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SEBENTAS DE AÇÃO SOCIAL
UNIDADE DE ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO PROCESSO ESTRUTURANTE PÚBLICOS VULNERÁVEIS
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SEBENTAS DE AÇÃO SOCIAL
UNIDADE DE ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO PROCESSO ESTRUTURANTE PÚBLICOS VULNERÁVEIS
Ficha Técnica COLEÇÃO SEBENTAS AÇÃO SOCIAL TÍTULO UNIDADE DE ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO – PROCESSO ESTRUTURANTE DIREÇÃO Rita Valadas COORDENAÇÃO João Geraldo PARTICIPAÇÃO Rui Santos, João Geraldo e Equipa EDITOR Santa Casa da Misericórdia de Lisboa/ Centro Editorial REVISÃO José Baptista DESIGN GRÁFICO E PAGINAÇÃO Cristina Cascais (gingerandfredesigners@gmail.com) DATA ABRIL DE 2016 ISBN 978-989-8712-46-2
Sumário
1 – BREVE HISTORIAL
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2 – DIAGNÓSTICO SOCIAL
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PRESSUPOSTOS
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PERCURSO DO UTENTE
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RESIDÊNCIA SANTA RITA DE CÁSSIA
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RESIDÊNCIA MADRE TERESA DE CALCUTÁ
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CENTRO DE SANTA MARIA MADALENA
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CENTRO DE SÃO JOSÉ
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SÍNTESE
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3 – OPERACIONALIZAÇÃO DA INTERVENÇÃO ÁREAS-CHAVE E ATIVIDADE INOVADORA
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TOMA DA MEDICAÇÃO (TOMA OBSERVADA, TOMA ASSISTIDA E AUTONOMIZAÇÃO NO REGIME TERAPÊUTICO)
APARTAMENTOS TERAPEUTICAMENTE ASSISTIDOS 4 – METODOLOGIAS DE INTERVENÇÃO NA ADESÃO TERAPÊUTICA
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INFORMAR SOBRE O PROCESSO TERAPÊUTICO
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CAPACITAR PARA A GESTÃO DO REGIME TERAPÊUTICO
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FAVORECER A INCLUSÃO E SOLIDARIEDADE SOCIAL
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5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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UNIDADE DE ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO – PROCESSO ESTRUTURANTE
PÚBLICOS VULNERÁVEIS
DASS/DIIPV – Unidade de Acompanhamento Terapêutico
1 – RESENHA HISTÓRICA A Unidade de Acompanhamento Terapêutico (UAT) tem a sua génese em 1989, com a criação do projeto Solidariedade, na Residência Santa Rita de Cássia (Casa Amarela), apoiando utentes infetados pelo VIH/Sida, a nível residencial (Deliberação de Mesa 15º: Ata 47ª de 28 de novembro de 1989). Em 1992 desenvolve-se a valência de centro de dia na Residência Santa Rita de Cássia (Deliberação de Mesa 1290º: ata 32ª de 3 de setembro de 1992), com o intuito de aumentar o número de pessoas abrangidas. Nesta senda é criado o apoio em ambulatório, em 1994, para pessoas com necessidade de acompanhamento terapêutico (Deliberação de Mesa 792º: ata 108ª de 17 de março de 1994). Com a crescente procura de cuidados no domicílio, desenvolveu-se em 1996 a valência de Apoio Domiciliário (Deliberação de Mesa 232º: ata 7ª de 16 de fevereiro de 1996). Em 1998 há uma expansão física do serviço com a abertura da Residência Madre Teresa de Calcutá (Deliberação de Mesa 125º: ata 105ª de 22 de janeiro de 1998), com o intuito de alargar o número de pessoas apoiadas no âmbito residencial. Em 2001, o projeto Solidariedade passa a Direção de Serviços por Deliberação de Mesa 631º: ata 114ª de 11 de abril de 2001, com a denominação de Direção de Serviço de Apoio à Problemática do VIH/Sida. Em 2003, após a consecução de obras de restauração na Residência Santa Rita de Cássia, dá-se a sua reabertura como unidade residencial. Em 2004 inicia-se a abertura dos primeiros Apartamentos Terapêuticos (Deliberação de Mesa 393º de 1 de abril de 2004) e o Centro de Acompanhamento e Vigilância (Deliberação de Mesa 393º: ata 86ª de 1 abril de 2004). Em 2005 é inaugurado o Centro de Santa Maria Madalena (Deliberação de Mesa 365º: ata 12ª de 17 de novembro de 2005) com as valências de Centro de Acompanhamento e Vigilância e Centro de Dia. Em 2009, por Deliberação de Mesa 368º de 31 de março de 2009, é adotada a nova nomenclatura de Direcção de Apoio à Inserção e Bem-Estar. Em novembro de 2013, a Mesa deliberou concordar com a reestruturação da área da Ação Social do Departamento de
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Ação Social e Saúde, em que é criada a Unidade de Acompanhamento Terapêutico, com base na antiga Direção de Apoio à Inserção e Bem-Estar (Deliberação de Mesa 1975º: ata 97ª de 14 de novembro de 2013). A Unidade de Acompanhamento Terapêutico (UAT), da Direção de Intervenção em Públicos Vulneráveis (DIIPV), tem por objetivo a promoção da qualidade de vida e a integração na comunidade de pessoas com necessidades de acompanhamento terapêutico, que se encontrem em situação social, familiar e económica precária1.
