A Deus, Aos meus pais, Silvana Ferrer Freire Romcy e Felipe Botelho Romcy, A minha irma, Leticia Ferrer Freire Romcy As minhas avos, Selma Botelho Romcy e Marilande Ferrer Freire, Ao meu namorado, Lucas Oliveira Sousa
FUnDaçÃo EDsoN qUeIRoz UNivERsiDAde DE foRtALezA CEnTro DE ciENciAS teCnOLógICas ARquITetURa E uRbANisMO
cRecHE e pRE esCOla Pública Integral em Fortaleza Ce
Trabalho de conclusão de curso apresentado à coordenação do curso de Arquitetura e Urbanismo como requisito parcial para a obtenção do título de Arquiteta e Urbanista. Orientadora: Verena Rothbrust de Lima
NIcoLE féRrER fREirE RomCy
cRecHE e pRE esCOla Pública Integral em Fortaleza Ce
NIcoLE féRrER fREirE RomCy
Profa.MSC.Verena Rothbrust de Lima(Orientadora). UNIFOR - Universidade de Fortaleza
Prof. Rodrigo Porto. UNIFOR - Universidade de Fortaleza
Arquiteta e Urbanista Patrícia Fernandes.
AgRadECimENtoS Agradeço primeiramente à Deus pois sem Ele eu sequer estaria aqui. Agradeço à minha mãe, Silvana, por todo o apoio, por estar sempre me dando forças e por ser minha maior incentivadora não só nessa, mas em todas as fases da minha vida. Agradeço ao meu pai, Felipe, por sempre acreditar em mim. Agradeço às minhas avós, Selma e Marilande, que desde o começo do curso repetem com orgulho que eu hoje estaria aqui prestes a seguir uma nova etapa desse caminho. Agradeço às minhas irmãs, Letícia e Maria Cecília, por estarem presentes sempre que precisei de auxílio. Agradeço ao meu namorado, Lucas, pela paciência nos dias mais complicados, pela compreensão quando precisei abdicar de muitas coisas para concluir este trabalho e por todo o companheirismo. Agradeço aos meus tios Alexandre, Liduina, Silvia, Luciana, Valéria, Adriana e Elmer pelo apoio e incentivo. Agradeço a todos os meus gestores e companheiros dos estágios durante a faculdade, que muito me acrescentaram e me prepararam para o que há de vir. Agradeço à minha amiga Daniela que esteve comigo em todo o processo, desde me lembrar de algum prazo até me ouvir treinar apresentação para o nervosismo passar, e depois de cada conquista ainda estar comigo comemorando em um food truck qualquer. Agradeço a parceria, amizade e por deixar o processo mais divertido. Agradeço à minha amiga, Ingrid, que em todos os momentos da minha vida esteve comigo seja para ouvir minhas lamentações ou seja para comemorar minhas vitórias. À minha orientadora, Verena, que me orientou de uma forma excepcional, sanando minhas dúvidas, sempre solícita e prestativa. Agradeço por todos os ensinamentos e pela disponibilidade. Por fim, agradeço a Unifor pelo ensino de qualidade, por toda a infraestrutura e oportunidades.
REsuMO O edífico escolar é o ambiente onde acontecem não só as atividades do ensino formal, mas também as primeiras relações sociais da criança fora do âmbito familiar. O sistema de ensino integral é uma forma melhorar a qualidade do ensino básico, integrando o ensino formal e as atividades extracurriculares. No Brasil, muitas creches e pré-escolas públicas encontram-se em situações precárias em relação à ensino e aprendizagem se comparadas com o sistema de ensino privado. Tendo como base essas informações, combinadas com a necessidade da criação de novos equipamentos ecologicamente sustentáveis, a proposta da nova creche e pré-escola pública e integral na cidade de Fortaleza possui uma arquitetura que influencia positivamente o processo de aprendizado dos alunos e que adota técnicas sustentáveis em sua construção, além de inserir a comunidade no processo de elaboração e construção da escola, incentivando e facilitando a inserção deste equipamento ao bairro que está inserido. A arquitetura da creche e pré-escola desenvolverá ambientes humanizados, criativos e inovadores, tornando o equipamento público mais valorizado e convidativo, tendo em vista que a arquitetura influencia no processo pedagógico dos alunos. Apropriando-se do conceito de Anísio Teixeira (1900-1971), que defendia uma educação pública, gratuita e integral, atrelando a edificação escolar com o entorno urbano, a ideia da creche e pré-escola proposta é que ela surja como um equipamento que dialoga com a cidade e proporciona uma arquitetura favorável para a inclusão social.
ABsTrACt The school building is the environment where not only formal education activities take place, but also the child’s first social relationships outside the family. The integral education system is a way to improve the quality of basic education, integrating formal education and extracurricular activities. In Brazil, many public day care centers and preschools are in precarious situations in relation to teaching and learning compared to the private education system. Based on this information, combined with the need to create new ecologically sustainable equipment, the proposal for the new public and integral daycare center and preschool in the city of Fortaleza has an architecture that positively influences the students’ learning process and adopts techniques sustainable in its construction, in addition to inserting the community in the process of preparing and building the school, encouraging and facilitating the insertion of this equipment in the neighborhood in which it is inserted. The architecture of the nursery and pre-school will develop humanized, creative and innovative environments, making public equipment more valued and inviting, considering that architecture influences the students’ pedagogical process. Appropriating the concept of Anísio Teixeira (1900-1971), who defended a public education, free and integral, linking the school building with the urban environment, the idea of the proposed day care center and preschool is that it appears as an equipment that dialogues with the city and provides a favorable architecture for social inclusion.
LIsTa dE iLUsTraÇÕes
Figura 1 – Dados Informativos sobre Educação Básica Figura 2 – Gráfico da evolução no número de escolas da Educação Infantil Figura 3 – Número de Matrículas – CE – Total por UF – Censo Escolar 2015. Figura 4 – Número de Matrículas – CE – Total por Município – Censo Escolar 2015 Figura 5 – Número de Matrículas – CE – Total por UF – Censo Escolar 2017
Figura 16 – Placas solares Figura 17 – Mecanismo de reutilização da água da chuva Figura 18 - Esquema de captação de água da chuva Figura 19 – Componentes do telhado verde Figura 20 – Laje Jardim Figura 21 – Implantação de Horta Escolar Figura 22 – Tijolo Adobe
Figura 6 – Número de Matrículas – CE – Total por Município – Censo Escolar 2017.
Figura 23 – Mapa de distribuição de creches e pré-escolas públicas de Fortaleza
Figura 7 – Gráfico do percentual de matrículas na Educação Infantil segundo dependência administrativa no Brasil de 2015 à 2019
Figura 24 – Mapa de distribuição de creches e pré-escolas públicas de Fortaleza com foco em Messejana
Figura 8 – Gráfico dos motivos da não frequência das crianças na rede de ensino no Brasil
Figura 25 – Mapa das Regionais de Fortaleza
Figura 9 – Tabela da taxa de escolarização entre 0 e 5 anos no Brasil Figura 10 – Gráfico da taxa de cobertura em creche no Brasil Figura 11 – Mapa das creches e pré-escolas de Fortaleza Figura 12 – Matéria sobre falta de vagas em creches para crianças em Fortaleza/CE Figura 13 – Gráfico dos Recursos relacionados à infraestrutura nas escolas de Educação Infantil no Brasil em 2019 Figura 14 – Escola Parque Figura 15 – Implantação esquemática do conjunto de edifícios do CECR (1969)
Figura 26 – Índice de Desenvolvimento Humano em Fortaleza (2010) Figura 27 – Mapa de Assentamentos Precários – Intervenções Necessárias em Fortaleza com foco no bairro Messejana Figura 28 – Localização do Terreno Figura 29 – Recursos hídricos e áreas verdes próximas ao terreno Figura 30 – Mapa de Uso e Ocupação Figura 31 – Mapa de Sistema Viário no entorno do terreno Figura 32 – Mapa de gabaritos no entorno do terreno Figura 33 – Mapa de Análise ambiental do terreno escolhido
Figura 34 – Programa de necessidades
Figura 58 - Fachada 01 - Bloco 01
Figura 35 – Setorização.
Figura 59 - Fachada 02 - Bloco 01
Figura 36 - Tijolo Adobe
Figura 60 - Fachada 01 - Bloco 02
Figura 37 - Paleta de cores
Figura 61 - Fachada 02 - bloco 02
Figura 38 - Tijolo Adobe
Figura 62 - Perspectiva 02
Figura 39 - Evolução da forma
Figura 63 - Perspectiva 03
Figuta 40 - Representação Gradil
Figura 64 - Perspectiva 04
Figura 41 - Gradil
Figura 65 - Perspectiva 05
Figura 42 - Ilha 01
Figura 66 - Perspectiva 06
Figura 43 - Ilha 02
Figura 67 - Perspectiva 07
Figura 44 - Ilha 03 Figura 45 - Ilha 04 Figura 46 - Ilha 05
Mapa 1 – Macrozoneamento.
Figura 47 - Ilha 06
Tabela 1 – Parâmetros Urbanos de Ocupação.
Figura 48 - Ilha 07 Figura 49 - Quadra Figura 50 - Horta Figura 51 - Planta de implantação / coberta Figura 52 - Planta térreo - Bloco 01 Figura 53 - Planta Pav 1 - Bloco 01 Figura 54 - Planta térreo - Bloco 02 Figura 55 - Perspectiva 01 Figura 56- Corte 01 Figura 57 - Corte 02
Tabela 2 – Classificação de atividades. Tabela 3 – Adequabilidade
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InTroDUçãO
A.1 Contextualização e Justificativa do tema 18 A.2 Objetivos
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A.3 Metodologia
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ProPOsTa ConEiTUal
D.1 Diretrizes projetuais
48
D.2. Justificativa do terreno
48
D.3. Análise física e ambiental do terreno 55 D.4 Programa de necessidades e funcionograma
57
D.5 Legislação
62
D.6. Setorização
64
SUmáRIo
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reFEreNcIaL coNcEiTUal
B.1. Educação Infantil
28
B.2 Importância da educação infantil no desenvolvimento da criança
31
B.3 Influência da arquitetura escolar no processo de aprendizado
32
B.4 Anísio Teixeira - Escolas públicas com sistema integral de ensino
35
ee
CreChE e pRé EsColA
E.1 Partido Arquitetõnico
68
E.2. Evolução da forma a implantação
70
E.3. Implantação
74
E.4 Os blocos
76
cc
RefERenCIal PrOJetUaL
C.1. Técnicas implantadas nas edificações escolares e sustentabilidade 40
ff
coNsIDerAÇõEs fiNAis
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inTr O D u ç Ã o A.1 Contextualização e Justificativa do tema A.2 Objetivos A.2.1 Objetivo geral A.2.2 Objetivos específicos A.2 Metodologia
ApResENtaÇÃo A.1 Contextualização e Justificativa do tema
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Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, “a educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. A educação infantil é a primeira etapa do processo de educação e desenvolvimento integral das crianças que é recebida inicialmente pelo meio familiar, pela sociedade e a cultura na qual estão inseridas. A escola de educação infantil, por sua vez, desempenha um papel de extrema importância na vida da criança, pois é dela que a mesma recebe a educação formal, além da formação cognitiva, social, emocional, motora, física e afetiva.
com a finalidade de levantar os dados estatísticos das escolas do Brasil. De acordo com o Censo Escolar 2019, 8,9 milhões de matrículas foram feitas nas creches e pré-escolas, sendo 71,4% na rede municipal, 27,9% na rede privada e 10,5% em escolas da zona rural. O número de creches em funcionamento no Brasil é de 71,4 mil com 3,8 milhões de matrículas, sendo 2,5 milhões nas públicas e 1,3 milhões nas privadas. Já as pré-escolas contam com um número de 102 mil com 5,2 milhões de matrículas.
