CENTRO COMERCIAL
Guido Saboya de Aragão 10/0011861 Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) Universidade de Brasília (UnB) Prof. Ricardo Reis
Índice Brasília_ + Modernismo + Superquadra Modelo Indústria Criativa_ Conceito + Importância Localização_ Residencial + Comercial Entrequadras (EQs) Estudos de Caso_ Casa FIRJAN da Indústria Criativa - Rio de Janeiro Plataforma da Artes - Guimarães, Portugal Ed. João Moura - São Paulo Apple Campus II- Califórnia Projeto_ Características Programa de Necessidades Fluxograma Cronograma_ Referencial Teórico_
Brasília + Modernismo_ Tombamento + Desenvolvimento A cidade de Brasília partiu de um desenho simples e claro, ordenado e consciente. A intenção de projeto proposta por Lúcio Costa procura ideais contemporâneos (Modernismo) e ao mesmo tempo é norteado pelo devido caráter de capital que deveria estar presente na nova sede governamental do Brasil. De acordo com seus escritos (Relatório do Plano Piloto), havia a intenção de harmonizar civitas e urbs, o simbólico e o cotidiano, o monumental e residencial. Do pensamento de coexistência harmônica entre as escalas, o arquiteto conceituou quatro escalas que caracterizam a setorização e as interações das estruturas da cidade, nomeadas Escalas Urbanas. A Escala Monumental se apoia no conceito de significado e valor, “consciente daquilo que vale”¹, presente no Eixo Monumental. A Escala Residencial, uso do modelo de Superquadra, que regulada por diretrizes trouxe uma maneira diferenciada de vivência e cotidiano. A Escala Gregária, presente nos setores centrais, que usa de maior densidade e torna propício o encontro. A Escala Bucólica, que é contígua às áreas edificadas e é caracterizada pelas extensas áreas verdes. Com base nas Escalas, descritas em “Brasília Revisitada”, e nos ideais de Lúcio Costa, a cidade de Brasília foi tombada em 1987 pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade, e reafirmada de acordo com o Decreto 10.829 de 1987, a concepção urbanística de Brasília deve ser preservada, e pela Portaria nº 314 de 1992 do IPHAN, que enfatiza a manutenção assegurada pelas Escalas.
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Brasília + Modernismo_ Tombamento + Desenvolvimento As soluções propostas junto à arquitetura consolidaram o caráter de capital do país, referência da arquitetura e urbanismo mundial e que usa de valores e pensamentos de um período de grande valor no meio cultural, o movimento modernista. O Modernismo buscou a criação de uma nova cultura, que deixava de lado o cotidiano e o transformava em concepções futurísticas, buscando em sua essência o novo, belo e próprio. Eram incluídos pensamentos como a rejeição de tradições, novas perspectivas, uso de técnicas e materiais contemporâneos. O planejamento e construção da cidade modernista teve um intuito de busca de uma identidade, uma marca na história brasileira durante o século XX com a ideia de progresso e desenvolvimento. A cidade de caráter único baseada nas diretrizes modernistas e tombada por estas, se mantém semelhante à sua construção, enquanto seu entorno cresceu de maneira desordenada e desigual, situação retratada na dinâmica da cidade, cada vez mais conturbada. A maneira de apropriação da cidade e seus processos sociais ao longo dos anos foram práticas contraditórias às propostas pela sua arquitetura.
