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Bimestral • Director: Miguel A. Rodrigues • Nº 8 • 9 de Agosto 2018 • Gratuito
Contagem decrescente para a inauguração do Parque Urbano das Rotas
Chafariz
de Arruda
Págs. 9 e 10
Balanço Positivo das consultas de saúde oral no Centro de Saúde
Pág. 7
DGPC dá razão à Câmara: Obras retomadas no Chafariz
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Sessão de esclarecimento do Bairro João de Deus dá polémica entre oposição e executivo obra de requalificação do bairro social camarário criou celeuma recentemente com o vereador da oposição PSD, Luís Rodrigues a acusar a Câmara de ter sonegado parte das imagens transmitidas em vídeo na sua intervenção aquando da cerimónia pública de apresentação do projeto. Luís Rodrigues lamentou a postura do município. “Isto não é democracia”, lamentou, acrescentando ainda que estranhou não haver uma cadeira para se sentar na sessão quando foi convidado para estar presente. André Rijo, presidente da autarquia, referiu que apenas não tinha colocado a totalidade do vídeo devido a alguns exageros cometidos nas intervenções, e devido ao facto de ter um tempo prolongado de exibição, “mas não tenho problema nenhum em divulgar na totalidade, até porque acho que não fiquei a perder nesse diálogo”. Recorde-se que o projeto compreende a requalificação do bairro com o propósito da melhoria das condições de habitabilidade nos 16 fogos existentes, mantendo a traça arquitetónica, sendo que oito
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Habitações passarão a ser de tipologia T1 ou T0 fogos serão de tipologia T0 e oito de T1. Esta componente tem um custo de 523 mil 706,01 euros já incluindo os arranjos exteriores. Ao mesmo tempo proceder-se-á à construção de um novo edifício com 15 fogos distribuídos por 3 pisos e uma ocupação de 5 fogos por piso com as tipologias T1 (3 fogos), T2 (6 fogos) e T3 (6 fogos). O custo já com os arranjos exteriores é de 949 mil 982,08 euros. Haverá ainda uma requalifi-
cação do espaço público envolvente, com a construção de novas infraestruturas de mobilidade e estacionamento, hortas comunitárias e espaço lúdico, do tipo auditório ao ar livre. Na sessão promovida no dia 14 de julho, “creio que as pessoas ficaram esclarecidas quanto ao PDM e até a própria nova configuração daquela zona que prevê o novo edifício”. Os imóveis tal como se apresentam “não reúnem
condições em termos de habitação”, expressa André Rijo em declarações ao “Chafariz de Arruda”. O projeto está em fase de apreciação pelo Instituto de Reabilitação Urbana. Para o autarca este é um projeto “melhor do que aquele apresentado pelo PSD em 20005” quando governava a Câmara, que propunha “arrasar todo o bairro existente” e “dar a privados a concessão de três blocos habitacionais, maiores do que aquele que,
neste momento, está em cima da mesa”. O vereador do PSD, Luís Rodrigues, sugeriu a possibilidade de localização da nova obra na Avenida Timor Lorosae, mas “os terrenos em causa não oferecem as melhores condições” a grande inclinação e fervidas, refere André Rijo. O projeto de 2005 chegou a ser publicado em Diário da República mas não apareceram concorrentes para a sua execução do projeto. Luís Rodri-
gues acusa André Rijo de não ter discutido as obras no bairro com a devida profundidade com a população, mas o presidente da Câmara rejeita que assim seja dado que foram promovidas sessões de esclarecimento, a obra constava do manifesto eleitoral e do documento “Convenção Arruda 2025”. O autarca social-democrata sugeriu ainda a consulta da ordem dos arquitetos, sendo que “a Câmara teve como interlocutor o IRU que nos deixou confortáveis para tomarmos esta decisão”, refere o presidente da Câmara. No novo projeto, o presidente da Câmara salienta que assim “já não se perde a memória coletiva do bairro”, edificado a meio do século XX. Algumas das habitações hoje T3 vão ser reduzidas a T1 ou T0 de modo “ a proporcionar mais espaço para os residentes”, dado que algumas dessas casas são demasiado exíguas para continuarem a suportar tipologias maiores. O edifício contíguo estará preparado para receber famílias mais alargadas. Haverá ainda a possibilidade de uma das habitações poder receber cidadãos com necessidades especiais.
NaturArruda em Setembro
Vila de Arruda dos Vinhos recebe a 22 e 23 de setembro a NaturArruda. Trata-se de mais uma edição da Feira de Medicinas e Técnicas Naturais que decorrerá no jardim municipal de Arruda dos Vinhos. De acordo com Kalyan David Silva, da organização, este certame contará com diversas inicia-
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tivas de interesse geral, dentro das práticas naturais. Segundo o responsável “durante a feira haverá práticas de Hatha Yoga em Flow - Sitara Yogini, Osho Meditação Kundalini - Osho Darshan Institute, Qi Gong - Nayeli Arguello Servín, e yin Yoga de Boas-Vindas ao Outono com Rute Queiroz”. Mas também práticas de relaxamento e bem-estar com Su-
sete Mália. A organização vinca igualmente as mais variadas palestras com o título “Criando Pontes: As terapias complementares e a medicina convencional” com a enfermeira Ana Infante. Já sobre a medicina Chinesa, a palestra será da autoria de Carla Teixeira, entre muitos outros temas que estão em destaque nesta iniciativa.
Câmara de Arruda aprova projeto de apoio ao estudo para crianças desfavorecidas
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Câmara de Arruda aprovou o projeto de regulamento para a criação de uma medida de apoio ao estudo e explicações aos alunos do concelho, que tenham “insucesso escolar”, e que sejam
oriundos de famílias com dificuldades económicas. Segundo o município, este projeto ambiciona que “ninguém fique para trás”, e para que sejam asseguradas melhores condições tendo em vista “o acesso a um ensino de qualidade e promotor de
sucesso escolar e igualdade de oportunidades para todos”. O projeto recebeu o nome “Não sejas uma seca, bora lá estudar”. O projeto de regulamento, após consulta ao Conselho Municipal da Educação e ao Conselho Municipal da Ju-
ventude, vai agora para consulta pública devendo posteriormente ser remetido para deliberação da Assembleia Municipal de setembro, perspectivando-se a sua entrada em vigor no segundo período do próximo ano letivo 2018/2019.
Medida deve entrar em vigor no próximo ano letivo
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Investimento da Balestrand Pharma estagnado Balestrand Pharma lançou a primeira pedra do seu projeto em Arruda há um ano na zona industrial das Corredouras. O projeto inovador na área das ciências farmacêuticas teve o impulso a partir da incubadora de empresas do município, e prometia criar 20 postos de trabalho. Contudo e há cerca de um ano que não se tem visto atividade no local desde o momento que marcou o lançamento da primeira pedra em setembro de 2017. O Chafariz de Arruda contactou a empresa a partir dos números de telefone que surgem como pertencendo à Balestrand Pharma mas infrutiferamente. O contacto de telefone fixo ligado à incubadora de empresas no Invest Arruda surge como não acessível, e depois de enviado um email do nosso jornal à empresa sobre o estado de coisas também não obtivemos resposta. Ao Chafariz, o presidente da Câmara, André Rijo, faz o ponto de situação do lado do município, referindo o apoio inicial ao projeto com as diversas reuniões mantidas e no bom acolhimento a este projeto empresarial. “Sabemos que estão a angariar parcerias
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Lançamento da pimeira pedra em setembro de 2017 para a estrutura societária da empresa. Mas de resto somos alheios. Não penso que o projeto esteja morto, mas estará a passar por dificuldades”. A Balestrand Pharma assu-
mia-se como uma farmacêutica inovadora vocacionada para a investigação, produção e comercialização de soluções terapêuticas em “skin care pharmaceuticals”, nomeadamente, através da
Cerimónia de lançamento decorreu com pompa e circunstância
apresentação de um método inovador que regenera a pele em doentes crónicos como os diabéticos A empresa de origem lusobrasileira recebeu uma dotação do programa Operacio-
nal “Portugal 2020” na ordem dos quase cinco milhões de euros investidos. Ana Abrunhosa, do Mais Centro, que gere os fundos comunitários para a região, marcou presença no lança-
mento da primeira pedra. A unidade estaria a laborar à data da inauguração em 2017 em dois anos, mas passado um ano, os passos no terreno são tímidos ou praticamente inexistentes.
