TCC Arq & Urb UVV - CHEERLEADING: Difundindo o esporte através da arquitetura

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CHEERLEADING DIFUNDINDO O ESPORTE ATRAVÉS DA ARQUITETURA

SARINA OLIVEIRA SOARES


UNIVERSIDADE VILA VELHA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

SARINA OLIVEIRA SOARES

CHEERLEADING: DIFUNDINDO O ESPORTE ATRAVÉS DA ARQUITETURA

VILA VELHA 2017


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SARINA OLIVEIRA SOARES

CHEERLEADING: DIFUNDINDO O ESPORTE ATRAVÉS DA ARQUITETURA

Monografia apresentada a Universidade Vila Velha como prérequisito do curso de Graduação em Arquitetura e Urbanismo para obtenção do título de Arquiteta e Urbanista.

VILA VELHA 2017


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AGRADECIMENTO

Dedico esta, bеm como todas as minhas demais conquistas, аоs meus amados pais Dylma Oliveira e Carlos Magno, ao meu irmão Théo Oliveira que atendia as ligações enquanto estava concentrada escrevendo este trabalho, aos meus amigos que me ajudaram direta ou indiretamente, aos meus melhores amigos e companheiros de todas as horas Alexia Rocha, Felipe Lobato e Caroline de Victa pelas horas de paciência, pelo carinho e por ficarem horas me fazendo companhia e me ajudando até mesmo nas horas de desespero. Agradeço a toda a comunidade do Cheerleading! Vocês são incríveis! Agradeço também as pessoas que me julgaram precipitadamente e que ofenderam o esporte a qual tanto amo, pois são vocês que me motivaram a escrever este trabalho. Gostaria também de deixar meu muitíssimo obrigada ao Lucas Maia e ao Leandro Rente por serem tão receptivos e contribuíram para o sucesso deste trabalho. Agradeço também a minha orientadora Laila Souza Santos que além de muito carinhosa, foi paciente e sempre me ajudou com tudo. Também deixo meu muito obrigada a Ludmila Machado, por sempre ser tão carinhosa e atenciosa comigo, e por ter aceito com toda alegria fazer parte da minha banca avaliadora. Deixo também um carinho especial a todos os cheerleaders do Espírito Santo, principalmente as Onças, Medbulls, Gorilas, Nigga Gold e Líderes Sangue Verde, por me receberem e contribuírem nas pesquisas. Agradeço a todos que estão ou passaram pela minha vida, pois com vocês aprendi que viver é ser livre, que ter amigos é necessário, que lutar é manter-se vivo, que para ser feliz basta querer! Aprendi que o tempo cura, que mágoa passa, que decepção não mata e que hoje é reflexo de ontem. Também aprendi que podemos chorar sem derramar lágrimas, ou rir sem fazer escândalo (meus amigos vão entender...). Aprendi que os amigos permanecem e que dor apesar de ser difícil de lidar, ela nos fortalece. Aprendi que vencer engrandece, mas perder te faz aprender e a ser melhor. Aprendi que sonhar não é fantasia, que para sorrir tem que fazer alguém sorrir! Que a beleza não está no que vemos, e sim no que sentimos e transmitimos, que o valor está na força da conquista e que as palavras têm força! Aprendi que fazer é melhor que falar (e como é melhor!), que o olhar, por mais que você tente, não mente. Que viver é aprender com os erros e que tudo depende da força de vontade! Aprendi que o melhor é ser nós mesmos e que o segredo da vida é simplesmente viver. Obrigada a todos.


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RESUMO O Cheerleading é um esporte novo que utiliza rotinas curtas que combinam dança e ginástica, e está crescendo cada vez mais no país. Apesar disso, esse esporte ainda não conquistou seu lugar de direito, por conta do estereótipo criado pela mídia, que passa o Cheerleading como “meninas de saia curta rebolando com pompons nas mãos e gritando”. Apesar de existirem diversas equipes no país, não existem ginásios capazes de suprir todas as necessidades do esporte. No Espírito Santo, além de os atletas terem que lidar com a questão do pré-conceito, são obrigados a treinarem em locais perigosos como quadras poliesportivas e grama, por não haver um local adequado para a prática do esporte. Sendo assim, foi elaborado um anteprojeto arquitetônico de um centro de treinamento de Cheerleading, a ser instalado na cidade de Vila Velha. Foram usadas técnicas do marketing neste projeto, afim de tornar a arquitetura uma ferramenta de venda, que exiba o Cheerleading como esporte e divulgue-o para a sociedade, diminuindo o pré-conceito, aumentando o número de atletas no país e suprindo as necessidades dos atletas de ter um local apropriado para a prática do esporte.

PALAVRA-CHAVE: Arquitetura. Cheerleading. Marketing. Esporte. Ginásio.


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ABSTRACT Cheerleading is a new sport that uses short routines that combine dance and gymnastics, and is growing more and more in the country. Despite this, this sport has not yet gained its rightful place because of the media stereotype, which passes Cheerleading as "girls in short skirt wiggling with pompoms and screaming." Although there are several teams in the country, there are no gyms capable of meeting all the needs of the sport. In EspĂ­rito Santo, in addition to the athletes having to deal with the preconception issue, they are forced to train in dangerous places such as sports courts and grass, because there is no suitable place to practice the sport. Thus, an architectural design of a Cheerleading training center was prepared, to be installed in the city of Vila Velha. Marketing techniques were used in this project, in order to make architecture a sales tool, to display Cheerleading as a sport and disseminate it to society, reducing preconception, increasing the number of athletes in the country and supplying the needs of athletes to have a suitable place for the practice of the sport.

KEYWORDS: Architecture. Cheerleading. Marketing. Sport. Gymnasium.


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LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Esquema explicativo do que é tumbling ............................................................ 19 Figura 2 - Exemplo de pirâmide ......................................................................................... 20 Figura 3 - Lawrence Herkimer executando o salto “Herkie”. ............................................. 21 Figura 4 - Equipe Cheer Extreme All Stars no campeonato internacional, 2010............... 22 Figura 5 - Brasil no campeonato mundial em 2015. .......................................................... 24 Figura 6 - Brasil no campeonato mundial em 2016 ........................................................... 24 Figura 7 - Brasil no campeonato mundial em 2017 ........................................................... 24 Figura 8 - Ginásio ideal para treino.................................................................................... 25 Figura 9 - Localização do Ginásio Cheer Extreme All Stars .............................................. 34 Figura 10 - Croqui de setorização...................................................................................... 34 Figura 11 - Sala de espera e visualização ......................................................................... 35 Figura 12 - Pompons ......................................................................................................... 36 Figura 13 - Dançarinas de Pom Dance utilizando os pompons ......................................... 36 Figura 14 - Sala de Treino ................................................................................................. 37 Figura 15 - “Back handspring wheel” ou “pacman” - Equipamento para ensino de Flic (movimento do tumbling). .................................................................................................. 37 Figura 16 - Sala de treino com troféus, medalhas e cartazes ........................................... 38 Figura 17 - Detalhe do teto da sala de espera................................................................... 39 Figura 18 - Basket toss ...................................................................................................... 39 Figura 19 - Detalhe do teto da sala de espera................................................................... 39 Figura 20 - Croqui de acessos e percurso. ........................................................................ 40 Figura 21 - Entrada de pedestres do clube AABB ............................................................. 41 Figura 22 - Corredor de acesso aos banheiros ................................................................. 41 Figura 23 - Interior de um dos banheiros ........................................................................... 41 Figura 24 - Espaço utilizado para treinos .......................................................................... 42 Figura 25 - Tumbling Track personalizado pela equipe ..................................................... 42 Figura 26 - Fachada principal do ginásio. .......................................................................... 43 Figura 27 - Cobogós utilizados na fachada principal ......................................................... 43 Figura 28 - Teto do ginásio com telha metálica e estrutura aparente, tipo de solução para cobertura que reduz a necessidade de muitos pilares, aumentam o vão e permite um bom pé direito .................................................................................................................... 44 Figura 29 - Coluna revestida com emborrachado.............................................................. 44 Figura 30 - Espaço utilizado no Parque Pedra da Cebola ................................................. 46


10 Figura 31 - Espaço utilizado na EMESCAM ...................................................................... 47 Figura 32 - Quadra em condomínio residencial utilizado pela equipe ............................... 48 Figura 33 - Detalhe do tablado para Cheerleading ............................................................ 50 Figura 34 - Tablado montado em sala de treino ................................................................ 50 Figura 35 - Pista de treino e ensino de tumbling sem área técnica para nivelamento da pista com demais equipamentos. ...................................................................................... 51 Figura 36 - Localização de Vila Velha ............................................................................... 57 Figura 37 - Local do terreno em Vila Velha ....................................................................... 57 Figura 38 - Localização do terreno .................................................................................... 58 Figura 39 - Orla de Itapoã. ................................................................................................. 58 Figura 40 - Classificação do terreno segundo o Plano Diretor Municipal de Vila Velha. ... 59 Figura 41 - Tabela de índices urbanísticos. ....................................................................... 60 Figura 42 - Quiosque no calçadão da Praia de Itaparica................................................... 61 Figura 43 - Vias principais do entorno imediato ao terreno. .............................................. 62 Figura 44 - Vista do terreno para o ponto de ônibus 1 localizado na Figura 43 ................ 62 Figura 45 - Avenida Professora Francelina Carneiro Setúbal com pouco espaço para estacionamento de carros e motos. ................................................................................... 63 Figura 46 - Rua Ayrton Senna da Silva sem marcação no asfalto delimitando o estacionamento. ................................................................................................................ 63 Figura 47 - Planta de Situação .......................................................................................... 66 Figura 48 - Implantação do empreendimento no terreno................................................... 67 Figura 49 – Planta baixa do pavimento térreo ................................................................... 68 Figura 50 - Quadro de vegetações .................................................................................... 69 Figura 51 - Espelho D’água ............................................................................................... 70 Figura 52 - Academia popular no pátio .............................................................................. 70 Figura 53 - Playground ...................................................................................................... 71 Figura 54 - Bicicletário fixo no chão ................................................................................... 71 Figura 55 - Vista da entrada de veículos ........................................................................... 72 Figura 56 - Vista do pátio central através da entrada de pedestre de quem vem do estacionamento ................................................................................................................. 73 Figura 57 – Planta baixa do pavimento térreo do bloco esportivo ..................................... 74 Figura 58 - Vista do pátio central para a entrada do bloco esportivo ................................ 75 Figura 59 - Recepção principal do empreendimento ......................................................... 75 Figura 60 – Lanchonete localizada no térreo do bloco esportivo ...................................... 76 Figura 61 - Arquibancada no ginásio de Cheerleading...................................................... 76


