Esta publicação virtual tem o apoio e consenso de diversas entidades da Baixada Santista, Governo do Estado de São Paulo e Prefeitura de Santos para criação de um Centro Cultural Nova Cadeia Velha de Santos - Artes Integradas e Museologia, ou simplesmente #CentroCulturalCadeiaVelha. Essa publicação reúne uma ampla produção de material já veiculado nas diferentes mídias e construído com dezenas de instituições artísticas e culturais independentes desde maio de 2015, e reafirmado pelo Poder Público em julho do mesmo ano. A proposta de #CentroCulturalCadeiaVelha é como já garantiu o Governo de Estado de SP: "um espaço livre de criação artística, com regras de convívio e uso a serem estabelecidos por um conselho gestor composto por integrantes da sociedade civil, Estado e Prefeitura, com intuito de promover governança e gestão compartilhada. A liderança nesse processo será exercida pela Secretaria de Cultura de Santos". "A diretriz central do espaço será a ativação e mobilização da cena cultural da Baixada Santista. Para isso, a proposta é de que o Centro Cultural promova a integração de múltiplas linguagens artísticas por meio de oficinas, cursos de formação e laboratórios, seminários, intercâmbios técnicos, ações de fomento, pesquisa, apoio à criação e à difusão cultural, em um modelo renovado e convidativo". "Outro aspecto central da proposta de ocupação do edifício, tombado nos níveis federal, estadual e municipal, será a preservação e difusão de suas memórias. Assim, a Cadeia Velha funcionará como um espaço de permanente diálogo entre história e produção artística contemporânea". Queremos que o #CentroCulturalCadeiaVelha seja de acesso gratuito a todos. Que o trabalhador, após o expediente no Centro de Santos, possa conferir apresentações bem ao lado da Rodoviária de Santos. Que os filhos e famílias de toda a Região possam visitar exposições, cafeteria e sala de leitura. Que também confiram sessões de cinema, teatro, música, dança e circo a preço popular. Que os amantes de história possam redescobrir a trajetória deste prédio centenário. Que os mais jovens possam ter oficinas de iniciação artística, que os grupos artísticos em iniciação possam ter locais para ensaio e ocupação artística, e que os mais experientes, produtores e gestores possam ter um núcleo de capacitação e assessoria para gestão de seus projetos independentes. E que tanto os moradores da Baixada Santista, quanto os turistas, tenham uma programação artística de rotatividade permanente.
Em janeiro de 2016, um grupo de empresários e entidades entende que a Cadeia Velha deve ser um museu com entrada paga e de foco municipal, de um andar de exposições permanentes e, no segundo, de temporários e uma única sala de workshops e oficinas. Uma loja em vez de um palco. Se este grupo visa o espaço mais para a população observar a relevância cultural de tempos atrás, nós, queremos atender a população como própria fazedora de cultura para os novos tempos. Não somos contra um museu, é que queremos um centro cultural com artes integradas e museologia. Há tantos locais que estas empresas via responsabilidade cultural podem revitalizar na Cidade, por que justamente num espaço dedicado a uma vocação mais plural e abrangente? Contamos com seu apoio para o #CentroCulturalCadeiaVelha.
Câmara Municipal, presídio, fórum, Tribunal da Justiça, hospital, quartel-general, ponto de manifestações e centro cultural. Tantas utilidades em quase 15 décadas para um prédio que desde o início de 2012 está de portas fechadas à população: a antiga Casa de Câmara e Cadeia, mais conhecida como Cadeia Velha de Santos. “Ainda mais, porque é uma construção típica do Brasil, com pedra, cal, argila, areia e melado de cana-de-açúcar”, detalha Luciana Sans de Menezes, arquiteta responsável pelo projeto executivo de restauro do local que guarda muitas memórias em seus 2 mil metros quadrados, contemplando 13 salas (dessas, oito antigas celas) no térreo e outros sete ambientes no andar superior. “A Cadeia Velha é o nome popular, mas, na verdade, ela era chamada antes de Cadeia Nova, porque foi a segunda da Cidade”, destaca Luciana. O primeiro presídio de Santos também concentrava os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e foi erguido ainda no século 19, bem na Praça da República, mas demolido devido a sua pequena estrutura, em 1870. Assim, os serviços do Paço Municipal, da Câmara e do Fórum foram transferidos ao novo equipamento. Já em 1820, as lideranças da futura cidade (a emancipação seria em 1839) de quatro mil habitantes cogitavam a construção de um local de maiores proporções, bem no Largo de São Jerônimo, terra da família dos Andradas (por isso, a futura praça ganhou esse nome). Em 1831, o projeto original sem autoria previa a cadeia nova com dois pavimentos em todo o prédio, sem os alpendres (sacadas) no pátio interno, sequer janela central na fachada: no lugar, haveria um brasão do Império. Com o decorrer das obras, iniciadas em 1838, o prédio foi ampliado e sofrendo alterações, até ser concluído 30 anos depois.