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Construtora exige 300 mil euros
Obras atrasadas no Centro Escolar de Arruda Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos está a braços com dificuldades com o empreiteiro da obra do centro escolar de Arruda dos Vinhos, tendo em conta pormenores dos trabalhos em relação aos quais a autarquia ainda não conseguiu chegar a bom porto nas negociações com a empresa encarregue da obra, tendo sido rejeitado um plano proposto pela mesma. Ainda antes do início da obra já a empresa (a Lopes e Martins) estava a reivindicar pagamento de mais de 100 mil euros invocando que a Câmara tinha pedido a suspensão dos trabalhos por 90 dias e que tal não constava dos procedimentos contratuais da obra que decorria em simultâneo com as aulas. Nesta altura a empresa exige o pagamento de mais de 300 mil euros. O presidente da Câmara, André Rijo, salienta que o atraso em relação ao calendário definido e em vigor é do conhecimento dos vários atores escolares “Este atraso e todas as condicionantes que o mesmo possa vir a provocar têm sido amplamente debatidos e analisados com toda a comunidade escolar, direção do Agrupamento, coordenação do Centro Escolar, associação de pais, professores e pessoal não docente” diz o
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Requalificação incide sobre refeitório, edifício do plano centenário, jardim de infância e exterior autarca, que esclarece que esse atraso, embora causador, de alguns constrangimentos, não ó é em relação ao normal funcionamento do estabelecimento de ensino, “visto que todas as condicionantes foram previstas aquando do início da obra”. “O importante neste momento é realçar o que tem sido a
vontade e a colaboração de todos em ultrapassar os atrasos relativos a esta obra de primordial importância para quem estuda ou trabalha no Centro Escolar em questão”, salienta. O assunto foi debatido em reunião de Câmara, e o vereador do PSD, Luís Rodrigues, lamentou os atrasados verificados, sendo a
postura da empresa “inconcebível” “não só pelos transtornos causados às famílias e aos alunos mas pelos custos acrescidos para o erário público que pode representar”. O autarca sugeriu o envio de uma carta aos pais a dar conta dos atrasos da obra e a dar explicações sobre o plano alternativo sobretudo no
Aplicação para Telemóvel aproxima fregueses da Junta de Freguesia de Arruda Junta de Freguesia de Arruda dos Vinhos vai dar mais um passo na aproximação dos fregueses aos seus serviços. Para isso a junta vai disponibilizar uma aplicação para telemóvel que permitirá um contato mais direto com os serviços. Trata-se da GesIncidentes Junta de Freguesia de Arruda dos Vinhos, que surge integrada no novo sistema de gestão informática da autarquia, o GesAutarquias. Ao Chafariz, Fábio Morgado, presidente da junta, re-
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força que o objetivo, para além de aproximar os cidadãos, passa por promover “a ação cívica dos mesmos enquanto fiscalizadores da ação levada a cabo por esta autarquia”, sendo que esta APP facilita a apresentação de sugestões e queixas “para que a Junta consiga ser mais eficiente na resposta às mesmas”. Assim, os fregueses poderão dar conta da existência de algum problema, desde “a reparação de uma estrada, passando pela desmatação de algum lugar, ou outra situação do foro desta autarquia.” Fábio Morgado refere a
mais-valia desta APP para telemóvel grátis e explica que com ela “qualquer cidadão poderá tirar uma fotografia com descrição e enviar à Junta de Freguesia para análise e tratamento com um mero clique”. A aplicação estará disponível na Play Store da Google a partir do final do mês de agosto, funcionará no sistema androide, quer nos telemóveis, quer em tablets. De acordo com o presidente da Junta, “o lançamento da nova aplicação conclui uma primeira fase de modernização tecnológica da Junta de Freguesia”. No entanto explica que o caminho
ainda está meio “pois continuaremos na senda da inovação com o aprimoramento quer do site, quer da aplicação e olhando sempre para o futuro em busca de novas ferramentas”. Para o autarca, com esta nova APP, a Junta de Freguesia dá mais “um passo de gigante no que toca à modernização administrativa e tecnológica, bem como em matéria de comunicação com os seus fregueses através das redes sociais”. Por isso conclui que “estamos hoje mais bem preparados para responder aos anseios das nossas populações”.
que respeita ao refeitório. Refere ainda que aquando das primeiras exigências da empresa o contrato deveria ter sido denunciado. O presidente da Câmara acrescenta que “o diálogo com a comunidade educativa tem sido constante e todos compreendemos que nem sempre as obras, principal-
mente desta natureza, decorrem como pretendemos.” No que concerne à questão concreta das refeições escolares no próximo ano letivo a garantia “que damos é que as mesmas decorrerão dentro da normalidade como decorreram no ano letivo transato, desde o início das obras.”
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Balanço das consultas de saúde oral no Centro de Saúde
“Há pessoas de idade mais avançada que nunca foram ao dentista”
No Centro de Saúde de Arruda utente partilhou a sua experiência no Canadá o centro de saúde de Arruda dos Vinhos, a consulta de médico dentista também tem sido alvo de muita procura por parte não apenas da população do concelho, mas também de concelhos vizinhos. Os utentes vêm sempre referenciados pelo médico de clínica geral previamente. Cerca de 400 pessoas aguardam neste momento em lista de espera no sentido de obterem uma consulta. Desde o início destas consultas que arrancaram em 2016 em três concelhos do Agrupamento de Centros de Saúde do Estuário do Tejo, Arruda dos Vinhos, Alenquer e Azambuja, que o centro de saúde local prestou 3346 consultas (dados reportados a junho último). Ângelo Boga optou pelas consultas nesta unidade de saúde tendo em conta que
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antes teve uma má experiência num dentista local. Ângelo Boga começou a ser seguido nestas consultas no centro de saúde por um médico que já não se encontra mas continuou com a dentista Andreia Rosa e o balanço com ambos os profissionais não podia ser mais positivo. A história de Ângelo, 69 anos,residente na freguesia de Cardosas é um pouco diferente da da grande maioria da população com a sua idade. Emigrado no Canadá durante muitos anos teve sempre acesso a cuidados dentários de saúde públicos. “Lá as empresas são obrigadas a enviar os seus trabalhadores para essas consultas, de modo que tive sempre acesso a tratamento gratuito”. “Sou do tempo em que os jovens abriam nozes com os dentes, quando emigrei tinha os dentes todos escavacados, e foi lá que os
arranjei”, recorda. Quando regressou ao país foi com espanto que percebeu que as consultas “custavam 50, 60 ou 70 euros”. Está de novo em Portugal desde há 15 anos, e acabou por descurar a saúde oral. Há 10 anos que não ia ao dentista, de modo que estas consultas acabam por significar o regresso às velhas e saudáveis rotinas. A médica Andreia Rosa afirma que este paciente já vinha com bons cuidados de higiene, “fruto da sua experiência no Canadá onde a realidade é completamente diferente”. Para a médica que presta serviço nesta unidade de saúde, que nesta altura dispõe de duas dentistas, esta tem sido uma experiência que difere um pouco daquilo a que estava acostumada no setor privado – “Temos contacto com todo o tipo de doentes – polimedicados, com condições financeiras
mais baixas, com menos instrução e menos motivação para a higiene oral”. Contudo esta médica que dá consultas desde março deste ano no local refere que “acaba por ser importante quando vemos que em parte os doentes vão tentando ultrapassar velhos hábitos e passam a dar mais valor à higiene oral”. “Tem sido bastante enriquecedor!”. Pela primeira vez tem-se deparado com casos de pessoas “já com uma certa idade que nunca foram ao médico dentista, que ficaram sem dentes ao longo do ano e que contam que foram os próprios a arrancarem os próprios dentes ou o que restava deles, melhor dizendo”. “Ao longo dos tratamentos vamos tentando moldar as pessoas no sentido de fazerem mais por elas mesmas neste campo, e lá vão aceitando que tem mesmo de
ser assim”, refere. “O desafio é muito grande quando queremos chegar a essas pessoas que nunca trataram dos dentes. Ao fim de algumas consultas lá nos vão dizendo que já mudaram a escova ou que já escovam os dentes durante mais tempo”, acrescenta a assistente dentária Joana Roque. Há quem também chegue a estas consultas a pensar que no fim da extração tem direito a uma prótese quando não é caso por enquanto, “mas também há quem ache que depois de ter vivido uma vida inteira quase sem dentes entenda que já não vale a pena depois da extração do que ainda resta, adquirir uma prótese”, diz Andreia Rosa, que confessa: “Às vezes também é preciso fazermos um pouco de psicólogos”. Face à procura que as consultas têm suscitado, Andreia Rosa conta que segue
atualmente 256 utentes. Quem se inscrever por estes dias no centro de saúde apenas conseguirá a primeira consulta “em novembro ou dezembro”. “Seriam precisos mais médicos dentistas, mais gabinetes, porque atendemos pessoas de todo o lado. Temos muita gente do concelho de Vila Franca de Xira e de Benavente, por exemplo”. O caminho ainda é longo “e voltando ao início da nossa conversa, talvez seja possível um dia chegarmos ao nível do Canadá como vimos pela experiência do paciente”, diz Andreia Rosa. Arruda não foge à regra quando falamos de “doentes com consulta marcada que não comunicam a avisar que vão faltar”. “É bastante desmoralizador”, confessam as duas profissionais. “Vejo que no privado isso acontece com mais dificuldade”, conclui a médica.
