70 Setembros
Caderno Poético: Edição Artesanal Comemorativa 70 Setembros de Juareiz Correya 19 IX 2021, Recife
70 Setembros
Poesia, a palavra mais humana da existência.
Caderno Poético: Edição Artesanal Comemorativa 70 Setembros de Juareiz Correya 19 IX 2021, Recife
Edição artesanal impressa a laser Capa: Papel Canson Vivaldi, Sky Blue, 185 gr/m² Folhas: Papel Filipaper Pérsico Marfim, 180 gr/m²
Editoração gráfica:
sandra paro , arqt
I
É SETEMBRO DE NOVO Sob o signo de Virgo Setembro primavera Flores e pássaros Cores e cantos Que a Mãe-Terra Amante e fecunda Sempre criará.
II
A NOSSA CIDADE Nenhuma cidade é mais bela do que a nossa. Sabes por que ? É nela que descobrimos a beleza. Existem as sombras, as carências, as negações, as extensas frustrações e a insensibilidade dos nossos irmãos. Mas é na cidade onde nascemos que descobrimos o encanto de uma rua, a magia de um beco, a explosão de uma praça, a necessidade de um vizinho, a pobreza do universo de alguém, na própria família, a alegria intraduzível das crianças e a primeira emoção do amor. Na nossa cidade, mesmo que ela nos ignore, sabemos que a humanidade existe e que somos parte essencial dela. O mundo ? O mundo nasce na nossa cidade.
III
O SOL DO RECIFE
O sol do Recife Não é nascente E não rima de tarde poente. O sol do Recife Brilha além das manhãs tardes e noites Para sempre.
IV
MELHOR É AMAR melhor que morrer é viver cair no bar virar a esquina andar a pé de mão em mão de lotação correr de trem não sei aonde ir de avião chupar o caldo beber a cana ser sem vergonha e ser bacana se depender da ocasião ser um menino que não se engana que sonha muito e cai na cama vira Papa-Figo de Bicho-Papão melhor que morrer é viver ter seu mistério ter sua linha crescer na conta não na conduta sofrer na rinha da sua luta sorrir na hora dizer o nome que quem é homem não se consola entrar de sola ficar de frente olho por olho dente por dente chegar mais cedo ir logo embora
melhor que morrer é viver ser singular não diferente não ser pessoa ser mesmo é gente correr jamais não é preciso não tem parada tem é caminho não há demência há só juízo pra ver o bem se vê o mal não vale ao mundo saber profundo vale no fundo o essencial
MELHOR QUE MORRER É VIVER MELHOR PRÄ VIVER É AMAR QUEM VIVE PODE MORRER QUEM AMA NÃO MORRERÁ
V
UM AZTECA
A América nasceu do meu sangue E vive do meu sacrifício. Lâminas e armas-de-fogo Não destruíram os meus ancestrais E o milho frutifica o sol Sobre as edificações do meu coração. Meu pensamento perpetua o meu povo : A terra é o que são os seus homens.
VI
CANÇÃO DA SOBREVIVÊNCIA
Não é só da solidão da Desgraça Que sobrevive o Homem... Sobrevive com o abraço da Amizade Verdadeira Com a força solidária dos corações anônimos De mãos irmanadas que socializam a Cidade Com a alegria de viver que brilha no rosto mais do que o Sol Com a eterna idade das nossas Almas - Crianças que encarnamos o Princípio sem Fim
VII
OFÍCIO DOS OSSOS (fragmento) O que tens poeta não mereces e se recebes um cruzeiro por igual valor envergonhas o câmbio. O que tens poeta é o que te cabe e não serviria mesmo para ninguém mais. O que tens, excedência dos outros, existe apenas para teu desassossego, para a miséria que permutas em teu nome pelos que te esquecem, em sacrifício dos que te evitam, pela alegria dos que te entristecem, pelos cacos da ruína que edificas com essa nudez que surpreende os cães da platéia, com essa nudez em que estrepas tesa a confusão de ser
Caderno Poético: Edição Artesanal Comemorativa 70 Setembros de Juareiz Correya 19 IX 2021, Recife Editoração gráfica:
sandra paro , arqt