Livro de oracões do santo rosario

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Livro de Orações Do Santo Rosário 1


SUMÁRIO LIVRO DE ORAÇÕES DO SANTO ROSÁRIO Editorial ..................................................................................................................................... 5 (PARTE - I) - Orações do Santo Rosário ............................................................................................ 6 (Capítulo - I) - Forma de Rezar o Santo Rosário............................................................................... 7 FORMA HABITUAL DE REZAR O TERÇO / ROSÁRIO........................................................................ 9 1- Invocação do Espírito Santo .................................................................................................... 9 2 - Oferecimento do Terço / Rosário .......................................................................................... 9 3 - Segurar a Cruz do Terço e fazer o Sinal da Cruz .................................................................... 9 4 - Rezar o Credo.......................................................................................................................10 5 - Homenagem a Santíssima Trindade ......................................................................................10 5.1 - Na primeira conta grande rezar um Pai Nosso....................................................................10 5.2 - Nas três contas pequenas, rezar três Ave Marias ...............................................................11 5.3 - Em seguida rezar o Glória ..................................................................................................11 6 - Iniciar a Oração dos Mistérios do Terço / Rosário .................................................................11 6.1 - Os Mistérios do Terço / Rosário - (Síntese) ........................................................................12 6.2 - Na conta grande rezar um Pai Nosso ..................................................................................12 6.3 - Na dezena de contas pequenas rezar dez Ave Marias .........................................................13 6.4 - Em seguida rezar o Glória ..................................................................................................13 6.5 - Depois rezar uma Jaculatória ............................................................................................13 7 - Agradecimento do Terço / Rosário .......................................................................................14 8 - Em seguida rezar uma Salve Rainha......................................................................................14 9 - Ao final rezar a Ladainha de Nossa Senhora .........................................................................14 10 - Para finalizar faz-se o Sinal da Cruz ...................................................................................16 (Capítulo - II) - Folha de Acompanhamento de Orações do Santo Rosário .....................................17 (PARTE - II) - Origem do Santo Rosário............................................................................................19 (Capítulo - III) - A Finalidade do Objeto Terço ................................................................................20 A FINALIDADE PRÁTICA DO TERÇO..............................................................................................21 a) - A finalidade do Terço ..........................................................................................................21 b) - O Terço como objeto de oração ..........................................................................................21 c) - A estrutura física do objeto Terço .......................................................................................21 (Capítulo - IV) - A Origem Histórica do Santo Rosário .....................................................................22 A ORIGEM DO SANTO ROSÁRIO E DO TERÇO ...............................................................................23 a) - Origem do Santo Rosário......................................................................................................23 (Capítulo - V) - As Promessas da Virgem do Rosário .......................................................................27

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AS QUINZE PROMESSAS DE NOSSA SENHORA AOS DEVOTOS DO SANTO ROSÁRIO .........................28 (Capítulo - VI) - O Significado dos Mistérios do Santo Rosário ........................................................29 O SIGNIFICADO DOS MISTÉRIOS DO TERÇO / ROSÁRIO ................................................................30 a) - Os Mistérios do Santo Rosário ..............................................................................................30 b) - Oração e Meditação dos Mistérios do Santo Rosário .............................................................30 c) - A Meditação do Santo Rosário ..............................................................................................31 d) - A Importância de Rezar o Terço / Rosário ...........................................................................31 (Capítulo - VII) - A Importância do Santo Rosário na Vida dos Cristãos ..........................................32 A ATUALIDADE DO SANTO ROSÁRIO ............................................................................................33 A IMPORTÂNCIA DO SANTO ROSÁRIO ..........................................................................................35 (Capítulo - VIII) - Os Mistérios do Santo Rosário ..............................................................................36 (Síntese) ....................................................................................................................................37 (Versão Resumida) .....................................................................................................................39 (Versão Completa) .....................................................................................................................44 (Capítulo - IX) - Orações do Santo Rosário (Para Memorização) .....................................................49 (Capítulo - X) - Orações de Nossa Senhora de Fátima.....................................................................54 (Capítulo - XI) - A Devoção dos Cinco Primeiros Sabados ...............................................................56 (PARTE - III) – Aparições de Nossa Senhora em Fátima na Cova da Iria ..........................................59 (Capítulo - XII) - Aparições de Nossa Senhora aos Três Pastores ....................................................60 PRIMEIRA APARIÇÃO - (13/05/1917)...........................................................................................61 SEGUNDA APARIÇÃO - (13/06/1917) ..........................................................................................63 TERCEIRA APARIÇÃO - (13/07/1917) ..........................................................................................64 QUARTA APARIÇÃO - (15/08/1917) ............................................................................................66 QUINTA APARIÇÃO - (13/09/1917) .............................................................................................67 SEXTA APARIÇÃO - (13/10/1917) (O Milagre do Sol) ...................................................................68 (Capítulo - XIII) – O Santuário de Fátima .........................................................................................71 O SANTUÁRIO DE FÁTIMA ...........................................................................................................72 CAPELINHA DAS APARIÇÕES........................................................................................................73 A IMAGEM DE NOSSA SENHORA DE FÁTIMA .................................................................................74 AS VIAGENS DA IMAGEM ORIGINAL DE NOSSA SENHORA DE FÁTIMA .............................................75 BASÍLICA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO .................................................................................76 AS COLUNATAS DO SANTUÁRIO DE FÁTIMA .................................................................................78 MONUMENTO AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS .........................................................................79 AZINHEIRA GRANDE....................................................................................................................79 BASÍLICA DA SANTÍSSIMA TRINDADE ............................................................................................79 A ANTIGA CRUZ ALTA DO SANTUÁRIO DE FÁTIMA .......................................................................81

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O MÓDULO DO MURO DE BERLIM ................................................................................................81 O PRESÉPIO................................................................................................................................81 LOCAIS E MONUMENTOS À VOLTA DO SANTUÁRIO.......................................................................81 AS PEREGRINAÇÕES....................................................................................................................82 EVENTOS HISTÓRICOS ................................................................................................................83 (Capítulo - XIV) – Irmã Lúcia e Papa João Paulo II ...........................................................................87 A VIDENTE IRMÃ LÚCIA DE JESUS DOS SANTOS ...........................................................................88 IRMÃ LÚCIA DE JESUS ROSA DOS SANTOS ...................................................................................90 BIOGRAFIA .................................................................................................................................90 AS MEMÓRIAS DA IRMÃ LÚCIA .....................................................................................................91 O MEMORIAL IRMÃ LÚCIA............................................................................................................92 AS OBRAS DE IRMÃ LÚCIA ...........................................................................................................93 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................93 EVENTOS HISTÓRICOS ................................................................................................................93 (PARTE - IV) – A Mensagem de Nossa Senhora de Fátima................................................................97 (Capítulo - XV) - A Mensagem de Nossa Senhora na Cova da Iria....................................................98 (PARTE - V) - Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae do Sumo Pontífice João Paulo II ..........123 (Capítulo - XVI) – A Mensagem Apostólica do Sumo Pontífice João Paulo II .................................124

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Editorial O presente Livro de Orações do Santo Rosário tem por objetivo disponibilizar uma informação completa e acessível para ser transmitida pela internet, propiciando a qualquer pessoa interessada fácil acesso a este conteúdo, a qual visa promover e propagar a prática de Orações do Rosário de Maria. A proposta de estruturar este conjunto de informações no formato de livro, buscou facilitar e ampliar a compreensão e a prática da Oração do Santo Rosário, dispondo este conteúdo a qualquer pessoa interessada em conhecer a Mística do Rosário da Virgem Maria, de forma fácil e acessível. Pois existe muita informação disponível, porem a maioria é parcial, sendo que algumas contem muita contradição, alem de serem incompletas. Assim também é importante que esta informação possa ser repassada entre as pessoas interessadas e que venha a ser acrescida e ampliada, promovendo e propagando a prática de Orações do Santo Rosário. A pesquisa deste conteúdo teve como fonte informações disponíveis na internet, inclusive as imagens, sendo material de domínio público, onde inclusive uma parte importante destas informações foram pesquisadas junto ao acervo do Vaticano, contendo informações históricas sobre as Aparições de Nossa Senhora na Cova da Iria no ano de 1917, hoje cidade de Fátima, onde foi construído o Santuário de Fátima, alem do Segredo revelado às três crianças (Francisco, Jacinta e Lucia) e o Milagre do Sol, retratados no livro escrito por Irmã Lúcia. O conteúdo deste Livro de Orações do Santo Rosário foi estruturado em cinco partes, sendo: (Parte I) - Orações do Santo Rosário; (Parte II) - Origem do Santo Rosário; (Parte III) - As Aparições de Nossa Senhora em Fátima na Cova da Iria; (Parte IV) - A Mensagem de Nossa Senhora de Fátima; (Parte V) - Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae do Sumo Pontífice João Paulo II. Para finalizar a apresentação deste trabalho, aproveito para citar três das quinze Promessas que a Virgem Maria transmitiu pessoalmente a São Domingos de Gusmão e ao Santíssimo Alan de La Roche, para todos aqueles que rezarem devotamente o Seu Santo Rosário: 10. Os verdadeiros filhos de Meu Rosário desfrutarão de grande Glória no Céu; 11. Tudo o que for pedido por meio de Meu Rosário será concedido; 12. Aqueles que propagarem o Meu Rosário, serão socorridos por Mim em todas as suas necessidades.

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(PARTE - I)

Orações Do Santo Rosário 6


(Capítulo - I)

Forma de Rezar O Santo Rosário 7


Forma de Rezar o Santo Rosรกrio

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FORMA HABITUAL DE REZAR O TERÇO / ROSÁRIO 1- Invocação do Espírito Santo Oração Preparatória Antes de iniciar a oração é importante fazer a Invocação do Espírito Santo para bem rezar o Terço / Rosário. INVOCAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis, e acendei neles o fogo do Vosso amor. Enviai o Vosso Espírito, e tudo será criado, e renovareis a face da terra. Oremos: Ó Deus, que instruístes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas segundo o mesmo Espírito e gozemos sempre de sua consolação. Por Cristo, Senhor Nosso, Amém! Obs.: (Invocação do Espírito Santo é uma oração católica)

2 - Oferecimento do Terço / Rosário Após fazer a invocação do Espírito Santo, faz-se o oferecimento do Terço / Rosário: OFERECIMENTO DO TERÇO / ROSÁRIO Divino Jesus, eu Vos ofereço este Terço que vou rezar contemplando os Mistérios de Vossa Redenção. Concedei-me, pela intercessão da Virgem Maria, Vossa Mãe Santíssima, a quem me dirijo, as virtudes que me são necessárias para bem rezá-lo e a graça de ganhar as Indulgências anexas a esta devoção. (Ofereço-Vos, particularmente, este Terço por...) Obs.: (Oração católica de preparação para o Terço / Rosário)

3 - Segurar a Cruz do Terço e fazer o Sinal da Cruz Inicia-se a oração do Terço / Rosário, segurando a Cruz do Terço, fazendo o Sinal da Cruz: SINAL DA CRUZ Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém. Obs.: (É uma profissão de fé no Mistério da Santíssima Trindade)

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4 - Rezar o Credo Em seguida, ainda segurando a Cruz do Terço, reza-se o Credo: CREDO Creio em Deus Pai Todo-Poderoso, Criador do céu e da terra. E em Jesus Cristo, seu único Filho Nosso Senhor, o qual foi concebido pelo poder do Espírito Santo, nasceu da Virgem Maria, padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado, desceu a mansão dos mortos, ao terceiro dia ressurgiu dos mortos, subiu ao Céu, está sentado à direita de Deus Pai, Todo-Poderoso, donde há de vir a julgar os vivos e mortos. Creio no Espírito Santo. Na Santa Igreja Católica, na comunhão dos Santos, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne, na vida eterna. Amém. Obs.: Credo dos Apóstolos rezado no Terço (representa a nossa fé em todas as verdades ensinadas por Nosso Senhor Jesus Cristo).

5 - Homenagem a Santíssima Trindade Homenagem à Santíssima Trindade Após terminar o oração do Credo, presta-se homenagem à Santíssima Trindade, invocando-a em nossas vidas, rezando da seguinte forma:

5.1 - Na primeira conta grande rezar um Pai Nosso Segurando a primeira conta grande próxima ao crucifixo, reza-se um Pai Nosso: PAI NOSSO Pai Nosso, que estais no céu, santificado seja o Vosso Nome, venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa Vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos a quem nos tenha ofendido. E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Amém.

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5.2 - Nas três contas pequenas, rezar três Ave Marias Nas três contas pequenas seguintes, fora do circulo do Terço, reza-se três Ave Marias: AVE MARIA Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco, Bendita sois Vós entre as mulheres, bendito é o fruto de Vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém

5.3 - Em seguida rezar o Glória Em seguida reza-se um Glória (não considerado nas contas do Terço): GLORIA Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Assim como era no princípio, agora e sempre, e por todos os séculos dos séculos. Amém. Obs.: Glória (Hino tradicional de Louvor e Glória á Santíssima Trindade)

6 - Iniciar a Oração dos Mistérios do Terço / Rosário Primeiramente o Grupo de Mistérios a ser contemplado na oração do Terço / Rosário, é selecionado em função do dia da semana, sendo: segunda-feira e sábado os Mistérios Gozosos, terça-feira e sexta-feira os Mistérios Dolorosos, quinta-feira os Mistérios Luminosos, quarta-feira e domingo os Mistérios Gloriosos. No Terço temos cinco seqüências compostas por uma conta grande seguida por uma dezena de contas pequenas, onde em cada uma destas seqüências contemplamos um dos cinco Mistérios do dia, rezando da seguinte forma: A cada Mistério contemplado no Terço / Rosário rezamos um Pai Nosso, dez Ave Marias, um Glória e uma Jaculatória de Nossa Senhora de Fátima. Enquanto se reza esta seqüência de orações, devemos contemplar a passagem do Primeiro Mistério, meditando sobre o seu fundamento. Em seguida inicia-se o Segundo Mistério, repetindo a mesma seqüência do Primeiro Mistério, até completar a oração do Quinto Mistério do Terço / Rosário, conforme a seguir:

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6.1 - Os Mistérios do Terço / Rosário - (Síntese) Mistérios Gozosos - ou (DA ALEGRIA) - (segundas-feiras e sábados) 1. 2. 3. 4. 5.

A anunciação (cf. Lc 1,26-39) A visitação (cf. Lc 1,39-56) A natividade (cf. Lc 2,1-15) A apresentação de Jesus no templo e a purificação de Maria (cf. Lc 2,22-33) O encontro do Menino Jesus no templo entre os Doutores (cf. Lc 2,42-52)

Mistérios Dolorosos - ou (DA DOR) - (terças-feiras e sextas-feiras) 1. 2. 3. 4. 5.

A agonia de Jesus no Horto das Oliveiras (cf. Mc 14,32-43) A flagelação de Jesus (cf. Jo 18,38-40; 19,1) Jesus é coroado de espinhos (cf. Mt 27,27-32) Jesus a caminho do Calvário carregando a Cruz (cf. Lc 23,20-32; Mc 8,34b) A crucificação Jesus (cf. Lc 23,33-47)

Mistérios Gloriosos - ou (DA GLÓRIA) - (quartas-feiras e domingos) 1. 2. 3. 4. 5.

A ressurreição de Jesus (cf. Mc 16,1-8) A ascensão de Jesus (cf. At 1,4-11) A descida do Espírito Santo (cf. At 2,1-13) A assunção de Nossa Senhora (cf. l Cor 15,20-23.53-55) A coroação de Nossa Senhora (cf. Ap 12,1-6)

Mistérios Luminosos - ou (DA LUZ) - (quintas-feiras) 1. O batismo de Jesus no rio Jordão (cf. Mt 3,13-16) 2. A auto-revelação de Jesus nas Bodas de Caná (cf. Jo 2,1-12) 3. Jesus anuncia o Reino de Deus e convida à conversão (cf. Mc 1,14-215) 4. A transfiguração de Jesus (cf. Lc 9,28-36) 5. A Instituição da Eucaristia na última Ceia (cf. Mt 26,26-29)

6.2 - Na conta grande rezar um Pai Nosso Segurando a conta grande reza-se um Pai Nosso: PAI NOSSO Pai Nosso, que estais no céu, santificado seja o Vosso Nome, venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa Vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos a quem nos tenha ofendido. E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Amém.

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6.3 - Na dezena de contas pequenas rezar dez Ave Marias Na dezena de contas pequenas rezam-se dez Ave Marias: AVE MARIA Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco, Bendita sois Vós entre as mulheres, bendito é o fruto de Vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém

6.4 - Em seguida rezar o Glória Rezar o Gloria (não considerados nas contas do Terço): GLORIA Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Assim como era no princípio, agora e sempre, e por todos os séculos dos séculos. Amém. Obs.: Glória (Hino tradicional de Louvor e Glória á Santíssima Trindade)

6.5 - Depois rezar uma Jaculatória Rezar uma Jaculatória de Nossa Senhora de Fátima pedindo a redenção das almas: JACULATÓRIA Óh! meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno. Levai as almas todas para o céu e socorrei principalmente as que mais precisarem. Obs.: Jaculatória é uma pequena oração ou invocação que se inclui no começo ou no final das orações, ou no final de cada dezena de Ave Marias rezadas no Terço, referente a um Mistério do Rosário. Obs.: O importante é que a cada seqüência de orações de Ave Marias, sejam feitas com fé e humildade, saudando Nossa Senhora de Fátima, meditando sobre o fundamento do Mistério anunciado. Obs.: A cada Ave Maria rezada é uma rosa que o cristão deposita aos pés da Virgem Maria!

Encerra-se o Terço / Rosário com a oração de agradecimento, uma Salve Rainha, e por fim a Ladainha de Nossa Senhora, fazendo o Sinal da Cruz.

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7 - Agradecimento do Terço / Rosário Depois de concluída a oração de contemplação do quinto Mistério, faz-se o agradecimento do Terço / Rosário: Oração de Encerramento AGRADECIMENTO DO TERÇO Infinitas graças Vos damos, Soberana Rainha, pelos benefícios que todos os dias recebemos de Vossas mãos liberais. Dignai-Vos agora e para sempre, tomar-nos debaixo de Vosso poderoso amparo, e, melhor expressarmos o nosso agradecimento, Vos saudamos com uma Salve Rainha. Obs.: (Agradecimento ao Terço é uma oração católica, rezada antes da conclusão do Terço / Rosário, antes do Salve Rainha)

8 - Em seguida rezar uma Salve Rainha Após o agradecimento do Terço, reza-se uma Salve Rainha: SALVE RAINHA Salve, Rainha, Mãe de Misericórdia, vida, doçura, esperança nossa, salve! A Vós bradamos, os degredados filhos de Eva. A Vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas. Eia, pois, Advogada nossa, esses Vossos olhos misericordiosos a nós volvei, e, depois deste desterro, mostrai-nos Jesus, bendito fruto de Vosso Ventre, ó Clemente, ó Piedosa, ó Doce e sempre Virgem Maria. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus, para que sejamos dignos das promessas de Cristo. Amém.

9 - Ao final rezar a Ladainha de Nossa Senhora Por fim, depois de concluído a oração do Terço, costuma-se rezar também a Ladainha de Nossa Senhora, que é uma seqüência de invocações à Nossa Senhora.

LADAINHA DE NOSSA SENHORA Senhor, tende piedade de nós. Senhor, tende piedade de nós. Jesus Cristo, tende piedade de nós. Jesus Cristo, tende piedade de nós. Senhor, tende piedade de nós. Senhor, tende piedade de nós. Jesus Cristo, ouví-nos. Jesus Cristo, ouví-nos. Jesus Cristo, atendei-nos. Jesus Cristo, atendei-nos. Pai celeste que sois Deus, Tende piedade de nós. 14


Filho, Redentor do mundo, que sois Deus, Tende piedade de nós. Espírito Santo, que sois Deus, Tende piedade de nós. Santíssima Trindade, que sois um só Deus, Tende piedade de nós. Santa Maria, Rogai por nós. Santa Mãe de Deus, Rogai por nós. Santa Virgem das Virgens, Rogai por nós. Mãe de Jesus Cristo, Rogai por nós. Mãe da divina graça, Rogai por nós. Mãe puríssima, Rogai por nós. Mãe castíssima, Rogai por nós. Mãe imaculada, Rogai por nós. Mãe intacta, Rogai por nós. Mãe amável, Rogai por nós. Mãe admirável, Rogai por nós. Mãe do bom conselho, Rogai por nós. Mãe do Criador, Rogai por nós. Mãe do Salvador, Rogai por nós. Mãe da Igreja, Rogai por nós. Virgem prudentíssima, Rogai por nós. Virgem venerável, Rogai por nós. Virgem louvável, Rogai por nós. Virgem poderosa, Rogai por nós. Virgem clemente, Rogai por nós. Virgem fiel, Rogai por nós. Espelho de justiça, Rogai por nós. Sede de sabedoria, Rogai por nós. Causa da nossa alegria, Rogai por nós. Vaso espiritual, Rogai por nós. Vaso honorífico, Rogai por nós. Vaso insigne de devoção, Rogai por nós. Rosa mística, Rogai por nós. Torre de David, Rogai por nós. Torre de marfim, Rogai por nós. Casa de ouro, Rogai por nós. Arca da aliança, Rogai por nós. Porta do céu, Rogai por nós. Estrela da manhã, Rogai por nós. Saúde dos enfermos, Rogai por nós. Refúgio dos pecadores, Rogai por nós. Consoladora dos aflitos, Rogai por nós. Auxílio dos cristãos, Rogai por nós. Rainha dos anjos, Rogai por nós. Rainha dos patriarcas, Rogai por nós. Rainha dos profetas, Rogai por nós. Rainha dos apóstolos, Rogai por nós. Rainha dos mártires, Rogai por nós. Rainha dos confessores, Rogai por nós. Rainha das virgens, Rogai por nós. 15


Rainha de todos os santos, Rogai por nós. Rainha concebida sem pecado original, Rogai por nós. Rainha elevada ao céu em corpo e alma, Rogai por nós. Rainha do sacratíssimo Rosário, Rogai por nós. Rainha da paz, Rogai por nós. Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, Perdoai-nos Senhor. Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, Ouví-nos Senhor. Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, Tende piedade de nós. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus, Para que sejamos dignos das promessas de Cristo. Oremos: Senhor Deus, nós Vos suplicamos que concedais aos vossos servos perpétua saúde de alma e de corpo; e que, pela gloriosa intercessão da bem-aventurada sempre Virgem Maria, sejamos livres da presente tristeza e gozemos da eterna alegria. Por Cristo Nosso Senhor. Amém.

10 - Para finalizar faz-se o Sinal da Cruz SINAL DA CRUZ Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

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(Capítulo - II)

Folha de Acompanhamento Das Orações Do Santo Rosário 17


Folha de Acompanhamento das Orações do Santo Rosário Oferecimento do Santo Rosário para alcançar uma Benção em favor da solução da causa. Descrever a causa: ____________________________________________________________

Primeiro Rosário 1º Terço:

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2º Terço:

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3º Terço:

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Segundo Rosário 1º Terço:

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2º Terço:

___/___/___

3º Terço:

___/___/___

Terceiro Rosário 1º Terço:

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2º Terço:

___/___/___

3º Terço:

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Quarto Rosário 1º Terço:

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2º Terço:

___/___/___

3º Terço:

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Quinto Rosário 1º Terço:

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2º Terço:

___/___/___

3º Terço:

___/___/___

Sexto Rosário 1º Terço:

___/___/___

2º Terço:

___/___/___

3º Terço:

___/___/___

Sétimo Rosário 1º Terço:

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2º Terço:

___/___/___

3º Terço:

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Obs.: O oferecimento da Oração do Santo Rosário pode ser quantos o devoto entender necessário, um, três, sete, dependendo da necessidade, da urgência ou da natureza da causa. 18


(PARTE - II)

Origem Do Santo Rosรกrio 19


(Capítulo - III)

A Finalidade Do Objeto Terço 20


A FINALIDADE PRÁTICA DO TERÇO a) - A finalidade do Terço O Terço, como o próprio nome sugere, é a terça parte da um Rosário, assim ao rezarmos três Terços, contemplando em cada um os cinco Mistérios, estaremos rezando um Rosário completo de quinze Mistérios. Tendo em vista que o Rosário original era composto inicialmente de quinze Mistérios, divididos em três Grupos de cinco Mistérios cada, denominados: Mistérios Gozosos, Mistérios Dolorosos e Mistérios Gloriosos, os quais recordam a encarnação e vida de Jesus, seus sofrimentos e o triunfo da Ressurreição. Porém, em 16 de outubro de 2002, o Papa João Paulo II propôs um novo Grupo de Mistérios, em sua Carta Apostólica "Rosarium Virginis Mariae", denominado de Mistérios Luminosos, composto também de cinco Mistérios, os quais retratam momentos importantes da vida publica de Jesus, e devem ser rezados às quintas-feiras. Desta forma o Santo Rosário a partir de então, passou a compreender a meditação de vinte Mistérios, divididos em quatro Grupos de cinco Mistérios cada, denominados: Mistérios Gozosos, Mistérios Luminosos, Mistérios Dolorosos e Mistérios Gloriosos, os quais são muito importantes para a Fé Católica.

b) - O Terço como objeto de oração O Terço é um instrumento prático criado para rezar o Santo Rosário, usado para guiar a seqüência de orações, sendo formado por um crucifixo e várias contas grandes e pequenas presas a um fio.

c) - A estrutura física do objeto Terço O Terço é composto por duas partes distintas sendo: uma parte inicial com um crucifixo, duas contas grandes e três contas pequenas, onde se reza em homenagem a Santíssima Trindade. E uma segunda parte, onde o fio com as contas se fecha em um circulo, formado por cinco seqüências compostas por uma conta grande seguida por uma dezena de contas pequenas, onde em cada uma destas seqüências contemplamos um dos cinco Mistérios rezados no Terço, selecionados em função do dia da semana.

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(Capítulo - IV)

Origem Histórica Do Santo Rosário 22


A ORIGEM DO SANTO ROSÁRIO E DO TERÇO a) - Origem do Santo Rosário A origem do Terço é muito antiga, remonta aos ―Anacoretas Orientais‖ (monges cristãos eremitas que viviam em retiro nos primeiros tempos do cristianismo), os quais usavam pedrinhas para contar suas orações vocais. Depois foram confeccionados cordões ou correntes para facilitar a contagem das preces. Estes cordões ou correntes eram chamados de "Paternoster". Junto com esta devoção, cresceu o culto a Virgem Maria. Desde a realização do Concílio de Êfeso, no ano de 431, era comum os cristãos construírem jaculatórias, (pequenas orações) baseadas em acontecimentos evangélicos, para saudar a Virgem Maria. Neste Concílio foram reconhecidas as prerrogativas especiais de Maria, concedidas pelo Criador, sendo decretado o Dogma da Maternidade Divina da Mãe de Deus, (Theotókos). No dia de encerramento do Concílio, (segundo a tradição católica), depois de palavras admiráveis dos Padres Conciliares, que ressaltaram as virtudes e as prerrogativas especiais da Virgem Maria, Sua Santidade o Papa Celestino I emocionado e com lágrimas nos olhos, ajoelhou-se perante a assembléia e respeitosamente saudou Nossa Senhora: "Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém.", (atribuição não confirmada historicamente). Posteriormente, com o passar dos anos, esta saudação foi juntada a saudação que o Anjo Gabriel fez a Maria, conforme consta do Evangelho de Jesus, escrito em Lucas (1,2638) "Ave cheia de graça, o Senhor está contigo!", e também juntada a outra saudação que Isabel fez a Maria, quando foi visitada em sua casa em Ain Karin, para ajudá-la nos seus últimos três meses de gravidez, pois era idosa e necessitava de cuidados. Disse Isabel ao saudar sua prima Maria: "Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre." (Lucas1, 42). Assim estas três saudações deram origem a Oração da Ave Maria. Porém a oração do Santo Rosário surgiu no século IX, por volta do ano 800, à sombra dos mosteiros, onde a recitação dos salmos era a oração oficial da Igreja, conhecida como Liturgia das Horas, ou "Saltério"(Livro Bíblico dos Salmos). Dado que os monges recitavam os (150) Salmos, os quais eram escritos em Latim e rezados somente por padres e monges letrados, os quais sabiam ler, escrever e entendiam o Latim. Porem os monges iletrados e o povo em geral que assistiam a estas orações, não entendiam o Latim e não sabiam rezar os Salmos, mas desejavam participar dessa prática de oração. Foi então, que um monge teve a iniciativa de recitar (150) Pai Nossos, em substituição aos (150) Salmos.

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Depois, paralelamente à recitação dos (150) Pai Nossos, foram introduzindo também as Saudações Angélicas com expressões bíblicas, contribuindo para a evolução da Oração da Ave Maria, até chegar a forma que recitamos hoje. Segundo a tradição da Igreja Católica o Santo Rosário em sua forma atual, foi recebido no ano de 1206, no século XIII, quando a Virgem Maria apareceu ao Padre Domingos de Gusmão e o entregou, como um poderoso instrumento para a conversão dos hereges e outros pecadores daquele tempo. Desde então sua devoção se propagou rapidamente em todo o mundo, com incríveis e milagrosos resultados. Padre Domingos de Gusmão foi o fundador da Ordem dos Padres Pregadores, conhecidos por Padres Dominicanos, e na época estava preocupado com os poucos frutos que seus zelosos missionários conseguiam, apesar das exaustivas e perseverantes pregações. Pois a heresia dos albigenses infestava o sul da França e se difundia em todas as regiões com grande publicidade, negando a Encarnação de Jesus e o dom Divino concedido as pessoas de gerar e criar cristãmente os seus filhos. Padre Domingos de Gusmão e seus missionários acolheram a orientação Divina de Nossa Senhora e passaram a rezar diariamente o Santo Rosário com muito fervor, conseguindo resultados admiráveis na luta contra os hereges e na conversão de milhares de pessoas, que acolheram os ensinamentos da Igreja. Desde então sua devoção se propagou rapidamente em todo o mundo, com incríveis e milagrosos resultados. Nasceu assim a devoção ao Santo Rosário, que significa ―Coroa de Rosas‖ oferecidas a Virgem Maria. Os promotores e também divulgadores desta devoção foram os Dominicanos, os quais criaram as Confrarias do Rosário. No dia 06 de agosto de 1221, o Padre Domingos Gusmão faleceu, com a idade de 51 anos. No ano de 1234 foi canonizado pelo Papa Gregório IX, tornando-se São Domingos Gusmão. A palavra ―rosário‖ deriva do Latim “rosarium”, que significa roseira, rosa, buque de rosas ou ―coroa de rosas‖, e é uma antiga devoção católica revelada pela própria Virgem Maria, onde a cada vez que rezamos a Oração da Ave Maria, LHE entregamos uma ―Rosa‖, e a cada Rosário uma ―Coroa de Rosas‖. Este conceito chegou até os nossos dias, e quem deseja realmente agradar à Virgem Maria, LHE oferece as ―Rosas‖ da Oração do Santo Rosário. O Terço é portanto a terça parte do Rosário, e nele rezamos (50) Ave Marias, associadas a meditação de um dos três grupos de mistérios: Mistérios Gozosos, Dolorosos e Gloriosos. O Terço e o Rosário podem ser rezados de forma individual ou coletivamente. O Santo Rosário é uma das mais queridas devoções a Virgem Maria. Em quase todas as Suas Aparições na Cova da Iria, hoje cidade de Fátima, Portugal, a Virgem Maria incentivou a devoção ao Santo Rosário, pedindo aos pastorzinhos: "Meus filhos, rezem o Rosário todos os dias". Em uma delas chegou a oferecê-lo a jovem pastora Lúcia (Aparições de Argoncilhe em Portugal). 24


Assim a devoção ao Santo Rosário, dentre todas as devoções católicas, depois da Santa Missa, é tida como a mais importante. No século XIII alguns teólogos perceberam que determinados Salmos continham profecias sobre os mistérios da redenção. Assim, compuseram uma série de louvores e preces a Jesus e deram o título de ―Saltérios de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo‖. Para cada Salmo recitado, fazia-se uma pequena meditação. Com o passar do tempo, se formaram outros três ―Saltérios‖ com (150) Ave Marias, (150) Louvores em honra a Jesus e (150) Louvores em honra a Virgem Maria. Posteriormente foi feito uma combinação destes quatro ―Saltérios‖. E assim paralelamente à recitação do Pai Nosso, o povo foi introduzindo as Saudação Angélicas com as expressões bíblicas. Com o passar do tempo os (150) Pai Nossos foram substituídos por (150) Ave Marias. Por volta do ano 1365, o monge Cartuxo Henrique de Halkar separou as (150) Saudações Angélicas (Ave Maria), em (15) dezenas, e acrescentou antes de cada dezena a recitação de um Pai Nosso, conservando uma meditação sobre a vida de Jesus e da Virgem Maria. Esse novo modo de rezar recebeu o nome de ―Saltério de Maria‖ (Saltério Mariano ou Saltério de Nossa Senhora), que mais tarde passou a ser chamado apenas de ―Rosário‖. No século XV, com o Renascimento, houveram grandes mudanças no pensamento, nas artes, na vida cristã e na liturgia da Igreja, Diante de tais mudanças, o Santo Rosário também foi reformulado. Foi então no ano de 1470, por meio do frade Dominicano Alan de La Roche, que se estabeleceu a forma atual do Santo Rosário, com a recitação de um único pensamento a cada dezena de Ave Marias, meditando sobre um episódio da vida de Jesus ou da Virgem Maria, incluindo a seleção de três grupos de (5) mistérios, intitulados: Mistérios Gozosos, Mistérios Dolorosos e Mistérios Gloriosos, surgindo assim o Santo Rosário tradicional de (15) Mistérios. Nesta mesma data o frade Dominicano Alan de La Roche, redigiu o poema intitulado "Unum Psalterium Beatae Mariae Virginis", responsável pela propagação da devoção ao Santo Rosário. O Papa Dominicano Pio V, vivificou a prática de recitação do Santo Rosário, que logo se tornou a oração popular predileta da cristandade. Esta devoção tem o privilégio de ter sido recomendada por Nossa Senhora em Suas aparições em Lourdes na França, e depois em Fátima, Portugal, o que confirma a sua validade em todos os tempos. A devoção ao Terço e Rosário sempre foi favorecida pelos Pontífices Romanos, merecendo relevo especial a atuação do Papa Leão XIII, o qual determinou a todas as paróquias do mundo: ―que o mês de outubro fosse especialmente dedicado a recitação do Santo Rosário”.