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DGPC dá razão à Câmara: Obras retomadas no Chafariz Direção Geral do Património Cultural (DGPC) deu razão ao município de Arruda dos Vinhos no que respeita às obras de requalificação do chafariz pombalino, ex-libris local. A Câmara esteve no foco das críticas por parte de um grupo de arrudenses e do “Forum Museum” que terão questionado a forma como a autarquia estava a proceder a esta obra, nomeadamente, quanto aos materiais utilizados com a substituição de alguns elementos pétreos por lioz, o que aparentemente estaria a desvirtuar a conceção histórico-arquitetónica do monumento. Nas últimas semanas, aquele organismo do Estado enviou ao município a informação de que a atuação da Câmara não estaria em desconformidade com o preconizado para a obra. André Rijo, em declarações ao nosso jornal, declara que “é com agrado que assistimos a esta decisão de bom senso da DGPC algo que nem sempre aconteceu”, até tendo em conta que a suspensão das obras foi ordenada pela mesma entidade que antes as aprovara. A Câmara de Arruda dos Vinhos aguardou pelo parecer da DGPC cerca de um ano (antes de iniciar as obras), com a suspensão das mesmas já este ano, o processo voltou a atrasar-se. Recorde-se que o chafariz pombalino de Arruda não recebia obras de beneficiação há vários anos apre-
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Obras no chafariz revelaram-se muito atribuladas com queixas na DGPC sentando problemas de retenção de água, e com sinais visíveis de degradação. A DGPC consertara em conjunto com o município o tipo de intervenção a ter lugar, mas confrontada com as fotografais em causa ordenou a paragem da obra. A suspensão apenas teve como base essas imagens “sem que tivesse sido enviado um técnico ao local”, recorda, André Rijo. “Condeno que tenham demorado quase três meses a produzir este novo parecer, que nos dá razão apenas com base no alarido social”, cons-
tata. O autarca reitera ainda a sua confiança na empresa encarregue da obra e nos técnicos municipais. Recorde-se que a autarquia foi aconselhada a utilizar lioz, “porque os materiais existentes estavam de tal forma degradados que já não ofereciam as melhores condições de restauro, e tinham de ser substituídos”, adiantava na nossa edição de junho, o presidente da Câmara. Para o autarca, a DGPC mostrou algum “conservadorismo” em relação a este caso, acrescentando que as obras de-
correram de acordo com uma nota técnica da empresa solicitada para fazer esta intervenção O presidente da Câmara lamenta “que na base das queixas tenham estado arrudenses que criticaram, ainda, as largadas de touros” por se desenrolarem junto ao chafariz e os possíveis danos causados pelo impacto dos animais sempre que algum touro salta para dentro de água. André Rijo fala numa tradição anterior ao monumento e quando está em fase de processo de entrega na DGPC
uma candidatura das largadas de touros e tertúlias móveis a património cultural e imaterial. “Custa-me conceber esse nível de críticas e repudio determinadas posturas, embora saúde quem naturalmente se preocupe com o património, até porque estamos interessados na salvaguarda deste”. A DGPC aconselhou contudo à tomada de algumas medidas cautelares aquando da realização das largadas de touros com a possibilidade de colocação de sacos de areia ao redor do tanque que dificulte o acesso do touro. Neste momento e quanto às obras propriamente ditas, estão praticamente concluídas, estando as equipas a ultimar a correção de uma fuga de água No documento do organismo do Estado a que o “Chafariz de Arruda” teve acesso, podemos ler que a intervenção no monumento é tida como “adequada” tendo em conta a necessidade de “uma rigorosa intervenção neste bem patrimonial”. “(…) O relatório prévio e proposta apresentados continham um exame metódico, consistente e cuidado, e apresentava soluções que considerámos coerentes com a descrição feita e que por isso mereceram toda a aprovação”. Relativamente à denúncia apresentada que dava conta “de estar em curso a substituição de elementos em pedras (lajes) por várias lajes novas junto à obra” o que se
consubstanciava como uma “ação que não estava de nenhum modo prevista no projeto aprovado e que parecia indicar que esse mesmo projeto não estaria a ser cumprido”, a DGPC baseada no relatório do município que dá conta da existência de elementos do pavimento “muito fragilizados, fraturados, com colagens realizadas com cimento e com fragmentos completamente descontextualizados” opta por concordar com o tipo de intervenção da Câmara. Para a DGPC os trabalhos do município são acertados no sentido de dar uniformidade e continuidade ao espaço, também tendo em conta os “critérios de segurança face à descontinuidade visível”, necessidade de maior “leitura estética” do conjunto, e no fundo “repor a ideia de estereotomia do pavimento”. Em conclusão: “A fundamentação e objetivos agora comunicados parecem-nos perfeitamente atendíveis, estando ainda claro no relatório que esta operação foi feita com critério e restrição cingindo-se ao estritamente necessário”. Sendo que a “alteração de trabalhos que se verificou em relação ao projeto inicial se encontra devidamente justificada”. O nosso jornal enviou uma série de questões à DGPC no sentido de aprofundar estas e outras questões relativamente a esta polémica mas não obtivemos resposta até fecho de edição.
moralidade. Esta é uma obra que também aborda a peculiaridade do português, o eterno insatisfeito “e o hábito de estarmos sempre a criti-
car que não nos leva a lado nenhum”, diz o autor. Em Portugal faça-se o que se fizer nunca se chega ao céu, isto é à felicidade.