Levando em consideração que a preocupação com a educação infantil foi efetivamente reconhecida na Constituição da República Federativa do Brasil em 1988, pode-se considerar que é um reconhecimento recente, no qual afirma que a educação é um direito social e dever do Estado e da família (Art. 205). A educação infantil nas escolas, compreende crianças entre 3 meses e 6 anos, período no qual as primeiras percepções sobre a vida e a sociedade são formadas, constatando-se assim, a importância da qualificação das escolas em seus diversos aspectos que influenciam diretamente na formação do indivíduo. O Censo Escolar da Educação Básica é realizado pelo Instituto de Estudo e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) juntamente com as Secretarias de Educação Estadual e Municipal e as escolas públicas e privadas
Figura 01: Gráfico da evolução no número de escolas da Educação Infantil Fonte: Censo da Educação Básica, 2019.
Figura 02: Dados Informativos sobre Educação Básica Fonte: Censo da Educação Básica, 2019.
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Figura 03: Número de Matrículas – CE – Total por UF – Censo Escolar 2015 Figura 04: Número de Matrículas – CE – Total por Município – Censo Escolar 2015 Figura 05: Número de Matrículas – CE – Total por UF – Censo Escolar 2017 Figura 06: Número de Matrículas – CE – Total por Município – Censo Escolar 2017 Fonte: Deep/Inep/MEC.
Figura 07: Gráfico do percentual de matrículas na Educação Infantil segundo dependência administrativa no Brasil de 2015 à 2019 Fonte: Fonte: Censo da Educação Básica, 2019.
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O Censo Escolar divide a Educação Infantil em creche, que abrange crianças até 3 anos e pré-escola, que abrange crianças com 4 a 6 anos. Ao comparar as tabelas dos quantitativos de matrículas no Ceará e em Fortaleza nos anos 2015 e 2017, nota-se um aumento no número de matrículas nas creches e pré-escolas. De 2013 a 2019, como mostra no gráfico X, o aumento das matrículas dessa categoria foi de 19,4%. A justificativa para esse aumento de demanda vem desde o início do processo de inserção da mulher no mercado de trabalho, pois de acordo com a Constituição Federal em seu art. 7º, a mulher após o nascimento do seu filho requer o direito de licença de 120 dias de afastamento do seu trabalho. Após esse período, a mulher retorna às suas atividades e surge a necessidade de contratar uma babá, contar com apoio de outros familiares ou matricular o filho em uma creche. Essa realidade é a que se constrói atualmente, mas que vem decorrente de muitas lutas impulsionadas pelo feminismo. Em 1970 iniciou-se o Movimento de Luta por Creches,
onde as mulheres de todo o país reivindicavam um equipamento público que atendesse e educasse crianças de 0 a 6 anos para que elas pudessem trabalhar. A partir desse período, diversas creches foram inauguradas pelo país, e consequentemente o número de matrículas nesses equipamentos também dispararam. Existe uma grande questão discutida entre as famílias atuais sobre o que seria melhor para os pais e para a criança quanto à contratação de uma babá ou matriculá-la numa creche. Quando feita uma comparação, percebe-se que contar com apenas com uma babá, corre o risco de que ela se ausente em alguns dias, além da insegurança de deixar a criança com uma pessoa até então desconhecida e ter que assinar a carteira de trabalho da mesma, o que acarreta uma série de responsabilidades. Tais fatores também podem ser uma justificativa para o aumento no número de matrícula nas creches e pré-escolas, pois os pais sentem-se mais seguros de deixar seus filhos num ambiente escolar e educativo, com horários fixos e confiáveis, na presença de outras crianças e onde estão monitorados e desenvolvendo atividades sociais, nutricionais, acadêmicas e de entretenimento. Quando analisada a realidade de famílias de baixa renda, percebe-se que a única alternativa para que as mães possam voltar aos seus ambientes de trabalho quando não possuem algum familiar que possa ficar com a criança, é matriculá-la em creches e pré-escolas públicas.
Figura 08: Gráfico dos motivos da não frequência das crianças na rede de ensino no Brasil Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Como explicitado na Figura 7, é consideravelmente maior o percentual de matrículas na educação infantil da rede pública, principalmente na municipal. O que ocorre é que mesmo que os gráficos mostrem que o número de matriculados em creches e pré-escolas tenha aumentado com o passar do tempo, a realidade é que ainda existem milhões de crianças sem acesso à Educação Infantil nos ambientes escolares. Em 2014, foi aprovado o Plano Nacional de Educação, que prevê que em 2024, 50% das crianças de até 3 anos de idade estejam matriculadas em creches, considerando que segundo ao Inep, em 2016, o percentual de crianças matriculadas no Brasil era de 32%. As principais barreiras para a concretização do PNE são: pais não quererem que os filhos frequentem a escola, não ter creches e pré-escolas na localidade, difícil acesso às escolas, falta de incentivo para a requalificação das existentes e não possuir vagas suficientes.
Figura 09: Tabela da taxa de escolarização entre 0 e 5 anos no Brasil Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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Figura 10: Gráfico da taxa de cobertura em creche no Brasil Fonte: Mec/Inep/Deed/IBGE.
O Programa Nacional de Reestruturação e Aquisição de Equipamentos para a Rede Escolar Pública de Educação Infantil (Proinfância) é um método de reestruturar o sistema de creches e pré-escolas no Brasil e tem como meta a criação de inúmeros equipamentos públicos desse segmento no país. Porém, a realidade é que, de acordo com o relatório emitido pela Controladoria Geral da União, já foram gastos 6 bilhões de reais e menos da metade das creches previstas foram de fato concluídas. Se todas as creches e pré-escolas previstas fossem inauguradas, 1,8 milhão de novas vagas surgiriam, chegando bem próximo da meta estabelecida pelo PNE.
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A fila de espera de crianças para vagas nas creches é maior na região Norte do país. Já no Nordeste, de acordo com o IBGE, a taxa de escolarização de crianças de 0-3 anos é de 28,7%. Em Fortaleza, embora o crescimento no número de vagas tenha aumentado nos últimos seis anos, a quantidade de pessoas sem vagas cresce ainda mais rápido. Podese considerar que a falta de vaga para as crianças nas creches e pré-escolas está diretamente relacionada com o desenvolvimento financeiro das famílias, pois várias delas são Figura 11: Matéria sobre falta de vagas em creches para crianças em Fortaleza/CE Fonte: Portal do Diário do Nordeste.
compostas por um pai que sai para trabalhar e, devido à falta de vagas nas escolas, a mãe é impedida de sair e acaba tendo que ficar em casa cuidando de seus filhos. De acordo com a Prefeitura de Fortaleza, o município conta com 220 unidades de ensino voltadas para a educação infantil, onde 138 são Centros de Educação Infantil (CEIs) e 82 creches conveniadas. Tendo em vista o déficit existente na concretização de escolas públicas que atendam as demandas dos bairros em Fortaleza, notou-se que em alguns bairros a situação é ainda mais gritante. Segundo uma publicação do Diário do Nordeste, a maior demanda para creches e pré- escolas, encontram-se nas Regionais V e VI de Fortaleza, que abrangem os bairros de menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). O levantamento dos equipamentos públicos dessa modalidade, segundo o site da Secretaria Municipal de Fortaleza, como mostra na figura Y, indica que os bairros da Regional VI apresentam uma carência maior comparado às outras Regionais. Sobrepondo as informações coletadas acima, percebe-se que bairros como Messejana, Cidade dos Funcionários, Cambeba e outros da Regional VI possuem os principais fatores que indicam que os mesmos são mais necessitados de novas creches e pré-escolas públicas, sendo eles: alta demanda, menor IDH e maior carência de equipamentos dessa modalidade na região. Quanto à infraestrutura das escolas de educação infantil a nível nacional, o Censo 2019 aponta que ainda existem muitas deficiências à serem sanadas, como por exemplo, apenas 41,2% das escolas municipais possuem banheiros adequados à essa modalidade de ensino, mas já nas escolas particulares esse índice sobe para 85%. Como demonstrado na tabela W, nas escolas privadas os percentuais de todos os recursos são mais elevados se comparados às escolas municipais, se fazenFigura 12: Mapa das creches e pré-escolas de Fortaleza. Fonte: Sala Situação. Secretaria Municipal de Educação. Portal da Prefeitura de Fortaleza.
do necessário a requalificação das mesmas. E em Fortaleza não é diferente, de acordo com dados coletados sobre a situação atual das creches e pré-escolas. Compreende-se que uma boa infraestrutura nas escolas influencia diretamente no processo de aprendizagem, no convívio e incentivo dos alunos. E tomando como base o conceito escolar de Anísio Teixeira, que defendia um modelo de escola pública e integral, a escola proposta necessitará de uma infraestrutura adequada para que os alunos passem a jornada integral exercendo as atividades em um ambiente onde a arquitetura proporcione todos os recursos essenciais. Justifica-se a realização desse trabalho a necessidade da criação e requalificação de escolas que estejam dentro dos padrões exigidos nas leis e documentos legais que tratam da Educação Infantil. A escola de educação infantil pública proposta vem com a diretriz de trabalhar com o sistema integral de ensino, adotando técnicas sustentáveis e a participação da comunidade em que está inserida na execução da mesma, com o intuito de que a população se aproprie ainda mais desse equipamento, uma vez que participaram em diversos aspectos da criação da escola.
O sistema de turno integral amplia a jornada escolar do aluno para dois períodos, possibilitando ao mesmo exercer atividades acadêmicas, esportivas, sociais e dinâmicas. O período integral em creches e pré-escolas contribuem para a formação de indivíduos mais autônomos, saudáveis e sociáveis. Além disso, possibilitam que os pais possam exercer suas cargas horárias em seus trabalhos, assegurados de que seus filhos realizarão em um só local as atividades escolares e extracurriculares. A criança que passa tempo integral nas creches e pré-escolas, crescem desenvolvendo hábitos alimentares regrados e saudáveis, além de estarem sendo orientados e monitorados nas realizações das tarefas e nos estudos. Por fim, o STI desenvolve o lado social das crianças, que passam maior parte do dia em contato com outras crianças, não criando tempo ocioso e sempre com o acompanhamento de professores qualificados.
Figura 13: Gráfico dos Recursos relacionados à infraestrutura nas escolas de Educação Infantil no Brasil em 2019 Fonte: Censo da Educação Básica, 2019.
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A E I O U . 24 .
