Michaelenses - um livro sobre a ilha de São Miguel. Sarah Hillebrand

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MICHAELENSES


Título Michaelenses Subtítulo Um livro sobre a ilha de São Miguel Autor Sarah Hillebrand Formato 22 x 30 cm Copyright @ 2012 Sarah Hillebrand Ano 2012 Coimbra Impressão Macasi: Artes Gráficas Quinta dos Militares, Lt. 14 3040-584 Antanhol Coimbra Tiragem 5 Exemplares


MICHAELENSES Um livro sobre a ilha de S達o Miguel

Sarah Hillebrand 2012



O LIVRO MICHAELENSES, cuidadosamente produzido como fruto de diversos meses de investigação e trabalho, corresponde a uma compilação aprimorada da aprendizagem durante os dois anos de Mestrado em Design Gráfico na Escola Universitária das Artes de Coimbra. O livro surge na sequência de uma já velha ambição de contribuir para a clarificação, desvendação e reunião, de modo descontraído, herança tradicional com modernas formas de expressão, com a finalidade de retratar os micaelenses. Numa abordagem mais aprofundada, o presente livro, feito para os próprios micaelenses, carrega consigo o mito de ser uma cápsula do tempo que comporta, reflecte, diferencia e reconhece o valor e carácter do micaelense, como ele era e como é agora, onde unir ambos os conhecimentos é dar-lhe nova informação. Pretende mostrar aquilo que realmente vêem como belo e importante nas suas vidas e dia-a-dia, independentemente do que seja, cada pensamento, provérbio, preconceito, ideia, cantiga, até a cor preferida é um instrumento importante para suscitar as ideias retomadas nesta publicação, a de memorizar para si e para a posteridade e, assumir efeitos profundamente contemporâneos e torná-lo parte do quotidiano. Tal intenção revela-se mais pertinente com o facto de as informações, nomeadamente os elementos textuais, terem sido directamente obtidos pelos entrevistados. São frutos do modo como convivem, contam, escrevem e expressam um pouco sobre si. É daí que nasce o puro e verdadeiro espírito micaelense. Cada página é uma viagem, única e individualizada pela sua própria personalidade, reflectindo o seu conteúdo de forma particular a fim de dar outra vida a uma história. Assim, a interpretação livresca provoca leituras paralelas e possui à sua disposição diversas possibilidades de interpretação inerentes ao leitor que asseguram a sua atenção e despertam a sua curiosidade, seja este habitante ou não da ilha de São Miguel. A sensibilidade desse leitor é estimulada com recurso a uma linguagem popular e experimental, a qual é devidamente enriquecida por meio de ilustrações e intervenções visuais, garantindo que o impacto visual seja totalmente empático com o texto. Desta feita, os materiais servem a matéria das páginas em que se incluem.



Obrigada! O meu muito obrigada a todos os que contribuíram

para os textos e para as figuras deste livro. Espero

que a lista esteja completa e peço desculpa se porventura houver algum lapso. Agradeço aos micaelenses presentes no livro: Filomena Medeiros, Fred Cabral, Gilberto Manuel Rocha Rebelo, Maria de Fátima Avelar, Manuel da Maia, Sérgio Rezendes e Susan Burkat Trubey. Agradeço aos membros do grupo Duondés Brassad (Facebook) pela ajuda prestada. À Fábrica Cerâmica Vieira pela visita guiada e por ter disponibilizado os textos. Um agradecimento especial a Sérgio Rezendes pelas valiosas sugestões, pelos dias de passeio em maratona a investigar a ilha, pelas dicas e pelos textos apresentados no livro. Concentro ainda meus agradecimentos a Marino Câmara e a todos os que contribuíram directa ou indirectamente na aquisição de conhecimentos e informações presentes no livro. Aproveito também para agradecer aos meus amigos e familiares, em particular a Cláudio Lopes da Silva, Marisa Ferreira, Melissa Avelar e Tiago Ribeiro, pelo constante acompanhamento do processo de desenvolvimento do livro e pelo apoio e incentivo sempre presente.


MILHAFRE TAMBÉM CONHECIDO POR QUEIMADO OU ÁGUIA D'ASA REDONDA





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Na freguesia das Furnas há um lugar para os lados da alegria com o nome de salto da água branca. E aí que vive uma linda moura encantada. Certa vez por ali passou um pastor a cuidar do rebanho e a brincar com o cão que o ajudava a guiar e a vigiar os animais. Ia a assobiar, exteriorizando o encanto que tinha na alma porque era jovem, saudável e a vida lhe sorria. ¶ Mas, de repente, enquanto sonhava e o olhar descuidado saboreava a paisagem, parou estonteado com uma visão que o deslumbrou. Era uma bela jovem, envolvida em finíssima renda e filigrana, como que feita de espuma. O seu corpo tinha formas traçadas por lápis de pintor divino e o rosto de rara beleza era iluminado por uns olhos de um negro lânguido e aveludado. Poisava os pés esguios num chão atapetado de flores de muitas cores e de folhas recortadas em diversos tons de verde. ¶ Os cabe-

