Centro Cultural Lelé

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Centro Cultural LelĂŠ

Ressignificando a Casa dos Arcos


Centro Cultural Lelé Ressignificando a Casa dos Arcos

1º/2018 Sarah da Silva Almeida - 12/0022184 almeida.sarah@hotmail.com Universidade de Brasília Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Trabalho Final de Graduação Orientadora Maria Cecília Filgueiras Lima Gabriele Banca Examinadora Oscar Luis Ferreira Joara Cronemberger Ribeiro Silva Professor convidado: Paulo Roberto Carvalho Tavares

2


Agradecimentos Dedico este trabalho aos meus cachorros Sherlock e Foxy, meus pequenos e fiéis companheiros.

Tão desafiador quanto a realização de

Aos meus amigos da escola, da univer-

E ainda pude contar com a colaboração

um trabalho de conclusão de curso, é a tarefa

sidade e da vida, obrigada por me aceitarem

dos professores Ivan, Oscar, Joara e do Grilo um

de agradecer todos aqueles que de alguma for-

como eu sou, por expandirem minhas formas

professor diferente, que me mostrou um imen-

ma me ajudaram a chegar até aqui.

de pensar e por serem minhas vigas, amarrando

so mundo de arquitetura que está além da uni-

tudo e dividindo os esforços. Como está grava-

versidade. Agradeço ao Eduardo, a Thaís, a Bar-

do nesta faculdade “ A viga é feita de momen-

barita, meu pai e minha mãe por botarem a mão

tos”.

na massa e ajudar a garantir que este trabalho

Primeiramente, este trabalho não se-

ria possível sem a colaboração e confiança do

saísse jeito que eu queria.

Adalberto, que compartilhou todos os seus arquivos e pesquisa do mestrado e do Nivaldo Jr.

O amor, talvez soe um pouco brega, mas

que abriu as portas de sua casa me recebendo

foi o meu chão, minha laje, transformando ca-

sempre com um grande sorriso. Esses foram os

minhos que pareciam estreitos em mais largos.

poucos nos construímos e nos reformamos.

ponta pés iniciais que eu precisava para fazer

Obrigada Eduardo, por me ajudar a ter confian-

Não é um processo rápido, ficam algumas fa-

esse projeto.

ça de dar o próximo passo sem medo de cair.

lhas e desalinhamentos da construção, quan-

Acho que todos somos uma casa e aos

do saí um pedaço a gente desestabiliza, mas De um jeito simplificado, resta a cober-

sempre podemos renovar os revestimentos,

grata sou a todas as pessoas que me ajudaram

tura, essa reservo a educação como um todo,

construir novas partes e ser um projeto bonito

a enfrentar este curso e as mudanças da vida

as minhas escolas, professores e experiências

repleto de partes novas e antigas, assim como

ao longo dele, que não foram poucas. Sorte mi-

mundo a fora. Todo aprendizado é uma forma

na arquitetura. Acho que foi assim que me apai-

nha que ao longo do processo sempre pude e

de proteção e de preparo para receber o que vêm

xonei pelo trabalho com patrimônio e é um pou-

sei que sempre poderei contar com meu pai, mi-

do exterior. Hoje entendo que tomar um pouco

co desta paixão que espero transmitir neste tra-

nha mãe e meu irmão. Eles são minhas funda-

de chuva não vai fazer com que eu desmorone,

balho.

ções, toda a minha estabilidade e o que sou, foi

apenas existem partes que faltam cobrir.

Queria conseguir transmitir aqui o quão

Obrigada.

construído em cima deles. Vocês são tudo para

mim.

Preciso agradeço imensamente aos

meus orientadores nesta jornada final do curso, As minhas avós, avôs e familiares, onde

Cecília e Pedro, por abraçarem minhas ideias e

nunca me falta amor, vocês são os pilares que

meu jeito de ser. Cecília adota seus orientandos

moldaram meu caráter e ética para encarar a

como filhos e nossos projetos como netos, nun-

vida. Obrigada pela coragem de virem para Bra-

ca nos deixando desamparados. O Pedro foi um

sília, onde hoje estão abrigados (quase todos)

grande amigo, professor e chefe. Graças a vo-

os meus maiores tesouros e pela compreensão

cês, me senti mais confiante para poder encarar

com minha ausência nos últimos tempos.

este um ano e meio de trabalho e seis bancas.

3


Figura. 1: Vista interna sala. Fonte: Eduardo Lusa (2017)

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Sumário Declaração da autora

8

Centro Cultural Lelé

50

Apresentação

8

Análises

54

Justificativa

10

Diretrizes e Conceitos

56

Objetivos

16

Programa de Necessidades

58

Referencial Teórico

16

Arquitetura

60

Referências Arquitetônicas

19

Detalhamento

72

Perspectivas

74

Paisagismo

86

Anexos

89

Bibliografia

94

A Casa dos Arcos

26

O Arquiteto

28

História

30

Projeto original

33

Estado Atual e Diagnósticos

40

Os desafios da conservação

45

5


( Declaração da autora ) Antes de apresentar os dados obtidos para este trabalho e sobre a vida do arquiteto João Filgueiras Lima, sinto que devo apresentar aqui uma breve história de como escolhi uma das casas desenhadas por ele para ser o coração deste projeto. Não sei ao certo quantos anos tinha, mas lembro que a caminho da casa da Yohanna, uma amiga que morava no Park Way, existia uma suntuosa casa com arcos, feita em tijolos. Ela sempre foi diferente de todas as outras de Brasília, sem muros, enorme, não tinha cobogós e mesmo de dentro do carro era impossível não torcer o pescoço tentando admirá-la um pouco mais. Minha mãe narrava como era o interior da casa, já que a havia visitado algumas vezes na adolescência. Um lugar enorme com piscina, sala de jogos, cinema e para completar, repleta de plantas. Meus pais alimentavam em mim a certeza de que a magia existia tanto dentro quanto fora daquele lugar. Ele era a própria materialização dos Jardins da Babilônia na minha imaginação. E assim permaneceu por muitos anos. Meu reencontro com aquela obra só aconteceu anos depois, com o ingresso na Universidade de Brasília, onde pude conhecer melhor a história de João Filgueiras, ou Lelé, o amigo querido de vários professores da Faculdade de Arquitetura – FAU – da UnB. Decidi então que não haveria terreno melhor para concluir meu curso: onde ele começou sem que eu mesma percebesse.

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( Apresentação ) Este documento é o resultado da disciplina Introdução ao Trabalho Final de Graduação, obrigatória para a formação no curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília. Sua proposta é a apresentação de uma pesquisa teórica e de dados coletados para o embasamento do projeto arquitetônico a ser desenvolvido. O projeto visa ressaltar a importância patrimonial da residência, popularmente conhecida como Casa dos Arcos, projetada pelo arquiteto João Filgueiras Lima para o amigo Nivaldo Borges. A edificação é um ícone e patrimônio da cidade, porém, não foi tombada. Então, aqui serão discutidas questões de intervenção no Patrimônio Moderno em uma casa brasiliense. A proposta visa à transformação do local em um centro cultural, valorizando a riqueza dos espaços já existentes, esperando-se, com isso, incorporar à Região Administrativa (RA XXIV) – Park Way, funções novas e espaços de convivência agradáveis para seus moradores e também para os moradores do entorno. O Centro Cultural Lelé tem como foco as atividades fotográficas e cinematográficas, um hobby do proprietário original da mansão e um mercado que vem ganhando cada vez mais espaço na capital.


Figura. 2: Casa dos Arcos. Artista: Eliel AmĂŠrico (2017)

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( Justificativa ) O edital do concurso para Brasília foi lançado

de uma cidade moderna qualquer, não apenas

Juscelino Kubistchek, então presidente do

e a Cultura – UNESCO – como Patrimônio Cul-

dia 30 de setembro de 1956 e em outubro do

como urbs, mas como civitas, possuidora dos

Brasil, se preocupava tanto com o futuro do

tural da Humanidade, em 1987, pois até aquele

mesmo ano as obras já estavam sendo inicia-

atributos inerentes a uma Capital. E, para tan-

que estava construindo que enviou, ainda em

momento somente bens culturais históricos ha-

das. A proposta vencedora foi elaborada por

to, a condição primeira é achar-se o urbanista

1960, uma carta para Rodrigo Andrade, diretor

viam entrado na lista. (RAMOS, 2017)

Lúcio Costa, com quem Oscar Niemeyer já ha-

imbuído de uma certa dignidade e nobreza de

do DPHAN (Diretoria de Patrimônio Histórico

Criada e mantida de um modo único, Bra-

via trabalhado anteriormente na construção da

intenção, porquanto dessa atitude fundamental

e Artístico Nacional), pedindo para se avaliar a

sília se encontra com 57 anos e 3.039.444 habi-

sede das Nações Unidas.

decorrem a ordenação e o senso de convivência

possibilidade do tombamento de Brasília. Lúcio

tantes (IBGE, 2017). Agora seu desenvolvimen-

e medida capazes de conferir ao conjunto pro-

Costa já era um profissional reconhecido no

to passa por um delicado processo de equilíbrio

Em sua proposta, Lúcio Costa mostra não ape-

jetado o desejado caráter monumental. Monu-

país e detinha um cargo dentro do DPHAN, fato

entre progresso versus memória. A partir dessa

nas originalidade como também sua habilidade

mental não no sentido de ostentação, mas no

que ajudaria a influenciar o processo de prote-

prerrogativa e contexto históricos mais gerais,

em narrar com perfeição o espaço que almeja-

sentido da expressão palpável, por assim dizer,

ção da Capital como patrimônio.

a justificativa para este estudo está secciona-

va:

consciente, daquilo que vale e significa... Nas-

da em três partes. A primeira trata da seleção

ceu do gesto primário de quem assinala um lu-

O Conjunto Urbanístico, Arquitetônico e

do local de projeto, a segunda explica a escolha

Brasília deve ser concebida não como um sim-

gar ou dele toma posse: dois eixos cruzando-se

Paisagístico de Brasília foi o primeiro bem do

pela criação de um centro cultural no espaço, e

ples organismo capaz de preencher satisfatoria-

em ângulo reto, ou seja, o próprio sinal da cruz

estilo moderno reconhecido pela Organização

a terceira detalha a opção por um centro cultu-

mente, sem esforço, as funções vitais próprias

(COSTA, 1957).

das Nações Unidas para a Educação, a Ciência

ral dedicado ao cinema e à fotografia. Figura. 3: Desenho da autora

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A escolha da Residência Nivaldo Borges

Apesar do grande esforço realizado para a pre-

da Rede Hospitalar Sarah Kubistchek, ou por se

cebeu diversas vezes a população local. Nival-

servação das obras de Lúcio Costa e Oscar

encontrarem dentro do contexto de tombamen-

do era grande fã de filmes e fazia sessões em

Niemeyer, vários outros arquitetos colabora-

to da cidade como a Superquadra Modelo (onde

seu cinema particular onde exibia filmes 15 a 20

ram para a construção e execução das obras

participou da construção) e os projetos que

dias antes do lançamento nacional. Além das

da cidade. Entre eles, queremos destacar aqui

participou na Universidade de Brasília. Porém,

grandes reuniões com amigos e familiares, mo-

a obra de João Filgueiras Lima, o Lelé. Ele não

não foram encontrados quaisquer registros de

tivo principal pelo qual pedira uma casa ampla.

só participou da construção da cidade lado a

tombamento de suas obras de modo individual,

lado com Niemeyer, como também deixou nela

uma situação de grande contraste quando com-

Hoje muitos são os registros do local como pal-

sua marca. As referências à arquitetura de Lelé

parada ao colega Oscar, que conta atualmente

co para grandes eventos como o Festival de Ci-

citam-na como rica, técnica e pensada do início

com 27 obras protegidas pelo IPHAN, por serem

nema de Brasília e o Réveillon das Cores, para

ao fim.

grandes exemplares da arquitetura moderna.

aniversários do bairro e diversos casamentos. Esses arquivos se encontram nos anexos deste

Eu diria que toda a obra foi dedicada ao social.

Não há aqui qualquer discussão quanto ao mé-

trabalho. Exatamente por conta da necessidade

Casa, só para os amigos. Ele sempre preferiu fa-

rito da obra de Oscar Niemeyer, mas defende-se

de se adaptar a esses eventos e de gerar capital

zer obras sociais do que obras particulares. In-

a valorização do legado de outro arquiteto rele-

para manter a casa, os donos se viram obriga-

felizmente, o reconhecimento internacional da

vante para a história de Brasília, e que também

dos a realizar algumas alterações no espaço.

obra do Lelé é muito baixo, com poucas publi-

muito colaborou para o melhoramento arquite-

Nivaldo Júnior, filho do proprietário original, de-

cações e por Lelé ser muito humilde, com foco

tônico e urbanístico de várias cidades do país.

clara sua preocupação em executar essas mu-

na arquitetura social. É uma pena. Mas o legado

Acreditando nisso, este trabalho defende e se

danças de forma que possam ser revertidas ao

dele está aqui e vai ficar. O Lelé era aquele ar-

aprofunda em uma das obras de João Filguei-

projeto primário da residência.

quiteto completo, tanto da construção, estética,

ras, Lelé, com o intuito de mostrar um exemplar

projeto...(Cláudia Estrela Porto, amiga de Lelé

diferenciado de casa modernista, um ícone da

Tombar a casa seria um modo de garantir que

por mais de 30 anos, O GLOBO, 2014).

cidade de Brasília e um trabalho completo, onde

a mesma possa manter seu desenho original,

Lelé desenvolveu com zelo os menores e os

como externa o pensamento de Aloísio Maga-

maiores detalhes do projeto.

lhães sobre a questão do tombamento: “A co-

Como se nota no depoimento da amiga, a obra

munidade é a melhor guardiã de seu patrimônio,

de Lelé ainda possui um baixo reconhecimento nacional e internacional. Apesar das pesquisas

A residência Nivaldo Borges será apresentada

(IPHAN, 2015)”. Mas para isso é necessário que

e referências à obra do arquiteto, pouco desse

de forma detalhada mais à frente. O projeto

a mesma conheça e possa ter acesso a esse

conhecimento extrapola as paredes do mundo

também conhecido como Casa dos Arcos ga-

patrimônio. Buscando um modo de sustentar

acadêmico e arquitetônico. E isso parece colo-

nhou esse nome pelo sistema construtivo esco-

tal ação, propõe-se neste estudo a transforma-

car em risco a preservação de seu legado e a

lhido, de arcos e abóbada, feito em tijolo cerâ-

ção da Casa dos Arcos no Centro Cultural Lelé.

chance de que ele possa ser reconhecido e ad-

mico. Esses aspectos tornam a casa facilmente

mirado futuramente.

identificável seja para quem está passando per-

Figura. 4: Arco. Fonte: autora

to ou por quem a vê em uma fotografia. Muitas de suas obras se encontram bem preservadas graças a iniciativas privadas como o

