Revista Atalho

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T LHO

<Confeitaria Colombo Homossexuais Lollapalooza Cicloshadow Feira de antiguidades


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Além do asfalto e do concreto, o mundo urbano é maior, e nós somos o seu olhar sobre a cidade

Cyan 0% Magenta 0% Yellow 100% Black 0% | 21


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<editorial

V

ocê não cansa de pegar sempre as mesmas

antigos e consumidores de artigos vintage.

ruas, andar pelos mesmos caminhos, seguir

Mas como quem vive de passado é museu,

sempre a mesma direção? Já parou pra pen-

resolvemos dar uma passada na Biblioteca

sar como seria sua vida se você pegasse um

Pública de Niterói. O local passou por mu-

ATALHO?

danças e está à espera de novos viciados em

ATALHO é uma revista sobre cultu-

literatura.

ra urbana e tem como foco mostrar o que

ATALHO também irá te levar ao melhor

as cidades têm a oferecer.. Para início de

festival de rock dos últimos tempos: o

conversa, queremos que você esqueça tudo

Lollapalooza, que aconteceu esse ano pela

sobre as cidades serem locais acinzentados,

segunda vez em São Paulo.

vazios e de pessoas estressadas. Estamos

Em tempos de Feliciano e Silas Mala-

oferecendo a vocês, leitores, um atalho para

faia fica impossível não discutir sobre ho-

conhecer o que há de bom na cidade do Rio

mossexualidade e homofobia. Afinal, quem

de Janeiro, São Paulo, Recife, Paraty, Ni-

está certo nessa história? E como os alvos

terói...

dessa discussão se sentem? A cidade per-

Nessa edição de lançamento vamos

tence a todos, e é um local onde as pessoas

tentar conhecer melhor os cariocas. Anda-

devem se sentir à vontade. Mas, será que os

mos pela cidade do Rio de Janeiro e pro-

homossexuais têm se sentido assim?

curamos saber o que eles andam ouvindo,

Diante dos fatos, a revista sente a obrigação

escutando e vestindo. Falaremos também

de dizer que Marco Feliciano não nos repre-

sobre o skate, modalidade popularizada nas

senta. A ATALHO é a favor de uma cidade

orlas das praias cariocas.

tolerante, onde as pessoas possam se sentir,

Não esquecemos da indispensável in-

acima de tudo, livres.

ternet, que vem se tornando cada vez mais

Esperamos que você goste da revista.

presente no dia a dia da cidade. Por conta

Tudo publicado pela a ATALHO é fruto de

disso selecionamos os apps para smartpho-

um trabalho conjunto entre sete estudantes

nes que mais têm feito sucesso na rede e

da Universidade Federal Rural do Rio de

fomos buscar entender qual é a melhor ma-

Janeiro. Culturas diferentes, mas uma mes-

neira de navegar com segurança.

ma paixão: o jornalismo. Chega de blá, blá,

Voltaremos ao passado do Rio. Co-

blá e vamos para o que interessa. Ao virar

nheceremos a tradicional Confeitaria Co-

essa página você começará a olhar para sua

lombo e o chefe de cozinha responsável por

cidade de forma diferente. Porque o mundo

ter dado um ‘up’ no cardápio de lá.

urbano é maior .

Daremos um passeio na Feira da Praça XV. Há anos servindo como ponto de

Um grande abraço.

encontro para colecionadores de objetos

Equipe da Revista ATALHO

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<Índice

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Homossexuais em pauta

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o que as pessoas estão...

Maíra Cupolillo

Chef Renato Freire

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Confeitaria Colombo

Feira de Antiguidades

Lollapalooza

72

76

80

Biblioteca de Niterói

5.500 curtidas para um

Pedale pela sombra

adeus

84 Online

90 Pocket

Expediente Editores de texto

João Pedro Araújo Meiryellen Meirelles Simone Selles Victor Viana

Editores de Fotografia Raíze Souza

Samara Costa

Editores de Diagramação 06 |

Samara Costa Tarcila Viana

98 coluna


Elle Oliver para a Revista ATALHO

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<comportamento

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O que as pessoas est達o... | 09



<lendo < TEXTO E FOTO / Samara Costa


Q

uem nunca ficou curioso para saber o que a pessoa sentada ao lado no metrô está lendo? Se você já arriscou uma bisbilhotada de leve, mas mesmo assim não descobriu, vamos apresentar através de fotografias os títulos dos livros que os passageiros costumam ler durante as viagens de metrô pelo Rio de Janeiro. Embarque com a gente e descubra! Quem sabe você não se empolga para ler um desses livros?! Próxima parada...

Segredo de L. Marie Adeline

3.000 dias no Bunker de Guilherme Fiuza

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Jornal O Dia RJ

O pastor do século 21 de David Fisher


Guia de Turismo da Turquia da Folha de São Paulo

Clube dos imortais de Kizzy Yoratis

Ágape de Padre Marcelo Rossi

O prisioneiro do céu de Carlos Ruiz Zafón

Os colegas de Anne Frank de Theo Coster

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<vestindo < TEXTO E FOTO / Meiryellen Meirelles

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O

utono. Estação de tempo ameno, transição entre o calorão do verão e o friozinho do inverno. Transição também no modo de se vestir para acompanhar o clima. Época em que novas tendências invadem as coleções lançadas nas temporadas de moda e trazem o que há de mais atual para as vitrines e calçadas. Acompanhe agora. Para estar in voga nesta temporada outono/inverno 2013 basta apostar nas estampas ópticas, no quadriculado trazido por Louis Vuitton, em peças com pegada militar (o verde está super in, assim como o bordô), peças de couro, cruzes trazidas como influência do gótico. Não se pode esquecer do jeans com modelagens e lavagens múltiplas – vale-tudo menos ser óbvio – flare, skinny e cropped, estampas, resinagens e mil cores. Estampas de bichinhos. Animal print e geométricas continuam. Hits dos anos 90 voltam repaginados, o grunge que trazia Curt Cobain como símbolo do movimento mostra sua atitude em blusas xadrez amarradas na cintura, jeans desgastados, tie dye, sobreposições, jaquetas de couro, gorros, coturnos e moletons. As mochilinhas de couro também estão de volta – Hello, Patricinhas de Beverly Hills! Direto do limbo fashion Alexander Wang trouxe o scarpin branco, que agora passeia pelos pés das fashionistas do mundo inteiro. E falando em sapatos polêmicos estão aí os creepers, substituindo os sneakers, para serem amados ou odiados. Essa época, mais do que nunca, estará liberado ser principesca, vestidos-princesa, acessórios inspirados em

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jóias da realeza como coroas, tiaras e crucifixos (Dolce e Gabbana trouxe um desfile recheado de referências à cultura siciliana). O barroco é puro glamour com suas rendas, veludos, arabescos, brocados, dourado, e motivos medievais. Para não ter que mudar de guarda-roupa a cada estação, sempre têm aquelas peças coringas e as it peças que permanecem em alta. Nesse time estão as transparências, os tops cropped, o peplum. Os mix de texturas e estampas também são uma arma para estar atual usando peças já queridinhas. Os looks preto e branco já dominam os blogs de streetstyle. A mistura de peças despojadas como moletom, t-shirts e calças esportivas mescladas com boa alfaiataria é a fórmula para arrasar sem esforço. O friozinho é ideal para se jogar nos suéters, tricôs e maxitricôs. Em tempos em que blogs de moda e sites especializados em street style estão em alta é fácil perceber que o grande público passou a se sentir mais incluído e a moda passou a ser mais acessível. A moda saiu daquele pedestal para se aproximar mais do que é a cultura urbana e sua moda de rua. A tradução das tendências da passarela para as ruas e a influência do estilo das ruas nas coleções de moda conceituam o que é o mundo fashion hoje. A moda presente nas ruas ocupa um lugar de inclusão e manifestação de uma voz através do vestir. Pensando nesse movimento de trocaentre esses dois segmentos, ATALHO foi às ruas para investigar essa relação na cidade do Rio de Janeiro.


“Minha inspiração vem dos figurinos de bandas inglesas.” Alison Sapienza

“Prezo pelo conforto. Gosto das roupas com estampas étnicas.” Luiza Coimbra

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“Eu me ligo nas tendências. Acompanho sites e blogs de moda. Adoro as roupas da Forever 21.” Aline Viana “Não uso porque todo

mundo está usando. Tenho meu estilo próprio. Viso sempre o conforto.” Pablo Iath

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“Sou contemporânea.”

“Meu estilo é um pouco de tudo. Gosto de usar tênis, Oxford e botinha.” Raquel Arellano

Caroline Portela

“Meu estilo é carioca. Uso muitas camisetas.” Pedro Quintino

“Prezo o conforto.” Luine Jayme

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“Me visto de acordo com meu estado de espírito. Minhas roupas seguem o estilo folk.”

“Sou despojada.” Bruna Franco

Hudson Lemos

“Prefiro conforto. Me visto com primeira roupa que vejo” Gabriel Costa

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“Amo vintage! Eu crio personagens para me vestir. Hoje, por exemplo, estou de Madame Lulu.” Vania Yazeji

“Gosto de peças coloridas.” Mariana Bosato

“Viso conforto. Gosto de blusas com estampas nerds.” Victor Guerra

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<

rua

<ouvindo < TEXTO E FOTO / Tarcila Viana



Geliane Ferreira 26 anos vendedora “Dançando” Ivete Sangalo

Bia Albuquerque 17 anos estudante “Show das Poderosas” Anitta

Clebson 22 anos estudante “Metal contra as nuvens” Legião Urbana

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Diogo Moraes 24 anos design “Daredevil” Fiona Apple

Darlan Vieira 27 anos estoquista “Not Afraid” Eminem

Keyla Santos 23 anos Recepcionista “Jardins da Babilônia” Rita Lee

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<zoom

GAROTA sem

FRESCURA Com cabeça raspada e sem medo de julgamentos, Maíra Cupolillo, aos 21 anos, conta um pouco da sua vida para a revista ATALHO e mostra que a beleza está na atitude. < TEXTO E FOTO / Raize Souza

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A

garota ATALHO desta edição mostra que possui um estilo diferenciado das demais. Maíra está, literalmente, careca de saber que é diferente, mas para nós é isso que a deixa ainda mais bela. O importante é que a nossa menina se sente confortável e não teve problemas em dividir um pouco da sua beleza conosco. Maíra é canceriana, moradora de Niterói desde pequena, porém capixaba na certidão de nascimento. Ela participou recentemente do episódio “Homens” no vlog Porta dos Fundos, estuda produção cultural na UFF, trabalha como monitora de galeria no Museu de Arte Contemporânea (MAC) e como curadora em projetos independentes.