2 – DIAGNÓSTICO SOCIAL Atualmente, no sentido de concretizar os objetivos propostos, a UAT tem quatro estabelecimentos: Residência de Santa Rita de Cássia, Residência Madre Teresa de Calcutá, Centro de Santa Maria Madalena e Centro de São José. PRESSUPOSTOS A UAT acompanha prioritariamente utentes portadores de doença crónica e com necessidade de acompanhamento e adesão terapêutica. A pessoa com doença crónica vive um processo de transição saúde/doença que envolve todas as dimensões da sua vida (Chick & Meleis, 1986; Meleis & Tragenstein, 1994; Schumacher & Meleis, 1994; Meleis et al., 2000). Este processo de transição para que seja bem-sucedido, isto é, para que haja uma verdadeira aceitação da doença e das alterações que a doença acarreta na vida da pessoa, deve ser apoiado por uma equipa multidisciplinar. Neste sentido, o enfoque de atuação da equipa multidisciplinar é o acompanhamento e adesão terapêutica, uma vez que a adesão terapêutica é um determinante primário para a gestão e controlo da doença crónica, segurança do utente, diminuição do risco de morte ou agravamento do estado de saúde (OMS, 2003). A adesão ao regime terapêutico2 é um importante agente modificador da efetividade dos sistemas de saúde. Os custos diretos atribuídos ao mau controlo de qualquer doença são três a quatro vezes superiores aos custos de um controlo adequado e eficaz. Os custos indiretos, como a diminuição da produtividade, a reforma antecipada e a morte prematura, têm a mesma magnitude, o que significa que controlar e melhorar a adesão é positivo e desejável para os sistemas de saúde.
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Fonte: 1975.ª – Regulamento Orgânico do Departamento de Ação Social e Saúde, de 14 de novembro de 2014
O fenómeno da adesão ao regime terapêutico, definida como o grau ou extensão em que o comportamento da pessoa, no que se refere à toma de medicação, ao seguimento de uma dieta ou à alteração de hábitos e estilos de vida, entre outros, corresponde ao que lhe é recomendado pelos profissionais de saúde (Machado, 2009).
PÚBLICOS VULNERÁVEIS
PERCURSO DO UTENTE O utente que pretende ser apoiado pela UAT inicia um percurso de admissão à alta, cujos passos elencamos de seguida. O pedido de admissão pode ser realizado pelo próprio utente/família ou pelos serviços sociais e de saúde (serviços da SCML, hospitais, atendimento CSMM). O encaminhamento deverá ser feito através do preenchimento da folha de encaminhamento para a UAT (ver anexo a). O formulário deverá ser enviado por correio eletrónico. É realizada uma avaliação da situação do utente no contexto em que se encontre (domicílio, hospital, encaminhamento aos serviços) simultaneamente em que é realizada a abertura de processo na UAT. É tomada a decisão de encaminhamento para a resposta mais adequada ou entra em lista de espera caso não seja possível entrada imediata. Após a entrada é feito um processo de acolhimento, com acesso ao regulamento do estabelecimento para cumprimento do mesmo, e encontrada a resposta mais adequada o utente pode ser transferido de estabelecimento, analisada a sua situação no momento e sempre tendo em vista a sua autonomia. Em baixo encontra-se fluxograma de sinalização e percurso do utente da admissão à alta na UAT.
