Obrigada à vida que me deu tanto deu-me dois olhos que quando os abro perfeito distingo o preto do branco no alto céu seu fundo estrelado e nas multidões o homem que eu amo. Obrigada à vida que me deu tanto deu-me o ouvido que em toda sua extensão grava noite e dia grilos e canários martelos, turbinas, latidos, chuvaradas e a voz tão terna do meu bem amado Obrigada à vida que me deu tanto deu-me o som e o abecedário com ele as palavras que penso e declaro “mãe, amigo, irmão” e a luz, iluminando o rumo da alma do que estou amando Obrigada à vida que me deu tanto deu-me a marcha dos meus pés cansados com eles andei Página | 20