Outro fator diferencial para a escola proposta é a adoção de técnicas sustentáveis na construção da mesma. A intenção é que ele contribua para a diminuição do impacto ambiental, com o uso de painéis solares, aproveitamento da água pluvial, coleta de lixo seletivo, reciclagem, paisagismo sustentável, telhado verde e a implantação de uma horta. Além de serem adotadas técnicas para obtenção de luz e ventilação natural atingindo um conforto térmico necessário para a permanência dos alunos.
a comunidade no processo de elaboração e construção da escola, incentivando e facilitando a inserção deste equipamento ao bairro que está inserido.
•
Entender o sistema de educação infantil e sua importância, bem como suas necessidades no âmbito escolar das creches e pré-escolas do Brasil e principalmente no município de Fortaleza/CE;
Tais medidas sustentáveis implantadas em creches, pré-escolas e escolas são de extrema importância, pois, incentivam as crianças desde cedo a serem pessoas preocupadas e cuidadosas com o meio ambiente. Partindo deste princípio, o projeto inclui a implantação de oficinas para a criação de alguns materiais que serão utilizados na construção, para que as pessoas da comunidade em que o equipamento será inserido possam participar de forma direta, além de entender e aprender sobre ecologia e sustentabilidade. As oficinas não só terão como função a elaboração de materiais, mas também a de instruir aos alunos e suas famílias sobre a importância da adoção das técnicas sustentáveis. Ao longo da construção, a ideia é que as pessoas do bairro que futuramente usufruirão da creche/pré-escola possam participar da construção de forma que se apropriem e tenham o sentimento de que cuidado e zelo pelo equipamento.
•
Analisar a realidade atual das creches e pré-escolas públicas existentes no país e em Fortaleza, com foco na infraestrutura destes equipamentos, comparando-os com a legislação vigente pertinente à esta modalidade de ensino;
•
Analisar os bairros que apresentam a maior procura e em contrapartida, o maior déficit de creches e pré-escolas, para a definição do bairro onde será implantada a futura escola;
•
Compreender a didática escolar, bem como toda a metodologia de ensino e suas atividades e como a arquitetura influencia no processo de aprendizagem;
•
Analisar o contexto socioespacial do bairro onde será inserido a escola;
•
Estudar sobre as técnicas sustentáveis e a importância de aplicá-las num equipamento público;
•
Analisar formas de fazer com que a comunidade que habita o bairro onde a futura escola será implantada possa participar da construção do equipamento à fim de que ela se aproprie com mais facilidade do mesmo;
•
Conhecer a avaliar projetos de referências que atuem como inspiração para uma adequada arquitetura escolar.
A.2 Objetivos A.2.1 OBjetivo geral Desenvolver uma creche e pré-escola pública com jornada integral no município de Fortaleza, a qual possua uma arquitetura que influencia positivamente o processo de aprendizado dos alunos e que adota técnicas sustentáveis em sua construção, além de inserir
A.2.2 Objetivos específicos
A.3 Metodologia
A metodologia utilizada neste trabalho foi baseada nas leis e diretrizes voltadas à educação infantil no Brasil com foco no município de Fortaleza. Por meio de dados bibliográficos, consultas em sites oficiais, consultas à legislação pertinente ao tema, artigos online, realização de pesquisas em campo e entrevistas com alunos, seus familiares e funcionários do sistema público de ensino infantil foi possível detectar a necessidade da criação de uma escola pública com jornada integral que atendesse as demandas dessa modalidade, principalmente quanto à arquitetura e infraestrutura, aliada com técnicas sustentáveis e com a participação da comunidade no processo de construção. Além das análises à projetos de referência, que auxiliam a compreensão dos pontos mais importantes à serem adotados na elaboração do projeto.
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Re fE R enC Ia l coN cE iT U a l B.1 Educação Infantil B.1.1 A evolução da educação infantil B.1.2 Primeiras creches e pré-escolas B.1.3 Legislação da Educação Infantil
B.2 Importância da educação infantil no desenvolvimento da criança B.3 Influência da arquitetura escolar no processo de aprendizado B.4 Anísio Teixeira - Escolas Públicas com sistema integral de ensino
BasE ConCEitUaL B.1. Educação Infantil B.1.1 A evolução da educação infantil
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A educação infantil na Idade Média era imposta de maneira que o pai exercia total controle sobre as crianças e as educavam conforme os costumes políticos e sociais da época, podendo decidir o futuro da mesma e puni-la em casos de oposição às suas ideias, chegando até mesmo a tirar a própria vida dos filhos ou abandoná-los. Durante muito tempo, a educação infantil era vista como uma competência exclusivamente familiar, onde as crianças realizavam as atividades herdadas da família ou atividades instruídas por elas para o bem-estar da família como um todo. O processo de evolução da educação infantil foi um processo lento e que começou a ser mudado no início do século XVI quando a burguesia, com o intuito de estabelecer um posicionamento próprio e independente das determinações da Igreja, passou a fundamentar padrões sociais, morais, culturais e políticos juntamente com a implementação da sociedade moderna. Segundo Jean-Jacques Rousseau: “A criança não é um adulto inacabado, ela possui seu valor nela mesma. Em certo sentido, que é o mais importante, cada idade se basta a si mesma”, pois até não havia uma preocupação em educar a criança para que ela desenvolvesse seus próprios valores e seu desenvolvimento humano, portanto, ela era instruída à realizar o quanto antes as atividades realizadas pelos adultos da família em função do desenvolvimento da sociedade. Com o período da Revolução industrial, a partir do século XVIII, surgem mudanças sociais e econômicas e as mulheres começam a ingressar no mercado de trabalho, parale-
lamente a este fato, surge também a pressão ao poder público para garantir um lugar para seus filhos ficarem durante o período em que a família está fora de suas casas. A migração das pessoas da zona rural para a zona urbana e a estruturação do capitalismo também contribuíram para o surgimento da necessidade de ter com quem deixar os pequenos da família. Na segunda metade do século XIX, com a abolição da escravatura no Brasil, surge uma nova problemática para os filhos dos escravos que já não iriam mais assumir os lugares ocupados pelos seus familiares, fazendo com que os pais chegassem até a abandonar os filhos por não terem condições de cuidá-los. A discussões acerca deste tema foram crescendo em todo o mundo juntamente com a real necessidade, principalmente nas famílias de baixa renda que necessitavam trabalhar para sobreviver. Em 1970, o Brasil passou a considerar, assim como os Estados Unidos e Europa, que as crianças pertencentes às famílias de baixa renda sofriam de uma privação cultural que refletia diretamente no seu desempenho escolar e no seu desenvolvimento individual como ser humano. Esse fato promoveu o questionamento mais crítico sobre o futuro da educação infantil, bem como a Lei nº 5.692 de 1971 que cita a educação infantil em escolas maternais e jardins de infância e estabelece que mulheres com filhos até 7 anos que trabalham em empresas privadas tenham direito à assistência para suas crianças, podendo ser auxiliadas pelo governo. A Constituição Federal do Brasil, pressionada por diversos movimentos sociais principalmente liderados pelas mulheres, em 1988, reconhece pela primeira vez as creches/pré-escolas como direito das crianças. Logo após, em 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) reafirma os direitos das crianças de 0 a 5 anos quanto à educação infantil. A modalidade de creche é destinada à crianças de até 3 anos e a modalidade de pré-
escola para crianças de 4 à 5 anos. Inicia-se então uma discussão sobre a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e enquanto ainda não estava definitivamente estabelecida, o Ministério da Educação (MEC) aprovou a Política Nacional de educação infantil apoiado pela Comissão Nacional de educação infantil (CNEI) com o intuito de estabelecer parâmetros, ampliar as vagas para esta modalidade de ensino e de implantar melhorias. Finalmente, em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) estabeleceu a Educação Infantil como a primeira fase da Educação Básica no Brasil, definindo a obrigatoriedade da formação de nível superior do profissional dessa área e abrangendo crianças de 0 a 5 anos que passam a receber um cuidado pedagógico. A partir deste momento acontece também a Municipalização, onde cada município se torna responsável pela oferta da Educação Infantil contando com a ajuda do Estado. A criança passou a ser vista com um ser capacitado de desenvolver suas próprias relações e personalidades e a educação infantil passou a ser vista como união entre o ato de cuidar e educar. Conforme cita o Art. 3º. da LDB: “O ensino será com base nos seguintes princípios: igualdade de condição para o acesso a permanência na escola; liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, pensamento, a arte e o saber; pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; respeito à liberdade e apreço à tolerância; coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; gratuidade do ensino em estabelecimentos oficiais; valorização do profissional da educação escolar; gestão democrática do ensino público, na forma desta lei e da igualdade e dos sistemas de ensino; garantia de padrão de qualidade; valorização da experiência extraescolar; vinculação entre educação escolar, o trabalho e as práticas sociais” (BRASIL, 1996, p. 1).
Com o intuito de aprimorar a estruturação da educação infantil no Brasil, o MEC criou no ano de 1998, o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (RCNEI) fazendo parte dos Parâmetros Curriculares Nacionais e que, atualmente, funcionam como base para as avaliações e elaborações de instituições de ensino da modalidade de educação infantil no país. A educação infantil, anteriormente considerada uma instituição assistencialista, passa a ser vista como uma função pedagógica de extrema importância para a formação do indivíduo. Vigotsky (1989) afirma que “os primeiros anos de vida da criança contribui para o desenvolvimento do seu pensamento lógico e também de sua imaginação, que caminham juntos.”. B.1.2 Primeiras creches e pré-escolas do Brasil A implantação das creches e pré-escolas no Brasil encontra-se em desenvolvimento desde 1970 e possui um passado registrado por muito tempo de omissão do Estado para com o reconhecimento da educação infantil como parte da educação formal. Como já mencionado anteriormente, as primeiras instituições voltadas à educação infantil foram precedidas pelo começo da urbanização, da inserção da mulher no mercado de trabalho, da estruturação do capitalismo e entre outros. Tais instituições foram inicialmente criadas por organizações sociais, religiosas, filantrópicas e feministas para atuar como locais de acolhimento das crianças, em sua maioria, carentes que as mães precisavam ingressar no mercado de trabalho. A forma com que o Estado se omitia da responsabilidade para com esta situação gerou um grande emblema acerca do desenvolvimento das creches durante anos, que resultou a falta de uma definição bem elaborada da educação infantil nos primeiros ambientes es-
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colares e até mesmo no conceito pedagógico adequado para as crianças nos seus primeiros anos de vida.