Sinalização: Serviços da SCML Hospitais Atendimento CSMM
Avaliação da situação: Técnicos da UAT através de entrevista ao utente (Folha de entrevista tipo)
Abertura do processo: Folha de Registo de entrada
Encaminhamento para respostas: Direção da UAT
Gestão da Lista de Espera: Direção da UAT
Respostas de intervenção: CSMM | CSJ RSRC | RTMC
Gestão de mobilidade de utentes: Direção da UAT
Respostas de intervenção: CSMM | CSJ RSRC | RTMC
Arquivamento do processo e atualização dos arquivos: CSMM ou Serviços Centrais
FLUXOGRAMA 1: DA ADMISSÃO À ALTA
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UNIDADE DE ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO – PROCESSO ESTRUTURANTE
RESIDÊNCIA SANTA RITA DE CÁSSIA Inaugurada em 1989, é um estabelecimento de apoio residencial temporário, que apoia 15 utentes que se encontrem numa situação de parcial dependência de terceiros para satisfazer as suas necessidades humanas básicas, bem como numa situação social, familiar e económica precária. Os residentes têm como caraterísticas comuns a ausência ou reduzida capacidade de gerir o seu processo terapêutico, pelo que terão de ser substituídos nas atividades que não conseguem desenvolver e capacitados para melhorar as atividades que ainda conseguem desenvolver. Assim, cabe à equipa multidisciplinar promover a adesão terapêutica, colaborar e assegurar o acesso à prestação de cuidados de saúde e promover a integração social dos residentes e a articulação com todos os serviços da instituição e da comunidade onde estão inseridos. RESIDÊNCIA MADRE TERESA DE CALCUTÁ Inaugurada em 1998, é um estabelecimento de apoio residencial temporário, que apoia 24 utentes que se encontrem numa situação de total ou parcial dependência de terceiros para satisfazer as suas necessidades humanas básicas, bem como numa situação social, familiar e económica precária. Os residentes têm como caraterísticas comuns a ausência ou reduzida capacidade de gerir o seu processo terapêutico, pelo que terão de ser substituídos nas atividades que não conseguem desenvolver e capacitados para melhorar as atividades que ainda conseguem desenvolver. Assim, cabe à equipa multidisciplinar promover a adesão terapêutica, colaborar e assegurar o acesso à prestação de cuidados de saúde e promover a integração social dos residentes e a articulação com todos os serviços da instituição e da comunidade onde estão inseridos. CENTRO DE SANTA MARIA MADALENA Inaugurado em 2005, o Centro Santa Maria Madalena é um estabelecimento destinado ao atendimento, acompanhamento e prestação de cuidados a pessoas com necessidades de acompanhamento terapêutico que se encontrem em situação social, familiar e económica precária, visando a adesão terapêutica e a sua integração social e profissional. O Centro de Santa Maria Madalena é constituído pelas seguintes valências ou respostas sociais: Acompanhamento e Vigilância Terapêutica, Toma Observada, Centro de Dia e Apoio Domiciliário. Este centro tem como objetivos: assegurar o atendimento, orientação e aconselhamento às pessoas, residentes na cidade de Lisboa, contribuir para a adesão terapêutica, prestar apoio na prevenção de patologias e comportamentos aditivos e encaminhar o utente em articulação com outros técnicos nas áreas de saúde, social e de educação. A valência de Acompanhamento e Vigilância Terapêutica pretende proporcionar um conjunto de atividades que de uma forma articulada e integrada visem a satisfação