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Maíra Cupolillo Ama ler, cuidar do jardim, viajar, andar até se cansar, observar “multidão tipo Rua da Alfândega” e fazer tatuagens. A questão da tattoo pode ser chamada de vício. Ela já tem 11 e está com mais duas marcadas e uma em mente. Sua primeira tatuagem foi o nome “Julia”, uma homenagem a sua irmã, e a última foi arte do tatuador, que pegou a “caneta”, rabiscou e tatuou. O processo durou quase seis meses, e o resultado foi um braço fechado. Mas tatuagem é algo comum, se você está lendo essa entrevista é porque, provavelmente, quer saber sobre o fato dela não ter medo da máquina zero. A decisão de raspar o cabelo foi tomada em 2010. Dois anos antes, Maíra tinha começado a usar dread. Melhor parar de narrar e passar a palavra para a própria: Como é a reação das pessoas na rua ao te ver? Quando raspo zero, me olham muito. Quando estou vestida com uma roupa mais social as pessoas acham que sou doente, olham com uma cara de pena, como se falassem “poxa, ela deve ter câncer”. Depois que eu fechei meu braço, primeiro me olham com pena e depois que olham para o corpo fazem cara do tipo “ah, ela é maluca”. Entendeu? O olhar já muda. Você não se incomoda com a reação das pessoas? Nos primeiros meses me incomodava muito quando ficavam me olhando, eu evitava sair de casa, e quando saía prendia o dread, botava um pano, uma toca. Depois fui me acostumando e me aceitando. Afinal se eu não me aceitar, como é que as pessoas vão me aceitar também? A intenção de ter feito o dread e de ser careca não é para chamar a atenção, é porque eu gosto de ser assim. Sinto muito se as pessoas não são iguais a mim, seria muito legal se também fossem, mas cada um é do seu jeito. Como é a vaidade para uma menina sem cabelos? Assim que eu cortei o cabelo não conseguia usar vestido. Ficava de tênis, blusa pólo. Era como se eu tivesse perdi-

do um pouco da minha feminilidade. Com o tempo eu fui me aceitando, comprando arquinhos, pregadeiras, aprendi a me maquiar e a colocar alguns assessórios para dar um “tchã”, e não ficar com aspecto muito morto. De início foi uma coisa muito radical. Antes, com os dreads ainda era uma coisa feminina por conta do tamanho, mas ser careca é muito forte. Como é a reação dos rapazes que se aproximam de você? Eles gostam? Quando eu estava solteira, muitos meninos vinham conversar comigo em noitada, em festa, ou no dia a dia mesmo, mas não pra chegar em mim, mas sim por curiosidade. “Cara, porque que você fez isso com seu cabelo?”, era o que eu mais escutava. Os garotos que acham foda essa minha opção são meu ex e meu namorado. Eu não acho foda, só é cabelo. Você acha que fica muito exposta por ter características fortes? Sim. As pessoas me adicionam no Facebook dizendo “ah, te vi em tal lugar”. Pô cara, é chato porque as pessoas estão me vendo na rua e sabem quem eu sou, para onde eu vou. Fico com medo de alguém me marcar, de talvez ser seguida. Tenho mó “cagaço” com essas coisas. As vezes trocador de ônibus me adiciona no facebook, sei nem como me acham, é meio tenso isso. Fico pensando: será que eu to me mostrando muito? A minha maneira de ser também não está me expondo demais? Então as vezes eu tento ser mais discreta. Como foi particiar do vlog “Porta dos Fundos”? Fiquei morrendo de vergonha, não conhecia ninguém. Assim que cheguei me chamaram para fazer o making off. Sentei no sofá para gravarem e respondi baixo e bem rápido para acabar logo (risos). Depois fui relaxando, a galera é muito receptiva e engraçada. Foi divertido, e eles foram super atenciosos comigo. Faria tudo de novo

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Eu gosto de ser assim. Sinto muito se as pessoas não são iguais a mim, seria muito legal se também fossem. Mas cada um é do seu jeito.

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<cidade

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Tradição renovação &

< TEXTO / Meiryellen Meirelles FOTO / Samara Costa

Por trás do renascimento da casa de culinária mais tradicional do Rio de Janeiro e do resgate de sabores mesclado com a abrasileirada no cardápio está o chef Renato Freire. Mineiro, de Boa Esperança, cresceu em uma fazenda e desde pequeno já tinha intimidade com a cozinha, se tornando mais tarde cozinheiro e confeiteiro autodidata. Formado em economia, engenharia química e especializado em tecnologia de alimentos cozinhahava por hobby, mas no exterior se profissionalizou. Com quatro livros editados e mais dois a caminho, autor do recém- lancado “Confeitaria Colombo- sabores de uma cidade”, em meio ao um cafezinho, revelou à revista o projeto inovador de um livro de receitas em quadrinhos em parceria com o ilustrador Alan Sieber. Autor do quindim de camisola e do delicioso pastel de caipirinha ( variação do pastel de nata portugues), ele conta o desafio de ser o chef da Confeitaria Colombo há treze anos. Conte um pouco da sua história. Como chegou aqui na Colombo? No dia 17 de abril eu fiz 13 anos de Colombo. Eu cheguei aqui em 2000 e a casa estava passando por um momento de dificuldade. Há uma década inteira, ano após ano, diminuía a frequência e a casa estava prestes a ser vendida. Chegou quase a ser fechada. Algumas pessoas falaram que ia virar agência de banco ou igreja, mas acabou que com o tombamento histórico a casa teria que preservar as características e o tipo de comércio que tinha antes. Eu já conhecia a casa, mas quando cheguei na Colombo nos anos 2000, achei um cenário um pouco desolador. Estava quase tudo apagado, o salão de cima não funcionava mais, movimento pequeno. À primeira vista, os primeiros dias de trabalho foram um pouco desalentadores, mas era um desafio que alguém precisava fazer. Eles tinham convidado outros chefes e eles não aceitaram. Mas eu cumpri isso como se fosse uma missão, né? Eu tinha que ajudar a colocar isso aqui de pé novamente. Colocar a Colombo no mapa. Felizmente, por enquanto, a gente está conseguindo. A casa voltou a ter movimento e estamos recolocando, de novo, no mercado. Entre volume de produção, doces mais pedidos e quitutes que dão mais trabalho, você tem algum prato preferido? O pingo de tocha é mais elaborado porque é feito de fios de ovos. Ele deve ter uma concentração precisa e temperatura correta Leva umas seis horas pra ser preparado. O camarão empanado também é muito difícil por causa da dificuldade de quantificar o camarão dentro. Nos balcões, os campeões de venda são o pastel de nata, o pastel de Belém e o quindim de camisola Nos salgados tem o camarão empanado e a coxa empanada. Escolher um preferido é como escolher um filho. Mas, dos doces, eu gosto do quindim de camisola, pelo fato de eu ter desenvolvido e por causa do nome que as pessoas gostam.

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O senhor resgatou algumas receitas antigas da Colombo. Como equilibra os clássicos com as novidades no processo de renovação do cardápio? É uma grande dificuldade. Nosso balcão conta com uma grande variedade, 50 doces aproximadamente. Pra você acrescentar algo, tem que tirar também. Tem uma novidade agora que é o pastel de caipirinha, que é o pastel de Belém com cachaça e limão. Mas para colocar esse tive que tirar o pastel de cartola. Então tem que sempre sacrificar algum. A vantagem que nós temos em relação a um restaurante comum é que no buffet nós temos que montar novos pratos a cada dia, então temos essa possibilidade. E nos tradicionais a gente não mexe, para ser um tipo de baliza. Porque a gastronomia está cada vez mais pluralizada, popularizada. Só que não se tem muito respeito pela tradição. A comida está se tornando muito mais conceito do que substância. Hoje em dia a culinária é muito conceito e pouco conteúdo. Procuro evitar modismos. A casa começou como uma culinária portuguesa e francesa. Estamos modernizando sem perder a tradição. Cada hora tem uma coisa nova. Então a Colombo mantém a tradição. A gente traz novidades, algumas coisas mais brasileiras, como beijo de cupuaçu, bolo de açaí e o beijo amazônico. Estamos dando uma abrasileirada. A casa começou como uma culinária portuguesa e francesa. Estamos modernizando sem perder a tradição. A cozinha possui 72 integrantes na produção. Como é estar à frente de uma cozinha tão importante e com tanta gente pra comandar? É igual comandar um transatlântico. Tem que ter muita paciência, tem que ser um pouco de pai, psicólogo. Porque não é fácil manter tanta gente. A casa também tem um ambiente de trabalho muito bom. Já trabalhei em outros lugares e não era como aqui, tinham muitos problemas. Uma boa parte de integrantes são de estudantes, então a gente dá oportunidade aqui. E esse lado escritor? Conte sobre o seu livro “Confeitaria Colombo - Sabores de uma Cidade”. Eu tenho 4 livros editados, estou terminando o quinto e emendando num sexto livro. Eu tenho muita dificuldade de escrever, mas a minha vida inteira eu sempre gostei de estudar e de ler. Então eu me meto a escrever pra ensinar um pouco do que eu aprendi.

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Hoje em dia a culinária é muito conceito e pouco conteúdo. esteve na vanguarda. O dono da época, Manuel José Lebrão, saiu na frente e dava direitos aos funcionários como 13º salário e férias, algo que nem se imaginava na época. Deixou a Colombo para os funcionários. Eles eram sócios da casa, um dos motivos para não receberem gorjeta dos clientes. Ele contribuiu muito na história do Rio e foi uma figura muito importante, esteve na vanguarda. Depois de 13 anos de casa, tem alguma história curiosa? Têm clientes, por exemplo, que vêm aqui todos os dias desde quando iniciei meu trabalho aqui. Às vezes chegam antes do restaurante abrir. Tivemos até que mudar o horário pra poder atender. Tem um cliente que vem todos os dias do ano e quando ele viaja avisa. Às vezes ele liga da viagem, já me ligou da Austrália pedindo indicação de restaurantes. É um cliente muito especial. Quais os cuidados devem tomar por ser um prédio histórico? Temos muito cuidado e trabalho por causa disso. É importante, mas também o custo é muito alto. Quando eu faço uma empadinha, não é só o preço dela, mas o custo do lugar também. Nós temos dois balcões tombados pelo o patrimônio histórico. Por causa disso nós não pode mexer neles para melhorar a refrigeração. Isso limita um pouco porque temos que trabalhar com certos tipos de produto. Tudo passa pela autorização do órgão responsável. Mas nós temos liberdade em obras internas. As nossas cozinhas já foram reformadas.

Depois desses anos, o que sente pela Colombo?

Como manter a tradição e a fascinação depois de 119 anos? E a Colombo, o que espera do futuro?

É uma relação de paixão. Eu estou aqui por paixão mesmo. Quando eu aceitei, ninguém queria assumir. Eu já era frequentador, já era apaixonado, e com o tempo, isso foi aumentando. Com as pesquisas ainda mais. Apesar de a Colombo estar numa ótima fase, não chega perto do que era antigamente. Ela tinha fábrica de produtos e fazendas para fabricação própria. Era referência no Brasil. E sempre teve a preocupação de ter qualidade acima de tudo. A Colombo sempre

Mantemos o pensamento de estar sempre mudando. Foi na Colombo que saiu a frase “o cliente sempre tem razão”. A confeitaria é referência em atendimento até hoje. A democracia é um ponto legal, atendemos desde rainhas ao mais simples. É uma responsabilidade muito grande manter esse legado. Futuramente, temos a intenção de fazer um museu virtual. Estamos juntando dados e histórias antigas. É um patrimônio que não se consegue facilmente.


