TCC II - DIÁSPORA - Do Acolhimento à intervenção urbana. (BAIXADA DO GLICÉRIO)

Page 1



SAMOEL ARAUJO DOS SANTOS

DIÁSPORA DO ACOLHIMENTO À INTERVENÇÃO URBANA Trabalho Final de Graduação, apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Católica de Santos sob orientação do Professor Me. Apoena Amaral e Almeida.

SANTOS NOVEMBRO | 2019



AGRADECIMENTOS.

Inicialmente gostaria de agradecer a Deus, por permitir nos momentos mais difíceis, eu conseguir ter forças para continuar a lutar e a superar todas as fraquezas. Gostaria de agradecer a minha família especialmente aos meus pais Creuza e José Roberto, que conseguiram com muito esforço me passar todos meus princípios de vida, honestidade, lealdade e gratidão, tudo que consegui ate hoje devo a vocês. A empresa a qual eu trabalho que me deu apoio financeiro para conseguir pagar as mensalidades e a algumas folgas que precisei tirar para terminar todos os exaustivos trabalhos. Gostaria de agradecer a todos os colegas que trabalharam comigo no desenvolvimento dos trabalhos nesses últimos 5 anos, em especial (Rodrigo Portezan, Clayton da Costa, Daniela Máximo, Larissa Andrade, Leonardo Duningham e Gabriel Fernandes) e à todos amigos que fiz no decorrer do curso. A Profª. Drª. Denise Martin coordenadora da Cátedra Sergio Vieira de Mello na Unisantos, por me receber gentilmente no inicio do meu trabalho e compartilhar informações que me permitiram entender e amadurecer o tema dos refugiados.

Ao Prof. Me. Ricardo Granata por todas considerações construtivas na banca do 1º semestre e por todas as aulas realizadas com dedicação e profissionalismo, fundamentais no desenvolvimento deste trabalho e em minha formação acadêmica. Gostaria de agradecer a todos os professores, sem exceção pela dedicação em compartilhar todo conhecimento e tentar extrair de nós alunos o nosso melhor e também dedicar parte desse agradecimento para demonstrar meu amor por nossa casa, a FAUS sem duvida foi uma experiência transformadora em minha vida. Ao Prof. Me. Dr. Luciano Margotto em aceitar o convite da banca examinadora e disponibilizar o seu tempo na leitura e analise dos trabalhos desenvolvidos por nosso grupo de orientação. Gostaria de agradecer especialmente a meu orientador e amigo Prof. Me. Apoena Amaral por toda dedicação, confiou no meu potencial, acreditou no meu projeto e me incentivou a avançar. Tornou todas as nossas orientações um ambiente leve e descontraído. E por final a minha amada esposa Maria por estar comigo em todos os momentos de dificuldade e de conquistas, nas colagens de maquete aos desenhos de plástica. Eu te amo mil milhões.

PAG. 5



“Passei a vida debruçado na prancheta, mas – sempre repito – a vida é mais importante do que a arquitetura. E isso explica eu dizer aos jovens que não basta sair da faculdade como um ótimo arquiteto, mas como um homem que leu, que conhece as misérias do mundo e contra elas sabe se manifestar” Oscar Niemeyer


SUMÁRIO

12

24

01

02

1: O TEMA

2: O RECORTE

1.1 1.2 1.3 1.4

2.1 2.2 2.3 2.4 2.5 2.6 2.7

Refugiados, Exilados e Imigrantes. Crise Migratória no Mundo. Panorama Geral dos Refugiados no Brasil. Legislação no Brasil.

São Paulo: Relação histórica com imigrantes. Centro Velho: A Baixada do Glicério. O Projeto Missão Paz. Um mergulho no Bairro da Sé. O Recorte de análise e intervenção. Leis de Zoneamento. Análise Fluxo Viário.


52

70

03

04

3: AS REFERÊNCIAS ARQUITETÔNICAS

4: O PROJETO

3.1 - Análise uma ferramenta de projeto. 3.2 - Método de análise. 3.3 - Análise - Anexo de patrimônio histórico. 3.4 - Análise - Habitações. 3.5 - Análise - Projeto de intervenção nos centros urbanos.

4.1 - Planejamento. 4.2 - Programa de Necessidades. 4.3 - Pré-escola Quintal da Criança. 4.4 - Edifício Acolhimento e Capacitar.



INTRODUÇÃO Este Trabalho de Conclusão tem como temática a crise imigratória, um fenômeno que está acontecendo de forma globalizada, nos quais milhões de pessoas são obrigadas a abandonar seu país natal por sofrer algum tipo de perseguição. São Paulo, é a principal cidade do país economicamente e a segunda cidade que mais recebe refugiados, por esse motivo ela vira destino para milhares de pessoas com a esperança de um recomeço desembarcam na cidade de diversas maneiras. A Missão Paz, projeto que oferece assistência a essas pessoas faz um importante trabalho com mais de 10 mil pessoas atendidas ao ano. Após visitar a instituição, senti a necessidade de propor um projeto anexo que permiti -se uma ampliação dos programas oferecidos pela Igreja como também pensar em reestruturar de forma urbanística o entorno próximo, essa visita me mostrou a fragilidade dessas pessoas e a fragilidade existente no Glicério.

O primeiro capítulo denominado “TEMA” tem a função de introduzir e explicar o assunto refugiado em diferentes escalas passando um panorama global da crise. Já o segundo capítulo trata do “RECORTE”, no local escolhido para desenvolvimento da proposta, o bairro do Glicério, explicando todo contexto histórico até chegar aos desafios atuais a se enfrentar. O terceiro capítulo “ AS REFERÊNCIAS ARQUITETÔNICAS” propõe uma análise de projetos referenciais afim de permitir que a concepção final do projeto esteja embasada em projetos com uma certa riqueza formal e espacial. O método utilizado baseia-se na Tese de Doutorado do Arquiteto Júlio Vieira que utiliza para comparar projetos escolhidos através das 7 vias de aproximação, critérios preestabelecidos que ajudam a entender a relação forma/espaço.

O quarto último capítulo, “O PROJETO” apresenta a proposta A estrutura desse trabalho consiste em uma divisão de 4 capí- desenvolvida como um anexo a Igreja Nº Senhora da Paz, atratulos o qual buscar criar uma linha de raciocínio que começa no vés de desenhos técnicos e gráficos derivados de uma variação tema até chegar ao projeto. de hipóteses, permitindo assim uma reflexão projetual.

PAG. 11



1

O TEMA


CAPITULO 1: O TEMA 1.1

REFUGIADOS, EXILADOS E IMIGRANTES.

É estimado que a população mundial em 2019 se aproxime da marca de 7,6 bilhões de pessoas, e segundo informações da ACNUR 2017 ( Agencia da ONU para Refugiados) 25,4 milhões de pessoas são considerados refugiados. Um número bem expressivo que mostra uma realidade alarmante.

quer valer-se da proteção desse país”, a condição de refugiado determina que o mesmo deve respeitar a legislação vigente no país que o acolheu.

Os exilados e os refugiados possuem significados e classificações parecidas o que causa confusão na diferenciação, nos Diariamente nós somos bombardeados com informações de di- dois casos ambos sofrem algum tipo de perseguição, porém os versas crises humanitárias ocorrendo em várias partes do mun- exilados se restringem apenas a perseguição politica, diferente do, os termos com (refugiado, imigrante, e exilado) são muito co- dos refugiados que se enquadram em outros tipos como foi menmuns serem usados, mas de fato existe diferenças importantes cionado. na utilização desses termos. Os imigrantes por sua vez são as pessoas que se deslocam do seu pais de origem para outro de forma voluntária, sem soConforme a Convenção de Genebra 1951¹ define da seguinte forma: “o termo ‘refugiado’ se aplicará a qualquer pessoa que frer nenhum tipo de perseguição. As razões podem variar mas temendo ser perseguida por motivos de raça, religião, nacionali- normalmente o fator econômico é o principal motivo para fadade, grupo social ou opiniões políticas, se encontra fora do país zer o imigrante deixar seu país e enfrentar uma difícil viagem de nacionalidade e que não pode ou em virtude desse temor, não na busca de conseguir trabalho e condições básicas de vida.

Foto editada: Criança em um campo de refugiados. Foto original pertencente ao acervo SOS Children’s Village.

P. 14

1 - A Convenção das Nações Unidas relativa ao Estatuto dos Refugiados foi formalmente adotada em 28 de julho de 1951 para resolver a situação dos refugiados na Europa após a Segunda Guerra Mundial. Esse tratado global define quem vem a ser um refugiado e esclarece os direitos e deveres entre os refugiados e os países que os acolhem.


A forma como alguns países lidam com a situação dos refugiados e dos imigrantes tem características diferentes, muitos países tem adotado o termo imigrante para classificar as pessoas que estão buscando acolhimento, pois essa categoria facilita o processo para deportação, nos casos que o país identificar que o grupo de pessoas, não possuem documentos legais para ingressar no país. Hanna Arendt em seu livro “As origens do totalitarismo” define a situação dos refugiados da seguinte forma: “Os novos refugiados eram perseguidos,não pelo que tinham feito ou pensado, mas porque eram de uma forma imutável: nascidos dentro do tipo inadequado de raça ou do tipo inadequado de classe ou alistados pelo tipo inadequado de governo…”(ARENDT, 1951 apud ACNUR,2010 p.41)

A legislação brasileira LEI Nº 9.474, DE 22 DE JULHO DE 1997 tem como definição: Do conceito “Art. 1º Será reconhecido como refugiado todo indivíduo que: I - devido a fundados temores de perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas encontre-se fora de seu país de nacionalidade e não possa ou não queira acolher-se à proteção de tal país; II - não tendo nacionalidade e estando fora do país onde antes teve sua residência habitual, não possa ou não queira regressar a ele, em função das circunstâncias descritas no inciso anterior; III - devido a grave e generalizada violação de direitos humanos, é obrigado a deixar seu país de nacionalidade para buscar refúgio em outro país.” (BRASIL,1997, p.1)

Foto editada: Grades campo de refugiados. Foto original: REUTERS/Yannis Behrakis.