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das necessidades humanas básicas e a adesão terapêutica, motivando as pessoas a descobrir interesses e a desenvolver competências com vista à sua autonomia e integração social; colaborar e/ou assegurar o acesso à prestação de cuidados de saúde; prestar apoio psicossocial. A Toma Observada tem como objetivos o acompanhamento do cumprimento da adesão ao plano terapêutico, assim como a orientação para as necessidades específicas relacionadas com a medicação, através do aconselhamento, procura de alternativas terapêuticas, em articulação com os serviços clínicos e sociais. O Centro de Dia tem como objetivos: proporcionar um conjunto de atividades que de uma forma articulada e integrada visem a satisfação das necessidades humanas básicas e a adesão terapêutica, motivando as pessoas a descobrir interesses e a desenvolver competências com vista à sua autonomia e integração social; colaborar e/ou assegurar o acesso à prestação de cuidados de saúde; prestar apoio psicossocial; promover a motivação para estilos de vida saudáveis; informar/ sensibilizar a comunidade para patologias várias; quebrar a solidão e o isolamento, proporcionando um espaço de reunião e convívio dinamizador de iniciativas e de criatividade. O Apoio Domiciliário tem como objetivos: contribuir para a melhoria da qualidade de vida das pessoas e famílias; contribuir para a adesão terapêutica; prevenir situações de dependência e promover a autonomia; prestar cuidados de ordem física e psicossocial às pessoas e famílias; colaborar e/ou assegurar o acesso à prestação de cuidados de saúde; dinamizar a prestação informal de cuidados e rentabilizá-la de forma a um melhor acompanhamento do utente; contribuir para retardar ou evitar a institucionalização; disponibilizar informação que facilite o acesso a serviços da comunidade. CENTRO DE SÃO JOSÉ O Centro de São José é um estabelecimento destinado ao atendimento, acompanhamento e prestação de cuidados a pessoas com necessidades de acompanhamento terapêutico que se encontrem em situação social, familiar e económica precária, visando a adesão terapêutica e a sua integração social e profissional. Este estabelecimento tem uma capacidade para 78 pessoas que estão inseridas em 17 Apartamentos Terapeuticamente Assistidos (ATA). São objetivos do Centro de São José assegurar o atendimento, orientação e aconselhamento às pessoas, residentes nos ATA, satisfazer as necessidades humanas básicas dos utentes, contribuir para a adesão terapêutica, prestar apoio na prevenção de patologias e comportamentos aditivos e encaminhar o utente, em articulação com outros técnicos, nas áreas de saúde, social e educação. Concomitantemente, os ATA têm como objetivos específicos: assegurar alojamento temporário e condições habitacionais adequadas a utentes que se encontrem em situações de perda de habitação, isolamento e/ou dependência física ligeira; assegurar a
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satisfação das necessidades básicas e condições específicas de saúde, através do acompanhamento terapêutico, apoio domiciliário, apoio na gestão da partilha da habitação e na organização do espaço; promover a autonomia e a melhoria da qualidade de vida da pessoa doente; combater o isolamento; proporcionar uma resposta alternativa à institucionalização, através de um processo de autonomização e reintegração do utente.
DASS/DIIPV
Unidade de Acompanhamento Terapêutico
Residência de Santa Rita de Cássia
Residência Madre Teresa de Calcutá
Apoio Residencial
Apoio Residencial
Centro de Santa Maria Madalena
Centro de Dia
Acompanhamento e Vigilância Terapêutica
Acompanhamento na Adesão Terapêutica
Centro de São José
Apoio Domiciliário
Apartamentos Terapeuticamente Assistidos
Toma Observada
SÍNTESE A UAT funciona em regime de 24 horas nos estabelecimentos de apoio residencial, com supervisão 24 horas por dia no Centro de São José e das 8h00 às 17h00 em dias úteis nos restantes estabelecimentos. A UAT tem apoiado um universo de 4618 utentes desde 1989, além de apoiar anualmente cerca de 900 utentes diferentes.