Mantendo a tradição de produzir todos os produtos, a cozinha da Colombo é uma fábrica de prazeres gastrônomicos. | 43


<cidade


Degustando a Confeitaria Colombo Manter a tradição, esse é o segredo do sucesso do endereço gastronômico mais tradicional do centro do Rio. < TEXTO / Meiryellen Meirelles FOTO / Samara Costa

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C

enário de banquetes, rodas de grandes personalidades e celeiro de receitas tradicionais, a Confeitaria Colombo, que em 2014 completará 120 anos, está de portas abertas para um mergulho na história da cidade do Rio de Janeiro. Na rua Gonçalves Dias, no centro, encontra-se o imponente edifício da Confeitaria Colombo. O endereço, onde se vê o tempo todo a mistura entre tradição e elegância, foi pano de fundo para grandes personagens da história do Brasil, e sua própria história se mistura com a do Rio. Logo ao entrar no prédio, a mudança de atmosfera é nítida. É como voltar no tempo. Basta um pouco de imaginação para ver o salão cheio de damas vestidas com seus tecidos nobres na hora do chá. Podemos ter um vislumbre de grandes literatos como Lima Barreto, Machado de Assis e Olavo Bilac em suas rodas de amigos. A decoração art nouveau com grandiosos espelhos belgas, bancadas de mármore italiano, móveis em jacarandá e cristaleiras, que abrigam louças do princípio do século, nos remetem a Belle Époque do Rio de Janeiro. A claraboia feita de mosaicos coloridos ilumina o ambiente com luz natural e coroa a decoração da casa. A junção de culinária refinada, ambiente distinto e atendimento de qualidade fazem a Colombo ter se consagrado como um dos complexos gastronômicos mais famosos. E a permanência desses ingredientes nessa receita é que mantém o encantamento pela confeitaria até os dias de hoje. — A casa é deslumbrante! A estrutura, a comida e a decoração que lembra as casas parisienses - declara a turista Vanessa Lima, de Santa Catarina. O português Manuel Lebrão, um dos fundadores e figura distinta da época, era conhecido pela maneira gentil com que recebia os fregueses e que tratava os funcionários, chegando a fazê-los sócios. Esse traço de cordialidade entre a casa, o cliente e os funcionários permanece até hoje. O funcionário mais antigo da confeitaria entrou com 14 anos, e acompanhou o desenvolvimento do local durante os 61 anos que esteve trabalhando lá. Seu Orlando Duque, hoje com 75, comenta as experiências que viveu e as mudanças que presenciou em todo esse tempo de casa. — Mudaram as vestimentas, a tecnologia conta o garçom, que lembra até do número das mesas dos clientes ilustres como Getúlio Vargas, Juscelino Kubistchek e Rainha Elizabeth da Inglaterra. — Toda terça tem a tradicional mesa do Flamengo, eles estão sempre aqui. Têm também os atores Íris Bruzzi, Sônia Braga, Tiago Lacerda. Todo mundo me conhece, fala comigo. Eu sou assim brincalhão, gosto de me aproximar do cliente, criar um vínculo. Duque diz já ter atendido mais de 2 milhões de clientes, inclusive sua esposa. Os dois se conheceram na

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A junção de culinária refinada, ambiente distinto e atendimento de qualidade fazem a Colombo ter se consagrado como um dos complexos gastronômicos mais famosos.

confeitaria e vivem uma relação de amor pelo lugar, sua família adora a relação dele com o trabalho. — Minha mulher era cliente daqui. Ela tem um pouco de ciúme, mas entende que eu casei com a Colombo primeiro. Essa é uma casa maravilhosa. Só saio daqui quando morrer - afirma. Com tantos sorrisos nos salões não é difícil achar um funcionário que declare seu amor pela Colombo. — Tenho orgulho de ser Colombo. Só quem está aqui dentro sabe como é essa relação. Essa casa tem portas abertas a todos. Só tenho o que elogiar - descreve Delfim Pacheco que tem 28 anos de casa e começou trabalhando no tanque de fabricação de doces. — Sempre anotava as receitas, ficava observando. E eles notaram meu interesse e me colocaram como ajudante de confeiteiro.Atualmente ele é supervisor de restaurante. — Existe uma relação de amizade com os clientes. Acho curioso o encantamento dos turistas - se diverte ao contar. Com um mês e quinze dias de serviço, Edi Carlos Neves, de 22 anos, já compartilha da admiração dos companheiros. — Me encantei com os doces. É bem diferente. Tenho orgulho de dizer que trabalho aqui e me vejo subindo de cargo - declara.


Uma casa que se mantém de portas abertas a todos: o novo funcionário já traz consigo o orgulho de ser Colombo.

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Minha mulher era cliente daqui. Ela tem um pouco de ciúme, mas entende que eu casei com a Colombo primeiro. Essa é uma casa maravilhosa. Só saio daqui quando morrer!

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Acervo histórico sofre processo de restauração No segundo andar, os gigantescos quadros que enfeitam o salão superior estão sendo restaurados pelo artista Carlos Ronney. Ele fala sobre sua relação com a família Assis, os proprietários da Colombo. — Dou aula para a matriarca da família Assis e por intermédio dela que conheci o Sr. Maurício Assis. Trabalhei com ele por 7 anos. A gente tinha o projeto de fazer essa restauração aqui na Colombo. Infelizmente ele faleceu no ano passado e eu continuei o trabalho de restauração - conta emocionado. Rooney está trabalhando desde setembro nos quadros. Enquanto realizava o serviço de reparação das obras ele contou um pouco sobre sua atividade. — Tem a parte da limpeza, fuligem. É difícil encontrar a mesma tonalidade. Depois tem que passar óleo de papoula e verniz. Ver o tempo de resposta do quadro aos materiais. Não é fácil, tem que ter conhecimento. Manter-se fiel ao quadro - explica. — Amo o que faço! É um trabalho complicado, porém gostoso. Esses quadros são centenários, e para realizar essas restaurações deve-se ter muito cuidado. Entre olhares admirados, declarações carinhosas e aquelas sedutoras vitrines de doces e salgados, a Confeitaria Colombo continua sendo lugar de contemplação para todos que a visitam. Uma verdadeira joia histórica que continuará a reluzir junto com a cidade maravilhosa ao longo dos tempos.

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Para manter o encanto, o salão superior passa por processo de restauração.

Amo o que faço! É um trabalho complicado, porém gostoso.


Mesa de jantar Ê montada seguindo o conceito da Belle Époque.

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<comportamento


Homossexuais em pauta Diante de tanta intolerância sexual, homossexuais buscam exercer sua cidadania como qualquer um. Conheça um pouco mais sobre os direitos da população LGBT e as dificuldades que eles enfrentam no dia a dia. < TEXTO E FOTO/ Simone Selles

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ítimas de ataques ofensivos e preconceitos, os homossexuais fazem de tudo para conquistar igualdade, respeito e dignidade. Já foram criadas leis, decretos e campanhas sociais para defender o grupo e conscientizar a sociedade, mas, mesmo assim, uma enorme parcela da população continua discriminando e ‘olhando feio’ para todo tipo de diferença. O tema tem estado em foco na mídia, principalmente depois que o pastor Marco Feliciano assumiu a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, no dia 07 de março. O deputado foi eleito em reunião fechada com 11 dos 18 votos dos presentes, e tem criado polêmica na Câmara e no Brasil com suas declarações preconceituosas. Inúmeras vezes, Feliciano insultou não só os homossexuais, como também os negros e as mulheres, justamente as minorias que deveriam ser defendidas por ele. Feliciano recebeu acusações de ser homofóbico e preconceituoso após dizer frases como “a podridão dos sentimentos dos homoafetivos levam ao ódio, ao crime e à rejeição”. Em contrapartida, ele se justificou dizendo que “homofobia é uma doença, são pessoas violentas ou assassinas, eu tenho é posicionamento, não sou homofóbico. Sou contra o casamento gay por princípio. Na Constituição Brasileira, a união estável é reconhecida entre homem e mulher. Segundo a Bíblia, isso também não é casamento. O Papa Francisco pensa como eu”. Seus posicionamentos levaram o procuradorgeral da República, Roberto Gurgel, a denunciá-lo ao Supremo Tribunal Federal por conduta homofóbica e racista. Incontáveis protestos ocorreram em todo o país contra a postura do pastor, frases como “Marco Feliciano não me representa” foram vistas por dias nos jornais, na internet e na TV. Os artistas famosos também se pronunciaram contrários às ideias do deputado. Durante protesto, alguns até se beijaram em público para mostrar descontentamento com a situação, como Bruno Gagliasso e Matheus Nachtergaele, Fernanda Montenegro e Camila Amado, e os atores Tonico Pereira e Ricardo Blat. Mas, por outro lado, há quem apoie as ideias de Marco Feliciano e protesta a favor de sua permanência na Câmara. Em sua maioria são fiéis evangélicos e seguidores do pastor. A ex-funkeira e agora cantora gospel, Perlla, afirmou em seu Instagram apoiar o deputado, e postou uma foto beijando seu marido Cassio Castilhol, junto com o texto “O pastor #Marcosfeliciano @marcosfeliciano #marcosfelicianomerepresenta .. #familia #projetodeDeus #uniao #amor” (sic). A intenção da cantora foi reforçar a ideia de manter a família tradicional. Dentro desse contexto, a cantora Daniela Mercury chocou o país após assumir publicamente seu romance com a jornalista Malu Verçosa. Diante do clima de tensão, ela usou sua influência como artista para incentivar a diversidade sexual e acabar com a intolerância. A cantora divulgou em sua conta pessoal no Instagram que “Malu agora é minha espo-

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sa, minha família, minha inspiração para cantar”, e também postou fotos junto com a jornalista. A atitude de Daniela despertou ainda mais atenção ao tema. A revelação da cantora vai além de uma autoaceitação, é um estímulo para que milhares de gays e lésbicas também consigam se aceitar. Por ser famosa, ela vira um exemplo. Alguém em que eles podem se espelhar para então assumir suas relações e sua escolha sexual. O jornalista André Ricardo, 29 anos, está junto com Douglas Henrique, 28 anos, há mais de dois anos e há cerca de um ano e meio eles resolveram morar juntos. Para André, os artistas se assumirem é uma forma de fazer com que as pessoas se naturalizem com a ideia. — As celebridades se tornam ídolos, as pessoas se espelham em alguém que seja mais bem sucedido do que elas. Muita gente pensa que se a Daniela Mercury pode se assumir, ele também pode. Isso acontece em geral, assim com nas campanhas de conscientização do câncer de mama, por exemplo. Ter celebridades na mídia reforçando uma ideia ajuda as pessoas tomarem certas atitudes – comenta. — Normalmente você descobre que é gay durante a adolescência, que é uma época confusa, você tem problemas com sexualidade, hormônios, se sente sozinho e não sabe o que fazer. Você precisa às vezes de algo que te ajude. Aí ou você tenta se adaptar e vive na encubação, o que vai contra seus desejos, ou você assume para você mesmo e para os outros, e então enfrenta os problemas que virão pela frente, principalmente com seus parentes. No caso de André a aceitação da família foi a maior dificuldade que ele teve após assumir ser homossexual. Seus pais eram religiosos e tradicionais, a mãe não aceitou bem e o pai até hoje finge que não sabe. Já para o Douglas foi um pouco mais fácil, seus pais eram mais liberais e mais abertos às diferenças. — No começo, eu achei que o nosso relacionamento não ia dar certo por causa da família dele, eles não aceitaram bem a escolha que ele fez – conta Douglas. — Atualmente a gente sofre a pressão de um relacionamento como qualquer casal, brigamos, discutimos e nos entendemos. Na visão deles, Marco Feliciano não poderia estar representando os Direitos Humanos, já que ele não consegue aceitar o relacionamento entre homossexuais. — Ele é uma pessoa que tem uma visão limitada de como são os seres humanos. Ele não entende que as pessoas se juntam porque se amam, e nesse caso a diferença é a semelhança que nos une – declara André. — Se o Marco Feliciano assumiu os Direitos Humanos, por que o Fernandinho Beiramar não pode assumir o Direito Civil? Georgia Rodrigues, 29 anos, e Sara Ribeiro, 24


Apesar dos preconceitos, André e Douglas moram juntos há cerca de um ano e meio.