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As primeiras creches reconhecidas no mundo foram na Europa no século XIX e no início do século XX surgiram as primeiras creches no Brasil. Em paralelo à necessidade de acolher as crianças das famílias mais carentes, a creche também acolhia os menores que tinham suas mães consideradas incompetentes de criá-los, acreditando que poderia livrá-los de um futuro cruel. De uma maneira geral, a creche surgiu como uma instituição emergencial que ficava entre a família e a escola, encarregada de cuidar destas crianças que necessitavam deste auxílio. As primeiras instituições com essa finalidade eram denominadas na Europa como salas de custódia e funcionavam de forma precária, com instalações inadequadas e sem atuação na área educacional. O padre Romão Mattos Duarte criou em 1738, no Rio de Janeiro, a Casa dos Expostos, também denominada a Casa do Enjeitados ou Casa da Roda, que era assim chamado pois possuía uma roda na fachada da casa com um cilindro oco de madeira, onde as pessoas poderiam deixar a criança sob os cuidados da instituição sem que sua identidade fosse revelada. Anteriormente este mecanismo era usado nos conventos para que fossem depositadas cartas ou outros artigos para as freiras ou frades. A primeira instituição que surgiu com o intuito de educar e não só de assistir à essas crianças, foi divulgada na França, em 1794, pelo padre Fréderic Óberlin e auxiliado pela Sara Benzet, conhecida pela arte de tricotar. A instituição, conhecida como “Escola para tricotar” era voltada a crianças menores de 7 anos de idade e oferecia aulas de história, ciências, geografia e além de desenvolver atividades educativas de arte, como desenho e canto. A partir da criação da “Escola para tricotar” de Fréderic Óberlin outras instituições desse segmento foram surgindo.
Diferentemente da Europa e de alguns outros países, o Brasil demorou mais para reconhecer a necessidade pedagógica das creches, continuando a ter as creches como função de asilo, na qual recebiam apenas crianças abandonadas ou as que suas mães não possuíam condições de cuidá-las. Em 1950, a rede pública do estado de São Paulo une-se ao Serviço de Assistência Social com o intuito de ministrar e organizar as doações recebidas para estas instituições, porém não tomavam como questão de responsabilidade do governo. A omissão desta responsabilidade por parte do Estado, gerava revolta da camada da população que mais necessitava, até que em 1978 surgiu o Movimento de Luta por Creches, que perdurou até 1982, a fim de exigir do governo a criação de creches regulamentadas e administradas. B.1.3. Legislação da educação Infantil De acordo com o artigo 205 da Constituição Federal de 1988, a educação é um direito de todos e um dever do Estado e da família. A educação básica no Brasil é composta por 3 (três) modalidades de ensino: a educação infantil; que abrange crianças de 0 a 5 anos e divide- se em creche (crianças até 3 anos) e pré-escola (crianças de 4 a 5 anos), como citado anteriormente; o ensino fundamental que possui a duração de 9 anos (crianças de 6 a 14 anos); o ensino médio com duração de 3 anos (jovens de 15 a 17 anos) e o ensino superior. Tendo como foco a educação infantil que não possui caráter de formação e sim de desenvolvimento, a LDB reconhece as creches e pré-escolas como responsabilidade dos Municípios com apoio da União e dos Estados conforme o art. 8ª. Já no art. 29 da LDB, focado nas crianças de 0 a 5 anos de idade, estabelece que a família e a sociedade exercem um papel importante no desenvolvimento da criança que afeta de maneira complementar nos seus aspectos físicos, psicológicos, sociais e intelec-
tuais. Decisões mais recentes aprovadas pelo Senado em 25 de janeiro de 2006 resultaram no Projeto de Lei Nº 144/2005 mais especificamente na lei Nº 11.274/06, afirma que a duração mínima para o ensino fundamental é de 9 anos, fazendo-se necessário a matrícula do aluno nesta modalidade de ensino a partir dos 6 anos de idade, pois anteriormente à esta lei, a educação infantil abrangia crianças de 0 à 6 anos de idade. Esta lei foi alterada pela lei número 12.796 que modifica o artigo 6º. passando assim a ser “dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula das crianças na educação básica a partir dos 4 anos de idade”.
B.2 Importância da educação infantil no desenvolvimento da criança De acordo com estudos sobre a psicologia educacional, a base da personalidade de uma pessoa é formada até os seus 7 anos de idade, portanto, o cuidado com a educação infantil tanto nas instituições quanto nos ambientes familiares deve ser de extrema importância, pois refletirá em toda a vida do indivíduo. As crianças iniciam a socialização e o processo de desenvolvimento no aspecto cognitivo, motor e linguístico na fase da educação infantil, onde a interação com outros adultos – professoras/facilitadoras –, outras crianças e com um ambiente organizado e diversificado, desperta no infante a curiosidade e proporciona o surgimento de novas sensações e afetos, além de apresentar para eles um universo cheio de novidades e possibilidades de escolha. Nessa perspectiva, as crianças começam a ser estimuladas a partir de brincadeiras orientadas pelas professoras e monitoras da turma, todas com um projeto pedagógico que visa a evolução dos pequenos
em amplos aspectos, como os citados anteriormente, mas que impulsionam, principalmente, a independência e a criatividade, visto que a realização de atividades lúdicas permite a exploração de infinitas maneiras de brincar e aciona a imaginação e a intuição. Logo no primeiro contato com o ambiente escolar, as crianças desenvolvem um senso de coletividade primitivo, pois ao estarem inseridas em um lugar que segue regras básicas de convívio coletivo, estas vão aprendendo aos poucos sobre a maneira correta de tratar e respeitar os demais, o que se torna crucial para a constituição de um indivíduo adulto que sabe conviver em sociedade de maneira harmoniosa e democrática. Além disso, é tempo de começarem a compreender os próprios limites e os limites de cada um, de perceber o próprio comportamento diante de certas situações e de descobertas, como conhecer uma cor nova, um som novo ou até aprender um novo gesto. A importância do ingresso escolar considerado precoce por alguns, assegura à criança a chance de se desenvolver de forma íntegra, já que o aprendizado de um bebê, por exemplo, quando este fica apenas em casa até o primeiro ano de vida ou até o segundo, torna-se limitado, pois o processo relacional limita-se à interação apenas com os familiares, sem existir a interação com outras crianças da mesma faixa etária e com profissionais que poderiam facilitar todo o complexo crescimento de um infante que ainda não compreende seus movimentos, a linguagem, suas sensações, seus pensamentos e o espaço a sua volta. Sendo assim, sabe-se hoje que a educação infantil é considerada tão necessária quanto o ensino fundamental e o ensino médio, pois os que mais tarde serão adolescentes aprendendo a lidar com suas emoções e com atividades mais elaboradas, antes, passam pelo procedimento de construção de personalidade na infância, em que é essencial uma boa condução nesse período para que o in-
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divíduo cresça com confiança em si, aprenda a trabalhar bem em equipe – algo que sempre será exigido em diversas situações – e desenvolva outras muitas habilidades sociais. De acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), exposta no site do Ministério da Educação, a criança é definida como “sujeito histórico e de direitos, que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura (BRASIL, 2009).”, contrariando a ideia de alguns de que estas são seres incompletos por não terem tantas vivências e/ ou autonomia. Pois, apesar de algumas serem reprimidas pelos pais ao escolher com o que brincar, por exemplo, quando elas ficam livres para transitarem pela sala de aula e brincarem com o que está exposto, exercendo a liberdade de escolha e atendendo aos seus instintos, fica bastante explícito como são pequenos indivíduos que, ao serem apresentados ao mundo lúdico, podem experimentar uma autonomia inicial que diz muito sobre como suas personalidades serão moldadas ao longo dos anos, obtendo-se pistas sobre as influências da criança fora e dentro da escola ou creche. Citando o psiquiatra Augusto Cury, “Educar não é repetir palavras, é criar ideias, é encantar”, a educação não deve ser baseada somente na noção de que ela apenas é efetiva quando existe um conhecimento sendo repassado dia após dia aos infantes, uma vez que ela transcende a ideia da repetição. O processo educativo consiste em estimular a criatividade, formas de a criança descobrir em si mesmas soluções para os problemas que a vida mais tarde irá apresentar. Uma criança que leva muito tempo para ingressar no ambiente escolar costuma ter um desempenho no ensino fundamental inferior aos das crianças que já estão inseridas no ambiente escolar desde a educação infantil, pois diferentemente das outras, ela não terá tido até então contato
social diário que auxilia no desenvolvimento mental, comportamental, dentre outros, da criança. Nesse contexto, esse processo que conta com a dedicação de tantas profissionais, baseia-se na urgência de formar melhores cidadãos, com ideias inovadoras, que saibam aproveitar a sua liberdade e que tenham fome de conhecimento. E é através da ludicidade apresentada nesses espaços – com orientação adequada – que se inicia a educação, por meio das brincadeiras, do convívio, das relações interpessoais e da interação com os adultos preparados para exercer essa função.