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Brasília + Superquadra Modelo_ Área Residencial + Unidade Vizinhança Na cidade projetada por Lúcio Costa, o papel da Superquadra é de estruturar o Setor Habitacional de Brasília, modelo que segue padrões do movimento Modernista, e do qual nunca havia sido experimentado antes. Elas estariam dispostas ao longo do Eixo Rodoviário, teriam uma cinta arborizada, o chão gramado com presença de arbustos e deveriam possuir apenas uma via de acesso/saída, dando ênfase à ordenação e à simplicidade proposta inicialmente. A partir do padrão da Superquadra, um conjunto delas forma a Área de Vizinhança, conceito que pretendia resgatar o convívio e a experiência de bairros de cidades tradicionais, onde pessoas se conhecem e atividades conjuntas são praticadas. As Unidades de Vizinhança seriam compostas por Escolas, Igrejas, Clube de Vizinhança e Cinema, além dos edifícios residenciais. A proposta era induzir uma coexistência social que evitasse a estratificação, a segregação entre classes. Em Brasília, esta intenção de autossuficiência e autonomia vieram de maneira oposta se for considerado que o conjunto destas unidades ao longo da Área Residencial se permeiam e são complementares, em conjunto da influência das cidades satélites na dinâmica da cidade. “A maioria dos moradores não está organizada socialmente em tais unidades, suas vidas não centram em torno da escola primária, nem gostariam de estar confinados em tais áreas, com todas as implicações de isolamento local e falta de escolha” (Kevin LYNCH, 1972)
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Indústria Criativa_
Conceito + Importância A Indústria Criativa é um conceito criado na década de 90 para referenciar a produção de caráter intelectual junto as ideias de colaborativo e tecnológico. Trata-se de uma atividade econômica cujo principal motivador é a criatividade, o talento, a habilidade, a geração e a exploração de propriedade intelectual, envolvendo o contexto econômico e cultural em escalas global e local. A Criatividade diz respeito à capacidade humana de gerar algo único e original, cujo valor e utilidade sejam relevantes (Harold Anderson, 1965). Existem teorias de como a criatividade funciona e como a lógica do processo criativo pode ser mais eficaz e também amplificado, principalmente com a colaboração e trabalho em equipe. De acordo com Anderson, ela pode se expressar entre os mundos Artístico/Cultural, nas áreas de Pesquisa e Desenvolvimento, entre outras vertentes também englobadas na Economia Criativa. As disciplinas abrangidas pela atividade são diversas, como moda, design, teatro, audiovisuais, cinema, computacionais, artísticas, assim como as respectivas áreas de pesquisa e desenvolvimento de cada vertente. De acordo com o teórico Richard E. Caves, no livro “Creative Industries” (2000), o melhor recurso econômico diz respeito a pessoa, sua criatividade e a inovação da resolução de problemas complexos, a base da economia criativa. A importância atual da Indústria Criativa se dá pela melhoria da gestão e logística de recursos, de tempo, e produção de materiais originais e inovadores que visam produtos mais tecnológicos, mais intuitivos e práticos, além de uma articulação empresarial mais ativa. Ela se diferencia pela ênfase dada à concepção estética e artística, da "arte pela arte", independente de certas características do produto final. Há quatro importantes características na produção da Indústria Criativa que dizem respeito a como trabalha sua logística e a torna mais conveniente, a criatividade, a arte, a tecnologia e a polivalência. Os recursos, as competências e as especialidades tornam a Indústria um meio de produção mais amplo, que engloba não só as mentes criativas, mas também as áreas que complementam e coexistem no projeto, a administrativa, o lazer, o serviço, a estética, todos trabalham juntos e dão suporte à produção criativa.
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Localização_
Área Comercial + Área Residencial A Arquitetura das Superquadras se torna secundária na imagem monumental e grandiosa que se tem da cidade. O Eixo Monumental é o principal foco, a arquitetura de Oscar Niemeyer se sobrepõe à simplicidade e clareza dos edifícios residenciais que usam dos princípios Modernistas, cobogós e brise soleil. As áreas residenciais têm maior influência no projeto, sendo um complexo que visa o uso destas áreas para mantê-lo vivo, dinâmico. Ele deverá incluir o lazer, comércio e circulação como complemento à moradia, seguindo a ideia de união proposta, portanto serão usadas áreas abertas direcionadas a este público para ser apropriado da maneira que lhe convir. A área comercial, das quadras 306 e 307, servirão de complemento ao programa proposto, com serviços e comércio, restaurantes e lazer. Seria criado um eixo comercial que seguiria do comércio da quadra 506/507 que se estenderia até a futura estação de metrô, na margem do Eixo Rodoviário, que também inclui rotas de ônibus. A questão da acessibilidade foi de grande relevância para escolha do terreno, sendo a quadra que receberá a primeira estação de metrô na Asa Norte, que tangencia a rota de ônibus ao longo do Eixo W, e que possui conexão como Eixo L, além das vias de bicicletas e carros. A presença de territórios da UnB naquela região também foi de grande importância, ***
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Localização_
Entrequadras As Entrequadras (EQs) formam junto às Superquadras e o Comércios Locais o conjunto da Área de Vizinhança, que atualmente inclui áreas de esporte, lazer, comércio, escolas, templos e clubes. Foram criadas normas (NGBs) posteriores à construção da cidade e em conjunto à análises da dinâmica de Brasília ao longo do tempo, a que se aplica ao projeto é a NGB 018/97 do Decreto 18.628. Ela amplia as possibilidades de uso de Entrequadras específicas, incluido a EQ 106/107 Norte, dando margem ao uso de lotes para fins comerciais. A proposta de utilizar uma área de Entrequadras para o projeto associa-se a ideia da Indústria Criativa, da Economia Criativa para resolver a logística de um cotidiano conturbado, criando áreas que evitam a problemática do fluxo de automóveis, complementando áreas não consolidadas com usos que melhoram o cotidiano e une trabalho, lazer, circulação e moradia. “Cada conjunto de 4 dessas superquadras (...) constitui uma área de vizinhança com os seus complementos indispensáveis – escolas primária e secundária, comércio, clube, etc. – entrosando-se assim umas às outras em toda a extensão do referido eixo.” (Sedhab, PURP19) A Entrequadra escolhida possui atualemente uma quadra de esporte degradada, um pequeno estacionamento acessível pelo Eixo X e em seu restante uma grande área verde, com poucas calçadas e desníveis ao longo do terreno gramado.