Se o Marco Feliciano assumiu os Direitos Humanos, por que o Fernandinho Beiramar não pode assumir o Direito Civil?

anos, compartilham das ideias de André e Douglas. Juntas há dois anos, elas casaram, compraram uma casa e se mudaram há seis meses. As duas decidiram não casar no papel pela questão burocrática e financeira que envolvia o processo, mas fizeram o casamento com tudo o que tinha direito. Festa, vestidos de noiva e até um ensaio fotográfico. — Tivemos a intenção de sensibilizar as pessoas com as fotos. Mostramos que mesmo sendo homossexuais ainda somos femininas. A gente só quer conquistar o respeito de todo mundo – revela Georgia. Elas também tiveram problemas com a aceitação da família e dos amigos quando decidiram assumir sua sexualidade. Quando avisaram que queriam se casar, a mãe de Georgia não gostou da notícia e o pai pediu para que ela fosse mais discreta. Os pais de Sara também não foram receptivos com a novidade, então elas decidiram nem convidá-los para a festa de casamento. — Lidar com minha mãe foi horrível. Ela tentou me convencer que isso era ruim para mim. No começo, eu até tentei ter um relacionamento hétero, mas não deu, não era o que eu queria. Para meu pai foi um pouco mais tranquilo, mas mesmo assim

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nossa relação ficou muito mais difícil – explica Georgia. — Quando você se assume acaba tendo que comprar sua liberdade. Se não tiver o seu dinheiro, acaba vivendo à custa dos pais. E se eles não te aceitam não dá pra ser você mesma. Sara e Georgia já passaram por momentos delicados e já sofreram até ameaças enquanto simplesmente andavam pela rua juntas. Para Georgia, o preconceito vem de pessoas que já sofreram dele algum dia e que não souberam lidar bem com a situação, e, por isso, reproduzem-no nos outros. — Teve um dia que eu e a Sara estávamos no ônibus juntas, só abraçadas, sem fazer nada. Quando, de repente, um homem começou a gritar com nós duas de forma preconceituosa. Na hora ficamos nervosas e acabamos olhando para ele. Não queríamos encarar, só ficamos nervosas com a situação, sem saber o que fazer. Então ele começou a ameaçar, dizendo que se continuássemos olhando, iria atirar na gente. Foi horrível – afirma. — Outra vez, estávamos caminhando na orla da praia quando um cara fez um comentário de mau gosto, perguntando se poderia se juntar a nós duas. Por sermos um casal de mulheres, muitas vezes, os homens acham que podem se meter na nossa relação e fazem comentários desse tipo, eles veem as lésbicas como algo sensual.

Então ele começou a ameaçar, dizendo que se continuássemos olhando, iria atirar na gente.

Foto: Arquivo Pessoal

Georgia e Sara tiveram problemas com a aceitação dos familiares e amigos.

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Pessoas que declararam viver com companheiros do

mesmo sexo

32.202

Sudeste

12.196

Nordeste

8.034

Sul

4.141 Centro-Oeste Fonte: Censo 2010

Rio Sem Homofobia O Programa Estadual Rio Sem Homofobia procura combater a discriminação e violência contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT); além de promover a cidadania desta população no território do Estado do Rio de Janeiro. Ele atua contra a homofobia através da divulgação dos direitos e defesa LGBT, e da produção, implementação e monitoramento de políticas públicas. Após várias reivindicações do Movimento LGBT para que as políticas do governo deixassem de ser frágeis e sem continuidade, o órgão da Superintendência de Direitos Individuais, Coletivos e Difusos da Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos (SuperDir | SEASDH), passou a articular, desenvolver e acompanhar tais políticas. Em 2007, foi criado o Programa Estadual Rio Sem Homofobia, coordenado pela SuperDir | SEASDH, com o objetivo de estabelecer ações e metas, além de monitorar e avaliar a implementação, nas diversas secretarias, das diretrizes do programa. O espaço oferece auxílio aos homossexuais, como assistência social, psicólogos e advogados, e salas para atendimento individual. Segundo Sheila Correa, uma das coordenadoras do Rio Sem Homofobia, a procura é muito grande no local. — Muitos homossexuais procuram a gente para ajudar a enfrentar os problemas deles, por isso, oferecemos atendimento específico com profissionais e mantemos sigilo absoluto da identidade da pessoa, principalmente por questão de segurança – explica. – A gente ainda tem um serviço de contato pelo telefone 0800, o qual a pessoa pode tirar dúvidas e marcar

encontros com a gente. E um disque-denúncia, para casos de violência, agressão e discriminação. Desde a sua criação, inúmeras causas foram alcançadas. No dia 18 de abril, o programa conquistou mais uma vitória. O Estado do Rio de Janeiro aprovou a habilitação direta para o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. O Provimento nº 25/2013 permite que “todo casal homoafetivo possa solicitar junto ao cartório, a habilitação direta para o casamento civil. Se após 15 dias da publicação da ordem de serviço do cartório, não existir nenhum impedimento ou causa suspensiva do casamento, nem pelo promotor e nem pelo juiz, o casal será considerado casado.” A resolução partiu de um requerimento do Governo do Estado do Rio de Janeiro, através do Programa Estadual Rio Sem Homofobia, da Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos (SEASDH), e da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro. No entanto, a habilitação dos casais homoafetivos dependerá do entendimento do juiz de cada comarca, ou seja, foi uma conquista parcial, mas significativa. O Programa Rio Sem Homofobia fica na Praça Cristiano Otoni, s/n - Centro - 7º andar, no prédio da Central do Brasil. Além desse, ainda existem outros Centros de Referência, como o de Niterói, na Rua General Andrade Neves, esquina com a Rua Visconde de Moraes. O de Nova Friburgo, na Av. Alberto Braune, 223 – Centro. E o de Duque de Caxias, na Rua Frei Fidélis, s/n -Centro. Para entrar em contato, é só ligar para o número 0800 0234567 ou acessar o site www.riosemhomofobia.rj.gov.br.

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<cidade

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Bugigangas, nรฃo senhor! Conheรงa a Feira de Antiguidades da Praรงa XV, o evento que leva cerca de 15 mil pessoas todos os sรกbados de volta ao passado. < TEXTO E FOTO / Samara Costa

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I

magine poder voltar ao tempo e comprar móveis, roupas ou até mesmo aqueles seus brinquedos favoritos da infância. E o melhor, por um pequeno preço. Essa é a proposta da Feira de Antiguidades da Praça XV. Localizada no Centro do Rio de Janeiro, a feira agrega cerca de 480 barracas. Ali são encontradas raridades e peças curiosas, desde chapéu da Segunda Guerra Mundial a letreiros da década de 60. Considerada como a maior feira de antiguidades da América Latina, a Feira da Praça XV reúne, todos os sábados, de 8h às 14h, colecionadores e pessoas movidas pela nostalgia. Tudo começou em 1976 com o “Troca Troca”. O evento de troca de objetos chamava a atenção dos consumidores em frente à Estação das Pulgas. Depois de regulamentado, mudou-se para perto do Tribunal de Justiça e hoje, a extinta troca de mercadoria, ocupa o lugar de baixo do viaduto da Perimetral. A tradição e a qualidade dos produtos garantem a fidelidade dos clientes. O senhor Ivahyr Paixão, de 80 anos, é um deles. Colecionador de relógios, máquinas fotográficas e microscópios, o aposentado ainda lembra do surgimento da feira. — Na época do “troca troca” em frente as barcas, a movimentação era grande. Foi um período de vendas absolutas onde as pessoas saiam e chegavam com muitas mercadorias - relembra. Apesar da idade, Paixão arrisca-se e, sem reclamar, percorre a feira de ponta a ponta atrás de objetos novos para sua coleção.

— Acabei de comprar um projetor de slide de 1940. Segundo o vendedor, o aparelho era de um almirante - conta, orgulhoso com a compra. Todos esses anos frequentando a Feira da Praça XV fez com que Paixão ganhasse novos amigos. — Fiz muitas amizades aqui. Conheço muita gente. O bom é que o preço cai quando o vendedor é seu amigo - brinca. Outro apaixonado é Fernando Scarpa. O colunista do jornal O Dia é frequentador da Feira há 15 anos. Scarpa costuma comprar objetos hightech entre os anos 50 e 70. — Vir à feira para mim é um contato com um impacto de objetos. É a possibilidade de comprar as coisas mais inusitadas possíveis- afirma. Segundo ele, o local permanece com a mesma essência, quase nada mudou durante esses 15 anos. Diferente de lojas convencionais, comprar objetos na Praça XV tem outro valor para Scarpa. — A graça é chegar em casa cheio de objetos, lavá-los e ficar admirando. Isso é muito bom! - comenta o colunista. Não é somente dos amores de longa data que a Feira da Praça XV é visitada. Os jovens também conhecem e se surpreendem com o lugar. Raquel Arellano e Pedro Quintino conheceram a feira pela primeira vez naquele dia. A visita acabou rendendo motivo para volta. — Estamos montando nossa casa e encontramos peças legais para mobiliá-la - explica Pedro.

Ivahyr Paixão faz compras na feira há 40 anos.

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Móveis e livros de sebos também são oferecidos na Feira de Antiguidades.

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Paixão disfarçada de negócio A possibilidade de comprar as peças mais inusitadas é possível graças aos feirantes. Para fazer milhares de pessoas retornarem ao passado e descobrirem coisas novas os vendedores precisam ter disposição. Alguns deles chegam por volta das 21h da sexta-feira e passam a madrugada nos preparativos arrumando as bancadas para expor seus produtos. São tantos que alguns ficam no chão. Parece ser uma tarefa simples, mas não é. Cada um deles levam milhares de produtos. As mercadorias variam de incontáveis coleções de carrinhos em miniatura à móveis e lustres mais pesados. As barracas não estão expostas no local seguindo uma ordem por tema. Se você parar para olhar armações de óculos, por exemplo, pode ser que se depare com uniformes das forças armadas na próxima barraca. Isso acaba fazendo com que o ambiente seja mais curioso e inusitado a cada passo. Segundo a organização da Feira da Praça XV todos os vendedores são regulamentados através de um cadastro na Prefeitura. Se tem um lugar em que as crianças param e ficam encantadas é na barraca de brinquedos. O responsável por isso é Periano Azevedo, vendedor da Praça XV há 13 anos. Natural de Santa Maria Madalena, município do Rio de Janeiro, o feirante começou no ramo vendendo bijuterias. Hoje, o feirante comercializa brinquedos de coleções, bolachas de chopp e cartões postais, totalizando em seu acervo mais de 3.500 peças. O brinquedo mais antigo na

Feira também reúne fãns e colecionadores por miniaturas de carros.

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Alguns feirantes passam a madrugada de sexta-feira nos preparativos para a feira.

sua barraca é um carrinho vermelho de metal japonês da década de 50. Apesar da grande quantidade, Azevedo acaba se apegando a alguma delas. — Gosto muito dos brinquedos musicais. Fico até com ciúmes de vender - revela. Reginaldo da Silva é vendedor há 20 anos da feira. Seus produtos são na maioria de talheres, peças de metais vidros, critais e porcelana. — Eu compro as peças com pessoas que querem se desfazer de objetos e estão dispostas a vender - explica. Diferente de outras pessoas, os vendedores conseguem saber o material utilizado na composição do objeto só pelo olhar. Silva, por exemplo, examina as próprias peças e identifica se o que está comprando é realmente o anunciado. Na sua barraca é possível encontrar produtos a partir de R$ 5, podendo chegar a R$ 200, preço de um lustre de aço escovado. Outro feirante de longa data é Alcides da Silva. O vendedor conheceu a Feira da Pra Praça XV em 1983 e nunca mais a abandonou. — Assim que conheci a feira, naquela época conhecida como troca troca, procurei me informar e fiz minha inscrição. Comecei a trabalhar e estou aqui até hoje - relembra. Segundo Alcides, a feira era mais frequentada por idosos e colecionadores, mas hoje ela recebe um público diferenciado e heterogêneo, que varia entre jovens e adultos. Vender produtos antigos não se limita ao trabalho. O lazer também faz parte da essência da feira. — O vendedor não está aqui somente com o objetivo de venda, mas sim com o intuito de conhecer pessoas novas e interagir com elas. Isso é muito bom! Já fiz várias amizades - comenta Alcides. — Meus produtos são difíceis de achar, mas eu os vendo a partir de R$ 5. Para complementar a renda familiar, Alcides também trabalha na Feira do Lavradio, localizada no Centro do Rio. Lília Nappi é uma vendedora de produtos incomuns. Antes de se tornar feirante, Lília era fotógrafa e largou a profissão por causa de problemas na vista. Apesar disto, ela ainda trabalha com o que


Barraca do Periano tambÊm atrai jovens e adultos emocionados ao relembrar da infância.