A demora nas intervenções está relacionada com a Guerra do Paraguai. Com os combates, a economia do Império previa poucos recursos aos edifícios públicos. Além de que as obras foram paralisadas entre 1865 e 1866, justamente para que o lugar se tornasse em quartel das tropas brasileiras. Somente nos anos seguintes, é que ele centralizaria os três poderes da Cidade. De acordo com atas oficiais, seria até visitada pelo imperador Dom Pedro II, a princesa Isabel e seu marido Conde d’Eu, em 1888. A solenidade também homenagearia a princesa, autora da Lei Áurea, já que metade da população santista (na época, já eram 10 mil habitantes) era formada por negros. E, desde então, seu nome batizou a plenária dos vereadores.
Luciana explica o funcionamento do espaço: “Nas Casas de Câmara e Cadeia, era bem comum que nas salas do pavimento superior funcionassem o Legislativo e o Fórum, e o primeiro andar fossem reservados aos presos. O atual jardim central, no térreo, na época, era o pátio dos prisioneiros”. Na lista de presidiários, tanto assaltantes quanto presos políticos, entre eles, a modernista Patrícia Galvão, a primeira mulher presa por razões políticas, ao participar de uma greve sindical no Porto de Santos, em 1930.
O prédio permaneceu recebendo presos até 1958, quando o local já sofria de uma superlotação carcerária: eram 300 pessoas para 80 vagas. Daí, foi desativado, restaurado e tombado como patrimônio histórico em nível federal. Em 1973 e 1974, o espaço também foi tombado respectivamente em níveis municipal e estadual. Destinado a se tornar Museu dos Andradas, a Cadeia Velha fechou as portas até ser repassada ao Governo Estadual e restaurada, em 1984. Assim, desde a década seguinte, tornou-se Delegacia Regional de Cultura e, consecutivamente, o lar do projeto paulista Oficina Cultural Pagu.
Texto de Lincoln Spada publicado em A Tribuna de Santos em 26 de agosto de 2013.
A proposta de ocupação da Cadeia Velha como #CentroCulturalCadeiaVelha – Centro Cultural de Artes Integradas e Museologia não parte de uma única associação ou movimento de Santos, mas de um conjunto enorme de entidades culturais da Baixada Santista. Ela já foi definida em audiência pública pelo Governo do Estado de São Paulo e pela Prefeitura Municipal de Santos, em maio de 2015, e anúncio definitivo em julho do mesmo ano. Trata-se de um esforço coletivo de várias entidades, como o Movimento Teatral da Baixada Santista, que reúne e articula ações com grupos, como a Trupe Olho da Rua, Os Panthanas – Núcleo de Pathifarias Circenses de Santos, Teatro Wídia, Coisas De Teatro Cia. De Arte, Cia da Solitude, O Coletivo de Santos, TEP/Unisanta – Teatro Experimental de Pesquisa, Cia Teatral Carcarah Voador, Grupo Janela de Teatro, Cia do Elefante/Tescom, Oficina do Imaginário, Cia Marulhos, Núcleo Nephentes, Projeto Prazer, Meu nome é Hip Hop! de rap, grafite e danças urbanas (estes de Santos), Teatro do Kaos (Cubatão), Coletivo de Artes de São Vicente (São Vicente), Cia Animalenda (Itanhaém), Casa 3 de Artes (Guarujá), além do Grupo Tescom, Cia Trilho de Teatro, Grupo de Teatro Supernova, Cavalo de Praia, Agregarte Produções, Rede Musical Santista, Laboratório de Movimento e Pesquisa Corporal (estes de Santos), Percutindo Mundos, Edições Caiçara (estes de São Vicente), Fórum Permanente de Audiovisual Caiçara, Movimento Audiovisual da Baixada Santista, Cineclube Maurice Legeard, Dino Filmes, Coletivo Sanatório Geral, nomes como o escritor Flávio Viegas Amoreira, coletivos de fotógrafos, de danças urbanas e de grafite, alunos de várias instituições, como Escola de Artes Cênicas Wilson Geraldo e de cinema do Centro Universitário Unimonte, além do Orla Cultural, movimento que reúne iniciativa do SISEM-SP (Sistema Estadual de Museus de São Paulo), em parceria com a