Sobre a árdua missão de um jurado Ficha técnica Prefeito Municipal de Britânia Marconni Pimenta da Silva Secretária Secretaria de Turismo, Cultura e Juventude Cleuza Luíz de Assunção Museu de Arte de Britânia - MABRI Texto Px Silveira
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Coordenação Malu da Cunha Produção Kahena Fogaça Comissão de Seleção Enock Sacramento Gilson Andrade Px Silveira Comissão de Premiação Antonio da Mata Enauro de Castro Gilmar Camilo Design Gráfico Vinícius Luz Fotografias Ana Hortides / André Felipe Cardoso / Chico Dion Daniel Pereira / Henrique Braga / Isabella Brito Lyz Parayzo (Foto Ana Pigosso)/ Leka Mendes Roseli Ritzmann / Capra Maia / Rubin / Vanessa Bohn
Em um poema de 1913, Gertrude Stein afirmou que “Uma rosa é uma rosa é uma rosa é uma rosa”. De lá para cá, pouca coisa mudou. Uma rosa, felizmente, continua sendo uma rosa. E um salão é um salão é um salão é um salão.
e a ousadia. Tudo isso se reflete neste Salão. O Museu funcionando como uma praça nacional e a arte como uma arma à disposição do cidadão que defende sua liberdade de pensar, criar, aprender, transmitir e se surpreender.
A despeito das evidências, que uma vez mais vêm para confirmar a máxima de que as coisas são o que elas são, o 1º Salão de Arte em Pequenos Formatos do MABRI logra apresentar algumas novidades ao cenário quieto-como-que-antecedendo-tempestade em que se encontram as artes visuais no Brasil.
E como há de ser desde que inventado no século 19 no Brasil (1840), com o nome de Exposições Gerais, um Salão é um Salão e muitos foram os artistas que, embora apresentando trabalhos de grande qualidade, não puderam ser selecionados, devido aos limites impostos pelo edital, que correspondem aos limites físicos do Museu e do orçamento do projeto apoiado pelo Fundo Cultural de Goiás. Este já seria, por si, um grande motivo para, mesmo antes de finalizar este texto, exclamar que outros terão que vir. Mais Salões, mais Salões, mais Salões!
Entre elas, a sinalização de que, em todo o território nacional (foram 287 inscrições, das quais 128 provindas de estados desde o Pará ao Rio Grande do Sul) os ateliês dos artistas estão repletos de munições criativas prontas para vir à carga, lançadas nos lugares de contato com o público, que são os museus. Como acontece agora. No fundo das coisas, vivemos uma guerra permanente entre a inércia e a pró-atividade, entre o atraso e a contemporaneidade, entre o conservadorismo
As escolhas dos artistas participantes se deram em acordo com as experiências de cada jurado, que tiveram a liberdade de escolha independentes. Estes, em número de três, receberam grupos de obras e respectivos artistas definidos aleatoriamente e nos quais mergulharam para
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Premiada reter e extrair aqueles que mais chamaram a atenção. “Chamar atenção”, no caso, é algo extremamente relativo, daí um Salão ser sempre um Salão, pois fosse dia de sol, como afirmou Oswald de Andrade, os índios é que teriam despidos os portugueses, mas como era dia de chuva, estes os vestiram.
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Juntando a vulnerabilidade dos jurados à qualidade que surpreendeu, o saldo positivo é que, fosse este ou outro resultado, temos patente uma exposição diversa em técnicas e suportes, com propostas sólidas e merecedoras do reconhecimento ampliado que esta promoção as outorga.
Mais que atender ao portfólio dos artistas, o júri também se deteve ao portfólio do Museu. Isto é, foi lançado um olhar estratégico para o histórico das exposições acolhidas, visto que pudemos acompanhar a maioria delas, fazendo com que esta atual exposição, a do Salão, reforce a sua linguagem que tem sido inaugural na região, perante a comunidade e seus visitantes. Com o sentimento de dever cumprido, declinamos que o resultado apresentado foi definido pela atuação dedicada e experiente de cada um dos três jurados, tal como três vértices de uma pirâmide, cuja história a transcende.
