Revista Em Família nº46

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INSPETORIA SANTA CATARINA DE SENA

Inspetoria Santa Catarina de Sena

| Ano 40 | n° 46| janeiro fevereiro março e abril 2016 | São Paulo | SP

A Misericórdia se fez rosto


Editorial

Misericordiosos como o Pai, uns para com os outros Prezados Leitores, O primeiro número do ‘Em Família’ 2016 chega com uma mudança editorial que enriquece a Revista com artigos de caráter formativo escritos por pessoas especialistas em assuntos diversos. A partir deste ano, a publicação será quadrimestral. As notícias mais relevantes serão publicadas na Revista e as do dia-a-dia no site que está sendo concluído. Os diversos artigos desta edição são enriquecedores, atraentes, concretos e atuais. As reflexões abrangem vários âmbitos e horizontes, ajudandonos a “Alargar o olhar e o coração” sobre o tempo e a história que estamos vivendo, seus desafios e esperanças! Parabenizo e agradeço a todos os que colaboraram na redação dos artigos, colocando a serviço seus dons e talentos, possibilitando uma leitura agradável e formativa aos leitores. As notícias: . ressaltam o dinamismo e a vida que circula nas diversas comunidades; . falam da criatividade e da paixão educativa; .expressam a importância dos encontros de atualização e inovação; . revelam a beleza da vida salesiana vivida na esperança e na alegria! Neste Ano Santo da Misericórdia, o convite a sermos “Misericordiosos como o Pai”, uns para com os outros, é um grito profético que, se vivido, tornará o nosso mundo mais humano e feliz. A certeza de que o Ressuscitado caminha conosco, nos anime e nos comprometa a sermos mulheres e homens ‘pascais’, portadores da Boa Notícia: Ele vive! Um fraterno abraço. Ir. Helena Gesser

Redação, produção e distribuição Ir. Maria de Lourdes Macedo Becker, Andréa Pereira Projeto gráfico Andréa Pereira Capa : Rembrandt Van Rijn Revisão Ir. Maria de Lourdes Macedo Becker, Fotos Inspetoria Santa Catarina de Sena Colaboração Irmãs e Comunidades da Inspetoria Santa Catarina de Sena

Contato editorial@fmabsp.org.br EM FAMÍLIA | Ano 40 | nº 46 Centro de Comunicação Marinella Castagno

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Rua Três Rios, 362, Bom Retiro 01123-000 São Paulo | SP Tel. 55 11 3331 7003 www.salesianas.org.br Em Família é uma publicação formativa, que divulga e informa sobre o cotidiano das comunidades das Filhas de Maria Auxiliadora na Inspetoria Santa Catarina de Sena e suas frentes de trabalhos.


Sumário

CAPA A Misericórdia se fez rosto

FUNDAMENTOS BÍBLICOS E TEOLÓGICOS

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E a presença Educativa em suas três dimensões

COMPREENDENDO A EMPATIA

desde Edith Stein

Relembre e fique sabendo o que aconteceu em nossas comunidades nos meses de janeiro, fevereiro, março e abril, programe-se para as próximas atividades. Divirta-se, emocione-se, Em Família.

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Editorial Artigo Capa Ponto de Vista Entrevista Registro Vocacional É Festa Programe-se

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O MISTÉRIO DA PALAVRA

na vida de Maria

SANTA MARIA DOMENICA MAZZARELLO

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ensinamentos de uma vida de misericórida

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Artigo

Fundamentos Bíblicos e Teológicos do Sistema Preventivo e a presença educativa em suas três dimemsões: Razão, Religião e “Amorevolezza” Por Irmã Dulce Hirata

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om Bosco sempre se mostrou esquivo quando alguém lhe pedia que escrevesse sobre o sistema educativo que usava com os meninos, e que ele mesmo denominava “Preventivo”, contrastando com o sistema da época, o assim chamado “repressivo”. O pequeno tratado sobre sua prática educativa foi enfim publicado, em 1877, mais de trinta anos após a fundação do Oratório de Valdocco. A razão dessa resistência, por parte do Fundador, devia-se certamente à sua absoluta falta de tempo, mas sobretudo à dificuldade de fixar no papel uma experiência viva e em contínua construção. A práxis educativa de Dom Bosco ia muito além da aplicação 4 | Em Família

de uma determinada teoria educacional. Era sim, a síntese vital e intuitiva de elementos retirados de grandes pedagogos próximos a ele como Antonio Rosmini, de vivências significativas apreendidas de Mamãe Margarida, de Dom Calosso, dos mestres do Seminário de Chieri, especialmente de Dom Cafasso, da prática educativa vigente que lhe mostrava o que ele queria evitar. Mas a grande fonte e o grande catalisador dessa rica vivência era a sua experiência com Deus que atraia fortemente todas as suas experiências e forças vitais e as unificava ao redor Dele, ao mesmo tempo que as redirecionava em favor dos jovens abandonados de Turim. Nada existia em Dom Bosco que não partisse des-


Artigo sa matriz. Graça e natureza constituíam nele uma única realidade, tal o grau de sua unidade interior. Embora ele pouco explicitasse sua vida espiritual, a relação com os jovens de Valdocco a revelava e a caracterizava como verdadeira mistagogia. A biografia dos três jovens que escreveu é exemplo transparente da ação do Espírito, primeiramente em sua pessoa, possibilitando ao seu gênio educativo transformá-la em itinerário espiritual humano-divino, capaz de transformar aqueles meninos de rua em honestos cidadãos e santos cristãos. A Bíblia é o livro da revelação que Deus faz de si mesmo e de sua ação salvífica em favor da humanidade. Buscar as raízes bíblicas do Sistema Preventivo é, sobretudo, buscar as raízes da relação de Dom Bosco com Deus Pai, criador, com Jesus Cristo, Redentor e com o Espírito Santificador. Esta sua relação com Deus foi pautada nos ensinamentos, na prática e no estilo do grande bispo de Genebra e doutor da Igreja, São Francisco de Sales, muito conhecido e seguido na Saboia, região que então abraçava territórios da França, Itália e Suíça. Após uma profunda crise existencial provocada pela certeza de sua condenação eterna, Francisco de Sales, por graça divina, descobre a face amorosa de Deus e se entrega ao seu amor misericordioso, gratuito e fiel, presente e transformador. A partir daí, ele se tornará o doutor do amor e mudará radicalmente sua visão sobre a pessoa humana. Dele, Dom Bosco herdará a visão do humanismo cristão, que concebe a pessoa como fruto do amor gratuito e preventivo de Deus, amor que precede e acompanha a pessoa com suas graças, independentemente de suas qualidades e méritos. Desta fé granítica no modo de ser de Deus, Deus é amor, dirá São João, e nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele quem

nos amou e enviou-nos seu Filho como vítima de expiação pelos nossos pecados (1Jo 4, 8.10-10). Dom Bosco fundamentará o seu Sistema Preventivo, assim chamado porque se alicerça no amor “preventivo” de Deus, amor 1º, que antecede qualquer nosso movimento. Nosso amor será sempre amor 2º ou seja, resposta ao amor de Deus. Amor que Paulo, na 1ª Carta aos Coríntios, descreve magistralmente: “A caridade é paciente, a caridade é prestativa, não é invejosa, não se ostenta, não se incha de orgulho. Nada faz de inconveniente, não procura o seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”. (1Cor 13,4-7). Obedecendo o mandato divino “Amados, se Deus assim nos amou, devemos, nós também, amar-nos uns aos outros”, Dom Bosco transforma sua arte educativa em evangelização mistagógica. No dizer de Dom Egídio Viganò, é próprio do carisma salesiano “Educar evangelizando e evangelizar educando”. Podemos então dizer que no carisma salesiano a relação educativa é espaço teológico, lugar de encontro com Deus, onde acolhemos e revela-

A caridade é paciente, a caridade é prestativa, não é invejosa, não se ostenta, não se incha de orgulho. Nada faz de inconveniente, não procura o seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”. 1Cor 13,4-7. janeiro | fevereiro | março e abril 2016 | 5


Artigo

mos a sua presença libertadora e salvífica. Lugar de evangelização recíproca, de humanização e cristianização onde as categorias educando e educador mudam constantemente de protagonista. Ora o jovem nos educa, ora o educamos, ora nos educamos reciprocamente. Aqui tem suas raízes nosso espírito de família, que não é de nossa parte, paternalismo/maternalismo e muito menos autoritarismo e da parte dos jovens, invasão de espaço, perda de respeito e confusão de papéis. Nasce desta confiança recíproca que gera uma amigável cumplicidade onde cada qual com sua própria identidade e função, revela Deus para o outro, busca dar o melhor de si, acolhe com carinho e respeito, porque se deixa trabalhar pelo seu Espírito de amor. O verdadeiro educador no Sistema Preventivo é pois o Espírito Santo. Somente Ele pode transformar a educação em uma mistagogia. Somos seus instrumentos e facilitadores. Nesse sentido o Sistema Preventivo é a nossa espiritualidade. Este sistema nos foi transmitido “como um espírito que deve guiar nossos critérios de ação e permear todos os nossos relacionamentos e o estilo de nossa vida (Const 7). 6 | Em Família

Isto nos dá a possibilidade de sermos uma presença mistagogicamente significativa na vida do jovem, porque nossa natureza humana e nossas potencialidades, trabalhadas pela graça, se tornam aptas para efetivarem os três elementos característicos do Sistema Preventivo: Razão, Religião e “Amorevolezza”. A plataforma onde estas dimensões se atualizam não são somente naturais, mas também teologais. Assim as motivações racionais na educação salesiana compreendem a razão que se completa com a visão que a virtude teologal da fé possibilita. A capacidade de religar todas as realidades a Deus e em Deus (religião), a partir da sua raiz, do seu seu verdadeiro sentido, beleza e harmonia, no contraditório e limitado da existência humana, sua libertação das amarras do egoísmo e materialismo e sua conversão à gratuidade e fraternidade, somente são possíveis na Religião que traz para o presente a certeza da vitória do Ressuscitado sobre o pecado e a morte. E isto o fazemos professando a Esperança teologal. E o amor totalmente gratuito, constante e manifestado que o Sistema de Dom Bosco exige é o mesmo amor com o qual Deus nos ama, do qual a virtude teologal da caridade nos faz portadores.


Artigo No educador(a) salesiano(a), sobretudo, na consagrada, a prática da “amorevolezza” nos faz realmente “sinais e portadores” do amor de Deus aos jovens. Não se trata de amar imitando o amor de Deus, mas sim, de amar com o mesmo amor com o qual Deus nos ama (participação). Nessa mesma linha, podemos dizer que a prática do Sistema Preventivo unifica nossa missão-consagração porque é expressão de nossa vida batismal fé-razão, esperança-religião, caridade-amorevolezza e dos nossos votos: obediência-fé-razão, pobreza-esperança-religião, castidade-caridade-amorevolezza. Tudo vivido em comunidade, eivado de espírito de família. Com tais fundamentos bíblicos e teológicos, o Sistema Preventivo torna-se poderosa ferramenta de evangelização. Na profunda crise em que a família está mergulhada, a fragilidade dos vínculos reveste-se de especial gravidade (cf EG 66). Oferecer, aos pais e aos jovens o testemunho de relações educativas sólidas, alicerçadas numa visão ampla, transcendente e inclusiva, numa certeza propositiva da vitória da vida sobre a morte, num amor fiel e verdadeiro, paciente e misericordioso, que privilegia os mais frágeis e necessitados e que é capaz de libertar em todos o que eles têm de melhor, é certamente uma maneira fecunda de evangelizar. Num mundo materialista e

Para nós, Filhas de Maria Auxiliadora, o Sistema Preventivo é pois o nosso espaço concreto de relação com Deus, conosco mesmas e com o próximo; sua prática, nossa escola de santidade pessoal e comunitária, e também o termômetro de nossa unidade vocacional.

egoísta, onde ocupa o primeiro lugar aquilo que é exterior, imediato, visível, rápido, superficial, provisório, onde as pessoas estão preocupadas em reservar espaços privados, formar pequenos grupos selecionados, (cfr. EG 62), nosso modo de ser e educar pode construir um outro mundo possível, onde razão, religião e “amorevolezza” criam espaços e horizontes para que a vida trazida por Jesus Cristo cresça e seja abundante. Para nós, Filhas de Maria Auxiliadora, o Sistema Preventivo é pois o nosso espaço concreto de relação com Deus, conosco mesmas e com o próximo; sua prática, nossa escola de santidade pessoal e comunitária, e também o termômetro de nossa unidade vocacional. Sem esta espiritualidade e unidade vocacional, podemos reduzir o Sistema Preventivo a simples prática pedagógica, centralizada em nossa humanidade ou em nossa equipe de trabalho. Cessa então a mistagogia e passamos a educar como qualquer outro educador. Por mais que nos sirvamos dos meios próprios do Sistema Preventivo como a presença educativa, o espírito de família, a razão, religião e amorevolezza, faltará sua alma, geradora de vida, porque estará apoiado em nossa natureza humana, ainda que rica e experiente; e deixará de ser obra do Espírito de Deus agindo através nossa arte educativa. Portanto, toda força educativa-evangelizadora do Sistema baseia-se em nossa coerência de vida religiosa. Sem a vivência das virtudes teologias e dos votos, nossa missão passa a ser atividade educacional, humana e descaracterizada e o Sistema Preventivo etiqueta vazia da força transformadora queridas por nossos Fundadores.

