Intervenção precoce nas crianças com cegueira / baixa visão

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SEBENTAS DE AÇÃO SOCIAL

INTERVENÇÃO PRECOCE CRIANÇAS COM CEGUEIRA/ BAIXA VISÃO PÚBLICOS VULNERÁVEIS



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SEBENTAS DE AÇÃO SOCIAL

INTERVENÇÃO PRECOCE CRIANÇAS COM CEGUEIRA/ BAIXA VISÃO PÚBLICOS VULNERÁVEIS


Ficha Técnica COLEÇÃO SEBENTAS AÇÃO SOCIAL TÍTULO INTERVENÇÃO PRECOCE NAS CRIANÇAS COM CEGUEIRA/ BAIXA VISÃO DIREÇÃO Rita Valadas COORDENAÇÃO Luisa Desmet PARTICIPAÇÃO Ana Maria Magalhães, Christina Isabel Nascimento, Luisa Desmet, Renata Salvador, Sónia Grilo EDITOR Santa Casa da Misericórdia de Lisboa/ Centro Editorial REVISÃO José Baptista DESIGN GRÁFICO E PAGINAÇÃO Cristina Cascais (gingerandfredesigners@gmail.com) DATA MARÇO DE 2016 ISBN 978-989-8712-34-9


Sumário CENTRO DE REABILITAÇÃO NOSSA SENHORA DOS ANJOS Núcleo de Intervenção Precoce RESENHA HISTÓRICA

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SÍNTESE DIAGNÓSTICA

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PRESSUPOSTOS PARA A REESTRUTURAÇÃO DA INTERVENÇÃO

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REFERENCIAIS DE INTERVENÇÃO

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A CONSTRUÇÃO DE ESTRATÉGIAS

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OPERACIONALIZAÇÃO DA INTERVENÇÃO

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BIBLIOGRAFIA

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INTERVENÇÃO PRECOCE – CRIANÇAS COM CEGUEIRA/ BAIXA VISÃO


PÚBLICOS VULNERÁVEIS

Centro de Reabilitação Nossa Senhora dos Anjos Núcleo de Intervenção Precoce

RESENHA HISTÓRICA O Núcleo de Intervenção Precoce (adiante designado por NIP) é uma nova resposta do Centro de Reabilitação Nossa Senhora dos Anjos (adiante designado por CRNSA), que iniciou a sua atividade no dia 3 de outubro de 2014. O CRNSA tem como principal objetivo dotar as pessoas (de idade igual ou superior a 16 anos) com cegueira ou baixa visão de novas competências que lhes possibilitem, consoante as caraterísticas individuais, readquirir ou adquirir as autonomias necessárias para (re)assumir um papel ativo, quer na família quer na sociedade. A reabilitação é encarada como o primeiro passo para a plena integração na sociedade e é realizada tendo em consideração as necessidades, as capacidades e os objetivos individuais de cada utente. No âmbito do Decreto-Lei n.º 16/2011 e do Contrato de Gestão de 28 de abril de 2011, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa integrou o CRNSA, estabelecimento proveniente do Instituto de Segurança Social, IP. Em março de 2012 o CRNSA ficou na dependência hierárquica da Direção de Estabelecimentos Descentralizados e de Apoio à Deficiência (DIEDAD), tendo posteriormente, em janeiro de 2014, sido integrado na Unidade de Apoio à Deficiência (UAD). Face a um diagnóstico prévio da situação das crianças com cegueira congénita junto das maternidades e hospitais do distrito de Lisboa e da constatação, através dos testemunhos dos utentes da reabilitação, relativamente à necessidade de uma aprendizagem precoce das competências básicas de autonomia, surgiu no CRNSA o projeto “Desenvolvimento de um Núcleo de Intervenção Precoce (NIP) ”. A 9 de janeiro de 2014, pela Deliberação de Mesa n.º 30/2014, foi aprovado o projeto de “Desenvolvimento de um Núcleo de Intervenção Precoce no CRNSA”.

