Memorial do Convento
Ilustrações de Sadi Boa Nova a partir do romance ``Memorial do Convento `` de José Saramago
Novembro de 2010
``Era uma vez um rei que fez promessa de levantar um convento em Mafra. Era uma vez a gente que construiu esse convento. Era uma vez um soldado maneta e uma mulher que tinha poderes. Era uma vez um padre que queria voar e morreu doido. Era uma vez...``
JOSÉ SARAMAGO nasceu na Golegã em 16 de Dezembro de 1932, no seio de uma família de trabalhadores rurais. Veio para Lisboa muito novo, onde fez o curso secundário. Foi director literário numa editora, colaborou na revista Seara Nova, no vespertino Diário de Lisboa e foi director- adjunto do matutino Diário de Noticias (de Abril a Novembro de 1975). A partir de 1976 dedicou-se completamente à literatura. Os seus romances têm sido publicados no Brasil, Espanha, Itália, Alemanha, Rússia, França, etc.
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Guerra ``...entre portugueses traidores houve muitas vezes, ainda que nem tudo seja o que parece, por exemplo, aqueles soldados dos regimentos da Beira de quem dissemos que desertaram para o inimigo, n達o desertaram, antes foram para onde lhes dariam de comer, e outros houve que fugiram para as suas casas...``
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Amor `` Dorme Baltasar no lado direito da enxerga, desde a primeira noite aí dorme, porque é desse lado o seu braço inteiro, e ao voltar-se para Blimunda pode, com ele, cingi-la contra si, correr-lhe os dedos desde a nuca até à cintura, e mais abaixo ainda se os sentidos de um e do outro despertaram no calor do sono e na representação do sonho, ou já acordadíssimos iam quando se deitaram, que este casal, ilegítimo por sua própria vontade...``
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Mão ``Baltasar deu um passo atrás, estupefacto, Eu não sei nada, sou um homem do campo, mais do que isso só me ensinaram a matar, e assim como me acho, sem esta mão, Com essa mão e esse gancho podes fazer tudo quanto quiseres, e há coisas que um gancho faz melhor que a mão completa, um gancho não sente dores se tiver de segurar um arame ou umferro, nem se corta, nem se queima, e eu te digo que maneta é Deus, e fez o universo.``
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Exército ``...se isso é traição, é o que está sempre a suceder, quem quiser soldados para entregar à morte há-de ao menos dar-lhes de comer e de vestir, enquanto estiverem vivos, e não andarem por aí descalços, sem trabalhos de na mira da espingarda do marcha e disciplina, mais gostosos de pôr o próprio capitão que de estropiar um castelhano do outro...``
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Fogueira ``Apenas uma vez Baltasar se levantou para pôr alguma lenha na fogueira que esmorecia, e uma vez Blimunda espevitou o morrão da candeia que estava comendo a luz e então, sendo tanta a claridade, pôde Sete-Sóis dizer, Por que foi que perguntaste o meu nome, e Blimunda respondeu, Porque minha mãe o quis saber e queria que eu o soubesse, Como sabes, se com ela não pudeste falar, Sei que sei, não sei como sei, não faças perguntas a que não posso responder...``
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Sóis ```Sete-Sóis deitou-lhe o braço são, prendeu-a pela cintura, ela debateuse brava, depois passou-lhe a perna direita por cima, e assim libertada a mão, quis afastar-lhe os punhos dos olhos, mas ela tornou a gritar, espavorida, Não me faças isso, e Era o grito tal que Baltasar a largou, assustado, quase arrependido da violência, Eu não te quero fazer mal, só queria saber que mistérios são...``
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Sonho ``Durante todo esse dia, Baltasar duvidou se tivera tal conversa, ou se a sonhara, ou se, simplesmente, estivera num sonho de Blimunda. Olhava os grandes animais suspensos dos ganchos de ferro antes de serem esquartejados, esforçava os olhos, mas não via mais que a carne opaca, esfolada ou lívida, e quando os pedaços e as postas se espalhavam nas bancadas ou eram atirados para os pratos das balanças...`` ...``
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Indíce Página 1.............Biografia de José Saramago Páginas 2 e 3......Guerra Páginas 4 e 5......Amor Páginas 6 e 7......Mão Páginas 8 e 9......Exército Páginas 10 e 11...Fogueira Páginas12 e 13....Sóis Páginas 14 e 15....Sonho Página 16.............Índice
Baltasar deu um passo atrás, estupefacto, Eu não sei nada, sou um homem do campo, mais doque isso só me ensinaram a matar, e assim como meacho, sem esta mão, Com essa mão e esse gancho podes fazer tudo quanto quiseres, e há coisas que um gancho faz melhor que a mão completa
GFA
Geração Ferreira Alves