Jornal Regional • Periodicidade Mensal • Director: Miguel António Rodrigues • Edição nº 70 • 21 Fevereiro 2019 • Preço 1 cêntimo
Valor Local Pedreiras de Alenquer Terra sem Lei Parte I
Destaque na 11, 12, 13 e 14 Ambiente na 19
Sociedade na 4
Maus cheiros: Habitantes “Chemina” pode vir mesmo de Coutada Velha continuam a ser um hotel pela mão sem levar uma vida normal de um grupo chinês Economia na 9
Valor Local Bussiness Meeting 2019 pretende ser mais-valia em debate com empresas da região
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Bombeiros de Salvaterra ainda não pagaram indemnização
“Estou mesmo a ver que tenho de trazer os carros da associação para casa” ontinua num impasse o processo que opõe Paulo Dionísio, antigo comandante dos Bombeiros Voluntários de Salvaterra de Magos, à direção daquela corporação. Apesar de o Tribunal da Relação de Évora ter decidido que a associação teria de pagar ao antigo comandante uma dívida transitada em julgado no valor de 36 mil 500 euros, ainda não teve lugar nenhum pagamento. César Diogo, tesoureiro da coletividade, ao Valor Local, sustenta que aguarda por um melhor esclarecimento por parte do tribunal, embora já tenha sugerido a entrega de dois bens a Paulo Dionísio como forma de saldar parte da dívida, o que não foi aceite. Já seguiu neste momento um pedido para o Tribunal de Execução “porque eles não querem aceitar a pena” diz Paulo Dionísio, que afiança, ainda, que perante o quadro em causa é “bastante provável que o tribunal ordene a execução no sentido de ficar com bens da corporação como é o caso das viaturas”; não tem dúvidas em constatar. A direção já oscilou nesta matéria, de acordo com Paulo Dionísio, pois “primeiramente disseram que não iam pagar, mais tarde chegaram a proporme bens como um carro de fogo e uma loja”, cujo valor comercial “nem sequer se aproximava do que ficou decidido em tribunal”. Por outro lado, “a loja está na matriz por 14 mil euros, mas
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O imbróglio permanece entre o antigo comandante e a corporação
ainda não se encontra em nome deles”. Antes do pedido de execução houve uma penhora das contas da corporação, “mas verificouse que não havia verbas”. Neste momento, “o que estamos a fazer é proceder à penhora das
viaturas”. Neste capítulo, o tesoureiro da corporação afirmase tranquilo – “A associação tem estatuto de utilidade pública pelo que esse tipo de procedimento não é possível. Ele está no direito de dizer o que quiser, mas não significa que se con-
cretize!” O antigo comandante exige o pagamento dos valores em dívida de um ano de salários, juros, e descontos à Segurança Social. Mas César Diogo sustenta que apenas terá de pagar cinco meses, porque estamos a falar
de um período temporal que vai de julho de 2017 a janeiro de 2018, porque no início do ano passado, “ele apresentou a demissão”. Paulo Dionísio refere que não chegou a fazer “o ofício como está na lei”. “Não estou a trabalhar nem a receber subsí-
dio de desemprego, porque caso contrário perco o direito à indemnização. Tenho filhos e contas para pagar. Estou mesmo a ver que tenho de trazer os carros da associação para casa, caso isto continue desta forma”, refere, argumentando que a outra solução é a insolvência da associação “visto que neste momento sou um credor da mesma”. “Não vivo do ar. Ou pagam ou vou buscar as viaturas”; atira. O antigo comandante suscita que a associação nunca entrou pela via do diálogo para chegar a um acordo de pagamentos, apenas ofereceu a dita loja e o carro de fogo. “Por outro lado, a alienação de bens tem de ser votada pelos sócios porque eles apenas estão a dirigir”, diz. O antigo comandante lembra ainda a última assembleia – geral na qual as muitas vozes dissonantes da atual gestão da associação se calaram como foi o caso do movimento de cidadãos que deu que falar a dada altura. O Valor Local tem vindo a tentar o contacto após a dita assembleia de dezembro mas sem sucesso, permanecendo os seus membros incontactáveis. “Esse é só um exemplo, aliás na assembleia fui dos poucos a fazer questões como a contração de um empréstimo de 60 mil euros para a aquisição de um veículo de incêndios urbano que viria a ser integralmente pago pelo Estado. Afinal para que serviu esse dinheiro?”, deixa no ar.
Presidente da República em Azambuja para apadrinhar lançamento da Confederação Portuguesa de Economia Social Presidente da República regressa ao concelho de Azambuja a 29 de março. A iniciativa é da Confederação Portuguesa de Economia Social que se junta no auditório do Centro Social e Paroquial de Azambuja. Francisco João Silva, secretáriogeral desta recém-formada confederação, salientou ao Valor Local que este é um momento importante para esta entidade, sublinhado o desejo de no futuro vir a ter voz enquanto parceiro social junto do Governo. A iniciativa tem abertura marcada para as 10 horas da manhã com a presença do ministro da Segurança Social, Vieira da Silva, sendo o encerramento com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
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A Confederação Portuguesa de Economia Social nasceu da vontade de nove entidades fundadoras, nomeadamente: Associação Portuguesa Para o Desenvolvimento Local, a Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal, Confederação Cooperativa Portuguesa, Confederação Portuguesa das Coletividades de Cultura, Recreio e Desporto, Centro Português de Fundações, União das Misericórdias Portuguesas, União das Mutualidades Portuguesas, Associação Portuguesa de Mutualidades, representando assim quase na sua plenitude, o universo das entidades da economia social portuguesa.
Francisco João Silva está à frente desta nova confederação do terceiro setor
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“Chemina” pode vir mesmo a ser um hotel pela mão de um grupo chinês Câmara Municipal de Alenquer quer vender em hasta pública o edifício da Chemina, que outrora foi a sede da empresa Lanifícios Tejo. O imóvel que está na posse do município há vários anos, constitui um problema para a autarquia e para a vila de Alenquer, já que está completamente degradado e fica numa zona nobre da sede de concelho. Há vários anos, que a autarquia tem mostrado interesse em recuperar o edifício, mas os custos são demasiado pesados para que, sem qualquer tipo de apoio europeu ou estatal, a autarquia consiga levar a sua ideia a bom porto. Nos últimos anos aventaram-se vários usos para aquele espaço que apenas serve de estacionamento gratuito de apoio aos serviços da vila. Para a área em causa já se falou quer na transferência de parte dos serviços municipais, quer na construção de um auditório e até ninho de empresas. Contudo a ideia que sempre esteve presente para aquele edifício foi a da construção de um hotel, já que a vila e a região carecem de alojamento, sobretudo às portas de Lisboa, podendo por isso ser uma maisvalia na pernoita de turistas, e na promoção dos eventos da Vila Presépio, como são a Alma do Vinho ou a Feira da Ascensão.
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Nova vida para o degradado edifício poderá estar para breve
Mais recentemente, Pedro Folgado, ao perceber que os privados não mostravam muito interesse na aquisição e remodelação do espaço, colocou a hipótese de candidatar a fundos comunitários a antiga “Chemina”. O objetivo seria recuperar a fachada, fazer dali um equipamento com serviços municipais e a construção do tal auditório que já escasseia em Alenquer, dado que o auditório Damião de Gois, está no limite da sua vida útil.
Contudo o autarca, que refere que esse plano não foi abandonado pela autarquia, quer de novo tentar que um grupo privado se interesse pelo espaço e construa uma unidade hoteleira. Ao Valor Local, Pedro Folgado, confidenciou que tem conhecimento de dois grupos que já manifestaram interesse no espaço. O nosso jornal sabe que um dos grupos é de origem chinesa e que esta poderá ser a solução para o edifício cuja hasta pública
será agora retificada em assembleia municipal por um milhão e cem mil euros de valor base. Este é um valor bem abaixo do que a autarquia teria de gastar só com as obras, já que aí a despesa seria facilmente de quatro ou cinco milhões. Esta é por isso uma hipótese que agrada ao presidente da câmara, que vê a hasta pública e a consequente alienação do edifício como a melhor solução financeira para o problema.
Ainda assim, o autarca esclarece que mantém como plano b, a revitalização do edifício com recurso a instrumentos financeiros, nomeadamente da União Europeia. A Companhia de Lanifícios Chemina foi fundada pelos irmãos José Joaquim e Salomão dos Santos Guerra. O projeto de arquitetura ficou a cargo de José Juvêncio da Silva, que também projetou os Paços do Concelho. A fábrica, uma das mais dinâmicas da região à épo-
ca foi edificada em terrenos da antiga quinta ou Casal da Chemina, de onde adotou o nome, dando trabalho a mais de 200 pessoas e fabricava, entre outros produtos, xales, casimiras, castorinas, cintas, barretes e cobertores. Caso venha a ser adquirida por privados, há o compromisso de manutenção da fachada e a possibilidade de alguma expansão da área do novo edifício em largura, dado que o atual tem uma área algo estreita.
Câmara de Salvaterra dinamiza atividades entre crianças e idosos erca de meio milhar de participantes, entre crianças e adultos, juntaram-se à iniciativa intergeracional “Dar e Receber”, dinamizada pela Câmara Municipal de Salvaterra de Magos, entre os dias 11 e 14 de fevereiro, com o objetivo de sensibilizar a comunidade para valores importantes da vida em sociedade, como a gratidão, a generosidade, a gentileza e a amizade. A iniciativa passou pelos jardins de infância da rede pública do Concelho, promovendo a intera-
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ção entre as crianças, as famílias e os participantes do projeto municipal Desporto Sénior e contemplando exercícios de atividade física e dinâmicas de grupo com a canção “Ser Amigo” e a história interativa “Um menino chamado Amor”. De acordo com Helena Neves, vereadora na Câmara Municipal de Salvaterra de Magos, “a iniciativa foi muito bem acolhida pelos participantes e ficou mais uma vez demonstrada a maisvalia deste tipo de atividades na educação/ formação das nossas
crianças. Nesta atividade foi enfatizada a importância de Receber para saber Dar e de Dar para poder Receber, ou seja, a importância do saber partilhar para a vida em comunidade”. Estas atividades foram dinamizadas pela Equipa Multidisciplinar de Intervenção Comunitária (EMIC) do Município de Salvaterra de Magos e pelos técnicos de Desporto da autarquia, inserindo-se nos objetivos do Plano Integrado e Inovador de Combate ao Insucesso Escolar da Lezíria do Tejo (PiiCiE LT).
O convívio entre miúdos e graúdos
Campo do Alhandra em discussão vereador da CDU na Câmara de Vila Franca de Xira, Vítor Cartaxo, questionou o executivo, numa das últimas reuniões de Câmara, acerca do ponto de situação no campo do Alhandra Sporting Club. Em causa a permuta de terrenos com a Cimianto, mas que agora
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terá um custo para a descontaminação, situado numa zona de maior centralidade na vila de Alhandra. O campo do Hortinha já não terá as condições necessárias para a prática do futebol, tendo em conta também o número de praticantes inscrito no clube.
