O MANIFESTO: Aos Católicos, Evangélicos, Pentecostais e Protestantes

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Gouvea, Josimar Salum O Manifesto Aos Católicos, Evangélicos, Pentecostais e Protestantes Worcester, Massachusetts – Estados Unidos Edição Própria, 2014. www.jesusmanifesto.org ISBN 978-1-4675-8744-0

Recomendações

Todos os direitos reservados a Josimar Salum Gouvêa / Salum Media Permitida a reprodução parcial para fins de citações e pesquisas. 45 Whispering Pine Circle Worcester, MA 01606 USA editor@salummedia.com www.salummedia.com Arte da capa: Francisco Kelton Teixeira Vasconcelos Telefone 55-85-3489-4373 / fktv@hotmail.com Ilustração: Jarbas Dantas Telefone 55-21-7945-5238 / jarbaslice@ig.com.br Revisão do Texto: Prof. Marco Antônio Costa Telefone 55-31-3234-5275 / mtonycosta@gmail.com Diagramação: Thiago Rezende Telefone 55-31-8782-0792 / thirezende@gmail.com Impressão: Luiz Carlos Rezende Telefone 55-33-8422-5493 / prluca@hotmail.com Todas as referências bíblicas foram extraídas da Bíblia Sagrada, Versões Revista e Corrigida, Revista e Atualizada e Nova Versão Internacional (NIV) - neste caso traduzido do inglês livremente pelo autor. Algumas citações e afirmações no texto são resultados de pesquisas do autor. As fontes bibliográficas foram propositadamente omitidas, porém estão ao alcance do leitor. Caso queira tomar conhecimento da fonte de alguma citação escreva para autor@jesusmanifesto.org 4

Depois do famoso “Manifesto Comunista”, de Marx e Engels, e do “Manifesto Cristão”, de Francis Schaeffer, estava na hora de surgir um novo manifesto. Parabéns pela coragem. Erní Walter Seibert – Executivo São Paulo, São Paulo, Brasil. Causou-me surpresa o convite do Professor Josimar Salum para fazer a recomendação deste livro. E tive o privilégio! Fui impactada ao ler O Manifesto, que demonstra com clareza de linguagem, e sério conteúdo, o que significa ter comunhão com Deus, sem obrigações religiosas de qualquer espécie. Leva-nos a entender o que significa a religiosidade e o que gera a necessidade da prática de uma religião que, no máximo, transforma o exterior do homem, mas não a sua natureza e o seu coração. Apresenta-nos o verdadeiro Jesus, que “veio buscar e salvar o que se havia perdido e não somente para dar a Sua vida em resgate de muitos”. Cada frase nos conduz a uma profunda reflexão, levando-nos a repensar sobre a atuação da Igreja em nossos dias, a adoração, a comunhão, a Igreja como a Família de Deus e o nosso relacionamento com o Senhor. E nosso relacionamento com Jesus não significa a observância de preceitos, leis, regras, tarefas, rituais, cerimoniais e simbolismos, e vai além dos atos e das obras que poderíamos fazer para Lhe agradar. 5


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Recomendo sua leitura a todos os que desejam servir ao Senhor com sinceridade de coração, ver o Nome de Jesus ser glorificado e o Seu Evangelho conquistando todo o mundo. Maria Helena Carreira Alvim Ribeiro - Juíza Federal Juiz de Fora, Minas Gerais – Brasil. O que escrever sobre o autor e sua valiosa obra? Professor Josimar Salum, este filho das Minas Gerais, concebido e nascido pela Graça de Deus em Cisneiros. Deste pequeno e rico município, conquistou os continentes. Suas experiências com Deus ampliaram sua visão do Reino. Salum, o visionário na busca de ampliar a “Rede dos Reis” e alcançar aos que tem sobrando e, a partir destes, abençoar os mais desfavorecidos, descamisados, desdentados e miseráveis da geração em que vivemos. Este cidadão americano não tem medido os esforços para alcançar os fins. Quem lê, entende! Josimar Salum traz sobre si alguns indicativos, todos iniciados com a letra: “P”. Pastor, pai, professor, profeta, pregador, poeta e pioneiro. Prerrogativas bem presentes neste seu Manifesto. Recomendo a leitura desta obra, a primeira publicação em livro de uma série produzida por este brasileiro, neto de libaneses e judeus. Ele, cidadão do mundo! Carlos Boaventura - Historiador e Escritor Fall River, Massachusetts - Estados Unidos. Aquele “adolescente franzino” de outrora, que conversava livremente com Deus, apresenta-nos seu vigoroso Manifesto. Uma crítica à religiosidade avariada dos fariseus e dos vendilhões do templo do século XXI. O livro intenta manifestar as obras malignas deste “Cristianismo constantinizado”, a fim de serem reprovadas pela Luz (Efésios 5:13). É 6

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o desejo ardente de retorno ao Verbo de Deus que se tornou manifesto aos santos (Colossenses 1:26). O autor deixa extravasar seu grito profético sem perder, contudo, a leveza da mensagem vivificadora de Cristo. Trata-se, enfim, de um oportuno apelo à “Igreja dos Remanescentes”: àqueles que têm ouvidos para ouvir. Vinícius Dourado Loula Salum – Advogado Irecê, Bahia – Brasil. O Manifesto, de Josimar Salum: Controvertido, verdadeiro, despojado, real, factual, livre, imparcial e real. Salum é um homem de Deus, de mente aberta, perseverante, respeitoso, flexível, ajudador, servidor, amigo e confidente. É lutador constante, ama a Verdade. Tenho visto que ele se afasta da aparência do mal. Tenho lhe acompanhado correndo por uma vida de virtudes, na Fé, no Amor e na Mansidão. Ele é fiel à Nova Aliança pela Graça maravilhosa que existe em nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Marcio Mombrini – Contador e Empresário Boston, Massachusetts - Estados Unidos. “Conheça a Verdade e a Verdade o libertará.” Maravilhoso! Este livro não é apenas uma pedra no sapato do sistema religioso. Vai além! Ecoa um grito de protesto contra seus abusos. O que eu gosto sobre esta obra-prima é que não impõe um dogma ou uma doutrina, mas desafia você a pensar, analisar e investigar as Escrituras. Sem dúvida, este livro rompe paradigmas, tradições e crenças centenárias. Simplesmente revolucionário! Reymundo Benitez – Padeiro e Confeiteiro Palm Beach - Aruba. 7


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Que honra! Um livro é um filho. Um convite para recomendá-lo é um chamado ao apadrinhamento. Que honra! Fico sinceramente agradecido. Você é “o cabra dos cabras”. Ao mesmo tempo, preciso recusar justamente pelo motivo acima. Não seria honesto de minha parte apadrinhar um trabalho que eu, tenho certeza, foi criado com afinco e não poucas lágrimas, se eu o conheço bem. Sua primeira linha para mim foi “parece que eu não bato bem”. E aqui completo: não bate bem mesmo! E que bom! Pois esta é uma das suas grandes qualidades. Boa parte do conteúdo do seu livro, você sabe bem, é para mim um mito. E a única maneira que eu poderia sinceramente recomendá-lo, seria como tal. Embora ache louvável o seu clamor pelo fim da religião, o meu pedido - seria mais um desejo - vai uns dois pulos adiante: pelo fim da fé. Adoraria apadrinhar e recomendar uma obra sua. Mas quando isto acontecer; quero reservar o prazer de saber que estamos na mesma página. Para o seu Manifesto, não sou o cabra. Você merece alguém muito melhor do que este abusado fotógrafo ateu. Seu amigo, Rodrigo Bressane – Fotógrafo e Jornalista. Indaiatuba, São Paulo – Brasil. O Manifesto é um livro que poderá ser considerado uma das obras literárias mais importantes de nossa geração escrita para evangélicos, católicos, protestantes, pentecostais e qualquer pessoa que já ouviu falar do homem de Nazaré que viveu há dois mil anos atrás. O Manifesto retrata a simplicidade do Evangelho de forma clara e direta, com muita ousadia e praticidade, fazendo com que as palavras penetrem o caos do nosso dia a dia de tal forma que conseguimos ouvir o sussurro do Mestre, chamando-nos para partilhar de uma íntima comunhão com Ele. É altamente recomendado para adolescentes, adultos, e pessoas que 8

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já têm (ou pelo menos pensam que têm) uma noção do que significa servir a Jesus Cristo. A cada página lida, o nosso foco se vira para o Mestre e menos para nós mesmos. Uma grande obra do tio Josimar Salum para todas as gerações! Filipe Simas Gouvêa, 16 anos, estudante. Muriaé, Minas Gerais, Brasil. Como um grito de alerta, para despertar muitos de seus descaminhos, esse livro é voltado para a Palavra Eterna, atendo-se à simplicidade e à pureza do Evangelho genuíno do Reino de Deus. Somos advertidos em seu texto a retornar ao que nos foi apresentado por Jesus e Seus servos apóstolos e a por fim na religiosidade, que nada tem a ver com Seus ensinamentos. Os que entranhavelmente amam a Verdade apreciarão a leitura de O Manifesto: Aos Católicos, Evangélicos, Pentecostais e Protestantes, pois verão com clareza os muitos enganos absorvidos em nome do modernismo e da evolução pelas diversas denominações apresentadas em seu título. Ao sermos confrontados com as verdades desta Mensagem, a melhor atitude a tomar é ter a nobreza dos judeus de Bereia e examinar nas Escrituras se essas coisas são assim. Cirilo Buridan Nantes Dornelas – Teólogo Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil. O Manifesto inicia-se com um poético paralelo entre dois Jardins de suma importância nas Escrituras: o Éden e o Getsêmani. No primeiro, Salum discorre a forma pura da revelação do Deus Supremo ao ser humano e, no segundo, o momento decisivo da revelação do Filho do Deus Supremo a toda a humanidade. 9


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Enfático, analisa revelação-epifania e religião-tradição. Impossível analisar ambos sem mencionar os abusos e o sincretismo, entre outras distorções. É perceptível nas entrelinhas seu zelo pela Palavra de Deus e seu inconformismo com a situação atual do que chamam de igreja de Cristo. Pensador, pregador, um Jeremias entre nós. Eloá Jane Pereira, Artista Plástica e Arquiteta. Washington, Distrito de Columbia, Estados Unidos. Através de uma análise bíblica, profunda e extremamente clara, o autor propõe o resgate do Evangelho original, relacional e focado no Reino, maior que as estruturas da religião. A igreja brasileira tem estado sob o pesado jugo de um legalismo intolerante, herdado de uma Missiologia pouco altruísta e pouquíssimo preocupada com a contextualização. Isso fez com que nossas práticas fossem marcadas por costumes e ritos quase mitológicos. E nas palavras do próprio autor, “somente a revelação da pessoa de Jesus Cristo pode dissolver os mitos”. Essa leitura, portanto, será libertária! Mário Freitas – Missionário e Humanitarista Vila Velha, Espírito Santo, Brasil.

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Índice 15 - Dedicatória em duas palavras 19 - E por falar em milagre 23 - Prefácio 25 - Apresentação 27 - Palavra do Autor 33 - NO PRINCÍPIO 35 - 1) No Meio da Ponte 37 - 2) O Fim do Jardim do Éden 47 - 3) Religião e Adoração 57 - 4) O Fim do Jardim Getsêmani 63 - 5) Dois Senhores e Dois Reinos 73 - 6) As “Igrejas” de Hoje 81 - 7) Os “Eklesticons” 91 - PRÉ-MANIFESTO 93 - 8) Jesus, a Cruz e os Discípulos. 99 - 9) A Liberdade de Jesus e Seus Discípulos 107 - 10) Deus de Relacionamentos 115 - 11) Jesus entre os Homens 123 - 12) As Cachorrinhas dos Homens 129 - 13) Jesus, os Discípulos e as Mulheres. 135 - 14) O Assunto é o Reino

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141 - 15) Você se Lembra? 145 - O MANIFESTO 147 - E o Sertão Vai Virar Mar 149 - 16) Apenas um Negócio 153 - 17) O Pastor Eletrônico 157 - 18) Compras e Vendas 165 - 19) Mercenários e “Marketing” 169 - 20) Templos, Salários e Presentes. 173 - 21) O Mega Negócio do Evangelho 179 - 22) Classes Sacerdotais 185 - 23) Com Muito Dinheiro e Sem o Poder de Deus 189 - PÓS-MANIFESTO 191 - 24) Para Quem são os Ais? 197 - 25) Quem São Eles e de Onde Vêm? 203 - 26) E Perseveraram Até ao Fim! 207 - Um Epílogo Sobre Dízimos e Ofertas das Igrejas 209 - Sobre o Autor Eu te dou a Glória, Jesus,

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Amigo Fiel e Verdadeiro!

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Dedicatória em Duas Palavras À minha esposa, Lúcia Cristina: a única mulher da minha vida. Ao nosso filho Tiago: Rei, Sacerdote, Conquistador, Músico, Águia. À nossa nora Viviane: Dedicação, Exemplo de Mãe, Ações de Graças. Ao nosso neto: Nathan: Dádiva de Deus. Aos meus pais Josias e Leny: Sabedoria, Caráter, Simplicidade, Exemplo e Sabedoria. Ao meu irmão Jósley e esposa Monique: Graça, Trabalho, pais de Filipe, André, Marcos e Sarah. À minha irmã Denise: Mulher de Deus, Vitoriosa, mãe de Cadu e Caíque. Ao irmão caçula Deivison: Consideração e Amizade, casado com Ana, pais de Samuel e Sarah; Aos meus sogros Antônio e Elenir: Evangelista, Misericordiosa. Aos meus tios e tias: Zeny, Evaldo, Elias, Solange, Zelina, Edson, Léa, Madalena, Moacir, José, Juliana, Marta, Enoque, Tiana, Walter, Nair, Juca, Elias, Zeila, Maria José, Tony, Job e Adalmira; celebro vocês, mesmo os que estão no Paraíso, todos vivem para Deus. Aos meus sobrinhos e sobrinhas: Filipe, André, Marcos, Sarah, Lucas, Pedro, Samuel, Sarah, Matheus, Emanuelle, Caroline, Thalita, Daniel, Karina, Katherine, Isabella, Aaron Nathan, Laura, Abner, Israel, 15


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Flaviane, Joyce, Daniel, David, Cadu e Caíque. E a todos os outros e outras que não mencionei: Alegria, Alegria! Aos primos e primas, aos cunhados e cunhadas, a todos de todos os graus: “Blessed folks”! Aos meus Amigos: Paul & Karen Taylor, Marcos Aurélio & Gisélia Nogueira, Marsole e Geralda Sampaio, Elias & Eliane Monteiro, José Luiz & Laura Fonseca, Sonja & Barry Bowers, Josué & Elihenai Vargas, Paulo Emanuel Doro Pereira, Daniel Silva, Honório Gama, Carlos Boaventura, Joe Fonte, Judson Oliveira, Edison Simões, Aulus Argolo, Manoel Rocha, Carlos Boaventura, Eliel Pinheiro e Raffoul Najem. E à lista podem ser acrescidos muitos nomes: Aceitação, Liberdade, Exortação, Consolo, Relacionamento, “Accountability”: Amigos mais chegados que irmãos; Ao meu amigo Wenderson Santos: “Friends are friends forever if the Lord is the Lord of them.” Ao meu amigo Rodrigo Bressane: o ateu mais de Deus que eu conheço na vida; Ao Joe & Sharon Bisceglia, Edson e Eneida Porto, Dona Carminha e Belinha: oram e representam os que oram por mim sem cessar; Aos meus velhos amigos Wanderley e Ademildes Salum: Doutor Excelência e Dona Paciência - são 10-D-mais! Aos meus pais espirituais Josias Gouvêa, Waldir Salum, Raul Lima Neto, Wilson Regis e John P. Kelly: Homem, Exemplo, Pastor, Evangelista, Profeta, Sabedoria, Mestre, Igreja, Apóstolo e Reino. Às professoras das memórias do coração: Terezinha Guedes, Josélia Pires, Terezinha Medina, Fátima Freire, Maria Amélia, Madalena Salum, Maria Lúcia, Aparecida Simão, Ione Lima, ao professor Newton Souza e à educadora Adelaide Guedes Amorim. Aos meus Filhos e Filhas: aqui alguns de centenas. Giovan & Nathalie, Nabin & Matilda, Sam & Suzanah, Reymundo & Dionne, Alexandre e Giovana, Marinho & Marcela, Armando e Isabel, Francisco e Leila, Kleiser e Amanda, Didi & Dalva, Evandro e Norma, Charles e Marcia, Pedro e Solange, José & Haidê Oliveira, Wagner & Priscila, Jô16

natas e Daysiane, Elias & Valquíria, Ailton, Marcelo, Márcio, Geraldo, Clésio, Werley, Divaldo Jr, Áquila, Edvan: Astros no mundo, Discípulos de Jesus, Filhos do Reino. E somos todos iguais, embora bem distintos e diferentes; como Deus sempre quis.

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E por falar em milagre... Plantou também o Senhor um jardim Nas quintas outrora secas e estéreis Onde nunca antes se haviam ceifado Raízes, sementes, caules, folhas e nem frutos. Plantou o Senhor um jardim Onde floresciam somente malícias cravejadas de espinhos, Cardos e abrolhos, pobreza, miséria, tristeza e maldição. Plantou o Senhor um jardim Nas terras que Ele mesmo sarou pela Graça Ao ouvir como sempre a oração de um de Seus filhos Que pede água para saciar a sede e cozinhar, Para o banho e para aguar as plantas. Plantou o Senhor um jardim E enquanto plantava fez brotar minas, Borbulhar nascentes de águas cristalinas Para encher poços, bebedouros e caixas d’águas; Para homens e mulheres, moços e moças, Meninos e meninas, animais e também a passarada; E nas valetas, nos açudes e nos ribeiros os peixes nadam. 19


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Plantou o Senhor um jardim Por onde os ventos passam na direção do sol nascente E, dependendo da hora do dia, Carregam os aromas da manhã, O bafo do calor do sol, o frescor da noite; E em dias de chuva o cheiro de terra molhada.

E espalhou ali e acolá alguns feixes de grama, Ilustração que o profeta usou em seu Livro. E o descuido do povo deixou formar cipoais e capoeiras, De onde as formigas cortadeiras Vão longe à busca de alimento, E por toda a extensão os cupins edificaram seus murundus.

Plantou o Senhor um jardim De árvores frutíferas de toda a espécie

Plantou o Senhor um jardim De gentes simples que moram na planície. Vez em quando, cantam, louvam e oram juntos ao Criador E escutam a pregação do pastor, ali vivem e ali trabalham, E, enquanto vivem e trabalham, adoram. Plantou o Senhor um jardim Onde toda voz, qualquer voz, encontra ouvidos; Onde seriemas assanhadas cantam pelas manhãs; Todos os sons dos homens viajam ligeiros E ecoam na grutinha; Todos os sonhos florescem, E, se não florescem, jamais morrem.

E seus galhos e folhas são frequentemente embalados Pelos ventos que sopram do poente Que bafejam até se chocarem no morro Onde terminam todos os caminhos dos homens. Plantou o Senhor um jardim Bem pra cá do fim do vale, Por onde os ventos voam; o Vento Norte e o Vento Sul, Quando vão e vêm entre os dois morros inteiriços Batendo seus milhões de asas pelo Único Caminho. Plantou o Senhor um jardim No pequeno trecho de várzea ao redor das águas, Estendeu seu limite por uma faixa ao pé do monte, E ao sudoeste quis formar uma pequena floresta; Como “ninguém planta florestas”, Plantou de cada vez uma árvore. Plantou o Senhor um jardim, E de morro a cima espalhou um pasto De capins braquiária E de capins gordura dos pendões vermelhos, 20

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Plantou o Senhor um jardim De onde se avista a floresta, condomínio de árvores. Começa nas Minas Gerais ou no Rio? Depende de quem vê. Para todos os seus habitantes é uma terra só, Sem fronteiras. É morada especial para tatus, pacas e também jiboias. Onde todos os animais, pássaros e insetos são vizinhos. Não importa Se tenham nascido do lado de cá ou do lado de lá, Desconhecem e zombam a divisa imaginária dos homens.

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Plantou o Senhor um jardim Molhado pelas águas que escorrem pela várzea, Que formam o ribeiro dos lambaris. Como todo afluente, é menor: Suas águas fluem para o Rio Pomba, E desaguam no Paraíba rumo ao Oceano Atlântico, E levam Boas Novas até o fim do mundo. Plantou o Senhor um jardim Onde Sua Voz sempre encontra o coração do homem E, no silêncio da noite de bilhões de estrelas, O homem senta-se sozinho E tagarela para o Rei do Universo. Plantou o Senhor um jardim Para o homem cuidar, lavrar e trabalhar. E de onde pode tirar da terra o pão e ser feliz. Tudo começa no jardim. Começou no Jardim do Éden. Começou no Jardim do Getsêmani. E, na nova terra dos novos céus, Começa de novo, entre o Alfa e o Ômega, O jardim eterno de Deus. Plantou o Senhor um jardim Onde hoje os canários da terra cantam livres. Jardim Belém, Boa Fortuna. Cisneiros, Minas Gerais, Brasil. 27/12/2012 – 14h07min

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Prefácio Somente aquele que tem coragem coloca seus pensamentos e revelações em forma escrita, manifestando suas mais profundas convicções. Somente um corajoso para escrever um Manifesto que nomeia as atrocidades herdadas do Cristianismo que se tornaram caminhos, receitas e tradições em nosso meio. Estamos diante de uma obra de vida e experiência geradas por um profundo relacionamento com Jesus Cristo. Salum consegue, através das palavras, conduzir cada um de nós para a real e verdadeira Igreja de nosso Senhor Jesus Cristo, não pautada em tradições, mas sim na Revelação das Escrituras de Deus. Sua mensagem não leva a Igreja de volta à igreja primitiva, não propõe um reavivamento, mas sim à obediência ao Verbo de Deus. Muito simples. O Manifesto nos desafia a uma vida de relacionamentos dinâmicos como Igreja, sendo Jesus Cristo tudo em todos e para todos, e cada irmão e irmã um pelo outro. Desafia-nos a uma prosperidade como consequência do Governo do Rei Jesus, a uma vida comunitária como em um condado, todas as riquezas em benefício de seus cidadãos, sua segurança e prosperidade. E não somente para si mesmos, para a membresia, fechada, mas que gera transformação na Sociedade e 23


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compartilha sua riqueza para cada um dos vizinhos. O que se vê hoje é uma igreja humanista, que às vezes quer se passar como socialista ou uma igreja Gospel, um negócio de entretenimento apenas, de ídolos gospel. O Manifesto anuncia profeticamente a Igreja. A Igreja é a Igreja. Não a rotule, não a analise com base em pressupostos filosóficos mundanos. Não se lê a Igreja pela Sociedade. Ela é a Igreja dos primogênitos em cada geração: é a única nos Céus e na Terra, Eterna. Abra sua Bíblia e você vai, sem nenhum equívoco, conferir que O Manifesto é uma continuação que foi deixada por Paulo, Pedro, Tiago e João. E Paulo ficou dois anos inteiros em sua própria habitação que alugara; e recebia todos quantos vinham vê-lo; pregando o Reino de Deus, e ensinando com toda a liberdade as coisas pertencentes ao Senhor Jesus Cristo, sem impedimento algum. (Atos 28:30-31). Marcos Aurélio Nogueira Live2Love, Presidente

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Apresentação Deus está fazendo uma coisa nova em Sua igreja. O Espírito de Deus está revelando o desejo ardente do Criador de todas as coisas para ver uma Igreja sem mancha nem ruga, que se lança por todo o mundo criado para levar as boas novas do Reino de Deus, discipular nações e influenciar o mundo incrédulo de uma forma que reflete o verdadeiro Amor incondicional de Deus e Sua maravilhosa Graça. Ao longo dos anos, a Igreja perdeu o conhecimento de sua vocação verdadeira. Tradições e doutrinas dos homens têm contaminado a igreja de uma forma tão sutil que a Escritura diz: “Até mesmo os próprios crentes têm sido enganados”. E têm caído em grandes erros de doutrinas e em costumes, rotinas e conceitos que não refletem o verdadeiro Evangelho que nos foi dado pelos pais apostólicos. Em seu livro O Manifesto, o autor Josimar Salum expressa suas frustrações com as igrejas e as seitas pseudocrístões, com todas as coisas que, em nome da religião, são praticadas pelas suas lideranças e que trazem afronta ao Nome do Criador de todas as coisas, Jesus Cristo, Rei dos reis e Senhor dos senhores. Com o caráter e a paixão do apóstolo Paulo, Salum questiona como aquele: “Cristãos tolos, quem os tem enganado?” Depois de ter 25


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recebido o perdão pelo sangue de Cristo, e a salvação pela Graça e não por obras, retornamos ao Egito para viver como escravos! Talvez você não esteja de acordo com o tom e as conclusões do autor, mas certamente será desafiado a pesquisar as Escrituras, examinar a si mesmo e buscar a Presença de Deus em sua vida e ministério. Alguns anos atrás, eu me encontrava com um maravilhoso amigo e servo de Deus, chamado Alberto Mottesi, em Cartagena, na Colômbia. Dialogávamos sobre a condição predominante na liderança da igreja hoje. Com lágrimas nos olhos, ele me disse: “Tenho vergonha do modelo de liderança que estamos ensinando à próxima geração”. São aquelas lágrimas que eu acredito que Jesus Cristo derramou sobre o estado atual de Sua Noiva, aquela para a qual Ele deu Sua vida no Calvário. Peça ao Espírito Santo para examinar seu coração. Peça-Lhe para ensinar a você tudo o que entristece ao seu Senhor, para que desta maneira você possa tomar as medidas que tragam mudança e transformação em sua vida. Que você venha, como o apóstolo Paulo escreveu, a caminhar agradando a Jesus em tudo e frutificando em toda a boa obra. Dr. Hector P Torres Autor de Escatologia do Reino e outros livros.

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Palavra do Autor Não há nada melhor que viver sem mágoa, ressentimento ou amargura, tendo um coração sarado e assim pregar a Verdade em Amor. Sei, porém, que a Verdade sempre ofenderá alguém, por mais cuidadoso que sejamos na escolha das palavras, na maneira de expressá-las e mesmo que as digamos com uma voz serena e mansa. E a pregação açucarada sem a Verdade sempre fará as pessoas se sentirem muito bem, encherem-se de esperança e ficarem aliviadas. Contudo sem resultados. É como alguém que é medicado para ser livre somente da dor e não para ser curado da infecção; para ficar livre do desconforto do apêndice supurado sem passar pela cirurgia ou como aquele que admira seu castelo colorido; feito, porém, de papel. Nunca podemos deixar de ter consciência que, embora filhos, precisamos ter um coração de servo como o Pai. Somos apenas vasos de barro que o Pai usa com Seu Poder e nunca podemos perder a consciência de que compartilhamos a Palavra Dele, que transforma; enfim, de que tudo vem Dele, de que somos Dele e de que vivemos exclusivamente para Ele. A sensação de segurança e o sentimento de autoafirmação são bons enquanto somente reflexos do Senhor da Graça em nossas vidas. 27


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Acho que a cada dia tenho a necessidade de quebrantamento total e de dependência total, que são o meu “kit” verdadeiro e essencial de sobrevivência para a vida, para o serviço e tudo mais. Sempre que permiti que meu coração se endurecesse perdi e muito. Amolece meu coração, Pai, dá-me um coração igual ao Teu! Descobri que, embora seja verdade que vivemos somente apenas por causa da Graça de Deus, a Graça é expressa mesmo na forma como tratamos uns aos outros em família, nossos irmãos e irmãs e todos os outros em todos os lugares. Penso, hoje, que nossa síndrome pior é a falta de humildade e quebrantamento no meio de um mar de dons, riqueza e autossuficiência. E isto não nos permite ver com compaixão os irmãos e irmãs em Cristo espalhados por todo o lado. Como amo e admiro os que diligentemente cuidam do Rebanho do Senhor, que, mesmo diante de acirrada pressão para cuidar de si mesmos, pensaram sempre e se doaram pelos outros! Como tantos, eu mesmo deixei de cuidar de minha própria esposa e filho tantas vezes para me dedicar muitas horas aos outros! Sinceramente, e ainda com pesar, sei que errei muito para com minha esposa e filho, e muitas vezes, chorando, lhes pedi que me perdoassem. Ao relacionar-me com centenas de pastores de igrejas, descobri que vivem ainda o mesmo dilema, mas, mesmo que não possamos voltar ao passado, quando amadurecemos, passamos a dar mais importância ao quebrantamento que aos dons e aos recursos, posto que não reste nada de suficiência, senão em Deus somente. É neste contexto que coloquei em livro esta mensagem que cuido ter recebido do Senhor. Ainda que porventura as palavras sejam lidas como se as 28

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tivesse escrito enfurecido, refletem apenas o zelo pela Causa do Senhor. Ainda que aparentemente pareça que saíram de coração simplesmente irado, é a verdade que são apenas lampejos do fogo consumidor que queima meu interior pela Noiva do Amado. E, embora pareçam sair de um espírito condenador, de fato, são gritos de um guarda da noite que não conseguiu tocar mais sua trombeta para acordar o povo dos perigos iminentes e invasores da cidade. Garanto com temor e tremor diante de nosso Deus: meu desejo profundo é que sejamos transformados. Um amigo bem chegado me disse que a mensagem do livro será compreendida daqui a 20 anos. Compreendo que a leitura será desafiadora em todos os sentidos, mas tem sido para mim primeiro. Quem sabe alguém, em algum lugar alguém a compreenda ainda hoje! Quebrar paradigmas e mitos é tarefa árdua. Se o Espírito Santo não trouxer Revelação, não há iluminação que seja suficiente e ninguém pode fazer nada. Quero dizer, precisamos que o Senhor abra o coração de Lídia. Se nos prendermos aos nossos pré-conceitos como que sabendo tudo, nos firmarmos em nossa teologia como que escrita em rocha, as Escrituras se tornarão nosso aval e servidor e a Palavra (o próprio Jesus Cristo), rejeitada. Sou como Ezequiel, que Deus mandou fazer um buraquinho na parede para ver o que se passava ali no “altar”, para ver com seus próprios olhos as abominações que se cometiam atrás de suas paredes. Mais precisamente nos últimos 20 anos, tendo compartilhado com centenas de líderes e tomado conhecimento de tanta coisa que até mencionar vergonhoso é. Ao invés de citá-las abertamente, meu coração ardeu em chamas e literalmente doeu com dor de angústia para escrever não um relato de testemunhos 29


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do que tem acontecido atrás das paredes, mas algo que reflita o clamor profético de um João Batista que clama apenas por arrependimento. Sinto-me como Jesus com um azorrague nas mãos. Por favor, não me entenda mal; quem sou eu para bater em alguém! Nem Ele o fez quando expulsou os cambistas do templo! Não pedi para me sentir assim nem para ver as coisas que já vi. E muito menos para conhecer o que Ele tem me ensinado ao longo destes anos. Como também não peço que leiam este livro como se ele fosse um oráculo de Deus, senão que são palavras de um homem de vestes rasgadas gritando no meio da praça: “Também sou homem! Também sou homem”! Por isso, meu coração doído se encheu do Zelo do Senhor! Ah! Peço misericórdia por mim. Sou como o profeta vencido pelo vinho. Não sou profeta, nem meu pai é profeta; sou aquele menino, ainda o mesmo, que corria pelas ruas empoeiradas de uma cidade muito pequena chamada Cisneiros das Minas Gerais. Admito que nos últimos anos centenas de pessoas estraçalhadas pela religião evangélica e muitos católicos cansados e descrentes com a religião de Roma têm me procurado. Compartilho com eles a Liberdade que há em servir a Jesus sem estruturas, dogmas, preceitos e odres. Compartilho com eles o Evangelho do Reino, a Pérola que esteve escondida para mim até que completei 35 anos de idade. Falo da Liberdade de ser com irmãos e irmãs a Igreja e a maravilha de ter entrado no Reino e de viver no Reino já! Meu ser interior está gemendo e se contorcendo pela mensagem. Guardei muito do que está aqui por mais de 15 anos. Ah! Como queria ser apenas um pregador normal, ou seja, que pregasse para as pessoas sorrirem apenas e que fosse convidado sempre para retornar! Um amigo me disse: “Se continuar pregando como Ezequiel e Jeremias pregaram, vai continuar passando fome.” Eu 30

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não sou normal! Queria poder viver normalmente sem o peso de Deus me consumindo, sem maiores consequências pelo que pregasse. Como conseguiria me calar depois que ouvi o sonido certo do Shofar de Deus! Ah! Se não fosse o Senhor, Elias teria morrido muito cedo pela própria profecia que entregou! Veio João Batista pregando no Espírito de Elias; em seis meses perdeu a cabeça. Aliás, quais dos 12 apóstolos do Senhor Jesus que morreram depois de velhos sem terem sido jamais perseguidos, presos ou assassinados? No Ocidente, nós, pregadores de hoje, desconhecemos essa coisa de morrer por Cristo! Escrevi para uma amiga muito querida nos Estados Unidos: “A maioria destes pregadores que você conheceu e alguns que já passaram pela cidade, ah! se você tivesse sabido o que faziam nos bastidores e soubesse o que alguns se tornaram hoje”! Meu coração está cheio de compaixão, misericórdia e amor pelas ovelhas do Senhor. Prego a Cruz com amor e compaixão, mas clamo com a maior intensidade de minha alma para jamais pregar sem o Fogo do Espírito a fim de não ser consumido por ele. Creio nisso de todo o meu ser! A Mensagem da Cruz, meu amigo, é loucura! Sim, para os que perecem. Mas é Poder de Deus para os que estão sendo salvos. Josimar Salum Gouvêa Sobre o Mar do Caribe Chegando à República Dominicana. 29/01/2014 31


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No princípio

E vi um novo céu e uma nova terra. Porque já o primeiro céu E a primeira terra passaram. E o mar já não existe. João, Ilha de Patmos. 33


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–1– No Meio da Ponte A tarde ia cada vez mais escurecendo enquanto a noite era anunciada pelos últimos raios do Sol que já começavam a desaparecer no fim do horizonte. Ele passaria algumas horas ali, sentado em um dos lados da estrutura de ferro da grande ponte construída no final do período imperial, tendo sua costa apoiada confortavelmente em um dos quatro pranchões de ferro que ligam a base inferior à parte alta. Suas pernas ficavam esticadas quase a tocar no outro pranchão do mesmo lado, ambas as partes separadas de cada uma das duas estruturas que compunham o todo. À sua esquerda, os trilhos e os dormentes descansavam sobre o ziguezague de peças, colunas e vigas sobre os dois extensos vãos por cima o abismo. O adolescente franzino, de sobrancelhas negras e grossas, vestindo uma camisa de algodão e uma bermuda de pano ralo, contemplava o rio que aparentemente fluía mais veloz quando as sombras das árvores e da própria ponte tornavam-se desenhos sombrios em seu espelho de águas. Tantas vezes ele caminhava para aquelas bandas pela trilha de ferro, sempre ao tempo em que as andorinhas, aos milhares, retornavam de todas as direções para se acomodarem nas partes 35