P.15


1.2

CRISE MIGRATÓRIA NO MUNDO.

A crise humanitária migratória vem a cada ano ganhando mais destaque, um fenômeno que acontece de forma globalizada, o assunto é atual e de tamanha relevância que foi um dos tópicos tratados durante a campanha eleitoral americana na proposta de construção do muro na divisa do México com os Estados Unidos.

básicas se colocam em perigo de vida, na Europa a Alemanha² foi um dos poucos países a abrir fronteira e isso provocou um grande movimento migratório com cerca de 890 mil imigrantes chegando no período de um ano ao país, esse aumento ocasionou uma saturação que obrigou o país a fechar suas fronteiras.

Entre outubro de 2018 e janeiro de 2019, cerca de 13.000 hondurenhos divididos em duas grandes caravanas rumaram em direção aos Estados Unidos em busca do pedido de refúgio¹. Os governantes americanos, se posicionaram contra qualquer tipo de acolhimento reforçando as fronteiras e endurecendo as políticas antimigratórias.

París³ é outra cidade escolhida pelos refugiados, os acampamentos conhecidos como “A Selva” conta com uma população morando em barracas nas ruas com mais de 2.000 pessoas segundo informações de governantes locais, isso obrigou o governo a construir o primeiro centro de abrigo na cidade com capacidade para 400 pessoas, já se mostrando ser insuficiente .

Na Europa, a situação não é diferente, milhares de casos de naufrágio no Mediterrâneo de embarcações com imigrantes que fazem longas jornadas de forma precária sem condições

Os principais países da Europa tem acolhido refugiados, o bloco e o destino preferido pela população imigrante em virtude das condições de vida e emprego que esses países podem possibilitar.

Foto editada: Desembarque refugiados mar Mediterraneo. Foto original pertencente fotografo AnjoKanFotografie.

P. 16

1 - Matéria disponível em: <https://www.istoedinheiro.com.br/outra-caravana-de-200-migrantes-salvadorenhos-sai-rumo-aos-eua/>. Acesso em: 25 Março de 2019 2 - Matéria disponível em: < https://www.tatsachen-ueber-deutschland.de/pt-br/categorias/sociedade/estruturar-imigracao >. Acesso em: 25 Março de 2019


Contudo, em contramão a essa postura acolhedora, os outros países da UE como Hungria, Polônia e República Tcheca já se posicionarão contra o acolhimento esse fato gerou grande polêmica no bloco, que critica essa postura e analisa aplicação de sanções financeiras, uma forma de punição para o chamado “Egoísmo Nacional” segundo Emmanuel Mácron presidente Francês. Apesar de números significantes como os da Alemanha², os países com maior registro de imigrantes são classificados como subdesenvolvidos e considerados países pobres, em destaque a Turquia⁴ com aproximados 3,7 milhões de pessoas é o pais com maior população de imigrantes do mundo, esse número aconteceu muito em função da Turquia ser uma das principais rotas para Europa passando pelo Mar do Egeu e desembarcando nas ilhas gregas. Isso motivou um acordo entre a UE - União Europeia e a Tur-

quia para receber os refugiados devolvidos pela Grécia, de acordo com o posicionamento do bloco a medida visa diminuir ações de tráfico humano, o acordo envolve uma contribuição financeira e flexibilização para o povo turco a ingressar nos países europeus. O segundo motivo a colocar a Turquia no topo da lista e o fato do país fazer fronteira com a Síria e o Iraque e abrir suas fronteiras para acolher a população desses países. Esse acolhimento na prática não é bem sucedido, a população que vive nos campos de acolhimento passam restrições no que diz respeito ao atendimento básico as necessidades humanas, como alimentação, água, educação, atendimento básico de saúde e psicológico ao qual confinados nessas regiões vivem de certa forma como prisioneiros, no aguardo do pedido de reconhecimento do status de refúgio.

Foto editada: Campo de Refugiados da UNHCE na Turquia. Foto original pertencente ao acervo EFE. 3 - Matéria disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/internacional-37805121>. Acesso em: 25 Março de 2019 4 - Dados estatisticos disponiveis em < https://www.acnur.org/portugues/dados-sobre-refugio/>. Acesso em: 01 de Agosto de 2019

P.17


Nadal define o processo migratório da seguinte forma: “Esses migrantes frequentemente enfrentam jornadas perigosas, exploração por redes criminosas de contrabando, difíceis condições de trabalho e de vida, intolerância quando chegam em solo estrangeiro e falta de acesso a serviços sociais básicos, inclusive assistência médica. Seu status irregular Muitas vezes os deixa com medo de procurar ajuda quando seus direitos são violados.”(NADAL, 2018. p. 28)

Mapa 1 - Continentes de imigrantes no Mundo.

Fonte Gráfico: (ACNUR,Tendencias Globais: Deslocamento Forçado em 2018, 2018, p. 10)

P. 18

O Mapa 1 - tem a função de permitir identificar onde se concentra os maiores focos de imigração, nos continentes Africano, Asiático e Europeu onde se tem maiores registros, o continente americano ainda que de forma menor tem sua representatividade muito em função das crises de Honduras, Haiti e Venezuela. Na Oceania a Austrália vem acolhendo refugiados de todo o mundo, para os governantes o ano de 2019 estima -se que o pais deve receber por volta de 18 mil novos pedidos de reconhecimento de refúgio.


O gráfico 1 - abaixo lista os países que mais receberam população de imigrantes no mundo, com exceção da Turquia e a Alemanha por motivos individuais, a grande massa migratória se concentra nos países subdesenvolvidos onde o ato de ingressar não se enfrenta grandes dificuldades. Em uma em aula na Unisantos no dia 25 de Fevereiro de 2019 para disciplina de Direito Internacional, ministrada pelo

Prof. João Jarochinski, especialista na temática dos refugiados, comentou que muito se confunde no aspecto de nível social dos imigrantes, que a população que se desloca é considerada uma população de classe baixa, na verdade a população que imigra normalmente e aquela que possui um nível financeiro estável, devido ao alto custo e os contatos que precisa se ter para realizar a viagem . A população mais carente não consegue ter essa estrutura para deixar seus respectivos países

Gráfico 1 - Países que mais recebem imigrantes.

Gráfico1 produção própria - Fonte de Dados: (ACNUR,Tendencias Globais: Deslocamento Forçado em 2018, 2018, p. 17)

P.19


Um segundo gráfico aponta os principais países de origem dos refugiados, e demonstra a Síria como o país com maior número de imigrantes a deixar o país, situação esta que se justifica em virtude da guerra que perdura a quase 8 anos¹, que devastou o país o deixado em ruínas e contabilizou um número de mais de 500 mil pessoas que morreram em meio ao caos instaurado. Os outros países da lista assim como a Síria passam por conflitos políticos e crises econômicas que impossibilitam a permanência e os obriga a deslocar como única alternativa.

Gráfico 2 - Países de origem dos imigrantes.

Gráfico 2 produção própria - Fonte de Dados: (ACNUR,Tendencias Globais: Deslocamento Forçado em 2018, p. 15)

P. 20

1- Matéria disponível em: <https://exame.abril.com.br/mundo/apos-oito-anos-de-guerra-vizinhos-da-siria-se-cansam-dos-refugiados/>. Acesso em: 20 Agosto de 2019.


1.3 PANORAMA DOS REFUGIADOS NO BRASL. Segundo Freitas (2019,p.33), “o Brasil é tradicionalmente um país de imigração, desde o descobrimento, foi ocupado, colonizado e povoado por diferentes grupos étnicos e raciais”, isso contribuiu para nossa diversidade cultural e social. Esse cenário não mudou nos dias atuais o país recebe diariamente inúmeros pedidos de reconhecimento da condição de refugiado. Segundo dados do CONARE (Comitê Nacional para os Refugiados) só em 2017 registrou mais 33 mil pedidos¹, esse número historicamente vem crescendo muito em função das crises econômicas e políticas que estão entrando em seu ápice. O caso com maior destaque na América e o colapso econômico hiperinflacionário na Venezuela², com a desvalorização dos barris de petróleo o pilar central da economia venezuelana e anos de governo do ditador Nicolas Maduro estima-se que cerca de 3 milhões de pessoas deixaram o país. Não se consegue comprar alimentos, medicamentos e itens básicos,

então muitos cruzaram a fronteira com o Brasil na cidade Pacaraima³, apenas para realizar compras para sobrevivência, já outros casos buscam de fato um recomeço solicitando a condição de refugiado, fugindo da opressão e miséria na esperança de achar trabalho e conquistar residência no país. O Haiti é o segundo país com maior número de imigrantes a solicitar refúgio no Brasil, segundo dados da Nações Unidas Brasil⁴ o terremoto que aconteceu em 2010 trouxe vários prejuízos deixando um rastro de devastação e cerca de 1 milhão de pessoas desabrigadas e mais de 220 mil mortes registradas, a ajuda humanitária prestada ao país pelo Governo Brasileiro aproximou as relações entre os dois países, isso motivou muitos haitianos a se aventurarem na busca de um recomeço após a tragédia, cheio de expectativas e esperanças, se depararam com uma realidade a qual o país passa por uma forte recessão onde existem poucas vagas de trabalho disponíveis.

Foto editada: Alepo em ruínas cidade ao norte da Síria. Foto original pertencente fotografo Natália Sancha -El Pais Foto editada: Caravana de refugiados venezuelanos. Foto original pertencente ao acervo AFP.

1 - Dados disponiveis: CONARE, Refugios em Numeros 3º Edição, 2017, p. 9. 2 - Matéria disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/internacional-45909515>. Acesso em: 12 Abril de 2019. 3 - Pacaraima é uma pequena cidade localizada 215km ao norte de Roraima 4 - Matéria disponível em: <https://nacoesunidas.org/nove-anos-apos-terremoto-haiti-melhora-preparacao-para-desastres-naturais/>. Acesso em: 18 Abril de 2019.