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Artigo

O Mistério da Palavra na vida de Maria Por Irmã Ivone Brandão de Oliveira

A

Igreja ensina que a vida de Maria é compreendida a partir do mistério de Jesus. “Os Padres gregos e a tradição bizantina, contemplando a Virgem Santíssima à luz do Verbo feito homem procuraram penetrar a profundidade daquele vínculo que une Maria, enquanto Mãe de Deus a Cristo e à Igreja: ela é uma presença permanente em toda a amplitude do mistério salvífico” (RM 31). Seguindo essa tradição, quero fazer uma reflexão sobre a oração do Angelus que diariamente rezamos, na qual contemplamos o Mistério da encarnação da Palavra em Maria. A PALAVRA DE DEUS NA HISTÓRIA Começo, refletindo sobre o significado da palavra dabar, que no hebraico pode significar tanto PALAVRA como COISA ou FATO. A palavra falada, numa cultura em que se escreve pouco ou nada, tem grande importância. A realidade e o poder da palavra são enraizados na personalidade de quem a pronuncia: a palavra libera uma energia psíquica, e quando pronunciada com poder, gera a realidade que significa. Os profetas falam de sua experiência: Jeremias recebeu a Palavra de Iahweh na sua boca (1,9); Ezequiel come um rolo no qual Ela está escrita (2,9-3,3). Para Jeremias, a Palavra é como um fogo devorador encerrado em seus ossos, que não pode conter (20,7-9). A experiência profética da Palavra 8 | Em Família

não consiste num simples ouvir; é a experiência de uma realidade específica e envolvente. A pessoa é invadida, por meio da Palavra de Iahweh. Ela é uma extensão da personalidade divina, investida de autoridade e por isso, permanece para sempre (Is 40,8), e uma vez proferida não pode deixar de ser cumprida (Is 55,11). A experiência é tão forte que se constata a possibilidade do conhecimento divino não porque se deseja, mas porque Deus mesmo se revelou e continua a se revelar. Sua realidade invisível – seu eterno poder e sua divindade – tornou-se inteligível, desde a criação do mundo, através das criaturas (Rm 1,19-20) e de modos diversos falou Deus, outrora, aos Pais pelos profetas e, por último, por meio de seu Filho (Hb 1,1-2).


Artigo As narrativas evangélicas têm como centro Jesus, proclamado e confessado como Messias, que fora prometido por Deus ao longo da história de Israel. A Promessa, agora realizada, na história pode encontrar-se sintetizada na expressão: “A Palavra se fez carne” (Jo 1,14) e “o que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com nossos olhos, o que contemplamos e o que nossas mãos apalparam da Palavra da vida ... nós vos anunciamos esta Vida eterna” (1Jo 1,1-2). A PALAVRA SE FEZ CARNE NO CORPO DE UMA MULHER Os evangelistas, ao proclamar a grande novidade de Deus, afirmam que o Mistério divino presente na vida de Jesus aconteceu por obra do Espírito Santo. Dentro desse mistério encontramos as narrativas da infância de Jesus e aí a presença de sua mãe, Maria. Cada evangelista faz uma narrativa diferente para proclamar a ação de Espírito em Jesus, mas somente Mateus e Lucas falam de sua origem humana. Ambos afirmam que Maria estava comprometida, em casamento com José, mas divergem na interpretação desse fato. Mateus diz que antes de coabitarem, achou-se ela grávida do Espírito Santo, fato que provocou desconfiança por parte do noivo, José (Mt 1,18-19). Lucas narra a aparição do Anjo que pede o consentimento de Maria para ter o filho (Lc 1,26-38). João não fala da gravidez, mas afirma que no princípio era a Palavra e a Palavra se fez carne (1,1.14). As diferentes narrativas sobre a origem humana de Jesus revelam que a preocupação dos evangelistas não era histórica, mas teológica. É teológica porque elas foram escritas a partir da experiência do Mistério da Paixão e Ressurreição de Jesus e representavam a confissão de fé das diferentes comunidades. Deus se revelou nos acontecimen-

tos da vida e morte de Jesus e aqueles e aquelas que conviveram com Ele reinterpretaram diferentemente os acontecimentos de sua vida, preservando e garantindo que o Mistério de Deus estava aí presente. Parece-me, que o dado histórico dessas narrativas encontra-se na pessoa de Maria, comprometida em casamento com José, ela que se encontra grávida de um filho e que, depois do nascimento, recebe o nome de Jesus. Esses dados históricos foram reinterpretados pelos discípulos de Jesus e, acredito eu, também por Maria. Para ela e para José, a criança que estava sendo gerada era expressão da presença de Deus em suas vidas e manifestação do Espírito Divino. Os relatos da Anunciação não são relatos históricos no sentido moderno do termo: uma reconstrução objetiva e exata do que realmente aconteceu. São expressões teológicas de uma realidade acontecida na história: a entrada de Jesus neste mundo. A iniciativa e a ação de Deus dinamizam os textos do começo ao fim. Em Mateus, o anúncio é feito a José, que acolhe Maria, depois do primeiro momento de desconfiança pela sua gravidez; ao receber o anúncio do Anjo que o filho, nela gerado, era obra do Espírito Santo e o menino seria chamado Emanuel, Deus conosco, José a recebe em sua casa (1,18-15). Em Lucas, a anunciação é feita a Maria, que acolhe a Palavra de Deus e se deixa conduzir por Deus, colaborando ativamente no plano salvífico divino. O conteúdo central das narrativas é cristológico; Maria é apresentada como modelo para a comunidade cristã. Detenhamo-nos um pouco mais na narrativa de Lucas. O anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um varão chamado José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria (Lc 1,26-27). janeiro | fevereiro | março e abril 2016 | 9


Artigo Nazaré, como lugar de parada para dar de beber aos animais das caravanas, não tinha bom conceito. A fama de suas mulheres foi recolhida num provérbio “A quem Deus castiga, dá-lhe por mulher uma nazarena”. “De Nazaré pode sair algo de bom?” (Jo 1,46). Foi esse o vilarejo, situado na “Galiléia dos gentios” (4,15), escolhido por Deus para a Encarnação do seu Filho. A mulher escolhida para ser a mãe foi “uma virgem desposada com um varão chamado José”. O significado teológico da virgindade de Maria é o da gratuidade absoluta de Deus. Jesus, o Messias esperado, não nasce das forças humanas, não entra em nossa história como produto das forças imanentes da história, mas é puro dom. A saudação do anjo

se realizar. Ela sabe que a expressão “o Senhor está contigo” pertence ao coração da Aliança. A afirmação é pronunciada como uma promessa da presença e da proteção de Deus aos chamados para uma missão particular na história da salvação. Ela não sabia, mas nós sabemos agora, que a expressão significou a inserção de Deus em nossa história, em nossa vida. A Palavra eterna de Deus tornou-se, no seio de Maria, a Palavra Encarnada, o Emanuel, o Deus conosco. Que Deus desça até os abismos de nossa história, experimentando em sua carne a nossa fragilidade e pobreza é uma loucura que só um “amor louco” de Deus pode fazer. Intrigada com a saudação, ela procura entender o seu significado. O anjo a tranqüiliza, revelando a pro-

“Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo” é uma provocação a Maria. Ela é convidada a se alegrar pela presença de Deus em sua vida, por ser plenificada com a sua graça. O que Deus já fez nela e o que vai continuar a fazer é a razão primeira e última da sua verdadeira alegria. Ela se torna favorecida e “agraciada” de Deus por ter-se mantido sempre aberta e disponível à sua Palavra e por se dispor a acolher e realizar a vocação-missão de ser a mãe do Messias. Ela, até aquele momento, não conhecia toda a profundidade do mistério que estava por

fundidade da relação de Deus com ela. Por essa relação, Maria é capacitada para realizar a missão de ser mãe do Messias. Ela reflete sobre o que ouviu e procura compreender o sentido da ação de Deus em sua vida; não só faz perguntas, mas dialoga com Deus como Ele vai agir nela e por meio dela. “O Espírito Santo virá sobre ti.” o anjo afirma. A novidade da revelação da concepção de Jesus só pode ser compreendida no contexto da teologia da nova criação. O mesmo Espírito que no princípio pairava sobre as águas (Gn 1,2) repousa agora

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Artigo sobre Maria. A concepção de Jesus no seio de Maria é realizada pela iniciativa e pelo poder criador do Espírito Divino. É uma nova criação, uma novidade absoluta; os tempos escatológicos estão se realizando. A presença de Deus, a “glória do Senhor”, o “poder do Altíssimo”, que repousou sobre a Tenda do Encontro no deserto e no Santo dos Santos, no Templo de Jerusalém, vai agora repousar no templo vivo do corpo de Maria. Assim, a Palavra que procede de Deus realiza-se; ela se faz carne, morada eterna de Deus, Tabernáculo da Nova Aliança. Encontramo-nos diante de um grande mistério. Depois de ficar intrigada, de refletir em silêncio, de perguntar, buscando compreender e depois de ouvir os esclarecimentos do mensageiro de Deus, Maria dá sua resposta: “Eu sou a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,35-37). Frente à Palavra de Deus, Maria consente que Ela se realize em seu corpo, em sua vida. O anjo se retira e dá espaço à hora da ação silenciosa de Deus. Ao dizer que é a serva do Senhor, põe-se inteiramente ao serviço da vocação-missão proposta por Deus. A história da salvação começou com a fé de Abraão ao acolher o apelo divino (Gn 12,1-4). No início da Nova Aliança, Maria é apresentada como aquela que acolhe incondicionalmente a Palavra e esta se faz carne em seu ventre. A Nova Humanidade toma corpo no corpo da jovem Maria.

de para não aceitar a missão de ser mãe de Deus. Assume na fé sua situação, aguarda a decisão de José, acolhe a criança como manifestação e dom de Deus, coloca-se a serviço, com a consciência de ser “a Serva do Senhor”. Cada pessoa recebe o dom de Deus em uma medida. Cada ser humano foi criado à imagem e semelhança de Deus. A cada um foi distribuído um carisma, doado pelo mesmo e único Espírito que o oferece em vista do bem comum. Deus se manifesta em nossa vida com a abundância de sua graça e ninguém fica fora de sua generosidade e de sua bondade. Carregamos em nós uma riqueza incomensurável que nos foi confiada para partilhar com os irmãos, para enriquecer o bem comum, para contribuir pobremente com o que falta na construção de um mundo melhor. Toda essa riqueza vai se manifestando aos poucos em nossa vida, na medida em que vamos vendo, ouvindo, acolhendo, enfrentando e respondendo aos acontecimentos que, em nossa existência, são manifestações da Palavra de Deus. A atitude que temos e tomamos, diante destas manifestações, torna-se o critério de avaliação de quem somos e qual o sentido que damos à nossa vida. E nos passos diários e constantes de nosso viver, as pessoas com as quais convivemos podem dizer sobre a dimensão de nossa fé, de nossa esperança e de nosso amor.

A PALAVRA DE DEUS EM NOSSA VIDA Referências bibliográficas Ao nos deparar com a força e eficácia da Palavra O Novo dicionário da Bíblia. DOUGLAS, J.D. (org.). de Deus, na História e na vida das pessoas e em São Paulo: Vida Nova, 1995. Verbete: Palavra. especial na vida de Maria, somos impulsionadas a Dicionário Bíblico. MACKENZIE, John L. São Paulo: refletir imediatamente sobre nossa vida de fé na Paulinas, 1984, 2ª Ed. Verbete: Palavra. Palavra. Maria não faz elocuções sobre sua situação BARREIRO, Álvaro. Assumiu a nossa carne e de mãe solteira, sobre o que pensaria a sociedaacampou entre nós. São Paulo: Loyola, 1955, 2ª Ed. de e nem recorre a argumentos da sua indignidajaneiro | fevereiro | março e abril 2016 | 11


Artigo

Compreendendo a empatia desde Edith Stein Por Irmã Adair Aparecida Sberga

O

artigo que segue trata de uma das refle- intuito de ampliar o conhecimento sobre o conceixões mais contundentes do pensamento de

to de empatia, dando a entender o quanto esse é

Edith Stein que se denomina “O Problema da fundamental no percurso de formação da pessoa Empatia”, que foi a temática desenvolvida pela

humana.

filósofa em seu estudo de doutorado. Sua tese,

Seguindo uma trilha didática, o artigo será dividi-

que rapidamente foi conduzida ao conhecimento

do em três partes, a ser apresentado ao longo dos

de muitos e traduzida, com o mesmo título, em di- meses de abril, agosto e dezembro. Primeiramente versas línguas, celebra, em 2017, seu centenário de

será delineado um contexto geral, no qual a obra

publicação.

“O Problema da Empatia” se insere, depois trata de

“O Problema da Empatia” se tornou um texto

definir o conceito de empatia e, para finalizar, como

sumamente importante por constituir uma das se dá o percurso da formação da pessoa por meio obras da trilogia de Stein para compreender a sua

da empatia.

antropologia filosófica. Pela significatividade dessa obra, que é estudada em todas as partes do mundo até os dias de hoje e que revela a importância

1. DADOS PRELIMINARES SOBRE A OBRA “O PROBLEMA DA EMPATIA”

da intersubjetividade nas relações, é que a mesma

Para compreender o itinerário filosófico de

será apresentada neste espaço de reflexão, com o

Edith Stein, segundo Angela Ales Bello, “é

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Artigo necessário iniciar a partir de sua primeira obra” (p.

Essa trajetória de estudo e interpretação, Stein

10 in: Stein, 1917/1998), intitulada Zum Poblem der

a desenvolve praticamente sozinha, pois seu

Einfühlung, que na língua italiana é traduzida como mestre, além de exigente, “lhe dedica, de fato, “Il Problema dell’Empatia” . Desde a juventude, Stein demonstra grande interesse pelo conhecimento da pessoa humana e

pouca atenção” (Ales Bello, p. 8, in: Stein, 1917/1998), pois é sempre muito ocupado e absorto em suas pesquisas.

para realizar esse propósito começa pelo estudo da

“O problema da Einfühlung ocupa todo o dia da

sua gênese, da sua constituição, até chegar a mais

Stein, indo das seis da manhã até altas horas da

genuína compreensão da composição de todas as

noite” (Costantini, p. 22 in: Stein, 1917/1998),

suas dimensões, que se expressam em uma profun- durante o período que corresponde de setembro de da unidade e se concebem como uma totalidade.