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Estudo de Caso_
Casa FIRJAN - Indústria Criativa O projeto da Casa FIRJAN da Indústria Criativa é de autoria da Lompreta Nolte Arquitetos, pensada em 2012 para um terreno no bairro de Botafogo no Rio de Janeiro. Ele possui uma área de 8.000m² e possui um programa que envolve midiateca, salas de aula, administração/coordenação da escola, restaurante, laboratórios, todos voltados para o ensino dos processos da criatividade em diferentes áreas. Com o intuito de se tornar um equipamento voltado para educação e para cultura, tornando mais interativo o meio comercial, o projeto é uma plataforma da Indústria Criativa, considerado um “Hub”, uma conexão ou uma rede entre as vertentes da produção. O terreno se localiza em um espaço de intensa dinâmica, sendo uma das diretrizes a criaçao de um espaço de contemplação e reflexão para contrastar com a intensidade do entorno. A casa funcionaria como uma escola, onde se estudaria processos criativos, trocas de experiências, criação de redes e conexões, interdisciplinaridade e interação. O projeto reflete isso com a conexão entre atividades propostas e abertura do fluxo para áreas públicas, criando ações entre o interior e o exterior, induzindo a visibilidade, a interação e o aprendizado.
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Estudo de Caso_
Plataforma das Artes A Plataforma das Artes é um projeto de reestruturação do conjunto da praça do Mercado Municipal, e que tem uma localização próxima ao centro histórico de Guimarães. O projeto foi uma transformação da praça para atividades artísticas, culturais e econômico-sociais, além da recuperação de uma área importante que influencia na dinâmica da cidade, antes ocupada por uma indústria de mármore. O programa proposto por Pitágoras Arquitectos envolve o Centro de Arte, Laboratórios Criativos e Ateliês de Apoio à Criatividade. O Centro de Arte é um espaço espositivo e que pode abrigar atividades complementares como apresentações e espetáculos, o Laboratório Criativo está voltado para instalações e para o desenvolvimento de projetos da Indústria Criativa de caráter empresarial, e os Ateliês são para produção de projetos de caráter temporário, trabalhos de vocação criativa. Além destas áreas, o programa envolveu a recuperação do edifício existente, para instalações comerciais que complementassem a proposta, e espaços externos, de praça e jardim, com a ideia de preservar vegetação e árvores existentes e introduzindo outros elementos para melhorar a vivência do espaço.
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Estudo de Caso_
Edifício João Moura O edifício João Moura projetado por Nitsche Arquitetos Associados, trabalhou aspectos urbanos, espaciais e locais, usando da topografia e dando novas características à arquitetura corporativa, abrindo o ambiente de trabalho. A interação com o entorno se dá inicialmente pelo recuo da fachada para aumento das calçadas, as varandas são amplas e arborizadas, além do Térreo que é de uso coletivo e possui um programa de café, área de estar e jardins. O prédio foi pensado para não influenciar na incidência solar do restante das construções ao redor, dando uma forma desconstruída. O terreno tem um desnível de 16 metros, criando dois níveis térreos, porém têm nomeclaturas diferentes na estrutura do edifício. O Térreo Principal possui um jardim que liga o lote como um todo. A estrutura do prédio permitiu a planta dos pavimentos serem livres, ficando a cargo do locatário a disposição de espaços internos e mobiliário. O único volume restringido pe o da circulação vertical, que possui shafts de instalações e área técnica para casa de máquinas.