Mesmo como residência particular, o espaço re-

9


Cultura na capital e a escolha pelo Centro Cultural Lelé A justificativa para a transformação do local em um centro cultural advém primeiramente de um desejo da família de Nivaldo. Segundo o filho Nelson Fonseca: “Não queremos que alguém compre apenas pelo valor imobiliário. Nosso sonho é que o local seja transformado em um centro cultural (STACCIARINI, 2015)”. Os filhos do proprietário enxergam naqueles quase 2.000 m² construídos, mais do que a casa de sua infância, mas todo um legado do “tio Lelé”, e de uma história conectada com o surgimento da nova capital. Além disso, a demanda cultural e por lazer em Brasília vem crescendo juntamente com o número de habitantes locais. Nos últimos anos, seus moradores presenciaram o surgimento de vários eventos esporádicos que propiciam a ocupação da cidade e alternativas de lazer como o evento Chefes no Eixo ou o Picnik. Ou mesmo em lugares fixos, como o Centro Cultural Banco do Brasil, é possível notar a disposição do público em busca de cultura. As exposições na capital ficaram entre as mais visitadas do mundo em 2014, segundo a The Art Newspaper (2015):

A cidade de Brasília se encontra entre as 10

ro, em São Paulo e em Florianópolis, e Brasília

nios da Região Centro-Oeste. Números consi-

primeiras com maior Índice de Desenvolvimen-

destaca-se por apresentar três vezes o Gasto

deráveis para um local com apenas 57 anos de

to Humano do País (PNUD, 2013). Segundo a

Cultural do Domicílio (GCD) do Brasil metropo-

existência. Porém, quando se observam as prá-

pesquisa Economia e Política Cultural: acesso,

litano.

ticas culturais aqui realizadas, a variedade de alternativas se mostra um tanto restrita quando

emprego e financiamento (IPEA, 2007), a participação da cultura nos dispêndios gerais das

Complementando essas informações com os

comparada com outras cidades, como Belo Ho-

famílias apresenta pouca variação entre as re-

dados do relatório “Cultura em números” (FU-

rizonte, mostrada ao lado:

giões metropolitanas. Entretanto, observa-se

NARTE, 2010), nota-se que o Distrito Federal

que os gastos na capital federal, por domicílio,

aparece nas pesquisas como a cidade com o

são maiores do que a média-Brasil no Rio Janei-

maior número de cinemas, museus e patrimô-

10


As perguntas que apresentaram percentual de

Este polo estabelece papel importante em vir-

resposta abaixo de 0,7% não foram incluídas na

tude de sua localização. A região onde será im-

tabela de práticas da cidade. O que indica que

plantado é lindeira ao corredor de transportes

os brasilienses realmente usufruem de uma va-

EPIA, por onde passa grande parte da popula-

riedade menor de práticas culturais que os mo-

ção vinda da região sul do Distrito Federal em

radores de Belo Horizonte. O que leva a questio-

direção ao Plano Piloto. O polo visa atender à

namentoscomo: isso ocorre pela falta de oferta

demanda por serviços essenciais de consumo

da cidade? Pelas distâncias e acessos para lo-

próximos ao Park Way e oferecer à população

cais com outras atividades? Ou ainda apenas

a possibilidade de fixar suas atividades numa

Figura. 5: Polo Multifuncional. Fonte: Nós Urbanos (2017)

Figura. 6: Polo Multifuncional. Fonte: Nós Urbanos (2017)

por um perfil diferenciado dos moradores?

área próxima às suas residências com a oferta

Figura. 7: Polo Multifuncional. Fonte: Nós Urbanos (2017)

Figura. 8: Polo Multifuncional. Fonte: Nós Urbanos (2017)

de postos de trabalho em centros comerciais e Outra informação que embasa a decisão da

empresariais compatíveis com os interesses da

proposta de criação do Centro Cultural Lelé se

comunidade local.

origina em um trecho do Plano Diretor de Ordenamento Territorial (PDOT), que trata dos cha-

Outro dado que reforça a carência de equipa-

mados Polos Multifuncionais (PM).

mentos e serviços na Região Administrativa XXIV é a pesquisa de distribuição de atrativos

A criação de Polos Multifuncionais constitui

turísticos no DF, onde foi identificado apenas

uma tentativa de ofertar atividades comerciais

um atrativo no Park Way, classificado como

de bens e serviços, de lazer, cultura e habitação

atrativo cultural: a Casa Oscar Niemeyer, admi-

ligados à rede estrutural de transporte coleti-

nistrada pela Universidade de Brasília. (Mtur;

vo. Esta oferta de diferentes subcentralidades

Sebrae; CET-UnB; 2010).

em torno dos terminais de integração da rede de transporte público coletivo permite reduzir

A ideia do Centro Cultural Lelé é de criação, não

os deslocamentos da população para as áreas

apenas de um local de exposições, mas de um

centrais consolidadas e saturadas do território

espaço que estimule o convívio da comunidade

do Distrito Federal. (IPDF/GDF, 2009).

local com a arte e com outros moradores das proximidades. A criação do Polo Multifuncional

A partir das informações fornecidas pela Secre-

apresenta-se como uma fonte promissora de in-

taria de Estado de Gestão do Território e Habita-

fraestrutura para a região. As informações obti-

ção (SEGETH) o projeto do Polo Multifuncional/

das apontam para um público com disposição

BRT SUL se encontra em andamento. A propos-

e capital para movimentar a economia cultural

ta criada define um local muito próximo à Casa

do DF e o turismo na região, tornando viável a

ou Mansão dos Arcos e terá um impacto direto

implantação de um centro cultural.

em todos os lotes que circundam esta nova implementação governamental.

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Cinema e Fotografia – a relação com um plano em construção: O traço do arquiteto O plano do sonhador

construção da cidade e a primeira missa (GDF).

Também o documentarista Vladimir Carvalho

Esse era só o começo da jornada da cidade com

(CINE 81, 2011) registra a criação do curso de

esses novos meios de comunicação.

cinema na Universidade de Brasília (UnB), o primeiro em nível de graduação no país, e da

As imagens de um futuro em construção.

O tão esperado progresso aconteceu simulta-

semana do cinema brasileiro, que em 1967 se

neamente com uma nova etapa política, econô-

transformou no famoso Festival de Brasília do

Brasília foi projetada sobre o solo seco do cerrado e construída pelas mãos daqueles que viam além

mica, cultural. Brasília foi inaugurada em 1960,

Cinema Brasileiro, mais antigo e ininterrupto

do hoje. Ela foi perpetuada pelas lentes que capturavam a luz da capital e o suor que molhava o chão.

década em que surge na França o cinema novo,

dessa modalidade no país.

Graças a JK, que enxergava no Plano Piloto uma história que deveria ser contada às gerações futu-

que chega ao Brasil com o engajamento de luta

ras, vários momentos da construção da nova capital foram registrados em filmes: suas fundações,

contra a ‘’falência’’ do cinema nacional (MO-

Muito ligado ao Cine Brasília, vale destacar que

pilares, sua gente.

RAIS, 2013). Outros movimentos e expressões

o primeiro cinema da capital já estava previsto

culturais tomam força nesse período, a Bossa

no plano da superquadra modelo de Lúcio Cos-

Nova, a Jovem Guarda, o Tropicalismo, o Con-

ta. Sua proposta era gerar um local de entrete-

cretismo, todos esses movimentos, estéticas,

nimento para os moradores, pois não havia mui-

linguagens, ações, políticas e performances

tas opções de lazer à época na cidade.

Figura. 9: Lúcio Costa, Israel Pinheiro, Juscelino Kubitschek e Oscar Niemeyer observam maquete da Praça dos Três Poderes no Rio de Janeiro, em novembro de 1958. Fonte: Veja (2009)

que definem a nova identidade do país. Em texto jornalístico, Severino Francisco (COR-

ditadura militar no país, foi criada a Embrafilme,

REIO BRAZILIENSE, 2017) resgata a história da

empresa estatal que controlava a indústria ci-

chegada do cinema à Brasília, não apenas como

nematográfica. A censura ocorreu não apenas

opção de entretenimento, mas como centro de

sobre a produção de filmes, mas sobre todos os

produção e estudo da atividade. O jornalista e

meios de comunicação e seus produtos. O que

professor cita a figura do crítico de cinema Pau-

não impedia a atividade do cinema, mas exigia

lo Emílio Sales Gomes, que foi um dos mais de

que os conteúdos fossem transmitidos de for-

200 brilhantes intelectuais trazidos por Darci

ma discreta e subliminar.

Ribeiro para montar a Universidade de Brasília. O professor e crítico de cinema chegou à nova capital nos primeiros anos da década de 60, junBrasília já nasceu sob os holofotes. É cidade

opinião pública a favor do presidente. Em 1956,

em que a cena de cada tijolo que se erguia era

quando Juscelino anuncia a fundação de Brasí-

documentada, seja por um clic de máquina fo-

lia, estavam presentes as câmeras de Jean Ma-

tográfica, ou pelo registro de filmes em película,

zon, Carlos Niemeyer, Herbert Richers e Isaac

por uma letra do repentista que veio do sertão,

Rosemberg. É preciso registrar que a televisão

por matérias jornalísticas, e sempre por relatos

havia chegado há pouco mais de cinco anos no

de testemunhos oficiais do governo (MORAIS,

Brasil e ao lado do cinema encantava a popula-

2013).

ção com a possibilidade de registro e transmissão de imagens de momentos e pessoas impor-

Segundo Bizello (Bizello apud ALVES e BONI,

tantes do país e do mundo, mesmo que ainda

2012), a produção de imagens e filmes da ci-

um pouco borradas. O cinegrafista José Silva e

dade foram fundamentais para a conquista da

seu filho Sávio Silva registraram cenas como a

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Porém, em 1969, cinco anos após o começo da

to com Nelson Pereira dos Santos, para fundar o primeiro curso de cinema em uma universidade brasileira. Foi também de Paulo Emílio Sales Gomes a coordenação da 1ª Semana do Cinema Brasileiro, realizada em 1965, a qual daria origem, dois anos depois, ao Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, conta Severino Francisco, lembrando ainda os comentários sobre filmes realizados por Paulo Emílio tanto na UnB, como no Clube de Cinema da Escola Parque.


Na década de 70 surgem os “cineclubes” na

experiências artísticas não como alternativas

cidade, e o cineasta José Damata dá início ao

de lazer em shoppings, mas como propósito do

Projeto Cinema Voador, um dos primeiros a

passeio em si mesmo.

criar experiências de exibição de cinema para grandes plateias, ao ar livre, proposta existente

No trabalho de SENISE (2012) ele analisa a

ainda nos dias de hoje (GDF). E também o Cine

importância do Festival de Cinema de Brasília

Drive-in, com uma tela de projeção cinemato-

com base em um conceito muito interessante

gráfica de 312 m², que é o último deste tipo em

proposto por Susana Gastal e Marutschka Mo-

funcionamento no país atualmente.

esch, o qual constrói uma abordagem sobre o turista cidadão, onde o morador é turista na

A cidade chegou a ser o terceiro maior polo pro-

própria cidade, a partir do usufruto e da experi-

dutor de cinema do país. Criado em 1991, o Polo

mentação do espaço público e dos eventos cul-

de Cinema Grande Otelo, localizado em Sobradi-

turais, surgindo assim o sentimento de perten-

nho, possui uma área de 400 hectares, palco de

cimento e identificação com a cidade. Por essa

mais de 80 produções cinematográficas no Dis-

lógica, quanto mais atividades forem ofertadas

trito Federal (SENISE, 2012). E hoje é o segun-

em localidades diversas, mais a sociedade ira

do maior mercado de fotografia publicitária do

usufruir e sentir-se parte da cidade.

país, perdendo apenas para São Paulo, de acordo com o fotografo brasiliense Kazuo Okubo. O cenário único que possuímos aqui ainda é mostrado em diversas produções de filmes, novelas e propagandas graças a incentivos e apoio governamental à cultura. Essas criações divulgam Brasília nas telas de televisão e cinema do país e do mundo, mostrando sua arquitetura, história, cultura e paisagens naturais,

pelo Anuário (2009-2016) foi a unidade da Federação com melhor número de habitantes por sala (33.832). (ANCINE, 2016). Entre os 15 complexos de cinema de Brasília, apenas dois não se localizam em shoppings: Cine Brasília, sala pública, e Drive-in. Vários espaços mais antigos e tradicionais da cidade acabaram fechando as portas. Alguns exemplos são o Cine Atlântida no Conic, o Cine Karin

além, é claro, do cenário político.

na 110 sul, o Cine Márcia no Conjunto Nacional

Brasília, já chamada por algumas pessoas de

de Tênis de Brasília.

“capital dos cinéfilos” ou “capital do cinema brasileiro”, possui um dos maiores índices de frequência entre a população das capitais brasileiras, com um percentual de 20%, segundo dados da cartilha Cultura em Números (2010,

e as salas de exibição de cinema da Academia

Esse dado preocupa a pesquisadora Elen Geraldes, doutora em Sociologia e professora da Faculdade de Comunicação da UnB. “Os cinemas em shoppings criam um critério socioeco-

Ministério da Cultura) (SENISE, 2012).

nômico. Associa-se o cinema a consumo” (ME-

Em 2016, a Agência Nacional de Cinema con-

um Centro Cultural voltado para as duas artes,

tabilizou 3.160 salas de exibição de cinema no Brasil. E detendo 88 destas salas, o Distrito Federal durante todo o período compreendido

TRÓPOLES). Neste sentido, a ideia de propor cinema e fotografia, pode configurar um caminho para proporcionar uma visão mais crítica

Figura. 10: Construção do Congresso Nacional. Fonte: Marcel Gautherot (1958/1960)

Nos últimos anos vêm crescendo o número de festivais, mostras e exibições de filmes, seja por iniciativa pública, ou por estímulos privados ou independentes. Eles são um meio de divulgar os cineastas locais, filmes estrangeiros e antigos, ou simplesmente um modo de fugir da rotina.

Figura. 11: Passarela subterrânea cruzando eixo rodoviário, Brasília. Fonte: Thomaz Farkas (1998)

É então, com base nessa visão e na tradição e experiência acumuladas em Brasília nessas duas artes, que o Centro Cultural Lelé surge como opção natural do que pode vir a ser um espaço de estímulo ao olhar, à admiração, estudo e lazer por meio do cinema e da fotografia. Pois, além da clara vocação político-administrativa, a capital também nasceu com a missão de ser um modelo nacional nas diversas áreas e interesses humanos. E, mesmo com o passar dos anos, Brasília e suas belas curvas continuam sendo capturadas e admiradas pelos mais diversos olhares no país e no mundo.

Figura. 12: Explanada dos Ministérios em construção. Brasília. Fonte: Marcel Gautherot(1958)

das mesmas. E tal se daria pela oferta dessas

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( Objetivos ) Este projeto tem como principal objetivo desenvolver a proposta de construção de um centro cultural voltado para as áreas de cinema e fotografia, por meio de uma intervenção arquitetônica na Residência Nivaldo Borges. E tal se daria visando à máxima restituição possível das características originais da casa, dentro das adequações necessárias para se atender às normas e demandas na nova tipologia proposta. Espera-se por meio desta proposta tornar público o acesso a um ícone arquitetônico, facilitando a preservação e manutenção da obra do arquiteto João Filgueiras Lima, Lelé, acrescentando a oferta de cultura e entretenimento para moradores do Park Way, Lago Sul, Núcleo Bandeirante e regiões próximas, além de uma opção rápida de lazer para passageiros do Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek.