B.3 Influência da arquitetura escolar no processo de aprendizado
O espaço físico, por sua vez, tem o poder de influenciar na maneira como as pessoas que estão inseridas nele convivem e quando bem elaborados, influenciam positivamente nas ações e atividades executadas nos mesmos. No ambiente escolar, de acordo com a arquiteta e professora Dóris Kowaltowski, “o projeto arquitetônico deve dialogar com a pedagogia da escola e a construção deve ser feita em parceria com a comunidade escolar”. Mesmo com vários estudos e pesquisas voltadas para a arquitetura escolar e suas inovações, a forma tradicional de projetar o ambiente escolar, que consiste em salas de aula com o quadro, mesa do professor e as carteiras dos alunos, ainda é fortemente utilizada pois, principalmente em escolas públicas, que precisam atender um número alto de alunos, a forma tradicional possui o menor custo e é a mais fácil de ser executada. Nos ambientes de educação infantil, como já mencionado anteriormente, o desenvolvimento do equipamento de creche e pré-escola sofreu a omissão do Estado para com o seu reconhecimento, e esse foi um fator que ocasionou a falta de planejamento e de criação de infraestrutura
desde o seu princípio. Posteriormente à LDB/1996 alguns outros documentos oficiais foram emitidos a fim de estabelecer parâmetros para o desenvolvimento das crianças de 0 a 5 anos que diz “[...] é necessário identificar parâmetros essenciais de ambientes físicos que ofereçam condições compatíveis com os requisitos definidos pelo PNE, bem como os conceitos de sustentabilidade, acessibilidade universal e com a proposta pedagógica. Assim, a reflexão sobre as necessidades de desenvolvimento da criança (físico, psicológico, intelectual e social) constitui-se em requisito essencial para a formulação dos espaços/lugares destinados à Educação Infantil”. (BRASIL, 2006, p. 21). Segundo Friedrich Wilhelm Froebel, educador alemão, as crianças pequenas exploram os ambientes físicos com os seus sentidos mais do que a razão, portanto o formato físico do ambiente em que se encontram, influencia no processo de desenvolvimento delas. O espaço destinado à educação infantil deve ser projetado de forma que seja levado em consideração que cada ano de vida da criança dentro da creche e pré-escola é uma fase específica, com descobertas específicas e necessidades distintas. Segundo o Referencial Curricular: “Particularmente as crianças de zero a um ano de idade necessitam de um espaço especialmente preparado onde possam engatinhar livremente, ensaiar os primeiros passos, brincar, interagir com outras crianças, repousar quando sentirem necessidade etc.” (BRASIL, 1998, p. 69). Os espaços internos e externos devem ser pensados de forma a explorar todos os sentidos da criança, bem como suas coordenações motoras e as relações afetivas. Os ambientes externos, principalmente, devem ser pensados com espaço para brincadeiras, corridas e atividades físicas como especificados também no Referencial Curricular “Na área externa, há que se criar espaços lúdicos que sejam alternativos e permitam que as crianças corram, balancem,
subam, desçam e escalem ambientes diferenciados, pendurem-se, escorreguem, rolem, joguem bola, brinquem com água e areia, escondam-se etc.” (BRASIL, 1998, p. 69). A arquiteta Dóris Kowaltowski que se aprofunda nos estudos sobre a arquitetura escolar e suas influências, contraria o pensamento das pessoas que consideram apenas o ensino o fator essencial para o aprendizado, pois acredita que “a arquitetura é o terceiro professor dentro de uma escola. Precisamos primeiro cuidar do professor, garantir que ele saiba ensinar e seja bem pago para realmente se dedicar à causa. O segundo professor são os materiais didáticos, a tecnologia, a alimentação. E o terceiro, é o ambiente. Ele deve servir à educação e também pode ser usado para ensinar”. Alguns estudos já comprovaram que o aluno que está inserido em um edifício bem cuidado, bem planejado, conservado e que funcione bem aprenderá a ter o mesmo cuidado, ou seja, valorizará o espaço físico escolar da mesma forma, facilitando o bom desempenho das atividades exercidas por ele dentro da escola. Mas para que se entenda as reais necessidades e o que pede a demanda, é necessário que no processo de produção do projeto, seja levado em consideração a linha pedagógica utilizada pelos responsáveis, as diferenças culturais e climáticas de cada região, o avanço da tecnologia e como ela será utilizada pelos alunos, as diferentes atividades exercidas de acordo com a faixa etária de cada série, entre outros diversos fatores. A partir daí os espaços devem ser planejados visando a segurança e saúde dos alunos em primeiro lugar, em segundo plano deve ser colocado o conforto físico, térmico e acústico do ambiente, tendo em vista que o aluno passa boa parte de sua vida no âmbito escolar. Quanto ao conforto acústico, Kowaltowski ressalta que muitas das escolas atuais sofrem por falta de planejamento para este
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quesito. Ela afirma que muitas delas não possuem um tratamento acústico adequado, pois utilizam materiais rígidos como o concreto, por serem mais acessíveis, porém não possuem teto acústico dentre outras formas de tratamento e a reverberação da voz de muitas crianças em uma sala acaba sendo um fator prejudicial. Assim como o conforto acústico, o conforto térmico deve ser primordial ao se projetar um ambiente escolar, pois fará toda a diferença para os alunos que precisam de um conforto térmico para se sentirem em um ambiente propício de aprendizado. Além desses fatores, é importante considerar que o ambiente escolar deve também proporcionar ao educador um leque de possibilidades de didática escolar. Os espaços bem elaborados têm o poder de ampliar as formas de conexão entre o professor e o aluno, assim como as formas que os alunos possuem de explorar seus aspectos sociais, motores, cognitivos e de se desenvolverem de maneira saudável. Um elemento importante na realização do projeto das creches e pré-escolas é a escala à nível das crianças, onde a arquitetura seja desenvolvida de acordo com a ergonomia voltada à estatura de crianças de 0 a 5 anos. Vale ressaltar que com o passar dos anos e com o avanço da tecnologia as posturas dos alunos, a forma de se acomodar nos ambientes e o uso de aparelhos eletrônicos dão-se de maneira diferente e necessitam de uma arquitetura pensada à essas novas tecnologias para preservar a saúde dos alunos. Questões como programa de necessidades passaram a existir quando os ambientes escolares deixaram de ser apenas salas de aula, e sim todo um conjunto de setores e áreas de recreação, salas de vídeo, salas de informática, cantina, vestiários e outros. Segundo Kowaltowski, cada escola possui sua individualidade e deve ser executada de forma a atendê-las, visando sempre os pilares da educação básica e seguindo todos os principais conceitos para o bem-estar dos alunos já citados anteriormente.
A italiana Maria Montessori que foi médica e pedagoga desenvolveu diversas pesquisas que resultaram em novas técnicas voltadas aos jardins da infância e ensino fundamental. O Método Montessori afirma que o material ou as práticas utilizadas pelas creches e pré-escolas não são o mais importante, e sim as possibilidades criadas pelas crianças para a utilização deles. Para Maria Montessori, a individualidade e a liberdade da criança são a base para o seu desenvolvimento, portanto, a preocupação em criar ambientes que explorem os sentidos e que desperte a criança para se descobrir tornou-se ainda maior. O método Montessori implantado no ano de 1898 contribuiu positivamente para o desenvolvimento arquitetônico nos ambientes escolares. Atualmente, as creches e pré-escolas contam com serviços de nutricionistas e psicólogos, o que também deve ser levado em consideração para a elaboração dos projetos arquitetônicos, pois os nutricionistas necessitam de espaços bem pensados para a elaboração dos cardápios das crianças, bem como os psicólogos que necessitam de salas reservadas para atendimentos. Com o passar dos anos, as tecnologias dos materiais vão passando por transformações, bem como as relações do usuário com o espaço, e só as soluções projetuais arquitetônicas podem facilitar as devidas adaptações visando o bem-estar dos usuários combinado com a sustentabilidade, conforto ambiental, funcionalidade, humanização e ajudando a construir a identidade da escola. Um ambiente escolar que não possui um planejamento arquitetônico adequado, poderá sofrer com deficiências em suas demandas e, como visto anteriormente, poderá afetar negativamente no processo de aprendizado das crianças, tendo visto que o período da educação infantil é onde é formada a base da personalidade do indivíduo.
B.4 Anísio Teixeira - Escolas públicas com sistema integral de ensino
Anísio Teixeira (1900-1971) nasceu em Caetité, na Bahia e é considerado um grande idealizador de muitas mudanças na educação básica no Brasil, pois tinha como princípio a crença de que a educação era capaz formar e promover o crescimento do ser humano e da nação e que esse ensino deveria ser gratuito e de qualidade para todos. Anísio estudou em colégios jesuítas na Bahia e formou-se em direito no Rio de Janeiro. Diplomou-se em 1922 e em 1924 foi nomeado inspetor geral do ensino na Bahia. Como visto anteriormente, a escola passou a ser um ambiente que deveria educar para formar indivíduos mais inteligentes, tolerantes, livres e criativos, mas para isso, o âmbito escolar precisaria passar por diversas mudanças. Anísio Teixeira deixava claro que sua preocupação ia além das reformas educacionais, mas também com a pedagogia utilizada e, principalmente, com a ampliação de vagas e a oferta obrigatória que atendesse à todas as crianças. Para Anísio, a educação escolar deveria ir além do tradicional método de ensino didático, portanto, ela deveria voltar-se para a formação integral do indivíduo. Em 1929, em um relatório apresentado ao governador da Bahia logo após uma viagem que Anísio fez aos Estados Unidos, ele cita pela primeira vez o termo educação integral. Em sua visão, as escolas atuais encontravam-se ultrapassadas pois não davam a oportunidade aos alunos de falar sobre os problemas enfrentados pelo seu povo, os acontecimentos a nível internacional, avanços da tecnologia, bem como não possuíam atividades que permitissem desenvolver a formação do caráter e auxiliar a desco-
berta de suas habilidades e aptidões. Em 1931 o educador foi nomeado diretor de instrução pública do Rio de Janeiro, fundando assim a primeira rede municipal de ensino abrangendo o ensino primário até o superior. Em suas palavras: “[...] em educação, e educação só é digna desse nome quando está percorrida de uma larga visão filosófica. Filosofia da educação não é, pois, senão o estudo dos problemas que se referem à formação dos melhores hábitos mentais e morais em relação às dificuldades da vida social contemporânea” (TEIXEIRA, 1950, p. 79 apud SOUZA, 2013, p. 726). Anísio lutou e defendeu a escola pública com o sistema de ensino integral para professores e alunos, e o maior exemplo que ele deixou foi a Escola Parque, fundada por ele em 1950 em Salvador, que serviu de inspiração para muitas outras escolas de tempo integral que surgiram. A escola na visão de Anísio deve ser um ambiente organizado, limpo, moderno e que cuide da saúde da criança até que ela saia da escola, além de ser municipalizada para que cada município consiga atender as suas demandas. A Escola Parque constituía-se numa educação integral para crianças e adolescentes e funcionava como uma “miniatura da comunidade”, pois preparava o indivíduo para enfrentar a vida social e econômica da sociedade moderna. O Centro Educacional Carneiro Ribeiro (Escola Parque) funcionava em dois turnos e em tempo integral, com o início do período escolar às 07:30 da manhã e encerrava às 16:30 da tarde. “Haverá escolas nucleares e parques escolares, sendo obrigada a criança a frequentar regularmente as duas instalações. O sistema escolar para isso funcionará em dois turnos, para cada criança. Em dois turnos para crianças diversas de há muito vem funcionando. Daqui por diante será diferente: no primeiro turno a criança receberá, em prédio adequado e econômico, o ensino propriamente dito; no segundo receberá, em um parque-escola aparelhado e desenvolvido, a sua educação propriamente social, a educação física, a educação musical, a educação sanitária, a assistência alimentar e o uso da leitura em bibliotecas infantis e juvenis” (TEIXEIRA, 1997, p. 243).
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Figura 14: Escola Parque
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Figura 15: Implantação esquemática do conjunto de edifícios do CECR (1969) . Fonte: https://www.iau.usp.br/shcu2016/anais/wp-content/uploads/pdfs/11.pdf
Um dos grandes sonhos de Anísio Teixeira foi concretizado com a criação do Centro Educacional Carneiro Ribeiro que surgiu como uma escola que “Constitui ele uma tentativa de se produzir um modelo para a nossa escola primária” (TEIXEIRA, p. 248, 1967). A Escola Parque recebeu críticas de uma camada da sociedade que acreditava que as demais escolas do Estado se encontravam em estados precários, e em contrapartida também recebeu diversos retornos positivos, inclusive à nível internacional, em grande parte por arquitetos e profissionais da pedagogia.