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los ondulados, muito negros, caíam-lhe sobre os ombros. Segurava na mão um pente magnífico em ouro lavrado que rebrilhava no tecto alvo de espuma e no fino cortinado verde de faias e incensos. ¶ Então a aparição numa voz cadenciada perguntou, amedrontando ainda mais o pastor: ¶ Qual dos dois é o mais lindo: o meu rosto ou o pente que seguro na mão? O pastor, confuso, não conseguiu pronunciar qualquer palavra e não podia mesmo distinguir qual o mais belo. ¶ A moura, esperando ouvir que o seu rosto era o mais bonito, para assim se quebrar o encanto, ficou desiludida e arremessou com força o pente à água. Inesperadamente o ouro maciço transformou-se em carvão negro e desapareceu na queda de água. A encantada reclinou-se, entristecida, no leito, de espuma e verdura, adormeceu e desapareceu, embalada pela música da água a cair da cascata. ¶ Por fim o pastor saiu do pasmo em que tinha ficado e foi-se a magicar na infelicidade da moura ali aprisionada há tanto tempo, à espera de alguém que pronuncie as palavras que a libertem do encanto.


CHEGOU A ÉPO

DA DITA SEMANA S

FILOMENA MARGARIDA

MARIA FILOMENA VERÍSSIMO

LILA MEDEIROS PAVÃO, CASA

DE FILOMENA MEDEIROS, S

PELOS ENFEITES DA EST

Por Filomena Margarida Pavão Medeiros, Freguesia dos Ginetes, Rua do Moio ou Rua da Igreja (a sua casa encontra-se no cruzamento entre as duas ruas).


OCA DA QUARESMA,

SANTA, DA PÁSCOA.

A PAVÃO MEDEIROS,

O PAVÃO E EDUARDA

ADA COM UM PRIMO

SÃO RESPONSÁVEIS

TRADA DA SUA RUA.

O Domingo da Páscoa é marcado pela Procissão dos Enfermos, realizada em várias localidades da ilha, com maior destaque nas Furnas. Esta festividade religiosa é fortemente caracterizada pelos tapetes de flores que enfeitam a faixa do meio das estradas.

O tapete de flores é feito com folhas de essêncio, conhecido como verde de verdura e com pétalas de Azáleas, as rosas e brancas. Enquanto os maridos vão às verduras, as mulheres pintam as raspas de madeira em rosa escuro e amarelo.


uando

,

na minha alma

Maria, tu fixaste meus olhos Quando floriu na minha alma tenra vida... e quiz ter amparo, ergui a fronte para as alturas. Maria, tu fixaste meus olhos, meigamente, meu nome chamaste... Nessa hora eu abri um sorriso e em ti encontrei outra mãe. Quando cresci em idade e sonhei... olhei as estrelas e entre elas eu vi Teu rosto.

E QUIZ ,

Quando surgiu a serpente, tentadora... saiu de meus lábios a prece ardente: “socorro, Mãe!” Quando chegar noite triste a envolver-me... que as nuvens se rasguem e em teus braços, vem receber-me.

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1 TIGELA DE ÁGUA FERVER COM CASCA DE LIMÕES 1 TIGELA DE ARROZ 1 COLHER DE MANTEIGA (COLHER DE SOPA) 2 TIGELAS DE LEITE DEIXAR FERVER NO MÍNIMO, QUANDO TIVER GROSSO APAGAR O LUME E TAPA-SE 1 TIGELA DE AÇÚCAR, 2 DEDOS ABAIXO DA BEIRA

COZER APAGAR O LUME JUNTAS AS GEMINHAS DE OVOS (BATIDO COM GARFO) DEIXAR UM POUCO AO LUME MEXER COM COLHER DE MADEIRA ESPALHAR CANELA COM OS DEDOS


F I L O M E N A M A R G A R I D A PAVÃ O M E D E I R O S

O ARROZ DOCE



Antes de iniciar a minha aprendizagem musical, não tinha bem a noção do que na realidade era a música visto ter começado aos seis anos de idade. A minha expectativa era ser Músico, claro vendo a música como ela é, uma arte suprema. No Rock Clássico fascina-me bandas como Pink Floyd, Supertramp, um bocadinho de Queen, o Rock com qualidade, tipo Jamzee. O meu Jazz é um Jazz melódico, “quente” e improvisado. Tenho um projecto, Álvaro Pimentel Jazz Quarteto, e neste momento estou a gravar um CD com temas variantes Açorianos, a chamateia,“as ilhas de Bruma”. Aqueles grandes temas Açorianos. Além disso, ainda faço parte de um projecto mais diversificado que engloba um bocadinho do Jazz, do Blues, do Swing, em conjunto com a Vania Dilac e com o Luís Alberto Bettencourt, entre outros músicos.


