Pulsátil - Poemas canhestros & prosas ambidestras - Sammis Reachers

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Pulsátil Poemas canhestros & prosas ambidestras B-Sides

LIVRO GRATUITO

2014 Textos, fotos, ilustrações e edição:

Sammis Reachers

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Não é poeta aquele que não haja sentido a tentação de destruir a linguagem e de criar outra, aquele que não haja experimentado a fascinação da não significação e da não menos aterradora significação indizível. Octavio Paz

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Índice Apresentação ............................................................................... 06 Poemas ........................................................................................... 07

Vou-me embora pra Pasárgada ............................................................................ 07 O editor de Poesia ...................................................................................................... 09 Parabellum .................................................................................................................... 11 A morte de Samuel Ricardo ................................................................................... 13 Farmacopéia Ekklesia .............................................................................................. 14 A Páscoa do Equalizador ......................................................................................... 15 Da conversão de Samuel Ricardo, jagunço de Lampião, no sertão da Bahia, em 1931 ............................................................................................................ 16 A última Aurora ........................................................................................................... 17 Aos teólogos formados, em formação, aos cardumes por nascer .......... 18 O Reino ............................................................................................................................ 19 Aos 24 anos (pouco) antes de Cristo ................................................................. 20 Aria of Sorrow .............................................................................................................. 21 Crepúsculo dos Deuses: Ragnarök ...................................................................... 22 Da Centúria perdida do (falso) profeta Nostradamus ................................ 23 Evangélica, Poesia ...................................................................................................... 24 Foucault e eu ................................................................................................................ 25 Fundação Roberto Marinho ................................................................................... 26 Hai Kai ............................................................................................................................. 27 Lamento à maneira antiqua ................................................................................... 28 Mar Ocidental ............................................................................................................... 29 Menina-mulher ............................................................................................................ 30 O poema pitanga ......................................................................................................... 31 Cantiga dos Moleques Fruteiros .......................................................................... 32 Moleques moleskines feitos de Jamelão ........................................................... 34 O poeta é um desvelado ........................................................................................... 35 PADMA ……………………………………………………………………….……………….. 36 Peter Pa(i)n ………………………………………………………………….....…………… 37 Skywalker, Anakin: JEDI ……………………………………………………........……. 38 Sobre meninos e lobos ............................................................................................. 39 Casadoiro ....................................................................................................................... 41 Equívocos ....................................................................................................................... 42 Num bordel em Alexandria .................................................................................... 43 Rimbaudiano ................................................................................................................ 44 Ofício ................................................................................................................................ 45 Mote ................................................................................................................................. 46

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O Zepelim Salmão ....................................................................................................... 47 Pew, o Cego ................................................................................................................... 48 Portões de Esparta ..................................................................................................... 50 Vaidade das vaidades ............................................................................................... 54 Jorge Luís Borges ........................................................................................................ 55 A Ilha (Secreta) de Patmos ..................................................................................... 56 Foto: Jurujuba .............................................................................................................. 57

Poemas primários: São Gonçalo de Todos os Santos ... 58

DIZ ..................................................................................................................................... 59 Apologia D’Eu ............................................................................................................... 60 A Suíte do Tempo e da Morte ................................................................................ 61 Tolices ............................................................................................................................. 62 Do Asfalto ....................................................................................................................... 63 Objeto-poema: “Machina Signifária” .................................................................. 64

Reflexões, Frases e Flashes ................................................... 65 Pintura: CRUZ ............................................................................................................... 88

Esparsas Prosas .......................................................................... 89 Sobre essa menininha, a Esperança ................................................................... 89 INGRESSOS À VENDA – Apenas para os que não podem comprá-los .................................................................................................................... 97 Deus das circunferências ........................................................................................ 98 Jasão ................................................................................................................................. 99 Espasmos de Ecoteologia ..................................................................................... 100 Exposição-para-a-aniquilação do fariseu em mim .................................... 101 Foto: Abstrato ............................................................................................................ 102

A Poesia Carnal de Mathias Raws .................................... 103

Pulsátil .......................................................................................................................... 103 De como o poetastro cínico Samerson Mesmer Fassbender desconstrói, em catastróficos versos, as sofridas heroínas dos contos infantis ..... 104 Ocarina de Bodom ................................................................................................... 106 Na esquina da Duque de Caxias com a Rio Branco .................................... 109 Autorretrato: Bufão, Clown de Pasárgada e mestre falsário, chora em tintas a morte de Calíope ....................................................................................... 111

Sobre o autor ..................................................................................................... 112 5


Apresentação Este

livro é uma estranha antologia: reuni aqui poemas esparsos, dos mais novos aos mais antigos, de bons comuns poemas a B-sides, mas que não entraram, por quaisquer motivos, nos meus livros anteriores. E ainda um resgate: poemas de meu primeiro, terrível (de ruim) e renegado livrinho, São Gonçalo de Todos os Santos (1999). Salgando a miscelânea, a segunda parte do livro reúne uma pequena seleção de frases e pensamentos, geralmente publicados no Facebook. Alguns espontâneos, outros meditados, alguns devocionais, outros de viés mais carnal, satírico, espirituoso ou apenas gotículas de ácido destilado. E ainda algumas reflexões e prosas maiores. Falando em carnalidade, o livrinho termina com alguns textos de um certo Mathias Raws, falsário de passaportes e ladrão de bancos (regenerado) inglês, de cujo um poema retirei o título para este livro. E para completar a medida de balbúrdia em tudo isso, toques de minhas sinistras, canhestras incursões pelas artes plásticas também estão aqui, na figura de uma pintura, um objeto e fotografias. Provocações, balões de ensaio testando limites, ‘tentando’ os limites: sem estranhamento não há arte, não há literatura (mas apenas pedagogia, e a mais chã), sem o perigo das bordas do abismo herético, não se pode fazer boa teologia, não se pode expandi-la. Riscos que se corre e riscos que assumo, pois não vejo outra opção para justificar-me enquanto escritor. Não saberia fazer nada diferente.

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Poemas Vou-me embora pra Pasárgada Vou-me embora pra Pasárgada lá sou amigo do Rei lutamos juntos na Guerra Civil Espanhola salvei-lhe a vida (que ele perdera num jogo de carteado, bem longe da liça) Em Pasárgada os dias são bem mais longos e eu não precisarei trabalhar, ou ao menos não morrerei desse mal soturno. Tenho lá seis namoradinhas Natália Bruna Tabita Renata Tayane e uma outra Bruna e terei tempo para todas, pois o tempo em Pasárgada é maior mais livre mais fosforescente e aos domingos irei pescar com meu amigo El Rei ou praticá-lo no jogo de cartas, para que ele em apostando a vida não a perca e ao não perdê-la seja também imortal como os demais deuses asiáticos. Vou-me embora para Pasárgada Ela fica no outro lado do orbe, no centro e topo da alteridade mesma: lá as cartas de cobrança jamais chegam em minha humilde porta e as mensagens são transmitidas por meio dos beijos, a estranhinsuspeitinstintiva (e doce) linguagem sem léxico que não carece de dicionário que a traduza ou gramática que a codifique. Em Pasárgada tenho salvo-conduto em cada canto e uma banda de rock onde canto e dou enfim utilidade a meus poemas e as peles de meus inimigos, oh, são tapetes onde piso na Grande Biblioteca Real, onde deito em livros a meia metade de meus dias de fausto. 7


Em Pasárgada meu amigo é o Rei conheci-o num jogo de cartas dos derrotados em Bilbao porém em Pasárgada, amigos, nunca mais perderemos.

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O Editor de Poesia Sou um antologista lido com volumes dantescos, homéricos, catastróficos de poesia marranos cabalistas de um Século de Ouro, americanos movidos a LSD e mescalina franceses efeminados sul-americanos com ranço de Champs-Élysées ou com versariamentos crioulos de Marx Sim, sou um editor e antologista, lido com volumes dantescos homéricos catastróficos de VIDA, marroquina espartana turcomena cigana mujahedin explodindo cafés em Berlim tanques em Pequim ou silêncios na Revolução dos Cravos e deixando estrategicamente poemas nos bolsos dos cadáveres como os war poets ingleses que serão publicados numa revista qualquer alemã e que com exclusividade deitarei ao vernáculo, ao cotejar com as versões em castelhano de Tradutor A e Tradutor B sou um acumulado de livros, um Índice de enciclopédia ou de camaradas, uma biblioteca que esquece-se na semana seguinte amigo de dores de Camões e Tasso de culpa herdada de Bachmann e Celan, um acumulado de suicídios impresso em tamanho A5 papel pólen capa 4xcores laminada sem orelhas como um Van Gogh num espelho Lá venho eu pela estação Cinelândia, sapatos de dândi, chapeleta gauche roupas de um outsider - só um homenzinho com uma bolsa enorme de papéis e víveres, bananas e pão cristão protestante um provisório (hiper)hebreu Tzara triste (des)amparado em livros ruminando sobre como desferir uma cantada Moraesiana-Eluardiana 9


nas solipsas atendentes da Biblioteca Nacional Quanto a esses poetas, amigos invisíveis de uma criança solitária, como um Kohélet, um Salomão que quer manter a paz em seu harém, amo a grosso modo a todos eles, sem acepção os que estão ao meu lado, conavegantes do mesmo zeitgeist ou os que estão nas estantes de baixo, ou nascendo nas de cima Como o estivador de uma Ode Triunfal ou um contrabandista francês mercando armas numa guerra africana, transporto-os, e se abraço-os assim tão forte, num enlaçar que é como um sorver a minha vida, é para continuá-los em celulose, em bits, em vocês.

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Parabellum Sentar-me no banco 023 do Campo de Santana observar as cutias equilibrando-se sobre duas patas para roer amêndoas ou um mapa do céu que algum apressado estudante deixou cair Pensar em você, Noivinha de Cristo, escrever o mais lindo poema de amor de toda uma década, de toda esta camonicamaleônica língua Mas não; e se não posso tê-la, que a Literatura não me possua o poema, que ele morra arquétipo, abortado em mármore na tumba das perfeições platônicas. Os Imperativos Morais, esses radiosos demônios concebidos na Luz, a tudo manietam-me, e dizem resista soldado combata soldado morra combata resita combata morra morra Estou morto, cães de guarda, sou um de seus santos, sou uma sua besta de carga. Teus olhos estelares, ó Princesa do Planeta Koryander são a magnum opus de Cristo, sóis concentrados cujo fogo queima sem arder abrasando até as cinzas de cinzas de cinzas de meu coração, como quem chama Lázaro para fora... Gosto de quieto observá-los como um iogue observa uma mandala em busca de libertação, de samadhi ou como um exausto soldado de Cristo 11


observa todo o esplendor do Fim deste sistema inĂ­quo de coisas que nos separam, Ăł grande apocalipse meu.

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A Morte de Samuel Ricardo Para Kivitz, o temeroso da morte Estou sentado solitário em meu sofá, nesta sexta-feira da longa Paixão, e ao contemplar a janela, a luminosidade que ela deixa passar filtrada pela diáfana cortina de linho, penso que um dia a Morte entrará por esta mesma janela, arrombando-a; será talvez pela tarde, uma tardezinha de paz e livros e solidão como esta. Entrará epifânica, com um estrondo de trovão, a Morte – um dragão de escamas lindas, azuis como o céu e o mar. Entrará arrombando os ferros, explodindo a casa, ela a Morte, a coisa mais desejável depois do Rei.

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Farmacopéia Ekklesia Ei-lo crucificado em (forma de) flor, espiral de galáxia primal Ele-o-amor Vamos, cristãos, industrializemos-lhe o santo Sangue consubstanciaremos cápsulas com ele - Marias juntem suas mãos em forma de concha, de graal capturem uma gota do Sangue Criaremos cápsulas, comprimidos de Amor Kerigmático, o amor da Proclamação; Amor Empático, o amor pelos que sofrem; Amor Charismático, o amor de perdoar. Vamos, cristãos, apressemo-nos - Tome senhor, tome senhora, ei!, menina, aqui as suas cápsulas de hoje Ei, rapazinho, engula esse pranto, e tome junto as cápsulas: Ele-aquela-flor já ressuscitou, e você para sempre foi desabilitado de morrer. Sim, você que sonhou sempre ser um guerreiro imortal: sorria, soldado. Ele-a-tua-blindagem chama-te, convida-nos para fora: Vamos para fora combater.