11 Figura 62 - Vista para o interior da sala de tre ino de Cheerleading com os equipamentos fixos ................................................................................................................................... 77 Figura 63 - Vista da sala de treino de Cheerleading para a área externa ......................... 77 Figura 64 - Vista da sala de treino de Cheerleading.......................................................... 78 Figura 65 - Planta baixa do primeiro pavimento do empreendimento. .............................. 79 Figura 66 - Planta baixa da área administrativa no primeiro pavimento ............................ 80 Figura 67 - Escadaria de acesso a recepção administrativa e a academia....................... 81 Figura 68 - Área de espera da recepção administrativa .................................................... 81 Figura 69 - Planta baixa do segundo pavimento ............................................................... 82 Figura 70 - Área de musculação ........................................................................................ 83 Figura 71 - Sala de dança de ballet e jazz......................................................................... 83 Figura 72 - Vista da área externa da academia ................................................................. 84 Figura 73 - Vista para as lojas e consultórios .................................................................... 85 Figura 74 - Perspectiva do empreendimento durante o dia ............................................... 86 Figura 75 - Perspectiva do empreendimento durante a noite ............................................ 86 Figura 76 - Pele de vidro com janelas de sistema basculante e abertura em cascata ...... 87 Figura 77 - Sistema de fixação da vegetação na vertical, formando a parede verde ........ 87 Figura 78 - Perspectiva das duas faces frontais do empreendimento ............................... 88 Figura 79 - Sistema de fixação das placas de ACM .......................................................... 88 Figura 80 - Estrutura metálica aparente no projeto ........................................................... 89 Figura 81 - Quadro comparativo entre dois sistemas construtivos .................................... 90 Figura 82 - Corte da estrutura metálica da cobertura da área de treinamento de Cheerleading ..................................................................................................................... 91 Figura 83 – Planta de cobertura do empreendimento ....................................................... 92 Figura 84 - Placas de gesso fixas à cobertura na área de treino de Cheerleading ........... 93 Figura 85 – Fachada da Avenida Professora Francelina Setúbal iluminada durante a noite ................................................................................................................................... 94 Figura 86 – Perspectiva do empreendimento iluminado durante a noite........................... 94 Figura 87 - Iluminação no pátio ......................................................................................... 95 Figura 88 – Lanchonete e área de mesas iluminada ......................................................... 96 Figura 89 – Parede com painéis vinílicos .......................................................................... 97 Figura 90 - Parede em Madeira Nexacustic ...................................................................... 97 Figura 91 - Vista das escadarias e piso do empreendimento ............................................ 98


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LISTA DE ABREVIATURAS

AABB

Associação Atlética Banco do Brasil

AACCA

Associação Americana de Cheerleading Coaches e Administradores

ACIF

Associação Comercial e Industrial de Fernandópolis

AMA

American Marketing Association

CEA

Cheer Extreme All Stars

EMESCAM

Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória

IASF

International All Star Federation

ICU

International Cheer Union

LSV

Líderes Sangue Verde

NCA

National Cheerleaders Association

NFHS

Federação Nacional de Associações Estaduais do Ensino Médio

SBT

Sistema Brasileiro de Televisão

UBC

União Brasileira de Cheerleaders

UCA

Universal Cheerleaders Association

UFSCar

Universidade Federal de São Carlos

USASF

U.S. All Star Federation for Cheer & Dance Teams

UVV

Universidade Vila Velha


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SUMÁRIO INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 15 1

CHEERLEADING ........................................................................................................................ 19

1.1 HISTÓRICO ............................................................................................................ 19 1.2 NO BRASIL............................................................................................................. 22 1.2.1 AS DIFICULDADES DO CHEERLEADING NO BRASIL ........................................... 25 2

PROMOÇÃO ATRAVÉS DA ARQUITETURA ........................................................................... 28

2.1 MARKETING .......................................................................................................... 28 2.1.1 VISUAL MERCHANDISING........................................................................................ 29 2.1.2 VITRINISMO ............................................................................................................... 31 3

ESTUDO DE CASO .................................................................................................................... 33

3.1 CHEER EXTREME ALL STARS - CAROLINA DO NORTE - EUA ........................ 33 3.1.1 SETORIZAÇÃO .......................................................................................................... 34 3.1.2 ELEMENTOS ARQUITETÔNICOS ............................................................................ 37

3.2 MARVEL ALL STARS - RIO DE JANEIRO - BRASIL ............................................ 40 3.2.1 SETORIZAÇÃO .......................................................................................................... 40 3.2.2 ELEMENTOS ARQUITETÔNICOS ............................................................................ 43

3.3 LIDERES SANGUE VERDE - ESPÍRITO SANTO - BRASIL ................................. 45 3.3.1 LOCALIZAÇÃO ........................................................................................................... 45 3.3.2 CARACTERÍSTICAS DE CADA LOCAL .................................................................... 45

3.4 ANÁLISE DOS ESTUDOS DE CASO .................................................................... 48 3.5 ANÁLISE ERGOMÉTRICA DO CHEERLEADING ................................................. 49 4

DIRETRIZES PARA O PROJETO ARQUITETÔNICO............................................................... 53

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PROGRAMA DE NECESSIDADES ............................................................................................ 55

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ESCOLHA DO TERRENO .......................................................................................................... 57

6.1 PARÂMETROS URBANÍSTICOS ........................................................................... 59 7

PROJETO .................................................................................................................................... 65

7.1 CONCEITO ............................................................................................................. 65 7.2 PARTIDO ................................................................................................................ 65 7.3 IMPLANTAÇÃO ...................................................................................................... 65 7.3.1 PAISAGISMO ............................................................................................................. 69 7.3.2 ACESSOS ................................................................................................................... 72 7.3.3 BLOCO ESPORTIVO ................................................................................................. 73 7.3.4 BLOCO COMERCIAL ................................................................................................. 84 7.3.5 ÁREA TÉCNICA ......................................................................................................... 85 7.3.6 FACHADAS ................................................................................................................ 85 7.3.7 ESTRUTURA .............................................................................................................. 89 7.3.8 COBERTURA ............................................................................................................. 91


14 7.3.9 CONFORTO TERMOACÚSTICO ............................................................................... 93 7.3.10 ILUMINAÇÃO ............................................................................................................ 94 7.3.11 INTERIORES ............................................................................................................ 96 8

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................... 100

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................................. 101 APÊNDICE ...................................................................................................................................... 104

PRANCHA 1 – IMPLANTAÇÃO DO EMPREENDIMENTO ........................................ 105 PRANCHA 2 – IMPLANTAÇÃO DO EMPREENDIMENTO ........................................ 106


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INTRODUÇÃO O Cheerleading é um esporte que utiliza rotinas curtas que combinam dança, ginástica artística e ginástica acrobática. Os atletas que praticam este esporte executam rotinas de 2min 30seg, e são chamados de "cheerleaders". Embora tenha sido fundado com o propósito de animar a arquibancada durante os jogos esportivos e ajudar a motivar os jogadores, o Cheerleading tornou-se um esporte independente, no qual as equipes participam de várias competições durante o ano, disputando grandes prêmios em dinheiro, troféus ou equipamentos para a prática do esporte. As equipes de Cheerleading são geralmente vinculadas a instituições de ensino, ligas esportivas e equipes independentes de instituições de ensino ou ligas esportivas, chamadas de All Stars (EPIC SPORTS CHEER EQUIPMENT, 2011). Apesar de ser um esporte novo, o número de atletas está crescendo consideravelmente. Uma pesquisa feita pela Federação Nacional de Associações Estaduais do Ensino Médio (NFHS) aponta que em 2004 haviam 5 milhões de cheerleaders apenas no Ensino Médio nos EUA. Hoje este número estaria em 7,5 milhões somente nos EUA, não incluindo bailarinos e ginastas. Apesar de haver diversas equipes no Brasil com grande potencial, como a equipe que compete internacionalmente pelo Brasil, somente alguns estados se destacam, como São Paulo e Rio de Janeiro. A União Brasileira de Cheerleaders (UBC) realiza o Campeonato Nacional de Cheerleading anualmente. Entre 2011 e 2016 houve um aumento de 372 inscritos, passando de 150 para 522 inscrições, sem contar as equipes que não participaram (UBC, 2017). Um dos principais motivos que levaram a escolha do tema é justamente a ausência de um ambiente adequado no Brasil para a prática do esporte, que não só funcionasse como centro de treinamento, mas também como meio de divulgação do esporte e que trouxesse a comunidade para dentro dele. O trabalho apresentado desenvolve-se em cinco partes: contextualização histórica do Cheerleading, interpretação da realidade do esporte no Brasil, análise de


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métodos para a promoção de algo através da arquitetura, estudos de caso e levantamento de dados para a elaboração de um projeto arquitetônico voltado para a prática do Cheerleading, como o programa de necessidades e as diretrizes projetuais. No primeiro capítulo é relatado a origem do esporte, sua evolução ao decorrer dos anos e as dificuldades do esporte no Brasil. No segundo capítulo são apresentados métodos que permitem um edifício divulgar determinados produtos, afim de entendermos como tornar um edifício uma ferramenta de marketing para a divulgação do Cheerleading. O terceiro capítulo narra a interpretação da realidade, citando alguns espaços utilizados para a prática do esporte nos Estados Unidos e no Brasil, além de abordar as necessidades dos atletas e a importância de um centro de treinamento apropriado para a prática, através de estudos de caso. O quarto capítulo é um levantamento das diretrizes projetuais e do programa de necessidades, para determinar o que será necessário implantar no edifício afim de dar conforto e qualidade para os treinos, além de servir como apoio para a população através de atividades secundárias ligadas ao Cheerleading. O quinto capítulo contém o programa de necessidades de um centro de treinamento de Cheerleading. O sexto capítulo contém uma breve análise do terreno escolhido para a implantação do edifício e seus parâmetros urbanísticos. O sétimo capítulo é destinado ao projeto arquitetônico. Nele contém o conceito e o partido do projeto, além das justificativas e decisões do projeto. O oitavo capítulo contém as considerações finais do trabalho.


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1 CHEERLEADING 1.1 HISTÓRICO Foi criado em 1860, na Grã-Bretanha, mas somente em 1869 ele foi levado aos EUA, no primeiro jogo de futebol americano entre as universidades de Princeton e Rutgers, em Piscataway, Nova Jersey. Uma década depois Thomas Peebles levou os cheerleaders de Princeton para a Universidade de Minnesota (EPIC SPORTS CHEER EQUIPMENT, 2011). Em 1898 um estudante de medicina da Universidade de Minnesota, chamado Johnny Campbell, montou um grupo composto exclusivamente de homens para animar o time e a torcida de sua universidade, utilizando um megafone e movimentos organizados (VARSITY BRANDS, 2009). A partir daí o Cheerleading começou a se popularizar, mas somente os homens podiam praticar este esporte. Somente em 1923 que as mulheres foram Autorizadas a participar desse esporte pela primeira vez, na Universidade de Minnesota. Durante esta década, foi adicionado tumbling (Fig. 01) e pirâmides (Fig. 02) em suas rotinas (ICU, 2013).

Figura 1 - Esquema explicativo do que é tumbling

Fonte: https://www.tumbleprogression.com/events


20 Figura 2 - Exemplo de pirâmide

Fonte: https://royalexaminer.com/2017/02/13/athletes-floor-Cheerleading-becomes-international-sport/

Com o início da Segunda Guerra Mundial, na década de 20, os homens de idade universitária foram mandados para lutar pelo seu país, deixando as mulheres os substituírem na torcida, rapidamente tornando-se maioria (ICU, 2013). Em 1948, o cheerleader da Southern Methodist University chamado Lawrence Herkimer (Fig. 03), também conhecido como “Herkie”, organizou a primeira clínica de Cheerleading na universidade para divulgar o novo salto criado e a inserção dos pompons como equipamento de torcida. Em 1961, ele fundou a National Cheerleaders Association (NCA), uma associação responsável pelos valores e hábitos que permitiram os atletas competirem, tais como a preparação, dedicação, tenacidade, perseverança, o auto-sacrifício, trabalho em equipe e a liderança (ICU, 2013).


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Figura 3 - Lawrence Herkimer executando o salto “Herkie”.