cc
Re fE R enC Ia l P roJ E tu AL
C.1 Técnicas Implantadas nas edifcações escolares e sustentabilibade C.1.1 Sustentabilidade nas escolas C.1.2 Energia renováveis C.1.3 Gerenciamento de resíduos sólidos/ reciclagem C.1.4 Reaproveitamento da água C.1.5 Telhado Verde C.1.6 Horta escolar C.1.7 Materiais ecológicos C.1.7.1 Técnica de adove e sua implantação
ConCEitO ProJEtuAL C.1. Técnicas implantadas nas edificações escolares e sustentabilidade
C.1.1 Sustentabilidade nas escolas
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Embora a consciência ambiental tenha crescido consideravelmente com o passar do tempo, ainda há um longo caminho a ser percorrido, pois a realidade atual não condiz com os recursos que se dispõe. Portanto, a prática da educação ambiental nos âmbitos escolares faz- se extremamente essencial, já que a melhor forma de ensinar sobre hábitos sustentáveis é praticando-os. A escola como uma instituição que constrói valores do indivíduo, atua como um agente formador de pessoas que podem mudar o mundo, sendo assim, como já mencionado anteriormente, o uso da arquitetura à favor da sustentabilidade aliada com a educação ambiental teórica e práticas sustentáveis desenvolvidas desde o ingresso da criança na escola são características imprescindíveis nas escolas desde as creches até o ensino superior. C.1.2 Energias renováveis “O sol, vento e água em movimento, todos contêm energia que, se bem aproveitada, pode fornecer fontes consistentes de energia sem a necessidade de queimar combustíveis fósseis para gerar calor ou eletricidade” (KRUGER, 2016). As fontes de energias mais utilizadas nas edificações atualmente são de baixo
custo e facilidade de instalação por já serem convencionais no mercado, porém podem gerar um impacto negativo para o meio ambiente. Quando se fala de energias renováveis, refere-se à energia gerada por fontes naturais e que se renovam, como o nome já diz. Com foco na tipologia de energia solar, o uso das chamadas placas solares ou painéis fotovoltaicos vem sendo muito implantados nas edificações por conterem uma série de benefícios tanto de custo/benefício quanto ao meio ambiente. A luz solar é transformada em energia elétrica através do inversor solar presente nas placas solares. As placas solares apesar de necessitarem de um investimento inicial, elas possuem uma série de benefícios, entre eles: baixo custo considerando a vida útil, recurso abundante e sem possibilidade de vir a se esgotar, facilidade de instalação, pouca demanda de manutenção, ocupa pouco espaço e a diminui o impacto ambiental comparado à energia elétrica. C.1.3 Gerenciamento de resíduos sólidos/ reciclagem Compreende-se por resíduos sólidos de acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), através da NBR 10004:2004 “resíduos nos estados sólido e semissólido, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição”. Quando se fala desse segmento, é importante entender que seu impacto ambiental pode ser gerado pela poluição do solo, da água e do ar. O gerenciamento desse material nas escolas, que possuem resíduos não enquadrados na categoria de perigosos, e com alto potencial de reaproveitamento, podem ser reutilizados em equipamentos para atividades de conscientização sobre os impactos que este resíduo pode causar ao meio ambiente caso não sejam bem gerenciados e em outras atividades escolares. Figura 16: Placas solares Fonte: Portal Solar Prime
Portanto, faz-se essencial o uso de lixeiras recicláveis e de programações escolares que desenvolvam a capacidade do indivíduo quanto à reutilização de materiais, além de orientar aos alunos quanto ao destino dos resíduos sólidos gerados pela instituição e o impacto que ele influi ao meio ambiente. A inserção dos conceitos da reciclagem no processo de desenvolvimento da criança faz-se necessária para que no futuro, essas crianças se tornem adultos com consciência ambiental e passem isso adiante para os seus filhos, contribuindo para a preservação do meio ambiente.
o sistema de descarga das bacias sanitárias. Várias são as formas de pensar no reuso da água dentro das escolas, necessitando apenas de um planejamento eficaz desses sistemas. Além de todas essas técnicas adotadas, é de extrema importância a conscientização das crianças e adolescentes quanto ao desperdício desse bem indispensável.
C.1.5 Telhado Verde
A água é um recurso valioso e indispensável para a existência no planeta. Desta forma, a quantidade de planos de ações para a preservação deste bem mundial é crescente. O principal e mais utilizado método de preservação da água é o reaproveitamento da água pluvial para ser reutilizada em serviços de limpeza, descargas e irrigação. Além deste método, dentro de um ambiente escolar, a água destinada para o enxágue de pratos do refeitório pode ser utilizada também para irrigação ou até mesmo para efetuar a limpeza do chão da cozinha. Outra forma de reuso é a utilização da água da pia do banheiro para
Levando em consideração que a melhor forma de ensinar é dando o exemplo, a adoção de telhado verde na arquitetura de uma escola é uma ótima opção para criar uma identidade com aspectos sustentáveis logo na primeira impressão. O telhado verde combinado com as placas solares possibilita ao aluno a ter contato com uma forma mais limpa de cuidar do meio ambiente. Apesar de possuir uma necessidade de uma instalação de qualidade e um custo mais elevado, o telhado verde conta com uma série benefícios: diminuição da poluição e melhora da qualidade do ar, uma vez que a camada de vegetação absorve as substâncias tóxicas e libera oxigênio na atmosfera; funciona como isolamento térmico e acústico; drena a água da chuva, além de ser esteticamente bonito.
Figura 17: Mecanismo de reutilização da água da chuva Fonte: Portal EOS
Figura 18: Esquema de captação de água da chuva Fonte: Portal ArqBlog
C.1.4 Reaproveitamento da água
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Figura 19: Componentes do telhado verde Fonte: Fonte: Portal Sustent Arqui
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Figura 20: Laje Jardim Fonte: Portal Construindo Decor
O telhado verde e também conhecido por laje jardim possui, de forma geral, sete camadas onde cada uma possui sua importância e função, tendo como base a própria laje da edificação, a qual deverá ser impermeabilizada para garantir a funcionalidade do sistema de telhado verde, protegendo-a de possíveis infiltrações e da umidade. A membrana antiraiz funciona como uma proteção contra as raízes da planta que existem naturalmente. Após essa camada, destaca-se o sistema de drenagem e o filtro, para então ser colocado o substrato, que é a terra absorvente da água da chuva que cai sobre a primeira camada, que é a própria planta.
C.1.6 Horta escolar As creches e pré-escolas desempenham um papel de extrema importância no processo de criação de práticas saudáveis das crianças. A criação de hortas e a prática de cultivá-las dentro do ambiente escolar, além de mantê-las em contato com a natureza, contribui para a formação de indivíduos mais saudáveis. Além dos benefícios já mencionados, pode-se considerar que atualmente as crianças estão habituadas ao meio tecnológico, exercendo atividades através de aparelhos eletrônicos, e a prática de cultivo da horta é
uma maneira de explorar atividades manuais em contato com a natureza, onde elas possam participar do processo de plantio e cultivo de alimento, exercitando a paciência e a dedicação para colher aquilo que espera. Além de implantar a prática da alimentação saudável nas crianças, tendo em vista o crescimento do índice de obesidade infantil, que conforme a Secretaria de Saúde, em 2019 estava em 16,33% para crianças entre cinco e dez anos.
Figura 21: Implantação de Horta Escolar Fonte: Portal Prefeitura de Caetité “A horta inserida no ambiente escolar pode ser um laboratório vivo que possibilita o desenvolvimento de diversas atividades pedagógicas em educação ambiental e alimentar unindo teoria e prática de forma contextualizada, auxiliando no processo de ensino- aprendizagem e estreitando relações através da promoção do trabalho coletivo e cooperado entre os agentes sociais envolvidos [...]” MORGADO (2018) apud Fiorotti et al. (2011).
C.1.7 Materiais ecológicos Uma construção que prioriza a redução dos impactos ambientais deve preocupar-se em utilizar materiais ecológicos e atentar-se a criar uma arquitetura que instrua aos usuários a dar continuidade às práticas sustentáveis. Dentre os materiais ecológicos que agregam valor ambiental nas escolas e em outras tipologias de edificação, pode-se destacar: tintas naturais - extraídas de compostos orgânicos e possui como benefício a redução da emissão de efluentes químicos que contribuem para a poluição do ar; madeira de demolição – ou seja, madeira reaproveitada que é capaz de ser transformada a favor da arquitetura da edificação; e o que será utilizado de maneira a se tornar parte da identidade visual da arquitetura da escola proposta – o tijolo de adobe. C.1.7.1 Técnica de adobe e sua implantação na escola
Levando em consideração uma pauta comumente discutida pelo âmbito da sustentabilidade, as construções são grandes ger-
adoras de resíduos sólidos, pois a quantidade de entulho gerado por elas é alta e deve ser gerenciada de forma menos impactante para o meio ambiente. A partir deste raciocínio, a escola proposta surge com a ideia de implantar o tijolo de adobe em partes da escola, atuando como parte da identidade visual da instituição de ensino e mostrando que técnicas sustentáveis podem também contribuir esteticamente para o projeto. O tijolo de adobe é um dos materiais de construção mais antigos do mundo e é composto por terra crua, água, palha e fibras naturais que são feitos artesanalmente e expostos ao sol. São de produção simples e ecológica, uma vez que o barro é um material que pode ser reutilizado se triturado e umedecido, voltando ao seu estado original, ao contrário de tijolos cozidos e fabricados em indústrias. O tijolo adobe é feito da seguinte forma: a mistura da terra crua, água, palha e fibras naturais que após serem misturados, serão colocados em formas e passam por um tempo de secagem.
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Ao longo do tempo este modelo de tijolo foi caindo em desuso e sendo substituído por outros, porém ele possui seus benefícios, como já mencionados: simples produção, ecologicamente correto e funciona como um excelente isolante térmico. Casando a utilização do tijolo adobe com a necessidade de inserir uma escola pública de ensino integral que seja aceita e que desperte a apropriação do equipamento por parte da comunidade na qual ele está
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Figura 22: Tijolo Adobe Fonte: Portal Casa Objeto
inserido, nasce a ideia de criar oficinas de produção do tijolo adobe. Vários estudos e pesquisas apontam que uma comunidade se apropria mais facilmente daquilo em que ela teve oportunidade de participar, de alguma maneira, do processo de desenvolvimento. As oficinas de artesanato para a produção do tijolo de adobe funcionaria como uma forma de trazer mais para perto a comunidade do equipamento, estimulando o zelo, principalmente das crianças e dos adolescentes, para a conservação do equipamento público.
dd
P roP O sTa coN cE iT U a l D.1 Diretrizes projetuais D.2 Justificativa do terreno D.3 Análise física e ambiental D.4 Programa de necessidades e funcionograma D.4.1 Programa de necessidades D.4.2 Funcionograma D.e LEGISLAÇÃO D.5 Setorização
DirECiOnaMEnTo ProJEtuAL D.1 Diretrizes projetuais Para o desenvolvimento do projeto, em vista de atender todos os objetivos presentes no capítulo 01, o projeto da creche e pré-escola pública de ensino integral seguirá as seguintes diretrizes projetuais: •
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Creche e pré-escola que adota a ideologia de Anísio Teixeira quanto ao sistema integral de ensino, dispondo de áreas para atividades didáticas, de áreas verdes e de áreas destinadas a atividades extracurriculares relacionadas à arte, cultura, esportes, lazer e educação ambiental.
•
A arquitetura da creche e pré-escola desenvolverá ambientes humanizados, criativos e inovadores, tornando o equipamento público mais valorizado e convidativo.
•
A sustentabilidade e a preocupação ambiental, adotando técnicas e materiais sustentáveis desde sua construção e que se estenda para os hábitos das crianças e frequentadores da escola.
•
A participação da comunidade na execução do equipamento público, onde serão criados cursos e oficinas adequados para a instrução da execução das atividades propostas, despertando assim o sentimento de pertencimento por parte da comunidade pela creche e pré-escola inserida nela.
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D.2. Justificativa do terreno A escolha do bairro onde o terreno está inserido foi feita a partir de uma análise que identificou quais os bairros com maior carência de creches e pré-escolas públicas de ensino integral na cidade de Fortaleza. De acordo com o a figura 23, foi observado que há uma deficiência de creches e pré-escolas na Regional VI, como já mencionado anteriormente, a qual aparece no mapa com um vazio maior desses equipamentos públicos. Na figura 25 torna- se claro a divisão de Regionais de Fortaleza. Foi analisado também que, de forma geral, os bairros da capital com o menor Índice de Desenvolvimento Humano estão inseridos nas Regionais V e VI, conforme mostra a Figura 26. Desta forma, contrapondo essas informações, o bairro da Messejana (Regional VI) foi o bairro escolhido para a implantação da nova creche e pré-escola pública de sistema integral.