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A Páscoa do Equalizador Cruz lent'arralastrando-lhe os passos n'ínvios pedaços do vil caminho direção a mais contrária à do ninho marcha o magro Deus para o antiabraço espadas, crucifixos passos abraços cancelados pelo caminho "jamais o conheci" diz o covardecrasso já tristetecida a coroa d’espinho o choro paralisado no angelespaço veja como vergam suas pernas finas quase as minhas Deus diminuído em pó no da morte de largo lastro laço anarcoroado maltraphilos numa cruz embaralçado veja, eu o martelo o suspendo, escarro, atravesso. que eu não sei o que faço sussurra ágapeado Deus num suspirespasmo treme a terra. compreende o romano. sorri o anticristo. morre o Cordeiro para equalizar o Caos & aplacar a Lei. dentre três dias, anticristo, de baixo para cima no mural dito ETERNIDADE, estarás crucificado.

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Da conversão de Samuel Ricardo, jagunço de Lampião, no sertão da Bahia, em 1931 Por Ti cancelo meus planos de vingança por Ti uma dúzia de vidas cujos horários e rotas eu já demarquei não serão interrompidas Por Ti Deus que embaralha minha língua com fogo e refreia a minha peixeira no peito do ar Quantas velhotas livraste de carpir pela morte certa dos trastes que pariram? Mas além requeres, manda-me amar o lixo, verter murro em abraço. Tento, mas como isso?? Senhor, essa Arma Viva, essa Carabina de Três Bocas, a arma Teu Espírito: Atravessa-me com isso, fura-me o bucho com amor. Aqui. Mira meu coração de pedra, Coronel. Manda bala, Deus Grande.

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A última Aurora Ela aniquilará todas as precedentes, ao aniquilar o Tempo, ao estabelecer Deus-como-aurora Quando orar esta noite, rogue, rogue para que a aurora de amanhã seja calibrada no nível máximo: ARMAGEDON que o sol exploda com o dia para que Ele venha ocupar o lugar do sol.

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Aos teólogos formados, em formação, aos cardumes por nascer “Porém tu, Senhor, és um Deus cheio de compaixão, e piedoso, sofredor, e grande em benignidade e em verdade.” Salmo 86.15 Cale-se diante dEle toda a terra: Pois não existe angústia como a da Onisciência Não há pesadelo maior do que estar em todos os lugares quando em todos os lugares instalou-se aconchegada a dor Não há ansiedade como tudo poder, mas legislar e limitar-se a Si mesmo pelas Leis propostas Cale-se cale-se cale-se

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O Reino Soldados cuja soma não completa um soldado dos tais é o Reino dos Céus por tais um Deus fez as vezes no da Morte abraço miseráveis miseráveis tão sobremaneira miseráveis que nada a fazer, ato algum, senão amá-los.

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Aos 24 anos (pouco) antes de Cristo Um fliperama, três fichas de KOF, dois lances de vinho o mais barato observar Ísis, o Coração do Mundo, saindo de casa para o colégio branca como um trovão esvoaçante, que passa lento queimando o céu, queimando as coisas passíveis de fogo ir à casa de um amigo, ir à casa de dois, por uma hora e quarenta e quatro minutos olvidar todas essas Leis canhestras que me (im)pressionam o voo ser apresentado a Mishima, Genet, Bukowski, perder Ísis pelo Céu, sair vivo desse dia.

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Aria of Sorrow Sete dialetos gregos que ninguém domina para cada dia da semana um para cada dia um variado tipo de incompreensão para cada dia um dialeto, uma forma sonora de silenciar que domino a cada dia uma forma de me ignorarem a cada dia uma sintaxe de me distanciar não que eu queira não que eu queira mas eles não podem eles não podem eles não podem eles não podem eles não podem não que eu queira

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Crepúsculo dos Deuses: Ragnarök Um Dia feito da escuridão de todos os dias o Dia em que Odin-o-exaurido será devorado pelo lobo Fenris, Thor-do-trovão tombará sobre o cadáver da serpente-sem-fim, Iormungand Você é um dos homens eleitos pelo deus, guerreiro? Afie pois os dois caminhos de sua espada, as duas asas de seu machado firme e caia como vaga sobre o conflito: será tudo em vão, pois ao fim e ao cabo como a Ordem venceria o Caos? Mas você terá combatido, você terá deveras combatido e não foi afinal para isso e para este Dia, ó boneco de pó predestinado, que o pai Odin criou os homens?

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Da Centúria perdida do (falso) profeta Nostradamus Há uma espada desembainhada sobre a cabeça de Jonas, mas a espada não cai, Dâmocles não morre; Menelau segue mil vezes apunhalado, Esparta é o pó. Há uma Esparta no meio do oceano Índico, A base naval-militar-americana-imperial em Diego Garcia; a filhinha de um dos generais é o Antiterno, é o Anticristo, hermosa hermafrodita criada com zelo. O diabo ele tem doze anos e seios que despontam, rubicundos e tesos. Mulher que será homem, ruivo antideus de pó.

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Evangélica, Poesia Partiste. O poeta reverbera o Espírito. Prenuncia as trombetas, Estrelas Que anunciar-Te-ão Em Teu retorno.

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Foucault e eu A loucura como diluição dos múltiplos e sobrepostos filtros de Realidade] A loucura como aniquilação do fascismo da Realidade A loucura como possessão demoníaca

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Fundação Roberto Marinho As mulheres da família, rol de gerações assentam-se em silêncio concorde uníssono para assistir a sequência de telenovelas: Educandário de najas.

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Hai Kai O trovĂŁo ribomba. A cada novo estrĂŠpito Nasce-morre uma aurora

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Lamento à maneira antiqua Um coração de tipo e viés cigano valia-me mais que este meu, pacato eu amaria as que me constrangem, sem recato trocaria minha farda por colorido pano. Beberia vinho em fundas tascas de cristal sem atinar para a vil aparência do mal; deitaria meu rosto de pranto em todo colo e redimiria de o vazio delas todo o dolo... Mas temo e tremo, pela alma e destino meus; recolho-me à minha taba, espero em meu Deus.

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Mar Ocidental Em meio à praça Em meio ao mar Espero com flores O cortejo passar E além (a)dentro (d)os livros, Álcoois de Guillaume E Paul, no Cemitério Marinho Ou no Waste Land calçando as botas de Eliot Meu amor acabou E perambulo pelo cais, Praças e mares mercando narcóticos e livros E em silêncio busco a Ti, Deus maltrapilho, Para que me ressuscite

*Guillaume Apollinaire **Paul Valéry ***T.S. Eliot

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Menina-mulher Renovas o mundo, Deita-o a girar A tapeçaria do Caos Tecem-na teus dedos Delicados-brancos tecem-na para que eu me deite, leito de intempestivas andorinhas há paz & forças sulfurosas em teu beijo langoroso pacificação e lento incêndio em teus olhos-de-dilacerar A balbúrdia em teu iPod o último louvor da última levita, ou o Pearl Jam cantando Last Kiss a todo o momento, ressuscitando um dia de poemas realizados que talvez nunca tenha sido A forma como entregas a tua vida Como se fora dela o dia derradeiro Teu sorriso tange os homens, Arrebanha a minha dispersão Hoje é o teu dia, lua cadente-sorridente - Parabéns

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O poema pitanga Pitangas sabor de sol sabor de sol e mar pitangas fruta odalisca solar em meus bolsos palato coração dois bolsos repletos para o viés do dia valdevinas pitangas... madeirites de sandboard, dunas de Itaipu, adeus meu patrão, deslizar pitangas... afrodisíacas, afrodisiarcontes pitangas a dor areal que o mar apaga a felicidade maral que a areia gesta nesta cópula sensorial sublimi(lu)nar rubicundelirantes pitangas...

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Cantiga dos Moleques Fruteiros Pedrinho tem fome de mato, das frutinhas que tantas dão por lá: Cajuí, taperebá, araticum e cajá Cambuci, guabiroba, cagaita e maracujá Juca menino erradio pulou a cerca do sítio, e lá se foi, frutas a roubar: Pindaíva, marôlo, sorvinha e biribá saguarají, feijoa, sapoti e joá Gustinho não poupa ninguém nem atina se a fruta é veneno; se tem polpa pouca ou se nem polpa tem, a de vez ele come, a passada também: Mangaba, guriri, tucum e butiá uarutama, bacupari, marmelinho e ingá Renato é um bicho-do-mato: chafurda nas matas, rompe pelos florestins sabe o tempo de cada fruta, e deita sozinho a fazer seus festins: Babaçu, inajá, catolé e bacuri sapota, cupuaçu, araçá e cacauí Fernandinho é moleque mateiro: gosta é de pelar pé de árvore no pomar da avó. É fruta que não acaba tão cedo e lá vai ele, arteiro, trepar no arvoredo: Grumixama, cubíu, marmixa e abiu guaburiti, pitangatuba, murtinha e camu-camu

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Saltam riacho, cerca de roça, mata fechada e o que se lhes dá; Comem de tudo e tudo sem pressa, sorvendo o bom doce de tudo o que há: Acumã, pequiá, jameri e jaracatiá aboirana, curriola, fruta-de-tatu e cambuiú.

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Moleques moleskines feitos de Jamelão Frugal Um novo amanhecer De dentr’embaixo das mangueiras Um novo literariar, (em) páginas fruteiras as sementes das frutas que não conheci, sementes que meu sonho está a&plantar pelos campos, e recolhe araçás onde os há, e vai à beira do campinho de pelada, àquela secreta jaqueira... E 12 frutos há, como 12 tribos... Mais à frente é nosso Campo de Sonhos, simbionte ambientação que poeta algum pôde, naturalista algum e desde sempre eu sei q há um poder secreto nos jamelões que pulsam, açucarados e roxos, e todo este campo de frutas é uma mão estendida - do Deus meu. você fala do poder das goiabas anti-pranto do quintal de dona Célia e Wilson, ah!, nosso Wilson lembra do caudal azul de todas as frutas do mundo.

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O poeta é um desvelado O poeta é um desvelado, Qualquer criança, num qualquer soslaio, Lhe desnuda o segredo: Ele escreve porque não sabe voar

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PADMA* A Luz é uma promessa, e fiel é Aquele que assevera. A Escuridão é um Sistema de SIM(s), fausto abraço aberto, Um sorriso largo de alvos dentes, de mel punhais. Aconchegante deserto.

*Do sânscrito, flor-de-lótus

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Peter Pa(i)n Perfile as tropas, Sininho. Não há volta para nenhum de nós; Crianças, nossas ações são as ações de homens desesperados. Desconecte os Bulbos de Realidade, mergulhe tudo no Sonho. Ele é um anjo caído, o que se nos opõe; sequer podemos vê-lo, conhecer-lhe o plano ou a extensão do braço; No Sonho e no Sonho apenas é o único lugar onde poderemos assassinar o nosso tão injustamente poderoso inimigo.

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Skywalker, Anakin: JEDI O apelo da Escuridão é o apelo mesmo da realização, a fragmentação libertária da flor do coração humano O Terror como chuva fria desabando sobre meus inimigos, intermitente, totalitária, alcançando-os pelas costas enquanto correm em busca de um abrigo que não existe, não pode existir... Pois meu sabre de luz, guilhotinando fluorescente o ar, diz que não há portas fechadas para um Jedi ou um Sith, tanto faz Uma cidadela, um planeta, os aglomerados de galáxias: eis a oferta de especiarias do lado negro da Força, Força sem partido que nos cria e consome.

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Sobre meninos e lobos DARKNESS: Enabled for all players I. A Escuridão propõe a Escuridão dispõe a Escuridão é a mão estendida convidando pra dança A Escuridão ama os garotinhos, são o seu alimento ela os atrai com a sua coleção de Espadas ou com uma droga alotrópica e rara (que suas glândulas secretam): O AMOR. Sim, são armas realmente terríveis. E isto tudo é muito terrível. II. A Escuridão propõe-nos agora jogos heroicos e incita a que esta noite todos brinquemos de guerrilheiros: saco o embrulho negro e desvelo minha adaga que brilha sob o luar como uma asa de águia sob o sol. Sorri a Escuridão e seu semblante preenche-se de lenta anelante ternura, como a das mães. Que importa onde nasce a lua? Importa que brilhe e seja um sol para os lobos, os cães e os apunhalados meninos que sobreviveram, 39


e vagam como surda nau. (Entidade-Éden, Anti-Adão, Jesus-Rei-e-Deus-meu, reverta a funeralização de meus processos, a desarmonia em meus ossos: Resgata-me do laço de Thanatos.)