Fonte: http://www.natemaas.com/2012/08/a-brief-history-of-Cheerleading.html

Na década de 60, o Cheerleading já era encontrado em praticamente todas as escolas e universidades dos EUA. Em 1974, Jeff Webb (que tinha sido gerente geral da NCA) fundou a Universal Cheerleaders Association (UCA), que ensinou habilidades de nível mais elevado. A década de 80 trouxe o lançamento de outras empresas

como

a

Associação

Americana

de

Cheerleading

Coaches

e

Administradores (AACCA), em 1987, primeira associação dedicada ao ensino de segurança para treinadores e conselheiros (ICU, 2013). As equipes All Stars (Fig. 04), começaram a se formar na década de 80 e se expandiram rapidamente durante os anos 90. O Cheerleading All Star se concentrou no treinamento atlético para competições, ao contrário do Cheerleading escolar, que ainda focava somente em animar times e a arquibancada de suas respectivas escolas/universidades (ICU, 2013). A finalidade original do Cheerleading é ainda relevante no mundo de hoje, mesmo com a popularidade crescente da competição.


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Figura 4 - Equipe Cheer Extreme All Stars no campeonato internacional, 2010

Fonte:https://cheerstarworld.wordpress.com/2012/04/21/worlds-2012/

Em 1994, UCA introduz o Cheerleading no Chile. O esporte começa a ganhar força na América do Sul e Caribe. Dois anos depois, em 1996, o Cheerleading participa da Cerimônia de Abertura na XXVI Olimpíada (ICU, 2013). Em 2004, a U.S. All Star Federation for Cheer & Dance Teams (USASF) e a International All Star Federation (IASF) é anfitriã da 1º Competição Mundial de Cheerleading (ICU, 2013). Em 2013, a International Cheer Union (ICU) é admitida como membro 109º da Sport Accord e somente em 2016 o Comitê Olímpico Internacional reconhece o Cheerleading como esporte (NEXO, 2017).

1.2 NO BRASIL No Brasil, o Cheerleading se fazia presente sobretudo nas escolas de estilo americanas, mas ainda de um modo restrito e com pouca representação. Com a popularização do futebol americano em 2001, foi aumentando o interesse pelo


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Cheerleading no país e também a capacitação desses atletas (ESC CULTURAL, 2013). Entre 2005 e 2007, para dar suporte à prática isolada de algumas equipes, surgiu a então chamada Cheer Commission, que posteriormente passou a se chamar Comissão Paulista de Cheerleading, um órgão sem fins lucrativos com o propósito de divulgar o esporte no estado. Em 2008 foi fundada a União Brasileira de Cheerleaders (UBC) (ESC CULTURAL, 2013). Em 2009, na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), teve início o Cheerleading UFSCar, que surgiu com a ideia de motivar a torcida nos jogos. Marcelo Cardoso, técnico da equipe e seu fundador, notou que os jogos precisavam de animação, pois somente a atlética e o pessoal da bateria animavam a torcida, mas a comunidade acadêmica não se envolvia, e foi assim que ele descobriu a necessidade de motivar os jogos através do Cheerleading. De acordo com ele, na equipe de Cheerleading da UFSCar participam aproximadamente 30 atletas (ESC CULTURAL, 2013). No ano de 2015, a UBC faz a primeira tradução das Regras de Segurança da USASF para o português, fato primordial para o desenvolvimento do sistema de níveis no país (ESC CULTURAL, 2013). No ano de 2015 o Brasil (Fig. 05) estreou no Campeonato Mundial de Cheerleading, em Orlando, no comando dos treinadores Marcio Tavares, Lucas Camarinha e Leandro Rente conquistando o 13º lugar (ICU, 2016).


24 Figura 5 - Brasil no campeonato mundial em 2015.

Fonte: http://cheerunion.org/

Em 2016, o ex-treinador da seleção, Márcio Tavares, foi o primeiro campeão mundial brasileiro, competindo pela equipe canadense Flyers All Stars. No mesmo ano, o Brasil (Fig. 06) participou novamente no Campeonato Mundial de Cheerleading conquistando o 11º lugar (ICU, 2016). Em 2017, o Brasil participou novamente do campeonato mundial (Fig. 07) conquistando o 12º lugar, mas não somente com a equipe de Cheerleading, mas também com a equipe de Pom Dance (dança que utiliza pompons), jazz e hip hop (ICU, 2017). Figura 6 - Brasil no campeonato mundial em

Figura 7 - Brasil no campeonato mundial em

2016

2017

Fonte: http://cheerunion.org/

Fonte: http://cheerunion.org/


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1.2.1 AS DIFICULDADES DO CHEERLEADING NO BRASIL O esporte tornou-se mais conhecido no Brasil com o lançamento do filme “Bring It On” (As Apimentadas, de 2000), que conta a história de duas equipes rivais que disputam um campeonato, e também com o seriado “Hellcats”, que era exibido pelo canal pago Boomerang e logo em seguida pelo Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) (UBC, 2009). Segundo Viviani Fiorot1, treinadora da equipe de Cheerleading do curso de medicina veterinária da Universidade Vila Velha (UVV), apesar de haver filmes que foquem em campeonatos e mostrem o lado esportivo-competitivo, o esporte ainda é muito conhecido como “meninas dançando com pompons na mão e rebolando” dificultando o crescimento do esporte e a inserção de atletas do sexo masculino nele. Outro problema também é a falta de um local apropriado (Fig. 08) que contenha o tablado com o carpete próprio para o esporte, uma pista de “running tumbling” com piscina de espumas, um trampolim acrobático e um pé direito alto. Tudo isso associado ao preconceito torna a popularização dele muito delicada e de difícil execução. Figura 8 - Ginásio ideal para treino

Fonte: http://www.woodwardcamp.com/facilities/gym-cheer-facilities/cheer-gym.html

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Entrevista realizada no dia 09 de março de 2017, na Universidade Vila Velha.


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A ideia equivocada deste esporte baseada muitas vezes na falta de conhecimento e no medo reforça o preconceito sofrido por toda a comunidade do Cheerleading, incluindo homens, idosos e portadores de alguma deficiência. A prática do Cheerleading tem crescido mundialmente de forma rápida, entretanto é valorizada mais em alguns locais do que outros. No Brasil o esporte tem crescido bastante, porém a concentração de equipes, escolas e faculdades que o adotaram ainda está nos grandes estados do país, como por exemplo São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Minas Gerais (UBC, 2017). No Espírito Santo existem diversas equipes, todas pertencentes a instituições de ensino, mas apenas alguns cursos adotaram o Cheerleading como esporte.


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2 PROMOÇÃO ATRAVÉS DA ARQUITETURA Com o avanço dos meios de comunicação como a internet e suas redes sociais, televisões e revistas, as pessoas tem recebido uma avalanche de informações, e estas tem sido debatidas abertamente, o que faz com que haja uma mútua influência entre seus usuários, de maneira clara ou não. Desta forma cria-se uma consciência coletiva, que fortalece a ideia de grupo, e o produto que se comercializa deve agregar significado ao consumidor fazendo com que ele se sinta parte desse grupo O espaço comercial, portanto, precisa proporcionar experiências significativas ao seu usuário, precisa ser atrativo, envolvente, afim de se adequar a todas as mudanças atuais nos hábitos de consumo (KELVER, 2008, p. 105 - 115). Dessa forma podemos discutir o papel do marketing na arquitetura e na sociedade de um ponto de vista favorável e benéfico em que ele assegure o sucesso e a disponibilidade de serviços e produtos que venham a satisfazer as necessidades do espaço e do indivíduo. Para isso é necessário primeiramente entender o que é marketing, suas funções e algumas de suas ferramentas, que aliado a arquitetura e design de interiores visa proporcionar uma melhor experiência para os usuários. 2.1 MARKETING Segundo o American Marketing Association (AMA), o marketing é uma atividade, conjunto de instituições e processos para criar, comunicar, entregar e trocar ofertas que tenham valor para os consumidores, clientes, parceiros e sociedade em geral. Ou seja, o Marketing é uma série de estratégias, técnicas e práticas que tem o principal objetivo de agregar valor às determinadas marcas ou produtos a fim de atribuir uma maior importância das mesmas para um determinado público-alvo, os consumidores. O marketing possui algumas características que podem ser aliadas à arquitetura afim de divulgar algo, sendo elas: a promoção da inovação, oferta de maior diversidade e variedade de produtos e serviços, fornecimento de informações dos produtos e serviços, criação de valor por meio de ações sociais e ambientais praticadas por organizações e a determinação de um padrão de vida à sociedade (DIAS E CASSAR, 2005).


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O consumidor está cada vez mais ávido por novidade (BITTENCOURT CONSULTORIA, 2016) e em busca de uma melhor comunicação do espaço comercial com seu usuário, uma ferramenta do marketing que atende a estas necessidades é o visual merchandising. 2.1.1 VISUAL MERCHANDISING Dentro do Marketing há uma ação que visa o planejamento e a operacionalização de atividades que se realizam dentro de um estabelecimento, que é o merchandising, tendo como objetivo a exposição e apresentação dos produtos de maneira adequada a criar impulsos de compra na mente dos consumidores, tornando mais rentáveis todas as operações nos canais de Marketing. Tornar o Merchandising mais eficaz através da composição estética na exibição dos produtos é função do Visual Merchandising (VISUAL MERCHANDISING NA PRÁTICA, 2015). O Visual Merchandising acontece desde o exterior do estabelecimento, como na fachada e em vitrines externas, até o interior como corredores, iluminação, sonorização, exposição de produtos, provadores, entre outros elementos (VISUAL MERCHANDISING NA PRÁTICA, 2015). O aspecto visual do estabelecimento quando convidativo e agradável, faz com que o cliente se sinta em seu habitat natural, por isso é tão importante um estudo complexo sobre o público alvo para entender o que estes buscam e oferecer-lhes exatamente aquilo que procuram e/ou necessitam (VISUAL MERCHANDISING NA PRÁTICA, 2015). Os precursores na utilização de grandes vitrines e maiores investimentos na arquitetura foram sem dúvida as lojas de departamento, que com o passar do tempo e com o continuo avanço de novas tecnologias na produção de vidraças cada vez maiores, a transparência que elas proporcionaram trouxe maior interatividade entre o exterior e o interior. Com o sucesso que essas vitrines tiveram, os lojistas começaram a sentir a necessidade de oferecer aos seus usuários a mesma experiência

no

interior

de

seus

estabelecimentos

e

nesse

sentido

a

arquitetura/design de interiores aliado ao visual merchandising se tornou fundamental. (GRASSIOTTO, 2010; MORGAN, 2009).


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Segundo a Associação Comercial e Industrial de Fernandópolis (ACIF, 2005), o ambiente externo do estabelecimento é composto por: 

Visibilidade, que é a visão inicial do estabelecimento;

Acesso, que é a forma que seu cliente pode acessar o estabelecimento;

Interferências, que é tudo aquilo que pode atrapalhar a visualização do estabelecimento, como por exemplo uma árvore na frente da fachada, ou uma banca de jornal;

Vizinhos, onde alguns vizinhos podem fazer bem ao seu negócio, criando até um potencial de crescimento para o local onde o estabelecimento está instalado.

Aparência da fachada: o cliente também observa a aparência da fachada quando olha a vitrine, quando não está em boa manutenção, transmite a imagem de um funcionamento decadente.

Iluminação da fachada: responsável por destacar ainda mais seu estabelecimento. Os pontos mais importantes são: vitrines e letreiros.

Letreiros: os letreiros mais adequados são os que possuem tamanhos e proporções que os tornem legíveis para quem passa pela rua.