Carlos Alves apresenta “Vozes de Burro” ozes de Burro” é a mais recente obra de Carlos Alves, escritor arrudense com raízes albicastrenses, vencedor da última edição do Prémio Literário Alves Redol, do município de Vila Franca de Xira, na modalidade de conto com este mesmo livro. Em conversa com o Chafariz, o autor refere que a obra aborda diversos temas como a paternidade, o quotidiano, a passagem dos anos pelo indivíduo, no fundo “contém diversas abordagens existenciais”. O quotidiano e a vida doméstica, os vários estádios do indivíduo na sua dimensão psicológica, e emocional com todas
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as suas fragilidades também são notas a relevar deste “Vozes de Burro”. Carlos Alves divide-se entre a escrita, a investigação e o ensino. É professor, formador e investigador. Licenciado em Filosofia, é ainda responsável pelo Fórum Intervenção | Fórum Permanente de Discussão e Reflexão Política para a Promoção da Cidadania Ativa. A sua investigação tem-se centrado nos movimentos sociais, políticas de contestação, participação política, cidadania, sociedade civil e teorias da justiça. Entre outros prémios literários, venceu o mesmo prémio Alves Redol em 2009, mas nunca editou essa obra que espera que possa ver a
luz do dia, entretanto, já com uma nova editora. Vem publicando na imprensa (Público e Observador) e em publicações literárias e artísticas de que se destacam a revista, Bíblia, Egoísta e Umbigo. Em novembro prepara-se para lançar nova obra. Tratase de um livro infantojuvenil que já está na fase de ilustrações e que será apresentado na mesma altura no Centro Cultural do Morgado em Arruda. Para já “Vozes de Burro” está disponível para leitura em várias bibliotecas da região em Arruda, Sobral e Alverca. Segue-se a fase de venda ao público na Bertrand e FNAC e mais sessões de apresentação. O júri do Prémio Literário Alves Redol considerou a obra
como um bom exemplo do conto realista em Portugal com episódios circunstanciais que encerram, por consequência ou antítese, uma
Autor venceu pela segunda vez o Prémio Literário Alves Redol
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Edição 2018 do Bike Tour promete ser um sucesso stá a chegar mais uma edição do BikeTour. A iniciativa que volta a encher a Praça de Toiros de Arruda dos Vinhos, realiza-se assim no próximo dia 22 de setembro. A iniciativa é do Bike Studio e como sempre vai juntar centenas de participantes num evento que a nível nacional é o único a ser feito numa praça de toiros. Segundo a organização, o grande objetivo este ano passa por trazer “mais pessoas de várias zonas do país e do estrangeiro”, já que este evento tem vindo a acrescer nos últimos anos. Segundo José Rodrigues, da organização, a especificidade do evento é única, e por isso só possível com o apoio do município de Arruda dos Vinhos. A juntar a isto é também importante a quantidade de bicicletas disponíveis. No final do evento em 2017 houve logo disponibilidade por parte dos participantes, em voltarem também este ano. O interesse no evento é transversal. Há participantes de norte a sul, com destaque para localidades “como Porto, Leiria, Figueira da Foz, Setúbal, Coimbra, Sintra e Lisboa”, salienta José Rodrigues. Prova disso é que com as inscrições abertas a 30 de julho, “vinte e quatro horas depois já tínhamos mais de 100 inscrições”, refere José Rodrigues que aponta como única limitação ao número de participantes o espaço fisco da Praça de Touros. Esta é aliás uma operação logística complexa. Para realizar o BikeTour a organização precisa de encontrar um número elevado de bicicletas, o que só é possível com “o apoio de vários colegas de outros ginásios”, vincado também o apoio dos patrocinadores e dos alunos, que tornam a iniciativa possível.
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Contagem decrescente para a inauguração do Parque Urbano das Rotas
Rio vai ficar a aguardar limpeza da vegetação prevista para breve
Foi apresentado no início de 2016 e prepara-se para ser uma realidade já no próximo dia 15 de agosto com a sua inauguração. O Parque Urbano das Rotas junto ao Rio Grande da Pipa que se estende por três hectares e meio vai ser dado a conhecer à população no pico das festas em honra de Nossa Senhora da Salvação. Uns dias antes da saída desta edição do “Chafariz de Arruda” fomos tomar o pulso às últimas obras no terreno numa visita guiada com o presidente da Câmara, André Rijo. obra surgiu da vontade da Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos de requalificar e valorizar o troço Urbano do Rio Grande da Pipa, desde o término da Rua Cândido dos Reis até à Urbanização Quinta da Ponte e Costa, no sentido de se constituir como elemento de ligação entre o centro da vila e a nova área de expansão a norte da localidade. A obra conheceu algumas derrapagens no tempo mas verá a luz do dia em breve. A primeira pedra foi lançada em abril de 2017, com a presença do Secretário de Estado do Desenvolvimento e Coesão. Com esta obra Arruda dos Vinhos fica dotada de um espaço verde de cerca de 3,5ha, para fruição do público, concretizando-se como uma área de lazer, disponível para a realização de práticas culturais, desportivas ou simplesmente de re-
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criação com a envolvente do Rio Grande da Pipa. No dia 15 de agosto “vamos inaugurar um bebé porque o jardim vai crescer, temos cerca de 300 árvores neste espaço que vão precisar de cuidados. Serão mobilizados recursos, no sentido de todos cuidarmos deste espaço público de grande qualidade”, refere André Rijo. A plena maturação apenas se poderá atingir dentro de uma década ou seja só nessa altura se conseguirá ter uma grande mancha florestal, dado que algumas espécies, à exceção dos pinheiros, estão ainda numa fase muito inicial do seu desenvolvimento. “Por isso convido todos os utilizadores do parque a assumirem esse compromisso de manutenção, de não vandalismo, com toda a comunidade local”. Neste sentido está prevista ainda uma intervenção no coletor de saneamento junto à Rua Francisco Borges.