*ESCURIDÃO: Habilitada para todos os jogadores. 40


Casadoiro Procuro uma menina que me dê amor verdadeiro, não fingido, não sonhado amor de abraço longo e comida benfeita confiança como telhado novo sem goteiras De minha parte faço-lhe uma promessa: ainda que eu não encontre as palavras certas eu encontrarei as ações e isso é o que de maior um poeta pode prometer.

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Equívocos Perdi o poema que vinha eu sangrei meu seio supus primavera na esquina era algazarra de um tiroteio e eu lá de sonhos abertos com os olhos intoxicados e quietos na solidão central de seu meio

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Num bordel em Alexandria É deveras assustador, e há algo de demoníaco nisso. Mas há homens que vendem palavras. Sim, PALAVRAS. Há homens que compram.

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Rimbaudiano Não vendo explicações. Sou um poeta: Eu alugo armas.

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Ofício Não sou do ramo do comércio, não sou do ramo da indústria ou dos transportes. Sou do ramo das rosas.

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Mote Um homem sem um motivo Ê um arsenal enterrado & apodrecido d'armas duma revolução que inacontece

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O Zepelim Salmão Os motores queimando cada vez + propano o azul celeste devassado, rasgado Jesus ao leme, no coração minh’alma cada vez + Oceano

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Pew, o Cego Jason Mason Midlesbrought Litton III ou IV às 05 h da manhã está de pé, prestes a sair para seu trabalho, porteiro No Castelo de Windsor onde religiosamente serve à Família Real Inglesa de tão nobres varões assinalados. Antes, como desde seus zero anos olha os retratos de sua família quatro gerações quatro honradas gerações de serviços prestados à valerosa Família Real, salve-a Deus. O primeiro retrato honra Seu tataravô Eduard morto na 1ª Guerra dos Bôeres. Tombou como tombam os heróis da Pérfida Álbion; foi empalado e depois esquartejado e lançado às hienas. Logo após temos Mathias Someller, tio-bisavô distante, colono e soldado do Império, morto na 2ª Guerra contra os Bôeres, aqueles imundos cães neerlandeses. Sucede-o no rol seu avô Jason Litton I, alfaiate do Conde de Halifax, Deus o tenha!, morto na Grande Guerra junto com três de seus irmãos; quatro heróis caídos ao naufragar o navio de batatas que os levaria à batalha. Deus salve a Rainha, ele vê a foto de sua terna tia May, enfermeira, 48


flor primacial entre os patriotas, múltiplas X estuprada & morta na queda de Cingapura para os japoneses durante a Segunda Grande Guerra E mais uma vez, como diariamente, pontualmente britanicamente desde seus 08 anos lágrimas descem de seus olhos piscianos ou bovinos séculos e séculos de bons serviços prestados à Casa Real, aos Eleitos de Deus séculos tombando sobre séculos de serventia e em silêncio Pew canta e recanta o seu trecho preferido do hino Rule, Britannia!, a mais magnânima e perfeita de todas as canções jamais gestadas: “Governe, Britania! Governe os mares: Os britânicos nunca serão escravos.” **

*Blind Pew, pirata, personagem de Stevenson em A Ilha do Tesouro, referido alguma vez em Borges. De comum com o Pew de StevensonBorges, este Pew aqui só tem a cegueira (neste caso, não física, mas de alma, se as hienas possuem-na) e o nome, nome que aqui homenageia dois mestres totais da arte de contar. Um deles decerto odiaria este poema odioso: Borges nutria o obscuro sonho de ter nascido inglês. ** "Rule, Britannia! rule the waves: "Britons never will be slaves."

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Portões de Esparta Portões de Esparta estradas sulcadas marcadas pelo arrastar de despojos volto sem Orestes, Lísias e Aracturo: há espartanos, sementes de tua expansão, ó Portão enterrados por toda a Ilíria Portões de Esparta, braços de minha Mãe é tão bom repetir essa palavra proibida, ‘Mãe’ tem misericórdia de mim Veja, mãe, um ateniense me deu esta lira Sim,eu tenciono tocá-la, se algum dos escravos puder me ensinar Me perdoe também por retornar tão limpo, banhei-me no Eurotas e lavei-me do sangue da campanha Ao ver do promontório a curva de teu pórtico lembrei-me dos rostos dos sessenta e oito que matei e seus olhos repetiram-se diante de mim como num oráculo, e vi os cem olhos de Argo me olhando dentro Você, que sempre preferiu uma ferida a um abraço, você não tem outro olhar que não estes dois pratos fundos de desprezo? Em Cólquida, comi larvas com neve e lembrei-me da senhora e sua sopa negra - Mamãe Esparta!!!

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Sempre quis gritar isso Tenha calma Dissolva a ira, Não estapeie meu rosto, senhora sou um homem agora e trago meu corpo mapeado de cicatrizes, e todas elas são inscrições de teu nome, tatuagens do Hades Se não filho, que sou-lhe, cidadela severa? Um tipo de herói, um tipo heroico de besta? Sim, lembro perfeitamente, “a ternura não te salvará na guerra”, “mas a força de teu braço, sustentando o escudo contra a multidão de golpes” Sim, eles sustentaram seu filhote de lobo sobreviveu à Guerra, esse oceano onde o sumo de todas as veias deságua 2 Portões de Esparta gravidez de lâminas aborto coletivo do medo Bom dia Esparta clangor, troca de suores bom dia adestramento todo o dia, bom dia noite nua e fria, golpes sucessivos bom dia espada, escudo meu esquife, mortalha de bronze

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excelente dia ó sopa negra e imunda, fome mascarada massacrada Boa viagem soldado volte com ouro e glória ou sobre seu escudo 3. Mãe, eu sei que esse nome lhe causa engulhos, mas assim prefiro e de seu ódio assumo o risco mãe, minha gélida-furibunda-única-mãe eu queria não mais combater, mãe queria lavrar como os que me ensinaste a desprezar, amar lentamente a mulher que as Parcas me derem sem partidas, sem despedaçamentos vamos matar os persas e depois parar parar de viver para matar vamos lavrar, mãe e viver longos anos 4. Degreda-me então?! Adeus meus amigos, adeus Portões de Esparta: tentáculos da Hidra partam meu escudo, harpias devorem-me enquanto parto para que eu não use a vergonha por cavalo Ares, deus da cidade Envie Nêmesis, envie retaliação Ares deus da guerra Ares deus do caos abrangente mova sua estátua, venha até o pó venha punir minha blasfêmia, 52


emudecer com seu grito bestial a minha fruição de paz

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Vaidade das vaidades Como um punhal que nunca terminasse de entrar, ou Jormungand, a nórdica serpente-sem-fim que habita Midgard, Apep, incansável cobra do caos egípcia que dia após dia tenta derrubar o sol,] Ouroboros, a cobra que morde sua própria cauda criando o infinito, Satanás, a serpente edênica que rouba a morte e a dá ao homem: eis a dor humana.

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Jorge Luís Borges Um cego inglês perdido de sua(s) pátria(s) pária em seu próprio elitismo pós-paganista pulverizado na espacialidade das bibliotecas argênteo argonauta, (um) argentino de tão misteriosa exceção, um repetidor, um prestidigitador, o fabulário, o crepúsculo, o homem que foi Alexandria, cabalas e runas, um alquímico, um apossado da barca de Caronte, do barco de Osíris um tigre num espelho num labirinto em Creta, em meu coração.

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A Ilha (Secreta) de Patmos Foi num dia em que eu estava, como já me era costumeiro, assentado na praia deserta. Olhava absorto o mar. Ao volver a vista para ocidente, vi de repente uma criança assentada na areia, construindo castelos. Estava de costas para mim, mas virou-se no exato momento em que a mirei, e pude ver-lhe o rosto. Era o rosto de um velho. Tinha um sorriso sinistro na face, algo de meio maníaco, caricatural e doentio, como um vilão de desenho animado. Uma máscara? Não. Ele erguia as torres de seu castelo de areia com sofreguidão. Forçoso era admitir que a criança era um prodígio; a perícia arquitetural de seu castelo era de maravilhar, mesmo se fruto das mãos de um adulto. Ele soltava em tom sempre crescente e intermitente grunhidos ininteligíveis, grunhidos que eram como os de um bebê, num tom primal e indefinível, mas que de alguma maneira me soavam familiares. Balbúrdia de chiados e vozes que me impedia de sequer discernir quando ria ou chorava; seu lamuriar era ora como grito, ora como canção; e houve mesmo instantes em que eu julguei ouvir a abertura de uma ópera de Bellini, ou um trecho de Espinosa... Após certo ponto, ao atingir o que parecia ser o ápice de sua música caótica, ele golpeava com alegre fúria o castelo de grãos de areia, de homens amontoados, que construíra. E recomeçava outro castelo. E outro. Incansável em sua empresa. Inamovível de seu sorriso doentio. Antigo e novo. Tinha também um nome o menino, nome de funda raiz semítica, denotando talvez sua origem: Satanás.

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Poemas primários: São Gonçalo de Todos os Santos Todo autor que se preze tem aquele livro da juventude que é renegado, seja pela pouca qualidade, seja por mudança de foco artístico/ideológico do autor, seja por pura birra. Eu possuo o meu livro de juventude, o pequenino e terrível São Gonçalo de Todos os Santos (1999). Realmente muito ruim e prematuro. Mas alguns poemas tinham alguma qualidade, e o poema Apologia D’Eu conseguiu até boa aceitação. Aproveito pois este livro que é uma coletânea do bom e do trash e publico aqui alguns dos poemas do livro, inclusive o poema Diz, que gosto de considerar meu primeiro poeminha ‘de verdade’, quando escrevi, gostei e, do alto de meus 15 ou 16 anos disse: doravante farei isso. Afinal de contas, a adolescência é a idade da idiotice, geralmente cavalar - como são cavalares os hormônios que ribombam no corpo juvenil.

Ilustração a nanquim para a folha de rosto do livrete 58


DIZ Silenciosas tábuas talvez seu amor inconstante por isso desesperei. Agora entre cubos de pedra encontrei irmã com dengos, com frescuras, com talento sei lá com que. Mulher vermelha, como todas. Mas não foi a isso que vim; os estiletes seu coração ainda está aí? Os frangalhos de meu ego como explicar? A lotação cheia... Lotada? É, lotada. É, inferno. É, é vida.

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Apologia D'Eu Eu também vendo balas na rua eu também finjo não saber nada disso eu abro uma guerra com uma espada em seu peito eu fecho a guerra com um único beijo minha noite tem mais lobos

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A Suíte do Tempo e da Morte A suíte do Tempo e da Morte os deuses reunidos em nosso túmulo e aquele que não toca instrumentos aquele que manipula espadas pai do velho avô que nos conta lembranças da Guerra Perdida recordamos com o seu sangue seus irmãos que a Guerra ofereceu à Morte filha bastarda ela toda aquela repetição do Tempo em seus olhos me lembrei de quando cavava covas para enterrar samurais no Sol já cavei a cova daquele homem enterrado com coras e espadas três espadas que não brilhariam mais sob o olhar do Sol o vejo ali todo o Tempo se repete em seus olhos o Jonin vive por todos os samurais que fomos

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Tolices Tola que és atolada na lama de que vale planejar a Realidade? Realize seus planos, a Realidade vos seguirá, num uníssono azul e tolo. O cheiro de incenso que permeia o não sei é mago, abre portais e invoca demônios tolos, sujos de lama e de seus pensamentos. Disse uma vez, mais jovem: “Lacrimejar não salva.” Ainda vale, já que não sabemos fechar o portal.

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Do Asfalto Sou tempo um jogo sou uma rua dura de asfalto sou Ernest Hemingway...