O presidente da Câmara de Vila Franca de Xira lembrou que a Câmara nunca garantiu os custos com a descontaminação dos terrenos. Alberto Mesquita referiu que esta coletividade como outras recebe apoios do município, prova disso é a aquisição que teve lugar de um espaço
para a prática do triatlo. A Câmara chegou a propor ainda um terreno ao clube na zona da Cruz de Pau, mas que não agradou aos dirigentes por se situar fora do centro da vila. A Câmara assume os custos com a construção do campo nos terrenos da Cimianto mas terá de ser a cole-
tividade a assumir demais custos com a limpeza da área em causa. A direção do clube ainda tentou um acordo para o alargamento do campo do Hortinha com os proprietários contudo foram pedidos 600 mil euros, um valor demasiado alto. “Isto ficou clarinho para todos”, lembrou o
autarca. Mesquita informou ainda que o espaço da antiga fábrica tem novo dono, que também estará a proceder à descontaminação das infraestruturas existentes, havendo a possibilidade de se conseguir um acordo também para o terreno pretendido pelo clube.
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Câmara de Azambuja quer inaugurar requalificação do cinema de Aveiras ainda este mandato Câmara Municipal de Azambuja pretende revitalizar a zona antiga de Aveiras de Cima. Já é publico que comprou o antigo cinema e algumas casas adjacentes no Largo da República, sendo que agora a autarquia prepara-se para criar novos projetos. Antes de terminar o mandato, diz o presidente da Câmara que quer inaugurar a nova casa de espetáculos, “que será uma das montras do concelho”, não tem dúvidas em considerar. Luís de Sousa referiu, ao Valor Local, que entre outros imóveis adquiridos, está um terreno nas traseiras da antiga SIVAC para a construção de um parque de estacionamento, dado que segundo o autarca, em Aveiras de Cima é normal encontrar-se estacionamento desordenado. Luís de Sousa refere que o parque terá todas as infraestruturas como iluminação ou o escoamento das águas pluviais, e que o desenvolvimento daquela vila que é a segunda mais populosa do concelho de Azambuja, também depende destes novos equipamentos. Esta é apenas uma entre várias obras que, diz, “revolucionarão” Aveiras de Cima nos próximos dois anos. O presidente da Câmara refere que estas obras estão incluídas no Plano de Pormenor (PP) que está em aprovação e que neste PP, está também uma variante à Rua Francisco Almeida Grandella, que está no papel desde os tempos de Joaquim
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Ramos, o antigo presidente da Câmara e que será quase paralela à autoestrada. Ainda assim, Luís de Sousa refere que este projeto ainda está em fase de elaboração, já que a autarquia encontra-se em conversações com alguns proprietários de terrenos onde passará a nova estrada. Recentemente a autarquia adquiriu o antigo cinema, algo que andava na mira da Câmara mas que só agora foi possível. O autarca refere que o cinema será agora alvo de um estudo e que a fachada será mantida, bem como alguns aspetos interiores. Do velho cinema irá nascer o Centro Cultural de Aveiras de Cima, que será em breve o principal edifício cultural municipal, tendo em conta a necessidade do concelho de Azambuja e da autarquia em ter uma sala de espetáculos própria, depois do desmantelamento da antiga EPAC (Espaço Público de Atividades Culturais) e que hoje está cedida ao Grupo Desportivo de Azambuja. O autarca refere não ter ainda orçamentado o custo da requalificação do cinema, mas garante que em abril por altura da Ávinho, “as casas velhas estarão demolidas e que nas traseiras do cinema será colocado o palco para a Festa do Vinho e das Adegas.” Em jeito de novidade, o presidente da Câmara de Azambuja referiu também que já encomendou ao escultor Canau Espadinha uma estátua ao cavador. O edil
O edifício do antigo cinema e um conjunto de casas adjacentes foram adquiridos pelo valor de 495 mil euros diz-se empenhado neste assunto, já que a população tem reivindicado há vários anos esse mesmo monumento para a localidade. Luís de Sousa reafirma a sua intenção de apressar as obras até ao fim do mandato, e que todos estes projetos deverão estar concluídos em 2021 antes das autárquicas, sendo que como o próprio já referenciou ao Valor Local, não será recandidato à Câmara.
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Consumo de droga às claras na zona da igreja perturba moradores lguns moradores residentes na zona da igreja matriz de Azambuja têm manifestado o seu desagrado e preocupação devido ao grande número de toxicodependentes que utilizam o jardim nas imediações para atividades menos próprias. São muitos os relatos que dão conta de jovens a utilizar drogas naquela zona, à vista de toda a gente e durante o dia. A situação não é desconhecida das autoridades, mas ainda assim pouco ou nada estas podem fazer, já que muitos destes jovens são menores. É frequente, segundo apurámos, assistir-se à concentração de grandes grupos no jardim
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por cima dos balneários públicos até altas horas da madrugada “ a drogarem-se à vista de toda a gente” referiu uma moradora que não quis ser identificada. Outro dos problemas relaciona-se com os atos de vandalismo. As mesas e os bancos que ali foram colocados são frequentemente partidos e os vidrões derrubados, por vezes, a altas horas da madrugada, “sem que se veja por ali um carro da GNR”, referiu a mesma moradora. “A GNR nunca vem quando os chamamos. Ou têm medo, ou isto não é importante. Um destes dias acontece uma desgraça e depois já é importante”, referiu a mesma
fonte que lamenta que as autoridades não estejam atentas ao que se passa, ao mesmo tempo que diz temer pela segurança do seu veículo parqueado naquela zona. Luis de Sousa, presidente da Câmara de Azambuja, diz estar preocupado e que já deu conta disso às autoridades. O autarca refere ter uma conversa marcada com o comandante do destacamento de Alenquer, na qual diz que abordará o assunto. O autarca diz que já conhece este grupo de traficantes e consumidores, e refere que está nas mãos das autoridades tratar do assunto de uma forma definitiva.
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Deteção de lamas atrasa obra no esteiro de Azambuja obra de requalificação do esteiro de Azambuja sofreu um revés. A descoberta de lamas a uma determinada profundidade veio colocar em causa o andamento do projeto. O município terá de despender uma avultada quantia para fazer face à remoção das lamas. Contudo, apesar dos reveses, a obra vai continuar a seguir em frente, segundo o presidente da Câmara de Azambuja, Luís de Sousa, ao Valor Local. O autarca confidencia que já tentaram demover a autarquia de seguir com o projeto da vala do Esteiro e a sua requalificação, face aos custos inesperados para a remoção das lamas, numa ação que está a ser acompanhada por especialistas e entidades como a Agência Portuguesa do Ambiente e CCDR-Lisboa e Vale do Tejo. Contudo o autarca afiança que não vai desistir desta que será uma das obras mais aguardadas pela população. As lamas que apresentam maior nível de perigosidade,
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Sonho de um novo espaço de lazer deverá ter continuidade apesar da grande operação de limpeza das lamas tendo em conta a presença de metais pesados, são as que ficam localizadas numa antiga saída de esgoto, junto ao terminal. Mas o autarca refere que não está em causa a saúde pública dada a grande profundida-
de a que se encontram. A garantia foi também dada pelos técnicos que estão a acompanhar esta fase do processo. O transporte das lamas será efetuado, espera-se que a breve trecho, num veículo próprio, vindo ex-
pressamente da Alemanha, com observação de todos os requisitos ambientais. “Tudo isto vai ter um custo quase equiparado à requalificação do esteiro em si”, desabafa o autarca. O projeto de integração paisagís-
tica da vala do Esteiro já conheceu diversos contratempos. Numa primeira fase a Câmara teve de corrigir questões relacionadas com o projeto e concurso. No local prevê-se criar uma nova paisagem ribeirinha com a reabi-
litação da zona adjacente à estação ferroviária da vila, a criação de zonas de acesso à vala para a prática de pesca desportiva, o reordenamento das áreas de estacionamento, bem como a criação de uma ciclovia, uma zona de piquenique e equipamentos de atividade física ao ar livre. O desassoreamento do leito, a ir para a frente, permitirá o uso de pequenas embarcações fora do período de maré baixa. Nesta requalificação paisagística, está também previsto o desassoreamento e estabilização das margens do “esteiro” e do muro de suporte, bem como a instalação de um bar/esplanada e arranjo da respetiva envolvente. Estas intervenções permitirão uma maior ligação da vila de Azambuja à frente ribeirinha que se prevê que no futuro seja, ao mesmo tempo, um polo dinamizador do turismo no concelho. Este projeto surge no âmbito do “PORAlentejo 2020” e terá um custo total de um milhão 192 mil euros.
Grau de Prova celebra literatura e cozinha de várias línguas e culturas europeias Escola de Línguas Grau de Prova no Cartaxo tem estado a promover durante o mês de fevereiro a Língua e a Cultura de países como Inglaterra, França, Espanha e Alemanha. Ana Gaudêncio, professora e responsável daquele espaço, diz que o objetivo tem passado por dar a conhecer atividades originárias de cada um dos países junto dos alunos. Num balanço da iniciativa, Ana Gaudêncio, responsável da escola de línguas, refere que a iniciativa é repetida anualmente pois a curiosidade dos nossos alunos pelas diferentes culturas é muita.
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“Neste sentido, promovemos o gosto dos nossos alunos pela língua e pela literatura”, enfatiza, acrescentando – “Nestes dias, convidamos os nossos alunos a fazerem parte das diversas atividades de que dispomos para as línguas inglesa, espanhola, francesa e alemã de um modo divertido. Os alunos levaram para casa um pouco mais de conhecimento, não só da cultura britânica, francesa, espanhola ou mesmo alemã, mas também de todos os outros países que adotaram estas línguas como línguas oficiais.” Ana Gaudência não deixa de elo-
giar “o reconhecido empenho de professores, alunos e pais pois é sem dúvida de louvar que não mediram esforços para que estas semanas tenham sido um enorme êxito”. “A motivação pela língua foi visível durante os dias da iniciativa. Aprender a língua de uma forma diferente, aplicando-a no imediato foi o grande desafio e, deveras superado. Este tipo de iniciativas levam os alunos a evoluírem culturalmente e abre-lhes novos horizontes na exploração de novos países que, um dia, quem sebe, os poderão acolher.”
As gulodices de nuestros hermanos entusiasmaram os alunos
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Contagem decrescente para lançamento da primeira pedra do quartel da Cruz Vermelha de Aveiras de Cima uis de Sousa, presidente da Câmara Municipal de Azambuja, anunciou que gostaria de lançar a primeira pedra do quartel da Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) de Aveiras de Cima. O autarca não esteve presente no juramento dos socorristas a 27 de janeiro, mas a vereadora Sílvia Vítor, deixou no ar a ideia de que o município “está atento às necessidades da CVP e que o próprio presidente está a acompanhar o assunto.” Com efeito, em declarações ao Valor Local, Luis de Sousa referiu que é seu desejo antes de terminar este mandato, lançar as primeiras pedras dos quartéis dos bombeiros de Azambuja e da Cruz Vermelha de Aveiras de Cima. O autarca revelou que o projeto do quartel já está aprovado, mas faltam, ainda, alguns passos, nomeadamente, a aprovação na especialidade. Luis de Sousa reforçou a necessidade da construção do novo edifício, tendo em conta o estado atual das instalações e com o papel importante que a CVP tem no socorro do concelho de Azambuja.