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Px Silveira, Jurado do 1º Salão de Arte em Pequenos Formatos do MABRI
Ana Hortides Cor de pele
78 bebês compostos da combinação de 12 gizes de cera de cores de pele 6 x 3 x 2 cm (cada) 2017
Premiada
Premiado
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Isabella Brito
Chico Dion
Preâmbulos (louças)
Mais uma vez meio-dia
Pintura em porcelana vitrificada 26 x 26 cm 2019
Óleo sobre tela 30 x 40 cm 2019
Menção Honrosa
Menção Honrosa
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André Felipe Cardoso Depois de toda montanha tem uma correnteza que arrasta tudo Dá série ‘’Paisagem em Reconstrução’’ Colagem e guache sobre páginas de revista e papel 20 x 40 cm 2018
Daniel Pereira Interferência
Esmalte sintético sobre tela 40 x 40 cm 2019
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Capra Maia
Henrique Braga
Desaparecida
Sem título
Técnica mista 31 x 21 x 14 cm 2019
Bordado sobre tecido de algodão 25 cm (diâmetro) 2018
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Leka Mendes
Lyz Parayzo
Objeto 05 e 06, da série Antropoceno
Bixinha
Transferência de imagem sobre detritos de construção civil (ardósia / reboco /azulejo) 15 x 17 cm e 6 x 5 cm 2017
Alumínio 10 x 10 x 10 cm 2018
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Roseli Ritzmann
Rubin
Combate na Caixa Vermelha
Alvo
Caixa de MDF, bonecos de plástico e colagem 35,5 x 25,5 cm 2018
Spray, acrílica e marcador sobre tela 30 x 40 cm 2019
Ana Hortides (Rio de Janeiro - 1989).
Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Artista visual e mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos Contemporâneos das Artes da Universidade Federal Fluminense (UFF), Rio de Janeiro, na qual se Graduou em Produção Cultural. Estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV)/ RJ. Realiza exposições individuais e coletivas, dentre outras: Impávido Colosso (2019) - A Mesa/RJ; Junho de 2013: cinco anos depois (2018) - Centro de Arte Hélio Oiticica/RJ; Flutuantes (2018) - Paço Imperial/RJ; Molde: Conversas em torno da escultura e do corpo feminino (2017) - galeria Anita Schwartz/RJ; Exposición de Fotografía Estenopeica - Pinhole Alrededor del Mundo (2013) - Museo Presley Norton, Guayaquil/ Equador.
Isabella Brito (Anápolis/GO - 1993).
Com formação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Goiás, ingressou nas Artes visuais ao desenvolver uma instalação permanente na fachada do Burchfield Penney Art Center, no estado de Nova York. Iniciou o curso de bacharelado em Artes visuais na FAV - UFG em 2017, ano em que também começou a frequentar a turma de Ateliê Livre da EAV. Sua pesquisa é a investigação de um elemento simbólico (baratas) e sua relação com ambientes internos e objetos de uso cotidiano.
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Chico Dion (Macapá/AP - 1999).
Reside no bairro histórico de São Brás em Belém-PA desde os sete anos, seus trabalhos na pintura são atravessados por memórias, nostalgias, pelos gestos cotidianos da sua cidade, pelas coisas corriqueiras da vida, pensando os não-lugares e o flanar de cada cidadão que lhe atravessa. Trata-se de observações entre as brechas de cada ambiente que lhe rodeia dentro de processos experimentais diversos com a linguagem plástica e sonora, possui interesse e trabalha paralelamente com experimentações na arte cinética, escultura e audio visual.
Vanessa Bohn Meandros # 1
Vídeo 1: Estanque Vídeo 2: Trânsito Vídeo 3: Folia 3:30 min / cor / estéreo 2017
André Felipe Cardoso (Minaçu/GO - 1997). Artista visual e licenciando em Artes Visuais pelo Instituto Federal de Goiás. Explora em sua pesquisa, aspectos do cotidiano humano que não são vistos ou quase nunca percebidos, buscando também, nesse processo, interligar presente e passado a partir da percepção sobre o modo como esses tempos se vinculam, o que resulta na ressignificação das suas experiências vividas e histórias herdadas, ao longo da convivência e interação com os espaços e as pessoas. Investiga a forma com que cada um estabelece vínculos e afetos com as paisagens e os espaços onde ocorrem as interações entre o ocupante/ ocupado. Atualmente mora, estuda e trabalha na Cidade de Goiás.
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Daniel Pereira (Agrolândia/SC - 1984).
Artista selecionado do “I Salão de Arte em Pequenos Formatos do Mabri”. Ganhou menção honrosa. É Autodidata, nasceu em Agrolândia, SC. No ano 2000 foi selecionado por um projeto Catarinense para desenvolver a bandeira da Paz. Atualmente reside em Britânia/GO. Participou de exposições coletivas.
Capra Maia (Brasília/DF - 1985).