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altas entre as vigas da estrutura férrea para passarem a noite. Não antes de voarem e revoarem em sincronia bem abaixo do firmamento sem se chocarem umas nas outras, enquanto muitas delas davam voos rasantes para bicarem as águas do rio, e de novo velozmente levantarem voo para ajuntarem-se às outras, naquela coreografia surpreendente para cima e para baixo, subindo mais alto em direção às poucas nuvens ou descendo bem para baixo, onde o céu encontra com o rio, para a esquerda das pastagens dos bezerros ou à direita das casas e choupanas da vila. Elas sempre voavam imprevisivelmente em todas as direções, aos milhares, aquela grande nuvem de pássaros. Quase todos os dias, mais ou menos no mesmo horário, o adolescente sentava-se ali, sempre à esquerda da vazante do rio. E não somente admirava os pássaros, mas distraidamente acompanhava com seus olhos as espumas brancas que vinham de dezenas de quilômetros, oriundas das fábricas da cidade dos índios brancos, poluindo as águas, matando peixes e empobrecendo todos os pescadores às suas margens. É que muitas dessas espumas viajantes eram absorvidas pelas correntezas das cachoeiras numa mistura fatal de água com veneno verde-escuro. À sua esquerda, para trás de si, ao oeste, vez em quando mirava com seus olhos semiabertos os raios brilhantes, avermelhados e amarelados do sol que ia abaixando, sumindo, tornando-se apenas uma pequena bola que cabia em duas mãos, deixando todo mundo do lado da noite descansar das lidas do dia. Antes de retornar para casa, ali, ao som de águas tranquilas e o zinzilular das andorinhas, o rapaz conversava com Deus, todas as vezes, expressando suas alegrias e tristezas, esperanças e incertezas, mescladas com sua sede enorme pela Sua Presença. Sempre tinha muito assunto para compartilhar e muitos sonhos para sonhar de olhos abertos na companhia do Criador do Sol, do rio e da noite. 36

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-2– O Fim do Jardim do Éden O homem, todo homem, foi criado para ter comunhão com o Criador, não somente ao final do dia, mas o dia inteiro. Deus criou o homem, macho e fêmea, e os colocou no jardim que plantou para lavrarem sua terra e cuidarem dele. O homem e a mulher viveram no jardim na mais perfeita expressão de humanidade, em plena liberdade, em profunda comunhão com Deus, sem rituais, sem preces e sem obrigações religiosas de qualquer espécie. No Jardim do Éden, Deus e o homem relacionavam-se dia e noite. E, como eles tinham plena comunhão com o Criador, jamais sentiram a necessidade de fazer qualquer coisa que O atraísse para perto deles. Deus estava presente, perto, sem lhes tolher a Liberdade. Onde está o Espírito do Senhor há Liberdade. Embora as Escrituras não o digam, por certo o homem e a mulher – Adão - não oravam. Não faziam preces ou rezavam, apenas conversavam com Deus com a mesma naturalidade que conversavam um com o outro. Deus estava com eles todo o dia e não somente ao cair da tarde. Orar não é uma atividade espiritual; orar é falar com Deus. O Reino de Deus na Sua Plenitude estava sobre toda a Terra e Sua Vontade era feita no Jardim como era feita nos Céus. 37


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O homem e a mulher trabalhavam cultivando o jardim; tudo o que faziam era adoração. Por isso, o fim do Éden foi o fim da adoração e o início de toda religião. Jesus e os discípulos nasceram e cresceram em um ambiente religioso, também de ricas tradições, de histórias e experiências poderosas da ação de Deus no passado. Entretanto, verdadeiramente nem Jesus e, depois que passaram a seguir a Jesus, nem os discípulos seguiram uma religião, ou seja, não faziam parte de nenhuma. Jesus não praticava o Judaísmo. É certo também que Jesus não fundou o Cristianismo. Ele não fundou nenhuma religião. As boas novas que Jesus pregou produziam o desespero dos religiosos e a alegria das multidões. Boas novas eram notícias de alegria, celebração, boas surpresas a todo o momento. Jesus proclamou as boas novas do Reino para todas as áreas da existência. Jesus era o Santo dos santos, a Arca da Aliança, a Shekinah perambulando entre os homens. Deus há muito não estava sobre os querubins no santo dos santos do templo dos homens. O Reino eram as boas novas. O Reino contrastava com a religião de seus pais que era apenas parte dessa existência. Todo o povo vivia debaixo da tirania do Império Romano o qual difundia uma opressão generalizada somada à opressão religiosa. O Reino era tudo. Toda religião baseia-se inteiramente na experiência e no registro do passado de outras pessoas. Seguir a Jesus é deixar a religião dos antepassados para viver com Ele no presente. Seguir a Jesus não pode ser religião porque religião condiciona o estilo de vida do indivíduo. O estilo de vida está posto para se adequar à religião. Seguir a Jesus é o próprio estilo de vida. É a própria caminhada no Caminho no ermo. Coisa Nova. Coisa Nova. O que se faz aqui se faz em qualquer lugar e templo é apenas um lugar 38

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qualquer não mais sagrado do que qualquer quarto de nossa casa. Quando Jesus foi batizado por João, renunciou e rompeu de vez com a religião de Seus pais. Quando os discípulos ouviram e responderam ao “Vem e segue-Me” de Jesus, naturalmente deixaram para trás sua vida religiosa (e não podia ser diferente!) para se tornarem somente seguidores de Jesus. Jesus participou de todas as festas religiosas dos judeus, mas não se prendeu ao que representavam ou significavam. Eram sombras do que havia de vir. E Jesus estava ali, já tinha vindo. Ele era a revelação final de cada uma dessas sombras. A “Páscoa” (e deveria ser a última), que comeu com os discípulos antes de morrer na Cruz, não foi celebrada como um ritual ou como um memorial da libertação e saída de Seu povo do Egito simplesmente, mas ali mesmo inaugurou a Nova Aliança com Seus discípulos. A Páscoa era uma festa da Antiga Aliança. Todo ano comemorava-se a Páscoa e matava-se um cordeiro para ser comido por inteiro. O Cordeiro Pascal era Jesus. E Ele estava presente. A Nova Aliança tem somente um Cordeiro, morto uma só vez para sempre, que ressuscitou. O Cordeiro está vivo. Isso é tão diferente da Antiga Aliança, que exigia todo ano um cordeiro morto. Jesus é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Tira o pecado do mundo porque, tendo sido morto, agora vive. A religiosidade do homem é inerente. Todo ser humano nasce religioso. O pecado, a corrupção e a maldade do homem sempre geram nele a necessidade da prática de uma religião, visto que não conhece o Cordeiro de Deus. E toda religião gera culpa e condenação; e delas se alimenta e se abastece em maior ou em menor medida. Invariavelmente, a religião demanda o esforço próprio do homem para se aproximar da divindade, apaziguá-la e servi-la, 39


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visto que o homem não conhece o Verbo de Deus naturalmente. Sem a Revelação do Filho ninguém conhece o Pai. Sem que o Pai revele o Filho, ninguém consegue conhecê-Lo. Qualquer religião transforma, no máximo, apenas o exterior do homem. Não há ninguém que consiga ter sua natureza nem seu coração transformados pela observância de nenhuma religião. O Cristianismo não é diferente. É uma mistura de várias manifestações religiosas, desde o Catolicismo com a salvação pelas obras, aos outros seguimentos nos quais, embora afirmem que a salvação não seja pelas obras, curas, bênçãos, prosperidade e tantas outras benesses são alcançadas pela prática de alguma obra. Como o Cristianismo não transforma ninguém produz no homem uma necessidade de pagar pelas bênçãos que recebe para compensar a falta de mudança em sua vida. Suas ofertas são dadas e as obrigações da religião são observadas para fazerem a si mesmos merecedores da bênção da divindade. Essa realidade está enraizada na cultura religiosa dos brasileiros, de fato, de todos os homens, de todos os credos, em toda a Terra. De modo geral, a religiosidade cristã se robustece do sentido literal das Escrituras e, assim, impõe seu legalismo a todos os aspectos da vida. Embora conscientemente diga-se que se serve apenas a um Deus, Deus se torna um conjunto de entidades. Um deus que cura. Um deus que prospera. Um deus que abençoa. A um deus que não se satisfaz com nenhuma oferta, é necessário fazer-lhe contínuas e ininterruptas ofertas. Para o deus que salva basta somente fé, mas para receber qualquer outra benção dele, a fé não basta. Não se trata aqui da fé com obras, mas da obra que nem precisa da fé, pois fé deixa de ser fé para ser somente obra. Às vezes Deus é projetado como uma figura distante e às vezes apática aos negócios da vida e da existência, deixando de ser o Deus das Escrituras para ser um deus para cada necessidade 40

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e que demanda sempre uma oferenda. Suas bênçãos são compradas por dinheiro, satisfazendo a avareza de líderes religiosos que desenvolveram uma Teologia de Prosperidade, a qual opera como financiamento de suas máquinas ministeriais ou eclesiásticas. Naquilo que a religião cristã romana é mestra, suas filhas evangélicas, protestantes e pentecostais a suplantaram. A religiosidade cristã, especialmente nos meios pentecostais, sempre gera aquela presunção de que as atividades da vida não podem ser exercidas com liberdade e prazer, de que existem assuntos espirituais e assuntos materiais, de que existem coisas das quais não se fala nem com Deus, como se Ele fechasse Seus olhos ou deliberadamente tapasse Seus ouvidos para não partilhar de alguns dos aspectos da vida humana. Religião é um túnel de escuridão, onde a luz no fim é apenas uma miragem. Quanto mais se avança, mais a luz se distancia. É um túnel sem fim. A partir da expulsão do Éden, o homem passou a inventar mitos e a viver deles. Sem a Revelação de Deus, sempre criou conceitos, símbolos, estilos de vida, paramentos, vestes sacerdotais, culturas, enfim, toda espécie de mitos. A própria religião é um mito e gera muitos mitos. E todo mito é mentira. Somente a revelação de Jesus Cristo - Deus Rei e Senhor pode dissolver os mitos. É a promessa da vinda de Jesus que fez com que homens e mulheres rompessem com a inércia, a passividade e a postergação da realização de seus anseios mais profundos. Com toda certeza puderam crer e aguardar pela manifestação da Luz que dissipa todas as trevas e pela manifestação da Verdade, as quais os capacitaram a viver, no presente, livres das sombras e das mitologias do passado. Contudo, poucos em Israel receberam esta revelação, por isso continuaram presos aos mitos do Judaísmo. 41


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Toda religião é o esforço humano para agradar uma divindade. A divindade, porém, é a projeção do próprio homem e de seus anseios. Existe um deus e um santo para cada tipo de necessidade e anseio humanos. Os deuses e os santos não surgem, são inventados. Do mesmo modo, hoje o “Jesus Cristo” pregado por muitos milhares de pregadores sejam católicos, protestantes, evangélicos, pentecostais ou neopentecostais é outro cristo, muito diferente do Verbo que se fez carne e habitou entre nós. É um “Gesuis” que só satisfaz, é servo daquela projeção das necessidades, que precisa se encaixar nas estruturas religiosas denominacionais e eclesiásticas. É um “Gesuis” atendente, servidor, criado somente para curar e fazer prosperar. Todo religioso somente busca agradar a si mesmo e, ao criar um ídolo, o faz como projeção de si mesmo. Torna-se semelhante ao ídolo todo aquele que o faz e o adora. Assim, acumulam-se em todos os cantos os “falsos santos” e os “falsos cristos”, sejam os vivos ou a memória dos que já morreram. Toda religião, além de praticada, é controlada pelo próprio homem. Os que controlam são muito poucos: os que souberam adestrar as multidões de religiosos em busca de bênçãos que vêm de suas próprias ambições pessoais. Em última instância, os líderes religiosos inventam seus ritos, produzem suas preces e estabelecem as demandas que supostamente os deuses estariam exigindo. No Cristianismo, igualmente, líderes religiosos sempre interpretam os mandamentos da Lei de Deus, tornando-os mais pesados e duros do que são, de modo que ninguém jamais é capaz de satisfazer as exigências religiosas. Aqui está a base para eles tirarem alguma vantagem dos seguidores enquanto eles mesmos isentam-se de suas práticas. Quanto mais perversas são suas demandas, mais influen42

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ciadas pelas trevas as religiões se tornam. Não existem trevas piores que as trevas da ignorância. Os seguidores ou devotos se envolvem e mergulham num sistema de crenças, atos, práticas, raciocínios e comportamentos somados a sua profunda admiração pelos seus líderes a ponto de os colocarem numa posição de infalibilidade e de representação do próprio Deus, no caso específico de cristãos. Qualquer tentativa de dissuadi-los de seu engano é rechaçada sem nenhuma avaliação, aliás, na maioria das vezes, nem querem ouvir qualquer argumentação que sinalize uma crítica ao seu líder. Seguindo as manipulações dos líderes, quanto mais os seguidores contribuem cegamente com dinheiro, mais dependentes ficam. São enfeitiçados como quaisquer viciados em jogos de azar. Iludidos, eles se dão mais e mais à prática de ofertas, na falsa esperança de ficarem ricos um dia. Religião custa muito caro. Os líderes religiosos, de fato, gostam de exigir dos seguidores a observância de preceitos, leis, regras, tarefas, rituais; a submissão a cerimoniais e a simbolismos; a constante separação do que é espiritual de todo o resto e o exercício de diferenciarem as pessoas entre si, de julgá-las e de classificá-las santas ou profanas! Ao fazerem assim, produzem uma dependência nos fiéis para assistirem as suas reuniões pela TV, Rádio ou outro meio de comunicação, frequentarem seus templos, participarem de corpo presente das reuniões onde o líder esteja “ministrando”, promoverem romarias. Os mulçumanos fazem suas “procissões” para Meca; os hindus para os seus lugares sagrados, os católicos brasileiros para Aparecida do Norte e os evangélicos, protestantes e pentecostais para Jerusalém e à “terra santa.” Tudo turismo e comércio! Por quê? Porque não conhecem e nem entendem a Graça de Deus e o sacrifício de Jesus Cristo na Cruz do Calvário. Mesmo porque se entendessem e pregassem que o sacrifício de Cristo é suficiente para abençoar Seus filhos, em qualquer lu43


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gar, perderiam a clientela, pois seus seguidores iriam saber que o mesmo Deus que deu Jesus, com Ele dá aos Seus filhos todas as coisas. Sem barganha. Sem pagamento. Outro aspecto intrigante destas quermesses é que religiosos jamais conseguem manter relacionamentos interpessoais porque, tão logo escutam algo de alguém que discorda deles e se sentem desafiados em suas crenças e convicções, cortam as relações. Religião separa os melhores amigos! Religiosos também não sabem manter a amizade nem o relacionamento com os que não são semelhantes a eles, por isso relacionam-se somente dentro do grupo de suas afinidades religiosas. Todos são iguais e praticam tudo em conformidade uns com os outros. É por isso que através da aparência das pessoas facilmente as identificamos com o grupo religioso a que pertencem. Batista só tem liberdade para ser batista. Presbiteriano só tem liberdade para ser presbiteriano, e assim por diante, assembleiano, adventista, católico, etc. Religião gera toda manifestação de hipocrisia. Infunde um semblante de contrição na medida em que aumenta o empedernimento do coração. Religião dá formas uniformes para cada seguidor e cada um passa a ser conhecido pelos cacoetes de sua religião. Tudo é praticado sem autenticidade, igualzinho e previsível como sempre. Toda religião gera ódio, o Cristianismo inclusive. Basta ler os exemplos infindáveis de sua história. Cristãos mataram tanto quanto mulçumanos. Uns mataram os outros. Até Lutero matou judeus e Calvino, os que eram impiedosos sob sua maneira de ver. E a Santa Sé Católica Apostólica Romana matou milhões de seres humanos em toda a sua história e, principalmente, aqueles que faziam descobertas científicas que confrontavam a ignorância de suas doutrinas. Toda religião produz chacinas. Os judeus comuns do primeiro século eram gente asse44

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nhoreada pela exploração de todo tipo: política, social, econômica e - a pior de todas - religiosa. Mesmo acostumados ao labor e às pressões da vida, antes de seguirem a Jesus, viviam sufocados por algo mais opressor que o trabalho escravo: os cruéis líderes religiosos, feitores da religião aos quais nunca conseguiram satisfazer e eles mesmos jamais tiraram dela qualquer satisfação. Além de viverem oprimidos pelo jugo da religião, carregavam os fardos impostos pelos romanos, ocupantes de suas terras, e pelos seus governantes locais corruptos e exploradores. Quando o Mestre Jesus veio anunciando o Reino, as boas novas eram excepcionalmente recebidas pelo povo com alegria e satisfação. Aonde Jesus chegava, além de as pessoas ouvirem uma mensagem incomum de Graça, Arrependimento, Perdão, Reino de Deus, logo percebiam o Seu jeito de ser e de agir e eram surpreendidas pelo mesmo, porque, ao contrário dos líderes religiosos, Ele relacionava-se com qualquer um, com todos, sem fazer acepção de pessoas, sempre servindo e servindo, nunca com uma postura de superioridade. E havia poder não Lsomente no que Jesus dizia, mas nos Seus milagres, nas Suas curas e nas libertações de demônios que operava. Seu jugo era suave e seu fardo era leve. As pessoas conheciam outros poderes. Quando o Poder de Deus se manifestou entre elas na pessoa de Jesus, elas perceberam que não precisariam mais viver sob o jugo da religião e, mesmo continuando a viverem no Império Romano, estariam seguindo a Jesus, O Rei de outro Reino. É somente na perspectiva dos relacionamentos que vamos entender a razão pela qual Jesus comia e bebia vinho com publicanos e pecadores. Os seguidores de Jesus eram gente simples. Se não eram 45


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simples, tornavam-se. As Boas Novas do Reino eram novas de alegria, muita alegria. E, ao seguirem Jesus, experimentavam uma liberdade extraordinária.

–3– Religião e Adoração Jesus, Deus-Homem, nasceu em Belém da Judéia, passou Seus primeiros meses no Egito, cresceu e trabalhou como carpinteiro em Nazaré da Galileia dos gentios. Antes de Jesus completar trinta anos de idade, João o batizou no Rio Jordão. O Mestre saiu logo das águas sem confessar um pecado sequer. Como todos os homens passam pelos desertos, Jesus, Homem-Deus, foi levado ao deserto pelo Espírito Santo para ser tentado pelo Diabo, e Ele viveu os três anos subsequentes fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do Diabo antes de ser preso, julgado e crucificado. Depois do jejum de quarenta dias no deserto, tendo já conhecido muitos de Seus discípulos e começado a pregar o Evangelho do Reino, certa noite Jesus subiu ao monte para conversar com o Pai e, pela manhã, chamou e escolheu para Si doze de Seus discípulos para viverem e estarem com Ele, e os nomeou como apóstolos. Muitas mulheres também passaram a seguir Jesus. Enquanto iam e vinham pelas terras de Israel, viveram a simplicidade e experimentaram, em comunidade, a mais livre maneira de viver. 46

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Tanto para os discípulos quanto para Jesus, Rei de toda a Terra, tudo era muito simples. No Reino de Deus tudo é simples. No mundo dos homens tudo é complicado. O Mestre e os discípulos, o Pastor e as ovelhas, o Sumo Sacerdote e os sacerdotes, o Primogênito e Seus irmãos, todos reunidos no mesmo lugar ou caminhando juntos: era Igreja. Porém, quando se separavam e cada um seguia o seu caminho, Jesus permanecia com cada um por onde quer que fosse, o Senhor e os servos, o Rei e os reis: era Reino. Servir a Deus é adoração e servir aos outros é servir a Deus. Quando não servimos aos outros, não adoramos a Deus mesmo que O louvemos cantando os mais belos hinos. Toda adoração que Deus não recebe os espíritos das trevas a aceitam e a recebem. Porque o cerne da vida de cada pessoa compreende servir a Deus ou servir a Satanás. Somente servimos a Deus se servimos aos nossos semelhantes. Todo egoísta, que busca seus próprios interesses, que quer somente para si, serve a Satanás. Qualquer um que serve ao seu semelhante em qualquer instância serve a Deus e não a Satanás. O homem é um ser físico espiritual. Não somente a alma e o espírito são elementos espirituais, mas, somados ao corpo, formam a expressão única de um só ser espiritual. Porque Deus é Um (Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo), criou o homem completo - os criou macho e fêmea - para ser um. Deus não criou o homem naquelas três partes separadas, nem em uma unidade, mas um. “Não foi o Senhor que os fez um só?” (Profeta Malaquias). A alma do homem não é o homem. O espírito do homem não é o homem. O corpo do homem não é o homem. O homem, a mulher, é corpo, alma e espírito. O primeiro casal – Adão - deu à luz ao pecado e, como 48

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consequência, o corpo do homem veio a ser destinado ao pó da terra de onde veio, ou seja, seu corpo deixou de ser eterno, enquanto a alma e o espírito continuaram a serem eternos. Ocorreu ali mesmo, no Éden, uma ruptura não somente entre o homem e Deus, não somente entre o homem e a mulher, não somente entre os céus e a terra, mas em cada um dos dois seres humanos criados por Deus para a eternidade. Todos deixaram de ser UM, exceto Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. Depois que o homem tornou-se independente de Deus, toda espiritualidade humana tornou-se uma forma de religião que o homem passou a cultivar como algo à parte de todos os outros aspectos de sua existência. Todas as culturas estão impregnadas desse conceito. Deus não criou o homem e a mulher religiosos. Deus não criou a religião. O homem a priori não era um ser religioso. Quando Jesus escolheu Seus discípulos e eles O seguiram, não praticaram em Sua companhia nenhuma forma de religião, nem individualmente nem coletivamente. Não havia uma vida devocional à parte da existência. Tudo faziam como uma devoção total a Deus, especialmente Jesus, que tinha comunhão contínua com o Pai como o primeiro Adão. A Lei de Moisés nunca promoveu ninguém à condição de satisfazer a Deus plenamente, porque era impossível para qualquer um dos descendentes de Abraão cumprir a Lei. A Lei estabeleceu protocolos, formas, rituais, regras, enfim, uma série de pequenas leis não para aproximar o homem de Deus, mas para que Deus não se distanciasse muito mais deles. Conquanto muitas vezes à parte de toda a Lei Deus se revelasse a muitos de Seus filhos e com eles se encontrasse, nada exigindo de nenhum deles, muitos ergueram altares em Sua honra e ofereceram-Lhe sacrifícios e ofertas. 49


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Quando o Verbo se fez carne e habitou entre nós, quando João bradou: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”, naturalmente foi esfacelada por completo a necessidade de o homem ter uma religião para buscar Deus. O homem não precisa ir à busca de Deus, pois Deus ficou tão perto dele que até os discípulos O viram e tocaram Nele. “Perto está o Senhor de todos os que O invocam em Espírito e em Verdade.” (Salmista Davi). Quando Jesus subia ao monte e se ajoelhava para orar, ensinava aos judeus nas sinagogas, às multidões nos campos ou à beira mar, Ele e Seus discípulos viviam um perto do outro. Quando Ele curou, limpou leproso, ressuscitou morto, expulsou demônios, nada disso fez como exercício de uma religião, mas naturalmente, como qualquer outra expressão de Sua vida, como qualquer outra atividade humana. Lavar as mãos e curar não se distinguia como tarefas, nem eram exercícios diferenciados: uma atividade natural e a outra espiritual. Tudo era natural. O espiritual era natural. Quando se fez carne, habitou e viveu entre nós, Jesus não fez nenhum esforço para agradar a Deus. Para Ele, era um prazer conhecer a Vontade do Pai, aprender a obediência, fazer a Sua Vontade e realizar a Sua Obra. A Obra de Deus é tudo aquilo que envolve o viver e não simplesmente curas ou milagres, orações e preces, louvores e canções. Quando estas coisas são separadas da vida, alguma forma de religião se estabelece. Se Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida; se ninguém vem ao Pai, senão por Ele; se Ele e o Pai são Um, é mera ignorância e falta de percepção transformar o relacionamento com Ele em uma formalidade. Toda religião é formal. A operação por Jesus de qualquer cura ou milagre não era feita por ser Sua especialidade celestial. Além disso, tudo o que Ele fazia era feito como algo comum. 50

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A vida em Deus não pode ser fracionada: tudo é tão natural quanto espiritual. Mesmo o viver já é um grande milagre. É fruto da Graça de Deus. E a Graça Dele é melhor do que a vida. Orar, comer, dormir, trabalhar, andar, cantar, dançar, estudar as ciências dos homens e estudar as Escrituras, aprender, ensinar, casar, educar os filhos, viver em família, desfrutar do prazer conjugal, gozar todas as coisas que Deus criou ao divertir-se, socorrer aos necessitados, reunir-se com os irmãos e irmãs em qualquer lugar, proclamar e viver o Reino, tudo é adorar a Deus. O propósito eterno de Deus para o homem é que ele seja feito conforme a imagem e semelhança de Seu Filho. Quando o homem se torna semelhante à imagem e semelhança de Seu Filho, adora verdadeiramente não pelo que oferece ou pelo que faz, mas pelo que é. Adoração verdadeira não é um ato. Adoração é a natureza do homem, sua própria identidade: ser filho de Deus. Somente filhos de Deus adoram a Deus. Se há adoração, não há religião. A religiosidade é incompatível com a adoração a Deus. Se se vive em todo o tempo para Deus, tudo o que se vive e se faz é adoração. Se não se vive para Deus em todo o tempo quando se dispõe a adorá-lo, isso não é adoração, é religião. Separar um tempo para adoração é um ato religioso além de ser um antagonismo ao exemplo de Jesus e Seus discípulos. Os discípulos não separaram tempo para adorar: eles foram separados para adorar. Reuniões de culto não foram conhecidas pelos discípulos de Jesus quando caminharam com Ele na Terra. Usar algum tempo para cantar, louvar, compartilhar é uma coisa; outra coisa é só cantar, só compartilhar através de um culto. E isso é contradizer Jesus! Jesus subiu muitas vezes ao monte para orar a sós com o 51


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Pai. Isso não é religião, é comunhão com o Pai. É como voltar à velha discussão religiosa, quando disputavam se o local onde adorar a Deus deveria ser no monte de Samaria ou em Jerusalém. Os discípulos de Jesus, enquanto viviam juntos em algum lugar de Israel, não separavam tempo para adorar o Pai. Enquanto serviam uns aos outros, à multidão e a cada um que encontravam pelo caminho, adoravam a Deus, posto que servir aos homens é a verdadeira adoração. Ninguém adora a Deus se não cumpre o Seu propósito eterno. Ninguém adora a Deus sem servir aos outros. Hoje, ao se reunirem em nome de Jesus, os irmãos são Igreja, a Igreja. Enquanto cantam, estudam a Palavra juntos e repartem o pão, têm comunhão uns com os outros. É para isso que se reúnem, não para adorar a Deus, mas para terem comunhão uns com os outros. E isso é adoração. Sem a comunhão, a adoração deixa de ser adoração para ser uma espécie de bajulação. Já que não servimos a Deus a não ser servindo aos irmãos, se não servimos aos irmãos, com nossas expressões musicais e encenações, estaremos apenas bajulando a Deus. Ele não aprecia esse tipo de desempenho. Quando se separa a adoração da vida cotidiana, cria-se uma forma hipócrita de religião: o culto, onde todos procedem segundo a liturgia dentro de alguns protocolos, conquanto possam estar vivendo uma vida muito diferente e negando Deus em todo o restante da semana. Jesus, porém, já inaugurou o tempo em que se adora a Deus não somente em algumas reuniões especiais, não somente em Jerusalém nem em Samaria, mas em todo o tempo, em qualquer lugar, em Espírito e em Verdade, simplesmente vivendo para Ele. Em Espírito, porque o filho de Deus é um só Espírito com Deus. Em Verdade, porque é Filho. Vive-se para o Senhor ou não se vive para Ele. Uma coisa 52

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ou outra. Não há como adorar a Deus e viver para outro. É impossível servir a Deus e ao dinheiro ao mesmo tempo. Ou se agrada de um ou se odeia o outro. É muito fácil perceber como todos os cultos da grande maioria das “igrejas” e todas as programações televisivas evangélicas são realizados em função de dinheiro. A motivação tanto dos líderes como do povo gira em torno do dinheiro. A alegria de ter comunhão, de ouvir a proclamação da Palavra e de contribuir generosamente deixou de ser na pessoa de Jesus para se basear no que Ele pode dar. Tão diferente das “reuniões de culto” de 30 anos atrás! Aliás, não há comunhão. Comunhão é Koinonia: comer pão juntos, almoçar, jantar. Esses são eventos depois da reunião do culto. Somente adora a Deus quem vive e faz tudo com alegria, pois Deus é agradado somente se sentimos bem em fazer o que fazemos para Ele. Adora a Deus quem dá com alegria, mas não sob a pressão das palavras do dirigente da reunião. E dar não é um ato da reunião como qualquer outro ritual de culto. Dar é ato comum da vida e não de culto. Na Igreja não existem ofertórios. Jesus nunca recolheu uma oferta sequer em nenhum de seus agrupamentos. A religião leva o homem a fazer tudo por obrigação. A verdadeira adoração é quando tudo o que se faz para o Senhor é feito com alegria e com prazer. A religião nunca nasce das descobertas de um relacionamento com o Senhor à luz das Escrituras, mas da imaginação dos homens, de suas próprias ambições pessoais muitas vezes materializadas em pretensas visitações celestiais. Assim é que visões, profecias, experiências “espirituais” se amalgamam em uma categorização de cristalização das expectativas produzidas pelos desejos pessoais. Quem espera conseguir uma casa de Deus vai receber uma profecia de que Ele lhe dará uma casa e assim por diante. 53


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Quanto à adoração, ela nasce da própria revelação de Deus e põe fim a toda religião. A religião nasce da interpretação dos homens e daquilo que pensam ser Deus. Por não se encontrarem com Deus, produzem um ídolo chamado “deus.” O que invocam como Deus, quando falam de Deus, quando dizem representar a Deus, não é o Deus de Abraão, Isaque e Jacó: é uma horrorosa invenção, um deus postiço. A adoração apenas contempla Deus e descansa no fato de que Ele é transcendente em relação a Suas meras criaturas, embora bem perto e presente esteja. Deus Pai está bem perto, falo com Ele como qualquer um conversa com seu amigo. A religião projeta um deus distante e que demanda tudo. A adoração é adoração ao Deus que está sempre bem perto e é gracioso. Quando estabelecida, a religião pode gerar muitas preces e oferendas; quando praticada, ela é uma formadora de conduta, um manual de comportamento, uma dieta alimentar, um código com muitos detalhes e contamina toda a existência, mas jamais levará o homem a Deus e não pode trazer Deus ao homem. O Cristianismo tem um pouco de tudo isso numa mistura com quase infinitas variações, ramificado em denominações-seitas e seitas. Toda denominação é também uma seita. O Cristianismo é uma religião. Toda religião é pecado. O Cristianismo é pecado. Na religião, o homem busca Deus e acaba encontrando-se com qualquer deus. Religião é o que se faz para agradar a Deus e O desagrada muitíssimo. A religião, de fato, somente agrada ao homem, perpetua muitos de seus deuses e senhores, gerando infinitos escravos. O Cristianismo é uma religião de escravos tanto fisicamente 54

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quanto psicologicamente. O Cristianismo é um condicionador religioso à parte da vida natural que os discípulos de Jesus gozaram quando caminharam com Ele nos solos de Israel. Adoração a Deus somente é adoração se traz prazer e alegria ao coração de Seus filhos, a saber, se lhes possibilita viver a vida em toda a sua plenitude com alegria e satisfação. Todo o restante é religião, e está morto.