P.21


Os haitianos¹ sem muitas opções vivem em abrigos e empregos Gráfico 3 - Principais Nacionalidades das solicitações informais para tentar se manter, o mesmo caso acontece com os em Trâmite no Brasil. refugiados de países africanos, em seus relatos sobre as dificuldades enfrentadas cometam que a pior experiencia não e a jornada caótica de deslocamento do continente Africano até o Brasil, mas grande dificuldade de inserção na sociedade por preconceito de raça e nacionalidade dispensando profissionais muitas vezes capacitados, com experiencia e alguns casos com nível superior. Em papos com a Prof Denise Martin coordenadora da Cátedra Sérgio Vieira de Mello da Unisantos comentou que o imigrante europeu branco que ingressa no Brasil se comparado com os imigrantes negros e os latino-americanos, encontram uma menor dificuldade para se relacionar em sociedade e na busca por uma oportunidade de emprego leva uma ligeira vantagem, isso demonstra que um certo preconceito latente na nossa sociedade. Segundo Nadal a experiencia com os refugiados poderia ser encarada de uma forma positiva “Apesar de ser visto muitas vezes por seu aspecto negativo, a migração é um fenômeno que está associado de maneira muito positiva com o desenvolvimento das ações de diferentes formas os imigrantes contribuem para a prosperidade econômica de seus países de acolhimento, e o fluxo de capital financeiro, tecnológico, social e humano de volta para seus países de origem ajuda a reduzir a pobreza e estimular o desenvolvimento econômico.” (NADAL. 2018. P.28) Gráfico3 produção própria Fonte de Dados: Comitê Nacional para os Refugiados

P. 22

1 - Matéria disponível em: <https://nacoesunidas.org/nove-anos-apos-terremoto-haiti-melhora-preparacao-para-desastres-naturais/>. Acesso em: 18 Abril de 2019.


1.4 LEGISLAÇÃO NO BRASIL. No Brasil a lei que está em vigor e regulamenta os direitos dos os refugiados e a LEI nº 9.474 de julho de 1997, conhecida como Estatuto dos Refugiados, ela tem sua base na Convenção de 1951², porém conseguiu ir além disso pois possui conceitos para reconhecimento de refugiados que aumentam as oportunidades de conquistar o status de refugiado.

A Policia Federal e um órgão que recebe as solicitações dos refugiados sendo o elo de ligação com o CONARE, transmite as informações necessárias para o processo prosseguir, consulta órgãos internacionais como a Interpol para inibir possíveis ameaças de terrorismo e também acompanha os pedidos aprovados de acolhimento, os pedidos negados e faz o controle de fronteira.

A lei determina que o refugiado consiga adquirir os direitos civis como um cidadão comum, podendo trabalhar, estudar e utilizar dos serviços básicos de saúde, garantido também a proteção dos refugiados por parte do Governo Brasileiro. Em 2017, foi conquistada a aprovação da lei de Migração (nº 13.445/2017), que regulamenta o movimento migratório, assim garantido alguns direitos essenciais como inviabilidade do direito à vida, o direito de propriedade, segurança e liberdade, instituindo o visto temporário para acolhida humanitária a quem esteja em uma situação de violação de seus direitos humanos.

A ACNUR - Alto Comissário Das Nações Unidas Para Refugiados é um organismo que trabalha de forma subsidiária a ONU - (Organização das Nações Unidas), porém atuando de forma independente, foi criado após o final da Segunda Guerra Mundial com a função de reintegrar os refugiados do pós guerra, reassentá-los e fazer um acompanhamento de perto visando garantir os direitos básicos humanitários. Atualmente possui escritórios em todos os continentes sendo tutelar do direito dos refugiados, tem a função de criar relações com os governos internacionais para resolver conflitos e proporcionar a proteção internacional.

O CONARE - Comitê Nacional para Refugiados e um órgão que foi criado a partir da promulgação do Estatuto dos Refugiados e tem em suas atribuições a coordenação da integração social, assistência, proteção e apoio jurídico aos refugiados no Brasil, também assume o papel de analisar todos os pedidos de reconhecimento da condição de refugiado.

No Brasil, a ACNUR tem origem em 1977 com sede no Rio de Janeiro, na época começou a surgir primeiros casos de acolhimento dos refugiados, origem na sua maioria das vezes de nacionalidades sul-americanas em função de crises institucionais.

Foto editada: Haitianos - conquista da carteira de trabalho. Foto original pertencente acervo curt.org

2 - A Convenção das Nações Unidas relativa ao Estatuto dos Refugiados foi formalmente adotada em 28 de julho de 1951 para resolver a situação dos refugiados na Europa após a Segunda Guerra Mundial. Esse tratado global define quem vem a ser um refugiado e esclarece os direitos e deveres entre os refugiados e os países que os acolhem.

P.23



2

O RECORTE


CAPITULO 2: O RECORTE 2.1

São Paulo: Relação histórica com imigrantes.

Para Freitas (1999, p. 33) “ ‘O Fazer América` era o sonho da maioria dos imigrantes [...].A América era a terra de oportunidades , onde haveria a possibilidade de enriquecimento para todos, como se fosse um verdadeiro ´Eldorado`”.

No início do século XIX, as primeiras ondas migratórias proporcionaram um dinamismo maior na cidade e no interior do estado para o trabalho nas lavouras e posteriormente como operários nas grandes fabricas, impulsionadas pelo avanço da industrialização.

São Paulo em franca ascensão econômica devido principalmente a exportação do café virou rota migratória escolhida por um número significativo de imigrantes, é isso contribuiu para a construção de bairros tradicionais paulistanos como o da Liberdade.

Com o fim da escravidão e devido a grande demandas ocasionou um processo de escassez de trabalhadores, onde não se conseguia repor com mão de obra local, então a solução foi importar essa mão de obra internacional, através de subsídios pagos diretamente aos imigrantes, com a compra de passagens no navio e promessas feitas de moradia e trabalho já garantidos logo após o desembarque, o perfil buscado eram famílias e homens adultos, eles desembarcavam no porto de Santos e posteriormente eram enviados de trem com destino a Hospedaria dos Imigrantes localizada no Bairro do Bom Retiro em São Paulo situada próximo as importantes ferrovias como a (São Paulo Railway) e as ferrovias do Norte (São Paulo e Rio de Janeiro).

Segundo informações do Arquivo Publico do Estado de São Paulo (2017)¹ historicamente os registros datados da segunda metade do século XVIII mostravam a capitania de São Paulo ser composta por diferentes povos (os colonos portugueses , indígenas nativos e escravos africanos) era um local inóspito e longe geograficamente da grande metrópole. Esses mesmos povos que começaram a miscigenação da cultura paulistana.

Foto editada: imigrantes trabalhando lavroura de café no interior de São Paulo. Foto original pertencente ao acervo Iconógrafico do Memorial do imigrante

P. 26

1 - Matéria disponível em: </http://www.saopaulo.sp.gov.br/conhecasp/nossa-gente//>. Acesso em: 18 Abril de 2019.


O grupo com maior representatividade numérica são os italianos², que em 1870 partiram em massa para o Brasil fugindo da crise econômica que a Itália atravessava com altas taxas de desemprego e de superpopulação, porém com grandes dificuldades de conseguir acumular rendimentos com o trabalho oferecido nas lavouras de café, parte da massa migrou para o centro de São Paulo para o trabalho nas fábricas, a cidade em 1901 chegou a ter 90% dos trabalhadores de nacionalidade italiana nas fábricas da paulistanas.

tura no Sul do país. O registro em São Paulo marca a década de 30 devido o crescimento do nazismo, os alemães(judeus) fugiram dessa forte perseguição e se instalaram em Bairros como o Bom Retiro e do Santo Amaro em atividades de comércio e indústria. Por fim gostaria de citar a imigração japonesa, que é considerada a maior colônia fora do Japão. Em 1908, desembarca no porto de Santos 733 pessoas no navio Kasato Maru ficaram hospedados na capital por um curto período e depois seguiram viagem para o trabalho nas fazendas do interior e outros estados. Outras ondas de imigração aconteceram registrando em 1941 cerca de 188.986 japoneses.

No caso dos portugueses, os registros são mais antigos, eles fizeram parte do processo de colonização nos primeiros anos após descobrimento, e com seu ápice entre 1.901 e 1930. Os espanhóis, tiveram forte representatividade nos séculos 19 Esses povos somados aos nativos e aos novos imigrantes e 20, eles desembarcaram no Brasil com o objetivo em comum de diversas nacionalidades que ano à ano vem aumentando ao dos outros imigrantes na busca de trabalho nas lavoras de ajudaram a construir a cidade que conhecemos hoje em dia, café, são considerados o 3 maior contingente de imigração no onde se come, se ouve de tudo e se permite viver experiências. Brasil. Na capital eles se instalaram principalmente em Bairros da Mooca e do Brás região tipicamente destinada a operários. Os imigrantes alemães, em um período de 100 anos migraram cerca de 250 mil pessoas, muito em razão do programa criado por Don Pedro I, com o objetivo de permitir uma evolução da agricul-

Foto editada:a Hospedaria dos Imigrantes Foto Original pertencente ao acervo do Memorial do Imigrante 2 - Matéria disponível em: <http://www.saopaulo.sp.gov.br/conhecasp/nossa-gente/migrantes///>. Acesso em: 22 Abril de 2019.

P.27


2.2

Centro Velho: A Baixada do Glicério

A Baixada do Glicério oficialmente não é um bairro, mas pode ser entendido como uma zona urbana localizada as margens do Rio Tamanduateí, pertencente ao Bairro da Sé, a área é bastante degradada por diferentes aspectos urbanísticos e socias em função de um abandono histórico, a área abriga uma população de baixa renda, com uma serie de cortiços espalhados em estado de degradação em conjunto a uma diversidade de comércios de pequeno porte que ajudam a circular a economia local mesmo que de forma informal. Com essas caraterísticas a zona do Glicério se torna endereço de um número significante de imigrantes e refugiados que sem escolha buscam moradias de baixo custo (cortiços) ou abrigos fornecidos por instituições filantrópicas de apoio e acolhimento, em destaque o projeto oferecido pela Missão Paz localizado na Igreja de Nossa Senhora da Paz alvo do subcapítulo subsequente.