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Maquete das novas instalações
A autarquia que vai ajudar nas obras dos arranjos exteriores e alcatroamentos envolventes, cedeu no passado o terreno à CVP onde ficará aquela que será uma das melhores e mais bem equipadas unidades da Cruz Vermelha do país. Ao todo são cerca de 3000
metros quadrados, sendo que o novo edifício poderá custar até 750 mil euros, pagos na íntegra com verbas da CVP de Aveiras de Cima. O autarca que se comprometeu em ajudar na obra com o novo presidente da instituição Francisco
George, referiu também que o novo responsável reconheceu o papel importante que as autarquias, mais especificamente, neste caso, Azambuja, “tem no dia-adia destas casas.” Luís de Sousa não fecha a porta a uma ajuda financeira, mas refere
que tal terá de ser visto através de um protocolo para ajudar à construção do quartel. A Cruz Vermelha de Aveiras de Cima tem mostrado o seu dinamismo no que toca ao voluntariado. Só no dia 27 fizeram juramento 13 novos socorristas, sendo
que dez ficarão em Aveiras, os restantes integram a CVP do Cadaval que aproveitou o evento. Nesta altura a CVP tem um novo curso com cerca de dezena e meia de futuros socorristas, que em breve prestarão o seu juramento.
ACES Estuário do Tejo Unidade de Saúde Pública
Saúde Pública MENSAGEM DA COORDENADORA “Não é fácil dar uma definição sucinta e clara de Saúde Pública, porque o seu significado varia com o período histórico e o grau de evolução da sociedade a que diz respeito. Tem como característica essencial o estudo e a solução dos problemas que interessam a saúde dos indivíduos integrados no meio em que vivem (...)” (Gonçalves Ferreira, 1963) Assim, torna-se imperativo que todos e cada um de nós, profissionais em saúde pública, saibamos, assumir padrões éticos de atuação, de modo a dar resposta às necessidades e salvaguarda da saúde e bem-estar das comunidades. A Unidade de Saúde Pública (USP) é uma unidade funcional do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Estuário do Tejo, pertencente à Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo. Tem como missão vigiar o estado de saúde da população da sua área geográfica, gerindo programas de intervenção no âmbito da prevenção, promoção e proteção da saúde da população em geral e grupos específicos, visando a obtenção de ganhos em saúde. Para isto, contamos com uma equipa multidisciplinar, constituída por Médicos Especialistas em Saúde Pública; Enfermeiros Especialistas em Saúde Comunitária ou Saúde Pública; Enfermeiros Cuidados Gerais; Técnicos de Saúde Ambiental; Assistentes Técnicos. Com esta rubrica pretendemos criar laços com a população que servimos aumentando a literacia em saúde. Judite Catarino Coordenadora da Unidade de Saúde Pública do ACES Estuário do Tejo O Valor Local inicia a partir desta edição uma colaboração com a Unidade de Saúde Pública do ACES do Estuário do Tejo para a publicação de temas relacionados com esta temática. Neste número, fica a apresentação desta parceria por parte da doutora Judite Catarino.
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Mês da Enguia volta em pleno a Salvaterra de Magos concelho de Salvaterra de Magos recebe de 1 a 31 de março, mais uma edição do “Mês da Enguia”. A “Rainha do Tejo” está de volta a cerca de duas dezenas de restaurantes, espalhados pelo território de Salvaterra e que nos últimos anos tem vindo a conquistar cada vez mais adeptos dos inúmeros pratos que podem ser confecionados com a enguia. Helder Esménio, presidente da Câmara Municipal de Salvaterra de Magos, mostrou-se expectante ao Valor Local sobre mais esta edição, salientando que tem esperança que o bom tempo continue, pois isso faz toda a diferença na altura de sair de casa e procurar um bom restaurante no concelho. O autarca que salienta a importância para a economia local deste certame, esclarece também que o mesmo tem beneficiado o crescimento do alojamento local, mas que isso, só por si não chega. Os turistas escolhem Salvaterra não apenas tendo em conta esta campanha gastronómica mas também outros produtos turísticos como são os passeios no Tejo ou o turismo de natureza. O presidente da Câmara vinca por outro lado que cabe à autarquia criar os produtos turísticos e que cabe aos empresários explorálos. O produto turístico tem au-
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tem sido um sucesso, mas isso deve-se também ao envolvimento do comércio e das associações do concelho, que dinamizam o “Mês da Enguia” e outros eventos que decorrem em simultâneo. A edição deste ano, à semelhança de anos anteriores, conta com uma série de pratos confecionados com a “rainha do Tejo”. Desde o tradicional prato de enguias fritas ou ensopado de enguias até às receitas mais inovadoras, há muito por descobrir num evento
que durará cerca de 5 semanas, mas que por opção dos restaurantes, passa muitas vezes do habitual termo desta campanha entrando pelos meses de abril e até maio. Mas este certame não é só gastronomia. A esta iniciativa junta-se o artesanato que este ano assume-se como de cariz nacional, tendo sido convidados artesãos de fora do concelho e da região. A este propósito, o presidente da Câmara salienta que o crescimento tem sido evidente e que o Pavilhão do Inatel já é pequeno para os expositores e para o público, ainda assim, o autarca prefere não dispersar as iniciativas que ali decorem, até tendo em conta a logística associada ao evento, e pese embora já tenha ponderado uma mudança de local, este continuará para já naquele espaço. Ainda em destaque cinco novas exposições que estarão patentes em vários espaços municipais, além das de caráter permanente, que podem ser visitadas na Falcoaria Real, no Museu “Escaroupim e o Rio” e na Casa Típica Avieira. Decorrerão ainda diversas atividades culturais, desportivas e recreativas dinamizadas pelas associações, coletividades, comissões de festas e IPSS’s de Salvaterra de Magos.
ligação forte do município ao rio Tejo” lembrando os 22 quilómetros de frente ribeirinha. No entanto, nos últimos anos, a Câmara aproveita o lançamento da campanha para divulgar o seu vinho municipal. É o caso do “Encostas de Xira”, e na edição de 2019 não será exceção. Este vinho produzido na Quinta Municipal de Subserra surgiu em 2015 e desde essa altura que se tem vindo a promover este vinho nos mais variados fóruns e eventos, quer sejam no concelho quer sejam fora. O município investiu na remodelação da adega e foram introduzidas novas metodologias de
produção e vinificação, sendo que ao mesmo tempo os vinhos passaram a ter uma nova imagem da responsabilidade do cartunista vilafranquense Vasco Gargalo. O município promove ainda atividades de showcooking. Assim e para degustar e conhecer o prato forte de março, Sável com Acorda de Ovas, haverá demonstrações a 23 de fevereiro no Mercado de Alhandra, a 2 março, no Mercado do Forte da Casa, a 9 do mesmo mês no Mercado de Vila Franca de Xira. A 16 e 23 de março as demonstrações serão nos Mercados de Alverca e Vialonga respetivamente.
A denominada rainha do Tejo está de regresso
mentado e os empresários, segundo o autarca, têm correspondido na medida do possível. Ainda sobre o alojamento local, o presidente da Câmara concorda com o presidente da Entidade de Turismo, Ceia da Silva, quando este refere a necessidade da divulgação do produto ao mesmo ritmo que são criados os mais variados alojamentos, pelo que no concelho já existe cerca de uma dezena, integrados no “Mês da Enguia”.
O presidente da Câmara reforça ainda que os restaurantes têm feito “um esforço notável” para estarem sempre “com um sorriso e receberem tantas pessoas que fazem filas para degustar a enguia”, vincando que para além destas duas dezenas de aderentes, há sempre espaço para mais uns, desde que queiram fazer parte. “Se os restaurantes têm permitido que as visitas tenham aumentado ano após ano, é porque estão a
fazer um bom trabalho”. Por isso reforça “cabe juntarmo-nos a esse esforço e conseguir pela componente cultural, lúdica, patrimonial e histórica, acompanhar o ritmo dos restaurantes”. Helder Esménio vinca, por outro lado, que o concelho de Salvaterra de Magos, está bem coberto ao nível de restaurantes aderentes, isto tendo em conta “o tamanho do nosso território com 22 mil habitantes”. O autarca lembra que o certame
Vila Franca de Xira
Vinte seis restaurantes aderentes no “Março Mês do Sável” concelho de Vila Franca de Xira recebe no mês de março mais uma campanha gastronómica alusiva ao sável. “Março Mês do Sável”, regressa assim de novo e em força, desta vez com a participação de 26 restau-
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rantes de todo o território vilafranquense. Esta iniciativa promovida pela Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, reconhecida dentro e fora de portas, já é marca registada do município, constituindo-
se assim como um evento gastronómico local. O sável frito com açorda de ovas será o rei desta campanha. Trata-se de um prato com raízes e tradições provenientes das comunidades varina e avieira, cuja
presença à beira do Tejo ainda hoje está bem presente. Segundo o município, esta campanha gastronómica “torna-se assim numa importante homenagem a uma tradição gastronómica e cultural que provém de uma
Campanha gastronómica contará com showcooking em várias localidades do concelho
Esclarecimento: O nosso jornal foi informado que contrariamente ao que nos tinha sido veiculado, que a plantação de cannabis no concelho de Benavente, de que demos notícia na edição de janeiro, não estará a cargo da Tilray mas de outra empresa canadiana que possui interesses, neste âmbito, no concelho de Benavente. A Tilray enviou um comunicado às redações referindo que o seu ponto de atuação no nosso país se circunscreve apenas, até à data , ao concelho de Cantanhede que representa um investimento de 20 milhões de euros, a criação de mais de 100 postos de trabalho e o desenvolvimento de mais de 2 hectares de um espaço de última geração para a produção, cultivo, pesquisa e processamento. As instalações em Cantanhede são a única operação da Tilray em Portugal até hoje e a empresa neste momento não tem intenção de investir noutras regiões em Portugal.