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Reflexões, Frases & Flashes Algumas frases e reflexões mais ou menos sérias, mais ou menos válidas, menos ou mais - ou não - datadas, geralmente publicadas como posts no Facebook, eventualmente em algum blog. Ou inéditas. *** ***

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A poesia é um esfoliante natural para os corações empedernidos. *** ***

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A sua sensibilidade precisa ser alimentada, assim como você alimenta um cão, um amor, uma fornalha. *** ***

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Alguns de nós, se por um instante investidos de superpoderes, e encontrando-se face a face com o Adversário, ainda assim continuariam a fugir e a clamar, como ovelhas que são; alguns outros, igualmente ovelhas, na mesma situação, lançarse-iam sobre ele e (apoderando-se do que são, do que podem e do que devem) retalhariam(-lhe) tudo que pudessem, e transformariam o fogo de que ele é feito em pó espiritual... Acontece que ele pode discernir uns de outros, dentre o fabuloso rebanho de ovelhas: aos primeiros ele chama de 'presas'; para os segundos ele tem uma designação toda especial: 'inimigos'. *** ***

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" Temo o dia em que a tecnologia se sobreponha á nossa humanidade: o mundo terá apenas uma geração de idiotas ". Albert Einstein Em meu pensamento, vejo claramente que avançamos para isso, e mais especificamente: para paraísos de realidade artificial (virtual) onde os que tiverem condições ficarão imersos, vivendo sonhos, e só quem não puder pagar lidará com o mundo real... ninguém precisará de drogas, precisarão de uma ou duas horas na 'Matrix', fazendo de conta que se é Napoleão, o dono de um harém ou um pirata no Caribe... Sou partidário da tecnologia, mas olho lá na frente e vejo no que ela vai dar: no sonho da humanidade caída, recriar o Paraíso sem Deus - assim acaba a escalada tecnológica. Não vejo avanço além disso. Será como uma pandemia alucinógena, quando máquinas puderem simular à perfeição (induzindo respostas biofísicas nos corpos dos usuários) realidades artificiais. Mas creio também que Cristo voltará antes. *** ***

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Não é sem ousadia que digo: sirvo a um Deus tão grande, um Deus tão Deus, que Ele me salva até mesmo quando eu quero me perder. Um dia em que já não suporto vem um anjo e me barra a passagem, interpondo uma rosa em meu caminho; noutro dia em que já não suporto vem um anjo e me dá uma pesada, um (não há pecado em dizer) verdadeiro coice nos peitos, um vade-retro, gurizão. E que me importa? Em cada flor, em cada palavra, em cada golpe sei que é Ele que insiste, é Ele quem me recolhe pela gola como uma mãe cata o filho embriagado caído na sarjeta... É Ele quem diz, alta e pausadamente, como quem fala a um surdo: N Ã O M O R R E R Á S. ***

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Nada na vida como a amizade, nada como passar e cruzar seu olhar de paz com o olhar de paz de seus amigos. *** ***

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Boa ação não salva, mas dá prêmio: ser um homem bom demais é candidatar-se ao céu e às punhaladas. *** ***

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Que preço você tem pago? Há quanto tempo? Que importa? O Cordeiro é digno. *** *** Status: CRUCIFICADO. Mas quantas e quantas vezes, num único dia, eu miseravelmente esqueço-me disto? Misericórdia Senhor! *** ***

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A vingança é a continuação do crime, a extensão cancerígena do pecado. *** ***

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A forma mais segura de construir o Futuro, é construí-lo dentro de nossas crianças. *** ***

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Crianças, raciocinem comigo: Quanto mais sábio e instruído um homem, ao errar, mais passível de punição ele é. Simples. Mas porque a Lei brasileira reserva prisão diferenciada (ainda que temporária) para quem tem diploma de nível superior? Essa é a lei mais ridícula, suja, elitista, o mais imundo caso de 'legislar em causa própria' que nossos 'legisladores' nos legaram... nosso corpo de leis é um corpo violado. O estranho é que ninguém levanta essa bola, ninguém denuncia a inversão, a imundície. E há quem acredite que o inferno não exista. Existe sim, ele é quase um requisito axiomático para a Humanidade... Afinal a Justiça, a tão falada, tem que existir de verdade – e em algum lugar. *** ***

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Terá sido por ódio silencioso contra a Realidade que alguns construíram obras de fuga (LITERATURA) tão poderosas? *** ***

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Brecht era ateu e comunista, mas sem ler Brecht, como você afiará percepções e argumentos contra os que te oprimem? O que quero dizer é: o homem é bichinho que precisa de muito, precisa de muitos. *** ***

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Uma pequena luz, ainda que a mais débil e fugaz, representa um evento cataclísmico e revolucionário, quando deflagrada nas trevas. Pois um lampejo que seja é capaz de mostrar à e na escuridão que há algo além da própria escuridão, algo superior, amável, anelável - mesmo que a princípio cause efeito contrário, de repulsa e mesmo ódio. Brilhar nas trevas é permitir à escuridão enxergar que o frio que a envolve não

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vem de braços, mas de correntes. Brilhar é manifestar a Verdade, e a verdade o que é, senão o Salvador? Faça o bem como estiver, onde estiver, como conseguir. Mesmo ferido, mesmo sozinho, deflagre luz, soldado de Cristo! *** ***

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O mundo só sabe fazer uma única coisa: dar voltas. Gosto disso. Pouco a perder, pouco medo. Muito a perder, muito medo. Fé experimentada, aniquilação do medo. Aguardo tomando meu café e escrevendo o próximo poema, a próxima volta que o mundo dará. E a outra. Com suas surpresas, suas novidades ou inesperadas reprises. Ainda que a próxima volta venha encontrar-me numa cova ou numa prisão – como esperar menos de um jogo? Roda, pião. *** ***

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Ser serrado ao meio? Ser lançado ao poço? Ser espancado, fugir para o deserto, ser engolido por um peixe? Sofrimento físico algum se compara ao sofrimento moral, simplesmente porque em relação a este é muito, mas muito mais difícil resignar-se. Um homem pode se resignar à dor, há honra nisso. Mas não há honra qualquer na humilhação. Não houve então jamais profeta como Oséias. Se um dia você for pregar sobre isso, me convide pra ouvir. Nunca vi ninguém levantar essa bola. *** ***

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A catástrofe de uma catástrofe não é a própria catástrofe, mas a existência de um Universo onde as catástrofes são possíveis, desde o início. Claro, há quase (quase não é ser, quase é roçar) uma heresia aqui, ou uma definição parcial para a Liberdade. *** 69


No final, no último dos reducionismos, percebemos que há somente dois tipos de homens: aqueles que lutam por uma causa, e aqueles que lutam por uma coisa (geralmente, eles mesmos). Tristeza do céu, vergonha e amargura da terra, é ver tantos cristãos militando na segunda opção. *** ***

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Autoajuda barata num posto de gasolina em Vegas Dê o seu melhor: Jamais serão lançados outros dados, além deste único dado uma vez lançado, que ora voa, e é você. *** ***

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As paredes do Sonho amanheceram pichadas GREVE GREVE GREVE Protestam as Musas *** ***

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Quer saber se você é realmente prisioneiro de um simulacro? Belisque agora o seu braço. Se doer, seja bem-vindo: só há dor no Provisório. Não haverá dor alguma no estado Eterno (Realidade das Realidades); ela (a dor) perderá totalmente a razão de ser: o que não pode ser destruído não precisa de mecanismos (internos ou externos) para garantir sua autopreservação. Pois a dor que nos açoita é a princípio apenas isso, mecanismo para garantir (forçar) a sobrevivência do simulacro-corpo, do simulacro-ente. Mas até esse princípio de salvaguarda pode ser ignorado (mártires, suicidas por processos violentos/lentos/dolorosos), ou desvirtuado (como ocorre por exemplo na Síndrome do Pânico, talvez a patologia mais absurda a nos ridicularizar perante nós mesmos e o próximo). 70


*** Quem precisa de Freud? O anseio de toda mulher é ser centro; o anseio de todo homem é retornar ao estágio mítico, ao estado-de-herói. *** ***

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Se não se pode escapar de uma prisão, todos os esforços do indivíduo são invitados no sentido de suprimir a consciência da prisão, para camuflar a visão das grades. O que os olhos não veem, o coração não chora. Assim caminha (em círculos concêntricos) a humanidade sem Cristo, levando de arrasto alguns cristãos... *** ***

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(In)direta para um jovem amigo: Sim, ela é linda. E amorosa como duas mães. E os olhos dela colocam sua atenção em órbita, prisioneira da gravidade deles. Mas Deus já falou: essa não. Não é para ti. Nem ela nem a esteira de problemas e dor que ela arrasta após si. Sei, sei, pode-se ver: ela é o próprio amor encarnado, a compreensão e a cumplicidade em pessoa, uma criança de alma em toda aquela estrutura de mulher, eros e philos num único corpus. E os&olhos...&ah. Mas você vai peitar a Soberania? Vai de encontro à Porta? Cantará como naquela música (Iris) do Go Go Dolls, "trocaria a eternidade por você"? Por uma mulher, amigo? Corra, amigo. Não tente enfrentar. Enfrente homens, demônios. Já o fizemos antes. Dela você simplesmente corra, corra mais rápido que Timóteo. Ou depois não venha chorar na minha porta, ou na Porta que Ele abriu em Nazaré. Espere pacientemente nEle. Enquanto isso faça a boa obra, e quando estiver de boa vamos jogar

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videogame para matar a saudade. De seu amigo de sempre, Sam. Sem constrangimentos. *** ***

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Quando olhamos para o início da Bíblia, vemos um Paraíso; e depois vamos até a última página, ao livro de Apocalipse, e estamos de volta ao Paraíso. Mas e toda a dor, todo o miolo entre este início e o fim da História? Será justo afinal todo este foco que damos a nossas próprias dores, dúvidas e decepções? Há um Final Feliz! Isso lhe basta? Somos órfãos, no último instante adotados, fazendo uma aparentemente longa, mas na verdade fugaz viagem: uma viagem em direção ao mais feliz de todos os finais. Órfãos de posse de um salvo-conduto de Sangue, indo em direção ao Lar, à Família, ao PAI. *** ***

e

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E a Queda criou a Máscara: juntas até o fim! *** ***

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E o que afinal é a Queda, senão um kit de máscaras? *** ***

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"As portas de meu coração estão de certa forma obstruídas, embora não as minhas ações. Não fechei a porta - a porta cerrou-se durante um desabamento; observo-a, a estranha porta assoreada, com langor e enfado, e não tenho sequer pá para cavar, ou interesse e força para reavivar os calos de minha mão, com o trabalho bruto que abrir este tipo de caminho exige. Quando me apraz, saio pela janela para observar o céu. Sei, não é o ideal. Mas preciso avisar a quem 72


bater na velha porta, pois a espera do lado de fora, na intempérie, pode frustrar. É um risco. Seria um desrespeito de minha parte não dizer isso, não esclarecer a quem interessar possa. Longe de mim frustrar, entristecer, confundir." - Jurngën Skarsgaard, psicanalista dinamarquês morto na Segunda Guerra (não procure por ele no Google...) *** ***

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Na Arte, o grande gênio anda mais próximo da bestialidade do que gostaríamos de acreditar. *** ***

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Há uma fragilidade que gera imediata empatia; outra fragilidade há que gera imediata repulsa, mesmo nojo. Por que será? *** ***

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Deixar de compartilhar a verdade com medo de magoar o ouvinte, é acabar magoando a verdade. E a verdade não é uma relatividade ou generalidade, mas uma singularidade, um ‘norte’ fundacional para todas as coisas. Ao fim e ao cabo, a verdade é uma pessoa: Cristo, de onde toda verdade emana. *** ***

e

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Uma vez, lembro como se fosse hoje, eu estava sentado no chão de minha sala, e levantei-me para ir ao banheiro. Ao cruzar com o espelho, meu Adversário, posto do outro lado do mesmo, me olhou nos olhos e disse "Xeque." Fiz o esperado: soquei o espelho, mas não atingi aquele que Deus em sua

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soberania preferiu que fosse intangível para socos. E após isso não havia nada a fazer, senão re-iniciar a cada dia com aquele sorriso na mente, aquela palavra. E continuar a combater. E combater. E descobrir que a proteção que eu imaginava existir, era uma fábula, um mal-entendido inoculado por uma igreja doente. Amadureci mil anos. Outros dizem que morri. Mas ainda estou aqui, e Deus está em sua soberania celeste. Ainda rolam os dados, e não há mais nada a perder, nada que não tenha sido perdido ou maculado. De filho fui alçado a soldado. *** ***

e

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Às vezes você olha, e há um corpo estranho na igreja. Hora de abraçar, vigiar e orar. Às vezes você olha, e a igreja é um corpo estranho. Hora de orar, vigiar e abraçar. *** ***