Já o ambiente interno do estabelecimento é composto por: 

Entrada: Os produtos principais, ou mais atrativos, devem ser localizados no lado direito.

Layout: Manutenção em dia (piso, paredes e tetos limpos), com bom acabamento e cores adequadas, contribuem para que seu cliente tenha uma boa impressão do local.

Circulação: Corredores amplos e livres favorecem a circulação dos seus clientes e estimulam o transito por toda a área.

Sanitários: Devem ser sinalizados (masculino x feminino; funcionários x clientes), possuir um padrão e serem mantidos sempre limpos e em funcionamento.

Caixa: Não deve transmitir sensação de desordem. No caixa, o cliente já passou pela experiência de compra, assim está mais atendo aos detalhes e aberto a compra por impulso.


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2.1.2 VITRINISMO Outra ação do marketing é o vitrinismo, que trata das técnicas utilizadas na montagem de vitrines, a fim de obter os melhores resultados possíveis na exibição de produtos a fim de vendê-los (SEBRAE MERCADOS, 2014). O objetivo da vitrine é valorizar o produto e sua história. Sua qualidade e o serviço que o acompanham devem estar presentes na apresentação da vitrine, valorizando suas características (ACIF, 2012). Através da vitrine o estabelecimento deve informar seus conceitos e valores, ou seja, como ela deseja ser reconhecida pelos seus clientes. Depois de criar uma ilusão e um desejo pelo produto, a vitrine convida o cliente a entrar no local, para que a equipe de vendas encerre o processo (ACIF, 2012). A vitrine pode causar simpatia ou antipatia no consumidor. O cliente pode não gostar da decoração, mas não deve reprovar o uso do produto. Deve-se respeitar os gostos dos clientes, mas também não é necessário usar decorações com o objetivo único de causar impacto visual (SEBRAE MERCADOS, 2014).


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3 ESTUDO DE CASO Para entender melhor a necessidade de um espaço apropriado para o Cheerleading, foi feito uma pesquisa em dois ginásios diferentes de dois países, sendo eles: EUA, Brasil e um mais focado no estado do Espirito Santo. Foram feitas avaliações dos aspectos funcionais, formais e estéticos, que podem servir como guias para o desenvolvimento de um projeto de um Ginásio de Cheerleading que consiga envolver a comunidade e divulgar o real conceito do esporte. O primeiro ginásio estudado foi escolhido por se tratar da “casa” de uma equipe que é pentacampeã mundial e possui mais de 850 títulos em campeonatos nacionais. (ICU, 2016) No segundo estudo de caso foi analisado um ginásio brasileiro localizado no RJ, pois é o primeiro ginásio no país a possuir o tablado apropriado para o Cheerleading. No terceiro estudo de caso foi analisado o espaço utilizado por uma equipe do Espírito Santo, com o objetivo de conhecer a realidade atual no estado e fazer uma avaliação do que é realmente necessário em nosso país tendo como base as normas de competição que regulamentam o tipo de solado permitido, e as normas da ginástica olímpica que regulamentam os acessórios a serem usados para o ensino e prática de acrobacias. 3.1 CHEER EXTREME ALL STARS - CAROLINA DO NORTE - EUA O CEA (Cheer Extreme All Stars) possui diversos ginásios espalhados nos EUA, um deles está localizado em Raleigh. Para este estudo de caso foi avaliado o programa de usos definição dos ambientes, revestimentos, que o ginásio busca oferecer a seus alunos. O ginásio (Fig. 09) fica localizado em Raleigh, Carolina do Norte - EUA. Raleigh é a capital do estado da Carolina do Norte. Fundada em 1792. A capital possui apenas 373m² e possui atualmente apenas 423,179 habitantes. (Raleigh N.C, 2017)


34 Figura 9 - Localização do Ginásio Cheer Extreme All Stars

Fonte: Google Earth

3.1.1 SETORIZAÇÃO Figura 10 - Croqui de setorização

Fonte: Adaptado de https://www.youtube.com/watch?v=mvFWJsDQBw4

O ginásio (Fig. 10) supre as necessidades básicas de um centro de treinamento de Cheerleading, com uma arquitetura simples. Possui estacionamento em seu entorno, o acesso principal se dá pela lateral do edifício, que dá para um lobby onde se encontram a recepção, uma lanchonete, quatro banheiros, uma lojinha e duas portas


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de acesso para as salas de espera (Fig. 11), sendo uma a direita do lobby e outra à esquerda. Do lobby é possível acessar as áreas de treino e a área onde ocorrem competições e apresentações. O ginásio também conta com uma area para guardar mochilas, banheiros internos nas salas de treino para os atletas e técnicos, uma copa, e uma sala de utilidades para guardar acessórios das salas de treino. No espaço de competição há um pequeno palquinho que é o próprio tablado e uma sala de som. Figura 11 - Sala de espera e visualização

Fonte: http://www.cheerextremeraleigh.com/

É importante destacar que a venda de produtos para Cheerleading no ginásio é uma integração de atividades que visa a valorização e movimentação do espaço e do esporte, visto que existem diversos equipamentos para melhorar a prática do esporte como o tênis próprio para o esporte, ou então para dar suporte ao atleta, como por exemplo os tensores, garrafinhas de água, além de roupas de treino que podem ser utilizados em outras atividades físicas e os pompons (Fig. 12), que é um acessório utilizado por Pom Dance (Fig. 13).


36 Figura 12 - Pompons

Figura 13 - Dançarinas de Pom Dance utilizando os pompons

Fonte:https://www.varsity.com/event/1921/art/2552/

Fonte:https://www.varsity.com/event/1921/art/2552/

strong-pom-technique-uda-2015

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Apesar de haver a necessidade em uma sala administrativa o ginásio não a possui. Por conta disso as atividades relacionadas foram divididas entre sócios e ocorrem em uma outra filial da equipe. Apesar de ter seis banheiros, sendo apenas dois banheiros internos que dão para as áreas de treino, o ginásio não conta com vestiários. Para suprir a necessidade de um local para guardar bolsas, foi feito um cômodo somente com armários, que fica dentro das salas de treino. Na recepção há quatro banheiros, sendo dois femininos e dois masculinos, que servem como ambiente de prova de roupas que são vendidas na loja, além de servirem de apoio para os atletas trocarem suas vestimentas antes do treino. Para atender a demanda de alunos, o ginásio conta com duas salas de treino integradas uma a outra. Cada sala (Fig. 14) possui uma pista de tumbling, trampolim, piscina de espumas, espelhos, tablado próprio para o esporte com carpete e um rádio com caixas de som presas na parede, além de pequenos equipamentos para auxiliar o desenvolvimento acrobático do atleta como o “back handspring wheel” ou “pacman” (Fig. 15).


37 Figura 14 - Sala de Treino

Fonte: http://cheerextreme.com/raleigh/gym-info/ Figura 15 - “Back handspring wheel” ou “pacman” - Equipamento para ensino de flic (movimento do tumbling).

Fonte: https://tumblenkids.wordpress.com/2013/03/06/back-handspring-barrel-aka-the-pacman/

3.1.2 ELEMENTOS ARQUITETÔNICOS É comum os ginásios de Cheerleading focarem na integração das atividades físicas que ocorrem no local, como ginástica olímpica, rítmica, dança, musculação e o próprio Cheerleading como forma de otimizar o espaço, mas este empreendimento focou somente no Cheerleading, não somente em seus treinos, mas também em seu espaço físico.


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Em vídeo publicado pela própria equipe, a proprietária da equipe, Kelly Smith Helton, descreve que o ginásio foi pensado somente para a prática do Cheerleading, e para o alto rendimento dos atletas, oferecendo atividades que dessem suporte exclusivamente a este esporte. Ao pesquisar sobre o ginásio e ao assistir ao vídeo de “visita virtual” publicado pela equipe, percebe-se que não houve uma preocupação com a estética, principalmente dentro das salas, onde pode-se encontrar muitos troféus, medalhas e cartazes (Fig. 16) de forma não harmoniosa. Há cartazes dos campeonatos vencidos nas paredes, poluindo um pouco o ambiente visualmente. Outro problema em questão foi a adaptação feita nas salas, onde foram colocados os equipamentos de suporte para tumbling em locais que estavam “sobrando espaço”. Figura 16 - Sala de treino com troféus, medalhas e cartazes

Fonte: http://www.cheerextremeraleigh.com/

O edifício é simples, pintado de branco e somente na recepção pode-se observar a cor turquesa nas paredes. As portas de entrada são em vidro e aço e as portas internas são em madeira escura com as folhas pintadas em branco. Pensando não só na estética, mas também no conforto dos alunos e treinadores, todas as salas de treino possuem o tablado próprio para a prática do Cheerleading, com molas e carpete. Na recepção e nos demais ambientes, o piso é de carpete preto, para dar conforto e ajudar na acústica.


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O teto (Fig. 17) das áreas de treino possui o pé direito alto para permitir o basket toss (Fig. 18), movimento em que é lançado uma pessoa para o ar, e possui revestimento em madeira e gesso, para evitar ecos e ressonância e manter o ambiente agradável acusticamente e a iluminação é feita através de janelas e de luminárias fixadas no teto. Já nas demais salas (Fig. 19), o teto possui um rebaixamento em placas de gesso com iluminação feita através de janelas e arandelas. Os banheiros são simples, também pintados em branco, com piso em porcelanato e teto em gesso. Todos possuem espelho, uma bancada com cuba embutida, bacia sanitária acessível e iluminação central embutida no gesso. Figura 17 - Detalhe do teto da sala de espera

Fonte: http://www.cheerextremeraleigh.com/

Figura 18 - Basket toss

Figura 19 - Detalhe do teto da sala de espera

Fonte: http://cheerunion.org/

Fonte: http://www.cheerextremeraleigh.com/


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3.2 MARVEL ALL STARS - RIO DE JANEIRO - BRASIL A equipe Marvel All Stars é a primeira a possuir um centro de treinamento para a prática de Cheerleading no Brasil, e fica localizado dentro da AABB (Associação Atlética Banco do Brasil), Niterói, Rio de Janeiro. Para este estudo de caso foi feito uma visita técnica, no dia 22 de maio de 2017, afim de avaliar as condições espaciais, a integração de atividades realizadas no local e a integração entre a comunidade e o esporte. 3.2.1 SETORIZAÇÃO O ginásio faz parte da Associação Atlética Banco do Brasil, portanto foi adaptado a partir de um ginásio poliesportivo. Ele supre algumas das necessidades básicas de um centro de treinamento de Cheerleading. O acesso principal (Fig. 20) para pedestres se dá pela frente do clube (Fig. 21), situada na Rua Hélio da Silva Carneiro, que dá para um corredor que leva a um pátio interno onde é possível acessar o ginásio onde acontecem os treinos, assim como as outras partes do clube. Já o acesso principal para veículos se dá pelos fundos do clube, situado na Rua Desembargador Cesinio Paiva. É importante destacar que o espaço não pertence à equipe e sim ao clube AABB, a equipe somente loca o ginásio, portanto o estacionamento não é liberado para os atletas, nem para técnico, sendo de uso exclusivo de funcionários do clube e de sócios. O ginásio não possui sala administrativa para a equipe. Figura 20 - Croqui de acessos e percurso.

Fonte: Adaptado a partir do Google Earth.


41 Figura 21 - Entrada de pedestres do clube AABB

Fonte: Acervo pessoal.