“Nesta vertente da obra em concreto vai arrancar nos próximos meses”. No dia da
nossa visita faltava terminar a obra “na vertente de relvas, prados, e parte do pavi-
mento bem como um pequeno troço da ponte pedonal”. No dia 15 de agosto faltará
apenas a resolução completa do problema de saneamento, cuja conclusão se
Segundo o autarca este parque foi das maiores obras no concelho nos últimos anos
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10 Destaque prevê para durante o mês de setembro, e arranjo exterior junto à Rua Francisco Borges. O autarca até traça um termo de comparação com a EXPO 98 que “onde se aproveitou um terreno que estava bastante desprezado e sem nenhuma utilização e que foi devolvido ao usufruto das pessoas”. O núcleo temático da obra relaciona-se com três rotas distintas no local: a rota da água, a rota dos vinhos, e a rota defensiva das Linhas de Torres. Sendo assim é possível na rota da água encontrarmos jogos de água, e por isso a componente da “valorização dos recursos hídricos”; na rota do vinho quem desfrutar do parque pode percecionar a dispersão de vinhedos e de latadas; já na rota final das Linhas de Torres serão dispostos painéis interpretativos sobre a temática em causa. Junto à cafetaria existente no local, “teremos ainda um núcleo de exposição permanente com ligação à história e tradições locais”. O percurso é feito de três trilhos ao longo do parque urbano que inclui ainda circuito de manutenção e parque infantil. Mais ao fundo numa zona de clareira, há espaço para um parque de merendas. “Esta é uma zona com uma gama ampla de oferta para um dia bem passado por parte das famílias com momentos de lazer e de convívio no nosso Vale Encantado, nesta dicotomia rural-urbana que temos”. A nível dos trabalhos a mais a obra orçada em um milhão
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Obra foi financiada pelos fundos europeus em 85 por cento 200 mil euros com comparticipação dos fundos comunitários na ordem dos 85 por cento teve custos no valor
Obra promete mudar esta zona da vila
de 40 mil euros a serem assumidos pelo município de Arruda dos Vinho, tendo em conta “erros e omissões que
podem acontecer em obras desta envergadura mas que estão controlados e que não colocam em causa a susten-
tabilidade financeira do município”. Na entrada do parque ficará a futura “Praça Dr. Mário Soares” em homenagem ao antigo presidente da República falecido em 2017. No dia da inauguração a Câmara conta com a presença de João Soares, filho do estadista. “Mário Soares foi um homem da Liberdade e este é um espaço de liberdade também que apela à reunião das pessoas no sentido do convívio, e da amizade”. A escolha desta figura política mereceu o consenso em reunião de Câmara. Destaca-se neste espaço uma ponte com uma ligeira curvatura a lembrar as antigas pontes de cordas. Trata-se de uma ponte pedonal que “é mais uma entrada no parque urbana a partir da parte histórica da vila”. Nesta obra, está também integrada a limpeza do rio, com uma intervenção a nível dos taludes com uma sementeira a ser criada tendo em conta uma galeria ripícola existente. A possibilidade de transbordo do rio em alturas de grande pluviosidade e com isso comprometer o es-
paço público criado não é algo possível de acontecer tendo em conta que houve uma correção à linha do rio nos anos 80 e não voltaram a acontecer cheias de maior. “Reúne todos os critérios de boas práticas nesta área em termos de aproveitamento e valorização dos recursos hídricos e níveis freáticos, de águas das cheias”. Ao longo do projeto foi abandonada a ideia de criação de dois açudes (zonas de espelho de água) mas que não obteve aprovação da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) mas o município ainda está a trabalhar numa solução compatível e que se aproxime da ideia original, nomeadamente, com a colocação de açudes insufláveis. “Seria algo que valorizaria muito o parque e o recurso hídrico. Continuará a ser uma ambição nossa”. A expetativa da população será muita “porque este é um espaço que está em obra há muito tempo e estamos todos ansiosos para ver o resultado final e quando estamos em presença de uma obra pública das maiores dos últimos anos”.
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Empresas 11
Iviagens com oferta personalizada a pensar no cliente Iviagens abriu em Arruda dos Vinhos apenas há seis meses, mas já conquistou o coração dos clientes. Uma das razões prende-se com a simpatia e profissionalismo de Inês Ferreira, a proprietária e gerente desta nova agência de viagens, que imprime a esta empresa, muito do seu know-how oriundo de outras firmas do género onde trabalhou. Ao Chafariz, a empresária diz que a letra “I” junto à palavra “viagens”, tanto pode significar o seu nome (Inês), como as palavras “internacional ou incomparável”. Sendo para si óbvio que é um “trocadilho” até porque “muita gente conhece-me como a Inês das viagens e por isso achámos também que era um nome fácil de memorizar”. Embora a Iviagens seja uma empresa recente, Inês Ferreira tem para trás um percurso de onze anos neste setor. Considerou o início deste ano como a melhor altura para
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trabalhar por conta própria e fixar-se em Arruda dos Vinhos, que considera como um bom mercado. Afastado daquele que é o conceito mais frequente de agências de viagens em Portugal relacionado com o franchising, a Iviagens assumese como uma empresa inovadora. Ao Chafariz, Inês Ferreira diz que imprime no seu trabalho uma forma personalizada de trabalhar e isso vê-se também no feedback que os clientes, que já realizaram várias viagens consigo, lhe dão, quer através de mensagens ou de fotografias que lhe enviam das suas viagens, sendo que algumas estão expostas numa das paredes da loja. O segredo, refere, a gerente, está não só na simpatia, como no tratamento personalizado do cliente. Afinal o passa palavra, é também importante neste negócio. Inês Ferreira refere que gosta de acompanhar todo o processo, desde o embarque,
passando pela viagem e pelo regresso, vincando que é frequente ligar aos clientes para “saber se está tudo bem”; “se chegaram ao hotel”, ou simplesmente perguntar “como foi a viagem”. “Acho que o nosso trabalho passa muito pelo contacto, antes durante e depois da viagem.” Para tal, refere, a gerente “os nossos clientes têm sempre forma de nos contactar.” “Sabem que estamos disponíveis. Costumo dizer que peço para enviarem mensagens ou ligarem em caso de dúvida”. Aliás, Inês Ferreira diz ter de memória dos destinos dos seus clientes. “Algumas viagens aconteceram há alguns anos. Continuo a lembrar-me. O cliente acha piada. Isso também faz a diferença”. Para a gerente, neste ramo os serviços disponibilizados pelas agências de viagens são semelhantes. Mas o contacto personalizado é algo que faz a diferença, referindo a título de exemplo: “Recentemente estive a entregar do-
cumentação a uns clientes às onze da noite. Adapto-me em função do que as pessoas necessitam”. Em Arruda dos Vinhos, “as pessoas costumam elogiar o
nosso serviço, salientando que não era hábito serem tão bem elucidadas”. Para além de todo o empenho, a gerente refere que faz livros personalizados, por
exemplo, para as crianças. Para o futuro, Inês Ferreira diz querer abordar outros mercados, como o dos casamentos, e parcerias com empresas.
Inês Ferreira diz existir uma adaptação em função do cliente na sua agência
Chafariz de Arruda
12 Eventos
Agosto 2018
Festas de Arruda com segurança reforçada nas largadas de touros vila de Arruda dos Vinhos recebe até dia 18 de agosto, mais uma edição dos Seculares Festejos em Honra de Nossa Senhora da Salvação. Trata-se da festa anual da vila que junta o profano e popular ao religioso e que todos os anos atrai milhares de pessoas, que esperam por todas as incidências desta festa, mas com especial olhar para as largadas de toiros. A edição de 2018 será de resto marcada por iniciativas importantes para a vila. O programa da festa organizada pela Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos aposta este ano na inauguração do Parque das Rotas. Trata-se de um espaço que visa requalificar e valorizar o troço urbano do Rio Grande da Pipa. Com inauguração marcada para o dia 15 de agosto (feriado nacional) terá uma extensão de 3,5ha de zonas verdes e uma área de lazer disponível para a realização de práticas culturais. Neste mesmo dia, é lançado o novo vinho do “Lote 44” da Adega Cooperativa de Arruda dos Vinhos. Um vinho que já alcançou o seu palmarés no país e que promete continuar na mesa dos portugueses. A noite é abrilhantada por um concerto de Jorge
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Algumas medidas de segurança vão ser tomadas junto ao chafariz com a colocação de sacos de areia Palma, com a participação de João Pedro Pais. Mas as festas em honra de Nossa Senhora da Salvação não se ficam por aqui. Para alem dos restantes festejos, a autarquia pretende ainda inaugurar um monumento dedicado às Tertúlias, cuja documentação para a sua candidatura a Património Imaterial Nacional, é entregue por esta altura na Direção Geral do Património Cul-
tural. Para o presidente da Câmara, André Rijo, o movimento das tertúlias, tem uma importância significativa nestas festas dado que por si só movimenta mais de 1000 pessoas o que para um concelho de 15 mil pessoas “quer dizer muito”. Na elaboração do dossier de candidatura a Câmara procurou beber a experiência do município do Sabugal com a sua candidatura da capaia raiana.
O monumento a inaugurar, de grande relevo para a causa, é da autoria das artistas Andreia Mateus e Ana Lúcia Pinto, fica situado na rotunda da A10 em A-do-Barriga, estando a sua inauguração prevista para dia 14 pela manhã. Ainda sobre as tertúlias, será apresentada dia 10, a Camisola das Tertúlias 2018, através de um desfile de moda junto ao edifício da Câmara Municipal.