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Vai formar uma equipe? Teste antes os espíritos. *** ***

e

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Não há nada de original na escuridão. Com o tempo e o sofrimento necessários, você descobre que a escuridão é apenas um sistema de espelhos. *** ***

e

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Me perdoe por todos os atalhos que tomei. Por dormir na praça como um cão. Soldados não procuram abrigo, não mendigam abrigo: soldados constroem abrigos. ***

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Conheces-me desde antes daquele ventre, antes da materialização. Nasci em Teu coração no Dia anterior aos dias, o Dia que tornará. Pela Palavra, para a palavra me chamastes. Minha ambição única é empossar palavras que possam sequer aproximar-se de expressar as periferias da Tua Glória – como uma criança correndo descalça pelas ruas de chão, que estica e eleva as mãos ofertantes, e estica e eleva o louvor de seu sorriso, e expande e expande seu sorriso, sem medo algum, tentando tocar o Sol. *** ***

e

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Sim, sim, ELE não faz acepção de pessoas. Apenas confere a cada um meios de enxergar ângulos variados do mesmo horizonte. E conforme você vê, você faz. *** ***

e

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Só posso conhecer um homem numa situação extrema; só conheço um homem depois de observar, quando prestes ao precipício, qual partido ele toma. *** ***

e

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Parece-nos que o tempo de Deus demora, pois nosso tempo medimos em distância, e o dEle é medido por instância e sincronicidade. Mas um dia o trigo estará maduro na espiga, e Ele enviará o anjo para a colheita. Livra de tosquenejar o anjo que vela minha seara, Senhor; e contempla: meus instrumentos de arar já estão embotados, e o acalanto que existe para renovar-me, faz cada vez menos efeito, menos sentido – e isso é fel quando o considero em meu coração. ***

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Perco as chaves de minha casa; insciente tenciono não mais voltar. Mas moro sozinho, e de mais a mais, como NÃO voltar se não existe um IR? Toda a Terra foi-me dada por lar, quando em Adão fui expulso do Jardim. Em cada esquina posso encontrar uma mulher que me ame, em cada subúrbio ou grande burgo, uma senhora que aprecie meu espírito ordeiro e minha despedaçada ternura, e seja-me por mãe. Disposto ou cansado leitor, você talvez pense na hostilidade do mundo lá fora – mas irmãos apunhalam irmãos no seio flácido do melhor dos lares, e um me apunhalou no meu. Vivo sob a Graça, mas o meu espírito ordeiro demais (Eclesiastes 7.16) embaraça-me e me atrapalha, e por dias, como um judeu errante ou um crente judaizante, arco e tropeço e tombo sob o peso de todas as Tuas tantas Leis, Senhor. *** ***

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Deus é o Deus que ordena que se ame não apenas os inimigos manifestos, mas igualmente o agente duplo, o de pensamento & coração dobre. Nietzsche dizia e escrevia que o cristianismo é a religião dos fracos. Errou: é preciso entrar no estreito, é preciso envergar o jugo suave, para entender o nível de forças que o verdadeiro cristianismo requer. Pois no Universo do Deus ágape, amar em verdade é a maior manifestação de poder, é a ação que requer mais poder, dentre todas ao alcance de homens e também de anjos. *** ***

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A felicidade terrena é uma fruta que dá e passa. Aproveite a época. ***

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Mulher que se contenta com pouco e sabe estar feliz, quem a achará? Seu valor em muito excede o de rubins. *** ***

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Sei lá de novela. Eu leio Borges e assisto Naruto, sempre em busca do élan épico que dá tino ao homem. Veadagem é o cúmulo do anti-épico, que me perdoe Alexandre... *** ***

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O marginal, a(s) namorada(s) do marginal, e a mãe do marginal. Você precisa entrar numa favela para ver como eles formam uma verdadeira trindade... já vi mães ligando, com a maior e mais cúmplice frieza, para o filho para avisar que 'a polícia tá entrando'. Mas sem qualquer afetação, uma coisa fria, de comparsa mesmo. E aí passa o carro dos policiais e ela resmunga pra amiga, "hoje é plantão do Nelson, aquele filho da p©©©..." Alguém precisa escrever uma tese sociológica sobre isso, sobre essa trindade de aceitações e marginalidade. *** ***

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Assassinaram-no! Assassinaram-no! No metrô da Paulista, com trinta e dois tiros o Status Quo! *** ***

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Não somos ninjas, mas apenas porcos: como apagar nosso rastro? E ainda assim, o que não se revela pelo poder escancarado ou sutil das próprias evidências, há de ser revelado naquele Duro Grande*Dia. Quem está de pé, cuidado para que não caia. *** 77


Seu medo de morrer é a maior ofensa, e em si mesmo a perfeita negação, de tudo aquilo em que você diz (e muitas vezes realmente acredita) acreditar. Pastor, profeta ou neófito, não importa: há algo de torpe em sua base. Repense(se). Reafirme a morte e ressurreição de Cristo em sua vida, em seu entendimento, em sua atitude em face a tudo. Entenda quem você é, entenda que não há morte alguma para você. *** ***

e

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Se você tem muitos pontos fracos, Satanás vai pulverizar o ataque, serão medianos golpes, intercalados, cada um numa ferida. Devagar e sempre, será a estratégia. Agora, se você tem um único ponto fraco, ele deve ser um grande ponto, e por ser único, um aviso: prepare-se para o impacto, pois ele pode demorar, mas te atingirá com um cometa. Orai sem cessar... *** ***

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Esconda melhor seus preconceitos, pois numa rede social ou na esquina as pessoas podem ler nas entrelinhas, e traduzir seu discurso. Ou melhor, abra sua mente e livre-se deles, deixe que voem de volta para o inferno. *** ***

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Desconsidere as aparências, isso faz parte de não julgar. Deus tem um prazer persistente e sutil em fazer acontecerem coisas INACREDITÁVEIS através de pessoas DESACREDITADAS. *** ***

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O que representa a especificação de uma data, senão uma arbitrariedade? O Tempo é um monstro - segmentá-lo o 78


civiliza? Não. Con-tinua monstro, um monstro inviolavelmente con-tínuo. *** ***

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Avaliadas as probabilidades, você conclui que o dia vai ser tenso? Faça uma oração reforçada (2X) e ouça sua banda favorita. Maximize-se. Depois desça lá & arrase. Inunde lugares e situações com a luz dEle, que opera através de você. *** ***

e

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Se não confio em bancos, se não confio - de um oficeboy do BC ao dono do Bradesco - no sistema financeiro, confiaria em uma nuvem? Hospedar arquivos em nuvem, apenas o sumamente$necessário. A frase é de meu cão Rex, o Cão di Drácula: Se um sistema onde você esteja pretensamente inserido escapa (independe) totalmente ao seu controle, ele não é um sistema, é um monstro. E5monstros6têm6fome. Meu cachorro tem um lado sinistro. *** ***

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E quando fazer o que é certo implica em infelicidade duradoura? E quando a cruz é banhada em chumbo, o que me diz, amigo-da-cruz-de-papel? Nem se quisesse teria o que dizer, insofrido amigo. Independente de quem seja, dos anos de magistério eclesiástico. Não teria como saber como é estar como Abraão ao pé do monte, pegando pela mão a Isaque para sacrificá-lo, imerso na própria substância do absurdo... Como Kierkegaard, o pai de dois séculos, esclareceu em Temor e Tremor: a fé é um salto para dentro do absurdo. Um voo sem escalas, objetivando, ao projetar-se sobre o absurdo, alcançar&o&Deus-que-transcende.

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(E você, amada criança, não tente entender; volte para dentro da felicidade fácil, rogue ao Misericordioso para que você não cresça. Ele nos ama e é fiel para poupar-te.) *** ***

e

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Debele as mágoas, desbaste espinhos: acrescente hoje flores à sua linha do tempo. *** ***

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Há rei que peça que você mate; há Rei que peça que você morra. Inevitavelmente um desses dois vai definir seu estar e seu&porvir. O que lhe solicita que morra é na verdade Senhor da Vida, e a dará a você, a Vida além do tempo, além do calculável. O que ordena que você mate, ao fim e ao cabo nada pode, senão morrer contigo, e arrastá-lo para compartilhar para sempre de seu castigo, o castigo dos usurpadores. Pois só existe um Rei. *** ***

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Amar é abaixar a guarda. Amar é expor-se. O amor é a soma de três dos quatro braços da cruz. E Ele diz: pegue a sua e sigame. Exponha-se. Doe-se. *** ***

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Dia vem em que você vai 'abrir' um livro e ele vai pedir login. E, baseado em suas preferências globais, num sistema parecido com o que Google ou Facebook rudimentarmente usam, para direcionar-lhe propagandas personalizadas conforme seu perfil, ele vai configurar a história, 'especialmente' para você. Um livro não terá 'uma' história: 80


um livro terá campos probabilísticos de narratividade, como eu gosto de conceituar. Espere só um pouco. Espere a inteligência artificial dar o próximo salto. *** ***

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Às vezes dá pra sentir a música da escuridão, ela fala de liberdade no estranhamento, de não-racionalidade, de fruição, de mergulhar numa dimensão etérea da realidade, não legislada (nada de Leis), não traumática (nada de Dores), não hierarquizada (sem Deus e sem Estado), seja humana ou espiritualmente. Já que nada direto, racional, nenhum construto da honra ou do pó, convenceria a alma do poeta que percebe a estatura de seu inimigo, ele (o inimigo) tenta com música feita por não-instrumentos, metafísica ao cubo, o inverbalizável. A tentação no inverbalizável, a velha tentação do não revelado, do que 'só pertence a Deus', repaginada com trajes6transparentes. Com outros, basta dinheiro, mulheres, coroas de pó, figura bonita num espelho, um simulacro de felicidade numa criança no colo, um bom emprego, ser melhor que o vizinho, ou o africano. Cargas menores deixam-se para as crianças: há cavalheirismo em ti, adversário da vida? Nem nisso há engano. *** ***

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Deus existe e legisla: o suicídio não é uma opção. *** ***

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Não adianta olhar de cima do poço, procurando entender o que acontece lá embaixo. É preciso descer. Se você sobe a uma tribuna para falar sobre o fundo de lama do poço, mas nunca sofreu sua viscosidade, de que você fala? Serão palavras

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políticas, retóricas. Não quero que você 'caia' no poço; mas apenas que não julgue o mais fraco, ou mais forte, pois sofreu mais que você. *** ***

e

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Aquela encruzilhada onde, impotente para optar pela líquida & perfeita virtude, você é forçado a escolher dentre, dos males, o menor. Recarregue a arma, atenção com a retaguarda: e seja bem-vindo à Queda. *** ***

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Trafego entre estreitos. Impossível evitar as trombadas. *** ***

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O que é a Eternidade? A morte do Evento? *** ***

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Aquele momento triste de sua vida quando você, cansado, queda-se cabisbaixo e pensativo, e com um laivo de amargura transindo seu circunspecto coração, conclui que tudo o que você precisa neste momento é... comer uma pizza. Portuguesa. *** ***

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Há uma lenda terrível dos índios Papaliroches (Indonésia) que diz que a princípio mulheres não deveriam existir, e homens deveriam nascer em jacas. Essa lenda inconclusa (pois não esclarece por que não foi assim, afinal) diz que se assim fosse, e Deus optasse pela partogênese vegetal de sua criatura

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(nesse caso) monossexual, ainda estaríamos dentro do Aalmafai, o ‘Éden’ da cultura deles, numa boa... É uma lenda maligna, queridos, com certeza. Imagine, homens nascendo em jaqueiras. Imagine também estar agora no Jardim do Éden. Bem, quem sabe. *** ***

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Liberdade é liberdade praticada. *** ***

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O capeta não desiste, não se cansa. Quando você inocentemente pensa que ele jogou a toalha, o dia seguinte vem e lá está ele de pé, uniformizado e pronto para outra. Satanás deveria dar palestras motivacionais. Iria fazer dinheiro e escola. *** ***

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O Destino faz a parte dele. Nós é que muitas vezes não fazemos a nossa. *** ***

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E cá estamos nós, onde céu e inferno coabitam, ora em imunda peleja, ora em imundo conluio. *** ***

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Não existe celebração sem música. Não foi o anjo luciferino, como alguns gostam de referir, quem criou a música, mas foi Deus. O Universo inteiro é uma celebração de Sua glória, e a música o permeia, como sangue numa veia. 83


*** Se não há nada a dizer, sustente o silêncio: ele é uma cortina de ouro capaz de encobrir e proteger o maior dos idiotas. *** ***