organização social ACAM Portinari na busca do desenvolvimento e fortalecimento dos museus das nove cidades da Baixada Santista, reunindo: Forte São João (Bertioga), Museu Histórico Fortaleza da Barra, Museu de Ciências Naturais Joias da Natureza (estes de Guarujá), Museu de Pesca, Centro de Memória Esportiva Museu De Vaney, Museu do Porto, MISS, Museu do Mar, Museu Marítimo, Memorial das Conquistas, Pinacoteca Benedicto Calixto, Museu do Café, Palácio Saturnino de Brito, Instituto Histórico e Geográfico de Santos, Museu de Arte Sacra de Santos, Galeria de arte Brás Cubas, Casa do Trem Bélico, Pantheon dos Andradas, Museu Pelé (estes de Santos), Casa Martim Afonso, Museu Chácara do Mosteiro, Instituto Histórico e Geográfico de São Vicente (estes de São Vicente), Museu da Cidade, Galeria Nilton Zanotti (estes de Praia Grande), Museu Conceição de Itanhaém, Museu Histórico e Arqueológico de Peruíbe.
ESPAÇO DAS ANTIGAS SALAS ADMINISTRATIVAS Queremos que uma destas salas seja, no mínimo, voltada enquanto reserva técnica para acervo de exposições. Queremos que outra sala seja destinada a ponto de encontro de movimentos e entidades culturais e artísticas para discussões de festivais e de políticas públicas culturais, como sempre se assumiu a Cadeia Velha, fomentando o debate e melhor formação crítica dos fazedores de arte da Região.
ESPAÇOS DE ANTIGAS CELAS Queremos que sejam espaços para cursos ministrados pelas Oficinas Culturais Pagu, tendo em vista seu ambiente amplo e que o edifício é o mais próximo dos transportes intermunicipais (seja pela Rodoviária municipal e que recebe veículos do litoral sul, seja pela proximidade com catraias de Guarujá, seja pelos pontos de ônibus do litoral centro a poucos metros) a fim de atender iniciantes e profissionais das artes. Queremos que também possam ser espaços segmentados para cada arte para edital temporário ou outra forma de regulamentação para uso de grupos artísticos de teatro, circo, dança, música, artes plásticas etc, com finalidades de sede provisória de ensaios e produção de espetáculos. Ainda que estes espaços regulados contenham equipamentos para guarda de cenários e objetos cênicos. Consecutivamente, tendo como contrapartida apresentações com preços populares no auditório da Cadeia Velha de Santos.
ESPAÇO LATERAL DE EXPOSIÇÕES Queremos que este espaço seja mantido para espaços de exposições permanentes e temporárias voltadas às artes plásticas e ao patrimônio e memória, como também possam haver melhor distribuição de exposições históricas nas celas, caso houver necessidade pelo tamanho de acervo.
ESPAÇO PARA CAFETERIA Queremos que este espaço seja mantido em caráter permanente e jamais desativado como outrora houve, sendo importante para que lá seja também um atrativo para visitação do público em geral que atravessa a praça, seja para participar de cursos, assistir a espetáculos ou mostras. Além de incluir como sala de leitura e biblioteca, reunindo publicações artísticas e históricas. Queremos também que lá possa ser instalado com as devidas condições um ambiente enquanto sala de leitura permanente para este mesmo público, além de que seja reformulado enquanto espaço para eventos alternativos (apresentações de pequeno porte e exibições audiovisuais, como um cineclube), quando houver simultaneamente atividades no auditório central da Cadeia Velha de Santos.
FOYER Queremos que esta seja a antessala do auditório, como também segundo espaço de galeria de artes plásticas ou visuais, como já se ocorre em importantes centros culturais da região e do Brasil (Palácio das Artes de Praia Grande, Teatro Procópio Ferreira de Guarujá, Centro Cultural Patrícia Galvão de Santos etc). E que, preferencialmente, ali se instalem as produções realizadas por artistas e produtores da Baixada Santista.