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Valor Local Bussiness Meeting 2019 pretende ser mais-valia em debate com empresas da região Auditório do Centro Social e Paroquial de Azambuja vai receber no próximo dia nove de março a primeira edição do Valor Local Business Metting’19.Trata-se de um encontro de empresários e empresas que visa discutir os assuntos que mais os preocupam e ao mesmo tempo conhecer histórias de sucesso inspiradoras. A iniciativa organizada pelo Valor Local em parceria com a Câmara Municipal de Azambuja, tem tudo para “chamar” as empresas do Ribatejo e Oeste a dar o seu contributo, numa iniciativa que contará com a presença do ministro-adjunto e da Economia Pedro Siza Vieira. O encontro que começará pelas 15 horas será também o pontapé de saída para a apresentação do HubsLisbon, a primeira incubadora de empresas do concelho de Azambuja, fomentada pelo município, que tem como objetivo criar riqueza económica no território. Luis de Sousa, presidente da Câmara Municipal de Azambuja, refere que esta iniciativa é uma mais-valia para as empresas e diz esperar que o município possa dar a conhecer todo o seu potencial quer das que estão sedeadas em Azambuja, bem como junto daquelas que vêm de fora, que também marcarão presença. O autarca refere que o Valor Local Business Meeting, será também um evento de valor acrescentado para as empresas divulgarem as suas atividades. O autarca que considerou esta uma boa oportunidade para dar a conhecer o tecido económico da região, acrescentou, ainda, que a mesma iniciativa servirá para colocar em evidência os projetos da autarquia para esta área, reforçando que estão em marcha diversas iniciativas que agregam os alunos da Escola Secundária de Azambuja através de uma academia que terá como missão dar ferramentas aos alunos para ingressarem nas empresas um dia mais tarde. Miguel António Rodrigues, diretor do Jornal Valor Local, desta-
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mento para este tipo de projetos, será outra mais-valia a partir de agora assegurada pela Câmara Municipal de Azambuja. HubsLisbon atento às empresas fantasma
Numa parceria conjunta, o jornal e a autarquia desafiam os empresários a debater o futuro da economia no concelho e na região cou que esta iniciativa é algo ambicioso, e que também pretende ser uma mais-valia para o jornal que vai a caminho do sexto ano e que tem marcado terreno na informação regional. O Valor Local Busuiness Meeting acontece numa altura em que “é necessário fazer um balanço sobre os fundos estruturais do Portugal 2020” e tentar conhecer o que de melhor as empresas da nossa região têm para mostrar. Sobre o HubsLisbon, Rui Pinto, gestor para a Inovação do concelho, refere que esta é uma marca, que no fundo é um instrumento para dar a conhecer o que de melhor existe em Azambuja, referindo que esta incubadora de empresas, contará com várias parcerias de empresas sedeadas em Azambuja. Uma das valências será a “Academia dos Empreendedores”. O gestor da inovação salienta que a ideia é dar “competências aos jovens com o 12º ano”, algo que pode “significar muito em termos de emprego no futuro para estes jovens”, porque afinal “as empresas procuram massa crítica, e Azambuja pode proporcionar talento às empresas que se queiram instalar no território.” Esta é uma iniciativa que vai no sentido contrário, do que acon-
tece em Lisboa, que está a apostar em jovens vindos do estrangeiro “tendo em conta a total absorção dos recursos humanos existentes” explica o gestor. Nesse sentido Rui Pinto explica que nos dias que correm as empresas procuram as mais-valias em cada um dos países onde se querem instalar. Explica o gestor da inovação que na hora de procurar um local para se fixarem, as empresas procuram pelas infraestruturas, como as escolas, o desporto, ou mesmo a rede de saúde e a acrescentar a isso procuram locais onde exista “talento”. O responsável explica por isso que o HubsLisbon é um ecossistema de inovação que trabalhará as mais variadas áreas, como o agroalimentar, a logística e a química, tendo em conta o leque de empresas existentes no concelho. Rui Pinto recorda que a mensagem mais importante será dizer às empresas que Azambuja está perto do distrito de Lisboa e aposta nos seus recursos, quer humanos, quer logísticos. O HubsLisbon será também um local de esclarecimento para os empresários. O espaço físico que será nas traseiras do edifício dos paços do concelho, terá uma equipa que ajudará os em-
presários em algumas tarefas, como a criação de uma empresa ou de um site, com deslocações programadas, ainda, às juntas de freguesia. Este é de resto um projeto que acontece numa altura em que os fundos comunitários começam de novo a mexer. O encaminha-
São algumas as empresas que para obterem financiamentos comunitários alugam lojas que ficam vazias durante anos, utilizando apenas a morada para fins financeiros, mas sem nunca apresentar qualquer atividade. Este é um quadro paradigmático em vários concelhos da região. Não só em Azambuja, mas também no Cartaxo ou em Alenquer, só para dar alguns exemplos. Não será ilegal, mas significará com certeza um desvirtuar da boa-fé dos contratos celebrados entre as entidades estatais e as empresas que para terem acesso a fontes de financiamento em regiões onde os fundos europeus ainda conseguem ser significativos, acabam por assumir o estatuto de firmas fantasma, continuando a laborar em Lisboa ou outros grandes centros urbanos fora da região Oeste e Ribatejo. Aqui apenas fixam a mora-
da fiscal. Em Azambuja, o Valor Local já identificou uma empresa do género na zona do Rossio, sem que os vizinhos mais próximos alguma vez tivessem visto um trabalhador. A empresa cujos contatos não estão atualizados, faz parte de uma série de outras neste tipo de situações já denunciadas à CCDR- Alentejo, e que segundo sabemos estarão debaixo de olho das autoridades. Ora, é para evitar este tipo de abusos, que Luís de Sousa diz estar atento às empresas que se possam fixar na incubadora do município. O presidente da Câmara diz já ter visitado um ninho de empresas “com um espaço enorme, mas só com uma ou duas empresas de facto a laborar”. “O resto resumia-se a apenas placas de identificação, mas sem ninguém”. O autarca diz que a ideia é dar o espaço físico às empresas “mas que alguém esteja lá de facto a trabalhar” refere o autarca. O objetivo é congregar nesse futuro espaço a “inteligência do concelho”.
Terrenos do antigo BES em Aveiras de Cima passam a zona de reserva agrícola Presidente da Câmara Municipal de Azambuja que se tem queixado da falta de terrenos para as empresas refere que na revisão do PDM (Plano Diretor Municipal) em curso, os terrenos do antigo BES, vão passar novamente a área agrícola. Esta é uma questão legal, pois segundo o autarca, quando estamos na presença de teremos com lotes aprovados durante algum tempo em que nada é construído, os mesmos voltam à condição inicial. Neste caso o terreno deixa de ser industrial, revertendo para agrícola novamente. O autarca explica ao Valor Local que os preços pedidos aos empresários que se querem fixar neste local da Zona Industrial de Aveiras de Cima têm sido muito elevados, levando a que os empresários desistam de se fixarem no concelho de Azambuja. O autarca vê isso como uma grande preocupação, já que neste caso os terrenos estão “reféns” da especulação imobiliária tendo em conta o seu real valor de mercado. Ao nosso jornal, o presidente da Câmara esclarece que em média são pedidos 39 euros por metro quadrado, e que por causa disso “os empresários voltam para trás”. Luís de Sousa esclarece que esta situação tem acontecido inúmeras vezes, apontando para uma pilha de cartões-de-visita que tem na sua secretária, de empresários que já visitaram o concelho à procura de terrenos, mas que saíram de mãos a abanar. O autarca refere que os terrenos estão referenciados como industriais e que o antigo BES até já teve prevista a construção de pavilhões autorizados. Só que depois nunca levou a cabo os projetos. No novo PDM, os terrenos voltam a ser agrícolas. No caso de haver projetos para construção naqueles locais, serão analisados pelos serviços municipais um a um. Neste caso e para ali ser construído algum projeto só através de uma declaração de interesse municipal, que passará pela Câmara e Assembleia Municipal.
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Pedreiras de Alenquer Terra sem Lei Parte I
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Alenquer
Pais
Terra de pedreiras Terra sem lei A tragédia de Borba fez soar todas as campainhas quanto aos perigos que a indústria extrativa na área das pedreiras encerra. O concelho de Alenquer abarca em 500 hectares do seu território este tipo de atividade. Recentemente uma estrada foi encerrada. Se em termos de segurança, o quadro não é dos piores comparativamente a outras zonas do país, em termos ambientais o caminho é longo. Estão por cumprir os planos de recuperação paisagística. Numa altura em que o quadro comunitário de apoio prevê 100 milhões de euros só para esta componente ambiental, há quem veja nesta medida um prémio ao laxismo de décadas de quem nunca moveu um dedo para cumprir a lei. Neste setor “o crime compensa”, são palavras da associação ambientalista de Alenquer. Sílvia Agostinho nossa reportagem nas pedreiras de Alenquer inicia-se junto ao aterro de uma das empresas exploradoras mais conhecidas, a Calbrita SA- Sociedade de Britas. Acompanhados pela Associação para o Estudo e Defesa do Concelho de Alenquer (ALAMBI), conseguimos perce-
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ber a dimensão deste aterro, e onde a polémica estalou recentemente com o avanço de terras provenientes da exploração em causa para uma área contígua onde se situa um convento datado do século XIV. Trata-se do Convento de São Julião fundado em 1441, da ordem paulista. É nos dito pelo presidente da
Alambi, Francisco Henriques, que, recentemente, e após queixa junto de entidades como a Direção Geral do Património Cultural (DGPC) que esteve no local, teve lugar uma deslocação dos técnicos mas que não terá sido bem recebida pela empresa. “Parece que não os quiseram deixar entrar”. A Câmara Munici-
pal de Alenquer também está preocupada com o caso, embora Pedro Folgado, presidente da autarquia, afirme que este monumento que a Alambi agora quer que seja classificado como de interesse municipal, nunca tivesse suscitado interesse antes. “Aguardamos pelo parecer dos técnicos”, refere o autarca.