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Sua Santidade Papa Leão XIII, para realçar as qualidades do Santo Rosário acrescentou: "... não é uma oração meramente vocal, mas uma repetição de preces que cria um clima de contemplação, que permite a meditação dos grandes mistérios da nossa fé, a medida que rezamos cada dezena do Rosário". Em 16 de outubro de 2002, o Papa João Paulo II, ao iniciar o vigésimo quinto ano de seu Pontificado, redigiu a Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae, ressaltando a atualidade e a profundidade cristológica do Rosário de Maria. E para fortalecer a sua pratica, proclamou o período de doze meses que se iniciava como sendo o “Ano do Rosário”. Visando ampliar a contemplação dos Mistérios de Jesus, o Papa João Paulo II acrescentou ao Santo Rosário, (de forma opcional), um novo conjunto de cinco mistérios, denominados ―Mistérios Luminosos‖, os quais retratam a vida pública de Jesus, do Batismo a Paixão, sugerindo que estes poderiam ser contemplados às quinta-feiras, e os descreveu como sendo agora o segundo Terço. O Santo Rosário então passou a ser composto por (200) Ave Marias, divididas em um conjunto de (4) Terços, totalizando agora (20) mistérios sendo: Mistérios Gozosos ou da Alegria (a infância de Jesus); Mistérios Luminosos ou da Luz (a vida pública de Jesus); Mistérios Dolorosos ou da Dor (a Paixão e Morte de Jesus) e Mistérios Gloriosos ou da Glória (a glória de Jesus e Maria). Desta forma este quarto grupo de mistérios, denominados ―Mistérios Luminosos, (são opcionais), permanecendo a forma tradicional de Oração do Santo Rosário com (150) Ave Marias, ou (3) Terços, contemplando os Mistérios Gozosos, Mistérios Dolorosos e Mistérios Gloriosos. Sendo que em cada Terço são contemplados um conjunto de (5) Mistérios, juntamente com a oração de (5) dezenas de Ave Marias, intercaladas por (5) Pai Nossos, mais as orações rezadas no início e no final do Terço. Portanto, cada conjunto de mistérios corresponde a um Terço. Assim o objeto Terço atualmente corresponde a quarta parte do Rosário, porem não teve o seu nome modificado e continua a ser chamado de Terço. Considerações importantes sobre o Terço e o Rosário: O Terço nos coloca diante da Santíssima Trindade e de Maria. A oração central do Terço é Jesus. O grande segredo do Terço está na meditação dos Mistérios da nossa redenção, vividos por Jesus e Maria. Todos os que hoje são proclamados “santos” rezaram o Terço. Os Papas o rezam e o enaltecem. A Igreja não se opõe, em nenhum aspecto, em relação ao Terço. Nossa Senhora sempre pediu, em todas as suas aparições, que as pessoas rezem o Terço todos os dias. 26


(Capítulo - V)

As Promessas Da Virgem do Rosário 27


AS QUINZE PROMESSAS DE NOSSA SENHORA AOS DEVOTOS DO SANTO ROSÁRIO A tradição religiosa relata que a Virgem Maria em Suas aparições, transmitiu pessoalmente a São Domingos de Gusmão e ao Santíssimo Alan de La Roche, as Quinze Promessas que Fez a todos aqueles que rezarem devotamente o Seu Santo Rosário: 1. Quem Me servir rezando o Rosário constantemente, receberá uma graça especial; 2. Aos que rezarem devotamente o Rosário prometo Minha especial proteção e graça inestimável; 3. O Rosário será uma arma poderosíssima contra o inferno, destruirá os vícios, livrará dos pecados e dissipará as heresias; 4. O Rosário fará florescer as virtudes e as boas obras, e permitirá que os devotos obtenham a mais abundante misericórdia divina, substituindo no coração dos homens o amor do mundo, pelo amor de Deus, elevando-os a desejar os bens celestes e eternos. Quantas almas se santificarão por este meio! 5. A alma que por meio do Rosário recorrer a Mim não perecerá; 6. Quem rezar devotamente o Rosário, meditando sobre os seus mistérios, não será oprimido pela desgraça. Se for pecador, se converterá, se for justo, crescerá em graças e se tornará digno da vida eterna. 7. Os verdadeiros devotos do Meu Rosário não morrerão sem antes receber os Sacramentos da Igreja; 8. Todos aqueles que rezarem o Meu Rosário, terão durante a vida e na morte, a luz de Deus e a plenitude de Suas graças, e participarão dos méritos dos bem-aventurados. 9. As almas devotas do Rosário que forem para o purgatório, Eu as libertarei no mesmo dia; 10. Os verdadeiros filhos de Meu Rosário desfrutarão de grande Glória no Céu. 11. Tudo o que for pedido por meio de Meu Rosário será concedido. 12. Aqueles que propagarem o Meu Rosário, serão socorridos por Mim em todas as suas necessidades. 13. Eu alcançarei do Meu Divino Filho, que todos os devotos do Rosário, tenham por irmãos em sua vida e na hora de sua morte, os Santos do Céu. 14. Todos aqueles que rezarem fielmente o Rosário, serão meus filhos amados, irmãos e irmãs de Jesus Cristo, meu Unigênito. 15. A devoção ao Meu Rosário é um grande sinal de salvação. 28


(Capítulo - VI)

O Significado Dos Mistérios Do Santo Rosário 29


O SIGNIFICADO DOS MISTÉRIOS DO TERÇO / ROSÁRIO a) - Os Mistérios do Santo Rosário Cabe um esclarecimento importante sobre os Mistérios do Santo Rosário: O Terço tradicional possuía três grupos de Mistérios denominados: Mistérios Gozosos, Mistérios Dolorosos e Mistérios Gloriosos, porém em "16 de outubro de 2002, em sua Carta Apostólica "Rosarium Virginis Mariae", o Papa João Paulo II propôs um novo Grupo de Mistérios denominado de Mistérios Luminosos, composto também de cinco Mistérios, os quais deverão ser rezados às quintas-feiras. Ao Anunciar o novo Grupo de Mistérios denominados Mistérios Luminosos o Papa João Paulo II ressaltou seu caráter cristológico: contemplando os Mistérios da vida pública de Jesus, do Batismo à Paixão. Com este novo modo de rezar, o Papa João Paulo II quis enfatizar ainda mais a idéia do Santo Rosário como um pequeno resumo do Evangelho. E assim recordamos a encarnação e a vida de Jesus nos Mistérios Gozosos, depois alguns momentos significativos da vida pública de Jesus nos Mistérios Luminosos, em seguida consideramos os sofrimentos da Paixão de Cristo nos Mistérios Dolorosos, e por fim concentramos nossa meditação no triunfo da Ressurreição de Cristo nos Mistérios Gloriosos. Da mesma forma que se rezava originalmente o Santo Rosário, a cada três Terços rezados tem-se um Rosário completo. Assim é ―opcional‖ rezar o quarto Grupo de Mistérios, instituídos pelo Papa João Paulo II, denominado Mistérios Luminosos, compostos também de cinco Mistérios, os quais retratam alguns momentos importantes da vida publica de Jesus.

b) - Oração e Meditação dos Mistérios do Santo Rosário A meditação de cada mistério acha sua base na Sagrada Escritura, sendo opcional a leitura do trecho que narra o que será contemplado antes de cada Ave Maria. Em sua maioria, as leituras são dos Evangelhos, mas também há trechos do Antigo Testamento que ajudam a compreender o que se passou na ocasião, ou então comentários doutrinários sobre estas passagens contidas nas epístolas. Os dois últimos mistérios (Assunção e coroação) não são do Evangelho, mas profetizados: por exemplo, no Livro de Judite, uma mulher salva o povo; nos Salmos, há freqüentes elogios a uma figura feminina, presentes também no Cântico dos Cânticos; e, definitivamente, no Apocalipse, um sinal nos céus apresenta uma mulher como Rainha, que a Tradição Apostólica, desde os primeiros tempos, afirmou tratar-se de Maria.

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c) - A Meditação do Santo Rosário A meditação faz com que nossa fé e nossa confiança em Jesus e Maria sejam aumentadas, dando-nos a certeza da sagrada presença. "Onde uma ou mais pessoas estiverem reunidas em meu nome aí estarei EU no meio deles!" Esta afirmação é do próprio Jesus. Aqueles que oram o Terço ou o Rosário diariamente contemplam na verdade bíblica, o novo testamento contido em uma oração, que nos mostra a nossa redenção e salvação. O Terço não é uma oração repetitiva, é mais que uma devoção: é um caminho que nos mostra a porta de entrada da salvação: Jesus. O Rosário é uma oração católica em honra da Santíssima Virgem Maria, formado tradicionalmente por três Terços. Sendo que cada Terço compreende cinco mistérios da vida de Nosso Senhor Jesus Cristo e de Nossa Senhora. Os mistérios são formados basicamente por um Pai Nosso e dez Ave-Marias. Cada mistério recorda uma passagem importante da história da salvação, segundo a doutrina católica, e cada Terço é constituído por cinco mistérios.

Obs.: O Rosário é dividido em 15 mistérios. Pode ser rezado os quinze de uma única vez, ou ser dividido em três Terços. Obs.: Costuma-se rezar diariamente um desses conjuntos de cinco Mistérios. A Igreja, reconhecendo a importância dessa prática de piedade, concedendo indulgência plenária a quem reza o Terço em família, nas condições habituais.

d) - A Importância de Rezar o Terço / Rosário O Terço nos leva diariamente ao estudo e a meditação profunda da Palavra Sagrada da Bíblia e das passagens mais importantes do Evangelho. Rezar o Terço / Rosário diariamente fortalece a nossa fé na Virgem Maria, e em Deus, (Pai, Filho e Espírito Santo), sempre tão presente em nossas vidas.

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(Capítulo - VII)

A Importância Do Santo Rosário Na Vida dos Cristãos 32


A ATUALIDADE DO SANTO ROSÁRIO No dia 16 de outubro, Sua Santidade o Papa João Paulo II ao comemorar o 24º aniversário de Pontificado, proclamou através da Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae o Ano do Rosário: de outubro de 2002 a outubro de 2003 e anexou os "Mistérios Luminosos", as orações do Santo Terço. Irmã Lúcia, única sobrevivente das Aparições de Nossa Senhora em Fátima, no livro "Apelos da Mensagem de Fátima", dedica muitas páginas ao pedido da Virgem Santíssima: "Rezem o Terço todos os dias" . Esta recomendação, nossa Mãe Santíssima a repetiu em todas as Aparições, suplicando a humanidade que rezasse o Terço, que não se preocupasse somente com o trabalho. Este fato pode levar-nos a conjeturar: Qual teria sido o motivo porque Nossa Senhora nos recomendou rezar o Terço ou o Rosário todos os dias, com tanta insistência, e não nos mandou ir participar da Santa Missa todos os dias? Sem considerarmos o valor da Santa Missa, que é incomensurável por ser a oração mais completa, porque é o memorial da Vida, Paixão, Morte e a Gloriosa Ressurreição do Senhor Jesus, a resposta é simples e compreensível: Nossa Senhora nos convida a rezar o Terço ou o Rosário diariamente, porque Deus quer e Ele é um Pai amoroso, repleto de misericórdia e bondade. Se por meio de Nossa Senhora o Senhor nos pedisse para participarmos todos os dias da Santa Missa, por certo haveria muitos que iam apresentar motivos, para justificar a ausência, dizendo que para eles não seria possível. Ao contrário, a oração do Terço é acessível a todos: aos pobres, ricos, sábios, ignorantes, homens, mulheres, jovens, grandes e pequenos, sem exceções. Todas as pessoas de boa vontade, podem rezar o Terço ou o Rosário na Igreja, diante do Santíssimo, ou no lar, em família ou sozinho, no quarto, no trabalho, no transporte e até na rua. O horário também não importa. Ele pode ser rezado pela manhã, a tarde ou a noite. Por isso mesmo, todos, estão convidados a rezá-lo, inclusive aquelas pessoas que tem a possibilidade de freqüentar a Santa Missa diariamente; elas também, não devem descuidar da reza do Terço ou do Rosário. Bem entendido, em outro horário apropriado ao longo do dia. Evidentemente não rezar o Terço exatamente no momento em que está participando de uma Santa Missa. A meditação dos Mistérios do Rosário nos transporta para junto de Deus e de nossa Mãe Santíssima, revestindo o espírito das pessoas de uma profunda confiança e muita tranqüilidade, revigorando a disposição e estimulando a vontade, além de proporcionar uma agradável alegria interior. Aos que dizem que o Terço é uma prece antiquada e monótona, devido à repetição das orações que o compõe, seria bom que estas pessoas recordassem que na vida tudo acontece numa continua repetição dos mesmos atos. Deus quis assim! Para vivermos, aspiramos e expiramos o ar dos pulmões sempre do mesmo modo; o coração bate continuamente no mesmo ritmo; o sol, as estrelas e todos os astros, seguem rigorosamente a sua trajetória durante os séculos; o dia sucede à noite, ano após ano, do mesmo modo; as plantas brotam na primavera, cobrem-se de flores, dão frutos; enfim, tudo na vida obedece a um ritmo, funcionando em perfeita sintonia com a Vontade de Deus! Entretanto, nunca ninguém disse que isso é monótono! E realmente não pode dizer, porque tudo isso é parte da maravilhosa 33


Obra Divina. Pois bem, na vida espiritual também é assim, temos a necessidade de repetir continuamente as mesmas orações, os mesmos atos de fé, de esperança e caridade, para nos sentirmos ligados a Deus e termos vida em plenitude, visto que a nossa vida é uma continuada participação na Vida de Deus. Rezar e pedir sempre não significa imaginar que desconfiamos da bondade Divina, que estamos recordando ao Senhor para que Ele não se esqueça de nosso pedido. Não! Não é assim! Ao contrário, repetir a oração é gesto de humildade, e de muita confiança. É ter a certeza de que Deus é tão bom, que apesar de nossos muitos pecados, Ele aceita aquele insignificante sacrifício de repetir orações, como se fosse uma grandiosa e eloqüente demonstração de nosso amor. Assim, os que rezam diariamente o Terço, são como filhos carinhosos que todos os dias dispõe de alguns minutos de seu tempo para visitar o Pai Eterno, para Lhe fazer companhia, manifestar-Lhe gratidão por tudo o que Ele nos proporciona. E também é o momento para nos colocarmos a disposição Dele, recebermos os conselhos Paternos e a orientação necessária a nossa existência. Alguém poderia dizer: isto é fantasia, como isto é possível se não vemos Deus? Não vemos o Criador com os olhos da carne, mas sempre podemos ouvi-Lo e enxergá-Lo com os ouvidos e os olhos da alma. É preciso crer e ter fé. Quanto maior for a sua fé e sua confiança em Deus, mais nítida e melodiosa ouvirá em seu coração os acordes da Voz do Senhor. Assim, no momento das orações, devemos permanecer humildes e unidos ao Senhor. E por isso, devemos pedir também a benção Divina, porque ela guardará a nossa vida e encherá o nosso espírito com graças e virtudes, a fim de destemidamente continuarmos com a missão que Ele mesmo nos confiou. Estas providências são necessárias, porque naqueles minutos maravilhosos de oração, acontece o precioso e inefável intercâmbio de amor, que une a criatura ao Criador, promovendo a união do filho ao Pai Eterno e do Pai Eterno a todos os seus filhos numa sobrenatural corrente de esperança e fé. E o Senhor sempre repleto de bondade, naquele momento especial derrama torrencialmente o seu infinito Amor no interior do coração daqueles que buscam a sua tão carinhosa e paternal proteção.

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A IMPORTÂNCIA DO SANTO ROSÁRIO A Igreja pela voz de seus Pastores, atribui os seus maiores triunfos à piedosa recitação do Rosário de Nossa Senhora. E por isso mesmo, a gratidão da cristandade é expressada pela boca dos Sumos Pontífices: O Papa Urbano IV disse: "Pelo Rosário, todos os dias desce dos Céus uma chuva de bênçãos sobre o povo cristão"; O Papa Sixto IV falou: "O Rosário é a oração oportuna para honrar a Deus e a Virgem Maria, assim como afastar para bem longe os iminentes perigos do mundo"; O Papa Pio V disse: "Propagando-se esta devoção entre os cristãos, irá propiciá-los à meditação dos mistérios inflamados por esta oração, e assim, começarão a transformar-se em outros homens, enquanto as trevas das heresias dissipar-se-ão e difundir-se-á a luz da fé católica"; O Papa Leão XIII falou: "... de modo que, ao recitarmos bem o Rosário, sentimos em nossa alma uma unção suavíssima, como se ouvíssemos a própria voz da MÃE celestial, que amavelmente nos ensina os Divinos Mistérios e nos indica o caminho da salvação"; O Papa João Paulo II falou: "Com o Rosário, o povo cristão freqüenta a escola de Maria, para deixar-se introduzir na contemplação da beleza do rosto de Cristo e na experiência da profundidade do seu amor"; O Papa João Paulo II ainda falou: "O Rosário é o compêndio da Bíblia. Nele meditamos, em cada mistério, todas as passagens bíblicas: os Mistérios da Alegria (ou Gozosos - da Anunciação do Anjo até o encontro do Menino Jesus no Templo); Mistérios da Luz (ou Luminosos - do Batismo de Jesus até a Instituição da Eucaristia); Mistérios da Dor (ou Dolorosos - da Agonia de Jesus no horto até a sua Crucificação) e os Mistérios da Glória (ou Gloriosos - da Ressurreição de Jesus até à coroação de Nossa Senhora no Céu)".

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(Capítulo - VIII)

Os Mistérios Do Santo Rosário 36


Os Mistérios Do Santo Rosário (Síntese) 37


Os Mistérios do Terço / Rosário - (Síntese) Mistérios Gozosos - ou (DA ALEGRIA) - (segundas-feiras e sábados) (Natalidade e crescimento de Jesus) 1. A anunciação (cf. Lc 1,26-39) - Fruto do Mistério: Humildade. 2. A visitação (cf. Lc 1,39-56) - Fruto do Mistério: Amor aos vizinhos. 3. A natividade (cf. Lc 2,1-15) - Fruto do Mistério: Desapego das coisas do mundo, desprezo as riquezas e amor aos pobres. 4. A apresentação de Jesus no templo e a purificação de Maria (cf. Lc 2,22-33) - Fruto do Mistério: Pureza, obediência. 5. O encontro do Menino Jesus no templo entre os Doutores (cf. Lc 2,42-52) - Fruto do Mistério: A verdadeira sabedoria e conversão, piedade, alegria de encontrar Jesus.

Mistérios Dolorosos - ou (DA DOR) - (terças-feiras e sextas-feiras) (Agonia, sofrimento e morte: Amor aos pecadores) 1. A agonia de Jesus no Horto das Oliveiras (cf. Mc 14,32-43) - Fruto do Mistério: Contrição pelo pecado, uniformidade com a vontade de Deus. 2. A flagelação de Jesus (cf. Jo 18,38-40; 19,1) - Fruto do Mistério: Mortificação, pureza. 3. Jesus é coroado de espinhos (cf. Mt 27,27-32) - Fruto do Mistério: Desprezo do mundo, coragem. 4. Jesus a caminho do Calvário carregando a Cruz (cf. Lc 23,20-32; Mc 8,34b) - Fruto do Mistério: Paciência.

5. A crucificação Jesus (cf. Lc 23,33-47) - Fruto do Mistério: A salvação, o perdão.

Mistérios Gloriosos - ou (DA GLÓRIA) - (quartas-feiras e domingos) (Vitória, salvação, proteção) 1. A ressurreição de Jesus (cf. Mc 16,1-8) - Fruto do Mistério: Fé. 2. A ascensão de Jesus (cf. At 1,4-11) - Fruto do Mistério: A esperança e o desejo de entrar no paraíso. 3. A descida do Espírito Santo (cf. At 2,1-13) - Fruto do Mistério: Sabedoria divina para conhecer a verdade e compartilhar com todos, caridade divina, culto ao Espírito Santo. 4. A assunção de Nossa Senhora (cf. l Cor 15,20-23.53-55) - Fruto do Mistério: Graça de uma morte feliz, verdadeira devoção a Maria. 5. A coroação de Nossa Senhora (cf. Ap 12,1-6) - Fruto do Mistério: Perseverança, confiança na intercessão de Maria.

Mistérios Luminosos - ou (DA LUZ) - (quintas-feiras) (A humildade, os milagres e o eterno Amor) 1. O batismo de Jesus no rio Jordão (cf. Mt 3,13-16) - Fruto do Mistério: A abertura para o Espírito Santo, o Curador. 2. A auto-revelação de Jesus nas Bodas de Caná (cf. Jo 2,1-12) - Fruto do Mistério: A compreensão da capacidade de manifestação da fé.

3. Jesus anuncia o Reino de Deus e convida à conversão (cf. Mc 1,14-215) - Fruto do Mistério: Confiança em Deus, conversão. 4. A transfiguração de Jesus (cf. Lc 9,28-36) - Fruto do Mistério: Desejo de santidade. 5. A Instituição da Eucaristia na última Ceia (cf. Mt 26,26-29) - Fruto do Mistério: Adoração. 38


Os Mistérios Do Santo Rosário (Versão Resumida) (Destacando os Frutos dos Mistérios) 39


MISTÉRIOS GOZOSOS - ou (DA ALEGRIA) - (segundas-feiras e sábados) (Natalidade e crescimento de Jesus)

1º Mistério Gozoso: A anunciação (cf. Lc 1,26-39)

Contemplamos o Anjo Gabriel anunciando a Maria que ela será a mãe de Jesus. E a Encarnação do Verbo. Fruto do Mistério: Humildade.

2º Mistério Gozoso: A visitação (cf. Lc 1,39-56)

Contemplamos Nossa Senhora, que vai visitar sua prima Santa Isabel. Permanece com ela durante três meses. Fruto do Mistério: Amor aos vizinhos.

3º Mistério Gozoso: A natividade (cf. Lc 2,1-15)

Contemplamos o nascimento de Jesus em uma gruta em Belém. Não havia lugar para eles na hospedaria da cidade. Jesus nasce numa manjedoura na mais completa pobreza. Fruto do Mistério: Desapego das coisas do mundo, desprezo as riquezas e amor aos pobres.

4º Mistério Gozoso: A apresentação de Jesus no templo e a purificação de Maria (cf. Lc 2,22-33)

Contemplamos a purificação de Nossa Senhora, cumprindo a Lei de Moisés: apresenta Jesus no Templo, onde se encontrava o velho Simeão. Fruto do Mistério: Pureza, obediência.

5º Mistério Gozoso: O encontro do Menino Jesus no templo entre os Doutores (cf. Lc 2,4252)

Contemplamos Jesus, ainda adolescente, que permanece no Templo durante três dias em companhia dos Doutores da lei; falando, escutando e interrogando sobre as coisas de seu Pai. Fruto do Mistério: A verdadeira sabedoria e conversão, piedade, alegria de encontrar Jesus.

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MISTÉRIOS DOLOROSOS - ou (DA DOR) - (terças-feiras e sextas-feiras) (Agonia, sofrimento e morte: Amor aos pecadores)

1º Mistério Doloroso: A agonia de Jesus no Horto das Oliveiras (cf. Mc 14,32-43)

Contemplamos a oração, o sofrimento e a agonia de Jesus no Horto das Oliveiras. Fruto do Mistério: Contrição pelo pecado, uniformidade com a vontade de Deus.

2º Mistério Doloroso: A flagelação de Jesus (cf. Jo 18,38-40; 19,1)

Contemplamos Jesus, que, amarrado a uma coluna, em casa de Pilatos, é cruelmente açoitado e injustamente flagelado. Fruto do Mistério: Mortificação, pureza.

3º Mistério Doloroso: Jesus é coroado de espinhos (cf. Mt 27,27-32)

Contemplamos Jesus, sendo coroado de espinhos por seus algozes. É ridicularizado diante de todos e sofre em silêncio. Fruto do Mistério: Desprezo do mundo, coragem.

4º Mistério Doloroso: Jesus a caminho do Calvário carregando a Cruz (cf. Lc 23,20-32; Mc 8,34b)

Contemplamos Jesus, que, condenado à morte, carrega em seus próprios ombros a cruz na qual será crucificado. Fruto do Mistério: Paciência.

5º Mistério Doloroso: A crucificação de Jesus (cf. Lc 23,33-47)

Contemplamos Jesus, sendo crucificado e morrer na cruz por todos nós. Vive três horas da mais intensa agonia. Fruto do Mistério: A salvação, o perdão.

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MISTÉRIOS GLORIOSOS - ou (DA GLÓRIA) - (quartas-feiras e domingos) (Vitória, salvação, proteção)

1º Mistério Glorioso: A ressurreição de Jesus (cf. Mc 16,1-8)

Contemplamos Jesus, que ressuscita, vencendo a morte. Jesus ressurge glorioso do sepulcro. Fruto do Mistério: Fé.

2º Mistério Glorioso: A ascensão de Jesus (cf. At 1,4-11)

Contemplamos a subida de Jesus ao céu com admirável glória. Fruto do Mistério: A esperança e o desejo de entrar no paraíso.

3º Mistério Glorioso: A descida do Espírito Santo (cf. At 2,1-13)

Contemplamos a vinda do Espírito Santo sobre Nossa Senhora e os Apóstolos. (Pentecostes). Fruto do Mistério: Sabedoria divina para conhecer a verdade e compartilhar com todos, caridade divina, culto ao Espírito Santo.

4º Mistério Glorioso: A assunção de Nossa Senhora (cf. l Cor 15,20-23.53-55)

Contemplamos a gloriosa assunção de Nossa Senhora ao céu. Fruto do Mistério: Graça de uma morte feliz, verdadeira devoção a Maria.

5º Mistério Glorioso: A coroação de Nossa Senhora (cf. Ap 12,1-6)

Contemplamos Nossa Senhora, sendo coroada Rainha do céu e da terra, e intercessora por todos nós junto a seu filho Jesus. Fruto do Mistério: Perseverança, confiança na intercessão de Maria.

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MISTÉRIOS LUMINOSOS - ou (DA LUZ) - (quintas-feiras) (A humildade, os milagres e o eterno Amor)

1º Mistério Luminoso: O batismo de Jesus no rio Jordão (cf. Mt 3,13-16)

Contemplamos Jesus sendo batizado por João Batista no rio Jordão. Enquanto Cristo desce à água do rio, como inocente que se faz pecado por nós, o céu se abre e a voz do Pai proclama-o Filho dileto, ao mesmo tempo em que o Espírito vem sobre ele para investi-lo na missão que o espera. Fruto do Mistério: A abertura para o Espírito Santo, o Curador.

2º Mistério Luminoso: A auto-revelação de Jesus nas bodas de Caná (cf. Jo 2,1-12)

Contemplamos a realização do primeiro milagre de Jesus, transformando água em vinho nas Bodas de Caná, abrindo à fé e o coração dos discípulos pela intervenção de Maria, a primeira entre os que crêem. Fruto do Mistério: A compreensão da capacidade de manifestação através da fé.

3º Mistério Luminoso: Jesus anuncia o Reino de Deus e convida à conversão (cf. Mc 1,14215)

Contemplamos a pregação com a qual Jesus anuncia o advento do Reino de Deus e convida à conversão, perdoando os pecadores de quem se dirige a ele com humilde confiança, início do ministério de misericórdia que ele prosseguirá exercendo até o fim do mundo, especialmente através do sacramento da reconciliação confiado à sua Igreja. Fruto do Mistério: Confiança em Deus, conversão.

4º Mistério Luminoso: A transfiguração de Jesus (cf. Lc 9,28-36)

Contemplamos a transfiguração de Jesus que, segundo a tradição, se deu no monte Tabor. A glória da divindade reluz no rosto de Cristo, enquanto o Pai o credencia aos apóstolos extasiados para que o "escutem" e se disponham a viver o momento doloroso da paixão, a fim de chegarem com ele à glória da ressurreição e a uma vida transfigurada pelo Espírito Santo. Fruto do Mistério: Desejo de santidade.

5º Mistério Luminoso: A Instituição da Eucaristia na última Ceia (cf. Mt 26,26-29)

Contemplamos a instituição da Eucaristia, na qual Cristo se faz alimento com o seu corpo e o seu sangue, sob os sinais do pão e do vinho, testemunhando "até o extremo" seu amor pela humanidade, por cuja salvação se oferecerá em sacrifício. Fruto do Mistério: Adoração. 43


Os Mistérios Do Santo Rosário (Versão Completa) (Refletindo sobre os Frutos dos Mistérios) 44


MISTÉRIOS GOZOSOS - ou (DA ALEGRIA) - (segundas-feiras e sábados) (Natalidade e crescimento de Jesus) 1º Mistério: ANUNCIAÇÃO – O ANJO ANUNCIA A MARIA QUE ELA SERÁ MÃE DO FILHO DE DEUS – O SIM... Contemplamos a anunciação do anjo Gabriel à Nossa Senhora e a encarnação do verbo de Deus em seu ventre. "Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a vossa palavra" - aqui vemos em Maria o despojamento, a humildade, o amor a Deus e a entrega de si mesma. Meditação: Hoje o Senhor nos chama dar o sim para Jesus; nascer em nosso coração em nossa vida, dar sentido à nossa vida terrena e acolher o plano de Deus para nossa salvação 2º Mistério: MARIA VISITA SUA PRIMA IZABEL IDOSA QUE ESTAVA GRÁVIDA DE JOÃO BATISTA – ANUNCIANDO A BOA-NOVA... Contemplamos a visitação de Nossa Senhora à Santa Isabel. "E partindo às pressas foi às montanhas ficar com sua prima que já de idade avançada estava grávida"... Isabel a saúda: Tu és bendita... como posso merecer que a MÃE do meu Senhor venha me visitar, quando adentrastes pela porta a criança saltou em meu ventre. Maria responde: "Minha Alma glorifica o Senhor... Meu espírito exulta em Deus Meu Salvador!" A humildade e a entrega de si mesma em favor dos mais necessitados; hoje Deus nos chama a trabalhar em sua vinha, sair de nossa comodidade e procurar os que estão necessitados; não só de pão, mas de amor, apoio e do conhecimento da palavra do Senhor. 3º Mistério: JESUS NASCE EM UMA GRUTA, EM BELÉM. Contemplamos o nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo em Belém. Um Deus tão grande e poderoso vem até nós... o verbo de Deus se faz carne, sai da sua divindade e se torna um pobre mortal semelhante a nós em tudo, menos no pecado. Jesus nos mostra que nada que temos ou possuímos, nesse mundo importa, comparado àquilo que há de vir... o mais importante: a vida eterna. O orgulho de um anjo que queria ser Deus gerou o pecado. E o pagamento do pecado é a morte... ...a humildade é a chave de toda a nossa salvação, a pureza de coração, a entrega sincera a Deus é a obediência, e o benefício da obediência é a vida eterna. Pois todo aquele que crer em mim mesmo que morra eu o ressuscitarei. 4º Mistério: APRESENTAÇÃO DE JESUS AO TEMPLO Contemplamos a apresentação do Menino Jesus no Templo e a Purificação de Nossa Senhora. Uma espada de dor transpassará o vosso Coração. Apresentando o nosso coração ao Senhor para que ele faça a intervenção e retire o que impede a ação do Espírito Santo em nossa vida. E mesmo que em nossa caminhada junto ao Senhor uma espada penetre nossa alma, possamos pela força de seu Espírito Santo ver a salvação que vem de Jesus. 5º Mistério: A PERDA E O REENCONTRO DE JESUS EM JERUSALÉM Contemplamos a perda e o reencontro de Jesus no templo de Jerusalém. Maria e José perderam Jesus ainda menino aos 12 anos em Jerusalém e após três dias de dor e sofrimento o encontram no templo no meio de doutores da lei, ensinando a doutrina do Pai. A Escritura Sagrada é o caminho para encontrarmos Jesus, quando nos perdemos ou desviamos desse caminho, a conseqüência é a dor o sofrimento. Na procura diária pela leitura, estudo e reflexão da Bíblia, podemos buscar o encontro ou o reencontro com Nosso Senhor e depois viver essas palavras e ensinamentos o quanto mais cedo. E, assim como Jesus, crescer na obediência e cuidar das coisas do Pai. 45


MISTÉRIOS DOLOROSOS - ou (DA DOR) - (terças-feiras e sextas-feiras) (Agonia, sofrimento e morte: Amor aos pecadores) 1º Mistério: A AGONIA DE JESUS (Gêtsemani: vigilância, intercessão, oração) Contemplamos a grande agonia de Nosso Senhor, quando suou sangue no Horto das Oliveiras. "Minha alma está triste a ponto de morrer, ficai aqui e vigiai. "Vigiai e orai para não cairdes em tentação, o espírito está pronto, mas a carne é fraca." A oração e vigilância nos livra de cairmos nas armadilhas do demônio. Ele está sempre esperando uma oportunidade para nos fazer cair no pecado. Só com a força da oração constante podemos vencê-lo. Jesus mesmo sabendo tudo o que iria lhe acontecer, suportou toda tristeza e foi obediente ao Pai. Seguir o seu exemplo e em todas as coisas que nos acontecer, seja boa ou má ... sempre seja feito a vontade de Deus e não a nossa, pois Ele sendo Pai sabe o que é melhor para cada um de nós. 2º Mistério: A FLAGELAÇÃO DE JESUS ATADO A UMA COLUNA Contemplamos a flagelação de Nosso Senhor. O sofrimento – a humilhação o escárnio - a violência de um inocente. Toda essa humilhação e dor por todos nós, pecadores. O amor que sente por todos os seres humanos é impossível de se imaginar. E todas as vezes que pecamos e ofendemos um irmão estamos sendo os carrascos que torturaram Jesus.

3º Mistério: A COROAÇÃO DE ESPINHOS Contemplamos a coroação de espinhos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Cada ponta de espinho... um pecado – em cada gota de sangue derramado o perdão. Sua sagrada face coberta de sangue... o sangue que nos lavou e limpou de nossos pecados; na dor provocada pelos espinhos resgatou-nos da morte. O mesmo sangue que hoje derrama em cada Santa Missa Celebrada; poderoso sangue redentor, que nos cura e liberta de toda escravidão do pecado. 4º Mistério: JESUS CARREGA A CRUZ ATÉ O CALVÁRIO Contemplamos a subida dolorosa de Jesus carregando a Cruz para o Calvário. O peso dos pecados do mundo nos ombros abriram chagas que chegavam até os ossos. Todo aquele que quiser vir após mim, renegue a si mesmo toma sua cruz e siga-me. As cruzes diárias é caminho de redenção e salvação. Aceitar as cruzes é amar a Jesus e imitá-lo. O servo fiel é o que segue seu mestre e também dá a vida por outro irmão. 5º Mistério: JESUS MORRE NA CRUZ Contemplamos a crucificação e morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. Cruz, escândalo para os judeus, loucura para os gentios, consolo e sinal de fé para os cristãos. A cruz Sagrada seja a nossa luz... todo sofrimento na terra não tem comparação ao da cruz do Senhor. Por amor ao ser humano e ao pecador suportou dores incalculáveis, humilhou-se, foi insultado e desprezado, tratado como o pior dos criminosos. O maior dos tesouro de um cristão... honrar a Santa Cruz!

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MISTÉRIOS GLORIOSOS - ou (DA GLÓRIA) - (quartas-feiras e domingos) (Vitória, Salvação, Proteção) 1º Mistério: A RESSURREIÇÃO DE JESUS Contemplamos a ressurreição de Jesus. A morte não é o fim para aqueles que crêem em Jesus. A vitória sobre a morte, a esperança na vida eterna, o envio a anunciar a boa-nova, a remissão dos pecados. A paz de Jesus àqueles que O seguem.

2º Mistério: A ASCENSÃO DO SENHOR Contemplamos a ascensão de Nosso Senhor Jesus Cristo ao Céu. A volta ao Pai para preparar–nos um lugar e para cuidar de cada um de nós intercedendo junto a Deus pelo perdão de nossos pecados.

3º Mistério: A DESCIDA DO ESPÍRITO SANTO SOBRE OS APÓSTOLOS Contemplamos a vinda do Espírito Santo sobre os apóstolos reunidos com a Virgem Maria em Jerusalém. A vinda do Prometido, o Espírito Santo Paráclito: o advogado-defensor. O Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará recordar tudo os que vos disse. O Espírito Santo que recebemos no Batismo é nosso condutor, defende-nos diante do Pai, pois temos um acusador dia e noite que nos acusa diante de Deus... satanás; mas o Espírito Santo que habita em nós, ora em nós com gemidos inefáveis, pois não sabemos o que pedir a Deus. 4º Mistério: A ASSUNÇÃO DE MARIA AO CÉU Contemplamos a assunção de Nossa Senhora ao Céu: o encontro da Mãe com o Filho no céu. Concebida sem pecado, Virgem Santa merecedora de todas as graças. A filha predileta do Pai sempre fiel a Deus, guardou tudo sempre em seu coração, virgem do silêncio, seu corpo templo do Espírito Santo, Sacrário Vivo, não poderia ser corrompido pela terra como simples pecadora.

5º Mistério: A COROAÇÃO DE MARIA POR JESUS E OS ANJOS (A serva fiel de Deus tornou-se Rainha) Contemplamos a coroação de Nossa Senhora como Rainha de todos os anjos e santos. Rainha dos Anjos: Uma mulher vestida de Sol, sobre a cabeça uma coroa de estrelas e sobre o os pés a lua. Rainha da Terra, Rainha da Igreja intercessora poderosa junto a Jesus, tem poder de esmagar a cabeça do dragão infernal, na hora de nossa morte nos defenderá junto a Jesus, e a todos aqueles que por amor a ela e a seu filho forem fiéis na oração do Santo Rosário... a cada Ave-Maria depositamos uma rosa a seus pés...