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3 – OPERACIONALIZAÇÃO DA INTERVENÇÃO ÁREAS-CHAVE E ATIVIDADE INOVADORA Entre 1989 e 2013, a atual Unidade de Acompanhamento Terapêutico concentrou-se essencialmente no apoio e acompanhamento de indivíduos infetados e afetados pelo VIH/Sida. A grande mudança reflete-se na atuação da unidade no acompanhamento a todos os indivíduos em situação social, familiar e económica precária na cidade de Lisboa que careçam de acompanhamento terapêutico independentemente da patologia de base. TOMA DA MEDICAÇÃO (TOMA OBSERVADA, TOMA ASSISTIDA E AUTONOMIZAÇÃO NO REGIME TERAPÊUTICO) A Toma de Medicação é realizada em todos os equipamentos da UAT, sendo que a Toma Observada é uma medida que ajuda a reforçar a motivação da pessoa para continuar o tratamento e permite detetar os efeitos adversos dos fármacos, precocemente. Assim, é importante assegurar a aceitação da pessoa para o regime de Toma Observada. Este regime é também um fator de reforço do compromisso dos serviços na vigilância dos resultados do tratamento. É, por isso, uma medida com forte impacte na prevenção do aparecimento de resistências. A Toma Observada permite estabelecer uma relação de proximidade entre a pessoa e os técnicos; informar a pessoa sobre a doença e o tratamento e oferecer incentivos para melhorar a adesão ao tratamento (DGS, 2013). A Toma Assistida, realizada privilegiadamente nas unidades residenciais, permite a garantia de adesão terapêutica ao regime medicamentoso e o despiste de efeitos adversos ou secundários da medicação, uma vez que a medicação é administrada sob observação da equipa multidisciplinar. APARTAMENTOS TERAPEUTICAMENTE ASSISTIDOS Os Apartamentos Terapeuticamente Assistidos constituem uma resposta social destinada ao acolhimento temporário de pessoas “residentes” na cidade de Lisboa, independentes ou com dependência ligeira que necessitem de acompanhamento terapêutico e que se encontrem em situação social, familiar e económica precária e não tenham habitação. Existem 17 apartamentos terapeuticamente assistidos, com capacidade para 78 pessoas. Nos Apartamentos Terapeuticamente Assistidos, residem os utentes, existindo uma ajudante familiar de segunda a sexta-feira entre o período das 8h00 às 17h00, que dá apoio ao apartamento. São objetivos dos Apartamentos Terapeuticamente Assistidos: • Assegurar o atendimento, orientação e aconselhamento às pessoas residentes nos Apartamentos Terapeuticamente Assistidos;
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• Contribuir para a adesão terapêutica das pessoas acompanhadas no estabelecimento, através do acompanhamento/vigilância terapêutica, promoção da saúde e prevenção da doença; • Prestar apoio na prevenção de patologias várias e comportamentos aditivos; • Encaminhar o utente, de acordo com as suas necessidades, em articulação com outros técnicos, para as áreas da saúde, social e educação, estimulando o convívio e fomentando a participação ativa na vida quotidiana e no exercício de uma cidadania plena; • Acolher temporariamente pessoas com necessidades de acompanhamento terapêutico que se encontrem em situação social, familiar e económica precária e não tenham habitação; • Assegurar a satisfação das necessidades básicas e condições específicas de saúde, através da adesão terapêutica, apoio domiciliário, apoio na gestão da partilha da habitação e na organização do espaço; • Promover a autonomia e melhoria da qualidade de vida da pessoa doente; • Combater o isolamento, a instabilidade habitacional, promovendo a integração social; • Proporcionar uma resposta alternativa à institucionalização, através de um processo de autonomização e reintegração do utente; • Estimular a pesquisa ativa de emprego, de formação e de atividades de desenvolvimento pessoal.
Encaminhamento O encaminhamento e sinalização pode ser efetuado por qualquer técnico da SCML, dos serviços da comunidade, pelo próprio, ou por familiares e amigos do próprio. Existe uma ficha de encaminhamento que deve ser preenchida e enviada ao diretor de Unidade. E após a receção dessa ficha é realizada uma visita de avaliação, para conhecer o utente e esclarecer se ele reúne condições para integrar o serviço.
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Os candidatos a admitir no Centro de São José deverão satisfazer as seguintes condições: • Necessitar de acompanhamento terapêutico e encontrar-se em situação social, familiar e económica precária, designadamente em situação de perda de habitação, isolamento social e/ou dependência física ligeira; • Ter autonomia para realizar atos indispensáveis à satisfação das necessidades básicas da vida diária; • O período de permanência nos Apartamentos Terapeuticamente Assistidos é até 12 meses, podendo ser renovável por igual período, mediante a avaliação do Plano de Desenvolvimento Individual.