Maria José Reis, membro da Alambi, da área da História Social, refere que segundo as suas pesquisas foi possível apurar que o monumento consta em livros de Rodrigues Guapo, e outros historiadores. “Neste momento, o convento corre o sério risco de ser entulhado”, acrescenta Francisco Henriques. O
presidente da Câmara refere que a empresa lhe transmitiu que cumprirá com o ordenado pela DGPC no caso de o avanço do aterro ficar interditado para a parte onde se encontra o convento. “Infelizmente o PDM ainda não foi aprovado e por isso não está consagrada a proteção necessária ao monumento”, conclui
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sagem lunar na Carapinha onde várias empresa laboram
Cartografia mostrada evidencia as obrigações das indústrias quanto ao PARP
Francisco Henriques. O alto da Carapinha é uma das zonas mais emblemáticas da extração de pedra e calcários. A paisagem lunar entra pelos olhos, e as escarpas profundas transportam para outra dimensão quem ali se desloca. Uma das frentes foi tão escavada que é notória a falta de atividade há já muito tempo. Sem socalcos, como as mais recentes, terá sido abandonada há muitos anos. A Alambi conta que é modus operandi as empresas não fecharem as frentes de trabalho para não terem de fazer a recuperação paisagística. A antiga pedreira do Cabeço de Meca cuja exploração terá cessado em 2004 é disso exemplo. Terá sido explorada por uma antiga empresa pertencente ao grupo Calbrita. Na sede da Alambi antes de termos rumado às pedreiras foi-nos mostrada diversa cartografia. Todas as pedreiras de Alenquer estão dotadas de Plano Ambiental e de Recuperação Paisagística (PARP). Mas nenhuma das cerca de meia dúzia de empresas que exploram
500 hectares no total no concelho de Alenquer plantou o que quer que seja, segundo a Alambi – “Só em Portugal e em África é que isto acontece, aliás, mesmo na África do Sul há um certo cuidado quando se abandona a exploração de determinada pedreira”, compara. Pedro Folgado não esconde que o município luta contra moinhos de vento, muito à conta também de outras conivências do passado mais distante estabelecidas entre o município e as empresas, quando o ambiente era uma questão muito secundária na governação autárquica. “Por vezes sentimos que não temos capacidade para enfrentar esse tipo de lobbies, porque eles pagam as contraordenações mas não cumprem em termos ambientais. Acaba por ser frustrante”. Por outro lado, e nesta pedreira de basalto do Cabeço de Meca, a escavação chegou ao nervo do solo, e só parou quando apareceu água. A natureza tem destas coisas e quando já não havia mais nada a escavar, (ultrapas-
sou-se a cota autorizada em mais de 20 metros) formou-se um lago “lindíssimo” que hoje passa na rota pedonal instituída pelo município de Alenquer, mas é também um local que pode ser perigoso. “A própria área que delimita a extração deveria estar vedada. Estamos a falar de uma ravina de 40 metros em que o caminho pedonal atravessa esta zona”, dá a conhecer Francisco Henriques. “Trata-se de um caminho complexo que está num alto, as pessoas gostam de olhar para o local, pois parece um vulcão embora não o seja. Seja como for a junta de freguesia de Meca está consciente disso. Faz a manutenção do caminho, até à data não houve qualquer problema”, justifica-se Pedro Folgado. Quanto à pedreira em si “é questão de voltarmos a falar com o atual proprietário”, acrescenta. O autarca não esconde que o negócio das pedreiras no concelho é também um lobby e que só, nesta altura, quase seis anos depois de ter assumido a presidência da Câmara é que conseguiu
Pedreira abandonada na Carapinha nunca foi recuperada
sentar-se à mesma mesa com os industriais, muito à conta da Tragédia de Borba “porque ninguém quer ficar associado a uma repetição de um cenário parecido no concelho”. Em termos de segurança, o estado de coisas neste território até se encontra relativamente estabilizado em comparação com outras zonas do país. Uma operação da GNR que percorreu as pedreiras do país, nos dias 13 e 14 de fevereiro, esteve em três unidades deste concelho não tendo sido detetadas infrações a nível de questões como licenciamento das infraestruturas, correta utilização dos recursos naturais e do domínio hídrico, assim como, o cumprimento da gestão de resíduos resultantes da exploração. No país foram fiscalizadas 249 pedreiras tendo sido detetadas 74 infrações. A pedreira do Cabeço de Meca enquadrada no PARP orçamentava os custos de recuperação paisagística em 34 mil 847 euros com a obrigação de uma caução de 11 mil 615 euros de garantia bancária. Plano esse acompa-
nhado de uma descrição com a quantificação das espécies a plantar em unidades e percentagens – “O que eu pergunto é onde é que isto anda?”, questiona o presidente da Alambi que à época enviou uma carta à Direção Geral de Energia e Geologia mas nunca obteve resposta. Investimento na recuperação paisagística nem vê-lo muito menos a caução, argumentam os ambientalistas. Nesta altura, Isabel Graça, também da direção da Alambi, lembra umas célebres declarações do fundador da Calbrita (já falecido) na televisão – “Quando elas vêm cá conversamos (técnicas do organismo do Estado), conto umas histórias, e depois já nem vão às pedreiras”, ilustra para referir o quadro de impunidade de há décadas atrás mas que não se alterou substancialmente. Outra das obrigações destas empresas que não está a ser respeitada relaciona-se com a distância de segurança em relação à estrada que deverá ser entre cinco a dez metros. Na Carapi-
nha, a exploração de uma das pedreiras já chegou a um poste de eletricidade, e a passagem é cada vez mais estreita, há sinas de um aluimento de terras que dá ideia de ter sido recente. O caminho que liga a Nacional 118 à Aldeia do Bairro está interditado. A nossa reportagem arriscou, e pôde presenciar no alto da colina onde se encontra a exploração os vários indícios de instabilidade. A estrada está fechada há várias semanas. A Câmara instou as empresas a construírem um caminho alternativo, mas nesta como nas restantes matérias é ver para crer. Na Carapinha operam a Calbrita, a Cimpor/Agrepor. Em março será feita nova reunião e novo ponto de situação. A estrada existente foi demasiado escavada ao arrepio do que está na lei, e a batata quente está agora do lado das empresas que laboram no local. “Têm a obrigação de fazer uma interligação às estradas existentes, que por sua vez ligam às localidades, como a outra fazia”, alerta Folgado.
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Pedreiras na Serra de Atouguia/Serra de Ota e o contraste com o canhão cársico De um lado do caminho fica o aterro, do outro o canhão cársico
Pedro Folgado fala num lobby poderoso com o qual nem sempre é fácil chegar a consensos nossa reportagem segue depois para o conjunto Serra de Atouguia/Serra de Ota. É visível a indicação de que a zona é explorada em parte pela Secil Britas, dos 500 hectares de pedreiras do concelho 100 são da Secil e 70 hectares são área de pedreira. A Mota–Engil também explora parte da Serra de Ota, mas nem sempre é muito fácil perceber quem explora o quê nestes conjuntos rochosos. O estudo de impacte ambiental para a Serra de Atouguia é de 1993, e só a recuperação paisagística deste vasto complexo estava orçado à época em 500 mil contos: “Quem é que vai gastar este dinheiro se não for obrigado?”, lança Francisco Henriques, que mesmo assim defende que a Alambi não é contra a atividade extrativa, mas apenas pelo cumprimento da lei – “Fizessem eles a recuperação paisagística e nós ficávamos calados!”. O ambientalista acrescenta ainda que a recuperação deve ser feita à medida que as frentes de trabalho terminam com coberto vegetal e a plantação arbórea. Não estamos a falar apenas de uma questão de impacte visual, mas da necessidade de se evitarem as escorrências para a linha de água e a própria propagação de poeiras. Neste aspeto, a Alambi tem conhecimento da intensificação de algumas regas, por parte das indústrias extrativas, com o objetivo de se evitar a dispersão das poeiras mas é algo insuficiente – “Todas as britadeiras deveriam ter campânulas para retenção do pó, mas temos a sensação que deixam muito a desejar quanto a esse parâmetro”. “Admito que
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ainda exista trabalho a fazer nessa área, embora a medição da qualidade do ar tenha lugar ocasionalmente, mas sim devemos ir mais longe”, admite o presidente da Câmara. Maria José Reis que desde sempre viveu na pedreira já desativada junto do Sítio das Águas, em Alenquer, lembra a altura em que os tiros de rebentamento das pedreiras causavam sérios danos à qualidade de vida das pessoas. Esse foi um dos pontos ultrapassados. Mas as rachas nas habitações testemunham essa época bem como a incidência de doenças respiratórias nos habitantes que moravam mais perto desta como de outras explorações. “Há imensa gente da minha geração que mora na minha zona com problemas respiratórios”. Por o Sítio das Águas ter como vizinha essa pedreira, a alenquerense recorda-se de graves acidentes envolvendo operários na década de 80, como “um homem que esteve meses no hospital” e teve que “levar inclusivamente uma prótese na cabeça porque as condições de trabalho eram péssimas”. “A médica do trabalho Lurdes Alvoeiro até desistiu de trabalhar com estas indústrias, porque as empresas não cumpriam as recomendações. A situação dos operários era tão má que não estava para dar aval a determinado tipo de situações”, acrescenta Isabel Graça. O conjunto de pedreiras em Serra de Atouguia/Serra de Ota e a coexistência paredes meias com o Canhão Cársico de Ota é o que mais salta à vista quando chegamos ao local. O contraste é evidente e a linha que separa
a marca do homem e a marca da natureza são cada vez mais indistinguíveis. Nos últimos anos, o Orçamento Participativo (OP) dotou uma verba para o estudo daquele património que rapidamente começou a atrair atenções. Em pouco tempo, organizou-se mesmo um turismo de natureza em torno do conhecimento deste património que urge preservar. “Trata-se de uma zona calcária do tempo jurássico escavada por um rio que conseguiu dar a aparência ao local de uma garganta funda, como se de um desfiladeiro se tratasse, ou de uma duna gigantesca mas em que os grãos de areia são pedras”, descrevia, desta forma, no início de 2015 à nossa reportagem, José Carlos Morais, proponente do estudo dotado com 45 mil euros pelo OP de Alenquer. De acordo com o Inventário de Geossítios de Relevância Nacional, em 2014, este património é “o mais extenso e espetacular vale em canhão das regiões calcárias portuguesas”. No local, os ambientalistas estranharam a abertura de um caminho que diminuiu ainda mais a distância de segurança entre as pedreiras, o aterro e o canhão. “Isto desvaloriza completamente o canhão cársico. Nunca pedimos para que se encerrasse as pedreiras, mas de facto os industriais têm a convicção de que podem fazer tudo. Só há duas formas de levar as pessoas a cumprir a lei: se puderem lucrar com isso, ou então obrigando-as efetivamente”, aludiu Francisco Henriques que informou que há prazos e calendários para esta área de negócio com a obrigato-
riedade de vistorias trianuais, por um lado, por outro lado, todos os anos até ao final do mês de abril deve ser enviado à direção geral de Geologia um mapa estatístico relativo à produção verificada no ano anterior. “Gostava de saber se esses relatórios foram ou não enviados. É um fechar de olhos completo. Estamos metidos num caldo de cultura e num laxismo enorme”. O presidente da Câmara de Alenquer concorda que as entidades do Estado deveriam fiscalizar de outra forma. Pedro Folgado refere que os industriais a laborar em Alenquer não querem ficar associados a uma tragédia como a de Borba. A segurança será uma meta, mas não se avizinham outros objetivos a curto-médio prazo quanto às suas obrigações no futuro em matéria ambiental. Para o autarca “ só um novo paradigma pode alterar o estado de coisas”. “A Direção Geral de Geologia e Minas de facto não faz esse trabalho de fiscalização nas devidas condições”. Quanto ao caminho construído na zona da pedreira que indignou os ambientalistas, adverte – “Não podemos ser fundamentalistas, estamos a falar de uma passagem que também era importante e válida para a população de Atouguia. Temos de articular as vontades existentes: a nossa de proteger, os empresários em explorar, e a população que neste caso pediu a reabertura do caminho que era de pé posto, e que estava cheio de silvas”. Mas a Câmara de Alenquer, segundo Isabel Graça, não estará isenta de culpas pois, ainda, recentemente a Assembleia Muni-
cipal aprovou o interesse público da ampliação da pedreira da empresa Calcetal Lda, em junho do ano passado, no âmbito do Regime Excecional de Regularização das Atividades Económicas, cuja exploração se encontra no início de uma linha de água que começa no alto de um cabeço que passa pelo canhão cársico. Os deputados da oposição repudiaram a posição da maioria socialista favorável à proposta e quando em causa estaria uma ocupação ilegítima do domínio hídrico e da Reserva Ecológica Nacional (REN), e também zona de proteção intermédia do perímetro de captação de água destinada ao abastecimento público de água. Neste domínio, a Alambi ressalva a necessidade de uma atenção redobrada por parte das entidades em relação à água consumida pela população do concelho. Segundo a entidade reguladora do setor das águas, as análises à qualidade da água que sai das torneiras é boa, mas as pedreiras são também fator de preocupação para entidades como a EPAL que explora em alta a captação de água no concelho e que em 2011, só a título de exemplo, se opôs fortemente à ampliação da pedreira da Cova da Égua, Ota, por se encontrar a 1200 metros de uma das três captações de águas subterrâneas que possuí no aquífero Ota-Alenquer. A Alambi elucidava à época da aprovação da ampliação daquela pedreira que na vizinha da Serra de Atouguia as águas provenientes da lavagem dos inertes estavam a ser lançadas diretamente nas linhas de água contraria-
mente ao exigido. “Apesar de todas as violações das práticas estabelecidas nenhuma entidade fiscalizadora obrigou a que fosse cumprido o que estava determinado no estudo de impacte ambiental”. A consagração do canhão cársico como paisagem natural de âmbito local com um estatuto de área protegida encontra-se em marcha. Com a constituição da futura comissão diretiva “a pedreira também terá de obedecer a um conjunto de regras futuras”, diz Pedro Folgado, que não esconde que o caminho será longo. O Valor Local tentou o contacto com três das empresas do setor a operar no concelho: Calbrita, Secil Britas e Cimpor/Agrepor. Enviámos via email questões acerca dos diversos aspetos da sua atividade aqui focados nesta reportagem mas até à hora de fecho de edição não recebemos feed-back, à exceção da Secil que adiantou do seu interesse em responder às questões, mas que devido à mudança recente de responsáveis na Secil Britas e à ausência do administrador responsável na fábrica da Tunísia, não seria possível dar a conhecer a sua posição no prazo pedido. Diz ainda a empresa que possui dados e fotos que contrariam as posições veiculadas pelos outros intervenientes nesta reportagem, os quais ficamos a aguardar. Na segunda parte desta reportagem que sairá na edição de 21 de março, ficou o convite a cada uma delas para uma reportagem in loco, estando o nosso jornal a aguardar resposta quanto a esta matéria.