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MISTÉRIOS LUMINOSOS - ou (DA LUZ) - (quintas-feiras) (A humildade, os milagres e o eterno Amor) 1º Mistério: O BATISMO DE JESUS Contemplamos o Batismo de Jesus Cristo no rio Jordão. Com atitude humilde ele nos mostra o caminho da Salvação: a aceitação de Deus como nosso único Senhor. Cristo é a luz do mundo, Luz é o atributo da divindade. "Esta era a luz verdadeira, que vindo ao mundo a todos ilumina", (Jo 1,9). "Quem me segue..."- disse Jesus terá a luz da vida", (Jo 8,12). Nós, cristãos, somos "filhos da luz", (cf. Ef 5,8). A luz de Cristo é levada a todo o mundo pelos seus discípulos. Batismo de Jesus - Enquanto Cristo desce à água do rio Jordão, como inocente que se faz pecado por nós, (cf 2Cor 5,21), o céu se abre e a voz do Pai proclama-o Filho amado, (cf Mt 3,17), ao mesmo tempo em que o Espírito o investe na missão que o esperava. 2º Mistério: A AUTO-REVELAÇÃO DE JESUS NAS BODAS DE CANÁ Contemplamos a auto-revelação de Jesus nas bodas de Caná, quando transformou água em vinho. Atendendo o pedido de Maria, Jesus inicia seu caminho em direção à Salvação dos Homens fazendo seu primeiro milagre. Auto-revelação de Jesus nas bodas de Caná - Mistério de luz é o inicio dos sinais em Caná, (cf Jo 2, 1-12), quando Cristo, transformando a água em vinho, abre a fé o coração dos discípulos graças à intervenção de Maria, a primeira entre os que crêem. 3º Mistério: O ANÚNCIO DO REINO DE DEUS Contemplamos o anúncio do Reino de Deus com o convite à conversão. Jesus nos convida a nos convertermos plenamente às leis de Deus em busca da felicidade eterna. O anúncio da Boa-Nova traz a esperança de um mundo melhor para todos os homens. Jesus anuncia o Reino de Deus com o convite à conversão - Mistério de luz é a pregação com a qual Jesus anuncia o advento do Reino de Deus e convida à conversão, (cf Mc 1,15), perdoando os pecados de quem a ele se dirige com humilde confiança, (cf Mc 2,3-1; Lc 7,47s), início do mistério de misericórdia que ele prosseguirá exercendo até o fim do mundo, especialmente da reconciliação confiado à sua Igreja, (cf Jo 20,22s). 4º Mistério: A TRANSFIGURAÇÃO Contemplamos a transfiguração de Nosso Senhor Jesus Cristo. Assim Ele mostra aos Apóstolos e a todos os seres humanos a Sua verdadeira essência divina. Sua Luz nos orienta a seguir o caminho do bem. Transfiguração de Jesus - Mistério da luz por excelência é a transfiguração que, segundo a tradição, se deu no monte Tabor. A glória da divindade reluz no rosto de Cristo, enquanto o Pai o apresenta aos apóstolos extasiados para que o "escutem", (cf Lc 9,35) e se disponham a viver com ele o momento doloroso da paixão, a fim de chegarem com ele à glória da ressurreição e a uma vida transfigurada pelo Espírito Santo. 5º Mistério: A INSTITUIÇÃO DA EUCARISTIA Contemplamos a instituição da Eucaristia. Jesus nos dá seu próprio corpo e sangue como alimento espiritual para nossas almas. É a entrega total e a maior prova de Seu Amor por toda a humanidade. Mesmo sabendo que ia ser traído e entregue ao sacrifício Ele nos deu uma mostra suprema de Sua divindade. Instituição da Eucaristia - Mistério da luz é, enfim, a instituição da Eucaristia, na qual Cristo se faz alimento com o seu corpo e o seu sangue sob os sinais do pão e do vinho, testemunhando "até o extremo" o seu amor pela humanidade, (Jo 13,1), por cuja salvação se oferecerá em sacrifício. 48


(Capítulo - IX)

Orações Do Santo Rosário (Para Memorização) 49


ORAÇÕES DO TERÇO / ROSÁRIO SINAL DA CRUZ Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém. Obs.: (É uma profissão de fé no mistério da Santíssima Trindade)

Oração Preparatória INVOCAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis, e acendei neles o fogo do Vosso amor. Enviai o Vosso Espírito, e tudo será criado, e renovareis a face da terra. Oremos: Ó Deus, que instruístes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas segundo o mesmo Espírito e gozemos sempre de sua consolação. Por Cristo, Senhor Nosso, Amém! Obs.: (Invocação do Espírito Santo é uma oração católica)

OFERECIMENTO DO TERÇO / ROSÁRIO Divino Jesus, eu Vos ofereço este Terço que vou rezar contemplando os mistérios de Vossa Redenção. Concedei-me, pela intercessão da Virgem Maria, Vossa Mãe Santíssima, a quem me dirijo, as virtudes que me são necessárias para bem rezá-lo e a graça de ganhar as Indulgências anexas a esta devoção. (Ofereço-Vos, particularmente, este terço por...) Obs.: (Oração católica de preparação para o Terço / Rosário)

CREDO Creio em Deus Pai Todo-Poderoso, Criador do céu e da terra. E em Jesus Cristo, seu único Filho Nosso Senhor, o qual foi concebido pelo poder do Espírito Santo, nasceu da Virgem Maria, padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado, desceu a mansão dos mortos, ao terceiro dia ressurgiu dos mortos, subiu ao Céu, está sentado à direita de Deus Pai, Todo-Poderoso, donde há de vir a julgar os vivos e mortos. Creio no Espírito Santo. Na Santa Igreja Católica, na comunhão dos Santos, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne, na vida eterna. Amém. Obs.: (Credo dos Apóstolos, Credo rezado no Terço)

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PAI NOSSO Pai Nosso, que estais no céu, santificado seja o Vosso Nome, venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa Vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos a quem nos tenha ofendido. E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Amém.

AVE MARIA Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco, Bendita sois Vós entre as mulheres, bendito é o fruto de Vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém

GLORIA Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Assim como era no princípio, agora e sempre, e por todos os séculos dos séculos. Amém. Obs.: GLÓRIA (Hino tradicional de Louvor e Glória á Santíssima Trindade)

JACULATÓRIA Óh! meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno. Levai as almas todas para o céu e socorrei principalmente as que mais precisarem.

AGRADECIMENTO DO TERÇO Infinitas graças Vos damos, Soberana Rainha, pelos benefícios que todos os dias recebemos de Vossas mãos liberais. Dignai-Vos agora e para sempre, tomar-nos debaixo de Vosso poderoso amparo, e, melhor expressarmos o nosso agradecimento, Vos saudamos com uma Salve Rainha. Obs.: (Agradecimento ao Terço é uma oração católica, rezada antes da conclusão do Santo Rosário, antes do Salve Rainha)

SALVE RAINHA Salve, Rainha, Mãe de Misericórdia, vida, doçura, esperança nossa, salve! A Vós bradamos, os degredados filhos de Eva. A Vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas. Eia, pois, Advogada nossa, esses Vossos olhos misericordiosos a nós volvei, e, depois deste desterro, mostrai-nos Jesus, bendito fruto de Vosso Ventre, ó Clemente, ó Piedosa, ó Doce e sempre Virgem Maria. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus, para que sejamos dignos das promessas de Cristo. Amém.

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LADAINHA DE NOSSA SENHORA Senhor, tende piedade de nós. Senhor, tende piedade de nós. Jesus Cristo, tende piedade de nós. Jesus Cristo, tende piedade de nós. Senhor, tende piedade de nós. Senhor, tende piedade de nós. Jesus Cristo, ouví-nos. Jesus Cristo, ouví-nos. Jesus Cristo, atendei-nos. Jesus Cristo, atendei-nos. Pai celeste que sois Deus, Tende piedade de nós. Filho, Redentor do mundo, que sois Deus, Tende piedade de nós. Espírito Santo, que sois Deus, Tende piedade de nós. Santíssima Trindade, que sois um só Deus, Tende piedade de nós. Santa Maria, Rogai por nós. Santa Mãe de Deus, Rogai por nós. Santa Virgem das Virgens, Rogai por nós. Mãe de Jesus Cristo, Rogai por nós. Mãe da divina graça, Rogai por nós. Mãe puríssima, Rogai por nós. Mãe castíssima, Rogai por nós. Mãe imaculada, Rogai por nós. Mãe intacta, Rogai por nós. Mãe amável, Rogai por nós. Mãe admirável, Rogai por nós. Mãe do bom conselho, Rogai por nós. Mãe do Criador, Rogai por nós. Mãe do Salvador, Rogai por nós. Mãe da Igreja, Rogai por nós. Virgem prudentíssima, Rogai por nós. Virgem venerável, Rogai por nós. Virgem louvável, Rogai por nós. Virgem poderosa, Rogai por nós. Virgem clemente, Rogai por nós. Virgem fiel, Rogai por nós. Espelho de justiça, Rogai por nós. Sede de sabedoria, Rogai por nós. Causa da nossa alegria, Rogai por nós. Vaso espiritual, Rogai por nós. Vaso honorífico, Rogai por nós. Vaso insigne de devoção, Rogai por nós. Rosa mística, Rogai por nós. Torre de David, Rogai por nós. Torre de marfim, Rogai por nós. Casa de ouro, Rogai por nós. Arca da aliança, Rogai por nós. Porta do céu, Rogai por nós. Estrela da manhã, Rogai por nós. Saúde dos enfermos, Rogai por nós. Refúgio dos pecadores, Rogai por nós. Consoladora dos aflitos, Rogai por nós. 52


Auxílio dos cristãos, Rogai por nós. Rainha dos anjos, Rogai por nós. Rainha dos patriarcas, Rogai por nós. Rainha dos profetas, Rogai por nós. Rainha dos apóstolos, Rogai por nós. Rainha dos mártires, Rogai por nós. Rainha dos confessores, Rogai por nós. Rainha das virgens, Rogai por nós. Rainha de todos os santos, Rogai por nós. Rainha concebida sem pecado original, Rogai por nós. Rainha elevada ao céu em corpo e alma, Rogai por nós. Rainha do sacratíssimo Rosário, Rogai por nós. Rainha da paz, Rogai por nós. Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, Perdoai-nos Senhor. Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, Ouví-nos Senhor. Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, Tende piedade de nós. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus, Para que sejamos dignos das promessas de Cristo. Oremos: Senhor Deus, nós Vos suplicamos que concedais aos vossos servos perpétua saúde de alma e de corpo; e que, pela gloriosa intercessão da bem-aventurada sempre Virgem Maria, sejamos livres da presente tristeza e gozemos da eterna alegria. Por Cristo Nosso Senhor. Amém.

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(Capítulo - X)

Orações De Nossa Senhora de Fátima 54


ORAÇÕES DE NOSSA SENHORA DE FÁTIMA A oração de Nossa Senhora Fátima foi recomendada por Irmã Lúcia, (vidente Lúcia), a qual conta na 4.ª Memória de seu livro que Nossa Senhora de Fátima em sua ―terceira aparição‖, no dia 13 de Julho de 1917, assim recomendou:

ORAÇÃO DE NOSSA SENHORA DE FÁTIMA ―Sacrificai-vos pelos pecadores e dizei muitas vezes, em especial sempre que fizerdes algum sacrifício: Ó Jesus, é por Vosso amor, pela conversão dos pecadores e em reparação pelos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria!”

Na mesma aparição, Nossa Senhora de Fátima ainda acrescentou:

ORAÇÃO DE NOSSA SENHORA DE FÁTIMA ―Quando rezais o terço, dizei depois de cada mistério: Ó meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno; levai as almas todas para o Céu, principalmente as que mais precisarem”

Outras orações a Nossa Senhora de Fátima para pedir saúde, e também serenidade e discernimento nas horas de tribulação e de decisões difíceis.

ORAÇÃO PEDINDO SAÚDE Senhora de Fátima, Mãe amorosa de todos os que sofrem no corpo e na alma. Cuida da saúde de teus filhos, alivia as dores e as doenças que nos afligem que nos desconcertam e nos fragilizam. Peça a teu Filho amado que tantos doentes curou pelas estradas de seu tempo, que tenha compaixão de nós, que seja Ele a nossa força. Que seja por Ele nosso sofrimento. Que Deus nos dê saúde para servi-Lo sempre, para cuidarmos uns dos outros. Mas que acima de tudo e sempre, seja feita a vontade de Deus Pai, que cuida de nós com infinito amor e incomparável ternura. Toma-nos pelas mãos, Mãe tão querida, e leva-nos a Jesus. Amém!

ORAÇÃO PEDINDO SERENIDADE E DISCERNIMENTO Virgem de Fátima, Serva fiel e cheia de santa sabedoria, Templo radiante do Espírito Santo de Deus. Seja meu socorro nesta hora tão difícil, de sombras, de angústias. Sinto-me frágil e cheio de fraqueza. O medo parece ser maior que minha vontade, a tristeza parece querer tomar conta de meus dias. Fica a meu lado, Mãe dos aflitos e dos desesperados. Não sei o que fazer, mas confio em teu amor de Mãe, em ti encontro abrigo e consolo. Ensina-me a agir e a enfrentar as adversidades como Jesus o faria. Coloca em meu coração e em meus lábios os sentimentos e as palavras dele. Que seu Santo Espírito ilumine meus passos. Amém! 55


(Capítulo - XI)

A Devoção Dos Cinco Primeiros Sábados 56


DEVOÇÃO DOS CINCO PRIMEIROS SÁBADOS

"Deus quer estabelecer no mundo a devoção a meu Imaculado Coração"

―Ato de desagravo aos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria‖

Como praticar a devoção dos Cinco Primeiros Sábados? Em Sua terceira aparição, em Fátima em 13/7/1917, a Virgem Maria anunciou que viria pedir a comunhão reparadora nos primeiros sábados. Mais tarde, em 10/12/1925, quando a Irmã Lúcia já estava na Casa das Dorotéias, em Pontevedra na Espanha, Nossa Senhora apareceu novamente, e a Seu lado via-se o Menino Jesus sobre uma nuvem luminosa, e a Virgem Maria assim lhe disse: "Olha, minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos, que os homens ingratos a todos os momentos Me cravam, com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar, e dize que todos aqueles que durante cinco meses, no primeiro sábado: - Se confessarem; - Receberem a Sagrada Comunhão; - Rezarem um Terço e; - Me fizerem companhia, meditando nos quinze mistérios do Rosário, com o fim de Me desagravar. Eu prometo assisti-los na hora da morte, com todas as graças necessárias para a salvação dessas almas."

Nota: A confissão pode ser feita durante os oito dias antes ou depois da comunhão. O Terço (cinco dezenas), pode ser rezado em qualquer hora do dia, e a meditação pode ser feita também em qualquer momento mais conveniente do dia. Pode-se meditar sobre todos os mistérios juntos, ou um único mistério em particular. 57


A confissão Em outra ocasião, no dia 15/02/1926, o Menino Jesus apareceu novamente, e perguntou a Irmã Lúcia se já tinha espalhado a devoção à sua Santíssima Mãe. Irmã Lúcia apresentou a dificuldade que algumas almas tinham de se confessar ao sábado, e pediu para ser válida a confissão de oito dias. Jesus respondeu: “Sim, pode ser de muitos mais ainda, contanto que, quando Me receberem, estejam em graça, e que tenham a intenção de desagravar o Imaculado Coração de Maria.” Irmã Lúcia perguntou: “Meu Jesus, as que se esquecerem de formar essa intenção?” Jesus respondeu: “Podem formá-la na outra confissão seguinte, aproveitando a primeira ocasião que tiverem de se confessar.”

Por que os cinco sábados? Quando a Irmã Lúcia, em oração, perguntou a Nosso Senhor o porque dos Cinco Sábados? Ele assim lhe respondeu: "Minha filha, o motivo é simples: são cinco as espécies de ofensas e blasfêmias proferidas contra o Imaculado Coração de Maria. 1. As blasfêmias contra a Imaculada Conceição; 2. Contra a Sua Virgindade; 3. Contra a Maternidade Divina, recusando, ao mesmo tempo, recebê-La como Mãe dos homens; 4. Os que procuram publicamente infundir, nos corações das crianças, a indiferença, o desprezo, e até o ódio para com esta Imaculada Mãe; 5. Os que A ultrajam diretamente nas Suas sagradas imagens. Eis, Minha filha, o motivo pelo qual o Imaculado Coração de Maria Me levou a pedir esta pequena reparação; e em atenção a ela, mover a Minha misericórdia ao perdão..." Cf. Memórias e Cartas da Irmã Lúcia, p.192 e 193, Porto, 1973.

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(PARTE - III)

Aparições De Nossa Senhora Em Fátima Na Cova da Iria 59


(Capítulo - XII)

Aparições De Nossa Senhora Aos Três Pastores 60


PRIMEIRA APARIÇÃO - (13/05/1917)

A 13 de maio, Nossa Senhora apareceu na Cova da Iria aos três pastores. Quando Nossa Senhora apareceu pela primeira vez em Fátima, no dia 13 de maio de 1917, Lúcia acabara de completar 10 anos; Francisco estava para completar 9; e Jacinta, a menor, tinha pouco mais de 7 anos. As aparições de Nossa Senhora se deram habitualmente na Cova da Iria, numa propriedade do pai de Lúcia, situada a 2,5Km de Fátima. A mãe de Deus aparecia por volta do meio-dia, sobre uma azinheira de pouco mais de um metro de altura. Por algum misterioso desígnio de Deus, as três crianças foram privilegiadas, mas desigualmente: as três viam Nossa Senhora, mas Francisco não A ouvia; Jacinta A via e ouvia, mas não lhe falava; Lúcia via e ouvia a Santíssima Virgem, e também falava com ela. Os pastorinhos estavam, naquele dia 13, brincando de construir uma casinha de pedras em redor de uma moita quando, de repente, brilhou uma luz muito intensa. Num primeiro momento pensaram que tinha sido um relâmpago, mas pouco depois avistaram, sobre uma azinheira, "uma Senhora, vestida toda de branco, mais brilhante que o Sol, espargindo luz mais clara e intensa que um copo de cristal cheio de água cristalina, atravessado pelos raios do Sol mais ardente".

As crianças, surpreendidas, pararam bem perto da Senhora, dentro da luz que a envolvia. Nossa Senhora então deu início a seguinte conversação com Lúcia: - Não tenhais medo. Eu não vos faço mal. - De onde é Vossemecê? 61


- Sou do Céu. - E que é que Vossemecê quer? - Vim para vos pedir que venhais aqui seis meses seguidos, no dia 13, a esta mesma hora. Depois vos direi quem sou e o que quero. Depois, voltarei ainda aqui uma sétima vez. - E eu vou para o Céu? - Sim, vais. - E a Jacinta? - Também. - E o Francisco? - Também; mas tem que rezar muitos Terços. Lucia lembrou-se então de perguntar por duas jovens suas amigas que haviam falecido pouco tempo antes: - A Maria das Neves já está no Céu? - Sim, está. - E a Amélia? - Estará no Purgatório até o fim do mundo.

Nossa Senhora fez então um convite explícito aos pastorinhos: - Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido, e de súplica pela conversão dos pecadores? - Sim, queremos. - Ide, pois, ter muito que sofrer, mas a graça de Deus será o vosso conforto. Nossa Senhora ainda acrescentou: "Rezem o Terço todos os dias, para alcançarem a paz para o mundo e o fim da guerra". Depois, começou a Se elevar majestosamente pelos ares na direção do nascente, até que desapareceu.

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SEGUNDA APARIÇÃO - (13/06/1917) A 13 de junho, os videntes não estavam sós, mais 50 pessoas haviam comparecido ao local. A pequena Jacinta não conseguira guardar o segredo que os três haviam combinado, e se espalhara a notícia da aparição. Desta vez, foi Lúcia que principiou a falar: - Vossemecê que me quer? - Quero que venhais aqui no dia 13 do mês que vem, que rezeis o terço todos os dias, e que aprendais a ler. Depois direi o que quero. Lúcia pediu a Nossa Senhora a cura de um doente. - Se se converter, curar-se-á durante o ano. - Queria pedir-lhe para nos levar para o Céu. - Sim, a Jacinta e o Francisco, levo-os em breve. Mas tu ficas cá mais algum tempo. Jesus quer Servir-se de ti para Me fazer conhecer e amar. Ele quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração. A quem a abraçar, prometo a salvação; e serão queridas de Deus estas almas, como flores postas por Mim a adornar o seu trono. - Fico cá sozinha? - Não, filha. E tu sofres muito? Não desanimes. Eu nunca te deixarei. O meu Imaculado Coração será o teu refúgio, e o caminho que te conduzirá até Deus. Nossa Senhora, como da primeira vez, elevou-se com majestosa serenidade e foi-se distanciando, rumo ao nascente.

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TERCEIRA APARIÇÃO - (13/07/1917)

A 13 de julho, mais de 2 mil pessoas haviam comparecido à Cova da Iria. As pessoas presentes notaram uma nuvenzinha de cor acinzentada pairando sobre a azinheira; notaram também que o sol se ofuscou e um vento fresco soprou, aliviando o calor daquele auge de verão. Novamente foi Lúcia que iniciou a conversação: - Vossemecê que me quer? - Quero que venham aqui no dia 13 do mês que vem, que continuem a rezar o Terço todos os dias, em honra de Nossa Senhora do Rosário, para obter a paz do mundo e o fim da guerra, porque só Ela lhes poderá valer. - Queria pedir-lhe para nos dizer Quem é; para fazer um milagre com que todos acreditem que Vossemecê nos aparece. - Continuem a vir aqui, todos os meses. Em outubro direi Quem sou, o que quero, e farei um milagre que todos hão de ver para acreditar. Lucia fez então alguns pedidos de graças e curas. Nossa Senhora respondeu que deviam rezar o Terço para alcançarem as graças durante o ano. Depois, prosseguiu: - Sacrificai-vos pelos pecadores, e dizei muitas vezes, em especial sempre que fizerdes algum sacrifício: Ó Jesus, é por vosso amor, pela conversão dos pecadores, e em reparação pelos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria. Deu-se então a visão do Inferno, descrita, anos depois, pela Irmã Lúcia. Esta visão constitui a primeira parte do Segredo de Fátima, revelada apenas em 1941, assim como a segunda parte a seguir:

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Após a terrível visão do inferno, os três pastorinhos levantaram os olhos para Nossa Senhora, como que para pedir socorro, e Ela, com bondade e tristeza, prosseguiu: - Vistes o inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores. Para as salvar, Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração. Se fizerem o que Eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas e terão paz. A guerra vai acabar. Mas se não deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio XI começará outra pior. Quando virdes uma noite alumiada por uma luz desconhecida, sabei que é o grande sinal que Deus vos dá, de que vai punir o mundo de seus crimes, por meio da guerra, da fome e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre. Para a impedir, virei pedir a consagração da Rússia ao meu Imaculado Coração e a comunhão reparadora nos primeiros sábados. Se atenderem aos meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz; se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas. Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, e ela se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz. Em Portugal, se conservará sempre o Dogma de Fé; etc... Aqui se insere a terceira parte do Segredo de Fátima, revelada em 13 de maio de 2000. - Isso não digais a ninguém. Ao Francisco sim, podes dizê-lo. Após uma pausa prosseguiram: - Quando rezardes o terço, dizei depois de cada mistério: Ó meu Jesus, perdoai-nos, livrainos do fogo do inferno, levai as almas todas para o Céu, principalmente aquelas que mais precisarem. - Vossemecê não me quer mais nada? - Não. Hoje não te quero mais nada. E como das outras vezes, começou a se elevar com majestade na direção do nascente, até desaparecer por completo.

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QUARTA APARIÇÃO - (15/08/1917) Os três pastorinhos foram seqüestrados, na manhã do dia 13 de agosto, pelo administrador de Ourém, a cuja jurisdição pertencia Fátima. Ele achava que os segredos de Nossa Senhora se referiam a um acontecimento político que abaria com a República, recém instalada em Portugal. Como eles nada revelaram do segredo - mesmo tendo sido deixados sem comida, presos juntamente com criminosos comuns e sofrido forte pressão -, o truculento administrador acabou por desistir do intento e devolveu os videntes a suas famílias. Mas com isso, eles tinham perdido a visita da Bela Senhora, que descera à cova de Iria, mas não os encontrara. Dois dias depois, entretanto, a Virgem novamente lhes apareceu, em um local chamado Valinhos. Como das outras vezes, seguiu-se o diálogo: - Que é que Vossemecê me quer? - Quero que continueis a ir à Cova da Iria no dia 13; que continueis a rezar o Terço todos os dias. No último mês, farei o milagre para que todos acreditem. - Que é que Vossemecê quer que se faça ao dinheiro que o povo deixa na Cova da Iria? - Façam dois andores. Um, leva-o tu com a Jacinta e mais duas meninas, vestidas de branco; o outro, que leve o Francisco com mais três meninos. O dinheiro dos andores é para a festa de Nossa Senhora do Rosário; e o que sobrar é para a ajuda de uma capela, que hão de mandar fazer. - Queria pedir-Lhe a cura de alguns doentes. - Sim, alguns curarei durante o ano. Rezai, rezai muito; e fazei sacrifícios pelos pecadores, que vão muitas almas para o inferno, por não haver quem se sacrifique e peça por elas. Em seguida, como de costume, começou a se elevar e desapareceu na direção do nascente.

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QUINTA APARIÇÃO - (13/09/1917)

A 13 de setembro, já eram 15 ou 20 mil as pessoas presentes no local das aparições. A Virgem assim falou: - Continuem a rezar o Terço, para alcançarem o fim da guerra. Em outubro virá também Nosso Senhor, Nossa Senhora das Dores e do Carmo, São José com o Menino Jesus, para abençoarem o mundo. Deus está contente com os vossos sacrifícios, mas não quer que durmais com a corda. (que usavam cingida aos rins) Trazei-a só durante o dia. - Têm-me pedido para Lhe pedir muitas coisas: a cura de alguns doentes, de um surdo-mudo. - Sim, alguns curarei. Outros, não, em outubro farei o milagre para que todos acreditem. Em seguida, começou a se elevar e desapareceu no firmamento.

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SEXTA APARIÇÃO - (13/10/1917) (O Milagre do Sol) A 13 de outubro, era imensa a multidão que acorrera à Cova da Iria: 50 a 70 mil pessoas. A maior parte chegara na véspera e ali passara a noite. Chovia torrencialmente e o solo se transformara num imenso lodaçal. A multidão rezava o terço quando, à hora habitual, Nossa Senhora apareceu sobre a azinheira: - Que é que Vossemecê me quer? - Quero dizer-te que façam aqui uma capela em minha honra; que sou a Senhora do Rosário; que continuem sempre a rezar o Terço todos os dias. A guerra vai acabar, e os militares voltarão em breve para suas casas. - Eu tinha muitas coisas para lhe pedir: se curava uns doentes e se convertia uns pecadores, etc. ... - Uns sim, outros não. É preciso que se emendem; que peçam perdão dos seus pecados. Não ofendam mais a Deus Nosso Senhor, que já está muito ofendido. Nesse momento, abriu as mãos e fez com que elas se refletissem no Sol, e começou a Se elevar, desaparecendo no firmamento. Enquanto Se elevava, o reflexo de sua própria luz se projetava no Sol. Os pastorinhos então viram, ao lado do Sol, o Menino Jesus com São José e Nossa Senhora. São José e o Menino traçavam com a mão gestos em forma de cruz, parecendo abençoar o mundo. Desaparecida esta visão, Lúcia viu Nosso Senhor a caminho do Calvário e Nossa Senhora das Dores. Ainda uma vez Nosso Senhor traçou com a mão um sinal da Cruz, abençoando a multidão. Por fim aos olhos de Lúcia apareceu Nossa Senhora do Carmo com o Menino Jesus ao colo, com aspecto soberano e glorioso. As três visões recordaram, assim, os Mistérios gozosos, os dolorosos e os gloriosos do Santo Rosário. Enquanto se passavam essas cenas, a multidão espantada assistiu ao grande milagre prometido pela Virgem para que todos cressem. No momento em que Ela se elevava da azinheira e rumava para o nascente, o Sol apareceu por entre as nuvens, como um grande disco prateado, brilhando com fulgor fora do comum, mas sem cegar a vista. E logo começou a girar rapidamente, de modo vertiginoso. Depois parou algum tempo e recomeçou a girar velozmente sobre si mesmo, à maneira de uma imensa bola de fogo. Seus bordos tornaram-se, a certa altura, avermelhados e o Astro-Rei espalhou pelo céu chamas de fogo num redemoinho espantoso. A luz dessas chamas se refletia nos rostos dos assistentes, nas árvores, nos objetos todos, os quais tomavam cores e tons muito diversos, esverdeados, azulados avermelhados, alaranjados etc. 68


Três vezes o Sol, girando loucamente diante dos olhos de todos, se precipitou em ziguezague sobre a terra, para pavor da multidão que, aterrorizada, pedia a Deus perdão por seus pecados e misericórdia.

O fenômeno durou cerca de 10 minutos. Todos o viram, ninguém ousou pô-lo em dúvida, nem mesmo livres-pensadores e agnósticos que ali haviam acorrido por curiosidade ou para zombar da credulidade popular.

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Não se tratou, como mais tarde imaginaram pessoas sem fé, de um fenômeno de sugestão ou excitação coletiva, porque foi visto a até 40 km de distância, por muitas pessoas que estavam fora do local da aparições e portanto fora da área de influência de uma pretensa sugestão ou excitação.

Mais um pormenor espantoso notado por muitos: as roupas, que se encontravam encharcadas pela chuva no início do fenômeno, haviam secado prodigiosamente minutos depois.

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(Capítulo - XIII)

O Santuário de Fátima 71


O SANTUÁRIO DE FÁTIMA Origem: Wikipédia (Texto adaptado)

Vista geral da Basílica de Nossa Senhora de Fátima

O Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima (mais conhecido por Santuário de Fátima), localizado na Cova da Iria, freguesia de Fátima, Portugal, é um dos mais importantes santuários marianos do mundo. O atual reitor deste santuário é o Padre Carlos Manuel Pedrosa Cabecinhas. Em 1917, ano da revolução soviética, Jacinta Marto, Francisco Marto e Lúcia dos Santos, conhecidos por "os três pastorinhos", dizem ter presenciado seis aparições de Nossa Senhora nos dias 13, de maio a outubro, sendo que em agosto aconteceu no dia 19. No essencial da mensagem, Nossa Senhora teria pedido que se rezasse o Terço todos os dias, conversão, e penitência. Numa dessas aparições, a Virgem Maria pediu para construírem uma capela naquele lugar, que atualmente é a parte central do Santuário, onde está guardada uma imagem de Nossa Senhora. No decorrer dos anos, o Santuário foi sendo expandido até aos dias de hoje, existindo já duas basílicas, aumentando assim a capacidade de acolhimento de peregrinos em recinto coberto. O Santuário de Fátima é composto principalmente pela Capelinha das Aparições, o Recinto da Esplanada do Rosário, a Basílica de Nossa Senhora do Rosário e as colunatas, Casa de Retiros de Nossa Senhora do Carmo e Reitoria, Casa de Retiros de Nossa Senhora das Dores e Albergue para Doentes, Praça Pio XII e Centro Pastoral Paulo VI, e também a vasta Basílica da Santíssima Trindade, inaugurada a 13 de outubro de 2007. Destacam-se ainda a Capela do Lausperene (louvor permanente), onde está exposto permanentemente o Santíssimo Corpo de Cristo na Hóstia Consagrada e a Capela da Reconciliação, dedicada à celebração do Sacramento da Reconciliação (confissão). 72


CAPELINHA DAS APARIÇÕES

A Capelinha das Aparições de Fátima, em Portugal.

Vista geral da Capelinha das Aparições

Detalhe da Capelinha das Aparições

A Capelinha das Aparições está localizada na Cova da Iria no Santuário de Fátima. O pedestal, onde se encontra a Imagem de Nossa Senhora, marca o local exato onde estava a pequena azinheira sobre a qual Nossa Senhora apareceu aos Pastorinhos em 13 de maio, junho, julho, setembro e outubro de 1917, sendo que no mês de agosto se deu no dia 19.[4] A Capelinha foi construída em resposta ao pedido de Nossa Senhora "quero que façam aqui uma capela em minha honra", e assim foi construída uma modesta capela no local exato das aparições. De 28 de abril a 15 de junho de 1919, a tarefa foi executada pelo pedreiro Joaquim Barbeiro de Santa Catarina da Serra.[1] A 13 de outubro de 1921, foi permitida oficialmente pela primeira vez, a celebração da Missa, junto à Capelinha.[3] Em 6 de março de 1922, foi dinamitada por desconhecidos, mas foi reconstruída nesse mesmo ano.[3] 73


Em 1982 foi construído um vasto alpendre, tendo sido inaugurado quando da visita do Papa João Paulo II, em 12 de maio desse ano. Em 1988, ―Ano Mariano‖, foi forrado com madeira de pinho, proveniente da Rússia, norte da Sibéria. Foi escolhida esta madeira pela sua durabilidade e leveza.[3] A capelinha original, embora sujeita a ligeiras reparações no decorrer dos anos, mantém os traços de uma ermida popular.

A IMAGEM DE NOSSA SENHORA DE FÁTIMA

Imagem original de Nossa Senhora de Fátima na Capelinha das Aparições

A imagem original de Nossa Senhora de Fátima foi oferecida por Gilberto Fernandes dos Santos em 1920, e encomendada à Casa Fânzeres de Braga, segundo as indicações da Irmã Lúcia. A obra de escultura foi realizada por José Ferreira Thedim em madeira, cedro do Brasil, a qual mede 1,10 m e pesa 19 quilos. Thedim realizou algumas alterações na imagem, mais tarde, nos anos 50.[2] [20] A 13 de maio de 1920, a imagem de Nossa Senhora de Fátima foi benzida na Igreja Paroquial de Fátima pelo Reverendo António de Oliveira Reis, arcebispo de Torres Novas.[1] A imagem é entronizada na Capelinha a 13 de junho do mesmo ano. É coroada solenemente a 13 de maio de 1946 pelo pontifício Cardeal Bento Aloisi Masella.[2] A coroa de ouro foi oferecida por um grupo de mulheres portuguesas a 13 de outubro de 1942, em ação de graças por Portugal não ter entrado na Segunda Guerra Mundial. Foi executada gratuitamente por 12 artesãos em Lisboa durante três meses. Pesa 1200 gramas e contém 313 pérolas e 2679 pedras preciosas. Tem incrustada a bala oferecida por João Paulo II no atentado de que foi vítima em Roma, a 13 de maio de 1981, em sinal de agradecimento à Virgem, por lhe salvo a vida.[2] Ao longo dos anos foram executadas 12 réplicas "peregrinas" da imagem, de modo a satisfazer os muitos pedidos, que foram surgindo no país e no estrangeiro, para à receber. 74


Em junho de 2013, pela primeira vez, a imagem saiu da capelinha para ser analisado o seu estado de conservação. Os exames foram feitos no Instituto Politécnico de Tomar e revelaram estar em bom estado, diante de sua idade quase centenária. A saída da imagem de Fátima obrigou a medidas de segurança especiais, incluindo guardas e agentes de seguros.[20]

AS VIAGENS DA IMAGEM ORIGINAL DE NOSSA SENHORA DE FÁTIMA A imagem apenas deixa a Capelinha das Aparições em ocasiões consideradas muito especiais. A imagem original saiu da Capelinha apenas doze vezes,[2] e para o exterior apenas foi a Espanha e ao Vaticano três vezes, em março de 1984, a pedido do Papa, quando fez a Consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria, em outubro de 2000, para estar presente na Praça de S. Pedro na consagração do novo milênio à Virgem Santíssima, e em 12 e 13 de outubro de 2013, como ícone na Jornada Mariana a pedido do Papa Francisco, sendo esta foi a primeira vez que a Imagem não esteve presente na Cova da Iria durante a grande peregrinação de 13 de outubro, tendo sido substituída pela Imagem Peregrina exposta na Basílica do Rosário.[20] Local de destino das doze vezes que a Imagem de Nossa Senhora de Fátima saiu da Capelinha das Aparições: 1ª - Entre 7 e 13 de abril de 1942, para o encerramento de um congresso promovido pelo Conselho Nacional da Juventude Católica Feminina, em Lisboa. 2ª - Entre 22 de novembro e 24 de dezembro de 1946, por ocasião do tricentenário da proclamação de Nossa Senhora da Conceição como Padroeira de Portugal, num périplo pela Estremadura e Ribatejo. 3ª - Entre outubro de 1947 e janeiro de 1948 a imagem peregrinou pelo Alentejo e Algarve, passando a fronteira luso-espanhola por duas vezes, em Elvas, Badajoz e Vila Real de Santo António. 4ª - Entre 22 de maio e 2 de junho de 1948 a Madrid, por ocasião do Congresso Mariano Diocesano, passando por outras localidades. 5ª - Entre 9 de junho e 13 de agosto de 1951, com a visita a todas as paróquias da Diocese de Leiria. 6ª - Em 17 de maio de 1959, por ocasião da inauguração do Monumento a Cristo Rei, visitou novamente Lisboa e Almada. 7ª - Entre 24 e 25 de março de 1984 foi levada ao Vaticano, a pedido do Papa João Paulo II. No dia 25, na Praça de São Pedro, marcou presença na Consagração do Mundo ao Imaculado Coração de Maria, durante a celebração eucarística presidida pelo Papa.

