Responsabilidade social
O desafio dos
organicos
O Paranå aumentou sua produção, mas ainda encontra problemas para abastecer os pontos de venda
Revista SUPERMIX
A preocupação com a qualidade de vida, saúde e meio ambiente é crescente entre as pessoas. A busca por produtos orgânicos cresce na mesma proporção. No entanto, a oferta ainda não acompanha esse movimento. Os custos da conversão da lavoura, despesas com a mão de obra, dificuldades com a certificação e a pouca variedade de produtos estão entre os principais desafios a serem vencidos para que a freqüência dos orgânicos aumente na mesa dos consumidores. Nos últimos dez anos, o Paraná registrou um salto expressivo na produção de orgânicos. Segundo dados do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), em 1997 o Estado contava com 450 produtores rurais e registrava uma produção de quatro mil toneladas. Na safra 2007/2008, a produção passou para 124 mil toneladas com mais de cinco mil produtores atuando na agricultura orgânica. No entanto, esse volume ainda não é suficiente para abastecer o mercado. Na visão do engenheiro agrônomo e coordenador Estadual de Olericultura da Emater, Iniberto Hamerschmidt, “deve haver muito investimento na produção para abastecer o mercado, uma vez que o consumidor está exigindo produtos orgânicos não só na alimentação, mas no vestuário e cosméticos”.
encontrar os produtos orgânicos, os supermercados também têm dificuldades para conseguir manter os estoques e a variedade nas gôndolas. Um levantamento feito pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico Social (Ipardes) em 2007 apontou que as grandes redes supermercadistas de Curitiba ofertam produtos orgânicos nas suas lojas, no entanto encontram problemas de logística. As redes de porte médio procuram seguir a tendência das grandes redes. Já nas lojas de bairro, com redes menores ou supermercados
burocratização nas negociações e traz vantagens para a logística, transporte e entrega. Na avaliação da coordenadora estadual do setor de Agronegócio do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) do Paraná, Andreia Claudino, o alto preço, a pouca variedade e quantidade disponível, são pontos que precisam ser equalizados para que haja aumento no consumo dos orgânicos. “Conscientização ecológica do consumidor e do varejista, com mudanças comportamentais, e um trabalho efetivo de marketing alertando para o uso destes produtos são o grande desafio para os próximos anos”, afirma Andreia.
“Conscientização ecológica do consumidor e do varejista, com mudanças comportamentais, e um trabalho efetivo de marketing alertando para o uso destes produtos são o grande desafio para os próximos anos”. [Andreia Claudino]
Da mesma forma que os consumidores passam por dificuldades na hora de
de lojas únicas, há pouca oferta de orgânicos, e as opções existentes se resumem a produtos de mercearia seca mais comuns, como açúcar mascavo e farinhas. No interior do Estado, como na região Oeste, por exemplo, aponta o Ipardes, associações de produtores negociam diretamente com os proprietários de supermercados de redes locais ou regionais. Isso reduz a
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Orgânicos no mundo
No cenário internacional, os mercados que mais cresceram nos últimos anos foram os do Reino Unido e dos Estados Unidos, onde as cadeias de supermercados, junto com políticas públicas, criaram condições favoráveis para os produtos orgânicos. De acordo com Júlia Guivant, professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), na América Latina alguns países estão com o mercado interno em expansão, mas grande parte da produção é destinada à exportação. O abastecimento se dá através das associações de produtores rurais que comercializam diretamente com os supermercados, como ocorre no Uruguai, Costa Rica, Honduras, Peru, Argentina e em algumas regiões do Brasil.