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O vendendor Alcides Silva trabalha há 30 anos na Feira.

o vendedor não está aqui somente com o objetivo de venda, mas sim com o intuito de conhecer pessoas novas.

gosta. Hoje ela vende fotografias de outras pessoas. — Vendo fotos deixadas de herança e desfeitas pelas as famílias. Tenho fotografias em ótimo estado de conservação de 1908 até os anos 50, depois disso já é considerada foto moderna - conta. Antes de chegar até Lília, as fotografias são recolhidas pelos camelôs chamados “sem-terra”. Eles vão na portaria em bairros como Ipanema, Leblon, Copacabana e Flamengo, dão um troco na mão dos porteiros e garimpam as fotos velhas jogadas nos lixos dos ricos. Depois disso as fotografias são revendidas através dela na Feira da Praça XV. Na maioria das vezes as fotografias são compradas para uso em filmes, teatro, televisão, pesquisa de moda e por artistas plásticos - informa. Quanto mais antiga a foto for, mais ela vale. Vender fotografias antigas de outras pessoas acaba gerando fatos curiosos. — Um dia desses, um homem identificou o sobrinho em uma das fotografias. Ele tomou até um susto. Outro caso foi de uma moça que achou o postal assinado pela a irmã dela - declara. Uniformes das forças armadas, lustres, copos de cristais, video games dos anos 80, cartões telefônicos, relógios centenários, máquinas fotográficas dos anos 60, porcelanas, letreiros, troféus. Isso tudo pode parecer um monte de bugigangas pra você , mas, para alguns é uma paixão

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Produtos considerados lixos viram objetos de decoração.

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<volume

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Do mp3 ao Do Rio a Lollapalooza São Paulo

Se o festival não vem até o Rio eu vou até São Paulo. < TEXTO / Victor Viana FOTO / Tarcila Viana

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Fotos desta páginas: arquivo pessoal

aqui no país, mas os números já comprovaram o seu sucesso. Foram três dias de show, 29,30 e 31 de março, 80 bandas, 167 mil pessoas presentes e mais de 85 horas de muita música boa!

O

rock entrou na minha vida lá pelos 15 anos e desde então nunca mais saiu. Bandas como The Killers, Pearl Jam, Cake e The Black Keys estão sempre presentes no set list do meu mp3, então é óbvio que eu não perderia a oportunidade de ouvi-las ao vivo. Juntei uma grana e parti pra São Paulo sem nem pensar duas vezes, e mal sabia que estava prestes a conhecer um dos festivais de música mais legais do momento: O Lollapalooza Brasil. Era segunda edição do festival

Foi a primeira vez que fui a São Paulo e quando cheguei sentia dois tipos de frio: O da cidade e o da minha barriga. Diferente do Rio de Janeiro, onde as pessoas sofrem com o calor durante o ano inteiro e usam roupas mais folgadas, em SP a situação me pareceu diferente. O clima mais fresco permite que todos andem mais arrumados e pareçam ser mais elegantes, mas esse papo de moda fica pra outra editoria... Uma das coisas que mais me preocupava na cidade era o metrô. O Rio só possui duas linhas, e para um cara desligado como eu, já é o suficiente para me perder. Ter que enfrentar 12 na terra da garoa parecia uma missão impossível. Mas a verdade é que o metrô de São Paulo é bastante organizado. Todas as estações possuem um mapa do bairro com os estabelecimentos mais próximos do terminal. Se, por exemplo, quisesse um lugar para comer era só descer em alguma estação e ver o que tinha por perto. Fácil, não? Nem tanto! Na hora que a fome bateu eu pude comprovar que SP é mesmo uma cidade enorme e cheia de gente. Fiquei mais de uma hora procurando algum lugar pra matar a fome. Todos que encontrava estavam totalmente lotados. Mas vamos realmente ao que interessa Depois de passar fome e andar por algumas horas fui me encontrar com um casal, amigos dos meus pais, que me ofereceram um teto durante minha estadia na cidade. O casal mais gente boa e louco que conheci. Assim que cheguei me ofereceram um copo de cerveja, não poderia ter sido recebido de forma melhor. Mas vamos ao que realmente importa: O Show. Apesar de estar longe do local onde aconteceu, foi fácil chegar ao Jockey Club de São Paulo. Como disse anteriormente, o metrô é bastante organizado. Outra maneira de se guiar era seguindo as pessoas. Era só andar

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Fotos desta páginas: arquivo pessoal

atrás de alguém que estivesse vestindo uma jaqueta de couro e óculos escuros. Havia cinco espaços diferentes no Jockey – Palco Cidade Jardim, Butantã, Alternativo, Perry e Kidza – , então nunca se ficava sem ter o que fazer, tinha sempre algum som rolando pelo lugar. No dia 29 a banda mais esperada da noite era o The Killers, grupo de rock alternativo norte-americano. Mas fui surpreendido por outras bandas que nem conhecia. O Copacabana Club é de Curitiba e faz um som que é uma mistura de indie rock, música eletrônica e new wave. A banda animou a galera logo cedo e fez um show cheio de engajamento político contra a homofobia e o preconceito. A banda australiana, The Temper Trap estourou em 2009 com a música “Sweet Disposition”, mas conseguiu animar o público também com as músicas do último cd lançado em 2012. Por ter sido durante o dia, o show foi bastante básico, mas a energia das músicas contagia qualquer um. Mais uma pro meu set list.

Mais tarde o Cake entrou no Palco Butantã, porém o chato do Lollapalooza é que alguns shows começavam assim que outros acabavam, então a gente tinha que correr se quisesse ficar perto de todas as apresentações, e como os palcos eram um pouco longe uns dos outros, tinha que correr muito. Correr não é o meu forte... Fiquei longe no Cake. Passion Pit e The Flaming Lips seguraram minha ansiedade até a hora do último show. A segunda impressionou com um jogo de luz fantástico e muita psicodelia. Às 21h30 entrou a banda mais esperada do dia 29. O The Killers fez um show praticamente de hits. Desde “Somebody Told Me” até “Runaways”, do último disco. O vocalista, Brandon Flowers, foi bastante simpático e não parava de falar o quanto estava feliz de estar ali. O público não parou de pular um minuto, e assim encerrava-se o primeiro dia de Lollapalooza.

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No segundo dia de festival foi uma maratona. Corri pra encontrar uns amigos do Rio, corri de um palco para outro e corri para pegar um bom lugar na multidão para último show da noite. O primeiro show que eu curti no dia 30 foi o do Gary Clark Jr. O guitarrista norte-americano deixou todo mundo que estava apreciando seu show de boca aberta! Dizer que o cara toca muito, é pouco. Mas Clark Jr foi apenas o primeiro a me surpreender naquele dia. Two Doors Cinema Club, Franz Ferdinand e Alabama Shakes fizeram ótimos shows durante o período da tarde, deixando o dia no Jockey muito mais agradável. A noite cai e a animação sobe. O Queens Of The Stone Age, banda estadunidense quebrou tudo no palco Cidade Jardim e mesmo não sendo a atração principal da noite, o grupo mostrou que tem poder suficiente para ser uma. Tocando quase todos os seus sucessos, 1h15 foi pouco pra animação da galera! O cantor/ compositor/ rapper Criolo fez bonito no palco alternativo e soube representar muito bem o Brasil no festival. Por último e bastante importante, banda mais esperada da noite e talvez do festival inteiro, a dupla The Black Keys chegou cheia de energia. Surgida em 2001, virou moda o ano passado por causa do hit “Lonely Boy”, que levou o público ao delírio quando tocada. O show foi um misto do penúltimo e último CDs, com um enfoque maior nas canções mais conhecidas. Um desempenho lindo de se ver. O público cantou junto com a dupla em quase todas as canções, foi emocionante. Pelo menos pra mim que corri para ver o show, pois no final da noite dava pra ouvir uns e outros reclamando de som baixo. Uma pena!

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O último dia do Lollapalooza foi bastante potente e trouxe aos palcos bandas renomadas como o Planet Hemp e Pearl Jam. Com duas grandes apresentações na noite, acabei criando menos expectativa sobre as bandas menores, o que foi ótimo! Assim era muito mais fácil me surpreender. Kaiser Chiefs e The Hives são bons exemplos disso. A entrega do vocalista da primeira banda empolga qualquer um. Ricky Wilson pula, brinca com a câmera, corre de um lado para o outro e escala as grades do palco. A animação não acabou por aí. Os integrantes do The Hives chegaram vestidos na beca, com direito a gravata borboleta e cartola. Mas a seriedade ficou mesmo só no figurino. Todos os músicos pareciam estar ligados nos 220 volts, indo até o público e voltando diversas vezes durante o show. Destaque também para o vocalista, Pelle Almqvist, que aprendeu um monte de palavras em português para falar durante a apresentação. Mandou muito. O Pearl Jam teve a difícil tarefa de fechar não somente o dia 31, mas de certa forma, todo o festival. Esse ano o Lollapalooza contou, em sua maioria, com bandas “novas”, surgidas a partir dos anos 2000. Mas isso não serviu para inibir Eddie Vedder e sua banda, pelo contrário, a quantidade de clássicos que o Pearl Jam possui só contribuiu para o sucesso da apresentação. O público sempre muito participativo foi ao delírio com os clássicos “Even Flow”, “Jeremy” e a sempre emocionante “Black”. Vedder também se esforçou para falar o português e ainda fez um discurso a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Enfrentar São Paulo foi um desafio. Estar sozinho numa cidade tão grande parecia assustador, mas cada segundo valeu a pena. Os perrengues enfrentados como a fila quilométrica na volta do metrô, o lamaçal que virou o jockey depois da chuva e preço da cerveja, parecem menores quando comparados com a energia que esse tipo de festival oferece. Assim acabava o Lolla e começava a minha saudade.