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8ª - Em 8 de outubro de 2000, volta ao Vaticano para a Consagração do Novo Milênio à Virgem Santíssima, feita pelo Papa João Paulo II na Praça de São Pedro. 9ª - Em 12 de novembro de 2005, ocasião em que a cidade de Lisboa se consagrou a Nossa Senhora de Fátima, numa das várias iniciativas que integraram o programa religioso do Congresso Internacional para a Nova Evangelização, que decorreu de 5 a 13 de novembro. 10ª - Entre 16 e 17 de maio de 2009, por ocasião das comemorações do Cinqüentenário do Santuário de Cristo Rei, momento que celebrou a mesma visita feita a cinqüenta anos antes. 11ª - Entre 21 a 23 de maio de 2010, foi levada à "Festa da Fé" na cidade de Leiria, a pedido de D. António Marto, bispo de Leiria, Fátima. 12ª - Entre 12 e 13 de outubro de 2013, voltou de novo ao Vaticano, em resposta ao desejo do Papa Francisco de a ter como ícone na Jornada Mariana promovida pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização. No dia 12, pelas 17 horas, foi acolhida na Praça de São Pedro com a presença do Santo Padre e no dia 13 o Papa fez diante da Imagem a Consagração do Mundo ao Imaculado Coração de Maria.[21] [22]

BASÍLICA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO A Basílica de Nossa Senhora do Rosário, Basílica de Nossa Senhora de Fátima ou apenas Basílica do Rosário, está localizada no Santuário de Fátima em Portugal. A Basílica do Rosário começou a ser construída em 1928, em estilo neo-barroco, segundo um projeto do arquiteto neerlandês Gerard Van Krieken. Ergueu-se no local onde os Pastorinhos brincavam fazendo uma pequena parede de pedras, quando viram o clarão que os fez pensar ser um trovoada, em 13 de maio de 1917. A primeira pedra foi benzida pelo Arcebispo de Évora, D. Manuel da Conceição Santos, em 1928, tendo a sagração ocorrido em 7 de outubro de 1953. Em 1954 foi-lhe concedido o título de Basílica Menor, pelo Papa Pio XII. O edifício mede 70,5 metros de comprimento e 37 metros de largura, foi construído totalmente com pedra da região, e os altares são de mármore de Estremoz, de Pero Pinheiro e de Fátima. A frente da Basílica do Rosário foi instalada uma grande tribuna, com altar, presidência, ambão e bancos para os concelebrantes. A torre sineira mede 65 m de altura, sendo rematada por uma coroa de bronze de 7 toneladas, construída na fundição do Bolhão, Porto, encimada por uma cruz, iluminada durante a noite. O carrilhão é composto por 62 sinos, fundidos e temperados em Fátima por José Gonçalves Coutinho, de Braga. O sino maior pesa 3 toneladas e o badalo pesa 90 Kg. O relógio é obra de Bento Rodrigues, de Braga. Os anjos de mármore da fachada, são da autoria de Albano França. 76


No dia 13 de maio de 1958, foi inaugurada uma grande estátua do Imaculado Coração de Maria esculpida pelo Padre Thomas McGlynn sob indicação da Irmã Lúcia. Tem a altura de 4,73 m e pesa 13 toneladas. Esta imagem, oferta dos católicos americanos, evoca o conteúdo da mensagem referente à devoção ao Imaculado Coração de Maria, a que Nossa Senhora aludiu nas três primeiras aparições da Cova da Iria, e nas aparições de Pontevedra: a devoção dos cinco primeiros sábados, a consagração da Rússia e o triunfo do seu Imaculado Coração. Em 13 de junho de 1959 foi colocada no nicho da fachada da basílica.[5]

Painel com coroação de Nossa Senhora, pela Santíssima Trindade, como Rainha do Céu e da Terra.

Na entrada da Basílica, acima da porta principal, encontra-se um mosaico que representa a Santíssima Trindade coroando Nossa Senhora. Foi executado nas oficinas do Vaticano e ali benzido pelo então Secretário de Estado, Cardeal Eugénio Paccelli, futuro Papa Pio XII. O 15º mistério, um baixo-relevo de pedra, na abside da capela-mor, representa a Santíssima Trindade coroando Nossa Senhora. É de autoria de Maximiano Alves. À entrada da Basílica, do lado direito, encontra-se a imagem de São João Eudes, fundador da Congregação de Jesus e Maria (Eudistas) e da Congregação de Nossa Senhora da Caridade do Refúgio (também da autoria de Martinho de Brito). Do lado esquerdo, a estátua de Santo Estevão, primeiro rei da Hungria, coroado no ano 1000, que consagrou a sua nação a Nossa Senhora, de autoria de António do Amaral de Paiva. Os túmulos dos irmãos Francisco Marto e Jacinta Marto, encontram-se respectivamente no extremo direito e esquerdo do transepto. O templo tem duas sacristias, tendo uma sido convertida em lugar de culto, com o nome de Capela de São José.

Interior da Basílica do Rosário.

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Cada um dos 14 altares laterais representa um dos mistérios do Rosário, os baixos-relevos dourados, aí colocados são da autoria do então Jovem Escultor Martinho de Brito. A coroação de Nossa Senhora de Fátima, em 13 de maio de 1946, e o encerramento do Ano Santo, em 13 de outubro de 1951, são evocados em duas lápides, à entrada da capela-mor. O arco cruzeiro ostenta, em toda a volta, um mosaico, onde se lê “Regina Sacratissimi Rosarii Fatimae ora pro nobis”. Do lado direito da capela-mor, encontra-se a estátua de São Domingos de Gusmão, o grande apóstolo do rosário no século XIII, de autoria de Maria Amélia Carvalheira da Silva. Do lado esquerdo, Santo António Maria Claret, fundador da Congregação dos Missionários do Coração de Maria, de autoria de Martinho de Brito. Por detrás da balaustrada, encontra-se uma imagem de Nossa Senhora de Fátima. Ao centro, um grande altar de pedra com frontal de prata, representando a Última Ceia de Cristo. Da mesma pedra do altar são feitos o ambão, a peanha da imagem de Nossa Senhora e as cadeiras da presidência. O quadro do retábulo representa a Mensagem de Nossa Senhora que desce, em forma de luz e de paz, ao encontro dos videntes, preparados pelo Anjo. De autoria do Arquiteto João de Sousa Araújo. No canto superior direito, figuram os papas Pio XII, João XXIII e Paulo VI. Do lado oposto, três Anjos. Os vitrais da capela-mor representam os quatro evangelistas, a aparição do Anjo, uma cena da vida dos pastorinhos, e aspectos da Cova da Iria em dia de peregrinação. São da autoria do Arquiteto João de Sousa Araújo.[6] A fachada da Basílica exibiu duas grandes placas com a fotografia dos Pastorinhos, no ano 2000 por ocasião da beatificação. Em 2005, toda a fachada da Basílica e as colunatas de pedra branca calcária, receberam uma profunda limpeza.

AS COLUNATAS DO SANTUÁRIO DE FÁTIMA

As colunatas do Santuário de Fátima.

É o conjunto arquitetônico que liga a basílica aos edifícios construídos de cada lado do Recinto. Obra do arquiteto António Lino (1914-1961), é constituída por duzentas colunas e quatorze altares. Nos retábulos dos altares vêem-se as quatorze estações da Via-Sacra, executadas em cerâmica policromada, de autoria do ceramista Lino António (1898-1974). 78


Dezessete estátuas feitas de mármore encimam a Colunata. Representam santos portugueses, santos fundadores de congregações religiosas e outros apóstolos da devoção a Nossa Senhora, sendo todas da autoria de escultores portugueses. As estátuas maiores medem 3,20 m e representam quatro santos portugueses: São João de Deus, (autor: Álvaro Brée), São João de Brito, (autor: António Duarte), Santo António de Lisboa, (autor: Leopoldo de Almeida) e São Nuno de Santa Maria, (autor: Barata Feio). As mais pequenas medem 2,30 m e representam Santa Teresa de Ávila, (autora: Maria Amélia Carvalheira da Silva), São Francisco de Sales, (autora: Maria Amélia Carvalheira da Silva), São Marcelino Champagnat, (autor: Vasco Pereira da Conceição), São João Baptista de La Salle, (autor: Vítor Marques), Santo Afonso Maria de Ligório, (autora: Maria Amélia Carvalheira da Silva), São João Bosco, (autor: J. M. Mouta Barradas) e São Domingos Sávio, (autor: J. M. Mouta Barradas), São Luís Maria Grignion de Montfort, (autor: Domingos Soares Branco), São Vicente de Paulo, (autor: José Fernandes de Sousa Caldas), São Simão Stock, (autora: Maria Amélia Carvalheira da Silva), Santo Inácio de Loiola, (autora: Maria Amélia Carvalheira da Silva), São Paulo da Cruz, (autor: Jaime Ferreira dos Santos), São João da Cruz, (autora: Maria Amélia Carvalheira da Silva) e Santa Beatriz da Silva (autora: Maria Irene Vilar).[7]

MONUMENTO AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS A imagem do Sagrado Coração de Jesus ergue-se no centro do recinto de oração. É de bronze dourado e foi oferecida por um peregrino anônimo e benzida pelo Núncio Apostólico, Monsenhor Beda Cardinale, em 13 de maio de 1932. A sua localização simboliza a centralidade de Jesus na Mensagem de Fátima. Na base do monumento, encontra-se um fontanário.[6]

AZINHEIRA GRANDE A Azinheira Grande era a maior azinheira da Cova da Iria em 1917 e, por isso, também faz parte da história das aparições. Junto dela, esperavam os pastorinhos antes de Nossa Senhora aparecer.[8]

BASÍLICA DA SANTÍSSIMA TRINDADE

Fachada da Basílica da Santíssima Trindade.

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Detalhe da entrada da Basílica da Santíssima Trindade.

Interior da Basílica da Santíssima Trindade.

Porta interior da Basílica da Santíssima Trindade.

Esta Basílica, dedicada à Santíssima Trindade, com 8.633 lugares sentados e 40.000 m2, é uma obra de autoria do arquiteto grego Alexandros Tombazis.[9] Foi inaugurada em 12 de outubro de 2007,[10] pelo Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Tarcisio Bertone, por ocasião do 90º aniversário das aparições. Trata-se do quarto maior templo católico do mundo em capacidade, tendo sido integralmente pago com dádivas dos peregrinos ao longo dos anos. A decoração é inspirada na arte bizantina e ortodoxa. A planta é circular por fora e quadrangular por dentro, existindo doze portas laterais (uma dedicada a cada um dos Apóstolos) e uma grande porta central, a Porta de Cristo.[11]

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A ANTIGA CRUZ ALTA DO SANTUÁRIO DE FÁTIMA

Cruz Alta do Santuário de Fátima.

A antiga Cruz Alta, tinha 27 metros de altura e foi erguida para assinalar o encerramento do Ano Santo de 1950/1951, e estava localizada ao fundo do recinto de oração, onde hoje esta a Basílica da Santíssima Trindade. Foi oferecida ao Santuário Nacional de Cristo Rei, em Almada.[12] A Cruz alta atual, erguida em 29 de agosto de 2007, é da autoria do artista Robert Schad, e tem 34 metros de altura.[13]

O MÓDULO DO MURO DE BERLIM Um módulo de betão do muro de Berlim recorda a intervenção de Deus, prometida em Fátima, na queda do comunismo.[4]

O PRESÉPIO O presépio de autoria do escultor José Aurélio, esta localizado junto da Reitoria.[4]

LOCAIS E SANTUÁRIO

MONUMENTOS

À

VOLTA

DO

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Monumento da aparição do Anjo de Portugal aos Pastorinhos de Fátima.

Valinhos: local da quarta aparição de Nossa Senhora, em 19 de agosto de 1917, assinalado por um monumento. Loca do Anjo: onde as crianças receberam a primeira e a terceira visitas do "Anjo da Paz" (primavera e outono de 1916). Via-Sacra e Calvário: sob o Calvário há uma Capela dedicada a Santo Estevão. Casa de Francisco e Jacinta Marto. Casa de Lúcia dos Santos. Casa-museu de Aljustrel: junto à Casa de Lúcia. Pertenceu a Maria Rosa, sua madrinha de batismo. É um local de interesse para as gerações mais novas, pois pretende mostrar como era a vida familiar na época das aparições. O poço dos pastorinhos (Poço do Arneiro): ao fundo do quintal da casa de Lúcia, o poço, onde o "Anjo da Paz" ou "Anjo de Portugal", apareceu pela segunda vez (verão de 1916). Igreja paroquial e Cemitério: Nossa Senhora apareceu a Jacinta, ensinando-lhe a meditar o Terço. No cemitério, em frente da igreja, estiveram sepultados os corpos de Francisco e Jacinta, antes da sua trasladação para a Basílica do Rosário.

AS PEREGRINAÇÕES Anualmente mais de cinco milhões de visitantes, de todos os países ali se deslocam. As maiores peregrinações ocorrem anualmente nos dias 12 e 13 de maio a outubro, sendo tradicionalmente feitas a pé. Em 13 de agosto costuma também haver uma grande peregrinação, dedicada ao emigrante. O CNC (Centro Nacional de Cultura), em colaboração com as entidades responsáveis do Santuário de Fátima, lançaram em 2003 um projeto que visava, (à semelhança do que acontece com as peregrinações ao Santuário de Santiago de Compostela), demarcar Caminhos de Fátima que pudessem guiar os inúmeros peregrinos que todos os anos se dirigem a pé ao Santuário, criando os Caminhos de Fátima. Deste projeto nasceram dois caminhos, o Caminho do Tejo, ligando Lisboa a Fátima, e o Caminho do Norte, ligando o Porto a Fátima. 82


Apenas o Caminho do Tejo se encontra concluído com os marcos, com setas azuis que indicam o caminho, sendo que o Caminho do Norte encontra-se em fase de conclusão. Pelo mundo inteiro foi difundido o culto a Nossa Senhora de Fátima, graças às viagens das Virgens Peregrinas (imagens de Nossa Senhora que percorrem vários países), e aos emigrantes portugueses. Assim é possível encontrar várias igrejas, paróquias, dioceses, escolas, hospitais e monumentos, dedicadas a Nossa Senhora de Fátima. Em 2006 e 2007 celebraram-se os 90 anos das aparições do Anjo (1916), e de Nossa Senhora de Fátima (1917). O programa foi bastante diversificado, desde congressos, exposições, uma oratória e teatro, uma multiplicidade de eventos culturais e espirituais. No âmbito destas comemorações, está ainda patente uma exposição com entradas livres; "Fátima no Mundo" conta com fotografias de santuários, igrejas e capelas dedicados a Nossa Senhora de Fátima nos cinco continentes. Atualmente encontra-se exposta no primeiro piso da Igreja da Santíssima Trindade, no chamado "Convívio de Santo Agostinho". Conta também com um roteiro dos santuários e igrejas vistas do espaço (imagens de satélite), a partir do Google Earth, onde é possível identificar alguns dos templos expostos por fotografia.

EVENTOS HISTÓRICOS Apresenta-se a seguir uma cronologia de alguns eventos históricos relacionados com o Santuário de Fátima: (28 de abril a 15 de junho de 1919) - Construção da Capelinha das Aparições, em resposta ao pedido de Nossa Senhora: "quero que façam aqui uma capela em minha honra".[3] (13 de maio de 1920) - A imagem de Nossa Senhora de Fátima, oferecida por Gilberto Fernandes dos Santos, foi encomendada à Casa Fânzeres de Braga, sendo obra de escultura da responsabilidade de José Ferreira Thedim, e benzida na Igreja Paroquial de Fátima. Feita em madeira, cedro do Brasil, medindo 1,10m. Foi entronizada na Capelinha em 13 de junho.[2] (13 de outubro de 1921) - É permitida a celebração da Missa, pela primeira vez, junto à Capelinha das Aparições.[3] (6 de março de 1922) - A Capelinha das Aparições é parcialmente destruída por uma bomba, sendo reconstruída ainda nesse mesmo ano.[3] (26 de junho de 1927) - O Bispo de Leiria preside, pela primeira vez, uma cerimônia oficial na Cova da Iria. (13 de maio de 1928) - Lançamento da primeira pedra para a construção da Basílica. (13 de maio de 1942) - Grande peregrinação comemora o 25º aniversário das Aparições.

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(13 de outubro de 1942) - Um grupo de mulheres portuguesas oferece uma coroa de ouro à imagem da Capelinha em ação de graças por Portugal não ter entrado na Segunda Guerra Mundial. Pesando 1200 gramas e é enriquecida por 313 pérolas e 2679 pedras preciosas.[2] (13 de maio de 1946) - O Cardeal Bento Aloisi Masella, legado pontifício, coroa solenemente a imagem de Nossa Senhora de Fátima. (20 de maio de 1946) - A vidente Lúcia dos Santos faz em Fátima, a identificação dos lugares históricos das aparições. (1 de maio de 1951) - Os restos mortais de Jacinta Marto são trasladados para a Basílica de Fátima. (13 de março de 1952) - Os restos mortais de Francisco Marto são trasladados para a Basílica de Fátima onde é sepultado junto de sua irmã Jacinta. (7 de outubro de 1953) - Sagração da Basílica de Nossa Senhora do Rosário. Em novembro de 1954, Pio XII concede-lhe o título de Basílica.[14] (13 de junho de 1959) - A grande imagem do Imaculado Coração de Maria, oferta dos católicos americanos, é colocada no nicho da fachada da basílica.[5] (13 de maio de 1965) - O Papa Paulo VI concede a Rosa de Ouro ao Santuário, que é entregue pelo Cardeal Fernando Cento, legado Pontifício. (13 de maio de 1967) - O Papa Paulo VI visita o Santuário de Fátima, no cinqüentenário da Primeira Aparição de Nossa Senhora, para pedir a paz no mundo e a unidade da Igreja. (13 de maio de 1977) - A peregrinação do 60º aniversário da Primeira Aparição é presidida pelo Cardeal Humberto Medeiros, Arcebispo de Boston, legado Pontifício. (13 de maio de 1982) - O Papa João Paulo II visita pela primeira vez o Santuário de Nossa Senhora de Fátima para agradecer à Virgem, por ter escapado com vida do atentado que havia sofrido um ano antes. (25 de março de 1984) - O Papa João Paulo II, em união com os Bispos do mundo inteiro, faz na Praça de São Pedro, no Vaticano, a Consagração do Mundo ao Imaculado Coração de Maria, diante da imagem da Virgem de Fátima, que propositadamente viajou desde a Capelinha das Aparições. João Paulo II entrega ao então Bispo de Leiria-Fátima, D. Alberto Cosme do Amaral, a bala que o tinha atingido no atentado que fora vítima em 13 de maio de 1981. Esta bala foi posteriormente colocada na coroa da Virgem, onde permanece até hoje.[2] (13 de maio de 1991) - O Papa João Paulo II visita Fátima pela segunda vez, no 10º aniversário do seu atentado na Praça de São Pedro. (13 de agosto de 1994) - É inaugurado o monumento que integra o pedaço do Muro de Berlim. Pesando 2.600 quilos, mede 3,60m de altura e 1,20 metros de largura. O arranjo do monumento é do arquiteto J. Carlos Loureiro.[3] 84


(12 e 13 de outubro de 1996) - O Cardeal Ratzinger, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e futuro Papa Bento XVI, visita o Santuário de Fátima, onde preside à Peregrinação Internacional Aniversária de Outubro.[15] (13 de maio de 2000) - O Papa João Paulo II visita Fátima pela última vez para a beatificação dos pastorinhos Francisco e Jacinta Marto. Aí se encontra pela última vez com a Irmã Lúcia. O Cardeal Ângelo Sodano, no final da solene Concelebração Eucarística presidida por João Paulo II, anuncia o Terceiro Segredo de Fátima. (19 de fevereiro de 2006) - Os restos mortais da Irmã Lúcia são trasladados para a Basílica de Fátima onde é sepultada junto dos seus primos, Francisco e Jacinta. (12 de outubro de 2007) - Celebrando o 90º aniversário das Aparições, é inaugurada a Basílica da Santíssima Trindade pelo Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Tarcisio Bertone, assistindo ao ato o Presidente da República, Cavaco Silva e o Presidente da Assembléia da República, Jaime Gama.[16] (12 e 13 de maio de 2010) - O Papa Bento XVI, visita o Santuário de Fátima no 10º aniversário da beatificação dos pastorinhos Jacinta e Francisco. Concedendo a 2ª Rosa de Ouro ao Santuário.[17] [18] (13 de maio de 2011) - Milhares de pessoas presentes no santuário de Fátima observam um halo solar, no momento em que era exibido um filme que relatava momentos da vida do Papa João Paulo II e da sua ligação a Fátima. Muitos peregrinos diziam ver um "milagre" enquanto outros dirigem seus telemóveis para o Sol para registrar o momento em fotografia.[19]

Referências 1. Cónego C. Barthas. Fátima: Segundo as testemunhas e os documentos. Braga: Diário do Minho, Lda., 1967. 173-174 p. 2. Imagem da Capelinha das Aparições - Site oficial do Santuário de Fátima. Visitado em 20 de outubro de 2011. 3. Capelinha das Aparições, Muro de Berlim, Presépio e Capela do Lausperene, Santuário de Fátima. Visitado em 9 de setembro de 2011. 4. Santuário de Fátima - Site oficial: Fatima.pt. 5. José Thedim Esculpindo a Imagem do Imaculado Coração (em inglês) - Wordpress.com. Visitado em 21 de outubro de 2011. 6. Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima - Site oficial do Santuário de Fátima. 7. Guia do Peregrino de Fátima. 3ª ed. Fátima: Santuário de Fátima, 1997, pp. 44-45. 8. Azinheira Grande é de interesse público. - Fatima.pt. 85


9. Nova Igreja (PDF) - Noticiasdefatima.pt. 10. Inauguração da Igreja - TSF.pt. 11. Desdobrável sobre a igreja da Santíssima Trindade (PDF) - Fatima.pt. 12. Cruz Alta do Santuário de Fátima oferecida ao Santuário de Cristo Rei. Agencia.ecclesia.pt. 13. Nova Cruz Alta levantada em Fátima - Agencia.ecclesia.pt. 14. Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, Santuário de Fátima. Visitado em 9 de setembro de 2011. 15. BENTO XVI E FÁTIMA - VÁRIOS MOMENTOS. - Site oficial do Santuário de Fátima. 16. Inauguração de nova Igreja marca comemorações das aparições - TSF.pt (12 de outubro de 2007 - TSF Rádio Notícias). Visitado em 23 de abril de 2011. 17. Viagem Apostólica a Portugal no 10º aniversário da beatificação de Jacinta e Francisco, pastorinhos de Fátima. - Site oficial do Vaticano. (14 de maio de 2010). 18. Papa lembrou João Paulo II na Capelinha das Aparições. - RTP.pt (12 de maio de 2010). 19. Peregrinos assistem a ―milagre do Sol‖ em Fátima. - Correio da Manhã (13 de maio de 2011). Visitado em 14 de maio de 2011. 20. Nossa Senhora de Fátima ―vista por lupa‖ pela primeira vez. - Notícias Ao Minuto. (8 de junho de 2013). Visitado em 8 de junho de 2013. 21. Leopoldina Simões (20 de agosto de 2013). Imagem de Nossa Senhora de Fátima será levada à Jornada Mariana a pedido do Papa. - Site oficial do Santuário de Fátima. Visitado em 3 de outubro de 2013. 22. Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização anuncia programa da Jornada Mariana - Site oficial do Santuário de Fátima. (20 de agosto de 2013). Visitado em 3 de outubro de 2013.

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(Capítulo - XIV)

Irmã Lúcia E Papa João Paulo II 87


A VIDENTE IRMÃ LÚCIA DE JESUS DOS SANTOS (Fonte: paginaoriente.com)

No domingo do dia 13 de fevereiro de 2005, partiu para a Eternidade, aos 97 anos de idade, Irmã Lúcia de Jesus dos Santos, última das sobreviventes dos três pastorinhos a quem Nossa Senhora de Fátima se manifestou a 13 de maio de 1917, em Fátima, Portugal. Lúcia era a única que se comunicava com a Virgem Maria, enquanto Jacinta, podia ver Nossa Senhora, mas somente escutava as palavras dirigidas a ela. Francisco também podia vê-la, porém, sem poder ouvir coisa alguma. Naquela ocasião, Lúcia acabara de completar 10 anos, Francisco estava para completar 8 anos e a menor, Jacinta, tinha pouco mais de 7 anos. Jacinta e Francisco Marto eram irmãos, primos de Lúcia. Nossa Senhora dirigiu a eles diversos apelos para a conversão do mundo, bem como três segredos, que foram cada um deles revelados a seu tempo. O Primeiro Segredo, foi a visão do inferno e o pedido de consagração ao Imaculado Coração de Maria. O Segundo Segredo referia-se ao comunismo e os seus erros, que seriam disseminados no mundo pela Rússia, também as guerras, perseguições e martírios. Aqui consta a profecia de Nossa Senhora: "A Rússia espalhará seus erros pelo mundo, mas no final, o Meu Imaculado Coração triunfará". Irmã Lúcia, posteriormente, ingressou na Congregação das Irmãs Dorotéias no ano de 1921, onde permaneceu por vinte e três anos. Após este período, decidiu enclausurar-se num mosteiro carmelita. Em 1948, foi transferida para um convento de Coimbra, onde ficou até sua morte no domingo de 13 de fevereiro de 2005. O Terceiro Segredo permaneceu guardado até o ano 2000, quando o Vaticano decidiu divulgar ao mundo a sua revelação, afirmando que o segredo estava relacionado com o atentado sofrido pelo Papa no dia 13 de maio de 1981, quando foi baleado pelo turco Mohamed Ali Agca, na praça de São Pedro. "Um bispo vestido de branco, que reza junto aos fiéis, cai por terra, aparentemente morto, sob disparos de arma de fogo", foi o trecho relacionado ao atentado contra o Papa João Paulo II, dos escritos originais de Irmã Lúcia. O Sumo Pontífice sempre afirmou que a Virgem de Fátima foi quem desviou as balas. O Papa esteve diversas vezes em Fátima e como forma de agradecimento, ofereceu o anel que recebeu no início de seu pontificado. No ano 2000 (ano da revelação do Terceiro Segredo), o Santo Padre dirigiu-se à Fátima para presidir a beatificação de Francisco e Jacinta, e nesta ocasião foi que Lúcia falou pela última vez em público. Até hoje, um dos projéteis que feriram o Papa em 1981, encontra-se encastoado à coroa da imagem da Virgem de Fátima. 88


O sepultamento da Irmã Lúcia foi realizado no dia 15 de fevereiro de 2005, e seu corpo descansou no Convento das Carmelitas (Carmelo de Santa Teresa), onde permaneceu por um período de um ano. Em 19 de fevereiro de 2006 o seu corpo foi trasladado de Coimbra para o Santuário de Fátima, conforme era o seu desejo, onde foi sepultada junto de seus primos, Beatos Jacinta e Francisco.[2] O Papa João Paulo II, na ocasião da morte, rezou por Irmã Lúcia e enviou o cardeal Tarcisio Bertone, de Gênova, Itália, para o representar no funeral realizado em Coimbra, Portugal. Foi o cardeal Bertone que, no final de 2001, esteve no convento de Coimbra onde vivia a Irmã Lúcia, para obter maiores informações sobre alguns aspectos do documento publicado em 26 de junho de 2000 (revelação do Terceiro Segredo). Durante a cerimônia fúnebre, o cardeal Bertone leu a mensagem enviada pelo Papa João Paulo II, onde lembrou: "com emoção nossos encontros e laços de amizade espiritual que ficaram mais intensos com o passar do tempo". Ainda na mensagem, o Santo Padre expressou sempre ter se sentido apoiado pelo cotidiano das orações de Irmã Lúcia, sobretudo em momentos difíceis de prova e sofrimento. O mundo perdeu uma extraordinária mulher que, como instrumento de Deus nas mãos de Nossa Senhora, mudou o rumo de milhares e milhares de pessoas, cujas mensagens converteu muitos corações e move até hoje nos homens, íntimo espírito de penitência, oração e conversão. Irmã Lúcia, no claustro de um convento Carmelita, passou a vida rezando pela humanidade, certamente por desígnio de Nossa Senhora. Isto nos leva a constatar como é grande o valor e o poder da oração, particularmente das contemplativas, que representam o "tesouro da Igreja", conforme salientou o Papa João Paulo II à alguns anos, quando esteve no Brasil. Grande foi a concentração de fiéis junto ao Convento das Carmelitas, onde morreu Irmã Lúcia. A rádio Renascença Católica divulgou que Irmã Lúcia "morreu serenamente, como uma chama que se apaga, sem muito sofrimento", palavras estas ditas pela médica que acompanhou a trajetória da sua enfermidade, Dra. Branca Paul.

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IRMÃ LÚCIA DE JESUS ROSA DOS SANTOS Fonte: Wikipédia (Texto adaptado)

Lúcia em pé, ao lado de sua prima Jacinta Marto, ambas segurando os seus Rosários.

BIOGRAFIA Lúcia de Jesus (Rosa) dos Santos nasceu em Aljustrel, próximo de Fátima, Ourém, Portugal, em 28 de março de 1907[1], filha de António dos Santos e Maria Rosa, casados em Fátima. Irmã Lúcia faleceu em Coimbra, Portugal em 13 de fevereiro de 2005. Freira da Ordem das Carmelitas Descalças, conhecida no Carmelo como Irmã Maria Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado e reverenciada pela maioria dos católicos portugueses simplesmente como Irmã Lúcia. Foi, juntamente com os seus primos Jacinta e Francisco Marto (os chamados ―três pastorinhos‖), uma das três crianças que viram Nossa Senhora na Cova da Iria, em Fátima, Portugal, durante o ano de 1917. Lucia tinha dez anos e era completamente analfabeta quando alegadamente viu, pela primeira vez, Nossa Senhora na Cova da Iria, juntamente com os primos Jacinta e Francisco Marto. Lúcia foi a única dos três primos que falava com a Virgem Nossa Senhora, sua prima Jacinta ouvia mas não falava e Francisco nem sequer ouvia as palavras de Nossa Senhora, e como tal Lúcia era a portadora do Segredo de Fátima. Nos primeiros tempos, a hierarquia católica revelou-se cética sobre as afirmações dos Três Pastorinhos, e foi só a 13 de outubro de 1930 que o bispo de Leiria tornou público, oficialmente, que as aparições eram dignas de crédito. A partir daí, o Santuário de Fátima ganhou uma expressão internacional, enquanto a irmã Lúcia viveu cada vez mais isolada.

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Em 17 de Junho de 1921, o Bispo de Leiria, Dom José Alves Correia da Silva, proporcionou a entrada de Lúcia no colégio das Irmãs Doroteias em Vilar, Porto, para protege-lá dos peregrinos e curiosos que se dirigiam cada vez mais à Cova da Iria e tentavam falar com ela. Lúcia professou como Dorotéia em 1928, em Tui, Espanha, onde viveu alguns anos. Em 1946 regressou a Portugal e, dois anos depois, entrou para a clausura do Carmelo de Santa Teresa em Coimbra, onde professou como carmelita a 31 de maio de 1949. Foi neste convento que escreveu dois volumes com as suas Memórias e os Apelos da Mensagem de Fátima. Em 1991, quando o Papa João Paulo II visitou Fátima, convidou a irmã Lúcia para se deslocar até lá, e esteve reunido com ela por doze minutos. Antes, ela já havia se encontrado também em Fátima com o Papa Paulo VI. Lúcia morreu no dia 13 de fevereiro de 2005, aos 97 anos, no Convento Carmelita de Santa Teresa em Coimbra. O Papa João Paulo II, nesta ocasião, rezou por Irmã Lúcia e enviou o Cardeal Tarcisio Bertone para o representar no funeral. Em 19 de fevereiro de 2006 o seu corpo foi trasladado de Coimbra para o Santuário de Fátima onde foi sepultada junto dos seus primos, conforme era o seu desejo.[2]

AS MEMÓRIAS DA IRMÃ LÚCIA A 12 de setembro de 1935, os restos mortais de Jacinta Marto são trasladados para o cemitério de Fátima. Ao abrir a urna, verificou-se que o rosto da vidente se encontrava incorrupto. Tiraram-se algumas fotografias e o então Bispo de Leiria, D. José Alves Correia da Silva, remete algumas para Lúcia que se encontrava nesta época em Pontevedra. Na carta de agradecimento, Lúcia evoca a prima com saudade referindo alguns fatos sobre o caráter de Jacinta. Estas palavras levaram D. José a ordenar-lhe que escrevesse tudo o que se recordava da prima. Assim nasce a Primeira Memória da Irmã Lúcia que foi concluída em dezembro de 1935.[3] Passados dois anos da revelação dos fatos relatados na Primeira Memória, o Bispo de Leiria, convencido da necessidade de se estudar mais a fundo os acontecimentos de Fátima, deu ordens a Lúcia para escrever a história da sua vida e das aparições. A vidente obedece e redige, entre os dias 7 e 21 de novembro de 1937, o que fica conhecido como Segunda Memória da Irmã Lúcia. Neste texto, a vidente revela pela primeira vez os fatos ocorridos com as três visões do Anjo.[3] Em 26 de julho de 1941, o Bispo de Leiria escreve a Lúcia anunciando-lhe o livro "Jacinta" que estava sendo preparado pelo Dr. J. Galamba de Oliveira. Pede-lhe então para recordar tudo o mais o que pudesse lembrar sobre a prima, de modo a ser incluído nesta edição. Esta ordem cai no fundo da alma da vidente como um raio de luz, dizendo-lhe que era chegado o momento de revelar as duas primeiras partes do Segredo. Manifesta então a vontade de acrescentar à edição dois capítulos: um sobre o Inferno e outro sobre o Imaculado Coração de Maria. Estas revelações são escritas e concluídas em 31 de agosto de 1941. São posteriormente publicadas e conhecidas como a "Terceira Memória da Irmã Lúcia".[3]

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Surpresos com os relatos da "Terceira Memória", Dom José Alves Correia da Silva e Dr. J. Galamba de Oliveira concluíram que Lúcia não tinha dito tudo nas narrações anteriores e que ocultaria ainda algumas coisas. Em 7 de outubro de 1941, a vidente recebeu ordem para escrever tudo o que soubesse sobre Francisco e completar o que faltasse sobre Jacinta e descrever, com mais pormenor, as Aparições do Anjo e de Nossa Senhora. Lúcia entrega o manuscrito a 8 de dezembro de 1941, deixando claro que nada mais tem a ocultar exceto a Terceira parte do Segredo. O texto é depois publicado como "Quarta Memória da Irmã Lúcia" e nele a vidente escreve o texto definitivo das Orações do Anjo, acrescentando também ao segredo a frase ―Em Portugal se conservará sempre o dogma da fé etc.‖[3]

Imagem do Imaculado Coração de Maria conforme a descrição da Sua aparição à Irmã Lúcia.

O MEMORIAL IRMÃ LÚCIA Em 31 de maio de 2007 foi inaugurado em Coimbra, Portugal, um museu sobre a vidente de Fátima. A qual foi projetado pelo arquiteto Florindo Belo Marques, em uma área do Carmelo de Coimbra onde as freiras tinham galinheiros. O museu apresenta um espólio que remete até ao tempo das "aparições de Fátima".

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A BEATIFICAÇÃO Em 14 de fevereiro de 2008, na Catedral de Coimbra em Portugal, o Cardeal José Saraiva Martins, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, por ocasião do aniversário da morte da "vidente de Fátima", tornou público que o papa Bento XVI, atendendo ao pedido do bispo Albino Mamede Cleto, de Coimbra, compartilhado com numerosos bispos e fiéis do mundo todo autorizou, excepcionando as normas do Direito Canônico (art. 9 das "Normae servandae"), o início da fase diocesana da causa da sua beatificação, transcorridos apenas três anos da sua morte.[4]

AS OBRAS DE IRMÃ LÚCIA Memórias da Irmã Lúcia I. (Editor: P. Luis Kondor SVD). Neste primeiro volume Lúcia recorda o retrato da Jacinta e de Francisco, e o que aconteceu de mais significativo antes, durante e depois das Aparições.[5] Memórias da Irmã Lúcia II. (Editor: P. Luis Kondor SVD). Neste segundo volume, Irmã Lúcia recorda a sua infância em mais duas memórias: a 5ª edição dedicada especialmente a seu pai e a 6ª edição dedicada a sua mãe.[5] Apelos da Mensagem de Fátima. (Editor: Carmelo de Coimbra e Santuário de Fátima). Neste livro, a Irmã Lúcia responde a muitas perguntas que lhe foram colocadas sobre a Mensagem de Fátima. Obra aprovada pela Congregação da Doutrina da Fé.[5] IRMÃ LÚCIA Como vejo a Mensagem através dos tempos e dos acontecimentos. (Editor: Carmelo de Coimbra e Secretariado dos Pastorinhos). Um dos escritos deixados por Irmã Lúcia, que revela a visão que teve da mensagem que recebeu de Nossa Senhora, publicado por ocasião do traslado de seus restos mortais para Fátima.[5]

BIBLIOGRAFIA Carmelo de Coimbra; Um Caminho sob o olhar de Maria - Biografia da Irmã Maria Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado, 496 pp., Edições Carmelo (2013). Irmã Maria Celina de Jesus Crucificado, OCD; Irmã Lúcia: A memória que dela temos, Carmelo de Coimbra e Secretariado dos Pastorinhos.