( Referencial Teórico ) O reconhecimento e cuidados com o patrimônio

mento com o passado, atitude de quem se via

ídos nos últimos anos por falta de reconheci-

dos nesta área para a preservação e salvaguar-

moderno vêm sendo estudados mais a fundo

como representante de uma nova era, ligada à

mento da população, dos governos e, às vezes,

da do patrimônio moderno.

desde o fim do século XX e início do século XXI.

industrialização, à ciência, à democracia e ao

até dos especialistas.

Alguns documentos, artigos, cartas patrimo-

desenvolvimento do homem urbano. Os edifí-

niais e estudos voltados para essa abordagem

cios tinham que mudar junto com essa nova

É necessário tomar medidas antes que

tauração de monumentos e sítios (Carta de Ve-

dão sustentação a projetos de salvaguarda de

sociedade. Jukka Jokilehto descreve o que foi

estes projetos entrem em ruínas ou desapa-

neza, 1964), elabora princípios comuns dessas

edifícios, como o que se pretende fazer neste

e ainda é este movimento:

reçam. Moreira aponta que não se deve dar a

ações visando criar uma espécie de modelo

todos os monumentos o mesmo grau de res-

universal a ser adaptado por cada país a seu

Modernidade não é um estilo, mas uma abor-

tauro e preservação de palácios ou obras-pri-

contexto. Sintetizamos os seguintes pontos ex-

dagem cultural que penetrou todas as regiões

mas, mas sim reconhecê-los a tempo para que

traídos da Carta:

Fernando Moreira (2011) inicia seu trabalho

do mundo e é expressa em uma variedade de

possam ser salvaguardados, preservando suas

com uma importante questão: Por que conser-

formas. É uma pluralidade de expressões que

qualidades e valores intrínsecos.

var a arquitetura moderna? Grandes são os no-

representa nossas culturas contemporâneas e

mes de ícones da modernidade que merecem

que forma nosso patrimônio recente (JOKILEH-

Reconhecer o patrimônio moderno é valorizar

ter suas criações preservadas, mas como advo-

TO apud MOREIRA, 2011).

um passado recente e acreditar, assim como os

• Deve-se salvaguardar tanto a obra de arte

modernos, no poder da transformação para o

quando seu testemunho histórico;

projeto de conservação da Residência Nivaldo Borges.

ga este autor, mais que isso, torna-se necessá-

A carta internacional sobre conservação e res-

• A significação cultural adquirida com o tempo é tão ou mais relevante que o porte da criação;

rio atribuir valor não apenas a um produto de

O grande sucesso e difusão da arquitetura

futuro. Não se deve, nesse sentido, desejar-se o

criação especifico, mas a todo o contexto no

moderna são atualmente alguns dos fatores

engessamento de uma cidade, mas sim marcar

• É necessário realizar a manutenção perma-

qual foi produzido.

que dificultam o reconhecimento de seu valor.

os momentos e ícones históricos de uma locali-

nente desses bens;

Acrescenta-se a isto a proximidade temporal

dade, para que se possa aprender com eles. • A conservação será favorecida caso agregue

Também é preciso considerar que, precisamen-

dos eventos e tem-se uma tarefa mais árdua

te no caso da arquitetura moderna, seu surgi-

para elucidar seus valores para a população.

Sintetizam-se a seguir algumas medidas pro-

mento está ligado à busca por certo rompi-

Vários projetos foram modificados ou destru-

postas em documentos internacionais e estu-

14

uma função útil à sociedade; • Alterações e destruições às características


Já a Carta de Burra (1980) implementa um

preventiva, conservação informacional e ainda

histórico próximo, torna-se necessário trazer à

importante conceito de significância cultural.

define o conceito de dano, destacando a ética

tona para a população os valores nele embuti-

• Mudanças e elementos de integrações novos

Este, muitas vezes, não é obvio à sociedade,

da conservação com cinco princípios:

dos.

devem ser reconhecíveis;

especialmente no caso do patrimônio moderno, 1- Buscar a verdadeira natureza dos objetos;

Assim, tomando como referência os valores pa-

originais do projeto não devem ser autorizadas;

sendo necessário explicitá-lo. A conscientizaA Declaração de Amsterdã (1975) reitera alguns

ção da comunidade deverá ser feita por meio

pontos da Carta de Veneza e a complementa

de programas de educação e de divulgação de

2- Garantir a reversibilidade de qualquer ação

da Arquitetura Moderna, esse trabalho pretende

com pontos de valorização e de viabilização da

suas características e de seus significados.

sobre o bem protegido;

realizar uma intervenção na obra de Lelé bus-

trimoniais e as premissas para a conservação

preservação do patrimônio:

cando respeitar as indicações aqui citadas. A questão da significância, bem como a con-

3- Tentar gerar o mínimo de intervenções possí-

Para isso será desenvolvido um levantamento

• A importância dos poderes locais na proteção

servação do patrimônio moderno foram mais

veis, preservando o edifício;

dos estudos já existentes sobre a Residência

do patrimônio;

aprofundados nos trabalhos A teoria contem-

Nivaldo Borges e sobre seu estado de preserva-

porânea da conservação e a arquitetura moder-

4- Considerar os recursos disponíveis para a to-

ção, apresentando o contexto em que o projeto

na (ZANCHETI, 2014) e A declaração de signifi-

mada de decisões, garantindo a viabilidade das

se encontra atualmente.

seja apreciado pelo público e especialmente pe-

cância de exemplares da arquitetura moderna

mesmas;

las novas gerações;

(HIDAKA, et al., 2014).

• O patrimônio não sobreviverá a não ser que

5- Considerar que a existência do patrimônio só

• A arquitetura de hoje é o patrimônio de ama-

O primeiro traz a essencial relação entre sujeito,

se mantém a partir da existência de um agente

nhã. O trabalho de valorização deve ser feito

objeto e o contexto, “A valorização é um ponto

responsável por sua guarda.

sempre, nos edifícios mais antigos a nos mais

de confluência dos objetos e dos sujeitos den-

atuais;

tro de um âmbito de relações sociais, culturais

• Deve-se manter um diálogo continuo entre os bens tombados e o planejamento urbano;

e econômicas”. E esclarece a diferença entre os termos: preservação, restauração, conservação

Já a Declaração de Significância é um documento que age como instrumento de suporte para a ação de conservação. Uma vez que o patrimônio moderno se encontra em um tempo

15


( Normas e Legislações )

Documentos legais e normativos a serem consultados para elaboração do projeto arquitetônico: LEIS DISTRITAIS Lei Complementar nº 2.105, de 2008, que dispõe sobre o Código de Edificações do Distrito Federal. Lei nº 2.477, de 1999, que dispõe sobre a obrigatoriedade de destinação de vagas para o idoso nos estacionamentos públicos e privados no Distrito Federal. Lei nº 3.919, de 2006, que dispõe sobre acessibilidade universal no Distrito Federal. Lei nº 4.423, de 2009, que institui a obrigatoriedade da instalação de estacionamento de bicicletas em locais de grande afluxo de público. DECRETOS DISTRITAIS Decreto nº 10.829, de 1987, que dispõe sobre Brasília Revisitada, de Lucio Costa. Decreto nº 19.915, de 1998, que regulamenta o Código de Edificações do DF – Lei nº 2.105/98. Decreto nº 29.205, de 2008, que regulamenta o depósito de lixo e outros. Decreto nº 18.910, de 1997, que dispõe as normas de edificações uso e gabarito – Portaria nº6 – NBG -119. LEIS, DECRETOS, PORTARIAS e RESOLUÇÕES FEDERAIS Lei Complementar nº 803 de 25 de abril de 2009, com alterações decorrentes da Lei Complementar nº 854 de 15 de outubro de 2012. Plano Diretor de Ordenamento Territorial do Distrito Federal – PDOT NBR 9050, de 2004, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Sobre edificações, mobiliário, espaço e equipamentos urbanos e normas de acessibilidade universal. NBR 12237, Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Projeto e Instalações de salas de projeção cinematográfica. RELATÓRIO do Plano Piloto de Brasília. Elaborado por ArPDF. CODEPLAN, DePHA. - Brasília: GDF, 1991.

Figura. 13: (a direita) A inauguração de Brasília em 21 de abril de 1960. Fonte: René Burri (1960)

16


( Referenciais arquitetônicos ) A intenção deste capítulo é apresentar alguns projetos arquitetônicos utilizados como inspiração e embasamento para o desenvolvimento deste trabalho de graduação. De cada proposta foram extraídos aspectos diversos, como a implantação, o programa de necessidades, a seleção dos materiais, entre outros.

Projetos 1. 2. 3. 4.

Banheiro Público Castello di Rivoli Centro Cultural Renato Russo Centro de Educação e Cultura KKKK 5. Centro de Visitantes do Monastério de Villers 6. Fabrika Filmes 7. Filmoteca da Catalunya 8. Fundação Calouste Gulbenkian 9. Instituto Inhotim 10. Instituto Moreira Salles 11. Instituto Serralves 12. Kimbell Art Museum 13. Museu do Pão 14. Museu Rodin 15. Parque Lakeshore East 16. Pavilhão do Brasil 17. Pinacoteca de São Paulo

17


BANHEIRO PÚBLICO FUNDAÇÃO TRAIL

CENTRO CULTURAL RENATO RUSSO

Dados do projeto:

Referências em destaque:

Dados do projeto:

Referências em destaque:

Arquiteto Reforma: Miro Rivera Architects Local: Lady Bird Lake Trail, Austin, EUA Ano : 2007 Área: 70 m²

Materiais Forma Composição Escala Mimetismo

Arquiteto: Antonio Eustáquio Local: 508 sul, Brasília Ano de inauguração: 1993 Uso: Cultural - Centro de Artes Área: 4.343 m²

Programa de Necessidades Integração com a comunidade

CENTRO DE EDUCAÇÃO E CULTURA KKKK

CASTELLO DI RIVOLI Dados do projeto: Arquiteto Reforma: Andrea Bruno Local: Rivoli, Itália Ano de construção: século IX e X Ano de reforma: 1980-1984 Uso atual: Museu

Referências em destaque: Respeito ao preexistente Mínimo Impacto Diferenciação clara dos períodos históricos. 18

Dados do projeto:

Referências em destaque:

Arquitetos: Brasil Arquitetura Local: Registro, São Paulo Ano de construção: 1919 Ano de reforma: 1999 Uso atual: Museu e Centro Cultural Área: 152.900 m²

Programa de necessidades Dimensionamento Relação com a história do local e do projeto.


CENTRO DE VISITANTES DO MONASTÉRIO DE VILLERS

FILMOTECA CATALUNYA Dados do projeto: Arquitetos: Mateo Arquitectura Local: Catalunya, Espanha. Ano do projeto: 2011 Uso: Cultural Área: 7515.0 m²

Referências em destaque: Dados do projeto:

Referências em destaque:

Arquitetos: Binario Architectes Local: Villers-la-Ville, Bélgica Ano do projeto: 2016 Uso: Cultural - Centro de visitantes Área: 420.0 m² Escopo: Adaptação reuso. Custo: $3,277,180

Uso do terreno Percussos Materias Paisagismo

Materiais Espaço interno Circulações Iluminação

FABRIKA FILMES

Dados do projeto:

Referências em destaque:

Arquitetos: CoDA arquitetos Local: SIA trecho 17, Brasília. Ano do projeto: 2011 Uso: Comercial - Produtora de filmes Área: 1700.0 m²

Dimensionamentos Detalhes construtivos Integração entre os espaços Comunicatividade visual e física 19


FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN

INSTITUTO INHOTIM

Dados do projeto: Arquitetos: Ruy Jervis d’Athouguia, Pedro Cid e Alberto Pessoa Paisagismo Gonçalo Ribeiro Telles António Viana Barreto Local: Lisboa, Portugal. Ano do projeto: 1959 - 1969 Uso: Cultural - Museu Área: 7,5 hectares

Dados do projeto: Paisagismo Local: Brumadinho, Minas Gerais Ano do projeto: 2006 Uso: Cultural Área total: 786 hectares Área de visitação: 96,87 ha

Referências em destaque:

Referências em destaque:

Unidade do conjunto Integração com a paisagem Espiritualidade Percursos Interligação do conjunto Auditórios Paisagismo

Mimetismo Introspecção x Socialização Arquitetura Contemporânea Integração paisagem e arte

INSTITUTO MOREIRA SALLES Dados do projeto: Arquiteto: Olavo Redig de Campos Local: Gávea, Rio de Janeiro Ano do projeto: 1948 - 1951 Uso: Cultural Área total: 10000m²

Referências em destaque: Integração com as artes Ressignificação Permeabilidade visual Valorização do preexistente

20


MUSEU RODIN BAHIA

INSTITUTO SERRALVES Dados do projeto:

Referências em destaque:

Arquiteto casa: Marques da Silva Arquiteto Anexo: Álvaro Siza Paisagista: Jacques Gréber Local: Porto, Portugal Ano do projeto: 1931 - 1944 Uso: Cultural - Galeria de Arte

Enquadramentos Programa de Necessidades Dimensionamento Localização e relação com a cidade

Dados do projeto:

Referências em destaque:

Arquiteto original: Rossi Baptista Arquitetos anexo: Brasil Arquitetura Local: Salvador, Bahia Ano edifício original: 1912 Ano anexo: 2002 Uso atual: Museu Área do edifício: 1.575m² Área do anexo: 1.480m²

Conexão Readequação dos espaços Constaste sútil dos materiais Potencializar a leitura da construção existente Paisagismo

KIMBELL ART MUSEUM

Dados do projeto:

Referências em destaque:

Arquiteto original: Louis Kahn Arquiteto anexo: Renzo Piano Local: Fort Worth, Texas, EUA. Ano do projeto: 1972 Ano do Anexo: 2013 Uso: Cultural - Museu

Captação da Luz Modulação e Ritmo Horizontalidade Relação interno x externo Auditório 21


PARQUE LAKESHORE EAST

22

Dados do projeto:

ReferĂŞncias em destaque:

Arquitetos: The Office of James Burnett Paisagistas: Site Design Group Limited Local: Chicago, EUA Ano: 2015 Uso: Lazer

Fluidez Organicidade Minimai


PAVILHÃO DO BRASIL

PINACOTECA DE SÃO PAULO

Dados do projeto:

Referências em destaque:

Dados do projeto:

Arquiteto: Studio Arthur Casas, Atelier Marko Brajovic Local: Milão, Itália Ano: 2015 Uso: Cultural, expositivo. Área do edifício: 3674.0 m²

Modulação Materiais Ritmo Permeabilidade Enquadramento da paisagem

Arquiteto original: Ramos de Azevedo Arquitetos reforma: Paulo Mendes da Rocha Local: Praça da Luz – Bom Retiro, São Paulo Ano edifício original:1900 Ano reforma: 1999 Uso atual: Museu Área do edifício: 7.462 m²

Referências em destaque: Diferenciação novo e antigo Integração horizontal e vertical Materialidade Programa de Necessidades