1913 a julho de 1914 . Ela encontra muita dificuldade

Diante desse interesse, após terminar o sexto

na investigação desse argumento e constata que

semestre de estudo universitário , Stein manifesta a

primeiro precisa esclarecê-lo para si mesma antes

Edmund Husserl o seu propósito de desenvolver a

de tematizá-lo e tirar conclusões. Além disso, os es-

pesquisa sobre a Einfühlung, a empatia ou a entro- critos que lia de Lipps não convergiam com aquipatia, para defender o exame de Estado e se propõe lo que ouvia nas aulas de Husserl. “O que Lipps a continuar estudando o mesmo tema para desen- chamava Einfühlung, e que estendia à estética, à volver a sua tese de doutorado. O mestre se admira que, após somente seis semestres de faculdade, a aluna já se disponha a desenvolver um tema da fenomenologia tão complexo e exigente, mas lhe dá a permissão. Stein não escolhe esse tema aleatoriamente. Nas aulas ministradas por Husserl, no início do semestre estivo de 1913, ela ouve pela primeira vez o termo Einfühlung. Uma temática desenvolvida pelo Professor Theodor Lipps (1851-1914) , que frequentemente é reportada por Husserl em suas aulas, mas sem precisar seu significado e suas implicações. Intuindo que esse conceito era fundamental para o conhecimento da pessoa, Stein sente o grande desejo de conhecê-lo em profundidade. Com tenacidade e determinação, põe-se a estudar toda a literatura existente sobre o argumento. janeiro | fevereiro | março e abril 2016 | 13


Artigo

ética e também à teoria do conhecimento, tinha

para Husserl que está em Friburgo. Depois de um

pouco em comum com a interpretação fenome- período de férias em Breslau, Stein vai para nológica de Einfühlung e, portanto, quase nada Friburgo e frequenta o seminário de Husserl, em comum com o que entendia Husserl” (Stein,

enquanto o mestre lê seu trabalho e ela aguarda

1917/1998, p. 32).

para a defesa oral.

No prazo determinado, novembro de 1914, Stein

Durante esse período, numa certa tarde, Stein

entrega sua produção sobre a empatia e, poste- encontra Husserl e ele lhe diz que está bastante riormente, se prepara para prestar o exame oral de

adiantado na leitura do seu texto e expressa: “Você

Estado, marcado para os dias 14 e15 de janeiro do é uma mocinha muito dotada.[...] Penso somente ano seguinte. Superado o exame, Stein retorna às

que não será possível publicar este trabalho junto

aulas com Husserl, frequentando-as durante o se- com as Ideias no ‘Jahrbuch’. Tenho a impressão de mestre invernal europeu de 1915 . Nesse período,

que você tenha antecipado algumas coisas da parte

pede a confirmação do mestre e orientador para

II das Ideias” (apud, Stein, p. 22-23). De fato, apesar

defender a tese de doutorado sobre o mesmo tema,

de Stein jamais ter lido, enquanto redigia sua tese,

ou seja, a Einfühlung (Stein, 1917/1998).

o que Husserl havia escrito sobre a Einfühlung, ela

Trabalhando sozinha na elaboração de sua tese acaba chegando às mesmas conclusões que o mesaté a Páscoa de 1916, Stein envia-a, por correio, tre, as quais são apresentadas no livro II das Ideias. 14 | Em Família


Artigo

Quando entreguei na Faculdade o trabalho, quer

Um texto considerado original, que segundo Ales

dizer a partir de quando, nas minhas funções de Bello “representa o início do caminho de pesquisa assistente voluntária do meu venerado Mestre, o

fenomenológica [...] no qual se delineia uma

Sr. Prof. Husserl, me foi consentido ver os manus- antropologia filosófica” (Ales Bello, p. 9, in: Stein, critos que se referem à segunda parte das Ideias e 1917/1998) e na visão de Paolo Valori é “uma obra de que em parte tratam das mesmas questões (Stein,

raro valor científico” (Valori, p. 12, in: Stein, 1917/1998),

1917/1988, p. 66) .

que não se limita a ser uma curiosidade histórica,

O texto escrito por Stein é bastante complexo

mas é um tema “central e decisivo para a cultura

e o próprio Husserl “foi obrigada a concentrar a contemporânea” (Valori, p. 13, in: Stein, 1917/1998), atenção na leitura, para que o texto não se tornas- porque abre novas perspectivas em relação a se excessivamente difícil também para ele” (Stein, temática da empatia e traz uma “útil contribuição à 1917/1988, p. 25). pesquisa filosófica” (Valori, p. 12, in: Stein, 1917/1998). Stein defende sua tese no dia 03 de agosto de

1916 , na Faculdade de Filosofia da Universidade de Friburgo, recebendo a qualificação máxima, summa cum laude, e a obra recebe autorização para ser publicada parcialmente no dia 12 de fevereiro de 1917. janeiro | fevereiro | março e abril 2016 | 15


Artigo

O Núcleo Animador em nossas Comunidades Educativas Por Professor Gilmar Miranda

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partir do ano 2012, passou a ser um desafio, para os Educadores da Inspetoria Santa Catarina de Sena, a expressão Núcleo Animador. Era preciso que as Comunidades Educativas se configurassem como um grupo evangelizador, segundo o estilo salesiano. A urgência da organização do Núcleo Animador (NA) impeliu-nos a olhar com mais critério/cuidado a realidade de mundo, a realidade inspetorial e local, a repensar nossa presença junto às juventudes, tendo como ponto de partida a compreensão da sua natureza. O sentido da “urgência” se direcionava para um trabalho em comunhão, insieme, com os leigos e leigas que oferecem à comunidade educativa a contribuição específica do estado de vida laical vivido em família, na profissão e no ambiente sócio-político. Cada qual com modalidades diferentes e convergentes, contribui para a inculturação e o desenvolvimento do carisma. (cf. 16 | Em Família

LOME, 64). Assim, começamos a dar os primeiros passos, buscando fundamentação nas referências das Linhas de Orientação da Missão Educativa das FMA (LOME) para que pudéssemos organizar o NA em nossas Comunidades. No ano de 2013, algumas de nossas Comunidades contavam com o NA, e Ir. Teresa Cristina Pisani Domiciano, na época responsável pela Pastoral Juvenil Inspetorial, organizou um encontro, realizado em 2014, com os Assessores de Pastoral e membros do Núcleo Animador de cada Comunidade Educativa, com o intuito de estudar os fundamentos do NA a partir de documentos referenciais como a LOME e Coleção Pastoral Juvenil/NA - carta nº 6 e realizar partilhas de experiências do NA em nossas Comunidades. Neste encontro, ficou claro que a efetivação da Escola


Artigo em Pastoral passa pelo NA e nos mobilizou a aprofundar o papel do NA em nossas Comunidades Educativas. Com os Documentos Referenciais, entendemos que, na Comunidade Educativa, o NA é um componente essencial, articulado em corresponsabilidade (cf. LOME 72) com todos os outros grupos da comunidade, provocando a experiência da riqueza do Espírito de Família. Neste sentido, nos empenha com um dinamismo vivo para gerar uma Escola em Pastoral que vive a espiritualidade salesiana formando cidadãos ativos para o mundo. O NA é constituído pela comunidade religiosa, pelos pais, educadores, educadoras e jovens cristãos (cf. LOME 61). São pessoas que sentiram o chamado para participar e se comprometer, de modo mais profundo, com a missão salesiana. No NA se aprofundam a vocação e o sentido da missão segundo o Carisma Salesiano. Não se trata de um grupo burocrático, preocupado com horários e, também, não é entendido como uma estrutura formal de governo preocupado em se distinguir hierarquicamente na comunidade, mas sim em ser fermento na massa, atendendo a proposta de Jesus: “Disse-lhes outra parábola: O reino dos céus é semelhante ao fermento que uma mulher tomou e escondeu em três medidas de farinha, até ficar tudo levedado” (Mt 13,33). Na lógica da passagem deste evangelho, afirmamos o NA como um grupo que entendeu sua missão e vocação e vive a alegria do evangelho e o testemunha na própria comunidade, fazendo-a crescer em comunhão, em corresponsabilidade, no convívio fraterno e na esperança – remontando à experiência dos primeiros cristãos que faziam a experiência de viver em comunidade, testemunhando os valores do Reino. Este grupo de pessoas repensa, vive e testemunha o carisma educativo salesiano, a educação evangelizadora, o anúncio explícito de Jesus e a síntese fé-cultura-vida, supondo uma clara escolha de identidade cristã também por parte das leigas e dos leigos. É uma vocação que pertence a quem partilha e assume a missão de testemunhar Jesus com o estilo salesiano. Assim, o NA assume um estilo de vida centrado: a) sobre a Palavra de Deus, força transformadora e fonte

de relações humanas verdadeiras e sinceras; b) sobre a Eucaristia, vínculo de unidade e comunhão; c) sobre a Reconciliação, que contribui continuamente para tecer e refazer as relações abaladas pela fragilidade humana; d) sobre o Olhar de Fé, capaz de reconhecer o que o Espírito Santo está realizando na história das pessoas, das sociedades, dos povos; e) sobre o Dinamismo da Comunhão, que se concretiza na solidariedade com os mais pobres, com quem é excluído das oportunidades sociais; f) sobre a figura de Maria de Nazaré, mãe atenta que acompanhou seu filho na aceitação e realização da vontade do Pai. (cf. LOME, 70). De modo bem particular, o NA olha para Maria, com grande devoção, pois foi Mulher que se abriu com fé e docilidade à ação do Espírito em sua história a favor da humanidade, especialmente dos mais pobres. E nessa direção, o NA também se empenha, a exemplo de Maria, abrir-se com docilidade e fé à, vontade de Deus para este nosso tempo a fim de que o clima de alegria, gratuidade, de solidariedade estimule os membros da Comunidade Educativa a alimentar a esperança na pessoa de Jesus Cristo. Esta é a missão dos membros do Núcleo Animador: indicar a fonte da vida e da esperança para todos. (cf. LOME, 99). Contudo, é importante que os membros do Núcleo Animador vivam de modo profundo a espiritualidade salesiana e se qualifiquem para que assumam, com alegria, a tarefa prioritária de propor aos jovens percursos diversificados que acompanhem o crescimento e a assimilação gradual do projeto de vida cristã. Núcleo Animador que não se empenha nos critérios da espiritualidade, do estudo e do acompanhamento perde a oportunidade de promover a articulação da Escola em Pastoral. Hoje, é tarefa prioritária a constituição do NA em nossas Comunidades Educativas, pois se pretendemos uma escola/obra/missão que viva e testemunhe a excelência evangelizadora, se faz necessário dar os primeiros passos para a formação do NA como sinal do Reino.

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A Misericórdia se fez rosto Por Irmã Célia Apparecida da Silva

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oisés, deslumbrado ante a sarça ardente que não se consumia ouviu, em meio à obscuridade do mistério, a revelação da identidade do Altíssimo: - “Eu sou! ” “Aquele que é” – isto é, o Existente por essência – que o envia para uma missão libertadora junto ao seu povo. Já em tempos de Nova Aliança, o Apóstolo João – águia entre os evangelistas – por sua vez afirma: “Deus é Amor!” (1 Jo. 4, 8.16). Ele é o Existente! Ele é Amor! É Amor subsistente! Amor infinito! Amor criador, salvador, santificador, Amor glorioso e eterno! De fato, Deus é o Existente, o eternamente existente. O conhecimento perfeito, subsistente, que tem de si mesmo reproduz infinitamente a sua essência, as perfeições de seu Ser. Este “pensamento pensado”, gerado – o Filho – é a Palavra-Pessoa que reproduz a infinita perfeição do Existente que a gerou. Esta relação de conhecimento é, simultaneamente, relação infinita e subsistente de Amor entre o que gerou e o gerado. 18 | Em Família


Capa A Pessoa-Amor, o Espírito Santo, é o Amor Infinito que une o Pai e o Filho, eternamente. A relação trinitária de Amor entre as Pessoas Divinas não permanece, porém, fechada, mas se faz possibilidade de existência para seres que, embora limitados pela criaturalidade, são destinados à felicidade eterna na comunhão do Amor. A onipotência amorosa se faz onipotência misericordiosa permitindo-nos passar da possibilidade de ser para a realidade do existir. Ao Amor Infinito do Criador o ser humano, nos albores da criação, responde, porém, com a transgressão. Não obstante a gravidade do pecado humano, a misericórdia de Deus não se deixou vencer. Ela se fez rosto na Palavra Encarnada: Jesus Cristo Filho Unigênito do Pai, nosso Salvador. Na realidade, aos humildes de coração é revelada a beleza da intervenção salvadora do amor misericordioso de Deus. Nazaré, pequeno e esquecido vilarejo da Galileia, será o espaço da revelação grandiosa do Amor que se fez carne no seio virginal da jovem Maria. “O Espírito te cobrirá com sua sombra e Aquele que vai nascer de ti, será chamado, Filho do Altíssimo!”, disse o anjo à jovem Maria. – “Eis a serva”, ela responde, em total entrega ao apelo do Amor. “O seu cântico de louvor, no limiar da casa de Isabel, foi, então, dedicado à misericórdia que se estende de geração em geração” (Lc. 1,50) sobre aqueles que O temem, isto é, àqueles que O amam, O respeitam e fazem a Sua vontade. A face do “Amor-Misericórdia” do nosso Deus irá se revelando sempre mais em Jesus Cristo, seja

Ele é o Existente! Ele é Amor! É Amor subsistente! Amor infinito! Amor criador, salvador, santificador, Amor glorioso e eterno!

na obscuridade de Nazaré – onde Ele crescia em graça e santidade – como nos anos de sua breve vida pública. As parábolas da misericórdia, em suas várias expressões, nos revelam os contornos amorosos do rosto de Deus manifestado na face adorável do Verbo Encarnado: Jesus Salvador. Nessas parábolas, “Jesus desvela a natureza de Deus como a de um Pai que nunca se dá por vencido enquanto não tiver cancelado o pecado e superada a recusa com a compaixão e a misericórdia”, diz a Bula “Misericordiae Vultus” (nº 09). As parábolas da ovelha tresmalhada, da moeda perdida e a do pai pródigo delineiam os traços de um Deus, trasbordante de alegria, especialmente quando perdoa. O Amor-Misericórdia, afirma ainda a Misericordiae Vultus, não é somente expressão do amor de Deus. Este amor que se expressa em gestos de misericórdia torna-se também, diz o documento, “o critério” para individuar quem são os verdadeiros seguidores de Jesus, isto é, aqueles que estão dispostos a perdoar os irmãos não apenas sete vezes, mas “setenta vezes sete” como o próprio Jesus ensinou a Pedro. Não bastasse a agudez e a ternura de sua palavra, no intento de nos convencer da infinitude do Amor-Misericordioso de Deus que cria, que perdoa, o Verbo Encarnado – vindo ao mundo para fazer a Vontade do Pai – levou às últimas consequências a expressão desse agir misericordioso: Jesus Cristo se fez dom, se fez entrega, se fez Cordeiro imolado na Cruz pela redenção do mundo. E para completar a obra misericordiosa de seu Amor Infinito ergueu os olhos ao céu e desculpou diante do Pai os seus algozes: “ Pai, perdoa-lhes não sabem o que fazem! ” Pode, então, do trono glorioso da Cruz, proclamar: - “ Tudo está consumado! ”. Do cimo do Calvário, o Amor revelou a sua janeiro | fevereiro | março e abril 2016 | 19