Apesar de ter apenas 2 banheiros com duchas, sendo 1 feminino e 1 masculino, o ginásio não possui vestiário com armários (Fig. 22). Com a falta de um guarda volumes, as bolsas são deixadas dentro da sala de treino, no canto de forma que não atrapalhe o treinamento. Figura 22 - Corredor de acesso aos banheiros

Figura 23 - Interior de um dos banheiros

Fonte: Acervo pessoal

Fonte: Acervo pessoal


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O espaço utilizado para os treinos (Fig. 24) possui uma pista de tumbling track (Fig 25), trampolim, tablado próprio para o esporte com carpete, porém sem molas, e um rádio com caixas de som presas nas paredes, além de pequenos equipamentos para auxiliar o desenvolvimento acrobático do atleta. Figura 24 - Espaço utilizado para treinos

Fonte: Acervo pessoal Figura 25 - Tumbling Track personalizado pela equipe

Fonte: Acervo pessoal


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3.2.2 ELEMENTOS ARQUITETÔNICOS Diferente do ginásio estudado anteriormente, este não foi construído para ser um ginásio de Cheerleading e sim uma quadra poliesportiva, podendo ser realizados diversos tipos de atividades no local. Apesar de estar precisando de manutenção no local, é possível notar que houve uma preocupação com a estética e com o conforto térmico. Tanto as fachadas como em seu interior, o edifício é simples, pintado de branco e azul nas paredes (Fig. 26). A porta de entrada é em aço também pintada em azul. Figura 26 - Fachada principal do ginásio.

Fonte: Acervo pessoal

Além de ajudar com a ventilação a utilização de cobogós (Fig. 27) na metade superior das paredes da fachada principal, ajuda também na iluminação natural, dispensando lâmpadas durante o dia, reduzindo gastos. Figura 27 - Cobogós utilizados na fachada principal

Fonte: Acervo pessoal


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O teto (Fig. 28) possui o pé direito alto para permitir o basket toss. Não houve preocupação em revestir o teto, deixando-o com a estrutura e a telha metálica aparente, o que faz o ambiente ter eco. Figura 28 - Teto do ginásio com telha metálica e estrutura aparente, tipo de solução para cobertura que reduz a necessidade de muitos pilares, aumentam o vão e permite um bom pé direito

Fonte: Acervo pessoal

Pensando na segurança dos usuários, mas principalmente das crianças, todas as colunas (Fig. 29) foram revestidas com emborrachado, para evitar futuros acidentes. Figura 29 - Coluna revestida com emborrachado

Fonte: Acervo pessoal


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3.3 LIDERES SANGUE VERDE - ESPÍRITO SANTO - BRASIL A equipe LSV (Líderes Sangue Verde) é uma das equipes no estado do Espírito Santo que lida com a falta de espaço adequado para a prática do Cheerleading. Para este estudo de caso foi feito uma visita técnica, no dia 27 de abril de 2017, em um dos locais onde a equipe treina, afim de mostrar a realidade do esporte no estado. 3.3.1 LOCALIZAÇÃO Assim como diversas equipes no Espírito Santo, a LSV não possui um local fixo para seus treinos, utilizando sempre o que está ao seu alcance. Alguns dos locais que a equipe utiliza são:  Espaço gramado no Parque Pedra da Cebola, localizado na Rua Ana Viêira Mafra, na Mata da Praia, Vitória, Espírito Santo;  Quadra poliesportiva da EMESCAM (Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória), faculdade a qual a equipe pertence, localizada na Avenida Nossa Senhora da Penha, nº 2190, em Bela Vista, Vitória, Espírito Santo.  Quadras poliesportivas localizadas em alguns condomínios onde alguns atletas moram.

3.3.2 CARACTERÍSTICAS DE CADA LOCAL O espaço no Parque Pedra da Cebola (Fig. 30) foi escolhido pela equipe, por se tratar de um espaço aberto para a comunidade de forma gratuita e por possuir áreas lineares gramadas que ameniza o impacto caso haja alguma queda, diminuindo a possibilidade de um acidente mais grave.


46 Figura 30 - Espaço utilizado no Parque Pedra da Cebola

Fonte: https://turistapaulistano.wordpress.com/2014/02/27/diario-de-bordo-02-dias-em-vitoria-espirito-santo/

Apesar do parque ter banheiro, bebedouro e estacionamento liberado, um dos motivos da equipe não frequentar muito o local é que por se tratar de gramado, há muitos insetos que acabam atrapalhando o desenvolvimento da equipe como formigas, mosquitos, moscas e aracnídeos. Outro motivo é que por se tratar de um espaço aberto, a equipe fica exposta as condições climáticas. Já a quadra poliesportiva da EMESCAM (Fig. 31) foi escolhida por ser de fácil acesso a todos os atletas, uma vez que todos são alunos da faculdade, o tempo de se locomoverem até o local do treino se reduz a zero. Apesar da faculdade dar suporte com banheiros, bebedouro, arquibancada e estacionamento para os alunos, nem sempre é possível utilizar o local, pois o mesmo também é utilizado por outras equipes de diversos esportes, como as equipes femininas e masculinas de futebol, vôlei, basquete e handball. Outro problema encontrado no local é que o piso é duro, o que aumenta o perigo de realizar determinadas acrobacias no local.


47 Figura 31 - Espaço utilizado na EMESCAM

Fonte: Acervo pessoal.

Quando não se é possível ter acesso aos dois locais mencionados anteriormente, a equipe recorre aos condomínios onde alguns atletas moram e que possuam quadras poliesportivas ou quadras gramadas. Sendo assim, o último espaço analisado pertence a um condomínio onde a quadra poliesportiva (Fig. 32) tem acesso próximo à rua, facilitando a entrada dos atletas. O local também possui banheiros próximos, bebedouro e mesas onde os atletas podem deixar seus pertences.


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Figura 32 - Quadra em condomínio residencial utilizado pela equipe

Fonte: Acervo pessoal

Apesar das quadras serem de fácil acesso e possuírem boa infraestrutura, a falta de equipamentos apropriados para os treinos e o fato de sempre estarem a mercê do clima atrapalham muito o desenvolvimento dos atletas, evitando que eles evoluam com segurança e conforto.

3.4 ANÁLISE DOS ESTUDOS DE CASO Quando se pesquisa utilizando como método principal a entrevista direta com o público de um produto, consegue-se obter melhor as necessidades estéticas e reduzir o risco da não aceitação no mercado, pois é levado em conta as necessidades funcionais e estéticas do usuário (Lobach, 2001).


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Levando em consideração o que Lobach diz, é perceptível a necessidade de estudos de casos e entrevistas com atletas e profissionais do Cheerleading, para obtenção de conhecimento do que é viável e do que não é para a elaboração de um projeto arquitetônico de um centro de treinamento voltado ao esporte. Em todos os casos, quando há um espaço apropriado para a prática do esporte, a estética é deixada de lado, uma vez que não há um projeto arquitetônico pensado para a prática do esporte e tudo ocorre de maneira adaptada. No caso do esporte no estado do Espírito Santo, não há nenhum suporte, equipamentos e nem espaço para treino apropriado. Os atletas não conseguem ter um bom desenvolvimento por medo de executarem determinados movimentos e acrobacias por não haver segurança e conforto e por estarem sempre dependendo do clima. Ainda segundo Lobach, a função estética é percebida primeiro e a função prática só é percebida depois do uso. Sendo assim, foi analisado como ocorre a interação entre as atividades físicas nos ambientes de treino e como essa interação poderia se tornar uma atração para aquele local, visto que o Cheerleading é um esporte completo e que poderia ajudar a melhorar a qualidade de vida de quem o pratica. Foi possível perceber também que não há uma preocupação com o contato dos atletas com a comunidade. Os centros onde ocorrem os treinos, tanto no exterior quanto no Brasil, são sempre fechados, não permitindo o contato do público com o esporte, dificultando, assim, a divulgação do Cheerleading. Também não há uma preocupação com a fachada, o que demonstra a ideia contraria do Visual Merchandising, tornando o ambiente visualmente “pouco atrativo”. 3.5 ANÁLISE ERGOMÉTRICA DO CHEERLEADING A partir dos estudos feitos, foi possível perceber que existem padrões a serem seguidos que são pré-estabelecidos por instituições que organizam os campeonatos mundiais, como por exemplo a ICU. Não só nas salas de treino, mas também em campeonatos, é utilizado o tablado apropriado para o Cheerleading. Como nem todas os países possuem acesso ao


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tablado a ICU não obriga o uso de molas (Fig. 33) na divisão por países, porém na divisão por equipes (independente de qual país é) é obrigatório o uso de molas no tablado. O tablado oficial para campeonatos de Cheerleading (Fig. 34), possui a dimensão de 12,8m x 16,5m, e o tablado para danças possui 12,8m x 12,8m. Figura 33 - Detalhe do tablado para Cheerleading

Fonte: Adaptado de https://www.dollamur.com/gymnastics/fxmat

Figura 34 - Tablado montado em sala de treino

Fonte: http://www.danceddc.com/Facility.html


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Além do tablado não é especificado o tipo de equipamento utilizado para dar suporte aos treinos, porém no decorrer da pesquisa feitas foi observado o uso de equipamentos da ginástica olímpica, como a pista o trampolim para ensino de tumbling (tamanho personalizado) (Fig.35), piscina de espumas e diversos colchões. Figura 35 - Pista de treino e ensino de tumbling sem área técnica para nivelamento da pista com demais equipamentos.

Fonte: http://ghete.info/gymnastics-tumble-track

Outro aspecto observado é o pé direito para a realização das pirâmides e basket toss em segurança, sendo de no mínimo 7m e o tratamento termo acústico nas salas de treino e competição. O uso de espelhos também é útil e frequente, sendo assim, a altura mínima para atender aos treinos de dança e pirâmides seria de 3m com sua largura variável.


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4 DIRETRIZES PARA O PROJETO ARQUITETÔNICO FUNCIONALIDADE DO EDIFÍCIO: Para que este estabelecimento seja eficiente é preciso trabalhar a funcionalidade unida a estética. A edificação deve estar bem localizada na cidade e adequadamente implantado no terreno para haver proveito de uma boa iluminação e boa ventilação natural e também para facilitar o acesso da população e o contato da comunidade com o esporte, ajudando a não só divulgar o Cheerleading, mas também a melhorar a qualidade de vida das pessoas incluindo a atividade física em seu dia a dia. É necessário que os acessos e circulações sejam pensados para todos os tipos de pessoas, sendo jovens ou idosos, com ou sem delimitação física, as fachadas devem favorecer a divulgação do esporte, sendo bem iluminada, transparente e com aberturas para não só trazer boa iluminação, mas também aproximar a comunidade das atividades ocorrida dentro do edifício. É necessário também o bom uso de letreiros com iluminação que favoreça a fachada do edifício e o torne perceptível e de fácil entendimento. HUMANIZAÇÃO DOS AMBIENTES: Será necessário tratar a arquitetura como ferramenta de divulgação e de apoio, que dará conforto e segurança aos atletas de Cheerleading e também aos esportes e atividades físicas que chamarão a comunidade àquele local, como forma de divulgação do esporte em questão. Espaços com diferentes cores, texturas e funções, transformam um centro esportivo. CONTATO COM A COMUNIDADE: Para atrair a comunidade à edificação, serão levados em conta as atividades que auxiliam o Cheerleading e que é de popular conhecimento hoje, como a dança, musculação, ginástica olímpica e rítmica, jump e Cross Fit de forma acessível, além de elementos nas fachadas e em seu interior que permitam que veja as atividades que ocorrem dentro do edifício, afim de conquistar novos atletas e diminuir o préconceito.