23


24


“Porque eu acho que o projeto de uma casa é uma atividade assim, muito excepcional do arquiteto. Porque ela é feita para um indivíduo e não para a coletividade. Então, todo programa é direcionado para o bem estar daquela pessoa. Por isso que eu digo, só faço casas para amigos.” Lelé Figura. 14: A casa dos Arcos Fonte: Joana França(2011)

25


Figura. 15: João Filgueiras Lima, Lelé. Fonte: Revista Trip, Uol (2010)

( O arquiteto ) Nome: João da Gama Filgueiras Lima Apelido: Lelé Nascimento: 10/01/1932 Formação: Arquitetura, Universidade do Brasil, atual UFRJ Membro fundamental do grupo que concretizou o sonho de Brasília, é raro que aqueles que frequentem o curso de Arquitetura e Urbanismo não conheçam a obra e o legado de João Filgueiras Lima, o Lelé. Vindo do Rio de Janeiro para a futura capital, Lelé trabalhou lado a lado com um grande time na construção da cidade. Segundo Lúcio Costa (LATORRACA, 2000) eles formavam “uma boa trinca”, Niemeyer era o sonhador, Lelé o construtor e ele representaria a tradição. Lelé ficou mais conhecido pelos projetos da Rede de Hospitais Sarah Kubitschek, entretanto, suas obras se estendem por todo o país e, provavelmente, muitas ainda passam despercebidas para aqueles que as percorrem. Era um arquiteto completo e versátil, seu histórico de

26

projetos abarca uma ampla gama de tipologias:

Ele criou os espaços que permitiram a implan-

Lelé não aceitava receber pagamento (PORTO,

residenciais uni e multi familiares, edifícios co-

tação de uma cultura em medicina de reabilita-

2010).

merciais, educativos, hospitalares, administra-

ção, que, por meio de gerações, vem benefician-

tivos, industriais, religiosos e culturais, além de

do milhares de brasileiros. Alguns são honrados

Na obra “Olhares: Visões sobre a obra de João

projetos de design e equipamentos urbanos.

com monumentos depois da vida. O Lelé ergueu

Filgueiras Lima” são apresentadas todas as re-

os seus monumentos em vida e eles são a maior

sidências que Lelé criou, onde apenas uma de-

de seu gênio.

las não foi realizada para um colega. Pode- se

Sua personalidade e competência podem ser

dizer que, ao criar esses espaços, o principal

apreendidas pelos carinhosos depoimentos dos amigos, familiares e colegas de trabalho.

E para Adriana Rabello Filgueiras, arquiteta e ur-

conceito que Lelé buscava era a felicidade. Ape-

Segundo Haroldo Pinheiro, presidente do Con-

banista, filha de Lelé (CAU/BR, 2015):

sar de serem obras de menor porte, apresentam tanto esmero quanto qualquer outro projeto.

selho de Arquitetura e Urbanismo, que trabalhou com o arquiteto desde 1974 (CAU/BR,

Papai foi um homem simples, que sempre com-

2014):

bateu o luxo e a ostentação. Analisando sua

Lelé implantou em cada uma delas o seu ca-

obra e refletindo sobre as construções que re-

pricho, rigor técnico, criatividade e inovação.

Como arquiteto dominou todo o arco da cons-

alizamos juntos, vou compreendendo, cada vez

As casas possuem formas e programas muito

trução e dominava com extrema facilidade.

com maior clareza, o quanto essa simplicidade

diversificados, cada um devidamente adapta-

Depois do movimento moderno brasileiro, foi o

tornou-se essencial em seus projetos, nas solu-

do a seu local e dono. “A estrutura sempre será

arquiteto que realmente inovou. Ele tinha solu-

ções construtivas, no despojamento dos espa-

pensada com intenção plástica, definindo-se na

ções ecologicamente corretas, que aplicava às

ços por ele criados.

concepção inicial do projeto” (PORTO, 2010).

suas obras 30 anos antes de isso virar moda. Fazia mais, utilizando menos recursos.

A partir dessas e várias outras descrições do arquiteto foi possível perceber a pessoa generosa

Já o médico Aloysio Campos da Paz Júnior

que ele era, característica que se mantém nas

(CAU/BR, 2015) afirma:

casas feitas para os amigos, projetos em que


A dissertação de Adalberto Vilela (2011) apre-

Residência Aloysio Campos da Paz

senta detalhadamente quatro exemplares de

Material: Pedra

casas com técnicas construtivas distintas e

Ano do projeto: 1969 -2011(reformas)

como ele mesmo descreve “Se há uma constân-

Área edificada: 234,21 m²

cia na obra de Lelé, é a sua inconstância”. De forma breve, elas são as seguintes: Não seguindo a ordem do trabalho de referência, a quarta casa a ser apresentada é a Residência Nivaldo Borges, base para este pro-

Residência Roberto Pinho Material: Aço Ano do projeto: 2007 - 2008 Área edificada: 1.880,12 m²

jeto, ela será apresentada de forma mais detalhada a seguir. Residência José da Silva Netto Material: Concreto Ano do projeto: 1973-1976 Área edificada: 1.809,12 m²

Figura. 18: Residência José da Silva Netto. Fonte: Joana França Figura. 16: Residência Roberto Pinho. Fonte: Joana França Figura. 17: Residência Roberto Pinho. Fonte: Joana França

Figura. 19: Residência Aloysio Campos da Paz. Fonte: Claúdia Estrela

27


( História ) Início da obra: 1972 Término da obra: 1978 Calculista: Ernesto Walter

Nivaldo era advogado e chegou de Pernambu-

“Foi realmente um projeto familiar”, nos expli-

A implantação da casa é um grande dife-

co em Brasília no ano de 1960 “um senhor com

cou Nivaldo Jr, que também narrou que eles

rencial, colocada em um aterro contido por um

aquele ar patriarcal do Nordeste” segundo Lelé.

mesmos construíram um barraco no terreno

muro de arrimo, seu posicionamento rotaciona-

Mas foi graças à sua personalidade amigável e

que foi apelidado de “Catetinho”. A família mo-

do no terreno gera uma vista ampla e desimpe-

agregadora que chegou a conhecer o arquite-

rou lá por sete anos construindo o projeto, lite-

dida graças a ausência de construções à sua

to, que 12 anos depois projetaria para ele uma

ralmente, com as próprias mãos.

frente. O projeto possuí uma geometria simples

mansão no Park Way. (SAMORANO, et al., 2014).

com formas retangulares interligadas, com arSobre o piso da área de lazer ele nos conta: “Ti-

cadas centrais que criam generosos jardins

O projeto de grandes proporções refletia perfei-

nha 14 anos na época. Eu fazia 12 pedras por

internos, integrados com os quartos e salas. O

tamente os gostos do proprietário, e sua neces-

dia”. Ele mesmo fazia o traço, preparava e as-

bloco menor completa o programa de necessi-

sidade de espaço para criar seis filhos. A casa

sentava as pedras. Foram três anos para con-

dades com as vontades especificas de Nivaldo,

*Áreas dos subsolos não foram computadas nestes

deveria comportar toda a família, bem como

cluir toda a tarefa, incluindo feriados. “Na época

como a oficina e o cinema.

dados

sua paixão por filmes e carros. Foram mais de

eu não gostava, hoje vejo como foi importante”.

2.000m² construídos, sendo a parte principal

Isso também é notável quando nos apresenta

assentada em uma plataforma na parte mais

todo o sistema construtivo e detalhes da obra.

Tipologia: Residencial Área edificada: 1.880,37m²

alta do lote. (PORTO, 2010) Figura. 21: Perspectiva dos jardins internos. Fonte: Lelé (1972)

“A história que justifica o projeto Lelé”

Lelé era um modernista que não seguia

dogmas, se importava mesmo era em fazer a coisa funcionar. O projeto tinha que ser coeso e representar o seu amigo. Sendo assim, ele deixou o concreto e os pré-moldados em segundo plano para adequar o projeto à capacidade do Tião. Tião era um mestre catalão especializado na construção de arcos e abóbadas. E, mesmo com as dificuldades de diálogo, Lelé adota o Figura. 20: Terreno. Fonte: Adalberto Vilela (2011)

tijolo como matéria prima do projeto. “Embora o programa residencial fosse dedicado para o

A descrição e análise da residência Nivaldo Bor-

Nivaldo, a casa foi pensada construtivamente

ges aqui apresentada será feita com base nos

para o Tião” (PORTO, 2010).

relatos de Cláudia (PORTO, 2010), Adalberto (VILELA JÚNIOR, 2011) e na visita feita à casa no

Outra peculiaridade da casa, que também é re-

dia 07 de setembro de 2017, guiada por Nivaldo

sultado dos gostos do proprietário, é o fato de

Borges Júnior, o Nivaldinho para Lelé.

ter sido construída pela família.

Como citado anteriormente, as casas de Lelé

Apesar das diversas leituras sobre este fato,

costumavam florescer de suas amizades. A re-

em outros trabalhos, ainda não era claro o que

sidência Nivaldo Borges não foi uma exceção.

significava o gosto de Nivaldo pela construção.

28


( Materiais e Técnica ) “Seus arcos e sua coloração avermelhada são inconfundíveis. ” (VILELA JÚNIOR, 2011)

“Há neste projeto uma particularidade em relação ao sistema construtivo. À exceção das fundações, o uso do concreto foi extremamente

Apresentaremos agora alguns detalhes do

limitado. Talvez um dos motivos que tenha con-

material, do sistema construtivo adotado e do

tribuído para a redução do empuxo nas abóbadas

modo de execução. Neste aspecto a dissertação

das extremidades, como nas fachadas sudeste e

de Adalberto permite que se faça, não só um pas-

noroeste, tenha sido a fundição de vigas de con-

seio detalhado pela casa, como também uma aná-

creto armado no fundo do arco (base da abóbada).

lise meticulosa do projeto, seja nas decisões plás-

” (VILELA JÚNIOR, 2011)

ticas, quanto nas estruturais.

No amplo vão central, o fechamento se di-

Analisando as plantas do ambiente nota-se

ferencia plasticamente do restante da casa com

que a modulação do espaço se dá pelo vão das

tijolo aparente. Ele foi feito de argamassa armada,

abóbadas com um espaçamento de 3,50 metros.

formando uma grande grade de claraboias. Cada

Os arcos são notados tanto na fachada, quanto

peça foi moldada individualmente (as formas ain-

no interior do edifício. No espaço de pé direito tri-

da se encontram no jardim na casa) e depois elas

plo, com vão de 7,15m, Nivaldo Jr. nos chamou a

mesmas serviam de forma para a concretagem

atenção para os pilares, praticamente o dobro dos

que recebiam em cima. Os buracos foram tampa-

outros, e que suportam os grandes arcos. Pode-

dos com placas de vibras de vidro parafusadas

mos encontrar o concreto nas robustas vigas que

que podiam facilmente ser retiradas, ao gosto do

apoiam as abobadas da cobertura e essas criam

proprietário.

a plataforma para o terraço jardim que se estende

A obra é realmente primorosa, o próprio Lelé

por quase todo o projeto. No croqui de Lelé, pode-

se impressionou com a qualidade do trabalho de

mos entender mais claramente quão pequena é a

Tião e anos depois voltaram a trabalhar juntos em

participação do concreto na construção.

uma igreja, em Alagados, na Bahia.

Figura. 22: Desenho da construção dos arcos e abóbadas. Fonte: Lelé (1972)

29


Figura. 23: Caixa d’água Fonte: Eduardo Lusa (2017)

“A caixa d’água foi de tijolo

também. Nós fizemos o projeto para uma caixa de 13m mas o Nivaldo achou que para a irrigação a pressão seria insuficiente. Ele já estava com a fundação pronta. Então subimos para 17m. Eu disse que ia cair. Ela é toda de

( Materiais cerâmicos )

mente as informações sobre o material adotado

A degradação e anomalias das peças cerâmi-

por Lelé na Casa do Arcos. Materiais cerâmicos

cas podem ser de origem física/mecânica:

são aqueles que possuem em sua composição

• Fissuração/fendilhação

uma fração argilosa entre 15 a 45%, em peso do

• Esmagamento

material total.

• Desagregação • Descasque

tijolo e treme muito. Ficou um pouco desproporcional, meio charuto.” Lelé

• Limitação de grandes vãos e balanços.

Está seção visa apenas complementar tecnica-

São apontadas como algumas vantagens

• Erosão

da construção com blocos cerâmicos:

De origem química:

• Racionalização: maior produtividade,

• Anomalias devido a umidade

qualidade e menor custo;

• Eflorescências /criptoflorescências

• Bom desempenho e segurança estrutu-

• Empolamento

ral;

• Manchas • Maior rapidez e facilidade de constru-

• Perda de tonalidade

ção;

• Bolores e fungos • Simplificação no detalhamento do proje-

• Desintegração das juntas

to e componentes dos materiais;

E origem biológica:

• Canteiro de obra mais limpo e ecológico:

• Presença de vegetação

sem entulhos e restos de madeira;

• Bolores / fungos

• Permite a utilização de componentes

• Outros agentes biológicos

pré-moldados; • Longa vida-útil do material;

Ou ainda por deficiência no próprio material e

• Redução no uso de concreto e ferragem;

erros na fase de projeto e execução. Apesar de

• Redução na mão de obra de carpintaria

sua fácil manutenção, a restauração das peças

e ferreiro; • Bom desempenho térmico;

cerâmicas exige um estudo detalhado de sua composição.

• Desempenho acústico satisfatório; • Materiais constituintes incombustíveis;

As normas utilizadas atualmente para blocos

• Economia no uso de madeira para for-

cerâmicos são a NBR 15812-1 e a NBR 15812-2.

mas; Após a leitura das informações nota-se que o Como desvantagem pode-se destacar: • Restrições de possibilidade de alterações não planejadas; • Dificuldade de improvisar durante a execução da edificação;

30

• Exigência de mão de obra qualificada;

material adotado não foi apenas uma boa escolha pela eximia mão de obra disponível e baixo custo, mas também por uma série de outros atributos embutidos no uso de tijolos cerâmicos.


( Localização ) Setor de Mansões Park Way- SMPW Quadra 07, conjunto 03, casa nº 10 Parte do Plano Urbanístico de Brasília, o Setor de Mansões Park Way é tradicionalmente um dos maiores bairros residenciais da cidade. Não tendo este nome por acaso, uma de suas principais características é a presença de lotes avantajados com mais de 800 m² (IPDF/GDF, 2009). Até 2003, era parte do Núcleo Bandeirante, região criada inicialmente com a intenção de oferecer alguns tipos de comércio e entretenimento aos moradores da

Casa dos

futura capital federal, (Governo de Brasília, 2016).