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INTERVENÇÃO PRECOCE – CRIANÇAS COM CEGUEIRA/ BAIXA VISÃO

Concebeu-se então uma sala diferenciada de todas as outras salas do centro, onde os materiais e os equipamentos pedagógicos são direcionados ao público-alvo e adaptados à estimulação sensorial, cognitiva e psicomotora a desenvolver nesta faixa etária. Simultaneamente fomentou-se a divulgação e a articulação intra e interinstitucional. O elevado número de inscrições rececionadas no NIP, num diminuto espaço de tempo, veio cimentar a pertinência da abertura desta resposta social no CRNSA. O Núcleo de Intervenção Precoce iniciou a sua atuação no dia 3 de outubro de 2014, data que representa um marco histórico para o CRNSA. Depois de 52 anos de intervenção direcionada exclusivamente a jovens a partir dos 16 anos, inova com uma resposta social adequada e ajustada às necessidades específicas de um público infantil.

SÍNTESE DIAGNÓSTICA O Núcleo de Intervenção Precoce desenvolve a sua intervenção numa sala de acesso exterior ao Centro de Reabilitação Nossa Senhora dos Anjos equipada com todo o material pedagógico adequado à estimulação e ao desenvolvimento da criança cega ou com baixa visão. O NIP funciona de segunda a quinta-feira das 14h00 às 17h30 e à sexta-feira das 09h00 às 12h30. A frequência do acompanhamento pode ser variável (semanal, bissemanal ou trissemanal) de acordo com as potencialidades e as necessidades da criança. O NIP trabalha as competências básicas de autonomia de quatro meninas e de dois meninos com idades compreendidas entre os 2 e os 6 anos, oriundos de famílias estruturadas, na sua maioria com formação superior e situação laboral estável. Algumas destas crianças, além da cegueira ou baixa-visão, têm outros quadros clínicos associados, nomeadamente situações de hidro ou microcefalia, de hemi ou tetraparesia, ou mesmo doenças oncológicas. A combinação da cegueira / baixa visão com uma ou mais das limitações referidas designa-se por comorbidade, aspeto de grande relevância para a planificação da intervenção e para a definição das metas a atingir. Na generalidade estas crianças apresentam um atraso global do desenvolvimento que está espelhado nas dificuldades ao nível da comunicação – quer expressiva, quer compreensiva –, na incapacidade psicomotora em relacionar o seu próprio corpo com o espaço e na dependência permanente de terceiros para realizar tarefas básicas de autonomia. Associam-se ainda a estes quadros alguns comportamentos do espectro do autismo, sendo os mais evidentes as ecolalias e as estereotipias.


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PRESSUPOSTOS PARA A REESTRUTURAÇÃO DA INTERVENÇÃO O NIP respeita os mesmos pressupostos para a mudança que o Centro de Reabilitação Nossa Senhora dos Anjos. Todavia, esta resposta social só foi possível implementar após a integração do CRNSA na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e especificamente na Unidade de Apoio à Deficiência.

REFERENCIAIS DE INTERVENÇÃO O Modelo Ecológico do Desenvolvimento de Bronfenbrenner é o referencial primordial teórico subjacente à intervenção realizada pelo NIP.