As festas prosseguem com o 38.º Festival de Folclore no dia 11, com as presenças do Rancho Folclórico Podas e Vindimas de Arruda dos Vinhos, Rancho Folclórico e Etnográfico Flor de Linho de Pedrouços, Rancho Folclórico de Ladoeiro, e do Rancho Folclórico de Pedrógão Pequeno, no Jardim Municipal. Já a Santa Casa da Misericórdia de Arruda dos Vinhos, leva a cabo no mesmo dia a sétima edição do Concerto de Bandas Francisco Rosa Mendes. Estão previstas as atuações da Banda de Música Santa Casa da Misericórdia de Arruda dos Vinhos, Banda da Sociedade Filarmónica União Samorense, Banda da Associação Filarmónica União Lapense, Banda da Sociedade Filarmónica Ermegeirense, Grupo de Cavaquinhos e Companhia da Universidade das Gerações, na Praça de Touros local. No dia 12 de agosto, o destaque vai para uma prova de perícia automóvel. Trata-se do Troféu Clássicos e Originais que decorrerá no parque de estacionamento da Adega Cooperativa de Arruda dos Vinhos. Câmara cria normativo para as largadas
Movimento das tertúlias vai passar a contar com monumento em sua homenagem
As festas em honra de Honra de Nossa Senhora da Salvação, voltam a trazer para as ruas as largadas de toiros.
Depois de no ano passado, um toiro ter saído do recinto e provocado danos em algumas viaturas, a autarquia não quis descurar a segurança e lançou um normativo interno para poder fazer face a alguma situação que saia fora do habitual. Para além de um reforço nas tronqueiras que torne “impossível que um touro escape” como aconteceu em 2017 na corrida da tarde de 16 de agosto, uma comissão de vistoria composta por um representante do município, pelo comandante operacional, por representante do ganadero, por um representante das tertúlias e GNR fará uma ronda pelo recinto antes de cada largada. Corridas de Toiros completam os festejos A recém renovada Praça de Toiros de Arruda dos Vinhos recebe a 16 de agosto mais uma Corrida à Portuguesa, XXI - Concurso de Ganadarias Estarão presentes as ganadarias Fernandes de Castro, Varela Crujo, Santa Maria, Falé Filipe, Santiago e Passanha Sobral. Atuam os cavaleiros, António Ribeiros Telles, Francisco Palha e Luís Rouxinol JR. Nesta corrida pegam os forcados da Tertúlia Tauromáquica do Montijo, Amadores da Azambuja e Amadores da Arruda dos Vinhos.
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Política 13
Câmara de Arruda aguarda conclusões do inquérito da Operação Tutti-Frutti operação TuttiFrutti da Polícia Judiciária percorreu várias autarquias no país, e o município de Arruda fez parte dessa rota. No final de junho, foram realizadas buscas que abrangeram Câmaras, concelhias e distritais de partidos, escritórios de advogados e sociedades. Em causa segundo a Procuradoria-Geral da República estavam crimes de corrupção passiva, tráfico de influência, participação económica em negócio e financiamento proibido relacionados com a empresa Ambigold junto das autarquias e outras entidades Em declarações exclusivas ao “Chafariz de Arruda”, André Rijo, presidente da Câmara de Arruda, refere que a autarquia encontra-se a aguardar pelas conclusões do inquérito continuando “a mostrar disponibilidade total para colaborar na investigação O município foi alvo de buscas tendo em conta que a Ambigold foi uma das empresas que apresentou proposta ao concurso, lançado este ano, para a obra do ginásio ao ar livre da Quinta da Fonte do Ouro. Não tendo vencido porque não foi a que apresentou “o preço mais baixo”. O concurso viria a ser ganho pela Bricantel, “que não está relacionada com a empresa que está no alvo das investigações”. O autarca diz ainda que a Ambigold não tem nem nunca teve relações contratuais com o município. Rejeita ainda que a empresa tenha sequer tentado influenciar o concurso para a obra acima descrita. A Ambigold dedica-se à área
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da construção relacionada com os parques desportivos e infantis, “e presumo que tenham ficado interessados neste projeto do ginásio, após o lançamento da obra na plataforma”. Os inspetores da Unidade Nacional contra a Corrupção
recolheram ainda documentos, no âmbito desta operação, em Esposende, Famalicão, Vila Nova de Gaia, Barcelos, Santa Maria da Feira, Póvoa do Lanhoso, Marinha Grande, Golegã, Cascais, Loures, Oeiras, Faro e Ponta Delgada e Lisboa. No conce-
lho de Lisboa, foram realizadas buscas em diversas juntas de freguesia. De acordo com o site da Procuradoria-Geral da República, foram recolhidos “fortes indícios segundo os quais um grupo de indivíduos ligados às estruturas de partido
político desenvolveu influências destinadas a alcançar a celebração de contratos públicos, incluindo avenças com pessoas singulares e outras posições estratégicas”. A operação do Ministério Público envolveu a presença de
Uma das empresas suspeitas concorreu a concurso lançado pela Câmara mas não ganhou
três juízes de instrução, doze magistrados do MP, peritos informáticos e financeiros e inspetores da Polícia Judiciária (PJ) em número que ascende a cerca de 200, em colaboração com a Unidade Nacional de Combate à Corrupção da PJ.
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14 Opinião
Agosto 2018
Honrar os professores ra uma vez um primeiro-ministro que anunciava que o investimento na Educação era a prioridade para as próximas épocas, considerando que a aposta nesta área seria mesmo uma obrigação de todos. Estávamos em junho de 2017. Avancemos mais um pouco, para julho de 2018. Estamos com um pé na silly season, mas nem por isso podemos
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dar a história por completa. Sim. Porque estamos na última semana antes do querido mês de agosto, e alguns alunos só agora souberam as suas avaliações. Em causa está a greve dos professores, que continuam a reivindicar pela justiça no descongelamento de carreiras. Mais do que saber se o que está em cima da mesa é a contabilização dos nove anos, quatro meses e dois dias, ou, como propõe o Go-
verno, dois anos, nove meses e 18 dias, é ler nas entrelinhas da ação deste Governo. A premissa desde que estamos na narrativa do Partido Socialista é conhecida por todos: virar a página da austeridade. Mas, na verdade, aquilo a que assistimos, em vários campos da sociedade, é a uma palavra que não é honrada, a uma expectativa gorada. É certo que a questão dos
professores é difícil de resolver, mas foi este Governo da geringonça que criou a expectativa de a reposição seria para já e para todos. Por isso mesmo, os professores têm razão neste protesto. A palavra de um primeiro-ministro tem de valer tanto quanto um contrato assinado, e não é a assim que assistimos com António Costa. Aquilo a que vamos assistir, não restam dúvidas, é à utilização desta questão como
moeda de troca no próximo orçamento. Mas não é isto que os professores merecem. Os professores merecem respeito pelo seu trabalho e pela sua classe. A par da Saúde, a Educação é uma área crucial para a sociedade. É a estes que cabe ministrar as mentes do futuro, dar-lhes mundo e abrir horizontes. Assim, julgo ser do entender de todos que merecem respeito na sua pro-
Lélio Lourenço fissão e nas negociações com o Governo. Com o Verão à porta, veremos o que nos traz o próximo ano letivo. O que não podemos ter são histórias da Carochinha.