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Cultura, lazer e livros

Após reforma, a Biblioteca Pública de Niterói ganha novos espaços e programações. Entre e fique a vontade, só não faça barulho no ambiente. < TEXTO / Simone Selles FOTO / Tarcila Viana

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ala de estudo e de leitura, espaço para atividades infantis, computadores com acesso a internet e acessibilidade são alguns dos itens que pertencem a Biblioteca Pública de Niterói (BPN), uma das mais importantes bibliotecas do estado. Com o caráter diferenciado, ela também oferece rodas de leituras e oficinas para o público. O local foi reinaugurado em junho de 2011, após sofrer uma grande reforma que o tornou mais confortável e acessível a deficientes físicos e visuais, além de ampliar o espaço para leitura. A BPN conta com um acervo de cerca de 60 mil itens, incluindo livros, jornais, revistas, biografias, DVDs, músicas digitalizada, livros e equipamentos em Braile. Segundo Jorge Costa, que trabalha desde 2007 na função de bibliotecário de referência na BPN, a reforma transformou o espaço para um lugar agradável para o público. — Antes da reforma os usuários não ficavam, eles vinham apenas para estudar ou pegar alguns livros, não tinham espaço para passar o dia aqui. As pessoas não tinham porque ficar, não tinham conforto nenhum - comenta. A Biblioteca ganhou novos móveis, espaço infantil, salas para exposições, leitura, exibições individuais de filmes, saraus de poesia, peças teatrais, shows de música e leituras dramatizadas. Além disso, a BPN ainda abriga a sede da Academia Fluminense de Letras. — A aceitação do público foi muito boa, eles agora admiram a Biblioteca e a vêem como um es-

A restauração manteve a arquitetura original e valorizou detalhes ocultos.

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paço cultural. Tem alguns usuários que visitam a Biblioteca todos os dias, depois do trabalho ou da escola, trazem os filhos pra brincar, vem para ler jornal, revistas, ou simplesmente para conversar conta. — A Biblioteca sofreu uma grande adaptação, e os usuários ainda estão se acostumando com o estilo mais livre, não tão rigoroso com o silêncio quanto as bibliotecas eram antigamente e com um conteúdo mais diversificado - afirma Costa. A restauração manteve a arquitetura original e melhorou o acesso à deficientes físicos, com elevador e rampas. O atendimento e empréstimo de materiais não são restritos apenas para a cidade, muitos usuários são de São Gonçalo, Itaboraí, Maricá, Magé e até da cidade do Rio de Janeiro, basta levar documento de identidade e comprovante de residência e fazer a carteirinha, que é a mesma para todos. A estudante de Música da UFRJ e moradora de Niterói, Laura Mendes, passou a frequentar a Biblioteca após a mudança. — Eu adoro o ambiente da Biblioteca. Normalmente vou para estudar, mas às vezes quando estou ali por perto fico apenas fazendo hora, lendo revistas ou lendo um livro. Acho que a reforma transformou a Biblioteca em um lugar agradável de estar, e agora sempre que eu tenho tempo livre costumo ir para lá - comenta. O público pode ter acesso a uma grande coleção de obras raras voltada para a história e a cultura do Estado do Rio de Janeiro. Há uma sala dedicada

Foto: Divulgação

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O público pode ter acesso a uma grande coleção de obras raras voltada para a história e a cultura do Estado do Rio de Janeiro.

à história fluminense, onde podem ser encontrados documentos do século XVI, XVII e XVIII, inclusive um livro com anotações feitas por Dom Pedro I. Outro diferencial são os diversos computadores que a Biblioteca disponibiliza para os usuários. De acordo com Costa, foram mapeadas todas as crianças moradoras de rua que costumam frequentar a bilioteca atrás do serviço, e para não dar confusão, foi instaurado um sistema do tipo de "Lan House". — As pessoas vinham querendo usar os computadores, e se deixasse o acesso livre eles ficavam monopolizando as máquinas o dia inteiro, por isso tivemos que dar um limite de tempo para o uso dos computadores, para que todos possam usufruir do serviço. É só fazer um cadastro na secretaria e então lhe é dado um limite de tempo, tudo de forma gratuita. Todo ano acontece a conferência Beyond Access, onde mais de 300 participantes se reúnem para discutir os desafios do acesso à informação para o desenvolvimento local, além de apresentar experiências inovadoras de acesso à informação em bibliotecas de todo o mundo. Em 2012 foi a Biblioteca Pública de Niterói quem representou o Brasil na conferência “Local Alternatives for Global Development: Rediscovering Libraries” que correu em Washington, DC, nos EUA, e contou com a participação de mais de 30 países.

Foto: Divulgação

Biblioteca atende os frequentadores com mais conforto após reforma.

A Biblioteca Pública de Niterói fica na Pra ça da República, s/nº, no Centro de Niterói. Funciona de terça a sexta-feira das 10h às 20h e sábados e domingos das 11h às 17h. Para mais informações entre em contato pelo telefone (21) 3601-1956 ou pelo e-mail faleconosco@bibliotecaniteroi.rj.gov.br

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<online

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5.500para curtidas um adeus < TEXTO / Tarcila Viana

Nessa edição conversamos com o gaúcho Rafael Iotti, criador do “Adiós, Sophia”, Tumblr onde posta poesias de sua autoria desde 2010. Iotti se diz um cara comum para os seus 20 anos. Estuda Jornalismo, na PUC de Porto Alegre, mas pensa em cursar Letras fora da sua cidade ou até mesmo do país. Quase alcançando a marca de 5500 curtidas na página do Facebook, Iotti nos conta mais sobre o surgimento do blog e dá dicas para você que também correr atrás do sonho de ser um escritor. Há quanto tempo você escreve? Não sei ao certo desde quando. Mas eu gostava muito de bolar e contar histórias, quando nem sabia escrever. Lembro que quando ia pra praia preenchia cadernos com histórias meio bizarras. É que eu não gostava da praia. Nunca tinha nada o que fazer. Vai ver foi ela a minha grande incentivadora. Tô brincando (será?). Sempre tive “apoio” em casa pra esse tipo de coisa. Meus pais gostam muito de ler. É hábito. Só continuei o trabalho. Quando surgiu o “Adiós, Sophia”? Você já possuía outros blogs antes? Eu tive outro blog antes, que era mais ou menos a mesma coisa. Eu só mudei porque uma amiga minha disse que era pra eu criar um tumblr (na época quase ninguém tinha, eu nem fazia ideia do que era aquilo). Eu fiz e botei esse nome, Adios, Sophia. No início era a mesma coisa, as mesmas coisas piegas e clichê. Evidente que tudo isso era por amor, paixão, pra uma guria que eu gostava muito muito. Por isso criei e lá transformava lágrimas em palavras. Coisa de amor adolescente. Hoje em dia nem escrevo mais muito no blog, só coloco algumas poesias. O que escrevo de prosa, contos, eu deixo mais reservado pra mim ou mando pra quem realmente gosta (e não vai espalhar), porque estou tentando fechar um material inédito, pra de repente publicar algo. Conta pra gente quais são os seus escritores favoritos, suas inspirações? Gosto muito de John Fante, que foi o cara que me apresentou a literatura. No meio dos livros chatos do colégio, eu encontrei esse cara. Encontrei, não. Meu pai me deu pra ler. John Fante apareceu na minha janela e disse: isto é literatura, garoto. E eu acreditei e acredito até hoje. Camila é nome da minha irmã, por causa da Camila López do livro. Então, o cara é bem-quisto dentro de casa. Além de Fante, gosto muito de Bukowski, Hemingway, Miller e por aí vai. Leio um pouco de poesia, também, entre eles os meus ídolos são o Ferreira Gullar, T.S., Whitman, Neruda, entre outros. Dos escritores de hoje em dia, meio que

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contemporâneos, eu gosto do Galera, da Ana Guadalupe e do Gabito.

Iotti desenha, em um espaco reservado para rabiscos, no Festival de Blues em Caxias do Sul.

Há pouco tempo você até publicou em sua página que fez uma promessa de escrever um livro esse ano. Você pode contar mais um pouco sobre isso para nós? Sim. Vou escrever uma novela. Uma história curta, ou um conto muito grande, como preferir. Estou trabalhando nisso, não sei se vai dar pra publicar. Sabe como é o mercado. Tudo pode mudar, em relação ao tema, narrativa, essas coisas aí. Mas ele vem. Se ninguém quiser, acho que publico na internet mesmo. Ou imprimo e boto fogo (deve ser legal essa experiência).

O Adios, Sophia teve seus quinze minutos de fama quando o Tavares, baixista da Fresno, disse, no Twitter, que o meu blog era muito bom. Daí, de 500 seguidores foi pra 1500, algo assim. Hoje em dia tem quase três mil. O Facebook ajudou, eu acho, mas o ele é meio que à par do blog. O Facebook tomou proporções inimagináveis. Eu criei em março de 2012 e em junho já tinha mais de 2000 curtir. Loucura. Outra marca do seu blog são as ilustrações. Como surgiu essa ideia? Então, as ilustrações. Meu pai é cartunista. Via-o desenhando quando era pequeno, queria imitar, sabe como é. Ele nunca me ensinou nada, mas tinham lá os lápis, as borrachas, as canetas e as folhas: tudo que precisava. E eu fui. Aprendi meio que a desenhar na marra. Mas tudo básico, só rabisco um pouco. Então surgiu essa ideia de desenhar e unir umas frases e etc., o que gerou uma boa visualização. As imagens,

Leia e estude muito.Exercite a escrita. Só consegue quem dá a cara à tapa e pratica muito.

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Foto: Arquivo pessoal

O retorno no Tumblr acontece da mesma forma que no Facebook? Lá a página está perto da marca de 5.500 curtidas, você esperava toda essa repercussão?

hoje em dia (e sempre, né), dão mais ibope, e isso inflou um pouco as curtidas do Facebook. Você já passou por alguma situação inusitada por causa do sucesso do blog? Volta e meia quando eu saio pra tomar uma ceva, nesses picos que vai todo mundo, alguém aparece e diz: tu é poeta. Faz uma poesia pra nós. Eu rio bastante com isso. Atualmente você administra além do Adiós Sophia outros blogs como o “Seja minha garota” e o “Poemas pra ela” certo? Como você os descreveria? “Seja minha garota” eu fiz com uma amiga minha, Manuella Stangherlin, pra ver se eu conseguia arrumar uma namorada. Ou achar alguém que eu gostasse de conversar, ou pudesse sair, tomar um café, ir numas exposições. Recebi muito feedback virtual, mas nada concreto, saca? O “Poemas pra ela” é mais ou menos a mesma história, mas não tanto de preciso-arrumar-alguém. Eu fiz pra alguém que já tem alguém. O intuito era postar uma poesia por dia, pra alegrar o dia dos casais, ou das meninas que esperam por alguém. Se você pudesse mandar uma mensagem pra quem tem o sonho de ser escritor como você, o que diria? Leia e estude muito. Exercite a escrita. Só consegue quem dá a cara à tapa e pratica muito. O erro é o primeiro degrau. Talvez o segundo, o terceiro e o quarto também. Mas uma hora dá. Leia, estude, pratique, imagine, leia, estude, pratique, viva e escreva muito. Ache uns amigos malucos pra te apoiar e pra ler o que tu escreve. Leia e estude muito.