Mas voltando a suas origens do bairro, de acordo com Milton Yoshimoto em sua tese A Baixada do Glicério: Um estudo de bairro: “A urbanização da região do Glicério ocorreu tardiamente,

por volta do final do século XIX. Esse atraso pode ser explicado pelas condições topográficas da área e as cheias periódicas do Rio Tamanduateí. Até então, a região era ocupada por chácaras de famílias abastadas, destacansa -se a da Tabatinguera, de Francisco de Assis Lorena.” (1980. p12)

No começo do século com desenvolvimento industrial o Glicério começa demandar casas para a população operária (principalmente italiana), com as indústrias localizadas próximas as linhas férreas tornando próximo o local de repouso ao ambiente de trabalho. Essa situação torna o Glicério um bairro de configuração operária por suas características sociais e espaciais. Foram construídos na década de 50 edifícios habitacionais com alturas e variações tipológicas internas. Transformação Desequilibrada.

Sítio Original

Imagem Produção Própria, 2019

P. 28


Foto Editada do Rio TamanduateĂ­ de 1910 Foto Original pertencente a Vicenzo Pastore parte do acervo IMS

P.29


Não há duvida que os viadutos são componentes da paisagem urbana das grandes cidades e eles são componentes importantes do fluxo de circulação dos automóveis em São Paulo possibilitando conectar diferente origens e destinos. A construção do elevado além de seccionar o Glicério , trouxe prejuízos na poluição atmosférica, visual e sonora. Segundo Paula Souza: “No final da década de 60, durante os governos municipais de Faria Lima (1965-1969) e Paulo Maluf (19691971), foi construída uma sequência de viadutos para conectar a Radial Leste ao Elevado Presidente Costa e Silva. Uma grande obra de infraestrutura viária que rasgou na malha urbana, deixando para trás um rastro de degradação que perdura até os dias atuais. Entre os imóveis demolidos estavam o Teatro São Paulo e parte do conjunto de casas que formavam a Vila dos Estudantes, criando uma barreira física, com apenas duas possibilidades de transposição junto a Rua do Glicério.” (2016. p10)

No século XXI o Glicério ingressa com os mais variados desafios a se enfrentar, seja na esfera urbanística que esta relacionado ao traçado viário que divide a região praticamente em duas tornando-se difícil estabelecer desenvolvimento com os bairros próximos, traçado este estruturado com os viadutos do Glicério e o Leste -Oeste com seus enormes vãos gera espaços urbanos escuros, sem condições higiênicas, propícios a violência urbana, dificultando a convivência social e tornando-se assim áreas vazias.

A deterioração das edificações com um de elevado número de cortiços torna-se preocupante as questões sociais, se tornando outro desafio a se enfrentar, que além dessa população de baixa renda, lida com a população em estado de rua e também a população de imigrantes/refugiados que além do acolhimento necessitam de auxílio na integração social devido a dificuldade Mapa 2 Sara Brasil 1930 com sobreposição do viaduto,o rastro de devastação. com o nosso idioma.

P. 30


Foto acervo pessoal - Viaduto do GlicĂŠrio.


2.3

O Projeto Missão Paz

A Igreja Nossa Senhora da Paz¹ conhecida como igreja dos italianos, fica localizada no endereço Rua do Glicério 225 - Bairro da Sé, se trata de um edifício com valor histórico para cidade que teve em 2012 seu pedido de tombamento aprovado junto ao CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado) esse é uma importante reconhecimento que vem valorizar os anos de história e o papel central que a igreja ocupa no acolhimento e integração da população de imigrantes. Segundo informações obtidas em visita guiada no projeto em fevereiro de 2019 e com base nas informações do site MissãoPaz. org (2019), a Missão Paz é uma instituição filantrópica pertencente aos padres missionários Scalabrianos que vem atuando em defesa dos imigrantes a quase 90 anos. A igreja foi concebida inicialmente para atender os imigrantes italianos que estavam fugindo

dos conflitos da II Segunda Guerra Mundial, com o passar dos anos esse atendimento se estendeu a várias nacionalidades atingindo por volta de 70 países, atendendo os refugiados e imigrantes. No decorrer de sua história o projeto sofreu modificações necessárias para se adequar as demandas que foram surgindo, o prédio foi ganhando ampliações, informação essa que pode ser observada no diagrama 1, assim conseguiu diversificar o atendimento e ganhou visibilidade nas últimas décadas por prestar atendimento em vários momentos de fragilidade humanitária, com destaque o ano de 2005 no atendimento aos bolivianos, imigração esta resultante do acordo firmado entre o Brasil e a Bolívia, 2014 no atendimento de 8 mil haitianos vítimas do sismo que ocorreu em 2010 na busca de encontrar um recomeço e mais recente entre 2017 e 2018 no atendimento a comunidade venezuelana visto no capítulo 1, que fogem de grave crise econômica e um regime ditatorial.

Timeline - Projeto Missão Paz Construção Igreja N. Senhora da Paz.

Fundação da AVIM Associação de Voluntários pela Integração do Migrante.

Criação Centro de Estudos Migratórios.

Início das atividades da Casa do Migrante.

Criação do Centro Pastoral dos Migrantes

Produção própria - Fonte de dados - MissãoPaz.org

Elaboração do Programa Mediação

Início do trabalho das Assistentes Sociais

Lançamento da Rádio Migrantes

Criação do Centro Pastoral e de Mediação dos Migrantes - CPMM

1 - Matéria disponível em: </http://www.missaonspaz.org/menu/quem-somos/historia//>. Acesso em: 25 Abril de 2019.

P. 32


Diagrama 1 - Planta cronológica das ampliações Igreja Nossa Senhora da Paz.

1940

1984

1950

2001

1960

2019

1973

TERRENO DE AMPLIAÇÃO

Diagrama produção própria Fonte de Dados: PROJETO MISSÃO PAZ: Plano Diretor e Estudos Preliminares, Escola da Cidade, 2015, p81.

P.33


O Padre Antônio Parise¹, é o coordenador responsável pelo projeto que conta com uma equipe de funcionários e um grupo de voluntários que prestam auxílio principalmente na área da saúde e atendimento jurídico, o projeto possui sua estrutura de atendimento que se divide da seguinte forma: 1. A Casa do Migrante² é local para acolhimento que conta com 110 leitos o qual oferece alimentação 3 vezes ao dia, materiais para higiene pessoal, lavanderia coletiva, atendimentos básicos de saúde, atendimento psicológico e aulas de português devido a grande dificuldade de comunicação no nosso idioma. 2. O Centro Pastoral e de Mediação dos Migrantes presta atendimento diariamente com objetivo de promover a integração social do imigrante, fornece assistência jurídica, auxilio na orientação para retirada de documentos, capacitação para ingressar no mercado de trabalho, serviço social e apoio a família com distribuição de cestas básica.

3. O Centro de Estudos Migratórios possui a biblioteca mais bem estruturada na temática da imigração do nosso país, organiza palestras, seminários e recebe estudantes e pesquisadores. 4. A Igreja Nossa Senhora da Paz presta atendimento religioso a comunidade local na capela do Glicério, em outras duas capelas oferece um atendimento para os italianos e para os hispano-americanos com missas celebradas em diferentes idiomas. É preciso deixar claro, que todo o atendimento, fornecido de acolhimento e assistencialismo aos grupos de imigrantes não tem a pretensão de catequizar na doutrina católica, o objetivo é apenas permitir que eles consigam dar início a um recomeço de vida estipulando um período que pode durar no máximo 6 meses servindo como forma de incentivo na busca de emprego e moradia. Além da Missão Paz é preciso comentar em São Paulo a existência de outros institutos voltados a defesa dos imigrantes/refugiados. Com destaque : • ADUS - Instituto de Reintegração do Refugiado, uma organização da sociedade civil com inicio de atendimento em 2010. • CÁRITAS BRASILEIRA - rede de acolhimento e reintegração social da população de imigrantes atuando com mais de 60 anos. • COMPASSIVA - Organização social que atendente crianças, adolescentes mulheres e refugiados na cidade de São Paulo.

P. 34

1 - Informações coletadas em visita realizada em fevereiro de 2019. 2 - Matéria disponível em: </http://www.missaonspaz.org/menu/quem-somos/>. Acesso em: 25 Abril de 2019.


Dormitório da Casa do Migrante Foto: Tiago Queiroz / Estadão Conteúdo

Biblioteca do Centro de Estudos Migratórios. Foto: MissãoPaz.Org

Atendimento Centro de Mediação ao Imigrante. Foto Acervo Pessoal.

Capela do Glicerio interior. Foto: Arsenal da Esperança

P.35


2.4 Um mergulho no Bairro da Sé (Uma narrativa sensorial) O diagrama de localização apresenta diferentes escalas de aproximação até chegar no Bairro da Sé, região central de São Paulo onde se localiza importantes marcos para história da cidade como (o Mercadão, a Praça da Sé, o Teatro Municipal e o Viaduto do Chá), a área possui uma inclinação topográfica formando uma sequência de ladeiras, contudo o terreno escolhido para desenvolvimento do projeto fica em uma área plana onde historicamente inundava fazendo parte da Várzea do Carmo.

Nosso percurso se inicia na estação do Bairro da Liberdade, ao desembarcar na praça de mesmo nome passa a sensação de estar em uma típica cidade Japonesa com pequenos comércios de produtos orientais, bares e restaurantes com a mesma temática, os transeuntes com olhares puxados em grande numero se misturam a população tipicamente paulistana. Os postes vermelhos marcam a paisagem como se quisessem reforçar o tempo todo os símbolos da colônia japonesa.

