Guiao da curta metragem Poss e

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P O S S E Por Ana Caria João Gomes Sara Gama Vanessa Valente --------------------------------------------------------Uma sala vulgar; numa mesa há beatas não completamente extintas, uma máquina de escrever e alguns textos por acabar. Ao fundo, sentada numa poltrona vermelha, uma jovem loira fala ao telefone com a sua amante. Nota-se que estão nervosa.

AMANTE ...E as fotos?!

LOIRA Eu paguei-lhe bem; já tenho os negativos.

AMANTE Mas tens a certeza? Não será melhor queimá-los?

LOIRA Não te preocupes... Ela nunca vai descobrir...

A porta de entrada abre-se; entra a traída, caminhando resolutamente até ao meio da sala, junto da mesa. A loira levanta-se e aproxima-se desta ao mesmo tempo.

LOIRA (num tom suave) Queres que te prepare alguma coisa?


TRAÍDA (desafiadora e sensual, afagando a máquina de escrever) Tens escrito muito?

LOIRA (nervosamente) Nem por isso. Não consigo passar da 10ª folha...

TRAÍDA (com desdém) Não percebo porquê... Se tens estado com a tua musa...

Com isto, a traída atira com um gesto seco, num misto de displicência e raiva, um envelope com fotografias para cima da mesa.

TRAÍDA (acusatória) O que é que eu fui para ti? Uma primeira obra? Já não te dou inspiração!? (ameaçadora) Mas não te preocupes, criatividade não me falta!

Avança em direcção da loira, que recua ao mesmo tempo. Revela, na sua mão esquerda, uma faca de generosas proporções. Agarra-se à loira, que entretanto tentava fugir, e ambas envolvem-se numa luta corpo a corpo. A loira morre.

A traída põe um ponto final numa obra incompleta (FIM).

--------------------------------------------------------Novembro, 2007


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