EVENTOS HISTÓRICOS Apresenta-se a seguir uma cronologia de alguns eventos históricos relacionados com a vida de Lúcia: 93


(28 de março de 1907) - Nasce em Aljustrel, Fátima, Portugal. (17 de maio de 1921) - Dá entrada como aluna interna, no colégio das Irmãs Doroteias em Vilar, Porto, Portugal.[6] (25 de outubro de 1925) - Viaja para Espanha e é admitida como postulante de noviciado no Convento das Doroteias, em Tui, sob a proteção de Madre Maria do Carmo da Cunha Matos. Ao receber o hábito adota o nome de Maria (Lúcia) das Dores.[6] (10 de dezembro de 1925) - Nossa Senhora pede a Lúcia, numa visão em Tui, a divulgação da prática e da comunhão reparadora nos primeiros sábados. (15 de fevereiro de 1926) - Tem uma visão de Jesus onde Ele lhe pergunta se tem espalhado a devoção dos primeiros sábados. (13 de junho de 1929) - Nossa Senhora pede a Lúcia, em outra visão em Tui, a consagração da Rússia ao Seu Imaculado Coração. (dezembro de 1935) - Escreve o texto sobre a vida de Jacinta que fica conhecido como a "Primeira Memória da Irmã Lúcia".[3] (novembro de 1937) - Escreve o texto sobre a sua vida e as aparições que fica conhecido como "Segunda Memória da Irmã Lúcia".[3] (25 de janeiro de 1938) - Extraordinária aurora boreal, registrada por astrônomos na noite de 25 para 26 de janeiro. (Lúcia sempre insistiu que este seria o sinal de Deus para o começo da guerra, conforme Nossa Senhora havia comunicado aos pastorinhos na terceira aparição.)[7] (12 de março de 1938) - Tropas nazistas marcham até Áustria para anexá-la à Alemanha do Terceiro Reich. ―Segundo o testemunho da Irmã Lúcia‖ (carta de 8 de novembro de 1989 para o Santo Padre), este acontecimento teria sido o verdadeiro início da Segunda Guerra Mundial, ocorrendo durante o pontificado do Papa Pio XI (1922-1939), confirmando assim a mensagem de Nossa Senhora de 13 de julho de 1917). (31 de agosto de 1941) - Atendendo ao pedido feito pelo Bispo de Leiria, Lúcia redige numa carta manuscrita, a Primeira e a Segunda parte do Segredo, deixando claro que existiria ainda uma Terceira parte por divulgar. Estas revelações são posteriormente publicadas e conhecidas como a "Terceira Memória da Irmã Lúcia".[8] (8 de dezembro de 1941) - Escreve o que ficou conhecido como a "Quarta Memória da Irmã Lúcia". Acrescenta ao texto do segredo: ―Em Portugal se conservará sempre o dogma da fé etc.‖[9] (3 de janeiro de 1944) - Por ordem do Bispo de Leiria, a Irmã Lúcia escreve a Terceira parte do Segredo. O envelope é selado e guardado primeiramente pelo Bispo de Leiria sendo entregue, no dia 4 de abril de 1957, ao Arquivo Secreto do Santo Ofício. Disto mesmo, foi avisada a Irmã Lúcia pelo Bispo de Leiria.[8]

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(20 de maio de 1946) - A vidente desloca-se a Fátima e faz a identificação dos lugares históricos das aparições. (25 de março de 1948) - Retorna a Portugal para ingressar no Carmelo de Santa Teresa, em Coimbra.[6] (31 de maio de 1949) - Faz a sua profissão solene com o nome de Irmã Maria Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado.[6] (12 de maio de 1982) - Numa carta dirigida ao Santo Padre, faz uma orientação para a interpretação da Terceira parte do Segredo.[8] (13 de maio de 1982) - Encontro com o Papa João Paulo II, quando este visita pela primeira vez o Santuário de Nossa Senhora de Fátima para agradecer à Virgem por ter escapado com vida do atentado que havia sofrido um ano antes. (25 de março de 1984) - O Papa João Paulo II, em união com os Bispos do mundo inteiro, faz na Praça de São Pedro, no Vaticano, a Consagração do Mundo ao Imaculado Coração de Maria, diante da imagem da Virgem de Fátima, que propositadamente viajou desde a Capelinha das Aparições. Mais tarde, a Irmã Lúcia confirma, numa carta de 8 de novembro de 1989 para o Santo Padre, que este ato solene e universal de consagração, corresponderia ao que Nossa Senhora queria.[8] (13 de maio de 1991) - Encontro com o Papa João Paulo II quando este visita ao Santuário de Fátima pela segunda vez, no 10º aniversário do seu atentado na Praça de São Pedro. (27 de abril de 2000) - Cumprindo o pedido feito pelo Papa João Paulo II numa carta pessoal enviada à Irmã Lúcia em 19 de abril de 2000, o Cardeal D. Tarcisio Bertone, Secretário da Congregação para a Doutrina da Fé e o Bispo de Leiria-Fátima Dom Serafim de Sousa Ferreira e Silva, encontram-se com a Irmã Lúcia no Carmelo de Santa Teresa em Coimbra, para ouvir a sua interpretação da Terceira parte do Segredo.[8] (13 de maio de 2000) - O Papa João Paulo II visita Fátima pela última vez para a beatificação dos pastorinhos Francisco e Jacinta Marto. Aí se encontra pela última vez com a Irmã Lúcia. O Cardeal Ângelo Sodano, no final da solene Concelebração Eucarística presidida por João Paulo II, anuncia o Terceiro Segredo de Fátima. (13 de fevereiro de 2005) - Morre no Carmelo de Coimbra. (19 de fevereiro de 2006) - Os restos mortais são trasladados para a Basílica de Fátima onde é sepultada junto dos seus primos, Francisco e Jacinta. (31 de maio de 2007) - É inaugurado em Coimbra um museu sobre a vidente Lúcia. (14 de fevereiro de 2008) - O Cardeal José Saraiva Martins, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, por ocasião do aniversário da morte de Lúcia, torna público em Coimbra que o Papa Bento XVI autorizou, excepcionando as normas do Direito Canônico, o início da fase diocesana da causa da sua beatificação, transcorridos apenas três anos da sua morte. 95


Referências: 1. De acordo com as suas memórias, a data de 22 de março, que aparece no seu registro de nascimento, não estaria correta. 2. Biografia da Irmã Lúcia. 3. P. António Maria Martins, S. J. Novos Documentos de Fátima. Oficinas gráficas da Editorial Franciscana: Livraria A. I., Porto. 4. Vatican Information Service - 14.02.2008 - Ano XVIII - Num. 31. 5. Livros escritos pela Ir. Lúcia e já publicados Carmelo de Santa Teresa - Coimbra. Visitado em 21 de outubro de 2011. 6. Fernando Guedes. Fátima - mundo de esperança. GRIS Impressores: VERBO. 7. Lúcia considerou que a aurora boreal vista na Europa na noite de 25 para 26 de janeiro de 1938 era o sinal de Deus para o começo da guerra. Memórias da Irmã Lúcia, p. 122, nota 1. 8. A Mensagem de Fátima Vaticano, Congregação para a Doutrina da Fé. 9. The Third Secret World Apostolate of Fatima, Rhode Island Division (2009). Visitado em 22 de outubro de 2011.

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(PARTE - IV)

A Mensagem De Nossa Senhora de Fรกtima 97


(CapĂ­tulo - XV)

A Mensagem De Nossa Senhora Na Cova da Iria 98


A MENSAGEM DE FÁTIMA Documento da Congregação para Doutrina da Fé Na passagem do segundo para o terceiro milênio, o Papa João Paulo II decidiu tornar público o texto da terceira parte do ―segredo de Fátima‖. Depois dos acontecimentos dramáticos e cruéis do século XX, um dos mais tormentosos da história do homem, com o ponto culminante no cruento atentado ao ―doce Cristo na terra‖, abre-se assim o véu sobre uma realidade que faz história e a interpreta na sua profundidade segundo uma dimensão espiritual, a que é refrataria a mentalidade atual, freqüentemente eivada de racionalismo. A história está constelada de aparições e sinais sobrenaturais, que influenciam o desenrolar dos acontecimentos humanos e acompanham o caminho do mundo, surpreendendo crentes e descrentes. Estas manifestações, que não podem contradizer o conteúdo da fé, devem convergir para o objeto central do anúncio de Cristo: o amor do Pai que suscita nos homens a conversão e dá a graça para se abandonarem a Ele com devoção filial. Tal é a mensagem de Fátima, com o seu veemente apelo à conversão e à penitência, que leva realmente ao coração do Evangelho. Fátima é, sem dúvida, a mais profética das aparições modernas. A primeira e a segunda parte do ―segredo‖, que são publicadas em seguida para ficar completa a documentação, dizem respeito antes de mais à pavorosa visão do inferno, à devoção ao Imaculado Coração de Maria, à segunda guerra mundial, e depois ao prenúncio dos danos imensos que a Rússia, com a sua defecção da fé cristã e adesão ao totalitarismo comunista, haveria de causar à humanidade. Em 1917, ninguém poderia ter imaginado tudo isto: os três pastorinhos de Fátima vêem, ouvem, memorizam, e Lúcia, a testemunha sobrevivente, quando recebe a ordem do Bispo de Leiria e a autorização de Nossa Senhora, põe por escrito. Para a exposição das primeiras duas partes do ―segredo‖, aliás já publicadas e conhecidas, foi escolhido o texto escrito pela Irmã Lúcia na terceira memória, de 31 de Agosto de 1941; na quarta memória, de 8 de Dezembro de 1941, ela acrescentará qualquer observação. A terceira parte do ―segredo‖ foi escrita ―por ordem de Sua Excelência Reverendíssima o Senhor Bispo de Leiria e da (...) Santíssima Mãe‖, no dia 3 de Janeiro de 1944. Existe apenas um manuscrito, que é reproduzido aqui fotostaticamente. O envelope selado foi guardado primeiramente pelo Bispo de Leiria. Para se tutelar melhor o ―segredo‖, no dia 4 de Abril de 1957 o envelope foi entregue ao Arquivo Secreto do Santo Ofício. Disto mesmo, foi avisada a Irmã Lúcia pelo Bispo de Leiria. Segundo apontamentos do Arquivo, no dia 17 de Agosto de 1959 e de acordo com Sua Eminência o Cardeal Alfredo Ottaviani, o Comissário do Santo Ofício, Padre Pierre Paul Philippe OP, levou a João XXIII o envelope com a terceira parte do ―segredo de Fátima‖. Sua 99


Santidade, ―depois de alguma hesitação‖, disse: ―Aguardemos. Rezarei. Far-lhe-ei saber o que decidi‖.(1) Na realidade, a decisão do Papa João XXIII foi enviar de novo o envelope selado para o Santo Ofício e não revelar a terceira parte do ―segredo‖. Paulo VI leu o conteúdo com o Substituto da Secretaria de Estado, Sua Excelência Reverendíssima D. Ângelo Dell’Acqua, a 27 de Março de 1965, e mandou novamente o envelope para o Arquivo do Santo Ofício, com a decisão de não publicar o texto. João Paulo II, por sua vez, pediu o envelope com a terceira parte do ―segredo‖, após o atentado de 13 de Maio de 1981. Sua Eminência o Cardeal Franjo Seper, Prefeito da Congregação, a 18 de Julho de 1981 entregou a Sua Excelência Reverendíssima D. Eduardo Martínez Somalo, Substituto da Secretaria de Estado, dois envelopes: um branco, com o texto original da Irmã Lúcia em língua portuguesa; outro cor-de-laranja, com a tradução do ―segredo‖ em língua italiana. No dia 11 de Agosto seguinte, o Senhor D. Martínez Somalo devolveu os dois envelopes ao Arquivo do Santo Ofício.(2). Como é sabido, o Papa João Paulo II pensou imediatamente na consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria e compôs ele mesmo uma oração para o designado ―Acto de Entrega‖, que seria celebrado na Basílica de Santa Maria Maior a 7 de Junho de 1981, solenidade de Pentecostes, dia escolhido para comemorar os 1600 anos do primeiro Concílio Constantinopolitano e os 1550 anos do Concílio de Éfeso. O Papa, forçadamente ausente, enviou uma radiomensagem com a sua alocução. Transcrevemos a parte do texto, onde se refere exatamente o ato de entrega: ―Ó Mãe dos homens e dos povos, Vós conheceis todos os seus sofrimentos e as suas esperanças, Vós sentis maternalmente todas as lutas entre o bem e o mal, entre a luz e as trevas, que abalam o mundo, acolhei o nosso brado, dirigido no Espírito Santo diretamente ao vosso Coração, e abraçai com o amor da Mãe e da Serva do Senhor aqueles que mais esperam por este abraço e, ao mesmo tempo, aqueles cuja entrega também Vós esperais de maneira particular. Tomai sob a vossa proteção materna a família humana inteira, que, com enlevo afetuoso, nós Vos confiamos, ó Mãe. Que se aproxime para todos o tempo da paz e da liberdade, o tempo da verdade, da justiça e da esperança‖. (3) Mas, para responder mais plenamente aos pedidos de Nossa Senhora, o Santo Padre quis, durante o Ano Santo da Redenção, tornar mais explícito o ato de entrega de 7 de Junho de 1981, repetido em Fátima no dia 13 de Maio de 1982. E, no dia 25 de Março de 1984, quando se recorda o fiat pronunciado por Maria no momento da Anunciação, na Praça de S. Pedro, em união espiritual com todos os Bispos do mundo precedentemente ―convocados‖, o Papa entrega ao Imaculado Coração de Maria os homens e os povos, com expressões que lembram as palavras ardorosas pronunciadas em 1981: ―E por isso, ó Mãe dos homens e dos povos, Vós que conheceis todos os seus sofrimentos e as suas esperanças, Vós que sentis maternalmente todas as lutas entre o bem e o mal, entre a luz e as trevas, que abalam o mundo contemporâneo, acolhei o nosso clamor que, movidos pelo Espírito Santo, elevamos diretamente ao vosso Coração: Abraçai, com amor de Mãe e de

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Serva do Senhor, este nosso mundo humano, que Vos confiamos e consagramos, cheios de inquietude pela sorte terrena e eterna dos homens e dos povos. De modo especial Vos entregamos e consagramos aqueles homens e aquelas nações que desta entrega e desta consagração têm particularmente necessidade. ―À vossa proteção nos acolhemos, Santa Mãe de Deus‖! Não desprezeis as súplicas que se elevam de nós que estamos na provação!‖. Depois o Papa continua com maior veemência e concretização de referências, quase comentando a Mensagem de Fátima nas suas predições infelizmente cumpridas: ―Encontrando-nos hoje diante Vós, Mãe de Cristo, diante do vosso Imaculado Coração, desejamos, juntamente com toda a Igreja, unir-nos à consagração que, por nosso amor, o vosso Filho fez de Si mesmo ao Pai: ―Eu consagro-Me por eles — foram as suas palavras — para eles serem também consagrados na verdade‖(Jo 17, 19). Queremos unir-nos ao nosso Redentor, nesta consagração pelo mundo e pelos homens, a qual, no seu Coração divino, tem o poder de alcançar o perdão e de conseguir a reparação. A força desta consagração permanece por todos os tempos e abrange todos os homens, os povos e as nações; e supera todo o mal, que o espírito das trevas é capaz de despertar no coração do homem e na sua história e que, de fato, despertou nos nossos tempos. Oh quão profundamente sentimos a necessidade de consagração pela humanidade e pelo mundo: pelo nosso mundo contemporâneo, em união com o próprio Cristo! Na realidade, a obra redentora de Cristo deve ser participada pelo mundo por meio da Igreja. Manifesta-o o presente Ano da Redenção: o Jubileu extraordinário de toda a Igreja. Neste Ano Santo, bendita sejais acima de todas as criaturas Vós, Serva do Senhor, que obedecestes da maneira mais plena ao chamamento Divino! Louvada sejais Vós, que estais inteiramente unida à consagração redentora do vosso Filho! Mãe da Igreja! Iluminai o Povo de Deus nos caminhos da fé, da esperança e da caridade! Iluminai de modo especial os povos dos quais Vós esperais a nossa consagração e a nossa entrega. Ajudai-nos a viver na verdade da consagração de Cristo por toda a família humana do mundo contemporâneo. Confiando-Vos, ó Mãe, o mundo, todos os homens e todos os povos, nós Vos confiamos também a própria consagração do mundo, depositando-a no vosso Coração materno. Oh Imaculado Coração! Ajudai-nos a vencer a ameaça do mal, que se enraíza tão facilmente nos corações dos homens de hoje e que, nos seus efeitos incomensuráveis, pesa já sobre a vida presente e parece fechar os caminhos do futuro! Da fome e da guerra, livrai-nos! 101


Da guerra nuclear, de uma autodestruição incalculável, e de toda a espécie de guerra, livrainos! Dos pecados contra a vida do homem desde os seus primeiros instantes, livrai-nos! Do ódio e do aviltamento da dignidade dos filhos de Deus, livrai-nos! De todo o gênero de injustiça na vida social, nacional e internacional, livrai-nos! Da facilidade em calcar aos pés os mandamentos de Deus, livrai-nos! Da tentativa de ofuscar nos corações humanos a própria verdade de Deus, livrai-nos! Da perda da consciência do bem e do mal, livrai-nos! Dos pecados contra o Espírito Santo, livrai-nos, livrai-nos! Acolhei, ó Mãe de Cristo, este clamor carregado homens!Carregado do sofrimento de sociedades inteiras!

do

sofrimento de

todos

os

Ajudai-nos com a força do Espírito Santo a vencer todo o pecado: o pecado do homem e o ―pecado do mundo‖, enfim o pecado em todas as suas manifestações. Que se revele uma vez mais, na história do mundo, a força salvífica infinita da Redenção: a força do Amor misericordioso! Que ele detenha o mal! Que ele transforme as consciências! Que se manifeste para todos, no vosso Imaculado Coração, a luz da Esperança!‖.(4) A Irmã Lúcia confirmou pessoalmente que este ato, solene e universal, de consagração correspondia àquilo que Nossa Senhora queria: ―Sim, está feita tal como Nossa Senhora a pediu, desde o dia 25 de Março de 1984‖ (carta de 8 de Novembro de 1989). Por isso, qualquer discussão e ulterior petição não tem fundamento. Na documentação apresentada, para além das páginas manuscritas da Irmã Lúcia, inserem-se mais quatro textos: 1) A carta do Santo Padre à Irmã Lúcia, datada de 19 de Abril de 2000; 2) Uma descrição do colóquio que houve com a Irmã Lúcia no dia 27 de Abril de 2000; 3) A comunicação lida, por encargo do Santo Padre, por Sua Eminência o Cardeal Ângelo Sodano, Secretário de Estado, em Fátima no dia 13 de Maio deste ano; 4) O comentário teológico de Sua Eminência o Cardeal Joseph Ratzinger, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. Uma orientação para a interpretação da terceira parte do ―segredo‖ tinha sido já oferecida pela Irmã Lúcia, numa carta dirigida ao Santo Padre a 12 de Maio de 1982, onde dizia: ―A terceira parte do segredo refere-se às palavras de Nossa Senhora: “Se não, [a Rússia] espalhará os seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas”(13-VII-1917).

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A terceira parte do segredo é uma revelação simbólica, que se refere a este trecho da Mensagem, condicionada ao facto de aceitarmos ou não o que a Mensagem nos pede: “Se atenderem a meus pedidos, a Rússia converter-se-á e terão paz; se não, espalhará os seus erros pelo mundo, etc”. Porque não temos atendido a este apelo da Mensagem, verificamos que ela se tem cumprido, a Rússia foi invadindo o mundo com os seus erros. E se não vemos ainda, como facto consumado, o final desta profecia, vemos que para aí caminhamos a passos largos. Se não recuarmos no caminho do pecado, do ódio, da vingança, da injustiça atropelando os direitos da pessoa humana, da imoralidade e da violência, etc. E não digamos que é Deus que assim nos castiga; mas, sim, que são os homens que para si mesmos se preparam o castigo. Deus apenas nos adverte e chama ao bom caminho, respeitando a liberdade que nos deu; por isso os homens são responsáveis‖.(5) A decisão tomada pelo Santo Padre João Paulo II de tornar pública a terceira parte do ―segredo‖ de Fátima encerra um pedaço de história, marcado por trágicas veleidades humanas de poder e de iniqüidade, mas permeada pelo amor misericordioso de Deus e pela vigilância cuidadosa da Mãe de Jesus e da Igreja. Ação de Deus, Senhor da história, e corresponsabilidade do homem, no exercício dramático e fecundo da sua liberdade, são os dois alicerces sobre os quais se constrói a história da humanidade. Ao aparecer em Fátima, Nossa Senhora faz-nos apelo a estes valores esquecidos, a este futuro do homem em Deus, do qual somos parte ativa e responsável. Tarcisio Bertone, SDB Arcebispo emérito de Vercelli Secretário da Congregação para a Doutrina da Fé

O ―SEGREDO‖ DE FÁTIMA

PRIMEIRA E SEGUNDA PARTE DO ―SEGREDO‖ SEGUNDO A REDAÇÃO FEITA PELA IRMÃ LÚCIA NA ―TERCEIRA MEMÓRIA‖, DE 31 DE AGOSTO DE 1941, DESTINADA AO BISPO DE LEIRIA-FÁTIMA

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(texto original)

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(transcrição) (6) Terei para isso que falar algo do segredo e responder ao primeiro ponto de interrogação. O que é o segredo? Parece-me que o posso dizer, pois que do Céu tenho já a licença. Os representantes de Deus na terra, têm-me autorizado a isso várias vezes, e em várias cartas, uma das quais, julgo que conserva Vossa Excelência Reverendíssima do Senhor Padre José Bernardo Gonçalves, na em que me manda escrever ao Santo Padre. Um dos pontos que me indica é a revelação do segredo. Algo disse, mas para não alongar mais esse escrito que devia ser breve, limitei-me ao indispensável, deixando a Deus a oportunidade d''um momento mais favorável. Expus já no segundo escrito a dúvida que de 13 de Junho a 13 de Julho me atormentou e que n''essa aparição tudo se desvaneceu. Bem o segredo consta de três coisas distintas, duas das quais vou revelar. A primeira foi pois a vista do inferno! Nossa Senhora mostrou-nos um grande mar de fogo que parecia estar debaixo da terra. Mergulhados em esse fogo os demônios e as almas, como se fossem brasas transparentes e negras, ou bronzeadas com forma humana, que flutuavam no incêndio levadas pelas chamas que d''elas mesmas saiam, juntamente com nuvens de fumo, caindo para todos os lados, semelhante ao cair das faúlhas em os grandes incêndios sem peso nem equilíbrio, entre gritos e gemidos de dor e desespero que horrorizava e fazia estremecer de pavor. Os demônios destinguiam-se por formas horríveis e asquerosas de animais espantosos e desconhecidos, mas transparentes e negros. Esta vista foi um momento, e graças à nossa boa Mãe do Céu; que antes nos tinha prevenido com a promessa de nos levar para o Céu (na primeira aparição) se assim não fosse, creio que teríamos morrido de susto e pavor. Em seguida, levantamos os olhos para Nossa Senhora que nos disse com bondade e tristeza: — Vistes o inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores, para as salvar, Deus quer estabelecer no mundo a devoção a meu Imaculado Coração. Se fizerem o que eu disser salvarse-ão muitas almas e terão paz. A guerra vai acabar, mas se não deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio XI começará outra pior. Quando virdes uma noite, alumiada por uma luz desconhecida, sabei que é o grande sinal que Deus vos dá de que vai a punir o mundo de seus crimes, por meio da guerra, da fome e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre. Para a impedir virei pedir a consagração da Rússia a meu Imaculado Coração e a comunhão reparadora nos primeiros sábados. Se atenderem a meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz, se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja, os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas, por fim o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz.(7)

TERCEIRA PARTE DO ―SEGREDO‖ 105


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(transcrição) (8)

―J.M.J. A terceira parte do segredo revelado a 13 de Julho de 1917 na Cova da Iria - Fátima. Escrevo em ato de obediência a Vós Deus meu, que mo mandais por meio de sua Excelência Reverendíssima o Senhor Bispo de Leiria e da Vossa e minha Santíssima Mãe. Depois das duas partes que já expus, vimos ao lado esquerdo de Nossa Senhora um pouco mais alto um Anjo com uma espada de fogo em a mão esquerda; ao cintilar, despedia chamas que parecia iam incendiar o mundo; mas apagavam-se com o contacto do brilho que da mão direita expedia Nossa Senhora ao seu encontro: O Anjo apontando com a mão direita para a terra, com voz forte disse: Penitência, Penitência, Penitência! E vimos n'uma luz imensa que é Deus: ―algo semelhante a como se vêem as pessoas n'um espelho quando lhe passam por diante‖ um Bispo vestido de Branco ―tivemos o pressentimento de que era o Santo Padre‖. Vários outros Bispos, Sacerdotes, religiosos e religiosas subir uma escabrosa montanha, no cimo da qual estava uma grande Cruz de troncos toscos como se fora de sobreiro com a casca; o Santo Padre, antes de chegar aí, atravessou uma grande cidade meia em ruínas, e meio tremulo com andar vacilante, acabrunhado de dor e pena, ia orando pelas almas dos cadáveres que encontrava pelo caminho; chegado ao cimo do monte, prostrado de joelhos aos pés da grande Cruz foi morto por um grupo de soldados que lhe dispararam vários tiros e setas, e assim mesmo foram morrendo uns trás outros os Bispos Sacerdotes, religiosos e religiosas e varias pessoas seculares, cavalheiros e senhoras de varias classes e posições. Sob os dois braços da Cruz estavam dois Anjos cada um com um regador de cristal em a mão, n'eles recolhiam o sangue dos Mártires e com ele regavam as almas que se aproximavam de Deus.

Tuy-3-1-1944‖.

INTERPRETAÇÃO DO ―SEGREDO‖

CARTE DE JOÃO PAULO II À IRMÃ LÚCIA

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(texto original)

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COLÓQUIO COM A IRMÃ MARIA LÚCIA DE JESUS E DO CORAÇÃO IMACULADO

O encontro da Irmã Lúcia com Sua Excelência Reverendíssima D. Tarcisio Bertone, Secretário da Congregação para a Doutrina da Fé, por encargo recebido do Santo Padre, e Sua Excelência Reverendíssima D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, Bispo de Leiria-Fátima, teve lugar a 27 de Abril passado (uma quinta-feira), no Carmelo de Santa Teresa em Coimbra. A Irmã Lúcia estava lúcida e calma, dizendo-se muito feliz com a ida do Santo Padre a Fátima para a Beatificação de Francisco e Jacinta, há muito desejada por ela. O Bispo de Leiria-Fátima leu a carta autógrafa do Santo Padre, que explicava os motivos da visita. A Irmã Lúcia disse sentir-se muito honrada, e releu pessoalmente a carta comprazendose por vê-la nas suas próprias mãos. Declarou-se disposta a responder francamente a todas as perguntas. Então, o Senhor D. Tarcisio Bertone apresenta-lhe dois envelopes: um exterior que tinha dentro outro com a carta onde estava a terceira parte do ―segredo‖ de Fátima. Tocando esta segunda com os dedos, logo exclamou: ―É a minha carta‖, e, depois de a ler, acrescentou: ―É a minha letra‖. Com o auxílio do Bispo de Leiria-Fátima, foi lido e interpretado o texto original, que é em língua portuguesa. A Irmã Lúcia concorda com a interpretação segundo a qual a terceira parte do ―segredo‖ consiste numa visão profética, comparável às da história sagrada. Ela reafirma a sua convicção de que a visão de Fátima se refere sobretudo à luta do comunismo ateu contra a Igreja e os cristãos, e descreve o imane sofrimento das vítimas da fé no século XX. À pergunta: ―A personagem principal da visão é o Papa?‖, a Irmã Lúcia responde imediatamente que sim e recorda como os três pastorinhos sentiam muita pena pelo sofrimento do Papa e Jacinta repetia: ―Coitadinho do Santo Padre. Tenho muita pena dos pecadores!‖ A Irmã Lúcia continua: ―Não sabíamos o nome do Papa; Nossa Senhora não nos disse o nome do Papa. Não sabíamos se era Bento XV, Pio XII, Paulo VI ou João Paulo II, mas que era o Papa que sofria e isso fazia-nos sofrer a nós também‖. Quanto à passagem relativa ao Bispo vestido de branco, isto é, ao Santo Padre — como logo perceberam os pastorinhos durante a ―visão‖ — que é ferido de morte e cai por terra, a irmã Lúcia concorda plenamente com a afirmação do Papa: ―Foi uma mão materna que guiou a trajetória da bala e o Santo Padre agonizante deteve-se no limiar da morte‖ (João Paulo II, Meditação com os Bispos Italianos, a partir da Policlínica Gemelli, 13 de Maio de 1994). Uma vez que a Irmã Lúcia, antes de entregar ao Bispo de Leiria-Fátima de então o envelope selado com a terceira parte do ―segredo‖, tinha escrito no envelope exterior que podia ser aberto somente depois de 1960 pelo Patriarca de Lisboa ou pelo Bispo de Leiria, o Senhor D. Bertone pergunta-lhe: ―Porquê o limite de 1960? Foi Nossa Senhora que indicou aquela data?‖.Resposta da Irmã Lúcia: ―Não foi Nossa Senhora; fui eu que meti a data de 1960 110


porque, segundo intuição minha, antes de 1960 não se perceberia, compreender-se-ia somente depois. Agora pode-se compreender melhor. Eu escrevi o que vi; não compete a mim a interpretação, mas ao Papa‖. Por último, alude-se ao manuscrito, não publicado, que a Irmã Lúcia preparou para dar resposta a tantas cartas de devotos e peregrinos de Nossa Senhora. A obra intitula-se ―Os apelos da Mensagem de Fátima‖, e contém pensamentos e reflexões que exprimem, em chave catequética e parenética, os seus sentimentos e espiritualidade cândida e simples. Perguntouse-lhe se gostava que fosse publicado, ao que a Irmã Lúcia respondeu: ―Se o Santo Padre estiver de acordo, eu fico contente; caso contrário, obedeço àquilo que decidir o Santo Padre‖. A Irmã Lúcia deseja sujeitar o texto à aprovação da Autoridade Eclesiástica, esperando que o seu escrito possa contribuir para guiar os homens e mulheres de boa vontade no caminho que conduz a Deus, meta última de todo o anseio humano. O colóquio termina com uma troca de terços: à Irmã Lúcia foi dado o terço oferecido pelo Santo Padre, e ela, por sua vez, entrega alguns terços confeccionados pessoalmente por ela. A Bênção, concedida em nome do Santo Padre, concluiu o encontro.

COMUNICAÇÃO DE SUA EMINÊNCIA O CARD. ÂNGELO SODANO SECRETÁRIO DE ESTADO DE SUA SANTIDADE

No final da solene Concelebração Eucarística presidida por João Paulo II em Fátima, o Cardeal Ângelo Sodano, Secretário de Estado, pronunciou em português as palavras seguintes: Irmãos e irmãs no Senhor! No termo desta solene celebração, sinto o dever de apresentar ao nosso amado Santo Padre João Paulo II os votos mais cordiais de todos os presentes pelo seu próximo octogésimo aniversário natalício, agradecidos pelo seu precioso ministério pastoral em benefício de toda a Santa Igreja de Deus. Na circunstância solene da sua vinda a Fátima, o Sumo Pontífice incumbiu-me de vos comunicar uma notícia. Como é sabido, a finalidade da vinda do Santo Padre a Fátima é a beatificação dos dois Pastorinhos. Contudo Ele quer dar a esta sua peregrinação também o valor de um renovado preito de gratidão a Nossa Senhora pela proteção que Ela Lhe tem concedido durante estes anos de pontificado. É uma proteção que parece ter a ver também com a chamada terceira parte do ―segredo‖ de Fátima. Tal texto constitui uma visão profética comparável às da Sagrada Escritura, que não descrevem de forma fotográfica os detalhes dos acontecimentos futuros, mas sintetizam e condensam sobre a mesma linha de fundo fatos que se prolongam no tempo numa sucessão e duração não especificadas. Em conseqüência, a chave de leitura do texto só pode ser de caráter simbólico. 111


A visão de Fátima refere-se, sobretudo à luta dos sistemas ateus contra a Igreja e os cristãos e descreve o sofrimento imane das testemunhas da fé do último século do segundo milênio. É uma Via Sacra sem fim, guiada pelos Papas do século vinte. Segundo a interpretação dos pastorinhos, interpretação confirmada ainda recentemente pela Irmã Lúcia, o ―Bispo vestido de branco‖ que reza por todos os fiéis é o Papa. Também Ele, caminhando penosamente para a Cruz por entre os cadáveres dos martirizados (bispos, sacerdotes, religiosos, religiosas e várias pessoas seculares), cai por terra como morto sob os tiros de uma arma de fogo. Depois do atentado de 13 de Maio de 1981, pareceu claramente a Sua Santidade que foi ―uma mão materna a guiar a trajetória da bala‖, permitindo que o ―Papa agonizante‖ se detivesse ―no limiar da morte‖ [João Paulo II, Meditação com os Bispos Italianos, a partir da Policlínica Gemelli, em: Insegnamenti di Giovanni Paolo II, XVII-1 (Città del Vaticano 1994), 1061]. Certa ocasião em que o Bispo de Leiria-Fátima de então passara por Roma, o Papa decidiu entregar-lhe a bala que tinha ficado no jeep depois do atentado, para ser guardada no Santuário. Por iniciativa do Bispo, essa bala foi depois encastoada na coroa da imagem de Nossa Senhora de Fátima. Depois, os acontecimentos de 1989 levaram, quer na União Soviética quer em numerosos Países do Leste, à queda do regime comunista que propugnava o ateísmo. O Sumo Pontífice agradece do fundo do coração à Virgem Santíssima também por isso. Mas, noutras partes do mundo, os ataques contra a Igreja e os cristãos, com a carga de sofrimento que eles provocam, infelizmente não cessaram. Embora os acontecimentos a que faz referência a terceira parte do ―segredo‖ de Fátima pareçam pertencer já ao passado, o apelo à conversão e à penitência, manifestado por Nossa Senhora ao início do século vinte, conserva ainda hoje uma estimulante atualidade. ―A Senhora da Mensagem parece ler com uma perspicácia singular os sinais dos tempos, os sinais do nosso tempo. (...) O convite insistente de Maria Santíssima à penitência não é senão a manifestação da sua solicitude materna pelos destinos da família humana, necessitada de conversão e de perdão‖ [João Paulo II, Mensagem para o Dia Mundial do Doente - 1997 n. 1, em: Insegnamenti di Giovanni Paolo II, XIX-2 (Città del Vaticano 1996), 561]. Para consentir que os fiéis recebam melhor a mensagem da Virgem de Fátima, o Papa confiou à Congregação para a Doutrina da Fé o encargo de tornar pública a terceira parte do ―segredo‖, depois de lhe ter preparado um adequado comentário. Irmãos e irmãs, damos graças a Nossa Senhora de Fátima pela sua proteção. Confiamos à sua materna intercessão a Igreja do Terceiro Milênio. Sub tuum præsidium confugimus, Sancta Dei Genetrix! Intercede pro Ecclesia. Intercede pro Papa nostro Ioanne Paulo II. Amém.

Fátima, 13 de Maio de 2000.