Arcos

Uma marcante característica que apresenta é ser uma área de preservação ambiental como apontado no PDOT (IPDF/GDF, 2009). Ela está incluída na Zona de Uso Controlado I que, “Está inserida na Bacia do Lago Paranoá e configura um sistema ambiental-paisagístico composto por unidades de conservação e por espaços livres públicos e privados, que envolvem o conjunto urbano tombado”. Ainda do mesmo documento pode-se extrair a caracterização socioeconômica desta Zona de Uso Controlado “O perfil socioeconômico da população se distingue da seguinte forma: nas áreas menos densas a população é de média-alta e alta renda; e nas áreas de maior densidade a população é de média para baixa renda. ” Outro aspecto do Park Way é sua ligação e proximidade a algumas atrações turísticas e de entretenimento da cidade, algumas são Catetinho, o Museu Vivo da Memória Candanga, a Casa Niemeyer e o Brasília Country Club. Figura. 24: (à esquerda) Tijolos Cerâmicos. Fonte: Eduardo Lusa (2017)

31


Figura. 27: Terreno. Fonte: Adalberto Vilela (2011) com intervenção da autora

( Lote ) Composto por dois terrenos, o lote possui uma área total de 37095.04 m². O terreno decresce diagonalmente do fundo (a Sudeste) do lote para a frente em direção à rua. O fundo possui uma maior área sombreada graças à presença de uma vegetação mais densa. Já a frente do lote é composta por árvores nativas do cerrado.

( Insolação e ventos ) Atento ás questões ambientais e climáticas da

O lote originalmente tinha um único acesso

casa, Lelé rotaciona a mesma no terreno cerca

que levava à entrada principal da casa, que

de 18º buscando obter a orientação solar mais

possui uma característica peculiar, esta se

favorável, bem como um bom aproveitamento

encontra na parte posterior, voltada para o

do fluxo de ventos da região.

fundo do lote. A fachada frontal não é acessível devido à implantação escolhida e a colocação da residência sobre um platô. Legenda: 1. Residência 2. Abrigo 3. Lazer 4. Piscina 5. Caixa d’água

N

6. Caseiro 7. Criação

NO

8. Basquete 9. Futebol

L

10. Pomar 11. Horta 12. Estacionamento

Legenda de cores:

32

entradas ventos

Figura. 28: Implantação e acessos. Fonte: Lelé (1972) com intervenção da autora

Figura. 26: Croqui do quarto. Fonte: João Filgueiras Lima (1972)

“ A gente se encontrava no banheiro ou no jardim” - Conta Nivaldo Jr, sobre a relação do quarto conjugado com o do irmão. Figura. 25:Croqui Brise Soleil. Fonte: Lelé (1972)


Programa de Necessidades

Zoneamento

N

N

Casa Nivaldo Borges Planta Baixa 1

2

4

6

8

Casa Nivaldo Borges Planta Baixa

10

1

2

4

6

8

10

Programa de Necessidades Legenda:

Legenda:

Subsolo

1. Estacionamento

17. Quarto do casal

2. Abrigo

18. Estar

3. Hall

19. Estar íntimo

Sauna

4. Jantar

20. Varanda

Duchas

5. Lavabo

21. Pátio

Vestiários

6. Depósito

22. Pátio serviço

Banheiros

7. Cozinha

23. Oficina

Casa de Máquinas

8. Despensa

24. Cabine de projeções

9. Banheiros empregados

25. Adega

10. Quarto empregada

26. Copa

11. Lavanderia

27. Cinema

12. Costura

28. Vestiário

13. Estudos

29. Jogos

14. banheiro

30. Piscina

Íntimo - Parte que retém uma quantidade significativa da área da casa, ela prevê cômodos o casal, seus filhos e netos; Serviços - Voltados para a garagem, os serviços da casa se organizam dentro do módulo estrutural e sua ordem foi pensada para auxiliar a logística da casa; Social - Inclui a sala de jantar e a sala de estar, com uma vista suntuosa do vão central ; Abrigo - Garagem coberta e acesso a casa; Lazer - Parte independente do restante da residência, é responsável por unir as funções de divertimento pedidas por Nivaldo, como o cinema e o salão de jogos.

15. Quarto 16. Quarto de vestir

33


Figura. 29: Fachadas. Fonte: Adalberto Vilela

34


Figura. 30: Cortes. Fonte: Adalberto Vilela

35


Forma - Geometria Básica O trecho a seguir apresenta na integra a

Integração com as artes

análise realizada Adalberto (VILELA JÚNIOR,2011):

Como também citado, Lelé era um arquiteto completo. Bom em projetar e construir, ele também se dedicava aos mínimos detalhes do projeto e pensava a obra no conjunto. São exemplos disso na Casa dos Arcos os armários da cozinha, o projeto do rodapé, todas as luminárias da residência e grande parte dos mobiliários adotados. Além disso, gostava de trabalhar em parceria com outros artistas, em A proporção áurea em retângulos é conhecida pela razão entre o comprimento e a largura, onde o resultado é aproximadamente o número Phi (Φ), ou seja, 1,618. Apesar do módulo es-

especial Athos Bulcão, que chegou a projetar um painel para o grande armário que separava a área intima da casa. O projeto acabou não sendo aprovado por Lelé e nunca foi executado.

trutural do projeto de Lelé (3,5 m), definido pelo vão da abóboda, Volume genérico: um prisma de base retangular com eixos iguais. Forma primitiva.

não se encaixar dentro da razão áurea (o mais próximo disso seria 3,236), algumas combinações merecem destaque: A/C = 1,7 (42,50 / 25) A+B/A ≈ 1,6 (52,50/32,85)

Interconexão e Interpenetração

LA x 1,61 (Φ = 52,88 ≈ A+B (52,50) Apesar de não estarem dentro da proporção áurea propriamente dita, os retângulos da residência Nivaldo Borges possibilitaram algumas leituras que, se não chegam a caracterizar a intenção do arquiteto voltada para esse objetivo, ao menos de Justaposição de três retângulos na confi-

nota um apurado senso de estética e proporção.”

guração da planta, sendo: A = 42,50 x 32,85 m B = 10 x 8,20 m C = 25 x 17,60 m A manipulação desses números através de diferentes configurações ensejaram algumas especulações no domínio das proporções e, mais especificamente, do retângulo áureo. O resultado é no mínimo curioso.

Também conhecido como número de ouro, o Phi é uma constante real algébrica irracional denotada pela letra grega(Φ). Seu nome foi dado em homenagem a Phideas, que a teria utilizado para conceber o Parthenon. Apesar de suas origens arquitetônicas, o Phi foi empregado também nas artes plásticas (O Nascimento de Vênus, de Botticelli), na literatura (Os Lusíadas, Camões; Ilíada, Homero), na música (Sinfonias n. 5 e n. 9 de Beethoven) e no cinema (O Encouraçado Potemkin, do russo Sergei Eisenstein). Como a seção áurea representa uma constante de crescimento (sequência de Fibonacci), sua aplicação na arquitetura nos legou importantes contribuições que vão desde os egípcios até Le Corbusier. Fonte (parcial): http://pt.wikipedia.org/wiki/Proporção_áurea Figura. 31: Janela Interna. Fonte: Eduardo Lusa (2017)

36


Figura. 33: Estudo para painel (não realizado) | Athos Bulcão, sem data, guache sobre papel. Fonte: Fundação Athos Bulcão

Figura. 34: Máquinas de 35mm. Fonte: Autora

Figura. 35: Sala de jantar. Fonte: Joana França (2011)

A arquitetura moderna bota em evidência novos conceitos, entre eles está a ideia que: espaços externos e internos devem ser vistos simultaneamente.

Figura. 32: Janela Interna. Fonte: Eduardo Lusa (2017)

37


( Visuais do Terreno ) 1

Figura. 36: Entrada. Foto da autora

2 Figura. 38: Fachada frontal. Foto da autora

13

5 Figura. 39: Muro de cobogĂłs. Foto da autora

15

2 3

8 7

6

5

4

3

38

Figura. 37: Via original. Foto da autora

1

12

14 10 11 9

4

Figura. 40: Vista lateral esquerda do terreno. Foto da autora

6

Figura. 41: Chegada dos veĂ­culos. Foto da autora


7

10 Figura. 45: Limite da lateral do lote. Foto da autora

13 Figura. 48: Área livre . Foto da autora

8 Figura. 43: Vegetação solo. Foto da autora

11 Figura. 46: Desnível final do talude. Foto da autora

14 Figura. 49: Desnível final do talude. Foto da autora

9

12 Figura. 47: Vista lateral da casa. Foto da autora

15

Figura. 42: Vegetação existente. Foto da autora

Figura. 44: “Catetinho”. Autor: Eduardo Lusa

Figura. 50: Vista frontal dos arcos. Foto da autora

39


( Estado Atual e Diagnรณsticos ) Figura. 51: Vรฃo interno atualmente. Fonte: Eduardo Lusa (2017)

40


Desde o contato por telefone, Nivaldo Jr, se

“Percebe-se no projeto de Lelé o quanto a luz foi

chegada de todos para e começar e então nos

ginal futuramente. Ele explica “A gente encon-

mostrou mais do que disposto a abrir a casa e

fundamental para o desenvolvimento de deter-

contou: “Estou fazendo pequenas alterações,

trou uma maneira de preservar e manter a man-

colaborar com o trabalho. Nosso encontro foi

minadas soluções. Se esta casa apresentasse

não na arquitetura, mas em termo de funcio-

são dos arcos e qual é essa maneira? Hoje nós

agendado para o feriado de 7 de setembro às

um transepto, possivelmente seria o eixo trans-

nalidade. Para disponibilizar a casa para estas

disponibilizamos ela para eventos corporativos,

9h da manhã. Ao chegar no local de carro, nos

versal formado pelas salas de estar e jantar.

pessoas“. As pessoas citadas em questão são

casamentos, quinze anos. Ela gera uma receita

deparamos com a primeira surpresa, a casa se

Neste caso, ainda dentro desta leitura religiosa,

aqueles interessados no aluguel do espaço

que nos dá essa condição de preservar e man-

mantém sem muros ou grades, sua posição ele-

teríamos um altar próximo ao espelho d’água,

para eventos (olhar anexos).

ter esse monumento arquitetônico”.

vada torna impossível não notá-la.

voltado para o fundo da casa (fachada sudesAs alterações são facilmente perceptíveis para

Visando realizar um registro histórico do bem

quem conhecia o espaço originalmente, mas

e a base de alguma diretrizes seguidas no pro-

te), onde se localizaria a entrada principal. ” O dia de céu aberto não podia ser mais favorável para destacar as sombras e formas da casa,

É possível reconhecer rapidamente no filho o

ele mesmo nos apontou as diferenças. Após

jeto, sintetizam-se aqui mudanças realizadas

que já se encontrava aberta e com música, que

espírito receptivo com que descreviam seu pai,

um primeiro momento de espanto e preocupa-

com uma breve explanação dos motivos para

ecoava pelo espaço de uma pequena caixa de

característica marcante e claramente embutida

ção com as características perdidas do proje-

as mesmas e proposta de modificação para o

som. Tal recepção permitiu o entendimento do

no projeto da residência. Fomos um total de 18

to original, notou-se, na verdade, o cuidado do

Centro Cultural Lelé:

paralelo que Adalberto (VILELA JÚNIOR, 2011)

pessoas, sendo a maioria alunos do curso de

proprietário ao realizar todas as mudanças de

traça da residência com uma igreja:

Arquitetura e Urbanismo. Nivaldo Jr aguardou a

modo que possam ser revertidas ao projeto ori-

• Adaptação dos banheiros;

• Retirada de alguns vidros nos arcos internos;

ESTADO ATUAL

ESTADO ATUAL

Os desenhados por Lelé foram pensados para

Após a retirada na terra da cobertura, a altera-

o uso de dois irmãos ao mesmo tempo. Não

ção não foi apenas estética, ela também gerou

comportando o número de pessoas em gran-

efeitos no microclima da casa, que perdeu parte

des eventos, um foi adaptado para portadores

de seu isolamento térmico. Devido a esse au-

de necessidades especiais e outros foram divi-

mento da temperatura, alguns vidros internos

didos em mais cabines, pela retirada dos chu-

foram retirados, intensificando o fluxo dos ven-

veiros.

tos nos espaços

PROPOSTA

PROPOSTA

A mudança realizada por Nivaldo Jr. para que

O retorno da cobertura verde irá auxiliar no con-

os banheiros da residência pudessem atender

trole térmico do ambiente, permitindo assim a

um maior número de visitantes será mantida.

recolada dos vidros em suas esquadrias, tor-

Apesar do desejo de conservar ao máximo as

nando o ambiente mais adequado para o uso

características originais do projeto, esta trata-

cotidiano e a realização de outras funções.

-se de uma infraestrutura fundamental para a abertura da casa ao público. Figura. 52: Espelho d’água. Fonte: Joana França (2011)

41


• Retirada dos móveis e divisórias;

•Criação de mais uma pista de acesso ao lote;

ESTADO ATUAL

ESTADO ATUAL A pista original proposta por Lelé se encontra abandonada atualmente e a nova entrada foi um modo de propor aos convidados de entrarem pelas escadas, passando pela piscina ou então chegando ao abrigo diretamente. Evitando o contato com a área de serviços. Nivaldinho aponta que havia originalmente a passagem pela fachada Noroeste da casa, mas ela foi perdida quando parcelaram e venderam os lotes.

Os painéis de madeira (treliças) que antes separavam a sala de jantar do vão central foram guardados para gerar mais liberdade de fluxo no espaço, bem como a mobília de todos os quartos e salas. Nivaldo conta que essa foi uma decisão tomada, não somente pela questão das festas, mas pela própria deterioração do tempo que as estruturas de madeira sofreram. PROPOSTA A análise neste caso se torna mais pontual e variável para cada objeto. Os brises e divisórias conser-

PROPOSTA Respeitando os fluxos e acessos pensados para a Residência mantém-se o acesso de veículos original e propõe-se o retorno da passagem pela fachada Noroeste, porém, apenas para pedestres.

vados por Nivaldo Jr., serão retornados aos seus locais originais. Entretanto, a mesma ação não pode ser proposta para outros mobiliários já muito deteriorados ou que inviabilizariam a existência das novas funções pensadas para a casa como centro cultural. Figura. 54: Quarto do casal. Fonte: Pedro Paulo Palazzo

Figura. 53: Vista aérea. Fonte: não identificada

• Retirada da terra na cobertura; ESTADO ATUAL A casa sofria com graves problemas de infiltração, o isolamento da água era feito na época apenas com uma camada de asfalto. O sistema não era mais suficiente para conter a água retirada nos jardins da cobertura. Para realizar uma nova impermeabilização foram retirados 150 caminhões de terra da cobertura. Devido ao alto custo de manutenção e dificuldades logísticas, o dono não planeja retornar com a terra. Ele mesmo nos explicou a importância dessa carga superior na estabilidade dos arcos e afirma que só manteve a decisão de não retornar a terra após consultar um engenheiro que assegurou a estabilidade da construção. PROPOSTA O retorno da cobertura verde, utilizando uma boa camada impermeabilizante para evitar infiltrações ou outros problemas que possam danificar a casa. Essa mudança retorna a casa uma melhora estrutural, climática e estética.