MACROSSISTEMA

EXOSSISTEMA

Família Amigos

Família Ampliada

MESOSSISTEMA MICROSSISTEMA

Família Amigos

Escola

CRIANÇA Serviço ADOLESCENTE Colegas de Saúde

Mass Media

Igreja

Local de Trabalho

Adaptado de Bronfenbrenner

Área para brincar

Vizinhos

Conselho Escolar

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INTERVENÇÃO PRECOCE – CRIANÇAS COM CEGUEIRA/ BAIXA VISÃO

O modelo ecológico preocupa-se com os processos e as condições que regem os percursos do desenvolvimento humano nos ambientes reais dos indivíduos. Bronfenbrenner, em 1979, apresentou a sua formulação original do modelo ecológico mais centrada no meio ambiente enquanto contexto de desenvolvimento (Bronfenbrenner, 1979 cit. por Bronfenbrenner, 2000). Segundo Pimentel (2004) o contexto de desenvolvimento do indivíduo está hierarquizado em quatro sistemas gradualmente mais abrangentes: Microssistema, Mesossistema, Exossistema e Macrossistema. Segundo este modelo, a família é uma unidade funcional, isto é, um microssistema no qual as relações que nele se estabelecem devem ser estáveis, recíprocas e com equilíbrio de poder entre os diversos papéis sociais. O microssistema familiar é o primeiro sistema em que a criança em desenvolvimento interage e possui um padrão de papéis, de atividades e de relacionamentos que são associados com determinados comportamentos e expectativas, consonantes com a sociedade em que está inserida. Estando os sistemas contidos uns nos outros, o microssistema está inserido nos sistemas mais amplos que o influenciam e nos quais também ele exerce influência. Bronfenbrenner denominou os demais sistemas como: mesossistema, exossistema e macrossistema. O mesossistema consiste na inter-relação de dois ou mais ambientes, nos quais a pessoa/família em desenvolvimento participa ativamente. São exemplos as relações da família com a creche/jardim-de-infância, escola, entre outros. Os processos vividos nestes diferentes contextos não são independentes uns dos outros, podendo promover ou dificultar o desenvolvimento do sistema familiar e dos seus membros. A presença ou ausência do relacionamento da família com a escola, por exemplo, pode afetar o desempenho escolar de uma criança, a expectativa de um sistema sobre o outro e os processos de comunicação entre eles (Bronfenbrenner, 1986; Garbarino, 1992; Gill, Reynolds & Pai, 1995 cit. por De Antoni & Koller, 2000).

A CONSTRUÇÃO DE ESTRATÉGIAS A intervenção do NIP, centrada no desenvolvimento da criança e na interação que esta estabelece com os outros nos diferentes sistemas referidos por Bronfenbrenner, origina uma aproximação aos serviços de saúde e de educação. As creches, os jardins-de-infância e as escolas frequentados pelas crianças do NIP são os ambientes que, quando apoiados por este Núcleo, se tornam meios por excelência de promoção de oportunidades na aprendizagem e na inclusão social. A proximidade geográfica entre o CRNSA-NIP e o Centro Infantil de Santos-o-Novo (CISON) motivou a criação de uma nova estratégia na área da educação, uma articulação intrainstitucional recente considerada vantajosa


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para os dois estabelecimentos, que passam a rentabilizar e usufruir dos recursos (materiais pedagógicos), dos espaços/salas com interesse sensorial, cognitivo e psicomotor, bem como de momentos de convívio entre crianças e famílias dos dois estabelecimentos. No que se refere à área da saúde e de modo a desenvolver um trabalho articulado, são frequentemente solicitadas pelos médicos assistentes, especialistas na área do desenvolvimento, reuniões com o NIP para avaliar, identificar, definir e implementar estratégias de intervenção que promovam a aprendizagem e o desenvolvimento global da criança. Existe uma grande preocupação por parte do NIP em desenvolver as competências parentais para que as relações entre pais e filhos sejam progressivamente fortalecidas e o trabalho desenvolvido seja complementar.

OPERACIONALIZAÇÃO DA INTERVENÇÃO A intervenção, centrada na criança, na família e na comunidade, baseia-se em metodologias scaffolding onde o papel do adulto ou do profissional é o de facilitador, dando oportunidades de atividades diversificadas, apoiando a exploração ativa e a interação da criança. À medida que a criança percebe que já é capaz de realizar atividades autonomamente, vão-se retirando os apoios e gradualmente complexificando as tarefas. (Woods-Cripe, 1999, 2001 cit. por Tegegthof, 2007). Os principais objetivos do NIP são:

PROMOVER A APRENDIZAGEM E O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA.

DESENVOLVER COMPETÊNCIAS QUE MINIMIZEM O IMPACTO DA CEGUEIRA OU DA BAIXA VISÃO NO DESENVOLVIMENTO GLOBAL DA CRIANÇA.

IDENTIFICAR AS NECESSIDADES ESPECÍFICAS E PARTICULARES DE CADA FAMÍLIA.

PROPORCIONAR E INCENTIVAR À CRIANÇA E À FAMÍLIA EXPERIÊNCIAS DE VIDA NORMALIZANTES E ATUAR PREVENTIVAMENTE NO SURGIMENTO DE PROBLEMAS FUTUROS.