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COMENTÁRIO TEOLÓGICO Quem lê com atenção o texto do chamado terceiro ―segredo‖ de Fátima, que depois de longo tempo, por disposição do Santo Padre, é aqui publicado integralmente, ficará presumivelmente desiludido ou maravilhado depois de todas as especulações que foram feitas. Não é revelado nenhum grande mistério; o véu do futuro não é rasgado. Vemos a Igreja dos mártires deste século que está para findar, representada através duma cena descrita numa linguagem simbólica de difícil decifração. É isto o que a Mãe do Senhor queria comunicar à cristandade, à humanidade num tempo de grandes problemas e angústias? Serve-nos de ajuda no início do novo milênio? Ou não serão talvez apenas projeções do mundo interior de crianças, crescidas num ambiente de profunda piedade, mas simultaneamente assustadas pelas tempestades que ameaçavam o seu tempo? Como devemos entender a visão, o que pensar dela? Revelação pública e revelações privadas — O seu lugar teológico Antes de encetar uma tentativa de interpretação, cujas linhas essenciais podem encontrar-se na comunicação que o Cardeal Sodano pronunciou, no dia 13 de Maio deste ano, no fim da Celebração Eucarística presidida pelo Santo Padre em Fátima, é necessário dar alguns esclarecimentos básicos sobre o modo como, segundo a doutrina da Igreja, devem ser compreendidos no âmbito da vida de fé fenômenos como o de Fátima. A doutrina da Igreja distingue ―revelação pública‖ e ―revelações privadas‖; entre as duas realidades existe uma diferença essencial, e não apenas de grau. A noção ―revelação pública‖ designa a ação reveladora de Deus que se destina à humanidade inteira e está expressa literariamente nas duas partes da Bíblia: o Antigo e o Novo Testamento. Chama-se ―revelação‖, porque nela Deus Se foi dando a conhecer progressivamente aos homens, até ao ponto de Ele mesmo Se tornar homem, para atrair e reunir em Si próprio o mundo inteiro por meio do Filho encarnado, Jesus Cristo. Não se trata, portanto, de comunicações intelectuais, mas de um processo vital em que Deus Se aproxima do homem; naturalmente nesse processo, depois aparecem também conteúdos que têm a ver com a inteligência e a compreensão do mistério de Deus. Tal processo envolve o homem inteiro e, por conseguinte, também a razão, mas não só ela. Uma vez que Deus é um só, também a história que Ele vive com a humanidade é única, vale para todos os tempos e encontrou a sua plenitude com a vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Por outras palavras, em Cristo Deus disse tudo de Si mesmo, e, portanto a revelação ficou concluída com a realização do mistério de Cristo, expresso no Novo Testamento. O Catecismo da Igreja Católica, para explicar este caráter definitivo e pleno da revelação, cita o seguinte texto de S. João da Cruz: ―Ao dar-nos, como nos deu, o seu Filho, que é a sua Palavra? E não tem outra? Deus disse-nos tudo ao mesmo tempo e de uma só vez nesta Palavra única (...) porque o que antes disse parcialmente pelos profetas revelou-o totalmente, dando-nos o Todo que é o seu Filho. E por isso, quem agora quisesse consultar a Deus ou pedir-Lhe alguma visão ou revelação, não só cometeria um disparate, mas faria agravo a Deus, por não pôr os olhos totalmente em Cristo e buscar fora d''Ele outra realidade ou novidade‖ (CIC, n. 65; S. João da Cruz, A Subida do Monte Carmelo, II, 22). O fato de a única revelação de Deus destinada a todos os povos ter ficado concluída com Cristo e o testemunho que d''Ele nos dão os livros do Novo Testamento vincula a Igreja com o acontecimento único que é a história sagrada e a palavra da Bíblia, que garante e interpreta tal acontecimento, mas não significa que agora a Igreja pode apenas olhar para o passado, 113


ficando assim condenada a uma estéril repetição. Eis o que diz o Catecismo da Igreja Católica: ―No entanto, apesar de a Revelação ter acabado, não quer dizer que esteja completamente explicitada. E está reservado à fé cristã apreender gradualmente todo o seu alcance no decorrer dos séculos‖ (n. 66). Estes dois aspectos — O vínculo com a unicidade do acontecimento e o progresso na sua compreensão — estão otimamente ilustrados nos discursos de despedida do Senhor, quando Ele declara aos discípulos: ―Ainda tenho muitas coisas para vos dizer, mas não as podeis suportar agora. Quando vier o Espírito da Verdade, Ele guiar-vos-á para a verdade total, porque não falará de Si mesmo (...) Ele glorificar-Me-á, porque há de receber do que é meu, para vo-lo anunciar‖ (Jo 16, 12-14). Por um lado, o Espírito serve de guia, desvendando assim um conhecimento cuja densidade não se podia alcançar antes porque faltava o pressuposto, ou seja, o da amplidão e profundidade da fé cristã, e que é tal que não estará concluída jamais. Por outro lado, esse ato de guiar é ―receber‖ do tesouro do próprio Jesus Cristo, cuja profundidade inexaurível se manifesta nesta condução por obra do Espírito. A propósito disto, o Catecismo cita uma densa frase do Papa Gregório Magno: ―As palavras divinas crescem com quem as lê‖ (CIC, n. 94; S. Gregório Magno, Homilia sobre Ezequiel 1, 7, 8). O Concílio Vaticano II indica três caminhos essenciais, através dos quais o Espírito Santo efetua a sua guia da Igreja e, conseqüentemente, o ―crescimento da Palavra‖: realiza-se por meio da meditação e estudo dos fiéis, por meio da íntima inteligência que experimentam das coisas espirituais, e por meio da pregação daqueles ―que, com a sucessão do episcopado, receberam o carisma da verdade‖ (Dei Verbum, n. 8). Neste contexto, torna-se agora possível compreender corretamente o conceito de ―revelação privada‖, que se aplica a todas as visões e revelações verificadas depois da conclusão do Novo Testamento; nesta categoria, portanto, se deve colocar a mensagem de Fátima. Ouçamos o que diz o Catecismo da Igreja Católica sobre isto também: ―No decurso dos séculos tem havido revelações ditas ―privadas‖, algumas das quais foram reconhecidas pela autoridade da Igreja. (...) O seu papel não é (...) ―completar‖a Revelação definitiva de Cristo, mas ajudar a vivê-la mais plenamente numa determinada época da história‖ (n. 67). Isto deixa claro duas coisas: 1. A autoridade das revelações privadas é essencialmente diversa da única revelação pública: esta exige a nossa fé; de fato, nela, é o próprio Deus que nos fala por meio de palavras humanas e da mediação da comunidade viva da Igreja. A fé em Deus e na sua Palavra é distinta de qualquer outra fé, crença, opinião humana. A certeza de que é Deus que fala, cria em mim a segurança de encontrar a própria verdade; uma certeza assim não se pode verificar em mais nenhuma forma humana de conhecimento. É sobre tal certeza que edifico a minha vida e me entrego ao morrer. 2. A revelação privada é um auxílio para esta fé, e manifesta-se credível precisamente porque faz apelo à única revelação pública. O Cardeal Próspero Lambertini, mais tarde Papa Bento XIV, afirma a tal propósito num tratado clássico, que se tornou normativo a propósito das beatificações e canonizações: ―A tais revelações aprovadas não é devida uma adesão de fé católica; nem isso é possível. Estas revelações requerem, antes, uma adesão de fé humana ditada pelas regras da prudência, que no-las apresentam como prováveis e religiosamente credíveis‖. O teólogo flamengo E. Dhanis, eminente conhecedor desta matéria, afirma sinteticamente que a aprovação eclesial duma revelação privada contém três elementos: que a respectiva mensagem não contém nada em contraste com a fé e os bons costumes, que é lícito torná-la pública, e que os fiéis ficam autorizados a prestar-lhe de forma prudente a sua adesão 114


[E. Dhanis, Sguardo su Fatima e bilancio di una discussione, em: La Civiltà Cattolica, CIV (1953-II), 392-406, especialmente 397]. Tal mensagem pode ser um válido auxílio para compreender e viver melhor o Evangelho na hora atual; por isso, não se deve esquecer. É uma ajuda que é oferecida, mas não é obrigatório fazer uso dela. Assim, o critério para medir a verdade e o valor duma revelação privada é a sua orientação para o próprio Cristo. Quando se afasta d''Ele, quando se torna autônoma ou até se faz passar por outro desígnio de salvação, melhor e mais importante que o Evangelho, então ela certamente não provém do Espírito Santo, que nos guia no âmbito do Evangelho e não fora dele. Isto não exclui que uma revelação privada realce novos aspectos, faça surgir formas de piedade novas ou aprofunde e divulgue antigas. Mas, em tudo isso, deve tratar-se sempre de um alimento para a fé, a esperança e a caridade, que são, para todos, o caminho permanente da salvação. Podemos acrescentar que freqüentemente as revelações privadas provêm da piedade popular e nela se refletem, dando-lhe novo impulso e suscitando formas novas. Isto não exclui que aquelas tenham influência também na própria liturgia, como o demonstram, por exemplo, a festa do Corpo de Deus e a do Sagrado Coração de Jesus. Numa determinada perspectiva, pode-se afirmar que, na relação entre liturgia e piedade popular, está delineada a relação entre revelação pública e revelações privadas: a liturgia é o critério, a forma vital da Igreja no seu conjunto alimentada diretamente pelo Evangelho. A religiosidade popular significa que a fé cria raízes no coração dos diversos povos, entrando a fazer parte do mundo da vida quotidiana. A religiosidade popular é a primeira e fundamental forma de ―inculturação‖ da fé, que deve continuamente deixar-se orientar e guiar pelas indicações da liturgia, mas que, por sua vez, a fecunda a partir do coração. Desta forma, passamos já das especificações mais negativas, e que eram primariamente necessárias, à definição positiva das revelações privadas: Como podem classificar-se de modo correto a partir da Escritura? Qual é a sua categoria teológica? A carta mais antiga de S. Paulo que nos foi conservada e que é também o mais antigo escrito do Novo Testamento, a primeira Carta aos Tessalonicenses, parece-me oferecer uma indicação. Lá, diz o Apóstolo: ―Não extingais o Espírito, não desprezeis as profecias. Examinai tudo e retende o que for bom‖ (5, 19-21). Em todo o tempo é dado à Igreja o carisma da profecia, que, embora tenha de ser examinado, não pode ser desprezado. A este propósito, é preciso ter presente que a profecia, no sentido da Bíblia, não significa predizer o futuro, mas aplicar a vontade de Deus ao tempo presente e conseqüentemente mostrar o reto caminho do futuro. Aquele que prediz o futuro pretende satisfazer a curiosidade da razão, que deseja rasgar o véu que esconde o futuro; o profeta vem em ajuda da cegueira da vontade e do pensamento, ilustrando a vontade de Deus enquanto exigência e indicação para o presente. Neste caso, a predição do futuro tem uma importância secundária; o essencial é a atualização da única revelação, que me diz respeito profundamente: a palavra profética ora é advertência ora consolação, ou então as duas coisas ao mesmo tempo. Neste sentido, pode-se relacionar o carisma da profecia com a noção ―sinais do tempo‖, redescoberta pelo Vaticano II: ―Sabeis interpretar o aspecto da terra e do céu; como é que não sabeis interpretar o tempo presente?‖ (Lc 12, 56). Por ―sinais do tempo‖, nesta palavra de Jesus, deve-se entender o seu próprio caminho, Ele mesmo. Interpretar os sinais do tempo à luz da fé significa reconhecer a presença de Cristo em cada período de tempo. Nas revelações privadas reconhecidas pela Igreja — E, portanto na de Fátima — Trata-se disto mesmo: ajudar-nos a compreender os sinais do tempo e a encontrar na fé a justa resposta para os mesmos.

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A estrutura antropológica das revelações privadas Tendo nós procurado, com estas reflexões, determinar o lugar teológico das revelações privadas, devemos agora, ainda antes de nos lançarmos numa interpretação da mensagem de Fátima, esclarecer, embora brevemente, o seu caráter antropológico (psicológico). A antropologia teológica distingue, neste âmbito, três formas de percepção ou ―visão‖: a visão pelos sentidos, ou seja, a percepção externa corpórea; a percepção interior; e a visão espiritual (visiosensibilis, imaginativa, intellectualis). É claro que, nas visões de Lourdes, Fátima, etc, não se trata da percepção externa normal dos sentidos: as imagens e as figuras vistas não se encontram fora no espaço circundante, como está lá, por exemplo, uma árvore ou uma casa. Isto é bem evidente, por exemplo, no caso da visão do inferno (descrita na primeira parte do ―segredo‖ de Fátima) ou então na visão descrita na terceira parte do ―segredo‖, mas pode-se facilmente comprovar também noutras visões, sobretudo porque não eram captadas por todos os presentes, mas apenas pelos ―videntes‖. De igual modo, é claro que não se trata duma ―visão‖ intelectual sem imagens, como acontece nos altos graus da mística. Trata-se, portanto, da categoria intermédia, a percepção interior que, para o vidente, tem uma força de presença tal que equivale à manifestação externa sensível. Este ver interiormente não significa que se trata de fantasia, que seria apenas uma expressão da imaginação subjetiva. Significa, antes, que a alma recebe o toque suave de algo real, mas que está para além do sensível, tornando-a capaz de ver o não-sensível, o não-visível aos sentidos: uma visão através dos ―sentidos internos‖. Trata-se de verdadeiros ―objetos‖ que tocam a alma, embora não pertençam ao mundo sensível que nos é habitual. Por isso, exige-se uma vigilância interior do coração que, na maior parte do tempo, não possuímos por causa da forte pressão das realidades externas e das imagens e preocupações que enchem a alma. A pessoa é levada para além da pura exterioridade, onde é tocada por dimensões mais profundas da realidade que se lhe tornam visíveis. Talvez assim se possa compreender por que motivo os destinatários preferidos de tais aparições sejam precisamente as crianças: a sua alma ainda está pouco alterada, e quase intacta a sua capacidade interior de percepção. ―Da boca dos pequeninos e das crianças de peito recebeste louvor‖: esta foi a resposta de Jesus — servindose duma frase do Salmo 8 (v. 3) — à crítica dos sumos sacerdotes e anciãos, que achavam inoportuno o grito hossana das crianças (Mt 21, 16). Como dissemos, a ―visão interior‖ não é fantasia, mas uma verdadeira e própria maneira de verificação. Fá-lo, porém, com as limitações que lhe são próprias. Se, na visão exterior, já interfere o elemento subjetivo, isto é, não vemos o objeto puro, mas este chega-nos através do filtro dos nossos sentidos que têm de operar um processo de tradução; na visão interior, isso é ainda mais claro, sobretudo quando se trata de realidades que por si mesmas ultrapassam o nosso horizonte. O sujeito, o vidente, tem uma influência ainda mais forte; vê segundo as próprias capacidades concretas, com as modalidades de representação e conhecimento que lhe são acessíveis. Na visão interior, há, de maneira ainda mais acentuada que na exterior, um processo de tradução, desempenhando o sujeito uma parte essencial na formação da imagem daquilo que aparece. A imagem pode ser captada apenas segundo as suas medidas e possibilidades. Assim, tais visões não são em caso algum a ―fotografia‖ pura e simples do Além, mas trazem consigo também as possibilidades e limitações do sujeito que as apreende. Isto é patente em todas as grandes visões dos Santos; naturalmente vale também para as visões dos pastorinhos de Fátima. As imagens por eles delineadas não são de modo algum 116


mera expressão da sua fantasia, mas fruto duma percepção real de origem superior e íntima; nem se hão de imaginar como se por um instante se tivesse erguido a ponta do véu do Além, aparecendo o Céu na sua essencialidade pura, como esperamos vê-lo na união definitiva com Deus. Poder-se-ia dizer que as imagens são uma síntese entre o impulso vindo do Alto e as possibilidades disponíveis para o efeito por parte do sujeito que as recebe, isto é, das crianças. Por tal motivo, a linguagem feita de imagens destas visões é uma linguagem simbólica. Sobre isto, diz o Cardeal Sodano: ―Não descrevem de forma fotográfica os detalhes dos acontecimentos futuros, mas sintetizam e condensam sobre a mesma linha de fundo fatos que se prolongam no tempo numa sucessão e duração não especificadas‖. Esta sobreposição de tempos e espaços numa única imagem é típica de tais visões, que, na sua maioria, só podem ser decifradas a posteriori. E não é necessário que cada elemento da visão tenha de possuir uma correspondência histórica concreta. O que conta é a visão como um todo, e a partir do conjunto das imagens é que se devem compreender os detalhes. O que efetivamente constitui o centro duma imagem só pode ser desvendado, em última análise, a partir do que é o centro absoluto da ―profecia‖ cristã: o centro é o ponto onde a visão se torna apelo e indicação da vontade de Deus.

Uma tentativa de interpretação do ―segredo‖ de Fátima A primeira e a segunda parte do ―segredo‖ de Fátima foram já discutidas tão amplamente por específicas publicações, que não necessitam de ser ilustradas novamente aqui. Queria apenas chamar brevemente a atenção para o ponto mais significativo. Os pastorinhos experimentaram, durante um instante terrível, uma visão do inferno. Viram a queda das ―almas dos pobres pecadores‖. Em seguida, foi-lhes dito o motivo pelo qual tiveram de passar por esse instante: para ―salvá-las‖? Para mostrar um caminho de salvação. Isto faz-nos recordar uma frase da primeira Carta de Pedro que diz: ―Estais certos de obter, como prêmio da vossa fé, a salvação das almas‖ (1, 9). Como caminho para se chegar a tal objetivo, é indicado de modo surpreendente para pessoas originárias do ambiente cultural anglo-saxônico e germânico - a devoção ao Imaculado Coração de Maria. Para compreender isto, deveria bastar uma breve explicação. O termo ―coração‖, na linguagem da Bíblia, significa o centro da existência humana, uma confluência da razão, vontade, temperamento e sensibilidade, onde a pessoa encontra a sua unidade e orientação interior. O ―coração imaculado‖ é, segundo o evangelho de Mateus (5, 8), um coração que a partir de Deus chegou a uma perfeita unidade interior e, conseqüentemente, ―vê a Deus‖. Portanto, ―devoção‖ ao Imaculado Coração de Maria é aproximar-se desta atitude do coração, na qual o fiat — ―seja feita a vossa vontade‖ — Torna-se o centro conformador de toda a existência. Se porventura alguém objetasse que não se deve interpor um ser humano entre nós e Cristo, lembre-se de que Paulo não tem medo de dizer às suas comunidades: ―Imitai-me‖ (cf. 1 Cor 4, 16; Fil 3, 17; 1 Tes 1, 6; 2 Tes 3, 7.9). No Apóstolo, elas podem verificar concretamente o que significa seguir Cristo. Mas, com quem poderemos nós aprender sempre melhor do que com a Mãe do Senhor? Chegamos assim finalmente à terceira parte do ―segredo‖ de Fátima, publicado aqui pela primeira vez integralmente. Como resulta da documentação anterior, a interpretação dada pelo Cardeal Sodano, no seu texto do dia 13 de Maio, tinha antes sido apresentada pessoalmente à Irmã Lúcia. A tal propósito, ela começou por observar que lhe foi dada a visão, mas não a sua interpretação. A interpretação, dizia, não compete ao vidente, mas à Igreja. No entanto, depois da leitura do texto, a Irmã Lúcia disse que tal interpretação corresponde àquilo que ela mesma 117


tinha sentido e que, pela sua parte, reconhecia essa interpretação como correta. Sendo assim, limitar-nos-emos, naquilo que vem a seguir, a dar de forma profunda um fundamento à referida interpretação, partindo dos critérios anteriormente desenvolvidos. Do mesmo modo que tínhamos identificado, como palavra-chave da primeira e segunda parte do ―segredo‖, a frase ―salvar as almas‖, assim agora a palavra-chave desta parte do ―segredo‖ é o tríplice grito: ―Penitência, Penitência, Penitência!‖ Volta-nos ao pensamento o início do Evangelho: ―Pænitemini et credite evangelio‖ (Mc 1, 15). Perceber os sinais do tempo significa compreender a urgência da penitência, da conversão, da fé. Tal é a resposta justa a uma época histórica caracterizada por grandes perigos, que serão delineados nas sucessivas imagens. Deixo aqui uma recordação pessoal: num colóquio que a Irmã Lúcia teve comigo, ela disse-me que lhe parecia cada vez mais claramente que o objetivo de todas as aparições era fazer crescer sempre mais na fé, na esperança e na caridade; tudo o mais pretendia apenas levar a isso. Examinemos agora mais de perto as diversas imagens. O anjo com a espada de fogo à esquerda da Mãe de Deus lembra imagens análogas do Apocalipse: ele representa a ameaça do juízo que pende sobre o mundo. A possibilidade que este acabe reduzido a cinzas num mar de chamas, hoje já não aparece de forma alguma como pura fantasia: o próprio homem preparou, com suas invenções, a espada de fogo. Em seguida, a visão mostra a força que se contrapõe ao poder da destruição: o brilho da Mãe de Deus e, de algum modo proveniente do mesmo, o apelo à penitência. Deste modo, é sublinhada a importância da liberdade do homem: o futuro não está de forma alguma determinado imutavelmente, e a imagem vista pelos pastorinhos não é, absolutamente, um filme antecipado do futuro, do qual já nada se poderia mudar. Na realidade, toda a visão acontece só para chamar em campo a liberdade e orientá-la numa direção positiva. O sentido da visão não é, portanto, o de mostrar um filme sobre o futuro, já fixo irremediavelmente; mas exatamente o contrário: o seu sentido é mobilizar as forças da mudança em bem. Por isso, há que considerar completamente extraviadas aquelas explicações fatalistas do ―segredo‖ que dizem, por exemplo, que o autor do atentado de 13 de Maio de 1981 teria sido, em última análise, um instrumento do plano divino predisposto pela Providência e, por conseguinte, não poderia ter agido livremente, ou outras idéias semelhantes que por aí andam. A visão fala, sobretudo de perigos e do caminho para salvar-se deles. As frases seguintes do texto mostram uma vez mais e de forma muito clara o caráter simbólico da visão: Deus permanece o incomensurável e a luz que está para além de qualquer visão nossa. As pessoas humanas são vistas como que num espelho. Devemos ter continuamente presente esta limitação inerente à visão, cujos confins estão aqui visivelmente indicados. O futuro é visto apenas ―como que num espelho, de maneira confusa‖ (cf. 1 Cor 13, 12). Consideremos agora as diversas imagens que se sucedem no texto do ―segredo‖. O lugar da ação é descrito com três símbolos: uma montanha íngreme, uma grande cidade meia em ruínas e finalmente uma grande cruz de troncos toscos. A montanha e a cidade simbolizam o lugar da história humana: a história como árdua subida para o alto, a história como lugar da criatividade e convivência humana e simultaneamente de destruições pelas quais o homem aniquila a obra do seu próprio trabalho. A cidade pode ser lugar de comunhão e progresso, mas também lugar do perigo e da ameaça mais extrema. No cimo da montanha, está a cruz: meta e ponto de orientação da história. Na cruz, a destruição é transformada em salvação; ergue-se como sinal da miséria da história e como promessa para a mesma. 118


Aparecem lá, depois, pessoas humanas: o Bispo vestido de branco (―tivemos o pressentimento que era o Santo Padre‖), outros bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas e, finalmente, homens e mulheres de todas as classes e posições sociais. O Papa parece caminhar à frente dos outros, tremendo e sofrendo por todos os horrores que o circundam. E não são apenas as casas da cidade que jazem meio em ruínas; o seu caminho é ladeado pelos cadáveres dos mortos. Deste modo, o caminho da Igreja é descrito como uma Via Sacra, como um caminho num tempo de violência, destruições e perseguições. Nesta imagem, pode-se ver representada a história dum século inteiro. Tal como os lugares da terra aparecem sinteticamente representados nas duas imagens da montanha e da cidade e estão orientados para a cruz, assim também os tempos são apresentados de forma contraída: na visão, podemos reconhecer o século vinte como século dos mártires, como século dos sofrimentos e perseguições à Igreja, como o século das guerras mundiais e de muitas guerras locais que ocuparam toda a segunda metade do mesmo, tendo feito experimentar novas formas de crueldade. No ―espelho‖ desta visão, vemos passar as testemunhas da fé de decênios. A este respeito, é oportuno mencionar uma frase da carta que a Irmã Lúcia escreveu ao Santo Padre no dia 12 de Maio de 1982: ―A terceira parte do ―segredo‖ refere-se às palavras de Nossa Senhora: ―Se não, [a Rússia] espalhará os seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas‖. Na Via Sacra deste século, tem um papel especial a figura do Papa. Na árdua subida da montanha, podemos sem dúvida ver figurados conjuntamente diversos Papas, começando de Pio X até ao Papa atual, que partilharam os sofrimentos deste século e se esforçaram por avançar, no meio deles, pelo caminho que leva à cruz. Na visão, também o Papa é morto na estrada dos mártires. Não era razoável que o Santo Padre, quando, depois do atentado de 13 de Maio de 1981, mandou trazer o texto da terceira parte do ―segredo‖, tivesse lá identificado o seu próprio destino? Esteve muito perto da fronteira da morte, tendo ele mesmo explicado a sua salvação com as palavras seguintes: ―Foi uma mão materna que guiou a trajetória da bala e o Papa agonizante deteve-se no limiar da morte‖ (13 de Maio de 1994). O fato de ter havido lá uma ―mão materna‖ que desviou a bala mortífera demonstra uma vez mais que não existe um destino imutável, que a fé e a oração são forças que podem influir na história e que, em última análise, a oração é mais forte que as balas, a fé mais poderosa que os exércitos. A conclusão do ―segredo‖ lembra imagens, que Lúcia pode ter visto em livros de piedade e cujo conteúdo deriva de antigas intuições de fé. É uma visão consoladora, que quer tornar permeável à força santificante de Deus uma história de sangue e de lágrimas. Anjos recolhem, sob os braços da cruz, o sangue dos mártires e com ele regam as almas que se aproximam de Deus. O sangue de Cristo e o sangue dos mártires são vistos aqui juntos: o sangue dos mártires escorre dos braços da cruz. O seu martírio realiza-se solidariamente com a paixão de Cristo, identificando-se com ela. Eles completam em favor do corpo de Cristo o que ainda falta aos seus sofrimentos (cf. Col 1, 24). A sua própria vida tornou-se eucaristia, inserindo-se no mistério do grão de trigo que morre e se torna fecundo. O sangue dos mártires é semente de cristãos, disse Tertuliano. Tal como nasceu a Igreja da morte de Cristo, do seu lado aberto, assim também a morte das testemunhas é fecunda para a vida futura da Igreja. Deste modo, a visão da terceira parte do ―segredo‖, tão angustiante ao início, termina numa imagem de esperança: nenhum sofrimento é vão, e precisamente uma Igreja sofredora, uma Igreja dos mártires torna-se sinal indicador para o homem na sua busca de Deus. Não se trata apenas de ver os que sofrem acolhidos na mão amorosa de Deus como Lázaro, que encontrou a grande 119


consolação e misteriosamente representa Cristo, que por nós Se quis fazer o pobre Lázaro; mas há algo mais: do sofrimento das testemunhas deriva uma força de purificação e renovação, porque é a atualização do próprio sofrimento de Cristo e transmite ao tempo presente a sua eficácia salvífica. Chegamos assim a uma última pergunta: O que é que significa no seu conjunto (nas suas três partes) o ―segredo‖ de Fátima? O que é nos diz a nós? Em primeiro lugar, devemos supor como afirma o Cardeal Sodano, que ―os acontecimentos a que faz referência a terceira parte do ―segredo‖ de Fátima parecem pertencer já ao passado‖. Os diversos acontecimentos, na medida em que lá são representados, pertencem já ao passado. Quem estava à espera de impressionantes revelações apocalípticas sobre o fim do mundo ou sobre o futuro desenrolar da história, deve ficar desiludido. Fátima não oferece tais satisfações à nossa curiosidade, como, aliás, a fé cristã em geral que não pretende nem pode ser alimento para a nossa curiosidade. O que permanece — dissemo-lo logo ao início das nossas reflexões sobre o texto do ―segredo‖ — é a exortação à oração como caminho para a ―salvação das almas‖, e no mesmo sentido o apelo à penitência e à conversão. Queria, no fim, tomar uma vez mais outra palavra-chave do ―segredo‖ que justamente se tornou famosa: ―O meu Imaculado Coração triunfará‖. Que significa isto? Significa que este Coração aberto a Deus, purificado pela contemplação de Deus, é mais forte que as pistolas ou outras armas de qualquer espécie. O fiat de Maria, a palavra do seu Coração, mudou a história do mundo, porque introduziu neste mundo o Salvador: graças àquele ―Sim‖, Deus pôde fazerSe homem no nosso meio e tal permanece para sempre. Que o maligno tem poder neste mundo, vemo-lo e experimentamo-lo continuamente; tem poder, porque a nossa liberdade se deixa continuamente desviar de Deus. Mas, desde que Deus passou a ter um coração humano e deste modo orientou a liberdade do homem para o bem, para Deus, a liberdade para o mal deixou de ter a última palavra. O que vale desde então, está expresso nesta frase: ―No mundo tereis aflições, mas tende confiança! Eu venci o mundo‖ (Jo 16, 33). A mensagem de Fátima convida a confiar nesta promessa.

Joseph Card. Ratzinger Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé

Notas: (1) Lê-se no diário de João XXIII, a 17 de Agosto de 1959: ―Audiências: P. Philippe, Comissário do S.O., que me traz a carta que contém a terceira parte dos segredos de Fátima. Reservo-me de a ler com o meu Confessor‖.

Texto original:

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(2) Vale a pena recordar o comentário feito pelo Santo Padre, na Audiência Geral de 14 de Outubro de 1981, sobre ―O acontecimento de Maio: grande prova divina‖, em:Insegnamenti di Giovanni Paolo II, IV (Città del Vaticano 1981), 409-412; cf. L'Osservatore Romano (ed. portuguesa de 18-X-1981), 484. (3) Radiomensagem durante o rito, na Basílica de Santa Maria Maior, ―Veneração, agradecimento, entrega à Virgem Maria Theotokos‖, em: Insegnamenti di Giovanni Paolo II, IV-1 (Città del Vaticano 1981), 1246; cf. L'Osservatore Romano (ed. portuguesa de 14-VI1981), 302. (4) Na Jornada Jubilar das Famílias, o Papa entrega a Nossa Senhora os homens e as nações: Insegnamenti di Giovanni Paolo II, VII-1 (Città del Vaticano 1984), 775-777; cf. L'Osservatore Romano (ed. portuguesa de 1-IV-1984), 157 e 160.

(5) Texto original da carta:

(6) Na ―quarta memória‖, de 8 de Dezembro de 1941, a Irmã Lúcia escreve: ―Começo pois a minha nova tarefa, e cumprirei as ordens de Vossa Excelência Reverendíssima e os desejos do Senhor Dr. Galamba. Excetuando a parte do segredo que por agora não me é permitido revelar, direi tudo; advertidamente não deixarei nada. Suponho que poderão esquecer-me apenas alguns pequenos detalhes de mínima importância‖.

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Texto original:

(7) Na citada ―quarta memória‖, a Irmã Lúcia acrescenta: ―Em Portugal se conservará sempre o dogma da fé etc.‖.

Texto original:

(8) Na transcrição, respeitou-se o texto original mesmo quando havia erros e imprecisões de escrita e pontuação, os quais, aliás, não impedem a compreensão daquilo que a vidente quis dizer.

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(PARTE - V)

Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae Do Sumo Pontífice João Paulo II 123


(Capítulo - XVI)

A Mensagem Apostólica Do Sumo Pontífice João Paulo II 124


CARTA APOSTÓLICA ROSARIUM VIRGINIS MARIAE DO SUMO PONTÍFICE JOÃO PAULO II AO EPISCOPADO AO CLERO E AOS FIÉIS SOBRE O ROSÁRIO

INTRODUÇÃO 1. O Rosário da Virgem Maria (Rosarium Virginis Mariae), que ao sopro do Espírito de Deus se foi formando gradualmente no segundo Milênio, é oração amada por numerosos Santos e estimulada pelo Magistério. Na sua simplicidade e profundidade, permanece, mesmo no terceiro Milênio recém iniciado, uma oração de grande significado e destinada a produzir frutos de santidade. Ela enquadra-se perfeitamente no caminho espiritual de um cristianismo que, passados dois mil anos, nada perdeu do seu frescor original, e sente-se impulsionado pelo Espírito de Deus a « fazer-se ao largo » (duc in altum!) para reafirmar, melhor « gritar » Cristo ao mundo como Senhor e Salvador, como « caminho, verdade e vida » (Jo 14, 6), como « o fim da história humana, o ponto para onde tendem os desejos da história e da civilização ».1 O Rosário, de fato, ainda que caracterizado pela sua fisionomia mariana, no seu âmago é oração cristológica. Na sobriedade dos seus elementos, concentra a profundidade de toda a mensagem evangélica,da qual é quase um compêndio.2 Nele ecoa a oração de Maria, o seu perene Magnificat pela obra da Encarnação redentora iniciada no seu ventre virginal. Com ele, o povo cristão freqüenta a escola de Maria, para deixar-se introduzir na contemplação da beleza do rosto de Cristo e na experiência da profundidade do seu amor. Mediante o Rosário, o crente alcança a graça em abundância, como se a recebesse das mesmas mãos da Mãe do Redentor. Os Romanos Pontífices e o Rosário 2. Muitos dos meus Predecessores atribuíram grande importância a esta oração. Merecimento particular teve, a propósito, Leão XIII que, no dia 1 de Setembro de 1883, promulgava a Encíclica Supremi apostolatus officio, 3 alto pronunciamento com o qual inaugurava numerosas outras declarações sobre esta oração, indicando-a como instrumento espiritual eficaz contra os males da sociedade. Entre os Papas mais recentes, já na época conciliar, que se distinguiram na promoção do Rosário, desejo recordar o Beato João XXIII4 e sobretudo Paulo VI que, na Exortação apostólica Marialis cultus, destacou, em harmonia com a inspiração do Concílio Vaticano II, o caráter evangélico do Rosário e a sua orientação cristológica. Eu mesmo não descurei ocasião para exortar à freqüente recitação do Rosário. Desde a minha juventude, esta oração teve um lugar importante na minha vida espiritual. Trouxe-mo à memória a minha recente viagem à Polônia, sobretudo a visita ao Santuário de Kalwaria. O Rosário acompanhou-me nos momentos de alegria e nas provações. A ele confiei tantas preocupações; nele encontrei sempre conforto. Vinte e quatro anos atrás, no dia 29 de 125


Outubro de 1978, apenas duas semanas depois da minha eleição para a Sé de Pedro, quase numa confidência, assim me exprimia: « O Rosário é a minha oração predileta. Oração maravilhosa! Maravilhosa na simplicidade e na profundidade. [...] Pode dizer-se que o Rosário é, em certo modo, um comentário-prece do último capítulo da Constituição Lumen gentium do Vaticano II, capítulo que trata da admirável presença da Mãe de Deus no mistério de Cristo e da Igreja. De fato, sobre o fundo das palavras da ―Ave Maria‖ passam diante dos olhos da alma os principais episódios da vida de Jesus Cristo. Eles dispõem-se no conjunto dos mistérios gozosos, dolorosos e gloriosos, e põem-nos em comunhão viva com Jesus – poderíamos dizer – através do Coração de Sua Mãe. Ao mesmo tempo o nosso coração pode incluir nestas dezenas do Rosário todos os fatos que formam a vida do indivíduo, da família, da nação, da Igreja e da humanidade. Acontecimentos pessoais e do próximo, e de modo particular daqueles que nos são mais familiares e que mais estimamos. Assim a simples oração do Rosário marca o ritmo da vida humana ».5 Com estas palavras, meus caros Irmãos e Irmãs, inseria no ritmo quotidiano do Rosário o meu primeiro ano de Pontificado. Hoje, no início do vigésimo quinto ano de serviço como Sucessor de Pedro, desejo fazer o mesmo. Quantas graças recebi nestes anos da Virgem Santa através do Rosário: Magnificat anima mea Dominum! Desejo elevar ao Senhor o meu agradecimento com as palavras da sua Mãe Santíssima, sob cuja proteção coloquei o meu ministério petrino: Totus tuus!