42

Figura. 55: Divisória de madeira. Fonte: Eduardo Lusa


• Construção do muro de cobogós;

ços e à sala jantar, áreas voltadas para o es-

PROPOSTA

tacionamento da casa. O muro nunca havia

Apesar de seguir um desenho pensado pelo

A ideia de retirar o muro também se baseia na

ESTADO ATUAL

sido construído e foi recentemente que os

próprio Lelé. O muro de cobogós diminuí a visi-

maior flexibilidade de caminhos e aumento da

Segundo Nivaldo Jr, o próprio Lelé já havia pre-

filhos resolveram realizar essa parte do pro-

bilidade dos arcos e tijolos, dificultando a leitu-

conexão da casa com os fundos, conectando-a

visto a construção de um muro de cobogós que

jeto, porém, eles optaram por não estender o

ra da fachada como um todo.

com a nova proposta do edificação.

concedesse maior privacidade à área de servi-

muro até a sala de jantar.

Figura. 56: Vista externa fachada sudoeste. Fonte: Joana França (2011)

• Fechamento do jardim interno;

Figura. 57: Vista externa fachada sudoeste. Fonte: autora (2017)

ESTADO ATUAL

Hoje, o vão central mantém o espelho d’água,

PROPOSTA

Provavelmente a maior diferença na casa,

mas a parte posterior, que continha o jardim,

A volta do jardim interno como realizado inicial-

para aqueles que já entraram nela anterior-

foi coberta por praticáveis de madeira. Uma

mente por Lelé e Nivaldo.

mente, é a ausência de seus jardins internos.

solução não agressiva ao espaço e facilmente

Figura. 59: Interior da Residência Nivaldo Borges. Fonte: Joana França (2011)

Figura. 58: Interior da Residência Nivaldo Borges. Fonte: Pedro Paulo Palazzo (2017)

43


• Troca das aberturas de madeira por cortinas de vidro noroeste;

• Retirada dos brises de madeira da fachada; ESTADO ATUAL

PROPOSTA

ESTADO ATUAL

PROPOSTA

A mudança mais perceptível nas fachadas foi a

Os brises são parte da identidade e conjunto

As portas de madeira maciça desenhas e

Será necessária uma avaliação mais detalhada

retirada dos brises de muxarabi que limitavam

do projeto, essenciais para a fachada noroeste.

detalhadas por Lelé se encontram em ótimo

do fluxo do local para que isso possa ser confir-

a visual da sala para a piscina e restringiam a

Eles deverão ser reinstalados na sala, não ha-

estado de conservação, porém só geravam

mado, mas sugere-se o retorno das portas de ma-

passagem para a área externa, isso conside-

vendo a necessidade de um grande fluxo direto

50% de abertura e acabaram sendo substi-

deira, com esse dos casos em que a porcentagem

rando as necessidades de uso atual da casa.

da sala para a piscina.

tuídas nas áreas sociais da residência com

de abertura venha a prejudicar o acesso público.

Felizmente, os brises se encontram guardados

cortinas de vidro. As portas originais tam-

e protegidos para que um dia possam ser insta-

bém estão preservadas pelo dono e podem

lados novamente

ser vistas em alguns cômodos como o cinema e a área de serviço.

Figura. 62: Brises fachada nortoeste. Fonte: Joana França (2011)

Figura. 61: Abertura Sala de Estar. Fonte: Joana França (2011) Figura. 60: Abertura Sala de Estar. Fonte: Eduardo Lusa (2017)

44

Figura. 63: Cortina de vidro. Fonte: Pedro Paulo Palazzo (2017)


( Os desafios da conservação ) Levando em consideração os materiais levan-

nuas durante sua vida, caso contrário, pode se

tados, o contexto histórico e urbano no qual o

tornar inutilizável. ”

2)

MATERIAIS

apresentou alguns problemas quando foram inOs modernistas se destacam por buscar ir

projeto se encontra e os preceitos apresenta-

com mão de obra especializada, a residência seridos nas linhas modernistas.

dos no referencial teórico deste trabalho, serão

É natural que os espaços sejam ressignificados

além do convencional. Eles pretendiam ex-

analisados a seguir os sete desafios para con-

com o passar dos anos por outras gerações. O

plorar ao máximo os novos usos para mate-

O jardim da cobertura, integrante do projeto ori-

servação do patrimônio moderno sendo eles os

contexto no qual a Residência de Nivaldo Bor-

riais e tecnologias construtivas disponíveis à

ginal, hoje não está mais presente na silhueta

seguintes:

ges foi projetado já não existe mais e os pró-

época em que o Modernismo surgiu. Existem

do edifício. Foram apontados pelo proprietário

prios donos viram a necessidade de alterar o

algumas ressalvas quanto a essa proposta e

dificuldades com a impermeabilização da co-

uso do local, que como citado anteriormente,

sua boa correspondência na preservação do

bertura e também com o vazamento na laje ner-

funciona como uma casa de festas atualmen-

patrimônio.

vurada com placas de fibra de vidro, excelentes

1. Funcionalidade

te. Torna-se necessário repensar o espaço para

2. Materiais

que possa atender novamente a um fim. Como

Susan Macdonald e Theodoro Prudon (apud

ção do espaço, todavia não eficazes no uso diá-

3. Sistemas Infraestruturais

apontado pela Carta de Veneza (1964): “A con-

MOREIRA 2011) demonstram que essas ex-

rio do espaço e em sua preservação.

4. Falta de Manutenção

servação é favorecida caso agregue uma fun-

perimentações com materiais tradicionais

5. A conservação de conjuntos habitacionais

ção útil a sociedade. ”

ocasionalmente não eram bem-sucedidas.

A escolha do tijolo também parece gerar um

Materiais usados foram implementados de

efeito similar ao descrito com o concreto, onde

Entretanto, é necessário prudência para que

formas novas e nem sempre mantiveram

a crença em seu potencial e segurança o torna

não se realizem as adequações de forma banal,

seu desempenho original, como revestimen-

exime de manutenção. As recentes mudanças

mas sim uma inserção que reconheça os valo-

tos de interiores expostos nas fachadas,

na Casa dos Arcos como espaço de festas aca-

A avaliação da Casa dos Arcos se embasa na

res do edifício e visando a maior conservação

a exemplo de Finlandia Hall de Alvar Aalto,

baram sendo motivadoras de ações de limpeza

descrição e síntese feita por Fernando Diniz

do bem.

acabavam gerando um custo de manuten-

do material, mas esta manutenção deveria ser

ção muito superior ao dos edifícios mais tra-

cíclica e não apenas eventual.

6. Pátina 7. Reconhecimento e tombamento

MOREIRA (2011): A modularidade e racionalidade construtiva dos

para a iluminação e permeabilidade da vegeta-

dicionais. 3)

projetos de Lelé permitem diferentes reorgani-

SISTEMAS INFRAESTRUTURAIS

zações do espaço. A modulação dos arcos e a

Outro desafio apontado foi a ausência de en-

flexibilidade de divisão dos espaços internos da

tendimento e da real performance dos novos

Entende-se como sistemas de infraestrutura a

casa efetuadas apenas com armários permitem

materiais disponíveis. Não havia a necessi-

parte de resfriamento, água, eletricidade, redes

Forma atrelada à função, tal característica do

a releitura da casa de outros modos e para ou-

dade de manutenção dos locais por se acre-

de esgoto e outros. Onde se considera o prazo

modernismo pode ser notada no zoneamento

tras tipologias.

ditar de forma quase mítica na duração do

de vida médio destes sistemas próximo aos 30

concreto. E é preciso reforçar a noção de que

anos. Além da duração desses sistemas deve

1)

FUNCIONALIDADE

que Lelé propõe para a Casa dos Arcos. Cada área bem definida atrelada aos outros espaços

A intenção do Centro Cultural Lelé é trazer uma

a universalização dos ideais e práticas mo-

ser também considerado o surgimento de no-

de um modo planejado. Onde toda a integração

nova função para o espaço, priorizando um

dernistas não garantiam que os lugares que

vas alternativas mais modernas e muitas vezes

e funcionamento do conjunto foram pensados

maior uso e acesso da sociedade a este patri-

passaram a segui-los fossem possuir, neces-

mais sustentáveis.

para atender ao que Nivaldo gostaria em sua

mônio. As adequações feitas visarão o menor

sariamente, os mesmos materiais ou mão de

casa.

número de alterações possíveis ao design ori-

obra qualificada para executá-las.

tema de resfriamento, a preocupação de Lelé

ginal, mas garantindo um bom atendimento às MOREIRA (2011) aponta o seguinte: “Um edifício necessita ser submetido a mudanças contí-

necessidades do novo público esperado.

A Residência Nivaldo Borges não possui sis-

Ainda que Lelé tenha sabiamente escolhido

com a qualidade climática do edifício garantiu a

usufruir de um material tradicional, o tijolo,

orientação solar favorável e um bom aproveita-

45


mento da ventilação natural. A casa possui 39

bre a obra, objeto ou edifício. Como relatam Do

dade têm reflexos no modo como a mesma é

turo possa ser explicitado à população e que a

anos, mas seu projeto permite uma fácil manu-

Carmo et.al (2016), para John Ruskin a pátina

utilizada. O lote original composto por terrenos

mesma seja envolvida no processo de tomba-

tenção do projeto elétrico e implementação de

é um modo de conexão com outras gerações,

menores teve de ser subdividido por questões

mento, consciente do valor material e cultural

outros sistemas como de som e internet.

enquanto Cesare Brandi defende que o restau-

financeiras e após o falecimento de Nivaldo, o

do bem. O curto afastamento temporal se torna

rador precisa agir de modo crítico “buscando

espaço de 2.000 m² tornou-se obsoleto e one-

uma benesse no que se refere à coleta de da-

Prevendo o aumento de influxo de pessoas ao

resgatar a sua unidade potencial, sem que pro-

roso. A tipologia já não se adequava mais à

dos, fotografias, plantas e outras informações

local é possível prever também novas exigên-

duza falsificações ou que elimine a pátina ca-

realidade da família e, apenas por uma relação

disponíveis dos projetos a serem tombados.

cias relacionadas ao aumento e melhora da in-

racterística da passagem do tempo na obra”.

sentimental dos donos com o bem imóvel, pode

fraestrutura. Salvo aquelas que virão atender às

resistir às ofertas do mercado que, provavel-

necessidades previstas na residência, as outras

Os efeitos causados pela pátina nem sempre

deverão ser alocadas no anexo projetado ou em

são bem vistos pelo público leigo e podem ser

outras áreas do terreno.

confundidos com sujeira ou mesmo com danos

mente, demoliriam a mesma. 6)

RECONHECIMENTO E TOMBAMENTO

O reconhecimento e a transformação de um

quais marcas são relativas à passagem do tem-

bem em patrimônio ainda é processo comple-

Tratada em tópicos anteriores, reitera-se aqui a

po e quais são aquelas que indicam corrosão

xo, mesmo em países como o Brasil, que possui

importância da manutenção como salvaguarda

da matéria-prima. Apesar do reconhecimento

diversos bens modernos tombados. As exigên-

do projeto arquitetônico. Prática que parecia

da pátina como parte do valor arquitetônico da

cias e burocracias apresentadas para a obten-

oposta ao discurso de alguns modernistas no

residência, será priorizada a funcionalidade e a

ção de tal título acabam por desmotivar muitos

passado recente e ainda hoje não acenando

viabilização do espaço para acesso ao público.

a levar os processos adiante. A demora deste

como prioridade social. Recomendam-se manu-

tipo de reconhecimento acaba dando espaço

tenções periódicas, evitando-se assim a neces-

7)

sidade de grandes reformas que poderiam ser

BITACIONAIS

A CONSERVAÇÃO DOS CONJUNTOS HA-

evitadas e que podem provocar a deturpação da obra original.

para que projetos sejam reformados sem qualquer supervisão, ficando ao crivo do proprietário decidir sobre o que vale ou não ser mantido

Inicialmente este tópico parecia distante da re-

ou reformado.

alidade da Casa dos Arcos, após a leitura mais A arquitetura da residência em questão ainda

detalhada do tema, pode-se perceber que os

O contexto de Brasília é, ao mesmo tempo, fa-

se encontra em bom estado de preservação e

questionamentos aplicados se mostram tam-

vorável e intimidador para o reconhecimento de

este processo deve ser mantido. Por outro lado,

bém ligados ao histórico da casa de Nivaldo. O

obras modernistas. Apesar da tradição e cultu-

e infelizmente, alguns mobiliários fabricados

autor (MOREIRA 2011) aponta a dificuldade de

ra local sobre o estilo Modernista, muitas obras

para o local já se encontram deteriorados, en-

alguns complexos habitacionais se adaptarem

ficam em segundo plano ou podem ser conside-

quanto outros foram retirados e se encontram

às transformações sociais, como o envelheci-

radas banais em detrimento daquelas da escala

resguardados em espaços alternativos.

mento da população e as mudanças de classe

Monumental, especialmente se estas estiverem

sociais.

localizadas no espaço político-administrativo

5)

PÁTINA

da cidade. O rápido crescimento urbano de Brasília, as

De forma geral pode-se descrever pátina como

mudanças econômicas do país e as próprias

Destaca-se aqui a importância da elaboração

sendo uma marca da passagem de tempo so-

mudanças familiares dos donos da proprie-

da Declaração de Significância, para que no fu-

46

população. O edifício possuí diversos estudos, documentações e uma história entrelaçada

pecialista para que se possa determinar na Casa

FALTA DE MANUTENÇÃO

predicados para se tornar patrimônio que, devidamente acessado, poderá ser apreciado pela

nos materiais. É preciso a avaliação de um es4)

A Residência Nivaldo Borges possuí os

com a memória da capital.


Figura. 65: Arcos fachada noroeste. Fonte: Joana França (2011)

Figura. 64: Arcos fachada noroeste. Fonte: Pedro Paulo Palazzo (2017)

Figura. 66: Jardim interno logo após a conclusão da obra. Fonte: Nivaldo Borges Júnior

Figura. 67: Vão interno atualmente. Fonte: Eduardo Lusa (2017)

47


Centro Cultural Lelé

“Esse percurso da rua até a entrada revela-se fundamental por representar um primeiro contato do visitante com as formas elementares responsáveis por toda a organização do projeto(...)” Adalberto

48


( Entorno e pontos de interesse )

Cine Drive in

Centro Cultural Banco do Brasil Caixa Cultural Cine Brasília Jardim Zoológico de Brasília Museu Vivo da Memória Candanga

Casa dos Arcos

Casa Niemeyer

Catetinho

49




N

( Lote ) Com o passar dos anos é notável a diferença na forma do lote original para a forma em que se encontra atualmente. A venda dos terrenos ocorreu após dificuldades financeiras que Nivaldo pai encontrou quando estava doente. O terreno que, originalmente, era a junção de três lotes, acabou sendo dividido e vendido para novos proprietários.

Área do lote original: 37.095,04 m² Área do lote atual: 44.040,28m² Área do lote legal: 28.236,96 m²

( Acessos ) De carro:

Legenda: Vias Locais

Do Aeroporto.......................................... 10 min Da Rodoviária do Plano Piloto............... 18 min

Vias Arteriais

Da Rodoviária de Brasília....................... 12 min

Vias Coletoras Rodovias

De bicicleta:

Ferrovias

Do Aeroporto.......................................... 32 min Da Rodoviária do Plano Piloto............... 48 min Da Rodoviária de Brasília ..................... 30 min

* Informações obtidas no site

google.com/maps com base no fluxo de quarta-feira 12h.