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O sangue de Jesus tem poder. Poder para libertar os cativos. Também e poderosamente, os cativos nas engrenagens do sistema. Não pretendendo aqui desconsiderar a dimensão espiritual, mas pelo contrário, completamente abarcando-a, pois sabemos ser ela a base invisível e sustentáculo de toda a opressão e injustiça sociais. Mas Satanás é espírito, e como tal precisa de instrumentos: todo sistema de dominação indébita começa no inferno e avança, de baixo para cima, expandindose do espiritual e materializando-se em leis, sistemas, oligopólios, conciliábulos... Tornando a corrupção humana, o próprio estrato da Queda, em algo institucionalizado, legalizado, ‘INDUSTRIALIZADO”, coberto por uma fachada que muitas vezes a própria religião endossa. Se você acredita no Deus de Israel e não noutro, lembre-se: Ele é o Deus dos órfãos e das viúvas. Vá e descubra o que isso significa. *** ***

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Covardia não é prudência. Há pessoas que passam a vida inteira sendo covardes e tem-se a si mesmas em alta estima, crendo firmemente que são prudentes. E o pior: transmitem esse ‘valor’ aos filhos. E assim perpetua-se culturalmente a servidão ao medo. Prudência é avaliar realisticamente a totalidade das possibilidades e perigos e agir sobre o avaliado. Medo é basicamente não agir ao menor sinal de perigo. ***

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Que a sua dor não seja vã. Que, de LATÊNCIA, ela torne-se sempre GESTAÇÃO. Que suas lágrimas sejam o ácido que dissolva as paredes de sua crisálida. Que suas lágrimas pavimentem de bons motivos o caminho para sua liberdade. Liberdade dessa dor e dos que a semearam. *** ***

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Ei! Ei, pidão! Deus é mais que as promessas de Deus. *** ***

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Estou preso a um gênero, preso a uma espécie, preso a um planeta, preso a um tempo, preso no Tempo mas adoro falar de liberdade *** ***

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Eva ofereceu a maçã a Adão. Sara ofereceu Hagar a Abraão. Os resultados - nefastos, incontornáveis - estão marcados a ferro na História. O inimigo mais sutil é o inimigo INVOLUNTÁRIO, é a SOMATÓRIA entre o tolo que aconselha e o outro tolo que acata. E você, que ‘presentes’ e ‘conselhos’ tem recebido? E o que tem ofertado? Aconselhe-se primeiramente com Deus, busque primeiramente em Deus conselhos para repartir! *** ***

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Não importa saber donde nasce o sol, importa saber que ele inexoravelmente*nascerá. Não importa saber quando o Cristo vem; importa apenas 85


atentar para os sinais da Sua vinda. Importa crer que a plenitude dos tempos se aproxima. *** ***

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A história humana poderia ser resumida em três eventos: A Queda humana, o natalício de Cristo e a volta de Cristo, ou seja, a morte da História. Os demais eventos, os intermezzos, são meros prelúdios e poslúdios para o Apocalipse. *** ***

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A Literatura é um tipo de engenharia especializada em asas. *** ***

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Os livros são as células-tronco do organismo dito Civilização. *** ***

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O livro é um tipo de tijolo de antimatéria, usado para DESconstruir prisões. *** ***

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Prosa delimita, Poesia ‘ilimita’. *** ***

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Atenção, leitores: O estado do Poema é (gr)ave. ***

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Na gramática de Deus, igreja é um substantivo que não comporta plural. *** ***

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Gosto muito de flores. Elas falam poderosamente de Deus. Milhões de formas, tamanhos e cores diferentes... A ciência, em sua empírica frieza, pode crer que as cores são um mero(?) elemento funcional para atrair os insetos. Sim, isso, mas não apenas isso: os insetos podem ser (e o são) atraídos pelo cheiro, e por outros fatores. Para mim as flores são uma demonstração GRATUITA de Seu poder, uma 'prova sorridente'; simples, mas lindos e universalmente disseminados MEMORIAIS. Ao vê-las de perto (gosto de tocar, 'analisar') lembro-me inevitavelmente dEle. Cada flor é um mini-outdoor onde um Deus silencioso sussurra: “Ei!” *** ***

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Convive-se com o cisne, admira-se o reflexo das palavras do sol em suas penas negras, a arquitetura curva de seu altivo porte, a paz de seu avanço... sim, ele dá sinais, mas é belo, e somos humanos, um tipo todo especial de tolos: tomamos sempre beleza por saúde. Até que ele canta, e canta para morrer, e já é tarde demais para um abraço. *** ***

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Acumule tesouros que os lobos não podem rapinar – acumule no refúgio secreto o quanto puder e não puder, toneladas do único ouro que existe: ALMAS de homens salvos!

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Esparsas prosas Sobre essa menininha, a Esperança Bem-aventurado aquele que tem o Deus de Jacó por seu auxílio e cuja esperança está posta no Senhor, seu Deus. Salmos 146:5 Uma das chamadas três virtudes teologais, citadas pela apóstolo Paulo em 1Co 13.13 (ao lado da Fé e do Amor) a Esperança é, das três, talvez a virtude menos considerada, e no entanto parece-me ser a mais inatamente presente no ser humano. Mas quem é essa menina, essa força invisível, esse brilho nos olhos que é a Esperança? Por que a Esperança resiste tão fortemente, mesmo esmagada e esquecida no fundo de uma cela? Mesmo de joelhos dobrados à coronhadas, mesmo diante do pelotão, com armas apontadas para sua cabeça de olhos vendados, inchados de tanto levar socos, torturada? Mesmo diante do sorriso imundo de Satanás, como essa força, essa menininha, a esperança no escape, a esperança no bem, a esperança no Altíssimo, resiste no subsolo deste edifício implodido que é o homem? Tenho uma definição para a Esperança: Rebelião contra a Queda. A Esperança, a inata (por Deus plantada) rebelião contra a Queda viva no coração humano, quando alcança a graça de encontrar seu objeto na epifania (manifestação física da divindade) Jesus Cristo, torna-se de Rebelião em Revolução. Mas ainda em estágio de Rebelião, manifesta-se já sua maior singularidade: a Esperança humana, mesmo antes do nascimento de Cristo e mesmo para aqueles que, ontem ou hoje, nunca o conheceram, é já Cristo abraçando o mundo por toda a extensão da história, do homem; é ela própria a ‘eternidade que Deus pôs no coração de todo homem’ (Ec 3.11). Talvez você tenha já ouvido falar no Fator Melquisedeque, um conceito fundamental em Missiologia, e que foi proposto pelo antropólogo Don Richardson, em seu livro de mesmo nome. Num resumo wikipediano, lê-se que “O Fator Melquisedeque é designação dada à consciência universal da existência de um Deus único, entre as diversidades de 89


expressões culturais e religiosas dos diferentes povos e civilizações ao longo da história.” É como um ‘gancho’ deixado por Deus em cada cultura, para facilitar a posterior assimilação da Revelação do Evangelho. Pois entendo nossa menininha, a Esperança, como a expressão básica, elementar, a molécula feita e utilizada para erigir no homem aquilo que Don Richardson definiu como o Fator Melquisedeque. Uma outra metáfora: a Esperança como os tijolinhos que formam o templo vazio que nasce junto com cada filho de Adão, templo este que tem o tamanho exato de Deus, pois feito sob estrita medida. O homem nasce um templo vazio, mas feito de Esperança. A Esperança, tudo o que nos restou, é o edifício pronto para recebê-Lo (a Deus) em nós. A Esperança é a mão que em nós o Espírito Santo usa para segurar o outro lado da corrente, a Mão de Deus. Jurgen Moltmann, teólogo alemão, proponente da principal corente da assim chamada Teologia da Esperança, e que, soldado da Alemanha derrotada na Segunda Guerra, foi mandado para campos de prisioneiros de guerra na Irlanda, nos diz: “Vi homens nos campos que haviam perdido a esperança. Eles simplesmente se entregavam, adoeciam e morriam. Quando na vida a esperança hesita e se desfaz, uma tristeza que vai além de todo o consolo toma conta da pessoa. Já a esperança incomoda e inquieta. A pessoa não se contenta mais com a situação, com a forma como as coisas estão.” Moltmann foi inspirado pelo filósofo alemão Ernst Bloch, para quem todo ser humano é instintivamente dotado de esperança, é insuflado a buscar – avançando - a Utopia sonhada. Bloch era ateu e marxista revisionista; tinha, portanto, uma visão secular para qual seria a Utopia sendo perseguida pelo homem. Utopia esta que Moltmann corretamente entende como o Reino vindouro de Cristo, cuja ressurreição e ascensão são as marcas patentes da promessa de seu Retorno, são como que os próprios signos da Esperança. Se Moltmann era um soldado alemão aprisionado em campos de concentração dos vencedores Aliados, e que durante seu sofrimento em meio a tal situação achegou-se à esperança cristã, na outra face desta estranha moeda, o psiquiatra judeu Viktor Frankl,

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contemporâneo de Moltmann, desenvolvia as bases de sua Logoterapia, enquanto prisioneiro também em campos de concentração, mas como prisioneiro dos alemães. Frankl, tendo perdido praticamente toda a sua família para a máquina de extermínio de Hitler, agarrou-se (ele também) à Esperança (entendida, em suas próprias palavras, como ‘fé no futuro e vontade de futuro’), e desenvolveu sua doutrina baseado na valorização da esperança (otimismo) como sentido para a vida. Frankl cedo percebeu no homem um vazio causado pela ‘vontade de Sentido’, e concluiu (renegando aqui seus predecessores e antigos ‘mestres’ Freud e Adler) acertadamente que esse vazio tem origem espiritual, e desse vazio decorrem os principais problemas psíquicos do homem. Repito aqui a pergunta feita acima: que força é essa que resiste no subsolo do edifício homem, mesmo quando este edifício é implodido? Ambos os prisioneiros poderiam ter desistido de suas vidas e se entregado, mas ambos vislumbraram, cada qual a seu modo, a Esperança, e agarraram-se a ela com todas as suas forças, com tudo de si. E passaram a desenvolver suas doutrinas tendo ela por fundamento. Não é algo fascinante? Continuemos com Frankl: “Estás no valo trabalhando. O crepúsculo que te envolve é cor-de-cinza, o céu acima é cinzento, cinzenta a neve no pálido lusco-fusco, os trapos dos teus companheiros são cinzentos, e também os semblantes deles são corde-cinza. Retomas outra vez o diálogo com o ente querido. Pela milésima vez lanças rumo ao sol teu lamento e tua interrogação. Buscas ardentemente uma resposta, queres saber o sentido do teu sofrimento e de teu sacrifício - o sentido de tua morte lenta. Numa revolta última contra o desespero da morte à tua frente, sentes teu espírito irromper por entre o cinzento que te envolve, e nesta revolta derradeira sentes que teu espírito se alça acima deste mundo desolado e sem sentido, e tuas indagações por um sentido último recebem, por fim, de algum lugar, um vitorioso e regozijante ‘sim’.” Ao erigirem a Esperança como sua interna rebelião contra a derrota, a solidão, o vazio e a morte, ambos venceram. É Agostinho de Hipona quem diz: “A Esperança tem duas filhas lindas, a indignação e a coragem; a indignação nos ensina a não aceitar as coisas como estão; a coragem, a mudá-las.”

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Causa fascinação que em situações extremas, de dor radical, holística (abarcando todas as dimensões do humano), essa virtude resista combatendo no coração desses e de tantos outros homens? Mas é isso mesmo que ela é, o Princípio Combatente no coração do homem, a arma do Santo Espírito. Mesmo atirada ao fundo lamacento do poço, como José, como Jeremias, ela escava, ela escala, ela acredita - e oferece um sorriso para insuflar os mutilados. Há um poema de um grande poeta cristão francês, Charles Péguy, que, em seu estilo intimista e desabusado, e que faz tão bom uso das repetições (talvez como nenhum outro poeta que eu conheça), fala oportunas palavras sobre essa menina magricela, mas apaixonante e veementemente forte, a Esperança. Coligi esse poema na Breve Antologia da Poesia Cristã Universal que organizei. É um pouco extenso, mas vale a pena você ler.