Em primeira visita realizada em fevereiro de 2019 ao Bairro da Sé com percurso sinalizado no mapa 3, me permito aqui transcrever parte da experiência vivenciada, inspirada na narrativa parecida feita pelo Ângelo Bucci em sua tese de doutorado¹ pelo centro de São Paulo, narrativa essa que permita o leitor uma imersão ao ambiente contextualizando a vivência , conhecimentos, característica tipologia dos edifícios e leitura urbana.

Seguindo pela Rua dos Estudantes e possível notar a grande diferença na topografia com uma ladeira tão íngreme que parece sumir no horizonte, o vermelho é a cor marcante nos letreiros dos restaurantes, convidativos a desfrutar de experiências gastronômicas interessantes, com relação ao gabarito os edifícios em sua grande maioria não passam de 2 pavimentos, ao adentrar pela ladeira e possível encontrar edifícios com gabaritos maiores.

BRASIL

ESTADO DE SÃO PAULO

REGIÃO METROPOLITANA

CIDADE DE SÃO PAULO

BAIRRO DA SÉ

Diagrama de Localização - Produção própria - 2019 1 - SÃO PAULO QUATRO IMAGENS PARA QUATRO OPERAÇÕES. Cap 4 pg. 81

P. 36


Mapa 3 - Bairro da Sé - produção própria - 2019


Continuando a caminhada pela Rua dos Estudantes quanto mais se andava, mais se percebia diminuir a quantidade de elementos orientais e aumentar a diversidade de comércios e prestação de serviço. Ao cruzar a avenida Conselheiro Furtado outra atmosfera começa a pesar sobre os ombros, uma sensação de abandono começa a se reforçar aos poucos, casarões antigos deteriorados, comércios fechados e vandalismo de todas as formas são elementos que provocam uma sensação de insegurança, a vontade é de sair correndo com a preocupação de um possível assalto priva o pedestre de apreciar a fluidez do trajeto urbano. No final da Av. dos Estudantes, existem apenas cortiços e habitações em condições precárias, galpões abandonados, alguns comércios bairristas como bares e uma mercearia, nesse trecho volta a se observar presença de imigrantes, duas crianças negras rindo e correndo uma atrás da outra. A rua antes arborizada é trocada por uma sequencia de postes com fiações emboladas, o colorido das residências parece querer despertar alegria mas que nada consegue combater a miséria observada.

P. 38

Uma curva nos convida a chegar na praça Mario Margarido onde traços urbanos voltam a aparecer através das árvores que contornam o perímetro da escola Duque de Caxias e também pela presença de mobiliários urbanos, existem edifícios com mais de 21 andares que aparecem de plano de fundo com uma qualidade arquitetônica duvidosa, é possível notar um maior movimentação de pessoas transitando muito em função da escola. Atravessando a praça chega-se a Rua do Glicério e logo se percebe uma torre residencial recém erguida e outra na mesma rua em fase de obras, isso mostra pequenos focos de uma futura mudança de cenário nos próximos anos, nesse trecho encontra-se os africanos com roupas coloridas e um porte físico robusto eles se concentram em pequenos focos em toda a extensão a rua. Mas de verdade o que mais chama a atenção e a belíssima Igreja N. S. da Paz com seus portões abertos e um convite para todas as pessoas adentrarem, a igreja é toda materializada em tijolos dialoga muito a arte greco-romana, ao fundo o viaduto marca a paisagem com uma linha de força horizontal.


Com exceção das novas torres e algumas preexistências, o gabarito predominante é baixo, algo em torno de 2 pavimentos, ao lado da capela principal esta o quintal da criança uma escola infantil com muros coloridos carregados em desenhos infantis, fornece atendimento para as crianças imigrantes pertencentes ao projeto, como também a população de baixa renda da vizinhança próxima. A rua parece estar sempre movimentada devido ao grande fluxo de carros com origem da avenida dos Estados isso torna difícil o ato de atravessar a rua, o alto movimento também se percebe com os pedestres que transitam em meio a barracas de frutas e verduras que existem no chão, improvisadas como uma maneira de trabalho informal encontrada para permitir uma possibilidade de renda. Lojas de roupa, bares, mercados, loja de móveis e boxes com bugigangas chinesas compõem a extensão até chegar na Rua Tambatinguera, é preciso comentar a existência de um corpo de bombeiros que serve como um centro de distribuição logística de suprimentos a todo corpo de bombeiros da região metropolitana de São Paulo.

De costas para Avenida dos Estados, e olhando frente a Rua Tambatinguera outra ladeira é imposta, uma subida de tirar o folego que recomendo aos mais sedentários ser feita ao poucos para não cansar, o que diferencia essa rua das demais já comentadas em primeiro momento é um nicho de comercio focado apenas em essências tornando essa rua bastante procurada pra quem trabalha nesse ramo de atividade, velas com aromas e óleos terapêuticos são os produtos a se repetir aos montes. Mais importante que esse nicho comercial e o conjunto de capelas que existem nessa rua e nas proximidades. A igreja da Boa Morte é a primeira a se encontrar, possui estilo Barroco-colonial foi construída ali desde 1810, na lateral direita possui um projeto de habitação com qualidade arquitetônica assinada pelo escritório de Héctor Vigliecca. A Capela do Menino Jesus e Santa Luiza outra na mesma rua, apesar de seu pequeno porte possui uma riqueza ainda maior no estilo Neogótico arquitetura essa típica do início do século XIX no Brasil. E o último edifício com qualidade a se comentar até chegar na praça da Sé marco central da cidade.

P.39


2.5 O Recorte de análise e intervenção. Para área de intervenção foi definido 5 elementos estruturadores, esses elementos são componentes centrais no planejamento das propostas de hipóteses, por garantir a permanência dos serviços já existentes afim de possibilitar sua ampliação. São eles: 1) A Igreja Nossa Senhora da Paz - será considerado o complexo das três Capelas para o celebrar, a Casa do Migrante como um espaço de acolhimento, o Centro de Estudos Migratórios que possui uma biblioteca dedicada a temática dos assuntos relacionados a imigração e por último o Centro Pastoral e Mediação dos Imigrantes no auxílio para integração social. 2) A Creche - CEI Quintal das Crianças - Proporciona atendimento de 135 crianças com faixa etária de 2 a 5 anos de idade de segunda à sexta das 07 as 17 horas com objetivo de contribuir para a construção da identidade social e cultural. 3) A Praça Ministro Francisco de Sá Carneiro - localizada ao lado do Viaduto do Glicério, não recebeu manutenção por parte da prefeitura e virou uma aérea sucateada que concentra lixo urbano e serve de reduto para população em situação de rua.

P. 40

4) O Viaduto do Glicério - construído no final da década de 60 permite a conexão entre as zonas leste - zona oeste, fica conectado com a Praça Ministro Francisco, no baixo do viaduto possui uma quadra de basquete que servia de suporte esportivo aos usuários da praça, porém sofreu pelo mesmo abandono e se tornou um espaço insalubre e inseguro para sua permanência, na parte leste alguns galpões improvisados abrigam a Cooper Glicério uma associação de catadores de material reciclável. 5) O Centro Integrado de Logística do Corpo de Bombeiros - responsável por distribuir suprimentos para toda corporação de bombeiros da região metropolitana de São Paulo, conta com dois depósitos para abrigar os suprimentos, um conjunto de alojamentos, uma central de controle de operações, um setor administrativo, garagem para os veículos e um refeitório. O Mapa 4 mostra a ampliação do Glicério onde fica localizado o terreno de análise, foi demarcando as atuais áreas de ocupação dos 5 elementos estruturadores acima pontuados, essa análise permite a leitura do volume e espaço no plano horizontal e vertical, e sua relação direta com as edificações próximas.


MAPA 4 - Localização dos 5 Elementos Estruturadores

Igreja N. Senhora da Paz CEI - Quintal da Criança

Centro Apoio aos Bombeiros Praça M. Francisco de Sá Carneiro

Baixo do Viaduto

P.41

Produção Própria - Imagem Google Earth - 2019


P. 42


P.43


No mapa 5 de altimetria, revela um desequilíbrio na área de MAPA 6 - Densidade intervenção, a Rua dos Estudantes predomina-se construções de baixo gabarito, antigas, mal conservadas e congeladas no tempo não demonstra nenhum desenvolvimento, com poucas opções de moradia e a inexistência de unidades multifamiliares, ocasiona também um desequilíbrio populacional conforme demonstrado no mapa 6 de densidade. Se contrapondo a essa situação na extensão da Rua Tambatinguera há edifícios maiores, bem conservados e com densidade elevada. Nas quadras ao lado da Igreja N. S. da Paz, as novas torres T1 e T2 demarcadas no mapa ajudam aumentar a densidade trazendo um novo perfil de população que se mescla com a população de baixa renda que ali reside, na Rua Helena Zerrener paralela a Rua do Glicério duas torres com 21 pavimentos foram construídas por volta dos anos 70 sem nenhum critério arquitetônico aparente, implantadas uma de frente para outra e dessa forma impedindo a incidência de luz solar, tornando a rua escura mesmo durante o período a manhã. Fonte: GEOSAMPA - 2019 P. 44


R.

os

tra In rC ca Os

R. d Es t nte

o

s

h in rd Go

u da R. Helena Zerrener

R. Dr. g Lun

os

os

R. do Glicerio

.d Av

R. AL. Mauriti

R. Vasco Pereira R. Teixeira de Leite

>25

os

. Av

MAPA 5 - Altimetria:

Até 5M

ss Pa . f Pre

6 a 10M

11 a 24M

25 a 74M

Acima de 75 P.45

Produção Própria - Imagem Google Earth - 2019

tad Es


O Mapa 7 do Uso de Solo demonstra os usos existentes em cada lote, são organizados em grupos e permitem entender melhor a configuração das quadras onde o traçado viário e a proximidade de sua localização em relação a pontos importantes podem definir o tipo de atividade destinada.

fundamental, hospital ,corpo de bombeiros e uma sequência de edifícios religiosos. Duas praças dentro desse perímetro a Praça Ministro Costa Manso e frequentemente utilizada pela população de moradores contendo um parquinho infantil e a segunda já mencionada Praça Ministro Francisco de Sá Carneiro não usada devido a falta de manutenção, lixo, a presença de população de rua e O uso residencial aparece de forma predominante hora o forte movimento de carros que a separa do restante do bairro. de forma unifamiliar, multifamiliar ou em edifícios de uso misto (Comercio + Habitação), na Rua do Glicério existe pequenos A igreja fica localizada a 700 metros de três estações de comércios bairristas que servem como suporte para a popula- metro e um terminal de ônibus, não possui conexão com cicloção local. Dentro de um raio de 400 metros é possível encontrar vias , as linhas de ônibus circulam a área com pontos de ôniequipamentos urbanos como escola infantil, escola de ensino bus na R. Teixeira de Freitas e na Rua Conselheiro Furtado.

