Monografia

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Início tirar dúvida se é preciso começar diretamente com capítulo ou faz um breve comentário. Retirar da entrevista com Jr.

1. Do Anonimato ao Sucesso.

Arnaud Rodrigues se destacou no cenário humorístico brasileiro levando a muitos dos seus telespectadores as mais variadas gargalhadas diante de seus personagens. Mas esta paixão de Arnaud pela arte veio desde a sua infância. “Ainda criança no Rio de Janeiro, Arnaud, fundou um Jornal, um clube de música intitulado os 5 ANTÔNIOS e um clube de futebol de salão, estes foram os primeiros contatos com o mundo das artes. Fez um curso de pinturas, tendo inclusive várias obras produzidas” (Dona Luzia Cardozo Rodrigues, mãe de Arnaud Rodrigues – Entrevista concedida ao Jornal Desafio de 1990, página 01).

Ao terminar o 2º grau, Arnaud ingressou na Faculdade de Economia, curso que não chegou a concluir. Atingindo a maioridade, foi dispensado do serviço militar em decorrência do seu pequeno porte físico. A partir de então Arnaud engrenou no mundo artístico, conseguiu um emprego numa emissora de rádio e logo depois ingressou na Rede Tupy de Televisão onde trabalhou como redator e produtor. Após deixar a Rede Tupy, ingressou na Rede Record, onde também trabalhou como redator e produtor. Desligando-se da Record, passou a trabalhar para a Rede Globo e foi lá que sua carreira ascendeu de forma espetacular na década de 70. Na Globo Arnaud expandiu sua arte mostrando os seu múltiplos talentos, foi produtor musical em muitas aberturas do Fantástico. Segundo o próprio Arnaud Rodrigues em uma de suas últimas entrevistas: ............................. Ao lado de Chico Anysio, Arnaud Rodrigues teve alguns programas, um deles intitulava-se Chico City. Este retratava uma cidade com diversos personagens criados por Arnaud e Chico, e na grande maioria interpretados por Chico existe mais informações. Dentre os personagens criados por Arnaud pode-se destacar o casal mais famoso ‘da cidade de Chico City’, Sr. Pantaleão


Pereira Peixoto e Dona Terta, com o engraçado bordão de Sr. Pantaleão “É mentira Terta?”, Dona Terta por sua vez respondia “Verdade”, por mais cabeluda que fosse a história contada pelo seu marido. Ambos os personagens, Arnaud Rodrigues se inspirou para criá-los pensando nos seus avós o Sr. Cardoso e a Dona Terta, consequentemente tornou-se uma grande homenagem a eles. Como já mencionado Arnaud também era um artista plástico, e no momento em que pintava o rosto da sua avó Terta numa tela, ao mesmo tempo pensou em criar a personagem Terta, esposa do Sr. Pantaleão. Por sua vez, esta tela ele deu de presente a seu amigo, que mora na sua terra natal, o professor de história e também artista plástico Juraci Jussé, que diz que se sentiu muito privilegiado ao receber esta tela do próprio Arnaud Rodrigues, e que ainda guarda esta obra artística com muito carinho na sua casa. Além de compor personagens em Chico City, Arnaud também compunha músicas para o programa, onde também era redator e produtor musical. Posteriormente Arnaud fez parte de outros programas como Chico Anysio Show e Criança QVC, ambos também como redator e produtor. Se passado alguns anos na Rede Globo, Arnaud conheceu Renato Aragão, com quem também desenvolveu trabalhos em parceria para Os Trapalhões, em filmes como A Filha dos Trapalhões e os Trapalhões e o Mágico de Orós. Nos dois filmes Arnaud participou como redator, compositor, produtor musical e ator. Destacando-se no segundo filme com o inesquecível personagem Soró Sereno, um personagem cheio de graça, nordestino e ingênuo; foi criado pelo escritor Walter Negrão para a novela Pão Pão, Beijo Beijo a quem Arnaud também deu vida. O sucesso de Soró Sereno na novela foi tão grande que acabou dando um bis com o personagem no filme dos Trapalhões. Além destes, Arnaud também se destacou no cinema nacional em filmes como O Doce Esporte do Sexo (1971) e Uma Negra Chamada Tereza (1973). Ainda na Rede Globo trabalhou com personagens tais como Bililico da série Azambuja e Cia, em 1975; um motorista assassinado por Lampião (Nelson Xavier) na inesquecível minissérie Lampião e Maria Bonita, de Aguinaldo Silva, em 1982; o personagem Gaguinho da minissérie Bandidos da


