A Saga do Vampiro Mogkull

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Autor

Orisval Brito

Volume I

Primeira publicação em papel impresso 2009 por Editora Biblioteca 24 Horas. Direitos Autorais © Orisval Brito 2020

no

Brasil

em

Leia a série completa: www.orisvalbrito.com.br

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste ebook pode ser reproduzida, distribuída, transmitida ou armazenada, no todo ou em parte, por qualquer meio, incluindo gráfico, eletrônico ou mecânico, sem a expressa autorização por escrito do autor, exceto no caso de breves citações incluídas em artigos críticos e resenhas.


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Nota do Autor

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Como Você Deve Ler Este Conto

10

À guisa de Prólogo

16

Cap. 1 – New York, 1996. O Terror Chega de Navio

21

Cap. 2 – O Mal Que Domina a Vontade.

40

Cap. 3 – A briga.

49

Cap. 4 – Envolvido

54

Cap. 5 – Mistério

61

Cap.6 – O Medo

71

Cap.7 – A Yacusa Acuada

77

Cap.8 – O Detetive Filmório

85

Cap.9 – A Prostituta Loura

97

Cap.10 – A Polícia

107

Cap. 11 – Envolvendo a Yacusa

120

Capítulo 12 – Visitando a Yacusa

129

Capítulo 13 – Filmório Vai Fundo

138

Capítulo 14 – Uma Decisão Infeliz

145

Capítulo 15 – Mogkull Abre a Porta

157

Capítulo 16 – Novamente o Medo Irracional

166

Capítulo 17 – Um Visitante Letal

172

Capítulo 18 – Complicação Com a Polícia

184

Capítulo 19 – Mais Encrenca.

199

Capítulo 20 – Insólita Intrusão.

209

Capítulo 21 – Encontrando Um Mestre.

214

Capítulo 22 – Sanshiro Desconfiado.

219

Capítulo 23 – O Urso e o Lobo.

225

Capítulo 24 – Pânico.

236

Capítulo 25 – Terror.


PERSEGUIÇÃO IMPLACÁVEL Livro I


E

ra uma noite muito fria. No céu, a lua cheia estava en-

coberta por espessa nuvem e o tempo parecia prenunciar tempestade. Um vento gelado soprava sobre o campo e agitava as copas das árvores. Ninguém transitava pela estrada que passava diante dos muros do templo Shin-tao, nos arredores de Tóquio. O templo era um mosteiro muito antigo, fechado para o público, e tinha muita fama entre os habitantes do Nihon. Ali se formavam Ninjas, mercenários muito temidos porque dominavam com mestria a arte do ninjutsu. Seus muros de pedra eram muito altos e cercavam algo em torno de doze quilômetros quadrados. Uma área jamais ousada por invasores ou assaltantes, pois todos sabiam que invadir o templo era condenar-se à morte. Shin-tao distava não mais que vinte quilômetros da movimentada vilazinha de Kamakura do século XII e seu diretor era um nipônico de nada mais que cento e oito anos de idade. Naquele momento ele estava em profunda concentração, sentado com as pernas cruzadas e as mãos descansando sobre o colo e as longas barbas brancas caindo sobre elas. Passava da meia-noite e diante dele, na mesma posição, o seu discípulo mais aplicado — o seu sucessor provável, o ninja SutamiSao. Sutami-Sao era um homem muito forte, beirando os quarenta e um anos e sua robustez saltava sob a seda do belo quimono negro com o desenho de um dragão vermelho com as garras em posição de ataque, o dístico do mosteiro. Ambos não moviam um músculo e davam a impressão de serem esculpidos em pedra. Súbito, Sutami-Sao abriu os olhos e fixou seu mestre. — Um estranho aproxima-se de nosso portão — murmurou em voz quase sussurrada. — Não pertence a nossa raça.


— Também percebo — respondeu o Mestre mantendo-se impassível. — Não é uma pessoa normal — acrescentou após um tempo. — Traz a morte em sua companhia. — Não devemos abrigá-lo, então — sugeriu Sutami-Sao. — Ele deve morrer — sentenciou o Mestre quebrando, pela primeira vez a sua concentração. — Nosso mosteiro não costuma ter hóspedes, senão aqueles que vêm estritamente tratar de negócios. O homem que se aproxima de nós, contudo, não vem negociar. Ele tem sede, muita sede. — Sede? — e Sutami-Sao olhou sem compreender o seu Mestre. — Sim... — murmurou o Mestre franzindo a testa. — Está percebendo? — perguntou após um momento — O estranho não tem energia. Sua aura não vibra... É como um abismo sem fundo. — Não percebo mais do que a aproximação de um coche — respondeu Sutami-Sao. — Pois eu não percebo a alma do estranho. Ele é como um cadáver que anda — disse o Mestre pondo-se de pé. Sutami-Sao também ergueu-se apanhando sua afiada tachi1 do chão. O Mestre foi até à parede e de lá apanhou um poderoso arco e duas flechas cujas pontas estavam envenenadas. — Eu mesmo quero matá-lo — disse determinado. — Venha comigo. Ambos saíram para a noite gélida e escura. Caminharam em silêncio os quase trezentos metros que conduziam, por um belo jardim de traçado tipicamente japonês, até o enorme portão feito em cedro. Então, os passos calmos e firmes se transformaram. Ambos, Mestre e aluno, moveram-se como felinos e cada qual sumiu em direção às duas árvores que ladeavam a grande entrada do mos-

Tachi – faca de corte afiado, mais ou menos do tamanho das facas usadas pelos bombeiros atuais. 1