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verdadeira face: “a Misericórdia, a Compaixão” como Isaías já houvera predito (Cfr. Is. 42). Nascida do Coração traspassado do seu Senhor, compete à Igreja – com gestos concretos – anunciar ao mundo, a todas as gerações que o nome de Deus é AMOR-MISERICÓRDIA. Enquanto o Amor é suscitado pela benevolência, o que move a misericórdia é especialmente a indigência humana que pede compreensão, acolhida, auxílio. “Seio materno” – segundo a expressão de Os. 11,9 – A Misericórdia é expressão do amor visceral, das profundezas do ser que liga a mãe ao seu filho... É expressão do Amor Infinito do Pai que se faz presente nos caminhos da História. Deixemo-nos, pois, “surpreender por Ele”, neste Ano Jubilar na Misericórdia, como insiste Papa Francisco para nos tornarmos progressivamente, 20 | Em Família

pela ação do Santo Espírito, “misericordiosos como o Pai”. Neste sentido, na bela Circular de fevereiro de 2016, Madre Yvonne Reungoat e nossas Conselheiras Gerais nos apresentam, como admirável proposta, um itinerário a ser percorrido ao longo do ano: •Acolher, com misericórdia e humildade a história pessoal, à luz do mistério pascal, renovando a própria vida com motivações evangélicas. •Cultivar, como comunidade FMA e comunidade educativa, relações de “amorevolezza”, de perdão e de reconciliação, com gestos concretos que tornem visível, Jesus, semblante de misericórdia do Pai e permitam crescer numa autêntica experiência de encontro. •Repensar as obras de misericórdia do ponto de vista educativo, à luz do amor do Pai para que tal amor possa ser experimentado em todas as nossas


Capa Proposta da Circular da Madre Yvone Reungoat • Acolher, com misericórdia e humildade a história pessoal, à luz do mistério pascal, renovando a própria vida com motivações evangélicas. •Cultivar, como comunidade FMA e comunidade educativa, relações de “amorevolezza”, de perdão e de reconciliação, com gestos concretos que tornem visível, Jesus, semblante de misericórdia do Pai e permitam crescer numa autêntica experiência de encontro. • Repensar as obras de misericórdia do ponto de vista educativo, à luz do amor do Pai para que tal amor possa ser experimentado em todas as nossas comunidades... “comunidades de mulheres consagradas a serviço da dimensão jovem da Igreja”.

comunidades... “comunidades de mulheres consagradas a serviço da dimensão jovem da Igreja”. “Vocês, mulheres – disse Francisco no 07/02/2015 – sabem encarnar o rosto terno de Deus, a Sua Misericórdia que se traduz em disponibilidade, em dedicar tempo, mais do que ocupar espaços, em acolher em vez de excluir... Apraz-me, pois, descrever a dimensão feminina da Igreja como seio acolhedor que regenera para a vida”. Este Deus de Misericórdia, cuja paternidade experimentamos, o Deus predito pelos profetas, cantado nos salmos, celebrado na liturgia, não é um Deus do passado. É o Deus presente, que nos precede, abre horizontes de esperança à nossa frente, se faz incentivo, alimento e força ao longo dos caminhos. É o Deus do ontem, do hoje, do amanhã e de sempre.

O livro do Apocalipse (3,20), ao falar da intimidade de Deus com o seu povo anuncia a era messiânica (Mt. 8,11), o “dia da salvação”, plenitude da Misericórdia do Pai e no-lo descreve como uma ceia amorosa em que cearemos “Eu com Ele e Ele comigo”... por toda eternidade... Maria, Mãe de Jesus – no qual a Misericórdia se fez visibilidade, se fez rosto – nos acompanhe por caminhos de conversão em busca do alvorecer deste Dia Definitivo, triunfo do Amor-Misericórdia sobre a nossa humana fragilidade. Com a Igreja, nós a saudamos com coração filial: Ave, Mãe do Verbo Encarnado! Salve Rainha, Mãe de Misericórdia!

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Ponto pontode devista vista

Cecília Meireles Por Irmã Olga de Sá

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ecília, eu não te conheci, mas como te amo e te conheço, poeta! Tu me concedeste a tua intimidade no contato com a tua poesia! Não estive lá com tuas filhas e teu marido, enquanto cercaram de carinho os longos meses de tua dolorosa enfermidade. Mas tu, que colhias a realidade, que existe além das barreiras do espaço, terás colhido a presença de todos teus amigos, ao redor de tua agonia. Tinhas amigos de todos os tipos, de todos os credos, de todas as cores mentais... Estávamos todos lá, quando morreste, poeta! Teu talento descritivo, tua poesia por vezes máscula e sem verbos, como teria descrito, se pudesses falar ainda, teu túmulo e a praia rasa e sem terra, que recebeu o teu corpo inerte, nessa forma 22 | Em Família

moderna de engavetar os mortos! A não ser que a terra boa, a terra mãe tenha se unido ao poeta... Acabou-se também para ti a última porta do cenário desta vida que nos absorve, mas que tu já vias através... porque eras mulher e eras poeta. O resto, porém, não é o chão do abandono. A poesia é teu sinal do lado de lá. És poeta, Cecilia. Nenhum abandono jamais poderá atingir-te. Tu tornaste nossa vida transparente, pela densidade de tua própria solidão e nos ensinaste que um poeta não dorme nunca, não necessita de sono. Tu vigiaste, por nós; foste sentinela dos valores humanos e nos provaste que o espírito é que explica os caminhos da matéria. Tu foste um clarão, que iluminou os meandros da visão do mundo...


Pontode devista vista ponto Não acuso. Nem perdôo, Nada sei. De nada. Contempla. Quando os homens apareceram, eu não estava presente. Eu não estava presente, quando a terra se desprendeu do sol. Eu não estava presente quando o sol apareceu no céu, eu não estava presente. Como hei de acusar ou perdoar? Nada sei. Contemplo.

Agora sabes. Agora estás presente E na vida também soubeste amar e perdoar. Tua poesia, depurada e translúcida, tua música de versos, tua mensagem viril, quando cantas a essência intuída dos seres e tua voz feminina, quando colhes a ternura neles escondida, tua poesia serena e vibrátil, é o teu perdão sobre nós, Cecilia. E também nos ensina a perdoar. A cadeia de intuições que a tua poesia gera no mundo é a tua herança para sempre. Tua poesia difícil, segundo a expressão de alguns, é o teu presente para o homem de todos os tempos e, sobretudo, para os que se exprimem em língua portuguesa. Tu não morreste, Cecília! Basta lembrar teu sorriso que não conheci senão através de retratos. Dizem que eras encantadora e Paulo Rónai, esse teu grande Amigo, quase disse que eras feiticeira.

Não acuso. Nem perdôo, Nada sei. De nada. Contempla. Quando os homens apareceram, eu não estava presente. Eu não estava presente, quando a terra se desprendeu do sol. Eu não estava presente quando o sol apareceu no céu, eu não estava presente. Como hei de acusar ou perdoar? Nada sei. Contemplo.

Quem falou de primavera sem ter visto o teu sorriso, falou sem saber o que era. janeiro | fevereiro | março e abril 2016 | 23


Ponto de vista

Santa Maria Domenica Mazzarello: ensinamentos de uma vida em misericórdia Por Wellington de Oliveira CONSIDERAÇÕES INICIAIS “Coragem, coragem e sempre com grande alegria; pois este é um sinal de um coração que ama muito ao Senhor” (Carta 60). É com esta coragem e alegria constantes que Santa Maria Domenica Mazzarello viveu a espiritualidade salesiana e traduziu o Sistema Preventivo no feminino com fé e radicalidade evangélica. Neste tempo em que o Papa Francisco nos exorta a viver o “Ano da Misericórdia”, parece-me interessante refletir sobre o quanto Madre Mazzarello experimentou da misericórdia e a transmitiu em suas ações. Faz-se fundamental esclarecer que nas cartas de Madre Mazzarello não encontramos doutrinas sobre a Igreja. A Madre não produziu intelectualmente como as doutoras da Igreja, Santa Catarina de Sena e Santa Teresa. Entretanto, o que encontramos na vida dela é

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Ponto de vista uma maneira de viver a misericórdia, em consonância com sua experiência com o mistério de Deus. É no itinerário espiritual de Madre Mazzarello que se fazem presentes as lições da eclesialidade. No momento em que se aproxima a festa de Madre Mazzarello, a proposta deste texto é refletir sobre a misericórdia a partir das lições de sabedoria extraídas da experiência vivida pela Santa, que ainda hoje nos proporciona novas descobertas. O PRINCIPIO DA MISERICÓRDIA A misericórdia revela-se em um movimento que nos aproxima de Deus, cuja expressão maior é a própria misericórdia, de Jesus, o homem misericordioso por excelência, e da ação do Espírito Santo que inspira o agir do cristão como seguimento lúcido de Jesus, iluminando a verdade, desmascarando a mentira e desvelando a misericórdia. A Misericórdia de Deus é a perfeição da Sua ação, que se debruça sobre nós, seus filhos, com o objetivo de nos retirar da miséria e de completar as nossas falhas − é a Sua vontade de nos fazer o bem auxiliando-nos a corrigir as imperfeições que por nós mesmos não teríamos condições de fazê-lo. O ato singular de misericórdia é a compaixão, e o estado imutável de compaixão − a misericórdia.

Como bem nos ensina o Padre Miguel Sopocko , a bondade Divina é a misericórdia que cria e que doa. A liberalidade Divina é a misericórdia que favorece generosamente, sem méritos; a providência Divina é a misericórdia que vigia; a justiça Divina é a misericórdia que nos permite recomeçar; finalmente o amor de Deus é a misericórdia que se compadece da miséria humana e nos atrai a si. Em outras palavras, a misericórdia Divina é a motivação principal da ação de Deus para fora, ou seja, constitui a fonte de toda obra do Criador. Deus não exige perfeição, Ele exige compromisso com a santidade! Ele não nos pede para nunca mais errarmos. Pelo contrário, Ele é capaz de nos olhar com bondade, acolher e amparar, desde que sejamos fiéis. E fidelidade não é perfeição, fidelidade é o compromisso com a Verdade, com a Vontade de Deus. Fidelidade é ser inteiro de Deus, é ter a mais pura intenção de amá-lo em toda e qualquer circunstância. É ter a coragem de levar a palavra que é vida para além das condições politico-sociais. Como nos ensina Sobrino (1992) , a misericórdia carrega em si um duplo movimento que congrega ética e espiritualidade. A ética revela-se para este autor como uma atitude fundamental face ao sofrimento humano que deve ser erradicado pelo

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Ponto de vista simples fato de que exista tal sofrimento. Não se trata somente da erradicação do mal, mas também, sobretudo da busca de ver o outro a partir de um processo de humanização em que a solidariedade é compartilhada. Nas palavras de Sobrino, trata-se do imperativo ético de “descer da cruz os povos crucificados”. A misericórdia aponta para uma ética da alteridade, da qual emerge a historização do ser humano nos níveis da vida, justiça e dignidade humana. O exercício desse processo de humanização dá curso à espiritualidade, que coloca com nitidez o ser humano diante do mistério do humano e do divino. MADRE MAZZARELLO: A MISERICÓRDIA NA ALTERIDADE E NA FÉ Podemos dizer que o fio condutor dos ensinamentos de Madre Mazzarello é a experiência da misericórdia de Deus que sempre socorre o ser humano. Ela descreve em suas cartas uma experiência que se move entre alegrias e dores, que podem e devem ser superadas pela fé em Jesus, como aponta em sua Carta 49, “Vivam de tal modo que Jesus possa se sentir bem no meio de vocês”. O empenho, quase insistência, de Madre Mazzarello consiste em que suas filhas estabeleçam uma amizade com o Jesus, que está empenhado em minorar o sofrimento pessoal e gerado nas relações humanas; que valoriza as mulheres; solidário com os pobres e enfermos; este Jesus que repete

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“não tenhas medo” e liberta; que cura e fortalece; ama e perdoa. Como a Madre mesmo dizia: “Coragem. É verdade que não somos capazes de nada, mas, com a humildade e a oração teremos o Senhor perto de nós. E quando Ele está com a gente, tudo vai bem”(Carta 42). Em tempos de crise de fé, de emergência de religiosidades difusas, de espiritualidades parciais, Madre Mazzarello está nos convidando a encontrarmos o Deus vivo e verdadeiro, que provoca uma espiritualidade concreta. A experiência que Ela fez da misericórdia tornou-a misericordiosa. Na base desta experiência Ela sente que o Senhor tem o coração voltado às misérias humanas, por isso pode curar, libertar, cuidar e acolher quem caiu. “Com muita naturalidade, ela aproveitava de tudo para falar de Deus e levar as pessoas a amá-lo alegremente.” (Maccono, II 191). Através de Jesus, Deus se aproximou da humanidade enchendo de alegria e esperança a nossa vida. A experiência de misericórdia vivida por Madre Mazzarello não se funda num sentimento de vontade pessoal, numa disposição interior ao otimismo, mas na pessoa de Jesus, que é garantia de espera para o futuro. A misericórdia revelava-se na confiança e na alegria, que derivam do fato de viver em comunhão com Jesus e com os outros. Nunca sozinha, mas com o outro e para o outro. Este caminho foi bem apontado por Deleide (1995) quando mostra que a Madre estava sempre disponível à escuta,


Ponto de vista sabia valorizar as pessoas, levando a sério pequenos problemas. A autora extrai da Cronistória um dizer da Madre que ilustra bem esta sua disposição à alteridade. “Veja bem, aquilo que para você parece uma coisinha de nada, na verdade faz sofrer, e muito, a quem o traz no coração” (Deleide, 1995, p.62) . A misericórdia encontra-se no gesto do amor, pois quem quer ser amado deve demonstrar que ama. Jesus Cristo fez-se pequeno com os pequenos e carregou as nossas fraquezas. Quem sabe que é amado, ama; e quem é amado alcança tudo, especialmente dos jovens. A misericórdia na vida de Madre Mazzarello aprofundava-se na experiência ética e espiritual do acolhimento, pois Ela era “(…) rica de intuições que lhe permitiam perceber o outro em sua realidade, aceitá-lo e guiá-lo gradativamente à santidade. Dessa forma, revelou-se educadora, serviu-se de expedientes simples e corriqueiros, para estabelecer aquele relacionamento inicial que marcava o começo de uma caminhada a dois.” (Deleide, op.cit., p.61) MADRE MAZZARELLO UM CORAÇÃO MISSIONÁRIO E MISERICORDIOSO A experiência missionária é misericordiosa em sua essência, pois nos convida com palavras e gestos a repetir o encontro com as atitudes de Jesus, alteridade e gratuidade.