A Esperança Tradução de Guilherme de Almeida A crença de que eu gosto mais, diz Deus, é a esperança. A fé, isso não me espanta. Isso não é espantoso. Eu resplandeço de tal maneira na minha criação. No sol e na lua e nas estrelas. Em todas as minhas criaturas. Nos astros do firmamento e nos peixes do mar. No universo das minhas criaturas. Sobre a face da terra e sobre a face das águas. No movimento dos astros que estão no céu. No vento que sopra sobre o mar e no vento que sopra no vale. No calmo vale. No tão quieto vale. Nas plantas e nos animais e nos animais das florestas. E no homem. Minha criatura. Nos povos e nos homens e nos reis e nos povos. No homem e na mulher sua companheira. 92


E principalmente nas crianças. Minhas criaturas. No olhar e na voz das crianças. Porque as crianças são mais minhas criaturas. Do que os homens. Elas não foram ainda desfeitas pela vida. Da terra. E entre todos elas são meus servidores. Antes de todos. E a voz das crianças é mais pura do que a voz dos ventos na calma do vale. No vale tão quieto. E o olhar das crianças é mais puro do que o azul do céu, do que o leitoso do céu, e do que um raio de estrela na calma noite. Ora eu resplandeço de tal maneira na minha criação. Na face da montanha e na face da planície. No pão e no vinho e no homem que lavra e no homem que semeia e na messe e na vindima. Na luz e nas trevas. E no coração do homem que é o que há de mais profundo no mundo. Criado. Tão profundo que é impenetrável a todo olhar. Exceto ao meu olhar. Na tempestade que faz cabriolar as ondas e na tempestade que faz cabriolar as folhas. Das árvores da floresta. E ao contrário na calma de uma bela tarde. Na areia do mar e nas estrelas que são uma areia no céu. Na pedra do limiar e na pedra da lareira e na pedra do altar. Na oração e nos sacramentos. Nas casas dos homens e na igreja que é minha casa sobre a terra. Na águia minha criatura que voa sobre os píncaros. A águia real que tem pelo menos dois metros de envergadura e talvez três metros. E na formiga minha criatura que rasteja e que armazena um pouquinho. Na terra. Na formiga meu servidor. 93


E até na serpente. Na formiga minha serva, minha ínfima serva, que armazena a custo, a parcimoniosa. Que trabalha como uma desgraçada e que não tem mesmo folga e que não tem mesmo descanso. A não ser a morte e o longo sono de inverno. Eu resplandeço de tal maneira em toda a minha criação. .......................... ........................... ..................... A caridade, diz Deus, isso não me espanta. Isso não é espantoso. Essas pobres criaturas são tão infelizes que a não ser que tivessem um coração de pedra, como não haveriam de ter caridade umas para com as outras. Como não haveriam de ter caridade para com seus irmãos. Como é que eles não haviam de tirar o pão da boca, o pão de cada dia, para dá-lo a desgraçadas crianças que passam. E meu filho teve para com eles uma tal caridade. Meu filho irmão deles. Uma tão grande caridade. Mas a esperança, diz Deus, eis o que me espanta. A mim mesmo. Isso é espantoso. Que essas pobres crianças vejam como tudo isso acontece e acreditem que amanhã vai ser melhor. Que vejam como isso acontece hoje e acreditem que vai ser melhor amanhã cedo. Isso é espantoso e é mesmo a maior maravilha da nossa graça. E eu mesmo me espanto com isso. E é preciso que de fato minha graça seja de uma força incrível. E que ela escorra de uma fonte e como um rio inesgotável. Desde aquela primeira vez que ela escorreu e escorre sempre desde então. Na minha criação natural e sobrenatural. Na minha criação espiritual e carnal e ainda espiritual. Na minha criação eterna e temporal e ainda eterna. Mortal e imortal. 94


E aquela vez, ó aquela vez, desde aquela vez que ela escorreu, como um rio de sangue, do flanco trespassado de meu filho. Qual não deve ser a minha graça e a força da minha graça para que essa pequena esperança, vacilante ao sopro do pecado, trêmula a todos os ventos, ansiosa ao menor sopro, seja tão invariável, mantenha-se tão fiel, tão reta, tão pura; e invencível, e imortal, e impossível de apagar-se; que essa pequena flama do santuário. Que queima eternamente na lâmpada fiel. Uma chama tiritante atravessou a espessura dos mundos. Uma chama vacilante atravessou a espessura dos tempos. Uma chama ansiosa atravessou a espessura das noites. Desde aquela primeira vez que a minha graça escorreu para a criação do mundo. Desde então que a minha graça escorre sempre para a conservação do mundo. Desde aquela vez que o sangue do meu filho escorreu para a salvação do mundo. Uma chama impossível de se alcançar, impossível de se apagar ao sopro da morte. O que me espanta, diz Deus, é a esperança. Eu fico pasmo. Essa pequena esperança que parece uma cousa de nada. Essa pequena esperança. Imortal. Porque as minhas três virtudes, diz Deus. As três virtudes minhas criaturas. Minhas filhas minhas crianças. Elas próprias são como as minhas outras criaturas. Da raça dos homens. A Fé é uma Esposa fiel. A Caridade é uma Mãe. Uma mãe ardente, cheia de coração. Ou uma irmã mais velha que é como uma mãe. A Esperança é uma meninazinha de nada. Que veio ao mundo no dia de Natal do ano passado. Que brinca ainda com o boneco de neve. Com seus pinheirinhos de madeira da Alemanha cobertos de geada pintada. 95


E com seu boi e seu jumento de madeira da Alemanha. Pintados. E com seu presépio cheio de palha que os animais não comem. Porque elas são de madeira. Entretanto é essa meninazinha que atravessará os mundos. Essa meninazinha de nada. Ela só, levando os outros, que atravessará os mundos volvidos. ***

Esperança humana: Rebelião contra a Queda, com Cristo tornada Revolução contra a Queda. Muitos não suportam esta palavra, mas o que dizer? O Cristianismo é mesmo fundamentalmente revolucionário.

Notas Moltmann, Jürgen. Citado por Ed. L. Miller em Teologias Contemporâneas (São Paulo: Vida Nova, 2011). Frankl, Viktor E.. Em Busca de Sentido (Petrópolis: Editora Vozes, s/d). Péguy, Charles. Breve Antologia da Poesia Cristã Universal (Edição eletrônica, org.Sammis Reachers, 2012).

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INGRESSOS À VENDA – Apenas para os que não podem comprá-los Por trás de todo homem há uma coleção, uma colcha de retalhos tecida de pecados. Seguindo o mesmo princípio, por trás de toda fortuna existe uma coleção de crimes, de todos os tamanhos. E olha que coisa mais simplória, você não precisa ser um comunista comedor de criancinhas, e também não precisa de uma Bíblia, para enxergar isso. Para conhecer o podre no homem, basta tão só ser homem. Tão só contemplar seu reflexo numa poça d’água suja ou num espelho da prata. O mesmo se dá com a sociedade humana (onde, quanto mais se sobe, mais se falseia): basta rasgar seu fino véu de seda, e contemplar a nudez obesa, untuosa, broxante-de-alma que ela enverga. Claro, temos os idiotas, que creem nas aparências, na justiça ‘divina’ do status quo, e surpreendem-se em face ao brilho encerado de toda máscara. Temos cem mil pastores para contextualizar e fazer desvanecer no pó das palavras doces todas aquelas insuportáveis palavras de fel e verdade que Jesus emitiu contra os ricos. Aquela história de o buraco da agulha por onde deverá passar o camelo, ser apenas mais uma parábola, por tratar-se de uma pretensa porta que havia em Jerusalém, com o formato de buraco de agulha... Essa máscara encerada, tem o tamanho de vestir seu coração? Ou só cabe em crianças? Já observou homens adultos vestindo camisas curtas e apertadas demais, camisas de seus filhos? Não é ridículo? Esse é o problema das máscaras, das fantasias: o ridículo as acompanha como escudeiro, infiel escudeiro pronto sempre para denunciar-lhes as inverdades, pronto sempre para a verdade: desvelar sua condição de falseio e simulacro. Sou um protestante que precisa concordar com o padre da paróquia da esquina: o céu é a pátria dos pobres. E raríssimos são os penetras no grande baile-sem-máscaras do Rei. Apenas os suficientes para servir as mesas.

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Deus das circunferências Um Deus que não se farta de perdoar minha pulsão de Jonas, o que pode ser senão Amor? Karl Barth, o maior teólogo do século XX, citando Kierkegaard, maior teólogo do século XIX, repercutia que o amor de Deus, o ágape, é “justiça equalizadora eterna”. Talvez você não entenda essas palavras, mas veja: o amor é a linha forte que tece e sustenta este universo de pé, e o justifica; constrói-lhe o Sentido, ele (Ele) próprio é o Sentido. Pascal dizia que “O universo é uma esfera cujo centro está em todas as partes e a circunferência em nenhuma.” Outros pensadores, utilizando esta mesma metáfora da esfera, referiram-se a Deus. O Universo é um coração, o próprio maquinário do Amor. Expande-se, expande-se pois (coração) dilacerado. Tempo vem, a plenitude dos tempos, em que se dará o Big Crunch, e ele retrocederá, imbuído de fogo & revolução. Tornará para o começo e será novo, a perfeição de uma esfera infinita porém estática, equalizada, equalizadora. Uma esfera sem centro e sem circunferência.

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Jasão Como Paul Eluard, tive a felicidade máxima dos poetas: os olhos mais bonitos que já vi em toda a minha vida, foram olhos que me amaram. E não digo que eram os mais belos por me amarem: eram presto os mais belos de per se, belos como um trecho de Agostinho ou um poema embriagado declamado por Dylan Thomas. E isso foi uma mui feliz conspiração do Universo em meu prol; favorecimento assaz arbitrário (só sei que nada sei) de minha quixotesca figura, e justificação secundária de minha vida. Amendoados como uma Jerusalém, ora verdes, ora com a cor do mel, ora indefiníveis, conforme as notas de luz que o maestro Sol tocava em seu elogio. Brilhavam ao ver-me, ah!, os olhos mais bonitos e maiores do mundo, e eu preciso dizer-lhe, mesmo que isso tenha passado e como todas as paixões avassaladoras não fosse dos justos planos do Deus de paz, não está justificada a minha pena? Sou um poeta pois paguei o preço, enquanto era como Fausto e Dylan Thomas e Quixote e pude fazer aqueles olhos brilharem mesmerizados, roubando assim do sol a primazia. Como um argonauta que Cronos estendesse sobre sua pele feita de células que são séculos, por breves lampejos furtei algo ao sol, e foi meu o Velocino de Ouro. No mais, a uns Deus não cobra mais caro que a outros? Longe de mim esperar sua compreensão, criança. Vá para fora, roube também o Velocino.

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Espasmos de Ecoteologia Parabéns para os fortes que conseguem ver vídeos de cachorrinhos tentando ressuscitar os amigos mortos, e outros vídeos expondo o sofrimento de animais, que têm se ‘viralizado’ pela rede. Para mim é insuportável, eu preciso desviar os olhos, desligar a TV, sair do recinto. Se eu tenho mais 'pena' de bicho do que de gente? Bem, vamos lá: Existem seres caídos, ou seja, homens (caído é igual a culpado consulte sua Bíblia, faça isso agora), e existem seres comprometidos pela nossa Queda. Os animais, além de inocentes, são nossos credores, devemos-lhes pela miséria em que os lançamos com a NOSSA, TODA NOSSA, Queda. Quase chego a acreditar que, com a Queda, perdemos o direito de soberania (Peter Singer gostaria de um argumento desses rsrs). Mas não se escandalize ainda, pois não perdemos. A relação homem/natura foi simplesmente prostituída. Animais = Inocentes totais, e Homens = culpados hereditários: sim cabrón, nosotros. Sim, nós: sua Bíblia diz que a culpa de Adão é a de todos nós (mas de nenhum animal). Pegue-a, leia de novo. O peso nas costas do Homem é maior do que ele pensa: Deus precisou morrer para reverter tudo que Adão&matou. Pois se o animal foi feito para o homem, e não o homem para o animal, antes disso, ambos e todos foram feitos para Deus. E Ele vê, vela e julgará o que os servos fizerem dos talentos confiados. Um outro argumento: racionalidade é, de per si, uma arma, um meio para defender-se, ou para escapar do apuro. Irracionalidade é estar-se desarmado, nú; irracionalidade é fraqueza, é assimetria (em relação ao homem, maior predador do animal e de si mesmo). Claro então que, eticamente (agora você não precisa de uma Bíblia) sou obrigado a defender os animais, os que, num combate armado, não possuem armas. Sou um Homem; desde meu pai Adão, não tenho opção senão pagar ESTA OUTRA DÍVIDA QUE VOCÊ E SUA TEOLOGIA JAMAIS&CONSIDERARAM. Claro que uma vida humana vale mais que vidas animais (deixe-me antecipar-me à sua crítica, cabrón), e caso precise optar entre uma e outra, a imagem e semelhança de Deus me obriga (mais uma vez eticamente) a optar pelo homem, mesmo culpado, mesmo contra meu 'coração'. Mas o mais fraco continua perfeitamente mais digno de pena, pois a dor, essa criação divina (consulte pela última vez sua Bíblia) amplificada/hiper-disseminada pela dobradinha Adão/Satanás, ah, ela é universal. Até sua sogra sente dor, que dirá uma guaxinim ou gato. Sorry...