Outubro 2002 - Outubro 2003: Ano do Rosário 3. Por isso, na esteira da reflexão oferecida na Carta apostólica Novo millennio ineunte na qual convidei o Povo de Deus, após a experiência jubilar, a « partir de Cristo »,6 senti a necessidade de desenvolver uma reflexão sobre o Rosário, uma espécie de coroação mariana da referida Carta apostólica, para exortar à contemplação do rosto de Cristo na companhia e na escola de sua Mãe Santíssima. Com efeito, recitar o Rosário nada mais é senão contemplar com Maria o rosto de Cristo. Para dar maior relevo a este convite, e tomando como ocasião a próxima efeméride dos cento e vinte anos da mencionada Encíclica de Leão XIII, desejo que esta oração seja especialmente proposta e valorizada nas várias comunidades cristãs durante o ano. Proclamo, portanto, o período que vai de Outubro deste ano até Outubro de 2003 Ano do Rosário. Deixo esta indicação pastoral à iniciativa das diversas comunidades eclesiais. Com ela não pretendo dificultar, mas antes integrar e consolidar os planos pastorais das Igrejas particulares. Espero que ela seja acolhida com generosidade e solicitude. O Rosário, quando descoberto no seu pleno significado, conduz ao âmago da vida cristã, oferecendo uma ordinária e fecunda oportunidade espiritual e pedagógica para a contemplação pessoal, a formação do Povo de Deus e a nova evangelização. Apraz-me reafirmá-lo, também, na recordação feliz de outro aniversário: os 40 anos do início do Concílio Ecumênico Vaticano II (11 de Outubro de 1962), a « grande graça » predisposta pelo Espírito de Deus para a Igreja do nosso tempo.7

Objeções ao Rosário

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4. A oportunidade desta iniciativa emerge de distintas considerações. A primeira refere-se à urgência de fazer frente a uma certa crise desta oração, correndo o risco, no atual contexto histórico e teológico, de ser erradamente debilitada no seu valor e, por conseguinte, escassamente proposta às novas gerações. Pensam alguns que a centralidade da Liturgia, justamente ressaltada pelo Concílio Ecumênico Vaticano II, tenha como necessária conseqüência uma diminuição da importância do Rosário. Na verdade, como precisou Paulo VI, esta oração não só não se opõe à Liturgia, mas serve-lhe de apoio, visto que introduz nela e dá-lhe continuidade, permitindo vivê-la com plena participação interior e recolhendo seus frutos na vida quotidiana. Pode haver também quem tema que o Rosário possa revelar-se pouco ecumênico pelo seu caráter marcadamente mariano. Na verdade, situa-se no mais claro horizonte de um culto à Mãe de Deus tal como o Concílio delineou: um culto orientado ao centro cristológico da fé cristã, de forma que, « honrando a Mãe, melhor se conheça, ame e glorifique o Filho ».8 Se adequadamente compreendido, o Rosário é certamente uma ajuda, não um obstáculo, para o ecumenismo!

Caminho de contemplação 5. Porém, o motivo mais importante para propor com insistência a prática do Rosário reside no fato de este constituir um meio validíssimo para favorecer entre os crentes aquele compromisso de contemplação do mistério cristão que propus, na Carta apostólica Novo millennio ineunte, como verdadeira e própria pedagogia da santidade: « Há necessidade dum cristianismo que se destaque principalmente pela arte da oração ».9 Enquanto que na cultura contemporânea, mesmo entre tantas contradições, emerge uma nova exigência de espiritualidade, solicitada inclusive pela influência de outras religiões, é extremamente urgente que as nossas comunidades cristãs se tornem « autênticas escolas de oração ».10 O Rosário situa-se na melhor e mais garantida tradição da contemplação cristã. Desenvolvido no Ocidente, é oração tipicamente meditativa e corresponde, de certo modo, à « oração do coração » ou « oração de Jesus » germinada no húmus do Oriente cristão.

Oração pela paz e pela família 6. A dar maior atualidade ao relançamento do Rosário temos algumas circunstâncias históricas. A primeira delas é a urgência de invocar de Deus o dom da paz. O Rosário foi, por diversas vezes, proposto pelos meus Predecessores e mesmo por mim como oração pela paz. No início de um Milênio, que começou com as cenas assustadoras do atentado de 11 de Setembro de 2001 e que registra, cada dia, em tantas partes do mundo novas situações de sangue e violência, descobrir novamente o Rosário significa mergulhar na contemplação do mistério d'Aquele que « é a nossa paz », tendo feito « de dois povos um só, destruindo o muro da inimizade que os separava » (Ef 2, 14). Portanto não se pode recitar o Rosário sem sentir-se chamado a um preciso compromisso de serviço à paz, especialmente na terra de Jesus, tão atormentada ainda, e tão querida ao coração cristão.

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Análoga urgência de empenho e de oração surge de outra realidade crítica da nossa época, a da família, célula da sociedade, cada vez mais ameaçada por forças desagregadoras a nível ideológico e prático, que fazem temer pelo futuro desta instituição fundamental e imprescindível e, conseqüentemente, pela sorte da sociedade inteira. O relançamento do Rosário nas famílias cristãs, no âmbito de uma pastoral mais ampla da família, propõe-se como ajuda eficaz para conter os efeitos devastantes desta crise da nossa época.

« Eis a tua mãe! » (Jo 19, 27) 7. Numerosos sinais demonstram quanto a Virgem Maria queira, também hoje, precisamente através desta oração, exercer aquele cuidado maternal ao qual o Redentor prestes a morrer confiou, na pessoa do discípulo predileto, todos os filhos da Igreja: « Mulher, eis aí o teu filho » (Jo19, 26). São conhecidas, ao longo dos séculos XIX e XX, várias ocasiões, nas quais a Mãe de Cristo fez, de algum modo, sentir a sua presença e a sua voz para exortar o Povo de Deus a esta forma de oração contemplativa. Em particular desejo lembrar, pela incisiva influência que conservam na vida dos cristãos e pelo reconhecimento recebido da Igreja, as aparições de Lourdes e de Fátima,11 cujos respectivos Santuários são meta de numerosos peregrinos, em busca de conforto e de esperança.

Na senda das testemunhas 8. Seria impossível citar a multidão sem conta de Santos que encontraram no Rosário um autêntico caminho de santificação. Bastará recordar S. Luís Maria Grignion de Montfort, autor de uma preciosa obra sobre o Rosário12 e, em nossos dias, Padre Pio de Pietrelcina, que recentemente tive a alegria de canonizar. Além disso um carisma especial, como verdadeiro apóstolo do Rosário, teve o Beato Bártolo Longo. O seu caminho de santidade assenta numa inspiração ouvida no fundo do coração: « Quem difunde o Rosário, salva-se! ».13 Baseado nisto, ele sentiu-se chamado a construir em Pompéia um templo dedicado à Virgem do Santo Rosário no cenário dos restos da antiga cidade, ainda pouco tocada pelo anúncio cristão quando foi sepultada em 79 pela erupção do Vesúvio e surgida das suas cinzas séculos depois como testemunho das luzes e sombras da civilização clássica. Com toda a sua obra e, de modo particular, através dos « Quinze Sábados », Bártolo Longo desenvolveu a alma cristológica e contemplativa do Rosário, encontrando particular estímulo e apoio em Leão XIII, o ―Papa do Rosário‖.

CAPÍTULO I CONTEMPLAR CRISTO COM MARIA Um rosto resplandecente como o sol 9. « Transfigurou-Se diante deles: o seu rosto resplandeceu como o sol » (Mt 17, 2). A cena evangélica da transfiguração de Cristo, na qual os três apóstolos Pedro, Tiago e João 128


aparecem como que extasiados pela beleza do Redentor, pode ser tomada como ícone da contemplação cristã. Fixar os olhos no rosto de Cristo, reconhecer o seu mistério no caminho ordinário e doloroso da sua humanidade, até perceber o brilho divino definitivamente manifestado no Ressuscitado glorificado à direita do Pai, é a tarefa de cada discípulo de Cristo; é por conseguinte também a nossa tarefa. Contemplando este rosto, dispomo-nos a acolher o mistério da vida trinitária, para experimentar sempre de novo o amor do Pai e gozar da alegria do Espírito Santo. Realiza-se assim também para nós a palavra de S. Paulo: « Refletindo a glória do Senhor, como um espelho, somos transformados de glória em glória, nessa mesma imagem, sempre mais resplandecente, pela ação do Espírito do Senhor » (2Cor 3, 18).

Maria, modelo de contemplação 10. A contemplação de Cristo tem em Maria o seu modelo insuperável. O rosto do Filho pertence-lhe sob um título especial. Foi no seu ventre que Se plasmou, recebendo d'Ela também uma semelhança humana que evoca uma intimidade espiritual certamente ainda maior. À contemplação do rosto de Cristo, ninguém se dedicou com a mesma assiduidade de Maria. Os olhos do seu coração concentram-se de algum modo sobre Ele já na Anunciação, quando O concebe por obra do Espírito Santo; nos meses seguintes, começa a sentir sua presença e a pressagiar os contornos. Quando finalmente O dá à luz em Belém, também os seus olhos de carne podem fixar-se com ternura no rosto do Filho, que envolveu em panos e recostou numa manjedoura (cf. Lc 2, 7). Desde então o seu olhar, cheio sempre de reverente estupor, não se separará mais d'Ele. Algumas vezes será um olhar interrogativo, como no episódio da perda no templo: « Filho, porque nos fizeste isto? » (Lc 2, 48); em todo o caso será um olhar penetrante, capaz de ler no íntimo de Jesus, a ponto de perceber os seus sentimentos escondidos e adivinhar suas decisões, como em Caná (cf. Jo 2, 5); outras vezes, será um olhar doloroso, sobretudo aos pés da cruz, onde haverá ainda, de certa forma, o olhar da parturiente, pois Maria não se limitará a compartilhar a paixão e a morte do Unigênito, mas acolherá o novo filho a Ela entregue na pessoa do discípulo predileto (cf. Jo 19, 26-27); na manhã da Páscoa, será um olhar radioso pela alegria da ressurreição e, enfim, um olhar ardoroso pela efusão do Espírito no dia de Pentecostes (cf. Act 1,14).

As recordações de Maria 11. Maria vive com os olhos fixos em Cristo e guarda cada palavra sua: « Conservava todas estas coisas, ponderando-as no seu coração » (Lc 2, 19; cf. 2, 51). As recordações de Jesus, estampadas na sua alma, acompanharam-na em cada circunstância, levando-a a percorrer novamente com o pensamento os vários momentos da sua vida junto com o Filho. Foram estas recordações que constituíram, de certo modo, o ―rosário‖ que Ela mesma recitou constantemente nos dias da sua vida terrena. E mesmo agora, entre os cânticos de alegria da Jerusalém celestial, os motivos da sua gratidão e do seu louvor permanecem imutáveis. São eles que inspiram o seu carinho materno pela Igreja peregrina, na qual Ela continua a desenvolver a composição da sua ―narração‖ de 129


evangelizadora. Maria propõe continuamente aos crentes os “mistérios” do seu Filho, desejando que sejam contemplados, para que possam irradiar toda a sua força salvífica. Quando recita o Rosário, a comunidade cristã sintoniza-se com a lembrança e com o olhar de Maria.

Rosário, oração contemplativa 12. O Rosário, precisamente a partir da experiência de Maria, é uma oração marcadamente contemplativa. Privado desta dimensão, perderia sentido, como sublinhava Paulo VI: « Sem contemplação, o Rosário é um corpo sem alma e a sua recitação corre o perigo de tornar-se uma repetição mecânica de fórmulas e de vir a achar-se em contradição com a advertência de Jesus: ―Na oração não sejais palavrosos como os gentios, que imaginam que hão de ser ouvidos graças à sua verbosidade‖ (Mt 6, 7). Por sua natureza, a recitação do Rosário requer um ritmo tranqüilo e uma certa demora a pensar, que favoreçam, naquele que ora, a meditação dos mistérios da vida do Senhor, vistos através do Coração d'Aquela que mais de perto esteve em contacto com o mesmo Senhor, e que abram o acesso às suas insondáveis riquezas ».14 Precisamos de deter-nos neste profundo pensamento de Paulo VI, para dele extrair algumas dimensões do Rosário que definem melhor o seu caráter próprio de contemplação cristológica.

Recordar Cristo com Maria 13. O contemplar de Maria é, antes de mais, um recordar. Convém, no entanto, entender esta palavra no sentido bíblico da memória (zakar), que atualiza as obras realizadas por Deus na história da salvação. A Bíblia é narração de acontecimentos salvíficos, que culminam no mesmo Cristo. Estes acontecimentos não constituem somente um ―ontem‖; são também o “hoje” da salvação. Esta atualização realiza-se particularmente na Liturgia: o que Deus realizou séculos atrás não tinha a ver só com as testemunhas diretas dos acontecimentos, mas alcança, pelo seu dom de graça, o homem de todos os tempos. Isto vale, de certo modo, também para qualquer outra piedosa ligação com aqueles acontecimentos: « fazer memória deles », em atitude de fé e de amor, significa abrir-se à graça que Cristo nos obteve com os seus mistérios de vida, morte e ressurreição. Por isso, enquanto se reafirma, com o Concílio Vaticano II, que a Liturgia, como exercício do ofício sacerdotal de Cristo e culto público, é « a meta para a qual se encaminha a ação da Igreja e a fonte de onde promana toda a sua força »,15 convém ainda lembrar que « a participação na sagrada Liturgia não esgota a vida espiritual. O cristão, chamado a rezar em comum, deve também entrar no seu quarto para rezar a sós ao Pai (cf. Mt 6, 6); mais, segundo ensina o Apóstolo, deve rezar sem cessar (cf. 1 Tes 5, 17) ».16 O Rosário, com a sua especificidade, situa-se neste cenário diversificado da oração « incessante », e se a Liturgia, ação de Cristo e da Igreja, é ação salvífica por excelência, o Rosário, enquanto meditação sobre Cristo com Maria, é contemplação salutar. De fato, a inserção, de mistério em mistério, na vida do Redentor faz com que tudo aquilo que Ele realizou e a Liturgia atualiza, seja profundamente assimilado e modele a existência. 130


Aprender Cristo de Maria 14. Cristo é o Mestre por excelência, o revelador e a revelação. Não se trata somente de aprender as coisas que Ele ensinou, mas de “aprender a Ele”. Porém, nisto, qual mestra mais experimentada do que Maria? Se do lado de Deus é o Espírito, o Mestre interior, que nos conduz à verdade plena de Cristo (cf. Jo 14, 26; 15, 26;16, 13), de entre os seres humanos, ninguém melhor do que Ela conhece Cristo, ninguém como a Mãe pode introduzir-nos no profundo conhecimento do seu mistério. O primeiro dos ―sinais‖ realizado por Jesus – a transformação da água em vinho nas bodas de Caná – mostra-nos precisamente Maria no papel de mestra, quando exorta os servos a cumprirem as disposições de Cristo (cf. Jo 2, 5). E podemos imaginar que Ela tenha desempenhado a mesma função com os discípulos depois da Ascensão de Jesus, quando ficou com eles à espera do Espírito Santo e os animou na primeira missão. Percorrer com Ela as cenas do Rosário é como freqüentar a ―escola‖ de Maria para ler Cristo, penetrar nos seus segredos, compreender a sua mensagem. Uma escola, a de Maria, ainda mais eficaz, quando se pensa que Ela a dá obtendo-nos os dons do Espírito Santo com abundância e, ao mesmo tempo, propondo-nos o exemplo daquela « peregrinação da fé »,17 na qual é mestra inigualável. Diante de cada mistério do Filho, Ela convida-nos, como na sua Anunciação, a colocar humildemente as perguntas que abrem à luz, para concluir sempre com a obediência da fé: « Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra » (Lc 1, 38).

Configurar-se a Cristo com Maria 15. A espiritualidade cristã tem como seu caráter qualificador o empenho do discípulo em configurar-se sempre mais com o seu Mestre (cf. Rom 8, 29; Fil 3, 10.21). A efusão do Espírito no Batismo introduz o crente como ramo na videira que é Cristo (cf. Jo 15, 5), constitui-o membro do seu Corpo místico (cf. 1 Cor 12, 12; Rom 12, 5). Mas a esta unidade inicial, deve corresponder um caminho de assimilação progressiva a Ele que oriente sempre mais o comportamento do discípulo conforme à ―lógica‖ de Cristo: « Tende entre vós os mesmos sentimentos que havia em Cristo Jesus » (Fil 2, 5). É necessário, segundo as palavras do Apóstolo, « revestir-se de Cristo » (Rom13, 14; Gal 3, 27). No itinerário espiritual do Rosário, fundado na incessante contemplação – em companhia de Maria – do rosto de Cristo, este ideal exigente de configuração com Ele alcança-se através do trato, podemos dizer, ―amistoso‖. Este introduz-nos de modo natural na vida de Cristo e como que faz-nos ―respirar‖ os seus sentimentos. A este respeito diz o Beato Bártolo Longo: « Tal como dois amigos, que se encontram constantemente, costumam configurar-se até mesmo nos hábitos, assim também nós, conversando familiarmente com Jesus e a Virgem, ao meditar os mistérios do Rosário, vivendo unidos uma mesma vida pela Comunhão, podemos vir a ser, por quanto possível à nossa pequenez, semelhantes a Eles, e aprender destes supremos modelos a vida humilde, pobre, escondida, paciente e perfeita ».18

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Neste processo de configuração a Cristo no Rosário, confiamo-nos, de modo particular, à ação maternal da Virgem Santa. Aquela que é Mãe de Cristo, pertence Ela mesma à Igreja como seu « membro eminente e inteiramente singular »19 sendo, ao mesmo tempo, a ―Mãe da Igreja‖. Como tal, ―gera‖ continuamente filhos para o Corpo místico do Filho. Fá-lo mediante a intercessão, implorando para eles a efusão inesgotável do Espírito. Ela é o perfeito ícone da maternidade da Igreja. O Rosário transporta-nos misticamente para junto de Maria dedicada a acompanhar o crescimento humano de Cristo na casa de Nazaré. Isto permite-lhe educar-nos e plasmar-nos, com a mesma solicitude, até que Cristo esteja formado em nós plenamente (cf. Gal 4, 19). Esta ação de Maria, totalmente fundada sobre a de Cristo e a esta radicalmente subordinada, « não impede minimamente a união imediata dos crentes com Cristo, antes a facilita ».20 É o princípio luminoso expresso pelo Concílio Vaticano II, que provei com tanta força na minha vida, colocando-o na base do meu lema episcopal: Totus tuus.21 Um lema, como é sabido, inspirado na doutrina de S. Luís Maria Grignion de Montfort, que assim explica o papel de Maria no processo de configuração a Cristo de cada um de nós: ―Toda a nossa perfeição consiste em sermos configurados, unidos e consagrados a Jesus Cristo. Portanto, a mais perfeita de todas as devoções é incontestavelmente aquela que nos configura, une e consagra mais perfeitamente a Jesus Cristo. Ora, sendo Maria entre todas as criaturas a mais configurada a Jesus Cristo, daí se conclui que de todas as devoções, a que melhor consagra e configura uma alma a Nosso Senhor é a devoção a Maria, sua santa Mãe; e quanto mais uma alma for consagrada a Maria, tanto mais será a Jesus Cristo‖.22 Nunca como no Rosário o caminho de Cristo e o de Maria aparecem unidos tão profundamente. Maria só vive em Cristo e em função de Cristo!

Suplicar a Cristo com Maria 16. Cristo convidou a dirigirmo-nos a Deus com insistência e confiança para ser escutados:« Pedi e dar-se-vos-á; procurai e encontrareis; batei e abrir-se-vos-á » (Mt 7, 7). O fundamento desta eficácia da oração é a bondade do Pai, mas também a mediação junto d'Ele por parte do mesmo Cristo (cf. 1 Jo 2, 1) e a ação do Espírito Santo, que « intercede por nós » conforme os desígnios de Deus (cf. Rom 8, 26-27). De fato, nós « não sabemos o que devemos pedir em nossas orações » (Rom 8, 26) e, às vezes, não somos atendidos « porque pedimos mal » (Tg 4, 3). Em apoio da oração que Cristo e o Espírito fazem brotar no nosso coração, intervém Maria com a sua materna intercessão. ―A oração da Igreja é como que sustentada pela oração de Maria‖.23 De fato, se Jesus, único Mediador, é o Caminho da nossa oração, Maria, pura transparência d'Ele, mostra o Caminho, e ―é a partir desta singular cooperação de Maria com a ação do Espírito Santo que as Igrejas cultivaram a oração à santa Mãe de Deus, centrando-a na pessoa de Cristo manifestada nos seus mistérios‖.24 Nas bodas de Caná, o Evangelho mostra precisamente a eficácia da intercessão de Maria, que se faz porta-voz junto de Jesus das necessidades humanas: « Não têm vinho » (Jo2,3). O Rosário é ao mesmo tempo meditação e súplica. A imploração insistente da Mãe de Deus apóia-se na confiança de que a sua materna intercessão tudo pode no coração do Filho. Ela é ―onipotente por graça‖, como, com expressão audaz a ser bem entendida, dizia o Beato 132


Bártolo Longo na sua Súplica à Virgem.25 Uma certeza esta que, a partir do Evangelho, foi-se consolidando através da experiência do povo cristão. O grande poeta Dante, na linha de S. Bernardo, interpreta-a estupendamente, quando canta: ―Donna, se' tanto grande e tanto vali, / che qual vuol grazia e a te não ricorre, / sua disianza vuol volar sanz'ali‖.26 No Rosário, Maria, santuário do Espírito Santo (cf. Lc1, 35), ao ser suplicada por nós, apresenta-se em nosso favor diante do Pai que a cumulou de graça e do Filho nascido das suas entranhas, pedindo conosco e por nós.

Anunciar Cristo com Maria 17. O Rosário é também um itinerário de anúncio e aprofundamento, no qual o mistério de Cristo é continuamente oferecido aos diversos níveis da experiência cristã. O módulo é o de uma apresentação orante e contemplativa, que visa plasmar o discípulo segundo o coração de Cristo. De fato, se na recitação do Rosário todos os elementos para uma meditação eficaz forem devidamente valorizados, torna-se, especialmente na celebração comunitária nas paróquias e nos santuários, uma significativa oportunidade catequética que os Pastores devem saber aproveitar. A Virgem do Rosário continua também deste modo a sua obra de anúncio de Cristo. A história do Rosário mostra como esta oração foi utilizada especialmente pelos Dominicanos, num momento difícil para a Igreja por causa da difusão da heresia. Hoje encontramo-nos diante de novos desafios. Porque não retomar na mão o Terço com a fé dos que nos precederam? O Rosário conserva toda a sua força e permanece um recurso não descurável na bagagem pastoral de todo o bom evangelizador.

CAPÍTULO II MISTÉRIOS DE CRISTO MISTÉRIOS DA MÃE O Rosário, “compêndio do Evangelho” 18. À contemplação do rosto de Cristo só podemos introduzir-nos escutando, no Espírito, a voz do Pai, porque « ninguém conhece o Filho senão o Pai » (Mt 11, 27). Nas proximidades de Cesaréia de Filipe, perante a confissão de Pedro, Jesus especificará a fonte de uma tão clara intuição da sua identidade: « Não foram a carne nem o sangue quem to revelou, mas o meu Pai que está nos céus » (Mt 16, 17). É, pois, necessária a revelação do alto. Mas, para acolhê-la, é indispensável colocar-se à escuta: ―Só a experiência do silêncio e da oração oferece o ambiente adequado para maturar e desenvolver-se um conhecimento mais verdadeiro, aderente e coerente daquele mistério‖.27 O Rosário é um dos percursos tradicionais da oração cristã aplicada à contemplação do rosto de Cristo. Paulo VI assim o descreveu: « Oração evangélica, centrada sobre o mistério da Encarnação redentora, o Rosário é, por isso mesmo,uma prece de orientação profundamente cristológica. Na verdade, o seu elemento mais característico – a repetição litânica do ―Alegrate, Maria‖– torna-se também ele louvor incessante a Cristo, objetivo último do anúncio do Anjo e da saudação da mãe do Baptista: ―Bendito o fruto do teu ventre‖ (Lc 1, 42). Diremos mais ainda: a repetição da Avé Maria constitui a urdidura sobre a qual se desenrola a 133


contemplação dos mistérios; aquele Jesus que cada Ave Maria relembra é o mesmo que a sucessão dos mistérios propõe, uma e outra vez, como Filho de Deus e da Virgem Santíssima ».28

Uma inserção oportuna 19. De tantos mistérios da vida de Cristo, o Rosário, tal como se consolidou na prática mais comum confirmada pela autoridade eclesial, aponta só alguns. Tal seleção foi ditada pela estruturação originária desta oração, que adotou o número 150 como o dos Salmos. Considero, no entanto, que, para reforçar o espessor cristológico do Rosário, seja oportuna uma inserção que, embora deixada à livre valorização de cada pessoa e das comunidades, lhes permita abraçar também os mistérios da vida pública de Cristo entre o Batismo e a Paixão. Com efeito, é no âmbito destes mistérios que contemplamos aspectos importantes da pessoa de Cristo, como revelador definitivo de Deus. É Ele que, declarado Filho dileto do Pai no Batismo do Jordão, anuncia a vinda do Reino, testemunha-a com as obras e proclama as suas exigências. É nos anos da vida pública que o mistério de Cristo se mostra de forma especial como mistério de luz: « Enquanto estou no mundo, sou a Luz do mundo » (Jo 9, 5). Para que o Rosário possa considerar-se mais plenamente ―compêndio do Evangelho‖, é conveniente que, depois de recordar a encarnação e a vida oculta de Cristo (mistérios da alegria), e antes de se deter nos sofrimentos da paixão (mistérios da dor), e no triunfo da ressurreição (mistérios da glória), a meditação se concentre também sobre alguns momentos particularmente significativos da vida pública (mistérios da luz). Esta inserção de novos mistérios, sem prejudicar nenhum aspecto essencial do esquema tradicional desta oração, visa fazê-la viver com renovado interesse na espiritualidade cristã, como verdadeira introdução na profundidade do Coração de Cristo, abismo de alegria e de luz, de dor e de glória.

Mistérios da alegria 20. O primeiro ciclo, o dos ―mistérios gozosos‖, caracteriza-se de fato pela alegria que irradia do acontecimento da Encarnação. Isto é evidente desde a Anunciação, quando a saudação de Gabriel à Virgem de Nazaré se liga ao convite da alegria messiânica: « Alegra-te, Maria ». Para este anúncio se encaminha a história da salvação, e até, de certo modo, a história do mundo. De fato, se o desígnio do Pai é recapitular em Cristo todas as coisas (cf. Ef 1, 10), então todo o universo de algum modo é alcançado pelo favor divino, com o qual o Pai Se inclina sobre Maria para torná-La Mãe do seu Filho. Por sua vez, toda a humanidade está como que incluída no fiat com que Ela corresponde prontamente à vontade de Deus. Sob o signo da exultação, aparece depois a cena do encontro com Isabel, onde a mesma voz de Maria e a presença de Cristo no seu ventre fazem « saltar de alegria » João (cf. Lc 1, 44). Inundada de alegria é a cena de Belém, onde o nascimento do Deus-Menino, o Salvador do mundo, é cantado pelos anjos e anunciado aos pastores precisamente como « uma grande alegria » (Lc 2, 10).

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Os dois últimos mistérios, porém, mesmo conservando o sabor da alegria antecipam já os sinais do drama. A apresentação no templo, de fato, enquanto exprime a alegria da consagração e extasia o velho Simeão, registra também a profecia do « sinal de contradição » que o Menino será para Israel e da espada que trespassará a alma da Mãe (cf. Lc 2, 34-35). Gozoso e ao mesmo tempo dramático é também o episódio de Jesus, aos doze anos, no templo. Vemo-Lo aqui na sua divina sabedoria, enquanto escuta e interroga, e substancialmente no papel d'Aquele que ―ensina‖. A revelação do seu mistério de Filho totalmente dedicado às coisas do Pai é anúncio daquela radicalidade evangélica que põe inclusive em crise os laços mais caros do homem, diante das exigências absolutas do Reino. Até José e Maria, aflitos e angustiados, « não entenderam » as suas palavras (Lc 2, 50). Por isso, meditar os mistérios gozosos significa entrar nas motivações últimas e no significado profundo da alegria cristã. Significa fixar o olhar sobre a realidade concreta do mistério da Encarnação e sobre o obscuro prenúncio do mistério do sofrimento salvífico. Maria leva-nos a aprender o segredo da alegria cristã, lembrando-nos que o cristianismo é, antes de mais, euangelion, ―boa nova‖, que tem o seu centro, antes, o seu mesmo conteúdo, na pessoa de Cristo, o Verbo feito carne, único Salvador do mundo.

Mistérios da luz 21. Passando da infância e da vida de Nazaré à vida pública de Jesus, a contemplação levanos aos mistérios que se podem chamar, por especial título, ―mistérios da luz‖. Na verdade, todo o mistério de Cristo é luz. Ele é a « luz do mundo » (Jo8, 12). Mas esta dimensão emerge particularmente nos anos da vida pública, quando Ele anuncia o evangelho do Reino. Querendo indicar à comunidade cristã cinco momentos significativos – mistérios luminosos – desta fase da vida de Cristo, considero que se podem justamente individuar: 1ono seu Batismo no Jordão, 2ona sua auto-revelação nas bodas de Caná, 3ono seu anúncio do Reino de Deus com o convite à conversão, 4ona sua Transfiguração e, enfim, 5ona instituição da Eucaristia, expressão sacramental do mistério pascal. Cada um destes mistérios é revelação do Reino divino já personificado no mesmo Jesus. Primeiramente é mistério de luz o Batismo no Jordão. Aqui, enquanto Cristo desce à água do rio, como inocente que Se faz pecado por nós (cf. 2 Cor 5, 21), o céu abre-se e a voz do Pai proclama-O Filho delito (cf. Mt 3, 17 par), ao mesmo tempo que o Espírito vem sobre Ele para investi-Lo na missão que O espera. Mistério de luz é o início dos sinais em Caná (cf. Jo 2, 1-12), quando Cristo, transformando a água em vinho, abre à fé o coração dos discípulos graças à intervenção de Maria, a primeira entre os crentes. Mistério de luz é a pregação com a qual Jesus anuncia o advento do Reino de Deus e convida à conversão (cf. Mc 1, 15), perdoando os pecados de quem a Ele se dirige com humilde confiança (cf.Mc 2, 3-13; Lc 7, 47-48), início do ministério de misericórdia que Ele prosseguirá exercendo até ao fim do mundo, especialmente através do sacramento da Reconciliação confiado à sua Igreja (cf. Jo 20, 22-23). Mistério de luz por excelência é a Transfiguração que, segundo a tradição, se deu no Monte Tabor. A glória da Divindade reluz no rosto de Cristo, enquanto o Pai O acredita aos Apóstolos extasiados para que O « escutem » (cf. Lc 9, 35 par) e se disponham a viver com Ele o momento doloroso da Paixão, a fim de chegarem com Ele à glória da Ressurreição e a uma vida transfigurada pelo Espírito Santo. Mistério de luz é, enfim, a instituição da Eucaristia, na qual Cristo Se faz alimento com o seu Corpo e o seu Sangue sob os sinais do 135


pão e do vinho, testemunhando « até ao extremo » o seu amor pela humanidade (Jo 13, 1), por cuja salvação Se oferecerá em sacrifício. Nestes mistérios, à exceção de Caná, a presença de Maria fica em segundo plano. Os Evangelhos mencionam apenas alguma presença ocasional d'Ela no tempo da pregação de Jesus (cf.Mc 3, 31-35; Jo 2, 12) e nada dizem de uma eventual presença no Cenáculo durante a instituição da Eucaristia. Mas, a função que desempenha em Caná acompanha, de algum modo, todo o caminho de Cristo. A revelação, que no Batismo do Jordão é oferecida diretamente pelo Pai e confirmada pelo Baptista, está na sua boca em Caná, e torna-se a grande advertência materna que Ela dirige à Igreja de todos os tempos: « Fazei o que Ele vos disser » (Jo 2, 5). Advertência esta que introduz bem as palavras e os sinais de Cristo durante a vida pública, constituindo o fundo mariano de todos os ―mistérios da luz‖.

Mistérios da dor 22. Os Evangelhos dão grande relevo aos mistérios da dor de Cristo. A piedade cristã desde sempre, especialmente na Quaresma, através do exercício da Via Sacra, deteve-se em cada um dos momentos da Paixão, intuindo que aqui está o ápice da revelação do amor e a fonte da nossa salvação. O Rosário escolhe alguns momentos da Paixão, induzindo o orante a fixar neles o olhar do coração e a revivê-los. O itinerário meditativo abre-se com o Getsémani, onde Cristo vive um momento de particular angústia perante a vontade do Pai, contra a qual a debilidade da carne seria tentada a revoltar-se. Ali Cristo põe-Se no lugar de todas as tentações da humanidade, e diante de todos os seus pecados, para dizer ao Pai: « Não se faça a minha vontade, mas a Tua » (Lc 22, 42 e par). Este seu ―sim‖ muda o ―não‖ dos pais no Éden. E o quanto Lhe deverá custar esta adesão à vontade do Pai, emerge dos mistérios seguintes, nos quais, com a flagelação, a coroação de espinhos, a subida ao Calvário, a morte na cruz, Ele é lançado no maior desprezo: Ecce homo! Neste desprezo, revela-se não somente o amor Deus, mas o mesmo sentido do homem. Ecce homo: quem quiser conhecer o homem, deve saber reconhecer o seu sentido, a sua raiz e o seu cumprimento em Cristo, Deus que Se rebaixa por amor « até à morte, e morte de cruz » (Fil 2, 8). Os mistérios da dor levam o crente a reviver a morte de Jesus pondo-se aos pés da cruz junto de Maria, para com Ela penetrar no abismo do amor de Deus pelo homem e sentir toda a sua força regeneradora.

Mistérios da glória 23. ―A contemplação do rosto de Cristo não pode deter-se na imagem do crucificado. Ele é o Ressuscitado!‖.29 O Rosário sempre expressou esta certeza da fé, convidando o crente a ultrapassar as trevas da Paixão, para fixar o olhar na glória de Cristo com a Ressurreição e a Ascensão. Contemplando o Ressuscitado, o cristão descobre novamente as razões da própria fé (cf. 1 Cor 15, 14), e revive não só a alegria daqueles a quem Cristo Se manifestou – os Apóstolos, a Madalena, os discípulos de Emaús –, mas também a alegria de Maria, que deverá ter tido uma experiência não menos intensa da nova existência do Filho glorificado. A esta glória, onde com a Ascensão Cristo Se senta à direita do Pai, Ela mesma será elevada com a Assunção, chegando, por especialíssimo privilégio, a antecipar o destino reservado a 136


todos os justos com a ressurreição da carne. Enfim, coroada de glória – como aparece no último mistério glorioso – Ela resplandece como Rainha dos Anjos e dos Santos, antecipação e ponto culminante da condição escatológica da Igreja. No centro deste itinerário de glória do Filho e da Mãe, o Rosário põe, no terceiro mistério glorioso, o Pentecostes, que mostra o rosto da Igreja como família reunida com Maria, fortalecida pela poderosa efusão do Espírito, pronta para a missão evangelizadora. No âmbito da realidade da Igreja, a contemplação deste, como dos outros mistérios gloriosos, deve levar os crentes a tomarem uma consciência cada vez mais viva da sua nova existência em Cristo, uma existência de que o Pentecostes constitui o grande ―ícone‖. Desta forma, os mistérios gloriosos alimentam nos crentes a esperança da meta escatológica, para onde caminham como membros do Povo de Deus peregrino na história. Isto não pode deixar de impelí-los a um corajoso testemunho daquela « grande alegria » que dá sentido a toda a sua vida.

Dos “mistérios” ao “Mistério”: o caminho de Maria 24. Estes ciclos meditativos propostos no Santo Rosário não são certamente exaustivos, mas apelam ao essencial, introduzindo o espírito no gosto de um conhecimento de Cristo que brota continuamente da fonte límpida do texto evangélico. Cada passagem da vida de Cristo, como é narrada pelos Evangelistas, reflete aquele Mistério que supera todo o conhecimento (cf. Ef 3, 19). É o Mistério do Verbo feito carne, no Qual « habita corporalmente toda a plenitude da divindade » (Col 2, 9). Por isso, o Catecismo da Igreja Católica insiste tanto nos mistérios de Cristo, lembrando que « tudo na vida de Jesus é sinal do seu Mistério ».30 O ―duc in altum‖ da Igreja no terceiro Milênio é medido pela capacidade dos cristãos de « conhecerem o mistério de Deus, isto é Cristo, no Qual estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência » (Col 2, 2-3). A cada batizado é dirigido este voto ardente da Carta aos Efésios: « Que Cristo habite pela fé nos vossos corações, de sorte que, arraigados e fundados na caridade, possais [...] compreender o amor de Cristo, que excede toda a ciência, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus » (3, 17-19). O Rosário coloca-se ao serviço deste ideal, oferecendo o ―segredo‖ para se abrir mais facilmente a um conhecimento profundo e empenhado de Cristo. Digamos que é o caminho de Maria. É o caminho do exemplo da Virgem de Nazaré, mulher de fé, de silêncio e de escuta. É, ao mesmo tempo, o caminho de uma devoção mariana animada pela certeza da relação indivisível que liga Cristo à sua Mãe Santíssima: os mistérios de Cristo são também, de certo modo, os mistérios da Mãe, mesmo quando não está diretamente envolvida, pelo fato de Ela viver d'Ele e para Ele. Na Ave Maria, apropriando-nos das palavras do Arcanjo Gabriel e de Santa Isabel, sentimo-nos levados a procurar sempre de novo em Maria, nos seus braços e no seu coração, o « fruto bendito do seu ventre » (cf. Lc 1, 42).