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–4– O Fim do Jardim Getsêmani O fim do Getsêmani é o fim de toda a religião porque a morte de Jesus na Cruz é Deus reconciliando consigo mesmo o homem e todo o mundo. É o fim de todo rito, de toda oferenda, de todo esforço e de tudo aquilo que se possa fazer para tentar agradar a Deus. Quem morre na cruz morre pouco a pouco, mas morre. Não há nada que o homem possa fazer depois que foi crucificado. Ninguém pode livrar-se da cruz depois que foi pendurado nela. No caso de Jesus, Ele tinha subido à Cruz por antecipação desde o Getsêmani. A Cruz é o único altar que o Pai aceitou. Deus pediu a Abraão seu único filho em holocausto. Mas Deus não exigiu nem pediu que Jesus morresse na Cruz. Foi Jesus, o Filho, Quem se ofereceu para ser sacrificado. Jesus é o sacrifício perfeito de Deus, pois se tornou sacrifício baseado na Sua própria vontade e na espontaneidade de Seu Amor. Ninguém levou Jesus, o Cordeiro, para morrer na Cruz. Ele foi. Jesus não foi propriamente preso. Ele se entregou. Quando se ofereceu antes da fundação do mundo, o Pai aceitou entregá-Lo. 57


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Será que o Pai amou mais os homens que Seu Único Filho? Por isso O entregou? Não. O Pai (e também o Filho e o Espírito) amou o mundo de tal maneira que deu o Seu unigênito. Jesus amou Seus discípulos até o fim. O Pai amou o Filho até o Fim. Foi por Amor que o Pai, pelo Seu Espírito, ressuscitou a Jesus dentre os mortos. A Cruz é a perfeita adoração, pois nela Jesus toma o lugar de cada um de nós e, como sacrifício e oferta perfeitos, Ele satisfaz ao Pai plenamente. Para sempre. Depois que Jesus morreu na Cruz, não sobrou nada para oferecermos a Deus em troca de qualquer dádiva ou bênção, mesmo porque qualquer coisa que oferecemos é incompleta e sempre imperfeita. A Cruz é o óbito de toda religião. É Deus sendo agradado em Si mesmo na maior expressão de Seu Amor e Graça. Na Cruz tudo está consumado. Na Cruz, ao gritar: “Está consumado”, segundo o amigo Brian Simmons, Jesus de fato gritou: “Noiva” – “Minha Igreja”. A Noiva está preparada para o Noivo pela Justiça da Cruz do Calvário. A Noiva já está preparada para o Noivo, porque o Noivo mesmo a preparou para Si. Ao morrer na cruz, Jesus derramou Seu Sangue pelos injustos, porém, depois de morto, ao ser ferido pelo soldado com uma lança no lado de Seu corpo, água e sangue ainda foram derramados de Seu corpo pela Sua Noiva, a Igreja. Antes da morte na Cruz, há sangue que faz justo. Depois da morte na Cruz, há sangue que purifica os justos de todos os seus pecados. Deus já está satisfeito e já foi eternamente agradado pelo sacrifício e pela morte de Jesus. Por que os crentes insistem em fazer e oferecer coisas para agradá-Lo em busca de bênçãos? Por que insistem em pagar para receber alguma bênção? A Cruz é verdadeira adoração. Foi pela Fé que Jesus entre58

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gou-se para morrer. Somente a Fé pode agradar a Deus porque projeta totalmente para Ele mesmo toda a responsabilidade de ser agradado e para o homem, apenas o descanso e a confiança de que tudo está resolvido. Por certo, Jesus Cristo é exclusivo; a religião, porém, aceita qualquer um. Qualquer santo pode ser mediador ou intercessor. Não há outro Mediador entre Deus e os homens, somente Jesus Cristo. Não há outro Nome pelo qual sejamos salvos. Só pelo Nome de Jesus. Quem segue a Jesus somente O segue se renuncia a todos os outros para segui-Lo. Nem Maria. Nenhum outro “santo.” Nem pastor. Nem padre. Canonizações são pestilências que poluem o entendimento da simplicidade e pureza do Evangelho. Há um só Senhor e um só Salvador. Líderes carismáticos, únicos, à frente de multidões, chamando para si toda a expectativa de fé dos simples são igualmente vergonhas e escândalos no Reino. Toda a atenção e devoção são única e exclusivamente para Jesus. A religião aceita toda ajuda que o homem possa receber de tantos santos, de tantas entidades, de tantos sacerdotes - pastores, padres, apóstolos, missionários, bispos, etc. - quanto puder incluir na sua lista de devoção. A Palavra de Deus desconhece toda religião como forma de se chegar a Deus. Se seguir a Jesus é um ritual, é uma religião, uma espécie de devoção, que seja o refrear da língua, o visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e o guardar-se da corrupção do mundo. A religião que é pura, verdadeira e imaculada de fato não é religião, é a verdadeira religião. Mas não para ligar o homem a Deus. É porque já está ligado ao Pai em Jesus, que alguém pode viver dessa maneira. É porque foi criado para andar em boas obras. Refrear a língua, visitar os órfãos e as viúvas e guardar-se 59


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da corrupção do mundo são práticas e dinâmicas de vida e não de uma religião. Caridade, esmolas e ofertas são atos religiosos para quem não é filho do Pai. Uma vida religiosa é uma vida de obrigações e torna-se exaustivamente solitária, porque não se oferecem oferendas coletivas, mas somente pessoais. Cada um faz o seu pacto religioso, conquanto seja o mesmo de todos. O que Deus busca é relacionamento com Seus filhos. Tudo o que Deus é, criou e fez envolve relacionamento. Ninguém no Reino de Deus anda só, vive só e age só, nem o próprio Deus. Quando Deus criou a mulher, criou-a porque não era bom que o homem estivesse só. Antes da eternidade, Deus Pai desejou ter uma família de filhos semelhantes a Seu Filho. Quanto Jesus se sentiu só no Jardim e desejou ardentemente que Seus discípulos chegados vigiassem com Ele! Não puderam, porque foram dominados pelo sono. Contudo, não estava só; o Pai estava com Ele. Quando sentiu que estava só, viu o fruto de todo o trabalho de Sua alma, a grande família que estava gerando, e ficou satisfeito. O relacionamento que Deus busca com Seus filhos vai além dos atos e obras que eles podem fazer para agradá-Lo. O homem não agrada a Deus simplesmente obedecendo-Lhe, muito menos por obrigação. O homem agrada a Deus pela Fé e a Fé carrega o peso leve da satisfação em poder agradá-Lo. É a Fé Nele que gera a obediência natural, espontânea e prazerosa. Toda obediência obrigatória é rebeldia. No Getsêmani, Jesus não pediu ao Pai para que Lhe oferecesse um atalho para a Cruz. Não era a Cruz que Jesus queria evitar. O que O afligiu a ponto de causar angústia e dor profunda em Sua alma foi uma dura realidade iminente de uma solidão cósmica, a separação do Pai, a ruptura da família divina. 60

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Ele jamais quis ser separado do Pai nem que fosse por um segundo. É que um segundo pode significar toda a eternidade. Jesus sabia que jamais se tornaria plenamente homem se não experimentasse a separação do Pai. Enquanto viveu entre os homens, durante Seus anos na Terra, nunca pecou. Os pecados dos homens fazem separação entre eles e Deus. Na Cruz Jesus se tornou pecado, deixou de ser semelhante ao Pai, e tornou-se semelhante aos homens. Na Cruz, Deus Filho e todos os homens se tornaram iguais. Apesar de ter expirado e morrido na Cruz, Jesus não morreu propriamente na Cruz. Ele morreu algumas horas antes quando, no Getsêmani, ofereceu-se voluntária e espontaneamente ao Pai para fazer a vontade Dele e não a Sua. E a vontade do Pai era que Ele se tornasse como qualquer homem para que, como nunca pecou, pudesse trazer com Ele da morte filhos perfeitos e completos como Ele e o Pai é. O inferno é um lugar de solidão perpétua. O mundo é um lugar de solitários pela prevalência da individualidade e do egoísmo que mantém as pessoas cercadas por elas e nelas mesmas. Jesus nunca viveu só no mundo, nem quando morreu. Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo. Jesus clamou: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparastes?” Desamparado sim, mas não abandonado. Desamparado sim, mas não só. Pois Deus pelo Espírito Eterno O ressuscitou dentre os mortos. A Igreja é uma família, a família de Deus. A Igreja não é um prédio nem um local onde as pessoas podem sentar-se sozinhas e fazerem as suas preces e oferecerem sua adoração. A Igreja é a comunidade de muitos que são Um em Cristo e que, ao relacionarem-se uns com os outros, ao cuidarem uns dos outros e servirem uns aos outros, acabam manifestando que são Um como o Pai, o Filho e o Espírito Santo ‘é um’. 61


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Não há gramática correta aqui! Misteriosamente, não são 10, mas “1”; não são 20, mas um; não são um milhão que são um. Não são o Pai (“1”), o Filho (mais “1”) nem o Espírito (total de “3”): são simplesmente “1”. O número Um na eternidade significa exatamente Um! Não eram 100 que se tornaram “1”. Absolutamente não. É UM. A Igreja manifesta-se através de dois ou três, mas somente é Igreja se os dois, três ou muito mais são apenas um. Para Deus, o número um não representa a individualidade, um numerador ou um denominador solitário, nem representa o resultado da adição de todos os indivíduos que se tornam apenas Um. Não! Deus é UM! O Corpo de Cristo é um! Como podemos desprezar a Verdade da perfeição da Unidade com Deus ao imaginarmos que Ele poderia esquecer-nos ou negar alguma coisa para nós, seus Filhos, sendo nós Um com Ele? Porque muitos ainda insistem em barganhar com Deus? Precisam nascer de novo! Precisam tornar-se UM com o Pai.

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–5– Dois Senhores e Dois Reinos A cosmovisão dos cristãos sem a compreensão do Reino de Deus é pautada pela consciência da luz e das trevas, do santo e do profano, pelo conceito do bem e do mal, do céu e do inferno, de Deus e do diabo. É o dualismo existencialista que está presente em todas as culturas ocidentais e que encontra sofisticada perversão na religião, especialmente. O Reino de Deus é completamente distinto do mundo, do cosmos. Desconhece o Diabo, o mal, o pecado, a doença e a maldição. No Reino não há vergonha, nem escândalo. Porque o Reino é Eterno. Todos os elementos mencionados são passageiros, mesmo que estejam em atuação. Toda vergonha, todo escândalo e todo aquele que pratica a iniquidade serão extirpados do Reino. No Reino de Cristo só há luz, tudo é santo, só se pratica o bem, não há céu nem inferno, não se menciona o diabo e só Deus é e Nele todos os Seus filhos são semelhantes. Não existem indivíduos solitários, todos são um. O Reino de Deus é a família de filhos semelhantes a Jesus. Para Jesus Cristo, ninguém entra no Seu Reino sem nascer de novo e ninguém nasce de novo sem passar pela Cruz. E é nascendo de novo que alguém se torna como Ele é. Para alguém nascer de novo é preciso morrer primeiro. 63


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Somente mortos ressuscitam. Nascer de novo é ressuscitar. Até Jesus nasceu de novo. Morreu com corpo humano e ressuscitou com corpo glorificado. Morreu como o Unigênito de Deus e ressuscitou como o Primogênito do Pai. O filho de Deus precisa aceitar que ser santo é obra do Espírito pelo Sangue de Jesus, portanto ninguém consegue santificar a si mesmo. Ninguém se torna santo porque decidiu ser santo ou começou a consagrar-se para se tornar santo. Jesus é quem nos santifica para sermos santos. Jesus é a nossa Santidade e a nossa Santificação. Santificação não é um processo. Não existem processos no Reino de Deus. O filho de Deus precisa entender e aceitar que ser justo não vem da prática da Justiça. Jesus é Quem nos justifica para praticarmos a Justiça. Na Cruz, Jesus foi feito Justiça para que cada um de nós fosse feito igualmente Justiça para Deus. O Reino é a verdadeira essência. Não se existe no Reino de Deus. No Reino somos filhos de Deus. A existência é um conceito para criaturas e não se aplica ao Criador. Porque Nele vivemos, e nos movemos, e existimos; como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois somos também Sua geração. (Atos 17:28). Viver no Reino não está baseado em posses nem em tesouros passageiros da Terra. Um dos ladrões e salteadores que foram crucificados com Jesus disse a Ele: “Lembra-te de mim, quando entrares no Teu Reino.” É o Reino dos Céus. Jesus advertiu para que tesouros fossem ajuntados no céu, porque os tesouros na terra a traça e a ferrugem os consomem e os ladrões os furtam e assolapam. Jesus advertiu sobre a possibilidade de os olhos, que são a candeia do corpo, podendo ser bons ou maus, terem um tipo de luz que, de fato, pode ser trevas e, em o sendo, grandes trevas se64

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rão. É interessante que alguém possa pensar que tem luz, quando seu corpo está tomado de densas trevas. Jesus estava alertando quanto à cobiça dos olhos, porque vinculou esse tema da candeia do corpo com tesouros e riquezas. Basicamente, Jesus disse que a vida de qualquer um vai ser aferida por um critério só: a escolha vital que cada um faz ou mesmo não faz conscientemente. Isso não tem a ver com os tesouros em si ou mesmo com Deus em si; tem a ver com o que amamos ou odiamos. O que nós odiamos, nós não servimos; a quem amamos, dele nos tornamos servos. O homem pode ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida. Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas (ou o dinheiro). Cristo derramou Seu sangue para redimir não só homens, mas todas as coisas eternas. É pela perspectiva da Cruz que o que somos e o que temos devem ser colocados à disposição do Reino de Deus. A mensagem da Cruz é o Reino. O Evangelho da Cruz é o Reino. O Evangelho é Jesus. É crendo no Evangelho que alguém é levado à razão do Evangelho. Seguir fielmente ao Senhor Jesus é a razão de nossa vida. Portanto, ninguém consegue seguir ao Senhor se não for transformado Nele. Jesus dizia a todos: Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida a perderá; mas quem perder a sua vida por minha causa, este a salvará. Pois que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, e perder-se ou destruir a si mesmo? (Lucas 9:23-26). É contraditório servir a Deus e querer ficar rico. Não é impossível para Deus um rico ser salvo. Mas tanto o pobre quanto o rico, se não renunciarem tudo quanto possuem, não podem ser 65


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discípulos de Jesus. No caso do pobre, o que tem que renunciar vai além do pouco que possui: o desejo de ficar rico. A luz que muitos cristãos dizem possuir são trevas grandiosas, porque toda a relação que querem ter com Deus está baseada no dizimar e ofertar como meio de receber uma grande bênção financeira. Como alguém pode renunciar tudo quanto tem para seguir a Jesus e depois buscar as mesmas coisas que renunciou? É o que milhões de cristãos querem, é o que buscam. É triste constatar que a candeia do corpo de muitos cristãos são trevas por causa de sua ambição e cobiça. O ambiente religioso é um campo fértil para todo tipo de manipulação daqueles cujos olhos enxergam somente dinheiro e dinheiro. E não pode ser diferente, pois é o que amam. Assim, tornam-se vítimas de manipulação por conta de falsos ensinos e se sujeitam às fantasias cada vez mais elaboradas dos líderes para levarem o povo a doar cada vez mais. O princípio da semeadura e da colheita tornou-se um meio de manipulação para gerar uma expectativa pessoal a fim de satisfazer ambições pessoais. Religião e dinheiro sempre foi uma combinação perigosa e explosiva. Estão relacionados com todas as rupturas na Igreja Cristã. Ninguém pode servir a dois senhores, porque não pode pertencer a dois reinos. O Reino de Deus não opera por dinheiro. Dinheiro não é um valor do Reino de Deus. O dinheiro deve estar a serviço do Reino, pois ele é necessário para conduzir os negócios no mundo. A razão para adquiri-lo, os meios para alcançá-lo e onde será empregado deve sempre se relacionar ao ajuntar tesouros no Céu. No Reino, semeiam-se com abundância (que significa repartir) sementes que Deus dá a fim de se colher com abundância o pão para o sustento e mais sementes para semear (que significa 66

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compartilhar), num ciclo de abundância cada vez maior de colheita e semeadura. Semear é repartir com os pobres, necessitados, viúvas; é prover com um salário digno ao que prega o Evangelho; é aplicar em homens e não em estruturas que promovem o Reino, e não para enriquecimento, autopromoção e proveito unicamente pessoais. As estruturas são apenas odres físicos, totalmente dispensáveis se não servem ao método de Deus. O método de Deus é o homem. Fazendo assim, aquele que semeia colhe e sua Justiça dura para sempre. É o que Jesus referiu como ajuntar tesouros nos Céus. Conquanto Deus dê poder para adquirir riquezas, Ele provê Seus filhos ricamente de todas as coisas para serem desfrutadas e estabelece que a riqueza seja uma consequência natural na vida daquele que recebeu Sua sabedoria. O Espírito admoesta ao irmão rico a não ser arrogante, a não pôr sua esperança em seus bens, a não oprimir os pobres e repartir com o que tem necessidade. Quem, pois, tiver bens do mundo e, vendo o seu irmão necessitado, lhe cerrar as suas entranhas, como estará nele o Amor de Deus. (I João 3:17). Embora todos, sem distinção, justos e injustos, tenham alimento e vestuário do mesmo modo que Deus alimenta os pássaros e veste os lírios, Jesus disse que “buscássemos o Seu Reino e a Sua Justiça” de tal modo que essas coisas nos fossem acrescentadas. O que? Alimento e vestuário. Nada mais do que isso, porque “tendo sustento e com que nos cobrirmos estejamos com isso contente”. Se mesmo os injustos têm alimento e vestuário garantidos, a razão de buscarmos o Reino e a Justiça do Reino em primeiro lugar não é por essas coisas, mas pelo que falta: o Reino e a Justiça. 67


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Ninguém toma a cruz e ao mesmo tempo leva consigo seu dinheiro e seus bens. Jesus tomou a Cruz para ser morto. Os avarentos, ladrões e roubadores não herdarão o Reino de Deus. O Reino de Deus não é o Paraíso perdido. Jesus não nos leva de volta ao Paraíso perdido. O Reino é Jesus. Quem se converte a Jesus volta-se ao Reino. É Reino de Paz, de Justiça e de Alegria no Espírito Santo. Para entrar no Reino, é necessário deixar à porta tudo quanto tem. A Cruz nivelou todos: pobres, miseráveis, ricos, homens, mulheres, crianças. Ninguém entra no Reino se não renunciar as suas posses. Ninguém pode permanecer no Reino se servir as suas riquezas. Jesus não deixou nenhuma herança para sua mãe, irmãos, irmãs, sobrinhos e sobrinhas. Até as roupas que usava quando foi preso lhe foram tiradas. Sem essa compreensão da Cruz, sem essa compreensão de Jesus, crucificado nu na Cruz, tudo o que temos, seja pouco ou muito, se torna um embaraço e um tropeço para nossa caminhada. Como, então, para ensinar a prosperidade desconsideram a mensagem da Cruz? É que a prosperidade que serve aos interesses pessoais não vem de Deus, mas de Mamom. A Vida Eterna não é para o porvir, mas para agora. Vida Eterna não tem a ver com os Céus nem com algum Nirvana. Jesus nunca prometeu levar o homem para o Céu. O Céu não é o destino eterno do homem. Ser semelhante a Jesus é o destino de todo o filho de Deus. Quem crê em Jesus tem a Vida Eterna. Já! Não é necessário morrer para ir para o Céu a fim de receber a Vida Eterna. É só crer em Jesus. É nascer de novo e entrar no Seu Reino. Só o Espírito de Deus pode operar esse milagre, o maior de Deus. Com a Vinda de Jesus, o Reino de Deus invadiu sem permissão as terras da Judéia e a realidade de trevas e de ignorância 68

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de um povo que, por muito tempo, viveu politicamente opresso e foi constantemente açoitado por uma religião sem expressão alguma de vida, sem a Graça. Os judeus estavam condenados sob os rudimentos deste século, estavam sob a tutela de uma Lei que ninguém conseguia cumprir e eles viviam sufocados por uma lista preparada por intérpretes da Lei, composta de obrigações sem fim para todas as ocasiões e para todos os momentos. Naquela época, dinheiro e negócios com as coisas sagradas faziam parte do cotidiano daquele povo. Eram oprimidos não só pelos impostos de Roma, mas também pelas demandas do templo. Não é diferente hoje em dia. A Lei era usada como um fantasma perseguidor, um espírito que impunha medo, um feitor que existia para fustigar e uma bula com um preceito difícil para cada aspecto da vida, em todo o tempo. No Reino de Deus não há Lei. A Lei do Reino é a Lei da Nova Aliança: o Amor! Foi no Getsêmani que Jesus começou a derramar Seu sangue, e continuou derramando enquanto ia a caminho do Gólgota. Na Cruz, Jesus derramou todo o Seu sangue e terminou de derramá-lo mesmo, quando manchou os lençóis que cobriram o Seu corpo para ser sepultado. Jesus abriu um novo e vivo caminho para Deus. Quem encontra o Caminho encontra Deus. O Caminho é Deus. Não há outro meio para se achegar a Deus. Não há outra oferta que Ele espere para abençoar. Tudo que Deus concede é absolutamente pela Graça. Toda a criação e redenção começam na Cruz. Na Cruz Deus Pai, Deus Filho, Deus Espírito Santo “encontrou-se” com o homem e na Cruz todos e tudo se tornaram Um. Quando o homem torna-se um em Deus, alcançou toda a plenitude da Graça e de tudo que Deus tem e é. 69


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Todo aquele que encontra o Caminho e entra no Reino de Deus não somente torna-se livre, mas passa a SER totalmente livre. A Cruz é a porta de entrada para o Reino de Deus. Na Cruz, o Reino de Deus torna-se acessível a todo homem em qualquer época. Quando morreu na Cruz, Jesus reconciliou não somente os homens com Deus, mas também reconciliou Consigo toda a Criação, estabelecendo para sempre a Redenção não somente dos homens, mas de toda a Criação. A redenção da Cruz é a Nova Criação. A Nova Criação é o Reino na sua plenitude. Quando Jesus morreu na cruz, Deus não estava morrendo; Deus e o Homem estavam vencendo Satanás e a morte. Quando morreu na Cruz, Jesus venceu e aniquilou o diabo; o venceu e vencido está para sempre; o aniquilou e aniquilado está para sempre. Quando morreu na Cruz, Jesus despojou, saqueou, espoliou e desapossou todos os principados e potestades e deles triunfou em Si mesmo. Quando morreu na Cruz, Jesus destruiu todas as fortalezas tanto físicas e palpáveis quanto as espirituais e invisíveis como também os conceitos, os mitos, os sofismas e qualquer pensamento ou conhecimento que se levanta contra Ele. Foi na Cruz que Jesus se manifestou plenamente como Filho de Deus e, morrendo, pulverizou todas as obras do diabo e todo o pecado. Quando morreu, destruiu o diabo e todas as suas obras e, de uma vez para sempre, consumou tudo. O reino das trevas são somente detritos e escombros. O lago que arde com fogo e enxofre, que é parte da Nova Criação, é o lixão de toda a velha criação. O Diabo e todos os demônios são seres liquidados; eles com seus seguidores são lan70

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çados naquele lago. A Cruz é o fim de todo o homem, é o fim de Adão. A Cruz é o Gênesis do Novo Homem. Quando Jesus ressuscitou dos mortos, inaugurou a Nova Criação. Ele é a Nova Criação, o Primogênito de todos os filhos de Deus. Quando Jesus morreu na Cruz e ressuscitou dentre os mortos, inaugurou Seu Reino e pela mesma Cruz o estabeleceu para sempre. E isto Ele fez desde a fundação dos mundos. Tudo é Reino de Deus. “E os reinos deste mundo se tornaram o Reino de Deus e de Seu Cristo.” (Apocalipse 11:15). Por que vacilar e ceder a pressões de quem quer seja e alterar a mensagem da Cruz? A Cruz é o suficiente para tudo! Quem começou a caminhada com Jesus pela fé, não por obras, pela fé e não pelas obras vai terminar a sua caminhada. E o que chama de fim não é o fim. É apenas o início de tudo. Jesus não é o Início e o Fim de tudo: Jesus é tudo!

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–6– As “Igrejas” de Hoje Em muitos arraiais da religião cristã, parece que tudo que é simples ficou desprezível. Quem mantém a simplicidade do Evangelho não evoluiu e é tido como tolo e quem se atém às práticas dos discípulos e dos apóstolos passa por ridículo e é taxado de atrasado. E a igreja não é de gente, embora digam que é, mas de tijolos, documentos e não passa de entidades e instituições. E nessa igreja tudo tem que ser sofisticado, bem desenvolvido, contextualizado, para agradar a todos e atrair as multidões. Entre os evangélicos, muitos pastores, bispos e apóstolos – nenhuma similaridade com aqueles que funcionavam sob estes vocábulos no Novo Testamento - querem ser pais de multidões e não pai de filhos a quem tenham de dar atenção e educar como Jesus ensinou a discipular um a um e como Paulo, o pai, que se relacionou com Timóteo, o filho. Ninguém nas Escrituras foi chamado de pai de multidões, senão somente Abraão; e este apontava para Jesus. Somente Jesus é o Pai de multidões. Todo aquele que se torna ou se posiciona como pai de multidões está usurpando a posição que só pertence a Cristo. As Escrituras desconhecem o conceito de discipulado coletivo. O conceito de discipulado tornou-se como uma fabricação 73


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em série, com formas - revistas, cartilhas, livros, DVDs, apostilas, etc. - escritas e produzidas em série para adestrar e treinar um monte de gente em série para aprenderem a falar uma mesma linguagem, serem parecidos uns com os outros à semelhança de seu líder e não semelhantes a Cristo. Muitos líderes religiosos afirmam que todos têm que ter o DNA de seu líder, devem se tornar a imagem e semelhança dele. As Escrituras desconhecem esse conceito de DNA, porque os filhos de Deus são iguais a Jesus não por descendência, conquanto descendentes, mas por Criação e Transformação. Tudo está muito além ou muito aquém do que Jesus deixou como ensino para a Igreja dos santos, como direção para a pregação do Evangelho do Reino em todo o mundo e das instruções que deu de como fazer discípulos de todas as nações. Tem que ser muito tolo e passar léguas de distância das Escrituras para conceber, com vulgar arrogância, que se pode usurpar o papel do Espírito Santo e para afirmar que A IGREJA tinha que evoluir com o passar dos tempos. O que evoluiu tornou-se igreja – outra igreja e, assim sendo, essa não é a Igreja que Jesus edificou sobre fundamento eterno. Com o passar dos anos, depois de muitas experiências, seus “membros” foram descobrindo o que seria melhor para usar, fazer e implantar em praticamente tudo que se relacionava a ela. As igrejas viraram assembleias de homens e não de Deus. Tornaram-se associações de membros, enquanto a Igreja não tem membros arrolados, mas santos membros uns dos outros, por conseguinte, membros do Corpo de Cristo. Com a morte do último dos apóstolos, anos depois que o livro de Atos havia sido escrito, a Igreja Eterna, que não tem limitações no tempo, deixou de ser a Igreja em cada cidade para, desde os primórdios da “era cristã”, tornar-se congregações isoladas, sob as lideranças isoladas por fragmentações mesmo den74

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tro de cada cidade ou na região, e, depois, todos vieram a ser posicionados debaixo de um Papa. E há papas em todos os seguimentos religiosos cristãos. Quando citamos a palavra Igreja hoje em nossas conversas, ela não carrega o mesmo significado do Novo Testamento. Neste aspecto é um pouco difícil nossa comunicação. Quando alguém diz: “nossa igreja”, não está baseada no ensinamento do Novo Testamento porque no Novo Testamento não existe “nossa igreja”. Há uma Igreja. Quando nos reunimos na Rua B, número 777, seja no “santuário”, no salão comunitário ou na sala dos Adultos, estando juntos, nós somos a Igreja; não a nossa, não a deles, mas a Igreja. Ao mesmo tempo, em qualquer lugar da cidade, onde muitos estão se reunindo em diferentes lugares, até mesmo dois ou três na Padaria São João, todos nós somos a Igreja. Não há Igreja no Novo Testamento filiada a ninguém muito menos a uma denominação. Denominação significa, de acordo com Merriam-Webster, uma designação de uma pessoa ou de uma coisa por um nome, um ato de denominar; nome, designação, especialmente, um nome genérico para uma categoria; a organização religiosa cujas congregações estão unidas na sua adesão às suas crenças e práticas. Denominação está relacionada ao denominador: o termo de uma fração, que indica o número de partes iguais em que a unidade está dividida - divisor. Sim, denominação não é a Igreja. Denominação é pecado, todas elas. “É Cristo dividido?” (I Coríntios 1:13). Em grego, a palavra que aparece nesse texto é “merizo” (de “meros”, uma peça única, parte singular, membro), a qual significa dividir corretamente, distribuir em várias partes (porções), ou seja, ela indica algo separado (distinto), uma parte afastada da 75


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outra.

No Novo Testamento, há uma Igreja e não muitas igrejas. Paulo não escreveu às igrejas de Éfeso e ao Bispo da Avenida Zeus. Ele escreveu para a Igreja em Éfeso. O Senhor escreveu cartas às Igrejas da Ásia, porque havia uma única igreja em cada cidade, à mesma Igreja, Sua Noiva. Basicamente, cada cidade tem apenas uma Ekklesia como no conceito grego de que cada cidade tinha somente uma Ekklesia. Cidades eram governadas por um conselho de presbíteros que era a Ekklesia e não por um só bispo. Por exemplo, a Igreja em Pérgamo não é diferente da Igreja em Esmirna, etc. Há uma só Igreja. Você e eu é a Igreja, enquanto filhos de Deus reunidos em um só lugar. Na cidade, todos nós, aqueles que são nascidos de Deus, somos uma só Igreja. Dizemos que cremos assim, mas usamos as palavras e agimos de forma contrária. Uns dizem: “Eu tenho uma igreja, você tem a sua, eles não são a Igreja de Cristo.” É tão simples! Precisamos dizer o que Jesus diz, da maneira que Ele diz e com o significado exato do que Ele quer dizer. As Igrejas de Deus não têm apenas um pastor. No Novo Testamento, cada cidade tinha muitos presbíteros que pastoreavam o rebanho de Deus, como em Éfeso (Atos 20). Este não é um novo conceito ou um conceito de determinado grupo, porque mesmo aqueles que praticam “igrejas nas casas, sem templos” ainda hoje ignoram outros irmãos e irmãs que não são de seus grupos. Praticam suas próprias denominações, mesmo que eles digam que não o façam. Eles também têm membros filiados ao seu grupo e seus “presbíteros” se consideram pastores, ou melhor, pastoreiam somente os membros de seu grupo. Além de estarem fechados em si mesmos continuam per76

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petuando a figura do pastor Diótrefes, ou alguns Diótrefes entre eles, aos quais chamam de Presbitério que não tem nada a ver com o Presbitério dos santos que viveram nos tempos em que o Novo Testamento foi escrito. Além destas constatações suas reuniões continuam sendo cultos religiosos regidos por um programa. Tenho conversado com mais de uma centena destes irmãos e muitos deles sempre se mostram debochados em relação a todos os outros irmãos, que segundo eles, ainda não “alcançaram o entendimento da Igreja”. Também se reproduzem em outras cidades como extensão de seus ministérios! Lamentável, pois não há nem uma referência a ministérios pessoais no Novo Testamento. Só existe um só ministério, o que Paulo chamou de “seu ministério”: o ministério da reconciliação de todos os santos e não de uma classe clerical. Por tudo isso o termo “plantar igrejas” é completamente estranho ao Novo Testamento, ainda que pela quase maioria dos cristãos seja usada indiscriminadamente. Não há menção de plantar igrejas no Novo Testamento, mas apenas de fazer discípulos e os discípulos quando em reunião - nem significa reuniões especiais convocadas pelas lideranças, mas onde quer que eles se encontrem eles são a Igreja. Então, estruturas, como nós conhecemos e praticamos, não são em nenhuma medida endossadas pelo Logos de Deus. Elas não são - nenhuma delas - aprovadas por Deus. Isso não significa que estamos pecando conscientemente porque servimos nessas estruturas. Nós nascemos nesta Babel, que é o resultado da Reforma, pois a Reforma não resolveu estas questões, pelo contrário, as potencializou. Fato é que estamos muito longe de ser como a Igreja é “projetada” no Novo Testamento e não sairemos do lugar enquanto existirem monarcas ou pastores absolutos governando o 77


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povo de Deus. Então, todos nós seguimos a Jesus com o melhor conhecimento que temos dentro de um sistema que Jesus não criou. Nós somos a Igreja quando nos encontramos uns aos outros sem quaisquer ressentimentos, facções, atritos ou divisões em nossos corações, independente de nos encontrarmos quer no Restaurante Paraíso, na Rua Principal, s/nº, quer ocasionalmente em templos feitos por homens, que não são a Casa de Deus. Nós somos a única Casa e o único Templo do Deus que vive. Assim, no decorrer da história, essa igreja produziu documentos; compilou em livros as interpretações de homens de Deus ou não, os conhecidos pais da igreja, e estabeleceu credos originados nos grandes concílios. Formularam-se confissões de fé baseadas em João Huss, Lutero, Calvino, Zwinglio, João Wesley, etc.; enalteceram e observaram as bulas e as encíclicas papais e seguiram os escritos dos fundadores das mais variadas denominações cristãs. Têm as Igrejas Cristãs amplos documentos e vastos registros históricos, uma grande tradição, seja católica, ortodoxa, gótica, protestante, evangélica, pentecostal, etc. Tudo isso gerou e desenvolveu uma eclesiologia para aquela que se tornou a substituta, como uma amante ou entidade paralela, e uma tentativa de clonagem da Igreja Eterna. Contudo, a Igreja Eterna não tem história, porque é eterna. Não temos que voltar à igreja primitiva, não tem como voltar à igreja primitiva. Não há igreja primitiva na Bíblia. Viveram irmãos e irmãs em Jerusalém e em outras cidades do mundo conhecido no primeiro século e, igualmente, em todas as eras até os nossos dias sempre houve testemunhas de Jesus, irmãos e irmãs: a Igreja única. Não temos, pois, que voltar à igreja primitiva. Temos que voltar sempre para a Palavra, que é Cristo. A Igreja nunca foi igreja primitiva e nem a igreja de deter78

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minado tempo. Não é a igreja do século passado nem é a igreja do presente. Não é a Igreja americana, africana, asiática, do Oriente, do Brasil, da Holanda e muito menos de Jerusalém. Não é nenhuma denominação. É simplesmente a Igreja. A única. A Igreja é a Assembleia de Deus, a Igreja dos primogênitos nos céus e na terra. Na Terra, é a mesma dos Céus, a Igreja dos remanescentes. As Assembleias de Deus não são a Igreja de Deus, nem a Igreja Católica Apostólica Romana, nem a Universal, nem a Batista, nem a Metodista, etc. Onde quer que pessoas nasçam do Espírito, ainda que se tornem membros de alguma igreja cristã (o que as Escrituras não ensinam), para Deus são somente e individualmente membros uns dos outros no Corpo de Cristo, a Igreja.