Fábrica

CERÂMICA VIEIRA A PERSISTÊNCIA de uma

Família

A CERÂMICA

VIEIRA

fundada em 1862, vai já na

5ª GERAÇÃO


tudo começou em 1860 quando Bernardino da Silva, natural de Vila Nova de Gaia, depois de decidir fixar residência na ilha de S. Miguel, resolveu ir à sua terra natal buscar, como colaborador, o técnico ceramista Manuel Leite Pereira e, assim, aproveitar a já confirmada competência dos oleiros micaelenses.

Em 1862,

Bernardino da Silva e Manuel Leite Pereira, conjuntamente com Tomaz d’ Ávila Boim, da ilha do Pico, e Manuel Joaquim do Amaral, da Povoação, fundaram a sociedade “T. A. B. & Cª – S. Miguel, Açores”, sediada no Porto dos Carneiros. ¶ Com a saída dos sócios Boim (1869) e Leite Pereira (1872) a unidade industrial pertenceu exclusivamente a Bernardino da Silva e, por morte deste, passou a ter como proprietário António Jacinto da Silva, que casara com a sobrinha. Mais tarde, em 1934, por motivo de falecimento de A. J. Silva sucederam na gerência da empresa

seus genros Guilherme Borges Gouveia e José Augusto Martins Vieira. Este último, mais tarde, passou a ser o único detentor da sociedade e, em 15 de Julho de 1974, afirma passou a adoptar o nome de “José Augusto Martins Vieira e Filhos Ltdª”, denominação que ainda hoje se mantém, passando a contar também como sócios os seus filhos António José da Silva Martins Vieira (e sua esposa Marta de Fátima Resendes Vaz do Rego Vieira) e Maria Eduarda da Silva Vieira da Câmara. ¶ Por Falecimento de José Augusto M. Vieira, o seu filho António José da Silva Martins e esposa tornaram-se nos únicos proprietários.


E

m 1985 a empresa adquiriu as instalações da “Cerâmica Leite” onde, a partir de Dezembro de 1992, e após as obras de remodelação e diverso tipo de investimento, a “Cerâmica Vieira” passou a desenvolver toda a sua actividade. ¶ Mais tarde (1998), ao casal juntaram-se as filhas como associadas da empresa. ¶ A “Cerâmica Vieira” tem-se mantido sempre na mesma família, fruto de uma grande persistência e espírito de luta. Vai, portanto, já a quinta geração. ¶ Foi a primeira fábrica do género existente nos Açores e, entre as várias experiências feitas no passado, é a única que conseguiu sobreviver até aos nossos dias. ¶ A “Cerâmica Vieira” produz louça decorativa, azulejos, tijoleira e telhas e tem uma vasta e rica tradição no sector. A qualidade tem sido, sempre, a sua principal preocupação, fruto do labor de mãos habilidosas que modelam o barro

e decoram várias peças com desenhos originais. ¶ A “Cerâmica Vieira” é a única fábrica de cerâmica vidrada nos Açores que produz na totalidade a sua louça nas suas instalações, e por processos artesanais, desde a modelagem na velha roda de oleiro até à pintura manual, com desenhos muito característicos, onde predomina a cor azul, vulgarmente conhecida por “louça da Lagoa”, e que há muito transpôs as fronteiras do concelho, espalhando-se pelos quatro cantos do mundo. ¶ Os azulejos são também fabricados por meios artesanais, apresentando uma pintura com padrões muito próprios, mantendo assim todas as características do azulejo primitivo, e usados também em paneis decorativos. ¶ Na “Cerâmica Vieira” não se importa louça e azulejo pré-fabricados, e por métodos mecanizados, para posterior decoração… ¶ A matéria-prima, o barro, vem não só

mais do que uma simples

fábrica de cerâmica, ou do retrato de um passado longínquo que ainda hoje prevalece e

encanta, o barro transforma-se em arte


da Ribeira Grande e ilha de S. Maria como também do Continente. ¶ Apesar de forte concorrência que se tem feito sentir, principalmente do exterior da Região, os produtos da “Cerâmica Vieira” têm vindo a ser apreciados, cada vez mais, pelo público em geral, o que se traduz em encomendas para todo o tipo de eventos, tais como casamentos, baptizados, congressos, aniversários, entre outros. ¶ Perante uma variada gama de modelos, o consumo regional está mais direccionado para a louça de uso doméstico, serviços de chá e de café, e também para artigos decorativos, não havendo qualquer tipo de limitação para a criação, satisfazendo assim as pretensões dos clientes que demandam a fábrica. ¶ “Tradição” e “qualidade” são duas palavras-chave da “Cerâmica Vieira”. ¶ É hoje o “ex-libris” do concelho da Lagoa. ¶ Uma visita à “Cerâmica Vieira” constitui

uma paragem obrigatória não só para os turistas, pois está incluída no roteiro turístico, como também para todos aqueles que apreciam o artesanato. ¶ Por outro lado, visitar o “depósito-museu” da “Cerâmica Vieira” (está em estudo a possibilidade de se criar, efectivamente, um museu de cerâmica) é ter, sem dúvida, oportunidade de apreciar algumas centenas de belos e valiosíssimos exemplares de olaria ali existentes, concebidos e fabricados pelos seus numerosos oleiros – autênticos artistas nesta especialidade. ¶ É ter também a ocasião de contemplar alguns dos utensílios utilizados desde os primórdios da cerâmica na Lagoa, autênticos pedaços vivos dos 144 anos da história da “Cerâmica Vieira”, como por exemplo uma velha roda de oleiro, toda feita em madeira, a caminho de século e meio de existência…