Graduou-se em Artes Visuais pela UNB.. Dedica-se a várias técnicas e linguagens, tendo a matéria e sua aparente transformação como eixo de pesquisa poética. Já participou de várias exposições individuais e coletivas, sobretudo em Brasília, sendo selecionada para o 2º Prêmio Vera Brant de Arte Contemporânea, a exposição Livre para todos os públicos, o evento Casa Artefoto, dentre outros. Atualmente cursa Mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais na UnB, pesquisando os efeitos que a passagem do tempo deixa na matéria, num constante diálogo entre orgânico e inorgânico, contrapondo um tempo biológico a um geológico
Henrique Braga (Fortaleza/CE - 1990). 18
É artista visual formado pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. Atua como pesquisador em poéticas visuais e em produção e curadoria de exposições. Sua produção abrange linguagens como desenho, pintura, bordado, objeto, escultura, Livro de artista, gravura, fotografia, instalação e video-performance. Idealizador da exposição “Autópsia do invertebrado”, explora poéticas que dialogam com mito, memória, corpo, organismo, paisagem e natureza, a partir de abordagens e procedimentos que inter-relacionam arte e ciência. Em sua poética explora a intervenção gráfica sobre elementos da natureza, através da abstração de padrões vitais extraídos de “entes orgânicos”. Vive e trabalha em Fortaleza-CE.
Leka Mendes (São Paulo/SP - 1990).
Graduada em Programação Visual pela Faculdade de Belas Artes onde também cursou arquitetura. Entre as mostras coletivas que participou estão: Elogiamos a casa que se abre a perder de vista, curadoria Mario Gioia, Galeria Bolsa de Arte, São Paulo (2018), Biblioteca do Amor, projeto e curadoria de Sandra Cinto, CAC _ Contemporary Arts Center, Cincinnati, EUA (2017 até 2019); Haciendo Dias, curadoria Juan José Santos, Centex, Valparaiso, Chile (2017); Obras de ficção, Arte Hall, curadoria Juliana Monachesi; A conversão de São Paulo, curadoria de Juan José Santos, residência Paulo Reis, Projeto Fidalga; 39º Salão de Arte de Ribeirão Preto, no MARP (2014); Programa de Exposições do Museu de Arte de Ribeirão Preto, MARP (2014); 38º Salão de Arte de Ribeirão Preto, no MARP (2013.
Lyz Parayzo (Rio de Janeiro/RJ - 1994).
Foi uma das selecionadas para a residência artística da Fundação Armando Alvares Penteado no primeiro semestre de 2018 e do projeto Pivô Pesquisa no segundo. Uma das finalistas do prêmio EDP em 2018. A primeira artista não binária a ser indicada ao prêmio PIPA (2017). Vive e trabalha entre Rio de Janeiro e São Paulo. É ativista LGBTQ+, manicura, escultora e performer. Graduanda em Teatro pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Formou-se como artista visual na Escola de Artes Visuais (EAV) do Parque Lage (2013-2016). Tem o corpo como principal suporte de trabalho e sua performatividade diária como plataforma de pesquisa. Vem desenvolvendo atualmente esculturas e objetos em prata, gilete e alumínio. Faz parte das coleções do Museu de Arte Contemporânea (MAC) de Niterói e Museu de Arte do Rio (MAR).
Roseli Ritzmann (Joinville/SC -1965).
É artista visual formada em Belas Artes pela Casa da Cultura de Joinville. Graduada em História com especialização em Arteterapia e Neuropsicologia, abriu seu leque de atuação com formação na gestão de projetos e mediação cultural, além de cursos livres de gravura, desenho e confecção de bonecos. Suas pesquisas resultam em obras de arte produzidas com plástico, papel, tecidos, látex, recortes e elementos sacados da funcionalidade cotidiana como fotografias, bonecos e caixas.
Rubin (Goiânia/GO - 1986). Cursa Artes Visuais na Universidade Federal de Goiás. Produz em grandes escalas, trabalhando com vários suportes e materiais gráficos. Aos 16 anos iniciou experimentos com o grafiti. Em 2009 morou na Inglaterra e Estados Unidos, onde adquiriu experiência com a técnica. Suas produções misturam formas geométricas e fragmentos do cotidiano. Vanessa Bohn Costa (Porto Alegre /RS - 1986). Bacharel em Artes Visuais pela Belas Artes de São Paulo. Técnica em fotografia. Artista, Fotógrafa e Produtora Cultural. Investiga a cartografia especial sobre particular território, ao centro de um país-continente. Um panorama híbrido em linguagens, que passa pela fotografia, pelo audiovisual, pela videoarte, pelas artes visuais acopladas às redes atuais. Uma investigação vigorosa sobre gêneros tradicionais, como a paisagem e o retrato. Participou de diversas exposições e projetos individuais e coletivos.
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