Nosso Instituto nasceu da visão missionária de seus fundadores, pois D. Bosco e Madre Mazzarello reconhecidamente nutriram desejos de transformação dos contextos em que se inseriam os jovens de sua época e da força de suas convicções locais e do mover do Espírito brotou o desejo de expandir os campos justificando assim a ação missionária que vivemos hoje. Madre Mazzarello realizou o serviço missionário instituindo novas comunidades fraternas, que ofereciam o testemunho da universalidade da Igreja e da fraternidade pela perspectiva expansionista do Instituto que fundou, sempre atenta às manifestações da vontade de Deus, e, portanto, desprendida, disponível e pronta a arriscar-se em novas tarefas. Ser missionária nessas novas comunidades era propor gestos de misericórdia por meio da Palavra de Deus, estar disponível para partilhá-la e ao mesmo tempo disponível para escutá-la através dos outros e das suas culturas e tradições religiosas. Maria Ko recupera em Maccono uma declaração de Madre Mazzarello que sinaliza a beleza desta missão. “ Se aquilo que Dom Bosco diz se cumprir, a nossa Congregação está destinada a se expandir pelo mundo inteiro(…) porém, se nós queremos que se mantenha nela o mesmo espírito e sempre se faça um grande bem, é preciso que nós, as primeiras, sejamos (…) o espelho no qual aquelas que vierem depois possam ver resplandecer o verdadeiro espírito do Instituto. (…) Seguindo o

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Ponto pontode devista vista

nosso exemplo, poderão continuar mantendo vivo entre elas, o verdadeiro espírito do Instituto (KO, 1995, p. 161). A Madre nos ensinou que ao priorizarmos a paixão por Deus e pelos jovens geramos gestos de misericórdia, além das fronteiras demarcadas do Instituto, que transparece o bem comum, e uma melhor qualidade de vida através de uma presença efetiva na educação dos jovens amparada por valores humano-cristãos. Esse movimento missionário revela-se na ação 28 | Em Família

educativa que desenvolvemos hoje e deve ser a expressão do “projeto fundador” do Instituto. Por isso, precisamos compreender cada vez mais, aprofundar, reinterpretar essa paixão educativa missionária à luz da realidade de hoje, de nossas diferenças, e partilhar para dela nos alimentarmos como missão. “Não poderemos reconhecer a sede de Deus nos jovens se nós não a experimentarmos primeiro; nem poderemos ser audaciosos em nossas opções educativas se não nos formamos e cultivamos o nosso espírito.”


Ponto de vista

O encontro com o Deus da Vida é inseparável do encontro com as pessoas. Foi assim que Madre Mazzarello nutriu-se de coragem para assumir com suas filhas um dinamismo missionário de colocar-se em campo, de sair, de romper fronteiras, constituindo o Instituto uma comunidade em saída. A comunidade em saída é o signo da misericórdia, pois se reveste de uma disposição para conversão pastoral em que se amplifica a escuta da alteridade, uma vez que na conversão pastoral se consolida aquilo que eu percebo de diferente no outro, na

possibilidade de tradução da alteridade e na transmissão da alteridade. A diferença se coloca, então, fundamental para a conversão pastoral, pois o que eu encontro de produtivo é a diferença. Por isso, ir ao encontro do outro é não só assumi-lo como alguém capaz de produzir diferenças, como também estar desarmado de meus próprios preconceitos para poder influenciá-lo ao mesmo tempo que me deixo influenciar por ele. Evangelizar então, produz gestos de misericórdia que evidenciam as contradições do mundo, pois todos os valores e relações de espaço-tempo e dos conteúdos de sentido concentram-se em torno desses componentes centrais emotivo-volitivos: eu, o outro e eu para o outro. É esse apelo missionário do Instituto que nos impele a sair pelo caminho como aqueles que mudam o coração e a mentalidade. Essa mudança janeiro | fevereiro | março e abril 2016 | 29


Ponto de vista não é simples, pois implica a coragem de mudar sempre, de recomeçar quando necessário, de se abrir para que o Espírito através da mudança conduza o caminho. As transformações oriundas dessa coragem de mudar determinam que cultivemos um olhar para as pessoas com amor e positividade sobre as pessoas e as coisas. Todavia, esse olhar não é algo que nos é inerente, antes desvela-se como fruto de busca e descoberta com e no Espírito em uma postura autorecursiva de aprender e desaprender. Eis aí a misericórdia revelando-se no espírito missionário. Esse olhar de/para misericórdia nasce na espiritualidade e identidade do carisma, mas se fortalece na experiência pessoal e comunitária do amor de Deus e realização na missão. No Amor misericordioso de Deus encontramos o alicerce da identidade FMA e a atualização da herança espiritual e apostólica que Madre Mazzarello nos deixou. A experiência pessoal e comunitária da misericórdia ativa de Deus é a fonte do nosso testemunho do Evangelho, a forma da nossa missão e a essência da nossa pastoral, que nos faz superar uma visão instrumental do relacionamento com a juventude para reconstruí-lo na oportunidade de uma comunicação dinâmica e alinhada com as novas formas culturais dos jovens. Uma identidade missionária constrói-se através de um longo processo de autoconhecimento e de descoberta de um conjunto de características que

“Coragem, coragem e sempre com grande alegria; pois este é um sinal de um coração que ama muito ao Senhor” C arta 60

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vão sendo reconhecidas como distintivas e, às vezes, em contraponto ou mesmo oposição a outras. A afirmação de traços únicos vai edificando uma identidade própria que permite ao grupo se reconhecer como próprio e distinto dos demais, originando um sentido de pertença. Para nós este traço distintivo está na alegria, pois ela “é a primeira condição para que o coração esteja em paz, a mente tranquila e segura de estar bem com Deus e com os outros. A alegria é experiência de seu amor terníssimo; por isso Dom Rua sublinhou: “É preciso que procureis, de fato, crescer no amor divino.” Madre Mazzarello manteve no ambiente educativo da missão a célula da alegria: “Ficai sempre alegres, amai-vos todas no Senhor” (C 22); “longe a tristeza que é a mãe da tibieza” (C 27). Dirigindo-se às postulantes e às alunas, escrevia: “Quero que sejam boas e alegres, que corram, que riam, que cantem, etc.” (C 49). Mais do que simples recomendações, a Madre disseminava entre suas filhas sinais de uma alegria proveniente de uma profunda experiência de Deus e que se alimentava de esperança. O clima espiritual de Mornese era de alegria que não só figurava com relevância na vida da Madre, mas continuou se propagando por todo o Instituto em seus mais variados campos de missão em gestos de misericórdia. PALAVRAS QUE NÃO SÃO FINAIS A santidade de Maria Domingas se expressa na vida diária, em pequenas coisas feitas com grande coração para aqueles que amam com o coração. Uma santidade que é combinada no compromisso de trabalho diário realizado com facilidade e alegria, com olhar atento para os outros, em solidariedade com as suas alegrias e tristezas. Precisamos nos perguntar se esta santidade ainda é viável para os jovens hoje. A situação dos jovens no mundo de hoje não é a mesma do contexto em que nossa fundadora viveu. Há em nosso tempo uma complexidade de questões sócio-históricas e


Ponto de vista culturais que têm levado nossos jovens a Madre Mazzarello com sua fé em Maria buscou um sofrimento ético-político marcado pela a Sua colaboração para comunicar às primeiras desesperança e pelo Irmãs e depois ao mundo o amor de Jesus como desencanto do ser nesse mundo. Embora os fonte de esperança e de alegria verdadeira. contextos tenham se Nossa missão como Instituto será sempre modificado exigindo respostas diferencia- fecunda, porque está modelada neste exemplo das, os ensinamentos que cantou singularmente a misericórdia. sobre a misericórdia que extraímos da vida dadãos, nos pede mudanças quanto aos atuais mode Madre Mazzarello ainda são atuais, pois consisdos de viver e trabalhar, (...) comprometendo-se tem em produzir nos jovens a esperança, dar a eles motivos de esperança para estarem e viverem com com os valores e os problemas dos quais os Cristo. jovens são portadores.” A partir do itinerário espiritual de Madre Esse agir em misericórdia repleto de esperança Mazzarello podemos inferir que ser misericordioso e alegria fortalece um estilo de animação em que é não agir somente com palavras, mas principal- os valores institucionais são vitais. Nossas comunimente com gestos, como Jesus. Nós mesmos, como dades educativas devem se empenhar, então, perJesus, precisamos ser um espaço de encontro, para manentemente, por constituírem-se em comunique a misericórdia, chegando ao coração daqueles dades nas quais o Evangelho e o carisma salesiano que a buscarem, possam ter a certeza do amor de sejam traduzidos à linguagem e aos desafios de ser Deus e assim passem a viver em plenitude e profun- e estar com os jovens. Estes elementos são vitais e didade esse amor em suas vidas. orientam permanentemente o nosso ideal de ser Madre Mazzarello foi escolhida por Deus para en- humano e de sociedade; nosso jeito de educar, de sinar um caminho de santificação a ser trilhado por pesquisar, de aprender e de partilhar o conhecinós, seus exemplos de viver com Cristo determinam mento; nossos processos pedagógicos, de planetodo o seu ser e suas ações. Esses exemplos nos jamento, de formação e avaliação; nossos posicioremetem a um caminho educativo de conversão. namentos políticos, opções estratégicas e sociais; Esse caminho de conversão pastoral exige do nosso jeito de administrar, de conviver e de se relaagir em misericórdia uma mudança de perspectiva, cionar com a pluralidade; nosso jeito de celebrar e que se caracteriza pelo cuidado na condução do de dar sentido à vida em suas diversas dimensões. processo de educação e evangelização, para que Madre Mazzarello com sua fé em Maria buscou este se desenvolva de forma sistematizada, orgâ- a Sua colaboração para comunicar às primeiras nica, progressiva e permanente, apropriando-se de Irmãs e depois ao mundo o amor de Jesus como metodologias diversificadas, com a finalidade de fonte de esperança e de alegria verdadeira. Nostornar a mensagem cristã significativa e eficaz em sa missão como Instituto será sempre fecunda, realidades e públicos específicos. Haja vista que “o porque está modelada neste exemplo que cantou crescimento humano, moral, espiritual e social dos singularmente a misericórdia. jovens, para que sejam bons cristãos e honestos cijaneiro | fevereiro | março e abril 2016 | 31


Entrevista

Entrevista

COM ANDERSON AUGUSTO DE SOUZA PEREIRA Anderson Augusto de Souza Pereira é o autor do cartaz da Campanha da Fraternidade 2016 e, de forma descontraida, contou à Revista Em Família como se inspirou para criação da Arte.

Fale-nos de sua infância? Nasci em Miradouro, Minas Gerais, uma cidade bem pequena. Aos dois anos de idade, minha família mudou-se para Muriaé, onde vivi minha infância e juventude até os 17 anos, junto com meus sete irmãos. Uma família muito simples. Meu pai, caminhoneiro e minha mãe, dona de casa dedicada aos filhos. Desde cedo, aprendemos o que é partilhar, pois sempre tinhamos que pensar se ainda faltava alguém para comer. Mas, uma infância muito alegre, com muita brincadeira na rua, muita amizade e companheirismo.