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–7– Os “Eklesticons” A Eclesiologia, que tem como objeto de estudo, além da teologia da igreja nas Escrituras, a igreja histórica e todos os seus documentos, essa igreja cristã toda originada no Cristianismo de Constantino, segundo as concepções dos homens que criaram e sustentam o mito da igreja que está sempre evoluindo, tem como base as seguintes pressuposições: • A Igreja sempre precisou evoluir e aprimorar-se como se Jesus houvesse fundado a Igreja a partir de um rascunho, feito uma maquete como qualquer arquiteto, ou fundado uma organização adaptável às culturas das nações aonde viesse penetrar, ou seja, Jesus começou a edificá-la e deixou para os homens o trabalho de terminá-la. • A Igreja sempre precisou criar alternativas, livremente, à parte do ensino das Escrituras, partindo dos seguintes conceitos – todos falsos: • Jesus não deixou instruções claras nem nos Evangelhos e nem nas Cartas do Novo Testamento definindo quem, o que e como “funcionaria” a Igreja; • Deus nunca teve a intenção de encerrar toda a Revelação final sobre a Igreja nos registros das Escrituras, 81


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especialmente sobre Sua liderança; • Em cada época a Igreja tem que se inventar; se reinventar; é necessário ser reformada e sempre continuar se reformando. • Como se a Igreja necessitasse de um manual de funcionamento; • Como se a Igreja fosse uma construção humana; • Como se Jesus tivesse posto a Pedra Angular como fundamento e, depois, abandonado a construção quando foi elevado aos Céus. Como consequência, até hoje a Igreja ainda estaria sendo construída. Em cada época, quando a Igreja experimenta algum mover genuíno de Deus, logo se levantam líderes que se tornam invariavelmente os guardiões dos resultados do mover, fossilizando-os, engessando-os e petrificando-os em alguma denominação. Infelizmente, isto que chamam de igreja não é a Igreja. O que chamam de igrejas na grande maioria são casas de religião, rascunhos mal feitos, maquetes que não saíram da fase de projeto e estruturas criadas para agradar aos homens e refletirem as culturas e preferências das pessoas que atendem. Em palavras diretas e simples, nada disto é a Igreja. É dentro, no contexto e nos limites dessas estruturas engessadas que a Palavra de Deus é pregada e ensinada, vidas se convertem ao Senhor, “são apascentadas” e vivem em comunhão como Igreja. Não é como viviam os irmãos em Jerusalém, Antioquia e em outras cidades, no tempo em que viviam também os apóstolos de Cristo, perseverando na doutrina dos apóstolos, na comunhão, no partir do pão e nas orações. 82

Quando alguém nasce de novo nos países ocidentais e até em muitos outros países, é integrado ou a si mesmo se integra em alguma dessas estruturas e sistemas de tal modo que jamais experimenta a vida dinâmica e a comunhão de Jesus e Seus discípulos. Nesses contextos, jamais experimentam a vida em Jesus como os irmãos no primeiro século e nas centenas de comunidades a-denominacionais durante a história. A Igreja está claramente revelada nas Escrituras. Quando se torna uma estrutura empírica, deixa de ser a Igreja revelada no Novo Testamento. A partir do momento que um grupo de irmãos a institucionaliza, a Igreja deixa de ser Igreja. As instituições e as estruturas não existiam no primeiro século, porque os apóstolos sabiam muito bem que não se pode institucionalizar e estruturar a Igreja Eterna de Deus. O que se tem chamado de necessidade para que a “Igreja” possa desempenhar seu papel é desvio da Verdade, é apostasia. No seio dessa realidade de igrejas fragmentadas - estruturas e sistemas – é que se ouvem pregadores, professores, pastores, uns mais diferentes do que os outros e cada vez mais contraditórios, mesmo porque precisam diferenciar-se dos outros. É nesse contexto que a Verdade muitas vezes é proclamada, sendo, entretanto, cerceada dentro dos limites das estruturas e inadequadamente aplicada, causando uma compreensão errônea. A Unidade da Fé é dissociada da Unidade do Espírito quando a Verdade, ao invés de aplicada à Unidade, é aplicada à denominação ou à própria igreja (denominada local). Cada um ensina como entende, seguindo a sua confissão de fé ou o credo de seu grupo, denominação, comunidade ou a rede que tem, sendo igualmente uniformizados seus próprios estilos de vida, ensinos e práticas. O indivíduo deixa de ser indivíduo para ser integrado à massa, na qual todos são ou têm que ser idênticos. Ele se torna 83


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membro da instituição, enquanto a Bíblia ensina que individualmente somos membros uns dos outros. Filhos de Deus não são membros da igreja visível, porque igreja visível é denominação inventada por homens. Nessas estruturas eclesiásticas, ninguém pode e nem tem o direito de ser diferente. Todo membro tem que empenhar toda a sua fidelidade à organização e jamais pode questionar o status quo. Se o fizer é excluído sumariamente, porque a liberdade do individuo é liberdade para ser somente o que todos os outros são. E quaisquer práticas e quaisquer ensinos desses seguimentos religiosos que são contrários à Palavra de Deus, embora “baseados” nas Escrituras, serão disseminados através de suas publicações, manuais, livros, revistas e websites por todos os lados, assim mesmo, onde suas próprias igrejas, congregações, escolas e seminários estão abertos. Contudo, mais pessoas recebem a Cristo, salvas, por conta da pregação da Cruz de Jesus, de fato, a única pregação que conhecem é a pregação da salvação e, convertidas, são integradas também a essas estruturas, inseridas no mesmo contexto, tornando-se peças da mesma engrenagem. E todas as práticas e doutrinas de cada um desses seguimentos tornam-se “bíblicas” (quando verdadeiramente não o são), sacralizadas, tornando-se imutáveis e inquestionáveis. Quando a Verdade, a pessoa de Jesus, é anunciada por alguém, constitui-se em uma ameaça. Imediatamente, é rejeitada pelo consciente coletivo e quem a ensina é execrado por seus pares como um herege irrecuperável. Como todos estão falando e ensinando, a mesma heresia torna-se verdade; e quem pode questionar o que os líderes falam ou aquilo em que a maioria dos líderes crê? Quem pode ou consegue questionar o que os líderes populares e respeitados anunciam pela televisão? A Verdade, muito mais quando ela se torna uma ameaça que pode destruir as bases dessas estruturas e ministérios e, prin84

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cipalmente, se ela combate sua fonte de recursos financeiros, é severamente combatida pelos líderes, os quais têm um poder de controle e convencimento sobre todos os seus seguidores proporcional à exata medida em que os admiram e acreditam neles. Não raramente, líderes de grandes estruturas uniformizadas, os quais geralmente são dotados de um grande poder comunicativo, acabam anunciando sua inexata palavra final e as multidões aceitam e continuam a segui-los cegamente sem jamais consultarem pessoalmente as Escrituras para certificarem se tal ensino é realmente falso - como as Escrituras, de fato, o afirmam. O ensino que esses líderes propagam nestas estruturas não suporta uma comparação mínima com Jesus Cristo, Sua Vida, Mensagem, Exemplo e Espírito. A falta de conhecimento do povo não simplesmente acerca das Escrituras, mas da Palavra - Jesus Cristo - nas Escrituras e a falta de relacionamento com Deus e de comunhão com o Espírito Santo são a estrada fácil onde toda heresia e o controle feiticeiro de líderes religiosos transitam. A Igreja não são essas igrejas. A Igreja é gente nascida de novo, que se encontra em qualquer lugar, até nos templos dos homens, em Nome de Jesus. Não existem templos de Deus. Deus não tem casas materiais. E os que apascentam o Rebanho de Deus são homens maduros, maridos de uma só mulher, constituídos verdadeiramente pelo Espírito Santo. Quando “denominacionalizada”, a Igreja deixa de ser a Igreja para se tornar estilhaços das preferências humanas e caprichos de líderes que podem até ser sinceros no que creem e fazem, mas estão equivocados. A Igreja deixa definitivamente de ser o que Deus diz que ela é quando se sujeita aos mais diferentes tipos de líderes com seus ministérios meramente pessoais. Então, ela é reduzida a várias tribos - uma para cada cacique - e as novidades cada vez mais esdrúxulas passam a fazer parte de seu cotidiano. 85


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Todo esforço para encaixar essas estruturas dentro do ensino do Novo Testamento é extremamente vão. No primeiro século, as casas e os cenáculos eram os locais (não exclusivamente) onde os discípulos se reuniam para ter comunhão, para os encontros nos quais lhes era ministrada a Palavra, nos quais cantavam juntos e partiam o pão. Entenda bem! Eles não se reuniam para terem comunhão; eles se reuniam e tinham comunhão. Não eram programações e eventos, era o estilo de vida, como viviam. Reuniam-se naturalmente. Não eram reuniões feitas em função de líderes, pois todos os santos são ministros de Deus. Cultos são eventos aqueles irmãos desconheciam totalmente este conceito. O templo de Jerusalém, enquanto existiu, e as sinagogas, onde muitos discípulos se reuniam para testemunhar de Jesus, não eram estruturas existentes em função da Igreja. As casas eram as casas dos irmãos; o templo e as sinagogas; instituições dos judeus. Onde quer que se encontre – eles eram a Igreja. Se há necessidade de estruturas e instituições nos dias de hoje e, mesmo assim, se permitidas pelas leis dos países, deveriam ser associações comunitárias, escolas públicas, hospitais, rádios, canais de televisão, empresas do Reino, e os templos, ainda que usados para reunir muitos crentes debaixo de um teto, deveriam se tornar também refúgios e casas para meninos de rua e desabrigados. Templos hoje são chamados “Casas de Deus”, enquanto verdadeiramente são usados apenas como casas de religião cristã. A Igreja não tem templos, a Igreja, o Corpo de Cristo é o Templo de Deus. Por certo, a natureza desta proposta é extremamente revolucionária e, para muitos cristãos, bem polêmica. Realmente, os recursos financeiros arrecadados em muitas igrejas, pequenas ou grandes, e em grandes e pequenos minis86

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térios não chegam nem perto do que o nosso Deus chamou de verdadeiro jejum: Repartir o pão com o faminto, recolher em casa os pobres abandonados e, quando forem vistos nus, cobri-los, não ignorá-los, não procurar se esconder deles. Milhares de templos estão vazios durante as madrugadas em centros urbanos enquanto milhares de meninos de rua dormem debaixo dos viadutos e pontes ou espalhados pelas calçadas. Isto é iniquidade. A necessidade de manter estruturas faraônicas para suportarem as igrejas e os ministérios também roubou o cuidado, a atenção e a assistência para com a Igreja (as famílias do povo de Deus). Há extrema pobreza no seio da igreja brasileira e seus pobres são desafiados a contribuírem para serem abençoados, para saírem da pobreza. Não há aqui uma cruel inversão de valores? A verdade é que, em cada país, os crentes seguem os ditames da cultura, da realidade social e econômica de tal modo que cada um ou cada congregação vive para si sob a batuta do sistema financeiro de cada sociedade. No Brasil, não é diferente. A Igreja não está sujeita ao tempo nem às culturas de cada época. Ela não se adapta ao gosto dos homens nem se transforma em um restaurante com cardápios pelos quais cada um pode escolher seu prato segundo sua preferência pessoal. A Mensagem Eterna da Cruz não muda. O Evangelho do Reino proclamado por Jesus é o mesmo para todos os povos. Não se contextualiza a Mensagem, possivelmente só o modo de comunicá-la. E ela vai muito além da salvação apenas da alma. A Igreja Eterna não se baseia em experiências, mas na Palavra Eterna e Imutável de Deus. Sendo fundamentada na Palavra (em Jesus), a Igreja é igualmente imutável, mesmo porque é o Corpo de Cristo e Cristo não muda. 87


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A igreja cristã foi fatiada em igrejinhas – “Eklesticons” – e, no decorrer da história, continuou fragmentada em tribos. Cada um tem a sua tribo, e cada tribo tem seus chefes de 50, de 100, de 1.000, de 30.000, de 40.000... Entretanto, a Igreja é indivisível. Cada um começa sua igrejinha, resultado da separação de outra igrejinha, como quem funda um boteco em cada esquina. Os “monarquinhas” de cada “Eklesticon” dizem que recebem métodos, estratégias e visões e os atribuem a Deus. Dizem que Deus é quem levantou seus ministérios, não podendo eles mais conviver no ministério dos outros. Não podem partilhar da visão do outro porque, de fato, cada um tem sua própria visão e, assim, sob tal condição, nenhuma é de Deus. Nenhuma visão de Deus divide o Seu povo. Mas esses líderes esfacelam e levam para algum canto muitas ovelhas e discípulos de Jesus, fatiando o Rebanho de Deus. Segundo eles, tudo faz parte da evolução da igreja, em nome da qual assumem lideranças solitárias de grandes denominações (para cada reino um rei), em nome da qual cada um usa o modelo que quer para liderar o povo de Deus. Vão se perpetuando os odres velhos, denominações, redes, igreja nas casas, igrejas virtuais e igrejas pela TV, etc. Assim cada seguimento cristão tem escolhido como entende e como quer qualquer sistema de governo que melhor se adapte a cada época, cultura, credo e bem particularmente aos seus critérios, segundo as ambições pessoais do líder, frutos de suas interpretações ou de suas conveniências e nas piores versões especialmente da promiscuidade com os poderes políticos: apoio político e votos em troca de benesses para si mesmos e suas organizações. Entretanto, cada modelo e cada sistema são apenas fortalezas para aprisionarem o povo de Deus. A igreja cristã tem sido em cada época o presídio histórico de grande parcela do Rebanho de Deus. Nos anos recentes, a 88

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igreja cristã e todas as suas igrejas tornaram-se, muito mais do que antes, grandes empresas, grandes negócios e, mesmo se pequenas, continuam sendo grandes negócios. Mas Deus não está nessas igrejas. Deus somente está na reunião - na Igreja - entre aqueles que, mesmo dentro das igrejas, por algum momento, se reúnem em um lugar, em sintonia, em Nome de Jesus, a Assembleia Eterna e Perene de Deus. Deus é com milhões de ceifeiros de Sua seara que O servem com fidelidade e alegria, pois eles encontraram nele o Senhor que lhes são o Amigo verdadeiro. No tempo, a Igreja como Assembleia Eterna e perpétua de Deus acontece quando Seus filhos se reúnem em número de pelo menos dois ou três no Nome de Jesus. E, embora tais reuniões aconteçam simultaneamente em milhões de lugares, os filhos de Deus são um só Rebanho sob um só Pastor, tanto na Terra como nos céus. A Igreja continua sendo a Igreja em cada cidade: é o Remanescente. A Igreja de Deus não está sujeita a erros, desvios ou acréscimos doutrinários. Ela não se desvia, não apostata. Somente indivíduos se desviam da Verdade e apostatam da Fé. A Igreja nunca esteve nem está sujeita ao tempo. Quando os filhos de Deus se reúnem, sempre é a Igreja santa, irrepreensível, sem mancha e sem ruga, a Noiva e Esposa do Cordeiro, a Nova Jerusalém. Vamos voltar daqui em diante para quando tudo começou e era muito simples. Segundo os Evangelhos, segundo o Novo Testamento. Voltemos para Jesus e Seus discípulos reunidos em algum lugar ou andando juntos nas terras de Israel para entendermos a Igreja. A Igreja está em Jesus. Quando Jesus, o Eterno, peregrinou pelas cidades de Israel, pelas encostas dos montes e pelos campos, atravessou florestas, andou pelos vales, visitou as margens do Jordão, bebeu suas 89


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águas ou nelas se banhou e caminhou à beira mar pregando o Reino através de Seu Evangelho. Quando Ele se encontrou com João Batista às margens do Jordão, a Igreja manifestou-se e ali aconteceu. No tempo, a Igreja acontece: está aqui, não mais aqui; está lá, e depois não, porque não tem endereço geográfico fixo. Quando Jesus dormia na companhia dos discípulos que escolhera, tendo os céus como teto, posto que não tivesse onde reclinar a cabeça, a Igreja dormia, embora o Guarda de Israel não dormite. O verdadeiro Israel é a Igreja de Deus. Jesus, os discípulos e as mulheres que O seguiam eram a Igreja. Tudo era muito natural, singelo como a vida, em nada diferente dos peregrinos filhos de Abraão, que foram liderados pelo profeta Moisés, a congregação do deserto. Quando Moisés e Arão libertaram o povo de Israel do império e domínio de Faraó, depois de mais de 200 anos sob a escravidão no Egito, escolheram no deserto, por conselho de Jetro, 72 homens, presbíteros capazes e tementes a Deus e que ODIAVAM A AVAREZA, para liderarem todo o povo em toda a jornada pelo deserto, rumo a Terra Prometida. E a Rocha que os seguia era Cristo. Eles eram a Igreja no deserto. Toda a vida humana é como uma jornada peregrina pelo deserto. Uns caminham sozinhos, sem Deus no mundo. Outros, mesmo sem Deus, caminham juntos. E muitos filhos de Deus caminham um ao lado do outro. Outros são separados dos outros pelos currais católicos, evangélicos e protestantes. Por força e obrigação, ainda caminham distante dos outros, porque seus líderes não se unem uns aos outros, mesmo sendo todos eles de Deus. Mas é preciso seguir exclusivamente a Cristo para que tudo tenha sentido e dê certo.

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Pré-Manifesto

Eu dormia, mas o meu coração velava; E eis a voz do meu amado que está batendo: Abre-me, minha irmã, meu amor, Pomba minha, imaculada minha, Porque a minha cabeça está cheia de orvalho, Os meus cabelos das gotas da noite. Já despi a minha roupa; como a tornarei a vestir? Já lavei os meus pés; como os tornarei a sujar? A Esposa

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–8– Jesus, a Cruz e os Discípulos. Quando Jesus e Seus discípulos iam de um lugar para outro, distante das cidades, paravam pelas estradas ou pelos campos do Império Romano para descansarem e se alimentarem. Todos eles, como quaisquer viajantes, cansavam-se depois de uma longa caminhada, Jesus inclusive. Acredito que, quando faziam as refeições entre eles, quem cozinhava eram as mulheres que também seguiam a Jesus, mas há forte indicação de que Jesus de vez em quando também cozinhava. Com certeza, se não conseguiam alcançar alguma cidade ou vila antes do anoitecer, paravam onde estivessem. Nessas ocasiões, geralmente Jesus buscava sempre algum monte para passar a noite. Não foram poucas as noites em que Jesus não dormia. Orava a noite inteira. Na maioria das vezes, foram encontros reservados somente entre Ele e o Pai. Assim como Jesus não observava nenhum ritual ou cerimonial para se achegar ao Pai, também agia com simplicidade no relacionamento com todos. Pessoas simples não gostam de 93


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cerimoniais nem de paramentos. Definitivamente, Jesus não orava para cumprir uma tarefa espiritual que deveria ser repetida sempre, como muitos de Seus discípulos até hoje entendem. Jesus orava, porque conversava com o Pai, como um amigo conversa com outro amigo sentado no banco de alguma praça. Para Ele, orar era falar com o Pai; orar era o Pai falando com Ele. O Filho Eterno se aproximava do Pai Eterno no tempo e o Espírito estava sobre o Filho e cavaqueavam, esbanjando intimidade. Já que não levavam tendas ambulantes, paravam onde queriam a qualquer hora do dia, à sombra de uma árvore ou perto de alguma rocha. Depois que foi batizado por João no Rio Jordão, Jesus não habitou mais em nenhuma casa e não carregava nenhuma tenda. Ele era a Tenda de Deus entre os homens. Quando alcançavam alguma vila ou cidade, ficavam na casa de alguém que quisesse hospedá-los. Havia sempre alguém de portas abertas para hospedar Jesus e Seus discípulos. E eles comiam e bebiam em qualquer casa, de quem quer que fosse, numa celebração constante e cheia de alegria. Todos eram considerados iguais, tratados igualmente e, com Jesus e por causa de Jesus, não seguiam nem observavam qualquer protocolo. Nem mesmo se lavavam para comer como exigia um dos preceitos dos fariseus. Entre uma refeição e outra, entre um dia e outro ou entre uma noite e outra, Jesus e Seus discípulos não poucas vezes cruzaram Israel a pé. Jesus e os discípulos também não tinham preferências. Nem havia algum tratamento especial para um ou outro, porque não havia entre eles discípulos mais importantes que os outros. Nem mesmo Jesus era mais importante que os discípulos e nem mesmo Ele recebia tratamento especial. Todos se assentavam juntos, ocupando o mesmo espaço, 94

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nada de canto separado para Jesus, para Pedro, Tiago e João, algum outro canto para o restante dos discípulos, e outro canto para as mulheres. Assim, sem um espaço separado ou uma mesa especial só para Jesus, sentavam-se todos juntos, falavam uns com os outros, ouviam uns aos outros e interagiam uns com os outros. Isso era relacionamento. Não há registro de que serviam o Mestre primeiro. Já há muito tempo, o Mestre cultivava um jeito de viver e agir bem diferentes: era livre, descontraído, extremamente generoso. Na maioria das vezes, Ele repartia primeiro o alimento para Seus irmãos para depois comer, como ocorreu nas duas vezes em que multiplicou os pães e os peixes: ordenou que os discípulos primeiro servissem a multidão. Hoje em dia é muito diferente. Quando os crentes almoçam juntos, há sempre uma mesa separada para os líderes e já vi, muitas vezes, a comida que lhes serviram ser superior à servida aos irmãos. Mas Jesus e os Seus discípulos, sentados à mesa, serviam-se da mesma comida enquanto desejassem comer. Água, pão, peixe, carne assada, azeitonas e vinho ao alcance de cada um. Nada de melhor porção para Jesus como José ofereceu a Benjamim, preterindo os outros irmãos. Ao redor da mesa, cada um se desarmava, até o introvertido tornava-se extrovertido, e todos interagiam sem qualquer reserva. Era “koinonia” verdadeira com muita conversa. Igreja hoje é um olhando na nuca do outro e praticamente nenhuma refeição. Existem a plataforma e a plateia como no teatro grego, exponencialmente diferente de Jesus e Seus discípulos. E Jesus e Seus discípulos deviam se divertir à beça ao redor de cada refeição como quando andavam pelos caminhos de Israel. Eram boas novas do Reino que anunciavam. Boas novas trazem alegria, sorrisos, risos, celebração e extremo contentamento. Quando encontravam uma pessoa ou uma grande multi95


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dão à beira de alguma estrada, nos campos, na praia, numa vila, cidade ou por onde quer que fossem, sempre paravam para servir. Com Jesus tudo era bem diferente. Ele nunca tratou ninguém como os religiosos tratavam. Jesus era de outro mundo. O povo sempre afluiu em busca de Jesus por conta dos sinais que Ele sempre operou; e Ele nunca deixou de atender ninguém, porque amava a todos sem distinção. Quanto mais antagônico e mais desigual a Ele, quanto mais impuro, sujo, indigno e perdido alguém fosse era este que buscava, era com ele que comia e bebia com o maior prazer. Jesus estava sempre buscando alguém para não só manifestar a Sua Graça, mas também para superabundá-la. Assim sempre acontecia na vida do indivíduo mais pecaminoso, especialmente do que tinha sido completamente rejeitado e execrado por algum religioso. Uma criança não somente é concebida em pecado, mas, quando ela nasce, o pecado passa a residir nela e irá acompanhá-la até ela morrer. Todos os homens nascem em pecado. Todos os homens pecam. “Todo o homem é pecado.” (Wilson Regis). Mas nem todo homem precisa morrer no pecado. O sacrifício de Jesus na Cruz não deixou de fora nenhum pecado que houvesse sido cometido anteriormente, que estava sendo cometido enquanto Jesus estava sendo crucificado ou que viria a ser cometido em qualquer época por qualquer um, em qualquer lugar no universo. Na Cruz, Jesus atraiu para Si todos os pecados, de todos os homens e de todas as épocas, e morreu em propiciação por todos eles. “Ele é a propiciação pelos nossos pecados, não somente pelos nossos, mas pelos de todo o mundo.” (Apóstolo João). Na Cruz, Jesus não só atraiu para Si todas as maldições dos homens, toda a maldição sobre a Terra e toda a maldição sobre 96

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todo o cosmos: Ele se fez maldição por nós. Jesus reconciliou com o Pai e consigo mesmo não somente homens, mas todas as coisas. Nenhum pecado escapou de estar presente no Jesus crucificado. Ele não somente morreu pelos nossos pecados e levou sobre Si todas as nossas transgressões. Como não bastasse ter sido enfermado e moído pelo próprio Pai, Jesus se fez pecado. Pela Graça, Jesus não somente aceitou o madeiro, mas quis subir a ele, ao lugar onde o pecado abundou em extremo, muito mais além de qualquer limite. Nem mesmo no inferno o pecado abundou tanto. De fato, não existe nenhum outro lugar onde o pecado abundou tanto quanto na Cruz de Jesus. Por causa disso, não existe nenhum outro lugar onde a Graça superabundou mais do que na Cruz em que Jesus foi crucificado. Aonde quer que fosse, mesmo antes de subir à Cruz, Jesus liberava Graça abundantemente para qualquer um. A Graça sempre se manifestou, desde antes que os mundos fossem criados, em toda a Criação, por todos os tempos e todas as eras, culminando na Cruz, no sepulcro e na ressurreição. A Graça é eterna. A Graça tão alta e sublime esteve sempre e está sempre à disposição do menor e do maior de todos os pecadores.

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–9– A Liberdade de Jesus e Seus Discípulos Em toda a história de Israel, ninguém jamais havia visto e ouvido a respeito de um mestre e discípulos tão livres. Jesus e os discípulos gozavam de Liberdade a despeito da Lei de Moisés e da Lei de Roma. Jesus é Senhor e era completamente livre, livre da Lei que veio para cumprir, pois nunca ofereceu algum cordeiro ou sacrificou algum animal em holocausto ou oferta. Igualmente, não há menção de que Seus discípulos ainda frequentavam o templo para levarem suas ofertas. Por que oferecer qualquer coisa no templo se Jesus mesmo era o Cordeiro de Deus e se tornou, ao final de Sua caminhada com eles, o próprio holocausto? A Liberdade que usufruíam não havia sido conquistada nem concedida pelos homens. Liberdade outorgada por outros não é liberdade, é apenas licença. Eram livres. Ponto. Entretanto, demorou um pouco para os discípulos entenderem de que Espírito era Jesus. Pedro, por exemplo, mesmo depois de ter vivido com Jesus por quase três anos, teve enorme dificuldade em entender esta Verdade inefável da Graça de Deus: 99


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a Liberdade. A Graça de Deus é o que torna as pessoas verdadeiramente livres. Convivendo com Jesus, em qualquer lugar os discípulos podiam testemunhar do relacionamento que tinham entre si, relacionar-se com qualquer pessoa e compartilhar com cada uma delas sem constrangimentos ou restrições. Por causa disso, os fariseus e os saduceus foram se enfurecendo cada vez mais. Jesus, todavia, não tinha preocupação com Sua reputação. Em quase todo o tempo, Jesus contrariou Moisés e as tradições judaicas. Tocou leproso quando quis curá-lo; não exigia que Seus discípulos lavassem as mãos; curou muita gente no Sábado; não repreendeu Seus discípulos quando colheram trigo nos Sábados; enfim, nunca exigiu que Seus discípulos fizessem alguma coisa para cumprir a Lei. Essas atitudes deixaram os religiosos loucos de raiva. O que aconteceu naqueles dias foi uma grande revolução em Israel que influenciou todas as gerações vindouras. Era a deposição da tirania da religião para a Liberdade dos filhos de Deus. Jesus descumpriu a Lei até para deixar-se tocar por uma mulher. Não porque ela era mulher (tratava igualmente bem homens e mulheres), mas porque sofria de uma hemorragia. De seu corpo escorria sangue dia e noite e, assim, jamais poderia ter tocado em Jesus, pois, segundo a Lei, ela era imunda, devendo sentar-se sozinha em algum canto e gritar: “Eu sou imunda! Eu sou imunda”! Aquela mulher devia estar observando o modo como Jesus tratava a todos. Penso que esse foi o motivo pelo qual se acendeu em seu coração a coragem para se infiltrar no meio daquela multidão só para tocar em Jesus. Será que pensou que poderia tocar em Jesus e ficar no anonimato? Se nem mesmo o mais incrédulo de todos os homens passa despercebido ao Seu Amor, como Jesus iria deixar de reconhecer qualquer um que tocasse Seu co100

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ração pela Fé? Jesus conversou com prostitutas e assentou-se no meio delas, deixou-se servir por elas, demonstrando-lhes um grande amor. Perto Dele, elas se sentiam mulheres sem nenhum estigma de seu pecado, de sua condição, de seu status ou de sua feminilidade. Diante de Jesus eram apenas mulheres. Todas essas atitudes e comportamentos irritavam os fariseus porque desafiavam o controle rigoroso que exerciam sobre as pessoas. E quando Jesus assentou-se muitas vezes para beber vinho com pecadores, enquanto ensinava-lhes o Reino? E quando ceou na casa dos publicanos e dos pecadores? Mas Jesus também contrariou muitos da multidão quando entrou e ceou na casa de fariseus! Seu Amor, Sua misericórdia e Sua Graça são para todos, pois deseja alcançar a todos. Até hoje Ele não quer que ninguém se perca. Os fariseus eram indivíduos de uma “alta casta religiosa” que viviam mancomunados com os representantes de César e oprimiam muita gente com suas regras. A maioria deles tinha o nariz empinado, considerava-se melhor que o outro, vangloriava-se por observar a Lei e tratava todos os outros como pecadores incuráveis. E os saduceus, na prática sincera de sua religião, não deixavam a desejar no zelo e no fanatismo e, para prenderem Jesus, se mancomunaram com os seus piores opositores: os próprios fariseus. Cumprir a Lei? Enganosa mentira! Ninguém cumpre a Lei. É impossível! Era certíssima uma coisa: ninguém jamais tinha ouvido falar de um grupo de homens e mulheres liderados por um Mestre tão simples e comum! E, por ser tão simples e comum, tornou-se incomum. Um Mestre acompanhado de gente com tanta alegria na vida, que não permitia ser cerceada ou restringida por quem quer 101


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que fosse nem mesmo por qualquer circunstância. Jesus havia tirado de sobre eles todo o sentimento de culpa. Recusaram-se, então, a se sentir ainda culpados pelo que os religiosos exigiam. Não eram esses religiosos judeus filhos da promessa? Mas não conheciam ao Deus de toda a Graça. Com sua religião rigorosa, eles serviam a outro deus, o “deus dos judeus”, um deus fabricado por sua teologia. Eles não conheciam e jamais tinham experimentado a presença do Deus de Israel. Não há em Sua presença condenação ou culpa. Em Sua Presença, o perdão corre livre e solto para quem confessa, com coração amolecido, quebrantado, que precisa Dele. Em Sua presença, sempre há alegria abundante e perpétua. O “deus dos judeus”, fabricado pelos fariseus, saduceus e religiosos, só infligia medo, pavor e uma expectativa de juízo que jamais findava. Era uma caricatura do Deus de Israel, um ser insaciável, nunca se satisfazia com nada, sempre exigia coisas cada vez mais difíceis de fazer e adicionava sempre mais alguma coisa a todas as áreas da vida, elevando sua expectativa só para contrariar e frustrar os homens. Como se não bastasse a Lei de Moisés, os fariseus acrescentaram-lhe regras sobre regras e preceitos sobre preceitos, e os saduceus ignoraram todas as Escrituras e baseavam-se somente na Torá, labutando para cumpri-la ao pé da letra. Deus surpreendeu a todos os judeus quando Se revelou a eles. Jesus Cristo era Deus, sempre foi e será sempre Deus. A maioria devastadora dos judeus não pôde reconhecer o Deus Jesus quando Ele se manifestou a Israel. Jesus viveu entre eles, mas nunca O reconheceram como o Messias, pois tinham outras expectativas baseadas em sua teologia e tradições. Jesus era muito diferente do “messias” que ansiosamente esperavam. Jesus não podia ouvir um som de flauta em qualquer lugar, 102

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que começava a dançar. Jesus mudava todo lamento em baile, cingia a todos e irradiava a todos com Sua alegria. Desde menino era assim! Deus despreza todas as religiões dos homens. E como despreza! Na prática da religião, só existe confiança própria, baseada em justiça própria. Não há lugar para quebrantamento, coração contrito; tudo é externo, uma máscara, uma representação. Deus não despreza um coração contrito, porque dele sai expressões de verdade, orações sinceras, dependência exclusiva Dele. O coração contrito despreza altares, prescinde de lugares especiais, reconhece a presença de Deus em qualquer lugar. De um coração contrito, em qualquer lugar surge a invocação a Deus. Nas caminhadas de Jesus e os discípulos não houve paradas para prestar algum culto, construir algum altar ou levantar algum memorial como os homens de Deus fizeram no passado. Toda a extensão da vida era culto, culto assim: de risadas e gargalhadas. Não se prestava um culto a Deus, dedicava-se a Ele toda a vida, tudo. Esta Liberdade de ser quem era e proceder através desta liberdade deu outro sentido à adoração a Deus. A adoração pela Lei de Moisés girava em torno do Templo, que era o centro da adoração. Através de Jesus é em Espírito e em Verdade que se adora, porque parte do coração. Antes Dele, qualquer um poderia oferecer qualquer coisa e sua demonstração externa de adoração contradizer completamente o seu interior. Com Ele, a adoração deixou de ser um ato especial da vida, para ser um estilo por toda a vida. O verdadeiro culto a Deus é a dedicação da vida inteira a Ele. Adoração e serviço contínuo ao Pai. Culto, Jesus ensinou, é simplesmente viver. O mandamento: “Ao Senhor Teu Deus adorarás e só a Ele prestarás culto” ...Não tinha nada a ver com horário marcado, com limite 103


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de tempo, com hora para começar e para terminar o culto e com qualquer liturgia. Se fosse assim, seria uma grande contradição amar a Deus de todo o coração, de toda a alma, de todo o entendimento e de todas as forças e dar-lhe apenas uma sessão de duas horas de cânticos, orações e louvores por semana. O verdadeiro culto a Deus era toda a vida e tudo o que se fazia dedicado a Ele. Qualquer tarefa, qualquer coisa tinha que ser para Ele, e não simplesmente orações vazias, aquelas que se fazem a Deus sem respaldo do testemunho de vida. Hora nenhuma ou atividade alguma era mais importante que as outras, nem mesmo aquelas quando pregavam, ensinavam ou curavam os enfermos. Até quando se banhavam nas águas do Mar da Galileia, divertindo-se, jogando água uns nos outros, caçoando um do outro, tudo era culto perfeito ao Pai que a tudo recebia como aroma suave ao ver a satisfação e a alegria de Seus filhos. Deus só recebe adoração quando Seus filhos estão cheios de satisfação e de prazer, quando se agradam do Senhor. Ninguém pode agradar ao Senhor sem primeiro se agradar Dele. Deus tem prazer em Seus filhos, porque Seus filhos têm prazer e alegria em servi-Lo e obedecê-Lo. Obediência sem disposição e alegria é sacrifício morto. Não se obedece a Deus obrigado. Só se obedece a Deus estando em liberdade. O que chamamos de sacrifícios para Deus nunca chega a Ele. Deus nunca mais aceita sacrifícios porque não aceita mais sombras. O verdadeiro já chegou. Depois que Jesus ofereceu Sua própria vida como sacrifício na Cruz, não há nenhum sacrifício que possa vir a agradar a Deus. Não existem mais ofertas de sacrifício. Na Nova Aliança, sacrifícios para Deus não vêm do bolso, de votos difíceis de serem cumpridos, de coisas que custem muito, de qualquer esforço, mas vêm dos lábios que confessam o Seu Nome. Sim, somente! “O meu louvor é fruto do Meu amor por ti Jesus, de lábios 104

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que confessam o Teu Nome. É fruto de Tua Graça e da Paz que encontro em Ti e do Teu Espírito que habita em mim”. (Asaph Borba). Cantar não custa nada! A Liberdade de cultuar a Deus com a própria vida não custa nada! Isso, verdadeiramente, não tem preço.

