casos em cada 100 000 pessoas. Face à crescente mediatização das modalidades desportivas e dos seus atletas, a ocorrência destes casos tem adquirido protagonismo e consequente preocupação pública.
A atividade física regular está amplamente recomendada, a jovens e a seniores, pela sua variedade de efeitos benéficos para a saúde, nomeadamente na prevenção de fatores de risco cardiovasculares. Todavia, existem riscos inerentes à sua prática, desde lesões musculoesqueléticas ao risco aumentado de morte súbita cardíaca que têm de ser considerados.
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Parecem existir fatores preditores para a paragem cardiorrespiratória (PCR) em atletas, tais como género masculino, idade superior a 35 anos, raça negra ou que pratiquem alta competição.
A variabilidade epidemiológica da etiologia de morte súbita cardíaca varia com a idade do atleta: abaixo dos 35 anos há um predomínio de doenças hereditárias, quer de doenças arrítmicas primárias, quer de miocardiopatias. No atleta veterano, a doença aterosclerótica coronária e, por conseguinte, o enfarte agudo do miocárdio é a principal causa de morte (cerca de 80%).
Assim, existem fatores importantes a ter em conta na avaliação de um atleta: se este for jovem e tiver um coração estruturalmente normal no ecocardiograma, mas houver suspeita de síndromes arrítmicos primários como Síndrome de Brugada, Síndrome QT longo ou um Síndrome de Wolf-Parkinson-White, devem ser realizados determinados exames complementares de diagnóstico (ECD) como um holter de 24h; se for um jovem mas tiver um coração estruturalmente anormal no ecocardiograma e se houver suspeita de miocardiopatia hipertrófica, miocardiopatia dilatada ou miocardiopatia displásica do ventrículo direito, os ECD devem incluir a ressonância magnética cardíaca; e, por último, se for um atleta veterano com mais de 35 anos o estudo vai no sentido de despistar queixas de doença coronária e devem ser realizados ECD como prova de esforço, cintigrafia de perfusão miocárdica, TC coronária ou cateterismo cardíaco.
Considere-se que fatores externos podem predispor a morte súbita no atleta entre eles: o exercício extremo nomeadamente de endurance (ciclismo, maratonas, ultratrails, ironman); as síndromes de agressão térmica, quer golpes de calor que resultam em desidratação e distúrbios hidro-electrolíticos, quer hipotermia (mergulho, desportos noturnos ou em alta altitude); os desportos que envolvem impacto com choque torácico (commotio cordis) e, ainda, a possível utilização de doping.
A importante questão que se coloca é “Como prevenir?”
Nas quatro horas diárias de uma escola-motel?
Duzentos dias por ano?
Que sentido faz uma “idade de corte”, se não existe uma idade para começar a aprender?”
A todo o momento aprendíamos, desde que a aprendizagem fosse significativa, integradora, diversificada, ativa, socializadora. O tempo de aprender era o tempo de viver, as vinte e quatro horas de cada dia, nos trezentos e sessenta e cinco dias (ou 366) de cada ano, mais seis horas.
Os “paidagogos” não mais deveriam conduzir crianças para um prédio. deveriam libertá-las da reclusão de um gueto escolar e devolvê-las a uma escola “desenquistada”, nodo de uma rede de aprendizagem colaborativa.
Enquanto a comunicação social fazia eco de discurso de políticos, deslocado de um mundo incerto e em mudança acelerada, nós refletí- amos sobre o tempo de aprender. E ensaiávamos uma nova gestão de espaço-tempo.
Enquanto isso, a maioria dos professores reproduzia práticas fósseis, os teoricistas debatam o sexo dos anjos da pedagogia, os “especialistas” reinventavam a roda da educação, os legalistas publicavam palimpsestos e empresas “especializadas” aplicavam sanguessugas num cadáver adiado. K josé Pacheco _ Professor, fundador do projeto educativo da Escola da Ponte em todos os recintos desportivos e a certificação e revalidação de formação em Suporte Básico de Vida (SBV) com DAE para atuar com eficácia quando necessário.
A prevenção, a nível individual, engloba a realização de exames médico-desportivos aos atletas, que devem incluir uma história clínica detalhada, com avaliação do risco cardiovascular, um eletrocardiograma e outros ECD sempre que necessário. A consciencialização de que pode não existir uma segunda oportunidade para detetar uma patologia cardíaca num desportista, antes de uma morte súbita, deve estar na mente dos dirigentes, técnicos e equipas de saúde responsáveis pelos atletas, pelo que a realização de exames não pode, em algum momento, ser subvalorizada.
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A prevenção coletiva assume a presença obrigatória, como referido em Diário da República no DecretoLei n.º 188/2009, de um Desfibrilhador Automático Externo (DAE)
Aproximadamente 75% das paragens cardiorrespiratórias devemse a uma arritmia cardíaca designada fibrilhação ventricular, cujo único tratamento possível para a sua reversão é a aplicação de um choque eléctrico com DAE. Por cada minuto que passa sem administração do choque a probabilidade de sucesso de recuperação da vítima diminui 10% e, ainda que se iniciem manobras de SBV, a percentagem diminui 3 a 4% por minuto até o atleta ser desfibrilhado.
Este tema, pela sua importância social, foi apresentado nas I Jornadas Médico Desportivas, que decorreram no Instituto Português da Juventude e do Desporto de Castelo Branco, no passado dia 15 de abril. K
André de Lima Antunes _ Cirurgião cardíaco no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra | Docente na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra | Médico na De Lima Antunes Health Care Services www.delimaantunes.pt