RESENHA CRITICA BERMAN, Marshal. Tudo que é sólido desmancha no ar: a aventura da modernidade. Capitulo V - Na floresta dos símbolos: algumas notas sobre o modernismo em Nova York. 1. Robert Moses: o mundo da via expressa. São Paulo: Editora Companhia de Bolso, 2007, p. 339-366. No livro “Tudo que é sólido desmancha no ar”, Marsall Berman retrata a questão da modernidade e sua influência no desenvolvimento das cidades e a busca incessante pelo progresso e pelo novo. Berman, em seu livro, divide a modernidade em três períodos: o primeiro período quando as pessoas ainda não têm noção suficiente sobre o mundo moderno e começam a experimentar; o segundo momento se evidencia com a Revolução Francesa, momento em que as pessoas já vivem a modernidade e, o terceiro período quando a modernidade toma grandes proporções, envolvendo a todos e, com isso, perde-se a capacidade de dar sentido a vida das pessoas de modo que os interesses dos idealistas modernos torna-se conflitante com as necessidades da população. O livro procura mostrar que a economia moderna aniquilava tudo que se criava com a justificativa de se criar mais e continuar criando. Tomando como análise o item 1 – Robert Moses: o mundo da via expressa, do capitulo V do livro em questão -, a idéia central deste tópico é mostrar que as construções dirigidas por Robert Moses tiveram impactos significantes e destrutivos não apenas à sua vida, - uma vez que Berman residia em Nova York, mais precisamente no bairro do Bronx -, mas, também, na vida de muitas outras pessoas que vivenciaram essas transformações na paisagem, causando a destruição das memórias estabelecidas, bem como os símbolos existentes que faziam sentido para determinadas pessoas. Essa simbologia que antes era mais singular foi substituída pelos símbolos da modernidade, como o Central Park, Ponte do Brooklyn, Estátua da Liberdade, entre outros. Para mostrar os impactos que a modernidade causou, Berman relata a experiência de Nova York e, portanto, sua própria experiência. O bairro foi destruído para dar lugar a Via Expressa Cross-Bronx, com Robert Moses à frente do planejamento urbano. Moses não se importava com as preexistências, memórias e dinâmicas consolidadas nesses bairros e, o que foi feito com o Bronx descaracterizou todo o lugar, causando a perda de identidade das pessoas com o lugar e obrigando-as a saírem de suas moradias. Muitos outros bairros também foram dizimados para que novas vias pudessem ser construídas, pois Moses tinha como objetivo o crescimento de Nova York e seu progresso, esquecendo da população mais necessitada e de toda a história do lugar. As idéias expostas ao longo do capitulo vai de encontro com os ideais de autores como Kevin Lynch e Jane Jacobs, assim como muitos outros autores que estavam pensando em um modo de produzir cidade diferente do modo que Moses propunha. Tanto Berman quanto Lynch evidenciam a importância da imagem que cada um tem e faz da cidade. Cada pessoa tem relação com alguma parte da cidade, e a imagem de cada um está repleta de significados, memórias e
símbolos que são adquiridos ao longo do tempo. Ambos acreditam que as pessoas e as atividades que elas exercem na cidade são tão importantes como as partes físicas da própria cidade. Jacobs também partilha desse pensamento, uma vez que para ela, a dinâmica estabelecida pelas pessoas com o seu bairro o faz um lugar melhor e mais aconchegante de se viver e, com isso, Jacobs critica os urbanistas modernos e o planejamento urbano proposto nos anos 1960. Essa consciência foi tomada ao longo do tempo e hoje, pensa-se mais em um planejamento urbano que mantenha as relações estabelecidas entre a cidade e as pessoas e ainda sim pensando no crescimento urbano. Portanto, esse pensamento cria um elo entre o novo que é proposto e o existente, entendendo que a cidade é feita de pequenas identidades com graus de importância que variam de pessoa para pessoa.