Deus fez o Homem

perfeito DO BARRO QUE MODELOU e agora modela o

BARRO O HOMEM QUE DEUS

formou

Armando C么rtes Rodrigues


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de Cape


Capotes

ello

Uma das reliquias dos trajos femininos michaelenses é certamente o capote e capello que ainda em certas festas d’igreja é o recurso de muita senhora desejosa de conservar o incognito, e que raras vezes hoje durante o dia é

visto pelas ruas da Cidade e das Villas. Apenas alguma mulher de voltas o usa quando encobre os seus passos em serviço do seu mister.


Assim de todos os extrangeiros o capote é alvo

de grande curiosidade.

Raro é o turiste photographo que não tenha, o desejo de o tirar com o seu Kodak de viagem; e quasi todos o levam em certas postaes e albuns de vistas para mostrar aos seus amigos nos seus paizes a extravagancia do trajo portuguez de certas mulheres. Nem todos porem terão o interesse de saber qual a origem de tal moda e não haverá muita gente que responda também á interrogação com justeza e conhecimento historico. Foi durante a administração hespanhóla em Portugal que appareceram na rua pessôas embiocadas e com a preocupação de se derrubarem á vista dos passeantes. Seria essa moda uma maneira que as mulheres foram adoptando para mostrar ás gentes de confiança do Governo hespanhol, aos funccionarios, aos encarregados de missões, a todo o pessoal despotico e desmoralisado que vivia em Lisbôa e pela Provincia nas Villas sédes do Concelho e que era a garantia da côrte de Madrid, a vergonha que lhes ia na alma e lhes poderia transparecer nas faces de estarem os hespanhoes administradores do Reino e não haver portuguezes capazes de levantar semelhante auctoridade despotica e de occupar os lugares que lhes competiam na civilisação portugueza?! O que é um authentico facto é que D. João IV, depois de restaurado o paiz á sua antiga nacionalidade autonoma, prohibiu com insistencia o uso dos embuços, severamente, classificando-os de trajos improprios a um paiz de gente honesta e moral. Data o instrumento de 20 d’agosto de 1649 o qual encerra explicações sobre os vestidos que não será mau reproduzir aqui por razão documental: as mulheres não podiam andar embuçadas, de chapeu, com manto, nem manto com rebuço, excepto as regateiras no local aonde vendessem. O embiocamento reconhecido como um trajo desmoralisador e causador de damnos era punido d’ahi para o futuro com a pena de 50 cruzados (20 para captivos, 20 para as despezas das Fronteiras e 10 para o official de justiça que executasse a prisão) sendo mulheres de gerarchia; sendo mulheres ordinarias a multa era de 20 cruzados de cadeia, applicados com 8 dias de prisão e pena dobrada no caso de reincidencia.

O chapeu usado com mantilha era tolerado, o chapeu com manto era sómente admittido para as parteiras que andassem em mulas.


A perseguição foi de tal maneira encarada de extrema necessidade que o official de justiça que não lhe désse execução era suspenso de funcções por 6 mezes a primeira vez que fosse achado negligente, na segunda vez, soffria um anno de suspensão e á terceira vez era demittido do serviço para sempre. Qualquer pessôa que intentasse impedir a execução da lei, sendo fidalgo ou pessôa d’influencia, era condemnado em cem mil reis de multa de 2 annos de degredo para a Colonia do Brazil.

N’