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Qual sua formação? Fiz Ensino Médio em Muriaé e o concluí no seminário, junto aos Missionários do Sagrado Coração. Cursei Filosofia e Teologia e completei a graduação em Teologia pela PUC Rio. Durante o estudo, em São Paulo, fiz o primeiro módulo de desenho numa escola de Artes. Não pude completar o curso. Fui mais um autodidata. Você já participou, como ilustrador, em vários Movimentos, eventos sociais e de formação popular em São Paulo. Como é este trabalho? Durante muitos anos, colaborei com artes para carta-


Entrevista zes de Movimentos Sociais, Romarias dos Trabalhadores, Grito dos Excluídos, Pastoral Operária, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, dentre outros. Também conheci o grupo do MARCA, Movimento dos Artistas da Caminhada, participando da elaboração de vários painéis para os Cursos de Formação em São Paulo. Ultimamente, também tenho ilustrado livros de formação bíblica para algumas editoras católicas. Desde 1990, você faz parte do MARCA, em que consiste este movimento? O MARCA é um grupo que surgiu na década de 80, a partir do desejo de articulação de artistas de várias áreas presentes em diversos eventos e cursos de formação popular e intereclesiais. Em um desses encontros, nasceu a ideia de articulação dos artistas com o intuito de fomentar a Arte e a Cultura e refletir sobre a importância da Arte no processo de evangelização e educação. Meu primeiro contato com o MARCA foi por meio do Frei Domingos Sávio, durante o Curso de Verão, em São Paulo, nos anos 90. Neste curso, planejamos vários encontros para partilha das

experiências, articulação do grupo e planejamento de atividades de Arte e Cultura em vários cantos deste país. Fizemos boa amizade com o grupo de solidariedade italiano, Ca’Forneletti, que levou integrantes do MARCA para vários intercâmbios de Arte e Cultura entre Brasil e Itália, como instrumentos de propagação da solidariedade entre os povos. Hoje, os artistas do MARCA se empenham em vários projetos de Arte e Cultura, propondo uma Arte a serviço da educação popular, a partir da mística de solidariedade e libertação. Quais de suas produções artísticas, você destaca? Destaco os painéis em grandes proporções, como os do Curso de Verão, processo criativo que me ensinou muito, pois me despertou a criatividade. Ajudou-me a superar o medo de expressar-me e colocou-me diante de uma produção de arte coletiva, menos individualista e dialogal, um pouco no estilo do muralismo mexicano, com temáticas educativas e questionadoras. Você foi um dos idealizadores da Casa de Cultura Cidade de Deus, qual seu sonho em relação a ela? Como missionário do Sagrado Coração tive o privilégio de conviver com pessoas das comunidades na Cidade de Deus: uma periferia do Rio, marcada por uma história de êxodo, abandono e poder dominante do tráfico de drogas. No entanto, uma comunidade muito rica de pessoas acolhedoras, alegres, extremamente generosas e rica de artistas e lideranças, muito engajadas na luta por melhores condições de vida e, sobretudo, na resistência em poder conviver com tantas injustiças, violências e abandono do poder público. Aprendi a amar muito aquele povo e descobri pérolas de arte e cultura impressionantes naquele lugar. Utilizei como espaço de trabalho uma casa desocupada, que foi moradia do primeiro e grande missionário da Cidade de Deus, Pe Júlio Grooten, e que abrigou o projeto Casa de Cultura Cidade de Deus, aberta a cursos de arte e promoção da cultura, exposições, cursos profissionalizantes e projetos de preservação da memória da comunidade. Preservar a memória, por meio das histórias das pessoas com seus testemunhos de vida e resistência, é nosso grande desafio. Um povo sem memória se perde na compreensão de sua identidade e não faz história.

janeiro | fevereiro | março e abril 2016 | 33


Entrevista Em que Movimentos Sociais Educativos você atua? Hoje, colaboro com a formação bíblica nas comunidades da periferia de Juiz de Fora, Bairro de Santa Cruz e iniciei Cursos de Arte no meu espaço de trabalho. Tenho colaborado com reflexões em Escolas sobre a Campanha da Fraternidade 2016. Ao mesmo tempo, acompanho um assentamento do MST, Dênis Gonçalves, em uma fazenda histórica, numa cidade vizinha e que estava abandonada há muitos anos. Nosso desafio, além Projeto ENERA II da luta por qualidade de vida das famílias assentadas, da construção de escolas e postos de saúde é a preservação do riquíssimo patrimônio histórico da fazenda, com elementos do período colonial, escravocrata, auge e declínio do período do café, além das belezas naturais e de seu importantíssimo ecossistema. e

Há trinta anos, você pinta painéis para o Curso de Verão, promovido pelo CESEEP, conte-nos, um pouco, desta participação. O Curso de Verão, promovido pelo CESEEP, é um espaço rico de educação, formação e fortalecimento de uma espiritualidade ecumênica e comprometida com a transformação social. Cada temática começou a ser ilustrada em grandes painéis, concebidos de forma coletiva, e pintados em mutirão, devido ao tempo curto de execução e à sua grande dimensão, mais ou menos uns 35 metros quadrados. Assim, nos reuníamos antes do curso e nos debruçávamos – literalmente – durantes semanas, pintando numa grande tela esticada no chão. Atualmente, esses painéis compõem o fundo do teatro do TUCA, local das palestras e momentos celebrativos. Como você se inspirou para criação do cartaz da Campanha da Fraternidade 2016? Eu me dei conta do concurso para o cartaz da CFE 2016 por meio de amigos que me incentivaram a enviar uma proposta. Como já estava no limite do prazo para envio de uma proposta, fui ver meus trabalhos e me deparei com um que eu tinha feito e ainda não tinha sido publicado. Quando vi aquele rosto e os elementos, percebi que estava muito dentro do espírito da CFE. Após a aprova34 | Em Família

Sementes do Cuidado


Entrevista ção pela Comissão Organizadora, refiz a arte com mais calma e resultou no que foi utilizado. Como a temática é bastante dura e a realidade bastante desoladora, preferi um cartaz que expressasse esperança e nos motivasse ao sonho de um mundo diferente, marcado pelo cuidado e pela harmonia dos elementos. O Olhar da humanidade atento e esperançoso de ver este sonho de uma casa comum revigorada e restaurada, a partir das nossas atitudes e responsabilidades assumidas. Quais os desafios trazidos pelo tema “Casa Comum, Nossa Responsabilidade” para o atual contexto brasileiro? O grande desafio é passar da reflexão e celebração, dos estudos e análises do VER das questões ambientais, para ações concretas e articuladas, com raízes locais, mas sempre com o olhar em horizontes mais distantes, que desencadeiem políticas públicas sérias e transparentes, tanto nacionais como globais e nos apontem novas formas de convivência entre nós e com toda a criação. Aí nasce um grande questionamento: que tipo de desenvolviBrincando com o fio da liberdade mento nós queremos? Ou melhor, o que é desenvolvimento nos tempos atuais? Você pretende expor seus trabalhos? Por coincidência, meus trabalhos estão sendo expostos, pela primeira vez, em conjunto, na Cidade de Juiz de Fora, no Centro Cultural Bernardo Mascarenhas, com o título “O Sagrado do Cotidiano” de 2 de abril a 1 de maio deste ano. É uma coletânea de mais de quarenta obras de tempos, técnicas e temáticas variadas. Se surgirem outras oportunidades, poderemos remontar a exposição em outros ambientes. Qual mensagem você deixa para os leitores da Revista Em Família? Antes de mais nada, um terno agradecimento por poder me expressar por este meio de comunicação. E desejo a todos que incentivem a arte, nas suas variadas formas, como parte de seus cotidianos, em todas as idades. Quando crianças, somos apaixonados pela Arte e temos prazer nas cores e nas tintas. Depois, crescem com a gente o medo e as cobranças e a Arte começa a ser rara em nossas vidas e nosso mundo fica mais cinza, mais triste, mais reto, mais monótono... Deus nos colocou como jardineiros e cuidadores de seu grande jardim que é este mundo, nossa Casa Comum. A Arte nos transforma, nos sensibiliza e nos faz mais encantadores e promotores dos sonhos de um mundo mais fraterno, solidário e justo para a toda a criação. Mãos às obras, juntando o belo ao justo e ao ético! Painel do Curso de Verão janeiro | fevereiro | março e abril 2016 | 35


Registro

A Paixão de Cristo segundo os estudantes do Colégio de Santa Inês Por João Carlos Teixeira

A

encenação da Paixão de Cristo é a apresentação

pais, funcionários e público em geral.

teatral que narra a história de Jesus, em especial

As três apresentações, organizadas pela Pastoral

os acontecimentos relativos à condenação, morte na

do Colégio, não tiveram a pretensão de ser uma obra

cruz e sua Ressurreição. Trata-se de uma atividade

produzida por profissionais cênicos para entreter

tradicional na religião católica, realizada há centenas

o público. Não se está, afinal de contas, falando de

de anos em diversas partes do mundo.

uma companhia de teatro, mas sim de uma atividade

No Brasil, sua prática tem raízes em contextos

pastoral, e como tal, o único objetivo é de ser um

religiosos populares, seja em regiões rurais ou

momento privilegiado de contato com o Cristo, tanto

periféricas de grandes metrópoles. Certamente, por

para os alunos quanto para os espectadores. E a

isto, cidades do interior do país ganham relevância

reação de quem viu, de quem preparou e, acima de

nesta época do ano com suas apresentações que

tudo, de quem atuou, atestam que este objetivo foi

contam com dezenas de milhares de espectadores,

alcançado.

produções abastadas e, em muitos casos, elenco com

Encenada na Semana Santa, a atividade conferiu

atores protagonistas de novelas de sucesso. No sertão

aos espectadores a possibilidade de dar forma às

de Pernambuco, próximo à cidade de Brejo de Madre

palavras: “Durante a Liturgia da Sexta-feira Santa,

de Deus está a mais famosa representação da Paixão,

enquanto ouvia o Evangelho que narra a sequência

a de Nova Jerusalém.

da traição e morte de Jesus, vinha sempre em minha

Os estudantes do Colégio de Santa Inês, em apenas sete ensaios e muito esforço, se dedicaram a recontar a Paixão de Cristo para colegas de turma, professores,

36 | Em Família

mente as imagens da encenação dos alunos”, disse a Irmã Nilza Fátima de Moraes, diretora do Colégio. A palavra representação está ligada ao conceito


Registro

semiótico de símbolo, ou seja, tratar de um assunto

para a ampliação da percepção sobre o que Deus nos

por meio de algo que o signifique, que lhe confira

fala através das Sagradas Escrituras.

significado. A leitura e a escuta das Sagradas Escrituras

Longe das academias, distante também das

e, de modo especial os quatro Evangelhos, além de

catacumbas e com uma produção bem mais modesta

nos comunicar o próprio Deus, nos fazem imaginar

que a de Nova Jerusalém, porém, muito próximo

cenários, acontecimentos e personagens que tiveram

no sentimento de entender e expressar o sagrado,

a oportunidade de testemunhar e protagonizar a

nossos alunos recontaram o momento mais sublime

história da Salvação humana. A tradição iconográfica

de nossa fé, permitindo-se serem instrumentos

cristã colaborou para a difusão das sagradas escrituras

de comunicação divina ao narrar a epopeia de um

entre populações analfabetas, além de perpetuar

Deus que veio ao mundo, falou de amor, foi traído,

tais narrativas para a posteridade. Assim, graças a

caçado, torturado e morto, mas que, ao terceiro dia,

inscrições em paredes de catacumbas, sabemos que

ressuscitou, e com Ele renasceu nossa esperança do

já no século III os fiéis compreendiam Cristo como

Reino de justiça e paz.

Bom Pastor, por exemplo.

Para eles, e para muitos dos que os viram, a páscoa

Assim também, a Anunciação, pintada por Fra

nunca mais terá o mesmo sabor. Nem sabor de

Angélico, pode ilustrar o momento em que o Anjo

chocolate, nem sabor de evento que acontece e

Gabriel revela a Virgem Maria sobre a Concepção, e

ninguém entende. A páscoa será Páscoa.

nos detalhes da Pietá, de Michelangelo, sentimos a dor de uma mãe que tem nos braços o corpo de seu filho amado. A arte sacra, portanto, sempre colaborou

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Registro

Instituto São José 90 anos semeando sonhos e cultivando realizações Por Irmã Célia Apparecida da Silva

90 anos semeando sonhos e cultivando realizações! 90 anos de presença significativa na sociedade joseense pela educação de qualidade que soube propor e fazer acontecer! Filhas de sonhadores – Dom Bosco e Madre Mazzarello – as Irmãs Salesianas, fundadoras do Instituto São José, revelaram sempre, em seu agir profético e corajoso, a marca empreendedora de seus pais espirituais. Empreendedor, de fato, é aquele que sonha alto e tem a capacidade de lutar, de transformar seus sonhos em realidade não obstante as dificuldades que encontra. A enfermidade que retinha Ir.Assunta Surblad e Ir.Rosalina Frazão em S. José dos Campos para trata38 | Em Família

mento de saúde não foi, para elas, impedimento de sonhar com a educação de crianças e de jovens em um belo Colégio, então existente apenas em suas cogitações.... A doença contra a qual lutavam não foi obstáculo intransponível para que procurassem caminhos para a realização desses sonhos: propiciar condições educativas para que crianças e jovens se tornassem “bons cristãos e honestos cidadãos.” O projeto grandioso, o sonho amplo e tão alto parecia destoar da real possibilidade física daquelas sonhadoras... As próprias Superioras percebiam este descompasso e procuravam dissuadir as teimosas sonhadoras de seus intentos.


Registro Com a bênção de Deus e a proteção de Nossa Senhora Auxiliadora, venceu, porém, a firmeza da FÉ sobre a qual se ancorava a insistente ESPERANÇA das Irmãs. De fato, o santo Monsenhor Filippo, de Guaratinguetá, havia dito à Irmã Rosalina ainda enferma: - “Você tem ainda muito trabalho a realizar!” Em célere processo de restabelecimento físico Ir. Frazão, com a intercessão de Ir. Marcina, já no céu, com a parceria das Autoridades locais , o grande apoio do Pároco e a materna compreensão das Superioras, viu seu sonho fazer-se, aos poucos , realidade: a 08 de março de 1 926 foi inaugurado – sob a direção das Irmãs Salesianas, o EXTERNATO SÃO JOSÉ, situado à Avenida Nelson DÁvila, esquina com a Dolzani Ricardo Mais uma vez ecoava na mente e no coração de Ir. Rosalina Frazão as palavras de Monsenhor Filippo: - “Trabalhe, minha filha, a obra é de Deus. São José será seu protetor na vida e na morte!” Centro de estudos – Escola Infantil, Primária e Ginasial conforme a terminologia da época – o Externato se tornava, sempre mais, um ambiente de encontro, de diálogo, de recreação, de esportes, de alegria, de cultivo das artes: teatro, música, poesia, pintura, bordado... Ambiente convidativo para o conhecimento de Deus, da sua Palavra e do exercício da fraternidade solidária Ambiente de família! A justa valorização do trabalho educativo das Irmãs se manifestava na intensa procura de vagas em nossa Escola para atender a demanda da sociedade. Novamente a força do sonho impulsiona a ação criativa das Irmãs a fim de responderem às urgências da educação nesta cidade: era preciso um novo espaço, muito mais amplo para acolher a amplitude dos sonhos educativo-pastorais que traziam na mente e no coração. Esplanada, bairro novo, promissor, convidativo, foi a meta a conquistar.Área ampla, bem situada, janeiro | fevereiro | março e abril 2016 | 39


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providencialmente próxima da Paróquia Salesiana Sagrada Família! Aí, a nova etapa do sonho poderia tornar-se realidade! E assim foi! No 1.o de outubro de 1 966 , inaugurado o novo belíssimo prédio, o INSTITUTO SÃO JOSÉ passou a desenvolver as suas atividades s – do 1.o ano do F 1 ao 3.o do Curso Colegial - neste novo e amplo espaço educativo. Em 1968 foi aberto o Curso Normal para a formação de professoras e professores. Organização, visão projetual, seriedade de estudos, ambiente familiar, foram, entre outros, elementos que permitiram ao novo Colégio tornar progressivamente conhecida a sua “marca” e firmar-se como competente instituição de ensino.