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INTERVENÇÃO PRECOCE – CRIANÇAS COM CEGUEIRA/ BAIXA VISÃO

Visando concretizar os objetivos supracitados, o NIP, após anamnese e avaliação inicial, define um plano de intervenção individualizado para cada criança e respetiva família, o qual é atualizado conforme a evolução da criança. Realiza-se também uma avaliação com o objetivo de conhecer todo o potencial da criança e da sua família, que se destina à elaboração dos planos individuais. Esta avaliação analisa as caraterísticas específicas da criança (as necessidades, competências, motivações, traços de personalidade, ritmo de aprendizagem e o envolvimento familiar específico) bem como os interesses e as competências que se espera encontrar numa criança sem problemas de visão e com o mesmo nível de desenvolvimento. Através da informação recolhida na avaliação, o NIP delineia um plano de intervenção individualizado, atendendo às caraterísticas singulares da criança e às necessidades particulares e ímpares dos seus pais. Os planos são dinâmicos, em constante transformação, marcados pelo ritmo de aprendizagem da criança e das necessidades apresentadas pela família. A elaboração dos planos de intervenção individuais é realizada com base nos objetivos, gerais e específicos, definidos no âmbito de intervenção do NIP. Os objetivos gerais da intervenção do NIP são:

IDENTIFICAR RECURSOS E NECESSIDADES DA CRIANÇA E DA FAMÍLIA.

ELABORAR O PLANO DOS APOIOS A PRESTAR À CRIANÇA E À FAMÍLIA.

INTRODUZIR PRÁTICAS DO MODELO ECOLÓGICO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO (BRONFENBRENNER) NA INTERVENÇÃO COM A CRIANÇA E A FAMÍLIA.

DESENVOLVER PRÁTICAS QUE PROMOVAM O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA E AUMENTEM A QUALIDADE DE VIDA DA CRIANÇA E DA FAMÍLIA.

DESENVOLVER PRÁTICAS QUE PROMOVAM O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA NOS DIFERENTES CONTEXTOS NATURAIS – FAMÍLIA, DOMICÍLIO, ESCOLA, ETC.


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Os objetivos específicos que concretizam a ação da intervenção são:

AUMENTAR COMPETÊNCIAS PARENTAIS JUNTO DA FAMÍLIA.

PROMOVER OPORTUNIDADES DE SOCIALIZAÇÃO E DE INTEGRAÇÃO DA FAMÍLIA E DA CRIANÇA NA COMUNIDADE.

AVALIAR O IMPACTO DA INTERVENÇÃO NA CRIANÇA E NA FAMÍLIA ATRAVÉS DOS RESULTADOS OBTIDOS.

DIVULGAR E INFORMAR OS SERVIÇOS DA EXISTÊNCIA DESTA NOVA RESPOSTA SOCIAL NO CRNSA-SCML.

ELABORAR E MONITORIZAR OS PLANOS INDIVIDUAIS DE INTERVENÇÃO PRECOCE (PIIP) E SUA EXECUÇÃO NOS DIFERENTES CONTEXTOS NATURAIS (ONDE A CRIANÇA SE INSERE E INTERAGE).

HABILITAR A CRIANÇA DE COMPETÊNCIAS QUE MINIMIZEM OS EFEITOS DA DEFICIÊNCIA VISUAL NO DESENVOLVIMENTO.

HABILITAR AS FAMÍLIAS DE PRÁTICAS QUE PROMOVAM O DESENVOLVIMENTO TÍPICO DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA VISUAL, EM TODOS OS CONTEXTOS NATURAIS.

REGISTAR TODAS AS AÇÕES E PRÁTICAS DE ESTIMULAÇÃO DE FORMA OBJETIVA PARA AVALIAÇÃO E MONITORIZAÇÃO DAS EVOLUÇÕES CONSEGUIDAS.

ARTICULAR AS PRÁTICAS DESENVOLVIDAS EM CONTEXTO DE INTERVENÇÃO PRECOCE COM TODOS OS SERVIÇOS DE INTERESSE PARA A CRIANÇA.