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Estudo de Caso_
Apple Campus II O novo campus da Apple ainda se encontra em construção e tem a intenção de ser um centro que demonstra seu lado sustentável, prático, belo e inovador. O projeto se encontra em um terreno de 700.000 m² em Cupertino, Califórnia e usa de diferentes edifícios como Centro Fitness, Auditório, Centro de Servidores e Centro Empresarial. Como principais objetivos do projeto, além de sede da companhia e de desenvolvimento da Apple, está o uso de água reciclada, áreas verdes desenhadas de acordo com o clima e história da cidade, criação de um campus que reflita o design e a empresa. A maioria das vagas de estacionamento estarão voltadas para os empregados, enquanto a circulação pelo campus terá um incentivo maior para o uso de bicicletas com vias exclusivas e bicicletários próprios. Com relação à energia, o prédio usará completamente da própria produção a partir de células fotovoltaicas instalados no próprios edifício, que fornecerão energia também para estações de recargas de veículos ao longo do terreno. O projeto usa de tecnologias inovadoras para solucionar impactos inerentes ao uso, com um programa semelhante porém em escala diferenciada.
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SQN 107 SQN 307
SQN 306 SQN 106
Praça Recepção Atendimento Circulação Conferência Administração Escritórios Ateliês Midiateca Auditório Manutenção Café/Livraria Xerox/Gráfica Restaurante Estacionamento
Restaurante Praça Recepção Atendimento Circulação Apoio Manutenção Apoio Auditório Midiateca
Café/Livraria Xerox/Gráfica Apoio Estacionamento Conferência Administração Escritórios Ateliês
Público Privado Circulação Social Necessidades
Projeto_
Características O projeto a ser desenvolvido é um Centro Comercial, com base de um programa que envolve escritórios e área administrativa, mas com a diferenciação da ênfase à Economia Criativa, com o uso colaborativo do complexo proposto, áreas de lazer, pesquisa e produção de uso comum. Ele incluirá a proposta de uma praça com intuito de promover recreação aos que usam do edifício e às pessoas que transitam pelas áreas residencial e comercial das quadras do Plano Piloto. A proposta de criação de uma área destinada a produção de novas mídias, mais acessível por meio de transporte coletivo e em área de maior público, dando visibilidade ao produto. A ideia de utilizar áreas ociosas da região Plano Piloto para aumentar a densidade sem afetar o próprio trânsito e de cidades satélites, e a vida da área residencial que envolve a área das Entrequadras, usando de apoio a rua comercial das quadras 300.
Programa de Necessidades + Fluxograma O uso proposto para o edifício é de um centro comercial composto por escritórios e área administrativa, em sua essência, cujo produto seria voltado para o público geral, com inovações direcionadas a comunidades. A necessidade do pensamento para o conjunto, trouxe o caráter colaborativo ao projeto, incorporando áreas conjuntas de maior relevância ao projeto que as propostas inicialmente. O projeto visa principalmente o uso colaborativo de maneira criativa e intuitiva. Para isso seriam criados espaços de uso coletivo entre profissionais do edifício, como ateliês de produção conjunta, mediateca para pesquisa e desenvolvimento de projetos, salas de aula e auditório para workshops e palestras. Na proposta também estão presentes áreas de café e restaurante com o intuito de suprir necessidades cotidianas, com apoio do comércio das SQNs 306 e 307. Está incluído também uma praça da área externa que procura o público das áreas residenciais e do próprio centro comercial, assim como pessoas que queiram se apropriar daquele espaço, um recanto de lazer, reflexão e também produção.
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Referências Bibliográficas_ Apple,Apple Campus 2 Project Description Submmital,2013 Marcílio Ferreira; Matheus Gorovitz, A Invenção da Superquadra, 2010 Kevin Lynch, Site Planning , 1984 Nick Caves, Creative Industries, 2000 Harold Anderson, Creativity in Childhood and Adolescence, 1965 CIAM, Carta de Atenas, 1933 ICOMOS, Carta de Veneza, 1964 IPHAN, Portaria nº314, 1992 Lúcio Costa, Relatório do Plano Piloto, 1991 Lúcio Costa, Brasília Revisitada, 1985 Sedhab, PURP19 (Planilha de Parâmetros Urbanísticos e de Preservação) Ed. João Moura (www.nitsche.com.br/jmoura/) Plataforma das Artes e da Criatividade (www.pitagoras.pt/projectos) Casa FIRJAN da Indústria Criativa (concursosdeprojeto.org/2012/10/06/) Grande Circular (www.grandecircular.com/) The Noun Project (thenounproject.com/)
Cronograma Desenvolvimento do Plano de Trabalho (PT) Pesquisa de Referências Bibliográficas Entrega do Plano de Trabalho
01/04 - 06/05
06/05
Produção da Apresentação do Seminário Intermediário
06/05 - 11/05
Seminário Intermediário
11/05 - 15/05
Entrega do Plano de Trabalho Revisado
24/06
Produção do Seminário Final
24/06 - 29/06
Seminário Final
29/06 - 03/07
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