Inovação nas atividades desenvolvidas As atividades desenvolvidas com os utentes são realizadas com o objetivo da sua autonomização, integração social e inclusão participativa na condução e definição de objetivos pessoais. Como tal, são desenvolvidas e aperfeiçoadas competências para: • Cuidados com a higiene do corpo e imagem pessoal, para melhorar a autoestima e a aceitação social, combatendo estigmas que surgem ao utente pela falta de cuidado consigo próprio; • Cuidados de higiene e arrumação do seu espaço (quarto) e de áreas comuns; • Cumprimento de horários e regras (alimentação, medicação e outros); • Estabelecimento de compromissos e a importância de os cumprir ou de os adiar com justificação; • Entreajuda entre pares, ajudam-se em acompanhamento a consultas e/ou realização de diligências, apoio na integração de novos utentes nas rotinas instituídas, a utentes aumentando a coesão de grupo, aumentando a sensação de utilidade e reforço positivo; • Documentação; • Acesso a apoios governamentais para subsistência (pensões, reformas, rendimentos sociais de inserção); • Acesso a serviços da comunidade (serviços sociais, de saúde, emprego, justiça e outros);
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• Atividades de lazer, através da participação em festas e eventos, realização de atividades diversas com apoio das monitoras; • Adesão a plano terapêutico e respetiva adesão terapêutica, através da toma observada, encaminhamento e, sempre que necessário, acompanhamento a consulta, promoção de estilo de vida saudável, despiste de consumos de drogas e álcool; • Reaproximação e fortalecimento de laços familiares; • Procura ativa de emprego, de formações e atividades de desenvolvimento pessoal; • Estabelecimento de rotinas e de cumprimento de horários com participação em atividades desenvolvidas nos ateliers do Centro de São José e na dinâmica do próprio Centro.
4 – METODOLOGIAS DE INTERVENÇÃO NA ADESÃO TERAPÊUTICA O programa desenvolvido na UAT é posto em prática por uma equipa multidisciplinar. De seguida, elencamos as intervenções desenvolvidas com o intuito de acompanhar e melhorar a adesão terapêutica das pessoas com doença crónica. INFORMAR SOBRE O PROCESSO TERAPÊUTICO Colher dados sobre os comportamentos de adesão, recorrendo a questões não ameaçadoras que lhe permitam perceber se a pessoa adere ou não e em que vertentes do regime terapêutico; Questionar a pessoa sobre os efeitos secundários da medicação e as suas consequências na qualidade de vida; Informar sobre a doença, o tratamento e o modo como este poderá ajudar. A importância de aderir ao regime terapêutico, possíveis efeitos secundários e estratégias para lidar com eles; Sugerir ou orientar a pessoa para utilizar estratégias que facilitem a adesão ao regime medicamentoso como horários detalhados que integrem os horários da medicação nos seus hábitos diários e recorrer a caixas de medicação com horários ou alarmes de modo a evitar os esquecimentos;
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Informar sobre estratégias não medicamentosas essenciais para a efetividade do plano terapêutico, tais como: alimentação, cuidados de higiene, exercício físico, acompanhamento médico regular, acompanhamento analítico, entre outros. CAPACITAR PARA A GESTÃO DO REGIME TERAPÊUTICO Conhecer as crenças e valores do utente, associadas à sua doença crónica e ao regime terapêutico e em parceria desconstruir as crenças que o inibam de aderir ao processo terapêutico. Recordar e reforçar os comportamentos de adesão, através de diagramas e gráficos que mostrem o impacto da adesão nos marcadores clínicos da doença, como é o caso dos valores analíticos. Capacitar para a autogestão do regime terapêutico, estabelecendo em parceria com o utente um plano terapêutico personalizado e ajustado às suas necessidades. Encorajar a pessoa a manter relações terapêuticas com os profissionais de saúde e a falar com grupos de pares e suas famílias; FAVORECER A INCLUSÃO E SOLIDARIEDADE SOCIAL Recorrer aos serviços da comunidade, quer sociais quer de saúde, promovendo através da sua utilização a inclusão social. Promover a solidariedade entre pares, através de atividades lúdicas e quotidianas frequentes, em que a interajuda é ponto essencial. Fonte: OMS, 2003 Em suma, a Unidade de Acompanhamento assenta nos princípios de promoção de saúde e inclusão social, tendo como especial foco de atenção o acompanhamento e adesão terapêutica das pessoas com doença crónica.