Falange, também de Aguinaldo, em 1983. Foi neste mesmo ano que trabalhou com o adorado Soró Sereno na novela Pão Pão, Beijo Beijo. Mas o que veio a ser o seu maior papel da carreira foi o cego Jeremias, da novela Roque Santeiro, de Dias Gomes, em 1985. O ceguinho Jeremias era um esperto e engraçado cantador da fictícia cidade Asa Branca, que enxergava mais do que os demais personagens da trama, vivia sempre na porta da igreja pedindo uma ajudinha ao povo que passava, ao mesmo tempo em que dava de conta de tudo e de todos, sempre estava acompanhado por um garotinho que chamavase Tiquim. Arnaud Rodrigues trabalhou em Roque Santeiro com grandes nomes como Regina Duarte, José Wilker, Lima Duarte e grande elenco. O sucesso do ceguinho foi tão grande que assim como Soró Sereno, Cego Jeremias também deu um bis na telenovela Expresso Brasil, também de Dias Gomes, em 1987. Após o mega-sucesso de Arnaud como o cego Jeremias, findava a sua passagem com o humor na Rede Globo de Televisão. Afastando-se da carreira humorística, passou a dedicar-se a direção e produção artística. Nos anos 90, Arnaud Rodrigues recebeu um convite de outro parceiro seu, o veterano Carlos Alberto de Nóbrega, para integrar o grupo de humoristas do programa A Praça é Nossa, da emissora do SBT. Foi na ‘A Praça é Nossa’ que Arnaud criou personagens inesquecíveis, tais como ‘O Povo Brasileiro’, sempre pobre e cansado; o mulherengo e engraçado ‘Coronel Totonho’; e o cantor sertanejo ‘Chitãoró’, uma sátira à dupla sertaneja Chitãozinho e Xororó, no quadro ‘Chitãoró e Xorãozinho’, onde atuava ao lado do também comediante Marcelo de Nóbrega, filho do seu amigo Carlos Alberto de Nóbrega, e atual diretor do programa A Praça é Nossa. As noites de sábado eram muito aguardadas, a espera da ‘A Praça é Nossa’, da criança ao idoso, o programa podia contar com a audiência. Sempre muito engraçado e adorado por pessoas de todas as idades, Arnaud Rodrigues não se esquecia de fazer menção, nas histórias dos seus personagens, a sua querida Serra Talhada. A presença de Arnaud no programa do SBT durou anos, e assim como de costume além de se destacar no humor não deixava de lado o seu talento como grande redator. Dotado de grande


inteligência Arnaud Rodrigues atuava nestes campos com muita facilidade e competência. Somente no ano de 2004, Arnaud veio a deixar o programa do seu amigo, Carlos Alberto de Nóbrega, e consequentemente a vida artística na televisão brasileira. ......................................... Porém no ano de 2010, ano da sua morte, Arnaud tinha planos de retornar ao elenco humorístico, com a produção de um programa de variedades em um canal de TV local, no estado do Tocantins. 1.1 A contribuição de Arnaud para a MPB.