AUDITÓRIO Queremos que este seja o espaço reservado para uma programação intensa aos finais de semana de temporadas de espetáculos de artes cênicas, música e exibições audiovisuais, preferencialmente, realizadas e produzidas por fazedores de arte de nossa região com regulação de bilheteria a combinar com o órgão gestor. Que também lá possa receber sempre que possível, fóruns, conferências e demais reuniões importantes para discussão de valor artístico ou de políticas culturais.
ANTIGAS SALAS ADMINISTRATIVAS Queremos que lá sejam os espaços reservados ao órgão gestor para melhor administração, sendo devidamente responsável pelo agendamento das salas, de sua manutenção e segurança, além de preservação enquanto espaço tombado e, portanto, museológico. É importante que uma das salas possa também de servir de palestras, workshops e atividades que compete a assistir os artistas e produtores na elaboração de e gestão de projetos culturais independentes, como um centro de apoio a este público.
Nós queremos um centro cultural que aliará artes integradas e museologia. Não apenas um museu para a cidade, mas um polo de expressões artísticas para toda a Baixada Santista numa gestão compartilhada do governo e sociedade. Exemplos de bom funcionamento são muitos pelo Brasil! 1) CASA MÁRIO DE ANDRADE EM SÃO PAULO
Projetado em 1920, o imóvel foi a residência do escritor e ex-secretário municipal de Cultura, Mário de Andrade, um dos maiores expoentes do modernismo brasileiro. Situado na capital paulista, o sobrado foi tombado em nível municipal e estadual e hoje abriga a Oficina Cultural Mário de Andrade. Reaberto em maio, o local mantém ambientes com acervo dos objetos pessoais do escritor, exposições temporárias e tem toda uma programação voltada para a literatura. Seus projetos incluem o estudo e a criação de diversos gêneros literários (conto, romance, poesia e dramaturgia), jornalismo, crítica, interpretação de textos e redação, somados a palestras, ciclos de depoimentos de escritores, leituras dramáticas, recitais, mostras de filmes, lançamentos de livros e saraus. De acordo com a gestora, “Entre os nomes que já passaram pela programação da Oficina da Palavra estão Marcos Rey, Lygia Fagundes Telles, Ivan Ângelo, José Simão, Caio Fernando Abreu, João Silvério Trevisan, Ruth Rocha, João Cabral de Melo Neto, Ignácio de Loyola Brandão e Renata Pallotini, entre outros”.
2) CENTRO HISTÓRICO-CULTURAL DA SANTA CASA EM PORTO ALEGRE
Fundada em 1803, a Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre é o hospital mais antigo do Rio Grande do Sul. Como patrimônio estadual, o antigo prédio se tornou num Centro Histórico-Cultural (CHC) modernizado com rico acervo sobre a região. “No cenário nacional, o CHC tem a peculiaridade de ser o único equipamento cultural junto a um hospital destinado para este fim”, destaca a entidade. Além dos espaços ampliados de pesquisa do acervo, de biblioteca e exposições, o CHC também dispõe de salas para seminários, palestras, reuniões de entidades culturais e médicas, e de ensaios para produções artísticas. Financiando a criação de um coral exclusivo, a instituição ainda mantém um teatro de 280 lugares para exibição de filmes e sessões de artes cênicas e música. Todo ano, a comunidade artística pode participar de um edital para programação de apresentações de espetáculos, como também de ocupação das salas de ensaio e de múltiplo uso. No CHC, ainda se funcionam cursos de restauração e arte-educação, um bistrô e lojas de conveniências. 3) CASA DAS ROSAS EM SÃO PAULO
Concluída em 1935, a casa foi restaurada e transformada pelo Estado de São Paulo em espaço cultural, inaugurado no ano do centenário da Avenida Paulista em 1991. Desde a sua reabertura como Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura, o patrimônio recebe 80 mil visitas anualmente com cursos, oficinas de criação e crítica literárias, palestras, ciclos de debates, lançamentos de livros, apresentações literárias e musicais, saraus, peças de teatro, exposições ligadas à literatura.