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Em 1975 a inauguração de um novo complexo escolar permitiu que também os cursos Infantil e Primário – até então em funcionamento no centro da cidade – passassem a atuar no grande espaço educativo do Instituto São José com o nome de Colégio Auxiliadora. Em 1980 foi unificada a Escola e colocadas as duas unidades sob uma única direção, possibilitando maior unidade educativa-pedagógica-pastoral entre as etapas. Comprometido com crianças e jovens de classes populares – pupilas dos olhos de Dom Bosco e Madre Mazzarello – o Instituto inaugura em a Unidade Assistencial de Educação Formal ( 1.o ao 5.o anodo Ensino Fundamental 1, em período integral),


Registro hoje – 2016 – Instituto 2, objetivando propiciar oportunidade educativa aos mais desprovidos de recursos. Filhos e Filhas de sonhadores, Salesianos e Filhas de Maria Auxiliadora, provocados pela urgência dos tempos, mais uma vez sonham grande.. Nasce, então, por entre muitos desafios e dificuldades mas brilhante como estrela luminosa – a REDE SALESIANA DE ESCOLAS propondo não só um material didático às Escolas Salesianas e parceiras mas, especialmente propondo um Projeto Educativo baseado no Sistema Preventivo de Dom Bosco, em respostas às urgências dos novos tempos. Mais uma vez o INSTITUTO SÃO JOSÉ dá um enorme salto de qualidade unindo-se à Rede Salesiana de Escolas e assumindo o seu material didático, além, naturalmente, do seu Projeto Educativo-Pastoral. Em 2012 a Rede Salesiana de Escolas, desafiada pela tecnologia dos novos tempos, ingressa decididamente no mundo digital. O Instituto S.José caminha rapidamente com o projeto “material didático digital”, prepara seus ambientes para receber os novos equipamentos tecnológicos, capacita professores para o uso adequado do material e avança na qualidade de ensino. O PROJETO“#+ INSTITUTO”, em lançamento ,quer aprimorar a capacitação dos alunos do Ensino Médio para que enfrentem com maior êxito o desafio dos Vestibulares. A PROPOSTA PASTORAL da nossa Escola, sempre provocativa, procura despertar os jovens para a soli-

dariedade fraterna e os lança no voluntariado social. Sonhos têm asas. Lançam-nos para a frente, para o melhor, para o outro, pois, como dizia Dom Bosco, “O Senhor colocou-nos no mundo para os outros”. O INSTITUTO SÃO JOSÉ, na realidade, sonha alto. Sonha propiciar condições para que seus alunos e alunas sejam elementos transformadores da sociedade, tornando-a, sempre mais, sociedade fraterna e solidária, Sociedade capaz de respeitar a “Casa-Comum”, o Planeta em que habitamos. Sociedade plural, aberta ao diferente, capaz de avançar nas ciências e, especialmente, somar forças em favor da Paz mundial, o sonho maior, sonhado por nós e por toda criatura!, No coração de seus 90 anos, o INSTITUTO SÃO JOSÉ olha para trás, contempla o canteiro de seus sonhos e muito se alegra com as realizações de seus muitos e muitos Ex-Alunos e Ex-Alunas, profissionais competentes atuando na sociedade, homens e mulheres engajados, atuantes na Igreja, pais conscientes de sua missão junto aos filhos, jovens entusiasmados em busca de seus ideais, profissionais da educação atuando ao nosso lado, no próprio Instituto e continuando, como nós, a bela missão de semear sonhos e cultivar realizações no coração das muitas crianças e jovens que hoje, como ontem, pelas mãos de Maria buscam nossa Escola! INSTITUTO SÃO JOSÉ: hoje e amanhã “semeando valores e colhendo conquistas”

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Campanha da Fraternidade Uma abordagem diferente Por Irmã Maria José Aparecida dos Santos

N

o domingo, 14 de fevereiro, o âmbito INSERÇÃO/ MISSÃO de nossa Inspetoria teve a grande alegria de se reunir com Irmãs de outros âmbitos e com educadores/educadoras de várias presenças para refletirmos sobre a Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016. Neste ano, com o tema CASA COMUM, NOSSA RESPONSABILIDADE e o lema “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” a CF nos coloca diante do compromisso inadiável de cuidarmos de nosso planeta, a casa de todos os seres criados por Deus. Para nos assessorarem neste dia, foram convidados o Prof. Antonio Salvador Coelho e sua esposa, Silvânia, professora também, mas, sobretudo educadora popular, contadora de história. Ambos trabalham na formação popular, também através da Rede do Cuidado, uma organização que oferece encontros para educadores, sempre a partir de dinâmicas, jogos, danças circulares, contação de histórias, tudo com muita alegria e competência, acreditando que a transformação social passa 42 | Em Família

pelo empoderamento das classes populares. Mesclando exposição oral, música, dança de roda, jogo interativo, com muita simpatia e envolvimento de todos os participantes, os assessores nos proporcionaram um dia diferente, de aprendizado, sim, mas numa convivência divertida, fraterna, alegre, que agradou – se não a todos – a muitos que se manifestaram ao final do dia. Alguns agentes de nossa Comunidade nos disseram: “Já tinha conhecimento do conteúdo da CF, através de palestra e dos encontros de quarteirão, mas o dia de hoje me trouxe uma iluminação especial. Entendi que esta CF precisa acontecer de fato e que todos – eu também – somos responsáveis por sua concretização”. Ao utilizar o lúdico, despertando nas pessoas a consciência de suas possibilidades, este Encontro ajudou cada um/cada uma a se pensar como agente, como sujeito, no processo de reconstrução e defesa de nosso meio ambiente. Só podemos desejar que aconteça assim de fato.


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Rescom realiza a primeira reunião anual Boletim Salesiano

R

ede Salesiana de Comunicação (Rescom) realizou, entre os dias 15 e 17 de março, a sua primeira reunião anual na sede da Inspetoria Salesiana Nossa Senhora Aparecida (FMA), localizada em Porto Alegre, RS. Estiveram presentes os Inspetores referentes da Comunicação no Brasil: Irmã Ana Teresa Pinto, fma, e o padre Gildásio Mendes dos Santos, sdb. Além dos diretores executivos, coordenadores e delegados inspetoriais para comunicação social das inspetorias dos Salesianos de Dom Bosco e das Filhas de Maria Auxiliadora. Na acolhida aos participantes, Irmã Ana Teresa destacou que os comunicadores da Rede Salesiana

Brasil (RSB) são criadores de comunhão. “O nosso modelo de comunicador deve ser a Trindade (Pai e Filho e Espírito Santo), que gera a relação de comunhão. A comunicação é a prática diária de comunhão”, clarificou. Padre Gildásio, ao acolher o novo diretor executivo da RSB – Comunicação, padre João Carlos Ribeiro, reforçou que é necessário olhar para o passado com gratidão e manter a continuidade da construção da identidade da rede. “Neste momento, como rede, precisamos olhar o presente como tempo de novas possibilidades e refletir sobre os nossos objetivos”, concluiu. Durante a reunião, foram apre-

sentados o Relatório das Ações comunicacionais desenvolvidas em 2015 e os cursos oferecidos pelo Centro de Formação Salesiano (CFS). Por último, os participantes revisaram o Planejamento da Rescom 2015-2017. Outro assunto tratado foi a proposta da Campanha de matrícula da RSB Comunicação para os Colégios da Rede Salesiana de Escolas Por último, os participantes ajudaram na construção das Diretrizes nNacionais da Comunicação salesiana no Brasil. Fonte: Fládima Christofari e Tarcizio Paulo Odelli

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#CompartilheaAlegria

O

Por Irmã Monaliza Machado

III Congresso das Novas Gerações da CRB foi realizado, na cidade de Brasília nos dias 05 a 09 de fevereiro deste ano, com a presença de aproximadamente 700 consagrados de diversos lugares do Brasil, dos quais 16 eram Irmãs Salesianas. De nossa Inspetoria participaram as Irmãs Aline, Ana Luiza e Monaliza. O tema proposto “#compartilheaalegria” e o lema “Venham para fora” (Jo 11, 43), motivaram consagrados a refletirem e assumirem uma Vida Religiosa mais radical, partindo da experiência pessoal com Cristo Ressuscitado, que gera vida, alegria e entusiasmo. Estamos vivendo um ano de graças, permeado pela misericórdia, e somos convidados a nos sacudir das distrações, dos falsos encantamentos, das preocupações superficiais e abraçar, com coragem, o Espírito que nos impulsiona a escolhas corajosas e a construir uma vida religiosa profética. No primeiro dia, tivemos a presença de Ir. Afonso Murad que desenvolveu o tema “#compartilheaalegria”. Em sua fala afirmou que as Novas Gerações da Vida Religiosa não estão ligadas somente a idade, mas dizem de uma pessoa que se coloca constantemente a caminho da fonte, que se dispõe a voltar a fonte (origens), para captar vigor e sustentar a caminhada. E que durante a caminhada três palavras fundamentais 44 | Em Família

nos orientam: o permanecer, que supõe a fidelidade do cotidiano, nas mais simples situações; o dinamismo, que gera criatividade, espontaneidade e entusiasmo, nos fazendo ir além das situações; e a alegria, que não é qualquer uma, mas aquela alegria que vem de um encontro profundo com Jesus. A nossa existência é movida pela alegria e tristeza, e por isso, estar feliz é diferente de ser feliz. O primeiro é momentâneo, vive de pequenos momentos de felicidade, e o segundo é a plenitude, vivido em profundidade, mesmo em momentos difíceis e turbulentos. O Papa Francisco havia dito aos jovens: “Não deixem que roubem a vossa alegria”, alertando que a verdadeira alegria não pode ser roubada porque parte de uma experiência de encontro. Para isso, o grande sinal da alegria duradoura é o brilho nos olhos, movido pela esperança em Alguém que conduz as nossas vidas. Para cultivar o brilho nos olhos, Ir. Afonso apontou algumas atitudes a serem cultivadas pelos consagrados: o autoconhecimento: para saber lidar com tudo que existe dentro de cada um de nós, limites e qualidades; mergulhar-se em Deus: que realiza uma verdadeira experiência em Deus; exercitar o encantamento: com a vida, com os outros, com o planeta e partilhando coisas boas; alimentar grandes sonhos: pessoais e coletivos; praticar o perdão: perdoar-se, perdoar os outros e


Registro saber pedir perdão; trabalho e gratuidade: que saboreia a existência, e não fica somente no fazer das coisas e dos afazeres; evitar o que nos deixa sem brilho: má companhia, fofoca, inveja, ciúmes e competitividade, renunciando para termos inteireza; alegria dos pobres: que sabe viver do simples; e a gratidão: expressar e acolher com fé. A verdadeira alegria que nós religiosos buscamos é a alegria do evangelho, sinal da Boa- Notícia que chegou aos nossos corações. É preciso assumir cinco atitudes dos discípulos, que nos aproximam de Jesus: tomar a iniciativa (protagonismo), envolver-se (encurtar distâncias), acompanhar (estar dentro dos processos), frutificar (não perder a paz por causa do joio) e festejar (celebrar as pequenas e as grandes vitórias). Por isso, é importante cultivar a alegria e deixar-se tocar pelas grandes causas. No segundo dia, Ir. Hanette Havenne aprofundou o lema “Venha para fora”, nos motivando a cavar a mística até a raiz, enfatizando que o que existe de mais característico em nossa vocação são as relações, e que somente são possíveis a partir de uma base fecunda. No evangelho de João, Jesus convida Lázaro a sair e diz: “Vem para fora”, pois o mestre está aqui e Ele te chama! Os amigos de Jesus também ficam doentes, se perdem....mas quando nós perdemos Jesus, são nossos irmãos que morrem, pois a força da nossa vida está na vivência de comunidade. Lázaro é uma “ovelha” de Jesus, que reconhece o cheiro do pastor. Na escuridão não enxergamos nada, mas escutamos a voz do Senhor e o seguimos sem medo. Há religiosos que vivem o tempo todo em crise, na escuridão e não são capazes de escutar a voz de Jesus, saindo dos próprios conflitos. Deus nos chama, mas a resposta é sempre pessoal. O “vem para fora”, nos convida a sairmos do nosso egoísmo, dos nossos medos, desânimos e tristezas e, principalmente, da

autoreferrencialidade, onde o olhar, os julgamentos e as situações são vistos a partir de mim mesmo. Quando o nosso irmão está no túmulo, colocamos mais pedras e não somos capazes de tirar-lhe as faixas. Somente o encontro é a mediação do amor. É sempre a força de Deus que dá vida ao grão. O grão não se prende à segurança, ao “Vem para fora”, pois o mestre está aqui e Ele te chama! (seguimento e missão), Novos Desafios Apostólicos (relações homoafetivas), Dinamismo (criatividade e fidelidade), Comunicação (anúncio e postura quanto ao uso), Lectio Divina (Jo 11, 43) e Vocacional (fidelidade e oração), sendo grande momento de discussão e partilhas de vida. Tivemos ainda a oportunidade de conhecer Brasília e a sede do nosso governo, onde realizamos uma caminhada manifestando nossos direitos e sonhos de uma sociedade mais justa e fraterna. Assim como Jesus, sonhamos e desejamos um mundo novo, uma verdadeira civilização do amor, onde não existam mais diferenças entre favorecidos e desfavorecidos. A experiência do Congresso gerou em nós, rebentos deste mundo novo, a certeza de que as nossas opções diárias devem revestir-se de coragem profética, convicções profundas, alegria serena e anúncio explícito. E não podemos ter medo de sermos aquilo que somos chamados a ser. E que se não somos encantados com nossa própria vocação, não conseguiremos jamais encantar outros jovens a fazerem a mesma escolha.