Figura 23: Mapa de distribuição de creches e pré-escolas públicas de Fortaleza Fonte: Sala Situação. Secretaria Municipal de Educação. Portal da Prefeitura de Fortaleza.
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Figura 24: Mapa de distribuição de creches e pré-escolas públicas de Fortaleza com foco em Messejana Fonte: Sala Situação. Secretaria Municipal de Educação. Portal da Prefeitura de Fortaleza.
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Figura 25: Mapa das Regionais de Fortaleza Fonte: Portal Ipece Ceará
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Figura 26: Índice de Desenvolvimento Humano em Fortaleza (2010) Fonte: Fortaleza em Mapas (2010)
1 2 3 4 5 . 53 .
Figura 27: Mapa de Assentamentos Precários – Intervenções Necessárias em Fortaleza com foco no bairro Messejana Fonte: Fonte: Fortaleza em Mapas (2012)
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Outro fator considerado para a escolha do bairro, foi a existência de assentamentos precários, levando em consideração que a proposta da implantação do equipamento apresenta um caráter social e participação da comunidade em que ele está inserido. A Messejana não é o bairro com maior grau de prioridade de intervenção, porém é classificado com índice de IDH muito baixo e apresentam áreas com necessidade de urbanização complexa, conforme mostra a Figura 27, e o surgimento da creche e pré-escola nessa região, será um novo potencial a contribuir com determinada necessidade. Deste modo, o terreno encontra-se localizado no bairro Messejana entre a Avenida Washington Soares e a Rua Pedro de Alcântara e Silva. A Avenida Washington Soares é considerada uma via de fluxo constante, contribuindo para um fácil acesso dos usuários, além de possuir pontos de ônibus bem próximos e áreas verdes em seu entorno
Figura 28: Localização do Terreno Fonte : Google Earth. Modificado pela Autora.
D.3. Análise física e ambiental do terreno
Mapa 01: Macrozoneamento Fonte: Portal da Prefeitura de Fortaleza. Adaptado pela Autora.
Através de mapas foi feita a análise física e ambiental do terreno escolhido e seu entorno. O terreno faz parte da a regional VI e está inserido dentro da ZOM 2 (Zona de Ocupação Moderada 2) no bairro da Messejana de acordo com a LUOS (2017). O terreno possui em seu entorno alguns grandes pontos de áreas verdes, como já mencionado anteriormente. O recurso hídrico mais próximo é a Lagoa da Messejana, que se encontra no Parque Urbano da Lagoa.
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Figura 29: Recursos hídricos e áreas verdes próximas ao terreno Fonte: Google Earth
Ao analisar o mapa de Uso e Ocupação do solo para identificar os usos existentes próximo ao terreno, percebe-se que há uma grande área de uso residencial, com a presença de comunidades que farão o uso do equipamento público proposto. Observou-se que no entorno é possível encontrar: hospitais, grande variedade de comércio, postos de polícia, supermercados, postos de gasolina e outros usos.
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Figura 30: Mapa de Uso e Ocupação Fonte: Elaborado pela Autora (2020).
Figura 31: Mapa de Sistema Viário no entorno do terreno Fonte: Elaborado pela Autora (2020).
Quanto à mobilidade e ao sistema viário do entorno do terreno, foi visto que ele se encontra entre uma via arterial 1 (Av. Washington Soares) e uma via local (Rua Pedro de Alcântara e Silva). A Av. Washington Soares é uma via bastante movimentada que facilitará o acesso à creche e pré-escola, o que contribuiu para a escolha do terreno, possuindo ainda paradas de ônibus e ciclovia na frente dele. O entorno do terreno não possui edificações com alturas elevadas maiores de 3 pavimentos, possuindo predominantemente edificações térreas e com 2 ou 3 pavimentos. Fato que ocorre pelo processo de desenvolvimento que ainda está ocorrendo na cidade para o lado sudeste, em sentido ao Eusébio. Analisando todos os mapas acima, percebe-se que o terreno é favorável para a implantação do projeto. A sua localização e o entorno possuem diversas características que virão agregar positivamente para o sucesso do equipamento público.
D.4 Programa de necessidades e funcionograma D.4.1 Programa de necessidades
Figura 32: Mapa de gabaritos no entorno do terreno Fonte: Elaborado pela Autora (2020).
Figura 33: Mapa de Análise ambiental do terreno escolhido Fonte: Elaborado pela Autora (2020).
O programa de necessidades foi elaborado tendo como base o Manual Técnico de Arquitetura e Engenharia com foco em centros de educação infantil do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). O objetivo do manual é colaborar com a construção de equipamentos de educação com instalações físicas adequadas e com a presença de todos os setores indispensáveis para o bom funcionamento e desempenho educativo. Para Anísio Teixeira, o correto planejamento do centro educativo, respeitando as necessidades climáticas e culturais de cada escola, influência diretamente no processo de aprendizagem dos alunos, bem como no seu desempenho pessoal. O programa de necessidades foi baseado na ideologia de Anísio Teixeira e está dividido nos setores: administrativo, serviços, ensino e lazer. O setor administrativo comporta toda a base da escola, as áreas administrativas responsáveis pelo planejamento, fiscalização e direção do centro. Já o setor de serviços é responsável pela manutenção física e garantia de serviços prestados. O setor de ensino abrange toda a área de aprendizagem dos alunos, onde são executadas as atividades didáticas e complementares. E por fim, o setor de lazer onde estão inseridas as áreas de recreação, esportes e artes.
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• SETOR ADMINISTRATIVO
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•
SETOR SERVIÇO
1.
Recepção Social
1.
Sala de Monitoramento
2.
Secretaria
2.
Câmara Fria Carne
3.
Coordenação Pedagógica
3.
Câmara Fria Peixe
4.
Diretoria
4.
Câmara Fria Hortifruti
5.
Almoxarifado
5.
Depósito de Bebidas
6.
Arquivo
6.
Depósito de Louças
7.
Copa
7.
DML
8.
Sala dos professores
8.
Depósito de Alimentos
9.
Sala de Reunião
9.
Cozinha
10. Sala de Fardamentos
10. Sala da Nutricionista
11. Serviço de Orientação e Apoio Educacional
11. Refeitório para Alunos
12. Wc Masculino
12. Refeitório para Funcionários
13. Wc Feminino
13. Sala de Descanso para Funcionários
14. Wc PCD
14. Vestiário Masculino Funcionários
15. Vestiário Feminino Funcionários
•
SETOR DE ENSINO
16. Vestiário PCD
1.
Salas de Aulas
17. Depósito de Lixo
2.
Biblioteca
18. Depósito de Gás
3.
Sala Multimídia
19. Estacionamento
4.
Brinquedoteca
20. Almoxarifado
5.
Salas Multiuso
21. Carga e Descarga
6.
Fraldário
7.
Sala de Amamentação
8.
Wc Masculino Alunos
SETOR DE LAZER 1.
Auditório
2.
Quadra Esportiva
9.
Wc Feminino Alunos
3.
Playground
10. WC PCD
4.
Sala de Artes
11. Vestiário Masculino Alunos
5.
Sala de Ciências
12. Vestiário Feminino Alunos
6.
Horta
13. Vestiário PCD
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A E I O U . 60 .
C.4.2 Funcionograma
Figura 34: Programa de necessidades Fonte: Elaborado pela Autora. (2020)
1 2 3 4 5 . 61 .
D.5 Legislação O terreno escolhido está inserido na Zona de Ocupação Moderada 2 (ZOM 2), de acordo com o Plano Diretor de Fortaleza. Abaixo os parâmetros informados no anexo 4.2 do Plano Diretor: 1. Taxa de Permeabilidade: 40% 2. Taxa de Ocupação (Solo): 50% 3. Taxa de Ocupação (Subsolo): 50% 4. Índice de Aproveitamento Básico: 1,00
A E I O U
5. Índice de Aproveitamento Mínimo: 0,10
6. Índice de Aproveitamento Máximo: 1,50 7. Altura Máxima da Edificação: 48 m 8. Testada Mínima de Lote: 6 m 9. Profundidade Mínima de Lote: 25 m 10. Área Mínima de Lote: 150 m² No anexo 5 do Plano Diretor de Fortaleza, onde são classificadas as atividades por grupo e subgrupo, o equipamento público proposto está inserido na tabela 5.11 – subgrupo de serviços de educação (SE).
. 62 .
Tabela 01: Parâmetros Urbanos de Ocupação Fonte: LUOS (2017).
De acordo com a tabela de adequabilidade, o recuo de frente, recuo lateral e recuo de fundo todos adotam a medida de 10m, pois o terreno encontra-se em uma via arterial 1.
1 2 3 4 5
Tabela 02: Classificação de atividades Fonte: LUOS (2017).
Tabela 03: Adequabilidade Fonte: LUOS (2017)
. 63 .
D.6. Setorização A setorização foi elaborada de forma que os setores de ensino e lazer, que são setores de permanência mais longa por parte dos usuários e que exigem maior concentração e foco, ficassem climaticamente mais confortáveis.
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Figura 35: Mapa de Setorização Fonte: Elaborado pela Autora. (2020)
ee
cRe cH E e pRé E sC ol A
cRecHE e pRÉ esCOla E.1 Partido arquitetônico
A E I O U . 68 .
O partido arquitetônico foi elaborado a partir dos conceitos escolhidos para compor o projeto, seguindo não só os parâmetros legais exigidos por norma para equipamentos públicos do setor de educação, mas que também contasse com espaços humanizados, que conversassem com o entorno, trazendo premissas essenciais como: integração, sustentabilidade, aprendizado, conforto, lazer e diversão. A ideia é de inserir a comunidade no processo de elaboração e construção da escola, incentivando e facilitando a inserção deste equipamento ao bairro. Dessa forma, a escola proposta surge com a ideia de implantar o tijolo de adobe em partes da escola, atuando como parte da identidade visual da instituição de ensino e mostrando que técnicas sustentáveis podem também contribuir esteticamente para o projeto, levando em consideração que a produção do tijolo adobe é simples, ecologicamente correta e funciona como um excelente isolante térmico. Nasce então a ideia de criar oficinas de produção do tijolo adobe que funcionariam como uma forma de trazer comunidade mais para perto do equipamento, estimulando o zelo, principalmente das crianças e dos adolescentes, para a conservação do equipamento público. A creche e pré-escola usa da arquitetura para compor espaços que influenciam no processo de aprendizagem, criando espaços lúdicos e fazendo o dimensionamento dos ambientes de forma a atender cada faixa etária. Foram implementadas no projeto diversas técnicas sustentáveis, e materiais de Figura 36: Tijolo Adobe Fonte: archdaily.com
baixo custo para que a escola contribua na formação de cidadãos zelosos para com o meio ambiente. A paleta de cores utilizada na edificação e nas áreas de praça foi composta por tons pastéis, com o intuito de tornar o ambiente mais alegre e vivo, porém sem deixar de dar o enfoque no mobiliário inteligente dos playgrounds, na área verde e no próprio conteúdo passado nas salas de aula. E usou-se formas geométricas nas composições dos edifícios, da ilhas, canteiros e mobiliários pois remetem à infancia. Figura 37: Paleta de cores Fonte: arquivo pessoal Figura 38: Tijolo Adobe Fonte: archdaily.com
1 2 3 4 5 . 69 .