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5 PROGRAMA DE NECESSIDADES A partir da análise dos estudos de caso e das diretrizes estabelecidas, foi possível determinar um programa de necessidades. Específicos do centro de treinamento:  Recepção com sanitários acessíveis;  Sala de espera e visualização com sanitários acessíveis;  Salas administrativas com sanitários acessíveis;  Sala de reuniões;  Vestiários para atletas;  Depósito de materiais de limpeza;  Copa para funcionários;  Lanchonete com depósito de alimentos;  Sala de primeiros socorros;  Sala para treino de Cheerleading com espelhos, pista de tumbling, tablado próprio, trampolim olímpico e equipamentos removíveis para ensino de acrobacias;  Depósito de equipamentos e materiais de limpeza específicos para os equipamentos;  Arquibancada;  Sala de som. Espaços complementares relacionadas ao Cheerleading e atividades comerciais:  Salas de dança com chão de madeira, espelhos e barras laterais;  Sala de ginásticas gerais (ginástica olímpica, rítmica e acrobática) - pode estar junto a sala de treino de Cheerleading;  Academia de musculação / Cross Fit / Pilates / Treinamento Funcional / Yoga;  Vestiários acessíveis;  Lojas comerciais;  Estacionamento;  Espaço aberto com jardins para atividades ao ar livre e convívio com a comunidade.


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6 ESCOLHA DO TERRENO O terreno escolhido fica localizado na esquina da Avenida Professora Francelina Carneiro Setúbal com a Rua Ayrton Senna da Silva, em Itapoã, bairro pertencente ao município de Vila Velha, no Espírito Santo.

Figura 36 - Localização de Vila Velha

Figura 37 - Local do terreno em Vila Velha

Fonte: Adaptado de Google Earth

Fonte: Adaptado de Google Earth

Vila Velha é a cidade mais antiga do estado do Espírito Santo, e também a mais populosa, com 398 mil habitantes. Possui patrimônios como o Convento de Nossa Senhora da Penha, símbolo da fé capixaba que abriga em seu acervo a tela mais antiga da América latina, a imagem de Nossa Senhora das Alegrias. Outro patrimônio é a Igreja Nossa Senhora do Rosário, a primeira Igreja construída no Brasil pelos colonizadores. Um de seus bairros, Itapoã, fica a 3km de distância do Centro de Vila Velha e sua orla é continuação da Praia da Costa. (PREFEITURA MUNICIPAL DE VILA VELHA, 2012)


58 Figura 38 - Localização do terreno

Fonte: Adaptado de Google Earth

Sua orla (Fig. 39) possui calçadão com grande movimentação pela manhã e pela noite, também há diversos quiosques e ciclovia que não somente é utilizada para bicicletas, mas também por skates, patins e patinetes. Figura 39 - Orla de Itapoã.

Fonte: Fonseca, Francisco. 2013.


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O bairro possui em sua orla muitos edifícios residenciais de alto gabarito. Em seu interior encontram-se em sua maioria casa de 2 pavimentos e edifícios mistos onde o térreo é comercial e os demais pavimentos são residenciais. O terreno selecionado para abrigar o projeto fica próximo ao Shopping Vila Velha, Supermercado Perim, Universidade Vila Velha e Hospital Vila Velha. Após definir o terreno foi analisado o Plano Diretor Municipal de Vila Velha para haver certeza que o projeto poderia ser implantado na região, uma vez que o projeto prevê a requalificação do lote, para trazer qualidade à região. 6.1 PARÂMETROS URBANÍSTICOS Segundo o Plano Diretor Municipal de Vila Velha, Lei 5430, o terreno escolhido se encontra dentro da Zona de Ocupação Prioritária V (Fig.40), que prevê a introdução de novas dinâmicas urbanas, a intensificação de usos condicionados a implantação de equipamentos urbanos e sociais, e também incentiva a instalação de atividades complementares ao turismo em suas várias modalidades. Figura 40 - Classificação do terreno segundo o Plano Diretor Municipal de Vila Velha.

Fonte: Adaptado do Plano Diretor Municipal de Vila Velha.

Analisando a tabela de índices urbanísticos (Fig. 41) disponível no Plano Diretor Municipal de Vila Velha é possível perceber que não há delimitação de altura dos edifícios, porém a taxa de ocupação deve ser de no máximo 60%, o coeficiente de


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aproveitamento deve ser de no mínimo 0,2 e no máximo 4 com taxa de permeabilidade de no mínimo 10%, e os afastamentos frontais devem ser de 3m no mínimo. Figura 41 - Tabela de índices urbanísticos.

Fonte: Adaptado do Plano Diretor Municipal de Vila Velha.

Percebe-se que a maior parte da região a ser implantado o projeto é composta por edifícios residenciais. Há também alguns comércios como Shopping Vila Velha (Fig. 42), bares, supermercado, lanchonetes e academias, mesmo assim ainda possuem diversos terrenos vazios em suas proximidades.


61 Figura 42 - Quiosque no calçadão da Praia de Itaparica.

Fonte: http://www.cafedelmarco.com.br/noticias/natal-no-shopping-vila-velha-personagens-brinquedos-edecoracao-inspirada-em-toy-story/2151

O terreno possui fácil acesso (Fig. 43) tanto para pedestres, como para ciclistas e automóveis, além de contar com dois pontos de ônibus que atendem as linhas municipais e intermunicipais.


62 Figura 43 - Vias principais do entorno imediato ao terreno.

Fonte: Adaptado do Google Earth.

Figura 44 - Vista do terreno para o ponto de ônibus 1 localizado na Figura 43

Fonte: Acervo pessoal

Na Avenida Professora Francelina Carneiro Setúbal (Fig. 45) há poucas vagas para carro e moto pois somente um lado da pista há delimitação de vagas, porém na Rua Ayrton Senna da Silva (Fig. 46) é permitido, o estacionamento de veículos dos dois lados da pista, mesmo não havendo marcação na pista.


63 Figura 45 - Avenida Professora Francelina Carneiro Setúbal com pouco espaço para estacionamento de carros e motos.

Fonte: Acervo pessoal

Figura 46 - Rua Ayrton Senna da Silva sem marcação no asfalto delimitando o estacionamento.

. Fonte: Acervo pessoal


64


65

7 PROJETO 7.1 CONCEITO O conceito do projeto é apresentar e divulgar o Cheerleading como esporte para a sociedade, desconstruindo o estereótipo atual de “meninas dançando de saia curta e pompons na mão e gritando”, através da integração dele com outras atividades físicas, que possam dar suporte e ao mesmo tempo ser uma ferramenta de atração para as pessoas que ainda não o conhecem. 7.2 PARTIDO Dois aspectos foram considerados fundamentais e indispensáveis para o início do esboço da arquitetura, são eles: o pátio central e o vitrinismo. A ideia inicial era que o paisagismo desse lugar à comunidade para realização de eventos, além de estar junto a um palco para competições de Cheerleading, ginástica e dança. Mas após estudos de setorização e divisão do espaço público e privado da edificação, percebeu-se que um pátio central seria mais funcional e viável, pois ele poderia funcionar como um elemento que convida as pessoas a entrarem no local. Sendo assim, um pátio central foi criado e a edificação foi elaborada de forma a “abraçar” o pátio, servindo junto as lojas e as outras atividades desenvolvidas no local, como forma de chamar as pessoas para o edifício e consequentemente conhecer o esporte. 7.3 IMPLANTAÇÃO Na planta de situação (Fig.47) é possível ver a conformação atual do terreno escolhido. Busca-se desde o início um terreno de esquina que forneça visibilidade à edificação. .


66

Figura 47 - Planta de Situação

Fonte: Adaptado de Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Mobilidade

No terreno pode-se encontrar o edifício, um pátio central de uso público e um estacionamento privado localizado no térreo (Fig. 48) (Prancha 1). O estacionamento conta com cento e vinte e oito vagas para carro, quarenta e oito vagas para moto, uma vaga para ambulância e uma vaga para carga e descarga. No pavimento térreo temos dois blocos: o bloco comercial e o bloco esportivo, que se integram e formam apenas uma edificação (Fig. 49).


67 Figura 48 - Implantação do empreendimento no terreno.

Fonte: O Autor


68 Figura 49 – Planta baixa do pavimento tÊrreo

Fonte: O Autor


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7.3.1 PAISAGISMO Servindo como uma das ferramentas do visual merchandising no projeto, o paisagismo foi elaborado de forma que se integrasse e trouxesse visibilidade ao edifício, e que fosse termicamente, acusticamente, sensorialmente e visualmente agradável. Sendo assim, foram utilizadas vegetações coloridas, floridas, aromáticas e frutíferas (Fig. 50), integrando as pessoas no ambiente e procurando atrair a comunidade local, trazendo tranquilidade e qualidade para o local. Figura 50 - Quadro de vegetações

Fonte: O Autor

Afim de proteger as grandes peles de vidro de vandalismos, foi utilizado um espelho d’água (Fig. 51) em torno de grande parte do bloco principal, além de uma cerca com flores coloridas e corrimão.


70 Figura 51 - Espelho D’água

Fonte: O Autor

Também foram inseridos uma academia popular (Fig. 52) na área externa da edificação, um Playground (Fig. 53), um bicicletário (Fig. 54) e áreas verdes para picnic. Figura 52 - Academia popular no pátio

Fonte: O Autor


71

Figura 53 - Playground

Fonte: O Autor

Figura 54 - Bicicletรกrio fixo no chรฃo

Fonte: O Autor


72

7.3.2 ACESSOS A edificação pode ser acessada a partir da Rua Ayrton Senna da Silva por pedestres de veículos (Fig. 55). A saída de veículos ocorre pela Rua Biribazeiro, que foi escolhida por possuir menor fluxo de veículos e pedestres, dando a oportunidade ao usuário de cortar o trânsito na Avenida Professora Frencelina Setúbal durante os horários de pico. O empreendimento possui um pátio central que é aberto ao público e somente o estacionamento é privado. Há três formas do pedestre acessar o bloco esportivo, localizado na parte central do edifício, sendo eles através do pátio central e através das duas entradas de acesso ao estacionamento (Fig. 56), que dão para a parte central do pátio, permitindo ao usuário acessar não somente o bloco esportivo, mas também as lojas e consultórios. Para o fechamento do estacionamento durante o período de não funcionamento do empreendimento, foi pensado na utilização de portas automáticas adaptáveis ao teto nos acessos de pedestres pátioestacionamento. Figura 55 - Vista da entrada de veículos

Fonte: O Autor


73 Figura 56 - Vista do pátio central através da entrada de pedestre de quem vem do estacionamento

Fonte: O Autor

7.3.3 BLOCO ESPORTIVO Após a entrada no bloco esportivo (Fig. 57), é possível visualizar a recepção principal (Fig. 58) que interliga toda a circulação vertical do edifício, dois sanitários para pessoas portadoras de deficiência, uma loja para venda de artigos relacionados ao Cheerleading, uma lanchonete (Fig. 59) com acesso para um deck de madeira externo, e um mural de exposições de troféus e cartazes; dois vestiários que dão acesso a área de treino; uma arquibancada (Fig. 60) com dois sanitários; uma sala de treino de Cheerleading (Fig. 61) e ginásticas em geral; uma sala de som; uma sala de enfermaria; e um depósito de equipamentos e materiais de limpeza específicos para os aparelhos .