Os que fazem, os que desfazem e os empatas os anos 50, o Governo de Salazar, através do Ministro Arantes de Oliveira, levou a cabo um conjunto de construções de âmbito social por várias regiões de País. No conjunto dessas obras foram construídos bairros sociais destinados, sobretudo, a funcionários públicos, nomeadamente membros da GNR, funcionários das finanças e das Câmaras municipais, como forma de conseguir deslocar para vários pontos do País, profissionais qualificadas. Neste conjunto de construções foi construído em Arruda dos Vinhos o Bairro João de Deus que ao longo de muitos anos acolheu famílias e viu crescer gerações. O passado arquitetónico e, sobretudo, o seu passado humano deram-lhe um carisma que justifica o carinho que os Arrudenses têm por
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aquele Bairro. Ao longo dos anos, o município fez por várias vezes obras de manutenção, mas desde há cerca de 20 anos foram projetadas intervenções mais profundas, mas sem que os respetivos projetos tenham sido concretizados. Nos anos 90 o projeto então defendido pelo executivo do PS teve vários entraves colocados pelo PSD, na oposição, que recorreu, inclusivamente, a assustar os moradores quanto à sua continuidade das habitações. O mesmo PSD que após alcançar o governo do município em 2001, acaba por apresentar um projeto em 2005 que implicaria a demolição do bairro para construção de blocos habitacionais. Todavia, a abertura do concurso ficou vazia de concorrentes e a aposta do PSD para habitação social passou pela construção das ha-
bitações em S. Lázaro (aprovado e financiado pelo governo central do PS) e por um lote, que tinha sido cedido por contrapartida de uma urbanização, para a construção de 21 fogo. Todavia, devido ao excessivo endividamento que a Câmara tinha, não foi concedido o visto do Ministério das Finanças, facto que teve como consequência a indemnização à empresa adjudicatária, indemnização essa que teve de ser paga pelo atual executivo. Por um lado, menos mal porque o terreno situa-se num local de encosta, onde já ocorreram aluimentos de terras no passado, pelo que será um erro muito grande contruir naquele local. Pode ter sido um bom negócio para o construtor que cedeu o terreno na altura, mas foi um péssimo negócio para o Município. Confesso, que após as últi-
mas eleições autárquicas, em que, apesar do PSD só ter elegido um vereador para o executivo, que o mesmo seria um valor a acrescentar ao executivo esmagadoramente socialista. Ao contrário de muitas opiniões, desde o primeiro momento achei que ele iria assumir o cargo e desempenhar o seu papel como parte de uma equipa. E de facto assim foi, mas em parte. Com o decorrer do mandato, contrariamente ao que eu pensava, o vereador eleito pelo PSD, pessoa profundamente conhecedora de todos os dossiers do município, pois foi Presidente da Assembleia Municipal
Ficha técnica:
durante todo o mandato do executivo PSD, em vez de contribuir com propostas construtivas e de apoiar ou melhorar as propostas do executivo, acaba por tomar posições que nem fazem, nem desfazem , mas que procuram somente empatar recorrendo a argumentos de cujos fundamentes ele próprio teve responsabilidades enquanto membro da Assembleia Municipal. Sabemos que é difícil ser vereador do partido que está na oposição. Mas, como em tudo, os fins nem sempre justificam os meios. A própria realidade acaba por mostrar o caminho. E neste caso, a realidade da melhoria do edificado e do
Casimiro Ramos* espaço do Bairro João de Deus, cujo projeto tem sido, desde o inico, acompanhado pelo Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana, irá mostrar que, em vez de empatar ou de desfazer no que outros querem fazer, o melhor talvez seja ajudar a fazer. *Docente Universitário do Instituto Superior de Gestão em Gestão de Recursos Humanos e coordenador no mestrado em Gestão do Potencial Humano. Investigador em Comportamento Organizacional e Inteligência Emocional.
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O Pelourinho de Arruda dos Vinhos
á memória certa de ter existido o pelourinho de Arruda dos Vinhos. Este estudo que agora se dá à estampa apresenta um breve estado da arte e uma possível reconstituição deste desaparecido monumento, marco da municipalidade. A vila de Arruda dos Vinhos como concelho teria o seu pelourinho. Cumpre agora fazer uma análise sumária da história administrativa do concelho de Arruda dos Vinhos. D. Afonso Henriques terá concedido foral à vila de Arruda em 1160. O castelo de Arruda foi doado à Ordem de Santiago por D. Afonso Henriques em 1172, conforme atesta a documentação. A doação terá sido efectivada por D. Sancho I em 1186. O rei D. Manuel I concede foral à vila a15 de Janeiro de 1517. No século XIX o concelho de Arruda dos Vinhos terá sofrido várias configurações. Em 1823 o concelho de Arruda era composto pelas freguesias de Arruda e Cardosas enquanto Arranhó e S. Tiago dos Velhos pertenciam ao concelho de Lisboa. Em novembro de 1836 as freguesias de Arranhó e S. Tiago dos Velhos foram anexadas ao concelho arrudense. Em 1855 são extintos os concelhos de Sobral de Monte Agraço e Enxara dos Cavaleiros, integrando o concelho de Arruda as freguesias de Sapataria, São Quintino e Sobral de Monte Agraço. Volvidos dozes anos, em 1867, o concelho de Arruda dos Vinhos foi extinto e as suas freguesias
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anexadas a outros concelhos. Arruda passa a ser uma única freguesia fazendo parte do concelho de Vila Franca de Xira. Em 1868 os concelhos foram repostos da forma inicial e em 1887 a sede do concelho de Arruda dos Vinhos foi transferida para o Sobral de Monte Agraço na sequência de uma vereação afecta ao último, o que originou quezílias entre as populações. Decorria o ano de 1890 e com ele a restauração do concelho com as freguesias integrantes à data da extinção. Uma nova reforma administrativa em 1895 ditou que integrasse o concelho de Arruda as freguesias de Arranhó, Arruda, Cardosas. S. Tiago dos Velhos foi anexado ao concelho de Vila Franca de Xira. A 13 de Janeiro de 1898 o concelho passa a conhecer a configuração que atualmente vigora, por Decreto do rei D. Carlos I. Um pelourinho, popularmente conhecido como picota, é uma coluna de pedra colocada num lugar público da cidade ou vila para punir e expor os criminosos. As execuções capitais decorriam na forca depois do acusado ter sido exposto no pelourinho. No século XVI, Duarte d’Armas desenha no manuscrito Livro das Fortalezas do Reino vários pelourinhos, forcas e cruzeiros como se demonstra no Sabugal e em Castelo Mendo. Os estudos sobre o pelourinho de Arruda dos Vinhos são praticamente inexistentes. O interesse histórico e artístico destes monumen-
Sabugal - Pelourinho Desenho de Duarte d'Armas, século XVI
tos valeu a alguns classificação o que não ditou o desaparecimento de muitos juntando a isto a destruição motivada pelos liberais. Sobre o de Arruda dos Vinhos não temos indicação de como este terá desaparecido, poderíamos supor que tal se devesse às diversas reformas administrativas contudo, como adiante veremos, existe documentação que atesta a sua existência pelo menos até 1943, sendo que a partir de 1950 não há qualquer nota de registo. O Pe. Luiz Cardoso em 1747 indica que Arruda dos Vinhos teria forca, pelourinho, cadeia e açougues de carne e peixe separados. Em 1873, Pinho Leal dá conhecimento de que na vila existia casa da câmara, cadeia e pelourinho e uma forca de pedra. No Boletim de Architectura e de Archeologia (1880) o pelourinho de Arruda dos Vinhos foi considerado de “merecimento histórico” à semelhança do de Alter do Chão, Alverca, Batalha, Sintra, Lisboa e Setúbal. O etnólogo Luís Chaves no Boletim da Junta de Província da Estremadura em 1943 dá conta de que o pelourinho ainda existiria. Em 1950, no mesmo Boletim, Mário Guedes Real questiona sobre a existência do pelourinho de Arruda dos Vinhos. Segundo José Manuel Varandas na publicação comemorativa dos 500 anos do foral de D. Manuel I à vila de Arruda dos Vinhos (2017): “Além dos paços do concelho, a vila tinha cadeia, forca e pelourinho. A forca seria provavelmente no terreno fora da