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– 10 – Deus de Relacionamentos Não há como Deus reter nada para Si. Verdadeiramente, tudo que Deus recebe Ele não retém, pois, sendo Amor, está continuamente doando, dando, concedendo, repartindo. Até a Sua Glória, que com ninguém divide, Ele dá aos Seus Filhos. Não há nada que possamos dar a Deus que não tenha sido nos dado por Ele primeiro. Nada. Vida, saúde, bens, alegria, paz, esperança, vida eterna, Seu Reino, tudo veio Dele primeiro e nada fica retido Nele e com Ele. Quando Jesus se ofereceu em sacrifício vivo, deu tudo. Quando experimentou o Getsêmani e morreu na Cruz, foi até às últimas consequências. Jesus deu-se. Jesus doou-se cem por cento. E quando Seus Filhos Lhe prestam serviço ou se põem a si mesmos a Seu serviço, negando-se a si mesmos, tomando a cruz, oferecendo-Lhe a vida, bens, tem que ser por completo, cem por cento. Deus aceita somente ofertas plenas, completas, de fato, as chamam sempre de sementes. Ofertas são práticas religiosas da Antiga Aliança. E Deus não aceita 10%; Deus aceita somente tudo. A falta de entendimento sobre relacionar-se inteiramente com Deus faz perpetuar o mito do dízimo. E Seus filhos o fazem livremente, espontaneamente, sem 107


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resmungar, sem reclamar. Deus recebe a Adoração e a Oração para dar mais ainda aos Seus Filhos tudo que Lhe pertence. De fato, tudo pertence aos Seus Filhos também. Deus é o Senhor que compartilha. O Deus dos discípulos - quero dizer, Jesus - viveu, andou, comeu, visitou cidades e vilas com eles, enfim, compartilhou Sua vida com eles. Estavam tão juntos e embrenhados naquela comunidade andante que, não poucas vezes, Ele teve que apaziguar alguns deles quando, por exemplo, queriam ser maiores ou obter alguns privilégios mais do que os outros. Jesus chamou cada um de Seus discípulos para estar com Ele, os ensinou e os amou até o fim. O que mais Jesus poderia fazer além de se dar ou se doar pelos Seus discípulos? O que Lhe deu mais prazer senão compartilhar de Sua intimidade com cada um deles? Quando Jesus assentava-se para ensinar o Reino - Seu Reino - fosse para Seus discípulos ou para as multidões, era constante a Sua fala e não variava Seu timbre de voz. Jesus era o mesmo, sempre. Não impostava a Sua Voz para que algumas coisas fossem ouvidas de modo diferente ou para dar a elas sentido mais especial, fazendo-as mais importantes que as outras. Jesus, o Deus Eterno da Graça, nunca foi severo com Seus discípulos, nem mesmo quando repreendeu a Pedro e disse: “Para trás de mim Satanás”, o fez com severidade. Ao pronunciar essas palavras, Sua Voz não saiu carregada de raiva contra Pedro, pelo contrário, Sua Voz era a mesma mansa Voz de sempre, do Deus que se fez carne para reconciliar Consigo mesmo os homens. E, ao reconciliar homens Consigo, torna-os Seus filhos para jamais ficar irado contra eles. Jesus nunca entonou Sua voz mais fortemente nem em público nem quando conversava a sós com Seus discípulos. Jesus nunca gritou nas praças nem vociferou nos campos. Nas casas, nunca levantou a Sua voz. Nem mesmo alterou a Sua voz quando 108

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enfrentou a hipocrisia dos fariseus. Por certo, falava muito mais mansamente quando se encontrava com algum homem, mulher, jovem ou criança, canas quebradas, pavios fumegantes. Sempre colou a cana quebrada, e nunca apagou o pavio que estava fumegando, nunca os afugentou por conta de um gesto brusco ou uma palavra ríspida. De fato, quando Jesus falava, se movia, agia, interagia e gesticulava todo o Seu comportamento era bem informal. Nada do que saía Dele fazia com que parecesse excepcional, nada além do humano. O Amor torna as pessoas simples e, quando se conhece alguém bem de perto, aquela projeção de grandeza e de excepcionalidade desaparece. A essência de Deus é o Amor. E no Amor nasce toda a Sua Graça. A Graça nunca foi limitada ao que Deus doava ou compartilhava. A Graça sempre foi maior do que o relacionamento de Deus com os homens. O Deus – que é Um - que compartilha tudo consigo mesmo - Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito - escancarou-se para receber filhos, para relacionar-se com eles. Por essa razão, nem mesmo as curas e os milagres eram mais importantes do que quando Jesus e Seus discípulos iam dormir, ou quando nada faziam, ou ficavam parados quiçá à beira do lago, jogando pedras sobre as águas para ver quantas vezes tocavam na superfície antes de se afundarem de vez. A Graça sempre surpreende a Graça, vai sempre além. Quando se imagina que ela esgotou Seus recursos, sempre extrapola com mais Graça. A Graça é como o Reino de Deus: está sempre crescendo, não tem fim, porque um deus condicionado e condicionador, que tem limites ou limita-se a si mesmo, não é Deus. Deus é Amor e é íntimo daqueles que O temem. Esse temor está baseado sempre no Amor. Não há intimidade em um relacionamento de medo, por isso o “perfeito amor lança fora 109


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todo o medo”. (I João 4:18). Todo o relacionamento entre Jesus e Seus discípulos era permeado de muita intimidade. O Senhor revela os Seus segredos para aqueles que O temem! Muitas vezes disse aos Seus discípulos muitas coisas que não compartilhava com a multidão senão com eles, aos quais foi dado conhecer os mistérios do Reino. O relacionamento de Jesus com Seus discípulos quase sempre tomava feição de uma brincadeira de criança, porque foi Ele mesmo quem disse que o Reino de Deus é feito delas e que, se quisermos entrar no Reino, temos de ser como uma delas. Somente crianças compartilham de Seu Reino. Deus é, primeiramente, quem Ele quer que Seus filhos sejam. Seus filhos são o reflexo e a essência de quem Ele verdadeiramente é. São Sua imagem e semelhança perfeitas. O Criador, que havia feito a cada um, jamais se envergonhou deles por motivo algum. E partilhou da vida de todos em todos os seus aspectos. A maioria das pessoas fica envergonhada com alguns fatos e acontecimentos de suas vidas, considerando-os e classificando-os como inadequados. Apesar de saberem que muitos os vivenciam, procuram evitar falar e fazer comentários a respeito. Quando eles vêm à baila, produzem vergonha, pois é produto de relacionamentos artificiais, insinceros. O constrangimento nada mais é do que o resultado desta religião acentuada e postiça na vida das pessoas. Somente os íntimos compartilham tudo. O relacionamento com Deus em Amor sempre gera muita intimidade. A cada segundo as misericórdias do Senhor se renovam sobre cada um. Não somente a cada manhã, mas em todo o tempo, já que está amanhecendo em algum lugar do Planeta a cada segundo. Quando algumas mulheres acompanhavam a Jesus por onde quer que fosse, tudo era simples, muito simples, como o 110

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próprio viver; era o próprio viver, sem atalhos, sem ritos, sem formas, sem votos, sem promessas e sem cumprimentos, sem religião de qualquer espécie, nem sequer uma menção ligeira daquela praticada pelos sacerdotes de Jerusalém. E olha que cada menino em Israel decorava desde criança a Torá e a recitava ao longo de toda a vida sem necessariamente se encontrar com Deus! Jesus e os discípulos que O seguiam viviam um dia de cada vez, enquanto iam pregando nos campos, nas vizinhanças urbanas, ensinando nas sinagogas dos judeus, curando todas as moléstias entre o povo ou expulsando demônios. Curiosamente, nunca foram à igreja. Onde quer que estivessem eram a Igreja e bem ali, onde paravam, certamente tinha chegado o Reino dos Céus. O Reino dos Céus havia chegado não a esta altura da vida de Jesus entre os homens, mas há mais de trinta anos quando a sombra do Altíssimo cobriu uma jovem da tribo de Judá e o Filho de Deus foi gerado em Seu ventre não por vontade da carne nem de qualquer homem. Jesus era o mais comum de todos os homens. Jesus era o mais perfeito de todos os homens. Era completamente o Deus que se fez completamente homem. Nele, não havia nada que o distinguisse dos outros homens senão o fato de que, por amar a Justiça e aborrecer a iniquidade, Ele era o mais alegre de todos os homens. Ele tinha sido ungido com o óleo da alegria mais do que todos os Seus companheiros. Jesus era o mais belo e o mais formoso de todos os homens, acima de qualquer descrição, de modo que o mais letrado dos homens jamais poderia descrevê-Lo com a melhor tinta no mais puro papiro. A alegria abundante em Seu coração aformoseou tanto o Seu rosto, que o mais belo de todos os Seus companheiros, 111


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dotado dos mais bonitos traços, tornava-se menos belo quando comparado com Ele. Sim, Jesus era muito comum. Usava as mesmas roupas que todo o homem judeu, ou seja, na moda de Sua época. Possuía apenas duas túnicas. Seu camarim ambulante só tinha lugar para uma muda de roupa. A outra Ele usava sempre. E se sujava sempre com muita poeira ou com muito barro quando chovia copiosamente e as gotas da chuva O molhavam por inteiro já que, dependendo do lugar onde estivesse no momento, nem sempre podia refugiar-se. Jesus suava como todo e qualquer homem que caminhava ao sol e, por suar tanto, sentia sempre sede de água como qualquer um de Seus discípulos. Jesus não vivia enfeitado com nenhuma flor como os homens chiques de hoje. O único perfume que experimentou em Seu corpo foi aquele derramado por aquela mulher santa. O outro perfume derramado em Seu corpo nem se pode dizer que foi experimentado fisicamente, porque o Mestre já estava morto. E quando ressuscitou, nenhum perfume desse mundo podia mais perfumar o Seu corpo eterno. Jesus operou maravilhas e fez milagres tanto em terra quanto em alto mar, ressuscitou morto tanto em casas quanto em enterros por Ele interrompidos nas ruas. E tudo o que era e tudo que fazia transbordava simplicidade, sem qualquer glamour religioso, tudo era semelhante ao ato de comer um figo maduro, suculento, apanhado fresco da árvore na primeira hora da manhã. Tudo o que Jesus falava tinha um sentido claro, direto, transparente. Obviamente, Ele vivia desse mesmo modo, sempre, fosse em particular com Seus discípulos ou no meio das multidões. O que Jesus falava, sentia, fazia, como se comportava, tudo era a vida na sua expressão mais pura. O “deus dos fariseus e religiosos” era carrancudo e vivia de oferendas para ter a ira aplacada, sempre torcendo para que os homens fizessem algo errado, mesmo na prática de suas liturgias 112

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pré-estabelecidas, a fim de prazerosamente trovejar-lhes algum castigo só para ver se aprendiam de vez a fazer as coisas direito e, principalmente, ofertar tudo o que podiam ou não podiam. Além de César, que os despojavam com a cobrança dos impostos, as idas ao templo para oferecer sacrifícios era uma experiência também opressora, porque qualquer oferta tinha que ser aprovada pelos sacerdotes e, assim sendo, compradas em suas tendas. Hoje, práticas parecidas são comuns no meio cristão protestante, evangélico, pentecostal e católico. Deus precisa ser apaziguado por oferendas constantes como se fosse uma entidade que demanda cada vez mais ofertas maiores. A única coisa que move esse “deus” são ofertas ou compromissos mensais em dinheiro. Os associados, os contribuintes, os trezentos de Gideão, os 1.000 do Clube da Vitória são os privilegiados em fazer parte porque foram escolhidos especialmente por deus e as pessoas creem nesta miséria e desgraça. Não há nenhuma referência no Novo Testamento de aprovação a esse tipo de prática. Lemos dezenas de testemunhos de pessoas salvas, curadas e libertas e praticamente nenhum de alguém que tenha sido abençoado financeiramente por conta desse tipo de barganha com Deus. Jesus não tem nada a ver com as práticas abusivas desse ofertório de manipulação. Ele ama a quem dá com alegria. Deus já se agradou dos Seus filhos. Não há nada que eles precisem fazer para agradá-Lo mais um pouco. Ele já os aceitou completamente no Amado. O que Deus deseja é relacionar-se intimamente com cada um de Seus filhos.

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– 11 – Jesus Entre os Homens A vida de Jesus não era separada em tempo dedicado para o “ministério” e em tempo dedicado para as outras coisas, entre o sagrado e o profano, sob o conceito do bem e do mal da teologia dos judeus, sob o ponto de vista da dualidade dos gregos e da Teologia Reformada. Jesus começou a “exercer o ministério” muito antes de nascer e, depois de nascido, o exerceu desde tenra idade; quando ainda no ventre de sua mãe ou quando seus pais o levaram para ser apresentado no templo, quando tinha doze anos de idade e disputava com os sábios no mesmo templo sobre as coisas de Seu Pai, muito antes de ter operado Seu primeiro milagre ao transformar água em vinho em um casamento na região da Galileia. Tudo que Jesus fazia era naturalmente sagrado. Para Ele, sagrado não era o que se relacionava às coisas espirituais ou ao templo, distantes do cotidiano das pessoas normais. Jesus não tinha percepção do secular, pois não separava o que chamamos de atos do ministério como santos e todos os outros atos como mundanos. Ele orava não como ato distinto das outras atividades do dia. Quando se isolava dos outros para orar, era simplesmente para ficar a sós com o Pai. Jesus operou sinais, milagres, maravilhas e curou a todos 115


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os enfermos e oprimidos do Diabo porque o Pai era com Ele. Mesmo assim, não tratou esses atos como extraordinários, mas, diferentemente de tantos homens e mulheres de hoje, sempre rejeitou toda publicidade de Seus feitos. Hoje, o que mais se explora para atrair as multidões são curas e milagres. Milagres não Lhe eram mais especiais do que acordar pela manhã com vida. Sinais não eram mais esplêndidos do que o ato comum de uma mãe amamentar ou trocar a roupa de seu filho e buscar água no poço para preparar o almoço ou o jantar. Sagrado, para Jesus, não era algo intocável ou separado das coisas da vida; para Ele, sagrada era toda a Vida. Jesus não exercia o ministério como uma atividade especial da existência. Sua Vida era o Ministério, as pessoas ao Seu redor eram Seu Ministério. Ele não considerou como ministério as coisas do Pai e todo o resto como se fosse fruto de outras atividades menos dignas como, por exemplo, o trabalho dos que serviam a mesa, daqueles que atuavam no comércio ou dos lavradores que trabalhavam nos campos. Jesus, o Filho, atribuía tudo ao Pai, a quem reconhecia absoluto sobre todos e sobre tudo. E convinha que Ele cuidasse das coisas do Pai, dando a todos a oportunidade de reconhecerem o que faziam como também sendo coisas do Pai e não algo inferior, terreno e vil. Jesus não se embaraçava com as coisas da vida e jamais se embaraçavam aqueles que reconheciam todos os negócios da vida como sendo negócios do Pai. Aqueles que cuidavam das coisas, inclusive das do templo, para si mesmos, desconhecendo a doação, o compartilhar e o repartir como as expressões mais puras da adoração a Deus muito além do orar, cantar, ofertar e jejuar, estes se embaraçavam com os negócios da vida. A religião é o maior embaraço da existência (Confira Isaías 58). Ao separar alguns de Seus discípulos para fazerem deles 116

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pescadores de homens, Jesus jamais desqualificou os que eram e continuavam a ser simplesmente pescadores de peixes, porque estes podem também ser pescadores de homens sem deixar de serem pescadores de peixes. Para Jesus, cada um servia o Pai em qualquer profissão. Jesus sabia que pescadores de peixes continuariam a existir só para pescar peixes e que, pescando os peixes, O estariam servindo tanto quanto aqueles que passaram a pescar somente homens. Deus não rejeita nenhuma das atividades da existência. Para Ele, tudo pode e deve ser feito. Todo trabalho, reconhecido com alegria, é adoração verdadeira ao Senhor. Quando Jesus ceou com prostitutas, publicanos e pecadores, comendo sua comida e bebendo seu vinho sem nenhuma cerimônia, para escândalo e reprovação dos religiosos, nada Lhe ofuscava o intento de buscar e salvar qualquer coisa ou qualquer pessoa que havia se perdido. Jesus veio buscar e salvar o que se havia perdido e não somente para dar a Sua vida em resgate de muitos. O mais surpreendente em Jesus é que não se importava quando escandalizava os religiosos. Aos pequeninos dava especial atenção e ninguém deveria escandalizá-los ou ofendê-los. Quando Jesus conversava com os discípulos e os que estavam presentes sobre as coisas concernentes ao Reino, Ele não considerava esse ato puramente espiritual. Espiritual e material nunca foram enfoques no Reino de Deus, posto que Jesus domine sobre tudo e sobre todos. Porque Dele, por Ele e para Ele são todas as coisas, o inferno e o lago que arde com fogo e enxofre inclusive. Quem criou os céus também criou os anjos. Quem criou a Terra também criou o homem e a mulher. Quem criou o jardim criou também as árvores. E deu inteligência ao carpinteiro a fim de pedir ao lenhador para cortar a árvore, e da árvore cortada poder escolher a melhor parte do tronco, para daquele pedaço 117


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do tronco trabalhar com o madeiro, e do madeiro poder fabricar uma mesa, e da mesma madeira poder também esculpir um ídolo horroroso. O homem pode produzir cultura tanto para agradar a Deus quanto para desagradá-Lo, e desagradá-Lo especialmente quando, de forma arrogante, se esquece de que tudo vem Dele e que tudo deve ser feito para Ele. De todas as atividades humanas, por certo, havia atividades melhores para se escolher, como Maria, que escolheu a boa parte, embora todas as partes fossem igualmente essenciais para a vida em família e em comunidade. E Marta entendeu isso tanto quanto Maria. Para Jesus, não fazia diferença se comesse a comida de Marta ou bebesse vinho com publicanos ou com religiosos. Sua mensagem era a mesma e Seu tratamento era igual para com todos. Ninguém era tão grande nem tão importante entre eles para que Jesus escolhesse, com base nesse critério, pousar uma noite em sua casa, rejeitando o convite de alguém de menor condição socioeconômica. Não fazia nenhuma diferença para Jesus onde e com quem iria assentar-se, se ao lado de uma prostituta ou ao lado de um sacerdote. Nenhuma pessoa O constrangia, visto que Ele se sentava à mesa com qualquer um sem considerá-lo como “qualquer um”, como pior, ou melhor, que os outros. Jesus amou a todos sem distinção. Boas novas significam notícias que trazem alegria, gozo, regozijo e uma grande celebração. O Evangelho é do Reino. A boa notícia é o Reino. O Rei Jesus e Seu Reino. Toda a multidão recebeu essas boas novas com grande aceitação, exceto os religiosos. Caminhar com Jesus naqueles dias pelas terras de Israel era uma alegria constante. E era uma constante apreensão para os discípulos quando os fariseus e os saduceus se aproximavam 118

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deles. Eles já sabiam que tudo o que queriam era encontrar um motivo para incriminarem Jesus. Um dia, Jesus foi testado com a pergunta se Ele deveria pagar impostos. Diante dos discípulos apreensivos, que nem imaginavam como Jesus ia sair daquela situação, Ele pede uma moeda do império e responde: “Dai a César o que é de César e a Deus o que é Deus.” Seus inquiridores saíram de fininho, sem graça, mas Seus discípulos, com certeza, aliviados, deram boas gargalhadas. Certa vez, Jesus assentou-se sozinho à beira de um poço em Samaria, muito antes do entardecer, ao meio dia, sol escaldante, naquela terra de gente considerada hostil para os judeus, enquanto permitia que Seus discípulos comprassem comida na cidade mais próxima. E ali, assentado à beira do poço, sem vasilha alguma para retirar água, o Pai trouxe-Lhe uma mulher. Ela aproximou-se, viu Jesus e logo reconheceu que era judeu. Jesus pediu-lhe água, e daquele pedido uma longa conversa se desenrolou. As mulheres também gostam de conversar sobre religião como todos os homens, mesmo os que se dizem não serem religiosos. E toda religião tem suas demandas e embaraços, assuntos complexos, motivos para interromperem todos os outros assuntos e sempre, ao final, transformarem-se em alguma briga ou disputa. Quando alguém não quer sair das sombras de suas próprias trevas, fala logo de sua religião e traz logo à baila algumas de suas polêmicas. Jesus, que abomina todas as religiões, não se esquivou de conversar com a mulher de Samaria nem mesmo de responder às premissas de sua religião. Jesus não se esquivou de responder à questão a respeito da disputa entre judeus e samaritanos sobre em qual monte deveriam adorar a Deus. Parece claro que, pela primeira vez, aquela mulher estava rasgando seu coração, sem reservas, para um homem desconhe119


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cido, o qual, ao deixá-la tão à vontade e conversar com ela também sem reservas, tornou-se tão chegado a ela como um velho amigo. Era um profeta diferente, não como muitos dos profetas de que ela havia ouvido falar desde criança, aqueles profetas da Antiga Aliança. Mas, para ser justa ela tinha de admitir que o que realmente ouvira eram as muitas lições que seus pais e os líderes de seu povo ensinavam sobre o que pensavam ser a mensagem dos profetas de Israel. A única mensagem que conhecia era de condenação dura e insuportável. Jesus era o Profeta da Nova Aliança que fazia ouvir a paz, o bem e anunciava salvação. Ele não só anunciava o bem, mas o fazia, e o mostrou em palavras, gestos e atos àquela mulher, também filha de Sião: “Filha, o Teu Deus reina.” E reinava mesmo, era Senhor até do tempo passageiro. E com aquele jeitão de servo o Rei Jesus conquistou a confiança daquela samaritana. Jesus conversou com a mulher longamente, expôs os seus segredos sem constrangê-la, mencionou seu pecado sem emitir qualquer juízo sobre ela e sem atribuir-lhe culpa pelo seu comportamento. Até parecia engraçado, mas a mulher havia tido cinco maridos e agora vivia com um homem que não era dela. Ela derramou seu coração para Jesus, falando-Lhe sobre todas as suas dores e carências. Jesus estava realmente com sede e, pedindo a ela da água do poço que mata a sede física, falou de Si mesmo. Mesmo sendo quem fosse, feito o que tinha feito e estivesse ainda vivendo na condição em que vivia, aquela mulher, se quisesse, podia beber gratuitamente da Água da Vida que só Jesus podia oferecer. “Se quisesse” não tinha nada a ver com “se pudesse” nem se seria merecedora ou não. Novamente a Graça! Claro que ela continuaria a ir buscar água no poço para beber, mas, se bebesse da Água da Vida, nunca mais teria aquele tipo de sede que demonstrou possuir de forma tão evidente en120

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quanto conversava com Jesus sobre sua vida. Até hoje, quando alguém bebe da água que Cristo dá, águas vivas jorram de si mesmo para a Vida Eterna. Essa experiência, que vai além do tempo e o transcende, que não é limitada pelo espaço nem pelo ambiente, transpõe todos os limites humanos porque ninguém conhece a Vida Eterna fora de Jesus. Jesus era tão divino quanto humano, tão simpático, tão agradável e tão embrenhado e interessado nos assuntos dos homens, que jamais se distanciou de ninguém, jamais quebrantou mais ainda qualquer cana que já estivesse quebrada, como aquela mulher; nunca apagou o pavio que fumegava; como era a esperança daquela mulher, esperança cuja chama trêmula já estava a ponto de ser extinta. Em Amor, Jesus a protegeu e a inflamou. Jesus jamais botou medo ou assustou quem quer que fosse como é próprio da religião dos homens. É por essa razão que Jesus atraiu para perto de Si até as crianças. Jesus, o Deus que se fez carne, sempre agiu assim. Só sente medo de Deus e se assusta com Ele aquele que não percebe o Seu Amor nem a Sua Graça. Deus nunca inculcou medo nos Seus filhos. Não é verdade que muitos pregadores estão sempre transmitindo terror às pessoas para que elas reajam a partir do medo? Gente com medo é facilmente manipulada. Medo e temor são diferentes. Medo é uma emoção desagradável causada pela crença de que alguém ou algo é perigoso e pode causar dor. Medo é a reação de todo pecador quando somente toma conhecimento do juízo de Deus contra os que pecam, sem ficar sabendo das Boas Novas que são o conhecimento da Graça que Ele mesmo manifestou em Jesus na Cruz do Calvário. Temor, por sua vez, é uma admiração incrível e uma consternação reverente pelo reconhecimento de que alguém capaz e poderoso para julgar e condenar oferece, ao invés disso, perdão e amor. 121


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O temor a Deus é a resposta do coração diante da maravilha deste Deus que, podendo julgar e condenar o pecador oferece-lhe o perdão através do sacrifício de Jesus na Cruz, o qual pagou por todos os pecados de todos os homens especialmente os desse pecador. Em todos os tempos, desde a criação do ser humano, pouquíssimos homens e mulheres obtiveram a revelação para identificar Jesus, o Cristo da Nova Aliança, como sendo o mesmo Deus que se manifestou no Sinai. Provavelmente, um desses homens foi Moisés, que pediu para ver a face de Deus, sendo-lhe permitido, no entanto, vê-Lo somente pelas costas. Moisés tirava o véu para falar com Deus, porque Deus não usa véus. A face de Deus é Jesus. Em qualquer dia daqueles em que os discípulos andaram com Jesus, qualquer um deles podia encontrar-se com Ele, falar com Ele e tocar Nele. Aliás, mesmo não sendo discípulo, qualquer pessoa podia encontrar-se com Ele a qualquer hora, porque Ele não agendava Seus compromissos. Todos tinham livre acesso à Sua presença. Ele não tinha guarda-costas.

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– 12 – As Cachorrinhas dos Homens Jesus jamais usou os fatos, as mazelas, os pecados, as vergonhas e as fraquezas dos que O convidavam para cear ou pousar nas suas casas para constranger quem quer que fosse. Jesus nunca fez nada para satisfazer a expectativa dos outros para Consigo. Ele nunca atendeu as expectativas dos homens por mais honradas que fossem, visto que não eram nada mais que projeções de si mesmos e de seus próprios desejos. Jesus atendeu a mulher fenícia que por alguns dias O importunou, pedindo-Lhe a cura de sua filha. Os discípulos, incomodados, rogaram a Jesus que a despedisse. A mulher não tinha nada para lhes oferecer; queria apenas que Ele lhe curasse a filha que tinha ficado para trás, sofrendo em seu país distante. Jesus disse àquela mãe: “Não convém dar aos cachorrinhos a comida dos filhos”. Essas palavras até hoje nos fazem pensar que Jesus foi insensível ao apelo desesperado daquela mãe. Ela, porém, nem se ofendeu. Pelo contrário, humilhou-se mais ainda. A Fé em Jesus sempre humilha homens e mulheres. A Fé nunca é arrogante ou soberba. 123


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“Mas os cachorrinhos se contentam com as migalhas que caem da mesa do seu senhor”, replicou a mulher ousadamente. Em outras palavras: “Senhor, tudo o que eu preciso é de uma de Suas migalhas. Dá-me, a esta Tua cachorrinha, somente uma pequena migalha, uma que é suficiente para curar a minha filha.” Toda Fé legítima é ousada e jamais aceita o negativo ou o que parece negativo como resposta. Os gregos queriam ver Jesus. Filipe compartilhou o desejo deles com o Senhor. E Jesus deixou-se ser visto por eles. Simples! Jesus sempre respondeu aos anseios legítimos do coração dos homens, mas nunca permitiu quem quer que fosse controlar a Sua agenda ou determinar Seu plano de curso. Sob outro prisma: Jesus sempre operou sem controlar qualquer situação e sem jamais ter tolhido a liberdade dos que estavam ao Seu redor. Deus controla tudo quando dá liberdade aos Seus Discípulos e Filhos. Ou seja, controle para Jesus não era controle como conhecemos e gostamos. Era sinônimo de Liberdade. De fato, ninguém controla ninguém sem aprisionar o outro. Aquele que controla o outro sempre interfere na Liberdade do outro. Não é da natureza de Deus controlar ninguém. Conceder Liberdade é o meio utilizado por Deus. Quanto maior a Liberdade que você tem em Deus, mais submisso você deseja ser a Ele. Jesus foi Ungido pelo Espírito para pôr em liberdade os oprimidos e abrir a prisão de todos os encarcerados. Os pecadores de hoje deixam suas vidas de opressão e de sofrimento demoníaco e se tornam evangélicos para continuarem a viver sob um peso ainda maior de opressão de uma entidade que chamam de “deus”. Tudo não passa de uma projeção pessoal e humana, de 124

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uma religião opressora que tirou da ameaça do inferno e do juízo a sua inspiração, que impõe um medo e um pavor de pecar com base no “pode ser a consequência do pecado”, a maldição dos sacerdotes-policiais da religião que oprimem seus seguidores, fazendo-os mais miseráveis do que eram quando viviam no “mundão”. E o mundo continua sendo mundo, porém agora religioso - enfeitado de lamparinas (os legalismos estabelecidos) e de clichês convencionados (as expressões idiomáticas do evangeliquês: “tá amarrado”, vai indo em vitória, varão valoroso, o sangue de “jesus” tem poder, sai satanás, Shalom, a paz do senhor, etc.). Tudo não passa de uma hipocrisia para manterem-se com status de transformados, quando tudo o que experimentaram foi uma reforma mal feita. Vivem sob uma cobrança infernal para manterem-se no grupo e para serem promovidos nele, quase tendo que vender de novo a alma para o diabo. A Graça da Liberdade em Jesus é que qualquer um podia ser quem quer que fosse e despir-se inteiramente perante Aquele que não somente sonda o mais profundo dos corações, mas é o Poder para transformar qualquer coração, mesmo o mais corrupto deles. Jesus veio para dar Liberdade aos Filhos de Deus. E Liberdade jamais combina com Religião. Não há Liberdade em nenhuma religião. Certamente, nada havia de religioso em Jesus. Nada havia de religioso em Suas práticas. O modo de viver de Jesus era Sua liturgia e servir a Deus era tão fácil em qualquer lugar, onde quer que fosse, com todo aquele com o qual se relacionasse. Liturgia para Jesus não era liturgia. A Liturgia de Jesus era a Liberdade, o imprevisível e tudo o que Sua Graça, Verdade e Amor promoviam. Suas Palavras eram a Sua Liturgia. Entenda-se Liturgia como a Liberdade dos Filhos de 125


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Deus. Liberdade para ouvir a Voz de Jesus, para renunciar a tudo quanto se tinha para segui-Lo, por ser muito melhor tomar Seu jugo suave do que viver as complicações que os homens fizeram da vida, inventando e aprimorando a religião. Liberdade para tomar a Sua Cruz, para morrer a cada dia, para perder tudo a fim de achar a Vida. Ninguém, em toda a Terra, em nenhuma civilização, havia experimentado tamanha Graça: poder acordar, andar, comer e dormir lado a lado com Deus, tão perto, tão presente a ponto de poder tocá-Lo. E eles realmente tocaram a Palavra. Eles tocaram em Deus. E Deus tocou neles. Sim, com Jesus as mulheres e Seus discípulos jamais praticaram qualquer ato programado, simplesmente viveram naturalmente a cultura e tudo era puro. Nada era estruturado por forma alguma, nada era conduzido por um método, nada era bitolado por sacrifícios e ofertas. Tudo era vida, verdadeira vida, viver com Jesus. A espontaneidade dos sorrisos e risos, a compaixão estampada no rosto de Jesus pela multidão sem direção, Suas lágrimas, Seu cuidado, Seu exemplo, tudo coisa de outro mundo, nunca vistos por qualquer olho humano; palavras nunca ouvidas assim tão abundantes; absolutamente nada que subira algum dia nem mesmo aos corações de Abraão, Davi ou Isaías. Nada do que Jesus dizia era lógico. Nada do que dizia fazia sentido. A vida dos homens tinha se tornado uma vã tradição, subproduto de culturas milenares, tudo moldado pela religião dos judaizantes e até mesmo pela antirreligião dos filósofos gregos. O paganismo dos gregos tinha se nivelado com a religião dos judeus, porque ambos afastavam o homem de Deus, mesmo que Ele estivesse bem perto, embora desconhecido. O boi conhecia o seu possuidor, mas o povo de Deus não O conhecia. 126

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No meio dos altares de Atenas e de seus ícones mitológicos havia um altar empoeirado para o Deus desconhecido. As celebrações da manifestação do Poder de Jesus, Poder jamais dissociado de Seu Amor (tudo Ele opera por Amor), não eram como coisas orquestradas ou ensaiadas; eram parte do dia a dia de Quem anuncia e já vive, aquém e além do tempo e do espaço, o Reino Eterno.

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– 13 – Jesus, os Discípulos e as Mulheres. Jesus e eles, os discípulos, e elas, as mulheres, os quais O seguiam por gratidão, sem obrigação, espontânea e voluntariamente, sem constrangimento, senão pelo Amor com que eram amados, cuidados, confortados, libertos da culpa, todos caminhavam em abundante alegria e aonde quer que fossem a Liberdade florescia para todo tipo de gente, sem distinção, fermentando tudo: palácios e tendas, o templo e as sinagogas, os lares, a vida de cada um. Antes de Jesus, na concepção judaica Deus era uma figura distante, o Deus atrás do véu, de uma manifestação anual para um sumo sacerdote especial. E sabe-se lá se Ele ainda se manifestava mesmo. Ninguém via o que acontecia quando o sumo Sacerdote entrava no Santo dos santos! Sabe-se lá se o que os sacerdotes fizeram nos últimos 400 anos antes de Jesus nascer não tinha sido apenas encenação! Não há nenhum registro de que Deus tenha visitado o templo a não ser os dias em que o anjo visitou o sacerdote Zacarias, pai de João, e Maria, mãe de Jesus. 129


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A partir daí, Deus passou a visitar muita gente, já que a fenda pela qual orou Isaías: “Oh! Se fendesses os céus e descesses!” tornou-se uma abertura tão grande que milhares e milhares de anjos subiam e desciam assistindo ao Rei de toda a Terra, Jesus Cristo! Os anjos tomaram cada canto de Israel para assistirem muito mais aos que podiam pisar, no máximo, nos átrios do Templo de Jerusalém. Tudo antes era baseado no medo e no terror de demandas impossíveis que eles tentavam cumprir à risca, às quais foi somada uma lista adicional e interminável de regras e rituais preparados por uma classe de gente que caprichosamente os inventaram, na busca de agradarem mais ao seu “deus”, o “deus” que fabricaram ao longo dos anos e, por conta de tudo isso, ninguém pôde reconhecer Jesus como Deus, porque Ele nada tinha da descrição teológica do “deus dos judeus”. Quem pôde perceber a Graça e a Verdade na Antiga Aliança, como Abraão e Davi, já tinha se transportado para a Nova Aliança antes mesmo de Jesus morrer na Cruz! Jesus disse: “Abraão viu o Meu dia e se alegrou.” A lista de preceitos e regras desta classe de gente, que parecia pura e superior para os que a admiravam e a temiam, era tão grande quanto eles eram imundos, sendo proporcionalmente equiparável à imundícia camuflada por dentro. Essa gente era tão imunda quanto todo mundo. Gente que não podia amar, porque nunca soube que o Amor é uma Pessoa, que quem ama cumpre toda a Lei e debocha de todo preceito e regra. Definitivamente nunca soubera que o fim da Lei é Cristo para Justiça de todo aquele que crê! Os discípulos e as mulheres, pescadores, publicanos, mulheres libertas de sete demônios, gente humilde, sem muitas letras, abandonaram tudo para seguir a Jesus e O seguiram porque o Seu jugo era suave e o seu fardo era leve. 130

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Saíram da religião para a Liberdade dos Filhos de Deus. Não acharam a Jesus. Jesus os achou. Que descoberta! Que empreitada! Vida verdadeira! Com Jesus, nada de religião. E Jesus contradisse absolutamente tudo o que tinham aprendido. Alguns que antes seguiram João Batista e mais tarde, deixando-o, foram seguir a Jesus, chegaram ao fim de toda a religião. Nada mais de adoração em templo. Nem João Batista jamais cumpriu as obrigações e os turnos que seu pai cumpriu; jamais ofereceu sacrifícios. Viviam fora do arraial. Foram arrancados do templo e de seus rituais. O Deus de detrás da cortina estava entre eles, vivia e comia com eles. Deus Conosco. Emanuel. Para que ir ao templo se em qualquer lugar Deus vinha se encontrar com eles? Nunca mais se ouviu de algum discípulo, seja de João ou de Jesus, que ainda oferecesse qualquer sacrifício no templo. Sim, eles pagaram impostos a César, mas nada de dízimos, nem ofertas, nem oferendas, nem pombas, nem cordeiros, trazidos ao templo junto aos sacerdotes. Para quê? Se eles andavam dia a dia com o Cordeiro de Deus, o próprio Filho de Deus, Deus mesmo. Gente bendita! Eles não precisavam ir ao templo, Deus tinha vindo encontrar-se com eles em algum canto de uma estrada empoeirada da Galileia dos gentios. Agora Deus andava com eles como tinha andado com Enoque. E tudo era simples, muito simples. E como eram felizes! Simplesmente viviam com prazer. Que gozo era fazer o que o Pai fazia! Certa vez, Jesus atendeu a um convite para ir a uma festa de casamento. Depois de três dias de festa, o vinho velho já havia sido servido por completo e se esgotara. Como os convidados do noivo, todos já embriagados, quisessem beber mais, Jesus transformou litros e mais litros de água em vinho novo. E beberam tudo, reclamando com o noivo a razão pela qual ele não tinha mandado servir este vinho primeiro. E acabaram de 131


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embriagar-se com o vinho novo de Jesus. Jesus fez tudo, criou tudo e quem quer que seja. Quem quiser usa o que fez e o que criou para seu mal e destruição ou para seu bem e edificação. Apenas os serventes e sua mãe Maria souberam que Jesus tinha feito um grande milagre. Por sua vez, os Seus discípulos e as mulheres que O seguiam prescindiam de vinho para alegrar o coração. Em todo momento, eles tinham bem perto a Alegria de todos os homens, o Desejado de todas as nações. Tão perto que ouviam Jesus espirrar de vez em quando, roncar enquanto dormia (Jesus roncava?), deitado sobre um manto estendido na areia como toda gente simples. E como dormiam todos bem! Mesmo no barco, enquanto as ondas se multiplicavam, Jesus dormia e Seus discípulos atônitos O acordaram. Jesus dormia, mas estava no barco, como quando parece que Deus está dormindo no meio do fragor das nossas lutas e das nossas tribulações que se exasperam. Jesus acorda, faz cessar os ventos e a tempestade, pois com Jesus no barco, de fato, viviam além do limite do extraordinário. E tudo era muito simples quando acordavam, quando caminhavam, quando comiam, quando bebiam e quando voltavam a dormir. Tudo servia de lição eterna, de aprendizado do mundo vindouro, das luzes eternas e benditas dos novos Céus e da Nova Terra onde habita toda a Justiça. E Jesus gostava de uma festa, sem programa, sem planejamento. A declaração: “Hoje, Zaqueu, vou pousar em sua casa” surpreendeu Zaqueu, e os discípulos, e as mulheres, e os curiosos. Ia ter festa! O banquete é preparado velozmente pelo homem dos impostos, e Jesus entra em Sua casa, afetando o mercado de trabalho de toda a cidade, e aquele homem honesto, com o coração 132

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tão agradecido, deseja servir o Mestre que resolvera entrar em sua casa e em sua vida. Servir a Jesus não significa servi-Lo diretamente. Quem dá aos pobres, reparte seu pão com o faminto, atende aos necessitados, visita aos encarcerados, cobre os que estão nus, esse serve a Jesus muito mais do que se ficasse cantando para Ele durante horas. O próprio Jesus e os discípulos frequentavam o templo esporadicamente, apenas em dias de festas, quando a multidão de Israel afluía a Jerusalém a fim de cumprir as tarefas religiosas e, depois das festas, voltarem para casa e continuarem sendo as mesmas pessoas de antes, como os frequentadores dos templos evangélicos, hoje, na sua grande maioria, agem e são. Qualquer semelhança não é mera coincidência. Mas Jesus gostava mesmo era das ruas e das casas, de compartilhar o cotidiano dos homens, porque quem verdadeiramente O serve não o faz no templo, mas no dia a dia, nas atividades da vida, nas decisões de cada momento, no encontro com pessoas que, como parte da multidão, são ovelhas que não têm pastor, ovelhas das quais o Senhor tem terna compaixão e as socorre de forma bem presente nas suas tribulações. Mas, como arrancar o templo do coração dos homens? O Filho de Deus não tinha onde reclinar a Sua cabeça, porém até hoje querem Lhe dar uma casinha em todo canto da Terra.

