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1. Propósito eterno de Deus
Deus tem um propósito eterno para a humanidade. Não há como fazer discípulos para Jesus e para a glória de Deus Pai, sem ter em mente esse maravilhoso, incrível e imutável propósito.
Podemos resumir tal propósito em uma frase: Uma família de muitos filhos semelhantes a Jesus, para a glória de Deus Pai e na dependência do Espírito Santo.
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Este tema é muito amplo e demandaria um livro inteiro apenas para tratar do mesmo. Vamos abordar alguns aspectos do propósito eterno de Deus que tem relevância para o discipulado.
A paternidade, o caráter e a glória de Deus Pai
Deus criou a humanidade com um desejo pessoal; não somos apenas criaturas de suas mãos. Deus nos criou para sermos seus filhos, Ele2 nos gerou para si no Amado para ser o nosso Pai.
Deus é amor e todo esse amor está expresso na criação da humanidade. Necessitamos ter revelação desse propósito, pois o discipulado não pode apontar para nós mesmos. O nosso trabalho tem que conectar as pessoas a Deus. Precisamos trabalhar para a eternidade!
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A norma culta da língua portuguesa permite grafar com inicial maiúscula todos os pronomes pessoais que fazem referência a Deus. Ferreira, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário da língua portuguesa, Curitiba: Positivo, 2010.
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Aquele que faz discípulos precisa expressar a paternidade de Deus em seu modo de agir. Mas, acima de tudo, cada discípulo precisa usufruir da sua pessoal e insubstituível relação com o Pai.
O discipulado não pode competir com a paternidade de Deus. Nem Jesus, que é um com o Pai, permitiu que sua atuação aqui na Terra competisse com a pessoa do Pai. Marcos 10:17-18 (ARA3)
E, pondo-se Jesus a caminho, correu um homem ao seu encontro e, ajoelhando-se, perguntou-lhe: Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna? Respondeu-lhe Jesus: Por que me chamas bom? Ninguém é bom senão um, que é Deus. Mateus 23:8-10
Vós, porém, não sereis chamados mestres, porque um só é vosso
Mestre, e vós todos sois irmãos. A ninguém sobre a terra chameis vosso pai; porque só um é vosso Pai, aquele que está nos céus. Nem sereis chamados guias, porque um só é vosso Guia, o Cristo.
Percebe-se, nos textos acima, o esforço de Jesus para ensinar a centralidade do Pai em toda a sua obra.
Aquele que ensina precisa viver conectado com o Pai. Trabalhemos para que os discípulos se sintam como filhos de Deus e descansem em sua amorosa paternidade. Cada discípulo precisa ter sua identidade de filho de Deus fortalecida, assegurada e confirmada.
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Almeida, João Ferreira de. A Bíblia Sagrada, traduzida para o português por João Ferreira de Almeida, revista e atualizada no Brasil. 2a ed. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993. Daqui por diante, todas as citações bíblicas não identificadas correspondem a esta versão. 14
O diabo, ao tentar Jesus, pôs em xeque sua filiação: “Se tu és filho de Deus”. Jesus venceu as tentações, pois conhecia o Pai e vivia para agradá-lo.
Em outros textos, Jesus chama a atenção dos discípulos para o caráter de Deus e os convida a imitá-lo. Mateus 5:48
Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste. Lucas 6:36
Sede misericordiosos, como também é misericordioso vosso Pai.
Deus é digno de toda a glória e honra. Em seu esvaziamento, o Verbo deu toda a honra e glória ao Pai. Mas, até na exaltação de Jesus, a glória é para o Pai. “[…] e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai4”. Então, devemos ensinar os discípulos a fazerem com que suas vidas se movam em função da glória do Pai. Tudo o que fizermos deve ser para a exclusiva e excelsa glória do Pai. Como se faz isso? Fazendo sua vontade aqui na terra como no céu. Vivendo, assim, cada minuto da vida por meio dele e para Ele.
Imagem e semelhança de Cristo
Jesus é a expressa imagem de Deus; seu caráter expressa os atributos do Pai. Nele habita, corporalmente, toda a plenitude do Senhor. João 10:30
Eu e o Pai somos um.
4 Filipenses 2:11
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João 12:44-45
E Jesus clamou, dizendo: Quem crê em mim crê, não em mim, mas naquele que me enviou. E quem me vê a mim vê aquele que me enviou.
Jesus revelou ao mundo o caráter de Deus manifestado em forma humana. Assim, para imitar a Deus, basta imitar a Jesus. Efésios 5:1-2
Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; e andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave.