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4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS A Unidade de Acompanhamento Terapêutico abrange um conjunto de respostas a outros serviços da SCML na área da manutenção e melhoria da qualidade de vida dos utentes através do acompanhamento terapêutico. É abrangente em áreas diversificadas como a infeciologia, toxicodependência, saúde mental, reinserção social, formação e informação sobre a temática do acompanhamento terapêutico, sempre numa perspetiva de melhoria dos serviços e dos cuidados prestados aos utentes para uma vida mais digna, com vista à autonomização. As grandes apostas da unidade são na toma da medicação, através da toma observada ou toma assistida, permitindo a melhoria ou manutenção ao nível da saúde e consequentemente em todas as outras dimensões da pessoa, ao mesmo tempo criando competências e responsabilizando os utentes com vista à sua autonomização terapêutica e autonomização social, através de orientações para a procura dos recursos disponíveis na comunidade, fomentando a sustentabilidade da própria SCML e minimizando os recursos utilizados na instituição. A mudança de estrutura ocorrida em 2013, com abrangência total para o acompanhamento terapêutico das patologias/situações para a UAT, foi a grande alteração de paradigma. Deixamos de estar especializados no acompanhamento terapêutico do VIH/Sida e estamos especializados no acompanhamento terapêutico em geral. Isto obriga a uma equipa dinâmica e atualizada, que acompanha as questões de saúde, intervém socialmente através da autonomização e é um recurso essencial para as outras áreas de intervenção da SCML. A população da SCML é não só uma população socialmente vulnerável, mas também uma população maioritariamente doente, abrangendo as patologias inerentes à fraca estrutura social apresentada por estes grupos desprotegidos, às questões de saúde mental associadas e também às patologias inerentes ao envelhecimento, que requerem um exímio critério de acompanhamento e supervisão terapêutica.
Bibliografia
Campos, C. (2005) “Estratégias de avaliação e melhoria contínua da qualidade no contexto da Atenção Primária à Saúde”. Rev. Bras. Saúde Materno Infantil, Recife. V. 5, (Supl 1), pp. S63-S69, 2005 Campos, L.; Carneiro, A.; Saturno, P. (2010) A qualidade dos cuidados e dos serviços. Lisboa: Direcção-Geral da Saúde. Chick N.; Meleis, A. (1986) “Transitions: a nursing concern, Chapter 18”. In Nursing Research Methodology (Peggy C. ed.). Aspen, New York, pp. 237–257. Machado, M. (2009) “Adesão ao regime terapêutico: representações das pessoas com IRC sobre o contributo dos enfermeiros”. Braga: Universidade do Minho. Dissertação de Mestrado. Meleis, A.; Trangenstein, P. (1994) “Facilitating transitions: redefinition of the nursing mission”. In Nursing Outlook 42, pp. 255–259. Meleis A., Sawyer L., Im E., Hilfinger Messias D. & Shumacker K. (2000) “Experiencing transitions: an emerging middle-range theory”. Advances in Nursing Science 23, pp. 12–28. Organização Mundial da Saúde (2003) Adherence to long-term therapies: evidence for action. World Health Organization Schumacher, K.; Meleis, A. (1994) “Transitions: a central concept in nursing”. Image – the Journal of Nursing Scholarship 26, pp. 119– 127
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A Unidade de Acompanhamento Terapêutico (UAT) tem a sua génese em 1989, com a criação do projeto Solidariedade, na Residência Santa Rita de Cássia (Casa Amarela), apoiando utentes infetados pelo VIH/Sida, a nível residencial (Deliberação de Mesa 15º: Ata 47ª de 28 de novembro de 1989). Em 1992 desenvolve-se a valência de centro de dia na Residência Santa Rita de Cássia (Deliberação de Mesa 1290º: ata 32ª de 3 de setembro de 1992), com o intuito de aumentar o número de pessoas abrangidas.