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INTERVENÇÃO PRECOCE – CRIANÇAS COM CEGUEIRA/ BAIXA VISÃO

Estes objetivos são utilizados na intervenção e na definição de metas a atingir para cada criança. As três grandes esferas da intervenção do NIP são, assim, a criança, os pais (e todas as outras figuras de referência) e a comunidade. Intervenção ao nível da criança:

DESENVOLVER ATIVIDADES ADEQUADAS À IDADE DE DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA E DAS SUAS CARATERÍSTICAS INDIVIDUAIS.

DESENVOLVER SESSÕES RICAS EM ESTÍMULOS E INTERAÇÕES QUE CONSIDEREM O NÍVEL DE COMPETÊNCIA EM QUE SE ENCONTRA A CRIANÇA, NAQUILO QUE ELA É CAPAZ DE FAZER SEM AJUDA, COMPLEXIFICANDO GRADUALMENTE AS TAREFAS ATÉ A CRIANÇA ATINGIR NÍVEIS MAIS ELEVADOS DE REALIZAÇÃO, SEM AJUDA, NAS TAREFAS MAIS EVOLUÍDAS (TEGEGTHOF, 2007).

UTILIZAR NAS SESSÕES ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM QUE SEJAM SIGNIFICATIVAS, INTERESSANTES E MOTIVANTES PARA A CRIANÇA, PROMOVENDO O SEU ENVOLVIMENTO ATIVO, ALÉM DE OCORREREM DE FORMA REGULAR NO DIA-A-DIA DA FAMÍLIA (TEGEGTHOF, 2007).

AS ATIVIDADES DA INTERVENÇÃO REPRESENTAM O JOGO LÚDICO E AS ROTINAS DO DIA-A-DIA, INICIADAS E DIRIGIDAS PELA CRIANÇA, MEDIATIZADA PELO TÉCNICO, CULTURALMENTE SIGNIFICATIVAS E FACILITADORAS PARA O ENVOLVIMENTO DA FAMÍLIA (TEGEGTHOF, 2007).

DESENVOLVER COMPETÊNCIAS QUE TORNEM A CRIANÇA MAIS GRATIFICANTE NA RELAÇÃO COM OS SEUS PAIS.


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Intervenção ao nível da família:

CRIAR A MUDANÇA – MELHORAR AS COMPETÊNCIAS PARENTAIS E A RELAÇÃO INTRAFAMILIAR.

IDENTIFICAR E ELIMINAR/MINIMIZAR QUANDO POSSÍVEL AS FONTES DE STRESS.

APOIAR OS IRMÃOS SEMPRE QUE ESTES MOSTREM NECESSIDADE.

INCENTIVAR E TRANSMITIR ESTRATÉGIAS À FAMÍLIA QUE LHE PERMITAM TER UM ESTILO DE VIDA NORMALIZANTE, SEMELHANTE AO QUE TERIA SE NÃO TIVESSE NASCIDO UMA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA.

APROVEITAR AS ROTINAS DIÁRIAS DA CRIANÇA PARA DESFRUTAR DE MOMENTOS DE PRAZER E DE APRENDIZAGEM, BENÉFICO PARA PAIS E FILHOS.

Intervenção ao nível da comunidade:

PREVENIR O ISOLAMENTO SOCIAL.

TORNAR OS AMBIENTES NATURAIS DA CRIANÇA INCLUSIVOS, RICOS EM ESTÍMULOS QUE OFEREÇAM OPORTUNIDADES DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO

A intervenção do NIP operacionaliza-se em sessões individuais dirigidas à interação da criança com o seu meio, mediatizada por atividades nas quais esta aprende a utilizar os outros sentidos sensoriais na realização de tarefas significativas e úteis para o seu desenvolvimento que possam servir de substituto à visão. A estimulação é centrada em três grandes aspetos: sensorial, cognitivo e psicomotor.