Mistério de Cristo, “mistério” do homem 25. No citado testemunho de 1978 sobre o Rosário como minha oração predileta, exprimi um conceito sobre o qual desejo retornar. Dizia então que « a simples oração do Rosário marca o ritmo da vida humana ».31

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À luz das reflexões desenvolvidas até agora sobre os mistérios de Cristo, não é difícil aprofundar esta implicação antropológica do Rosário; uma implicação mais radical do que possa parecer à primeira vista. Quem contempla a Cristo, percorrendo as etapas da sua vida, não pode deixar de aprender d'Ele a verdade sobre o homem. É a grande afirmação do Concílio Vaticano II que, desde a Carta encíclica Redemptor hominis, tantas vezes fiz objeto do meu magistério: ―Na realidade, o mistério do homem só no mistério do Verbo encarnado se esclarece verdadeiramente‖.32 O Rosário ajuda a abrir-se a esta luz. Seguindo o caminho de Cristo, no qual o caminho do homem é « recapitulado »,33 manifestado e redimido, o crente põe-se diante da imagem do homem verdadeiro. Contemplando o seu nascimento aprende a sacralidade da vida, olhando para a casa de Nazaré aprende a verdade originária da família segundo o desígnio de Deus, escutando o Mestre nos mistérios da vida pública recebe a luz para entrar no Reino de Deus, e seguindo-O no caminho para o Calvário aprende o sentido da dor salvífica. Contemplando, enfim, a Cristo e sua Mãe na glória, vê a meta para a qual cada um de nós é chamado, se se deixa curar e transfigurar pelo Espírito Santo. Pode-se dizer, portanto, que cada mistério do Rosário, bem meditado, ilumina o mistério do homem. Ao mesmo tempo, torna-se natural levar a este encontro com a humanidade santa do Redentor os numerosos problemas, agruras, fadigas e projetos que definem a nossa vida. « Descarrega sobre o Senhor os teus cuidados, e Ele te sustentará » (Sal 55, 23). Meditar com o Rosário significa entregar os nossos cuidados aos corações misericordiosos de Cristo e da sua Mãe. À distância de vinte e cinco anos, ao reconsiderar as provações que não faltaram nem mesmo no exercício do ministério petrino, desejo insistir, como para convidar calorosamente a todos, a fim de que experimentem pessoalmente isto mesmo: verdadeiramente o Rosário « marca o ritmo da vida humana » para harmonizá-la com o ritmo da vida divina, na gozosa comunhão da Santíssima Trindade, destino e aspiração da nossa existência.

CAPÍTULO III « PARA MIM, O VIVER É CRISTO » O Rosário, caminho de assimilação do mistério 26. A meditação dos mistérios de Cristo é proposta no Rosário com um método característico, apropriado por sua natureza para favorecer a assimilação dos mesmos. É o método baseado na repetição. Isto é visível sobretudo com a Ave Maria, repetida dez vezes em cada mistério. Considerando superficialmente uma tal repetição, pode-se ser tentado a ver o Rosário como uma prática árida e aborrecida. Chega-se, porém, a uma idéia muito diferente, quando se considera o Terço como expressão daquele amor que não se cansa de voltar à pessoa amada com efusões que, apesar de semelhantes na sua manifestação, são sempre novas pelo sentimento que as permeia. Em Cristo, Deus assumiu verdadeiramente um « coração de carne ». Não tem apenas um coração divino, rico de misericórdia e perdão, mas também um coração humano, capaz de todas as vibrações de afeto. Se houvesse necessidade dum testemunho evangélico disto mesmo, não seria difícil encontrá-lo no diálogo comovente de Cristo com Pedro depois da ressurreição: « Simão, filho de João, tu amas-Me? » Por três vezes é feita a pergunta, e três vezes recebe como resposta: « Senhor, Tu sabes que Te amo » (cf. Jo21, 15-17). Além do 138


significado específico do texto, tão importante para a missão de Pedro, não passa despercebida a ninguém a beleza desta tríplice repetição, na qual a solicitação insistente e a respectiva resposta são expressas com termos bem conhecidos da experiência universal do amor humano. Para compreender o Rosário, é preciso entrar na dinâmica psicológica típica do amor. Uma coisa é clara! Se a repetição da Ave Maria se dirige diretamente a Maria, com Ela e por Ela é para Jesus que, em última análise, vai o ato de amor. A repetição alimenta-se do desejo duma conformação cada vez mais plena Cristo, verdadeiro ―programa‖ da vida cristã. S. Paulo enunciou este programa com palavras cheias de ardor: « Para mim, o viver é Cristo e o morrer é lucro » (Flp 1, 21). E ainda: « Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim » (Gal 2, 20). O Rosário ajuda-nos a crescer nesta conformação até à meta da santidade.

Um método válido... 27. Não deve maravilhar-nos o fato de a relação com Cristo se servir também do auxílio dum método. Deus comunica-Se ao homem, respeitando o modo de ser da nossa natureza e os seus ritmos vitais. Por isso a espiritualidade cristã, embora conhecendo as formas mais sublimes do silêncio místico onde todas as imagens, palavras e gestos ficam superados pela intensidade duma inefável união do homem com Deus, normalmente passa pelo envolvimento total da pessoa, na sua complexa realidade psicofísica e relacional. Isto é evidente na Liturgia. Os sacramentos e os sacramentais estão estruturados com uma série de ritos, em que se faz apelo às diversas dimensões da pessoa. E a mesma exigência transparece da oração não litúrgica. A confirmá-lo está o fato de a oração mais característica de meditação cristológica no Oriente, que se centra nas palavras « Jesus Cristo, Filho de Deus, Senhor, tem piedade de mim, pecador »,34estar tradicionalmente ligada ao ritmo da respiração: ao mesmo tempo que isso facilita a perseverança na invocação, assegura quase uma densidade física ao desejo de que Cristo se torne a respiração, a alma e o ―tudo‖ da vida.

...que todavia pode ser melhorado 28. Recordei na Carta apostólica Novo millennio ineunte que há hoje, mesmo no Ocidente, uma renovada exigência de meditação, que se vê às vezes promovida noutras religiões com modalidades cativantes.35 Não faltam cristãos que, por reduzido conhecimento da tradição contemplativa cristã, se deixam aliciar por tais propostas. Apesar de possuírem elementos positivos e às vezes compatíveis com a experiência cristã, todavia escondem freqüentemente um fundo ideológico inaceitável. Em tais experiências, é muito comum aparecer uma metodologia que, tendo por objetivo uma alta concentração espiritual, recorre a técnicas repetitivas e simbólicas de caráter psicofísico. O Rosário coloca-se neste quadro universal da fenomenologia religiosa, mas apresenta características próprias, que correspondem às exigências típicas da especificidade cristã. Na realidade, trata-se simplesmente de um método para contemplar. E, como método que é, há de ser utilizado em ordem ao seu fim, e não como fim em si mesmo. Mas, sendo fruto duma experiência secular, o próprio método não deve ser subestimado. Abona em seu favor a 139


experiência de inumeráveis Santos. Isto, porém, não impede que seja melhorado. Tal é o objetivo da inserção, no ciclo dos mistérios, da nova série dos mysteria lucis, juntamente com algumas sugestões relativas à recitação, que proponho nesta Carta. Através delas, embora respeitando a estrutura amplamente consolidada desta oração, queria ajudar os fiéis a compreendê-la nos seus aspectos simbólicos, em sintonia com as exigências da vida quotidiana. Sem isso, o Rosário corre o risco não só de não produzir os efeitos espirituais desejados, mas até mesmo de o terço, com que habitualmente é recitado, acabar por ser visto quase como um amuleto ou objeto mágico, com uma adulteração radical do seu sentido e função.

A enunciação do mistério 29. Enunciar o mistério, com a possibilidade até de fixar contextualmente um ícone que o represente, é como abrir um cenário sobre o qual se concentra a atenção. As palavras orientam a imaginação e o espírito para aquele episódio ou momento concreto da vida de Cristo. Na espiritualidade que se foi desenvolvendo na Igreja, tanto a veneração de ícones como inúmeras devoções ricas de elementos sensíveis e mesmo o método proposto por Santo Inácio de Loiola nos Exercícios Espirituais recorrem ao elemento visível e figurativo (a chamada compositio loci), considerando-o de grande ajuda para facilitar a concentração do espírito no mistério. Aliás, é uma metodologia que corresponde à própria lógica da Encarnação: em Jesus, Deus quis tomar feições humanas. É através da sua realidade corpórea que somos levados a tomar contacto com o seu mistério divino. É a esta exigência de concretização que dá resposta a enunciação dos vários mistérios do Rosário. Certamente, estes não substituem o Evangelho, nem fazem referência a todas as suas páginas. Por isso, o Rosário não substitui a lectio divina; pelo contrário, supõe-na e promovea. Mas, se os mistérios considerados no Rosário, completados agora com os mysteria lucis, se limitam aos traços fundamentais da vida de Cristo, o espírito pode facilmente a partir deles estender-se ao resto do Evangelho, sobretudo quando o Rosário é recitado em momentos particulares de prolongado silêncio.

A escuta da Palavra de Deus 30. A fim de dar fundamentação bíblica e maior profundidade à meditação, é útil que a enunciação do mistério seja acompanhada pela proclamação de uma passagem bíblica alusiva, que, segundo as circunstâncias, pode ser mais ou menos longa. De fato, as outras palavras não atingem nunca a eficácia própria da palavra inspirada. Esta há de ser escutada com a certeza de que é Palavra de Deus, pronunciada para o dia de hoje e ―para mim‖. Assim acolhida, ela entra na metodologia de repetição do Rosário, sem provocar o enfado que derivaria duma simples evocação de informação já bem conhecida. Não, não se trata de trazer à memória uma informação, mas de deixar Deus “falar”. Em ocasiões solenes e comunitárias, esta palavra pode ser devidamente ilustrada com um breve comentário.

O silêncio 140


31. A escuta e a meditação alimentam-se de silêncio. Por isso, após a enunciação do mistério e a proclamação da Palavra, é conveniente parar, durante um côngruo período de tempo, a fixar o olhar sobre o mistério meditado, antes de começar a oração vocal. A redescoberta do valor do silêncio é um dos segredos para a prática da contemplação e da meditação. Entre as limitações duma sociedade de forte predominância tecnológica e mediática, conta-se o fato de se tornar cada vez mais difícil o silêncio. Tal como na Liturgia se recomendam momentos de silêncio, assim também na recitação do Rosário é oportuno fazer uma pausa depois da escuta da Palavra de Deus enquanto o espírito se fixa no conteúdo do relativo mistério.

O “Pai nosso” 32. Após a escuta da Palavra e a concentração no mistério, é natural que o espírito se eleve para o Pai. Em cada um dos seus mistérios, Jesus leva-nos sempre até ao Pai, para Quem Ele Se volta continuamente porque repousa no seu ―seio‖ (cf. Jo 1,18). Quer introduzir-nos na intimidade do Pai, para dizermos com Ele: « Abbá, Pai » (Rom 8, 5; Gal 4, 6). É em relação ao Pai que Ele nos torna irmãos seus e entre nós, ao comunicar-nos o Espírito que é conjuntamente d'Ele e do Pai. O ―Pai nosso‖, colocado quase como alicerce da meditação cristológico-mariana que se desenrola através da repetição da Ave Maria, torna a meditação do mistério, mesmo quando é feita a sós, uma experiência eclesial.

As dez “Ave Marias” 33. Este elemento é o mais encorpado do Rosário e também o que faz dele uma oração mariana por excelência. Mas à luz da própria Ave Maria, bem entendida, nota-se claramente que o caráter mariano não só não se opõe ao cristológico como até o sublinha e exalta. De fato, a primeira parte da Ave Maria, tirada das palavras dirigidas a Maria pelo Anjo Gabriel e por Santa Isabel, é contemplação adoradora do mistério que se realiza na Virgem de Nazaré. Exprimem, por assim dizer, a admiração do céu e da terra, e deixam de certo modo transparecer o encanto do próprio Deus ao contemplar a sua obra-prima – a encarnação do Filho no ventre virginal de Maria – na linha daquele olhar contente do Génesis (cf. Gen 1, 31), daquele primordial « pathos com que Deus, na aurora da criação, contemplou a obra das suas mãos ».36 A repetição da Ave Maria no Rosário sintoniza-nos com este encanto de Deus: é júbilo, admiração, reconhecimento do maior milagre da história. É o cumprimento da profecia de Maria: « Desde agora, todas as gerações Me hão de chamar ditosa » (Lc 1, 48). O baricentro da Ave Maria, uma espécie de charneira entre a primeira parte e a segunda, é o nome de Jesus. Às vezes, na recitação precipitada, perde-se tal baricentro e, com ele, também a ligação ao mistério de Jesus que se está a contemplar. Ora, é precisamente pela acentuação dada ao nome de Jesus e ao seu mistério que se caracteriza a recitação expressiva e frutuosa do Rosário. Já Paulo VI recordou na Exortação apostólica Marialis cultus o costume, existente nalgumas regiões, de dar realce ao nome de Cristo acrescentando-lhe uma cláusula evocativa do mistério que se está a meditar.37 É um louvável costume, sobretudo na recitação pública. Exprime de forma intensa a fé cristológica, aplicada aos diversos momentos da vida do Redentor. É profissão de fé e, ao mesmo tempo, um auxílio para permanecer em meditação, permitindo dar vida à função assimiladora, contida na repetição da Ave Maria, 141


relativamente ao mistério de Cristo. Repetir o nome de Jesus – o único nome do qual se pode esperar a salvação (cf. Act 4, 12) – enlaçado com o da Mãe Santíssima, e de certo modo deixando que seja Ela própria a sugerir-no-lo, constitui um caminho de assimilação que quer fazer-nos penetrar cada vez mais profundamente na vida de Cristo. Desta relação muito especial de Maria com Cristo, que faz d'Ela a Mãe de Deus, a Theotòkos, deriva a força da súplica com que nos dirigimos a Ela depois na segunda parte da oração, confiando à sua materna intercessão a nossa vida e a hora da nossa morte.

O “Glória” 34. A doxologia trinitária é a meta da contemplação cristã. De fato, Cristo é o caminho que nos conduz ao Pai no Espírito. Se percorrermos em profundidade este caminho, achamo-nos continuamente na presença do mistério das três Pessoas divinas para As louvar, adorar, agradecer. É importante que o Glória, apogeu da contemplação, seja posto em grande evidência no Rosário. Na recitação pública, poder-se-ia cantar para dar a devida ênfase a esta perspectiva estrutural e qualificadora de toda a oração cristã. Na medida em que a meditação do mistério tiver sido – de Ave Maria em Ave Maria – atenta, profunda, animada pelo amor de Cristo e por Maria, a glorificação trinitária de cada dezena, em vez de reduzir-se a uma rápida conclusão, adquirirá o seu justo tom contemplativo, quase elevando o espírito à altura do Paraíso e fazendo-nos reviver de certo modo a experiência do Tabor, antecipação da contemplação futura: « Que bom é estarmos aqui! » (Lc 9, 33).

A jaculatória final 35. Na prática corrente do Rosário, depois da doxologia trinitária diz-se uma jaculatória, que varia segundo os costumes. Sem diminuir em nada o valor de tais invocações, parece oportuno assinalar que a contemplação dos mistérios poderá manifestar melhor toda a sua fecundidade, se se tiver o cuidado de terminar cada um dos mistérios com uma oração para obter os frutos específicos da meditação desse mistério. Deste modo, o Rosário poderá exprimir com maior eficácia a sua ligação com a vida cristã. Isto mesmo no-lo sugere uma bela oração litúrgica, que nos convida a pedir para, através da meditação dos mistérios do Rosário, chegarmos a « imitar o que contêm e alcançar o que prometem ».38 Uma tal oração conclusiva poderá gozar, como acontece já, de uma legítima variedade na sua inspiração. Assim, o Rosário adquirirá uma fisionomia mais adaptada às diferentes tradições espirituais e às várias comunidades cristãs. Nesta perspectiva, é desejável que haja uma divulgação, com o devido discernimento pastoral, das propostas mais significativas, talvez experimentadas em centros e santuários marianos particularmente sensíveis à prática do Rosário, para que o Povo de Deus possa valer-se de toda a verdadeira riqueza espiritual, tirando dela alimento para a sua contemplação.

O terço

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36. Um instrumento tradicional na recitação do Rosário é o terço. No seu uso mais superficial, reduz-se freqüentemente a um simples meio para contar e registrar a sucessão das Ave Marias. Mas, presta-se também a exprimir simbolismos, que podem conferir maior profundidade à contemplação. A tal respeito, a primeira coisa a notar é como o terço converge para o Crucificado, que desta forma abre e fecha o próprio itinerário da oração. Em Cristo, está centrada a vida e a oração dos crentes. Tudo parte d'Ele, tudo tende para Ele, tudo por Ele, no Espírito Santo, chega ao Pai. Como instrumento de contagem que assinala o avançar da oração, o terço evoca o caminho incessante da contemplação e da perfeição cristã. O Beato Bártolo Longo via-o também como uma ―cadeia‖ que nos prende a Deus. Cadeia sim, mas uma doce cadeia; assim se apresenta sempre a relação com um Deus que é Pai. Cadeia ―filial‖, que nos coloca em sintonia com Maria, a « serva do Senhor » (Lc 1, 38), e em última instância com o próprio Cristo que, apesar de ser Deus, Se fez « servo » por nosso amor (Flp 2, 7). É bom alargar o significado simbólico do terço também à nossa relação recíproca, recordando através dele o vínculo de comunhão e fraternidade que a todos nos une em Cristo.

Começo e conclusão 37. Segundo a praxe comum, são vários os modos de introduzir o Rosário nos distintos contextos eclesiais. Em algumas regiões, costuma-se iniciar com a invocação do Salmo 69/70: « Ó Deus, vinde em nosso auxílio; Senhor, socorrei-nos e salvai-nos », para de certo modo alimentar, na pessoa orante, a humilde certeza da sua própria indigência; ao contrário, noutros lugares começa-se com a recitação do Creio em Deus Pai, querendo de certo modo colocar a profissão de fé como fundamento do caminho contemplativo que se inicia. Estes e outros modos, na medida em que dispõem melhor à contemplação, são métodos igualmente legítimos. A recitação termina com a oração pelas intenções do Papa, para estender o olhar de quem reza ao amplo horizonte das necessidades eclesiais. Foi precisamente para encorajar esta perspectiva eclesial do Rosário que a Igreja quis enriquecê-lo com indulgências sagradas para quem o recitar com as devidas disposições. Assim vivido, o Rosário torna-se verdadeiramente um caminho espiritual, onde Maria faz de mãe, mestra e guia, e apóia o fiel com a sua poderosa intercessão. Como admirar-se de que o espírito, no final desta oração em que teve a experiência íntima da maternidade de Maria, sinta a necessidade de se expandir em louvores à Virgem Santa, quer com a oração esplêndida da Salve Rainha, quer através das invocações da Ladainha Lauretana? É o remate dum caminho interior que levou o fiel ao contacto vivo com o mistério de Cristo e da sua Mãe Santíssima. A distribuição no tempo 38. O Rosário pode ser recitado integralmente todos os dias, não faltando quem louvavelmente o faça. Acaba assim por encher de oração as jornadas de tantos contemplativos, ou servir de companhia a doentes e idosos que dispõem de tempo em 143


abundância. Mas é óbvio – e isto vale com mais forte razão ao acrescentar-se o novo ciclo dos mysteria lucis – que muitos poderão recitar apenas uma parte, segundo uma determinada ordem semanal. Esta distribuição pela semana acaba por dar às sucessivas jornadas desta uma certa ―cor‖ espiritual, de modo análogo ao que faz a Liturgia com as várias fases do ano litúrgico. Segundo a prática corrente, a segunda e a quinta-feira são dedicadas aos ―mistérios da alegria‖, a terça e a sexta-feira aos ―mistérios da dor‖, a quarta-feira, o sábado e o domingo aos ―mistérios da glória‖. Onde se podem inserir os ―mistérios da luz‖? Atendendo a que os mistérios gloriosos são propostos em dois dias seguidos – sábado e domingo – e que o sábado é tradicionalmente um dia de intenso caráter mariano, parece recomendável deslocar para ele a segunda meditação semanal dos mistérios gozosos, nos quais está mais acentuada a presença de Maria. E assim fica livre a quinta-feira precisamente para a meditação dos mistérios da luz. Esta indicação, porém, não pretende limitar uma certa liberdade de opção na meditação pessoal e comunitária, segundo as exigências espirituais e pastorais e sobretudo as coincidências litúrgicas que possam sugerir oportunas adaptações. Verdadeiramente importante é que o Rosário seja cada vez mais visto e sentido como itinerário contemplativo. Através dele, de modo complementar ao que se realiza na Liturgia, a semana do cristão, tendo o domingo – dia da ressurreição – por charneira, torna-se uma caminhada através dos mistérios da vida de Cristo, para que Ele Se afirme, na vida dos seus discípulos, como Senhor do tempo e da história.

CONCLUSÃO « Rosário bendito de Maria, doce cadeia que nos prende a Deus » 39. Tudo o que foi dito até agora, manifesta amplamente a riqueza desta oração tradicional, que tem não só a simplicidade duma oração popular, mas também a profundidade teológica duma oração adaptada a quem sente a exigência duma contemplação mais madura. A Igreja reconheceu sempre uma eficácia particular ao Rosário, confiando-lhe, mediante a sua recitação comunitária e a sua prática constante, as causas mais difíceis. Em momentos em que estivera ameaçada a própria cristandade, foi à força desta oração que se atribuiu a libertação do perigo, tendo a Virgem do Rosário sido saudada como propiciadora da salvação. À eficácia desta oração, confio de bom grado hoje – como acenei ao princípio – a causa da paz no mundo e a causa da família.

A paz 40. As dificuldades que o horizonte mundial apresenta, neste início de novo milênio, levamnos a pensar que só uma intervenção do Alto, capaz de orientar os corações daqueles que vivem em situações de conflito e de quantos regem os destinos das Nações, permite esperar num futuro menos sombrio. 144


O Rosário é, por natureza, uma oração orientada para a paz, precisamente porque consiste na contemplação de Cristo, Príncipe da paz e « nossa paz » (Ef 2, 14). Quem assimila o mistério de Cristo – e o Rosário visa isto mesmo – apreende o segredo da paz e dele faz um projeto de vida. Além disso, devido ao seu caráter meditativo com a serena sucessão das ―Ave Marias‖, exerce uma ação pacificadora sobre quem o reza, predispondo-o a receber e experimentar no mais fundo de si mesmo e a espalhar ao seu redor aquela paz verdadeira que é um dom especial do Ressuscitado (cf. Jo 14, 27; 20, 21). Depois, o Rosário é oração de paz também pelos frutos de caridade que produz. Se for recitado devidamente como verdadeira oração meditativa, ao facilitar o encontro com Cristo nos mistérios não pode deixar de mostrar também o rosto de Cristo nos irmãos, sobretudo nos que mais sofrem. Como seria possível fixar nos mistérios gozosos o mistério do Menino nascido em Belém, sem sentir o desejo de acolher, defender e promover a vida, preocupandose com o sofrimento das crianças nas diversas partes do mundo? Como se poderia seguir os passos de Cristo revelador, nos mistérios da luz, sem se empenhar a testemunhar as suas ―bem-aventuranças‖ na vida diária? E como contemplar a Cristo carregado com a cruz ou crucificado, sem sentir a necessidade de se fazer seu ―cireneu‖ em cada irmão abatido pela dor ou esmagado pelo desespero? Enfim, como se poderia fixar os olhos na glória de Cristo ressuscitado e em Maria coroada Rainha, sem desejar tornar este mundo mais belo, mais justo, mais conforme ao desígnio de Deus? Em suma o Rosário, ao mesmo tempo que nos leva a fixar os olhos em Cristo, torna-nos também construtores da paz no mundo. Pelas suas características de petição insistente e comunitária, em sintonia com o convite de Cristo para « orar sempre, sem desfalecer » (Lc 18, 1), aquele permite-nos esperar que, também hoje, se possa vencer uma ―batalha‖ tão difícil como é a da paz. Longe de constituir uma fuga dos problemas do mundo, o Rosário leva-nos assim a vê-los com olhar responsável e generoso, e alcança-nos a força de voltar para eles com a certeza da ajuda de Deus e o firme propósito de testemunhar em todas as circunstâncias « a caridade, que é o vínculo da perfeição » (Col 3, 14).

A família: os pais... 41. Oração pela paz, o Rosário foi desde sempre também oração da família e pela família. Outrora, esta oração era particularmente amada pelas famílias cristãs e favorecia certamente a sua união. É preciso não deixar perder esta preciosa herança. Importa voltar a rezar em família e pelas famílias, servindo-se ainda desta forma de oração. Se, na Carta apostólica Novo millennio ineunte, encorajei a celebração da Liturgia das Horas pelos próprios leigos na vida ordinária das comunidades paroquiais e dos vários grupos cristãos,39 o mesmo desejo fazer quanto ao Rosário. Trata-se de dois caminhos, não alternativos mas complementares, da contemplação cristã. Peço, pois, a todos aqueles que se dedicam à pastoral das famílias para sugerirem com convicção a recitação do Rosário. A família que reza unida, permanece unida. O Santo Rosário, por antiga tradição, presta-se de modo particular a ser uma oração onde a família se encontra. Os seus diversos membros, precisamente ao fixarem o olhar em Jesus, recuperam também a capacidade de se olharem 145


sempre de novo olhos nos olhos para comunicarem, solidarizarem-se, perdoarem-se mutuamente, recomeçarem com um pacto de amor renovado pelo Espírito de Deus. Muitos problemas das famílias contemporâneas, sobretudo nas sociedades economicamente evoluídas, derivam do fato de ser cada vez mais difícil comunicar. Não conseguem estar juntos, e os raros momentos para isso acabam infelizmente absorvidos pelas imagens duma televisão. Retomar a recitação do Rosário em família significa inserir na vida diária imagens bem diferentes – as do mistério que salva: a imagem do Redentor, a imagem de sua Mãe Santíssima. A família, que reza unida o Rosário, reproduz em certa medida o clima da casa de Nazaré: põe-se Jesus no centro, partilham-se com Ele alegrias e sofrimentos, colocam-se nas suas mãos necessidades e projetos, e d'Ele se recebe a esperança e a força para o caminho.

... e os filhos 42. É bom e frutuoso também confiar a esta oração o itinerário de crescimento dos filhos. Porventura não é o Rosário o itinerário da vida de Cristo, desde a sua concepção até à morte, ressurreição e glória? Hoje torna-se cada vez mais árdua para os pais a tarefa de seguirem os filhos pelas várias etapas da sua vida. Na sociedade da tecnologia avançada, dos mass-media e da globalização, tudo se tornou tão rápido; e a distância cultural entre as gerações é cada vez maior. Os apelos mais diversos e as experiências mais imprevisíveis cedo invadem a vida das crianças e adolescentes, e os pais sentem-se às vezes angustiados para fazer face aos riscos que aqueles correm. Não é raro experimentarem fortes desilusões, constatando a falência dos seus filhos perante a sedução da droga, o fascínio dum hedonismo desenfreado, as tentações da violência, as expressões mais variadas de falta de sentido e de desespero. Rezar o Rosário pelos filhos e, mais ainda, com os filhos, educando-os desde tenra idade para este momento diário de ―paragem orante‖ da família, não traz por certo a solução de todos os problemas, mas é uma ajuda espiritual que não se deve subestimar. Pode-se objetar que o Rosário parece uma oração pouco adaptada ao gosto das crianças e jovens de hoje. Mas a objeção parte talvez da forma muitas vezes pouco cuidada de o rezar. Ora, ressalvada a sua estrutura fundamental, nada impede que a recitação do Rosário para crianças e jovens, tanto em família como nos grupos, seja enriquecida com atrativos simbólicos e práticos, que favoreçam a sua compreensão e valorização. Por que não tentar? Uma pastoral juvenil sem descontos, apaixonada e criativa – as Jornadas Mundiais da Juventude deram-me a sua medida! – pode, com a ajuda de Deus, fazer coisas verdadeiramente significativas. Se o Rosário for bem apresentado, estou seguro de que os próprios jovens serão capazes de surpreender uma vez mais os adultos, assumindo esta oração e recitando-a com o entusiasmo típico da sua idade.

O Rosário, um tesouro a descobrir 43. Queridos irmãos e irmãs! Uma oração tão fácil e ao mesmo tempo tão rica merece verdadeiramente ser descoberta de novo pela comunidade cristã. Façamo-lo sobretudo neste ano, assumindo esta proposta como um reforço da linha traçada na Carta apostólica Novo millennio ineunte, na qual se inspiraram os planos pastorais de muitas Igrejas particulares ao programarem os seus compromissos a curto prazo. 146


Dirijo-me de modo particular a vós, amados Irmãos no Episcopado, sacerdotes e diáconos, e a vós, agentes pastorais nos diversos ministérios, pedindo que, experimentando pessoalmente a beleza do Rosário, vos torneis solícitos promotores do mesmo. Também espero em vós, teólogos, para que desenvolvendo uma reflexão simultaneamente rigorosa e sapiencial, enraizada na Palavra de Deus e sensível à vida concreta do povo cristão, façais descobrir os fundamentos bíblicos, as riquezas espirituais, a validade pastoral desta oração tradicional. Conto convosco, consagrados e consagradas, a título especial chamados a contemplar o rosto de Cristo na escola de Maria. Penso em vós todos, irmãos e irmãs de qualquer condição, em vós, famílias cristãs, em vós, doentes e idosos, em vós, jovens: retomai confiadamente nas mãos o terço do Rosário, fazendo a sua descoberta à luz da Escritura, de harmonia com a Liturgia, no contexto da vida quotidiana. Que este meu apelo não fique ignorado! No início do vigésimo quinto ano de Pontificado, entrego esta Carta apostólica nas mãos sapientes da Virgem Maria, prostrando-me em espírito diante da sua imagem venerada no Santuário esplêndido que Lhe edificou o Beato Bártolo Longo, apóstolo do Rosário. De bom grado, faço minhas as comoventes palavras com que ele conclui a célebre Súplica à Rainha do Santo Rosário: « Ó Rosário bendito de Maria, doce cadeia que nos prende a Deus, vínculo de amor que nos une aos Anjos, torre de salvação contra os assaltos do inferno, porto seguro no naufrágio geral, não te deixaremos nunca mais. Serás o nosso conforto na hora da agonia. Seja para ti o último beijo da vida que se apaga. E a última palavra dos nossos lábios há de ser o vosso nome suave, ó Rainha do Rosário de Pompéia, ó nossa Mãe querida, ó Refúgio dos pecadores, ó Soberana consoladora dos tristes. Sede bendita em todo o lado, hoje e sempre, na terra e no céu ». Vaticano, 16 de Outubro de 2002, início do vigésimo quinto ano de Pontificado.

JOÃO PAULO II

Notas: 1 Conc. Ecum. Vat. II, Const. past. sobre a Igreja no mundo contemporâneo Gaudium et spes, 45. 2 Cf. Paulo VI, Exort. ap. Marialis cultus (2 de Fevereiro de 1974), 42: AAS 66 (1974), 153. 3 Cf. Acta Leonis XIII, 3 (1884), 280-289. 4 De modo particular, merece menção a sua Epístola apostólica sobre o Rosário « O encontro religioso », de 29 de Setembro de 1961: AAS 53 (1961), 641-647. 147


5 Alocução do « Angelus »: L'Osservatore Romano (ed. portuguesa: 5 de Novembro de 1978), 1. 6 Cf. n. 29: AAS 93 (2001), 285. 7 João XXIII, nos anos de preparação do Concílio, não deixou de convidar a comunidade cristã à recitação do Rosário pelo sucesso deste evento eclesial: cf. Carta ao Cardeal Vigário de 28 de Setembro de 1960: AAS 52 (1960), 814-817. 8 Const. dogm. sobre a Igreja Lumen gentium, 66. 9 N. 32: AAS 93 (2001), 288. 10 Ibid., 33: l. c., 289. 11 É sabido, e há que reafirmá-lo, que as revelações privadas não são da mesma natureza que a revelação pública, normativa para toda a Igreja. Ao Magistério cabe discernir e reconhecer a autenticidade e o valor das revelações privadas para a piedade dos fiéis. 12 O segredo maravilhoso do Santo Rosário para converter-se e salvar-se:S. Luís Maria Grignion de Montfort, Obras, 1, Escritos espirituais (Roma 1990), pp. 729-843. 13 Beato Bártolo Longo, História do Santuário de Pompéia, (Pompéia 1990), p. 59. 14 Exort. ap. Marialis cultus (2 de Fevereiro de 1974), 47: AAS 66 (1974), 156. 15 Const. sobre a Sagrada Liturgia Sacrosanctum Concilium, 10. 16 Ibid., 12. 17 Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. Lumen gentium, 58. 18 Os Quinze Sábados do Santíssimo Rosário,27 (ed. Pompéia 1916), p. 27. 19 Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. Lumen gentium, 53. 20 Ibid., 60. 21 Cf. Primeira Rádiomensagem Urbi et orbi (17 de Outubro de 1978): AAS 70 (1978), 927. 22 Tratado da verdadeira devoção a Maria, 120, em: Obras. Vol. I Escritos espirituais (Roma 1990), p. 430. 23 Catecismo da Igreja Católica, 2679. 24 Ibid., 2675.

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25 A Súplica à Rainha do Santo Rosário, que se recita solenemente duas vezes ao ano, em Maio e Outubro, foi composta pelo Beato Bártolo Longo em 1883, como adesão ao convite feito aos católicos pelo Papa Leão XIII, na sua primeira Encíclica sobre o Rosário, de um empenho espiritual para enfrentar os males da sociedade. 26 Divina Comédia, Par. XXXIII, 13-15 (« Mulher, és tão grande e tanto vales, / que quem deseja uma graça e a vós não se dirige, é como se quisesse voar sem asas »). 27 João Paulo II, Carta ap. Novo millennio ineunte (6 de Janeiro de 2001), 20: AAS 93 (2001), 279. 28 Exort. ap. Marialis cultus (2 de Fevereiro de 1974), 46: AAS 66 (1974), 155. 29 João Paulo II, Carta ap. Novo millennio ineunte (6 de Janeiro de 2001), 28: AAS 93 (2001), 284. 30 N. 515. 31 Angelus do dia 29 de Outubro de 1978: L'Osservatore Romano (ed. portuguesa: 5 de Novembro de 1978), 1. 32 Const. past. sobre a Igreja no mundo contemporâneo Gaudium et spes, 22. 33 Santo Ireneu de Lião, Adversus haereses, III, 18,1: PG7, 932. 34 Catecismo da Igreja Católica, 2616. 35 Cf. n. 33: AAS 93 (2001), 289. 36 João Paulo II, Carta aos Artistas (4 de Abril de 1999), 1: AAS 91 (1999), 1155. 37 Cf. n. 46: AAS 66 (1974), 155. Tal costume foi louvado ainda recentemente pela Congregação do Culto Divino e da Disciplina dos Sacramentos, no Directório sobre piedade popular e liturgia. Princípios e orientações (17 de Dezembro de 2001), 201 (Cidade do Vaticano 2002), p. 165. 38 « ...concede, quæsumus, ut hæc mysteria sacratissimo beatæ Mariæ Virginis Rosário recolentes, et imitemur quod continent, et quod promittunt assequamur »: Missale Romanum (1960) in festo B. M. Virginis a Rosário. 39 Cf. n. 34: AAS 93 (2001), 290.

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Contemplar os MistĂŠrios de Cristo No RosĂĄrio de Maria!

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