P. 46


R.

os

tra In rC ca Os

R. d Es t nte

o

s

h in rd Go

u da R. Helena Zerrener

R. Dr. g Lun

os

os

R. do Glicerio

.d Av

R. AL. Mauriti

R. Vasco Pereira R. Teixeira de Leite

os

ass .P f e r

.P Av

MAPA 7 - Uso do Solo

Institucional Misto (Comercial + Habitação)

100M

Comercial Unidade Unifamiliar

Serviços Unidade Multifamiliar

P.47

Produção Própria - Imagem Google Earth - 2019

tad Es


2.6 Leis de Zoneamento. Determinado pelo Plano Diretor e a Lei de Zoneamento o Bairro da Sé pertencer a Macrozona de Estruturação e Qualificação Urbana, com os seguintes objetivos prescritos na lei Nº 16.050, de 31 de Julho de 2014. “I – promoção da convivência mais equilibrada entre a urbanização e a conservação ambiental, entre mudanças estruturais provenientes de grandes obras públicas e privadas e as condições de vida dos moradores; II – compatibilidade do uso e ocupação do solo com a oferta de sistemas de transporte coletivo e de infraestrutura para os serviços públicos; III – orientação dos processos de reestruturação urbana de modo a repovoar os espaços com poucos moradores, fortalecer as bases da economia local e regional, aproveitar a realização de investimentos públicos e privados em equipamentos e infraestruturas para melhorar as condições dos espaços urbanos e atender necessidades sociais, respeitando as condicionantes do meio físico e biótico e as características dos bens e áreas de valor histórico, cultural, religioso e ambiental; IV – eliminação e redução das situações de vulnerabilidades urbanas que expõem diversos grupos sociais, especialmente os de baixa renda como pessoas em situação de rua, catadores e trabalhadores ambulantes, a situações de riscos, perigos e ameaças; V – diminuição das desigualdades na oferta e distribuição dos serviços, equipamentos e infraestruturas urbanas entre os distritos;

P. 48

VI – desconcentração das oportunidades de trabalho, emprego e renda, beneficiando os bairros periféricos; VII – manutenção, proteção e requalificação das zonas exclusivamente residenciais consideradas as disposições dos arts. 27 e 33 desta lei”.(BRASIL, 2014, p.08)

A leitura nos permite entender que a Macrozona de Estruturação e Qualificação Urbana tem como objetivo promover porções do território destinadas a usos residenciais e não residenciais com densidades demográficas e construtivas altas, promover espaços públicos possibilitando uma articulação com os meios de transporte urbano. O terreno de intervenção conforme demonstrado no Mapa 8 é classificado como ZEIS de nível 3 na lei Nº 16.050/14 que define da seguinte forma. “ZEIS 3 são áreas com ocorrência de imóveis ociosos, subutilizados, não utilizados, encortiçados ou deteriorados localizados em regiões dotadas de serviços, equipamentos e infraestruturas urbanas, boa oferta de empregos, onde haja interesse público ou privado em promover Empreendimentos de Habitação de Interesse Social”.(BRASIL, 2014, p.39) Com relação a trecho da lei o terreno naturalmente deve ser destinando a Habitação Social, a localização favorece por já possuir infraestrutura preparada, sem necessidade de grandes investimentos, o nosso estudo prevê a habitação com uma vertente focada na questão dos refugiados servindo de moradia temporária e a reestruturação dos demais programas existentes.


xxxxx

MAPA 8 - PERÍMETROS DE ZONAS. ZEIS 3

ZEIS 5

ZC

ZM

PRAÇA / CANTEIRO Produção Propria - Geosampa - 2019

P.49


2.7 Análise Fluxo Viário. O Mapa 9 demonstra o fluxo viário próximo a Igreja da N. Sra. da Paz, aponta picos de engarrafamento em horários diferentes no decorrer do dia, pode se notar um movimento pendular no período entre 9:00 e 13:00 no sentido centro

MAPA 9 - Analise Fluxo Viário - Produção Própria - Fonte: Waze Legenda: Transito entre 6 - 10km de velocidade Transito entre 3 - 5km de velocidade

P. 50

pra quem utiliza as vias leste - oeste, a Rua do Glicério também demonstra sinal de lentidão recebendo os condutores da Avenida dos Estados, esse estudo comparativo permite entender essa função de conexão no Bairro do Glicério.


Esse engarrafamento volta ser notado por volta das 16 e 18 horas em sentido oposto , na direção a Itaquera, A Rua Tambatinguera sofre com o mesmo problema isso aponta o movimento pendular mencionada onde a população se desloca nos sentidos centrais para trabalhar e ao final do dia regressão para suas residências.

Esse levantamento de informações foi realizando em 13 de Maio de 2019, uma segunda feira, o planejamento estipulou diferentes horários e realizou uma comparação com o resultado de outros dias, as informações se mantiveram estáveis, com exceção dos fins de semana.

P.51



3

AS REFERÊNCIAS ARQUITETÔNICAS


CAPÍTULO 3: AS REFERENCIAS ARQUITETÔNICAS 3.1 - Analise uma ferramenta de projeto. Nesse terceiro capítulo, apresenta uma abordagem mais analítica, fundamentada em 3 diferentes categorias, busca entender os critérios adotados por cada arquiteto durante o momento da concepção projetual, este estudo visa viabilizar um amadurecimento de ideias necessários para criar diretrizes estruturadoras necessárias como instrumento durante o desenvolvimento das hipóteses do capitulo a seguir. Segundo Simon Unwin¹ a análise de projetos pode ser definida da seguinte forma: “Analisar algo significa liberar, soltar, expor para assimilar seus componentes e seu funcionamento - seus poderes. O objetivo da análise da arquitetura, como de qualquer outra disciplina criativa, é entender seus componentes e funcionamentos fundamentais a fim de assimilar e adquirir seus poderes. A análise da arquitetura não precisa ser uma busca acadêmica, feita por si só ainda que isso possa ser informativo e divertido. A análise é mais útil quando oferece uma compreensão do possível e desenvolve uma estrutura de ideais como a qual a imaginação possa trabalhar.” (Unwin, 2013, p.12).

A análise de projetos não tem um método ou regra a seguir, ela pode ser feita de diferentes maneiras, com diferentes produtos e trazendo diferentes respostas, mas todos os métodos aplicados tem algo em comum, todos trazem uma reflexão que ajuda o pensar arquitetura, a análise não traz de uma forma direta soluções milagrosas que resolvem magicamente todos os questionamentos levantados, mas serve como uma forma de partida para adoção de estratégicas a serem verificadas. Para se realizar determinada análise, foram selecionados 8 projetos divididos em 3 categorias de aproximação sendo elas: 1- Anexo de patrimônio histórico, devido ao objetivo central da proposta se estruturar em um complemento para a Igreja N. S. da Paz na busca de entender a forma como os dois edifícios se relacionam nos graus de hierarquia e materialidade. 2- Habitações para refugiados, fazer uma comparação com o tipo projetos habitacionais históricos e as novas produções emergenciais, para entender suas principais diferenças. 3- Projetos de intervenção e requalificação nos centros urbanos, compreender como um redesenho pode permitir a valorização dos espaços de convivência afim de promover novas relações sociais.

1 - Livro - A Análise da Arquitetura - 3ª Ed. 2013

P. 54


3.2 - Método de analise. Júlio Vieira apresentou em sua tese de doutorado² as 7 vias de aproximação para uma leitura espacial, derivadas de 7 conceitos desenvolvidos durante as aulas ministradas por ele na disciplina de “Projeto do Edifício Vertical” no curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade do Mackenzie. São elas (contexto, ocupação, permeabilidade, sociabilidade, fluxos, estratificação e estrutura) elementos fundamentais em qualquer projeto, o estudo realizado utiliza recursos gráficos (cortes, plantas e uma variedade de diagramas) como instrumentos que auxiliam na representação das leituras espaciais, organizados em uma escala padronizada para favorecer a análise de comparação, e permitir uma leitura mais dinâmica e de fácil interpretação.

1 - Contexto “Possibilitar a leitura da condição espacial determinada pela relação geométrica entre contexto e conjunto edificado.Essa relação pode se estabelecer por ideias visuais que expressem integração; articulação; repetição; ajuste; continuidade e ruptura. Comparar as geometrias da projeção do conjunto edificado (em planta e elevação) com as geometrias planificadas das massas edificadas que compõem o entorno imediato.” VIEIRA (2015, p. 248)

Segue a descrição feita pelo autor sobre os objetivos que se pretende conseguir durante a análise individual das vias, a compreensão desse conhecimento é necessário para ser aplicado durante a análise que o 3º capítulo se propõe a fazer. E importante realçar que o estudo estará estruturado nessa metodologia, todavia não assume um compromisso de utilizar de forma regrada todas as 7 vias, mas apenas as que forem interessantes ao propósito planejado.