Paradas de ônibus indicadas pelo site, próximas ao local. De ônibus: Do Aeroporto.......................................... 34 min + 37 minutos a pé = 1h11 Da Rodoviária do Plano Piloto............... 46 min + 37 minutos a pé = 1h23 Da Rodoviária de Brasília...................... 25 min + 28 minutos a pé = 53 min

52

Legenda:

lote atual

limite do lote legal

N


( Normas de edificações, uso e gabarito )

( Uso do solo ) Legenda:

Localização: Setor de Mansões Park Way

Residencial

Institucional

Uso Permitido: Residencial em unidades autônomas e uso complementar compatível

Comercial

Uso misto

Casa dos Arcos

nas partes comuns sob regime de condomínio. Afastamentos Mínimos Obrigatórios:

FRENTE FUNDO LATERAL DIREITA LATERAL ESQUERDA Todos os lotes

5,00 m

5,00 m

5,00 m

5,00 m

residenciais

As áreas e afastamentos mínimos obrigatórios deverão permanecer livres de quaisquer edificações, mesmo área de serviço e churrasqueiras, e serão computadas no percentual da taxa mínima verde do lote.

Taxa máxima de ocupação: 45% Taxa máxima de construção: 45% Pavimentos: •

Subsolo é optativo, podendo aflorar no máximo 50% do solo e sua área será computada na taxa máxima de construção.

A altura máxima é de 8,50m, correspondente a parte mais alta da edificação. Taxa mínima de área verde: 40% Tratamento das dividas: cercamento máximo de 2,20m. Acesso: o acesso de veículos ao lote deverá ser único. O dimensionamento das vias

internas deve permitir o acesso esporádico de caminhões de serviço, além de veículos leves.

N

53


( Diretrizes e Conceitos )

Intensidade de intervenção no espaço baixa

alta

DIRETRIZES

Enaltecer o projeto modernista do arquiteto João Filgueiras Lima;

Preservar e salvaguardar a identidade arquitetônica do projeto original;

Diferenciar os momentos históricos de cada edifício, garantindo a identificação da obra original;

Valorizar os antecedentes históricos e culturais da casa Nivaldo Borges;

Readequar os espaços para comportar as novas funções implementadas, bem como um influxo maior de visitantes.

CONCEITOS • Modulação - Aproveitamento da modulação e malha estrutural já existente.

• Integração - Diálogo entre o projeto original e a nova edificação proposta

• Permeabilidade Visual -

Manter o contato interno e externo

ao longo dos percursos e espaços

• Horizontalidade - Respeitar a leitura horizontal da Residência e da paisagem.

• Unidade - Buscar uma linguagem harmônica de formas, cores e materiais entre os dois projetos.

54

N


Fluxos secundรกrios Alinhamentos

Fluxo principal

Anexo

Anexo

Casa dos Arcos

Casa dos Arcos

N

N

55


Programa de Necessidades 56

Casa dos Arcos

Anexo

Casa dos Arcos

Anexo

Administração

Infraestrutura

Social

Social

Sala de Reuniões Cozinha Arquivo Administração Sala do Diretor Gráfica Materiais WC Masculino WC Feminino Sala dos Funcionários Sala de Projeção Arquivo (Cinema 1)

52,74m² 31,74m² 6,09m² 31,74m² 14,72m² 16,44m² 3,63m² 3,48m² 3,82m² 15,64m² 42,78m² 6,80m²

Espaço para Funcionários WC Masculino WC Feminino Depósito de Lixo WC Bilheteria Masculino WC Bilheteria Feminino Cozinha Sala de Controle Arquivo Recepção

38,36m² 25,79m² 25,79m² 5,54m² 4,15m² 4,14m² 38,96m² 63,00m² 63,25m²

Sala de Estar Memória Sala de Espera Foyer

113,01m² 108,57m² 44,80m² 98,54m²

Café Foyer

46,18m²

Casa dos Arcos

Anexo

Casa dos Arcos

Anexo

Técnico

Técnico

Lazer

Lazer

Espaço de Reunião Espaço Multimídia Sala de Aula 1 Sala de Aula 2 Sala de Aula 3 WC Masculino WC Feminino Depósito de Materiais Vestiário 1 Vestiário 2 Espaço Piscina Depósito Piscina Ducha Banheiro

65,28m² 77,40m² 34,50m² 34,50m² 17,00m² 12,68m² 12,68m² 12,68m² 5,46m² 5,46m² 12,72m² 7,59m² 2,70m² 2,70m²

Estúdio 1 Estúdio 2 Estúdio 3 Laboratório Apoio WC Masculino WC Feminino Camarim 1 Camarim 2 WC (Auditório)

80,48m² 138,6m²

44,87m² 45,90m² 44,87m² 45,90m² 44,87m² 3,99m² 3,99m² 10,35m² 10,35m² 8,86m²

Cinema 1 WC Masculino WC Feminino Espelho D’água Piscina

108,23m² 8,40m² 8,50m² 77,7m² 176,68m²

Cinema 2 Cinema 3 Cinema 4 Galeria 1 Galeria 2 Auditório Cineminha Bilheteria Lojinha Pipoca WC Masculino WC Feminino

231,03m² 242,00m² 255,75m² 107,12m² 126,32m² 432,66m² 140,03m² 21,24m² 18,30m² 18,24m² 35,97m² 35,97m²


Legenda Circulação vertical Adm/ Infra Social Técnico Lazer

Circulação

1º Andar

Casa dos Arcos Circulação (Subsolo) Circulação (Térreo)

5,95m² 177,26m²

Anexo Circulação de Funcionários 18,52m² Circulação Vertical 15,70m² Circulação Térreo

Total: 5117,12 m² Casa dos Arcos - 1972,12m² * Anexo - 3145,00m² Terreno legal : 28.236,96m² Ocupação: 18% * área aproximada, por ausência de dados e levantamento do restante do subsolo.

Subsolo

57


A S

-3,40 -3,40

Galeria 2 126.32m²

S

Cinema 2 (161 lugares)

Cinema 3 (161 lugares)

S

B

B S S

-3,40 -3,45

-2,55

S

S

Cinema 4 (161 lugares)

Funcionários

WC

38.36m²

25.79m²

S

WC 25.79m²

Cineminha

S

-3,40

140.03m²

Auditório (259 lugares) S

-3,40

S

S S

-2,20

Palco

78.30m² Camarim

WC

10.35m² 8.86m² Vestiário

5.46m²

Anexo

-3,45

S

823,00 m² A

WC Ducha Vestiário

5.46m² Espaço Piscina

Espelho d'água

S

214.19m²

lote

12.72m²

Depósito Piscina

Limit

e do

7.59m²

Casa dos Arcos

Solo

48.95m²

CENTRO CULTURAL LELÉ Planta Baixa Subsolo - Áreas 10

1

58

0

5

BRASÍLIA-DF PRANCHA-A3 METROS 1:400

N

-3,10

Camarim

10.35m²


A S

S

S

B

B S S

S

S

S

S

S

S

S

S

A

S

Limit

e do

lote

S

CENTRO CULTURAL LELÉ Planta Baixa Subsolo - Layout 10

1 0

5

BRASÍLIA-DF PRANCHA-A3 METROS 1:400

N

Solo

59


A

Estúdio 1

Apoio

44.87m²

44.87m²

Estúdio 2

Laboratório

45.90m²

45.90m²

B

Despensa Café

Cozinha

80.48m²

38.96m²

-3,40

12.56m²

WC

WC

Pipoca

Bilheteria

18.24m²

21.24m²

S

Galeria 1

35.97m² 35.97m²

-3,40

107.12m²

Lojinha

B

242.00m²

S

D

+0,0 +0,0

Recepção

44.87m²

Cinema 3 (161 lugares)

231.03m²

18.30m²

Estúdio 3

Cinema 2 (161 lugares)

S

+0,0

+0,0

46.18m² -3,40

Estúdios

S

378.00m²

S

Cinema 4 (161 lugares)

do

lot

e

255.75m²

+0,0

-3,45

te

+0,0

Arquivo 63.25m² +0,0

Sala do diretor

Gráfica 14.72m²

Administração 31.74m²

Arquivo Sala dos Funcionários WC 6.09m² 15.64m²

Cozinha 31.74m²

Materiais 3.63m²

WC

Sala de Reuniões 52.74m²

16.44m²

Memória

Sala de Projeção

Cinema 1 (60 lugares)

42.78m²

108.57m²

108.23m²

Arquivo 6.80m²

8.40m² WC

Espaço de reunião

Sala de Espera

65.28m²

44.80m²

8.50m²

S

Auditório (259 lugares)

S

S

432.63m²

S

WC

-2,20

Foyer 98.54m²

Depósito 32.95m²

Depósito de materiais

WC 12.68m²

34.50m²

Anexo

12.68m²

12.68m²

Sala de Aula Sala de Aula 17.00m²

WC

Sala de Aula

Espaço Multimídia

34.50m²

77.40m²

S

Sala de estar

2321.71m²

113.01m²

Piscina

Limit

e do

lote

176.68m²

Casa dos Arcos 1923.12m²

10

1

60

0

5

BRASÍLIA-DF PRANCHA-A3 METROS 1:400

N

CENTRO CULTURAL LELÉ Planta BaixaTérreo - Áreas


A S

S

S

B

B S D

S

Lim

ite

do

lot

e

S

S

S

S

S

Limit

e do

lote

A

S

10

1 0

5

BRASÍLIA-DF PRANCHA-A3 METROS 1:400

N

CENTRO CULTURAL LELÉ Planta Baixa Térreo - Layout

61


A

A S

S

S

S

S

S

B

B

S

S

D

D

S

S

Sala de Controle 63m²

S

S

+3,40

S

S

S

S

S

S

S

S

S

CENTRO CULTURAL LELÉ Planta Baixa 1º Andar - Layout e Áreas 10

1

62

0

5

BRASÍLIA-DF PRANCHA-A3 METROS 1:400

N

Limit

Limit

e do

e do

lote

lote

A

A

S


A Calha metálica

i= 7% Telha Termoacústica

Telha Termoacústica i= 7%

B

Calha metálica

Platibanda

i= 7% Telha Termoacústica

i= 7% Telha Termoacústica

Telha Termoacústica i= 7%

Telha Termoacústica i= 7% B

i= 7% Telha Termoacústica

i= 7% Telha Termoacústica

e lot Lim

ite

do

i= 7% Telha Termoacústica

Telha Termoacústica i= 7%

i= 7% Telha Termoacústica

Detalhe Cobertura

Limit

e do

lote

A

i= 7% Telha Termoacústica

Telha Termoacústica i= 7%

10

1 0

5

BRASÍLIA-DF PRANCHA-A3 METROS 1:400

N

CENTRO CULTURAL LELÉ Planta Baixa Cobertura

63


70

17.5 3.5

7

7

7

7

7

7

7

7

7

7

21 6.85

7 6.85

21

13.85

6.85

7

7

49

14

25

10 3.5

3.5

3.5

3.5

3.5

3.5

9.15

32.85

7.15

17.6

8.33

3.5

8.2

42.5

45.65

66.5

7

17.12

21

64

10

1 0

5

BRASÍLIA-DF PRANCHA-A3 METROS 1:400

N

CENTRO CULTURAL LELÉ Planta Baixa Estrutura


Platibanda 40 cm Rufo metálico

Telha termo-acústica i = 7% Calha metálica Viga em aço galvanizado. Perfil H 30 x 70cm

Laje alveolar pré-moldada 100 x 700cm

Esquadrias de vidro Brise vertical

Suporte viga em aço galvanizado Fixação: Solda e parafusagem

Placa de aço galvanizado para fechamento do pilar.

Pilar em aço galvanizado. Perfil H 30 x 40cm

Tubulação de descida e captaçãode águas pluviais

Módulo Estrutural principal do anexo. 65


Platibanda

Cobertura com telha termoacústica

Cinema 3

Cinema 4

Espaço Funcionários

Cineminha

Auditório

Camarins

Arquivo Sala de Projeção

CORTE AA

10

1 5

0

Viga metálica - perfil I

Estúdio

Laboratório

Passarela

Café

Pipoca

Bilheteria

Banheiros

Galerias

Cinema 2

Cinema 3

CORTE BB

66

10

1 0

5


MOBILIDADE

VALORIZAÇÃO DO VERDE

PAINÉIS SOLARES

Buscando incentivar o uso da ciclovia já existente no Park Way, propõe a extensão desta para dentro do terreno, incentivando a prática do esporte e também um convite ao ciclista à descoberta do edifício e de seu jardim. Para suporte deste meio de locomoção está prevista a colocação de um bicicletário e de sanitários equipados com duchas.

A ideia da valorização do entorno, muito presente no projeto da Casa dos Arcos, se mantém e é ampliata por toda a profundidade do terreno, onde o visitante pode passear por todo o jardim por meio de generosos passeios. A vegetação está sempre presente, permeando e circundando todos os edifícios

Valorizando as condicionantes do clima local e ausência de sombreamento pelo entorno, são propostas placas solares na cobertura, para que o calor absorvido pelo edifício possa contribuir para o aquecimento da água utilizada em áreas molhadas como vestiários, banheiros e cozinhas.

ILUMINAÇÃO NATURAL

VENTILAÇÃO NATURAL

APROVEITAMENTO DE ÁGUAS PLUVIAIS

O edifício apresenta ambientes muito contrastantes que variam da depência total da luz artificial (cinemas e auditórios), aos grandes ambientes sociais que se destacam pela presença de grandes aberturas ao longo da fachada trazendo a iluminação natural e transparência.

As fachadas com suas aberturas transparentes ao longo da maior parte do edifício possibilitam a passagem da ventilação natural juntamente com o vão interno. Evitando o uso de máquinas de refrigeração fora dos cinemas e auditórios.

A estrutura metálica proposta permite a passagem de tubulações para descida e captação das águas pluviais que ficam armazenadas em reservatórios de reuso. Essas podem ser utilizadas, por exemplo, para a irrigação dos jardins.