esse mesmo anno, como continuasse a moda de se cobrirem as mulheres a metade do rosto com o chapéo ficando desconhecida da mesma fórma a pessôa que o usava, foi promulgado o alvará de 6 d’outubro que mandava andar as mulheres com a cára completamente descoberta. Se ellas insistissem em usar bioco, teriam o manto cahido até aos peitos sob pena de lhes ser apprehendido o trajo e tomado o manto logo ali aonde se achassem. Assim perseguido quando podia offerecer um certo perigo para a sociedade portugueza no momento em que ella tinha tudo a receiar dos actos d’espionagem, sempre escarnecido e troçado atravez dos tempos e dos seculos, o capote chegou até aos nossos dias. Em Portugal, nos principios do seculo XIX elle tinha a forma de um manto abotoado com o capello cahido para as costas e mangas estreitas, debruado de pelucia ou de pelles na roda da saia e nos extremos das mangas; era usado então com um lenço branco, fino, dobrado em triangulo como se usa ainda hoje, com o bico cahido sobre os cabellos roçando a testa; tinha a côr castanha ou vermelha e chamava-se o Josésinho. Com o mesmo nome elle veiu até 1830 e tantos, usado da mesma côr e com o mesmo lenço branco, porém as mangas tinham desapparecido. A forma simplista da toillette nem por isso era motivo de adandono de tafulismo para as raparigas da epocha que o vestiam com esmero e gosto, apezar dos cortes dos vestidos das costureiras trazerem as graciosas complicações dos corpeteí, boleros, saias, pregas e follios, das modas usadas na Europa occidental pela gente ellegante. Entre nós os jornaes de 42 attacaram-se ao capote e capello que então se usava de panno azul escuro e citavam referencias reprovativas escriptas pelos irmãos. Rullars, ingiezes, n'um livro de recordações de viagem intitulado "Um hinverno nos Acures e um verão nos banhos das Furnas" escripto em inglez; e depois d'isso ainda que a Imprensa não organisasse verdadeiramente uma campanha de combate ao velho uso timorato e recatado, facto que é para' louvar, os estrangeiros que teem escripto sobre os Açores não teem deixado de citar ás vezes com censuras mas quasi sempre com o fito de registar uma extravagância ethr.ographica dos povos michaelenses e açoreanos. Não é essa a única originalidade que possuímos nos nossos costumes.


l e n da d o s a lt o d o c ava l o

C

onta-se que o nosso rei d. pedro

gostava muito de ir à caça. Um dia estava aborrecido de tudo, pois estava nos Açores, aqui em S. Miguel, por causa da guerra com seu irmão D. Miguel. Neste estado de espírito, saiu numa fúria enraivecida, de lança em punho, montado no seu cavalo branco, fogoso e bravo. ¶ Meteu-se terra dentro com intenção de se distrair a caçar. Então o diabo, que não perde a sua oportunidade e anda sempre por aí, a vaguear pela terra a combater as forças do bem, vendo D. Pedro em tal disposição, decidiu aproveitar a oportunidade. Transformou-se num belo veado, caça rara nestas ilhas. ¶ D. Pedro, ao avistar o lindo veado, disparou numa corrida desenfreada em perseguição de caça tão apetecida. O diabo, feito veado, foi correndo, correndo, até que levou o nosso rei para umas terras altas e muito perigosas porque tinham muitos precipícios. Sem se aperceber do perigo, o rei, montado no seu cavalo, galopava a toda a velocidade em direcção à morte certa.


M

as nisto o arcanjo que deu o nome a esta ilha, S. Miguel, surgiu e segurou as rédeas do cavalo, precisamente no momento em que o animal, acicatado pelo dono, ia dar um salto no precipício. Logo D. Pedro reconheceu a tramóia que o diabo lhe tinha armado para o tentar e viu também que se não fosse a intervenção de S. Miguel em defesa da sua vida já estava morto. A partir de então, esse precipício, que fica para os lados de Santa Bárbara e de onde se avistam os dois lados da ilha, ficou conhecido pelo Salto do Cavalo, nome que ainda hoje se mantém a lembrar o que aconteceu ao nosso rei. Também em sinal de agradecimento, D. Pedro mandou erguer uma imponente estátua a S. Miguel, eu protector e salvador. E essa estátua que se encontra hoje em frente à Câmara Municipal de Ponta Delgada, e bem se pode ver o arcanjo a espezinhar o diabo.


Amaral, J, A., & Veiga, V. (2000). O Cão de Fila de S. Miguel. Câmara Municipal de Vila Franca do Campo, pp. 78-79, 91, 113, 127, 134.

A Título de curiosidade, citamos alguns nomes, típicos dos Açores, utilizados pelos lavradores e canicultores, para o Cão de Fila: Açor, Bragada, Bravo, Calçado, Corisca, Faísca, Labrego, Morena, Norte, Pataco, Pimpão, Rasgado, Rei, Rufia, Severa, Tirano, Valente e Vulcão.


Vulgarmente conhecido por cão de vacas ou reses, dada a sua aptidão para auxiliar os tratadores ao lidarem com estes animais, bem como com os rebanhos de caprinos e ovinos e varas de porcos, abunda na ilha de São Miguel. Esta raça teve sempre um grande impacto na vida dos micaelenses, sendo de grande relevância na vida rural (...) Cão de médiacorpulência, forte, rústico. Cão de gado por excelência, é, também, um bom guarda de propriedade e de defesa pessoal. Agressivo, mas dócil para o seu dono. Muito inteligente, com grande capacidade de aprender. Morde baixo derivado da sua função de condução de gado leiteiro, com o objectivo de não ferir o úbere das vacas. No entanto, pode morder mais alto, no caso de se tratar de gado tresmalhado. Na generalidade, todo o lavrador tem o seu cão de Fila, o qual dirige o gado encaminhando-o para a pastagem. Quando a manada é mudada de pastagem, o que é muito frequente dado o emparcelamento da propriedade, o cão, além da sua função de condução, tem, também, a da recolha de animais tresmalhados. Hoje, encontram-se Filas de S. Miguel em matilha da Eira Cavada de José Eduardo Martins e, até, já mereceram referências do poeta popular, canicultor e matilheiro Nuno Noronha, em verso que aqui transcrevemos:


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Gilberto Manuel Rocha Rebelo é um dos demais pescadores da Vila de Rabo Peixe que revestem orgulhosamente no ombro a marca do maior predador do mundo, o tubarão. Este ritual, tatuado com agulhas de cozer, é

tradicionalmente herdado aos pescadores de geração

em geração. Para estes

filhos do oceano

o tubarão é um animal sagrado, visto com respeito e admiração, a tatuagem tem símbolo de protecção.


lenda de

Rabo de Peixe

Com este nome incomum, o lugar ĂŠ actualmente uma das maiores freguesias da ilha de SĂŁo Miguel e os seus habitantes, na maioria, continuam a ser pescadores.


À época do povoamento das ilhas, foi fundado um novo povoado na costa norte da ilha, numa zona plana junto ao mar. Os povoadores eram na sua maioria agricultores, que subsistiam cultivando a terra e pescando no mar pouco explorado.

EPOIS

de um dia de faina, os homens da localidade sentaram-se à beira-mar a discutir que nome haviam de dar à sua terra. Já estavam nesta conversa deveras animada há bastante tempo, quando ao olharem para o mar viram próximo de si a luta entre um peixe de grandes proporções e um mais pequeno. Esta luta durou muito tempo, com o pequeno peixe a esquivar-se, a nadar por entre as pedras e a fugir. No entanto, o peixe grande acabou por o apanhar e comer, só ficando como prova do acontecimento o rabo do pequeno peixe a flutuar à superfície das águas. Em pouco tempo este rabo de peixe deu à costa, e trazido pelas correntes, e encalhou nas pedras de basalto negro do calhau. Os homens, que tinham ficado em silêncio a observar os acontecimentos, entenderam que o incidente que tinham presenciado era uma mensagem, e então combinaram que a localidade de deveria chamar Rabo de Peixe.

A

princípio as pessoas acharam o nome

estranho, mas em pouco tempo habituaram-se à ideia e ao nome. Até porque Rabo de Peixe era um nome adequado para um local com tantos pescadores.


1 8 Farol da Ponta do Arnel por Sérgio Rezendes

FALAR DO FAROL DO ARNEL NA ILHA DE SÃO MIGUEL, SERÁ EVOCAR A MORTE DE Como primeiro farol da Era Moderna nos Açores, o Arnel repreCENTENAS OU MILHARES DE MARINHEIROS senta a chegada da revolução industrial às ilhas, em paralelo com CONTRA AS COSTAS DAS ILHAS, AO LONGO o arranque das obras do porto de Ponta Delgada. Esta estrutura, de DE QUATRO SÉCULOS DE ESCURIDÃO NO MAR betão e ferro, inaugurada a 26 de Novembro de 1876 e, ao tempo ainda alimentada a azeite, ultrapassaria em muito a mera função de mensageiro de terra para os homens do mar: para além de conter um posto semafórico, para comunicação com as embarcações, quebraria o isolamento da chamada décima ilha, uma vez que foi a primeira estrutura a ter um telégrafo eléctrico e depois um telefone para contato do Nordeste com a urbe, única na ilha até aos anos de 1980… para não falar da possibilidade de ter sempre servido como estação meteorológica da ponta mais este da ilha de São Miguel. Falar desta estrutura Neoclássica da História da Arte, será não apenas chamar atenção para as novas tecnologias resultantes das invenções da I metade do século XIX, aplicadas na segunda metade para salvar vidas, mas evocar igualmente todos aqueles que ainda hoje em dia, seguem em confiança ao vê-la brilhar à noite, da mesma forma como guiou e orientou os desesperados náufragos do Augusto de Castilho rumo à segurança, numa das perigosas noites de Outubro de 1918.


7 6




Pessoas que não sabem... Os que não sabem, dizem que os figos cortam os lábios. A casca...credo, isto cola que é uma misericórdia. Se não fosse com luvas não me conseguiria amanhar nisso. Há quem coma com casca e tudo mas para evitar o contacto com a casca, descascasse o figo como se fosse uma laranja ou uma pêra. Os mais maduros praticamente não trazem leite de figo, ao contrário dos mais inchados, estes podem arrebentar os lábios quando se vai com a boca na casca. (João, António e Filipe)