Desenhos Fontes - Tese Doutorado - Julio Vieira - Ano 2015

2 - Vias de aproximação para uma leitura da condição espacial na arquitetura - Fauusp - Ano 2015 - disponivel em https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16138/tde-11092015-085047/publico/julioluiz.pdf

P.55


2 - Ocupação: “Possibilitar a leitura da condição espacial determinada pela morfologia da projeção do conjunto edificado sobre a área de intervenção. Descrever as características geométricas e posicionais dos vazios em relação aos cheios e vice-versa. Compreender a relação ambivalente entre geometria da ocupação e do espaço livre, entre massa e vazio. Essa relação pode se estabelecer por ideias visuais que expressem confinamento, abertura, integração, hierarquia e envolvência. Verificar a envolvência das formas edificadas em relação aos vazios. Quando as linhas normais se cruzam, o contorno da forma, naquele trecho, apresenta-se envolvente. A ideia que subjaz é a de que perímetros envolventes tem mais capacidade de gerar recintos externos.” VIEIRA (2015, p. 141)

Desenhos Fontes - Tese Doutorado - Julio Vieira - Ano 2015

P. 56

3 - Permeabilidade: “Possibilitar a leitura da condição espacial arquitetônica em relação à permeabilidade e acessibilidade dos espaços. Identificar situações de penetrabilidade e trespasse de percursos. Avaliar a gradação de acessibilidade das áreas de acesso (internas e externas) ao conjunto.” VIEIRA (2015, p. 142)

4- Sociabilidde: “Possibilitar a leitura da condição espacial arquitetônica em relação à sociabilidade dos espaços. Identificar condições geométricas favoráveis ao estimulo do uso público coletivo. Verificar a incidência e geometria do “espaço positivo” nas áreas externas.Verificar a incidência e geometria dos “espaços de abrigo” externos ao edifício.” VIEIRA (2015, p. 143)


5- Fluxos: “Possibilitar a leitura da condição espacial arquitetônica em relação ao sistema de circulações. Verificar a incidência e as características geométricas e posicionais dos espaços servidos e servidores. Identificar as características da estrutura de ordenação das circulações.” VIEIRA (2015, p. 144)

7- Estrutura: “Possibilitar a leitura da condição espacial determinada pela concepção estrutural adotada. Verificar a incidência e as características geométricas e posicionais dos elementos estruturais visíveis. Identificar as características da estrutura de ordenação dos elementos estruturais. Verificar a relação de interdependência entre os elementos estruturais e a configuração dos espaços.” VIEIRA (2015, p. 146)

6- Estratificação: “Possibilitar a leitura da condição espacial arquitetônica em relação à estratificação dos espaços. Registrar a incidência e a geometria dos espaços verticais em um edifício. Identificar a interação espacial entre os vários estratos (camadas) do edifício. Verificar a relação geométrica entre os pisos e entre estes e a cobertura.” VIEIRA (2015, p. 145)

Desenhos Fontes - Tese Doutorado - Julio Vieira - Ano 2015

P.57


3.3 - Analise - Anexo Patrimônio Histórico. A análise comparativa busca perceber como a proposta do novo edifício se relaciona com a sua preexistência no aspecto de volume, matérias utilizados, gabarito e pontos de contato hora encostados como um parasita, hora deslocados com uma conexão através de passarelas, uma relação hierárquica de respeito com o edifício mais antigo ou de forma independente buscando protagonismo. As vias como Contexto e Permeabilidade são instrumentos comparativos os quais se pretende usar.

Milstein hall OMA

P. 58


Museu Rodin Bahia Brasil Arquitetura

Anexo Habitacional Igreja Boa Morte Hector Vigliecca

P.59


3.31 - Analise - Contexto e Permeabilidade A partir da analise dos 3 projetos é possível perceber que existe a intenção dos arquitetos autores durante o processo de concepção arquitetônico em respeitar o volume da construção e o gabarito existente do projeto progenitor em relação ao seu anexo, o novo projeto não tira o protagonismo do primeiro, mas permite um ganho na qualidade espacial. Apesar dessa circunstância em comum, há outras características que estabelece suas individualidades, quando pensamos no elemento de ligação entre os dois edifícios inúmeras estratégias são dispostas, a escolha normalmente é aquela que melhor atende as variáveis em um projeto compatibilizando com o partido arquitetônico desejado, no estudo de caso em questão isso aparece hora através de uma passarela entre pavimentos de mesmo nível criando um percurso contemplativo, hora acontece de forma mais direta encostando o edifício diretamente. A relação com o entorno fica mais evidente no projeto Milstein Hall onde a relação se da de forma explicita quando observado o alinhamento das fachadas, isso acontece devido a estratégia de ocupação adotada que considera a preexistência “ancoras” que vão delimitar a solução formal. A permeabilidade aparece com uma porcentagem alta, permitindo ao usuário uma fluidez no percurso, se tornando atrativa quando utilizado painéis envidraçados ou quando pensado em pequenos espaços de permanência.

P. 60


P.61


3.4 - Análise - Habitações. Nos últimos anos a produção recente na temática dos refugiados normalmente aborda uma unidade temporária de atendimento ao imigrante/refugiado, a quem possa dizer que propostas assim são paliativas, porém elas ocupam um papel central em um atendimento emergencial possuindo propósitos diferentes. A proposta que se busca entender no desenvolvimento dessa análise tem um caráter voltado a permanência, entender a configuração dos espaços internos de propostas clássicas da arquitetura como a de Marselha do Ler Coubusier um comparativo com a nova produção como do Arq. Alejandro Aravena que faz frente a crise mundial de habitacional. Nesse estudo vias como Fluxos e Estrutura vão ser usadas para entender melhor os projetos, além de uma analise comparativa dos usos.

Quinta Monroy Alejandro Aravena

P. 62


Unidade de Habitação de Marselha Le Corbusier

Moradia Estudantil Olympe de Gouges PPA Architectures

P.63


3.41 - Analise - Fluxos, Uso e Estrutura Fluxos: Nos projetos pode se notar a centralidade da circulação horizontal, hora criando um grande corredor ou em segundo momento anel que conecta todos os dormitórios, as circulações verticais estão posicionadas estrategicamente a permitir um agilidade do usuário ficando à uma distancia menor que 30 metros Uso: Os 3 projetos possuem uma característica de acolhimento, porém cada um possui uma finalidade própria, a Moradia Estudantil é o projeto que mais se aproxima de uma proposta de abrigo para os refugiados pois utiliza programas compartilhados como cozinha, lavanderia, convivência. Fica evidente a relação Sala/Cozinha e Dormitório/Banheiro sendo fundamental a utilização de paredes hidráulicas que organização toda área molhada. No interior dos dormitórios é otimizado a redução qualquer tipo de circulação, explorando bem os espaços. Estrutura: A estruturas aparecem de forma discreta muitas vezes escondida nas próprias divisões entre ambientes, essa estratégia possibilita um ganho de espaço interno. Existe também um rigor na organização da malha estrutural com ritmo continuo, essa organização torna evidente que a estrutura foi pensada em primeiro momento, condicionando a solução formal do projeto. Unidade de Habitação de Marselha Le Corbusier

P. 64

Quinta Monroy Alejandro Aravena

Moradia Estudantil Olympe de Gouges PPA Architectures

ESPAÇO - USO NÚCLEO CIRCULAÇÃO


SANITÁRIOS DORMITÓRIOS COZINHA SALA

SISTEMA ESTRUTURAL

P.65


3.5 - Análise - Projeto de intervenção nos centros urbanos. Como observado nos capítulos anteriores o Glicério passa por desafios sociais e urbanos, uma área central degradada porem com alto potencial para desenvolvimento por já possui infraestruturas urbanas e ficar localizado próximo a edifícios culturais e marcos importantes da cidade. Todas as propostas escolhidas para esta análise, tiveram um importante papel não apenas em seu terreno de implantação, mas como um projeto de revitalização urbana em seu entorno, proporcionando o bem estar da população. Selecionadas para esta análise as vias Permeabilidade e Sociabilidade.

um local que combina elementos artísticos com uma paisagem costeira em plano de fundo se tornando convidativo ao pedestre. O Plano Urbanístico Parque Dom Pedro II² fica localizado no bairro da Sé no centro de São Paulo, próximo a área de estudo escolhida para desenvolvimento desse trabalho de conclusão, nos anos 70 foi idealizado projeto de infraestrutura devido a necessidade de conexão do centro com a Zona Leste, essa intervenção ocasionou um nó no sistema viário transformando a paisagem local, anulado qualquer qualidade urbana e suas funções públicas. O plano prevê uma reforma urbana radical modificando questões fundamentais como drenagem, transporte urbano, espaços públicos, e a construção de novos edifícios com a finalidade profissionalizante para atendimento da população central de São Paulo.

O projeto Olympic Sculpture Park¹, é um museu a céu aberto localizado na cidade de Seattle, o projeto teve início em 2001 e durou até 2007 ano de sua inauguração, o terreno de implantação pertencia à uma companhia petrolífera Unocal que abandonou o terreno nos anos 70 e deixou rastros de contaminação industrial, tornando o local inviável para a utilização da populaA proposta do anexo para Missão Paz desenvolvida no cação. Após um longo período de obras para requalificar a área, o pitulo 4 considera a preexistência desse plano urbanístico, espaço hoje é um grande parque público oferecendo um respiro servindo como um complemento do mesmo e se beneficianpara a região que sofre escassez desse tipo uso, tornando se do das melhorias na infraestrutura urbana no plano indicadas.

P. 66

1 - Matéria disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/01-12113/plano-urbanistico-parque-dom-pedro-ii-una-arquitetos-h-mais-f-arquitetos-metropole-arquitetos-e-lume>. Acesso em: 12 Agosto de 2019. 2 - Matéria disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/01-166867/projeto-urbano-olympic-sculpture-park-unir-a-cidade-a-orla>. Acesso em: 12 Agosto de 2019.