Essa “família para a glória de Deus Pai” precisa se relacionar com Ele e necessita imitar seu caráter. Deus é a fonte de toda reserva moral. O homem e seus instintos estragados não servem de base. Jesus é o nosso único ponto de referência!
A santificação é o processo de transformação do nosso caráter até que sejamos moldados à imagem de Deus. Esse é um dos pontos centrais do propósito eterno. Assim deve ser o trabalho dos cooperadores: “apresentar todo homem perfeito em Cristo”5 . Efésios 4:13
Até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo, […]
Colossenses 1:295
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Dependência do Espírito Santo
Jesus afirmou que gostaria de ter falado muitas coisas com os discípulos, mas eles não entenderiam até que o Espírito Santo se derramasse sobre eles6 .
O Mestre não acreditava na sua didática ou em seu desempenho como discipulador, nem mesmo na capacidade de entendimento dos discípulos. Ele colocou toda a sua confiança no Espírito Santo.
Um discipulado sem o Espírito Santo é fracasso certo! Mesmo que o Espírito nos use no processo de transformação do outro, seja por conversas, argumentações ou até repreensões, temos que confiar nele e creditar a obra a Ele. A tentativa de mudar o outro por esforço humano pode até produzir algum fruto, mas ele não é consistente nem duradouro. Nada do que façamos é eficiente sem Ele. Só o Espírito do Senhor pode mudar a vida de alguém. É impossível viver qualquer um dos princípios expostos neste livro sem a total dependência do Espírito Santo.
Este é um livro sobre discipulado, portanto, sobre a interferência de uma pessoa na vida de outra. A tônica da maioria dos capítulos é sobre o que temos de fazer; logo, essa introdução sobre a centralidade do Espírito Santo não anula tudo o que precisamos fazer com empenho. É, entretanto, um contraponto importante para que não se faça nada como uma técnica, como uma ferramenta meramente humana. Pelo contrário, esperamos que todo o esforço e empenho no discipulado sejam na dependência do Espírito Santo.
6 João 16:12-14
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Multiplicação de discípulos
Um aspecto muito importante dentro do propósito eterno é a multiplicação numérica de discípulos, pois o Senhor quer muitos filhos. Estudaremos sobre evangelização e frutificação, entendendo que ganhar almas é fundamental para o cumprimento da vontade do Senhor.
Vida em família
A unidade da igreja tem grande relevância, pois o Senhor quer sua família unida. Jesus orou para que fôssemos um, assim como Ele e o Pai também são um, a fim de que o mundo creia. O Senhor expressou seu desejo de que fôssemos aperfeiçoados na unidade7 . O discipulado não pode ser algo particular; tem que ser vivido em família. A sabedoria e a graça de Deus se manifestam por meio do corpo de Cristo.
Salvação
É imprescindível compreendermos a queda do homem e o seu estrago, tornando-o incapaz de cumprir a vontade do Senhor. Essa é a chave para compreender o significado da redenção.
Desse modo, ter revelação de tudo o que envolve o plano perfeito da salvação nos dá a dimensão da imutabilidade do propósito do Senhor.
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João 17:21-23 18
A salvação é o meio para alcançar o propósito! Então, tudo o que a envolve é extremamente necessário para sermos eficientes em nossa missão de fazer discípulos.
Cooperadores
Finalmente, é essencial experimentar o chamado de Deus para ser cooperador nesse projeto eterno, através do entendimento do sacerdócio de todos os santos, pois Deus quer usar todos os seus filhos.
Tudo isso tem que ser considerado para a verdadeira compreensão do discipulado. Deus está formando um povo para ser sua família. Seu coração, sua mente e suas mãos estão envolvidos nesse propósito. Fomos chamados para sermos cooperadores nesse plano eterno. Que privilégio incomparável!
O Espírito Santo quer dar a cada um de nós a revelação da grandiosidade desse serviço. Não há maior obra que alguém possa realizar nesta terra do que a obra de fazer discípulos!
Que mantenhamos nossos corações plenamente aquecidos e nossas vidas totalmente dedicadas ao nosso chamado. Vamos conduzir vidas a Cristo e trabalhar para edificá-las à sua semelhança, para a glória de Deus Pai e na dependência do Espírito Santo.
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Perguntas para reflexão e autoavaliação
1. Temos clareza do propósito eterno de Deus? 2. Trabalhamos em função desse propósito? 3. Entendemos a paternidade de Deus? 4. Tudo o que fazemos é para a glória de Deus Pai? 5. Está claro o alvo de sermos à semelhança de Jesus? 6. Tudo o que fazemos é na dependência do Espírito Santo?
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