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– 14 – O Assunto é o Reino Depois de Jesus ter subido aos Céus, o ajuntamento dos discípulos continuava espontâneo, pois, espalhados por toda a Jerusalém, iam se encontrando de casa em casa, comiam juntos não para prestar culto ou atender a reuniões agendadas, aliás, nem mesmo podiam agendar qualquer reunião no templo. O templo era dos judeus, dos sacrifícios que ainda aconteciam, daqueles animais que ainda eram imolados numa abominação constante, porque esse povo, que somente tinha acesso ao átrio do Templo, nunca viu que o véu havia sido rasgado. Jesus havia sido morto à tarde, no final do quarto dia da semana, e sepultado no início da noite, antes de começar o quinto dia, daquele grande Shabat. (João 19:31). Alguns dos sacerdotes voltaram para cumprir o seu turno logo naquela manhã do primeiro Shabat daquela semana; o segundo era comum, sempre caia no sétimo dia. As mulheres aproveitaram para comprar os perfumes e aromas no sexto dia não antes de verem o lugar onde O haviam sepultado. Quem sabe outros sacerdotes estavam em outro turno, no segundo Shabat daquela semana, no sétimo dia, enquanto as mulheres descansaram com a intenção de visitar o túmulo no 135


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primeiro dia da semana que se iniciava? E o fizeram antes de amanhecer o dia. Mas Jesus já havia ressuscitado no fim do Shabat (no sétimo dia) quando completou três dias e três noites no ventre da terra, no sepulcro. Jesus não ressuscitou no primeiro dia da semana. Definitivamente. A Redenção progredia, e os outros sacerdotes não notaram ou não quiseram notar que o véu do templo tinha sido rasgado e permanecia rasgado; que podiam olhar do Lugar Santo, para dentro do Santo dos Santos, figura dos Céus, agora extinta, visto que o Cordeiro de Deus entrara uma vez por todas além do Véu. Os sacerdotes continuaram sacrificando mesmo depois de terem visto, no dia seguinte à crucificação e morte de Jesus, o véu rasgado. Não havia mais separação no Templo entre o Santo e o Santo dos Santos. Quem sabe os mesmos sacerdotes não teriam costurado novamente o véu, porque rejeitaram o Cordeiro de Deus imolado, sacrificado, de uma vez para sempre? Não é isto que fazem hoje multidões de padres católicos e pastores de todos os naipes denominacionais, quando mascaram o Evangelho da Graça por um evangelho anátema de obrigações, regras e rituais? Nos Céus, todos os anjos haviam assistido quando o Cordeiro de Deus fora imolado, quando entrou no Santo dos santos, abrindo um novo e vivo Caminho, e quando compareceu diante do Trono da Graça, abrindo caminho para Seus irmãos e filhos. No inferno, Satanás e todos os demônios já sabiam que o Cordeiro tinha sido imolado. Não lhes passou despercebido o fato de que, por toda e para toda a eternidade, haviam sido completamente derrotados. O império das trevas agora são somente ruínas, seus principados e potestades permanecem despojados, todas as obras do diabo pulverizadas e todos os seus domínios reduzidos a escombros. Depois da crucificação de Jesus, quando cada visitante de 136

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Jerusalém começou a retornar a sua casa depois da Páscoa para viver a mesma vida de sempre, os sacerdotes também retornaram à rotina das ofertas e dos sacrifícios. Que desperdício! Em que coisa vã havia se transformado a religião de Moisés! Que coisa parecida é a religião católica, protestante e evangélica de hoje! Do lado de fora, atividades políticas semelhantes às do templo se desenvolviam desde o início do quinto dia daquela semana. Muitos líderes religiosos se ocuparam de cuidar em como podiam fazer para mitificar a crucificação e a ressurreição de Jesus. Religiosos são mestres em produzir mitos e em mantê-los. Religiosos odeiam a Verdade! Religiosos são inimigos e opositores da Verdade! Certificaram-se, então, de pedir ao Governador alguns soldados romanos para guardarem o túmulo de Jesus. Podiam até impedir que qualquer pessoa movesse a pedra e entrasse no túmulo, mas não puderam impedir que Jesus saísse de lá, vivo, vitorioso. Os anjos retiraram a pedra da entrada do túmulo não para que Jesus pudesse sair, mas para que os discípulos e as mulheres pudessem entrar. Nada do que é esforço e obra da força humana Deus deixou para os homens fazerem. O “Faça a sua parte, que eu o ajudarei” é mito horripilante do deus católico-evangélico-protestante. Ao acordarem atônitos e perceberem que Jesus não estava mais lá e após fugirem espavoridos do jardim do sepulcro, no entardecer do primeiro dia da semana, os soldados contaram o que havia acontecido aos sacerdotes. Estes, então, lhes deram dinheiro para que dissessem que estavam dormindo quando os discípulos furtaram o corpo de Jesus. Além disso, os sacerdotes espalharam boatos de que Jesus havia dito que iria ressuscitar. Assim, por dinheiro (o poder econômico) os soldados romanos (o poder político) ajudaram os sacerdotes (o poder religioso) a difundirem a falsa versão de que 137


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os discípulos furtaram o corpo de Jesus e o esconderam. Tudo isso virou mito para todos os judeus. Os próprios líderes religiosos cuidaram para que os soldados não fossem punidos, como deveriam ter sido, por terem deixado o corpo de Jesus desaparecer. Os sacerdotes não perceberam que, tendo sido rasgado o véu, Deus tinha ido embora para sempre do templo, do templo de Herodes, daquela fábrica de hipócritas. Todo templo religioso é uma fábrica de hipócritas. Deus iria agora cumprir a Sua promessa de fazer morada com Jesus e o Espírito em cada ser humano que se tornasse Seu filho. O Deus onipresente estaria agora em cada filho Seu, falando a todos os homens em qualquer lugar. E, em qualquer lugar aonde fossem Seus discípulos, nunca mais poderiam nem remotamente chegar a pensar que Deus ainda estava preso atrás de algum véu, de algum templo, conquanto agora em plenitude habitasse neles, pedras vivas, Santuário vivo e verdadeiro, Templo de Deus. O assunto de João Batista? O assunto de Jesus? O assunto dos discípulos? É o Reino. Preparar o Caminho. Arrependimento. Batismo com água que nem era do Jordão, eram águas que vinham de muito longe, do Norte, dos Montes de Deus. A mensagem, ou seja, Jesus Cristo transcendia o Judaísmo. O Reino ia muito além da dinastia de Israel. É mentira, Pilatos, o que você mandou escrever sobre a Cruz. Jesus nunca foi o Rei dos judeus. Jesus é o Rei de todos os Filhos de Deus, de Seus reis e sacerdotes, não exclusivamente dos que são da Tribo de Judá nem dos que são da Tribo de Levi. Jesus Cristo é o Rei de toda a Terra, é Senhor de todo o Universo. Jesus é o Leão da Tribo de Judá; todos os que são irmãos de Jesus são da Tribo de Judá! 138

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Jesus é o Sumo Sacerdote; todos os que servem a Jesus, todos os que pactuaram com Ele na Nova Aliança, são sacerdotes do Deus Altíssimo. Jesus é o Rei de todo o Universo. Jesus é o Rei de todos os aspectos da vida. Jesus é Tudo em todos. Religião (religare) é relíquia de um passado distante, de símbolos e sombras, pois, no presente, é só Verdade. É o Cordeiro de Deus! Àquele que está assentado no Trono e ao Cordeiro pertencem à salvação. “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. Isso era completamente tudo o que precisavam. A Liberdade jamais experimentada antes, a Graça e a Verdade se abraçando sem condenação e o Poder de transformar o profundo do coração: Jesus Cristo!

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– 15 – Você se Lembra? Lembra-se, Pedro? Lembra-se, João? Quando caminhavam com Jesus, não faziam agendamentos para pregarem sermões nem marcavam horários determinados para atenderem a multidão como nos cultos evangélicos. “Quem está enfermo, mesmo sendo vizinho, deve ir ao culto de hoje á noite, porque os sacerdotes evangélicos trabalham preferencialmente no templo. E os sacerdotes católicos somente benzem no altar, de preferência.” Embora a fama de Jesus tivesse se espalhado logo por todas as regiões circunvizinhas, não houve sequer uma instrução para qualquer enfermo curado, para qualquer indivíduo abençoado ou para Seus discípulos saírem como veículos de propaganda com vistas ao aumento do tamanho do “Ministério Mundial de Cristo”. Jesus só atraiu multidões para fazer de cada um de seus componentes um discípulo Seu. Os necessitados na multidão provavelmente faziam alguma fila para serem atendidos por Jesus, mas alguns nem fila respeitavam como a mulher de fluxo de sangue, aquela que tinha gastado todo seu dinheiro e bens com médicos em busca de sua cura, a qual veio por trás dele no meio da multidão, O tocou e foi curada. 141


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E em cada caso, cada exemplo, de todos quantos foram curados não há nenhuma menção nos Evangelhos, nem em Atos, nem nas Cartas, que qualquer deles tivesse dado a Jesus ou aos discípulos alguma oferta, algum dinheiro, nem mesmo como sinal de gratidão pelo milagre, pela cura, pelo demônio expulso, por nada. Lembra-se, Natanael? Lembra-se, Mateus? As visitas frequentes de Jesus às sinagogas dos judeus, como era de costume pelos padrões da época, nem foram marcadas pelo sucesso. Jesus as abandonou de vez. Lembra-se, Filipe? Lembra-se, Tiago? A última visita de Jesus ao último templo foi um tumulto e uma confusão tão grande, provocada pela Sua indignação com o que fizeram daquilo que era conhecido como a Casa de Seu Pai. Nela, tinham feito bancas de negócios sagrados, um lugar de câmbio de moedas romanas e do templo. Todo o dinheiro acabava no bolso dos sacerdotes. Era uma religião mal cheirosa que produzia muita “caca” tanto de animais quanto de homens, tudo sob a liderança espiritual daqueles que deveriam cuidar do povo de Deus e não de seus próprios ventres. Com todo tipo de abominação praticado no templo durante centenas de anos, desde a época de Ezequiel, no tempo do exílio da Babilônia, Jesus profetizou, antes mesmo de ser preso e crucificado, que a abominação completa logo iria entrar no templo de vez. O templo seria destruído, para nunca mais ser edificado, mesmo porque o véu que compunha a divisória entre o Lugar Santo e o Santo dos santos haveria de ser rasgado. A Shekinah de Deus haveria de se afastar definitivamente daquela construção humana para nunca mais se manifestar em prédios, nunca mais santificar lugares; sim, nem mesmo naquele templo que era uma ideia de um homem, de Davi, agora chamado templo de Herodes. Nunca mais, em nenhuma época, nenhum outro prédio, nem mesmo as grandes catedrais cristãs, seria cheio 142

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da Presença de Deus. Somente homens e mulheres, Seus filhos. Nem mesmo todo o universo, nem mesmo os céus, nem os céus dos céus, nem anjos, nem querubins, nem serafins, podem ser cheios da Presença de Deus nem contê-la. Deus só enche homens de Sua presença, homens que formam a Sua Igreja, que é Seu Templo vivo, a Nova Jerusalém. Por meio do Sangue derramado na Cruz, de agora em diante, em qualquer lugar, em qualquer hora, em qualquer época, Deus seria Emanuel para todos aqueles que O invocassem. E os discípulos procuraram fazer o mesmo que Jesus fizera enquanto andava com eles por todo o Israel! Paulo, em especial, depois de repetidas experiências bem negativas, abriu mão de vez de frequentar sinagogas. Foi a Jerusalém por ato derradeiro para ser preso (no templo!), porque lidar com religioso é tarefa dura: é gente empedernida, gente que parece pacífica, mas manda matar e mata fabricando qualquer desculpa. Não faz sentido Jesus morrer na Cruz para abrir caminho para os homens ao Trono da Graça e estes continuarem seus esforços e tentativas para agradarem a Deus numa prática de religião judaica, num cortejo constante para um lugar a que chamam centro de adoração, ostentando altares que são falsos. Por tudo isso, para Deus todas as religiões são repugnantes, a Cristã inclusive.

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Ó vós, que tendes sede, vinde ás águas! E os que não tendes dinheiro: Vinde, comprai e comei! Sim, vinde e comprai, Sem dinheiro e sem preço, Vinho e leite. Profeta Isaías

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E o Sertão Vai Virar Mar E o Sertão de Padre Cícero, Antônio Conselheiro e de Lampião? E o sertão, bispo? E o sertão, pastor? E o sertão, apóstolo? E o sertão, missionário? E o sertão, monsenhor? Suas palavras são estranhas! Lá no sertão não tem como crer desse jeito. Você fez uma mercearia do ministério; Toda bênção que anuncia tem um preço, Quando Cristo já pagou tudo com Seu sangue. Não há em meu coração amor pelo dinheiro, Não quero ficar rico para não sofrer tanto. Será que o seu deus aceita uma moedinha? Porque tudo o que tenho é só uma moedinha. O que deseja. O que precisa. E o que pede. É o que mantém sua estrutura. E as promessas, as recompensas e os prêmios, Para os que podem ou não podem Dar o que não quero. O seu deus é outro: é o dinheiro. 147


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Deus não pode ser quem você diz que Ele é: Deus é Aquele que deu Seu Filho. Jesus morreu e ressuscitou por mim, Por isso confesso alegremente: Estou muito contente Com comida todo dia E vestuário pra cada estação.

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– 16 – Apenas um Negócio E hoje! Estou repugnando esta religião fraudulenta chamada “Evangélica, Cristã, Pentecostal, Católica Apostólica Romana, Neopentecostal, Mórmon, Adventista, Testemunha de Jeová, Messiânica e qualquer outro diabo parecido”. Estou indignado com a religião de certos bispos, pastores, obreiros, de uma grande multidão “que se alimenta da fé de seu apóstolo”. As estrelas são muitas e se multiplicam movidas pelo carisma e pelo marketing bem orquestrado para mover as multidões que amam e sustentam seus mitos. Estou indignado com a religião dos milhares de moribundos, humildes, simples, curados em Nome de Jesus pelo apóstolo e pelo bispo para pagarem dízimo adiantado, fazerem oferta de sacrifício e tornarem-se cativos do milagre operado, se verdadeiramente foi em Nome de Jesus. “Assim, toda a árvore boa produz bons frutos; e toda a árvore má, produz frutos maus. Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons. Toda a árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis. Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no Reino

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dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em Teu nome? E em Teu nome não expulsamos demônios? E em Teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade. Todo aquele, pois, que escuta estas Minhas Palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha.” (Jesus Cristo). Há uma má compreensão quase que geral sobre o reconhecimento se um homem é de Deus ou não levando em conta somente as curas e os milagres que opera. São as Palavras de Jesus e a prática delas que deve orientar-nos exclusivamente nesses assuntos. Para muitos líderes religiosos se os fins são justificáveis não importam os meios para chegar a eles. Confunde-se integridade e caráter com carisma e resultados. Assim, muitos curam em Nome de Jesus e pedem aos telespectadores que solicitem seus carnês para se tornarem associados, como aqueles de prestações mensais. São os impostos religiosos, de boletos bancários, recolhimento automático por cartão de crédito, depósito direto na conta, cash de preferência. Desafiam 100.000 para doarem R$ 300,00 cada um, porque a cura é gratuita em Nome de Jesus, mas a manutenção do império religioso custa caro e é nojenta, fraudulenta, cobram tudo esta equipe avarenta de vendedores. E distribuem seus produtos ao vivo ou pelos Correios, por dinheiro: lenço ungido, chave da bênção, madeiro sagrado, água do Jordão, água benta do Tietê e de qualquer COPASA - Companhia de Água e ESGOTO. E tem pulseirinha da Basílica, santinhos benzidos pelo Padre, mandam beber água do copo de cima da TV ungida pela 150

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imagem via satélite. Este sincretismo pagão, católico, evangélico, neopentecostal, mundano, de falsos profetas, falsos padres e falsos doutores. E os padres da Idade Média voltaram! Eles estão vestidos das mesmas batinas barrocas, juntamente com os seguidores de Calvino e Lutero “pentecostalizados”, de ternos e gravatas fabricados na Europa ou no Mercado Central de São Paulo, de sapatinhos de fogo, de cruzadas de evangelização, filhos das Trevas e do Inferno, liberados por Satanás para levarem mais multidões para o fogo eterno. A salvação para todos eles, padres e pastores, é pelas obras e não pela Graça, nem é por meio da Fé! Salvação, cura, libertação, conforto, vitória, é pela Graça mediante a Fé, somente! Milhões de fiéis pregadores ainda anunciam essa Verdade por todo canto e não cobram pelo que pregam, mas não aparecem na mídia nacional. A Igreja Cristã produziu profissionais da fé. Religião e dinheiro se casaram numa dobradinha inseparável, e por conta disso, milhares de novas igrejinhas surgem a cada dia, frutos de divisões por disputa de poder e salário. Viver do Evangelho se transformou em extrair vantagens do Evangelho. Que Evangelho! O Evangelho do Reino, verdadeiro, quando pregado, impede o pregador de agir como profissional, alerta o povo da fraude, porque o Evangelho não pode ser falsificado. É preciso prostituir a mensagem para adequar-se a este sistema Tetzel. Ao pregar o Evangelho para valer, até pregador infiel corre o risco de ser transformado, caso contrário, não subsiste. O Nome de Jesus é o pretexto. Os católicos afirmam que têm Jesus. Será que é realmente Jesus, filho de Maria e José? Mas têm também Santa Maria, São José, São Pedro, Nossa Senhora 151


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para todo gosto e intento. Os evangélicos postiços também afirmam que têm Jesus. Será que é o mesmo Jesus que Paulo pregou? Mas tem também corrente, sal grosso, campanha das sete chaves, rosa ungida, fogueira santa para atrair o povo, já que lhes falta a Cruz de Cristo. Pregam uma mensagem de “meia sola”, denominam-na cristã, mas, de fato, é somente “cristã”, das tradições milenares deste Cristianismo fétido, alicerçado no fundamento dos pais da igreja e seus principais expoentes cujos ossos jazem nas tumbas europeias e americanas. Pregam a salvação pela fé, mas a santificação e a bênção pelas obras. De fato, nem seguem fielmente seus antepassados. Para essa geração de falsos pregadores, a Mensagem da Cruz e o Sacrifício de Jesus não são suficientes.

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– 17 – O Pastor Eletrônico Estou indignado com esta religião de “Simões, os mágicos” que pensam que as coisas de Deus se compram com muita prata e com muito ouro. Estou indignado com o pastor engomadinho pedindo o povo de Deus para ajudá-lo a pagar o programa de TV, que mantém “com tanto sacrifício”, depois de vender seus livros na promoção de Natal com 70% de desconto, de oferecer livros gratuitos com a compra de uma Bíblia especial. É mentira! Ali na sua loja virtual nada é gratuito. Seu companheiro doou 15 mil livros gratuitos no congresso nacional da sua fé. Que bondade! E os milhares de pastores os levaram para todo o recanto do Brasil e os milhões de fiéis compraram milhões desses livros e (misericórdia!) sua doutrina falsa e maligna infestou toda a Nação! E o pastor admirável afirma em meio a um comercial e outro, categórico, como quem anuncia um prêmio espetacular, que antes do final do show vai orar para abençoar poderosamente o telespectador, mas não sem antes mandar passar outra propaganda para vender outro produto de seu mercado. Só um ignorante vai querer uma bênção tão falsa como aquela! 153


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E o pastor engomadinho ora como prometeu, com sua mão estendida que ostenta em um dos dedos um anel cravejado de um diamante imenso. Quem sabe se recebeu de presente ou se foi comprado por ele mesmo? E ora apenas por alguns segundos cronometrados (5, 4, 3, 2, 1) e fecha o programa do dia, rapidinho; acabou o horário do programa que foi gravado em um estúdio fabricado, artificial como o pregador. Que bênção seria esta, meu senhor, minha senhora, que o Deus de Jacó já não tenha ordenado sobre você, que é filho (a) Dele, nascido (a) de novo, que tem a Unção do Santo? Por que você precisaria da bênção de qualquer homem por mais ungido que fosse? Não existem pregadores exclusivamente ungidos. Todos os santos de Deus são ungidos. Todos os filhos de Deus são profetas e são ungidos. Por que você precisaria da bênção de qualquer pastor, mesmo sendo ele um homem de Deus, sério? Então, se você estivesse em algum lugar do planeta, sozinho, pregando o Evangelho como missionário do Deus Altíssimo e não tivesse ao seu lado nenhum homem de Deus para abençoá-lo, você se tornaria pagão? Somos apenas “canais” de alguma bênção de Deus! Certamente Jesus já nos abençoou com toda sorte de bênçãos celestiais. Mas o pastor pop e o padre pop se posicionam como um sacerdote com uma unção especial, enganando os incautos, a fim de levarem cada um a “semear” em seu ministério para ficar debaixo da “unção” que diz que recebeu de Deus, para poder receber a multiplicação de seu dinheirinho por ter semeado em solo fértil. Enganação do demônio! A obra de Deus não é bolsa de valores. Você deveria primeiro alimentar os pobres que estão a sua volta, socorrer os necessitados de sua família, socorrer os 154

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domésticos da fé para que não seja considerado pior que os incrédulos. Multiplicação da semente, Doutor Mentira, Profeta Dólar - só porque fala inglês não deixa de ser feiticeiro. Tudo isso é isto mesmo: feitiçaria, controle e manipulação de gente simples que não estuda as Escrituras, idolatria, conto do vigário. Meus irmãos, minhas irmãs, vocês não precisam de nenhum sacerdote. Vocês são os sacerdotes, a nação santa, o povo adquirido para que anunciem as virtudes Daquele que os chamou das trevas para a Sua maravilhosa Luz. Desligue seu aparelho de TV. Não use o You Tube para assistir aos vídeos de lixo dessa gente. Mate seus ministérios de inanição. Eles amam mesmo é o dinheiro e acham que realmente estão realizando o Ministério de Cristo! Que Cristo! Se fossem servos de Cristo, fariam o que Cristo fez! Tire-se o dinheiro do pastor eletrônico, tire-se a prata e a riqueza do Vaticano e de todos os outros parecidos, que tudo acaba. Programa de TV acaba, vai fechar tudo, porque dependem de dinheiro e não de Deus para manterem seu mercado. São tão pobres, mas tão pobres, que tudo o que têm é dinheiro, que tudo o que pedem é dinheiro, que tudo vai acabar se não tiverem dinheiro. O “firme” fundamento de seus ministérios é Mamom e não Jesus, o Cristo.

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– 18 – Compras e Vendas Estou indignado por ver, estarrecido, milhões e milhões de evangélicos e católicos, no Brasil, serem bombardeados por esta pregação híbrida de Mamom e “Jesus Cristo”, como se Jesus, o Cristo, pudesse ser misturado com os padrões e valores deste mundo e com o Diabo. Mamom é Baal. “A rainha dos céus” é “Maria”, que não é a que deu à luz a Jesus de Nazaré, definitivamente não. Todos os devotos de Baal e de “Maria” não têm parte com Jesus Cristo. Fundam e perpetuam casas de religião, que chamam de igrejas, em todos os rincões do país, entregam sermões combinados e ensaiados, com metas de arrecadação para cada templo. Dentro de muitas destas casas religiosas, atrás de suas cortinas, atrás de seus púlpitos ou atrás de seus batistérios, jazem bordéis do tipo que o profeta Ezequiel viu pelo buraquinho que Deus o mandara fazer na parede que separava o altar do resto do prédio. (Ezequiel capítulo 9). E Ezequiel viu o que jamais imaginava ver no lugar que era considerado o altar de Deus na Terra. Não acredita que isso seja possível? Aguardem! Estão chegando os dias em que o Deus de toda a Terra vai levantar o lençol preto que cobre essa gente hipócrita 157


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e serão revelados dentre eles, um por um, os iníquos, os filhos da perdição, sim, os anticristos. Esse lixo não tem nada a ver com a Bíblia, com o Evangelho e com a Igreja do Deus vivo. Estou indignado com compras e vendas de franchising, quer dizer, de igrejas com nomes famosos e de propriedade dos líderes, os donos dos nomes e dos negócios. Estou indignado com as vendas de igrejas por pastores de muitas denominações, que vendem à prestação para outros pastores, no momento sem negócios, quer dizer, sem templos e sem rebanhos, que não estão pastoreando nenhuma igreja ou que estão pastoreando alguma igreja com renda baixa e precisam de outra para aumentar o seu faturamento. Vendem ou compram uns dos outros igrejas de porteira fechada, isto é, com aparelhagem de som, bancos, membros e faturamento garantido. Pastor ladrão, sem caráter, existe um juízo muito mais rigoroso para ti, miserável, cigano da fé, corretor eclesiástico, arrepende-te! Estou indignado com essas práticas inspiradas no centenário Tetzel. Vendem indulgências, milagres, bênçãos e perdões de um Catolicismo Romano que não tem ídolos de barro, mas têm ídolos e ícones vivos, milionários, desta indústria Gospel, a Hollywood evangélica, a Atenas dos filósofos à toa, a Roma dos Neros, de cantores e cantoras, pastores e pastoras famosos que dizem pregar o Evangelho de Cristo, que é pretexto, nem pretexto! É quanto vai dar por mês de vendas, faturamento e lucro. Muitos que seguem a Cristo se divorciam e se casam como quem troca de casaco, que não têm vida, só discurso de um “evangelho” de conveniências, que aprenderam a pregar e a repetir como quem aprende a encenar uma novela ou uma peça de teatro. 158

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Estou indignado com esta avalanche de modismos, com esta indústria perdulária, vindos do fundo do inferno, para mercantilizar a Fé, enganar os indoutos que ainda não sabem de Jesus e da Sua Palavra: “De Graça recebei, de Graça daí”. Meu irmão amado, minha irmã amada, você não precisa pagar nada, Jesus Cristo já pagou tudo com Seu sangue na Cruz do Calvário, está consumado e consumado está desde dois mil anos atrás, desde a eternidade, de fato! Saia dela, povo Meu! Saia da Babilônia, este mercado de católicos e evangélicos. Assim diz o Senhor! Estou indignado com estes falsos profetas, falsos evangelistas, falsos mestres, falsos pastores e falsos apóstolos; não dão nada, fraudulosamente cobram tudo em Nome de Deus. O evangelho deles é uma mistura de fel com mel, de crepe com crap e de faturas absurdas cobradas pelos seus veículos de arrecadação, seus programas de televisão, escancaradamente pelos “homens mais ungidos do planeta”, os falsos, como uísque pirateado, importadbos dos Estados Unidos e da Europa, mas fabricados na China. Desafiam os incautos a doarem 900 reais, 1.100 reais, números mágicos. Vosso deus é Mamom, desgraçados, cegos, pobres, nus! Sois duplamente enganados, amaldiçoados. Nuvens sem água; arrependei-vos! O Evangelho de Jesus é simples, de gente simples, para gente simples. O povo, todo o povo, desde há muito pode comprar, sem dinheiro, vinho e leite, e podem beber de Graça: “Venham às Águas que fluem do Trono de Deus”! Jesus não cobra nada, porque nenhum valor jamais será capaz de cobrir o preço de Seu Sangue derramado na Cruz do Calvário. Se Ele pagou tudo com Seu Sangue, porque Deus cobraria ainda por alguma bênção? Por que, mercenário, ainda insiste em cobrar por aquilo que Deus já pagou com Seu próprio sangue? O povo que Jesus 159


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redimiu e comprou é seu rebanho? Pastores, nenhum de vocês é pastor de ovelhas nem é mestre de discípulos. A não ser que realmente sejam suas ovelhas e seus discípulos e, se são, não são de Jesus Cristo. E, portanto, são falsificados. Se vocês são verdadeiros pastores, pastoreiem as ovelhas de Jesus. Se vocês são verdadeiros mestres, façam discípulos de Jesus e para Jesus. E haverá um só rebanho e um só Pastor. Vocês não acreditam nisto? Estou indignado com os diálogos de pastores, cantores e bandas evangélicas em busca de melhores condições de trabalho no Mercado. Não há nada errado em seguir a profissão de cantor evangélico, músico evangélico, engenheiro de som evangélico, palestrante evangélico, motivador evangélico, palhaço evangélico, etc. Podem cobrar seus shows, seus CDs, livros, consultorias, construir suas empresas, seus estúdios. Mas não cobrem e não misturem o produto do trabalho de vocês com o Evangelho de Jesus, pois não está á venda. Nunca esteve à venda. O Evangelho de Jesus, quando é cobrado, deixa de ser Evangelho para ser qualquer coisa do bolso de algum mercenário. O que deveria ser a penetração do Evangelho através da Música na Mídia tornou-se uma subcultura, um movimento religioso, que fatura tanto quanto o Vaticano fatura por todo o mundo com seus homenzinhos e mulherzinhas de barro, fabricados em série, os quais chamam de santinhos. E também há santinhos evangélicos. Eles têm devotos que formam os clubes de fãs. A palavra “fã” é usada para identificar aquele indivíduo que admira entusiasticamente uma figura pública, geralmente do mundo do espetáculo. Informalmente é uma pessoa que nutre grande admiração por alguém ou alguma coisa, é o admirador. O vocábulo “devoto” vem de devoção e significa: o que 160

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inspira devoção; individuo muito religioso; admirador. Devoção é veneração especial. Venerar é prestar culto, adorar, reverenciar, tratar com muito respeito. Na boca de milhares de pastores, cantores e cantoras não há Evangelho, mas uma mensagem para satisfazer os desejos de seus seguidores, para entreter apenas, motivar e de autopromoção. O Evangelho virou pretexto para disfarçar a corrida da maioria deles pelo vil metal, já que a pressão deste sistema de Mamom há muito já anuviou o “pregar por Amor a Jesus”, custe o que custar, com duas túnicas no corpo, somente pelo alimento do qual é digno o trabalhador. A piedade tornou-se fonte de lucro - e grande! Os valores eternos tornaram-se desculpas e meros vocábulos para mascararem a verdadeira intenção de seus corações, já que oração, comunhão com Deus, vida santa não são necessários para fazerem o que fazem; cantar o que cantam e pregar o que pregam. E que vida de relacionamento com Jesus? O ativismo da carreira, os projetos pessoais, a profissionalização do sermão e da música, as estruturas para comportarem esta engenhoca, os programas, as falas, as músicas, as luzes, as tonalidades, todo o staff bem treinado para repetir tudo cronometrado, até as risadas e os suspiros, em todos os cultos. Que cultos? São shows e peças de teatros. Estou com raiva de tudo isso. Não me diga que eu não deveria. Não estou com raiva de ninguém; talvez de mim mesmo. Eu estou com raiva dessas pregações, ensinamentos, seminários das igrejas e dos ministérios de hoje. Vida Fenomenal... Inteligência emocional. Como ser bem sucedido... Como viver uma vida feliz... Como prosperar... Nem 10% dos membros das Igrejas Cristãs já fizeram um único discípulo para Jesus. E querem ser muito felizes, cheios de 161


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sucesso. Por favor, não me faça vomitar! Iniquidade, divisão, egoísmo, ódio, adultério, falso evangelho, pecados homossexuais e o amor ao dinheiro. Você quer se embriagar com cerveja, vinho, cachaça e diz que teme a Deus? Você “transa” com tudo quanto é mulher, e acha que é crente? Na sua mente só existe promiscuidade. Você é um viciado descontrolado em pornografia e acha que purga sua imoralidade ensinando na Classe de Escola Dominical? Canta com “muita unção”; você é famoso, os apóstolos e pastores mais famosos do Brasil o convidam para os seus congressos, e já vive “casado”, adulterando com a segunda, terceira mulher, porque traiu a primeira. “Regularizou seu casamento” com a segunda e com a terceira? Você é respeitado pelos “homens de Deus” e acha que Deus te aceita por amor a eles? E estes falsos pastores que o apoiam vão prestar contas a Deus pelos milhões que estão enganando com seu evangelho postiço e desgraçado. Seu pastor se casou com a amante, você o segue. Ele é um enganador, você é um mentiroso também. Você e sua família estão perdidas. Você canta no coro, vive sua vida com sua única mulher e seus filhos estão na igreja, prega como um pregador, ora em línguas, e você está vivendo em pecado? Aquele que crê que “onde abundou o pecado superabundou a Graça” para continuar a viver na prática do pecado nunca vai escapar da Ira e do Juízo de Deus! Você, meu caro, minha cara, pega a sua guitarra, faz meia dúzia de encenações no “altar”, derrama umas gotas de choro de pura emoção, continua vivendo sem nenhuma comunhão com Deus, desrespeita seus pais, seus palavrões são conhecidos de todos os seus vizinhos, ora pela manhã ao se levantar, em todas 162

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as suas refeições e até na hora de dormir. Canta bem, até ora o tempo todo, é dizimista fiel? Mas continua na prática dos mesmos pecados de sempre, de toda a sua vida? Furtando da sua empresa? Mantendo um caso com sua “namoradinha”? Pensa que está tudo bem? Você não está bem, meu amigo. Não estaria você indo agora mesmo para o inferno? Você nunca foi nascido de novo. Você não conhece a Deus. É o que afirma I João capítulo 3: Todo aquele que vive habitualmente no pecado também vive na rebeldia, pois o pecado é rebeldia. E bem sabeis que Ele se manifestou para tirar os pecados; e nele não há pecado. Todo o que permanece nele não vive pecando; todo o que vive pecando não o viu nem o conhece. Filhinhos, ninguém vos engane; quem pratica a justiça é justo, assim como ele é justo quem comete pecado é do Diabo; porque o Diabo peca desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do Diabo. Arrependa-se! O Reino de Deus está aqui. O machado de Jesus já está afiado. Você não dá frutos. Ele está prestes a cortá-lo fora. Deus é amor? Sim. Jesus morreu por você e ressuscitou dos mortos. Mas não espere nem por um segundo. Já! Converta-se já a Deus, Justo Juiz e Justo Vingador. Você não é crente. Você é ímpio. Deixe o ímpio o seu caminho e torne-se para o nosso Deus. Rápido! Arrependa-se e clame, chore, implore por Sua misericórdia. As misericórdias de Deus não duram para sempre para todos.