Corte esquemático

Estratégias de Suntetabilidade 67


Fachada Nordeste

Fachada Noroeste

Fachada Sudoeste

Fachada Sudeste *Modelos esquemรกticos das fachadas 68


( Detalhamentos ) 69


Chapa de aço patinável Conector metálico 12 mm espessura

Perfil metálico quadrado 250 x 150 mm

Perfil metálico quadrado 150 x 150 mm

Vidro laminado 150 x 160cm com espessura de 12mm

Perfil metálico quadrado 250 x 250 mm

Modelo do perfil viga calha ajustável em alumínio

Terça metálica 80 x 80 mm

Perfil metálico C preto 150 x 155mm

Tubo de queda d'água Ø 40mm

Pilar metálico preto Ø 200mm

0

A

1

2

3

A

Detalhe cobertura verde e passarela Rufo metálico com pintura preta

Vegetação Substrato Tecido permeável Drenagem Barreira contra raízes

Casa dos Arcos

Membrana à prova d'água

Tubo perfurado para drenagem Projeção do tubo de queda d'água

Detalhe cobertura verde

CENTRO CULTURAL LELÉ Detalhe Cobertura

70

BRASÍLIA-DF PRANCHA-A3 METROS 1:50


Grid de iluminação

Pintura

Corte ZZ

Corte YY

0

Escala 1:75

1

2

3

4M

100

Parede

Y

Escala 1:75

R10000

Ciclorama executado em gesso

Piso

100 cm

Z

Z

Detalhe Ciclorama Escala 1:20

CENTRO CULTURAL LELÉ Detalhe estúdio central

Escala 1:75

Y

Planta baixa

BRASÍLIA-DF PRANCHA-A3 METROS

71


A proposta arquitetônica do Centro Cultural Lelé teve como base a ideia de destacar a obra de João Filgueiras Lima, Lelé, transformando a Residência Nivaldo Borges em um local público que pudesse contribuir para a vida cultural de Brasília. As transformações propostas visaram a mínima interferência possível na casa, mantendo por completo sua estrutura original. As alterações sugeridas no espaço interno pretendem sempre ser visualmente distinguíveis do projeto original e foram elaboradas apenas para viabilizar a nova tipologia proposta, bem como o maior fluxo de pessoas no local. No núcleo principal da casa foi alocada a área administrativa onde antes se localizava a área destinada a serviços. Já a parte educativa está proposta no espaço que originalmente continha os quartos da família. A sala se mantém como sala, com a proposta de um local onde se possa ver a casa em sua concepção e função original. A proposta para o átrio central é resgatar as características do desenho criado por Lelé que possuí um ar único, como

Figura. 68: Foyer da Casa dos Arcos,

descrito por VILELA (2011): “estamos falando do vão central da residência, de pé-direito triplo, espaço monumental

Figura. 69: Memória

e de certo modo solene, criado como uma grande nave central de uma igreja românica, cujo objetivo foi enaltecer a presença do verde, trazendo a natureza para dentro da casa”.

( Perspectivas )

O abrigo de carros se transforma em abrigo para a memória da história da Residência Nivaldo Borges


Figura. 70: Grรกfica

Figura. 71: Sala e varanda

73


A sala mantém sua mesma função e aspecto do original, preservando esse local da casa como casa, um ambiente de convívio social e reunião. Figura. 72: Sala de estar

O cinema original da casa possuí cerca de 60 lugares e um ambiente único repleto de histórias. Símbolo do amor de Nivaldo pelo cinema e motivação para a escolha de um centro cultural voltado para está arte. Figura. 73: Cinema 1

74


“Admiro os poetas. O que eles dizem com duas palavras a gente tem que exprimir com milhares de tijolos.” João Batista Vilanova Artigas Figura. 74: Centro Cultural Lelé

75


Figura. 75: Jardim de esculturas

Figura. 76: Acesso de pedestres

( Perspectivas )


está recuado 15,25 metros em relação ao outro

sas vistas do projeto e favorecendo a leitura do

mais complexas, que demandavam grandes

bloco.

espaço como conjunto. A comunicação com o

rior do Centro Cultural, diminuindo-se, para isto,

áreas e modificações no terreno, destacando-se

O zoneamento planejado direciona as

jardim dos fundos ocorre de modo mais contido

parte da circulação, transformando-a em um

os cinemas e o auditório. Esses foram ponto de

funções de lazer para o lado direito, próximo à

pelo café, estúdios e por duas passagens: uma

mezanino com vista para a área do subsolo.

partida para a organização espacial do projeto

fachada noroeste, criando um amplo acesso ao

no térreo e outra no subsolo.

devido ao alto pé direito que requeriam. A posi-

público em geral. Já ao lado esquerdo próximo

ção escolhida visa respeitar a hierarquia com o

à fachada sudeste, estariam as funções técni-

sociada ao ritmo da casa, onde os pilares de ti-

prédio já existente, garantindo que a altura do

cas, educativas e administrativas que são vol-

jolos estão espaçados a cada 3,5 metros e os

anexo não ultrapassasse o ponto mais alto da

tadas para um público menor e mais específico.

de aço Corten do anexo foram posicionados

casa. Assim também, para que esse espaço

Assim como a mansão sempre privile-

seguindo o mesmo ritmo, porém com um espa-

não apresentasse uma proporção invasiva na

giou uma franca relação dos ambientes com o

çamento de 7 metros. Os brises metálicos verti-

vista frontal do projeto, foi adotado um alinha-

exterior, o anexo teve toda sua circulação vol-

cais recriam a leitura original do vão dos arcos,

mento com o bloco de lazer da mansão, que

tada para a área da casa, emoldurando diver-

que caracteriza o imóvel, ao subdividir os vãos.

O anexo proposto abarca as funções

A presença do verde foi inserida no inte-

A estrutura do projeto também está as-

Figura. 77: Hall principal do anexo, jardim interno, pipoca e bilheteria.

77


Figura. 78: Café

Figura. 80: Recepção da área técnica

Figura. 79: Contraste interior x exterior

78


Figura. 81: Passarela vista do jardim Figura. 82: Passarela vista da Casa dos Arcos

79


Figura. 84: Galeria 1

Figura. 83: Estúdio 2

O Centro Cultural Lelé possuí espaços multidisciplinares voltados para a produção e veículação de qualquer material artístico e cutural, buscando ser um local de lazer e aprendizado no cenário brasiliense.

80


Figura. 86: Auditório Nivaldo Borges

Figura. 85: Cinema a céu aberto

“Falar sobre sonhos é como falar de filmes, uma vez que o cinema utiliza a linguagem dos sonhos; anos podem passar em um segundo e você pode ir de um local para outro. É uma linguagem feita de imagens. E no verdadeiro cinema, cada objeto e cada luz significa alguma coisa, como em um sonho.” Federico Fellini 81


"A arquitetura só se considera completa com a intervenção do ser humano que a experimenta." Tadao Ando Figura. 88: Vista do jardim para a caixa d’água projetada por Lelé

Figura. 87: Espelho d’água e passeio.

82


Figura. 90: Fachada sudoeste e jardim

Figura. 89: Parquinho

83


113

112

( Paisagismo) O projeto paisagístico do Centro Cultural Lelé representa ponto

111

significativo da intervenção no lote, visando propiciar diversas amenidades para os visitantes do local. As principais diretrizes para o projeto paisagístico são: liberar ao máximo as visadas da frente do terreno e gerar a menor intervenção possível na fachada dianteira da Casa dos Arcos. Outra questão marcante para a identidade do pai-

110

18

sagismo é a proposta de criação de caminhos fluídos que contras-

19

17 16

tassem com a ortogonalidade dos edifícios, em especial o grande volume dos auditórios e cinemas, e conectassem o novo e o antigo. A parte frontal do projeto teve como ponto de partida o dese-

14

nho das vias originalmente encontradas na visita ao local, por meio

15

da sugestão de execução de dois acessos que contornam a residência, como o sútil gesto de um abraço. A isso foi adicionada uma extensão da ciclovia do Park Way, adentrando toda a profundidade do jardim.

13 No centro, o espaço entre a Casa dos Arcos e o anexo configurou um átrio a céu aberto, um espaço importante para a comu-

12

nicação entre o novo e o antigo. Para articular os dois locais foram propostas uma passarela central, que protege o pedestre do sol e da chuva, e uma escada-rampa implantada para vencer o desnível do terreno de forma suave e com patamares alongados que podem tornar o espaço ideal para o jardim de esculturas.

11 A parte posterior é definida a partir da passarela por dois grandes passeios de pavimentação preta, que servem como principais articuladores dos fluxos do jardim. Incluem-se ali vários serviços de lazer. Esta área do projeto possui intervenções de menor elevação, com exceção da caixa d´água original projetada por Lelé e de uma segunda caixa, necessária para atender à demanda de água do anexo proposto. É intenção que as diferentes funções tenham sua área e ainda assim seja mantido o contato visual com as outras atividades, estimulando o visitante a participar e interagir com todo o espaço.

84


Programa de necessidades do jardim: 1- Segurança Espaço para infraestrutura do estabele

cimento, como segurança e telecomunicações.

2- Espelho d’água Alinhado com o ínicio da casa, ele traz

11

15

19

uma certa leveza para constratar com a grande parede de concreto do auditório.

3- Praça de esculturas O percusso realizado por rampas e es

cadas criado para vencer o desnível do terreno, se torna uma galeria de arte a céu aberto.

4- Cinema a céu aberto Pensado para realização de projeções

ao ar livre no período de seca da cidade, aproveitando a parte cega da fachada sudoeste.

5- Lelé 12

16

110

Uma homenagem ao grande arquiteto que dá nome ao Centro Cultural e é autor do projeto da casa.

6- Bicletário 7- Caixa d’água original 8- Parquinho 9- Caixa d’água nova

13

17

111

10- Banheiros externos Inspirado pelo banheiro público do Miro

Rivera Architects, a proposta é que seja um elemento escultórico para o jardim

11- Picnic 12- Estacionamento Localizado de forma reguardada no ter-

reno, o estacionamento contém 8 vagas para ônibus e 303 para carros.

13- Apoio Espaço ao fundo semelhante ao espaço

14

18

112

da segurança, criado para propiciar um local de apoio aos motoristas.

85


86


Anexo.1

Anexo.2

Fonte: http://gpsbrasilia.com.br/news/p:0/idp:34446/nm:Melhor-veiculo-impresso/

87


Anexo.3

Anexo.4

Casa dos Arcos abriga lançamento do Manual do Arquiteto e Urbanista www.caubr.gov.br /casa-dos-arcos-abriga-lancamento-do-manual-do-arquiteto-e-urbanista/

“Totens” em tamanho real dos arquitetos Lelé, Lucio Costa e Oscar Niemeyer

Um presente para os profissionais de Arquitetura e Urbanismo. Assim foi tratado o lançamento do Manual do Arquiteto e Urbanista, em Brasília, no dia 15 de dezembro. O evento foi realizado na Casa dos Arcos, um dos ícones da Arquitetura de Brasília, projetada por João Filgueiras Lima, o Lelé, com a presença de arquitetos, autoridades e convidados internacionais. Na ocasião, também foi apresentada a campanha nacional de valorização profissional lançada pelo CAU/BR no fim de novembro.

O lançamento do Manual serviu também para comemorar os quatro anos de fundação do CAU/BR e o 108º aniversário de nascimento de Oscar Niemeyer. O presidente do CAU/BR lembrou como foi tomada a decisão de inaugurar o CAU no mesmo dia do nascimento do maior arquiteto brasileiro. “Os primeiros conselheiros eleitos do CAU/BR tomaram posse no dia 18 de novembro e convoquei a primeira reunião do Conselho para o dia 15 de dezembro de 2011 quando, por sugestão do saudoso colega Miguel Pereira, decidimos encaminhar ao Congresso Nacional a proposta de marcar aquela data como Dia Nacional do Arquiteto e Urbanista – por ter sido o dia em que foi empossado o primeiro presidente do CAU/BR, passando então a vigorar a Lei 12.378/2010, e também em homenagem ao colega Oscar Niemeyer””, afirmou. Em seu discurso, Haroldo também homenageou João Filgueiras Lima, o Lelé, arquiteto que projetou a Casa dos Arcos. 1/11

Fonte: http://df.divirtasemais.com.br/app/eventos/2015/12/16/eventos-interna,4422/reveillon-das-cores-namansao-dos-arcos.shtml

88

Fonte: http://www.caubr.gov.br/casa-dos-arcos-abriga-lancamento-do-manual-do-arquiteto-e-urbanista/


Anexo.5

Fonte: http://www.metropoles.com/entretenimento/balada/festa-do-festival-de-cinema-a-contraplano-anima-amansao-dos-arcos

Anexo.6

Fonte: https://www.agenciabrasilia.df.gov.br/2017/03/16/park-way-celebra-56-anos-com-eventos-gratuitos-para-apopulacao/

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Anexo.7

Anexo.8 La Dama Collection Atelier Fernando Peixoto. Fotรณgrafo: Neilton Fernandes. Modelo: Helena Hofmann.

Fonte: http://www.metropoles.com/entretenimento/balada/festa-do-festival-de-cinema-a-contraplano-anima-amansao-dos-arcos

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Fonte: https://acieg.com.br/img/albuns/album_1/a5b5364d74e6b483ddaceb6823c55182.jpg


Anexo.8

A Mulher e Sua Sombra” Descrição:

1 dia de filmagem do curta-metragem “A Mulher e Sua Sombra”. O curta (7”) explora a dança como representação de um roteiro cinematográfico. Consiste na personificação e dramatização da opressão e das complexidades sofridas por uma mulher ao longo da sua vida, marcadas e encapsuladas em 3 atos: infância, adolescência e vida adulta. A performance é encenada por dois dançarinos, uma mulher e o homem representando a sombra.

Equipe:

Direção, produção e roteiro: Luisa Correa Direção de fotografia: Pedro Rodolpho Direção de Arte: Marina Paixão e Lucas Cosso Performance: Ana Júlia Paiva e Luig Ernani Cinegrafia: Luisa Correa, Pedro Rodolpho e Lucas Cosso

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( Bibliografia ) ANCINE. 2016. Anuário Estatístico do Cinema Brasileiro. Rio de Janeiro : Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual, 2016. —. 2016. Distribuição em Salas de Exibição SADIS. Rio de Janeiro : Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual, 2016. BRANCO, Fernando e DE BRITO, Jorge. Patologia de alvenaria de tijolo. Lisboa : Instituto Técnico Superior. DO CARMO, Fernanda Heloísa; VICHNEWSKI, Henrique; PASSADOR, João; TERRA Leonardo. Cesare Brandi: Uma releitura da teoria do restauro crítico sob a ótica da fenomenologia. Revista Vitruvius. Arquitextos. 189.01 restauro ano 16, fev. 2016 http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/16.189/5946 Carta de Burra. Conselho Internacional de Monumentos e Sítios - ICOMOS. 1980. s.l. : IPHAN, 1980. pp. 1-5. Carta de Veneza. Conselho Internacional de Monumentos e Sítios - ICOMOS. 1964. s.l. : IPHAN, 1964. pp. 1-4. CAU/BR. 2015. Alda, Adriana e Sonia lembram o esposo, pai e arquiteto Lelé. CAU/BR. [Online] 20 de maio de 2015. [Citado em: 02 de setembro de 2017.] Alda, Adriana e Sonia lembram o esposo, pai e arquiteto Lelé. —. 2015. Morte do médico Aloysio Campos, fundador do Sarah, entristece a Arquitetura. CAU/ BR. [Online] 26 de janeiro de 2015. [Citado em: 02 de setembro de 2017.] http://www.caubr.gov.br/a-morte-do-medico-aloysio-campos-da-paz-enlutece-a-arquitetura/. —. 2014. O adeus ao encantado Lelé, um gênio brasileiro injustiçado. CAU/BR. [Online] 26 de maio de 2014. [Citado em: 02 de setembro de 2017.] http://www.caubr.gov.br/o-adeus-ao-arquiteto-joao-filgueiras-da-lima-o-lele/. CINE 81. 2011. Vladimir Carvalho - Sobre História do Cinema em Brasília. Brasília : s.n., 22 de junho de 2011. COSTA, Lúcio. 1957. Relatório do Plano Piloto de Brasília. Brasília, Distrito Federal : NOVACAP, 1957.

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Fim!


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