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Responsabilidade e ambição são o mote para 2019
Luís Monteiro Carvalho
ano de 2019 começou com novas perspetivas de projetos, obras e iniciativas municipais, capazes de dar resposta às necessidades e anseios da população do Concelho de Vila Franca de Xira, tornando-o mais moderno e dinâmico. O Partido Socialista continua, assim, a projetar e a construir um futuro melhor, assente na visão estratégica que tem para todo o território: um Concelho mais Competitivo, ainda mais Solidário e que assuma a sua Identidade no quadro da Área Metropolitana de Lisboa e do País. O Orçamento Municipal para
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2019 e as Grandes Opções do Plano para 2019/2023, documento aprovado nos órgãos municipais, transmite um sinal claro de responsabilidade e ambição, marcas fundamentais da gestão municipal do PS. Responsabilidade, para que o Município continue a ter as suas contas sólidas e credíveis, com fundos disponíveis e respeitando os prazos legais de pagamento a trabalhadores, empreiteiros, fornecedores, cidadãos e empresas. Ambição, pelas políticas públicas e pelo investimento que se pretende continuar a desenvol-
ver na educação, na solidariedade, na cultura, no ambiente, na sustentabilidade, na promoção da competitividade territorial, na definição e concretização de uma estratégia de regeneração urbana e na afirmação do nosso Concelho como destino turístico, assente na qualidade dos seus espaços públicos, nas suas tradições e nos seus programas culturais, singulares e diferenciadores. Para a gestão municipal do Partido Socialista, o Concelho da Cidade, da Serra, da Lezíria e do Tejo constitui um território único e diversificado do qual
nos podemos orgulhar e em que todos podemos sentir a participação, a vivência e a dinâmica de quem aqui reside ou trabalha, de quem aqui nasceu ou de quem escolheu o Concelho para viver. É importante destacar alguns investimentos de grande relevância que serão desenvolvidos já em 2019, em todas as Freguesias, nomeadamente no que concerne à limpeza e higiene urbana; ao reforço das ilhas ecológicas; à requalificação, conservação e melhoria da rede viária municipal; à requalificação do espaço público e reforço
A Felicidade na Terceira Idade… felicidade é algo que buscamos a todo o tempo, é uma busca que não cessa e que nos faz dar cor à nossa vida. Seja pelo um emprego melhor, por uma casa melhor, por um amor eterno, enfim, artefactos inatos na nossa vida que nos fazem traçar caminhos. Quando o ser humano chega à Terceira Idade, muitos poderão
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encarar como o fim da caminhada, o estagnar de uma vida ativa, melhor dizendo à espera do último suspiro. Eu costumo dizer que, enquanto existe fôlego de vida, existe sonhos, existe projetos de vida, por mais pequenos que possam parecer. Como Educadora Social, em que o meu público-alvo são os seniores, por vezes queremos
preencher de atividades e defendo esse preenchimento, contudo faço uma ressalva, fazer com esse preenchimento de atividades, cause neles a verdadeira felicidade, que se sintam capazes, que se sintam que têm contributo para dar, que não sejam olhados como pessoas que irão aprender com os seus técnicos, mas que também os seus
técnicos são alvo de aprendizagem e que, valorizem estas pessoas como pessoas. Aqui está, a verdadeira felicidade, que se traduz pela partilha, pelo sentimento de amor construído e no fim, envolve mo nos numa teia de resultados que se traduzem por olhar e dizer, somos todos aprendizes destes seres grisalhos.
das acessibilidades pedonais; à criação de uma rede de ciclovias municipais; à integração de comunidades desfavorecidas; aos projetos de solidariedade, educação e qualificação ambiental; bem como às reparações de instalações e equipamentos municipais. Neste contexto, importa salientar um conjunto de investimentos em curso, que vão contribuir para a melhoria da qualidade de vida no nosso Concelho: a requalificação da Estrada Nacional n.º 10 e do Terminal Rodoferroviário de Alverca; a requali-
Carla Rodrigues Como colaboradora, junto destes seres maravilhosos que transportam uma mochila de experiências, conhecimento, conquistas, frustrações, esperanças, desafios, entre outras… é de valorizar cada vida, pois cada vida é uma história e estas mesmas histórias fazem a nossa como pessoas no mundo!
ficação dos eixos Povos/Quinta da Grinja e Santa Sofia/Quinta da Mina; e a reabilitação de habitações camarárias na Quinta da Piedade e em Povos. São investimentos no bem-estar, que privilegiam as pessoas e a sua presença e participação no espaço público. Juntos, vamos continuar a construir um futuro melhor para todas e todos.
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Pedreiras
ão há, por esse País fora, e salvo raras exceções de zonas protegidas, paisagem que não contemple, em horizonte mais ou menos curto, uma pedreira abandonada, uma saibreira que já se esgotou, um areeiro já sem areal, abandonados, sem qualquer espécie de tratamento e muitas vezes de aviso ou proteção. Todos sabemos que essas “minas a céu aberto” que não consigam fugir à clandestinidade e aos contornos da Lei – há advogados especializados em tudo…- para serem licenciadas têm que apresentar o projeto de reposição da paisagem em fim de exploração e têm que executá-lo. Não conheço UMA que o tenha feito. Pode ser que exista, mas eu não conheço. Até em Lisboa as havia, essas chagas paisagísticas que pululam pelo País. Lembro-me bem de duas situações que se desenrolaram com o Presidente Abecasis, nas quais também estive envolvido por dever profissional. Uma foi nos Olivais, as escavações e fundações dum bloco de prédios de grande dimensão, que, por falência ou embargo, fora abandonado e se tinha transformado numa gigantesca cratera pantanosa. Parecia um bocado de África em Lisboa. Era um sítio com lodos e água esverdeada à mistura, um berçário de mosquitos e melgas
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com vegetação quase tropical, habitado por ratos, cães vadios, cobras e rãs. Depois de muitas intimações ignoradas, Abecasis perdeu a paciência e deu-me ordens para, em vinte e quatro horas, tapar as fundações e eliminar aquele foco de insalubridade e perigo. Nessa noite, mais de quatrocentos camiões de terra trazida dos terrenos onde mais tarde foi a Expo 98, encheram até ao nível normal do terreno a cratera, enterrando pântano, vegetação que tinha crescido, répteis que proliferavam, restos de cofragens e pilares. O segundo caso foi mais trágico. Por trás do Campo Pequeno havia uma lagoa com vários metros de profundidade, formada pela água da chuva. A água tinha ficado capturada no local de onde se tinha tirado o barro para a fábrica de tijolos que se instalara de propósito para construir a Praça de Touros do Campo Pequeno. Parece que não, mas foram milhares e milhares de tijolos que a Praça consumiu. Actualmente, onde é a sede da tão badalada Caixa Geral de Depósitos, ainda se pode ver, preservada, a chaminé dessa fábrica – eu hoje pareço o defunto professor José Hermano Saraiva… Bom, mas o que é certo é que os terrenos barrentos e impermeáveis retiveram a água da chuva e
Opinião 17 Joaquim António Ramos
fizeram uma lagoa onde os miúdos dum bairro ali ao lado tomavam banho e até navegavam em barcos improvisados. Duas dessas crianças morreram afogadas quando um desses barquitos feitos de tábuas se afundou. Só depois a lagoa foi esgotada. Nós somos um povo assim. Passados tantos anos e ainda acontecem coisas como a da estrada de Borba e outras parecidas que hãode acontecer. Uma criança caiu por um furo de vinte e três centímetros em Espanha e nós pendurámo-nos na fronteira, de Vila Real de Santo António a Caminha, a remirar as tentativas de salvamento, emocionados com o sofrimento dos pais, atormentados com o destino da criança, solidários com os heróis que escavaram a montanha. Portugal estava por inteiro pendente do desenrolar da tentativa de salvamento. Porque a tragédia aconteceu e o que nos move é o cheiro a tragédia, não é a prevenção. Penduramo-nos a espreitar da raia espanhola, mas esquecemos que nas costas temos situações potencialmente assassinas, como essa, aos pontapés. E que continuamos a assobiar para o lado, como é também nosso costume. Talvez tenha sido por esse drama de que fui participante ao pé do Campo Pequeno, que uma das
primeiras coisas que me chamou a atenção em Azambuja foram situações como estas que descrevi. No levantamento que foi feito, foram identificadas duas particularmente perigosas: uma situada na EN3, a seguir à Marquesa, em Azambuja, e outra na zona alta à chegada a Vila Nova da Rainha. A primeira era objeto de todo o tipo de despejos clandestinos, incontroláveis, contaminando o solo e o aquífero. Na outra tinha-se formado uma lagoa onde seguramente morreria afogado qualquer incauto que se perdesse por lá. Não havia condições para obrigar as empresas a recolocarem o terreno na situação inicial. Então, o único caminho possível era interessar os próprios a resolver a situação através do licenciamento dum aterro para resíduos não perigosos e banais. E foi isso que se fez, no meio duma tempestade política de grandes dimensões. Uma resultou, outra não e creio
que a dita lagoa ainda existe na zona alta de Vila Nova. Esta é uma caraterística muito portuguesa: as coisas têm importância e merecem a nossa atenção enquanto são úteis. Não interessam os danos sociais ou ambientais que causam. Interessa o lucro que dão. Essa coisa da pegada ecológica, da marca na Terra que a nossa atitude deixa gravada para a eternidade, é matéria que não nos aflige. Norueguices… É por isso que o País é hoje um cemitério de minas abandonadas a céu aberto, pedreiras e areeiros transformados em buracos na paisagem ou em lagoas artificiais, poços abandonados sem marcação. Extrair minérios, areia ou água é rentável, dá dinheiro. Repor as situações naturais depois de acabada a exploração custa dinheiro. Não se faz. Os Municípios têm aqui um papel fundamental, embora, à seme-
lhança de tantas outras coisas que se passam no seu território, caiba à Administração Central licenciar e fiscalizar estas estruturas. Seria bom que, no actual processo de transferência de competências para as Autarquias Locais, os processos de licenciamento de pedreiras e afins passasse para a esfera municipal. E devia ser obrigatório que a Câmara estivesse representada na respetiva administração, como forma de controlar a exploração do seu solo e de “selar” a pedreira, na fase final, de acordo com arranjo paisagístico obrigatório.