74 Figura 57 – Planta baixa do pavimento tÊrreo do bloco esportivo

Fonte: O Autor


75 Figura 58 - Vista do pátio central para a entrada do bloco esportivo

Fonte: O Autor

Figura 59 - Recepção principal do empreendimento

Fonte: O Autor


76 Figura 60 – Lanchonete localizada no térreo do bloco esportivo

Fonte: O Autor

Figura 61 - Arquibancada no ginásio de Cheerleading

Fonte: O Autor


77

Figura 62 - Vista para o interior da sala de tre ino de Cheerleading com os equipamentos fixos

Fonte: O Autor

Figura 63 - Vista da sala de treino de Cheerleading para a รกrea externa

Fonte: O Autor


78 Figura 64 - Vista da sala de treino de Cheerleading

Fonte: O Autor

O primeiro pavimento (Fig. 65) é a área administrativa (Fig. 66) do empreendimento. Nela temos a recepção administrativa (Fig. 68) com três sanitários comuns e um para portadores de deficiência, a copa para funcionários, sala de reuniões e salas de gerencia geral, central de segurança, secretaria geral, manutenção e engenharia, recursos humanos, administração e contabilidade, e depósito de materiais de limpeza. Ainda no primeiro pavimento, podemos encontrar espaços destinados aos mezaninos das lojas e consultórios, ficando a cargo do locador do espaço a construção do piso do mezanino.


79 Figura 65 - Planta baixa do primeiro pavimento do empreendimento.

Fonte: O Autor


80 Figura 66 - Planta baixa da รกrea administrativa no primeiro pavimento

Fonte: O Autor


81

Figura 67 - Escadaria de acesso a recepção administrativa e a academia

Fonte: O Autor

Figura 68 - Área de espera da recepção administrativa

Fonte: O Autor


82 Figura 69 – Planta baixa do segundo pavimento

Fonte: O Autor


83

No segundo pavimento (Fig. 69) temos a academia. Nela há dois vestiários; uma área de musculação (Fig. 70), cross fit e treinamento funcional; uma sala de indoor cycle; duas salas de danças (Fig. 71); uma sala de pilates e yoga; uma sala para judô; uma sala de Mixed Martial Arts; e uma área externa (Fig. 72) com uma quadra de basquete 3x3, quatro aparelhos de musculação e espaços destinados ao descanso e contemplação. Figura 70 - Área de musculação

Fonte: O Autor

Figura 71 - Sala de dança de ballet e jazz

Fonte: O Autor


84

Figura 72 - Vista da área externa da academia

Fonte: O Autor

7.3.4 BLOCO COMERCIAL O bloco comercial é composto por nove lojas (Fig. 73) destinadas a venda de roupas e artigos esportivos, além de padaria, restaurantes, bares; quatro consultórios médicos relacionados ao esporte, como ortopedista, nutricionista, endocrinologista e fisioterapia; uma área para depósito de lixo com separação de lixo seco e úmido; e um depósito de material de limpeza.


85 Figura 73 - Vista para as lojas e consultórios

Fonte: O Autor

7.3.5 ÁREA TÉCNICA Próximo à entrada de veículos foram planejados espaços destinamos a subestação, ao depósito para coleta de lixo e guarita com um sanitário comum. Em baixo das arquibancadas foi deixado um espaço destinado ao depósito de equipamentos de ginástica e materiais para manutenção do mesmo.

7.3.6 FACHADAS Como visto anteriormente, o visual merchandising acontece desde o exterior do estabelecimento até o interior. Sendo assim, as fachadas (Fig. 74) foram pensadas de forma a atrair a atenção do pedestre, afim de convidá-la ao edifício e fazer com que ele se sinta confortável no estabelecimento.


86 Figura 74 - Perspectiva do empreendimento durante o dia

Fonte: O Autor

Figura 75 - Perspectiva do empreendimento durante a noite

Fonte: O Autor

Foram utilizadas também, técnicas do vitrinismo, onde o empreendimento recebeu grandes peles de vidro (Fig. 76), que permitem a visualização interna-externa do edifício, o que ajuda na valorização e divulgação do Cheerleading como esporte, uma vez que o ambiente de treino se enquadra e fica junto aos de treino de ginástica olímpica, rítmica e acrobática, fazendo com que o público tenha um primeiro contato com o esporte de forma simples e que passe uma imagem de esporte com eficiência. Foi utilizado o sistema de paredes verdes (Fig. 77) nas faces frontais do edifício (Fig. 78), que reduzem a entrada de carga térmica favorecendo o conforto térmico, além de o tornar visualmente agradável. Intercalado com a vegetação, foram aplicadas placas de ACM branco opaco (Fig.79) e janelas em alumínio branco e vidro temperado incolor com sistema de


87

abertura em cascata, formando desenhos na fachada. Nas demais paredes foram utilizadas a textura Terracor da linha Predial de referência 200. Figura 76 - Pele de vidro com janelas de sistema basculante e abertura em cascata

Fonte: O Autor

Figura 77 - Sistema de fixação da vegetação na vertical, formando a parede verde

Fonte: http://au17.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/238/custos-parede-verde-304277-1.aspx


88

Figura 78 - Perspectiva das duas faces frontais do empreendimento

Fonte: O Autor

Figura 79 - Sistema de fixação das placas de ACM

Fonte: https://www.arcoweb.com.br/finestra/tecnologia/recomendacoes-tecnicas-fixacao-01-12-2005


89

Em toda a passarela foi deixada a estrutura metálica das paredes aparente, aliadas as grandes janelas basculantes. A estrutura aparente foi pintada de branco, acompanhando as esquadrias de todo o edifício.

7.3.7 ESTRUTURA O sistema estrutural escolhido para o empreendimento foi o metálico (Fig. 80) por ter características (Fig. 81) compatíveis com o projeto. Com lajes menos espessas o material proporciona leveza, é fácil de trabalhar, a montagem da estrutura é rápida e o canteiro é muito mais limpo, diferente do concreto armado moldado in loco, a estrutura metálica não requer andaime, diminuindo os custos e tornando o projeto mais viável e com dimensões milimétricamente precisas. Na passarela também foi utilizada a estrutura metálica, porém sua estrutura foi deixada aparente nas laterais, aliada com as aberturas, deixou o projeto com um aspecto moderno.

Figura 80 - Estrutura metálica aparente no projeto

Fonte: O Autor


90

Figura 81 - Quadro comparativo entre dois sistemas construtivos

Fonte: http://wwwo.metalica.com.br/por-que-construir-com-estruturas-metalicas


91

7.3.8 COBERTURA Em todo o empreendimento foi utilizado a telha termo acústica tipo forro e a laje impermeabilizada com manta asfáltica pré-moldada de Polietileno. A telha termo acústica tipo forro, da Thermo-Isso, além de ser indicada para galpões pré-moldados e ginásios, ela possui propriedades que auxiliam no conforto térmico, possui grande resistência e durabilidade, por ajudar coma economia no consumo de energia com climatização, e retarda a chama. Ela é produzida com chapa de aço galvanizado, com núcleos isolantes de EPS (isopor) e lã de rocha, e não absorve água, não permitindo a proliferação de mofo na mesma aumentando sua durabilidade. A cobertura da área de treinamento de Cheerleading possui estrutura metálica (Fig.82) assim como todo o edifício, porém foram fixados painéis de gesso termo acústico

afim

de

evitar

eco

no

ambiente,

tornando-o

mais

confortável

acusticamente. Figura 82 - Corte da estrutura metálica da cobertura da área de treinamento de Cheerleading

Fonte: http://www.metalfer.ind.br/produtos.htm


92 Figura 83 – Planta de cobertura do empreendimento

Fonte: O Autor


93

7.3.9 CONFORTO TERMOACÚSTICO Todo o bloco esportivo foi pensado para haver um excelente tratamento acústico que atendesse a demanda do local, afim de trazer conforto aos usuários. Sendo assim, foi utilizando nos rebaixamentos, placas de gesso termo acústico em todos os ambientes secos. Na área de treino de Cheerleading foi utilizado placas de gesso termo acústico com furos redondos, suspensos e presos à cobertura através de cabos de aço (Fig. 84). Figura 84 - Placas de gesso fixas à cobertura na área de treino de Cheerleading

Fonte: O Autor

Nas paredes, foram pensadas no tratamento acústico com manta de pet e revestimentos que absorvam o som. Os pisos das áreas de luta e ginástica são de tatame emborrachado revestidos com carpete ou PVC para dar conforto e segurança as atividades ocorridas ali. Em todo o edifício é possível encontrar grandes peles de vidro, sendo assim foi pensado na utilização de janelas basculantes aliadas a um sistema de abertura consecutivo, que permitirá a abertura de vãos em grandes alturas de forma simples e eficaz, evitando gastos com energia e dando ao consumidor a possibilidade de controlar o fluxo de ar natural no local. Outro local que também conta com esse sistema são as janelas localizadas na fachada oeste do edifício. Todas as salas de atividades físicas possuem aberturas para o exterior com o sistema de abertura basculante.


94

7.3.10 ILUMINAÇÃO Quase todos os ambientes no edifício contam com iluminação natural, evitando o uso desnecessário de lâmpadas durante o dia. Durante a noite, foram pensadas em luminárias que valorizassem as fachadas (Fig. 86) afim de criar um ambiente diferente, mais harmonioso, aconchegante e visualmente agradável, convidando as pessoas a entrarem no local e com isso, divulgar o Cheerleading. Figura 85 – Fachada da Avenida Professora Francelina Setúbal iluminada durante a noite

Fonte: O Autor

Figura 86 – Perspectiva do empreendimento iluminado durante a noite

Fonte: O Autor


95

Sendo assim, foram inseridos quatorze spots de luz com 4 LEDs branco em cada, com o foco direcionado para o bloco esportivo. No pátio a iluminação (Fig. 87) foi feita através de spots da Philips embutidos no piso, localizados em baixo dos bancos e árvores, criando uma ambiência diferente do costume e destacando os caminhos. Já no estacionamento, a iluminação foi feita através de postes de luz com altura de 4,5m. Figura 87 - Iluminação no pátio

Fonte: O Autor

No interior do edifício foram utilizadas luminárias de LED fixadas no forro de gesso. A área da lanchonete (Fig. 88) recebeu um tratamento especial, recebendo focos de luz na parede de pastilhas de vidro no interior da lanchonete e um único foco na parede de madeira acústica na área das mesas internas e pendentes iluminando a área das mesas, criando um clima agradável e convidativo.


96 Figura 88 – Lanchonete e área de mesas iluminada

Fonte: O Autor

7.3.11 INTERIORES Tanto no bloco esportivo como no comercial, internamente eles são bem simples. PAREDES Todas as paredes internas são pintadas com tinta Suvinil, cor Papel Picado, com apenas algumas exceções. Na sala de treino de Cheerleading a parede da arquibancada (Fig. 89) recebeu painéis vinílicos com imagens do esporte. Já a parede do lado oposto (Fig. 90) à arquibancada, assim como na arquibancada, foram utilizados painéis de Madeira Acústica Nexacustic, com superfície frisada modelo 16, de réguas com borda macho/fêmea, instalado com perfis e clips metálicos afim de reduzir a reverberação do som.