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Exposição-para-a-aniquilação do fariseu em mim Há um fariseu em mim, e ele é como uma estátua num sonho de Nabucodonosor. Ele tem um tribunal, promotores, e decepa cabeças com sua katana. Já vai longe sua carreira de crimes. Que já poderiam ter sido descontinuados, Senhor. Essa é a principal oração da psicoletividade ontológica ora nomeada ‘Sammis’, esse estranho nome de cachorro. Já vai longe a metástase, e fico sempre a imaginar se o bem feito cobre o mal espargido em silenciosa semeadura. Semeapedra. Semeaço. Semea-dor. Dores. Aborte Senhor, aborte a ontoperação dita ‘eu’. Mas dias enbaraçam-se em dias e Sua graça ignora meus pedidos de baixa, desenxerga o botão azul-celeste de ‘delete’... Pois então inunde esta ontounidade com Teu amor ágape, encha-me até prestes a explodir, até que atinja o estado de omnipatia, o irmanarme com as dores de todos os homens do mundo, a expansãocelebração-martirização epifânica do Espírito, do Jesus-em-mim, a própria máxima operação do amor neste pó.

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A Poesia Carnal de Mathias Raws PULSÁTIL Mathias Raws Meu coração, ei-lo transfeito numa Gaiola de Faraday imune às descargas elétricas do terrorista Cupido Bunker-cápsula-pulsátil de fibras (d)e carbono meu coração um cavaleiro templário & traído

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De como o poetastro cínico Samerson Mesmer Fassbender desconstrói, em catastróficos versos, as sofridas heroínas dos contos infantis Mathias Raws BRANCA DE NEVE Nunca houve mulher mais amorosa e mais disposta a todos. De cada anão, de cada cão ela subtraía o coração e mais um gole duma coisa qualquer. E ia somando tudo, para criar em sua mente apreensora/disruptora da Realidade, o Homem Total – princesinha policínica em busca do ente polifálico. Prestativa, amorosa como sói acontecer nas alcovas de Cleópatra ou nas luas de Saturno.

CHAPEUZINHO VERMELHO Ela é uma menina muito especial e tem sempre palavras muito especiais Ela tem uma Evazinha dentro do coraçãozinho e traz sempre as maçãs no cesto, são o seu cinturão de granadas Traja com graça tântrica seu capuz vermelho & vivaz que é para combinar com as mui parrudas maçãs Tem também, secreto em seu espartilho, um baralho incompleto, onde falta o Rei de Ouros e propõe criativos e sinistros jogos a quantos famintos encontra

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CINDERELA De carruagem em carruagem ela avança, estilosas abóboras Honda, Hyundai ou Citröen. Pelos seus (des)caminhos despede sapatinhos como quem atrai cães com carocinhos de ração, para a carrocinha de seu coração, de cristal swarovski & para otários a prisão. Transforma pais de família em sabão. Omo.

GATA BORRALHEIRA Destrói a bênção e chora quando dá, seu choro dura sempre a exata metade de uma noite, pois a mesma noite provê quem a console. É uma escrava de sua própria pulsão de luta. “Mulher tem que ser safada mesmo.” Seu homem é pouco, principezinho malsão de salteadores, Hobin Hood lento, bonzinho demais, tapete de igreja. Não é mais para ela. Bom mesmo é o homem alheio. Ela o quer, e tudo que ela quer, ela consegue. Determinada. E poderosa. Dane-se. Ela é poderosa. Seu celular de quatro chips, o centro-de-sua-vida, eletrônica Caixa de Pandora, bloqueado por floreada senha, é como o raio de Zeus, o arco de Diana: sua arma de caça & extermínio. Ave Eva, ovo donde cedo ou tarde eclode Jezabel!

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Ocarina de Bodom Mathias Raws O que é a felicidade? Seus olhinhos de Psilocke, seus olhinhos de menina de ninja de turcomana Isso a Felicidade, Nossa expedição para roubá-la, para onde expedi-la?

(Deus é um norte ou uma bússola?)

Seu sorriso iridescente durante o jantar o mar defronte, os idiotas de través olhando para você, as mãos que você escondia, “minhas unhas não estão pintadas” “Esta salada está passada”, você diz. “Sim, os tomates estão azedos” retruco, e em minha mente, “azedos como meu passado Ou a coleção de meus status de Facebook.” (Deus, Ele é um norte ou uma bússola?) Sua beleza que se recusa a envelhecer sua beleza um golpe contra as coisas, homens solilóquios a profundidade a alteridade do que é mar O que é a felicidade? Queria que minha infelicidade fosse apenas um status de Facebook, um status que eu pudesse editar ou excluir com toques de dedo ou de adaga mas não

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O que é a felicidade? sua beleza de índia de nissei de solstício seu sorriso essa pedra de afiar auroras suas frescuras suas alergias seu traquejo

o que é a felicidade?

a vergonha ombreando-me como um abutre, o papagaio negro do maldito Poema Sem Fim de meu naufragado alter ego o toque do celular interrompendo o jantar, a fruição calculada de seu sorriso (Deus é um norte ou uma bússola?) Deus da aurora, Deus do meio-dia, Deus do crepúsculo Grande Deus Trino mesmo eternabrangente Deus assuma o controle se não posso curvar minha cerviz de pecador de melancólico de suicida assuma o controle leve-me à página de desambiguação da Realidade e mostre-me o que deu errado, em que arquivos eu deixei que se instalasse o vírus o que é a felicidade? Queria ouvir sua música, menina candente seu matraquear de doçuras no silêncio que rege este dia tocada por uma orquestra de ocarinas e pífaros, seu sorriso essa urgência mas mais uma vez fui inter -rompido: o que é a felicidade? Toque sua ocarina, menina, rompa a maldição o feitiço pegue seu telefone e ligue faça o papel do nosso Deus, assuma o controle

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(A felicidade, ela é um norte ou uma bússola?) aquele trecho da canção grunge & nonsense do Bush, “second blond children / velvet... velvet...” quem dera esse mundo de pedras fosse de veludo ou as armas no porão, eu tivesse a expansão de usá-las

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Na esquina da Duque de Caxias com a Rio Branco Mathias Raws "Pra começar preciso dizer, Ismael, que ela é a mulher mais bonita do lugar. Isso aí, a rosa primaz do roseiral, e você conhece aquele roseiral garboso e vivaz, como diria vovô. No mais é um mistério. Por vezes a encontrei de madrugada, vindo de algum lugar, sempre sozinha, indefectivelmente de preto ou combinações de preto e roxo, olhando para o chão, silenciosa... Roqueira, gótica? Nunca a vi com camisa de rock, então a resposta pende para a negativa. Muitas vezes a vi chorando. Lágrimas esparsas. Sintomas de TOC, unhas roídas, pintura das unhas roídas, sempre e sempre. Roendo em público. Mais forte que a vontade de esconder. Uma garota problemática? Ismael, teve aquele episódio da rosa, mas não vou contar, virei piada no trabalho, deixa isso quieto. Depois da rosa, um outro esbarrão, perguntei pelo namorado. Ela disse que tinha. Sim, Ismael, também nunca o vi. E aí era bom dia, boa tarde, boa noite, a cada encontro desproposital. Linda de morrer. Mas hoje a lua estava cheia: a menina de pele de lua chorava compulsivamente. Ela nunca fala nada, não seria hoje que falaria. Pegamos o mesmo ônibus. Ela chorava compulsivamente. E eu de outro banco, cabisbaixo, falando com Deus. Não consegui evitar. Sentei-me ao seu lado, 'você está precisando de alguma coisa?' 'Não, obrigado...' E aquela vontade de abraçá-la, Ismael. Abraçar a deusa frágil, a deusa do TOC e das lágrimas constantes e públicas. Dez minutos, dez minutos e um idiota sem saber o que dizer. Apenas olhando de soslaio para ver o que se escondia por trás daqueles cabelos negros sendo véu na branca face, tentando enxergar que rotas de queda as lágrimas tomariam rompendo pela pele de veludo. Nossa, agora fui piegas. Dane-se, Ismael. Mas não conseguia falar nada. Nem perguntar o que acontecera. Miséria. Dois párias, dois míseros exatos párias na cidade grande, e bastaria um estalo de dedos para eu abraçá-la, e dois estalos para declarar-me. Mas e o namorado? Perguntei uma vez, e isso não é pergunta que cavalheiro repita. Mas nunca o vi, em meses. Não o vi ali enquanto ela chorava desconsolada. Creio firmemente que ele não existe. No início achei que ela era lésbica: foram anos sem vê-la com homem algum. Silenciosa. Noturna. Mas ela não tem jeito, embora isso fosse amarrar muitas pontas soltas deste mistério, desta mulher que me apraz admirar. É preciso mistério para abalar meu coração de cobre, Ismael. Já escrevi poemas para proto-prostitutas, quantos poemas aquele anjo mereceria? Meu ponto chegou, peguei um cartão, rasguei a parte desimportante, deixei apenas os telefones, 'Me preocupo com você. Se precisar de alguma coisa, me liga. Sem segundas intenções.' 'Obrigado', e havia rara ternura em seus olhos de noite, como um veio de ouro que rompe ao pé de um monte imaculado. Saí para o caos, respirando forte, pensando em como ela continuaria a chorar e a chorar até chegar ao trabalho. Ela com suas lágrimas, eu com minha impotência e ira. Filhotes de ovelha enxertados na

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matilha."

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Bufão, Clown de Pasárgada e mestre falsário, chora em tintas a morte de Calíope (2012).

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Sobre o autor Sammis Reachers nasceu em 09/05/1978 em Niterói – RJ. É poeta, antologista, editor e blogueiro. Tem se destacado como promotor e divulgador da poesia evangélica, através das antologias que organiza e dos blogs como o Poesia Evangélica, onde já publicou mais de trezentos autores. Atua também na promoção missionária, através do blog Veredas Missionárias, publicações diversas e por ações nas redes sociais.

É autor dos livros de poesia: Uma Abertura na Noite (2006) A Blindagem Azul (2007) CONTÉM: ARMAS PESADAS (2012) Poemas da Guerra de Inverno (2012 / 2014) Deus Amanhecer (2013) Pulsátil (2014)

Organizou as seguintes antologias: 3 Irmãos Antologia (2006 - textos de Gióia Júnior, Joanyr de Oliveira e J.T.Parreira) Sabedoria: Breve Manual do Usuário (2008 - antologia de frases) Antologia de Poesia Cristã em Língua Portuguesa (2008) Águas Vivas volume 1 (2009 – antologia reunindo textos de poetas evangélicos contemporâneos) Antologia de Poesia Missionária (2010) Águas Vivas volume 2 (2011) Breve Antologia da Poesia Cristã Universal (2012) A Poesia do Natal Antologia (2012) Águas Vivas volume 3 (2013) Antologia de Poesia Missionária volume 2 (2013) Teatro Missionário – Peças Teatrais e Jograis sobre Missões e Evangelização para Igrejas Evangélicas (2013 – em colaboração com Vilma Aparecida de Oliveira Pires) Revista Humorejo – Humor Gráfico Evangélico (2014 - charges, cartuns, caricaturas e HQ’s) *Todas essas obras podem ser lidas online ou baixadas gratuitamente (Acesse a página ‘Biblioteca’ no blog Poesia Evangélica, para ter acesso a esses e a muitos outros livros).

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Mantém mais de 10 blogs, incluindo os blogs literários: Poesia Evangélica (desde 2006) - http://poesiaevanglica.blogspot.com O Poema Sem Fim (pessoal) - http://opoemasemfim.blogspot.com Liricoletivo - http://liricoletivo.blogspot.com Mar Ocidental - http://marocidental.blogspot.com

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