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teiro. O silêncio continuou total e a um observador comum não pareceria existir nada mais além das árvores, do grande portão e do vento frio que continuava a açoitar a terra gelada. Um coche parou diante do mosteiro e ficou quieto, sem que ninguém se movesse lá dentro. Os cavalos negros batiam nervosamente os cascos no chão e os penachos negros em suas cabeças dançavam lugubremente ao luar. Sutami-Sao observou que não havia cocheiro, o que era estranho. Por ele, desceria e iria dar uma olhada mais de perto no estranho carro, mas quem estava no comando era o seu Mestre e devia aguardar a decisão que tomaria o ancião. O tempo transcorreu como se se arrastasse e nada acontecia. Então, quando a lua saiu de detrás das nuvens e lançou sua luz fantasmagórica sobre o chão coberto de neve, a porta do carro abriu-se devagar e um homem desceu. Não era visível, pois trajava um sobretudo muito longo e de gola alta e trazia na cabeça um estranho chapéu que mais se assemelhava a um balde com abas curtas. Na mão direita o ninja notou uma bengala muito bem trabalhada e cujo castão parecia feito de ouro. O homem permaneceu um momento parado perto do coche e, então, decidiu-se. Em passos firmes caminhou na direção do portão. Com a sua bem treinada visão periférica Sutami-Sao viu a sombra entre as sombras que era o seu Mestre distender o arco e fazer a mira. Naquele exato momento o homem sustou o passo e ergueu a cabeça, olhando diretamente para o arqueiro. Aquilo era absolutamente espantoso. Nem mesmo os mais adiantados estudantes do ninjutsu seriam capazes de descobrir o Mestre quando este se ocultava. Os dois ficaram a se mirar por um tempo que pareceu a Sutami-Sao uma eternidade. Então, o Mestre desarmou o arco e retirou a flecha silenciosamente. O forasteiro voltou a cabeça diretamente para onde SutamiSao se encontrava e o olhou direto nos olhos. Mais uma vez o ninja

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se espantou. Ele os localizava como se ambos estivessem a descoberto e em plena luz do sol. Ainda não se refizera da surpresa e seu Mestre já estava no chão abrindo o pesado portão do mosteiro. — Konbanwa2 — Sutami-Sao ouviu a voz forte do homem no cumprimento em um japonês absolutamente correto. — Konbanwa. O que deseja, forasteiro? — Ouviu o Mestre perguntar. — Hospedagem — Foi a resposta do estranho. — Nosso mosteiro não dá guarida a hóspedes — Informou o Mestre com voz firme. — Sei disto. Mas ele é excelente para minhas necessidades atuais e por isto eu insisto em ser aceito — Teimou o homem com voz determinada. — Vem de muito longe, estranho. Por que escolheu o templo Shin-tao para sua hospedaria? — Perguntou o Mestre. — Porque é um templo dedicado ao ofício da Morte, como eu — foi a resposta enigmática. — O que faz? — Perguntou o Mestre sem se abalar com a observação do recém-chegado. — Como eu disse, tenho por ofício a morte, como os senhores. — Ah, um mercenário estrangeiro? — Quis saber o Mestre, mas o forasteiro não respondeu. Preferiu ficar quieto olhando fixamente para o velho dirigente do Templo. Como não obtivesse resposta, o Mestre tornou a insistir na pergunta e sua voz denotava irritação pelo desrespeito. No Templo Shin-Tao ninguém se atrevia a não dar resposta a uma pergunta do velho Mestre. — Digamos que sim — concordou finalmente o homem. — Está bem — acedeu o Mestre após uns momentos de hesitação. — Contudo, amanhã bem cedo você enfrentará três de meus alunos em combate mortal para provar que merece a nossa 2

Konbanwa = Boa-noite

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companhia. Se escapar com vida, será nosso hóspede por quanto tempo necessitar. Aceita? — Perfeitamente. Só que tem de ser agora — respondeu o homem arrogantemente. — Eu disse amanhã! — Rebateu irado o Mestre. — E eu disse agora! — Teimou o homem elevando a voz. Sutami-Sao viu o gesto da mão de seu mestre ordenando-lhe que atirasse no homem. Era um gesto somente com dois dedos da mão direita e só os ninjas treinados poderiam perceber o leve movimento. Não hesitou. Colocou a flecha em seu arco, fez a mira cuidadosa na testa do atrevido e disparou. O disparo foi como o relâmpago e era humanamente impossível a uma pessoa escapar do flechaço, mas a mão do homem aparou a flecha preta antes que ela lhe tocasse a pele. Com o mesmo movimento rápido com que sustara o avanço mortal da seta, jogou-a de volta e Sutami-Sao só não foi pegado em cheio porque era o melhor dentre os melhores alunos do Mestre. Entretanto, a surpresa o desequilibrou e ele caiu de onde estava rolando pelos galhos em direção ao solo. Sua habilidade e seu treino de muitos anos salvou-o mais uma vez e SutamiSao conseguiu amortecer a queda. Quando seus pés tocaram o chão, ele se voltou rápido como o raio em direção do estranho já com uma churiken pronta para o arremesso, mas um gesto imperativo do Mestre sustou seu ataque. — Você acaba de provar que é digno de ficar entre nós. Não é bem-vindo, mas ganhou o direito a nossa hospitalidade. Entre. E Katomi Tano, o Mestre, abriu o portão para o estrangeiro. Sutami-Sao sentiu o coração entristecer como se uma nuvem negra tivesse tomado conta de seu ser. Quando o homem passou por ele, um frio horrendo atingiu-lhe os ossos e, sem que pudesse controlar-se, o ninja tremeu. Esforçando-se para se controlar, postou-se ao lado da sombria personagem e procurou sondá-la...

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Sutami-Sao nรฃo sabia, mas a Morte tinha acabado de entrar no Shin-Tao. Mas isto foi hรก muito, muito tempo atrรกs...

***

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