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– 19 – Mercenários e Marketing E que ministério? Hoje os custos do ministério são outros. Envolvem aparelhagens de som as mais sofisticadas, hotéis, aviões, empregados, secretárias e muitos voluntários para atender ao telefone, para anotar o pedido de oração e o número do cartão de crédito dos patrocinadores. E tem custo da taxa do contrato com a companhia de telefone para anotar o torpedo e faturar a oferta enviada pelo celular ou por smart phone. Anotar o pedido de oração para ser levado ao Monte Sinai e ser queimado ali ou em algum monte da Grande São Paulo. Tudo para depenar financeiramente o pobre coitado que ainda não aprendeu que pode ir ao Pai em Nome de Jesus e pedir por si mesmo e por todos os seus sem pagar um centavo, que não precisa nem dizimar nem ofertar para receber qualquer bênção que Jesus já pagou na Cruz do Calvário. Quem dera todos estes mercenários se arrependessem e usassem, como muitos homens e mulheres de Deus, toda a tecnologia, todos os recursos para ensinar a Verdade! Para ensinar que dízimos e ofertas são voluntários, os quais devem ser doados, sem compulsão ou por necessidade, a fim de cumprirem seus propósitos de acordo com as Escrituras. 165


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Existem milhões de pregadores que têm vida, testemunho, jamais perderam a simplicidade, continuam os mesmos com todos, nunca se enriqueceram tanto porque sempre repartem com os necessitados. Eles alimentam crianças e órfãos por todo o lado, assistem as viúvas, e não são corrompidos pelas riquezas deste mundo, nem mesmo por aquela riqueza que veio pela Unção Verdadeira de Deus derramada em suas vidas. Não há vergonha em contratar gente profissionalizada, bem paga, para atuar com maestria e excelência na Mídia, nas Artes e no Entretenimento e apresentar a Mensagem do Evangelho em qualquer esfera da sociedade com inteligência e sabedoria. Mas o que fazem? Contratam profissionais para analisar as tendências do público e apontar qual a melhor mensagem para cada seguimento, para quem e onde entregá-la. Gente competente para tocar tudo! O ministério virou uma empresa. Pastores, cantores e bandas são agendados com base no conhecimento prévio do tamanho do público, nas condições de venda de produtos, na garantia da satisfação de suas exigências contratuais. Pregar a Palavra e ser pago com um salário voluntário, para que o homem e a mulher de Deus vivam dignamente é uma coisa. Pregar em algum lugar e ocasião e, ao final, o que fez o convite bater nas costas do pregador e deixá-lo ir sem uma compensação é uma ofensa, ou dar-lhe um cheque e escrever no recibo “oferta de amor” é uma mentira. Oferta é oferta quando não se faz nada e recebe. Jesus disse que “digno é o obreiro de seu salário”, mas transformar a pregação como meio de vida e profissão é vender a alma para Mamom. Faz-se tudo tal qual é feito pelas estrelas de Hollywood. Pastores e padres estrelas estudam a viabilidade comercial do show, como estabelecer e atrair os investidores necessários, perseguir a maior margem de lucro possível mesmo que tenha 166

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que pagar mal os funcionários e enganar um batalhão de voluntários que, com bom ânimo, irão trabalhar porque pensam que estarão fazendo a obra de Deus. E, finalmente, enviar alguns representantes bem espirituais para garantir o apoio espiritual necessário dos pastores da cidade para sacramentar a presença final de público, tudo planejado, “combinadinho”, regado com alguma oração e com adiantamento em conta corrente, cash vivo, para não sofrer o risco de algum cheque sem fundo voltar. Aqui está o cerne de iniquidade em que façam isto com o povo de Deus! É repugnante saber que tudo isso não passa de uma montagem grotesca, fabricada por uma unção de emoção, por efeitos de jargões que o povo de Deus acostumou-se a ouvir e que se tornaram sinônimos de avivamento. Que avivamento? Tudo é feito com marketing, propaganda e a promoção dos “Mauricinhos” e das “Patricinhas Gospel”. Toda aquela badalação do dia do show, o movimento VIP dos pastores, dos familiares, dos artistas, das autoridades que se tornam cristãs por um dia, das fãs e dos fãs que concorrem e se atropelam para pedir autógrafos, para tirarem o máximo de fotografias digitais ao lado dos seus ídolos a fim de postarem no Facebook ou distribuírem na Mídia, tudo vira um vírus veloz e todo mundo festeja quão grande foi bênção de Deus! E o sucesso de todo o empreendimento é medido pelos organizadores pelo número de presentes, pela venda dos produtos transportados em carretas para o local do evento, pelo valor arrecadado com os ingressos, somando-se, com certeza, alguma oferta tirada por mais de meia hora através de todas as táticas de manipulação. E o povo contribui porque pensa que está contribuindo com a Obra de Deus e a maioria também quer ser abençoada com a promessa de receberem cem vezes mais pela oferta depo167


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sitada no saco, ou recolhida via cheques pré-datados ou cartões de crédito. Fico indignado com todo esse quadro patético, ante evangelho, mercenário, mas até meus amigos, muita gente piedosa, parece que estão anestesiados ou entorpecidos com o status quo, com a mesmice, com aquilo que se estabeleceu como normal ou comum, que nada tem a ver com a obra do Senhor, com a caminhada Dele e de Seus discípulos pelas terras de Israel e, depois, pelo restante do mundo conhecido.

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– 20 – Templos, Salários e Presentes. Os apóstolos e os discípulos de Jesus nunca fundaram igrejas, nunca foram enviados para isto, nunca foram de cidade em cidade para coletar ofertas. Não há nenhuma menção no Novo Testamento que indique sequer que tiravam ofertas durante seus encontros muito menos que recolhiam os dízimos. A menção existente, no livro de Atos, das ofertas que depositaram aos pés dos apóstolos, ou seja, o produto das propriedades que venderam em Jerusalém, e a menção feita por Paulo, em uma de suas cartas, de outras ofertas dadas pelos irmãos de algumas cidades na Europa mostram que tais ofertas foram todas destinadas a sustentar os que viviam do Evangelho e para repartir com os necessitados entre eles, de modo que em Jerusalém não havia necessitado algum. Nenhum dos apóstolos ou presbíteros no Novo Testamento recebia presentes ostentosos no dia de seus aniversários nem faziam festas para atrair um montão de bajuladores e puxa-sacos, para terem o seu eu massageado, para colherem presentes em dinheiro e em bens como acontece hoje com os que exigem ser honrados, desde que a honra seja muita prata e muito ouro.

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Honrar com presentes hoje é destinado para quem merece na avaliação do grupo e não para quem precisa. E Paulo não ganhava um salário 20 vezes mais que Lucas. Não havia entre eles Presidentes nem Senior Pastors mais remunerados do que os outros, com direito aos melhores “carros” do ministério. Pastores de igrejas se tornaram “CEOs” (Chefes Executivos de Ofícios, ou seja, Diretores Executivos) e as igrejas são como múltiplas empresas em uma cidade. A Igreja em cada cidade é “desmembrada” em unidades separadas, na maioria das vezes competitivas e com gerências próprias. Os apóstolos e discípulos de Jesus muito menos estabeleceram congregações nas diferentes ruas da cidade, como que loteando regiões para cada ministério. Pelo contrário. Simplesmente faziam discípulos em cada cidade ou nos campos, como Jesus ordenou; e um a um, como quem planta uma árvore de cada vez, iam se ajuntando e tendo comunhão. Assim crescia a Igreja na cidade, como uma floresta de árvores, sem papas, sem bispos, sem apóstolos chefes. Era, de fato, um só rebanho de ovelhas, as ovelhas do Único Supremo Pastor, Jesus Cristo, que continuava pastoreando-as pelas mãos diligentes, não dominadoras, nem avarentas, dos verdadeiros bispos que o Espírito Santo havia constituído em cada cidade para pastorearem o Rebanho de Deus. Jesus nunca esteve distante de Sua Igreja, o Remanescente, pois, mesmo assentado à destra de Deus Pai, continuou cumprindo a Sua promessa de estar com cada um deles até a consumação dos séculos. Sim, Ele sempre fluiu na vida de Seus apóstolos, profetas, pastores, evangelistas e mestres que deu para prepararem os Santos para a obra do Ministério. Muitos destes pastores famosos trovejam que o Brasil está em Avivamento. Mas o que chamam de avivamento são estes surtos de multidões ajuntados pela Mídia, como qualquer Rock in Rio, onde de tudo se comercializa, e a droga pode não ser a 170

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cocaína ou a maconha, mas é o poder e fama que embriagam e entorpecem do mesmo jeito. O que se conhecia como ministério tornou-se meio de enriquecimento. Cantores e pastores cobrando cachês milionários, o tempo todo ligados no Twitter para manter o Fan Club, para anunciar e propagar o último CD. Não cantam louvores, vendem CDs; não pregam mensagens da Graça, vendem DVDs. Louvor virou produto; pregação virou matéria-prima. Não se denuncia aqui os que são profissionais no campo das Artes e Entretenimento mesmo evangélicos ou católicos. O que é repugnante é a profissionalização da Fé Evangélica uma vez dada aos santos quando se faz negócios com o povo de Deus. Shows e apresentações são manifestações culturais. Que se cobrem cachês, ingressos, que comercializem seus produtos, compre quem quiser, mas jamais na Igreja. A esta altura, Igreja é Igreja e não esta tenda gigantesca de comércio que se tornaram as igrejas evangélicas, pentecostais e católicas. A inspiração de Deus foi trocada pelas músicas comerciais – baladas que vendem - e muitos daqueles que um dia receberam alguma visitação de Deus, com a Capa que receberam dos Céus construíram catedrais, impérios, igrejas-empresas e estabeleceram capitanias hereditárias para perpetuarem seus filhos ou netos, mesmo que alguns deles sejam mais perdidos que os frequentadores de prostíbulos. Porque são famosos, ricos e poderosos, pastores e cantores de ambos os sexos, casam-se, divorciam-se e se casam de novo. Outros se divorciaram e se casaram com suas secretárias, quero dizer, amantes, e, de acordo com a Ordem, legalizaram sua situação. As que se divorciaram de seus maridos se casaram com algum de seus empregados, quero dizer, amantes, e hoje perambulam nas igrejas assentados junto a alguns destes pastores famosos, moralistas de plateia, calados pelo interesse financeiro 171


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que têm em comum, todos completamente integrados na congregação dos “justos” (que justos?) como se nada escandaloso tivesse acontecido. Isto não é Igreja de Deus! Deve ser a Academia na qual, quando em festa, de ano em ano, a maioria dos famosos ostentam a nova mulher ou o novo homem com quem se casaram por último! E como cantava o Chico dos homens: “A gente vai levando. A gente vai levando.” Deus definitivamente não!

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– 21 – O Mega Negócio do Evangelho Li em um site evangélico uma reportagem pedindo oração por uma cantora brasileira que estava sendo evangelizada por um pastor. Chamou-me a atenção o fato de que a referida cantora usa expressões comuns dos crentes para se comunicar com seu público durante os shows. Expressões tais como “a nossa apresentação vai continuar e tudo vai dar certo porque o Sangue de Cristo tem poder.” E de vez em quando saúda os participantes: “Deus vos abençoe ricamente”. Admiro o trabalho em compartilhar o Evangelho da Salvação que muitos homens e mulheres de Deus fazem no meio artístico. Porém, queria mesmo que o Evangelho do Reino fosse compartilhado, que, ao invés de se anunciar que Jesus salva, se anunciasse claramente que Ele reina e que para ser salvo tem que confessar verdadeiramente que Ele é Senhor e não Salvador, que o que invoca o Nome do Senhor e não o Nome do Salvador é que é salvo. Parece que não há diferença, mas é essencial e decisivo seguir ao Senhor para que Ele se torne realmente nosso Salvador. Sim, muitos desses “famosos” têm se convertido genui-

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namente ao Senhor e, depois de muitos anos, têm demonstrado uma vida de testemunho verdadeiro, pautada pela Palavra de Deus. Outros se tornam evangélicos apenas por modismo nesta onda de constantinização moderna. Tornar-se evangélico não tem nada a ver com a Vida Eterna ou conversão genuína ao Senhor. É apenas para alguns uma troca de religião. E transferem sua fama suja, baseada em sua vida corrupta e perversa, para a igreja e são disputados em programas evangélicos e em igrejas em busca de audiência e frequência. O que me chamou a atenção não foi o uso das expressões conhecidamente evangélicas, mas a soma de muitos fatos relacionados a outros artistas e cantores que se dizem cristãos, porém apenas nominalmente como, de fato, são milhares de evangélicos. O nome “cristão”, aquele que sofre por Cristo, e o nome “evangélico”, aquele que vive a Fé Evangélica uma vez dada aos santos, não têm estes significados hoje em dia. Há quem apresente um programa pornográfico de TV, se diga “crente” e seja membro de uma “igreja evangélica” inclusive. Há um conjunto que se apresenta em “shows mundanos” e programas de TV cantando músicas seculares e são “crentes”; o que não seria nenhum disparate se o testemunho de vida deles se alinhasse com sua identidade e fosse expresso em suas músicas numa influência tão necessária nos campos da Música, Artes e Entretenimento. Há atores e atrizes que são “crentes”, se beijam em cenas de novelas, protagonizando triângulos amorosos e fazendo papéis que a Bíblia ordena: “nem ainda se nomeie entre vós, como convém a santos”. Afinal de contas, qual é o problema de trabalharem em novelas se mais de 80% dos evangélicos as assistem diariamente, as produzidas pelo canal de TV de propriedade de uma igreja evangélica inclusive? 174

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A Bíblia, porém, declara: “Não vos comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas antes as condenai”. Não significa sair do mundo (impossível!), cortar as amizades com aqueles que não vivem como Jesus ensinou, ignorar as produções culturais da Sociedade e viver como ermitãos isolados. Deixe-me ir direto ao assunto: se a outra artista famosa que foi recém-batizada ainda rebola, dança axé e tudo mais, ela pode até ser evangélica, mas ainda tem testemunho e vida que indicam que não nasceu de novo. Ninguém que ainda vive na prática do pecado nasceu de novo. “Qualquer que é nascido de Deus não vive na prática do pecado; porque a Sua semente permanece nele, e não pode pecar, porque é nascido de Deus.” E o que dizer dos pregadores que aceitam somente convites para ir onde suas demandas são aceitas, tais como hotéis de certa categoria, venda estipulada de seus produtos e pagamento de oferta mínima? O que dizer dos cantores gospel que cobram cachês para se apresentarem na Igreja, não fazendo nenhuma diferença entre servir (ministrar) ao Rebanho de Deus de seus shows em casas do ramo. E alguns deles até continuam tendo a mesma vida devassa de antigamente e se apresentam em igrejas e mais igrejas, endossados pela ingenuidade de muitos pastores. A cantora pode clamar o sangue de Cristo duas mil vezes que, fazendo o que faz no palco e cantando o que canta suas palavras não passam de jargões evangélicos. O pregador famoso que prega em todo o Brasil e no exterior e que, há alguns meses, cobrou três mil reais para fazer uma cruzada e quase “depenou” o pobre pastor que não conseguiu levantar o dinheiro para “pagá-lo”, pode até pregar muito bem, 175


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mas não passa de um mercenário da fé e de um “pentecostal” hipócrita. E o cantor e a cantora gospel que procedem com tais práticas são “levitas de aluguel”, “paquitos e chacretes evangélicos” que conhecem somente o átrio do templo de Herodes, onde os mercadores vendiam seus produtos. Para milhares, a Pregação do Evangelho tornou-se uma profissão e deixou de ser a Pregação do Evangelho da Cruz para tornar-se apenas um produto de comercialização. Ninguém que prega a Palavra da Cruz consegue manter-se sem ser transformado pelo Espírito da Palavra. A Mensagem da Cruz de nosso Senhor Jesus Cristo tem sido aviltada pelos neologismos e “invencionices” desta geração fraca e pobre de pregadores. Pregadores de um “evangelho” de conveniências, que desconhecem a Cruz que convoca a todos sem distinção â renúncia pessoal, à negação de si mesmo e à Santificação sem a qual ninguém verá o Senhor. Pregadores de um “evangelho” de vendilhões do templo que desconhecem a Graça das Palavras de Jesus: “De Graça recebei, de Graça daí!” Não venham me dizer que “é digno o obreiro de seu salário” como desculpa para suas cobranças de cachês, contratos publicitários e acordos comerciais! O obreiro é digno de seu salário, mas não o comerciante do Evangelho nem o mercantilista da fé. E o artista pode cobrar pela sua apresentação, mas não chame sua reunião de Igreja. “Deixe o ímpio o seu caminho e se CONVERTA AO SENHOR” é a mensagem do Juiz de toda a Terra. Sem conversão não há salvação. Sem testemunho – frutos dignos de arrependimento - o machado que está posto à raiz da árvore vai trabalhar direitinho. Aquele que vive na prática do pecado ainda não nasceu de 176

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novo nem sequer conheceu a Deus. Ainda pertence ao Diabo! Seja cantor, pastor, pregador, crente e quem quer que seja! A coisa está muito esquisita! As referências e padrões bíblicos de nossos pais na fé há muito já foram desprezadas. Estou cansado desta mega empresa e deste mega negócio em que virou a igreja evangélica brasileira e a americana onde a maioria destas empresas de produção musical, igrejas-empresas, etc. abarrotam-se de lucros em nome do Louvor e Adoração a Deus, onde centenas e milhares de seus pregadores levantam ofertas, oferecendo a multiplicação do dinheiro e a prosperidade, o paraíso na terra e as bênçãos gratuitas de Deus. Protagonizam a versão moderna da venda das indulgências! Seus líderes são opressores dos pobres pastores de seus ministérios e denominações que precisam bater todo mês a cota de dízimos de suas congregações! Enquanto a igreja católica comercializa ídolos dos santos, eles comercializam a si mesmos, suas imagens farisaicas e seus sermões repetidos. Esta raça de hipócritas deveria deixar de fantasiar e passar a tratar as coisas de Deus a sério. Sua linguagem é o lucro e a transação comercial, seu sangue. Contratos e ofertas: se não receberem não cantam, não pregam, não fazem o show. Gente morna que o Senhor vai vomitar de Sua boca se não se arrependerem. No Evangelho, não cabe empresários do Evangelho nem profissionais. O Evangelho não é negócio, definitivamente! Ah! Que o Senhor levante nesta geração pelo menos 12 “João Batistas” para desmascarar esta farsa que é a igreja evangélica brasileira. Que Deus levante Luteros de outra estirpe dentro da igreja católica apostólica romana não para reformá-la, mas para tirar o Seu povo desta Babilônia mal cheirosa, tão Babel quanto as suas filhas protestantes, netas evangélicas, bisnetas pentecostais e trinetas neopentecostais. 177


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Que o Senhor tenha misericórdia destas atrizes e artistas famosas, para que venham conhecer o Verdadeiro Evangelho que anuncia a Salvação pela Graça, por meio da Fé em Jesus, através do Arrependimento. “Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos Céus.” Se não nos arrependermos, não escaparemos da ira do juízo de Deus.

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– 22 – Classes Sacerdotais Pastores evangélicos e protestantes de hoje são classes sacerdotais da mesma estirpe de padres e frades católicos. O Clero se originou nas barras da saia de Constantino e foi perpetuado por todos os que se seguiram. É hora de voltar a Jesus Cristo. Somos todos ovelhas. Somos todos sacerdotes. Somos todos ministros da Nova Aliança, se é que verdadeiramente nascemos de novo e entramos no Reino de Deus. Fiquei indignado com aquele pastor do riso que não tem mais graça, quando me disse não compensar mais pregar nos Estados Unidos, enquanto que no Brasil “tira”, num final de semana, alguns milhares de reais fora a venda de seus produtos. Onde está o seu chamado, pastor? Onde você deixou a simplicidade do Evangelho e seus valores e os trocou pelas oportunidades grandiosas do nicho evangélico, perdendo a visão da Missão e do Serviço pela primazia da remuneração? Pastores e cantores agora cuidam de suas carreiras, são profissionais. Contratam empresários e administradores. Pastores e cantores são realmente profissionais, sempre foram. Cantores, certamente é o que realmente são. E que continuem desenvolvendo suas carreiras. E quem dera que, sendo verdadeiramente

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homens e mulheres de Deus, influenciassem a Cultura com o Reino de Deus. Quando alguns iluminados começaram a contratá-los pelas igrejas nos Estados Unidos, essa prática disseminou-se por todo o mundo “evangelizado pelos gringos”. Querem continuar sendo profissionais, que sejam! Mas antes já se tornaram empresários de si mesmos. É gente fingida, negam o Senhor que os resgatou, apenas fazem do povo de Deus negócios. Não confundam ministério com profissionalização. Sua profissão pode ser ter Ministério, mas o Ministério nunca será uma profissão porque, se o Ministério de Cristo se tornar profissão, deixou de ser ministério. Jesus está contra você e contra todos esses outros. Laodiceia dos evangélicos, Roma dos Católicos, Jesus já te vomitou de Sua boca e os cães agora lambem o vômito! Fico indignado com estes pastores de crescimento a todo custo. O que era mover de Deus para fazer novos discípulos tornou-se um movimento megalomaníaco de alguns deles. Fico indignado com estes pastores corruptos os quais se promiscuem com políticos que financiam seus artistas, seus projetos de mídia, seus shows gospel em troca dos votos do Rebanho de Deus que manipuladoramente descarregam nos seus corruptores. Fico hoje indignado com este bando de aproveitadores que se tornaram “amigos”, pregaram ou cantaram em nossas igrejas na América, dormiram em nossas casas, comeram do que demos de bom e, quando nos encontram no Brasil, fingem que não nos conhecem ou, quando não podem evitar, nos cumprimentam superficialmente. Fico indignado com esta corja que nos deram CDs, DVDs ou livros autografados, alguns quase que imploraram para serem levados em nossos “é-ventos” e disseram: “quando visitarem nossas cidades no Brasil nos procure; façam-nos uma visita; somos amigos de verdade”. 180

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No Brasil, não nos convidam para visitarmos suas igrejas, quanto menos para pregar - como se precisássemos disto - ou simplesmente se mantêm distantes e alguns descarados olham para nós e dizem: “Desculpe-me, mas não consigo me lembrar do irmão”! Jamais nos convidaram, nem mesmo como orienta a boa educação brasileira, para tomar um cafezinho nas suas casas ou nos seus apartamentos abastados. Tudo que souberam - e bem foi nos usar fingidamente. Nós somos os responsáveis por esta burrice de pensar que realmente eram nossos amigos, quando tudo o queriam era receber nossas ofertas e vender para nossos irmãos os seus produtos. Outros deles, que se tornaram ainda mais famosos, são pregadores e cantores internacionais, foram eleitos deputados ou vereadores, etc. Tornaram-se políticos mesmo sendo gente de mau caráter. Não são poucos os casos de alguns deles que, dormindo na casa dos pastores que os convidaram, deram em cima de suas filhas e esposas. Outros e outras cometeram adultério com os outros e as outras famosos e tudo ficou por debaixo do pano, nas trevas, onde andam sem pudor, com desembaraço. Raça de cobras! Não pensem que suas canções enlatadas e seus sermões aplaudidos pelas massas vão facilitar as coisas quando forem tratados pelo Juiz de toda a Terra. Fico indignado com estes pastores de mais de trinta anos de ministério que fizeram a sua obra no meio evangélico, foram líderes importantes de seus seguimentos, mas agora já não são mais o que eram nem ocupam as mesmas posições que ocuparam e, descontentes, insatisfeitos, amargurados, movidos por inveja, perseguem os mais novos, especialmente aqueles que não andam por suas cartilhas ultrapassadas. Estes pastores e líderes velhos são o “Saul” moderno perseguindo o “Davi” de Deus. A Unção velha perseguindo a Unção 181


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Nova. O passado tentando impedir o presente. Estes pastores velhos pregam os mesmos sermões de sua juventude, da visitação de Deus de sua época. Quando os ouço hoje, ouço apenas repetições decanas de suas mensagens, palavras do antigo mover de Deus de sua geração. Suas mensagens são pedrinhas de areia na boca dos santos. Antigo mover de Deus não é verdade. Todo mover de Deus que se torna velho deixa de ser mover para se tornar monumento. Todo vinho novo é para ser bebido por completo, de uma vez, no mesmo dia. Se ficar no odre de um dia para o outro, torna-se vinho velho e estraga o odre. Suas denominações e redes são odres estragados e continua-se clamando para Deus avivá-los. Mas Deus já os abandonou há muito tempo e está ocupado em encher os odres novos da geração que Ele mesmo está levantando em toda a Terra. Deus nunca teve compromisso permanente com coisa velha. Deus abomina coisas velhas. Deus é Deus do Novo, de Coisas Novas. Ele sempre faz novas todas as coisas. Estes velhos velhacos, espiritualmente assexuados, pensam que Deus tem um compromisso inalienável com sua geração. São profetas velhos que se tornaram pedras de tropeço para a nova geração. Não tiveram filhos. Os que tiveram abortaram. Os que nasceram em seu ministério, mataram antes que crescessem. Tentaram, talvez, fazer sucessores. Sucessores não sucedem. Sucessores destroem tudo que recebem. São como herdeiros de homens. Deus não faz sucessores. Deus levanta novos filhos. Deus usa pais para gerarem novos filhos. E Deus também cuida dos órfãos. Vejo por todo o Brasil uma multidão de órfãos abandonados pela velha guarda, mas protegidos por Deus. São como Elias profetizando contra reis e reinos e fazendo chover por toda a Nação. 182

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Mas vocês, velhos carrancudos; nem o que fizeram de bom sobrará como memória senão suas fotografias nos livros de biografia que pagaram para escrever a seu respeito. Velha geração de profetas velhos que se tornaram estéreis no mesmo dia em que tomaram a decisão de se perpetuarem no poder de suas igrejas e denominações. Tudo o que têm é muito dinheiro, bens e propriedades, a grande herança que deixarão para seus filhos e netos naturais se digladiarem entre si por causa desse tesouro fedorento. Por que está irritado com o que lê se não participa de nada disso, se não toma parte em nada disso? Se não faz parte de nada disso, não há porque se sentir ofendido. Mas, se de alguma forma se ofende, é sinal de que precisa cair em si, voltar ao Primeiro Amor, arrepender-se para valer e voltar à prática das primeiras obras.

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– 23 – Com Muito Dinheiro e Sem o Poder de Deus Por que o sucesso tornou-se uma prioridade na vida de milhares de líderes cristãos e os meios para alcançá-lo cada vez mais distantes da Palavra de Deus que dizem proclamar? O deus deste século é Mamom e as medidas de seu domínio há muito invadiram os arraiais evangélicos, protestantes, pentecostais e por toda a história, os católicos apostólicos romanos. A busca sórdida dos prazeres deste mundo tem feito sucumbir muitos líderes evangélicos e pentecostais recentemente. E nem mesmo todos os escândalos e exemplos negativos são capazes de impedir outros de caírem. E qualquer um de nós é seduzido e engodado pela nossa própria cobiça. As medidas de sucesso de muitos líderes estão enganando seus corações, e estes, seja pelos prazeres deste mundo, do adultério e da prostituição física ou espiritual, pelas luxúrias ou pela ganância, somente proclamam domingo após domingo mensagens de prosperidade falsa, abundância de bens, tesouros na terra, riquezas sem fim. A Santidade e a Salvação do Senhor há muito já foram substituídas pela pregação de ofertas cada vez mais gordas. E os olhos das “ovelhas” que contribuem piscam sem 185


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parar, cheios de cifrões, porque querem cada vez mais para satisfazer seus desejos consumistas e todos com suas ações estão dizendo: “Ah! Os milhões que perecem sem o Evangelho morram, não é nossa responsabilidade. São destes missionários pobres, sem dinheiro, que abandonaram tudo para viverem nas searas de Deus! De vez em quando a gente envia uma ofertinha para um deles. Aí estampamos no mural da “igreja” que somos uma igreja que ama missões”. Mentira! Mais de 50% das entradas das igrejas não são gastas com a obra missionária e a maior parte do dinheiro que se gasta não gera sequer uma pessoa para o Reino. Imagine: Se temos 100.000 igrejas, temos 100.000 pregadores que pregam 100.000 sermões todos os domingos. Se essas igrejas têm dois cultos por semana são 100.000 igrejas com 100.000 pregadores que pregam 200.000 sermões por semana. São ao final do ano 10.400.000 sermões pregados a cada ano. Onde estão as mudanças e transformações profundas nas cidades e vilas onde todas essas pregações são proclamadas? Suas pregações na estrondosa maioria falam de Deus, mas não é a proclamação do Reino. Onde o Reino foi pregado nos lugares por onde os apóstolos no primeiro século pisaram vidas foram transformadas e avivamentos transformadores aconteceram. Essa igreja da pregação da prosperidade, das campanhas de ofertas pelo rádio, pela TV, pela internet, dos milhões de negócios dos evangélicos está perdida, sem poder, não pode salvar-se a si mesma. É preciso nos humilhar e reconhecer que somos pobres de Poder de Deus. Odeio a pobreza, a miséria na vida das pessoas. Odeio o pecado que leva as pessoas a viverem como an186

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darilhas. Mas também odeio a riqueza opressora, que faz outros miseráveis. Não venha dizer que sou contra os crentes entregarem seus dízimos e ofertas, que não creio no Deus que dá poder para adquirir riquezas, que não creio no Deus que deseja que eu seja cabeça e não cauda, que empreste em vez de tomar emprestado e que coma o melhor desta terra. Essa insistência de pedir dinheiro sem parar, na vida de muitos líderes, é apenas o sintoma de uma queda que se anuncia. E vão caindo por todos os cantos, de um modo ou de outro. A resposta que obtêm de milhares é a razão pela qual vivem: para enriquecerem a si mesmos e continuarem desprezando o pobre, a viúva, a obra missionária e as causas do Reino de Deus. É preciso que reconheçam que estão numa crise terrível de legitimidade na liderança evangélica, que essa avalanche de líderes que se divorciam, envolvem em escândalos, que vivem numa competição desenfreada entre si, que constroem impérios cada vez maiores em torno de si mesmos é sintoma de uma igreja apóstata que vive a manifestação do anticristo em seu seio. É urgente e necessário voltar-se totalmente para Deus e para Sua Palavra, para a simplicidade do Evangelho, para a exclusiva Pregação da Mensagem da Cruz. Estes milhões precisam abandonar os modismos, os esoterismos, os misticismos, os amuletos, o brilho do palco e da plataforma e se voltar ao ajoelhar-se nos quartos escuros, aos montes onde os corações quebrantados se encontram com o Espírito, ao viver hoje para cumprir a restauração de todas as coisas, para Jesus vir hoje e a trabalhar para ganhar recursos para fazer a Sua obra enquanto Ele não vem. A Igreja ocupa-se exclusivamente com o que é em Cristo – sua identidade - e não com o que tem ou com o que possui. Que aprendeu somente a buscar o Reino de Deus e a Sua Justiça pelo 187


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que Deus é, e não pelas coisas que serão acrescentadas. Sim, a Igreja que busca a face de Jesus mais do que busca as Suas Mãos. Porque o seu sucesso com Deus é medido pelo que ela é em Cristo e não pelo que tem.