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Ó

O POVO QUER ÁGUA NAS COUVES E SOL NA AREIA

ROMA E PAVIA NÃO

SE FIZERAM NUM DIA E NÃO TE PEGAM SEISCENTOS CORISCOS ARREDA-TE ALMINHA, QUE O DIABO VEM AÍ

DIMÓNIO DO INFERNO MISERICÓDIA, MEU DEUS CREDO EM CRUZ, SANTO NOME DE JESUS

MEU DEUS O QUE NÃO MATA ENGORDA

O MAIOR MATA O MAIS PEQUENINO AINDA HOJE NÃO TE SAFAS SEM UM PICADEIRO

AINDA HOJE TE VAIS DEITAR COM LOMBO QUENTE

EU ESTOU A TREMER

COMO AS CANAS VERDES EU VOU-TE BENZER COM UM PAU DE LOURO

QUEM MAIS SE ABATE MAS O CÚ LHE APARECE AOS 3 MESES ENCOBRE, AOS 4 DESCOBRE SANTA MARIA Á VISTA ÁGUA NA CRISTA


A ROSEIRA SEMPRE FLORIDA Decorria o século dezasseis e madre teresa da anunciada vivia recolhida no convento em cuja capela é hoje venerada a imagem do senhor santo cristo dos milagres.. A santa religiosa passava a vida a rezar e a conseguir os meios para a construção de uma capela nova. A sua alma enchia-se de alegria ao olhar a expressiva imagem toda adornada das mais belas flores, abundantes na verdejante ilha de s. miguel.¶ Naquele Verão o tempo tinha sido muito seco e as rosas, cravos ou margaridas dificilmente desabrochavam nos jardins do convento e, quando nasciam, eram raquíticas, sem brilho e cor. Este pequeno contratempo e a falta de meios para continuar a construção da capela entristeciam a alma de Madre Teresa. Mas mesmo assim não desistia. Constantemente limpava os jardins e dispunha novas plantas, pretendendo flores bonitas não só para enfeitar a imagem, mas também para vender e alcançar


dinheiro para pagar algumas despesas. ¶ Numa manhã de quarta-feira, levantou-se muito cedo, como era seu dever e hábito. Rezou, ouviu missa e dirigiu-se ao jardim para cuidar das suas plantas. Aproximou-se da vara de roseira mergulhada no domingo anterior, com a ideia de lhe aconchegar a terra ou de a humedecer com alguma água. Ajoelhou de emoção, quando os seus olhos presenciaram um espectáculo inesperado: na vara de roseira tinha desabrochado a mais linda rosa que alguma vez tinha visto. Colheu-a e correu emocionada a depô-la no altar de Santo Cristo: Prostrou-se a seus pés, agradecendo a dádiva que lhe tinha sido concedida. ¶ Passados poucos dias, a roseira encheuse de lindos botões, apesar de ainda não ter desenvolvido raízes e da intensa seca do Verão. Durante muitos anos assim continuou, sempre florida. ¶ Madre Teresa morreu e a roseira, chegando o tempo, secou-se, mas as suas raízes foram religiosamente guardadas: Deixou um rebento seu e uma descendente ainda lá está na calma do jardim do Convento da Esperança, oferecendo sempre algumas rosas que as religiosas usam para pôr ao Senhor Santo Cristo dos Milagres ou para oferecer às doentes do hospital de S. José, que logo se sentem confortadas.






Quando pronto guarda-se em frasquinhos virando-os ao contrário durante 5

MINUTOS

EM LUME MÍNIMO, DEIXA-SE COZINHAR

ATÉ OBTER UM PONTO DE

Tirar do lume e

Ralar

as amoras com a

varinha mágica


ADICIONAR

600 gr de aรงucar

levar ao lume 1,5 kg de Amoras


A

FONTE

N

DOS

AMORES

a conhecida freguesia das Furnas, no Pico de António Borges, existe uma nascente que corre numa pia à esquerda da ponte, para quem num valezito com uma furna ao fundo. Essa fonte é conhecida pela Fonte Casamenteira porque, com efeito, quem bebe a água que dali jorra inexplicavelmente se apaixona. A influência que a fonte exerce começa com o calor do Verão e vai crescendo até que atinge o ponto máximo no dia quinze de Agosto. Nesse dia a sua influência é fatal. Assim aconteceu com uma riquíssima morgada e o filho de um modesto lavrador. A menina, filha de uma família nobre, era muito linda, mas fraca e macilenta, reflectindo na sua constituição os casamentos consanguíneos, ao longo de várias gerações. O pai, o morgado, lutava contra a debilidade da filha, levando-a, desde muito nova, aos banhos de mar à praia de Rosto de Cão ou indo passar temporadas nas Furnas, sempre com um médico por perto para cuidar da morgadinha. Esta continuava fraca e sem força para nada, mas mesmo assim estava destinada já em casamento, há vinte anos, que era quantos ela tinha, a um primo, por sinal bastante desequilibrado mentalmente. Naquele ano a família da morgadinha estava a passar o Verão nas Furnas e, no dia quinze de Agosto, como toda a gente, foi em romaria ao Pico de António Borges. Na mata inculta e coberta de vegetação abundante, já se tinham aglomerado muitas pessoas que se sentavam nas pedras e nos tapetes de folhas ou ervas. Havia tocadores de viola, cantava-se ao desafio e todos se divertiam, dançando ou vendo dançar o “balho furado”.


