COMECEI A COSTURAR LOGO DEPOIS QUE ELA SE FOI. COSTURAVA, LARGAVA E ME ABANDONAVA. BUSCAVA RETALHOS, AS LINHAS QUASE PODRES, MUITO VELHAS, RESTOS DE SUA AVÓ. AGULHAS PEQUENAS E ENFERRUJADAS. DEDAL APERTADO, IGUAL AO PEITO AMARROTADO. PRIMEIRO SERIA SOMENTE PARA ELA, DEPOIS A PIOR CRISE DE DEPESSÃO ME LEVOU A VOLTAR A ESCREVER. PRECISAVA CONTINUAR A VIVER. DEMOREI MUITO, FOI AOS POUCOS. TEM REPETÊNCIAS, TEM SEMELHANÇAS, TEM CORES MISTURADAS DEMAIS. AS DORES SE MISTURAM EM NOSSOS CORAÇÕES, NÃO CONSEGUIMOS TÊ-LAS UMA DE CADA VEZ. CHEGAM JUNTAS, COM SEGUNDOS DE DIFERENÇA. SE MISTURAM, EMBARALHAM, MAS SABEMOS A DIFERENÇA, CONHECEMOS CADA UMA. A MAIS FORTE, A MAIS DOÍDA, A MAIS DEMOLIDORA. HÁ AQUELAS QUE PASSAM MAIS RÁPIDO, OUTRAS QUE NOS ENVENENAM A ALMA E O CORAÇÃO, NOSSO SANGUE, RETALHAM NOSSA CARNE E NOS AMPUTAM COMO SE FOSSE FATO. MEUS RETALHOS ESTÃO AQUI. DO MODO QUE ESCOLHI. DISPOSTOS DE MANEIRA AQUARELADA, COMO UM ARCO IRÍS, PARA FALAR DESSAS DORES. COSTURA MAL ACABADA, DESBOTADA E MANCHADA, ALGUMAS SOMENTE ALINHAVADAS. SEM TÉCNICA, SEM ÉTICA, SEM MÉTRICA, SEM BENÉFICA. SEM MELODIA, SEM HARMONIA, POIS O CORAÇÃO FALOU DEMAIS E A RAZÃO MUITO SE RECOLHEU.