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Ó gálatas insensatos! Quem os enfeitiçou? Não foi diante dos seus olhos que Jesus Cristo Foi exposto como crucificado? Gostaria de saber apenas uma coisa: Foi pela prática da lei que vocês receberam o Espírito, Ou pela fé naquilo que ouviram? Será que vocês são tão insensatos que, Tendo começado pelo Espírito, Querem agora se aperfeiçoar Pelo esforço próprio? Apóstolo Paulo 188

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– 24 – Para Quem são os Ais? É verdade que cada um dos que são a Igreja de Deus demonstra toda a compaixão para com os pecadores, para com os que caíram e falharam. A Igreja de Deus é misericordiosa com os líderes que caíram vitimados pelo pecado, seja o adultério, o furto, a soberba, qualquer pecado. A Igreja de Deus é a comunidade que recebe os pecadores perdidos que são alcançados por Amor e transformados por Deus em santos. E aqueles que caíram, mesmo depois de convertidos, são abraçados para serem reconciliados e restaurados. Contudo, os santos da Igreja de Deus não negociam a Palavra de Deus, não mudam a Sua Pregação Eterna, não comprometem seu testemunho vivendo aquém de Seu relacionamento com Ele, Jesus, a Palavra; não iludem “facilitando” a vida de homens e de mulheres que não querem se arrepender, não querem mudar de vida nem renunciar a todo erro e pecado. Os santos da Igreja de Deus não criam atalhos para pecadores, desviando-os para não passarem pela Cruz. Os santos da Igreja de Deus jamais negam a Mensagem de Cristo, e Sua mensagem é de Cruz. Não há nenhuma menção no Novo Testamento de que em alguma cidade o Rebanho de Deus foi pastoreado por al191


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gum homem que tivesse sido apanhado em adultério, que tivesse divorciado, e que, depois de “restaurado”, tivesse casado com alguma outra mulher e retornado ao Presbitério para continuar pastoreando o Rebanho de Deus. As Igrejas Evangélica, Protestante, Pentecostal, Mundial, Nacional e a do diabo que os inspiram, praticam toda forma de liderança eclesiástica. As Associações, os Presbitérios e as Ordens Eclesiásticas abriram mão de qualquer princípio bíblico por sórdida conveniência; nem tem como também, todas elas já estavam fora de quaisquer princípios bíblicos desde o dia em que foram inventadas e ainda se perpetuam como casas religiosas, numa total manifestação anti-Cristo. A praga do divórcio e de escândalos sexuais e financeiros é tão grande entre eles que tanto acabam de matar quem é apanhado em algum delito como restauram alguns por concessão política. Não é para se estranhar que nada dessa Babel tenha a ver com a Igreja do Deus vivo, a Coluna e a Firmeza da Verdade. Entretanto, ai daqueles líderes, homens de Deus, que caem em descrédito no meio desta gente. Seja por algum pecado ou por preferirem se isolar a ter que se compactuarem com todas essas práticas completamente anticristo e ante Evangelho. Eles se tornam leprosos da noite para o dia. Suas reputações são atacadas sem pena. Os que detêm o poder da mídia espalham seus venenos contra eles e o povão incauto acredita neles porque os consideram homens de Deus quando na verdade suas reputações são edificadas pela propaganda religiosa e não por conta do caráter deles. Ai de outros líderes, homens de Deus, que se recusam a compactuar com seus bispos que se pactuaram com lideranças religiosas mundiais, comprados com muita grana para fazerem 192

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parte de alguma seita cristã como todas as outras, mesmo que hoje sejam consideradas igrejas de Deus. De fato somente há uma Igreja, todas as outras são seitas. Sim, são seitas, porque Deus é Deus de uma Só Igreja, e não é nem a católica nem a protestante nem a evangélica. Ai dos pastores, especialmente os humildes homens de Deus, que se negaram a fazer o jogo sujo de seus superintendentes, e foram vítimas até de ameaças de morte. Alguns levaram até surra, outros foram assassinados a mando daqueles que consideravam como homens de Deus. E tudo passou como se tivesse sido um acidente! Ai daquelas esposas que foram obrigadas viverem caladas a vida toda, fingindo que eram mulheres exemplares da felicidade, quando, na verdade, todo dia eram abusadas verbal ou fisicamente pelos seus esposos pastores, os quais conservavam suas amantes enquanto mantinham a aparência de espirituais à frente da igreja. Ai daquelas esposas de líderes que foram levadas ao ostracismo, tendo que se manter em casa, viver um casamento de aparência e, com medo de serem torturadas até a morte, suportar a moça mais nova, amante do marido, em casa. Ai dos seguidores e dos pastores de Deus que, por desconhecimento e simplicidade, acompanharam aquele pastor vigarista, exorcista, badalado pela mídia, mas que não passava de um traficante qualquer do morro. Os traficantes do morro matavam crianças e jovens, envenenando-os com drogas; o pastor traficante matava crianças, jovens, homens e velhos com seu evangelho envenenado. Ai daquele pastor importante, que abençoou tanta gente, que serviu de referência para milhares de outros na pregação, na conduta, no exemplo, e que foi se distanciando de sua esposa, de seus filhos e amigos por ter vivido intensamente aquilo que considerava como ministério ao fazer parte desse sistema ecle193


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siástico, sistema religioso-empresarial, que produz mais vítimas que filmes de drama. Ai dele! Pois, enquanto ininterruptamente pregava o Evangelho pelo mundo, estafou-se. Começou pequeno, mas suas obras ficaram gigantescas e ele, sem perceber, cresceu junto e ficou infinitamente maior do que si mesmo, e foi se ensoberbecendo, vítima dos outros e de si mesmo, e precisava desesperadamente de dinheiro para manter seu ministério, um monstro insaciável, e, mesmo se mantendo honesto, foi vítima de armações tanto de pastores quanto de políticos. Ai dele! Pois se tornou confidente de alguns outros pastores importantes, com suas taras e segredos, acostumou-se a ouvir as confissões deles, e ficou frio como as águas do rio. Ai dele! Pois se embruteceu, porque se tornou máquina de pregar sermões e de escrever livros, e passou a se alimentar dos conceitos de seus colegas, bajuladores de plantão, que viam nele o reverendo superior e o intocável ungido do Senhor, e passou a acreditar piamente nisso, blindando a si mesmo, e já não aceitava mais nenhuma exortação. Ai dele! Caiu! Mas, quando se pensou que ele tinha caído, sua queda já tinha se consumado muitos anos antes; caiu mesmo quando tudo que era supérfluo começou a dominá-lo, quando deixou de viver e agir apenas como filho de Deus! E todos o abandonaram, pisotearam sua moral, esqueceram tudo de bom que havia feito; como urubus correram atrás de seu despojo, reuniram-se em alianças e o excluíram, riscaram-no do mapa, destruíram seus livros. Quem passava perto dele já não o reconhecia mais. Que desgraça é este clero evangélico, que não socorre os que caem muito menos mantém qualquer ligação com aquele que agora põe em risco sua reputação de vidro neste mundo podre! O pastor, quando cai, vira herético, não pode mais ser considera194

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do amigo; nunca o foram, eram amigos do ministério. O crescimento dos evangélicos no Brasil tornou-se oportunidade imperdível de bons negócios! Todo o mundo político e econômico já tinha notado isso! O religioso também. Começou antecipadamente pelo Bispo do Aborto e agora até pela Rede Globo, que está se tornando a grande parceira dos evangélicos. “Salve Jorge! Salve Ester!” É tudo a mesma coisa para fazer muita grana e faturar alto em cima de toda a população brasileira, em cima dos 40% de evangélicos, assíduos telespectadores das novelas da Rede Globo e da Record inclusive. É preciso reconhecer que o crescimento grandioso dos seguidores evangélicos de muitos líderes não reflete o verdadeiro avivamento que acontece no Brasil. O Avivamento não é medido pelas marchas nem pelas grandes concentrações para onde milhões correm atrás de seus cantores, bandas e pastores prediletos. A atração não é Jesus, o Cristo. O Avivamento do Espírito passa por lá, também, entre aqueles que amam tanto ao Senhor que querem estar onde os santos estão. Os santos não julgam, por temor, quem é quem, mas se misturam no meio da multidão. As vozes dos santos suplantam nos Céus todas as outras vozes. Deus ouve os que são Seus, Ele conhece como Pastor a voz de Suas ovelhas, em qualquer lugar, e as discerne de todas as outras. Porque o som da voz que chega até Seu coração é o da Noiva. O Avivamento do Espírito passa pelas favelas, pelas periferias, também no meio das grandes “igrejas” frequentadas por gente que ama a Jesus sobre tudo e sobre todos. Passa pelos líderes destes grandes conglomerados cristãos que, embora liderando sistemas e estruturas, continuam fiéis ao Senhor, ao que receberam Dele e Nele permanecem casados com uma só mulher viva, fiéis a ela, simples como sempre foram. Embora sejam grandes e famosos aos olhos dos homens, conti195


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nuam sendo o que sempre foram: pequenos, querendo que Jesus cresça e que eles diminuam. O Avivamento passa pelas cidades pequenas, pelas fazendas, sítios e roças, de homens e mulheres que, sem entenderem bem a Igreja, são a Igreja não quando voluntariamente se reúnem, mas quando naturalmente se reúnem dia a dia para servirem uns aos outros, numa comunidade de alegria e solidariedade onde ninguém padece carestia e necessidades porque, mesmo não sendo ricos, repartem da abundância que Deus lhes dá no dia a dia da vida. O Avivamento do Espírito de milhares de jovens que sobem aos montes para intercederem, que amam ao Senhor e querem somente servi-Lo como qualquer menino ou menina da Jerusalém dos dias de Pedro, Tiago e João, orando em todo o tempo, purificando-se a si mesmos, porque, embora já o sejam, têm esperança de que serão completamente como Jesus. Mais que isso: eles serão Jesus, num só Corpo, a Igreja, que é e será para sempre.

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– 25 – Quem São Eles e De Onde Vêm? Claro que Deus tem muito mais de 7.000 que não dobraram seus joelhos a Baal, o senhor dos evangélicos, proporcionalmente ao crescimento do número desses. E nem à Rainha dos católicos, inversamente proporcional aos que não mais o são. O Avivamento do Senhor passa pelos milhares e milhares de jovens, sinceros, de coração em chamas ardentes pelo Espírito, separados para Jesus, gente consagrada, pura e humilde, cheia de esperança, que veem somente o Nome de Jesus sendo glorificado e Seu Evangelho conquistando todos os rincões do Brasil e do mundo, essencialmente os 2,7 bilhões que ainda não ouviram nem uma vez o som do Nome de Jesus, nem em língua estrangeira. O Avivamento é os sem nome, sem rosto, anônimos do Amor, que enchem os céus a todo instante com suas intercessões cheias de amor pelos perdidos. Vão sendo os responsáveis pelas mudanças sociais na nação, em milhares de cidades, indiferentes à maioria de seus representantes evangélicos políticos, que estão mancomunados com o sistema corrupto dos palácios de Brasília, dos palácios adminis197


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trativos nas grandes capitais dos estados. Eles são o Avivamento de Deus, embora não frequentem tanto as grandes aglomerações dos pastores flanelinhas da TV quanto enchem as praças e os estádios, quando não têm que pagar ingresso, e louvam e adoram a Deus, liderados por uma geração santa de cantores e cantoras, de bandas de ministros do Senhor. Todos, plateia e plataforma, são ministros que se unem para ser Igreja sem precisar de púlpitos de templos ou de programas. Eles são o Avivamento de Deus não das estatísticas nem dos movimentos de massa, mas são filhos de Deus e O servem no dia a dia em suas casas, nas escolas, nas lidas da vida, na diversão, na praia. Por todo o lado vivem e testemunham de Jesus com Poder, sem fanatismo, sem legalismo, e curam enfermos, expulsam demônios, fazem discípulos de Jesus. São a revolução e o avivamento “tsunami” do Espírito que os acostumados com superfícies jamais conseguem ver. Essa nova geração de guerreiros santos está desprezando educadamente as brigas e as divisões de poder de seus pastores. Agindo desta maneira, esses jovens estão ignorando o loteamento e o sucateamento das igrejas de conveniências. Ao contrário, jamais deixam de congregar. Porém, entendem congregar de outra maneira. Entendem congregar a despeito de lugares e de templos. Estão se reunindo nas escolas, antes e nos intervalos das aulas, ou lotando as casas, grupos cada vez mais espalhados. E só vão aos templos dos evangélicos quando sabem que verdadeiramente Deus vai se manifestar e poderão cantar e dançar, pular com liberdade, a mesma Liberdade em que estão sendo transformados de Glória em Glória. Somente querem ouvir homens e mulheres santos de Deus, não comprometidos com o deus Mamom dos evangélicos nem com a Rainha dos católicos, que pregam o Evangelho Nu, 198

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sem máscaras nem roupagens dos homens, só Jesus Cristo, de fato e de direito. Eles descobriram que é a Igreja e estão cansados de religião e igreja, desta igreja que é sinônimo de religião. Descobriram que vivem para Jesus na comunhão dos santos em qualquer lugar, sem precisar ser membresia estabelecida da religião. Desprezam as carteirinhas. Eles são quem simplesmente o que são e bem perto dos que compartilham a oração, a adoração em cânticos, o desejo ardente de servir a Jesus e o testemunho. Já não mais perguntam de onde vêm nem para aonde vão. Juntos partem o pão, compartilham o Evangelho do Reino e comungam os mesmos valores que muitos de seus pastores já perderam na sua peregrinação denominacional. Foram presenteados pelo Pai por mentores. Antes eram órfãos, agora são filhos de “Oliveiras”, dos “Fernandinhos”, dos “Borbas” de vida simples, que se tornaram pais para eles mais que pastores, gente que não tem cacoete de clérigo. Vocês, mentores, não se tornem traidores, pusilânimes da religião, mesmo que, com pesar no coração, como “Ezequiel” venham a ser levados pelo Espírito para a Babilônia. Estes milhares de nazireus, meninos e meninas totalmente consagrados ao Senhor, já aprenderam a discernir o som dos adoradores dos que são apenas apresentadores, a ouvir pregadores que pregam mais com o exemplo que com palavra, que não são motivadores e nem usam aqueles jargões ultrapassados dos mauricinhos pentecostais. Estes jovens cantam um novo cântico, movidos por uma geração de profetas novos, levantados pelo Espírito para esta hora, que aprenderam a amar e a honrar a Jesus sobre todas as coisas, que se recusam a participar do mesmo esquema dos comerciantes, daqueles ministros da velha guarda que aprenderam a faturar com a multidão, e dos artistas famosos que se “converteram” bem agorinha e que, com as atrações da indústria da 199


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mídia, transferem sua fama, edificada na sujeira de seu passado e baseada especialmente na imoralidade, para os recantos evangélicos do Brasil. Há uma geração nas praças do Brasil, de jovens, filhos de Deus sinceros, que brilham como astros, não como astros deste mundo, mas luzeiros incendiados pelo Fogo do Espírito, no meio desta geração corrompida e perversa. Povo de Deus que anda por sobre a Terra, o Senhor Reina! E está reunindo o Seu povo pelos Ventos do Sul e do Norte, ventos do Espírito que já sopram há muito tempo a despeito da maioria destes vigaristas da religião. Quando aos olhos de muitos está tudo perdido, em toda a história, nas horas das mais densas trevas, o Senhor sempre separou para Si um remanescente fiel e verdadeiro. Sempre foi assim, Ele sempre enviou Seus profetas, ungiu reis, despertou juízes, protegeu meninos e meninas para usá-los, escolheu tanto homens quanto mulheres e levantou mães e pais em Israel. Trinta segundos antes de ele proclamar, no Fogo do Espírito, a proximidade do Reino e a Luz que ilumina todas as trevas, ninguém em Israel e talvez nem mesmo seus pais, se ainda estivessem vivos, poderia imaginar que toda aquela nação completamente perdida, à sombra da morte, estava para ser sacudida pelo novo e vivo Caminho, anunciado pela sua voz, não qualquer voz, a Voz, dele, de um homem chamado João, profeta e apóstolo de Deus. Ninguém havia, nem mesmo os mais consagrados dos sacerdotes, nem um dia sequer durante os últimos 30 anos, sequer só uma vez imaginado em seus mais remotos pensamentos, que já vivia entre eles o Guarda de Israel, Filho de Davi, o Verbo que se fez carne, homem, judeu, carpinteiro, sim, o próprio Deus, Jesus de Nazaré, para quem pensavam sacrificar todos os dias no templo e de quem liam em todas as sinagogas, mas não per200

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ceberam quando foram visitados por Ele. Como Jerusalém, que perdeu o tempo de sua visitação, pois nunca poderia imaginar que Seu Rei entraria pelo seu portão principal cavalgando nas suas ruas montado em um jumentinho. Jesus e João por 30 anos estiveram escondidos por Deus Pai. João aguardava somente o sinal: “Vá, João, preparar o caminho do Teu Senhor”. Jesus andou entre eles naqueles trinta anos como se não estivesse entre eles, como se não vivesse entre eles, como se Deus não estivesse entre eles. Não há nenhuma menção de que alguém, nem mesmo os mais chegados de sua casa, tivesse notado que Ele era o Filho de Deus. Jesus, o Filho de Deus, estava presente, mas não sentiam sequer a Sua presença como Filho de Deus, mesmo quando entrava em uma sala, ou mesmo quando passava ao lado de alguém pela estrada empoeirada. Os mais sábios e preparados dos mestres em todo o Israel nem por um minuto chegaram a sondar a presença do Rei de toda a Terra naquelas cercanias da Galileia. E Ele estava lá, em pele, carne e osso, presente, como sempre esteve!

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– 26 – E Perseveraram Até ao Fim! Povo santo do Deus Altíssimo, o Senhor está entre nós e Ele não deixou Seu povo sozinho. O Senhor está todos os dias com os que fielmente proclamam a Sua Palavra, Seu Evangelho, a Palavra da Cruz e Seu Reino, na simplicidade e sinceridade de seus dias, na fidelidade total, seja nos campos, nas vilas, nos distritos ou nas cidades. Até as pequenas naus foram visitadas por Ele. Até as águas do mar foram pisadas por Ele. Amado pastor, evangelista, missionário, profeta e apóstolo de Deus, não importa onde você vive, não importa com quem você convive. Não importa se você prega para 10 pessoas ou para 1.000 pessoas. O Senhor está com você, entre aqueles que o ajudam. E mesmo em cidades grandes, os pastores sabem que suas estruturas difíceis de serem mantidas e seus prédios enormes com múltiplas salas são apenas meros edifícios para servirem aos homens, aos pobres, às crianças, enfim, a todos, pois, servindo a todos, eles verdadeiramente estão servindo a Deus. Suas estruturas são apenas andaimes, dos quais todo o povo de Deus na cidade pode se servir, mesmo que logo o Senhor vá destruí-los. São somente andaimes que, apesar de úteis, 203


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não têm importância. O que é importante mesmo são apenas as pedras vivas do edifício de Deus, que cresce como santuário santo para alcançar toda a sua cidade. O problema da maioria dos pastores e dos líderes evangélicos é que valorizam mais os andaimes do que o Templo de Deus, que são homens e mulheres, pedras vivas da Nova Jerusalém. Mas, para muitos, as estruturas nada representam. Jamais se impressionaram com elas, pois têm no relacionamento com o Senhor tudo o que precisam, e prescinde de todo o resto. Estes homens de Deus, outra gente, se pudessem, já teriam se livrado de todos os tropeços protestantes. Mas não sabem como, mesmo porque nasceram no meio desta bagunça pós-Lutero, pós-Calvino e pós-Wesley. Eles e nem sequer um de nós jamais experimentamos a Igreja, ou seja, Jesus e Seus discípulos, andando pela Judeia, passando por Samaria e pela Galileia dos gentios. Pastores de Deus, muito mais que estruturas que Deus definitivamente não sustenta - estruturas são sustentadas apenas pelos homens - o Senhor é com cada um de vocês, bem perto, para ajudá-los, socorrê-los e sustentá-los. O Senhor cuida de você, de sua esposa, de seus filhos. Ele jamais irá abandoná-lo, nem jamais deixará de prover para você, mesmo quando qualquer de seus superiores o demitirem de suas igrejas, sim, todos esses que pensam que são donos de igrejas. De fato, a coisa mais maravilhosa que poderia acontecer a você e a sua família seria se você perdesse seu templo, seu púlpito, seu salário, sua igreja e seu rebanho. Mesmo porque o rebanho nunca foi seu. Portanto, perderia todo o resto, menos o rebanho (vale a pena ler de novo): o rebanho que nunca foi seu. E só assim você passaria a depender exclusivamente de Deus. O Senhor mesmo é quem cuida de seus filhos, de cada um deles. O que parece acabado jamais findado será, porque o Amor 204

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e a Graça de Deus por você jamais cessarão. Deus nunca se esquecerá de você, nunca esquecerá seu nome, nunca se esquecerá de seu cônjuge nem de seus filhos. Todos estão escritos nas mãos Dele. Ele deu o Seu Espírito a vocês e faz morada em cada um de vocês. Todos nós, que pela Graça perseveraremos até o fim, que Deus venha nos ajudar a terminar bem nossa vida mesmo que um dia tenhamos começado mal. Que não corramos o risco de sermos disciplinados por Ele por termos acusado sem misericórdia outros que caíram ou por termos desconsiderado a eles como nossos irmãos e amigos. Vamos declamar, quem sabe com a voz trêmula ou rouca, bem baixinho, ou cantar silenciosamente em nossos quartos solitários, sem o holofote e a atenção dos homens, com mais compreensão do que temos hoje destas palavras eternas e benditas: “A Tua Graça é melhor que a vida, os Meus lábios Te louvam.” Não desfaleçam as suas mãos, homens e mulheres de Deus, pois, ao seguir o Senhor com vida e testemunho, empenharam a própria vida ao Seu Nome. Deus nunca age como os homens agem. Ainda que o seu pai e a sua mãe o desamparem, todavia, Ele jamais se esquecerá de você. Não se sinta menor ou menos vocacionado pelo que faz, com quantos faz, mesmo que sirva apenas um, pois definitivamente não são aplausos, nem ouro, nem prata que o mantém tão dedicado, não é verdade? O que nos mantém motivados, seguindo avante, é o Amor incondicional ao Noivo, a Alegria em servir ao Senhor, que é Maravilhoso, e a certeza absoluta de que o que conta não é nem tanto como começamos, mas como terminaremos.

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“Acharam-me os guardas Que rondavam pela cidade; Espancaram-me, feriram-me, Tiraram o meu manto Os guardas dos muros. Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém, Que se achardes o meu Amado, Lhe digais “Que eu estou enferma de amor”. A Esposa 207


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As ondas atendem ao meu mandar: Sossegai! Sossegai! Seja o encapelado mar, a ira dos homens, Ou o gênio do mal Tais águas não podem a nau tragar Que leva o Senhor, Rei do Céu e mar! 209


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Castelo forte é nosso Deus, Espada e bom escudo, Com Seu poder; defende os seus, Em todo transe agudo.

Sim, que a Palavra ficará, Sabemos com certeza, E nada nos assustará, Com Cristo por defesa.

Com fúria pertinaz, Persegue Satanás, Com artimanhas tais, E astúcias tão cruéis, Que iguais não há na terra.

Se temos de perder Os filhos, bens, mulher, Embora a vida vá, Por nós Jesus está, E dar-nos-á Seu Reino.

A nossa força nada faz, Estamos, sim, perdidos; Mas nosso Deus socorro traz, E somos protegidos. Defende-nos Jesus, O que venceu na cruz, Senhor dos altos céus; E sendo o próprio Deus, Triunfa na batalha. Se nos quisessem devorar, Demônios não contados, Não nos podiam assustar, Nem somos derrotados. O grande acusador, Dos servos do Senhor, Já condenado está; Vencido cairá, Por uma só palavra. 210

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Um epílogo sobre os dízimos e ofertas das igrejas Algumas considerações: 1 - É impossível pagar a Deus por qualquer coisa que recebamos Dele. Uma pessoa que é transformada, curada, liberta das drogas ou que receba qualquer grande bênção de Deus na Igreja não tem como e não pode pagar por nada. É um absurdo desprezar o preço que Jesus pagou com Seu sangue pela salvação completa dessa pessoa quando a própria salvação, a bênção, a cura e a libertação são monetizadas. Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que, por tradição, recebestes dos vossos pais, mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado. (1 Pedro 1:18-19). 2 - O dízimo não foi instituído ou praticado como um pagamento para Deus abençoar Seus filhos muito menos 213


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pelo que tinha já abençoado. Uma vez que Deus abençoou, Seus filhos, reconhecendo que Ele é o possuidor dos céus e da terra, entregavam o dízimo. Assim, de qualquer modo primeiro Deus os abençoava, depois davam o dízimo. Eu semeio porque Ele me deu a semente para que possa semear. Até o que semeio vem de Deus! Dizimar e honrar ao Senhor com as primícias eram atos de fé “sem a qual ninguém pode agradar ao Senhor.” (Hebreus 11:6). Foi assim desde o início, desde quando Abraão e Jacó deram os dízimos. A Bíblia mostra que Abraão não deu o dízimo de tudo o que possuía, mas somente dos despojos que conseguiu pela vitória que Deus lhe deu na guerra contra alguns reis. (Gênesis 14). E Jacó fez um voto, dizendo: Se Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer e vestes para vestir, e eu em paz tornar à casa de meu pai, o SENHOR será o meu Deus... E, de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo. (Gênesis 28:20-22). No tempo do profeta Malaquias, a razão pela qual os judeus foram desafiados a trazerem os dízimos à Casa do Tesouro foi que não estavam sendo fiéis. E quando traziam alguma oferta era com engano, pois traziam o pior e não o melhor para o templo de Deus. Deus afirmou que deveriam dar os dízimos e as ofertas e fazer prova Dele. Ele abriria as janelas dos céus e derramaria sobre eles uma bênção tal até que não houvesse lugar suficiente para a recolherem. Favor conferir o Livro de Malaquias, especialmente capítulo 3, versículo 10. Tem porventura o SENHOR tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à palavra do SENHOR? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender me214

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lhor é do que a gordura de carneiros. (I Samuel 15:22). A bênção continuaria fluindo se eles trouxessem seus dízimos e ofertas à Casa do Tesouro porque é assim que Deus já os tinha abençoado. Precisavam obedecer ao Senhor porque Ele é um Pai abençoador. A Nova Aliança feita com o sangue de Jesus na Cruz é baseada em que Deus já nos deu Seu Filho e já nos abençoou tão abundantemente que com Ele nos deu todas as coisas. Aquele que nem mesmo Seu próprio Filho poupou, antes O entregou por todos nós, como nos não dará também com Ele todas as coisas? (Romanos 8:32). 3 - O dízimo e a oferta não são meios de barganha com Deus. Deus ama a quem dá com alegria, não por necessidade nem por compulsão. Ora, aquele que dá a semente ao que semeia, também vos dê pão para comer, e multiplique a vossa sementeira, e aumente os frutos da vossa justiça. (2 Coríntios 9:10). Deus já resgatou o homem na Cruz do Calvário e já o abençoou com toda a sorte de bênçãos. Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo. (Efésios 1:3). Não existe o que barganhar nem o que negociar com Deus. 4 - Deus ama quem dá com alegria Em 2 Coríntios, capítulo 9, a semeadura e a colheita são um princípio da Nova Aliança. Como princípio, a contribuição pode ser maior do que o dízimo, ou seja, maior que dez por cento, como se entende hoje. A contribuição pode ser maior que o dízimo, porque qualquer um contribui segundo o que propôs no seu coração. 215


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E o faz segundo a sua fé e jamais por avareza, mas também com alegria, pode contribuir com menos de 10%, segundo o que propõe em seu coração, não com pesar e nem por obrigação, ou seja, através de uma pessoa estabelecendo o valor de sua oferta. Não existem dízimos no Novo Testamento. Não há uma só menção que os discípulos nem judeus nem gentios “entregavam” seus dízimos em suas reuniões, ou seja, na Igreja. Assim é que o discípulo de Jesus pode semear pouco ou semear com abundância, mas sempre segundo o que propor em seu coração. O que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância ceifará. (2 Coríntios 9:6). Como princípio, a semeadura do povo de Deus está total e exclusivamente relacionada, ou seja, os recursos colhidos têm estes objetivos: 1 - A assistência aos santos; 2 - Distribuição e doação dos bens aos necessitados; 3 - O suprimento das necessidades do povo de Deus; 4 - O compartilhamento dos bens com os outros. Qualquer outra aplicação da semente fora destes termos é antibíblica. Isto é que é roubar a Deus! As contribuições dos santos também são destinadas a suprirem as necessidades dos que pregam o Evangelho. Porque na lei de Moisés está escrito: Não atarás a boca ao boi que trilha o grão. Porventura tem Deus cuidado dos bois? Ou não o diz certamente por nós? 216

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Certamente que por nós está escrito; porque o que lavra deve lavrar com esperança e o que debulha deve debulhar com esperança de ser participante. Se nós vos semeamos as coisas espirituais, será muito que de vós recolhamos as carnais? (1 Coríntios 9:9-11). Aquele que furtava, não furte mais; antes trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tiver necessidade. (Efésios 4:28). 5 - Jesus resgatou todos os homens e conquistou tudo na Cruz do Calvário É verdade bíblica incontestável que tudo o que recebemos de Deus já foi conquistado por Jesus na Cruz do Calvário. incluindo todas “as nossas recompensas.” É verdade bíblica incontestável que, nas Escrituras, a primeira vez que aparece a palavra “recompensa” ou “galardão” refere-se ao próprio Deus. Depois destas coisas veio a palavra do SENHOR a Abrão em visão, dizendo: Não temas, Abrão, eu sou o teu escudo, o teu grandíssimo galardão (a tua grande recompensa). (Gênesis 15:1). Pela fé Moisés, sendo já grande, recusou ser chamado filho da filha de Faraó, escolhendo antes ser maltratado com o povo de Deus, do que por um pouco de tempo ter o gozo do pecado; Tendo por maiores riquezas o vitupério (infâmia) de Cristo do que os tesouros do Egito; porque tinha em vista a recompensa. Pela fé deixou o Egito, não temendo a ira do rei; porque ficou firme, como vendo o invisível. (Hebreus 11:24-27). No contexto de Filipenses 3:13-14, Paulo considerou como perda todas as coisas, pela excelência do Conhecimento de Cristo Jesus. “Todas as coisas” referem-se tanto às coisas religiosas das quais ele usufruía no Judaísmo quanto a todas as outras relacionadas com a sua vida, riquezas inclusive! 217


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É por causa de Jesus que Paulo sofreu a perda de todas as coisas. Paulo considerou todas as coisas como escória - do grego skubala que significa “excremento humano”. Desculpe-me, não se escandalize, por favor, por eu escrever essa expressão aqui, mas literalmente é o que significa “escória” no texto original. Como alguém pode renunciar a tudo quanto tem para seguir a Jesus e depois buscar de Deus as mesmas coisas a que renunciou? Como pode alguém tentar barganhar com Deus, dando-lhe ofertas para que seja abençoado materialmente em benefício próprio? Naquele texto, qual é o alvo a que Paulo se refere quando diz que prossegue avançando e esquecendo as coisas (aquelas coisas) que atrás ficam? Conhecer a Jesus, e a virtude da Sua ressurreição, e a comunicação de Suas aflições, e ser feito conforme a Sua morte. (Filipenses 3:10). Qual é o prêmio que receberemos prosseguindo para o alvo por conta do sacrifício de Jesus na Cruz? Conhecer a Cristo, sofrer por Cristo e ser feito conforme a Sua morte e, por fim, a ressurreição dos mortos. Para concluir gostaria de afirmar o seguinte: Iniquidade é tudo o que se opõe à equidade, equivalência ou igualdade. Estabelecido este conceito, afirmo que é uma iniquidade no seio de uma igreja evangélica, um pastor ganhar 10, 20, 30 vezes mais do que o outro do “ministério”, porque igreja não é empresa e não se compensa um obreiro de Deus com base em sua classe ou seu nível, mas com um salário. Salário, nas Escrituras, tem a ver com sustento, porque aquele que prega o Evangelho deve viver do Evangelho e não se 218

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enriquecer do Evangelho. Se alguém ensina alguma outra doutrina; e se não conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo; e com a doutrina que é segundo a piedade, é soberbo, e nada sabe, Mas delira acerca de questões e contendas de palavras, das quais nascem invejas, porfias, blasfêmias, ruins suspeitas, contendas de homens corruptos de entendimento, e privados da verdade, cuidando que a piedade seja causa de ganho (lucro); Aparta-te dos tais. Mas é grande ganho a piedade com contentamento. Porque nada trouxemos para este mundo, e manifesto é que nada podemos levar dele. Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso, contentes. Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores. Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas, e segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a paciência, a mansidão. (1 Timóteo 6:3-11). Amém.

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Sobre o Autor Josimar Salum de Gouvêa é casado com Lúcia Cristina desde 08/06/1984. Tiago Gouvêa, único filho do casal, e sua esposa Viviane, geraram Nathan. Salum, como é conhecido, prefere ser visto como um Professor, Mentor e Empresário, embora seja um Pregador da Palavra de Deus desde os 11 anos de idade. Nasceu em 14/09/1963 num lar evangélico, em Cisneiros, cidade da Zona da Mata Mineira. Seus pais, Josias e Leny, são sua maior inspiração de vida. Ele tem somente um irmão, Jósley, mais novo, casado com Monique. Seus sobrinhos são Filipe, André, Marcos e Sarah. Ele tem uma irmã, não de mesmos pais, mas muito espe223


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cial - Denise e seus filhos Cadu e Caíque. Além desta irmã, tem Deivison, seu irmão caçula, muito chegado, casado com Ana, cujos filhos são Samuel e Sarah. Aos quinze anos, Salum foi estudar e trabalhar em Belo Horizonte, capital das Minas Gerais. Estudou Metalurgia pela Escola Técnica Isaac Newton e se formou em Bacharel em Teologia pelo Seminário Bíblico Mineiro e pela Faculdade de Teologia Shalom Internacional. Aos 21 anos de idade tornou-se executivo do Grupo Itaminas. Foi mentor de muitos jovens em sua carreira profissional e como pastor. ordenado em 08/06/1991, sempre mentoriou centenas de jovens e lideres para além das paredes dos templos. Sempre foi um autoditada. É conhecedor não superficial de muitos assuntos como Política, Administração, Finanças, Educação e também Desenvolvimento de Lideranças, Igreja e Missões. Ele tem dedicado a sua vida nos últimos 14 anos para servir pastores, líderes de igreja, líderes comunitários e líderes no Mercado de Trabalho, como profissionais liberais, políticos, professores, educadores, executivos e empresários. E, especialmente, procurando inspirar jovens de várias nacionalidades em um trabalho especial que se chama “levantando uma nova geração”. Sua alegria maior é mentoriar filhos e filhas do Reino, como são chamados, os quais estão espalhados em muitos lugares do mundo. Também é proclamar e ensinar o Reino de Deus, atuando nas esferas de mais influência da Sociedade em muitos países. Sua mensagem é transformadora não somente de pessoas, mas de comunidades inteiras até que “os reinos deste mundo se tornem o Reino de Deus e de Seu Cristo”.

Pedidos do Livro: Rua Jamil Jorge Salum, 512 36.753-000 - Cisneiros, MG Brasil Tel. 32-3446-2028 45 Whispering Pine Circle Worcester, MA 01606 USA Tel. 1-508-852-1268 Email: omanifesto@salummedia.com Website: www.jesusmanifesto.org Comentários, Elogios e Críticas: opiniao@jesusmanifesto.org Convites para Palestras e Conferências: convites@thekingscry.com

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Depois do famoso “Manifesto Comunista” de Marx e Engels, e do “Manifesto Cristão” de Francis Schaeffer estava na hora de surgir um novo manifesto. Parabéns pela coragem. Erni Walter Seibert – Executivo Aquele “adolescente franzino” de outrora, que conversava livremente com Deus, apresenta-nos seu vigoroso Manifesto. Uma crítica à religiosidade avariada dos fariseus e dos vendilhões do templo do século XXI. Vinicius Salum, Advogado. “O Manifesto” retrata a simplicidade do Evangelho de forma clara e direta, com muita ousadia e praticidade, fazendo com que as palavras penetrem o caos do nosso dia a dia de tal forma que conseguimos ouvir o sussurro do Mestre, nos chamando para partilhar de uma íntima comunhão com Ele. Filipe Gouvêa, Estudante. Através de uma análise bíblica, profunda e extremamente clara, o autor propõe o resgate do Evangelho original, relacional e focado no Reino, maior que as estruturas da religião. Mário Freitas - Missionário

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