Talvez a faceta mais divertida e talentosa de Arnaud Rodrigues, nunca fora realmente reconhecida, a de um grande cantor e compositor, é muito provável que este gênio tenha sido mais um que a MPB não tenha sabido reconhecer como um grande talento da música. No ano de 1978, Arnaud Rodrigues deu início a uma contribuição gigantesca para a música popular brasileira gravando a faixa ‘A Carta de Pero Vaz de Caminha’ pertencente ao disco ‘Redescobrimento’, a música lançada era então o primeiro reggae gravado no Brasil. Dois anos seguintes, Arnaud também foi creditado como um dos precursores do rap nacional. O grupo Sugarhill Gang lançou a música Rapper’s Delight, em 1979, que popularizou o hip hop no mundo. No Brasil em cima do lance, Arnaud fez com Luiz Carlos Miéle, sob uma base chupada de Rapper’s Delight, uma versão em português da música. ‘Melô do Tagarela’ tornou-se o primeiro rap em solo brasileiro. Arnaud também foi um compositor romântico quando criou a letra da música ‘Pais e Filhos’, gravada pelo cantor Tim Maia, cantor este que o próprio Arnaud revelou ao mundo artístico, e orientou-o durante a sua carreira chegando inclusive a escolher o seu nome artístico, Tim Maia. Arnaud foi um legítimo representante do movimento Black Rio lançando a música ‘Grilo’; e também foi um admirado cantor e compositor sertanejo com a linda música ‘Folia dos Reis’; já não bastasse com este rico currículo de composições e músicas, Arnaud também foi integrante do trio popular satírico ‘Baiano e os Novos


Caetanos’, que lançou o suingado baião - rock de letra malandramente cifrada e refrão irresistível como ‘Vô Batê Pá Tu’. A discografia de Arnaud Rodrigues foram as seguintes: •

1970 - Sound & Pyla (LP);

1970 – Tilim, trilha sonora da telenovela (LP);

1974 - Murituri (LP);

1974 - Baiano & Os Novos Caetanos volume 1 (LP);

1975 - Baiano & Os Novos Caetanos volume 2 (LP);

1976 - O Som do Paulinho (LP);

1977 - Cuca Fresca (LP);

1978 - Redescobrimentos (LP);

1982 - Baiano & Os Novos Caetanos - A Volta (LP);

1985 - Sudamérica (LP);

1987 - Arnaud Rodrigues (LP);

1998 - Coronel Totonho - vol.2 (LP).

Tempos recentes, pouco antes da sua morte, Arnaud tinha planos inéditos para o seu retorno à música. Havia desenvolvido mais uma nova parceria com o jovem garoto Léo Pinheiro, cantor e compositor. Arnaud o convidou para fazerem um disco juntos, então compuseram durante muitas madrugadas, geralmente na sua fazenda, localizada no Tocantins. Segundo Léo Pinheiro: “Me tornei um grande conhecedor da sua obra. Ele tinha uma fazenda no Tocantins, íamos juntos e ele botava músicas dele para eu ouvir, de diferentes discos, parcerias com Renato Piau, fitas caseiras”. (Léo Pinheiro, 18/06/2013,

http://oglobo.globo.com/cultura/tributo-ao-multiploarnaud-rodrigues ).

A ideia de Arnaud era fazer um disco de Rock, “Hoje já não sei o que é rock”. O álbum começou a ser gravado, oito faixas já estavam bem adiantadas, mas infelizmente Arnaud não teve mais tempo para lançar o sonhado álbum, pois faleceu em fevereiro de 2010. Com a morte de Arnaud, Léo decidiu homenageá-lo lançando o disco “Léo Pinheiro Canta Arnaud Rodrigues”, com músicas inéditas composta pela dupla. O lançamento do CD teve participações de Oswaldo Montenegro, Renato Luciano, Julia Vargas e Renato Piau, com quem Arnaud fez muitas


parcerias. Léo Pinheiro afirmou que Arnaud estava muito animado com este novo álbum que os dois lançariam. “Ele queria fazer uma música na qual o funk, cansado de barulho, fosse para o sertão, mas não aguentando, começasse a funkear lá. Já “Baraúna” foi um poema que ele me deu, que fala de desmatamento, pedindo que eu fizesse meio como uma marcha fúnebre é quase um réquiem. A preocupação com a natureza aparece em outras canções do disco. (Léo Pinheiro, 18/06/2013,

http://oglobo.globo.com/cultura/tributo-ao-multiploarnaud-rodrigues ).

Ainda segundo Léo, ‘o humor, face mais conhecida de Arnaud, está de alguma forma presente no disco, mesmo em seu trabalho como compositor sério’.


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