vila, ainda chamado Campo da Forca. O pelourinho, há muito desaparecido, vem referido nos Livros da Décima [1764-65] como estando levantado à entrada da vila (Rua Direita, vindo do Pelourinho; Rua Grande, vindo do Pelourinho).” Usualmente a Rua Direita é a rua que vai direita da porta de entrada da povoação até à praça central onde se encontra o pelourinho. António Telmo (1927-2010) filósofo, escritor e professor habitou em Arruda dos Vinhos no decénio que decorreu de 1933 a 1943 deixando num dactiloscrito a seguinte passagem: “A rua Direita sobe com algumas curvas desde a Quinta da Ponte, que se me representa como um largo portão, desde um rio, que para mim sempre foi maior que o Tejo do livro de Geografia, desde uma ponte que passa por cima do rio, até ao jardim, pequeno e bem tratado, cheio de sombras e árvores, – acácias, freixos, álamos e outras de que não sei os nomes –, até ao campo da feira, todo cruzado por fileiras de plátanos, até à praça de touros, redonda e encarnada, com grandes portas em forma de ferradura e pequenas bilheteiras de um e de outro lado da porta principal (…).” Cremos que nesta óptica, e após análise de hipóteses de localização que provavelmente o pelourinho de Arruda dos Vinhos situarse-ia junto à zona do Hospital da Santa Casa da Misericórdia. O Visconde de Juromenha, em 1844, escreve ao Conde A. Raczynski: “Quasi to-
Castelo Mendo - Pelourinho, forca e cruzeiro Desenho de Duarte d'Armas, século XVI
Pesquisa 15
dos os que eu tenho visto, consistem em uma columna mais ou menos trabalhada collocada perpendicularmente sobre uma base rodeada de degráos. Do ponto superior d’esta columna saem quatro braços de ferro tendo na sua extremidade um annel e uma cadeia. Ella é terminada por uma coroa ou um capitel. O Pelourinho de Coimbra terminava em cutello. A guarita do de Arruda é quadrada; os arcos são bem lavrados, e se bem me lembro termina por um escudo. O Pelourinho de Batalha é bastante lavrado, como o de Alverca e Cintra.” Refere Luís Chaves (1939) que os pelourinhos, à semelhança do de Arruda dos Vinhos quando encimados pelo remate de gaiola se depreende que pelas dimensões reduzidas estes serviriam de ornato. As marcas deixadas na toponímia pelos pelourinhos e forcas são demonstrativas da presença destes elementos de antiga autonomia e jurisdição local por todo o território. Por norma
Ana Raquel Machado* a forca era colocada fora da povoação em ponto alto e visível. Segundo a tradição oral, no ponto mais alto do cabeço, existiu uma antiga forca, cujo acesso se dá através do caminho de terra batida junto ao cemitério da vila. Segundo Luís Chaves, Pinho Leal dá conta de dois grossos pilares de granito que terão pertencido à forca de Arruda dos Vinhos, o que vem de encontro à citação de António Telmo: “Por detrás da vila, a uns quinhentos metros e passado o rio da Pipa (…) havia uma pequena, abrupta elevação, com uma cruz de pedra em cima: chamava-se o Alto da Forca.” * Historiadora de Arte Licenciada em História da Arte e Mestre em Arte, Património e Teoria do Restauro pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Pós-graduada em Gestão Cultural pelo ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa.
Reconstituição digital possível do pelourinho de Arruda dos Vinhos - Autoria de Leopoldo Ludovice
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Irene Lisboa Parte 2: Vida (cont.) e obra
o anterior texto, tínhamos ficado no momento da vida de Irene Lisboa em que, passados muitos anos, regressou, de férias, a estas terras encantadas entre Arruda e Sobral. Este início dos anos 40 do século XX, já reformada sem ainda ter 50 anos, foi de grande produção literária. Foi nestes anos 40 que visitou a Serra da Estrela pela primeira vez, local bastante frequentado pela autora a partir daí. Também os anos 50 foram bastante produtivos a nível literário e o prenúncio do fim desta escritora arrudense. No início desta década, Irene foi operada, pela segunda vez, a um cancro no duodeno no Hospital de São José em Lisboa, nunca deixando de escrever. A serra, o campo, a cidade e tudo o que os envolve por dentro, tudo o que é quotidiano, insignificante, nada... foi motivo e reflexão e autorreflexão por parte da autora. Irene
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Uma procissão é afinal um ato grave, lento e doloroso! Na Arruda, como a procissão saísse pelo entardecer e as ruas fossem estreitas, a multidão soturna e recolhida, subindo devagar, ainda me impressionava mais. Irene Lisboa, Apontamentos Lisboa morreu então numa quarta-feira, no dia 25 de novembro de 1958. Nos fins dos anos 80 e inícios dos anos 90, do séc. XX, Paula Morão começou a estudar a obra de Irene. Iniciouse então a reedição da sua obra pela Editorial Presença, com prefácios de Paula Morão. No dia 13 de janeiro de 2013, os restos mortais de Irene Lisboa foram trasladados do Cemitério da Ajuda (Lisboa) para o Cemitério de Santo António (Arruda dos Vinhos). Em 2014, a obra de Irene Lisboa passa a ser estudada por todos os alunos do Município de Arruda dos Vinhos, desde o pré-escolar ao ensino secundário (com protocolo assinado entre a Câmara Municipal, o Agrupamento de Esco-
las e Jardins de Infância de Arruda e o Externato João Alberto Faria). Em 2018, 60 anos depois da sua morte, a Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos deu inicio à publicação de uma coleção de 6 livros para a infância e juventude com textos, alguns inéditos, de Irene Lisboa. Chamou a esta coleção Contarelos, afinal é o nome da sua primeira obra editada em 1926. Bibliografia: Literatura, poesia, crónica... 1. Treze contarelos (1926) 2. Um dia e outro dia... Diário de uma mulher (1936)* 3. Outono havias de vir latente triste (1937)* 4. Solidão: Notas do punho de uma mulher (1939)* 5. Folhas volantes (1940) 6. Começa uma vida (1940)*
7. Lisboa e quem cá vive (1940) 8. Esta cidade! (1942) * 9. Apontamentos (1943)* 10. Uma mão cheia de nada, outra de coisa nenhuma (1955)** 11. Voltar atrás para quê? (1956)* 12. O pouco e o muito – Crónica urbana (1956)* 13. Título qualquer serve (1958)* 14. Queres ouvir? Eu conto (1958)** 15. Crónicas da serra (1959)* 16. A vidinha da Lita (1971) 17. Solidão II (1974)* 18. Folhas soltas da Seara Nova, 1929/1955 – Antologia (Paula Morão) 19. Rosalina (2018) 20. O peru voador e Pesadelo de uma manhã de agosto... (2018) 21. Dizia o rio e Soldado de chumbo... cavalo de pau (2018) Nota: Os títulos assinalados com 1 asterisco encontramse publicados na Presença, com organização e prefácios de Paula Morão; os assinalados com 2 asteriscos também se encontram publicados nesta editora. Os 3 últimos são edições da Câmara Municipal de Arruda e pertencem à coleção Contarelos. Noutra altura, apresentaremos a bibliografia pedagógica da autora.Estes são apenas alguns pormenores da vida desta mulher invulgar, injustamente esquecida por este confuso tempo cheio de equívocos: uma autora com uma admirável, rara e humanitária obra literária e pedagógica que incomodou o Estado Novo. Dando já o mote para o próximo texto, diríamos que a sua obra pedagógica, se fosse estudada, ou apenas lida, continuaria a incomodar as estruturas educacionais nacionais: “A escola não pode ser um meio artificial, conhecendo a vida apenas por meio de livros. A escola deve ser uma parte verdadeira do mundo, em que a criança se possa descobrir a si mesma” (Irene Lisboa (1942), Modernas tendências da educação). Jorge da Cunha
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