Olympic Sculpture Park – Seattle USA Una Arquitetos, H+F arquitetos, Metrópole Arquitetos

Plano Urbanístico Parque Dom Pedro II Una Arquitetos, H+F arquitetos, Metrópole Arquitetos

P.67


3.5 - Análise - Permeabilidade e Sociabilidade. Permeabilidade: por se tratar de um espaço público o projeto possui uma permeabilidade total, conta com um percurso principal que enfrenta a existência de cinco linhas ferroviárias e um sistema viário importante, se torna um bom exemplo de como se relacionar com os sistemas de transporte urbano. A existência de caminhos auxiliares permite o usuário variar o trajeto. O terreno possui uma declividade topográfica de 12 metros na relação a cidade/mar, essa diferença quase não é percebida pois o projeto trabalha com um plano continuo extenso que o torna mais suave. Sociabilidade: O projeto é pensado para ser um museu a céu aberto integrado a um parque público se tornando um espaço para estimular a convivência, devido a suas dimensões generosas na sua largura pode se considerar o percurso como um grande espaço positivo no projeto, que conta com áreas verdes que permitem ao usuário permanência. O único espaço que serve com abrigo no projeto é o pavilhão localizado no inicio do projeto, faz parte do percurso da exposição do museu, o edifício trabalha com um subsolo e um pavimento térreo.

P. 68


Permeabilidade: A proposta melhora a condição atual existente em diferentes aspectos, distribui melhor o fluxo de pessoas, criando uma nova relação entre as margens do Rio Tamanduateí permitindo maior opção para travessia que se comunica com o entorno próximo, a permeabilidade pode ser realizada no interior ou fora das quadras, delimitado apenas devido edifícios existentes do projeto. Sociabilidade: A proposta recupera a relação histórica do paulistano com o Rio, com espaços positivos que buscam o dialogo com a água, é proposto uma lagoa de drenagem, um elemento que traz uma riqueza urbana na paisagem e auxilia também nos períodos de cheia do rio. A convivência além do grande parque publico é reforçada com uma praça no centro do projeto para eventos públicos, com os novos edifícios profissionalizantes que aumentam o fluxo de pessoas e como uma extensão da utilização do Mercadão de São Paulo por parte dos turistas que ali passarem. Diferente do Ibirapuera que conta com uma grande marquise generosa que serve de abrigo aos dias de sol forte ou chuvosos. A proposta apenas prevê zona de abrigo próxima aos edifícios profissionalizantes e do intermodal.

P.69



4

O PROJETO


CAPÍTULO 4: O PROJETO 4.1 - Planejamento O recorte e seu entorno são alvos de uma investigação no segundo capítulo, e deixa evidente suas principais características morfológicas e sociais. Essa análise utilizou de recursos como mapas de uso do solo, altimetria e zoneamento, toda essa produção ajuda a entender o panorama atual e a teorizar intervenções estruturadoras para reforçar os pontos de fragilidade identificados e possibilitar sua revitalização. A proposta do projeto foi fundamentada através da análise no capítulo 3, a investigação realizada ajudou a estabelecer critérios para produção de duas propostas volumétricas, que após testadas trouxeram opções de diretrizes adotadas na concepção final deste projeto. O projeto desenvolvido pleiteia a construção de dois edifícios anexo ao Projeto Missão Paz sem alterar internamente a Igreja Nossa Senhora da Paz, respeitando as questões voltadas ao seu tombamento, contudo permitindo ampliar seu atendimento de forma colaborativa nos seguintes aspectos: 1 - um aumento na quantidade de dormitórios insuficientes para atender o aumento anual das demandas de refugiados, um novo tipo de dormitório focado na família (atualmente as famílias são separadas entre homens e mulheres com crianças).

P. 72

2 - Núcleo Capacitar oferece cursos populares como corte e costura, pintura, artesanato, aulas de português, informática, técnico em administração e economia básica, com objetivo de ingressar essas pessoas no mercado de trabalho. Uma ampliação nos serviços oferecidos pela Creche Quintal da Criança que serve de apoio principalmente para as famílias de refugiados e população local do bairro, com aumento de salas de aula, salas de apoio e espaços abertos. Integrando a pré-escola com a praça ministro Francisco de Sá Carneiro, um novo espaço com maior qualidade na estrutura urbana, no acesso e na fluidez dos usuários. Ficando apenas como plano de massas do Masterplan , sem avançar no campo do projeto, o corpo de bombeiros instalado ao lado da Igreja Nossa Senhora da Paz teve uma diversidade de atividades na sua história, o projeto propõe manter a unidade como um centro logístico de abastecimento metropolitano, recuperar as atividades de oficina que existiam no passado e permitir um núcleo com unidades rápidas de suporte ao corpo de bombeiros existem próximo a praça da Sé.


P.73


4.2 - Programa de Necessidades Segue as tabelas individuais com o conteúdo dos programas de necessidade dos dois edifícios, onde cada tabela foi formulada através da análise comparativa de usos e espaços em projetos já feitos com a mesma atividade, adequados a realidade local que considera o mapa de densidade, tabelas e gráficos da população de imigrantes, dimensão e configuração dos terrenos, e visita física ao local ouvindo populares e a instituição religiosa.

P. 74


4.3 -Projeto Pré- Escola Quintal da Criança.

P.75


P. 76


P.77


P. 78


P.79


P. 80


P.81


P. 82


P.83


P. 84


P.85


P. 86


P.87


P. 88


P.89


P. 90


P.91


P. 92


P.93


P. 94


P.95


P. 96


P.97


P. 98


P.99


P. 100


P.101


P. 102


P.103


P. 104


P.105


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ACNUR, Direito internacional dos refugiados, programa de ensino. Brasília: Ed. Final Gabriel Gualano de Godoy, 2010.

BUCCI, Angelo. São Paulo: quatro imagens para quatro operações . Da dissolução dos edifícios e de como atravessar paredes. volume 6. São Paulo, FAUUSP, 2005.

ACNUR BRASIL. Agência da ONU para refugiados. Acesso em 10 de Março de 2019, disponível em UNHCR ACNUR: <http://www.acnur.org/portugues/2016/03/22/refugiados-e-migrantes-perguntas-frequentes/>

CAVALCANTI, L., Oliveira, T., & Araujo, D. T. (2017). A inserção dos imigrantes no mercado de trabalho brasileiro. Relatório Anual 2017. Série Migrações. Anual, Observatório das Migrações Internacionais; Ministério do Trabalho.

ACNUR BRASIL. Dados sobre Refúgio. Disponível em: https://www.acnur.org/portugues/dados-sobre-refugio/. Acesso em: 1 ago. 2019.

FREITAS, Sônia Maria. E chegaram os imigrantes ... O café e a imigração em São Paulo. São Paulo, Ed. da Autora, 1999.

BAENINGER, Rosana; JAROCHINSKI, Silva, Migrações venezuelanas. Campinas - São Paulo: Unicamp, 2018.

ISTOÈ DINHEIRO. Outra caravana de 200 migrantes salvadorenhos sai rumo aos EUA. Disponível em: https:// www.istoedinheiro.com.br/outra-caravana-de-200-migrantes-salvadorenhos-sai-rumo-aos-eua/. Acesso em: 25 mar. 2019.

BBC BRASIL. Crise na Venezuela: o que levou o país ao colapso econômico e à maior crise de sua história. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-45909515. Acesso em: 12 abr. 2019. BRASIL, Lei Nº 9.474, DE 22 de julho de 1997. Define mecanismos para a implementação do Estatuto dos Refugiados de 1951, e determina outras providências. Acesso em 15 de Maio de 2019, disponível em Presidência da República Casa Civil: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/l9474.htm/>

P. 106

JACOBS, Jane. Morte e vida nas grandes cidades. São Paulo: Martins Fontes, 2001. LAKATOS, Eva Maria. Metodologia do Trabalho Científico, - e. ed. - São Paulo: Atlas, 2001. MISSÃO PAZ. Quem Somos. Disponível em: http://www.missaonspaz.org/menu/quem-somos. Acesso em: 25 abr. 2019.


NAÇÔES UNIDAS BRASIL. Nove anos após terremoto, Haiti melhora preparação para desastres naturais. Disponível em: https://nacoesunidas.org/nove-anos-apos-terremoto-haiti-melhora-preparacao-para-desastres-naturais/. Acesso em: 18 abr. 2019. ROSSI, Aldo. Arquitetura da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1998. PERFIL DA ALEMANHA. Estruturar a imigração. Disponível em: https://www.tatsachen-ueber-deutschland.de/pt-br/categorias/sociedade/estruturar-imigracao. Acesso em: 25 mar. 2019.

TOLEDO, B. L. D. São Paulo : três cidades em um século. 1. ed. [S.l.]: Duas Cidades, 1981. VIEIRA, Júlio Luiz. Vias de aproximação para uma leitura da condição espacial na arquitetura. 2015. Tese (Doutorado em Projeto de Arquitetura) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2015. VIGLIECCA, Héctor. Áreas urbanas críticas in SERAPIÃO, Fernando [org] Monolito VII, p. 92 – 95, jan. São Paulo 2012.

UNHCR. (2017). Global Trends Forced Displacement in POLITIZE. Imigrante, refugiado e asilado: quais são as 2017. United Nations High Commissioner on Refugees. United diferenças?. Disponível em: <https://www.politize.com.br/refu- Nations High Commissioner on Refugees. giados-imigrantes-e-asilados/>. Acesso em: 19 fev. 2019. UNWIN, Simon. A análise da Arquitetura. Porto Alegre: SAOPAULO.SP.GOV.BR. Migrantes. Disponível em: www.sao- Bookman, 2013. paulo.sp.gov.br/conhecasp/nossa-gente/migrantes. Acesso em: 22 abr. 2019. YOSHIMOTO, MILTON MITSUKI; Baixada do glicério: um estudo de bairro. 1980. Tese de Graduação (Arquitetura e SOUZA, Paula. Baixada do glicério: um patrimônio Urbanismo) - Universidade de São Paulo, São Paulo - SP. encortiçado. Acesso em 15 de Maio de 2019, disponível em EVENTOSCOPQ.MACKENZIE : < http://eventoscopq.mackenzie.br/index.php/jornada/jornada/paper/download/280/242/>.

P.107


P. 108


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.