Por exemplo, entre julho e agosto, a programação compreende curso de literatura em cordel, oficina de percussão para crianças, curso de literatura para vestibular espetáculos musicais e de teatro, lançamento de livros, saraus e até arraial. “É nesse cenário chamado Avenida Paulista que a Casa das Rosas permanece um legítimo representante da arquitetura paulista como símbolo e referência de memória do cotidiano e das transformações da cidade e modos de vida”, cita o Governo Estadual. 4) CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL EM BELO HORIZONTE
Com 1,2 mil m², o patrimônio tombado em nível estadual tem “estilo eclético, com influências neoclássicas e art déco, o prédio foi inaugurado em 1930 para sediar a Secretaria de Interior e Justiça”, segundo o Banco do Brasil. Ele transformou o prédio cedido pelo Governo Estadual para ser o seu quarto centro cultural (CCBB), inaugurado em 2013. De lá para cá, o espaço duas salas de exposição permanente; teatro com capacidade para 264 lugares; sala multiuso para atividades audiovisuais, debates, conferências, oficinas, palestras, atividades interativas e educacionais, além de ambientes de convivência, lazer, alimentação e loja. Todo mês, há atividades teatrais, musicais e de cinema. O diferencial são workshops da seção Ideias, que compreende a relação das artes com a cidade.
NO ÚLTIMO DIA 22, O GOVERNO DO ESTADO DE SP JÁ AFIRMOU EM NOTA ENVIADA À IMPRENSA: “O plano é de reabrir a Cadeia Velha em 2016 como um espaço multidisciplinar de apoio à produção artística”. Indica também que o local não abrigará um museu, “mas reservará uma sala dedicada à memória e à história patrimonial do edifício, mantendo inalterado o plano inicial de que o espaço receba atividades diversas, incluindo cursos e oficinas”.
Por Naira Alonso
Toda a sua história até os anos 80 já o credencia como local de visita obrigatória, mas suas enigmáticas celas sempre foram uma atração a parte na composição desse rico e importante cenário. A Cadeia Velha é referência cultural para toda nossa região, mais além, tornou-se o endereço da democracia cultural na Cidade. Mais do que lembranças, antes do seu fechamento para reforma, existia vida em tempo real, de segunda a segunda suas imponentes portas eram abertas para abrigar discussões culturais, receber grupos de teatro, dança, circo, hip hop, capoeira, literatura, música, cinema, fotografia, folclore, etnias, carnaval... Que tinham na Cadeia Velha espaço conquistado e garantido para reuniões, ensaios, eventos, apresentações, exposições, elaboração de projetos (destaco que foi nesse local onde projetos e grupos de enorme importância no País iniciaram as suas atividades) e participação nas Oficinas Culturais Pagu, oferecidas desde a sua instalação nos anos 90. Com espaço de Galeria e espetáculo, diversas salas e o Café Pagu, por anos abrigaram exposições e apresentações de diferentes manifestações artísticas, sendo local de utilização e vitrine regional.
Democrático, porque no seu interior sempre mostrou o fruto do trabalho de artistas conhecidos ou não do grande público, ams que tem na arte sua maneira de se relacionar com o mundo, espaço para aqueles que já são referência e para aqueles que se permitem vivenciar a arte. Quantas centenas de milhares de pessoas não passaram por ali, entre visitantes, curiosos, alunos, professores, artistas e grande público, dando vida ao local e libertando antigos fantasmas? Para chegarmos a esse patamar, nada foi fácil, foram conquistas que tiveram início em 1959, com o fechamento do imóvel pelo Iphan, e, finalmente, em 1981, o prédio se tornou a Casa da Cultura do Litoral. Logo depois se instala, no primeiro andar, a Delegacia Regional de Cultura, dando início a projetos culturais, artistas e entidades culturais que ocupam as celas do térreo, desenvolvem atividades, cuidam do local, alguns moram lá... Uma verdadeira resistência cultural pós anos de chumbo e perseguição pela ditadura militar. Muitos anos se passaram, várias lutas foram travadas pela manutenção do prédio e a permanência de sua destinação cultural, esse endereço deixou de ser lembrado apenas como local de tortura, prisão e austeridade. Durante três décadas, através da arte e cultura, uma nova memória foi criada, nosso objetivo é somente um, manter isso tudo vivo. Queremos que a Cadeia Velha volte a ser um imenso polo de criação e produção cultural, ampliando suas perspectivas, integrando e complementando, as atividades culturais, desenvolvidas na praça, como eixo irradiador de arte e cultura para a região.