Iotti recebendo seu primeiro prĂŞmio literĂĄrio em 2000. | 21


<movimento

bicicleta magrela camelo Kalanga bici zica bike

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Pedale pela sombra Invenção de publicitário acaba com tempo ruim e traz sombra para ciclistas. < TEXTO / Raize Souza

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B

icicleta não é nenhuma novidade, mas agora virou tendência. Os benefícios de uma pedalada atingem o corpo, a mente e a cidade, e de quebra atrela valor de saúde e bem estar para o ciclista. O problema é que além de morarmos entre os trópicos, nem sempre nossa cidade tem uma infraestrutura adequada para quem pedala. Chegar suado no seu destino, tomar chuva ou ficar exposto aos raios UVA – um dos causadores de câncer de pele - e UVB – responsável pelo desenvolvimento de rugas e manchas – também não favorecem a prática. Na busca por uma solução, o publicitário recifense Márcio Verçosa criou há mais de três anos o assessório que faltava para as bicicletas: O Cicloshadow. O Cicloshadow é um sombreiro para bicicletas, triciclos, cadeiras de rodas, ciclos motorizados e similares. Existem oito modelos para diferentes públicos – crianças, adultos, trabalhadores, etc - e com diferentes tonalidades – podendo ainda ser personalizado. Os protótipos foram criados e testados em julho de 2011 e aprovado pelo Inmetro. Márcio garante que o produto é de qualidade. — Possui aerodinâmica, não interfere no equilíbrio e o vento não atrapalha, já que há aberturas

para passagem do ar. O design é moderno e futurista, foi estudado para dar segurança e estabilidade com tecnologia no processo de injeção. É um acessório complementar que agrega mais valor aos ciclos”, comenta o inventor. Os Cicloshadows são de fácil instalação, ajustáveis de acordo com a altura do ciclista e leves - variam de 0,95kg a 2,45kg. Além da sombra o ciclista pode adquirir itens de série, dependendo do modelo, como o sistema antifurto, sistema de trava e o sistema elétrico (luz lateral, luz de alerta, piscas) retrovisores integrados, para-sol lateral, para-sol frontal com bolso espelho e porta-caneta, rede elástica, refletidos, conexão USB, caixas de som e uma placa fotovoltaica que alimentará todo o circuito elétrico através de energia solar. Aqueles que quiserem manter a cabeça fresca poderão adquirir o acessório a partir do segundo semestre desse ano. O produto poderá ser encontrado em lojas especializadas, Home Centers, hipermercados e redes varejistas e posteriormente, mas sem data de previsão, na internet. Os preços variam de R$ 70 a R$ 900. É uma alternativa sustentável para o tempo doido das cidades. A única desvantagem será para o sedentário, que terá menos

Márcio Verçosa pedala pelas ruas de Recife com sua criação.

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b


b Reduz 50% da radiação UV

Tem emissão zero de poluentes

Não precisa pagar IPVA, estacionamento e tem baixos custos de manutenção

Não fica preso em congestionamento

Perda de peso corporal , definição muscular e melhora da frequência cardíaca.

Fotografe aqui com o leitor QR Code do seu celular e assista aos vídeos dos testes do sombreiro.

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<online < TEXTO / Tarcila Viana

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6 apps para vc

Night Sky Com o auxílio dos dados de localização fornecidos pelo GPS e da bússola interna do dispositivo, o aplicativo Night Sky permite que você localize estrelas, constelações, planetas e até galáxias que podem ser vistas apenas apontando-o para o céu! Não é incrível?

CityMaps2go Agora é possível ter o mapa do mundo em suas mãos. Quer dizer, no smartphone. Citymaps2go disponibiliza em torno de 6700 mapas de toda parte do mundo a um clique. O aplicativo pode ser usado offline e conta com guias de lojas, bares e pontos turísticos. Easy Taxi O aplicativo requisita um táxi com apenas um toque, e é totalmente seguro. Todos os passageiros e motoristas são registrados, há rastreamento durante toda a viagem, você tem acesso a foto do motorista, placa do carro e pode até acompanhá-lo em tempo real.

Split O Split chegou pra rachar de forma justa a conta do bar. Basta adicionar o pedido que foi feito e associá-lo somente a quem for consumir. No final ele divide a conta de acordo com o que cada um comeu e bebeu. Legal né? O app foi desenvolvido por brasileiros! GymPact Que tal ganhar dinheiro ficando saudável? Nesse app você faz um acordo de quantos dias irá malhar e aposta de quanto irá pagar caso não faça o check-in na academia ou registre uma corrida. Se cumprir, ganha a grana dos preguiçosos que não malharam!

O pessoal aqui da redação curtiu o aplicativo. E vocês curtiram os nossos zumbis?

Dead yourself Um vírus desconhecido começa a se espalhar pelo planeta transformando todos os infectados em mortos vivos. Já ouviu histórias parecidas não é? Mas você imaginou como seria se você fosse zumbificado? Zumbi tá moda, e nem todo mundo sabe mexer no photoshop pra tentar criar a possível feição monstruosa que teria, quando o planeta vivenciasse um apocalipse zumbi. Pensando nisso, a FOX emissora, que exibe o seriado The Walking Dead, lançou o aplicativo Dead Yourself. É super prático: você tira uma foto (e a câmera até auxilia a você focar direitinho o rosto do futuro infectado) e logo depois aparecem todas as opções nojentas de olhos, bocas, acessórios, cenários e a transformação fica por sua conta! Para os perfeccionistas, tá ai a notícia boa. O aplicativo te dá a liberdade de ajustar até a imagem ficar assustadoramente convincente. Pra você que não possui um smartphone compatível com o aplicativo, não se preocupe! É possível zumbificar-se no site deadyourself.com/walkers também!

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Até aonde vai a amizade? A verdade é que todo mundo que tem um Iphone sabe o terror que bate quando aparece a seguinte mensagem na tela: “20% de bateria”. Tudo vira uma corrida contra o tempo, uma caça a tomada, e há quem apele pro modo avião pra economizar enquanto não tem nenhuma novidade pra postar nas redes sociais. Porém, se você tem grandes amigos (ou pelo menos acha que tem), seus problemas podem estar perto de acabar.

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O aparelho

Aparência

O preço

O ChargeBite nada mais é do que um chaveiro que pega “emprestado” um pouquinho da bateria dos Iphones dos seus amigos para dar uma carga ao seu! Basta conectá-los as extremidades e pronto, começa o compartilhamento de energia. Não é incrível?

Além de ter um design super fofo (o desenho do centro que remete ao Pacman <3), o ChargeBite cabe no seu bolso, então pode andar sempre com você! Não podemos negar. Esta é uma invenção totalmente inovadora, e não vejo a hora de ter o meu!

O projeto é novo e para começar a produção será necessário US$45mil, estes, que os criadores tentam arrecadar através de investidores online! Será que existem amigos solidários o suficiente para aprovar e ajudar essa idéia?

Site do projeto


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“Old is cool” Aos que são saudosistas, mas não abrem mão da tecnologia, imaginem a oportunidade de escrever seus textos no IPad através de uma autêntica Royal Model. Sim, agora isso é possível. Também conta com a opção de conectar com seu PC ou MAC, e até mesmo digitar em papel de verdade! O único problema é o preço, U$799 lá fora.

Tipewriter Royal Model O

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Tamanho não é documento A câmera Novo promete vir para competir com a renomada GoPro Hero 3. Ambas demonstram que seu potencial não é diretamente proporcional ao seu tamanho. O diferencial da Novo está em permitir o uso de diversos tipos de lente, e em ser 20% mais fina. Ainda não está disponível para venda, mas tem tudo pra dar certo não é?

Camera Novo

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A cara da vilania Além de ser uma reprodução fidelíssima da máscara usada pelo vilão Bane do filme Batman Cavaleiro das Trevas Ressurge, o walkie talkie vem com um chip que deixa a sua voz com o timbre do personagem. O set com as duas máscaras custa US$24,99 na Think Geek.

Bane Mask Walkie Talkie http://www. thinkgeek.com/ product/f48a/

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Robôzinho clean O AutoMeeS é um robozinho que vem para resolver o problema das telas engorduradas e cheia de marcas de dedos. O simpático robô, limpa o display com um papel especial e vai custar cerca de US$ 16,80 no Japão. O único ponto contra é que a empresa não garante que ele não vá arranhar seu celular. Tenso!

Auto MeeS http://www.takaratomy.co.jp/products/automee/

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Café turbinado Se café já deixa você naturalmente acelerado, imagina o efeito de um que é vindo de um motor de corrida v12? A cafeteira Expresso Veloce faz um delicioso café italiano e é feita a mão (!!!).O motor tem preço sob consulta, mas dado a limitação e a minuciosidade da produção, a cafeteira não deve ser barata...

Expresso Veloce http://www.espressoveloce.com/v12/

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A equipe da revista ATALHO é viciada em fotografias. Por isso temos um carinho e atenção especial com os apaixonados pela arte de fotografar. Para dar maior destaque aos criativos fotógrafos do Instagram criamos uma editoria colaborativa com intuito de publicar mensalmente as 15 melhores fotos com temática urbana dessa rede social. Gostou? Quer ver sua foto aqui? Basta usar #atalho na sua legenda e torcer para sua criação ser escolhida na próxima edição. Confira abaixo as selecionadas desse mês e inspire-se para seus futuros clicks.

@manubiiss

@ danivianna

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#atalho

@rennanroig

@ jopebp

@mahvm

@deedellavolpe


@biancadaltro

@isa_rlopes

@enilabruno

@celleviana

@locchiuzzi

@nguedesv

@naiaramalho

@obelache

@brunoftexeira

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<pocket

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Matéria minuto Três matérias rapidinhas para você ler na correria do dia a dia

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Surfistas do asfalto < TEXTO E FOTO / João Pedro Araújo

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esde que surgiu, na década de 60, o skate atrai cada vez mais adeptos pelas cidades. Com a ideia de realizar manobras que na água eram extremamente difíceis, surfistas da Califórnia decidiram adaptar a prancha para a terra firme. Uniram, então, quatro rodinhas a um pedaço de madeira. A partir daí a evolução dessa prática se deu de forma natural. Modernização dos materiais, novas modalidades esportivas, shapes diferentes e praças de lazer com rampas foram construídas e fizeram do skate um objeto presente no cotidiano urbano. Numa volta rápida pelas ruas do Rio de Janeiro podemos encontrar dezenas de praticantes que afirmam ser apaixonados pelo skate e que o utilizam para lazer, prática esportiva, diversão e até mesmo meio de transporte. O estudante Marcelo Tourenne, 17 anos, anda quase todos os finais de semana pela orla de Ipanema com seu longboard para distrair os pensamentos. Segundo ele, o piso das pistas no entorno na praia são mais regulares. — Eu curto muito, ando por lazer. O Skate é bom

porque distrai a mente. Ando mais na orla, aqui o calçamento é um pouco melhor. Em outros lugares o chão é muito irregular, machuca o pé. – afirmou. O designer Renato Brandão, 29 anos, não usa o carro para ir a lugares próximos. Segundo ele, o skate permite chegar a um local mais rápido do que enfrentando o trânsito caótico das grandes cidades. — Eu digo que o skate é o meu meio de transporte verde. Eu não uso o carro para ir a lugares mais próximos. Com isso o meio ambiente não sofre com mais poluição e eu ganho tempo por não ficar preso no trânsito. Seria bacana se mais gente tivesse essa atitude. – disse. Para o arquiteto Thiago Santos, 35 anos, o skate proporciona momentos únicos ao lado do filho Bernardo, de 8 anos. — Sempre pratiquei, na minha adolescência eu andava nas pistas, rampas, era praticamente um atleta. Era muito bom. E hoje em dia o skate continua me proporcionando sensações incríveis como essa de estar aqui andando no skate do Bernardo, acompanhando ele. – declarou.

Vale a pena conhecer um dos points mais bonitos do surf no asfalto. Localizadas no mirante Parque Garota de Ipanema, na Praia do Arpoador, as duas pistas foram construídas em 1991 e revitalizadas em 2010. Além do prazer da atividade física, um visual abençoado por Deus e bonito por natureza está a sua disposição. Entrada franca. Visite e divirta-se.