97 Figura 89 – Parede com painéis vinílicos

Fonte: O Autor

Figura 90 - Parede em Madeira Nexacustic

Fonte: O Autor

PISOS Os pisos das áreas em geral são em porcelanato na cor Texas Beige, já nas demais áreas ele varia de acordo com sua necessidade. Nas salas de dança, academia na parte de musculação, e na sala de indoor cyclo o piso é em madeira, as salas de luta, cross fit, Cheerleading e pilates eles são em tatame emborrachado revestido de carpete ou PVC dependendo da necessidade; as escadas (Fig. 91) e soleiras são em mármore marrom imperial com acabamento impermeabilizante, os


98

rodapés são de poliestireno na cor branca, com altura de 15cm, o acabamentos das janelas e pingadeiras são em granito branco quartzo. Figura 91 - Vista das escadarias e piso do empreendimento

Fonte: O Autor

As esquadrias das janelas e peles de vidro são em alumínio branco com vidros transparentes esverdeados. Já as portas são em MDF na cor branca. As venezianas também são em alumínio branco.


99


100

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS Por consequência das pesquisas, estudos e leituras bibliográficas, o uso do marketing como partido para a monografia e o projeto foi determinante. Visto que o conceito e prática do vitrinismo e visual merchandising busca conquistar os consumidores através de uma apresentação atraente de um produto. Ideal buscado para a implementação e desenvolvimento da proposta projetual. Proporcionando interesse da população, afim de trazer novos atletas e pessoas para a comunidade do Cheerleading, além de viabilizar espaços especializados e qualificados para os atletas já existentes. Logo, trazendo atrativos como: espaços adequados para os treinos e áreas destinadas as atividades complementares (dança, cross fit, musculação e ginásticas; artística, rítmica e acrobática; lojas especializadas, espaço externo para lazer, treinos externos e apresentações). Sendo assim, enquadrando este projeto como base e modelo para o planejamento, elaboração e construção de futuros espaços físicos para a prática do Cheerleading, buscando sempre atrair novos clientes e integrar a comunidade por meio da arquitetura, trazendo qualidade de vida à população envolvida, além de conforto e segurança para os atletas e técnicos dando a possibilidade de novas equipes e atletas surgirem.


101

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMERICAN ATHLETIC. Gymnastics Equipment Catalog. Disponível em: <https://www.americanathletic.com/filesimages/Catalog/2015%20AAI%20Gymnasti cs%20Catalog%20-%20digital.pdf>. Acesso em 25 mai. 2017 ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE FERNANDÓPOLIS. Vitrinismo e Visual Merchandising. Disponível em: <http://www.acifnet.com.br/arquivos/VITRINISMO_E_VISUAL_MERCHANDISING_ ACIF_30102012.pdf>. Acesso em 04 jun. 2017 CÂMARA MUNICIPAL DE VILA VELHA. Plano diretor municipal de Vila Velha. Disponível em: <http://www.cmvv.es.gov.br/pdm/pdm-vv-2007-pdm-lei-4575-07consolidado-texto.pdf>. Acesso em 25 mai. 2017. CARVALHO, MARCELLE ABRÃO. A Vitrine como Estratégia de Comunicação Visual e Marketing de Produtos. Disponível em: <http://www.ipoggo.com.br/uploads/arquivos/1acdde9a9039cea333529ce1533db5a 2.pdf>. Acesso em 04 jun. 2017 CHEER EXTREME. Cheer Extreme Raleigh Tour & Coaches. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Y3bG1AsYv8w&t=182s>. Acesso em 25 mai. 2017 CHEER UNION. History of Cheerleading. Disponível em: <http://cheerunion.org/history/Cheerleading/>. Acesso em: 25 mai. 2017. CHEER UNION. ICU 2017 World Cheerleading Championship Rules. Disponível em: <http://cheerunion.org.ismmedia.com/ISM3/stdcontent/repos/Top/2013_Website/Championships/docs/ICU_2017_WCC_CheerRules.pdf>. Acesso em 25 mai. 2017 DIAS, REINALDO; CASSAR, MAURICIO. Fundamentos do marketing turístico. 01 ed. São Paulo: PRENTICE HALL BRASIL, 2005.


102

EPIC SPORTS. Cheerleading History. Disponível em: <http://cheer.epicsports.com/Cheerleading-history.html>. Acesso em 25 mai. 2017. ESCOLA SUPERIOR DE CRUZEIRO. CHEERLEADER NA ESC. Disponível em: <http://www.esccultural.com.br/site/2013/09/cheerleader-na-esc/>. Acesso em 25 mai. 2017. GRASSIOTTO, MARIA LUIZA FAVA. Uma nova linguagem e conceitos nos espaços comerciais contemporâneos. Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2013. LOBACH, BERND. Design Industrial: bases para a configuração dos produtos industriais. 01 ed. São Paulo: EDIGARD BLUCHERLTDA., 2001. MORAES, JULIANA BORDINHON NOGUEIRA DE. Arquitetura comercial aliada ao visual merchandising: Uma análise sobre as livrarias contemporâneas. 2015. MORGAN, TONY. Visual Merchandising: vitrines e interiores comerciais. 01 ed. São Paulo: EDITORA GG BRASIL, 2011. NEXO. O que faz do Cheerleading um esporte olímpico. Disponível em: <https://www.nexojornal.com.br/expresso/2017/01/17/O-que-faz-do-Cheerleadingum-esporte-quase-ol%C3%ADmpico>. Acesso em 25 mai. 2017. OMNI CHEER. Then and Now: A Brief History of Cheerleading. Disponível em: <http://www.omnicheer.com/blog/post/then-and-now-a-brief-history-ofCheerleading>. Acesso em 25 mai. 2017 SEBRAE MERCADOS. Vitrinismo - Presentes. Disponível em: <http://www.sebraemercados.com.br/wpcontent/uploads/2015/10/2014_05_19_BO_Fevereiro_Varejo_VitrinismoPresentes_ pdf.pdf>. Acesso em 02 jun. 2017 TUMBL TRAK. Cheerleading. Disponível em: <http://www.tumbltrak.com/category/1:x:x/cheer.html>. Acesso em 25 mai. 2017


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em:

<http://www.visualmerchandisingnapratica.com/o-que-e-visual-

merchandising>. Acesso em 04 jun. 2017


104

APÊNDICE


N

QUADRO DE ÁREAS PROJETO S

PAVIMENTO

ÁREA

S

TÉRREO

2746,968 m²

PRIMEIRO PAVIMENTO

2773,053 m²

SEGUNDO PAVIMENTO

3500,725 m²

TOTAL

02/02 5 3 2

T.O.

T.P.

9020,269 m²

1,4

27,78 %

23,76%

12605,505 m²

4

60 %

10 %

LEGISLAÇÃO

S

TERRENO

ÍDA SA

C.A.

S C/D

S

ESTACIONAMENTO

S

S

NCIA ULÂ AMB

S S

ENTRADA

SALA DE ENFERMAGEM 12.50 m²

DEP. DE EQUIP. E LIMPESA 13.75 m²

S

VESTIÁRIO MASCULINO 53.13 m² BARRAS ASSIMÉTRICAS

ARGOLAS

BARRA FIXA

DML 6.11 m²

S

SECO ÚMIDO 5.50 m² 5.50 m² WC 4.62 m²

LOJA 01 40.00 m²

LOJA 02 40.00 m²

LOJA 03 40.00 m²

LOJA 04 40.00 m²

CONSULTÓRIO ORTOPEDISTA 44.00 m²

CONSULTÓRIO NUSTRICIONISTA 44.00 m²

CONSULTÓRIO ENDOCRINO 40.00 m² CONSULTÓRIO FISIOTERAPIA 38.60 m²

WC 4.62 m²

LOJA CHEER, DANÇA E GINÁSTICA 19.05 m²

ENTRADA

WC 12.43 m²

SALA DE SOM 10.00 m²

DEP. DE LIXO 5.46 m²

CIRCULAÇÃO 456.12 m²

RAMPA i=8,33%

DEPÓSITO 7.18 m²

WC 12.43 m²

PROJEÇÃO DA COBERTURA

PROJEÇÃO DO PAVIMENTO SUPERIOR

ARQUIBANCADA 341.53 m² BARRAS PARALELAS

02/02 5 2 1

RECEPÇÃO 270.62 m²

ENTRADA

S

LOJA 05 40.00 m²

PROJEÇÃO DO PAVIMENTO SUPERIOR

TABLADO PARA GINÁSTICA RÍTMICA E ARTÍSTICA

02/02 5 2 1

S

VESTIÁRIO FEMININO 53.13 m²

TRAVE DE EQUILÍBRIO

CAVALO COM ALÇAS

DESP. 4.32 m² S

TUMBLING TRACK

TABLADO DE CHEERLEADING

LOJA 07 43.20 m²

PROJEÇÃO DA COBERTURA

TRAMPOLIM

PROJEÇÃO DO PAVIMENTO SUPERIOR

ÁREA LIVRE PARA USO DE EQUIPAMENTO S MÓVEIS

TRAMPOLIM

PISTA DE SALTO SOBRE CAVALO

ÁREA DE TREINAMENTO DE CHEERLEADING E GINÁTICA 1093.63 m²

LANCHONETE 12.49 m²

LOJA 06 40.00 m²

LOJA 08 44.00 m²

S LOJA 09 44.00 m²

ESTACIONAMENTO

S

WC 3.60 m² SUBESTAÇÃO 20.00 m² PLAYGROUND

S LIXO COLETA 9.34 m²

GUARITA 11.81 m² ENTRADA

ACADEMIA POPULAR

D

02/02 5 3 2

PLANTA DE IMPLANTAÇÃO ESCALA

_

D

UNIVERSIDADE VILA VELHA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO II

1 : 500 ALUNA:

CURSO:

SARINA OLIVEIRA SOARES PROJETO:

CHEERLEADING: DIFUNDINDO O ESPORTE ATRAVÉS DA ARQUITETURA

GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO DATA:

PRANCHA:

08/12/2017

01/02


PELE DE VIDRO COM ABERTURAS EM SISTEMA CASCATA

+10.00 (N.A.) COBERTURA +6.00 (N.A.) 2º PAVIMENTO +3.00 (N.A.) 1º PAVIMENTO +0.00 (N.A.) TÉRREO

LAGO ARTIFICIAL

CORTE BB ESCALA

_

1 : 500 GRADIL QUADRA BASQUETE 3x3

+10.00 (N.A.) COBERTURA +6.00 (N.A.) 2º PAVIMENTO +3.00 (N.A.) 1º PAVIMENTO +0.00 (N.A.) TÉRREO

DEPÓSITO DE EQUIPAMENTO

LAGO ARTIFICIAL

ÁREA TÉCNICA PARA EQUIPAMENTO

LAGO ARTIFICIAL

CORTE AA ESCALA

_

1 : 500

PELE DE VIDRO COM ABERTURAS EM SISTEMA CASCATA

PAREDE VERDE

PLACA DE ACM BRANCO FOSCO

PELE DE VIDRO COM ABERTURAS EM SISTEMA CASCATA

FACHADA FRONTAL A - RUA AYRTON SENNA DA SILVA ESCALA

ESTRUTURA APARENTE TRELIÇA METÁLICA

DETALHE - ONDAS CONCRETO PINTADO DE BRANCO

GRADIL

_

1 : 500 PAREDE VERDE

PLACA DE ACM BRANCO FOSCO

UNIVERSIDADE VILA VELHA ALUNA:

CURSO:

SARINA OLIVEIRA SOARES BRISE EM ALUMÍNIO BRANCO

JANELA DE ALUMÍNIO E VIDRO COM SISTEMA DE ABERTURA EM CASCATA PROJETO:

FACHADA FRONTAL B - RODOVIA DO SOL ESCALA

1 : 500

_

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO II

CHEERLEADING: DIFUNDINDO O ESPORTE ATRAVÉS DA ARQUITETURA

GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO DATA:

PRANCHA:

08/12/2017

02/02


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