E.2 EVOLUÇÃO DA FORMA E IMPLANTAÇÃO
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Inicialmente pensou-se em um bloco único e uma grande área verde para as atividades extracurriculares. Com a evolução do estudo de volumetria surgiu a necessidade de separar a escola em dois blocos para a melhor captação de ventos para todos os setores e o aproveitamento da topografia natural do terreno, além da necessidade que o bloco de ensino ficasse mais reservado em relação a praça externa, levando em consideração que a creche e pré-escola contém crianças de até 6 anos de idade apenas. Figura 39: Evolução da forma Fonte: Arquivo pessoal
O terreno é de esquina e encontra-se entre uma via arterial e uma via local, portanto, o acesso ao estacionamento fica pela via de menor fluxo (local) e já os acessos de pedestres encontram-se em ambas as vias. Dessa forma, optou-se por uma grande praça com acesso de pedestres pelas duas vias, pois na frente do terreno possui uma parada de ônibus com grande fluxo de pessoas. A proposta da grande praça é fazer uma integração com o entorno, para que ela seja utilizada não apenas pelos usuários da escola, mas também pelos moradores do bairro. Para que a escola possua também a sua privacidade, tendo em vista a segurança das crianças, a edificação é protegida por um gradio, deixando aberto apenas a praça externa e a área de estacionamento. Figura 40: Representação Gradil Fonte: lartduferplay
Figura 41: Gradil Fonte: Arquivo pessoal
Na grande praça externa, foi aplicado o estudo de Howard Gardner, autor da teoria que afirma que o ser humano possui sete inteligências a serem exploradas durante a vida, sendo elas: linguística, lógica, motora, espacial, musical, interpessoal e intrapessoal. Portanto, foram criadas sete ilhas de playgrounds com mobiliário específico voltado à exploração de cada uma dessas inteligências. As ilhas são em formas de triângulos que fazem parte do conceito das formas geométricas. Cada ilha tem uma paginação de uma cor diferente e encontram-se próximas à canteiros que proporcionam um conforto climático devido as árvores altas. Ilha A - Inteligência musical
Figura 42: Ilha 01 Fonte: Arquivo pessoal
1 2 3 4 5 . 71 .
Ilha B - Inteligência interpessoal
Figura 43: Ilha 02 Fonte: Arquivo pessoal
Ilha V - Inteligência intarpessoal
A E I O U . 72 . Figura 44: Ilha 03 Fonte: Arquivo pessoal
Ilha V - Inteligência lógica
Figura 45: Ilha 04 Fonte: Arquivo pessoal
Ilha B - Inteligência linguística
Figura 46: Ilha 05 Fonte: Arquivo pessoal
Ilha V - Inteligência espacial
1 2 3 4 5 . 73 .
Figura 47: Ilha 06 Fonte: Arquivo pessoal
Ilha V - Inteligência espacia
Figura 48: Ilha 07 Fonte: Arquivo pessoal
imPAnTaçÃo
A E I O U . 74 .
Quadra
Figura 49: Quadra Fonte: Arquivo pessoal
Horta
Figura 50: Horta Fonte: Arquivo pessoal
Na implantação ainda estão presentes: o estacionamento com carga e descarga, praça interna de uso exclusivo das crianças da escola, horta, quadra, piscina e etc.
1 2 3 4 5 . 75 .
Figura 51: Planta de Implantação / coberta Fonte: Arquivo pessoal
bLocO 01 E.4 Os blocos
Os dois edifícios foram dispostos de tal maneira que o bloco 1 (administração e serviços) ficasse voltado para a praça externa e estacionamento, para facilitar o acesso dos pais e funcionários da escola. Já o bloco 2 (ensino) onde ficam concentradas todas as salas de aula, fica mais reservado e dá acesso à praça interna. Os dois blocos são ligados por uma rampa com coberta verde.
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O bloco 1 possui dois pavimentos, tendo uma grande área em pilotis, que foi pensada no intuito de não gerar uma barreira física entre os dois blocos. Como já mencionado anteriormente, o bloco possue em sua extensão, grandes áreas de cobogós feitos com tijolo adobe, que combinado com a vegetação, criam um microclima, influenciando positivamente na ventilação e iluminação naturais. O bloco 1 conta, em seu térreo, com toda a parte de serviços da escola e o refeitório de alunos. A distribuição dos ambientes foi realizada de maneira que houvesse uma circulação interna restrita para funcionários. Como a área de serviços está direcionada para o sol da tarde, foi utilizado o cobogó com vegetação em todo o corredor interno para um melhor conforto térmico. A área em pilotis conta com um elevador e uma escada de acesso ao pavimento superior. Foi implantada uma estrutura metálica em forma geométrica (triângulo) nos pilotis para que ela conversasse com a edificação. No pavimento superior está presente todo o setor administrativo, recepção, auditório, biblioteca, salas de artes, ciências, fraldário, sala de primeiros socorros e brinquedoteca.
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1 PAV. TÉR
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PA
BALCÃO H=70cm
PREPARO DE CARNES/PEIXES
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SAÍDA LIXO
BALCÃO H=70cm
PREPARO FINAL/ DISTRIBUIÇÃO
LIX PED O AL
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RECEPÇÃO LOUÇAS USADAS
pLanTA téRrEo
PREPARO DE VERDURAS
BALCÃO H=70cm
RECEPÇÃO LOUÇAS USADAS
BALCÃO H=70cm ME
SA
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BALCÃO H=70cm
PREPARO FINAL/ DISTRIBUIÇÃO
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PREPARO DE CARNES/PEIXES
LIX PED O AL
PREPARO DE VERDURAS
cm
70
ÃO
H=
LC
BA
BALCÃO H=70cm
ESCALA GRÁFICA 0
O - BLOCO 1
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Figura ESCALA 52: PlantaGRÁFICA térreo - Bloco 01 Fonte: Arquivo pessoal 0 5 10
RREO - BLOCO 1
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pLanTA paV 1 BALCÃO H=70cm BALCÃO H=70cm
PREPARO FINAL/ DISTRIBUIÇÃO
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PREPARO DE CARNES/PEIXES
8 7 6 5 4 3 2 1
RECEPÇÃO LOUÇAS USADAS PREPARO DE VERDURAS
AV. SUPERIOR - BLOCO 1
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BLOCO 1
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Figura 53: Planta Pav 1 - Bloco 01 Fonte: Arquivo pessoal ESCALA GRÁFICA
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bLocO 02
No bloco 2, assim como no bloco 1 , possue em sua extensão, grandes áreas de cobogós feitos com tijolo adobe, fornescendo conforto ambiental para o mesmo.
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Ainda estão dispostos as salas de aulas, que foram pensadas priorizado o conforto ambiental e planejadas conforme a faixa etária das crianças. Algumas das salas possuem espaço para repouso e amamentação e todas contam com um solário que integram todas as salas e criam uma atmosfera de lazer. Ainda no bloco 2 encontram-se espaços lúdicos, salas multiusos e banheiros.
Os dois blocos possuem lajes nervuradas não aparentes, a coberta é composta de telha metálica com calha central e placas solares.
1 PAV. TÉRREO - BLOCO 2
pLanTA téRrEo
O2
ESCALA GRÁFICA 0
5
ESCALA GRÁFICA 10
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Figura 54: Planta térreo - Bloco 02 Fonte: Arquivo pessoal
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1 2 3 4 5 . 79 Figura 55: Perspectiva 01 Fonte: Arquivo pessoal .
coRtES coRtE 01
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coRtE 02
Figura 56: Corte 01 Fonte: Arquivo pessoal
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Figura 57: Corte 02 Fonte: Arquivo pessoal
faChADas -BloCO 01
faChADa 01
TINTA ACRÍLICA
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TIJOLO ADOBE (COBOGÓ)
TIJOLO ADOBE (COBOGÓ)
FACHADA BLOCO 1
faChADa 02
PINTURA
TIJOLO ADOBE (COBOGÓ)
ESTRUTURA METÁLICA JARDIM VERTICAL
FACHADA FRONTAL BLOCO 1
TIJOLO ADOBE (COBOGÓ)
ESTRUTURA METÁLICA TINTA ACRÍLICA
Figura 58: Fachada 01 - Bloco 01 Fonte: Arquivo pessoal
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TINTA ACRÍLICA
TIJOLO ADOBE (COBOGÓ)
FACHADA BLOCO 1
Figura 59: Fachada 02 - Bloco 01 Fonte: Arquivo pessoal
faChADas -BloCO 02
faChADa 01
TINTA ACRÍLICA
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TIJOLO ADOBE (COBOGÓ)
FACHADA BLOCO 2
faChADa 02
TINTA ACRÍLICA
TIJOLO ADOBE (COBOGÓ)
FACHADA FRONTAL BLOCO 2
BRISES
TINTA ACRÍLICA
BRISES
Figura 60: Fachada 01 - Bloco 02 Fonte: Arquivo pessoal
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TINTA ACRÍLICA
Figura 61: Fachada 02 - Bloco 02 Fonte: Arquivo pessoal
A E I O U . 86 .
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Figura 62: Perspectiva 02 Fonte: Arquivo pessoal
A E I O U . 88 .
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Figura 63: Perspectiva 03 Fonte: Arquivo pessoal
A E I O U . 90 .
1 2 3 4 5 . 91 .
Figura 64: Perspectiva 04 Fonte: Arquivo pessoal
A E I O U . 92 .
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Figura 65: Perspectiva 05 Fonte: Arquivo pessoal
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1 2 3 4 5 . 95 .
Figura 66: Perspectiva 06 Fonte: Arquivo pessoal
A E I O U . 96 .
1 2 3 4 5 . 97 .
Figura 67: Perspectiva 07 Fonte: Arquivo pessoal
ff
C onS I deR Aç õ E S fiNA is
A educação possui um papel de extrema importância na formação de um cidadão e um ambiente escolar bem planejado influencia diretamente no processo de aprendizagem do aluno. Foi com esse pensamento que o projeto da creche e pré-escola proposta foi elaborado, buscando adotar a política de Anisio Teixeira, com o sistema integral de ensino, pois acredita-se que o aprendizado da criança vai muito além do ensino formal. O edifício procurou explorar a criatividade trazendo mobiliários inovadores, além de técnicas sustentáveis e toda a arquitetura do espaço influenciando positivamente do processo e aprendizado sem deixar de interagir com o contexto urbano. A participação da comunidade no processo de construção veio como uma forma de criar um sentimento de pertencimento quanto a comunidade para com o equipamento. Por fim, o projeto contribui para uma nova dinâmica de creche e pré-escola pública que mostra como a arquitetura pode influenciar no processo de aprendizado das crianças.
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