O calor era intenso. De vez em quando alguém aproximava-se da fonte, com uma folha fazia copo, e bebia a água miraculosa. Assim fez também a morgadinha: sequiosa, bebeu água e atirou a folha que tinha servido de copo para o lado. Um jovem da Bretanha, rapaz vigoroso e alegre, tinha cantado e bailado, rido e gracejado toda a tarde e, por isso, sentiu a garganta seca. Dirigiu-se para a fonte, apanhou a folha que a morgadinha tinha atirado ao chão e refrescou-se, sem imaginar sequer as consequências desse simples gesto. Imediatamente os dois jovens de berços tão diferentes se sentiram enamorados. A fraca morgadinha, de repente sentiu uma força a que não estava habituada, a sua pele amarelada ficou rosada e com uma cor de saúde. Ainda não tinham passado oito dias e já o jovem lavrador da Bretanha tinha raptado a sua amada. O escândalo foi grande, o morgado mandou toda a criadagem em busca da filha e do malvado que a tinha roubado. Acabou, por fim, por acalmar-se e não teve outro remédio senão aceitar o rapaz da Bretanha como genro. A morgadinha, como o ramo de uma planta fraca enxertada numa planta bravia e vigorosa, tornou-se numa bela mulher, cheia de força e saúde.

Viveu muitos anos felizes, casada com o lavrador, graças ao condão da Fonte dos Namorados.


Saudade

A saudade é um luto, Uma dor, uma aflição; É um cortinado roxo, Que eu trago no coração. Ausência tem uma filha, Que se chama saudade; Eu sustento mãe e filha, Bem contra minha vontade. Pus-me a chorar saudades No portal do meu jardim; Uma flor me respondeu: Cala-te, tudo tem fim. Ó tirana saudade, Chega a mim, tira-me a vida; Aquela que eu mais amava Já de mim vive esquecida. Saudades, saudades Saudades tenho eu, Quem não terá saudades De um amor que já foi seu? Dá voltas à saudade, Quem manda voltar sou ê Se a saudade não volta, Ó meu Deus, ó pelo ê.

cala-te, tudo tem fim.


Meireles, C. (1955, 1º Semestre). Insvlana - Órgão do Instituto Cultural de Ponta Delgada. Panorama Folclórico dos Açores especialmente da ilha de S. Miguel (vol. XI), 161-162.


PATC H WO R K ART NOUVEAU that’s what I love

I love

THE COLORS

I do this since Lane died,

over sudden, I

realized what makes me

happy. And

it was when, after he died all the people of this village talked because I did not

Things made by friends are the best.

wear black. Aqui as mulheres The process is so much fun, precisam de vestir preto. Símbolo de you get a whole big bundle of fabrics,

“this is pretty with this” and “this is pretty with that”. And that’s what I

respeito mas na minha cultura não and you go

.

fazemos isso. Then I realized when I

red shirt and I looked and it made me wear a

So I began

happy

liking colors.

love to combine,

that’s my

F AV O R I T E

P A R T .

We have a room in casa

do povo dos Ginetes, a big

room, on Thursday we go there and work, me and Iolanda.

We have fabrics, not the most beautiful.

We have machines, not the greatest.


b ut tons

I use them for different things




eu nĂŁo gosto de rap, ele ĂŠ que gosta de mim



Olhando para a realidade do HipHop em Portugal hoje em dia, como parte da indústria musical e da sociedade, o quão diferente é da altura em que começaste? Quando começaste? Pelo que vejo, pesquiso e tenho conhecimento, cada vez há mais artistas em Portugal, conheço inúmeros bons artistas que nem um álbum tem, que nunca passou um único som deles numa rádio, nenhuma editora os convidou para um trabalho, cada vez vemos mais talento nas ruas e falta de talento nos palcos. A meu ver em Portugal não se procura boa música mas sim o que vende, uma editora prefere ter um artista sem conteúdo lírico nenhum mas que venda do que um cantor com uma excelente lírica e potencial mas que não venda. Em contrapartida gosto de saber que esse movimento não pára e cada vez há mais Mc´s a batalhar para que o Rap seja ouvido no nosso país. Outro aspecto que gostava de referir é a grande diferença da industria musical do Rap nos E.U.A em comparação com Portugal, ao ler isso o pensamento automático é, que é lógico a América apostar mais no Rap se os melhores rappers do mundo são de lá. Muitas vezes se formos traduzir as letras deles, perguntamo-nos em que são eles melhores que nós? Será que são mesmo melhores ou simplesmente tem as oportunidades que nós não temos? Em Portugal faz-se muito bom Rap e acredito que um dia será um estilo musical mais valorizado no nosso país, até lá os soldados não largam a formatura.




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