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18 Dossier Águas
Valor Local
Fevereiro 2019
Morador em Aveiras de Cima queixa-se de faturas da Águas da Azambuja inguber Lérias, residente em Aveiras de Cima, recebeu uma fatura da Águas da Azambuja sobre a qual diz não compreender o valor cobrado. Diz respeito ao consumo faturado entre 16 de junho de 2018 e 17 de julho de 2018. Habitualmente, o cidadão, que diz não ter mudado as suas rotinas quanto aos gastos de água, referiu em reunião de Câmara de Azambuja e à posteriori ao Valor Local, que o consumo ronda habitualmente os 6m3, correspondendo, por norma, a faturas a rondar em média os 20 euros. Contudo no período em causa, estamos perante uma fatura de 82,85 euros para 22m3 de água consumidos. Linguber Lérias refere ainda que esta ordem de valores repetiu-se ainda no mês seguinte. Entretanto os valores cobrados voltaram ao que era hábito anteriormente. A equipa técnica da empresa concessionária deslocou-se à residência do munícipe para ve-
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Linguber Lérias lamenta os valores a pagar rificação da canalização, “sendo que não seria possível estarmos
na presença de uma situação relacionada com um caso de
roubo de água ou rotura”, elucida Linguber Lérias. “É um mis-
tério!”, diz. Numa consulta junto de um técnico da EPAL, o morador diz ter apurado que quando acontecem faltas de água na rede pública, como foi o caso no mês da faturação em causa, e se a reposição da água ocorrer com entrada de ar pode existir uma falha na contagem até 6m3. Segundo a Águas da Azambuja ao munícipe, quando o contador regista determinada leitura, “não se pode fazer nada”. A ADAZ sustenta que os volumes de água foram apurados em duas leituras reais do contador, e não por estimativa. Refere ainda que avarias no contador tendo em conta a possível passagem de ar não são causa para o debitar de caudais mais elevados, “quanto muito cerca de 1 a 2 m3 de ar pois não pode funcionar em seco”. Para além de que “os contadores da empresa têm uma exatidão muito elevada podendo, com o avançar da idade, ocorrer passagem de água por
folgas do mecanismo sem que a mesma seja contada”, refere a empresa, concluindo – “Deste modo, um contador mecânico volumétrico vai perdendo contagem gradualmente, ao longo dos anos de serviço, nunca lesando o consumidor”. Segundo a empresa ao Valor Local, chegou a ser sugerido o pagamento faseado da fatura em causa. O morador em Aveiras de Cima na sua exposição à concessionária queixava-se ainda de problemas na ligação de esgotos de sua casa que estariam a correr para o ribeiro. A concessionária esteve no local e procedeu, entretanto, à correta ligação do saneamento básico na casa do morador. De acordo com documentação a que tivemos acesso, o morador não suportou este encargo, apesar de o carro cisterna ter estado mais do que uma vez no local nos últimos três anos. A situação foi entretanto corrigida ao nível da ligação de esgotos.
Saneamento básico até final do ano em Casal das Boiças, Torre Penalva, Casal de Além e Carrascal eve lugar no dia quatro de fevereiro, a apresentação da empreitada de execução do intercetor de Casais das Boiças. A sessão realizou-se na sede da Associação Cultural e Recreativa de Casais das Boiças e contou com as presenças do presidente do município de Azambuja – Luís de Sousa, do presidente da Junta de Freguesia de Alcoentre – Francisco Morgado, e do presidente do Conselho de Administração da Águas do Tejo Atlântico – António Frazão. A população local aderiu à iniciativa e pode esclarecer todas as dúvidas junto dos técnicos da empresa. A obra constitui “mais um impor-
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tante passo no sistema de saneamento que serve a população do concelho de Azambuja, transportando as águas residuais de Vale Vigário e de Casais das Boiças até à estação elevatória das Boiças que as enviará para a ETAR de Alcoentre”, diz o município em comunicado. A empreitada, com uma extensão de cerca de 1.900 metros, vai permitir recolher as águas residuais domésticas de 40 famílias, representa um investimento de cerca de 228 mil euros e tem um prazo de execução previsto de 100 dias. Os trabalhos serão iniciados no imediato e a obra pretende contribuir também para a
despoluição da Ribeira da Maçussa. Já a obra do saneamento básico nas localidades de Torre Penalva, Casal de Além, e Carrascal devem arrancar após o verão, dado que a adjudicação dos trabalhos, segundo o presidente da União de Freguesias de Manique, Maçussa e Vila Nova de São Pedro, deverá ocorrer entre julho e agosto, segundo garantia que a Câmara de Azambuja recebeu da Águas do Tejo Atlântico. O valor da obra ronda os 370 mil euros. Prevê-se que seja executada em 270 dias. No total 600 pessoas serão abrangidas por esta beneficiação.
Apresentação da obra em Casais das Boiças
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Ambiente 19
Maus cheiros: Habitantes de Coutada Velha continuam sem levar uma vida normal
s maus cheiros provenientes da laboração das indústrias de abate animal localizadas em Coutada Velha, Benavente, continuam a preocupar a população. Manuela Cardoso, residente nas proximidades da aldeia, em Foro Sabino, esteve recentemente numa reunião de Câmara em que se queixou não apenas da questão dos maus cheiros, mas também da conspurcação das linhas de água. Ao entrarmos em Coutada Velha vindos de Benavente, apercebemo-nos com facilidade do odor nauseabundo proveniente dos matadouros. A Avipronto tem sido uma das empresas criticadas pelos moradores, quando em 2011 pediu a legalização das suas instalações e um abaixo-assinado correu entre os moradores. É também uma das mais visíveis, mas há outras. Com o passar dos anos, o estado de coisas mantémse. Os maus cheiros permanecem. Manuela Cardoso diz que todos os dias de manhã “vem um cheiro insuportável vindo daquelas indústrias”. “O odor dos frangos é horrível, mas o dos porcos não é melhor”. Uma pecuária existente até construiu dois lagos, espécie de fossas, que acabou por piorar o
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Manuela Cardoso dá-nos a conhecer o estado de putrefação de um ribeiro em plena lezíria
estado de coisas. Silvia Pastor, residente em Coutada Velha, ouvida pelo nosso jornal, acrescenta que a existência das fossas já conta com vários anos, e o estado de putrefação intensificou-se. Não consegue estender roupa, e confessa que o trauma da população com este problema é visível. Numa visita pela zona rural envolvente à Coutada Velha visitámos um curso de água em que o nível de poluição é de tal ordem que é
impossível respirar. Com a aprovação do novo PDM surge a questão: Como será possível atrair para esta zona do concelho novos habitantes tendo em conta que o instrumento de gestão do território permite a construção de mais bolsas de habitação, mas face ao estado de coisas – com evidente prejuízo da qualidade de vida. Carlos Coutinho refere que está prevista a possibilidade de deslocalização de algumas daquelas
empresas, nomeadamente, da Avipronto para um terreno mais distante do núcleo urbano da Coutada Velha. Foi definido um prazo de cinco anos. Diz o autarca que há disponibilidade das indústrias, mas os habitantes não vêm este cenário como plausível. “Não me parece que alguma vez consigam levar por diante essa possibilidade. Na minha opinião, a Câmara deve obrigar, as empresas a fazerem as adaptações, porque é pos-
sível diminuir o problema dos maus cheiros”. Neste aspeto, Graça Gonçalves, residente na Coutada Velha, também acrescenta – “Quando as inspeções vêm aí, ou quando há alguma festa, dá para perceber que os cheiros são muito mais neutralizados”, elucida para constatar que no fundo é tudo uma questão de esforço e de vontade por parte dos operadores. “Eles sabem perfeitamente como atenuar os maus cheiros”. “Não podemos dizer que seja permanente, mas durante várias vezes ao dia. Não conseguimos estender roupa, nem levar uma vida normal, principalmente no verão”. No total habitarão na localidade cerca de 800 pessoas, todas elas afetadas por este quadro. Carlos Coutinho reforço que foi assinado no PDM a deslocalização das indústrias, existindo como tal um compromisso. Foi dado um prazo máximo de cinco anos para esse objetivo. Questionado se a população ainda terá de esperar cinco anos para a deslocalização das empresas, dado que só agora no início de 2019 o instrumento de gestão territorial foi aprovado, o presidente da Câmara diz ao Valor Local que pretende nas próximas semanas, assim que o PDM esteja
plenamente validado, encetar reuniões com as indústrias. “De qualquer das formas, os empresários têm-me dito que esta pode ser uma boa oportunidade para modernizarem as instalações e criarem as melhores condições”, até do ponto de vista da “rentabilidade”. A Câmara, segundo o autarca, deu a conhecer os terrenos que podem ser comprados por parte das empresas. Coutinho diz ainda que o investimento no concelho de uma empresa como é o caso da Avipronto “é de enorme importância do ponto de vista económico sendo uma atividade naturalmente de futuro”. Diz mesmo que esta empresa “está interessadíssima na deslocalização, desde há dois anos, mas que teve de esperar pela aprovação do PDM”. Refere ainda que recebeu por parte de uma suinicultura a vontade de também transferir a produção para outra zona do concelho, longe de qualquer núcleo habitacional e sem impactos, de acordo com o autarca. Tendo em conta a poluição do curso de água, Coutinho apenas referiu – “Pois sabemos que assim é, e estamos conscientes de toda as condições desumanas em que vive a população da Coutada Velha”.