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Segurança Online < TEXTO/ Victor Viana FOTO/ raize Souza

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az tempo que a internet deixou de ser artigo e luxo, hoje ela se torna cada vez mais comum dentro das casas das famílias brasileiras. Por conta disso, o perfil do adolescente também mudou. Alguns ainda se prendem em frente à televisão, outros passam o dia inteiro na rua, mas muitos estão conectados à rede. A TIC Kids Online Brasil divulgou, no dia 2 de outubro do ano passado, uma pesquisa realizada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), na qual foram entrevistadas mais de 1.500 crianças e adolescentes de 9 a 16 anos e seus pais. Foi revelado que 70% destas crianças e adolescentes possuía conta em alguma rede social e que 30% começaram a usar a internet aos oito anos. Para 87% dos pais, os filhos nunca sofreram nenhum tipo de constrangimento online. A verdade é que violações dos direitos humanos na internet são mais frequentes do que se imagina. A Safernet Brasil é uma instituição que luta pelos direitos humanos na Internet. Fundada em 2005 com o intuito de, inicialmente, combater a pornografia infantil, a instituição possui um portal que recebe cerca de 4 mil denúncias por mês, com as mais diferentes acusações: racismo, apologia a crimes contra a vida, xenofobia, neonazismo, homofobia, intolerância religiosa, entre outros. Mas metade delas é voltada para o conteúdo pornográfico infantil. Juliana Cunha é psicóloga e coordenadora da Helpline, serviço online mantido pela Safernet, para orientação de crianças e adolescentes que sofreram algum tipo de violência na web e seus pais. A pesquisa da TIC Kids mostrou que as crianças tem ingressado cedo no mundo virtual. Para a psicóloga a idade não importa: — Idade não é critério. É essencial que o pai perceba a maturidade do seu filho, e que os dois tenham uma boa relação de confiança. Mas é importante que crianças de entre 10 e 11 anos recebam atenção e que só frequentem espaços direcionados às crianças A psicóloga contou que a maior preocupação dos pais é de saber quem está realmente falando com o seu filho do outro lado da rede. Os pais têm medo dos filhos estarem conversando com um possível pedófilo. Mas para ela isso é fruto de uma mídia muito exagerada. Casos de pedofilia não são os mais denunciados, porém são os mais procurados da Helpline.

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É essencial que o pai perceba a maturidade do seu filho. A coordenadora sempre orienta os pais a não afastarem a internet dos filhos: — Estar exposta ao risco, não necessariamente significa ser vítima. Em situações de constrangimento na Internet, muitas vezes os pais veem como solução tirar a internet dos filhos. A criança só terá o domínio da rede, usando. Juliana também afirma que pais que tem mais habilidade de navegação acompanham e protegem melhor. A Safernet funciona apenas como o canal que liga as denúncias aos órgãos públicos que vão cuidar do caso: — Nós não somos responsáveis pela penalidade, mas quando há violação dos direitos fundamentais, o responsável por isso deve responder em processo. Ana Marta Vieira tem 46 anos é e mãe de dois filhos, Eliana de 13 anos e Lucas, 11. A mãe conta que os filhos usam com frequência controlada por ela. Um dia Ana resolveu dar uma olhada no histórico de seu navegador e encontrou conteúdo inadequado para a idade dos filhos. Por conta disso ela achou melhor afastar os filhos desse tipo conteúdo e limitar o acesso da rede em casa: — Fiquei sem entender direito o que era aquela pagina, chamei meus filhos para conversar. Acabei bloqueando o acesso a esse tipo de conteúdo e agora sempre ficou observando o tipo de site que eles estão frequentando, estou tentando controlar mais o acesso à internet deles.


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*a-revista-atalho-acredita--na-proposta> do-profeta--gentileza-porque--sabe-que-asociedade-no-meio-do-cinza-do-asfalto->> sente-falta-do--colorido-que-as-palavras educadas-e-os-bons-gestos-podem-trazer--a-atalho-> acredita-que-a-educação-o-> respeito-e-a-tolerância-com-as-diferenças

são-atitudes-básicas-para-uma-convivência harmoniosa-na-sociedade-pensar-que--nãose-deve-fazer-com-os-outros-aquilo-que->> você-não-gostaria-que-fosse-feito-consigoo--respeito-é-então-uma--gentileza-que->> indica-amor-amor-é-mesmo-não-concodando> aceitar-as-diferenças-e-aprender-com elas>

afinal-o-mundo-seria-muito-chato-se-todos habitantes-do-planeta-terra-fossem-iguais!


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Agradecido por gentileza < TEXTO/ João Pedro Araújo ILUSTRAÇÃO/ Raize Souza

ocê certamente já escutou, leu ou viu algo a respeito do Profeta Gentileza. Falar do cenário urbano carioca sem mencionar essa grande personalidade do Rio de Janeiro é praticamente impossível, pois estamos tratando de uma Identidade Nacional, que já virou inspiração para músicas, sambas-enredo, objetos de estudos para teses de mestrados, doutorado, temas de livros e pesquisas. Os versos dele se propagam em estampas de camisas e artesanatos. José Datrino é um símbolo de uma das maiores intervenções de arte na metrópole. Desde as vestimentas cheias de simbolismo um estandarte em forma de painel, flores (para simbolizar um jardim ambulante que pregava o amor e a ordem), cataventos (para refrescar a mente humana com luz Divina), a bandeira mais linda do Universo, segundo o Profeta, a bandeira do Brasil, e a túnica branca que representava a pureza, liberdade e a paz – até as palavras e versos ditos, Datrino impressionava quem ouvisse de perto ou quem apenas lesse as famosas frases nas paredes próximas à Rodoviária Novo Rio, que para ele era uma das principais portas de entrada do Rio de Janeiro.” Diferente até nas coisas mais simples, o Profeta nunca dizia obrigado. Quando queria agradecer alguém por algum motivo, dizia agradecido, pois não desejava que pensassem que ele estava agradecendo por obrigação. Outra expressão que todos usam e José se recusava a falar era: Por favor. Para ele favor era uma troca em que ambos se beneficiavam, que lembrava câmbio, por isso preferia pedir por gentileza. A principal ação do Profeta foi elaborar suas tábuas de ensinamentos nas pilastras do viaduto do Caju até a Rodoviária, numa extensão de 1,5km, que podemos considerar um livro a céu aberto. Ao todo, o artista pintou 55 pilastras com o desejo de levar o amor e paz, e fazer com que as pessoas fossem mais gentis em cada ação praticada, por mais banal que parecesse. A estudante Adriana Januário, 23 anos, que já escreveu três artigos sobre José Datrino, o descreve com uma pessoa plural que trazia em si a diversidade que caracteriza nosso povo. — Ele era um ser humano multifacetado: alegre,

Foto: Reprodução

V

brasileiro, tropicalista, colorido, irreverente, criativo, louco, palhaço, místico e outros personagens marginalizados. Ele representa o povo brasileiro na essência. Por isso tanta gente fala dele. Falar do Gentileza é ter esperança de um país melhor, de pessoas melhores. – declara. Mostrar que há vida na cidade, mas que essa vida pode ser bem melhor se praticada de outra forma, era uma missão do Profeta Gentileza. E hoje a ATALHO tem o prazer de adotar essa missão: revelar toda a vida que existe por trás da cinzenta cidade, da poluída urbanização.


<coluna

Paratioca

< TEXTO / Meiryellen Meirelles

Uma paratiense carioca ou uma carioca paratiense? Ser de dois lugares é curioso. É estar sempre dividida. É não ser carioca. É não ser paratiense.

Passar minha infância no subúrbio do Rio me privou do modo de vida carioca que mora no imaginário popular. Nunca fui aquela carioca que vive na praia e que tem o gingado das ondas. Conheci o Bondinho do Pão de Açúcar, o Cristo Redentor e a Quinta da Boa Vista em passeios da escola. Isso bastava para me sentir uma bela carioquinha. Ir no centro do Rio era assustador – e ainda é – com aquelas passarelas, avenidas ( a Rio Branco era uma imensidão pra mim!) e centenas de pessoas. Mas passear no meu bairro era legal. Brincar nas pracinhas, andar de bicicleta na descida da minha rua – parecia bem maior naquela época – ir a pé pro shopping e tomar sorvete. E o calçadão ainda estava lá com toda a sua diversidade. Mesmo gostando de ser carioca e mesmo sabendo que não era (?) alimentava um sonho de criança, de morar no lugar onde sempre passava as férias, minha cidade natal: Paraty. Paraty era o lugar de correr no sítio, de brincar no córrego que passa atrás da casa da vó Dete, de ser paparicada pelos avós e pelos tios, de comer comida do fogão de lenha, de sentir cheiro de mato, de ouvir meu avô enxergar quando a chuva estava vindo e não entender nada, de ver apresentações artísticas nas ruas do Centro Histórico, de tomar sorvete na Avenida e de ter meus encontros com o mar. O meu tempo no Rio foi suficiente para absorver os modos de vida e ser tachada como diferente quando me mudei pra Paraty. Foi suficiente também para eu sentir o baque da mudança no ritmo de vida e sentir falta das “modernidades”

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que tinha ao meu alcance quando morava no Rio de Janeiro. Agora, olhando pra minha adolescência, vejo as ruas de pé-demoleque calçando meus passos, a arquitetura colonial nas fotos, papos até tarde da noite com os amigos na pitoresca Praça da Matriz. Mesmo não gostando da ideia de morar numa cidade pequena na pontinha do estado e me negando a adotar o pensamento de vida do interior, foi lá que meus sonhos se formaram. Foi naquela cidadezinha que mistura a cultura caiçara, quilombola e indígena que eu conheci a grandeza da literatura e me apaixonei por viajar nos livros. Provei do gostinho de estar nos palcos durante as apresentações da Flipinha. Foi lá que experimentei o frio na barriga de perseguir uma pauta, conseguir personagens e fazer uma matéria na Flipzona. Participar todos os anos da Flip fez toda a diferença na minha bagagem cultural. Uma festa que enche as ruas com figuras de diversos lugares, diversas artes e culturas. A cidade fica envolta numa nuvem mágica de literatura e isso é quase palpável. Sempre soube que eu estava de passagem. E o aborrecimento eterno de minha adolescência fez com que eu tivesse pressa demais para sair dali. No final das contas eu sentia que não cabia mais lá, era sufocante. A cidade não comportava mais meus sonhos, os sonhos que ela mesma criara. E assim chegou o tempo de partir da small town e partir para a big city. Hoje sinto mais saudade do que imaginei, porém menos do que posso suportar. As coisas mais simples são

as que vêm primeiro a minha mente. Abrir a janela de manhã e avistar o rio Perequê-açu, ir a pé pra todo canto, comer pão de leite ninho, e claro, estar com os amigos e familiares. Já cantava o poeta José Kleber uma perfeita definição do que é experimentar Paraty. “Quando a sonhar me vejo na cidade. A bela adormecida ao pé do mar. E bebo a tarde e sinto a madrugada. E a noite de permeio é só luar. É sol e mar, é praia e serenata. São pedras ladrilhando a minha rua. O mar passeia solitário na calçada. Espelhando a lua cheia nos beirais e nas sacadas! Vida! Como é boa para a gente viver. Amo! Como é bom a gente amar aqui. Na praça, no cais, na praia… Tudo isso é Paraty. É Paraty, é Paraty!” Minha relação com a cidade? Paraty é brilho nos olhos, poesia, brisa tocando o rosto, pés descalços na areia, abstrair observando os lindos quadros que formam a cidade, cores nas festas, paixão! Rio é grandeza, nome, fama, oportunidade, uma certa relação de conveniência, lugar onde escolhi crescer, grande suficiente para suportar meus sonhos, por enquanto. Gosto de pensar que sou os dois. Sou Rio, sou Paraty. Sou de “beira de rio, de beira de mar”, sou de asfalto, de correria, sou de pés descalços e de scarpin, sou de maresia e de cheiro de progresso, sou bagunça de gente, sou solidão, sou passado, futuro, sou paratioca assim.


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