Um beijo para o
Pai Natal
Elisabeth Coudol escreveu Nancy Pierret ilustrou
Edições Nova Gaia editou
Uau! Que bom! Finalmente, o Pai Natal está a chegar.
Esta noite, Max decidiu encontrar-se com o rei dos brinquedos e dar-lhe um grande abraço. Já é tarde. Max ainda está acordado mas não pára de bocejar.
À meia-noite, vai até à sala, sem fazer barulho. Lá, entre as decorações de Natal, encontra uma surpresa: um homem, muito, muito velhinho, dorme, deitado no sofá.
Max aproxima-se e faz-lhe cócegas na ponta do nariz.
Hei, Pai Natal! Pรกra de sonhar!
Abrindo os responde:
olhos,
o
Pai
Meu rapaz, jรก hรก muito tempo que nรฃo consigo sonhar. Estava sรณ a tirar uma soneca, para descansar um pouco.
Natal
Max está espantado:
E como é, quando não consegue s sonhar?
O Pai Natal explica:
Oh, é muito simples: aborreço-me. Fico triste. Até na véspera de Natal.
Max nunca tinha ouvido nada assim. Um Pai Natal triste n茫o existe, nem mesmo num livro de hist贸rias. E no entanto, ali estava ele! Max seria capaz de fazer qualquer coisa para animar o velhote.
Olhando para todas aquelas prendas, Max tem uma ideia:
Podia dar-te um dos meus presentes!
O Pai Natal nĂŁo parece ficar mais contente.
A minha casa estĂĄ cheia de brinquedos, de cima a baixo.
Max n達o compreende. Quantos mais presentes ele recebe, mais contente ele fica. O Pai Natal volta a suspirar.
E além disso, não me apetece brincar. Eu gostava mesmo era de voltar a sonhar, mas já não consigo.
Max pensa que uma vida sem alegria não deve ter graça nenhuma, e por isso tem que fazer alguma coisa. Isto dá-lhe uma ideia. Vai em bicos de pés até ao quarto…
… e volta disfarçado! De pé, muito direito, em frente ao Pai Natal, ele diz:
Abracadabra e zás pás catrapás!
Com a minha magia, vou encher-te de alegria!
Ao Max, apetece-lhe pular de contente. O Pai Natal sorriu-lhe!
É um sorriso pequenininho que se transforma num sorriso cansado e desaparece num instante.
Estou demasiado triste, para me divertir.
Max está desapontado: ele não é muito bom com a magia! Ele é muito melhor a desenhar. E isso dá-lhe uma ideia!
Corre até ao quarto e volta com uma máscara que acabou de fazer. O Pai Natal põe-na e transforma-se num palhaço, um fabuloso palhaço de barba branca. Mas é um palhaço triste, que murmura:
Sabes, meu rapaz, não tenho jeito para fazer palhaçadas.
Mas Max acredita que um palhaço, mesmo disfarçado,tem que se mexer e saltar e cantar e dançar. E isso dá-lhe uma ideia.
Agarra no velhote triste pela mão e depressa estão a dançar que nem uns doidos.
Exausto, o Pai Natal cai no sofรก a arfar:
Estou demasiado cansado para danรงar! Mas gostava muito de voltar a sonhar como sonhava, quando olhava para a Lua e me perdia nos meus pensamentos.
Max fica a pensar nisto um minuto ou dois. Tenta imaginar como é que, ele próprio, pode olhar para a Lua e perder-se a pensar, sem nunca sair do seu quarto.
Claro, é isso mesmo!
Como é que não se lembrou disso antes?
Volta ao quarto, sem fazer barulho, e regressa com os braรงos carregados de livros. Puxa uma cadeira, senta-se, e comeรงa a ler em voz alta.
Max lê a noite inteira! Ele lê histórias de reis e pastores, de bruxas e bonecas, de lobos e fadas. Não há nada como isto para nos fazer sonhar.
Está tão distraído, que se esquece de dar ao Pai Natal, um grande abraço de despedida. Até se esquece de abrir os presentes. Acaba por adormecer, muito, muito, contente…
O Pai Natal esteve a ouvir as histórias do Max. A pouco e pouco, voltou a ficar contente, com um grande sorriso nos lábios e um brilhozinho nos olhos. A sua tristeza desapareceu. Curva-se sobre o Max e dá-lhe um beijo. Depois parte, radiante. Acho que até parece mais novo.
FIM
Um beijo para o Pai Natal Texto de Elisabeth Coudol e ilustrações de Nancy Pierret
Trabalho realizado por Carlos Samina Projecto de Desenvolvimento das BE/CRE’s das EB1’s e JI’s do AVE de Palmela