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CCDRA e Alentejo 2020 constituíram Conselho Regional de Inovação A CCDRA e o Alentejo 2020 constituíram o Conselho Regional de Inovação (CRI), previsto no modelo de governação da Estratégia Regional de Especialização Inteligente (EREI), em reunião realizada no dia 31 de janeiro, nas instalações da CCDRA. Na referida reunião foi proposta a revisitação da EREI e do seu papel no desenvolvimento competitivo da Região, em paralelo com o arranque do “Roteiro2019.Desafiar o Futuro”, que teve lugar no passado dia 18 de janeiro também na CCDRA, como uma forma de construção do Plano de Desenvolvimento para a Região Alentejo, face aos novos desafios societais. Ao Conselho Regional de Inovação cabe promover a política regional de inovação e a implementação da EREI. O Conselho integra a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo, que preside, bem como
entidades representativas do Sistema Cientifico e Tecnológico Regional, produtores de tecnologia e utilizadores avançados, entidades de planeamento e gestão de políticas sectoriais e de I&I relevantes, entidades empresariais e outros agentes económicos e sociais, entidades intermunicipais. A Estratégia Regional de Especialização Inteligente visa melhorar a competitividade e a internacionalização da economia regional, suportadas nas vantagens competitivas diferenciadoras e nas capacidades e competências do Sistema Cientifico e Tecnológico, promovendo-se assim uma especialização regional em que o conhecimento e a inovação se constituem como elementos decisivos deste processo e são igualmente determinantes na abordagem dos desafios societais contemporâneos. Fonte: http://www.alentejo.portugal2020.pt/
Plano de preparação e de contingência Brexit: medidas para o turismo O Governo aprovou um Plano de Contingência Brexit para a eventualidade de uma saída do Reino Unido da União Europeia sem acordo, o qual inclui medidas como agilização da entrada de turistas britânicos pelos aeroportos de Faro e do Funchal. O plano visa evitar obstáculos e incentivar a reciprocidade para com os cidadãos portugueses que trabalham e vivem no Reino Unido e para os turistas portugueses nesse país. Relativamente ao turismo, o plano de contingência prevê: Medidas de preparação nacional: _ Elaboração de plano especial de promoção turística de Portugal no RU e atração de investimento. _ Criação de um canal informativo no VisitPortugal.com de relação com o consumidor britânico. _ Realização de ações de informação destinadas aos operadores britânicos relativas a alterações em matéria de prestação de serviços. _ Monitorização contínua dos fluxos turísticos do RU e do seu impacto _ Criação de uma área de atendimento online para informações aos turistas britânicos. Medidas de contingência nacionais: _ Articular a nível interministerial medidas destinadas a assegurar que os cidadãos britânicos que viajam para Portugal a partir de 30.03.2019 (em caso de não Acordo) mantenham, na medida do possível, as atuais condi-
ções de viagem: . Dispensa de vistos para estadias até 90 dias (negociação da alteração da proposta de Regulamento UE nº 539/2001, que propõe essa dispensa, já em curso) . Utilização de áreas/corredores dedicados nos aeroportos, explorando a possibilidade de tratamento diferenciado para os voos provenientes do RU . Possibilidade de reconhecimento mútuo das cartas de condução . Utilização do serviço nacional de saúde .Validade dos contratos de seguro . Condições facilitadas de transportes para animais de companhia .Tratamento idêntico relativamente a taxas de segurança dos passageiros _ Garantir a manutenção dos direitos das produtoras cinematográficas do RU em Portugal? O plano inclui, ainda, medidas de apoio às empresas nos setores económicos mais expostos ao Brexit, designadamente o reforço dos recursos humanos nos serviços aduaneiros e a abertura de uma linha de apoio às PME. São incluídas também medidas de apoio aos cidadãos, entre as quais se destaca o reforço dos meios consulares ao dispor dos portugueses residentes no Reino Unido e a garantia do respeito por todos os direitos dos britânicos residentes em Portugal. Fonte: Turismo de Portugal
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Valor Local
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Cultura 21
Mónica Guerra lança “Inverno”, uma história de cavaleiros e de suspense ónica Guerra lançou no final do ano passado “Inverno”. A nova obra da escritora é o primeiro livro de uma coleção de quatro, com chancela da Emporium Editora. A autora, residente em Vila Franca de Xira, apesar de nascida em Lisboa, reconhece-se como ribatejana. O enredo de “Inverno” transporta o leitor para um “ambiente palaciano”. Isso está desde logo patente na capa do livro atravessada por uma espada. Está presente uma forte componente militar, em “Inverno”, na qual se enquadra um dos protagonistas: Alexandre Toledo, cavaleiro da Ordem e defensor do rei que cruza caminhos com Leónia Lencastre, neta bastarda do monarca. Este elemento genealógico dá o mote a toda a intriga e ação, acabando por ser, também, a causa de aproximação entre ambos. Segundo a autora, o romance encerra o subtítulo “Uma nova vida” que reflete
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o ponto em que se cruzam os caminhos dessas duas personagens, pois “a partir daquele encontro desenrola-se toda uma nova existência, quer para um quer para outro, e também para as outras personagens que os rodeiam”. Mónica Guerra acumula a experiência de dois livros anteriormente lançados: “De manhã já te esqueci” (2007) e “A Prometida” (2015). A escritora declarou ao Valor Local que, à semelhança do primeiro livro, este último baseia-se na realidade, pois “todas as personagens são reais mas com nomes fictícios”, contudo “A Prometida” é exclusivamente ficcional. Para observação, quer de pessoas quer dos seus comportamentos, não terá sido alheia a formação académica da autora, licenciada em Sociologia. Mónica Guerra explica: “Se as características de determinada pessoa chamarem à atenção, tal servir-me-á de inspira-
ção para criar uma personagem”, ilustra. Para além dessa vertente sociológica, o ambiente em que vive também terá contribuído para a construção romanesca, espaços e personagens: “O facto de morar no Ribatejo e de estar muito próxima do campo levame a que goste de escrever sobre isso mesmo”. Por esse motivo, quer no seu livro anterior (A Prometida) quer neste, o espaço comum é o campo.
A primeira palavra do romance “Inverno” deu o título ao livro, reportandose à estação do ano em que começa a história. A escritora refere que a partir daí terá surgido também o desafio da editora para conceber uma coleção. Mónica Guerra adianta, então, ao Valor Local, que os nomes dos próximos três livros têm por base as estações do ano, a partir das quais se iniciam as histórias, também por ordem cronológica, respeitando a sua escrita o
ciclo da natureza: Primavera, Verão e Outono. O caráter abrangente destes títulos será complementado pela especificidade dos subtítulos. Segundo a autora, a repercussão junto do público tem sido positiva – “Os leitores têm gostado muito. Dizem que a obra é viciante e que se lê muito bem devido ao suspense criado ao longo da história”. Na perspetiva da sequela, acrescenta que “cada livro tem uma história independente”, com a passagem de duas a três personagens de um livro para outro, mas sem que se assumam como os protagonistas. Mónica Guerra diz também que não queria fazer uma série sempre com as mesmas personagens, ou mesmo uma aventura que se prolongasse por quatro livros, pois “poderia tornar-se monótono”. Assumindo que a sua escrita se insere num tipo de literatura considerada comercial, a autora destaca o
seu lado positivo - “É o género de literatura que faz com que as pessoas se esqueçam um bocadinho do dia-a-dia, e foi esse também o meu objetivo”. Questionada sobre a presença de factos históricos nesta narrativa, a escritora relatou-nos que é “pura ficção”, e que apenas em Primavera “parte da ação se passa durante o tempo de alguns factos históricos”. Mónica Guerra já tem a primeira parte desse segundo romance da coleção escrito, adiantando que tanto a autora como a editora notam uma evolução, traduzida numa “narrativa mais ligeira, mais espontânea”. Sem datas oficiais definidas para a sua conclusão, a autora diz-nos que, apesar disso, tem já uma data autodeterminada, e que quanto à história, esta está praticamente toda presente na sua cabeça. Diogo Ribeiro Mendonça
Museu Damião de Goes
Investigador Bruno Schiappa apresenta estudo sobre o auto de fé investigador do Centro de Estudos de Teatro da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Bruno Schiappa, integrou a programação dedicada a Damião de Goes e ao Museu das Vítimas da Inquisição, ao longo do mês de fevereiro, em Alenquer. O também ator, encenador e dramaturgo refletiu sobre a componente da teatralidade associada ao espetáculo dos autos de fé, última etapa percorrida por aqueles que durante séculos foram perseguidos pela inquisição portuguesa (1538-1821). No cenário emblemático da antiga
O
igreja de Nossa Senhora da Várzea, agora Museu de Damião de Goes e das Vítimas da Inquisição, o autor refere, ao Valor Local, a “energia magnífica” conferida pelo local “intemporal”, e uma “audiência atenta” que participou na sua conferência que teve lugar a 10 de fevereiro. Damião de Goes (1502-1574) foi, na sua opinião, “figura marcante da história da inquisição portuguesa e universal, até porque a nossa era a mais implacável da Europa”. Na envolvência do museu, são visíveis características daquilo que
foram antigas judiarias na vila de Alenquer, e Bruno Schiappa elogia a capacidade de conservação de alguns daqueles traços, nomeadamente, os alpendres entre outros elementos, como as portas e as janelas baixas, “que manifestam características de criptojudaísmo (termo referente à prática do judaísmo em segredo enquanto publicamente era seguido o cristianismo), apesar de ser um bairro marcadamente considerado como judiaria”. No seu livro em que explora o auto de fé e a sua vertente enquanto
cerimónia teatralizada, refere, entre outras considerações, que a queima dos hereges não fazia parte do auto de fé, contrário àquilo que é a aceção mais comum. “O auto de fé é uma cerimónia eclesiástica, cujo fim se resumia à confissão da sua heresia pelo condenado”. O objetivo seria “confessar, abjurar e regressar à fé”. A queima só aconteceria no caso de o herege ser reincidente e não confessar. Era normalmente o caso das bruxas. Para finalizar, o autor recomenda uma visita a este museu pela sua “dimensão e interesse”.
Investigador em contacto com o público de Alenquer nesta conferência Ao longo do mês de fevereiro diversos acontecimentos culturais têm vindo a ter lugar neste museu inaugurado em 2017. “Cumprido esse primeiro desígnio, de erguer uma casa memória, temos de lhe dar vida e conteúdo, e este programa de comemoração de aniversário vai ao encontro dessa vonta-
de”, refere Rui Costa, vice-presidente da Câmara. “Um programa que a se pretende dar continuidade, e que cresça a cada ano com objetivos cada vez mais ambiciosos, chegando a um número cada vez maior de estudantes e académicos, e ao público em geral”, constata.
José António Quintanilha venceu Bienal de Fotografia em Vila Franca de Xira osé António Quintanilha é o vencedor do Prémio Bienal de Fotografia – BF18, pelo seu conjunto de obras “Coro do Gigante”. O Júri da BF18 decidiu também pela atribuição de uma menção honrosa a Marta Leite pelo seu trabalho “Guerra e Nuvens”. Ao autor foi entregue um prémio monetário no valor de cinco mil euros por ter ficado em primeiro lugar. A 15ª edição da bienal promovida pelo município vilafranquense pode ser visitada até dia 10 de março. Em “Coro do Gigante”, José António Quintanilha “cruza impressões diarísticas e de viagem numa narrativa temporalmente fragmentada capaz de projetarse numa dimensão alegórica”, re-
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fere a autarquia em nota de imprensa. O júri teve em consideração “a maturidade, consistência e originalidade do projeto,” que se
manifesta tanto em cada uma das imagens, como na sequência que estabelecem entre si. José António Quintanilha nasceu e
Inauguração de mais uma edição da bienal de fotografia com a presença do vencedor
vive em Lisboa. O seu percurso académico inclui a ARCO e a Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, abrangendo as Artes Plásticas, Fotografia e Arte Multimédia. Participa em exposições coletivas desde 2009 e expôs individualmente na Sociedade Nacional de Belas Artes e no Módulo-Centro Difusor de Arte em Lisboa, em 2017. A Marta Leite foi atribuída uma menção honrosa por “Guerra e Nuvens”, um trabalho que consiste num mural em que é abordada a presença de fenómenos meteorológicos em obras, assim como, textos de ensaio e literários de vários autores e autoras. Marta Leite residiu no concelho de Vila Franca de Xira, vivendo atual-
mente em Berlim, onde se licenciou em Escultura. A BF18 congrega na presente edição três exposições que estarão patentes até 10 de março. Paralelamente à exposição presente no Celeiro da Patriarcal, com as obras dos 10 candidatos ao prémio, a Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira apresenta duas exposições paralelas que integram o programa curatorial, patentes no Museu Municipal e na Fábrica das Palavras. No Museu Municipal, em “Espaço Comum” ganha destaque uma abordagem documental à realidade, com a apresentação de trabalhos de Margarida Correia, Rodrigo Tavarela Peixoto, Tito Mouraz e Valter Vinagre. Na Fábrica das
Palavras, através de “Imagens com Vida Própria”, procura-se um espaço de representação para a fotografia de natureza mais ensaística e reflexiva, com projetos de João Paulo Serafim, Duarte Amaral Netto, Mariana Gomes Gonçalves e Soraya Vasconcelos. Alberto Mesquita, presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, no momento da inauguração, saudou a longevidade do evento que “tem-se constituído ao longo de todos estes anos como um espaço dedicado à liberdade criativa e à pluralidade de visões do mundo”, mas acima de tudo, “é uma exposição da qual emerge a grande paixão que a arte fotográfica continua a suscitar”.
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