Vem para fora”, pois o mestre está aqui e Ele te chama

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Registro

Salesianas e Salesianos realizam Encontro Inspetorial de Comunicação Por Equipe de Comunicação FMA & SDB

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olaboradores de Comunicação e Marketing e Departamentos que trabalham direta e indiretamente com a Comunicação em Escolas e Obras Sociais das Inspetorias Santa Catarina de Sena das Filhas de Maria Auxiliadora (FMA) e Nossa Senhora Auxiliador, dos Salesianos de Dom Bosco (SDB), ambas do Estado de São Paulo, se reuniram na quarta-feira, 9 de março, no Colégio Santa Inês, na Capital para participarem do Encontro Interinspetorial de Comunicação. De acordo com a responsável pela Comunicação Social da Inspetoria Santa Catarina de Sena, Ir. 46 | Em Família

Maria de Lourdes Macedo Becker, o objetivo do encontro foi proporcionar um aprofundamento e reflexão sobre o Projeto de Comunicação que está sendo desenvolvido tanto nas Escolas quanto nas Obras Sociais. “O estilo salesiano de educar requer conhecimento da cultura midiática e das novas plataformas onde os jovens se relacionam. Eles desejam ser sujeitos da comunicação”, afirmou. O encontro, que durou o dia todo, foi iniciado com uma oração e uma dinâmica de integração ,conduzida pela Ir. Monaliza Machado e na sequência, o Delegado Inspetorial para a


Registro

Comunicação Social pelos SDB, Anderson Bueno, fez uma introdução sobre conceito e processo de Comunicação e, em seguida, apresentou aspectos do Sistema Salesiano de Comunicação Social. A Delegada para a Comunicação Social pelas FMA, Ir. Maria de Lourdes Becker abordou o Sistema Preventivo de Dom Bosco na perspectiva da comunicação, baseada no conteúdo do livro Culturas Juvenis na ótica da Educomunicação, publicação FMA/ECOSCBRASIL-EDB. Após o almoço, Andréa Pereira, Assessora de Comunicação da Inspetoria Santa Catarina de Sena abordou o tema “Gerando conteúdos para Meios de Comunicação”, com informações estratégicas sobre públicos, conteúdo, linguagem e elaboração de notícias, que foi objeto de dois exercícios que resultaram na elaboração de parte dessa notícia. O encontro foi primeiro envolvendo colaboradores das duas inspetorias (salesianos e salesianas) para tratar sobre a dimensão da Comunicação Social. Outras iniciativas têm sido realizadas em conjunto, especialmente no trabalho com a Pastoral Juvenil Salesiana. Texto: Anderson Bueno com a colaboração de Pe. Claudio Motta, Débora Rodrigues, Diego Sampaio, Fatima Maria Ferrari, Gabriela Haeitmann, Juliana Martinatti, Luiz Fernando, Marcelo, Ir. Monaliza, Patricia Moura, Roberta e S. Paulo Bastos janeiro | fevereiro | março e abril 2016 | 47


Registro

Páscoa Juvenil

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Por Aspirantes FMA

iver o Mistério Pascal com os jovens de nossas Casas foi uma experiência rica e profunda e nos ajudou a reafirmar a nossa vocação Salesiana, a nossa opção de entrega total a Cristo. Os encontros de formação, a Palavra de Deus partilhada, os momentos de oração pessoal, o alimento dividido, a vida compartilhada, nos auxiliaram na maior compreensão do Acontecimento que se tornou para nós, hoje, razão primeira de nossa fé cristã. Percebemos o quanto o rosto de Deus é jovem! É sonhador! É dinâmico! É alegre! É vida! Nos rostos dos jovens, eram visíveis o entusiasmo e o desejo do encontro com Deus que se revela no Cristo, vivo no meio de nós, que se faz amigo próximo, ajudando-os na descoberta do sentido para suas vidas. 48 | Em Família


Registro

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Vocacional

CHECK-IN! Embarque na sua Vocação! Por Irmã Metka A. Kastelic

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oi implantado, com muito entusiasmo, em nossa Inspetoria, o Projeto Vocacional com o objetivo de incentivar, com passos concretos, a Cultura Vocacional e apresentar as diversas vocações, na Igreja, aos jovens de nossas Comunidades Educativas. O Projeto visa colocar em pratica as escolhas do Capítulo Geral, especialmente a segunda: “Insieme, com os Jovens” com a sua primeira linha de ação: “Cuidar com maior determinação, da formação de comunidades vocacionais e favorecer, em cada comunidade, a cultura vocacional, levando em conta as diferentes vocações, na sociedade e na Igreja, com atenção especial àquelas da Família Salesiana. Ativar, nas presenças educativas, caminhos sistemáticos, adequados e inculturados, dando atenção ao discernimento e ao acompanhamento vocacional 50 | Em Família

das/os jovens”. O Projeto é coordenado por um grupo de Irmãs que, junto com a Comunidade Educativa Pastoral, prepara o ambiente, convida os entrevistados que falarão da própria vocação e responderão perguntas dos alunos. Entre um bloco e outro são apresentadas danças, poesias e músicas executadas pelos próprios jovens da Escola ou da Obra. No mesmo ambiente, é montada a mostra vocacional com a exposição dos materiais vocacionais.


Vocacional No Colégio do Carmo a proposta nos surpreendeu pela atitude dos alunos, muito atentos, reflexivos e até surpresos, ouvindo os entrevistados. Pela primeira vez, o assunto vocacional apresentado atraiu atenção dos adolescentes, fazendo-os participar por meio de perguntas bem elaboradas e com aplausos aos entrevistados. Consideramos positiva a participação dos alunos por meio de poesias, cantos, dança e apresentação da nova “Banda Carmo”. A escolha dos entrevistados foi muito feliz: a vida religiosa feminina foi apresentada por Ir. Maria das Graça Rodrigues, fma; a vida sacerdotal e religiosa pelo Frei Jean – franciscano; a missão do leigo

engajado, na Igreja, foi representada pelo jovem Luiz Fernando e a vocação matrimonial pelo casal Simone e Rodrigo. A Comunidade Educativa-Pastoral sente a necessidade de continuação desta proposta para ampliação da Cultura Vocacional em nosso ambiente educativo. O seguinte passo será o acompanhamento dos alunos, estimulando-os a elaborarem e viverem o próprio Projeto de vida. Sentimos muito apropriada e feliz a proposta que a Inspetoria, com a animada Equipe Vocacional, está desenvolvendo. Obrigada pela iniciativa.

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Vocacional

Entrega de medalhas para aspirantes e postulantes Por Celene Couto Rodrigues , postulante

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o dia 19 de março, na Casa Mornese de São José dos Campos, durante uma celebração simples e orante, com a presença de representantes da Comunidade Inspetorial, as jovens Driely Consenza, Elisleylâne Cassin e Luana Oliveira receberam a medalha de Aspirante e a jovem Celene Couto Rodrigues a de Postulante, no Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora, das mãos da inspetora Irmã Helena Gesser. 52 | Em Família

Como iluminação para o tempo do Aspirantado, Driely, Elisleylâne e Luana escolheram a passagem bíblica “Quando passares pela água, estarei contigo” (Isaías43,2) e, como símbolo, o Barco pois, somente quando ele é amparado e guiado pelas mãos de Deus, consegue ultrapassar as tempestades. Neste tempo de discernimento, elas desejam ser este Barco nas mãos de Deus. Para a etapa do Postulado, onde o aprofunda-


Vocacional mento do convite de Deus a seguí-lo e as rupturas evangélicas são essenciais para a caminhada, a passagem bíblica escolhida foi a do evangelho de João (15,5) “aquele que permanece em mim e eu nele dá muito fruto porque sem mim nada podeis fazer”. A Videira foi escolhida como símbolo pela formanda Celene para que, a exemplo de Dom Bosco e Madre Mazzarello, possa ser um ramo da videira verdadeira que é Cristo, produzindo frutos segundo a vontade de Deus, por meio de um autêntico encontro pessoal com o Senhor e uma generosa dedicação à Missão Educativa Salesiana. O momento especial da celebraçao foi o do agradecimento e consagração à Nossa Senhora Auxiliadora, entregando toda a caminhada do tempo formativo à Mãe que acompanha, protege e guarda os caminhos das formandas. A Ela todo louvor! Irmã Helena Gesser, em sua fala, ressaltou a importância desse tempo de discernimento e rupturas na caminhada vocacional a fim de que, cada formanda, descubra e realize o projeto de Deus em sua vida. Para isso, segundo ela, torna-se necessário aguentar firme no barco, durante as tempestades, e deixar podar os ramos necessários para que a videira possa dar os frutos sonhados por Deus. Concluindo, Irmã Helena, pediu a São José, Patrono da Igreja e do nosso Instituto, o Santo de quem os evangelistas não citam uma única palavra, que aparece como o homem do silêncio, escondido e humilde, homem justo e de profunda fé, inteiramente disponível à vontade de Deus, que interceda nos desafios da missão e, sobretudo, na livre, gratuita e generosa resposta das jovens formandas ao projeto de Deus.

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É Festa

Celebrando a vida - Aniversariantes MAIO

JUNHO

02. Terezinha Mafalda de Almeida 03. Ana Alzira Fogaça 05. Anna Maria Orlando – Cecília Tredezini Celene Couto Rodrigues (post.) 06. Chiara Cazzuola – (Vigária Geral) 07. Sandra Andrade – (nov. BMT) 09. Kelry Andreza Ribeiro Pereira – (nov. BRE) 13. Vilma Tallone – (Ecônoma Geral) 14. Valéria Timóteo Soares 17. Wilma do Carmo Antonelli 20. Lucy Rose Ozhkayil – (Conselheira Visitadora) 23. Ilza M. Beinotti – Maria da Conceição Silva 24. Phyllis Neves – (Conselheira Visitadora) 27. Maria da Glória Moreira 31. Aldina Andreazza

01. Ivone Braga de Rezende 04. Celina Gerardi – Maria Eliete Lopes 07. Alice de Souza Sant´Anna 13. Madre Antonia Colombo - (Superiora Geral Emérita) 20. Jandyra Hummel 29. Piera Cavaglià (Secretária Geral)

JULHO

AGOSTO

01. M. Aparecida Nunes 03. Maria Luiza Ravanhani 04. M. Ap. Sartorelli – Maria Tavares – Cláudia Regina Corrêa Ribeiro – Jandira Rodrigues Camargo 05. Diva Mucci – Maria Luiza Novais 09. Maria da Encarnação – Cleonice Ap. Lourenço 10. Adelina Silva 12. Rosalba Perotti 18. Susana Walchak – Marija Pece (Cons. Visitadora) 20. Lúcia Aparecida dos Santos 25. Maria do Socorro Oliveira 29. Maria Bernadette Camargo

09. Oda Junqueira 10. M. Amélia dos Santos - Beatriz R. de Moraes (post.) 11. Giuseppina Franco 12. Maria Assunta Inoue – (Conselheira Visitadora) 14. Iracema Schoeps 15. Luiza Seghezzi – Cecília Miguel do Nascimento 17. Pierina Stringari 18. Hideco Taba – Luana Keity da Silva Oliveira (asp.) 19. Aline de Oliveira Leite t. 20. Helena Gesser 21. Donância Maria de Godoy 22. Ruth Dias 25. Ilka de Moraes Périllier

PROGRAME-SE MAIO 04 a 06 10 a 12 10 a 12 13 14 a 15 16 a 18 19 e 20 17 a 19

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Novinter I Postulinter Tríduo de Madre Mazzarello Festa de Madre Mazzarello Convivência Vocacional RSB/ENEL - Brasília Encontro com Ir. Vilma Tallone - Brasília Novinter II

24 26 a 29 30 30 30 31

Festa de Maria Auxiliadora Experiência Missionária PDU Reunião de Diretoras e Ecônomas Reunião de Mantenedora - Casa Pur. Cor. de Maria PEM Reunião do Conselho Inspetorial


Programe-se

PROGRAME-SE

PROGRAME-SE JUNHO 04 e 05 04 e 05 05 07 06 a 09 11 e 12 11 14 a 16 18 e 19 19 21 a 23 26 26 27 27 28 28 a 30

Reunião GT - Brasília Juninter Seminário sobre a família - CSI Reunião PJ - Espaço Jovem Aspirinter Convivência Vocacional Reunião da Inserção - CSI Postulinter Reunião Família Salesiana - Brasília Festa Junina - CMA Novinter II Reunião do GREI Festa Junina Lapa Reunião de Diretoras e Ecônomas Reunião de Mantenedora Casa Pur. Cor. de Maria Reunião do Conselho Inspetorial Novinter I

JULHO 01 10 a 15 11 a 15 25

Retiro Anual - Mairiporã Semana Missionária Assembleia Geral da CRB - Brasília Conselho Inspetorial

LEMBRANÇA + 30 de janeiro, Ângela, com 39 anos, irmã caçula de Ir. Jandira R. Camargo. + 13 de fevereiro, Madre Mazzarello levou para o céu salesiano, Ir. Amábile Maria Marchesi. + 24 de fevereiro, Sr. Luiz Alves de Lima, tio de Ir. Maria Martha de Lima. + 04 de março, Sr. Antonio Ferreira Valente Neto, irmão de Ir. Rosa Maria Valente. + 07 de março, Ir. Irene Paciência. + 14 de março, Sr. Bráulio Marques Borges, cunhado de Ir. Maria da Glória Castanheira dos Santos. + 16 de março, Sra. Michelina com 99 anos, Tia de Ir. Wilma Antonelli. + 20 de março, Sr. Alberto Schoeps, irmão de Ir. Iracema Schoeps, foi chamado pelo Pai.

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Festa da Gratidão 2016: Como guirlanda, unidas na diversidade, entrelaçamos com alegria e esperança a oferta da vida e da missão.


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