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INTERVENÇÃO PRECOCE – CRIANÇAS COM CEGUEIRA/ BAIXA VISÃO

As atividades disponibilizadas durante as sessões incentivam a criança a experimentar situações novas, a conhecer melhor o mundo que a rodeia e a aumentar o seu repertório de interesses e motivações sobre a exploração dos ambientes naturais. A criança, através de um reforço positivo, propiciado em determinados momentos, vai aumentando os níveis de autoconfiança e de autocontrolo. A ação sobre o meio, o jogo simbólico, as experiências psicomotoras, as tarefas de autonomia e o conhecimento sobre o mundo são ferramentas que nos permitem aceder ao pensamento da criança veiculado pela linguagem que esta utiliza. As práticas interventivas do Núcleo de Intervenção Precoce proporcionam experiências que valorizam a comunicação (expressiva e compreensiva) e o relacionamento interpessoal ajustado aos processos de socialização. O isolamento social pode trazer consequências nefastas nos relacionamentos interpessoais (principalmente com os seus pares) e difíceis de ser superados na fase adulta. Assim, sensibilizam-se os pais para que desenvolvam com os filhos o maior número de experiências sociais possíveis, a fim de que estes se tornem detentores de um repertório adequado à socialização.


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BIBLIOGRAFIA Almeida, I.C. (2004). Intervenção precoce: Focada na criança ou centrada na família e na comunidade? Análise Psicológica, 1 (22), 65-72. Bronfenbrenner, U. (2000). Ecological systems theory. In A.E. Kazdin (Eds.), Encyclopedia of Psychology, Vol. 3 (pp.129-133). Washington, DC New York, NY USUS: American Psychological Association. De Antoni, C., & Koller, S.H. (2000). A visão de família entre as adolescentes que sofreram violência intrafamiliar. Estudos de Psicologia, 5 (2), 347-381. Dunst, C.J. (2000). Revisiting “Rethinking Early Intervention”. Topics in Early Childhood Special Education, 20 (2), 95-104. Retrieved from EBSCOhost. McWilliam, P.J. (2003). Práticas de intervenção precoce centradas na família. In P.J. McWilliam, P.J. Winton, E.R. Crais (Eds.), Estratégias práticas para a intervenção precoce centrada na família (pp. 7-21). Porto. Porto Editora. Pimentel, J.S. (1997). Um bebé diferente: da individualidade da interação à especificidade da intervenção. Lisboa: Secretariado Nacional para a Reabilitação e Integração da Pessoa com Deficiência. Pimentel, J.S. (1998). Bebé diferente. Análise Psicológica, 1(16), 49-64. Pimentel, J.S. (1999). Reflexões sobre a avaliação de programas de intervenção precoce. Análise Psicológica, 1(18), 143-152. Pimentel, J.S. (2004). Intervenção focada na família: desejo ou realidade – perceções de pais e profissionais sobre as práticas de apoio precoce a crianças com necessidades educativas especiais e suas famílias. Lisboa: Secretariado Nacional para a Reabilitação e Integração das Pessoas com Deficiência. Sameroff, A. (2009), The transactional model. In A. Sameroff, A. Sameroff (Eds.), The transactional model of development: How children and contexts shape each other (pp. 3-21). American Psychological Association. Tegethof, M.I. (2007). Estudos sobre a intervenção precoce em Portugal: ideias dos especialistas, dos profissionais e das famílias. Porto. Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação. Welshman, J. (2010). From Head Start to Sure Start: Reflections on Policy Transfer. Children & Society, 24(2), 89-99. Zigmond, N., Kloo, A. & Volonino, V. (2009). What, Where, and How? Special Education in the Climate of Full Inclusion. Exceptionality, 17 (4), 189-204. Retrieved from EBSCOhost.

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SEBENTAS DE AÇÃO SOCIAL

O Núcleo de Intervenção Precoce é uma nova resposta do Centro de Reabilitação Nossa Senhora dos Anjos que iniciou a sua atividade no dia 3 de Outubro de 2014. O CRNSA tem como principal objetivo dotar as pessoas (idade igual ou superior a 16 anos) com cegueira ou baixa visão de novas competências que lhes possibilitem, consoante as características individuais, readquirir ou adquirir as autonomias necessárias para (re)assumir um papel ativo, quer na família, quer na sociedade.


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